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INVESTIGAÇÃO E MONITORIA DE ESPÉCIES E ECOSSISTEMAS NAS ÁREAS

DE CONSERVAÇÃO MARINHAS EM MOÇAMBIQUE


RESERVA NACIONAL DO POMENE 2016

por
Cristina M.M. Louro, MAppSc.
Carlos Litulo, BSc.
Marcos A.M. Pereira, MSc.
Tânia I.F.C. Pereira, MSc.

Submetido a, e implementado com o apoio de:

Reserva Nacional
do Pomene

Maputo, Maio de 2017


Administração Nacional para as Áreas de Conservação Centro Terra Viva – Estudos e Advocacia Ambiental

A Administração Nacional para as Áreas de Conservação (ANAC) e o Centro Terra Viva (CTV),
assinaram, em Março de 2016, um Memorando de Entendimento (MdE) com vista ao
desenvolvimento de actividades relacionadas com investigação e monitoria de espécies e
ecossistemas nas áreas de conservação marinhas, promovendo a sua protecção e conservação.
A presente publicação resulta de actividades desenvolvidas no âmbito deste MdE.

The National Administration for Conservation Areas (ANAC) and Centro Terra Viva (CTV)
havesigned, in March 2016, a Memorandum of Understanding (MoU) in order to develop
several activities related to research and monitoring of species and ecosystems within marine
conservation areas, promoting their protection and conservation. The present publication is a
result of activities undertaken under the MoU.

Citação Proposta:
Louro, C. M. M., C. Litulo, M. A. M. Pereira & T. I. F. C. Pereira (2017). Investigação e monitoria
de espécies e ecossistemas nas áreas de conservação marinhas em Moçambique: Reserva
Nacional do Pomene 2016, 38 pp. Maputo, Centro Terra Viva.

Fotografias de Capa:
1. Corais moles (Dendronephtya e Lobophytum), Reserva Nacional do Pomene (Fotografia: Marcos A.
1 2
M. Pereira).
2. Floresta de mangal, área costeira adjacente à Reserva Nacional do Pomene (Fotografia: Cristina M.
M. Louro).

Direitos Reservados:
Direitos de autor aplicam-se a esta obra. Esta publicação seja por inteiro ou em partes, não
poderá ser reproduzida independentemente do formato ou meio, seja electrónico, mecânico
ou óptico, para qualquer propósito, sem a devida autorização expressa, por escrito, do
Director Geral do Centro Terra Viva.

i
ÍNDICE

AGRADECIMENTOS....................................................................................................................... iii
ACRÓNIMOS & ABREVIATURAS.....................................................................................................iv
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1
2. METODOLOGIA...................................................................................................................... 2
ÁREA DE MONITORIA ................................................................................................................ 2
RECOLHA DE DADOS ................................................................................................................. 4
3. RESULTADOS & DISCUSSÃO .................................................................................................. 4
ACTIVIDADES RECREATIVAS & DESPORTIVAS ........................................................................... 4
FLORESTAS DE MANGAL............................................................................................................ 6
RECIFES DE CORAL ................................................................................................................... 20
4. RECOMENDAÇÕES............................................................................................................... 26
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................... 29
6. ANEXOS ............................................................................................................................... 32

ii
AGRADECIMENTOS

Agradecimentos especiais são endereçados a todos que, directa ou indirectamente,


contribuíram para a realização do trabalho de campo e produção deste relatório, sendo de
salientar as seguintes pessoas e instituições:

 Administração Nacional das Áreas de Conservação e Projecto MozBio;


 Agostinho Nazaré, Administração Nacional das Áreas de Conservação;
 Sansão Mabulambe, antigo Administrador da Reserva Nacional do Pomene;
 Odilão Macamo, Fiscal da Reserva Nacional do Pomene;
 Palmira Majengue, Fiscal da Reserva Nacional do Pomene;
 Manuel Morais, Fiscal da Reserva Nacional do Pomene;
 Francisco Satana e membros do Comité de Co-Gestão de Recursos Naturais;
 George, Pomene Lodge;
 Oraca Cuambe, Administração Nacional das Áreas de Conservação;
 Nasseba Sidat, Estagiária, Centro Terra Viva;
 Raquel Fernandes, Centro Terra Viva;
 Helena Azevedo, Centro Terra Viva;
 Helena Tinga, Centro Terra Viva;
 Maurício Simbine, Centro Terra Viva; e
 Programa Agir e We Effect.

iii
ACRÓNIMOS & ABREVIATURAS

ACs Áreas de Conservação


ANAC Administração Nacional das Áreas de Conservação
CAP Circunferência à altura do peito
cm Centímetros
CCGRN Comité de Co-Gestão de Recursos Naturais
CPCe Coral Point Count with Excel extensions
CTV Centro Terra Viva
DAP Diâmetro à altura do peito
DP Desvio padrão
GPS Global Positioning System
ha Hectare
IBA Important Bird Areas
km Quilómetros
km2 Quilómetros quadrados
m Metros
m2 Metros quadrados
MdE Memorando de Entendimento
mm Milímetros
MOMS Management Oriented Monitoring System
MOZBIO Projecto de Áreas de Conservação para a Biodiversidade e Desenvolvimento
n número de indivíduos ou quadrículas
RNP Reserva Nacional do Pomene
RMPPO Reserva Marinha Parcial da Ponta do Ouro
SCUBA Self Contained Underwater Breathing Apparatus
UICN União Internacional para a Conservação da Natureza

iv
1. INTRODUÇÃO
A Reserva Nacional do Pomene (RNP) localiza-se na Província de Inhambane, integrando a região
que se estende do arquipélago do Bazaruto até à Ponta do Ouro, classificada como costa dunar
porTinley (1971). A costa dunar é caracterizada por dunas parabólicas, cabos e lagoas de barreira,
florestas costeiras e pradarias temporariamente inundadas, incluindo também florestas de
mangal em zonas protegidas como baías e fozes dos rios (Macandza et al., 2015). Adjacentes aos
limites da RNP ocorrem ecossistemas costeiros e marinhos de elevado valor ecológico como o
estuário do Pomene, praias arenosas e rochosas, e recifes de coral (Macandza et al., 2015; Zolho
et al., 2016). Estes ecossistemas comportam uma fauna costeira e marinha muito rica, que inclui
espécies protegidas e ameaçadas, nomeadamente: tartarugas marinhas, golfinhos e outros
mamíferos marinhos, mantas e os tubarões baleia (Macandza et al., 2015; Zolho et al., 2016). A
ocorrência dedugongo (Dugong dugon) no estuário do Pomene foi reportada (Cockcroftet al.,
2008), apesar de não existirem registos de ocorrência há mais de sete anos (Zolho et al., 2016). A
RNP é também consideradacomo uma importante área para aves em Moçambique (Parker, 2001).
Dado o valor ecológico destes ecossistemas costeiros e marinhos foi proposto que os limites
actuais da RNP fossem estendidos de forma a integrá-los e a garantir a conservação efectiva do
potencial ecológico da região de Pomene (Zolho et al., 2016; Pereira et al.. in prep.).

