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em Nutrição
Material Teórico
Conceituando Políticas Públicas
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Luciene Santos
Conceituando Políticas Públicas
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Compreender os principais conceitos relacionados ao tema Políticas Públicas;
• Conhecer os fatores que contribuíram para o desenvolvimento das Políticas Públicas
relacionadas à alimentação e nutrição;
• Entender a alimentação como um direito a todos e dever do Estado.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Conceituando Políticas Públicas
Importante! Importante!
Status quo é uma expressão do latim que significa “estado atual”. O status quo está
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relacionado ao estado dos fatos, das situações e das coisas, independente do momento. O
termo status quo é geralmente acompanhado por outras palavras como manter, defender,
mudar etc. Por exemplo: “Epidemias alteram o status quo da sociedade”.
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A autora Baptista (2011) realizou um estudo sobre como as fases do ciclo das
Políticas Públicas são denominadas, chegando aos resultados apresentados no se-
guinte quadro:
Quadro 1
Autores e Estudos Fases do Ciclo das Políticas Públicas
HA Simon – Administrative
Inteligência, Desenho e Escolha.
Behaviour, 1947
HD Lasswell – The Policy
Informação, Promoção, Prescrição, Invocação, Aplicação, Término e Avaliação.
Orientation, 1951
R Mack – Planning and
Reconhecimento do problema, Formulação de Alternativas, Decisão, Efetivação, Correção/Ajuste.
Uncertainty, 1971
Reconhecimento público das necessidades existentes; Como os temas são colocados na
R Rose – Comparing public agenda; Como as demandas avançam; Como o governo se envolve no processo decisório;
policy, 1973 Recursos e constrangimentos; Decisões políticas; O que determina as escolhas de governo; A
escolha no contexto; Implementação; Resultados; Avaliação da política; Feedback.
G Brewer – The policy
Invenção, Estimativa, Seleção, Implementação, Avaliação e Término.
sciences emerge, 1974
W Jenkins – Policy Analysis:
a political and organizational Iniciação, Informação, Consideração, Decisão, Implementação, Avaliação e Término.
perspective, 1978
BW Hogwood and LA Gunn Definição de temas, Filtro de temas, Definição de temas, Prognóstico, Definição de objetivos
– Policy analysis for the Real e prioridades, Análise de opções, Implementação da política, monitoramento e controle,
World, 1984 Avaliação e revisão, Manutenção da política, Sucessão e Término.
Howlett e Ramesh, Studying
Montagem da agenda, formulação da política, tomada de decisão, implementação e avaliação.
Public Policy, 1993
Veremos agora, com base nas fases propostas por Howlett e Ramesh, o que
compreende cada uma das etapas do ciclo das Políticas Públicas: a montagem da
agenda compreende a discussão do tema para que este seja considerado um pro-
blema que necessita de solução por meio de estratégias do Governo. Somente após
se estabelecer a agenda, é que os problemas vão para debate. Com o problema em
pauta, iniciam-se as discussões sobre as possíveis soluções, é a fase de formulação
da política, para essa análise questões sociais, econômicas, políticas, entre outras,
são levadas em consideração.
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Toda vez que você ouvir sobre uma campanha de vacinação, um projeto de
atendimento a um grupo específico nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), ou pro-
jetos de preservação de recursos naturais, como a água, eles devem provavelmente
fazer parte de uma ação muito maior pertencente às Políticas Públicas do local. Ou
seja, cada sociedade possui um sistema que irá “pensar” sobre os problemas que
afetam os indivíduos que a ela pertencem e como podem ser solucionados integral
ou parcialmente.
Esses problemas são de várias esferas sociais, tais como educação, segurança e
saúde. Aqui, falaremos especificamente das Políticas Públicas relacionadas ao nos-
so setor de atuação: a área da saúde. No entanto, ela é entendida como parte de
um todo – assim, falaremos em relação à saúde influenciando no setor do trabalho,
o que originam Políticas Públicas em Saúde para o trabalhador como o Programa
de Alimentação do Trabalhador (PAT), o estado de saúde influenciado pelas condi-
ções sociais nas quais o indivíduo encontra-se inserido, e analisaremos as Políticas
Públicas em Saúde em programas sociais, tais como o Programa Bolsa Família
(PBF), entre outras.
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Assim, as ações apresentam maior abrangência, já que podem ocorrer onde o
indivíduo está, como uma campanha de vacinação realizada em escolas, ou proje-
tos para prevenção de doenças crônicas não transmissíveis dentro de empresas. No
entanto, havendo a necessidade da participação e colaboração de outros setores
alguns obstáculos também surgem, entre eles, o treinamento de funcionários e a
própria adesão aos projetos por parte dos setores.
