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Descrição
Aprender os fundamentos e as contribuições mais recentes da ciência econômica, tal como a história do
pensamento econômico para a compreensão contextualizada da Economia Moderna.
Propósito
Entender os conceitos fundamentais e a história do pensamento econômico é importante para compreender o que
é a ciência econômica e como a pesquisa econômica evoluiu até os dias atuais.
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Objetivos
Módulo 1
Módulo 2
Módulo 3
meeting_room
Introdução
O estudo de qualquer ciência começa com uma série de conceitos básicos. Em Economia, iniciaremos falando
sobre as escolhas das pessoas sobre como alocar recursos, dado que há limites no que podemos fazer.
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Apresentaremos também a evolução da ciência econômica ao longo do tempo e descreveremos os caminhos que
estão sendo desenvolvidos.
Economia é uma ciência social que estuda a produção, distribuição, acumulação e o consumo
de bens e serviços.
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Ela busca entender como indivíduos, empresas, governos e nações fazem escolhas sobre alocação de recursos, de
forma a satisfazer suas necessidades, e busca entender como esses agentes podem se organizar e coordenar
esforços para alcançar o melhor resultado possível.
Ciência é uma forma de conhecimento, assim como religião, intuição e senso comum. A ciência
produz conhecimento por meio de teorias.
Por exemplo, a Astronomia, por meio da teoria geocêntrica, considera a Terra fixa no centro do universo, com todos
os outros corpos celestes orbitando ao seu redor. Poucas pessoas acreditam na teoria geocêntrica, mas qualquer
um quando vai à praia utiliza essa teoria para posicionar um guarda-sol.
Da mesma forma, existem diversas teorias nas quais não é necessário acreditar, embora sejam úteis, como, por
exemplo, modelos econômicos, a física newtoniana ou mapas. Você acredita que o mundo é bidimensional ao
olhar um aplicativo de mapas em seu celular?
É preciso deixar claro que a Ciência não trata de verdade, mas sim de erro útil. A Ciência é apenas uma ferramenta
para resolver problemas, e não para estabelecer verdades.
A teoria nada mais é do que uma ferramenta imperfeita, baseada em simplificações grosseiras da realidade
(natural, social, econômica etc.), pois seu o objetivo é ser útil.
O precursor da Ciência Moderna é Francis Bacon, que, no século XVI, deixou registrado que “Saber é poder”. A
partir de Bacon e da Revolução Científica Moderna, começa a busca pelo desenvolvimento de um conhecimento
sistemático da natureza que permita atingir objetivos concretos.
Exemplo
Se chove, nós nos molhamos. Se determinado medicamento for utilizado, a mortalidade de certa doença será
reduzida. Assim, há uma tentativa de compreensão do mundo por meio de relações de causalidade.
Mas como sabemos se uma teoria é útil? Geralmente, submetemos a teoria ao teste empírico, ou seja, ela deve
explicar determinado conjunto de dados.
Por exemplo, se a teoria diz que “se chove, então molha”, buscamos uma série de dados sobre “chuva ou sol” e
sobre “objeto molhado ou seco”, e vemos se a teoria explica a relação empírica observada.
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O teste empírico deve sempre ser construído de forma a isolar as variáveis relevantes do problema ― ou, em outras
palavras, tomar “tudo mais como constante” para não comprometer o resultado da avaliação. Afinal, geralmente há
outras variáveis que afetam as observações (uma superfície pode estar molhada porque alguém a lavou com água
encanada).
Embora um teste empírico seja bem-sucedido, jamais afirmamos que aceitamos a teoria. Dizemos apenas que não
a rejeitamos, mas não podemos aceitá-la porque, desde o princípio, sabemos que ela é imperfeita, e seguimos com
ela enquanto não for rejeitada e não aparecer outra melhor (isto é, que explique melhor os dados).
Microeconomia
Macroeconomia
Qual deve ser a regulação do setor de telefonia para garantir cobertura adequada à população?
Em todos os casos, porém, precisamos analisar a escolha individual dos agentes envolvidos. Esse será o próximo
assunto do nosso estudo.
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Escolha individual
Qualquer questão em Economia envolve escolha individual, independentemente de estarmos no campo de
Macroeconomia ou Microeconomia. Em última instância, até decisões macroeconômicas são baseadas em uma
série de decisões individuais sobre o que fazer ou não. Portanto, podemos dizer que economia é sobre escolhas.
Quando vamos à feira, há diversos produtos em inúmeras barracas. É pouco provável que tenhamos dinheiro para
comprar tudo o que desejamos e, mesmo que tenhamos, não há espaço suficiente na geladeira para guardar todos
esses bens.
Alguém pode argumentar que basta comprar outra geladeira. Contudo, o espaço de sua casa é limitado, de forma
que precisamos escolher qual produto comprar e qual colocar na geladeira.
O fato de alguns produtos estarem à venda na feira já envolve uma escolha. O feirante escolheu quais produtos
levar para a feira, e os produtores agrícolas também escolheram quais bens iriam cultivar.
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Escassez de recursos
Custo real
Decisão marginal
Oportunidades de melhoria
Escassez de recursos
No geral, não podemos ter tudo o que queremos. Nossa renda é limitada, o que restringe o que podemos adquirir. A
renda que escolhemos gastar indo ao cinema equivale à que deixamos de gastar com algum outro bem ou serviço.
Todavia, existem alguns indivíduos muito ricos, e você deve estar pensando que eles podem ter tudo. Mesmo eles
não podem fazer tudo o que querem, porque há uma limitação de tempo: o dia possui apenas 24 horas.
Assim, o tempo que escolheremos dedicar a determinada atividade não poderá ser dedicado a outra. O tempo que
dedicamos ao nosso sono é também um momento em que deixamos de trabalhar, por exemplo.
Precisamos realizar escolhas, o que apenas reflete o fato de que os recursos são escassos.
Recurso é qualquer elemento que pode ser usado na produção de um bem. Em uma
economia, geralmente consideramos como recursos o trabalho, a terra, o capital físico e
o capital humano (conquistas educacionais e habilidades individuais).
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A escassez de recursos faz com que os indivíduos e a sociedade sejam obrigados a fazer escolhas, e há diversas
formas de fazê-las. Uma delas é permitir que surjam como o resultado de escolhas individuais, o que acontece,
normalmente, em economias de mercado.
Há também decisões que a sociedade considera que é melhor não serem fruto do resultado de escolhas
individuais, como consumir bebida alcoólica e dirigir.
Custo real
O custo de adquirir algo envolve também o que dispensamos para realizar a aquisição.
Suponha que você tenha prestado vestibular para uma universidade privada e tenha sido aprovado para o curso
integral em Ciências Econômicas. O custo monetário de estudar em uma universidade privada é o valor da
mensalidade mais o gasto com passagem, alimentação e material. Mas isso não inclui tudo: esse não é custo real
de estar em uma universidade privada.
Estudar em tempo integral significa que você está abrindo mão de fazer um curso de inglês pela tarde ou de
trabalhar em algum estabelecimento. O custo de abrir mão de outra atividade se chama custo de oportunidade.
O custo de oportunidade de uma atividade da qual abrimos mão. É o que abdicamos ao deixar de escolher nossa
segunda melhor alternativa.
O custo real de algo é a soma de seus custos monetário e de oportunidade. Portanto, no final
das contas, todo custo é um custo de oportunidade.
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Exemplo
Programas sociais e custo de oportunidade
O projeto consistia em depósitos na poupança de jovens beneficiados pelo Renda Melhor e pelo Cartão Família
Carioca que cursassem o Ensino Médio em escolas públicas. Após a conclusão do Ensino Médio, os jovens
poderiam usar essa poupança.
A ideia de pagar um valor para esses jovens estudarem tem como base o conceito de custo de oportunidade.
Muitos desses jovens pobres largam a escola para trabalhar e ajudar suas famílias.
Decisão marginal
Diversas decisões importantes em nossas vidas começam com a pergunta: “Quanto?”. Ou seja, tem relação com a
quantidade.
Se você está cursando duas disciplinas ― Microeconomia e Macroeconomia ―, precisa escolher o quanto vai
dedicar de tempo de estudo para cada uma delas.
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Quando temos decisões de “quanto?”, em Economia, vemos isso como uma decisão marginal.
