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16/11/2022 13:58 Conceitos básicos de Economia

Conceitos básicos de Economia


Prof.ª Maria Eduarda Barroso Perpétuo

Descrição

Aprender os fundamentos e as contribuições mais recentes da ciência econômica, tal como a história do
pensamento econômico para a compreensão contextualizada da Economia Moderna.

Propósito

Entender os conceitos fundamentais e a história do pensamento econômico é importante para compreender


o que é a ciência econômica e como a pesquisa econômica evoluiu até os dias atuais.

Objetivos

Módulo 1

Primeiros conceitos econômicos


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Definir conceitos fundamentais para compreensão das análises econômicas.

Módulo 2

História do pensamento econômico


Descrever uma breve história do pensamento econômico.

Módulo 3

Pesquisa econômica atual


Descrever a agenda de pesquisa econômica atual.

meeting_room
Introdução
O estudo de qualquer ciência começa com uma série de conceitos básicos. Em Economia, iniciaremos
falando sobre as escolhas das pessoas sobre como alocar recursos, dado que há limites no que podemos
fazer. Apresentaremos também a evolução da ciência econômica ao longo do tempo e descreveremos os
caminhos que estão sendo desenvolvidos.

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1 - Primeiros conceitos econômicos


Ao final deste módulo, você será capaz de definir conceitos fundamentais para compreensão
das análises econômicas.

Uma digressão sobre economia e ciência


O termo “economia” vem do grego e significa “casa” e “lei”, ou também “gerir”, “administrar”, daí “regras da
casa” ou “administração doméstica”.

Mas o que é, de fato, Economia?

Economia é uma ciência social que estuda a produção, distribuição, acumulação e o


consumo de bens e serviços.

Ela busca entender como indivíduos, empresas, governos e nações fazem escolhas sobre alocação de
recursos, de forma a satisfazer suas necessidades, e busca entender como esses agentes podem se
organizar e coordenar esforços para alcançar o melhor resultado possível.

Mas o que é uma ciência?

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Ciência é uma forma de conhecimento, assim como religião, intuição e senso comum. A
ciência produz conhecimento por meio de teorias.

Por exemplo, a Astronomia, por meio da teoria geocêntrica, considera a Terra fixa no centro do universo,
com todos os outros corpos celestes orbitando ao seu redor. Poucas pessoas acreditam na teoria
geocêntrica, mas qualquer um quando vai à praia utiliza essa teoria para posicionar um guarda-sol.

Da mesma forma, existem diversas teorias nas quais não é necessário acreditar, embora sejam úteis, como,
por exemplo, modelos econômicos, a física newtoniana ou mapas. Você acredita que o mundo é
bidimensional ao olhar um aplicativo de mapas em seu celular?

É preciso deixar claro que a Ciência não trata de verdade, mas sim de erro útil. A Ciência é apenas uma
ferramenta para resolver problemas, e não para estabelecer verdades.

A teoria nada mais é do que uma ferramenta imperfeita, baseada em simplificações grosseiras da realidade
(natural, social, econômica etc.), pois seu o objetivo é ser útil.

O precursor da Ciência Moderna é Francis Bacon, que, no século XVI, deixou registrado que “Saber é poder”.
A partir de Bacon e da Revolução Científica Moderna, começa a busca pelo desenvolvimento de um
conhecimento sistemático da natureza que permita atingir objetivos concretos.

Exemplo

Se chove, nós nos molhamos. Se determinado medicamento for utilizado, a mortalidade de certa doença
será reduzida. Assim, há uma tentativa de compreensão do mundo por meio de relações de causalidade.

Mas como sabemos se uma teoria é útil? Geralmente, submetemos a teoria ao teste empírico, ou seja, ela
deve explicar determinado conjunto de dados.

Por exemplo, se a teoria diz que “se chove, então molha”, buscamos uma série de dados sobre “chuva ou
sol” e sobre “objeto molhado ou seco”, e vemos se a teoria explica a relação empírica observada.

O teste empírico deve sempre ser construído de forma a isolar as variáveis relevantes do problema ― ou, em
outras palavras, tomar “tudo mais como constante” para não comprometer o resultado da avaliação. Afinal,

geralmente há outras variáveis que afetam as observações (uma superfície pode estar molhada porque
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alguém a lavou com água encanada).

Embora um teste empírico seja bem-sucedido, jamais afirmamos que aceitamos a teoria. Dizemos apenas
que não a rejeitamos, mas não podemos aceitá-la porque, desde o princípio, sabemos que ela é imperfeita, e
seguimos com ela enquanto não for rejeitada e não aparecer outra melhor (isto é, que explique melhor os
dados).

A ciência econômica é tipicamente dividida em:

Microeconomia

Estuda o comportamento de agentes individuais.

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Macroeconomia

Analisa a economia de maneira agregada.

Para entender a diferença entre elas, analise as seguintes questões:

Qual deve ser a regulação do setor de telefonia para garantir cobertura adequada à
população?

Essa questão é tipicamente estudada em Microeconomia.

Por que a inflação aumentou?

Essa questão é tipicamente estudada em Macroeconomia.

Em todos os casos, porém, precisamos analisar a escolha individual dos agentes envolvidos. Esse será o
próximo assunto do nosso estudo.

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Escolha individual
Qualquer questão em Economia envolve escolha individual, independentemente de estarmos no campo de
Macroeconomia ou Microeconomia. Em última instância, até decisões macroeconômicas são baseadas em
uma série de decisões individuais sobre o que fazer ou não. Portanto, podemos dizer que economia é sobre
escolhas.

Quando vamos à feira, há diversos produtos em inúmeras barracas. É pouco provável que tenhamos
dinheiro para comprar tudo o que desejamos e, mesmo que tenhamos, não há espaço suficiente na
geladeira para guardar todos esses bens.

Alguém pode argumentar que basta comprar outra geladeira. Contudo, o espaço de sua casa é limitado, de
forma que precisamos escolher qual produto comprar e qual colocar na geladeira.

O fato de alguns produtos estarem à venda na feira já envolve uma escolha. O feirante escolheu quais
produtos levar para a feira, e os produtores agrícolas também escolheram quais bens iriam cultivar.

Notamos, então, que todas as atividades econômicas passam por escolhas.

Existem quatro princípios econômicos contidos na escolha individual:

Escassez de recursos

Custo real

Decisão marginal
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Oportunidades de melhoria

A seguir, conheceremos melhor cada um deles.

Escassez de recursos
No geral, não podemos ter tudo o que queremos. Nossa renda é limitada, o que restringe o que podemos
adquirir. A renda que escolhemos gastar indo ao cinema equivale à que deixamos de gastar com algum
outro bem ou serviço.

Todavia, existem alguns indivíduos muito ricos, e você deve estar pensando que eles podem ter tudo.
Mesmo eles não podem fazer tudo o que querem, porque há uma limitação de tempo: o dia possui apenas
24 horas.

Assim, o tempo que escolheremos dedicar a determinada atividade não poderá ser dedicado a outra. O
tempo que dedicamos ao nosso sono é também um momento em que deixamos de trabalhar, por exemplo.

Precisamos realizar escolhas, o que apenas reflete o fato de que os recursos são escassos.

Recurso é qualquer elemento que pode ser usado na produção de um bem. Em uma
economia, geralmente consideramos como recursos o trabalho, a terra, o capital
físico e o capital humano (conquistas educacionais e habilidades individuais).

Sendo assim, podemos afirmar que:

Um recurso é escasso quando sua quantidade disponível é insuficiente para satisfazer


todos os usos que uma sociedade quer fazer dele.

(KRUGMAN; WELLS, 2001)

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A escassez de recursos faz com que os indivíduos e a sociedade sejam obrigados a fazer escolhas, e há
diversas formas de fazê-las. Uma delas é permitir que surjam como o resultado de escolhas individuais, o
que acontece, normalmente, em economias de mercado.

Há também decisões que a sociedade considera que é melhor não serem fruto do resultado de escolhas
individuais, como consumir bebida alcoólica e dirigir.

Custo real
O custo de adquirir algo envolve também o que dispensamos para realizar a aquisição.

Suponha que você tenha prestado vestibular para uma universidade privada e tenha sido aprovado para o
curso integral em Ciências Econômicas. O custo monetário de estudar em uma universidade privada é o
valor da mensalidade mais o gasto com passagem, alimentação e material. Mas isso não inclui tudo: esse
não é custo real de estar em uma universidade privada.

Estudar em tempo integral significa que você está abrindo mão de fazer um curso de inglês pela tarde ou de
trabalhar em algum estabelecimento. O custo de abrir mão de outra atividade se chama custo de
oportunidade.

O custo de oportunidade de uma atividade da qual abrimos mão. É o que abdicamos ao deixar de escolher
nossa segunda melhor alternativa.

O custo real de algo é a soma de seus custos monetário e de oportunidade. Portanto, no


final das contas, todo custo é um custo de oportunidade.

Observe o exemplo a seguir para entender melhor:

Exemplo

Programas sociais e custo de oportunidade


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Custo de oportunidade é um conceito essencial em Economia, e é usado na formulação e no funcionamento


de programas sociais. Há alguns anos, a Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro formulou o
programa Renda Melhor Jovem.

O projeto consistia em depósitos na poupança de jovens beneficiados pelo Renda Melhor e pelo Cartão
Família Carioca que cursassem o Ensino Médio em escolas públicas. Após a conclusão do Ensino Médio, os
jovens poderiam usar essa poupança.

A ideia de pagar um valor para esses jovens estudarem tem como base o conceito de custo de
oportunidade. Muitos desses jovens pobres largam a escola para trabalhar e ajudar suas famílias.

Decisão marginal
Diversas decisões importantes em nossas vidas começam com a pergunta: “Quanto?”. Ou seja, tem relação
com a quantidade.

Se você está cursando duas disciplinas ― Microeconomia e Macroeconomia ―, precisa escolher o quanto
vai dedicar de tempo de estudo para cada uma delas.
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Quando temos decisões de “quanto?”, em Economia, vemos isso como uma decisão marginal.
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Gastar mais tempo estudando Microeconomia significa que você terá um benefício nessa matéria: é
provável que você tire uma nota mais alta, mas também implica menos tempo estudando Macroeconomia.

