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GERENCIAMENTO DE PROJETOS AMBIENTAIS

NOSSA HISTÓRIA

A nossa história, inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-graduação. Com isso foi criado a instituição, como entidade
oferecendo serviços educacionais em nível superior.
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes
áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura
de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir
uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das
instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação
tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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SUMÁRIO

INTERFERÊNCIA DO HOMEM NO ECOSSISTEMA................................................. 4

PROJETOS ....................................................................................................................... 5

AS CONTRIBUIÇÕES DA INFORMÁTICA NA ELABORAÇÃO DE PROJETOS ... 6

O DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS AMBIENTAIS NA ESCOLA ................... 8

A IMPORTÂNCIA DE PLANEJAR ............................................................................. 10

O USO DO GEOPROCESSAMENTO – SIG’S ............................................................ 15

AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA – AAE ............................................... 17

LICENCIAMENTO AMBIENTAL ............................................................................... 19

NÍVEL FEDERAL ......................................................................................................... 20

COMPETÊNCIAS PARA O LICENCIAMENTO ........................................................ 22

NÍVEL ESTADUAL ...................................................................................................... 25

O EXEMPLO DA AMAZÔNIA .................................................................................... 28

NÍVEL MUNICIPAL ..................................................................................................... 29

PRINCIPAIS ATIVIDADES PASSÍVEIS DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL .... 31

MARKETING VERDE ................................................................................................. 31

ATUAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL ............................................................. 34

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 38

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INTERFERÊNCIA DO HOMEM NO ECOSSISTEMA

Em decorrência da interferência do homem na natureza surge a necessidade de


uma educação ambiental voltada para a preservação e ao mesmo tempo utilização racional
dos recursos naturais. Partindo dessa premissa, os cursos de especialização, voltados à
área ambiental, objetiva formar profissionais que estejam aptos a ingressar nas práticas
pedagógicas, prestar consultoria, desenvolver projetos, trabalhar na área de
planejamentos e licenciamentos ambientais, através do conhecimento da legislação
voltada para o meio ambiente e dos problemas decorrentes do uso e ocupação do solo.
Introduzimos esta apostila que tratará dos projetos, planejamento e licenciamentos
ambientais, instrumentos de extrema importância para a preservação e utilização
responsável, racional e sustentada do meio ambiente com vistas a legarmos aos nossos
descendentes, se não uma vida saudável, pelo menos com chances de sobrevivência.
Há que se concordar com Dias (2003) quando infere que a falta de planejamento
adequado na utilização dos recursos naturais, acarretará a médio prazo, no esgotamento
desses recursos, que muitas vezes são irrecuperáveis ou se dá num espaço de tempo muito
longo.
Assim, embora o planejamento seja uma condição necessária, não é suficiente
para nortear a prática ambiental; é fundamental incluir a perspectiva da sustentabilidade
da atividade em todas as suas dimensões (a sociocultural, a econômica e a ambiental) para
que o desenvolvimento se dê contemplando todos os setores da sociedade.
Temos também os projetos que mediante objetivos específicos, metas
estabelecidas e prazos determinados, auxiliam sobremaneira no manejo sustentável do
ambiente, servindo também como instrumento para aulas de educação ambiental.
No Brasil, a avaliação de impacto ambiental e o licenciamento de atividades
efetivas ou potencialmente poluidoras constituem instrumentos para a execução da
Política Nacional de Meio Ambiente. Apresentaremos, em detalhes, todos os passos
necessários para obter o licenciamento que nada mais é do que obrigação legal prévia à
instalação de qualquer empreendimento ou atividade potencialmente poluidora ou
degradadora do meio ambiente e possui como uma de suas mais expressivas
características a participação social na tomada de decisão, por meio da realização de
Audiências Públicas como parte do processo.

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Faremos também, análises nos níveis federal, estadual e municipal, por acreditar
ser de extrema valia para os profissionais que atuam em atividades que envolvem o meio
ambiente.
Desejamos a todos uma boa leitura, ressaltando que essa apostila é uma
compilação e que o assunto não se esgota aqui.

PROJETOS

Quando desejamos estabelecer políticas de planejamento e gestão temos como


instrumento essencial a identificação das prioridades e para seu sucesso, é fundamental
uma gestão dos projetos voltados à inovação, bem como, o estabelecimento de uma
metodologia congruente com esta proposta.
Assim, um projeto pode ser entendido como um conjunto de ações, realizadas de
forma coordenada por uma organização temporária, na qual são alocados os insumos
necessários para alcançar um objetivo em um determinado prazo. Nesse conceito, os
projetos possuem um ciclo de vida, no qual as técnicas de administração, voltadas para o
planejamento, organização e execução, são planejadas e praticadas, com o objetivo de
possibilitar o controle das atividades neles inseridas.
Segundo a NBR 10.006 (ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas),
Projeto é um “Processo único, consistindo de um grupo de atividades coordenadas e
controladas com datas para início e término, empreendido para alcance de um objetivo
conforme requisitos específicos, incluindo limitações de tempo, custo e recursos.”
Na área educacional e ambiental, os projetos têm como objetivos, colaborar na
formação de pessoas que ajam com responsabilidades, autonomia e criatividade, assim
como construir uma consciência crítica e fomentar conhecimentos sobre ela, além de usar
seus recursos com sabedoria.
Nossa prioridade em termos de projetos é mostrar algumas contribuições do uso
das novas tecnologias da informação e comunicação (TIC) na elaboração dos mesmos,
exemplificando com alguns projetos que podem ser desenvolvidos no âmbito da
educação.

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AS CONTRIBUIÇÕES DA INFORMÁTICA NA ELABORAÇÃO DE
PROJETOS

A globalização e a competição acirrada entre as organizações e mesmo entre os


povos, levaram o mundo a um avanço tecnológico que influenciou sobremaneira nas
transformações socioeconômicas e culturais de um povo, levando, consequentemente, a
refletir sobre possíveis e necessárias mudanças de atitude.
É preciso romper com os modelos do passado e buscar novas alternativas,
estratégias de desenvolvimento e proteção ao meio ambiente e de educação para o
desenvolvimento de atitudes necessárias à consecução da sustentabilidade. Mas, para que
as gerações futuras possam ter opções, a geração atual deve começar a agir agora, e a agir
unida.
Segundo Oliveira (2007), torna-se necessário também o desenvolvimento de um
trabalho de conscientização no sentido de superar o individualismo e o egoísmo,
pautando-se nos valores da solidariedade, da cooperação, do respeito, do compromisso
com o coletivo, da participação e da responsabilidade social.
A Educação, por conseguinte, não pode furtar-se como campo científico e prática
social complexa de contemplar a vertente ambiental na consecução e no
redimensionamento epistêmico de seus postulados e operacional de suas práticas
(matrizes curriculares), visto que, o meio ambiente não existe desvinculado das ações,
ambições e necessidades humanas e o desenvolvimento refere-se à nossa participação no
sentido de melhorar o lugar que ocupamos.
Assim, segundo Oliveira (2007), verificamos que existe uma necessidade
premente de se educar a população para que se possa preservar o meio ambiente e, claro,
a vida. Um dos caminhos mais rápidos para essas ações está concentrado no uso da
informatização nos meios educacionais, como forma de agilizar o processo de divulgação
e conscientização dos direitos e deveres de cada cidadão. É preciso ser interdisciplinar
utilizando a informática, o direito ambiental e as escolas como instrumentos para reter a
ação destruidora predominante nos últimos anos.
Nesse contexto, o uso das novas tecnologias surge como contributo à prática da
educação ambiental no processo de aprendizagem nas escolas, auxiliando na elaboração
de diagnósticos e projetos.
Sobre as redes digitais de informação e conhecimento, sabemos que elas
apresentam quatro características fundamentais:

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1. Armazenam, tratam e disponibilizam seu conteúdo de modo instantâneo, através
de meios digitais, como computadores pessoais (PC) individuais ou conectados
em redes de trabalho (networks);
2. Exigem mínima manutenção, como atualização de conteúdo e adoção de
mecanismos padronizados de gerenciamento de ambientes virtuais;
3. Permitem tradução de seu conteúdo para variados suportes, bem como sua
utilização por diversos recursos multimídia, a exemplo de saídas de áudio e vídeo
simultâneas propiciadas pelos CDs interativos;
4. Grande facilidade de ligações internas entre os elos das redes.
Esta última característica, mais do que as precedentes, traz implicações diretas
sobre a criação de ambientes virtuais de aprendizagem para educação de adultos, pelos
quais educadores de regiões e países com diversificado nível de experiência e de
conhecimento sobre a abordagem de questões ambientais na educação podem interagir
em profícuos intercâmbios de informações e na realização de projetos de conhecimento
integrados e de benefícios mútuos em diversos contextos socioeducativos.
Assim, no cruzamento das múltiplas oportunidades ensejadas pelas redes de
informação e conhecimento, com os princípios e experiências da Educação Ambiental
surge o caminho para a construção de novas práticas interdisciplinares e
multirreferenciadas, na medida em que a emergência e consolidação dessas redes
ampliam o diálogo e os mecanismos de troca de capital cultural capazes de reduzir,
sensivelmente, o fato de que, até o atual momento histórico, segundo Maturana e Varella
(1995), “a vida cultural dos diferentes povos da terra esteja centrada na defesa das
fronteiras de suas certezas particulares”.
Conforme Leal Filho (2003), a informática aplicada ao estudo do ambiente facilita
este processo de leitura dos dados, tornando-o mais ágil e eficaz.
Infelizmente, de acordo com Oliveira (2007), a informática ambiental no Brasil
ainda está engatinhando e parte do problema é a falta de pessoal qualificado. No Brasil,
seriam necessárias muitas pessoas treinadas, dispersas pelo País, para se trabalhar de
forma efetiva nessa área, pois a informática ambiental é uma grande aliada da proteção
ambiental e representa, sem dúvida, uma tecnologia limpa. Ela reduz gastos com viagens,
evita o uso de centenas de milhares de documentos escritos, poupa tempo e, ainda, ajuda
a melhorar a eficiência de qualquer ação, pois informações complexas podem ser
relacionadas e disponibilizadas em minutos, em vez de dias ou semanas. Um exemplo é
o cruzamento dos índices de incêndios com ciclos de chuva, que pode ser apurado em

