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PROJETO SOS RIO CAPIVARI DE JAGUARIAÍVA NO PARANÁ – UMA

PROPOSTA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL


PROJECT SOS RIO CAPIVARI DE JAGUARIAÍVA IN PARANÁ - A PROPOSAL
FOR ENVIRONMENTAL EDUCATION

Luís Guilherme Gonçalves Cunha – Especialização em Gestão Pública - UTFPR Ponta


Grossa – luis.2017@alunos.utfpr.edu.br

Resumo: No artigo são abordadas questões voltadas a políticas públicas e a educação


ambiental. O objetivo é demonstrar como abordagens não-formais de educação ambiental
contribuem para a sensibilização dos problemas ambientais. Além disso, serão tratadas
questões acerca das políticas públicas nas diversas instâncias federativas e como incorporam a
educação ambiental no ensino formal. Abordagens não-formais e informais propiciam a
participação mais efetiva da sociedade no processo de mudanças de paradigmas em relação às
questões ambientais. Diante das dificuldades enfrentadas na sociedade atual, apresenta-se o
Projeto SOS Rio Capivari como uma proposta de ação conjunta de uma abordagem de
educação ambiental formal e não-formal que contempla políticas públicas e participação
popular. A metodologia do artigo consiste em pesquisa bibliográfica e entrevista aberta,
resultando numa pesquisa bibliográfica qualitativa.
Palavras-chave: Educação Ambiental, Políticas Públicas, Projeto SOS Rio Capivari.

Abstract: The article deals with issues related to public policies and environmental education.
The aim is to demonstrate how non-formal approaches to environmental education contribute
to raising awareness of environmental problems. In addition, questions will be addressed
about public policies in the various federative bodies and how they incorporate environmental
education into formal education. Non-formal and informal approaches provide the most
effective participation of society in the process of paradigm shifts in relation to environmental
issues. Facing the difficulties faced in today's society, the SOS Rio Capivari Project is
presented as a joint action proposal for a formal and non-formal environmental education
approach that includes public policies and popular participation. The methodology of the
article consists of bibliographical research and open interview, resulting in a qualitative
bibliographical research.
Keywords: Environmental education, Public Politic, Project SOS Capivari River.

III ENCONTRO DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS – 19 E 20 DE SETEMBRO DE 2017 – LOCAL: UFSCAR SOROCABA


1. INTRODUÇÃO
Nas sociedades atuais, um dos maiores desafios é a manutenção e reconstrução do
meio ambiente. Isso se faz necessário graças a anos de exploração desenfreada dos recursos
naturais sem a mínima preocupação da sociedade com esta expropriação. A discussão sobre a
temática é relativamente recente, comparando-se a escala de tempo em que se exploram os
recursos naturais.
Um dos desafios está em aproveitar o que a natureza tem a oferecer a sociedade e
conciliar com a conservação, preservação e reconstrução do meio. A partir da metade do
século XX inúmeros eventos nortearam esta discussão sendo produzidos documentos
importantes, leis e determinações para ações voltadas ao meio ambiente. No trabalho serão
apresentados eventos como o Clube de Roma, em 1968, que produziu o livro Limites do
Crescimento, que induzia ao entendimento de que os principais causadores dos problemas
ambientais eram países pobres. Mais tarde, em 1972, na Conferência de Estocolmo, primeiro
evento organizado pela ONU para o tema, defendia-se a educação do cidadão local como
sendo a prioridade para se atingir resultados efetivos na questão ambiental. Mas apenas em
1977, na Conferência de Tblisi, que se cria a primeira definição do que seria e como deveria
ser executada a educação ambiental.
Todos esses eventos propunham a criação de políticas públicas voltadas à educação
do cidadão, de forma que este pudesse agir em uma escala local. No Brasil, as primeiras
políticas públicas surgiram em formas de leis que delineavam e obrigavam o poder público a
agir dentro das escolas com a incorporação da Educação Ambiental Formal. Os governos
federais criaram documentos pedagógicos para nortear este trabalho nos currículos escolares e
se permitiu às unidades federativas criarem documentos pedagógicos voltados à escala local,
sem abandonar o que ente federal propõe. Mas se constatou que essas políticas públicas deram
pouco resultado, e coube à sociedade complementá-las. Assim, surgiram abordagens
informais e não-formais que contemplam a temática distante da sala de aula.
Um exemplo é o Projeto SOS Rio Capivari de Jaguariaíva organizado e executado
pelo professor José Roberto Alves dos Santos desde o ano de 2003 na cidade de
Jaguariaíva/PR. Este projeto consiste numa abordagem formal e não-formal de educação
ambiental, tendo em vista que atende às orientações pedagógicas propostas pela Secretaria de
Estado de Educação do Paraná (SEED/PR) e os resultados ficam expostos à sociedade como
benefício ambiental. Ela passa a ser não-formal no sentido em que as pessoas que visualizam

