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Apresentação ............................................................................................................................................................... 3
Integração entre Educação Ambiental (EA) e Comunicação Social (CS) voltadas à Gestão de Resíduos Sólidos
(GRS) ................................................................................................................................................................................................... 4
Aula 02 - Inspirando a ação: boas práticas em Gestão de Resíduos Sólidos (GRS) ...................................... 17
Uma visão geral sobre conhecimentos chave para a Gestão de Resíduos Sólidos ................................................... 28
Uma visão geral sobre processos participativos na gestão de resíduos sólidos e a contribuição da Educação
Ambiental para estes processos ............................................................................................................................................... 32
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Apresentação
Olá, caro(a) cursista, que bom ter você aqui, no último módulo da nossa jornada.
No Módulo 04, falaremos um pouco mais sobre as ações e projetos da Educação Ambiental (EA) no
contexto da Gestão dos Resíduos Sólidos (GRS). E, também, das Boas práticas da Educação Ambiental e da
Gestão dos Resíduos Sólidos. E, por fim, faremos uma visão geral dos conteúdos tratados ao longo do curso e
dos principais pontos de cada módulo.
Para tanto, neste módulo, teremos os seguintes objetivos:
Objetivo geral:
Objetivos específicos:
Promover uma visão prática da contribuição da Educação Ambiental na Gestão dos Resíduos
Sólidos.
Apresentar alternativas para a gestão de resíduos com exemplos de boas práticas realizadas no
Brasil trazendo a Educação Ambiental como suporte central.
Mostrar uma visão geral dos conteúdos tratados ao longo do curso com destaque nos principais
pontos de cada módulo.
Muito bem! Após essa pequena contextualização, já podemos dar início à Aula 01, que traz Educação
Ambiental na Gestão dos Resíduos Sólidos.
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Aula 01 - Educação Ambiental aplicada à Gestão de Resíduos
Sólidos (GRS)
Bem-vindo(a) a nossa primeira aula do Módulo 04, a última etapa do processo formativo que viemos
trilhando.
Na última aula do Módulo 03, tratamos de temas relacionados à gestão de resíduos de forma geral
que emergiram do Conceito Gerador da fragmentação à unidade na diversidade.
Detalhamos alguns aspectos do saneamento básico e processos de mudança do clima que dialogam
com a Gestão de Resíduos Sólidos. Dedicamo-nos também a apresentar e refletir sobre fontes de financiamento,
custos e mecanismos de cobrança.
Nesta aula, colocaremos o foco na dimensão prática que reflete a aplicação dos conhecimentos trazidos
até o momento ao longo do curso. Veremos os seguintes pontos: integração entre Educação Ambiental (EA) e
Comunicação Social (CS) voltadas à Gestão de Resíduos Sólidos (GRS); estrutura proposta pela Educares para os
públicos-alvo das ações de EA; e dar exemplos de práticas de EA voltadas à GRS.
A GRS torna-se real na medida em que acontece por via de processos participativos, e esses por sua
vez têm na EA sua principal base. Não é por acaso que a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) coloca
a EA como um de seus instrumentos, sendo a Educares uma proposta de mecanismo para colaborar na sua
implementação.
Entender as responsabilidades de cada setor (público, privado e sociedade civil) envolvido na gestão
é importante tanto para cobrar a atuação como para realizar a ação de forma articulada. Segundo o Decreto nº
7.404/10, que regulamenta a PNRS, em seu artigo 77, § 2º, ao falar da EA, sob a responsabilidade do poder
público ficam as seguintes medidas:
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V – apoiar as pesquisas realizadas por órgãos oficiais, pelas universidades, por organizações não
governamentais e por setores empresariais, bem como a elaboração de estudos, a coleta de dados e de
informações sobre o comportamento do consumidor brasileiro;
VI – elaborar e implementar planos de produção e consumo sustentável;
VII – promover a capacitação dos gestores públicos para que atuem como multiplicadores nos diversos
aspectos da gestão integrada dos resíduos sólidos;
VIII – divulgar os conceitos relacionados com a coleta seletiva, com a logística reversa, com o consumo
consciente e com a minimização da geração de resíduos sólidos.
Muito bem, analisando a lista colocada anteriormente, já é possível ver o escopo abrangente de alcance
da EA como instrumento da PNRS.
Já falamos de vários aspectos da EA ao longo do curso e agora para fechar o processo, focaremos em
ações e projetos da EA dentro da GRS.
O sucesso da gestão de resíduos cresce quanto melhor for a visão geral da complexidade que esse
tema traz, da mesma forma, a eficiência da Educação Ambiental (EA) demanda um olhar estratégico,
reconhecendo as necessidades de cada etapa da gestão e a particularidade de cada grupo envolvido.
A EA é um campo do saber muito diverso, várias são as abordagens, metodologias e maior ainda
a quantidade de atividades que ela traz. Sabendo de tudo isto, a Educares ganha grande relevância, pois é
fruto de um esforço em abarcar todo esse desafio e traduzi-lo em ações articuladas que construam e mantenham
um processo continuado de formação e informação dos cidadãos, coletivos e instituições de nossa
sociedade.
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A estratégia traz propostas de EA que partem da necessidade de ir além da dimensão técnica e de
suas inovações para superar os desafios da gestão de resíduos.
A EA na Educares olha para os valores que trazemos como indivíduos e sociedade, acreditando que
assim, vamos qualificar a forma como nos relacionamos com o mundo.
A questão central aqui é partirmos de uma reflexão individual e profunda, que olhe e avalie para os
valores que estão na raiz da percepção de mundo de cada um, questionando de que forma esses valores
contribuem para uma vida sustentável e com qualidade.
A EA conduz processos educativos que oportunizam a mudança àqueles sujeitos que se dispuserem a
transformar sua ação no mundo como fruto desse olhar para dentro. Na medida em que as pessoas vão
mudando, a sociedade traça novos rumos. Já a CS é vista como ferramenta da EA, não apenas como simples
instrumento, mas essência de um processo de transformação social.
Sob o olhar da Educares, que é convergente com a abordagem da PNEA e da PNRS, os valores
estão na raiz das ações e a sociedade está todo o tempo escolhendo quais valores reforça, rejeita, altera
e abandona.
