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Proteção Contra Incêndios e Explosões

Brasília-DF.
Elaboração

Fausto Jaime Miranda de Araujo

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 6

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8

UNIDADE I
TEORIA DO FOGO................................................................................................................................ 11

CAPÍTULO 1
INCÊNDIOS HISTÓRICOS E SURGIMENTO DA SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO......................... 11

CAPÍTULO 2
COMBUSTÃO.......................................................................................................................... 16

CAPÍTULO 3
CLASSES DE INCÊNDIO, MÉTODOS DE EXTINÇÃO E PRINCIPAIS AGENTES EXTINTORES............... 42

UNIDADE II
COMPORTAMENTO DO FOGO............................................................................................................. 60

CAPÍTULO 1
DINÂMICA DO INCÊNDIO....................................................................................................... 60

CAPÍTULO 2
INFLUÊNCIA DOS ELEMENTOS CONSTRUTIVOS NA PROPAGAÇÃO DOS INCÊNDIOS.................. 68

UNIDADE III
SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE I......................................................... 72

CAPÍTULO 1
BASE LEGAL DA SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO................................................... 72

CAPÍTULO 2
SISTEMAS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO EXIGIDOS EM CADA TIPO DE EDIFICAÇÃO....... 80

UNIDADE IV
SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE II........................................................ 90

CAPÍTULO 1
EXTINTORES DE INCÊNDIO E SAÍDAS DE EMERGÊNCIA............................................................. 90

CAPÍTULO 2
SINALIZAÇÃO, ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA E CENTRAIS DE GÁS LIQUEFEITO DE PETRÓLEO
(GLP).................................................................................................................................... 100
CAPÍTULO 3
HIDRANTES DE PAREDE E MANGOTINHOS............................................................................... 106

UNIDADE V
SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE III...................................................... 109

CAPÍTULO 1
DETECÇÃO AUTOMÁTICA E ALARME MANUAL DE INCÊNDIO.................................................. 109

CAPÍTULO 2
CHUVEIROS AUTOMÁTICOS (sprinklers).................................................................................. 113

UNIDADE VI
PLANIFICAÇÃO DE EMERGÊNCIA PARA INCÊNDIOS............................................................................ 118

CAPÍTULO 1
PLANO DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS (PPCI) ..................................................... 118

CAPÍTULO 2
BRIGADA DE INCÊNDIO........................................................................................................ 121

REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 124
Apresentação

Caro aluno,

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do Caderno de
Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

6
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
Você já se perguntou se os estabelecimentos que frequentamos são totalmente
seguros?

Se fizermos uma reflexão, chegaremos à conclusão de que sempre estamos


expostos a riscos, por mais que todos os cuidados e procedimentos de segurança
sejam adotados. Um desses riscos, que pode tirar o bem mais valioso que temos,
a vida, são os incêndios.

Quando se fala em segurança, a atenção não deve ser voltada apenas para ações
de mitigação dos danos, mas sim, principalmente, para a prevenção. O mesmo
acontece quando o assunto é incêndio.

Por mais que sejam adotadas medidas de prevenção, em qualquer


estabelecimento, não só de trabalho (escritórios, indústrias, galpões etc.), mas
em qualquer edificação (escolas, hospitais, nossas residências etc.), estamos
sempre expostos a risco de incêndio.

Esse risco nunca pode ser totalmente eliminado. Isso porque em todos os lugares
há algo que pode ser queimado, bastando apenas que ocorram as condições
necessárias para dar início à reação de combustão.

Por isso, é muito importante que seja tomada uma série de cuidados,
adotando-se medidas de prevenção e também garantindo que ações
corretas sejam adotadas caso ocorra incêndio, para que ele seja contido
o mais rapidamente possível, para que seja possível evacuar o local com
segurança e para que os danos sejam minimizados.

Portanto, o objetivo desta disciplina é permitir que os alunos tenham condições


de identificar ações que garantam proteção contra o risco de incêndios e
explosões, começando na prevenção e tendo continuidade até as etapas em que
são discutidas ações a serem executadas na ocorrência do sinistro.

E para isso, é necessário que o aluno conheça como o incêndio começa, como
se desenvolve e como pode ser eliminado. Desta forma, ele tem condições de
compreender a necessidade das medidas de prevenção e de combate.

Este material possui 6 (seis) unidades.

8
Na unidade I (Teoria do fogo) entenderemos como ocorre a reação de
combustão, veremos como o fogo se propaga, quais são os tipos de incêndios
e quais as melhores formas de eliminação do fogo para cada situação.

Na unidade II (Comportamento do fogo), entenderemos as fases de um incêndio e


como os elementos da edificação influenciam na sua dinâmica.

Nas unidades III, IV e V (Sistemas de proteção contra incêndios, parte I, II e


III), veremos quais são os principais dispositivos instalados nas edificações
que permitem proteção contra o fogo, como por exemplo, extintores, saídas de
emergência, chuveiros automáticos, dispositivos de detecção e alarme etc., e a
forma correta de utilizá-los.

E, por fim, na unidade VI (Planificação de emergência para incêndios),


abordaremos os planejamentos necessários para que a população de uma
edificação esteja preparada para agir em situações de emergência, ou seja,
para que tenha condições de realizar o combate ao princípio de incêndio e a
evacuação do local com segurança.

Objetivos
» Permitir que o aluno entenda como ocorre a reação de combustão, para
que assim possa identificar os locais com maiores riscos.

» Demonstrar as principais medidas de prevenção contra incêndios e


explosões.

» Demonstrar os principais métodos e agentes utilizados para combater


incêndios e em qual situação cada um é mais recomendado.

» Demonstrar quais são as exigências cobradas em edificações pelo


Corpo de Bombeiros e em quais critérios se baseiam, permitindo que o
aluno possa identificar os riscos e as medidas que devem ser adotadas
em cada situação.

» Demonstrar como deve ser o comportamento de brigadistas e demais


ocupantes da edificação em situação de emergência por incêndio.

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10
TEORIA DO FOGO UNIDADE I

CAPÍTULO 1
Incêndios históricos e surgimento da
segurança contra incêndio

Alguns incêndios tornaram-se históricos, devido à proporção e os impactos que


causaram, com perdas patrimoniais e principalmente com alto número de vítimas
fatais.

O primeiro de grande impacto da era cristã foi o incêndio de Roma, que ocorreu no
dia 19 de julho de 64. Teve nove dias de duração, causando milhares de mortes e
destruindo três quartos da cidade.

Outro de grande repercussão foi o de Londres, em 2 de setembro de 1666. Mais de 13


mil casas foram destruídas. Não há informações oficiais sobre o número de mortos.

O incêndio em Chicago, em 8 de outubro de 1871, teve dois dias de duração, causando


mais de 300 mortes.

Naquela época os incêndios se alastravam muito rápido pelas cidades porque havia
muitas casas de madeira, muito próximas umas das outras e as ruas eram estreitas,
pois não havia carros.

Não havia na época preocupação por parte do poder público. Nos Estados Unidos,
um dos pioneiros em pesquisa científica e onde surgiram os primeiros estudos a
respeito do tema, a proteção contra incêndio até o final do século XIX era voltada
apenas para o risco ao patrimônio, com manuais que tinham como principal
finalidade facilitar o trabalho de inspeção das empresas de seguros.

No início do século XX, ocorreram quatro grandes incêndios com vítimas fatais no
país. Com isso, começou-se a perceber a necessidade de mudanças na segurança
contra incêndio.

11
UNIDADE I │ TEORIA DO FOGO

Foram eles:

» No teatro Iroquois, Chicago, em 30 de dezembro de 1903. Havia 1600


pessoas no teatro no momento do incêndio e 600 morreram.

» Na casa de ópera Opera Rhoads, em Boyertown na Pensilvânia, em 13


de janeiro de 1908. O fogo se iniciou devido à queda de uma lâmpada
de querosene. As saídas não eram adequadas, foram rapidamente
obstruídas e 170 pessoas morreram.

» Na escola primária Lake View, Ohio, em 4 de março de 1908. 172 crianças


e 2 professores morreram.

» Na empresa Triangle Shirtwaist, em Nova York, em 25 de março de 1911.


146 trabalhadores morreram.

Esses incêndios fizeram despertar a necessidade de cuidados para evitar que novas
tragédias acontecessem.

A NFPA (National Fire Protection Association), órgão americano responsável


pela elaboração de normas de prevenção a incêndios, tinha publicado até
o momento 4 edições de manuais de proteção contra incêndio. Logo após a
tragédia de Triangle Shirtwaist começou a editar a quinta edição, que foi
publicada em 1914. Esta edição significou uma revolução na proteção contra
incêndio. Com ela, passou a ser exigida uma série de cuidados nas edificações
para evitar incêndios e mortes, dentre elas uma das principais foi a construção
de escadas com o objetivo de funcionar como saídas de emergências.

Desde então, houve evoluções técnicas, e atualmente a NFPA possui uma série de
normas que contemplam exigências para construção das edificações, visando à
segurança de seus ocupantes quanto aos riscos causados por incêndios.

No Brasil não foi diferente. Até as décadas de 1960 e 1970 pouca atenção era dada
para o assunto. Também foi somente após acontecerem alguns incêndios com alto
número de vítimas fatais que precauções começaram a ser adotados para evitar
novas tragédias. Esses incêndios foram:

» No Gran Circo Norte-americano, em Niterói, RJ, em 17 de dezembro


de 1961.

Maior incêndio em perdas de vida do Brasil. Foram 250 mortes e 400 feridos.

Havia cerca de 2500 pessoas no local no momento do incêndio. Em apenas


3 minutos, o fogo tomou conta da lona e fez o teto do circo desabar e cair

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TEORIA DO FOGO │ UNIDADE I

sobre as pessoas. Não havia rotas de saídas e nem pessoal treinado para evitar
o pânico e orientar na evacuação. Muitas pessoas morreram pisoteadas. Essa
tragédia causou comoção no mundo todo. Apurou-se que o incêndio foi
causado intencionalmente, de forma criminosa. O autor foi identificado e
condenado.

Figura 1. Estrutura do circo após o incêndio.

Fonte: https://acervo.oglobo.globo.com/incoming/incendio-do-circo-em-niteroi-22644745. Acesso em: 29 ago. 2019.

» No edifício Andraus, na cidade de São Paulo, no dia 24 de fevereiro


de 1972.

» 16 pessoas morreram e 336 ficaram feridas.

O prédio tinha 31 andares. A principal hipótese para a causa é que o fogo se


iniciou em cartazes de publicidade de plástico que ficavam na marquise de uma
loja no térreo. O edifício não tinha escada de segurança. No entanto, muitas
pessoas conseguiram sobreviver porque subiram para a cobertura e foram
resgatadas por helicópteros e um heliponto. A laje da cobertura protegeu essas
pessoas do fogo por um período suficiente para o resgate.

Figura 2. Incêndio no edifício Andraus.

Fonte: http://culturaaeronautica.blogspot.com/2013/01/resgate-aereo-dramatico-o-incendio-do.html. Acesso em: 29 ago.


2019.

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UNIDADE I │ TEORIA DO FOGO

» No edifício Joelma, também na cidade de São Paulo, em 1o de fevereiro


de 1974.

» 179 pessoas morreram e 320 ficaram feridas.

O prédio comercial de 23 andares não tinha escada de segurança. A hipótese


da causa é que o fogo se iniciou no nono andar, devido a um curto circuito
ocorrido num aparelho de ar condicionado.

Figura 3. Incêndio no edifício Joelma.

Fonte: https://jovempan.com.br/noticias/relembre-o-incendio-no-edificio-joelma-marco-na-historia-quadricentenaria-de-sao-
paulo.html. Acesso em: 29 ago. 2019.

» No edifício Andorinha, centro do Rio de Janeiro, em 17 de fevereiro


de 1986.

» 21 pessoas morreram e cerca de 50 ficaram feridas.

Com o incêndio no edifício Andraus, começaram a surgir debates e trabalhos


do governo estadual e municipal de São Paulo. Porém, nenhuma ação foi
concretizada. Pouco tempo depois aconteceu o do edifício Joelma, que teve
uma grande repercussão, devido ao alto número de mortes. Percebeu-se,
então, que algo deveria ser feito para que as tragédias não se repetissem. O
incêndio no Joelma foi, portanto, o marco divisório na evolução da segurança
contra incêndio no Brasil. Após seu acontecimento, o poder público estadual
começou a elaborar normas e proteção e passou a exigir suas implantações
nas edificações.

Mesmo com início das exigências de medidas de proteção, outros dois grandes
incêndios aconteceram. Um deles foi o do edifício Andorinha, já citado, e o
outro na boate Kiss, em Santa Maria, RS, no dia 27 de janeiro de 2013.

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TEORIA DO FOGO │ UNIDADE I

No incêndio da boate Kiss morreram 242 pessoas, classificando-o como o


segundo maior do Brasil, em número de vítimas, ficando atrás apenas gran
circo no Rio de Janeiro, em 1961.

Essa tragédia demonstrou que, apesar da evolução das tecnologias em


prevenção a incêndios, a segurança contra incêndios ainda apresenta falhas no
Brasil. Percebe-se que houve falhas que contribuíram para a tragédia, dentre
elas principalmente nos extintores de incêndio e nas saídas de emergência.
Percebe-se também que não basta ter legislação sobre o tema se não há rigor na
cobrança, com fiscalização e punição para os responsáveis por edificações que
não estão em conformidade.

O incêndio no Joelma foi referência para a legislação vigente atualmente. Em


1974 a ABNT publicou a NNR 208 – Saídas de emergências em edifícios altos.
Os estados começaram a criar decretos-lei que dispõem de segurança contra
incêndio e pânico. Em 1975, o corpo de bombeiros de São Paulo sofreu uma
reestruturação, ganhando mais ênfase para atuar na prevenção, conforme
recomendado pela NFPA.

O Ministério do Trabalho elaborou a Norma Regulamentadora no 23 – Proteção


contra Incêndios, em 1978. Esta norma estabelece regras de proteção na relação
entre empregador e empregado.

No entanto, a proteção contra incêndio no Brasil é estadualizada. Cada estado


possui sua legislação, incumbindo a seu corpo de bombeiros a elaboração de
normas técnicas sobre o assunto.

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CAPÍTULO 2
Combustão

Definições e conceituação básica


Para entendermos como um incêndio ocorre, precisamos saber o que é fogo,
como ele surge, como se manifesta de acordo com as condições do ambiente.
Precisamos saber também que fogo e incêndio são termos distintos.

Fogo é o fenômeno físico-químico resultado de uma reação de combustão


química exotérmica entre um tipo de material que queima ao se aquecer
(combustível) e um comburente (o oxigênio), liberando assim luz, calor e
gases.

O homem utiliza o fogo desde há milhares de anos, desde a pré-história


para se aquecer, cozinhar alimentos ou como fonte de luz para iluminar
na escuridão. Acredita-se que início do seu domínio ocorreu por fricção de
objetos, como por exemplo batendo uma pedra na outra ou esfregando um
pedaço de madeira em outro. Esse domínio propiciou grandes avanços na
evolução na nossa evolução. O fogo é essencial às nossas vidas, em ações de
produção de alimentos, na indústria etc.

Incêndio nada mais é do que o fogo fora de controle. É um desafio para o homem
também desde o início de sua história, pois há milhares de anos já ocorria a falta
de controle sobre o fogo oriundo de relâmpagos ou de vulcões, por exemplos,
que causavam incêndios e, como consequência, mortes e destruição.

Incêndio é um fenômeno que pode destruir tudo por onde passa, causando danos
ao patrimônio e ceifando vidas.

Portanto, para evitar que incêndios ocorram e para combatê-los, minimizando


seus danos, é preciso conhecer como surge o fogo e como ele se processa e se
extingue.

Elementos que compõem o fogo

Como já vimos, combustão é a queima de um material, modificando sua


matéria. Essa reação é ativada por calor e precisa que haja oxigênio no

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TEORIA DO FOGO │ UNIDADE I

local para acontecer. Daí percebe-se, portanto, que para que haja fogo
(combustão) é essencial a presença de três elementos: o material que vai
queimar (combustível), o calor, que fornece a energia para reação se iniciar e
o comburente (oxigênio), que é o gás que permite que a reação ocorra.

Durante muito tempo acreditou-se que eram necessários apenas esses três
elementos. Por isso, foi utilizada a figura do triângulo do fogo (figura 4) como
uma forma didática simples de demonstrar os elementos essenciais para a
combustão.

Figura 4. Triângulo do fogo.

Fonte: http://www2.iq.usp.br/pos-graduacao/images/aula/aula_07_incendio.pdf. Acesso em: 21 out. 2019.

Nessa imagem, os lados do triângulo representam os três elementos essenciais para


a combustão: combustível, calor e comburente.

No entanto, estudos científicos recentes demonstram que existe um quarto


elemento, que consiste na reação entre o combustível e o comburente, reação esta
que libera mais calor e gases combustíveis para a combustão, mantendo-a até que
todo o combustível seja queimado, caso haja oxigênio no ambiente e caso não
entre em contato com nenhum agente extintor.

Esse quarto elemento é chamado de reação em cadeia. Podemos afirmar, portanto,


que a reação em cadeia realimenta a combustão uma vez que ela teve início,
permitindo que continue a ocorrer e que sem ela a combustão não teria condições
de se manter. Esse é o motivo que faz com que também seja classificada como um
elemento essencial.

Por isso, atualmente a figura didática utilizada para demonstrar os elementos


essenciais da combustão é o tetraedro do fogo. As faces da pirâmide representam
o combustível, o calor e o comburente e o triângulo da base representa a reação
em cadeia, que é uma interface entre os três elementos.

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UNIDADE I │ TEORIA DO FOGO

Figura 5. Tetraedro do fogo.

Fonte: http://superhistorimat.blogspot.com/2011/04/solidos-platonicos-trabalho-do-eduardo.html. Acesso em: 21 out. 2019.

Vejamos a seguir cada elemento mais especificadamente.

Combustível

Combustível é tudo aquilo que é capaz de queimar e alimentar a combustão.

De acordo com o CBMSP (2006), só não são considerados combustíveis os materiais


que queimam somente em temperatura acima de 1500ºC.

Os combustíveis podem ser sólidos, líquidos ou gasosos.

Sólidos

Exemplos: madeira, papel, tecido, metais etc.

Características:

Sua velocidade da queima depende de dois fatores: da capacidade de combinar com


o oxigênio sob a ação do calor e da superfície de contato com esse comburente, ou
seja, da forma que está fragmentado.

A superfície de contato com oxigênio é o que explica o fato de esponja de aço


queimar mais rápido do que uma barra de ferro, embora ambos os materiais
sejam do mesmo material (ferro).

Queimam em toda sua superfície, ou seja, em largura, em comprimento e em


profundidade ao mesmo tempo e também têm a característica de deixar resíduos
de cinzas e de carvão.

Líquidos

Exemplos: gasolina, álcool, éter, tinta, solventes etc.


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TEORIA DO FOGO │ UNIDADE I

Características:

Não têm forma própria, assumindo a forma do recipiente que os contém.


Isso é um fator que dificulta o combate, pois num incêndio podem escorrer,
propagando mais rapidamente o fogo. Jogar água num incêndio com esse
combustível não vai apagar o fogo e sim aumentar o risco de o combustível
transbordar e se espalhar pelo ambiente.

Geralmente têm pouco solubilidade em água e são mais leves do que ela. Por isso,
flutuam quando em contato com esse agente.

São muito voláteis. Isso faz com que espalhem facilmente gases do combustível
pelo ambiente, aumentando o risco de incêndio.

Queimam apenas na superfície (único local onde têm contato com comburente
oxigênio) e não em profundidade.

Após a queima não deixam resíduos.

Gasosos

Exemplos: hidrogênio, GLP (gás liquefeito de petróleo), acetileno, metano etc.

Características:

Não têm forma definida, assumindo a forma do recipiente que os contém e


podendo se espalhar por todo o ambiente, caso ocorra vazamento. Isso facilita
a propagação do incêndio e causa risco de explosões.

Inflamam-se rapidamente.

Para queimar, o gás tem que estar misturado com o ar atmosférico, numa
determinada concentração. Cada gás possui seus limites inferior e superior de
inflamabilidade, conforme a tabela abaixo.

Tabela 1. Limites de inflamabilidade de alguns combustíveis gasosos.

COMBUSTÍVEL GASOSO CONCENTRAÇÃO


LIMITE INFERIOR LIMITE SUPERIOR
Metano 1,4% 7,6%
Propano 5% 17%
Hidrogênio 4% 75%
Acetileno 2% 85%
Fonte: Manual de Fundamentos de Corpo de Bombeiros Militar do Estado de São Paulo. 2ª Edição. v. 1, p. 10 (CBMSP, 2006).

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UNIDADE I │ TEORIA DO FOGO

Percebe-se que o metano só entra em combustão se sua concentração no ambiente


estiver entre 1,4 e 7,6% e que o acetileno entre 2 e 85%. A janela de concentração do
acetileno é, portanto, muito maior do que do metano, o que faz que esse ele possua
maior probabilidade de queimar e causar incêndios.

É mais fácil começar a reação de combustão e, consequentemente, haver


incêndios em locais que armazenam combustíveis líquidos ou gasosos do
que nos que armazenam sólidos.

A explicação é que, além de os dois primeiros não terem forma definida,


ocupando todo o ambiente em caso de derramamento, também
preenchem todo o ambiente com seus gases mais rapidamente, visto que
os líquidos liberam gases facilmente e os gasosos já estão nesse estado
físico. Por tais motivos necessitam de uma quantidade menor de calor
para dar início à combustão quando comparados com os combustíveis
sólidos.

É mais difícil combater incêndios em combustíveis líquidos e gasosos do que


em sólidos, pelo fato de não terem forma definida e emanarem gases mais
facilmente.

E ainda há outras dificuldades. Não podemos utilizar água, por exemplo,


um dos agentes mais utilizados para eliminar fogo, quando o combustível é
líquido e, quando é um gás, sua eficiência é muito pequena.

Portanto, em locais onde são armazenados combustíveis líquidos e/ou


gasosos, os cuidados com prevenção e combate a incêndios devem ser
maiores.

Comburente

É o elemento que permite que a combustão ocorra e que a intensifica. É o que dá vida
às chamas.

O comum é que o oxigênio desempenhe este papel, por estar presente na


atmosfera, que é composta por cerca de 78% de nitrogênio, cerca 21% de
oxigênio e cerca de 1% de outros gases.

Porém, outras substâncias também podem ser comburentes, como o Cloro


(Cl 2), o cloreto de sódio (NaCl), o clorito de sódio (NaClO 2) e o clorato de sódio
(NaClO 3) (CBMDF, 2013). Por isso, em locais com tais substâncias pode haver
combustão, mesmo sem presença de oxigênio.

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TEORIA DO FOGO │ UNIDADE I

Em locais ventilados ou abertos, com a composição normal do ar, a combustão


ocorre de maneira completa e de forma rápida. Neste caso percebemos a presença
das chamas. Mas se o local estiver fechado, sem entrada de oxigênio, após
um determinado período, o fogo consome o oxigênio do ambiente até que sua
concentração caia para níveis em que as chamas deixem de existir, entre 16% e
8%, passando a haver apenas brasas. Nesse momento, a velocidade da queima
diminui, tornando-se lenta. Quando a concentração de oxigênio fica menor do que
8%, a combustão cessa. (CBMSP, 2006).

Quando a concentração de oxigênio estiver acima de 21%, situação conhecida


como atmosfera enriquecida com oxigênio, que pode ocorrer em indústrias,
hospitais e locais com utilização de oxi-acetileno (maçaricos) ou aparelhos
de oxigenoterapia, caso haja incêndio, a velocidade de queima é maior. Isso
faz com que as exigências na prevenção e os cuidados no combate a incêndios
nesses locais sejam maiores.

Em muitas situações, se o local estiver confinado (totalmente fechado, sem


entrada de oxigênio) e se não houver necessidade de combater o fogo
imediatamente, por não haver vítimas ou objetos de altos valores, é melhor
não combater o incêndio e sim apenas aguardar que ele cesse por si só. Isso
ocorrerá porque chegará um momento em que o nível de oxigênio cairá
para menos do que 8% e aí não haverá mais combustão, mesmo que ainda
haja presença de combustível e calor.

Calor

É o elemento que fornece a energia para dar início à combustão.

O calor é um tipo de energia que aumenta a temperatura do combustível, por


aumentar a vibração de suas moléculas, até o ponto em que começa a ignição. É a
energia térmica em movimento, que ocorre do corpo mais quente para o mais frio.

É medido em J. Por exemplo, são necessários 4,182J para elevar 1 grama de água
a 1°C (CBMDF, 2013). Como em incêndios a quantidade de calor é muito alta, é
mensurado em megajoule por metro quadrado (MJ/m²).

