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Material Teórico
Sustentabilidade e a Crise Ambiental
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Sustentabilidade e a Crise Ambiental
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Contextualizar a crise ambiental provocada pelos processos de pro-
dução industrial e projetos sem preocupação com o seu impacto no
meio ambiente.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Sustentabilidade e a Crise Ambiental
Contextualização
Nesta Unidade veremos o contexto de onde surgiu o conceito de design sustentável
e sua participação dentro do desenvolvimento humano e dos processos produtivos.
O que leva às indústrias a poluírem? Como será que o designer pode criar ciclos
virtuosos de produção influenciando positivamente?
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Introdução ao Design Sustentável
A curta felicidade material proposta a sociedades ocidentais depois da Segunda
Guerra Mundial teve consequências consideráveis no meio ambiente e na qualidade
de vida dos seres vivos. Nos últimos anos, a sociedade tomou consciência de seus im-
pactos e do cenário de degradação do meio ambiente, alguns dos quais irreversíveis.
Rever o consumo humano faz parte de uma das alternativas; priorizar o uso
em relação à matéria, criando novos bens e serviços mais integrados à realidade
ambiental de hoje e visando um futuro próximo.
Histórico
A relação entre as sociedades ocidentais e a natureza, como atualmente definida,
baseia-se ainda em princípios modernistas enunciados no século XVII. A natureza é
usada como base no progresso e aprendizado científico. Fonte de matéria-prima, e
dentro desse pensamento, “imperfeita”. Ademais, o pensamento antropocentrista
faz com que as pesquisas sejam levadas pelo ponto de vista do homem, ignorando
outros tipos de interações menos perceptíveis aos nossos olhos.
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UNIDADE Sustentabilidade e a Crise Ambiental
William Morris (1834-1896), contra a Revolução Industrial e o capitalismo que, do seu ponto
Explor
de vista, priorizavam mais a produtividade que a qualidade e estética, criou, em seu ateliê, o
movimento Arts & Crafts, cuja ambição era embelezar o meio ambiente cotidiano pela arte
da decoração. Considerava que a indústria distanciava o criador de suas obras, desfigurando
os objetos cotidianos. Assim, promovendo o projeto a métodos mais artesanais, propôs que
esses objetos representassem uma flora exuberante, retornando às origens humanas. Tal
movimento é considerado a origem do design.
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1945, o progresso perde a inocência:
O inacreditável poder de destruição da Segunda Guerra Mundial, marcado
pelos efeitos das bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki, cidades
japonesas, iniciou o questionamento das benfeitorias do progresso, colocando o
mundo diante da problemática da ética. Pela primeira vez na história da humani-
dade, o homem dominava a natureza a ponto de se tornar responsável pelo seu
próprio destino.
Os soldados que retornavam aos seus lares traziam consigo um sonho, baseado
no “american way of life”, estilo de vida generoso cuja felicidade era baseada no
apego material.
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UNIDADE Sustentabilidade e a Crise Ambiental
Estabelecido em 1972, o Pnuma possui, entre os seus principais objetivos, manter o estado
Explor
do meio ambiente global sob contínuo monitoramento; alertar povos e nações acerca de
problemas e ameaças ao meio ambiente; recomendar medidas para melhorar a qualidade
de vida da população, sem comprometer os recursos e serviços ambientais das gerações
futuras. Conheça outros aspectos desse programa em: https://goo.gl/Tzgg7j.
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Foi durante a década de 1970 que o consumo humano de recursos naturais
começou a ultrapassar as capacidades biológicas da Terra, provocando o declínio
da abundância das espécies que vivem no Planeta. Aos poucos, o desenvolvimento
industrial se globalizou e feriu duramente os princípios que regem a biosfera, de
modo que as condições de sobrevivência no mundo se tornaram precárias.
1986, na central elétrica da Usina Nuclear de Chernobil, que estava sob a jurisdição direta
das autoridades centrais da União Soviética. Uma explosão e um incêndio lançaram grandes
quantidades de partículas radioativas na atmosfera, que se espalhou por boa parte da União
Soviética e da Europa Ocidental. O desastre é o pior acidente nuclear da história em termos
de custo e de mortes resultantes, além de ser um dos dois únicos elencados como eventos
de nível 7 – classificação máxima – na escala internacional de acidentes nucleares – sendo
o outro o acidente nuclear de Fukushima I, no Japão, ocorrido em 2011. Durante o acidente
em si, 31 pessoas morreram, além de longos efeitos em inúmeros indivíduos a longo prazo,
tais como câncer e deformidades diversas, casos estes que ainda estão em contabilização.
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UNIDADE Sustentabilidade e a Crise Ambiental
Impactos Ambientais
O aumento no consumo de recursos naturais vem causando sérios impactos
ambientais. Segundo o Living planet report 2012, da World Wide Fund for
Nature (WWF), a demanda cada vez maior de recursos por uma população
crescente está causando uma enorme pressão sobre a biodiversidade do Planeta, a
ponto de ameaçar o nosso futuro em termos de segurança, saúde e bem-estar. Por
exemplo, se continuarmos em tal ritmo, em 2050 seriam necessários 2,9 planetas
para suportar o crescimento da “pegada ecológica” da humanidade.
Quanto menos recursos naturais gastos para fazer um produto, mais barato se
torna para as empresas e melhor figura ao meio ambiente, uma vez que gastou
menos matéria-prima e energia. Mesmo na escala de uma única organização, as
atividades industriais têm consequências ao meio ambiente, afinal, na maioria dos
casos, seus impactos são imputáveis aos resíduos que perturbam os equilíbrios
naturais (KAZAZIAN, 2005).
