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Sumário

Apresentação ............................................................................................................................................................... 3

Aula 01 - Qualificando a participação na Gestão de Resíduos Sólidos (GRS) ................................................. 4

Participação e mobilização na gestão de resíduos ............................................................................................................... 4

Participação social .......................................................................................................................................................................... 7

Mobilização ....................................................................................................................................................................................... 9

Educação Ambiental (EA) nos processos de participação e mobilização na gestão de resíduos sólidos .......... 11

Aula 02 - Estrutura geral do Plano de Resíduos Sólidos.................................................................................... 14

Os Planos de Resíduos Sólidos ................................................................................................................................................. 14

As diferentes possibilidades de Planos de Resíduos Sólidos........................................................................................... 15

Etapas do Plano de Resíduos Sólidos ..................................................................................................................................... 20

Etapa 3 - Definição de diretrizes e estratégias ..................................................................................................................... 21

Aula 03 - Acompanhamento e avaliação dos Planos de Resíduos Sólidos ..................................................... 23

Acompanhamento dos Planos de Resíduos Sólidos .......................................................................................................... 23

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Apresentação
Olá! É um prazer ter você para mais um módulo. Lembre-se da importância de relacionar o conteúdo
apresentado com a sua realidade!
Vamos conhecer as linhas gerais do Módulo 03 antes de adentrarmos em seu conteúdo propriamente
dito?

Objetivos:

Para este módulo, teremos, então, os seguintes objetivos:

Objetivo Geral do Módulo 03


Abordar processos participativos na gestão de resíduos e a contribuição da EA neste contexto.

Objetivos Específicos
Aprofundar o conhecimento sobre processos participativos na gestão de resíduos, abordando
participação, mobilização social e processos participativos;
Apresentar a contribuição da EA nos processos de participação e mobilização na GRS;
Apresentar o plano de resíduos sólidos como forma de organização de processos participativos;
Relacionar a participação social e seus processos como abordagem para implementar a GRS, via planos
de resíduos sólidos;

Muito bem! Resumidamente, neste Módulo 03, vamos falar um pouco mais sobre:
Processos participativos na GRS.
Estrutura geral de um Plano de Resíduos Sólidos.
Indicadores, monitoramento e avaliação de planos de resíduos sólidos.
Contribuição da EA para os Planos de Resíduos Sólidos e seus processos participativos (esse tema
será apresentado de forma transversal ao longo de todas as aulas do módulo).

Começaremos com temas que aprofundam o olhar sobre processos participativos na gestão de
resíduos e a contribuição da EA neste contexto.
Dessa forma, nesta primeira aula iremos focar nos conhecimentos relacionados à participação.
Teremos, então, os seguintes tópicos:
Participação e mobilização na gestão de resíduos;
Participação social;
Mobilização;
EA nos processos de participação e mobilização na GRS.

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Aula 01 - Qualificando a participação na Gestão de Resíduos
Sólidos (GRS)

Participação e mobilização na gestão de resíduos

O caminho que estamos construindo ao longo do curso nos leva à adoção dos Planos de Resíduos
Sólidos como instrumento de implementação da PNRS.
Para atingir os objetivos de mudança de:
Valores, Hábitos e Comportamentos individuais e da sociedade, o processo de elaboração e execução
dos Planos devem ter como base os processos participativos.
A EA, da forma como é adotada na Educares, desempenha um papel de mediação e promoção da
participação social e traz, para os processos participativos da gestão de resíduos, o compromisso com
segmentos da sociedade que, por um lado, são excluídos das decisões, e por outro acabam sentindo em seu
cotidiano os resultados dos caminhos escolhidos.
É preciso criar espaço para o diálogo, identificando e organizando os grupos e entidades que
representam os setores econômicos e sociais que agem num contexto local ou regional. Ao trazer conceitos
como responsabilidade compartilhada, logística reversa e formação de consórcios intermunicipais, a PNRS opta
por um caminho dialógico e de cooperação para tornar real a gestão de resíduos sólidos.
Promover a participação da sociedade e seus arranjos desde o início do processo de elaboração dos
planos de gestão de resíduos estimula a construção de mecanismos de controle social que afetam todo o
processo de gestão, por exemplo, os serviços públicos de limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos,
sistemas de coleta seletiva e logística reversa que deverão ser implantados.
Nosso quadro nacional atual indica que ainda temos um bom caminho para que os processos
participativos estejam definidos e operando com sucesso. Sabemos que não é um caminho fácil, mas não temos
como fugir dele, pois ele afeta diretamente todo o processo de gestão de resíduos, da elaboração e êxito na
implementação dos planos de gestão.
Se olharmos, por exemplo, para o panorama geral do número de lixões no país, antes e depois da
PNRS, podemos avaliar o grau de implementação da PNRS, que passa obrigatoriamente pela eficiência da
mobilização e da participação social na gestão de resíduos.
Vamos analisar alguns dados referentes aos tipos de destinação dos RSU para 2 períodos, 2009-2010 e
2013-2014.

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Teremos aqui um retrato do antes e depois da Lei nº 12.305, de 2 de agosto 2010, que instituiu a PNRS.

Vemos que houve uma redução do total de RSUs destinados aos lixões, em termos percentuais, entre
os anos de 2009 e 2014.
Chamamos atenção para os dados de 2013-2014, nos quais o número de municípios analisados na
pesquisa da Abrelpe (que analisa amostras de municípios e realiza estimativas/estrapolações para o país)
também cresceu, o que afeta a proporção entre os valores dos dois períodos. Mas, de qualquer forma, ainda é
grande a parcela de RSUs que são destinados aos lixões, ficando totalmente fora de quaisquer parâmetros
aceitáveis de gestão de resíduos.
Outra forma de olharmos para este aspecto da implementação da PNRS é destacando a quantidade
de municípios por tipo de destinação adotada. Trazemos agora dados dos anos 2009 (pré-PNRS) e 2014.

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Vejamos:
A existência dos lixões em última análise reflete um baixo comprometimento com as metas
estabelecidas pela PNRS. É claro que a falta de recursos financeiros, fragilidades técnica e institucional dos
municípios, além de obstáculos no licenciamento ambiental afetam a erradicação dos lixões. Mas o que
queremos trazer agora é a necessidade de envolver e comunicar alternativas e soluções aos tomadores de
decisões e à população em geral. E é aí que os processos participativos tornam-se estratégicos à PNRS.

Como acontece a participação social na gestão de resíduos no seu


contexto?
Você identifica estruturas e formas que estimulam a participação no
processo de gestão que participa? Quais os setores mais engajados?

