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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2

2 DEFINIÇÃO E LUGAR DA GEOGRAFIA HUMANA ................................... 3

2.1 As divisões da ciência geográfica ........................................................ 6

3 GEOGRAFIA HUMANA .............................................................................. 8

4 NOÇÕES FUNDAMENTAIS DA GEOGRAFIA HUMANA......................... 10

5 O MÉTODO DA GEOGRAFIA HUMANA .................................................. 13

6 O HUMANISMO DA GEOGRAFIA HUMANA ........................................... 16

7 OS CAMPOS EM QUE A GEOGRAFIA HUMANA MAIS ATUA ............... 17

8 O INÍCIO DA INDÚSTRIA BRASILEIRA ................................................... 19

9 GOVERNO GETÚLIO VARGAS ............................................................... 22

9.1 Média Global ......................................... Erro! Indicador não definido.

10 MEIO AMBIENTE .................................................................................. 40

11 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ........................................................... 45

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1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 DEFINIÇÃO E LUGAR DA GEOGRAFIA HUMANA

Fonte: br.pinterest.com

A geografia pode ser definida como uma ciência social que estuda a superfície
terrestre e, portanto, suas características e fenômenos físicos e humanos buscando
entender a inter-relação entre o homem e o espaço (LÖBLER e SIMÕES, 2016).
Você já percebeu como é sempre difícil propor definições sobre conceitos?
Sobretudo sobre aqueles que advêm das Ciências Humanas, já que os especialistas
e estudiosos nem sempre estão de acordo com o uso ou a aplicação de um termo ou
abordagem, não é? Pesquisas em textos acadêmicos, didáticos ou mesmo uma rápida
consulta à internet apontam essa diferença de abordagem, pois ora a definição
destaca a geografia como uma ciência que estuda as características da Terra e ora
destaca as relações entre o homem e o meio (o espaço). O importante geógrafo
brasileiro Milton Santos afirma que uma ciência “digna desse nome” tem que
preocupar-se e cuidar do futuro, não apenas para alguns, mas para todos (SANTOS,
2008).
Assim, podemos definir a geografia como uma ciência social que estuda a
superfície terrestre e, portanto, suas características e fenômenos físicos e humanos
buscando entender a inter-relação entre o homem e o espaço. Assim como a
geografia, a sociologia, economia e antropologia são consideradas ciências sociais,
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já que estudam a sociedade. A geografia, porém, particularmente estuda a
organização espacial da Terra. Em outras palavras, como o homem organizou o
espaço terrestre a partir de suas necessidades e interesses políticos, econômicos e
sociais.

Geografia, trabalho e cultura

Para atender suas necessidades (essenciais ou não), a sociedade modifica e


organiza o espaço, transformando o espaço natural em espaço social ou humanizado,
construindo o que a geografia denomina por espaço geográfico, seu principal objeto
de estudo. A variação espacial natural empreendida pela sociedade em relação ao
trabalho, conceito que deve ser distinguido do emprego. O trabalho, considerado pela
filosofia e pela sociologia como uma ação humana proposital que visa melhorar a
natureza, cria a autonomia humana.
Por meio do trabalho, o homem “liberta-se” da dominação natural. Pense nas
sociedades primitivas: a natureza (com escassos recursos de alimentação, enormes
e ferozes animais, condições climáticas adversas, etc.) era vista como um ambiente
hostil para a espécie humana. Assim, por meio do trabalho, o homem produziu a
técnica agrícola, inventou instrumentos de proteção, de caça aos animais, construiu
moradias e fabricou roupas, entre outras. Ao recolher uma tora de madeira do chão e
utilizá-la como arma de proteção, o homem produz trabalho, pois intencionalmente
cria uma finalidade para o artefato que não existia no mundo natural. Essa ação
transformadora consciente é exclusiva do ser humano e a chamamos trabalho ou
práxis; é consequência de um agir intencional que altera a realidade de modo a moldá-
la às nossas carências e inventar o ambiente humano. Assim, o trabalho é um
instrumento de intervenção humana no mundo e sua própria apropriação (o ato de
apropriar-se dele) por nós (CORTELLA, 2011).
O resultado do trabalho é a cultura que pode ser compreendida como o
conjunto individual ou coletivo de técnicas, pensamentos, costumes, valores que
foram (e continuam sendo) produzidos pela espécie humana. Como exemplo, temos
a gastronomia, que é resultado do trabalho humano, mas que é modificado em regiões
ou tempos diferentes.
Geografia e espaço

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A geografia utiliza o conceito de trabalho e cultura para refletir sobre como os
espaços naturais sofreram a intervenção humana e transformaram-se em espaços
geográficos (Figura).
Espaço natural e espaço geográfico
Veja as definições a seguir: Espaço natural: conforme o geógrafo Milton
Santos, é a “primeira natureza” ou o espaço intocado pelo ser humano e que não
sofreu transformações (SANTOS, 2008).

Fonte: LÖBLER e SIMÕES, 2016

Veja a definição abaixo:


Espaço natural: segundo o geógrafo Milton Santos, é a "primeira natureza" ou
espaço que não foi manipulado pelo homem e não sofreu transformações (SANTOS,
2008). Você observa todos os elementos naturais como clima, relevo, hidrografia, etc.
Na atualidade, é difícil encontrar um espaço natural, já que o homem realiza
constantes mudanças no espaço. Geleiras, algumas matas ou florestas intocadas
(como alguns trechos da Floresta Amazônica) são alguns exemplos de espaços
naturais.
Espaço geográfico: é considerado o principal objeto de estudo da geografia.
Segundo Santos (2008), ela é entendida como “segunda natureza” e é definida como
um espaço que foi sendo alterado pelos humanos ao longo da história, na medida em
que os humanos se apropriaram da natureza, por meio do trabalho, da tecnologia e
da cultura (valores e crenças). O geoespacial é formado pela combinação de fatores
naturais com fatores sociais. As cidades, prédios, asfaltos, parques são considerados
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espaços geográficos. A praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, é um espaço
geográfico, pois o comércio e o jogo de frescobol nela praticados são intervenções
humanas sobre o uso do espaço (LÖBLER e SIMÕES, 2016).

2.1 As divisões da ciência geográfica

A geografia, para fins de estudos, pesquisas e mesmo para ensino escolar,


possui dois ramos que, embora intrínsecos, possuem particularidades entre si: a
geografia física e a geografia humana.

Geografia física

■ Geomorfologia: abrange o estudo sobre o relevo da Terra.


■ Climatologia: abrange o estudo sobre o clima e o tempo.
■ Hidrologia ou Hidrografia: estudo sobre a distribuição e as propriedades da
água na atmosfera e na crosta terrestre.
■ Oceanografia: estudo sobre as ondas, as marés, as correntes dos oceanos e
os fundos marinhos
■ Biogeografia: o estudo da distribuição dos organismos vivos no planeta. As
ações de transformação espacial humana, da escala local à global, são objeto
de estudo da geografia humana.
Veja, a seguir, algumas das áreas de estudo da geografia humana.

Geografia humana

■ Demografia: estuda a dinâmica populacional humana, como os movimentos


migratórios, etc.
■ Geografia agrícola: o estudo do uso da terra em áreas rurais, bem como
atividades econômicas e estilos de vida rurais.
■ Geografia econômica: análise da organização e distribuição das atividades
econômicas no mundo.
■ Geografia urbana: análise da ocupação do espaço nas cidades e as
consequências dessa ocupação. O conteúdo de Geografia nas primeiras séries

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do ensino fundamental será voltado para os tópicos acima, livro didático e idade
adequada para os alunos.

A superação da dicotomia geografia física e humana

Dicotomia é um termo usado para se referir à divisão de um conceito ou


elemento em duas partes geralmente opostas (por exemplo, dia e noite, público e
privado, etc.).
O princípio de dicotomia deve ser superado quando aprendemos e ensinamos
geografia, já que o mundo em que vivemos é constituído pela natureza e pelo homem.
Uma cidade não pode ser compreendida apenas pelo seu relevo, clima ou localização,
não é? Mas também não é possível compreender a cultura, os problemas de uma
cidade se não levarmos em consideração seus aspectos físicos. Pense em algumas
cidades do nordeste brasileiro que são conhecidas por seu calor intenso e falta de
chuva, mas após a irrigação, ficaram famosas por produzir frutas como uva, maçã e
pera e outras (LÖBLER e SIMÕES, 2016).
Segundo Löbler e Simões (2016) só é possível compreender plenamente essas
mudanças se as relacionarmos às intervenções humanas produzidas no espaço
natural. Nos anos iniciais do ensino fundamental, os professores devem transmitir às
crianças a ideia de que o espaço é um só (matéria e pessoas). Por exemplo,
estudando bairros como disciplina de geografia escolar, os alunos reconhecerão
simultaneamente que a área tem uma localização específica, área de relevo,
atividades comerciais, indústria, agricultura etc. Essa proposta fortaleceu a
compreensão da singularidade do espaço. Outras categorias que compõem os
chamados insights geográficos (por exemplo, lugares, paisagens, territórios e regiões)
serão exploradas no futuro.

