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Avaliação Clínica Facial e Corporal,

Elaboração de Ficha de Anamnese,


Elaboração de TCLE, Bioética e
Responsabilidade Legal por
Clínica de Estética

Brasília-DF.
Elaboração

André Luiz Siqueira da Silva

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 6
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
BIOÉTICA NA ESTÉTICA............................................................................................................................ 9

CAPÍTULO 1
EVOLUÇÃO DA BIOÉTICA.......................................................................................................... 9

CAPÍTULO 2
HISTÓRIA, PRINCIPAIS PRINCÍPIOS BIOÉTICOS E ATUAÇÃO DA BIOÉTICA NA ESTÉTICA................ 13

UNIDADE II
ASPECTOS GERAIS E CONFECÇÃO DO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)....... 24

CAPÍTULO 1
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)...................................................... 24

UNIDADE III
REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL................................................................................ 30

CAPÍTULO 1
DEFINIÇÃO DE ANAMNESE E SEUS PRINCÍPIOS......................................................................... 30

CAPÍTULO 2
ASPECTOS PSÍQUICOS NA ESTÉTICA ........................................................................................ 35

CAPÍTULO 3
EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA
ANAMNESE FACIAL.................................................................................................................. 42

CAPÍTULO 4
PRINCIPAIS DISFUNÇÕES ESTÉTICAS DA FACE........................................................................... 46

CAPÍTULO 5
EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA ANAMNESE CORPORAL........................................................... 58

CAPÍTULO 6
PRINCIPAIS DISFUNÇÕES ESTÉTICAS CORPORAIS...................................................................... 62

UNIDADE IV
PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA.............................................................. 70

CAPÍTULO 1
BIOSSEGURANÇA E OS SEUS PRINCÍPIOS................................................................................. 70
CAPÍTULO 2
TÉCNICAS E MEDIDAS PARA PREVENÇÃO, REDUÇÃO E TRATAMENTO DOS ACIDENTES
COM MATERIAIS PERFUROCORTANTES..................................................................................... 80

CAPÍTULO 3
DESCONTAMINAÇÃO DOS INSUMOS DE UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA........................................ 86

CAPÍTULO 4
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPIS) E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO
COLETIVA (EPCS) UTILIZADOS EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA.................................................... 91

CAPÍTULO 5
TIPOS DE RESÍDUOS GERADOS E OS TIPOS DE SEGREGAÇÕES EM CLÍNICAS DE ESTÉTICAS....... 98

UNIDADE V
PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA.............................................. 105

CAPÍTULO 1
PROTOCOLOS PARA REALIZAÇÃO DE INTRADEMOTERAPIA..................................................... 105

CAPÍTULO 2
PROTOCOLOS PARA REALIZAÇÃO DE CARBOXITERAPIA.......................................................... 115

CAPÍTULO 3
PROTOCOLOS PARA APLICAÇÃO DE TOXINA BOTULÍNICA...................................................... 125

CAPÍTULO 4
PROTOCOLO PARA APLICAÇÃO DE ÁCIDO HIALURÔNICO..................................................... 131

CAPÍTULO 5
PROTOCOLO PARA CRIOLIPÓLISE......................................................................................... 140

CAPÍTULO 6
PROTOCOLO PARA MICROAGULHAMENTO............................................................................ 144

CAPÍTULO 7
PROTOCOLO PARA INSERÇÃO DE FIOS DE POLIDIOXANONA (PDO)....................................... 147

CAPITULO 8
PROCEDIMENTO ESTÉTICO INJETÁVEL PARA MICROVASOS (PEIM)........................................... 151

UNIDADE VI
RESPONSABILIDADE LEGAL DO PROFISSIONAL ESTETA.......................................................................... 156

CAPÍTULO 1
REGULAMENTAÇÃO DA BIOMEDICINA ESTÉTICA.................................................................... 156

PARA (NÃO) FINALIZAR.................................................................................................................... 164


REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 165

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Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

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Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
A Biomedicina Estética é a mais recente área de atuação do biomédico. Mediante
comprovações científicas dos métodos empregados, o biomédico esteta desenvolve
e aplica os procedimentos para tratar as disfunções estéticas do corpo, tais como:
rugas, estrias, gordura localizada, lipodistrofia ginoide, flacidez, entre outras. Isso
disponibiliza para o paciente o retorno da autoestima e confiança por meio dos
tratamentos estéticos.

Por outro lado, para o profissional alcançar o sucesso nessa área tão concorrida,
ele deve ter disposição para buscar constante atualização, cursos extracurriculares,
congressos, simpósios e estágio prático em clínicas, pois todos os dias surgem novos
procedimentos, cosméticos e equipamentos que prometem revolucionar o setor. Além
disso, conhecer os princípios bioéticos, saber realizar uma anamnese com segurança
e compreender quais são os aspectos jurídicos que regem a atuação da biomedicina
estética, são fatores primordiais para alcançar o sucesso e a satisfação profissional.

Logo, no estudo desta apostila o aluno terá a oportunidade de aprender sobre


os fundamentos que compõem a biomedicina estética, bem com irá obter os
conhecimentos necessários para começar a trilhar um caminho promissor e repleto
de oportunidades.

Objetivos
» Adquirir conhecimentos fundamentais sobre os princípios bioéticos e
acontecimentos históricos que desenvolveram essa ciência.
» Promover o conhecimento das principais técnicas utilizadas nas
avaliações faciais e corporais.
» Aprender a elaborar um Termo de Conhecimento Livre e Esclarecido
e identificar quais são os principais tipos de disfunções estéticas
encontrados na rotina clínica.
» Conhecer quais são as resoluções que regularizam a biomedicina estética
e os embasamentos jurídicos que auxiliam o profissional na sua profissão.
» Atualizar os conhecimentos sobre as normas básicas de biossegurança,
receber as informações necessárias sobre os tipos de rejeitos originados
em uma clínica de estética e orientações sobre os equipamentos utilizados
na proteção individual e coletiva dos trabalhadores do setor.

8
BIOÉTICA NA ESTÉTICA UNIDADE I

CAPÍTULO 1
Evolução da Bioética

Linha do tempo da bioética no Brasil


e no mundo
A Bioética passou por vários processos até ser consolidada como uma ciência. Para
compreender melhor os fatos que regeram o seu surgimento, é necessário ter um
conhecimento prévio sobre tais processos. Para isso, a linha do tempo que se encontra
a seguir lista os principais acontecimentos bioéticos ao longo da história.

1900 – Surgimento do primeiro documento que estabeleceu com clareza os princípios


éticos relacionando à pesquisa com seres humanos, que foi formulado pelo Ministério
da Saúde da Prússia. Nesse documento está presente a integridade dos pesquisadores,
assim como o consentimento formal do indivíduo que irá participar da pesquisa
(SALLES et al., 2010).

1931 – O documento confeccionado em 1900 teve uma baixa repercussão e os abusos


nas pesquisas com seres humanos foram os motivos que levaram o Ministro do Interior
da Alemanha a estabelecer as “14 diretrizes para as pesquisas com seres humanos e
para novos tratamentos” (SALLES et al., 2010).

1933 – 1945 – Durante a Segunda Guerra Mundial, com o advento do nazismo, três
episódios importantes levaram as instituições de saúde a se envolverem em políticas
racistas e eugenistas de acordo com os princípios de Hitler a partir de 1964, no entanto
os eventos que ocasionaram o envolvimento das entidades ocorreram antes. Foram
eles: a lei de 14 de junho de 1933, a respeito da esterilização, classificada como uma
“prevenção contra uma descendência hereditariamente doente”; o memorando
de outubro de 1939, permitindo a eutanásia em indivíduos portadores de doenças
incuráveis; e a constituição dos campos de extermínio, em 1941 (SALLES et al., 2010).

9
UNIDADE I │ BIOÉTICA NA ESTÉTICA

1947 – Criação do Código de Nuremberg, devido aos fatos ocorridos durante a


Segunda Guerra Mundial. Além disso, foi formando o Tribunal Internacional para
julgar os nazistas responsáveis pelos experimentos com os prisioneiros nos campos de
concentração (SALLES et al., 2010).

1948 – Aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU) a Declaração Universal
dos Direitos Humanos. Ainda que não representasse um dever legal, serviu para a
formação de dois tratados elaborados pela ONU: o Tratado Internacional dos Direitos
Econômicos Sociais e Culturais, e o Tratado Internacional dos Direitos Civis e Políticos
(SALLES et al., 2010).

1953 - Watson e Crick descobrem a estrutura do DNA, abrindo novos caminhos para o
desenvolvimento da Engenharia Genética. Consequentemente, questionamentos éticos
a respeito das aplicações que essa descoberta poderia trazer foram feitos (SALLES et
al., 2010).

23 de dezembro de 1954 – O primeiro transplante renal do mundo foi realizado,


trazendo vários questionamentos e polêmicas na esfera ética e jurídica, a respeito dos
transplantes de órgãos (SALLES et al., 2010).

1960 – Criação do Comitê de Seleção de Diálise de Seattle (GodCommission). Essa


comissão tinha como objetivo selecionar os pacientes que iriam realizar hemodiálise,
tratamento que tinha sido descoberto recentemente. No entanto, os integrantes do
GodCommission não eram especialistas da área de Nefrologia. Este fato ficou marcado
como a primeira referência à bioética (SALLES et al., 2010).

1960 – O Concílio Vaticano II foi convocado pelo Papa João Paulo XXIII para discutir
uma reconstrução da Igreja Católica, pois ela iria se tornar mais aberta ao mundo
moderno e aos problemas éticos (SALLES et al., 2010).

1960 – A igualdade dos diretos civis para todas as pessoas (negros e brancos) é
defendida por Martin Luther King. Além disso, ele pede o término da segregação racial
e do preconceito trabalhista (SALLES et al., 2010).

1960 – Ascensão do movimento Hippie. Os integrantes do movimento defendiam a


liberdade sexual, proteção à natureza, não toleravam qualquer tipo de violência física.
O capitalismo foi questionado e os hippies defendiam a partilha dos recursos (SALLES
et al., 2010).

1961 – A vida sexual e social das mulheres foi transformada com o advento da pílula
anticoncepcional. Com isso, uma Bioética Feminista é criada para defender a autonomia
da mulher em relação ao seu corpo (SALLES et al., 2010).

1964 – A Declaração de Helsinki foi aprovada pela Assembleia Médica Mundial. Esse
documento é visto com uma melhoria realizada no Código de Nuremberg. Devido a isso,

10
BIOÉTICA NA ESTÉTICA │ UNIDADE I

seus requisitos de ética médica são utilizados por vários países atualmente (SALLES et
al., 2010).

1966 – Os periódicos científicos de renome no mundo acadêmico são analisados por


um artigo intitulado: “New England Journal of Medicine”. O objetivo foi investigar as
pesquisas com seres humanos. O artigo concluiu que 12% dos estudos continham vários
desvios éticos (SALLES et al., 2010).

1967 – O primeiro transplante cardíaco do mundo é realizado na África do Sul pelo


cardiologista Dr. Christian. O conceito de morte é revisto pela sociedade médica
(SALLES et al., 2010).

1968 -A revista científica “New England Journal of Medicine” apresenta uma nova
definição de morte cerebral. Com isso, o conceito de parada cardiorrespiratória é
questionado, estabelecendo intenso debate sobre a origem dos órgãos destinados aos
transplantes. Os temas eutanásia e distanásia também são discutidos devido ao impacto
causado pelo artigo publicado na revista (SALLES et al., 2010).

1969/1970 – Daniel Callahan funda o “Hastings Center” nos Estados Unidos. O


objetivo da entidade é encontrar soluções éticas para determinados problemas (SALLES
et al.,2010).

1970/1971 – A palavra “bioética” foi utilizada pela primeira em artigos publicados


pelo oncologista, bioquímico e biólogo Van Rensselaer Potter intitulado: Bioethics:
The Science of Surviral e Biocybernetics and Survival. Uma compilação de artigos foi
publicada em forma de livro, Bioethics: Bridge to the Future. O cientista fazia parte
do corpo docente da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos. De acordo com
muitos autores, foi a partir dos estudos de Potter que nasceu a Bioética (SALLES et al.,
2010).

1971– Sediado na Universidade de Georgetown nos Estados Unidos, o Instituto


Kennedy é fundado. A entidade torna-se o primeiro centro do mundo destinado
à leitura e discussão de temas voltados para a Bioética. Funda-se a primeira pós-
graduação em Bioética (SALLES et al., 2010).

1974 – O termo “bioética” é introduzido na Livraria do Congresso Americano (SALLES


et al., 2010).

1974 – O Departamento de Saúde, Educação e Bem-Estar dos Estados Unidos apresenta


o Relatório Belmont, devido aos problemas oriundos do Estudo Tuskegge (1932 a 1972).
Esse estudo realizou uma pesquisa sobre sífilis em uma população negra sem adotar os
princípios éticos (SALLES et al., 2010).

1978 – A reprodução humana assistida começa a ter renome após o nascimento do


primeiro bebê de proveta, Louise Brown, com o que novos questionamentos éticos são
levantados (SALLES et al., 2010).

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UNIDADE I │ BIOÉTICA NA ESTÉTICA

1979 – Um livro, Principles of Biomedical Ethic, que pertence à corrente bioética


chamada Principialismo é publicado pelos autores T. Beauchamp e J. Childress
(SALLES et al., 2010).

1979 – O livro Ética Prática é publicado por Peter Singer. A obra discute os motivos
pelos quais a vida de todos os seres vivos precisa ser respeitada (SALLES et al., 2010).

1986 - O livro Fundamentos da Bioética é lançado por H. Tristam Engelhard. Na obra,


estão presentes as teorias religiosas (SALLES et al., 2010).

1990 – O Projeto Genoma Humano é iniciado (SALLES et al., 2010).

1992 – Na cidade de Amsterdã (Holanda) acontece o primeiro Congresso Mundial de


Bioética, patrocinado pela International Association of Bioethics (SALLES et al., 2010).
o
1996 – O Conselho Nacional de Saúde (CNS) do Brasil publica a resolução n 196/1996
com todas as normas e orientações para a realização de pesquisa com seres humanos
(SALLES et al., 2010).

1997 – O primeiro mamífero do mundo é clonado, uma ovelha chamada Dolly. A


clonagem foi realiza através da transferência nuclear. Devido a isso, uma grande
discussão a respeito da clonagem humana foi realizada, pois a mesma metodologia
poderia ser empregada para clonar seres humanos (SALLES et al., 2010).

2002 – O Brasil sedia o VI Congresso Mundial de Bioética (SALLES et al., 2010).

2003 – O Conselho Federal de Medicina publica a revista Bioética, abordando a


bioética de maneira ampla e interdisciplinar (SALLES et al., 2010).

2004 – O Centro Universitário São Camilo, sediado na cidade de São Paulo, cria o
primeiro mestrado em Bioética do Brasil (SALLES et al., 2010).

2005 – A Universidade do Vale do Sapucaí (UNIVÁS), na cidade de Pouso Alegre em


Minas Gerais, cria o segundo mestrado em Bioética do Brasil (SALLES et al., 2010).

2008 – O Conselho Federal de Medicina, em parceria com a Faculdade de Medicina


da Universidade do Porto em Portugal, criam o programa de doutorado em Bioética
(SALLES et al., 2010).

2010 – A Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), situada na cidade do Rio de Janeiro, ,


introduz o doutorado em Bioética, Ética Aplicada e Saúde (SALLES et al., 2010).

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CAPÍTULO 2
História, principais princípios bioéticos e
atuação da bioética na estética

Processos históricos
A bioética é a ciência que mais cresce em todo o mundo. Ela é um campo que integra
várias matérias cujos pesquisadores chamam de transdisciplinaridade. Ou seja,
é a junção de vários conceitos de disciplinas diferentes. Estimulada pela mídia,
temas como células-tronco, clonagem, aborto, eutanásia, banco de órgão, entre
outros, acabaram por despertar o interesse da sociedade e dos pesquisadores. Os
conhecimentos e reflexões sobre esses temas polêmicos se difundiram pelo mundo
inteiro, transformando a bioética na ciência do momento (SAKAGUTI, 2007).

Não existe um consenso entre os cientistas que trabalham com bioética a respeito de
um acontecimento específico que deu origem a ela. No entanto, existem vários fatores
e contextos históricos que, somados, levaram ao seu surgimento. Dentre os vários
acontecimentos que levaram ao surgimento da bioética podemos destacar a Segunda
Guerra Mundial (SAKAGUTI, 2007).

Além disso, a religião esteve presente no nascimento da bioética, por meio de análises
realizadas e propostas geradas em torno dos avanços tecnológicos alcançados pela área
médica. Na década de 1950, a grande maioria dos professores ou autores de bioética
eram rabinos, pastores ou teólogos católicos (SAKAGUTI, 2007).

Após a Segunda Guerra Mundial, entre os anos de 1950 e 1960, observamos o surgimento
de movimentos de reivindicação dos direitos individuais, tais como: movimentos
feministas, proteção à criança e à juventude, contra a segregação racial, revolução
sexual, entre outros (SAKAGUTI, 2007).

Todos esses movimentos foram fundados devido a dois documentos que surgiram com
o término da Segunda Grande Guerra: O Código de Nuremberg (1947) e a Declaração
Universal dos Direitos Humanos (1948) (SAKAGUTI, 2007).

O Código de Nuremberg surgiu devido aos problemas éticos ocasionados pelas


pesquisas com seres humanos durante a Segunda Guerra Mundial. Os nazistas foram
julgados e condenados pelo Tribunal de Nuremberg por cometerem os mais perversos
atos de crueldade contra a humanidade (SAKAGUTI, 2007).

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UNIDADE I │ BIOÉTICA NA ESTÉTICA

Já a declaração Universal dos Direitos Humanos, criada pela então recém-constituída,


Organização das Nações Unidas (ONU), em 1945, foi uma conquista da humanidade.
Essa declaração promove a proteção contra os abusos de poderes autoritários e o direito
ao livre-arbítrio. Outra diretriz muito importante realizada pela ONU foi a Declaração
dos Direitos da Criança (1959), ressaltando a proteção pela sociedade daqueles que
são mais frágeis e desprotegidos, as crianças. O Código de Nuremberg e as declarações
formuladas pela ONU promulgaram os mesmos objetivos: a liberdade e a dignidade de
cada ser humano (SAKAGUTI, 2007).

Outro fator de extrema importância que auxiliou o surgimento da Bioética foi a


alteração da relação entre o médico e o paciente, que muitos autores classificam como
“desumanização do atendimento aos pacientes”. Ou seja, teríamos um afastamento do
profissional responsável pelos cuidados individuais de cada doente (SAKAGUTI, 2007).

Nos primórdios do século XX, a relação entre médico e paciente era de total
confidencialidade. Era muito comum o profissional ir até a casa do enfermo realizar
consultas e tratar de todos os membros da família. Por isso, as famílias consultavam-
se com o mesmo médico durantes anos. No entanto, no começo da década de 1960,
essa relação afetuosa mudou devido ao aumento do número de hospitais, à inserção de
equipamentos de diagnósticos e de análises clínicas, das pesquisas clínicas e ao advento
das especializações médicas. A facilidade e a comodidade, aliados ao ponto de vista
econômico de concentrar em um mesmo local todos os profissionais da saúde, onde
poderiam trabalhar juntos para atingir os melhores resultados, ajudaram a mudar essa
relação (SAKAGUTI, 2007).

As residências médicas levaram os médicos a concentrar seus conhecimentos em


uma determinada parte do corpo. Porém, ao mesmo tempo em que se especializavam
esqueciam-se de como tratar o conjunto, o corpo humano (SAKAGUTI, 2007).

Dessa forma, o paciente passou a ser tratado como um número de série ou de acordo
com a patologia que portava, perdendo a sua identidade. A mudança na forma de
tratamento dos médicos não mais permitiu estreitar os laços na relação médico-
paciente e a identificação de médico da família foi perdida por esses profissionais
(SAKAGUTI,2007).

Em 1969, foi publicado, nos Estados Unidos, o Código de Direitos do Paciente


Hospitalizado, documento que ratificava os direitos do paciente. Tal declaração garantia
que o enfermo seria respeitado e teria total autonomia sobre as decisões referentes ao
seu corpo (SAKAGUTI, 2007).

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BIOÉTICA NA ESTÉTICA │ UNIDADE I

Durante 1969 foi realizada uma reunião organizada pelo psiquiatra Willard Gaylin
e pelo filósofo Daniel Callahan. Eles reuniram psiquiatras e filósofos para estudar e
elaborar normas a respeito das pesquisas e experimentação no campo da saúde médica.
Esses atos levaram à formação do Institute of Society, Ethics and Life Sciences, com
sede em Hastingon Hundson, Nova Iorque – EUA (SAKAGUTI, 2007).

Esta entidade tinha como objetivo estudar sistematicamente a ética e as ciências da


vida. Além disso, o instituto de pesquisa prezava em ser um centro de estudo totalmente
laico, sem fins lucrativos, com uma alta atividade educativa com o público geral. Com
isso, a instituição ficou conhecida como Hastings Center (SAKAGUTI, 2007).

Somente em 1970 o termo “Bioética” foi utilizado pela primeira vez. Esse fato ocorreu
nos Estados Unidos por meio da publicação do artigo intitulado The sience of survival
escrito pelo oncologista Van Rensselaer Potter. Em 1971, o bioquímico, biólogo e
oncologista publicou um artigo que virou referência na área, Bioethics: bridge to the
future (SAKAGUTI, 2007).

O processo de formação da palavra “Bioética” é baseado na junção dos termos “bio”,


que significa saber biológico, com a palavra “ética” que faz uma relação com os valores
humanos. Porém, foi através de uma reportagem realizada pela revista Time que o
livro de Van Potter tornou-se conhecido pelo público em geral e, desde então, a palavra
Bioética entrou no nosso vocabulário (SAKAGUTI, 2007).

Filme – Julgamento de Nuremberg - Com o fim da Segunda Guerra Mundial,


os países aliados reuniram-se em Nuremberg, na Alemanha, para decidirem o
destino de oficiais nazistas, julgados por seus bárbaros crimes cometidos nos
campos de concentração, em nome da loucura do III Reich. Entre eles estão o
notório Hermann Goering (interpretado por Brian Cox, de Coração Valente).
Com os ombros pesados pela responsabilidade e todos os olhos do mundo
voltados para aquela corte, o promotor Robert Jackson (Alec Baldwin, de O
Sombra), questiona os direitos dos acusados. É como fazer valer a justiça no mais
importante julgamento da história. Com ricos detalhes sobre O Julgamento
de Nuremberg, este filme – cuja produção executiva é co-assinada por Alec
Baldwin – manteve-se fiel até às transcrições das fitas gravadas na corte, aqui
também reproduzida fielmente. Todo o drama e o dilema dos acusadores foram
minuciosamente recriados nesta produção inquestionavelmente perfeita.

15
UNIDADE I │ BIOÉTICA NA ESTÉTICA

Princípios bioéticos
Os fundamentos da Bioética ou Ética não são os seus princípios, no entanto, os
princípios éticos norteiam o caminho referente à reflexão ética e representam um
conglomerado de referências e meios que contribuem para a construção da ação ética.
Existem diferentes modelos bioéticos, cada um propõe seus princípios, apresentando-
os em uma determinada ordem. Essa hierarquia não representa uma hegemonia entre
um e outro princípio, representa apenas a ordem na qual foi construída a reflexão ética
(RAMOS e JUNQUEIRA, 2007).

No Modelo Personalista os princípios bioéticos são distribuídos em:

» Princípio da defesa da vida física: defende a vida física, pois se


entende que ela é coessencial para promover os valores humanos, e,
portanto, sempre deve ser preservada (RAMOS e JUNQUEIRA, 2007).

» Princípio da liberdade e responsabilidade: ressalta a


responsabilidade do profissional de saúde em tratar o paciente, como
um fim, uma finalidade e jamais como um meio. Ademais, relata a
responsabilidade do cuidador, médico ou não, de não aceitar um pedido
do paciente caso interprete a súplica como inaceitável por sua consciência
moral (RAMOS e JUNQUEIRA, 2007).

» Princípio terapêutico: este princípio é conectado com a


proporcionalidade das terapias para avaliar os riscos e benefícios.
De acordo com esse princípio, é permitido intervir sobre a vida de
um paciente fazendo mutilações físicas em uma cirurgia quando isso
permitir a manutenção da vida. Exemplo: amputação de um membro
que foi dilacerado em um acidente ou remoção de tumor (RAMOS e
JUNQUEIRA, 2007).

» Princípio da sociabilidade e de subsidiariedade: sociabilidade


respaldada na prerrogativa que cada indivíduo participe de uma
sociedade, tendo responsabilidade com essa. Cada pessoa tem sua
incumbência na preservação da ordem social, permitindo que todos
possam viver de forma adequada. Já a subsidiariedade relaciona-
se com as responsabilidades dos organismos (governamentais) da
sociedade com cada indivíduo. Por exemplo: um pequeno grupo social
(ONG), associação, entre outros, está desenvolvendo um projeto social
e necessita de ajuda. Os gestores públicos devem apoiar essa iniciativa,
oferecendo recursos para que aquela entidade possa se manter e se
desenvolver (RAMOS e JUNQUEIRA, 2007).

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BIOÉTICA NA ESTÉTICA │ UNIDADE I

É importante ressaltar que, na literatura, podem ser encontrados outros modelos de


princípios bioéticos, que nascem de diferentes escolas éticas. Entre os muitos existentes,
será destacado aquele que é mais utilizado pelos bioeticistas brasileiros. Trata-se
do modelo bioético intitulado Principialismo, que foi proposto por Beauchamps e
Childress em 1989. Esses autores demonstram os seguintes princípios: autonomia,
justiça, beneficência e não maleficência (RAMOS e JUNQUEIRA, 2007).

Princípio da não maleficência


Como o próprio nome já diz, esse princípio da bioética obriga o profissional da saúde
a não causar nenhum tipo de malefício ao paciente. Muitos autores consideram o
princípio da não maleficência como o princípio fundamental da escola Hipocrática.
Além disso, ele é utilizado constantemente para impor uma condição moral ao
profissional da área da saúde. Trata-se, portanto, do dever ético mínimo que um
profissional esteta precisa ter para exercer sua profissão. O não cumprimento desse
princípio coloca o profissional em uma situação de prática negligente (LOCH, 2002).

Este princípio tem grande importância, pois, em muitos casos, os riscos de causar danos
ao paciente são inseparáveis de determinado procedimento que é destinado a tratar um
tipo de disfunção. Qualquer procedimento estético envolve riscos e o paciente tem que
estar ciente dos possíveis problemas.

Por exemplo, um procedimento de pelling pode causar uma queimadura na pele do


paciente se for executado erroneamente. No entanto, do ponto de vista ético, esse
malefício pode ser justificado se o benefício esperado com o procedimento for beneficiar o
paciente por meio da regeneração tecidual ocasionada por uma queimadura controlada.

No exemplo supracitado, os danos ao paciente são relativamente pequenos e


não oferecem risco de morte. Porém, se o paciente tiver algum tipo de alergia aos
componentes utilizados pelo pelling, o risco de ocasionar malefícios definitivos é
elevado. Com isso, o procedimento não poderá ser realizado.

Princípio da beneficência
Este princípio da beneficência apoia-se na proposta de que devemos fazer o bem ao
próximo. Quando utilizado por profissionais da estética, o trabalhador tem o dever moral
de zelar pela saúde do paciente, não apenas no que diz respeito à assistência técnica,
mas também deve ser levada em consideração a ética. Ou seja, todos os conhecimentos
e habilidades adquiridos pelo profissional ao longo da sua formação devem ser usados

17
UNIDADE I │ BIOÉTICA NA ESTÉTICA

para servir o paciente, visando sempre minimizar os riscos e potencializar os benefícios


do tratamento (KOTTOW, 1995).

O presente princípio obriga o profissional da saúde a não causar danos intencionais à


saúde do paciente. Além disso, obriga o profissional a promover o bem-estar daquele,
por meio das seguintes ações (LOCH, 2002):

» prevenir ou remover algum malefício (LOCH, 2002), neste caso seriam


as disfunções estéticas;

» fazer o bem ao paciente. Ou seja, por meio dos procedimentos estéticos


devolver ao paciente a autoestima.

Esse princípio necessita de ações positivas por parte do profissional esteta. Faz-se
necessário que o profissional trabalhe para beneficiar o seu paciente. Os procedimentos
que serão realizados precisam ser avaliados e analisados, levando em conta o benefício
versus riscos e/ou custos (LOCH, 2002).

Por exemplo, determinado paciente deseja realizar um tratamento com toxina


botulínica. No entanto, o profissional esteta deve alertar o seu paciente sobre os
riscos que o procedimento causa e os seus benefícios. Além disso, o profissional deve
argumentar o motivo pelo qual os benefícios são maiores que os malefícios, o que
justificaria a realização do procedimento.

Princípio do respeito à autonomia


O respeito à autonomia significa respeitar o livre-arbítrio de cada ser humano. Ou seja,
uma pessoa deve julgar se determinado tratamento estético é ou não bom para si. Mas,
para que a pessoa possa exercer a autodeterminação é imprescindível respeitar duas
condições básicas (LOCH, 2002):

» o paciente deve ter clareza intelectual para compreender as razões pelas


quais vai realizar o procedimento (LOCH, 2002) e deliberação para
escolher com coerência entre as alternativas de tratamentos estéticos
apresentados;

» opaciente precisa ter liberdade, ou seja, autonomia sobre as escolhas


cabíveis (BEAUCHAMP e CHILDRESS, 1994).

O princípio da autonomia baseia-se na relação de proximidade entre paciente e


profissional da saúde. Este princípio sentencia o profissional esteta a comunicar

18
BIOÉTICA NA ESTÉTICA │ UNIDADE I

todas as informações possíveis sobre o tratamento, com o objetivo de promover uma


compreensão da disfunção estética e das metodologias empregadas para revertê-la.
Dessa maneira, o paciente tem condições plenas de tomar a decisão, se irá ou não
realizar o tratamento. Respeitar a autonomia vai mais além, significa também ajudar o
paciente a superar seus sentimentos de dependência.

Para formalização das informações passadas pelo profissional esteta ao paciente, é


necessário apresentar o consentimento informado. Essa declaração é classificada
com uma decisão voluntária do paciente. O veredito pode ser promulgado de forma
verbal ou escrita. Por meio dele o paciente é informado dos riscos e benefícios que
o tratamento estético traz, e confirma que recebeu todas as orientações e teve suas
dúvidas esclarecidas pelo profissional. O consentimento informado deve ser entendido
como um documento firmado pelo profissional esteta e pelo paciente, pois contempla
os fundamentos legais do problema.

O termo deve ser visto como um processo de relacionamento entre as partes, tendo o
profissional de saúde a obrigação de indicar todos os pontos do tratamento e ajudar o
paciente a escolher a melhor opção de acordo com os seus dogmas (LOCH, 2002).

Princípio da justiça
A palavra justiça é derivada do latim “iustitia” e expressa o significado de equidade,
leis, exatidão, bondade, benignidade, justiça. Essa palavra foi introduzida na língua
portuguesa no século XIII. O seu significado também pode ser interpretado como
algo que está em conformidade com o que é de direito, com o que é justo (ÂMBITO
JURÍDICO, 2015).

Na bioética, o princípio da justiça faz referência a respeitar com imparcialidade o


direito de cada indivíduo. Dessa maneira, não seria ético tomar uma decisão que
levasse o profissional esteta ou o paciente a se prejudicar. É a partir desse princípio
que se estrutura a chamada “objeção de consciência”, que representa o direito de
determinado profissional a recusar-se a realizar um procedimento, aceito ou
reivindicado pelo paciente, mas que vai contra as convicções éticas desse profissional
(RAMOS e JUNQUEIRA, 2007).

19
UNIDADE I │ BIOÉTICA NA ESTÉTICA

Relação entre o profissional esteta e o


paciente à luz do paternalismo
O paternalismo é definido como um comportamento impositivo praticado pelos
profissionais da saúde. Também poderíamos dizer que o paternalismo é um modelo
de autoritarismo, devido ao fato de uma pessoa exercer sobre outro individuo várias
decisões sem o seu consentimento (COHEN e MARCOLINO, 2002).

Esta conduta é um problema de difícil avaliação, devido ao fato de quando e quanto


essa prática é adotada. Dessa maneira, ela se torna o centro de bastantes problemas
éticos (COHEN e MARCOLINO, 2002).

Analise os comportamentos:

» cuidar do enfermo sem o seu consentimento;

» utilizar algum tipo de placebo;

» não dizer ao paciente algum tipo de informação sobre o estágio da


patologia que ele apresenta;

» realizar algum procedimento estético sem informar ao paciente que


outros profissionais estetas utilizam métodos diferentes.

Os comportamentos supracitados são, na sua plenitude, classificados como


paternalistas (COHEN e MARCOLINO, 2002).

De acordo com ensinamentos de Dworkin (1971), o paternalismo é o ato de interferir


no livre-arbítrio, baseado na justificativa de manter o bem-estar, felicidade e
necessidades da pessoa reprimida.

Por outro lado, Culver e Gert (1982) dizem que o comportamento parternalista deve
ser empregado somente quando se acredita nos seguintes itens:

» sua ação beneficia o paciente;

» sua ação envolve a quebra de uma regra moral do paciente;

» seus atos não têm o consentimento do paciente, nem no passado, nem no


presente, nem aparecerá no futuro.

De maneira mais clara, as ideias de Culver e Gert explicam que somente devemos agir
paternalisticamente em relação a um paciente quando a intenção for beneficiá-lo e não
ao executor do ato ou a terceiros.

20
BIOÉTICA NA ESTÉTICA │ UNIDADE I

Existem duas formas de beneficiar uma pessoa. A primeira é promover algum bem para
o indivíduo, tais como: produzir prazer, liberdade ou oportunidade. A segunda forma
é buscar inibir ou amenizar um mal que está acometendo o paciente, pode ser uma dor
ou incapacidade de realizar algo (COHEN e MARCOLINO, 2002).

É importante salientar que o paternalismo é fundamentando nos princípios da


beneficência e da não maleficência. Ou seja, no geral, esses princípios priorizam que
o paciente seja tratado com respeito e dignidade. Para isso, é primordial não causar
nenhum tipo de malefício ao indivíduo e prezar sempre pelos resultados benéficos.

Por outro lado, também podemos fazer uma análise do paternalismo baseando-se no
princípio da autonomia. Esse princípio foi formalizado somente em 1947, por meio
do Código de Nuremberg, no qual foram estabelecidas normas para a realização de
pesquisa com seres humanos. Desde então, é obrigatória a apresentação do Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido ao indivíduo que participará de determinada
pesquisa laboral (FREITAS e HOSSNE, 1998).

A palavra autonomia tem sua origem no idioma grego em que “auto” significa “próprio” e
“nomos” relaciona-se a “leis, regras”. Ou seja, autonomia significa ter autodeterminação
ou autogoverno sobre as suas próprias decisões que irão afetar a integridade, a saúde,
as relações interpessoais, a vida, e a integridade (FILHO, 2011).

Indivíduos caracterizados como autônomos são aqueles que têm a liberdade de


pensamento. Para uma situação ser classificada como autônoma é necessário haver
alternativas de escolhas. A liberdade de opção tem que estar presente. Não obstante, a
pessoa deve ser capaz de julgar as alternativas e escolher aquela que for melhor para si
de acordo com seus princípios (FILHO, 2011).

Seguindo essa linha de pensamento, podemos citar o filósofo Franklin Leopold


(LEOPOLDO e SILVA, 1998), para quem o paternalismo é o resultado de uma relação
assimétrica entre o profissional de saúde e o paciente. Evidenciada pela fragilidade
do paciente à frente do profissional esteta. Nesse tipo de relação encontramos uma
desproporção, pois o cuidado prestado anula o paciente, que é o objeto da relação. O
profissional esteta detém o saber dos procedimentos estéticos deixando o paciente à
mercê das influências do profissional (FILHO, 2011).

Na estética, um exemplo claro de paternalismo é a seguinte situação: um paciente


pretende realizar uma sessão de ultrassom cavitacional, no entanto, para
potenciar os efeitos do tratamento o profissional esteta, sem o consentimento
do paciente, introduz soro fisiológico no abdome.

21
UNIDADE I │ BIOÉTICA NA ESTÉTICA

É sabido que a hidrolipoclasia consegue eliminar mais medidas. O profissional


esteta, quando decidiu realizar esse procedimento, teve como objetivo
promover um benefício ao paciente (princípio da beneficência), além disso, a
hidrolipoclasia não causa nenhum malefício (princípio da não maleficência). No
entanto, o profissional esteta praticou um ato de paternalismo, pois fez a injeção
de soro sem o consentimento do paciente. Se o paciente tivesse autorizado o
uso do soro fisiológico, essa situação não seria classificada como paternalista.

Envelhecimento populacional, aparência


social e benefícios propostos pela estética
seguindo os princípios bioéticos
Os brasileiros estão gastando cada vez mais com procedimentos estéticos. O Brasil já
ocupa a segunda colocação do ranking mundial entre os países que mais gastam com
esses serviços, ficando atrás somente dos Estados Unidos. Devido a isso, em 2014 foi
estimado que o mercado brasileiro movimentou cerca de R$ 136 bilhões e, para 2015,
houve um crescimento de 10%. O aumento do mercado deve-se à ascensão das classes D e
E, e à crescente participação da mulher brasileira no mercado de trabalho, ocasionando
a elevação da renda familiar (Estado de Minas. Disponível em: www. em.com.br/app/
noticia/economia/2014/11/02/internas_economia,585899/estetica- deve-fechar-o-
ano-com-crescimento-de-77-mesmo-com-economia-desaquecida.shtml.).

