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Gestão Ambiental e

Responsabilidade Social
Material Teórico
Políticas Públicas Ambientais

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Nilza Maria Coradi de Araújo

Revisão Textual:
Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin
Políticas Públicas Ambientais

• Introdução
• Política Pública Ambiental Brasileira
• Avaliação de Impacto Ambiental no Brasil

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Tratar das políticas públicas ambientais, de seus instrumentos e da
Legislação brasileira envolvida nas questões ambientais e na avalia-
ção de impactos ambientais.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
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Procure manter indicações
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da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.

No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Políticas Públicas Ambientais

Introdução
Mais uma vez é importante enfatizar que o desenvolvimento da sociedade, quer
seja urbana, quer seja rural, ocorreu sem planejamento; portanto, de forma desor-
denada, implicando níveis crescentes de poluição e degradação ambiental.

Voltando um pouco no tempo, foi Aristóteles, que era considerado “o grande


teórico da cidade”, que evidenciou a preocupação com os impactos produzidos
pelo homem em grandes centros urbanos.

Essa perspectiva de planejamento vai desde a Grécia Antiga até a Revolução


Industrial, formulando-se, portanto, uma base teórica sobre construções de núcleos
populacionais (SANTOS, 2004).

No entanto, na Europa, no final do século XIX, eram poucos que se preocupavam


com a relação “construção das cidades e conservação da natureza”. Porém, é
importante ressaltar que um século depois da Revolução Industrial, diversos estudos
voltados à ecologia reorientaram a relação do homem com o meio ambiente
(SANTOS, 2004).

Para falarmos de Gestão Ambiental e Responsabilidade Social, precisamos


entender um pouco sobre as Políticas Públicas Ambientais. A gestão ambiental se
iniciou a partir do momento em que os problemas ambientais começaram a surgir.
Após a Revolução Industrial, tais problemas começaram a ganhar corpo e se deu
início ao tratamento desses problemas de modo sistemático.

Por um longo período, as iniciativas dos governos eram, em sua grande maioria,
de ordem corretiva, ou seja, os governos só tomavam uma atitude em relação
aos problemas ambientais depois que eles já estavam instalados, apesar de isso
ainda ocorrer. Foi a partir da década de 1970, que começaram a surgir políticas
governamentais em diversos países, que tratavam das questões ambientais de modo
mais integrado e de forma mais preventiva.

A Gestão Ambiental Pública é a ação do Poder Público conduzida segundo uma


Política Pública Ambiental. Entende-se por Política Pública Ambiental o conjunto
de objetivos, diretrizes e instrumentos de ação que o Poder Público dispõe para
produzir efeitos desejáveis sobre o meio ambiente (BARBIERI, 2012).

Com a diversidade das questões ambientais e a participação cada vez maior


dos estados nessas questões, surgiram vários instrumentos de Políticas Públicas
Ambientais com os quais o Poder Público pode contar para evitar mais problemas
ambientais e também para eliminar ou minimizar os já existentes.

Os instrumentos de Políticas Públicas podem ser explícitos ou implícitos. Os pri-


meiros são criados para atingir aspectos ambientais específicos, enquanto os segun-
dos alcançam os aspectos ambientais indiretamente, pois não foram criados para
isso. Alguns exemplos podem ser citados: uma Lei que ordena o trânsito de veículos
para evitar ou diminuir os congestionamentos, indiretamente promoverá a melhora

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da qualidade do ar; outro exemplo: investindo em Educação, a população se torna
mais consciente dos problemas ambientais, aumentando o número de pessoas que
irão cobrar melhor desempenho ambiental das empresas e dos órgãos ambientais.

Quando falamos de instrumentos de Política Pública Ambiental, estamos falando,


normalmente, dos instrumentos explícitos, que são classificados em três grupos:

» Instrumentos de comando e controle;


» Instrumento econômico; e
» Outros instrumentos.

