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1. 1. Linguagem
Qualquer manifestação compreensível de ideias e/ou sentimentos constitui
linguagem. Há linguagem em todas as relações humanas, configurando-se como
verbal, musical, gestual, etc. Os animais irracionais usam linguagem como resultado
do instinto, das percepções sensoriais. O homem é o único capaz de produzir
Material elaborado pela Professora Msc. Zilma Chaves de Assunção.
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devem ser seguidas, prezando-se pelo uso da palavra com seu significado único, não
sugestivo em função da necessidade de comunicar.
Na linguagem Culta artística ou literária, a finalidade é essencialmente
poética, procura expressar o belo, sugerindo mais do que determinando, usando a
palavra em seu sentido figurado, sem a intenção de definir a mensagem. O resultado
dessa experiência de produção textual usando a linguagem culta é certo
encantamento por parte do leitor, proveniente de certa introspecção por parte do
redator, que produz arte tendo como matéria prima a palavra, a expressão
plurissignificativa, isto é, o vocábulo cheio de significados.
O mundo está, pois, repleto de linguagens. Os seres humanos, a cada dia,
otimizam suas relações criando novas formas de comunicar-se. O diálogo entre o
homem e seus pares parece intensificar-se através das imagens, dos gestos, dos
inúmeros sinais espalhados pelas ruas, praças, vias, rádios, tvs e pelas mídias
modernas.
Todo profissional que trabalha com o ensino deve ter informação sobre essas
maneiras de expressar-se a fim de converter esses princípios em instrumentos para o
bom desempenho de seu trabalho.
Richer (2000, p.19) diz que “as teorias de aquisição da linguagem estão ligadas
a três maneiras diferentes de explicar o conhecimento humano. Podem, então, ser
divididas em três grupos”:
O primeiro grupo, situam-se as teorias que defendem a experiência
como fonte básica de conhecimento. Todas as ideias vêm da
experiência com o mundo material, e a mente só as organiza. O mundo
exterior e suas conexões não dependem da mente para serem o que
são. Esta posição teórica, também conhecida por alguns como
Associacismo é, aqui, denominada Behaviorismo.
No segundo grupo, encontramos teorias que atribuem à mente o papel
mais importante no conhecimento.
As ideias são inatas, e a experiência pouco importante. O rótulo para
esta posição teórica é Inatismo.
No terceiro grupo, estão as teorias que evitam separar mente e
experiência. Para tanto, há duas soluções importantes, que não se
excluem. Uma é admitir que a mente só pode conhecer uma realidade
social. Ou seja, só posso ver a realidade com os olhos do meu grupo
(“visão comum”). Outra é constatar que conhecemos objetos
“representados”[...]
Por exemplo, o rosto de uma pessoa determina aquele que sai na foto
[...] A experiência “molda” indiretamente a consciência.
Existe, evidentemente, uma relação entre linguagem e saber. Bem como entre
linguagem e poder.
No que tange ao saber, ela produz saber, é construída pelo saber e proporciona
condições para que o saber seja reproduzido. Sem nenhum rodeio, linguagem é
poder. Domine-se a linguagem dos vários estratos sociais, entenda-se como se
comunicar com o outro, quem quer que seja esse outro, e haverá uma força
influenciadora sobre esse outro.
Em sala de aula, a linguagem será estabelecida sob a regência do professor.
Considerando que qualquer instrumento de/para comunicação constitui linguagem, o
professor definirá quais instrumentos usará a fim de viabilizar o contato com a turma.
Aliás, esse é o objetivo dessas orientações teóricas: ampliar a capacidade de
comunicação do professor, aguçar sua sensibilidade para compreender seus alunos,
ajudando-os em suas descobertas, ajudando-os na construção do conhecimento.
Exercícios são linguagens, pois dizem o que se quer da turma; a disposição das
carteiras em sala é linguagem, pois diz quem ensina e quem aprende, revelam que
para o processo ocorra a contento deve haver hierarquia; o tom de voz do professor
é linguagem, diz se o professor é dado ao diálogo ou se é ditador; se orienta as
descobertas ou pressiona nocivamente.
O olhar dos alunos é linguagem, pois diz de seus temores e anseios; suas
dificuldades de aprendizagem são linguagens, revelam suas dificuldades de
adaptação quer na vida acadêmica quer na social. Ao professor deve interessar a
construção de um agrupamento de linguagens que efetivamente otimize o processo
de ensino e aprendizagem. E isso não é difícil de ocorrer, basta certa aproximação da
turma, entender que ensinar é aproximar-se respeitosamente dos que desejam
aprender.