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segundos hoje em dia, enquanto que, no passado, levava-se algum tempo para relacionar
as informações.
Nesse contexto, o uso do computador deve ser encarado por educadores e
educandos como facilitador do acesso ao conhecimento, inerente a formação da cidadania
e não restringi-lo apenas à transmissão e memorização de informações, pois ele:
 Permite a interação com diferentes formas de representação simbólica;
 Pode ser uma importante fonte de informação do mesmo modo que fontes
tradicionais;
 Possibilita a comunicação entre as pessoas do mundo todo, diminuindo a
distância de tempo e de espaço;
 Permite ainda, a criação de ambientes de aprendizagem em que os alunos possam
pesquisar, fazer antecipações e simulações, confirmar ideias prévias,
experimentar, criar soluções e construir novas formas de representação mental.
Projetos desenvolvidos na área ambiental, usando as novas tecnologias, com
certeza vai de encontro às expectativas de melhor aproveitamento do uso da informática
na educação, pois, propiciam novas dinâmicas de trabalho através de temas de interesses
comuns aos educandos, ao mesmo tempo em que o uso do computador como uma
inovação tecnológica é incorporado ao processo educacional como um meio e não como
um fim.

O DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS AMBIENTAIS NA ESCOLA

Conforme Vieira (2008), a Educação é a base para o desenvolvimento de um país,


pois através dela as pessoas têm subsídios para exigir seus direitos e cumprir os seus
deveres, ou seja, as pessoas têm condições de desempenhar o seu papel de cidadãs.
Os artigos 1º e 2º da Lei 9.795/99, que dispõe sobre educação ambiental e institui
a política nacional de educação ambiental, definem educação ambiental como os
processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua
sustentabilidade, sendo um componente essencial e permanente da educação nacional,
devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do
processo educativo, em caráter formal e não-formal.
A Educação Ambiental não entra nesse processo, ao contrário da educação
tradicional, somente como um meio de passar informações. Ela leva a tomada de

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consciência e daí, à mudanças de comportamento e atitudes em relação aos problemas
ambientais.
Em se tratando de educação ambiental, essa pode vir a ser o principal instrumento
para que transformações profundas ocorram assegurando a convivência democrática,
sustentável e harmônica entre os seres vivos e o meio ambiente, funcionando como uma
rede de transmissores de conhecimentos envolvendo família, vizinhos, amigos, como se
fosse realmente uma corrente.
Segundo Vieira (2008), a educação ambiental se baseia na premissa de que é na
reflexão sobre a ação individual e coletiva em relação ao meio ambiente que se dá o
processo de aprendizagem.
Antes de falarmos dos projetos que podem ser desenvolvidos nas escolas, vamos
enumerar, conforme Dias (1999), os objetivos fundamentais da Educação ambiental:
1. Despertar a consciência e sensibilizar frente às questões pertinentes à relação
sociedade/meio-ambiente;
2. Dotar de conhecimentos sobre essas questões;
3. Estimular a mudança de comportamentos e propiciar informações sobre como
realizar a mudança de comportamento de outras pessoas em um programa de
educação ambiental;
4. Desenvolver habilidades através da apresentação de programas de educação
ambiental e de exercícios práticos;
5. Preparar os futuros profissionais para participarem ativamente nas atividades que
visam resolver problemas ambientais e melhorar a qualidade ambiental e de vida
da população, e para serem fomentadores da participação dos demais integrantes
dos grupos sociais em que atuarem.
Segundo os PCN`s (BRASIL, 1998), um projeto básico para educação ambiental
tem como objetivo geral oferecer meios efetivos para que cada aluno compreenda os fatos
naturais e humanos e desenvolva suas potencialidades, adotando posturas pessoais e
comportamentos sociais que lhe permitam viver numa relação construtiva consigo mesmo
e com o meio ambiente, colaborando para que a sociedade seja ambientalmente
sustentável e socialmente justa; protegendo, preservando todas as manifestações de vida
no planeta e garantindo as condições para que ela prospere em toda a sua força,
abundância e diversidade.
Através de pesquisas de diferentes formas de destruição da natureza, exposição de
atividades desenvolvidas pelos alunos e construção de painéis ou maquetes com

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informações sobre o meio ambiente, passeatas pelo bairro onde está inserida a escola e,
claro, utilizando multimídia, os professores podem trabalhar interdisciplinarmente os
conteúdos, envolvendo professores de diversas disciplinas.
Com certeza será proporcionado ao educando embasamento para formar conceitos
relacionados ao meio ambiente; sensibilizar-se-ão para construir uma sociedade mais
consciente e solidária na forma de uso dos recursos naturais, perceberão que o combate
ao desperdício, o uso racional dos recursos são necessários para a manutenção da
qualidade de vida, dentre outros.

A IMPORTÂNCIA DE PLANEJAR

Segundo Santos (2004), planejamento é um processo que leva ao estabelecimento


de um conjunto coordenado de ações, pelo governo ou pela direção de uma escola, por
exemplo, visando à consecução de determinados objetivos.
Segundo Ansarah (2001, p. 66), o planejamento "consiste em um conjunto de
atividades que envolvem a intenção de estabelecer condições favoráveis para alcançar
objetivos propostos. Ele tem como objetivo o aprisionamento de facilidades e serviços
para que uma comunidade atenda seus desejos e necessidades". Planejamento ambiental,
por conseguinte, seria a planificação de ações com vistas a recuperar, preservar, controlar
e conservar o meio ambiente natural de determinada região, onde podemos incluir
parques, unidades de conservação, cidades, regiões, etc.
Segundo Floriano (2004, p. 39), a nível macro, a Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento acontecida no Rio de Janeiro, conhecida como
ECO-92, estabeleceu 27 princípios que ligam meio ambiente e desenvolvimento, criando
as principais diretrizes globais para proteção ambiental em relação ao desenvolvimento.
A Agenda 21 é um programa, composto de vários planos representados pelos seus
capítulos, para adoção de medidas e ações que venham a auxiliar no desenvolvimento da
civilização de forma sustentada em suas dimensões sociais e econômicas, prevendo a
conservação e gestão dos recursos para o desenvolvimento, o fortalecimento do papel dos
principais grupos envolvidos e os meios para implementação do programa. A Conferência
determina que a Agenda 21 seja implementada em cada país que deve elaborar seu próprio
plano (Agenda 21 Nacional) e, quando necessário, cada unidade de divisão política de
cada nação deve ter sua própria agenda. A Agenda 21 é, portanto, um programa para o
planejamento estatal em cascata atingindo todos os níveis em relação ao desenvolvimento

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e preservação ambiental com o objetivo de melhoria da qualidade de vida e
sustentabilidade da civilização como um todo.
Como política pública, a questão fica um pouco mais complexa, uma vez que é
preciso fazer o levantamento de dados de determinada região onde se pretende fazer o
planejamento, envolvendo algumas variáveis.
Para Santos (2004) o planejamento ambiental de uma região, visando integrar
informações, diagnosticar ambientes, prever ações e normatizar seu uso através de uma
linha ética de desenvolvimento, necessita de um estudo detalhado e preciso do meio
físico, biótico e socioeconômico da região, utilizando como subsídio, o zoneamento
ecológico-econômico (ZEE) que ajuda inclusive na definição de áreas prioritárias ao
planejamento ambiental.
Assim, somente conhecendo detalhadamente tudo que existe em determinada área
e usando de práticas de manejo que não agridem o meio ambiente será possível assegurar
a perpetuação da produtividade dos ecossistemas para as futuras gerações.
É nesse sentido que as administrações públicas precisam desenvolver um modelo
de gestão que assegure a preservação e o manejo adequado do meio ambiente.
Concordando com Schneider (2000, p. 2), acreditamos que o papel das
administrações públicas municipais na preservação do meio ambiente deve envolver a
compreensão de ecossistema, dos mecanismos utilizados para conhecimento do meio
ambiente, tais como o EIA/RIMA (Estudo dos Impactos Ambientais e Relatório dos
Impactos Ambientais), a legislação e as políticas existentes e façam uso de todos,
inclusive repassando sua metodologia de trabalho para as escolas, as quais podem
contribuir na preservação através do desenvolvimento de projetos educativos.
Citamos acima o EIA/RIMA, pois bem, a confecção do Estudo dos Impactos
Ambientais, é de extrema importância para a fase do planejamento em relações às ações
que envolvem o meio ambiente.
Partindo do entendimento de que Impacto Ambiental é a alteração no meio ou em
algum de seus componentes por determinada ação ou atividade e, que essas alterações
precisam ser quantificadas, pois apresentam variações relativas, podendo ser positivas ou
negativas, grandes ou pequenas, o estudo desses impactos ambientais tem como objetivo
principal, avaliar as consequências de algumas ações, para que possa haver a prevenção
da qualidade de determinado ambiente que poderá sofrer a execução de certos projetos
ou ações, ou logo após a implementação dos mesmos.