Todavia, esta área costeira e marinha possui um reduzido historial de investigação e monitoria
biológica e ecológica (Pereira et al., in prep.). Um levantamento preliminar realizado por Louro et
al. (2017) apontou para a existência de trabalhos de investigação pontuais sobre a identificação e
descrição de espécies de crustáceos (Connell, 2009), gastrópodes (Rownsonn & Tattersfield, 2013)
e garoupas (Steinke et al., 2009). Massuanganhe & Arnberg (2008) estudaram o movimento da
língua de areia do Pomene e Mancandza et al. (2015) realizou um levantamento ecológico e
sócio-económico. Em relação aos recifes de coral, apenas um estudo (Muaves, 2005) fez um
levantamento superficial da diversidade de peixes de coral que se estendia do Arquipélago do
Bazaruto à Ponta do Ouro, tendo visitado o Baixo Zâmbia numa única ocasião. Da mesma
expedição resultaram três outros estudos: Sebastián etal. (2009) analisandoa resposta ao
branqueamento por parte dos corais e suas algas simbiontes a nível regional e,Porter (2009) e
Porter etal. (2013)estudando os padrões biogeográficos dos recifes subtidais da região sudoeste
do Oceano Índico. No que diz respeito às florestas de mangal, Balidy et al. (2005) fizeram um
levantamento rápido sobre os níveis de corte de espécies de mangal no sul de Moçambique, que
incluiu também o Pomene.

1
Como resultado, existem grandes lacunas de informação científica que são necessárias para
providenciar uma base sólida para uma gestão e conservaçãoadaptativa. Neste âmbito, e como
forma de contribuir para o conhecimento actual do estado de conservação da biodiversidade,
bem como o de promover a aplicação de medidas adaptativas de conservação e gestão, a
Administração Nacional para as Áreas de Conservação (ANAC) assinou um Memorando de
Entendimento (MdE) com o Centro Terra Viva (CTV) para o desenho e implementação de um
programa de investigação e monitoria em três áreas de conservação marinhas, incluindo a
RNP.Numa fase inicial de efectivação do MdE foi efectuado um levantamento de prioridades e
capacidades para a implementação deste programa (Louro et al., 2017), o qual define as
prioridades de investigação e monitoria e estabelece os respectivos protocolos.

No presente relatório são apresentados os dados das monitorias realizadas na área marinha e
costeira adjacente à RNP, relativamente ao ano 2016, no âmbito do MdE entre a ANAC e o CTV.
Foram efectuadas as seguintes monitorias:
 Monitoria de actividades recreativas e desportivas;
 Monitoria de florestas de mangal;
 Monitoria dos recifes de coral; e,
 Monitoria de tartarugas marinhas.

2. METODOLOGIA

ÁREA DE MONITORIA
A RNP está localizada, entre as latitudes 22°39´ e 23°31´ Sul e as longitudes 34 o54´ e 35o36´ Este,
no Distrito de Massinga, Província de Inhambane, no sul de Moçambique (Macandza et al., 2015;
Figura 1). A RNP possui uma área de aproximadamente 50 km2 e tem como limites geográficos, a
Norte, uma extensa mancha de mangal, a Sul a comunidade de Guma, a Oeste o rio Muducha e a
Este parte do sistema de dunas costeiras (Macandza et al., 2015). Partedas florestas de mangal e
a totalidade das dunas costeiras, incluindo as praias arenosas e rochosas e os recifes de coral, não
fazem parte dos limites da mesma (Macandza et al., 2015). Dada a importância de conservar estes
ecossistemas e espécies de elevado valor ecológico, o actual plano de maneio propõe a extensão
dos limites terrestres e marinhos (Pereira et al., in prep.).

2
Figura 1. Localização geográfica e limites da Reserva Nacional do Pomene (adaptado do GoogleEarth).

3
RECOLHA DE DADOS
A metodologia aplicada para cada uma das monitorias é apresentada nas diferentes secções que
compõem o Capítulo 4: Resultados e Discussão.

Destas quatro monitorias, as monitorias de actividades recreativas e desportivas e tartarugas


marinhas, por serem monitorias contínuas durante um período de seis e 12 meses,
respectivamente, deverão ser implementadas pelos fiscais da RNP. Por outro lado, a monitoria de
florestas de mangal e recifes de coral, devido às suas especificidades científicas, e por serem
monitorias que ocorrem anualmente foram implementadas, em Setembro de 2016,por técnicos
do CTV.

3. RESULTADOS & DISCUSSÃO

ACTIVIDADES RECREATIVAS & DESPORTIVAS

Antecedentes
A RNP possui um grande potencial para o desenvolvimento do turismo pelos seus atributos
naturais mas também pela sua localização geográfica (Macandza et al., 2015; Pereira et al. in
prep.). As actividades recreativas incluem lazer na praia, surf, pesca recreativa e desportiva,
observação de fauna marinha, mergulho com garrafa e por apneia e visitas ao mangal (Sarmento,
2015). Porém, actualmente apenas operam, adjacente à RNP, dois operadores turísticos, o
Pomene Lodge e o Pomene View Lodge, este último em processo de venda, duas casas privadas
de férias e dois acampamentos em fase de construção (Macandza et al., 2015; Sarmento, 2015;
Figura 2). Apesar da sua importância económica, poucos têm sido os estudos realizados sobre o
esforço, principais áreas, tendências e impactos destas actividades sobre os ecossistemas
costeiros e marinhos adjacentes à Reserva.

A monitoria das actividades recreativas e desportivas tem como objectivo a análise de indicadores
determinantes para o conhecimento, a longo prazo, da intensidade e tendências destas
actividades e do estado de conservação das espécies sujeitas à pressão das mesmas.
Especificamente pretende-se:

4
 Relativamente à pesca desportiva e recreativa, recolher e analisar dados dos indicadores da
pescaria (esforço de pesca, capturas, composição específica das capturas e tamanho das
espécies capturadas) e principais locais de pesca; e,
 Relativamente ao mergulho nos recifes de coral, recolher e analisar dados do esforço de
mergulho (número de mergulhadores) e principais locais de mergulho.

Área de Monitoria
A monitoria deverá ser realizada nos locais de desembarque dos diferentes operadores e que
realizam este tipo de actividades recreativas. Actualmente, está operacional o Pomene Lodge
(Figura 2).

Figura 2. Localização dos actuais operadores turísticos na área costeira e marinha adjacentes à RNP
(adaptado do Google Earth).

5
Metodologia
A metodologia adoptada tem como base a metodologia desenvolvida pelo programa de monitoria
das actividades recreativas na Reserva Marinha Parcial da Ponta do Ouro (RMPPO; Fernandes &
Pereira, 2015; Fernandes & Pereira, in prep.). Os fiscais devem visitar periodicamente os
diferentes operadores turísticos (Figura 2) e recolher os dados de monitoria segundo o plano de
amostragem desenvolvido pelo sector de fiscalização da reserva e registar de forma sequenciada
as três fichas de monitoria (Louro et al., 2017). A recolha de dados deve ser feita antes da saída
das embarcações e após a chegada das mesmas (Fernandes & Pereira, in prep.). A identificação
das espécies deverá ser feita com apoio do guia de campo (Fischer et al. 1990).

Resultados e Discussão
De acordo com a Administração da RNP a monitoria de actividades recreativas e desportivas não
foi implementada no ano de monitoria de 2016.

