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Meio ambiente e Educação Ambiental

3º Ano de Licenciatura em Geografia

CONCEITOS DE
NATUREZA E MEIO
AMBIENTE
TÓPICO 1 PLANO DE ENSINO
2º SEMESTRE 2022

2023
A NATUREZA PARA OS
FILOSOFOS GREGOS É:
O crescimento espontâneo pelo qual algo vem a ser o que é, não por
imposição de um fator externo, mas por uma força que lhe é
inerente. Nesta compreensão, cada ser (e a totalidade do que existe) é
experienciado como uma manifestação desta dinâmica de surgimento.
À physis pertencem o céu e a terra, a pedra e a planta, o animal e o
homem, o acontecer humano como obra do homem e dos deuses, e os
próprios deuses, como a expressão mais brilhante da physis, sua
ontofania.
E sobretudo, o que esta palavra evoca não é somente a pedra e a planta, o deus e
o homem, mas ao próprio “surgir”. (UNGER, 2006, p. 26)

Ontofania. Manifestação vitoriosa de uma plenitude de ser, torna-se o modelo


exemplar de todas as atividades humanas: só ele revela o real, o superabundante, o
eficaz. Ontofania - Dicionário inFormalhttps://www.dicionarioinformal.com.br › 
A natureza que o homem conheceu
e conhece é sempre fruto da
sua forma de pensar.
“Não existe uma Natureza em si, existe apenas uma Natureza pensada. (...). A
natureza em si, não passa de uma abstração. Não encontramos senão uma idéia de
natureza que toma sentido radicalmente diferente segundo as épocas e os homens”
(LENOBLE, 1969 apud DULLEY, 2004, p. 15).

Ainda segundo este autor,

“... a natureza não tem preferência e o homem, apesar de todo o seu gênio,
não vale mais para ela do que qualquer um dos milhões de outras espécies
que a vida terrestre produziu”.
ESQUEMA DE DULLEY (2004) PARA
REPRESENTAÇÃO DE NATUREZA E
AMBIENTE

NATUREZA AMBIENTE
(conjunto de meios ambientes de
100% natural diversas espécies conhecidas pelo modificado
homem)

NÃO É EQUIVOCADO PORÉM, É UMA


SIMPLIFICAÇÃO QUE OMITE A COMPLEXIDADE DAS
DISCUSSÕES REFERENTES A NATUREZA E AS
CONCEPÇÕES DE MUNDO QUE A DEFINEM E
QUALIFICAM DO PONTO DE VISTA CIENTÍFICO E
CULTURAL.
COMO CONTRAPONTO A DULLEY
(2004)

Henrique (2009, p. 17 e 18)


Observa “a discussão apresentada por Smith (1984) e Santos
(1982), a partir dos quais a natureza não só pode, como tem sido
produzida continuamente pela sociedade”.

A natureza produzida quando não lida de modo crítico favorece um


processo ideológico que tenta “apagar” as diferenças entre classes
inerentes ao processo de produção desta natureza.
Existem relações entre o
contexto social e material, visões
de mundo e visões de natureza.
Por isso, há muitas visões de
mundo e muitas visões de
natureza.
(CIDADE, 2001)
Portanto,
Não existe natureza em si, existe apenas uma
natureza pensada. (...) A natureza em si, não passa
de uma abstração. Não encontramos senão uma idéia
de natureza que toma sentido radicalmente diferente
segundo as épocas e os homens
(LENOBLE, 1969).
A incorporação de palavras atreladas a exclusividade do acesso a
natureza comprova o crescente valor atribuído ao vínculo com a
esfera natural na atualidade (Ideia romântica e primitiva de
natureza), que esconde grande inserção técnica de restrito acesso.

Contra este movimento Harvey (1973) afirma que é possível


pensar em apropriação justa da natureza por meio de projetos
emancipatórios coletivos.
A Natureza transformada em um sistema de objetos
(SANTOS, 1997)
“ No começo era a natureza selvagem formada por objetos naturais,
que ao longo da história vão sendo substituídos por objetos fabricados,
objetos técnicos, mecanizados e, depois, cibernéticos, fazendo com que
a natureza artificial tenda a funcionar como uma máquina. Através da
presença destes objetos técnicos: hidroelétricas, fabricas, fazendas
modernas, portos, estradas de rodagem, estradas de ferro, cidades, o
espaço é marcado por esses acréscimos, que lhe dão um conteúdo
extremamente técnico” (SANTOS, 1997, p. 39, grifo nosso)