O público masculino também estimulou o aumento do faturamento no setor. Cada


vez mais preocupados com a aparência, os homens estão investindo constantemente
no seu bem-estar. Esse público busca um tratamento diferenciado e exclusivo, com
privacidade, agilidade e conforto. A execução de um serviço regado com pequenos
agrados, tais como: drinks, sucos, orientações alimentares, entre outros, levam à
fidelização do paciente (Sebrae, disponível em: https://www.sebrae.com.br/appportal/
reports.do?metodo=runReportWEM&nomeRelatorio=ideiaNegocio&nomePDF=Como%20
montar%20um%20centro%20de%20est%C3%A9tica&COD_IDEIA=39187a51b9105410Vg
nVCM1000003b74010a____ > acessado em: 13 jan. 2020.arquivopdf.sebrae.com.br/
customizado/acesso-a-mercados/conheca-seu-mercado/ inteligencia-de-mercado/
servicos-%20mercado%20de%20estetica.pdf).

Um fator bastante significativo que deve ser levado em consideração ao analisar o


faturamento do setor é o envelhecimento populacional. Dados do Instituto Brasileiro
de Geografia Estatística (IBGE) revelam que a população brasileira está envelhecendo
em um ritmo acelerado. Isso se deve aos avanços da medicina, que proporcionaram
uma maior expectativa de vida. De acordo com o IBGE, em 2025, o Brasil será a sexta

22
BIOÉTICA NA ESTÉTICA │ UNIDADE I

nação do mundo com o maior número de pessoas com idade superior aos 70 anos.
Serão cerca de 33 milhões de brasileiros, o que representará aproximadamente 13% da
população (IBGE).

O processo de envelhecimento não é visto com naturalidade por grande parte dos
pacientes. Muitos desejam eternizar a beleza que possuíam na juventude, e aqueles
que se encontram na idade adulta buscam constantemente novas maneiras de burlar
o ciclo natural da vida. Dessa forma, a autoestima do paciente fica abalada, trazendo
insegurança, dúvida e incerteza. Com isso, os tratamentos estéticos surgem como
provedores da resolução dos problemas supracitados (HELOU, 2010).

Os valores da nossa sociedade são pautados nos seguintes referenciais: juventude e


beleza física. Quando determinado paciente olha para o espelho e as marcas do tempo
já estão presentes em seu corpo, esse fato pode ser, para muitos indivíduos, apavorante
ou até mesmo ameaçador. A partir desse momento, o tempo é tratado como o principal
inimigo, pois, passa e levar consigo todo o frescor da pele, a agilidade dos movimentos
e a tonicidade dos músculos e tecidos (HELOU, 2010).

A sociedade ocidental é sustentada por dogmas que priorizam a aparência como


cartão de visitas de qualquer indivíduo. O fato de determinada pessoa ter uma boa
aparência sentencia se ela será ou não aceita em determinado ciclo social. Tais valores
são difundidos pelas redes sociais, revistas, jornais, cinemas, desfiles, comerciais,
entre outros. A propagação midiática quem na maioria das vezes, vende imagens de
indivíduos bem-sucedidos, associadas a uma beleza e juventude sem igual, estimula
esse tipo de comportamento. Com isso, essas características tornam-se motivacionais
para a obtenção de sucesso, seja ele financeiro ou social (HELOU, 2010).

Os gastos com procedimentos estéticos já comprometem uma quantia generosa do


orçamento familiar. De acordo com um estudo realizado por Helou em 2010, no
qual a pesquisadora entrevistou várias mulheres indagando porque elas gastavam
tanto dinheiro com procedimentos estéticos, a resposta foi unânime: “Por causa da
sociedade”.

Logo, o profissional esteta que irá atender seu paciente deve primeiramente realizar
uma anamnese com bastante destreza e respeitar os princípios da Bioética.Muitas
vezes o paciente pode querer fazer determinado procedimento baseado nos resultados
obtidos por um amigo ou familiar. Pode, ainda, ter visto algo nas mídias sociais que
determinado tratamento promete realizar milagre. No entanto, cada organismo tem
suas particularidades e deve sempre ser tratado como um ser único. Assim, é primordial
individualizar os tratamentos estéticos.

23
ASPECTOS GERAIS
E CONFECÇÃO
DO TERMO DE UNIDADE II
CONSENTIMENTO
LIVRE E
ESCLARECIDO (TCLE)

CAPÍTULO 1
Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE)

Origem do Termo de Consentimento Livre e


Esclarecido (TCLE)
O documento intitulado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi criado
nos primórdios da Bioética, devido à preocupação que existia com as pesquisas realizadas
com seres humanos. Essa apreensão perdura até os dias atuais e ocupa lugar de destaque
nas discussões das pesquisas farmacológicas (SAKAGUTI e TRINDADE,2007).

O primeiro relato sobre a utilização do TCLE foi um documento elaborado para


estabelecer uma relação entre o pesquisador e o pesquisado. O registro é datado de 19
de outubro de 1833. O médico estadunidense, Willian Beaumount (1785-1853) realizou
seus trabalhos com o consentimento de Alexis St. Martin, que apresentava um ferimento
provocado por arma de fogo, no qual era possível observar o seu estômago (SAKAGUTI
e TRINDADE, 2007).

No documento firmado entre as partes ficou estabelecido que o médico iria custear
todas as despesas do pesquisado, além disso, forneceria uma remuneração no valor
de U$ 150,00. O estudo durou um ano e sofreu fortes críticas éticas pela forma como
foi desenvolvido. O pesquisado não recebeu todas as informações necessárias e o seu
envolvimento com o experimento não aconteceu de forma voluntária. No entanto, esse
relato é considerado o vanguardista do TCLE (MINOSSI, 2011).

24
ASPECTOS GERAIS E CONFECÇÃO DO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) │ UNIDADE II

Durante a história da Bioética, observamos que nem sempre houve uma preocupação
com o participante de um experimento ou até mesmo de um procedimento médico.

Existe uma infinidade de relatos com desrespeito causado por cientistas ou médicos
que não se preocupavam com a autonomia das pessoas. Esses fatos envolviam dor,
sofrimento, humilhação e até mesmo mortes. O perfil das pessoas que tinham sua
autonomia privada era de prisioneiros de guerra, pobres, escravos e condenados à
morte (SAKAGUTI e TRINDADE, 2007).

Foi somente a partir do Código de Nuremberg que o consentimento voluntário passou a


o
ser tratado com uma prerrogativa dos pesquisados. Em seu art. 1 , o Código destaca que
o consentimento voluntário do ser humano é essencial para o desenvolvimento de uma
pesquisa. No entanto, vários médicos e cientistas não respeitam essa diretriz. O motivo
seria a associação que muitos profissionais faziam com os crimes cometidos durante
a guerra. Com isso, suas penalidades ou exigências não valeriam para as pesquisas
realizadas no pós-guerra (SAKAGUTI e TRINDADE,2007).

Também podemos descartar a Declaração Universal dos Direitos do Homem que foi
assinada em dezembro de 1948, na cidade de Paris, representando a primeira tentativa
da humanidade em estabelecer paramentos humanitários válidos para todos os
habitantes do planeta, independente de cor, sexo, classe social, religião, língua, entre
outros (SAKAGUTI e TRINDADE, 2007).

No fim dos anos 1950, nos Estados Unidos, vários pacientes começaram a denunciar
pesquisadores que omitiram informações a respeito dos procedimentos. Porém, foi
somente a partir da década de 1960 com a Declaração de Helsinque que os consentimentos
passaram a receber uma análise mais detalhada (SAKAGUTI e TRINDADE, 2007).

Por fim, em 1993, ocorreu a criação das “Diretrizes Éticas Internacionais para
Pesquisas da Área da Saúde Envolvendo Seres Humanos”, documento que promoveu
uma valorização dos TCLE em todas as pesquisas com seres humanos (SAKAGUTI e
TRINDADE, 2007).

Aplicação do TCLE no Brasil


No Brasil, a regulamentação do TCLE começou com a produção de dois documentos
o
elaborados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM – Resolução n 1081, de 12 de
o
março de 1982) e pelo Ministério da Saúde na década de 1980 (Portaria n 16, de 27 de
novembro de 1981). Esses documentos estabeleceram as normas para a utilização do
TCLE nos primórdios na década de 1980 (MINOSSI, 2011).

25
UNIDADE II │ ASPECTOS GERAIS E CONFECÇÃO DO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Durante a primeira Conferência Brasileira de Bioética, realizada em julho de 1996, foi


confirmado que na pesquisa brasileira muitos pesquisados raramente eram informados
ou até mesmo perguntados se gostariam de participar de um estudo. Devido a isso, o
Conselho Nacional de Saúde revisou as normas éticas para a realização de pesquisas
o
com seres humanos no país, estabelecidas pela Resolução n 1/1988. Essa resolução foi
formulada em 1988, e estabelece que todas as pessoas que participassem de pesquisa
em território brasileiro deveriam ser informadas por escrito de todos os riscos e
objetivos do estudo. Elas teriam a sua autonomia respeitada, para decidir se iriam ou
não participar do estudo (HARDY et al., 2002).

Com isso, uma comissão do Conselho Nacional de Saúde foi formada e ouviu diferentes
nichos da população para elaborar um documento detalhado e abrangente. Ao fim do
o
processo, a Resolução n 196/1996 sobre Pesquisas Envolvendo Seres Humanos foi
publicada e encontra-se atualmente em vigor (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1996).

Essa resolução define TCLE como:

A anuência do sujeito da pesquisa e/ou seu representante


legal, livre de vícios (simulação, fraude ou erro), dependência,
subordinação ou intimidação, após explicação completa e
pormenorizada sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos,
métodos, benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo que
esta possa acarretar, formulada em um termo de consentimento,
autorizando sua participação voluntária na pesquisa (SAKAGUTI e
TRINDADE, 2007).

A expressão Termo de Cconsentimento Livre e Esclarecido é uma tradução dos termos


da língua francesa consentement livre et ésclaire que, por sua vez, deriva da expressão
inglesa informed consent (SAKAGUTI e TRINDADE, 2007).
o
As instruções presentes na Resolução n 196/1996 relatam que todas as pesquisas que
utilizam seres humanos, independente da área de atuação, devem submeter seu estudo
a um Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Todas as instituições brasileiras que realizam
esse tipo de pesquisa foram obrigadas a construir um CEP. Na impossibilidade de uma
instituição construir um CEP, ela deve submeter seus trabalhos ao CEP de outro centro,
preferencialmente o CEP de uma faculdade, universidade, instituto de pesquisa ou
outro órgão com indicação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP/MS)
para realização dos seus trabalhos (HARDY et al., 2002).
o
O TCLE deve ser submetido ao CEP de acordo com as diretrizes da resolução n
196/1996. O comitê irá avaliar se o TCLE esclarece os pontos principais da pesquisa

26
ASPECTOS GERAIS E CONFECÇÃO DO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) │ UNIDADE II

e se permite que o indivíduo pesquisado apresente autonomia e voluntariedade para


tomar sua decisão.

No entanto, em procedimentos que são realizados dentro do consultório, não se faz


necessário que o TCLE passe pela aprovação de um CEP, porque não está sendo realizada
uma pesquisa científica. Porém, é de extrema importância que o documento seja
avaliado por um advogado especialista em ética, para garantir que tenha sido redigido
de acordo com os princípios éticos, além de garantir a idoneidade do documento.

Aspectos legais do TCLE


o
De acordo com a resolução n 196/1996, o TCLE deve ser preenchido em duas vias. O
documento deve conter a identificação do participante de uma pesquisa e/ou paciente,
do representante legal (caso exista), nome do pesquisador e/ou profissional esteta, data
e assinatura de todos em todas as folhas. Uma via fica com o paciente e/ou pesquisado
e a outra é arquivada pelo profissional (SAKAGUTI e TRINDADE, 2007).

Uma das finalidades do TCLE é servir como uma peça contratual entre o(a) profissional
esteta e o paciente. Conforme os princípios jurídicos, defendendo os direitos das partes
envolvidas na causa junto à justiça e ao conselho de classe do profissional (SAKAGUTI
e TRINDADE, 2007).

Por outro lado, de acordo com uma vertente, o TCLE é um documento informativo
e esclarecedor. Assim, não deveria ser utilizado como instrumento de defesa do
profissional. Para muitos profissionais da saúde que trabalham com procedimentos
minimamente invasivos (injetáveis), essa tática é vista como um desvio da prática
sensata, induzida principalmente por profissionais incompetentes, devido à ameaça de
processos por negligência profissional. Além disso, apesar do paciente ter assinado o
TCLE concordando com o tratamento, nada impede que ele entre na justiça e processe
o profissional esteta em casos de erros ou falta de assistência por parte do profissional
(MINOSSI, 2011).

Caso o profissional esteta queira utilizar as imagens do paciente em algum congresso


ou artigo cientifico, é necessária uma autorização especial ou “Autorização do Uso de
Imagem”, que pode estar embutida em um item dentro do TCLE. Nessa autorização,
deve estar descrita a maneira pela qual as imagens serão utilizadas e como a identidade
do paciente será preservada (SAKAGUTI e TRINDADE, 2007).

27
UNIDADE II │ ASPECTOS GERAIS E CONFECÇÃO DO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Elaboração do TCLE
o
De acordo com as normas da resolução n 196/1996, o TCLE é um documento elaborado
pelo pesquisador ou profissional esteta e precisa ter a assinatura ou impressão digital
do paciente e/ou responsável legal e visto do profissional. Em alguns casos também é
utilizada a assinatura de uma testemunha para dar mais credibilidade ao documento.
Além disso, o termo precisa ser elaborado em uma linguagem acessível, de preferência
sem a utilização de termos técnicos e deve apresentar os seguintes itens (SILVA et
al.,2005; SAKAGUTI e TRINDADE, 2007; MINOSSI, 2011):

» título (nome do procedimento que será realizado);

» introdução do experimento ou tratamento;

» objetivos (finalidade do procedimento);

» metodologia (descrever a técnica que será utilizada);

» complicações ou riscos que o tratamento oferece (pré-tratamento,


durante, após);

» contraindicações do tratamento;

» benefícios esperados;

» orientações para o pré e pós-procedimento;

» informações do profissional, tais como: nome completo, telefone,


endereço da clínica, número do Conselho do profissional;

» identificação do paciente (nome, CPF, RG, endereço);

» data, cidade e estado onde foi realizado o tratamento;

» garantia de esclarecimento a qualquer momento sobre o tratamento do


paciente;

» termo para o uso de imagem com a garantia de preservação da


identificação do paciente, caso o profissional queira usar as imagens
do tratamento em revistas, artigos, congressos, entre outros, mediante
autorização do uso de imagem;

» assinatura ou impressão digital das partes envolvidas (paciente,


profissional esteta e testemunha);

» declaração de que as informações prestadas foram efetivamente


entendidas.

28
ASPECTOS GERAIS E CONFECÇÃO DO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) │ UNIDADE II

Para tornar a compressão do texto do TCLE mais fácil, é imprescindível seguir as


seguintes orientações (ARAÚJO et al., 2010):

» elaborar frases curtas, com palavras de fácil entendimento, facilitando


dessa maneira a localização do paciente sobre temática do TCLE;

» ser direto e breve na redação do texto para que o paciente possa ler todo
o TCLE e absorver todas as informações necessárias;

» formular todo o texto em linguagem leiga, ou seja, utilizar expressões que


são comuns à população e à linguagem estética;

» colocar as informações mais importantes no começo do parágrafo,


facilitando a absorção do conteúdo mais importante;

» elaborar frases na ordem direta e na voz ativa;

» citar os benefícios do tratamento antes dos malefícios que pode causar;

» evitar o uso de adjetivos e eufemismo;

» utilizar títulos e subtítulos em destaque, para introduzir melhor o


assunto abordado no TCLE e facilitar a compreensão.

29
REALIZAÇÃO DE
ANAMNESE FACIAL UNIDADE III
E CORPORAL

CAPÍTULO 1
Definição de anamnese e seus
princípios

Anamnese em procedimentos estéticos


A palavra anamnese é originaria do grego, ana significa trazer de volta e mnsese
refere-se a memória. Ou seja, podemos definir anamnese como sendo uma entrevista
realizada pelos profissionais da saúde que visa resgatar as informações de determinada
patologia (PORTO, 2004). Dessa maneira, ela apresenta comunicação não verbal
(sinais, comportamento), verbal e escrita (SOARES et al., 2014). É por meio dessas
informações que o profissional esteta vai guiar-se para realizar a entrevista.

Uma boa anamnese é aquela com contato entre o profissional de saúde e o paciente.
No entanto, para realizar esse procedimento com destreza é preciso dedicação e tempo
adequado de atendimento. Pede-se para o profissional que antes de começar a consulta
avalie como está seu humor, atenção e disposição. Caso essas três características
apresentem déficit, o atendimento poderá ser prejudicado e a relação cordial entre
profissional esteta e paciente ficará prejudicada. Além disso, cumprimentar o paciente,
ter um tom de voz adequado e olhar direcionado demonstram interesse e dedicação por
parte do profissional em ouvir as queixas do paciente (CARRIÓ, 2012).

É durante a consulta que a relação entre o profissional esteta e o paciente começa. A


arte de realizar uma boa anamnese é adquirida com a vivência no consultório. Cada
profissional tem suas particularidades na condução de uma entrevista. Há algumas
regras básicas que precisam ser seguidas, tais como (SENRA e MORAES, 2012):

» deixar o paciente expor suas queixas livremente. Ouvir com atenção todas
as informações passadas;

30
REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL │ UNIDADE III

» evitar fazer perguntas de forma mecânica e enfadonha;

» evitar perguntas sugestivas, que podem ser respondidas com um simples


“sim” ou “não”;

» utilizar uma linguagem de fácil entendimento e sem termos técnicos;

» ser empático com o paciente, isto é, o profissional esteta deve ter


a capacidade de compreender o sentimento ou reação do paciente
colocando-se no lugar dele.

Determinados pacientes que apresentam algum tipo de disfunção estética podem


apresentar transtornos psicológicos que potencializam as imperfeições. No entanto,
as disfunções que esses pacientes possuem são classificadas como aceitáveis, porém,
devido aos transtornos, essas imperfeições são multiplicadas pelo indivíduo. Com isso,
cabe ao profissional ter a destreza para identificar esse tipo de comportamento no
paciente, para realizar uma anamnese correta e sem influência dos fatores psicológicos.
Alguns desses comportamentos são (SENRA e MORAES, 2012):

» ter expectativa bastante elevada sobre o tratamento (fantasia x


realidade) ou causa obscura que levou o paciente a buscar tratamentos
estéticos;
» estar realizando o procedimento estético para agradar outras pessoas;
» apresentar delírios, perda de contanto com a realidade, alucinações, isto
é, psicose;
» ter distúrbio de ansiedade e de afeto;
» exagerar nos defeitos estéticos (transtorno dismórfico corporal e
vigorexia);
» ter distúrbio de somatização. Esse transtorno, quando presente
nos pacientes, pode causar sofrimento significativo ou prejuízo no
funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes,
devido às anomalias estéticas. Os sintomas são: palpitações, vômitos,
náuseas, tonturas, indiferença sexual, intolerância alimentar, entre
outros.

O profissional esteta deve adotar determinadas atitudes para conduzir uma anamnese
de forma confortável e segura. Para isso, é importante ressaltar os seguintes
comportamentos (SENRA e MORAES, 2012):

» manter a calma e seriedade na consulta para passar conforto ao paciente;

31
UNIDADE III │ REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL

» ter disposição para ouvir as queixas do paciente;

» explicar com detalhes como planeja reverter a disfunção estética;

» não apresentar atitudes defensivas, mas formalidade e cordialidade são


necessárias;

» ter paciência para definir claramente quais são os comportamentos


aceitáveis e inaceitáveis.

Algumas perguntas são classificadas como essenciais em uma anamnese. Por meio
delas é possível obter informações relevantes sobre a vida do paciente e as expectativas
que tem com a realização dos tratamentos estéticos. Algumas dessas perguntas são:

» Já realizou algum tipo de tratamento estético?

› Se a resposta for sim, quais foram os tratamentos?

› Ficou satisfeito com os resultados obtidos?

» Nos próximos dias participará de algum evento importante, tais como:


casamento, formatura, aniversário?

› A resposta sendo positiva, deve-se explicar o tempo de recuperação do


procedimento.

» Está grávida ou pretende engravidar nos meses em que estiver realizando


os tratamentos?

› Mulheres grávidas devem evitar a realização de tratamentos estéticos,


pois os procedimentos podem interferir na gravidez.

» Trabalha ou vive em um local com exposição ao sol?

› Pacientes devem evitar exposição ao sol durante os tratamentos


estéticos, especialmente na realização de peelings, lasers, CO
2
fracionado, entre outros, para evitar pigmentações na pele.

» Tem herpes labial?

› Em casos de pacientes com herpes labial é importante alertá-lo sobre


o risco da herpes aparecer devido aos procedimentos estéticos. Com
isso, deve-se tomar o medicamento de costume do paciente antes
de começar o tratamento, o que ajuda a prevenir o aparecimento da
herpes.

32
REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL │ UNIDADE III

» Tem algum tipo de dermatite?


› Pacientes com dermatite têm a pele bastante sensível. Com isso, o
profissional deve ter um cuidado extra na execução dos procedimentos
para não lesionar a pele.
» Tem alergia a algum tipo de medicamento ou substância?
› Pacientes alérgicos precisam de uma atenção especial, para evitar
possíveis complicações.
» Utiliza marca-passo?
› Pacientes portadores de marca-passo não podem fazer
radiofrequência, pois o procedimento pode alterar o funcionamento
do aparelho.
» Tem hipertensão?
› Pacientes hipertensos podem ficar nervosos durante a realização
de algum procedimento estético, ocorrendo elevação da pressão
sanguínea.
» Está realizando algum tratamento médico no momento?
› Alguns tratamentos médicos podem provocar disfunções estéticas
como efeitos colaterais. Nesses casos, o paciente deve levar na
consulta uma autorização do médico responsável liberando-o para
a realização de tratamento estético. Além disso, o profissional esteta
deve estudar o caso e analisar possíveis interações entre o tratamento
médico e o estético.
» Tem algum tipo de distúrbio hormonal?
› Alterações hormonais podem causar acne, sobrepeso, manchas,
excesso de pelo, entre outras disfunções estéticas.
» Tem antecedentes oncológicos?
› Neste caso deve-se pedir que o paciente leve na consulta uma
autorização do médico oncologista liberando-o para a realização de
tratamentos estéticos. Porém, caso o paciente esteja com a neoplasia,
o tratamento não deve ser realizado.

O profissional esteta pode elaborar outros tipos de perguntas de acordo com a sua
experiência e necessidade, pois, cada profissional tem suas particularidades que compõe
a anamnese.

33
UNIDADE III │ REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL

O profissional esteta tem capacidade plena para interpretar os laudos de testes


laboratoriais. Com isso, se possível, o paciente deve levar para a consulta os
exames laboratoriais realizados nos últimos meses. Caso contrário, o paciente
deve consultar-se antes com um médico e solicitar exames laboratoriais de
rotina: hemograma, colesterol total, HLD, LDL, VLDL, triglicerídeos, glicemia,
entre outros, e levar, posteriormente, na consulta com o profissional esteta.

Essa conduta é extremante importante, pois o profissional tem que saber como está a
saúde do paciente antes de começar os procedimentos. Isso é necessário especialmente
para aqueles que promovem a liberação de lipídios, tais como: intradermoterapia,
ultrassom cavitacional, criolipólise, hidrolipoclasia, entre outros. Dessa maneira, evita-
se uma alteração acentuada nos níveis lipídicos e possíveis patologias.

Já os procedimentos que provocam sangramento como microagulhamento,


o profissional deve analisar primeiro se o paciente não tem algum problema
de coagulação. Com isso, surge também a importância de solicitar o exame de
coagulograma aos médicos e posteriormente levar o resultado na consulta com o
profissional esteta.

Elaboração da ficha de anamnese


A ficha de anamnese deve ser elaborada de acordo com os procedimentos que o
profissional realiza. Entretanto, a ficha não dever ser entendida apenas como uma ficha
cadastral que irá conter os dados do pacientes, mas ser vista como um documento que
contém informações relevantes sobre o paciente que irão auxiliar na correta escolha do
procedimento mais indicado para tratar determinada disfunção estética.

Ademais, não existe um modelo pré-determinado para elaboração de uma ficha de


anamnese. Cada profissional esteta deve elaborar a sua própria ficha de acordo com a
sua vivência clínica e os procedimentos que realiza. No entanto, os pontos que foram
abordados no tópico anterior desta apostila são fundamentais, logo, é importante que
eles estejam presentes, pois norteiam o profissional durante a consulta.

34
CAPÍTULO 2
Aspectos psíquicos na estética

Um aspecto bastante importante relacionando com a qualidade de vida é a autoimagem.


A insatisfação com o próprio corpo é responsável por vários comportamentos, como
perda de peso, aumento de atividade física, aquisição de cosméticos, procura por
procedimentos estéticos, compra de roupas. Logo, é através do contexto biopsicossocial
que podemos ir além, conhecendo os vários fatores que interagem e produzem estados
de saúde e de doença, evidenciando a reciprocidade do corpo e da mente. Os fatores que
influenciam esta temática podem ser os mais variados possíveis, tais como psicológicos,
fisiológicos, sociais e ambientais. Todos eles se relacionam com o bem-estar emocional
e com a qualidade de vida (SENRA e MORAES, 2012).

Existem várias formas de conduzir uma anamnese em estética com ênfase na saúde
mental do paciente e, caso o indivíduo apresente algum distúrbio psicológico, é
contraindicada a realização do procedimento estético, evitando com isso complicações
posteriores (SENRA e MORAES, 2012).

Nos dias atuais encontramos uma alta prevalência de alterações psiquiátrics na


população em geral. A detecção de transtornos psíquicos é importante na consulta
estética dos pacientes que procuram tais procedimentos. A avaliação desses indivíduos
deve ser focalizada em itens como motivações e expectativas, preocupações acerca
da aparência e da imagem corporal, além do estado psíquico atual. Alguns pacientes
fazem uso rotineiro de medicamentos psiquiátricos, dentre os quais podemos destacar
os antidepressivos. Um parecer, se possível por escrito, da condição estável do paciente
oferece um pouco mais de segurança ao profissional esteta na condução do caso (SENRA
e MORAES, 2012).

Atuação do corpo como objeto estético


Além das características funcionais de um corpo saudável, ele pode ser visto através de
uma perspectiva estética. Uma imagem negativa sobre o próprio corpo pode desenvolver
sentimentos de vergonha, baixa autoestima, depressão e ansiedade. A percepção
subjetiva do paciente sobre o resultado obtido com o procedimento está diretamente
ligada com a preocupação com a própria imagem, sobre a sua vida afetiva e sexual. Os
pacientes que apresentam expectativas acima da média com os procedimentos estéticos
podem estar passando por vários problemas e enxergam naquele procedimento a
chance de reatar um relacionamento afetivo, por exemplo. Esta teoria é apoiada por

35
UNIDADE III │ REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL

vários estudos que revelam que indivíduos submetidos a procedimentos estéticos em


demasia têm elevados índices de psicopatologias (SENRA e MORAES, 2012).

Existe uma clara evidência de comportamento na sociedade à qual pertencemos. O


contexto atual e cultural diz que “o belo é bom”, portanto, as pessoas atraentes são
vistas de forma diferente. Elas são reconhecidas como mais inteligentes e de maior
competência social, especialmente pela mídia (SENRA e MORAES, 2012).

O paciente na estética
Os procedimentos estéticos atuais estão alcançando resultados maravilhosos, isto
é inegável. No entanto, quando os procedimentos são mostrados em programas de
televisão ou nas redes sociais muitos pacientes podem adquirir perspectivas irreais
sobre os resultados, em muitos casos os pacientes esperam ficar parecidos com outras
pessoas, em especial celebridades (SENRA e MORAES, 2012).

A sociedade constantemente impõe padrões estéticos de acordo com o interesse


mercadológico, que devem ser ponderados para não se tornarem padrões
obrigatoriamente aceitos e adequados para todas as pessoas. Durante a anamnese,
os pacientes precisam ser lembrados de que os procedimentos podem melhorar a
aparência, porém eles não resultarão em perfeição. Normalmente, é necessária a
realização de várias sessões para atingir os objetivos pretendidos, envolvendo tempo
para a recuperação e altas despesas (SENRA e MORAES, 2012).

Logo, essa abordagem é fundamental na anamnese, especialmente na primeira


consulta. É primordial que o paciente explique com as próprias palavras o que o
desagrada. O profissional esteta deve ouvir cuidadosamente as queixas do paciente e
fazer anotações técnicas sobre tais reclamações, para que possa ser analisado se tais
queixas do indivíduo condizem com o que o profissional está observando. Nesta hora,
o senso crítico do profissional fará um grande diferencial na condução do caso (SENRA
e MORAES, 2012).

Aspectos gerais de uma anamnese em um


paciente com aspectos psíquicos
A arte de entrevistar o paciente e conseguir extrair dele informações relevantes é algo
que se adquire com o tempo e com a experiência ao longo dos vários atendimentos
prestados durante a carreira. No entanto, é importante que, no decorrer da

36
REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL │ UNIDADE III

anamnese, os sinais e sintomas que serão citados a seguir sejam percebidos (SENRA
e MORAES, 2012):

» na aparência: adequada, bizarra, exibicionista;

» na atitude: amistosa, interessada, hostil, inibida, desconfiada, arrogante,


teatral, manipuladora, lamuriosa, querelante, simuladora, sedutora;

» na atenção: memória, linguagem, pensamento, vontade, pragmatismo,


consciência;

» nos sintomas gerais: humor rebaixado, fatigabilidade, medo, sono,


apetite, dores musculares, capacidade de concentração.

Além disso, deve-se:

» investigar episódios de choro, irritação, isolamento social, sensação de


desesperança e pensamentos suicidas;

» suspeitar de pensamentos e comportamentos obsessivos;

» destacar as alterações afetivas próprias e os episódios dos


relacionamentos sociais.

Transtorno Dismórfico Corporal e suas


características clínicas
O Transtorno Dismórfico Corporal (TDC) é caracterizado pela preocupação com defeitos
inexistentes ou leves na aparência física, de tal forma que os pacientes acreditam que
parecem anormais, pouco atraentes, feios ou deformados, quando, na realidade, são
normais. A preocupação com essas supostas falhas leva a comportamentos repetitivos
(por exemplo, verificar a aparência em espelhos constantemente), que são difíceis de
controlar e não são agradáveis. O TDC é comum, mas geralmente sub-reconhecido,
causa sofrimento clínico significativo e é frequentemente associado à ideação e a
comportamento suicida (UPTODATE, 2019).

Pacientes com TDC podem apresentar-se a profissionais da estética ou da saúde


mental como psicólogos ou psiquiatras. A maioria dos pacientes procura tratamento
cosmético e não psiquiátrico para detectar seus defeitos supostamente físicos. Dessa
forma, o tratamento estético é ineficaz para a maioria dos pacientes e pode ser
arriscado para os profissionais estetas, uma vez que, mesmo que o procedimento seja

37
UNIDADE III │ REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL

executado de forma perfeita e os resultados sejam ótimos, o paciente pode não ficar
satisfeito (UPTODATE, 2019).

Pacientes com TDC estão preocupados com defeitos inexistentes ou leves na aparência
física de uma ou mais partes do corpo. As preocupações com a aparência são difíceis de
resistir ou controlar e ocorrem por uma média de três a oito horas por dia. As áreas do
corpo são vistas como pouco atraentes, repulsivas, anormais ou deformadas, e alguns
pacientes se descrevem como parecendo uma aberração, um monstro, uma vítima de
queimadura. As preocupações com a aparência são em parte perturbadoras porque
são inaceitáveis na percepção do eu para os outros, e em muitos casos envolvem a
crença de que outras pessoas zombam e rejeitam a pessoa por causa de sua aparência
(UPTODATE, 2019).

A maioria dos pacientes no curso da doença está preocupada com a exposição de várias
áreas do corpo, média de cinco a sete áreas diferentes. No entanto, alguns pacientes
estão excessivamente preocupados com apenas uma área do corpo, enquanto outros
não gostam de praticamente nenhum dos aspectos de sua aparência. As principais
partes do corpo mais detestáveis são (UPTODATE, 2019):

» pele (acne, cicatrizes, manchas, coloração ou rugas);

» cabelos (calvície ou excesso de pelos faciais ou corporais);

» nariz (tamanho ou forma);

» abdômen (gordura localizada);

» seios (pequenos ou grandes);

» olhos.

No entanto, qualquer área do corpo pode ser o foco da preocupação. Além disso,
aflições com simetria são comuns, por exemplo: narinas desiguais, olhos em um nível
diferente um do outro (UPTODATE, 2019).

Entre os pacientes com TDC, é mais provável que as mulheres se preocupem com
o peso, tamanho dos quadris, nádegas, seios, pernas e excesso de pelos faciais ou
corporais. Os homens são mais propensos do que as mulheres a se preocuparem com
a queda de cabelo (calvície), tamanho do órgão genital e a ter transtorno dismórfico
muscular, também conhecido como vigorexia (UPTODATE, 2019).

Todos os indivíduos com TDC apresentam comportamentos repetitivos em algum


momento durante o curso de sua doença. Esses comportamentos podem ser pistas de

38
REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL │ UNIDADE III

que uma pessoa tem TDC. Dessa forma, o profissional esteta precisa ficar atento aos
comportamentos que serão relatados a seguir durante a realização da sua anamnese,
segundo a UPTODATE (2019):

» Esconder Áreas Corporais: Cerca de 90% dos pacientes tentam esconder


ou encobrir as áreas indesejadas do corpo. Isso pode incluir o uso de
chapéu e óculos de sol, maquiagem pesada, utilização de roupas não
apropriadas para a época do ano (por exemplo, o uso de casado em pleno
verão), utilização de um corte de cabelo para esconder uma parte do
rosto. Cerca de um quarto dos pacientes com TDC se bronzeia demais
para escurecer a pele “pálida”, para minimizar a percepção de acne ou
rugas. Este ato de tentar esconder determinadas partes do corpo envolve
um comportamento repetitivo e compulsivo, como aplicar repetidamente
maquiagem ou ajustar com frequência a roupa ou a posição do corpo.
Este comportamento tem como objetivo evitar sentir vergonha quando as
áreas do corpo “defeituosas” são vistas por outras pessoas.

» Comparação: Quase 90% dos pacientes frequentemente comparam seus


corpos aos de outras pessoas ao seu redor ou com pessoas em revistas,
rede sociais ou na televisão. Esse comportamento pode preocupar
tanto os pacientes que eles apresentam dificuldade de concentração,
desenvolvimento de uma conversa e realização de tarefas. Além disso,
a comparação muitas vezes aumenta o sofrimento porque os pacientes
com TDC tendem a não apenas subestimar sua atratividade, mas também
superestimam a atratividade de outras pessoas.

» Verificação em Espelhos: Quase 90% dos pacientes com TDC verificam


compulsivamente seus defeitos percebidos em espelhos e em outras
superfícies refletidas, por exemplo janelas, costas de colheres, telefones
celulares. Fazendo isso por horas todos os dias, durante a verificação
no espelho, os pacientes podem adotar outros comportamentos, como
limpeza excessiva ou palpação da pele.

» Higiene Excessiva: Mais da metade dos pacientes faz higienização


excessiva. Os pacientes podem pentear repetidamente os cabelos, aplicar
maquiagem várias vezes ou arrancar os pelos faciais “excessivos” ou
“uniformizar” sobrancelhas ou costeletas continuamente. No entanto, o
fato de arrancar os pelos ou cabelos pode estar associado a outro distúrbio
psíquico chamado de tricotilomania.

39
UNIDADE III │ REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL

» Buscando a Segurança de Outras Pessoas: Cerca de metade dos pacientes


frequentemente buscam garantias de outras pessoas sobre o seu visual.
Os pacientes desejam saber se a sua aparência é convidativa ou não.
No entanto, mesmo que a resposta seja positiva sobre o seu visual, eles
normalmente não acreditam na resposta, pois geralmente têm pouca ou
nenhuma percepção da realidade.

» Troca de Roupa: Quase metade dos pacientes trocam de roupa muitas


vezes (por exemplo, mais de 4) por dia para tentar camuflar áreas
corporais não desejadas.

» Compras Compulsivas: Algumas pessoas compram compulsivamente


produtos para a pele ou cabelo e maquiagem para minimizar suas “falhas”.
Em geral, ficam decepcionados com os resultados com esses cosméticos.

» Ansiedade Social: Ansiedade social é uma característica comum nos


pacientes TDC. Muitos indivíduos se isolam porque temem que outras
pessoas vejam a “deformidade”, ou receiam rejeição por causa de sua
“feiúra”. Assim, alguns pacientes ficam em casa e muitos evitam interações
sociais. O isolamento social pode fazer com que os pacientes com TDC
sejam diagnosticados erroneamente com transtorno de ansiedade social.

» Angústia Emocional: TDC está associado a baixa autoestima, além de altos


níveis de humor deprimido, ansiedade, raiva, hostilidade, desesperança,
culpa, vergonha, repulsa, perfeccionismo.

» Intervenções Estéticas: A maioria dos pacientes com TDC procura e obtém


tratamentos estéticos e cirurgias plásticas na tentativa de “consertar”
suas falhas aparentes no visual.

» Outros Comportamentos: Os pacientes podem executar muitos outros


comportamentos para tentar corrigir ou ocultar as falhas de aparência
percebidas, como, por exemplo, os indivíduos podem rotineiramente
verificar na internet maneiras de como corrigir seus supostos problemas
físicos, medir áreas corporais não apreciadas, tirar selfies repetidas,
examinar fotos de si mesmo ou de outras pessoas, lavar excessivamente o
rosto e tomar vários banhos supostamente para evitar acnes.