FLORESTAS DE MANGAL

Antecedentes
A floresta de mangal na RNP ocupa uma extensão de aproximadamente5ha, correspondentes a
aproximadamente 3% dasua área, ocorrendo ao longo do rio Muducha e na Baía de Pomene
(Macandza et al., 2015). No entanto, este ecossistema marinho estende-se para além dos limites
da Reserva ocupando uma área de 157 ha (Macandza et al., 2015). Segundo Macandza et al.
(2015) e Zolho et al. (2016), nesta região costeira ocorrem cinco espécies de mangal,
nomeadamente: Rhizophora mucronata, Avicennia marina, Ceriops tagal, Bruguiera gymnorrhiza
e Soneratia alba, ecujas árvores podem atingir entre 4 a 8 m de altura. Embora não seja ainda
evidente, o desmatamento da floresta de mangal (Macandza et al. 2015; Zolho et al. 2016),
através de acções antropogénicas, tem constituído uma grande ameaça dentro e adjacente à
RNP(Administrador da RNP, Mabulambe, S. com. pess.). De acordo com a mesma fonte, as
principais ameaças são: extracção de estacas de várias espécies de grande diâmetro para a
construção de habitações e acampamentos de pescadores artesanais, degradação da floresta
durante a colecta de invertebrados marinhos, como o caranguejo de mangal Scylla serrata para
consumo e também comercialização.

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Para além da componente vegetal, as florestas de mangal são ricas em fauna costeira e marinha,
incluindo o gastrópode Terebralia palustris (Linnaeus, 1767), o maior molusco gastrópode
prosobrânquio que habita as florestas de mangal de regiões tropicais (Rawetal., 2014). O
gastrópode ocorre preferencialmente em substratos lodosos e alimenta-se de folhas de mangal
sendo por isso um bom bioindicador do estado da floresta de mangal. Este gastrópode também
ocorre na floresta de mangal da RNP, e constitui fonte de proteína alimentar para as populações
locais.

Apesar da sua relevância ecológica, social e económica para a RNP e áreas costeiras e marinhas
adjacentes, não existem estudos feitos que relatem aspectos referentes à composição específica,
distribuição, zonação e níveis de exploração das florestas de mangal, bem como sua fauna
associada.

Como forma de monitorar o actual estado de conservação das florestas de mangal e fauna
associada na RNP, a presente monitoria tem como propósito:
 Determinar a composição específica, distribuição e abundância, bem como o nível de
corte e regeneração natural;
 Monitorar os padrões de distribuição e abundância do molusco Terebralia palustris; e,
 Propor recomendações para melhoria da monitoria e gestão.

Área de Monitoria
A monitoria foi realizada em quatro estações de monitoria (Figura 3) cuja a selecção teve como
base critérios relacionados com os níveis de exploração humana e capacidade de regeneração
natural (Tabela 1).

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Figura 3.Localização das quatro estações de monitoria dafloresta de mangal na área adjacente à RNP,
Outubro de 2016 (adaptado do Google Earth).

Tabela 1.Descrição das quatros estações de monitoria na área adjacente à RNP, Julho de 2016.

Estação de Coordenadas Espécies Predominantes Descrição


Monitoria Geográficas

Liquelene 22° 56.004'S Bruguiera gymnorhiza Área de intenso corte,


Rhizophora mucronata cobertura vegetal densa,
35° 34.828'E
Heritieralittoralis poucas mudas e baixa
abundância de T. palustris.
Malevacate 22° 56.343'S Avicennia marina Área de intenso corte,
Ceriops tagal cobertura vegetal densa,
35° 34.757'E
Bruguieragymnorhiza poucas mudas e baixa
Rhizophoramucronta abundância de T. palustris

Marone AvicenniamarinaCeriopsta Área de intenso corte,


22° 56.188'S galBruguieragymnorrhiza cobertura vegetal densa,
35° 34.757'E poucas mudas e baixa
abundância de T. palustris.
Presença elevada de
espécimens de R.
mucronata, zona de intenso
22° 56.175'S Rhizophora mucronata corte, boa cobertura
Mparane
35° 34.847'E Avicennia marina vegetal, regeneração
ligeiramente acentuada e
elevada abundância de T.
palustris.

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Metodologia
A monitoria das florestas de mangal na RNP foi realizada em Setembro de 2016, durante os
períodos de maré vazante da maré viva.A metodologia usada teve como base a combinação da
metodologia desenvolvida por CARIMCOP (2001) e aplicada por Bandeira et al. (2009) e Nicolau
(2015). Por cada estação de monitoria foram amostradas três quadrículas aleatórias de 25 m2(5m
x 5m), perfazendo um total 12 quadrículas monitoradas. O estabelecimento aleatório da primeira
quadrícula foi feito através da marcação da primeira árvore para formar o primeiro vértice da
quadrícula. O primeiro lado da quadrícula foi colocado perpendicularmente à linha de costa,
seguindo-se a marcação do segundo lado, formando um ângulo de noventa graus em relação ao
primeiro. Este procedimento foi replicado de igual modo até definir a primeira quadrícula. Esta
estratégia para o estabelecimento das quadrículas foi repetida para as restantes duas quadrículas
por estação de monitoria (Anexo 7.1).

A recolha de dados de monitoria envolveu, por cada quadrícula, o registo das coordenadas
geográficas com recurso a um GPS Garmin. A monitoria da componente da estrutura da floresta
de mangal envolveu a identificação, contagem e medição da circunferência à altura do peito (CAP)
do caule de todas as árvores com a CAP superior a 2.5 cm. A monitoria do estado de conservação
da floresta de mangal, mais especificamente o nível de degradação, envolveu a recolha de dados
sobre o estado das árvores adultas (CAP> 2.5 cm), através das seguintes categorias descritas por Li
& Lee (1997) e Feler & Sitink (2002):
 Árvore intacta: árvore que não apresenta nenhum sinal de dano/lesão;
 Árvore degradada: árvore que apresente uma parte destruída, mas
parte do seu caule/tronco em bom estado;
 Árvore desmatada: árvore completamente cortada na base e sem caule; e,
 Árvore seca: árvore seca cuja causa não é identificada.

De seguida, por cada quadrícula, foram aleatoriamente seleccionadas três sub-quadrículas de


tamanho 0.25 m2 (0.5m x 0.5m) para analisar o nível de regeneração através da identificação e
contagem das mudas (CAP <2.5 cm) e pneumatóforos. As sub-quadrículas foram também usadas
para a análise da distribuição e abundância do gastrópode T. palustris, cujos indivíduos foram
recolhidos e colocados em sacos devidamente etiquetados. Os conteúdos de cada saco foram
posteriormente lavados e processados. O processamento consistiu na contagem dos indivíduos e
medição do comprimento usando uma craveira com uma precisão de 0.01 mm. Todos os dados
recolhidos foram registados nas respectivas fichas de monitoria que se encontram no protocolo
de monitoria (Louro et al., 2017).

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Para cada estação de monitoria foi feita uma análise descritiva dos indicadores da estrutura do
mangal, nomeadamente: a composição específica, a percentagem de ocorrência absoluta das
espécies (F = n/N * 100 %, onde n = número de quadrículas amostradas onde a espécie ocorre; N
= número total de quadrículas amostradas), a abundância relativa das espécies (Ar = Mx/Mt * 100
%, onde Mx = número de indivíduos da espécie x, Mt = número total de indivíduos de todas as
espécies), o Diâmetro da Altura do Peito (DAP) (DAP = CAP/π), a média aritmética dos DAP e a
densidade média dos caules. Para o DAP analisou-se a distribuição da classe de tamanhos pelas
quatro estações de amostragem, aplicando a densidade de frequência (hx = f/n (ci – ci-1); onde hx =
densidade da frequência, f = frequência, n (ci – ci-1) = número de classes de tamanho). Acrescida
foi feita a análise do estado de conservação através do nível de degradação das árvores adultas,
calculando a média da densidade das árvores intactas, degradadas e secas e, do nível de
regeneração natural, através da média da densidade das mudas por estação de monitoria. Outro
indicador utilizado foi o padrão de abundância e distribuição do gastrópode T. palustris, através
do cálculo da densidade média e da distribuição da classe de tamanhos por estação de monitoria.
A distribuição da classe de tamanhos foi calculada usando a densidade de frequência acima
descrita.

