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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDONÓPOLIS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS


CURSO DE LETRAS INGLÊS

NOME DO GRUPO: Krak’na.

RELAÇÃO SER HUMANO V/S NATUREZA

Trabalho apresentado como requisito


parcial para avaliação na disciplina de
Filosofia da Linguagem ministrada
pelo Prof. Miguel E.S. Espinoza.

Rondonópolis
2023
Introdução.

O ser humano é um produto da natureza, mas o que difere dos outros seres da
natureza, pois ele já nasceu com a filogênese que seria um potencial genético para a
linguagem e a ontogênese que é o potencial de pensar, sendo que pensamento e a
linguagem tem origem diferente, Vygotsky acreditava que o homem não é apenas um
produto da natureza, mas também da cultura, e que é por meio da interação com
outras pessoas e com o ambiente que ele se desenvolve e constrói sua compreensão
do mundo, com sua filogênese, tem a opção de não seguir muitas vezes o curso da
natureza, assim modificando a natureza, tendo uma relação entre elas, pois o homem
não apenas necessita os recursos da natureza para sobreviver, o homem faz parte da
natureza, ele é um ser natural, apenas suas ações que podem fazer algo inatural,
sendo assim o uso da linguagem como mediação para um meio cultural assim tendo
relação a natureza, ou seja, o homem por meio da linguagem tem noção do que é real
é começa a ter ação sobre o que seria natural, portanto, o homem tem a capacidade
de escolha e não seguir o fluxo que muitas vezes a natureza o opõe.

Quando falamos sobre linguagem, primeiramente temos que entender a linguagem


usada pelo ser humano, que é a linguagem natural. A linguagem natural nada mais é
que a linguagem humana, aquela que aprendemos desde o nascimento. É a forma
mais simples de se entender e ser entendido, pois a partir da linguagem, podemos
simbolizar pensamentos e entender pensamentos de outras pessoas, facilitando a
troca de experiências e conhecimentos. A partir daí podemos moldar os mais
diferentes entendimentos, culturas, usos e costumes. Trazendo como exemplo as
visões do filósofo René Descartes e Davi Kopenawa que é líder indígena do povo
yanomami. Ambos tinham percepções muito diferentes sobre a relação entre ser
humano e natureza. Enquanto Descartes defendia a ideia de que a natureza é um
recurso a ser explorado e dominado pelo ser humano e acreditava que o ser humano é
separado e distinto da natureza, e que a natureza existe apenas para servir aos
propósitos humanos. Ele defendia a ideia de que o ser humano é superior às outras
criaturas da natureza, e que consegue dominar e controlar a natureza por meio da
ciência e da tecnologia. Kopenawa por sua vez, tem uma visão muito diferente da
relação entre ser humano e natureza. Ele acredita que os seres humanos são parte da
natureza e estão interconectados com ela, e devem viver em harmonia com a
natureza, respeitando-a e protegendo-a.

Relação ser humano v/s natureza

O ser humano tem a capacidade de pensar, o que difere dos demais seres da
natureza, é um ser sócio-histórico capaz de usar a linguagem para produzir cultura em
meio social, pois só nós temos a consciência de nós mesmo e tudo o que nos cerca,
temos noção de passado, presente e futuro, e do qual somos ricos em todas as
culturas que nos compõem, a cultura vai contra natureza, pois ela transforma o
ambiente, se possuímos linguagem, estamos então na ordem da cultura e não da
natureza. “O ser humano, através da linguagem e do trabalho a natureza e cria a
cultura” (Maluf, p 3).

Para Marx, há uma midiatização da sociedade com a natureza e a motivação dessa


interação é o processo de trabalho, pois tanto o Sujeito (o trabalhador), como o Objeto
(a matéria-prima a ser transformada) são fornecidos pela natureza ao trabalho. A
dialética se dá, na maneira em que o homem interage com a natureza. ““A natureza se
torna dialética produzindo os homens, tanto como sujeitos transformadores que agem
conscientemente em confronto com a própria natureza, quanto como forças da
natureza.”

A filosofia da linguagem, quando aplicada à relação entre o homem e a natureza,


revela uma dinâmica complexa e reveladora. A linguagem atua como um espelho da
nossa percepção da crise ambiental, refletindo as atitudes, valores e crenças
subjacentes à nossa interação com o mundo natural. Ao examinarmos os termos que
utilizamos, como "sustentabilidade", "exploração" e "equilíbrio", percebemos que
essas palavras não são meros símbolos, mas reflexos das nossas visões sobre o
ambiente que nos cerca.