Uma fonte de calor para iniciar um incêndio pode ser uma chama, uma
fagulha (faísca ou centelha), uma superfície aquecida, aparelhos ou circuitos
elétricos etc. Nos incêndios em edificações a principal causa está relacionada
à eletricidade (curtos-circuitos) em aparelhos como ar condicionados, motores
elétricos ou em fiações).

21
UNIDADE I │ TEORIA DO FOGO

Além de aumentar a temperatura, também causa a dilatação térmica de um corpo


e a mudança do estado físico.

Por ser um tipo de energia, não pode ser gerado e sim transformado de forma. Por
isso, as principais fontes geradoras de calor são:

» energia elétrica – ao passar por um condutor, parte é dissipada em forma


de calor. Pode gerar faíscas e causar incêndio;

» energia mecânica – o atrito entre dois corpos, por exemplo, peças de um


equipamento, gera calor;

» energia química – calor gerado pela combustão é novamente utilizado


para gerar mais queima, pela reação em cadeia.

Num incêndio, o seu foco irá liberar calor que se espalhará pelo ambiente e fará com
outros materiais também entrem em ignição.

Pontos notáveis de temperatura

Cada material possui propriedades físico-químicas diferentes e, por isso, precisa


de uma quantidade diferente de calor para se aquecer e entrar em ignição. Cada
um atinge pontos diferentes de temperatura para entrar em combustão. São três
estes pontos:

Ponto de fulgor

É a temperatura em que o combustível começa a desprender vapores numa


quantidade suficiente para que se misturem com o oxigênio e comecem a inflamar
quando em contato com uma fonte externa de calor (a chama de um fósforo aceso,
por exemplo). Neste momento, retirando-se a fonte de calor, a combustão não se
mantém, pois a quantidade de vapor ainda é pequena.

Obs.: Um combustível (sólido, líquido ou gasoso) é considerado inflamável quando


possui ponto de fulgor inferior a 80°C (CBMDF, 2013).

Ponto de combustão

É a temperatura na qual o combustível libera vapores em maiores quantidades,


suficientes para dar início à combustão, quando em contato com uma fonte externa
de calor, e para mantê-la mesmo após a retirada desta fonte.

22
TEORIA DO FOGO │ UNIDADE I

Ponto de ignição

É a temperatura mínima a que o combustível deve ser aquecido para que sofra
combustão espontânea (sem a necessidade de contato com uma fonte externa
de calor).

A tabela abaixo demonstra os pontos de temperaturas de alguns combustíveis.

Tabela 2. Pontos de fulgor e de ignição de alguns combustíveis.

COMBUSTÍVEL PONTO DE FULGOR PONTO DE IGNIÇÃO


Álcool 12,8°C 371°C
Diesel 65°C 400°C
Óleo Lubrificante 168,3°C 417,2°C
Gasolina -42,0°C 257,0°C
Fonte: Manual de Bombeiros. Fundamentos de Combate a Incêndios. 1ª Edição, p.14 (CBMGO,2016).

Alguns combustíveis começam a sofrer a reação de combustão em


temperaturas mais baixas do que outros, sendo, portanto, maior a
probabilidade de causar incêndios. Por isso, devemos conhecer os pontos
de temperatura de cada um, bem como as condições do local onde se
encontram (temperatura do local, ventilação, se possui fontes de calor etc.)
para evitar a ocorrência de incêndios.

Reação em cadeia
É o elemento que permite que a combustão seja autossustentável, que faz com que
o calor emitido pelo fogo seja utilizado para continuar aquecendo o combustível,
fornecendo energia para que ele continue queimando. Dessa forma, à medida
que ocorre a queima se dá também a liberação de calor, que será novamente
utilizado, repetindo-se o ciclo constantemente enquanto houver combustível e
comburente.

Entendendo melhor a reação de combustão


Vimos que a combustão é uma reação entre o combustível e o comburente, ativada
pela energia fornecida pelo calor.

Vamos agora aprofundar um pouco mais para entender melhor como ocorre esse
fenômeno.

A combustão é uma reação que ocorre na fase gasosa. Quando um combustível


sólido ou líquido recebe calor até que sejam alcançados os pontos de fulgor e de
combustão, ele começa a emanar vapores. São esses vapores que reagem com o

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UNIDADE I │ TEORIA DO FOGO

oxigênio, dando início à queima. Os combustíveis gasosos não precisam passar


por esse processo, pois já se encontram no estado de gasoso.

Então, podemos afirmar que o que queima não é a madeira nem a gasolina, por
exemplo, e sim os vapores que esses materiais liberam ao receber calor.

Esse fenômeno de liberação de vapor de um combustível ao ser aquecido é


conhecido como pirólise.

A pirólise é imprescindível para a combustão dos combustíveis líquidos e para


quase todos os sólidos, com exceção de poucos casos raros, como o enxofre,
os metais alcalinos (potássio, cálcio, magnésio) e a naftalina, que queimam
diretamente na forma sólida.

Não podemos, no entanto, confundir pirólise com combustão, visto que são
termos distintos.

A combustão é uma reação sustentável. Devido ao fenômeno da reação em cadeia,


uma vez iniciada a queima, ela continua até que haja alguma interferência que
interrompa o processo ou até que o combustível se queime por completo. Os gases
oriundos da combustão podem reagir com o oxigênio e queimar novamente, assim
como o calor liberado pode causar mais liberação de vapores do combustível, ou
seja, mais pirólise.

A fumaça contém átomos e moléculas do combustível em condições de continuar


reagindo com o oxigênio, ou seja, a fumaça pode sofrer ignição.

Podemos observar o fenômeno da pirólise e que a combustão ocorre na fase


gasosa na queima de um pedaço de madeira ou na queima de uma vela, por
exemplo.

Figura 6. Combustão da madeira.

Fonte: Manual Básico de Combate a Incêndio. Módulo 1 – Comportamento do Fogo. 2ª Edição, p. 30 (CBMDF, 2013).

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TEORIA DO FOGO │ UNIDADE I

Nessa imagem podemos perceber que a combustão não ocorre na madeira, mas
sim numa zona próxima. Isso porque o que está queimando são os vapores que o
calor faz a madeira liberar e não ela, diretamente em sua superfície.

O mesmo pode ser percebido na queima de uma vela. A combustão acontece


com os gases da cera que, após derretida, sobe por capilaridade pelo pavio.
O pavio só queima quando sua ponta dobra e atinge a zona de reação, como
podemos ver na imagem abaixo.

Figura 7. Combustão da vela.

Fonte: https://pxhere.com/pt/photo/633011. Acesso em: 4 set. 2019.

O caso da vela é muito interessante porque pode demonstrar a combustão de


forma mais didática ainda. Podemos perceber que a chama de uma vela envolve o
pavio sem ter contato com ele, sendo, portanto, oca.

Se uma tela for colocada sobre essa chama, perceberemos que ela é oca. A
combustão acontece a uma zona próxima ao pavio, que tem formato circular
porque o pavio emana gases de cera em todas as direções em torno de si.

Figura 8. Interior da chama de uma vela.

Fonte: Manual Básico de Combate a Incêndio. Módulo 1 – Comportamento do Fogo. 2ª Edição, p. 47 (CBMDF, 2013).

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UNIDADE I │ TEORIA DO FOGO

Você já parou para pensar por que as chamas de um fogão são azuis e não
amarelas como nos incêndios e por que elas não liberam fumaça?

A explicação é que existem dois tipos de combustão: a de chama difusa e a


de chama pré-misturada.

Na difusa, o gás combustível e o oxigênio são transportados para uma


zona de reação, devido a uma diferença de concentração, até que ambos
estejam na concentração ideal para queimar. É o que ocorre com a queima
de uma vela e nos incêndios. Nesse caso, nem todos os gases combustíveis
são queimados, gerando resíduos (fumaça). E esse também é o motivo de
as chamas serem amarelas.

Já na pré-misturada, o gás combustível é misturado ao ar (que tem o


oxigênio) antes de atingirem a fonte de calor. É o que acontece no fogão.
Nesse caso, todos os gases combustíveis são queimados, não gerando
resíduos. Por isso não há formação de fumaça. E esse também é o motivo
de as chamas serem azuis.

Figura 9. Chama pré-misturada de maçarico.

Fonte: https://wandersonmonteiro.wordpress.com/2015/06/16/dds-condicoes-perigosas-no-uso-de-macaricos/. Acesso em: 4


set. 2019.

Figura 10. Chama difusa e pré-misturada em madeira.

Fonte: Manual Básico de Combate a Incêndio. Módulo 1 – Comportamento do Fogo. 2ª Edição, p. 52 (CBMDF, 2013).

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TEORIA DO FOGO │ UNIDADE I

Podemos obser var nessa imagem que a queima de um pedaço


de madeira pode gerar chamas dos dois tipos. Na par te azulada
ocorrem chamas pré -misturadas e na par te amarela, as difusas. O
que vai definir se ocorrerão os dois tipos de chamas ou apenas
a difusa num incêndio é quantidade de ar chegando próximo ao
combustível, mas nos incêndios pouco se percebem chamas do
tipo pré -misturada.

Você sabia que nem toda combustão produz chamas?

O fenômeno é exceção, mas ocorre na queima do hidrogênio, que ao reagir


com o oxigênio produz apenas vapor d’água. Não há chamas visíveis,
porém, a reação libera muita energia, o que faz com que seja classificada
como combustão.

Classificação da combustão

A classificação se dá de acordo com a velocidade que ocorre e com os produtos


gerados. E existe também a combustão espontânea, que deve ser analisada
separadamente, devido às suas particularidades.

Quanto à liberação de produtos

Quanto a este critério, a combustão pode ser completa ou incompleta.

Combustão completa

Todas as moléculas do combustível reagem completamente com as de oxigênio


e a reação produz apenas dióxido de carbono (CO 2) e água (H 20), que são
compostos estáveis.

Combustão completa, portanto, é aquela em que o combustível reage perfeitamente


com o comburente, produzindo somente dióxido de carbono e água.

Esse tipo de reação, porém, não é o mais comum de acontecer, sendo exceção para
poucos combustíveis. A maioria das reações de combustão gera não só produtos
estáveis, mas também instáveis.

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UNIDADE I │ TEORIA DO FOGO

As chamas de um fogão são exemplos de combustão completa.

Combustão incompleta

Nem todo combustível é degradado. Há, portanto, liberação de resíduos,


que, devido à reação em cadeia, continuam reagindo com o oxigênio. É o que
acontece na maioria das reações de combustão.

Os produtos da reação são instáveis (íons). Os íons continuam reagindo com


moléculas de oxigênio, formando novas substâncias e produzindo mais chamas
e calor. Dessa forma, as chamas se mantêm até que ocorra uma interferência
externa.

Neste tipo de reação, além de dióxido de carbono e água, outros resíduos, como
monóxido de carbono (CO), dióxido de nitrogênio (NO 2), dióxido de enxofre
(SO 2), nitratos (NO 3) e outros também são liberados. São eles que compõem a
fumaça.

Quanto à velocidade de combustão

Quanto a esse critério, a combustão pode ser viva ou lenta.

Combustão viva

É aquela na qual há presença de chamas.

É a mais importante, devendo receber mais atenção durante o combate, pois são as
chamas que intensificam um incêndio.

A combustão viva só existe num ambiente enquanto há presença do gás combustível


e de oxigênio.

É possível mensurar a energia de uma combustão viva. 1000 KW/m³ é a


energia necessária para aquecer 1 (um) grama de água em 1 (um) °C por 1 (um)
minuto. Incêndios podem liberar algo em torno de 10 10 KW/m³ de energia e a
temperatura na zona de reação pode atingir 2000°C em combustíveis líquidos e
1000°C em combustíveis sólidos CBMDF (2013).

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TEORIA DO FOGO │ UNIDADE I

Figura 11. Combustão viva.

Fonte: http://bombeiroswaldo.blogspot.com/2012/09/combustao-cor-associada-algumas.html. Acesso em: 10 set. 2019.

A taxa de liberação de calor define a potência de uma combustão. Potência é


quantidade de energia liberada em um determinado intervalo de tempo. Por
isso, sua unidade é KJ/s ou KW.

Pela quantidade de combustível presente num determinado ambiente,


podemos calcular qual será a energia liberada caso ocorra um incêndio. Esse
conhecimento é de suma importância, pois permite que a prevenção seja mais
eficiente.

Como exemplo, vejamos a tabela abaixo.

Tabela 3. Taxa de liberação de calor de alguns materiais.

MATERIAL MASSA (KG) PICO DA TAXA DE LIBERAÇÃO DE CALOR (KW)


Cesta de lixo pequena 0,7 - 6,1 4 - 18
Saco de lixo com 5kg de plástico e papel 1,1 -3,4 140 - 350
Amontoado de algodão 11,8 - 13,2 40 - 970
Estante para TV 31,3 - 32,7 120 - 290
Cadeira de PVC 15,4 270
Poltrona de algodão 17,7 - 31,8 290 - 370
Gasolina (recipiente - diâmetro 0,61 m) 19 400
Árvore de natal natural seca 5,4 - 7,3 500 - 650
Colchão de poliuretano 3,2 - 14,1 810 - 2.630
Poltrona de poliuretano 12,2 - 27,2 1.350 - 1.990
Sofá de poliuretano 51,3 3.120
Fonte: Manual Básico de Combate a Incêndio. Módulo 1 – Comportamento do Fogo. 2ª Edição, p. 69 (CBMDF, 2013).

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UNIDADE I │ TEORIA DO FOGO

Combustão lenta

Não há presença de chamas e sim de brasas, apenas.

Mesmo não havendo chamas, a combustão ocorre, pois há produção de luz, calor e
fumaça.

Ocorrem antes do surgimento e após a extinção da chama, sendo percebida com


mais frequência no final da combustão.

Devemos tomar cuidado com essa situação, pois, embora pareça que o incêndio
foi extinto, se há brasas ainda está sendo liberado calor e outros produtos da
queima e há risco de volta da combustão viva, voltando, portanto, as chamas.

Figura 12. Combustão lenta.

Fonte: https://br.depositphotos.com/40823733/stock-video-slow-combustion-fireplace-embers.html. Acesso em: 10 set. 2019.

Para exemplificar, imagine uma churrasqueira. Enquanto existem apenas


brasas temos uma combustão lenta. Porém, se fornecemos oxigênio pode
começar a combustão viva. O mesmo pode acontecer num incêndio. Por isso,
durante o combate é preciso tomar cuidado com a ventilação.

A combustão lenta é muito perigosa porque emite altos níveis de monóxido de


carbono (CO). Esse gás é imperceptível (inodoro) e letal.

Há diversos relatos de mortes causadas por CO liberados de lareiras ou outros


equipamentos que podem abrigar brasas, por exemplo, em todo o mundo.

Nem todo incêndio já começa com chamas (combustão viva). Pode acontecer de
iniciar com uma combustão lenta e só depois evoluir para a viva. Um exemplo é
o que ocorre se uma fagulha, como ponta de cigarro acesa, cair num sofá ou na
vegetação seca, como é comum nos incêndios florestais. Nesses casos, primeiro
ocorre a combustão lenta.

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TEORIA DO FOGO │ UNIDADE I

Combustão espontânea

É aquela que foge à regra, por não precisar de uma fonte externa de calor para se iniciar.

Consiste na oxidação do combustível em contato com o ar. Acontece, por exemplo,


com o fósforo branco, com caroço de algodão em amontoados de algodão, logo após a
colheita.

A reação ocorre devido à decomposição orgânica do material. É lenta. Por isso, nem
sempre é fácil perceber quando ocorre. Geralmente, quando é percebida a situação
já está fora de controle.

Explosão

É um tipo de combustão, porém com características diferentes, por apresentar um


súbito aumento de volume, por ocorrer numa velocidade muito alta e com grande
liberação de energia.

Na maioria dos casos libera altas temperaturas e gases, causa um forte estrondo e
provoca altas ondas de pressão.

Uma explosão é, portanto, consequência de uma expansão repentina e de forma súbita


de um combustível, causada pela reação de combustão.

O que diferencia a explosão de qualquer outra combustão é que sua ignição


acontece com uma velocidade muito alta, causando uma onda de choque que se
desloca radialmente em todas as direções.

Ocorrem com mais frequência nos combustíveis gasosos, que causam as


explosões mais violentas. No entanto, também podem ocorrer com outros tipos
de combustíveis, como poeiras ou outras partículas dispersas no ar ou até mesmo
com vapores liberados de combustíveis líquidos. Nesses casos, porém, os impactos
são menores, pois a liberação de energia é menor.

Outro exemplo de explosão é a combustão da fumaça. Como vimos, ela possui


gases do combustível, oriundos de íons da reação em cadeia. Esses gases podem se
acumular no ambiente, caso em que a ventilação é pouca ou inexistente, e podem
sofrer uma ignição de forma súbita quando entrar em contato com oxigênio. A
explosão da fumaça é conhecida como flashover. À frente teremos mais explicações
sobre esse fenômeno.

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UNIDADE I │ TEORIA DO FOGO

Há dois tipos de explosão: detonação e deflagração. A distinção de uma para outra


se dá por sua velocidade de deslocamento de ar.

Detonação

É a explosão onde a velocidade de deslocamento do ar é superior a 340m/s.

Exemplo: explosões de artefatos explosivos (bombas).

Deflagração

Quando a velocidade é menor do que 340m/s.

Exemplos: explosão da fumaça e ou causada por GLP.

As explosões que percebemos com maior frequência ocorrem com combustíveis


gasosos (GLP, acetileno e outros) e líquidos (gasolina, etanol, querosene etc.).
Isso porque com esses dois tipos de combustíveis a chance de ocorrer combustão
é maior, devido ao fato de esta ser uma reação que ocorre na fase gasosa, como
já vimos.

Frequentemente, vemos explosões por vazamento de GLP ou outro gás inflamável


ou em tanques de combustíveis líquidos. Também é comum em atividades de
soldas em tanques de combustíveis líquidos.

Neste último caso, mesmo após a retirada dos combustíveis, seus vapores
permanecem no ambiente. Há, portanto, combustível já na fase gasosa e em
contato com o comburente (oxigênio). Para iniciar a combustão, que pode
até ser uma explosão, basta uma fonte de calor, que pode ser fornecida pela
atividade de solda, por exemplo.

Aliás, se o tanque estiver vazio, o risco é maior do que se estiver cheio. Isso porque
o que entra em combustão são os vapores do combustível e não este na fase líquida.
Quando o tanque está cheio é pequena a probabilidade de explosão, pois ou não
há espaço para os vapores inflamáveis ou a concentração é muito baixa, abaixo do
limite inferior de inflamabilidade.

No caso de vazamento, o combustível gasoso ocupa todo o ambiente, já


entrando em contato com oxigênio. Aí qualquer fonte de calor na superfície,
como aquecimento ou atrito provocado por um equipamento elétrico ou até
mesmo o calor irradiado ao se acender uma lâmpada ou lanterna, pode causar
uma explosão.

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TEORIA DO FOGO │ UNIDADE I

Embora sejam mais comuns explosões com combustíveis gasosos e líquidos,


também é possível acontecer com qualquer ambiente, mesmo havendo apenas
combustíveis sólidos. Isso porque este combustível, ao ser aquecido por qualquer
fonte de calor, libera vapores inflamáveis, que podem causar explosões. No
entanto, a probabilidade de explosão neste caso é muito menor, pois precisaria de
uma quantidade de calor muito maior.

Explosão por poeiras ou outros particulados dispersos


no ar

Também é possível ocorrer explosão por poeiras e outros particulados em dispersão


no ar.

Atividades industriais podem gerar poeiras que se dispersam pelo ar em todo o


ambiente, como, por exemplo, poeiras de alumínio, de serragem ou de compostos
orgânicos (de açúcar, de grãos etc.).

Essas partículas possuem alta superfície de contato com o oxigênio, necessitando,


portanto, de menores quantidades de calor para liberar vapores e entrar em
combustão. Por isso, é muito maior a probabilidade de combustão ou até mesmo
explosão dessas partículas.

Explosão tipo BLEVE

Outro caso de explosão é o BLEVE, sigla do termo em inglês Boiling Liquid


Expanding Vapor Explosion. Essa explosão ocorre em recipientes que armazenam
líquidos inflamáveis, devido ao aumento de pressão no recipiente provocado pelo
aquecimento.

O aquecimento do recipiente faz aumentar o volume do líquido ou gás, aumentando


a pressão. A pressão em níveis maiores do que a capacidade de resistência do
recipiente causa a explosão.

A figura 13 demonstra as etapas do BLEVE.

Figura 13. Explosão tipo BLEVE.

Fonte: https://www.rsem.com.br/artigo-fenomeno-bleve/. Acesso em: 10 set. 2019.

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UNIDADE I │ TEORIA DO FOGO

Transferência de calor
É muito importante conhecer as fontes de calor, como é transportado e como
se dissipa no ambiente. Isso porque este agente tem a capacidade de iniciar um
incêndio e nesses sinistros é liberado em grande quantidade.

O calor possui potencial de dano muito alto, podendo causar morte. Por isso é
importante conhecer sua propagação num incêndio.

Por que é tão importante conhecer como ocorre a transmissão de calor na


prevenção contra incêndio?

Porque ele é a energia que pode causar e propagar o fogo. E conhecendo sua
propagação, é possível controlá-lo, extinguindo o incêndio, impedindo que
se propague.

O calor se propaga de três formas: condução, convecção e irradiação. Vejamos


melhor cada uma.

Condução
Ocorre nos corpos sólidos de molécula a molécula. É preciso que haja contato para
a propagação.

É o que acontece, por exemplo, numa barra de ferro quando se aquece. Uma ponta
da barra fica em contato com a fonte de calor. As moléculas da parte em contato
absorvem o calor e começam a vibrar de forma mais intensa. Com isso, atritam-se
mais com as moléculas próximas, transferindo-lhes a energia. E assim o calor é
conduzido por toda a barra, até chegar a outra extremidade.

O mesmo acontece com dois corpos em contato, em que a condução ocorre como se
fosse um corpo somente.

Embora calor seja transferido de molécula a molécula, as moléculas não são


transportadas.

Figura 14. Transmissão de calor por condução.

Fonte: https://docplayer.com.br/32497619-Transmissao-de-calor-propagacao-de-calor-prof-lucas.html. Acesso em: 12 set.


2019.

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TEORIA DO FOGO │ UNIDADE I

Numa edificação é possível que o calor se desloque do local do foco inicial


até pontos mais distantes, por condução, através de materiais como um
cano de ferro, por exemplo, propagando, desta forma, o incêndio, conforme
exemplificado na próxima figura.

Figura 15. Propagação de um incêndio por condução em edificação.

Fonte: Manual de Fundamentos de Corpo de Bombeiros Militar do Estado de São Paulo. 2ª Edição. v. 1, p. 6. (CBMSP, 2006).

Convecção

É a transferência de calor sem que haja o contanto dos corpos, ocorrendo através
de gases ou de líquidos.

O calor se move dentro de massas de gases ou líquidos, em movimentos da parte


mais baixa para a mais alta. Devido ao aquecimento, os gases ou líquidos se
expandem e ficam menos densos. Por isso sobem.

Por exemplo, quando aquecemos água numa panela percebemos que ela começa
a movimentar e que este movimento acontece de baixo para cima. A água, à
medida que aquece, se expande e sobe porque fica mais leve, como demonstrado
na figura 16.

O mesmo fenômeno acontece com o ar, que se expande e sobe para as partes mais
altas do ambiente à medida que recebe calor. Com isso o calor é transportado pelo
ambiente.

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UNIDADE I │ TEORIA DO FOGO

Figura 16. Transmissão de calor por convecção em água.

Fonte: https://www.infoescola.com/termodinamica/propagacao-de-calor/. Acesso em: 21 out. 2019.

Figura 17. Transmissão de calor por convecção no ar.

Fonte: https://www.coladaweb.com/fisica/termologia/transmissao-de-calor. Acesso em: 21 out. 2019.

A figura acima demonstra o movimento por convecção do calor no ar. O ar mais


frio é mais denso e se desloca para baixo. Chegando próximo ao chão o ar se torna
mais quente e menos denso. Por esse motivo sobe para os pontos mais altos.

Convecção é a forma em que o calor se movimenta mais rápido e por isso


é o principal meio de propagação de calor nos incêndios. Como o calor vai
subir com ar quente juntamente com a fumaça, o risco de que o incêndio se
propague para os andares ou pavimentos superiores é muito alto, conforme
demonstrado na figura 17.

Por isso, nunca devemos subir durante a fuga num incêndio em um prédio e
sim procurar descer. E pelo mesmo motivo é necessário que o prédio possua

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TEORIA DO FOGO │ UNIDADE I

resistência contra o fogo por meio da compartimentação vertical, conforme


veremos mais à frente.