Como já mencionamos, é preciso organização para que os processos participativos aconteçam e sejam
eficientes, ou seja, é preciso planejar. Muitas iniciativas foram frustradas e desacreditadas por falta de
ordenação e ausência de resultados concretos.
Para a PNRS, o planejamento resulta na elaboração dos Planos de Resíduos Sólidos, que por sua vez
demandam a definição de instâncias de coordenação e representação, para condução coletiva e
consistente do processo. Esses procedimentos são importantes também para a institucionalização dos Planos
pelos estados e municípios.
Sabemos que a PNRS vai ter êxito na medida em que suas metas forem adotadas, respeitando a ordem
de prioridade na gestão e gerenciamento de resíduos, ou seja, nos Planos de Resíduos Sólidos precisamos focar
na não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos.

O caminho para a criação de Planos de Resíduos Sólidos passa por processos participativos, mais
especificamente pela participação social e pela mobilização, que são fortalecidas e instrumentalizadas pela
Educação Ambiental.
Vamos ver um pouco melhor cada um desses termos!

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Participação social

Falar de participação, como outros temas que já vimos no curso, abre um leque variado de
abordagens. Trazemos aqui duas definições que se aplicam à gestão de resíduos e à PNRS, ambas dialogando
com a dimensão das políticas públicas:

Participação Comunitária e Controle Social

Busca estimular os diversos atores sociais envolvidos para interagir de forma articulada e propositiva
na formulação de políticas públicas, na construção dos planos municipais de saneamento, nos planos diretores
municipais e setoriais, assim como na análise dos estudos e projetos realizados, no acompanhamento das obras
em execução e na gestão dos serviços de saneamento. A ideia é que a comunidade seja mais do que a
beneficiária passiva dos serviços públicos, seja atuante, defensora e propositora dos serviços que deseja em sua
localidade, por meio de canais de comunicação e de diálogo entre a sociedade civil e o poder público (BRASIL,
2009, p. 15).

Participação Cidadã

Surge na prática de processos participativos, com a criação de espaços e instrumentos como o


Orçamento Participativo Municipal, os conselhos de políticas públicas, as audiências públicas, as conferências,
entre outros.
Fazem parte da participação cidadã:
Tomadas de decisão sobre os assuntos públicos baseadas na participação deliberativa com
metodologia que pressuponha participação ativa;
Práticas de cogestão entre governo e comunidade local, desenvolvendo atitudes de
corresponsabilidade e parcerias entre atores locais na resolução de problemas e construção de alternativas;
Apropriação de conhecimentos técnicos e políticos que ampliem a capacidade dos cidadãos para
atuarem como agentes na definição, gestão e controle das políticas públicas (BRASIL, 2006, p. 23-24).

A participação que se relaciona com a PNRS parte do pressuposto de que cada ator social pode
colaborar com o seu conhecimento e trabalho, assumindo sua parcela na responsabilidade compartilhada pelo
ciclo de vida dos produtos e, em outros aspectos, do processo de gestão que se identifica.
Destacamos aqui uma colocação encontrada na proposta da matriz pedagógica-metodológica de
Educação Ambiental que integra a Educares e complementa aspectos da participação social que estamos
apresentando agora:
A gestão moderna de resíduos sólidos precisa quebrar paradigmas. Além de questionamentos
filosóficos (que tipo de sociedade se quer? que tipo de desenvolvimento se quer? que tipo de meio ambiente

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se quer? que tipo de relações entre países e entre nossos vizinhos se quer? E, como parte fundamental da
resposta a tudo isto: qual contribuição se está disposto a dar?), é absolutamente fundamental que a participação
do consumidor – em última análise, todos, pois todos são produtores de lixo – se altere de modo expressivo
(BRASIL, 2013b, p. 11, on-line).
Promover a participação social na gestão de resíduos deve ter como meta melhorar a qualidade
de vida da sociedade, mirando a sustentabilidade nas quatro dimensões:
Cultural
Social
Ambiental
Financeira

Tão importante quanto ter esta clareza dos objetivos da participação é partir para a ação,
transformando os conceitos em ações coletivas e individuais nos diversos aspectos que a gestão de resíduos
implica. Cidadãos e instituições geram resíduos e devem minimizar a geração, fiscalizar ações governamentais
e contribuir para a continuidade de políticas como a PNRS e suas articulações.
Exemplos concretos do esforço para implementar a participação social na gestão de resíduos
foram as audiências regionais, audiência nacional e a consulta pública realizadas no segundo semestre de 2011
para debater o Plano Nacional de Resíduos Sólidos. Tais fatos possibilitaram o envolvimento de diferentes
segmentos da sociedade nos debates do tema, criando condições para que a lei “saia do papel”, mobilizando
tanto o setor público como o privado, além das cooperativas e associações de catadores, movimentos sociais e
ambientalistas.

Veja a seguir a proposta e os desafios enfrentados!

A PROPOSTA

Metodologia construída pelo Grupo Ambiental formado por cooperadas da Avemare com apoio dos
parceiros Instituto Brookfield e Práxis Socioambiental, objetivando de implantar a coleta seletiva com a
participação da população na separação e destinação adequada de materiais recicláveis, além de sua
importância para preservação do meio ambiente e desenvolvimento social. A seguir, as etapas planejadas e
testadas em três bairros do município de Santana de Parnaíba-SP:

1º- Identificação de lideranças e associações de bairro e planejamento da ação conjunta.


2º- Identificação das rotas da coleta seletiva no bairro.
3º- Capacitação e mobilização de agentes ambientais da comunidade.
4º- Realização de mutirão para adesão da população, comunicação das datas e horários e início do
programa de coleta seletiva no bairro.
5º- Implantação da coleta seletiva nas escolas do bairro (metodologia adicional).

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6º- Avaliação e monitoramento do programa de coleta seletiva no bairro com parceiros.

ALGUNS RESULTADOS
A partir de comparações com experiências anteriores na cooperativa em outros bairros, foi possível
perceber que o material reciclável coletado com o apoio da metodologia ganhou em qualidade e quantidade.
Também foi ampliado o reconhecimento do trabalho realizado pela Avemare nas comunidades participantes.
Outro resultado envolve as associações de bairro que se consideram parcerias e contribuem com a melhoria
contínua do processo.

DESAFIOS ENFRENTADOS
A manutenção da participação da população na coleta seletiva é um desafio constante que exige
reforços, ações educativas, comunicação e parceria com as lideranças e agentes ambientais formados.