Instrumentos de Comando e Controle, Econômicos e Tecnológicos


Os instrumentos de comando e controle têm como objetivo alcançar as ações
que degradam o meio ambiente, condicionando ou limitando o uso de bens. Sem-
pre amparado por normas legais, esse instrumento é manifestado por meio de
restrições, obrigações e proibições impostas às organizações e aos indivíduos. Os
que estabelecem padrões ou concentrações máximas aceitáveis de poluentes são
os instrumentos de controle mais conhecidos, e podem ser de três tipos: padrões
de emissão, de qualidade ambiental ou de estágio tecnológico.

Os padrões de emissão se referem aos lançamentos de poluentes individuali-


zados por fonte, que podem ser fixas ou móveis. Como exemplo das fontes fixas,
podemos citar os estabelecimentos de fábricas, e das fontes móveis os automóveis,
os caminhões etc.

Os padrões de qualidade ambiental se referem aos níveis máximos para os


poluentes constantes no meio ambiente, normalmente, relacionados ao solo, à
água e ao ar. Os níveis são estabelecidos, normalmente, como médias aritméticas
ou geométricas de concentração. Padrões de qualidade ambiental estão atrelados
às quantidades e às características das emissões das fontes.

O padrão tecnológico pode ser o que estabelece o controle da poluição das


fontes. Esse termo pode abranger máquinas, ferramentas, instalações, materiais,
avaliações de fornecedores, roteiro de produção, método de inspeção, treinamento
e planejamento da manutenção.

Definir padrões tecnológicos não é uma tarefa fácil, tanto porque as tecnologias
estão em constante evolução e são ativos privativos dos que as desenvolvem,
quanto porque uma melhor tecnologia para determinada finalidade nem sempre
está disponível para todos os agentes produtivos. Por isso, o padrão que será
adotado deve considerar a disponibilidade daquela tecnologia.

Outros instrumentos de controle são as proibições ou os banimentos de comercia-


lização, produção ou uso de produtos. Podemos dar como exemplo o licenciamento
ambiental para atividades ou obras com potencial poluidor e o zoneamento ambiental.
O zoneamento, por exemplo, restringe o direito de propriedade na medida em que
define categorias de zonas destinadas a unidades produtivas.

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UNIDADE Políticas Públicas Ambientais

Os instrumentos econômicos procuram influenciar o comportamento das


pessoas e das organizações em relação ao meio ambiente, utilizando medidas
que representem benefícios ou custos adicionais para elas (BARBIERI, 2012).
Temos dois tipos de instrumentos econômicos: fiscais e de mercado. Os Fiscais
são tributos ou subsídios que são realizados por transferências de recursos entre
agentes privados e públicos.

Os tributos ambientais transferem recursos dos agentes privados para o Setor


Público em decorrência de algum problema ambiental (BARBIERI, 2012).

A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE),


que reúne os países mais ricos de Economia de Mercado, denomina esses tributos
impostos e encargos ambientais. Já a União Europeia os denomina ecotaxas.

Há diversos tipos desses tributos e os mais conhecidos são: tributação sobre


emissões, que são encargos cobrados sobre a descarga de poluentes, que
normalmente são calculados baseados nas características dos poluentes e nas
quantidades emitidas por uma Empresa; tributação sobre a utilização de serviços
públicos de tratamento e coleta de efluentes; tributação sobre os preços dos produtos
que causam poluição ao serem utilizados pelo consumidor final ou no processo
de produção; tributação sobre produtos supérfluos; tributação sobre produtos em
alíquotas diferenciadas, marcando os produtos de acordo com o impacto ambiental,
no sentido de induzir o consumo e a produção de produtos menos prejudiciais ao
meio ambiente.

Os instrumentos tecnológicos podem reverter situações críticas em relação à


degradação ambiental. Algumas dessas ferramentas são, segundo Braga (2005):

»» Métodos de planejamento;
»» Modelos matemáticos;
»» Equipamentos para controle de poluição e processos alternativos menos
poluentes.

