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Proteção do Meio Ambiente

Brasília-DF.
Elaboração

Marcel Anderson Borges Bento

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7

UNIDADE I
PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE............................................................................................................. 9

CAPÍTULO 1
MEIO AMBIENTE DO TRABALHO................................................................................................. 9

UNIDADE II
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL...................................................... 26

CAPÍTULO 1
ACÚSTICA E CONSERVAÇÃO AUDITIVA.................................................................................... 26

CAPÍTULO 2
PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO AUDITIVA............................................................................... 44

UNIDADE III
EXPOSIÇÃO À SÍLICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL........................ 61

CAPÍTULO 1
EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL À SÍLICA E ADOÇÃO DE MEDIDAS DE CONTROLE NO
MEIO AMBIENTE DO TRABALHO............................................................................................... 61

UNIDADE IV
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE............................................................... 76

CAPÍTULO 1
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E AS MEDIDAS DE PROTEÇÃO COLETIVA NO CONTROLE DE
EMISSÕES DE PARTICULADOS.................................................................................................. 76

REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 111
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

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Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

5
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
O presente Caderno de Estudos e Pesquisa foi elaborado com o objetivo de propiciar
conhecimentos acerca do contexto educacional com foco na proteção do meio ambiente
do trabalho.

Cada unidade e capítulo estudados representarão as horas dedicadas e o novo


conhecimento adquirido que proporcionará o entendimento e a execução das atividades
educativas bem como as práticas desenvolvidas ao longo do curso. Lembrando sempre
que você é protagonista da história que estamos construindo a partir de agora.

Este conteúdo permitirá aos estudantes de Engenharia de Segurança do Trabalho,


conhecer os conceitos voltados à proteção do meio ambiente do trabalho e a sua relação
com os riscos ambientais do trabalho, e estabelecer o desenvolvimento de técnicas
para a redução dos riscos é o principal pilar que auxiliará e determinará o avanço da
geração de pesquisadores e profissionais altamente capacitados a exercer profissões
diversas (áreas de segurança e saúde do trabalho). Ainda estamos longe de entender
completamente os processos que compõem sistemas ambientais. Faz parte desse
contexto, voltar-se ao meio ambiente como um todo para entender e integrar as funções
de cada ambiente.

Desde o início dos tempos, quando o homem tentava dominar a energia através do controle
do fogo, ele passou a interferir diretamente no meio ambiente. Os impactos ambientais
sofridos pela Terra devido à ação antrópica já são discutidos há muito tempo, mas para
confrontar a ideia de que os recursos naturais são ilimitados, a questão ambiental passou
a ser objeto de intensa preocupação para vários países, principalmente após 1970, com
a primeira crise do petróleo, quando a sociedade de uma forma geral despertou para os
limites dos recursos naturais.

Na última década do século XX, a tomada da consciência mundial quanto à importância


das questões ambientais dissemina as abordagens que se fundamentam na premissa
que: “os custos da qualidade de vida em seu orçamento, pagando o preço de manter
limpo o ambiente em que vive” (VALE, 1996).

Dessa forma, várias instituições econômicas e produtivas (fábricas, firmas, comércio


etc.) passaram a inserir em sua cadeia produtiva os custos necessários para manter a
qualidade de vida e o bem-estar coletivo. Paradigma esse que fez com que na metade da
década de 1990, diversos normativos internacionais, do porte da ISO, concretizassem
de forma coerente tal demanda da sociedade, passando as instituições a buscarem

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marcos conceituais e metodológicos como: certificação de qualidade, meio ambiente,
de saúde e segurança.

Esta apostila lhes fornecerá uma visão integrada da proteção do meio ambiente do
trabalho para o início de uma carreira profissional, respeitando o real entendimento da
complexidade desse processo.

Bons estudos!

Objetivos
»» Capacitar o aluno a compreender os principais conceitos associados à
preservação do meio ambiente do trabalho e de poluição ambiental. Com
ênfase na poluição sonora e emissão de particulados, ao desenvolvimento
sustentável visando garantir a qualidade de vida para as presentes e
futuras gerações.

»» Desenvolver o conhecimento técnico voltado à aplicação de controles


administrativos e de engenharia voltados para a proteção coletiva.

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PROTEÇÃO DO UNIDADE I
MEIO AMBIENTE

CAPÍTULO 1
Meio ambiente do trabalho

Introdução
O engenheiro de segurança do trabalho tem o papel de avaliar distintos ambientes
laborais e garantir uma permanência saudável, individual ou coletiva, ao longo de
toda jornada de trabalho. Para tanto, essas atribuições encontram-se disponíveis na
Resolução no 325, de 1987, do CONFEA, art. 4o.

Esse profissional deve supervisionar, coordenar e orientar o SESMT, deve analisar


cuidadosamente os riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes que
possivelmente encontram-se em cada setor, por estabelecimento. Além disso, deve-se
analisar as condições de segurança das instalações e equipamentos, com o objetivo de
identificar os problemas de controle de risco, controle de poluição, higiene do trabalho,
ergonomia, proteção contra incêndio e saneamento.

Portanto, será necessário planejar e implementar as ferramentas de gerenciamento e


controle de riscos. O planejamento deve estar inserido no Programa de Prevenção de
Riscos Ambientais e nele serão definidas as ações por meio de cronograma com intuito
de eliminar os riscos ambientais identificados.

As ações propostas pelo engenheiro de segurança do trabalho (EST) contribuem


para propor medidas de controle sobre grau de exposição e agentes de riscos físicos,
químicos e biológicos, tais como: poluentes atmosféricos, ruídos, calor, radiação em
geral e pressões anormais, caracterizando as atividades, operações e locais insalubres e
perigosos desde que ultrapassados os limites de tolerância ou conforme a classificação
de periculosidade determinada pela legislação vigente.

Percebe-se que mapear e controlar os riscos ambientais é uma atividade primordial ao


EST, todavia, a investigação de acidentes e falhas possuem também um elevado grau
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UNIDADE I │ PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

de importância em suas atribuições, visto que a prevenção de acidentes de trabalho são


decorrentes da antecipação. No entanto, o ônus será implementar ações corretivas e
analisar os dados estatísticos dos principais desvios ocorridos ao longo do tempo.

Geralmente, os grandes estabelecimentos que possuem sistema de gestão integrado (SGI)


ou profissionais capacitados nessas áreas, desenvolvem propostas para a implementação
de políticas, programas, normas e regulamentos de segurança do trabalho nas companhias
em busca da observância e do seu cumprimento por todos os envolvidos.

A proteção do meio ambiente do trabalho, envolve o comprometimento da alta direção


na implementação dos novos processos de gestão da empresa e na adoção de sistemas de
proteção coletiva. Esses sistemas são conhecidos pela redução de riscos diretos e indiretos.

Os riscos diretos são aqueles presentes no meio e estão presentes no ambiente laboral.
Os indiretos são aqueles com potencial e podem surgir durante a ocorrência de uma
anomalia ou reação química, como o risco de incêndio, por exemplo.

Portanto, o EST deve avaliar e fiscalizar a eficácia dos sistemas de proteção coletiva,
inclusive os sistemas de proteção contra incêndio, assegurando-se de sua qualidade
e eficiência. Essa atuação, envolve a etapa de especificação, aquisição, manipulação e
armazenamento de substâncias químicas.

As atribuições contextualizadas representam o cumprimento dos requisitos legais


estabelecidos em nossa Constituição, e caberá ao Estado, por meio do Ministério Público,
a sua fiscalização junto às áreas econômicas e setores que prestam serviços à sociedade.
Dentre eles, destacamos a saúde, o saneamento básico, a educação e a segurança.

Acredita-se que futuramente o Estado deverá possuir profissionais da engenharia de


segurança em seu quadro técnico, eles serão responsáveis por garantir o cumprimento
das normas vigentes e proporcionarão ações que reduzam os riscos aos trabalhadores
e à comunidade.

Por meio desse arranjo de atribuições o EST dará visibilidade à proteção do meio
ambiente do trabalho, da sociedade, da cultura e também do patrimônio histórico.

Portanto, essas atividades são definidas pela Resolução do CONFEA, elas buscam discernir
e interpretar o direito ao trabalho, previsto no artigo 6o da Carta Magna, à luz das diretrizes
fundamentais da dignidade da pessoa humana e do valor social do trabalho.

Sendo assim, cabe ao Estado garantir o Direito ao Trabalho para todo cidadão, ou seja,
esse ambiente de trabalho deve atender às condições mínimas de higiene, de saúde e de
segurança. O seu cumprimento corrobora na redução dos riscos inerentes ao ambiente
laboral e configura o atendimento ao direito social (CF/1988, art. 7o, XXII).
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PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE I

Por fim, a adoção de medidas preventivas resulta na redução ou eliminação de


ambientes e processos geradores de doenças ocupacionais, e na prevenção da
integridade física e psíquica no ambiente laboral. Além disso, ela garante o controle,
eliminação ou neutralização dos agentes nocivos à saúde, o que é direto fundamental
do trabalhador.

O objetivo principal é o desenvolvimento do setor econômico, mantendo-se uma relação


harmoniosa entre aqueles que estão envolvidos diretamente no processo de produção.
Nesse caso, os trabalhadores, e a sociedade (relação indireta ou paralela) a fim de
garantir a qualidade e preservação da vida às presentes e futuras gerações envolvidas
em entidades públicas e/ou privadas.

Videoaula 1 – A introdução (apresentação e objetivos da proteção do meio


ambiente do trabalho).

O meio ambiente do trabalho e os princípios


da precaução e prevenção
O meio ambiente pode ser definido de diversas formas, dependendo do seu referencial.
Para melhor contextualização da disciplina, daremos ênfase ao conceito dado pela
Política Nacional de Meio Ambiente, ela definiu meio ambiente como um conjunto
de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que
permite, abrigar e reger a vida em todas as suas formas (art. 3o, inciso I, da Lei no
6.938/1981).

Essa definição permitiu o surgimento normativo e legal, envolvendo todos os aspectos


que promovem a vida em determinadas condições ambientais, visto que os ambientes
são distintos e as formas de vida ali presentes também.

Dessa forma, pode-se destacar a segregação conceitual de outros ambientes, dentre


eles destacamos os de ordem natural, artificial, cultural e do trabalho, que receberam
as seguintes definições:

1. Meio ambiente natural.

2. Meio ambiente artificial.

3. Meio ambiente cultural.

4. Meio ambiente laboral.

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UNIDADE I │ PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Meio ambiente natural ou físico

É composto pelos recursos naturais: água, solo, ar atmosférico, fauna e flora (TENORIO,
2018).

Está explicitado no Art. 225 da Constituição Federal, sendo que sua tutela imediata se
encontra no Parágrafo I, incisos I e VII do referido Artigo:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente


equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-
lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1o Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

I – preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o


manejo ecológico das espécies e ecossistemas;

[...]

VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas


que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de
espécies ou submetam os animais a crueldade.
Fonte: Brasil, 1998.

Meio ambiente artificial

O meio ambiente artificial é formado pelos espaços urbanos, incluindo as edificações


que são os espaços urbanos fechados, como, por exemplo, um prédio residencial e os
equipamentos públicos urbanos abertos, como uma via pública, uma praça, dentre
outros (TENORIO, 2018).

Complementando essa conceituação, pode-se definir o meio ambiente artificial como


o local onde o trabalhador exerce suas funções laborativas e que passa grande parte
de sua vida. Não necessariamente o ambiente de uma empresa ou fábrica, mas o local
onde se trabalha, que pode ser externo como o caso dos agricultores ou em máquinas
como carros e ônibus.

Meio ambiente cultural

Conforme descrito nos artigos 215 e 216 da Constituição, considera-se meio ambiente
cultural o patrimônio cultural nacional, incluindo as relações culturais, turísticas,
arqueológicas, paisagísticas e naturais (TENORIO, 2018).

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PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE I

Esse patrimônio está previsto expressamente nos Artigos 215 e 216 da Constituição
Federal:

Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos


culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará
a valorização e a difusão das manifestações culturais.

§ 1o O Estado protegerá as manifestações das culturas populares,


indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do
processo civilizatório nacional.

§ 2o A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta


significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais.

§ 3o A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração


plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do País e à integração
das ações do poder público que conduzem à:

I – defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro;

II – produção, promoção e difusão de bens culturais;

III – formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas


múltiplas dimensões;

IV – democratização do acesso aos bens de cultura;

V – valorização da diversidade étnica e regional.


Fonte: Brasil, 1988.

Videoaula 2 – Principio da prevenção e da precaução e sua relação com o meio


ambiente do trabalho.

Meio ambiente do trabalho

De acordo com Nogueira (2018), o meio ambiente do trabalho envolve um conjunto de


fatores físicos, químicos, climáticos ou quaisquer outros que interligados, ou não, estão
presentes e envolvem o local de trabalho do indivíduo, é natural admitir que o homem
passou a integrar plenamente o meio ambiente no caminho para o desenvolvimento
sustentável preconizado pela nova ordem ambiental mundial.

Para Grott (2003), o meio ambiente do trabalho faz parte do conceito mais amplo
de ambiente, de forma que deve ser considerado como bem a ser protegido pelas

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UNIDADE I │ PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

legislações para que o trabalhador possa usufruir de uma melhor qualidade


de vida.

O meio ambiente do trabalho é o local onde homens e mulheres desenvolvem suas


atividades laborais (TENORIO, 2018).

Desse modo, para que o local seja considerado adequado para o trabalho, deverá
apresentar, além de condições salubres, ausência de agentes que coloquem em risco o
corpo físico e a saúde mental dos trabalhadores.

A tutela mediata do meio ambiente do trabalho se encontra no Art. 225, já transcrito,


enquanto que no Art. 200, VIII, a CF/1988 tutela imediatamente o meio ambiente
do trabalho, ao afirmar que compete ao Sistema Único de Saúde (SUS), colaborar na
proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho (TENORIO, 2018).

Proteger o meio ambiente do trabalho significa proteção aos trabalhadores, mas


também à saúde de agentes indiretos (comunidades periféricas aos estabelecimentos
de labor), posto que um meio ambiente poluído por indústrias, por exemplo, afeta o
meio ambiente interno e externo (NOGUEIRA, 2018).

A garantia de um meio ambiente do trabalho seguro e saudável está entre as prioridades


de atuação do Ministério Público do Trabalho (MPT). Em sua atuação nessa área, o MPT
se baseia no conceito de saúde e segurança elaborado pela Organização Mundial da
Saúde (OMS), nas normas da Organização Internacional do Trabalho, na Constituição
Federal, na CLT, bem como nas Portarias e Normas Regulamentadoras do Ministério
do Trabalho e Emprego. O objetivo principal da atuação do MPT é prevenir para dar
reais condições de saúde e segurança no trabalho visando aos interesses individuais e
coletivos (NOGUEIRA, 2018).

Albuquerque (2011) complementa a função do MPT, apoiada pela Constituição Federal


do Brasil (BRASIL, 1988) conferindo a efetividade ao mandamento constitucional do
dever do Estado e direito de todos, a saúde do trabalhador custeada por todos e em
especial pelas empresas, no tocante ao seguro acidentário, expressamente definido na
Carta Magna, para cujo cometimento depende diretamente do complexo e amplíssimo
Sistema Tributário Nacional por ela engendrado e estabelecido, conforme Art. 7o, inciso
XXVIII e Art. 196 da CF.

Para tanto, entende-se ser importante o estudo e a aplicação dos princípios da


prevenção e da precaução no âmbito do meio ambiente do trabalho. Essas ações
visam distinguir tais princípios, sabendo-se que a prevenção diz respeito aos danos
previsíveis e à precaução aos danos sobre os quais ainda não há certeza científica
(NOGUEIRA, 2018).

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PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE I

Videoaula 3 – Meio Ambiente do Trabalho e a Carta Magna.

O meio ambiente do trabalho e a aplicabilidade


dos princípios da precaução e prevenção

O ordenamento jurídico brasileiro, no âmbito do Direito Ambiental, tem como pilares


diversos princípios, dentre eles os da prevenção e da precaução. Milaré (2005, p. 165)
afirma que especialistas fazem uso do princípio da prevenção, enquanto outros se
reportam ao princípio da precaução. “Outros, utilizam ambas as expressões, supondo
ou não diferença entre elas”.

Apesar de aparentemente terem o mesmo significado, são princípios distintos, mesmo


que sutilmente, que possuem relação entre si de gênero e espécie. Como bem destaca
Sirvinskas (2008, p. 57):

[...] prevenção é gênero das espécies, ou seja, agir de forma a antecipar


um fato. Precaução é agir com cautela, ou seja, ser preditivo e tomar
atitudes de forma antecipada para evitar danos ao meio ambiente ou
a terceiros. O conceito de prevenção é mais amplo do que precaução
ou cautela.

Pesquise a respeito das ações preditivas, preventivas e corretivas. Cada


significado corresponde à forma como o EST atua no dia a dia.

O princípio da prevenção é aquele que impõe a adoção de medidas mitigatórias de


danos previsíveis. Antunes (2008) considera que o princípio está atrelado aos impactos
ambientais já conhecidos e, dessa forma, é possível estabelecer um conjunto de ações
baseadas na casualidade, sendo suficientes para a identificação de impactos futuros.

As fases decorrentes do estudo de licenciamento ambiental podem ser consideradas


importantes ações do princípio da prevenção e, além disso, os estudos de impacto
ambiental (EIA) e os relatórios de controle ambiental (RCA) são ferramentas importantes
que integram a conceituação da prevenção. As condicionantes ambientais emitidas em
cada fase do licenciamento ambiental têm o objetivo de prevenir os danos ambientais
e age de forma a eliminar (sempre que possível) os danos que uma determinada
atividade degradante causaria ao meio ambiente, caso não fosse solicitado ao órgão de
licenciamento ambiental.

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UNIDADE I │ PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

É no âmbito da prevenção/precaução que se destacam os estudos de impacto ambiental,


os processos de licenciamento prévio e também as medidas punitivas, como forma de
“estimulante negativo contra a prática de agressões ao meio ambiente” (FIORILLO, 2009).

Quanto ao princípio da precaução, segundo Milaré (2005), a incerteza científica milita


em favor do meio ambiente, dando ao interessado o ônus de provar que as intervenções
pretendidas não trarão consequências indesejadas para o meio ambiente. Por sua vez,
o postulado da precaução pretende evitar o risco mínimo ao meio ambiente, nos casos
de incerteza científica acerca de sua degradação (RODRIGUES, 2002).

Os princípios da prevenção e da precaução sejam eles entendidos como expressões


sinônimas ou distintas, mas inter-relacionadas, apresentam-se como normas basilares
do Direito Ambiental, ao passo que impõem que se deve priorizar medidas prévias de
proteção ambiental ante a usual impossibilidade de reparação efetiva do meio ambiente.
Nesse sentido, Milaré (2005) afirma que sua atenção está voltada para o momento
anterior ao da consumação do dano – o do mero risco. Ou seja, diante da pouca valia
da simples reparação, sempre incerta e, quando possível, excessivamente onerosa, a
prevenção é a melhor, quando não a única, solução.

Feitas essas considerações acerca dos princípios da prevenção e da precaução, abordar-


se-á a sua aplicabilidade no meio ambiente do trabalho.

Os conceitos e definições a respeito dos princípios da prevenção e da precaução, no


âmbito do Direito Ambiental, podem e devem ser utilizados para o entendimento
no meio ambiente do trabalho, visto que as ações aplicadas em saúde e segurança
do trabalho possuem o objetivo principal de prevenção e precaução. As ferramentas
utilizadas nesse processo são os programas de prevenção, controle, laudos e registros
para liberação e acompanhamento de atividades.

Como exposto, os princípios da prevenção e da precaução apresentam-se como base


do Direito Ambiental. O meio ambiente do trabalho, como aspecto do conceito amplo
de meio ambiente, por óbvio, não poderia ser uma exceção da influência desses dois
princípios. Com efeito, o meio ambiente, inclusive o do trabalho, é correlacionado
diretamente na Constituição Federal ao bem objeto de direito sobre o qual incide o
interesse da coletividade: a saúde humana (DINIZ, 2009).

Sabe-se que a legislação constitucional, atrelada às convenções internacionais e às


normas regulamentadoras, procura dar consistência ao meio ambiente do trabalho e,
dessa forma, representa a garantia de um ambiente seguro e que apresente menos riscos.

A Constituição Federal, ao tratar especificamente da saúde, em seu art. 196, deixa claro
o caráter preventivo das políticas públicas. Evidencia que as normas constitucionais

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PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE I

impõem caráter preventivo não só às políticas públicas diretamente relacionadas ao


meio ambiente, mas também àquelas que com ele se relacionam:

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido


mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco
de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações
e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Fonte: Brasil, 1988.

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em seu capítulo V, dispõe sobre as normas
de segurança e a medicina do trabalho. De uma forma geral, esse capítulo se dedica a
estabelecer a necessidade de promover os direitos e deveres dos empregados e empregadores
a todas as normas legais vinculadas que tratem da segurança do trabalhador bem como da
obrigação do Estado de regular, coordenar e fiscalizar a aplicação dessa normatização.

Nele percebe-se o tratamento das medidas necessárias à prevenção de acidentes ou


de doenças adquiridas no ambiente laboral. Para tanto, recorre-se à necessidade da
realização de exames admissionais, periódicos, mudança de função e retorno ao trabalho.

O capítulo aborda também a aquisição e fornecimento de equipamentos de proteção


individuais e estabelece critérios para a construção de ambientes de trabalho, desde a
estrutura física até as condições de conforto acústico, térmico e de iluminação.

As Normas Regulamentadoras (NR), aprovadas pela Portaria no 3.214/1978, tratam


justamente do capítulo V, título II da CLT e têm como meta dar tratativa às condições
ambientais do trabalho e apresentam caráter eminentemente preventivo. Destacam-se
dentre elas as NR nos 2, 3, 7, 9, 15, 16, 17, 18, 31, 32, 33, 35 e 36, que preveem inspeções
prévias nas instalações de estabelecimentos antes do início de suas atividades e ainda
quando submetidas essas instalações a modificações substanciais; situações em que existe
a possibilidade de embargo e interdições; a proposta para a elaboração e gestão do controle
de saúde médico ocupacional bem como a elaboração de programa de prevenção de riscos
ambientais onde existe uma interface com os estudos de avaliações ambientais para a
conclusão de ambiente laboral salubre ou insalubre e condições perigosas de trabalho.

Por fim, a NR 18 vem tratar justamente do projeto do meio ambiente do trabalho e


das proteções coletivas necessárias para a condução segura. Para Diniz (2009), a mera
semelhança advém, por exemplo, dos Estudos de Impactos Ambientais (EIA) visto
que a implementação de projetos depende efetivamente desses estudos para assim
garantir a preservação e a conservação dos recursos naturais para as atuais e futuras
gerações. Logo, essa ação é uma imposição constitucional.

A experiência jurídica brasileira, no entanto, demonstra que a norma constitucional tem


suscitado muitas dúvidas e divergências no que se refere à sua adequada compreensão

17
UNIDADE I │ PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

(ANTUNES, 2008). Assim, é difícil afirmar categoricamente que se trata de instituto


preventivo e de precaução que presta a tutelar com eficiência prática o meio ambiente do
trabalho, dadas as peculiaridades desse aspecto do meio ambiente e o fato de ter sido o
EIA um instituto pensado especialmente para o meio ambiente em seu aspecto natural.
Porém, as normas regulamentadoras buscaram tratar do assunto, a fim de permitir que
o meio ambiente do trabalho possua os seus institutos conforme um Laudo Ambiental,
PPRA, PCMSO, PGR e/ou PCMAT.

A Política Nacional de Meio Ambiente, instituída pela Lei no 6.938/1981, escolheu como
um dos instrumentos de gestão ambiental as ações preventivas a serem realizadas pelo
Estado, dentre elas, a avaliação de impactos ambientais para a instalação de obras ou
atividades potencialmente poluidoras. Milaré (2005, p. 482) ressalta que a avaliação
de impacto ambiental pode ser implementada tanto para projetos que envolvam
execução física de obras e processos de transformação como para políticas e planos
que contemplem diretrizes programáticas, limitadas ao campo das ideias, nesse caso
denominada Avaliação Ambiental Estratégica.

