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Macroeconomia

Material Teórico
Introdução à Macroeconomia

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Esp. Valdécio Silvério Bezerra

Revisão Textual:
Profa. Ms. Fátima Furlan
Introdução à Macroeconomia

• Introdução
• O Nascimento da Macroeconomia
• Objetivos da Macroeconomia
• Instrumentos da Macroeconomia
• Oferta e Demanda Agregada

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Iniciar o estudo da teoria macroeconômica falando, primeiramente
do contexto histórico em que surgiu essa teoria e quais eram os seus
objetivos. Vamos estudar além do surgimento da Macroeconomia;
os seus conceitos básicos; os instrumentos da macroeconomia e a
definição do que é Oferta e Demanda agregada.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.

No material de cada Unidade, há leituras indicadas, dentre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Introdução à Macroeconomia

Contextualização
Você, com certeza, em algum momento já se deparou com uma notícia ligada
ao cenário econômico do nosso país que dizia: “Inflação pelo IPC-Fipe recua para
0,46% em abril”; “Produção industrial avança em março, mas recua 11,7% no 1º
trimestre”; “Mercado projeta melhora para atividade econômica no próximo ano”;
“Ajuste fiscal pode ampliar desigualdade, avalia pesquisador”; “O FMI aumentou
a projeção de queda da economia brasileira, este ano, de 1% para 3,5%”; “As
incoerências da atual política macroeconômica”. “Governo vê avanço de 0,58%
para o PIB no segundo trimestre desse ano”. O que essas manchetes têm em
comum? Todas estão falando de questões ligadas à Macroeconomia. São siglas,
porcentagens, expressões que poucos dominam ou sabem o que representam.

Vejamos o significado de algumas dessas siglas importantes: IPC (Índice de Preços ao


Explor

Consumidor); Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas); FMI (Fundo Monetário


Internacional), PIB (Produto Interno Bruto).

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Introdução
Mas afinal, o que é Macroeconomia?
De acordo com Mankiw (2008), a Macroeconomia é o estudo da economia
em sua totalidade, incluindo o crescimento em termos de renda, as variações
nos preços e na taxa de desemprego. Procura oferecer políticas para melhorar
o desempenho econômico e explicar os eventos econômicos. Blanchard (2007)
define a Macroeconomia como o estudo de variáveis econômicas agregadas. Já
Krugman e Wells (2007), no glossário de seu livro, definem Macroeconomia
como o ramo da economia que trata da expansão e da retração da economia
em geral. Froyen (2005) define a Macroecnomia como o estudo dos “negócios
comuns da vida” de forma agregada, isto é, observando o comportamento da
economia. Dornbusch e Fischer (2006) colocam que a Macroeconomia trata do
comportamento global da economia com períodos de recessão e recuperação.

Em Síntese Importante!

A macroeconomia é um segmento da ciência econômica que se preocupa em explicar


como a sociedade se organiza para produzir e distribuir riqueza, ou seja, é responsável
pelo estudo do comportamento e da determinação dos agregados econômicos. Também
aborda os fenômenos que atingem a economia em sua totalidade, tais como, inflação,
desemprego, taxa de câmbio etc.

Houve um tempo em que ocorreu uma matematização da economia, período


em que se acreditava que a economia poderia ser explicada como a física, ou seja,
a partir das leis da matemática, ignorando as aplicações práticas. O que podemos
afirmar é que a Macroeconomia pertence ao campo das Ciências Sociais Aplicadas,
isto quer dizer que são as aplicações que justificam a sua razão de ser.

Segundo Keynes, um economista precisa ser matemático, historiador, estadista,


filósofo e tão alienado e tão incorruptível quanto um artista, embora algumas vezes
tão próximo do planeta Terra quanto um político (MANKIW, 2008).

Indispensável compreendermos que cada governo e cada período histórico


apresentam problemas econômicos diferentes, uma hora é a inflação, a
recessão, balança comercial, queda do PIB. Vemos assim que de nada vale uma
definição abrangente se, dependendo da situação, o problema se apresenta de
uma forma diferente.

