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Saúde, Segurança e Meio Ambiente

na Manutenção

Brasília-DF.
Elaboração

Denize Vilela Novais

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7

UNIDADE I
SAÚDE OCUPACIONAL......................................................................................................................... 11

CAPÍTULO 1
CONCEITOS BÁSICOS............................................................................................................. 11

CAPÍTULO 2
DOENÇAS OCUPACIONAIS..................................................................................................... 24

CAPÍTULO 3
QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E SUA GESTÃO................................................................. 35

UNIDADE II
SEGURANÇA DO TRABALHO E A MANUTENÇÃO.................................................................................... 41

CAPÍTULO 1
SEGURANÇA DO TRABALHO – CONCEITOS E LEGISLAÇÃO...................................................... 41

CAPÍTULO 2
PREVENÇÃO DE ACIDENTES E A MANUTENÇÃO PREVENTIVA.................................................... 54

UNIDADE III
MEIO AMBIENTE E MANUTENÇÃO......................................................................................................... 60

CAPÍTULO 1
MEIO AMBIENTE – CONCEITOS, POLÍTICA AMBIENTAL, PRESERVAÇÃO E RESPONSABILIDADE..... 60

CAPÍTULO 2
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS.............................................................................................. 68

CAPÍTULO 3
EMPRESAS COM MELHORES PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE E EXEMPLOS DE DANOS E
DESASTRES AMBIENTAIS............................................................................................................ 72

REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 80
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

5
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
De acordo com a Norma Regulamentadora nº 4 (NR-4) do Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE), “Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina
do Trabalho”, tanto órgãos públicos, poderes Executivo, Legislativo e Judiciário,
quanto empresas públicas e privadas que dispuserem de empregados com contratação
regida pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) devem manter tais serviços com a
finalidade de proteção do trabalhador no local de trabalho e promover sua saúde.

Assim, o “Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do


Trabalho – SESMT” tem atribuições importantíssimas dentro de cada empresa,
como de cuidar da segurança e saúde dos trabalhadores, além do ambiente em que
todos executam suas tarefas de trabalho, são responsáveis pelo mapeamento de
riscos, distribuição de equipamentos de proteção individual (EPIs), encaminhamento
para treinamentos no caso de acidentes, gestão de resíduos, além de diversas outras
tarefas. Além disso, a empresa é responsável pelas operações que cada parceiro e
contratados executam internamente. Portanto, cabe ao SESMT cuidar da Saúde ou
Saúde Ocupacional, Segurança e Meio Ambiente (SSMA), proporcionando a todos,
empregados e empresa, um ambiente saudável e evitando situações e locais de risco,
assunto este a ser abordado a seguir.

Nesse material será utilizada a sigla SSMA para Saúde ou Saúde Ocupacional,
Segurança e Meio e o acrônimo SESMT sempre que nos referirmos ao setor resposável
por cuidar da SSMA dentro da empresa. Na literatura, há algumas variações de siglas
como SST especificando apenas Segurança e Saúde do Trabalho, porém tratando do
mesmo assunto. Internacionalmente a sigla HSE – Healthy, Safety and Environment
é utilizada. As Normas Regulamentadoras serão tratadas por NR e seu respectivo
número. Além do acrônimo CIPA à “Comissão Interna de Prevenção de Acidentes” e
CAT que é a Comunicação de Acidente de Trabalho.

Em uma breve consulta à base de dados da Previdência Social verificou-se uma média
de mais de 560.000 acidentes de trabalho no período de 1999 a 2014. (Disponível em:
<http://www.previdencia.gov.br/dados-abertos/dados-abertos-previdencia-social/>.
Acesso em: 19 julho 2017). Já em consulta ao Anuário Estatístico da Previdência
Social de 2015 – AEPS 2015, na Seção IV, em 2015 totalizaram 612.632 acidentes.
(Disponível em: <http://www.previdencia.gov.br/dados-abertos/dados-abertos-
previdencia-social/>. Acesso em: 5 jun. 2017). Esses dados reforçam a importância de
estudar este tema.

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Antes de falarmos especificamente de SSMA, alguns conceitos serão apresentados com
o intuito de instigar o leitor sobre a importância do que será estudado. Se procurarmos
o significado das palavras que intitulam essa disciplina é possível entender como elas
estão intrinsecamente relacionadas e a relevância de cada uma dentro das empresas e
da manutenção em si.

“Saúde - lat salutem

1 Estado do organismo com funções fisiológicas regulares e com características


estruturais normais e estáveis,.../ 2 Bem-estar físico, psíquico e social. / 3 Vigor
físico, energia, força, robustez”.

Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=sa%


C3%BAde>. Acesso em: 24 maio 2017.

“Segurança - Segurar+-ança

1 Ação ou efeito de tornar(-se) seguro./ 2 Estado do que se acha seguro ou


firme; estabilidade, solidez. /3 Aquilo que protege de agentes exteriores; abrigo,
proteção, resguardo. / 4 Condição ou estado do que está livre de danos ou riscos”.

Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=seg


uran%C3%A7a>. Acesso em: 24 maio 2017.

“Meio Ambiente - lat ambiens

1 Conjunto total das condições externas que cercam e influenciam um organismo


vivo e que também recebem sua influência.

Ambiente - Que envolve ou circunda os seres vivos ou coisas e constitui o meio


em que se encontram”.

Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/busca?id=dNoq4>.

<http://michaelis.uol.com.br/busca?id=BdPn>. Acesso em: 24/5/2017.

“Manutenção - lat manutentio

1 Ato ou efeito de manter(-se). / 2 Ato de conservar ou de fazer durar algo em bom


estado; preservação. / 3 Aquilo que apoia ou sustém algo; apoio, sustentação. /
4 Despesa feita com a subsistência de alguém ou de algo; mantença. / 5 Ação de
administrar algo; administração, gerenciamento. / 6 Cuidado periódico para a
boa conservação de máquina, equipamento, ferramenta etc”.

Disponível em: Adaptado de <http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&


palavra=manuten%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em: 24 maio 2017.

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Logo, pode-se dizer que o setor de manutenção é a alma de qualquer empresa, é ele que
mantém tudo funcionando e em perfeitas condições, é ele que impacta diretamente a
produção, por isso da definição do ato de conservar. Daí a importância de se estudar
SSMA na manutenção ou em qualquer área, entender alguns conceitos relativos à
saúde ocupacional e segurança, saber que há uma legislação específica com normas
regulamentadoras e onde encontrá-las, além de saber o quanto cada atividade produtiva
impacta no meio ambiente, conhecendo ações de empresas que são referências em
sustentabilidade, e por meio de exemplos de acidentes trágicos entender a importância
de cada um dentro do processo produtivo.

Objetivos
»» Compreender como a manutenção pode impactar na saúde e segurança
do trabalhador e também no meio ambiente.

»» Conhecer a legislação trabalhista vigente acerca da saúde e segurança no


trabalho.

»» Entender como é importante a manutenção na prevenção de acidentes.

»» Compreender a importância de promover a qualidade de vida dos


trabalhadores em suas ocupações.

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SAÚDE OCUPACIONAL UNIDADE I

CAPÍTULO 1
Conceitos básicos

“Há, verdadeiramente, duas coisas diferentes: saber e crer que se sabe. A ciência
consiste em saber; em crer que se sabe está a ignorância”. (HIPÓCRATES)

Conceitos e associações de higienistas


ocupacionais
A Organização Mundial da Saúde-OMS, em conjunto com a Organização Internacional
do Trabalho-OIT, define os objetivos da saúde ocupacional, resumidamente é o de
salvaguardar a saúde do trabalhador, promovendo seu bem-estar físico, mental e
social em qualquer ocupação, também de prevenir que, pelas condições de trabalho, o
indivíduo venha a ter qualquer desvio na sua saúde, além de proteger os trabalhadores
dos riscos ou agentes que prejudicam a saúde, manter o local de trabalho adequado
às aptidões fisiológicas e psicológicas de cada um (OMS/OIT apud BARBOSA FILHO
2010, p.7).

Segundo Campos (2016), historicamente a saúde do trabalhador no Brasil passa a


ter nova definição e delineamento institucional com a criação do “Sistema Único de
Saúde-SUS”, no qual foi incorporada como área também de competência da própria
saúde. Em 1990, o SUS foi criado com a Lei no 8.080. No Art. 6o, parágrafo 3 dessa lei,
define-se saúde do trabalhador como “[...] um conjunto de atividades que se destina,
através das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e
proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da
saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de
trabalho”.

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UNIDADE I │ SAÚDE OCUPACIONAL

Para conhecer mais definições da saúde do trabalhador e o que ainda está


incluído no campo de atuação do SUS, consulte:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm>. Acesso em: 6 de jun 2017.

Para a World Health Organization (WHO) ou Organização Mundial de Saúde (OMS),


a saúde ocupacional foca na prevenção primária de perigos, trata de todos os aspectos
da saúde e segurança no local de trabalho. Acredita ser primordial para a saúde pública,
pois são programas instituídos no local de trabalho que têm mostrado bons resultados
para o controle das principais doenças, como doenças transmissíveis e doenças
cardíacas, além delas incluem-se fatores de risco no local de trabalho que levam a
doenças respiratórias, circulatórias, musculoesqueléticas, perda auditiva e outras. O
quadro 1 mostra os benefícios da promoção de saúde no trabalho para as empresas e
para o empregado. Disponível em: <http://www.who.int/occupational_health/topics/
workplace/en/index1.html>. Acesso em: 6 jun 2017.