Sua decisão envolverá um trade-off, ou seja, uma comparação entre o custo e o benefício. Essa comparação
faz parte de uma escolha.

Como decidir, então, quanto tempo dedicar a cada uma das disciplinas? No geral, decisões desse tipo são
tomadas a cada momento.

Suponha que as duas provas, de Microeconomia e Macroeconomia, sejam no mesmo dia. No dia anterior,
você decide dedicar metade do tempo à Macroeconomia e a outra metade, à Microeconomia.

Antes de chegar ao fim do tempo destinado à Macroeconomia, você nota que é melhor dedicar mais tempo
do que o que tinha pensado. À noite, já com sono, você percebe que ainda faltou conteúdo de
Macroeconomia, mas ainda está finalizando o de Microeconomia. O que fazer? Se você teve nota melhor em
uma prova anterior de Microeconomia, possivelmente optará por dedicar o tempo disponível restante à
Macroeconomia.

Decisões como essas são marginais. Elas envolvem um trade-off na margem, isto é, uma análise de custo
benefício de um pouco mais de uma atividade e um pouco menos de outra.

rade-off
É um dilema, isto é, uma situação em que comparamos custo e benefício, e realizamos uma escolha que
envolve também renúncias.

Muitas decisões no nosso dia a dia são tomadas com base em análises marginais, que
desempenham um papel fundamental na economia.

Se estou com sede, decido se vou tomar um copo d’água ou não. Após o primeiro copo, avalio se ainda
quero tomar o segundo, e assim por diante. Não tomamos uma decisão apenas entre “não beber água’” ou
“tomar toda a água da casa”, mas entre “um copo a mais” ou “um gole a mais”. Essa decisão sobre um gole
adicional é uma decisão na margem.

Oportunidades de melhoria
Para começar, observe o exemplo a seguir:

Exemplo
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Todo mês de outubro, os supermercados Guanabara realizam uma promoção de aniversário, que é bastante
famosa no Rio de Janeiro. Diversas propagandas passam na televisão, e alguns jornais enviam repórteres
para cobrir o evento.

Sempre que vemos as notícias, reparamos que há uma enorme quantidade de pessoas nas lojas. Mas por
que, se esses produtos são vendidos normalmente no dia a dia?

Segundo os consumidores, os preços durante as promoções são melhores que em qualquer outra época do
ano. Assim, quando as pessoas veem uma oportunidade de melhorar sua situação, nesse caso por meio da
compra de produtos mais baratos, elas aproveitam.

Ao tentarem prever como os indivíduos se comportarão em alguma situação econômica, em geral, os


economistas consideram que os indivíduos aproveitarão a oportunidade de melhorar suas situações. Essas
oportunidades são exploradas até que se esgotem, isto é, até que tenham sido plenamente aproveitadas
pelas pessoas.

No geral, o fato de que as pessoas exploram oportunidades de melhorar sua própria


situação é uma hipótese amplamente adotada em modelos econômicos.

Quando há redução do preço do chocolate, mais consumidores irão comprá-lo. Se o salário dos engenheiros
se reduz e o dos médicos aumenta, é provável que alguns alunos do Ensino Médio deixem de prestar
vestibular para Engenharia e mudem para Medicina.

Quando há mudanças nas oportunidades disponíveis e, consequentemente, de comportamento, afirmamos


que as pessoas se deparam com novos incentivos.

Para os economistas, qualquer tentativa de mudança de ação é fruto de mudanças de incentivos. Portanto,
uma política que peça às indústrias que poluam menos só será eficaz se gerar uma mudança de incentivos
condizente com o objetivo de redução da poluição.

Exemplo

Política econômica e mudança de incentivos

Durante a pandemia da Covid-19, diversas medidas foram tomadas para seu combate. Duas delas foram: a
proibição de frequentar praias e a de sair sem o uso de máscaras.

Para que essas medidas tivessem resultado, não bastou pedir à população para mudar de comportamento.
Os governos instituíram multas caso as obrigações não fossem cumpridas. Dessa forma, a população teve
uma mudança de incentivos.

Para reforçar seu aprendizado, assista ao vídeo com uma breve contextualização sobre os princípios
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econômicos contidos na escolha individual.

video_library
Os quatro princípios da escolha individual para análise
econômica

Mercados: interações entre indivíduos


Uma economia é um sistema que coordena a produção de muitos agentes. Em uma economia de mercado,
essa coordenação ocorre sem centralização: cada indivíduo toma sua própria decisão.

Todavia, as decisões individuais dependem das decisões dos demais. Portanto, para compreendermos
como funciona uma economia de mercado, precisamos entender a interação entre as escolhas individuais.

O resultado da escolha de diversas pessoas pode ser bem diferente daquilo que os indivíduos esperariam. O
uso de novas técnicas agrícolas é um exemplo.

Alguns agricultores, ao adotarem novas tecnologias, tiveram uma produção tão grande que o resultado foi
uma redução do preço do produto, que fez com que diversos produtores saíssem do mercado.

Enquanto a escolha individual possui quatro princípios, a interação entre indivíduos em uma economia de
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mercado possui cinco:

Ganhos de comércio expand_more

Os economistas consideram que o comércio, ou a possibilidade de trocas entre indivíduos, é uma


ferramenta importante para melhorar a situação de uma sociedade.

Suponha que uma pessoa tente suprir sozinha todas as suas necessidades. Ela produz seus tecidos,
costura suas roupas, planta seu alimento, pinta seus próprios quadros e constrói sua própria casa.
Deve ser possível viver dessa forma, mas parece uma vida bastante dura.

A existência do comércio torna possível que as pessoas dividam tarefas entre si e ofertem bens ou
serviços demandados por outras pessoas em troca de bens e serviços que ela deseja. Na maioria
das sociedades, há poucos indivíduos tentando viver de forma autossuficiente, porque existem
ganhos de comércio.

Duas pessoas, ao trocar e dividir, podem obter aquilo que mais desejam. Pode ser que Gabriel seja
melhor que Rafael na cozinha, e que Rafael seja melhor na faxina. Isso permite que Gabriel seja o
responsável pela comida e a troque com Rafael por faxina.

Os ganhos de comércio são oriundos dessa divisão de tarefas, conhecida como especialização:
cada indivíduo se ocupa de poucas atividades. Os mercados permitem que as pessoas se
especializem, pois sabem que podem encontrar os bens e serviços que desejam e trocar com outras
pessoas.

Moeda e suas funções

Moeda costuma ser definida como qualquer ativo que pode ser utilizado facilmente para comprar
bens e serviços.

Um ativo é líquido quando pode ser convertido em dinheiro vivo de forma simples. Portanto, moeda
consiste no próprio dinheiro vivo, que é, por definição, líquido (ou, então, em outros ativos altamente
líquidos).

A moeda tem papel fundamental em uma economia, pois gera ganhos de comércio. Isso é possível
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porque a moeda permite que trocas indiretas sejam realizadas, acabando com problema da dupla
coincidência de necessidades que ocorria em um sistema de escambos.

A moeda tem três funções:

Meio de troca: pois cumpre o papel de um ativo que as pessoas utilizam para trocar bens e
serviços.
Reserva de valor: pois é uma forma de guardar poder de compra ao longo do tempo.
Unidade de conta: que representa uma medida que as pessoas utilizam para fixar preços e fazer
cálculos econômicos.

Movimentação dos mercados em direção ao equilíbrio expand_more

Aprendemos que há um princípio afirmando que as pessoas aproveitam oportunidades de melhorar


sua situação.

Por exemplo, quando vamos à praia, buscamos um pedaço de areia que tenha menos gente para nos
instalarmos. No verão, não restam muitos espaços vazios. Isso acontece porque as pessoas buscam
explorar as oportunidades para melhorar de situação.

Conforme as pessoas vão chegando à praia, elas buscam o local mais vazio, até não haver mais
locais vazios: todas as oportunidades de melhoria acabam, pois já foram exploradas.

Os economistas chamam de equilíbrio uma situação em que os indivíduos não podem melhorar,
fazendo, individualmente, algo diferente.

Uma economia está em equilíbrio quando nenhum indivíduo pode melhorar sua situação adotando
uma ação diferente.

Os mercados, normalmente, alcançam o equilíbrio por meio da mudança de preços, que aumentam
ou diminuem, até que todas as oportunidades para melhorar a situação individual tenham se
esgotado. Portanto, cada vez que houver uma mudança, a economia se moverá em direção a um
novo equilíbrio.

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Uso eficiente dos recursos para o alcance dos objetivos da sociedade expand_more

O que importa para economistas não é o dinheiro, mas o bem-estar das pessoas em uma sociedade.

Os recursos de uma economia são usados de forma eficiente quando todas as oportunidades de
melhorar a situação de cada um são exploradas por completo.

Uma economia é eficiente quando utiliza todas as oportunidades de melhorar a situação de uma
pessoa sem piorar a de outras.

Por exemplo, Mariana mora na zona rural e planta hortaliças. Contudo, sua terra é pequena e sua
plantação está morrendo por falta de espaço. Por sua vez, Pedro, vizinho de Mariana, é proprietário
de um latifúndio, e não usa a terra para nada. Claramente, a terra dessa economia está sendo usada
de forma ineficiente.

Há uma maneira de melhorar a situação de todos, transferindo a plantação de hortaliças de Mariana


para as terras de Pedro.

O exemplo é fictício. Embora essa situação ocorra na vida real, não é simples de resolver
ineficiências dessa forma, uma vez que existe propriedade privada, e, para isso, o estado deveria
realizar uma reforma agrária.

Quando uma economia está operando de forma eficiente, os ganhos oriundos do comércio são
maximizados, dados os recursos disponíveis.

Quando uma economia é eficiente, a única maneira de melhorar a situação de uma pessoa é
piorando a de outra: ou seja, já esgotamos os ganhos de troca.