LIÇÕES APRENDIDAS E RECOMENDAÇÕES


A mobilização da rede de parceiros locais, envolvendo associações, comércio, equipamentos públicos,
entre outros, é essencial. Sem o apoio destes, a formação de agentes ambientais e a implantação da coleta
seletiva podem ser comprometidas. Integrar a agenda da comunidade com a das escolas também foi importante
para que a coleta seletiva fosse percebida e discutida em vários espaços (EDUCARES, 2014, on-line).

Mobilização

Mobilizar é, segundo os teóricos Bernardo Toro e Nísia Werneck, o ato de convocar vontades para
atuar na busca de um propósito comum, compartilhando interpretações e sentido. É a partir desse sentido
compartilhado que diferentes indivíduos ou setores da sociedade reúnem-se para começar ou transformar
determinados processos, cenários ou ações.
A mobilização remete a mudança de lugar, a capacidade de se mover. Ao falarmos de mobilização
social, Toro e Werneck colocam que este é um movimento fruto do compartilhamento de um desejo comum,
uma vontade de mudar, de alcançar determinado objetivo.
Essa abordagem de mobilização aplica-se à gestão de resíduos sólidos que demanda um
envolvimento de toda a sociedade. A prática da mobilização lança mão de vários instrumentos, podendo ser
citados o Plano de Mobilização, manuais, oficinas, cartilhas, panfletos e cartazes e indicadores de
monitoramento de atividades (para que se façam ajustes necessários e fiquem explícitos os resultados).
Para que haja participação, é preciso antes provocar algum agito, fazer o convite à participação,
comunicar o que está sendo construído ou acompanhado, tirar as pessoas da inércia despertando seu interesse
em investir seu tempo e outros recursos no processo de gestão de resíduos.
A mobilização dos atores do setor público, das empresas e da sociedade civil é imprescindível para
que se atinjam diversos setores da sociedade, com a finalidade de promover as mudanças culturais e
comportamentais apontadas na PNRS e necessárias à gestão de resíduos que temos falado aqui.

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O incentivo à criação e ao desenvolvimento de cooperativas e outras formas de associação de
catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis é um dos instrumentos da PNRS. A participação desse grupo no
processo de gestão é um dos aspectos inovadores da Política, demarcando seu comprometimento com a
transformação de valores e hábitos de toda a sociedade. Fica reconhecida, dessa forma, a importância da
mobilização e participação social.

Do Manual de Orientação de Planos de Gestão de Resíduos Sólidos, destacamos:

A PNRS definiu, por meio do Decreto 7.404/10, que os sistemas de coleta seletiva e de logística reversa
deverão priorizar a participação dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, e que os planos municipais
deverão definir programas e ações para sua inclusão nos processos. Deverá ser observada a dispensa de licitação
para a contratação de cooperativas ou associações de catadores; o estímulo ao fortalecimento institucional de
cooperativas e à pesquisa voltada para sua integração nas ações que envolvam a responsabilidade
compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, e a melhoria das suas condições de trabalho (BRASIL, 2012a, p.
24).
Mobilizar demanda uma sensibilidade às diferenças de linguagens e saberes encontradas dentro da
sociedade. Diversificar canais de comunicação e formas de expressão é indispensável para o sucesso da
mobilização para uma temática complexa, como é o caso da gestão de resíduos sólidos.
Para além de simplesmente comunicar informações, a mobilização deve viabilizar a formação dos
variados atores da gestão de resíduos, oportunizando negociação e pactuação de pontos de um Plano de
Resíduos Sólidos.
Processos de mobilização reforçam a participação e são, por si só, educativos, empoderando seus
participantes e gerando um ciclo virtuoso de mais participação e maior alcance das informações, sensibilizações
e comprometimento com a gestão.
A mobilização também é preparatória para os momentos de mediação de conflitos, promovendo
condições favoráveis ao convidar o maior número possível de atores dos diversos setores ligados à temática
resíduos sólidos.
Como vimos, participação e mobilização estão relacionadas e devem estar presentes em todas as
etapas da gestão de resíduos, e, de forma mais específica, no processo de elaboração e implementação dos
planos de gestão de resíduos.

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Se você ficou interessado em saber um pouco mais sobre participação e mobilização
social, indicamos a leitura do material a seguir. O texto sugerido está na biblioteca do curso com
o nome citado abaixo.
Encontros e caminhos: formação de educadoras(es) ambientais e coletivos educadores.
Foco do material: conceito de participação relacionado com educação ambiental e mobilização.
Trecho sugerido: recomenda-se a leitura do trecho entre as páginas 229 à 236.
Fonte: BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. FERRARO, L. A. (org). Encontros e caminhos:
formação de educadoras(es) ambientais e coletivos educadores. Brasília: Ministério do Meio
Ambiente, 2005.
(Disponível na plataforma digital do curso)

Educação Ambiental (EA) nos processos de participação e mobilização na gestão


de resíduos sólidos

Na abordagem de gestão de resíduos sólidos trazida pela PNRS, ao falarmos de processos


participativos também trazemos o foco para a Educação Ambiental e comunicação social, e desse enfoque nasce
a Educares. Fica explícito que a participação social e a mobilização desejada nasce e se fortalece com a
contribuição da educação ambiental, pois só por meio dela pode ser rompido o ciclo de inércia e desinformação
que leva a sociedade ao comportamento insustentável que vemos atualmente.
Em um dos estudos para a elaboração da Educares encontramos algumas considerações sobre a forma
da Educação Ambiental voltada à gestão de resíduos sólidos.
A educação ambiental para a gestão dos resíduos sólidos não parte da estaca zero nem prescinde da
educação formal. É um processo dinâmico, que agora está amparado por exigência legal e que deverá ser
contínuo. Deverá contemplar os princípios e objetivos da Lei, incorporar os demais instrumentos, na perspectiva
de compartilhamento de responsabilidades (todos são geradores de RS; portanto, todos têm que contribuir para
sua gestão). O entendimento e a observância da hierarquia da gestão – não gerar, reduzir, reutilizar, reciclar,
tratar e dispor – passa necessariamente pela educação, associada à comunicação, que difunde conceitos e
práticas.
FONTE: (BRASIL [2], 2013, pg 7).

