Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE............................................................................................................. 9
CAPÍTULO 1
MEIO AMBIENTE DO TRABALHO................................................................................................. 9
UNIDADE II
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL...................................................... 26
CAPÍTULO 1
ACÚSTICA E CONSERVAÇÃO AUDITIVA.................................................................................... 26
CAPÍTULO 2
PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO AUDITIVA............................................................................... 44
UNIDADE III
EXPOSIÇÃO À SÍLICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL........................ 61
CAPÍTULO 1
EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL À SÍLICA E ADOÇÃO DE MEDIDAS DE CONTROLE NO
MEIO AMBIENTE DO TRABALHO............................................................................................... 61
UNIDADE IV
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE............................................................... 76
CAPÍTULO 1
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E AS MEDIDAS DE PROTEÇÃO COLETIVA NO CONTROLE DE
EMISSÕES DE PARTICULADOS.................................................................................................. 76
REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 111
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
6
Introdução
O presente Caderno de Estudos e Pesquisa foi elaborado com o objetivo de propiciar
conhecimentos acerca do contexto educacional com foco na proteção do meio ambiente
do trabalho.
Desde o início dos tempos, quando o homem tentava dominar a energia através do controle
do fogo, ele passou a interferir diretamente no meio ambiente. Os impactos ambientais
sofridos pela Terra devido à ação antrópica já são discutidos há muito tempo, mas para
confrontar a ideia de que os recursos naturais são ilimitados, a questão ambiental passou
a ser objeto de intensa preocupação para vários países, principalmente após 1970, com
a primeira crise do petróleo, quando a sociedade de uma forma geral despertou para os
limites dos recursos naturais.
7
marcos conceituais e metodológicos como: certificação de qualidade, meio ambiente,
de saúde e segurança.
Esta apostila lhes fornecerá uma visão integrada da proteção do meio ambiente do
trabalho para o início de uma carreira profissional, respeitando o real entendimento da
complexidade desse processo.
Bons estudos!
Objetivos
»» Capacitar o aluno a compreender os principais conceitos associados à
preservação do meio ambiente do trabalho e de poluição ambiental. Com
ênfase na poluição sonora e emissão de particulados, ao desenvolvimento
sustentável visando garantir a qualidade de vida para as presentes e
futuras gerações.
8
PROTEÇÃO DO UNIDADE I
MEIO AMBIENTE
CAPÍTULO 1
Meio ambiente do trabalho
Introdução
O engenheiro de segurança do trabalho tem o papel de avaliar distintos ambientes
laborais e garantir uma permanência saudável, individual ou coletiva, ao longo de
toda jornada de trabalho. Para tanto, essas atribuições encontram-se disponíveis na
Resolução no 325, de 1987, do CONFEA, art. 4o.
Os riscos diretos são aqueles presentes no meio e estão presentes no ambiente laboral.
Os indiretos são aqueles com potencial e podem surgir durante a ocorrência de uma
anomalia ou reação química, como o risco de incêndio, por exemplo.
Portanto, o EST deve avaliar e fiscalizar a eficácia dos sistemas de proteção coletiva,
inclusive os sistemas de proteção contra incêndio, assegurando-se de sua qualidade
e eficiência. Essa atuação, envolve a etapa de especificação, aquisição, manipulação e
armazenamento de substâncias químicas.
Por meio desse arranjo de atribuições o EST dará visibilidade à proteção do meio
ambiente do trabalho, da sociedade, da cultura e também do patrimônio histórico.
Portanto, essas atividades são definidas pela Resolução do CONFEA, elas buscam discernir
e interpretar o direito ao trabalho, previsto no artigo 6o da Carta Magna, à luz das diretrizes
fundamentais da dignidade da pessoa humana e do valor social do trabalho.
Sendo assim, cabe ao Estado garantir o Direito ao Trabalho para todo cidadão, ou seja,
esse ambiente de trabalho deve atender às condições mínimas de higiene, de saúde e de
segurança. O seu cumprimento corrobora na redução dos riscos inerentes ao ambiente
laboral e configura o atendimento ao direito social (CF/1988, art. 7o, XXII).
10
PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE I
11
UNIDADE I │ PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE
É composto pelos recursos naturais: água, solo, ar atmosférico, fauna e flora (TENORIO,
2018).
Está explicitado no Art. 225 da Constituição Federal, sendo que sua tutela imediata se
encontra no Parágrafo I, incisos I e VII do referido Artigo:
[...]
Conforme descrito nos artigos 215 e 216 da Constituição, considera-se meio ambiente
cultural o patrimônio cultural nacional, incluindo as relações culturais, turísticas,
arqueológicas, paisagísticas e naturais (TENORIO, 2018).
12
PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE I
Esse patrimônio está previsto expressamente nos Artigos 215 e 216 da Constituição
Federal:
Para Grott (2003), o meio ambiente do trabalho faz parte do conceito mais amplo
de ambiente, de forma que deve ser considerado como bem a ser protegido pelas
13
UNIDADE I │ PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE
Desse modo, para que o local seja considerado adequado para o trabalho, deverá
apresentar, além de condições salubres, ausência de agentes que coloquem em risco o
corpo físico e a saúde mental dos trabalhadores.
14
PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE I
15
UNIDADE I │ PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE
A Constituição Federal, ao tratar especificamente da saúde, em seu art. 196, deixa claro
o caráter preventivo das políticas públicas. Evidencia que as normas constitucionais
16
PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE I
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em seu capítulo V, dispõe sobre as normas
de segurança e a medicina do trabalho. De uma forma geral, esse capítulo se dedica a
estabelecer a necessidade de promover os direitos e deveres dos empregados e empregadores
a todas as normas legais vinculadas que tratem da segurança do trabalhador bem como da
obrigação do Estado de regular, coordenar e fiscalizar a aplicação dessa normatização.
17
UNIDADE I │ PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE
A Política Nacional de Meio Ambiente, instituída pela Lei no 6.938/1981, escolheu como
um dos instrumentos de gestão ambiental as ações preventivas a serem realizadas pelo
Estado, dentre elas, a avaliação de impactos ambientais para a instalação de obras ou
atividades potencialmente poluidoras. Milaré (2005, p. 482) ressalta que a avaliação
de impacto ambiental pode ser implementada tanto para projetos que envolvam
execução física de obras e processos de transformação como para políticas e planos
que contemplem diretrizes programáticas, limitadas ao campo das ideias, nesse caso
denominada Avaliação Ambiental Estratégica.
Nos termos do art. 1o, III, da Resolução CONAMA no 237/1997, a Avaliação de Impacto
Ambiental, por ela denominada de “Estudos Ambientais”, é gênero do qual são espécies
todos os estudos para análise da licença ambiental, tais como: relatório ambiental, plano
e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental,
plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco.
Essas outras espécies de Estudos Ambientais poderão ser requisitadas na hipótese de
não se exigir o EIA.
Nesse contexto, a conteúdo previsto nas NR nos 9, 15 e 16 podem ser consideradas como
uma medida de avaliação de impacto sobre o ambiente do trabalho, funcionando como
mecanismo de prevenção e também de precaução, na medida em que pode se prestar a
apontar situações em que não se tenha certeza científica quanto aos possíveis danos ao
ambiente e determinar a aplicação de medidas preventivas e até corretivas.
18
PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE I
De acordo com Fiorillo (2003), o local é onde as pessoas desempenham suas atividades
laborais, sejam remuneradas ou não, cujo equilíbrio está baseado na salubridade do
meio e na ausência de agentes que comprometem a incolumidade físico-psíquica
dos trabalhadores, independentemente da condição individual (por gênero: homens
ou mulheres, idade: maiores ou menores de idade, vínculo empregatício: celetistas,
servidores públicos, autônomos etc.).
Dois são os patamares dessa regulamentação. Como ação imediata, está inserida no art.