Gastar mais tempo estudando Microeconomia significa que você terá um benefício nessa matéria: é provável que
você tire uma nota mais alta, mas também implica menos tempo estudando Macroeconomia.
Sua decisão envolverá um trade-off, ou seja, uma comparação entre o custo e o benefício. Essa comparação faz
parte de uma escolha.
Como decidir, então, quanto tempo dedicar a cada uma das disciplinas? No geral, decisões desse tipo são tomadas
a cada momento.
Suponha que as duas provas, de Microeconomia e Macroeconomia, sejam no mesmo dia. No dia anterior, você
decide dedicar metade do tempo à Macroeconomia e a outra metade, à Microeconomia.
Antes de chegar ao fim do tempo destinado à Macroeconomia, você nota que é melhor dedicar mais tempo do que
o que tinha pensado. À noite, já com sono, você percebe que ainda faltou conteúdo de Macroeconomia, mas ainda
está finalizando o de Microeconomia. O que fazer? Se você teve nota melhor em uma prova anterior de
Microeconomia, possivelmente optará por dedicar o tempo disponível restante à Macroeconomia.
Decisões como essas são marginais. Elas envolvem um trade-off na margem, isto é, uma análise de custo
benefício de um pouco mais de uma atividade e um pouco menos de outra.
rade-off
É um dilema, isto é, uma situação em que comparamos custo e benefício, e realizamos uma escolha que envolve
também renúncias.
Muitas decisões no nosso dia a dia são tomadas com base em análises marginais, que
desempenham um papel fundamental na economia.
Se estou com sede, decido se vou tomar um copo d’água ou não. Após o primeiro copo, avalio se ainda quero
tomar o segundo, e assim por diante. Não tomamos uma decisão apenas entre “não beber água’” ou “tomar toda a
água da casa”, mas entre “um copo a mais” ou “um gole a mais”. Essa decisão sobre um gole adicional é uma
decisão na margem.
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Oportunidades de melhoria
Para começar, observe o exemplo a seguir:
Exemplo
Todo mês de outubro, os supermercados Guanabara realizam uma promoção de aniversário, que é bastante
famosa no Rio de Janeiro. Diversas propagandas passam na televisão, e alguns jornais enviam repórteres para
cobrir o evento.
Sempre que vemos as notícias, reparamos que há uma enorme quantidade de pessoas nas lojas. Mas por que, se
esses produtos são vendidos normalmente no dia a dia?
Segundo os consumidores, os preços durante as promoções são melhores que em qualquer outra época do ano.
Assim, quando as pessoas veem uma oportunidade de melhorar sua situação, nesse caso por meio da compra de
produtos mais baratos, elas aproveitam.
Ao tentarem prever como os indivíduos se comportarão em alguma situação econômica, em geral, os economistas
consideram que os indivíduos aproveitarão a oportunidade de melhorar suas situações. Essas oportunidades são
exploradas até que se esgotem, isto é, até que tenham sido plenamente aproveitadas pelas pessoas.
No geral, o fato de que as pessoas exploram oportunidades de melhorar sua própria situação é
uma hipótese amplamente adotada em modelos econômicos.
Quando há redução do preço do chocolate, mais consumidores irão comprá-lo. Se o salário dos engenheiros se
reduz e o dos médicos aumenta, é provável que alguns alunos do Ensino Médio deixem de prestar vestibular para
Engenharia e mudem para Medicina.
Para os economistas, qualquer tentativa de mudança de ação é fruto de mudanças de incentivos. Portanto, uma
política que peça às indústrias que poluam menos só será eficaz se gerar uma mudança de incentivos condizente
com o objetivo de redução da poluição.
Exemplo
Durante a pandemia da Covid-19, diversas medidas foram tomadas para seu combate. Duas delas foram: a
proibição de frequentar praias e a de sair sem o uso de máscaras.
Para que essas medidas tivessem resultado, não bastou pedir à população para mudar de comportamento. Os
governos instituíram multas caso as obrigações não fossem cumpridas. Dessa forma, a população teve uma
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mudança de incentivos.
Para reforçar seu aprendizado, assista ao vídeo com uma breve contextualização sobre os princípios econômicos
contidos na escolha individual.
video_library
Os quatro princípios da escolha individual para análise
econômica
Todavia, as decisões individuais dependem das decisões dos demais. Portanto, para compreendermos como
funciona uma economia de mercado, precisamos entender a interação entre as escolhas individuais.
O resultado da escolha de diversas pessoas pode ser bem diferente daquilo que os indivíduos esperariam. O uso
de novas técnicas agrícolas é um exemplo.
Alguns agricultores, ao adotarem novas tecnologias, tiveram uma produção tão grande que o resultado foi uma
redução do preço do produto, que fez com que diversos produtores saíssem do mercado.
Enquanto a escolha individual possui quatro princípios, a interação entre indivíduos em uma economia de mercado
possui cinco:
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Suponha que uma pessoa tente suprir sozinha todas as suas necessidades. Ela produz seus tecidos,
costura suas roupas, planta seu alimento, pinta seus próprios quadros e constrói sua própria casa. Deve ser
possível viver dessa forma, mas parece uma vida bastante dura.
A existência do comércio torna possível que as pessoas dividam tarefas entre si e ofertem bens ou serviços
demandados por outras pessoas em troca de bens e serviços que ela deseja. Na maioria das sociedades,
há poucos indivíduos tentando viver de forma autossuficiente, porque existem ganhos de comércio.
Duas pessoas, ao trocar e dividir, podem obter aquilo que mais desejam. Pode ser que Gabriel seja melhor
que Rafael na cozinha, e que Rafael seja melhor na faxina. Isso permite que Gabriel seja o responsável pela
comida e a troque com Rafael por faxina.
Os ganhos de comércio são oriundos dessa divisão de tarefas, conhecida como especialização: cada
indivíduo se ocupa de poucas atividades. Os mercados permitem que as pessoas se especializem, pois
sabem que podem encontrar os bens e serviços que desejam e trocar com outras pessoas.
Moeda costuma ser definida como qualquer ativo que pode ser utilizado facilmente para comprar bens e
serviços.
Um ativo é líquido quando pode ser convertido em dinheiro vivo de forma simples. Portanto, moeda
consiste no próprio dinheiro vivo, que é, por definição, líquido (ou, então, em outros ativos altamente
líquidos).
A moeda tem papel fundamental em uma economia, pois gera ganhos de comércio. Isso é possível porque
a moeda permite que trocas indiretas sejam realizadas, acabando com problema da dupla coincidência de
necessidades que ocorria em um sistema de escambos.
Meio de troca: pois cumpre o papel de um ativo que as pessoas utilizam para trocar bens e serviços.
Reserva de valor: pois é uma forma de guardar poder de compra ao longo do tempo.
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Unidade de conta: que representa uma medida que as pessoas utilizam para fixar preços e fazer cálculos
econômicos.
Aprendemos que há um princípio afirmando que as pessoas aproveitam oportunidades de melhorar sua
situação.
Por exemplo, quando vamos à praia, buscamos um pedaço de areia que tenha menos gente para nos
instalarmos. No verão, não restam muitos espaços vazios. Isso acontece porque as pessoas buscam
explorar as oportunidades para melhorar de situação.
Conforme as pessoas vão chegando à praia, elas buscam o local mais vazio, até não haver mais locais
vazios: todas as oportunidades de melhoria acabam, pois já foram exploradas.
Os economistas chamam de equilíbrio uma situação em que os indivíduos não podem melhorar, fazendo,
individualmente, algo diferente.
Uma economia está em equilíbrio quando nenhum indivíduo pode melhorar sua situação adotando uma
ação diferente.
Os mercados, normalmente, alcançam o equilíbrio por meio da mudança de preços, que aumentam ou
diminuem, até que todas as oportunidades para melhorar a situação individual tenham se esgotado.
Portanto, cada vez que houver uma mudança, a economia se moverá em direção a um novo equilíbrio.
Uso eficiente dos recursos para o alcance dos objetivos da sociedade expand_more
O que importa para economistas não é o dinheiro, mas o bem-estar das pessoas em uma sociedade.
Os recursos de uma economia são usados de forma eficiente quando todas as oportunidades de melhorar
a situação de cada um são exploradas por completo.