Nos termos do art. 1o, III, da Resolução CONAMA no 237/1997, a Avaliação de Impacto
Ambiental, por ela denominada de “Estudos Ambientais”, é gênero do qual são espécies
todos os estudos para análise da licença ambiental, tais como: relatório ambiental, plano
e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental,
plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco.
Essas outras espécies de Estudos Ambientais poderão ser requisitadas na hipótese de
não se exigir o EIA.

Nesse contexto, a conteúdo previsto nas NR nos 9, 15 e 16 podem ser consideradas como
uma medida de avaliação de impacto sobre o ambiente do trabalho, funcionando como
mecanismo de prevenção e também de precaução, na medida em que pode se prestar a
apontar situações em que não se tenha certeza científica quanto aos possíveis danos ao
ambiente e determinar a aplicação de medidas preventivas e até corretivas.

Videoaula 4 – A aplicação do princípio da prevenção e da precaução no meio


ambiente do trabalho.

O meio ambiente do trabalho e a aplicabilidade


do princípio do poluidor pagador
O conceito de meio ambiente do trabalho tem relação direta entre o trabalhador, o
ambiente laboral e seus riscos específicos, diferentemente das outras divisões didáticas
do Direito Ambiental.

18
PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE I

De acordo com Fiorillo (2003), o local é onde as pessoas desempenham suas atividades
laborais, sejam remuneradas ou não, cujo equilíbrio está baseado na salubridade do
meio e na ausência de agentes que comprometem a incolumidade físico-psíquica
dos trabalhadores, independentemente da condição individual (por gênero: homens
ou mulheres, idade: maiores ou menores de idade, vínculo empregatício: celetistas,
servidores públicos, autônomos etc.).

Convém salientar que há distinção entre proteção ao meio ambiente de trabalho


e a proteção do direito do trabalho, pois o primeiro tem por objeto jurídico a saúde
e a segurança do trabalhador, para que desfrute a vida com qualidade, por meio de
processos adequados para que se evite a degradação e a poluição em sua vida. Já o
Direito do Trabalho vincula-se às relações unicamente empregatícias com vínculos de
subordinação (ENDO, 2014).

A regulamentação dessa divisão – meio ambiente do trabalho, segurança e saúde do


trabalhador – está baseada na Constituição Federal de 1988, pois foi ela que elevou à
categoria de direito fundamental a proteção à saúde do trabalhador e aos demais
destinatários inseridos nas normas constitucionais (ENDO, 2014).

Dois são os patamares dessa regulamentação. Como ação imediata, está inserida no art.
200, VIII, que específica:

Art. 200. Ao sistema único de saúde, compete, além de outras atribuições,


nos termos da lei:

[...]

VIII – colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o


do trabalho.

[...]

O artigo 225, caput, IV, VI e § 3o, afirma que: “Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade
de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-
lo para as presentes e futuras gerações.”

[...]

IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade


potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente,
estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;

[...]

19
UNIDADE I │ PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

VI – promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino


e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente.

Cabe ao empregador atender ao estabelecido no inciso VI por meio da adoção e implantação


de um programa de treinamento em atendimento aos requisitos estabelecidos no item
18.28 (NR no 18) onde torna obrigatória a realização de treinamento admissional e
periódico, visando garantir a execução das atividades com segurança. No entanto, esse
treinamento deverá abordar os riscos a que estão submetidos os trabalhadores e as
medidas de controle e prevenção.

Convém também lembrar o art. 170 da Constituição, argumenta a necessidade de


valorização do trabalho humano e ter, por finalidade, que assegurar a todos existência
digna conforme os ditames da justiça social, tendo como princípio a defesa do meio
ambiente – no caso, o meio ambiente do trabalho como novo direito da personalidade.

Outras fontes que direcionam para a proteção do meio ambiente do trabalho são
encontradas, conforme a seguir:

»» Constituição Federal.

»» Leis estaduais, municipais e do Distrito Federal.

»» Consolidação das Leis do Trabalho, Capítulo V – Segurança e Medicina


do Trabalho.

»» Normas Internacionais da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

»» Normas Regulamentadoras – NR (Portaria no 3.214/1978).

»» Código de Penal.

»» Lei de Crimes Ambientais.

Destaca-se, portanto, como princípio basilar, o inciso III do art. 1o da referida Carta
Magna, que é o princípio fundamental da dignidade da pessoa humana. Portanto, todo
ser humano tem direito a uma vida digna, e o meio ambiente do trabalho deve tê-lo
como parte integrante de sua plataforma, pois, como preceitua o art. 225, a vida deve
ser de qualidade, e para que o trabalhador tenha uma vida com qualidade, torna-se
necessário um trabalho decente e em condições seguras (ENDO, 2014).

A validação desse contexto depende da compreensão de alguns princípios, para tanto, eles
devem ser mencionados e avaliados, como o da prevenção e da precaução. Para Endo (2014)
prevenção significa adoção de medidas tendentes a evitar riscos ao meio ambiente e ao ser
humano. No ambiente de trabalho, o trabalhador é atingido pelos riscos ambientais
20
PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE I

direta e imediatamente, portanto, esse princípio é um dos fundamentais previstos na


Constituição1 Federal.

Entretanto, dois outros princípios devem ser mencionados, o da informação e o


princípio do poluidor-pagador.

A informação é entendida pelo relacionamento entre os trabalhadores, sindicatos e


federações, logo, ela acaba criando um elo entre os atores com o intuito comum de
garantir a defesa da vida e da saúde dos próprios trabalhadores, e da população direta
e indiretamente afetada, como é o caso da emissão de poluentes em ambientes fabris.

O princípio do poluidor-pagador possui duas razões fundamentais: primeiro, prevenir


o dano ambiental e segundo, em não havendo prevenção, impõe-se a reparação da
forma mais integral possível, ou seja, o poluidor deve prevenir danos à sua atividade
para evitar problemas maiores ao meio ambiente, cabendo-lhe o ônus de utilizar todos
os equipamentos e meios necessários para evitá-lo. Por isso, o meio ambiente do
trabalho deve ser visto e integrado às ações de prevenção, cabe ao empregador garantir
total segurança no tocante à exposição do trabalhador aos agentes físicos, químicos,
biológicos, ergonômicos e de acidentes.

Infelizmente, no Brasil, a falta de cultura empresarial prevencionista adequada para


prevenir e precaver os riscos ambientais no trabalho tem impossibilitado a realização
de regras e normas voltadas à Educação Ambiental (ambiente e trabalho) necessária
nesse contexto.

Basta verificar os índices de acidentes divulgados pelo Tribunal Superior do Trabalho


(TST), neles percebemos uma elevada ocorrência de acidentes e as principais causas
geralmente são:

»» falta de investimento na prevenção de acidentes por parte das empresas;

»» falta da criação do setor especializado em saúde e segurança do trabalho


(SESMT);

»» barreira entre a classe patronal e profissional no que diz respeito à


priorização da prevenção dos acidentes do trabalho;

»» falta de atendimento às normas regulamentadoras;

»» foco no lucro e na produtividade elevado;

»» ineficiência dos órgãos reguladores quanto à fiscalização dos ambientes de


trabalho;
1 Constituição Federal de 1988, inserido em seu artigo 7o, inciso XXII, que estabelece como direito do trabalhador urbano e rural
a redução dos riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de saúde, higiene e segurança.

21
UNIDADE I │ PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

»» falta de qualificação dos profissionais lotados nos ministérios e


superintendências;

»» normas com aplicação genérica sem embasamento técnico científico.

A visão tributária referente à exposição ocupacional em ambientes que geram riscos aos
trabalhadores requer o cumprimento normativo previdenciário por meio do adicional
de aposentadoria especial, confirmado pela Lei no 8.213/1991 em seu no art. 57 que diz:

O exercício de atividade em condições especiais que prejudiquem a


saúde ou a integridade física do trabalhador, com exposição a agentes
nocivos de modo permanente, não ocasional nem intermitente, é fato
gerador de contribuição social previdenciária adicional para custeio da
aposentadoria especial.

Entretanto, a caracterização do poluidor-pagador deixará de existir se forem adotadas


medidas de proteção coletivas ou individuais que neutralizem ou reduzam o grau de
exposição do trabalhador a níveis legais de tolerância, afastando-se a contribuição e a
concessão da aposentadoria especial, conforme previsto nesta Instrução Normativa do
INSS IN 77, no art. 291 (BRASIL, 2015).

Videoaula 5 – O meio ambiente do trabalho e o princípio do poluidor pagador.

Meio ambiente do trabalho e o atendimento


aos requisitos

A implementação de medidas preventivas, que venham a reduzir os riscos à saúde e à


segurança do trabalhador, é direito fundamental (...).

Como diz o art. 157, inciso I, da CLT, não basta o empregador (contratante e contratada)
cumprir as normas de saúde e segurança do trabalho, mas também deve fazê-las
cumprir, de modo a dar efetividade às ações de qualquer das partes.

Comprovado o descumprimento, o empregador poderá ser julgado como


poluidor pagador?

O atendimento às normas regulamentadoras do trabalho denotam a adequação,


quando necessária, de ambientes laborais onde existam riscos, porém, específicos
para cada caso.

22
PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE I

O trabalho em espaços confinados requer avaliações ambientais constantes e o


monitoramento intenso. A exposição de trabalhadores em altura superior a 2,0 m
requer estudos detalhados conforme a evolução de um empreendimento, logo, as
proteções coletivas e individuais deveram estar presentes no PCMAT, conforme a NR
18. No tocante protetivo de máquinas e equipamentos, a NR 12 visa garantir que todo o
trabalhador faça uso de maquinários e equipamentos com a segurança necessária.

Figura 1. Sinalização para identificação de espaços confinados.

Fonte: Brasil, 2006.

O cumprimento deverá ser comprovado através da emissão de listagem de presença,


emissão de certificado e permissões de entrada de trabalho.

Figura 2. Modelo de Certificado de Trabalho em Altura.

CERTIFICADO
Certificamos que o funcionário:

(Nome do Participante),

CPF: xxx.xxx.xxx-xx

Participou do treinamento para TRABALHO EM ALTURA, conforme estabelecido na


NR35: na data de [Data] de [Mês] de [Ano], com duração de 08:00 horas.

[Local de Realização], [Data] de [Mês] de [Ano]

_________________________ _________________________
[Nome do Participante] [Nome do Instrutor]
[Formação do Instrutor]
[No Registro do Instrutor]

Fonte: próprio autor.

23
UNIDADE I │ PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Esse atendimento trata-se, pois, de direito de ordem fundamental cujos titulares


encontram-se dispersos no seio da sociedade, de nítido caráter difuso, transcendendo
a esfera do direito meramente individual, de forma a beneficiar, de uma só vez, todos
os componentes de um meio social. Portanto, a impossibilidade de se assegurar um
meio ambiente salubre e a apenas uma parte de determinada coletividade, sem alcançá-
la em sua plenitude. A observância do direito de um perpassa necessariamente pelo
cumprimento do direito de todos.

O artigo 225, caput, da Constituição da República, destaca o direito de todos ao meio


ambiente ecologicamente equilibrado.

[...] de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,


impondo ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Albuquerque (2011 e 2010) afirma que existem três espécies de tributos relacionados ao
meio ambiente do trabalho com efeitos fiscais e parafiscais, que são: o Seguro Acidente
do Trabalho (SAT) e seus derivativos: Financiamento da Aposentadoria Especial (FAE)
e o Fator Acidentário de Prevenção (FAP).

Cabe ao SAT custear toda e qualquer incapacidade laboral ou acidentária, esse tributo
instrumenta-se pela presunção dinâmica de risco coletivo atribuído a um grupo
homogêneo de exposição sintetizado pela Classificação Nacional de Atividade Econômica
(CNAE) cujos patamares definidores de alíquotas são produzidos pela epidemiologia
acidentária das empresas do mesmo segmento (ALBUQUERQUE, 2011).

Serve como ferramenta de melhoria do meio ambiente do trabalho ao passo que


funciona como externalidade positiva por intermédio do FAP por distinguir à empresa
(CNPJ) um risco individual em comparação ao risco coletivo dado pelo CNAE ao qual
pertence (ALBUQUERQUE, 2011).

O atendimento aos requisitos, para alguns casos, independe de constatação quantitativa,


isso acontece quando a nocividade do agente se dá de forma presumida e independente
de mensuração, constatada pela simples presença do agente no ambiente de trabalho,
conforme constantes nos Anexos 6 (trabalho sob condições hiperbáricas), 13 (agentes
químicos, exceto os Anexos 11 e 12), 13- A (Benzeno) e 14 (agentes biológicos) da NR 15
da Portaria no 3214/1978 do MTE (ALBUQUERQUE, 2011; 2010).

Para os demais anexos da NR15, deve-se considerar a avaliação quantitativa e concluir


que há nocividade se e somente se os resultados ultrapassarem os limites de tolerância
estabelecidos. Essa metodologia atende aos Anexos 1, 2, 3, 5, 8, 11 e 12 da NR 15 e da
Portaria no 3214/1978 do MTE.

24
PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE I

Na prática, as atividades cujas avaliações para o enquadramento no Anexo IV do RPS


se dão de forma qualitativa, quando não há limite de tolerância estabelecido pela NR
15. Essa norma estabelece que nesses casos, deve-se avaliar a insalubridade sob a ótica
quantitativa, como, por exemplo, na perfuração de rochas, cuja avaliação da sílica
cristalizada deve ser feita de forma quantitativa na zona de respiração do trabalhador.

Como a IN 77/2015 reporta ao Anexo 13 da NR 15, para fins de enquadramento para


aposentadoria especial, deve-se entender que se houver limite de tolerância para o
agente químico, a avaliação quantitativa deve prevalecer.

Ex.: Trabalhador exercendo uma atividade permanente em uma mina de subsolo


exposto aos seguintes agentes: Ruído = 105 dB(A); Sílica Livre de 4,90 mg/m3
(LT = 1,15 mg/m3).

Entretanto, deve-se manter atenção ao parágrafo único que diz:

Para caracterização de períodos com exposição aos agentes nocivos reconhecidamente


cancerígenos em humanos, listados na Portaria Interministerial no 9, de 7 de outubro
de 2014, Grupo 1 que possuem CAS e que estejam listados no Anexo IV do Decreto no
3.048, de 6 de maio de 1999, será adotado o critério qualitativo, não sendo considerados
na avaliação os equipamentos de proteção coletiva e ou individual, uma vez que esses
não são suficientes para elidir a exposição a esses agentes, conforme Parecer Técnico da
Fundacentro, de 13 de julho de 2010 e alteração do § 4o do art. 68 do Decreto no 3.048, 6
de maio de 1999.

Por fim, a Constituição buscou construir o elo entre as diferentes áreas do Direito que
reconhecem a conservação do meio ambiente como permanência e prevalência do ser
humano. Por isso, destacam-se a legislação ambiental, previdenciária e a trabalhista.

Videoaula 6 – O meio ambiente do trabalho e o cumprimento das normas e


requisitos legais.

Videoaula 7 – Discussão relativa aos exercícios de fixação.

25
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO
E PROTEÇÃO NO MEIO UNIDADE II
AMBIENTE LABORAL

CAPÍTULO 1
Acústica e conservação auditiva

Introdução
O ambiente do trabalho nem sempre é alvo de gestão por parte dos empregadores e
dentre os agentes nocivos à saúde, o ruído é o mais frequente nos ambientes. Assim como
no dia a dia, ele tem sido o responsável pela alteração temporária e permanente do
sistema auditivo, atingindo também o nervoso e o fisiológico.

A profundidade ou grau do dano auditivo dependem da intensidade da pressão sonora,


duração (tempo), exposição, da frequência do ruído e da suscetibilidade de cada
indivíduo exposto.

O controle do ruído, classificado como um agente físico, necessita uma avaliação geral,
desde o contexto anatômico até as estruturas e materiais utilizados para a construção
de barreiras, a fim de protegerem um ou mais trabalhadores expostos ao risco físico,
o ruído.

Esse capítulo visa abordar os principais conceitos e as relações da acústica para, por
meio desse entendimento, esclarecer as ações necessárias para a adoção de gestão
através de um Programa de Conservação Auditiva.

A elaboração e implementação de um Programa de Conservação Auditiva (PCA) tem


o objetivo de propor ações administrativas e de controle que visam à proteção e à
manutenção da qualidade de vida dos trabalhadores expostos ao ruído ocupacional,
a fim de eliminar o risco e o desenvolvimento de perda auditiva induzida por ruído
ocupacional, conhecida como PAIR.

O controle do ruído propõe o apoio de técnicos de diversas especialidades (civil,


mecânica, medicina e segurança do trabalho) a elaboração e implementação de um PCA

26
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II

tende a garantir uma maior qualidade de vida do grupo de trabalhadores expostos e a


consequente redução de passivos de ordem econômica.

O embasamento para garantir o sucesso do PCA advêm das Normas Regulamentadoras


do Ministério do Trabalho, Norma de Higiene Ocupacional (NHO – 01) e de artigos
publicados em revistas científicas.

Videoaula 1 – A introdução (apresentação e objetivos da proteção acústica e


conservação auditiva).

Ondulatória
A ondulatória é uma área de conhecimento da física com o objetivo de definir quais as
formas de propagação de uma determinada onda.

Onda é qualquer perturbação que se propaga em um meio, seja ele, sólido, líquido ou
gasoso. Um exemplo comum acontece ao lançar um objeto em um rio ou piscina (a fonte),
o impacto do objeto provocará ondas na água, pois houve uma perturbação. Essa onda
se propagará para todos os lados (HALLIDAY, 1996).

Qualquer objetivo que possa propagar ondas é conhecido como fonte, nomenclatura
muito utilizada na Engenharia de Segurança do Trabalho.

Figura 3. Apresentação gráfica de um comprimento de onda, conhecido como lambda.

 - Lambda
Comprimento de Onda
Crista

Amplitude

Vale
Fonte: Halliday, 1996.

O gráfico acima possui duas áreas distintas conhecidas como crista ou picos (pontos
superiores) e o vale ou depressões (pontos inferiores). O comprimento de onda é a distância
entre duas cristas ou entre dois vales, ele é representado pela letra grega λ (lambda).

Com relação ao gráfico da figura 3, ele representa meio comprimento de onda.


As ondas podem ser classificadas seguindo dois critérios: quanto à sua natureza e direção
de propagação.
27
UNIDADE II │ EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL

Quanto à natureza, elas são divididas em ondas mecânicas e eletromagnéticas:

»» As ondas mecânicas são aquelas que se propagam através de um meio


sólido, líquido ou gasoso. Os exemplos comumente identificados são: as
ondas sonoras e as ondas do mar.

»» As ondas eletromagnéticas são aquelas que se propagam sem a necessidade


de um meio material. Nesse caso, a emissão de raio-X, ondas de rádio e a
luz são tipos clássicos identificáveis no dia a dia.

Quanto à direção de propagação, elas são classificadas em ondas unidirecionais,


bidimensionais, tridimensionais, longitudinais e transversais. As ondas unidirecionais
apresentam característica de propagação em apenas uma dimensão. As ondas
bidimensionais se propagam em duas direções, como o caso da queda de objeto na
água, proporcionando o efeito “ondulatório”. As tridimensionais se propagam em
todas as direções e são identificadas pelas ondas sonoras e a luz, enquanto isso, as
ondas longitudinais seguem o mesmo deslocamento da fonte. Nesse caso, temos os
autofalantes (fonte) com vibração no eixo X, e as ondas seguindo a mesma direção. Por
fim, as ondas transversais que possuem movimento perpendicular em relação à sua
propagação, um exemplo são as ondas eletromagnéticas.

Figura 4. Propagação de ondas transversais, conforme o eixo de oscilação/vibração em conjunto ao eixo de


propagação da onda.

Campo de Oscilação

Comprimento de Onda

Propagação

Campo de Oscilação

Fonte: adaptado de Washington, 2018.

As ondas são classificadas por suas grandezas físicas, dentre elas: a frequência, o
período, comprimento de onda, velocidade e amplitude.

A frequência é encontrada por meio do número de oscilações da onda, em um período


de tempo. Sua unidade definida pelo Sistema Internacional (SI), é o hertz (Hz), que
equivale a 1 segundo, e é representado pela letra f. Identificado o valor em hertz, isso
significa dizer que uma onda está oscilando em hertz por segundo.

28
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II

Ex.: Quando identificamos que uma onda vibra a 500Hz, significa que ela oscila 500
vezes por segundo. Portanto, a alteração da frequência é possível quando for alterada
a sua fonte.

Por isso, o SESMT deve conhecer o layout de um empreendimento e as fontes de ruído.


Dessa forma, atendem-se as diretrizes estabelecidas pela Norma Regulamentadora no
09, item 9.3.2 e 9.3.3 que definem:
9.3.2. A antecipação deverá envolver a análise de projetos de novas
instalações, métodos ou processos de trabalho, ou de modificação dos já
existentes, visando identificar os riscos potenciais e introduzir medidas
de proteção para sua redução ou eliminação.

9.3.3. O reconhecimento dos riscos ambientais deverá conter os seguintes


itens, quando aplicáveis:

a) a sua identificação;

b) a determinação e localização das possíveis fontes geradoras;

c) a identificação das possíveis trajetórias e dos meios de propagação


dos agentes no ambiente de trabalho;

d) a identificação das funções e determinação do número de trabalhadores


expostos;

e) a caracterização das atividades e do tipo da exposição;

f) a obtenção de dados existentes na empresa, indicativos de possível


comprometimento da saúde decorrente do trabalho;

g) os possíveis danos à saúde relacionados aos riscos identificados,


disponíveis na literatura técnica;

h) a descrição das medidas de controle já existentes.

Esses itens denotam a importância do mapeamento detalhado para a definição técnica


das medidas de controle a fim de garantirem a segurança e a permanência em ambientes
laborais críticos.

O tempo demandado para a fonte produzir uma onda completa é conhecido como período.
A sua representação pelo SI (Sistema Internacional), é feita pela letra T (segundos).

Logo, a relação da frequência e do período formam uma equação matemática:

f = 1/T; ou
T = 1/f

29
UNIDADE II │ EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL

Onde:

f = frequência.
T = período.

O comprimento de onda é a distância percorrida entre dois picos gerados pela onda,
conforme definido na figura 3 do gráfico.

No caso da velocidade ela é determinada pela distância percorrida por uma determinada
onda em um período de tempo. Essa representação é definida pela equação a seguir:

v = λ / T ou;

v = λ * 1/T ou ainda;

v=λ.f

Onde:

V = velocidade.
λ = comprimento de onda.
T = período.

A amplitude é conhecida pela distância percorrida entre o eixo da onda até a crista.
Por definição, quanto maior a amplitude, maior será a energia.

Videoaula 2 – Aplicabilidade qualitativa recomendada pela NR09.

Som e ruído
O som caracteriza-se por flutuações de pressão em um meio, entretanto, essas variações
ou flutuações de pressão devem estar dentro do limiar audível, possibilitando a audição
humana. Portanto, o som é uma forma de energia que é transmitida pela vibração de
moléculas que colidem umas com as outras ao longo de um meio, sendo percebida pelo
ouvido humano. Ele é caracterizado por apresentar uma sensação agradável.

No entanto, o ruído é definido por apresentar um som irritante e desagradável, ele pode
ser mais ou menos perigoso, dependendo da sua frequência e intensidade.

De acordo com Gerges (2000) uma pequena variação de pressão acústica é suficiente
para produzir um ruído desconfortável (≅ 10-1 milibar).
30
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II

Figura 5. Representação gráfica e reconhecimento de som e ruído através da variação de pressão atmosférica.

Pressão
Som / Ruído

Silêncio Silêncio

Tempo

Fonte: adaptado de Diogo, 2008.

Existe uma variação de frequência audível em que o ouvido humano é sensível, essa
variação está na faixa entre 20 Hz e 20 kHz e em uma pressão mínima de 20 µPa.
Por outro lado, a exposição a uma pressão máxima (limiar de dor) é de 20 Pa. A utilização
de uma escala linear em Pascal é pouco difundida. Logo, a representação é feita em
escala logarítmica, utilizando-se a variável em decibel (dB). O nível de pressão sonora
(NPS) é obtido pela multiplicação do logaritmo da relação entre os quadrados do NPS,
correspondendo ao limiar de audição encontramos 20 x 10-6Pa.