Resultados e Discussão

Estrutura da Floresta: Composição específica, Percentagem de Ocorrência e Abundância Relativa


das Espécies
Nas estações de monitoria da floresta de mangal adjacente à RNP foram monitorados 146
indivíduos e identificadas três espécies de mangal, nomeadamente: A. marina, C. tagal e R.
mucronata. Em termos de percentagem de ocorrência nas diferentes estações de monitoria, a
espécie R. mucronata foi a mais comum, tendo sido observada nas quatro estações e em 11 das
12 quadrículas monitoradas. A espécie A. marina ocorreu apenas na estação de Liquelene e em
todas as quadrículas monitoradas. As espécies não identificadas foram maioritariamente
compostas por árvores degradadas e secas. A estação de monitoria de Marone apresentou maior
percentagem de ocorrência absoluta de espécies não identificadas (Tabela 2).

Tabela 2. Percentagem de ocorrência de espécies de mangal por estação de monitoria, RNP e áreas
adjacentes, Setembro de 2016 (NI = Não Identificada; valores entre parêntesis indicam o número de
quadrículas onde a espécie ocorreu).

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Espécie Estação de Estação de Estação de Estação de
Liquelene Malevacate Marone Mparane

A. marina 100.0% (3) 0.0% (0) 0.0% (0) 0.0% (0)

C. tagal 0.0% (0) 100.0% (3) 100.0% (3) 100.0% (3)

R. mucronata 100.0% (3) 100.0% (3) 100.0% (3) 66.7% (2)

NI 0.0% (0) 33.3%(1) 100.0%(3) 33.3%(1)

Em termos de abundância relativa das espécies para as quatro estações de monitoria, a espécie C.
tagal foi a mais abundante com 45.2%, seguindo-se R. mucronata (32.9%) e A. marina (11.6%;
Figura 4). Balidy (2005) confirmou também que C. tagal era a espécie mais abundante no
Pomene.

n = 146
100.0
A. marina C. tagal R. mucronata NI

80.0
Abundância Relativa (%)

60.0

40.0

20.0

0.0
Liquelene Mavecate Marone Mparane

Figura 4.Abundância relativa das espécies de mangal na área costeira adjacente à RNP, Setembro de 2016.

Densidades Médias das Árvores por Espécie


Na Tabela 3 apresentam-se as densidades médias de caules por espécie para cada estação. Nesta
tabela pode-se observar que a densidade de exemplares adultos de C. tagal em Mparane é
consideravelmente alta (0.6 ± 0.1 n.m-2), sendo igualmente uma espécie dominante na estação de
Marone. R. mucronata foi, no entanto, a espécie mais presente em Malevacate

11
Tabela 3.Densidade média de caules ± DP (indivíduos.m-2) das espécies de mangal por estação de monitoria
na área costeira adjacente à RNP, Setembro de 2016.O número total de indivíduos observados é
apresentado entre parênteses.

Espécie Estação de Estação de Estação de Estação de


Liquelene Malevacate Marone Mparane

A. marina 0.2± 0.1 (17) 0.0± 0.0 (0) 0.0± 0.0 (0) 0.0± 0.0 (0)

C. tagal 0.0± 0.0 (0) 0.1 ± 0.1 (6) 0.3 ± 0.2 (19) 0.6 ± 0.1 (41)

R. mucronata 0.2 ± 0.0 (12) 0.3 ± 0.1 (19) 0.1 ± 0.1 (9) 0.1±0.1 (8)

Ni 0.0 ± 0.0 (0) 0.0 ± 0.0 (1) 0.1 ± 0.0 (4) 0.1 ± 0.2 (10)

Diâmetros médios das árvores por Espécie


A estrutura da comunidade da floresta de mangal adjacente à RNP é descrita na Tabela 4. Entre
espécies, o diâmetro médio das árvores adultas variou entre 11.5 cm (± 2.85; variação: 4.1 – 14.5
cm) para a espécie A. marina, 8.4 cm (± 4.5; variação: 2.3 – 31.3 cm) para a espécie C. tagal e
11.3 cm (±4.4; variação: 3.6 – 26.1 cm) para a espécie R. mucronata.

Tabela 4.Diâmetro médio de caules ± DP (cm) das espécies de mangal por estação de monitoriana área
costeira adjacente à RNP, Setembro de 2016.O número total de indivíduos observados é apresentado entre
parênteses.

Espécie Estação de Estação de Estação de Estação de


Liquelene Malevacate Marone Mparane

A. marina 11.4 ± 2.9 (10) 0.0± 0.0 (0) 0.0± 0.0 (0) 0.0± 0.0 (0)

C. tagal 0.0± 0.0 (0) 11.0 ± 6.0 (3) 7.0 ± 2.7 (15) 8.0 ± 2.8 (28)

R. mucronata 9.2 ± 1.8 (7) 9.8 ± 4.2 (19) 15.3 ± 5.3 (9) 12.0 ± 2.0 (8)

Ni 0.0± 0.0 (0) 0.00 ± 0.00 (0) 19.8 ± 14.8 (3) 0.0± 0.0 (0)

Analisando os diâmetros das árvores de mangal em bom estado na RNP, a Figura 5 apresenta a
distribuição das classes ao longo das quatros estações de monitoria. A estação de monitoria de
Liquelene apresenta maior densidade de frequência para a espécie A. marina na classe entre 11.3
– 14.3 cm e para R. mucronata na classe entre 8.3 – 11.3 cm. A estação de monitoria de
Malevacate apresenta maior densidade de indivíduos de R. mucronata nas classes entre 5.3– 11.3
cm. A estação de Marone apresentou maior densidade de indivíduos de C. tagal na classes entre

12
os 2.3 – 8.3cm de diâmetro. A estação de Mparane apresentou maior densidade de indivíduos de
C. tagal nas classes de diâmetro entre 2.3 – 11.3 cm.

Estado de Conservação: Nível de Degradação


A análise do estado de conservação indicou que todas as estações de monitoria apresentam
diferentes níveis de degradação, sendo as estações de Liquelene e de Mparane as que
apresentaram maior percentagem de árvores cortadas, com 41% e 39%, respectivamente. No
geral, apenas na estação de monitoria de Liquelene é que se detectou o corte da A. marina e R.
mucronata (Tabela 5). Para as restantes três estações, C. tagal é a espécie preferencial para o
corte de estacas. A não preferência pelo corte de R. mucronata nas estações de monitoria de
Marone e Mparane pode estar associada ao facto das manchas de mangal dominadas por
indivíduos desta espécie serem de difícil acesso devido à sua estrutura complexa.