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os resultados do projeto, como o reflorestamento das margens do Rio Capivari, compreendem
a importância do mesmo para a manutenção ambiental do local.

2. HISTÓRICO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL


As populações das sociedades tradicionais procuravam coletar do ambiente recursos
apenas para sua própria sobrevivência. Ao contrário, as sociedades industriais passaram a
explorar o ambiente buscando a acumulação e expropriação dos bens naturais, procurando
utilizá-los também como insumo para o acúmulo de riquezas. Historicamente, essa diferença
de relação com o meio ambiente passou a se intensificar em meados do século XVIII. Nesse
período, as nações mais ricas estavam em plena ação no sentido de ampliar a exploração de
regiões antes não exploradas. A este período dá-se o nome de período colonial, que se baseava
no modelo econômico mercantilista. O mercantilismo baseava-se nas relações comerciais
entre as nações e visava a acumulação de capitais e bens. Para que se tornasse possível esta
acumulação, foi preciso a expansão dos domínios europeus pelas Américas, Ásia e África.
Nesses continentes, as metrópoles europeias expropriaram a mão de obra, além dos recursos
naturais existentes. Esse período é fundamental para que se entenda o contexto a que estamos
inseridos atualmente.
A questão do meio ambiente tem exigido atenção de toda a sociedade. As relações
natureza-sociedade estão se intensificando em uma escala muito grande. Isso demonstra a
importância da conservação do meio e a busca de soluções para amenizar os problemas em
uma escala local. Há décadas, experimenta-se o gosto pelo consumo, principalmente em
sociedades mais desenvolvidas. Este consumo é acompanhado de comportamentos que nem
sempre são conservacionistas. A mudança nos padrões de consumo depende da educação.
Neste caso, a educação de valores, atitudes, competências e habilidades são fundamentais. O
espaço escolar é indicado por muitos pesquisadores como ideal para a incorporação dessas
qualidades.
Surgiram inúmeras definições para Educação Ambiental dentro do campo
acadêmico, mas segundo SATO (2002, p. 23) esta é a definição mais aceita e foi criada na
Conferência de Tbilisi:

A Educação Ambiental é um processo de reconhecimento de valores e clarificação


de conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades e modificando as
atitudes em relação ao meio, para entender e apreciar as inter-relações entre os seres

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humanos, suas culturas e seus meios biofísicos. A Educação Ambiental também está
relacionada com a prática das tomadas de decisões e a ética que conduzem para a
melhoria da qualidade de vida. (SATO, 2002, p.23).

