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1 SUMÁRIO

2 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 3

3 CONCEITO DE LINGUAGEM.......................................................................... 4

3.1 Linguagem verbal e não verbal ................................................................. 7

3.2 A criança e a linguagem .......................................................................... 12

4 CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA PSICOMOTRICIDADE ....................... 18

4.1 Elementos da psicomotricidade ............................................................... 19

5 O PAPEL DO PSICOMOTRICISTA ............................................................... 21

5.1 Corpo, Movimento e expressão ............................................................... 25

6 EDUCAÇÃO E REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA ......................................... 28

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 33


2 INTRODUÇÃO

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão
a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as
perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão
respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da
semana e a hora que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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3 CONCEITO DE LINGUAGEM

Linguagem é a capacidade comum que todos nós seres humanos temos para
comunicar nossas ideias, sentimentos, visão sobre o mundo, a realidade que nós
cerca através de uma série de signos linguísticos que se relacionam e se opõe.
Falando sobre capacidade, a mesma pressupõe uma realização, deve faça uma
relação com outras capacidades que nós temos como seres humanos, por exemplo,
a capacidade de andar, capacidade bem simples com a qual da maioria de nossa
nascemos a menos que sofremos alguma limitação. Essa capacidade existe até o
momento em que passamos a estabelecer por passos uma movimentação em um
espaço, a maioria dos seres humanos tem essa capacidade, mas fica de uma
maneira abstrata, algo que apenas potencialmente existe até o momento em que
verdadeiramente você utiliza suas pernas para realizar um determinado movimento,
a capacidade de andar está diretamente ligada ao ato de caminhar.
As características da linguagem formam um conjunto de especificidade da
nossa capacidade de linguagem que são particulares a nossa espécie podendo
dizer que torna uma das manifestações mais ricas da consciência humana,
podemos dizer que o que constitui o ser humano enquanto ser que se destaca é
justamente sua capacidade de linguagem. Devido à riqueza e pluralidade da
linguagem existem inúmeras características que há podem definir. Podemos definir
a linguagem em seis componentes importantes.
O mesmo acontece com a capacidade de linguagem, ela só se realiza
plenamente no momento em que nós através de um sistema de signos organizados,
ou seja, através de uma língua natural, colocamos em prática a capacidade
comunicativa. A linguagem é algo que pode existir, a língua é a realização desta
capacidade, linguagem é uma capacidade inata, todos nós nascemos com ela,
língua é a materialização desta capacidade.

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Falar de uma capacidade nata pressupõe que estejamos trabalhando com
um conceito natural, ou seja, estou deixando de lado as linguagens artificiais como,
por exemplo, a linguagem da computação, isso pressupõe também que estamos
referindo quando da prática da linguagem, a utilização de línguas naturais, como as
várias línguas que existem, e esteja deixando de lado formas artificiais de
comunicação. Cabe mencionar também que existe um consenso entre os linguistas
de que não existe possibilidade de animais utilizarem a linguagem, existem algumas
formas de comunicação animal, mas nenhuma delas tem a complexidade da
organização sistemática que a linguagem humana possui.

Linguagem interpretativa: é através dessa linguagem que tornamos a


realidade passível de compreensão, nós passamos a pensar sobre as coisas, um
exercício interessante para tentar realizar é o pensamento sem utilizar palavras,
sem construir sequencias linguísticas, senso um exercício muito difícil praticamente
impossível. Deixando bem claro nossa capacidade de estabelecer qualquer
categoria de pensamento racional sobre as situações está diretamente ligada à
nossa capacidade de linguagem.

Linguagem simbólica: é através dela que representamos o mundo, que


simbolizamos as coisas, é através da linguagem que conseguimos conceituar os
objetos, dando forma mesmo quando no momento da comunicação eles não
estejam presentes. Estabelecendo a existência de algo que nosso interlocutor não
está vendo, não está em contato com ele, mas que é perfeitamente possível que
ele passe a existir naquele momento de comunicação devido à capacidade da
linguagem.

Linguagem expressiva: é por meio dela que externamos nossas


expressões, após submeter a realidade com uma série de complexos psicológicos
nós a devolvemos ao mundo colocando nossas impressões e opiniões a disposição
do nosso interlocutor.

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Linguagem interativa: os indivíduos se relacionam e se comunicam, nós
enquanto interlocutores trocamos informações, impressões, visão do mundo e
construímos e até mesmo reconstruímos a realidade através do processo de
comunicação e de interação em que estamos presentes, o ato de utilização da
linguagem é caracterizado como um ato de constante troca entre os indivíduos.

Linguagem variável: multiplicidade de possibilidades, varia conforme a


situação, os interlocutores, os objetivos, o lugar de fala. A capacidade de variação
linguística é antes de tudo uma capacidade de variação da linguagem dando
liberdade aos indivíduos, ela pode ser materializada não só por palavras, podemos
expressar um sentimento ou uma opinião através de um gesto, silencio e uma
expressão facial. Tudo isso já representa e deixa claro essa capacidade de não se
prender a uma estrutura física a uma única forma de expressão, de um determinado
sentimento ou de uma realidade.

Linguagem criativa: linguagem que nós, por exemplo, conseguimos


construir sentenças que nunca ouvimos e que nunca utilizamos, podemos falar
sobre objetos com os quais nunca tivemos contato e até mesmo criar coisas que
existem sequer. A ficção é um grande exemplo de utilização da linguagem de forma
criativa para estabelecer o novo, o desconhecido, aquilo que é por meio da
linguagem do coração, com a linguagem que recriamos realidades todas essas
características podemos perceber que estão presentes apenas na linguagem
humana um animal, por exemplo, por mais que ele consiga se comunicar,
determinado sentimento, determinada situação ele não consegue recriar a
realidade ele não consegue mentir ele não consegue a variar como ele vai
representar determinada coisa, ou seja, o animal por mais que ele utiliza uma
comunicação para avisar que tem comida para os demais seres do seu bando, para
avisar que tem algum perigo eminente ali, para aqueles outros membros daquela
comunidade em que eles vivem os animais não conseguem ter esse poder criativo

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esta variação na forma de se expressar e muito menos conseguem estabelecer o
diálogo sendo algo muito específico da comunicação humana.