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3 GEOGRAFIA HUMANA

Fonte: brainly.com

Geografia no sentido etimológico significa descrição da terra e, de acordo com


o consenso geral, da terra, com tudo o que ela contém e o que é inseparável dela, de
tudo que vive na superfície. Enquanto a geografia física lida com elementos
inanimados e a geografia biológica com organismos vivos, a geografia humana é
aquela parte da geografia geral que lida com as pessoas e suas estruturas em termos
de sua distribuição na superfície da terra. Os relevos, os estados da atmosfera e dos
rios, obra do homem, estão gravados em cada ponto da paisagem como manifestação
física de sua união (LÖBLER e SIMÕES, 2016).
Segundo Löbler e Simões (2016) a imperceptível descida de cada grão de solo
ao longo da encosta por efeito da gravidade ou as enxurradas modelam o perfil da
paisagem. Sem dúvida, a paisagem guarda sua individualidade dado uma aparente
permanência à escala de nossa observação. E deve-a às relações sobre as quais
descansa. Existe até uma relação entre a atividade agrícola e as propriedades do solo
e o clima. No entanto, a própria paisagem permite uma descrição científica. Portanto,
diremos também que a geografia humana é uma descrição científica das paisagens
humanas e sua distribuição ao redor do globo. Essas duas definições correspondem
e se complementam.
No entanto, cada elemento da paisagem é objeto de outras ciências, que
também estudam os fenômenos de localização e distribuição. Por exemplo, um

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botânico ou um zoólogo, completa a descrição de uma espécie ou grupo referindo-se
ao seu habitat, extensão geográfica. De onde vêm os problemas de relacionamento?
A geografia será fragmentada, combinando a geografia humana com a sociologia e
outras humanidades, como a morfologia responderá ao chamado da geologia ou a
biogeografia será integrada à botânica ou à zoologia? Este perigo parece ilusório se
as definições originais forem interpretadas corretamente. Dois recursos permitem que
a Geografia e suas ramificações mantenham sua autonomia. Em primeiro lugar, entre
as ciências naturais e as humanidades, em nenhum outro lugar a localização dos
fenômenos vem em primeiro lugar (LÖBLER e SIMÕES, 2016).
Geografia é o estudo dos espaços terrestres. Sua singularidade reside na
natureza dos objetos que descreve, senão na atitude mental que implica: é um estado
de espírito, um ponto de vista.
A representação de mapas é uma ferramenta específica de expressão e
investigação. Geografia desenhar, comentar e comparar mapas. Em segundo lugar, o
homem da geografia é um homem de conexões e agregações. A estreita ligação entre
os fatores locais combinados (relevo, clima, vegetação, obras humanas), a ligação
distante entre as realidades de todos os tipos na superfície da Terra, a prosperidade.
A prosperidade da semeadura européia depende da progressão das depressões
originárias das Américas.
Hoje, mais do que nunca, a Geografia Humana reconhece o impacto de todas
as partes dos eventos ocorridos nos países mais remotos, a interdependência
envolvendo todos os pontos do ecumenismo. Suas tendências sintéticas convidam a
nunca separar os traços da ordem das pessoas de seus contextos materiais e de vida.
Essa urgência, no que diz respeito à localização, é o fundamento da unidade da
geografia. Através da unidade da geografia, ganhamos um sentido da unidade do
nosso universo terrestre. Os contextos físico e de vida representam o ambiente
natural, enquanto o ambiente humano é definido por meio das humanidades, que são
encabeçadas pela sociologia. Assim, depois de ter estabelecido a ligação inicial e
indissociável da Geografia Humana com todos os ramos da Geografia, encontramos
a sua correspondência com o grupo das humanidades. Antropologia Somática e
Fisiológica, Patologia, Psicologia Coletiva, Etnologia, Sociologia em todas as suas
vertentes, incluindo a economia. Essas ciências lançam luz sobre as condições de
funcionamento dos grupos que compõem a estrutura do ecúmeno. Por sua vez, a

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Geografia lhes fornece elementos de localização e síntese, visão de mundo, o que
aumenta ainda mais seu alcance e os torna efetivos. Tal é a natureza complexa da
geografia humana, uma fronteira no domínio do conhecimento (LÖBLER e SIMÕES,
2016).

4 NOÇÕES FUNDAMENTAIS DA GEOGRAFIA HUMANA

Fonte: ejemplos.net

O primeiro problema da geografia humana é elucidar a relação entre o homem


e o meio ambiente a partir de uma perspectiva espacial. É uma relação recíproca
geografia humana, pois as pessoas modificam o ambiente natural através da
tecnologia e ao mesmo tempo se adaptam a ele. Quando somos afetados por ela,
estamos reconstruindo nosso ambiente a cada momento. Com exceção de alguns
casos cada vez mais raros, a imagem do ambiente que descrevemos engloba uma
parcela considerável do esforço humano. Ela se vê humanizada por um jogo de ação
mútua. De acordo com Haeckel, o jogo é o tema da ecologia, a ciência da relação
entre os seres vivos e seu ambiente. Em grande medida, a geografia humana
apresenta-se como a ecologia dos humanos. Vamos examinar cada cláusula dessa
relação. - Em primeiro lugar, a coleção de grupos humanos, Homo sapiens, usa a
linguagem dos naturalistas, e sua ingenuidade nos seres vivos é atribuída a quatro
personagens, de acordo com (SORRE,2003):

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1°) A sua notável plasticidade é o segredo da ubiquidade, na qual Darwin viu
um privilégio único partilhado apenas pelas espécies em evolução a ele associadas,
como o cão.
2º) Seu alto nível de desenvolvimento intelectual faz dele um inesgotável
criador de técnicas, produto primeiro do empirismo, depois da razão cada vez mais
refinada: o intelectual previne sua esclerose e permite que os olhos visíveis emerjam
do processo em cadeia da tecnologia progressiva que é característico do nosso
tempo, o homem é uma criatura adaptável ao meio ambiente. É a mente e, portanto,
a governa.
3º) Este avanço é particularmente eficaz para satisfazer a necessidade de
mobilidade espacial. As descobertas da arqueologia pré-histórica confirmam a
antiguidade da busca pela conquista do espaço.
4º) Afinal, nem o acúmulo de avanços nem as vitórias da circulação são
concebíveis fora das sociedades organizadas. Os naturalistas descrevem espécies
vegetais e animais que chamam de sociais.
Nenhum deles apresentou um nível de sociabilidade tão alto quanto um ser
humano, um animal político (Aristóteles). Não só vivem em grupos, mas no homem os
fatores sociais estão tão entrelaçados em sua personalidade básica que é inútil tentar
separá-los. Essas quatro características se manifestam em graus variados nas
atividades humanas. Eles representam a estrutura básica de nossa existência. Como
tal, os geógrafos estarão mais preocupados em enfatizar sua importância do que em
basear a geografia humana em diferenças externas. Correrá o risco de cortá-lo em
territórios, cada um fingindo ser autônomo. Um homem nunca deve perder de vista a
unidade profunda do homem, em cada uma de suas ações, mesmo em suas
contradições, o homem inteiro.
O fato de reconhecer a unidade da geografia humana elimina o problema
espúrio e prolongado das geografias especiais. A noção de meio ambiente recebeu
seu pleno significado com o triunfo das doutrinas da evolução e da ideia de adaptação.
A princípio, o meio ambiente parece ser definido como uma combinação de
características elementares isoladas: localização geográfica, características do
relevo, elementos climáticos (temperatura, pressão, etc.), composição da cobertura
vegetal, povoamentos, etc. O inventário dessas características é completo e sua
importância varia de acordo com o uso que cada grupo humano faz delas. Acontece

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que eles não atuam isoladamente, mas em combinação entre si: formam grupos ou,
mais precisamente, complexos de elementos, complexos hidrotermais (LÖBLER e
SIMÕES, 2016).
Em outro exemplo, os organismos são amplamente incorporados em
combinações determinadas por parasitismo e simbiose, o complexo biológico.
Finalmente, indústrias de diferentes naturezas estão agrupadas em associações
regionais: são complexos industriais, que os geógrafos analisam observando a
atratividade de reuni-los e torná-los verdadeiras unidades vivas. O conceito de
complexo geográfico fundamental, cuja universalidade não foi devidamente
enfatizada, tem aplicações frutíferas em todas as áreas da geografia humana. Na
eterna luta da vida, o homem não só não enfrenta forças isoladas, mas ele mesmo
intervém para formar novos núcleos em benefício próprio, como na união de plantas
cultivadas. As mentes de nossos predecessores eram dominadas pela arrogância do
ambiente material em relação à humanidade. Mas não precisamos mais nos
preocupar com o determinismo, que faz escorrer tanta tinta inútil (SORRE,2003).
As vitórias da tecnologia sobre a natureza têm centrado nosso pensamento nas
capacidades humanas em um momento em que as análises dos sociólogos
representam a ciência da sociedade. Quantos fatos permanecem incompreensíveis
se sua influência não for levada em conta. O ambiente torna-se mais rico e complexo,
como já indicado por La Blache em relação ao ambiente natural. Qualquer análise do
ambiente é dominada por considerações espaciais. Desde que a geografia humana
existe, os conceitos de situação e extensão dos fenômenos vêm à tona.
A localização pode ser absoluta, determinada por coordenadas geográficas,
latitude, longitude, altitude, ou relativa, descrita em termos de outras características
da configuração geográfica, grau de continentalidade, localização do enclave,
localização antes das correntes de circulação, etc. área de fronteira interligada, que,
da fronteira linear à zona limítrofe com suas faixas de degradação (o mesmo acontece
com a geografia natural), tem diferentes graus de certeza da transição entre a
atividade dos grupos humanos e as características do meio ambiente: a gênero de
vida. O gênero de vida é concebido como um conjunto coletivo de atividades
compreendidas, transmitidas e consolidadas pela tradição, graças às quais um grupo
humano assegura sua existência em um determinado ambiente. Ambiente, em relação
aos elementos mentais e intelectuais.

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O modo de vida oferece a máxima estabilidade nas sociedades submetidas à
tirania de um determinado ambiente natural (criadores nômades do deserto,
esquimós). A noção de modo de vida, como acabamos de indicar, está repleta de
elementos sociais, falaremos sobre o modo de vida dos trabalhadores em áreas de
mineração ou agentes de atividades de circulação, etc., mas isso não significa que o
conceito está perdendo o interesse (SORRE,2003).

5 O MÉTODO DA GEOGRAFIA HUMANA

Fonte: materias.com

O respeito pela unidade essencial da geografia humana exige a rejeição de


qualquer tendência à dispersão. Se, por razões de conveniência pedagógica orientada
para a formação profissional, é admissível classificar as expressões de atividade
econômica sob o mesmo termo, é importante saber que a expressão geografia
econômica tem apenas valor de uso. O objeto de nosso estudo é o próprio homem.
Mostraremos que os traços essenciais da espécie humana funcionam em diferentes
ambientes, mudando com a diversidade de estilos de vida, levando à formação de
paisagens humanas, ou seja, intermediárias. No que diz respeito à "plasticidade", a
capacidade dos humanos de se adaptar e expandir na superfície da Terra é
estimulada apesar de climas, nutrição e ambientes de vida muito diferentes. Estende
a coabitação quase em todo o mundo (SORRE,2003).