É importante destacar que para chegar nessa definição foram realizados muitos
encontros e discussões. Num primeiro momento, a preocupação era toda sobre o crescimento
populacional, ou seja, somente a pressão que o crescimento da população gerava sobre os
recursos. Dessa forma, em 1968, na cidade de Roma (Itália), líderes dos países ricos
reuniram-se e atacaram o crescimento da natalidade em países pobres e subdesenvolvidos.
Eles defenderam que era necessário um rígido controle de natalidade, para reduzir os
impactos sobre os recursos da natureza. A principal herança desse evento foi a publicação de
um livro chamado “Limite do Crescimento”, que foi alvo de muitas críticas com o passar dos
anos, pois defendia “que para se conservar o padrão de consumo dos países industrializados
era necessário controlar o crescimento da população nos países pobres” (REIGOTA, 2006, p.
14). Mas os principais eventos que delinearam as ações ambientais a serem tomadas pelo
Estado foram organizados pela ONU, como a Conferência de Estocolmo (1972) e a
Conferência do Rio (1992).
Na Conferência de Estocolmo, realizada na Suécia em 1972, a temática foi tratada
em escala local e deixou claro que se deve atacar o indivíduo e educá-lo para o uso do meio e
recomenda “que se deve educar o cidadão para a solução dos problemas ambientais”
(REIGOTA, 2006, p. 15). Dessa Conferência foi criado o “Programa Internacional de
Educação Ambiental (PIEA), para a intensificação da Educação Ambiental e as controvérsias
dos países em desenvolvimento” (CARNEIRO, CUNHA, KRUGER, 2009, p. 5). Este
programa coloca a Educação Ambiental como uma das possibilidades para um melhor
aproveitamento dos recursos ambientais. No período entre 1972 e 1992 1 foram organizados
inúmeros eventos e reuniões, mas um que merece destaque foi realizado em 1977: a
Conferência de Tbilisi. Dele surgiram orientações para que governantes promovessem
reformas educacionais inserindo a questão ambiental nos currículos escolares. E surgiu a
definição que é aceita até a atualidade para Educação Ambiental.
Na Conferência de Tbilisi, 1977, percebe-se claramente que existe a preocupação
pela necessidade de educar o cidadão para adoção de hábitos conservadores com a natureza.
CARNEIRO, CUNHA, KRUGER (2008, p. 8) cita que:

1
Período compreendido entre os dois eventos organizados pela ONU.

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(...) a discussão acerca da EA nesta conferência tem como objetivo fortalecer a ideia
de que esta é uma ótima ferramenta a ser utilizada para a criação de um cidadão que
possa pensar, refletir e agir para a manutenção de um meio ambiente equilibrado.
(CARNEIRO, CUNHA, KRUGER, 2008, p. 8).

A partir disso, CARNEIRO, CUNHA, KRUGER (2008, p. 9) afirmam que “este


evento foi, senão o mais, um dos mais importantes realizados na área até hoje” (CARNEIRO,
CUNHA, KRUGER, 2008, p. 9) tendo em vista que produziu inúmeros documentos e
definições que orientaram os trabalhos que se seguiram. Além disso, demonstrou a
importância do assunto ser tratado dentro da escola de forma interdisciplinar, sem precisar a
criação de uma disciplina especial para Educação Ambiental.
Em Estocolmo, em 1972, discutiu-se a questão Homem-Natureza e no segundo
evento organizado pela ONU, Rio-1992, o foco passa a ser a discussão do desenvolvimento
sustentável e dele surge um importante documento, a Agenda 21, que orienta as ações
tomadas pelo Estado para uma efetiva implantação de Educação Ambiental nas escolas a
partir de políticas públicas.

3. POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS À EDUCAÇÃO AMBIENTAL


É importante considerar o conceito de educação ambiental criado em 1977 na
Conferência de Tbilisi e já mencionado nesse texto. Toda ação ambiental deve orientar-se à
comunidade e não permanecer somente nos ambientes escolares já que o tema necessita de
muita reflexão. Mas, como política pública, é fundamental que atinja o ambiente escolar já
que o mesmo é um espaço de socialização da comunidade e assim cada espaço irá discutir o
tema a partir de sua realidade.
A Educação Ambiental é associada, muitas vezes, às crianças e adolescentes que
vivenciam a escola, porém entende-se que é possível promover ações ambientais para os
públicos de todas as idades, basta aplicar o método correto em cada ação que se pretende
realizar. O tema é abordado e discutido em diversos setores da sociedade e não somente na
escola.
A abordagem da Educação Ambiental pode ser formal, informal e não-formal. A
abordagem formal está associada às políticas públicas implementadas principalmente dentro
dos ambientes escolares. Soares; Silva e Conrado (2007, p. 24) afirmam que:

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A Educação Ambiental está diretamente ligada à Educação Formal pelos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs), através do Tema Transversal Meio Ambiente,
apresentado como principais pontos ou características a serem trabalhados: relação
ser humano-natureza; sociedade e cultura; concepção do conhecimento; e concepção
da educação. (SOARES; SILVA; CONRADO. 2007, p. 24)