Partindo dessa abordagem e olhando para um foco mais prático, temos então a relação da EA com os
Planos de Resíduos Sólidos, pois estes são o instrumento que torna concreta a PNRS e onde as ações de EA têm
seu espaço. A criação dos planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos (instância última onde a
gestão de resíduos efetivamente acontece) exige a mobilização e a capacitação em nível local dos atores
envolvidos.
A EA dentro da gestão de resíduos assume várias frentes de ação que passam por alguns
processos como:

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Articulação;
Repertório diverso de atividades pontuais e continuadas;
Promoção do diálogo;
Capacitação técnica e gerencial;
Ampliação de conhecimentos;
Competências de indivíduos e grupos sociais;
Sempre buscando a formação e mobilização da sociedade.

É um desafio da EA trazer para a reflexão e elaboração das ações temas como sustentabilidade, em
conformidade com a PNEA, participação social e exercício de cidadania na gestão de resíduos sólidos,
elaboração e gestão de projetos, visando a captação de recursos, modelos propositivos de participação
social na gestão de RS.
A Educação Ambiental, delineada pela Política Nacional de Educação Ambiental e pelo Programa
Nacional de Educação Ambiental (ProNEA) e estruturada na Educares, tem a missão de trazer para a PNRS o
diálogo efetivo, com atores diversos que, por sua trajetória única, demandam linguagens sensíveis à sua
realidade. A gestão de resíduos necessita comunicar-se com catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis
das cooperativas e associações, gestores públicos das três esferas (federal, estadual e municipal), sociedade civil
organizada, cidadãos em geral, iniciativa privada e instituições de ensino (trazendo a gestão de resíduos para
dentro dos cursos de graduação, profissionalizantes e demais ciclos do ensino formal).
No Módulo 04 retomaremos o olhar sobre a Educação Ambiental, descrevendo possibilidades de
ações voltadas à gestão de resíduos sólidos e alguns exemplos de boas práticas que aplicam uma ou mais dessas
ações em seus contextos.
Muito bem! Chegamos ao final desta primeira aula, e para encerrar convidamos você a refletir sobre
os temas tratados, buscando sempre uma relação com a sua realidade. Para ajudá-lo(a) nessa tarefa, trazemos
algumas provocações que você pode responder, sempre pensando em como aplicá-las na sua realidade ou no
processo de gestão de resíduos sólidos que você esteja estudando.

• Quais setores participam do processo de gestão de resíduos no seu


contexto? Como incrementar essa participação?
• Quais os setores ou atores da sociedade que você considera importantes,
mas que ainda não estão mobilizados e participando da gestão de
resíduos sólidos? Como promover a participação?
• A EA está sendo utilizada para promover a participação ampla no processo
de gestão da sua comunidade ou região? Como isso pode ser fortalecido?
Quais parcerias podem ser acionadas para atender essa questão?
• Quais são os potenciais desafios à participação e mobilização que você
percebe em seu contexto?

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Caro(a) cursista, vimos também a importância dos processos participativos na gestão de resíduos, a
forma como eles são tratados na PNRS por meio dos Planos de Resíduos Sólidos e a contribuição da EA nesse
processo.
Falamos um pouco mais sobre participação e mobilização social, trazendo alguns conceitos de cada
um desses termos. Detalhamos pontos onde a EA promove e fortalece os processos participativos.
Na próxima aula, veremos a Estrutura geral do Plano de Resíduos Sólidos e retomaremos a
participação e a mobilização, ao ver de que forma e em que momentos elas se apresentam na elaboração e
implementação dos planos.

Espero por você lá!

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Aula 02 - Estrutura geral do Plano de Resíduos Sólidos
Olá, bem-vindo(a)! Estamos felizes em iniciar mais uma aula com você.
Na aula passada, falamos sobre participação e mobilização na gestão de resíduos, sobre as
contribuições da EA nesses processos e focamos nos conhecimentos relacionados à participação social.
Nesta segunda aula, vamos falar um pouco sobre a estrutura geral dos Planos de Resíduos Sólidos.
Conheceremos as etapas gerais que se aplicam à elaboração de qualquer um dos Planos de Resíduos Sólidos,
dando destaque à importância dos processos participativos que garantem o controle social na GRS.

Para tanto, trouxemos os seguintes temas:


O que são os Planos de Resíduos Sólidos;
Tipos de Planos de Resíduos Sólidos;
Uma visão geral da inserção da EA nos Planos de Resíduos Sólidos;
Etapas do Plano de Resíduos Sólidos.

Os Planos de Resíduos Sólidos

Os Planos de Resíduos Sólidos devem ser encarados como um dos principais instrumentos e via de
apoio à implementação da PNRS. Os planos devem surgir de processos participativos que resultem em
mudanças de hábitos e comportamentos, reconhecendo o valor estratégico do diálogo, promovendo a
organização dos vários segmentos sociais e a responsabilidade compartilhada.
A concepção de Planos como instrumentos da gestão e do gerenciamento de resíduos sólidos deve
garantir o controle social por meio de processos participativos em todas as etapas, da criação à execução. Os
seis tipos de Planos estabelecidos atendem a demandas específicas, mas devem funcionar de forma
articulada e cooperativa entre todos os atores envolvidos.

Na tabela a seguir, trazemos alguns detalhes das diferentes formas de Planos de Resíduos Sólidos da
PNRS.

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As diferentes possibilidades de Planos de Resíduos Sólidos

A gestão de resíduos sólidos, por sua complexidade, necessita ser pensada nos diversos arranjos da
sociedade.
A PNRS procura atender a esta diversidade prevendo seis tipos de Planos de Resíduos Sólidos. São eles:
Plano Nacional de Resíduos Sólidos;
Planos estaduais de resíduos sólidos;
Planos microrregionais de resíduos sólidos e os planos de resíduos sólidos de regiões metropolitanas
ou aglomerações urbanas;
Planos intermunicipais de resíduos sólidos;
Planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos;
Planos de gerenciamento de resíduos sólidos.

Trazemos como foco de interesse deste curso três desses arranjos, que vamos detalhar ao longo
desta aula:

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Plano Nacional de Resíduos Sólidos;
Plano Estadual de Resíduos Sólidos;
Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos.