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A circulação de pessoas e bens neste triunfo sobre o uso da gravidade.
Avanços nas técnicas acima descritas, cuja aceleração multiplica os seus efeitos. Esta
aceleração está relacionada com a evolução das formas de vida social, termo ao qual
damos um significado muito amplo, pois inclui as formas mais elevadas de atividade.
A cidade é a expressão concreta dessas relações sociais. Durante essas reflexões
veremos emergir os elementos característicos das paisagens humanas. Seja pelos
desequilíbrios que representa, seja pela aceleração de seu desenvolvimento, o
ecumenismo apresenta problemas preocupantes para o observador. A missão da
geografia humana não é resolvê-los, mas tornar compreensíveis suas origens e
tempos (SORRE, 2003).
A sua implementação requer alguns cuidados. O estudo do homem é central
para o quadro natural, portanto, cuidado com um determinismo simples e
ultrapassado. Tudo o que toca os humanos é contaminado pela aleatoriedade. Suas
ações não foram meramente o resultado de uma combinação de forças externas. Ele
escolhe entre as possibilidades oferecidas pela natureza. Você pode renunciar a
alguns deles e, às vezes, descrevendo-os em um espaço de espelho, parece que as
coisas podem ser diferentes. No entanto, devemos evitar subestimar as pressões
ambientais, pois os lotes cercados também fazem parte do campo de possibilidades.
Não há contradição real, para uma alma pensante, entre o pungente provérbio
baconiano Natura non vincitur nisiparenclo e a afirmação de alguma situação
inesperada. A relatividade de nossas explicações surge quando consideramos as
origens das paisagens: elas têm um passado definido, e certas características que
nos surpreendem são às vezes apenas herança genética desse passado esquecido.
O desenvolvimento contemporâneo da história agrícola mostrou que
realizações a geografia pode esperar dos historiadores. No entanto, é importante
evitar confundir as duas disciplinas. Para o geógrafo, apenas a imagem real conta.
Para ele é apenas uma forma de explicação. Por outro lado, a história é mais rica em
hipóteses do que em certezas, o que não diminui o alcance do serviço mútuo. Chinês,
tão original, é um sincretismo. Como se explica a comunidade de elementos culturais?
Tal é o caso do milho, uma cultura de mingau que se instalou tão facilmente nos
domínios do milho europeu quanto a troca de renas por cavalos nas margens das
estepes asiáticas ocorreu sem problemas (SORRE,2003).

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Essa lei da menor troca, sem dúvida, desempenhou um papel no passado,
como a introdução do metal nas culturas neolíticas. Talvez a disseminação de
elementos culturais tenha ocorrido a partir de um centro de dispersão em construção.
Essa hipótese, denominada pelos etnólogos de ciclos culturais, opõe-se à
possibilidade do surgimento de técnicas em pontos distantes sob pressão de meios
equivalentes, devido a um fenômeno de convergência, enquanto o geógrafo, contrário
a teorias abertas a qualquer esforço explicativo, não exclui, mantém um critério de
disponibilidade. Ele está muito mais preocupado em apreender o ecumenismo em
toda a sua rica complexidade do que em reconstituí-lo de um ponto de vista subjetivo.
Afinal, não é possível fazer geografia humana sem imaginação. Isso sempre foi
necessário. Onde falta imaginação não há diferença, ou seja, a originalidade de cada
combinação local, hoje mais indispensável do que nunca. O progresso científico
mudou fundamentalmente as condições de vida de milhões de pessoas. Nossas
civilizações modernas são civilizações de massa e os números que manipulamos são
imensuráveis em comparação com ontem. Todos os nossos padrões mudaram e com
eles os tipos de coisas usadas para medir e avaliar, o ecumenismo fechou espaços
proibidos ao homem, o cosmos está transbordando. Noções básicas como a de
situação, nas quais um Ratzel, um Mackinder baseou sua geografia política, não têm
mais o mesmo significado, mesmo as categorias primárias de nosso pensamento,
como as de espaço e tempo, são afetadas. Nossos predecessores, hoje somos
obrigados a recriar o ecumenismo como uma noção rejuvenescida (SORRE, 2003).

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6 O HUMANISMO DA GEOGRAFIA HUMANA

Fonte: arteref.com

Em todo o universo, os campos geográficos nacionais estão no auge há várias


décadas, com um aumento correspondente em nossas previsões. Queríamos mostrar
ao mundo a visão de uma unidade espiritual de que precisávamos desesperadamente.
Nosso mundo físico é muito diferente do que eles descobriram. Sua mente estava
aberta o suficiente para permitir que aceitassem as mudanças pelas quais passara
(SORRE,2003).
Estão no verdadeiro e profundo sentido do termo humanista. Depois de
Alexandre de Humboldt, Carl Ritter e Elisee Reclus, ensinaram aos seus discípulos
que a Geografia Humana era uma disciplina das Humanidades (SORRE, 2003).

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7 OS CAMPOS EM QUE A GEOGRAFIA HUMANA MAIS ATUA

Fonte: mundoeducacao.uol.com

A geografia humana permeia a geografia física e com ela constrói, através do


uso da tecnologia da informação, uma abordagem horizontal de aprendizagem que,
ao invés de subdividir o ensino da geografia em geral, o reforça como instrumento dos
direitos civis e da defesa dos direitos humanos e fundamentalmente isso tem suas
implicações e aspectos relevantes nesse campo do conhecimento, a saber:
Os geógrafos, além de estudar a geografia humana, também devem
compreender o ambiente físico, estar atentos às inter-relações de influência, a
geografia humana é inseparável da geografia física e vice-versa, os objetos estão
relacionados entre si. Considerando que essas relações estão entrelaçadas e a
aquisição de conhecimento é diversificada e completa, é imprescindível a necessidade
de pesquisa/investigação contínua neste campo do conhecimento, pois é
imprescindível acompanhar a velocidade com que a informação ocorre na sociedade
do conhecimento (RODRIGUES e DINIZ, 2021).
A sociedade atual busca compreender por meio do acesso à mídia e por meio
das TIC e um novo mundo se revela neste caso, estudado em sua esfera social, ou
seja, entre um amplo leque de possibilidades nas mais variadas formas de interação,
inclusive com os indivíduos quase uma localidade e ou em outras dimensões, com
outros indivíduos, em vista de novos conhecimentos. Do ponto de vista da construção
do conhecimento, permitindo que as pessoas, através do seu ambiente físico,

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interajam de forma virtual, definindo novas paisagens e ressignificando o espaço.
Portanto, um arranjo espacial que se suponha depositar conhecimentos e relações
sociais é importante para o geógrafo-professor-pesquisador e para compreender o
contexto social do qual ele participa. E, quando ele ensina, os alunos interagem e
permitem que o ensino-aprendizagem seja vinculado às novas tecnologias.
Monbeig (1956 apud Banhara, 2010) quando fala que a missão do pesquisador-
professor de geografia é usar novas e novas e cada vez mais informatizadas didáticas
e novas tecnologias para viabilizar o conteúdo da disciplina com novas mídias em um
mundo repleto de conhecimentos novos e em constante mudança, diz:

“Para um mundo moderno convém um ensino moderno e a geografia é uma


interrogação permanente no mundo. A evolução do ensino da geografia,
nesse sentido, é facilitada pelos contatos de todo o gênero que tem a
mocidade com os problemas do dia. A conversação com em família e alguns
meios, o rádio, a televisão, os jornais, as atualidades cinematográficas
mergulham os jovens, nesse banho de inquietação, pelo menos no que se
refere aos debates econômicos. Não é fácil ao professor aproveitar-se disso
para animar o seu ensino. Os alunos encontrarão aí uma prova de que a vida
não para na porta da classe, a qual deixará de ser um meio artificial”.
(MONBEIG 1956 P. 200 apud RODRIGUES e DINIZ, 2021).

Embora assim tenha acontecido, também é verdade que a Geografia Humana


sofreu mudanças em seu paradigma à medida que a ciência como um todo evoluiu,
que é a ciência maior: a Geografia. Como objeto de estudo, a disciplina de geografia
é mantida com uma perspectiva global. Pretende-se como uma ciência dual, valendo-
se das ciências naturais para analisar o meio ambiente, para fornecer respostas às
ciências sociais. A geografia humana, portanto, concentra-se na pesquisa de forma
integrada; um exemplo são os links para biologia ou história, de acordo com a teoria
dos sistemas (RODRIGUES e DINIZ, 2021).

Em suma, a profissão docente deve abandonar a concepção predominante


no século XIX de mera transmissão do conhecimento acadêmico, de onde
fato provém, e que se tornou inteiramente obsoleta para a educação dos
futuros cidadãos em uma sociedade democrática, plural, participativa,
solidária, integradora [...] (IMBERNÓN, 2002, p.7 apud RODRIGUES e DINIZ,
2021).

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8 O INÍCIO DA INDÚSTRIA BRASILEIRA

Fonte: achetudoeregiao.com

Nas décadas de 1960 e 1970, surgiu no Brasil a contradição entre a visão


predominante de um determinado problema e os dados que o comprovam. Esse fato
surgiu no problema da etnia dos empresários industriais em São Paulo, onde os
estudos mostraram que os empresários industriais não vêm de famílias brasileiras
ligadas ao café, mas de famílias imigrantes de classe média (Bresser Pereira, 1964).
Os intelectuais afirmam que o negócio industrial teve suas origens na oligarquia do ca
A Revolução Brasileira em 1966, no qual observava que em São Paulo a
maioria das primeiras e mais importantes indústrias eram de propriedade de
camponeses que lucravam com a cultura do café e as aplicavam às iniciativas
industriais. Entre café e industrialização, mas sobre os equívocos sobre as origens
sociais e étnicas dos industriais, eles afirmam que os cafeicultores não se opunham
politicamente à industrialização, pois tinham uma pequena participação nela.
Para comprovar essa crítica, Bresser Pereira, em 1962, junto com Awad,
realizou um estudo sobre as origens sociais e étnicas dos empresários industriais, a
fim de realizar esta pesquisa, um universo de empresários vivos ou mortos das
empresas industriais paulistas no um se tornou um número de mais de 100 (cem)
funcionários, teve-se o cuidado de garantir que a investigação tivesse um número
menor de vieses, uma taxa de erro menor e a probabilidade de sucesso fosse alta. A
etnia de origem era patriarcal, e aqueles empresários nascidos no exterior ou cujo pai