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Dimensões da Sustentabilidade
A busca de parte da sociedade para clarear o conceito de sustentabilidade, de
se propor um significado de preferência tangível e prático, tem suscitado reflexões
desde as mais filosóficas, como o questionamento de ordem ética e moral; até as
mais palpáveis, como a escolha do material no desenvolvimento de um produto.
Há a necessidade de se traduzir em palavras o que representa o desenvolvimento
sustentável, assim como os seus produtos resultantes, sendo um passo fundamental
para que mudanças sejam efetivadas, transformando e desenvolvendo o sistema
vigente para que se torne mais efetivo e de fácil assimilação.
Esse conceito representou uma ruptura fundamental na forma que até então era
feita, que sempre considerou o crescimento econômico como o único objetivo de
um empreendimento.
Social
Possível Justo
Sustentável
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UNIDADE Sustentabilidade e a Crise Ambiental
Tão forte foi a influência do tripé da sustentabilidade que, cinco anos depois,
foi incorporado no documento da Cúpula de Johanesburgo, convocada com a
ambição de transformar a Declaração do Rio em uma espécie de projeto executivo.
Hoje:
Os avanços foram pontuais e pouco significativos, deixando perguntas abertas
a serem respondidas pelas novas gerações de profissionais, por exemplo: quais
meios devem ser usados para satisfazer as necessidades humanas? Como fazer
a gestão de recursos naturais existentes? Como será o progresso tecnológico e
humano com recursos tão limitados?
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Pensando mais na dimensão ambiental, Manzini (1993) diz que as tendências
ambientais levam ao lema “menos matéria, menos energia e mais informação”,
mostrando a necessidade de elaborar uma cultura ecológica capaz de resolver não
apenas os problemas mais evidentes da quantidade, como também os dilemas mais
sutis da qualidade, afinal, torna-se necessário orientar a evolução dos materiais em
direção a equilíbrios aceitáveis entre o ambiente artificial e as leis da natureza a que
estamos vinculados.
Uma vez que os seres humanos são considerados como “maus”, o zero é uma
meta boa. Mas sermos “menos maus” significa aceitarmos as coisas como são,
acreditando que os sistemas deficientemente planejados, indignos e destrutivos são
o melhor que os seres humanos conseguem fazer. Esta é a falha derradeira da abor-
dagem de “ser menos mau”: uma falha da imaginação (MCDONOUGH; BRAUN-
GART, 2008, p. 67).
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UNIDADE Sustentabilidade e a Crise Ambiental
Papel do Designer
Existem vários empecilhos no sistema econômico atual, porém, a melhor
alternativa é promover ações em escala humana, e microeconômica, permitindo-
nos intervir de forma mais eficiente. Segundo Kazazian (2009), o papel do designer
se distingue de outras profissões, podendo ser transversal, integrador e dinâmico
entre ecologia e concepção de produtos, inovações econômicas e tecnológicas,
necessidades e novos hábitos.
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Dougherty (2011) faz uma analogia do papel do design, usando três formas
de pensar: como manipulador de materiais, criador de mensagens e agente de
mudanças, onde cada forma é incorporada às outras.
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UNIDADE Sustentabilidade e a Crise Ambiental
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Design for sustainability: a step-by-step approach
CRUL, M. R. M.; DIEHL, J. C. Design for sustainability: a step-by-step approach.
United Nations Environment Programme (UNEP) e Delft University of Technology, 2010
https://goo.gl/ZTE5Lc
Ecological design: inventing the future
Ecological design: inventing the future. Dir. Brian Danitz; Christopher Zelov. [20--].
https://goo.gl/r5tGcu
Livros
Discurso do Método
DESCARTES, René. Discurso do método. Trad. Paulo Neves. São Paulo: L&PM, 2005.
Vídeos
The Story of Stuff
https://youtu.be/9GorqroigqM
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Referências
BORGES, Adélia (curadoria). III Bienal Brasileira de Design. Curitiba, PR : Centro
de Design Paraná, 2010. Disponível em: <https://www.cbd.org.br/wp-content/
uploads/2013/02/Catalogo_Bienal_2010_1.pdf>. Acesso em: 09 mar. 2018.
DOUGHERTY, Brian. Design gráfico sustentável. São Paulo: Edições Rosari, 2011.
ELKINGTON, John. Canibais com garfo e faca. São Paulo: Editora Makron
Books, 2001
WWF – WORLD WIDE FUND FOR NATURE. Living planet report 2012: biodiversity,
biocapacity and better choices. Switzerland: 2012. Disponível em: <http://wwf.panda.
org/about_our_earth/all_publications/>. Acesso em: 06 abr. 2018.
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Design Sustentável e
Responsabilidade Social
Material Teórico
Design e Desenvolvimento Sustentável
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Design e Desenvolvimento Sustentável
• Interdependência;
• Ciclos de Vida de um Produto;
• Integração de Requisitos Ambientais ao Design;
• Metodologia de Design Orientada por Critérios Ecológicos;
• Os R da Sustentabilidade;
• Consumo Sustentável;
• Comunicação dos Aspectos Ambientais.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Apresentar conceitos de design e sustentabilidade, seu papel de pro-
jetista consciente e sua possível influência nos processos produtivos.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Design e Desenvolvimento Sustentável
Interdependência
Conforme foi visto na Unidade anterior, economia e ecologia podem e devem
caminhar juntas. As raízes etimológicas da economia evocam uma gestão do patri-
mônio sem despesa inútil; enquanto a ecologia designa o estudo das relações que
se produzem no espaço vivo.
A pergunta que fica é como gerir o patrimônio comum evitando perdas irrever-
síveis? Como promover ações em ambientes com relações tão complexas?