3.1 Linguagem verbal e não verbal

A linguagem pode ser classificada em verbal (aquela desenvolvida por meio


de palavras, sejam elas faladas ou escritas) e não verbal (estabelecida por outros
meios que não as palavras, como gestos, silêncios, imagens, linguagem corporal e
outros que comuniquem algo para alguém). Temos duas ciências que estudam
esses fenômenos: a linguística, que se dedica a linguagem verbal, sua estrutura,
desenvolvimento e relacionamento com outras línguas; e a semiótica, ciência dos
signos, que analisa como se estrutura a linguagem de qualquer fenômeno produtor
de significação e sentido. (CAMPOS, 2017).
A linguagem verbal configura-se em um pensamento dirigido, seguindo leis
da lógica de escrita (AGUIAR, 2004). Sua forma de expressão, a língua, é
constituída por um conjunto de signos que são criados arbitrariamente e, a partir de
uma convenção, são aceitos como corretos pelos falantes. O objeto que apresenta
uma barra de grafite revestido por um cilindro de madeira, por exemplo, chama-se
lápis em português e pencil em inglês (DICIO, c2009-2017). São essas convenções
da linguagem que distinguem um grupo de outro. Isso reafirma a língua como um
instrumento coletivo, uma convenção social.
Dessa forma, podemos afirmar que a linguagem verbal é “[...] objetiva,
definidora, cerebral, lógica e analítica, voltada para a razão, a ciência, a
interpretação e a explicação [...]” (AGUIAR, 2004, p. 28). Quando se faz a referência
à linguagem verbal, via de regra, há duas formas de linguagem, uma falada e outra
escrita – que apresenta variedades na forma como é expressa.
De acordo com Campos (2017), na linguagem oral, os recursos utilizados são
diferentes da linguagem escrita, começando pelo espaço. Na escrita não há
presença física do interlocutor, enquanto na oral ocorre um diálogo com o
interlocutor, muitas vezes ambos ocupam um mesmo ambiente. A fala é o principal

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recurso da linguagem oral. Esta utiliza-se da altura, do tom de voz e de outras
características para garantir principalmente a clareza do diálogo e a comunicação.
Tanto na fala, quanto na escrita, as palavras são decifradas por partes,
primeiro um signo e depois o outro, formando assim unidades maiores. É só no final
de uma leitura, ou da audição, que temos o texto completo, a mensagem que se
quer passar. Saussure (1970) construiu as bases de suas proposições de
Semiologia, a partir dessas questões sobre o signo linguístico.
Na linguagem escrita, a forma de comunicação se dá pelo traço, ou seja, por
palavras que, através de frases e textos, tem o intuito de informar a mensagem de
maneira clara e coerente para que o interlocutor entenda. O sistema de sinais,
alfabeto, é o recurso primordial da linguagem escrita do Ocidente, pois os fonemas
são representados pelos sons da fala (AGUIAR, 2004).
Não se pode esquecer que existe um conjunto relevante de outras formas de
escritas que se constituíram em sistemas sociais e históricos de civilizações antigas
e que foram preteridas pelo Ocidente. Estas utilizam codificações alfabéticas a partir
de pictogramas, por exemplo a escrita cuneiforme e os hieróglifos na antiguidade,
e ideogramas, ainda usados na escrita chinesa e japonesa, por exemplo. Santaella
e Nöth (2009 apud Campos, 2017) destacam que, quando se faz referência à
linguagem verbal, na maioria das vezes, deixa-se de fora a existência de outras
formas de escrita que surgiram da mímica e do gesto – por esquecimento ou
negligência.
Para nos utilizarmos da linguagem verbal, precisamos conhecer os
vocábulos, considerando ser um mecanismo de comunicação em sociedade. Por
exemplo, o bebê, antes de apreender a falar, vai se apropriando do código verbal a
partir de sons que são interpretados pelos adultos em um arremedo de fala infantil.
É dessa forma que surge, nesse caso, um sentimento de naturalidade da linguagem
infantil. (CAMPOS, 2017).
As onomatopeias, palavras que expressam os diversos sons, são
consideradas linguagem verbal, que são apresentadas através da oralidade e da
escrita. Os índices, ou seja, os sons expressados, não têm semelhança com seus

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referentes. Como “zunzum” não tem sequer semelhança com o inseto abelha ou
“bii-bii” com carro. Veja exemplos no Quadro 1.

Os textos verbais podem adquirir diferentes características. Os textos com


linguagem figurada, por exemplo, são utilizados na literatura e na poesia,
geralmente com a intenção de descrever seres e situações fantásticas de forma
complexa para o ser humano. Já os textos jornalísticos têm a intenção de passar a
informação ao leitor. Para atrair o público, a imprensa se utiliza do jogo de palavras,
oral, escritas e com imagens estáticas, ou animadas, dependendo do meio de
comunicação, visando criar o efeito desejado (AGUIAR, 2004), como percebemos
em jornais impressos e nas Revistas.
A linguagem verbal tem influência também no aspecto psicoemocional do ser
humano, pois afeta o estado de ânimo e as emoções. Por exemplo, quando
recebemos um elogio ou dizemos algo que valoriza o outro, isso mexe com a
autoestima e com o estado de espírito para um lado positivo, alegre. Ao contrário,
se criticamos, ou discutirmos, ficamos tristes, aborrecidos. Essas situações
mostram o quanto a área intelectual e a afetiva estão relacionadas (AGUIAR, 2004).
No entanto, são duas as linguagens que estão conectadas, a linguagem verbal e
não verbal.

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A linguagem não verbal pode ser definida como sendo uma linguagem “[...]
das imagens, das metáforas e dos símbolos, expressa sempre em totalidades que
não se decompõem analiticamente. ” (AGUIAR, 2004, p. 28). Na linguagem não
verbal não há presença de palavras, por isso, ela segue outro tipo de código. Apesar
da ausência da palavra, existe uma linguagem que constrói a mensagem que se
pretende passar. Utiliza-se para isso de outros instrumentos, como imagens, gestos
e sinais. Também, considera-se como linguagem não verbal a manifestação da
pessoa que recebe a mensagem, pois essa geralmente expressa corporalmente
diversas reações, como de atenção, agrado ou desagrado. Tanto o emissor quanto
o receptor da mensagem passada através de linguagem não verbal apresentam os
indícios de significados que devem ser compartilhados por quem passa ou recebe
a mensagem.