A cultura do consumo desenfreado necessita ser abandonada, dando lugar a um pensar e agir
realmente sustentável culturalmente, ambientalmente, socialmente e financeiramente falando. Essa
sustentabilidade é sensível às relações entre pessoas e relações destas com os produtos, reavaliando as
prioridades individuais e coletivas.
Considerando a diversidade de atores elencados na PNRS e que tem suas ações afetadas por esta
Política, a Educares os organizou em grupos prioritários cada qual com seu papel e responsabilidades
diferenciados. Dentro desses grupos estão as pessoas, focos da ação pedagógica e protagonistas do processo
de ensino e aprendizagem propostos na Estratégia. Os setores da sociedade foram reunidos em:
Público
Do setor público traremos aqui ações sugeridas para gestores públicos municipais, que são, de
acordo com a Educares, responsáveis por elaborar e implementar os planos municipais de gestão de resíduos
sólidos e demais instrumentos previstos na PNRS, promovendo a sua gestão, sem negligenciar nenhuma das
inúmeras variáveis envolvidas nos debates sobre resíduos sólidos (BRASIL, 2010).
Privado
O setor privado inclui as empresas que representam, em sua maioria, a indústria e o comércio, e que,
com a PNRS, assumem obrigações direcionadas a fomentar, entre outras, ações de logística reversa. Na
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condição de grupo de atores, o setor privado deve ser segmentado de acordo com a PNRS. É o setor
responsável pelo gerenciamento ambientalmente correto dos resíduos sólidos, sua reincorporação na cadeia
produtiva e pela inovação nos produtos que tragam benefícios socioambientais (BRASIL, 2010).
Sociedade Civil
O setor da sociedade civil, segundo a Educares, tem um papel fundamental, de acordo com a PNRS.
O cidadão passa a fazer parte da gestão de resíduos sólidos com a responsabilidade de separar o material
para coleta seletiva e devolver produtos e embalagens, a fim de facilitar os processos de logística reversa. À
sociedade cabe também acompanhar e monitorar a implementação dos planos.
Geral - Onde estão os cidadãos - Passivos em relação à gestão de resíduos sólidos, mas que devem
assumir também responsabilidades com a gestão dos mesmos, repensando e revendo seu papel como
consumidor.
Engajado - O segmento que se aproxima da esfera pública, como: os catadores de material reciclável,
suas cooperativas e associações, cuja função social que exercem é considerada referencial pela PNRS; as
Comissões Estaduais Interinstitucionais de Educação Ambiental (CIEAs), sendo colegiados com a missão de
propor diretrizes, coordenando e interligando as atividades relacionadas à Educação Ambiental; os Conselhos
Estaduais e Municipais de Meio Ambiente, espaços legítimos e institucionalizados de participação social, que
apresentam papel fundamental no processo de construção, implementação e avaliação das políticas de
resíduos sólidos e seus instrumentos no âmbito do Estado e dos Municípios; os Consórcios Intermunicipais,
dada sua característica de também poderem assumir a execução de alguns serviços de gestão de resíduos
sólidos em âmbito municipal, recebendo inclusive, recursos de financiamentos públicos e privados (BRASIL,
2013a, p. 43-44).
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Para os três públicos propostos pela Educares, selecionamos ações da EA que serão detalhadas
considerando alguns dos aspectos apresentados acima e outros que consideramos relevantes. Serão
abordados:
A intenção é ilustrar de maneira simples ações poderosas que podem desencadear ou fortalecer
processos participativos na GRS.
A EA pode contribuir para a GRS em muitos momentos do processo e atuando em várias frentes de
ação. Traçar uma estratégia que parta de um olhar amplo da gestão de resíduos para escolher a ação mais
adequada a cada etapa é essencial para que se tenha a continuidade necessária.
A Educares cumpre essa demanda e traz três grandes frentes de ação para a EA:
Promoção da articulação
Ações propriamente ditas
Promoção do diálogo
Trabalhar ações de EA conjuntas entre estados, municípios e o governo federal visando a eliminação
dos lixões e do atendimento das demais metas previstas no PNRS.
Mapear ações de EA para promover a articulação e integração de políticas públicas e programas de
GRS já existentes, com o intuito de potencializar suas ações.
Para ilustrar possibilidades de ações de EA, resgatamos da Educares (BRASIL, 2013c, p. 110-111)
os seguintes exemplos:
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EA como instrumento de transformação social, sendo prática dialógica que valoriza sua perspectiva crítica e
emancipatória, com vistas a promoção da participação social na vida pública.
Propor ações de EA que envolvam todos os atores sociais e setores do governo envolvidos em
diferentes graus com a gestão de resíduos sólidos, explicitando sua parcela no compartilhamento da
responsabilidade sobre os resíduos.
Estruturar as ações de EA na gestão de resíduos sólidos para superar as assimetrias sociais, tanto no
plano cognitivo quanto organizacional, uma vez que a desigualdade e a injustiça social ainda são características
da sociedade.
Fomentar ações de EA, comunicação e mobilização social voltadas para o exercício da cidadania,
valorizando a participação e o controle social na gestão de Resíduos Sólidos.
Para ilustrar possibilidades de ações focadas no diálogo, resgatamos da Educares (BRASIL [3], 2013, p.
110-111) os seguintes exemplos:
Estimular o diálogo e respeitar a realidade vivenciada em cada contexto social do país para orientar
as ações de EA e CS na GRS;
Proporcionar a construção de valores, de conhecimentos compartilhados e o desenvolvimento de
capacidades, atitudes e habilidades que promovam processos participativos de GRS;
Promover programas de EA capazes de viabilizar o acesso à informação e o entendimento pleno de
que a problemática ambiental é socialmente construída, estando diretamente relacionada à GRS.
Focalizar a questão socioambiental para além das ações de comando e controle, evitando
perspectivas meramente utilitaristas ou comportamentais.
Uma visão um pouco mais detalhada das contribuições da EA parte da indicação de ações agrupadas
por públicos-alvo, sendo eles o que citamos anteriormente como: setor público, setor privado e setor da
sociedade civil. Cada um dos três setores tem sua prática ilustrada por linhas de ação.
Essas, por sua vez, abrigam um conjunto de atividades de EA com um objetivo definido e foram
selecionadas do repertório trazido pela Educares. As atividades/ações que foram escolhidas têm em comum a
simplicidade, didática e potencial de aplicação, considerando toda a trajetória construída no curso até momento.