O desenvolvimento dessas ferramentas permitiu a correção de problemas já


existentes e a estimativa antecipada de efeitos e impactos de situações hipotéticas
futuras por meio de simulações, o que permitiu, ainda, conhecer determinados
limites, os quais têm de ser respeitados e valorizados, mostrando, portanto, que
a tecnologia é fundamental, mas não é capaz de resolver todos os problemas,
principalmente, quando alguns limites são alcançados, como é o caso do efeito
estufa e da depleção da camada de ozônio (BRAGA, 2005).

Um instrumento muito eficaz de prevenção de dano ambiental e que vale a pena


ser mencionado é a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), que é um instrumento
de Política Ambiental adotado por governos, em nível nacional, regional, estadual,
municipal, por organizações internacionais e por organizações privadas.

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Dessa forma, a AIA é reconhecida internacionalmente como um instrumento
eficaz de prevenção do dano ambiental e de promoção do desenvolvimento
sustentável (SÀNCHEZ, 2008).

A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) representou grande avanço em relação


às Políticas Ambientais, obrigando Estado e empresas a pensarem nos aspectos
ambientais nos estágios mais preliminares de um projeto. É um importante
instrumento de gestão, viabilizando, em longo prazo, empreendimentos, e evitando
erros que trariam custos ambientais e econômicos relevantes. Além disso, o estudo
de impacto ambiental torna o processo de licenciamento mais transparente, o
que permite que diferentes agentes sociais possam se envolver com o processo de
desenvolvimento e gestão de sua região (BRAGA, 2005).

Como um instrumento de política e gestão ambiental de projetos, a Avaliação


de Impacto Ambiental caracteriza-se por assegurar, desde o início do planejamento
de um projeto, que se faça o estudo sistemático dos impactos ambientais e das
alternativas viáveis, e que os resultados sejam apresentados de forma coerente ao
público e aos responsáveis pela tomada de decisão.

A sistematização da AIA como atividade obrigatória foi formalizada pelos


Estados Unidos por intermédio de uma Lei aprovada pelo Congresso Americano,
em 1969, vigorando a partir de 1970.

O processo de evolução da AIA se deu da seguinte forma, segundo Braga (2005):

» No período de 1950 e início de 1960, ocorreu uma crescente sensibilidade


de estudiosos, acadêmicos e gestores públicos que apontavam a necessidade
de criação de instrumentos mais eficientes para o licenciamento ambiental;

» No decorrer da década de 1960, ocorreu a consolidação do conceito de im-


pactos ambientais, corrente hoje em dia. Esse conceito demonstrou que a
avaliação podia ser feita de forma mais objetiva, de tal forma que pudesse ter
aceitação e representatividade social e, assim, transformar-se em um instru-
mento de tomada de decisões; para tanto, deveria ter características mínimas
regulamentadas, necessitando, dessa forma, de um documento público.

Munn (1975, apud BRAGA, 2005) dá uma versão de características básicas de


uma Avaliação de Impacto Ambiental:

a. Descrição das ações e alternativas propostas;


b. Previsão e intensidade dos efeitos ambientais;
c. Identificação das preocupações relevantes;
d. Listagem com os indicadores de impacto ambiental e definição recíproca de
sua magnitude;
e. A partir dos impactos previstos no item b, determinação dos valores de cada
indicador de impacto e, por fim, o impacto total.

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A eficiência dos instrumentos


Cada instrumento tem vantagens e desvantagens. Os instrumentos econômicos
têm sido apontados como mais eficientes para induzir uma atitude mais dinâmica
pelos agentes privados, comparando-os com os de comando e controle. Os de
comando e controle representam um peso para o Estado, já que sua eficiência
depende de um aparato institucional dispendioso.

Vários estudos demonstram que os incentivos econômicos são mais eficientes


que os instrumentos de controle e comando para alcançar os objetivos ambientais,
pois acarretam menores custos para as empresas. Os instrumentos econômicos
proporcionam, também, estímulos permanentes para que as empresas deixem
de gerar poluição, ao passo que, quanto ao comando e controle, quando são
alcançados os níveis estipulados pelas normas, as empresas deixariam de fazer
novos esforços para reduzir a poluição de forma contínua.