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A linguagem gestual é uma forma de comunicação através de movimentos
corporais e gestos de mãos e dedos, como a Libras (linguagem brasileira de sinais
linguagem dos sinais usadas pelos surdos-mudos, e a mímica que são os gestos
ilustrativos desenhados no espaço, igualmente convencionados, que encena uma
mensagem. A Libras é uma língua como qualquer outra, pois tem várias regras,
existe gramática, existe sinais e modos de usar esses sinais. Ela é normativa.
Muitas vezes, a Libras é confundida como uma linguagem visual, por ser uma língua
visual, mas ela é uma linguagem gestual, pois é composta de sinais, gestos e
expressões a partir de uma convenção (FARIAS; SANDERSON; PORTO, 2013).
Também, podem ser referidos como linguagem gestual a expressão facial, que são
as expressões básicas do ser humano, por transmitirem através do movimento dos
músculos suas satisfações e insatisfações sobre determinada coisa. O rosto é a
região do corpo mais vulnerável a expressões, reagindo à diferentes situações,
como alegria, medo, insegurança, ânimo.
No teatro, a linguagem não verbal torna-se mais complexa, concentrando os
sentidos em uma linguagem complexa dos signos em si. Ali são exploradas todas
as possibilidades do espaço. Compõem-se de signos auditivos, como palavras,
música e ruídos; signos visuais, centrados no ator, como expressão facial e
corporal; na aparência exterior, com a maquiagem, o penteado e a indumentária; e
no espaço cênico, com o cenário e a iluminação. Todos esses signos, por sua
presença ou ausência, criam o efeito da comunicação imediata com seu público. A
dança constrói uma linguagem corporal, ela é uma expressão artística que vai além
da mera repetição de passos, gestos e movimentos apreendidos.
Independentemente do estilo e da cultura, a dança representa a expressão de uma
ideia ou sentimentos com intuito de passar uma experiência individual e única de
um ser e de um corpo que se comunica, expressando uma linguagem (SOARES,
2014).
Tanto a linguagem verbal como a não verbal são sistemas de signos
carregados de significados e estão intrínsecos na sociedade, sendo utilizados

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cotidianamente de acordo com a necessidade de cada indivíduo, facilitando a vida
em sociedade.

3.2 A criança e a linguagem

A aquisição da linguagem tem início muito cedo. Isso porque, desde o seu
nascimento, a criança é exposta constantemente à língua falada pela sua
comunidade linguística, recebendo insumo para, em um período de
aproximadamente três anos, se tornar proficiente em sua língua materna.
Esse processo de desenvolvimento da linguagem ocorre em etapas.
Inicialmente, a criança aprende a reconhecer os fonemas da língua a que é exposta
e interage com as pessoas ao seu redor por meio de choros, arrulhos e risos. À
medida que cresce, ela se torna capaz de produzir os fonemas aprendidos, construir
sílabas simples, imitar os sons da fala emitidos pelos adultos e utilizar gestos para
representar coisas do mundo, demonstrando compreender a dimensão simbólica
da linguagem. Então, em um determinado momento, a criança passa a empregar
palavras e, depois, combiná-las em sentenças simples, até chegar em um estágio
de fluência no idioma. (CASTRO, 2021).
Segundo Castro (2021) as linguagens são sistemas complexos
desenvolvidos pelos seres humanos para se comunicar e simbolizar o mundo, tendo
importante papel na constituição da sua identidade. Muito antes de frequentarem o
ensino formal, as crianças já dominam com proficiência o sistema linguístico (ou os
sistemas linguísticos) usado pela comunidade linguística em que estão inseridas,
pois foram constantemente expostas a ele desde muito cedo. É por isso que
crianças que crescem, por exemplo, em uma comunidade falante de português
brasileiro se tornam proficientes nessa língua, ao passo que crianças expostas
diariamente a outra língua (p. ex.: francês, libras, kaingang, mandarim, etc.) serão
fluentes nessa outra língua.
Ao nascer, o bebê é capaz de perceber a fala e de se comunicar pelo choro,
modificando-o para expressar diferentes necessidades. Mais tarde, entre 1,5 e 3

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meses de idade, o bebê acrescenta aos seus recursos de linguagem os arrulhos e
o riso, e, aos 3 meses, passa a brincar com os sons, imitando os sons produzidos
pelas pessoas que o cercam (PAPALIA; FELDMAN, 2013).
Entre 6 e 10 meses de idade, o bebê começa a balbuciar, isto é, produzir
sílabas simples, formadas por consoante e vogal. Esses sons, como, por exemplo,
“ma-ma-ma-ma”, costumam ser interpretados como a primeira palavra do bebê. No
entanto, o balbucio “[...] não é uma linguagem de verdade, pois não tem nenhum
significado para a criança, embora com o tempo se torne cada vez mais parecido
com palavras” (PAPAIA; FELDMAN, 2013, p. 194 ).
A chave para o desenvolvimento da linguagem é a imitação. De início,
conforme explicam Papalia e Feldman (2013, p. 194), “[...] os bebês acidentalmente
imitam sons do idioma e depois imitam a si próprios produzindo esses sons. Entre
9 e 10 meses, o bebê imita sons deliberadamente sem entendê-los”. Depois de
possuir um repertório de sons, os bebês começam a encadear padrões e, em
seguida, passam a atribuir significados para eles (PAPAIA; FELDMAN, 2013).
Então, são incorporados à linguagem do bebê os gestos simbólicos, como,
por exemplo, soprar para comunicar que algo está quente. Nesse momento, fica
evidente que a criança está compreendendo a dimensão simbólica da linguagem,
isto é, compreendendo que esta é um recurso usado para representar seres,
objetos, ações, processos, eventos, características, sentimentos, desejos, etc. À
medida que a criança vai enriquecendo o seu vocabulário, os gestos de que ela
lançava mão para simbolizar determinadas coisas do mundo passam a ser
substituídas pelas palavras correspondentes. Como esse processo é gradual, é
comum que, até os 3 anos de idade, as crianças combinem gestos e palavras
durante a sua comunicação, o que é um indicativo de que elas estão prestes a usar
sentenças com várias palavras (PAPALIA; FELDMAN, 2013).
O início da fala linguística do bebê se dá entre os seus 10 e 14 meses de
idade, quando ele pronuncia as suas primeiras palavras. Mais tarde, entre os seus
18 e 24 meses, as crianças já são capazes de unir palavras para construir suas
primeiras sentenças, usando-as para se referir a eventos, pessoas, objetos, etc. do