13
Estação de Malevacate (n=22)
4.5
Densidade de Frequência 4.0 A. marina C. tagal R. mucronata Ni
3.5
3.0
2.5
2.0
1.5
1.0
0.5
0.0
3.8 6.8 9.8 12.8 15.8 18.8 21.8 24.8 27.8 30.8 33.8

4.5 Estação de Liquelene (n=17)


Densidade de Frequência

4.0
A. marina C. tagal R. mucronata Ni
3.5
3.0
2.5
2.0
1.5
1.0
0.5
0.0
3.8 3.8 6.8 9.8 12.8 15.8 18.8 21.8 24.8 27.8 30.8 33.8

4.5 Estação de Marone (n =27)


Densidade de Frequência

4.0
3.5 A. marina C. tagal R. mucronata Ni
3.0
2.5
2.0
1.5
1.0
0.5
0.0
3.8 6.8 9.8 12.8 15.8 18.8 21.8 24.8 27.8 30.8 33.8

4.5 Estação de Mparane (n=37)


Densidade de Frequência

4.0
3.5 A. marina C. tagal R. mucronata Ni
3.0
2.5
2.0
1.5
1.0
0.5
0.0
3.8 6.8 9.8 12.8 15.8 18.8 21.8 24.8 27.8 30.8 33.8

Figura 5. Densidade de frequência das classes de diâmetros (cm) das árvores de mangal nas estações de
monitoria, adjacentes à RNP, Setembro de 2016.

14
Tabela 5. Estado de conservação da comunidade de mangal da RNP e áreas adjacentes, Setembro de
2016.O número total de indivíduos observados é apresentado entre parênteses.

Intacta Degradada Seca


Estação de Espécie
Densidade Média Densidade Densidade
Monitoria
n.m-2 (±DP) Média n.m-2(± Média n.m-2(±
DP) DP)

Liquelene A. marina 0.1 ± 0.0 0.1 ± 0.1 0.0 ± 0.0

R. mucronata 0.1 ± 0.1 0.1 ± 0.1 0.0 ± 0.0

Média 0.1 0.1 0.0

Malevacate C. tagal 0.0 ± 0.0 0.0 ± 0.1 0.0 ± 0.0

R. mucronata 0.2 ± 0.1 0.0 ± 0.0 0.0 ± 0.0

NI 0.0 ± 0.0 0.1 ± 0.0 0.0 ± 0.0

Média 0.1 0.0 0.0

Marone C. tagal 0.2 ± 0.2 0.1 ± 0.1 0.0 ± 0.0

R. mucronata 0.1 ± 0.1 0.0 ± 0.0 0.0 ± 0.0

NI 0.0 ± 0.0 0.0 ± 0.0 0.0 ± 0.0

Média 0.2 0.0 0.0

Mparane C. tagal 0.4 ± 0.1 0.2 ± 0.2 0.0 ± 0.0

R. mucronata 0.1 ± 0.1 0.0 ± 0.0 0.0 ± 0.0

NI 0.0 ± 0.0 0.1 ± 0.2 0.0 ± 0.0

Média 0.2 0.2 0.0

15
a b

c d

Figura 6.Estações de monitoria de mangal adjacente à RNP: Estação de Malevacate (a, b) e Estação de
Mparane (c, d; Fotografias: Cristina M. M. Louro).

16
Nível de Regeneração
Com excepção da estação de Malevacate, todas as restantes estacões de monitoria apresentaram
evidências de regeneração do mangal com predominância de mudas da espécie C. tagal (Tabela
6). A não ocorrência de mudas na estação de monitoria de Malevacate pode estar associada,
entre outras causas, à predação das sementes de mangal por caranguejos da família Sesarmidaee
aves marinhas. Num estudo realizado nas florestas de mangal no Kenya, Dahdouh-Guebasetal.
(1998) comprovaram que os caranguejos da família Sesarmidae demonstram preferência
alimentar para sementes e mudas de mangal em estado de regeneração. Segundo estes autores,
a preferência alimentar pode estar associada ao facto destas estruturas vegetais possuírem
elevados teores de açúcares simples e baixos teores de fibras e taninos, contrariamente às plantas
em estado adulto que possuem grandes quantidades de fibras e proteínas de difícil digestão.

Tabela 6.Densidade média ± DP (indivíduuos.m-2) de mudas em regeneração de mangal por estação de


monitoria, RNP e áreas adjacentes, Setembro de 2016.

Espécie Estação de Estação de Estação de Estação de


Liquelene Malevacate Marone Mparane

A. marina 0.9 ± 1.8 0.0± 0.0 0.9 ±1.8 0.0± 0.0

C. tagal 22.2 ±13.7 0.0± 0.0 9.8 ± 11.9 12.4 ± 10.7

R. mucronata 0.0± 0.0 0.0± 0.0 0.0± 0.0 0.0± 0.0

Terebralia palustris
Um total de 319 indivíduos do gastrópode T. palustris foi colectado nas quatro estações de
monitoria adjacentes à RNP (Tabela 7; Figura 7). A densidade média de gastrópodes foi de
35.5indivíduos.m-2. O tamanho médio do gastrópode para as quatro estações foi de 6.4 cm (± 1.0;
variação: 4.1 – 9.8 cm). A maior densidade média deste gastrópode foi registada na estação de
Malevacate, mas os indivíduos com o maior tamanho médio foram registados na estação
Liquelene.

17
Tabela 7.Estrutura da comunidade de gastrópodes Terebralia palustris, na área costeira adjacente à RNP,
Setembro de 2016.

Estação de Monitoria Tamanho médio Densidade média

(cm; ± DP) (n.m-2; ± DP)

Liquelene 6.6 ± 0.1 37.8 ± 16.1

Malevacate 6.5 ± 1.0 59.6 ± 30.8

Marone 6.1 ± 1.0 37.3 ± 15.1

Mparane 6.4 ± 1.4 7.1 ± 16.2

A Figura 8 apresenta a distribuição das classes de tamanho deT. palustrispor estação de monitoria
na RNP. A população monitorada nas estações de monitoria de Liquelene e Malevacate
apresentam uma distribuição unimodal, com maior predominância de indivíduos com classes de
tamanhos que variam de 5.1 a 8.1 cm. A estação de Marone apresenta uma distribuição
polimodal, embora com menor predominância, possui também indivíduos com classes de
tamanhos entre 5.1 a 8.1 cm. As distribuições polimodais são características de populações de
organismos que têm pulsos de recrutamento, ou diferentes taxas de mortalidade que estão
sempre associadas às mudanças de comportamento dos organismos em causa (Litulo, 2005).

Figura 7.Gástropode T. palustris no mangal da área adjacente à RNP, Setembro de 2016.

18
70.0
Estação de Liquelene (n= 85)

Densidade de frequência
60.0
50.0
40.0
30.0
20.0
10.0
0.0
4.6 5.6 6.6 7.6 8.6 9.6 10.6

70.0
Estação de Malevacate (n=134)
Densidade de frequência

60.0
50.0
40.0
30.0
20.0
10.0
0.0
4.6 5.6 6.6 7.6 8.6 9.6 10.6

70.0 Estação de Marone (n=84)


Densidade de frequência

60.0
50.0
40.0
30.0
20.0
10.0
0.0
4.6 5.6 6.6 7.6 8.6 9.6 10.6

70.0
Estação de Mparane (n = 16)
Densidade de frequência

60.0

50.0

40.0

30.0

20.0

10.0

0.0
4.6 5.6 6.6 7.6 8.6 9.6 10.6

Classes de Tamanho (cm)

Figura 8. Densidade de frequência da classe de tamanhos (cm) do gástropode T. palustrisno mangal da área
adjacente à RNP, Setembro de 2016.

19
Estudos realizados noutras regiões (e.g. Pape etal., 2008; Fratinietal., 2008; Rawetal., 2014)
mostraram que a densidade de T. palustris está associada à estrutura do habitat, neste caso, à
existência de pneumatóforos. Esta associação garante maior protecção de indivíduos adultos
contra a predação (e.g. pássaros, caranguejos, peixes, entre outros). Contudo, estes primeiros
dados não mostram uma associação clara entre a densidade de T. palustris e de pneumatóforos
nas estações de monitoria, evidenciando por exemplo uma densidade de T. palustris em
Malevacate comparativamente maior à de Liquelene que apresenta uma densidade de
pneumatóforos maior. Uma série maior de dados e outros factores deverão ser considerados em
futuras análises (Figura 9).