Para Santos (1997) os objetos são considerados não apenas utensílios, mas tudo que
utiliza em sua vida cotidiana, fixos ou não, incluindo aqueles objetos caracterizados
por serem simbólicos (signos) na sociedade.
“Para os geógrafos os objetos são tudo o que existe na superfície da
Terra, toda a herança da história natural e todo o resultado da ação
humana que se objetificou. Os objetos são esse extenso, essa
objetividade isso que se cria fora do homem e se torna instrumento
material de sua vida, em ambos os casos uma exterioridade”
(SANTOS, 1997 p. 46).
O ESPAÇO GEOGRÁFICO
O espaço constituído por um conjunto
indissociável de sistemas de objetos e ações,
não considerados isoladamente, mas como o
quadro único no qual a história se dá.

“Esses objetos e essas ações são reunidos numa lógica que é,


ao mesmo tempo, a lógica da história passada (sua datação,
sua realidade material, sua causação original) e a lógica da
atualidade (seu funcionamento e sua significação presentes)
Trata-se de reconhecer o valor social dos objetos mediante um
enfoque geográfico”. (SANTOS, 1997, p. 49).
O espaço geográfico deve ser considerado como algo que participa
igualmente da condição do social e do físico, um misto, um híbrido.

Santos (p. 63), pautado em Berry e Prakasa (1968), afirma que a


rede do espaço é uma série de redes superpostas, onde mudanças
numa afetam as demais. Mas é indispensável precisar que as redes
são também humanas, formadas inseparavelmente, de objetos e
ações.
Milton Santos (1997) vai se referir a espaço–tempo como categorias
indissociáveis, permitindo uma reflexão sobre espaço como fruto da
coexistência de tempos.

Assim admite-se que num mesmo espaço podem ocorrer tempos


tecnológicos diferentes, resultando inserções diferentes do lugar no
sistema ou na rede mundial (mundo globalizado), frutificando em
diferentes ritmos e coexistências nos lugares.
“Constituindo estas diferentes formas de coexistir, materializações
diversas, por consequência, espaço(s) geográfico(s) complexo(s) e
carregado(s) de heranças e de novas possibilidades (SUERTEGARAY,
2001, p. 4)”
A partir da formulação do conceito de espaço
geográfico, os geógrafos realizam sua pesquisas
e análises a partir de conceitos mais
operacionais, tais como exemplo: paisagem,
território; lugar; ambiente.
Nestes conceitos existe a perspectiva balizadora da
Geografia sob diferentes óticas do espaço
geográfico, ou seja, cada conceito expressa uma
possibilidade de leitura de espaço geográfico
delineando, portanto, um caminho metodológico
(SUERTEGARAY, 2001, p. 6).
Fonte: Bernardes, F.F.
MEIO AMBIENTE
De acordo com a Política Nacional do Meio
Ambiente, meio ambiente é:

“o conjunto de condições, leis, influências e


interações de ordem física, química e biológica,
que permite, abriga e rege a vida em todas as
suas formas”.
(BRASIL, art. 3º, I, da Lei nº. 6.938, 1981).
O conceito de meio ambiente compreende três aspectos, quais
sejam: 

Meio
Meioambiente
Meio ambientenatural
ambiente artificial
cultural

SILVA (2004).
Meio ambiente natural, ou físico
constituído pelo solo, a água, o ar
atmosférico, a flora; enfim, pela interação dos
seres vivos e seu meio, onde se dá a
correlação recíproca entre as espécies e as
relações destas com o ambiente físico que
ocupam;
 Meio ambiente artificial
constituído pelo espaço urbano construído; 

 Meio ambiente cultural


integrado pelo patrimônio histórico, artístico,
arqueológico, paisagístico, turístico, que, embora
artificial, difere do anterior pelo sentido de valor especial
que adquiriu ou de que se impregnou (SILVA, 2004, p.
21).
O artigo 225 da Constituição Federal estabelece que:
Todos os cidadãos deste país tem direito a um “meio
ambiente ecologicamente equilibrado”, definindo-o como
“bem de uso comum e essencial à sadia qualidade de vida”.

É atribuído ao Poder Público e à coletividade


“o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

No entanto, o processo de uso e gestão dos recursos ambientais é, em


sua essência, conturbado, dado os interesses em jogo e os conflitos
que podem existir entre atores sociais que atuam sobre o mesmo meio
ambiente, físico/ natural ou construído.

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