Quadro 1. Benefícios da promoção da saúde no ambiente de trabalho.

Para a empresa Para o empregado

Um programa de saúde e segurança bem gerido Um ambiente de trabalho seguro e saudável

Uma imagem positiva Maior autoestima

Melhora na autoestima da equipe Redução do Stress

Redução da rotatividade de pessoal Moral melhorada

Menor absenteísmo Aumento da satisfação no trabalho

Produtividade aumentada Maior capacidade de proteção da saúde

Custos reduzidos de cuidados de saúde / seguro Saúde melhorada

Risco reduzido de multas Melhor senso de bem-estar

Fonte: Adaptado de <http://www.who.int/occupational_health/topics/workplace/en/index1.html>. Acesso em: 6 jun 2017.

Santana (2006) estudou sobre a saúde do trabalhador no Brasil, com uma visão voltada
na quantidade de pesquisas que são geradas na pós-graduação, incluindo teses e
dissertações. A ferramenta utilizada pela autora foi a busca em bancos de dados com
as seguintes palavras-chave: ergonomia, higiene ocupacional, saúde do trabalhador,
toxicologia e saúde ocupacional. O período avaliado foi de 1970 a 2004 e mostrou um
crescimento em estudos com esse tema. Acredita-se que isso é devido ao aumento no
interesse em saúde pública e coletiva no país, juntamente com o crescimento do número
de programas de pós-graduação.

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SAÚDE OCUPACIONAL │ UNIDADE I

A palavra higiene vem do grego Hygéia, que significa sã ou sadio, nome da deusa
grega da saúde Hygéia, filha de Asklepios, o deus da medicina. Esta palavra foi
incorporada à língua portuguesa através do grego hygeinos que significa o
que é saudável. Disponível em: <https://www.dicionarioetimologico.com.br/
higiene/>. Acesso em: 1 jun 2017.

Figura 1. Hygéia and Asklepios.

Fonte: <http://01greekmythology.blogspot.com.br/2014/01/hygeia.html>. Acesso em: 2 jun 2017

Na literatura você pode encontrar uma variação dos termos que se referem à saúde
do trabalhador, por exemplo, higiene industrial, higiene ocupacional ou simplesmente
higiene do trabalho. Porém, cabe aqui neste material apresentar as definições de
algumas associações e de alguns autores respeitados nessa área. Barsano e Barbosa
(2012) usaram em seu livro o conceito de higiene industrial da Associação Americana
de Higienistas Industriais – AIHA e relataram a importância de estudar essa ciência
relacionada à qualidade de vida e segurança do trabalho, justamente os preceitos
que SESMT trabalha; e assim possibilitar aos empregados um ambiente de trabalho
saudável, mantendo a integridade física e psíquica do trabalhador tanto quanto for
possível.

No guia Higiene Ocupacional Explicada da Sociedade Britânica de Higiene ocupacional


(BOHS), os autores dizem que há diferença entre Saúde ocupacional e Higiene
ocupacional, sendo disciplinas distintas, porém trabalham juntas de uma forma
multidisciplinar e se complementam. O termo saúde ocupacional é usado quando se
refere à verificação de quais são os efeitos do trabalho sobre a saúde para um único
indivíduo e também para os demais trabalhadores. Essa relação multidisciplinar pode
ser vista na figura. 2.

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UNIDADE I │ SAÚDE OCUPACIONAL

Figura 2. Diagrama Saúde Ocupacional x Higiene Ocupacional.

Proteção das
pessoas dos
riscos à saúde no
ambiente de
trabalho

Gerenciamento Promoção de
da saúde dos estilo de vida
trabalhadores mais saudável

Fonte: Adaptado de <http://www.bohs.org/wp-content/uploads/2016/11/Occupational-Hygiene-Explained.pdf>. Acesso em: 6


jun 2017

Na obra Higiene Ocupacional: Agentes Biológicos, Químicos e Físicos (BREVIGLIERO;


POSSEBON; SPINELLI, 2015), assim como a IOHA - Associação Internacional de
Higiene Ocupacional (IOHA), define-se higiene ocupacional como a ciência e arte que
se dedica a reconhecer, avaliar e controlar os possíveis fatores ou riscos ambientais que
surgem no ou do trabalho, tanto para trabalhadores ou entre cidadãos da comunidade
e que podem causar doenças, ou prejuízos à saúde e ao bem-estar.