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O EIA permite analisar e compreender a questão da proteção e preservação do
ambiente e o crescimento e desenvolvimento econômico.
É possível encontrar, desde grandes áreas impactadas devido ao rápido
desenvolvimento econômico, sem o controle e manutenção dos recursos naturais, levando
à escassez de água ou poluição, bem como, áreas impactadas por causa do
subdesenvolvimento, que traz como consequência a ocupação urbana indevida em áreas
protegidas e a falta de saneamento básico.
Assim, o EIA avalia para planejar. Para Soares (2008), isso permite que
desenvolvimento econômico e qualidade de vida possam caminhar juntos.
Quatro pontos básicos são premissas do EIA para que depois se faça um estudo e
avaliação mais específica. São eles:
1. Desenvolver uma compreensão daquilo que está sendo proposto, o que será feito
e o tipo de material usado;
2. Compreensão total do ambiente afetado. Que ambiente (biogeofísico e/ou
socioeconômico) será modificado pela ação;
3. Prever possíveis impactos no ambiente e quantificar as mudanças, projetando a
proposta para o futuro;
4. Divulgar os resultados do estudo para que possam ser utilizados no processo de
tomada de decisão.
O EIA também deve atender à legislação expressa na lei de Política Nacional do
Meio Ambiente. São elas:
1. Observar todas as alternativas tecnológicas e de localização do projeto, levando
em conta a hipótese da não execução do projeto.
2. Identificar e avaliar os impactos ambientais gerados nas fases de implantação e
operação das atividades.
3. Definir os limites da área geográfica a ser afetada pelos impactos (área de
influência do projeto), considerando principalmente a “bacia hidrográfica” na qual
se localiza;
4. Levar em conta, planos e programas do governo, propostos ou em implantação na
área de influência do projeto e se há a possibilidade de serem compatíveis.
Soares (2008) lembra ainda que é imprescindível que o EIA seja feito por vários
profissionais, de diferentes áreas, trabalhando em conjunto, ponderando que esta visão
multidisciplinar é rica para que o estudo seja feito de forma completa e de maneira
competente, de modo a sanar todas as dúvidas e problemas.

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Para o mesmo autor mencionado anteriormente, na sequência ao estudo dos
impactos ambientais, temos o RIMA - Relatório de Impacto Ambiental - que reflete todas
as conclusões apresentadas no Estudo dos Impactos Ambientais. Deve ser elaborado de
forma objetiva e possível de se compreender, ilustrado por mapas, quadros, gráficos,
enfim, por todos os recursos de comunicação visual. Deve também, respeitar o sigilo
industrial (se esse for solicitado) e pode ser acessível ao público. Para isso, deve constar
no relatório:
1. Objetivos e justificativas do projeto e sua relação com políticas setoriais e planos
governamentais;
2. Descrição e alternativas tecnológicas do projeto (matéria-prima, fontes de energia,
resíduos etc.);
3. Síntese dos diagnósticos ambientais da área de influência do projeto;
4. Descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação da atividade e dos
métodos, técnicas e critérios usados para sua identificação;
5. Caracterização da futura qualidade ambiental da área, comparando as diferentes
situações da implementação do projeto, bem como a possibilidade da não
realização do mesmo;
6. Descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras em relação aos impactos
negativos e o grau de alteração esperado;
7. Programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos;
8. Conclusão e comentários gerais.
Segundo Lisboa (2008), o EIA/RIMA está vinculado à Licença Prévia, por se
tratar de um estudo prévio dos impactos que poderão vir a ocorrer, com a instalação e/ou
operação de um dado empreendimento. A exigência do EIA/RIMA é definida por meio
da integração dos parâmetros: tipologia, porte e localização do empreendimento.
O EIA/RIMA deverá ser elaborado por uma equipe técnica multi e interdisciplinar
que se responsabilize pelos diversos assuntos referentes aos meios físico, biológico e
socioeconômico da área onde será instalado o empreendimento. Portanto, para a
sua análise, o órgão ambiental deverá, também, formar uma equipe constituída por
diversos profissionais, com correspondência em termos da especificidade da formação da
equipe do proponente, e, se necessário, até interinstitucional.
Por ser um instrumento democrático de planejamento, durante a análise do
EIA/RIMA, além da participação da população diretamente junto ao órgão ambiental,
pode-se realizar as audiências públicas. Essas significam o momento mais importante de

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participação e manifestação da comunidade envolvida e/ou das organizações que as
representam. Nessa ocasião é apresentado o conteúdo do EIA/RIMA, com o objetivo de
esclarecer dúvidas e acolher críticas e sugestões sobre o empreendimento.
A realização da audiência pública se dá sob a responsabilidade do órgão
ambiental, e é obrigatória quando requisitada pelo Ministério Público, por entidade civil
com assento no Conselho Estadual do Meio Ambiente ou por solicitação assinada por
mais de 50 cidadãos.
Após realização de quantas audiências forem solicitadas, vistoria da área a ser
instalado o empreendimento, análise de toda a documentação pertinente e reuniões
técnicas executadas pelo órgão ambiental, é elaborado um parecer final. Esse parecer
pode exigir complementações para melhor entendimento do estudo, pode autorizar o
licenciamento prévio do projeto ou pode indeferi-lo.
Segundo Lisboa (2007), os principais empreendimentos sujeitos à exigência de
estudo e respectivo relatório de impacto ambiental conforme previsto na Resolução n.º
001/86 são:
 Rodovias;
 Ferrovias;
 Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;
 Aeroportos;
 Oleodutos, gasodutos, minerodutos;
 Troncos coletores e emissários de esgoto sanitários;
 Linha de transmissão de energia elétrica acima de 230 kw ;
 Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como, barragem para
fins hidrelétricos, acima de 10 MW, de saneamento ou de irrigação;
 Abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação;
 Retificação de cursos d’água;
 Abertura de barras e embocaduras;
 Transposição de bacias, diques;
 Extração de combustível fóssil;
 Extração de minério;
 Aterros sanitários;
 Processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos;
 Usinas de geração de eletricidade, acima de 10 MW;

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 Complexo e unidades industriais e agroindustriais;
 Distritos industriais e zonas estritamente industriais;
 Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100 hectares
ou menores, quando forem áreas significativas em termos percentuais ou de
importância do ponto de vista ambiental;
 Projetos urbanísticos, acima de 100 hectares ou em áreas consideradas de
relevante interesse ambiental;
 Qualquer atividade que utilizar carvão vegetal, derivados ou produtos similares,
em quantidade superior a 10 t/dia;
 Projetos agropecuários que contemplem áreas acima de 1000 hectares ou menores
quando forem áreas significativas em termos percentuais ou de importância do
ponto de vista ambiental; e nos casos de empreendimentos potencialmente lesivos
ao Patrimônio Espeleológico Nacional.
Embora sejam dois documentos distintos, servem como instrumento de Avaliação
de Impacto Ambiental – AIA, parte integrante do processo de licenciamento ambiental.
Sucintamente, no EIA é apresentado o detalhamento de todos os levantamentos técnicos
e no RIMA é apresentada a conclusão do estudo. Essa exigência teve como base a Lei
Federal n.º 6.938/81, que instituiu a Política Nacional de Meio Ambiente, regulamentada
pelo Decreto Federal n.º 99.274/90, tornando-se uma exigência nos Órgãos Ambientais
brasileiros a partir da Resolução do CONAMA n.º 001 de 23/01/86.
Adiante serão tratados detalhes de outros instrumentos, inclusive da AIA, quando
discutirmos sobre o licenciamento ambiental.

O USO DO GEOPROCESSAMENTO – SIG’S

Podemos definir um Sistema de Informações Geográficas – SIG – como um


conjunto de ferramentas para coleta, armazenagem, recuperação, transformação e
apresentação de dados espaciais sobre o mundo real para um conjunto particular de
objetivos.
São sistemas informatizados, necessitando de um hardware com periféricos, tais
como plotadora, impressora, scanner e procedimentos apropriados para implementar as
tarefas desejadas. São designados para usar dados espaciais, podendo realizar operações
de manipulação e análise nesses dados, chamados de dados geográficos. Em outras
palavras, o SIG é composto por:
 Equipamentos: software e banco de dados;

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 Pessoal (capacitado a planejar, implementar e operar o sistema);
 Uma instituição.
O SIG utiliza uma classe particular de dados espaciais: os dados georreferenciados
que são aqueles que descrevem fatos, objetos e fenômenos do globo terrestre associados
à sua localização sobre a superfície terrestre, num certo instante ou período de tempo, ou
seja, possuem três dimensões: temporal, temática e espacial.
Características temáticas são normalmente referidas como atributos e são
associadas aos elementos espaciais para fornecer informação adicional sobre os mesmos.
A localização geográfica, por outro lado, é uma característica inerente à informação e
indispensável para sua análise.
Para serem usados pelo SIG, os dados precisam de uma referência espacial
matemática. Um objeto qualquer (como um rio ou uma montanha), somente poderá ser
localizado se puder ser descrito em relação a outros objetos cujas posições sejam
previamente conhecidas, ou se tiver sua localização determinada em uma rede coerente
de coordenadas. Vários são os sistemas de referenciamento, mas existem dois grandes
grupos:
(a)sistema de coordenadas geográficas ou terrestres – neste grupo, cada ponto
da superfície terrestre é localizado na interseção de um paralelo com um meridiano, sendo
sua representação dada por um valor de latitude e longitude;
(b)sistema de coordenadas planas ou cartesianas – baseiam-se em um conjunto
de linhas equidistantes e retangulares, que formam uma grade ou quadrícula sobre o qual
o fenômeno geográfico é determinado e depois representado graficamente.
Segundo Alves, Vieira e Andrade (2004), esse referenciamento é imprescindível
para elaboração de qualquer projeto, pois a escolha de um sistema inadequado de
referenciamento pode comprometer usos futuros do SIG.
Abaixo, temos um modelo de SIG usada como ferramenta para o planejamento.
Onde os SIGs podem ser aplicados? Eles servem para responder perguntas que incluem
questões sobre localização, padrões, tendências e condições. Por exemplo:
 Onde se encontram as áreas agricultáveis de uma determinada região?
 Onde deveriam ser implantadas áreas de preservação ambiental?
 Quais seriam as implicações ambientais caso uma determinada decisão fosse
tomada?