Toda ação ambiental deve orientar-se à comunidade e não permanecer somente nos
ambientes escolares. Mas, como política pública, é fundamental que atinja o ambiente escolar
já que o mesmo é um espaço de socialização da comunidade e assim cada espaço irá discutir o
tema a partir de sua realidade.
É muito importante compreender que a Educação Ambiental Formal, desenvolvida
dentro das escolas necessita de políticas públicas voltadas ao tema. Antes de definir como foi
a implementação da Educação Ambiental nas escolas é importante definir o que é uma
política pública.
Uma sociedade é dotada de elementos heterogêneos que interagem a partir de
interesses que atendem suas necessidades, podendo gerar conflitos. Para RUA apud
SCHMITTER “política é a resolução pacífica para os conflitos” (RUA, 2009, p.17 apud
SCHMITTER, 1984, p. 34). Mas entende-se muito mais que isso no conceito de política já
que são envolvidas relações de poder. Como cita RUA (2009 apud RUA, 1998):

(...) este conceito é demasiado amplo, discrimina pouco. É possível delimitar um


pouco mais e estabelecer que política consiste no conjunto de procedimentos
formais e informais que expressam relações de poder e que se destinam à resolução
pacífica dos conflitos quanto a bens públicos (RUA, 2009, p. 17, apud RUA, 1998).

As políticas públicas são decisões tomadas para afetar a coletividade. E a partir do


processo da política essas ações são tomadas. Dessa forma, “Política Pública geralmente
envolve mais do que uma decisão e requer diversas ações estrategicamente selecionadas para
implementar as decisões tomadas” (RUA, 2009, pg. 19).
A questão ambiental também necessita de políticas públicas e para tal são
constituídas Leis que a envolve. No Brasil, a Constituição Federal possui um capítulo sobre a
questão ambiental e está amparada pelas discussões nos principais eventos sobre o tema,
como a Conferência de Estocolmo e outros. Mas, mesmo antes da Constituição Federal de
1988, foi implementada no país a Política Nacional do Meio Ambiente, em 1981, que teve por
objetivo demonstrar que investir na melhora do ser humano afeta diretamente o meio
ambiente. Esta Política foi uma importante política pública para o meio ambiente e foi
disposta pela Lei 6938 de 31/08/1981. Como ações de uma política pública nacional foram

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criados mecanismos de gestão dessa política, como o Conselho Nacional de Meio Ambiente
(CONAMA). A aplicação dessa política ficou a cargo do Sistema Nacional do Meio
Ambiente (SISNAMA).
Segundo CARNEIRO, CUNHA, KRUGER (2009, p. 21):

(...) a Educação Ambiental como mecanismo para atuar na consciência ambiental


teve como sua principal política pública a criação da Política Nacional de Educação
Ambiental e segundo o Artigo 8º atua possibilitando a capacitação dos recursos
humanos, fortalecimento de pesquisas, avaliação e produção de material didático.
(CARNEIRO, CUNHA, KRUGER, 2008, p. 21).

O Ministério da Educação e Cultura a partir dos PCN’s (Parâmetros Curriculares


Nacionais) torna obrigatório a incorporação das questões ambientais nos currículos escolares,
de forma transversal e interdisciplinar, e, assim, dá liberdade aos Estados de introduzir as
discussões a partir de cada realidade. No Estado do Paraná foram criadas as Diretrizes
Curriculares da Educação Básica do Paraná, pela Secretaria de Estado de Educação (SEED).
Nas diretrizes do Paraná, o tema está inserido dentro do que passou a chamar de dinâmica
socioambiental o que possibilita uma abordagem multidisciplinar do tema dentro do ambiente
escolar.
Porém, como já citado, a Educação Ambiental não está restrita somente ao ambiente
formal. A Educação Ambiental informal não possui vínculo com o Estado, dessa forma não
pode ser considerada uma política pública. Essa forma de abordar o tema, segundo
CARNEIRO, CUNHA, KRUGER (2009, p. 21):

(...) consiste na obtenção de dados e aprendizado por meios informais, sejam eles
noticiários; programas educativos na televisão, jornais, nas ruas ou revistas; em
projetos executados junto a sociedade, como por exemplo, a manutenção de jardins,
canteiros e parques por determinados âmbitos do comércio; atividades feitas por
grupos de pessoas organizadas como escoteiros, desbravadores e ONGs.
(CARNEIRO, CUNHA, KRUGER, 2009, p. 21)