Mas, desde quando, em nosso país, temos projetos desenvolvidos em relação às Políticas
Explor
No entanto, nem sempre as estratégicas das Políticas Públicas foram bem rece-
bidas pela população. Segundo dados dos jornais da época, em 1904, o governo
criou a Lei da Vacina Obrigatória, para promover a imunização contra a varíola,
sendo que a população entrou em rebelião contra essa decisão, resultando em 50
mortos e 110 feridos.
Durante o período, foi criado pelo governo militar, o Instituto Nacional de Pre-
vidência Social (INPS), que disponibilizava o atendimento médico e os serviços
de saúde em geral, somente àqueles que contribuíam ao INPS. Nesse caso, os
profissionais que apresentavam carteira de trabalho assinada. No entanto, gran-
de parcela da população composta por profissionais autônomos, desempregados,
trabalhadores rurais, entre outros, não tinham direito de usufruir dos serviços de
saúde. Essa situação precária em relação à saúde no Brasil perdurou durante as
décadas de 1960 a 1980.
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Em seu conceito de integralidade, as Políticas Públicas em Saúde planejam ações
que possam suprir as necessidades integrais da população, já que, para alguns,
caberão as ações de prevenção, enquanto que, para outros, principalmente as de
tratamento, e outros ainda as de reabilitação. Assim, não apenas o setor de saúde
está envolvido, mas outras Políticas Públicas não necessárias para a efetividade dos
programas e projetos.
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido median-
te políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença
e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços
para sua promoção, proteção e recuperação. (BRASIL, 1988)
Nessa visão global acerca do termo saúde, pode-se entender o porquê da deno-
minação “estado”. Estado remete a algo ou alguma situação não permanente, mas
sim mutável. Algo que pode passar por alteração, sendo para a melhoria ou não.
Quando se fala no estado de saúde, significa que, em determinado momento, o in-
divíduo pode estar pleno em relação à saúde, ou, segundo a OMS, estar em “saúde
ótima”, mas, em outros períodos, pode necessitar de cuidados diferenciados para
alcançar o bem-estar.
Ainda com essa visão, o estado de saúde envolve requisitos internos e externos
para a promoção do bem-estar geral. Além disso, a saúde deve passar pelo coletivo,
isso porque para o verdadeiro bem-estar, a comunidade, ou seja, o “outro” também
deve estar bem. O ambiente deve estar sadio para a saúde individual e coletiva, as-
sim, aspectos tais como água bem tratada, coleta de lixo e saneamento básico são
fatores que interferem diretamente no estado de saúde. A saúde pública envolve, des-
sa maneira, o compartilhar de responsabilidades entre o indivíduo e a coletividade.
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Explor
O território e o processo saúde-doença: https://goo.gl/xc57Bb
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Na APS, também fazem parte os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), as
Equipes de Saúde da Família (ESF) e os Núcleos de Apoio à Saúde da Família
(NASF). Ainda nessa atenção, porém, no nível intermediário, temos os atendi-
mentos de urgência e emergência do Serviço de Atendimento Móvel a Urgência
(SAMU) e as Unidades de Pronto Atendimento (UPA).
Atualmente, o SUS possui uma visão global do indivíduo como ser inserido
dentro de uma família. O acompanhamento da equipe multiprofissional do SUS é
realizado envolvendo todos os integrantes da família. Apesar de o acompanhamen-
to ser realizado em uma unidade, neste caso, a família, cada membro é entendido
com suas necessidades e especificidades.
Por meio das ações nas unidades da saúde da família, o SUS consegue promover
a prevenção e/ou o tratamento de doenças, tais como as crônicas não transmis-
síveis, estimulando alterações no estilo de vida que deverão ser seguidas por toda
a família, permitindo, assim, que essas mudanças sejam melhor aceitas por todos.
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Entenda mais sobre o histórico e a organização do SUS por meio dos vídeos
indicados no item Material Complementar.
Essas informações são obtidas por meio de pesquisas diversas que mostram o
panorama da sociedade em relação à renda familiar, aos gastos que as famílias pos-
suem com a aquisição de alimentos, o que elas compram e em quais quantidades,
como é classificado o estado nutricional da população e quais os principais fatores
envolvidos para estes resultados, entre outros aspectos.
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Uma das principais pesquisas que avaliou aspectos relacionados à alimentação
do brasileiro foi o Estudo Nacional de Despesa Familiar, realizado dentro do pe-
ríodo de 18 de agosto de 1974 a 15 de agosto de 1975 (fase de campo), pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com assessoria da Food and
Agriculture Organization (FAO). Essa pesquisa compreendeu a visita em aproxi-
madamente 55.000 famílias da população de modo geral e teve objetivo avaliar o
consumo alimentar, a estrutura de despesa familiar e o estado nutricional da popu-
lação brasileira. A abrangência da coleta de dado incluiu todos os estados e regiões
metropolitanas (Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte,
Salvador, Recife, Fortaleza, Belém e Brasília).