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Três eixos compõem o SIG: onde (localização), o quê (qual o fenômeno) e quando
(o tempo).
No quadro abaixo temos exemplos de análises espaciais executadas pelo SIG.
Os SIG’s podem ser usados tanto para diagnóstico quanto para prognóstico,
podendo gerar mapas de risco e potencial ambiental, auxiliando sobremaneira no
planejamento ou no combate a eventos que ocorrem na natureza modificada pela ação do
homem, como por exemplo: gerenciar recursos agrícolas, planejar microbacias
hidrográficas, avaliar aptidão agrícola das terras. Enfim, zonear áreas de forma mais
eficiente, substituindo métodos tradicionais de análise, quase sempre onerosos e de
manipulação mais difícil, é uma das grandes vantagens da utilização dos SIG`s.

AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA – AAE

De acordo com SEMAD-MG (2009), a Avaliação Ambiental Estratégica – AAE


– é um processo de identificação de impactos ambientais e de alternativas que os
minimizam na implantação de políticas e projetos governamentais. Geralmente, a
avaliação é utilizada na elaboração das propostas dessas ações estratégicas,
sistematizando os resultados e sua utilização para tomadas de decisões ambientalmente
sustentáveis.
Conforme SEMAD-MG (2009), a AAE é elaborada de forma pública e
participativa, baseando-se nos princípios da avaliação de impactos que regem os Estudos
de Impacto Ambiental (EIA/RIMA). Tem, no entanto, o objetivo de analisar a ação estatal
em todos os seus aspectos, servindo de subsídio na tomada de decisões ao disponibilizar
informações sobre as possíveis consequências ambientais das ações governamentais, bem
como, das alternativas mitigadoras. Sendo que as avaliações iniciais serão executadas nos
setores de mineração, geração de energia, agronegócio e saneamento.
Segundo a SEMAD (2008), no caso de Minas Gerais, os órgãos que compõem o
Sistema Estadual de Meio Ambiente – SEMAD, FEAM, IEF, IGAM – são os
responsáveis pela análise das propostas das AAE. A SEMAD estimula as Avaliações
Ambientais Estratégicas na implantação de políticas públicas setoriais com impactos
sobre o meio ambiente, tendo em vista a possibilidade de estabelecer ações
governamentais a longo prazo.
No processo de Avaliação Ambiental Estratégica, a participação do público é um
princípio fundamental. O Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), juntamente
com os Conselhos Setoriais e os Comitês de Bacia acompanharão o trabalho,

17
determinando objetivos e conteúdos, identificando e fornecendo informações para a
realização da AAE, avaliando e propondo sugestões para o aperfeiçoamento das análises
e propostas.
De acordo com SEMAD (2008), a coordenação da elaboração da Avaliação
Ambiental Estratégica é realizada pelos Núcleos de Gestão Ambiental (NGA), criados
em 2003, pelo Decreto n° 43.372, estão implantados em cada uma das Secretarias de
Estado, com representação no Plenário do Copam. Os Núcleos executam ainda o
assessoramento dos Secretários de Estado, informando sobre as decisões do Copam que
tenham alguma interferência sobre as políticas e ações das secretarias.
Sugere-se a leitura da Cartilha lançada pelo governo de Minas Gerais com o título:
“Regularização ambiental integrada: orientação ao empreendedor”, a qual consta nas
referências bibliográficas, pois ela fornece em detalhes os passos para a regularização
ambiental.
Se pensarmos em nível federal, a Gerência de Instrumentos de Avaliação
Ambiental (GAIA) tem como objetivo oferecer subsídios para apoiar o Ministério do
Meio Ambiente na consolidação de sua política de inserção da temática ambiental nas
políticas setoriais, públicas ou privadas, relacionadas ao licenciamento ambiental e aos
instrumentos de avaliação ambiental.
A gerência tem por atribuição desenvolver estudos e metodologias de avaliação
de impacto ambiental, visando a implementação do licenciamento ambiental, bem como,
estimular sua aplicação pelos demais setores de desenvolvimento na formulação de suas
estratégias de planejamento e investimento.
A fim de cumprir sua missão, portanto, a GAIA atua principalmente com os
instrumentos de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA); de Avaliação Ambiental
Estratégica (AAE); de Avaliação Ambiental Integrada de Bacias Hidrográficas (AAIB);
de Gestão Ambiental Integrada; de Licenciamento de Cadeias Produtivas; de abordagem
do componente social na avaliação ambiental; e de apoio à Gerência de Política para o
Licenciamento Ambiental, colaborando na formulação e no desenvolvimento de
propostas de trabalho e de análises de propostas de novas regulamentações.
Resumidamente, a importância da avaliação ambiental estratégica é a seguinte:
 Apoiar a decisão em nível estratégico;
 Integrar os princípios da sustentabilidade nos processos de formulação de políticas
e de planejamento;
 Discutir alternativas enquanto as opções estratégicas ainda estão em aberto;

18
 Considerar processos cumulativos, visão integrada no território.

LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Na definição do Ministério do Meio Ambiente – MMA (2009), o licenciamento


ambiental é o procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental autoriza a
localização, instalação, ampliação e operação de empreendimentos e atividades
utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras
ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.
De acordo com Dallagnol (2006), o licenciamento ambiental é uma forma de
intervenção estatal na atividade privada, através do exercício do poder de polícia. É um
procedimento administrativo vinculado, através do qual são verificadas as condições para
o desenvolvimento e a operação de empreendimentos passíveis de causarem danos
ambientais.
No artigo 23 da Constituição Federal de 1988, encontramos que é dever
constitucional do Estado, em todas suas esferas, proteger o meio ambiente, atribuindo-lhe
(além de particulares, leia-se coletividade) a responsabilidade de defesa e preservação.
No art. 225:
todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.(
artigo 225, parágrafo 1°, inciso VI, da Constituição Federal)

Nesse sentido e mesmo antes da promulgação da CF de 1988, como bem nos


lembra Dallagnol (2006), o licenciamento ambiental já era um dos instrumentos de que
dispunha o Poder Público para fazer cumprir os princípios da Política Nacional do Meio
Ambiente, de acordo com o art. 9º, inciso IV, da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981.
Como vantagens do licenciamento ambiental, temos o estabelecimento de
condições e limites para o exercício de determinadas atividades, permitindo somente
aquelas que tenham impacto ambiental reduzido ou dentro de padrões admitidos. Pelo
lado do Direito, observa-se claramente que ele é a materialização mais clara do princípio
da precaução, sendo esse o principal princípio orientador das políticas públicas
ambientais.
O licenciamento ambiental é uma obrigação legal prévia à instalação de qualquer
empreendimento ou atividade potencialmente poluidora ou degradadora do meio

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ambiente, e possui como uma de suas mais expressivas características a participação
social na tomada de decisão, por meio da realização de audiências públicas como parte
do processo.

NÍVEL FEDERAL

Essa obrigação é compartilhada pelos Órgãos Estaduais de Meio Ambiente e pelo


IBAMA, como partes integrantes do SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente).
O IBAMA atua, principalmente, no licenciamento de grandes projetos de infraestrutura
que envolvem impactos em mais de um estado e nas atividades do setor de petróleo e gás
na plataforma continental.
As principais diretrizes para a execução do licenciamento ambiental estão
expressas na Lei 6.938/81 e nas Resoluções CONAMA nº 001/86 e nº 237/97. Além
dessas, o Ministério do Meio Ambiente emitiu recentemente o parecer nº 312, que
discorre sobre a competência estadual e federal para o licenciamento, tendo como
fundamento a abrangência do impacto.
Segundo MMA (2008), a Diretoria de Licenciamento Ambiental é o órgão do
Ibama responsável pela execução do licenciamento em nível federal e vem realizando
esforços na qualificação e na reorganização do setor de licenciamento, além de
disponibilizar aos empreendedores módulos de: abertura de processo; atualização de
dados técnicos do empreendimento; solicitação de licença e envio de documentos e
boletos de pagamento de taxas do licenciamento em formato on-line.
Pretende-se que o sistema informatizado agilize os trabalhos e as comunicações
inerentes ao processo de licenciamento e permita maior visibilidade e transparência para
os processos de licenciamento em tramitação no Ibama.
No Brasil, a avaliação de impacto ambiental e o licenciamento de atividades
efetivas ou potencialmente poluidoras constituem instrumentos para a execução da
Política Nacional de Meio Ambiente, Lei nº 6.938, editada em 31 de agosto de 1981. A
avaliação de impacto ambiental é ainda matéria constitucional, prevista no Art. 225, § 1º,
Inciso IV da Constituição Federal de 1988, que determina a realização de estudo prévio
do impacto ambiental para a instalação no país de obras ou atividades potencialmente
causadoras de significativa degradação do meio ambiente, como vimos no tópico anterior.
De acordo com MMA (2008), a normatização brasileira sobre avaliação de
impacto ambiental e licenciamento não caracteriza fato isolado no cenário ambiental,
derivando antes de um processo histórico mais amplo, cujas origens remontam à