Uma economia é eficiente quando utiliza todas as oportunidades de melhorar a situação de uma pessoa
sem piorar a de outras.
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Por exemplo, Mariana mora na zona rural e planta hortaliças. Contudo, sua terra é pequena e sua plantação
está morrendo por falta de espaço. Por sua vez, Pedro, vizinho de Mariana, é proprietário de um latifúndio, e
não usa a terra para nada. Claramente, a terra dessa economia está sendo usada de forma ineficiente.
Há uma maneira de melhorar a situação de todos, transferindo a plantação de hortaliças de Mariana para as
terras de Pedro.
O exemplo é fictício. Embora essa situação ocorra na vida real, não é simples de resolver ineficiências
dessa forma, uma vez que existe propriedade privada, e, para isso, o estado deveria realizar uma reforma
agrária.
Quando uma economia está operando de forma eficiente, os ganhos oriundos do comércio são
maximizados, dados os recursos disponíveis.
Quando uma economia é eficiente, a única maneira de melhorar a situação de uma pessoa é piorando a de
outra: ou seja, já esgotamos os ganhos de troca.
Dado que eficiência é algo ótimo, ela deveria ser o único objetivo em uma economia?
A resposta é não. Eficiência não é o único critério que importa. Equidade e justiça também são critérios
relevantes. Em geral, há um trade-off entre eficiência e equidade, uma vez que políticas que almejam a
equidade, muitas vezes, alcançam-na às custas da eficiência.
Considere, por exemplo, a política de assentos preferenciais. Para assegurar que sempre haja assento
disponível para grávidas, deficientes, idosos e pessoas com crianças de colo, normalmente, há um número
reservado de vagas no transporte público.
Muitas vezes, esses assentos ficam vagos, enquanto algumas pessoas ficam em pé. Isso gera ineficiência,
mas será que gostaríamos de resolver essa ineficiência deixando as pessoas do grupo preferencial sem
assento?
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Normalmente, não temos um “planejador central” que se certifica de que a economia esteja operando de
forma eficiente. O Estado não precisa gerar eficiência, porque os mercados já cumprem essa função
razoavelmente bem.
Como estudaremos mais a diante, Adam Smith chama isso de “mão invisível do mercado”. Assim, os
incentivos presentes em uma economia de mercado já garantem que os recursos sejam utilizados da
melhor maneira possível, sem que haja desperdício de oportunidades. Contudo, há exceções para esse
princípio.
Quando temos falhas de mercado, a busca individual a partir do interesse próprio piora a situação da
sociedade, e o resultado é ineficiente. Isso acontece, em geral, quando a ação individual de uma pessoa
tem efeitos colaterais sobre outras pessoas, o que os economistas chamam de externalidade.
Quando há falhas de mercado, é possível que ações governamentais melhorem o bem-estar da sociedade.
Considere uma indústria que produz algo importante, mas gera poluição (por exemplo, usinas
termoelétricas que geram energia, mas são muito poluentes). Essa indústria não tem incentivo para levar
em conta o custo de sua ação para a sociedade e deixar de produzir poluição.
A sociedade pode subsidiar a adoção de uma nova tecnologia que gere menos poluição.
O governo pode multar a indústria.
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Essas soluções mudam os incentivos da indústria, dando a ela motivos para poluir menos. No entanto, as
possíveis soluções vão depender da intervenção do Estado.
Assim, quando os mercados não funcionam corretamente, a ação do governo pode tornar o resultado mais
próximo de algo eficiente, mudando a forma de alocar recursos na sociedade.
Em geral, o mercado não funciona corretamente quando há externalidades. Também há uma falha quando o
bem em questão não consegue ser eficientemente administrado pelo mercado.
Por exemplo, vamos pensar na iluminação pública. Não precisamos pagar para passar sob um poste de luz
na rua, o que diminui o incentivo a contribuir para a provisão do serviço. Esse último caso é conhecido
como bem público.
Por fim, alguns agentes econômicos podem ter poder de mercado, como uma firma monopolista, que
poderá restringir o uso de recursos por outros indivíduos para maximizar seu lucro individual.
As variáveis endógenas são aquelas que o modelo tenta explicar. Já as variáveis exógenas são as que o modelo
toma como dadas.
Modelo econômico.
Como explicitado na imagem anterior, as variáveis exógenas são determinadas fora do modelo, servindo como
insumo, enquanto as endógenas são determinadas dentro do modelo: são seu resultado.
Considere um produtor de cogumelos. A demanda por seus cogumelos vai depender de seu preço e da renda dos
consumidores. A oferta, por sua vez, vai depender dos preços do cogumelo e dos insumos utilizados na produção.
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O equilíbrio acontece quando oferta e demanda se igualam. Nesse caso, as variáveis exógenas são a renda
individual e o preço dos insumos, e a variável endógena será o preço do cogumelo.
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Questão 1
Marcela pode viajar do Rio de Janeiro para São Paulo de ônibus ou de avião. A viagem de ônibus custa
R$100,00 e dura 6 horas. A viagem de avião custa R$200,00 e dura 1 hora. Enquanto está viajando ― de ônibus
ou de avião ―, Marcela não pode trabalhar e deixa de ganhar R$30,00 por hora.
Viajar de ônibus tem um custo monetário menor do que viajar de avião, mas devemos levar em conta o custo
de oportunidade. Ao optar pelo ônibus, Marcela gastará R$100,00 e perderá R$180,00 (= R$30,00 x 6 horas).
Dessa forma, o custo real para Marcela ir de ônibus é de R$280,00. Ao optar por viajar de avião, Marcela
pagará R$200,00 pela passagem e perderá R$30,00 pela hora de viagem. Assim, o custo real para a viagem de
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avião é de R$230,00, enquanto o custo total para a viagem de ônibus é R$ 280,00. Em outras palavras, o custo
real da viagem de ônibus é maior do que da viagem de avião.
Questão 2
Os recursos de uma economia são usados de forma eficiente, ainda que haja oportunidade de
B
melhorar a situação de cada indivíduo.
B) A alternativa está incorreta. Por definição, eficiência é uma situação em que não há possibilidade de
melhorar a situação de uma pessoa sem piorar a de outra. Portanto, a alternativa está incorreta.
C) A alternativa está correta. Embora eficiência seja um conceito com o qual os economistas se preocupam,
existem outros extremamente relevantes, como justiça e equidade. No geral, há um dilema entre justiça e
eficiência, uma vez que diversas situações justas podem ser ineficientes, como o exemplo do assento
preferencial.
D) A alternativa está incorreta. Por definição, um mercado está em equilíbrio quando os seus participantes não
podem melhorar mudando individualmente suas ações.
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E) A alternativa está incorreta. Externalidades podem gerar alocações de mercado ineficientes porque alguns
agentes econômicos não levam em consideração todos os impactos de suas ações.
Embora a maior parte das pessoas só tenha ouvido falar de Economia como ciência a partir de Adam Smith, pode-
se argumentar que, nas formas mais rudimentares de civilização, já existia algum tipo de pensamento econômico,
partindo do pressuposto de que seres racionais já se preocupavam com seu sustento.
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É ingênuo pensar que uma civilização antiga como a egípcia, que era caracterizada pela produção e distribuição de
parte dos recursos, não tenha desenvolvido algum tipo de ideias econômicas, especialmente quando se considera
a existência de comércio (em forma de troca) com outras nações e a propensão egípcia a manter registros
escritos.
Na Grécia Antiga, Platão já contribuía para o pensamento econômico tocando alguns conceitos como a divisão do
trabalho, a teoria da moeda, a produção como base da riqueza do Estado (na época, Cidade-Estado) e até a
propriedade comum. Seu discípulo Aristóteles também contribuiu no campo, sistematizando sua teoria, mas se
opunha a seu mestre no tópico da propriedade comum.
Seguindo a queda do Império Romano, cuja economia era escravocrata e latifundiária, o período deu origem à
forma de organização econômica conhecida como feudalismo. Trabalho e terra passaram a ser transferidos e não
mais vendidos.
O feudalismo sofreu muitas transformações ao longo da Idade Média, atingindo seu auge por volta do século X.
A Igreja Católica se tornou a instituição dominante na Europa e, portanto, quase todos os acadêmicos e escritores
ocidentais do período eram clérigos.