100
90
80
Densidade (ind.m-2)

70
60
50
40
30
20
10
0
Liqueleni Malevacati Maroni Mparane

0.25 Terebralia palustris (ind/0,25m2) 0.25 Pneumatóforos (ind/0,25m2)

Figura 9. Densidade média ± DP (indivíduos.m-2) do gastrópode T. palustris e pneumatóforos no mangal da


área costeira adjacente à RNP, Setembro de 2016.

RECIFES DE CORAL

Antecedentes
Os recifes de coral da RNP foram muito pouco estudados. Dos estudos publicados (Muaves, 2005,
Porter, 2009; Sebastián et al., 2009 e Porter etal., 2013) todos foram realizados no âmbito de uma
expedição que visitou um único recife (Zâmbia). Assim, a informação existente é muito preliminar
e estudos sobre a distribuição, ecologia básica e diversidade dos recifes são essenciais.

20
Recifes Visitados
Quatro recifes foram visitados: Trojan, Kitwe, Steps e Rappies (Figura 10; Tabela 8) de forma
exploratória para posterior avaliação e estabelecimento de estações de monitoria.Estes recifes
foram escolhidos dentre vários existentes na área, através de entrevistas e discussões com
operadores de mergulho. Os recifes Trojan e Kitwe fazem parte do complexo de recifes do Baixo
Zâmbia, localizado a cerca de 8 milhas náuticas do estuário do Pomene, enquanto que Steps e
Rappies estão a menos de 1 milha náutica do velho hotel do Pomene. Dado que a RNP é
essencialmente uma reserva terrestre, todos os recifes visitados localizam-se fora dos actuais
limites da reserva.

Dos quatro recifes visitados, a amostragem das comunidades bentónicas foi apenas efectuada em
dois recifes: Kitwe e Trojan. Os recifes Steps e Rappiesnão foram amostrados quantitativamente,
dada a sua natureza (respectivamente em forma de parede muito íngreme e pináculo) e
cobertura de coral muito pobre (< 5%), tendo sido, por isso, descartados como potenciais
estações de monitoria.

Figura 10. Localização dos recifes visitados e adjacentes àRNP, Setembro 2016 (adaptado de GoogleEarth).

21
Tabela 8. Coordenadas geográficas, descrição e esforço de amostragem das comunidades bentónicas em
cada recife visitado na linha de costa adjacente à RNP, Setembro 2016.

Trojan Kitwe Steps Rappies


Latitude S22o 46.620 S22o45.613 S22o 56.347 S22o55.868
Longitude E35o 34.257 E35o 34.375 E35o36.672 E35o 36.754
Profundidade (m) 15-18 18-20 10-16 18-20
N transectos 4 3 * *
N foto-quadrículas 110 101 * *
N pontos aleatórios 880 808 * *

Metodologia
As comunidades bentónicas foram documentadas por um mergulhador, usando equipamento
SCUBA, através de fotografia submarina digital de alta resolução. Foto-quadrículas foram tiradas
em intervalos regulares (que são determinados pelo tempo mínimo de gravação de cada
imagem), usando uma máquina fotográfica digital Nikon E4800. As foto-quadrículas foram tiradas
em transectos ao longo dos recifes de modo a analisar a variabilidade e diversidade das
comunidades bentónicas em zonas fisiognómicas e batimétricas similares. A área fotografada em
cada foto-quadrícula foi mantida constante (aproximadamente 0.3 m2), através de uma barra de
espaçamento entre o substrato e a câmara. A distância entre os foto-transectos foi cerca de 10
metros. Cada transecto foi composto em média por aproximadamente 30 foto-quadrículas. No
total, sete transectos foram efectuados, incorporando 211 foto-quadrículas (Tabela 8).

A informação foi extraída das foto-quadrículas usando a técnica de intercepção de ponto, onde as
imagens no formato JPEG, foram analisadas usando o software CPCe 4.1 (Kohler & Gill, 2006).
Oito pontos foram colocados aleatoriamente em cada imagem e a categoria bentónica por baixo
de cada ponto, identificada até ao nível taxonômico mais baixo possível. As categorias
morfológicas propostas por English et al. (1994) foram usadas. No total, 1688 pontos aleatórios
foram analisados (Tabela 8).

Observações gerais sobre a comunidade ictiológica foram anotadas e uma lista não exaustiva de
espécies de peixes de recife foi compilada em cada um dos recifes visitados, incluindo espécies
capturadas pela pesca recreativa. As espécies foram identificadas através da observação directa e
uso de literatura de referência (Lieske & Myers, 1999; King & Fraser, 2014).

22
Resultados e Discussão
Os recifes Steps e Rappies, tal como referido anteriormente, apresentaram cobertura bentónica
muito baixa (<5%), sendo a pobre fauna bentónica essencialmente dominada por esponjas
encrustantes e vasiformes. Estes últimos recifes estão localizados em zonas de elevada corrente e
turbulência, além de níveis consideráveis de turbidez e sedimentação. Nos dois recifes
amostrados (Trojan e Kitwe), as categorias coral (incluindo as diversas sub-categorias) e calhau
(i.e. pedaços soltos de coral morto), rocha com algas (coral morto antigo e consolidado coberto
por algas) e sedimento livre, foram as mais abundantes (Tabela 9).

Tabela 9. Percentagem de cobertura (±DP) das categorias bentónicas gerais em cada um dos recifes
monitoradose adjacentes à na RNP, Setembro de 2016.

Categoria Trojan Kitwe


Coral 35.6 ± 6.1 27.6 ± 1.9
Macroalgas 0.9 ± 1.2 1.0 ± 0.3
Algas coralinas 0.2 ± 0.3 0.0 ± 0.0
Moluscos 0.0 ± 0.0 0.0 ± 0.0
Ascídias 2.1 ± 1.4 0.3 ± 0.6
Outros invertebrados 4.4 ± 2.6 2.7 ± 1.6
Areia, Rocha/alga, Calhau 55.8 ± 9.0 66.7 ± 3.4
Sombra 0.4 ± 0.4 0.0 ± 0.0

Dentro da categoria “corais”, um padrão comum de dominância foi observado em ambos os


recifes (Tabela 10), onde as categorias predominantes foram os corais moles e corais duros
incrustantes e tabulares, especialmente dos géneros Acropora, Echinopora, Montipora,
Lobophytum e Sinularia (Anexo 2).

As comunidades bentónicas do recife Trojan apresentam uma maior diversidade no que concerne
às formas de crescimento de coral e outros invertebrados, tendo sido observados corais pretos,
ascídeas, esponjas, entre outros. Este recife é caracterizado por uma elevada complexidade
topográfica com cavernas, quebras íngremes e arcos. Por outro lado, Kitwe, sendo essencialmente
formado por dois pináculos, é um recife de dimensões comparativamente menores e possui uma
interessante comunidade bentónica quase que exclusivamente dominada por corais duros
tabulares (Acropora) e encrustantes (Montipora e Echinopora), uma baixa cobertura de corais
moles e outros invertebrados. É de realçar a dominância dos corais duros tabulares do género
Acropora nestes recifes expostos, apesar de serem tradicionalmente considerados como frágeis.

23
Em nenhum dos recifes foram observados sinais recentes de branqueamento das comunidades
coralinas ou a presença da estrela-do-mar predadora de corais Acanthaster planci.