200, VIII, que específica:
[...]
[...]
O artigo 225, caput, IV, VI e § 3o, afirma que: “Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade
de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-
lo para as presentes e futuras gerações.”
[...]
[...]
19
UNIDADE I │ PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE
Outras fontes que direcionam para a proteção do meio ambiente do trabalho são
encontradas, conforme a seguir:
»» Constituição Federal.
»» Código de Penal.
Destaca-se, portanto, como princípio basilar, o inciso III do art. 1o da referida Carta
Magna, que é o princípio fundamental da dignidade da pessoa humana. Portanto, todo
ser humano tem direito a uma vida digna, e o meio ambiente do trabalho deve tê-lo
como parte integrante de sua plataforma, pois, como preceitua o art. 225, a vida deve
ser de qualidade, e para que o trabalhador tenha uma vida com qualidade, torna-se
necessário um trabalho decente e em condições seguras (ENDO, 2014).
A validação desse contexto depende da compreensão de alguns princípios, para tanto, eles
devem ser mencionados e avaliados, como o da prevenção e da precaução. Para Endo (2014)
prevenção significa adoção de medidas tendentes a evitar riscos ao meio ambiente e ao ser
humano. No ambiente de trabalho, o trabalhador é atingido pelos riscos ambientais
20
PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE I
21
UNIDADE I │ PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE
A visão tributária referente à exposição ocupacional em ambientes que geram riscos aos
trabalhadores requer o cumprimento normativo previdenciário por meio do adicional
de aposentadoria especial, confirmado pela Lei no 8.213/1991 em seu no art. 57 que diz:
Como diz o art. 157, inciso I, da CLT, não basta o empregador (contratante e contratada)
cumprir as normas de saúde e segurança do trabalho, mas também deve fazê-las
cumprir, de modo a dar efetividade às ações de qualquer das partes.
22
PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE I
CERTIFICADO
Certificamos que o funcionário:
(Nome do Participante),
CPF: xxx.xxx.xxx-xx
_________________________ _________________________
[Nome do Participante] [Nome do Instrutor]
[Formação do Instrutor]
[No Registro do Instrutor]
23
UNIDADE I │ PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE
Albuquerque (2011 e 2010) afirma que existem três espécies de tributos relacionados ao
meio ambiente do trabalho com efeitos fiscais e parafiscais, que são: o Seguro Acidente
do Trabalho (SAT) e seus derivativos: Financiamento da Aposentadoria Especial (FAE)
e o Fator Acidentário de Prevenção (FAP).
Cabe ao SAT custear toda e qualquer incapacidade laboral ou acidentária, esse tributo
instrumenta-se pela presunção dinâmica de risco coletivo atribuído a um grupo
homogêneo de exposição sintetizado pela Classificação Nacional de Atividade Econômica
(CNAE) cujos patamares definidores de alíquotas são produzidos pela epidemiologia
acidentária das empresas do mesmo segmento (ALBUQUERQUE, 2011).
24
PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE I
Por fim, a Constituição buscou construir o elo entre as diferentes áreas do Direito que
reconhecem a conservação do meio ambiente como permanência e prevalência do ser
humano. Por isso, destacam-se a legislação ambiental, previdenciária e a trabalhista.
25
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO
E PROTEÇÃO NO MEIO UNIDADE II
AMBIENTE LABORAL
CAPÍTULO 1
Acústica e conservação auditiva
Introdução
O ambiente do trabalho nem sempre é alvo de gestão por parte dos empregadores e
dentre os agentes nocivos à saúde, o ruído é o mais frequente nos ambientes. Assim como
no dia a dia, ele tem sido o responsável pela alteração temporária e permanente do
sistema auditivo, atingindo também o nervoso e o fisiológico.
O controle do ruído, classificado como um agente físico, necessita uma avaliação geral,
desde o contexto anatômico até as estruturas e materiais utilizados para a construção
de barreiras, a fim de protegerem um ou mais trabalhadores expostos ao risco físico,
o ruído.
Esse capítulo visa abordar os principais conceitos e as relações da acústica para, por
meio desse entendimento, esclarecer as ações necessárias para a adoção de gestão
através de um Programa de Conservação Auditiva.
26
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II
Ondulatória
A ondulatória é uma área de conhecimento da física com o objetivo de definir quais as
formas de propagação de uma determinada onda.
Onda é qualquer perturbação que se propaga em um meio, seja ele, sólido, líquido ou
gasoso. Um exemplo comum acontece ao lançar um objeto em um rio ou piscina (a fonte),
o impacto do objeto provocará ondas na água, pois houve uma perturbação. Essa onda
se propagará para todos os lados (HALLIDAY, 1996).
Qualquer objetivo que possa propagar ondas é conhecido como fonte, nomenclatura
muito utilizada na Engenharia de Segurança do Trabalho.
- Lambda
Comprimento de Onda
Crista
Amplitude
Vale
Fonte: Halliday, 1996.
O gráfico acima possui duas áreas distintas conhecidas como crista ou picos (pontos
superiores) e o vale ou depressões (pontos inferiores). O comprimento de onda é a distância
entre duas cristas ou entre dois vales, ele é representado pela letra grega λ (lambda).
Campo de Oscilação
Comprimento de Onda
Propagação
Campo de Oscilação
As ondas são classificadas por suas grandezas físicas, dentre elas: a frequência, o
período, comprimento de onda, velocidade e amplitude.
28
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II
Ex.: Quando identificamos que uma onda vibra a 500Hz, significa que ela oscila 500
vezes por segundo. Portanto, a alteração da frequência é possível quando for alterada
a sua fonte.
a) a sua identificação;
O tempo demandado para a fonte produzir uma onda completa é conhecido como período.
A sua representação pelo SI (Sistema Internacional), é feita pela letra T (segundos).
f = 1/T; ou
T = 1/f
29
UNIDADE II │ EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL
Onde:
f = frequência.
T = período.
O comprimento de onda é a distância percorrida entre dois picos gerados pela onda,
conforme definido na figura 3 do gráfico.
No caso da velocidade ela é determinada pela distância percorrida por uma determinada
onda em um período de tempo. Essa representação é definida pela equação a seguir:
v = λ / T ou;
v = λ * 1/T ou ainda;
v=λ.f
Onde:
V = velocidade.
λ = comprimento de onda.
T = período.
A amplitude é conhecida pela distância percorrida entre o eixo da onda até a crista.
Por definição, quanto maior a amplitude, maior será a energia.
Som e ruído
O som caracteriza-se por flutuações de pressão em um meio, entretanto, essas variações
ou flutuações de pressão devem estar dentro do limiar audível, possibilitando a audição
humana. Portanto, o som é uma forma de energia que é transmitida pela vibração de
moléculas que colidem umas com as outras ao longo de um meio, sendo percebida pelo
ouvido humano. Ele é caracterizado por apresentar uma sensação agradável.
No entanto, o ruído é definido por apresentar um som irritante e desagradável, ele pode
ser mais ou menos perigoso, dependendo da sua frequência e intensidade.
De acordo com Gerges (2000) uma pequena variação de pressão acústica é suficiente
para produzir um ruído desconfortável (≅ 10-1 milibar).
30
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II
Figura 5. Representação gráfica e reconhecimento de som e ruído através da variação de pressão atmosférica.
Pressão
Som / Ruído
Silêncio Silêncio
Tempo
Existe uma variação de frequência audível em que o ouvido humano é sensível, essa
variação está na faixa entre 20 Hz e 20 kHz e em uma pressão mínima de 20 µPa.
Por outro lado, a exposição a uma pressão máxima (limiar de dor) é de 20 Pa. A utilização
de uma escala linear em Pascal é pouco difundida. Logo, a representação é feita em
escala logarítmica, utilizando-se a variável em decibel (dB). O nível de pressão sonora
(NPS) é obtido pela multiplicação do logaritmo da relação entre os quadrados do NPS,
correspondendo ao limiar de audição encontramos 20 x 10-6Pa.