O Plano Nacional foi construído com as contribuições do processo de consulta pública e audiências
públicas regionais e nacional, junto aos setores especializados (prestadores privados de serviços, academia,
empresas privadas que atuam na área), ao setor público e à sociedade em geral, englobando ações e
procedimentos que irão orientar a política de resíduos sólidos no país.
O Plano encontra-se em versão preliminar, tem vigência por prazo indeterminado e horizonte de 20
(vinte) anos, com atualização a cada 04 (quatro) anos. Sua elaboração está prevista na PNRS que estabelece
a coordenação para o MMA, por meio do Comitê Interministerial da PNRS.
Outro ponto importante do Plano Nacional é a relação que possui com os Planos Nacionais de
Mudanças do Clima (PNMC), de Recursos Hídricos (PNRH), de Saneamento Básico (Plansab) e de
Produção e Consumo Sustentável (PPCS), expondo conceitos e propostas para diversos setores da economia,
compatibilizando crescimento econômico e preservação ambiental, com desenvolvimento sustentável.
A EA, no escopo do PNRS, tem o papel de viabilizar o processo de organização e democratização das
informações, de modo a fazer sentido e mobilizar o interesse, a participação e o apoio dos vários públicos. O
Plano busca na EA instrumentos e metodologias de sensibilização e mobilização capazes de influenciar os vários
segmentos da sociedade, inclusive os profissionais da área e a população como um todo.
Plano Estadual de Resíduos Sólidos – O Plano deverá abranger todo o território do estado, para um
horizonte de 20 (vinte) anos com revisões a cada 04 (quatro) anos. Sua elaboração é a via de acesso aos
recursos da União ou por ela controlados, destinados a empreendimentos e serviços relacionados à gestão de
resíduos sólidos. A Lei estabelece ainda que serão priorizados no acesso aos recursos da União os estados que
instituírem microrregiões, para integrar a organização, o planejamento e a execução das ações a cargo de
municípios limítrofes na gestão de resíduos sólidos.
O Plano Estadual deverá apontar caminhos e orientar investimentos, além de subsidiar e definir diretrizes
para os planos das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregionais, bem como para os planos
municipais de gestão integrada e para os planos de gerenciamento dos grandes geradores de resíduos (BRASIL,
2012a, p. 63).

O Plano Estadual deve apresentar um conteúdo mínimo definido pela PNRS, composto pelos itens a
seguir:
I - diagnóstico, incluída a identificação dos principais fluxos de resíduos no Estado e seus impactos
socioeconômicos e ambientais;
II - proposição de cenários;
III - metas de redução, reutilização, reciclagem, entre outras, com vistas a reduzir a quantidade de
resíduos e rejeitos encaminhados para disposição final ambientalmente adequada;

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IV - metas para o aproveitamento energético dos gases gerados nas unidades de disposição final de
resíduos sólidos;
V - metas para a eliminação e recuperação de lixões, associadas à inclusão social e à emancipação
econômica de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis;
VI - programas, projetos e ações para o atendimento das metas previstas;
VII - normas e condicionantes técnicas para o acesso a recursos do Estado, para a obtenção de seu aval
ou para o acesso de recursos administrados, direta ou indiretamente, por entidade estadual, quando destinados
às ações e programas de interesse dos resíduos sólidos;
VIII - medidas para incentivar e viabilizar a gestão consorciada ou compartilhada dos resíduos sólidos;
IX - diretrizes para o planejamento e demais atividades de gestão de resíduos sólidos de regiões
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões;
X - normas e diretrizes para a disposição final de rejeitos e, quando couber, de resíduos, respeitadas as
disposições estabelecidas em âmbito nacional;
XII - meios a serem utilizados para o controle e a fiscalização, no âmbito estadual, de sua
implementação e operacionalização, assegurado o controle social.

Nos planos estaduais e nos microrregionais, a EA contribui com o processo de elaboração e


implementação ao dar suporte às ações de mobilização social e divulgação.
Em seu guia para elaboração de Planos estaduais, a Secretaria de Recursos Hídricos e qualidade
Ambiental do MMA indica, inclusive, a elaboração de um Projeto de Mobilização Social e Divulgação, que trará
metodologia, mecanismos, e procedimentos destinados a promover a sensibilização do maior número de atores
para o trabalho de elaboração do Plano Estadual de Resíduos Sólidos (PERS), garantindo à sociedade: acesso às
informações, representação, e participação no processo de formulação da política, de planejamento e de
acompanhamento da implementação das ações de gestão dos resíduos sólidos.
Além disso, a Educação Ambiental entra no Plano Estadual de Resíduos Sólidos aportando
meios para identificar atores ou segmentos sociais estratégicos, atuantes no estado na área de resíduos
sólidos ou temas convergentes (Agenda 21 Local, Coletivos de Educadores Ambientais; Conselho Estadual
de Meio Ambiente; Conselhos Comunitários e Câmaras Técnicas de Comitês de Bacia Hidrográfica etc.),
os quais poderão auxiliar na discussão de programas, projetos e ações.
Dessa forma, processos de participação e controle social, tais como, audiências públicas, consultas
públicas, conferências, grupos de trabalho, comitês, conselhos, ou outro meio que possibilite a expressão e
debate de opiniões individuais ou coletivas devem ser organizados partindo da ótica da educação ambiental,
em especial apropriando-se do conteúdo da Educares, que pensa a EA na GRS.
Muito bem, até aqui vimos as características do Plano Nacional e Estadual de Resíduos Sólidos.
A seguir, vamos conhecer as características do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos
Sólidos.
O Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos - é a condição necessária para o Distrito
Federal e os municípios terem acesso aos recursos da União, destinados à limpeza urbana e ao manejo de

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resíduos sólidos. As peculiaridades locais e regionais e, principalmente, a capacidade de articulação dos agentes
e gestores envolvidos definirão a abrangência do plano de gestão - se regional ou municipal.
Na dimensão do município é possível ainda aproximar o PGIRS com o Plano de Saneamento,
integrando-se aos planos de água, esgoto, drenagem urbana e resíduos sólidos, previstos na Lei nº 11.445, de
2007.
Caso o município faça parte de um consórcio de municípios, é possível elaborar um único plano
atendendo a vários municípios associados. Os municípios que optarem por soluções consorciadas
intermunicipais ficam isentos da elaboração de um Plano Municipal.
O conteúdo mínimo definido pela PNRS para o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos
Sólidos é:

I - diagnóstico da situação dos resíduos sólidos gerados no respectivo território, contendo a origem, o
volume, a caracterização dos resíduos e as formas de destinação e disposição final adotadas;
II - identificação de áreas favoráveis para disposição final ambientalmente adequada de rejeitos,
observado o plano diretor de que trata o § 1o do art. 182 da Constituição Federal e o zoneamento ambiental,
se houver;
III - identificação das possibilidades de implantação de soluções consorciadas ou compartilhadas com
outros Municípios, considerando, nos critérios de economia de escala, a proximidade dos locais estabelecidos e
as formas de prevenção dos riscos ambientais;
IV - identificação dos resíduos sólidos e dos geradores sujeitos ao plano de gerenciamento específico
nos termos do art. 20 ou ao sistema de logística reversa na forma do art. 33, observadas as disposições desta
Lei e de seu regulamento, bem como as normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do SNVS;
V - procedimentos operacionais e especificações mínimas a serem adotados nos serviços públicos de
limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, incluída a disposição final ambientalmente adequada dos
rejeitos e observada a Lei nº 11.445, de 2007;
VI - indicadores de desempenho operacional e ambiental dos serviços públicos de limpeza urbana e de
manejo de resíduos sólidos;
VII - regras para o transporte e outras etapas do gerenciamento de resíduos sólidos de que trata o art.
20, observadas as normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do SNVS e demais disposições pertinentes
da legislação federal e estadual;
VIII - definição das responsabilidades quanto à sua implementação e operacionalização, incluídas as
etapas do plano de gerenciamento de resíduos sólidos a que se refere o art. 20 a cargo do poder público;
IX - programas e ações de capacitação técnica voltados para sua implementação e operacionalização;
X - programas e ações de educação ambiental que promovam a não geração, a redução, a reutilização
e a reciclagem de resíduos sólidos;
XI - programas e ações para a participação dos grupos interessados, em especial das cooperativas ou
outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de
baixa renda, se houver;

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XII - mecanismos para a criação de fontes de negócios, emprego e renda, mediante a valorização dos
resíduos sólidos;
XIII - sistema de cálculo dos custos da prestação dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo
de resíduos sólidos, bem como a forma de cobrança desses serviços, observada a Lei nº 11.445, de 2007;
XIV - metas de redução, reutilização, coleta seletiva e reciclagem, entre outras, com vistas a reduzir a
quantidade de rejeitos encaminhados para disposição final ambientalmente adequada;
XV - descrição das formas e dos limites da participação do poder público local na coleta seletiva e na
logística reversa, respeitado o disposto no art. 33, e de outras ações relativas à responsabilidade compartilhada
pelo ciclo de vida dos produtos;
XVI - meios a serem utilizados para o controle e a fiscalização, no âmbito local, da implementação e
operacionalização dos planos de gerenciamento de resíduos sólidos de que trata o art. 20 e dos sistemas de
logística reversa previstos no art. 33;
XVII - ações preventivas e corretivas a serem praticadas, incluindo programa de monitoramento;
XVIII - identificação dos passivos ambientais relacionados aos resíduos sólidos, incluindo áreas
contaminadas, e respectivas medidas saneadoras;
XIX - periodicidade de sua revisão, observado prioritariamente o período de vigência do plano
plurianual municipal.

Como pode-se ver no infográfico anterior, programas e ações de Educação Ambiental devem, por
lei, fazer parte do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, e como já vimos, a via de
atuação da EA é na dimensão da participação social e mobilização.
Nesse sentido, as metodologias e ferramentas da Educação Ambiental aplicam-se no diagnóstico do
contexto socioambiental do município, no diálogo com toda a sociedade para informar, capacitar e chamar à
participação e ação, na articulação com instituições e demais setores da sociedade, na comunicação dos
mecanismos de monitoramento do processo de gestão, dos resultados já alcançados e passos futuros.
Presumindo, a Educação Ambiental permeia todas as etapas da gestão de resíduos, de formas diversas,
envolvendo formação, intervenção, comunicação e articulação.
No Módulo 04 veremos com mais detalhes como isso se transforma em ações e programas nos
contextos variados da gestão de resíduos sólidos.

Acesse aqui o Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos


Sólidos (SINIR), um dos Instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS) e veja detalhes dos diferentes arranjos dos Planos de Resíduos Sólidos.

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Etapas do Plano de Resíduos Sólidos

Veremos agora alguns detalhes sobre a elaboração dos Planos de Resíduos Sólidos, lembrando que eles são um
dos instrumentos da PNRS que dão materialidade à política e traduzem em ações a gestão local. Os Planos
seguem uma linha geral de etapas em sua elaboração, sendo válidas para quaisquer tipos de Planos de Resíduos
Sólidos. De forma geral, então, podemos dizer que são executadas 05 etapas.

Planos de gestão de resíduos sólidos: manual de orientação


Foco do material: conceitos de gestão de resíduos e gerenciamento
Trecho sugerido: recomenda-se a leitura dos capítulos 2 à 4.
Fonte: BRASIL. Ministério do Meio Ambiente, ICLEI – Brasil. Planos de gestão de
resíduos sólidos: manual de orientação. Brasília, 2012.
(Disponível na plataforma digital do curso)

Etapa 1 - Metodologia para Elaboração dos Planos

O primeiro passo para elaborar o plano é mobilizar a sociedade para que esta se envolva no
processo de criação e acompanhamento. Ao mesmo tempo é preciso estruturar instâncias de coordenação e
representação para que haja ordem e eficiência.
Devem ser implementadas ações como audiências públicas, consultas públicas, participação
em conferências, criação de comitês e conselhos e outros espaços de diálogo e tomadas de decisão
envolvendo todos os setores da sociedade e poder público. Agentes públicos e representantes da comunidade
devem se envolver na organização das atividades e mobilização à participação.
Para garantir a continuidade do processo participativo, é preciso pensar em sua organização e,
para isso, sugere-se a criação de um Comitê Diretor e um Grupo de Sustentação. Cabe ao Comitê Diretor a
coordenação da elaboração do plano, ocupar-se da infraestrutura e garantir o bom andamento do processo. O
Grupo de Sustentação garante o debate e engajamento de todos os segmentos envolvidos.

Etapa 2 - Elaboração do Diagnóstico e dos cenários futuros

O diagnóstico aborda os aspectos técnicos e os participativos. Na abordagem técnica, são


reunidas informações sobre o perfil das localidades alvo do plano, incluindo a situação dos resíduos sólidos e
seus fluxos, outros dados que constroem uma visão das peculiaridades locais e regionais, e o histórico de gastos
com ações ligadas à gestão de resíduos.
Na abordagem participativa, são executadas ações que geram envolvimento da comunidade na
elaboração do plano e garantem a visibilidade dos dados coletados na esfera regional e local.
Os cenários futuros nascem como alternativas à situação presente identificada no diagnóstico
técnico. Eles refletem expectativas favoráveis e desfavoráveis (entendidas como desafios) para aspectos como

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crescimento da população, geração de resíduos, perfil dos resíduos, novos procedimentos etc. Os cenários
atuam como referências para o planejamento, demarcando o que deve ser criado/fortalecido e o que deve ser
superado/alterado.