Em relação aos tributos ambientais, a grande vantagem é trazer receita para os


governos poderem investir em meio ambiente, fazendo com que os gastos decorrentes
da degradação ambiental produzidos por empresas e sociedade sejam socializados.

Concluindo, podemos dizer que não há como prescindir desses instrumentos.


Uma política ambiental deve se valer de todos os instrumentos e estar sempre
atenta aos efeitos deles sobre a competitividade das organizações, principalmente
quando atuam no mercado externo.

No momento, é necessário impedir a degradação ambiental por meio de


instrumentos de comando e controle e os mecanismos econômicos, ao agirem
sobre o custo/benefício das empresas, motivam a adoção contínua de busca pelas
soluções que envolvem as causas ambientais.

Política Pública Ambiental Brasileira


Vamos iniciar nossa discussão sobre Políticas Públicas Ambientais brasileiras a
partir da Conferência de Estocolmo, em 1972, quando as preocupações ambientais
começaram a ficar mais intensas.

Os estragos ambientais mais do que evidentes e a discussão desses problemas


em nível planetário exigiram uma postura do governo brasileiro. Em 1973, é
criada a Secretaria Especial do Meio Ambiente e muitos estados criam suas Agên-
cias Ambientais Especializadas, como a CETESB, em São Paulo, e a FEEMA, no
Rio de Janeiro.

Em relação ao meio ambiente, o Brasil seguiu uma tendência observada em


outros países, nos quais os problemas ambientais são percebidos e tratados de
modo isolado e localizado, dividindo o ambiente em solo, ar e água.

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No início da década de 1980, as questões ambientais passariam a ser tratadas
de forma integrada e interdependentes e, portanto, as políticas também deveriam
ser tratadas dessa forma. A Legislação Federal sobre as questões ambientais, nessa
fase, procura tratar problemas específicos dentro de uma abordagem segmentada
do meio ambiente.

Em 1981, o Brasil definiu a Política Nacional do Meio Ambiente, por meio da


Lei Federal no. 6.938, de 31.08.1981. E, em 1986, o Conselho Nacional do
Meio Ambiente (Conama), por meio da Resolução no. 001/86, definiu como deve
ser feita a Avaliação de Impactos Ambientais, criando dis instrumentos novos, o
Estudo de Impactos Ambientais (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (Rima),
definindo em que consiste cada um deles e estabelecendo a relação das atividades
para as quais sua exigência é obrigatória (BRAGA, 2005).

A partir daí, o licenciamento passou a depender da prévia aprovação do EIA/


Rima, conforme mostram os textos abaixo.
Definição do EIA.
Relatório técnico, elaborado por equipe multidisciplinar, independente
do empreendedor, profissional e tecnicamente habilitada para analisar os
aspectos físico, biológico e socioeconômico do ambiente, que, além de
atender aos princípios e objetivos da Lei da Política Nacional do Meio
Ambiente, deve obedecer às seguintes diretrizes gerais:

I. Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização do


projeto, confrontando-as com a hipótese de não execução do projeto;

II. Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados


nas fases de implantação e de operação;

III. Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afe-


tada pelos impactos, denominada área de influência do projeto, consi-
derando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza; e

IV. Considerar os planos e programas governamentais, propostos e em


implantação, na área de influência do projeto e sua compatibilidade
(inclusive diretrizes específicas e peculiares ao projeto, adicionais, fi-
xadas pelo órgão estadual ou, quando couber, municipal, competente.

Conteúdo Mínimo do EIA.


