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Material Teórico
Design e Desenvolvimento Sustentável
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Design e Desenvolvimento Sustentável
• Interdependência;
• Ciclos de Vida de um Produto;
• Integração de Requisitos Ambientais ao Design;
• Metodologia de Design Orientada por Critérios Ecológicos;
• Os R da Sustentabilidade;
• Consumo Sustentável;
• Comunicação dos Aspectos Ambientais.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Apresentar conceitos de design e sustentabilidade, seu papel de pro-
jetista consciente e sua possível influência nos processos produtivos.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Design e Desenvolvimento Sustentável
Interdependência
Conforme foi visto na Unidade anterior, economia e ecologia podem e devem
caminhar juntas. As raízes etimológicas da economia evocam uma gestão do patri-
mônio sem despesa inútil; enquanto a ecologia designa o estudo das relações que
se produzem no espaço vivo.
A pergunta que fica é como gerir o patrimônio comum evitando perdas irrever-
síveis? Como promover ações em ambientes com relações tão complexas?
Essa interdependência é uma poderosa bússola que nos mostra a direção a ser toma-
da, seja dos ciclos biológicos ou técnicos. Qualquer fenômeno repercute no conjunto. O
caos é uma ordem natural cuja complexidade ainda ultrapassa a nossa compreensão.
dentro da teoria do caos. Esse efeito foi analisado pela primeira vez em 1963 por Edward
Lorenz. Segundo a cultura popular, a teoria apresentada, o bater de asas de uma simples
borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez provocar um tufão do
outro lado do Planeta. Assim, a teoria do caos nos leva a um convite para a criação conjunta.
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Matérias-primas Fabricação Distribuição Utilização Resíduos
Figura 1 – Esquema linear unidirecional da economia baseado na roda estratégica de design para a
sustentabilidade do livro Design for sustainability: a step-by-step approach
Fonte: Adaptado de Kazazian, 2009 e Crul e Diehl, 2010
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Além disso, os produtos podem ser projetados de modo que os materiais possam
ser devolvidos com segurança ao ecossistema como “nutrientes biológicos”, biode-
gradando-se e construindo um solo saudável – o resíduo vira alimento para o sistema.
A história das coisas – The story of stuff – é um documentário que aborda o consumo exagerado
Explor
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Integração de Requisitos
Ambientais ao Design
O ecodesign, cuja primeira definição foi dada pelo designer Victor Papanek,
participa de um processo que tem por consequência tornar a economia mais “leve”.
Chamado também de ecoconcepção, trata-se de uma abordagem que consiste em
reduzir os impactos de um produto, ao mesmo tempo que conserva a sua qualidade
de uso – funcionalidade e desempenho –, melhorando a qualidade de vida dos
usuários. Nessa abordagem, o meio ambiente é tão importante quanto a execução
técnica, o controle de custos ou a demanda do mercado.
Ademais, existem três níveis gerais e possíveis de interferência dentro dos ciclos
técnicos de produto:
1. Otimização para diminuir os impactos ambientais;
2. Modificar o produto, mantendo a forma de uso semelhante;
3. Substituir o produto por serviço, com os mesmos benefícios.
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Em cada etapa do ciclo de vida é possível usar várias estratégias que resultarão
em produtos mais sustentáveis. Vejamos algumas sugestões conforme cada etapa:
• Pré-produção:
»» Reduzir a utilização de recursos naturais e de energia;
»» Usar materiais não exauríveis – esgotáveis;
»» Usar materiais não prejudiciais – danosos e perigosos;
»» Usar materiais reciclados;
»» Usar materiais recicláveis;
»» Usar materiais renováveis.
• Produção:
»» Escolha de técnicas alternativas de produção;
»» Menos processos produtivos;
»» Pouca geração de resíduo;
»» Redução da variabilidade dos produtos;
»» Reduzir o consumo de energia;
»» Utilizar tecnologias apropriadas e limpas.
• Distribuição:
»» Escolha dos meios mais eficientes de transporte;
»» Logística eficiente;
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» Redução de peso;
» Redução de volume.
• Uso:
» Assegurar a estrutura do produto;
» Aumentar a confiabilidade e durabilidade;
» Design clássico;
» Incentivar o uso compartilhado;
» Escolher uma fonte de energia limpa;
» Intensificar uso e cuidado do produto;
» Reduzir a quantidade ou volume de materiais de consumo requeridos;
» Tornar a manutenção e reparos mais fáceis.