Etapa 3 - Definição de diretrizes e estratégias

Diretrizes e estratégias devem respeitar a ordem de prioridade da PNRS no que se refere à gestão
de resíduos que é: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos e disposição final
dos rejeitos.
As diretrizes e estratégias são sensíveis aos diversos tipos de responsabilidades da gestão
compartilhada, atentando para o papel de cada um dos setores envolvidos, partindo das informações reunidas
no processo de criação dos cenários da etapa anterior.

Etapa 4 - Metas, programas e recursos necessários

Partindo-se das diretrizes e estratégias, são definidas metas quantitativas que são implementadas via
programas e ações, e devem ser compatíveis com os aspectos legais, a capacidade de investimento e de gestão
do contexto a que se destinam.
Fontes de recursos devem ser apontadas, contemplando recursos reembolsáveis e não
reembolsáveis. É desejável a maior diversidade possível para reforçar a sustentabilidade financeira do processo
de elaboração e implementação do Plano.

Etapa 5 - Implementação das ações

Para ganhar força na superação dos desafios da prática, devem ser estabelecidos pactos (locais e/ou
regionais) envolvendo agentes públicos, econômicos e sociais, gerando um ambiente favorável ao exercício da
responsabilidade compartilhada. Estabelecer e consolidar tais pactos é essencial a esta etapa.
Para esse coletivo, instituem-se agendas de implementação, onde são assumidas responsabilidades,
sendo que o poder público tem destacado papel na organização dessas agendas (ligando os momentos de
planejamento ao momento da execução).

Muito bem! Chegamos ao final de mais uma aula e, como temos feito ao longo do curso, te convidamos
você a refletir sobre os temas tratados, buscando sempre uma relação com a sua realidade.
Para que você aproveite da melhor forma os assuntos que escolhemos para cada encontro nosso, e
também o tempo em que está conectado ao curso, é importante estabelecer um diálogo entre a teoria e os
desafios, descobertas e acertos que vivencia no seu cotidiano como participante da gestão de resíduos sólidos.

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Para ajudá-lo(a) nessa tarefa, trazemos algumas provocações que você pode responder, sempre
pensando em como aplicá-las na sua realidade ou no processo de gestão de resíduos sólidos que você esteja
estudando.

O seu estado possui o Plano Estadual de Resíduos Sólidos? Você conhece


seu conteúdo?
De que forma você pode contribuir para ampliar a articulação entre o
processo de gestão que participa ou estuda, e os Planos de Resíduos
Sólidos na dimensão do município e estado?
Você identifica as ações e programas de Educação Ambiental que
acontecem na gestão de resíduos no seu contexto? Elas estão presentes
em todas as frentes indicadas aqui nesta aula?
Quais são os aspectos do processo de participação social e mobilização na
gestão de resíduos sólidos que você participa ou estuda que poderiam ser
incrementados com a contribuição da educação ambiental? Qual a
abordagem que você adotaria?
O processo de elaboração do Plano de Resíduos Sólidos que você
participa ou estuda possui as etapas descritas nesta aula? Em qual etapa se
encontra neste momento? Existem pontos que não foram atendidos em
etapas anteriores? Como isso pode ser feito?

Nesta aula, você viu o conceito de Planos de Resíduos Sólidos determinado na PNRS, suas diversas
possibilidades de acordo com o arranjo territorial ou foco na gestão ou gerenciamento, e uma visão geral de
como a educação ambiental se insere nos Planos.

Por fim, falamos das etapas gerais que se aplicam na elaboração de qualquer um dos Planos de
Resíduos Sólidos, ganhando destaque a importância dos processos participativos que garantem o controle social
na gestão de resíduos.

Na Aula 03, Acompanhamento e avaliação dos Planos de Resíduos Sólidos,


nossa próxima aula, você verá como se dá o acompanhamento e a avaliação dos Planos de Resíduos
Sólidos.
Espero por você lá!

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Aula 03 - Acompanhamento e avaliação dos Planos de Resíduos
Sólidos

Olá! Bem-vindo(a) à última aula do módulo 03. Antes de tudo, vamos recordar os temas trabalhados
na última aula?
Bom, nós falamos sobre a estrutura geral dos Planos de Resíduos Sólidos e como esses planos devem
surgir de processos participativos que resultem em mudanças de hábitos e comportamentos. Abordamos
também, os tipos de Planos previstos pela PNRS, as contribuições da Educação Ambiental nos Planos e por fim,
as etapas de um Plano.
Já nesta aula, abordaremos os seguintes assuntos:

Acompanhamento dos Planos de Resíduos Sólidos;


Avaliação dos Planos de Resíduos Sólidos.

Acompanhamento dos Planos de Resíduos Sólidos

Ações de acompanhamento e avaliação fazem parte das estratégias obrigatórias de todos os arranjos
possíveis para os Planos de Resíduos Sólidos, sendo que a PNRS estabelece que a revisão dos planos deve
ocorrer no mínimo a cada 04 anos.
Devem ser garantidos processos constantes de monitoramento e avaliação para que as correções de
rumo e adaptações sejam feitas o mais próximo possível do momento de identificação dos problemas surgidos.
O acompanhamento, controle e a fiscalização do Plano envolvem questões tais como:

Elaboração da agenda de implementação e acompanhamento do cumprimento dos objetivos


definidos no Plano;
A observância dos dispositivos legais aplicáveis à gestão dos resíduos sólidos;
A identificação dos pontos fortes e fracos do Plano elaborado e das oportunidades e entraves à sua
implementação;
A efetividade da implementação do Plano por meio da aferição das metas estabelecidas;
Construção de indicadores de desempenho operacional, ambiental e do grau de satisfação dos
usuários dos serviços públicos;
Meios para controle, monitoramento e fiscalização das atividades que garantirão a qualidade da
gestão. Devem abranger desde os serviços públicos de coleta seletiva e destinação final adequada, aos planos
de gerenciamento obrigatórios para determinados resíduos e sistemas de logística reversa das empresas
privadas;
O Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (SINIR) deverá ser
alimentado com informações pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios; irá sistematizar dados dos

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serviços públicos e privados de resíduos sólidos apoiando o monitoramento, a fiscalização e a avaliação da
eficiência da gestão e gerenciamento, inclusive dos sistemas de logística reversa;
Proposição de adequações e demais ajustes necessários.