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Formação e intervenção
SETOR PÚBLICO
Sugestões de atividades
Promover capacitações a todos os atores envolvidos sobre conteúdos técnicos relacionados a GRS.
Aprofundar o conhecimento sobre processos participativos na gestão de resíduos, abordando a
participação e mobilização social.
Promover programas de EA integrados a GRS com o objetivo de qualificar a gestão e a participação
social neste processo.
Organizar Seminários, Encontros, audiências e consultas públicas, oportunizando a participação de todos
os atores sociais e setores envolvidos com a GRS, com a finalidade de trabalhar a responsabilidade
compartilhada.
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Articulação institucional
SETOR PÚBLICO
Sugestões de atividades
Identificar estruturas e formas que estimulem a participação da sociedade no processo de gestão.
Articular e organizar os setores e as instituições para participarem do processo, criando espaços de
diálogo para a discussão e trocas de experiências sobre a GRS em seu município ou região.
Incentivar à criação e o desenvolvimento de cooperativas e outras formas de associação dos catadores
de materiais reutilizáveis ou recicláveis no seu município ou região.
Mapear ações de EA voltadas à GRS já existentes, com o intuito de potencializar suas ações.
Comunicação social
SETOR PÚBLICO
Sugestões de atividades
Promover a participação e mobilização da sociedade e seus arranjos no processo de elaboração e
implementação dos planos de resíduos sólidos.
Desenvolver e implementar uma estratégia de comunicação de acordo com a realidade de sua cidade
envolvendo toda a sociedade, mas, principalmente, os atores e setores que atuam diretamente na GRS.
Criar campanhas de divulgação de informações sobre os resíduos sólidos nos meios de comunicação,
trazendo diferentes abordagens e diversificando as formas de comunicação a fim de alcançar todos os
públicos (catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis e membros das cooperativas e associações,
gestores públicos, sociedade civil organizada, cidadãos em geral, iniciativa privada e instituições de
ensino).
Elaborar materiais didáticos e campanhas dirigidas sobre os impactos da geração de resíduos sólidos,
buscando sensibilizar para a importância da reciclagem, da redução dos resíduos, do consumo
sustentável, da Agenda Ambiental na Administração Pública A3P, e demais temas pertinentes a GRS.
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Formação e intervenção
SETOR PRIVADO
Sugestões de atividades
Promover a capacitação de funcionários e corpo técnico sobre conteúdos e temas relacionados ao
gerenciamento dos resíduos sólidos.
Criar espaços de diálogo ou atividades participativas que envolvam todos os funcionários na GRS da
instituição.
SETOR PRIVADO
Sugestões de atividades
Elaborar e executar projetos da EA que trabalhem a GRS dentro dos princípios da logística reversa e da
responsabilidade compartilhada.
Participar e colaborar nos eventos/atividades de cunho participativo sobre a GRS no município.
Comunicação Social
SETOR PRIVADO
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Sugestões de atividades
Criar campanhas internas e nas comunidades do entorno para discutir temas e informações relativos a
GRS.
Elaborar boletins e informativos sobre a GRS no município e em sua instituição.
Sugestões de atividades
Participar e colaborar com as atividades participativas do processo de GRS.
Divulgar em seu bairro as informações sobre a GRS de seu município.
Sugestões de atividades
Realizar a capacitação dos catadores nos temas relativos a GRS e, principalmente, em temáticas que
trabalhem a organização social, geração de renda e melhoria de qualidade de vida.
Promover e facilitar a participação dos catadores nas ações relacionadas a GRS no município.
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Linha de ação - Formação e intervenção
Sugestões de atividades
Internalizar a discussão sobre a GRS no âmbito das CIEAs.
Promover a participação e mobilização das instituições participantes da CIEA no processo de GRS do
município.
Contribuir e participar dos processos participativos referentes a GRS.
Sugestões de atividades
Auxiliar os municípios e estados na elaboração e implementação dos planos de resíduos sólidos.
Promover a participação e mobilização das instituições participantes dos conselhos municipais no
processo de GRS do município.
Contribuir e participar dos processos participativos referentes à GRS.
Sugestões de atividades
Promover a capacitação de funcionários e corpo técnico sobre conteúdos e temas relacionados ao
gerenciamento dos resíduos sólidos e dos serviços prestados.
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Participar e colaborar nos eventos e atividades que envolvam a GRS no município.
Trouxemos aqui alguns exemplos de ações de EA que contribuem com os processos participativos
essenciais à GRS. Buscamos com isto apontar caminhos e possibilidades que podem inspirar soluções nas
diversas realidades da gestão no Brasil.
Cabe ao gestor buscar o melhor entendimento do seu contexto e construir a estratégia mais apropriada
para a incorporação da EA em seu processo de gestão. A Educares é uma fonte relevante para o desenho da
estratégia da EA no contexto da GRS, seja na dimensão municipal, intermunicipal ou estadual.
Ao promover o diálogo entre a EA, a CS e a PNRS, ela disponibiliza ferramentas que planejam, avaliam
e dão capilaridade à gestão na sociedade, além de exemplos práticos de transversalização da EA e da CS na
gestão de resíduos.
Aproveite os recursos disponíveis na Plataforma Educares, acesse www.educares.mma.gov.br.
Para encerrar esta aula convidamos você a refletir sobre os temas tratados buscando sempre uma
relação com a sua realidade.
Para ajudar nesta tarefa, trazemos algumas provocações que você pode
responder sempre pensando em como aplicá-las na sua realidade ou no processo
de gestão de resíduos sólidos que você esteja estudando.
1) No processo de gestão que você participa ou está acompanhando, como se dá
a participação do poder público em relação a Educação Ambiental, partindo do
que a PNRS preconiza?
2) As ações de Educação Ambiental em curso ou previstas no processo de gestão
que você participa ou está acompanhando, atendem a quais públicos? Algum
setor ainda não está incluído? Como alterar esta situação? E como incrementar as
ações que já vem sendo realizadas?
3) Você consegue identificar dentre as ações de Educação Ambiental quais são
focadas na articulação, na prática de EA e na promoção do diálogo?
4) Das ações detalhadas para cada um dos três públicos quais já acontecem no
seu contexto? Quais podem ser aplicadas ou adaptadas e como elas se inserem,
em que momento, do processo de gestão de resíduos sólidos?