Figura 18. Propagação do incêndio por convecção em edificação vertical.

Fonte: Manual de Fundamentos de Corpo de Bombeiros Militar do Estado de São Paulo. 2ª Edição. v. 1, p. 5 (CBMSP, 2006).

Irradiação

Neste caso, também ocorre sem contato dos corpos. É a forma de propagação do calor
que ocorre por meio de ondas de energia calorífica, ondas estas que se deslocam pelo
espaço. As ondas se propagam em todas as direções e quanto mais próximo da fonte de
calor maior é sua intensidade.

Figura 19. Transmissão de calor por irradiação.

Fonte: http://educacaoedifusao.iqm.unicamp.br/-/como-funciona-a-garrafa-termica. Acesso em: 21 out. 2019.

Um corpo mais aquecido emite as ondas de energia calorífica para um outro mais frio.
É a forma em que a terra recebe o calor do sol, por exemplo.

37
UNIDADE I │ TEORIA DO FOGO

Num incêndio também ocorre transmissão de calor por irradiação, o que pode causar
danos à pessoa que está no local, seja vítima ou quem está combatendo, além de
propagação do incêndio para outros locais, conforme demonstrado na figura abaixo.

Figura 20. Propagação do incêndio por irradiação.

Fonte: Manual de Fundamentos de Corpo de Bombeiros Militar do Estado de São Paulo. 2ª Edição. v. 1, p. 6 (CBMSP, 2006).

Embora seja possível ocorrer a propagação do incêndio para os compartimentos


laterais, essa propagação se dá a uma velocidade muito menor do que para cima, devido
à convecção. Por isso, probabilidade de propagação horizontal é bem menor do que a
vertical.

Num incêndio, o calor se propaga das três formas. No entanto, a propagação


por convecção, através do ar, é que ocorre com maior frequência e em maior
velocidade.

Por esse motivo, as atenções têm que ser voltadas para os andares ou
compartimentos superiores, para onde o incêndio tem maior probabilidade de
se propagar.

As pessoas têm que procurar sempre descer, evacuar o local deslocando-se


para os locais mais baixos, até que alcance o térreo e tenha acesso à saída da
edificação. Caso suba, pode chegar ao último andar não terá mais para onde ir.

O incêndio tem grande chance de chegar ao último andar, caso não seja
combatido ou extinguido e, nesse caso, a pessoa não terá mais rota de fuga,
sendo a única opção de resgate o aéreo, por meio de helicópteros. Esse tipo de
resgaste é mais difícil e as chances de sobrevivência tornam-se menores.

Onde você acha que a temperatura pode estar mais alta num incêndio, na região
onde estão presentes as chamas ou acima delas?

38
TEORIA DO FOGO │ UNIDADE I

Muitos podem pensar que a resposta certa é onde estão as chamas. No


entanto, isso é um equívoco.

Nos locais mais altos, como no teto, a temperatura pode ser mais alta do
que no foco do incêndio. Isso porque, devido ao fenômeno da convecção,
o ar quente e a fumaça tendem a subir. E não tendo aberturas para sair
do local, se concentram no teto, o que faz a temperatura neste local ficar
mais alta.

A figura abaixo demonstra a temperatura da camada de fumaça em


distâncias diferentes da chama.

Figura 21. Temperatura na camada de fumaça em 4 pontos de distância do foco (0,5 m, 1,0 m, 1,5 m e 2,0 m

de altura).

Fonte: http://bombeirobaldini.blogspot.com/2014/09/transferencia-de-calor-e-termodinamica.html. Acesso em: 12 set. 2019.

Fumaça

A fumaça merece muita atenção na prevenção contra incêndios. Isso porque,


geralmente, as maiorias das mortes nos incêndios ocorrem devido a sua inalação.
Além disso, a fumaça pode influenciar em muito na dinâmica do incêndio, pois tem
a capacidade de propagá-lo para outros ambientes na edificação, porque prejudica
as ações de combate de brigadistas e bombeiros e também dificulta a evacuação.

Independente de qual seja o combustível, toda fumaça é tóxica, trazendo riscos


de mortes ou sequelas respiratórias. Esse é o principal motivo de se tomar muito
cuidado com ela em incêndios. Outra característica é que é opaca, ou seja, não
permite a passagem da luz, o que impede a visibilidade. E ainda é quente, móvel
e inflamável.

39
UNIDADE I │ TEORIA DO FOGO

Por ser quente, pode causar queimaduras e dificultar o combate ao incêndio.


Por ser móvel, pode deslocar-se para todos os ambientes da edificação, levando
consigo calor e gases. Por ser inflamável pode espalhar o fogo para os locais para
onde se desloca.

Como a fumaça é menos densa do que o ar, ela tende a subir, deslocando-se para
os pavimentos superiores, trazendo grande risco de causar incêndio também
nesses locais. As edificações mais modernas possuem sistemas de contenção da
fumaça nas saídas de emergência, conforme veremos na unidade III.

Figura 22. Movimentação da fumaça em ambiente fechado.

Fonte: http://bombeiroswaldo.blogspot.com/2012/10/dinamica-do-incendio-fases-do-incendio.html. Acesso em: 16 set. 2019.

A ventilação é uma técnica utilizada por bombeiros para dissipar a fumaça de um


ambiente. É recomendada quando o local possui aberturas para que a fumaça
saia e não deve ser utilizada quando há possibilidade de que ela se movimente
para outros compartimentos.

Figura 23. Bombeiro demonstrando a utilização do ventilador para dispersão da fumaça.

Fonte: https://sites.google.com/site/cefapcap2015/ventiladores. Acesso em: 16 set. 2019.

40
TEORIA DO FOGO │ UNIDADE I

Para entrar em um local com fumaça o brigadista ou bombeiro deve estar


equipado com EPI adequado, conforme podemos perceber na figura 23.
O bombeiro, além de utilizar os EPI roupa de aproximação, botas, luvas e
capacete, que protegem todo o corpo contra as chamas, também utiliza uma
EPR (Equipamento de Proteção Autônoma), que consiste num cilindro de ar
respirável e uma máscara vedada no rosto, para garantir que ao respirar seja
inalado apenas o ar do cilindro e não do ambiente, que pode estar contaminado
com fumaça e gases tóxicos.

41
CAPÍTULO 3
Classes de incêndio, métodos de
extinção e principais agentes extintores

Antes mesmo de iniciarmos este capítulo já podemos adiantar que ele trata
de um dos aspectos mais importantes na proteção contra incêndios.

Caso a prevenção falhe e surja fogo na edificação, os assuntos aqui


abordados permitem que tenhamos conhecimento da forma adequada
de combater o princípio de incêndio, evitando que o fogo se alastre e
se transforme num incêndio generalizado. Da mesma forma, permitem
também que profissionais responsáveis (bombeiros ou brigadistas) atuem
no combate ao incêndio.

Classes de incêndio
Para evitar que incêndios aconteçam, saber como se comportam e qual a melhor
maneira de combatê-los, precisamos identificar quais são os combustíveis, quais
estão queimando, caso o fogo já tenha se iniciado.

Esse conhecimento é imprescindível para que possamos entender como o fogo


surgiu, como se comporta e qual a melhor maneira de eliminá-lo.

Cada incêndio é diferente e cada situação exige cuidados e táticas apropriadas.


Saber qual o material que está queimando é essencial para definir qual a melhor
técnica e qual o agente mais adequado para o combate.

Por tais motivos, surgiu a classificação dos incêndios, que se baseia no combustível
que os causa.

São quatro as classes de incêndios: A, B, C e D.

A utilização de agentes não recomendados ou de ações não


adequadas pode não somente surtir nenhum efeito no combate, bem
como pode aumentá-lo e até mesmo colocar a vida do bombeiro e
dos ocupantes em risco, podendo causar morte.

Classe A
Representa toda combustão em que o combustível é sólido, como, por exemplo,
madeira, borracha, papel, plástico, tecido etc.

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TEORIA DO FOGO │ UNIDADE I

São representados pela imagem demonstrada na figura 24 e pela cor verde.

Figura 24. Símbolo representativo de incêndio classe A.

Fonte: http://www.extellpp.com.br/servicos/agentes-extintores. Acesso em: 16 set. 2019.

Tem como características que a queima deixa a presença de cinzas e brasas como
resíduos e ocorre volumetricamente, ou seja, em razão do seu volume, queimando
na superfície, nos lados e em profundidade.

Classe B

Representa as combustões em que o combustível é um líquido inflamável, graxa


ou um gás inflamável. Exemplos: gasolina, álcool, querosene, tintas, solventes,
GLP, acetileno etc.

São representados pela imagem demonstrada na figura abaixo e pela cor vermelha.

Figura 25. Símbolo representativo de incêndio classe B.

Fonte: https://www.gcbrazil.com.br/extintores/classe-de-incendio-b-web/. Acesso em: 16 set. 2019.

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UNIDADE I │ TEORIA DO FOGO

A queima ocorre apenas na superfície e não deixa resíduos.

Vale a pena lembrar que os combustíveis líquidos não têm forma definida,
assumindo a forma do recipiente que os contém, podendo transbordar.
Geralmente, são menos densos do que a água e muito voláteis, emanando
vapores até mesmo à temperatura ambiente. Os gasosos também não têm forma
definida, podendo se espalhar por todo o ambiente.

Classe C

Representa os incêndios em equipamentos energizados. São classificados


separadamente porque trazem risco adicional de morte por choque elétrico.

A primeira ação neste tipo de incêndio deve ser cortar a energia elétrica.

A principal característica é a presença da energia elétrica. Sendo desligada,


transforma-se num incêndio classe A.

A energia também pode causar incêndios em outros materiais, aumentando sua


propagação. Não sendo possível cortá-la, deve-se utilizar no combate apenas
agentes que não sejam condutores elétricos.

São representados pela imagem demonstrada na figura abaixo e pela cor azul.

Figura 26. Símbolo representativo de incêndio classe C.

Fonte: https://www.gcbrazil.com.br/extintores/classe-de-incendio-b-web/. Acesso em: 16 set. 2019.

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TEORIA DO FOGO │ UNIDADE I

Classe D

Representa os incêndios em metais combustíveis. Exemplos: magnésio,


potássio, sódio, selênio, antimônio, lítio, alumínio fragmentado, zinco, titânio,
sódio, zircônio etc.

Recebem classificação específica devido ao fato de a maioria destes metais ter


combustões diferenciadas, ocorrendo de forma mais rápida e violenta e em
temperaturas mais altas, produzindo muito calor e luz mais intensa. Também
reagem com os agentes comumente mais utilizados, como água e pó químico
comum, podendo causar explosões ou estilhaçamento, o que também gera risco
nas ações de combate.

A explicação da contraindicação do uso da água é que o oxigênio presente nela


reage com o metal em chamas e isso aumenta ainda mais as chamas, provocando
uma violenta liberação de calor.

Por tais características, necessitam de uso de agentes específicos (pós químicos


especiais).

São representados pela imagem demonstrada na figura abaixo e pela cor amarela.

Figura 27. Símbolo representativo de incêndio classe D.

Fonte: https://www.gcbrazil.com.br/extintores/classe-de-incendio-b-web/. Acesso em: 16 set. 2019.

O cloreto de sódio é um composto que é utilizado em pó químico especial, para


incêndios de Classe D.

O calor faz o cloreto de sódio se compactar no foco do incêndio, formando uma


camada que promove abafamento, por isolar o combustível do comburente.
Outros materiais como areia seca, limalha de ferro e outros componentes inertes

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UNIDADE I │ TEORIA DO FOGO

ao metal também são eficientes em provocar o abafamento e podem ser utilizados


com segurança.

O quadro abaixo resume as quatro classes de incêndios.

Quadro 1. Resumo das classes de incêndio.

CLASSE DE TIPO DE EXEMPLOS CARACTERÍSTICAS


INCÊNDIO COMBUSTÍVEL
Queimam em superfície e em
A Sólidos Madeira, papel, tecido etc.
profundidade
Líquidos e gases Álcool, GLP, gasolina, querosene
B Queimam na superfície
inflamáveis etc.
Equipamentos elétricos e Motor elétrico, televisão,
C Geram risco de choque elétrico
eletrônicos energizados computador etc.
Magnésio, potássio, sódio,
Queimam em altas temperaturas e reagem
selênio, antimônio, lítio, alumínio
D Metais pirofóricos com agentes comuns como água e pó
fragmentado, zinco, titânio,
químico comum
sódio, zircônio etc.
Fonte: Autor (2019).

Métodos de extinção do fogo

Por que é tão importante conhecer a maneira mais adequada de combater


incêndios?

Porque para cada classe, dependendo do tipo do combustível, o incêndio


se comportará de maneira diferente. Saber a maneira que ele se comporta é
muito importante para que se possa decidir qual método é o mais adequado,
qual a melhor tática a ser empregada e qual o agente mais recomendado.
Isso para que, antes de tudo, no lugar não haja risco adicional para quem
está combatendo e para os demais ocupantes, também para que o combate
seja eficiente.

É muito importante que o fogo seja combatido o mais rápido possível, no


princípio, para evitar que cresça e se espalhe pela edificação. Se for utilizado
um agente não recomendado, corre-se o risco de não haver eficiência
nenhuma e assim o incêndio se propagar. E, dependendo da situação, o
combate com agente errado ainda pode gerar riscos adicionais de morte
ou até mesmo intensificar o incêndio.

Já vimos que para que haja combustão é necessária a presença de quatro


elementos: combustível, comburente, calor e reação em cadeia.

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TEORIA DO FOGO │ UNIDADE I

Então, já que os quatro são essenciais para iniciar e manter a reação, tirando
qualquer um deles, elimina-se a combustão.

Por esse motivo, existem quatro métodos de se extinguir um incêndio,


cada um baseado na retirada de um dos quatro elementos que compõem o
tetraedro do fogo.

Vejamos os quatro métodos.

Retirada de material

Também chamado de isolamento, consiste na retirada do material que está


queimando, para que o fogo não passe para os demais do local ou então na retirada
dos que ainda não queimaram, para que logo o fogo se extinga por não haver mais
combustível para queimar.

Esse método pode abranger ações simples num incêndio, como, por exemplo:

» fechar o registro da central de GLP;

» retirar o botijão da cozinha de uma casa;

» retirar um móvel pegando fogo, como uma cadeira, de uma sala de um


apartamento ou retirar os móveis que ainda não queimaram;

» retirar o líquido inflamável de um tanque que está incendiando por


uma abertura na parte mais baixa, até que fique pouco combustível e
este resto deixe ser queimado.

Em todos os exemplos, em determinado momento o fogo se extinguirá por não


haver mais combustível para mantê-lo. Esse método pode ser aplicado a qualquer
classe de incêndio.

Todas as ações de retirada do material devem ser realizadas com muito


cuidado e fazendo-se uso dos EPI (Equipamentos de Proteção Individual),
pois há riscos, pelo fato de ter que se aproximar aos materiais em combustão
e até por poder haver contato direto com eles.

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UNIDADE I │ TEORIA DO FOGO

Figura 28. Demonstração de retirada de material.

Fonte: http://www.medtrabeunapolis.com.br/os-3-metodos-de-extincao-de-fogo/. Acesso em: 17 set. 2019.

Resfriamento
É o método mais utilizado no combate a incêndios.

Consiste em retirar o calor, diminuindo a temperatura do material que está


queimando até níveis abaixo do ponto de ignição e diminuindo a liberação de
gases ou vapores do combustível, cessando, a combustão.

A água é o agente mais utilizado para o resfriamento, por ter uma grande
eficiência, devido ao seu alto calor latente e à grande janela de temperatura entre
seus pontos de fusão e de ebulição. No item 3.3 (principais agentes extintores)
veremos como a água atua no resfriamento.

Quando é aplicada água num material que está queimando ou próximo a ele, é
retirado calor que iria irradiar para todo o ambiente. Dessa forma, evita-se que
o calor se desloque para outros materiais e cause neles a pirólise, restringindo
o fogo apenas ao combustível que já está em combustão.

Figura 29. Extinção de um incêndio por resfriamento por água.

Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/quimica/como-combater-um-incendio.htm. Acesso em: 20 set. 2019.

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TEORIA DO FOGO │ UNIDADE I

A água, apesar de ser a mais utilizada, não é o único agente capaz de causar o
resfriamento. A ventilação tática, por exemplo, pode retirar calor de um local
com presença de chamas. Isso porque ela escoa a fumaça, removendo também
calor.

O resfriamento é mais recomendado para incêndios da classe A.

Abafamento

Consiste na retirada do oxigênio da reação, ou diminuindo sua concentração


até níveis em que a combustão é eliminada ou, ainda, criando uma barreira que
impeça o contato do combustível com este comburente.

São exemplos de ações de abafamento:

» tampar uma panela um recipiente contendo um combustível líquido


em combustão;

» colocar um copo com a boca para baixo sobre uma vela, cobrindo-a;

» envolver com um cobertor o material que está queimando;

» utilizar o extintor de pó químico, lançando o pó nas chamas.

O abafamento é o método mais recomendado para as classes B, C e D e pode ser


usado também na classe A, apesar da baixa eficiência nesta última.

Figura 30. Extinção por abafamento de incêndio classe B.

Fonte: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/brigadistas_escolares/modulos/modulo5_combate_principios_
incendio.pdf. Acesso em: 20 set. 2019.

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UNIDADE I │ TEORIA DO FOGO

Quebra da reação em cadeia

Método que inibe a reação em cadeia, através do uso de substâncias que bloqueiam
a reação do combustível com o oxigênio, cessando, dessa forma, a combustão.

Essas substâncias são pós químicos, como, por exemplo os halons (também
chamados de halogenados), que reagem com os íons liberados na combustão e
os impede de quebrar novas moléculas do combustível.

Principais agentes extintores

Água

Já foi o recurso mais utilizado em combate a incêndios, devido à sua grande


disponibilidade em praticamente todos os locais e à alta eficiência no processo de
resfriamento.

A água elimina o fogo principalmente por resfriamento, mas age também,


secundariamente, por abafamento, na forma de vapor.

Por que a água é tão eficiente no resfriamento de materiais em combustão,


em eliminar o fogo e como ocorre esse fenômeno?

A resposta está nas suas propriedades físico-químicas.

O calor latente de vaporização (Lv) da água é de 539,6, ≅ 540,0 (cal/g). Ao


nível do mar (pressão de 1 atmosfera), seu ponto de fusão é 0°C e o ponto de
ebulição é 100 °C (CBMDF, 2013).

E temos que saber que a água resfria porque utiliza o calor da combustão
para aumentar sua temperatura e entrar em ebulição.

Á medida ela retira o calor vai aumentando sua temperatura. Devido à


grande diferença de temperatura entre seus pontos de fusão e ebulição,
que dá 100 °C, a água consegue retirar muito calor dos materiais,
permanecendo na mesa forma (líquida).

E devido ao seu calor latente de vaporização, necessita de uma grande


quantidade de calor para sair do estado líquido e passar para a fase
gasosa, ou seja, evaporar. Como o Lv é 540 cal/g, cada g de água líquida
precisa de 540 cal para evaporar. Por esse motivo, a água, ao evaporar,
leva consigo muito calor, causando o resfriamento.

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TEORIA DO FOGO │ UNIDADE I

Percebemos que a água, ao evaporar, retira do ambiente altas quantidades


de calor. Portanto, no combate a um incêndio, temos que usar este
recurso de uma forma que evapore o máximo possível. A água deve ser
lançada nas chamas ou na fumaça de forma mais espalhada possível,
em jatos neblinados e não jatos compactos, pois assim irá evaporar com
mais facilidade.

Devido à sua tensão superficial, que prejudica a penetração no material


em chamas e à sua baixa viscosidade, que provoca o escoamento rápido,
a água tende a escorrer, não permanecendo no local em que foi aplicada.
Por isso, se forem aplicados jatos compactos, que caem somente no mesmo
local, ela tende a escorrer, não permanecendo onde aplicada. Dessa forma,
ela irá evaporar pouco e a eficiência não será a mesma no resfriamento e,
consequentemente, na extinção do fogo.

A água que não se transforma em vapor num incêndio é desperdiçada e


pode causar danos, acumulando-se no local.

Outra vantagem desta substância é que também tem alta capacidade de


causar abafamento na combustão. Segundo CBMDF (2013), um litro de
água líquida ao evaporar gera 1700 (mil e setecentos) litros de vapor de
água, fenômeno ilustrado na figura 31.

Figura 31. Expansão de volume da água ao evaporar.

Fonte: Manual de Fundamentos de Corpo de Bombeiros Militar do Estado de São Paulo. 2ª Edição. v. 1, p. 16 (CBMSP, 2006).

Embora tenha vantagens no resfriamento, a água também apresenta


aspectos negativos no combate a incêndios e seu uso exige cautela.

Por exemplo: o excesso de água pode gerar muito vapor no ambiente e


aumentar a temperatura, causando um “bolsão” de ar quente, que pode
ferir o combatente e prejudicar o combate.

O uso em incêndios classe C gera risco de morte por choque elétrico.

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UNIDADE I │ TEORIA DO FOGO

O excesso de água gera uma carga de peso a mais na estrutura da edificação,


que pode estar abalada pelo incêndio e vir a desabar. Lembrando: a cada litro
aplicado tem-se um quilo a mais de peso, pois a densidade da água a 25 °C é
praticamente 1,0 g/ml.

Incêndios em estruturas metálicas como galpões ou silos causam dilatação.


Aplicando água, a contração térmica pode ser muito violenta e, assim,
surgirem riscos de desabamento.

A água utilizada em excesso pode danificar a mobília e equipamentos


eletrodomésticos e causar sobrepeso na estrutura da edificação.

Pó químico

Composto com partículas pequenas, é utilizado para combater o incêndio


principalmente por abafamento.

Os mais comuns são de bicarbonato de sódio (NaHCO 3) ou de potássio (KHCO 3),


cloreto de potássio (KCl), utilizados nos incêndios classe B e C e fosfato de
amônia (NH 4H2PO 4), utilizado nas classes A, B e C e de cloreto de sódio (NaCl),
grafite seco, cloreto de bário, monofosfato de amônia e cloreto de sódio,
utilizados na classe D.

Com o calor da combustão o pó sofre reações e libera dióxido de carbono (CO 2)


e vapor d’água e esses compostos impedem o contato do comburente, cessando a
queima.

O pó atua também, secundariamente, por outros métodos. Resfria, pois


absorve calor da combustão e por formar uma nuvem sobre a chama, também
protege o combustível do calor irradiado. Suas partículas ainda quebram a
reação em cadeia, interferindo na concentração de íons dessa reação.

Outro tipo de pó químico são os halogenados, que são hidrocarbonetos que


tiveram um ou mais átomos de hidrogênio substituídos por halógenos, dos
quais os mais comuns são: flúor, cloro, bromo e iodo.

Os halogenados agem principalmente captando radicais livres da reação em


cadeia, impedindo que ela continue ocorrendo, e secundariamente causando
abafamento. São os agentes extintores mais recomendados para incêndios da
classe C, pois têm eficiência maior do que o CO 2 e porque não deixam resíduos,
o que torna o risco de danificar os aparelhos menor, o que aconteceria se
fossem usados os demais pós químicos. Podem ser usados também nos

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TEORIA DO FOGO │ UNIDADE I

incêndios classes A e B, embora a eficiência na A não seja alta, característica


comum a todos os pós químicos.

Os halogenados, no entanto, são nocivos à camada de ozônio. Pelo protocolo de


Montreal, que entrou em vigor em 1989, seu uso foi banido em muitos países.

No Brasil não foram totalmente proibidos, mas seu uso passou a ser mais restrito.
Atualmente, é permitida a importação apenas de halons regenerados, que são as
substâncias que foram reprocessadas para retornar às mesmas especificações do
produto original. Esse tipo de substância não está no rol das que devem eliminadas, de
acordo com o protocolo.

Atualmente, utilizamos dois halogenados: o Halon-1211 e o Halon-1301, ambos


regenerados. São destinados para combate a incêndios principalmente em aviões,
navios petroleiros, bases militares, centrais de geração e transformação de
energia elétrica e nuclear, e em plataformas marítimas de extração de petróleo.
São permitidos nesses locais devido às suas características de apagar o fogo e não
deixar resíduos, o que poderia danificar os sistemas e porque são muito eficientes,
sendo necessárias pequenas quantidades para extinguir focos de incêndio.

Espuma

Pode ser chamada de derivado da água, pois nada mais é do que um aglomerado
de bolhas de ar ou gás (CO 2) formadas de películas de água. Por esse motivo, seu
uso, em princípio, seria semelhante. No entanto, existem algumas diferenças.

A espuma não escorre como a água, tendendo a permanecer nos locais onde
foi aplicada e preenchendo todos os espaços. Dessa forma, extingue o fogo
principalmente por abafamento.

