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FUNDAMENTOS DE

ECOLOGIA
Características do meio físico e químico e sua inter-
relação com os organismos.
Prof. Albano
ECOSSISTEMA: UNIDADE BÁSICA DA
ECOLOGIA
 A unidade básica dos estudos ecológicos é o
ecossistema. Para sua correta definição,
precisamos entender os conceitos de população,
comunidade e biótopo.
 População: um grupo de indivíduos capazes de
reproduzir-se entre si e, portanto, pertencentes a
mesma espécie biológica, que concorrem em um
determinado tempo e espaço.
 Comunidade (ou Biocenose): é o conjunto de
populações de diferentes espécies que concorrem
em um determinado tempo e espaço e que
interagem entre si.
 Biótopo (bioV = vida; topoV = lugar): é o
território ou espaço físico cujas condições
ambientais permitem o desenvolvimento de
uma comunidade biológica.
 Ecossistema: é o conjunto formado pela
comunidade biológica e o biótopo, meio físico
inerte em que se encontra inserida.
CARACTERÍSTICAS DO ECOSSISTEMA
 Sistema cibernético, isto é, que emprega a retro-
alimentação (feed-back) para regular, em alguma
medida, o seu funcionamento. Portanto, o
ecossistema é dito auto-regulado.
 Do ponto de vista termodinâmico: é um sistema
aberto, isto é, depende do exterior para a entrada e
a saída de energia.
 É completo, uma vez que conta com:

1) Substâncias abióticas  orgânicas e inorgânicas


do biótopo;
2) Produtores primários  organismos autótrofos
capazes de sintetizar matéria orgânica a partir do
meio inorgânico;
3) Consumidores  organismos heterótrofos e
consumidores (herbívoros e carnívoros); e
4) Decompositores  organismos heterótrofos
decompositores ou desintegradores que
transformam de novo a matéria orgânica em
inorgânica.
 Uma vez que o ecossistema apresenta certa
homogeneidade sob o ponto de vista topográfico,
climático, botânico, zoológico, edáfico, hidrológico
e geoquímico, podemos considerá-lo homogêneo.
 Limites do ecossistema  raramente são naturais,
pois na maioria das vezes são determinados pelo
ecólogo de acordo com seus interesses como
pesquisador.
RELAÇÕES ENTRE BIÓTOPO E COMUNIDADE
 Há vários tipos de interações entre o biótopo e a
comunidade biológica (biocenose), que podem ser
agrupadas em ações, reações e coações.