Nesta aula, você viu uma dimensão mais prática das contribuições da Educação Ambiental. Falamos
sobre a estrutura da Educares quanto ao público alvo e frentes de ação da EA.
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Vimos também sugestões de ações que trazem para dentro da gestão de resíduos a EA, considerando
a especificidade de público alvo e de linhas de ação.
Na próxima aula, veremos exemplos de boas práticas de Educação Ambiental e gestão de resíduos
sólidos, demonstrando o processo de implementação e alguns resultados das ações em Educação Ambiental.
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Aula 02 - Inspirando a ação: boas práticas em Gestão de Resíduos
Sólidos (GRS)
Bem-vindo(a) à mais uma aula deste Módulo 04. Na aula anterior, falamos sobre a integração entre EA
e CS voltadas à GRS e a estrutura proposta pela Educares para públicos-alvo das ações de EA.
Vimos também, alguns exemplos de práticas de EA voltadas à GRS.
Nesta aula, veremos algumas boas práticas de EA e GRS.
Vamos lá?
Os desafios da GRS são uma realidade para todos os municípios no país. Implementar a PNRS implica
na superação ou equacionamento destes desafios e na construção da ampla articulação intersetorial necessária
para enfrentar uma temática tão complexa que envolve as dimensões:
Econômica
Ambiental
Cultural
Social
Após apresentarmos sugestões e exemplos de ações da EA na aula anterior, buscamos algumas boas
práticas em gestão de resíduos, implementadas no território nacional. Cada vez mais o desafio da gestão de
resíduos torna concreto as ações, métodos e estratégias que já existem, vencendo barreiras de interesses e
conhecimentos diversos.
O caminho de implementação das soluções demanda que o gestor acesse a variedade de ações
de EA já existentes e as adeque a sua realidade.
Traremos um breve resumo de algumas boas práticas retiradas da Plataforma Educares com foco nos
seguintes temas:
Gestores Públicos Municipais;
Setor Privado;
Sociedade civil;
Catadores (cooperativas e associações);
Consórcios intermunicipais.
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Consideramos este um recorte interessante para um panorama geral dos diversos setores da
sociedade envolvidos com a GRS no Brasil.
Começamos trazendo um exemplo de prática focada nos gestores públicos municipais.
“Programa de Educação Ambiental para Gestão dos Resíduos de Itu” Prefeitura de Itu de São
Paulo
A PROPOSTA
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) integrante do grupo que implementa a Política
Municipal de Educação Ambiental trabalha a GRS por meio de oficinas, cursos, tela verde, jogos,
campanhas e produção de materiais didáticos.
O município de Itu tem colocado a questão dos resíduos como prioridade na sua agenda ambiental e
busca a excelência na gestão adequada dos resíduos desde 2001. Iniciou a coleta seletiva em 2000 e atualmente
realiza em 89% dos bairros urbanos no sistema porta a porta. Em 2009 implantou o Plano de Gestão de Resíduos
quando intensificaram as ações como: implantação da coleta domiciliar mecanizada, avanço da coleta seletiva,
programa de educação ambiental para resíduos e a implantação da Parceria Público Privada - PPP dos resíduos
em 2011 e no ano de 2013 foi executado a revisão do plano que revalidou e fortaleceu as atividade de EA.
DESAFIOS ENFRENTADOS
Entre outros, um dos desafios é aumentar a equipe de especialistas para desenvolver o Programa de
Educação Ambiental.
LIÇÕES APRENDIDAS
A Educação Ambiental para resíduos faz parte de algo mais abrangente e que o Programa de EA deve
ser permanente, inovador e eficaz. Outra lição é que o programa caminha junto com a gestão e a linguagem e
ações são conjuntas e sincronizadas. A população adere às ações no momento que sente firmeza na gestão e é
bem orientada de como participar. A facilitação da separação é outro ponto, em Itu separa-se em 03 categorias
• resíduos orgânicos
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• resíduos recicláveis secos
• rejeitos.
Para o Setor Privado selecionamos um exemplo de boa prática cadastrado na Plataforma Educares.
Veja a seguir:
Esta ação propõe a articulação com diversos setores envolvidos na gestão de resíduos sólidos.
A PROPOSTA
É um Ambiente colaborativo para a busca de soluções para a Gestão Integrada de Resíduos Sólidos
em Ituiutaba.
Busca-se a cooperação e coparticipação dos atores institucionais envolvidos, a fim de levantar
proposições para a formulação do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos em
complementaridade com os Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos. Pretende-se com a Plataforma
Ituiutaba Lixo Zero criar um espaço de discussão e ação, por meio da mobilização dos atores públicos, privados
e sociedade civil organizada para a gestão integrada dos resíduos sólidos do município.
DESAFIOS ENFRENTADOS
Baixa aderência por parte do poder público e de certos segmentos do setor privado.
LIÇÕES APRENDIDAS
Necessário continuar, não desistir;
Inserir a educação ambiental nas escolas, mas primeiramente incutí-la nos professores;
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Elevar o nível educacional e cultural dos cooperados da Cooperativa dos recicladores de resíduos
orgânicos e inorgânicos de Santa Cecília do Sul -COPERCICLA;
Dispor de uma pauta semanal na mídia relativa aos resíduos sólidos;
Contar com campanhas de conscientização e instrução para a coleta seletiva de forma continua e não
pontual;
Desenvolver mercado de reciclagem de forma regional, daí ampliar o debate com as cidades vizinhas
propensas a um consórcio intermunicipal;
Fazer estudo de levantamento da situação atual do aterro municipal de Ituiutaba.
Das atividades de educação ambiental na gestão de resíduos com foco na sociedade civil, nos
cidadãos em geral, escolhemos um exemplo de boa prática que ilustra uma iniciativa de base comunitária que
vale ser compartilhada.
A PROPOSTA
O projeto é realizado por um grupo comunitário formado por jovens que estão constituindo uma
cooperativa com a intenção de criar autonomia por meio da comercialização do adubo e o recebimento pelo
serviço prestado de coleta e tratamento dos resíduos. Essa prática tem como eixo principal a reciclagem da
fração orgânica de maneira descentralizada por meio da compostagem, transformando restos de comida em
composto orgânico. Jovens sensibilizam famílias para a correta separação da fração orgânica na fonte, coletam
os resíduos em pontos de entrega voluntária, encaminham para um pátio de compostagem comunitário e
transformam o resíduo em adubo orgânico. Esta gestão contribui para o surgimento de hortas em escolas e
quintais, geração de trabalho e renda, inclusão social, sanidade urbana e a segurança alimentar e nutricional.