Tabela 10. Percentagem de cobertura (±DP) das categorias bentónicas gerais em cada um dos recifes
monitorados e adjacentes à RNP, Setembro de 2016.As categorias mais bem representadas são destacadas
em negrito.

Categoria Trojan Kitwe


Coral duro digitado 0.0 ± 0.0 0.0 ± 0.0
Coral duro encrustante 5.4 ± 3.1 5.0 ± 1.0
Coral duro folioso 0.7 ± 1.0 0.0 ± 0.0
Coral duro livre 0.0 ± 0.0 0.0 ± 0.0
Coral duro massivo 1.3 ± 0.8 0.9 ± 0.6
Coral duro ramificado 5.1 ± 1.6 0.6 ± 0.8
Coral duro submassivo 0.0 ± 0.0 0.0 ± 0.0
Coral duro tabular 8.1± 5.7 14.6 ± 3.9

Total coral duro 20.6 ± 8.6 21.2 ± 2.6

Coral mole 11.6 ± 3.7 2.5 ± 1.1


Coral fogo 0.1 ± 0.2 0.0 ± 0.0
Coral não-identificado 3.2 ± 1.8 2.1 ± 2.4

Total coral vivo 35.6 ± 6.1 25.7 ± 1.3

Coral morto com algas 0.0 ± 0.0 1.9 ± 1.1


Coral morto recente 0.0 ± 0.0 0.0 ± 0.0

No que diz respeito às comunidades ictiológicas, devido às condições de fortes correntes e fraca
visibilidade encontradas durante os mergulhos, um número muito reduzido de espécies foi
identificado. No total, 43 espécies em 20 famílias foram positivamente identificados (Anexo 3).
Espera-se que este número venha a subir substancialmente à medida que novos levantamentos
sejam efectuados. As famílias Acanthuridae (cirurgiões), Chaetodontidae (peixes-borboleta) e
Labridae (bodiões) foram as mais ricas (Anexo 3). De um modo geral, a comunidade de peixes dos
recifes visitados mostrou-se rica tanto em termos de diversidade como abundância, apesar da

24
grande pressão de pesca tanto artesanal como recreativa/desportiva. Foram observados
cardumes de peixes predadores de interesse comercial, como barracudas (família Sphyraenidae) e
xáreus (Carangidae), incluindo espécimes de grande tamanho de garoupa gigante (Epinephelus
tukula) e xáreu ignóbilis (Caranx ignobilis).

TARTARUGAS MARINHAS

Antecedentes
No sul de Moçambique ocorrem quatro espécies de tartarugas marinhas, a tartaruga cabeçuda
(Caretta caretta), a tartaruga coriácea (Dermochelys coriacea), a tartaruga de pente (Eretmochelys
imbricata) e a tartaruga verde (Chelonia mydas; Videira et al., 2008). Na linha de costa adjacente
aos limites da RNP existem indícios, segundo informação do Comité de Co-Gestão Comunitário
dos Recursos Naturais (CCGRN), que possam desovar duas espécies: a tartaruga cabeçuda e a
tartaruga coriácea. No entanto, e devido à proximidade do PNAB e do Cabo de São Sebastião,
existe uma grande probabilidade de ocorrência da tartaruga de pente e da tartaruga verde nas
águas e nidificação nas praias adjacentes à RNP (Zolho et al., 2016). A extensão dos limites
costeiros e marinhos da RNP, bem como o início do programa de monitoria irá contribuir para um
maior enriquecimento do conhecimento da ecologia destas espécies, como também para a sua
conservação. Em Moçambique, as tartarugas marinhas, embora protegidas por lei, encontram-se
ameaçadas e por isso requerem uma harmonização de esforços para a sua protecção (Videira et
al., 2008).

A monitoria das tartarugas marinhas tem como objectivo a colecta de dados sobre a actividade de
desova e casos de mortalidade, como forma de contribuir, a longo prazo para o conhecimento do
estado de conservação das tartarugas marinhas. Especificamente pretende-se:
 Determinar a composição específica;
 Determinar o número de rastos com e sem ninho;
 Determinar o número de fêmeas nidificantes por espécie;
 Determinar os principais locais de desova por espécie; e,
 Determinar o número de casos de mortalidade por espécie.

Área de Monitoria
De acordo com o levantamento preliminar feito junto aos membros do CCGRN, a praia de
nidificação de tartarugas marinhas é a linha de praia adjacente ao limite Este da Reserva, com

25
uma extensão de aproximadamente 16 km, que se estende do ponto denominado por Rio das
Pedras (Comunidade de Nhaúsha), a sul, até à Ponta da Barra Falsa (Pomene 4), a norte. A linha
de costa será dividida em duas secções: (1) Nhaúsha 1 – Pomene 2: 7 km; (2) Pomene 2 – Pomene
6: 9 km (Anexo 4).

Metodologia
A metodologia adoptada tem como base a metodologia desenvolvida pelo programa de monitoria
e conservação de tartarugas marinhas na RMPPO. A monitoria da actividade de desova ocorre de
Setembro a Março e consiste na patrulha nocturna ou logo pela manhã, feita a pé pelos fiscais da
RNP. No geral, esta monitoria consiste na identificação de rastos e/ou ninhos que são
posteriormente marcados, dissimulados e controlados diariamente. Durante a patrulha as
técnicas de monitoria e identificação de rastos, fêmeas em desova e ninhos e o preenchimento
sequenciado das fichas de monitoria (e.g. esforço, rastos, ninhos mortalidadee marcação)
conforme descritos por Louro et al. (2017) são seguidas e respeitadas. A monitoria de casos de
mortalidade ocorre ao longo de todo o ano e requer o preenchimento da respectiva ficha de
mortalidade que tem como campos: identificação da espécie, comprimento e largura da carapaça,
estado de decomposição e potencial causa de morte.

Resultados e Discussão
De acordo com a Administração da RNP a monitoria de tartarugas marinhas não foi implementada
durante a época de desova 2016/2017.

4. RECOMENDAÇÕES

Actividades Recreativas e Desportivas


No âmbito do programa de monitoria:
 Identificar estratégias para a implementação desta actividade de monitoria. Sendo que
indicativamente se propõe o potencial reforço de quadro de fiscais, a planificação das
actividades de monitoria e o fortalecimento da comunicação com os operadores turísticos
sobre a sua relevância para a gestão da RNP e áreas adjacentes.

Floresta de Mangal
No âmbito do programa de monitoria:

26
 Promover a melhoria da monitoria das florestas de mangal através do aumento de estações
de monitoria, aumento do número de réplicas das quadrículas nas estações de monitoria
estabelecidas de modo a obter dados que reflictam o real estado de conservação da floresta
de mangal e fauna associada;
 Promover a monitoria de parâmetros físico-químicos (e.g. temperatura, salinidade, pH e
matéria orgânica e sedimento) para melhor analisar a relação existente entre estes
parâmetros, a ocorrência e distribuição de espécies de mangal, do gastrópode T. palustris e o
grau de regeneração de plântulas;
 Estimar a cobertura vegetal e os níveis de perda das florestas de mangal através da obtenção
e análise de imagens satélite;
 Continuar a monitoria anual das florestas de mangal, garantindo o menor número de
interrupções na série de dados, para obter, a longo prazo, tendências sobre o seu estado de
conservação; e,
 Promover a realização de mais estudos relativos à distribuição, composição e biodiversidade
das florestas de mangal na RNP e áreas adjacentes.