Algumas associações usam o termo higiene ocupacional, outras utilizam higiene


industrial. A International Occupational Hygiene Association (IOHA - Associação
Internacional de Higiene Ocupacional) é uma ONG e foi criada em 1987 para promover
e melhorar a higiene ocupacional no mundo todo por meio de suas 34 organizações
membros de modo a manter um ambiente de trabalho seguro e saudável para todos;
totalizando mais de 20.000 higienistas ocupacionais no mundo. A IOHA é reconhecida
pela OIT e também pela OMS. Disponível em: <http://ioha.net/about-ioha/>. Acesso
em: 1 jun 2017.

A Associação Internacional de Higiene Ocupacional (IOHA) define higiene ocupacional


como:

ciência e arte dedicada à antecipação, reconhecimento, avaliação,


prevenção e controle dos fatores ou riscos ambientais que oriundos no

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SAÚDE OCUPACIONAL │ UNIDADE I

ou do local de trabalho e que podem ocasionar doenças, problemas de


saúde e bem-estar, ou desconforto significativo entre trabalhadores ou
entre cidadãos da comunidade.

E ainda define de outra forma:

Higiene no trabalho também tem sido definida como a prática da


identificação de agentes nocivos; químico, físico e biológico no local
de trabalho que podem causar doença ou desconforto, avaliando o
tamanho do risco devido à exposição a estes agentes perigosos, e o
controle desses riscos para prevenir problemas de saúde a longo ou a
curto prazo.
Disponível em: <http://ioha.net/faq/>. Acesso em: 1 jun 2017.

Para saber mais sobre a IOHA, acesse: <http://ioha.net/>.

Dentro das organizações membros da IOHA está a Associação Brasileira de Higienistas


Ocupacionais (ABHO), criada em 1994, para unir os profissionais que atuam em higiene
ocupacional e também os de áreas relacionadas. A ABHO define higiene ocupacional
como:

ciência e a arte dedicada ao estudo e ao gerenciamento das exposições


ocupacionais aos agentes físicos, químicos e biológicos, por meio
de ações de antecipação, reconhecimento, avaliação e controle das
condições e locais de trabalho, visando à preservação da saúde e bem-
estar dos trabalhadores, considerando ainda o meio ambiente e a
comunidade.
Disponível em: <http://www.abho.org.br/abho/>. Acesso em: 2 jun 2017

Para saber mais da ABHO, acesse: <http://www.abho.org.br/>.

A American Industrial Hygiene Association (AIHA – Associação Americana de


Higiene Industrial) é uma organização sem fins lucrativos, fundada em 1939, cujos
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UNIDADE I │ SAÚDE OCUPACIONAL

muitos dos membros são higienistas industriais certificados, ela possui como missão
criar conhecimento para proteger a saúde dos trabalhadores e, assim, a eliminação
de doenças no local de trabalho, sendo sua visão. Esta é uma das maiores associações
internacionais nessa área. Disponível em: <https://www.aiha.org/about-aiha/Pages/
default.aspx>. Acesso em: 1 jun 2017.

A Associação Americana de Higiene Industrial (AIHA) define higiene industrial como:

é uma ciência e arte dedicada à antecipação, reconhecimento, avaliação,


prevenção e controle dos fatores ou riscos ambientais que surgem no
local de trabalho, que podem causar doenças, problemas de saúde e
bem-estar, ou desconforto significativo entre trabalhadores ou entre
cidadãos da comunidade.
Disponível em: <https://www.aiha.org/ABOUT-IH/Pages/default.aspx>. Acesso em: 2 jun 2017.

Para saber mais da AIHA, acesse: <https://www.aiha.org>.

Falagán e colaboradores (2000) definiram higiene industrial no Manual Básico de


Prevenção de Riscos Ocupacionais: Higiene Industrial, Segurança e Ergonomia como
sendo:

uma técnica não médica de prevenção, que atua frente aos contaminantes
ambientais derivados do trabalho, ao objeto de prevenir as doenças
ocupacionais dos indivíduos expostos a eles (FALAGÁN et al., 2000).