Nosso tempo é também conhecido como o do advento das mídias. Mídias são
canais; lugares nos quais se veiculam mensagens. O televisor, o computador, os
automóveis, os chamados outdoors, enfim, absolutamente tudo que se torne um
veículo de comunicação torna-se mídia. As inúmeras mídias exigem linguagens
adequadas. A televisão, por exemplo, ao lidar com as imagens exige uma relativa
sincronia entre estas e os textos. Tal adequação deve ser imperativa nas relações de
aprendizagem.
Material elaborado pela Professora Msc. Zilma Chaves de Assunção.
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1. 2. Língua
A língua é um código estruturado, um conjunto organizado de relações adotado
para permitir o exercício da linguagem entre os homens. “É o sistema de expressão
falada particular de tal ou qual comunidade humana” ou, em outros termos, “é todo o
sistema de sons vocais por que se processa numa dada comunidade humana o uso
da linguagem” (MATTOSO CÂMARA apud Proença Filho, 1994, p. 14).
Alguns teóricos, ao proporem suas definições para língua, explicitam a tênue
marca que separa a língua como terminologia da linguagem, cujas definições vimos
anteriormente. Para Celso Cunha, a língua é um sistema gramatical pertencente a um
grupo de indivíduos. Para Saussure, é a linguagem menos a fala, a parte social da
linguagem. Proença Filho (1994, p.14 e 15) argumenta que a língua pode ser
entendida como a realização de uma linguagem, um sistema de signos que permite
configurar e traduzir a multiplicidade de vivências caracterizadoras do modo de ser de
cada um no mundo.
Vive em permanente mutação, acompanha as mudanças da sociedade que a
elege como instrumento primeiro de comunicação. Envolve uma dimensão social. De
acordo com suas próprias palavras:
[...] A língua é um sistema de signos, ou seja, um conjunto
organizado de elementos representativos. Como tal, é regida por
princípios organizatórios específicos e marcados por alto índice de
complexidade: envolve dimensões fônicas, morfológicas, sintáticas e
semânticas que, além das relações intrínsecas, peculiares a cada
uma, são também caracterizados por um significativo inter-
relacionamento.
A rigor, a língua, mais do que um sistema, é um conjunto de
subsistemas que a integram.
1. 3. Fala
Em uma mesma comunidade, há variações no uso da língua. Essas variações
constituem a fala. Fala é a utilização individual da língua. Não há língua sem fala, não
há fala fora da língua.
1. 4. Linguagem e Gramática
No contexto deste curso, é importante entender que Gramática constitui a
convenção adotada por falantes de uma mesma comunidade linguística para o uso da
língua. É um tratado que expõe as regras da língua. Interessa-lhe a história, o registro
(Gramática Histórica) e a sistematização de uma língua (Gramática Normativa).
Conforme os aspectos sob os quais pretende investigar os fatos da língua, a
Gramática (Normativa) pode ser dividida em Fonética, Morfologia, Sintaxe, Semântica
e Estilística.
Em se tratando de Fonética, os sons da fala, os fonemas, a pronúncia das
palavras, a emissão e articulação dos fonemas, a acentuação tônica e a figuração
gráfica das palavras constituem o objeto de estudo.
No que tange à Morfologia, é a palavra em sua estrutura, formação e flexões,
que irá figurar como alvo de estudo.
As funções das palavras, suas disposições na oração e suas relações entre si
no enunciado constituem o interesse da Sintaxe.
À Semântica cabe o papel de investigar a significação das palavras.
A Estilística trará essencialmente dos diversos processo expressivos,
valorizando a estética e despertando emoção.
Gramática e língua
Arone Bentes
A gramática não deve ser confundida com a língua: esta é dinâmica e aquela é
estática. A língua ao se realizar na fala, transforma-se durante a azáfama das relações
sociais, nas situações do cotidiano. A gramática, por ser resultado de convenções,
mantém-se imutável até que se decida modificá-la (pois estranha e óbvia que possa
parecer essa declaração).
Os membros de uma comunidade linguística estão acostumados a entender
gramática como sendo o manual da língua, como um compêndio a que se recorre
todas as vezes que se pretende falar “corretamente”, de acordo com o padrão
estabelecido pelos falantes. Embora haja necessidade de uma padronização – e a
gramática constitui a personificação dessa padronização –, existem algumas
estrategicamente localizado, deve parar o veículo que conduz. Isso ocorre porque, o
emissor, no caso o órgão responsável pelo controle do tráfego urbano, emitiu uma
mensagem visual (luz vermelha) para o receptor (motorista) que rapidamente
decodificou a mensagem, entendeu seu referente (pare), através de um canal
(semáforo). O emissor entendeu a mensagem porque tem conhecimento do código
usado que foi o de trânsito. Para que haja comunicação, é necessário que emissor e
receptor dominem, conheçam o mesmo código e estejam no mesmo contexto.