Figura 6. Representação gráfica do nível de pressão sonora em decibéis.

Limiar de dor
120

100
Intensidade (dB)

80

60

40

20
Limiar de auditivo
0

20 100 200 1000 2000 10000


Frequência

Fonte: Fletcher, 2005.

31
UNIDADE II │ EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL

De acordo com o gráfico acima, o limiar mínimo de audição é determinado para baixa
pressão (≅ 25 dB) e frequência entre 100 e 200 Hz. Logo, essa faixa é considerada o
campo audível mínimo. Além disso, observa-se que os humanos não escutam em baixas
frequências, sendo necessário o aumento da pressão sonora.

O gráfico acima demonstra que o ouvido humano não responde de forma linear em
relação às variações de frequência. Ele demonstra que os níveis de pressão sonora são
pouco variavéis em relação às variações de frequência, conforme pode-se observar na
faixa entre 100 Hz e 2000 Hz.

Gerges (2000) afirma que o ouvido humano não é sensível a todas as frequências, mas
é mais sensível à faixa entre 2000 Hz e 5000 Hz, e menos sensível para frequências
extremamente baixas ou altas.

Na tentativa de encontrar à resposta do ouvido humano, podem ser utilizadas as curvas


de ponderação denominadas de A, B e C. Elas são obtidas para níveis de pressão baixos
(40 dB), intermediários (70 dB) e altos (100 dB).

A tabela 1, abaixo, apresenta os níveis de pressão sonora médios de acordo com a fonte
de ruído e os efeitos para os seres humanos.

Tabela 1. Representação da sensibilidade audível.

Efeito do Ruído / Som Nível Sonoro


Tipo de Fonte
em Humanos em dB(A)
140 Decolagem de avião
Limiar de Dor 130 Banda de rock/boate
120 Disparo de arma
110 Motosserra em operação
Perigoso
101 Martelo pneumático
100 Operação de perfuratriz
Fatigante 90 Caminhão em condução
81 Alarme de viatura
80
70 Ambiente com dificuldade de conversação
Irritante
60
55 Ambiente irritante devido à necessidade de silêncio
50 Conversação baixa
40 Ambiente de escritório (requer concentração)
Repouso 30 Biblioteca
20
10

Fonte: próprio autor, inclusão dos efeitos conforme OIT, 2009. p. 8.

32
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II

Tipos de ruídos
A caracterização do ruído no ambiente é dada por amostragem, por meio da mensuração
em pequenos períodos de tempo. O objetivo é representar em uma perspectiva
de exposição a longo prazo. Para ambientes onde haja emissão de ruído de forma
contínua, considerando a mesma fonte, isso corresponde a uma medição contínua.
No caso de não serem efetuadas medições contínuas, devido ao deslocamento do receptor
(trabalhador), esse ruído poderá ser caracterizado como intermitente. Para tanto, a
avaliação por meio de amostragem, com intervalo de tempo que atenda toda a jornada
laboral, atingirá resultados confiáveis e significativos.

Devido à variabilidade temporal dos níveis de pressão sonora podem-se considerar 3


(três) tipos de ruídos (BRASIL, 2014, p. 3):

»» Ruído contínuo: o nível de pressão sonora (NPS) emitido nesse caso


não varia em relação ao tempo, por exemplo, o funcionamento de um
motor veicular.

»» Ruído intermitente: o NPS emitido nesse caso varia ao longo do


tempo, permanecendo a sua variação por um período considerável.

»» Ruído de impacto: são aqueles que apresentam picos de energia


acústica com duração inferior a 1 (um) segundo, a intervalos superiores
a 1 (um) segundo.

Segundo Smalt et al. (2016) existe um quarto tipo de ruído, o ruído complexo, que
combina o ruído de fundo (contínuo ou intermitente) e o ruído de impacto (impulsivo),
contribuindo cada um independentemente na indução de mudanças temporárias de
limiar sonoro.

Na prática, os dados de dosimetria podem ser coletados com campo livre, ou na região
auricular, conforme determina a NHO 01 da Fundacentro.

Ambientes com ruídos reverberantes em espaços fechados pode produzir níveis de


ruído espacialmente variáveis e de alto risco, podendo haver acréscimo de até 10 dB(A),
dependendo do posicionamento em relação à fonte de ruído.

Essa variabilidade é crítica para ruído de impacto, devido, em parte, ao seu amplo
espectro.

33
UNIDADE II │ EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL

Quadro 1. Representação gráfica para classificação de ruídos.

Classificação de Ruído

Ruído Contínuo Ruído Intermitente Ruído de Impacto


Pequenas variações de ruído durante o período Considerável variação do nível de ruído durante Elevado nível de pressão sonora e queda em
avaliado o período avaliado curto período de tempo (menor que 01 segundo)

Exemplos

Máquina em operação contínua Ruído de fundo variável em intervalos Uso de armas de fogo ou perfuração com
bate-estaca

Fonte: SMALT et al. (2016, p.44) com adaptações.

Videoaula 3 – Som e ruído e os tipos de ruído.

Equipamentos de medição
Os equipamentos mínimos necessários para a medição de ruído consistem de um
microfone de alta qualidade capaz de converter a pressão acústica em sinal elétrico,
passará por circuitos de compensação (A, B, C ou D) e, por fim, os dados são transmitidos
de forma digital ou analógica.

O microfone é o item mais caro em um sistema de medição, e quanto menor o seu


diâmetro menor a sua sensibilidade.

Porque não é recomendado o uso de decibelímetro para avaliar o nível de


pressão sonora?

Os dosímetros de ruído são equipamentos que medem a dose de ruído equivalente


durante uma jornada de trabalho, a avaliação ocorre de forma individualizada. Esses
equipamentos atendem as especificações técnicas conforme as normas atuais. De
acordo com a Norma ANSI S1 25/1991 e atualizações, os dosímetros devem possuir
classificação mínima do tipo 2 (exatidão ±1,dB) e estar ajustados com os parâmetros
descritos no item 4.6.1.

34
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II

Conforme mencionado anteriormente, o dosímetro é usado para medição da dose de


ruído durante a jornada de trabalho, a sua principal característica é mapear as variações
apresentadas nos níveis de ruído, indicando se a dose de ruído equivalente ultrapassou
o valor estabelecido pela norma, de acordo com os ambientes de trabalho. É um
equipamento portátil, leve e com microfone sensível às variações de pressão sonora
captadas (GERGES, 2000).

Calibradores acústicos

De acordo com a NHO 01 (2001), os equipamentos utilizados na calibração dos


medidores de nível de pressão sonora, devem atender as especificações da Norma ANSI
S1.40-1984 ou IEC 942-1988.

Os calibradores devem ser da mesma marca que o medidor e, obrigatoriamente,


permitir o adequado acoplamento entre o microfone e o calibrador.

A frequência do calibrador é de tom puro, entre 200 e 1250 Hz. O nível de pressão sonora
normalmente varia entre 90 e 125 dB, com variação até ± 0,2dB o que permite a realização
de calibração em ambiente com alto nível de ruído de fundo (GERGES, 2000).

Certificação dos equipamentos

A certificação dos equipamentos faz-se necessária devido à possibilidade de existirem


interferências externas tais como: ventos, umidade, calor, partículas e/ou impactos
sofridos. Portanto, os equipamentos devem ser calibrados antes de iniciar as medições
e, além disso, o uso dos medidos em ambientes na presença de campos magnéticos
significativos requer avaliação prévia e conhecimento a respeito das limitações do
equipamento conforme as recomendações do fabricante (NHO 01, 2001).

Os medidores de nível de pressão sonora (dosímetro) e calibradores acústicos devem ser


calibrados e certificados pelo fabricante, assistência técnica autorizada ou laboratórios
credenciados, ligados à Rede Brasileira de Calibração (RBC).

O dosímetro de ruído é um dispositivo que mede a exposição ao ruído e relata a dosagem


acumulada ao longo de um período de tempo. Os desafios para avaliação dosimétrica
dependem de uma série de fatores, incluindo a variedade dos tipos de ruído e ambientes
encontrados, e as demandas que essa variedade coloca aos dosímetros e ao seu uso.

Ambientes com diversidade de ruídos tendem a conter variáveis no tempo e isso poderá
ser um ponto importante para a identificação da amostragem adequada durante a coleta
de dados e subsequente determinação do risco auditivo e das medidas de controle.

35
UNIDADE II │ EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL

A calibração deve seguir as instruções do fabricante e normas vigentes (padrão de


referência), acompanhado do Certificado de Calibração com validade mínima de um
ano ou conforme o tempo de uso.

Os laudos de levantamento ambiental elaborados por engenheiro de segurança ou


médico do trabalho deverão incluir no documento, cópia autenticada do Certificado
de Calibração de cada aparelho utilizado, histograma de avaliação para cada função e
anotação de responsabilidade técnica.

Figura 7. Modelo de dosímetro e calibrador de ruído.

Fonte: Instrutherm, 2015. p.10.

Videoaula 4 – Critérios mínimos dos equipamentos de medição.

Monitoramentos pessoais
O monitoramento pessoal tem o objetivo de levantar quantitativamente os níveis de
pressão sonora representativos a uma atividade específica ou para um conjunto de
atividades desenvolvidas ao longo da jornada de trabalho. Geralmente, o monitoramento
atende a um determinado grupo devido à similaridade das atividades desenvolvidas e
à exposição nos mesmos ambientes. Esse grupo é conhecido como Grupo Homogêneo
de Exposição (BENTO, 2018).

A etapa de interpretação dos dados quantitativos é importante, pois, nela são definidas
as ações que serão empregadas para o controle do risco de exposição a NPS elevados
e implementar os controles de engenharia necessários para a redução desse risco
(BENTO, 2018).

36
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II

Quais são as etapas para atingir os objetivos do monitoramento pessoal?

As etapas do monitoramento pessoal visam:

»» Conhecer todas as áreas do empreendimento, incluindo os tipos de


equipamentos de acordo com as linhas de produção e analisar in loco as
funções para a construção do mapa de ruído x função.

»» Elaborar o mapa de ruído ambiental e inserir os dados quantitativos


obtidos durante o levantamento ambiental (dosimetria).

»» Elaborar os grupos homogêneos de exposição (GHE) e concatenar junto


ao mapa de ruído, vinculando-se essa informação ao PPRA.

»» O GHE que possuir um número inferior a 5 trabalhadores, recomenda-se


a avaliação total da amostra.

»» Conforme a NHO 01 (2001), o monitoramento deverá atingir no mínimo


75% da jornada de trabalho, e existir correlação verdadeira entre as
atividades e o ambiente avaliado. Denota-se que os monitoramentos
devem apresentar as condições normais de operação e as variabilidades
existentes devem ser analisadas (p. ex.: fonte de ruído interrompida por
mau funcionamento) e realizada nova avaliação posteriormente.

»» Todas as avaliações devem ser de forma aleatória e os monitoramentos


devem ocorrer de forma periódica, conforme determinado pelo
engenheiro responsável ou quando houver alterações nas fontes de ruído,
no posicionamento dos equipamentos e nos procedimentos de trabalho.

Um desafio no monitoramento pessoal está na condição de avaliar a exposição ao longo


de 24 horas de exposição para identificar o nível de recuperação audível. Na ausência
de dados de exposição ao ruído durante as folgas, é típico supor que as contribuições
de ruído fora de serviço são insignificantes, o que pode introduzir um viés de baixa no
total estimado de dose diária.

Além disso, essa hipótese avaliativa serve apenas para indivíduos expostos a níveis de
pressão sonora elevados, dessa forma, avaliar-se-á o período de recuperação após a
exposição. Smalt (2016) afirma que esse período de recuperação permite que o ouvido
se recupere para níveis normais de audição.

37
UNIDADE II │ EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL

Videoaula 5 – Critérios de avaliação 1 – Identificação e elaboração do GHE.

Videoaula 6 – Critérios de avaliação 2 – Análise do Mapa de Ruído e do GHE.

Parâmetros de medição
Os parâmetros para determinar os níveis de pressão sonora, requerem a ausência do
avaliador durante o levantamento das condições ambientais visando eliminar qualquer
possibilidade de alteração da dosimetria.

Portanto, o aparelho deverá estar devidamente calibrado e deverão ser adotados os


seguintes parâmetros em sua configuração: utilizar o circuito de ponderação (A) em
circuito de resposta lenta slow para avalição de ruído contínuo ou intermitente, caso
contrário, o ruído de impacto deverá ser em resposta fast, o critério de referência será
de 85 dB(A), correspondente a uma dose de 100%, equivalente a uma exposição de
8 horas e nível limiar de 80 dB(A) e fator de incremento de dose valor q = 3, bem
como indicação da ocorrência de valores > 115 dB(A).

As medições devem ser realizadas na altura da zona auditiva, posicionando-se o


microfone próximo dos ouvidos, com uso de protetor de vento sobre o microfone.
Esses parâmetros atendem a Norma Regulamentadora NR-15, anexo 01, da Portaria
no 3.214/1978 do MTE, bem como a Norma de Ruído NHO01 - Fundacentro.

Os monitoramentos em áreas administrativas servem para avaliar o NPS dos setores


e promover a elaboração de parecer conclusivo relacionado ao conforto acústico,
conforme determina a NBR 10151 e 10152.

Análise e prevenção de ruído contínuo,


intermitente e de impacto
O estudo detalhado para a determinação de ruído contínuo ou intermitente será
abordado na disciplina de higiene do trabalho, riscos físicos. Recomenda-se a leitura
da NR15, Anexo I e a Norma de Higiene Ocupacional no 1 – Avaliação da Exposição
Ocupacional do Ruído elaborado por especialista da Fundacentro.

Para a disciplina proteção do meio ambiente, o objetivo é garantir o entendimento com


relação aos requisitos mínimos para avaliação ambiental e interpretação com intuito
de propor novas ações preventivas. No caso da exposição ao ruído, a exposição ao NPS
identificado não deve exceder o tempo permitido pela norma.

38
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II

Analisar os histogramas ajuda os especialistas a proporem ações que minimizem tais


exposições a níveis elevados.

Conforme determina a NR15, Anexo I, quando a jornada de trabalho possui dois ou mais
períodos de exposição, os efeitos devem ser combinados e seguir a seguinte equação
para a determinação do nível de exposição normalizada.

C1 C 2 C 3 Cn
+ + (…) +
T1 T 2 T 3 Tn
Onde:

Cn = tempo total em horas a um nível de ruído específico;


Tn = exposição máxima permissível a esse nível, segundo o Anexo I, NR 15.

A diferença entre o ruído contínuo e intermitente em relação ao de impacto refere-se à


forma de monitoramento devido a esse apresentar picos de energia acústica de duração
inferior a 1 (um) segundo, a intervalos superiores a 1 (um) segundo (BRASIL, 2014).

Geralmente, os equipamentos de monitoramento amplamente usados são configurados


para realizarem suas leituras no circuito de resposta rápida (FAST) e circuito de
compensação “C”.

Videoaula 7 – Entendendo a atividade 1.

Videoaula 8 – Entendendo a atividade 2.

Isolamento acústico
Segundo Gerges (2000), no estudo acústico em ambientes fechados, devem-se
considerar diversas variáveis, dentre elas, destacam-se: a forma geométrica do
ambiente, a posição das fontes sonoras, os materiais utilizados para absorção acústica,
a presença de reflexões e difrações de paredes e outros materiais.

Os materiais absorventes de ruído não devem ser instalados sem a definição dos pontos
estratégicos com vistas à redução do campo reverberante (campo afastado das fontes).
Essa prática busca utilizar materiais absorventes nas paredes e/ou suspensos nos
ambientes.

Gerges (2000) afirma que é possível uma redução de 3 dB dobrando-se a área revestida,
ou o coeficiente de absorção, portanto, o nível de pressão sonora (NPS) próximo ao
campo sofre pouca atenuação pelo revestimento, no entanto, o NPS reduz à medida que
nos afastamos da fonte de ruído.

39
UNIDADE II │ EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL

Barreiras ou biombos acústicos são empregados em ambientes internos e externos.


Para os ambientes internos, as barreiras devem ser revestidas com materiais de
absorção no lado da fonte, incluindo as bordas, visando atenuar a parcela da energia
sonora dobrada por difração (GERGES, 2000). Vale ressaltar que essas barreiras não
são efetivas em campos difusos, apenas para campo direto.

Vale ressaltar que o controle de ruído deve sempre ser efetuado na fonte, usando-se
equipamentos e máquinas silenciosos. Entretanto, por razões de dimensionamento dos
equipamentos, layout e custo nem sempre é possível seu controle na fonte.

Por isso, devem-se conhecer os materiais de absorção sonora, os dispositivos reativos e os


silenciadores resistivos. Com relação aos materiais absorvedores, eles são responsáveis
em transformar parte da energia acústica em energia térmica por meio da viscosidade
do ar. Esse tipo de situação ocorre por meio do uso de materiais porosos (espumas)
e fibrosos (algodão e lã de vidro). Esse tipo de material possui aplicabilidade no
revestimento interno de paredes, dutos e nas paredes de silenciadores (GERGES, 2000).

Formas de isolamento
A redução do nível de pressão sonora por meio de estruturas e materiais de isolamento,
podem ser definidos e implantados de três formas:

»» construção de barreira física (isolamento de transmissão aérea);

»» tratamento absorvente na fonte (diminuição do ruído interno);

»» barreira e tratamento absorvente (isolar a transmissão por impacto e


vibrações).

A perda por transmissão por meio da construção de barreira física é representada pelo
processo de transmissão, o qual se dá por via aérea e via estrutural, a figura 8 demonstra
o desnível de pressão sonora entre o meio I e III devido à presença do meio II como
obstáculo/barreira de propagação acústica.

Figura 8. Perda por transmissão fluido/sólido (meio I), sólido/sólido (meio II) e sólido/fluido (meio III).

Meio II

Meio I Meio III

Wa Wt

Fonte: adaptado de Gerges, 2000, p.198.

40
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II

Observa-se que a perda por transmissão (Pt) ocorre através da dissipação das ondas
propagadas pelo ruído, ocorrendo uma redução na transmissão via sólido/fluido.

Pt = Wa / Wt
Onde:

Pt = coeficiente de absorção acústica.


Wa = energia absorvida.
Wt = energia acústica incidente.

O coeficiente de absorção acústica é positivo, variando de zero a um. A sua variação


depende dos seguintes fatores: frequência, ângulo de incidência do som, tipo de campo
sonoro, densidade, espessura e tipo de material (estrutura interna).

A quantificação de atenuação apresentada pelos materiais é dada por três parâmetros:


a resistividade ao fluxo de ar, porosidade e fator estrutural. Por fim, a escolha do
material para absorção acústica depende dos seguintes fatores: custo de implantação
e manutenção, resistência a altas temperaturas, peso e volume em relação ao espaço
disponível, rigidez mecânica e aparência (GERGES, 2000).

Isoladores de vibrações
Segundo Gerges (2000), muitos problemas com ruído e vibrações em instalações
industriais e edificações são devidos à montagem incorreta dos maquinários.
Geralmente, instalam-se isoladores de vibrações, blocos de inercia e/ou outros materiais
de amortecimento para redução e minimização dos impactos anteriormente sofridos.

Em linhas de produção, tais como áreas de britagens e transportadores automáticos,


a vibração é esperada, porém, controlada. Entretanto, a vibração é um fenômeno
indesejável, visto que a sua ocorrência gera a quebra de peças nos equipamentos
industriais.

Para tanto, a adoção de sistemas de isolamento de vibrações que consistem na instalação


de molas e/ou amortecedores entre a máquina e a base propriamente dita.

Isoladores de vibrações devem ser aplicados entre a fonte e o receptor para oferecer
proteção dinâmica ao sistema receptor (GERGES, 2000). Existem dois tipos de
isolamentos, o isolamento ativo e o passivo.

O isolamento é ativo com o objetivo de reduzir a vibração transmitida pelo emissor


(equipamento) para a base (fundação) e essa ação protege os outros equipamentos que
estão no raio de ação.

41
UNIDADE II │ EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL

O isolamento é passivo quando a vibração é gerada no meio ambiente e busca-se a


redução da vibração oriunda da base ou estrutura para os equipamentos. Um exemplo
clássico é o tráfego de veículos em pista irregular, transmitindo a vibração para as
estruturas dentro do raio de ação.

Materiais de absorção acústica


Os principais materiais de absorção acústica amplamente utilizados são:

»» Espumas: são polímeros com poros abertos, com alta capacidade


de absorção. Esse material apresenta tendência de ser contaminado
por impurezas devido à presença dos poros abertos e elevado risco
de inflamabilidade. O uso de espumas requer a aplicação de aditivos
retardantes de fogo, no entanto, o uso desse aditivo reduz a capacidade
de absorção do material, diminuindo o seu tempo de vida útil.

Na ocorrência de incêndio, esse produto emite gases tóxicos, fato esse


ocorrido na Boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em 27 de
janeiro de 2013, dizimando a vida de 241 pessoas.

Leia mais sobre o caso, acessando o link: <http://g1.globo.com/topico/boate-


kiss>.

»» Lã de vidro: possui ampla disponibilidade comercial na forma de painéis,


mantas, feltros, cordões ou aplicados por jateamento. Suas aplicações
vão desde o isolamento de fontes diretas (biombos) até o uso em dutos.
A temperatura de trabalho vai até 450º C, sendo possível atingir o limite
de 540º C na aplicação de aditivos.

»» Lã de rocha: são materiais obtidos a partir da fusão de diversos tipos de


rocha e/ou escória a uma temperatura de cerca de 1.500º C. Esse material
é incombustível e pode ser adquirido na forma de manta ou painel.

Redução do ruído de ventiladores e exaustores


O uso de silenciadores resistivos é recomendado para a atenuação de ruído de ventiladores
e exaustores. Esses silenciadores recebem revestimento das paredes internas dos dutos
com materiais de absorção acústica. Esses silenciadores são utilizados na entrada e na
saída de ventiladores e exaustores para reduzir o ruído de medidas e altas frequências.
42
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II

Os silenciadores consistem em um duto circular ou retangular revestido por lã de vidro


ou lã de rocha, envolto por tecido e protegido por chapa perfurada ou tela metálica.
A função das células divisórias visa garantir o contato da energia sonora com os
materiais absorventes.

Os silenciadores podem ser classificados em silenciadores de células, off-set, silenciador


de escape, tubo flexível, corpo central e silenciador de entrada de motor a jato.

A eficiência de sua atenuação depende de alguns fatores, são eles:

»» forma, dimensões dos sistemas de passagem do ar;

»» espessura e comprimento dos materiais absorventes usados;

»» temperatura no local implantado (risco de incêndio devido escolhe


inadequada);

»» as características acústicas dos materiais do revestimento usado e sua


fixação e proteção.

Videoaula 9 – Isolamento acústico e sua importância na implementação de


proteções coletivas.

Videoaula 10 – Características e aplicações dos materiais para atenuação de


ruído.

43
CAPÍTULO 2
Programa de Conservação Auditiva

Programa de Conservação Auditiva


O Programa de Conservação Auditiva (PCA) deve ser implantado sempre que houverem
suspeitas de ambientes onde o ruído ocupacional alcance níveis superiores a 80 dB(A),
conhecido como nível de ação.

O PCA deve ser compreendido como o instrumento ou metodologia a ser empregada


para prevenir qualquer dano ao sistema auditivo, uma vez que esse programa não
consiste em definir apenas a proteção do ouvido às pessoas expostas.

Logo, o objetivo do PCA visa possibilitar a exposição do trabalhador em ambientes


laborais ruidosos e garantir a permanência da capacidade auditiva contra os efeitos
danosos da exposição em ambientes sem gestão e sem ações eficazes.

O fluxograma abaixo demonstra as etapas de construção e implementação do PCA em


qualquer ambiente laboral.

Figura 9. Fluxograma de análise e implementação do programa de conservação auditiva.

Mapeamento Avaliação de
de ruído ruído

Sem risco
Área de risco
< 80 dB(A)

Tomada de Redução do
Redução do
decisão tempo de
nível de ruído
exposição

Critérios Redução na Rotatividade de


técnicos fonte equipe

Interrupção na Refúgios de
trajetória ruído

Isolamento de
pessoas

Fonte: próprio autor.