Os termos que escolhemos para discutir a crise ambiental moldam a maneira como a
compreendemos e abordamos. Palavras como "sustentabilidade" carregam a noção de
preservação a longo prazo, enquanto termos como "colapso" ressoam com a ideia de
um sistema à beira do colapso. Esses termos influenciam nossas emoções e atitudes,
moldando a gravidade que atribuímos à crise e direcionando nosso engajamento em
soluções. A linguagem, portanto, não é apenas um veículo de comunicação, mas uma
janela para nossa relação intrincada com a natureza e nossa reação diante dos desafios
ecológicos.

Ao explorarmos a filosofia da linguagem nesse contexto, somos instados a reconhecer


a necessidade de adotar uma abordagem egocêntrica na nossa linguagem. Isso envolve
não apenas reconhecer a interconexão entre todos os seres vivos, mas também
escolher palavras que promovam uma visão de harmonia, respeito e cooperação com
o ambiente natural. Através dessa reflexão linguística, podemos transcender o
antropocentrismo linguístico, criando uma base para uma narrativa que impulsiona a
ação sustentável e a reconciliação com a natureza.

DELIMITAÇÃO DO TEMA

Se a linguagem fosse natural as palavras possuiriam um sentido próprio e necessário,


sendo a linguagem um instrumento social, é algo construído culturalmente em
sociedade, a consciência e ponto principal para haver uma relação entre ser humano e
natureza, pois o sujeito como ser pensante desenvolve a percepção do objeto, tendo a
ideologia de ele existe e suas ações e as coisas que o cerca, sendo o próprio conceito de
natureza sendo algo social como sistematicamente histórica “... Mas, de acordo com a
teoria física da natureza universal, não é o mundo biológico e sim o mundo físico que
está na base da natureza". (Smith, 1988:33-34).

De acordo com Vygotsky, A mediação é a relação entre sujeito e mundo, não há uma
relação direta, porque se todos se convencerem que uma coisa é uma coisa, então ela só
é. "Mediação em termos genéricos é o processo de intervenção de um elemento
intermediário numa relação; a relação deixa, então, de ser direta e passa a ser mediada
por esse elemento" (OLIVEIRA, 2002, p. 26).

Qual a maior diferença entre o ser humano e a natureza? A natureza é absoluta. A


natureza consegue viver sem o humano mas é possível que um humano sobreviva sem
natureza?

Porém mesmo com esse fator, o antropocentrismo faz a humanidade acreditar ter
alguma relevância para a natureza realmente, as diferentes linguagens proporcionam
diferentes visões da realidade.

Em algumas culturas a natureza é realmente retratada como absoluta, uma divindade,


porém na atualidade, muitos a veem como meio de lucro.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Segundo Smith (1988) a sociedade tem os aspectos naturais que nela regem, em
outras palavras, o homem modifica o que seria natural, por meio de comportamentos
sócio-históricos, segundo seus conceitos: “justificando a normalidade destes
comportamentos (guerra, racismo, pobreza e riqueza etc.) ao atribuí-los à vontade de
Deus.” sendo a cultura um produto histórico, não algo natural.
A concepção do que é natural não é natural, pois é uma idealização humana, da qual
o homem em sua crença vai contra toda ideia do que ela seria. “essa visão de natureza-
objeto versus homem-sujeito parece não considerar que o termo sujeito, além de
significar um ser ativo, dono de seu destino, também pode indicar que podemos estar
submetidos a determinadas circunstâncias.”. (Gonçalves, 1998)
O ser humano é uma coisa e a natureza é outra. O ser humano em sua essência é natural,
porém, é um ser racional que possui a filogênese (história da espécie), que é o
desenvolvimento da espécie humana e ontogênese (história do próprio indivíduo), que é
como casa pessoa se desenvolve. A natureza é governada por leis e se refere aos
fenômenos naturais, como água, terra, animais que são seres naturais, irracionais e agem
por instinto, entre outros. “Lembrando que o modo de se pensar a natureza no mundo
ocidental moderno e contemporâneo é radicalmente diferente de épocas anteriores. Daí
a importância de se considerar o contexto histórico e a pluralidade da sociedade e suas
implicações nas questões socioambientais da atualidade e no fazer da Educação
Ambiental" (PORTO-GONÇALVES, 2000).
A mediação é a relação entre sujeito e mundo, não há uma relação direta, porque se
todos se convencerem que uma coisa é uma coisa, então ela só é. "Mediação em termos
genéricos é o processo de intervenção de um elemento intermediário numa relação; a
relação deixa, então, de ser direta e passa a ser mediada por esse elemento"
(OLIVEIRA, 2002, p. 26).

