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Esse tema nos faz refletir sobre a compreensão do processo de produção espacial em
sua determinação social. O que nos leva a uma reflexão da produção do espaço geográfico
como sendo o momento da reprodução social. O raciocínio aponta a uma orientação precisa
de compreender o espaço geográfico como produção social, ou seja, o ato de produção da
vida como ato de produção do espaço. Assim, a prática socioespacial é a base para a
sustentação da vida, visto que o espaço é condição, meio e produto da reprodução social.
No ponto de vista de Carlos (1981), o espaço geográfico, é o produto das relações
sociais que se estabelecem num determinado momento histórico entre sociedade e meio
circundante. Ele é dinâmico e componente ativo na relação da qual é o produto. Para a
autora, o espaço geográfico é fruto do processo de produção que se estabelece na sociedade,
que tem por objetivo a reprodução da vida humana. Portanto o espaço é o fruto do trabalho.
Na perspectiva de Lefebvre (1974), o espaço é visto como o produto das relações
sociais de produção e reprodução, ao mesmo tempo em que é suporte para que elas
aconteçam. Dos escritos de Lefebvre sobre o espaço, podemos destacar três pontos: a) O
espaço não é dado. Ele é produzido pelo homem através da transformação da natureza pelo
seu trabalho. b) as relações sociais são constituintes do espaço, e é a partir delas que o
homem altera a natureza. c) as relações sociais de produção, consumo e reprodução (social)
são determinantes na produção de espaço.
Soja (1993) escreve que as relações de produção do espaço são simultaneamente
sociais e espaciais. Ele fala da homologia espacial que pode ser vista na divisão do espaço
organizado em centros dominantes e periferias subordinadas, expressão do desenvolvimento
geograficamente desigual. O que nos leva pensar nos conteúdos dos processos que
constituem a produção social do espaço por meio da contradição entre a produção social do
espaço e sua apropriação privada.
Na apropriação privada temos, de um lado, a redução do humano e da vida na cidade
ao mundo da mercadoria, que produz a “cidade como negócio” (o crescimento como
estratégia da reprodução espacial) e de outro, o planejamento do espaço sob a lógica do
econômico, (espaço como valor de troca) que aprofunda a contradição entre espaços
integrados/desintegrados à globalização, também traduzida pela contradição centro-periferia,
como apontada por Soja (1993).
Visto que a produção da vida não envolve apenas a reprodução de bens para
satisfação das necessidades materiais; é também a produção da humanidade do homem,
precisamos pensar o desenvolvimento das relações de produção de mercadorias e da
produção da vida e de suas possibilidades, num sentido mais amplo e profundo. Pensar os
modos de apropriação que constroem o ser humano e criam a sua identidade. A dinâmica da
produção do espaço como condição, meio e produto da reprodução social.
Como condição para a realização da sociedade, trata-se do espaço da materialização
das relações sociais, como prática e suporte da realização das relações sociais, do uso e da
reunião dos membros da sociedade que pela atividade real vão constituindo a identidade na
prática e a partir de relações do homem com o outro, como objetividade e subjetividade,
como prática e realidade. Como meio, esse espaço realiza-se enquanto circulação de modo a
permitir a mobilidade. Como produto, teríamos o espaço enquanto valor de uso. Nessa
condição, questionaria a lógica produtiva do capital, na medida em que gera a necessidade
de produção dos espaços improdutivos.
Metropolização de Cuiabá e a rede urbana do estado de Mato Grosso