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Professor: Mariana
Introdução
para a prática clínica da psicanálise. Aqui vai uma breve explicação do que vai ser exposto no
restante do trabalho………………….
tinha duas irmãs mais velhas e aos 14 anos foi para um internato.
Era de família abastada, culta e protestante; vivia em uma mansão com sua família que era
composta de pai, mãe e duas irmãs mais velhas. Foi uma criança comunicativa, vivaz e que pode
explorar a infância; enfim, teve uma infância feliz ao lado da família cheia de vida e atividades.
Seu pai era um próspero comerciante, culto e inteligente. Sua mãe era vivaz com as pessoas,
expressando facilmente seus sentimentos. Sua família era ligada à arte, onde até uma de suas irmãs
Aos 12 anos seu pai decidiu mandá-lo para um colégio interno (Levys School, em
Cambridge), pois achava que tinha más companhias. Winnicott se adaptou bem ao colégio, tendo
muitos amigos e atividades. A que gostava mais era ler para os colegas de dormitório, pois ele lia
Com 16 anos teve uma fratura na clavícula que o fez passar algum tempo na enfermaria do
pediatria sem incluir na consideração os aspectos psicológicos. Ainda estudante, deparou-se com
uma obra sobre Freud, escrita pelo pastor suíço Oskar Pfister, e ficou encantado com a possibilidade
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aberta pela psicanálise de abordar, não apenas a doença psíquica, mas os distúrbios somáticos, de
Neste mesmo ano, começou sua análise pessoal com o Dr. James Strachey, tradutor oficial
Em 1927, Winnicott foi aceito para começar sua formação analítica na Sociedad
Psicoanalítica Britânica. Em 1934, concluía sua formação como analista de adultos e em 1935,
como analista de crianças, sendo considerado, por três décadas, um fenômeno isolado, pois nenhum
Na década de 30, ao mesmo tempo em que sua formação psicanalítica prossegue, Winnicott
meramente organicista e se inteirem dos aspectos psicológicos na apreciação dos distúrbios infantis.
Em 1935, por sugestão de Strachey, procura Melanie Klein, que já era conhecida por seu
interesse pelas angústias precoces e por suas teorias sobre as fases mais primitivas da infância.
Considerando da maior importância o estudo empreendido por Klein, Winnicott persegue a trilha
aberta por ela e torna-se seu supervisionando de 1935 até 1940 ou 41.
amiga pessoal e colega, a Dra. Susan Isaacs. A partir de 1947, ministrou palestras para estudantes de
Winnicott tinha uma boa reputação como conferencista interessante e espontâneo, e a British
Broadcasting Corporation (BBC) convidou-o a falar para pais e mães pelo rádio. Entre 1939 e 1962,
ele participou de cerca de cinqüenta programas sobre uma enorme gama de assuntos, que variaram
vicissitudes da culpa”.
Infantil do Instituto Psicanalítico da Sociedade Britânica, cargo no qual se manteve por 25 anos. Foi
ainda, por dois mandatos consecutivos, Presidente da Sociedade Britânica de Psicanálise. Continuou
Em 1945, quatro anos após ter deixado a supervisão com Klein, Winnicott escreve o artigo
"Desenvolvimento emocional primitivo" e faz ali algumas afirmações que denotam ter ele resolvido
tradicional de enfatizar os fatores internos e negligenciar os aspectos ambientais; diz que, durante
dez ou quinze anos, os psicanalistas eram os únicos que aceitavam a existência de qualquer coisa
que não fosse o ambiente e que, enquanto todo mundo clamava que a delinqüência de um dado
garoto devia-se ao fato de o pai ser alcoólatra etc., os psicanalistas continuavam a atribuir os
Em várias ocasiões, Winnicott tentou conversar com M. Klein e com alguns kleinianos
acerca do fator ambiental, o que era recebido com total desinteresse, quando não com suspeita. Ele
dirá, um pouco mais tarde, que todos aqueles que se interessaram pelo cuidado com a criança
Winnicott morreu em 1971 de uma doença pulmonar e cardíaca, estava ainda em plena
O trabalho de Winnicott é citado como uma mudança que pode ser comparada a uma
revolução na psicanálise. (Loparic 2006). Entretanto a ideia que Winnicott representou uma ruptura
em relação a escola freudiana é errônea, na verdade ele seguiu a tradição, mas de forma original.
