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O artigo 225 da Constituição Federal estabelece que:

• Todos os cidadãos deste país tem direito a um “meio


ambiente ecologicamente equilibrado”, definindo-o
como “bem de uso comum e essencial à sadia qualidade
de vida”.

É atribuído ao Poder Público e à coletividade


“o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

No entanto, o processo de uso e gestão dos recursos ambientais


é, em sua essência, conturbado, dado os interesses em jogo e os
conflitos que podem existir entre atores sociais que atuam
sobre o mesmo meio ambiente, físico/ natural ou construído.
Atualmente considera-se que as formas de utilização dos
recursos naturais e a degradação gerada por este
modelo produtivo são algumas das principais
preocupações da humanidade.

E o que temos feito a este


respeito?
• Organizado conferências, criado leis...

E elas são realmente necessárias!


Afinal temos avançado em relação ao
amadurecimento, minimizando a nossa insegurança e
despreparo para a discussão deste assunto, por
meio desta sistematização de práticas.
Conferências sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento:
Ecos na Política Ambiental brasileira
 1965: Conferência em Educação em Keele
 1968: Clube de Roma
 1972: Conferência de Estocolmo – Crescimento Zero / - Desenvolvimentistas
 1977: I Conferência Intergovernamental em Educação Ambiental de Tbilisi
 1987: Relatório Brutland
 1987: Congresso Internacional de Educação e Formação Ambiental
 1988: Conferência de Moscou
 1990: Conferência Mundial Sobre Educação para Todos
 1992: CNUMAD – Eco 92
 1997: Protocolo de Quioto
 1999: Conferência Mundial do Clima (Bonn, Alemanha)
 2000: Conferência Mundial do Clima (Haia, Holanda)
 2002: Rio +10 (Joanesburgo, África)
 2002 : VIII Conferência Mundial do Clima, adoção da Declaração de Déli sobre Mudanças Climáticas e Desenvolvimento
Sustentável ( Nova Déli, Índia)
 2003: III Fórum Social Mundial (Porto Alegre, Brasil) I Conferencia Brasileira de Meio Ambiente
 2004: IV Fórum Social Mundial (Índia)
 2004: V Fórum de Educação Ambiental ( Goiânia, Brasil)
 2005: I Encontro Nacional da Rede Brasileira de Educomunicação Ambiental (Rebeca), (Salvador, BA).
 2005: Encontro do Plano Andino-Amazônico de Comunicação e EA (Panacea) (Iquitos, Peru),
 2005: Encontro Panamazônico de EA, I Encontro Andino-Amazônico de Comunicação e EA ( Lima, Peru),
 2006: II Encontro do Plano Andino-Amazônico de Comunicação e EA (Panacea), em Iquitos (Peru),
 2006: V Congresso Ibero-americano de EA (V Ibero) (Joinville, SC)
 2006: I Encontro de Especialistas em Educação Ambiental da Bacia do Prata (Foz de Iguaçu, PR), é inaugurada a sede do Centro
de Saberes e Cuidados Sócio- Ambientais da Bacia do Prata, no Parque Tecnológico Itaipu (PTI),
 2007: I Congresso Internacional de EA dos Países Lusófonos e Galícia. (Santiago de Compostela , Espanha)
 2007: Quarta Conferência Internacional sobre Educação Ambiental, conhecida como Tbilisi + 30 (Ahmedabad, Índia)
Lei Federal 9.795/99
Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá
outras providências.

Entendem-se por educação ambiental


• Art. 1.o:
os processos por meio dos quais o indivíduo e
a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do
meio ambiente, bem de uso comum do povo,
essencial à sadia qualidade de vida e sua
sustentabilidade.
Marcos legais no surgimento da
Educação Ambiental brasileira

• 1978 a 1980: Ecologia para as escolas secundárias


• 1988: Capítulo sobre Meio Ambiente c/ art.
Específico E.A.
• 1994: Programa Nacional de Educação Ambiental –
PRONEA
• 1996: Foi incluído nos Parâmetros Curriculares
Nacionais como tema transversal no 1º grau
• 1997: Conferência Nacional de Educação Ambiental
• 1999: Criação de Lei Federal 9.795/99
As principais Críticas a E.A. são:

• processos educativos transversais


despolitizados;
• Limitação à instrumentalização e sensibilização
para a problemática ecológica;
• Legitimação e respaldo do ecocapitalismo;

• A “apologia à rendição”;

• A omissão da esfera social à categoria ambiente.