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ou avô nasceu no exterior por parte paterna, ou seja, de origem estrangeira Bresser
Pereira (1994), poderiam ser considerados como de origem estrangeira, os resultados
em termos de origem étnica dos empresários industriais de São Paulo eram o ap e
apenas 15,7% tinham empresários de origem brasileira, somou um total de 84,3%
(QUADROS e RAMOS, 2019).
Analisando os resultados em termos de subdivisão da etnia estrangeira dos
empresários, percebe-se que cerca de metade dos empresários paulistas eram eles
próprios de origem estrangeira, o que corresponde a 49,5% do total, quase 23,5%.
Eram filhos de imigrantes e apenas 11,3% eram netos de imigrantes.
Em relação à origem nacional ou étnica dos empresários industriais paulistas, pode-
se dizer que a origem italiana predomina com 34,8%, seguida pela origem brasileira
com 15,7%, e em terceiro lugar pelos empresários de origem portuguesa. Com 11,8%,
seguidos pelos de origem alemã com 10,3%, os de origem libanesa com 6,4%, os de
origem russa com 2,9%, os que vieram da Áustria, Síria e Suíça, 2 cada, 5%, os da
Espanha e Hungria 1,5% cada, enquanto os da Armênia, Dinamarca, Estados Unidos,
França, Grã-Bretanha, Polônia e Uruguai cada um 1,0% e finalmente os da
Tchecoslováquia, Grécia e Romênia representaram 0,5% de tudo (QUADROS e
RAMOS, 2019).
Olhando para esses resultados, percebe-se que a pesquisa confirma a
afirmação de que os empresários industriais paulistas não têm suas origens nas
famílias ligadas ao café, mas, ao contrário, têm suas origens nas famílias dos
imigrantes, em geral da mídia de classe, escolheu este estudo por ser o local de
concentração da industrialização brasileira. A pesquisa de Bresser Pereira refere-se
às relações inexistentes entre as famílias dos cafeicultores e as famílias dos
empresários industriais paulistas.
Portanto, ele não enfatizou os vínculos econômicos e políticos existentes entre
esses empresários e os cafeicultores, esse fato poderia explicar porque sua pesquisa
foi ignorada, pois havia alguma confusão entre as origens étnicas dos empresários e
os laços econômicos nos quais os agricultores estavam envolvidos. Empreendedores
industriais é outro tema de grande importância para a análise do processo de
industrialização brasileiro foi o desenvolvimento do investimento estrangeiro direto
(IED). Porque após a Segunda Guerra Mundial o papel das corporações
transnacionais, pautado por políticas governamentais de planejamento que

20
estimularam as relações entre empresas estrangeiras e nacionais, públicas e privadas
(QUADROS e RAMOS, 2019).
Pode-se dizer que, até a década de 1970, essa relação entre empresas
estatais, empresas nacionais e corporações transnacionais resultou em elevado
crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e contribuiu para a formação de um arranjo
industrial diversificado semelhante ao dos países. No entanto, o modelo de
crescimento liderado pelo Estado perdeu força na década de 1980 devido à crise da
dívida externa, período em que a inflação se tornou alta e constante, juntamente com
o crescimento variável do PIB, resultando em queda nas receitas externas. Fluxos de
investimentos diretos e o rompimento de projetos de expansão por corporações
transnacionais.
Diante disso, em 1990 o modelo de intervenção estatal foi abandonado e a
privatização e a liberalização foram introduzidas para que uma política industrial não
intervencionista removesse gargalos e elevasse o nível de tecnologia, gestão
administrativa e produtividade brasileira e se assemelhasse aos países
desenvolvidos. , assumindo que as subsidiárias de empresas transnacionais seriam
responsáveis pelo processo de modernização da economia brasileira no nível e
também aumentariam a participação de empresas estrangeiras na economia brasileira
(QUADROS e RAMOS, 2019).
Embora o crescimento tenha ocorrido em grande escala, o elevado ingresso de
investimento estrangeiro direto teve, na década de 1990, algumas características que
reduziram seus subsídios para o processo de modernização da indústria brasileira, a
saber: setor de serviços. O setor manufatureiro respondeu por 67% do estoque de
IDE, em 2000, respondendo por 64% do estoque de IDE no serviço, enquanto apenas
34% foram na indústria de transformação;
b) A grande maioria dos fluxos de investimento direto estrangeiro assumiu a
forma de fusões e aquisições, tendo sido contabilizados 60% dos fluxos anuais de
investimento direto estrangeiro entre 1995 e 2000 em fusões e aquisições, levando a
uma diminuição do investimento interno e a uma estagnação do investimento bruto o
capital fixo liderou a formação de capital durante esse período; e
c) a expansão dos negócios de transações no Brasil priorizou o mercado interno
ou o mercado latino-americano.

21
Analisando todo esse contexto, e de acordo com Santos (2007), pode-se dizer
que esse novo ciclo de investimento estrangeiro direto, aliado à estagnação do
investimento nacional, tem levado a uma forte participação de empresas estrangeiras
na economia brasileira, 14% da produção total brasileira, chegando a quase 20% em
2000. A liberalização foi introduzida por vários motivos, um dos quais foi aumentar a
produtividade das indústrias, uma vez que as empresas estrangeiras sediadas no
Brasil eram maiores e mais eficientes que as nacionais. Daí a expectativa de que o
investimento estrangeiro direto aumentaria diretamente a produtividade das
indústrias, ampliando a escala e aprimorando a tecnologia nas operações das
empresas transnacionais. ” De produtividade para as empresas nacionais, onde
ocorreriam efeitos demonstrativos e competitivos, mas isso não tivesse acontecido de
fato. Por fim, pode-se notar que o investimento estrangeiro direto não se localizou
principalmente no setor industrial, o que não aumentou a produtividade dos setores já
existentes, de modo que a modernização da economia não ocorreu conforme o
esperado (QUADROS e RAMOS, 2019).

9 GOVERNO GETÚLIO VARGAS

Fonte: cpdoc.fgv

As políticas econômicas praticadas pelo governo Vargas, a partir da revolução


de 1930, produziram efeitos que inegavelmente levaram não apenas à “recuperação
da crise de 29”, mas de forma mais ampla à formação do mercado nacional e a

22
mudança no padrão de acumulação de capital no país. Essas políticas, bem como
uma ampla gama de novas políticas e arranjos institucionais implementados ou
planejados durante o período 1930-1954, além dessa recuperação e mudança do
padrão de acumulação, acelerariam o processo de integração do mercado nacional e
consolidar nossa primeira etapa de industrialização, a limitada, para a qual foi
necessário mudar radicalmente o papel do estado-nação em sua organização, seus
instrumentos e meios, anteriormente focado apenas em uma economia primária de
exportação, dentro dos ditames dos liberais do padrão-ouro (CANO,2002).
Muito do sucesso desse processo, acreditamos, deve-se à vontade, coragem,
competência e esperteza política de Vargas, que foi o arquiteto dessa mudança e que
precedeu e seguiu a "crise de 29", e nós também entendemos que sua formação
positivista exerceu forte influência nesse sucesso, apesar de várias passagens
contraditórias em sua vida política no cumprimento de seus mandatos políticos Duas
vezes deputado estadual (1909 e 1917), deputado federal (1922), secretário da
Fazenda (1926) no governo liberal de Washington Luiz, governador do Rio Grande do
Sul (1928) e candidato presidencial perdedor (1930).
Como sabemos, o positivismo tem contradições importantes, tanto em sua
estrutura interna quanto diante de outras formas de pensar, sua estrutura compreende
três níveis:
I sua profissão como religião (ver, por exemplo, seu apostolado no Rio de
Janeiro);
Ii como uma estrutura intelectual centrada nas ciências naturais e no
desenvolvimento histórico da sociedade;
ii e em relação à política como guia da ação política ou da gestão pública, seu
princípio sobre o Estado e o governo é que eles devem ser fortes e transparentes, daí
deriva a redundância do voto secreto, pois seus titulares são positivistas, também são
transparentes, caberia ao legislativo, portanto, apenas fiscalizar o executivo, de modo
que o estado está acima da sociedade.
O Estado deve manter um orçamento equilibrado, gastar apenas o que tem,
mas abre uma exceção para atender às necessidades sociais, para as quais deve
apoiar os trabalhadores vulneráveis, e por ambos os motivos praticar a socialização
de recursos aberta ao público.

23
No entanto, não funciona contra o capital estrangeiro. Embora tenha a ordem
como princípio, também tem o do progresso. É assim que eles se chamam:
conservadores, mas progressistas. Estabelecer o Banco do Estado do Rio Grande do
Sul, ampliar a concessão de crédito, gastando apenas o que vai não só para a
indústria local, mas também para seus principais inimigos, o latifúndio e a oligarquia
rural do Rio Grande do Sul.
Liberal (que tem sido chamado de evolucionário, não revolucionário), onde suas
contradições são ainda mais crescentes: prometendo anistia a tenentes
revolucionários tantas vezes ele as recusou;
ii Embora contrário às oligarquias, foi obrigado a apoiar tanto os cafezais como
os canaviais do Nordeste;
iii opôs-se ao voto secreto, mas também teve de aceitá-lo e prometê-lo;
iv Embora ele (como outros liberais como Murtinho, Gudin e outros) se
opusesse às indústrias artificiais, ele estava comprometido com a produção de aço,
máquinas e armas. Derrotado nas eleições de março de 1930, ele permaneceu
ambíguo até maio, mas então o movimento revolucionário foi desencadeado, vitorioso
em outubro, mas em meio a uma depressão econômica. Década de 1920: início do
processo de transição econômica e social. Acho que a década de 1920 representou
para o Brasil um processo de transição econômica e social, do chamado modelo
primário de exportação para um novo padrão de acumulação de capital ou
crescimento interno, marcado pela a crise de 1929 e desencadeou a revolução de
1930.
Assim, houve uma mudança do antigo padrão primário exportador, no qual o
complexo cafeeiro paulista era dominante, para um novo padrão de industrialização
que prevaleceria após 1933. E exportações primárias e também a expansão da
capacidade produtiva e da produção industrial. O fato, porém, é que esse crescimento
acelerado não foi exclusivo, mas concentrado, se manifestou em São Paulo: nesse
estado, o complexo não só ampliou os cafezais e diversificou o restante da agricultura,
como acelerou e diversificou os investimentos no setor. Os segmentos urbanos dessa
economia, especialmente da indústria, reforçariam um processo já latente de
importantes mudanças sociais e culturais, econômicas e de melhor organização do
trabalho.