40
REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL │ UNIDADE III

Transtorno Dismórfico Muscular ou vigorexia


O Transtorno Dismórfico Muscular, ou vigorexia como é mais conhecido, é considerado
uma forma de TDC que ocorre quase exclusivamente em homens. No entanto este
transtorno psíquico também pode ser diagnosticado em mulheres (GRUBER e
POPE, 1999). Ele também é classificado como sendo uma das manifestações que se
enquadram dentro do transtorno obsessivo-compulsivo. A vigorexia tem semelhanças
com a anorexia nervosa, pois os seus portadores apresentam visões distorcidas da
realidade sobre os seus corpos. Enquanto os pacientes anoréxicos e desnutridos se
enxergar diante do espelho como sendo uma pessoa obesa, os vigoréxicos se veem
como fracos e franzinos apesar de portarem uma grande massa muscular. Esta
imagem distorcida que os pacientes com vigorexia possuem leva à prática exagerada
de atividade física em busca de corpos perfeitos que foram moldados de acordo com os
padrões contemporâneos da nossa sociedade. Os vigoréxicos costumam passar horas
nas academias fazendo vários exercícios, além disso são adeptos de uma dieta rica em
proteína com incremento de suplementos alimentares sem a devida orientação assim
como fazem uso de esteroides e anabolizantes. Quadros de depressão e ansiedade
são comumente diagnosticados neste perfil de paciente, uma vez que o ideal de corpo
perfeito é inatingível em razões de tais sentimentos (UPTODATE, 2019).

Sinais e sintomas de um paciente vigoréxico


Os primeiros sintomas começam a aparecer por volta dos 19 anos de idade e
normalmente os vigoréxicos passam cerca de 3 horas ou mais por dia pensando em
maneiras de se tornarem mais musculosos, acreditam que têm pouco controle sobre
a realização de suas atividades físicas, relatam que a rotinha de regimes e exercícios
interferem moderadamente em suas vidas ocasionando transtornos nas suas relações
interpessoais. Além disso, costumam evitar pessoas e lugares devido à preocupação
em expor seus padrões corporais, assim como verificam constantemente seus corpos
em espelhos e usam roupas largas para esconder supostas imperfeições. O paciente
pode apresentar quadros de inapetência, insônia, cansaço, alteração do ritmo cardíaco
mesmo estado em repouso, dores musculares, queda no desempenho sexual, tremores,
irritabilidade, ansiedade, depressão e desinteresse por qualquer atividade que não
envolva exercícios físicos (TOD et al., 2016; GARCÍA-RODRÍGUES et al., 2017).

Quando o profissional esteta realiza uma anamnese e o indivíduo apresenta


sinais e sintomas característicos de TDC ou vigorexia, o correto é que seja
feito o encaminhamento deste paciente para um psiquiatra ou psicólogo,
porque possivelmente ele tem transtornos mentais que necessitam de
acompanhamento especializado.

41
CAPÍTULO 3
Equipamentos utilizados na
anamnese facial

Fotografia
A fotografia digital é uma ferramenta de grande utilidade na estética. Revistas
científicas e muitos profissionais usam essa metodologia para acompanhar a
evolução dos tratamentos. No entanto, para contrastar a fotografia com a realidade,
é imprescindível que o profissional utilize equipamentos de qualidades e tenha
noção dos princípios básicos de fotografia, tais como: iluminação, distância,
ângulo, enquadramento. As corretas utilizações dos princípios básicos de fotografia
atenuam as falhas técnicas e valorizam os resultados obtidos nos tratamentos
estéticos (AZULAY et al., 2010).

Uma utilização dos benefícios da fotografia na prática do dia a dia ocorre em


avaliação quantitativa de melanina. Em tratamentos de hipercromias cutâneas com
luz intensa pulsada é possível fazer uma análise de antes e após o tratamento por
meio de fotos, analisando quantitativamente a melanina. Dessa maneira, a associação
das metodologias beneficia a análise do tratamento (CYMBALISTA e PRADO DE
OLIVEIRA, 2006).

Luz de Wood
O físico Robert W. Wood (1868-1955) criou, em 1903, uma lâmpada que é bastante
utilizada em procedimentos estéticos, a Lâmpada de Wood (WOOD, 1919). O
equipamento utiliza um arco de mercúrio de alta pressão, juntamente com um filtro
feito de silicato de bário, com 9% de óxido de níquel (Filtro de Wood). Esse filtro é opaco
a todas as luzes, com exceção das luzes que estão na banda entre 320nm (nanômetros)
e 400nm, com picos de 365nm. No entanto, para que ocorra a fluorescência no tecido,
o comprimento de onda deve estar situando entre 340nm e 400nm (ASAWANONDA e
TAYLOR, 1999).

A melanina presente na epiderme e na derme absorvem a luz no comprimento de onda


supracitado, já o colágeno que está presente na derme absorvem a luz fluorescente
em razão dos comprimentos de ondas maiores, em especial devido aos comprimentos
que estão na gama azul do espectro de luz. Porém, a exposição solar prejudica a

42
REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL │ UNIDADE III

fluorescência da pele, provavelmente devido a alterações que a luz do sol provoca na


elastina (ANDERSON, 1989; LEFFEL et al., 1988).

É importante ressaltar que a fluorescência da pele ocorre principalmente devido aos


constituintes da elastina, colágeno, aminoácidos, nicotinamida adenina de nucleotídeo
(NAD) e os precursores da melanina também podem estar envolvidos no processo.
No entanto, a exposição crônica ao sol prejudica a fluorescência da pele devido à
deterioração que os raios solares provocam no órgão (FULTON, 1997; FULLNER et al.,
1979).

Com isso, a Luz de Wood, assim que ilumina uma região com grande quantidade de
melanina, o local absorve toda a luz deixando a região que não possui uma quantidade
significante de melanina refletir a luz. Dessa maneira, as variações de pigmentação da
pele tornam-se mais evidentes (AZULAY et al., 2010).

A Luz de Wood pode ser utilizada para diagnosticar disfunções estéticas ligadas à
pigmentação, tais como: hipopigmentação ou hiperpigmentação. Essas alterações
epidérmicas ocorrem devido a alterações na quantidade de melanina (JILSON, 1981).

Figura 1. Na imagem (a), a paciente foi fotografada quando exposta a luz comum. Na imagem (b) a paciente
foi fotografada após ser iluminada pela luz de Wood, com isso, podemos observar com mais detalhes as
hiperpigmentações presentes no nariz e na região da mandíbula.

Fonte: Asawanonda e Taylor (1999).

43
UNIDADE III │ REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL

Figura 2. Na imagem o paciente foi iluminado com luz comum para a observação do acnes vulgar. Já na

imagem (b) o mesmo paciente foi fotografado com a presença da luz de Wood, mostrando a fluorescência

branca amarelada dos comedões.

Fonte: ASAWANONDA e TAYLOR (1999).

O uso da Luz de Wood é bastante difundido, com isso, algumas observações referentes à
coloração que a pele apresenta quando exposta a luz são importantes para o diagnóstico
da disfunção estética e posterior tratamento. Além disso, existe uma grande variedade
de aparelhos que utilizam a Luz de Wood, como é o caso do “Dermaview”.

Abaixo estão as principais cores e disfunções correlacionadas.

» azul: pontos normais e saudáveis;

» branco: camada grossa de células epiteliais mortas, exemplo:


ceratosesactínicas;

44
REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL │ UNIDADE III

» roxo fluorescente: desidratação;

» marrom: pigmentação;

» laranja: oleosidade;

» amarelo claro/laranja claro: acne ou comedões;

» branco-amarelado/cobre-alaranjado: infecção fúngica, exemplo:


pitiríase versicolor, causada por malasseziafurfur;

» verde fluorescente: infecção bacteriana, exemplo: bactérias


pseudomonas.

» vermelho-coral: eritrasma (corynebacteriumminutissimum);

» roxo escuro em grandes áreas: maquiagem, base, ou protetor solar.

Lentes de aumento
As lentes de aumento são comumente utilizadas nos consultórios de estética durante a
avaliação do rosto do paciente, bem como na execução de determinados procedimentos
que necessitam de um aumento de área. No mercado existe uma grande variedade de
lentes e acessórios. Com isso, o profissional deve pesquisar e analisar qual equipamento
vai suprir suas necessidades no consultório.

45
CAPÍTULO 4
Principais disfunções estéticas da face

Acnes
A acne é uma dermatose que pode surgir devido a uma alteração no tecido estratificado
pavimento queratinizado. A bactéria Propionibacterium acnes possui como fonte de
alimento as secreções produzidas pelas glândulas sebáceas. Por esse motivo ela pode
entrar em contato com os poros promovendo a inflamação do folículo piloso, causando
lesões que irão levar ao surgimento das acnes. Além disso, hipersecreção das glândulas
sebáceas e liberação de mediadores químicos de inflamação na pele ajudam a promover
o aparecimento das acnes (COSTA et al., 2008; THIBOUTOT et al., 2006).

A sua incidência em adolescente é extremamente alta, ocorrendo em 90% das pessoas


que se encontram nessa faixa etária. No entanto, elas podem persistir na vida adulta
em cerca de 12% a 14% dos pacientes, levando, na maioria dos casos, a um grande
desconforto social e psicológico (CAPITANIO et al., 2010, GHODSI et al., 2009).

As cicatrizes ocasionadas pela acne são classificadas em deprimidas, distróficas e


hipertróficas. As deprimidas são aquelas que podem sofrer uma melhora momentânea
ou não quando a pele do paciente é esticada, caso em que podem ser subclassificadas
em distensíveis ou não distensíveis. Já as distróficas são cicatrizes que apresentam
forma irregular estrelada com fundo brando e atrófico; e as hipertróficas apresentam
uma grande quantidade de queloides, pápulas e pontes (KADUNC et al., 2003).

Por outro lado, não existe um consenso a respeito da classificação das acnes. Porém,
podemos observar a seguinte divisão (MONTEIRO e MOREIRA, 2012):

» Acnes comedoniana ou não inflamatória – Grau I: esse tipo de


acne também é conhecido como acne vulgar e não apresenta inflamações.
Nela encontramos comedões que podem estar abertos ou fechados. Neste
caso, existe a presença de ambos.

46
REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL │ UNIDADE III

Figura 3. Paciente portador de acne vulgar. Há comedões abertos e fechados, porém não estão inflamados.

Fonte: Goid (2008).

» Acnes papulopustulosa – Grau II: ocorre o domínio de inflamações,


com comedões, pápulas vermelhas e inflamadas e pústulas (espinhas)
com pus. Podem ser classificadas em leves, moderadas ou graves

Figura 4. Paciente portador de acne papulopustulosa com presença de pústulas e pus.

Fonte: Al-Hammandi et al. (2016).

» Acnes nódulos-císticas – Grau III: há a ocorrência de nódulos e


lesões císticas, bem como de comedões, pápulas e pústulas. As lesões
são mais profundas, inflamadas e dolorosas. Sendo classificadas em
moderadas ou graves.

Figura 5. Acnes nódulos-cística com presença de vários nódulos e pústulas inflamados.

Fonte: Kraft e Freiman (2011).

47
UNIDADE III │ REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL

» Acnes conglobatas – Grau IV: é classificada como uma forma grave.


Encontramos numerosos nódulos grandes, abscessos e cistos purulentos
inflamados e intercomunicantes. Devido ao seu alto grau de agressividade
pode conferir ao portador aspecto desfigurante.

Figura 6. Paciente portador de acne conglobata. Neste caso, é observada uma grande quantidade de nódulos

purulentos formandos abscessos e fístulas que drenam pus.

Fonte: (Yiu et al. (2013).

» Acnes fulminans – Grau V: é a forma mais agressiva das acnes,


provocando queda do estado geral do paciente e faz-se necessário a
internação dele.

Figura 7. Paciente portador de acnes fulminans. Observamos a presença de pápulas, pústulas, nódulos

confluentes e lesões ulcero necróticas na face.

Fonte: Zanelato et al. (2011).

48
REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL │ UNIDADE III

Melasma
O melasma é classificado como uma hipermelanose crônica, caracterizada por
máculas acastanhadas simétricas e assintomáticas em áreas expostas à luz
(fotoexpostas) (SANCHEZ et al., 1981). Atinge principalmente a região frontal da
face e a malar. As mulheres, em especial as gestantes, são as principais vítimas,
no entanto, homens também sofrem com a disfunção estética, porém em menor
quantidade (RIGOPOULOS et al., 2007; BOLANCA et al., 2008). Ele está presente
em todas as raças, particularmente em portadores de fototipos altos que vivem
em regiões com altos índices de radiação ultravioleta (UV) (HASSUN et al., 2008;
VICTOR et al., 2008).

A ciência ainda não estabeleceu a origem da disfunção estética. No entanto, a radiação


UV é dita como uma das principais causadoras do melasma. Ela causa a peroxidação
de lipídios na membrana celular, estimulando os melanócitos através da liberação
de radicais livres. Além disso, pesquisas revelam que o melasma sofre influência do
hormônio luteinizante (LH) quando esse se encontra elevado e do estradiol quando
seus níveis estão baixos (BOLANCA et al., 2008; HASSUN et al., 2004).

Por outro lado, distúrbios vasculares nos melanócitos que apresentam receptores
de crescimento do endotélio vascular poderiam ser influenciados por elementos
angiogênicos, elevando a vascularização e auxiliando na hiperpigmentação cutânea
(SANCHEZ et al., 1981). Predisposição genética (SANCHEZ et al., 1981) e aumento
da síntese de tirosinase (VICTOR et al., 2004) contribuem para o aparecimento da
disfunção. Sua classificação obedece aos seguintes critérios: características histológicas
(VICTOR et al., 2004), localização do pigmento (epidérmico, dérmico ou misto)
(SALIM et al., 2008; BOLANCA et al., 2008) e disposição topográfica das lesões, bem
como, distribuição da melanina nas camadas da pele através do auxílio da Luz de Wood
(TAMLER et al., 2009).

Na análise clínica são considerados basicamente três padrões para diagnosticar


o melasma na face de acordo com sua localização anatômica: centrofacial, malar
e mandibular. O padrão centrofacial é o mais comum e apresenta-se na região
malar, mentoniana, frontal, nasal e supralabial, já o critério malar está presente na
respectiva área e na região nasal. Por fim, o padrão mandibular é encontrado somente
na área citada. No entanto, outras regiões podem apresentar melasmas com um
índice relativamente baixo de incidência, tais como: pescoço e braço. Nesses casos,
o melasma é denominado de extrafacial (GUPTA et al., 2006; Rendon et al., 2006).

49
UNIDADE III │ REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL

Figura 8. Melasma em paciente do sexo feminino. Nas regiões: frontal, temporal, mandibular, mentoniana e

zigomática.

Fonte: Handel et al. (2013).

Figura 9. Melasma do tipo extrafacial, apresentando pigmentação castanha na área do pescoço. Nota-se que é

uma região que fica bastante exposta ao sol.

Fonte: Handel et al. (2013).

Rugas e o processo de envelhecimento celular


O processo de envelhecimento provoca alterações na estrutura e elasticidade da pele
(OIKARINEN et al., 1985). Fatores genéticos e epigenéticos, tais como exposição ao
sol, fumar, ingestão de álcool, alimentação desregrada, entre outros, contribuem para
o envelhecimento cutâneo. Por isso, podemos dividir o envelhecimento em cronológico
e secundário. (FISHER et al., 1997; GILCHREST, 1996). Aambos sofrem ações dos
radicais livres, uma vez que a pele está constantemente exposta às moléculas reativas
de oxigênio – reative oxygen species (ROS), cujo acúmulo é responsável pelo dano
oxidativo das células.

50
REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL │ UNIDADE III

As ROS são geradas pelo estresse oxidativo e são responsáveis pela ativação do fator
de crescimento celular e de citocinas inflamatórias. Atuam principalmente na matriz
celular, causando indução de mieloproteinas e degeneração do tecido conjuntivo. As
ROS causam avarias no DNA genômico e mitocondrial, dificultando a regeneração
do organismo. Essa alteração no DNA contribui para a perda dos telômeros (DIAS e
ADRIANO, 2012).

A senescência é causada pelas perdas dos telômeros. Elas constituem a porção final
dos cromossomos, que sofrem encurtamento à medida que as células vão se dividindo.
A perda contínua das sequências de telômeros é um fator limitante para a capacidade
de replicação celular, pois as células com telômeros mais curtos tornam-se instáveis
geneticamente e sofrem apoptose. O encurtamento dos telômeros é acelerado pelo
estresse oxidativo e por inflamação, tendo a dieta como agente participativo nos dois
processos (DIAS e ADRIANO, 2012).

Os radicais livres são responsáveis por causarem lesões nas células que podem ser
prevenidas ou reduzidas via atividades dos antioxidantes, encontrados em muitos
alimentos. Esses podem atuar de forma direta, neutralizando a ação dos radicais livres,
ou de forma indireta, como coparticipantes em sistemas enzimáticos com a função
antioxidante (DIAS e ADRIANO, 2012).

Esses fatores contribuem para o aparecimento das rugas, que são definidas como sulcos
ou pregas presentes na superfície da pele e correspondem aos primeiros sinais de
envelhecimento que o organismo apresenta. Elas são originárias de um processo normal
de envelhecimento, porém são potencializadas por fatores ambientais (epigenéticos)
(BRAND et al., 2009).

As rugas ocasionadas pelo envelhecimento são finas e normalmente desaparecem


quando são esticadas, e as ocasionadas pelo sol são ásperas, profundas e não
desaparecem quando esticadas. Além disso, histologicamente as rugas são provocadas
pela perda de tecido adiposo no interior da pele, além da carência de fibras elásticas e
colágeno. Atualmente, as rugas provocam um impacto social e psicológico bastante alto
na sociedade, portanto, compõem uma área que é bastante estudada pela ciência, com
o objetivo de promover novas formas de tratamento e prevenção (FABBROCINI et al.,
2009).

A classificação das rugas é feita de acordo com sua localização anatômica e


agressividade. As classificadas como periorbitais são comumente conhecidas como
“pés de galinha”, sendo o tipo mais comum de ruga e recebe essa denominação por
causa da sua posição anatômica, a área periocular. Esse tipo de ruga é causado pelo
processo de envelhecimento. No entanto, fatores ambientais como exposição excessiva

51
UNIDADE III │ REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL

ao sol e atividade demasiada da musculatura contribuem para o seu desenvolvimento


(FABBROCINI et al., 2009).

A glabela é uma das principais regiões afetadas pelas rugas. Ela fica localizada entre
as sobrancelhas e sua contração está relacionada a sentimentos, tais como: raiva,
frustração, irritação, preocupação, cansaço (FINN et al., 2003). Os músculos que
compõem a glabela são os seguintes: corrugadores e orbiculares das pálpebras,
procerus, depressores do supercílio e as fibras inferiores do músculo frontal (SOMMER
e SATTLER, 2001). A atividade exacerbada desses músculos provoca o aparecimento
de linhas hipercinéticas perpendiculares, de acordo com a contração dos músculos.
Dessa maneira, as rugas horizontais, verticais e oblíquas são formadas (MADEIRA e
MARQUES, 2003).

A literatura considera que as rugas da glabela são iguais em grande parte da população,
possuindo apenas uma pequena diferenciação entre os gêneros (os homens têm a pele
mais espessa e maior massa muscular) (DRAELOS, 2006), idade e etnia (AHN et al.,
2000).

De acordo com a classificação de Glogau, o fotoenvelhecimento é presenciado em


diferentes idades e contribui substancialmente para o aparecimento das rugas. No
quadro 1 estão listadas as principais características de cada tipo de ruga (AVRAM et al.,
2008).

Quadro 1. Classificação das rugas de acordo com os princípios de Glogau.

LESÃO DESCRIÇÃO CARACTERÍSTICAS


Fotoenvelhecimento precoce e alteração pigmentar leve sem ceratoses;
TIPO I
Rugas mínimas Idade do paciente: 20 a 30 anos;
DISCRETA
Uso mínimo ou nenhum de maquiagem.
Fotoenvelhecimento de precoce a moderado, lentigos senis precoces visíveis, ceratoses palpáveis, mas
não visíveis, linhas paralelas do sorriso começando a aparecer.
Rugas mínimas
TIPO II Aspecto cansado;
que aparecem com
MODERADA movimentos Idade do paciente: 30 a 40 anos;
Base é utilizada para cobrir as imperfeições.
Fotoenvelhecimento avançado, discromias evidentes, talengiectasia, ceratoses visíveis;

TIPO III Apresentação de rugas Aspecto abatido, sempre cansado;


AVANÇADA mesmo em repouso Idade do paciente: 50 anos ou mais;
Uso de base pesada para tentar corrigir as imperfeições.
Fotoenvelhecimento intenso, cor amarelo-acinzentada da pele, lesões cutâneas pré-malignas;
Tecido totalmente
TIPO IV
enrugado, sem pele Idade do paciente: 60 a 70 anos;
GRAVE normal.
Maquiagem não pode ser utilizada, porque endurece e racha.

Fonte: Adaptado de Avram et al. ( 2008).

52
REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL │ UNIDADE III

Figura 10. Rugas periorbitais presentes em uma mulher de 40 anos.

Fonte: Lee et al. (2009).

Figura 11. Fotoenvelhecimento intenso causando pelo excesso de exposição a raios solares, ocasionando o

aparecimento de rugas profundas na face.

Fonte: Mac-Mary et al. (2010).

Classificação dos fototipos cutâneos


Uma característica vital para a correta avaliação da pele do paciente é a determinação
da resposta que a pele irá apresentar quando exposta aos raios ultravioletas, pois esses
causam eritema e fotoenvelhecimento. Em vista disso, Fitzpatrick, dermatologista e
diretor do departamento de Dermatologia da Escola de Medicina de Harvard, em 1976
criou uma classificação de fototipos cutâneos. Além disso, a classificação de Fitzpatrick
fornece uma grande indicação do risco que determinado tipo de pele desenvolver
hiperpigmentação ou hipopigmentação pós-inflamatória (AVRAM et al., 2008).

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UNIDADE III │ REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL

Quadro 2. Classificação do fototipo cutâneo de acordo com Fitzpatrick.

TIPO DE PELE COR REAÇÃO AO SOL


Tipo I Muito branca ou sardenta. Sempre se queima.
Tipo II Branca. Geralmente se queima.
Tipo III Branca a moreno-clara. Algumas vezes de queima.
Tipo IV Morena. Raramente se queima.
Tipo V Moreno-escura. Muito raramente se queima.
Tipo VI Negra. Nunca se queima.

Fonte: Adaptado de Avam et al. (2008).

Telangiectasias
São definidos como vasos que medem de 0,1 mm a 1 mm, visíveis a olho nu, pois são
bastante superficiais e representam os capilares, vênulas ou arteríolas dilatadas. As
telangiectasias de origem arteriolar são vermelhas e salientes quando comparadas à
superfície da pele; as vênulares são azuladas e podem apresentar saliência. Já as de origem
capilar são vermelhas no começo, evoluindo para um quando de coloração azulada ou
arroxeada e torna-se saliente devido à pressão hidrostática venosa (CYMROT, 2012).

As telangiectasias surgem devido aos seguintes fatores: liberação de substâncias


vasoativas ocasionadas por elementos hormonais (síndrome de Cushing, terapia
estrogênica, gestação), anoxia, infecções, fatores físicos (radiodermite, dermatite
actínica, trauma físico) ou aparecem ocasionadas por doença, tais como: varizes,
colagenoses, rosáceas, necrobiose lipoídica, capilarites, xeroderma pigmentoso,
insuficiência hepática, entre outras. Além disso, a herança genética pode desenvolver
patologias que ocasionam as telangiectasias, como: nevusaracneus, ataxia-
telangiectasia, poiquiloderma congênita, síndrome de Blomm, telangiectasia benigna
hereditária, telangiectasia essencial generalizada (CYMROT, 2012). As telangiectasias
também estão associadas com rosáceas, fotoenvelhecimento e cicatrizes hipertróficas
(HARE MCCOPPIN e GOLDBERG, 2010).

Figura 12. Paciente portador de telangiectasias nasal.

Fonte: Desiate et al. (2009).

54
REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL │ UNIDADE III

Rosácea
Rosácea é uma palavra derivada do latim e significa “semelhantes a rosas”. Na clínica
ela é definida como uma afecção crônica da pele, com incidência relativamente alta,
atingindo principalmente a área centro-facial, com ênfase nas regiões malares, nariz,
frontal e mento (QUATERMAN et al., 1997). As mulheres que se encontram na faixa
etária dos 30 aos 50 anos são as pessoas mais afetadas. Adolescentes e idosos não
apresentam rosáceas com frequência (NETO et al., 2006).

O paciente que tem rosácea apresenta quadros recorrentes de ruborização, edema


e vermelhidão facial. Porém, em alguns casos pode apresentar também pápulas,
pústulas, telangiectasias e fibrose tecidual (DAHL et al., 1998). Esse tipo de rosácea é
classificado como pápulo-pustulosa, com ausência de comedões e cicatrizes (LEVIN
e MILLER, 2011).

Figura 13. Paciente portador de rosácea com eritema e telangiectasia nas bochechas, nariz e na região
nasolabial. Pápulas e pústulas inflamatórias estão ao longo do nariz. Além disso, a ausência de comedões facilita
distinção entre rosácea e acnes.

Fonte: SandEt al. (2010).

Figura 14. Paciente portador de rosácea.

Fonte: LEVIN; MILLER, 2011).

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UNIDADE III │ REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL

Figura 15. Paciente portador de rosácea pápulo-pustulosa.

Fonte: Levin e Miller (2011).

Efélides
Efélides são comumente conhecidas como sardas, e compreendem pequenas máculas
benignas castanhas e bem demarcadas encontradas na pele de indivíduos que têm
fototipo entre I e II, especialmente aqueles que possuem pele bem clara com cabelos
louros ou ruivos. Essas disfunções estéticas aparecem no início da infância e vão
diminuindo com o passar dos anos. Além disso, os caucasianos são os mais afetados
pelas efélides com igual distribuição de casos entre homens e mulheres, no entanto,
asiáticos também apresentam efélides (AVRAM et al., 2008).

Os ceratinócitos (queratinócitos) apresentam quantidades elevadas de melanina,


principalmente na camada basal. No entanto, não há aumento expressivo da quantidade
de melanócitos. Uma característica que diferencia efélides de lentigos (manhas senis
acastanhadas) é o fato das efélides escurecem quando expostas ao sol e clarearem
quando a exposição diminui (AVRAM et al., 2008).

Figura 16. Paciente asiático portador de efélides facial.

.
Fonte: Yang et al. (2013).

56
REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL │ UNIDADE III

Flacidez facial
A flacidez facial é ocasionada pela perda progressiva da elasticidade, relaxamento
da estrutura do tecido conjuntivo e aprofundamento das dobras cutâneas, levando à
proeminência dos tecidos submandibular e submentoniano. Como consequência da
união de fatores intrínsecos, como a idade e fatores extrínsecos, como: tabagismo e
exposição à radiação ultravioleta potencializam as chances de desenvolver flacidez
naface (KALIL et al., 2012).

Histologicamente essas alterações são ocasionadas pela diminuição e desorganização


das fibras de colágeno que estão presentes na derme, excesso de material anormal
contendo elastina e diminuição dos níveis de precursores de colágeno I e III, entre
outros fatores (KALIL et al., 2012).

Figura 17. A paciente apresenta flacidez facial. É possível observar que grande parte da sustentação da

musculatura da face foi perdida devido a fatores intrínsecos e extrínsecos.

Fonte: foreheadeyebrowliftlasvegas.wordpress.com/page/2/. Acesso em: 27dez.2019.

Figura 18. Paciente portadora de flacidez na região do pescoço, ocasionada pela idade e por fatores

epigenéticos.

Fonte: lifestyleclinic.sg/body-neck-and-decolletage-rejuvenation/neck-rejuvenation/. Acesso em: 27dez. 2019.

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CAPÍTULO 5
Equipamentos utilizados na anamnese
corporal

Adipômetro
Os adipômetros são equipamentos utilizados para mensuração do tecido adiposo em
diversas partes do corpo. Além disso, são indicados para realizar o acompanhamento da
redução de gordura corporal por ponto localizado. No mercado existem equipamentos
dos mais variados perfis, desde os mais simples que são construídos com plásticos aos
mais complexos feitos com ligas metálicas.

Utilização do adipômetro
» Identifique a região que deseja mensurar de acordo com as referências
anatômicas.

» Faça o pinçamento das dobras cutâneas com os dedos e observe o


sentido das dobras, pois cada dobra tem um sentido específico (oblíquo,
longitudinal ou transversal). Exemplo: a mensuração do abdome é
realizada ao redor da cicatriz umbilical, ou seja, do lado direito e do lado
esquerdo da cicatriz, bem como na porção superior e inferior de forma
longitudinal ou transversal. Todas as medições são realizadas de acordo
com cada protocolo realizado.

» A pressão realizada com os dedos não deve provocar um desconforto


significativo no paciente.

» Segure o adipômetro com a mão direita e realize a pinça com a mão


esquerda. Em seguida, coloque o adipômetro na dobra cutânea e anote
as medidas. Em casos de profissionais canhotos a ordem das mãos pode
ser alterada.

» Para garantir que as medidas estejam corretas, realize o procedimento


mais de uma vez.

58
REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL │ UNIDADE III

Fita métrica
Com a fita métrica é possível avaliar as medidas dos pacientes com rapidez e precisão.
No entanto, o seu uso deve seguir alguns princípios quando for realizada a mensuração
da região:

Abdominal
» Utilizar como referência a cicatriz umbilical.

» Fazer uma marcação acima com 5cm de distância da cicatriz para fazer a
mensuração do abdome superior.

» Passar a fita métrica ao redor da cintura por cima da cicatriz para mesurar
o abdome.

» Para medir a circunferência do abdome inferior deve-se fazer uma


marcação abaixo da cicatriz umbilical com uma distância de 5 cm.

» Após a medição, a soma das três medidas deve ser feita, para identificar
a perda de medidas total na região abdominal, em casos de tratamentos
estéticos corporais visando gordura localizada.

Busto: faça a medição na altura que estão os mamilos.

Tórax: a fita métrica deve passar precisamente embaixo da axila.

Coxas: as coxas das mulheres podem ser medidas a partir de um palmo abaixo do início
da virilha. Já nos homens a mensuração pode ser realizada 20 cm abaixo do quadril.

Panturrilhas: basta colocar a fita no meio da perna, entre o joelho e calcanhar.

Braços: há dois tipos de mensuração para os braços: contraído e relaxado. Em ambas


meça um palmo abaixo do ombro.

Quadril/Culote: passe a fita ao redor do ponto de maior circunferência das nádegas.

Observação: a anatomia de cada paciente é própria. Ou seja, ela varia de acordo com
as características de cada indivíduo.

Observação: em todas as medições, o profissional esteta deve tomar o cuidado de


colocar a fita no plano horizontal e não deixar ela frouxa ou exercer pressão excessiva
sobre a pele.

59
UNIDADE III │ REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL

Balança
As balanças são extremamente úteis para acompanhamento da evolução dos
tratamentos estéticos, em especial aqueles que provocam a redução de gordura
corporal.

Índice de Massa Corpórea


O Índice de Massa Corpórea (IMC), também denominado de Quetelet, é obtido pela
divisão da massa corporal em quilogramas pela altura em metros ao quadrado (ANJOS,
1992).

IMC = Peso (quilogramas)/(Altura)2

Esse índice auxilia o profissional esteta a escolher o melhor tratamento de redução de


peso ou medidas para o paciente de acordo com os resultados obtidos. Para isso, o
profissional deve se guiar pelos seguintes valores.

Quadro 3. Valores de referência dos índices de massa corpórea.

Diagnóstico Índice de massa corpórea


Abaixo do peso IMC menor do que 18,5
Peso normal IMC entre 18,5 e 25,0
Pré-obesidade IMC entre 25,0 e 30,0
Obesidade IMC entre 30,0 e 34,9
Obesidade grau II IMC entre 35,0 e 39,9
Obesidade grau III IMC maior do que 40,00

Fonte: UPTODATE (2019).

É muito importante estarmos cientes do IMC dos nossos pacientes, para


futuramente não provocar eventuais frustrações neles. Por isso, a anamnese,
como dito em capítulos anteriores, é fundamental. Nessa hora, se o paciente
apresentar sobrepeso (pré-obesidade), sabemos que o indicado é associarmos
junto ao tratamento de redução de gordura corporal, orientação nutricional
e prática esportiva. Assim, os profissionais estetas devem fazer parcerias com
outros profissionais da saúde, para conquistar grandes públicos e melhores
resultados. Deve-se deixar claro para o paciente que tratamentos estéticos não
cirúrgicos apresentam comprovação científica em sua capacidade de reduzir a
gordura localizada quando são associados com tratamentos multidisciplinares.

Por outro lado, sabemos que a aferição do IMC pode apresentar divergências,
pois, um paciente que tem muita massa muscular magra pode apresentar um

60
REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL │ UNIDADE III

IMC elevado e neste caso ele não estaria com excesso de gordura corporal.
Destarte, é fundamental que o profissional avalie cada paciente de acordo com
as suas características individuais.

Bioimpedância
Outra metodologia que passou a ser muito utilizada nos consultórios e clínicas
de estética que visam tratamentos de redução de gordura corporal é a análise
de impedância bioelétrica corporal (AIBC) ou popularmente conhecida como
bioimpedância. Esta metodologia serve para determinar a composição corporal do
paciente utilizando parâmetros de interesse clínico, tais como: massa de gordura
corporal (MG), massa livre de gordura (MLG), massa de água intracelular (AIC),
massa de água extracelular (AEC) e massa de água corporal total (ACT) (SILVA et
al., 2018).

Tais informações são extremamente relevantes na preparação física e avaliação


de atletas, em avaliações nutricionais, no monitoramento de doenças crônicas, no
acompanhamento de casos de obesidade e males associados a essa patologia, na aferição
de gordura localizada e sobrepeso, entre outras. Por se tratar de um procedimento
que nos últimos anos está sendo bastante difundido, é necessário que os profissionais
da saúde, em especial aqueles que trabalham com estética, tenham noções básicas a
respeito de como funcional tal metodologia (SILVA et al., 2018).

A bioimpedância é realizada através da passagem de uma corrente elétrica alternada.


Quando esta corrente flui pelo corpo, sua condução acontece através dos fluidos
extracelulares e intracelulares que são compostos basicamente por água e eletrólitos
que correspondem a aproximadamente de 73% de MLG. Os 27% de MLG que sobram
são formados pelas proteínas, componentes viscerais e minerais ósseos. Já os ossos,
tecido adiposo e o ar presente nos pulmões atuam como isolantes. A resistência corporal
à passagem de corrente elétrica tem relação contrária à ACT, que resulta da soma de
AEC e AIC (SILVA et al., 2018).

Além da resistência à passagem da corrente pelos fluidos corporais existe também a


resistência das membranas celulares dos tecidos magros. Essa resistência oferecida
pelas membranas à passagem de uma corrente elétrica alternada deve-se ao fato delas se
comportarem como capacitores e essa característica é denominada reatância capacitiva.
A bioimpedância corporal é a combinação da resistência dos fluidos e da reatância
capacitiva das membranas que pode ser calculada por uma fórmula matemática (SILVA
et al., 2018).

61
CAPÍTULO 6
Principais disfunções estéticas corporais

Estrias
Estrias são definidas como cicatrizes atróficas oriundas de um processo inflamatório
linfocítico perivascular superficial e profundo, além da perda de colágeno e de fibras
elásticas da derme. Suas principais características clínicas são as lesões atróficas
lineares, paralelas, no sentido perpendicular ao eixo de maior tensão da pele, podendo
ter simetria e bilateralidade. No começo do processo inflamatório, as estrias apresentam
eritema e prurido. Após alguns meses, adquirem uma tonalidade branco-nacarada
(KALIL et al., 2012).

De acordo com observações morfológicas e dados moleculares, o surgimento das estrias


está correlacionado com a perda da capacidade de síntese dos fibroblastos e alteração
na estrutura do tecido conjuntivo, colágeno, fibras de fibrilinas e elastina, quando é
feita uma comparação com a pele normal (VIENNET et al., 2005).

As mulheres são as principais vítimas das estrias, apresentando uma incidência duas
vezes e meia maior. Elas surgem no começo da puberdade e durante a gravidez. As
regiões mais afetadas são: face lateral dos quadris, glúteos, abdome e mamas. Já nos
homens as áreas que podem apresentar estrias são: parte externa das coxas, região
lombossacra e dorso (KALIL et al., 2012). Além disso, nas gestantes as estrias estão
presentes em 90% dos casos (KORGAVKAR e WANG, 2015).

A origem das estiras é desconhecida. No entanto, uma junção de fatores mecânicos


e bioquímicos, e a predisposição genética, levam ao seu desenvolvimento. Em
determinados casos as estrias podem ser ocasionadas devido ao desenvolvimento de
patologia, como a Síndrome de Cushing ou ao uso de corticosteroides (KALIL et al.,
2012).

62
REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL │ UNIDADE III

Figura 19. Paciente portador de estrias vermelhas ocasionadas pela Síndrome de Cushing. As estrias podem cobrir
grandes áreas do corpo, mas isto acontece raramente. Este tipo de caso pode ser ocasionado pelo uso crônico
de corticosteroides ou pela síndrome de Cushing.

Fonte: Galland-Decker et al. (2019).

Figura 20. Alguns homens e mulheres são propensos a desenvolver estrias na parte superior do braço, abdome,
nádegas e coxas. Essas modificações tendem a ocorrer durante a puberdade, mas também podem ser
observadas com a perda de peso. As estrias novas são vermelhas ou arroxeadas (fase rubra), enquanto estrias
antigas são brancas ou nacaradas (fase alba). Nesta figura temos o caso de uma jovem de 20 anos que
desenvolveu estrias nos glúteos após o uso de prednisona oral (A, B) e uma posterior melhora significativa após
a realização de um tratamento com 3 sessões de microagulhamento associado com o uso tópico de ácido
ascórbio.

Fonte: Casabona e Marchese (2017).

Figura 21. Paciente portadora de estrias brancas ou nacaradas (fase Alba) na parte interna da coxa.