I. Informações gerais do empreendedor (identificação, histórico, locali-
zação etc.);

II. Caracterização do empreendimento (objetivos, porte, etapas de im-


plantação etc.);

III. Área de influência do empreendimento;

IV. Diagnóstico ambiental da área de influência – descrição e análise dos


recursos ambientais e suas interações, tal como existentes, com os
meios Físico, Biológico e Socioeconômico;

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V. Análise dos impactos e empreendimentos e de suas alternativas – Iden-


tificação, Previsão de Magnitude e Importância (permanência, reversi-
bilidade, cumulatividade, sinergismo, distribuição social, dos custos e
benefícios etc.) dos Impactos relevantes prováveis;

VI. Definição de medidas mitigadoras dos Impactos Negativos; e

VII. Definição de Programa de Acompanhamento e Monitoramento dos


impactos e das medidas mitigadoras através dos fatores e parâmetros
ambientais de interesse.

Definição do Rima.

Relatório-resumo dos estudos do EIA, em linguagem objetiva e acessível


para não técnicos, contendo, no mínimo:

I. Objetivos e Justificativas do empreendimento;

II. Descrição do empreendimento e das alternativas locacionais e


tecnológicas existentes (área de influência, matéria-prima, energia,
processo, efluentes, resíduos etc.;).
III. Síntese dos resultados do diagnóstico ambiental;
IV. Descrição dos Impactos Prováveis;
V. Caracterização da qualidade ambiental futura;
VI. Efeitos esperados das medidas mitigadoras;
VII. Programa de acompanhamento e monitoramento; e
VIII. Conclusões e recomendações da alternativa mais favorável.

Atividades que dependem do EIA/Rima para licenciamento.

Depende da elaboração do EIA/Rima, a ser submetido à aprovação do


órgão estadual competente e da Secretaria do Meio Ambiente (SMA –
Órgão Federal), em caráter supletivo, o licenciamento de atividades
modificadoras do meio ambiente, tais como:

I. Estradas de rodagem com 2 ou mais faixas de rolamento;


II. Ferrovias;
III. Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;
IV. Aeroportos;
V. Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários
de esgotos sanitários;
VI. Linhas de transmissão de energia elétrica acima de 230 KW;

VII. Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como


barragem para quaisquer fins hidrelétricos acima de 10 MW, obras
de saneamento ou de irrigação de abertura de canais para nave-
gação, drenagem e irrigação, abertura de canais para navegação,
drenagem e irrigação, retificação de cursos de água, abertura de
barras e embocaduras, transposição de bacias, diques;

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VIII. Extração de Combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão);

IX. Extração de minério;

X. Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos


tóxicos ou perigosos;

XI. Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de


energia primária, com potência instalada acima de 10 MW;

XII. Complexo e Unidades industriais e agroindustriais (petroquímicos,


siderúrgicos, químicos, destilarias de álcool, hulha, extração e
cultivo de recursos hidróbios;

XIII. Distritos Industriais e Zonas estritamente industriais (ZEI);

XIV. Exploração econômica de madeira ou de lenha, em área acima de


100 ha ou menores, quando atingir áreas significativas em termos
percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental;

XV. Projetos urbanísticos, acima de 100 ha ou em áreas consideradas


de relevante interesse ambiental a critério da SMA e dos órgãos
municipais e estaduais competentes;

XVI. Qualquer atividade que utilizar carvão vegetal, derivados ou


produtos similares, em quantidade superior a dez toneladas por dia;

XVII. Projetos agropecuários que contemplem áreas significativas em


termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental,
inclusive nas áreas de proteção ambiental.

Os procedimentos do Estudo de Impactos Ambientais (EIA) e o Relatório de


Impacto Ambiental (Rima) têm sido cada vez mais detalhados e aprimorados. É
sem dúvida notável o progresso para assegurar a qualidade ambiental, fruto do
esforço da educação ambiental e técnico-ambiental abraçadas pelas Universidades
e Associações, embora maior rapidez e aperfeiçoamento sejam necessários.

A instituição do EIA/Rima para licenciamento ambiental foi um passo importante


para garantir a qualidade ambiental e o desenvolvimento socioeconômico; não
fosse assim, estaríamos limitados apenas a uma Legislação Ambiental corretiva,
que demandava custos insustentáveis.