24
Essas mudanças produziram efeitos que também levaram à expansão ou
fortalecimento de movimentos sociais de diversos tipos, tais como: intensificação das
greves; surgimento de partidos políticos e associações de esquerda; crescente
pressão das classes trabalhadora e média para melhorar os direitos políticos e sociais;
além de manifestações modernistas na cultura, onde pregou a Semana de Arte
Moderna. Os movimentos militares também estão crescendo nessa direção, o tenente,
que também almeja mais direitos, transparência na política e modernização do
armamento, cujas principais manifestações surgiram em 1922, 1924, na coluna
Prestes e na revolução de 1930 não explicada isoladamente pela derrota eleitoral de
Vargas e sua busca pelo poder, ela representa muito mais, pois resulta do amálgama
formado: pela crise política e econômica; pelo crescimento dos diversos movimentos
sociais e suas manifestações; e também de sua principal causa estrutural, as
mudanças em sua base produtiva decorrentes da expansão da economia industrial e
urbana, que gerou e aprofundou na economia e na sociedade novos segmentos da
burguesia industrial, comerciantes e banqueiros; melhor organização dos militares;
crescimento da classe média; classe trabalhadora urbana maior e melhor organizada;
e ampliação de campos profissionais com maior qualificação técnica e acadêmica e
inteligência (financiamento estatal), mas também de cunho social e político, como
direitos sociais e trabalhistas, desenvolvimento educacional e cultural etc. Além disso,
ampliou e diversificou os interesses e conflitos entre os interesses das diversas
facções da burguesia e praticamente rompeu a hegemonia que a cafeicultura detinha
até então.
Então eu acho que a economia e a sociedade estavam forjando problemas
complexos que pediam sua equação e soluções, mesmo que parciais, e cujo resultado
foi o movimento revolucionário de 1930. Como sabemos, isso culminou em seu líder
da vitória, Getúlio Vargas.

O significado da “crise de 29” e algumas reações nacionais

A “crise de 29” não se manifestou uniformemente no tempo e no espaço em


todo o mundo capitalista no final de outubro de 1929, mas desde meados da década
os sintomas setoriais foram, em menos aos olhos dos economistas mais críticos.
Lembre-se que o conservadorismo da Inglaterra levou à reintrodução do padrão-ouro

25
e à valorização da libra esterlina, o que prejudicou os principais países e, assim,
enfraqueceu sua economia (e suas importações de países subdesenvolvidos). Bom e
notável especulação imobiliária e imobiliária nos EUA e tremenda instabilidade e
volatilidade financeira internacional.
A eclosão da crise nos EUA se espalhou por praticamente todo o mundo
capitalista, expondo ainda mais os países que se encontravam em posição mais
vulnerável, cada país respondeu à crise de forma diferente, considerando não apenas
suas próprias condições, mas principalmente seu tamanho dependência econômica
(financeira, de mercados, etc.) ou subordinação política (no caso de colônias de fato
ou de direito). Mas a verdade é que cada um dos países mais avançados se defendeu
rápida ou gradualmente, com políticas anticíclicas de estilo keynesiano ou outras mais
atenuadas.
Aqueles que tinham impérios coloniais despejaram grande parte do peso da
crise em suas colônias, muitos emergindo da depressão graças aos efeitos diretos
(por exemplo, Alemanha e Japão) ou indiretos (Suécia e EUA parcialmente) da
crescente militarização, que precedeu a Segunda Guerra Mundial. Guerra Mundial.9
Como grandes economias exportadoras e fortes espelhos da demanda externa, os
países da América Latina foram severamente afetados por suas exportações, com
quedas de volume e preços resultando em uma queda na capacidade de importação
entre 50,0%., aos primeiros sinais da crise, o capital estrangeiro retirou grande parte
de seus investimentos e destruiu nossas precárias reservas cambiais. Então, se não
fizéssemos nada, iríamos para trás, isso não aconteceu. Reagimos, alguns
rapidamente, outros não; alguns com maior intensidade de ação, outros mais contidos.
Em uma obra clássica sobre a América Latina após a crise de 1929, os videntes a
dividiram em dois grupos de países em termos de resposta à crise (Venezuela,
Equador, Seis Centro-Americanos, Cuba, Haiti e República Dominicana), que no
outros (México e outros países da América do Sul, exceto Bolívia e Paraguai, que não
são abordados no artigo) não implementaram políticas econômicas ou levaram muito
tempo para implementar políticas econômicas contra essa depressão e em defesa do
setor manufatureiro nacional.
Eles foram nulos ou modestos em comparação com os do segundo grupo,
cujos países rapidamente desvalorizaram fortemente a taxa de câmbio, impuseram
uma moratória, impuseram controles cambiais drásticos e aumentaram as tarifas de

26
importação. 10 Apenas alguns anos após a depressão, alguns países do primeiro
grupo começaram a introduzir medidas desse tipo, esse atraso se deveu
principalmente a tinham poucas e incipientes indústrias e pouca urbanização; ii Suas
estruturas de comércio exterior estavam intimamente ligadas aos EUA, com
preferências tarifárias para aquele país, e era difícil para eles controlar mais de perto
suas importações; iii Estavam atrelados ao dólar (“gold standard”), de modo que,
juntamente com os EUA, faziam parte da “área do dólar”, seguindo o comportamento
dos preços norte-americanos, o que dificultava ou impedia a desvalorização cambial,
com exceção do Equador e El Salvador) quase todos mantiveram suas taxas de
câmbio nominais, e a Venezuela as valorizou ainda mais, mantendo-as até a década
de 1950”, ou seja, mantendo o antigo padrão de consumo e investimento e formas
passivas de ajuste com depressões, emprego e em alguns casos com a estrutura
produtiva alcançada antes da crise (Cuba foi talvez o caso mais grave).
A hipótese de que não há retrocesso teria necessariamente que ser a ruptura
com o padrão-ouro e a política liberal ortodoxa, por meio de movimentos rebeldes ou
mesmo por meio de eleições, vários líderes nacionalistas e industriais submetidos a
essas pressões internas e externas, como Vargas no Brasil, Cárdenas no México,
Ibañez no Chile, rompendo com as nostálgicas tentativas liberais de “retornar ao
passado”, os mercados e setores de bens de consumo de materiais de construção,
como têxteis, calçados, vestuário e móveis também se instalaram. Se o parque
industrial do país fosse mais diversificado, seriam melhores as condições para
internalizar e potencializar o impacto econômico de uma política de defesa.

A especificidade da crise no Brasil

O caso brasileiro é mais complexo, lembremos que o ritmo de acumulação de


capital nos setores mais dinâmicos, café e indústria, foi muito alto na segunda metade
da década de 1920, levando a uma alta expansão capacidades produtivas de ambos
os setores, bem à frente da expansão de sua demanda. Já na transição de 1928 para
1929 foram anunciadas essas crises que eclodiriam pouco antes do crash de Nova
York de outubro de 1929 e nos levariam a uma grave depressão, enquanto a crise
internacional, por sua vez, aprofundaria a crise nacional. Tanto mais devido à forte
queda do valor das exportações, à queda dos rendimentos e do emprego doméstico

27
e à forte queda das importações, principal fonte das finanças públicas, mas, ao mesmo
tempo, se a situação se deteriorasse, uma oportunidade extraordinária abrir a
formulação de uma política que, simultaneamente, não só poderia ao menos conter
os efeitos perversos da crise externa, mas também enfrentar a crise interna.
As grandes safras de 1927-1928 e 1929-1930, de 27 milhões e 28 milhões de
sacas de café para todo o país, respectivamente, se devem não exatamente ao
aumento da capacidade de produção, mas ao bom tratamento dos cafezais e dois
excelentes anos agrícolas. A situação se agravaria, chegando a 28 milhões de sacas
a de 1931-1932. Sem a ação decisiva do governo federal, a combinação com a crise
externa faria com que a economia brasileira sofresse um período de depressão muito
maior. As árvores devem:
a) colher o café e tratar o cafezal para evitar sua destruição;
b) ociosidade do Estado, significando o abandono das plantações de café e
uma enorme taxa de desemprego, a fuga e retorno de capitais para os países
desenvolvidos e com a desorganização do mundo capitalista, esse financiamento
seria praticamente inviável
A manutenção da economia cafeeira exigia uma ação governamental vigorosa
diante da impossibilidade de ajuda externa, mas vale lembrar que nossa economia
estava no padrão-ouro até a eclosão da crise e nosso governo e a maioria de nossas
elites eram liberais, resistiram até derrota pela revolução em outubro de 1930,
persistiu com as políticas econômicas ortodoxas e aderiu à conversibilidade até
esgotar nossas precárias reservas, daí a necessidade de uma ruptura política com
uma postura mais progressista e nacionalista. Por natureza, era um imperativo
nacional, mas Vargas, apesar de suas ambiguidades mencionadas, tinha uma visão
clara da necessidade de formar e integrar o mercado nacional.
Falando em Porto Alegre, no início da década de 1920, sobre a Crise Celina no
Rio Grande do Sul, explicou que esse problema decorreu do isolacionismo gaúcho e
da estreiteza do mercado interno para se beneficiar do mercado nacional, mas para
isso foi também necessário conquistar o poder nacional, então dominado pelo setor
agroexportador, no qual o café era dominante.
O primeiro governo Vargas (1930-1945) já em 1931, Vargas iniciou as políticas
econômicas de recuperação da renda e do emprego, superando alguns dos efeitos da
crise cafeeira e, assim, assegurando boa parte da demanda efetiva. Devido ao menor

28
volume de divisas a serem importadas, a demanda interna passou a depender da
produção industrial e agrícola, fazendo com que o coeficiente de importação caísse
de 19,8% em 1928 para 10,5% em 1939. Inter-regional, que reforçou o processo de
formação e integração do mercado do País. Com as políticas de recuperação, que
significavam uma real antecipação das políticas anticíclicas keynesianas que seriam
formuladas em 1936, ocorreria uma profunda mudança no padrão de acumulação da
exportação de capitais, seus principais determinantes dos níveis de renda e emprego
foram as exportações, para uma de industrialização, em que os determinantes dos
níveis de renda e emprego tornaram-se investimentos autônomos, graças a isso, a
economia brasileira já se recuperava em 1933, superando o nível de 1928: o PIB de
1933 já era 9% superior ao de 1928; Produtos agrícolas e manufaturados cresceram
13%.
A economia brasileira se recuperou rapidamente, experimentando notável
expansão e profundas mudanças estruturais. O período 1933-1939 foi um dos mais
favoráveis para a produção industrial do país, que cresceu a uma taxa média anual
de 11%.
Problema paulista" e cuja política havia sido formulada anteriormente pelo
Instituto Paulista em defesa do café, tornou-se um "problema nacional" e em 1933 foi
criado o DNC "nacional" Departamento Nacional do Café, vários outros problemas
"regionais", que colocaram sob a direção e apoio da agenda do governo federal: a
economia do cacau, concentrada no sul da Bahia, passou em 1931 para a esfera de
influência do Instituto do Cacau da Bahia, fundado em 1931;
A economia açucareira, concentrada no Nordeste, era gerida em 1932 pelo
Instituto do Açúcar e do Álcool, fundado em 1932, que incluía também uma tentativa
de desenvolver a produção de álcool combustível a partir da cana-de-açúcar;
Em 1938 foi a vez da erva-mate, mais concentrada no estado do Paraná, para
a qual foi criado o Instituto Nacional do Mate;
Em 1941, o Pinho (Paraná e outros estados) e o Sal (Rio Grande do Norte e
Rio de Janeiro) passaram a ser objeto da criação de dois institutos específicos criados
para administrar sua economia.
Para dar outros incentivos, Vargas fundou a Carteira de Crédito Agrícola e
Industrial Banco do Brasil CREAI em 1937 e iniciou a concessão de crédito público de
médio e longo prazo para empresas produtivas ou instituições públicas que, embora