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Escolásticos
Nos primeiros anos da Idade Média, os escritores cristãos tinham uma abordagem puramente ética do estudo
econômico. Sua aversão ao comércio e à propriedade baseava-se na convicção de que a busca pela riqueza os
desviaria do “caminho da graça”.
Os estudiosos da economia medieval ficaram conhecidos como escolásticos, e seu principal expoente foi Tomás
de Aquino.
Aquino buscou assimilar a filosofia aristotélica ao cristianismo. Recorrendo aos argumentos éticos e econômicos
de Aristóteles, ele pôde justificar a propriedade privada defendendo obrigações para o proprietário individual, desde
que atendesse aos interesses da comunidade.
Ele desenvolveu ideias a respeito do valor de um bem, introduzindo uma teoria do salário justo e do preço justo,
esboçando uma noção de justiça distributiva e condenando a cobrança dos juros e da usura.
Seus interesses chegavam à Economia somente a partir de questões morais e éticas, não tratando, dessa maneira,
os assuntos econômicos como um fim em si.
Esse período é considerado como a pré-história do pensamento econômico e começou a desaparecer no século
XVI com a revolução científica que se iniciou na Europa.
O Renascimento deixava suas marcas no pensamento das ciências naturais e políticas e influenciaria diretamente
o desenvolvimento do pensamento econômico.
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A esfera de produção se transformou, com os comerciantes deixando de ser apenas fornecedores de matérias-
primas e se tornando também detentores de meios de produção e empregadores de mão de obra. A alta inflação
vigente na Europa no período também influenciou o pensamento econômico.
Nesse período pré-mercantilismo, Jean Bodin esboçou a primeira teoria quantitativa da moeda, em sua Resposta
aos Paradoxos de Malestroit (Réponseaux Paradoxes de M. de Malestroit, 1568), afirmando que a principal causa do
aumento dos preços era o aumento do ouro e da prata em circulação.
A revolução cultural e científica proporcionou a ascensão de uma abordagem de pensamento secular no lugar da
religiosa. No campo da Economia, não foi diferente: ela passou a se emancipar da ética e da filosofia política.
Influenciado pelo crescimento dos Estados-Nação e pelos trabalhos de pensadores como Maquiavel, Hobbes e
Locke, o pensamento econômico deixou de se preocupar apenas com o comportamento de agentes econômicos
individuais e passou a examinar também o Estado. Assim, foram estabelecidos os pilares para o pensamento
econômico moderno.
Emergiu uma nova disciplina como ciência: a Economia Política, cujo objeto de estudo era a atividade pública,
tratando da acumulação e do gerenciamento da riqueza, a fim de aumentar a eficiência do Estado.
Agora, o conhecimento passava a ser baseado nos aspectos individuais e empíricos dos objetos.
Sir William Petty é considerado um dos pais da economia política moderna, pois foi um defensor e expoente do
método empírico e quantitativo.
Mercantilistas
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Outra fase de transformações ocorreu durante o Mercantilismo. No campo do pensamento econômico, foram
propostas ideias de um sistema comercial restritivo com o objetivo de aumentar a prosperidade econômica de
uma nação.
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Bulionistas (metalistas)
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Mercantilistas
O primeiro grupo (bulionistas ou metalistas) defendia a regulamentação do câmbio. Por não entenderem a teoria
do comércio internacional, enxergavam qualquer saída de metais preciosos como uma desvantagem. Desse modo,
advogaram pela proibição da exportação de qualquer espécie que tivesse como consequência a saída de ouro e
prata da nação, assim como a proibição de importações, especialmente de mercadorias de luxo, que envolviam
pagamentos na forma de metais preciosos. Em contrapartida, defendiam a exportação de mercadorias, como bens
manufaturados, cujos pagamentos significavam a entrada de metais preciosos em seus países.
O segundo grupo (mercantilistas) acreditava que havia a necessidade de incentivar a troca de mercadorias,
buscando alcançar uma balança comercial favorável, isto é, o país deveria exportar mais do que importar.
Ficou claro que a Economia passara a ser Política, influenciada por um envolvimento maior do Estado. A nação
passou a ser vista como uma grande empresa comercial, o que acarretou a defesa e a adoção de políticas
protecionistas.
Em geral, o pensamento mercantilista dialogava com o poder do Estado, com ideias de unidade nacional, e seus
objetivos eram identificados com a riqueza de uma nação.
Atenção!
Algumas teorias sobre a conceituação do valor e teorias monetárias sobre o papel dos juros na economia também
foram esboçadas nessa época. Os principais contribuintes para o pensamento econômico da época foram:
Thomas Mun, Antonio Serra e Edward Misselden.
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Contudo, a posição teórica mercantilista foi se tornando inadequada frente à acumulação capitalista e ao seu
controle sobre a produção, com a difusão do comércio e da competição, que resultaram em uma queda dos lucros.
Nasceu uma classe capitalista de mestres artesãos que controlava a produção, em conflito com os interesses dos
comerciantes. Essas mudanças foram acompanhadas por uma mudança radical na maneira de conceber os fatos
econômicos.
A intervenção do Estado na economia passou a ser vista com suspeita, e a ideia de que o lucro se originava na
esfera de produção começou a se disseminar. Para prosperar, a nova classe de empresários capitalistas precisava
abrir mão dos laços morais e ideológicos tradicionais.
Entre os economistas da época, começou a se disseminar a noção de que restrições administrativas na produção
criavam mais desvantagens do que vantagens para a coletividade. Passaram a defender a intervenção do Estado
apenas no reconhecimento e na proteção ao direito de propriedade.
A ênfase mercantilista em uma balança comercial positiva também foi criticada: o comércio internacional não
poderia ser uma fonte de perda para nenhuma das partes, uma vez que, sendo uma atividade voluntária, não
ocorreria em primeiro lugar se não gerasse ganhos para todos.
A teoria também avançou em outros aspectos. Richard Cantillon propôs que a terra era a principal fonte de riqueza,
e que essa riqueza seria produzida com o poder do trabalho empregado. Além disso, distinguiu o valor intrínseco
do valor de mercado dos bens, o que foi considerado um esboço da teoria de preço e custo.
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Na França do final do século XVIII, os conceitos pós-mercantilistas foram sofisticados por um grupo de pensadores
que ficaram conhecidos como fisiocratas, encabeçados por François Quesnay.
As principais contribuições da escola fisiocrata para o pensamento econômico moderno consistem na rejeição do
conceito mercantilista de riqueza por meio da troca e no reconhecimento da produção como fonte de riqueza, na
invenção do termo e da política do laissez faire, laissez passer, e no Tableau Economique (1759), principal obra de
Quesnay.
Interessado em transformar o setor agrícola em indústria capitalista eficiente, o autor apresentou um modelo
quantitativo da produção de mercadorias. Ao fazer uma distinção entre trabalho produtivo e improdutivo, apontou
uma fonte de riqueza no excedente que a terra é capaz de produzir, que seria advinda do fato de que nela se produz
mais do que se consome.
Quesnay foi precursor da acumulação de capital. Seu trabalho também traz a ideia de interdependência entre os
setores da economia e a inovadora representação de trocas como um fluxo circular de dinheiro e bens. Desse
modo, os fisiocratas foram os primeiros a tentar analisar, de maneira sistemática, a circulação da riqueza na
economia.
O filósofo David Hume também fez valiosas contribuições ao pensamento econômico. Embora não tenha
estruturado suas ideias de maneira sistemática, como os pensadores que viriam depois, suas obras tiveram grande
influência na filosofia geral encontrada posteriormente no trabalho de Adam Smith.
Suas principais ideias econômicas envolviam o destaque ao trabalho, bem como a atenção a oscilações e
mudanças na economia, e apontaram a inter-relação de fatos econômicos com outras forças sociais.
Na parte monetária, descreveu o mecanismo pelo qual uma mudança na quantidade de moeda em circulação
alteraria o valor do dinheiro na economia ― assunto debatido até os dias atuais.
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A teoria clássica proposta nesse período contrastou fortemente com as tendências anteriores do pensamento
econômico. Embora tenham assimilado diversos conceitos estabelecidos por seus antecessores, os clássicos
identificaram falhas em todas as soluções propostas previamente para os problemas econômicos.