A British Occupational Hygiene Society BOHS - Sociedade Britânica de Higiene


Ocupacional é uma organização não governamental sem fins lucrativos e um
conselho é quem a administra, é uma das fundadoras da IOHA, foi fundada em
1953 focada na proteção da saúde do trabalhador. (Disponível em: <http://www.
councilforworkandhealth.org.uk/bohs>. Acesso em: 5 jun 2017)

A Sociedade Britânica de Higiene Ocupacional (BOHS) define higiene ocupacional


como:

A higiene ocupacional é a disciplina baseada na ciência de identificar,


avaliar e controlar a exposição a substâncias nocivas no local de trabalho,
como poeiras de amianto e cimento, fumaça e gases de soldagem e névoas

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SAÚDE OCUPACIONAL │ UNIDADE I

de pintura por pulverização, com o objetivo de proteger proativamente


a saúde dos trabalhadores. Disponível em:

<http://www.bohs.org/wp-content/uploads/2016/11/Occupational-Hygiene-Explained.pdf>.
Acesso em: 6 jun 2017.

Para saber mais da BOHS, acesse: <http://www.bohs.org/>.

A Occupational Safety and Health Administration (OSHA - Administração de


Segurança e Saúde Ocupacional) é uma agência americana de saúde pública, faz
parte do Departamento de Trabalho dos Estados Unidos, quem a administra é o
Secretário Adjunto do Trabalho para Segurança e Saúde Ocupacional, que responde
diretamente ao Secretário do Trabalho. A OSHA e a AIHA possuem um acordo entre
elas desde 2002.

A Administração de Segurança e Saúde Ocupacional (OSHA) define higiene industrial


como:

a ciência de antecipar, reconhecer, avaliar e controlar as condições do


local de trabalho que podem causar lesões ou doenças dos trabalhadores.
Os higienistas industriais usam monitoramento ambiental e métodos
analíticos para detectar a extensão da exposição do trabalhador e
empregar engenharia, controles de prática de trabalho e outros métodos
para controlar potenciais riscos para a saúde. Disponível em:
<https://www.osha.gov/dte/library/industrial_hygiene/industrial_hygiene.pdf>. Acesso em: 6
jun 2017.

Para saber mais da OSHA, acesse: <https://www.osha.gov/>.

Há variações quanto às definições de higiene, porém todas em sua essência possuem


o mesmo objetivo de realizar ações preventivas no ambiente de trabalho de forma
a promover e proteger a saúde e o bem-estar dos trabalhadores. Se observarmos as
definições, as palavras antecipação, reconhecimento, avaliação e controle estarão
presentes na maioria delas (PEIXOTO; FERREIRA, 2012).

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UNIDADE I │ SAÚDE OCUPACIONAL

Um trabalhador que está exposto a um ambiente não saudável pode vir a ficar
doente e, assim, ser incapaz de executar o trabalho, após o tratamento se o
trabalhador voltar ao mesmo ambiente onde contraiu a doença é muito provável
que a doença retorne, por isso há necessidade de tratar também o ambiente,
conhecendo os agentes prejudiciais neste, avaliar os riscos e assim adotar medidas
de controle. A figura 3 mostra, esquematicamente, como a Higiene Ocupacional
pode ser aplicada mostrando as três etapas citadas (BREVIGLIERO; POSSEBON;
SPINELLI, 2015).

Figura 3. Diagrama Saúde Ocupacional x Higiene Ocupacional.

Reconhecimento
Avaliação
Estudo do Controle
Processo
- Visitas -Estratégia
-Fonte HIGIENE
preliminares -Metodologia
-Percurso OCUPACIONAL
-Entrevistas com -Amostragem
-Trabalhador
trabalhadores -Análise
-Avaliações -Interpretação
preliminares

Fonte: Adaptado (BREVIGLIERO; POSSEBON; SPINELLI, 2015).

Burgess (1997) trata minuciosamente dos riscos inerentes a diversos processos


industriais de uma forma clara, tratando de possíveis problemas que poderão
comprometer a saúde na atividade específica industrial como, por exemplo:
produção de metais, preparação do metal (jateamento abrasivo, limpeza ácida de
metais, esmerilhamento e polimento), fabricação de produtos metálicos (forjamento,
fundição, usinagem, soldagem, tratamento térmico), acabamento de metais
(eletrodeposição, pintura), processamento de produtos químicos, eletrônica (solda,
baterias e microeletrônica), minerais (mineração, fabricação de abrasivos) entre
outras atividades. No final do seu livro, o autor apresenta um checklist de higiene
industrial para revisão de projetos e construções, no qual há um passo a passo
das informações a serem desenvolvidas durante a pesquisa e o desenvolvimento.
Reforçando que é necessário o conhecimento das etapas do processo industrial por
parte do profissional dessa área, a fim de identificar os possíveis riscos à saúde e seus
impactos no ambiente de trabalho.

Depois de conhecermos alguns conceitos básicos acerca da saúde do trabalhador e


também o que difere da higiene industrial ou ocupacional, é necessário que o leitor
aprenda a diferenciar quais são os tipos de riscos em um ambiente de trabalho.