Limiar de dor
120
100
Intensidade (dB)
80
60
40
20
Limiar de auditivo
0
31
UNIDADE II │ EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL
De acordo com o gráfico acima, o limiar mínimo de audição é determinado para baixa
pressão (≅ 25 dB) e frequência entre 100 e 200 Hz. Logo, essa faixa é considerada o
campo audível mínimo. Além disso, observa-se que os humanos não escutam em baixas
frequências, sendo necessário o aumento da pressão sonora.
O gráfico acima demonstra que o ouvido humano não responde de forma linear em
relação às variações de frequência. Ele demonstra que os níveis de pressão sonora são
pouco variavéis em relação às variações de frequência, conforme pode-se observar na
faixa entre 100 Hz e 2000 Hz.
Gerges (2000) afirma que o ouvido humano não é sensível a todas as frequências, mas
é mais sensível à faixa entre 2000 Hz e 5000 Hz, e menos sensível para frequências
extremamente baixas ou altas.
A tabela 1, abaixo, apresenta os níveis de pressão sonora médios de acordo com a fonte
de ruído e os efeitos para os seres humanos.
32
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II
Tipos de ruídos
A caracterização do ruído no ambiente é dada por amostragem, por meio da mensuração
em pequenos períodos de tempo. O objetivo é representar em uma perspectiva
de exposição a longo prazo. Para ambientes onde haja emissão de ruído de forma
contínua, considerando a mesma fonte, isso corresponde a uma medição contínua.
No caso de não serem efetuadas medições contínuas, devido ao deslocamento do receptor
(trabalhador), esse ruído poderá ser caracterizado como intermitente. Para tanto, a
avaliação por meio de amostragem, com intervalo de tempo que atenda toda a jornada
laboral, atingirá resultados confiáveis e significativos.
Segundo Smalt et al. (2016) existe um quarto tipo de ruído, o ruído complexo, que
combina o ruído de fundo (contínuo ou intermitente) e o ruído de impacto (impulsivo),
contribuindo cada um independentemente na indução de mudanças temporárias de
limiar sonoro.
Na prática, os dados de dosimetria podem ser coletados com campo livre, ou na região
auricular, conforme determina a NHO 01 da Fundacentro.
Essa variabilidade é crítica para ruído de impacto, devido, em parte, ao seu amplo
espectro.
33
UNIDADE II │ EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL
Classificação de Ruído
Exemplos
Máquina em operação contínua Ruído de fundo variável em intervalos Uso de armas de fogo ou perfuração com
bate-estaca
Equipamentos de medição
Os equipamentos mínimos necessários para a medição de ruído consistem de um
microfone de alta qualidade capaz de converter a pressão acústica em sinal elétrico,
passará por circuitos de compensação (A, B, C ou D) e, por fim, os dados são transmitidos
de forma digital ou analógica.
34
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II
Calibradores acústicos
A frequência do calibrador é de tom puro, entre 200 e 1250 Hz. O nível de pressão sonora
normalmente varia entre 90 e 125 dB, com variação até ± 0,2dB o que permite a realização
de calibração em ambiente com alto nível de ruído de fundo (GERGES, 2000).
Ambientes com diversidade de ruídos tendem a conter variáveis no tempo e isso poderá
ser um ponto importante para a identificação da amostragem adequada durante a coleta
de dados e subsequente determinação do risco auditivo e das medidas de controle.
35
UNIDADE II │ EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL
Monitoramentos pessoais
O monitoramento pessoal tem o objetivo de levantar quantitativamente os níveis de
pressão sonora representativos a uma atividade específica ou para um conjunto de
atividades desenvolvidas ao longo da jornada de trabalho. Geralmente, o monitoramento
atende a um determinado grupo devido à similaridade das atividades desenvolvidas e
à exposição nos mesmos ambientes. Esse grupo é conhecido como Grupo Homogêneo
de Exposição (BENTO, 2018).
A etapa de interpretação dos dados quantitativos é importante, pois, nela são definidas
as ações que serão empregadas para o controle do risco de exposição a NPS elevados
e implementar os controles de engenharia necessários para a redução desse risco
(BENTO, 2018).
36
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II
Além disso, essa hipótese avaliativa serve apenas para indivíduos expostos a níveis de
pressão sonora elevados, dessa forma, avaliar-se-á o período de recuperação após a
exposição. Smalt (2016) afirma que esse período de recuperação permite que o ouvido
se recupere para níveis normais de audição.
37
UNIDADE II │ EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL
Parâmetros de medição
Os parâmetros para determinar os níveis de pressão sonora, requerem a ausência do
avaliador durante o levantamento das condições ambientais visando eliminar qualquer
possibilidade de alteração da dosimetria.
38
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II
Conforme determina a NR15, Anexo I, quando a jornada de trabalho possui dois ou mais
períodos de exposição, os efeitos devem ser combinados e seguir a seguinte equação
para a determinação do nível de exposição normalizada.
C1 C 2 C 3 Cn
+ + (…) +
T1 T 2 T 3 Tn
Onde:
Isolamento acústico
Segundo Gerges (2000), no estudo acústico em ambientes fechados, devem-se
considerar diversas variáveis, dentre elas, destacam-se: a forma geométrica do
ambiente, a posição das fontes sonoras, os materiais utilizados para absorção acústica,
a presença de reflexões e difrações de paredes e outros materiais.
Os materiais absorventes de ruído não devem ser instalados sem a definição dos pontos
estratégicos com vistas à redução do campo reverberante (campo afastado das fontes).
Essa prática busca utilizar materiais absorventes nas paredes e/ou suspensos nos
ambientes.
Gerges (2000) afirma que é possível uma redução de 3 dB dobrando-se a área revestida,
ou o coeficiente de absorção, portanto, o nível de pressão sonora (NPS) próximo ao
campo sofre pouca atenuação pelo revestimento, no entanto, o NPS reduz à medida que
nos afastamos da fonte de ruído.
39
UNIDADE II │ EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL
Vale ressaltar que o controle de ruído deve sempre ser efetuado na fonte, usando-se
equipamentos e máquinas silenciosos. Entretanto, por razões de dimensionamento dos
equipamentos, layout e custo nem sempre é possível seu controle na fonte.
Formas de isolamento
A redução do nível de pressão sonora por meio de estruturas e materiais de isolamento,
podem ser definidos e implantados de três formas:
A perda por transmissão por meio da construção de barreira física é representada pelo
processo de transmissão, o qual se dá por via aérea e via estrutural, a figura 8 demonstra
o desnível de pressão sonora entre o meio I e III devido à presença do meio II como
obstáculo/barreira de propagação acústica.
Figura 8. Perda por transmissão fluido/sólido (meio I), sólido/sólido (meio II) e sólido/fluido (meio III).
Meio II
Wa Wt
40
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II
Observa-se que a perda por transmissão (Pt) ocorre através da dissipação das ondas
propagadas pelo ruído, ocorrendo uma redução na transmissão via sólido/fluido.
Pt = Wa / Wt
Onde:
Isoladores de vibrações
Segundo Gerges (2000), muitos problemas com ruído e vibrações em instalações
industriais e edificações são devidos à montagem incorreta dos maquinários.
Geralmente, instalam-se isoladores de vibrações, blocos de inercia e/ou outros materiais
de amortecimento para redução e minimização dos impactos anteriormente sofridos.
Isoladores de vibrações devem ser aplicados entre a fonte e o receptor para oferecer
proteção dinâmica ao sistema receptor (GERGES, 2000). Existem dois tipos de
isolamentos, o isolamento ativo e o passivo.