29
nacionais em âmbito, determinadas localidades regionais ou determinadas partes do
território nacional mais favorecidas de alguma forma, internalizando assim alguns dos
efeitos da despesa pública e das políticas de investimento 1932, Inspecção Regional
do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio; em 1934 o Departamento Nacional
de Produção Mineral (DNPM); 1938 o Conselho Nacional do Petróleo (CNP); 1939 o
Conselho de Águas e Eletricidade (CAEE); em 1941 a Companhia Nacional de Ferro
e Aço; 1942 Sobre Vale do Rio Doce e 1943 Fábrica Nacional de Motores e Cia.
Nacional de Álcalis. Por outro lado, antes da crise, a alta rentabilidade do café na
agricultura capitalista paulista desestimulava a produção de outros produtos,
principalmente para exportação, e ao mesmo tempo os preços de alguns produtos no
mercado internacional pelos países que as controlavam, como o algodão dos EUA e
o açúcar da Europa, eles cultivaram e reviveram essas duas culturas não apenas em
suas antigas áreas de produção regional (principalmente no Nordeste), mas
fundamentalmente em São Paulo, que é dele mudaria rapidamente a agricultura e
assumiria a primazia na produção desses bens.
As crescentes tarefas e programas do Estado exigiriam uma profunda reforma
administrativa, que, no entanto, não pode ser realizada integralmente e se limita à
criação ou transformação de diversos órgãos, como o Conselho Federal de Comércio
Exterior, 1934 para o Serviço Público (1938 transformado em DASP ) ambos
representavam o núcleo de um futuro ministério do planejamento e administração,
mas Vargas estava ciente de que ainda havia dois obstáculos importantes a serem
superados para a integração do mercado nacional: seria necessário integrar a nível
regional o transporte, energia e para expandir a infra-estrutura de comunicações e
eliminação parcialmente descentralizada dos impostos interestaduais, que eram reais
costumes entre os diferentes estados do país, para revitalizar o transporte ferroviário
e um pouco (cerca de 5%) sua rede, melhor cabotagem ( com a aquisição da empresa
LLOYD em 1937 e da COSTEIR A em 1942 e Beg na década de 1940, a expansão
da malha rodoviária nacional avançou. Entre 1930 e 1945, a malha rodoviária nacional
dobrou e a ligação Nordeste-Sul deu um grande passo com o início do Rio Bahia e a
conclusão de SP Porto Alegre.
A consciência de Vargas sobre essas questões fica evidente, por exemplo, nas
considerações sobre as medidas propostas para eliminar os impostos interestaduais.
Os conflitos intercomunitários representam um dos mais sérios entraves ao

30
desenvolvimento econômico do país, erradicá-los..."; o Decreto 19.995 de 14/05/1931
dizia: "Considerando a necessidade de garantir a unidade econômica do território
brasileiro, para que todos os produtos nacionais ou nacionalizados fossem tratados
com absoluta igualdade e respeito ao trabalho nacional..." Dado que esses impostos
constituíam parte significativa da receita tributária de vários estados, é compreensível
que tenham permanecido em vigor até o final da década de 1930 .
Para intensificar o processo de integração do mercado nacional, ele também
tinha a visão de "preencher as lacunas" do território nacional, principalmente da região
Centro-Oeste. Outras medidas foram: expansão da ferrovia em Goiás;
desenvolvimento viário que é uma verdadeira antecipação do início do futuro, Belém
Brasília; apoio financeiro ao governo de Goiás na construção de sua nova capital,
Goiânia; Doação de terras, assentamento e criação de cooperativas que mais tarde
se tornariam as bases de Ceres (GO) e Dourados (MS). Centro do país”, e no artigo
177 a União é obrigada 4% a destinar suas receitas tributárias ao Nordeste em relação
aos postulados positivistas, por exemplo, tanto para a intervenção crescente e
permanente do Estado quanto para a expansão do crédito ou para a prática de usar
os déficits orçamentários quando necessário. Vale lembrar também que a
reorganização tributária implementada representou uma nova ordem e relativa
centralização tributária no âmbito federal.
No desempenado dos direitos sociais e trabalhistas também vamos alvissarar
aparentes contradições e algumas afirmações dos rudimentos positivistas. São
exemplos: a prerrogativa do agraciamento aos revolucionários; da votação secreta,
do femíneo e aos menores de 21 anos e maiores de 18; viajada de 8 horas, férias
remuneradas e as honorários mínimo; a engendração dos Ministérios do Trabalho e
da Educação e da Universidade do Brasil (hoje em dia UFRJ); da Justiça Eleitoral e
da Justiça do Trabalho; da secretária de trabalho, dos Institutos de Aposentadorias e
Pensões.

O novo governo Vargas (1950-1954)

Lembremos que entre a "Crise de 29" e o abertura da Segunda Guerra, e


apesar da profundez do desânimo internacional e da ampla saída de capitais,
contamos com maiores graus de opção em termos externos. Os países

31
industrializados estavam deprimidos, o negócio e as finanças internacionais
desmantelados, e não haviam possibilidades de amarração inter imperialista. Vinda a
Guerra e envolvendo as grandes potências, tivemos mais uma "folga" que, com alguns
tropeços e interrupções, se estenderia mesmo 1979.
As preocupações voltariam no ciclo 1945-1955.
Nele, o imperialismo sentir-se-ia seriamente abalado pela consolidação da
União Soviética, pelas conquistas socialistas no oriente e no meio europeus, pela
conquista de Mao em 1949 na China e pela Guerra da Coréia (1951-52), fatos que
abalariam até agora mais as relações “ oriente -oeste”. A ir-se de 1946-47 esses fatos
deram azo, nos EUA, para o surgimento do chamamento Guerra Fria, alterando
profundo a atitude norte- norte-americano com relacionamento à América Latina,
gerando ações repressivas ao patriotismo e às forças políticas progressistas da
região. É um ciclo de rupturas e descontinuidades; de golpes político-militares para “
validar a democracia”.
A pressão externa teve algum apoio interno, quer na recusa em conceder ao
Estado as reformas necessárias, quer nas várias tentativas de introdução de políticas
económicas ortodoxas, mas o regresso ao passado foi uma ilusão onde a nossa
"vocação agrícola" era inegável. A industrialização seria tolerada, mas não
incentivada, onde a intervenção, o intercâmbio e o controle do comércio dessem lugar
ao modelo liberal anterior a 1929, ou no máximo um regime não confrontado com os
interesses dos norte-americanos. Vargas foi deposto em 29 de outubro de 1945 e 34
dias depois eleito deputado federal e senador, optando pelo Senado escassamente
constituído e tentando reduzir os poderes estaduais.
No entanto, teve pouco sucesso diante da escassez de divisas imediatamente
após a guerra e das crescentes pressões por novas políticas e recursos exigidos pela
base produtiva, e a tentativa liberal colidiu com os interesses mais amplos do setor
industrial. Obrigados a manter as linhas gerais do processo. Como Furtado mostrou,
os ataques reacionários internos e externos não puderam dar frutos, pois nossa
participação nas exportações mundiais havia diminuído entre a crise e o início dos
anos 1950, enquanto o PIB havia dobrado. Não haveria como recompor o coeficiente
de importação de 1929, portanto, não haveria como liberalizar as importações sem
antes ter a capacidade de gerar divisas, mas a pressão liberal significava desacelerar
o processo e não resistência interna. Estamos ainda mais avançados na

32
industrialização, na medida do possível, o Estado cobriria parte da fragilidade do
capital privado nacional e do desinteresse do capital estrangeiro: produziria petróleo,
aço, química básica, infraestrutura, bancos, transporte, energia, etc.
Telecomunicações, naquela época a luta pela industrialização na América Latina
tornou-se uma bandeira progressista na maioria de seus países.
Em 1950, Vargas foi eleito presidente com mandato de 1951 a 1955, servindo
até 24 de agosto de 1954, quando se suicidou em meio a uma grave crise política que
atacava severamente seu governo nacionalista, que realmente ocorreu em abril de
1964. Neste novo mandato, tentaria dar continuidade aos seus objetivos de
desenvolvimento, com o objetivo central de aprofundar a industrialização, mas estava
ciente das limitações econômicas de seu projeto, principalmente as cambiais,
financeiras e tributárias. E a relutância do governo norte-americano em relação ao
Brasil, principalmente após a Guerra da Coréia, em instalar a indústria pesada e
resolver sérios gargalos em sua infraestrutura.

Economia e planejamento

Para financiamento de longo prazo, fundou o BNDE (hoje BNDES) em 1952.


No âmbito regional, também fundou o BNB em 1952 e o Instituto Nacional do
Babaçu em 1953 para a região Nordeste, onde também se formou na CHESF,
enquanto em 1953 criou a SPVEA (Superintendência do Plano de Avaliação
Econômica) para a Amazônia. Da Amazônia, posteriormente transformada em
SUDAM) e reestruturou o Banco de Crédito da Amazônia e voltou a servir café e
fundou o Instituto Brasileiro do Café. A Petrobras em 1954 e a Eletrobrás, mas esta
última só foi eleita no Congresso após sua morte, além de ampliar a malha rodoviária
e reabilitar a ferrovia. Petróleo, siderurgia, carvão, energia elétrica, indústria química
e mineração foram alvos de diversos planos e programas, cada vez mais exigentes
na atividade de planejamento, culminando em 1951 em um Programa Geral para a
industrialização do país. Antecipando a JK, foi criada a Comissão de Desenvolvimento
Industrial (CDI) em 1951 e em 1953 I e, no CDI, a CEIMA (Comissão Executiva da
Indústria de Materiais Automotivos), que deu grande apoio aos fabricantes nacionais
de autopeças e, assim, a estimulou a instalação da futura indústria automobilística no
país.