No primeiro momento, esta abordagem parece imprópria, tendo em vista que as


informações podem ser disseminadas de forma errônea nesses meios, porém os indivíduos
inseridos na sociedade precisam ter contato com outras abordagens de informações além da
educação formal.
A Educação Ambiental ainda possui mais uma abordagem: Não-formal. Essa
abordagem envolve “associações, comércio, indústria, ONGs, famílias, entre outros, que

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promovem ações que propicie a conservação do meio ambiente“ CARNEIRO, CUNHA,
KRUGER (2009, p. 21).
Como exemplos de abordagens CARNEIRO, CUNHA, KRUGER (2009, p. 18)
citam a:
(...) 5ª Brigada de Infantaria Blindada do Exército Brasileiro, situada na Praça
Marechal Floriano Peixoto, Centro de Ponta Grossa - PR, que doou flores e fiscaliza
a manutenção dos jardins existentes na mesma, de acordo com a Figura 1. Na Rua
Francisco Búrzio, Centro de Ponta Grossa no Paraná, empresas localizadas em suas
imediações contribuem com a manutenção dos jardins do canteiro central da via, de
acordo com as Figuras 2 e 3. A Prefeitura também possui espaços temáticos que
promovem ações de caráter ambiental, por exemplo o Parque Ambiental na Figura
4. Dessa forma, facilita a percepção da abordagem da EA não-formal, que envolve
vários âmbitos das cidades em prol de ações que possibilitem a reflexão sobre o
tema. (CARNEIRO, CUNHA, KRUGER, 2009, p. 18)

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Dessa forma, CARNEIRO, CUNHA, KRUGER (2009, p. 21) enfatizam que os
indivíduos “precisam ser estimulados a perceber fora do ensino formal, atitudes simples que
ajudem na conservação do meio ambiente em que vivem.” CARNEIRO, CUNHA, KRUGER
(2009, p. 21). É possível a partir das três abordagens integradas obter bons resultados em
Educação Ambiental, e despertar nos membros da sociedade ações que promovam
comportamentos conservacionistas, associado àquilo que está sendo observado, na informal,
trabalhar os assuntos de forma concreta na escola contribui para que se possa construir uma
sociedade mais conservacionista.
Na cidade de Jaguariaíva, no Paraná, existem projetos que contemplam todas essas
ações. Um deles é Projeto SOS Rio Capivari que se constitui numa política pública já que,
pedagogicamente, está vinculado às determinações do Ministério da Educação e Cultura e
Secretaria de Estado de Educação do Paraná. Porém, o projeto constitui-se muito mais numa
abordagem não-formal do que formal, tendo em vista que suas ações visam despertar na
sociedade sentimentos conservacionistas e mudanças de paradigmas.

4. PROJETO SOS RIO CAPIVARI – JAGUARIAÍVA/PR


4.1. O RIO CAPIVARI
O Rio Capivari tem sua nascente foz no Rio Jaguariaíva. Durante anos de ocupação
de suas margens esteve sujeito a processos erosivos. Esses processos de ocupação e erosão
levaram ao assoreamento do mesmo, sendo necessárias ações como a dragagem do rio (Figura
5).

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Figura 5 - Dragagem do Rio Capivari – Parque Linear do Rio Capivari
em Jaguariaíva no Paraná.
Foto: José Roberto Alves dos Santos/2011

Jaguariaíva já enfrentou inúmeros problemas de enchentes em sua história afetando


diretamente a população ribeirinha. É preciso enfatizar que as cheias de alguns rios em
períodos de chuvas torrenciais são normais, porém como se instalaram pessoas nas margens
desse rio, isso se tornou um problema. No princípio, as enchentes eram causadas por questões
geográficas, pois os meandros dos rios não suportavam a vazão d’água. Para sanar este
problema administrações públicas da cidade alargaram as margens do Rio Capivari, porém, ao
longo dos anos, a população aproveitou-se do alargamento das margens e passou a construir
nas mesmas, chamadas de “Área Verde”, inclusive complexos poliesportivos. Para tanto,
nota-se que a mata ciliar, que protege as margens dos rios, foi completamente derrubada
(Figura 6).

Segundo o professor José Roberto Alves do Santos:

Atualmente, o rio apresenta problemas (...) com móveis domésticos e entulhos de


lixo jogados dentro do rio, observa-se a falta de respeito e conscientização ambiental
por parte dos habitantes do município em preservar as margens do rio e o próprio
leito (Informação Verbal)2.