Fonte: Uptodate (2019).

63
UNIDADE III │ REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL

Nas avaliações, o estágio em que a estria encontra-se deve ser levado em


consideração, pois as estrias recentes e eritematosas têm maiores chances de
adquirir resultados satisfatórios. Em contrapartida, as tardias e brancas são mais
difíceis de serem tratadas.

Lipodistrofia ginoide
As lipodistrofias ginoides, também conhecidas popularmente como celulites, são
modificações que acontecem no tecido adiposo e na microcirculação, ocasionadas
por alterações dos tecidos sanguíneos e linfáticos, causando fibroesclerose no tecido
conectivo. A Lipodistrofia ginoide é oriunda de uma série de eventos complexos que
abrangem epiderme, derme e tecido subcutâneo, sendo considerado um acontecimento
degenerativo e não uma inflamação. No entanto, há evidências que sugerem o
envolvimento do estrogênio na formação das celulites. Além disso, fatores como
obesidade, sobrepeso, gordura localizada e flacidez cutânea (KALIL et al., 2012), uso
de contraceptivos hormonais, estresse, estilo de vida sedentário (AVRAM M.M., 2005),
hereditariedade (ROSSI e VERGNANINI et al., 2000), idade sexo (RAO et al., 2005),
disfunções hormonais (MILANI et al., 2006), tabagismo (ROSSI e VERGNANINI et
al.,2000), gravidez (ROSSI; VERGNANINI et al., 2000), ingestão excessiva de cafeína e
bebidas alcoólicas (ROSSI e VERGNANINI et al., 2000), nutrição inadequada (ROSSI
e VERGNANINI et al., 2000), mudanças circulatórias e fatores mecânicos (MILANI et
al., 2006) podem contribuir para o desenvolvimento das celulites.

As celulites são caracterizadas por ocasionar irregularidades na superfície da pele com


predomínio de elevações e depressões, dando a aparência de “casca de laranja” na pele.
Em cerca de 95% dos casos, as mulheres, especialmente as que se encontram na pré-
adolescência, adolescência ou são adultas jovens, são as maiores vítimas. As principais
regiões afetadas são: coxas, culotes, nádegas, flancos e abdome (KALIL et al., 2012).

64
REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL │ UNIDADE III

Figura 22. Desenho esquemático de uma pele saudável e de uma pele afetada por lipodistrofia ginoide.

Pele “casca de laranja”


Pele (epiderme) lisa

Adipócitos em Adipócitos maiores e


tamanho normal em maior número

Circulação normal Circulação prejudicada

Fibras de colágeno Fibras de colágeno esticadas


com elasticidade = sem elasticidade

Líquidos intersticiais circulando livremente Líquidos estagnados, com radicais-livres (toxinas)

Fonte: bruna.drusian.com.br/artigo/o-que-e-celulite. Modificado.

Na maioria das vezes, o diagnóstico da celulite é feito pela própria paciente que procura
o profissional esteta em busca de tratamento. Com isso, cabe ao profissional realizar
a anamnese e classificar o grau da celulite. Neste caso, durante o exame clínico, o
profissional esteta deve mensurar a circunferência, testar o pinçamento, aferir o peso e
o índice de massa corpórea (IMC), além de documentar em fotografia para fundamentar
a importância para comparação dos resultados pós-tratamento.

As celulites podem ser classificadas do grau I ao IV. A paciente é portadora de celulite


grau I quando não há alterações na superfície cutânea, somente histopatológica. No
grau II, não existem alterações da superfície cutânea em posição ortostática (em pé),
porém as depressões e elevações aparecem quando é feito o pinçamento da pele ou
por meio da contração muscular. Ademais, ocorre comprometimento circulatório,
diminuição da temperatura e elasticidade da pele. Não existe a presença de dor. No grau
III, a pele apresenta o aspecto de casca de laranja evidente na posição ortostática, sem
a ajuda de qualquer manobra e pode existir pequena sensibilidade. Por fim, na celulite
grau IV, ocorrem alterações descritas no grau III. Além disso, existem nódulos grandes
e dolorosos, aderidos aos planos profundos. A pele apresenta flacidez, enrugamento
e fibroses como fator predominante. Há grande sensibilidade , podendo apresentar
comprometimento nervoso (MENDONÇA et al., 2009).

A literatura descreve vários métodos para diagnosticar a celulite, tais como: termografia
(MILANI et al., 2008), ultrassom (RONA et al., 2006), ressonância magnética
(QUERLEUX et al., 2002), tomografia computadorizada (ROSSI e VERGNANINI,
2000), laser doppler (RONA et al., 2006), biópsia, xenografia, bioimpedância (ROSSI
e VERGNANINI, 2000) e plicometria (RONA et al., 2006). Porém, na prática clínica

65
UNIDADE III │ REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL

da grande maioria dos profissionais estetas, todos esses aparelhos não são utilizados
devido aos altos valores empregados pelos fabricantes.

Com a realização do diagnóstico é importante explicar para a paciente todos os


fatores envolvidos nesta patologia, exaltar a importância do exercício físico, da perda
de peso e da reeducação alimentar. Com isso, ocorre um aumento nas chances de
sucesso terapêutico, apesar de ser conhecido que o processo de formação da celulite é
contínuo, podendo ser reduzido ou acelerado, baseado nos fatores supracitados. Essas
informações são de extrema importância, visto que a colaboração do paciente neste tipo
de caso é primordial para obtenção de resultados satisfatórios.

Flacidez corporal
Flacidez é um acontecimento que ocorre devido à desnutrição e redução das fibras
colágenas e elásticas que sustentam os tecidos do organismo, ocasionando o decaimento
da pele e dos músculos. Este processo acontece de maneira gradual e continua
sofrendo influências de vários fatores, tais como: distúrbios hormonais, sedentarismo,
predisposição genética, gravidez, tabagismo, alimentação desregrada, radiação
ultravioleta, oscilações de peso (BORELLI e CURI, 2012).

A flacidez pode ser classificada em flacidez cutânea e muscular e é combatida por meio
de exercícios anaeróbicos, como musculação; alimentação balanceada; proteção solar
e tratamentos estéticos que estimulem a neocolagênese. Atualmente, existem várias
modalidades de tratamentos que estimulam a neocolagênese, tais como: estímulos
elétricos, térmicos e químicos com associações de outras tecnologias (BORELLI e
CURI, 2012).

Figura 23. Paciente com flacidez abdominal pós-parto.

Fonte: daniellemacedo.com.br/2015/03/05/abdomen-no-pos-parto-2/.

66
REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL │ UNIDADE III

Tecido adiposo e suas particularidades


O tecido adiposo é um tipo especial de tecido conjuntivo, com predomínio de células
que armazenam lipídios, os adipócitos. Essas células são encontradas isoladas ou em
grupos no tecido conjuntivo. No entanto, a maior parte delas é formada por grandes
agregados, constituindo o tecido adiposo espalhado por todo o corpo (JUNQUEIRA e
CARNEIRO, 2004).

O tecido adiposo possui várias funções, tais como: acúmulo de energia, modelamento
da superfície corporal, proteção contra choques mecânicos, isolamento térmico. Além
disso, ele preenche os espaços entre outros tecidos e auxilia a manter certos órgãos
em suas posições normais. Por fim, o tecido adiposo também tem atividade secretora,
sintetizando diversos tipos de moléculas (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004).

Existem dois tipos de tecido adiposo que têm distribuição corporal, estrutura, fisiologia
e patologia diferentes. Uma variedade é o tecido adiposo comum, amarelo ou unilocular,
no qual as células, quando completamente desenvolvidas, apresentam apenas uma
gotícula de gordura que ocupa todo o citoplasma celular. E o tecido adiposo pardo, ou
multilocular, formado por células que apresentam várias gotículas lipídicas e numerosas
mitocôndrias (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004).

Tecido adiposo unilocular


Este tipo de tecido adiposo apresenta uma cor que varia entre o branco e o amarelo-
escuro, de acordo com a dieta de cada indivíduo. Essa coloração é ocasionada pelo
acúmulo de caroteno na gotícula de gordura. Praticamente todo o tecido adiposo
presente no adulto é de origem unilocular. Além disso, seu acúmulo em determinadas
partes do corpo é ocasionado por fatores genéticos, idade e sexo (JUNQUEIRA e
CARNEIRO, 2004).

O tecido adiposo unilocular forma o panículo adiposo, camada disposta sobre a pele e
que apresenta uma espessura uniforme por todo o corpo do recém-nascido. No entanto,
com o passar da idade, o panículo adiposo tende a desaparecer de certas regiões
e acumula-se em outras. Essa distribuição da gordura corporal é regularizada pelos
hormônios sexuais e pelos hormônios produzidos pela camada cortical da glândula
adrenal (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004).

67
UNIDADE III │ REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL

O acúmulo desses lipídeos que ocorre nos adipócitos é ocasionado principalmente por
triglicerídeos, ou seja, ésteres de ácidos graxos e glicerol. Esse armazenamento ocorre
da seguinte maneira (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004):

» absorvidos da alimentação e trazidos até as células adiposas como


triglicerídeos dos quilomícrons;

» originários do fígado e transportados até o tecido adiposo, sob a forma


de triglicerídeos constituintes das lipoproteínas de baixo peso molecular
(VLDL);

» síntese nas próprias células adiposas, a partir da glicose.

Tecido adiposo multilocular


O tecido adiposo multilocular é conhecido também como tecido adiposo pardo, devido
a sua cor. Essa característica é derivada da abundante vascularização e das numerosas
mitocôndrias presentes em suas células. Diferente do tecido adiposo unilocular,
que pode ser encontrado em todo o corpo, o multilocular tem distribuição limitada,
localizando-se em áreas determinadas. Nos recém-nascidos, esse tecido apresenta
localização bem determinada, porém como não se desenvolve, sua quantidade nos
adultos é muito reduzida (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004).

As células desse tecido são menores quando comparadas às do tecido adiposo comum,
o citoplasma é rico em gotículas lipídicas e mitocôndrias, cujas cristas são longas, e
acabam por ocupar toda a espessura da organela. Além disso, o tecido multilocular tem
um papel importante na produção de calor, que auxilia bastante os recém-nascidos na
termorregulação (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004).

Gordura localizada
A gordura localizada é definida como uma hiperdistrofia dos adipócitos. Essas células
são encontradas principalmente na região dos flancos, ocasionando abaulamento
devido ao acúmulo excessivo de gordura. Esse tecido adiposo é extremamente resistente
a dietas e exercícios físicos. (PEROZZO et al., 2008; POLI e CAPONI, 2007).

A literatura relata que o acúmulo de gordura na região central do corpo aumenta os riscos
de desenvolvimento de várias doenças, tais como: hiperinsulinemia, hiperlipidemia,
hipertensão, gota, atrite e diabetes mellitus (PITANGA e LESSA,2005).

68
REALIZAÇÃO DE ANAMNESE FACIAL E CORPORAL │ UNIDADE III

O acúmulo de gordura visceral com concentração na região abdominal caracteriza


o perfil androide que é encontrado em mulheres climatéricas (mulheres que estão
passando pelo climatério, que consiste na transição do período reprodutivo para o não
reprodutivo) período ocasionado pela diminuição dos hormônios sexuais produzidos
pelos ovários. Além disso, também encontramos esse tipo de distribuição de gordura
em mulheres pós-menopáusicas. Já o perfil ginecoide é encontrado em mulheres que
estão no período reprodutivo (TREMOLLIÈRES et al., 1996).

Figura 24. Desenho esquemático dos tipos de gordura localizada: ginoide e androide.

GORDURA GINOIDE GORDURA ANDROIDE

Tem maior relação


com doenças
cardiovasculares

Principais
É armazenada depósitos estão
nas coxas e localizados ao
nas nádegas redor do abdômen
e na parte superior
do corpo

Circunferência da cintura (maior


Apresenta menores riscos à saúde que 80 cm em mulheres e 94 cm
em homens) é usada para
medir esse tipo de obesidade

Fonte: www.cirurgiaplasticaanakraemer.com.br/lipodistrofia-lipoaspiracao.html. Modificado.

A gordura ginoide também é conhecida popularmente como “gordura no formato pera”,


pois o seu acúmulo no corpo lembra o fruto. Ela afeta principalmente as mulheres, no
entanto, em alguns casos, homens também podem apresentar essa disfunção estética.
Quando comparada à gordura androide (formato de maçã) os riscos de complicações
metabólicas são menores. A gordura androide é mais presente em homens, mas
mulheres que estão passando por uma transição hormonal também podem desenvolver
esse tipo de acúmulo de gordura na região abdominal.

69
PRÁTICAS DE
BIOSSEGURANÇA UNIDADE IV
EM UMA CLÍNICA
DE ESTÉTICA

CAPÍTULO 1
Biossegurança e os seus princípios

Definição de biossegurança
Biossegurança pode ser definida como as ações que visam à prevenção, minimização
ou eliminação dos riscos associados às atividades de prestação de serviço, ensino,
pesquisa, produção ou desenvolvimento de tecnologias. Tais riscos podem comprometer
a saúde do trabalhador, do meio ambiente ou da qualidade dos trabalhos realizados.
(TEIXEIRA e VALLE, 1996). Este conceito também está relacionado com normas cujo
objetivo é prevenir acidentes em ambientes ocupacionais, incluindo medidas técnicas,
administrativas, educacionais, médicas e psicológicas (COSTA, 1996).

Por isso, técnicas de biossegurança devem ser adotadas pelos profissionais em clínicas
de estética, pois, como determinados procedimentos são microinvasivos, os riscos de
o profissional ser contaminado com material perfurocortante é extremamente elevado,
pois esses materiais facilitam a transmissão de AIDS, hepatites, entre outras doenças.
Além disso, o paciente pode ser contaminado por microrganismos que podem causar
infecções nos procedimentos realizados.

Técnica de higienização simples das mãos


As mãos são os principais instrumentos de trabalho dos profissionais de saúde. Por isso,
o maior índice de contaminação em centros de saúde é proveniente de contaminações
cruzadas por meio das mãos. Quando objetos são manipulados e entramos em
contato físico com pessoas, uma grande quantidade de patógenos são adquiridos, e a
transferência para outros indivíduos pode ser feita facilmente por meio do toque.

70
PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA │ UNIDADE IV

Logo, uma medida relativamente simples como a higienização das mãos é capaz de
reduzir drasticamente a contaminação e o índice de infecções nos procedimentos
(RAMOS, 2009).

A microbiota residente nas mãos é encontrada nas camadas externas da pele, mas
também pode ser localizada nos folículos pilosos, especialmente em torno e sob as unhas
e entre os dedos. Por isso, é extremamente importante manter as unhas curtas e evitar
o uso de adereços durante os procedimentos. As bactérias comumente encontradas na
microbiota são as gram-postivas, tais como: Microcccussp, Staphylococcus epidermidis,
Streptococcus sp. Esses são microrganismos de baixa virulência e raramente causam
infecções, porém podem ocasionar infecções sistêmicas em pacientes imunodeprimidos
e após procedimentos invasivos (RAMOS, 2009).

Já a microbiota transitória está localizada mais superficialmente à pele e é formada


geralmente por microrganismos gram-negativos adquiridos no ambiente, tais como:
Escherichia coli e Pseudomonas sp. Cocos gram-positivos também podem ser
encontrados nesta microbiota, tal como o Staphylococusaureaus. Esses microrganismos
da fase transitória são uns dos principais responsáveis pelos casos de infecções
hospitalares (RAMOS, 2009).

Em visto disso, a lavagem das mãos com sabonete neutro simples promove facilmente
a redução desses patógenos supracitados, bem como o suor, a oleosidade e as células
mortas. Dessa forma, a sujidade que proporciona a permanência e a proliferação de
microrganismo é eliminada. No entanto, para que o objetivo da técnica de lavagem
seja alcançado, faz-se necessário realizar alguns passos destacados nas figuras abaixo
(ANVISA, 2007).

Protocolo para higienização simples das mãos

Figura 25. Abrir a torneira e molhar as mãos, evitando encostar-se na pia.

Fonte: ANVISA (2007).

71
UNIDADE IV │ PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA

Figura 26. Aplicar uma quantidade de sabonete líquido suficiente para cobrir todas as partes das mãos.

Fonte: ANVISA (2007).

Figura 27. Friccionar as mãos entre si para ensaboá-las.

Fonte: ANVISA (2007).

Figura 28. Esfregar a palma da mão direita contra do dorso da mão esquerda, entrelaçando os dedos e repetir o
movimento com a posição trocada das mãos.

Fonte: ANVISA (2007).

Figura 29. Para friccionar os espaços interdigitais, entrelace dos dedos.

Fonte: ANVISA (2007).

72
PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA │ UNIDADE IV

Figura 30. Esfregar o dorso da mão direita contra o dorso da mão esquerda, segurando os dedos com
movimento de vai e vem. Repetir novamente o processo com a posição das mãos trocadas.

Fonte: ANVISA (2007).

Figura 31. Esfregar o polegar direito com a ajuda da palma da mão esquerda, realizando movimentos circulares.
Ao término do processo, repetir a operação com a posição das mãos trocadas.

Fonte: ANVISA (2007).

Figura 32. Friccionar as pontas dos dedos e as unhas da mão esquerda contra a palma da mão direita, fechada
em formato de uma concha, realizando movimentos circulares. Ao término do processo, repetir a operação com
a posição das mãos trocadas.

Fonte: ANVISA (2007).

Figura 33. Esfregar o punho esquerdo, com a ajuda da palma da mão direita, realizando movimentos circulares.
Ao término do processo repetir a operação com a posição das mãos trocadas.

Fonte: ANVISA (2007).

73
UNIDADE IV │ PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA

Figura 34. Enxaguar as mãos retirando os resíduos de sabonete, tomando o cuidado de evitar o contato das

mãos com a torneira.

Fonte: ANVISA (2007).

Figura 35. Por fim, secar as mãos utilizando papel toalha descartável. Começando pelas mãos e seguindo pelos

punhos. No caso de torneiras que são fechadas manualmente, utilizar o papel para fechá-las.

Fonte: ANVISA (2007).

Qualquer tipo de adereço corporal, tais como: anéis, relógios, pulseiras, entre outros,
devem ser retirados para a realização correta da higienização. O procedimento
supracitado é indicado nas seguintes situações (ANVISA, 2007):

» quando as mãos estiverem visivelmente sujas ou contaminadas com


sangue ou outros fluidos corporais;

» ao iniciar e terminar o turno de trabalho;

» antes e após ir ao banheiro;

» antes e depois das refeições;

» antes do preparo de alimentos;

» antes do preparo e manipulação de medicamentos;

» antes e após o contato com pacientes;

74
PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA │ UNIDADE IV

» após várias aplicações consecutivas de produtos alcoólicos;

» nas situações indicadas para o uso de preparações alcoólicas.

Técnica de higienização antisséptica das


mãos
O processo para fazer a higienização antisséptica das mãos é igual ao processo realizado
na higienização simples. Porém, o sabonete deve ser substituído por uma solução
antisséptica, tal como o gel alcoólico a 70% com 1% a 3% de glicerina. O objetivo desse
procedimento é promover a remoção de sujidades e, especialmente, de microrganismos.
Além disso, esta técnica pode substituir a higienização das mãos com água e sabonete
quando as mãos não estiverem visivelmente sujas. Este procedimento é indicado
quando o profissional for realizar as ações abaixo (ANVISA, 2007):

» antes do contato físico com o paciente;

» após o contato com o paciente;

» antes da realização de procedimentos assistenciais e manipulação de


dispositivos invasivos;

» antes de calçar as luvas para a realização de procedimentos invasivos que


não requeiram preparo cirúrgico;

» após risco de exposição a fluidos corporais;

» ao mudar de um sítio corporal contaminado para outro, limpo, durante o


cuidado com o paciente;

» após contato com objetos inanimados e superfícies imediatamente


próximas ao paciente;

» antes da colocação das luvas e após a remoção delas.

Agentes químicos utilizados na limpeza


de clínicas de estética, e definição dos
termos antissepsia, assepsia, desinfecção e
descontaminação
Determinadas substâncias químicas são utilizadas para fazer a higienização dos
ambientes que compõem uma clínica de estética, tais como: detergentes comuns,

75
UNIDADE IV │ PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA

alvejantes, antiferruginosos, desincrustantes ácidos e alcalinos, limpa móveis, limpa


vidros, sabões, detergentes, entre outros. No entanto, devido a sua maior utilização, os
detergentes serão enfatizados nesta apostila (RAMOS, 2009).

Detergentes comuns

Detergentes são compostos químicos que podem quebrar as moléculas de gordura


tornando as substâncias solúveis em água. Os detergentes comuns têm pouca atividade
sobre proteínas e polissacarídeos que estão presentes em grande quantidade nos
compostos orgânicos. Além disso, esses compostos também podem ser denominados
detergentes iônicos, pois o seu componente principal é um composto tensoativo
aniônico, que tem grande poder de limpeza, pela capacidade de eliminar a matéria
orgânica (RAMOS, 2009).

Detergentes enzimáticos

O grande diferencial, como o próprio nome já diz, deste tipo de detergente são as enzimas.
Elas são constituídas por proteínas com capacidade de promover transformações
específicas em outras substâncias bioquímicas, como as gorduras e os açúcares. Dessa
forma, estruturas complexas podem ser modificadas em estruturas simples, facilitando
sua limpeza. As enzimas que constituem esse tipo de detergente são proteases, amilases
e lípases (RAMOS, 2009).

Os detergentes enzimáticos realizam um processo semelhante ao encontrado no


sistema digestivo, provocando de forma rápida e eficaz a degradação da matéria
orgânica, logo, não há danificação dos matérias constituintes dos equipamentos. Em
clínicas de estéticas, a matéria orgânica mais perigosa é aquela que tem proteínas
e células vivas. Dentre essas matérias, o sangue e as demais secreções corporais
merecem destaque, pois, em tais resíduos orgânicos microrganismos patogênicos
podem se proliferar (RAMOS, 2009).

Em uma pequena quantidade de resíduos orgânicos, mesmo que imperceptível, a


análise macroscópica é suficiente para promover a reprodução de microrganismos
patogênicos. Com isso, a limpeza de bancadas e instrumentos deve ser reavaliada de
maneira minuciosa (RAMOS, 2009).

76
PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA │ UNIDADE IV

Antissepia e assepsia
O processo pelo qual é realizada a descontaminação de tecidos vivos é denominado
antissepia. E deve ser realizado nas mãos do profissional por meio da lavagem e do uso
de soluções antissépticas. Os pacientes também devem passar por esse processo antes
dos procedimentos estéticos. A assepsia é definida como um conjunto de práticas que
visam manter um organismo livre de microrganismos patogênico (RAMOS, 2009).
Para minimizar o risco de contaminação durante os procedimentos, em especial
naqueles em que a pele do paciente é violada como nos casos de procedimentos
microinvasivos, quando for realizar a antissepia e a assepsia é indicado que o
profissional também utilize o mesmo produto para lavar as suas mãos, pois o risco de
infecção diminui se para todas as etapas for usada a mesma substância.

Desinfecção
Desinfecção é o processo pelo qual são destruídos os microrganismos patogênicos que
estão em uma forma não ativa. Tais patógenos encontram-se, geralmente, em forma
de esporos bacterianos habitando superfícies e instrumentos de trabalho. Para a
desinfecção desses agentes, são utilizados meios físicos e químicos, como será descrito
a seguir (RAMOS, 2009):

» fazer a limpeza das bancadas e materiais;

» manter um período de exposição aos agentes desinfetantes;

» deixar ocorrer alterações de pH e temperatura durante o processo de


desinfecção;

» manter concentrações ideais dos agentes desinfetantes;

» observar o amplo espectro de ação dos desinfetantes.

Descontaminação
Descontaminação é definida como um processo ou tratamento que torna os
instrumentos utilizados em uma clínica de estética aptos para o uso. Tal processo
não significa necessariamente que o material está seguro, pois o procedimento de
descontaminação pode variar desde uma simples lavagem com água e sabão até uma
esterilização ou desinfecção (BLOCK, 1991).

77
UNIDADE IV │ PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA

A desinfecção, ou esterilização, constitui a primeira etapa do processo de


descontaminação. Por isso, essa parte do processo é denominada descontaminação
prévia, pois reduz significantemente a carga biológica, tornando a desinfecção e
esterilização mais fáceis, menos dispendiosas e com menor probabilidade de carrear
material biológico (SOUZA et al., 1998).

A descontaminação prévia é feita por meio da imersão dos insumos com presença de
matéria orgânica, microrganismos e outros resíduos decorrentes do uso na prática
clínica em uma solução desinfetante por tempo de exposição que varie de 15 a 30
minutos, com o objetivo de eliminar ou reduzir os microrganismos presentes, antes
de fazer a limpeza mecânica com água e sabão com a intenção de minimizar os riscos
ocupacionais (SOUZA et al., 1998).

A presença de matéria orgânica pode prejudicar a atividade antimicrobiana dos


desinfetantes ou formar uma barreira física de proteção aos microrganismos perante
a desinfecção ou esterilização por meio de princípios químicos e físicos (SOUZA et
al.,1998).

Em casos de derramamento de materiais biológicos, é indicada a descontaminação


localizada, que consiste na aplicação de desinfetantes no local, aguardar o tempo
indicado pelo fabricante e posteriormente remover com um pano apropriado. Por fim,
o pano deve ser desinfetado corretamente para nova utilização ou, em caso de produto
descartável, deve ser despejado em um lixo apropriado. O trabalhador responsável por
esse procedimento deve utilizar todos os equipamentos de proteção individual (EPIs)
necessários (RAMOS, 2009).

Uso de álcool a 70% glicerinado e clorexidina


na desinfecção, descontaminação e
antissepsia
Os álcoois etílicos glicerinados e isopropílicos são bactericidas rápidos que agem
também contra fungos e vírus, eliminando inclusive o bacilo causador da tuberculose.
Sua concentração ótima de uso é em torno de 60% a 90%, porém a prática clínica
padronizou como ideal a utilização do produto em 70%; concentrações abaixo de 50%
reduzem sua atividade (RAMOS, 2009).

Suas propriedades são atribuídas ao fato de realizarem a desnaturação das proteínas


na presença da água, pois esta facilita a difusão do álcool para o interior do
microrganismo. Além disso, ocorre também a inibição de metabólicos essenciais para
a cissiparidade. Os álcoois não devem ser usados em aparelhos com estruturas de

78
PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA │ UNIDADE IV

borracha e certos tipos de plásticos, pois esse composto pode danificá-los. Para a
limpeza desses aparelhos é aconselhado o uso de clorexidina (RAMOS, 2009).

A clorexidina foi sintetizada na década de 1940 e comerciada desde 1954 como um


antisséptico para ferimentos (DAVIES et al., 1954). O composto é caracterizado por
ser um agente detergente catiônico, da classe das bisbiguanidas, que está disponível
nas formas de acetado, hidrocloreto e digluconato. Ela tem um vasto espectro de ação,
agindo sobre fungos, leveduras, vírus lipofílicos, bactérias gram-positivas e gram-
negativas (TORTORA et al., 2000).

O mecanismo de ação antibacteriana da clorexidina é explicado pela ação da molécula


catiônica do composto ser rapidamente atraída pelas cargas negativas da superfície
da bactéria. Dessa forma, a absorção da membrana celular é feita por interações
eletrostáticas, derivadas possivelmente de ligações hidrofóbicas ou por pontes de
hidrogênio. Assim, em concentrações elevadas a clorexidina causa a coagulação
das proteínas citoplasmásticas e morte bacteriana. Em dosagens mais baixas, a
integridade da membrana bacteriana é alterada, resultando em um extravasamento
dos componentes bacterianos. (HJELJORD et al., 1973; HUGO e LONGWORTH, 1964;
RÖLLA Ee MELSEN, 1975).

79
CAPÍTULO 2
Técnicas e medidas para prevenção,
redução e tratamento dos acidentes
com materiais perfurocortantes

Vacinação dos profissionais


Devido ao contato constante com pacientes e materiais supostamente infectados, os
trabalhadores da saúde estão suscetíveis a adquirir doenças transmissíveis. No entanto,
essas não são imunopreveníveis por meio de vacinação, tais como: contra hepatite
B, hepatite A, tétano, caxumba, coqueluche, difteria, febre amarela, HPV, influenza,
poliomielite, raiva, rubéola, sarampo, tétano, varicela, entre outras (RAMOS, 2009).

O programa de vacinação em um estabelecimento de estética pode reduzir bastante


o número de trabalhadores expostos ao risco de adquirir doenças transmissíveis
preveníveis por meio de vacina. Além disso, os pacientes adquirem a proteção
supracitada, pois o trabalhador imunizado não transmitirá as doenças pelas quais
recebeu a vacina (RAMOS, 2009).

O Programa Nacional de Imunizações (PNI) constitui o conjunto de vacinas que são de


interesse público do país. No momento, o programa é constituído por doze produtos que
são recomendados para população desde o nascimento até a velhice. Sua distribuição
é feita gratuitamente nos postos de saúde por meio do Sistema Único de Saúde (SUS)
(RAMOS, 2009).

A vacinação deve começar na infância quando os calendários das campanhas são


divulgados. Durante a adolescência, o indivíduo tem uma nova oportunidade de
completar a sua carteira de vacinação. Não obstante, algumas camadas da sociedade
entendem que vacina é destinada apenas às crianças, com isso, muitos adolescentes
não são imunizados adequadamente. Esse entendimento continua na vida adulta, o
que acaba por prejudicar todo o sistema de prevenção de doenças transmissíveis
(BALLALAI, et al 2007)

A norma regulamentadora (NR) 32 (BRASIL, 2005) relata o seguinte: “Para todo


trabalhador dos serviços de saúde deve ser fornecido, gratuitamente, programa de
imunização ativa contra tétano, difteria, hepatite B, entre outras”. Com isso, desde
2004, a vacinação contra hepatite B e outras patologias está disponível gratuitamente

80
PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA │ UNIDADE IV

para todos os profissionais da saúde no SUS. e, após a vacinação, o trabalhador deve


receber o comprovante das vacinas recebidas (BRASIL, 2005).

A NR 32 também recomenda que: “sempre que existir vacinas eficazes contra agentes
biológicos a que os trabalhadores estão, ou poderão estar expostos, o empregador
deve fornecê-las gratuitamente”, além disso, “o empregador deve assegurar que os
trabalhadores sejam informados das vantagens e dos efeitos colaterais, assim como dos
riscos a que estão expostos por falta ou recusa da vacinação” (BRASIL, 2005).

Atendimento ao profissional após acidente


com material biológico
Lesões com materiais perfurocortantes (tais como: agulhas, aparelhos de
microagulhamento, tesouras e bisturis) potencialmente contaminados devem ser
lavadas imediatamente com água e sabão ou solução antisséptica detergente (PVPI,
clorexidina). Já a pele e as mucosas precisam ser lavadas com água corrente em
abundância, soro fisiológico 0,9% ou água boricada, realizando-se a operação várias
vezes. Deve-se evitar o uso de substâncias cáusticas, como hipoclorito de sódio, uma vez
que, esses compostos aumentam a área lesada e a consequente exposição ao material
infectante.

No momento do acidente, a direção do estabelecimento deve ser comunicada, sendo


obrigada a notificar o órgão responsável (Vigilância Sanitária) para avaliar a gravidade
e determinar a conduta que será tomada. Essa notificação deve ser feita em um prazo
máximo de 72 horas. Além disso, o departamento pessoal da clínica deve emitir o
comunicação de acidente de trabalho (CAT), cujo verso será preenchido pelo médico
do trabalho que atender o profissional, com o objetivo de documentar o acidente para
efeitos legais. Eses acidentes devem ser notificados ao programa estadual DST/AIDS
no estado da federação no qual a clínica está situada. Dessa forma, os dados entram
na estatística para elaboração de medidas preventivas. Os acidentes podem sem
classificados em:

» Perfurocortante: ocorre a penetração da pele por agulha ou material


contaminado com sangue ou líquidos orgânicos potencialmente
infectantes.

» Contato com mucosa oral, mucosa ocular ou pele com solução


de continuidade: é definido como o contato direto da mucosa ou
pele que apresentem solução de continuidade (dermatite ou ferida

81
UNIDADE IV │ PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA

aberta) com sangue, líquidos orgânicos ou outros materiais biológicos


potencialmente infectantes.

» Contato com a pele íntegra: é o contato da pele íntegra com sangue


e líquidos biológicos potencialmente infectantes. O contato desses
materiais com a pele íntegra não é classificado com uma situação de risco
para infecção com HIV. Logo, o uso de quimioprofilaxia é dispensado.
Entretanto, se a exposição apresenta um grande volume de sangue com
alta carga viral em extensa área do corpo por um período prolongado, a
quimioprofilaxia deve ser administrada.

Análise da situação sorológica do paciente


perante o acidente com o trabalhador da
área de saúde para possível contaminação
com HIV

Paciente comprovadamente HIV negativo

Faz-se necessário apresentar exames laboratoriais recentes para HIV (até três meses
antes da data do acidente) ou no momento do acidente. Neste caso, a quimioprofilaxia
não é indicada.

Paciente com HIV positivo comprovado

Quando há exames que comprovem a infecção pelo vírus HIV ou diagnóstico clínico
da AIDS. De acordo com a gravidade do acidente, deve-se iniciar a quimioprofilaxia
antirretroviral imediatamente.

Paciente com situação sorologia desconhecida

Quando a situação sorologia do paciente é desconhecida, deve-se, se possível, realizar


um teste rápido de HIV no paciente, após obter o consentimento dele. Além disso, é
necessário colher material para sorologias HBV e HBC. Quando não há a possibilidade
de colher o material do paciente ou o material não é conhecido (acidente com agulha
encontrada no lixo), recomenda-se a avaliação do risco de infecção pelo HIV, levando
em consideração o tipo de exposição, dados clínicos e epidemiológicos.

82
PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA │ UNIDADE IV

Toda pessoa que for submetida a exames para comprovação de infecção pelo HIV
deve receber aconselhamento psicólogo pré-teste, durante o qual as seguintes
informações necessitam ser prestadas: os tipos de contaminações existentes,
possibilidade de resultados falsos, janela imunológica do vírus, implicações
de resultados positivos ou negativos, maneiras de prevenção de acidentes
e a importância da realização dos tratamentos para combater a infecção.
Os resultados dos exames são confidenciais e, caso o profissional se recuse a
realizar a bateria de exames, ele deve assinar um termo de responsabilidade,
esclarecendo sua recusa.

Quimioprofilaxia
É definida como sendo a administração de antirretrovirais (ARVs) para profissionais
da saúde que foram feridos e sofreram exposição acidental a material biológico de
pacientes com HIV positivo. A quimioprofilaxia foi proposta inicialmente pela National
Comission on Aids dos EUA em 1993. Já no Brasil a utilização dessa profilaxia foi
preconizada pela Secretária de Saúde do Estado de São Paulo em 1999. O programa
estadual de AIDS e o Instituto de Infectologia Emílio Ribas iniciaram também, em
1999, um programa para o atendimento de profissionais acidentados com material
biológico. Em 2001, a Coordenação Nacional de DST e AIDS do Ministério da Saúde
publicou as recomendações para terapia antirretroviral em adultos e adolescentes
infectados pelo HIV. A quimioprofilaxia apresenta efeitos colaterais, sendo que seu
uso não é indicado quando a exposição de risco de HIV for classificada como de baixo
de risco) (BRASIL, 2017).

Posologia, administração e efeitos


colaterais da quimioprofilaxia para possível
contaminação por HIV em ambiente de
trabalho

Quadro 4. Drogas geralmente utilizadas em tratamentos de urgência para profissional. acidentado.

DROGA DOSE INTERVALO DURAÇÃO


Tomar 3 cápsulas de 100mg, Tomar a medicação de 12 em 12 horas, 2 vezes O tratamento dura 4 semanas ou
ZIDOVUDINA (AZT)
totalizando 300mg. ao dia. 28 dias.
Tomar a medicação de 12 horas em 12 horas, 2 O tratamento dura 4 semanas ou
LAMIVUDINA (3TC) Tomar 1 comprimido de 150mg
vezes ao dia. 28 dias.

Fonte: (BRASIL, 2017)

83
UNIDADE IV │ PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA

Quadro 5. Drogas alternativas que podem ser utilizadas separadamente em tratamentos de urgência para

profissional acidentado.

DROGA DOSE INTERVALO DURAÇÃO


Tomar 1 comprimido com 150mg de 3TC O tratamento dura 4 semanas ou
BIOVIR (AZT +3TC) Tomar a medicação de 12 em 12 horas.
+ 300mg de AZT 28 dias.
Tomar 2 cápsulas de 400mg. Tomar a medicação de 8 horas em 8 horas, 3 O tratamento dura 4 semanas ou
INDINAVIR (IDV)
Totalizando 800mg. vezes ao dia. 28 dias.
Tomar 5 cápsulas de 250mg. Tomar a medicação de 12 em 12 horas, 2 O tratamento dura 4 semanas ou
NELFINAVIR (NFV)
Totalizando 750mg. vezes ao dia. 28 dias.

Fonte: (BRASIL, 2017)

Quadro 6. Efeitos colaterais das drogas utilizadas na quimioprofilaxia contra o HIV.

DROGA EFEITO COLATERAL


Anemia, neutropenia, leucopenia, plaquetopenia, náuseas, vômitos, astenia, mal-estar geral, cefaleia, miopatia, insônia,
ZIDOVUDINA (AZT)
pigmentação ungueal e de mucosas, alteração das provas hepáticas, hepatite.
LAMIVUDINA (3TC) Pancreatite, diarreia, dor abdominal, anemia, neutropenia.
Nefrolitíase, hematúria, cefaleia, insônia, náusea, vômitos, astenia, fadiga, distúrbios do paladar, pele e boca secas, dor abdominal,
INDINAVIR (IDV)
trombocitopenia, hiperbilirrubinemia indireta assintomática, aumento de triglicerídeos, hipercolesterolemia, hiperglicemia e diabetes.
Diarreia (efeito mais frequente), exantema, flatulência, náusea, dor muscular, fraqueza, aumento de triglicerídeos,
NELFINAVIR (NFV)
hipercolesterolemia, hiperglicemia e diabetes.