Ironicamente, por vezes você ouvirá que as previsões macroeconômicas se


equiparam às meteorológicas, mas sempre damos ouvidos ao que a mídia anuncia
sobre a previsão do tempo. No entanto o papel da previsão funciona como a
busca pelo equilíbrio, evitando, por exemplo, que a euforia do consumo leve a

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UNIDADE Introdução à Macroeconomia

economia para uma inflação incontrolável; em momentos de recessão procuram


favorecer certos tipos de atividades etc. Toda e qualquer ação econômica apresenta
vantagens e desvantagens, ou seja, “não existe almoço grátis”, sejam no curto ou
no longo prazo os custos serão cobrados. É necessário reconhecermos as limitações
da nossa disciplina. Importante é pensar exaustivamente e criticamente sobre as
possíveis ações de condução da economia, claro que sempre procurando acertar.

O Nascimento da Macroeconomia
Em se tratando do surgimento da nossa disciplina é muito importante relatar
o que aconteceu após a crise de 1929 que foi um marco no desenvolvimento da
Macroeconomia. Veja só por quê:

Mercado, onde Começa?


As informações sobre a saúde econômicadas
nações começaram a ser coletadas a partir de
1850. No entanto em 1776, Adam Smith em
sua obra referencial A Riqueza das Nações.
(An Inquiry into the Nature and Causes of the
Wealth of Nations). Esse título já prenunciava
que a riqueza de uma nação não era determinada
pelo acúmulo de metais, o que caracterizou o
período mercantilista, mas pela organização
social baseada na divisão do trabalho a nas
motivações pessoais de seus cidadãos. A partir
daí e evolução da ciência econômica cria a
figura de vários mercados que teriam seu
equilíbrio sempre garantido. Nesses mercados
Adam Smith (1723 - 1790)
duas quantidades buscam esse equilíbrio: Fonte: Wikimedia / Commons
quantidades de itens e preços destes itens, que
podem ser: bens e serviços, moeda, câmbio, títulos e mão de obra (ou trabalho).

Importante! Importante!

Numa conceituação mais ampla, mercado pode ser entendido como uma construção
social, como um espaço de interação e troca, regido por normas e regras (formais
ou informais), onde são emitidos sinais (por exemplo, os preços) que influenciam as
decisões dos atores envolvidos.

A seguir, explicamos cada um desses mercados e também comentamos como


mantinham o equilíbrio no passado. Com certeza você vai entender! Vejamos:

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· Mercado de bens e serviços: eram estabelecidos as quantidades e
os preços de equilíbrio de bens e serviços em mercados individuais: o
somatório de todos os mercados de bens e serviços resultava em um
grande hipotético mercado, cujas leis de oferta e procura determinavam o
produto da economia (quantidades totais) e o nível geral de preços (uma
espécie de índice de preço médio de todas as mercadorias e serviços).
· Mercado de moeda: eram estabelecidas as quantidades totais de moeda
em circulação e a taxa de juros (o preço do dinheiro). No passado, era
vigente o padrão ouro, ou seja, toda moeda em circulação deveria estar
lastreada (assegurada, respaldada, duplicada) por igual quantidade
de ouro em depósito ao governo. Isto dava certa rigidez à quantidade
de moeda que poderia circular e ser emitida. Havia também a Teoria
Quantitativa da Moeda (TQM), ou seja, a noção de que a quantidade de
produto gerado ao longo de um ano na economia tinha forte correlação
com a quantidade de moeda existente.
· Mercado de câmbio: em função do padrão ouro, as transações
internacionais eram feitas fisicamente com este metal. Cada país fixava o
preço de suas mercadorias na sua moeda interna e esta tinha uma base
fixa de troca por ouro.
· Mercado de títulos: era pouco sofisticado, envolvia principalmente os
títulos emitidos pelos governos. Nesses mercados eram estabelecidas as
quantidades totais de títulos negociados e o seu preço. Existiam ainda as
operações bancárias simples como empréstimos e desconto de duplicatas.
O equilíbrio entre os agentes superavitários da economia e os deficitários
se realizava nos mercados de títulos de maneira simples, por meio da
Teoria dos Fundos Emprestáveis.

A TFE tem origem no trabalho de Irving Fisher (1930) que analisou a determinação da taxa
Explor

de juros numa economia verificando a razão pela qual os indivíduos poupam (isto é, não
consomem toda a sua renda ou recursos correntes) e porque outros tomam emprestado.