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SAÚDE OCUPACIONAL │ UNIDADE I

Classificação de riscos
Barbosa Filho (2010) define riscos ambientais a cada uma das vezes que o indivíduo,
no trabalho, esteja submetido a oportunidades de danos à sua integridade ou à saúde.
Muitas são as variáveis que podem vir a causar tais danos, porém não sabemos se
irão concretizar, mas cabe aos responsáveis pelo setor de segurança e saúde avaliar
e tentar prever o quanto cada um desses elementos do dia a dia poderão contribuir
para que o trabalhador sofra tais danos. É necessário que haja um roteiro de
atividades para eliminação ou minimização de tais chances. Primeiramente, toda e
qualquer possibilidade de risco deverá ser identificada, seguida da avaliação quanto
a sua potencialidade e chances de ocorrência, e para cada fator de risco deve-se
avaliar qualitativamente e/ou quantitativamente dependendo da necessidade de
determinação exigida.

De acordo com a NR 9 do tem, que trata do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais


(PPRA), consideram-se riscos ambientais aqueles agentes físicos, químicos e biológicos
que existem em qualquer ambiente de trabalho e que podem prejudicar a saúde do
trabalhador dependendo da sua natureza, concentração e tempo de exposição.

Agentes Físicos segundo NR 9:

[...] as diversas formas de energia a que possam estar expostos os


trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais,
temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes,
bem como o infrassom e o ultrassom.
Fonte: MTE – NR 9.

Agentes Químicos segundo NR 9:

[...] as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no


organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas,
neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de
exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo através
da pele ou por ingestão.
Fonte: MTE – NR 9.

Agentes Biológicos segundo NR :9

[...] as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre


outros.
(Fonte: MTE – NR 9).

19
UNIDADE I │ SAÚDE OCUPACIONAL

Figura 5.

Fonte: <http://www.sinpait.com.br/images/sampledata/asimages/slider/slide-14.png>. Acesso em: 19 jul 2017.

A NR 9 pode ser lida na íntegra, visitando o site do Ministério do Trabalho. No


link, a seguir, o download poderá ser feito.

Disponível em: <http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR09/NR-


09-2016.pdf>. Acesso em: 7 jun 2017.

Brevigliero; Possebon; Spinelli (2015) dividem em seu livro os agentes ambientais


apenas como: físicos, químicos e biológicos. Entre os agentes físicos estão: o ruído,
vibrações, temperaturas extremas, pressões anormais, radiações ionizantes, radiações
não ionizantes. Os agentes químicos são gases e vapores e aerodispersoides (poeiras,
fumos névoas e neblinas (fibras)). Já os agentes biológicos: vírus, bactérias e fungos,
algas e parasitas. Conforme a NR 9 citada anteriormente.

A figura 4 retrata alguns exemplos de riscos pela Sociedade Britânica de Higiene


Ocupacional (BOHS), verifica-se que há uma mistura na literatura quanto a essa
classificação de riscos, por exemplo o ruído, a vibração e temperaturas extremas são
considerados riscos físicos, já poeira e fumo são riscos químicos. Porém, os três grandes
grupos são mantidos na maioria da literatura consultada.

Figura 4. Exemplos de Riscos no Local de Trabalho para a BOHS.

Fonte: Adaptado de <http://www.bohs.org/about-us/>. Acesso em: 6 jun 2017.

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SAÚDE OCUPACIONAL │ UNIDADE I

Barbosa Filho (2010) classifica da mesma forma que é encontrada na NR 5 em cinco


grupos, acredita ter maior abrangência de análise e, assim, da extensão de cuidados. A
NR-5 - CIPA de 1983, Portaria SSMT no 33, continha um anexo, o anexo IV referente à
elaboração do Mapa de Riscos, onde havia uma divisão dos riscos em: físicos, químicos,
biológicos, ergonômicos e riscos de acidentes. Porém, a NR-5 que está em vigor,
retificada em 1999, manteve como atribuição da CIPA a elaboração do mapa de riscos,
mas não detalha mais as etapas de elaboração deste e a classificação dos principais
riscos ocupacionais como pode ser visto na Fig. 5. (Disponível em: <http://www.
trabalhoseguro.com/NR/mapa_de_riscos.html>. Acesso em: 6 jun 2017).