• Descarte:
» Agrupar materiais nocivos em submontagens;
» Aumentar o ciclo de vida e as possibilidades de manutenção e reparação;
» Concentrar materiais poluentes ou recicláveis em um mesmo módulo;
» Converter os componentes em reposições;
» Definir os componentes que são consumidos mais rapidamente;
» Desenvolver o produto para a desmontagem simples e pessoal não treinado;
» Dividir os componentes que são consumidos mais rapidamente;
» Eliminar superfícies possíveis de desgaste;
» Estimular a remanufatura e reforma;
» Estimular a reutilização do produto inteiro;
» Evitar a combinação com materiais corrosivos e perecíveis;
» Evitar acabamentos secundários – pintura, revestimentos etc.;
» Evitar partes e materiais que possam estragar os equipamentos;
» Fácil acesso a partes nocivas, valiosas e reutilizáveis;
» Facilitar a desmontagem;
» Facilitar a reciclagem – de qualidade (“berço ao berço”);
» Favorecer o uso do monomaterial;
» Identificar os componentes para facilitar a desmontagem e reciclagem;
» Minimizar elementos de fixação;
» Prover fácil acesso aos pontos de separação, quebra ou corte, incluindo sinal
no ponto de quebra;
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Os R da Sustentabilidade
Conhecidos também como os 3 R da sustentabilidade – Reduzir, Reutilizar e
Reciclar –, tratam-se de ações práticas que visam estabelecer uma relação mais
harmônica entre a pessoa e meio ambiente. Adotando tais práticas, é o início para
favorecer o desenvolvimento sustentável, vejamos alguns de seus aspectos:
• Reduzir – significa usar o mínimo necessário de materiais, sem danificar a
qualidade técnica e de uso de um produto, economizando recursos essenciais
como água, energia e matérias-primas na sua produção;
• Reutilizar – no início de um projeto é possível prever potenciais reutilizações de
um produto, tornando-o multifuncional e escolhendo materiais mais duráveis.
Reutilizando, economizamos na fabricação, assim como na energia usada, no
combustível empregado no transporte e na matéria-prima escolhida. O ciclo
de vida é prolongado, evitando o seu descarte imediato após o uso;
• Reciclar – é quase uma obrigação nos dias atuais e não deve ser a primeira op-
ção, afinal, o projeto deve priorizar a redução e reutilização. O primeiro passo
é desenvolver produtos monomateriais ou com materiais de fácil separação por
tipo e qualidade. Ademais, os produtos recicláveis devem ser encaminhados
para empresas ou cooperativas de trabalhadores de reciclagem, a fim de serem
transformados novamente em matéria-prima para voltar ao ciclo produtivo;
• Considerar o produto como um sistema – constituído tanto por componentes
consumíveis, quanto por peças de troca, suportes publicitários, embalagens
utilizadas em todo o sistema;
• Priorizar a finalidade de utilização – acima de tudo, privilegiar o uso do
produto e sua finalidade com o objetivo de sintetizar em um objeto material,
podendo ser transformado em um serviço, iniciando uma cadeia de atores que
colaboram em uma abordagem transversal e multidisciplinar.
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A ecoconcepção, pensando em cada etapa do ciclo de vida, integra-se em uma
abordagem responsável. Os consumidores estão cada vez mais sensíveis a iniciativas
com o principal objetivo de redução dos seus impactos ambientais, como também
a gestão dos resíduos em fim de vida.
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Figura 5
Fonte: Divulgação
Figura 6
Fonte: Divulgação
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4. Lemnis Lighting:
• Design: Celery Design;
• Produção: Taedda, Sengés, PR;
• Descrição: as lâmpadas consomem 90% a menos de energia se compara-
das às incandescentes, e quase a metade de energia quando confrontadas
às Fluorescentes (CFL). Além disso, duram 35 anos – oito vezes mais que as
fluorescentes – e não contêm mercúrio tóxico. Trata-se de um produto mais
caro – 25 dólares –, mas a longo prazo, cada lâmpada representa a economia
de cerca de 250 dólares para o usuário. O formato escolhido foi uma pirâmide
truncada, que se destaca nas prateleiras e acomoda firmemente a lâmpada em
seu interior. Tal formato é uma referência ao nome da lâmpada – Pharoz –,
em homenagem ao farl, que foi uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo.
Encaixa-se confortavelmente nos contêineres de embarque, tornando-a uma
boa solução de “design para a distribuição”. O papel é totalmente reciclado
pós-consumo e o formato foi estudado para caber seis caixas em uma folha de
impressão, a qual é dobrada e fechada sem o uso de adesivo, o que facilita a
reciclagem (DOUGHERTY, 2011).