O abafamento ocorre por dois motivos: primeiro porque, à medida que a espuma
ocupa o espaço, expulsa oxigênio. Segundo porque este agente fixa-se bem nas
superfícies dos combustíveis, principalmente os sólidos e líquidos, isolando-os
comburente.

Nas edificações, a espuma pode ser encontrada em extintores portáteis e em


sistemas especiais de supressão semelhantes aos chuveiros automáticos, embora
este último ainda seja pouco utilizado no Brasil, devido ao alto custo. Também é
utilizado nas viaturas do Corpo de Bombeiros.

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UNIDADE I │ TEORIA DO FOGO

Como a espuma permanece na superfície de líquidos, pode ser utilizada no


combate a incêndios em líquidos inflamáveis (classe B), ao contrário da água.
Também não há nenhuma restrição se o combustível for gasoso.

Pelos mesmos motivos que o emprego de água é proibido nas classes C (por risco
de choque elétrico) e D (por risco de reagir com os metais e causar aumento da
combustão ou explosão), a espuma também não pode ser utilizada nessas duas
classes.

Gás carbônico (CO2)

É um gás inerte (não reage quimicamente com outras substâncias em condições


normais de temperatura e pressão – CNTP), inodoro e incolor.

Extingue o fogo principalmente por abafamento, por ocupar o espaço do


oxigênio, isolando o combustível do comburente. Um quilo de gás liquefeito
de CO 2 produz cerca de 500 litros de gás. Secundariamente, o CO 2 age por
resfriamento.

Não é condutor de eletricidade. Por esse motivo é recomendado para incêndios


classe C.

Apesar de causar abafamento, não é recomendado para a classe A, pelo motivo de


não penetrar bem no combustível e por ter baixa capacidade de resfriamento em
comparação com a água.

Por ser um gás, se dissipa rapidamente após ser aplicado no material e não deixa
resíduos. Essa é uma vantagem, pois não danifica os equipamentos e aparelhos
eletrônicos.

Também pode ser utilizado em incêndios em líquidos e gases inflamáveis, desde


que seja em pequenos focos. Portanto, é um agente recomendado para as classes
B e C.

Possui uma desvantagem: quando sua concentração se torna maior do que 9%


por volume, o gás pode causar inconsciência, podendo até levar uma pessoa
a óbito por asfixia. Por isso não deve ser utilizado em locais fechados e com
presença humana.

Alguns combustíveis possuem oxigênio em sua estrutura. São exemplos:


nitrato de celulose e permanganato de potássio. O CO 2 não é capaz de extinguir
o fogo nesses materiais, pois eles já possuem suprimento de comburente
(CBMDF, 2013).

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TEORIA DO FOGO │ UNIDADE I

Outros agentes extintores

Além dos já citados, existem outros agentes que também são muito eficientes
no combate a incêndios. No entanto, não são utilizados em aparelhos extintores
portáteis e sim em sistemas fixos de combate a incêndios, onde são armazenados
em tanques, transportados por tubulações e dispersos no ambiente por bicos
difusores. Por esse motivo têm custo alto e ainda são poucos utilizados no Brasil.

Como exemplo, podemos citar os gases inergen, argônio e FM 200. São inertes,
assim como o CO 2. Suas propriedades são muito parecidas com as do CO 2, agindo
da mesma forma, causando abafamento. A única diferença é que têm uma
eficiência um pouco maior para incêndios das classes B e C.

Outro agente utilizado atualmente é o FM 200. É um composto muito eficiente


no combate a incêndios, sendo capaz de eliminar focos em, aproximadamente,
10 segundos, agindo na quebra da reação em cadeia. Tem sido usado como
substituto do halon 1301. Ao contrário do halogenado, é um gás inofensivo para
humanos e para o meio ambiente. Também não deixa resíduos, motivo pelo qual é
utilizado em locais com equipamentos e aparelhos elétricos, como em centros de
processamento de dados, salas de controle, centrais de geração e transformação
de energia elétrica etc.

Métodos de extinção e agentes mais recomendados para


cada classe de incêndio

Vimos as classes de incêndio e os métodos de extinção do fogo.

A escolha do método a ser aplicado e de qual agente será utilizado é de


suma importância. A escolha certa possibilita alta probabilidade de sucesso.
A errada, porém, não só faz com que sejam baixas as chances de eliminar o
fogo, como também pode gerar riscos adicionais a quem executa a atividade
e para todos os demais ocupantes da edificação.

Não existe uma maneira única de se extinguir um incêndio. Qualquer


método pode ser utilizado em qualquer classe.

No entanto, para cada classe há o método mais eficiente. E ainda há outro


fator que contribui na escolha, os riscos adicionais que podem surgir
em cada situação. Por exemplo, utilizar água ou qualquer outro agente
condutor de eletricidade na classe C gera risco de morte por choque
elétrico. Utilizar água ou pó químico comum na classe D gera risco de
explosões dos materiais.

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UNIDADE I │ TEORIA DO FOGO

Por esses motivos, existem o método e o agente mais adequados para cada
classe.

Pode ocorrer, porém, de mais de um método ou um agente poderem ser


utilizados em determinada situação, para incêndio da mesma classe.

E devemos lembrar que um agente pode atuar de formas diferentes na extinção


do fogo. Por exemplo, a água age principalmente por resfriamento, mas
também causa abafamento, ao evaporar e expulsar o oxigênio. O gás carbônico
age principalmente por abafamento, mas também atua, secundariamente,
resfriando. A espuma abafa, mas também resfria.

Vejamos, então, qual é o método mais adequado para cada classe.

Classe A

O método mais recomendado é o resfriamento. O agente mais utilizado é a água.

A eficiência é alta, devido à alta capacidade de retirada de calor da reação da água e


porque ela consegue atingir todo o material que está queimando, no caso, sólidos.

O abafamento utilizando o pó químico ABC pode ser realizado. Porém, a eficiência no


combate ao fogo não é alta quanto a água. Quanto ao gás carbônico nessa classe, a
eficiência é tão pequena que seu uso nem é recomendado.

A explicação da baixa eficiência do pó químico ABC e do ao gás carbônico nos


incêndios classe A se deve ao fato de esses agentes não conseguirem bloquear
o contato do oxigênio com o combustível de forma homogênea (em altura,
comprimento e profundidade ao mesmo tempo). O mesmo ocorreria se fossem
utilizados os gases especiais (inergen, argônio e FM 200).

A água pode ser utilizada em aparelho extintor portátil, em hidrantes de parede e


mangotinhos e em sistemas de chuveiros automáticos (sprinklers), por exemplo.

O método de retirada do material também é empregado na classe A, com bons


resultados. Isso porque é possível isolar um material sólido em chamas de outros
combustíveis sólidos ou retirar do ambiente os materiais que ainda não queimaram.
Nas demais classes de incêndio, nem sempre isso é possível.

A quebra da reação em cadeia também pode ser utilizada. No entanto, isso seria
possível com uso de pós químicos específicos, como, por exemplo, os halogenados.
Porém, como já vimos, não seria viável por dois motivos: primeiro devido ao alto custo
desses extintores e às suas restrições de uso, por ser perigosos ao meio ambiente,

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TEORIA DO FOGO │ UNIDADE I

podendo ser prejudicial à camada de ozônio; segundo, porque a eficiência do pó


no combustível sólido não é alta, sendo difícil cobrir o material por completo
concomitantemente.

Outro agente que também tem alta eficiência no combate nessa classe é a espuma.
Ela tem a vantagem de resfriar e de abafar ao mesmo tempo. Isso porque, uma
vez aplicada, não escorre, como a água, permanecendo no local e expulsando o
oxigênio. A espuma pode ser utilizada em extintores portáteis e pelos caminhões
dos bombeiros.

Classe B

O método mais recomendado é o abafamento. Os agentes mais utilizados são o


pó químico e o gás carbônico. Esses agentes conseguem isolar bem o oxigênio do
combustível, apresentando bons resultados na extinção do fogo.

Não é permitido o uso de água para incêndios desta classe. A explicação é que,
caso seja líquido o combustível, a queima ocorrerá somente na superfície e, como
a água é geralmente mais densa do que a maioria dos combustíveis líquidos, ela
irá afundar no líquido, não apresentando extinção nenhuma do fogo, podendo
ainda causar o transbordamento do combustível e alastramento do incêndio.

A água poderia ser utilizada num incêndio em classe B, em situação em que o


combustível seja líquido, desde que aplicada “espalhada”, em jatos neblinados ou
por sprinklers. Devido à baixa eficiência e por questão de segurança, pelos riscos
de propagar ainda mais o incêndio por transbordamento do combustível, no caso
de combustíveis líquidos, é proibido uso de água na classe B.

Os gases especiais (inergen, argônio e FM 200) podem ser utilizados, porém


não são encontrados em aparelhos portáteis. São aplicados apenas por sistemas
complexos com bombas e tubulações, motivo de ainda serem pouco utilizados no
Brasil.

A espuma pode ser utilizada, pois ela é menos densa e fica na superfície do
combustível líquido, não penetrando nele. Neste caso, ela age por abafamento.

O método de retirada do material também pode ser empregado nesta classe.


Em incêndios em tanques que armazenam líquidos, o combustível pode ser
retirado por orifício na parte inferior do tanque, visto que o fogo só ocorre na
parte superior, na superfície do líquido. Assim deixa restar no tanque apenas
uma pequena quantidade. Após sua queima, a combustão cessará por falta de

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UNIDADE I │ TEORIA DO FOGO

combustível. Incêndios causados por vazamento de gás podem ser eliminados


apenas fechando os registros da central do gás, cessando o fornecimento do
combustível.

Classe C

O método mais recomendado é o abafamento. Os agentes que podem ser


utilizados são o pó químico e o gás carbônico, pois não são condutores de
eletricidade. Dentre os dois, o gás carbônico é mais recomendado, por não
deixar resíduos e, portanto, não danificar os equipamentos.

A água não pode ser utilizada, devido ao fato de ser condutora de eletricidade e de
gerar risco de morte por choque elétrico. Pelo mesmo motivo, a espuma também
não é permitida.

O método da quebra da reação em cadeia pode ser empregado. Neste caso, os


agentes utilizados são os pós químicos halogenados. Apesar de também poderem
danificar os equipamentos por seus resíduos, da mesma forma que os pós químicos
comuns e do risco que causam ao meio ambiente, são permitidos em locais com
alto número de equipamentos energizados de alto custo, como, por exemplos em
centrais de geração e transformação de energia elétrica e nuclear e apresentam
boa eficiência na extinção do fogo.

Em incêndios da classe C, caso não seja possível eliminar o fogo no princípio,


utilizando aparelhos portáteis de pó químico ou de gás carbônico, deve-se
rapidamente proceder o corte da energia elétrica. Assim, o incêndio torna-se
classe A e poderá ser aplicada água.

Classe D

O método mais recomendado é o abafamento, porém só podem ser usados pós


químicos especiais, específicos para classe.

Os pós químicos comuns e a água são proibidos. Isso porque podem reagir com o
combustível e, ao contrário do que se busca, aumentar a combustão ou até mesmo
causar explosões.

Pode-se utilizar, portanto, pós químicos especiais, compostos por cloreto de sódio e
compostos a base de cobre.

Também é possível eliminar incêndio classe D pelo método da retirada do


material, retirando do local ou os metais pirofóricos que ainda não entraram
em combustão ou os que já estão em combustão.

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TEORIA DO FOGO │ UNIDADE I

O quadro abaixo demonstra de forma resumida qual é o método mais


adequado para combate ao fogo em cada classe de incêndio.

Quadro 2. Métodos de extinção do fogo recomendados para cada classe de incêndio.

CLASSE DE INCÊNDIO MÉTODOS RECOMENDADOS


A Resfriamento e Retirada do Material
B Abafamento, Retirada do Material e Quebra da Reação em Cadeia
C Abafamento e Quebra da Reação em Cadeia
D Abafamento e Retirada do Material
Fonte: Autor (2019).

Os agentes para extinção do fogo disponíveis nas edificações são: água,


pó químico comum BC, pó químico comum ABC, pó químico especial, gás
carbônico e espuma, encontrados nos aparelhos portáteis e água de hidrantes
de paredes e mangotinhos.

Considerando tais agentes, o quadro abaixo demonstra qual agente pode


ou não ser utilizado em cada classe.

Quadro 3. Agentes extintores permitidos e proibidos em cada classe de incêndio.

AGENTE EXTINTOR
CLASSE
ÁGUA ESPUMA CO2 PQ BC PQ ABC PQ ESPECIAL
A A A NR NR A P
B P A A A A P
C P P A A A P
D P P P P P A
Fonte: Autor (2019).

Notas:

A – Adequado;

NR – Não Recomendado;

P – Proibido.

59
COMPORTAMENTO UNIDADE II
DO FOGO

CAPÍTULO 1
Dinâmica do incêndio

É possível prever o comportamento de um incêndio, baseando-se nas condições


do local, na situação que o causou e nas ações de combate adotadas no princípio e
depois que começou a se alastrar.

O conhecimento de como o fogo pode se propagar e como irá se comportar em


cada fase do seu desenvolvimento é de suma importância, pois permite que sejam
adotadas as ações corretas de combate e evacuação, garantindo maior chance de
sobrevivência aos ocupantes e menor risco de destruição do patrimônio.

Os incêndios possuem comportamentos semelhantes e sua dinâmica vai depender


de fatores de cada situação, como, por exemplo, da carga de incêndio em cada
ambiente, dos elementos componentes da edificação (tipo de piso, de paredes,
teto etc.), ventilação do local dos sistemas de prevenção e combate ao fogo, dentre
outros.

O incêndio se inicia, cresce em proporção até chegar ao ápice da queima e, então,


começa a decair, até que chega ao término, como demonstra a figura abaixo. Isso
ocorre naturalmente, mesmo que não haja nenhuma interferência.

Figura 32. Início, crescimento e decadência de um incêndio.

Fonte: http://bombeiroscorpo.blogspot.com/2015/10/fases-do-fogo.html. Acesso em: 24 set. 2019.

60
COMPORTAMENTO DO FOGO │ UNIDADE II

Vejamos, então, quais são as fases de um incêndio, analisando o comportamento


do fogo em cada uma e como os componentes da edificação influenciam na sua
dinâmica.

Fases do incêndio
Durante um incêndio podemos perceber diferentes estágios.

As fases são: inicial, de queima livre e de queima lenta.

Fase inicial

Ocorre nos primeiros estágios após o surgimento do fogo.

Analisemos o ambiente à medida que o fogo cresce e se dispersa com o passar do


tempo, baseado na temperatura do local, na quantidade de oxigênio, nos gases da
combustão e na quantidade de fumaça.

No início a concentração de oxigênio é alta, sendo a mesma da atmosfera,


cerca de 21%. A temperatura ainda está baixa, próxima à do ambiente, pois o
calor ainda está sendo utilizado para aquecer os combustíveis. O fogo começa a
consumir oxigênio e a produzir vapor d’água, dióxido de carbono, monóxido de
carbono e outros gases. O fogo se concentra apenas no foco onde surgiu.

A figura abaixo demonstra a fase inicial de um incêndio.

Figura 33. Incêndio na fase inicial em sofá na sala de um apartamento.

Fonte: Manual de Fundamentos de Corpo de Bombeiros Militar do Estado de São Paulo. 2ª Edição. v. 1, p. 12 (CBMSP, 2006).

À medida que o tempo passa, caso o local esteja fechado e não permita entrada
de ar, a concentração de oxigênio irá diminuir, o calor fará com que tanto o
sofá quanto os demais móveis comecem a entrar em pirólise, liberando gases

61
UNIDADE II │ COMPORTAMENTO DO FOGO

inflamáveis e por isso as chamas vão aumentando. Os gases do incêndio vão


aumentando. A fumaça, que contém os gases dos combustíveis, os gases
oriundos da combustão e o calor, começa a subir para próximo ao teto, onde
ocorre a primeira zona de reação.

Como o ambiente é fechado e a fumaça não encontra saídas, ela começa a


ocupar todos os espaços, preenchendo toda a sala e indo também para outros
cômodos do apartamento, caso a porta da sala esteja aberta.

A fase inicial se caracteriza apenas no princípio do incêndio. Seu tempo de


duração vai depender de cada situação. Logo que o fogo se mantém e começa a
se espalhar pelo ambiente, tem início a segunda fase, a de queima livre.

Queima livre

Esta fase começa com o surgimento do fogo e dura enquanto as chamas


conseguem se manter. Se o local for fechado, sem ou com pouca entrada de
oxigênio do ambiente exterior, a fase dura até o momento em que a concentração
de oxigênio diminui para próximo de 16%. Se o local for aberto, as chamas
se manterão enquanto houver combustível para ser queimado, pois haverá
entrada de oxigênio do ambiente externo, não ocorrendo falta de comburente
em nenhum momento.

Nessa fase, o oxigênio começa a ser consumido pelo fogo. O ar é, então, arrastado
para dentro do ambiente, por convecção, entrando pelas janelas ou outras
aberturas e, caso o local seja fechado, tende a entrar por brechas como debaixo
das portas e/ou pequenas aberturas nas janelas. O ar quente sobe. Isso força a
entrada de ar frio nos pontos mais baixos. Esse é o motivo de se deslocar mais
próximo possível do chão durante um incêndio. No chão, durante essa fase, a
temperatura é mais baixa e há menos presença de fumaça e gases tóxicos. Até
mesmo os bombeiros, durante o combate, devem se deslocar agachados ou se
arrastando no chão.

A figura a seguir demonstra a fase de queima livre num incêndio e bombeiros


combatendo o fogo.

62
COMPORTAMENTO DO FOGO │ UNIDADE II

Figura 34. Bombeiros combatendo incêndio na fase de queima livre na sala de um apartamento.

Fonte: Manual de Fundamentos de Corpo de Bombeiros Militar do Estado de São Paulo. 2ª Edição. v. 1, p. 12 (CBMSP, 2006).

Podemos perceber que nessa fase o calor faz com que todos os demais combustíveis
do local, não só o sofá, onde o fogo surgiu, comecem a pirolisar, ou seja, liberar
gases combustíveis. Esses gases, juntamente com os da combustão (vapor d’água,
CO 2, CO e outros) e a fumaça procuram sair do ambiente, subindo para o teto, por
serem menos densos do que o ar. Se tiver aberturas irão sair do ambiente. Se o
local for fechado, irão se concentrar, preenchendo todo o ambiente.

Nessa fase a concentração de oxigênio começa a diminuir, caso o ambiente seja


fechado. O calor vai aumentando à medida que as chamas vão crescendo.

O calor se espalha por todo o ambiente, no caso do nosso exemplo, por toda a
sala do apartamento. E dessa forma, todos os combustíveis começam a liberar
gases. Esses gases também se espalham por toda a sala e entram em contato com o
comburente. Como o calor já está alto, chega um momento em que as temperaturas
de ignição dos materiais são atingidas e a combustão começa a ocorrer em todos
os lugares da sala, não se concentrando apenas onde o fogo começou.

Esse fenômeno que ocorre nesse momento é conhecido como flashover.

Flashover

É a generalização do incêndio, momento em que o fogo começa a ocorrer


simultaneamente em todos os pontos do ambiente.

Dependendo da carga de incêndio, da capacidade de queima dos combustíveis e


da quantidade de calor, o flashover pode ocorrer em forma de explosão, sendo
um risco a mais, tanto para quem está combatendo quanto para as demais
pessoas na edificação.

63
UNIDADE II │ COMPORTAMENTO DO FOGO

Quando a concentração de oxigênio cai para níveis inferiores a 8% em ambiente


fechado ou quando já não há mais combustíveis para manter a combustão de
forma viva, com presença de chamas, termina a fase de queima livre e começa
a de queima lenta.

A fase de queima livre é caracterizada, portanto, pela presença de chamas


(combustão viva) e a de queima lenta pela presença de brasas (combustão lenta).

Analisando o mesmo exemplo citado, de incêndio iniciado em sofá na sala de um


apartamento, vejamos na figura abaixo como fica o ambiente após a ocorrência
do flashover.

Figura 35. Incêndio após a ocorrência do flashover na sala de um apartamento.

Fonte: Manual de Fundamentos de Corpo de Bombeiros Militar do Estado de São Paulo. 2ª Edição. v. 1, p. 13 (CBMSP, 2006).

Após o flashover, todos os combustíveis queimam de forma simultânea. Tanto o


combate quanto a evacuação se tornam mais difíceis, pois passa a haver presença de
calor, fumaça e gases tóxicos em todos os locais, até mesmo nos pontos mais baixos,
próximos ao piso. Esse é outro motivo de procurar combater o incêndio antes da
ocorrência desse fenômeno.

O flashover pode ser evitado, por exemplo, promovendo a abertura do local


e a ventilação tática. A abertura fará com que o calor e os gases combustíveis
saiam do ambiente e, com a ventilação, isso ocorre de forma mais rápida.

Queima lenta

É a etapa em que a combustão continua ocorrendo, porém sem a presença de


chamas, havendo apenas brasas, ou seja, apenas combustão lenta.

Ocorre em ambientes fechados quando a concentração de oxigênio é menor do


que 8% ou em ambiente aberto, mesmo com oxigênio acima de 8%, mas com

64
COMPORTAMENTO DO FOGO │ UNIDADE II

quantidade de combustível que não é mais capaz de alimentar a combustão viva e


sim apenas a combustão lenta.

As características dessa fase são: o fogo se reduz a brasas; o ambiente está muito
quente, pois já houve muita queima; se o local estiver fechado, o nível de oxigênio
está baixo (abaixo de 8%) e a fumaça, juntamente com os demais gases e o calor,
ocupa todo o ambiente.

Caso o local esteja fechado, as chamam podem ter sido extintas não por falta
de combustível e sim por não haver oxigênio suficiente para mantê-las. Pode
ainda haver, portanto, combustível capaz de causar queima. Esse combustível
pode até mesmo já estar pirolisado, em forma de gás. E já há presença também
de calor no local.

A combustão pode, portanto, voltar a acontecer a qualquer momento, bastando


para isso apenas que entre oxigênio no local.

Se essa entrada de oxigênio ocorrer de forma rápida e brusca, como, por


exemplo, se uma porta ou janela for aberta rapidamente ou arrombada, pode
ocorrer uma explosão. A explosão nessa circunstância é conhecida como
backdraft.

Backdraft

É o fenômeno de explosão em locais onde o incêndio se encontra na fase de queima


lenta, quando ocorre a entrada rápida de oxigênio. Também é chamada de explosão
da fumaça.

Esse termo vem do inglês. Não tem uma tradução literal, mas significa algo no
sentido de “retorno do fogo”.

O backdraft é muito perigoso, pode surpreender bombeiros, ocupantes e levar à


morte.

É muito importante, portanto, que as situações que podem causar o


backdraft, momentos pré-brackdraft, sejam identificadas antes da abertura
do local. Deve-se, por exemplo, verificar os sinais indicativos, como janelas
embaçadas, alta temperatura, que reflete em portas e paredes quentes
também pelo lado de fora, ar entrando rapidamente por frechas de portas e
janelas ou por baixo das portas, grande quantidade de fumaça no ambiente,
ausência de chamas etc.

65
UNIDADE II │ COMPORTAMENTO DO FOGO

Figura 36. Backdraft.

Fonte: http://bombeiroswaldo.blogspot.com/2012/10/comportamentos-extremos-do-fogo.htm. Acesso em: 21 out. 2019.

Carga de incêndio

É a soma de todos os materiais combustíveis presentes em um determinado local e


que alimentarão as chamas no caso de um incêndio. São levados em consideração a
mobília, a estrutura, como alvenaria, materiais de acabamentos, equipamentos, em
caso de indústrias etc.

É expressa em unidades de calor, MJ (Megajoule) por metro quadrado (MJ/ m²).

As normas do Corpo de Bombeiros de cada estado já informam a carga de incêndio


estimada para cada tipo de edificação, de acordo com a sua ocupação, como
demonstrado na tabela 4.

Tabela 4. Carga de incêndio típica de alguns tipos de edificações.

TIPO DE OCUPAÇÃO CARGA DE INCÊNDIO ESPECÍFICA (MJ/m2)


Biblioteca 2.250
Escola 410
Hospital 440
Residência 920
Escritório 670
Loja de ferramentas 600
Quarto de hotel 460
Fonte: Manual Básico de Combate a Incêndio. Módulo 1 – Comportamento do Fogo. 2ª Edição, p. 123 (CBMDF, 2013).

66
COMPORTAMENTO DO FOGO │ UNIDADE II

Percebemos que a carga de incêndio numa biblioteca é muito maior do que


numa escola. Isso é obvio, pois na biblioteca é muito maior a quantidade
de combustível (papel) por metro quadrado do que numa escola, onde há
praticamente carteiras de madeira.