20
emergência da consciência ecológica mundial e à realização da 1ª Conferência das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente, em 1972, na Suécia. Motivada, entre outros fatores, pela
degradação da qualidade ambiental nos países desenvolvidos, sob o efeito cumulativo da
poluição industrial, bem como, pela ausência de marcos regulatórios internacionais e pela
crítica aos padrões de desenvolvimento estabelecidos – consubstanciada no 1º Relatório
do Clube de Roma, Os Limites do Crescimento – a Conferência das Nações Unidas
significou um divisor de águas no tratamento das questões de cunho ambiental, até então,
inseridas no contexto mais pragmático do desenvolvimento econômico indiscriminado.
Segundo MMA (2008), a Declaração de Estocolmo, documento resultante da
Conferência de 1972, afirmou como princípios básicos a conciliação entre
desenvolvimento e proteção ambiental e a salvaguarda dos recursos naturais em benefício
das gerações atuais e futuras, destacando o papel do planejamento racional como
instrumento para a consecução de tais finalidades. De Estocolmo resultou, ainda no ano
de 1972, a criação de um mecanismo institucional para tratar das questões ambientais no
âmbito das Nações Unidas: o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA), com sede em Nairóbi, Quênia.
No Brasil, os desdobramentos da Conferência de Estocolmo não tardaram a
repercutir e, já na década de 70, projetos de grande vulto, sob o crivo de organismos
multilaterais de financiamento, foram submetidos à Avaliação de Impacto Ambiental,
caso da Usina Hidrelétrica de Sobradinho, primeiro empreendimento a sofrer uma
avaliação ambiental no Brasil, no ano de 1972. As experiências em avaliação de impacto
ambiental sucederam-se na década de 70, culminando na consagração dessas como
instrumento da Política Nacional de Meio Ambiente, Lei nº 6.938/81, em associação ao
licenciamento das atividades utilizadoras dos recursos ambientais, consideradas efetiva
ou potencialmente poluidoras.
Conforme MMA (2008), no âmbito da Lei nº 6.938/81 foi instituído o Conselho
Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, órgão responsável pelo estabelecimento de
normas e critérios para o licenciamento ambiental. Considerando a necessidade de se
estabelecerem definições, responsabilidades, critérios básicos e diretrizes para o uso e
implementação da avaliação de impacto ambiental, o CONAMA publicou, em 23 de
janeiro de 1986, a Resolução nº 001, submetendo o licenciamento ambiental de
determinadas atividades modificadoras do meio ambiente à elaboração de estudo de
impacto ambiental e respectivo relatório de impacto ambiental/EIA/RIMA.

21
A evolução das experiências de licenciamento nos órgãos de meio ambiente do
país, breve demonstrou a necessidade de revisão dos procedimentos e critérios utilizados
no sistema de licenciamento, dando ensejo à publicação, em 19 de dezembro de 1997, da
Resolução do CONAMA nº 237 que regulamentou, em normas gerais, as competências
para o licenciamento nas esferas federal, estadual e distrital, as etapas do procedimento
de licenciamento, entre outros fatores a serem observados pelos empreendimentos
passíveis de licenciamento ambiental.
A Resolução CONAMA nº 237/97 conferiu ainda ao órgão ambiental a
competência para a definição de outros estudos ambientais pertinentes ao processo de
licenciamento, verificando-se que o empreendimento não é potencialmente causador de
significativa degradação ambiental.
Segundo MMA (2008), no ano seguinte, a edição da Lei nº 9.605, de 12 de
fevereiro de 1998, Lei de Crimes Ambientais, elevou à condição de crime àquelas
condutas lesivas ao meio ambiente, provenientes da não observância da regulamentação
afetada ao licenciamento ambiental. Foram constituídos em crime ambiental a construção,
reforma, ampliação, instalação ou funcionamento, em qualquer parte do território
nacional, de estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença
ou autorização dos órgãos ambientais competentes ou contrariando as normas legais e
regulamentares pertinentes ao licenciamento (Art. 60 da Lei nº 9.605/98). A
criminalização das práticas danosas ao meio ambiente, incorporada ao sistema de
licenciamento ambiental, constitui marco representativo no processo de
responsabilização social e consolidação institucional do licenciamento como efetivo
instrumento de gestão ambiental.

COMPETÊNCIAS PARA O LICENCIAMENTO

Como vimos acima no âmbito do Sistema Nacional do Meio Ambiente –


SISNAMA, é o Conselho Nacional do Meio Ambiente/CONAMA, órgão consultivo e
deliberativo do SISNAMA, o responsável pelo estabelecimento de normas e padrões para
o meio ambiente ecologicamente equilibrado, devendo os Estados, o Distrito Federal e os
municípios, na esfera de suas competências e áreas de jurisdição, propor normas
supletivas, complementares e padrões relacionadas a qualidade ambiental.
Para a repartição das competências de licenciamento ambiental entre os órgãos
integrantes do SISNAMA foi adotado como fundamento o conceito de significância e
abrangência do impacto ambiental direto, decorrente do empreendimento ou atividade.

22
Ao IBAMA, atribuiu-se a responsabilidade pelo licenciamento daqueles
empreendimentos e atividades considerados de significativo impacto de âmbito nacional
ou regional (Art. 4º da Resolução do CONAMA nº 237/97), quando:
I - localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; no
mar territorial; na plataforma continental; na zona econômica exclusiva; em terras
indígenas ou em unidades de conservação do domínio da União;
II - localizados ou desenvolvidos em dois ou mais Estados;
III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do País
ou de um ou mais Estados;
IV- destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e
dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em
qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia
Nuclear - CNEN;
V- bases ou empreendimentos militares, quando couber, observada a legislação
específica.
Aos órgãos estaduais e distrital de meio ambiente foi determinada a competência
para o licenciamento dos seguintes empreendimentos e atividades (Art. 5º da Resolução
CONAMA 237/97):
I - localizados ou desenvolvidos em mais de um Município ou em unidades de
conservação de domínio estadual ou do Distrito Federal;
II - localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas de vegetação
natural de preservação permanente relacionadas no artigo 2º da Lei nº 4.771, de 15 de
setembro de 1965, e em todas as que assim forem consideradas por normas federais,
estaduais ou municipais;
III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais de um ou
mais Municípios;
IV - delegados pela União aos Estados ou ao Distrito Federal, por instrumento
legal ou convênio.
Cabe aos municípios a competência para o licenciamento ambiental de
empreendimentos e atividades de impacto ambiental local e daquelas delegadas pelo
Estado por instrumento legal ou convênio.
Como já falamos, o processo de avaliação de impacto ambiental é revestido de
caráter público. Nesse sentido, incorpora a participação social, por meio da realização de

23
consultas públicas que balizam o processo decisório sobre a viabilidade ambiental de
empreendimentos e atividades potencialmente poluidores.
A audiência pública é a forma de consulta pública usual no processo de
licenciamento e tem por objetivo a divulgação para a sociedade das informações sobre o
projeto e discussão do RIMA, que reflete as conclusões do EIA – Estudo de Impacto
Ambiental. Dependendo do tipo de empreendimento e seu impacto, podem ser realizadas
uma ou várias audiências públicas com a finalidade de informar, esclarecer e coletar
subsídios junto à sociedade sobre o empreendimento ou atividade em processo de
licenciamento.
A Licença Ambiental, conforme definido pela Resolução do CONAMA nº
237/97, é:
o ato administrativo, pelo qual o Poder Público, via órgão ambiental competente,
estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental a serem cumpridas
pelo empreendedor para a implantação de empreendimentos ou atividades utilizadoras
dos recursos naturais, efetiva ou potencialmente poluidoras. (CONAMA nº 237/97).
As etapas do licenciamento e seus prazos de validade são:
De acordo com o IBAMA (2002), o licenciamento ambiental se realiza em um só
nível de competência, compreendendo fases distintas, caracterizadas, de modo geral, pela
emissão sucessiva ou isolada de três tipos básicos de Licenças:
 Licença Prévia (LP) – é a licença concedida na fase preliminar do planejamento,
do empreendimento ou atividade, aprovando sua localização, concepção e
atestando sua viabilidade ambiental; com validade de até cinco anos.
 Licença de Instalação (LI) – é a licença que autoriza a instalação do
empreendimento ou atividade; com validade de até seis anos.
 Licença de Operação (LO) – é a licença que autoriza a operação do
empreendimento ou atividade, cumpridas as restrições e condicionantes das
licenças anteriores e resguardadas as medidas de controle ambiental do projeto;
validade mínima de quatro anos e máxima de 10 anos, podendo o órgão ambiental
estabelecer prazos de validade específicos para essa Licença, na ocorrência de
empreendimentos ou atividades que, por sua natureza e peculiaridade, estejam
sujeitos a encerramento ou modificações em prazos inferiores.
Segundo IBAMA (2002), para a concessão das diferentes modalidades de Licença
(LP, LI, LO), o órgão ambiental competente, em função das peculiaridades da atividade
ou empreendimento, pode estabelecer prazos de análise diferenciados. O prazo máximo