A coleta de dados foi realizada por meio de questionário domiciliar e individual en-
globando os temas: características demográficas básicas, ocupação e rendimento, ca-
racterísticas nutricionais (antropometria, suplementação alimentar, aleitamento ma-
terno) e de saúde (acesso aos serviços de saúde, história obstétrica da mulher), com
o objetivo de apurar os indicadores da situação nutricional da população brasileira.
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Cada uma das edições apresentou algumas diferenças em sua execução, participando
geralmente mulheres de 15 a 49 anos. Em 1996, além da pesquisa com a população
feminina, foi também considerada uma subamostra, em 25% dos domicílios selecionados,
da população masculina sobre conhecimento, atitudes e práticas relacionadas ao
planejamento familiar, intenções reprodutivas, conhecimento e comportamento sexual.
Nessa edição foram aplicados três tipos de questionários: Ficha de domicílio, Questionário
individual de mulheres e Questionário individual de homens.
Essa pesquisa teve como objetivo principal, em todas as edições, avaliar níveis e
tendências da fecundidade, conhecimento e uso de métodos contraceptivos, inten-
ções reprodutivas e necessidades não satisfeitas de anticoncepção, amamentação
e outros determinantes próximos da fecundidade, como proporção de mulheres
casadas e/ou em união e duração da amenorreia pós-parto.
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tórias. Fatores como imunização, estado nutricional e acesso à água e esgotamento
sanitário também foram analisados pela PNDS.
Entre os resultados obtidos pela PNDS, estão índices importantes que com-
provaram, principalmente até 1996, a existência da desnutrição, em especial a
infantil, por meio do alto número de crianças com inadequação entre os fatores
estatura para idade (E/I) e peso para a estatura (P/E). Além, disso verificou-se que
a desnutrição afetava sobretudo crianças após o desmame e mulheres com grande
quantidade de filhos.
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Nas últimas POF (de 1974 a 2016), vários aspectos que influenciam diretamen-
te o estado nutricional da população foram identificados, entre estes, o aumento do
consumo de alimentos industrializados, pré-preparados, com alto teor de açúcares
e gorduras, em especial, identificou-se um aumento no consumo de refrigerantes
e outras bebidas açucaradas. Redução do consumo de alimentos in natura, ou
seja, frutas, legumes e verduras. Redução até mesmo do prato base do cardápio da
maioria dos brasileiros: o arroz e feijão.
Além dos dados sobre quais alimentos são consumidos e suas quantidades, a
POF analisa também as diferenças alimentares encontradas nas regiões brasileiras.
Dessa maneira, de acordo com os hábitos alimentares regionais podem-se adaptar
as estratégicas aplicadas a fim de obter maiores e melhores resultados.
Que até mesmo a política salarial, com a instituição do Salário Mínimo, pela Lei 185
de 14/01/36, regulamentada pelo Decreto-Lei 399 de 30/04/38, pensava na Segurança
Alimentar? No Art. 6º fica instituído que o salário mínimo será determinado pela
fórmula Sm = A + B + C + D + E, em que A, B, C, D e E representam, respectivamente,
o valor das despesas diárias com alimentação, habitação, vestuário, higiene e transporte
necessários á vida de um trabalhador adulto. (BRASIL, 1938)
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Série SUS - Você já ouviu falar bem do SUS?
https://goo.gl/Mjcbs3
Serie SUS - Por que o SUS hoje é assim?
https://goo.gl/5Qhhw3
Série SUS - Os Princípios do SUS
https://goo.gl/9mJqi2
Leitura
Avanços e desafios do acolhimento na operacionalização e qualificação do Sistema Único de Saúde na Atenção
Primária: um resgate da produção bibliográfica do Brasil
MITRE, S. M.; ANDRADE, I. G.; COTTA, R. M. M. Ciência & Saúde Coletiva.
17(8):2071-2085, 2012.
https://goo.gl/Mjcbs3
Organização de redes regionalizadas e integradas de atenção à saúde: desafios do Sistema Único de Saúde (Brasil)
SILVA, S. F. Organização de redes regionalizadas e integradas de atenção à
saúde: desafios do Sistema Único de Saúde (Brasil). Ciência & Saúde Coletiva,
16(6):2753-2762, 2011.
https://goo.gl/fZtPgx
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Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: texto constitucional
promulgado em 5 de outubro de 1988. Brasília: Senado Federal.
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