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seu cotidiano. Por fim, entre 20 e 30 meses de idade, a criança passa a
compreender sentenças cada vez mais complexas e se mostrar mais competente
no uso da sintaxe da sua língua materna, tornando-se mais fluente com os artigos,
as preposições, as conjunções e os plurais, por exemplo. Em torno dos 3 anos de
idade, a fala da criança é “[...] fluente, mais longa e mais complexa. Embora a
criança geralmente omita partes do discurso, ela consegue comunicar com sucesso
o que quer dizer” (PAPALIA; FELDMAN, 2013, p. 197).
Quando as crianças já estão em fase de formulações sintáticas mais
complexas (20 a 30 meses de idade), é possível conduzir com elas conversas a
partir de leituras. Após ler uma história para a criança, o adulto pode lhe apresentar
desenhos e objetos e, então, convidá-la para recontar a história que ouviu. Nessa
atividade, será possível perceber que a criança já domina um vocabulário diverso,
emprega estruturas linguísticas mais sofisticadas, interpreta a história e constrói a
narrativa usando um tom de voz variável, expressando emoções pela entonação.
(CASTRO, 2021).
Apresentamos algumas sugestões de atividades que podem ser realizadas
para contribuir no processo de desenvolvimento da linguagem da criança. Durante
a execução de qualquer uma delas, assim como de qualquer atividade que vise ao
desenvolvimento da linguagem, é necessário sempre ter em mente a importância
de valorizar a expressão das crianças, a fim de que o processo de interação social
seja significativo para elas. Nesse sentido, é fundamental que seja oferecida uma
escuta atenta e que, em todos os momentos, haja espaço para brincadeiras, pois o
aspecto lúdico é um fator importante para o processo de construção da linguagem.
(CASTRO, 2021).

As fases do desenvolvimento da linguagem que descrevemos são


sintetizadas no Quadro 2, que também apresenta outros marcos importantes desse
processo.

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Segundo Castro (2021), a partir da compreensão das fases do
desenvolvimento da linguagem, é possível elaborar atividades que contribuam para
esse processo de acordo com cada uma das etapas e dos estímulos possíveis.
Como vimos nas seções anteriores, a aquisição da linguagem tem início com a
exposição da criança à fala das pessoas que estão em seu entorno. A começar pelo
nível fonológico, a criança vai reconhecendo, discriminando e assimilando as

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estruturas da sua língua materna para, depois, reproduzi-las. Ou seja,
desconsiderando-se aqui o processo de aquisição de línguas gestuais, é pela
escuta que as crianças adquirem insumo para o seu desenvolvimento linguístico.
Tendo isso em conta, as atividades que visam ao desenvolvimento da
linguagem dos bebês devem privilegiar a sua exposição à língua falada. Nesse
sentido, é possível, por exemplo, ler em voz alta para eles ou narrar as atividades
cotidianas enquanto as realiza. Os bebês reagem a esses estímulos com os
recursos de que dispõem (risos, arrulhos, gestos, balbucios, etc., a depender da
etapa de desenvolvimento da linguagem em que se encontram) e percebem que
provocam respostas da pessoa ou das pessoas que estão ao seu redor. Essas
atividades, portanto, além de fornecerem insumos linguísticos para que a criança
posteriormente produza a sua fala linguística, mostram a ela a dimensão social da
linguagem, ao inseri-la em um contexto de interação a qual sempre deve ser
estimulada. (CASTRO, 2021).
Outra possibilidade é cantar para os bebês. Durante essa atividade, pode se
lançar mão de objetos para nomeá-los: berço, mamadeira, água, copo, etc. Saliente-
se que é importante que as palavras sejam apresentadas para a criança em sua
forma correta (de acordo com a variedade linguística do seu entorno social),
manifestadas em frases elaboradas, sem simplificações, de modo que ela possa,
nas fases subsequentes, compreender e empregar as palavras e as estruturas
linguísticas que realmente fazem parte da língua falada pela sua comunidade
linguística.
Ao se nomearem objetos para as crianças, também é importante incentivá- -
las a fazer o mesmo. Nomear o mundo que cerca a criança é fundamental para que
ela associe as palavras aos objetos. Em uma caminhada num parque, por exemplo,
é possível nomear as árvores, as pessoas, os pássaros, outros bebês, os carros,
as bicicletas, as flores, os brinquedos, as cores, os aromas, etc., transformando a
experiência do passeio em um momento de desenvolvimento da linguagem do
bebê. Isso também deve acontecer nos berçários, nas creches e nos espaços de

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cuidado dos bebês, onde cartazes coloridos, música, leitura e conversa devem fazer
parte da dinâmica do espaço e das interações entre cuidadores e bebês.
Assim como as palavras e as estruturas da língua, as crianças também
aprendem a compreender emoções, que são exprimidas pelo tom de voz. Desse
modo, tal aspecto também deve ser considerado durante o desenvolvimento da
linguagem dos bebês. (CASTRO, 2021).

4 CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA PSICOMOTRICIDADE

A atividade é baseada na visão global da humanidade e, Como ciência, busca


integrar várias funções humanas: Cognição, emoção, simbolismo, linguagem
mental e movimento.

A psicomotricidade é um termo empregado para concepção de movimento


organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito
cuja ação é resultante da individualidade, sua linguagem e suas
socializações (MAGERO, MOUSSA, 2011).

Segundo Miguel (2019), além de considerar a relação decorrente da


interação com o outro e o meio, a psicocinesia é a ciência que estuda as pessoas e
sua relação com o corpo e o movimento. Se analisarmos a etiologia dessa palavra
(psi = emoção, co = cognição, motric = movimento humano, idade = estágio de vida),
é óbvio o quão abrangente é o campo da pesquisa da atividade mental. O estudo
da atividade mental possui fortes características educacionais, pois é aplicado em
escolas e salas de aula e profissionais de enfermagem para melhorar o
desenvolvimento de disciplinas que podem (ou não) apresentar dificuldades de
relacionamento, movimentação ou aprendizagem nesses espaços.
A pesquisa no campo das causas psicomotoras inicialmente propôs um
enfoque neurológico proeminente. Em 1909, neuropsiquiatra Ernest Dupré é uma
figura importante neste campo ao afirmar que a fraqueza motora nada tem a ver
com uma possível relevância do sistema nervoso, e aponta mesmo assim, essa
fraqueza pode levar a Relação com o desenvolvimento humano.