“Há três técnicas de redação: a descrição, a narração e a dissertação. Elas
podem vir misturadas em um mesmo texto, mas, geralmente, uma delas se sobressai.”
(Faulstich). A descrição é uma sequência de aspectos, a narração é uma sequência
de fatos e a dissertação, de ideias.
Dissertar é, portanto, desenvolver um pensamento, um conceito ou dar uma
opinião. Quem disserta procura explicar os fatos, as ideias, apresentando causas,
efeitos, tecendo comentários, comprovando seus argumentos, a fim de convencer o
leitor ou ouvinte. Para tanto, deve ter cuidado na sequência das ideias, na coesão do
texto ou da fala. Observe a sequência de ideias nos textos que se seguem.
Chama o “Aurélio”
Leia:
Certos casos da política, de tão inacreditáveis, acabam virando parte do
anedotário. Ou vice-versa: Algumas piadas traduzem tão bem determinadas
características da cultura política que assumem ares de verdade.
Em uma hipótese se encaixa a correspondência trocada, cerca de 20 anos
atrás, entre o prefeito de Bom Sucesso (MG) e o então secretário estadual do Interior,
Ovídeo de Abreu.
Conta o deputado Elias Murad (PSDB/MG) que Abreu sempre gostou de falar
difícil. Numa certa ocasião, o secretário recebeu a informação de que Bom Sucesso
sofreria um tremor de terra capaz de quebrar copos e trincar pratos. Preocupado,
expediu rapidamente um telegrama ao prefeito: “Movimento sísmico previsto essa
região. Provável epicentro movimento telúrico sua cidade. Obséquio tomar
providências logísticas cabíveis”.
Léxico
Vereador em São José da Lage, cidadezinha no norte de Alagoas, Ramiro
Pereira iniciou uma discussão com um colega, em plenário.
Argumento vai, argumento vem, os ânimos se exaltaram, o nível caiu, conta
Cleto Falcão (“Missão Secreta em Igaci”).
Lá pelas tantas, Ramiro disparou:
– V. Exª. é um demagogo!
– E o que é um demagogo? – quis saber o ofendido.
– Sei não. Mas deve ser um cabrinha safado assim da sua marca.
[12/05/1989] (Jornal Folha de São Paulo).
nos apresentam em forma de prosa (página cheia) ou de poema (verso) e podem ser
informativos ou literários.
CAPÍTULO V - A NARRAÇÃO
Uma palavra que pode facilmente identificar o texto narrativo é a palavra ação.
As narrativas são de natureza dinâmica. Narrar é reproduzir com detalhes fatos reais
ou inventados numa sequência que verdadeiramente interesse ao leitor.
O texto narrativo é caracterizado pela ação de personagens, que atuam regidas
por uma lógica que envolve:
a) as personagens e suas respectivas ações;
b) a atuação do narrador;
c) a cadência dos acontecimentos, que é o enredo;
d) o tempo em que ocorrem essas ações;
e) os espaços, que são os lugares em que as ações ocorrem.
É importante salientar que o texto narrativo é resultado dessa inter-relação de
personagens, espaço, tempo, ação e narrador. Esse conjunto proporciona ao texto o
significado de que precisa para existir e para, consequentemente, atrair o leitor.
5. 3. A produção do texto
Como foi dito anteriormente, a palavra ação pode resumir as definições para o
texto narrativo.
Dessa forma, depreende-se que os verbos de ação devem prevalecer no texto.
O texto narrativo torna-se interessante porque nele o autor pode – e deve – “mostrar”
os acontecimentos. O leitor sente-se, assim, envolvido de tal forma com o texto, que
passa a “conviver” com as personagens e “sentir” o que elas sentem ao viver as
experiências narradas.
Vejamos algumas sugestões gramaticais para a construção desse tipo de texto.
A apresentação é caracterizada, pelo uso de verbos que indicam estado ou
qualidade (ser, estar, parecer, etc). Como nesta parte também se apresenta o tempo
e o ambiente, convém usar algumas expressões que deem ideia de tempo e de
espaço, como preposições, advérbios, adjetivos.