A Gestão Ambiental por meio do EIA/Rima criou um mercado de trabalho de


consultoria, projeto etc., propiciando, ainda, a formação de competências técnicas
para sua utilização.

Com novos enfoques, as políticas de gestão ativas e preventivas colocam em cada


setor da Economia, de Produção ou de Serviços, responsabilidades na construção
de processos de Gestão Ambiental adequados às suas atividades, para que atinjam
níveis de qualidade ambientais cada vez melhores.

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Esses níveis poderão ser estabelecidos, a partir de absorção pelo empreendedor


público ou privado, de sistema de gestão ambiental, de procedimentos e normas
de conduta para a redução de impactos ambientais, correlacionadas à produção de
serviços e produtos de sua atividade econômica, e orientados para a conservação
dos recursos naturais e pela sustentabilidade ambiental (PHILIPPI, 2005).

A avaliação dos impactos faz parte, também, das Normas Internacionais de


Qualidade Série ISO 14001, adotadas e reguladas como um instrumento de
Certificação Ambiental, um selo de qualidade ambiental das operações, produtos e
serviços das empresas que possuem o Certificado.

Avaliação de Impacto Ambiental no Brasil


A Avaliação de Impacto Ambiental é um instrumento de Política e Gestão
Ambiental caracterizado pela exigência de elaboração do EIA e do RIMA, na
fase anterior à implantação do empreendimento, ou seja, na fase de estudos de
viabilidade técnica e econômica, utilizando essa nova variável, que é o estudo das
questões ambientais, para avaliar pelo enfoque ambiental.

O processo todo é iniciado com a definição ou não da necessidade da elaboração


do EIA e do RIMA pelo Órgão Ambiental, que poderá ser de nível federal, estadual
ou municipal; isso vai depender da abrangência do projeto. Em caso afirmativo,
ou seja, verificada a necessidade da elaboração, o empreendedor será responsável
pela contratação do Estudo e por todos os custos decorrentes do EIA, inclusive do
Licenciamento Ambiental.

Como já mencionado, a elaboração do EIA-RIMA foi regulamentada pela


resolução 001/86 do CONAMA, que prevê, no Art. 7º., a elaboração por equipe
multidisciplinar independente, com apresentação ao Órgão Ambiental responsável,
para que seja solicitada a licença ambiental prévia do empreendimento.

As atividades que exigem o EIA e o RIMA estão elencadas no Art. 2º. do


CONAMA 001/86, mas outras atividades podem ser adicionadas, se forem
consideradas relevantes.

Em relação à definição dos estudos ambientais pertinentes em cada caso, deve


ser considerada a Resolução CONAMA 237, de 19/12/1997, que dispõe sobre a
descentralização da gestão ambiental e estabelece as competências e as atividades,
objeto de Licenciamento Ambiental (CONAMA, 1997).

Depois de elaborado o EIA-RIMA, os documentos devem ser apresentados ao


Órgão Ambiental, divulgada formalmente sua apresentação na Imprensa Oficial,
disponibilizando-o para as comunidades interessadas.

Após a análise técnica pelo Órgão Ambiental, esse emitirá seu parecer com base
nas consultas e avaliações, estabelecendo os condicionantes técnicos e as medidas
mitigadoras correspondentes aos impactos detectados e, se a decisão for favorável,
determinará a implantação do empreendimento.

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Uma parte crucial de todo esse processo se dá por meio da participação das
comunidades e da sociedade interessada nas consequências ambientais do em-
preendimento. Portanto, dentro do processo de avaliação de impacto ambiental,
é obrigatória a divulgação pública dos pedidos de licenciamento ambiental, com
referência à elaboração dos estudos, bem como à disponibilidade do RIMA.

O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) é um relatório que deve ser elaborado


em linguagem adequada para a compreensão de todos, resultado do Estudo de
Impacto Ambiental de um determinado empreendimento, e é utilizado para divulgar
os impactos do projeto em estudo, das medidas para a mitigação dos impactos e
das condições em que se torna viável do ponto de vista ambiental.