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DESAFIOS ENFRENTADOS
A falta de políticas públicas de apoio e fomento ao modelo de gestão comunitária de resíduos
orgânicos aliado ao modelo de desenvolvimento urbano que limita usos de áreas para a implantação de pátios
de compostagem se apresenta como desafios que precisam ser contornados.
A desconformidade da Lei 12305/2010 por parte dos municípios também dificultam, pois a
compostagem, bem como a participação de cooperativas são recomendadas e prioritárias segundo a PNRS.
LIÇÕES APRENDIDAS
O trabalho realizado pelo grupo comunitário é o motor desta gestão, aliado a uma assessoria técnica
competente. A metodologia aplicada na Revolução dos Baldinhos cumpre com 03 quesitos básicos da PNRS,
trata dos resíduos o mais próximo da fonte geradora, utiliza a compostagem como forma de tratamento dos
resíduos orgânicos e promove a inclusão social por meio do trabalho do grupo comunitário que se constitui
numa cooperativa.
Mais informações em: http://educares.mma.gov.br/index.php/reports/view/211
Vejamos agora uma boa prática que envolve catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, suas
cooperativas e associações em um processo de formação e capacitação.
A PROPOSTA
O CATAVIDA - é um programa multiprofissional, intersetorial e interdisciplinar que atua na perspectiva
de realizar processos educativos e operacionais relacionados a coleta seletiva solidária. Atua com base nos
princípios de economia solidária, promovendo a inclusão social, geração de trabalho e renda aos catadores de
materiais recicláveis, primando por um olhar social na questão dos resíduos. Até o presente momento o
município possui 240 catadores que concluíram o curso de formação e 85 que estão vinculados ao Programa. O
programa conta com duas Unidades de Triagem, uma exclusiva de coleta seletiva solidária, equipamentos de
proteção e carrinhos motorizados. A renda média é de três salários mínimos, promovendo autonomia financeira
às famílias.
Estratégias de EA são realizadas na busca pela sensibilização da comunidade em vista da adesão a
coleta seletiva solidária entre elas: teatro, coral de catadores, rotas ecológicas monitoradas, palestras e oficinas.
Resultados quantitativos:
• Atendimento a 240 catadores de material reciclável, já certificados;
• 100% da sociedade mapeada por representações.
• Redução do volume de resíduos enviados ao aterro sanitário;
• 2 Unidades em pleno funcionamento (85 trabalhadores vinculados);
• 85 trabalhadores saíram de um patamar de R$200,00 mensais para cerca de R$1.500,00.
• 1 unidade em fase de implantação;
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• 6% de aproveitamento dos resíduos sólidos produzidos no município (5 mil ton/mês)
Resultados qualitativos:
Redução do grau de vulnerabilidade dos catadores de materiais recicláveis;
Redução do volume de resíduos enviados ao aterro sanitário;
Elevação do nível de instrução dos catadores;
Protagonismo da categoria enquanto organização voltada à cadeia produtiva dos materiais
recicláveis;
Maior atuação do Poder Público municipal com vistas à separação do resíduo e atendimento a
legislação.
Redução de impactos nocivos ao meio ambiente.
Fomento às ações continuadas de educação ambiental.
DESAFIOS ENFRENTADOS
Ao longo do programa a organização da categoria em um trabalho cooperativado,
fomentando a autonomia e participação dos catadores na tomada de decisões tem sido de
significativa importância. Hoje temos catadores que se reconhecem enquanto trabalhadores e de fato ocupam
espaços de decisões e participação social, por exemplo, o Orçamento Participativo.
Entretanto, o programa até o momento vincula parte da demanda de catadores municipais,
permanecendo como desafio maior, o planejamento da inserção de um número maior de trabalhadores a ação,
bem como, o fomento da educação ambiental para a adesão da população a coleta seletiva solidária.
LIÇÕES APRENDIDAS
Entre as principais lições aprendidas está a configuração da possibilidade efetiva de um trabalho
intersetorial, rompendo processos de trabalho setoriais e fragmentados. A construção do trabalho
multiprofissional, intersetorial e interdisciplinar tem garantido resultados exitosos ao programa CATAVIDA.
Mais informações em: http://educares.mma.gov.br/index.php/reports/view/89
Por fim, trazemos um exemplo de educação ambiental em ação protagonizada por um consórcio
intermunicipal focado no consumo consciente.
Vamos conhece-lo?
Projeto Varre Vila Uma parceria do Consórcio SOMA - Soluções e Meio Ambiente e da empresa
Com Você Serviços de Treinamentos
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A PROPOSTA
O Projeto Varre Vila visa promover um conjunto de ações integradas entre a comunidade, poder público
e empresas privadas na perspectiva da construção de novos hábitos de consumo e de descarte de materiais com
vistas à redução de impactos sobre o meio ambiente. Situado inicialmente na Vila Santa Inês na Zona Leste da
cidade de São Paulo, desde 2012 vem conversando com a população local sobre descarte de resíduos sólidos e
volumosos e transformando pontos de descarte irregular em espaços de cultura e lazer.
DESAFIOS ENFRENTADOS
Sensibilizar a população quanto ao dia, horário e local para o descarte dos resíduos; Adesão da
população quanto a proposta de retira das caçambas de lixo e reorganização domiciliar quanto ao descarte dos
resíduos.
Mais informações em: http://educares.mma.gov.br/index.php/reports/view/318
Muito bem! Chegamos ao final de mais uma aula, e, para encerrar, convidamos você a pensar sobre as
boas práticas que apresentamos buscando sempre uma relação com a sua realidade.
Para ajudar nesta tarefa trazemos algumas provocações que você pode responder sempre pensando
em como aplicá-las na sua realidade ou no processo de gestão de resíduos sólidos que você esteja estudando.
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Caro(a) cursista, nesta aula vimos alguns exemplos de boas práticas em gestão de resíduos,
implementados por diversos atores.