Dado que eficiência é algo ótimo, ela deveria ser o único objetivo em uma economia?

A resposta é não. Eficiência não é o único critério que importa. Equidade e justiça também são
critérios relevantes. Em geral, há um trade-off entre eficiência e equidade, uma vez que políticas que
almejam a equidade, muitas vezes, alcançam-na às custas da eficiência.

Considere, por exemplo, a política de assentos preferenciais. Para assegurar que sempre haja
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assento disponível para grávidas, deficientes, idosos e pessoas com crianças de colo, normalmente,
há um número reservado de vagas no transporte público.

Muitas vezes, esses assentos ficam vagos, enquanto algumas pessoas ficam em pé. Isso gera
ineficiência, mas será que gostaríamos de resolver essa ineficiência deixando as pessoas do grupo
preferencial sem assento?

Essa situação envolve um trade-off entre eficiência e justiça.

Mercados rumo à eficiência expand_more

Frequentemente (mas não sempre), os mercados levam à eficiência.

Normalmente, não temos um “planejador central” que se certifica de que a economia esteja
operando de forma eficiente. O Estado não precisa gerar eficiência, porque os mercados já cumprem
essa função razoavelmente bem.

Como estudaremos mais a diante, Adam Smith chama isso de “mão invisível do mercado”. Assim, os
incentivos presentes em uma economia de mercado já garantem que os recursos sejam utilizados
da melhor maneira possível, sem que haja desperdício de oportunidades. Contudo, há exceções para
esse princípio.

Quando temos falhas de mercado, a busca individual a partir do interesse próprio piora a situação da
sociedade, e o resultado é ineficiente. Isso acontece, em geral, quando a ação individual de uma
pessoa tem efeitos colaterais sobre outras pessoas, o que os economistas chamam de
externalidade.

Poluição é um exemplo clássico de externalidade negativa.

Ação governamental em prol do aumento de bem-estar expand_more

Quando há falhas de mercado, é possível que ações governamentais melhorem o bem-estar da


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sociedade.

Considere uma indústria que produz algo importante, mas gera poluição (por exemplo, usinas
termoelétricas que geram energia, mas são muito poluentes). Essa indústria não tem incentivo para
levar em conta o custo de sua ação para a sociedade e deixar de produzir poluição.

Há duas possíveis respostas para essa situação:

A sociedade pode subsidiar a adoção de uma nova tecnologia que gere menos poluição.
O governo pode multar a indústria.

Essas soluções mudam os incentivos da indústria, dando a ela motivos para poluir menos. No
entanto, as possíveis soluções vão depender da intervenção do Estado.

Assim, quando os mercados não funcionam corretamente, a ação do governo pode tornar o
resultado mais próximo de algo eficiente, mudando a forma de alocar recursos na sociedade.

Em geral, o mercado não funciona corretamente quando há externalidades. Também há uma falha
quando o bem em questão não consegue ser eficientemente administrado pelo mercado.

Por exemplo, vamos pensar na iluminação pública. Não precisamos pagar para passar sob um poste
de luz na rua, o que diminui o incentivo a contribuir para a provisão do serviço. Esse último caso é
conhecido como bem público.

Por fim, alguns agentes econômicos podem ter poder de mercado, como uma firma monopolista,
que poderá restringir o uso de recursos por outros indivíduos para maximizar seu lucro individual.

Variáveis endógenas e exógenas


O objetivo de um modelo econômico é demonstrar como as variáveis exógenas afetam as endógenas.

As variáveis endógenas são aquelas que o modelo tenta explicar. Já as variáveis exógenas são as que o
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modelo toma como dadas.

A imagem a seguir representa um esquema mais intuitivo para essas variáveis:

Modelo econômico.

Como explicitado na imagem anterior, as variáveis exógenas são determinadas fora do modelo, servindo
como insumo, enquanto as endógenas são determinadas dentro do modelo: são seu resultado.

Considere um produtor de cogumelos. A demanda por seus cogumelos vai depender de seu preço e da
renda dos consumidores. A oferta, por sua vez, vai depender dos preços do cogumelo e dos insumos
utilizados na produção.

O equilíbrio acontece quando oferta e demanda se igualam. Nesse caso, as variáveis exógenas são a renda
individual e o preço dos insumos, e a variável endógena será o preço do cogumelo.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Marcela pode viajar do Rio de Janeiro para São Paulo de ônibus ou de avião. A viagem de ônibus custa
R$100,00 e dura 6 horas. A viagem de avião custa R$200,00 e dura 1 hora. Enquanto está viajando ― de
ônibus ou de avião ―, Marcela não pode trabalhar e deixa de ganhar R$30,00 por hora.

Faça uma análise econômica da situação e assinale a alternativa incorreta:


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A A viagem de ônibus é mais barata. Portanto, Marcela deve ir de ônibus.

B O custo total da viagem de avião é menor do que o da viagem de ônibus.

C O custo total da viagem de avião é de R$230,00.

D O custo total da viagem de ônibus é de R$280,00.

E A redução da renda de Marcela é maior quando ela viaja de ônibus.

Parabéns! A alternativa A está correta.

Viajar de ônibus tem um custo monetário menor do que viajar de avião, mas devemos levar em conta o
custo de oportunidade. Ao optar pelo ônibus, Marcela gastará R$100,00 e perderá R$180,00 (= R$30,00
x 6 horas). Dessa forma, o custo real para Marcela ir de ônibus é de R$280,00. Ao optar por viajar de
avião, Marcela pagará R$200,00 pela passagem e perderá R$30,00 pela hora de viagem. Assim, o custo
real para a viagem de avião é de R$230,00, enquanto o custo total para a viagem de ônibus é R$ 280,00.
Em outras palavras, o custo real da viagem de ônibus é maior do que da viagem de avião.

Questão 2

Sobre a economia de mercado, assinale a resposta correta:

A Os mercados são sempre eficientes.

Os recursos de uma economia são usados de forma eficiente, ainda que haja
B
oportunidade de melhorar a situação de cada indivíduo.

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C Há um dilema entre eficiência e equidade.

Um mercado está em equilíbrio quando os agentes econômicos querem mudar de


D
comportamento.

E Os mercados são eficientes na presença de externalidades.

Parabéns! A alternativa C está correta.

Vamos analisar as alternativas:

A) A alternativa está incorreta. Embora os mercados sejam frequentemente eficientes, na presença de


externalidades, bens públicos ou poder de mercado, eles falham.

B) A alternativa está incorreta. Por definição, eficiência é uma situação em que não há possibilidade de
melhorar a situação de uma pessoa sem piorar a de outra. Portanto, a alternativa está incorreta.

C) A alternativa está correta. Embora eficiência seja um conceito com o qual os economistas se
preocupam, existem outros extremamente relevantes, como justiça e equidade. No geral, há um dilema
entre justiça e eficiência, uma vez que diversas situações justas podem ser ineficientes, como o
exemplo do assento preferencial.

D) A alternativa está incorreta. Por definição, um mercado está em equilíbrio quando os seus
participantes não podem melhorar mudando individualmente suas ações.

E) A alternativa está incorreta. Externalidades podem gerar alocações de mercado ineficientes porque
alguns agentes econômicos não levam em consideração todos os impactos de suas ações.

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2 - História do pensamento econômico


Ao final deste módulo, você será capaz de descrever uma breve história do pensamento
econômico.

Origem da Ciência Econômica


No módulo anterior, falamos sobre a Economia enquanto ciência contemporânea. Mas até se tornar o que é
atualmente, a ciência econômica passou por diversas transformações. Não há consenso a respeito de
quando o pensamento econômico começou.

Embora a maior parte das pessoas só tenha ouvido falar de Economia como ciência a partir de Adam Smith,
pode-se argumentar que, nas formas mais rudimentares de civilização, já existia algum tipo de pensamento
econômico, partindo do pressuposto de que seres racionais já se preocupavam com seu sustento.

É ingênuo pensar que uma civilização antiga como a egípcia, que era caracterizada pela produção e
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distribuição de parte dos recursos, não tenha desenvolvido algum tipo de ideias econômicas, especialmente
quando se considera a existência de comércio (em forma de troca) com outras nações e a propensão
egípcia a manter registros escritos.

Na Grécia Antiga, Platão já contribuía para o pensamento econômico tocando alguns conceitos como a
divisão do trabalho, a teoria da moeda, a produção como base da riqueza do Estado (na época, Cidade-
Estado) e até a propriedade comum. Seu discípulo Aristóteles também contribuiu no campo, sistematizando
sua teoria, mas se opunha a seu mestre no tópico da propriedade comum.

A Idade Média representa um período de transformações na estrutura da sociedade, e grandes


transformações costumam vir acompanhadas de novas ideias.

Seguindo a queda do Império Romano, cuja economia era escravocrata e latifundiária, o período deu origem
à forma de organização econômica conhecida como feudalismo. Trabalho e terra passaram a ser
transferidos e não mais vendidos.

O feudalismo sofreu muitas transformações ao longo da Idade Média, atingindo seu auge por volta do
século X.

O desenvolvimento de novas técnicas agrícolas aumentou a produtividade das


terras, e a Europa vivenciou um período de estabilidade que permitiu o crescimento
populacional e a formação de cidades. Essa combinação de fatores deu origem ao
mercador independente.

A Igreja Católica se tornou a instituição dominante na Europa e, portanto, quase todos os acadêmicos e
escritores ocidentais do período eram clérigos.

Escolásticos
Nos primeiros anos da Idade Média, os escritores cristãos tinham uma abordagem puramente ética do

estudo econômico. Sua aversão ao comércio e à propriedade baseava-se na convicção de que a busca pela
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riqueza os desviaria do “caminho da graça”.

Os estudiosos da economia medieval ficaram conhecidos como escolásticos, e seu principal expoente foi
Tomás de Aquino.

Aquino buscou assimilar a filosofia aristotélica ao cristianismo. Recorrendo aos argumentos éticos e
econômicos de Aristóteles, ele pôde justificar a propriedade privada defendendo obrigações para o
proprietário individual, desde que atendesse aos interesses da comunidade.