44
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II

De acordo com o fluxograma acima elaborado pelo autor deste conteúdo, o primeiro
passo será a elaboração do mapa de ruído de todo o ambiente laboral. Esse mapa deverá
apresentar o posicionamento das máquinas e equipamentos, além de incluir os processos
de maior interesse. Nesses mapas serão inseridos os níveis de pressão sonora ambiental
em dB(A), levando-se em consideração um número considerável de medições e a garantia
de funcionamento dos equipamentos dentro dos limites estabelecidos pelo setor de
produção. O resultado do mapa de ruído identificará as zonas perigosas de ruído e esses
locais serão o ponto de partida para a tomada de decisão e implantação dos critérios
técnicos a serem estabelecidos em cada área (BENTO, 2018).

Na prática, o PCA visa:

»» Mapear e monitorar os ambientes laborais ruidosos.

»» Permitir a exposição controlada nos ambientes mapeados.

»» Apresentar as modificações e/ou implantações realizadas, a fim de


proteger coletivamente e garantir uma exposição saudável (tratamento
nos meios/fontes de transmissão).

»» Promover a avaliação audiométrica com o intuito de confirmar a eficácia


do programa de conservação auditiva no estabelecimento.

O PCA deverá ser coordenado por profissional com habilidades em atendimento e


gerenciamento de normas e regulamentos aplicáveis à proteção auditiva. O diagrama
abaixo representa o envolvimento de diversas áreas e a responsabilidade multidisciplinar
para a adoção e execução do programa (BENTO, 2018).

Figura 10. Fluxograma para a implementação do programa de conservação auditiva.

ALTA
DIREÇÃO

SETOR:
Planejamento SESMT
Projeto PCA (Coordenador)
Suprimentos
Produção

FORÇA DE
TRABALHO

Fonte: próprio autor.

45
UNIDADE II │ EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL

De acordo com a figura 10, o fluxograma apresenta a participação de cada setor e


define a responsabilidade de cada um, com relação à alta direção, eles devem garantir
o cumprimento do PCA, prover recursos financeiros e técnicos para a sua melhor execução,
deverá formalizar o responsável pelo programa (geralmente, o médico coordenador do
PCMSO) e cumprir os requisitos legais para a preservação e conservação da saúde dos
funcionários (BENTO, 2018).

Cabe ao SESMT a elaboração do PCA, a supervisão dos ambientes laborais quando


houver qualquer alteração do ambiente físico, ou na substituição ou posicionamento
das fontes geradoras de ruído ou na alteração do procedimento de trabalho. O SESMT
deve inserir no Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) o cronograma
de ações preventivas presentes no PCA e manter um banco de dados sobre as análises
de ruído identificadas por área, definir e implantar as medidas de proteção coletiva para
a redução do ruído na fonte, trajetória e meios de transmissão, treinar e conscientizar
os trabalhadores em relação aos riscos de exposição ao ruído e divulgar os resultados
das avaliações ambientais realizadas.

Por fim, deve-se manter o controle médico e saúde ocupacional atualizados, a fim de
confrontar com as ações em área e confirmar ou não a eficácia do programa.

O responsável pelo programa deve atualizar e interpretar os resultados audiométricos


em concordância com a NR 07 e o Anexo II, emitir ou solicitar parecer de nexo causal
quando houver perda auditiva induzida por ruído ocupacional, considerando os laudos
audiométricos, demais exames complementares solicitados e a metodologia aplicada
na dosimetria.

Toda documentação deverá ser mantida em arquivo com histórico clínico, ocupacional
e individual de cada funcionário. O gestor do PCA deverá confrontar o mapa de ruído
com o histórico epidemiológico por área e apresentar se houve casos de perda auditiva,
quando estabelecido nexo causal no ambiente laboral.

Confirmada a perda auditiva proveniente do ambiente laboral, o responsável pelo


programa deverá solicitar junto ao setor de recursos humanos (RH) a emissão da
comunicação de acidente do trabalho (CAT).

As ações para a eliminação de PAIR deverá ser divulgada à alta direção para conhecimento
e aprovação de recursos.

Para os setores de produção, projetos e suprimentos devem cumprir as exigências do


PCA, conforme relação abaixo:

»» Cumprir e fazer cumprir o estabelecido no PCA.

46
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II

»» Divulgar em conjunto com o SESMT o PCA.

»» Garantir a realização de treinamentos nas áreas e/ou frentes de trabalho.

»» Garantir a realização de avaliações quantitativas de ruído e exames


audiométricos.

»» Informar ao SESMT toda e qualquer alteração ocorrida no ambiente de


trabalho que impliquem na exposição ao ruído.

»» Levantar os recursos necessários para a correção dos ambientes de


trabalho a fim de minimizar a exposição agressiva ao ruído.

»» Elaborar projetos de proteção coletiva em conjunto com o SESMT para


garantir o conforto acústico dos trabalhadores.

»» Implantar os projetos de proteção coletiva visando reduzir o ruído


ambiental (conforme projeto).

»» Solicitar a troca, compra ou aquisição de equipamentos e projetos que


tenham nível máximo de 80 dB (A), sempre que possível.

»» Atender o previsto no cronograma de manutenção a fim de garantir a


diminuição da propagação do ruído por desgaste dos materiais nos
equipamentos utilizados no ambiente de trabalho.

»» Adquirir os equipamentos de proteção auditiva indicados pelo SESMT,


em atendimento às especificações técnicas vigentes.

»» Elaborar CAT quando houver solicitação do responsável pelo PCA.

»» Emitir PPP em conformidade com o nexo causal apresentado pela


Medicina do Trabalho.

A força de trabalho deve seguir as orientações do SESMT, utilizar o EPI recomendado


quando forem inviáveis as proteções coletivas no ambiente ou quando estiverem
em fase de implantação, conforme mencionado na NR 09 (BRASIL, 2017). Além de
participar das avaliações ambientais (dosimetrias) e dos exames solicitados pela
Medicina do Trabalho e reportar toda e qualquer alteração que afete a sua saúde auditiva
(BENTO, 2018).

Videoaula 11 – Entendendo o Programa de Conservação Auditiva.

47
UNIDADE II │ EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL

»» Condições específicas do PCA: o Programa de Conservação Auditiva


requer a participação e atuação de equipe multidisciplinar, isso ocorre
devido à presença do setor de engenharia (segurança do trabalho, projetos,
manutenção e produção), saúde ocupacional (medicina, fonoaudiologia e
otorrino) e administração (suprimentos e recursos humanos). A atuação
desses setores faz-se necessária para garantir a redução dos níveis de
pressão sonora e a permanente prevenção ocupacional (BENTO, 2018).

»» O estudo prévio dos fatores geradores de ruído e estimativa do


nível de ruído: antes da instalação de uma frente nova de serviço ou
da expansão de uma planta industrial, o engenheiro de segurança, em
conjunto com as áreas de planejamento e produção, deve fazer um estudo
prévio dos fatores intervenientes no processo de geração de ruído, que
podem ser realizados pelos projetistas ou engenheiros responsáveis pelo
empreendimento, que devem adotar o princípio da máxima redução dos
níveis sonoros gerados, observando os seguintes aspectos:

›› Especificação de máquinas e ferramentas: considerar no momento da


compra o nível de ruído por elas gerado, buscar adquirir aquelas que
apresentarem os menores níveis de ruído.

›› Seleção de métodos: um trabalho ruidoso deve sempre que possível


ser substituído por outro menos ruidoso.

›› Manutenção das máquinas: máquinas usadas e malconservadas


produzem mais ruído que as novas ou bem conservadas.

›› Arranjo físico: evitar distribuir as máquinas ruidosas em locais com


grande concentração de funcionários, limitar o número de funcionários
expostos ao ruído ou minimizar a dose através do rodízio desses.

›› As medidas de controle coletivo devem ser priorizadas em detrimento


das medidas individuais.

›› Principais ações para a implantação de medidas coletivas de redução e


controle do ruído, são:

·· Modificação ou substituição de máquinas e equipamentos:


consiste em identificar as máquinas ou fontes geradoras de ruído e
providenciar a sua substituição por novas tecnologias.

·· Redução dos efeitos e forças de impacto: consiste em analisar os


processos de produção e modificar os materiais utilizados durante
a ocorrência de colisões (moinhos de cimento) ou aumentar a

48
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II

distância entre os produtos envolvidos no processo onde há contato


e geração de ruído, por exemplo, aumento do tempo de enchimento
e liberação entre garrafas.

·· Manutenção preventiva e corretiva de máquinas e equipamentos:


essa etapa requer o uso de materiais absorventes de vibração
e treinamento da equipe de manutenção para realizar a troca ou
substituição de peças de forma adequada.

·· Isolamento das superfícies que vibram: consiste em instalar


dispositivo entre a área vibrante e a superfície de contato.

·· Reposicionamento de máquinas nos ambientes.

·· Barreiras, silenciadores e enclausuramentos parciais e completos.

·· Revezamento dos funcionários ou redução da jornada.

·· Evitar uso simultâneo de várias fontes de ruído no mesmo ambiente.

·· Uso de materiais absorventes para reduzir a propagação acústica


sempre que possível.

De acordo com a NR 09, item 9.3.5.4 (BRASIL, 2017, p. 3.), quando comprovada a
inviabilidade técnica da adoção de medidas de proteção coletiva ou quando essas não
forem suficientes ou se encontrarem em fase de estudo, planejamento ou implantação,
ou ainda em caráter complementar ou emergencial, deverão ser adotadas outras
medidas, obedecendo-se à seguinte hierarquia:

Medidas de caráter administrativo ou de organização do trabalho,


conforme mencionado anteriormente.

Utilização de equipamento de proteção individual (EPI) e nesse caso,


deve-se atender os seguintes critérios para a seleção dos protetores
auditivos a seguir:

I. Nível de ruído do setor (conforme mapa de ruído).

II. Nível de atenuação efetiva.

III. Modelo adequado à função.

IV. Conforto do funcionário.

V. Aceitação do uso pelo funcionário.


Fonte: Brasil, 2017.

49
UNIDADE II │ EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL

Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR)


Os fatores que desencadeiam a perda auditiva podem ser ambientais, metabólicos,
bioquímicos, medicamentosos e genéticos.

Para os fatores ambientais, deve-se observar a NR 15 da Portaria no 3.214/1978 (BRASIL,


2014), nos Anexos 1 e 2 – limites de tolerância para exposição a ruído contínuo ou
intermitente e para ruído de impacto. Alguns desses fatores são químicos (solventes,
fumos metálicos, gases asfixiantes), físicos (ruído, vibrações e radiação) e biológicos
(vírus, bactérias).

Para fatores metabólicos e bioquímicos, atentar para diabetes mellitus, insuficiência


adreno-cortical, hipercoagulação, mucopolissacarídeos, distúrbios da melanina,
disfunção tireoideana.

A diminuição gradual da capacidade auditiva em ambientes laborais é conhecida como


PAIR, a sua comprovação depende da exposição contínua em ambientes com níveis de
pressão sonora elevada (BENTO, 2018).

As diretrizes mínimas para avaliação de trabalhadores expostos a níveis de pressão


sonora elevados estão descritas na Norma Regulamentadora no 07 (BRASIL, 2013.
pp. 8-9) que estabelece os parâmetros de avaliação dos trabalhadores e os exames
audiológicos de referência e sequenciais para emissão de parecer conclusivo, são
características de PAIR:

»» Ser neurossensorial devido à exposição ocupacional em NPS elevados.

»» Ser quase sempre bilateral.

»» Baixa ocorrência de perdas profundas não ultrapassando 40dB nas


frequências baixas e 75dB nas altas.

»» A perda tem início e predomina nas frequências de 4.000, 3.000, e/ou


6.000Hz, progredindo lentamente para 8.000, 2.000, 1.000, 500,
250 Hz.

A exposição em frequências mais altas e baixas geralmente levam maior tempo para
serem afetadas e a adoção de práticas que reduzem ou eliminem essa exposição gerará
a anulação progressiva da perda auditiva identificada (BRASIL, 2013).

Videoaula 12 – Perda Auditiva Induzida por Ruído.

50
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II

Etapas do Programa de Conservação Auditiva


(PCA)
Todas as funções que trabalham em ambientes com NPS superior ao valor teto 80
dB(A) devem ser monitorados e acompanhados conforme estabelecido no PCA
(BENTO, 2018).

Pode-se utilizar uma tabela para representar as áreas ou funções que estão sob condições
de gestão e intervenção, a fim de garantir o conforto acústico dos atores envolvidos.
O Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT), conhecido também
como levantamento ambiental, é a principal referência para dar garantia dos ambientes
insalubres ou de grave iminência (BENTO, 2018).

Realização dos exames audiométricos

Rotina para realização de exames audiométricos

Conforme estabelecido pela NR 07, item 03 (BRASIL, 2013. p. 09), devem ser
submetidos a exames audiométricos de referência e sequenciais, no mínimo, todos os
trabalhadores que exerçam ou exercerão suas atividades em ambientes cujos níveis de
pressão sonora ultrapassem os limites de tolerância estabelecidos nos anexos 1 e 2 da
NR 15 da Portaria no 3.214/1978 do Ministério do Trabalho, independentemente das
aplicações de proteção coletiva, administrativa e do uso de protetor auditivo.

O audiômetro deve passar por uma calibração acústica anual, de acordo com os padrões
previstos na ISO 8253-1, em laboratório credenciado pelo Inmetro. Além disso, é feito um
controle periódico de verificação do funcionamento do audiômetro pelo fonoaudiólogo
ou médico.

A audiometria deverá ser realizada em cabina audiométrica ou salas de testes


audiológicos, tratadas acusticamente com baixos níveis sonoros e com calibração, de
acordo com a Resolução CFFA no 364/2009.

A audiometria só poderá ser executada por fonoaudiólogo ou médico devidamente


inscrito em seus conselhos profissionais.

Realiza-se a inspeção prévia do meato acústico externo, se houver cerume, encaminhar


o funcionário para retirada.

O exame audiométrico deverá ser testado na via aérea nas frequências de 500, 1.000,
2.000, 3.000, 4.000, 6.000 e 8.000Hz (BRASIL, 2013, p. 10).

51
UNIDADE II │ EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL

Retestar a frequência de 1.000 Hz no primeiro lado e se houver diferença maior que


5 dB via óssea em 1.000, 2.000, 3.000, 4.000 e 500Hz sempre que a via aérea nessas
frequências possuírem limiares acima de 20dB.

Outras recomendações importantes:

»» Anotar na ficha clínica os valores encontrados.

»» O paciente deve respeitar o repouso auditivo de no mínimo 14 horas.

»» O serviço médico responsável pelo exame deverá comunicar o resultado


para o paciente e encaminhar o resultado para o cliente. Após a comunicação
do resultado da audiometria, os formulários com os respectivos resultados
são assinados pelo paciente.

»» Após a realização do exame de referência, os cargos que forem inseridos


no PCA deverão passar por avaliação médica, que determinará a
periodicidade conforme estabelecido pelo PCMSO do empreendimento,
nele se contemplarão os exames complementares, caso constate PAIR
durante análise dos profissionais habilitados.

»» O médico coordenador do PCMSO poderá permitir ou restringir o uso do


EPI utilizado pelo funcionário e também solicitar o seu remanejamento
para outra área. O médico deverá manter o sigilo das informações e
apenas informar se o trabalhador está APTO ou INAPTO para retornar
às atividades anteriormente designadas.

»» O médico coordenador poderá solicitar à segurança do trabalho a


substituição do EPI em busca de prevenir todo e qualquer agravamento
auditivo e monitorar o caso conforme periodicidade estabelecida no PCA.

Critérios para interpretação e diagnóstico de PAIR

A interpretação dos resultados audiométricos depende do exame de referência


(realizado durante o processo de admissão). Portanto, os resultados que são considerados
sugestivos de desencadeamento de perda auditiva induzida por ruído recebem a seguinte
análise técnica:

»» Os casos cujos audiogramas apresentem limiares acima de 25 dB nas


frequências de 3.000, 4.000 e 6.000Hz e mais elevados que nas outras
frequências testadas, estando alteradas ou não, tanto na via aérea quanto
óssea, em um ou ambos os ouvidos.

52
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II

Os casos nos quais os limiares auditivos em todas as frequências são menores ou


ultrapassam 25 dB(A), mas a comparação com o audiograma de referência mostra uma
evolução conforme abaixo:

»» Diferença entre as médias aritméticas dos limiares auditivos em 3.000,


4.000 e 6.000Hz iguala ou ultrapassa 10 dB(A).

»» O agravamento em pelo menos uma das frequências 3.000, 4.000 e


6.000Hz iguala ou ultrapassa 15dB(A).

»» Os casos nos quais, no exame audiométrico de referência, já havia perda


auditiva e na comparação com o exame sequencial apresenta alterações
conforme abaixo:

›› A diferença entre as médias aritméticas dos limiares auditivos nas


frequências 500, 1.000 e 2.000 Hz ou nas frequências de 3.000,4.000
e 6.000 Hz iguala ou ultrapassa 10 dB(A).

›› O agravamento em uma frequência isolada ultrapassa 15 dB(A).

O médico coordenador do PCMSO deverá manter atualizado todos os exames


médicos e acompanhar periodicamente as atividades em área, além de conhecer
os resultados quantitativos obtidos durante o levantamento ambiental (BENTO,
2018).

A eficácia do PCA depende do parecer conclusivo dos profissionais envolvidos


antes e durante a realização dos exames médicos. Além disso, devido à quantidade
de informações, o médico do trabalho deverá possuir uma plataforma de
monitoramento individual.

As empresas devem entender claramente o papel do médico do trabalho e,


assim, subsidiar toda e qualquer necessidade desse setor, para manter o objetivo
de prevenção e qualidade de vida em todas as suas frentes operacionais.

Procedimentos obrigatórios para confirmação


e diagnóstico do PAIR
Constatada no exame audiométrico sequencial qualquer uma das alterações acima, o
médico deverá seguir os seguintes procedimentos para definição do diagnóstico de PAIR:

»» Repetição de avaliação audiométrica obrigatória, com repouso auditivo


de 14 horas.

53
UNIDADE II │ EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL

»» Avaliação do posto de trabalho.

»» Avaliação do grupo homogêneo de risco.

»» Repetição da audiometria em 1, 2 ou 3 meses caso a alteração se mantenha


na reavaliação.

»» Avaliação epidemiológica (expostos x não expostos; doentes x não doentes).

Todos os casos definidos como sugestivos de PAIR após a avaliação devem ser informados
ao responsável pelo empreendimento, obra ou planta industrial, que providenciará a
elaboração e execução de plano de ação para avaliação epidemiológica.

Somente após a avaliação epidemiológica é que a unidade pode emitir a CAT em consenso
com a Coordenação de Saúde Corporativa do Empreendimento ou com o SESMT.

O monitoramento médico do PCA é feito com base nos seguintes aspectos:

»» Acompanhamento de ações preventivas, mantendo-se a qualidade de


todos componentes do programa.

»» Registro dos laudos e dados dos exames audiológicos em plataforma


eletrônica. Na ausência desses, deve-se manter o relatório atualizado
para análise imediata.

»» Manter atualizada a pesquisa de opinião dos funcionários.

Os resultados dessa avaliação devem ser contemplados no Relatório Anual do PCMSO,


no campo de anormalidades (conforme NR 7 – Quadro III, p. 16) e nas estatísticas por
setor, os quais são informados à alta direção da empresa. Durante reunião da CIPA, o
relatório anual deverá ser apresentado e anexado à ata de reunião da comissão para
conhecimento, análise e acompanhamento das ações previstas, em busca da prevenção
de acidentes e doenças ocupacionais.

O programa será considerado eficaz quando não ocorrerem casos de PAIR no


empreendimento ou quando os casos detectados anteriormente ao programa não
sofrerem um agravamento.

Videoaula 13 – A importância do apoio e acompanhamento do serviço médico


pelo SESMT ou contratado.

54
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II

Ações de correção
As ações de correções propostas visam eliminar os riscos de agravamento por PAIR,
praticamente a sua aplicabilidade não será possível caso o empregador não tenha
interesse em implementar o PCA em seu estabelecimento.

As ações de correção abaixo, devem ser implementadas conforme o parecer do médico


coordenador e do engenheiro de segurança responsáveis diretos dos principais programas
de prevenção a acidentes e doenças no ambiente laboral. Citam-se as seguintes
recomendações:

»» Afastar o empregado afetado por PAIR do ruído.

»» Encaminhar o empregado afetado por PAIR para reabilitação profissional.

»» Divulgar relatório com as ocorrências ao gerente da unidade, aos


responsáveis pelos setores em que ocorreu PAIR, ao SESMT e à CIPA.

»» Reavaliar o monitoramento ambiental nos setores em que ocorreram as


perdas auditivas (PAIR).

»» Orientar os funcionários dos setores onde ocorrerem PAIR.

»» Incentivar os funcionários de setores ruidosos a sugerir mudanças que


possam diminuir o ruído dos equipamentos.

Ações preventivas

Prevenir a existência de PAIR em um determinado ambiente depende das seguintes


ações, identificar o nível de pressão sonora em todos os ambientes laborais e mapear
a saúde audível de todos os trabalhadores. Após levantamento, o SESMT poderá
desenvolver as seguintes atividades em busca da prevenção de PAIR, são elas:

»» Intensificar treinamentos específicos relacionados ao ruído.

»» Redução dos efeitos e forças de impacto.

»» Manutenção preventiva e corretiva das principais fontes de ruído


(máquinas e equipamentos).

»» Isolamento de superfícies que vibram.

»» Redução da concentração de máquinas nos ambientes.

»» Alteração no ritmo de funcionamento das máquinas e equipamentos.

55
UNIDADE II │ EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL

»» Evitar uso simultâneo de várias fontes de ruído, por exemplo, desligamento


de máquinas durante a realização de manutenção.

»» Implementar palestras e campanhas de promoção à saúde e ao bem-estar.

»» Implantação de EPC nos ambientes analisados e nas fontes de ruído.

»» Definição do uso do EPI somente quando for comprovada tecnicamente


a inviabilidade de redução do ruído ocupacional.

»» Orientação na detecção precoce dos casos que possam evoluir para PAIR.

»» Audiometrias periódicas dos expostos.

Análise da Engenharia de Segurança do


Trabalho para a determinação técnica
de conforto acústico em ambientes urbanos
e industriais

Você conhece as normas para avaliação técnica de ruído em áreas urbanas e


industriais?

O conforto acústico geralmente levará em conta os seguintes parâmetros: a variação


dos níveis de ruído, hora e dia de ocorrência. Portanto, o levantamento ambiental de
ruído depende da avaliação do nível medido corrigido Lc e do nível de critério Lr.

Outro ponto importante é a realização de uma avaliação qualitativa a respeito do nível


de ruído nos ambientes através do grau de dificuldade de comunicação, em ambientes
industriais, quanto maior o grau de dificuldade, maior será o risco de acidentes.

Segundo Gerges (2000), o nível de interferência na comunicação verbal (NICV) pode


ser determinado pela média aritmética dos NPS centrados em 500, 1.000, 2.000 e
4.000 Hz. As variáveis consideradas são o nível da fala (voz) e a distância do receptor.

Etapas de avaliação acústica para áreas urbanas e industriais devem seguir as


recomendações propostas pelas NBR’s 10.151 e 10.152, e a Resolução do CONAMA
no 01 e 02, de 17 de agosto de 1990.

Caracterizar as condições do nível de ruído (constante ou flutuante), para níveis


constantes Lc, é dado por:

Lc = LA + LB + LD

56
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II

Onde:

LB = 5 dB(A) para ruído impulsivo e/ou tonal audível. Para LD esta é a correção para
ruído intermitente (expresso em função de percentuais).

Para ruído de nível flutuante, LC é dado por:

LC = Leq + LB

Conforme determina a NBR 10.151, o nível de critério Lr em dB(A) é considerado o


limite superior permitido, que provocará queixas sempre que Lc ≥ Lr.

Para áreas residenciais, o nível de ruído externo considerado é de 45 dB(A), conforme


determinado na NBR 10.151. No entanto, esse nível deve ser corrigido dependendo do
horário e zoneamento para, assim, fornecer o nível de critério recomendado (Lr).