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Reconhecendo que mesmo que os humanos não tenham déficits
neurológicos, podem ocorrer discinesias, por isso em 1970 o termo "psicomotor" foi
utilizado para ganhar força, explicando tais eventos durante o desenvolvimento,
principalmente em crianças. Nessa década, considerando a estreita ligação entre o
aspecto emocional e o movimento do sujeito, diversos autores definiram o
movimento mental como um movimento relacional. (Miguel, 2019).
Desde então, a distinção entre o ponto de vista da reeducação e o ponto de
vista terapêutico começou a ser definida. Ao romper com as técnicas instrumentais
e lidar com o "corpo do sujeito", o método de tratamento gradualmente dá mais
atenção à relação entre a mente e a mente, bem como ao entendimento geral do
assunto. Esse entendimento continua até hoje.

4.1 Elementos da psicomotricidade

De acordo com Fonseca (2008), existem várias classificações e termos


usados para nomear funções psicomotoras. Os conceitos são basicamente os
mesmos, o que mudou é a forma como esses conceitos são classificados e
agrupados. Os termos mais usados no Brasil e seus respectivos conceitos são
mostrados a seguir.

Esquema corporal: É o conhecimento pré-consciente sobre o próprio corpo de uma


pessoa e suas partes, possibilitando que o sujeito se conecte com o espaço, os
objetos e as pessoas ao seu redor. É a propriocepção ou informação cinestésica
que estabelece esse conhecimento sobre o corpo e, à medida que o corpo cresce,
a estrutura do corpo muda e se ajusta. Exemplo: a criança sabe que a cabeça está
acima do pescoço e que ambos fazem parte de um conjunto maior, o corpo,
conforme descreve Fonseca (2008).

Imagem corporal: É a nossa representação mental inconsciente de nosso próprio


corpo, que se forma a partir do momento em que esse corpo é desejado e, portanto,

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deseja, e é marcada por uma história única e inscrições matrilineares e patrilineares.
Um exemplo de seu método de construção é a etapa do espelho, a partir dos 6 aos
8 meses de idade, quando a criança se reconhece no espelho e sabe que o que vê
é uma imagem refletida de si mesma. Portanto, como assinalou Le Bouch (1992), a
imagem precede o esquema, logo, sem a imagem, não há esquema corporal.

Tônus: Segundo Sampaio (2009), é a tensão fisiológica dos músculos que garante
o equilíbrio estático e dinâmico, a coordenação e a postura do corpo em qualquer
postura, seja ela estática ou em movimento. Exemplo: A maioria das pessoas com
síndrome de Down tem hipotonia, ou seja, um tônus ou tensão abaixo do normal,
que pode levar ao aumento da mobilidade e flexibilidade e diminuição do equilíbrio,
postura e coordenação.

Coordenação global ou motricidade ampla: é a ação simultânea de diferentes


grupos musculares ao realizar movimentos aleatórios, extensos e relativamente
complexos. Por exemplo, segundo Le Bouch (1992), para caminhar utilizamos a
coordenação motora extensa, na qual os membros superiores e inferiores se
alternam de forma coordenada para produzir o deslocamento.

Motricidade fina: É a habilidade de coordenar movimentos utilizando os pequenos


grupos musculares dos membros, conforme definido por Le Bouch (1992). Por
exemplo: escrever, costurar, digitar.

Ritmo: É uma sequência constante e periódica de comportamento de movimento.


Fonseca (2008) acredita que para haver senso de ritmo é preciso haver organização
espacial. Exemplo: pular corda.

Lateralidade: É a capacidade de usar os dois lados do corpo, às vezes o lado direito


e às vezes o esquerdo para experimentar o movimento. Por exemplo, uma criança
destra pode abrir a porta com a mão esquerda mesmo se a direita estiver ocupada.

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É diferente da dominância lateral, que é a maior habilidade desenvolvida em um
lado do corpo devido à dominância do cérebro - isto é, pessoas com dominância do
lado esquerdo do cérebro são mais propensas a desenvolver mais habilidades no
lado direito do corpo, então é mãos corretas. Para os canhotos, a situação é
justamente oposta, pois sua vantagem cerebral está do lado direito, conforme
enfatizado por Sampaio (2009).

Equilíbrio: refere-se à capacidade de ficar em pé com base no suporte reduzido do


corpo por meio de uma combinação adequada de movimentos musculares
(estacionários ou em movimento). Segundo Sampaio (2009), um exemplo de
equilíbrio dinâmico é andar sobre uma prancha, enquanto o equilíbrio estático é
manter uma postura sentada correta.
O desenvolvimento psicomotor começa desde o nascimento e se desenvolve
lentamente de acordo com a experiência da criança e as oportunidades de explorar
o mundo ao seu redor. Parte importante desse desenvolvimento é a estrutura
corporal, que é representada pela capacidade do sujeito de ter consciência de seu
corpo como ferramenta de comunicação consigo mesmo e com o meio ambiente.

5 O PAPEL DO PSICOMOTRICISTA

Para o psicomotricista, o sujeito constitui sua unidade a partir da interação


age contra o mundo exterior e outros (mães e substitutos). Portanto, a
especificidade do movimento mental reside na compreensão de sua origem os
elementos básicos da construção mental e da imagem do seu próprio representante.
Uma criança que não consegue organizar seu corpo no tempo e no espaço
não será capaz de sentar-se em uma cadeira, concentrar-se, segurar um lápis e
copiar no papel o que ela calculou em sua mente. Autores como Oliveira (2015)
apontam que o primeiro dicionário foi escrito no corpo, enfatizando a importância do
exercício como base para outras novas aquisições na fase de desenvolvimento
humano.
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Le Boulch (1985) confirma esse ponto, apontando que o comportamento
prediz a palavra, a língua falada é uma importante ferramenta de organização
psicológica, pois é por meio da fala que as crianças combinam os fatos culturais
com o desenvolvimento pessoal. Portanto, a partir do momento em que ocorre uma
falha no desenvolvimento motor de uma criança, também pode ocorrer uma falha
na aquisição da linguagem e / ou escrita.
Com isso, os psicomotricistas podem atuar primeiro na educação infantil,
estimular o desenvolvimento das crianças por meio do trabalho de habilidades
motoras e habilidades físicas para melhoria social e emocional. Tanto que alguns
autores têm apontado para a importância deste trabalho. Quando os primeiros cinco
anos de idade da criança é como uma "janela" para o melhor desenvolvimento
naquele período (MIGUEL, 2019).
O Quadro 1 apresenta os principais conhecimentos e aquisições
psicomotoras em cada fase de desenvolvimento infantil.