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Uma das principais discrepâncias é que os clássicos viam como positivos os resultados que decorriam
naturalmente das forças econômicas. Nesse período, surgiu a noção de uma “mão invisível do mercado”, de forças
que naturalmente convergiriam para um equilíbrio eficiente, sem necessidade de intervenção estatal.
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A visão clássica de um sistema econômico harmonioso destoava das crenças mercantilistas e escolásticas de que
o mercado era caracterizado por desequilíbrios que exigiam intervenções e restrições. Essa visão otimista do
funcionamento dos mercados é um dos principais traços do pensamento clássico.
Outra característica é seu interesse no crescimento econômico. Essa preocupação os levou a estudar os mercados
e o sistema de preços sob a ótica da alocação de recursos. Os economistas clássicos estudaram a formação de
mercados e preços relativos para entender seu impacto no crescimento econômico.
Um dos principais diferenciais de Adam Smith em relação aos autores que lhe antecederam foi o fato de
que ele se empenhou em construir sua teoria de forma sistemática. Em A Riqueza das Nações, ele lançou as
bases da teoria econômica clássica de livre mercado.
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conduzir ao desenvolvimento econômico. Além disso, suas obras também tocaram temas como a teoria do
valor, passando por conceitos de excedente, teoria dos salários e distribuição.
Os escritos de Smith tocaram uma infinidade de temas, uma vez que a Macroeconomia da época se
preocupava com um escopo mais amplo dos determinantes do crescimento ― não apenas com fatores
econômicos, mas com fatores culturais, políticos, sociológicos e históricos.
Thomas Malthus, mais conhecido por sua teoria da população, também contribuiu para o pensamento
clássico. Em suas obras, discorreu sobre distribuição de renda e consumo improdutivo e apontou os riscos
de uma crise de superprodução frente à falta de demanda ― ideia que foi retomada por Keynes quase um
século depois.
David Ricardo, contemporâneo de Thomas Malthus, acrescentou à teoria econômica a noção de que há
ganhos na troca internacional para as duas partes que estão comercializando, mesmo que uma seja mais
competitiva que a outra.
Em outras palavras, mesmo que uma das partes consiga produzir mais de todos os bens com a mesma
quantidade de recursos, é economicamente vantajoso para as duas partes comercializar bens. Essa ideia
foi aprimorada posteriormente por John Stuart Mill sob a forma de vantagens comparativas.
Os escritos de Ricardo trataram de muitos outros tópicos, como as teorias do valor, dos salários, lucros e aluguel,
da acumulação, do desenvolvimento econômico e de moeda e bancos. Ricardo também levantou a questão sobre
as leis naturais que determinariam a distribuição do produto entre as classes da sociedade.
Foi ainda nesse período que as noções de utilitarismo começaram a ser desenvolvidas, sendo posteriormente
incorporadas à teoria econômica. O utilitarismo, de maneira geral, afirma que ações que maximizam felicidade e
bem-estar são boas, e que a utilidade é uma propriedade de um bem ou objeto capaz de produzir um benefício ou
prazer.
Jeremy Bentham e John Stuart Mill foram alguns dos filósofos a desenvolver esse conceito. Mill é considerado o
último dos grandes economistas clássicos do período.
tilitarismo
Essa teoria afirma, de maneira geral, que quando ações maximizam felicidade e bem-estar, elas são boas; e que a
utilidade é uma propriedade de um bem ou objeto capaz de produzir um benefício ou prazer.
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O fim das guerras napoleônicas, o movimento trabalhista que se desenvolveu a partir do ludismo e as revoluções
de 1848 influenciaram as correntes de pensamento do período.
Enquanto para os economistas clássicos como Smith, Ricardo e Mill o capitalismo significava uma expansão da
produção, aumento da riqueza e troca econômica entre as nações, outros não viam esse sistema econômico com
o mesmo entusiasmo.
Malthus já apresentava uma visão mais pessimista, argumentando que, nesse sistema,
não seria permitido ao trabalhador receber mais que um salário de subsistência ― uma
crença compartilhada por Ricardo e alguns outros economistas clássicos.
A derrota da classe trabalhadora no movimento de 1848 encerrou um ciclo de luta que havia durado mais de 30
anos e inaugurou uma fase de hegemonia cultural burguesa e crescimento econômico.
Para os trabalhadores da época, essa fase inicial do capitalismo significava arcar com os custos da expansão da
produção: condições perigosas ou insalubres de trabalho, desemprego e longas horas de trabalho duro. O contexto
era terreno fértil para o surgimento de novas ideias.
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Escola Histórica Alemã
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Movimento Socialista
Nesse período, muitas teorias socialistas novas e alternativas foram elaboradas, destacando-se a grande síntese
da crítica de Marx à Economia Política Clássica.
Embora Marx reconhecesse os méritos científicos dos grandes economistas clássicos ingleses, considerava a
Economia Política Clássica como uma expressão teórica da burguesia no período em que o capitalismo se
afirmava.
Marx desenvolveu sua teoria com forte ênfase no conflito de classes, acusando a burguesia de cooptar as
necessidades de toda a sociedade para combater a aristocracia e, depois, estabelecer-se como classe dominante,
apresentando seus interesses próprios como coletivos e o espírito da acumulação privada de capital como
instrumento para fazer crescer a riqueza nacional.
Segundo a crítica de Marx, o sistema teórico clássico se baseou na análise de classe sociais, até que essa análise
deixasse de ser útil, ou seja, quando a burguesia alcançasse o poder ― momento em que as teorias de harmonia de
interesses e de fatores produtivos se tornaram mais úteis. Nesse sentido, a herança científica da Economia Política
Clássica estava comprometida e deveria passar, agora, aos economistas socialistas.
Marx buscou identificar os limites da Economia Política Clássica a fim de criticá-la. Ele diferiu desse grupo de
economistas quanto ao pano de fundo filosófico: Marx não era utilitário, empirista ou baseado em leis naturais da
Filosofia.
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Dentre as críticas feitas por Marx aos economistas clássicos, três se sobressaíram, listando a incapacidade dos
clássicos de:
Jevons, Menger e Walras são alguns dos principais nomes associados a essa mudança radical na forma de
conceber a teoria econômica.
À medida que a teoria marginalista se desenvolveu, a estrutura da teoria econômica se modificou, de modo a
elaborar um sistema muito diferente do exposto pela economia clássica.
O interesse no crescimento econômico dos economistas clássicos deu lugar ao interesse na alocação dos
recursos. O centro do sistema neoclássico girava em torno do problema da alocação de recursos escassos, dados
os seus possíveis usos alternativos.
Atenção!
Isso revela outra face distinta da abordagem neoclássica: A mudança no agente econômico como objeto de
análise.
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Os clássicos tinham como objeto principal agentes econômicos coletivos, como as classes sociais e o governo. Os
marginalistas, por sua vez, concentravam-se em agregados sociais mínimos: a unidade tomadora de decisão,
como consumidores, famílias ou firmas.
Ortodoxia neoclássica
A revolução marginalista se espalhou pelo mundo ocidental, impactando significativamente o pensamento
econômico. No contexto político-econômico, a Europa Ocidental experimentava um momento de desenvolvimento
industrial e capitalista. Em conjunto, esses fatores estabeleceram as bases para a economia neoclássica.
Alfred Marshall foi um matemático que ofereceu uma enorme contribuição ao pensamento econômico com a
publicação de seu livro Princípios de Economia (1890). Sua obra pode ser entendida como uma reformulação geral
da teoria econômica produzida até então, sintetizando a análise clássica e a abordagem marginalista de custo e
utilidade, elaborando um mecanismo de análise econômica.
Uma de suas principais contribuições ao campo foi sua análise de equilíbrio parcial, que conseguiu unir várias
partes da teoria econômica, até então analisadas separadamente.
Marshall fez a importante distinção entre os períodos da economia, diferenciando o curto do longo prazo.
Ele introduziu e aprimorou uma série de conceitos que são utilizados na análise econômica, desde propriedades da
curva de demanda, distinção de retornos crescentes e decrescentes, e maximização do bem-estar – temas
abordados até os dias atuais em cursos de Economia.