Winnicott foi muito mais clinico que teórico e sua origem britânica influenciou sua postura. ( Costa,
1966). A prática clínica de Winnicott nos possibilita ampliar a atuação de análise com pacientes
pacientes não eleitos para os processos de análise. Além disso no contexto do trabalho com estes
Winnicott defendia que na clinica com crianças, o método de atuação estaria intimamente ligado a
atividade de brincar. (França e Passos, 2019). Outro aspecto interessante da teoria de Winnicott é o
que representava para ele o trauma. Este seria ligado diretamente as falhas ambientais que
interrompem a continuidade de ser. Ou seja, quando a ambiente falha na sua função, a quebra da
Winnicott se autoriza a uma liberdade maior de atuar no setting. A escuta clínica ainda é o
foco do trabalho terapêutico, mas o terapeuta precisa acolher o paciente, num setting que não seja
Winnicott teve outra relação com a chamada neutralidade, o tempo de duração das sessões
também teve impresso sua marca. Manteve relações de amizade com seus pacientes. (Roudinesco e
Poln, 1997). Fez uma nova edição do estádio do espelho para escrever artigos sobre o papel de
importância. A dependência do bebê em relação aos cuidados de sua mãe é que vão construir este
ser que sem esta relação não existe. Ou seja, é através dos cuidados dispensados pela mãe que
interpreta as necessidades do seu filho que a construção da sua psique vai se construindo. Mas será
necessário que a mãe seja saudável o suficiente, e suficientemente boa para deixar um espaço para
que surja daí uma individuação. E que eles não sejam algo único no sentido de uma amalgama.
A mãe tem uma importância vital e o pai um papel mais coadjuvante e a erotização não tem
tanta importância como na teoria freudiana. Para Winnicott, é na relação analítica que aqueles
pacientes que não atingiram o estado evolutivo de integração, poderão vivenciar pela primeira vez,
analítica, os cuidados ambientais que não existiram. (apud Winnicott 1963b/1982, p. 225-233).
O silencio na análise não incomodava Winnicott, que pelo contrário, via este como uma
forma sui generis de comunicação. Já o objeto transicional representa para Winnicott a passagem do
bebê de um estado em que ele está fundido com a mãe para um estado em que a relação com ela
começa a ter um espaço, como algo externo e separado. Winnicott (1971a/1975, p. 15), ou seja, um
locus intermediário. Na teoria do self, Winnicott polariza entre o verdadeiro e falso self. Sendo o
primeiro algo do criativo e espontâneo enquanto que o segundo seria construindo para lidar com
Técnicas
Falaremos nesse parágrafo acerca das técnicas utilizadas por Winnicott em sua prática
clínica. No entanto, é importante rever o conceito de Holding para compreender como ele se aplica
ao paciente. Holding consiste no conjunto de cuidados maternos –físicos e psicológicos- para com o
estendido para além da figura da mãe, o holding ambiente abrange os demais cuidadores, médicos,
grupos sociais, momento histórico e político. Além disso, é por meio do holding, que a mãe é capaz
de atuar como ego auxiliar do bebê. Mesmo sendo o Holding um conceito de cuidado e sustentação
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ao bebê, Winnicott não o restringe a relação mãe-bebê, ele apresenta também na prática clínica,
como no vinculo entre terapeuta e paciente, o qual o setting com sua continuidade se torna elemento
fundamental. Todo o ser humano necessita ao longo da vida de sustentação, de apoio, não apenas o
bebê, uma vez que, a vida apresenta uma instabilidade. Winnicott descreve holding, handling e
apresentarão como intervenção psicoterapêutica. O paciente sustentado poderá ser capaz de integrar,
experienciados.