· Mercado de trabalho: nesse mercado era estabelecida a quantidade total


de trabalhadores dispostos a trabalharem e o seu salário, ou seja, o preço
do trabalho. Esse mercado de mão de obra era o somatório de mercados
particulares de cada setor agrícola, industrial e de serviço. À época, a
atividade econômica promovia o pleno emprego, arregimentando,
inclusive, mulheres e crianças de cada domicílio que pudessem
complementar a oferta de mais mão de obra diante de sua inesgotável
demanda, como ocorreu na primeira e segunda revoluções industriais.

Vejamos agora os mecanismos de mercado, como funcionam?

Um economista famoso, Jean Baptiste Say criou uma máxima, segundo ele a
oferta gera a sua própria demanda. A economia sempre estaria em equilíbrio e em

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UNIDADE Introdução à Macroeconomia

pleno emprego à medida que houvesse produção, ou seja, tudo que é produzido é
vendido. Conhecida como a Lei de Say, em suma, eis a;

Lei de Say: a oferta (venda) de X cria a demanda por (pela compra de) Y.

Pela teoria clássica a partir da Adam Smith, Mills, Marshall e Say os vários
mercados buscariam o equilíbrio e haveria sempre o pleno emprego, teoricamente.

No entanto, a partir do início da coleta de dados da estatística econômica, os


economistas começaram a perceber que existiam ciclos econômicos de expansão
e retração da economia. Esses ciclos originavam as crises, cujos efeitos eram o
crescimento do desemprego, a fome e a falência das organizações.

Com o Crash da Bolsa de Nova Iorque em Outubro de 1929, os economistas


passaram a emitir um conjunto de respostas totalmente contrárias ao que hoje
se esperaria para a solução de um tipo de crise como aquela. Propunham
os economistas:
·· o incentivo para que os governos mantivessem os seus orçamentos equilibrados
com despesas de acordo com suas receitas. As receitas tributárias estavam
diminuindo devido à crise econômica e consequentemente as despesas
governamentais deveriam ser reduzidas no mesmo ritmo;
·· o aumento dos percentuais de impostos para contrabalançar a diminuição
de arrecadação;
·· a estabilidade no valor da moeda para evitar a inflação que poderia ser
mais um complicador na gestão da economia;
·· o incentivo à poupança pessoal como forma de cada indivíduo prevenir-
se diante de um possível agravamento da crise;
·· a liberdade total de mercado com nenhuma intervenção governamental
para permitir que a economia voltasse o mais rapidamente possível ao
seu equilíbrio, promovendo a sua correção de maneira natural;
·· as barreiras alfandegárias e de proteção à economia de cada país
envolvido, na expectativa de que isto aumentasse a demanda por bens
produzidos internamente no país;
·· postergação dos investimentos na busca de um cenário econômico
mais promissor no futuro entesourando recursos que poderiam estar em
circulação; e
·· a quebra de instituições bancárias com a consequente diminuição
do crédito bancário, acreditando que com isso fossem permanecer no
mercado apenas as organizações mais sólidas.

Como vimos, políticas econômicas que por ventura viessem a ser aplicadas
seguindo essa lógica só iriam aprofundar a crise. Dois fatores, entretanto tornaram
possível a recuperação econômica na época:

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a) assessores econômicos no governo que acreditavam que este deveria ser
um papel preponderante da economia, tomando suas rédeas, intervindo,
promovendo o consumo e o investimento;
b) o outro fator foi o prenúncio da Segunda Guerra Mundial que determinou
um aumento na demanda em decorrência dos preparativos para a Guerra.

Paralelo a tudo isso, em 1936, foram formalizadas as ideias de Keynes que


se aplicadas naquele momento poderiam ter antecipado a recuperação dos
EUA, da Europa e do resto do mundo. Assim as ideias keynesianas assumiam o
formato de uma teoria econômica abrangente, fruto dos problemas emergentes
naquela época.

John Maynard Keynes foi um economista


britânico cujas ideias mudaram fundamental-
mente a teoria e prática da macroeconomia,
bem como as políticas económicas instituídas
pelos governos.