Por fim, após a determinação do ruído ambiental em diferentes horários, o responsável


técnico deverá apresentar conclusão referente à existência ou não de conforto acústico,
baseando-se nas tabelas da NBR 10.152.

A inexistência de conforto acústico gerará a implantação e redistribuição das fontes de


ruído e a implantação de barreiras ou enclausuramento acústico de todo o recinto.

As empresas contratadas e subcontratadas que executam atividades dentro do


empreendimento deverão seguir as recomendações propostas pelo responsável técnico,
conforme laudo emitido.

Videoaula 14 – A importância do PCA na prevenção de ambientes com NPS


elevado e conclusões finais.

Revisão do PCA
O PCA será submetido a revisões periódicas sempre que houver novas fontes ou alteração
na intensidade de ruídos, na vigência de novas tecnologias de trabalho, alterações na
legislação ou avanços na medicina, ou em outras circunstâncias a critério do SESMT.

O motivo pelo qual o PCA deve ser revisado, sustenta-se pela decisão do Supremo
Tribunal Federal (STF) que concluiu no dia 4/12/2014 o julgamento do Recurso
Extraordinário com Agravo (ARE) número 664.335. A sua repercussão foi reconhecida
e fixou duas teses a serem aplicadas na gestão e conservação auditiva, visto que os efeitos
da utilização de equipamento de proteção individual (EPI) não prevalecerão para a

57
UNIDADE II │ EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL

neutralização do ruído ocupacional superior aos limites de tolerância estabelecidos, e


concomitantemente não excluirá o direito à aposentadoria especial.

A tese assegurou o direito à aposentadoria especial, sustentando a efetiva exposição do


trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de modo que, se o equipamento de proteção
individual (EPI) for realmente capaz de neutralizar a nocividade, não haverá respaldo
constitucional à aposentadoria especial. Na hipótese de exposição do trabalhador a
ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito
do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), da eficácia do equipamento de proteção
individual (EPI), não descaracteriza o tempo de serviço especial para aposentadoria.

O Recurso Extraordinário promoveu o atendimento ao direito fundamental à Previdência


Social (art. 201, CRFB/1988), com reflexos constitucionais do direito à vida (art. 5o,
caput, CRFB/1988), à saúde (arts. 3o, 5o e 196, CRFB/1988), à dignidade da pessoa
humana (art. 1o, III, CRFB/1988) e ao meio ambiente de trabalho equilibrado (arts. 193
e 225, CRFB/1988).

O objetivo principal do Programa de Conservação Auditiva deve ser a eliminação de


atividades laborais nocivas e deve ser a meta maior da sociedade (Estado), empresariado,
trabalhadores e representantes sindicais, que devem voltar-se incessantemente para
com a defesa da saúde dos trabalhadores, como enuncia a Constituição da República,
ao erigir como pilares do Estado Democrático de Direito a dignidade humana (art. 1º,
III, CRFB/1988), a valorização social do trabalho, a preservação da vida e da saúde
(art. 3o, 5o, e 196, CRFB/1988), e o meio ambiente de trabalho equilibrado (art. 193, e
225, CRFB/1988).

A aposentadoria especial prevista no artigo 201, § 1o, da Constituição da República,


definiu os critérios para a concessão, baseando-se nos “casos de atividades exercidas sob
condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, e quando se tratar de
segurados portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar”.

Em cada revisão do PCA, devem-se incluir os cargos ou funções que estão enquadrados
ao benefício de aposentadoria especial, que possui nítido caráter preventivo e impõe-
se para aqueles trabalhadores que laboram expostos a agentes prejudiciais à saúde e
possuem um desgaste naturalmente maior. Logo, sabe-se que esse grupo assistido não
poderá cumprir o mesmo tempo de contribuição em relação aos demais não expostos a
agentes nocivos.

No entanto, caberá a emissão de Laudo Técnico dos Ambientes Laborais para a confirmação
do paradigma. Essa ação atenderá as normas vigentes e definirá as alíquotas a serem
acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme a atividade exercida pelo

58
EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE II

segurado a serviço da empresa, isso permitirá a interpretação e atendimento ao tempo de


serviço e concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de
contribuição, respectivamente.

Por outro lado, a criação do Fator Acidentário de Prevenção (FAP), por meio da Lei no
10.666/2003, em seu art. 10, concedeu redução de até 50% do valor dessa contribuição
em favor das empresas que provassem a redução de indicadores acidentários e do nexo-
epidemiológico. Essa redução é possível para aqueles que investirem na prevenção de
acidentes e doenças ocupacionais. Essa ação, atinge a implementação de programas
antes esquecidos, dentre eles, destacamos o PCA e o PPR (Programa de Proteção
Respiratória) com foco na gestão administrativa e implantação de sistemas de proteções
coletivas. Portanto, o FAP funciona como incentivo para que as empresas continuem
a cumprir a sua função social, proporcionando um ambiente de trabalho hígido a seus
trabalhadores.

O empregador deve manter toda a documentação atualizada e disponível aos agentes


fiscalizadores e aferir as informações prestadas pela empresa, sem prejuízo judicial. Em
caso de dúvida sobre a real eficácia do equipamento de proteção individual, a premissa
a nortear é reconhecer o direito ao benefício da aposentadoria especial.

A exposição a esse agente nocivo, ruído acima do limite de tolerância, geralmente é


remediado pelo uso de equipamento de proteção individual (protetor auricular), apesar
de existir a redução do nível de pressão sonora até no mesmo patamar da normalidade,
a potência do som em tais ambientes causa danos ao organismo que vão muito além
daqueles relacionados à perda das funções auditivas.

O PCA deve reconhecer que a prevenção de perdas auditivas no trabalho, requer o


controle contínuo da exposição e o seu monitoramento anual (conforme NR 09) e,
conforme o NIOSH, (1996) o controle da exposição deve ser sempre a primeira alternativa
a ser considerada. Entretanto, por dificuldades técnicas e econômicas, Gerges (2000)
argumenta que o uso de protetores auriculares é a medida mundialmente adotada e
difundida por ser pouco dispendiosa e de fácil acesso.

O National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH) afirma que a
atenuação de um protetor auditivo depende de suas características e de como o
trabalhador o utiliza. O protetor selecionado deve ser capaz de manter a exposição
auditiva ao ruído abaixo de 85 dB(A). Os trabalhadores e supervisores devem certificar-
se periodicamente de que o protetor está sendo usado corretamente, que está bem
ajustado e que é apropriado ao ruído ao qual o trabalhador está sujeito. A ênfase tem
sido dada à atenuação que o protetor oferece e outras qualidades necessárias para a sua
efetividade têm sido negligenciadas.

59
UNIDADE II │ EXPOSIÇÃO AO RUÍDO E PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL

Os profissionais que selecionam o EPI devem considerar para que tipo de ruído ele será
usado e quem irá usá-lo, a necessidade de compatibilidade dele com outros equipamentos
de proteção, conforto, e as condições do local de trabalho, como temperatura, umidade
e pressão atmosférica. Conforme o NIOSH (1998), o uso intermitente dos protetores
auriculares reduz dramaticamente sua efetividade, a exemplo: um protetor que atenua
30 dB(A) em oito horas de exposição atenuará apenas 15 dB(A) se o trabalhador deixar
de usá-lo por um período cumulativo de 30 minutos durante um dia de oito horas
de trabalho.

60
EXPOSIÇÃO À SÍLICA
E IMPLEMENTAÇÃO DE UNIDADE III
PROTEÇÃO NO MEIO
AMBIENTE LABORAL

CAPÍTULO 1
Exposição ocupacional à sílica e
adoção de medidas de controle no
meio ambiente do trabalho

Introdução
O avanço industrial, em conjunto com a adoção de novas tecnologias, impulsionou
todo o processo produtivo. No entanto, o aumento na produção impõe perdas ao meio
ocupacional participado pelas máquinas e operários. O que caracteriza as perdas está
diretamente ligado ao meio ambiente laboral, onde são gerados resíduos em forma de
particulados distintos conforme as dimensões de fragmentação, na forma de aerossóis,
tornando-se parte integrante do ar respirável do trabalhador. Essa “nova” interação
desencadeará em resultados negativos à saúde do trabalhador.

A necessidade de produção culminou na criação de ambientes insalubres e na redução


drástica do setor fabril devido às baixas de funcionários expostos a ambientes
insalubres, que vão desde a emissão de poluentes até a diferenças extremas de
temperatura. No entanto, a implantação de novas tecnologias promoveu a evolução
nos processos de ventilação e equipamentos, dos quais emanam contaminantes, e tem
se tornado, mais modernamente, uma importante ferramenta no campo de controle
da poluição do ar. O controle da poluição do ar tem início com a implantação de uma
adequada ventilação nas operações de processos poluidores da atmosfera laboral,
além da escolha adequada do equipamento para controle dos poluentes até o seu
destino final.

A ventilação tem sido utilizada tradicionalmente no campo da higiene do trabalho não


só para evitar a dispersão de contaminantes no ambiente industrial, como também para

61
UNIDADE III │ EXPOSIÇÃO À SÍLICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL

promover a diluição das concentrações de poluentes e para a manutenção e promoção


do conforto térmico.

A ventilação industrial e o controle de emissão de poluentes visam atender a Resolução


CONAMA no 03/1990, que define os padrões de qualidade do ar e as concentrações de
poluentes atmosféricos permissíveis, garantindo a preservação da saúde, a segurança e o
bem-estar da população, da fauna e flora e do meio ambiente em geral (BRASIL, 1990).

Para tanto, a implementação de sistemas de ventilação deve ser definida de forma


criteriosa, a fim de possibilitar a adequada funcionalidade, objetivando-se a atender os
critérios estabelecidos pela legislação.

Doenças pulmonares de origem ocupacional


As doenças pulmonares de origem ocupacional devem-se à exposição a agentes químicos
em quantidade e concentração suficientes para desencadearem doenças ocupacionais
por meio da inalação de partículas, vapores ou gases no local de trabalho. De acordo
com o tamanho das partículas, as maiores tendem a ficarem retidas no nariz ou nas vias
aéreas superiores, no entanto, as pequenas podem atingir os pulmões.

O organismo humano possui vários mecanismos para eliminar as partículas aspiradas.


O particulado presente nas vias respiratórias é envolvido por um muco que cobre as
partículas e, desse modo, contribui para a expulsão através da tosse. Nos pulmões,
existem células depuradoras especiais que engolem a maioria das partículas e as tornam
inofensivas.

O organismo pode produzir diferentes reações dentre elas temos as reações alérgicas,
insuficiência respiratória, parada respiratória e outros.

A exposição laboral em contato com particulados de quartzo e de amianto pode gerar


uma doença ocupacional conhecida como fibrose pulmonar, causando cicatrizes
permanentes no tecido pulmonar. No entanto, ambientes com elevada concentração de
amianto presente no ar podem causar cancro nos pulmões.

Presença de particulados no ambiente de trabalho

Definem-se como “partículas em suspensão” todas as partículas sólidas ou líquidas


contidas no ar, em tempo suficiente para sua observação e medicado. Os particulados
incluem poeiras, fumos, nevoeiro, aspersão e cerração (BROILE, 1983).

Quando geradas em ambiente laboral, podem estar associadas com doenças ocupacionais.

62
EXPOSIÇÃO À SÍLICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE III

As partículas geradas por ruptura mecânica de sólidos, como rochas, por exemplo,
resultam nas poeiras. Enquanto aquelas produzidas por condensação de vapores de
sólidos à temperatura ambiente originam os fumos (SOTO et al. 1991).

Visando ao controle e consequente diminuição de emissão de poeira, é importante


entender os mecanismos de sua geração e liberação. Muitos processos industriais geram
poeira como efeito do próprio processo e por uma grande variedade de meios físicos e
químicos (VINCENT, 1995).

As poeiras minerais são originadas a partir de grandes massas do mesmo material, por
meio de processos de ruptura mecânica, como moagem, britagem, perfuração, corte,
lixamento, explosão ou fricção entre certos materiais.

Nos processos em que rochas são beneficiadas, a poeira é gerada principalmente durante
as operações de corte, serragem, nivelamento e polimento de superfícies.

Por estarem associadas a inúmeros tipos de doenças do sistema respiratório, as poeiras


são de particular interesse como contaminantes do ar de ambientes de trabalho.
Podem reagir com os tecidos ou ser absorvidas por eles, causando efeitos adversos à
saúde. O comportamento das poeiras depende diretamente do tamanho das partículas,
do caráter higroscópico, das propriedades físicas, da forma e da densidade, o que
determina em grande parte seu comportamento no ar e sua eficiência de inalação e
de deposição no trato respiratório, podendo variar de uma simples irritação a uma
doença fatal. Entre as doenças mais comuns causadas pela exposição a poeiras, estão
as doenças ocupacionais pulmonares, intoxicações sistêmicas, câncer, asma, alveolite
alérgica e irritações diversas (WHO 1999).

Videoaula 1 – A introdução (apresentação e objetivos da exposição ocupacional


à sílica e adoção de medidas de controle no meio ambiente do trabalho).

Classificação de aerodispersoides

As substâncias emitidas no ambiente laboral geralmente estão na forma de partículas


sólidas ou líquidas (aerossóis) ou na forma gasosa (gases e vapores) ou ambos.

A forma como a sustância é emitida é importante do ponto de vista da implantação do


sistema de proteção respiratória e da característica toxicológica do produto liberado
na atmosfera. Para partículas maiores que 40 µm elas tenderam a se depositarem logo
após a sua emissão e não representam, a princípio, um problema de saúde ocupacional.

63
UNIDADE III │ EXPOSIÇÃO À SÍLICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL

No entanto, partículas pequenas com diâmetros inferiores a 10 µm são consideradas


inaláveis pelo organismo humano. Logo, quanto menor a partícula maior a probabilidade
de penetração nas partes mais profundas do aparelho respiratório, até causar danos à
saúde, dependendo do tempo de exposição, concentração e do grau de toxicidade.

Poeiras

São formadas por partículas sólidas, com diâmetro geralmente superior a 1 µm.
Resultante da desintegração mecânica de substâncias inorgânicas ou orgânicas.

Formas de propagação: operações de britagem, moagem, trituração, esmerilhamento,


peneiramento, usinagem mecânica, demolição e fundição.

Fumos

São partículas sólidas, geralmente com diâmetros < 10 µm até 1 µm. Resultam da
condensação de partículas em estado gasoso, após processo de volatilização de metais
fundidos. Por exemplo: fumos metálicos provenientes do processo de soldagem (cloreto
de amônio).

Outro produto químico de risco é o chumbo (Pb), ao derretê-lo, o seu vapor em contato
com o ar reage formando o óxido de chumbo (PbO), uma partícula altamente tóxica.
Essa partícula é extremamente pequena em suspensão no ar.

Portanto, deverá receber tratamento adequado em ambientes laborais (instalação de


ventilação adequada). Os fumos de óxidos metálicos produzem a chamada “febre dos
fundidores ou latoeiros”. Seus sinais são tremores (reação após a exposição ao fumo).

Névoas e neblinas

São partículas constituídas por gotículas líquidas com diâmetro variável entre: 0,1 µm
e 100 µm. Resultantes da condensação de vapores (p. ex.: pulverização, nebulização).
Causam reações, como irritação nos olhos, dificuldade respiratória e comprometimento
da visão.

Tipos de névoas: ácido sulfúrico, ácido crômico, câmaras de pinturas, entre outros.

Fumaça

Geralmente oriunda da queima de combustíveis fósseis ou de outro material com


características inflamáveis. O quadro 2, abaixo, apresenta a escala dos materiais
particulados em suspensão. Para aqueles que apresentam as características de fumaça,

64
EXPOSIÇÃO À SÍLICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE III

temos: a fuligem (partículas líquidas: madeira e carvão) + fração mineral (cinzas –


partículas divididas finamente de produtos de queima de carvão e óleo combustível) e
os fornos, fornalhas e queimadores de caldeiras.

Quadro 2. Tamanho de impureza em suspensão no ar, método de controle, tipo de radiação conforme
comprimento de onda.

Escala em

0,00003
10.000

0,0001
1.000

0,001
0,01
100
Microns

0,1
10

1
()

Aerossóis (sólidos e líquidos) Vapores e Gases (Moléculas)

Impureza Poeiras e Gotas Fumos e Névoa

(Sólidos e Líquidos) (Sólidos e Líquidos)


Gotas de Chuva Garoa Neblina (fog) Fumaça de Tabaco

Partículas Areia Névoa de Óleo


Típicas
Bactérias

Deposição Carvão Ativo

Ciclones Combustão Catalítica


Método de
Controle Filtros de ar

Precipitadores Eletrostáticos

Fonte: adaptado de Mesquita et al., 1988.

Figura 11. Deposição de material particulado no aparelho respiratório.

Áreas afetadas Tamanho da Partícula


Faringe 5 – 10 m
Epiglote
Laringe
Traquéia 3 – 5 m

Brônquios 2 – 3 m

Bronquíolos 1 – 2 m

Alvéolos 0,1 – 1 m

Fonte: adaptada de Brickus, 1999.

65
UNIDADE III │ EXPOSIÇÃO À SÍLICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL

Nota: Deposição de matéria particulada no aparelho respiratório.

1. Aparelho respiratório superior - Partículas entre 5-30 µm são retidas.

2. Aparelho respiratório inferior - Partículas menores que 1 µm de diâmetro


alcançam o alvéolo e são depositadas nos pulmões.

3. Partículas entre 1-5 µm são depositadas na traqueia, brônquios e bronquíolos.

Avaliação da exposição ocupacional


a particulados
Reconhecer, avaliar e controlar a exposição de trabalhadores a partículas tem sido
objetivo de muitos pesquisadores e outros profissionais ao longo da história, pois os
danos que elas podem causar são conhecidos há muito tempo.

Avaliar a exposição ocupacional a partículas é tarefa importante, pois no desenvolvimento


de doenças muitos fatores se encontram relacionados à exposição. A avaliação de
concentração e exposição a partículas de poeira existentes no ambiente laboral é de
extrema importância para obtenção de informações que caracterizam a magnitude no
desenvolvimento de doenças e risco à saúde dos trabalhadores.

Avaliação de poeira respirável

O parâmetro utilizado para caracterizar a intensidade da exposição à poeira, além da


intensidade de exposição, é feita por análise das características das partículas, por
meio da sua concentração na fração respirável (constituída de partículas menores
do que 10 μm, capazes de penetrar e se depositar no pulmão na região de troca
de gases).

No ambiente de trabalho, utilizando um dispositivo composto de porta-filtro, suporte


de celulose, membrana de PVC 5 μm de poro e ciclone separador de partículas, a fração
respirável é coletada e analisada para determinar a quantidade de sílica cristalina
presente, importante na caracterização do risco de silicose, por ser seriamente danosa
aos macrófagos alveolares (FUNDACENTRO, 2006).

Os métodos de amostragem, análise e resultados terão como objetivo: determinar a


exposição ocupacional, investigar a eficiência das alternativas de controle e mensurar
a percentagem de sílica cristalina respirável, podendo essa ser gerada em diversas
matérias-primas em condições específicas.

66
EXPOSIÇÃO À SÍLICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE III

Avaliação por tamanho de partícula


Segundo a WHO (1999), a aferição do diâmetro aerodinâmico da partícula é oportuna
para avaliar se a partícula possui habilidade para penetrar e se depositar em diferentes
espaços do trato respiratório.

A American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH), a


International Organization for Standardization (ISO) e o European Committee for
Standardization (CEN) recomendam a amostragem de partículas sólidas por seleção
de tamanho das partículas. As partículas sólidas, na forma de poeira e pelos critérios
harmonizados da ACGIH/ISO/CEN, possuem teoricamente uma faixa de tamanho que
varia de 0 a 100 μm (FUNDACENTRO, 2006).

As três frações de partículas sólidas, na forma de poeira, podem ser dividas de acordo
com o seu diâmetro aerodinâmico e relacionadas aos efeitos da poeira sobre a saúde em
relação à região de deposição no trato respiratório, são definidas como resposta da sua
penetração nos diferentes níveis do sistema respiratório:

»» A fração de particulado inalável é consituida como partícula de diâmetro


aerodinâmico menor que 100 μm, podendo adentrar pelo nariz e boca,
atingindo o trato respiratório e ficando retida nele, em qualquer lugar.
A concentração da fração de particulado inalável é parâmetro para
avaliar riscos que causam efeitos adversos quando depositados em
qualquer lugar do trato respiratório (ABHO 2005; FUNDACENTRO
2006).

»» A fração de particulado torácico é constituída por partículas de diâmetro


aerodinâmico menor que 25 μm, que penetra e pode ficar retida nas
regiões traqueobrônquicas (vias aéreas dos pulmões) e na região de troca
de gases. A concentração da fração de particulado torácico é parâmetro
para avaliar risco que causam efeito adverso quando depositados em
qualquer lugar no interior das vias aéreas dos pulmões e na região de
troca de gases (ABHO 2005; FUNDACENTRO 2006).

»» A fração respirável, constituída por partículas de diâmetro aerodinâmico


menor que 10 μm, penetram e podem ficar retidas na região de troca de
gases ou na região pulmonar. A concentração da fração de particulado
respirável é parâmetro para avaliar risco daqueles materiais que causam
efeito adverso quando depositados na região de troca de gases (ABHO
2005; FUNDACENTRO 2006).

67
UNIDADE III │ EXPOSIÇÃO À SÍLICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL

Figura 12. Representação das principais regiões do trato respiratório.

•Entrada - Nariz e Boca


Região •Fração inalável < 100 m
Naso
Faríngeal

•Penetração - Faringe
Região •Fração torácica < 25 m
Tráqueo-
brônquica

•Região Pulmonar
•Fração respirável < 10 m
Região
Pulmonar

Fonte: adaptado de Lippmann, 1999.

Videoaula 2 – Classificação de particulados e avaliação de poeira.

Sílica: conceito, efeitos no organismo


humano, exposição ocupacional
e fatores epidemiológicos
Os dois elementos químicos mais abundantes na capa terrestre são o oxigênio (46,6%
em peso) e o silício (27,7% em peso). A sílica, ou dióxido de silício (SiO2), componente
predominante na crosta terrestre, ocorre como sílica cristalina (SiO4) e são mais
tóxicas para células do pulmão que partículas com superfície definida há algum tempo
(BOLSAITIS; WALLACE, 1996).

Através de evidências consideráveis, o IARC (Agência Internacional de Pesquisa em


Câncer) classificou a sílica cristalina inalada, sob a forma de quartzo ou cristobalita,
proveniente de fontes ocupacionais, como cancerígeno para os humanos (IARC 1997).

A exposição ocupacional à sílica cristalina pode ocorrer em várias atividades de diferentes


ramos econômicos. Dentre eles, destacam-se a mineração, a fabricação de cimento, cal
e outros produtos de minerais não metálicos e da construção civil, em que são adotados
processos de trabalho que geram partículas em suspensão com altos teores de sílica
cristalina (BON, 2006).

68
EXPOSIÇÃO À SÍLICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE III

A silicose, doença pulmonar causada pela inalação, retenção e reação pulmonar a


partículas na fração respirável contendo sílica cristalina em suspenção no ar, é uma
pneumoconiose importante, não só no Brasil. Novos casos são diagnosticados por ano
no mundo. Por ser uma doença predominante com índices elevados, a Organização
Internacional do Trabalho e a Organização Mundial da Saúde lançaram em 1995
o “Programa Internacional da OIT/OMS para a Eliminação Global da Silicose”
(GOELZER, 2001).

Com alto grau de toxicidade, a sílica cristalina pode causar, além da silicose, aumento
da ocorrência de tuberculose, doenças autoimunes, bronquite crônica etc. (ALGRANTI
et al., 2003).

Considerada um problema de saúde pública, visto as informações e fatores de


riscos, o Programa Nacional de Eliminação da Silicose (PNES), sob a coordenação
técnica da Fundacentro, amplia ações com o propósito de reduzir significativamente
as taxas de incidência da doença e até a sua eliminação como problema de saúde
pública.

De origem sintética, mineral ou biogênica, a sílica será classificada conforme sua


estrutura, abordando seus efeitos a saúde, tendo como base a sílica de origem mineral
e estrutura cristalina, abundante no ambiente laboral.