33
Entre 1945 e 1955, a produção industrial registrou um espetacular aumento
médio anual de 9,3%, essa expansão foi possível em parte graças ao seu
reequipamento, possibilitado pela reabertura do grau de concentração de importações
e mergulhadores para refinar ainda mais sua estrutura produtiva. Essa alta taxa de
crescimento desacelerou ainda mais o coeficiente global de importação e aumentou o
peso relativo dos bens de capital na pauta das importações.
Em 1955 já havia mais um avanço na estrutura industrial: a participação dos
bens de consumo havia caído de 75% para 55%; a de bens intermediários já era de
quase 35%, a de setores mais complexos (bens de capital e bens de consumo
duráveis) em torno de 10%. A indústria já contribuiu com cerca de um quarto do PIB
e a agricultura de 1929 a 1955, verifica-se que a agricultura cresceu a uma taxa
superior à da população, enquanto a produção industrial teve uma média anual de
7,3%, ou seja, superior à período 1900-1929, que era de 5,6%, de 1945 a 1955 a
urbanização se aceleraria e a taxa de crescimento populacional aumentaria para 2,8%
ao ano "Fronteiras" abriram estados como o Paraná e continuaram a marcha para o
Oeste. Isso compensou grande parte do êxodo rural que se iniciou na época, o que
levou a um aumento significativo dos fluxos migratórios nacionais.
É verdade que Vargas se referiu à questão agrária na Mensagem de 1951 ao
Congresso Nacional quando declarou a necessidade de realizar a reforma agrária e
promover a colonização e também fundou o Banco Nacional de Crédito Cooperativo
em 1951 e ao agregar várias organizações, o Instituto de Imigração e Colonização e,
em 1952, o Mapa de Colonização do Banco do Brasil.
Como se sabe, porém, não foi realizada a reforma agrária, o que limitou o
Estado a promover alguns programas de colonização envolvendo os direitos de modo
que a urbanização e a industrialização, juntamente com a expansão da "fronteira
agrícola", representaram o meio mais importante de amortecer as tensões sociais
desencadeadas pelo crescente êxodo rural até o início da década de 1960. A tentativa
de fuga foi como uma rendição completa. Em que viveu no campo, na sua região de
origem, o que também evitou permanentemente o confronto com a questão agrícola
e a exclusão social da elite.
Dado o porte e a diversificação produtiva da indústria paulista, estava à frente
das demais e, para tanto, acelerou o processo de integração do mercado nacional,
expondo as demais regiões à concorrência ao longo do período. Entre 1930 e 1955,

34
exerceu-se esse domínio do capital industrial paulista sobre o mercado nacional de
commodities.
As formas mais avançadas de domínio sobre a transferência inter-regional de
capital produtivo não se manifestariam até meados da década de 1960. No entanto,
essa integração de mercado, com a queda das velhas barreiras protecionistas
interestaduais, poderia significar que, se o mercado regional, alguns estados
pudessem ganhar vantagens competitivas em alguns produtos, mas não em todos, de
modo que a integração poderia ter efeitos estimulantes, inibidores ou bloqueadores,
até mesmo destrutivos. A propagação desses efeitos, que podem ser enfraquecidos
pela ação governamental, pelos gastos públicos e políticas econômicas, ou pelo
investimento regional privado de capital local mais expressivo, que se sabe ser
geralmente menor e mais frágil, mas o equilíbrio da análise da produção regional e do
comércio inter-regional mostra que os efeitos do estímulo foram maiores do que os
outros. Considerando o período censitário 1919-1949, a integração do mercado
nacional trouxe efeitos líquidos positivos para a agricultura e para a indústria periférica
nacional.
De fato, dividindo esse período em dois, 1919-1939 e 1939-1949, as taxas
médias de crescimento industrial de São Paulo foram de 7,0,8% cada, enquanto a de
todo o Brasil excluindo São Paulo foi de 5,0%. 0,2 no Nordeste de 3,7 0,9% tais efeitos,
à medida que a indústria se diversifica e a urbanização acelera, a concentração
industrial em São Paulo aumentaria, mas aumentaria também no restante do país. Em
grande parte complementar, a esse dinâmico centro principal do país, São Paulo
demandaria cada vez mais alimentos e matérias-primas, mas não apenas em estado
bruto, o que estimularia o surgimento gradual de outras áreas de produção industrial
em outras regiões do país. Um simples olhar sobre os padrões regionais de
exportação de São Paulo revela essas mudanças estruturais: o bloqueio foi sentido
até a década de 1960, quando, por exemplo, começaram e enfraqueceram as políticas
de estímulo econômico ao investimento no Norte e Nordeste para alguns setores,
principalmente a partir de 1970.
Apesar da capacidade inexplorada pré-existente nas principais indústrias das
regiões, a intensificação do comércio inter-regional não resultou em competição inter-
regional destrutiva até o final da década de 1940, pois o mercado nacional foi cativado
por essa mesma indústria, que só se manifestaria, com um certa expressão, a partir

35
da década de 1950, diante dos entraves ao comércio internacional durante a Segunda
Guerra Mundial que impediram a conversão da indústria, o que não ocorreria até a
década de 1950.
A integração do mercado nacional avançou aos trancos e barrancos. As
exportações de São Paulo para o resto do país e de lá para São Paulo aumentaram
sua participação no fluxo total de exportação (saída e para o mercado inter-regional),
passando de pouco mais de 35% em 1928 para pouco mais de 50% no mercado
interno em 1955.
O maior crescimento industrial paulista aumentou a participação paulista na
produção industrial do país, que atingiu 48,9% em 1949. No entanto, sabemos que
São Paulo já concentrava parte importante da indústria nacional antes da
intensificação do processo de integração nacional: em 1907 tinha 15,9%, superado
apenas pelo atual estado do Rio de Janeiro com 37,8%.; em 1919 era de 31,5% e,
portanto, já superava esse patamar; em 1929 teria atingido pelo menos 35% e o censo
de 1939 daria a cifra de 45,4%.
Embora, a rigor, só se possa falar de era Vargas até 24 de agosto de 1954,
entende-se por movimentos estruturais de médio e longo prazo que foram causados
por políticas de desenvolvimento nacional e diretamente (até o início dos anos 1970)
ou indiretamente (entre 1970/72 e 1980), refletiu em avanços significativos na
industrialização e reduções relativas dos desequilíbrios regionais, e depois continuou,
embora com graus variados de diferenciação, até 1980. O governo JK (1956-1960 )
foi quem mais promoveu essas políticas, institucionalizando melhor as regionais e
dando uma melhor estrutura de planejamento às graves crises econômicas nacionais
que já nos atingiram. Neste último grande momento, que nos atormenta há 25 anos,
o abandono da política nacional de desenvolvimento significou inevitavelmente que
não existiu nenhuma proposta séria de política de desenvolvimento regional (CANO,
2002).

36
10 O CRESCIMENTO PIB BRASIL

Fonte: valorinveste.globo.com

O crescimento do PIB de 4,6% em 2021 é 0,1 ponto percentual (pp) superior à


projeção divulgada em dezembro passado no quarto trimestre de 2021, o PIB cresceu
0,5% em base com ajuste sazonal em relação ao trimestre anterior e 1,6% em base
anual - segundo o IBGE. O resultado foi superior à nossa projeção divulgada em
dezembro de 1% de crescimento ano a ano e margem de lucro de 0,1%. Comparado
com o quarto trimestre de 2019, antes da crise provocada pela pandemia de covid-19,
o PIB cresceu 0,5%. O resultado do quarto trimestre deixa uma transferência de 0,3%
para 2022 - ou seja, se permanecer estagnado nos quatro trimestres de 2022, o PIB
encerrará o ano em alta de 0,3% (MELLO e SOUZA, 2022).
Do lado da produção, os resultados foram heterogêneos em relação ao terceiro
trimestre, que já compensou os efeitos sazonais. Um ponto positivo é a agricultura,
que tem uma taxa de crescimento marginal de 5,8%. Mesmo assim, o setor encerrou
2021 com queda de 0,2%. O setor de serviços, embora continue sendo estimulado
pela normalização do índice de transporte da cidade, desacelerou em relação aos
resultados do terceiro trimestre, com o crescimento desacelerando de 1,2% para
0,5%. As atividades relacionadas com os serviços de informação e comunicação e
outros serviços foram alguns destaques positivos. Após queda de 4,3% em 2020, o
setor encerrou 2021 com alta de 4,7%. Por outro lado, o setor industrial continua
impactado negativamente por fatores como altos custos de energia e questões

37
relacionadas às cadeias globais de fornecimento de insumos, registrou a terceira
queda trimestral consecutiva na margem, com recuo de 1,2%. O fraco desempenho
no quarto trimestre foi bastante disseminado pelos segmentos industriais. Com
exceção da atividade de construção, que avançou 1,5%, todos os demais segmentos
registraram queda. Apesar disso, o setor industrial encerrou o ano de 2021 com alta
de 4,5%.
Do ponto de vista dos gastos, o foco foi o consumo das famílias, que registrou
alta de 0,7% na comparação com ajuste sazonal, marginal pelo segundo ano
consecutivo. Com isso, o crescimento acumulado em 2021 é de 3,6%. O consumo do
governo também contribuiu positivamente no quarto trimestre, crescendo
marginalmente 0,8%. Por sua vez, a FBCF subiu 0,4% no quarto trimestre e encerrou
o ano com forte alta de 17,2%. O bom desempenho reflete o crescimento em todos os
seus componentes, com destaque para máquinas e equipamentos, que cresceu
23,6% em 2021. Os resultados do quarto trimestre resultaram em um aumento da taxa
de investimento de 18,4% para 19% em base anual. Por fim, as exportações líquidas
contribuíram ligeiramente negativamente para o desempenho do meio do ano no
quarto trimestre, refletindo um aumento maior da absorção doméstica (2%) do que o
PIB (MELLO e SOUZA, 2022).
O indicador mensal de consumo aparente de bens industriais do IPEA - definido
como a participação da produção industrial nacional no mercado interno mais as
importações - subiu 2,1 por cento na série com ajuste sazonal na comparação com
novembro e outubro. Com este resultado, o trimestre móvel encerrou novembro com
contração marginal de 0,7%. Na composição do consumo aparente, ainda na
comparação com ajuste sazonal, a produção doméstica (bens domésticos) cresceu
3,6% em novembro, enquanto as importações de produtos industriais recuaram 3,8%,
conforme mostra a Tabela 1. Na comparação anual, a demanda doméstica por bens
industriais caiu 1,2% em relação a novembro do ano passado. Como resultado, o
trimestre móvel caiu 2,5% em relação ao mesmo período de 2020. Com base na
oscilação acumulada em 12 meses, a demanda registrou crescimento de 7,9%,
enquanto a produção industrial, medida pela Pesquisa Industrial Mensal de Produção
Física (PIMPF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cresceu no
máximo 5% era %, conforme mostrado no Gráfico.