Ele desenvolveu ideias a respeito do valor de um bem, introduzindo uma teoria do salário justo e do preço
justo, esboçando uma noção de justiça distributiva e condenando a cobrança dos juros e da usura.

Seus interesses chegavam à Economia somente a partir de questões morais e éticas, não tratando, dessa
maneira, os assuntos econômicos como um fim em si.

Dentre as principais contribuições dos escolásticos para o pensamento econômico,


podemos citar dois elementos: uma ênfase na utilidade como principal fonte de valor e a
noção de preço justo.

Esse período é considerado como a pré-história do pensamento econômico e começou a desaparecer no


século XVI com a revolução científica que se iniciou na Europa.

O Renascimento deixava suas marcas no pensamento das ciências naturais e políticas e influenciaria
diretamente o desenvolvimento do pensamento econômico.

Surgimento da Economia política


As bases para o capitalismo industrial moderno também haviam sido estabelecidas. A classe mercantil
enriqueceu, a aristocracia e o clero começaram a perder influência, a expansão do comércio proporcionou o
surgimento de centros comerciais e industriais, e universidades foram criadas.

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A esfera de produção se transformou, com os comerciantes deixando de ser apenas fornecedores de


matérias-primas e se tornando também detentores de meios de produção e empregadores de mão de obra.
A alta inflação vigente na Europa no período também influenciou o pensamento econômico.

Nesse período pré-mercantilismo, Jean Bodin esboçou a primeira teoria quantitativa da moeda, em sua
Resposta aos Paradoxos de Malestroit (Réponseaux Paradoxes de M. de Malestroit, 1568), afirmando que a
principal causa do aumento dos preços era o aumento do ouro e da prata em circulação.

A revolução cultural e científica proporcionou a ascensão de uma abordagem de pensamento secular no


lugar da religiosa. No campo da Economia, não foi diferente: ela passou a se emancipar da ética e da
filosofia política. Influenciado pelo crescimento dos Estados-Nação e pelos trabalhos de pensadores como
Maquiavel, Hobbes e Locke, o pensamento econômico deixou de se preocupar apenas com o
comportamento de agentes econômicos individuais e passou a examinar também o Estado. Assim, foram
estabelecidos os pilares para o pensamento econômico moderno.

Emergiu uma nova disciplina como ciência: a Economia Política, cujo objeto de estudo era a atividade
pública, tratando da acumulação e do gerenciamento da riqueza, a fim de aumentar a eficiência do Estado.

Agora, o conhecimento passava a ser baseado nos aspectos individuais e empíricos dos objetos.

Sir William Petty é considerado um dos pais da economia política moderna, pois foi um defensor e expoente
do método empírico e quantitativo.

Mercantilistas
Outra fase de transformações ocorreu durante o Mercantilismo. No campo do pensamento econômico,
foram propostas ideias de um sistema comercial restritivo com o objetivo de aumentar a prosperidade
econômica de uma nação.

Os pensadores do período podem ser divididos entre:

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Bulionistas (metalistas)
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Bulionistas (metalistas)

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Mercantilistas
O primeiro grupo (bulionistas ou metalistas) defendia a regulamentação do câmbio. Por não entenderem a
teoria do comércio internacional, enxergavam qualquer saída de metais preciosos como uma desvantagem.
Desse modo, advogaram pela proibição da exportação de qualquer espécie que tivesse como consequência
a saída de ouro e prata da nação, assim como a proibição de importações, especialmente de mercadorias
de luxo, que envolviam pagamentos na forma de metais preciosos. Em contrapartida, defendiam a
exportação de mercadorias, como bens manufaturados, cujos pagamentos significavam a entrada de
metais preciosos em seus países.

O segundo grupo (mercantilistas) acreditava que havia a necessidade de incentivar a troca de mercadorias,
buscando alcançar uma balança comercial favorável, isto é, o país deveria exportar mais do que importar.

Ficou claro que a Economia passara a ser Política, influenciada por um envolvimento maior do Estado. A
nação passou a ser vista como uma grande empresa comercial, o que acarretou a defesa e a adoção de
políticas protecionistas.

Em geral, o pensamento mercantilista dialogava com o poder do Estado, com ideias de unidade nacional, e
seus objetivos eram identificados com a riqueza de uma nação.

Atenção!
Algumas teorias sobre a conceituação do valor e teorias monetárias sobre o papel dos juros na economia
também foram esboçadas nessa época. Os principais contribuintes para o pensamento econômico da
época foram: Thomas Mun, Antonio Serra e Edward Misselden.

Contudo, a posição teórica mercantilista foi se tornando inadequada frente à acumulação capitalista e ao
seu controle sobre a produção, com a difusão do comércio e da competição, que resultaram em uma queda
dos lucros.

Nasceu uma classe capitalista de mestres artesãos que controlava a produção, em conflito com os

interesses dos comerciantes. Essas mudanças foram acompanhadas por uma mudança radical na maneira
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de conceber os fatos econômicos.

A intervenção do Estado na economia passou a ser vista com suspeita, e a ideia de que o lucro se originava
na esfera de produção começou a se disseminar. Para prosperar, a nova classe de empresários capitalistas
precisava abrir mão dos laços morais e ideológicos tradicionais.

A partir do final do final do século XVII, a celebração do individualismo, em conjunto com


o desenvolvimento da ética protestante, legitimou a usura e a atividade econômica.

Entre os economistas da época, começou a se disseminar a noção de que restrições administrativas na


produção criavam mais desvantagens do que vantagens para a coletividade. Passaram a defender a
intervenção do Estado apenas no reconhecimento e na proteção ao direito de propriedade.

Os autores desse período foram os precursores da Economia Política Clássica.

Precursores da Economia Política clássica


Influenciados pela Política Aritmética de Sir William Petty, publicada em 1690, que marcou o início do
pensamento precursor da economia política clássica, iniciou-se uma crítica ao pensamento mercantilista
prévio. Dudley North e Mandeville atacaram o protecionismo do Estado e defenderam o livre comércio.

A ênfase mercantilista em uma balança comercial positiva também foi criticada: o comércio internacional
não poderia ser uma fonte de perda para nenhuma das partes, uma vez que, sendo uma atividade voluntária,
não ocorreria em primeiro lugar se não gerasse ganhos para todos.

A teoria também avançou em outros aspectos. Richard Cantillon propôs que a terra era a principal fonte de
riqueza, e que essa riqueza seria produzida com o poder do trabalho empregado. Além disso, distinguiu o
valor intrínseco do valor de mercado dos bens, o que foi considerado um esboço da teoria de preço e custo.

Na França do final do século XVIII, os conceitos pós-mercantilistas foram sofisticados por um grupo de
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pensadores que ficaram conhecidos como fisiocratas, encabeçados por François Quesnay.

As principais contribuições da escola fisiocrata para o pensamento econômico moderno consistem na


rejeição do conceito mercantilista de riqueza por meio da troca e no reconhecimento da produção como
fonte de riqueza, na invenção do termo e da política do laissez faire, laissez passer, e no Tableau Economique
(1759), principal obra de Quesnay.

Interessado em transformar o setor agrícola em indústria capitalista eficiente, o autor apresentou um


modelo quantitativo da produção de mercadorias. Ao fazer uma distinção entre trabalho produtivo e
improdutivo, apontou uma fonte de riqueza no excedente que a terra é capaz de produzir, que seria advinda
do fato de que nela se produz mais do que se consome.

Quesnay foi precursor da acumulação de capital. Seu trabalho também traz a ideia de interdependência
entre os setores da economia e a inovadora representação de trocas como um fluxo circular de dinheiro e
bens. Desse modo, os fisiocratas foram os primeiros a tentar analisar, de maneira sistemática, a circulação
da riqueza na economia.

O filósofo David Hume também fez valiosas contribuições ao pensamento econômico. Embora não tenha
estruturado suas ideias de maneira sistemática, como os pensadores que viriam depois, suas obras tiveram
grande influência na filosofia geral encontrada posteriormente no trabalho de Adam Smith.

Suas principais ideias econômicas envolviam o destaque ao trabalho, bem como a atenção a oscilações e
mudanças na economia, e apontaram a inter-relação de fatos econômicos com outras forças sociais.

Na parte monetária, descreveu o mecanismo pelo qual uma mudança na quantidade de moeda em
circulação alteraria o valor do dinheiro na economia ― assunto debatido até os dias atuais.

Economia Política clássica


Economia clássica é o nome dado ao sistema de teoria econômica que foi desenvolvido a partir do final do
século XVIII, iniciado com a publicação do livro Uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza

das nações, mais conhecido simplesmente por A Riqueza das Nações, de Adam Smith, em 1776. Mas o que
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torna sua obra tão importante?

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A teoria clássica proposta nesse período contrastou fortemente com as tendências anteriores do
pensamento econômico. Embora tenham assimilado diversos conceitos estabelecidos por seus
antecessores, os clássicos identificaram falhas em todas as soluções propostas previamente para os
problemas econômicos.

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Uma das principais discrepâncias é que os clássicos viam como positivos os resultados que decorriam
naturalmente das forças econômicas. Nesse período, surgiu a noção de uma “mão invisível do mercado”, de
forças que naturalmente convergiriam para um equilíbrio eficiente, sem necessidade de intervenção estatal.

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A visão clássica de um sistema econômico harmonioso destoava das crenças mercantilistas e escolásticas
de que o mercado era caracterizado por desequilíbrios que exigiam intervenções e restrições. Essa visão
otimista do funcionamento dos mercados é um dos principais traços do pensamento clássico.

Outra característica é seu interesse no crescimento econômico. Essa preocupação os levou a estudar os
mercados e o sistema de preços sob a ótica da alocação de recursos. Os economistas clássicos estudaram
a formação de mercados e preços relativos para entender seu impacto no crescimento econômico.

Teóricos da Economia Política Clássica


Alguns dos principais teóricos da Economia Política Clássica, além de Adam Smith, são Thomas Malthus,
David Ricardo e John Stuart Mill. Conheça um pouco mais as suas contribuições:

Adam Smith expand_more

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Um dos principais diferenciais de Adam Smith em relação aos autores que lhe antecederam foi o
fato de que ele se empenhou em construir sua teoria de forma sistemática. Em A Riqueza das
Nações, ele lançou as bases da teoria econômica clássica de livre mercado.