O mapa de riscos simboliza o grau e o tipo do risco por meio de uma alocação visual,
com cores e formas predefinidas em uma planta baixa dos vários setores da organização.
Tais mapas ajudam a orientar as pessoas que utilizam do espaço, de forma habitual,
transitória ou circulante, quanto aos procedimentos para garantir a integridade das
pessoas usuárias de cada um dos espaços da empresa (BARBOSA FILHO,2010). É
importante conhecer as cores que identificam cada risco de acordo com a natureza deste,
e para, principalmente, usar o Equipamento de Proteção Individual (EPI) adequado
para cada atividade e local. Eles são divididos em cinco grupos, representados por
diferentes cores para facilitar a visualização.

Quadro 2. Anexo IV da Antiga NR-5 – “Classificação dos principais riscos ocupacionais em Grupos, de acordo

com a sua natureza e a padronização das cores correspondentes”.

Grupo 1: verde Grupo 2: vermelho Grupo 3: marrom Grupo 4: amarelo Grupo 5: azul
Riscos físicos Riscos químicos Riscos biológicos Riscos ergonômicos Riscos de acidentes
Ruídos Poeiras Vírus Esforço físico intenso Arranjo físico inadequado
Levantamento e transporte Máquinas e equipamentos
Vibrações Fumos Bactérias
manual de peso sem proteção
Exigência de postura Ferramentas inadequadas
Radiações ionizantes Névoas Protozoários
inadequada ou defeituosas
Controle rígido de
Radiações não ionizantes Neblinas Fungos Iluminação inadequada
produtividade
Imposição de ritmos
Frio Gases Parasitas Eletricidade
excessivos
Trabalho em turno e Probabilidade de incêndio
Calor Vapores Bacilos
noturno ou explosão
Substâncias, compostos
Jornadas de trabalho Armazenamento
Pressões anormais ou produtos químicos
prolongadas inadequado
em geral
Umidade Monotonia e repetitividade Animais peçonhentos
Outras situações de risco
Outras situações
que poderão contribuir
causadoras de stress físico
para a ocorrência de
e/ou psíquico
acidentes
Fonte: Adaptado de <http://www.trabalhoseguro.com/NR/mapa_de_riscos.html>. Acesso em: 6 jun 2017. Portaria no25, de 29
de dezembro de 1994, Anexo IV – NR 5 CIPA.

21
UNIDADE I │ SAÚDE OCUPACIONAL

Barsano e Barbosa (2012) definem em seu livro o Mapa de Riscos como sendo uma
representação gráfica, simples e objetiva dos agentes de risco presentes no ambiente de
trabalho. Tem como objetivos reunir as informações para o diagnótisco do ambiente e
também estimular o trabalhador para atividades preventivas. Depois de aprovado pela
CIPA, o mapa completo ou setorial deve ser afixado em cada local analisado. Além das
cores, o tamanho do círculo representa a intensidade do risco naquele ambiente. Na
figura 6 está um exemplo de Mapa de Riscos.

Figura 6. Exemplo de Mapa de Riscos.

Disponível em: <https://2.bp.blogspot.com/-dGe77RYU91w/TY_ZAw-NvnI/AAAAAAAAJMQ/rZXGCg-Ff0s/s1600/Imagem2.png>.


Acesso em: 7 jun 2017.

Trataremos em outra Unidade acerca da legislação trabalhista, porém é impossível


falar de saúde ocupacional e de riscos ambientais sem nos amparar nas Normas
Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego. São nelas que podemos
encontrar quais são os critérios qualitativos e quantitativos do risco. Barsano e Barbosa
(2012) dão um exemplo de um trabalhador submetido a ruídos em seu ambiente de
trabalho, como saber se este ruído está colocando em risco a saúde deste trabalhador?
É necessário que o profissional do SESMT conheça os critérios qualitativos do risco
físico, mas também saiba como quantificá-lo, neste caso utilizando um instrumento
adequado para medir a intensidade do som e verificar se ultrapassa o limite de tolerância
estabelecido por norma e o tempo de exposição e, assim, propor uma medida corretiva.

Acerca dos Riscos de Acidentes, Barbosa Filho (2010) relata que são resultantes da
presença material de oportunidades de dano como partes móveis, arestas cortantes,
piso irregular, trânsito de deslocamento de cargas, fios expostos entre outros. Já Riscos
Ergonômicos, o autor acredita que vão além da NR 17 sobre Ergonomia, pois para ele
tais riscos vão desde uma inadequação antropométrica até mesmo a discussões acerca

22
SAÚDE OCUPACIONAL │ UNIDADE I

da prescrição de tarefas e das informações fornecidas para seu cumprimento, por


exemplo posturas viciosas e interação com a mobília ou equipamentos. Para Barsano
e Barbosa (2012), a Norma Regulamentadora NR17 do MTE tem como objetivo
instituir parâmetros que permitam adaptar as condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores de modo a dar-lhes maior segurança, conforto e
desempenho eficiente.