Nascimento: 5 de junho de 1883, Cambridge,


Reino Unido

Falecimento: 21 de abril de 1946, morre


em Tilton, no Reino Unido, aos 62 anos.
John Maynard Keynes
Fonte: Wikimedia / Commons

Macroeconomia Moderna
Alguns fatores condicionaram o surgimento dessa
nova disciplina no campo da economia. Keynes
participou de grandes acordos internacionais que
visavam às reparações de guerra do primeiro confli-
to mundial de 1914 a 1918. Embalado pela efer-
vescência acadêmica de sua posição na Universida-
de de Cambridge (ocupava a mesma cátedra que
tinha tido como titular Alfred Marshall) testemunhou
a amigos que acreditava estar escrevendo algo que
revolucionaria a teoria econômica até então.

A sua previsão estava certa e isto foi o que re-


almente aconteceu quando de sua publicação em
1936, apesar de ser um livro de difícil leitura e
sujeito a interpretações. Esta dificuldade e ambi-
guidade fizeram com que a operacionalização de Alfred Marshall (1842 – 1924)
Fonte: Wikimedia / Commons
sua teoria levasse algum tempo até que fosse via-
bilizada. Assim quando ela efetivamente estava pronta já não era mais necessária,
pois o mundo já havia voltado ao pleno emprego e ao crescimento do produto,
diante do esforço preparatório para a Segunda Guerra Mundial.

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UNIDADE Introdução à Macroeconomia

Contudo, o keynesianismo passou a dominar a agenda acadêmica nas décadas


de 1940 e 1950, tendo encontrado aplicações práticas através dos consultores
econômicos do governo Kennedy no início dos anos de 1960. Seu declínio ocorreu
com o surto de grandes inflações do final da década de 1960 e início de 1970 em
função da persistência da operação da economia ao pleno emprego e dos choques
do petróleo.

Objetivos da Macroeconomia
Os principais objetivos da macroeconomia, ou digamos, da política
macroeconômica, são aqueles que visam estabilizar as variáveis abaixo, determinar
seu crescimento, atingir metas que possam ser consideradas saudáveis, como certo
nível de desemprego etc.
·· Produto Interno Bruto (PIB).
·· Taxa de inflação.
·· Taxa de juros.
·· Taxa de Câmbio.
·· Taxa de desemprego.

Produto Interno Bruto (PIB): É a medida do produto agregado que podemos


considerar sob a ótica do produto (produto agregado) ou sob a ótica da renda (renda
agregada), sendo assim, o produto agregado e a renda agregada são sempre iguais.
·· Sob a ótica do produto: o PIB é igual ao valor dos bens e serviços finais
produzidos na economia em um dado período;
·· Ainda sob a ótica do produto: o PIB é a soma dos valores adicionados na
economia em um dado período;
·· Sob a ótica da renda: o PIB é a soma das rendas na economia em um dado
período. (BLANCHARD, 2007).

Importante! Importante!

PIB nominal e real


O PIB nominal é a soma das quantidades de bens finais multiplicada por seus preços
correntes ( os economistas usam o termo “nominal” para as variáveis expressas em
preços correntes); Logo, o PIB nominal sempre aumenta pois a maioria dos preços dos
bens aumentam assim como a maioria da produção aumenta ao longo do tempo.
Agora, se pretendemos medir a produção e sua variação ao longo do tempo, precisamos
eliminar o efeito do aumento dos preços. Isso é possível quando multiplicamos a soma
das quantidades de bens finais pelos preços constantes, obtendo assim o PIB real.

Por ser uma medida da atividade agregada, o PIB é a principal variável


macroeconômica.

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Taxa de Inflação
A inflação é uma elevação sustentada do nível geral de preços na economia
(nível de preços). A taxa de inflação é um percentual que mede a variação de
preços durante um determinado período de tempo, mensal, semestral, anual,
por exemplo.

Taxa de juros
Em sua essência, são os preços que vinculam o presente ao futuro, ou seja,
é a taxa de crescimento do capital ou ainda, a taxa de lucratividade recebida
num investimento.