Suas principais contribuições para o campo do pensamento econômico envolvem o


desenvolvimento do conceito de divisão do trabalho e a exposição de que o interesse individual
racional e a concorrência podem conduzir ao desenvolvimento econômico. Além disso, suas obras
também tocaram temas como a teoria do valor, passando por conceitos de excedente, teoria dos
salários e distribuição.

Os escritos de Smith tocaram uma infinidade de temas, uma vez que a Macroeconomia da época se
preocupava com um escopo mais amplo dos determinantes do crescimento ― não apenas com
fatores econômicos, mas com fatores culturais, políticos, sociológicos e históricos.

Thomas Malthus expand_more

Thomas Malthus, mais conhecido por sua teoria da população, também contribuiu para o
pensamento clássico. Em suas obras, discorreu sobre distribuição de renda e consumo improdutivo
e apontou os riscos de uma crise de superprodução frente à falta de demanda ― ideia que foi
retomada por Keynes quase um século depois.

David Ricardo e John Stuart Mill expand_more

David Ricardo, contemporâneo de Thomas Malthus, acrescentou à teoria econômica a noção de que
há ganhos na troca internacional para as duas partes que estão comercializando, mesmo que uma
seja mais competitiva que a outra.

Em outras palavras, mesmo que uma das partes consiga produzir mais de todos os bens com a
mesma quantidade de recursos, é economicamente vantajoso para as duas partes comercializar
bens. Essa ideia foi aprimorada posteriormente por John Stuart Mill sob a forma de vantagens
comparativas.

Os escritos de Ricardo trataram de muitos outros tópicos, como as teorias do valor, dos salários, lucros e
aluguel, da acumulação, do desenvolvimento econômico e de moeda e bancos. Ricardo também levantou a
questão sobre as leis naturais que determinariam a distribuição do produto entre as classes da sociedade.

Foi ainda nesse período que as noções de utilitarismo começaram a ser desenvolvidas, sendo
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posteriormente incorporadas à teoria econômica. O utilitarismo, de maneira geral, afirma que ações que
maximizam felicidade e bem-estar são boas, e que a utilidade é uma propriedade de um bem ou objeto
capaz de produzir um benefício ou prazer.

Jeremy Bentham e John Stuart Mill foram alguns dos filósofos a desenvolver esse conceito. Mill é
considerado o último dos grandes economistas clássicos do período.

tilitarismo
Essa teoria afirma, de maneira geral, que quando ações maximizam felicidade e bem-estar, elas são boas; e que
a utilidade é uma propriedade de um bem ou objeto capaz de produzir um benefício ou prazer.

Evolução do pensamento econômico clássico

Evolução do pensamento econômico clássico


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Evolução do pensamento econômico clássico


Para reforçar seu aprendizado nesta etapa de estudos, ouça o podcast a seguir.

Pensamento econômico socialista


O período em que se desenvolveu a escola clássica de pensamento econômico foi, ao mesmo tempo, uma
época de crescimento econômico e desenvolvimento teórico, e de intenso conflito entre as classes de
trabalhadores e capitalistas.

O fim das guerras napoleônicas, o movimento trabalhista que se desenvolveu a partir do ludismo e as
revoluções de 1848 influenciaram as correntes de pensamento do período.

Enquanto para os economistas clássicos como Smith, Ricardo e Mill o capitalismo significava uma
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expansão da produção, aumento da riqueza e troca econômica entre as nações, outros não viam esse
sistema econômico com o mesmo entusiasmo.

Malthus já apresentava uma visão mais pessimista, argumentando que, nesse


sistema, não seria permitido ao trabalhador receber mais que um salário de
subsistência ― uma crença compartilhada por Ricardo e alguns outros
economistas clássicos.

A derrota da classe trabalhadora no movimento de 1848 encerrou um ciclo de luta que havia durado mais de
30 anos e inaugurou uma fase de hegemonia cultural burguesa e crescimento econômico.

Para os trabalhadores da época, essa fase inicial do capitalismo significava arcar com os custos da
expansão da produção: condições perigosas ou insalubres de trabalho, desemprego e longas horas de
trabalho duro. O contexto era terreno fértil para o surgimento de novas ideias.

Duas escolas de pensamento se opuseram à ordem social e econômica vigente:

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Escola Histórica Alemã

Pensamento que faz uma crítica radical da economia e da política clássica.


close

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Movimento Socialista

Pensamento social e econômico revolucionário conhecido como marxismo.

Nesse período, muitas teorias socialistas novas e alternativas foram elaboradas, destacando-se a grande
síntese da crítica de Marx à Economia Política Clássica.

Embora Marx reconhecesse os méritos científicos dos grandes economistas clássicos ingleses,
considerava a Economia Política Clássica como uma expressão teórica da burguesia no período em que o

capitalismo se afirmava.
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Marx desenvolveu sua teoria com forte ênfase no conflito de classes, acusando a burguesia de cooptar as
necessidades de toda a sociedade para combater a aristocracia e, depois, estabelecer-se como classe
dominante, apresentando seus interesses próprios como coletivos e o espírito da acumulação privada de
capital como instrumento para fazer crescer a riqueza nacional.

Segundo a crítica de Marx, o sistema teórico clássico se baseou na análise de classe sociais, até que essa
análise deixasse de ser útil, ou seja, quando a burguesia alcançasse o poder ― momento em que as teorias
de harmonia de interesses e de fatores produtivos se tornaram mais úteis. Nesse sentido, a herança
científica da Economia Política Clássica estava comprometida e deveria passar, agora, aos economistas
socialistas.

Marx buscou identificar os limites da Economia Política Clássica a fim de criticá-la. Ele diferiu desse grupo
de economistas quanto ao pano de fundo filosófico: Marx não era utilitário, empirista ou baseado em leis
naturais da Filosofia.

Dentre as críticas feitas por Marx aos economistas clássicos, três se sobressaíram, listando a incapacidade
dos clássicos de:

explicar a natureza do lucro e do capital;


reconhecer o caráter histórico do capitalismo;
reconhecer o caráter exploratório do modo de produção capitalista ― o que os levou a focar sua atenção
nas relações de troca em vez da produção.

Revolução marginalista ou utilitarista


O final do século XIX testemunhou o nascimento da teoria microeconômica moderna. Essa época foi
marcada pela elaboração de um conjunto de ferramentas analíticas que transformaram a economia clássica
em neoclássica.

A análise marginal, atualmente presente nos livros-texto de Microeconomia, pode

ser considerada a mais importante dessas ferramentas. A Matemática foi


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incorporada de maneira definitiva na análise econômica.

Jevons, Menger e Walras são alguns dos principais nomes associados a essa mudança radical na forma de
conceber a teoria econômica.

À medida que a teoria marginalista se desenvolveu, a estrutura da teoria econômica se modificou, de modo
a elaborar um sistema muito diferente do exposto pela economia clássica.

O interesse no crescimento econômico dos economistas clássicos deu lugar ao interesse na alocação dos
recursos. O centro do sistema neoclássico girava em torno do problema da alocação de recursos escassos,
dados os seus possíveis usos alternativos.

Os marginalistas aceitavam a abordagem utilitarista e, a partir dela, reformularam a análise do


comportamento humano, que foi construído a partir de cálculos racionais, visando à maximização da
utilidade individual.

Atenção!

Isso revela outra face distinta da abordagem neoclássica: A mudança no agente econômico como objeto de
análise.

Os clássicos tinham como objeto principal agentes econômicos coletivos, como as classes sociais e o
governo. Os marginalistas, por sua vez, concentravam-se em agregados sociais mínimos: a unidade
tomadora de decisão, como consumidores, famílias ou firmas.

Ortodoxia neoclássica
A revolução marginalista se espalhou pelo mundo ocidental, impactando significativamente o pensamento
econômico. No contexto político-econômico, a Europa Ocidental experimentava um momento de
desenvolvimento industrial e capitalista. Em conjunto, esses fatores estabeleceram as bases para a
economia neoclássica.

Alfred Marshall foi um matemático que ofereceu uma enorme contribuição ao pensamento econômico com
a publicação de seu livro Princípios de Economia (1890). Sua obra pode ser entendida como uma
reformulação geral da teoria econômica produzida até então, sintetizando a análise clássica e a abordagem
marginalista de custo e utilidade, elaborando um mecanismo de análise econômica.

Uma de suas principais contribuições ao campo foi sua análise de equilíbrio parcial, que conseguiu unir
várias partes da teoria econômica, até então analisadas separadamente.

Marshall fez a importante distinção entre os períodos da economia, diferenciando o curto do longo prazo.
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Ele introduziu e aprimorou uma série de conceitos que são utilizados na análise econômica, desde
propriedades da curva de demanda, distinção de retornos crescentes e decrescentes, e maximização do
bem-estar – temas abordados até os dias atuais em cursos de Economia.

Curiosidade
O americano Irving Fisher também utilizou a Matemática de forma extensiva em sua análise econômica. No
entanto, seu trabalho estava voltado para a Macroeconomia. Ele propôs a versão mais conhecida da
equação quantitativa da moeda, e sua contribuição central para a teoria econômica foi a teoria sobre juros –
há até uma Equação de Fisher, batizada em sua homenagem.

video_library
As transformações da revolução marginalista e da
ortodoxia neoclássica para a economia
Assista ao vídeo a seguir para conhecer alguns aspectos essenciais sobre o assunto.

Economia keynesiana

A Primeira Guerra Mundial foi um conflito de dimensões até então desconhecidas pela humanidade. Na
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esfera econômica, seus impactos envolveram a interrupção do comércio e de pagamentos internacionais, e


levaram governos a realizar intervenções econômicas até então inimagináveis. Foi feita uma produção de
larga escala para atender necessidades de guerra, gerando enormes dívidas nacionais.