41
UNIDADE II │ EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL
43
CAPÍTULO 2
Programa de Conservação Auditiva
Mapeamento Avaliação de
de ruído ruído
Sem risco
Área de risco
< 80 dB(A)
Tomada de Redução do
Redução do
decisão tempo de
nível de ruído
exposição
Interrupção na Refúgios de
trajetória ruído
Isolamento de
pessoas
44
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II
De acordo com o fluxograma acima elaborado pelo autor deste conteúdo, o primeiro
passo será a elaboração do mapa de ruído de todo o ambiente laboral. Esse mapa deverá
apresentar o posicionamento das máquinas e equipamentos, além de incluir os processos
de maior interesse. Nesses mapas serão inseridos os níveis de pressão sonora ambiental
em dB(A), levando-se em consideração um número considerável de medições e a garantia
de funcionamento dos equipamentos dentro dos limites estabelecidos pelo setor de
produção. O resultado do mapa de ruído identificará as zonas perigosas de ruído e esses
locais serão o ponto de partida para a tomada de decisão e implantação dos critérios
técnicos a serem estabelecidos em cada área (BENTO, 2018).
ALTA
DIREÇÃO
SETOR:
Planejamento SESMT
Projeto PCA (Coordenador)
Suprimentos
Produção
FORÇA DE
TRABALHO
45
UNIDADE II │ EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL
Por fim, deve-se manter o controle médico e saúde ocupacional atualizados, a fim de
confrontar com as ações em área e confirmar ou não a eficácia do programa.
Toda documentação deverá ser mantida em arquivo com histórico clínico, ocupacional
e individual de cada funcionário. O gestor do PCA deverá confrontar o mapa de ruído
com o histórico epidemiológico por área e apresentar se houve casos de perda auditiva,
quando estabelecido nexo causal no ambiente laboral.
As ações para a eliminação de PAIR deverá ser divulgada à alta direção para conhecimento
e aprovação de recursos.
46
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II
47
UNIDADE II │ EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL
48
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II
De acordo com a NR 09, item 9.3.5.4 (BRASIL, 2017, p. 3.), quando comprovada a
inviabilidade técnica da adoção de medidas de proteção coletiva ou quando essas não
forem suficientes ou se encontrarem em fase de estudo, planejamento ou implantação,
ou ainda em caráter complementar ou emergencial, deverão ser adotadas outras
medidas, obedecendo-se à seguinte hierarquia:
49
UNIDADE II │ EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL
A exposição em frequências mais altas e baixas geralmente levam maior tempo para
serem afetadas e a adoção de práticas que reduzem ou eliminem essa exposição gerará
a anulação progressiva da perda auditiva identificada (BRASIL, 2013).
50
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II
Pode-se utilizar uma tabela para representar as áreas ou funções que estão sob condições
de gestão e intervenção, a fim de garantir o conforto acústico dos atores envolvidos.
O Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT), conhecido também
como levantamento ambiental, é a principal referência para dar garantia dos ambientes
insalubres ou de grave iminência (BENTO, 2018).
Conforme estabelecido pela NR 07, item 03 (BRASIL, 2013. p. 09), devem ser
submetidos a exames audiométricos de referência e sequenciais, no mínimo, todos os
trabalhadores que exerçam ou exercerão suas atividades em ambientes cujos níveis de
pressão sonora ultrapassem os limites de tolerância estabelecidos nos anexos 1 e 2 da
NR 15 da Portaria no 3.214/1978 do Ministério do Trabalho, independentemente das
aplicações de proteção coletiva, administrativa e do uso de protetor auditivo.
O audiômetro deve passar por uma calibração acústica anual, de acordo com os padrões
previstos na ISO 8253-1, em laboratório credenciado pelo Inmetro. Além disso, é feito um
controle periódico de verificação do funcionamento do audiômetro pelo fonoaudiólogo
ou médico.
O exame audiométrico deverá ser testado na via aérea nas frequências de 500, 1.000,
2.000, 3.000, 4.000, 6.000 e 8.000Hz (BRASIL, 2013, p. 10).
51
UNIDADE II │ EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL
52
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II
53
UNIDADE II │ EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL
Todos os casos definidos como sugestivos de PAIR após a avaliação devem ser informados
ao responsável pelo empreendimento, obra ou planta industrial, que providenciará a
elaboração e execução de plano de ação para avaliação epidemiológica.
Somente após a avaliação epidemiológica é que a unidade pode emitir a CAT em consenso
com a Coordenação de Saúde Corporativa do Empreendimento ou com o SESMT.
54
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II
Ações de correção
As ações de correções propostas visam eliminar os riscos de agravamento por PAIR,
praticamente a sua aplicabilidade não será possível caso o empregador não tenha
interesse em implementar o PCA em seu estabelecimento.
Ações preventivas
55
UNIDADE II │ EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL
»» Orientação na detecção precoce dos casos que possam evoluir para PAIR.
Lc = LA + LB + LD
56
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II
Onde:
LB = 5 dB(A) para ruído impulsivo e/ou tonal audível. Para LD esta é a correção para
ruído intermitente (expresso em função de percentuais).
LC = Leq + LB
Revisão do PCA
O PCA será submetido a revisões periódicas sempre que houver novas fontes ou alteração
na intensidade de ruídos, na vigência de novas tecnologias de trabalho, alterações na
legislação ou avanços na medicina, ou em outras circunstâncias a critério do SESMT.
O motivo pelo qual o PCA deve ser revisado, sustenta-se pela decisão do Supremo
Tribunal Federal (STF) que concluiu no dia 4/12/2014 o julgamento do Recurso
Extraordinário com Agravo (ARE) número 664.335. A sua repercussão foi reconhecida
e fixou duas teses a serem aplicadas na gestão e conservação auditiva, visto que os efeitos
da utilização de equipamento de proteção individual (EPI) não prevalecerão para a
57
UNIDADE II │ EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL
Em cada revisão do PCA, devem-se incluir os cargos ou funções que estão enquadrados
ao benefício de aposentadoria especial, que possui nítido caráter preventivo e impõe-
se para aqueles trabalhadores que laboram expostos a agentes prejudiciais à saúde e
possuem um desgaste naturalmente maior. Logo, sabe-se que esse grupo assistido não
poderá cumprir o mesmo tempo de contribuição em relação aos demais não expostos a
agentes nocivos.
No entanto, caberá a emissão de Laudo Técnico dos Ambientes Laborais para a confirmação
do paradigma. Essa ação atenderá as normas vigentes e definirá as alíquotas a serem
acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme a atividade exercida pelo
58
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II
Por outro lado, a criação do Fator Acidentário de Prevenção (FAP), por meio da Lei no
10.666/2003, em seu art. 10, concedeu redução de até 50% do valor dessa contribuição
em favor das empresas que provassem a redução de indicadores acidentários e do nexo-
epidemiológico. Essa redução é possível para aqueles que investirem na prevenção de
acidentes e doenças ocupacionais. Essa ação, atinge a implementação de programas
antes esquecidos, dentre eles, destacamos o PCA e o PPR (Programa de Proteção
Respiratória) com foco na gestão administrativa e implantação de sistemas de proteções
coletivas. Portanto, o FAP funciona como incentivo para que as empresas continuem
a cumprir a sua função social, proporcionando um ambiente de trabalho hígido a seus
trabalhadores.
O National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH) afirma que a
atenuação de um protetor auditivo depende de suas características e de como o
trabalhador o utiliza. O protetor selecionado deve ser capaz de manter a exposição
auditiva ao ruído abaixo de 85 dB(A). Os trabalhadores e supervisores devem certificar-
se periodicamente de que o protetor está sendo usado corretamente, que está bem
ajustado e que é apropriado ao ruído ao qual o trabalhador está sujeito. A ênfase tem
sido dada à atenuação que o protetor oferece e outras qualidades necessárias para a sua
efetividade têm sido negligenciadas.