interpretativa, a qual consiste no valor do trabalho terapêutico estar na experiência e não nas
explicações por parte do terapeuta. O bebê ao entrar em contato com um objeto tem uma fluidez da
experiência, ele pode ficar com certo receio ao ser apresentado ao objeto, depois interagir, tocar,
morder e posteriormente o deixar de lado, todo esse processo envolveu ter uma experiência com o
2018, p. 62). Para Winnicott, o papel do terapeuta é suprir as necessidades do paciente. “O terapeuta
é pontual, adapta-se às necessidades de seu paciente e não deixa atuarem seus próprios impulsos
frustrados no contato com os pacientes” (Winnicott, 1963, p. 102). É importante ressaltar que o
integração. Assim como o bebê necessita de cuidadores que contenham suas angústias para ele se
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sentir seguro, o paciente também necessita, durante a análise, desse cuidado, por meio da escuta
ativa, do acolhimento, da parceria, para que o indivíduo se sinta mais completo. “Em psicoterapia
nada de novo realmente acontece. O melhor que pode acorrer durante o tratamento é que se
complete, em alguma medida, algo que não havia sido completado no desenvolvimento do
3. Por um período limitado de tempo (cerca de uma hora), o analista fica acordado e
4. Amor e ódio são honestamente expressos pelo paciente e são reconhecidos pelo analista.
7. Este trabalho deve ser feito em uma sala, não em uma passagem, uma sala que seja
silenciosa e não sujeita a sons súbitos e imprevisíveis, mas não tão silenciosa e livre de barulhos
comuns da casa. Esta sala seria iluminada corretamente, mas não por uma luz no rosto ou por uma
luz variável. A sala certamente não seria escura e estaria confortavelmente quente. O paciente
estaria deitado em um sofá, isto é, e provavelmente um tapete e alguma água estaria disponível.
não tem vontade de se intrometer em detalhes da vida pessoal. O analista não deseja tomar partido
nos sistemas persecutórios, mesmo quando estes aparecem na forma de situações reais e
em geral, pontual, livre de acessos de mau humor, livre de compulsão de se apaixonar, etc.
10. Há uma distinção muito clara na análise entre fato e fantasia, de modo que o analista não
analisando para que, como objetivo final o paciente tenha o sentimento de existência por si mesmo,
winnicottiana o analista pode, como atitude do cuidado, acolher sem infantilizar e não ser intrusivo.
O analista deve ter, portanto, compromisso ético com o sofrimento humano, no sentido de sua
acolhida, interpelação, reconhecimento e, principalmente, deve ter uma atitude viva, ativa e
sensível.
Winnicott escreveu sobre o jogo da espátula e o jogo do rabisco. O jogo da espátula foi
artigo de 1957¹. Em 1942, a função do jogo foi apresentada como um fator de integração da
No ambiente desse jogo, nós temos uma mesa com uma espátula metálica e o bebê fica no
colo da mãe, que está próxima ao médico. No primeiro estágio, conhecido como período de
hesitação, o bebê ao ver a espátula, avança sua mão para pegá-la, mas tem uma hesitação. Ele ao
colocar sua mão no objeto olha para sua mãe ou para o médico. No segundo estágio, gradualmente,
o bebê toma coragem e coloca a espátula na boca, ou seja, o bebê tem confiança para manusear o
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objeto. Ele bate a espátula na mesa, fazendo barulho ou a coloca na boca da mãe/médico. Isso
ocorre devido o bebê ter a sensação de poder sobre o objeto. Já no terceiro estágio, o bebê deixa cair
a espátula como que por acaso. Se ela é devolvida para ele, o mesmo se sente feliz e deixa- o cair
novamente com uma certa intenção. E depois ele poderá pedir para descer do colo para brincar com
a espátula, mordendo-a (agressividade) e depois perde o interesse. Essa técnica é relevante para
bebês de cinca a treze meses. E ela possibilita o bebê vivenciar uma experiência em toda a sua
extensão. Além disso, através dessa técnica é possível compreender como o bebê se comporta nos
