Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Material Teórico
A Teoria Kaleckiana
Revisão Textual:
Profa. Ms. Fátima Furlan
A Teoria Kaleckiana
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Expor ao aluno os fatores que propiciaram o desenvolvimento
teórico elaborado por Kalecki e qual o seu modelo básico. Assegurar
ao aluno o entendimento do conceito de demanda efetiva, ciclo de
negócios e outros conceitos deste autor. Mostrar ao aluno quais são
as diferenças e semelhanças teóricas entre Kalecki e Keynes, assim
como os pontos problemáticos, destacados por alguns autores, do
modelo kaleckiano.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas, dentre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE A Teoria Kaleckiana
Contextualização
A contribuição de Kalecki é importante e transcende o fato que antecipou
Keynes em alguns aspectos, o que é superdimensionado por seus admiradores.
Para os dois, a determinação do nível de demanda efetiva depende do nível
de investimento.
Mas, afinal, o que separa Keynes de Kalecki? Nada mais simples: Keynes trabalhou
para salvar o capitalismo; Kalecki, para provar que ele não pode ser salvo!
Apenas o mesmo “pleno emprego” com baixa produtividade que parasitou todo
o socialismo “real” e custou a liberdade de duas gerações de poloneses.
Explor
8
Contextualização da sua obra
Michal Kalecki nasceu em Lodz, Polônia,
em 22 de junho de 1899. Estudou na Escola
Politécnica de Varsóvia e depois na de
Gdanski, mas não chegou a graduar-se. Seu
primeiro título acadêmico foi obtido aos 57
anos de idade, já era internacionalmente re-
conhecido, quando o governo polonês o no-
meou professor universitário; e em 1964 a
Universidade de Varsóvia lhe conferiu o títu-
lo de doutor honoris causa. Foi um autodi-
data. Em sua formação como economista,
recebeu profunda influência das obras de
Marx e de outros autores marxistas.
Seus trabalhos podem ser separados em três grupos: os que tratam sobre as
economias capitalistas desenvolvidas; sobre as economias subdesenvolvidas e sobre
as economias socialistas.
9
9
UNIDADE A Teoria Kaleckiana
transformar a mais valia de sua forma trabalho, por meio de forma mercadoria, em lucro,
sua forma dinheiro.
10
variável e mais-valia, para Kalecki o esquema de produção de cada departamento é
avaliado em termos de preço e não de valor. Distribuindo-se nas categorias de lucros
e salários. O produto final de cada departamento já é o próprio valor adicionado de
cada departamento.
Y=P+W
I = P1 + W1
CK = P2 + W2
CW = P3 + W3
Y = I + CK + CW ou Y = P + W ( 1 )
W – CW = SW ou seja, SW = 0, assim W = CW
SK = P – CK
S = SK
11
11
UNIDADE A Teoria Kaleckiana
Y + W + P = I + CK + CW
CW + P = I + CK + CW, portanto: P = I + CK
P – CK = I
Então:
S=I
Importante! Importante!
12
Kalecki deu mais atenção aos estudos teóricos e aplicados às economias
semi-industrializadas justamente por ocuparem um lugar intermediário entre as
economias de capitalismo avançado e as economias realmente subdesenvolvidas.
13
13
UNIDADE A Teoria Kaleckiana
O modelo proposto por Kalecki é bem simples: digamos que i seja a taxa
(bruta) de investimento e k a relação técnica capital-produto (ou seja, o número de
unidades de capital efetivamente em uso, necessário para produzir uma unidade
de produto final). A taxa de depreciação seria d e u a taxa extra de crescimento
da produção anual que o país poderia obter se aperfeiçoasse os bens de capital
existentes (expressamos i, u e d como proporções do PIB).
i
r= +u−d
k
14
curto prazo, pela amplitude das capacidades produtivas existentes. O que
importa, entretanto, é que o nível concreto de atividade econômica [...] é
definido pelo mercado, isto é, pela demanda efetiva. Há que considerar,
ademais, que no capitalismo desenvolvido a demanda é normalmente,
inferior ao produto que, potencialmente, ´poderia gerar-se. Assim o
comum é que exista sempre uma capacidade produtiva ociosa, o que
permite que a oferta tenha alguma elasticidade mesmo no curto prazo. Em
outras palavras, quando a demanda excede a oferta, a produção aumenta;
por outro lado, quando a demanda é inferior à oferta, a produção diminui.
(GALLARDO, p. 59, 1986)
15
15
UNIDADE A Teoria Kaleckiana
16
Segundo esse princípio, quanto maior for o capital da empresa e seu tamanho,
mais facilidade esta terá de obter empréstimos, isso porque tem como oferecer
uma quantidade maior de garantias ao emprestador. Por dedução concluímos
que o tamanho da firma limita o tamanho dos investimentos que pode realizar.