O que caracteriza o homem enquanto ser racional e a linguagem. A linguagem desde a


formulação de som e signos até a construção de conceitos, moralidades, princípios e
identidade.
“Se criássemos juntos um bebê humano e um macaquinho, não veríamos muitas
diferenças nas reações de cada um nos primeiros contatos com o mundo e as pessoas. O
desenvolvimento da percepção, da preensão dos objetos, do jogo com os adultos é feito
de forma similar, até que em dado momento, por volta dos dezoito meses, o progresso
do bebê humano torna impossível prosseguirmos na comparação com o macaco, devido
à capacidade que o homem tem de ultrapassar os limites da vida animal ao entrar no
mundo do símbolo.”
Assim, enquanto a linguagem humana intervém como uma forma abstrata que distancia
o homem da experiência vivida, tornando-o capaz de reorganizá-la numa outra
totalidade e Ihe dar novo sentido. É pela palavra que somos capazes de nos situar no
tempo, lembrando o que ocorreu no passado e antecipando o futuro pelo pensamento.
Enquanto o animal vive sempre no presente, as dimensões humanas se ampliam
para além de cada momento. É por isso que podemos dizer que, mesmo quando o
animal consegue resolver problemas, sua inteligência é ainda concreta. Já o homem,
pelo poder do símbolo, tem inteligência abstrata. Se a linguagem, por meio da
representação simbólica e abstrata, permite o distanciamento do homem em relação ao
mundo, também é o que possibilitará seu retorno ao mundo para transformá-lo.
Portanto, se não tem oportunidade de desenvolver e enriquecer a linguagem, o homem
torna-se incapaz de compreender e agir sobre o mundo que o cerca.
“ Não basta que dois sujeitos conscientes tenham os mesmos órgãos e o mesmo sistema
nervoso para que em ambos as mesmas emoções se representem pelos mesmos signos.
O que importa é a maneira pela qual eles fazem uso de seu corpo [...]. O uso que um
homem fará de seu corpo é transcendente em relação a esse corpo enquanto ser
simplesmente biológico. Gritar na cólera ou abraçar no amor não é mais natural ou
menos convencional do que chamar uma mesa de mesa. Os sentimentos e as condutas
passionais são inventados, assim como as palavras. Mesmo aqueles sentimentos que,
como a paternidade, parecem inscritos no corpo humano, são, na realidade, instituições.
É impossível sobrepor, no homem, uma primeira camada de comportamentos que
chamaríamos de “naturais” e um mundo cultural ou espiritual fabricado. No homem,
tudo é natural e tudo é fabricado, como se quiser, no sentido em que não há uma só
conduta que não deva algo ao ser simplesmente biológico – e que ao mesmo tempo não
se furte à simplicidade da vida animal.”
Comecemos por identificar o que há de comum e de desigual entre o ser humano e os
animais. As especificidades do nosso gênero deixam claro que as diferenças existentes
não estão apenas nos graus diversos de inteligência, pois, enquanto os animais
permanecem mergulhados na natureza, somos capazes de transformá-la em cultura. E a
cultura torna-se possível graças à nossa capacidade de simbolizar.
Referências

MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. 2. ed. São Paulo: Martins


Fontes, 1999. p. 256-257.

ARANHA , Maria Lúcia de Arruda. Filosofando: introdução à filosofia, volume


único / Maria Lúcia de Arruda Aranha, Maria Helena Pires Martins. — 6. ed. — São
Paulo: Moderna, 2016. P. 36-38.

ARANHA, Maria Lúcia de A. e MARTINS, Maria Helena P. Filosofando; introdução à


filosofia. 1. ed. São Paulo, Moderna, 1993. P. 3-6.

MALUF. Marcos. Dialética. Disponível em: < file:///C:/Users/UFR/Downloads/DIAL


%C3%89TICA%20%20%20%20DA%20%20%20%20%20NATUREZA.pdf >.
SMITH, N. Desenvolvimento Desigual. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1987.
GONÇALVES, C. Walter Porto. Os (des)caminhos do meio ambiente. São Paulo:
Contexto, 1998.

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