Essa interdependência é uma poderosa bússola que nos mostra a direção a ser toma-
da, seja dos ciclos biológicos ou técnicos. Qualquer fenômeno repercute no conjunto. O
caos é uma ordem natural cuja complexidade ainda ultrapassa a nossa compreensão.
dentro da teoria do caos. Esse efeito foi analisado pela primeira vez em 1963 por Edward
Lorenz. Segundo a cultura popular, a teoria apresentada, o bater de asas de uma simples
borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez provocar um tufão do
outro lado do Planeta. Assim, a teoria do caos nos leva a um convite para a criação conjunta.
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Matérias-primas Fabricação Distribuição Utilização Resíduos
Figura 1 – Esquema linear unidirecional da economia baseado na roda estratégica de design para a
sustentabilidade do livro Design for sustainability: a step-by-step approach
Fonte: Adaptado de Kazazian, 2009 e Crul e Diehl, 2010
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UNIDADE Design e Desenvolvimento Sustentável
Além disso, os produtos podem ser projetados de modo que os materiais possam
ser devolvidos com segurança ao ecossistema como “nutrientes biológicos”, biode-
gradando-se e construindo um solo saudável – o resíduo vira alimento para o sistema.
A história das coisas – The story of stuff – é um documentário que aborda o consumo exagerado
Explor
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Integração de Requisitos
Ambientais ao Design
O ecodesign, cuja primeira definição foi dada pelo designer Victor Papanek,
participa de um processo que tem por consequência tornar a economia mais “leve”.
Chamado também de ecoconcepção, trata-se de uma abordagem que consiste em
reduzir os impactos de um produto, ao mesmo tempo que conserva a sua qualidade
de uso – funcionalidade e desempenho –, melhorando a qualidade de vida dos
usuários. Nessa abordagem, o meio ambiente é tão importante quanto a execução
técnica, o controle de custos ou a demanda do mercado.
Ademais, existem três níveis gerais e possíveis de interferência dentro dos ciclos
técnicos de produto:
1. Otimização para diminuir os impactos ambientais;
2. Modificar o produto, mantendo a forma de uso semelhante;
3. Substituir o produto por serviço, com os mesmos benefícios.
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UNIDADE Design e Desenvolvimento Sustentável
Em cada etapa do ciclo de vida é possível usar várias estratégias que resultarão
em produtos mais sustentáveis. Vejamos algumas sugestões conforme cada etapa:
• Pré-produção:
»» Reduzir a utilização de recursos naturais e de energia;
»» Usar materiais não exauríveis – esgotáveis;
»» Usar materiais não prejudiciais – danosos e perigosos;
»» Usar materiais reciclados;
»» Usar materiais recicláveis;
»» Usar materiais renováveis.
• Produção:
»» Escolha de técnicas alternativas de produção;
»» Menos processos produtivos;
»» Pouca geração de resíduo;
»» Redução da variabilidade dos produtos;
»» Reduzir o consumo de energia;
»» Utilizar tecnologias apropriadas e limpas.
• Distribuição:
»» Escolha dos meios mais eficientes de transporte;
»» Logística eficiente;
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» Redução de peso;
» Redução de volume.
• Uso:
» Assegurar a estrutura do produto;
» Aumentar a confiabilidade e durabilidade;
» Design clássico;
» Incentivar o uso compartilhado;
» Escolher uma fonte de energia limpa;
» Intensificar uso e cuidado do produto;
» Reduzir a quantidade ou volume de materiais de consumo requeridos;
» Tornar a manutenção e reparos mais fáceis.
• Descarte:
» Agrupar materiais nocivos em submontagens;
» Aumentar o ciclo de vida e as possibilidades de manutenção e reparação;
» Concentrar materiais poluentes ou recicláveis em um mesmo módulo;
» Converter os componentes em reposições;
» Definir os componentes que são consumidos mais rapidamente;
» Desenvolver o produto para a desmontagem simples e pessoal não treinado;
» Dividir os componentes que são consumidos mais rapidamente;
» Eliminar superfícies possíveis de desgaste;
» Estimular a remanufatura e reforma;
» Estimular a reutilização do produto inteiro;
» Evitar a combinação com materiais corrosivos e perecíveis;
» Evitar acabamentos secundários – pintura, revestimentos etc.;
» Evitar partes e materiais que possam estragar os equipamentos;
» Fácil acesso a partes nocivas, valiosas e reutilizáveis;
» Facilitar a desmontagem;
» Facilitar a reciclagem – de qualidade (“berço ao berço”);
» Favorecer o uso do monomaterial;
» Identificar os componentes para facilitar a desmontagem e reciclagem;
» Minimizar elementos de fixação;
» Prover fácil acesso aos pontos de separação, quebra ou corte, incluindo sinal
no ponto de quebra;
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UNIDADE Design e Desenvolvimento Sustentável
Os R da Sustentabilidade
Conhecidos também como os 3 R da sustentabilidade – Reduzir, Reutilizar e
Reciclar –, tratam-se de ações práticas que visam estabelecer uma relação mais
harmônica entre a pessoa e meio ambiente. Adotando tais práticas, é o início para
favorecer o desenvolvimento sustentável, vejamos alguns de seus aspectos:
• Reduzir – significa usar o mínimo necessário de materiais, sem danificar a
qualidade técnica e de uso de um produto, economizando recursos essenciais
como água, energia e matérias-primas na sua produção;
• Reutilizar – no início de um projeto é possível prever potenciais reutilizações de
um produto, tornando-o multifuncional e escolhendo materiais mais duráveis.