Curiosidade
O americano Irving Fisher também utilizou a Matemática de forma extensiva em sua análise econômica. No
entanto, seu trabalho estava voltado para a Macroeconomia. Ele propôs a versão mais conhecida da equação
quantitativa da moeda, e sua contribuição central para a teoria econômica foi a teoria sobre juros – há até uma
Equação de Fisher, batizada em sua homenagem.
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Economia keynesiana
A Primeira Guerra Mundial foi um conflito de dimensões até então desconhecidas pela humanidade. Na esfera
econômica, seus impactos envolveram a interrupção do comércio e de pagamentos internacionais, e levaram
governos a realizar intervenções econômicas até então inimagináveis. Foi feita uma produção de larga escala para
atender necessidades de guerra, gerando enormes dívidas nacionais.
O grau de profundidade das crises vivenciadas no período entre guerras não tinha precedentes. Eclodiu a crise
econômica de 1929. O desemprego atingiu níveis recordes e se tornou persistente. O descontentamento social não
tardou a aparecer, e a tradição clássica ortodoxa de pensamento econômico não estava preparada para lidar com
essa situação.
O pensamento neoclássico havia se estruturado em torno da Lei de Say, que previa que o pleno emprego era o
estado normal de funcionamento da economia. Se houvesse um afastamento do nível de emprego considerado
normal, não seria de grande magnitude, e o próprio sistema econômico providenciaria uma resposta que faria o
emprego retornar ao seu nível normal.
No entanto, a realidade parecia bastante distante do que previa o pensamento econômico. Não apenas a
ociosidade na força de trabalho e da capacidade da indústria alcançaram proporções incomuns, como também
havia poucos indícios de que a situação estava caminhando para se corrigir.
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Comentário
Apesar da enorme distância entre as premissas neoclássicas e os eventos do mundo real, os economistas
neoclássicos ofereciam uma justificativa para essas supostas anormalidades no funcionamento da economia. A
persistência dos altos níveis de desemprego poderia ser explicada pela rigidez no sistema econômico, que
paralisava o mecanismo de ajuste natural.
Segundo eles, a inflexibilidade dos salários, causada, principalmente, pela estrita adesão ao salário mínimo por
influência dos sindicatos, não permitia que a economia seguisse sua trajetória natural. Do contrário, se os salários
baixassem, empregadores contratariam mais trabalhadores, e a economia voltaria ao nível de pleno emprego.
No início do século XX, a análise econômica retomou o interesse dos economistas clássicos em economia
agregada, ou seja, nas teorias macroeconômica e monetária.
John Maynard Keynes, um economista britânico, revolucionou as esferas acadêmica e política com as ideias que
propôs em seu livro A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. O pensamento keynesiano, com ênfase na
política fiscal, foi tão influente que dominou a política econômica dos EUA e de diversas outras nações ocidentais
do período.
De certa forma, as ideias de Keynes se assemelham em vários aspectos às escolas que antecederam os
economistas clássicos – a mercantilista e a fisiocrata. A ideia de que a poupança tende a causar baixo consumo e
depressão econômica, interrompendo o fluxo circular da renda, já havia sido apontada por economistas anteriores
a Adam Smith e seus seguidores.
Keynes também rompeu com a escola clássica em sua descrença na Lei de Say: à diferença dos clássicos, ele não
acreditava que a oferta cria sua própria demanda.
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A teoria da preferência pela liquidez ― que ofereceu uma explicação para os determinantes da taxa
de juros sob a ótica do mercado de moeda.
Boa parte desses conceitos está presente nos cursos contemporâneos de Macroeconomia.
As ideias desenvolvidas por Keynes representaram uma mudança na meta da política pública: de estabilização dos
preços em valores altos para manutenção do nível de renda e emprego.
A influência mais importante do trabalho de Keynes foi sua incorporação em forma de síntese na estrutura geral de
princípios econômicos aceitos. Uma das maiores contribuições nesse aspecto foi o livro Fundamentos da Análise
Econômica (1947), de Paul Samuelson. Essa obra explicava as ideias e os princípios do pensamento econômico
em conjunto com os princípios ortodoxos dos economistas neoclássicos.
Outros, no entanto, discordavam de Keynes, como Milton Friedman, um grande defensor da eficiência dos
mercados e da interferência mínima dos governos. Uma de suas maiores contribuições para a economia foi sua
teoria da renda permanente.
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No período subsequente, durante as décadas de 1970 e 1980, outras teorias ganharam força: a teoria das
expectativas racionais, de Robert Lucas, e as ideias da economia pelo lado da oferta. Ambas as teorias se utilizam
das premissas neoclássicas básicas e desafiam as proposições teóricas da economia keynesiana.
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Questão 1
A) Verdadeira
A visão clássica de um sistema econômico harmonioso destoa das crenças mercantilistas e escolásticas de
que o mercado é caracterizado por desequilíbrios que exigem intervenções e restrições. Essa visão otimista
do funcionamento dos mercados é um dos principais traços do pensamento clássico.
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B) Falsa
Outros antes de Adam Smith desenvolveram ideias econômicas em forma de livro, como, por exemplo,
Quesnay com seu Tableau Economique. O diferencial de Smith em relação aos demais autores que lhe
antecederam, e que o faz ser considerado “o pai da Economia Moderna”, foi o fato de que ele se empenhou em
construir sua teoria de forma sistemática.
C) Verdadeira
Essa ideia foi aprimorada posteriormente por John Stuart Mill sob a forma de vantagens comparativas.
D) Verdadeira
Jeremy Bentham e John Stuart Mill foram alguns dos filósofos a desenvolver esse conceito, posteriormente
incorporado à Microeconomia pelos marginalistas.
E) Verdadeira.
Questão 2
Keynes entendia que apenas aumentando a oferta de bens e serviços a economia poderia
E
crescer.
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A) A alternativa está incorreta. As ideias de Keynes rejeitavam a economia política clássica de não intervenção
do Estado na economia e se assemelhavam em vários aspectos às escolas que o antecederam.
B) A alternativa está incorreta. O economista britânico rejeitava a ideia de que a oferta cria sua própria
demanda.
C) A alternativa está correta. O pensamento de Keynes foi tão influente no contexto entre guerras que dominou
a política econômica dos EUA e de diversas outras nações ocidentais do período.
D) A alternativa está incorreta. Suas ideias representaram justamente uma mudança no sentido contrário: a
meta da política pública mudou de estabilização dos preços para estabilização do nível de renda e emprego
em valores altos.
E) A alternativa está incorreta. Keynes entendia que uma expansão da demanda alcança o crescimento
econômico.
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Para onde vamos e para onde caminhamos: o que tem sido feito na pesquisa econômica?
Como vimos ao longo deste conteúdo, a Economia como ciência teve sua origem há muitos séculos. Ao longo
dessa trajetória, passou por transformações em seu objeto de análise, seu método e sua abordagem teórica, sendo
diretamente influenciada pelos contextos sociais e políticos da época em que seus teóricos viveram.
Mais recentemente, no século XX, a Economia consolidou o ferramental matemático como instrumento de análise,
que a distingue das demais Ciências Sociais, subdividindo-se em duas grandes áreas:
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Macroeconomia
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Microeconomia
De forma mais específica, você deve estar se perguntando:
Quais campos têm sido estudados pela Economia, e o que tem sido pesquisado?
Pensando em todas essas questões, vamos apresentar algumas áreas da Economia que não são muito
conhecidas fora da profissão. Citaremos também alguns grandes economistas dos últimos tempos.
Ao longo dos anos, conforme a ciência econômica foi se desenvolvendo, novas áreas foram surgindo,
principalmente na Economia Aplicada.
Os economistas, em vez de focarem nas relações econômicas tradicionais como objeto de estudo, passaram a
aplicar as teorias desenvolvidas e o ferramental econômico em outras áreas, como educação, saúde,
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Essas novas áreas de pesquisa, muitas vezes, deixam de fazer uma clara distinção entre Macro e Microeconomia,
juntando, inclusive, algumas das áreas citadas, como veremos.
O campo da Teoria dos Jogos tem como interesse situações em que os indivíduos se comportam
estrategicamente, isto é, como os indivíduos vão realizar escolhas quando as escolhas dos outros interferem no
resultado.
Exemplo
Dois criminosos foram presos pela polícia, que os interroga em salas separadas. Caso apenas um dos criminosos
confesse individualmente, o confessante é libertado imediatamente pela sua colaboração, e o outro tem uma pena
maior (três anos de prisão). Caso ambos confessem, eles são condenados a uma pena igual: dois anos de prisão.