coisa reconhecível e compartilhável, a criança oferece uma amostra do seu mundo interno. O
repertorio das possíveis respostas não é delimitado/circunscrito pelo terapeuta. O repertório não
pode ser previsto. Esta é uma recíproca associação livre em um “jogo sem regras” (Bizzarri, 2010,
p. 37). Winnicott utilizou essa técnica com paciente de 21 meses a 16 anos. Cabe ressaltar que no
jogo do rabisco, tanto o terapeuta como o paciente completam o desenho, mas em folhas separadas,
essa atitude proporciona uma maior interação entre paciente e terapeuta. Fundamental dizer,
também, que durante o processo, o analista não deve colocar em palavras o que está se passando,
terapeuta winnicottiano terá que criar um setting com base na confiança para que o paciente
realize regressões necessárias e, também, deverá dispor de um holding que propiciará a proteção
Conceito
conceitos utilizados até hoje. Como afirma Manoel da Costa Pinto em O livro de ouro da
um espaço transicional (ou potencial, como ele escreveu) que permita o brincar, locus do gesto
pensamentos em teorias existentes, assim como a criação de novos modelos e teorias, tendo sua
obra se estendido ao longo de mais de quarenta anos de experiência clínica com mais de 60 mil
pacientes.
Teoria das Pulsões, a Teoria do objeto (com foco no objeto transicional), a Teoria do Self, a Teoria
do Espaço que aborda, entre outros, as criações através do brincar, a Teoria de Comunicação e da
importante e necessário nestas conceituações, porém vejamos de forma resumida alguns destes
conceitos.
ele entende como sendo um fenômeno que faz parte do processo evolutivo de experimentação com
objetos, que mesmo estando fora do indivíduo, este entende como sendo parte de si.
Na obra Objetos transacionais e fenômenos transacionais de 1951, ele afirma que: “ Na tenra
infância, essa área intermediária, é necessária para o início do relacionamento entre a criança e o
mundo, e só se torna possível, se há uma maternagem suficientemente boa na fase crítica primitiva.
Essencial a tudo isso é a continuidade (no tempo) do ambiente emocional externo e de elementos
específicos no ambiente físico, tais como o objeto ou objetos transacionais”. Página 404/405.
Nesta mesma obra ele acrescenta a ideia do setting proporcionado pela mãe, e o atendimento
das necessidades que se originam da tensão pulsional, abordando ainda o papel do seio materno na
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satisfação destas tensões e organização psíquica da criança no desenvolvimento do que é extensão
desorganizado de capacidades, instintos e pulsões que vão se organizando até atingir a unificação de
si e do mundo externo, sendo o papel da mãe, como ego auxiliar, permitir essa integração. Por vezes
a mãe não fornece essa proteção, e a criança perceberá e poderá entender como uma ameaça à sua
Ao longo do seu desenvolvimento a criança que teve a resposta organizada da mãe irá dar
vida ao self verdadeiro, ao passo que quando há a incapacidade materna de interpretar e atingir as
necessidades da criança, se constituí a primeira fase do self falso. Porém ele também afirma não ser
possível haver apenas o self verdadeiro no indivíduo, o quanto de falso self e verdadeiro self existe
naquela constituição é o que vai entender a patologia, sendo que quanto mais falso self mais grave
porém é importante acrescentarmos ainda que ele acredita que o ser humano tem a tendência a se
aquela como originária do ser humano e esta ocorrendo quando há privações nas experiências
vivenciadas.
Ademais construiu a ideia de que o ambiente é estruturante para o ser humano e que a ideia
da mãe suficientemente boa irá justamente expressar o ambiente que a criança vive construindo os
recursos psíquicos futuros deste indivíduo, sendo a capacidade de criar o sinônimo de saúde,
advindo da vivência da onipotência, onde acredita ter criado esse mundo, trazendo satisfação para
si.
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