Caso não se apliquem os valores estipulados nas normas do Corpo de Bombeiros,


é possível calcular a carga de incêndio de um ambiente através de uma fórmula,
que, de acordo com CBMDF (2013) é:

Onde:

qfi - é o valor da carga de incêndio específica, em megajoules por metro quadrado de


área de piso;

M i - é a massa total de cada componente “i” do material combustível, em


quilogramas. Este valor não pode ser excedido durante a vida útil da edificação,
exceto quando houver alteração de ocupação, ocasião em que “Mi” deve ser
reavaliado;

Hi - é o potencial calorífico específico de cada componente “i” do material


combustível, em megajoules por quilograma;

Af - é a área do piso do compartimento, em metros quadrados.

As edificações são classificadas quanto ao risco de incêndio e essa classificação


é baseada na carga de incêndio. Quanto maior a carga de incêndio, maiores são
as exigências dos corpos de bombeiros quanto às medidas de proteção contra
incêndio.

Tabela 5. Classificação das edificações quanto à carga de incêndio.

RISCO CARGA DE INCÊNDIO (MJ/m²)


Baixo Até 300
Médio De 300 a 1200
Alto Acima de 1200
Fonte: Manual Básico de Combate a Incêndio. Módulo 1 – Comportamento do Fogo. 2ª Edição, p.123 (CBMDF, 2013); ESTADO
DE SÃO PAULO (2018).

67
CAPÍTULO 2
Influência dos elementos construtivos
na propagação dos incêndios

Cada edificação, por mais que possa ser semelhante a outras, possui particularidades.
Suas características estruturais e seus elementos influenciarão diretamente no
comportamento do fogo, caso ocorra um incêndio. Os elementos podem influenciar
tanto separadamente quanto em conjunto.

Portanto, é de suma importância para a prevenção e para o combate, conhecer como


alguns fatores afetam o comportamento do fogo.

Exemplos desses fatores podem ser:

» a possibilidade de ventilação (quantidade e tamanho de portas e janelas,


por exemplo). Quanto maior a ventilação, maior a possibilidade de a
fumaça e gases inflamáveis se deslocarem pela edificação e o incêndio se
propagar;

» o volume do ambiente, que depende da altura, largura e comprimento


dos compartimentos. Quanto maior o volume, maior a quantidade de
fumaça acumulada;

» número de compartimentos da edificação e forma como ela está dividida.


Quanto mais compartimentado for o local, menor será a quantidade de
fumaça, pois ela tenderá a ficar restrita nos locais onde o fogo começou;

» as propriedades térmicas das paredes e demais estruturas, como portas,


lajes etc. Quanto mais resistente ao fogo for o material, menor será
a quantidade de calor irradiado para outros ambientes e menor será a
propagação do fogo;

» a quantidade, composição e localização de todos os combustíveis


presentes na edificação, ou seja, a carga de incêndio. Quanto maior a
carga de incêndio, mais combustão ocorrerá e, consequentemente, mais
fumaça e, assim, o incêndio também se propagará de forma mais rápida.

Todos esses fatores devem ser observados antes mesmo da construção da edificação.
Também são levados em consideração na elaboração do projeto de segurança contra

68
COMPORTAMENTO DO FOGO │ UNIDADE II

incêndio e pânico, que tem como finalidade cumprir as exigências previstas nas
normas e instruções técnicas do Corpo de Bombeiros.

Elementos construtivos que influenciam na


dinâmica dos incêndios em edificações
Os principais elementos construtivos que podem facilitar a propagação de incêndios
são:

Piso falso

Consiste na elevação do piso, deixando um espaço embaixo para a passagem de cabos


de transmissão de dados e de eletricidade.

Essa elevação geralmente é de 15 cm, mas pode ser maior.

Num incêndio, a fumaça e demais gases podem se movimentar pelos espaços


abertos no piso, podendo passar de um compartimento para outro. O piso falso
também gera risco de queda durante o combate ao fogo e na evacuação.

Figura 37. Demonstração de piso falso.

Fonte: https://www.yoingeniero.xyz/civil/sistema-piso-elevado/. Acesso em: 21 out. 2019.

Teto falso

Consiste no rebaixamento do forro, havendo um espaço entre essa estrutura e o teto.


Esse espaço é utilizado para acondicionamento de materiais.

69
UNIDADE II │ COMPORTAMENTO DO FOGO

O risco de a fumaça e demais gases do incêndio entrarem nesses compartimentos


é alto, devido ao fato de serem menos densos do que ar.

Nesses espaços geralmente a carga de incêndio é alta, pois geralmente os suportes


do forro são de madeira. E os próprios forros são combustíveis. Os mais comuns
são: de madeira, de poliuretano, de PVC e de gesso. Por tais motivos, tetos falsos
merecem muito cuidado nos incêndios.

Figura 38. Demonstração de teto falso.

Fonte: http://www.soffap-oran.com/menuiserie-aluminium-faux-plafond-/. Acesso em: 21 out. 2019.

Nessa figura pode-se perceber que há um teto falso. Há um espaço entre o forro e
a laje.

Dutos

Dutos são aberturas verticais que atravessam os pavimentos numa edificação.


Exemplos são espaços destinados para a passagem de instalações elétricas ou
hidráulicas ou uma escada ou fosso de elevador.

Os dutos promovem uma rápida propagação do incêndio por convecção, pois


permitem que a fumaça, os gases dos combustíveis e o ar quente se movimentem
com facilidade para os pavimentos superiores.

70
COMPORTAMENTO DO FOGO │ UNIDADE II

Figura 39. Demonstração de dutos.

Fonte: https://www.inspenge.com.br/search/label/elevadores. Acesso em: 21 out. 2019.

71
SISTEMAS DE PROTEÇÃO
CONTRA INCÊNDIO E UNIDADE III
PÂNICO – PARTE I

CAPÍTULO 1
Base legal da segurança contra
incêndio e pânico

Principais sistemas de segurança contra


incêndio e pânico em edificações e áreas de
riscos
Cada estado possui sua legislação sobre proteção contra incêndio e pânico, tendo
suas normas elaboradas pelo seu corpo de bombeiros. Ao projetar uma edificação ou
adequá-la, devem-se cumprir as exigências dessas normas.

O estado de São Paulo foi o primeiro a criar leis e normas técnicas dessa espécie.
E ainda hoje é referência para os demais estados por estar à frente em estudos e
pesquisas sobre o assunto. Por isso, neste material usaremos como exemplos as
normas técnicas do corpo de bombeiros militar deste estado.

Os profissionais da área de segurança do trabalho devem verificar as normas do


seu estado. E na falta de uma que contemple determinado assunto, pode-se seguir
as da ABNT, as de São Paulo ou até mesmo de outros países, como normas da
associação americana NFPA (National Fire Protection Association).

No estado de São Paulo a legislação de proteção contra incêndio foi criada no ano
de 1983, com a elaboração do decreto n o 20.811. Tal decreto trouxe exigências
sobre saídas de emergências, iluminação de emergência, chuveiros automáticos,
alarme e detecção de incêndio etc. A lei sofreu três atualizações e atualmente
está em vigor o decreto n o 63.911, de 10 de dezembro de 2018, que instituiu o
Regulamento de Segurança contra Incêndios das edificações e áreas de risco no

72
SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE I │ UNIDADE III

Estado de São Paulo. O corpo de bombeiros militar do estado do estado possuía


38 normas técnicas (NT) e o decreto 63.911 as ampliou para 45.

O objetivo da segurança contra incêndio é a proteção à vida, em primeiro lugar, e a


preservação do patrimônio. Busca-se evitar o incêndio e, caso ocorra, procura-se
confiná-lo no local onde se iniciou, diminuindo as chances que se propague para
outros compartimentos ou até para outros edifícios.

O artigo 19, do Regulamento de Segurança contra Incêndios das edificações e


áreas de risco no Estado de São Paulo, estabelece que para a determinação das
medidas de segurança contra incêndio em edificações e áreas de risco, são levados
em conta os seguintes critérios:

Artigo 19 - Para efeito de determinação das medidas de segurança


contra incêndio em edificações e áreas de risco, deverão ser levados em
consideração:

I - a ocupação ou uso;

II - a altura;

III - a carga de incêndio;

IV - a área construída;

V - a capacidade de lotação;

VI - os riscos especiais (ESTADO DE SÃO PAULO, 2018).

E o artigo 20 estabelece quais são as medidas de segurança adotadas nas edificações


e áreas de risco. São elas:

Artigo 20 - Constituem medidas de segurança contra incêndio das


edificações e áreas de risco:

I - acesso de viatura às edificações e áreas de risco;

II - separação entre edificações (isolamento de risco);

III - segurança estrutural contra incêndio (resistência ao fogo dos


elementos de construção);

IV - compartimentação;

V - controle de materiais de acabamento e de revestimento;

VI - saídas de emergência;

73
UNIDADE III │ SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE I

VII - elevador de emergência;

VIII - controle de fumaça;

IX - gerenciamento de risco de incêndio, incluindo o plano de


emergência;

X - brigada de incêndio;

XI - bombeiro civil;

XII - iluminação de emergência;

XIII - detecção automática de incêndio;

XIV - alarme de incêndio;

XV - sinalização de emergência;

XVI - extintores;

XVII - hidrantes e mangotinhos;

XVIII - chuveiros automáticos;

XIX - sistema de resfriamento;

XX - sistema de espuma;

XXI - sistema fixo de agentes limpos e dióxido de carbono (CO2);

XXII - Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA);

XXIII - controle de fontes de ignição (sistema elétrico, soldas, chamas,


aquecedores etc.) (ESTADO DE SÃO PAULO, 2018).

O parágrafo primeiro do artigo 20 do mesmo regulamento diz que para a execução


e implantação das medidas de segurança contra incêndio deverão ser atendidas as
respectivas Instruções Técnicas, que foram elaboradas pelo Corpo de Bombeiros
Militar do Estado de São Paulo (CBMSP) (SÃO PAULO, 2018).

Recomenda-se a leitura do decreto n o 63.911, de 10 de dezembro de


2018, que instituiu o Regulamento de Segurança contra Incêndios
das edificações e áreas de risco no Estado de São Paulo, disponível no
site: https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/2018/
decreto-63911-10.12.2018.html.

74
SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE I │ UNIDADE III

Atualmente, o CBMSP possui 45 IT (Instruções Técnicas). São elas:

1. Procedimentos Administrativos.

2. Conceitos básicos de segurança contra incêndio.

3. Terminologia de segurança contra incêndio.

4. Símbolos gráficos para projeto de segurança contra incêndio.

5. Segurança contra incêndio – urbanística.

6. Acesso de viatura na edificação e áreas de risco.

7. Separação entre edificações (isolamento de risco).

8. Segurança estrutural contra incêndio.

9. Compartimentação horizontal e compartimentação vertical.

10. Controle de materiais de acabamento e de revestimento.

11. Saídas de emergência.

12. Centros esportivos e de exibição – requisitos de segurança contra


incêndio.

13. Pressurização de escada de segurança.

14. Carga de incêndio nas edificações e áreas de risco.

15. Controle de fumaça (partes 1 a 8).

16. Plano de Emergência.

17. Brigada de incêndio – Parte 1 – Brigada de incêndio.

18. Iluminação de emergência.

19. Sistema de detecção e alarme de incêndio.

20. Sinalização de emergência.

21. Sistema de proteção por extintores de incêndio.

22. Sistemas de hidrantes e de mangotinhos para combate a incêndio.

23. Sistemas de chuveiros automáticos.

75
UNIDADE III │ SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE I

24. Sistema de chuveiros automáticos para áreas de depósito.

25. Líquidos combustíveis e inflamáveis.

26. Sistema fixo de gases para combate a incêndio.

27. Armazenamento em silos.

28. Manipulação, armazenamento, comercialização e utilização de gás


liquefeito de petróleo (GLP).

29. Comercialização, distribuição e utilização de gás natural.

30. Fogos de artifício.

31. Segurança contra incêndio para heliponto e heliporto.

32. Produtos perigosos em edificações e áreas de risco.

33. Cobertura de sapé, piaçava e similares.

34. Hidrante Urbano.

35. Túnel rodoviário.

36. Pátio de contêineres.

37. Subestação elétrica.

38. Segurança contra incêndio em cozinha profissional.

39. Estabelecimentos destinados à restrição de liberdade.

40. Edificações históricas, museus e instituições culturais com acervos


museológicos.

41. Inspeção visual em instalações elétricas de baixa tensão.

42. Projeto Técnico Simplificado (PTS).

43. Adaptação às normas de segurança contra incêndio – edificações


existentes.

44. Proteção ao meio ambiente.

45. Segurança contra incêndio para sistemas de transporte sobre trilhos


(CBMSP, 2019).

76
SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE I │ UNIDADE III

Obviamente, nem toda edificação precisa ter todas as medidas. A exigência ou não
de cada uma é baseada nos critérios descritos no artigo 19.

A legislação atribui ao corpo de bombeiros a responsabilidade de gerir tudo


referente à proteção contra incêndios. Ao contrário do que muita gente pensa,
atua em todas as etapas, não apenas no combate, mas também, e principalmente,
na prevenção.

O corpo de bombeiros militar tem o poder de determinar as exigências


necessárias nas edificações e áreas de riscos e também de exigir que sejam
cumpridas, fazendo valer a lei. Portando, para que uma edificação seja liberada
para uso é necessário ter a aprovação do bombeiro.

Recomenda-se a leitura das instruções técnicas do Corpo de Bombeiros Militar


do Estado de São Paulo, disponíveis no site: http://www.corpodebombeiros.
sp.gov.br.

Tipos de projetos de segurança contra incêndio e


pânico

As exigências do corpo de bombeiros variam de acordo com a edificação, baseados


nos critérios do artigo 19 do Regulamento de Segurança contra Incêndios do
estado de São Paulo. Existem três modalidades quanto a projeto de segurança
contra incêndio e pânico: o projeto técnico simplificado (PTS), o projeto técnico
(PT) e o projeto para áreas de eventos temporários.

Projeto Técnico Simplificado (PTS)

Exigido para edificações menores, com área construída menor ou igual a 750 m²
e/ou para aquelas onde os riscos de incêndio e quantidade de ocupantes também
são menores.

Além de todas as edificações com área construída menor ou igual a 750 m², também
se aplica, por exemplo, para as:

» que possuem lotação menor do 250 pessoas, quando for destinada para
reunião de público;

» que possuem armazenamento menor do que 12.480 Kg, o que equivale


a 960 botijões de 13 kg, quando se tratar de comércio de GLP;

77
UNIDADE III │ SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE I

» que contêm, no máximo, 20 m³ de líquidos inflamáveis ou combustíveis


em tanques aéreos ou fracionados, quando se tratar de armazenamento
de líquidos inflamáveis ou combustíveis;

» que contêm, no máximo, 10 m³ de gases inflamáveis em tanques ou


cilindros, quando se tratar de armazenamento de gases inflamáveis;

» que não contêm produtos perigosos à saúde e ao meio ambiente, como


explosivos, substâncias tóxicas, corrosivas, radioativas etc.

Nestes casos, o corpo de bombeiros exige a implementação dos sistemas de


segurança contra incêndio e pânico, porém, não há necessidade de um engenheiro
ou arquiteto como responsável técnico.

Por exemplo, uma pessoa pretende abrir uma loja com área menor ou igual a 750
m². Para que o comércio possa funcionar é necessário que tenha o alvará emitido
pelo corpo de bombeiros. Um bombeiro vai até o local e informa o proprietário
do que precisa ser instalado, por exemplos, extintores de incêndio, sinalização de
emergência, iluminação de emergência, saídas de emergências, dentre outras. É
dado um prazo para a instalação. Após o vencimento do prazo, o bombeiro retorna
ao local e verifica se foram cumpridas as exigências das instruções técnicas. Estando
tudo em conformidade nesta vistoria, é liberada a licença, denominada AVCB (Auto
de vistoria do corpo de bombeiros).

Nestes casos, geralmente, são exigidas apenas as quatro medidas básicas de


proteção contra incêndios, que são: extintores de incêndio, sinalização de
emergência, iluminação de emergência e saídas de emergências.

Projeto Técnico (PT)

Exigido para edificações maiores, com área construída maior do que 750 m² ou
com altura acima de 3 pavimentos, com exceção para as que se enquadram nas
regras para PTS e para aquelas onde é maior o risco de incêndio ou explosão,
como, por exemplo, as que armazenam explosivos.

» Neste caso, há necessidade de um engenheiro ou arquiteto como


responsável técnico.

» Este profissional elabora o projeto e o apresenta para o corpo de


bombeiros, juntamente com a planta baixa, antes do início da obra.
Uma equipe de bombeiros realiza a análise do projeto, que estando em
conformidade, é aprovado e a obra pode ser iniciada.
78
SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE I │ UNIDADE III

Após a conclusão da obra, uma equipe de bombeiros vai até o local e realiza uma
vistoria. Verificando conformidade em todos os sistemas, baseados nas instruções
técnicas e no que foi exigido no projeto, é liberado o AVCB.

Nestes casos, além das quatro medidas básicas, é comum que sejam exigidas outras
mais complexas, como hidrantes de paredes, chuveiros automáticos, sistema de
detecção automática de incêndio, central de GLP etc.

Projeto para áreas de eventos temporários

Da mesma forma que no PTS, ocorre uma vistoria do corpo de bombeiros no


local e são informadas quais medidas devem ser adotadas. Após o vencimento do
prazo, os bombeiros retornam para uma nova vistoria. Estando em conformidade,
é liberado o AVCB.

Neste caso também não há necessidade de um engenheiro ou arquiteto para


o projeto. No entanto, o bombeiro pode exigir anotações de responsabilidade
técnica (ART) em determinadas situações, como, por exemplo, ART de um
engenheiro para a montagem de arquibancadas ou de equipamentos de diversão,
de um engenheiro eletricista para sistemas e/ou dispositivos elétricos etc.

79
CAPÍTULO 2
Sistemas de segurança contra incêndio
exigidos em cada tipo de edificação

Como já dito, a proteção contra incêndio no Brasil é estadualizada. Embora


exista legislação federal, como a Norma Regulamentadora NR – 23, do extinto
Ministério do Trabalho e Emprego, hoje Ministério da Economia, cada estado
criou sua legislação sobre o tema. E neste trabalho estamos adotando a legislação
do estado de São Paulo.

Neste estado, atualmente, está em vigor o decreto n o 63.911, de 10 de dezembro


de 2018, que institui o “Regulamento de Segurança contra Incêndios das
edificações e áreas de risco no Estado de São Paulo e dá providências correlatas”
(ESTADO DE SÃO PAULO, 2018).

De acordo com esse regulamento, veremos como ocorre a classificação das


edificações e quais as medidas exigidas em cada tipo.

As edificações são classificadas primeiramente quanto ao tipo de ocupação e uso,


conforme quadro abaixo.

Quadro 4. Classificação das edificações e áreas de risco quanto à ocupação/uso.

GRUPO OCUPAÇÃO/USO DIVISÃO DESCRIÇÃO EXEMPLOS


Casas térreas ou assobradadas (isoladas e não isoladas) e
A-1 Habitação unifamiliar
condomínios horizontais

A Residencial A-2 Habitação unifamiliar Edifícios de apartamento em geral

Pensionatos, internatos, alojamentos, mosteiros, conventos.


A-3 Habitação coletiva
Capacidade máxima de 16 leitos

Hotéis, motéis, pensões, hospedarias, pousadas, albergues,


B-1 Hotel e assemelhado
casas de cômodos, divisão A-3 com mais de 16 leitos
Serviço de
B
hospedagem Hotéis e assemelhados com cozinha própria nos
B-2 Hotel residencial apartamentos (incluem-se apart-hotéis, flats, hotéis
residenciais)

Comércio com baixa


C-1 Artigos de metal, louças, artigos hospitalares e outros
carga de incêndio

Edifícios de lojas de departamentos, magazines, armarinhos,


C Comercial Comércio com média e
C-2 galerias comerciais, supermercados em geral, mercados e
alta carga de incêndio
outros

C-3 Shopping center Shopping center

80
SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE I │ UNIDADE III

GRUPO OCUPAÇÃO/USO DIVISÃO DESCRIÇÃO EXEMPLOS


Local para prestação de Escritórios administrativos ou técnicos, instituições financeiras
D-1 serviço profissional ou (que não estejam incluídas em D-2), cabeleireiros, centros
condução de negócio profissionais e assemelhados
D-2 Agência bancária Agências bancárias e assemelhados
D Serviço profissional Serviço de reparação Lavanderias, assistência técnica, reparação e manutenção de
D-3 (exceto os classificados aparelhos eletrodomésticos, chaveiros, pintura de letreiros e
em G-4) outros
Laboratórios de análises clínicas sem internação, laboratórios
D-4 Laboratório
químicos, fotográficos e assemelhados
Local onde há objeto de Museus, centro de documentos históricos, galerias de arte,
F-1
valor inestimável bibliotecas e assemelhado
Igrejas, capelas, sinagogas, mesquitas, templos, cemitérios,
F-2 Local religioso e velório
crematórios, necrotérios, salas de funerais e assemelhados
Arenas em geral, estádios, ginásios, piscinas, rodeios,
Centro esportivo e de
F-3 autódromos, sambódromos, pista de patinação e
exibição
assemelhados. Todos com arquibancadas
Estações rodoferroviárias e marítimas, portos, metrô,
Estação e terminal de
F-4 aeroportos, heliponto, estações de transbordo em geral e
passageiro
assemelhados
Local de Reunião de Teatros em geral, cinemas, óperas, auditórios de estúdios de
F F-5 Arte cênica e auditório
Público rádio e televisão, auditórios em geral e assemelhados
Clube social e Salão de Salões de festa (buffet), restaurantes dançantes, clubes
F-6
Festa sociais, bingo, bilhares, tiro ao alvo, boliche e assemelhados
Circos, parques de diversão, feiras de exposição, feiras
F-7 Instalação temporária
agropecuárias, rodeios, shows artísticos e assemelhados
Restaurantes, lanchonetes, bares, cafés, refeitórios, cantinas e
F-8 Local para refeição
assemelhados
F-9 Recreação pública Jardim zoológico, parques recreativos e assemelhados
Exposição de objetos ou Salões e salas para exposição de objetos ou animais.
F-10
animais Edificações permanentes
F-11 Boate Casas noturnas, danceterias, discotecas e assemelhados
Hospital veterinário e Hospitais, clínicas e consultórios veterinários e assemelhados
H-1
assemelhados (inclui-se alojamento com ou sem adestramento)
Local onde pessoas
Asilos, orfanatos, abrigos geriátricos, hospitais psiquiátricos,
requerem cuidados
H-2 reformatórios, tratamento de dependentes de drogas, álcool e
especiais por limitações
assemelhados. Todos sem celas.
físicas ou mentais
Hospitais, casa de saúde, prontos-socorros, clínicas com
Serviço de saúde e internação, ambulatórios e postos de atendimento de
H H-3 Hospital e assemelhado
institucional urgência, postos de saúde e puericultura e assemelhados
com internação
Repartição pública,
Edificações dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário,
H-4 edificações das forças
tribunais, cartórios, quartéis
armadas e policiais
Local onde a liberdade Hospitais psiquiátricos, manicômios, reformatórios, prisões
H-5 das pessoas sofre em geral (casa de detenção, penitenciárias, presídios) e
restrições instituições assemelhadas. Todos com celas
Atividades industriais fabricantes de aço, artigos de
Indústria com carga de
metal, gesso, esculturas de pedra, ferramentas, joias,
I-1 incêndio até 300 MJ/
relógios, sabão, serralheria, suco de frutas, louças, vidro e
m2
assemelhados
Indústria com carga
Atividades industriais fabricantes de bebidas destiladas,
I Indústria de incêndio acima de
I-2 instrumentos musicais, móveis, alimentos, marcenarias,
300 MJ/ m2 até 1200
fábricas de caixas e assemelhados
MJ/ m2
Indústria com carga Atividades industriais fabricantes de inflamáveis, materiais
I-3 de incêndio superior a oxidantes, ceras, espuma sintética, grãos, tintas, borracha,
1200 MJ/ m² processamento de lixo e assemelhados

81
UNIDADE III │ SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE I

GRUPO OCUPAÇÃO/USO DIVISÃO DESCRIÇÃO EXEMPLOS


Edificações sem processo industrial que armazenam
Depósito de material
J-1 tijolos, pedras, areias, cimentos, metais e outros materiais
incombustível
incombustíveis. Todos sem embalagem
Depósito com carga
Edificações onde os materiais armazenados apresentam
J-2 de incêndio até 300
baixa carga de incêndio
MJ/ m²
J Depósito Depósito com carga
de incêndio acima de Edificações onde os materiais armazenados apresentam
J-3
300 MJ/m2 até 1.200 média carga de incêndio
MJ/ m²
Depósito com carga Edificações onde os materiais armazenados apresentam
J-4 de incêndio superior a alta carga de incêndio ou materiais recicláveis, combustíveis
1.200 MJ/ m² diversos
Fonte: ESTADO DE SÃO PAULO (2018).