24
de análise a ser observado é de 6 meses, ressalvados os casos em que houver EIA/RIMA
e/ou audiência pública, quando o prazo de análise é estendido para 12 meses.
Segundo MMA (2008), a contagem do prazo de análise prevista é suspensa
quando solicitada ao empreendedor a elaboração de estudos ambientais complementares
e esclarecimentos adicionais. O empreendedor deve atender, em até 4 meses, às
requisições do órgão ambiental, sob pena de arquivamento de seu pedido de licença.
Enfim, para o MMA (2008), o licenciamento ambiental é um importante
instrumento de gestão da Política Nacional do Meio Ambiente. Por meio dele, a
administração pública busca exercer o necessário controle sobre as atividades humanas
que interferem nas condições ambientais. Dessa forma tem, por princípio, a conciliação
do desenvolvimento econômico com o uso dos recursos naturais, de modo a assegurar a
sustentabilidade dos ecossistemas em suas variabilidades físicas, bióticas, socioculturais
e econômicas. Deve, ainda, apoiar-se a outros instrumentos de planejamento de políticas
ambientais, como a avaliação ambiental estratégica; avaliação ambiental integrada; bem
como, por outros instrumentos de gestão – zoneamento ecológico econômico, planos de
manejo de unidades de conservação, planos de bacia, etc.
O licenciamento é um poderoso mecanismo para incentivar o diálogo setorial,
rompendo com a tendência de ações corretivas e individualizadas ao adotar uma postura
preventiva, mas proativa, com os diferentes usuários dos recursos naturais.
Os procedimentos de licenciamento ambiental nos Estados e na área federal são
variados, devido à diversidade e especificidade das atividades/empreendimentos
passíveis de licenciamento. Minas Gerais, Amazonas e Rio de Janeiro serão nossos
exemplos de licenciamento a nível estadual, mas no último capítulo são disponibilizados
sites eletrônicos e endereços dos diversos órgãos ligados ao IBAMA e meio ambiente de
maneira geral, para consulta a licenciamento ambiental, projetos e legislação pertinente,
em todos os estados brasileiros.

NÍVEL ESTADUAL

Em Minas Gerais, as atribuições do licenciamento ambiental e da Autorização


Ambiental de Funcionamento (AAF) são exercidas pelo Conselho Estadual de Política
Ambiental (Copam), das Unidades Regionais Colegiadas (URCs), das Superintendências
Regionais de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Suprams), que representa a
Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), o Instituto Mineiro de Gestão das Águas
(Igam) e o Instituto Estadual de Florestas (IEF).

25
Para a regularização ambiental, considera-se a tabela abaixo:

De acordo com o IBAMA , a regularização ambiental de um empreendimento não


termina, entretanto, com a obtenção da Licença de Operação (LO) ou da AAF. O fato de
ter obtido um ou outro desses diplomas legais significa que o empreendimento atendeu a
uma exigência legal, mas a manutenção da regularidade ambiental pressupõe o
cumprimento permanente de diversas exigências legais e normativas, explícitas ou
implícitas na licença ambiental ou na AAF.
Em Minas Gerais, os estudos ambientais solicitados durante o processo de
licenciamento ambiental são:
 Estudo de Impacto Ambiental (EIA): deve ser elaborado por equipe
multidisciplinar, com o objetivo de demonstrar a viabilidade ambiental do
empreendimento ou atividade a ser instalada. Foi instituído pela Resolução
Conama 01/86, sendo solicitada durante a LP.

26
 Relatório de Impacto Ambiental (Rima): explicita as conclusões do EIA e que
necessariamente sempre o acompanha. À semelhança do EIA, o Rima deve ser
elaborado por equipe multidisciplinar, redigido em linguagem acessível,
devidamente ilustrado com mapas, gráficos e tabelas, de forma a facilitar a
compreensão de todas as consequências ambientais e sociais do projeto por parte
de todos os segmentos sociais interessados, principalmente a comunidade da área
diretamente afetada.
 Relatório de Controle Ambiental (RCA): exigido em caso de dispensa do
EIA/Rima. É por meio do RCA que o empreendedor identifica as não
conformidades efetivas ou potenciais decorrentes da instalação e da operação do
empreendimento para o qual está sendo requerida a licença.
 Plano de Controle Ambiental (PCA): documento por meio do qual o
empreendedor apresenta os planos e projetos capazes de prevenir e/ou controlar
os impactos ambientais decorrentes da instalação e da operação do
empreendimento para o qual está sendo requerida a licença, assim como, para
corrigir as não conformidades identificadas. O PCA é sempre necessário,
independente da exigência ou não de EIA/Rima, sendo solicitado durante a LI.
 Relatório de Avaliação de Desempenho Ambiental do Sistema de Controle e
demais Medidas Mitigadoras (Rada): tem a finalidade de subsidiar a análise do
requerimento de revalidação da LO, de acordo com o artigo 3º, inciso I da
Deliberação Copam 17/96. O procedimento de revalidação da LO tem por
objetivo fazer com que o desempenho ambiental do empreendimento seja
formalmente submetido a uma avaliação periódica. Esse período é sempre aquele
correspondente ao prazo de vigência da LO vincenda. A revalidação da LO é
também a oportunidade para que o empreendedor explicite os compromissos
ambientais voluntários porventura assumidos, bem como, algum passivo
ambiental não conhecido ou não declarado por ocasião da LP, ou da LI, ou da
primeira LO, ou mesmo por ocasião da última revalidação.
Para Firjan (2004), no Estado do Rio de Janeiro, os principais documentos
exigidos para licenciamento ambiental são:
 Memorial descritivo do processo industrial da empresa;
 Formulário de Requerimento preenchido e assinado pelo representante legal;
 Cópia do CPF e Identidade do representante legal que assinar o requerimento;

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 Cópias dos CPFs e Registros nos Conselhos de Classe dos profissionais
responsáveis pelo projeto, construção e operação do empreendimento;
 Cópias do CPF e Identidade de pessoa encarregada do contato entre a empresa e
o órgão ambiental;
 Cópias da Procuração, do CPF e da Identidade do procurador, quando houver;
 Cópia da Ata da eleição da última diretoria, quando se tratar de sociedade
anônima, ou contrato social registrado, quando se tratar de sociedade por cotas de
responsabilidade limitada;
 Cópia do CNPJ- Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica;
 Cópias do registro de propriedade do imóvel ou de certidão de aforamento ou
cessão de uso;
 Cópia da Certidão da Prefeitura indicando que o enquadramento do
empreendimento está em conformidade com o a Lei de Zoneamento Municipal;
 Cópia da Licença ambiental anterior, se houver;
 Guia de Recolhimento (GR) do custo de Licença. A efetuação do pagamento e
custo da taxa referente deverá ser orientada pelo órgão;
 Planta de Localização do empreendimento. Poderá a empresa anexar cópia de
mapas do Guia Rex ou outros mapas de ruas, indicando sua localização;
 Croquis ou planta hidráulica, das tubulações que conduzem os despejos
industriais, esgotos sanitários, águas de refrigeração, águas pluviais etc. A
representação dessas tubulações deverão ser apresentadas com linhas em cores ou
traços diferentes.

O EXEMPLO DA AMAZÔNIA

Conforme MMA (2007), a implantação do Sistema de Licenciamento Ambiental


em Propriedade Rural na Amazônia é parte de uma ampla estratégia elaborada e
executada nos últimos três anos pelo Ministério do Meio Ambiente. Tal estratégia foi
definida no âmbito de um processo de consulta aos governos estaduais e aos setores
organizados da sociedade civil, conduzido pela Secretaria de Coordenação da Amazônia
e ao qual se deu o nome de Agendas Positivas.
Sua finalidade é conter o desmatamento e, ao mesmo tempo, tornar viável a
implantação de um modelo econômico que valorize a permanência da floresta em pé e
promova melhores condições de vida para a população amazônica.

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Segundo MMA (2007), a eficiência do Sistema de Licenciamento Ambiental em
Propriedade Rural foi testada com sucesso no Estado do Mato Grosso que, com o apoio
do Ministério do Meio Ambiente, o adotou em 1999. No primeiro ano de funcionamento,
esse sistema reduziu em 24% a taxa de desmatamento no Estado e em 53% o número de
focos de calor registrados no período. Em parceria com os órgãos de meio ambiente e os
Ministérios Públicos estaduais, o Ministério do Meio Ambiente implantará o Sistema de
Licenciamento Ambiental em Propriedade Rural em todos os estados da Amazônia.