59
UNIDADE II │ EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL
Os profissionais que selecionam o EPI devem considerar para que tipo de ruído ele será
usado e quem irá usá-lo, a necessidade de compatibilidade dele com outros equipamentos
de proteção, conforto, e as condições do local de trabalho, como temperatura, umidade
e pressão atmosférica. Conforme o NIOSH (1998), o uso intermitente dos protetores
auriculares reduz dramaticamente sua efetividade, a exemplo: um protetor que atenua
30 dB(A) em oito horas de exposição atenuará apenas 15 dB(A) se o trabalhador deixar
de usá-lo por um período cumulativo de 30 minutos durante um dia de oito horas
de trabalho.
60
EXPOSIÇÃO À SÍLICA
E IMPLEMENTAÇÃO DE UNIDADE III
PROTEÇÃO NO MEIO
AMBIENTE LABORAL
CAPÍTULO 1
Exposição ocupacional à sílica e
adoção de medidas de controle no
meio ambiente do trabalho
Introdução
O avanço industrial, em conjunto com a adoção de novas tecnologias, impulsionou
todo o processo produtivo. No entanto, o aumento na produção impõe perdas ao meio
ocupacional participado pelas máquinas e operários. O que caracteriza as perdas está
diretamente ligado ao meio ambiente laboral, onde são gerados resíduos em forma de
particulados distintos conforme as dimensões de fragmentação, na forma de aerossóis,
tornando-se parte integrante do ar respirável do trabalhador. Essa “nova” interação
desencadeará em resultados negativos à saúde do trabalhador.
61
UNIDADE III │ EXPOSIÇÃO À SÍLICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL
O organismo pode produzir diferentes reações dentre elas temos as reações alérgicas,
insuficiência respiratória, parada respiratória e outros.
Quando geradas em ambiente laboral, podem estar associadas com doenças ocupacionais.
62
EXPOSIÇÃO À SÍLICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE III
As partículas geradas por ruptura mecânica de sólidos, como rochas, por exemplo,
resultam nas poeiras. Enquanto aquelas produzidas por condensação de vapores de
sólidos à temperatura ambiente originam os fumos (SOTO et al. 1991).
As poeiras minerais são originadas a partir de grandes massas do mesmo material, por
meio de processos de ruptura mecânica, como moagem, britagem, perfuração, corte,
lixamento, explosão ou fricção entre certos materiais.
Nos processos em que rochas são beneficiadas, a poeira é gerada principalmente durante
as operações de corte, serragem, nivelamento e polimento de superfícies.
Classificação de aerodispersoides
63
UNIDADE III │ EXPOSIÇÃO À SÍLICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL
Poeiras
São formadas por partículas sólidas, com diâmetro geralmente superior a 1 µm.
Resultante da desintegração mecânica de substâncias inorgânicas ou orgânicas.
Fumos
São partículas sólidas, geralmente com diâmetros < 10 µm até 1 µm. Resultam da
condensação de partículas em estado gasoso, após processo de volatilização de metais
fundidos. Por exemplo: fumos metálicos provenientes do processo de soldagem (cloreto
de amônio).
Outro produto químico de risco é o chumbo (Pb), ao derretê-lo, o seu vapor em contato
com o ar reage formando o óxido de chumbo (PbO), uma partícula altamente tóxica.
Essa partícula é extremamente pequena em suspensão no ar.
Névoas e neblinas
São partículas constituídas por gotículas líquidas com diâmetro variável entre: 0,1 µm
e 100 µm. Resultantes da condensação de vapores (p. ex.: pulverização, nebulização).
Causam reações, como irritação nos olhos, dificuldade respiratória e comprometimento
da visão.
Tipos de névoas: ácido sulfúrico, ácido crômico, câmaras de pinturas, entre outros.
Fumaça
64
EXPOSIÇÃO À SÍLICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE III
Quadro 2. Tamanho de impureza em suspensão no ar, método de controle, tipo de radiação conforme
comprimento de onda.
Escala em
0,00003
10.000
0,0001
1.000
0,001
0,01
100
Microns
0,1
10
1
()
Precipitadores Eletrostáticos
Brônquios 2 – 3 m
Bronquíolos 1 – 2 m
Alvéolos 0,1 – 1 m
65
UNIDADE III │ EXPOSIÇÃO À SÍLICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL
66
EXPOSIÇÃO À SÍLICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE III
As três frações de partículas sólidas, na forma de poeira, podem ser dividas de acordo
com o seu diâmetro aerodinâmico e relacionadas aos efeitos da poeira sobre a saúde em
relação à região de deposição no trato respiratório, são definidas como resposta da sua
penetração nos diferentes níveis do sistema respiratório:
67
UNIDADE III │ EXPOSIÇÃO À SÍLICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL
•Penetração - Faringe
Região •Fração torácica < 25 m
Tráqueo-
brônquica
•Região Pulmonar
•Fração respirável < 10 m
Região
Pulmonar
68
EXPOSIÇÃO À SÍLICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE III
Com alto grau de toxicidade, a sílica cristalina pode causar, além da silicose, aumento
da ocorrência de tuberculose, doenças autoimunes, bronquite crônica etc. (ALGRANTI
et al., 2003).
Sílica cristalina
69
UNIDADE III │ EXPOSIÇÃO À SÍLICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL
Sílica amorfa
»» opala;
»» sílicas vítreas: produzidas pela fusão de materiais que contêm silício, seja
de origem vulcânica ou resultado do impacto de meteoritos.
Segundo evidências inadequadas e estudos com animais, o IARC avaliou a sílica amorfa
como não cancerígena (IARC, 1997).
O ramo de mineração expõe trabalhadores a poeiras diversas como ferro, bauxita, zinco,
manganês, calcário, rochas potássicas e fosfáticas, asbesto, granito, quartzo, quartzito,
feldspato, argilas e outros minerais contendo sílica livre.
70
EXPOSIÇÃO À SÍLICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE III
Silicose
A silicose é uma doença incurável, causada pela inalação de sílica cristalina, provocando
reação pulmonar e retenção das partículas de sílica. A silicose é talvez a pneumoconiose
mais antiga. Foi Visconti, em 1870, que utilizou o termo ‘silicose’ pela primeira vez, mas ela
já tinha sido descrita em múmias do Antigo Egito e Grécia. Também Hipócrates a descreveu
ao observar dificuldade respiratória nos escavadores de metal e foi descrita no século XVI
nos mineiros da Boémia e nos cortadores de pedra no século XVIII (CORN, 1980).
Silicose crônica
Segundo Algranti et al. (2003), a silicose crônica pode ocorrer após longos períodos
de exposição à poeira contendo sílica. (10 a 20 anos), a níveis relativamente baixos
71
UNIDADE III │ EXPOSIÇÃO À SÍLICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL
Silicose subaguda
Silicose aguda
A silicose aguda é uma forma rara de doença e se associa a exposições maciças de sílica
livre, por períodos que variam de poucos meses até quatro ou cinco anos e é representada
pela proteinose alveolar associada a infiltrado inflamatório intersticial (FRASER, 1979).
Outras doenças também podem ser associadas à silicose, por ser progressiva e assim
pré-dispor o organismo a uma série de comorbidades, pulmonares e extrapulmonares,
como a tuberculose, o enfisema, as doenças autoimunes e o câncer (classificada como
agente carcinogênico para o ser humano pela IARC (ALGRANTI et al., 2003).
72
EXPOSIÇÃO À SÍLICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE III
Controle de fonte
O controle na fonte deve envolver três itens diferentes: o processo de produção,
o material contendo sílica como constituinte tóxico e as práticas de trabalho.
O processo de produção deve ser modificado, aplicando-se métodos que
gerem menos poeira. Essa abordagem é mais simples quando adotada na fase
de projeto de um processo produtivo ou quando as linhas de produção estão
mudando devido à introdução de novas linhas de produtos.