E o professor acredita ainda que, “uma das medidas emergenciais é o reflorestamento


da mata ciliar acompanhada de uma intensa propaganda de conscientização da comunidade.”
(Informação Verbal)3.

2
Entrevista Aberta concedida ao autor, em 29 de Outubro de 2011.
3
Entrevista Aberta concedida ao autor, em 29 de Outubro de 2011.

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Figura 6 – Margens desmatadas do Rio Capivari
Foto: José Roberto Alves dos Santos/2011
Na ausência do poder público alguns projetos que visam à recuperação da mata ciliar
foram surgindo na cidade. Porém, deve-se destacar o Projeto SOS Rio Capivari que aposta na
educação como forma de mudança de comportamento ambiental.
O projeto SOS Rio Capivari de Jaguariaíva é coordenado pelo professor José
Roberto Alves dos Santos e começou a ser desenvolvido no ano de 2003. Este projeto tem por
objetivo fazer a sociedade perceber os problemas que envolvem o rio que atravessa a cidade
de Jaguariaíva e demonstrar que ações simples podem contribuir para a recuperação das
margens do mesmo (Figura 7). Dessa forma, pode induzir o indivíduo a refletir e perceber que
suas ações influenciam diretamente nas condições ambientais do rio. Portanto, o idealizador
afirma que o: “projeto foi criado para reflorestar a margem devastada pelo homem e ao longo
de seu desenvolvimento necessitou da intervenção pedagógica, pois serão os alunos que darão
continuidade a esse trabalho.” (Informação Verbal)4.

4
Entrevista Aberta concedida ao autor, em 29 de Outubro de 2011.

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Figura 7 – Foto aérea das margens desmatadas do Rio Capivari.
Fonte: www.jaguariaíva.pr.gov.br

Durante esses anos, 2003 à 2011, foram reflorestadas parcialmente as duas margens
do rio, no trecho que atravessa a cidade (Figura 8).

Figura 8 – Margens reflorestadas do Rio Capivari


Foto: José Roberto Alves dos Santos/2011
A metodologia desse projeto prevê a participação de alunos de Ensino Médio de
escolas públicas do município de Jaguariaíva, tendo em vista que o professor José Roberto

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acredita que estes “são agentes críticos em processo de socialização” (Informação Verbal) 5. Já
participaram dessas ações alunos do Colégio Estadual Padre José de Anchieta, Colégio
Estadual Olavo Bilac e Colégio Estadual Rodrigues Alves.
O trabalho que esses alunos realizam é dividido em 3 momentos. O primeiro
momento consiste em pesquisa bibliográfica sobre o tema que será abordado: o rio, Educação
Ambiental, assoreamento, mata ciliar e reflorestamento. O segundo momento leva os
estudantes a campo para coletar imagens e observar o melhor lugar para a intervenção. Os
alunos ano a ano têm se dedicado a reflorestar uma área que é de responsabilidade da
prefeitura, o Parque Linear do Rio Capivari. O terceiro momento ocorre no local, quando os
alunos se espalham nas margens do rio e com cavadeiras, enxadas, baldes de cal virgem,
piquetes e carrinho de mão, plantam as mudas previamente selecionadas pelo responsável do
projeto, depois colocam os piquetes, marcam com a cal e limpam a coroa (Figura 9).

Figura 9 – Execução dos buracos, plantio, coroas e piquetes.


Fotos: Jose Roberto Alves dos Santos

Todo material adquirido para a realização do projeto é oriundo da iniciativa privada.


As mudas são conseguidas na FAJAR (Faculdade de Jaguariaíva), tendo em vista que a
mesma tem um herbário graças a presença do Curso de Engenharia Florestal. A Madeireira
5
Entrevista Aberta concedida ao autor, em 29 de Outubro de 2011.