Trouxemos também sugestões de pesquisa por mais casos interessantes na Plataforma Educares.
Sugerimos que você aproveite para conhecer melhor a Plataforma, pois para algumas pesquisas os dados são
bem atuais!
Na próxima aula, Revisão geral do curso, trabalharemos uma visão geral da gestão de resíduos
sólidos e das contribuições da Educação Ambiental neste processo.
Até lá!
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Aula 03 - Revisão geral do curso
Olá! Bem-vindo(a) à última aula do último módulo. Na aula anterior, vimos alguns exemplos de
práticas de EA voltadas à GRS.
Vimos também, sugestões de pesquisa por mais casos interessantes na Plataforma Educares.
Chegou o momento de revisarmos alguns pontos tratados no curso e trabalharmos uma visão geral da
GRS e das contribuições da EA neste processo.
Contemplar a GRS e seu diálogo com a EA e CS é um desafio, posto a abrangência do tema, mas
também uma importante estratégia para fortalecer e qualificar os atores envolvidos neste complexo contexto.
Um ponto de partida no enfrentamento deste desafio nos leva a refletir quais práticas que são
observadas nas diferentes realidades da gestão de resíduos encontradas no país. Constatamos então que muitas
são as interpretações do que vem a ser gestão de resíduos e, mais variadas ainda, são as práticas que surgem a
partir daí. A diversidade de olhares sobre a gestão de resíduos (mais comumente chamada de gestão integrada
de resíduos sólidos) está relacionada com a atividade do setor envolvido, seus interesses socioeconômicos além,
é claro, de seu conhecimento técnico e experiência. A confusão gerada entre os conceitos gestão e
gerenciamento, também afeta a prática da gestão.
Relembramos então que a gestão tem ênfase na dimensão estratégica, refere-se ao processo de
criar, planejar, definir, organizar e controlar as ações que serão operacionalizadas por sistemas de
gerenciamento de resíduos. Já o gerenciamento complementa, e fornece ferramentas para que a gestão
aconteça.
Dos enfoques existentes para a gestão de resíduos nos interessa aqui resgatar a definição trazida pela
PNRS que é apresentada como gestão integrada de resíduos, sendo esta:
“Um conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma a
considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a premissa
do desenvolvimento sustentável” (BRASIL, 2012, p. 11).
A PNRS traz pontos marcantes e inovadores que refletem o esforço na criação de uma política pública
moderna e capaz de enfrentar os percalços da gestão de resíduos e toda a complexidade que ela traz. Merecem
destaque a premissa da integração e a importância da articulação entre os atores que participam do processo,
a dimensão das soluções técnicas e as características do contexto onde a gestão acontece. São importantes
também a participação e controle social.
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Embora o quadro nacional da gestão de resíduos seja afetado positivamente pela conscientização e
preocupação ambiental no país que vêm crescendo nos últimos anos, o caminho para o equacionamento
satisfatório dos problemas ainda é longo. Fatores como crescimento da população X volume de resíduos
gerados, o número de municípios com manejo adequado de resíduos sólidos, os tipos de manejo e destinação
utilizados, o comprometimento do orçamento público destinado à gestão de resíduos, ajudam a dimensionar o
tamanho do desafio que ainda temos pela frente.
Os fatores citados são ao mesmo tempo efeito e causa do quadro institucional que temos no país.
Existe uma fragilidade das prefeituras no que se refere a recursos técnicos e financeiros aplicados à gestão de
resíduos sólidos. Observa-se pouca articulação com segmentos que dividem a responsabilidade compartilhada
pelas atividades na gestão, gerenciamento, busca e implementação de soluções. A criação de acordos e parcerias
de cooperação entre entes federados necessita ser fortalecida para que os benefícios da PNRS sejam
completamente desfrutados.
Um dos pontos que se destacam na PNRS e que a colocam como legislação diferenciada e inovadora
é sua articulação com outras políticas públicas setoriais, tais como Política Nacional de Educação Ambiental
(PNEA), Política Federal de Saneamento Básico, Lei Federal de Consórcios Públicos, Política Nacional
sobre Mudança do Clima, entre outras.
Neste curso, temos especial interesse pela EA e sua relação com a gestão de resíduos. Neste contexto,
um marco importante é a Educares que traz diversas ferramentas de planejamento e avaliação que dão
capilaridade à gestão na sociedade, entre elas, os planos de resíduos sólidos dos estados, municípios e arranjos
intermunicipais.
A Educares fornece um importante suporte ao cumprimento da PNRS que coloca a EA como
instrumento de implementação. A abordagem da EA adotada pela Estratégia deriva da PNEA, apresentando a
perspectiva transformadora e emancipatória, dialogando com os cidadãos em seus variados contextos
auxiliando na adoção de atitudes coerentes com o papel que cada um desempenha no processo de gestão dos
resíduos.
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ela possa ser conhecida e adotada pelo conjunto da sociedade: cidadãos urbanos, comunidades rurais,
comunidades tradicionais, jovens, adultos e crianças com realidades e percepções diferentes, em um país de
dimensões continentais, sotaques e necessidades distintas, com diferentes níveis de consumo e geração de
resíduos. E que a sua implementação permita a saída do ciclo vicioso do lixo para o ciclo virtuoso da gestão
integrada dos resíduos sólidos, ou melhor, dos recursos (BRASIL, 2013a, p. 03). Essa matriz é pensada em sinergia
plena com a matriz pedagógica-metodológica da Educação Ambiental e suas ações correlatas.
A Educares traz a EA para o centro do planejamento das ações que implementam a PNRS,
assumindo importante papel para uma mudança de postura diante dos resíduos de se “esquecer o que vai”
passando a perceber que “o que vai volta”. Partindo desta mudança cultural, as demais acontecem em cascata
e desta forma a Educares contribui para os objetivos da PNRS.
Uma visão geral sobre conhecimentos chave para a Gestão de Resíduos Sólidos
Para ilustrar de forma resumida o funcionamento da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida
dos produtos, vale rever a figura a seguir que apresenta um esquema que traz o tipo de gerador de resíduos e
as atividades que lhe cabem.