Reutilizando, economizamos na fabricação, assim como na energia usada, no
combustível empregado no transporte e na matéria-prima escolhida. O ciclo
de vida é prolongado, evitando o seu descarte imediato após o uso;
• Reciclar – é quase uma obrigação nos dias atuais e não deve ser a primeira op-
ção, afinal, o projeto deve priorizar a redução e reutilização. O primeiro passo
é desenvolver produtos monomateriais ou com materiais de fácil separação por
tipo e qualidade. Ademais, os produtos recicláveis devem ser encaminhados
para empresas ou cooperativas de trabalhadores de reciclagem, a fim de serem
transformados novamente em matéria-prima para voltar ao ciclo produtivo;
• Considerar o produto como um sistema – constituído tanto por componentes
consumíveis, quanto por peças de troca, suportes publicitários, embalagens
utilizadas em todo o sistema;
• Priorizar a finalidade de utilização – acima de tudo, privilegiar o uso do
produto e sua finalidade com o objetivo de sintetizar em um objeto material,
podendo ser transformado em um serviço, iniciando uma cadeia de atores que
colaboram em uma abordagem transversal e multidisciplinar.
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A ecoconcepção, pensando em cada etapa do ciclo de vida, integra-se em uma
abordagem responsável. Os consumidores estão cada vez mais sensíveis a iniciativas
com o principal objetivo de redução dos seus impactos ambientais, como também
a gestão dos resíduos em fim de vida.
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UNIDADE Design e Desenvolvimento Sustentável
Figura 5
Fonte: Divulgação
Figura 6
Fonte: Divulgação
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4. Lemnis Lighting:
• Design: Celery Design;
• Produção: Taedda, Sengés, PR;
• Descrição: as lâmpadas consomem 90% a menos de energia se compara-
das às incandescentes, e quase a metade de energia quando confrontadas
às Fluorescentes (CFL). Além disso, duram 35 anos – oito vezes mais que as
fluorescentes – e não contêm mercúrio tóxico. Trata-se de um produto mais
caro – 25 dólares –, mas a longo prazo, cada lâmpada representa a economia
de cerca de 250 dólares para o usuário. O formato escolhido foi uma pirâmide
truncada, que se destaca nas prateleiras e acomoda firmemente a lâmpada em
seu interior. Tal formato é uma referência ao nome da lâmpada – Pharoz –,
em homenagem ao farl, que foi uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo.
Encaixa-se confortavelmente nos contêineres de embarque, tornando-a uma
boa solução de “design para a distribuição”. O papel é totalmente reciclado
pós-consumo e o formato foi estudado para caber seis caixas em uma folha de
impressão, a qual é dobrada e fechada sem o uso de adesivo, o que facilita a
reciclagem (DOUGHERTY, 2011).
Figura 7
Fonte: Divulgação
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UNIDADE Design e Desenvolvimento Sustentável
5. Árvore Generosa:
• Design: Pedro Useche, São Paulo, SP;
• Produção: Taedda, Sengés, PR;
• Descrição: uma placa de pinus de reflorestamento
com certificação FSC gera um mancebo-estante. O
desafio do designer foi chegar a um projeto em que
não houvesse sobra de material, o que conseguiu
graças ao corte feito em usinagem em Controle Nu-
mérico Computadorizado (CNC). Por se tratar de
um móvel de madeira maciça, pode ser utilizado por
mais de trinta anos. Sua criação teve como inspira-
ção o livro A árvore generosa, de Shel Silverstein,
de 1964, uma fábula sobre a relação entre um me-
nino e uma árvore. A peça chega desmontada ao
consumidor, acompanhada do livro, de forma que
compartilhe uma reflexão sobre sustentabilidade
(BORGES, 2010). Figura 8
6. Módulo Arco:
• Design: Diogo Lage, Eduardo Cronemberger e Gil Guigon, Rio de Janeiro, RJ;
• Produção: Habto Design, Rio de Janeiro, RJ;
• Descrição: madeira teca com certificação FSC e revestimento de laminado de
Politereftalato de Etileno (PET) reciclado nas cores branca ou preta – são as
matérias-primas deste móvel que pode ser usado como mesa lateral, estante,
mesa de centro, entre outras formas. O módulo pode ser transportado e ar-
mazenado, ocupando apenas um quinto do seu volume, o que gera economia
de recursos e energia. A economia ocorre não apenas na entrega do produto
da fábrica até a casa do consumidor, mas também nas mudanças de casas das
pessoas ou no seu armazenamento quando fora de uso (BORGES, 2010).
Figura 9
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Consumo Sustentável
Vários especialistas concordam em considerar a educação a principal ferramen-
ta para despertar a consciência ambiental. Essa proposta tende a ser mais lenta
e ampla que as anteriores, pois além das inovações tecnológicas e das mudanças
nas escolhas individuais de consumo, enfatiza ações coletivas e mudanças políticas,
econômicas e institucionais para fazer com que os padrões e níveis de consumo se
tornem mais sustentáveis.
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UNIDADE Design e Desenvolvimento Sustentável
Rotulagem ambiental:
É uma ferramenta de comunicação que objetiva aumentar o interesse do consu-
midor por produtos de menor impacto, possibilitando a melhoria ambiental contí-
nua orientada pelo mercado. Esse tipo de rotulagem agrega um diferencial e, por
isso mesmo, deve ser usado com ética e transparência para não confundir, iludir e
tampouco distorcer conceitos de sustentabilidade.
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Autodeclaração ambiental com selos de certificação:
Os selos de certificação são quase sempre apontados como soluções para a
divulgação de aspectos técnicos e complexos em um produto; em grande medida
porque oferecem uma informação mais segura e confiável para o consumidor
tomar uma decisão de consumo responsável, sem a necessidade de se tornar um
expert em ecologia.
Conferida por uma organização certificadora idônea, após análise rigorosa dos
seus aspectos específicos, a imagem de um selo, com destaque na embalagem de
um produto, contribuiria para atender à tendência da mente humana de buscar
o mínimo esforço na hora de juntar informações para uma tomada de decisão;
funciona também como uma chancela de aprovação.