NÍVEL MUNICIPAL

Segundo Schneider (2000) o Sistema Municipal de Proteção Ambiental,


geralmente, é composto por órgão da prefeitura e entidades do município. Poderá integrar
entidades de pesquisa e fundações responsáveis pela pesquisa em recursos naturais,
proteção e melhoria da qualidade ambiental, pelo planejamento, controle, fiscalização das
atividades que afetam o meio ambiente e aplicação de normas a ele pertinentes, e pelas
ações não governamentais.
O Sistema Municipal de Proteção Ambiental deverá conter:
 Conselho Municipal do Meio Ambiente, órgão superior do Sistema, de caráter
consultivo, deliberativo e normativo, responsável pela aprovação e
acompanhamento da implantação da Política Municipal do Meio Ambiente, bem
como, dos demais planos afetos à área;
 A Secretaria, Diretoria, Departamento ou Seção de Meio Ambiente do Município,
responsável pelo meio ambiente, como órgão central (unidade administrativa);
 As demais Secretarias Municipais e organismos da administração direta e indireta,
assim como, as instituições governamentais e não governamentais com atuação
no município.
 Os órgãos responsáveis pela gestão dos recursos ambientais, preservação e
conservação do meio ambiente e execução da fiscalização das normas de proteção
ambiental, como órgãos executores.
Segundo Dallagnol (2006), juridicamente, o licenciamento ambiental é o
instrumento básico da Política Municipal de Gestão e Saneamento Ambiental e tem por
objetivo a prévia redução dos impactos ambientais causados pelos empreendimentos e
atividades, de forma a assegurar um meio ambiente equilibrado e a qualidade de vida da
população. Não há dúvidas de que esse controle é a base do conceito de desenvolvimento

29
sustentável, que nada mais é do que o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e a
preservação do meio ambiente.
Como já foi afirmado, o licenciamento ambiental é o exercício do poder de polícia,
um controle prévio à atividade privada e ação que se antecipa à produção do dano
ambiental.
De acordo com Dallagnol (2006), no caso do município e à luz do Direito, mesmo
que o município detenha competência legislativa, apenas para complementar ou
suplementar a legislação federal e estadual, no que couber (art. 24, inciso VI, c/c art. 30,
incisos I e II, todos da CF), sua competência executiva, ou administrativa, em matéria de
proteção ao meio ambiente e combate a poluição, é plena, por força do art. 23, VI, da
Constituição Federal.
Para o mesmo autor, citado anteriormente, apesar do artigo 10 da lei nº 6.938/81
determinar ser necessário prévio licenciamento por órgão estadual competente, integrante
do SISNAMA, o Município tem plena legitimidade para realizar o licenciamento
ambiental em relação àquelas atividades que tenham impacto local, desde que conte com
a estrutura administrativa adequada, inclusive com a implementação do Conselho
Municipal do Meio Ambiente e corpo técnico capacitado, além da existência da legislação
municipal pertinente que legitime sua atuação. Nesse sentido, o Estado e a União têm
competência plena para licenciar apenas aqueles empreendimentos cujo impacto
ultrapasse o âmbito local ou regional, respectivamente, e competência suplementar, no
caso de não existir a estrutura municipal adequada, tanto legal e administrativa como
também operacionalmente, para promover o licenciamento ambiental, nos casos de
empreendimentos com impacto local.
Na resolução 237/97 do CONAMA, artigo 6º, foram estabelecidas as atribuições
dos municípios no licenciamento de atividades de impacto local, sendo que o artigo diz o
seguinte:
Compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos os órgãos competentes da União,
dos Estados e do Distrito Federal, quando couber, o licenciamento ambiental de
empreendimentos e atividades de impacto local e daqueles que lhe forem delegados pelo
Estado por instrumento legal ou convênio. (Resolução 237/97 CONAMA, artigo 6º,
1997)

O importante, de acordo com Firjan (2004), ao final deste tópico, é entendermos


que:

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 O processo de Licenciamento Ambiental, apesar de ser constituído de várias
etapas e exigências, é uma obrigação legal;
 este processo pode ser simplificado quando as empresas buscam trabalhar com o
órgão ambiental desde o início, buscando de forma transparente as soluções para
o desenvolvimento de suas atividades, respeitando o meio ambiente;
 o real objetivo da criação deste instrumento, o processo Licenciamento Ambiental
por órgãos ambientais, é a conciliação do desenvolvimento das atividades
humanas com o respeito ao meio ambiente.

PRINCIPAIS ATIVIDADES PASSÍVEIS DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Atividades agropecuárias – têm impactos variados como, por exemplo: métodos


de cultivo inadequados, podem ocasionar, entre outros danos, o desmatamento, a
degradação dos solos, a salinização e desertificação de áreas, a contaminação dos
ecossistemas por agrotóxicos, além de emissões de CH4 para a atmosfera devido às
queimadas.
Os meios de transporte – rodovias e ferrovias podem ocasionar impactos
ambientais relacionados a alterações na socioeconomia regional, pressão sobre
comunidades rurais e áreas sensíveis (indígenas, culturais, históricas e turísticas),
modificações em sistemas naturais de drenagem e desequilíbrio ecológico advindo de
mudanças nos ecossistemas locais.
Atividades de energia, mineração, exploração de petróleo, extração mineral e
vegetal, sistemas de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto e resíduos
sólidos são outros exemplos de atividades passíveis de licenciamento ambiental devido
às mudanças que provocam no meio ambiente.

MARKETING VERDE

Para falarmos de marketing verde, é preciso relembrar alguns conceitos


importantes como marketing que é uma função fundamental em qualquer organização
voltada para identificação das necessidades, carências e valores de um mercado alvo, ou
seja, o que o cliente quer, tendo que satisfazê-lo com rapidez, qualidade e eficiência.
Dentro de um cenário em que as tendências se voltam para a busca da qualidade
de vida, surgiu a necessidade de desenvolver produtos e serviços chamados
ecologicamente corretos e voltados para a satisfação de um público exigente. Assim
nasceu o marketing verde.

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Segundo Lavorato (2009) marketing verde, trata-se de um nicho (pequeno
segmento da sociedade) crescente do mercado. É considerado nicho porque é ainda
incipiente, o que determina baixo volume de produção e consumo, e é crescente, porque
está dentro da necessidade urgente de melhores indicativos de qualidade de vida. O Nicho
verde é um segmento específico do mercado que valoriza produtos e serviços
ecologicamente corretos por conhecer, compreender e não aceitar as consequências das
atividades extrativistas e não sustentáveis que provocam o esgotamento de recursos
naturais para as atuais e próximas gerações.
O marketing verde é um sinal de que a humanidade (mesmo que ainda numa
parcela muito pequena) está se conscientizando que o planeta precisa ser “usado” com
cautela. A população crescente, um estilo de vida extrativista (recursos não-renováveis)
e poluidor (descartável) determinam um rápido esgotamento de tudo aquilo que nos
proporciona vida (água, ar, solo, fauna e flora) e qualidade de vida (petróleo, minerais,
energia, espaço, etc.).
De acordo com Lavorato (2009), nesse contexto, o marketing verde possui as
seguintes fundamentações:
 Lei da Oferta e da Procura: Vivemos num modelo econômico que acelera o
esgotamento de recursos naturais vitais e não vitais:
- Produção extrativista (matéria prima) X Recursos Naturais finitos.
- Produção Massa (alta produção de resíduos) X Recursos Naturais Contaminados
(poluição).
- Consumo Massa (Alta Produção descarte) X Espaços reduzidos (volume de
lixo).
 Leis Protecionistas: As leis são determinadas pela sociedade, segundo suas
necessidades e valores. No caso do meio ambiente, desde 1992 (ECO 92), o
mundo está atento e interessado. Vários outros encontros, debates e acordos
mundiais têm se estabelecidos. Como exemplo, temos o Protocolo de Kyoto que
determina índices de redução na emissão de CO2 na atmosfera. Este
posicionamento global de preservação ambiental se traduz em incentivo à adoção
de novos hábitos de produção e consumo. A legislação, as políticas de importação,
campanhas e procedimentos, incentivam e impõem a mudança de valores.
 Inovações Tecnológicas: Por outro lado, o acesso à tecnologias mais limpas e a
própria tecnologia de informação e difusão de conhecimentos agilizam processos

32
e mudanças de hábitos e atitudes. Hoje, já se reconhece a receptividade da atual
geração por uma nova ordem de consumo.
 Novos Mercados: O nicho verde trabalha com tendências atuais e futuras, com
novos hábitos de consumo, novos produtos e novos mercados. Cada Geração
avança 1(um) passo em comparação a anterior. Nos próximos 20 anos, teremos
decisões mais precisas, escolhas mais responsáveis. Hoje, já temos nas prateleiras
opções de produtos ecológicos como o alimento orgânico, produtos reciclados,
carros menos poluidores, equipamentos elétricos com menor consumo de energia,
detergentes biodegradáveis, serviços de coleta seletiva de lixo, etc.
 Consumo Responsável: embora façamos parte do ecossistema com uma
participação muita pequena (somos uma das espécies) temos, porém, grande poder
de interferência positiva e/ou negativa e não podemos e nem queremos deixar
como marca registrada da interferência humana no planeta, o lixo e a poluição,
pois seremos os responsáveis por nossa própria destruição.
Eis assim, a necessidade de investimento em produtos e serviços ecologicamente
corretos que ajudarão a equilibrar nossas contas com o planeta.
Contabilmente, passivo são as obrigações das empresas com terceiros, sendo que
tais obrigações, mesmo sem uma cobrança formal ou legal, devem ser reconhecidas.
O passivo ambiental representa os danos causados ao meio ambiente,
representando, assim, a obrigação, a responsabilidade social da empresa com aspectos
ambientais. Nessa proposta, no balanço patrimonial de uma empresa, é incluído, através
de cálculos estimativos, o passivo ambiental (danos ambientais gerados), e no ativo (bens
e direitos) são incluídos as aplicações de recursos que objetivem a recuperação do
ambiente, bem como, investimentos em tecnologia de processos de contenção ou
eliminação de poluição.
A identificação do passivo ambiental está sendo muito utilizada em avaliações
para negociações de empresas e em privatizações, pois a responsabilidade e a obrigação
da restauração ambiental podem recair sobre os novos proprietários. Ele funciona como
um elemento de decisão no sentido de identificar, avaliar e quantificar posições, custos e
gastos ambientais potenciais que precisam ser atendidos a curto, médio e a longo prazo.
Deve ser ressaltado, porém, que o passivo ambiental não precisa estar diretamente
vinculado aos balanços patrimoniais, podendo fazer parte de um relatório específico,
discriminando-se as ações e esforços desenvolvidos para a eliminação ou redução de
danos ambientais. Essa metodologia vem sendo seguida por empresas do mundo inteiro.