Além dos conceitos multiplicadores, a Educares traz em sua estrutura conceitos integradores,
geradores e operativos como caminho para a prática da gestão integrada de resíduos sólidos. Esta forma de
organização busca superar o desafio da gestão de resíduos definindo ações que atendam a complexidade deste
processo. A organização e conteúdo dos 04 conceitos podem ser relembrados por meio da figura a seguir:
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O conceito integrador da Educares é Resíduo é Recurso, e com esta afirmação busca-se reverter o
princípio fragmentador ao gerar nos atores um conjunto de reflexões necessárias à mudança cultural desejada
na PNRS.
Os conceitos geradores indicam quatro trânsitos culturais necessários para que a PNRS saia do papel
e entre no cotidiano dos setores público, privado e da sociedade em geral. São eles:
De resíduos sólidos para recursos sólidos;
Da irresponsabilidade à responsabilidade compartilhada;
Da fragmentação à unidade na diversidade;
Da atitude consumidora para a atitude cidadã.
Na perspectiva da Educares a responsabilidade compartilhada tem sua prática baseada num conjunto
de Conceitos Multiplicadores capazes de irradiar guias que orientem ações efetivamente integradas e
estruturantes, englobam princípios transformadores da cultura vigente. Dito de outra forma, os conceitos
multiplicadores são aqueles que promovem valores sem os quais a responsabilidade compartilhada não
acontece.
Em nossa Aula 01 do Módulo 02, detalhamos os 12 conceitos e 12 atitudes a serem construídas e
mantidas na cultura de resíduos sólidos.
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Partindo da estrutura base da Educares dedicamos algumas aulas do curso para estudarmos melhor
conceitos técnicos e socioambientais que emergiram dos 04 temas geradores que a estratégia define e aponta
como via desejadas de transição cultural e de valores.
Para viabilizar a transição de resíduos sólidos para recursos, vimos que é preciso entender que lixo
passa a ser resíduo, com a finalidade de se transformar em recurso em vários sentidos: natural, econômico, social
e cultural. Para realizar este desejado trânsito a diferença entre resíduo e rejeito precisa estar clara.
Resíduo sólido é um material descartado que deve ser encaminhado a outros usos na medida em
que houver condições técnicas e financeiras, em caso contrário ele deve ter uma destinação final
ambientalmente correta.
Já os rejeitos são os resíduos que não possuem mais possibilidades de tratamento devendo ter uma
disposição final ambientalmente correta. Ainda dentro desta desejada transição resíduo-recurso estudamos
outros pontos importantes tais como a classificação de resíduos citada na PNRS, os processos e tratamentos
dos resíduos sólidos e as tecnologias limpas.
Refletindo sobre a transição da irresponsabilidade para a responsabilidade compartilhada estudamos
o ciclo de vida dos produtos, os acordos setoriais, a logística reversa e aspectos ligados aos catadores de
materiais reutilizáveis e recicláveis.
Podemos dizer que o ciclo de vida dos produtos engloba desde a etapa de projeto do produto, o
processo de disponibilização da matéria-prima, as etapas de produção, consumo, descarte, tratamento e manejo
dos resíduos. Ou seja, desde sua concepção, consumo e pós-consumo.
Parte importante para a implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos
produtos e da logística reversa, os acordos setoriais são um ato de natureza contratual firmado entre o poder
público e fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes, tendo em vista a implantação da
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto.
Já a logística reversa, instrumento da PNRS, pode ser descrita de forma breve como ação que
estabelece meios e canais para que os produtos após consumidos, sejam destinados de forma social e
ambientalmente correta.
Ainda refletindo sobre irresponsabilidade e responsabilidade compartilhada, falamos sobre os
catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis e o seu papel destacado no processo de perceber resíduos como
recursos que podem gerar renda e afetar positivamente a qualidade de vida de grupos da sociedade.
A questão dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis aparece em vários trechos da PNRS.
São citados em seus objetivos a sua integração nas ações de responsabilidade compartilhada. Integram o
conjunto de instrumentos que trazem a desejada criação e desenvolvimento de cooperativas ou de outras
formas de associação de catadores. Este grupo de atores tem sua atuação fortalecida pelas normas para
licitações e contratos da Administração Pública que dispensam a licitação na contratação da coleta,
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processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema
de coleta seletiva de resíduos, efetuados por associações ou cooperativas.
Outro bloco dos temas trabalhados está ligado a transição da fragmentação à unidade na diversidade.
Com este foco integrador estudamos a relação entre a gestão de resíduos, os setores saneamento, e da
gestão com o Plano Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), a Política Nacional de Mudança do Clima.
Na prática grande parte dos recursos da GRS é direcionada a pastas de saneamento ambiental, que
regidas pela Lei Federal de Saneamento Básico tratam da limpeza urbana e o manejo dos resíduos sólidos. Vimos
que esta articulação é essencial à implementação da PNRS e ao sucesso da gestão de resíduos.
Igualmente importante é a integração entre as temáticas gestão de resíduos e mudança do clima,
uma vez que o processo de aterramento e degradação dos resíduos orgânicos emite GEE que afetam, por sua
vez, o clima.
Da soma dos esforços mobilizados por ambas Políticas (do clima e dos resíduos sólidos) nascem metas
de recuperação do metano em instalações de tratamento de resíduos urbanos e ampliação da reciclagem de
resíduos sólidos; adoção, e o desenvolvimento e o aprimoramento de tecnologias limpas como forma de
minimizar impactos ambientais.
Fechando o grupo de conhecimentos-chave para a gestão de resíduos falamos de fontes de
financiamento, custos e mecanismos de cobrança. Vimos que o processo envolve valores financeiros altos
que são gastos em processos de coleta, tratamento, disposição, recursos humanos, transporte, operação,
manutenção, processos de redução de impacto ambiental, entre outros.
Alternativas como: cobrança por alguns serviços públicos (coleta, remoção e tratamento ou destinação
de resíduos sólidos), captação de recursos de fonte de financiamento reembolsáveis ou não reembolsáveis,
foram apresentadas em nossa Aula 01, do Módulo 02.
O último dos conceitos geradores que falamos foi a transição da atitude consumidora para atitude
cidadã e seu tema correlato: Produção e consumo sustentável/consciente/responsável.
Para abordar este desafio de produção e consumo temos no Brasil o “Plano de Ação para Produção e
Consumo Sustentáveis (PPCS)” (elaborado pelo MMA) com o objetivo de direcionar o país para padrões mais
sustentáveis de produção e consumo.