Os princípios básicos da educação ambiental
A EA esta fundamentada em princípios básicos, por isso, a seguir, uma seleção dos
mais relevantes:

♦ Considerar o meio ambiente em sua totalidade, ou seja, em seus aspectos naturais e


nos criados pelos seres humanos, tecnológicos e sociais (econômico, político,
técnico, histórico-cultural, moral e estético);
♦ Constituir um processo educativo contínuo e permanente, começando pelos primeiros
anos de vida e continuando através de todas as fases do ensino formal e não-formal;
♦ Aplicar um enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de cada
disciplina, de modo que se adquira uma perspectiva global e equilibrada;
♦ Examinar as principais questões ambientais, do ponto de vista local, regional, nacional
e internacional, de modo que os educandos se identifiquem com as condições
ambientais de outras regiões geográficas;
♦ Trabalhar com o conhecimento contextual, com estudos do meio.
♦ Concentrar-se nas situações ambientais atuais, mas levando em conta, a perspectiva
histórica, resgatando os saberes e fazeres tradicionais;
♦ Insistir no valor e na necessidade de cooperação local, nacional e global para
prevenir e resolver os problemas ambientais;

♦ Considerar, de maneira explícita, os aspectos ambientais nos planos de


desenvolvimento e de crescimento;

♦ Ajudar a descobrir os sintomas e as causas reais dos problemas ambientais;

♦ Destacar a complexidade dos problemas ambientais e, em conseqüência, a


necessidade de desenvolver o senso crítico e as habilidades necessárias para
resolver os problemas;

♦ Utilizar diversos ambientes educativos e uma ampla gama de métodos para


comunicar-se e adquirir conhecimentos sobre o meio ambiente, estimulando o
indivíduo a analisar e participar na resolução dos problemas ambientais da
coletividade;

♦ Estimular uma visão global (abrangente/holística) e crítica das questões


ambientais.
Alguns pontos desta Lei valem ser ressaltados
por serem considerados grandes avanços:

• A definição de EA (artigo 1º) foge dos antigos padrões


meramente biológico-ecológicos e preservacionistas,
inserindo o homem como agente das transformações e
responsável pela qualidade e sustentabilidade da vida
no Planeta;
• A inclusão da EA como componente da educação
nacional (artigo 2º) em todos os processos educativos
garante um espaço privilegiado de ação, inserindo-se
no âmbito da educação formal e dos processos
educativos não-formais.
• O parágrafo 3, que trata da formação e atualização de pessoal,
remarca a busca das alternativas curriculares e metodológicas
para a capacitação de recursos humanos, abrindo um novo
campo de pesquisa e experimentação em EA.

• Além disso, apóia as iniciativas e experiências locais e regionais


na produção do material didático e estimula a montagem de
banco de dados da EA. De modo a operacionalizar a inserção da
EA no ensino formal de maneira interdisciplinar, a lei é bastante
clara ao tirar o aspecto disciplinar deste tema, incentivando a
abordagem integrada e contínua em todos os níveis e
modalidades do ensino formal.