33
Créditos de Carbono são certificados que autorizam o direito de poluir. O
princípio é simples. As agências de proteção ambiental reguladoras emitem certificados
autorizando emissões de toneladas de dióxido de enxofre, monóxido de carbono e outros
gases poluentes. As empresas recebem bônus negociáveis na proporção de suas
responsabilidades. Cada bônus, cotado em US$, equivale a uma tonelada de poluentes.
Quem não cumpre as metas de redução progressiva estabelecidas por lei, tem que comprar
certificados das empresas mais bem sucedidas. O sistema tem a vantagem de permitir que
cada empresa estabeleça seu próprio ritmo de adequação às leis ambientais. Esses
certificados podem ser comercializados através das Bolsas de Valores e de Mercadorias.
Segundo Lavorato (2009), há várias empresas especializadas no desenvolvimento
de projetos que reduzem o nível de gás carbônico na atmosfera e na negociação de
certificados de emissão do gás espalhadas pelo mundo se preparando para vender cotas
dos países subdesenvolvidos e países em desenvolvimento que, em geral, emitem menos
poluentes para os que poluem mais. Enfim, preparam-se para negociar contratos de
compra e venda de certificados que conferem aos países desenvolvidos o direito de poluir.

ATUAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

O profissional que atua com educação ambiental não precisa ser necessariamente
um professor, entretanto, é no campo da educação que ele encontra espaço para
desenvolver projetos que levem à conscientização necessária que tanto precisamos para
proteger e usar racionalmente os recursos da natureza. Nesse caminho, segundo Pires
(1998, p.54) citado por Vidal (2004, p. 165), a escola:

enquanto ensino formal, ainda apresenta-se contraditória, pois, assim como ela
ainda reproduz as condições sociais e econômicas, também, deve buscar uma forma de
capacitação para a apropriação dos meios para a compreensão e transformação da
sociedade em que está inserida, portanto, ela deveria levar a educação a ser um meio de
transformação social e a partir daí, poderia incentivar transformações ambientais rumo à
sustentabilidade. (PIRES, 1998, . 54 apud VIDAL, 2004, p.165)
Para Guareschi (2002, p. 110), citado por Vidal (2004, p. 181) de nada adiantam
belos discursos, cheios de propósitos e palavras libertadoras, se a prática é dominadora.
Mas se numa escola, educadores e educandos se propuserem a vivenciar e promover
novas relações sociais, baseadas na igualdade, no respeito, no diálogo, então sim, essa
sociedade começa a mudar. As pessoas que se acostumam a uma prática democrática vão

34
levar essa prática às outras situações sociais em que elas vivem, como: às igrejas, às
famílias, aos locais de trabalho, entre outros.
Em se tratando de Educação Ambiental, ela deve ser constantemente crítica e
aberta a novos questionamentos e Vidal (2004, p. 176) salienta que:
Os educadores ambientais precisam estar cientes de que [...] essa cidadania
planetária só pode ser exercida pelos segmentos sociais que não estão sendo excluídos
neste processo de mudanças. Delega assim aos educadores o papel de agente e formador
de [...] agentes que contribuirão no processo de transformação deste atual modelo de
sociedade e da lógica dominante das mudanças em curso, entendendo que os homens se
definem por seu agir entre os outros homens, influindo no mundo que os cerca [e que]
esta capacidade de agir em meio à diversidade de ideias e posições é a base da convivência
democrática e do exercício de cidadania. (VIDAL, 2004, p.176)
Voltando a questão para o trabalho da interdisciplinaridade, esse é necessário e
recomendado, buscando unir profissionais ligados às áreas da educação, como também
da Biologia, Artes, Ecologia, Geografia, História, Matemática, Português, enfim, todos
aqueles que trabalham como professores das disciplinas básicas nas escolas de Ensino
Fundamental e Médio, sendo disseminadores ou multiplicadores desses conhecimentos
que serão inseridos na vida cotidiana de todos os indivíduos.
Sem dúvida, a educação tem um importante papel no processo de construção de
uma sociedade mais justa, e considera-se a interdisciplinaridade como eixo central da sua
prática. Isso supera a concepção da Educação Ambiental voltada ao tarefismo naturalista,
tratando de contemplar especificamente problemas ambientais, relacionados com o meio
natural.
A prática da Educação Ambiental se dá na ação interdisciplinar. A Educação
Ambiental não será condicionada a recortes teóricos fechados, mas em seu caráter
interdisciplinar em função de que sua prática, na forma considerada, evoca a interseção
de inúmeras áreas do conhecimento.
O documento da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e
Cultura (Unesco), 1977 – Educating for a Sustentainble Future – mostra que uma
premissa básica para a educação é a interdependência das variadas formas de vida e
salienta a relação dessa ótica educacional com a construção de uma nova ética.
Segundo Cascino (1999) apud Vidal (2004), é papel da ação interdisciplinar,
desenvolver através de seu educador/orientador, a transmissão e reconstrução de
conteúdos, relacionando-os e desenvolvendo a partir daí o processo interdisciplinar,

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imbuído de muitas outras tarefas. Não se trata de simples cruzamento de ‘coisas’
parecidas; trata-se, bem ao contrário, de construir diálogos fundados na diferença,
abraçando concretamente a riqueza derivada da diversidade.
A interdisciplinaridade permite, através de sua ação educativa, que o ser humano
seja percebido em sua complexidade, incorporando o ambíguo. A ambiguidade é uma
categoria explorada por Fazenda (1998) e Cascino (1999) apud Vidal (2004), cujo
exercício nos remete à diversidade. O trabalho de construção conceitual interdisciplinar
visa ao exercício pleno da ambiguidade nas questões da educação.
Voltando à interdisciplinaridade, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais
(1997, p. 24), essa questiona a segmentação entre os diferentes campos de conhecimento,
produzida por uma abordagem que não leva em conta a inter-relação e a influência entre
eles — questiona a visão compartimentada (disciplinar), da realidade sobre a qual a
escola, tal como é conhecida, historicamente se constituiu.
Já a transversalidade diz respeito à possibilidade de se estabelecer, na prática
educativa, uma relação entre aprender conhecimentos teoricamente sistematizados
(aprender sobre a realidade) e as questões da vida real e de sua transformação (aprender
na realidade e da realidade). E, há uma forma de sistematizar esse trabalho e incluí-lo,
explícita e estruturalmente na organização curricular, garantindo sua continuidade e
aprofundamento ao longo da escolaridade.
Na prática pedagógica, segundo o PCN (1997, p.26):

Interdisciplinaridade e transversalidade alimentam-se mutuamente, pois o


tratamento das questões trazidas pelos Temas Transversais expõe as inter-relações entre
os objetos de conhecimento, de forma que não é possível fazer um trabalho pautado na
transversalidade, tomando-se uma perspectiva disciplinar rígida. A transversalidade
promove uma compreensão abrangente dos diferentes objetos de conhecimento, bem
como a percepção da implicação do sujeito de conhecimento na sua produção, superando
a dicotomia entre ambos. Por essa mesma via, a transversalidade abre espaço para a
inclusão de saberes extraescolares, possibilitando a referência a sistemas de significado
construídos na realidade dos alunos. (PCN, 1997, p. 26).
De acordo com o PCN (1997, p. 30), os Temas Transversais, portanto, dão sentido
social a procedimentos e conceitos próprios das áreas convencionais, superando assim o
aprender apenas pela necessidade escolar de “passar de ano”.

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Enfim, segundo Collere (2005), para os profissionais que atuam na área da
educação é imprescindível que os órgãos competentes invistam na capacitação do
professor por meio de:
1. Formação continuada: propiciando grupos de estudo, seminários, cursos e
atividades práticas;
2. Acesso a material especializado na temática ambiental (livros, textos,
documentos, vídeos, entre outros);
3. Momentos de integração, nos quais os professores possam estar compartilhando
as experiências desenvolvidas nas escolas;
4. Maior cooperação da Secretaria Municipal de Educação, no sentido de
disponibilizar oportunidades para que os professores da rede possam participar
dos eventos direcionados à Educação Ambiental;
5. Maior integração entre órgãos públicos, principalmente entre a Secretaria
Municipal de Educação e a Secretaria de Estado da Educação, e desses com outros
organismos públicos e privados ligados à temática, para estabelecerem parcerias
que visem melhorar a qualidade da formação dos professore.
A questão da educação ambiental é um tema tão complexo quanto são os
problemas ambientais pelos quais passa nosso planeta e necessita-se urgentemente de
sensibilização e conscientização das pessoas, principalmente, dos jovens nas escolas,
pois, embora decretos e leis estejam aí para proteger o meio ambiente e seu uso racional
e sustentável, essa conscientização terá muito mais chance de acontecer através das ações
educacionais.
Podemos concluir que um dos principais objetivos da educação ambiental consiste
em permitir ao ser humano compreender a natureza complexa do meio ambiente que
envolve a interação dos aspectos físicos, culturais, sociais e biológicos, o que se dará
quando percebermos que pequenas atitudes tomadas em relação ao meio ambiente, a nível
micro, pode ter consequências internacionais.

37
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