Fonte: (BRASIL, 2017)

Análise da situação sorológica do paciente


perante o acidente com o trabalhador da
área de saúde para possível contaminação
com hepatite B ou C

Contaminação por hepatite B

Em casos de suspeita de contaminação por hepatite B, é recomendado que o


trabalhador siga as instruções expostas na tabela abaixo (BRASIL, 2017):

Quadro 7. Tratamento após contanto com material biológico contaminado possivelmente com hepatite B.

PACIENTE com HBsAg POSITIVO PACIENTE COM HBsAg PACIENTE COM


SITUAÇÃO DO HBsAg
OU DESCONHECIDO COM FATOR DESCONHECIDO E SEM FATOR DE
TRABALHADOR
DE RISCO RISCO NEGATIVO
Iniciar esquema de
Não vacinado ou vacinação 1 dose de HBIG e iniciar esquema de Iniciar esquema de vacinação ou completar
vacinação ou completar
incompleta vacinação ou completar vacinação. esquema vacinal.
esquema vacinal.
Vacinado com resposta
Não imunizar. Não imunizar. Não imunizar.
adequada
Vacinado sem resposta
1 dose de HBIG e revacinar. Revacinar. Revacinar.
adequada

84
PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA │ UNIDADE IV

Fazer um Anti-HBs. Se o resultado obtiver Fazer um Anti-HBs. Se o resultado


resposta adequada, não fazer a imunização. apresentar resposta adequada, não fazer a
Vacinado com resposta não imunização. Fazer um Anti-HBs e não
conhecida Caso não obtenha resposta adequada, imunizar.
deve-se ministrar 1 dose de HBIG e Caso apresente uma resposta não
revacinação. adequada, a imunização é necessária.

Fonte: (BRASIL, 2017)

HBsAg: também denominada de Antígeno Austrália, é um determinante antigênico


encontrado na superfície do HBV, em partículas menores não infectantes e em
formas tubulares produzidas por este vírus. São encontradas na corrente sanguínea
entre 2 a 6 semanas antes do início dos sintomas ou alteração das transaminases,
mantendo-se detectável por até 20 semanas. O HBsAg é encontrado tanto na fase
aguda como na crônica. Pacientes cujo resultado se mantém positivo por mais de
6 meses provavelmente permanecerão como portadores ou desenvolverão hepatite
crônica (HUANG et al., 2017)

HBIG: A Imunoglobulina Anti-hepatite B é uma imunoglobulina específica (HBIG)


(uma globulina hiperimune) que contém anticorpos contra o antígeno de superfície
da hepatite B (anti-HBs). Tem origem humana, a partir de doadores com altos
títulos de anti-HBs (HUANG et al., 2017)000 IU/ml and HBV DNA < 20 IU/ml were
randomized to receive PegIFNα-2b or continuing NA therapy for 60 weeks. At the
end of treatment (EOT

Contaminação por hepatite C

Neste caso não há uma quimioprofilaxia. É aconselhado acompanhar o profissional


por no mínimo seis meses, fazendo uma coleta de material para realização de exames
no momento do acidente e uma segunda coleta seis meses depois. Caso o resultado
seja positivo o profissional deve ser encaminhado para órgão competente para receber
acompanhamento ambulatorial especializado (BRASIL, 2017)

85
CAPÍTULO 3
Descontaminação dos insumos de uma
clínica de estética

Limpeza e desinfecção dos principais


equipamentos e insumos de uma clínica de
estética
Os artigos coletivos utilizados nos procedimentos em clínicas de estética podem se
tornar veículos de agentes infecciosos. Com isso, faz-se necessário realizar processos de
descontaminação rotineiramente. Nesta apostila, serão abordados os principais objetos
utilizados na rotina clínica.

Recipientes plásticos, cubas e espátulas


Em procedimentos que utilizam aparelhos de ultrassom, radiofrequência, entre outros,
usa-se uma grande quantidade de gel para facilitar a realização do procedimento. Deve-
se descartar cubas e espátulas utilizadas para auxiliar na aplicação do gel com o objetivo
de higienizar corretamente ao fim dos procedimentos. Devem-se seguir os princípios
básicos de limpeza citados abaixo (RAMOS, 2009).

» retirar o excesso de produtos químicos com papel absorvente, que deve


ser descartado em lixo apropriado;

» lavar o recipiente em água corrente com sabão e esponja;

» enxaguar em água corrente;

» secar o material naturalmente ou usar toalha limpa que não solte


fiapos, papel descartável ou estufa regulada para tal finalidade em uma
temperatura máxima de 50o c;

» passar álcool a 70% glicerinado com o auxílio de papel absorvente sobre


todo o objeto;

» após o término da lavagem, guardar os artigos em um local seco e limpo.


Deve-se evitar deixá-los expostos ao ambiente para evitar o contato com
poeira e aerossóis. Se preferir, também é indicado embalar os objetos em
plásticos vedados e abri-los diante do paciente.

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PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA │ UNIDADE IV

Pincéis utilizados em peelings


Os pincéis utilizados na realização de peelings são de uso individual. Por isso, devem
ser higienizados adequadamente para a utilização posterior em outro paciente. Por
possuírem cerdas delicadas, o produto indicado para esse procedimento é o detergente
enzimático e a forma correta de higienização desse insumo está relatada a seguir
(RAMOS, 2009):

» mergulhar os pincéis em uma cuba contendo solução 0,5% de detergente


enzimático ou outro produto conforme especificação do fabricante e
deixá-los imersos por um período de 10 a 15 minutos;

» massagear as cerdas para retirada de todo o produto utilizado no


procedimento e sujidades;

» enxaguar os pincéis em água corrente;

» secar naturalmente ou em uma estufa apropriada a uma temperatura de


50oc;

» borrifar álcool a 70% glicerinado, de acordo com modelo de pincel


e deixar secando naturalmente, de acordo com as orientações do
fabricante.

Se o paciente apresentar lesões que liberem secreções ou ocorra contaminação


por sangue ou outros fluidos corporais o pincel deve ser descartado. Com isso,
pincéis descartáveis também são indicados para a realização do procedimento
supracitado.

Toalhas e lençóis protetores de cadeiras e


macas
As toalhas e os lençóis são de uso individual, logo, não devem ser reutilizados em
outros pacientes sem a devida desinfecção. Após o término de cada procedimento
esses artigos devem ser acondicionados em um recipiente apropriado para posterior
encaminhamento a uma empresa especializada em desinfecção. Quando contratada a
empresa terceirizada é indicado observar se durante a lavagem das toalhas e dos lençóis
eles ficam de molho durante 30 minutos em uma solução de hipoclorito de sódio diluído
a 0,1% para a desinfecção correta. Posteriormente, a lavagem pode ocorrer como de
costume e, por fim, é indicado que os insumos sejam guardados individualmente em
um saco plástico para abertura na frente do paciente (RAMOS, 2009).

87
UNIDADE IV │ PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA

Acessórios de equipamentos de estética


Alguns protocolos de determinados procedimentos utilizam equipamentos, como
corrente russa, ultrassom, radiofrequência, entre outros. Esses aparelhos têm cabos,
eletrodos, cabeçotes e ponteiras que entram em contanto com a pele do paciente, que,
em certos casos podem apresentar pequenas lesões passíveis de contaminar o aparelho.
Com isso, após a realização de todo procedimento deve ser feita uma higienização
conforme descrito abaixo (RAMOS, 2009):

» desligar o aparelho e desconectar a parte que entrou em contato com a


pele do paciente;

» retirar o excesso de produto que tenha ficado no aparelho, com o auxílio


de um papel descartável;

» passar uma solução de álcool a 70% glicerinado ou clorexidina de acordo


com as indicações do fabricante;

» guardar o equipamento em um local limpo e livre de poeira ou aerossóis.

» Observação: nesses tipos de aparelhos é mais indicado o uso de


clorexidina para evitar um suposto ressecamento das estruturas do
aparelho.

Cadeiras e macas

Após os procedimentos, esses equipamentos devem ser higienizados com água e sabão
caso exista resíduos de fluidos corporais do paciente. Posteriormente, deve-se passar
álcool a 70% glicerinado por toda a superfície para finalizar o processo de higienização,
e deixar que o álcool seque naturalmente (RAMOS, 2009).

Uso de artigos descartáveis

Esses materiais não devem passar pelo processo de limpeza, desinfecção ou


esterilização, pois não suportariam esses métodos, devido a suas características
estruturais. Com isso, após o uso, esses materiais devem ser descartados. Materiais
perfurocortantes precisam ser manuseados e descartados de acordo com as normas
de biossegurança (RAMOS, 2009).

Entre os insumos descartáveis mais utilizados em uma clínica de estética podemos


destacar:

» agulhas, lâminas e bisturis;


88
PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA │ UNIDADE IV

» lixas de unhas e lixas de pés;

» palitos de madeira;

» protetores;

» lençóis descartáveis;

» EPIs como luvas, toucas, máscaras, jalecos descartáveis.

Limpeza e desinfecção ambiental


A limpeza dos ambientes de uma clínica de estética deve utilizar produtos de
limpeza e de desinfecção que estejam de acordo com a legislação vigente, bem como
observar as recomendações apresentadas pelos fabricantes. Os produtos de limpeza
o
regulamentados estão classificados de acordo com a Lei n 6.360 (ANVISA, 1976)
como saneantes domissanitários, isto é, são as substâncias ou preparações que têm as
prerrogativas necessárias para realizar adequadamente a higienização, desinfecção,
desinfestação, desodorização e odorização de ambientes. Tais produtos, de acordo
com a legislação supracitada, devem ser isentos de efeitos mutagênicos, teratogênicos
ou carcinogênicos em mamíferos. Essas características devem ser comprovadas
adequadamente através de testes (RAMOS, 2009).

Na escolha dos produtos, o profissional deve considerar os critérios a seguir (RAMOS,


2009):

» natureza de superfície a ser limpa ou desinfetada, e se ela resiste à


corrosão ou ao ataque químico;

» tipo e grau de sujeira e contaminação, incluindo sua forma de eliminação


(microrganismo envolvido com ou sem matéria orgânica presente);

» segurança na manipulação e utilização por parte do profissional de


limpeza e terceiros.

Os produtos mais utilizados para a limpeza e desinfecção das áreas físicas, das mobílias
e dos equipamentos em geral são os sabões ou detergentes neutros, hipoclorito de sódio
a 1% ou diluído a 0,1% e álcool a 70o glicerinado (RAMOS, 2009).

89
UNIDADE IV │ PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA

Limpeza do ambiente

O serviço de limpeza do ambiente precisa de um espaço apropriado para guardar os


materiais e utensílios como panos, esponjas, esfregões, baldes e produtos de limpeza.
Esse local necessita ser separado dos demais, além de ter um tanque e ser de fácil acesso
e com boa ventilação. As dimensões do espaço podem variar de acordo com a estrutura
física da clínica (RAMOS, 2009).

Funcionário responsável pelos serviços gerais


O profissional responsável por limpar os ambientes de uma clínica de estética deve
ser orientado adequadamente sobre os riscos que o trabalho apresenta. Para isso,
um programa de treinamento deve ser organizado pela direção do estabelecimento.
Esse programa deve contemplar as etapas de cada processo de limpeza e sanitização
do ambiente, levando em consideração os cuidados e necessidades de prevenção
de possíveis contaminações biológicas e químicas. Com isso, um dos tópicos que
deve ser abordado com bastante ênfase nesse treinamento é a correta utilização dos
equipamentos de proteção individual (RAMOS, 2009).

90
CAPÍTULO 4
Equipamentos de Proteção Individual
(EPIs) e Equipamentos de Proteção
Coletiva (EPCs) Utilizados em uma
Clínica de Estética

Principais equipamentos de proteção


individual (EPIs) utilizados por profissionais do
setor em clínicas de estética
Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) são dispositivos ou produtos de uso
pessoal que têm como objetivo promover a proteção contra riscos capazes de ameaçar a
saúde ou segurança do trabalhador (TEIXEIRA e VALLE , 1996). Nas clínicas de estética
podemos destacar o uso de luvas, jaleco, óculos e máscaras na proteção individual.

Luvas
O principal objetivo das luvas é impedir o contato com sangue, secreções, excreções,
mucosas ou regiões do corpo do paciente não íntegros durante determinados
procedimentos. Além disso, são utilizadas na manipulação de artigos contaminados
ou substâncias químicas. Elas podem ser divididas em vários tipos. No entanto, neste
material iremos citar as mais utilizadas na prática clínica, em clínicas de estética, tais
como: luvas descartáveis de látex e luvas de vinil (RAMOS, 2009).

Luvas descartáveis de látex

As luvas descartáveis mais utilizadas são as de látex ambidestras, que apresentam


três tamanhos: pequena, média e grande. Na parte interna têm talco para facilitar a
sua colocação. Podem ser comercializadas em caixas com 100 unidades não estéreis
ou estéreis. As estéreis são comercializadas aos pares e têm sua utilização destinada a
procedimentos cirúrgicos ou no manuseio de ferimentos e matérias estéreis (RAMOS,
2009).

91
UNIDADE IV │ PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA

Luvas descartáveis de vinil

Além das luvas de látex também estão disponíveis no mercado as luvas de vinil, que
se adaptam bem ao formato das mãos e têm alta durabilidade, porém com custo mais
elevado e também são encontradas em caixas de 100 unidades nos tamanhos pequeno,
médio e grande. Elas são utilizadas principalmente por profissionais alérgicos ao látex
(RAMOS, 2009).

Utilização correta das luvas


As luvas são utilizadas sempre que houver a possibilidade de contato com fluidos
corporais ou no manuseio de substâncias químicas e de materiais perfurocortantes. No
entanto, para que as luvas protejam o profissional de forma adequada, deve colocá-las
corretamente, como descrito a seguir (RAMOS, 2009):

» antes de colocar as luvas, as mãos devem ser higienizadas corretamente.


Dessa forma, ocorrerá uma diminuição dos microrganismos;

» colocar as luvas de modo que os punhos fiquem cobertos e protegidos;

» durante o período no qual o profissional estiver utilizado as luvas, deve-


se evitar a manipulação de fichas de anamnese, canetas, celulares,
maçanetas de portas ou qualquer tipo de objetos que não fazem parte do
procedimento estético;

» após o término do procedimento, as luvas devem ser retiradas


imediatamente pelo punho, evitando-se tocar na parte externa.

» devem ser descartadas em um lixo biológico.

» as luvas necessitam ser trocadas a cada paciente.

Jalecos
A principal função dessas vestimentas é proteger a pele do profissional contra fluidos
corporais, tais como: sangue, secreções e exsudatos. Ademais, previnem a contaminação
por produtos químicos. Os jalecos podem ser confeccionados em diferentes materiais,
porém é necessário que a matéria-prima seja pouco inflamável e de fácil lavagem. Além
disso, é necessário ter mangas compridas com elásticos nos punhos e comprimento até
a altura dos joelhos. Os jalecos não precisam ser obrigatoriamente brancos, porém essa

92
PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA │ UNIDADE IV

cor facilita a observação de sujeiras. Há também os descartáveis que são confeccionados


em TNT, que oferecem uma frágil barreira de proteção (RAMOS, 2009).

Os jalecos não devem ser utilizados em locais públicos, tais como restaurantes, ônibus,
metrô, ruas, entre outros, uma vez que essa vestimenta é destinada a ambientes clínicos
e o uso nos locais supracitados eleva o risco de infecções nos procedimentos. Caso o
profissional tenha que levar o avental para lavar em um local fora da clínica, ele deve
ser guardado em uma bolsa durante o transporte. A seguir estão listadas algumas
orientações para correta utilização dos jalecos (RAMOS, 2009).

Utilização correta de jalecos

» precisam ser utilizados sempre fechados;

» devem ser trocados sempre que houver qualquer tipo de sujeira e


contaminação aparente por sangue, secreções ou produtos químicos;

» sua utilização é restrita ao ambiente de trabalho;

» quando o profissional for utilizar o banheiro, cozinha, ou qualquer outra


área da clínica que não seja o consultório, o jaleco deve ser retirado e
pendurado em local adequado;

» os jalecos devem ser guardados em local apropriado e jamais podem ficar


junto dos objetos pessoais;

» precisam ser lavados separadamente da roupa de uso pessoal.

Máscaras
As máscaras são um instrumento bastante importante na prática clínica, pois protegem
as mucosas da face do profissional contra a inalação de partículas ou aerossóis
contendo microrganismos. Existem vários tipos de máscaras utilizadas como EPIs,
porém, na estética, as indicadas são as descartáveis, pois protegem adequadamente
contra possíveis contaminações biológicas. No entanto, elas não são eficazes para filtrar
substâncias químicas na forma de gases ou vapores. Elas podem ser confeccionadas
de diferentes matérias, tais como: tecido, espuma e papel. Entretanto, têm baixa
capacidade de filtração de partículas e aerossóis. Já as de fibra de vidro e fibras sintéticas
são as mais comumente utilizadas por trabalhadores da saúde e têm boa capacidade de
filtração. Vale ressaltar que as máscaras precisam ser confortáveis, ter boa capacidade

93
UNIDADE IV │ PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA

de contornos faciais, não devem irritar a pele e devem ter alta capacidade de filtração
do ar (RAMOS, 2009).

O uso de máscaras é indicado quando a distância entre o paciente e o profissional é


pequena, como em processos de higienização facial, peelings, microagulhamento, laser
de CO2 fracionado, intradermoterapia, entre outros. Além disso, durante o manuseio
de produtos químicos que exalam vapores tóxicos ou aerossóis o seu uso também é
indicado (RAMOS, 2009).

Utilização correta das máscaras

» a máscara deve estar em perfeito estado de conservação e livre de


sujeiras;

» deve ter fácil adaptação aos contornos faciais, protegendo nariz e boca;

» evitar a troca durante o procedimento;

» não se deve colocar a máscara na região do pescoço para evitar


contaminações;

» a máscara precisa ser trocada quando ficar úmida, pois se molhada perde
a capacidade de filtração. Ademais, no intervalo entre os atendimentos
de cada paciente deve-se também fazer a troca;

» a sua proteção eficaz ocorre durante o período de 2 horas, após esse


tempo deve-se trocar;

» a retirada da máscara deve ser feita apenas após a remoção das luvas e a
lavagem das mãos;

» ela deve ser descartada em lixo biológico.

Toucas
As toucas são utilizadas para fornecer uma barreira de proteção física contra a
contaminação por produtos químicos, aerossóis e microrganismos. Além disso,
evitam a queda de cabelos na área de execução do procedimento, porque os cabelos
representam uma importante fonte de contaminação, já que podem conter diferentes
microrganismos. As tocas podem ser confeccionas de tecido ou materiais descartáveis,
as mais comumente utilizadas pelos profissionais (RAMOS, 2010).

94
PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA │ UNIDADE IV

Utilização correta das toucas

» os cabelos compridos devem ser presos, sem deixar mechas aparentes;

» colocar a touca de forma que ela cubra todo o cabelo e parte das orelhas;

» ao retirar a touca, ela deve ser puxada pela parte de cima;

» deve-se realizar a troca entre os atendimentos e sempre que apresentar


algum tipo de sujeira;

» o seu descarte deve ser feito em lixo biológico;

» toucas descartáveis não podem ser guardadas, uma vez que representam
um meio bastante propício para proliferação de microrganismos.

Óculos de proteção
Da mesma forma como as toucas, os óculos são uma barreira de proteção física contra
infecções. Sua principal função é proteger a mucosa ocular dos profissionais do contato
com fluidos contaminados ou substâncias químicas. Os óculos de proteção podem ser
divididos em dois tipos: óculos transparentes e óculos escuros (RAMOS, 2009).

Os óculos transparentes são indicados para a utilização em procedimentos que


liberam fluidos corporais, partículas de pele, em que a distância entre o profissional
e o paciente seja curta, na manipulação de produtos químicos que liberam vapores
tóxicos ou aerossóis. Além disso, o equipamento deve possuir barreiras laterais, ser
leve e confortável, e confeccionado com material de fácil limpeza (geralmente acrílico).

Já os óculos escuros protegem os olhos contra radiações ultravioleta (UVA e UVB) e


devem ser utilizados pelo profissional e pelo paciente em procedimentos que utilizam
laser ou raios UV (RAMOS, 2009).

Utilização correta dos óculos

» os óculos devem ser colocados após a máscara, permanecendo sobre ela


durante todo o tempo do procedimento;

» quando apresentarem sujeira, os óculos devem ser limpos com sabão


líquido com germicida ou com solução antissépticas. Devem ser
enxaguados em seguida e enxugados com toalha de papel;

» caso os óculos sejam produzidos em acrílico, solução alcoólica não deve


ser utilizada, pois danifica o aparelho.

95
UNIDADE IV │ PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA

Principais Equipamentos de Proteção Coletiva


(EPCs) utilizados por profissionais do setor em
clínicas de estética
Equipamentos de proteção coletiva (EPCs) são todos os insumos que visam preservar
a integridade física e a saúde dos trabalhadores, bem como a de terceiros. Em caso
de acidentes, esses equipamentos podem reduzir suas consequências (TEIXEIRA e
VALLE, 1996). Em uma clínica de estética podemos destacar o uso de extintores de
incêndio, embora existam muitos outros EPCs, tais como: chuveiro lava olhos, chuveiro
de emergência e capelas. Porém, estes aparelhos não são usados comumente no
estabelecimento supracitado.

Extintores de incêndio
Os extintores de incêndio são equipamentos cuja finalidade é eliminar ou controlar o
fogo em casos de emergências. Normalmente, são compostos por cilindros que contêm
materiais sob pressão que podem ser levados até o local do incêndio com o objetivo de
realizar a extinção dele. Os extintores devem estar de acordo com as normas brasileiras
do Instituto Nacional de Metrologia (INMETRO), e a recarga, manutenção e inspeção
do equipamento supracitado estão regulamentadas na NBR 12962. A recarga deve
ser realizada regularmente em intervalos estabelecidos pelo fabricante, período que
normalmente varia de um a três anos (ABNT,1994; INMETRO, 2000; RAMOS, 2009).

A instalação dos extintores é feita pelo Corpo de Bombeiros, que visita o local e, em
seguida, determinada a quantidade, localização e o tipo que será utilizado. O extintor
deve ser posicionado na parede ou no chão apoiado em um suporte especial. O local no
qual o aparelho está instalado deve ser sinalizado adequadamente com placas, faixas ou
setas. Os extintores não podem ficar acomodados em paredes de escadas, cobertos por
matérias e ter o acesso obstruído (RAMOS, 2009).

Os equipamentos de extinção do fogo estão classificados de acordo com o tipo de


material que combustível. Por isso, alguns extintores não devem ser utilizados em
determinados materiais, pois colocam em risco a vida do operador. Para evitar o
problema citado os equipamentos trazem no seu corpo as classes de incêndios para
as quais são eficientes ou as classes nas quais o seu uso não é indicado. Em vista disso,
os extintores são classificados nas seguintes classes: A, B, C e D (RAMOS, 2009).

96
PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA │ UNIDADE IV

Extintores classe A

São indicados para incêndios de matérias sólidos, tais como madeira, papel, tecido,
borrachas. Para essa modalidade é indicado o uso de extintores que contenham água
ou espuma (RAMOS, 2009).

Extintores classe B

A sua utilização é indicada em incêndios de líquidos e gases, como gasolina, álcool,


gás liquefeito de petróleo (GLP), entre outros. Para essa classe é indicado o uso de
extintores que contenham espuma, dióxido de carbono e pó químico (RAMOS, 2009).

Extintores classe C

Em incêndios de materiais condutores de energia elétrica é aconselhado o uso desta


classe. Neste caso, o extintor não pode ter agentes que conduzam energia elétrica. Com
isso, extintores a base de dióxido de carbono e pó químico são os ideais (RAMOS, 2009).

Extintores classe D

Esta classe é indicada para combater incêndios com metais pirofóricos, tais como
potássio, alumínio, zinco ou titânio. Para combater incêndios com esses elementos os
extintores devem ter agentes especiais, a exemplo do cloreto de sódio (RAMOS, 2009).

97
CAPÍTULO 5
Tipos de resíduos gerados e os tipos de
segregações em clínicas de estéticas

Gerenciamento de resíduos gerados


Os resíduos gerados em serviços de saúde (RSS) são responsáveis pela formação
específica de uma categoria de resíduos sólidos devido às suas particularidades, como
a presença de substâncias químicas e biológicas. Com isso, o gerenciamento dos RSS
deve ser praticado rotineiramente em clínicas de estética, de acordo com a resolução
o
da diretoria colegiada (RDC) n 306 da Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA)
formulada em 2004 (ANVISA, 2004).

O gerenciamento desses resíduos é baseado em um conjunto de procedimentos de


gestão e planejamento, a partir de especificações científicas, técnicas e normativas,
com a finalidade de produzir uma quantidade reduzida de RSS e proporcionar aos
mesmos um descarte seguro e eficaz, para proteger os trabalhadores e o meio ambiente
(ANVISA, 2004).

Dessa forma, os RSS são classificados de acordo com seu risco e potencial de
contaminação em cinco grupos, de acordo com a RDC 306 (ANVISA 2004):

» Grupo A: resíduos com risco biológico.

» Grupo B: resíduos com risco químico.

» Grupo C: rejeitos radioativos.

» Grupo D: rejeitos recicláveis.

» Grupo E: resíduos perfurocortantes.

Usualmente, as clínicas de estética produzem os seguintes resíduos:

» perfurocortantes;

» infectantes;

» químicos;

» recicláveis;

» comuns.

98
PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA │ UNIDADE IV

O gerenciamento dos RSS começa com a separação no momento do uso dos diferentes
resíduos. Dessa forma, cada lixeira deve conter a identificação específica e uma lista
de resíduos que podem ser armazenados nelas. Com isso, deve-se respeitar a etapa do
gerenciamento dos resíduos, que pode ser dividida em: segregação, acondicionamento,
identificação, transporte interno, armazenamento temporário, armazenamento
externo, coleta e transporte externos, tratamento e destino final (RAMOS, 2009).

Segregação
Neste momento é feita a separação do resíduo no local da sua geração, de acordo
com as características biológicas, físicas, químicas, seu estado físico e os riscos que
ele apresenta. Logo, os principais objetivos dessas etapas são: reduzir os riscos para a
saúde, reciclar ou reaproveitar e permitir a adoção de procedimentos específicos para o
manejo de cada grupo de rejeitos (RAMOS, 2009).

Acondicionamento
Essa etapa consiste em armazenar adequadamente os resíduos separados em sacos ou
recipientes resistentes que evitem o vazamento, além de proporcionar um transporte
seguro sem o risco de contaminação por parte do trabalhador responsável por essa
etapa. Para isso, os sacos de acondicionamento devem ser alocados em lixeiras com
tampas sem contato manual (RAMOS, 2009).

Identificação
A identificação deve ser específica para cada tipo de lixo gerado. Deve ser fixada nos
sacos de armazenamento, nos recipientes de coleta interna e externa, nos locais de
acondicionamento, em região de fácil observação, com a utilização de símbolos, cores
e frases chamativas, de acordo com os paramentos exigidos pela NBR 7500 (ABNT,
2000; RAMOS, 2009).

Transporte interno
É o transporte do local que foi gerado o resíduo até o ponto no qual os rejeitos serão
armazenados temporariamente com o objetivo de serem entregues para coleta.
O transporte interno deve ser feito em um horário definido previamente, com a
intenção de não atrapalhar o fluxo de pacientes e o trabalho dos profissionais. Cada

99
UNIDADE IV │ PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA

grupo de resíduos deve ter o seu transporte realizado em recipientes específicos de


acordo com a sua necessidade. O transporte precisa ser feito em material rígido,
lavável, impermeável, com tampa articulada, cantos e bordas arredondadas e com a
identificação necessária (RAMOS, 2009).

Armazenamento temporário
Trata-se de um local específico para armazenar o lixo em um local próximo ao ambiente
no qual foi gerado e ao ponto de entrega para a coleta. Em clínicas de estética, esse
local é importante para o armazenamento de materiais que apresentem risco biológico
e químico, tais como: resíduos perfurocortantes e resíduos químicos. Esses rejeitos
não podem ser armazenados junto com os lixos comum e reciclável, pois o profissional
responsável pela coleta pode se contaminar no transporte, tendo em vista que, as
técnicas de coleta para o lixo biológico e comum são diferentes. Ademais, o descarte
desses materiais também apresenta diferenças (RAMOS, 2009).

Armazenamento externo
É a guarda especial dos resíduos que têm alto poder de contaminação até a etapa de
coleta externa, em um ambiente fora do estabelecimento com um acesso facilitado.
Porém, como em clínicas, o espaço é pequeno e a produção de lixo infectante é modesta
o local de armazenamento externo pode ser semelhante ao armazenamento temporário
de resíduos comuns, desde que o estabelecimento possua um local apropriado para isso
(RAMOS, 2009).

Coleta e transporte externos


Consiste na remoção dos resíduos do abrigo de armazenamento temporário ou
externo. O transporte é feito utilizando técnicas que garantam a preservação das
condições de acondicionamento e a integridade dos trabalhadores, da população e do
meio ambiente. Todas essas etapas devem estar de acordo com a NBR 14652 (ABNT,
2001; RAMOS, 2009).

A coleta e transporte de resíduos especiais que apresentam risco de contaminação


para a população e o meio ambiente devem ser feitos por empresa especializada, com
funcionários que portem todos EPIs necessários para a prática. Geralmente, essas
empresas cobram um valor fixo de acordo com a localização da clínica e a periodicidade
da coleta, podendo ser mensal ou semanal. Vale salientar que, os resíduos especiais

100
PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA │ UNIDADE IV

precisam estar identificados e não devem ficar acondicionados junto com os lixos
comum e reciclável (RAMOS, 2009).

Tratamento e destino final


O lixo comum normalmente é descartado em aterros sanitários, enquanto os resíduos
hospitalares, de laboratórios e de clínicas devem sofrer determinados tratamentos, tais
como esterilização, incineração e irradiação. Após esses procedimentos, os resíduos
com alto poder de contaminação biológica e química são descartados nos aterros.
O tratamento e o descarte final dos resíduos são de responsabilidade dos órgãos e
empresas de coletas, de acordo com as normas e diretrizes da NBR 12810 (ABNT, 1993;
RAMOS, 2009).

Classificação e manipulação dos resíduos


gerados em clínicas de estética
De acordo com a RDC 306 que foi elaborada pela ANVISA em 2004, a classificação e
manejo dos RSS têm como finalidade proporcionar o gerenciamento adequado desses
rejeitos. Com isso, nos tópicos a seguir os resíduos classificados nos grupos A, B, D e
E serão explanados, tendo em vista que somente esses resíduos são produzidos em
clínicas de estética.

Resíduos biológicos do grupo A

Os resíduos biológicos são os que contêm ou entraram em contato com microrganismo


ou material biológico, como sangue, secreções e exsudatos. Em uma clínica de
estética, resíduos biológicos gerados nos procedimentos, tais como: unhas, cutículas,
cabelos, cera de depilação, pelos, luvas, máscaras, toucas, algodão, gazes, lençóis
descartáveis, papéis protetores de macas, gazes, jalecos descartáveis. Precisam ser
acondicionados em saco plástico branco leitoso, resistente e impermeável, de acordo
com as especificações da NBR 9190 elaborada em 2000 pela ABNT. Além disso, os
sacos precisam ser rotulados em um fundo branco e com o desenho preto, contendo
o símbolo universal de substância infectante, de acordo com os princípios da NBR
7500 (ABNT, 2000), acrescido da mensagem “risco biológico” ou “risco infectante”.
Por fim, esses sacos precisam ser armazenados em cestos de lixo com tampa e pedal
identificados.

101
UNIDADE IV │ PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA

Figura 36. Saco para descarte de lixo biológico.

Fonte: www.astervariedades.com.br/sacos-lixo-infectante-hospitalar-15-30-50-100-e-200-litros-com-100-un
idades/prod-3333647/.

Resíduos biológicos do grupo B

Os resíduos químicos são as substâncias que podem apresentar riscos à saúde pública
ou ao meio ambiente, de acordo com sua corrosividade, reatividade, inflamabilidade,
toxicidade, citogenicidade e explosividade. Geralmente entre esses resíduos gerados
em uma clínica de estética estão: embalagem de produtos cosméticos que apresentam
substâncias tóxicas, tais como amônia, peróxido de hidrogênio, tioglicolato, ácidos
esfoliante, entre outros. EPIs como luvas que entraram em contato com essas
substâncias também são classificadas como resíduos do grupo B (RAMOS, 2009).

Esses resíduos devem ser diferenciados daqueles que poderão ser encaminhados
para a reciclagem. Com isso, precisam ser acondicionados e segregados de forma
isolada. Já os rejeitos no estado líquido podem ser lançados na rede de esgoto ou em
um corpo receptor, desde que as diretrizes estabelecidas pelos órgãos ambientais e
gestores dos recursos hídricos e saneamento sejam respeitadas. No entanto, solventes
ou outros produtos químicos não podem ser descartados na rede de esgoto. Eles
devem ser armazenados em um recipiente construído com materiais que suportam as
propriedades químicas do rejeito. Além disso, o recipiente deve ter tampa de rosca,
vedação e corpo rígido (RAMOS, 2009).

Os resíduos do grupo B precisam ser acondicionados em sacos plásticos apropriados e


identificados com frases e símbolos de risco químico, acomodados em um recipiente de
material rígido, com tampa e sem contato manual (RAMOS, 2009).

102
PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA │ UNIDADE IV

Resíduos biológicos do grupo D

Os resíduos que fazem parte deste grupo são os mesmos de origem doméstica. Logo,
podem ser acondicionados em sacos plásticos comuns de acordo com a NBR 9190
o
(ABNT, 2000). De acordo com a resolução n 5 do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA) de 1993, a reciclagem desses resíduos é extremamente recomendada.

Caso a clínica de estética priorize reciclar seu lixo, os resíduos podem ser
acondicionados no local da geração em recipiente específicos para cada tipo de
material, tais como: papel, vidro, plástico, metal. Cada tipo de material tem uma cor
o
específica de recipiente, como relatam as prerrogativas de n 275 do CONAMA de
2001 (RAMOS, 2009).

» papel: azul;

» vidro: verde;

» metal: amarelo;

» plástico: vermelho;

» marrom: lixo orgânico;

» cinza: lixo não reciclável.

Os resíduos orgânicos (sobras de alimentos, podas de jardinagem, entre outros) são


acondicionados em um recipiente de cor marrom. Eles podem ser reaproveitados na
produção de adubo orgânico por meio do processo de compostagem por biodigestão
(RAMOS, 2009).

Resíduos biológicos do grupo E

Os materiais que fazem parte deste grupo são os perfurocortantes ou escarificantes,


tais como: agulhas, lâminas de bisturi, lâminas de barbear, pinças, navalhas, tesouras,
espátulas, alicates, cortadores de unha, rolos de microagulhamento e todo material de
vidro quebrado na clínica. Já os artigos reaproveitáveis precisam ser encaminhados ao
local no qual será feita a lavagem, desinfecção e esterilização. As agulhas descartáveis e
objetos semelhantes devem ser manuseados por pessoas capacitadas, utilizando todos
os EPIs necessários. Ademais, é proibido reencapar, entortar ou quebrar as agulhas e
objetos que têm essa finalidade (RAMOS, 2009).

O descarte desses materiais deve ser feito em recipientes rígidos, resistentes a


punctura, a rupturas e a vazamento, com tampa e devidamente identificados, de
103
UNIDADE IV │ PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM UMA CLÍNICA DE ESTÉTICA

acordo com as diretrizes da NBR 13853 (ABNT, 1997). Além disso, é proibido o
esvaziamento e reaproveitamento desses recipientes. O volume dos reservatórios de
armazenamento deve ser compatível com o volume de lixo gerado pela clínica e seu
descarte deve ser feito quando dois terços da sua capacidade forem atingidos ou o
nível de preenchimento ficar a cinco centímetros de distância da copa do recipiente
(RAMOS, 2009).

Além disso, é necessário que o recipiente esteja identificado com o símbolo de


substância infectante de acordo com a NBR 7500 da ABNT (2000), com rótulo de
fundo branco, desenho e contornos pretos, com a inscrição de resíduo perfurocortante
e os riscos encontrados.

Figura 37. Exemplo de descarte utilizado para despejo de materiais perfurocortantes.

Fonte: www.bmbmed.com.br/coletor-para-material-perfurocortante-papelao-descarpack.

104
PROTOCOLOS
MICROINVASIVOS
UTILIZADOS EM UNIDADE V
CLÍNICAS DE
ESTÉTICA

CAPÍTULO 1
Protocolos para Realização de
Intrademoterapia

Elaboração de protocolos estéticos


Os protocolos podem ser definidos como instrumentos de trabalho que irão orientar o
profissional sobre a correta execução dos procedimentos estéticos. Em vista disso, eles
informam as doses utilizadas, quantidade de sessões, formas de aplicação, cronologia
das etapas do tratamento, entre outros. Além disso, um dos seus principais objetivos é
não deixar que determinado tópico deixe de ser executado. Para isso, é necessário que
o profissional siga os passos dos protocolos de forma atenta.

Nesta apostila serão disponibilizados alguns protocolos básicos de determinados


procedimentos que são utilizados na rotina de uma clínica de estética. No entanto,
eles não são imutáveis. Cabe a cada profissional desenvolver seu próprio protocolo, de
acordo com as suas necessidades, grau de domínio da técnica e necessidade do paciente.