O grau de profundidade das crises vivenciadas no período entre guerras não tinha precedentes. Eclodiu a
crise econômica de 1929. O desemprego atingiu níveis recordes e se tornou persistente. O
descontentamento social não tardou a aparecer, e a tradição clássica ortodoxa de pensamento econômico
não estava preparada para lidar com essa situação.

O pensamento neoclássico havia se estruturado em torno da Lei de Say, que previa que o pleno emprego era
o estado normal de funcionamento da economia. Se houvesse um afastamento do nível de emprego
considerado normal, não seria de grande magnitude, e o próprio sistema econômico providenciaria uma
resposta que faria o emprego retornar ao seu nível normal.

No entanto, a realidade parecia bastante distante do que previa o pensamento econômico. Não apenas a
ociosidade na força de trabalho e da capacidade da indústria alcançaram proporções incomuns, como
também havia poucos indícios de que a situação estava caminhando para se corrigir.

Comentário
Apesar da enorme distância entre as premissas neoclássicas e os eventos do mundo real, os economistas
neoclássicos ofereciam uma justificativa para essas supostas anormalidades no funcionamento da
economia. A persistência dos altos níveis de desemprego poderia ser explicada pela rigidez no sistema
econômico, que paralisava o mecanismo de ajuste natural.

Segundo eles, a inflexibilidade dos salários, causada, principalmente, pela estrita adesão ao salário mínimo
por influência dos sindicatos, não permitia que a economia seguisse sua trajetória natural. Do contrário, se
os salários baixassem, empregadores contratariam mais trabalhadores, e a economia voltaria ao nível de
pleno emprego.

No início do século XX, a análise econômica retomou o interesse dos economistas clássicos em economia
agregada, ou seja, nas teorias macroeconômica e monetária.

John Maynard Keynes, um economista britânico, revolucionou as esferas acadêmica e política com as
ideias que propôs em seu livro A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. O pensamento keynesiano,

com ênfase na política fiscal, foi tão influente que dominou a política econômica dos EUA e de diversas
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outras nações ocidentais do período.

De certa forma, as ideias de Keynes se assemelham em vários aspectos às escolas que antecederam os
economistas clássicos – a mercantilista e a fisiocrata. A ideia de que a poupança tende a causar baixo
consumo e depressão econômica, interrompendo o fluxo circular da renda, já havia sido apontada por
economistas anteriores a Adam Smith e seus seguidores.

Keynes também rompeu com a escola clássica em sua descrença na Lei de Say: à diferença dos clássicos,
ele não acreditava que a oferta cria sua própria demanda.

Dentre as principais ideias expressas em sua teoria geral, estão:

A teoria da preferência pela liquidez ― que ofereceu uma explicação para os determinantes
da taxa de juros sob a ótica do mercado de moeda.

A teoria da demanda efetiva.

A noção de um efeito multiplicador na economia ― devido ao componente do consumo na


renda.

A relação entre poupança e investimento.

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Boa parte desses conceitos está presente nos cursos contemporâneos de Macroeconomia.

As ideias desenvolvidas por Keynes representaram uma mudança na meta da política pública: de
estabilização dos preços em valores altos para manutenção do nível de renda e emprego.

Economia depois de Keynes


Entre as décadas de 1940 e 1970, muitos economistas aprimoraram as ideias de Keynes, enquanto alguns
se opuseram a elas.

A influência mais importante do trabalho de Keynes foi sua incorporação em forma de síntese na estrutura
geral de princípios econômicos aceitos. Uma das maiores contribuições nesse aspecto foi o livro
Fundamentos da Análise Econômica (1947), de Paul Samuelson. Essa obra explicava as ideias e os
princípios do pensamento econômico em conjunto com os princípios ortodoxos dos economistas
neoclássicos.

Outros, no entanto, discordavam de Keynes, como Milton Friedman, um grande defensor da eficiência dos
mercados e da interferência mínima dos governos. Uma de suas maiores contribuições para a economia foi
sua teoria da renda permanente.

No período subsequente, durante as décadas de 1970 e 1980, outras teorias ganharam força: a teoria das
expectativas racionais, de Robert Lucas, e as ideias da economia pelo lado da oferta. Ambas as teorias se
utilizam das premissas neoclássicas básicas e desafiam as proposições teóricas da economia keynesiana.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Sobre a economia política clássica, é falso afirmar que:

A teoria clássica contrasta fortemente com as tendências anteriores do pensamento


A
econômico.

B Adam Smith foi o primeiro a escrever um livro sobre teoria econômica.

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David Ricardo acrescentou à teoria econômica a noção de que há ganhos na troca


C internacional para as duas partes que estão comercializando, mesmo que uma seja
mais competitiva que a outra.

D Foi nesse período que as noções de utilitarismo começaram a ser desenvolvidas.

E Thomas Malthus contribuiu para o pensamento clássico com a teoria da população.

Parabéns! A alternativa B está correta.

Vamos analisar as alternativas:

A) Verdadeira

A visão clássica de um sistema econômico harmonioso destoa das crenças mercantilistas e


escolásticas de que o mercado é caracterizado por desequilíbrios que exigem intervenções e
restrições. Essa visão otimista do funcionamento dos mercados é um dos principais traços do
pensamento clássico.

B) Falsa

Outros antes de Adam Smith desenvolveram ideias econômicas em forma de livro, como, por exemplo,
Quesnay com seu Tableau Economique. O diferencial de Smith em relação aos demais autores que lhe
antecederam, e que o faz ser considerado “o pai da Economia Moderna”, foi o fato de que ele se
empenhou em construir sua teoria de forma sistemática.

C) Verdadeira

Essa ideia foi aprimorada posteriormente por John Stuart Mill sob a forma de vantagens comparativas.

D) Verdadeira

Jeremy Bentham e John Stuart Mill foram alguns dos filósofos a desenvolver esse conceito,
posteriormente incorporado à Microeconomia pelos marginalistas.

E) Verdadeira.

Malthus estudou a relação entre o crescimento populacional e a capacidade produtiva da economia.

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Questão 2

Sobre a economia keynesiana, podemos afirmar que:

A As ideias de Keynes se assemelham às ideias dos economistas clássicos.

B Keynes concordava com a Lei de Say.

As ideias de Keynes, com ênfase em política fiscal, surgiram em um contexto no qual a


C
realidade parecia bastante distante do que previa o pensamento econômico.

O pensamento de Keynes representou uma mudança na meta da política pública de


D
estabilização do emprego para uma política de estabilização dos preços.

Keynes entendia que apenas aumentando a oferta de bens e serviços a economia


E
poderia crescer.

Parabéns! A alternativa C está correta.

Vamos analisar as alternativas:

A) A alternativa está incorreta. As ideias de Keynes rejeitavam a economia política clássica de não
intervenção do Estado na economia e se assemelhavam em vários aspectos às escolas que o
antecederam.

B) A alternativa está incorreta. O economista britânico rejeitava a ideia de que a oferta cria sua própria
demanda.

C) A alternativa está correta. O pensamento de Keynes foi tão influente no contexto entre guerras que
dominou a política econômica dos EUA e de diversas outras nações ocidentais do período.

D) A alternativa está incorreta. Suas ideias representaram justamente uma mudança no sentido
contrário: a meta da política pública mudou de estabilização dos preços para estabilização do nível de
renda e emprego em valores altos.

E) A alternativa está incorreta. Keynes entendia que uma expansão da demanda alcança o crescimento
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econômico.

3 - Pesquisa econômica atual


Ao final deste módulo, você será capaz de descrever a agenda de pesquisa econômica atual.

Caminhos da pesquisa econômica


A pergunta que você deve estar se fazendo neste momento é:

Para onde vamos e para onde caminhamos: o que tem sido feito na pesquisa econômica?

Como vimos ao longo deste conteúdo, a Economia como ciência teve sua origem há muitos séculos. Ao
longo dessa trajetória, passou por transformações em seu objeto de análise, seu método e sua abordagem
teórica, sendo diretamente influenciada pelos contextos sociais e políticos da época em que seus teóricos
viveram.

Mais recentemente, no século XX, a Economia consolidou o ferramental matemático como instrumento de
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análise, que a distingue das demais Ciências Sociais, subdividindo-se em duas grandes áreas:

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Macroeconomia

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Microeconomia
De forma mais específica, você deve estar se perguntando:

Mas e atualmente, como está a ciência econômica?

Ela tem o mesmo enfoque e os mesmos métodos de antigamente?

Quais campos têm sido estudados pela Economia, e o que tem sido pesquisado?

Pensando em todas essas questões, vamos apresentar algumas áreas da Economia que não são muito
conhecidas fora da profissão. Citaremos também alguns grandes economistas dos últimos tempos.

Ao longo dos anos, conforme a ciência econômica foi se desenvolvendo, novas áreas foram surgindo,
principalmente na Economia Aplicada.

Os economistas, em vez de focarem nas relações econômicas tradicionais como objeto de estudo,
passaram a aplicar as teorias desenvolvidas e o ferramental econômico em outras áreas, como educação,
saúde, desenvolvimento, política e meio ambiente.

Essas novas áreas de pesquisa, muitas vezes, deixam de fazer uma clara distinção entre Macro e
Microeconomia, juntando, inclusive, algumas das áreas citadas, como veremos.

Teoria dos Jogos


Como vimos ao longo dos módulos anteriores, a ciência econômica busca analisar as decisões individuais,
e como indivíduos tomam decisões ótimas.

O campo da Teoria dos Jogos tem como interesse situações em que os indivíduos se comportam
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estrategicamente, isto é, como os indivíduos vão realizar escolhas quando as escolhas dos outros
interferem no resultado.

Exemplo

Um dos exemplos clássicos é o famoso dilema dos prisioneiros.

Dois criminosos foram presos pela polícia, que os interroga em salas separadas. Caso apenas um dos
criminosos confesse individualmente, o confessante é libertado imediatamente pela sua colaboração, e o
outro tem uma pena maior (três anos de prisão). Caso ambos confessem, eles são condenados a uma pena
igual: dois anos de prisão. Se nenhum dos dois confessar, eles receberão apenas uma pena por um crime
menor (um ano de prisão).