Sílica cristalina

Os α e β-quartzo, são as formas ou polimorfos mais comuns de sílica cristalina.


Outras formas possíveis encontradas na natureza são a coesita, stishovita e moganita.
A nomenclatura usada designa de “α” a fase cristalina formada em baixa temperatura,
e de “β” a fase cristalina formada a alta temperatura (NIOSH 2002).

Em condições ambiente, o α-quartzo é a forma de sílica termodinamicamente estável.


A maior ocorrência da sílica cristalina existe como α-quartzo e é encontrada em grandes
quantidades em várias rochas com natureza mineral dura, pouco solúvel, inerte e resiste
à ação de vários agentes atmosféricos (KIRK,1997).

A característica da superfície do quartzo é determinante para diferentes respostas


biológicas e alterabilidade de perigo. É conhecida a contaminação do quartzo por íons
inclusos em sua rede cristalina, sendo os mais comuns o alumínio, ferro, germânio, lítio,
magnésio, sódio e potássio. A toxicidade da sílica é maior quando o elemento estranho
é o ferro (ou arsênio, berílio, cádmio, cobre, cobalto, mercúrio, chumbo e níquel), e
menor quando ele é o alumínio (WALLACE, 2002).

69
UNIDADE III │ EXPOSIÇÃO À SÍLICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL

Sílica amorfa

De origem natural, ocorre como (IARC 1997):

»» opala;

»» sílica biogênica: qualquer sílica oriunda de matéria orgânica, com fontes


conhecidas: bactérias, fungos, algas, esponjas e plantas;

»» terras diatomáceas: produtos geológicos da decomposição de organismos


unicelulares com carapaça silicosa;

»» sílicas vítreas: produzidas pela fusão de materiais que contêm silício, seja
de origem vulcânica ou resultado do impacto de meteoritos.

De forma natural, na opala pode ocorrer à presença de sílica cristalina (cristobalita) ou a


partir de terras diatomáceas e de sílicas amorfas sintéticas, em processos de fabricação
da diatomita devido à falta de controle no aquecimento e na calcinação (BON, 2006).

Segundo evidências inadequadas e estudos com animais, o IARC avaliou a sílica amorfa
como não cancerígena (IARC, 1997).

Videoaula 3 – Classificação, concentração e os efeitos na exposição a sílica.

Exposição ocupacional à sílica cristalina

A exposição ocupacional à sílica cristalina ocorre em diversos ramos de atividades,


como mineração e transformação de minerais em geral, metalurgia, cerâmica, vidros,
construção civil (fabricação de materiais construtivos e operações de construção),
agricultura e indústria da madeira (poeiras orgânicas).

O ramo de mineração expõe trabalhadores a poeiras diversas como ferro, bauxita, zinco,
manganês, calcário, rochas potássicas e fosfáticas, asbesto, granito, quartzo, quartzito,
feldspato, argilas e outros minerais contendo sílica livre.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, a estimativa de expostos à sílica no Brasil


apontam que, para o período de 1999 a 2000, atingiram cerca de 1.815.953 trabalhadores
vinculados a empregos formais, esse grupo se manteve exposto à sílica por mais de 30%
de sua jornada de trabalho (SAÚDE, 2006).

70
EXPOSIÇÃO À SÍLICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE III

Doenças associadas à exposição ocupacional


à sílica cristalina

A concentração de partículas e doses acima da capacidade funcional do sistema pode ser


nociva à zona alveolar. Os danos poderão causar doenças como o enfisema pulmonar,
a fibrose e a compressão das vias aéreas e dos vasos pulmonares. Em situações onde as
partículas são tóxicas aos macrófagos alveolares, os danos podem causar doenças como
a silicose.

Silicose

A silicose é uma doença incurável, causada pela inalação de sílica cristalina, provocando
reação pulmonar e retenção das partículas de sílica. A silicose é talvez a pneumoconiose
mais antiga. Foi Visconti, em 1870, que utilizou o termo ‘silicose’ pela primeira vez, mas ela
já tinha sido descrita em múmias do Antigo Egito e Grécia. Também Hipócrates a descreveu
ao observar dificuldade respiratória nos escavadores de metal e foi descrita no século XVI
nos mineiros da Boémia e nos cortadores de pedra no século XVIII (CORN, 1980).

A sílica cristalina é extremamente tóxica para o macrófago alveolar, devido às suas


propriedades de superfície que levam à lise celular, e, uma vez iniciada, a doença é
irreversível e geralmente progressiva.

Algumas atividades são de risco elevado, elas expõem o trabalhador ao uso ou


processamento em areias e rochas que contenham sílica, como: extração e o trabalho
em rochas como granito e pedras em geral; mineração (ouro, arsénio, estanho, pedras
preciosas, carvão), pedreiras e túneis, perfuração de poços, indústrias de cerâmica,
materiais de construção, borracha, fábrica de vidro e fertilizantes (rocha fosfática),
fundições e produção de talco, decapagem com jato de areia, atividades de manutenção
e limpeza de fornos, moinhos e filtros, entre outras.

A apresentação clínica dessa patologia depende essencialmente da intensidade e da


duração da exposição (ABÚ, 2005).

Assim, a silicose pode tomar as formas de silicose aguda ou silicoproteinose, silicose


acelerada e silicose crónica – simples ou complicada –, de acordo com os achados
radiológicos. Assim, a silicose pode ser classicamente descrita em três formas clínicas
distintas: crônica, acelerada e aguda, com diferentes expressões radiológicas e
histopatológicas (ALGRANTI et al., 2003).

Silicose crônica

Segundo Algranti et al. (2003), a silicose crônica pode ocorrer após longos períodos
de exposição à poeira contendo sílica. (10 a 20 anos), a níveis relativamente baixos

71
UNIDADE III │ EXPOSIÇÃO À SÍLICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL

de poeira contendo sílica. É caracterizada pela presença de pequenos nódulos difusos,


menores que 1 cm de diâmetro, que predominam nos terços superiores dos pulmões
(MENDES, 2003).

Silicose subaguda

Ocorre normalmente após cinco a dez anos do início da exposição, encontram-se


nódulos silicóticos, semelhantes aos da forma crônica, porém, em estágios mais
iniciais de desenvolvimento, com componente inflamatório intersticial intenso e
descamação celular nos alvéolos. A evolução radiológica é mais rápida, com tendência
à conglomeração e grandes opacidades. Os sintomas respiratórios, nessa circunstância,
costumam ser precoces e limitantes (FREITAS et al., 2008).

Silicose aguda

A silicose aguda é uma forma rara de doença e se associa a exposições maciças de sílica
livre, por períodos que variam de poucos meses até quatro ou cinco anos e é representada
pela proteinose alveolar associada a infiltrado inflamatório intersticial (FRASER, 1979).

Esse tipo de exposição ocorre no jateamento de areia ou moagem de rochas. A dispneia


atinge grau de incapacidade e pode evoluir para a morte por insuficiência respiratória
(ALGRANTI et al., 2003).

As manifestações clínicas de silicose podem ser uma broncopneumopatia crônica,


insuficiência respiratória crônica, dispneia, tosse frequente e dolorosa, com expectoração
mucopurulenta, hemoptoica ou pontilhada de partículas ou filamentos negros, astenia
intensa e emagrecimento. A conclusão prática é a da importância do diagnóstico precoce,
principalmente por ser a silicose uma doença irreversível, sem tratamento e cujos fatores
responsáveis por seu caráter evolutivo, pouco se conhece (BELLUSCI, 1996).

O diagnóstico da silicose é baseado na radiografia de tórax, em conjunto com história


clínica e ocupacional coerentes. Os exames clínico e radiológico podem não ser muito
precisos no início da doença, pela falta de características dos sintomas iniciais e pelo
fato de a sílica ser transparente aos raios-X. O exame radiológico mostra as lesões
provocadas pela sílica e não sua presença no pulmão, sendo que 30% dos casos leves
não aparecem nas radiografias (BELLUSCI, 1996).

Outras doenças também podem ser associadas à silicose, por ser progressiva e assim
pré-dispor o organismo a uma série de comorbidades, pulmonares e extrapulmonares,
como a tuberculose, o enfisema, as doenças autoimunes e o câncer (classificada como
agente carcinogênico para o ser humano pela IARC (ALGRANTI et al., 2003).

72
EXPOSIÇÃO À SÍLICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE III

Ao reconhecer a presença de sílica respirável no ambiente laboral, medidas gerais,


objetivando manter os teores de poeira em níveis aceitáveis, devem ser tomadas, como
ventilação adequada e umidificação. Nos locais em que a concentração persiste em
ser elevada, como nas situações de construção de túneis ou aplicação de jato de areia, a
proteção efetiva ao trabalhador só poderá ser obtida isolando-o da poeira, suprindo-o de
ar proveniente de fonte exterior ao ambiente. Quando possível, a sílica deve ser substituída
por outro material, como o pó de alumínio, atualmente empregado no polimento de peças
de cerâmica (SILVIA, 1991). De modo geral, as atividades de mineração constituem uma
das principais formas de exposição à sílica (CARNEIRO, 2006).

Os indivíduos expostos à sílica devem, periodicamente, ser submetidos a uma avaliação


médica que inclua a radiografia do tórax. Detectada anormalidade compatível com a
doença, a pessoa acometida deve ser afastada do contato com a poeira e orientada
quanto aos direitos que a legislação lhe faculta. Uma vez estabelecida à doença, não
existe tratamento.

Videoaula 4 – Doenças associadas a sílica e a prevenção.

Designações empregadas em publicações


da Fundacentro a respeito das bases
de prevenção
Texto elaborado pela pesquisadora Alcinéia M. dos Anjos Santos e pelo pesquisador Francisco
Kulcsar Neto - FUNDACENTRO, DQI/CHT

Controle de fonte
O controle na fonte deve envolver três itens diferentes: o processo de produção,
o material contendo sílica como constituinte tóxico e as práticas de trabalho.
O processo de produção deve ser modificado, aplicando-se métodos que
gerem menos poeira. Essa abordagem é mais simples quando adotada na fase
de projeto de um processo produtivo ou quando as linhas de produção estão
mudando devido à introdução de novas linhas de produtos.

Se a substituição não for possível devem ser estudadas maneiras de reduzir a


geração de poeira. Por exemplo, ao invés de usar um produto contendo sílica na
forma de pó, usá-lona forma de “pellets” ou de suspensão líquida. Métodos úmidos
são conhecidos por causarem menos exposição à poeira que os métodos secos.

73
UNIDADE III │ EXPOSIÇÃO À SÍLICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL

Nos processos de britagem e perfuração, é mais eficiente manter a poeira úmida


no ponto de geração do que tentar capturar a poeira liberada ao ar do ambiente.

Enclausuramento e ventilação
O enclausuramento consiste na colocação de uma barreira física entre a poeira
contendo sílica e o trabalhador, por exemplo, isolando o processo como em uma
caixa. Geralmente, é necessário ter um sistema de ventilação que mantenha o
isolamento sob pressão negativa, de modo que não haja nenhuma emissão em
frestas, rachaduras ou nos pontos de movimentação de poeira dentro e fora do
enclausuramento.

Ventilação local exaustora é a remoção dos contaminantes do ambiente, próximo


de sua fonte de geração ou liberação, antes que possam se espalhar e alcançar a
zona respiratória do trabalhador. Por isso é necessário garantir que o fluxo de ar
seja suficiente e seu sentido apropriado, particularmente onde o processo gera
movimentação do ar.

A ventilação geral é desejável para controlar a temperatura e a umidade do


ambiente, e um sistema projetado adequadamente pode atuar como um
controle complementar da exposição à poeira presente no ar, promovendo
a diluição contínua de qualquer emissão acidental. Essa ventilação deve ser
projetada considerando a movimentação de pessoas e veículos, além da
abertura de portas e janelas, sem colocar em risco sua eficiência.

Práticas de trabalho
A maneira como o trabalhador executa uma tarefa pode afetar apreciavelmente
a exposição, assim, é importante treinar trabalhadores em boas práticas de
trabalho. Como exemplos de práticas de trabalho que afetam a exposição,
podem ser citados, entre outros, o cuidado na transferência de materiais em pó,
a velocidade de trabalho e a postura corporal do trabalhador para execução de
sua tarefa. A limpeza utilizando vassoura e ar comprimido devem ser proibidas.

Medidas pessoais
Todas as tentativas devem ser feitas para evitar ou minimizar a exposição por
outros métodos antes de recorrer ao equipamento de proteção individual. Um
respirador, particularmente do tipo máscara, não é fácil de ser usado por longos
períodos. Ele pode ser muito desconfortável, especialmente em condições de

74
EXPOSIÇÃO À SÍLICA E IMPLEMENTAÇÃO DE PROTEÇÃO NO MEIO AMBIENTE LABORAL │ UNIDADE III

calor ou se estiver apertado, e os trabalhadores tendem a removê-lo. Além disso,


a poeira não controlada pode espalhar-se e afetar trabalhadores que estão
distantes da tarefa e por isso não usam o protetor respiratório.

Deve-se manter constante a avaliação da eficácia dos trabalhadores, supervisores


e pessoal de manutenção que receberam os treinamentos adequados referentes
ao uso, manutenção e limitações do equipamento de proteção respiratória (EPR).
As tarefas para as quais o EPR é prescrito devem ser periodicamente reavaliadas
para se verificar se outras medidas de controle se tornaram aplicáveis.

Videoaula 5 – Medidas de prevenção e o papel do SESMT neste contexto.

75
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL
E A PROTEÇÃO UNIDADE IV
DO MEIO AMBIENTE

CAPÍTULO 1
Ventilação industrial e as medidas
de proteção coletiva no controle de
emissões de particulados

Introdução
A ventilação industrial tem o objetivo de fornecer ar através de meios naturais e
mecânicos para ambientes fechados a fim de garantir o controle atmosférico de um
ambiente, proporcionando condições de acesso aos trabalhadores e maior durabilidade
de máquinas e equipamentos.

O controle de poluição do ar tem utilizado as tecnologias de ventilação como o principal


meio de controle da concentração de substâncias tóxicas, explosivas e/ou inflamáveis.
A definição adequada promove a diluição ou retirada de substâncias nocivas ou incômodas
presentes no ambiente de trabalho, de forma a não ultrapassar os limites de tolerância
(LT) estabelecidos na legislação.

Além das características acima a ventilação industrial auxilia no conforto térmico de


ambientes de trabalho. Plantas industriais antigas têm apresentado dificuldades de
implantação de ventilações industriais eficazes devido a falha de projeto, ausência do
projeto de ventilação, construção inadequada, funcionamento inadequado, falta de
manutenção ou baixo conhecimento do funcionamento do processo.

A elaboração de um projeto de ventilação industrial requer conhecer os seguintes


aspectos:

»» Identificar e quantificar os riscos ambientais existentes – risco físico


(calor) e risco químico (aerodispersoides presentes) – e a existência ou
não de valores acima dos limites de tolerância estabelecidos pela NR 15.

76
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE IV

»» Conhecer a área a ser ventilada para, assim, determinar a vazão de ar


necessária.

»» Determinação do tipo de ventilação a ser implantada.

»» Elaboração de projeto e memória de cálculo.

O responsável pela ventilação industrial deverá possuir conhecimento técnico para


projetar a vazão necessária do sistema de ventilação para garantir o controle ideal da
corrente de ar, a fim de mantê-lo salubre.

Em um ambiente de escritórios a implantação da ventilação visa garantir o bem-estar


dos funcionários e eliminar a presença de fumos, odores e calor.

Para instalações industriais, a ventilação consiste em controlar concentrações de


contaminantes, poluentes e das condições térmicas, geralmente, ou ambos os casos.
A ventilação pode consistir na inserção de ar exterior (não contaminado) pelo interior
do estabelecimento, diminuindo a concentração do poluente no ambiente e garantindo
a permanência humana no recinto.

Videoaula 1 – A introdução (apresentação e objetivos da ventilação industrial).

Classificação dos poluentes


»» Poluentes primários: aqueles emitidos diretamente pelas fontes
poluidoras.

»» Poluentes secundários: formam-se na atmosfera através de reações


químicas entre os poluentes existentes.

Quadro 3. Classificação dos poluentes do por fontes de emissão.

Poluentes do Ar Fontes de Emissão


Fumaça de cigarro (fuligem) Acender ou fumar cigarros.
Contaminação pela combustão Motogeradores, caldeiras, aquecedores e outros sistemas de combustão a gás e outros combustíveis fósseis.
Sistema de ventilação (umidificadores e condicionadores de ar), dutos, esgotos, dejetos de animais e rejeitos
Contaminação biológica
domésticos e hospitalares.
Compostos orgânicos voláteis Câmaras de pinturas, maquinários aplicadores de vernizes, solventes e produtos agrícolas (pesticidas, inseticidas,
(COV) herbicidas), uso de produtos de limpeza.
Marcenarias durante a aplicação de colas para junção de chapas e outros artefatos de madeira. Os aldeídos
Aldeídos
estão presentes em forros, carpetes e móveis.
Gases Sistemas de ventilação de esgoto, ralos com fecho hídrico seco, reservatórios subterrâneos com vazamento.

77
UNIDADE IV │ VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Poluentes do Ar Fontes de Emissão


Durante processos de demolição (construção civil), perfuração e desmonte de rochas, extração e carregamento
Partículas e fibras
de rochas.

Fonte: adaptado de EPA, 2002.

Ventilação aplicada ao controle


de contaminantes
Ventilação é um sistema elaborado e implantado para prevenir que doenças ocupacionais
oriundas da concentração de agentes químicos presentes no ar (em suspensão), como
poeira, gases tóxicos ou venenosos, vapores.

A ventilação possui diversas aplicações, obtendo-se destaque no melhoramento das


condições de conforto térmico, controle de processos produtivos industriais e controle
ambiental (MACINTYRE, 2013).

A ventilação industrial tem o objetivo de garantir a qualidade do ar no meio ambiente


laboral, preservando a saúde dos trabalhadores.

A elaboração e implantação de sistemas de ventilação industrial devem fazer parte do


programa de proteção respiratória visando:

»» Promover o controle de contaminantes dispersos no ambiente industrial.

»» Eliminar o risco de exposição a concentrações de gases e vapores.

»» Gerar conforto térmico.

Tipo de ventilação
A definição para implantação do sistema de ventilação e/ou exaustão depende dos
seguintes critérios:

»» tamanho da área fabril;

»» tipo de poluente;

»» concentração;

»» grau de purificação desejado (atendimento a legislações ambientais e


normas regulamentadoras).

Atualmente, a tecnologia empregada consiste na aplicação de ventiladores, exaustores


e coletores de ar e/ou ventilação natural, utilizando-se das aberturas existentes em
edificações diversas.

78
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE IV

Para Macintyre (2013), a ventilação aplicada no setor industrial é chamada de


ventilação industrial. Seu objetivo é controlar a temperatura, a velocidade, a umidade,
a concentração ou remoção de agentes poluentes do ar de um recinto fechado.

A ventilação industrial é dividida em dois grandes grupos: ventilação geral diluidora e


ventilação local exaustora (MACINTYRE, 2013).

»» Ventilação geral (natural ou mecânica): sistema empregado para


ventilar o ambiente como um todo. Esse sistema é conhecido também
como ventilação geral diluidora.

»» Ventilação local exaustora: sistema empregado para retirar


substâncias emitidas diretamente na fonte de geração, conduzindo-os
para a atmosfera externa ou para sistemas de contenção de particulados.

Na indústria de cimento, os sistemas empregados visam aproveitar todo o


particulado no processo de produção.

Na indústria de cerâmica, a captação do particulado suspenso será utilizada


como matéria-prima.

Na indústria madeireira, toda serragem e refugos oriundos no processo fabril


são utilizados como combustíveis.

Videoaula 2 – Ventilação aplicada ao controle de contaminantes.

Ventilação geral diluidora


A ventilação geral diluidora (VGD) consiste em fornecer e/ou remover ar desse ambiente
(ACGIH, 2013). Esse tipo de ventilação pode ser natural, quando realizada por meio
das correntes convectivas de ar presente no recinto, ou forçada, quando realizada por
meio de equipamentos mecânicos (WHO, 1999). A figura 13, abaixo, representa esse
tipo de ventilação.

Na concepção de Lisboa (2007), esse processo deve ser empregado para melhoria das
condições de conforto térmico e para diminuição da concentração de poluentes de baixa
toxicidade no ambiente até os limites permitidos.

De acordo com WHO (1999), esse tipo de ventilação, quando mal dimensionada, pode
aumentar a exposição dos trabalhadores distantes da fonte de emissão de poluentes.
79
UNIDADE IV │ VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Esse tipo de ventilação também pode ser utilizado para a redução de atmosferas
explosivas. Nesses casos, o insuflamento de ar possibilita a diminuição da concentração
do agente, mantendo-a abaixo do limite inferior de explosividade (ACGIH, 2013).

Na esteira de Macintyre (2013), se a toxicidade e a taxa de geração do poluente forem


altas, a VGD não deverá ser utilizada, visto que necessitará de uma grande renovação de
ar e, mesmo assim, não será capaz de neutralizar a ação dos agentes nocivos.

A ventilação geral diluidora é limitada, pois a quantidade de poluentes gerados


não pode ser elevada, os trabalhadores devem estar longe da fonte de emissão
de poluentes, a toxicidade e a distribuição dos poluentes no ambiente deve ser,
respectivamente, baixa e uniforme (ACGIH, 2013).

Na ausência de contaminante, a ventilação geral poderá ser utilizada para reduzir a


temperatura do ambiente, gerada pelo processo de produção da planta industrial ou
por irradiação solar.

Os dois principais tipos de ventilação geral diluidora comumente utilizados são: natural
e forçada, conforme a figura 13, abaixo.

Figura 13. Tipos de ventilação geral diluidora.

1 - Ventilação Natural 2 – Ventilação


Fonte: adaptada de ACGIH, 2013.

Um ambiente é considerado salubre quando a renovação do ar no recinto atinge


todo o ambiente laboral, dessa forma, a tendência é garantir a redução uniforme do
contaminante em todos os pontos de um determinado ambiente.

Videoaula 3 – Ventilação Geral Diluidora.

80
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE IV

Limites de tolerância e aplicabilidade


A Norma Regulamentadora no 15, em seus anexos, estabelece limites de tolerância para
atividades que podem ou não serem caracterizadas como insalubres. A concentração
média de substâncias suspensas ou dispersas em um ambiente fechado por um
determinado período de tempo onde há ocupação humana pode ter efeito adverso
ao organismo.

A ACGIH (American Conference of Governmetal Industrial Hygienists) definiu


limites de tolerância – TLV’s (Threshold Limit Value) – para agentes químicos
diversos. No caso de gases tóxicos, as concentrações máximas em ambientes do
trabalho são assumidas para que não prejudiquem pessoas expostas. Os valores de
referência assumidos devem ser seguidos como os limites máximos e a exposição
prolongada a limites próximo do teto podem acarretar na ocorrência de doenças
ocupacionais, conforme mencionado no item de doenças pulmonares.

Segundo Lisboa (2007), o TLV refere-se às condições limites de qualidade do ar em


ambientes de trabalho e representa os valores sobre os quais acredita-se que a quase
totalidade dos trabalhadores possa ser repetidamente exposta, dia após dia, sem
efeito adverso. No entanto, devido à suscetibilidade individual, uma percentagem de
indivíduos expostos pode reagir negativamente a concentrações iguais ou abaixo do
valor limite.

Macyntire (1990) afirma que o TLV-C, conhecido como valor teto, não deverá ser
excedido, nem instantaneamente.

Áreas com manipulação de gases tóxicos devem receber atenção especial na disposição
dos ambientes a serem construídos, recomenda-se:

»» Garantir que o ambiente tenha renovação de ar (verificar o risco de


explosão).

»» Manter cilindros em capelas com exaustão permanente, caso o recinto


esteja fechado.

»» Estocar cilindros em ambientes abertos, conforme as recomendações de


segurança do fabricante.

»» Instalar sistema de monitoramento da atmosfera, principalmente para


produtos inodoros.

81
UNIDADE IV │ VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Quadro 4. Limites de tolerância estabelecidos pela ACGIH.