Quadro 1. Habilidades psicomotoras: principais conhecimentos e aquisições


Coordenação/ Estruturação Estruturação
Habilidades equilíbrio Esquema corporal Lateralidade espacial temporal

Até 3 anos  A criança sobe  Conhece as partes  Não se pode ainda  Frente, atrás,  Agora, depressa,
e desce escadas do corpo (pé, nariz, falar em dominância sobre, sob, rápido, devagar,
alternando os pés cabeça etc.) — a criança utiliza grande, pequeno, hoje, amanhã,
 É capaz de parar  É capaz de a mão ou o pé ora alto, embaixo, para, espera
um gesto rápido representar seu direito, ora esquerdo sempre em
 Consegue andar corpo de forma  Dominância ocular relação a si
por obstáculos rudimentar fixa mesmo

Até 4 anos  Fica sobre um pé só  Dentes, ombros,  Continua a  Ao lado, longe,  Noite, dia, mais
 Consegue realizar costas, joelhos, experiência com perto, médio, velho, antes,
saltos de 10 cm de unhas ambos os lados deitar, de pé, depois, maior
altura quadrado, pouco,  Reprodução
muito rítmica, 2 ou 3
 Progressão de movimentos
tamanhos

Até 5 anos  Exercícios de  Lábios, queixo, testa  Instabilidade no  Em frente, em  Estações do


coordenação global  Nos desenhos, domínio manual toda parte, inteiro, ano, sequência
realizados de forma começam os retângulo, entrar, lógica de tempo,
imitativa detalhes nas roupas sair, voltar primeiro e último

22
Quadro 1. Habilidades psicomotoras: principais conhecimentos e aquisições

Coordenação/ Estruturação Estruturação


Habilidades equilíbrio Esquema corporal Lateralidade espacial temporal

Até 6 anos  A criança pode ficar  Cotovelos  Início do  Grosso, fino,  Dias da semana e
imóvel com os olhos reconhecimento de metade, ao meio, do mês
fechados direita e esquerda em subir, descer, rolar,
si mesma junto, só

Até 7 anos  Relaxamento  Sobrancelha, palma  Reconhecimento de  Dobrar, empurrar,  Utilização do


 Possibilidade de das mãos direita e esquerda erguer calendário
descanso de alguma em outra pessoa
parte do corpo colocada à sua frente

Até 8 anos  Fronte, nuca, cílios  Reversibilidade —  Longo, curto  Horário,


 Desenhos de perfil conhecimento de reprodução da
direita e esquerda data
face a face

Até 9 anos  As imitações tendem  Punho, pulso,  Reconhecimento de  Largo, estreito,  Estruturas rítmicas
a desaparecer antebraço direita e esquerda em delgado, espesso, de seis golpes,
 Movimentos figuras profundo regularidade de
próprios  Noção de tempo
perspectiva

Quadro 1. Habilidades psicomotoras: principais conhecimentos e aquisições

Coordenação/ Estruturação Estruturação


Habilidades equilíbrio Esquema corporal Lateralidade espacial temporal

Até 10 anos  Possibilidade  Pupila, ventre,  Dominância lateral  Capaz de chegar


de movimentos pálpebra, tronco mais pronunciada a um tempo
e trabalho em impessoal —“idade
equipe média” —; distingue
passado imediato e
passado antigo

Até 11 anos  Narinas, quadril  Reconhecimento da  Estima a duração


disposição com três de uma conversa
objetos

Até 12 anos  Axilas, têmporas  Visão mais ou


menos realista do
futuro, projeções,
lembranças,
trabalha conceitos
de passado e futuro
Fonte: Adaptado de Fonseca (2008).

23
Segundo a Associação Brasileira de Atividade Psicológica ([2019]), o campo
de atuação do psicólogo pode ser: ensino, instituição e clínica. Em relação ao eixo
de atendimento, a associação destacou os descritos a seguir.

1. Psicomotricidade educacional: atendimento voltado ao espaço escolar,


podendo ser realizado no nível da educação infantil e dos ensinos
fundamental, médio e superior.

2. Psicomotricidade hospitalar: em ambulatórios, UTIs, espaços de saúde e


brinquedotecas, com vistas à reabilitação de alguma debilidade psicomotora.

3. Psicomotricidade empresarial: atividades de ergopsicomotricidade, em que


se encontram formas de desenvolver aspectos motores dentro dos espaços
de trabalho.

4. Terapia psicomotora: destinada a indivíduos com particularidades em saúde


mental e idade avançada, como é o caso dos idosos.

Psicomotricidade, psicopedagogia e educação física estão intimamente


relacionadas, pois antes de aprender matemática, português e ensino formal,
devemos organizar o corpo e organizar todos os elementos psicomotores, para que
isso seja possível. Principalmente na infância, desde o nascimento, o que se
destaca no desenvolvimento das crianças é o corpo esportivo, que inicialmente não
tinha sentido, mas aos poucos se tornou uma expressão de desejo e depois se
tornou uma expressão de linguagem, conforme descreve Lapierre (1986).
Assim, o corpo em movimento vai se deformando aos poucos e, a partir daí
a criança poderá reproduzir a situação real e “acreditar” como ensina Sampaio
(2009). Portanto, a criança pode separar o objeto de seu significado, dizer algo que
não existe e expressá-lo com o corpo. Tal como apontou Sampaio (2009), este

24
processo nada mais é do que uma vivência de elementos psicomotores num
importante contexto histórico, cultural e emocional.
Certifique-se de que o aprendizado de conceitos formais esteja relacionado
ao aprendizado de conceitos cotidianos, como construir textos, contar histórias,
postar notícias, fazer compras, limpar a casa e usar operações matemáticas para
calcular quantas pessoas vieram e quantas pessoas vieram. Além disso, segundo
Fonseca (2010 apud Miguel, 2019), para atingir a coordenação motora fina
necessária à construção da escrita, a criança precisa desenvolver uma ampla gama
de habilidades.
De um modo geral, parece óbvio o papel da atividade mental como forma de
construir o desenvolvimento humano sob os diferentes contextos das origens
existentes. Com isso, é possível fortalecer a abordagem interdisciplinar do
movimento mental, o que mostra que o conhecimento é compreendido de forma
diversificada, em que não há separação entre os temas e os temas (emoção,
movimento, cognição) envolvidos no desenvolvimento humano. A atividade mental
pode desempenhar um papel importante nos problemas do desenvolvimento
humano, especialmente em crianças. Todas as possibilidades obtidas por meio de
atividades psicológicas na infância refletirão a qualidade de uma série de processos
de cognição social, emoção e movimento na vida adulta, promovendo assim o
desenvolvimento global do indivíduo. (Miguel, 2019).