Figura 7
Fonte: Divulgação
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5. Árvore Generosa:
• Design: Pedro Useche, São Paulo, SP;
• Produção: Taedda, Sengés, PR;
• Descrição: uma placa de pinus de reflorestamento
com certificação FSC gera um mancebo-estante. O
desafio do designer foi chegar a um projeto em que
não houvesse sobra de material, o que conseguiu
graças ao corte feito em usinagem em Controle Nu-
mérico Computadorizado (CNC). Por se tratar de
um móvel de madeira maciça, pode ser utilizado por
mais de trinta anos. Sua criação teve como inspira-
ção o livro A árvore generosa, de Shel Silverstein,
de 1964, uma fábula sobre a relação entre um me-
nino e uma árvore. A peça chega desmontada ao
consumidor, acompanhada do livro, de forma que
compartilhe uma reflexão sobre sustentabilidade
(BORGES, 2010). Figura 8
6. Módulo Arco:
• Design: Diogo Lage, Eduardo Cronemberger e Gil Guigon, Rio de Janeiro, RJ;
• Produção: Habto Design, Rio de Janeiro, RJ;
• Descrição: madeira teca com certificação FSC e revestimento de laminado de
Politereftalato de Etileno (PET) reciclado nas cores branca ou preta – são as
matérias-primas deste móvel que pode ser usado como mesa lateral, estante,
mesa de centro, entre outras formas. O módulo pode ser transportado e ar-
mazenado, ocupando apenas um quinto do seu volume, o que gera economia
de recursos e energia. A economia ocorre não apenas na entrega do produto
da fábrica até a casa do consumidor, mas também nas mudanças de casas das
pessoas ou no seu armazenamento quando fora de uso (BORGES, 2010).
Figura 9
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Consumo Sustentável
Vários especialistas concordam em considerar a educação a principal ferramen-
ta para despertar a consciência ambiental. Essa proposta tende a ser mais lenta
e ampla que as anteriores, pois além das inovações tecnológicas e das mudanças
nas escolhas individuais de consumo, enfatiza ações coletivas e mudanças políticas,
econômicas e institucionais para fazer com que os padrões e níveis de consumo se
tornem mais sustentáveis.
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Rotulagem ambiental:
É uma ferramenta de comunicação que objetiva aumentar o interesse do consu-
midor por produtos de menor impacto, possibilitando a melhoria ambiental contí-
nua orientada pelo mercado. Esse tipo de rotulagem agrega um diferencial e, por
isso mesmo, deve ser usado com ética e transparência para não confundir, iludir e
tampouco distorcer conceitos de sustentabilidade.
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Autodeclaração ambiental com selos de certificação:
Os selos de certificação são quase sempre apontados como soluções para a
divulgação de aspectos técnicos e complexos em um produto; em grande medida
porque oferecem uma informação mais segura e confiável para o consumidor
tomar uma decisão de consumo responsável, sem a necessidade de se tornar um
expert em ecologia.
Conferida por uma organização certificadora idônea, após análise rigorosa dos
seus aspectos específicos, a imagem de um selo, com destaque na embalagem de
um produto, contribuiria para atender à tendência da mente humana de buscar
o mínimo esforço na hora de juntar informações para uma tomada de decisão;
funciona também como uma chancela de aprovação.
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Em comum, esses selos são independentes, dado que possuem critérios rígidos
e avaliações contínuas. Todos desfrutam de alta credibilidade e representam um
guia seguro para os consumidores, não sofrendo os efeitos da desconfiança que
costuma recair sobre os selos autorreguladores, adotados sem verificação externa,
por empresas ou segmentos empresariais.
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Dito de outra forma, greenwashing é um termo utilizado para designar um
procedimento de marketing empregado por uma organização com o objetivo de
prover uma imagem ecologicamente responsável dos seus produtos ou serviços. Com
o objetivo de descrever, entender e quantificar o crescimento do greenwashing no
mercado, a consultora de marketing ambiental canadense TerraChoice desenvolveu
uma metodologia de pesquisa em que, por meio dos padrões observados, classificou
tais apelos falsos ou duvidosos em sete categorias, chamadas de The seven sins
of greenwashing – Os sete pecados da rotulagem ambiental: custo ambiental
camuflado; falta de prova; incerteza; culto a falsos rótulos; irrelevância; do “menos
pior”; e mentira (TERRACHOICE; MARKET ANALYSIS, 2010).
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Ecodesign
https://goo.gl/iW9j2i
CARBON TRUST. [Organização mundial de suporte à sustentabilidade]
http://www.carbontrust.com
ECO MARK PROGRAM. [Associação ambiental japonesa]
http://www.ecomark.jp/english
The EU Ecolabel
https://goo.gl/180hB
Der Blaue Engel
http://www.fairtrade.net
Ecologo
http://www.fairtrade.net
The international Fairtrade system
http://www.fairtrade.net
GREEN SEAL
http://www.greenseal.org
Livros
Greenwashing no Brasil: um estudo sobre os apelos ambientais nos rótulos dos produtos
TERRACHOICE; MARKET ANALYSIS. Greenwashing no Brasil: um estudo sobre
os apelos ambientais nos rótulos dos produtos. Florianópolis, SC, 2010.
Vídeos
The Story of Stuff
https://youtu.be/9GorqroigqM
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Referências
ASHBY, M.; JONHSON, K. Materiais e design: arte e Ciência da seleção de
materiais no design de produto. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
______. NBR ISO 14040: gestão ambiental: avaliação do ciclo de vida: princípios
e estrutura. Rio de Janeiro, 2009.
______. NBR ISO 14020: rótulos e declarações ambientais: princípios gerais. Rio
de Janeiro, 2002.
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