73
UNIDADE III │ EXPOSIÇÃO À SÍLICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL
Enclausuramento e ventilação
O enclausuramento consiste na colocação de uma barreira física entre a poeira
contendo sílica e o trabalhador, por exemplo, isolando o processo como em uma
caixa. Geralmente, é necessário ter um sistema de ventilação que mantenha o
isolamento sob pressão negativa, de modo que não haja nenhuma emissão em
frestas, rachaduras ou nos pontos de movimentação de poeira dentro e fora do
enclausuramento.
Práticas de trabalho
A maneira como o trabalhador executa uma tarefa pode afetar apreciavelmente
a exposição, assim, é importante treinar trabalhadores em boas práticas de
trabalho. Como exemplos de práticas de trabalho que afetam a exposição,
podem ser citados, entre outros, o cuidado na transferência de materiais em pó,
a velocidade de trabalho e a postura corporal do trabalhador para execução de
sua tarefa. A limpeza utilizando vassoura e ar comprimido devem ser proibidas.
Medidas pessoais
Todas as tentativas devem ser feitas para evitar ou minimizar a exposição por
outros métodos antes de recorrer ao equipamento de proteção individual. Um
respirador, particularmente do tipo máscara, não é fácil de ser usado por longos
períodos. Ele pode ser muito desconfortável, especialmente em condições de
74
EXPOSIÇÃO À SÍLICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE III
75
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL
E A PROTEÇÃO UNIDADE IV
DO MEIO AMBIENTE
CAPÍTULO 1
Ventilação industrial e as medidas
de proteção coletiva no controle de
emissões de particulados
Introdução
A ventilação industrial tem o objetivo de fornecer ar através de meios naturais e
mecânicos para ambientes fechados a fim de garantir o controle atmosférico de um
ambiente, proporcionando condições de acesso aos trabalhadores e maior durabilidade
de máquinas e equipamentos.
76
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE IV
77
UNIDADE IV │ VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE
Tipo de ventilação
A definição para implantação do sistema de ventilação e/ou exaustão depende dos
seguintes critérios:
»» tipo de poluente;
»» concentração;
78
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE IV
Na concepção de Lisboa (2007), esse processo deve ser empregado para melhoria das
condições de conforto térmico e para diminuição da concentração de poluentes de baixa
toxicidade no ambiente até os limites permitidos.
De acordo com WHO (1999), esse tipo de ventilação, quando mal dimensionada, pode
aumentar a exposição dos trabalhadores distantes da fonte de emissão de poluentes.
79
UNIDADE IV │ VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE
Esse tipo de ventilação também pode ser utilizado para a redução de atmosferas
explosivas. Nesses casos, o insuflamento de ar possibilita a diminuição da concentração
do agente, mantendo-a abaixo do limite inferior de explosividade (ACGIH, 2013).
Os dois principais tipos de ventilação geral diluidora comumente utilizados são: natural
e forçada, conforme a figura 13, abaixo.
80
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE IV
Macyntire (1990) afirma que o TLV-C, conhecido como valor teto, não deverá ser
excedido, nem instantaneamente.
Áreas com manipulação de gases tóxicos devem receber atenção especial na disposição
dos ambientes a serem construídos, recomenda-se:
81
UNIDADE IV │ VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE
82
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE IV
* As trocas podem apresentar variações de acordo com o layout e com as barreiras (bancadas, móveis
etc) disponível no ambiente.
Caso considere que todos os participantes são fumantes teremos, 50 m³/h pessoa o que
representa um total de 60 x 50 = 3.000 m³/h
V =Q/ A
Portanto,
Q = 1,5m / min x 80 m²
Q = 120 m³ / min
Transformando tem-se:
Q = 7.200 m ³ / h
Conclui-se que 3.000 < 7.200 < 120.000 sendo, portanto, um valor aceitável.
Entretanto, sugere um valor na ordem de 72.000 m³/h, o mais indicado, valor esse
que representa 60% do valor máximo.
83
UNIDADE IV │ VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE
G 102 fs
Qn = x 24,1 x x
MM LIE B
Onde:
MM = Massa molecular.
20,88 102 5
Qn = x 24,1 x x
92 1, 27 1
Qn (110°C ) =
2.153 x
( 273 + 110 )
( 273 + 21)
Qn = 2.805m ³ / h
84
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE IV
Destaca-se que, além da proteção do trabalhador contra agentes nocivos, esse tipo de
ventilação promove melhorias no conforto térmico do ambiente laboral, pois remove
uma parcela da carga térmica gerada no processo (LISBOA, 2007).
Objetivos
85
UNIDADE IV │ VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE
Duto
Ventilador
Filtro
Captor
2 Geralmente, toda fonte de poluição do ar deverá ser provida de sistema de ventilação local exaustora e o lançamento na
atmosfera deverá ser realizado por meio de chaminé ou na existência de norma ou regulamento dele decorrente.
86
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE IV
»» Vazão de captação.
O captor tipo coifa não deverá ser usado quando o poluente for tóxico e quando
houver a necessidade de o trabalhador curvar-se sobre a estrutura (tanque).
Q = 1, 4 P x h xV
Onde:
V = velocidade de captura.
88
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE IV
∆P =0, 25 Pc
Onde:
ΔP = perda de entrada.
Em geral, o captor deverá ser colocado o mais próximo possível da fonte poluidora.
Desse modo, adquire-se uma captação com uma vazão reduzida gerando, um menor
custo operacional. A vazão, em geral, é o quadrado da distância, portanto, no caso de
uma distância 2x a vazão requerida será o quádruplo em relação a uma determinada
distância x.
Fonte Fonte
X 2X
Condição Boa Condição Ruim
Fonte: adaptada de Assunção, 1989.
89
UNIDADE IV │ VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE
Fenda
Condição Boa
Condição Ruim
90
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE IV
Captor
Enclausurante
Shut de alimentação
Condição Boa
Captor
Shut de alimentação
Velocidade de captura
O processo de captação de poluentes depende da velocidade de captura, e ela deve ser
estabelecida no ponto de absorção mais desfavorável. Dessa forma, todos os poluentes
serão captados.
91
UNIDADE IV │ VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE
»» toxicidade do poluente;
»» tipo de captor;
»» velocidade de emissão;
»» tamanho do captor;
»» quantidade emitida.
Vazão de exaustão
De acordo com o volume ou massa de um determinado poluente emitido por uma fonte
poluidora, devemos encontrar a vazão de exaustão que representará o volume de ar
necessário a ser movimentado para captar o poluente emitido.
De acordo com Macintyre (1990), os elementos que classificam uma boa exaustão são:
92
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE IV
Q = Ac xVc
Onde:
Para cada categoria a definição dos valores na faixa depende dos seguintes fatores:
›› alta emissão;
93
UNIDADE IV │ VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE
Ac 10 x ² + Af
Equação 1 - =
Ac
Equação 2 -= (10 x 2
)
+ Af x 0, 75
Onde:
A equação 1 deverá ser considerada para captores sem flange e a equação 2 para captores
com flange.
Essas equações são válidas somente para distâncias ≤ a 1,5d. Onde d é o diâmetro da
face do captor.
94
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE IV
Captação
Inadequada
Captação Adequada
Ideal para ventilação de tanques e processos quentes (ex: fornos de fundição, tanques
de tratamento superficial3).
Quadro 9. Coeficiente de entrada (Ke) e perda de carga (Kc) conforme o tipo de captação.