Ligados a este tema estudamos mais a fundo o consumo sustentável e algumas variações suas tais
como consumo consciente, consumo verde, consumo responsável.
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Uma visão geral sobre processos participativos na gestão de resíduos sólidos e a
contribuição da Educação Ambiental para estes processos
No Brasil, a GRS deve ser organizada e regida pela PNRS, que por sua vez tem nos Planos de Resíduos
Sólidos um de seus instrumentos de implementação.
O caminho para criação de Planos de Resíduos Sólidos passa por processos participativos, mais
especificamente pela participação social e pela mobilização que são fortalecidas e instrumentalizadas pela
Educação Ambiental.
No âmbito da PNRS, a elaboração dos Planos de Resíduos Sólidos demanda a definição de
instâncias de coordenação e representação, para condução coletiva e consistente do processo. Estes
procedimentos são importantes para a institucionalização dos Planos pelos estados e municípios. O processo
de planejamento também deve considerar a ordem de prioridade para o manejo dos resíduos, conforme ilustra
a figura a seguir:
A PNRS demarca claramente que a elaboração e implementação da gestão de resíduos deve ser
baseada em processos participativos. Neste sentido, duas definições são importantes de serem relembradas:
participação social e mobilização.
A participação social que se relaciona com a PNRS parte do pressuposto de que cada ator social pode
colaborar com o seu conhecimento e trabalho, assumindo sua parcela na responsabilidade compartilhada pelo
ciclo de vida dos produtos e em outros aspectos do processo de gestão que se identifica.
A mobilização remete a mudança de lugar, a capacidade de se mover, ao falarmos de mobilização
social nos referimos a um movimento fruto do compartilhamento de um desejo comum, uma vontade de mudar,
de alcançar determinado objetivo.
Na abordagem de GRS trazida pela PNRS, aliados aos processos participativos, também trazemos o
foco para a Educação Ambiental. Esta assume várias frentes de ação passando pela articulação, pelo repertório
diverso de atividades pontuais e continuadas, pela promoção do diálogo, capacitação técnica e gerencial,
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ampliação de conhecimentos e competências de indivíduos e grupos sociais, sempre buscando a formação e
mobilização da sociedade.
A gestão de resíduos necessita, para seu sucesso, se comunicar com catadores de materiais
reutilizáveis e recicláveis, gestores públicos das três esferas (federal, estadual e municipal), sociedade civil
organizada, cidadãos em geral, iniciativa privada e instituições de ensino (trazendo a gestão de resíduos para
dentro dos cursos de graduação, profissionalizantes e demais ciclos do ensino formal).
Relembramos então que a EA delineada pela PNEA e pelo Programa Nacional de Educação Ambiental
(ProNEA) e estruturada na Educares tem a missão de trazer para a PNRS o dialogo efetivo com atores
diversos que por sua trajetória única demandam linguagens sensíveis a sua realidade.
Pensando de forma mais prática as ações, de acordo com a PNRS, tomam forma via os Planos de
Resíduos Sólidos. Estudamos então 03 arranjos possíveis:
Plano Nacional de Resíduos Sólidos,
Plano Estadual de Resíduos Sólidos
Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos
Uma visão geral sobre a integração entre EA e CS voltadas à GRS: ações e boas práticas
Uma das formas de analisarmos o propósito da PNRS é colocarmos como um de seus grandes objetivos
e, por consequência, sua relevante contribuição é tornar realidade a transição desejada de visão de resíduo para
recurso. Ao longo do curso viemos discutindo sobre todos os fatores implicados nesta transformação de valores,
hábitos e ações que nos aproximam de um paradigma realmente sustentável.
Para enfrentar este desafio a PNRS não poderia ser uma política que lança mão dos meio tradicionais
de equacionar a gestão de resíduos, focando somente em soluções técnicas e estruturais. Foi preciso colocar os
processos participativos em um papel central para tornar realidade a gestão de resíduos e tirar do papel a
riqueza que a Política traz.
Uma visão geral sobre a integração entre Educação Ambiental e Comunicação Social voltadas à
gestão de resíduos sólidos: ações e boas práticas
Ao fazer isto a EA assumiu seu lugar como instrumento que conduz e dá suporte as ações de gestão,
tendo na Educares o recurso para o planejamento estratégico que permite transversalizar a EA em todo o
processo de gestão.
Como já comentamos, mais cedo nesta aula, a EA integrante da Educares parte da necessidade de ir
além da dimensão técnica e de suas inovações para superar os desafios da gestão de resíduos. Nesse contexto
a EA olha para os valores que trazemos como indivíduos e sociedade e trabalha para sua mudança, acreditando
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que assim vamos qualificar a forma como nos relacionamos com o mundo. Já a CS é vista como ferramenta da
EA, não apenas como simples instrumento, mas essência de um processo de transformação social.
Por fim, em nossa última aula trouxemos um conteúdo prático e ilustrativo, buscando ampliar o
cardápio de opções e recursos que os gestores, alunos deste curso, têm ao seu alcance para pensar os processos
de gestão de resíduos que participam ou que escolheram como foco de investigação mais aprofundada neste
momento. Vimos então algumas sugestões de ações e projetos de EA aplicadas à gestão de resíduos, bem como
boas práticas que concretizam a implementação e seus resultados.
Muito bem! Chegamos ao final do curso. De forma geral, buscamos qualificar a gestão de resíduos
sólidos conduzindo um processo de formação baseado na Educares.
Bom, ao longo do percurso aprofundamos o conhecimento sobre a GRS, seu panorama atual no país e
a abordagem adotada na PNRS.
Para isto promovemos um maior entendimento da PNRS e da Educares, apresentamos mecanismos de
EA e CS que contribuem com o planejamento, implementação e avaliação da GRS. Os conteúdos trabalhados
visaram qualificar a dimensão socioambiental no processo de GRS.
Tentamos aqui, contribuir para a construção de uma visão panorâmica da gestão de resíduos, tanto em
seus aspectos técnicos como sociais, e das variadas formas que a EA auxilia no processo de gestão.
Vimos também que por meio da Educares, a inserção da EA é potencializada, fortalecendo os processos
de participação social e mobilização que estão na base de todas as etapas dos Planos de Resíduos Sólidos,
instrumentos de implementação da PNRS.
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