• A exceção se faz para os cursos de pós-graduação e extensão


universitários, onde, quando necessário se fizer, pode ser
criada disciplina de Educação Ambiental, com a finalidade de
avançar na capacitação de recursos humanos.
• Destaca também o papel dos meios de
comunicação de massa na divulgação dos temas
ambientais, dos princípios, objetivos e ações de EA.
• No âmbito da educação não-formal é destacado o
papel das empresas, públicas e privadas, na busca
das alternativas tecnológicas, juntamente com as
universidades e outros setores da sociedade,
reforçado pelas certificações de qualidade
ambiental: a ISO 14000
• Os princípios da EA apontados incorporam o enfoque
humanista, ampliam a concepção de meio ambiente,
internalizam aspectos socioambientais e culturais.
• Além disso, a Lei imprime às abordagens da EA, o caráter
participativo, democrático e amplo, abrindo espaço para a
participação efetiva da comunidade na construção dos marcos
referenciais, e das sínteses inovadoras entre os novos
conhecimentos e o saber comunitário tradicional.
• Busca garantir a democratização de informações, estimular a
participação individual e coletiva na solução dos problemas
ambientais, estimular a cooperação entre regiões, entre ciência
e tecnologia e o fortalecimento da cidadania, são também
objetivos desta Lei, mostrando e valorizando a participação nos
processo da EA e no desenvolvimento sustentável do país.
• No artigo 6º, quando é instituída a Política Nacional de
Educação Ambiental, passa a significar que a EA não é
mais pano de fundo das políticas públicas, mas é
elemento determinante dessas políticas, estruturada
em princípios e objetivos claramente definidos.
• Outro aspecto interessante que se nota neste
instrumento legal é a preocupação com relação à sua
aplicabilidade, uma vez que consta como linhas de
atuação, assim expressas no artigo 8º, a preocupação
com a capacitação, com a pesquisa e com a produção
de material educativo.
O que é compreendido por educação ambiental?
Lucie Sauvé distinguiu 15 correntes na literatura mundial
Correntes Tradicionais Correntes Recentes
• Corrente Naturalista/Experiencial: (viver na • Corrente Holística: Combate a visão analítica e
natureza e aprender com ela), afetiva, entende a natureza racional do ambiente. Comum enfoque sensorial, afetivo,
como meio de aprendizagem intuitivo, criativo, trabalha o interior das pessoas.
• Corrente Conservacionista/Recursista: • Corrente Biorregionalista: Entende “biorregião”
Centrada na conservação dos recursos naturais (qualidade e como um espaço geográfico e um sentimento de
quantidade), preocupação com a administração do meio identidade. Movimento de retorno à terra. Enfoque participativo
ambiente e os cuidados com recursos naturais. e comunicativo.
• Corrente Resolutiva: baseia-se na resolução de • Corrente Práxica: Aprendizagem por meio de uma
problemas (identificar solução-problema, discussão de dinâmica participativa, compartilhamento de saberes,
soluções, avaliação, escolha das soluções). articulação das pessoas para produção de conhecimentos,
• • Corrente da Crítica Social: Inspira-se na teoria
Corrente Sistêmica: Propõe uma visão de conjunto,
identificando componentes do ecossistema para chegar à crítica. Pela avaliação de problemas ambientais, busca identificar
dinâmicas e relações de poder por trás deles. Defende a perspectiva
compreensão global da situação. da emancipação.
• Corrente Científica: Usa premissas do conhecimento • Corrente Ecofeminista: Discute as relações de
científico, propondo identificar problemáticas, causas e poder entre homens e mulheres. Contrapõe o enfoque
efeitos (enfoque cognitivo). Base na observação e racional de avaliações ambientais, com intuição, afetividade, o
experimentação. simbólico, o espiritual.
• Corrente Humanista: Ênfase humana (natureza e • Corrente Etnográfica: Baseada na pesquisa
cultura). Indivíduo como elemento essencial para pensar o antropológica (comunidades), trabalha com o caráter
ambiente. Trabalha a sensação de pertencimento e leituras cultural da relação com o ambiente, com o pertencimento,
da paisagem. códigos,simbologias, vivências.
• Corrente Moral/ Ética: Discute ética e valores • Corrente da Ecoeducação: (Ecopedagogia ou
ambientais, com o olhar do que “é bom”, ou não, para o Pedagogia da Terra), Busca aproveitar a relação com o meio
meio ambiente. ambiente, numa visão abrangente do que seja ambiente,
para um atuar significativo e responsável.
Processo de amadurecimento teórico e epistemológico das vertentes. Corrente da Sustentabilidade: Relacionada à
Destacam a importância de capacitar educadoras/es ambientais para que promovam a
promoção desenvolvimento sustentável , inclui o
transformação social.
Caso contrário, na prática, correr-se-ia o risco de permanecer a posição conservadora de
treinamento de recursos humanos para a transformação dos
formar “meros transmissores de conhecimentos e valores”. modos de produção e de consumo.
Conceito
• “A educação ambiental é uma práxis educativa e
social que tem por finalidade a construção de
valores, conceitos, habilidades e atitudes que
possibilitem o entendimento da realidade de
vida a atuação lúcida e responsável de atores
sociais individuais e coletivos no ambiente.
Nesse sentido, contribui para a tentativa de
implementação de um padrão civilizacional e
societário distinto do vigente, pautado numa nova
ética da relação sociedade-natureza. Dessa
forma, para a real transformação do quadro de
crise estrutural e conjuntural em que vivemos, a
educação ambiental, por definição, é elemento
estratégico na formação de ampla consciência
crítica das relações sociais e de produção que
situam a inserção humana na natureza” (LOUREIRO,
2000 apud LOUREIRO, 2005, p. 69).
• Fica claro, portanto, a importância da
educação no processo de Gestão Ambiental.
Só o entendimento contextual mais amplo
pode fazer com que os atores envolvidos, os
protagonistas e os que sempre ficaram com o
ônus histórico da degradação ambiental,
possam compartilhadamente pensar
alternativas de solução harmônicas e
apropriadas para o bem de todos.
“Somos (...) as pessoas em cujas mentes e mãos
estão – ou deveriam estar –
o saber, o dever e o poder
de melhorar a qualidade de nossas vidas e da Vida
do Mundo onde vivemos,
a começar (como sempre) pela nossa casa, por
nossa rua, pelo nosso bairro, nossa cidade e nosso
município” .
(Brandão, 2007)
Ou a Educação Ambiental é política e
transformadora da realidade
socioambiental, ou é coisa alguma.
Referências Bibliográficas
BRANDÃO. Carlos Rodrigues. Aqui é onde eu moro, aqui nós vivemos: escritos para conhecer, pensar e
praticar o município educador sustentável. Disponível em:
http://www.mma.gov.br/estruturas/educamb/_arquivos/mes_livro.pdf.

BRASIL. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. O passo a passo para a ação Municípios Educadores
Sustentáveis. Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental/ Departamento de
Educação Ambiental. Série Documentos Técnicos, nº 14, 2007. Disponível em:
http://www.mma.gov.br/estruturas/educamb/_arquivos/dt_14.pdf

BRASIL. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Municípios Educadores Sustentáveis. Secretaria de Articulação


Institucional e Cidadania Ambiental/ Departamento de Educação Ambiental. Disponível em: (http://
www.mma.gov.br/estruturas/educamb/_arquivos/mes_cartilha.pdf

http:// www.mma.gov.br/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=20&idMenu=1139

BRASIL. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. As diferentes matizes da educação ambiental – 1994 a 2007.
Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental/ Departamento de Educação Ambiental.
Disponível em: http://www.mda.gov.br/portal/saf/arquivos/view/ater/livros/Livro-Educa
%C3%A7%C3%A3oAmbiental.pdf

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