Qual será a decisão individual? Qual será o resultado? Claramente, a ação de um dos criminosos influencia
no resultado do outro.

Os pioneiros da área são os matemáticos John Von Neumann, John Nash e o economista Oskar
Morgenstern.

O desenvolvimento da Teoria dos Jogos foi uma revolução em Economia, embora a área seja considerada
nova, ao abordar problemas cruciais por meio de modelos matemáticos.

Por exemplo, a Economia Neoclássica tinha grande dificuldade em lidar com a competição imperfeita, como
oligopólios. Com o crescimento da Teoria dos Jogos, foi possível modelar o comportamento competitivo
dos agentes.

Além disso, a Teoria dos Jogos tem uma vasta gama de aplicações, sendo usada em Economia, Psicologia,
Biologia Evolucionária, Guerras e Política.

ohn Nash
Viveu entre 1928 e 2015. Foi ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1994 pelo que ficou conhecido como
Equilíbrio de Nash: uma situação que, se alcançada, faz com que nenhum agente veja vantagem em alterar
individualmente seu comportamento.

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Economia política
Como vimos no Módulo 2, a Economia Política como campo de estudo é antiga. Contudo, a atividade de sua
vertente contemporânea é bem distinta da de antigamente. Nos dias atuais, a pesquisa estuda escolhas de
políticas públicas, como são realizadas por políticos, que, por sua vez, são escolhidos por eleitores que
compõem uma sociedade (democrática ou não).

Uma de suas grandes contribuições foi mostrar que, para explicar resultados econômicos, é preciso olhar
além de preços e renda, analisando, também, a História e a Sociologia.

Um dos fundadores da área como a conhecemos atualmente é o italiano Alberto Alesina. Em seus
trabalhos, ele atentou para os seguintes aspectos:

esultados econômicos
O grau de pobreza ou riqueza dos países ou o sucesso de imigrantes em alguns lugares, e não em outros.

O fato de que ciclos eleitorais podem gerar comportamento cíclico na atividade econômica.
Como fatores políticos levavam a um acúmulo de dívida pública maior do que o socialmente desejável.
Como a independência dos bancos centrais em relação a pressões políticas era um fator preponderante
para a estabilidade macroeconômica.

Alesina estabeleceu como a desigualdade de renda poderia ser prejudicial ao crescimento econômico, ao
desencadear conflitos políticos redistributivos, e trouxe o estudo da cultura como um grande determinante
de resultados políticos e econômicos.

Segundo ele, as mesmas variáveis culturais, sociológicas e históricas que influenciam nas escolhas de
determinadas formas de instituições podem estar correlacionadas com a política fiscal. Perguntas como o
motivo de os EUA gastarem pouco com bem-estar em comparação à Europa podem ter suas respostas em
questões culturais.

Assim como Alesina, dois outros italianos, Persson e Tabellini, contribuíram consideravelmente para a área.
Eles combinaram o melhor de três diferentes áreas para sugerir uma abordagem unificada em economia

política. Veja:
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Macroeconomia Moderna expand_more

Indivíduos se comportam de forma racional, e suas preferências sobre os resultados econômicos


induzem suas preferências acerca de políticas.

Escolha pública expand_more

Em escolha pública, a delegação de decisões políticas para representantes políticos pode resultar
em problemas de agência entre políticos e eleitores.

Problemas de agência são situações em que uma ação é delegada de um agente para o outro. Em
geral, esses agentes possuem objetivos conflitantes, de forma que o resultado ótimo para um não é
desejável para outro.

Por exemplo, existe um fazendeiro e um agricultor que trabalha em sua fazenda. O objetivo do
fazendeiro é maximizar seu lucro, enquanto o objetivo do agricultor é maximizar seu bem-estar.
Nesse cenário, em que o fazendeiro delega o cuidado da plantação para o agricultor, o resultado do
lucro dependerá do esforço do agricultor.

Na ausência de mecanismos que incentivem o agricultor a se esforçar, buscando a maximização de


lucro, o resultado final não será a maximização esperada pelo fazendeiro. Na política, isso também
ocorre, uma vez que o incentivo dos políticos difere do incentivo dos eleitores.

Escolha racional expand_more

Em escolha racional, as instituições políticas moldam os processos pelos quais os políticos são
eleitos e as políticas públicas são executadas.

Economia comportamental

Como vimos no Módulo 2, os economistas clássicos introduziram a noção de que interesses individuais
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racionais importam.

A teoria contemporânea pressupõe que indivíduos são racionais e tomam decisões


com base nas informações disponíveis, fazendo as escolhas que geram maiores
ganhos com base em alguma medida de benefício.

Partindo desse entendimento, um consumidor não vai comprar dois pares de sapatos quando precisa
apenas de um. Também é razoável supor que as pessoas vão economizar ao longo de suas vidas para
garantir uma aposentadoria, enquanto pessoas endividadas cortariam seus gastos em vez de parcelar uma
nova televisão no cartão de crédito.

Entretanto, se somos realmente racionais, por que tantas pessoas fazem o oposto do que
a teoria supõe?

Richard Thaler, um economista norte-americano, e Daniel Kahneman, psicólogo israelense, foram pioneiros
em unir Economia e Psicologia, criando e desenvolvendo o campo da Economia Comportamental. Ambos
foram premiados com o Nobel pelas suas contribuições.

A premissa básica é que os seres humanos nem sempre são racionais. Muitas vezes, suas escolhas podem
ser baseadas em questões subjetivas e culturais, que, em alguns momentos, pesam mais que a
racionalidade. Isso não significa que a Economia Comportamental abandona por completo a noção de
racionalidade – apenas incorpora ao processo de tomada de decisão outros fatores antes desconsiderados.

A Economia Comportamental tenta explicar por que as pessoas não economizam para a aposentadoria,
priorizando o consumo no presente. Isso ocorre porque o prazer presente é mais próximo e mais palpável
do que o possível sofrimento em um tempo futuro e distante.

Thaler explica também o comportamento de manada nos mercados financeiros: quando o mercado está em
alta, mais pessoas decidem investir nas ações, o que decorre de um pensamento irracional de que os
preços vão subir amanhã porque estão subindo hoje.

Outro aspecto da economia comportamental é o nudge, uma espécie de "empurrãozinho" que pode
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influenciar o processo de tomada de decisão de um indivíduo. É mais provável que as pessoas escolham
uma opção específica se ela for a opção padrão.

Exemplo

No preenchimento de cadastros, por exemplo, as pessoas estão mais inclinadas a receber e-mails de
promoções, se essa for a opção padrão, devendo clicar no botão de que não desejam estar na lista desses
e-mails para desativar o recebimento, do que se necessitarem clicar em um botão afirmando que desejam
estar nessa lista. Em outras palavras, as pessoas tendem a aceitar a opção que lhes é oferecida, e não arcar
com os custos psicológicos da escolha.

Desenvolvimento econômico
A Economia do Desenvolvimento estuda o processo de desenvolvimento dos países de baixa renda. Como o
processo de desenvolvimento econômico é amplo e complexo, essa área cobre diversos outros campos que
afetam o crescimento social e econômico dos países.

Nesse sentido, foca não somente em métodos que promovam o crescimento econômico e nas mudanças
estruturais, mas também na melhora de aspectos que envolvam a população, como condições de saúde,
educação e trabalho.

O crescimento econômico, em particular, é investigado há muitos anos pelos economistas, como vimos no
módulo anterior, de História do Pensamento Econômico. Como a Economia, essa área passou por diversas
transformações até se tornar o que é atualmente.

Os neoclássicos propuseram alguns modelos de desenvolvimento econômico que frequentemente são


vistos nos cursos de Macroeconomia e desenvolvimento de um currículo de graduação em Economia.

Com o passar dos anos, esses modelos foram ficando cada vez mais sofisticados, incorporando mais
elementos e variáveis determinantes do crescimento econômico, visando torná-los mais próximos da
realidade.

Características como crescimento populacional, progresso tecnológico, capital humano, e até o papel e a
qualidade das instituições foram, pouco a pouco, sendo incorporadas nas equações.

Saiba mais
Alguns dos economistas mais importantes a elaborar modelos de desenvolvimento são: Roy Harrod, Evsey
Domar, Robert Solow e Paul Romer.

Algumas das características que foram, pouco a pouco, sendo incorporadas nas equações são:

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Crescimento populacional

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Progresso tecnológico

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Capital humano

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Papel e a qualidade das instituições
Daron Acemoglu e James Robinson são dois economistas contemporâneos que mostraram evidências
empíricas robustas sustentando a tese do papel desempenhado pelas instituições no desenvolvimento
econômico, com ênfase nos direitos de propriedade.

Outros economistas apontam, entre outros tantos fatores institucionais que impactam o crescimento, para:

A importância da organização dos sistemas financeiros nacionais.

O desenho de Constituições.

O tipo de regime de um país (democrático ou autoritário).

O grau de liberalização comercial de um país.


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O grande desafio da área é a dupla causalidade que esses fatores costumam apresentar com o crescimento
econômico. Nesse caso, é difícil responder:

Instituições melhores levam a mais crescimento econômico, ou países que têm mais
crescimento econômico estabelecem melhores instituições?

Outra camada do desenvolvimento econômico ― talvez a mais desafiadora ― é a do impacto das culturas e
das crenças no crescimento. Nesse caso, o obstáculo é que crenças e costumes são elementos muito
difíceis de serem medidos e capturados pelos dados, mas isso não significa que devam ser ignorados.

A literatura econômica vem desenvolvendo muitos estudos nessa área na última década, mostrando como
normas sociais, crenças individuais e coletivas influenciam as preferências dos indivíduos, e que essas
normas variam lentamente ao longo do tempo.

Economia da pobreza
Outro campo que se propôs a investigar a economia de baixa renda é o de Economia da Pobreza.

Os laureados com o Prêmio Nobel de Economia de 2019, Michael Kremer, Esther Duflo e Abhijit Banerjee,
fizeram contribuições com uma abordagem experimental para aliviar a pobreza global.