Protocolos para realização de


intradermoterapia
A intradermoterapia também pode ser denominada mesoterapia e foi desenvolvida
pelo médico francês Michel Pistor em 1958 para o tratamento das seguintes patologias:
surdez, acufeno (zumbido), vertigens, presbiopia e cefaleia. A presente técnica foi
denominada mesoterapia devido à origem embrionária da derme, a mesoderme. O
objetivo do procedimento é realizar pequenas infusões intradérmicas ou subcutâneas

105
UNIDADE V │ PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA

de fármacos altamente diluídos, específicos para esta via de utilização. Com isso,
a derme acumula esses fármacos como um reservatório, ativando receptores
dérmicos e liberando as substâncias lentamente na microcirculação. (HERREROS
e MORAES,2011). A técnica tem ação direta no local que se deseja tratar, ou seja,
epiderme, derme e hipoderme, sem apresentar efeitos colaterais adversos (CHOI et
al., 2012).

Os fármacos utilizados na intradermoterapia são denominados mélanges ou mesclas.


A agulha utilizada no procedimento não deve ultrapassar a profundidade máxima de
4 mm quando perfurar a pele, e as injeções devem ser realizadas apenas na região que
se deseja tratar, distanciando os pontos de incisão de 1 cm a 4 cm. A mesoterapia pode
ser realizada semanalmente ou mensalmente, com número de sessões limitado 4 ou no
máximo 10 (AMIN et al., 2006; MAYA, 2007).

Este procedimento é indicado para vários tratamentos estéticos, tais como: alopécia,
gordura localizada, rejuvenescimento, hiperpigmentação, melasma, lipodistrofia
ginoide e estrias (MAYA, 2007). No entanto, nos últimos anos foram apresentadas ao
mercado novas formulações de fármacos para aplicação intramuscular, visando outros
tipos de tratamentos, como ganho de massa muscular e emagrecimento corporal.

Porém, apesar de ser um procedimento relativamente simples, a intradermoterapia


pode apresentar complicações. A mais temida pelos profissionais e pacientes é a infecção
por microbactérias, que exigem a utilização de uma grande quantidade de drogas no
seu combate e meses de tratamento, podendo ainda causar cicatrizes (GUILLAUME
et al.,1894; MUNAYCO et al., 2004). Esse tipo de infecção é resultante de assepsia
mal realizada antes do procedimento ou devido à contaminação do fármaco utilizado
(HERREROS e MORAES, 2011).

Antes de realizar o procedimento é necessário fazer uma entrevista (anamnese) com


o paciente para conhecer suas particularidades, estilo de vida e disfunções estéticas.
Dessa forma, o profissional poderá escolher as melhores formulações dos fármacos. Os
resultados devem ser anotados na ficha de avaliação do paciente para comparação dos
resultados obtidos no final do tratamento.

Fotografias também são bastante utilizadas durante as avaliações para que se


comprovem os resultados obtidos. O ideal é fotografar o paciente no primeiro dia do
tratamento e no último dia. Com o término, as fotografias devem ser colocadas lado a
lado para analisar os resultados na presença do paciente. É preconizado que o número
de sessões ideais em um tratamento de intradermoterapia seja de 10 com um intervalo
de uma semana entre as sessões.

106
PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA │ UNIDADE V

Protocolo de intradermoterapia para gordura


localizada

Metodologia

» Para fazer a intradermoterapia:

» o paciente deve receber uma explicação breve sobre o método de


aplicação e as sensações que ele pode ter durante o tratamento;

» deve-se mensurar a área a ser tratada com a fita métrica e adipômetro. O


paciente deve ter prega superior a 1,5 cm para realização do procedimento;

» tirar fotos da região a ser tratada;

» higienizar as mãos e colocar luvas de procedimento. Neste momento é


importante lembrar que a mesma substância utilizada para a higienização
do profissional deve ser empregada para higienizar o paciente. Dessa
forma reduzem-se os riscos de contaminações;

» higienizar o local da aplicação com álcool 70% ou clorexidina com auxílio


de gaze estéril;

» com o paciente em pé, marcar o local da aplicação com caneta apropriada


para tal finalidade ou lápis de olho de cor branca ou preta usado em
maquiagens;

» após delimitar a região a ser tratada, é necessário realizar pequenas


marcações com distância de 2 cm entre um ponto e outro, para delimitar
o raio de ação dos fármacos;

» acomodar o paciente em uma maca apropriada para realização do


procedimento;

» com o auxílio de uma seringa de 10 ml e agulha de 40mm x 1,20mm fazer


a sucção dos fármacos em ordem crescente de pH das substâncias;

› essa etapa deve ser feita caso os fármacos venham em 5 ampolas de


2 ml cada. No entanto, algumas farmácias estão disponibilizando
mesclas já misturadas em um único frasco de 10 ml;

107
UNIDADE V │ PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA

› os 10 ml oriundos da mistura dos fármacos são suficientes para fazer


50 puncturas de 0,2 ml cada no corpo do paciente, tomando como
referência que cada traço de graduação da seringa corresponde a
0,2ml.

» retirar a agulha de 40mm x 1,20mm e colocar no seu lugar uma agulha


de13mm x 0,30 mm (30 G x ½);

» com uma gaze estéril previamente embebida em álcool 70% ou clorexidina,


higienizar novamente apenas a região que levará a punctura. A finalidade
dessa etapa é retirar a marcação do lápis e fazer nova higienização da
região;

» com o auxílio dos dedos polegar e indicador fazer uma pinça anatômica
na região a ser tratada e com a outra mão realizar a punctura com a agulha
de 13mm x 0,30 mm (30 G x ½);

» a pinça deve ser mantida durante toda a aplicação dos 0,2 ml;

» a aplicação dos fármacos deve ser feita no ângulo de 90o graus e a parte
de plástico da agulha não deve encostar na pele do paciente;

» com o término da inoculação dos 0,2 ml de fármacos, deve-se retirar a


agulha do corpo do paciente e desfazer a pinça;

» caso haja algum tipo de sangramento, deve-se fazer pressão com uma
gaze estéril para estanca-lo;

» passar para o próximo ponto até terminar todas as regiões;

» se a agulha perder o fio, deve-se trocá-la quantas vezes forem necessárias


para que o paciente não sinta desconforto durante a aplicação.

Quadro 8. Resumo do procedimento: intradermoterapia para gordura localizada.

Número de sessões No mínimo 5 e no máximo 10 sessões.


Intervalo entre as
7 dias.
sessões
Mesclas Escolher a melhor opção de acordo com a necessidade do paciente e orientações do fabricante.
Método de aplicação Introduzir apenas o bisel da agulha em um ângulo de 90o graus.
Aplicar a mescla com múltiplas puncturas na região que tem a gordura localizada. Ex.: abdome, parte
Locais de punctura
interna de coxas, flancos, entre outras.

Fonte: Próprio autor (2019).

108
PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA │ UNIDADE V

Protocolo de intradermoterapia para


lipodistrofia ginoide

Metodologia

» o paciente deve receber uma explicação breve sobre o método de


aplicação e as sensações que pode ter durante o tratamento;

» tirar fotos da região a ser tratada;

» higienizar as mãos e colocar luvas de procedimento. Neste momento


é importante lembrar que a mesma substância utilizada para realizar
a higienização do profissional deve ser empregada para higienizar o
paciente, dessa forma iremos reduzir os riscos de contaminações

» higienizar o local da aplicação com álcool 70% ou clorexidina com auxílio


de gaze estéril;

» com o auxílio de uma seringa de 10 ml e agulha de 40mm x 1,20mm


realizar a sucção dos fármacos em ordem crescente de pH das
substâncias;

› essa etapa deve ser realizada caso os fármacos venham em 5 ampolas


com 2 ml cada. No entanto, algumas farmácias estão disponibilizando
mesclas já misturadas em um único frasco de 10 ml;

› os 10 ml oriundos da mistura dos fármacos são suficientes para


realizar 50 puncturas de 0,2 ml cada no corpo do paciente, tomando
como referência que cada traço de graduação da seringa corresponde
a 0,2ml;

» retirar a agulha de 40mm x 1,20mm e colocar no seu lugar uma agulha


de13mm x 0,30 mm (30 G x ½);

» com uma gaze estéril previamente embebida em álcool 70% ou


clorexidina, higienizar novamente apenas a região que levará a punctura.
A finalidade dessa etapa é promover uma nova higienização da região;

» em um ângulo de 45o graus fazer a punctura no local que apresenta a


Lipodistrofia ginoide e inocular 0.02 ml dos fármacos até formar uma
pequena pápula;

109
UNIDADE V │ PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA

Figura 38. Formação de pápula intradérmica.

Fonte: pt.wikipedia.org/wiki/Prova_da_tuberculina#/media/Ficheiro:Mantoux_tuberculin_skin_test.jpg.

» caso haja algum tipo de sangramento, deve-se fazer pressão com uma
gaze estéril para estancá-lo;

» passar para a próxima região até terminar todas;

» se a agulha perder o seu fio, deve-se trocá-la quantas vezes forem


necessárias para que o paciente não sinta desconforto durante a
aplicação.

Quadro 9. Resumo do procedimento: intradermoterapia para lipodistrofia ginoide.

Número de sessões No mínimo 5 e no máximo 10 sessões.


Intervalo entre as sessões 7 dias.
Mesclas Escolher a melhor opção de acordo com a necessidade do paciente e orientações do fabricante.
Método de aplicação Introduzir apenas o bisel da agulha em um ângulo de 45o graus.
Aplicar a mescla com múltiplas puncturas na região que possui a lipodistrofia ginoide. Ex.: abdome,
Locais de punctura
interno de coxas, flancos, entre outras.

Fonte: Próprio autor (2019).

Protocolo de intradermoterapia para estrias

Metodologia

» o paciente deve receber uma explicação breve sobre o método de


aplicação e as sensações que pode ter durante o tratamento;

» tirar fotos da região a ser tratada;

» higienizar as mãos e colocar luvas de procedimento. Neste momento é


importante lembrar que a mesma substância utilizada para a higienização
110
PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA │ UNIDADE V

do profissional deve ser empregada para higienizar o paciente, dessa


forma iremos reduzir os riscos de contaminações;

» higienizar o local da aplicação com álcool 70% ou clorexidina com auxílio


de gaze estéril;

» com o auxílio de uma seringa de 10 ml e agulha de 40mm x 1,20mm fazer


a sucção dos fármacos em ordem crescente de pH das substâncias;
› essa etapa deve ser realizada caso os fármacos venham em 5 ampolas
com ampolas de 2 ml cada. No entanto, algumas farmácias estão
disponibilizando mesclas já misturadas em um único frasco de 10 ml;
› os 10 ml oriundos da mistura dos fármacos são suficientes para
realizar 50 puncturas de 0,2 ml cada no corpo do paciente, tomando
como referência que cada traço de graduação da seringa corresponde
a 0,2ml.

» retirar a agulha de 40mm x 1,20mm e colocar no seu lugar uma agulha


de13mm x 0,30 mm (30 G x ½);

» com uma gaze estéril previamente embebida em álcool 70% ou clorexidina,


higienizar novamente apenas a região que levará a punctura. A finalidade
dessa etapa é nova higienização da região;

» realizar a aplicação dos fármacos com retroinjeção diretamente sobre a


estria no ângulo de 45o graus, preenchendo toda a estria;

» caso haja algum tipo de sangramento deve-se fazer pressão com uma
gaze estéril para estancá-lo;

» passar para a próxima região até terminar todas;

» se a agulha perder o seu fio, deve-se trocá-la quantas vezes forem


necessárias para que o paciente não sinta desconforto durante a
aplicação.

Quadro 10. Resumo do procedimento: intradermoterapia para estrias.

Número de sessões No mínimo 5 e no máximo 10 sessões.


Intervalo entre as
7 dias.
sessões
Mesclas Escolher a melhor opção de acordo com a necessidade do paciente e orientações do fabricante.
Método de aplicação Introduzir apenas o bisel da agulha em um ângulo de 45o graus realizando retroinjeção.
Aplicar a mescla com múltiplas puncturas na região que tem estria. Ex.: abdome, interno de coxas,
Locais de punctura
flancos, entre outras.

Fonte: Próprio autor (2019).

111
UNIDADE V │ PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA

Protocolo de intradermoterapia para


rejuvenescimento facial

Metodologia

» o paciente deve receber uma explicação breve sobre o método de


aplicação e as sensações que pode ter durante o tratamento;

» tirar fotos da região a ser tratada;

» higienizar as mãos e colocar luvas de procedimento. Neste momento


é importante lembrar que a mesma substância utilizada para realizar
a higienização do profissional deve ser empregada para higienizar o
paciente, dessa forma iremos reduzir os riscos de contaminações;

» higienizar o local da aplicação com álcool 70% ou clorexidina com auxílio


de gaze estéril;

» fazer a marcação com pequenos pontos para melhor orientação durante


o procedimento. A marcação pode ser feita com caneta apropriada
para tal finalidade ou lápis de olho de cor branca ou preta usado em
maquiagens;

» acomodar o paciente em uma maca apropriada para realização do


procedimento;

» com o auxílio de uma seringa de 10 ml e agulha de 40mm x 1,20mm fazer


a sucção dos fármacos em ordem crescente de pH das substâncias;

› essa etapa deve ser realizada caso os fármacos venham em 5 ampolas


de 2 ml cada. No entanto, algumas farmácias estão disponibilizando
mesclas já misturadas em um único frasco de 10 ml;

› os 10 ml oriundos da mistura dos fármacos são suficientes para fazer


50 puncturas de 0,2 ml cada no corpo do paciente, tomando como
referência que cada traço de graduação da seringa corresponde a
0,2ml.

» retirar a agulha de 40mm x 1,20mm e colocar no seu lugar uma agulha de


13mm x 0,30 mm (30 G x ½);

» com uma gaze estéril previamente embebida em álcool 70% ou


clorexidina, higienizar novamente apenas a região que levará a punctura.
112
PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA │ UNIDADE V

A finalidade dessa etapa é retirar a marcação do lápis e realizar nova


higienização da região;

» aplicar a mescla de medicamente em um ângulo de 45o graus, não


deixando a parte do plástico da agulha encostar na pele do paciente

» caso haja algum tipo de sangramento, deve-se fazer pressão com uma
gaze estéril para estancá-lo;

» passar para o próximo ponto até terminar todas as regiões;

» se a agulha perder o fio, deve-se trocá-la quantas vezes forem necessárias


para que o paciente não sinta desconforto durante a aplicação;

Quadro 11. Resumo do procedimento: intradermoterapia para rejuvenescimento facial.

Número de sessões No mínimo 5 e no máximo 10 sessões.


Intervalo entre as sessões 7 dias.
Mesclas Escolher a melhor opção de acordo com a necessidade do paciente e orientações do fabricante.
Método de aplicação Introduzir apenas o bisel da agulha em um ângulo de 45o graus.
Locais de punctura Aplicar a mescla com múltiplas puncturas na região que possuir flacidez ou rugas.

Fonte: Próprio autor (2019).

Protocolo de intradermoterapia para alopecia

Metodologia

» o paciente deve receber uma explicação breve sobre o método de


aplicação e as sensações que pode ter durante o tratamento;

» tirar fotos da região a ser tratada;

» higienizar as mãos e colocar luvas de procedimento. Neste momento


é importante lembrar que a mesma substância utilizada para realizar
a higienização do profissional deve ser empregada para higienizar o
paciente, dessa forma iremos reduzir os riscos de contaminações;

» higienizar o local da aplicação com álcool 70% ou clorexidina com auxílio


de gaze estéril;

» acomodar o paciente em uma maca apropriada para realização do


procedimento;

113
UNIDADE V │ PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA

» com o auxílio de uma seringa de 10 ml e agulha de 40mm x 1,20mm


fazer a sucção dos fármacos em ordem crescente, usando com referência
o valor do pH das substâncias;

› essa etapa deve ser realizada caso os fármacos venham em 5 ampolas


de 2 ml cada. No entanto, algumas farmácias estão disponibilizando
mesclas já misturadas em um único frasco de 10 ml;

› os 10 ml oriundos da mistura dos fármacos são suficientes para realizar


50 puncturas de 0,2 ml cada no corpo do paciente, tomando como
referência que cada traço de graduação da seringa correspondea0,2ml.

» retirar a agulha de 40mm x 1,20mme colocar no seu lugar uma agulha


de13mm x 0,30 mm (30 G x ½);

» com uma gaze estéril previamente embebida em álcool 70% ou


clorexidina, higienizar novamente apenas a região que levará a
punctura.;

» aplicar a mescla de medicamente em um ângulo de 45 graus, não


deixando a parte de plástico da agulha encostar na pele do paciente. O
ideal é que durante a aplicação dos 0,2 ml se formem pequenas pápulas;

» caso haja algum tipo de sangramento, deve-se fazer pressão com uma
gaze estéril para estancá-lo;

» passe para o próximo ponto até terminar todas as regiões;

» se a agulha perder o fio, troque a mesma quantas vezes forem necessárias


para que o paciente não sinta desconforto durante a aplicação;

Quadro 12. Resumo do procedimento: intradermoterapia para alopecia.

Número de sessões No mínimo 5 e no máximo 10 sessões.


Intervalo entre as
7 dias.
sessões
Mesclas Escolher a melhor opção de acordo com a necessidade do paciente e orientações do fabricante.
Método de aplicação Introduzir apenas o bisel da agulha em um ângulo de 45o graus.
Locais de punctura Aplicar a mescla com múltiplas puncturas na região que possuir alopecia.

Fonte: Próprio autor (2019).

114
CAPÍTULO 2
Protocolos para realização de
carboxiterapia

Princípios da carboxiterapia
O uso do dióxido de carbono, conhecido popularmente como gás carbônico (CO2),
como modalidade terapêutica começou na França, no período da Idade Média, com os
banhos de água carbonada em fontes termais. Através da via percutânea, ou seja, pelo
contato direto com a pele, o CO2 pode ser administrado em banhos em água carbonada,
gás seco e vapor úmido, sendo indicado para os tratamentos das seguintes patologias:
doenças cardiocirculatórias, ortopédicas e reumáticas (WOLLINA et al., 2004).

Para aplicação intradérmica ou subcutânea do gás, é utilizado um aparelho de infusão


controlada, com indicações para o tratamento de dores musculares, cefaleias e
artropatias, angina e úlceras dos membros inferiores (WOLLINA et al., 2004). Somente
em 2001, a carboxiterapia começou a ser utilizada para o tratamento de gordura
localizada (BRANDI et al., 2001). Além disso, em 2008, um trabalho relatou que a
aplicação de CO2 pode ocasionar a formação de fibra elástica e de colágeno (FERREIRA
et al., 2008). Com isso, hoje a carboxiterapia é utilizada para o tratamento de diferentes
disfunções estéticas, tais como: flacidez facial e corporal, celulites, estrias, olheiras,
entre outras.

O dióxido de carbono, quando injetado no organismo, provoca a redução do pH local,


ou seja, torna o meio mais ácido originando uma acidose metabólica que irá desviar a
curva de dissociação da hemoglobina para a direita, originando o famoso efeito Bohr.
Esse efeito consiste na tendência do oxigênio em deixar a corrente sanguínea quando
a concentração de CO2 aumenta, facilitando a liberação de oxigênio pela hemoglobina
para os tecidos subjacentes, consequentemente aumentando a concentração de
oxigênio na hematose (HARTMANN et al., 1989).

Ademais, ocorre na região da aplicação um aumento da síntese do fator de crescimento


endotelial vascular (VEGF) e migração de células formadoras do endotélio. Com isso,
ocorrerá a formação de novos capilares e aumento do fluxo sanguíneo para a região que
está sendo tratada. Por outro lado, o enfisema que é provocado na derme pela entrada do
gás carbônico provoca uma agressão mecânica desencadeando a cascata de cicatrização
do tecido, dando início à produção de neocolágeno (KISSELEVA e BRENNER, 2008).

115
UNIDADE V │ PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA

Esse processo é iniciado pelos traumas realizados pela agulha do equipo, ocorrendo
liberação de plaquetas e neutrófilos que irão liberar fatores de crescimento, atuando
diretamente sobre os fibroblastos e queratinócitos. Em seguida, ocorre a substituição dos
neutrófilos por monócitos, momento em que são iniciados os processos de angiogênese,
epitelização e proliferação de fibroblastos, ocorrendo a produção de colágeno tipo III,
elastinas, glicosaminoglicanos e proteoglicanos (LIMA et al., 2013).

Por fim, o colágeno tipo III, é substituído gradativamente pelo colágeno tipo I. Este é
mais estável e duradouro, podendo ficar viável no organismo em um prazo estimado de
cinco a sete anos (AUST, 2008). No entanto, quando a carboxiterapia é feita no tecido
subcutâneo, a agressão é menos intensa, com isso, a neocolagênese tende a ter uma
ação menor. Além disso, há sinais de que a ação isquêmica ocasionada pela compressão
vascular durante o procedimento e a hiperoxigenação secundária poderiam promover a
neocolagênese. O relato desse acontecimento é citado na literatura como a remodelação
dos fibroblatos após passarem por um tempo de anoxia seguido por reoxigenação.
Talvez isso ocorra devido à estimulação dos fatores de crescimento dos fibroblastos
pel da produção de colágeno tipo 1 e pela expressão de metaloproteinase da matriz
(FERNANDES, 2005)

Logo após a aplicação da carboxiterapia, algumas reações adversas inerentes à técnica


de aplicação podem ser encontradas, tais como (WANICK, 2012):

» equimoses, provocadas pelas puncturas na pele;

» dor durante a aplicação, que melhora com o término da sessão. Essa dor
é provocada pela distensão dos tecidos e pela baixa temperatura do gás;

» hiperemia causada pela vasodilatação na região tratada;

» sensação de crepitação, ocasionada pelo enfisema subcutâneo provocada


pela penetração do gás.

Protocolo de carboxiterapia para gordura


localizada e para lipodistrofia ginoide
Para melhor compreensão do protocolo tomaremos como referência um paciente que
pesa 70kg para realização dos cálculos necessários na aplicação de CO2.

116
PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA │ UNIDADE V

Metodologia

» o paciente deve receber uma explicação breve sobre o método de


aplicação e as sensações que pode ter durante o tratamento;

» mensurar a área a ser tratada com a fita métrica e adipômetro. O paciente


deve ter prega superior a 1,5 cm para realização do procedimento visando
a eliminação da gordura localizada. Caso o procedimento também tenha
o objetivo de fazer o tratamento de celulites, deve-se classificar o grau
delas;

» anotar os valores obtidos na ficha de avaliação;

» tirar fotos da região a ser tratada;

» pesar o paciente;

» fazer os cálculos para descobrir a quantidade ideal de CO2que deverá ser


injetada no corpo do paciente;

» exemplo de caso:

› paciente com 70 kg;

› 1a sessão: colocar 1 ml de CO2 por quilo do paciente em cada ponto.


Ou seja, 70 ml por ponto. A velocidade de inoculação do gás é de 100
ml/min. Se foram feitos cinco pontos de aplicação, no total teremos
inoculado no paciente 350 ml de CO2;

› 2a sessão: colocar 1,5 ml de CO2 por quilo em cada ponto. Ou seja, 105
ml por ponto. A velocidade de inoculação do gás é de 120 ml/min a 150
ml/min. Se foram feitos cinco pontos de aplicação, no total teremos
inoculado no paciente 525 ml de CO2;

› 3a sessão: colocar 2,0 ml de CO2 por quilo em cada ponto. Ou seja, 140
ml por ponto. A velocidade de inoculação do gás é de 150 ml/min a 200
ml/min. Se foram feitos cinco pontos de aplicação no total teremos
inoculado no paciente 700 ml de CO2;

› da 4a sessão em diante, fazer o procedimento com os mesmos valores


obtidos na 3a sessão;

› manter uma distância de 4 a 5 dedos entre os pontos de aplicação. E

117
UNIDADE V │ PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA

a quantidade dos pontos é mensurada de acordo com o protocolo que


está sendo desenvolvido pelo profissional e a necessidade do paciente.

A intenção de ir aumentando o valor do CO2 injetado e sua velocidade


gradativamente é não traumatizar o paciente pois, em alguns casos, a
carboxiterapia pode apresentar desconforto durante a aplicação.

De acordo com a literatura, o corpo humano pode receber entre 2.000 ml a 2.500
ml de CO por sessão. Acima desses valores o paciente corre o risco de sofrer
2
desmaio (BARTOLLETI, 1998; BACCI e LEIBASCHOFF, 2000).

O cálculo supracitado foi realizado para um paciente que deseja perder


gordura localizada. Em casos de tratamentos de celulite não se é obrigatório
injetar um valor fixo por ponto. Basta respeitar o valor máximo de 2.500 ml de
CO2 por sessão e distribuir essa quantidade de gás livremente nas regiões que
têm lipodistrogia ginoide. O ângulo da agulha de inserção da agulha pode ser
mudado para 45o graus.

» higienizar as mãos e colocar luvas de procedimento;

» higienizar o local da aplicação com álcool 70% ou clorexidina com auxílio


de gaze estéril. Neste momento é importante lembrar que a mesma
substância utilizada para fazer a higienização do profissional deve ser
empregada para higienizar o paciente. Dessa forma iremos reduzir os
riscos de contaminações;

» fazer a marcação no corpo do paciente, se achar necessário. A marcação


pode ser feita com caneta apropriada para tal finalidade ou lápis de olho
de cor branca ou preta usado em maquiagens. O ideal é que o paciente
esteja em pé para as marcações;

» acomodar o paciente em uma maca apropriada para o procedimento;

» colocar um equipo novo no equipamento de carboxiterapia. Ele deve


ser trocado por inteiro ao término de cada procedimento para garantir a
segurança biológica;

» fazer a limpeza do ar residual que fica no equipamento de carboxiterapia


e do equipo de acordo com as orientações do fabricante;

» após ligar o aparelho de carboxiterapia. é necessário aguardar de 10 a


30 segundos para que o gás carbônico preencha todo o equipo antes de

118
PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA │ UNIDADE V

iniciar a realização do procedimento. Isso evita que o paciente apresente


edemas que podem durar até 48 horas. Esse fato ocorre quando é injetado
no corpo do paciente ar do meio ambiente presente dentro do equipo ou
do equipamento.

» colocar uma agulha de 13mm x 0,30 mm (30 G x ½) no equipo;

» limpar novamente a região com álcool 70% glicerinado ou clorexidina


com o auxílio de gaze estéril, para fazer nova higienização do local e
eliminar as marcações, caso as tenha realizado;

» com o auxílio dos dedos polegar e indicador, fazer uma pinça anatômica
na região a ser tratada, e com a outra mão realizar a punctura com a
agulha de 13mm x 0,30 mm (30 G x ½) em um ângulo de 90o graus.

Figura 39. Pinça anatômica para aplicação de CO2.

Fonte: drarchie.pt/wp-content/uploads/2019/06/REJUV-carboxit.png

» começar a injetar a quantidade de CO2 que foi calculada previamente. A


parte de plástico da agulha não deve encostar na pele do paciente;

» a pinça deve ser mantida durante toda a aplicação do CO2;

» com o término da aplicação, deve-se passar para o próximo ponto.

Quadro 13. Resumo do procedimento: tratamento gordura localiza e lipodistrofia ginoide com carboxiterapia.

Número de sessões No mínimo 10 sessões.


Intervalo entre as sessões 7 dias.
Velocidade de infusão do
100 ml/min, 150 ml/min ou 180 ml/min.
gás
Método de aplicação Introduzir apenas o bisel da agulha 13mm x 0,30 mm (30 G x ½) em um ângulo de 90o graus.
Na região abdominal, interna de coxa, flancos ou em outro local de acordo com a necessidade do
Locais de punctura
paciente.

Fonte: Próprio autor (2019).

119
UNIDADE V │ PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA

Protocolo de carboxiterapia para estrias


Neste tipo de tratamento o paciente deve ser bem avaliado para identificação das
estrias. Dependendo da iluminação do ambiente ou ângulo de visão do profissional
algumas estrias podem não ser visualizadas. O ideal é que a velocidade de infusão do
CO2 esteja entre 100 ml/min e 180 ml/min, e a agulha 13mm x 0,30 mm (30 G x ½)
deve ser posicionada paralelamente à estria, obedecendo ao ângulo de 45o graus. Vale
salientar que, a agulha deve ser introduzida com o bisel voltado para cima e pode
permanecer parada até que toda a estria ou até mesmo várias áreas ao redor estejam
“descoladas” (WANICK, 2012).

O número de puncturas varia de acordo com a região que será tratada, tamanho e
resistência da pele ao deslocamento provocado pelo gás. Além disso, para o tratamento
de estrias, quando maior a velocidade de infusão do gás, melhores serão os resultados
obtidos. No entanto, tal metodologia torna o procedimento dolorido (WANICK, 2012).

Metodologia

» o paciente deve receber uma explicação breve sobre o método de


aplicação e as sensações que pode ter durante o tratamento;

» tirar fotos da região a ser tratada;

» higienizar as mãos e colocar luvas de procedimento. Neste momento


é importante lembrar que a mesma substância utilizada para realizar
a higienização do profissional deve ser empregada para higienizar o
paciente, dessa forma iremos reduzir os riscos de contaminações;

» higienizar o local da aplicação com álcool 70% ou clorexidina com auxílio


de gaze estéril;

» acomodar o paciente em uma maca apropriada para realização do


procedimento;

» colocar um equipo novo no equipamento de carboxiterapia. Ele deve ser


trocado por inteiro ao término de cada procedimento para garantir a
segurança biológica;

» fazer a limpeza do ar residual que fica no equipamento de carboxiterapia


e do equipo de acordo com as orientações do fabricante;

› após ligar o aparelho de carboxiterapia, é necessário aguardar de 10 a

120
PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA │ UNIDADE V

30 segundos para que o gás carbônico preencha todo o equipo antes


de iniciar o procedimento. Isso evita que o paciente apresente edemas
que podem durar até 48 horas. Esse fato ocorre quando é injetado no
corpo do paciente ar do meio ambiente presente dentro do equipo ou
do equipamento.

» colocar uma agulha de 13mm x 0,30 mm (30 G x ½) no equipo;

» limpar novamente a região com álcool 70% ou clorexidina com auxílio de


gaze estéril, para nova higienização;

» ligar o aparelho e deixar o fluxo de gás contínuo;

» fazer a punctura em um ângulo de 45o graus paralelamente à pele e deixar


o gás preencher toda a extensão da estria e áreas adjacentes;

» após o gás preencher toda a estria, passe para a próxima região.

De acordo com a literatura, o corpo humano pode receber entre 2.000 ml a 2.500
ml de CO2 por sessão. Acima desses valores o paciente corre o risco de sofrer
desmaio (BARTOLLETI, 1998; BACCI e LEIBASCHOFF, 2000).

Figura 40. Aplicação de CO2 em estria.

Fonte: robertadiniz.wordpress.com/2015/10/17/carboxiterapia/

121
UNIDADE V │ PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA

Quadro 14. Resumo do procedimento: tratamento de estrias com carboxiterapia.

Número de sessões No mínimo 10 sessões.


Intervalo entre as
De 3 a 7 dias.
sessões
Velocidade de infusão
100 ml/min, 150 ml/min ou 180 ml/min.
do gás
Introduzir apenas o bisel da agulha 13mm x 0,30 mm (30 G x ½ ) voltado para cima em um ângulo
Método de aplicação
de 45o graus, paralelamente à superfície da pele.
Locais de punctura Várias puncturas por toda a extensão da estria até que a ocorra o descolamento do tecido.

Fonte: Próprio autor (2019).

Protocolo de carboxiterapia para tratamentos


facial e capilar
A carboxiterapia promove, por meio de um processo físico, o “descolamento” da
camada mais superficial da pele, dando início à síntese de colágeno. Com isso, regiões
que sofrem demasiadamente com a flacidez, tais como: pálpebras, pescoço, região
orbicular, entre outras, são propícias para receberem o tratamento de infusão de CO2.
Cicatrizes de acnes do tipo distensíveis também apresentam resultados relevantes com
esse tratamento. Ademais, a carboxiterapia promove a vascularização, o que a torna
bastante indicada para o tratamento de calvície.

Para protocolos que visam o rejuvenescimento facial, o ideal é deixar o fluxo do


aparelho contínuo, assim como é feito nos procedimentos para o tratamento de estrias.
A punctura deve ser feita em um ângulo de 45o graus próximo a pele com uma agulha
13mm x 0,30 mm (30 G x ½) com o bisel voltado para cima e o gás deve ser inoculado
até toda a região ser preenchida.

Metodologia

» o paciente deve receber uma explicação breve sobre o método de


aplicação e as sensações que pode ter durante o tratamento;

» tirar fotos da região a ser tratada;

» higienizar as mãos e colocar luvas de procedimento. Neste momento é


importante lembrar que a mesma substância utilizada para a higienização
do profissional deve ser empregada para higienizar o paciente, dessa
forma iremos reduzir os riscos de contaminações;

» higienizar o local da aplicação com álcool 70% ou clorexidina com auxílio


de gaze estéril;

122
PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA │ UNIDADE V

» acomodar o paciente em uma maca apropriada para realização do


procedimento;

» colocar um equipo novo no equipamento de carboxiterapia. Ele deve ser


trocado por inteiro ao término de cada procedimento para garantir a
segurança biológica do procedimento;

» fazer a limpeza do ar residual que fica no equipamento de carboxiterapia


e do equipo de acordo com as orientações do fabricante;

› após ligar o aparelho de carboxiterapia, é necessário aguardar de 10 a


30 segundos para que o gás carbônico preencha todo o equipo antes
de iniciar o procedimento. Isso evita que o paciente apresente edemas
que podem durar até 48 horas. Esse fato ocorre quando é injetado no
corpo do paciente ar do meio ambiente presente dentro do equipo ou
do equipamento.

» colocar uma agulha de 13mm x 0,30 mm (30 G x ½) no equipo;

» limpar novamente a região com álcool 70% ou clorexidina com auxílio de


gaze estéril, para fazer nova higienização do local e eliminar a marcação;

» ligar o aparelho e deixar o fluxo de gás contínuo;

» fazer a punctura em um ângulo de 45o graus paralelamente à pele até que


ocorra o descolamento do tecido.

De acordo com a literatura, o corpo humano pode receber entre 2.000 ml a 2.500
ml de CO por sessão. Acima desses valores o paciente corre o risco de sofrer
2
desmaio (BARTOLLETI, 1998; BACCI e LEIBASCHOFF, 2000).

Para tratamentos de calvície, faça a distribuição do gás nas regiões que


apresentam falhas.

Para o tratamento de flacidez, aplique o gás nas regiões que apresentam a


disfunção e aguarde o descolamento do tecido.

123
UNIDADE V │ PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA

Quadro 15. Resumo do procedimento: tratamento de rejuvenescimento facial e calvície.

Número de sessões No mínimo 10 sessões.


Intervalo entre as
De 3 a 7 dias.
sessões
Velocidade de infusão
100 ml/min, 150 ml/min ou 180 ml/min.
do gás
Introduzir apenas o bisel da agulha 13mm x 0,30 mm (30 G x ½) voltado para cima em um ângulo
Método de aplicação
de 45o graus, paralelamente à superfície da pele.
Locais de punctura Várias puncturas por toda a região que se deseja tratar.

Fonte: Próprio autor (2019).

Figura 41. Aplicação de CO2 na região orbicular para o tratamento de flacidez.

Fonte: portalbiocursos.com.br/?u=estrias_-celulites-e-flacidez-podem-ser-combatidas-com-a-carboxiterapia/

Figura 42. Aplicação de CO2 no couro cabeludo.

Fonte: blog.bcmed.com.br/2018/07/sycor-aparelho-de-carboxiterapia-contra-queda-de-cabelo/.

124
CAPÍTULO 3
Protocolos para aplicação de
toxina botulínica

Princípios da toxina botulínica na estética


Em 1980, a toxina botulínica foi introduzida na prática médica para o tratamento de
estrabismo. A partir de então diferentes tratamentos foram propostos para a utilização
da neurotoxina, dentre eles podemos destacar: blefaroespamo, espamos faciais,
espasticidade e tratamentos estéticos (SCOTT et al., 1973; SCHANTZ eJOHNSON,
1992).

Contudo, somente em 1990, Jean e Alastair Carruthers relataram pela primeira vez
o uso da toxina botulínica do tipo A para o tratamento de linhas hiperfuncionais
glabelares (CARRUTHERS e CARRUTHERS, 1998). Outros pesquisadores em estudos
subsequentes confirmaram a ação do produto na disfunção estética supracitada e desde
então o produto começou a ter ampla utilização na estética. (KEEN, M. et al., 1994;
CARRUTHERS et al., 2004)

A toxina botulínica, quando adquirida pelo profissional esteta, é obtida na forma


liofilizada e pode ser reconstituída em diferentes graduações obedecendo às
particularidades da técnica que será aplicada pelo profissional e a necessidade do
paciente. Entretanto, é indicado que seja seguido um protocolo para garantir a
segurança, confiabilidade e eficácia do procedimento. Independente da marca utilizada,
as neurotoxinas do tipo A devem ser ressuspendidas em uma solução de NaCl a 0,9%
estéril sem nenhuma forma de conservantes. Determinadas marcas podem perder
sua eficácia, pois são extremamente sensíveis ao processo de ressuspensão. Em vista
disso, deve-se tomar o cuidado de liberar a solução de NaCl de forma gradual, lenta e
utilizando a parede do frasco como guia de orientação, pois, quando o soro fisiológico
é liberando de forma brusca, pode ocorrer o turbilhonamento do frasco. Com isso, a
neurotoxina pode fixar-se na parede do frasco ou as pontes de dissulfetos podem ser
rompidas, ocasionando perda da eficácia do produto (FILHO e PECORA, 2012).

Para procedimentos estéticos é utilizada uma formula padrão para a reconstituição


do produto. Pra as embalagens que apresentam 100U (unidades) de neurotoxina é
recomendado utilizar 1mL de soro fisiológico. Isso porque o raio de ação da toxina será
menor e o seu efeito será mais local, diminuindo o risco de ocorrer uma dispersão do
material para outras regiões que não são do interesse. No entanto, em tratamentos
125
UNIDADE V │ PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA

que visam o combate da hiperidrose ou neuralgia, a literatura recomenda fazer uma


suspensão com 2 mL de solução de NaCl, uma vez que, o raio de ativação da toxina será
maior (FILHO e PECORA, 2012).