Se nenhum dos dois confessar, eles receberão apenas uma pena por um crime menor (um ano de prisão).
Qual será a decisão individual? Qual será o resultado? Claramente, a ação de um dos criminosos influencia no
resultado do outro.
Os pioneiros da área são os matemáticos John Von Neumann, John Nash e o economista Oskar Morgenstern.
O desenvolvimento da Teoria dos Jogos foi uma revolução em Economia, embora a área seja considerada nova, ao
abordar problemas cruciais por meio de modelos matemáticos.
Por exemplo, a Economia Neoclássica tinha grande dificuldade em lidar com a competição imperfeita, como
oligopólios. Com o crescimento da Teoria dos Jogos, foi possível modelar o comportamento competitivo dos
agentes.
Além disso, a Teoria dos Jogos tem uma vasta gama de aplicações, sendo usada em Economia, Psicologia,
Biologia Evolucionária, Guerras e Política.
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ohn Nash
Viveu entre 1928 e 2015. Foi ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1994 pelo que ficou conhecido como
Equilíbrio de Nash: uma situação que, se alcançada, faz com que nenhum agente veja vantagem em alterar
individualmente seu comportamento.
Economia política
Como vimos no Módulo 2, a Economia Política como campo de estudo é antiga. Contudo, a atividade de sua
vertente contemporânea é bem distinta da de antigamente. Nos dias atuais, a pesquisa estuda escolhas de
políticas públicas, como são realizadas por políticos, que, por sua vez, são escolhidos por eleitores que compõem
uma sociedade (democrática ou não).
Uma de suas grandes contribuições foi mostrar que, para explicar resultados econômicos, é preciso olhar além de
preços e renda, analisando, também, a História e a Sociologia.
Um dos fundadores da área como a conhecemos atualmente é o italiano Alberto Alesina. Em seus trabalhos, ele
atentou para os seguintes aspectos:
esultados econômicos
O grau de pobreza ou riqueza dos países ou o sucesso de imigrantes em alguns lugares, e não em outros.
O fato de que ciclos eleitorais podem gerar comportamento cíclico na atividade econômica.
Como fatores políticos levavam a um acúmulo de dívida pública maior do que o socialmente desejável.
Como a independência dos bancos centrais em relação a pressões políticas era um fator preponderante para a
estabilidade macroeconômica.
Alesina estabeleceu como a desigualdade de renda poderia ser prejudicial ao crescimento econômico, ao
desencadear conflitos políticos redistributivos, e trouxe o estudo da cultura como um grande determinante de
resultados políticos e econômicos.
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Segundo ele, as mesmas variáveis culturais, sociológicas e históricas que influenciam nas escolhas de
determinadas formas de instituições podem estar correlacionadas com a política fiscal. Perguntas como o motivo
de os EUA gastarem pouco com bem-estar em comparação à Europa podem ter suas respostas em questões
culturais.
Assim como Alesina, dois outros italianos, Persson e Tabellini, contribuíram consideravelmente para a área. Eles
combinaram o melhor de três diferentes áreas para sugerir uma abordagem unificada em economia política. Veja:
Indivíduos se comportam de forma racional, e suas preferências sobre os resultados econômicos induzem
suas preferências acerca de políticas.
Em escolha pública, a delegação de decisões políticas para representantes políticos pode resultar em
problemas de agência entre políticos e eleitores.
Problemas de agência são situações em que uma ação é delegada de um agente para o outro. Em geral,
esses agentes possuem objetivos conflitantes, de forma que o resultado ótimo para um não é desejável
para outro.
Por exemplo, existe um fazendeiro e um agricultor que trabalha em sua fazenda. O objetivo do fazendeiro é
maximizar seu lucro, enquanto o objetivo do agricultor é maximizar seu bem-estar. Nesse cenário, em que o
fazendeiro delega o cuidado da plantação para o agricultor, o resultado do lucro dependerá do esforço do
agricultor.
Em escolha racional, as instituições políticas moldam os processos pelos quais os políticos são eleitos e as
políticas públicas são executadas.
Economia comportamental
Como vimos no Módulo 2, os economistas clássicos introduziram a noção de que interesses individuais racionais
importam.
A teoria contemporânea pressupõe que indivíduos são racionais e tomam decisões com
base nas informações disponíveis, fazendo as escolhas que geram maiores ganhos com
base em alguma medida de benefício.
Partindo desse entendimento, um consumidor não vai comprar dois pares de sapatos quando precisa apenas de
um. Também é razoável supor que as pessoas vão economizar ao longo de suas vidas para garantir uma
aposentadoria, enquanto pessoas endividadas cortariam seus gastos em vez de parcelar uma nova televisão no
cartão de crédito.
Entretanto, se somos realmente racionais, por que tantas pessoas fazem o oposto do que a
teoria supõe?
Richard Thaler, um economista norte-americano, e Daniel Kahneman, psicólogo israelense, foram pioneiros em unir
Economia e Psicologia, criando e desenvolvendo o campo da Economia Comportamental. Ambos foram premiados
com o Nobel pelas suas contribuições.
A premissa básica é que os seres humanos nem sempre são racionais. Muitas vezes, suas escolhas podem ser
baseadas em questões subjetivas e culturais, que, em alguns momentos, pesam mais que a racionalidade. Isso
não significa que a Economia Comportamental abandona por completo a noção de racionalidade – apenas
incorpora ao processo de tomada de decisão outros fatores antes desconsiderados.
A Economia Comportamental tenta explicar por que as pessoas não economizam para a aposentadoria,
priorizando o consumo no presente. Isso ocorre porque o prazer presente é mais próximo e mais palpável do que o
possível sofrimento em um tempo futuro e distante.
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Thaler explica também o comportamento de manada nos mercados financeiros: quando o mercado está em alta,
mais pessoas decidem investir nas ações, o que decorre de um pensamento irracional de que os preços vão subir
amanhã porque estão subindo hoje.
Outro aspecto da economia comportamental é o nudge, uma espécie de "empurrãozinho" que pode influenciar o
processo de tomada de decisão de um indivíduo. É mais provável que as pessoas escolham uma opção específica
se ela for a opção padrão.
Exemplo
No preenchimento de cadastros, por exemplo, as pessoas estão mais inclinadas a receber e-mails de promoções,
se essa for a opção padrão, devendo clicar no botão de que não desejam estar na lista desses e-mails para
desativar o recebimento, do que se necessitarem clicar em um botão afirmando que desejam estar nessa lista. Em
outras palavras, as pessoas tendem a aceitar a opção que lhes é oferecida, e não arcar com os custos psicológicos
da escolha.
Desenvolvimento econômico
A Economia do Desenvolvimento estuda o processo de desenvolvimento dos países de baixa renda. Como o
processo de desenvolvimento econômico é amplo e complexo, essa área cobre diversos outros campos que
afetam o crescimento social e econômico dos países.
Nesse sentido, foca não somente em métodos que promovam o crescimento econômico e nas mudanças
estruturais, mas também na melhora de aspectos que envolvam a população, como condições de saúde, educação
e trabalho.
O crescimento econômico, em particular, é investigado há muitos anos pelos economistas, como vimos no módulo
anterior, de História do Pensamento Econômico. Como a Economia, essa área passou por diversas transformações
até se tornar o que é atualmente.
Os neoclássicos propuseram alguns modelos de desenvolvimento econômico que frequentemente são vistos nos
cursos de Macroeconomia e desenvolvimento de um currículo de graduação em Economia.
Com o passar dos anos, esses modelos foram ficando cada vez mais sofisticados, incorporando mais elementos e
variáveis determinantes do crescimento econômico, visando torná-los mais próximos da realidade.
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Características como crescimento populacional, progresso tecnológico, capital humano, e até o papel e a qualidade
das instituições foram, pouco a pouco, sendo incorporadas nas equações.
Saiba mais
Alguns dos economistas mais importantes a elaborar modelos de desenvolvimento são: Roy Harrod, Evsey Domar,
Robert Solow e Paul Romer.