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UNIDADE Design e Desenvolvimento Sustentável
Em comum, esses selos são independentes, dado que possuem critérios rígidos
e avaliações contínuas. Todos desfrutam de alta credibilidade e representam um
guia seguro para os consumidores, não sofrendo os efeitos da desconfiança que
costuma recair sobre os selos autorreguladores, adotados sem verificação externa,
por empresas ou segmentos empresariais.
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Dito de outra forma, greenwashing é um termo utilizado para designar um
procedimento de marketing empregado por uma organização com o objetivo de
prover uma imagem ecologicamente responsável dos seus produtos ou serviços. Com
o objetivo de descrever, entender e quantificar o crescimento do greenwashing no
mercado, a consultora de marketing ambiental canadense TerraChoice desenvolveu
uma metodologia de pesquisa em que, por meio dos padrões observados, classificou
tais apelos falsos ou duvidosos em sete categorias, chamadas de The seven sins
of greenwashing – Os sete pecados da rotulagem ambiental: custo ambiental
camuflado; falta de prova; incerteza; culto a falsos rótulos; irrelevância; do “menos
pior”; e mentira (TERRACHOICE; MARKET ANALYSIS, 2010).
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UNIDADE Design e Desenvolvimento Sustentável
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Ecodesign
https://goo.gl/iW9j2i
CARBON TRUST. [Organização mundial de suporte à sustentabilidade]
http://www.carbontrust.com
ECO MARK PROGRAM. [Associação ambiental japonesa]
http://www.ecomark.jp/english
The EU Ecolabel
https://goo.gl/180hB
Der Blaue Engel
http://www.fairtrade.net
Ecologo
http://www.fairtrade.net
The international Fairtrade system
http://www.fairtrade.net
GREEN SEAL
http://www.greenseal.org
Livros
Greenwashing no Brasil: um estudo sobre os apelos ambientais nos rótulos dos produtos
TERRACHOICE; MARKET ANALYSIS. Greenwashing no Brasil: um estudo sobre
os apelos ambientais nos rótulos dos produtos. Florianópolis, SC, 2010.
Vídeos
The Story of Stuff
https://youtu.be/9GorqroigqM
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Referências
ASHBY, M.; JONHSON, K. Materiais e design: arte e Ciência da seleção de
materiais no design de produto. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
______. NBR ISO 14040: gestão ambiental: avaliação do ciclo de vida: princípios
e estrutura. Rio de Janeiro, 2009.
______. NBR ISO 14020: rótulos e declarações ambientais: princípios gerais. Rio
de Janeiro, 2002.
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UNIDADE Design e Desenvolvimento Sustentável
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Design Sustentável e
Responsabilidade Social
Material Teórico
Materiais
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Alessandra Fabiana Cavalcanti
Materiais
• Recursos Naturais;
• Os Rs;
• Os Resíduos Sólidos;
• Avaliação dos Impactos Ambientais;
• Comunicação;
• Desmaterialização.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Conhecer os principais materiais utilizados no design e seus impac-
tos na fabricação, uso e descarte.
· Refletir sobre o consumo consciente de produtos e a interferência
do projeto.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Materiais
Recursos Naturais
As etapas de produção de qualquer produto são muito diversificadas, exigindo um
amplo leque de recursos naturais e industriais. A exploração das florestas em busca
de madeira para transformar em papel; a extração de minerais para a produção
de metais; a areia para a produção do vidro; e a química do petróleo para resinas
sintéticas servem de base para boa parte dos produtos vendidos hoje.
Ar e água
O ar e a água são recursos frágeis, que devem ser explorados com muita pre-
caução. A poluição dos rios, dos mares e a degradação da qualidade do ar são
problemas graves e de grande complexidade de se encontrar soluções. Os proces-
sos industriais já incluem formas de minimizar, porém ainda estão longe de serem
100% eficientes, pois ainda produzem produtos com projetos que não colocam
esses recursos como prioridade.
Ar
A poluição do ar é sem dúvida um dos mais perniciosos dos problemas ligados
à proteção ambiental. A fumaça das chaminés das fábricas e dos gases dos
escapamentos dos carros são os problemas mais visíveis, porém dentro do processo
industrial o uso de produtos químicos impacta o ar, podendo causar doenças
em seus funcionários e na população ao redor. O uso massivo de solventes, por
exemplo, serve para a limpeza de equipamentos, para a diminuição da viscosidade
das tintas, chegando até a participar diretamente de usa produção. Os solventes
químicos estão em todos os lugares e alguns são extremamente tóxicos, fazendo
parte dos compostos orgânicos voláteis (COV) que quando inspirados causam
grandes problemas à saúde. Na escolha de fornecedores, é importante identificar se
em seu processo são usados filtros eficientes para minimizar esse tipo de impacto,
ou que solventes à base de água.
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Água
A água, essencial para a sobrevivência humana, tornou-se um recurso crítico, e
pouco valorizado ao longo do desenvolvimento humano. A agricultura e as indús-
trias são seus principais consumidores.
· Falta de saneamento;
· Falta de coleta de esgoto;
· Terrenos impermeáveis.
Petróleo
Após a era do carvão, a economia atual se baseia na energia fornecida pelo pe-
tróleo, porém a disponibilidade desse recurso fóssil é tema de debate. Sua renova-
ção não acontece no mesmo ritmo do consumo humano, sendo, por esse motivo,
considerado um recurso finito, colocando o mundo em ameaça por sua escassez;
onde guerras acontecem em seu nome.