No âmbito da gestão dos recursos:


 Providenciar o treino dos fiscais em matérias relacionadas com a identificação de
espécies, técnicas de monitoria, bem como o uso de GPS de modo a garantir um maior
envolvimento destes nas campanhas de monitoria;
 Definir medidas de gestão e conservação específicas para as estações de monitoria que
apresentem sinais de degradação por acções antropogénicas;
 Envolver os Comités de Co-Gestão de Recursos Naturais em acções que visam a redução
de corte de mangal; e,
 Melhorar a fiscalização das florestas de mangal.

Recifes de Coral
No âmbito do programa de monitoria:
 Promover a continuação da monitoria anual das comunidades coralinas, garantindo o menor
número de interrupções na série de dados, de modo a permitir uma melhor interpretação das
causas e consequências da degradação dos recifes; e,
 Promover a realização de mais estudos relativos à distribuição, composição e biodiversidade
dos recifes de coral na RNP.

27
No âmbito da gestão dos recursos:
 Promover a melhoria da fiscalização e gestão dos recursos pesqueiros e actividades
recreativas nos recifes adjacentes à RNP.

Tartarugas Marinhas
No âmbito do programa de monitoria:
 Promover a realização da monitoria anual para obter, a longo prazo, tendências sobre o
seu estado de conservação.

No âmbito da gestão dos recursos:


 Melhorar a fiscalização das espécies marinhas protegidas.

28
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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composição específica e regeneração natural de mangal no Sul de Moçambique. CDS-ZC.
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mangrove structure and condition in two trans-boundary areas in the Western Indian
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network of marine laboratories, parks and reserves. Manual of methods for monitoring
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31
6. ANEXOS

Anexo 7.1. Localização e coordenadas geográficas das quadrículas por cada estação de monitoria
da floresta de mangal adjacente à RNP, Setembro 2016 (adaptado de GoogleEarth).

25 m

Estação de Monitoria Liquelene


Quadrícula 1 Latidude:22055.997´ Longitude:35034.828´
Quadrícula 2 Latidude: 22056.011´ Longitude: 35034.823´
Quadrícula 3 Latidude: 22056.014´ Longitude: 35034.834´

32
Anexo 7.1. Continuação.

25 m

Estação de Monitoria Malevacate


Quadrícula 1 Latidude:22056.335´ Longitude:35034.748´
Quadrícula 2 Latidude:22056.339´ Longitude:35034.748´
Quadrícula 3 Latidude:22055.337´ Longitude:35034.763´

33
Anexo 7.1. Continuação.

25 m

Estação de Monitoria Marone


Quadrícula 1 Latidude:22° 56.192'S Longitude:35° 34.763'E
Quadrícula 2 Latidude:22° 56.187'S Longitude:35° 34.754'E
Quadrícula 3 Latidude:22° 56.199'S Longitude:35° 34.757'E

34
Anexo 7.1. Continuação

25 m

Estação de Monitoria Mparane


Quadrícula 1 Latidude:22°56.183'S Longitude:35°34.833'E
Quadrícula 2 Latidude:22°56.175'S Longitude:35°34.842'E
Quadrícula 3 Latidude:22°56.167'S Longitude:35°34.841'E

35
Anexo 7.2.Percentagem de cobertura (DP) de géneros ou grupos de coral identificados em cada
recife monitoradoe adjacente à RNP, Setembro 2016. Os géneros ou grupos mais abundantes em
cada recife são destacados em negrito.

Trojan Kitwe
Género / Grupo
Média DP Média DP
Acropora 9.9 4.9 16.6 3.2
Echinopora 2.4 3.0 1.1 0.4
Favia 0.4 0.6 0.1 0.2
Favites 1.2 0.5 0.4 0.4
Galaxea 0.0 0.0 0.1 0.2
Goniopora 0.1 0.2 0.0 0.0
Lobophytum 6.3 2.2 1.1 1.1
Montipora 1.5 3.0 1.6 0.8
Nephthiid 2.1 1.0 0.2 0.2
Pachyseris 0.8 1.5 0.5 0.9
Platygyra 0.1 0.2 0.4 0.8
Pocillopora 3.7 1.3 0.1 0.2
Sinularia 3.2 2.9 1.1 1.7
Tubipora 0.0 0.0 0.0 0.0
Turbinaria 0.4 0.9 0.0 0.0

36
Anexo 7.3. Lista de espécies de peixes litorais identificadas nos recifes de coral adjacentes à
RNP.Taxonomia segue King & Fraser (2014).

Acanthuridae Haemulidae Pempheridae


Acanthurus dussumieri Dinoperca petersi? Pempheris adusta
Acanthurus gahhm Plecthorhinchus chubbi
Acanthurus leucosteron Plecthorhincus flavamaculatus Pomacanthidae
Acanthurus lineatus Plecthorhincus playfairi Apolemichthys trimaculatus
Acanthurus nigrofuscus Plectorhincus vittatus Centropyge acanthops
Acanthurus tennentii Centropyge multispinis
Naso elegans Labridae Pomachantus imperator
Zebrasoma desjardinni Bodianus anthioides Pomachantus semicirculatus
Bodianus diana
Apogonidae Gomphosus caeruleus Pomacentridae
Aulostomus chinensis Halichoeres hortulanus Abudefduf vaigiensis
Labroides dimidiatus Amphiprion akallopisos
Balistidae Thalassoma hebraicum Chromis fieldi
Balistoides conspicillum Thalassoma lunare Dascyllus trimaculatus
Odonus niger Scarus ghobban
Sufflamen bursa Lethrinidae Scarus rubroviolaceus
Sufflamen chrysopterum Lethrinus harak Scarus tricolor

Caesionidae Lutjanidae Anthiinae


Caesio caerularea Lutjanus bengalensis Pseudanthias connelli
Caesio teres Lutjanus bohar Pseudanthias cooperi
Caesio xanthonota Lutjanus ehrenbergii Pseudanthias squamipinnis
Lutjanus fulviflama
Carangidae Lutjanus kasmira Epinephelinae
Caranx ignobilis Lutjanus lutjanus Cephalopholis miniata
Paracaesio xanthura Epinephelus flavocaeruleus
Chaetodontidae Epinephelus tukula
Chaetodon auriga Mullidae Plectropomus laevis
Chaetodon falcula Mulloidichthys ayliffe Canthigaster valentini
Chaetodon guttatissimus Mulloidichthys vanicolensis
Chaetodon interruptus Mulloidichthys flavolineatus Siganidae
Chaetodon lunula Parupeneus indicus Siganus sutor
Chaetodon trifascialis Parupeneus trifasciatus
Hemitaurichthys zoster
Heniochus monoceros Muraenidae Canthigasterinae
Heniochus acuminatus Gymnothorax favagineus Canthigaster valentini
Forcipiger flavissimus
Ostraciidae Zanclidae
Ostracion cubicus Zanclus cornutus

37
Anexo 7.4.Localização e coordenadas geográficas das potenciais estações de monitoriade
tartarugas marinhas na linha de costa adjacente à RNP(adaptado de GoogleEarth).

Secção de Monitoria
Nhaúsha 1 – Pomene 2 Latidude:S 023°04´.034 Longitude:E 035°31´.78.3
(N1 – P2) Latidude:S 023°00´.517 Longitude:E 035°34´.09.2
Pomene 2 – Pomene 6 Latidude:S 023°00´.517 Longitude: E 035°34´.09.2
(P2 – P6) Latitude: S 022°56´.856 Longitude: E 035°35´.00.5

38

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