Formato do captor Ke Kc
Boca arredondada 0,98 0,04
Extremidade plana sem flange 0,72 0,93
Extremidade do duto flangeada 0,82 0,49
Cone flangeado com α = 13° 0,94 0,13
Cone flangeado com α = 30° 0,90 0,24
Cone sem flange com α = 13° 0,82 0,49
Cone sem flange com α = 30° 0,79 0,60
3 Galvanoplastia.
95
UNIDADE IV │ VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE
Dimensionamento de captores
»» ventilação sopro-exaustora;
»» ventilação de tanques;
»» toxidade do poluente;
»» condições operacionais.
A posição do captor pode ser definida por 6 (seis) critérios, são eles:
Além disso, os captores devem garantir a menor perda de carga e que necessitem a
menor vazão de captação, visto que o custo operacional será fundamental para a
definição do custo final do produto4 em uma determinada organização.
Dimensionamento de dutos
De acordo com a HSE (2011), em sistemas de ventilação podem ser utilizados dutos
retangulares e circulares, sendo os últimos mais empregados por suportarem maiores
variações de pressão e serem mais leves. Macintyre (2013) afirma que os dutos de seção
transversal retangular não são aconselhados por favorecerem a deposição de poeira em
suas arestas, exigindo maior frequência de manutenção.
Uma rede de dutos deve minimizar as perdas de cargas, evitando-se o uso de curvas,
cotovelos ou reduções, conforme a figura 20 (ACGIH, 2013).
Transporte de poluentes
Segundo Macintyre (1990), o transporte de poluentes por meio de dutos depende
da velocidade do ar na tubulação. Para poluentes gasosos, a velocidade tem pouca
importância, uma vez que não ocorre sedimentação na tubulação, mesmo para velocidades
baixas. Nesse caso, são utilizadas velocidades na faixa econômica usualmente entre
5 a 10 m/s.
4 Produção final após o beneficiamento no processo produtivo e colocado no mercado à venda.
97
UNIDADE IV │ VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE
Velocidade Mínima
Tipo de Partícula
(m/s)
Partículas de densidade baixa: fumaça, fumos de óxidos de zinco, fumos de óxidos de alumínio, pó de algodão. 10
Partículas de densidade média: cereais, pó de madeira, pó de plástico, pó de borracha. 15
Partículas de densidade média/alta: fumos metálicos, poeira de jateamento de areia e de esmerilhamento. 20
Partículas de densidade alta: fumos de chumbo, poeiras de fundição de ferro. 25
Essa definição poderá garantir o melhor uso das partículas geradas e a menor exposição
dos trabalhadores a ambientes anteriormente classificados como “insalubres”.
Isso proporciona ao SESMT a redução significativa do uso exagerado de equipamentos
de proteção individuais e promove a aplicação de uma gestão contínua, baseada na
prevenção de acidentes, atuando no comportamento dos funcionários por meio de
treinamentos e campanhas educativas.
98
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE IV
Uma forma de identificar a perda de carga limite nos filtros, por meio de controle de
pressões e potências, se dará por meio da instalação de manômetros em “U” de baixo
custo e fácil instalação.
Os ventiladores
Eles devem ser capazes de vencerem a perda de carga total (dutos, captores e filtros)
do sistema, garantindo a pressão necessária para manutenção do escoamento do fluido
(ACGIH, 2013).
99
UNIDADE IV │ VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE
Por meio do ventilador é que criamos o diferencial de pressão através do sistema, o que
faz o ar fluir. Para tanto, a seleção do ventilador é fundamental para garantir a melhor
efetividade do sistema.
De uma forma geral, pode-se dizer que a escolha depende de fatores relativos às
propriedades do contaminante, relativos às propriedades do gás carreador e relativos a
aspectos econômicos e práticos. Há que se considerar na escolha de equipamentos de
controle, vários fatores, conforme abaixo (MUCCIACITO, 2016):
102
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE IV
»» composição química;
»» temperatura;
»» viscosidade;
»» umidade;
»» combustividade;
»» reatividade química;
»» propriedades elétricas.
Coletores úmidos
Princípio de funcionamento
O gás é forçado através de uma aspersão de gotas, com as quais as partículas se chocam,
se depositam por difusão, e também agem como núcleo de condensação de água,
aumentando consequentemente de tamanho, o que torna sua coleta mais fácil. Portanto,
podemos dizer que os quatro mecanismos de coleta mais importantes no coletor úmido
são impactação, a interceptação, a difusão e a condensação (MUCCIACITO, 2016).
=N 2,3log1/1 − n
N = αδ ty
Onde:
n = eficiência.
y = constante admensional – coeficiente angular da reta plotada em papel logarítmico.
α = valor de intercepção na ordenada.
α,β = dependem do tamanho de outras propriedades das partículas.
δt = potência de contato total.
Características gerais
Visa expressar o rendimento dos diversos tipos de lavadores de gases para a coleta de
material particulado.
Quadro 11. Características de câmaras de borrifo.
Parâmetro Faixa
Vazão de gás > 70.000 pés³/min
Temperatura do gás 2.000° F, reduzindo para 300° F
Velocidade do gás 2 – 5 pés/s
Tempo de resistência 20 – 30s
Perda de carga 1 pol de H2O
Concentração Alta, > 5 grãos/pé³
Composição da partícula Sólido, líquido (corrosão)
Água recirculada 2 – 18 gal/1.000 pés³
Essas relações variam para cada um dos tipos de lavadores mencionados, dependendo
de como se dá a aspersão do líquido, da direção e do sentido do gás com relação ao
líquido, entre vários outros fatores.
104
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE IV
A absorção pode ser entendida como um íntimo contato dos gases com o líquido
de absorção, o que permite que os gases poluentes fiquem dissolvidos no líquido. O
fator responsável por esse resultado é a solubilidade dos gases no líquido absorvedor,
uma forma de demonstrar tal ocorrência é vista nas partículas de aerossóis que são
transferidas da suspensão da corrente gasosa para o líquido de lavagem via mecanismos
de impacto inercial, sedimentação gravitacional, difusão browniana, eletrostática,
difusividade térmica e transporte de massa (MUCCIACITO, 2016).
Vantagens Desvantagens
Não gera fonte secundária de pó. Possibilidade de geração de problemas de poluição de águas.
Necessidade de alto custo de perda de carga para remover material
Necessita de espaço pequeno.
particulado fino com alta eficiência.
Coleta gases e material particulado. Geração de resíduos úmidos.
Oferece possibilidade de trabalho com correntes gasosas de elevada
Problemas de corrosão de forma severa em relação à via seca.
temperatura e umidade.
Tem custo baixo (desconsiderando o tratamento de efluentes líquidos). Opacidade da pluma de vapor pode ser inconveniente.
Geralmente a corrente gasosa já está em alta pressão. Consumo de energia elevado.
Acúmulo de sólidos na interface úmida-seca pode gerar problemas.
Habilidade de remover com alta eficiência o material particulado fino. Alto custo de operação.
Consumo elevado de água.
Câmara de borrifo
É o mais simples dos coletores úmidos. As gotas, geralmente com diâmetro de 0,1 a 1
mm, caem e se chocam com as partículas em movimento ascendente, sendo o impacto o
principal mecanismo de coleta das partículas. São características gerais desses coletores:
Faixa
Parâmetro
Tipo irrigado Tipo Pease – Anthony
Vazão do gás Até 50.000 pés³/min Até 25.000 pés³/min
Temperatura do gás Ilimitada Pré-resfriamento ou saturação necessária.