Os três economistas publicaram uma série de artigos, muitas vezes em conjunto, utilizando um método
bastante empregado na Medicina: os Randomized Controled Trials (RCTs), ou Estudos Aleatorizados
Controlados. De forma resumida, essa abordagem experimental consiste em dividir a população de um
estudo em grupos aleatorizados de controle e tratamento para testar a efetividade de determinada política.

Os autores realizaram uma série de estudos desse tipo, desenvolvendo uma ferramenta muito poderosa
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para testar intervenções que podem reduzir a pobreza. Essas intervenções variam desde a realização de
tutorias corretivas nas escolas, passando pelo fornecimento de redes contra mosquitos para famílias a fim
de prevenir doenças, até políticas de microcrédito.

O sucesso dessa abordagem influenciou consideravelmente a forma de avaliar políticas de nossa geração.
Embora não apontem um amplo conjunto de conclusões, esses estudos permitem tirar lições simples, mas
poderosas, com grandes efeitos para a erradicação da pobreza.

Outra vantagem é que, pelo fato de serem estudos controlados, há a possibilidade de verificar possíveis
efeitos colaterais não antecipados, colocando na balança, ao final dos experimentos, os benefícios e os
custos não antecipados das intervenções.

Economia da desigualdade
A desigualdade econômica é um tópico de interesse e preocupação de cientistas sociais. Existe uma grande
variedade de tipos de desigualdade econômica, muitas vezes medida na forma de distribuição de renda ou
de riqueza. Também pode ser avaliada como desigualdade entre países, regiões ou grupos de pessoas.

A lista de pessoas que já estudou esse tópico é extensa.

O economista francês Thomas Piketty escreveu o livro O Capital no Século XXI (2013), sobre o crescimento
da desigualdade da riqueza mundial. A obra causou rebuliço no meio acadêmico ao trazer à tona o debate
sobre taxação progressiva e tributação da riqueza global como único caminho eficiente para combater a
concentração da renda, que, segundo o autor, seria consequência inevitável do capitalismo.

Documentando com dados detalhados a evolução histórica da concentração da renda e da riqueza, Piketty
desenvolve uma grande teoria do capital e da desigualdade. Alguns autores já desenvolveram estudos
rebatendo suas conclusões, mas o debate ainda está em desenvolvimento.

Economia da saúde e da educação


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Economia da saúde e da educação
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Conheça as principais características da Economia da saúde e da educação:

Economia da Saúde

A Economia da Saúde é a área de estudo aplicado que permite uma análise rigorosa e sistemática dos
problemas enfrentados na promoção de saúde para todos. Economistas da saúde utilizam como
ferramental as teorias do consumidor, do produtor e da escolha social para entender o comportamento dos
indivíduos, dos provedores de saúde e de organizações públicas e privadas.

Um dos muitos exemplos estudados pelos economistas da saúde envolve perguntas como: Transferências
governamentais durante a gravidez melhoram a saúde da criança ao nascer?

Economia da Educação

A Economia da Educação é a área que estuda questões relacionadas à Educação, sejam elas de demanda
própria, seu financiamento e sua provisão, ou relacionadas à eficiência comparativa entre diferentes
programas e políticas.

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Uma pergunta que os economistas da Educação se preocupam em responder é:


Há uma relação entre escolaridade e resultados no mercado de trabalho?

Como estudamos no Módulo 1, o programa Renda Melhor Jovem era um exemplo de política pública que
aplicava o conceito de custo de oportunidade. Será que essa política foi eficaz, fazendo com que os jovens
permanecessem mais tempo na escola para, no futuro, terem um salário melhor no mercado de trabalho?
Questões assim também fazem parte das preocupações da área.

Outras áreas voltadas à economia


Listamos aqui uma série de áreas nas quais a literatura econômica tem apresentado terreno fértil e se
expandido nas últimas décadas.

Existem muitos outros campos que um economista pode estudar e nos quais pode atuar, o que é uma das
grandes vantagens da profissão. Campos mais clássicos como Macroeconomia e Microeconomia seguem
igualmente trazendo novidades.

Economia do Trabalho Economia Ambiental Economia do Crime

Procura entender o Dedica-se a estudar a Área relativamente nova. Usa


funcionamento e a dinâmica escassez dos recursos o raciocínio econômico para
dos mercados de trabalho ambientais, propondo explicar a tomada de
assalariado. minimizar o impacto causado decisões em condutas ilícitas.
no meio ambiente.

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Economias que descrevem e transformam sociedades
Assista o vídeo a seguir para conhecer mais sobre as teorias econômicas que descrevem e transformam
sociedades.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Sobre a área de desenvolvimento econômico, não podemos afirmar que:

Os modelos econômicos de desenvolvimento modernos incorporam variáveis como


A
crescimento populacional, progresso tecnológico e capital humano.

Não há evidências empíricas de que instituições afetam o desenvolvimento econômico,


B
pois é o crescimento econômico que determina boas instituições.

A forma de organização dos sistemas financeiros nacionais, o desenho de


C constituições, o tipo de regime de um país e seu grau de liberalização comercial
influenciam no desenvolvimento econômico dos países.

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Um dos obstáculos para determinar se cultura e crenças afetam o crescimento


D econômico é o fato de essas variáveis serem difíceis de ser mensuradas e capturadas
pelos dados.

O grau de liberalização comercial de um país e a garantia dos direitos de propriedade


E
impactam no desenvolvimento econômico.

Parabéns! A alternativa B está correta.

Vamos analisar as alternativas:

A) Verdadeira

A preocupação com que os parâmetros e dados inseridos no modelo explicassem a realidade levou os
economistas a elaborarem modelos de desenvolvimento cada vez mais sofisticados.

B) Falsa

Embora exista um problema de dupla causalidade que dificulte determinar se instituições afetam o
crescimento econômico, Daron Acemoglu e James Robinson apresentaram evidências empíricas de
que as instituições desempenham função importante no desenvolvimento econômico.

C) Verdadeira

Economistas contemporâneos desenvolveram trabalhos apontando para evidências empíricas nesse


sentido.

D) Verdadeira

A literatura econômica tem apresentado importantes contribuições na área nas últimas décadas.

E) Verdadeira

Direitos de propriedade e abertura comercial estão entre os principais determinantes do


desenvolvimento econômico. Direitos de propriedade bem definidos geram incentivos ao investimento,
e a abertura comercial permite acesso a bens e tecnologias por menor preço, dentre diversos outros
efeitos.

Questão 2

Segundo a Economia Comportamental, podemos afirmar que:


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A A racionalidade humana está sempre acima de questões subjetivas e culturais.

A Economia Comportamental não faz distinção entre os comportamentos presente e


B
futuro.

C A Economia Comportamental postula que não há custos psicológicos na escolha.

A Economia Comportamental busca explicar por que os indivíduos tomam decisões


D
aparentemente irracionais, unindo Economia e Psicologia.

As pessoas tendem a escolher a melhor opção independentemente do que seja


E
oferecido como opção padrão.

Parabéns! A alternativa D está correta.

Vamos analisar as alternativas:

A) A alternativa está incorreta. Às vezes, escolhas podem ser baseadas em questões subjetivas que
pesam mais que a racionalidade econômica.

B) A alternativa está incorreta. Em determinadas situações, sentir-se bem no presente é melhor do que
sofrer no futuro.

C) A alternativa está incorreta. A Economia Comportamental supõe que as pessoas tendem a aceitar a
opção que lhes é dada, e não arcar com os custos psicológicos da escolha.

D) A alternativa está correta. A premissa básica da Economia Comportamental é que os seres humanos
nem sempre são racionais.

E) A alternativa está incorreta. A escolha das pessoas depende da opção padrão, em relação à qual elas
irão comparar as alternativas.

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Considerações finais
Estudamos alguns conceitos básicos de Ciências Econômicas. Além disso, vimos como essa ciência
evoluiu ao longo do tempo e que caminhos está trilhando neste momento.

Vimos, também, os diversos objetos de estudo da Economia, que, afinal, busca responder como alocar
recursos da melhor forma possível. Essa é a régua para determinar se a profissão é bem-sucedida: devemos
contribuir para a melhor alocação possível dos recursos que temos à nossa disposição. Assim, teremos
mais desenvolvimento, menos pobreza e desigualdade, e melhores políticas públicas para a sociedade.

headset
Podcast
Ouça o podcast para recapitualr os principais pontos estudados.

Referências
CAMPANTE, F. A ciência da Economia Política: o legado de Alberto Alesina. Nexo Jornal, 2020.

GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Renda Melhor Jovem. 2014.

KRUGMAN, P.; WELLS, R. Introdução à Economia. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.

HAYES, A. Game Theory. Investopedia, 2019.

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16/11/2022 13:58 Conceitos básicos de Economia

MANKIW, N. G. Macroeconomia. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011.

MEHARI, T. Y. A short history of economic thought. University of Groningen, 2002.

PERSSON, T.; TABELLINI, G. Political economics: explaining economic policy. The MIT Press, 2002.

ROLL, E. A history of economic thought. Londres: Faber & Faber, 1992.

SCREPANTI, E.; ZAMAGNI, S. An outline history of the economic thought. 2.ed. Oxford: Oxford University
Press, 2005.

THE ECONOMIST. The legacy of Alberto Alesina. 2020.

VARIAN, H. R. Microeconomia: uma abordagem moderna. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

Explore +
Para saber mais sobre os assuntos estudados, sugerimos as seguintes leituras:

ACEMOGLU, D.; ROBINSON, J. Por que as nações fracassam? Nova York: Crown Publishing Group, 2012.

BANERJEE, A.; DUFLO, E. Good economics for hard times. Nova York: Public Affairs, 2019.

BANERJEE, A.; DUFLO, E. Poor economics. Nova York: PublicAffairs, 2011.

FERGUSON, N. A ascensão do dinheiro: uma história financeira do mundo. São Paulo: Planeta do Brasil,
2009.

TELLES, A.; TIROLE, J. Economia do bem comum. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.

https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212ge/00480/index.html# 59/59

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