Os economistas chamam de taxa de juros nominal aquela paga pelo banco,


enquanto que a taxa de juros real seria o aumento em seu poder de compra.
Sendo assim a taxa de juros real é a diferença entre a taxa de juros nominal e a
taxa de inflação.

Taxa de câmbio
É o preço de uma moeda estrangeira medido em unidades ou gerações da moeda
nacional. No caso do Brasil, a moeda estrangeira mais negociada é o dólar norte
americano e a cotação mais utilizada é referenciada nessa moeda.

A taxa de câmbio nominal corresponde ao preço relativo das moedas correntes


de dois países. Por exemplo, se a taxa de câmbio entre o dólar americano e o
real é de R$ 3,50 para cada dólar, isso quer dizer que você pode trocar um dólar
por R$ 3,50;

A taxa de câmbio real corresponde ao preço relativo dos bens de dois países.
Portanto, a taxa de câmbio real nos informa a taxa com a qual podemos trocar
bens de um país por bens de outro país. Essa taxa é também denominada, às vezes,
de termos de comércio ou termos de troca.

Taxa de desemprego
O desemprego é um dos problemas macroeconômicos mais preocupantes, pois
afeta as pessoas de modo mais direto e cruel. Não é surpreendente que a questão
do desemprego seja um tópico frequente no debate político.

A taxa de desemprego é relação entre o número de pessoas desocupadas


(procurando trabalho) e o número de pessoas economicamente ativas num
determinado período de referência.

Em uma economia sempre existe algum desemprego. A esse fenômeno damos


o nome de taxa natural de desemprego, ou seja, é a taxa média de desemprego
em torno da qual a economia gravita no longo prazo, consideradas todas as
imperfeições do mercado de mão-de-obra que empreendem os trabalhadores de
encontrar emprego instantaneamente.

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UNIDADE Introdução à Macroeconomia

O gráfico acima demonstra a variação da taxa de desemprego no período


compreendido entre Janeiro de 2012 e final de 2015. Percebemos a tendência de
crescimento dessa taxa no final do período.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) é uma fundação pública da


Explor

administração federal com inúmeros dados estatísticos, indicadores e informações


relacionadas as questões macroeconômicas no Brasil.
Acesse: https://goo.gl/80eVaa

Lei de Okun
Arthur Okun foi um economista americano que desenvolveu essa teoria quando
trabalhava no Comitê de Conselheiros Econômicos do presidente norte americano
John Kennedy. É uma teoria que relaciona o crescimento do Produto Interno Bruto
à variação do desemprego. É uma relação inversa, segundo a qual existe uma
relação linear entre as mudanças na taxa de desemprego e o crescimento do PIB:
a cada ponto percentual de diminuição do desemprego, o PIB real cresce em
3%. Essa lei está baseada em dados da década de 1950 e é válida para taxas de
desemprego entre 3 e 7,5%.

Você poderá se aprofundar mais no conhecimento da Lei de Okun consultado o livro:


Explor

MANKIW, N. Gregory. Macroeconomia, 6 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008, págs.188-190)

Tendo como base o que vimos, podemos concluir que a política macroeconômica
tem como objetivos principais atingir a menor taxa de desemprego possível, buscar
manter a taxa de inflação no menor patamar possível, procurar uma distribuição de
renda mais justa e estimular a economia visando o crescimento econômico.

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Instrumentos da Macroeconomia
Como acabamos de ver, a macroeconomia tem objetivos complexos e para
atingir esses objetivos a política macroeconômica conta com alguns instrumentos.

Os principais instrumentos de política macroeconómica utilizados para atin-


gir os objetivos apresentados anteriormente são a política monetária e a polí-
tica orçamental. No caso da política monetária são utilizados instrumentos que
permitem controlar a oferta de moeda e, por essa via, influenciar as taxas de juro
praticadas no mercado. Quanto à política orçamental, são utilizados os dois instru-
mentos orçamentais controlados pelo Estado, nomeadamente a despesa pública e
os impostos.
· Política fiscal.
· Politica monetária.
· Política cambial e comercial.
· Política de Rendas.

Fonte: iStock/Getty Images

Política Fiscal
Corresponde a todos os instrumentos de que o governo dispõe para a
arrecadação de tributos (política tributária) e controlar suas despesas (política de
gastos). É fundamental que a política fiscal seja controlada por regras fixas, como
por meio de uma exigência constitucional de um orçamento equilibrado, ou pelos
critérios dos formuladores de politicas.