Energia
A energia é um setor econômico e ecológico estreitamente ligado. Boa parte da
energia produzida no mundo vem da queima e de matérias-primas como o carvão
ou o petróleo. Após a Segunda Guerra Mundial, começaram a surgir outras fontes
de energia com o objetivo de minimizar a dependência do petróleo, e buscar outras
fontes de energia mais limpas.
Se analisarmos o ciclo de vida de qualquer produto, a energia é atuante em todas
as suas etapas e um dos grandes causadores do impacto ambiental.
O Brasil, como país privilegiado de recursos hídricos, tem como matriz energética
as hidrelétricas, considerada energia limpa, por não emitir gazes poluidores. O que
demanda grandes áreas inundadas para a contenção e a produção dessa energia,
provocando um grande impacto no seu entorno.
As fontes de energia alternativa são aquelas que se apresentam ao uso das fontes
tradicionais de energia (petróleo, gás natural, hídrica e carvão mineral, principal-
mente). As fontes alternativas de energias são renováveis, pouco ou não poluentes,
além de apresentar a vantagem de ter baixos índices de agressão ambiental.
Exemplos de fontes alternativas de energia;
· Energia eólica – gerada a partir do vento;
· Energia solar (fotovoltaica) – gerada a partir dos raios solares;
· Energia geotérmica – obtida a partir do calor contida nas camadas mais
profundas da terra;
· Energia mare motriz (das marés) – gerada a partir da energia contida nas
ondas do mar;
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9
UNIDADE Materiais
Madeira
Para se produzir uma tonelada de papel são necessárias até 3 (três) toneladas
de madeira (10 a 20 árvores), aproximadamente 10 mil litros de água (mais do que
qualquer outra atividade industrial) e 5 mil kW/hora de energia, (o quinto lugar na
lista das atividades industriais que mais consomem energia) (IDEC,2004).
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Os Rs
Os “Rs” foram criados, originalmente, como sendo os 3 (Reduzir, Reutilizar e
Reciclar). Eles surgiram como resultado da Segunda Guerra Mundial. Na época,
devido à guerra, havia escassez de materiais e a implementação da política dos
Rs era para ajudar as empresas a lidarem com a falta de recursos. Ao fim da
Segunda Guerra Mundial, o conceito dos 3 Rs foi se popularizando à medida que
crescia a preocupação pelo implemento de políticas ambientais.
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UNIDADE Materiais
Os Resíduos Sólidos
Um dos marcos legais para a gestão de resíduos sólidos no Brasil foi a publicação
da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal no. 12.305/10) e sua regula-
mentação pelo Decreto Federal no. 7.404/10.
Tabela 1
Resíduo Sólido Rejeito
O rejeito é o resíduo após todas as possibilidades de
O resíduo sólido é gerado a partir da sobra de determinado
×
reaproveitamento ou de reciclagem já terem sido esgotadas
produto (embalagem, casca) ou processo (uso do produto),
e não houver solução final para o item ou parte dele.
mas pode ser consertado, servir para outra finalidade
As únicas destinações plausíveis são encaminhá-lo para um
(reutilização) ou até ser reciclado.
aterro sanitário licenciado ambientalmente ou incineração.
Fonte: Definição da Política Nacional de Resíduos Sólidos, 2014
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rios ou em área de atendimento médico nas dependências da indústria devem
ser tratados como Resíduos de Serviços de Saúde, observando a Resolução
CONAMA nº 358/ 05 (Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos
resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências) e de legislações locais.
• Resíduos da construção civil: são gerados nas construções, nas reformas,
nos reparos e nas demolições de obras de construção civil, incluídos os resul-
tantes da preparação e da escavação de terrenos para obras civis. As obras
de construção civil realizadas pela organização (reformas, ampliações, etc.)
devem observar a Resolução CONAMA nº 307/02, que estabelece diretrizes,
critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil.
• Resíduos de serviços de transportes: são originários de portos, de aeropor-
tos, de terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e de passagens de
fronteira.
• Resíduos de mineração: são gerados na atividade de pesquisa, de extração
ou de beneficiamento de minérios.
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UNIDADE Materiais
Não geração
Redução
PRIORIDADE
Reutilização
Reciclagem
Tratamento
Rejeito
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Desta forma, inúmeros programas e instrumentos de gestão ambiental são uti-
lizados para que os processos 100% eficientes possam ser atingidos e, se não
atingido, controlado e seus rejeitos gerenciados em acordo com boas práticas e
legislações aplicáveis.
Para que uma organização alcance uma meta de geração de rejeitos nula ou
mesmo que reduza de forma significativa os resíduos sólidos que origina, é impor-
tante que uma avaliação completa de seu processo e atividades de suporte ao mes-
mo seja realizada, para a identificação de oportunidades de melhoria e um novo
projeto de design.
Rejeito Zero significa uma economia 100% eficiente em termos de
recursos, onde, como na natureza, os fluxos de materiais são cíclicos e
tudo é reutilizado ou reciclado sem causar danos de volta à sociedade
ou à natureza. Nesse conceito a palavra “Rejeitos” deixa de existir,
porque tudo será visto como um recurso. (World Business Council for
Sustainable Development-WBCSD, 2002).
Logística Reversa
Conforme a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a logística reversa é um ins-
trumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto
de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos
resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em
outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada.
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UNIDADE Materiais
A Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) assegura uma análise sistemática dos im-
pactos ambientais. Tem por objetivo garantir que responsáveis pela tomada de decisão
apresentem soluções adequadas à população e ao meio ambiente, gerando medidas de
controle e de proteção, medidas mitigadoras e compensatórias, conforme o impacto.
Metodologia
Os métodos ou as técnicas de avaliação dos impactos visam a identificar, avaliar
e sintetizar os efeitos de um determinado projeto ou programa nas áreas de influ-
ência ambiental de um determinado empreendimento.
