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FUNDAMENTOS DE

ECOLOGIA
Generalidades e princípios básicos

Prof. Albano
O QUE É ECOLOGIA? DEFINIÇÕES.
 (OikoV= casa; logoV=estudo).
 Ernst Haeckel  “O estudo das relações dos
organismos com o meio ambiente orgânico e
inorgânico” (1869).
 Definição acadêmica (C.J. Krebs, 1978)  “estudo
científico das interações que regulam a distribuição
e a abundância dos organismos”.
É UMA CIÊNCIA?
 Sim, já que faz uso do método científico não se
limitando a ser apenas descritiva, mas explicativa e
preditiva, isto é, teórica.
 Holística  em oposição ao reducionismo — que
explica um problema a partir da redução dos
componentes mais pequenos de um sistema —,
trabalha sob o ponto de vista de que as
características e propriedades de um sistema
biológico, ou de um nível de organização da
matéria, emergem da organização e interação das
partes componentes.
 Ciência de síntese  recorre ao conhecimento
adquirido por outras Ciências: geologia,
meteorologia e climatologia, edafologia, genética,
fisiologia, bioquímica, etologia, entre outras.
ECOLOGIA X ECOLOGISMO
 A Ecologia é uma ciência, isto é, não é uma teoria
baseada em conceitos prévios a toda a experiência. Ao
contrário, é um conjunto de idéias e conceitos baseados
em observações de realizações já produzidas e a cuja
análise aplica-se o método científico, o rigor do
número e das medições.
 O Ecologismo, em todas as suas variantes, é sempre
uma ideologia. E as ideologias são construções, a
priori, elaboradas antes das realizações, ainda que
incluídas nelas.
 Para o ecólogo  natureza: conjunto de todas as coisas
existentes.
 Para o ecólatra  Natureza: origem e causa de todo o
que existe. Quase uma religião, com código de conduta,
valores, uso de proselitismo (Internet).
HISTÓRIA DA ECOLOGIA
 A ecologia tem raízes complexas.
 Ecologia empírica  conhecimentos que a
experiência entregava ao homem sobre o meio em que
ele desenvolvia sua vida.
 História Natural  (Buffon, Lamarck, Humboldt,
Darwin) encarregava-se de descrever o que se
encontrava na natureza. Lamarck foi o primeiro a
afirmar que as espécies sofrem transformações dando
origem a outras. Depois Darwin introduziu o conceito
de evolucionismo a essa transformação e de seleção
natural como mecanismo de evolução.
 Criacionismo e Fixismo  pertencem a uma matriz
de teorias obsoletas e ultrapassadas, pelo menos no
âmbito científico.
 Demografia  J. Graunt, considerado o pai da
demografia, quem em 1662 realizou os primeiros
estudos quantitativos de populacões humanas e
fez projeções de crecimento populacional.
 Forskal (1775)  trabalhando com formigas
pragas de palmeiras de tâmara e formigas
predadoras introduziu o conceito de “controle
biológico”, tão importante hoje em dia.
 Malthus  Essay on Population (1798), seu
famoso livro, teve um efeito inspirador em Charles
Darwin.
 P.F. Verhulst (1838)  e sua equação para reprsentar o
crescimento populacional, curva logística, pôs uma
pedra fundamental na ecologia de populações.
 R. Ross (1908)  trabalhos de epidemiologia e
prevenção da malária.
 Década de 60 do século passado  aumento
exponencial da população humana, explosão
demográfica e suas conseqüências concomitantes
sobre a exploração dos solos, degradação de
ambientes naturais, contaminação de águas e ar, uso
de pesticidas, etc., chamaram a atenção da opinião
pública e sua pressão colocou em evidência que os
ecólogos haviam permanecido em seus laboratórios
ocupados demais.
 É justo reconhecer aos movimentos ecologistas,
nascidos naqueles tempos, o mérito de botar a
ecologia nas ruas.
 Infelizmente, no entanto, na mente da opinião
pública, a ecologia está associada intrinsicamente
com o meio ambiente humano e a ecologia
humana, esquecendo-se que é muito mais do que
isso.
 É uma ciência que mantém com a realidade
ambiental a mesma relação que as matemáticas ou
a física mantém com a engenharia, por exemplo.
DIVERSIFICAÇÃO DA ECOLOGIA
 ECOLOGIA GERAL
 Ecologia Vegetal
 Ecologia Animal
Ecologia Cultural
 Ecologia Humana
Ecologia Social

 Ecologia Microbiana
 Ecologia de Parasitas
 Ecologia Humana Ecologia Médica Medicina Ambiental