Nota: Nesse quadro não foram colocados todos os tipos de edificação, de acordo
com o decreto, e sim apenas alguns, a título de exemplificação.

Após identificarmos o tipo da edificação partimos para a análise baseada em sua


área construída.

Aí verificaremos se há necessidade do projeto técnico simplificado (PTS) ou do


projeto técnico (PT), bem como quais são os sistemas de proteção exigidos pelo
corpo de bombeiros.

Caso a edificação possua área construída menor ou igual a 750 m² e altura


inferior ou igual a 12 m, os sistemas de proteção exigidos estão elencados no
quadro abaixo.

Quadro 5. Sistemas de proteção exigidos para edificações com área construída menor ou igual a 750 m² e altura

inferior ou igual a 12 m.

MEDIDAS DE DIVISÃO
SEGURANÇA A B C D I J F1,F2,F3,F4,F5,F6,F7,F8 E F10 F9 F11 H1,H4 e H6 H2,H3 e H5
CONTRA INCÊNDIO
Controle de – X – – – – X5 – X5 – X
Materiais de
Acabamento
Saídas de X X X X X X X X X X X
Emergência
Iluminação de X¹ X² X¹ X¹ X¹ X¹ X3 X3 X3 X¹ X¹
Emergência
Sinalização de X X X X X X X X X X X
Emergência
Extintores X X X X X X X X X X X
Brigada de – – – – – – X 4
X 4
X 4
– X
Incêndio
Fonte: Estado de São Paulo (2018).

82
SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE I │ UNIDADE III

Notas:

Quando assinalado com “x” há necessidade de implantação do sistema de proteção.

1. Somente para as edificações com mais de dois pavimentos.

2. Estão isentos os motéis que não possuam corredores internos de


serviços.

3. Para edificação com lotação superior a 50 pessoas ou edificações com


mais de dois pavimentos.

4. Exigido para lotação superior a 250 pessoas. Inclui Bombeiro Civil,


quando exigido pela Parte 2 da IT-17.

5. Somente para lotação superior a 250 pessoas, conforme IT-10.

Percebemos que os quatro sistemas que compõem as medidas básicas (extintores


de incêndio, sinalização de emergência, iluminação de emergência e saídas de
emergências) são exigidos em todos os tipos de edificação com área construída
menor ou igual a 750m². Já outros, como brigada de incêndio e controle de
material de acabamentos, são exigidos apenas em alguns tipos, como do grupo
F (Local de Reunião de Público) e do grupo H (Serviço de saúde e institucional).

Caso a edificação possua área construída maior do que 750 m² ou altura superior a
12 m, as exigências são maiores.

Os quadros de número 6 a 10 exemplificam as exigências para estas edificações,


cada um correspondendo a um grupo de ocupação e uso diferente.

Quadro 6. Sistemas de proteção exigidos para edificações do grupo A (residencial), com área construída maior

do que 750 m² ou altura superior a 12 m.


GRUPO DE OCUPAÇÃO E USO: GRUPO A - RESIDENCIAL
MEDIDAS DE SEGURANÇA DIVISÃO: A-1 (Condomínios horizontais), A-2, A-3
CONTRA INCÊNDIO Classificação quanto à altura (em metros)
Térrea H≤6 6<H≤12 12<H≤23 23<H≤30 Acima de 30
Acesso de Viatura na Edificação X X X X X X
Segurança Estrutural contra Incêndio X X X X X X
Compartimentação Horizontal ou de Áreas X4 X4 X4 X4 X4 X4
Compartimentação Vertical – – – X² X² X²
Controle de Materiais de Acabamento – – – X X X
Saídas de Emergência X X X X X X¹
Brigada de Incêndio X X X X X X
Iluminação de Emergência X X X X X X
Alarme de Incêndio X3 X3 X3 X3 X3 X
Sinalização de Emergência X X X X X X
Extintores X X X X X X
Hidrantes e Mangotinhos X X X X X X
Fonte: Estado de São Paulo (2018).

83
UNIDADE III │ SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE I

Notas:

1. Deve haver elevador de emergência para altura maior que 80 m.

2. Pode ser substituída por sistema de controle de fumaça somente nos


átrios.

3. O sistema de alarme pode ser setorizado na central junto à portaria, desde


que tenha vigilância 24 horas.

4. Devem ser atendidas somente as regras específicas de compartimentação


entre unidades autônomas.

Notas gerais:

Nestes casos percebemos que as exigências variam de acordo com altura da edificação.

Podemos notar que, além das medidas de proteção consideradas básicas, outras
mais complexas como hidrantes e alarmes de incêndio também são exigidas. Essa é a
explicação da necessidade de projeto técnico, elaborado por engenheiro ou arquiteto,
nessas edificações.

Quadro 7. Sistemas de proteção exigidos para edificações do grupo B (serviços de hospedagem), com área

construída maior do que 750 m² ou altura superior a 12 m.

GRUPO DE OCUPAÇÃO E USO: GRUPO B - SERVIÇO DE HOSPEDAGEM


MEDIDAS DE SEGURANÇA CONTRA DIVISÃO: B-1 e B-2
INCÊNDIO Classificação quanto à altura (em metros)
Térrea H≤6 6<H≤12 12<H≤23 23<H≤30 Acima de 30
Acesso de Viatura na Edificação X X X X X X
Segurança Estrutural contra Incêndio X X X X X X
Compartimentação Horizontal ou de Áreas 9
X¹¹ X¹ X¹ X² X² X
Compartimentação Vertical – – – X 3
X 3
X7
Controle de Materiais de Acabamento X X X X X X
Saídas de Emergência X X X X X X8
Brigada de Incêndio10 X X X X X X
Iluminação de Emergência X 4
X 4
X X X X
Alarme de Incêndio X 6
X 6
X 6
X 6
X 6
X6
Sinalização de Emergência X X X X X X
Extintores X X X X X X
Hidrantes e Mangotinhos X X X X X X
Detecção de incêndio – X 4;5
X 5
X X X
Chuveiros Automáticos – – – – X X
Fonte: Estado de São Paulo (2018).

84
SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE I │ UNIDADE III

Notas:

1. Pode ser substituída por sistema de chuveiros automáticos.

2. Pode ser substituída por sistema de detecção de incêndio e chuveiros


automáticos.

3. Pode ser substituída por sistema de controle de fumaça, detecção de


incêndio e chuveiros automáticos, exceto para as compartimentações
das fachadas e selagens dos shafts e dutos de instalações.

4. Estão isentos os motéis que não possuam corredores internos de serviço.

5. Os detectores de incêndio devem ser instalados em todos os quartos.

6. Os acionadores manuais devem ser instalados nas áreas de circulação.

7. Pode ser substituída por sistema de controle de fumaça, detecção de


incêndio e chuveiros automáticos, até 90 metros de altura, exceto para
as compartimentações das fachadas e selagens dos shafts e dutos de
instalações, sendo que para altura superior deve-se, adicionalmente,
adotar as soluções contidas na IT-09.

8. Deve haver elevador de emergência para altura acima de 60 m.

9. A área máxima de compartimentação deve abranger as áreas dos


pavimentos e mezaninos interligados sem compartimentação.

10. Inclui Bombeiro Civil, quando exigido pela Parte 2 da IT-17.

11. Devem ser atendidas somente as regras específicas de


compartimentação entre unidades autônomas.

Podemos notar que as exigências são um pouco maiores para o grupo B,


em comparação com o grupo A.

Vejamos as mesmas exigências para outros grupos.

85
UNIDADE III │ SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE I

Quadro 8. Sistemas de proteção exigidos para edificações do grupo C (comércio), com área construída maior

do que 750 m² ou altura superior a 12 m.

GRUPO DE OCUPAÇÃO E USO: GRUPO C - COMÉRCIO


MEDIDAS DE SEGURANÇA CONTRA DIVISÃO: C-1, C-2 e C-3
INCÊNDIO Classificação quanto à altura (em metros)
Térrea H≤6 6<H≤12 12<H≤23 23<H≤30 Acima de 30
Acesso de Viatura na Edificação X X X X X X
Segurança Estrutural contra Incêndio X X X X X X
Compartimentação Horizontal ou de Áreas9 X¹ X¹ X² X² X² X²
Compartimentação Vertical – – – X 6;7
X 3
X8
Controle de Materiais de Acabamento X X X X X X
Saídas de Emergência X X X X X X5
Brigada de Incêndio10 X X X X X X
Iluminação de Emergência X X X X X X
Alarme de Incêndio X X X X X X
Sinalização de Emergência X X X X X X
Extintores X X X X X X
Hidrantes e Mangotinhos X X X X X X
Detecção de incêndio X4 X4 X4 X X X
Chuveiros automáticos – – – – X X
Fonte: Estado de São Paulo (2018).

Notas:

1. Pode ser substituído por sistema de chuveiros automáticos.

2. Pode ser substituída por sistema de detecção de incêndio e chuveiros


automáticos.

3. Pode ser substituída por sistema de controle de fumaça, detecção de


incêndio e chuveiros automáticos, exceto para as compartimentações
das fachadas e selagens dos shafts e dutos de instalações.

4. Somente para as áreas de depósitos superiores a 750 m², ou para as


edificações com áreas superiores a 3.000 m².

5. Deve haver elevador de emergência para altura maior que 60 m.

6. Pode ser substituída por sistema de detecção de incêndio e chuveiros


automáticos, exceto para as compartimentações das fachadas e
selagens dos shafts e dutos de instalações.

7. Deve haver controle de fumaça nos átrios, podendo ser dimensionados


como sendo padronizados conforme IT-15.

86
SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE I │ UNIDADE III

8. Pode ser substituída por sistema de controle de fumaça, detecção de


incêndio e chuveiros automáticos, até 90 metros de altura, exceto para
as compartimentações das fachadas e selagens dos shafts e dutos de
instalações, sendo que para altura superior deve-se, adicionalmente,
adotar as soluções contidas na IT-09.

9. A área máxima de compartimentação deve abranger as áreas dos


pavimentos e mezaninos interligados sem compartimentação.

10. Inclui Bombeiro Civil, quando exigido pela Parte 2 da IT-17.

Podemos notar que as exigências são maiores para o grupo C,


comparando-se com os grupos A e B.

Para indústrias as exigências são maiores ainda, como demonstram os quadros


de número 9 a 11. Para edificações para essa finalidade, há distinção dos sistemas
de proteção contra incêndio e pânico baseada também na carga de incêndio,
onde a edificação pode ser de risco leve, médio ou alto, conforme a tabela 5.

Vejamos as exigências para indústrias.

Quadro 9. Sistemas de proteção exigidos para edificações do grupo I (indústria), subdivisão I-1 (risco baixo), com

área construída maior do que 750 m² ou altura superior a 12 m.

GRUPO DE OCUPAÇÃO E USO: GRUPO I – INDUSTRIAL


DIVISÃO: I-1 (RISCO BAIXO)
MEDIDAS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO
Classificação quanto à altura (em metros)
Térrea H≤6 6<H≤12 12<H≤23 23<H≤30 Acima de 30
Acesso de Viatura na Edificação X X X X X X
Segurança Estrutural contra Incêndio X X X X X X
Compartimentação Horizontal ou de Áreas3 – X¹ X¹ X¹ X¹ X¹
Compartimentação Vertical – – – X X X
Controle de Materiais de Acabamento X X X X X X
Saídas de Emergência X X X X X X²
Brigada de Incêndio 4
X X X X X X
Iluminação de Emergência X X X X X X
Alarme de Incêndio X X X X X X
Sinalização de Emergência X X X X X X
Extintores X X X X X X
Hidrantes e Mangotinhos X X X X X X
Detecção de incêndio – – – X X X
Chuveiros automáticos – – – – – X
Fonte: Estado de São Paulo (2018).

87
UNIDADE III │ SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE I

Notas:

1. Pode ser substituída por sistema de chuveiros automático.

2. Deve haver elevador de emergência para altura maior que 60 m.

3. A área máxima de compartimentação deve abranger as áreas dos


pavimentos e mezaninos interligados sem compartimentação.

4. Inclui Bombeiro Civil, quando exigido pela Parte 2 da IT-17.

Quadro 10. Sistemas de proteção exigidos para edificações do grupo I (indústria), subdivisão I-2 (risco médio),

com área construída maior do que 750 m² ou altura superior a 12 m.

GRUPO DE OCUPAÇÃO E USO: GRUPO I – INDUSTRIAL


DIVISÃO: I-2 (RISCO MÉDIO)
MEDIDAS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO
Classificação quanto à altura (em metros)
Térrea H≤6 6<H≤12 12<H≤23 23<H≤30 Acima de 30
Acesso de Viatura na Edificação X X X X X X
Segurança Estrutural contra Incêndio X X X X X X
Compartimentação Horizontal ou de Áreas3
– X¹ X¹ X¹ X¹ X¹
Compartimentação Vertical – – – X X X
Controle de Materiais de Acabamento X X X X X X
Saídas de Emergência X X X X X X²
Brigada de Incêndio4 X X X X X X
Iluminação de Emergência X X X X X X
Alarme de Incêndio X X X X X X
Sinalização de Emergência X X X X X X
Extintores X X X X X X
Hidrantes e Mangotinhos X X X X X X
Detecção de incêndio – – – X X X
Chuveiros automáticos – – – – X X
Fonte: Estado de São Paulo (2018).

Notas:

1. Pode ser substituída por sistema de chuveiros automático.

2. Deve haver elevador de emergência para altura maior que 60 m.

3. A área máxima de compartimentação deve abranger as áreas dos


pavimentos e mezaninos interligados sem compartimentação.

4. Inclui Bombeiro Civil, quando exigido pela Parte 2 da IT-17.

88
SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE I │ UNIDADE III

Quadro 11. Sistemas de proteção exigidos para edificações do grupo I (indústria), subdivisão I-3 (risco alto), com

área construída maior do que 750 m² ou altura superior a 12 m.

GRUPO DE OCUPAÇÃO E USO: GRUPO I – INDUSTRIAL


DIVISÃO: I-3 (Risco Alto)
MEDIDAS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO
Classificação quanto à altura (em metros)
Térrea H≤6 6<H≤12 12<H≤23 23<H≤30 Acima de 30
Acesso de Viatura na Edificação X X X X X X
Segurança Estrutural contra Incêndio X X X X X X
Compartimentação Horizontal ou de Áreas4 X¹ X¹ X¹ X¹ X X
Compartimentação Vertical – – – X³ X³ X
Controle de Materiais de Acabamento X X X X X X
Saídas de Emergência X X X X X X²
Brigada de Incêndio 5
X X X X X X
Iluminação de Emergência X X X X X X
Alarme de Incêndio X X X X X X
Sinalização de Emergência X X X X X X
Extintores X X X X X X
Hidrantes e Mangotinhos X X X X X X
Detecção de incêndio – – – X X X
Chuveiros automáticos – – – X X X
Fonte: Estado de São Paulo (2018).

Notas:

1. Pode ser substituída por sistema de chuveiros automáticos.

2. Deve haver elevador de emergência para altura maior que 60 m.

3. Pode ser substituída por sistema de controle de fumaça, detecção de


incêndio e chuveiros automáticos, exceto para as compartimentações
das fachadas e selagens dos shafts e dutos de instalações.

4. A área máxima de compartimentação deve abranger as áreas dos


pavimentos e mezaninos interligados sem compartimentação.

5. Inclui Bombeiro Civil, quando exigido pela Parte 2 da IT-17.

Quanto maior a carga de incêndio e, consequentemente, maior o risco de


incêndio, maior é a exigência das medidas de segurança.

Comparando os quadros 9, 10 e 11, quanto ao item chuveiros automáticos,


por exemplo, podemos perceber que quando o risco é baixo, este sistema é
exigido apenas para edificações com altura acima de 30 m, quando o risco é
médio para edificações acima de 23 m e quando é alto para edificações acima
de 12 m.

89
SISTEMAS DE PROTEÇÃO
CONTRA INCÊNDIO E UNIDADE IV
PÂNICO – PARTE II

CAPÍTULO 1
Extintores de incêndio e saídas de
emergência

Extintores de incêndio

São as medidas de proteção comumente mais utilizadas nas edificações, devido


à sua facilidade de instalação em comparação com as demais e à necessidade
de se combater o fogo logo no seu início.

A norma técnica do CBMSP referente ao assunto é a IT 21. Recomenda-se a leitura


desta norma, disponível no site: https://www.bombeiros.com.br/instrucoes-
tecnicas.

A maioria dos incêndios começa em pequenos focos. Daí percebermos a


importância dos extintores, pois eles permitem uma resposta rápida, eliminando
o incêndio no princípio, antes que saia do controle. Este é o objetivo destes
dispositivos: combater o princípio de incêndio. Caso o fogo já tenha saído do
controle e se alastrado, não devem ser utilizados.

Existem dois tipos de extintores: portáteis e sobrerrodas.

90
SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE II │ UNIDADE IV

Figura 40. Extintores portáteis.

Fonte: https://seguranca.solucoesindustriais.com.br/extintores/laudo/instalacao-de-extintores-de-incendio. Acesso em: 2 out.


2019.

Figura 41. Extintores sobrerrodas.

Fonte: http://www.comexextintores.com.br/product/extintor-sobre-rodas.o.html. Acesso em: 2 out. 2019.

Existem extintores apropriados para cada classe de incêndio. Os mais utilizados


são de água, de espuma, de gás carbônico (CO 2), de pó químico BC, de pó químico
ABC e de pó químico especial (para classe D).

Outro tipo são os de pó químico halogenados. Porém, atualmente são pouco


utilizados pelo risco ambiental à camada de ozônio, conforme explicado no
capítulo 3 da unidade I.

A indicação da classe de incêndio para qual é recomendado está presente no rótulo


do extintor, conforme figura a seguir.

91
UNIDADE IV │ SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE II

Figura 42. Indicação da recomendação de uso em rótulos extintores.

Fonte: http://www.elsegengenharia.com/noticias/os-tipos-de-extintores/. Acesso em: 26 out. 2019.

Cumprindo exigências da ABNT, os extintores devem conter informações


obrigatórias nos rótulos, como dados da empresa, símbolos indicativos da classe
de incêndio apropriada, símbolos de restrições, orientações de uso, dentre outras.

Devem ser distribuídos na edificação de acordo com a carga de incêndio e o tipo de


combustível de cada local.

A instalação deve cumprir exigências da ABNT e da IT 21 do CBMSP, como


exemplos:

» Quando instalados em paredes ou divisórias, o suporte deve ficar a


uma altura máxima de 1,6 m do piso e a parte inferior deve ficar no
mínimo a 0,10 m do chão.

» Quando instalado no piso, deve ficar em suportes apropriados, com


altura entre 0,10 m e 0,20 m do piso.

» Devem ser instalados em locais desobstruídos, de livre acesso, de


forma que estejam sempre visíveis e disponíveis para o emprego
imediato em princípios de incêndio.

» Não podem ser instalados em escadas.

» O local de instalação deve ser sinalizado na parede e no piso.

» Em todos os pavimentos devem ser instalados no mínimo dois


extintores, um para classe A e outro para classes B e C. Exceção ocorre

92
SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE II │ UNIDADE IV

quando o pavimento possui área inferior a 50m², onde é permitido


uma única unidade com capacidade extintora ABC.

» Deve haver extintores adequados à classe de incêndio predominante


do local e também para as classes que gerem riscos secundários, dentre
outras exigências.

» A distância máxima percorrida para se ter acesso a um extintor deve


ser de 25 m para locais com risco baixo de incêndio, 20 m para risco
médio e 15 m para risco alto.

Obs.: Lembrando que risco baixo é quando a carga de incêndio é inferior a 300
MJ/m², médio quando é de 300 a1200 MJ/m² e alto quando acima de 1200
MJ/m², de acordo com a tabela 5.

Devido à diversidade de combustíveis, é possível a presença de diversos


extintores de tipos diferentes em um mesmo ambiente.

No momento da emergência deve-se utilizar o mais adequado. Utilizar um


extintor não recomendado para a classe não só pode não trazer resultado
positivo nenhum no sentido de apagar o fogo, bem como ainda pode gerar
riscos adicionais, inclusive de morte. Um bom exemplo é se a pessoa usar um
extintor de água ou de espuma num incêndio classe C. Neste caso, surge o
risco de choque elétrico.

Por isso, o uso desses sistemas de proteção requer muitos cuidados.

Devemos sempre lembrar, primeiramente, que os extintores devem ser


utilizados apenas para princípios de incêndios. Em seguida, que deve ser
escolhido o tipo recomendado e mais adequado para cada classe, dependendo
da situação. E por fim, devem ser seguidas as orientações de uso.

A forma correta de se utilizar um extintor é:

» puxe e retire o pino de segurança;

» rompa o lacre;

» aproxime-se até uma distância segura das chamas;

» mantenha-se no mesmo sentido do vento, caso o local seja aberto;

» aponte a mangueira em direção ao fogo;

93
UNIDADE IV │ SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE II

» aperte as alavancas para acionar a saída do extintor e movimente a


mangueira de um lado para o outro ao mesmo tempo, aplicando o
produto na base do fogo;

» se as chamas começarem a diminuir e se for possível, aproxime-se mais


do fogo e continue aplicando o extintor;

» caso as chamas voltem a acender, afaste-se novamente e repita a operação;

» nunca vire de costas para o fogo e fique sempre atento à forma que está
reagindo.

Caso não seja obtido êxito no combate ao princípio de incêndio utilizando um


extintor e o fogo comece a se propagar, procure outros recursos como hidrantes
de paredes, por exemplo. Caso não haja outros recursos ou não seja possível
utilizá-los devido aos riscos, acione o alarme, inicie a evacuação do local para
todos os ocupantes e acione o corpo de bombeiros.

Saídas de emergência

Num incêndio, a primeira reação das pessoas é fugir, abandonar o local. E quando
não é possível combater o fogo no princípio utilizando os extintores ou mesmo
após sua propagação com recursos disponíveis na edificação, como hidrantes
de parede, sair do local é a única opção que resta. Isso porque é alto o risco de
morte, pois o corpo de bombeiros vai demorar um tempo até chegar e controlar o
incêndio.

Saída de emergência é o caminho contínuo (corredores, escadas, rampas etc.) e


protegido do fogo que permite aos ocupantes sair de qualquer lugar da edificação e
ter acesso à área externa, em caso de um incêndio ou outra emergência.

Devem estar sempre desobstruídas, pois, além da sua principal finalidade, que é de
permitir a saídas dos ocupantes, também permitem o acesso seguro da equipe de
socorro (brigadistas ou bombeiros).

Devem ter portas com abertura sempre no sentido do fluxo de saída e com barras
antipânico.

94
SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE II │ UNIDADE IV

Figura 43. Saída de emergência com barras antipânico.

Fonte: https://www.disafe.com.br/produtos/barras-antipanico-linha-vidro/barra-antipanico-para-porta-de-vidro-push/. Acesso


em: 2 out. 2019.

Sempre que houver qualquer diferença de nível maior do que 19 cm, a saída deve
ser protegida por ambos os lados por paredes ou por guarda-corpos contínuos,
para evitar quedas e possíveis pisoteamentos durante a evacuação. A altura dos
guarda-corpos, de acordo com a IT 11 do CBMSP, deve ser, no mínimo 1.10 m.

A saída de emergência também deve possuir um corrimão, que é uma barra


contínua, de superfície lisa arredondada que a acompanha. O corrimão deve
ser instalado nas paredes ou nos guarda-corpos, a altura de 92 cm em escadas
internas, de acordo com a IT 11 do CBMSP. Servem para que as pessoas neles se
apoiem enquanto fazem o percurso.

A figura abaixo demonstra guarda-corpos e corrimão em escada.

Figura 44. Guarda-corpos e corrimão em escada interna.

Fonte: https://www.flexcorrimaosinox.com.br/produtos/corrimao-de-ferro/preco-corrimao-de-ferro. Acesso em: 21 out. 2019.

95
UNIDADE IV │ SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE II

Os elevadores jamais podem ser utilizados durante um incêndio, a não ser


que seja o de emergência, pois com o corte da energia elétrica, este ficará
parado onde estiver e as vítimas poderão ficar presas. As escadas constituem,
portanto, a principal rota de fuga segura nos prédios. Por esse motivo, as
escadas devem proporcionar proteção contra o fogo e a fumaça.

Tipos de escadas

Existem quatro tipos de escadas, sendo que o que as diferencia são os níveis de
proteção contra o fogo e a fumaça. São elas:

Escada não enclausurada (NE)

Também chamadas de escadas livres, são aquelas onde não há paredes corta-fogo e
nem portas corta-fogo.