Além disso, a escolha do material deve ser feita de acordo com a marca da toxina
utilizada. Para substâncias que são disponibilizadas no mercado em frascos de 100U,
quando se adotada a diluição para 1mL de NaCl a 0,9% o ideal é utilizar seringas
de insulina de 30U (0,3mL) ou de 50U (0,5 mL) com uma agulha de 13mm x 0,30
mm (30 G x ½). Essas seringas têm a graduação de 0,01 mL, no qual 0,01 mL irão
corresponder a 1U de toxina. Já, para reconstituição em 2 mL de NaCl a 0,9%, é
indicado utilizar seringa de insulina de 100U (1 mL), como graduação de 0,02 mL, na
qual 1U irá corresponder a 0,02 mL. (FILHO e PECORA, 2012).

Quadro 16. Tipos de toxinas botulínicas disponíveis no Brasil.

Botox Dysport Prosigne Xeomin Botulift


Cepa Hall 2912 Hall Hall Hall
Fabricante Allergan Beaufor-IpsenGalderma LanzhouCristalia Merz-Biolab Medy-Tox

Comercializado Bergamo
Aprovação 1989 1991 2005 2005 2004
Nome Onabotulínica Abobotulínica Incobutulínica
Potência 1 U = LD50 1 U = LD50 1 U = LD50 1 U = LD50 1 U = LD50

Fonte: Filho e Pecora (2012).

Principais músculos da região superior da face


utilizados na aplicação de toxina botulínica
tipo A
A neurotoxina pode ser utilizada de diferentes maneiras para a aplicação em vários
tipos de protocolos. Com isso, modelo didático será exposto nesta apostila para
elaboração de um protocolo que visa o tratamento das rugas presentes no terço
superior da face. No entanto, regiões como o terço médio e inferior da face e colo
também podem receber a intervenção da toxina botulínica.

126
PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA │ UNIDADE V

Músculos do terço superior da face para a


aplicação de neurotoxina

Músculo frontal

O músculo frontal atua como levantador das sobrancelhas e tem sua origem na gálea
aponeurótica próximo à sutura coronal, ficando inserido na pele no nível dos supercílios
e suas fibras se cruzam com as fibras dos músculos prócero, corrugador e orbicular dos
olhos. Além disso, não tem inserção óssea e tem dois ventres verticais. No entanto, há
relatos anatômicos que descrevem o músculo com apenas uma porção. (MESKI, 2012;
FAGIEN, 1999).

Glabela

A glabela é conhecida como sendo uma região da face que acomoda os músculos prócerus
e corrugador dos supercílios. Ela está localizada entre as duas sobrancelhas, e sua
contração é relacionada aos seguintes sentimentos: preocupação, frustração, irritação,
raiva e cansaço. Na contração do músculo corrugador do supercílio a sobrancelha é
movida medialmente e para baixo. Além disso, é responsável pela formação das rugas
verticais e glabelares. Tem sua origem na margem medial e supraorbital do osso frontal
e sua inserção é na porção medial do supercílio. Devido a isso, é possível observar
uma ondulação na pele durante a sua contração. Já o prócero é bastante fino, estreito
e superficial. Ele é responsável por abaixar medialmente as sobrancelhas produzindo
rugas transversais acima do ápice nasal. Tem sua origem no periósteo do osso nasal e
inserção na pele na região medial da fonte. Ele é responsável pela formação das rugas
horizontais e sobre o ápice nasal. (MESKI, 2012; FINN et al., 2003; KINZE, 2000;
GOODMAN, 1998).

Região periocular

O músculo orbicular dos olhos está situado abaixo da pele da pálpebra e, ao se contrair,
fecha os olhos. Além disso, é um músculo largo com função de esfíncter com abundantes
inserções cutâneas. A sua origem óssea é próxima ao canto medial do olho e o segmento
medial do músculo atua como depressor do supercílio medial. Já a porção superior atua
como adutor do supercílio. Lateralmente, ele atua como depressor lateral do supercílio
sendo responsável pela formação dos famosos pés de galinha. Por fim, as fibras laterais
inferiores estão curvadas medialmente, com isso, o músculo torna-se um elevador
acessório da bochecha. Por isso, se o tratamento da toxina for feito com altas doses,
pode ocasionar o achatamento da região malar durante o sorriso (MESKI, 2012).

127
UNIDADE V │ PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA

Marcação dos pontos de aplicação de toxina


botulínica tipo A na região superior da face
Os pontos de aplicação da neurotoxina no músculo frontal devem ser marcados ao
longo das linhas transversais da fronte. Normalmente são utilizados 1 ou 2 unidades
por pontos na área da contração muscular. Além disso, a aplicação deve ser feita dois
centímetros acima das sobrancelhas, para que as fibras inferiores do músculo frontal
não sejam atingidas e mantenham a elevação das sobrancelhas, evitando a ausência total
de expressão na fronte. Ademais, em pacientes que apresentam ptose de sobrancelha
ou ptose da pálpebra superior, o ideal é fazer a aplicação três centímetros acima
das sobrancelhas e, em determinados casos, o ideal é não tratar o músculo frontal.
(CARRUTHERS e CARRUTHERS, 2001).

Os locais de aplicação nos músculos corrugadores normalmente são dois: um na


porção medial, na qual o músculo tem mais força e na região de inserção da pele.
Nos homens são utilizadas doses que variam de 4 a 12 unidades no ponto medial do
músculo corrugador e 2 a 8 unidades no ponto lateral, próximo à inserção na pele. Já
nas mulheres, o indicado é utilizar de 4 a 8 unidades nos pontos mediais e de 2 a 6
unidades nos pontos laterais (MESKI, 2012).

Na região periorbicular conhecida comumente com pés de galinha, a metodologia


indicada é marcar de 2 a 5 pontos, aplicando em cada um entre 2 e 4 unidades de
toxina. A localização dos pontos ideais para aplicação é feita pedindo ao paciente
para que sorria forçadamente ao máximo. A inoculação da neurotoxina é feita
nas áreas com formação de rugas, variando entre 1 e 2 centímetros lateralmente à
margem óssea orbital evitando, com isso, a difusão para os músculos reto-laterais e
consequente estrabismo e diplopia. Para as demais deve-se tomar bastante cuidado
para evitar a formação de hematomas uma vez que a aplicação deve ser bem superficial
e intradérmica. Por fim, a aplicação deve ser feita abaixo do arco zigomático, evitando
os músculos levantadores do lábio superior que, quando atingidos, podem ocasionar
ptose do lábio (FLYNN, 2003; SCHAFFNER e KREYDEN, 2002; LOWE et al., 2002).

» Para facilitar a marcação dos pontos é importante pedir ao paciente que


faça determinadas expressões faciais. Olhar para cima é um movimento
que irá facilitar a formação das rugas do músculo frontal.

» Fazer cara de bravo é um movimento que irá facilitar a formação das


rugas situadas no músculo frontal e na região da glabela.

» Sorrir com força irá facilitar a formação das rugas periorbiculares e


nasais.

128
PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA │ UNIDADE V

A marcação dos pontos deve ser feita em cima da ruga, respeitando o halo
de dispersão da nerotoxina e a anatomia. Essa marcação é feita com caneta
apropriada para tal finalidade ou lápis de olho de cor branca ou preta usado em
maquiagens.

Figura 43. Paciente fazendo contração do músculo frontal para expor as rugas faciais.

Fonte: Ferreira et al. (2009). Modificada.

Figura 44. Paciente fazendo contração da glabela para exibição das rugas.

Fonte: Almeida et al. (2010). Modificada.

Figura 45. Paciente fazendo contração dos músculos da face para exibição das rugas periorbiculares e nasais.

Fonte: Almeida, et al. (2010). Modificada.

129
UNIDADE V │ PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA

Metodologia

» o paciente deve receber uma explicação breve sobre o método de


aplicação e as sensações que pode ter durante o tratamento;

» tirar fotos da região a ser tratada. Neste caso as fotos devem ser feitas
com o paciente fazendo as feições de sorriso forçado, olhando para cima
e braveza;

» fazer as marcações baseando-se nas feições do paciente;

» higienizar as mãos e colocar luvas de procedimento. Neste momento é


importante lembrar que a mesma substância utilizada para higienização
do profissional deve ser empregada para higienizar o paciente, dessa
forma iremos reduzir os riscos de contaminações;

» higienizar o local da aplicação com álcool 70% ou clorexidina com auxílio


de gaze estéril;

» acomodar o paciente em uma maca apropriada para o procedimento;

» diluir a neutrotoxina;

» com o auxílio de uma gaze estéril embebida em álcool 70% ou clorexidina,


retirar as marcações dos pontos e fazer a aplicação;

» aplicar a toxina na região que deseja tratar.

130
CAPÍTULO 4
Protocolo para aplicação de ácido
hialurônico

Princípios do ácido hialurônico na estética


O ácido hialurônico é um polissacarídeo encontrado em todos os tecidos do
organismo como componente da matriz extracelular. Tem grande capacidade de
atrair e reter água, promovendo turgor e elasticidade aos tecidos. Apresenta como
importante vantagem quando comparado a outros tipos de preenchedores o pequeno
índice de complicações, devido a sua característica de degradação natural e baixa
imunogenicidade. Os potenciais problemas associados a preenchimentos definitivos
não são encontrados no ácido hialurônico. Além disso, esse ácido pode ser removido
facilmente do organismo utilizando hialuronidase (SOLISH et al., 2019)

Anteriormente, o ácido hialurônico era extraído da crista de galo. O produto


apresentava risco mínimo de reações alérgicas, mas tinha curta duração de efeito.
No mesmo período surgiram os primeiros implantes de ácido que não tinham origem
animal. Esse fato ocorreu em meado de 1996. Desde então, o ácido hialurônico
tornou-se a substância mais utilizada para preenchimentos faciais, devido às
suas particularidades e vantagens em relação a outros produtos, como o colágeno
(MONTEIRO, 2012).

A produção biotecnológica do ácido hialurônico ocorre por meio da fermentação


bacteriana de cepas não patogênicas para o homem, tais como: Streptococcus
equi ou Streptococcus zooepidermus. Esses organismos são unicelulares, não
têm secreção de clorofila e são cultivados em meios de cultura ricos em açúcar
e aminoácidos. Qualquer que seja a fonte de obtenção, o produto é submetido a
uma série de procedimentos químicos que visam à obtenção do produto final, o
hialuronato de sódio, com a menor concentração possível de proteínas, sejam elas
de origem animal ou bacteriana. Tais processos físicos e químicos têm várias fases
distintas: tratamento pelo calor, alcalinização, proteólise, dissecação, purificação,
precipitação, diálise. Ao final desses processos, é obtido o ácido hialurônico na
forma de um gel purificado (MONTEIRO, 2012).

Existem vários produtos para a realização de preenchimentos cutâneos no mercado,


que são classificados de acordo com a sua origem, duração e permanência no corpo
do paciente. Entre os não permanentes, o ácido hialurônico é o que merece destaque,
131
UNIDADE V │ PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA

devido ao perfil de segurança, eficácia, versatilidade, facilidade de armazenamento e


satisfação dos resultados obtidos. Com isso, várias empresas comercializam o ácido
supracitado, porém, cada produto tem suas características, tais como: viscosidade,
elasticidade, concentração, quantidade e tipos de ligações cruzadas (crosslinking). Por
isso, cada produto deve ser analisado separadamente e sua escolha deve ser feita de
acordo com as necessidades do paciente, como: tipo de pele (fina ou espessa), sexo,
local do tratamento, tipo de lesão (cicatrizes, rugas) (MONTEIRO, 2012).

Algumas particularidades primordiais devem ser analisadas pelo profissional, como as


listadas abaixo (MONTEIRO, 2012).

Quadro 17. Características de um implante cutâneo dito ideal.

Características do Biocompatível, não antigênico, não tóxico, não carcinogênico, não teratogênico, estéril, quimicamente
material inerte, não ser modificado por líquidos ou tecidos orgânicos.
Desempenho Reprodutível, durável, seguro, sem migração, capacidade de resistir às tensões mecânicas.
Técnica de aplicação Técnica simples, fácil aplicação.
Aprovado pelas autoridades sanitárias, formulação estável, facilitando o transporte e o armazenamento, boa
Outras informações
relação custo/benefício, reversível.

Fonte: Monteiro (2012).

De acordo com as qualidades supracitadas, os preenchedores formulados por ácido


hialurônico são aqueles que se enquadram melhor nessas características, baseando-se
no que está exposto no quadro anterior.

Quadro 18. Vantagens do ácido hialurônico quando comparado a implantes de colágeno.

Colágeno Ácido hialurônico


Compatibilidade Espécie e tecido específico Idêntica em todas as espécies e tecidos
Duração De 3 a 5 meses De 6 a 12 meses
Origem Bovina ou humana Animal ou bacteriana
Padrão de perda Perda de volume gradual Degradação isovolumétrica.
Viscosidade Constante Dinâmica
Teste pré-procedimento Teste cutâneo duplo e necessário Não é necessário teste cutâneo
Prevalência de alergia 3% da população possui alergia Menos de 0,4% da população tem alergia
Transporte e armazenamento Refrigerado Temperatura ambiente

Fonte: Monteiro (2012).

Técnicas de aplicação
Antes do tratamento, a pele do paciente deve ser limpa, e qualquer vestígio de
maquiagem ou cosmético precisa ser removido utilizando uma loção de limpeza

132
PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA │ UNIDADE V

facial. É recomendado que o paciente não faça ingestão de anti-inflamatórios, ácido


acetilsalicílico (ASS), vitamina K e ginko biloba pelo menos 3 a 4 dias antes do
tratamento, pois eles podem aumentar o sangramento e o edema no local da injeção.
Se o paciente fizer uso crônico dessas medicações o profissional deve tomar cuidado
para não ocasionar a formação de hematomas (MONTEIRO, 2012).

Cada técnica de aplicação do ácido tem suas particularidades. Com isso, elas são
empregadas de acordo com a necessidade do paciente, cabendo ao profissional durante
a anamnese escolher qual técnica irá suprir as necessidades do procedimento, dentre
as técnicas realizadas comumente nas clínicas de estéticas destacam-se: técnica de
puntura seriada, técnica de injeções lineares, técnica de aplicação em leque, técnica
cruzada ou em malha, técnica da samambaia.

Técnica de puntura seriada

São aplicadas múltiplas injeções intradérmicas ao longo do sulco ou da ruga. Essa


técnica é utilizada para o tratamento de acnes, pois a aplicação em linhas e sulcos
geralmente é traumática devido às multipunturas (MONTEIRO, 2012).

Técnicas de injeção linear retrógrada

A agulha é aplicada em um ângulo de cerca de 10o em relação à pele, imediatamente


abaixo e paralelo à ruga que será preenchida. Na proporção em que o produto é injetado,
deve-se mover a agulha para fora do sulco. Dessa forma, o gel ficará depositado ao
longo da ruga (MONTEIRO, 2012).

Técnica de aplicação em leque

A agulha é inserida na periferia do local a ser preenchido, assim como é realizado


com a técnica de injeção linear retrógada, e é aplicado o produto ao longo do local
a ser preenchido. Após a agulha sair pelo orifício de entrada ela é reaplicada várias
vezes no mesmo orifício, mas em direções diferentes, como um leque. Essa técnica
é recomenda principalmente para preenchimentos dos cantos da boca e do nariz
(MONTEIRO, 2012).

Técnica cruzada ou em malha

Essa técnica é bastante parecida com a de leque, mas a agulha não entra e sai do tecido
várias vezes pelo mesmo orifício. Os locais das incisões ficam distantes cerca de 1mm

133
UNIDADE V │ PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA

a 2mm entre si e as linhas são paralelas às da primeira aplicação. Em seguida, são


realizadas outras linhas perpendiculares às primeiras (MONTEIRO, 2012).

Técnica da samambaia

Essa técnica é utilizada para dar firmeza à pele e não simplesmente preencher o sulco.
O que se observa, quando o preenchimento de um sulco largo é insuficiente para a
técnica linear, é a formação de outra depressão ao lado do que foi preenchido, surgindo
a necessidade de cobrir uma faixa mais larga. A agulha deve ser introduzida por baixo
e pouco antes da linha do sulco, de tal maneira que o traçado corra paralelamente à
superfície e fazendo um ângulo de aproximadamente 90o graus com a ruga. O ácido
é injetado de modo retrógrado, e a maior porção é depositada sob a prega principal
(ODO, 2012).

Posição da agulha
Nos sulcos muito superficiais e superficiais a introdução da agulha na derme é paralela à
epiderme. As cânulas finíssimas de 25G 0,5mm x 40mm são utilizadas com segurança
e podem fazer malhas na subderme paralelas à derme. Essa técnica é indicada para
enrugamento da pele flácida, principalmente no lado do sulco nasogeniano. O ângulo
de introdução da agulha em sulcos médios, profundos e muito profundos é, em
média, de 30o graus a 45o graus. Quando se usa uma agulha muito curta, a posição é
de 45o graus a 90o graus (ODO, 2012).Após introduzir a agulha, deve-se fazer o teste
de lateralidade e profundidade para se ter certeza de que a agulha foi introduzida na
profundidade correta.

Cuidados durante a injeção


Apesar da dificuldade em aspirar antes de injetar o ácido hialurônico, é importante,
sempre que possível, fazê-lo, principalmente quando o calibre da agulha é fino, para
evitar a injeção intravascular e complicação de necrose na asa nasal, em cuja superfície
corre a artéria alar da angular. O local de risco mais elevado está situado junto ao
triângulo superior entre o sulco e a asa do nariz. Em outras posições não é necessário
fazer a aspiração do produto. A compressão da angular por injeção de implante com
agulha mais calibrosa é tão importante quanto a embolização intra-arterial, devendo-
se estudar o exato local da artéria, mesmo com possibilidade de encontrar variações
anatômicas imprevisíveis (ODO, 2012).

134
PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA │ UNIDADE V

A pressão exercida pelo êmbolo da seringa deve ser cessado antes de retirar a agulha
da pele, pois, o gel não para de fluir imediatamente o que pode ocasionar pequenas
pápulas superficiais de ácido hialurônico. Além disso, não se deve fazer correções em
excesso em áreas de pele fina para não formar nódulos ou cordões visíveis (ODO, 2012).

Cuidados e restrições para aplicação do


produto
Alguns cuidados devem ser tomados pelo profissional durante o manuseio do
ácido hialurônico com a finalidade de manter suas características físicas, químicas
e biológicas, além de não proporcionar malefícios aos pacientes. Tais cuidados são
(MONTEIRO, 2012):

» não reesterilizar o produto;

» não injetar por via intravascular;

» não utilizar em locais com doenças dermatológicas associadas, tais


como: feridas e inflamações;

» pacientes portadores de herpes devem tomar o remédio de costume antes


do procedimento para a profilaxia;

» pacientes que tomam anticoagulantes devem ter uma atenção especial,


pois correm o risco de apresentar sangramentos e formação de
hematomas;

» não misturar o ácido hialurônico com outras substâncias;

» avaliar as expectativas não realistas em pacientes com algum distúrbio


depressivo ou dismórfico corporal;

» o uso do ácido hialurônico deve ser evitado na região glabela devido


aos diversos casos e relatos na literatura de oclusão arterial terminal e
amaurose.

Cuidados após a aplicação


Após a aplicação é recomendado que o paciente não toque nem faça massagens na
região. Ademais, deve evitar exposição ao calor intenso por pelo menos duas semanas
após o tratamento (MONTEIRO, 2012).

135
UNIDADE V │ PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA

Preenchimento do sulco nasogeniano


As depressões encontradas em jovens nesta região são ocasionadas pela ação contínua
do sorriso. Com isso, a indicação é preencher o sulco com pequena quantidade de
ácido, utilizando a técnica linear retrograda ou de puntura seriada. Quanto mais
superficial for a aplicação, menos quantidade de ácido deve ser utilizada. Mas
existe o risco de formar um cordão ou apresentar um fenômeno de Tyndall, que é
identificado pela coloração azulada no local da injeção devido à quantidade de ácido
hialurônico exacerbada (ODO, 2012).

O sentido da aplicação não produz diferença nos resultados, mas é indicado iniciar o
procedimento da extremidade do sulco para a porção medial, onde a derme é mais espessa
e necessita de maior quantidade de material devido à profundidade. O profissional pode
ainda usar uma combinação de técnicas para o tratamento de sulcos largos e profundos.
Nesses casos, a escolha do produto deve ser por ácidos que apresentam volumizadores
ou um peso molecular maior. Quando volumizadores são utilizados, pode-se utilizar
cânulas para facilitar o acesso e injeção do material (ODO,2012).

Alguns pacientes reclamam do deslocamento que o ácido pode apresentar para o


lado externo da linha. Isso pode ocorre em tratamentos subdérmicos ou subcutâneos,
sendo mais frequente na linha do sorriso, havendo a formação de um novo sulco sobre
o preenchedor injetado, afastando o gel para os lados, elevando em excesso uma ou
as duas bordas do sulco. Nesse caso, o uso em associação com toxina botulínica é
indicado para reverter o quadro, colocando a toxina na inserção do músculo risório no
músculo orbicular da boca. Com isso, o movimento do sulco é suavizado. Essa técnica
também pode ser usada em caso de contração constante do músculo levantador do
lábio superior, o mesmo que corrige o sorriso gengival, com a intenção de abrandar a
profundidade da porção superior do sulco nasogeniano (ODO, 2012).

Figura 46. Na imagem A é possível ver o paciente do sexo masculino antes de receber o preenchimento de

ácido hialurônico no sulco nasogeniano. Em B é demonstrado o resultado após a realização do procedimento.

Fonte: Arsiwaia (2010).

136
PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA │ UNIDADE V

Preenchimento do sulco labiogeniano


A técnica mais comum utilizada neste tipo de preenchimento é a de leque com base
de um triângulo voltado para o lábio e dos lados direcionado para o sulco. A borda
do lábio deve estar firme, com acabamento feito com preenchedor contornando os
cantos labiais em forma de um “V” a partir de 5mm a 8mm do ângulo da boca. Uma
linha vertical e perpendicular de ácido que passa no canto labial serve de ponte de
reforço entre os braços do “V”. Com frequência, o sulco labiogeniano termina em
duas depressões na margem mandibular junto ao mento, acentuando o aspecto de
“marionete”. O preenchimento da concavidade mandibular utilizando a técnica em
forma de “X” melhora o contorno facial e do sulco (ODO, 2012). Os sulcos labiogenianos
ficam mais evidentes quando o músculo depressor do ângulo da boca entra em ação.
O restante da massa malar, o platisma, todos em ptose, produz muita saliência na
borda do sulco. Nesse caso, é feita a técnica mista, com um ponto de toxina botulínica
no músculo depressor do ângulo da boca. A associação da técnica de Nerfertiti usando
a toxina melhora acentuadamente o preenchimento do sulco labiogeniano, não
havendo necessidade de volumizadores, pois podem ocasionar protusões, cordões e
nódulos visíveis, devido à pouca espessura do lábio inferior (ODO, 2012).

Preenchimento labial
No passado, a técnica de preenchimento do lábio era realizada com aplicação sob o
contorno dos lábios e discretamente sob a submucosa labial. No entanto, esse tipo de
aplicação gerava um aspecto de “bico de pato” que se tornou a preocupação das pessoas
que buscavam esse procedimento. Após diversas observações foi desenvolvida uma
técnica que consiste em injetar o ácido hialurônico dentro do músculo orbicular dos
lábios, com o objetivo de recuperar o volume perdido com o avançar da idade ou intuito
de aumentar e enaltecer os lábios finos. Nas situações em que isso ainda não é suficiente,
injetar o ácido na submucosa anterior dos lábios também é indicado. Entretanto,
cada paciente tem suas particularidades, cabe ao profissional adaptar a técnica às
necessidades do paciente. O grande diferencial para obter resultados satisfatórios é
conhecer a anatomia labial, os índices de proporção da boca e sempre observar como
está a função dentária (ANTÔNICO; ANTÔNICO, 2012).

137
UNIDADE V │ PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA

Preenchimento labial com microcânulas


Para a realização dessa técnica é necessário introduzir microcânulas ao longo da pele
do paciente. Além disso, não é preciso utilizar anestésicos desde que a agulha e a
cânula sejam de pequeno calibre. O procedimento começa fazendo a incisão a 25mm
de distância do ápice do arco do cupido no lábio superior, utilizando uma agulha 26G
½. Em seguida é feita a inserção da microcânula com as seguintes dimensões: 30G ½
com 25mm de comprimento. É normal a presença de certa resistência na introdução do
material devido às traves fibróticas da derme, que após serem vencidas garantem o local
adequado para realização do preenchimento subdérmico (MUKAMA e BRAZ,2011).

Essa técnica permite fazer três diferentes tipos de tratamentos labiais: definição do
contorno, projeção e aumento do volume dos lábios. Quando o objetivo é melhorar
o contorno labial, o ideal é introduzir a microcânula entre a pele e o vermelhão dos
lábios. Caso a intenção seja melhorar o contorno, a cânula deve ficar entre a pele e o
vermelhão labial fazendo a retroinjeção linear do ácido hialurônico a partir do ápice
do arco do cupido, da região tratada até a região lateral do lábio. Por fim, se o objetivo
do tratamento for a projeção labial, a cânula é acomodada no plano subdérmico, em
direção à mucosa dos lábios, fazendo retroinjeções com o ácido hialurônico.

Para o tratamento do lábio inferior, o orifício de entrada é feito a 10mm de distância


de cada comissura labial com uma agulha 26G ½ e, em seguida, os mesmo passos são
adotados no lábios superior (MUKAMA e BRAZ, 2011.).

O tratamento do contorno da região central do lábio inferior é feito por uma incisão
a 25mm de distância do primeiro orifício e aplica-se o produto em retroinjeções.
Caso o objetivo do tratamento seja a correção da comissura labial, deve-se injetar o
ácido hialurônico com retroinjeções auxiliado por uma microcânula para formar uma
base de 25mm de comprimento de um triângulo invertido. Após esse procedimento,
utilizando uma agulha 30G com uma incisão de 7mm de distância da base horizontal,
são feitos três pilares verticais de sustentação formados com retroinjeções do produto.
Aproveitando o mesmo orifício de entrada da cânula é possível tratar rugas periorais,
com a microcânula 30G realizando retroinjeções até a correção da ruga (MUKAMA e
BRAZ, 2011.)

138
PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA │ UNIDADE V

Figura 47. Resultado de preenchimento labial. Na imagem A é possível observar o lábio antes do procedimento e

na imagem B o resultado obtido após a técnica supracitada.

Fonte: Mukama e Braz (2011).

139
CAPÍTULO 5
Protocolo para criolipólise

A criolipólise é uma técnica que foi desenvolvida por pesquisadores da Universidade


de Harvard, com estudos liderados pelo Prof. Dr. Rox Anderson. Crio significa frio,
é originário do grego “Kryos”, “lipo” faz referência a gordura e por fim, “lise” é a
denominação dada à destruição celular, a junção deles originou a palavra criolipólise.

Em 2010, o Food and Drug Administration (FDA) autorizou o uso do procedimento


supracitado para o tratamento nos flancos. Com isso, outros protocolos surgiram
para aplicações em outras regiões do corpo, como o abdome que foi autorizado em
2012. Em 2014, o uso da criolipólise foi autorizado nas coxas. Além do FDA, o Health
Canadá e a União Europeia também acabaram por autorizar a realização da criolipólise.
((BRIGHTMAN; GERONEMUS, 2011; JALIAN et al., 2014; KLEIN et al., 2009;
STEVENS; PIETRZAK; SPRING, 2013). No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA) autoriza a realização do procedimento, desde que o aparelho e as
mantas tenham registro no órgão.

O procedimento consiste no resfriamento localizado do tecido adiposo subcutâneo de


forma não invasiva com temperaturas que podem variar de -5oC a -15oC (essa medição é
feita externamente). Esse resfriamento causa uma paniculite localizada, ocasionando
morte dos adipócitos e consequente diminuição do tecido adiposo subcutâneo
localizado. O aparelho é composto por manoplas que utilizam vácuo moderado para
puxar uma prega composta de pele e gordura para dentro do aplicador, posicionando-a
entre as duas placas de resfriamento. Esses painéis de arrefecimento fazem a extração
do calor proporcionando uma intensa redução da temperatura, ocasionando a morte
das células de gordura (BORGES e SCORZA, 2014).

O resfriamento ocasiona uma resposta inflamatória denominada paniculite que


desencadeia o fenômeno de apoptose. Essa lesão inflamatória pode ser observada
o o
histologicamente a partir de do 2 dia perdurando até 30 dia após o procedimento.
O infiltrado inflamatório torna-se mais denso e a paniculite lobular atinge seu pico
o o
máximo cerca 14 dias após o tratamento. Do 14 ao 30 dia o infiltrado inflamatório fica
mais fagocitário e consistente. Com isso, os macrófagos começam a envolver e a digerir
os adipócitos que sofreram apoptose como parte da resposta natural do organismo à
o
lesão provocada pela criolipólise ( (INGARGIOLA et al., 2015).A partir de 60 dia ao
o
120 dia, ocorre redução da inflamação, do tamanho e do número de adipócitos. Além
disso, ocorre um espessamento dos septos fibrosos. Esses podem então constituir-se

140
PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA │ UNIDADE V

no grande volume da camada subcutânea residual. Logo, o ápice da redução do tecido


adiposo é atingido e a análise dos resultados obtidos deve ser feita por anamnese
(INGARGIOLA et al., 2015).

O grande diferencial da criolipólise quando comparado a outros procedimentos que


visam a eliminação de gordura localizada é a sua segurança e os pequenos efeitos adversos
e quando ocorrem não trazem sequelas ou complicações importantes, com resolução
em um curto espaço de tempo (KLEINet al., 2012). No entanto, vale ressaltar que para
o que foi citado anteriormente ocorra é necessário utilizar aparelhos devidamente
registrados na ANVISA e utilizar mantas apropriadas para o procedimento e descartá-
las após o uso.

Um dos pontos discutido demasiadamente é a segurança do método sobre o


metabolismo da gordura localizada após a morte das células de gordura. Pensava-se
que, como o adipócito é destruído e fagocitado, a gordura poderia ser liberada para o
sangue ocasionando alterações no perfil lipídico dos pacientes. Não obstante, vários
estudos demonstraram que não ocorreram modificações significativas no perfil lipídico
nem disfunções hepáticas (KLEIN et al., 2009; COLEMAN Et al., 2009). Com isso,
presume-se que a perda da gordura ocorre gradualmente, o que torna imperceptível a
mensuração.

Ademais, a gordura fica sequestrada dentro da célula de gordura até ser digerida
e eliminada pela inflamação natural que ocorre sobre ação da paniculite. Devido à
presença de macrófagos ativos carregados de lipídios, isso indica que os adipócitos
foram eliminados por fagocitose. Estudos realizados relatam que, a cada ano, cerca de
10% da gordura corporal é reciclada pelo processo de apoptose das células de gordura.
Dessa forma, é bem provável que as células eliminadas na criolipólise sigam as mesmas
vias de metabolização naturais do organismo (SPALDING et al., 2008).

Metodologia

» o paciente deve receber uma explicação breve sobre o método de


aplicação e as sensações que pode ter durante o tratamento;

» tirar fotos da região a ser tratada;

» fazer a medição da região com fita métrica e adipômetro;

O paciente deve ter prega superior a 1,5cm para a realização do procedimento.

141
UNIDADE V │ PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA

» higienizar as mãos e colocar luvas de procedimento. Neste momento é


importante lembrar que a mesma substância utilizada para a higienização
do profissional deve ser empregada para higienizar o paciente, dessa
forma iremos reduzir os riscos de contaminações;

» higienizar o local da aplicação com álcool 70% ou clorexidina com auxílio


de gaze estéril;

» acomodar o paciente em uma maca apropriada para realização do


procedimento;

» marcar a área se for necessário;

» proteger a região com uma membrana protetora de uso individual e


descartável;

» posicionar as manoplas com as placas de resfriamento na região que será


tratada;

» o aparelho deve ficar em funcionamento por pelo menos 50 minutos;

» após o término do tempo é recomendando massagear levemente a região


que ficou congelada.

Figura 48. Paciente do sexo feminino com 44 anos, antes da realização de criolipólise apenas na coxa direita.

Fonte: Stevens e Bachelor (2015).

142
PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA │ UNIDADE V

Figura 49. Paciente do sexo feminino de com 44 anos, após 16 semanas do procedimento de criolipólise na coxa

direita. Nesta imagem, é fácil observar a perda de gordura localizada na coxa direita, quando comparada com

a imagem anterior. Além disso, na coxa esquerda, a qual não foi submetida ao procedimento, não é observada

diferença na quantidade de tecido adiposo nas imagens de antes e após o procedimento.

Fonte: Stevens e Bachelor (2015).

Hoje em dia, existem diversos modelos de equipamentos de criolipólise no


mercado. Temos que ficar atentos com aqueles que não são liberados pela
ANVISA, conforme supracitado. Desse modo, é importante sempre que for alugar
o equipamento ou comprar ver as suas documentações.

DICA: Dê preferência para comprar a manta junto com a empresa em que


for alugar o equipamento, pois caso venha a dar algum problema durante o
procedimento, a empresa que alugou o equipamento não poderá alegar que a
manta era inadequada.

Em equipamentos de criolipólise é comum aparecer problemas no sistema


operacional. Por isso, é importante que você tenha total domínio sobre a
máquina quando for usar, pois muitas vezes, durante o procedimento, é preciso
fazer algumas alterações não previstas. Assim, quando for fazer o treinamento
do equipamento para sua utilização, não se atente somente em ligar e desligar
o aparelho, ou na aplicação e regras básicas de técnicas de indicação. Faça o
representante ensinar a limpar a mangueira para sair o gel da manta que é
sugado durante o procedimento e encher o reservatório do equipamento com
água, por exemplo.

143
CAPÍTULO 6
Protocolo para microagulhamento

O microagulhamento consiste em uma técnica que provoca microlesões na pele


ocasionadas por agulhas. Por meio dessas lesões fatores de crescimento são liberados
pelo organismo, estimulando a produção de colágeno e elastina (AUST et al., 2008).
Em 1995, Orentreich foi o primeiro a desenvolver trabalhos utilizando agulhas para
promover a produção de colágeno no tratamento de cicatrizes profundas. Camirand e ,
em 1996, utilizaram pistolas de tatuagens para tratar cicatrizes. Por fim, Fernandes, em
2005, desenvolveu um aparelho que consiste em um rolo com agulhas, sendo que estas
apresentavam tamanhos variados. A escolha do equipamento, ou seja, do tamanho das
agulhas, será de acordo com o objetivo que se deseja alcançar.

Os tamanhos das agulhas utilizadas no microagulhamento variam de acordo com o


tipo de lesão que deseja causar, associado com o tratamento indicado. As agulhas
de 0,25 mm a 0,5 mm causam uma injúria leve e são indicadas para tratamentos de
rugas finas, melhoramento do brilho e textura. Já as de 1,0 mm a 1,5 mm provocam
injúria moderada e são destinadas ao tratamento de flacidez cutânea, rugas médias
e rejuvenescimento. Por fim, existem as de 2,0 mm e 2,5 mm, agulhas que causam
injúrias profundas e são utilizadas no tratamento de cicatrizes deprimidas distensíveis,
cicatrizes ondulatórias e retráteis (LIMA et al., 2013). O procedimento também é
indicado para o tratamento de estrias.

O microagulhamento pode ser utilizado para facilitar a veiculação de ativos,


proporcionando rejuvenescimento, melhor coloração, textura e brilho da pele. É
eficaz no tratamento da flacidez e atenuação de rugas, pois proporciona a produção
de colágeno. Também pode ser usada para supressão de estrias recentes (LIMA et
al., 2013).

As vantagens da indução percutânea de colágeno IPC são inúmeras, tais como:


produção de colágeno sem a remoção da epiderme; tempo de cicatrização menor
quando comparado a técnicas ablativas; a pele fica mais espessa e resistente, diferente
de procedimentos ablativos; a cicatrização do novo tecido pode ser prejudicada devido a
fatores fotoativos, ocasionando discromias na pele. Além disso, é indicada para todos os
fototipos de pele e tem baixo custo quando comparada a procedimentos que envolvem
tecnologias mais apuradas (LIMA et al., 2013).

144
PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA │ UNIDADE V

No entanto, o microagulhamento tem contraindicações, tais como: pacientes com


herpes labial ativa, doenças crônicas de pele como a psoríase, distúrbios de coagulação,
anomalias na pele como verrugas, pintas e queimaduras solares O microagulhamento é
um procedimento que exige tempo para a total recuperação do paciente. O profissional
responsável pelo procedimento deve fazer uma avaliação criteriosa, para evitar falsas
expectativas quanto aos resultados esperados (LIMA et al., 2013).

Metodologia
» o paciente deve receber uma explicação breve sobre o método de
aplicação e as sensações que pode ter durante o tratamento;

» tirar fotos da região a ser tratada;

» higienizar as mãos e colocar luvas de procedimento. Neste momento


é importante lembrar que a mesma substância utilizada para realizar
a higienização do profissional deve ser empregada para higienizar o
paciente, dessa forma iremos reduzir os riscos de contaminações;

» higienizar o local da aplicação com álcool 70% ou clorexidina com auxílio


de gaze estéril;

» acomodar o paciente em uma maca apropriada para o procedimento;

» aplicar o anestésico tópico de acordo com as indicações do fabricante;

» passar o rolo escolhido de acordo com a necessidade do paciente dez


vezes em cada região com pressão moderada, fazendo cruzamentos
perpendiculares, verticais e horizontais, até a formação de petequias
seguidas por eritrema;

» após o fim do procedimento, higienizar o corpo do paciente.