Algumas das características que foram, pouco a pouco, sendo incorporadas nas equações são:
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Crescimento populacional
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Progresso tecnológico
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Capital humano
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Papel e a qualidade das instituições
Daron Acemoglu e James Robinson são dois economistas contemporâneos que mostraram evidências empíricas
robustas sustentando a tese do papel desempenhado pelas instituições no desenvolvimento econômico, com
ênfase nos direitos de propriedade.
Outros economistas apontam, entre outros tantos fatores institucionais que impactam o crescimento, para:
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O desenho de Constituições.
O grande desafio da área é a dupla causalidade que esses fatores costumam apresentar com o crescimento
econômico. Nesse caso, é difícil responder:
Instituições melhores levam a mais crescimento econômico, ou países que têm mais
crescimento econômico estabelecem melhores instituições?
Outra camada do desenvolvimento econômico ― talvez a mais desafiadora ― é a do impacto das culturas e das
crenças no crescimento. Nesse caso, o obstáculo é que crenças e costumes são elementos muito difíceis de
serem medidos e capturados pelos dados, mas isso não significa que devam ser ignorados.
A literatura econômica vem desenvolvendo muitos estudos nessa área na última década, mostrando como normas
sociais, crenças individuais e coletivas influenciam as preferências dos indivíduos, e que essas normas variam
lentamente ao longo do tempo.
Economia da pobreza
Outro campo que se propôs a investigar a economia de baixa renda é o de Economia da Pobreza.
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Os laureados com o Prêmio Nobel de Economia de 2019, Michael Kremer, Esther Duflo e Abhijit Banerjee, fizeram
contribuições com uma abordagem experimental para aliviar a pobreza global.
Os três economistas publicaram uma série de artigos, muitas vezes em conjunto, utilizando um método bastante
empregado na Medicina: os Randomized Controled Trials (RCTs), ou Estudos Aleatorizados Controlados. De forma
resumida, essa abordagem experimental consiste em dividir a população de um estudo em grupos aleatorizados
de controle e tratamento para testar a efetividade de determinada política.
Os autores realizaram uma série de estudos desse tipo, desenvolvendo uma ferramenta muito poderosa para testar
intervenções que podem reduzir a pobreza. Essas intervenções variam desde a realização de tutorias corretivas
nas escolas, passando pelo fornecimento de redes contra mosquitos para famílias a fim de prevenir doenças, até
políticas de microcrédito.
O sucesso dessa abordagem influenciou consideravelmente a forma de avaliar políticas de nossa geração. Embora
não apontem um amplo conjunto de conclusões, esses estudos permitem tirar lições simples, mas poderosas, com
grandes efeitos para a erradicação da pobreza.
Outra vantagem é que, pelo fato de serem estudos controlados, há a possibilidade de verificar possíveis efeitos
colaterais não antecipados, colocando na balança, ao final dos experimentos, os benefícios e os custos não
antecipados das intervenções.
Economia da desigualdade
A desigualdade econômica é um tópico de interesse e preocupação de cientistas sociais. Existe uma grande
variedade de tipos de desigualdade econômica, muitas vezes medida na forma de distribuição de renda ou de
riqueza. Também pode ser avaliada como desigualdade entre países, regiões ou grupos de pessoas.
O economista francês Thomas Piketty escreveu o livro O Capital no Século XXI (2013), sobre o crescimento da
desigualdade da riqueza mundial. A obra causou rebuliço no meio acadêmico ao trazer à tona o debate sobre
taxação progressiva e tributação da riqueza global como único caminho eficiente para combater a concentração da
renda, que, segundo o autor, seria consequência inevitável do capitalismo.
Documentando com dados detalhados a evolução histórica da concentração da renda e da riqueza, Piketty
desenvolve uma grande teoria do capital e da desigualdade. Alguns autores já desenvolveram estudos rebatendo
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Economia da Saúde
A Economia da Saúde é a área de estudo aplicado que permite uma análise rigorosa e sistemática dos problemas
enfrentados na promoção de saúde para todos. Economistas da saúde utilizam como ferramental as teorias do
consumidor, do produtor e da escolha social para entender o comportamento dos indivíduos, dos provedores de
saúde e de organizações públicas e privadas.
Um dos muitos exemplos estudados pelos economistas da saúde envolve perguntas como: Transferências
governamentais durante a gravidez melhoram a saúde da criança ao nascer?
Economia da Educação
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A Economia da Educação é a área que estuda questões relacionadas à Educação, sejam elas de demanda própria,
seu financiamento e sua provisão, ou relacionadas à eficiência comparativa entre diferentes programas e políticas.
Como estudamos no Módulo 1, o programa Renda Melhor Jovem era um exemplo de política pública que aplicava
o conceito de custo de oportunidade. Será que essa política foi eficaz, fazendo com que os jovens permanecessem
mais tempo na escola para, no futuro, terem um salário melhor no mercado de trabalho? Questões assim também
fazem parte das preocupações da área.
Existem muitos outros campos que um economista pode estudar e nos quais pode atuar, o que é uma das grandes
vantagens da profissão. Campos mais clássicos como Macroeconomia e Microeconomia seguem igualmente
trazendo novidades.
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Economias que descrevem e transformam sociedades
Assista o vídeo a seguir para conhecer mais sobre as teorias econômicas que descrevem e transformam
sociedades.
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Questão 1
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A) Verdadeira
A preocupação com que os parâmetros e dados inseridos no modelo explicassem a realidade levou os
economistas a elaborarem modelos de desenvolvimento cada vez mais sofisticados.
B) Falsa
Embora exista um problema de dupla causalidade que dificulte determinar se instituições afetam o
crescimento econômico, Daron Acemoglu e James Robinson apresentaram evidências empíricas de que as
instituições desempenham função importante no desenvolvimento econômico.
C) Verdadeira
Economistas contemporâneos desenvolveram trabalhos apontando para evidências empíricas nesse sentido.
D) Verdadeira
A literatura econômica tem apresentado importantes contribuições na área nas últimas décadas.
E) Verdadeira
Questão 2
A
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A) A alternativa está incorreta. Às vezes, escolhas podem ser baseadas em questões subjetivas que pesam
mais que a racionalidade econômica.
B) A alternativa está incorreta. Em determinadas situações, sentir-se bem no presente é melhor do que sofrer
no futuro.
C) A alternativa está incorreta. A Economia Comportamental supõe que as pessoas tendem a aceitar a opção
que lhes é dada, e não arcar com os custos psicológicos da escolha.
D) A alternativa está correta. A premissa básica da Economia Comportamental é que os seres humanos nem
sempre são racionais.
E) A alternativa está incorreta. A escolha das pessoas depende da opção padrão, em relação à qual elas irão
comparar as alternativas.
Considerações finais
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Estudamos alguns conceitos básicos de Ciências Econômicas. Além disso, vimos como essa ciência evoluiu ao
longo do tempo e que caminhos está trilhando neste momento.
Vimos, também, os diversos objetos de estudo da Economia, que, afinal, busca responder como alocar recursos da
melhor forma possível. Essa é a régua para determinar se a profissão é bem-sucedida: devemos contribuir para a
melhor alocação possível dos recursos que temos à nossa disposição. Assim, teremos mais desenvolvimento,
menos pobreza e desigualdade, e melhores políticas públicas para a sociedade.
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Podcast
Ouça o podcast para recapitualr os principais pontos estudados.
Referências
CAMPANTE, F. A ciência da Economia Política: o legado de Alberto Alesina. Nexo Jornal, 2020.
KRUGMAN, P.; WELLS, R. Introdução à Economia. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
PERSSON, T.; TABELLINI, G. Political economics: explaining economic policy. The MIT Press, 2002.
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SCREPANTI, E.; ZAMAGNI, S. An outline history of the economic thought. 2.ed. Oxford: Oxford University Press,
2005.
VARIAN, H. R. Microeconomia: uma abordagem moderna. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
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Para saber mais sobre os assuntos estudados, sugerimos as seguintes leituras:
ACEMOGLU, D.; ROBINSON, J. Por que as nações fracassam? Nova York: Crown Publishing Group, 2012.
BANERJEE, A.; DUFLO, E. Good economics for hard times. Nova York: Public Affairs, 2019.
FERGUSON, N. A ascensão do dinheiro: uma história financeira do mundo. São Paulo: Planeta do Brasil, 2009.
TELLES, A.; TIROLE, J. Economia do bem comum. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.
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