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UNIDADE Introdução à Macroeconomia

A política de estabilização fiscal é conduzida pelo governo federal, Estados e


municípios têm capacidade limitada de incorrer em déficits orçamentários. Tanto
o nível de gastos estaduais e municipais como suas receitas são determinados por
necessidades locais e pelo estado da economia, em lugar de serem definidos com a
finalidade de atingir objetivos macroeconômicos.

Se olharmos para as políticas que visam à estabilização econômica, devemos


levar em conta três tipos de itens que podem ser alterados para afetar as variáveis
que são objetivos da política macroeconômica: compra de bens e serviços por
parte do governo federal; transferências do governo (incluindo concessões de
verbas a Estados e municípios) e arrecadação tributária. A política fiscal apresenta
maior eficácia quando o objetivo é uma melhoria na distribuição de renda, pelo
fato de taxar as rendas mais altas ou aumentar os gastos do governo em setores
menos favorecidos.

Política Monetária
A política monetária consiste na atuação do governo, por intermédio do Banco
Central (Bacen) sobre a quantidade de moeda e títulos públicos que circulam no
mercado e, em geral, as condições de crédito.

A política monetária pretende influir na atividade econômica, atuando sobre o


gasto total da economia e, mais especificamente, sobre o gasto das famílias e sobre
os investimentos das empresas.

Os instrumentos de política monetária são os seguintes:


·· Emissões de moeda: É o Banco Central (Bacen) que controla, por força
de Lei, a emissão de moeda;
·· Reservas compulsórias ou obrigatórias (corresponde ao percentual sobre
os depósitos que os bancos comerciais são obrigados a depositar no Bacen,
se o Bacen aumenta ou diminui o percentual de depósito compulsório, há
uma alteração significativa na oferta de moeda;
·· Mercado aberto ou open market (compra e venda de títulos públicos).
Quando o Bacen compra títulos públicos no mercado de capitais, ele
aumenta a oferta monetária, quando vende a diminui;
·· Redescontos (empréstimos que o Bacen disponibiliza aos bancos
comerciais);
·· Regulamentação sobre crédito e taxa de juros (ocorre pela política de juros,
controle de prazos e regras para o financiamento aos consumidores). No
Brasil, a taxa Selic (Sistema de Liquidação e Custódia) também configura
aumento ou diminuição da oferta monetária, taxa de juros menor, maior
oferta de moeda e vice-versa.

Podemos destacar dois tipos de política monetária: a expansionista e


a contracionista;

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A política monetária expansionista ocorre quando houver uma redução no
percentual dos depósitos compulsórios, recompra de títulos ou diminuição da
regulamentação do mercado de crédito, com redução da taxa de juros.

A política monetária contracionista é caracterizada por restrições de crédito,


aumento da taxa de juros e aumento dos compulsórios sobre os depósitos dos
bancos comerciais.

A política monetária é um dos instrumentos mais utilizados pelo governo visando


o controle da inflação e isso é possível com políticas de redução de circulação
monetária; restrição ao crédito; elevação da taxa de juros; aumento da taxa de
reservas compulsórias e compra de títulos no open market, por exemplo.

Importante! Importante!

O Banco Central é o instrumento pelo qual o governo federal controla o sistema financeiro
do país, logo, é por intermédio dele que o governo intervém na economia. Portanto é
papel do Banco Central zelar pela estabilidade da moeda por meio do controle dos meios
de pagamento. Essa estabilidade consiste na manutenção do seu valor, tanto em relação
às moedas estrangeiras, por meio da taxa de câmbio, como com relação às mercadorias
produzidas no país.

Política Cambial e Comercial


A politica cambial e comercial é um tipo de política externa, pois atua sobre as
variáveis relacionadas ao setor externo da economia. A política cambial, como o
próprio nome diz, está relacionada à atuação do governo sobre a taxa de câmbio,
já a política comercial diz respeito aos instrumentos de estímulo às exportações,
assim como ao controle ou abertura das importações.