Entretanto, dado o capital da empresa, o risco inerente a dado investimento será
tanto maior quanto maior o recurso a empréstimos, isto porque estes envolvem
pagamentos fixos (principal e juros) por parte das empresas. Assim, quanto maior
a alavancagem da empresa, maior o seu risco.
para realizar determinadas operações. Num sentido mais preciso, significa a relação entre
endividamento de longo prazo e o capital empregado por uma empresa. Assim, o quociente
Endividamento de Longo Prazo/Capital Total Empregado reflete o grau de alavancagem
aplicado. Quanto maior for o quociente, maior será o grau de alavancagem. SANDRONI, 1999
Tanto Keynes quanto Kalecki notaram que as quedas dos salários nominais
provavelmente seriam acompanhadas de preços decrescentes.
17
17
UNIDADE A Teoria Kaleckiana
Embora Kalecki não tenha chegado a elaborar uma teoria do investimento tão
completa e sofisticada como a de Keynes, inclusive pela abrangência monetária e
financeira deste último, teve ao menos o mérito de formulá-la de modo diretamente
voltado para os seus efeitos dinâmicos. Em contrapartida, seu maior defeito em
comparação com Keynes é a ausência de um tratamento explícito das expectativas.
(POSSAS, p. 32, 1999)
No modelo kaleckiano, a função consumo não tem importância, uma vez que
os investimentos determinam a atividade econômica, diferentemente de Keynes.
Outra diferença relevante diz respeito à concepção dos mercados e, a partir daí,
aos tipos de retornos vigentes e ao processo de formação de preços. Enquanto
Keynes mantém os pressupostos neoclássicos da concorrência perfeita e dos
retornos decrescentes, Kalecki trabalha com a hipótese de diversidade das estruturas
produtivas, contemplando aquelas caracterizadas pela concorrência imperfeita e,
desse modo, pela formação de estruturas monopolistas e oligopolistas.
18
Pontos Problemáticos no
Modelo Kaleckiano
É indiscutivelmente valioso o legado teórico deixado pelos estudos desenvolvidos
por Kalecki como forma de consolidar a macroeconomia como um segmento da
economia de fundamental importância no contexto da compreensão estrutural das
diversas economias.
a) ausência de tendências
Em toda a sua obra, Kalecki não integra uma tendência às flutuações. Sua obra
se caracteriza pelo estudo das flutuações cíclicas e de seus determinantes. Não
discutir a tendência (crescimento) destas flutuações (ciclo), implica em aceitar que
independentemente do comportamento das flutuações, tem-se uma coisa dada que
é o retorno ao estágio original (o ciclo puro despreza a fase de expansão do ciclo).
Este raciocínio implica, por outro lado, em não admitir que a reprodução ampliada
seja tão inerente ao capitalismo quanto as flutuações o são. A reprodução ampliada
é vista pelo autor como resultado único do problema de demanda efetiva e como
um dos tantos casos possíveis.
19
19
UNIDADE A Teoria Kaleckiana
d) a falta de uma clara distinção entre taxa de juros e taxa de lucro. Claro
que existem outras críticas, mas vamos nos limitar a discutir essas principais.
Kalecki não faz distinção nítida entre a taxa de juros e taxa de lucros. Portanto,
não estabelece a diferença entre capital financeiro e capital industrial, o que leva a
pensar que o movimento relativo da taxa de juros e da taxa de lucros seja irrelevante
na determinação das flutuações econômicas (CASTRO,1979).
20
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
O Capitalismo ainda é aquele
CASTRO, Antonio Barros de O capitalismo ainda é aquele. Rio de Janeiro:
Forense, 1979.
Michal Kalecki e a Teoria da Demanda Efetiva
GALLARDO. Julio López. Michal Kalecki e a teoria da demanda efetiva. São
Paulo: Revista de Economia Política v. 6, nº 3, jul/set, 1986
Macroeconomia do Emprego e da Renda: Keynes e o Keynesianismo
LIMA, Gilberto Tadeu; SICSÚ, João (orgs.). Macroeconomia do emprego e da
renda: Keynes e o keynesianismo, Barueri, SP: Manole, 2003.
Demanda Efetiva, Investimento e Dinâmica: a Atualidade de Kalecki para a Teoria Macroeconômica
POSSAS, Mário Luiz. Demanda Efetiva, investimento e dinâmica: a atualidade de
Kalecki para a teoria macroeconômica. Revista de Economia Contemporânea,
Rio de Janeiro, Brasil, v. 3, n.2, p. 17-46, 1999.
Novíssimo Dicionário de Economia
SANDRONI, Paulo. Novíssimo Dicionário de Economia. São Paulo: Ed. Best
Seller, 1999.
A Teoria do Desenvolvimento Econômico
SCHUMPETER, Joseph Alois. A Teoria do Desenvolvimento Econômico.
São Paulo: Abril Cultural, 1997.
21
21
UNIDADE A Teoria Kaleckiana
Referências
LOPES, L. M.; VASCONCELLOS, M. A. S. Manual De Macroeconomia: Nível
Básico e Nível Intermediário. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000
22