5.1 Corpo, Movimento e expressão

Em termos de sua natureza, as pessoas se expressam, se conectam, vivem


por meio de seus corpos, ou seja, se conectam com o mundo. É muito comum
considerar o corpo apenas em termos de biologia, ou tratá-lo como algo que pode
ser dividido. Para que todos possam compreender melhor o assunto, procuramos
primeiro definir o corpo e a carne, só depois de compreendermos os diferentes
conceitos é que podemos estabelecer a relação entre o corpo, os movimentos e as
expressões.

25
Segundo dados de pesquisas da história humana, os humanos são criaturas
em processo de evolução. Nossos ancestrais eram "macacos" que caminhavam
sobre "quatro patas" e basicamente se moviam para sobreviver, em busca de
alimento e de sua própria defesa. Portanto, ao longo da história da humanidade, os
conceitos humanos e os tratamentos do corpo, assim como o comportamento do
corpo, apresentaram inúmeras mudanças, revelando a relação entre o corpo e um
contexto social específico. (PRIESS, 2018).
Em cada período histórico, o conceito e a imagem do corpo mudaram, de
modo que a cultura corporal do Oriente é diferente da cultura corporal do Ocidente.
O primeiro acredita que a experiência do corpo é a chave para a vivência do mundo
e da consciência do universo, originou-se da tradição mística e respeita o corpo,
enquanto o segundo (ocidental) originou-se da Grécia antiga. (GONÇALVES, 1994).
Ao tentar definir termos diferentes, você pode ter certeza de que as duas
palavras corpo e carne estão intimamente relacionadas e são inseparáveis.
Segundo Prado (2017), o corpo humano integra dimensões como substâncias,
ossos, músculos, hormônios, fezes e sangue. E vem da imaterialidade, emoção,
criatividade, diversão, etc. Portanto, de acordo com as observações, o tangível é
um corpo vivo e experimentado. Então, é a mente e o corpo conectados, envolvendo
as dimensões física, emocional e emocional, ou seja, todo o corpo "físico", suas
emoções, sentimentos e relacionamentos.
De acordo com Gonçalves (1994), desde os primórdios, o homem apresenta
inúmeras formas de conceber e tratar o corpo, considerando técnicas corporais
relacionadas a:
a) movimentos como andar, correr, nadar, pular, entre outros;
b) movimentos corporais expressivos, como expressões faciais, posturas e
gestos;
c) a ética corporal que envolve ideias e sentimentos sobre a aparência, como
vergonha, pudor, ideias e estereótipos de beleza;
d) controle de estruturas dos impulsos e das necessidades.

26
De acordo com a origem sociocultural, religião, gênero, classe social, etc.,
esses aspectos podem ter uma ordem diferente. Portanto, só se pode compreender
o corpo a partir da experiência e da vivência que se estabelece na relação consigo
mesmo, com os outros e com o mundo. Todos podem sentir e possuir o próprio
corpo como forma de expressão e interação com o mundo que chamamos de corpo.
(BONFIM, 2003 apud Priess, 2018).
Qual é a relação entre corpo e exercício? É quase impossível falar sobre o
corpo sem vinculá-lo aos exercícios. Quando pensamos em exercício, muitas vezes
pensamos em deslocamento, ou seja, mudança, sair de um estado para outro, neste
caso o nosso corpo. Por outro lado, o movimento inicial das crianças ocorre através
do corpo e interage, experimenta e compreende o mundo ao seu redor através do
corpo. Os bebês aprendem a se comunicar com os pais por meio de movimentos
faciais (que inicialmente podem ser sorrindo ou chorando) ou por meio de diferentes
tipos de expressões de aceitação ou rejeição. É neste momento que o ser humano
começa a compreender seu corpo e a desenvolver sua percepção dos mais diversos
sentidos, incluindo inteligência, espaço, emoção e sociedade. (Prius, 2018).
Portanto, corpo, movimento e expressão são aspectos indissociáveis, ou
seja, é praticamente impossível considerar um aspecto sem vinculá-lo a outros
aspectos.
Expressões corporais e linguagem corporal são uma forma de comunicação
não verbal na qual os indivíduos usam seus corpos para se expressar por meio de
expressões faciais, posturas corporais, gestos e outras expressões físicas. O
processo de expressão corporal / linguagem corporal antecede a linguagem falada
e ainda pode ser considerado uma das formas mais importantes de comunicação
humana hoje. A pesquisa afirma que a comunicação não verbal expressa através
do corpo é responsável por cerca de 93% de toda a comunicação humana, ou seja,
como um todo, nosso corpo está "falando" (PIRES, 2012).
Conforme Priess (2018), a expressão corporal e a linguagem corporal por
muitos momentos se confundem e estão tão relacionadas que fica difícil distingui-
las ou defini-las de forma individualizada. A expressão corporal trata-se de

27
diferentes formas de manifestações do corpo que são bastante comuns nas
atividades rítmicas, na dança, no jogo, nos esportes e nas atividades físicas em
geral. Já a linguagem corporal pode demonstrar alguns comportamentos e traços
da personalidade da pessoa. Como exemplo, podemos citar pessoas que ficam
movimentando com frequência determinada parte do corpo (como os pés, ao estar
sentado) e esse movimento pode estar relacionado ao estado de ansiedade ou
nervosismo da pessoa no momento.

6 EDUCAÇÃO E REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA

Fonte: pensareaprender.com.br

A educação psicomotora é entendida como todas as atividades guiadas e


tem finalidade específica realizada na infância, especialmente na educação infantil.
Segundo Lebouch (1987), desde a educação psicomotora, as crianças
compreendam o seu corpo, perceba-o e forme o seu personagem. A partir da ação
espontânea da criança, a ação é executada atividades educativas com objetivo de
auxiliar o experimento, movimento e a consequente aquisição de novas habilidades