CAPÍTULO VI - A DESCRIÇÃO
Descrever é mostrar com palavras aquilo que se viu, sentiu, observou ou
imaginou.
Para descrever, o emissor capta a realidade através de seus sentidos e,
utilizando os recursos da linguagem, transmite-a de tal maneira que o receptor é
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Parágrafos são blocos de textos que servem de divisão para melhor explicitar
ao leitor o que se quer transmitir. No papel, eles se caracterizam:
a) Por um ligeiro afastamento da primeira linha da margem esquerda. Sabe-se
que um parágrafo terminou e outro foi iniciado pela mudança de linha e pelo retorno à
margem que se convencionou para o parágrafo.
b) Modernamente, podem-se separar os parágrafos por espaços em branco
entre eles.
CAPÍTULO IX -
A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA NA ABORDAGEM DA VARIAÇÃO
LINGUÍSTICA
Ao contrário do que muitos predizem o objeto da Psicopedagogia não é a
dificuldade de aprendizagem, mas sim, o processo de aprendizagem. Mas, como este
é um objeto multifacetado, há uma busca contínua de aprofundamento em teorias que
deem conta do ser humano em constante movimento, imerso em um universo de
possibilidades de aprendizagens.
Segundo Weiss (2012, p. 103), “a psicopedagogia busca a melhoria das
relações com a aprendizagem, assim como a melhor qualidade na construção da
própria aprendizagem de alunos e educadores”. É interessante o diálogo que este
autor consolida com outros como Rubinstein (1992, p. 103), ao dizer que:
[...] num primeiro momento a Psicopedagogia esteve voltada para a
busca e o desenvolvimento de metodologias que melhor atendessem aos
portadores de dificuldades, tendo como objetivo fazer a reeducação ou a
remediação e desta forma promover o desaparecimento do sintoma. E, ainda,
a partir do momento em que o foco de atenção passa a ser a compreensão do
processo de aprendizagem e a relação que o aprendiz estabelece com a
mesma [com esta], o objeto da psicopedagogia passa a ser mais abrangente:
a metodologia é apenas um aspecto no processo terapêutico, e o principal
objetivo é a investigação de etiologia da dificuldade de aprendizagem, bem
como a compreensão do processamento da aprendizagem, considerando
todas as variáveis que intervém neste processo.
As declarações dos dois autores citados acima acerca do objeto da
Psicopedagogia conduz-nos a compreensão de que o importante é o estudo da
aprendizagem humana; mas não há um único caminho para esse fim. De acordo com
Freire (2004), somos seres da inquietude, logo, o indivíduo precisa estar sempre em
busca de inovações e melhorias em prol da sua prática e seu comportamento.
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CAPÍTULO VIII
INTERVENÇÃO EM DIFICULDADES DE LEITURA E ESCRITA
Os Psicopedagogos podem, entre outras atividades, orientar os professores a
sistematizar as atividades diárias dos alunos de modo a que estes sejam expostos a
situações de linguagem, tais como: conversações, dramatizações, relatos, reescrita
de textos, reconstruções de seus próprios textos; ambiente participativo no qual o
aluno não tenha receio de fazer perguntas sobre a grafia das palavras, que não vejam
o “erro” como insuficiências suas, mas como oportunidade de aprendizado; momentos
lúdicos com as palavras, diversificando-as quanto ao tipo de letra representativa de
sons diferentes, significados diversos, entre outros aspectos fonéticos, sintáticos e
semânticos; construção de portfólios (glossários) com palavras e seus significados,
com ilustrações feitas por elas para melhor compreensão dos vocábulos
Referências
BAGNO, M.; STUBBS, M.; GAGNÉ, G. Língua Materna: Letramento, variação e ensino. São Paulo:
Parábola Editorial, 2002. BASSO, R. M.; OLIVEIRA, R. P. de.
CÂMARA Jr. J. Mattoso. 1939-1940. "Lições de linguística geral". Revista de Cultura 25: 99-104, 183-
189, 216-222,
FRANCHI, Eglê. A redação na escola: e as crianças eram difíceis. São Paulo, Martins Fontes, 2002.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Rio de Janeiro: Paz e terra, 2004.
OLIVEIRA, Mari Ângela C. Intervenção Psicopedagógica na Escola. Curitiba: IESDE, 2006. SOARES,
Magda. Linguagem e escola: uma perspectiva social. São Paulo: Ática, 2002. WEISS, Maria Lúcia L.
Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. Rio de
Janeiro: Lamparina, 2012.