TLV Efeito/Inalação Diária (08:00h)


Substâncias Efeito
(ppm) TLV 2 x TLV 10 x TLV
Irritação dos olhos,
Irritação dos brônquios e Irritação dos brônquios e
Aldeído acético 200 nariz e garganta (odor Nenhum
dos pulmões dos pulmões
perceptível)
Irritação dos olhos,
Narcose, tontura e até
Acetona 1.000 Narcose nariz e garganta (odor Nenhum
inconsciência
perceptível)
Asfixia em altas
Diclorodifluor - metano 1.000 Nenhum Nenhum Nenhum
concentrações
Câncer e irritação dos
Niquelcarbonila 0,001 Nenhum Nenhum Nenhum
brônquios e dos pulmões
Quinona 0,1 Pigmentação dos olhos Nenhum Pigmentação dos olhos Perda da acuidade visual
Febre do fumo e
Irritação dos brônquios e
Fumos metálicos 5 mg/m³ Febre do fumo Febre do fumo alguma irritação dos
dos pulmões
olhos, nariz e garganta

Fonte: adaptado de Mesquita et al., 1988.

Videoaula 4 – Ventilação e os limites de tolerância estabelecidos pela NR 15 e


ACGIH.

Aplicação da ventilação geral


1. Cálculo de volume de ar/pessoa, objetivo remoção de odores.

O ar externo necessário em m³/h pessoa:

Atividade / Pessoa Ideal (m³/h) Mínimo (m³/h)


Fumando 50 40
Não fumante 13 8

2. Deve-se determinar a quantidade de ar necessário para percorrer todo o


recinto, a fim de melhorar o conforto térmico (ref: 1,5 a 15 m/min).

3. Determinar a quantidade de troca de volume de ar em determinado


tempo (MESQUITA et al., 1988).

Quadro 5. Trocas de ar recomendada por tipo de ambiente*.

Tipo de ambiente Ciclo de troca (troca/minuto) Ciclo de troca (troca/hora)


Auditório 5 – 10 6 – 12
Sala de reunião 5 – 10 6 – 12
Padaria 3 20

82
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE IV

Tipo de ambiente Ciclo de troca (troca/minuto) Ciclo de troca (troca/hora)


Fundição 5 – 15 4 – 12
Laboratório 3 – 10 6 – 20
Lavanderia 5 12
Oficina 15 – 20 6 – 12
Túneis 1 – 10 6 – 60
Escritório 5 – 10 6 – 12

* As trocas podem apresentar variações de acordo com o layout e com as barreiras (bancadas, móveis
etc) disponível no ambiente.

Fonte: adaptado de Mesquita et al., 1988.

A definição da ventilação poderá ser empregada da seguinte forma:

Uma empresa promoveu um congresso com um total de 60 participantes. Determine


qual o volume de ar necessário para ventilá-lo? Dados sobre as dimensões do local: 50
x 50 x 4 m.

Caso considere que todos os participantes são fumantes teremos, 50 m³/h pessoa o que
representa um total de 60 x 50 = 3.000 m³/h

Considere o volume do local e utilize a quadro 5, acima, para definir o volume de ar


necessário. Logo, temos: 50 x 50 x 4 = 10.000 m³ então, 12 x 10.000 m³ = 120.000 m³/h.

Outra forma de cálculo é baseada na velocidade de 1,5 a 15 m/min. Considere duas


áreas de passagens de 4 x 10 = 40 m² x 2 = 80 m²

Utilize a velocidade calculada pelo volume de ar encontrado.


3.000
=V = 37,5 m / h  0,62 m/min (velocidade menor que a mínima de 1,5 m / min).
80
Considere o valor mínimo de velocidade e determine a velocidade, conforme abaixo:

V =Q/ A
Portanto,

Q = 1,5m / min x 80 m²

Q = 120 m³ / min
Transformando tem-se:
Q = 7.200 m ³ / h

Conclui-se que 3.000 < 7.200 < 120.000 sendo, portanto, um valor aceitável.
Entretanto, sugere um valor na ordem de 72.000 m³/h, o mais indicado, valor esse
que representa 60% do valor máximo.

83
UNIDADE IV │ VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Ventilação para controle de substância


explosiva
O risco de explosão é controlado por meio de ventilação diluidora, logo, a vazão
necessária é identificada pela fórmula matemática abaixo:

G 102 fs
Qn = x 24,1 x x
MM LIE B
Onde:

Qn = Vazão necessária (m³/h).

G = Taxa de geração da substância a ser diluída.

MM = Massa molecular.

LIE = Limite inferior de explosividade.

Fs = Fator de segurança – fs = 4 para 25% do LIE / fs = 5 para 20% do LIE.

B = Fator que considera a redução do LIE com o aumento da temperatura – B = 1 para


T < 120º C e B = 0,7 para T ≥120ºC.

Considerar o quadro 6 abaixo.

Aplicação prática, extraída de Lisboa (2007) – Quatro litros de tolueno evaporam em


uma operação de secagem a 110º C. Sabe-se que a maior parte do solvente evapora
nos primeiros 10 minutos. Determine a taxa de ventilação necessária para manter a
concentração abaixo de 20% do LIE. Dados: LIE 1,27%; GE = 0,87; MM = 92.

G = 4 L / 10 min x 60 min/h x 0,87 Kg/L = 20,88 Kg/h

20,88 102 5
Qn = x 24,1 x x
92 1, 27 1

Qn = 2.153m ³ / h (a 21ºC e 1 atm)

Deve-se encontrar para 110º C, então:

Qn (110°C ) =
2.153 x
( 273 + 110 )
( 273 + 21)

Qn = 2.805m ³ / h

84
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE IV

Quadro 6. Características de substâncias químicas.

Gravidade LIE (% em volume)


Substância Fórmula Peso Molecular
Específica Inferior Superior
Gás clorídrico HCl 36,47 1,268 – –

Gás cianídrico HCN 27,03 0,688 5,6 40,0

Monóxido de carbono CO 28,10 0,968 12,5 74,2

Metanol CH3OH 32,04 0,792 6,72 36,5

Propano 44,09 1,554 2,12 9,35

Tolueno 92,13 0,866 1,27 6,75

Xileno 106,16 0,881 1,0 6,0

Fonte: Assunção et al., 1989.

Videoaula 5 – Ventilação aplicada em áreas classificadas.

Ventilação local exaustora


Um sistema de ventilação local exaustora (SVLE) captura o ar poluído diretamente ou
nas proximidades da fonte, evitando que poluentes alcancem a zona de respiração do
trabalhador (MORTEZA et al., 2013).

A sua aplicação é eficaz para controlar a exposição ocupacional a produtos químicos


nocivos, quando bem concebidos, implantados e operados, são suficientes para proteção
do trabalhador (DOSH, 2008). Logo, a sua utilização é suficiente para dispensar o uso
de EPI (WHS, 2013).

Destaca-se que, além da proteção do trabalhador contra agentes nocivos, esse tipo de
ventilação promove melhorias no conforto térmico do ambiente laboral, pois remove
uma parcela da carga térmica gerada no processo (LISBOA, 2007).

Objetivos

Os sistemas de ventilação por exaustão têm o objetivo de captar os poluentes diretamente


na fonte e inibir a dispersão deles no ambiente de trabalho. Para tanto, esse sistema de
ventilação possui maior eficácia à proteção da saúde do trabalhador.

Os sistemas de exaustão são compostos por 5 (cinco) componentes conforme


representados pela figura 14, a seguir.

85
UNIDADE IV │ VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Figura 14. Componentes do sistema de ventilação local exaustora.

Duto
Ventilador

Filtro

Captor

Fonte: Riederer, 2011.

1. Captores: local de entrada dos poluentes.

2. Dutos: local por onde os poluentes são transportados.

3. Filtros: sistema destinado à retenção/coleta do ar contaminado antes


do seu lançamento ou descarte na atmosfera ou área pré-definida2. Estes
sistemas deverão estar em conformidade com a legislação ambiental
federal e local.

4. Sistema ventilador – motor: esse sistema fornecerá a energia


necessária para garantir que o fluido em movimento siga a trajetória
definida pelo sistema.

5. Chaminé: saída do poluente na atmosfera.

A elaboração de um projeto de exaustão dependerá do levantamento estimado da


vazão de ar necessária para retirar o particulado emitido no processo. Por meio dessa
estimativa, pode-se definir a área de abertura do captor, a secção do duto e o potencial
do conjunto motor e ventilador (LISBOA, 2007).

2 Geralmente, toda fonte de poluição do ar deverá ser provida de sistema de ventilação local exaustora e o lançamento na
atmosfera deverá ser realizado por meio de chaminé ou na existência de norma ou regulamento dele decorrente.

86
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE IV

Entretanto, a obtenção da vazão de ar depende ainda do reconhecimento e classificação


do tipo de particulado/contaminante presente no processo.

Videoaula 6 – A importância da ventilação local exaustora.

Classificação dos sistemas de captação


A definição do sistema de captação depende do reconhecimento da vazão de ar conforme
mencionado anteriormente e, além disso, outros fatores intrínsecos ao processo são
importantes para garantir os melhores resultados. São eles:

»» Escolha do tipo de captor e geometria.

»» Posicionamento em relação à fonte.

»» Velocidade de captura, sempre em relação ao ponto crítico (ponto


desfavorável).

»» Vazão de captação.

»» Requisitos de energia do captor.

Com relação aos requisitos, quanto à forma e o posicionamento em relação à fonte,


temos os seguintes captores:

»» Captores cabines: possuem sistema de exaustão com grande abertura.


Possuem o ambiente enclausurado e necessitam de um ponto superior
para exaustão. Um caso típico são as câmaras ou cabines de pintura.

»» Captores enclausurados: possuem sistema onde a emissão do poluente


acontece dentro do sistema de enclausuramento. Possuem pequenas frestas
para captação do poluente. Esses sistemas são comumente utilizados em
laboratórios para o manuseio de produtos químicos (capelas).

»» Captor tipo coifa ou externo: são posicionados externamente à


fonte de emissão. A corrente de ar deverá ser suficiente para conduzir os
poluentes para o interior do captor.

»» Captor receptor: são posicionados estrategicamente, de acordo com


o fluxo de emissão dos poluentes. Esse tipo de captor pode ser utilizado
nos processos de esmerilhamento e nos processos de emissão de gases
quentes por fornos.
87
UNIDADE IV │ VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Para pequenas vazões ou áreas com enclausuramento. Exemplo: Capelas,


Balanças (Pesagem de material), etc.

»» Captor receptor: usado nos casos de sucção de vapor, gases com


material particulado (pó) onde existe a manipulação do trabalhador no
processo. Fluxo do ar: horizontal.

Na concepção da HSE (2011) há diversidade de captores, exemplificados anteriormente.


Eles podem ser conhecidos abaixo (Figura 15).

Figura 15. Tipos de captores.

a) Enclausurante b) Cabine c) Externo


Fonte: HSE, 2011.

O captor tipo coifa não deverá ser usado quando o poluente for tóxico e quando
houver a necessidade de o trabalhador curvar-se sobre a estrutura (tanque).

A vazão poderá ser encontrada por meio da seguinte fórmula:

Q = 1, 4 P x h xV

Onde:

P = perímetro do tanque ou estrutura.

h = distância entre o captor e o tanque.

V = velocidade de captura.

88
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE IV

∆P =0, 25 Pc

Onde:

ΔP = perda de entrada.

Projeto e localização do captor

Em geral, o captor deverá ser colocado o mais próximo possível da fonte poluidora.
Desse modo, adquire-se uma captação com uma vazão reduzida gerando, um menor
custo operacional. A vazão, em geral, é o quadrado da distância, portanto, no caso de
uma distância 2x a vazão requerida será o quádruplo em relação a uma determinada
distância x.

Segundo Assunção (1989), a distância do captor em relação à fonte será determinante


para que correntes de ar transversais não prejudiquem na captação dos poluentes,
para tanto, será necessária uma velocidade de captura maior, aumentando-se a vazão
necessária e garantindo eficácia no processo.

Figura 16. Relação da distância de captação e vazão necessária.

Vazão 1000 Vazão 4000

Fonte Fonte

X 2X
Condição Boa Condição Ruim
Fonte: adaptada de Assunção, 1989.

A proteção do trabalhador em um ambiente laboral, onde há riscos de inalação por meio


das vias aéreas, dependerá do posicionamento e do tipo de captor (área de captação).
A influência da direção do fluxo de ar na vazão de exaustão, uma vez posicionado
adequadamente, evitará que o poluente passe primeiro pela via respiratória do operador,
entretanto, o uso de coifas poderá expor o operador a altas concentrações de poluentes
devido à necessidade desse se posicionar (posição curva) para retirar os materiais do
tanque conforme a figura 17, a seguir.

89
UNIDADE IV │ VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Figura 17. Posicionamento de captores em tanques de galvanoplastia.

Fenda

Condição Boa

Condição Ruim

Fonte: próprio autor.

Quando há possibilidade de implantação do sistema de captação por enclausuramento


tem-se praticamente 100% de eficiência no processo de captação. Conforme mencionado
anteriormente, quanto maior a distância entre o captor e a fonte maior a probabilidade
de interferência dos ventos e maior o dispêndio energético para a captação dos
poluentes. As principais vantagens do enclausuramento são: diminuição da área de
captura, uso de menor vazão, ganho econômico, reaproveitamento no processo (quando
possível). A figura 18 representa uma situação comum em processos de carreamento de
materiais sólidos em “rolos de retorno”, por exemplo: esteiras de britagens, minérios
e correias transportadoras.

90
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE IV

Figura 18. Definição para captação por enclausuramento.

Captor
Enclausurante

Correia Rolo de retorno

Shut de alimentação

Condição Boa

Captor

Correia Rolo de retorno

Shut de alimentação

Fonte: adaptada de Assunção, 1989.

Videoaula 7 – Classificação e localização dos sistemas de captação.

Velocidade de captura
O processo de captação de poluentes depende da velocidade de captura, e ela deve ser
estabelecida no ponto de absorção mais desfavorável. Dessa forma, todos os poluentes
serão captados.
91
UNIDADE IV │ VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Velocidade de controle é um termo muito utilizado no campo da ventilação, que no


caso de captores externos é a própria velocidade de captura. No caso de captores
tipo enclausurante ou tipo cabine, a velocidade de controle pode ser entendida como
a velocidade necessária para evitar a saída dos poluentes no captor, já que o captor
envolve a fonte (LISBOA, 2007).

A velocidade de captura requerida depende do levantamento das seguintes condições:

»» toxicidade do poluente;

»» tipo de captor;

»» velocidade de emissão;

»» grau de movimentação do ar no ambiente (correntes transversais);

»» tamanho do captor;

»» quantidade emitida.

O quadro 7, abaixo, representa velocidades de captura de acordo com as condições de


dispersão e de correntes transversais do ar no ambiente, mostrando também exemplos
em ambientes distintos.

Vazão de exaustão

De acordo com o volume ou massa de um determinado poluente emitido por uma fonte
poluidora, devemos encontrar a vazão de exaustão que representará o volume de ar
necessário a ser movimentado para captar o poluente emitido.

Dessa forma, o conjunto fonte-captador exige uma determinada vazão de exaustão.


Logo, a vazão total a ser movimentada será o somatório das vazões exigidas em cada
captor (MACINTYRE, 1990).

De acordo com Macintyre (1990), os elementos que classificam uma boa exaustão são:

»» Deve captar a totalidade dos poluentes emitidos.

»» Não deve ser utilizado para auxiliar em processos e operações, como,


por exemplo, arraste de matérias-primas e produtos, diminuição da
temperatura dos equipamentos etc.

»» Deve possuir uma vazão econômica a fim de atender apenas os requisitos


acima.

92
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE IV

A fórmula geral para vazão é dada por:

Q = Ac xVc

Onde:

Q = vazão necessária em um determinado captor.

Ac = área da superfície de controle.

Vc = velocidade do ar na superfície de controle (velocidade necessária para captar os


poluentes para conduzir ao sistema de exaustão).

Quadro 7. Condições de dispersão e velocidade de captura.

Condições de dispersão de poluentes Exemplos de dispersão Velocidade (m/s)


Emissão com ar parado. Evaporação (tanques, desengraxe) 0,25 – 0,5
Emissão em baixa velocidade / Ar com velocidade Cabines de pintura, enchimento de tanques de armazenagem
0,5 – 1,0
moderada. (intermitente), Solda.
Emissão alta em zona de ar com velocidade alta. Enchimento de barris, carga de transportador. 1,0 – 2,5
Emissão em alta velocidade (inicial) em zona de ar
Esmeril, jateamento com abrasivos. 2,5 – 10,0
com velocidade alta.
Fonte: Lisboa, 2007.

Para cada categoria a definição dos valores na faixa depende dos seguintes fatores:

»» Limite inferior da faixa:

›› ambiente sem corrente de ar ou favorável à captura;

›› poluente de baixa toxidade;

›› intermitente, baixa emissão;

›› captor grande – grande vazão de ar.

»» Limite superior da faixa:

›› existência de corrente de ar;

›› poluente de alta toxidade;

›› alta emissão;

›› captor pequeno – somente controle local.

A vazão para captores externos é baseada em dados experimentais de determinação de


área da superfície de controle, podem-se mencionar os estudos realizados para vários
processos, operações e equipamentos em especial aqueles mencionados na Indutrial

93
UNIDADE IV │ VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Ventilation, da ACGIH – American Conference of Governmental Industrial Hygienists


(2013).

Para exemplificar, apresentaremos o modelo matemático desenvolvido por Dalla Valle,


utilizado por Lisboa (2007) para determinar a área de superfície de controle para
captores de abertura circular ou retangular. Considere um ponto localizado a uma
distância x ao longo do eixo de um captor de ar, penetrando em sua face com velocidade
Vf. Segundo Dalla Valle, nessas condições, a área da superfície de controle que passa
pelo ponto X é dada por:

Ac 10 x ² + Af
Equação 1 - =

Ac
Equação 2 -= (10 x 2
)
+ Af x 0, 75
Onde:

Af = Área da face do captor.

A equação 1 deverá ser considerada para captores sem flange e a equação 2 para captores
com flange.

Essas equações são válidas somente para distâncias ≤ a 1,5d. Onde d é o diâmetro da
face do captor.

No caso de exaustão, a velocidade do ar cai rapidamente à medida que se afasta da


face do captor. Geralmente, a velocidade a uma distância igual ao diâmetro da face do
captor é de 10% da velocidade da face do captor.

Nas condições de sopro (jato), a velocidade cai paulatinamente, atingindo o valor de


10% da velocidade da face à distância de aproximadamente 30 vezes o diâmetro da face
do captor.

O quadro 8 representa os tipos de captores e suas respectivas fórmulas para o cálculo


da vazão de exaustão.

Quadro 8. Tipos de captores e cálculo para a vazão de exaustão.

Tipo de captor Razão W/L Vazão


Com fenda 0,2 ou menor Q = 3,7 L . V . X
Com fenda flangeada 0,2 ou menor Q = 2,8 L . V . X
Abertura sem flange 0,2 ou maior (serve para a circular) Q = V(10 X2 A)
Abertura com flange 0,2 ou maior (serve para a circular) Q = 0,75 V(10 X22 A)
Cabine (capela) 0,2 ou maior (serve para a circular) Q = VAf V . W . H
Q = 1,4 P . H . V
Coifa (restaurante) 0,2 ou maior (serve para a circular)
P = perímetro do tanque

Fonte: adaptado de Lisboa, 2007.

94
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE IV

Nota: vazão insuficiente significa captação deficiente, portanto, maior poluição do


ambiente de trabalho.

Ambientes laborais que apresentam variação nos processos de vazão deficiente,


necessitam de avaliações periódicas a fim de permitirem a adoção de medidas
adequadas para a permanência a níveis aceitáveis. Conhecer os limites de
tolerância e as concentrações permitidas por lei para a emissão de poluentes na
atmosfera, tomam o embasamento técnico para discernir se os trabalhadores
devem ou não estar expostos.

A figura 19, abaixo, apresenta a forma esquemática de vazão adequada e inadequada


para o controle de poluentes.

Figura 19. Efeito da vazão na captação dos poluentes.

Captação
Inadequada

Captação Adequada

Fonte: adaptada de Lisboa, 2007.

Ideal para ventilação de tanques e processos quentes (ex: fornos de fundição, tanques
de tratamento superficial3).

O quadro 9 representa o tipo de captor em relação ao coeficiente de entrada (Ke) e


perda de carga (Kc).

Quadro 9. Coeficiente de entrada (Ke) e perda de carga (Kc) conforme o tipo de captação.

Formato do captor Ke Kc
Boca arredondada 0,98 0,04
Extremidade plana sem flange 0,72 0,93
Extremidade do duto flangeada 0,82 0,49
Cone flangeado com α = 13° 0,94 0,13
Cone flangeado com α = 30° 0,90 0,24
Cone sem flange com α = 13° 0,82 0,49
Cone sem flange com α = 30° 0,79 0,60

Fonte: adaptado de Lisboa, 2007.

3 Galvanoplastia.

95
UNIDADE IV │ VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Dimensionamento de captores

O pré-requisito para o dimensionamento adequado de captores depende, em regra


geral, de se conhecer os tipos de operações poluidoras, as formas existentes de captores
no mercado, o tipo de ventilação aplicada no processo (caso exista), as operações
realizadas in loco e os equipamentos industriais existentes.

Dessa forma, podemos classificar os processos especiais da seguinte forma:

»» ventilação sopro-exaustora;

»» ventilação de processos quentes (fornos);

»» ventilação de tanques;

»» ventilação de operações de manipulação e transporte de material


fragmentado;

»» sistemas de alta pressão e baixa vazão.

A seleção do captor é baseada em três aspectos:

»» toxidade do poluente;

»» espaço físico disponível;

»» condições operacionais.

A posição do captor pode ser definida por 6 (seis) critérios, são eles:

1. Menor vazão (menor custo).

2. Redução da influência de correntes de ar cruzadas.

3. Promover o maior enclausuramento possível.

4. Posição mais próxima da fonte.

5. Uso de anteparos e flanges possibilita evitar a presença de correntes


cruzadas.

6. Direção do fluxo de ar induzido e contaminado.

A escolha do captor ideal depende exclusivamente do tipo de fonte, toxicidade emitida,


dos fatores operacionais (manutenção preditiva, preventiva e corretiva) e condições
restritivas de espaço. A sua eficiência é atingida quando não há problemas na fonte
nem na qualidade de vida dos funcionários, garantindo, assim, o trânsito de pessoas no
ambiente laboral.
96
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE IV

Além disso, os captores devem garantir a menor perda de carga e que necessitem a
menor vazão de captação, visto que o custo operacional será fundamental para a
definição do custo final do produto4 em uma determinada organização.

Dimensionamento de dutos

Os dutos são responsáveis pela ligação entre os componentes do sistema de ventilação


que conduz o ar e os poluentes do ponto de captação até o local de deposição (ACGIH,
2013).

De acordo com a HSE (2011), em sistemas de ventilação podem ser utilizados dutos
retangulares e circulares, sendo os últimos mais empregados por suportarem maiores
variações de pressão e serem mais leves. Macintyre (2013) afirma que os dutos de seção
transversal retangular não são aconselhados por favorecerem a deposição de poeira em
suas arestas, exigindo maior frequência de manutenção.

Uma rede de dutos deve minimizar as perdas de cargas, evitando-se o uso de curvas,
cotovelos ou reduções, conforme a figura 20 (ACGIH, 2013).

Figura 20. Perdas de carga de acordo com o tipo de rede de dutos.

Captor Trecho reto Trecho curvo Entradas Contrações Expansões


Fonte: ACGIH, 2013.

Videoaula 8 – Características importantes de dutos.

Transporte de poluentes
Segundo Macintyre (1990), o transporte de poluentes por meio de dutos depende
da velocidade do ar na tubulação. Para poluentes gasosos, a velocidade tem pouca
importância, uma vez que não ocorre sedimentação na tubulação, mesmo para velocidades
baixas. Nesse caso, são utilizadas velocidades na faixa econômica usualmente entre
5 a 10 m/s.
4 Produção final após o beneficiamento no processo produtivo e colocado no mercado à venda.