Assim como as demais etapas da elaboração de um Plano de Resíduos Sólidos, o processo de revisão
deve possibilitar a participação social, criando mecanismos de representação da sociedade para o
acompanhamento, monitoramento e avaliação.

Avaliação dos Planos de Resíduos Sólidos

Os Planos de Resíduos Sólidos incidem em muitos direitos difusos, ligados ao bem comum de
interesse da coletividade. Esta particularidade traz repetidamente a participação social para o centro do debate.
No desenho das estratégias de avaliação, isto também ocorre, pois a participação social se constitui instrumento
de avaliação da eficácia da gestão.

Outros elementos importantes para viabilizar o acompanhamento ou monitoramento são:


Implantação de Ouvidoria – órgão para recebimento de reclamações, avaliações e denúncias – ou
utilização de órgão ou serviço já existente;
Estabelecimento de rotinas para avaliação dos indicadores, tal como a produção de relatórios
periódicos que incluam a análise dos registros feitos pela Ouvidoria;
Reuniões do órgão colegiado com competência estabelecida sobre a gestão dos resíduos. O órgão
colegiado a ser estabelecido, em atendimento ao artigo 34 do Decreto 7.217/2010, para planos municipais de
saneamento básico, por exemplo, deverá ser o grande instrumento de monitoramento e verificação de
resultados, pela possibilidade que oferece de convivência entre os diversos agentes envolvidos.

Identificar dados relevantes à avaliação é um passo importante e um desafio sempre que o foco da
análise envolve aspectos quantitativos e qualitativos, como é caso da gestão de resíduos. Um suporte valioso
que deve ser acessado é o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), que vem levantando
dados sobre o manejo de resíduos sólidos em municípios brasileiros, e tem produzido indicadores que permitem
análises entre municípios de mesmo porte e/ou da mesma região, dentre outras possibilidades.

Vejamos a seguir alguns indicadores que integram este SNIS:


Incidência das despesas com o manejo de resíduos sólidos nas despesas correntes da prefeitura (SNIS
001);
Despesa per capita com manejo de resíduos sólidos em relação à população (SNIS 006);
Autossuficiência financeira da prefeitura com o manejo de resíduos sólidos (SNIS 005);
Incidência de empregados próprios no total de empregados no manejo de resíduos sólidos (SNIS
007);

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Taxa de cobertura do serviço de coleta de resíduos domiciliares em relação à população urbana (SNIS
016);
Massa recuperada per capita de materiais recicláveis secos (exceto matéria orgânica e rejeitos) em
relação à população urbana (SNIS 032);
Taxa de material recolhido pela coleta seletiva de secos (exceto matéria orgânica) em relação à
quantidade total coletada de resíduos sólidos domésticos (SNIS 053);

Mais alguns indicadores do SNIS que queremos destacar:

Taxa de recuperação de materiais recicláveis secos (exceto matéria orgânica e rejeitos) em relação à
quantidade total (SNIS 031);
Massa recuperada per capita de matéria orgânica em relação à população urbana;
Taxa de material recolhido pela coleta seletiva de matéria orgânica em relação à quantidade total
coletada de resíduos sólidos domiciliares;
Taxa de recuperação de matéria orgânica em relação à quantidade total;
Massa de matéria orgânica estabilizada por biodigestão em relação à massa total de matéria
orgânica. Podem também ser incluídos indicadores sobre resíduos de serviços de saúde e resíduos da
construção civil;
Massa de resíduos dos serviços de saúde (RSS) coletada per capita (apenas por coletores públicos)
em relação à população urbana (SNIS 036);
Massa de Resíduos da Construção Civil (RCC) coletada per capita (apenas por coletores públicos) em
relação à população urbana.

A questão da disposição irregular de resíduos variados é algo comum a quase todos os municípios
brasileiros, gerando impactos socioambientais negativos. Detectar e mapear as situações decorrentes como os
locais onde se repetem as deposições irregulares de resíduos (entulhos, resíduos volumosos e domiciliares,
principalmente) fornece indicadores de avaliação do Plano de Resíduos Sólidos. Para captar estes processos
podem ser coletados dados sobre:
Número de deposições irregulares por mil habitantes;
Taxa de resíduos recuperados em relação ao volume total removido na limpeza corretiva de
deposições irregulares.

Para além dos indicativos gerais, a avaliação de um Plano de um determinado município, região ou
estado deve olhar para aqueles resíduos que são mais significativos em seu contexto.
Por fim os resultados das políticas de inclusão social devem ser acompanhados via indicadores como
os citados a seguir:

Número de catadores organizados em relação ao número total de catadores (autônomos e


organizados);
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Número de catadores remunerados pelo serviço público de coleta em relação ao número total de
catadores;
Número de domicílios participantes dos programas de coleta em relação ao número total de
domicílios. Para a construção desse último conjunto de indicadores é essencial a integração de ações com o
trabalho das equipes de agentes comunitários de saúde, por exemplo.

Muito bem! Chegou o momento de rever os temas tratados nesta aula e consolidar alguns
aprendizados. Vamos lá?

Reflita sobre as questões a seguir, pensando em como aplicá-las na sua realidade ou no processo de
gestão de resíduos sólidos que você esteja estudando.

Como acontece o acompanhamento ou monitoramento do processo de


gestão que você acompanha ou participa? São observadas as questões
colocadas no quadro acompanhamento, controle e a fiscalização?
Quais os mecanismos de representação social que existem no processo de
gestão que você participa ou acompanha? Quais as informações que eles
fornecem para o monitoramento e avaliação do Plano de Resíduos
Sólidos?
De todas as questões apresentadas para orientar o acompanhamento,
controle e fiscalização, quais as que melhor se aplicam no seu contexto?
Todas já estão sendo atendidas? Se não estão, como inseri-las?
A avaliação do Plano que você participa ou acompanha, faz uso dos
indicadores do SNIS? Como você pode ampliar este uso?
Quais são os resíduos mais significativos no seu contexto? Quais os
indicadores usados para seu monitoramento e avaliação? Quais os
indicadores e questões trazidas aqui podem auxiliar neste quesito?

Chegamos ao final desta aula e também deste módulo. Falamos, até aqui, de acompanhamento,
monitoramento e avaliação dos Planos de Resíduos Sólidos. Vimos algumas questões e indicadores que se
aplicam a esses processos.

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No módulo 04, Conhecimentos chave para a GRS, proporcionaremos uma visão prática dos
conhecimentos trabalhados ao longo do curso e faremos uma revisão geral dos conteúdos tratados, abordando
os principais pontos de cada módulo.

Até lá!

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