O fogo e a fumaça podem, portanto, estar presentes na escada. Não há nenhuma


proteção aos ocupantes durante a fuga neste caso.

Figura 45. Escada Não Enclausurada.

Fonte: http://www.advcomm.com.br/norma-abnt-nbr-9077/. Acesso em: 2 out. 2019.

Escada Enclausurada Protegida (EP)

Mais comumente conhecida como escada protegida, é aquela que oferece


proteção aos ocupantes durante a fuga, por ser ventilada, por exemplo

96
SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE II │ UNIDADE IV

por janelas, por ser envolvida por paredes corta-fogo, que garantem
resistência de no mínimo 2 horas, e também por possuir portas resistentes
ao fogo.

As desvantagens deste tipo de rota de fuga é que quando se abre a porta para
acessá-la pode ocorrer entrada de fogo e fumaça. Sua porta é resistente ao fogo,
mas não é do tipo corta-fogo.

Escada enclausurada à Prova de Fumaça (PF)

Semelhante à EP, também é ventilada e possui paredes corta-fogo. O que a


diferencia da anterior é que possui porta corta-fogo e uma antecâmara antes do
acesso à escada.

Esta antecâmara possui porta corta-fogo e é ventilada por dutos de ventilação


natural, que promovem a entrada de ar puro e saída de fumaça e gases
quentes. Assim, quando a pessoa abre a porta para entrar na antecâmara, a
fumaça e os gases são arrastados, não entrando na saída de emergência no
momento em que é aberta a segunda porta para sair da antecâmara e entrar
na escada.

Escada enclausurada à Prova de Fumaça


Pressurizada (PFP)

Suas instalações são idênticas à anterior (PF), possuindo também paredes


e portas corta-fogo e antecâmara. O que a diferencia é a forma de retirada
da fumaça e dos gases quentes da antecâmara, que neste caso ocorre por
pressurização mecânica.

É o tipo mais seguro de saídas de emergência e está presente nos edifícios mais
modernos.

Tipos de escadas por ocupação

A determinação do tipo de escada de cada edificação é feita pelo anexo C da IT 11


do CBMSP. Baseia-se no grupo de ocupação e na altura da edificação, conforme
exemplifica o quadro a seguir.

97
UNIDADE IV │ SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE II

Quadro 12. Tipos de escadas de emergência por ocupação.

OCUPAÇÃO Altura (em metros)


H≤6 6<H≤12 12<H≤30 Acima de 30
GRUPO DIVISÃO Tipo de escada Tipo de escada Tipo de escada Tipo de escada
A-1 NE NE - -
A A-2 NE NE EP PF
A-3 NE NE EP PF
B-1 NE EP EP PF
B
B-2 NE EP EP PF
C-1 NE NE EP PF
C C-2 NE NE PF PF
C-3 NE EP PF PF
I-1 NE NE EP PF
I I-2 NE NE PF PF
I-3 NE EP PF PF
Fonte: IT 11, anexo C – CBMSP. Disponível em: https://www.bombeiros.com.br/instrucoes-tecnicas.

Dimensionamento das saídas de emergência

As saídas de emergência são projetadas para duas unidades de passagem. Uma


unidade de passagem é a largura mínima que permita a passagem de uma fila de
pessoas (fixada em 0,55 m). Portanto, as saídas devem ter, no mínimo, 1,10 m de
largura.

Em hospitais, as saídas são rampas, para permitir a passagem de macas. A largura


mínima é de 2,20 m nestas edificações.

A quantidade de unidades de passagem que uma saída deve ter, ou seja, sua
largura, é dada em função da quantidade de pessoas que por ela precisa passar no
período de um minuto.

O cálculo é o seguinte:

N=P/C

Onde:

N – Número de unidade de passagem, arredondado para número inteiro superior;

P – É a população (número de pessoas);

C – Capacidade de passagem (número de pessoas que passam por uma unidade de


passagem no período de um minuto).

98
SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE II │ UNIDADE IV

A IT 11 apresenta em seu anexo C as distâncias máximas a serem percorridas


até que seja alcançado o acesso para a saída de emergência. Os valores variam
para cada tipo de edificação.

Quadro 13. Distância máxima a ser percorrida até o acesso para a saída de emergência em diferentes tipos de

edificação.

SEM CHUVEIROS AUTOMÁTICOS COM CHUVEIROS AUTOMÁTICOS


Mais de uma Mais de uma
Saída única Saída única
saída saída
GRUPO/DIVISÃO DE S/ C/ S/ C/ S/ C/ S/ C/
ANDAR
OCUPAÇÃO
D. D. D. D. D. D. D. D.
A. A. A. A. A. A. A. A.
F. F. F. F. F. F. F. F.
Piso de descarga 45m 55 m 55 m 65 m 60 m 70 m 80 m 95 m
AeB
Demais andares 40 m 45 m 50 m 60 m 55 m 65 m 75 m 90 m
Piso de descarga 40 m 45 m 50 m 60 m 55 m 65 m 75 m 90 m
C, D e F
Demais andares 30 m 35 m 40 m 45 m 45 m 55 m 65 m 75 m
Piso de descarga 80 m 95 m 120 m 140 m - - - -
I-1 e J-1
Demais andares 70 m 80 m 110 m 130 m - - - -
Piso de descarga 40 m 45 m 50 m 60 m 60 m 70 m 100 m 120 m
I-2, I-3, J-3 e J-4
Demais andares 30 m 35 m 40 m 45 m 50 m 65 m 80 m 95 m
Fonte: IT 11, anexo B – CBMSP. Disponível em: https://www.bombeiros.com.br/instrucoes-tecnicas.

Notas:

S/ D. A. F. – Sem detector automático de fumaça.

C/ D. A. F. – Com detector automático de fumaça.

Note na tabela que a distância máxima a ser percorrida para se ter acesso à
entrada da saída de emergência no piso é sempre maior do que nos demais
andares; quando há mais de uma saída, a distância máxima é maior; quando há
detector automático de fumaça e chuveiros automáticos, as distâncias também
são maiores.

A norma técnica do CBMSP referente ao assunto é a IT 11. Recomenda-se a leitura


desta norma, disponível no site: https://www.bombeiros.com.br/instrucoes-
tecnicas.

99
CAPÍTULO 2
Sinalização, iluminação de emergência
e centrais de gás liquefeito de petróleo
(GLP)

Sinalização de emergência
Num incêndio, como em qualquer outra emergência, além dos riscos do sinistro
temos também outros, devido ao fato de as pessoas tenderem a agir por impulso,
a entrar em pânico. Muitas das vezes, percebe-se que não conseguem executar
ações simples, como identificar onde está um recurso como extintor ou alarme
de incêndio ou até mesmo identificar onde se encontra a saída de emergência.
E ainda tem o agravante de poder não haver visibilidade, por causa do corte da
energia elétrica ou de ela estar comprometida, por causa da presença de fumaça.

Por esses motivos, as sinalizações de emergência são muito importantes. Ajudam


nas orientações visuais, aumentando as chances de identificação dos recursos
disponíveis na edificação e de uma evacuação segura do local.

A sinalização de emergência é composta por um conjunto de símbolos que fornecem


mensagens de segurança, que se dá pela combinação de cor, forma e mensagem
específica de cada placa.

É obrigatório que as placas sejam fotoluminescentes.

Tipos de sinalização

Existem quatro categorias. São elas:

Sinalização de proibição

Sua função é evitar possíveis causas do incêndio ou que dificultem seu combate ou
evacuação da área.

São caracterizadas por ter forma circular, com borda vermelha, fundo branco ou
amarelado e uma barra vermelha cobrindo o símbolo grafado na cor preta, podendo
estar em placas retangulares também de cor branca ou amarela.

100
SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE II │ UNIDADE IV

Vejamos exemplos nas figuras.

Figura 46. Placa indicando proibição de fumar, de produzir chamas e de utilizar elevador em caso de incêndio.

Fonte: http://www.advcomm.com.br/sinalizacao-de-proibicao-placas-vermelhas/. Acesso em: 3 out. 2019.

Figura 47. Placa indicando proibição de fumar, devido ao risco por explosão com GLP, e de produzir chamas.

Fonte: https://www.blogger.com/blogin.g?blogspotURL=http://bombeiroswaldo.blogspot.com/2012/10/sinalizacao-de-
emergencia-orientacao-e.html. Acesso em: 3 out. 2019.

Sinalização de alerta

A função é advertir a pessoa, chamando sua atenção para os riscos e possíveis danos.

São de formato triangular, amarelo como cor de fundo e tanto a moldura quanto o
símbolo são pretos.

Figura 48. Placa de alerta indicando atenção, risco de incêndio e risco de choque elétrico.

Fonte: http://www.advcomm.com.br/sinalizacao-de-alerta-placas-amarelas/. Acesso em: 3 out. 2019.

101
UNIDADE IV │ SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE II

Sinalização de orientação e salvamento

A função é indicar rotas de fuga e as ações que devem ser realizadas para acessá-las.

São quadradas ou retangulares, na cor de fundo verde, os símbolos mais


comuns são brancos, embora também possam ser amarelos e pode ter margem
branca ou amarela.

Figura 49. Placa de orientação e salvamento.

Fonte: https://www.cofermetahidraulica.com.br/placas-de-sinalizacao/sinalizacao-de-orientacao-e-salvamento-
fotoluminescente-. Acesso em: 3 out. 2019.

Note na figura que placas orientam a pessoa sobre o andar em que se encontra, as
ações que devem ser tomadas (descer, subir, apertar e empurrar uma porta).

Sinalização de equipamentos de combate e alarme

A função é indicar o tipo dos equipamentos de combate a incêndio e suas


localizações.

São quadrados ou retangulares, com cor de fundo vermelha e o símbolo pode ser
branco ou amarelo, sendo mais comum o branco. Também pode ter margens de
cor branca ou amarela.

102
SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE II │ UNIDADE IV

Figura 50. Sinalização de equipamentos de combate.

Fonte: http://www.advcomm.com.br/sinalizacao-de-proibicao-placas-vermelhas/. Acesso em: 3 out. 2019.

Os símbolos da figura indicam: extintor de incêndio; mangotinho; válvula de


controle do sistema de chuveiros automáticos; abrigo de mangueira e hidrante;
hidrante de parede e coleção de equipamentos de combate a incêndio.

A norma técnica do CBMSP referente ao assunto é a IT 20. Recomenda-se


a leitura desta norma, disponível no site: https://www.bombeiros.com.br/
instrucoes-tecnicas.

Iluminação de emergência

Umas das primeiras ações de brigadistas ou bombeiros num incêndio é cortar


a energia elétrica. Isso aumenta a chance de as pessoas entrarem em pânico e
torna mais difícil o combate e a evacuação.

Por esses motivos é necessário que a edificação tenha um sistema automático


de iluminação de emergência, cuja função é clarear as rotas de fuga por um
período mínimo de uma hora após o corte da energia elétrica.

Em caso de falta da iluminação permanente (da concessionária), automaticamente


é ativada a iluminação por fonte alternativa (motogeradores). O motogerador deve
fornecer energia em, no máximo, 12 segundos após seu acionamento.

Locais como hospitais, centrais de controle aéreo e outros que prestam


serviços especiais devem possuir iluminação de emergência com capacidade

103
UNIDADE IV │ SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE II

de maior autonomia e não pode haver interrupção em nenhuma hipótese,


mesmo durante um incêndio ou outra emergência.

A norma técnica do CBMSP referente ao assunto é a IT 25. Recomenda-se


a leitura desta norma, disponível no site: https://www.bombeiros.com.br/
instrucoes-tecnicas.

Centrais de gás liquefeito de petróleo (GLP)

É alto o risco de incêndio ou explosão com o gás liquefeito de petróleo (GLP)


(gás de cozinha). Por isso, uma série de cuidados deve ser adotada em todos os
processos que o envolvem.

Instalações de GLP, ou centrais de GLP, são áreas delimitadas que contêm os


recipientes, tubulações e demais acessórios utilizados para armazenar e gás e
conduzi-lo até o local de consumo numa edificação.

As centrais são obrigatórias em edificações residenciais, comerciais,


industriais e outras. Isso porque em caso de incêndio é possível cessar o
fornecimento do gás.

Numa central de GLP, os cilindros contendo o gás devem estar protegidos por
abrigos, feitos de material não inflamável e que tenha, no mínimo, 2 horas de
resistência ao fogo. Os abrigos devem possuir aberturas equivalentes a 10 % de
sua área, para possibilitar ventilação natural.

A central deve ser instalada em local fora da projeção da edificação, sinalizada,


protegida por extintores. Deve ser cercada também, sendo seu acesso restrito.
A cerca deve ser de tela ou elemento vazado, com 1,80 m de altura e conter no
mínimo dois portões.

As tubulações que conduzem GLP numa edificação são sempre da cor amarela.
Não devem passar em locais sem ventilação, como tetos falsos, pisos falsos ou
locais onde possa se acumular em caso de vazamento.

É proibido conduzir GLP na fase líquida para a edificação. Quando em altas


pressões, o produto se encontra na fase gasosa. Quando exposto às condições
normais de temperatura e pressão, o GLP na fase líquida aumenta seu volume
em até 250 vezes ao passar para o estado gasoso. Por isso se fosse transportado
na fase líquida, um pequeno vazamento poderia causar acúmulo de uma grande
quantidade do gás.

104
SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE II │ UNIDADE IV

Figura 51. Central de GLP.

Fonte: http://www.gasescombustiveis.com.br/seminario/117/palestras/palestra_ABNT_NBR13523.pdf. Acesso em: 3 out. 2019.

A norma técnica do CBMSP referente ao assunto é a IT 28. Recomenda-se


a leitura desta norma, disponível no site: https://www.bombeiros.com.br/
instrucoes-tecnicas.

105
CAPÍTULO 3
Hidrantes de parede e mangotinhos

Hidrantes de parede
É um sistema instalado na edificação e que fornece água em alta quantidade, alta
vazão e em pressão suficiente para realizar o combate a incêndios, até mesmo de
grandes proporções.

Consiste num reservatório de água, em bombas hidráulicas para fornecer a


pressão e em tubulações que conduzem a água até os pontos onde os hidrantes
são instalados.

Os reservatórios são caixas d’água, muitas vezes a mesma utilizada para todas
as finalidades de água do prédio. Porém, estas devem possuir uma reserva
técnica de incêndio, fazendo com que parte do volume de água só possa ser
utilizado pelos sistemas de combate a incêndios.

É muito importante porque permite que o incêndio comece a ser combatido


por brigadistas ou por qualquer pessoa ainda na sua fase inicial, antes mesmo
da chegada do corpo de bombeiros. Isso não seria possível se houvesse apenas
extintores, situação em que seria possível agir apenas no princípio do incêndio.

Nos locais onde são instalados percebemos que há uma estrutura de metal, com
uma porta, conhecida como abrigo. O abrigo serve para acondicionar as mangueiras
e o esguicho, equipamentos utilizados no combate.

No abrigo, encontramos, portanto:

» o hidrante, que é a tubulação que fornece água;

» um registro que permite o fechamento e a abertura da tomada de água,


conhecido como registro globo;

» duas mangueiras;

» um esguicho, que é a peça que vai na ponta da mangueira e serve para


regular a saída de água;

» duas chaves de mangueira, que são usadas para acoplar e desacoplar as


mangueiras uma a outra ou no hidrante.

106
SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE II │ UNIDADE IV

O comprimento das mangueiras vai depender do dimensionamento do hidrante.

O sistema possui também uma tomada de recepção de água que fica externa à
edificação e de fácil acesso à via pública. É conhecida como hidrante de recalque.
Serve para reabastecer a caixa d’água por meio de viaturas do corpo de bombeiros.
Este dispositivo possui uma válvula de retenção que permite que a água flua
somente no sentido do seu início para o reservatório. Por isso só pode ser usado
para abastecer.

A viatura dos bombeiros, quando acaba sua água, reabastece num hidrante de
coluna, também chamada de hidrante urbano e retorna para reabastecer o prédio.

Para os bombeiros é muito mais prático e eficiente utilizar os hidrantes de paredes,


reabastecendo a caixa d’água com suas viaturas do que ter que subir mangueiras
acopladas diretamente nos caminhões.

Figura 52. Abrigo contendo o hidrante de parede e outros equipamentos.

Fonte: https://www.brasilseguranca.com/caixa-mangueira-incendio.html. Acesso em: 21 out. 2019.

Mangotinhos

Sistema semelhante ao hidrante de parede, pois também é fixo à estrutura da


edificação, está acoplado ao reservatório de água e sua pressurização também
ocorre por bombas.

A diferença é o tipo de mangueira utilizada. Neste caso, são semirrígidas e têm


diâmetro menor (40 mm).

Os mangotinhos têm vazão menor, mas possuem a vantagem de serem conectadas


permanentemente à tubulação na parede e ao esguicho. Isso faz com que seu uso se
torne mais rápido e mais fácil.

107
UNIDADE IV │ SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE II

Figura 53. Abrigo de um mangotinho.

Fonte: http://fireprotection.com.br/tag/dimensionamento-de-hidrante/. Acesso em: 4 out. 2019.

A norma técnica do CBMSP referente a hidrantes de parede e mangotinhos


é a IT 22. Recomenda-se a leitura desta norma, disponível no site: https://
www.bombeiros.com.br/instrucoes-tecnicas.

108
SISTEMAS DE PROTEÇÃO
CONTRA INCÊNDIO E UNIDADE V
PÂNICO – PARTE III

CAPÍTULO 1
Detecção automática e alarme
manual de incêndio

O sistema de detecção e alarme é composto por componentes instalados em


vários pontos da edificação e que estão interligados. Sua finalidade é fornecer
informações de princípios de incêndios por sinais sonoros e visuais.

É de suma importância, pois permite identificar rapidamente o ponto onde está


ocorrendo o fogo, mesmo sem alguém ter que ir ao local. Esse ganho de tempo
aumenta as chances de sucesso na eliminação do fogo, antes que cause maiores
danos, e de evacuação com segurança.

A detecção automática ocorre por meio de fenômenos físicos primários do


incêndio, como a variação ampla da temperatura do ar e a radiação visível e
invisível da energia da chama, ou por fenômenos secundários, como presença
de fumaça ou fuligem.

Componentes do sistema de detecção e


alarme
Os componentes do sistema são:

Central de alarme

É o equipamento que processa os sinais captados nos detectores e os converte


em indicações da ação que deve ser realizada. Também tem a função de controlar
todos os outros componentes do sistema.

109
UNIDADE V │ SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE III

Quando brigadistas ou bombeiros vão iniciar a varredura pela edificação, para


busca e combate, o comandante de equipe deve identificar imediatamente a central
de alarme, que geralmente fica na portaria ou na sala de controle.

Figura 54. Central de alarme de incêndio.

Fonte: http://www.contactos.com.br/produto/produto-5/. Acesso em: 5 out. 2019.

Painel repetidor

Equipamento que sinaliza de forma visual e/ou sonora os locais da edificação onde
ocorreram detecções de fogo.

Detectores

Instalados em diversos pontos, em todos os pavimentos da edificação.

Podem ser de fumaça, de temperatura ou de chamas.

Figura 55. Detector de fumaça.

Fonte: https://www.zikoshop.com.br/incendio/detector-de-fumaca-enderecavel-dfe-520-intelbras. Acesso em: 5 out. 2019.

110
SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE III │ UNIDADE V

Figura 56. Detector de temperatura.

Fonte: https://www.zikoshop.com.br/incendio/detector-de-temperatura-enderecavel-dte-520. Acesso em: 5 out. 2019.

Figura 57. Detector de chamas.

Fonte: https://pt.dhgate.com/product/open-flame-detector-2-4-wire-uv-flame-detector/422756502.html. Acesso em: 5 out.


2019.

Avisadores audiovisuais

Sua finalidade é informar todos os ocupantes da edificação para que possam


evadir do local o mais rápido possível.

Em edificações que possuam brigada, recomenda-se que o alarme seja


transmitido apenas depois de um brigadista ter ido ao local e confirmado a
presença do incêndio. Isso para evitar pânico por falsos avisos ou por ações de
vândalos.

Figura 58. Avisador audiovisual.

Fonte: http://www.2y.com.br/avisador-audiovisual. Acesso em: 5 out. 2019.

111
UNIDADE V │ SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE III

Acionadores manuais

Utilizado para transmitir manualmente a informação de incêndio para a central,


que a repassa para toda a edificação.

Sua presença é muito importante, pois na falha dos detectores automáticos,


qualquer pessoa pode acionar o alarme.

Devem ser instalados nos locais com maior probabilidade de trânsito de pessoas.

A distância máxima para que uma pessoa alcance um acionador manual deve ser
de 16 m e a distância entre uma botoeira e outra não deve ser maior do que 30 m.
Cada pavimento dever ter, no mínimo, um acionador, mesmo que a distância a
percorrer para o dispositivo de outro pavimento seja inferior a 16 m.

Figura 59. Acionador manual.

Fonte: http://extimpronto.com.br/loja/index.php?route=product/product&product_id=53. Acesso em: 5 out. 2019.

A norma técnica do CBMSP referente ao assunto é a IT 19. Recomenda-se a


leitura dessa norma, disponível no site: https://www.bombeiros.com.br/
instrucoes-tecnicas.

112
CAPÍTULO 2
Chuveiros automáticos (sprinklers)

Sistema fixo na edificação que detecta através de sensores a presença do


fogo e promove, automaticamente, uma descarga de água sobre o foco, em
quantidade suficiente para extingui-lo.

Em alguns tipos, quando os chuveiros são abertos, o sistema também emite


alarme sonoro.

São muito eficientes porque realizam, portanto, a detecção, o alarme e o


combate ao fogo simultaneamente.

Figura 60. Chuveiro automático.

Fonte: http://www.skop.com.br/2016/09/08/7-vantagens-de-instalar-um-sistema-de-chuveiros-automaticos/. Acesso em: 5 out.


2019.

Classificação dos chuveiros automáticos


São de quatro tipos:

Sistema de tubo molhado

A tubulação fixa neste caso contém água sob pressão permanentemente. Quando
o chuveiro detecta o fogo e se abre, a água já sai imediatamente, pois todo o
sistema já se encontra inundado.

O chuveiro se abre devido ao rompimento do elemento termossensível, que é


provocado pelo calor.

113
UNIDADE V │ SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE III

Com a abertura dos chuveiros ocorre a liberação de água e, consequentemente,


a queda da pressão no sistema, o que faz o conjunto de bombas entrar em
funcionamento.

Sistemas de tubo seco

Neste caso a tubulação permanece sem água, contendo em seu interior ar


comprimido ou nitrogênio sob pressão.

Quando os chuveiros se abrem, o ar ou gás é liberado. Isso aciona uma válvula


que permite a admissão de água nas tubulações, o que provoca o acionamento das
bombas.

É mais utilizado em regiões que podem ter temperaturas negativas, onde a água
pode congelar nas tubulações.

Apresenta uma desvantagem em comparação com o de tubo molhado:


demanda um tempo para a descarga de água, desde a abertura do chuveiro
até a inundação completa das tubulações.

Sistema de ação prévia

Possui funcionamento idêntico ao sistema de tubo seco. São acrescentados


detectores que fazem soar um alarme de incêndio antes da abertura dos chuveiros.

O que diferencia este sistema do anterior é que a válvula de suprimento de água


atua independentemente da abertura dos chuveiros.

Apresenta a vantagem de descarga mais rápida de água, pois as tubulações são


inundadas logo após a abertura das válvulas e quando o chuveiro se abre já
tem água nos ramais de saída. Isso é possível porque os sensores da detecção
interligados à válvula são mais sensíveis.

Sistema de dilúvio

A tubulação é seca e os chuveiros já são instalados abertos. Na mesma área


onde estão os chuveiros é instalado um sistema de detecção, que é interligado à
válvula de dilúvio. Havendo fogo, os detectores provocam a abertura da válvula,
a água entra na tubulação e as bombas são acionadas. Também há presença de
um alarme.

114
SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE III │ UNIDADE V

Componentes do sistema

São cinco elementos:

Fonte de abastecimento de água (reservatório)

Não há exigências pelas normas do Corpo de Bombeiros quanto à exclusividade


do reservatório para os sprinklers. Pode, portanto, ser usado o reservatório que
usa água para outras finalidades, desde que haja reserva técnica de incêndio.

No entanto, a maioria das edificações possui reservatórios extras, projetados


exclusivamente para os chuveiros automáticos, em virtude dos altos volumes
demandados.

Sistema de pressurização (bombas de incêndio)

Para que o sistema consiga lançar água na vazão e pressão exigida faz-se necessário
o uso de bombas.