 AÇÕES  quando o biótopo é que exerce a ação


sobre a comunidade, manifestada sob várias
formas, a saber, influência da luminosidade, da
temperatura, da umidade, da salinidade, da
concentração de gases, entre outras, que se
traduzem em adaptações morfológicas e
fisiológicas entre os membros da comunidade, em
conservação ou eliminação de espécies ou na
regulação de suas abundâncias.
 REAÇÕES  quando a comunidade é que exerce
influência sobre o biótopo.
 Podemos classificar as reações como destruidoras
e construtoras (ou de elaboração). Na formação de
húmus no solo, por exemplo, a partir de restos de
animais (cadáveres , fezes) e vegetais (folhas,
troncos), os construtores são as bactérias e fungos.
A desintegração de rochas por ação de substâncias
produzidas por certos organismos é exemplo de
uma reação destruidora (liquens, raízes, entre
outras).
 COAÇÕES  é quando a ação ocorre entre os
elementos que compõem a comunidade e,
portanto, no interior dela. Dividem-se em 2 tipos:
1) Reações homotípicas: são interações que se
processam entre indivíduos da mesma espécie na
comunidade. Ex.: efeito de grupo e efeito de
massa.
2) Reações heterotípicas: são interações que se
processam entre indivíduos de diferentes
espécies na comunidade. Ex.: reações binárias
como o parasitismo e a competição.
• Estas reações serão estudadas com detalhes
futuramente.
AMBIENTE E ORGANISMOS
 HÁBITAT  cada organismo, cada espécie ocupa
um lugar concreto no qual vive, que nada mais é do
que seu hábitat.
 “Por quê encontramos tal organismo ali e não em outro
lugar?” é a pergunta mais comum que fazemos.
 Talvez a forma mais correta de responder a essa
questão seja que esse lugar e não outros reúne as
condições necessárias para satisfazer os
requerimentos (necessidades) do organismo em
questão. E os fatores do meio que podem influir
diretamente sobre este organismo denominam-se
Fatores Ecológicos.
FATORES ECOLÓGICOS
 Natureza abiótica  química: acidez do solo ou da
água, nutrientes, entre outros, e física: luz solar,
temperatura, entre outros.
 Natureza biótica  como a influência de outros
organismos.
 Na natureza, todos os organismos respondem a
uma ampla variedade de fatores ecológicos. Se
qualquer um destes fatores vier potencialmente a
limitar sua atividade biológica como seu
crescimento, sua sobrevivência ou sua reprodução,
esse fator ecológico passa a ser um Fator
Limitante.
LEI DO MÍNIMO DE LIEBIG
 “Um organismo estará ausente em todos os
lugares em que qualquer dos fatores [limitantes]
esteja abaixo de seu limite necessário” (Botânico
Justus von Liebig (1803-1873)).
 Um fator pode ser limitante não só por sua carência
mas também por seu excesso.
 Assim sendo, um organismo poderá viver somente
dentro de uma faixa (gama, amplitude) de valores
para um determinado fator ecológico, que vai de
um mínimo até um máximo suportável. Em
ecologia, isso é conhecido com Lei de Tolerância.
LEI DE TOLERÂNCIA DE SHELFORD
 “Um organismo sobrevive e se reproduz somente
dentro de uma faixa limitada de valores para cada
uma de suas dimensões de nicho”
 A faixa (ou gama) é conhecida como Tolerância
Ecológica ou ambiental para essa dado fator.
NICHO ECOLÓGICO
 As definições mais antigas de nicho ecológico são
dadas por J. Grinnell (1917) e Ch. Elton (1927),
segundo as quais o nicho era entendido como uma
propriedade do ambiente ou como o papel ou
função que desempenha um organismo em seu
ecossistema, incluindo atividades e reações.
 A partir de G.E. Hutchinson (1958)  é
considerado uma propriedade da espécie e é
constituído por todas as variáveis (fatores
ecológicos) físicas e biológicas que afetam o
bom funcionamento de um organismo e que
explicam sua distribuição e abundância.
NICHO MULTIDIMENSIONAL
 Em todos os organismos, os fatores ecológicos são
numerosos, daí o conceito de nicho de Hutchinson
ser multidimensional, um hipervolume
inimaginável, devido aos numerosos eixos que se
necessitam para explicar esses fatores.
 Este conceito de nicho está definido como uma
propriedade da espécie, isto é, se num
determinado lugar não existir uma espécie,
significa que tampouco existirá ali seu nicho.
(Begon et al., 2006)
CONCEITO DE ADAPTAÇÃO
 Quando um organismo pode sobreviver, crescer e
se reproduzir em dadas condições ambientais
concretas, dizemos que ele está adaptado a tais
condições.
 Quando ele tem uma ampla tolerância ecológica
para um determinado fator, dizemos que é um
organismo euri... (ex. euritérmico = ampla
tolerância à temperatura).
 Se, ao contrário, ele tiver uma estreita tolerância
será designado como esteno... (ex.
estenotérmico).
VALÊNCIA ECOLÓGICA
 Refere-se à capacidade de um organismo se
distribuir mais ou menos amplamente suportando
um amplo conjunto de combinações de fatores
ecológicos.
 Um organismo que tenha ampla tolerância
ecológica para todas as suas dimensões de nicho
(euri... para todos os fatores) tem uma valência
ecológica ampla, é dito um organismo eurióico
(euroV = largura; oikoV = casa).
 Este organismo tende a estar amplamente
distribuído e é generalista e pouco
exigente.
 Por outro lado, um organismo estenóico (stenoV =
estreito; oikoV = casa) terá uma valência
ecológica estreita, será um organismo raro,
difícil de ser encontrado, especialista e
muito exigente.

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