É bom deixar claro: Uma taxa de câmbio elevada quer dizer que o preço da
moeda estrangeira está elevado, no nosso caso o dólar, ou que a moeda nacional, o
real, está desvalorizada; por outro lado quando usamos a expressão desvalorização
cambial, queremos dizer que a taxa de juros aumentou, mais reais por unidade para
adquirir uma unidade de moeda estrangeira.

Outra forma recorrente pela qual expressamos essa relação moeda nacional-
moeda estrangeira é a seguinte:

Se a cotação da moeda estrangeira aumenta diz-se que ocorreu depreciação da


moeda nacional, agora se a cotação da moeda estrangeira diminui diz-se que houve
uma apreciação cambial da moeda nacional.

A atuação do governo sobre a taxa de câmbio ocorre com a atuação do Banco


Central se resume a duas situações:

A determinação de uma taxa de câmbio fixa, quando ocorre a intervenção das


autoridades monetárias.

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UNIDADE Introdução à Macroeconomia

Temos o caso da taxa de câmbio flexível, quando esta é determinada pelo


mercado de divisas, caso específico da política cambial brasileira na atualidade.

Quanto à política comercial, esta é fomentada pelos instrumentos de estímulo


ou desestímulo as exportações e importações.

Quando falamos em política comercial de um país, estamos nos referindo


às decisões do governo que afetam as entradas e saídas de divisas do país em
termos de transações comerciais (tarifas de importação, estabelecimento de quotas,
incentivos à exportação etc.).

Podemos destacar como estímulos fiscais e creditícios às exportações a isenção


de impostos; o crédito subsidiado; as taxas de juros subsidiados etc.; e como controle
das importações as tarifas e barreiras sobre importações.

Outro fator que influi na política comercial é a taxa de câmbio, por exemplo:
A apreciação cambial (quando há uma queda nos preços estrangeiros, queda do
preço do dólar), isso reduz a competitividade dos produtos brasileiros no exte-
rior, dificultando as exportações brasileiras. Por outro lado, uma depreciação cam-
bial, aumento do valor do dólar em relação ao real, aumenta a competitividade
dos produtos brasileiros no exterior e pode influenciar positivamente as exporta-
ções brasileiras.

Política de Rendas
É a política exercida pelo governo que visa estabelecer controles sobre a
remuneração dos fatores diretos de produção envolvidos na economia do país,
podemos citar como exemplos dessa política aquelas que afetam salários,
depreciações, lucro, dividendos e preços de produtos intermediários e finais.

Os principais objetivos dessa política seriam: propiciar ganhos de poder aquisitivo


dos salários, no caso de controle de outros preços; redistribuição de renda; reduzir
o nível das tensões inflacionárias buscando a estabilização de preços.

Oferta e Demanda Agregada


Dando prosseguimento à nossa incursão pelos caminhos da Macroeconomia,
dois conceitos muito importantes precisam ser bem apropriados por você: São os
conceitos de Demanda Agregada (DA) e Oferta Agregada (OA), acompanhem-me:

Demanda agregada (DA) significa a totalidade de bens e serviços (demanda total)


que numa determinada economia os consumidores, as empresas e o Estado, estão
dispostos a comprar, a um determinado nível de preço e em determinado momento.

Na economia de um país, a demanda agregada representa o gasto total com a


compra de bens e serviços que serão adquiridos, para cada nível de preço. Está

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relacionada com o total da produção, PIB (Produto Interno Bruto) de um país
quando os seus níveis de estoque são estáveis.

A demanda agregada depende de alguns fatores como: política monetária e


fiscal, da renda em poder dos consumidores disponível para consumo, dos impostos
a que estão sujeitos, dos gastos públicos efetuados pelo Estado, entre outros.

A curva de demanda agregada revela a quantidade de bens que os consumidores


desejam comprar em cada nível de preço. Tem inclinação negativa devido aos
efeitos da renda, da taxa de juros e da taxa de câmbio.

Na figura abaixo, demonstramos como podemos representar graficamente a


Curva de Demanda Agregada (DA) levando-se em consideração o nível geral de
preços (P) numa economia e o Produto real. (Y).