38
Fonte: MELLO e SOUZA, 2022.

Fonte: MELLO e SOUZA, 2022.

A previsão do Dimac/Ipea para o crescimento do PIB em 2021 é de 4,5%,


abaixo da previsão anterior de 4,8%. Os resultados decorrem de uma queda no
dinamismo econômico no Brasil, que reflete nossas expectativas de crescimento até
o quarto trimestre de 2021. No quarto trimestre, a projeção com ajuste sazonal foi de
alta de 0,1% em relação ao terceiro trimestre e de 1% na comparação anual. A
previsão para o crescimento do PIB em 2022 também foi revisada de 1,8% para 1,1%.
Por um lado, os efeitos negativos de uma combinação de inflação alta e ciclo de aperto
serão importantes ao longo de 2022, especialmente no setor industrial. Por outro lado,
39
esperamos um desempenho positivo da agropecuária, com os gargalos de oferta
sendo solucionados gradativamente ao longo do ano. Os fatores aqui mencionados já
foram destacados nas previsões da carta anterior, mas alguns tiveram desempenho
pior do que o esperado. A previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA) em 2021 é de 10,0% e para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo (INPC) é de 10,2% (MELLO e SOUZA, 2022).
O aumento das projeções para 2021 reflete a dinâmica mais recente da inflação
nos últimos três meses, com aumento da pressão sobre o setor de serviços e preços
monitorados. Para 2022, as projeções do IPCA e do INPC ficaram em 4,9,6%.

Fonte: MELLO e SOUZA, 2022.

11 MEIO AMBIENTE

Fonte: preparaenem.com

40
A geografia é uma das disciplinas que fazem parte do currículo da educação
básica brasileira e tem a relação homem-natureza como um dos temas mais clássicos
da reflexão crítica e humanística para uma educação ambiental consonante. Devemos
perguntar o que é geografia? Preocupação como ciência? E que significado tem para
o campo de atividade social? Existem muitas definições do que é geografia, e
encontrar um objeto para essa ciência tem sido objeto de muitas discussões. Na
história do pensamento geográfico, diversas formas de análise da realidade tomaram
como base a produção espacial, esse caminho tem sido associado às contínuas
mudanças que ocorrem hoje devido aos desafios e problemas que a sociedade tem
que enfrentar em termos de intervenções no meio ambiente.
Entre as definições que moldaram o pensamento geográfico está o positivismo,
com o primeiro método de sua captura: De uma tradição empirista inglesa (Francis
Bacon 1561-1626), adotada pelos fundadores da sociologia francesa (AUGUSTO
COMTE 1798-1857; EMILE DURKHEIM 1858-1917 ), esse método consolida os
arcabouços da Geografia Clássica, que postulava a descrição, enumeração,
classificação e conotação acentuada dos aspectos físicos do espaço em uma
perspectiva neutra, atemporal, sem conotação de gênero, classe ou política, uma
situação que surgiu aos dualismos no campo do distanciamento da disciplina das
ciências naturais da das ciências sociais, pois adquiriu um status de credibilidade
científica que permeou todo o pensamento geográfico clássico: geografia física,
geografia humana, geografia regional.
Postulados positivistas levaram a geografia a buscar sua confirmação no
empirismo e na verificação constante de hipóteses, construídas e testadas com
métodos específicos e diferentes escolas de pensamento, a partir da construção de
leis gerais e irrefutáveis, a fim de evitar a verbalização e o erro. A partir de meados da
década de 1960, novas perspectivas e/ou abordagens da geografia, da
fenomenologia, do estruturalismo, do neopositivismo, do marxismo e outras foram
criadas, permitindo abordar as complexidades das relações entre sociedade e lugares
e em escala planetária. Nos 704 anos do século passado, a discussão sobre o meio
ambiente torna-se profícua e nessa época tenta desvendar as diversas formas e
métodos de compreensão do problema ambiental.
Nesse período, as discussões mais importantes giraram em torno da separação
clássica entre geografia física e geografia humana, pois foram significativamente

41
revisadas em seus postulados científicos e conteúdo da interdependência entre a
natureza, as práticas sociais, as relações imaginárias, as ideologias subjacentes e as
culturas envolvidos. Esse momento ocorreu em uma relação mediada por conflitos,
envolvendo mutuamente natureza e sociedade, a relação humano-ambiente, humano-
natureza, corpo-humano, humano-humano, sua produção de sentidos e inflação
jornalística (BAILLY e FERRAS, 1997, pp. 115-166). Como vimos, a natureza na
geografia foi a causa fundadora da organização sócio espacial através do
desenvolvimento mais ou menos técnico, trabalho e produção de riqueza (SANTOS,
1997).
Essa intervenção se deu de tal forma que a natureza não pode mais ser
pensada primordialmente por meio de sua dinâmica auto organizada, mas sim um
caráter circunstancial de transmutação/transfiguração justificado pela lógica
conflitante das intervenções. Nas várias dimensões que os constituíram, pois há uma
multiplicidade de conceitos e concepções presentes tanto no sentido científico, político
e cultural, quanto nos movimentos sociais político-estatais e pró-ecológicos em geral.
A questão ambiental, incluindo a produção e reprodução da natureza como
mercadoria. No entanto, é preciso compreender a relação entre a dinâmica da
natureza e a dinâmica da sociedade, ou como sugere Francisco Mendonça, a
dinâmica da geografia socioecológicas. Segundo o autor, essa geografia

...deve emanar de problemáticas em que situações conflituosas, decorrentes


da interação entre a sociedade e a natureza, explicitem degradação de uma
ou de ambas. A diversidade das problemáticas é que vai demandar um
enfoque mais centrado na dimensão natural ou mais na dimensão social,
atentando sempre para o fato de que a meta principal de tais estudos e ações
vai na direção da busca de soluções do problema, e que este deverá ser
abordado a partir da interação entre estas duas componentes da realidade
(MENDONÇA, 2002, p. 134).

Nesse sentido, rompendo e/ou transcendendo a perspectiva de fragmentação


do pensamento cartesiano, a base mecanicista newtoniana e a legitimidade do
determinismo pela relação causa-efeito imposta ao conjunto das ciências, e em
particular às ciências da geografia, não é um desiderato inofensivo, pois uma
geografia da integridade física e humana, dos contextos locais e não locais, emerge
do jogo de métodos que assumem perspectivas verticais e horizontais sobre as
paisagens (MENDONÇA, 2002).

42
Trystram reflete essa peculiaridade na abordagem ambiental, senão na
identidade da geografia em muitas de suas experiências, conforme o autor “a
geografia tem a ver com tudo, mas nem por isso deixa de dar conta do recado.
Ela está na encruzilhada de numerosos caminhos que vão da antropologia à
sociologia, da natureza à ecologia, das ciências da Terra às estatísticas”
(apud MENDONÇA, 2002, p.136).

Essa finalidade implica a compreensão do estar na relação como um ambiente


único e diverso (SUERTEGARAY, 2000) a partir da educação geográfica formal, ao
mesmo tempo em que se pretende construir uma relação situacional a partir da
formação de conceitos, do conhecimento que deve ser , que se constrói em torno de
conceitos geográficos como: região, paisagem, território, rede, lugar, ambiente,
natureza, sociedade, espaço-tempo é o meio para terminá-lo no ambiente escolar e
representa uma hermenêutica espacial, uma existência objetiva e subjetiva que a
complexidade organizacional do espaço geográfico nas dimensões econômica,
política e cultural passa para o centro da discussão, sem abandonar as conexões
expressas entre os dois conceitos (SUERTEGARAY, 2002).
Estes desempenham um papel fundamental na estruturação do espaço
geográfico, pois os métodos para lidar com os problemas ambientais são insuficientes,
é necessário aplicar uma perspectiva multi e interdisciplinar na intrageografia e isso
com outras ciências, pois "a discussão em torno do problema do meio ambiente deve
mover-se dentro dos limites do marco disciplinar” (MORAES, 1994, p. 50) e os
respectivos métodos de coleta. A natureza não deve ser reduzida apenas a recursos,
pois representam bens e elementos naturais que possuem dinâmica própria e são
independentes da apropriação social, embora mudem com a ação. Concordamos com
Mendonça (2002, p.139) quando afirma

Mesmo integrantes de espaços apropriados pelo homem e sua sociedade,


não escapam ao controle do fluxo de matéria e energia que rege a existência
do sistema solar, do planeta Terra e de seus componentes. É bem verdade
que em muitos lugares – como as grandes cidades e seu cotidiano, por
exemplo -, tem-se a falsa impressão de que o homem é o grande regente,
que a “natureza” e suas forças ou não existem ou foram subjulgadas aos
desígnios humanos. É mesmo incrível que, numa abordagem geográfica,
sejam esquecidos o relevo que forma o suporte à existência da cidade, da
água e do ar que sustentam a vida de seus habitantes, o alimento que
produzido no solo os nutre

Vale lembrar que, como observa Massey (1999), muitos geógrafos físicos
fazem esforços significativos para compreender e incluir os processos sociais na

43
Revista de Geografia. Recife: UFPE – DCG/NAPA, v. 25, nº 3. Set./Dez. 2008 113
natureza das paisagens, que são bastante insignificantes na geografia humana no que
diz respeito ao registro da natureza na pesquisa social, delineia-se a seguir uma
abordagem da abordagem atribuída ao meio ambiente na perspectiva do crítica da
geografia e da geografia humanística (OLIVEIRA et al, 2008).

44
12 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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