O diagnóstico ambiental visa a dar uma visão geral dos impactos e de sua carac-
terização, analisando as interações com o ambiente, produzidas pela implantação e
pela operação do empreendimento, geradoras dos impactos ambientais.
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Comunicação
As declarações ambientais apresentam-se como importantes aliadas da comuni-
cação dos valores ambientais de um produto para o consumidor, pois, ao mesmo
tempo em que valorizam o desenvolvimento do setor produtivo, convidam a socie-
dade a repensar seus hábitos de consumo.
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UNIDADE Materiais
×
impacto, possibilitando a melhoria ambiental contínua fortalecendo a cadeia de reciclagem. Todas as embalagens
orientada pelo mercado. Esse tipo de rotulagem agrega um devem conter esta identificação técnica, mesmo que na
diferencial e, por isso mesmo, deve ser usado com ética e prática nem todas sejam enviadas para reciclagem, por não
com transparência para não confundir, iludir e tampouco existirem processos técnicos ou economicamente viáveis na
distorcer conceitos de sustentabilidade. região em que foram descartadas.
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Figura 3 – Símbolo do Descarte Seletivo
Fonte: ABRE, 2012
A assimilação dos dados apresentados nos selos exige tempo, esforço e deman-
da cognitiva. Comunicado de forma rápida e compreensível a uma primeira olhada,
o selo de certificação seria uma espécie de “marca verde”, dispensando o consumi-
dor do trabalho de organizar informações complexas.
Os primeiros selos obrigatórios surgiram na Europa, nos anos 1940, com caráter
de advertência. Eles tinham a função de destacar a presença de substâncias quími-
cas potencialmente danosas à saúde do consumidor. Atualmente, os selos também
têm a função de enfatizar questões específicas como a pegada de carbono, os ali-
mentos orgânicos, a presença de transgênicos e o comércio justo.
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UNIDADE Materiais
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Sua metodologia se apoia na Análise do Ciclo de Vida (ACV), contemplando
os seguintes elementos: extração e processamento de matéria-prima, fabricação,
transporte e distribuição, usos do produto, reutilização, manutenção, reciclagem,
descarte final, ingredientes ou restrições a materiais utilizados e desempenho am-
biental do processo de produção.
A evolução no uso de certificações pode e deve ser vista como um passo im-
portante na busca por processos industriais mais sustentáveis. Se usadas com se-
riedade, representam uma oportunidade real de engajamento do setor privado na
solução de problemas ambientais em escala apropriada, além de um instrumento
tangível de medição de impacto.
organização com o objetivo de prover uma imagem ecologicamente responsável dos seus
produtos ou serviços. Com o objetivo de descrever, de entender e de quantificar o crescimento
do greenwashing no mercado, a consultora de marketing ambiental canadense TerraChoice
desenvolveu uma metodologia de pesquisa em que, através dos padrões observados, classificou
tais apelos falsos ou duvidosos em sete categorias, chamadas de The seven sins of greenwashing:
custo ambiental camuflado; falta de prova; incerteza; culto a falsos rótulos; irrelevância; do
“menos pior”; e mentira (TERRACHOICE, 2010).
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UNIDADE Materiais
Desmaterialização
Manzini em seu livro “O desenvolvimento de produtos sustentáveis: os requisitos
ambientais dos produtos industriais” (Edusp/2002) traz a abordagem do conceito
de ecodesign que estava centrada no ciclo de vida de um produto (como reduzir
gastos com matéria-prima, energia e lixo, desde o nascimento até o descarte de
um artefato).
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Associação Brasileira de Normas Técnicas
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
https://goo.gl/htTbjH
Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólido
Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólido (Sinir)
https://goo.gl/G7w6K3
Materiotecas
https://goo.gl/oUeYGe
https://goo.gl/419Ps7
https://goo.gl/VKDdsj
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UNIDADE Materiais
Referências
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ISO/TR 14062:
Gestão ambiental: integração de aspectos ambientais no projeto e no desenvolvi-
mento do produto. Rio de Janeiro, 2004.
________. NBR ISO 14040. Gestão ambiental: avaliação do ciclo de vida: princí-
pios e estrutura. Rio de Janeiro, 2009.
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IDEC. O lado escuro do papel. Revista do IDEC, São Paulo, v. 1, ed. 77, mai.
2004. Disponível na internet em: <http://www.idec.org.br/uploads/revistas_ma-
terias/pdfs/2004-04-ed77-servico-ambiente.pdf>. Acesso em: 31 mar. 2018.
TWEDE, D.; GODDARD, R. Materiais para embalagens. São Paulo: Blucher, 2009.
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25
Design Sustentável e
Responsabilidade Social
Material Teórico
Responsabilidade Social
Revisão Textual:
Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento
Responsabilidade Social
• A Ética no Projeto;
• O Papel Social do Designer;
• Aprender com Outras Culturas;
• Multidisciplinaridade;
• Inclusão Social;
• Comércio justo;
• Colaboração;
• Conclusão .
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Conscientizar o profissional sobre o seu papel social na no mundo
através de seus projetos. Promover o Design inclusivo e projetos
mais colaborativos.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Responsabilidade Social
A Ética no Projeto
A definição do que é a ética surgiu no início da Grécia antiga, basicamente é o que
determina modo de ser, de agir e costumes. É a parte da filosofia que estuda racional-
mente se a moral é injusta ou justa, esses termos viraram sinônimo de comportamento.
Segundo o Dicionário Eletrônico Houaiss, ética é: parte da filosofia responsável pela inves-
Explor
Segundo esse documento, o designer deve, com a sua atividade, suprir necessi-
dades humanas por meio de sua competência, da sua criatividade, do seu método;
deve ser sensível às prioridades sociais e culturais; deve conhecer as tendências cor-
rentes e a multiplicidade de parâmetros que as rege; deve consolidar os princípios
que regem a sua atuação profissional. Para isso, o design se constitui coletivamente
pela contribuição de cada profissional.