A Oferta Agregada (OA) representa o que as empresas, no seu conjunto, estão


dispostas a produzir e a vender para cada nível geral de preços, assumindo como
constantes todas as restantes variáveis determinantes da oferta agregada tais com
as tecnologias disponíveis e as quantidades e preços dos fatores produtivos.

A curva de oferta relaciona o preço e a quantidade oferecida de determinado


bem ou serviço. No longo prazo, a curva de oferta agregada é vertical e no curto
prazo ela possui inclinação positiva.

Conjugada com a demanda agregada, a oferta agregada permite encontrar o


equilíbrio macroeconômico, ou seja, uma situação em que tanto o PIB real quanto
o nível geral de preços satisfazem compradores e vendedores.

A Oferta Agregada pode ser representada num gráfico em que num dos eixos
é representado o nível geral de preços (P) e no outro o produto (ou PIB) real
(Q). Neste gráfico, a Oferta Agregada surgirá como uma curva com inclinação
positiva, o que significa que a quantidade que as empresas desejam produzir e
vender aumenta quando aumenta o nível geral de preços.

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UNIDADE Introdução à Macroeconomia

Na figura abaixo, representamos graficamente a Curva de Oferta Agregada (OA)

Mas longo prazo? Curto prazo? Como podemos determinar o que é longo ou
curto no decorrer do tempo? Vamos lá!

Para podermos melhor explicar as diferenças nas análises entre o curto e o


longo prazo é importante considerarmos as diversas classificações e nomenclaturas
existentes na literatura.

O curto prazo é o período de tempo em que apenas uma variável do modelo


econômico é alterável, permanecendo as demais de forma constante. É tipicamente
um período que vai de seis meses a três anos.
O longo prazo é o período de tempo em que todas as variáveis podem mudar menos
a base tecnológica e institucional da sociedade. É um período que vai de três a
dez anos. Por fim, os prazos ligados ao desenvolvimento tecnológico são aqueles
que assistem a mudança da base tecnológica da sociedade e de suas instituições,
compreendendo períodos de dez a 50 anos. Para citarmos apenas dois autores,
Mankiw (2008) dá a esta periodização o nome de curto, longo e longuíssimo prazo;
Blanchard (2007) prefere chamar de curto, médio e longo prazo.

Como estamos tratando do ambiente macroeconômico, precisamos agregar


todos os produtos individuais distribuídos pelos fabricantes e prestadores de
serviços numa suposta grande cesta. A tudo isso que foi produzido nessa economia
dá-se o nome de produto agregado (Y), seja quando falamos de curto ou longo
prazo. Agora, quando nos referimos ao valor global desta nossa suposta cesta,
ou seja, quanto estes produtos valem sob o ponto de vista de preços de mercado,
chamamos de nível geral de preços (P).

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
Economia
Noções básicas de Macroeconomia, Produto Agregado, PIB, Política Fiscal, Política
Monetária, Políticas Cambial e Comercial, Fluxo Circular de Renda.
https://goo.gl/blTiFh
Economia
Setor Externo: Globalização, Transações Comerciais Internacionais, Taxa de Câmbio,
Regimes de Câmbio Fixo e Flutuante.
https://goo.gl/2ysdLa

Livros
Macroeconomia
PARKIN, Michael. Macroeconomia. 5 ed. São Paulo: Addison Wesley, 2003.
Macroeconomia
ABEL, A; B.; BERNANKE, B. S.; CROUSHORE, D. Macroeconomia. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2008.

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UNIDADE Introdução à Macroeconomia

Referências
BLANCHARD, O. J. Macroeconomia. 4. ed. , v. ,São Paulo: Prentice Hall, 2007.

DORNBUSCH, R.; FISHER, S. Macroeconomia. 5. ed. , v., São Paulo: Pearson


Makron Books, 2006.

FROYEN, Richard T. Macroeconomia. 5. ed. São Paulo-SP: Saraiva, 2005.

LOPES, L. M.; VASCONCELLOS, M. A. S. Manual de Macroeconomia: Nível


Básico e Nível Intermediário. 2. ed. , v.,São Paulo: Atlas, 2000

MANKIW, N. Gregory. Macroeconomia. 6. ed.,Rio de Janeiro: LTC-Livros


Técnicos e Científicos, 2008.

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