O intervalo entre as sessões deve ser de, no mínimo, de 30 dias. Dessa forma, há
tempo de ocorrer a regeneração tecidual. Além disso, deve-se prever a realização
de no mínimo três sessões para que os resultados esperados sejam alcançados.

145
UNIDADE V │ PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA

Figura 50. Rosto do paciente após microagulhamento.

Fonte: Silva (2015).

Figura 51. Resultado de tratamento de microagulhamento. Imagem A. Fotografia do perfil direito do paciente,
mostrando em detalhes as cicatrizes de acnes próximas à região do osso zigomático e bochecha. Imagem B.
Foto do perfil direito mostrando o resultado do procedimento após 20 dias do término do tratamento.

Fonte: Silva (2015).

Figura 52. Resultado de tratamento de microagulhamento. Imagem A. Fotografia do perfil esquerdo do paciente,
mostrando em detalhes as cicatrizes e acnes ativas próximas à região do osso zigomático e bochecha. Imagem
B. Foto do perfil esquerdo mostrando o resultado do procedimento após 20 dias do término do tratamento.

Fonte: Silva (2015).

146
CAPÍTULO 7
Protocolo para Inserção de Fios de
Polidioxanona (PDO)

Os fios de polidioxanona (PDO) podem ser lisos ou com garras. Os fios lisos servem
para produzir colágeno apenas, podendo ser utilizado em qualquer região da face e
corpo que necessite melhorar o aspecto da pele, ou seja, rejuvenescê-la. Os fios de PDO
com garra também produzem colágeno, mas são mais utilizados para dar sustentação
a um tecido, neste caso a flacidez deve se apresentar no grau I, II ou III. Para obter
melhores resultados aplicam-se vários fios em um mesmo ponto ou região. Pacientes
que apresentam um aspecto de rosto, por exemplo, fino sem muita gordura, os fios de
PDO com garra têm melhores resultados, enquanto que faces que apresentam mais
gordura precisam de mais fios para dar sustentação. Todo fio de PDO com garra tende a
ceder alguns milímetros e, quando ocorre a tração, pode tracionar de 1 a 2 cm. A técnica
de fios de PDO não é recomendada para pacientes que quase não tenham gordura no
rosto, pois pode haver complicação, uma vez que o fio deve ser inserido no plano do
sistema músculo aponeurótico superficial (SMAS), profundo da derme (PAUL, 2008).

A durabilidade do fio é em torno de 18 meses não excedendo a isso. Esta técnica é


muito utilizada com associações de tratamentos, seja de toxina botulínica, seja de
preenchedores não reticulados. O plano de aplicação deve ser diferente, caso contrário,
deve-se esperar o intervalo de 30 dias para aplicá-lo (TAVARES et al., 2017).

Com o envelhecimento, o organismo começa a apresentar ptose, flacidez e


reabsorção dos coxins de gordura, assim como do tecido ósseo. Em vista disso,
é recomendado aplicar primeiramente os fios e depois aplicar preenchimento,
ou toxina botulínica, por exemplo. É importante salientar que o equipamento
de radiofrequência pode vir a degradar o fio, não sendo recomendado utilizá-
lo enquanto o paciente estiver com o fio, assim como foi observado que o ácido
hialurônico não reticulado também acelera a degradação do fio de PDO por
hidrólise (TAVARES et al., 2017; SUÁREZ-veja et al., 2019).

Em muitas situações utilizamos os fios lisos primeiramente e após algum tempo


usamos o fio de PDO com garra. Alguns pacientes apresentam graus elevados de
flacidez, sendo interessante adicionar vários fios lisos em forma de rede para produzir
colágeno naquele lugar, estruturando melhor a pele, para posteriormente inserir um fio
de tração. Os fios lisos podem se apresentar em forma de parafuso, para dar volume a
alguma região específica. Existe também o fio poli-liso que compõe-se de vários fios em

147
UNIDADE V │ PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA

uma apresentação, para produzir bastante colágeno na região, por exemplo, nas áreas
de sulco nasogeniano ou até mesmo sulco glabelar (TAVARES et al., 2017).

Figura 53. Aplicação de fios de polidioxanona (PDO).

Fonte: biomedicinaestetica.com.br/flacidez-facial-fios-de-sustentacao-pdo/#.XgVvtEdKhPY

Metodologia
Os fios lisos de PDO apresentam-se inseridos em uma agulha. Após a assepsia do
paciente, foto e marcação da aplicação do fio, deve-se adicionar onde há necessidade
de diminuir rugas finas, melhorar textura da pele e reduzir flacidez. Vira-se o bisel da
agulha para cima com ela inserida no fio e introduz-se a agulha juntamente com o fio na
derme profunda. Segura-se o stop para deixar o fio na pele, enquanto retira-se a agulha.
Nesse momento, se quiser preparar uma mescla de ativos como silício orgânico, fatores
de crescimento, vitamina C (dolorido) e DMAE, pode-se injetar pequenas quantidades
dessa mescla no momento que se retira a agulha fazendo uma retroinjeção. Deixa-se o
fio liso no lugar juntamente com a mescla de ativos para ajudar na produção da síntese
de colágeno. Não há necessidade de passar anestésico nos fios lisos a não ser que o
paciente seja muito sensível, para o que se utiliza um tópico da sua preferência.

Para os fios de PDO com garra, há necessidade de utilizar anestésico tanto tópico
quanto injetável. Para isso, prepare o paciente fazendo a devida assepsia, tire fotos
e faça a marcação dos pontos. Esses pontos são estratégicos para o lifting facial. O
ponto deve ser achado no seu paciente, muitas vezes fica próximo ao osso zigomático
e ao arco da mandíbula. Para achar o ponto onde irá ocorrer a sustentação do tecido,
simule com os dedos o lifting no ponto escolhido, escolha o ponto que melhor ocorrer
a sustentação. Faça um ponto nesse local com um lápis de marcação, é a partir dele que
serão introduzidos os fios com garra. Esses fios são mais calibrosos que os fios lisos, por

148
PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA │ UNIDADE V

isso, são apresentados dentro de uma cânula e não mais numa agulha, para segurança
do paciente também.

No ponto de inserção dos fiosm aplique lidocaína 1% injetável, fazendo um botão


anestésico. Essa aplicação pode ser a 90o colocando ¼ da agulha ou a 45o até formar
uma pápula. Logo em seguida, com uma agulha 18G, faça o pertuito (furo), nesse
momento o paciente não deve sentir dor, se estiver com dor aplique mais anestésico.
Após o pertuito, retire a agulha e coloque a 90o a cânula com a apresentação do fio, faça
pressão, assim que você ouvir um barulho de rompimento de tecido, imediatamente
vire a cânula no ângulo de 45o. Nesse momento, faça uma prega no tecido para que
você consiga passar toda a cânula mantendo-a no mesmo plano, a mão precisa estar
firme e não pode haver erro, pois a partir do momento que se insere o fio de PDO com
garra não tem mais como retirá-lo, a não ser com cirurgia, pois ele se adere ao tecido
com suas garras. O único movimento que se deve fazer é girar lentamente a cânula,
no movimento de 180o e empurrá-la, para posicionar todo o fio na região escolhida.
Após inserir toda a cânula no tecido, segure o final dela com a ponta do dedo em cima
da sua pele, para aderir o fio e com a outra mão retire a cânula com cuidado. Você
perceberá que o fio ficará inserido lá. Para a retirada do fio, também deve-se fazer
movimento giratório no sentido contrário para a cânula sair. Caso não tenha fixado
corretamente o fio de PDO com garra ou caso perceba que aprofundou demais ou
superficializou muito, não tente puxar retirando o fio. Isso provocará muita dor no
paciente e mesmo assim o fio não saíra, a não ser que rasgue o tecido. É normal na
hora de inserir a cânula com o fio ter dificuldade para passá-la por causa das fibras
elásticas na região que precisam ser rompidas. Depois de inserido o fio com garra,
você perceberá que uma parte do fio ficará para fora.

Neste mesmo pertuito podem ser inseridos outros fios, caso seja do interesse para
melhor tração, na face. Não se deve ultrapassar o sulco nasogeniano indo para
o orbicular da boca e também não deve ultrapassar o sulco que se estende para a
marionete indo para o mento. Com uma gaze, passe em toda a região que o fio foi
inserido fazendo movimentos para cima em direção ao pertuito e para baixo em direção
ao ponto de fixação, para que as garras sejam todas abertas e aderidas. Em seguida,
com a parte dos fios que sobram para fora da pele, faça uma tração oposta, puxe-os
em direção contrária. Nesse momento, a pele irá se repuxar. Faça um nó nos fios,
laços de uma a duas passadas no máximo e deixe-os dentro da pele; corte com uma
tesoura estéril as pontas excedentes. Não deve aparecer nada para fora do pertuito.
Logo após, com micropore, esconda as imperfeiçoes juntamente com o pertuito. É
normal após a tração formar pregas de pele, como se fosse um fuxico, deixe-as desse
modo. Com o passar dos dias a pele vai moldando no fio e voltando ao normal. O

149
UNIDADE V │ PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA

micropore é importante para não deixar exposto o furo e para a paciente não ficar
olhando as pregas. Por isso, é importante fazer as inserções em regiões escondidas.

É normal a região ficar dolorida por até 30 dias, sendo os 7 primeiros dias os piores.
Quando aplicado na face, o paciente pode relatar dificuldade de abrir a boca ou
mastigar, mas é transitório. Nos fios lisos, caso você não consiga colocar todo o fio
dentro da derme, também haverá a necessidade de cortá-lo. Em algumas situações
com o fio liso, em 3 a 5 dias pode aparecer uma pontinha, como se o corpo quisesse
expulsá-lo. Essas pontinhas devem ser cortadas em consultório.

Recomendar ao paciente dormir de 3 a 5 dias de barriga para cima, ficar 72 horas sem
fazer atividade física. Pode tomar banho com o micropore e após 24 horas já pode
aplicar maquiagem e fotoprotetor.

Profissionais utilizam muitas técnicas off-label, como por exemplo, aplicar fios de PDO
com garra na mama para sustentar. Isso não é recomendável devido ao peso da mama.
No entanto, utilizam-se fios de PDO lisos na região da mama para melhorar a flacidez
da pele do local. Muitos pacientes fazem até mesmo essa técnica antes de cirurgias
como remoção de mama ou para elevar a região. Após a aplicação do fio os resultados
observados são muitos mais satisfatórios no pós-operatório.

150
CAPÍTULO 8
PROCEDIMENTO ESTÉTICO INJETÁVEL
PARA MICROVASOS (PEIM)

A escleroterapia ou procedimento estético injetável para microvasos (PEIM) é uma


técnica percutânea minimamente invasiva que utiliza irritantes químicos para
fechar veias indesejadas. A escleroterapia é utilizada principalmente no tratamento
de telangiectasias, veias reticulares e pequenas varizes (< 6 mm), que podem ser
assintomáticas ou sintomáticas (UPTODATE, 2020).

A escleroterapia química para o tratamento de telangiectasias utiliza um agente líquido


intravascular com o propósito de provocar lesão e oclusão luminal através da destruição
do endotélio e formação de fibrose com pouca ou nenhuma formação de trombo. Esse
dando que é provocado no endotélio pode ser realizando através de uma alteração no
pH ou na osmolaridade, em vista disso as substâncias esclerosantes são classificadas
em: osmóticas, detergentes e irritantes químicos (BRANDÃO; MUSTAFÁ; COSTA,
2018; YIANNAKOPOULOU, 2016).

Os detergentes são representados pelo polidocanol, oleato de etanolamina, tetradecil


sulfato de sódio e morruato. Entre os esclerosantes osmóticos temos a glicose
hipertônica que é a substância mais conhecida e utilizada pelos profissionais. A
glicerina cromada representa o grupo dos esclerosantes químicos, porém é muito
pouco empregada na prática clínica (FIGUEIREDO; FIGUEIREDO, 2013).

As soluções osmóticas hipertônicas possuem a capacidade de causar desidratação,


desintegração endotelial e desnaturação da membrana celular. Também realizam a
dispersão do fibrinogênio, depositando fibrina no interior e em volta da parede venosa,
ocasionado o colabamento e consequente desaparecimento do vaso. Por fim, ocorre
uma reação inflamatória que evolui para uma fibrose (BRANDÃO; MUSTAFÁ; COSTA,
2018; YIANNAKOPOULOU, 2016).

A glicose hipertônica é o agente esclerosante mais utilizado no Brasil, devido sua


eficácia, baixo custo e quase ausência de efeitos colaterais, como necrose ou reação
alérgica. No entanto, o seu uso pode requerer repetidas injeções no mesmo vaso
durante várias sessões, o que pode elevar o risco de complicações (BRANDÃO;
MUSTAFÁ; COSTA, 2018; YIANNAKOPOULOU, 2016).

As complicações que estão associadas a este tratamento estão ligadas a um erro técnico
ou a alta dosagem injetada, que podem ocasionar hiperpigmentação e em casos mais

151
UNIDADE V │ PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA

raros e graves necrose tissular e ulceração, as quais são dolorosas e possuem uma
cicatrização lenta (YIANNAKOPOULOU, 2016). Dependo da gravidade da lesão ela
pode ocasionar um impacto psicológico no paciente, uma vez que grande parte dos
procedimentos de PEIM são realizados com finalidade estética (BRANDÃO; MUSTAFÁ;
COSTA, 2018).

Mesmo sendo um tratamento relativamente simples de ser realizado ele possui


contraindicações que precisam ser respeitadas pelo profissional para evitar possíveis
intercorrências. A esclaroterapia não é indicada para pacientes que apresentam sinais
de trombose, gravidez, diabetes desregulada, doenças vasculares periféricas, infecções
na pele, dermatites no local da aplicação e histórico de enxaqueca devido ao risco
microembolismo (UPTODATE, 2020).

A decisão de oferecer este procedimento ao paciente depende da sintomatologia


relatada, histórico de fracasso em tratamentos conservadores, extensão da disfunção
estética e na probabilidade de proporcionar um benefício durável tanto no espaço
tempo como na melhoria dos sintomas. Em vista disso, é importante atender as
expectativas do paciente e alertá-lo sobre as possíveis complicações e potencial falha
do tratamento (UPTODATE, 2020).

Para os pacientes que visam fins estéticos (telangiectasias, veias reticulares e pequenas
varizes) devem ser cuidadosamente orientados antes do tratamento, pois eles
precisam entender que os resultados do PEIM são imprevisíveis. Em determinados
casos pacientes que possuem condições favoráveis e ideais ao procedimento como os
fototipos I e II podem considerar o resultado obtido como insatisfatório, deste modo
eles necessitam ser informados que as veias vão clarear e se tornar menos perceptíveis.
No entanto, não podem desaparecer por completo, que a hiperpigmentação é uma
complicação relativamente comum e que dependendo do caso varias sessões são
necessárias para alcançar o resultado esperado. Logo, é muito importante que o
profissional faça registros fotográficos antes do procedimento e que realize a revisão
das fotos durante o andamento do tratamento para avaliar junto com o paciente
a evolução do caso. Também é indispensável informar ao paciente outros tipos de
tratamentos alternativos ao PEIM, tais como: radiofrequência, ablasão a laser, ablasão
mecânio-química e remoção cirúrgica (UPTODATE, 2020).

Metodologia
Antes de realizar o tratamento, é fundamental fazer uma avaliação no paciente que
apresenta queixas de telangiectasias, veias reticulares ou de pequenas varizes para ver
se ele apresenta indicação para o tratamento em questão, no caso aplicação de glicose

152
PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA │ UNIDADE V

a 50% ou 75%. Para isso, o paciente não pode tomar sol na região, apresentar doenças
não tratáveis como diabetes descontrolada, hipertensão, problemas cardíacos em geral
e principalmente problemas relacionados à coagulação. Além disso, caso o paciente
realize o uso de anticoagulantes o médico que prescreveu a medicação deve autorizar a
suspensão dela para a realização de um tratamento tranquilo.

O uso de glicose a 50% deve ser direcionado a pacientes que apresentam diabetes
controlada ou quando o profissional é iniciante na realização do procedimento e
ainda não adquiriu a expertise necessária. Ademais, também é indicado utilizá-la em
pacientes que apresentam fototipos 4 e 5 para que não haja hiperpigmentação. Já que a
glicose 75% é mais potente e apresenta resultados em curto prazo, no entanto, pode vir
a hiperpigmentar mais facilmente, por isso, o profissional precisa ter habilidade para
trabalhar com ela.

Quando o paciente possui indicação para o tratamento deve ser feito de primeiro
momento as fotos sem zoom para não perder o foco do vaso. Fotografar todas as regiões
que serão tratadas. E logo após assinar o TCLE, a anamnese e o termo de prestação de
serviço. Com os primeiros passos concluídos, deixe seu paciente confortável na maca e
prepare os produtos que serão utilizados.
» Par de luvas.
» Gaze.
» Álcool ou clorexidina.
» Ampola de glicose de 50% ou 75% (deixar de 3 a 4 a sua disposição).
» Seringa de 1 ml ou 3 ml.
» Agulha 18g.
» Agulha 30g.
» Micropore.
» Algodão.

Cada ampola de glicose vem geralmente com 3 ml de solução, em uma sessão esta
quantidade é ideal, a não ser que o paciente apresente um grau elevado de vasos então
usa-se mais, em uma única sessão usa-se no máximo 10 ml de glicose, pois já com 3 ml
é referido a paciente se queixar de dor nas pernas.

Ressuspenda a glicose com a agulha 18G na seringa de 1 ml ou de 3 ml ambas são de fácil


aplicação, qualquer outra não. Em seguida troque a agulha para a de 30 G. Selecione
o primeiro vaso que irá trabalhar limpe com gaze encharcada com clorexidina ou
álcool, deixe secar se for álcool antes de colocar a ponta da agulha, lembrando que o
153
UNIDADE V │ PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA

bisel deve estar sempre para cima e o ângulo deve ser posicionado entre 10° a 20°,
só entre no vaso com o bisel, cuidado para não transfeccionar, e então, suavemente
aplique a glicose, o vaso começará de imediato a ficar branco, desaparecer, se isso não
acontecer é por que o vaso não foi pego, tente então voltar um pouco com a seringa
e aplique novamente, se mesmo assim não acertou, retire a agulha e tente aplicar
em outro ponto. Caso tenha acertado aguarde o vaso desaparecer por completo e só
então retire a agulha. Após retirar a agulha é comum sair um pouco de sangue, com
gaze seca e realizando uma pressão leve, coloque-a no local e aguarde 5 segundos.
O sangue tende a não parar de sair com a gaze molhada, pois ele não coagula, nesse
momento se quiser pode colocar o algodão com o micropore.

Existem algumas situações nas quais o êmbolo é empurrado e o vaso não desaparece
por completo, neste caso a pressão deve ser interrompida, a agulha retirada e realizada
uma nova injeção na região ainda vermelha ou roxa que não foi afetada pela glicose.
Lembre-se que a aplicação deve ser sempre efetuada devagar, o líquido esclerosante
precisa sair da seringa e entrar no vaso de forma lenta caso contrário aumenta-se a
chance de pigmentar a área. Além disso, é muito comum durante a aplicação da glicose
o aparecimento de pápula bem próxima ao bisel, pare imediatamente, assim que
perceber isso, porque pode ocasionar uma hiperpigmentação.

Um vaso quando esclerosado, a coloração que antes era roxa ou vermelha, desaparece
momentaneamente, logo após ela reaparece avermelhada, e pode vir a desaparecer
por definitivo em até 15 dias. Então preste atenção para não aplicar glicose mais de
uma vez em um mesmo vaso, pois isso também pode hiperpigmentar a região. A
hiperpigmentação é a complicação mais comum nessa técnica e quando isso acontece,
mandamos formular um creme clareador para o paciente passar, em algumas situações
a mancha tende a sumir por si só, porém em outros casos realmente há necessidade do
creme.

FÓRMULA DESPIGMENTANTE:

Ácido tioglicólico ................ 10-15% (mais indicado 8%)

Loção ou creme qsp .......... 30 mL ou 30g

Após a realização do procedimento o paciente deve ser orientado a não deixar a região
tratada exposta ao sol por pelo menos 30 dias, também é normal que local fique roxo,
em vista disso pode ser utilizado hirudoid ou arnica na região. Não é recomendado
usar sapatos de salto alto nos dias seguintes, porém se o paciente quiser usar ele deve
possuir no máximo 5 cm e possuir o solado quadrado. Também é contraindicado que

154
PROTOCOLOS MICROINVASIVOS UTILIZADOS EM CLÍNICAS DE ESTÉTICA │ UNIDADE V

após o procedimento o paciente realize atividade física por 72 horas e que evite ficar
muito tempo em pé ou sentando.

O uso de meias de compressão é recomendado, o ideal é que o paciente leve a meia no


dia do procedimento e já saia vestido com ela do consultório. O paciente pode relatar a
perna dolorida e pesada após o tratamento, neste caso o ideal é deixar a perna elevada
em comparação ao corpo. Ele também deve ser orientando a não retirar as cascas
formadas pelo processo de cicatrização e não coçar a região. As regiões corporais em
que o PEIM é mais realizado são: parte interna de joelho e coxas, parte externa de coxas
e posterior de perna e no pé (região mais dolorida).

O número de sessões pode variar de acordo com caso, porém o paciente deve retornar
ao consultório após 30 dias. Neste momento é feita a evolução e o profissional junto
com o paciente devem decidir se há ou não a necessidade de uma nova sessão. Sempre
deixando claro que é um tratamento que deve ser feito de forma contínua e que os vasos
reaparecem ao longo do tempo por diversos fatores sejam genéticos, hormonais, estilo
e qualidade de vida, entre tantos outros. Lembrando que homens também procuram
esse procedimento, porém são minorias.

155
RESPONSABILIDADE
LEGAL DO UNIDADE VI
PROFISSIONAL
ESTETA

CAPÍTULO 1
Regulamentação da Biomedicina
Estética

Origem da biomedicina estética


A biomedicina estética é uma especialidade do biomédico reconhecida pelo Conselho
Federal de Biomedicina (CFBM). O profissional habilitado nessa área utiliza
comprovações científicas para aplicar ou até mesmo desenvolver novos protocolos
ou procedimentos estéticos. Além disso, o profissional tem a capacidade de cuidar da
saúde e do bem-estar do paciente, promovendo, em determinados casos, o retorno da
autoestima.

Os procedimentos estéticos que o biomédico esteta está autorizado a realizar estão


listados a seguir:

1. Avaliação e acompanhamento.

2. Eletroterapia e eletroestimulação.

3. Laserterapia:

› epilação a laser;

› fototerapia e LED;

› lasers fracionados não ablativos;

› Luz Intensa Pulsada;

› remoção de tatuagem e maquiagem definitiva.

156
RESPONSABILIDADE LEGAL DO PROFISSIONAL ESTETA │ UNIDADE VI

4. Microagulhamento.

5. Peelings químicos:

› superficial;

› médio.

6. Peelings mecânicos:

› hidrodermobrasão;

› microdermobrasão (cristal e diamante).

7. Biotecnologias:

› radiofrequência;

› ultra-cavitação;

› ultrassom dissipado;

› ultrassom focalizado;

› endermologia;

› criolipólise.

8. Procedimentos injetáveis, escarificantes, perfurocortantes e


medicamentosos:

› carboxiterapia;

› intradermoterapia capilar, corporal e facial;

› intramuscular capilar, corporal e facial;

› preenchimentos injetáveis;

› toxina botulínica;

› fios de sustentação.

9. Cosmetologia avançada.

Ademais, o biomédico esteta, além de trabalhar na parte clínica da biomedicina


estética, também tem autonomia para atuar como responsável técnico de clínicas
de estética, nas pesquisas científicas, na docência e em indústria de equipamentos e
cosméticos.

157
UNIDADE VI │ RESPONSABILIDADE LEGAL DO PROFISSIONAL ESTETA

Resolução no 197, de 21 de fevereiro de 2011


A resolução no 197 de 21 de fevereiro de 2011 dispõe sobre as atribuições do profissional
biomédico no exercício da saúde estética e para atuar como responsável técnico de
empresa que executam atividades para fins estéticos. Esta resolução pode ser linda na
íntegra no link: crbm1.gov.br/RESOLUCOES/Res_197de21fevereiro2011.pdf

Resolução no 200, de 1 de julho de 2011


A resolução do Conselho Federal de Biomedicina de no 200 do dia 1 de julho de 2011
regulamentou a habilitação de biomedicina estética para os biomédicos que preenchem
os requisitos estabelecidos pelo Conselho. É possível analisar a resolução na íntegra por
meio do link crbm1.gov.br/RESOLUCOES/Res_200de01julho2011.pdf

Resolução no 214, de 10 de abril de 2012


A resolução no 214 de 10 de abril de 2012 regulamenta a utilização de determinadas
substâncias para a realização de procedimentos estéticos pelos biomédicos(as) estetas.
O link abaixo é possível analisar a resolução na íntegra: crbm1.gov.br/RESOLUCOES/
Res_214de10abril2012.pdf

Observações:

» De acordo com a Resolução no 4.302, de 5 de outubro de 2012, da ANVISA,


foi proibido o uso dos seguintes compostos: chá-verde, centella asiática,
ginkgo bioloba, melilotus, castanha-da-índia, dente-de-leão, sinetrol,
ayslim, girassol (extrato).

» A Resolução no 128, de 14 de janeiro de 2013, proíbe a utilização do


princípio ativo tiratricol.

Resolução no 241, de 29 de maio de 2014


A Resolução no 241 de 29 de maio de 2014 dispõe sobre atos do profissional
biomédico com habilitação em biomedicina estética e regulamenta a prescrição
por este profissional para fins estéticos. A seguir, é possível analisar a resolução na
íntegra por meio do link: crbm1.gov.br/site2019/wp-content/uploads/2013/12/
RESOLUCAOCFBM-n-241-2014.pdf

158
RESPONSABILIDADE LEGAL DO PROFISSIONAL ESTETA │ UNIDADE VI

Resolução no 304, de 23 de abril de 2019


A Resolução no 304 de 23 de abril de 2014 relata que ao profissional biomédico será
permitido adquirir e usar substâncias nas atividades e procedimentos na biomedicina
estética, apenas as substâncias dispensadas de prescrição médica de acordo com as
resoluções da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), e regulamentadas
por resoluções e normativas do Conselho Federal de Biomedicina (CFBM). Esta
resolução pode ser linda na íntegra no link: cfbm.gov.br/wp-content/uploads/2019/04/
resolucao_304.pdf

Normativa no 004, de 05 de novembro de 2015


Esta normativa dispõe sobre procedimentos realizados por biomédicos estetas,
utilizando-se de fios de sustentação tecidual para fins estéticos. Esta normativa pode
ser lida na íntegra no link: crbm1.gov.br/novosite/wp-content/uploads/2014/01/
NORMATIVA-CFBM-004.2015-ESTETICA.pdf.

Responsabilidade civil do profissional esteta


A responsabilidade civil é definida como um direito de reparar um dano que uma
pessoa causa a outra. A pessoa a quem foi causado o dano pode pedir na justiça
reparação pelo malefício causado a ela. Essa norma é baseada pelo princípio de que
ninguém pode lesar o interesse ou direito de outro indivíduo. Isto é descrito no art.
927 do Código Civil, que diz: “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano
a outrem, fica obrigado a repará-lo”. Já os art 186 e 187 relatam (ANGHER, 2015):

Art 186: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência


ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito (ANGHER, 2015).

Art 187: Também comete ato ilícito o titular de um direito que,


ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo fim
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes (ANGHER,
2015).

Além disso, o parágrafo único do art. 927 do Código Civil relata que: “haverá obrigação
de reparar o dano independentemente de culpa”. Ou seja, a culpa não é um fator
primordial do código, essenciais são a conduta humana, o dano ou lesão provocada e o
vínculo de causalidade entre a conduta e o dano (ANGHER, 2015).

159
UNIDADE VI │ RESPONSABILIDADE LEGAL DO PROFISSIONAL ESTETA

Na responsabilidade civil, a culpa é designada quando o executor do malefício não tinha


a intenção de provocá-lo, porém devido a imprudência, imperícia e negligência, causou
um dano e deve repará-lo.

A imprudência acontece devido à precipitação do profissional quando, por falta de


medidas de prevenção e atenção na realização de determinado procedimento, causa
um dano ou lesão ao paciente. A imprudência ocorre quando o profissional esteta não
tem prática ou conhecimento teórico para a realização do procedimento.

Já a imperícia acontece quando o executor acredita que tem todos os conhecimentos


teóricos e práticos para a execução do tratamento, no entanto, não está preparado
devido a inexistência de conhecimento, aptidão, capacidade e competência.

Por fim, a negligência é definida quando o profissional esteta não toma os cuidados
necessários, não assiste a realização do procedimento com a devida cautela e diligência,
agindo com total descuido (OLIVEIRA, 2008). Quando a existência de um dos fatores
supracitados for comprovada em algum procedimento estético, fica caracterizada a
culpa do agente. Ou seja, o profissional esteta deverá reparar o malefício causado ao
paciente, pois sem a intenção acabou por provocar um dano ou lesão.

Por outro lado, há a possibilidade da responsabilidade civil ser excluída quando a


culpa pelo malefício for do próprio paciente, a lesão adquirida ter sido ocasionada por
terceiros, por caso fortuito ou força maior e cláusula de não indenizar (OLIVEIRA,
2008).

A culpa do paciente acontece quando o dano realizado for ocasionado pelo próprio
paciente. Exemplo: O profissional esteta recomenda que o paciente não tome sol após
o CO2 fracionado ou peeling para evitar manchas, não obstante, o paciente não segue as
recomendações.

Terceiros podem causar algum tipo de maléfico ao paciente que compromete o


tratamento. O caso fortuito ou de força maior sucede quando procede de efeitos
imprevistos ou inevitáveis. Esses princípios estão listados no Código Civil, art.393
(OLIVEIRA, 2008).

Art 393: O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de


caos fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles
responsabilizado (ANGHER, 2015).

Parágrafo único do Art 393: O caso fortuito ou força maior verifica-


se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir
(Angher, 2015).

160
RESPONSABILIDADE LEGAL DO PROFISSIONAL ESTETA │ UNIDADE VI

No caso do profissional esteta o tipo de dano mais evidente que pode provocar é
o dano estético que lesa a beleza física do paciente, comprometendo a harmonia
corporal. Este tipo de lesão pode ser permanente, o que impossibilita a correção do
malefício. Ademais, o dano estético em muitos casos, vem acompanhado de lesões
morais ou materiais, por isso elas são consideradas eventos complexos que devem ser
analisados não somente no âmbito estético, mas também em relação à expectativa
criada pelo procedimento que não foi correspondida (OLIVEIRA, 2008).

A lesão estética no paciente provoca sofrimento, pois esse esperava uma alteração
positiva da sua aparência sem a modificação física maléfica. Entretanto, essa
modificação ocasionou no paciente uma dor moral, além de uma alteração física
desagradável (OLIVEIRA, 2008). Exemplos: cicatrizes, hipercromias, hipocromias,
entre outros.
o
Com a publicação do Código de Defesa do Consumidor pela Lei n 8.078/1990 os
profissionais liberais da saúde e estabelecimentos que prestam serviço, tais como:
clínicas, consultórios, hospitais e laboratórios assaram a ser equiparados a prestadores
de serviços da saúde. O prestador de serviços liberal é aquele que presta serviços
diretamente ao paciente no consultório. Já o prestador de serviços empresarial é aquele
que presta serviços em ambientes empresariais como: clínicas, hospitais, laboratórios.
O art. 14 §4° relata a responsabilidade civil desses profissionais (OLIVEIRA, 2008).

Art. 14. O fornecedor de serviços responde independentemente


da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como
por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos
(ANGHER, 2015).

§ 4oA responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada


mediante a verificação da culpa (ANGHER, 2015).

Logo, há a necessidade de provar que existiu culpa por parte do profissional.


No entanto, fica implícita a possibilidade de inversão do ônus da prova devido à
hipossuficiência do paciente em relação ao profissional da saúde (CDC, Art 6o, inciso
VIII) (OLIVEIRA, 2008).
o
Art. 6 : São direitos básicos do consumidor (ANGHER, 2015):

VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do


ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz,
for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as
regras ordinárias de experiências (ANGHER, 2015).

161
UNIDADE VI │ RESPONSABILIDADE LEGAL DO PROFISSIONAL ESTETA

Por fim, ressaltamos que é de extrema importância que o profissional esteta consulte
um advogado especializado nesta área antes de começar a exercer sua profissão, para
que as dúvidas do âmbito jurídico sejam elucidadas.

Documentação exigida e aspectos legais


para abertura de clínica de estética
O primeiro passo para abertura de uma clínica de estética é a contratação de um contador.
Esse profissional está devidamente habilitado para elaborar os atos constitutivos da
empresa, além de auxiliar o profissional esteta na escolha do tipo de empresa que mais
se adequada para o projeto, no preenchimento dos formulários exigidos pelos órgãos
que realizam a inscrição de pessoas jurídicas e ceder informações sobre a legislação
tributária pertinente ao negócio (Sebrae, disponível em: <https://www.sebrae.com.
br/appportal/reports.do?metodo=runReportWEM&nomeRelatorio=ideiaNegocio&nom
ePDF=Como%20montar%20um%20centro%20de%20est%C3%A9tica&COD_IDEIA=39
187a51b9105410VgnVCM1000003b74010a____ > Acesso em: 13 jan 2020Para legalizar
uma clínica de estética, é necessário procurar os órgãos governamentais específicos
que regulamentam o funcionamento desses estabelecimentos. As fases do registro
empresarial são as seguintes (Sebrae, <https://www.sebrae.com.br/appportal/reports.do
?metodo=runReportWEM&nomeRelatorio=ideiaNegocio&nomePDF=Como%20montar%20
um%20centro%20de%20est%C3%A9tica&COD_IDEIA=39187a51b9105410VgnVCM100000
3b74010a____ > Acesso em : 13 jan 2020).

» Registrar a empresa nos órgãos:

› Junta comercial.

› Corpo de Bombeiros Militar.

› Secretária da Receita Federal (CNPJ).

› Secretária Estadual da Fazenda.

› Cadastramento na Caixa Econômica Federal no sistema


“ConectividadeSocial – INSS / FGTS”.

› Cadastramento na prefeitura do município onde a clínica será sediada


para obtenção do alvará de funcionamento.

› Enquadramento na Entidade Sindical Patronal (a empresa ficará


obrigada ao recolhimento anual de Contribuição Sindical Patronal).

» Visita da prefeitura da cidade à sede da clínica para fazer a consulta local.

162
RESPONSABILIDADE LEGAL DO PROFISSIONAL ESTETA │ UNIDADE VI

» Obter o alvará de licença sanitária e adequar as instalações físicas


do imóvel de acordo com as regulamentações do Código Sanitário.
No âmbito federal a fiscalização das normatizações do código de
responsabilidade é da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA), já na esfera estadual a responsabilidade é da Secretária
Estadual e da Secretária Municipal de Saúde.

» Registrar a clínica no Conselho Regional de Biomedicina responsável


pela jurisdição do estado no qual o empreendimento foi fundado.

O profissional esteta também deve consultar as portarias municipais e estaduais que


fiscalizam e regularizam o setor de clínicas de estéticas na cidade e estado de origem.
A fiscalização federal é feita pela ANVISA. A seguir estão listadas algumas portarias
federais:
o
» Resolução n 5.186 de 20/11/2009: determina, como medida de interesse
sanitário, a suspensão, em todo território nacional, de propagandas de
equipamentos para bronzeamento artificial PARADISO E DORATA,
- o
com registros vencidos junto à ANVISA Resolução RE n 5.185, de
20 de novembro de 2009. D.O.U no 222, de 20/11/2009: determina,
como medida de interesse sanitário, a suspensão, em todo território
nacional, das propagandas do produto PLATAFORMA POWER PLATE,
sem registro junto à ANVISA.Resolução n 51, e 24/3/2003: classifica
o d

os aparelhos ativos, eletroestimuladores, para utilização em educação


física, embelezamento e correção estética na classe de risco II, regra
nove, conforme previsto pelo parágrafo único do art. 1 da DC no 185, de
R

22/10/2001.
o
» Lei n 6.360, de 23/9/1976: dispõe sobre a vigilância sanitária de
medicamentos, drogas, cosméticos, saneantes e outros.

Para ter acesso a todas as portarias e leis que regem o campo da estética basta acessar
o site ANVISA e fazer as consultas de interesse. Anvisa: portal.anvisa. gov.br/wps/
portal/anvisa/home.

Além disso, toda empresa que presta serviços ou fornece algum tipo de produto precisa
observar e respeitar as regras que compõe o Código de Defesa do Consumidor (CDC),
publicado em 11 de setembro de 1990, e regulariza as regras que compõem a relação
entre consumidor e fornecedores.

163
Para (não) Finalizar

A estética é uma área que está em constante atualização. Com isso, o profissional que
irá atuar nesse campo deve procurar fazer cursos presenciais e estágios para colocar em
prática os conhecimentos adquiridos na teoria. Apenas a prática irá trazer segurança
e confiança na execução dos procedimentos. A leitura de artigos científicos e livros
especializados irá fundamentar os conhecimentos adquiridos nesta apostila.

Quando o profissional esteta deixa os bastidores da saúde e passa a ter um contato


mais direito com o paciente, esse profissional adquire responsabilidades que antes
não faziam parte da sua rotina. Por isso, somente a vivência prática dos estágios e dos
cursos presenciais, que fazem atendimentos ao público, irão trazer a sensibilidade
de como tratar corretamente o paciente. Além de proporcionar ao profissional esteta
que tire dúvidas específicas sobre como realizar determinado procedimento porque,
infelizmente, certas dúvidas de caráter prático não podem ser elucidadas apenas com
teoria. Ou seja, somente após a realização de atividades práticas o profissional esteta
estará pronto para ingressar definitivamente no mercado da saúde estética.

164
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