28
motoras (corrida, pular, chutar, bater, etc.) são muito importantes para o
desenvolvimento.
Autores como Curtiss (1988) descrevem a educação psicomotora como uma
ferramenta importante para o desenvolvimento de problemas emocionais das
crianças, pode ajudar a expandir sua capacidade de expressar sentimentos. E ajuda
a melhorar a qualidade de suas interações com o mundo exterior. Nesse sentido,
é muito importante educar as crianças a considerarem o “todo”, ou seja, em certo
sentido, cognição (inteligência), emoção (sentimento), sociedade (relacionamento
pessoal com os outros) e esportes trabalham de forma integrada por meio de
atividades interessantes. Apresentações em duplas ou em grupo, música de
acompanhamento, materiais alternativos (balões), elementos como espelhos.
Em ambientes muito diversos, como escolas, é comum ver mudanças
significativas nas habilidades atléticas das crianças. Ritmo, marcha, coordenação,
etc. Essa mudança pode ser devido a vários fatores, como lesão do sistema nervoso
central ou devido à falta de experimentação, emoção, cognição ou apenas esportes
são imaturos. Nestes casos, você pode recorrer à reeducação psicomotora. Esta é
uma forma de usar os esportes como uma padronização. Segundo Oliveira (1999),
o comportamento geral das crianças, em reeducação do exercício, sem experiência
anterior de estimulação bem na hora que eles deveriam ter.
Algumas crianças são apontadas pelos pais ou pelos professores como
trapalhonas, com pouco interesse ou jeito para os desportos ou com dificuldades
para adquirir uma marcha segura ou começar a andar de bicicleta. Os educadores
também destacam aquelas que se sujam muito ao comer, que fazem birras ou que
não gostam de pintar — o que, mais tarde, traduz-se em uma caligrafia disforme.
Esses podem ser alguns sinais de alerta para a existência de alguma perturbação
motora, podendo ser ela do equilíbrio, da coordenação ou de qualquer outro
elemento que compõe a psicomotricidade. A perturbação motora é uma inquietação
corporal causada por uma emoção que desorganiza o viver; ela abrange
perturbações no esquema corporal, no tônus muscular e na imagem corporal,
conforme aponta Fonseca (2012).

29
Como todos sabemos, a exploração móvel do ambiente é um meio de
coexistência privilegiado na infância, o que significa crianças com dificuldades pode
ser social ou emocional. Segundo Oliveira (1999), existem alguns indícios de
dificuldade em aprendizagem motora. É importante notar que o paciente não todos
os sintomas devem estar presentes em simultâneo, eles podem aparecer quando
se amadurece.
Na idade pré-escolar, os seguintes sinais podem ser observados:

• atraso na aquisição de marcos de desenvolvimento, como rolar,


sentar- se, andar ou falar;
• dificuldade em correr, saltar, apanhar ou chutar uma bola ao nível dos
pares;
• dificuldade nos conceitos espaciais, como “em cima”, “embaixo”, “à
frente”, “atrás”, “dentro”, “fora”;
• dificuldade em se vestir sozinho;
• dificuldade em adquirir uma pega do lápis adequada ao seu nível.

Já na idade escolar e nos anos seguintes, os sinais a seguir podem ser


observados:
• As dificuldades vividas na pré-escola se mantêm;
• Evitar ou não gostar de educação física e jogos de grupo;
• Dificuldade em apertar botões ou atar algum cadarço/fita;
• Dificuldade acentuada em copiar do quadro;
• Escrita muito laboriosa e imatura;
• Caligrafia imatura.

Este conjunto de características geralmente tem proporções emocionais,


descobrimos que a tolerância das crianças à frustração é muito baixa, o que não é
impossível. Falta de motivação, baixa autoestima e evitação de tarefas motoras.
Este principalmente devido ao cansaço e repetidas falhas, muito comuns no

30
trabalho diário entre esses alunos. A detecção dessas interferências pode ser feita
pelo professor das crianças (independentemente da área), por isso, devem
encaminhar aos psicólogos pela reeducação de estruturas instáveis. (MIGUEL,
2019).
Psicomotricista, como profissional atuante na área de educação e
reeducação, para promover a mediação entre o movimento e a descoberta do aluno
sobre seu corpo. O profissional realiza uma atividade a repetição deve ser
restringida pela busca do sucesso. Os erros são considerados "negativos" no
processo. Pelo contrário, do ponto de vista de falsas percepções, os psicólogos
podem se adaptar à situação, desenvolver estratégias que ajudem os alunos a
adquirir habilidades atléticas. O objetivo é fazê-los avançar para novas aquisições
e muito complicado do que o primeiro.
Segundo Fonseca (2012) os educadores que observam alunos com um certo
distúrbio de movimento que às vezes alguns de seus recursos podem causar o
resultado não reflete o esforço despendido. A introdução é a seguinte estratégia
cujo objetivo principal é ajudar a progredir, suas dificuldades serão prejudicadas.

• Dê mais tempo para o aluno realizar as tarefas mais exigentes a nível


motor, como pintar, escrever, desenhar.
• Utilize papel pautado ou quadriculado, mais facilitador a nível
perceptivo.
• Encoraje uma boa postura de escrita.
• Caso seja um trabalho muito exigente ao nível da velocidade, encurte
a atividade em conteúdo.
• Permita a utilização do computador.
• Utilize auxiliares de pega do instrumento de escrita, caso esta seja
imatura ou incorreta (variação nos lápis e canetas).
• Permita a utilização de métodos alternativos de avaliação, como
apresentações orais.
• Não faça comparações com outros alunos.

31
• Elogie o esforço, e não a habilidade.
• Promova a competição consigo mesmo, e não com os outros.
• A participação deve ser mais importante do que a competição.
• No caso de feedback corretivo, dê informação direta, sucinta e positiva
por exemplo: “Levante a cabeça” ou “Agarre a bola com os dedos
afastados”.
• Se necessário, modifique os materiais por exemplo, use bolas mais
leves ou de diferentes materiais.

O psicomotricista é o profissional que procede na união da saúde, da


educação e da cultura, avaliando, prevenindo, cuidando e pesquisando o ser
humano em sua relação com o espaço e analisando os seus processos de
desenvolvimento. O objetivo de sua função é atuar nas dimensões do esquema e
da imagem corporal em conformidade com o movimento, a afetividade e a
compreensão. Esse profissional pode lançar mão de uma série de medidas para
avaliar, planejar e acompanhar o desenvolvimento psicomotor de seus
alunos/pacientes.
Após o ingresso na escola, os alunos serão exigidos de acordo com sua
maturidade motora. Isso reflete seu comportamento e sua capacidade de se adaptar
nos desafios reservados ao processo de aquisição de conhecimento. Escola
desempenha um papel importante no estímulo e reconhecimento da maturidade
psicomotora, que se manifesta em jogos e interações sociais e emocionais E as
emoções da criança. Neste caso, a educação psicomotora pode ser uma ferramenta
para expandir toda a função de movimento, e a reeducação esportiva pode
desempenhar um papel reformulando as possibilidades esportivas, isso provou ser
limitado.

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7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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