As normas do Corpo de Bombeiros exigem duas bombas acopladas, uma principal


e outra reserva e com fontes de alimentação diferentes, uma deve ser elétrica e a
outra mantida por motor à explosão (motogeradores).

As bombas possuem dispositivos de partida acionados pela queda de pressão


hidráulica, mas o desligamento ocorre apenas de forma manual.

São instaladas na casa de máquinas, geralmente no subsolo dos edifícios.

Figura 61. Bomba de pressurização de chuveiros automáticos.

Fonte: http://bombeiroscorpo.blogspot.com/2016/09/chuveiro-automaticos-sistema-de.html. Acesso em: 6 out. 2019.

115
UNIDADE V │ SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE III

Rede de alimentação (canalização)

Consiste em toda tubulação que transporta a água do reservatório até os chuveiros.

No trecho percorrido pela água são instaladas as válvulas de governo e alarme


(VGA), dispositivos que acusam o acionamento e funcionamento do sistema.

Figura 62. Tubulações de canalização de uma rede de sprinklers.

Fonte: https://www.digitalar.srv.br/sistema-de-combate-a-incendio-spk-e-hidrantes/. Acesso em: 6 out. 2019.

A cor das tubulações é padronizada e tem um significado: identificar sua


finalidade.

Já foi comentado que as tubulações destinadas a GLP devem ser


amarelas. As destinadas à água para uso de combate a incêndios são,
obrigatoriamente, vermelhas.

Rede de distribuição (canalização e chuveiros)

Compreende a rede de tubulação, composta por tubos de aço, após a válvula de


alarme e os chuveiros.

Tomada de recalque

Dispositivo de abastecimento do sistema que fica externo à edificação. É de uso


exclusivo do Corpo de Bombeiros, que reabastece o reservatório com viaturas
de combate a incêndio.

116
SISTEMAS DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E PÂNICO – PARTE III │ UNIDADE V

Figura 63. Tomada de recalque de uma rede de sprinklers.

Fonte: https://www.blogger.com/blogin.g?blogspotURL=http://bombeiroswaldo.blogspot.com/2012/10/chuveiros-automaticos-
sprinklers.html. Acesso em: 6 out. 2019.

A norma técnica do CBMSP referente ao assunto é a IT 23. Recomenda-se a


leitura dessa norma, disponível no site: https://www.bombeiros.com.br/
instrucoes-tecnicas.

117
PLANIFICAÇÃO DE
EMERGÊNCIA PARA UNIDADE VI
INCÊNDIOS

CAPÍTULO 1
Plano de Prevenção e Combate a
Incêndios (PPCI)

É um plano de ação em emergência específico para incêndio.

A base legal do PPCI são: a norma da ABNT 15219 (Plano de emergência


contra incêndio - Requisitos) (BRASIL, 2019 a) e a instrução técnica IT
16 (Plano de emergência contra incêndio) do CBMSP (ESTADO DE SÃO
PAULO b).

Recomenda-se a leitura dessas normas, disponíveis, respectivamente, nos sites:

http://safebombeirocivil.com.br/wpcontent/uploads/2017/09/nbr152192005
-bombeiro-profissional-civil.pdf.

https://www.bombeiros.com.br/instrucoes-tecnicas.

Num incêndio, assim como em qualquer outra emergência, temos que tomar
decisões e agir de forma rápida. Cada segundo pode ser crucial entre vida ou
morte. Por isso, temos que estar sempre preparados. A ferramenta que permite
adquirir este preparo é o planejamento.

O planejamento permite que as ações no combate a um incêndio e na evacuação


sejam realizadas conforme estabelecido e de forma organizada, o que aumenta as
chances de sobrevivência na emergência.

O PPCI é o documento que aborda tudo que envolve riscos e medidas a serem
adotadas em casos de incêndios. Detalha também todas as instalações e recursos
existentes na edificação e a forma como devem ser utilizados, objetivando-se sua
otimização.

118
PLANIFICAÇÃO DE EMERGÊNCIA PARA INCÊNDIOS │ UNIDADE VI

É exigido pelo Corpo de Bombeiros nas edificações que possuam brigada


de incêndio. A elaboração envolve a participação de toda a brigada, sendo
responsabilidade do supervisor.

Para que as ações sejam corretas e precisas numa emergência de incêndio


não basta apenas elaborar um plano e sim também executá-lo. O ponto chave
do sucesso de um PPCI é a realização de treinamentos simulados. Neles, são
executadas as atividades de combate ao fogo, busca por vítimas e principalmente
evacuação da edificação como se estivesse ocorrido o incêndio.

O simulado permite identificar as falhas e, dessa forma, corrigi-las. Permite


também saber quanto tempo foi necessário em cada ação e o que pode ser
melhorado.

De acordo com a norma da ABNT, o simulado deve ser realizado, no mínimo,


a cada seis meses se for parcial (envolvendo apenas alguns pavimentos da
edificação) e a cada 12 meses se for completo (toda a edificação). E a revisão do
plano deve ocorrer a cada 12 meses ou sempre que ocorrerem modificações que
alterem os riscos.

O PPCI precisa ser analisado e aprovado pelo Corpo de Bombeiros.

Características de um PPCI
As características essenciais de um PPCI são:

Simplicidade

Deve ser elaborado de forma simples e concisa, para que seja facilmente
compreendido, evitando confusões e erros.

Flexibilidade

Deve ser flexível, permitindo modificações, pois as situações de riscos de incêndios


podem mudar a qualquer momento.

119
UNIDADE VI │ PLANIFICAÇÃO DE EMERGÊNCIA PARA INCÊNDIOS

Dinamismo

Deve permitir que as modificações ocorram e surtam efeito na prática de forma


rápida.

Adequação

Deve ser adequado à realidade de cada edificação e aos recursos que possuem.
De nada adiantará um planejamento bem elaborado, mas não condizente com a
realidade do local.

120
CAPÍTULO 2
Brigada de incêndio

Grupo de pessoas treinadas e capacitadas para atuar na prevenção e no


combate a princípios de incêndios, também na evacuação da edificação no
caso desses sinistros.

A brigada é muito importante por permitir que ações possam ser realizadas
imediatamente logo após o surgimento do fogo, ainda em seu princípio. Por mais
que o quartel do Corpo de Bombeiros seja próximo, a chegada desses profissionais
demandará um tempo para deslocamento. E nesse período, o fogo pode ganhar
grandes proporções.

A brigada tem a função de identificar os focos de incêndio e tentar controlá-lo


antes que a situação fuja do controle. Caso isso aconteça, deve ativar o alarme e
iniciar a evacuação da área, acionar os bombeiros. Com a chegada dos bombeiros,
os brigadistas devem auxiliá-los, passando informações sobre a edificação e os
recursos disponíveis.

A evacuação dever ser planejada considerando-se não só a população fixa (pessoas


que permanecem regularmente na edificação), mas também a população flutuante
(pessoas que não permanecem regularmente, visitantes, por exemplo).

Os brigadistas devem receber treinamentos de proteção contra incêndios e de


primeiros socorros. Existem três tipos de treinamentos (básico, intermediário
e avançado), sendo a classificação dada em função da carga horária. O tipo
recomendado para cada brigada é exigido pela ABNT e pelo Corpo de Bombeiros
e é baseado no tipo da edificação quanto à ocupação e ao número de brigadistas.

Composição da brigada

A brigada possui uma hierarquia de comando. Cada brigadista possui função e


atribuições bem esclarecidas, devendo cumpri-las fielmente nas emergências, para
garantir a organização pré-estabelecida no planejamento.

121
UNIDADE VI │ PLANIFICAÇÃO DE EMERGÊNCIA PARA INCÊNDIOS

É composta por:

» coordenador-geral da brigada – responsável pela coordenação e


execução das ações de emergência em todas as edificações que
compõem uma planta;

» chefe de edificação – responsável pela coordenação e execução das ações


de emergência em uma determinada edificação da planta;

» líder de setor – responsável pela coordenação e execução das ações de


emergência num determinado setor, pavimento ou compartimento da
edificação;

» brigadista de incêndio – toda pessoa que recebeu treinamento e é membro


da brigada.

Ao coordenador-geral cabem as decisões a respeito da brigada, como


dimensionamento, realização de treinamentos, simulados etc. Na prática dos
sinistros, as ações são realizadas por chefes, líderes e brigadistas.

Na emergência de incêndio, as ações são executadas pelos brigadistas e orientadas e


controladas pelos líderes em cada setor e pelos chefes em cada edificação.

Dimensionamento da brigada

É feito de acordo com os anexos A da norma da ABNT NBR 14276 e da IT 17 do


CBSP (ambas as normas utilizam os mesmos critérios).

O cálculo é feito de acordo com o tipo da edificação quanto ao uso/ocupação,


definidos no quadro 4 O quadro abaixo demonstra parte deste anexo, a fim de
exemplificação.

122
PLANIFICAÇÃO DE EMERGÊNCIA PARA INCÊNDIOS │ UNIDADE VI

Quadro 14. Exemplificação do dimensionamento do número de brigadistas por pavimento ou compartimento

em alguns tipos de edificações.


Grupo Divisão Descrição Grau População fixa por pavimento ou compartimento Nível de
de Até 2 Até 4 Até Até 8 Até Acima treinamento
risco de 10
6 10 N²
Baixo
Habitação
A-1 Médio Isento Isento
unifamiliar
Alto
Habitação Baixo
A -Residencial A-2 Médio Todos os funcionários da edificação Básico
multifamiliar Alto
Baixo 1 2 2 2 2 N¹ Básico
Habitação
A-3 Médio 1 2 3 4 4 N¹ Básico
coletiva
Alto Todos 2 3 4 5 N¹ Intermediário
Baixo 1 2 2 2 2 N¹ Básico
C-1 Comércio Médio 1 2 3 4 4 N¹ Básico
Alto Todos 2 3 4 5 N¹ Intermediário
Baixo 1 2 2 2 2 N¹ Básico
C- Comercial C-2 Comércio Médio 1 2 3 4 4 N¹ Intermediário
Alto Todos 2 3 4 5 N¹ Intermediário
Baixo Todos 3 4 5 6 N¹ Intermediário
C-3 Comércio Médio Todos Todos Todos Todos 8 N¹ Intermediário
Alto Todos Todos Todos Todos Todos N¹ Intermediário
Baixo 1 2 2 2 2 N¹ Intermediário
I-1, I-2 e
I - Indústria Indústria Médio Todos Todos 4 5 6 N¹ Intermediário
I-3
Alto Todos Todos Todos 7 8 N¹ Avançado
Fonte: ABNT NBR 14276 (BRASIL, 2019b). Disponível em: https://www.slideshare.net/alesmatos/abnt-nbr-14276-brigada-de-
incndio. Acesso em: 8 out. 2019; IT 17 do CBMSP. Disponível em: https://www.bombeiros.com.br/instrucoes-tecnicas. Acesso
em: 8 out. 2019.

Notas:

N¹ - Quando a população fixa de um pavimento, compartimento ou setor for maior que


10 pessoas, será acrescido mais um brigadista para cada grupo de até 20 pessoas para
risco baixo, mais um brigadista para cada grupo de até 15 pessoas para risco médio e
mais um brigadista para cada grupo de até 10 pessoas para risco alto.

N² - O nível do treinamento é dado pelos anexos B da norma da ABNT NBR 14276 e


com o A da IT 17 do CBSP.

A base legal da Brigada são: a norma da ABNT 14276 (Brigada de Incêndio -


Requisitos) (BRASIL, 2019 b) e a instrução técnica IT 17 (Brigada de Incêndio) do
CBMSP (ESTADO DE SÃO PAULO, 2019 c).

Recomenda-se a leitura dessas normas, disponíveis, respectivamente, nos sites:

https://www.slideshare.net/alesmatos/abnt-nbr-14276-brigada-de-incendio.

https://www.bombeiros.com.br/instrucoes-tecnicas.

123
Referências

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Bombeiros. 2. ed. São Paulo, 2006. v. 1. Disponível em: https://www.slideshare.net/
EngenheiroDiegoaraujo/manual-de-fundamentos. Acesso em: 2 set. 2019.

CBMSP. Corpo de Bombeiros Militar do Estado de São Paulo. Instruções Técnicas


(IT) para segurança contra incêndio e pânico. Disponível em: http://www.
corpodebombeiros.sp.gov.br. Acesso em: 24 set. 2019.

DISTRITO FEDERAL. CBMDF. Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal.


Manual Básico de Combate a Incêndio. Módulo 1 – Comportamento do Fogo. 2.
ed. Brasília, 2-13. Disponível em: http://crecidf.gov.br/wp-content/uploads/2018/07/
combate_incendio_modulo_6-1.pdf. Acesso em: 3 set. 2019.

ESTADO DE GOIÁS. CBMGO - Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás.


Manual de Bombeiros. Fundamentos de Combate a Incêndios. 1. ed. Goiânia-
GO, 2016, 150p. Disponível em: https://www.bombeiros.go.gov.br/wp-content/
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ESTADO DE SÃO PAULO(a). Diário Oficial do Estado. Regulamento de Segurança


Contra Incêndios das edificações e áreas de risco no Estado de São Paulo.
Disponível em: https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/2018/
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Instrução Técnica no 16 – Plano de Emergência Contra Incêndio. Disponível
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ESTADO DE SÃO PAULO(c). Corpo de Bombeiros Militar do Estado de São Paulo.


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relembre-o-incendio-no-edificio-joelmamarco-na-historia-quadricentenaria-de-sao-
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Figura 4. Triângulo do fogo. Fonte: http://www2.iq.usp.br/pos-graduacao/images/


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Figura 5. Tetraedro do fogo. Fonte: http://superhistorimat.blogspot.com/2011/04/


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Figura 7. Combustão da vela. Fonte: https://pxhere.com/pt/photo/633011. Acesso em:


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Figura 8. Interior da chama de uma vela. Fonte: Manual Básico de Combate a Incêndio.
Módulo 1 – Comportamento do Fogo. 2. ed., p. 47 (CBMDF, 2013). Disponível em:
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Figura 9. Chama pré-misturada de maçarico. Fonte: https://wandersonmonteiro.


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em: 4 set. 2019.

Figura 10. Chama difusa e pré-misturada em madeira. Fonte: Manual Básico de


Combate a Incêndio. Módulo 1 – Comportamento do Fogo. 2. ed., p.52 (CBMDF,
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incendio_modulo_6-1.pdf. Acesso em: 3 set. 2019.

Figura 11. Combustão viva. Fonte: http://bombeiroswaldo.blogspot.com/2012/09/


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Figura 18. Propagação do incêndio por convecção em edificação vertical. Fonte: Manual
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Figura 32. Início, crescimento e decadência de um incêndio. Fonte: http://


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Figura 33. Incêndio na fase inicial em sofá na sala de um apartamento. Fonte: Manual
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Figura 34. Bombeiros combatendo incêndio na fase de queima livre na sala de um


apartamento. Fonte: Manual de Fundamentos de Corpo de Bombeiros Militar do Estado
de São Paulo. 2. ed. v. 1, p. 12 (CBMSP, 2006). Disponível em: https://www.slideshare.
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Figura 35. Incêndio após a ocorrência do flashover na sala de um apartamento.


Fonte: Manual de Fundamentos de Corpo de Bombeiros Militar do Estado de São
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REFERÊNCIAS

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Figura 45. Escada Não Enclausurada. Fonte: http://www.advcomm.com.br/norma-


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concursos/questoes/0d1a92b9-cb. Acesso em: 2 out. 2019.

Figura 46. Placa indicando proibição de fumar, de produzir chamas e de utilizar elevador
em caso de incêndio. Fonte: http://www.advcomm.com.br/sinalizacao-de-proibicao-
placas-vermelhas/. Acesso em: 3 out. 2019.

Figura 47. Placa indicando proibição de fumar, devido ao risco por explosão com GLP, e
de produzir chamas. Fonte: https://www.blogger.com/blogin.g?blogspotURL=http://

128
REFERÊNCIAS

bombeiroswaldo.blogspot.com/2012/10/sinalizacao-de-emergencia-orientacao-e.
html. Acesso em: 3 out. 2019.

Figura 48. Placa de alerta indicando atenção, risco de incêndio e risco de choque
elétrico. Fonte: http://www.advcomm.com.br/sinalizacao-de-alerta-placas-amarelas/.
Acesso em: 3 out. 2019.

Figura 49. Placa de orientação e salvamento. Fonte: https://www.cofermetahidraulica.


com.br/placas-de-sinalizacao/sinalizacao-de-orientacao-e-salvamento-
fotoluminescente-. Acesso em: 3 out. 2019.

Figura 50. Sinalização de equipamentos de combate. Fonte: http://www.advcomm.


com.br/sinalizacao-de-proibicao-placas-vermelhas/. Acesso em: 3 out. 2019.

Figura 51. Central de GLP Fonte: http://www.gasescombustiveis.com.br/seminario/117/


palestras/palestra_ABNT_NBR13523.pdf. Acesso em: 3 out. 2019.

Figura 52. Abrigo contendo o hidrante de parede e outros equipamentos. Fonte: https://
www.brasilseguranca.com/caixa-mangueira-incendio.html. Acesso em: 21 out. 2019.

Figura 53. Abrigo de um mangotinho. Fonte: http://fireprotection.com.br/tag/


dimensionamento-de-hidrante/. Acesso em: 4 out. 2019.

Figura 54. Central de alarme de incêndio. Fonte: http://www.contactos.com.br/


produto/produto-5/. Acesso em: 5 out. 2019.

Figura 55. Detector de fumaça. Fonte: https://www.zikoshop.com.br/incendio/


detector-de-fumaca-enderecavel-dfe-520-intelbras. Acesso em: 5 out. 2019.

Figura 56. Detector de temperatura. Fonte: https://www.zikoshop.com.br/incendio/


detector-de-temperatura-enderecavel-dte-520>. Acesso em: 05 out. 2019.

Figura 57 - Detector de chamas. Fonte: < https://pt.dhgate.com/product/open-flame-


detector-2-4-wire-uv-flame-detector/422756502.html. Acesso em: 5 out. 2019.

Figura 58. Avisador audiovisual. Fonte: http://www.2y.com.br/avisador-audiovisual.


Acesso em: 5 out. 2019.

Figura 59. Acionador manual. Fonte: http://extimpronto.com.br/loja/index.


php?route=product/product&product_id=53. Acesso em: 5 out. 2019.

Figura 60. Chuveiro automático. Fonte: http://www.skop.com.br/2016/09/08/7-


vantagens-de-instalar-um-sistema-de-chuveiros-automaticos/. Acesso em: 5 out. 2019.

129
REFERÊNCIAS

Figura 61. Bomba de pressurização de chuveiros automáticos. Fonte: http://


bombeiroscorpo.blogspot.com/2016/09/chuveiro-automaticos-sistema-de.html.
Acesso em: 6 out. 2019.

Figura 62. Tubulações de canalização de uma rede de sprinklers. Fonte: https://www.


digitalar.srv.br/sistema-de-combate-a-incendio-spk-e-hidrantes/. Acesso em: 6 out.
2019.

Figura 63. Tomada de recalque de uma rede de sprinklers. Fonte: https://www.


blogger.com/blogin.g?blogspotURL=http://bombeiroswaldo.blogspot.com/2012/10/
chuveiros-automaticos-sprinklers.html. Acesso em: 6 out. 2019.

Fonte das tabelas


Tabela 1. Limites de inflamabilidade de alguns combustíveis gasosos. Fonte: Manual de
Fundamentos de Corpo de Bombeiros Militar do Estado de São Paulo. 2. ed. v. 1, p. 10.
(CBMSP, 2006).

Tabela 2. Pontos de fulgor e de ignição de alguns combustíveis. Fonte: Manual de


Bombeiros. Fundamentos de Combate a Incêndios. 1. ed., p.14 (CBMGO, 2016).

Tabela 3. Taxa de liberação de calor de alguns materiais. Fonte: Manual Básico de


Combate a Incêndio. Módulo 1 – Comportamento do Fogo. 2. ed., p.69 (CBMDF, 2013).

Tabela 4. Carga de incêndio típica de alguns tipos de edificações. Fonte: Manual Básico
de Combate a Incêndio. Módulo 1 – Comportamento do Fogo. 2. ed., p. 123 (CBMDF,
2013).

Tabela 5. Classificação das edificações quanto à carga de incêndio Fonte: Manual Básico
de Combate a Incêndio. Módulo 1 – Comportamento do Fogo. 2. ed., p.123 (CBMDF,
2013); ESTADO DE SÃO PAULO (2018). Disponível em: https://www.al.sp.gov.br/
repositorio/legislacao/decreto/2018/decreto-63911-10.12.2018.html. Acesso em: 24
set. 2019.

Fonte dos quadros


Quadro 1. Resumo das classes de incêndio. Fonte: do autor.

Quadro 2. Métodos de extinção do fogo recomendados para cada classe de incêndio.


Fonte: do autor.

130
REFERÊNCIAS

Quadro 3. Agentes extintores permitidos e proibidos em cada classe de incêndio Fonte:


do autor.

Quadro 4. Classificação das edificações e áreas de risco quanto a ocupação/uso


Fonte: ESTADO DE SÃO PAULO (2018). Disponível em: https://www.al.sp.gov.br/
repositorio/legislacao/decreto/2018/decreto-63911-10.12.2018.html. Acesso em: 24
set.2019.

Quadro 5. Sistemas de proteção exigidos para edificações com área construída menor ou
igual a 750 m² e altura inferior ou igual a 12 m. Fonte: ESTADO DE SÃO PAULO (2018).
Disponível em: https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/2018/
decreto-63911-10.12.2018.html. Acesso em: 24 set. 2019.

Quadro 6. Sistemas de proteção exigidos para edificações do grupo A (residencial), com


área construída maior do que 750 m² ou altura superior a 12 m. Fonte: ESTADO DE
SÃO PAULO (2018). Disponível em: https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/
decreto/2018/decreto-63911-10.12.2018.html. Acesso em: 24 set. 2019.

Quadro 7. Sistemas de proteção exigidos para edificações do grupo B (serviços de


hospedagem), com área construída maior do que 750 m² ou altura superior a 12 m.
Fonte: ESTADO DE SÃO PAULO (2018). Disponível em: https://www.al.sp.gov.br/
repositorio/legislacao/decreto/2018/decreto-63911-10.12.2018.html. Acesso em: 24
set. 2019.

Quadro 8. Sistemas de proteção exigidos para edificações do grupo C (comércio), com


área construída maior do que 750 m² ou altura superior a 12 m. Fonte: ESTADO DE
SÃO PAULO (2018). Disponível em: https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/
decreto/2018/decreto-63911-10.12.2018.html. Acesso em: 24 set. 2019.

Quadro 9. Sistemas de proteção exigidos para edificações do grupo I (indústria),


subdivisão I-1 (risco baixo), com área construída maior do que 750 m² ou altura superior
a 12 m. Fonte: ESTADO DE SÃO PAULO (2018). Disponível em: https://www.al.sp.
gov.br/repositorio/legislacao/decreto/2018/decreto-63911-10.12.2018.html. Acesso
em: 24 set. 2019.

Quadro 10. Sistemas de proteção exigidos para edificações do grupo I (indústria),


subdivisão I-2 (risco médio), com área construída maior do que 750 m² ou altura
superior a 12 m. Fonte: ESTADO DE SÃO PAULO (2018). Disponível em: https://www.
al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/2018/decreto-63911-10.12.2018.html.
Acesso em: 24 set. 2019.

131
REFERÊNCIAS

Quadro 11. Sistemas de proteção exigidos para edificações do grupo I (indústria),


subdivisão I-3 (risco alto), com área construída maior do que 750 m² ou altura superior
a 12 m. Fonte: ESTADO DE SÃO PAULO (2018). Disponível em: https://www.al.sp.
gov.br/repositorio/legislacao/decreto/2018/decreto-63911-10.12.2018.html. Acesso
em: 24 set. 2019.

Quadro 12. Tipos de escadas de emergência por ocupação. Fonte: IT 11, anexo C –
CBMSP. Disponível em: https://www.bombeiros.com.br/instrucoes-tecnicas.

Quadro 13. Distância máxima a ser percorrida até o acesso para a saída de emergência
em diferentes tipos de edificação. Fonte: IT 11, anexo B – CBMSP. Disponível em:
https://www.bombeiros.com.br/instrucoes-tecnicas.

Quadro 14. Exemplificação do dimensionamento do número de brigadistas por


pavimento ou compartimento em alguns tipos de edificações. Fonte: ABNT NBR 14276
(BRASIL, 2019b). Disponível em: https://www.slideshare.net/alesmatos/abnt-nbr-
14276-brigada-de-incendio. Acesso em: 8 out. 2019; IT 17 do CBMSP. Disponível em:
https://www.bombeiros.com.br/instrucoes-tecnicas. Acesso em: 8 out. 2019.

132

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