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Bembem doou 160 piquetes de 60 cm para servir de apoio no momento do plantio das mudas
no ano de 2011.
Os resultados desses 8 anos de projeto já podem ser percebidos:
a) Em 2005 o projeto participou da I FEIRA COMCIÊNCIA na cidade de Ponta
Grossa/PR, apresentado pelos alunos e coordenador.
b) Envolvimento de empresas da cidade no projeto;
c) Envolvimento do município que passou a roçar o espaço das mudas;
d) Os alunos mudaram concepções relacionadas ao meio ambiente;
e) A sociedade de forma geral apóia o projeto fiscalizando a conservação das mudas
plantadas;
f) Pessoas que transitam no local, onde já existem árvores reflorestadas, utilizam-se da
sombra em dias ensolarados;
g) As espécies plantadas são exclusivamente da região, ou seja, nativas como bracatinga,
aroeira, goiaba, paineira, angico entre outras espécies favorecendo a reposição de espécies
nativas;
h) Contribui para a manutenção da margem, evitando o assoreamento do rio.
O principal problema percebido pelo idealizador do projeto é o período pós projeto,
já que muitas mudas são retiradas por frequentadores do parque. Mas o professor acredita que
educando os jovens e estes disseminando boas ações irão sensibilizar seus pais e seus futuros
filhos. Outro problema levantado pelo professor é o esquecimento das autoridades municipais
com o espaço onde se quer realizar o reflorestamento da mata ciliar do rio. Isso leva o espaço
a ficar abandonado em determinadas épocas do ano levando muitas pessoas a arrancar as
mudas que já foram plantadas. Além disso, o professor acredita que faltam políticas públicas
na área da educação ambiental com abordagens informais e não-formais.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As questões ambientais exigem ações tanto do Estado com políticas públicas voltadas
ao tema, quanto da sociedade. Percebe-se que o Estado de certa forma investe em políticas
públicas voltadas à educação ambiental, a partir da criação de leis e ações a serem
desenvolvidas dentro da escola. A criação dessas leis teve início a partir dos eventos
organizados para discutir a temática ambiental. Mas vale destacar os principais como os
organizados pela ONU, em Estocolmo e no Rio de Janeiro em 1992, e a Conferência de

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Tbilisi organizada em 1977. Desses eventos foi possível inferir que é importante políticas
públicas voltadas à questão ambiental no ambiente escolar para atingir a sociedade. Porém
percebe-se que a escola não atinge todo o universo que deveria cabendo ao Estado uma
interferência em ambientes vivenciados pelos indivíduos da sociedade com abordagens não-
formais. Percebe-se claramente que apesar dos esforços nas Conferências os acordos não são
cumpridos, cabe às próximas como o Rio+20, fazer valer os acordos que já foram firmados
pelos países. E cabe também às autoridades municipais ajudarem no desenvolvimento e apoio
a projetos locais que enfatize a temática e contribua para a resolução dos problemas
relacionados aos recursos hídricos do município de Jaguariaíva. Percebe-se poucas ações
práticas no município de Jaguariaíva por parte do poder público. Dessa forma, a iniciativa
privada junto a idealizadores, organiza e realiza projetos voltados a manutenção e recuperação
da mata ciliar do Rio Capivari de Jaguariaíva.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Política Nacional de Meio Ambiente.


Disponível: <http://www.mre.gov.br/dc/textos/revista3-mat10.pdf>
Acesso em: 10/09/2011.

CARNEIRO, R.; CUNHA, L. G. G.; KRUGER, F. G.. A educação ambiental vista em duas
instituições públicas estaduais de ponta grossa – da institucionalização até a aplicação. 2008.
Trabalho de Conclusão de Curso.

DALZOTTO, E. MOREIRA, A. L. O. R.. Políticas públicas de Educação Ambiental: programas e


projetos em foco. In. II Simpósio Nacional de Ensino de Ciência e Tecnologia. Anais. UTFPR. 2010

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JAGUARIAÍVA, Prefeitura Municipal de Jaguariaíva.


Disponível em: www.jaguariaíva.pr.gov.br
Acesso em: 01/11/2011

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Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ep/v31n2/a10v31n2.pdf
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LAYRARGUES, Philippe Pomier. POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A EDUCAÇÃO


AMBIENTAL NO PROCESSO DE GESTÃO AMBIENTAL PARTICIPATIVA: atores sociais
para a construção da sociedade justa e sustentável.
Disponível em: http://material.nerea-investiga.org/publicacoes/user_35/FICH_PT_36.pdf
Acesso em: 01/11/2011

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III ENCONTRO DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS – 19 E 20 DE SETEMBRO DE 2017 – LOCAL: UFSCAR SOROCABA

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