105
UNIDADE IV │ VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE
Faixa
Parâmetro
Tipo irrigado Tipo Pease – Anthony
Velocidade do gás 200 – 500 pés/min –
Velocidade tangencial – 50 – 200 pés/s
Perda de carga 2,5 – 6 pol de H2O 2 – 6 pol de H2O
Água recirculada 3-5 gal/1.000pés³ 3-10 gal/1.000pés³
Δp = f (vazão) Δp = KQ² –
Potência – 1-3 HP/1.000pés³/min
Eficiência 90% ≥ 5µm 95% ≥ 5µm
Efeito da umidade na eficiência Nenhum Nenhum
Lavadores ciclônicos
Nesses coletores úmidos, lança-se mão de um aumento da velocidade relativa entre as
gotas e as partículas. Dessa forma, consegue-se aumentar consideravelmente a eficiência
de coleta em comparação com a obtida em câmaras de borrifo (MUCCIACITO, 2016).
a 3.000 furos por pé², tendo sobre eles plaquetas a uma distância correspondente à
seção do fluido que passa pelos furos (seção de maior velocidade).
O fluxo gasoso entra pela base da torre, em uma câmara provida de bicos aspersores de
baixa pressão para, inicialmente, sofrer um processo de resfriamento, umidificação e
coleta das partículas mais grosseiras (MUCCIACITO, 2016).
O gás, passando através dos furos a velocidades entre 75 e 100 pés/s, atomiza o líquido
descendente em gotas da ordem de 100 µm.
Parâmetro Faixa
Concentração de poeira 40 grãos/pé³ (fácil tratamento)
Perda de carga 1,5 a 8 pol de H2O – geralmente 4-6
Eficiência 95%, 4µm; 90%, 2µm; 80%, 1µm.
Consumo de água 0,25 gal/min para cada 1.000pés³/min
Água recirculada 3 gal/min/1.000 pés³/min
Capacidade 500 – 40.000 pés³/min
Velocidade do gás nos furos 20 pés/s
Velocidade de formação de gotas 75-100 pés/s
Percebe-se que o diâmetro do corpo coletor é muito grande, no caso da plaqueta, sendo,
portanto, o parâmetro de impactação menor.
Precipitadores eletrostáticos
Removem o material particulado de uma corrente gasosa por meio da criação de alto
diferencial de voltagem entre eletrodos. Quando o gás com partículas passa entre os
eletrodos, as moléculas gasosas ficam ionizadas, resultando em cargas nas partículas.
Logo, carregadas, são atraídas para o “prato” de carga oposta e removidas enquanto o
gás prossegue. Durante a operação, os pratos devem ser limpos periodicamente para
remover a camada de pó que fica sobreposta.
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UNIDADE IV │ VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE
O acesso nesses locais deve ser controlados de forma sistêmica e precisa seguir os
procedimentos operacionais de segurança elaborados pelos responsáveis do processo
de produção. Qualquer acesso nos precipitadores eletrostáticos deve ocorrer somente
com a anuência da segurança do trabalho.
Vantagens Desvantagens
Alta eficiência de coleta de material particulado (fino e grosso)
Elevado custo de implantação (projeto, engenharia e instalação).
e consumo de energia relativamente baixo.
Alta sensibilidade às oscilações das condições da corrente de gás (taxas de fluxo,
Coleta e disposição dos resíduos a seco.
temperaturas, composição do gás e material particulado).
Baixa perda de carga (< 13 mmca). Baixa flexibilidade das faixas de operação.
Capacidade de operação contínua com mínima necessidade Dificuldade de remoção de algumas partículas devido a propriedades resistivas
de manutenção. extremas (muito altas ou muito baixas).
Baixo custo de operação (se comparado a outros processos). Necessidade de espaço relativamente grande para instalação.
Habilidade para trabalhar em altas pressões (10 atm) quanto
Produção de ozônio pelo eletrodo negativo durante a ionização do gás.
em condições de vácuo.
Possibilidade de ser operado em ampla faixa de temperatura Manutenção relativamente sofisticada e personalizada (para a segurança do
e a altas (até 700º C). trabalho, possui elevado risco).
Incapacidade de controle das emissões de poluentes gasosos (DAVIS, 2000).
Risco de explosão quando se trata gases ou partículas combustíveis.
Capacidade de tratar altas vazões de maneira eficaz.
Necessidade de precauções especiais para proteger pessoal dos riscos de alta
voltagem.
Entrada de gás
Saída de gás
Câmara coletora de pó
(área quente)
Sistema de transporte
de pó aquecido
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VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE IV
Filtros de mangas
Os filtros de mangas removem o pó da corrente de gás, passando a corrente gasosa
carregada de material particulado por um tecido poroso (conforme descrição técnica
do material/fabricante). As partículas de pó formam uma torta de porosidade maior,
menor ou igual à manga (tecido poroso). Em geral, os métodos utilizados para limpeza
são chacoalhar as mangas ou soprando ar limpo em corrente contrária.
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UNIDADE IV │ VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE
Vantagens Desvantagens
Temperaturas acima de 300º C necessitam refratário mineral, especial
Alta remoção de material particulado grosso ou fino (submicrons). ou mangas metálicas que estão ainda em estágio de desenvolvimento
e valor elevado.
Alguns pós podem requerer tratamento especial das mangas para
Capacidade de operar com grande diversidade de pós. reduzir a infiltração de pó, ou, em outros casos, ajuda na remoção do
pó coletado.
Baixas concentrações de pó no coletor podem representar risco de
Relativamente insensível à flutuação da vazão de gás. Eficiência e
fogo ou explosão se uma faísca ou chama for introduzida por acidente,
perda de carga são pouco afetadas devido a grandes variações de
as mangas podem queimar se pó oxidável já tiver sido coletado (p. ex.:
carregamento de cinzas para filtros continuamente limpos.
filtro de mangas de coque de petróleo).
Possibilidade de recirculação da saída de ar do filtro pela planta para
Elevado custo de manutenção (troca das mangas).
conservação de energia.
Baixa vida útil em altas temperaturas e na presença de ácidos e bases
Material coletado seco, para subsequente processamento ou disposição.
ou na presença de gases específicos.
Não há problemas de disposição de resíduos líquidos, poluição de
águas ou congelamento de líquidos, fator existente nos lavadores Não pode trabalhar com gases úmidos.
úmidos.
Materiais hidroscópicos, condensação de mistura, componentes de
Em geral, corrosão e ferrugem não são problemas. alcatrão podem causar torta incrustante ou tampão na manga. É
necessário o uso de aditivos especiais.
A substituição das mangas necessita de sistemas de proteção coletiva,
Não há risco de alta voltagem, simplificando a operação e manutenção,
visando à proteção respiratória e uso de EPI, conforme avaliação do
além de permitir coleta de pó inflamável.
setor de segurança do trabalho.
Uso de fibras selecionadas e cuidados com pré-coberturas de filtros
granulares permitem alta eficiência de coleta de fuligem com dimensões O diferencial de pressão em média é de 100 a 250 mmca.
de micrômetros e também de gases contaminantes.
Filtros coletores possuem diversas configurações possíveis, resultando
As mangas podem ser destruídas em altas temperaturas ou na
em dimensões e locais de flange de entrada e saída diversos,
presença de produtos químicos corrosivos.
atendendo às necessidades de processo da instalação.
O tempo de limpeza do filtro necessita de um sistema paralelo para
Operação relativamente simples.
manter o regime permanente de operação.
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Referências
ANDRADE, Laura Martins Maia de. Meio ambiente do trabalho e a ação civil
pública trabalhista. São Paulo: Ed. Juarez de Oliveira, 2003.
ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 7. ed. ver. ampl. e atual. Rio de
Janeiro: Ed. Lumen Juris, , 2004.
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REFERÊNCIAS
R&R – BETH. Dry Electrostatic Precipitator. Brochure for Dry ESP. 2017. p.16.
Disponível em: <http://rr-bethfiltration.com/en/dry-electrostatic-precipitators.
html?file=files/downloads/Brochures%202017/R%26R%20BETH%20Brochures%20
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STERN, A. C. Fundamentals of air Pollution. New York: Academic Press NY, 1982.
VINCENT, J.H. Aerosol Science for Industrial Hygienists. 5. ed. UK: Elsevier
Science Ltd, 1995. 411p.
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