Cada um desses tópicos suscita uma série de debates que devem ser coletivamente
aprofundados para levarem a posicionamentos efetivos e consistentes. É imperativo
que sejam retomadas e ampliadas as discussões sobre as regras que pautam
8
as relações humanas envolvidas no processo de design, seja elas no plano das
relações de trabalho, de desenvolvimento de projeto, de uso e de pós-uso. Já têm
se destacado os balizamentos legais em relação à preservação do meio ambiente.
A inteligência dos produtos e serviços não está somente na tecnologia utilizada, e sim
Explor
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UNIDADE Responsabilidade Social
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mais importantes são o reconhecimento, a qualificação e a valorização do saber
tradicional, para chegar assim a um preço justo ao consumidor e a uma remuneração
justa da comunidade, bem como do próprio designer.
Multidisciplinaridade
As etapas para o desenvolvimento de produtos digitais de qualidade demandam
conhecimentos de diversas áreas para serem realizadas. A razão para tal é que
projetos desta natureza podem ser altamente complexos e exigem fases bastante
diversificadas, como a elaboração do conceito do projeto e funcionalidades do
produto, a arquitetura da informação, design visual, de interação e experiência,
além das fases de programação e gestão de projetos de produtos.
A formação de um bom designer deve acima de tudo estar atualizado nas mais
diversas áreas de conhecimentos e das áreas técnicas e humanas. As bases do
design envolvem tanto inovações tecnológicas como a integração de disciplinas
estabelecidas pelas áreas humanas.
Inclusão Social
Infelizmente, uma pequena parte dos projetos desenvolvidos pelos designers é
para uma população com condições econômicas melhores que a grande maioria. A
base do design é resolver problemas desenvolvendo produtos e serviços para todos,
e não apenas um diferencial estético.
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UNIDADE Responsabilidade Social
Importante! Importante!
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Um projeto justo é feito por pessoas para pessoas. Não estamos sozinhos no
mundo, precisamos da ajuda mútua e estar aberto a experiências e vivências de
pessoas com culturas diferentes e que possam ajudar no caminho da sustentabilidade
e inovação.
Comércio justo
Um projeto feito com comunidades apenas é efetivo se incluir economicamente
grupos de trabalhos que muitas vezes tem o conhecimento técnico mais não o valo-
riza, ficando dependente de atravessadores que vendem seus trabalhos e produtos
por um preço muito abaixo do que seria justo.
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UNIDADE Responsabilidade Social
Figura 2 – Selo da Fairtrade Labelling Os licenciados são empresas que têm o direito de
Organizations International (FLO) usar o selo de Fair Trade mediante o pagamento de
Fonte: Wikimedia Commons licenças, concedidas pelas iniciativas nacionais (movi-
mentos organizados que mantêm entidades de certificação e promovem as empre-
sas e produtos) ou pela Fairtrade Labelling Organizations International (FLO).
Colaboração
As etapas iniciais de um processo de solução influenciam de forma crucial o
sucesso e a direção no desenvolvimento de um produto. A compreensão dos pro-
blemas enfrentados pelos usuários e seus casos de uso são de extrema importância
para aqueles que buscam criar soluções de alto nível.
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Como aplicar o Codesign
Antes de iniciar a dinâmica, o designer deve levantar as hipóteses ou fatos que
mostrem os problemas e dores dos usuários, deixando claro para a equipe qual é o
problema que deve ser solucionado.
Figura 3
Fonte: iStock/Getty Images
Design comunitário
Esse método também é muito bom quando se busca trabalhar em alguma
comunidade mais pobre, geralmente distantes do acesso ao conhecimento mais
básico de projeto.
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UNIDADE Responsabilidade Social
Conclusão
Os valores apresentados ao longo das unidades deste curso apresentam princípios
para um bom design. O conceito do que é um bom design pode ser interpretado
de várias formas, dependendo do tipo de interesse de que o propaga, mas vimos
que os aspectos sociais e ambientais são primordiais para o sucesso pleno de um
projeto. A abordagem ampla e multidisciplinar de um problema é o ideal. Não
devemos nos limitar ao que o mercado já tem, mas ir além dele, nos envolvendo de
forma profunda, porém realista.
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Em Síntese Importante!
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UNIDADE Responsabilidade Social
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Design Other 90 Network
Catálogo da exposição “Design With The Other 90 Percent: Cities” (Design para
os outros 90 por cento: cidades organizadas pelo Cooper-Hewitt National Design
Museum em Nova York.
https://goo.gl/r1DuR5
Vídeos
Projeto Design Possível
https://youtu.be/MacvEd-km3Q
Processo Criativo - Design Thinking
https://youtu.be/Bwjwb5aIcZ8
Leitura
Artigo Design e Ética da Profa. Dra. Cyntia Malaguti e alunos
https://goo.gl/W2cgMd
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Referências
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO
26000. Diretrizes sobre responsabilidade social. Rio de Janeiro, 2010.
BRAGA, Marcos. O papel social do design gráfico: história, conceitos & atuação
profissional. São Paulo: Editora SENAC, 2011.
BORGES, Adélia. Designer não é personal trainer. São Paulo: Ed. Rosari. 2009
ESCOREL, Ana Luisa. O efeito multiplicador do design. São Paulo: Ed. Senca.
______. Design for the real world: human ecology and social change. London:
Thames & Hudson, 1985.
MORAES, Dijon de. Metaprojeto: o design do design. São Paulo: Blucher, 2010;
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