97
UNIDADE IV │ VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

No caso de poluentes na forma de partículas, é importante manter a velocidade mínima


de transporte para que não ocorra sedimentação nos dutos. Essa velocidade varia de
acordo com a densidade e granulometria das partículas que devem ser conhecidas. Os
valores usualmente utilizados estão representados no quadro 10, abaixo.

Quadro 10. Velocidades de transporte de partículas em dutos.

Velocidade Mínima
Tipo de Partícula
(m/s)
Partículas de densidade baixa: fumaça, fumos de óxidos de zinco, fumos de óxidos de alumínio, pó de algodão. 10
Partículas de densidade média: cereais, pó de madeira, pó de plástico, pó de borracha. 15
Partículas de densidade média/alta: fumos metálicos, poeira de jateamento de areia e de esmerilhamento. 20
Partículas de densidade alta: fumos de chumbo, poeiras de fundição de ferro. 25

Fonte: Lisboa, 2007.

A velocidade do ar no duto deve ser determinada considerando a sua perda de carga


do sistema, ou seja, ela deverá garantir que o fluido percorra todo o sistema de dutos.
Vale ressaltar que a velocidade, perda de carga e potência exigida são diretamente
proporcionais. Dessa forma, maior será o gasto energético aplicado no processamento
industrial5 e, consequentemente, maior o custo final.

Essa definição poderá garantir o melhor uso das partículas geradas e a menor exposição
dos trabalhadores a ambientes anteriormente classificados como “insalubres”.
Isso proporciona ao SESMT a redução significativa do uso exagerado de equipamentos
de proteção individuais e promove a aplicação de uma gestão contínua, baseada na
prevenção de acidentes, atuando no comportamento dos funcionários por meio de
treinamentos e campanhas educativas.

Videoaula 9 – Transporte de poluentes.

Equipamentos de controle da poluição


atmosférica
Os poluentes capturados pelo sistema de ventilação devem ser removidos do fluxo de
ar antes da sua liberação para o ambiente. Para isso, filtros de ar, dispositivos de coleta
de poeiras, lavadores de gases, incineradores e outros equipamentos de purificação são
utilizados (MACINTYRE, 2013).
5 Nos projetos de ventilação, recomenda-se o uso de portas de inspeção em intervalos de 3 metros ou conforme a recomendação
do setor técnico em áreas onde há maior probabilidade de deposição de particulado (risco de formação de placas, crostas),
promovendo o entupimento do sistema.

98
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE IV

Esses sistemas de filtragem em um processo serão sempre necessários quando as


emissões atmosféricas não atenderem as condicionantes ambientais exigidas na
legislação, como, por exemplo, as resoluções do CONAMA.

Os dispositivos de purificação devem ser corretamente selecionados, para tanto,


as características e concentração dos poluentes, o grau de purificação desejado e as
características do ar de transporte do poluente devem ser conhecidas (ACGIH, 2013).

Uma forma de identificar a perda de carga limite nos filtros, por meio de controle de
pressões e potências, se dará por meio da instalação de manômetros em “U” de baixo
custo e fácil instalação.

Os gases e vapores são separados do ar por meio de processos de adsorção, absorção e


condensação (MACINTYRE, 2013).

Para remoção de poluentes, são utilizados os coletores centrífugos (ciclones), lavadores,


câmaras gravitacionais, precipitadores eletrostáticos e filtros mangas (ACGIH, 2013).

Videoaula 10 – Sistemas de Controle de Poluição.

Os ventiladores

Os ventiladores são máquinas empregadas para o deslocamento de fluidos. Por meio


da rotação de um sistema composto por pás, imprimem energia ao fluido, tornando-o
capaz de escoar pela rede de dutos (MACINTYRE, 2013).

Eles devem ser capazes de vencerem a perda de carga total (dutos, captores e filtros)
do sistema, garantindo a pressão necessária para manutenção do escoamento do fluido
(ACGIH, 2013).

Os ventiladores são classificados quanto ao aspecto construtivo. Eles podem variar de


acordo com o tipo de fluxo radial (centrífugos) e axial. Já em relação à geometria das
pás, podem ser classificadas como retas, inclinadas, posição frontal (frente) e para trás,
planas ou curvas (MACINTYRE, 2013).

Os ventiladores centrífugos com pás radiais são recomendados para operações em


ambientes com alta concentração de material particulado, ou seja, regime severo de
operação. Por sua vez, os ventiladores centrífugos com pás inclinadas (para trás ou
para frente) são mais indicados para ambientes com fluxo de ar isento de particulados
(MACINTYRE, 2013).

99
UNIDADE IV │ VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Os ventiladores axiais são, basicamente, divididos em dois grupos: ventiladores


propulsores (aplicações domésticas) e os turboventiladores, com larga aplicação em
sistemas de aquecimento, refrigeração e condicionamento de ar (LISBOA, 2007;
MACINTYRE, 2013).

Por meio do ventilador é que criamos o diferencial de pressão através do sistema, o que
faz o ar fluir. Para tanto, a seleção do ventilador é fundamental para garantir a melhor
efetividade do sistema.

Os ventiladores são classificados de acordo com a direção de movimentação do fluxo


através do rotor. Dessa forma, os ventiladores são classificados da seguinte forma:

»» Ventiladores centrífugos: são destinados à movimentação do ar em


uma ampla faixa de vazões e pressões.

Figura 21. Ventilador centrífugo.

Fonte: adaptada de HSE, 2011.

»» Ventiladores axiais: se restringem a aplicações de baixa e média


pressão até 150 mmCA, conforme a figura 22, abaixo.

Figura 22. Ventilador axial.

Fonte: adaptada de HSE, 2011.

Para aplicação de ventilação local exaustora, os ventiladores mais


utilizados são os centrífugos, os quais estão disponíveis em quatro tipos,
segundo a classificação abaixo:

»» Ventilador centrífugo radial: são ventiladores, robustos, para


trabalho pesado e destinados a movimentar fluidos com grande carga de
partícula (poeiras), partículas pegajosas (poeiras pegajosas) e corrosivas.
Apresentam baixa eficiência, na ordem de 60% e elevado nível de ruído.
Possuem baixa complexidade construtiva e alta resistência mecânica,
além de serem de fácil reparação (LISBOA, 2007).
100
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE IV

Figura 23. Rotor com pá radial.

Fonte: Cook et al., 2015.

»» Ventilador centrifugo de pás para trás: possuem alta eficiência,


chegando a atingir 80% em seu funcionamento. O equipamento possui
baixa emissão de ruído. Esse ventilador possui a característica de
autolimitação de potência, o que evita uma sobrecarga do motor. Ele possui
dois tipos de pás: as aerodinâmicas e as planas. As pás aerodinâmicas
são de grande rendimento, pois permitem uma corrente mais uniforme.
Esses ventiladores são empregados nos casos de grandes vazões e
pressões médias, sendo que a economia de potência compensa o maior
custo na aquisição. As pás planas podem ser utilizadas para transportar
o ar sujo, já que apresentam a característica autolimpante. Entretanto,
apresentam uma eficiência menor em relação aos de pás aerodinâmicas
(LISBOA, 2007).

Figura 24. Rotor com pá para trás.

Fonte: Silva et al., 2008.

»» Ventilador centrifugo de pás curvadas para frente: esses modelos


requerem pouco espaço para instalação, apresentam baixa velocidade
periférica e são silenciosos. Devem ser utilizados para pressões de baixas
a moderadas. Esses modelos não são recomendados para movimentar
fluidos, como poeiras e fumos, devido à possibilidade de aderência do
material, ocasionando o desbalanceamento do rotor e consequente
vibração. Esse modelo não possui autolimitação de potência, podendo
101
UNIDADE IV │ VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

sobrecarregar o motor. A eficiência desses ventiladores é menor que dos


ventiladores de pás para trás. Para tanto, recomenda-se o seu uso em
sistemas de ventilação geral e de ar condicionado, onde a carga de poeiras
e outras partículas é baixa (LISBOA, 2007).

Figura 25. Rotor de pá para frente.

Fonte: Silva et al., 2008.

»» Ventilador radial tip: são ventiladores de pás planas inclinadas para


trás, no entanto, com pontas que se curvam até chegarem a ser radiais.
Esse tipo de ventilador possui queda de eficiência, porém, proporciona
maiores vazões. São amplamente empregados em fornos de cimento e
fábricas de celulose e papel.

Figura 26. Rotor tipo radial tip.

Fonte: Lisboa, 2007.

Classificação, vantagens e desvantagens dos


equipamentos de controle da poluição do ar
A escolha do equipamento de controle de poluição do ar, que melhor cumprirá sua
função de coleta, nem sempre é um problema de simples solução, tendo-se em vista o
número de fatores intervenientes (MUCCIACITO, 2016).

De uma forma geral, pode-se dizer que a escolha depende de fatores relativos às
propriedades do contaminante, relativos às propriedades do gás carreador e relativos a
aspectos econômicos e práticos. Há que se considerar na escolha de equipamentos de
controle, vários fatores, conforme abaixo (MUCCIACITO, 2016):
102
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE IV

»» estado físico do poluente;

»» grau de limpeza desejado;

»» composição química;

»» temperatura;

»» viscosidade;

»» umidade;

»» combustividade;

»» reatividade química;

»» propriedades elétricas.

Videoaula 11 – Tipos de ventiladores.

Classificação dos sistemas de controle


de poluição

Coletores úmidos

Princípio de funcionamento

O gás é forçado através de uma aspersão de gotas, com as quais as partículas se chocam,
se depositam por difusão, e também agem como núcleo de condensação de água,
aumentando consequentemente de tamanho, o que torna sua coleta mais fácil. Portanto,
podemos dizer que os quatro mecanismos de coleta mais importantes no coletor úmido
são impactação, a interceptação, a difusão e a condensação (MUCCIACITO, 2016).

As classificações dos lavadores de gases são inúmeras, havendo o contínuo aparecimento de


novos modelos de eficiências similares, apresentando algumas vantagens e desvantagens.

=N 2,3log1/1 − n

N = αδ ty
Onde:

N = número de unidades de transferências.


103
UNIDADE IV │ VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

n = eficiência.
y = constante admensional – coeficiente angular da reta plotada em papel logarítmico.
α = valor de intercepção na ordenada.
α,β = dependem do tamanho de outras propriedades das partículas.
δt = potência de contato total.

Características gerais

Visa expressar o rendimento dos diversos tipos de lavadores de gases para a coleta de
material particulado.
Quadro 11. Características de câmaras de borrifo.

Parâmetro Faixa
Vazão de gás > 70.000 pés³/min
Temperatura do gás 2.000° F, reduzindo para 300° F
Velocidade do gás 2 – 5 pés/s
Tempo de resistência 20 – 30s
Perda de carga 1 pol de H2O
Concentração Alta, > 5 grãos/pé³
Composição da partícula Sólido, líquido (corrosão)
Água recirculada 2 – 18 gal/1.000 pés³

Fonte: Mucciacito, 2016.

Essas relações variam para cada um dos tipos de lavadores mencionados, dependendo
de como se dá a aspersão do líquido, da direção e do sentido do gás com relação ao
líquido, entre vários outros fatores.

Atualmente, o conceito mais difundido é a “potência de contato”, que, em essência,


relaciona a eficiência de coleta de partículas com a energia gasta no processo de contato
entre gás e líquido. O conceito de potência de contato afirma que, no contato gás-líquido,
a potência é dissipada em turbulência dos fluidos e como calor.

Essa potência consumida em termos de potência por unidade volumétrica do gás


é denominada de potência de contato, não estando nela incluídas as potências por
perdas elétricas e mecânicas, nem por perdas por atrito nas partes secas do lavador.
Esse conceito, apesar de carecer de maior base teórica, tem se mostrado aproximadamente
válido na prática. Matematicamente, tem sido apresentado em termos de número de
unidades de transferência (eficiência) e potência de contato (HP/1000 pés³/min).

Os lavadores úmidos são conhecidos também como equipamentos de controle de


poluição que usam o processo de absorção em líquido para separar os poluentes da
corrente gasosa (MUCCIACITO, 2016).

104
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE IV

A absorção pode ser entendida como um íntimo contato dos gases com o líquido
de absorção, o que permite que os gases poluentes fiquem dissolvidos no líquido. O
fator responsável por esse resultado é a solubilidade dos gases no líquido absorvedor,
uma forma de demonstrar tal ocorrência é vista nas partículas de aerossóis que são
transferidas da suspensão da corrente gasosa para o líquido de lavagem via mecanismos
de impacto inercial, sedimentação gravitacional, difusão browniana, eletrostática,
difusividade térmica e transporte de massa (MUCCIACITO, 2016).

Os lavadores de via úmida, possuem as seguintes vantagens e desvantagens:

Quadro 12. Vantagens e desvantagens dos lavadores de via úmida.

Vantagens Desvantagens
Não gera fonte secundária de pó. Possibilidade de geração de problemas de poluição de águas.
Necessidade de alto custo de perda de carga para remover material
Necessita de espaço pequeno.
particulado fino com alta eficiência.
Coleta gases e material particulado. Geração de resíduos úmidos.
Oferece possibilidade de trabalho com correntes gasosas de elevada
Problemas de corrosão de forma severa em relação à via seca.
temperatura e umidade.
Tem custo baixo (desconsiderando o tratamento de efluentes líquidos). Opacidade da pluma de vapor pode ser inconveniente.
Geralmente a corrente gasosa já está em alta pressão. Consumo de energia elevado.
Acúmulo de sólidos na interface úmida-seca pode gerar problemas.
Habilidade de remover com alta eficiência o material particulado fino. Alto custo de operação.
Consumo elevado de água.

Fonte: Mucciacito, 2016.

Câmara de borrifo

É o mais simples dos coletores úmidos. As gotas, geralmente com diâmetro de 0,1 a 1
mm, caem e se chocam com as partículas em movimento ascendente, sendo o impacto o
principal mecanismo de coleta das partículas. São características gerais desses coletores:

»» velocidade ascendente do gás, 2 a 4 pés/s;

»» tamanho das gotas, 100 a 1000 µm;

»» tamanho da gota para a máxima eficiência, 800 a 900 µm.

Quadro 13. Características de lavadores ciclônicos.

Faixa
Parâmetro
Tipo irrigado Tipo Pease – Anthony
Vazão do gás Até 50.000 pés³/min Até 25.000 pés³/min
Temperatura do gás Ilimitada Pré-resfriamento ou saturação necessária.

105
UNIDADE IV │ VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Faixa
Parâmetro
Tipo irrigado Tipo Pease – Anthony
Velocidade do gás 200 – 500 pés/min –
Velocidade tangencial – 50 – 200 pés/s
Perda de carga 2,5 – 6 pol de H2O 2 – 6 pol de H2O
Água recirculada 3-5 gal/1.000pés³ 3-10 gal/1.000pés³
Δp = f (vazão) Δp = KQ² –
Potência – 1-3 HP/1.000pés³/min
Eficiência 90% ≥ 5µm 95% ≥ 5µm
Efeito da umidade na eficiência Nenhum Nenhum

Fonte: Mucciacito, 2016.

Lavadores ciclônicos
Nesses coletores úmidos, lança-se mão de um aumento da velocidade relativa entre as
gotas e as partículas. Dessa forma, consegue-se aumentar consideravelmente a eficiência
de coleta em comparação com a obtida em câmaras de borrifo (MUCCIACITO, 2016).

A coleta se dá principalmente por impactação, sendo que a difusão só é efetiva para as


partículas da ordem de 0,001 µm. Há basicamente três tipos de lavadores ciclônicos,
como segue. Um em que se movimenta tangencialmente o gás, fazendo-se com que ele
entre de modo tangencial na base do corpo cilíndrico. O lavador mais comum desse tipo
é o chamado lavador ciclônico Pease Anthony (MUCCIACITO, 2016).

No segundo tipo, o movimento espiralado é provocado no gás através de sua passagem


por seções helicoidais: são os chamados lavadores ciclônicos irrigados. O terceiro tipo
é um ciclone convencional, em que o gás entra tangencialmente pela base e a injeção
de água se faz na entrada. Nesses coletores, determinou-se experimentalmente que o mais
efetivo tamanho de gota é da ordem de 100 µm. Por essa razão, não se recomenda sua
utilização com fins de resfriamento, sendo mesmo recomendado que os gases estejam
saturados na entrada do coletor, particularmente se o gás estiver a uma temperatura
superior à do líquido (MUCCIACITO, 2016).

Sabe-se ainda que existem outros sistemas de controladores de poluentes, no entanto, se


dará ênfase àqueles amplamente utilizados em ambientes industriais, onde há elevada
emissão e controle de particulados aerodispersoides.

Coletores úmidos de impactação


Os coletores de impactação são torres verticais equipadas com um ou mais obstáculos
de impactação. O obstáculo de impactação corresponde a um prato perfurado com 600
106
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE IV

a 3.000 furos por pé², tendo sobre eles plaquetas a uma distância correspondente à
seção do fluido que passa pelos furos (seção de maior velocidade).

O fluxo gasoso entra pela base da torre, em uma câmara provida de bicos aspersores de
baixa pressão para, inicialmente, sofrer um processo de resfriamento, umidificação e
coleta das partículas mais grosseiras (MUCCIACITO, 2016).

O gás, passando através dos furos a velocidades entre 75 e 100 pés/s, atomiza o líquido
descendente em gotas da ordem de 100 µm.

Quadro 14. Características de lavadores de impactação.

Parâmetro Faixa
Concentração de poeira 40 grãos/pé³ (fácil tratamento)
Perda de carga 1,5 a 8 pol de H2O – geralmente 4-6
Eficiência 95%, 4µm; 90%, 2µm; 80%, 1µm.
Consumo de água 0,25 gal/min para cada 1.000pés³/min
Água recirculada 3 gal/min/1.000 pés³/min
Capacidade 500 – 40.000 pés³/min
Velocidade do gás nos furos 20 pés/s
Velocidade de formação de gotas 75-100 pés/s

Fonte: Mucciacito, 2016.

A velocidade do gás ao passar pelos furos é da ordem de 20 pés/s. Convém salientar


que a coleta do material particulado ocorre predominantemente pela impactação com
as gotas, e menos pela impactação contra a plaqueta (cerca de 3/16 pol de dimensão).

Percebe-se que o diâmetro do corpo coletor é muito grande, no caso da plaqueta, sendo,
portanto, o parâmetro de impactação menor.

Videoaula 12 – Controle de poluição por via úmida.

Precipitadores eletrostáticos
Removem o material particulado de uma corrente gasosa por meio da criação de alto
diferencial de voltagem entre eletrodos. Quando o gás com partículas passa entre os
eletrodos, as moléculas gasosas ficam ionizadas, resultando em cargas nas partículas.
Logo, carregadas, são atraídas para o “prato” de carga oposta e removidas enquanto o
gás prossegue. Durante a operação, os pratos devem ser limpos periodicamente para
remover a camada de pó que fica sobreposta.
107
UNIDADE IV │ VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

O acesso nesses locais deve ser controlados de forma sistêmica e precisa seguir os
procedimentos operacionais de segurança elaborados pelos responsáveis do processo
de produção. Qualquer acesso nos precipitadores eletrostáticos deve ocorrer somente
com a anuência da segurança do trabalho.

Quadro 15. Vantagens e desvantagens dos precipitadores eletrostáticos.

Vantagens Desvantagens
Alta eficiência de coleta de material particulado (fino e grosso)
Elevado custo de implantação (projeto, engenharia e instalação).
e consumo de energia relativamente baixo.
Alta sensibilidade às oscilações das condições da corrente de gás (taxas de fluxo,
Coleta e disposição dos resíduos a seco.
temperaturas, composição do gás e material particulado).
Baixa perda de carga (< 13 mmca). Baixa flexibilidade das faixas de operação.
Capacidade de operação contínua com mínima necessidade Dificuldade de remoção de algumas partículas devido a propriedades resistivas
de manutenção. extremas (muito altas ou muito baixas).
Baixo custo de operação (se comparado a outros processos). Necessidade de espaço relativamente grande para instalação.
Habilidade para trabalhar em altas pressões (10 atm) quanto
Produção de ozônio pelo eletrodo negativo durante a ionização do gás.
em condições de vácuo.
Possibilidade de ser operado em ampla faixa de temperatura Manutenção relativamente sofisticada e personalizada (para a segurança do
e a altas (até 700º C). trabalho, possui elevado risco).
Incapacidade de controle das emissões de poluentes gasosos (DAVIS, 2000).
Risco de explosão quando se trata gases ou partículas combustíveis.
Capacidade de tratar altas vazões de maneira eficaz.
Necessidade de precauções especiais para proteger pessoal dos riscos de alta
voltagem.

Fonte: Mucciacito, 2016.

Figura 27. Representação de precipitadores eletrostáticos.


Unidade de alta voltagem
Suporte de isolamento com
aquecedor do tipo anel
Sistema de descarga
elétrica com acionamento
de batida
Distribuição de gás
Descarga elétrica
Placas de eletrodo

Entrada de gás

Saída de gás

Câmara coletora de pó
(área quente)
Sistema de transporte
de pó aquecido

Fonte: R&R, 2017.

108
VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE │ UNIDADE IV

Videoaula 13 – Precipitadores eletrostáticos.

Filtros de mangas
Os filtros de mangas removem o pó da corrente de gás, passando a corrente gasosa
carregada de material particulado por um tecido poroso (conforme descrição técnica
do material/fabricante). As partículas de pó formam uma torta de porosidade maior,
menor ou igual à manga (tecido poroso). Em geral, os métodos utilizados para limpeza
são chacoalhar as mangas ou soprando ar limpo em corrente contrária.

Figura 28. Representação de filtro de mangas.

Fonte: Macintyre, 2013.

109
UNIDADE IV │ VENTILAÇÃO INDUSTRIAL E A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Quadro 16. Vantagens e desvantagens dos filtros de mangas.

Vantagens Desvantagens
Temperaturas acima de 300º C necessitam refratário mineral, especial
Alta remoção de material particulado grosso ou fino (submicrons). ou mangas metálicas que estão ainda em estágio de desenvolvimento
e valor elevado.
Alguns pós podem requerer tratamento especial das mangas para
Capacidade de operar com grande diversidade de pós. reduzir a infiltração de pó, ou, em outros casos, ajuda na remoção do
pó coletado.
Baixas concentrações de pó no coletor podem representar risco de
Relativamente insensível à flutuação da vazão de gás. Eficiência e
fogo ou explosão se uma faísca ou chama for introduzida por acidente,
perda de carga são pouco afetadas devido a grandes variações de
as mangas podem queimar se pó oxidável já tiver sido coletado (p. ex.:
carregamento de cinzas para filtros continuamente limpos.
filtro de mangas de coque de petróleo).
Possibilidade de recirculação da saída de ar do filtro pela planta para
Elevado custo de manutenção (troca das mangas).
conservação de energia.
Baixa vida útil em altas temperaturas e na presença de ácidos e bases
Material coletado seco, para subsequente processamento ou disposição.
ou na presença de gases específicos.
Não há problemas de disposição de resíduos líquidos, poluição de
águas ou congelamento de líquidos, fator existente nos lavadores Não pode trabalhar com gases úmidos.
úmidos.
Materiais hidroscópicos, condensação de mistura, componentes de
Em geral, corrosão e ferrugem não são problemas. alcatrão podem causar torta incrustante ou tampão na manga. É
necessário o uso de aditivos especiais.
A substituição das mangas necessita de sistemas de proteção coletiva,
Não há risco de alta voltagem, simplificando a operação e manutenção,
visando à proteção respiratória e uso de EPI, conforme avaliação do
além de permitir coleta de pó inflamável.
setor de segurança do trabalho.
Uso de fibras selecionadas e cuidados com pré-coberturas de filtros
granulares permitem alta eficiência de coleta de fuligem com dimensões O diferencial de pressão em média é de 100 a 250 mmca.
de micrômetros e também de gases contaminantes.
Filtros coletores possuem diversas configurações possíveis, resultando
As mangas podem ser destruídas em altas temperaturas ou na
em dimensões e locais de flange de entrada e saída diversos,
presença de produtos químicos corrosivos.
atendendo às necessidades de processo da instalação.
O tempo de limpeza do filtro necessita de um sistema paralelo para
Operação relativamente simples.
manter o regime permanente de operação.

Fonte: Mucciacito, 2016.

Videoaula 14 – Filtros de mangas.

110
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