No processo de Avaliação de Impacto Ambiental, deve ser considerada,


também, a realização de Audiências Públicas antes da tomada de decisão pelo
Órgão Ambiental competente, para que as comunidades interessadas no projeto
se posicionem. Essa medida também foi regulamentada pela Resolução CONAMA
009, de 03/12/1987.

No Brasil, a análise do EIA é submetida à análise dos Conselhos de Meio


Ambiente, que são compostos por representantes governamentais e pela sociedade
civil organizada em entidades não governamentais. A análise é submetida antes das
decisões oficiais do órgão governamental competente. A deliberação do Conselho
pode ter peso jurídico e administrativo, dependendo da Legislação Ambiental
específica do estado ou do município envolvido.

Sendo a Avaliação de Impacto Ambiental um instrumento de caráter preventivo


devendo ser elaborado na fase de planejamento, apresenta como seus principais
objetivos subsidiar a decisão entre a escolha e as possíveis alternativas de um
projeto, incluindo a hipótese de não execução; gerenciar as ações do projeto em
todas as suas fases do ponto de vista ambiental e auxiliar o processo de decisão
da viabilização do uso dos recursos naturais e econômicos, promovendo o
desenvolvimento sustentável.

A Avaliação de Impactos envolve muitas variáveis, como procedimentos técnicos


científicos, administrativos, políticos e institucionais. Nos técnicos científicos, são
utilizados métodos e técnicas em todas as áreas do conhecimento, principalmente,
as do meio físico, biótico, social e econômico.

No institucional, métodos de planejamento e gestão e toda a Legislação


Ambiental, e no campo político, é solicitada a garantia da participação da sociedade
no processo de tomada de decisão sobre a realização de projetos que venham a
afetar negativamente o ambiente.

Nesta Unidade, abordamos aspectos das Políticas Públicas e da Legislação


brasileira na avaliação de impactos ambientais. Os temas abordados podem
e devem ser aprofundados a partir da Bibliografia citada e também do Material
Complementar indicado.

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Dentro do conhecimento apresentado ao longo da Unidade, foram vistos


exemplos aplicáveis à área de Avaliação de Impacto Ambiental.

Esperamos ter atingido o objetivo para a formação de novos profissionais


conscientes e preparados nesse campo tão vasto que é o meio ambiente.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
Sacolas Plásticas e Políticas Públicas - Ministério do Meio Ambiente
https://youtu.be/AEeENr60upg
Politicas Ambientais | DEScomplicando
https://youtu.be/ZWWqgOmnTZQ

Leitura
Sustentabilidade Ambiental das Organizações através da Produção mais limpa ou pela Avaliação do Ciclo de Vida
HINZ, R.T.P.; VALENTINA, L.V.D; FRANCO, A.C. Sustentabilidade ambiental das organizações
através da produção mais limpa ou pela avaliação do ciclo de vida. Estudos tecnológicos, v.2,
n.2, p.91-98, jul/dez. 2006
https://goo.gl/lxaxNb

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Referências
BARBIERI, J. C.; CAJAZEIRA, J. E. R. Responsabilidade social e empresarial
e empresa sustentável – da teoria à prática. São Paulo: Saraiva, 2012.

BRAGA, B. et al. Introdução Engenharia Ambiental. 2.ed. São Paulo: Pearson


Prentice Hall, 2005.

BRASIL, CONAMA et al. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução Cona-


ma, v. 237, p. 97, 1997.

PEREIRA, A. C.; SILVA, G. Z.; CARBONARI, M. E. E. Sustentabilidade,


responsabilidade social e meio ambiente. São Paulo: Saraiva, 2011.

PHILLIPHI, A. et. al. Curso de Gestão Ambiental. Barueri: Manole, 2004.

SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de Impacto Ambiental conceitos e métodos. São


Paulo: Oficina de Textos, 2008.

SANTOS, R. F. Planejamento Ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina de


Textos, 2004.

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