 Medicina Darwinista
ENFOQUES DO ESTUDO ECOLÓGICO
 DESCRITIVO  semelhante ao enfoque dado pela
História Natural, enfoca os grupos vegetais, animais e
outros seres vivos, cujo conjunto recebe o nome de
BIOTA, que existem no ambiente. Descreve o número,
o lugar em que se encontram, que relações espaciais
guardam entre si, etc.
 FUNCIONAL  põe ênfase nas relações que ocorrem
nas populações e nas comunidades como causas
imediatas que explicam os fenômenos que sucedem no
ecossistema.
 EVOLUTIVO  busca as explicações nas razões
histórico-evolutivas pelas quais a seleção natural
favoreceu certas adaptações específicas (causas finais
ou imediatas).
OS LIMITES DA ECOLOGIA
 Auto-ecologia  em seu nível mais baixo, pode ser
definida como o estudo das relações de um só tipo de
organismo (uma espécie) no meio em que vive.
 Dinâmica ou Ecologia de Populações  estuda as
causas e as modificações da abundância de uma
população num dado meio físico.
 Ecologia de Comunidades ou Sinecologia  estuda
a composição e a estrutura de comunidades formadas
por diferentes espécies, as mudanças que ocorrem ao
longo do tempo, as relações entre as espécies da
comunidade, etc.
 Em níveis superiores (Ecossistemas, Biomas,
Biosfera)  requerem os conhecimentos adquiridos em
um nível inferior.
NÍVEIS DE ESTUDO DA ECOLOGIA
ESPECTRO DOS NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO

(ODUM, 1988)
PROPRIEDADES EMERGENTES
 Num nível superior qualquer, aparecem
propriedades que não se encontram no nível
inferior e que não poderiam ter sido preditas por
melhor que se conhecessem os componentes
deste nível inferior.
 Estas novas propriedade, também chamadas não-
reduzíveis, dá-se o nome em ecologia de
Propriedades Emergentes.
 Exemplos:
 H e O se combinam para forma a água (H2O)  campo
físico.
 Algas e celenterados formam os corais  campo
biológico.
OS MODELOS
 Conceito: formulação que imita um fenômeno real e
pela qual se podem fazer predições.
 Verbais ou gráficos  informais. Simples
representações sem a pretensão de realizar predições
ou quantificações.
 Estatísticos ou matemáticos  formais. Permitem
predições quantitativas com certo grau de
confiabilidade. Ex.: formulação matemática que imita
mudanças numéricas numa população de insetos,
predizendo o número de indivíduos num dado
momento. Imaginem se a população em questão for
uma praga...
(ODUM, 1988)
(ODUM, 1988)
(ODUM, 1988)
EXEMPLO DE CIRCUITO ELÉTRICO DE TERMOSTATO
– RETROALIMENTAÇÃO MECÂNICA

http://www.cjdinfo.com.br/images/curiosidades/termo_alta.gif
EXEMPLO DE RETROALIMENTAÇÃO
ECOSSISTÊMICA – MECANISMOS DIFUSOS

http://www.unicamp.br/fea/ortega/eco/
ECOSSISTEMA URBANO – CIDADES
(ENERGIA E DINHEIRO FLUEM EM DIREÇÃO
OPOSTA)

http://www.unicamp.br/fea/ortega/eco/
EXERCÍCIO (EM GRUPOS)
 Utilizando a linguagem energética e a simbologia
proposta por Odum (1997), modele um sistema
predador-presa num ecossistema hipotético
qualquer.
PROJETOS PRÁTICOS – TURMA BIOLOGIA
 Interações entre insetos e plantas
 Polinização
 Dispersão frutos
 Dispersão sementes
 Herbivoria
 Parasitismo
 Estratégias: observações em diferentes horários,
coleta de plantas e insetos (técnicas corretas),
registros fotográficos e de vídeos, interpretação
das interações e seus significados ecológicos.
PROJETOS PRÁTICOS – TURMA QUÍMICA
 Química dos solos – avaliação qualitativa
 Teor de matéria orgânica e inorgânica
 Camadas formadoras dos solos e sua composição
 Origem, formação e processos químicos na formação
do litter do solo e ácidos húmicos
 Influência da química dos solos nos diferentes
ambientes naturais e exploração econômica
 Estratégias: coletas de amostras de solos em
frascos de vidro padronizados (dimensões
semelhantes) em diferentes áreas do campus
(fragmentos, zonas urbanizadas, várzeas) para
avaliação dos estratos com fotografias e medições
de pH.
PROJETOS PRÁTICOS – TURMA FÍSICA
 Efeitos da intensidade luminosa em plantas
 Comportamento da luz no espaço e sua composição
 Fenômenos físicos ligados à absorção de luz pelas
plantas
 Clorofila e eficiência fotossintética em relação à luz
 Adaptação foliar ao regime de luz (áreas foliares)
 Produção primária global e ciclo do carbono
 Estratégias: medições da incidência luminosa em
diferentes níveis de cobertura vegetal (desde áreas
abertas até bem fechadas), observação de coleta
de folhas para cálculo das áreas foliares. App
luxímetro para celular e software para as áreas.
PROJETOS PRÁTICOS – TURMA MATEMÁTICA
 Modelo de deposição da serapilheira em fragmentos
florestais do campus
 O que é serapilheira, como é formada e composição
 Fatores que influenciam no acúmulo, decomposição e
mineralização da serapilheira
 Influência do clima na formação da serapilheira
 Importância ecológica

 Estratégias: montagem de experimento para coleta da


serapilheira em diferentes pontos de um dos fragmentos
florestais (ca. 30-50 frascos colocados todos no mesmo
dia e retirados aos poucos para pesagem. Ajuste de
curva para cálculo da taxa de deposição (usando uma
técnica matemática adequada para os tipos de dados,
por exemplo, mínimos quadrados).

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