A fim de fixar quais são os tipos de riscos ambientais que a NR 9 propõe, veja
a figura 7 e analise quais são esses riscos aos quais o trabalhador pode estar
exposto, seja na manutenção ou em qualquer outra atividade de trabalho e
também pense na cor correspondente ao grupo citado na figura 6.

Figura 7. Exemplos de Atividades com Riscos Ambientais.

(a) (b) (c)


Fonte: Disponível em <http:// Fonte: Disponível em <https:// Fonte: Disponível em <http://www.
www.jefersonbraga.com.br/ wwwassets.rand.org/content/rand/ ambietica.com.br/fotos/produtos%20
images/20170216105437crop.jpg>. blog/2011/12/heed-film-lessons- quimicos1.JPG>. Acesso em: 6 jun
Acesso em: 6 jun 2017. on-outbreak/jcr:content/par/teaser. 2017.
aspectfit.0x1200.jpg/1429146764603.
jpg>. Acesso em: 6 jun 2017.

(d) (e) (f)


Fonte: Disponível em <http://www. Fonte: Disponível em <http://breathe. Fonte: Disponível em <http://images.
metalurgicositapeva.org/images/ com.br/wp-content/uploads/2014/01/ agoramedia.com/EverydayHealth/
Perigo%20das%20Soldas%20(2).jpg>. efluentes-sistemas-ar-mandado- gcms/Shift-Work-May-Put-Damper-on-a-
Acesso em: 6 jun 2017. respiravel.s1600.jpg>. Acesso em: 6 jun Mans-Sex-Life-1440x810.jpg>. Acesso
2017. em: 6 jun 2017.

23
CAPÍTULO 2
Doenças ocupacionais

“A riqueza de uma empresa depende da saúde dos trabalhadores”. Dra. Maria


Neira, Diretora, Departamento de Saúde Pública e Ambiente, OMS.

Segundo Barsano e Barbosa (2012), o conceito de saúde, também referido como


medicina do trabalho, saúde ocupacional e saúde do trabalhador vem a cada dia
merecendo a atenção dos profissionais da área de segurança e medicina do trabalho
que atuam a fim de prevenir as doenças ocupacionais, as quais frequentemente afetam
a saúde dos trabalhadores de maneira violenta. Os autores relatam que foi no século
XVIII que um médico italiano, Bernardino Ramazzini, publicou o livro “As Doenças
dos Trabalhadores” em que descreve uma série de doenças relacionadas com mais de
cinquenta profissões. Por causa do livro e do trabalho realizado, ele é considerado o
pai da medicina do trabalho, a partir dele acrescentou-se a pergunta de qual é sua
ocupação durante a anamnese clínica dos pacientes.

A lista detalhada de doenças relacionadas ao trabalho e a relação de agentes ou fatores


de risco de natureza ocupacional, com as respectivas doenças que podem estar com
eles relacionadas, pode ser encontrada na portaria no 1339, de 18 de novembro de
1999, do Ministério da Saúde. Essa lista é adotada como referência para uso clínico e
epidemiológico em relação ao trabalho. Fonte: Disponível em: <http://bvsms.saude.
gov.br/bvs/saudelegis/gm/1999/prt1339_18_11_1999.html>. Acesso em: 21 jun 2017.

O quadro 3 mostra os grupos que são apresentados no Anexo da Portaria 1339 segundo
a classificação internacional de doenças (CID-10).

Quadro 3. Grupos de doenças segundo a Classificação Internacional de Doenças.

Grupos Classificação do Grupo de Doenças


(Grupo I da CID-10) Doenças infecciosas e parasitárias relacionadas com o trabalho.

(GRUPO II da CID-10) Neoplasias (tumores) relacionadas com o trabalho.

(Grupo III da CID-10) Doenças do sangue e dos órgãos hematopoéticos relacionadas com o trabalho.

(Grupo IV da CID-10) Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas relacionadas com o trabalho.

(Grupo V da CID-10) Transtornos mentais e do comportamento relacionados com o trabalho.

(Grupo VI da CID-10) Doenças do sistema nervoso relacionadas com o trabalho.

24
SAÚDE OCUPACIONAL │ UNIDADE I

Grupos Classificação do Grupo de Doenças


(Grupo VII da CID-10) Doenças do olho e anexos relacionadas com o trabalho.

(Grupo VIII da CID-10) Doenças do ouvido relacionadas com o trabalho.

(Grupo IX da CID-10) Doenças do sistema circulatório relacionadas com o trabalho.

(Grupo X da CID-10) Doenças do sistema respiratório relacionadas com o trabalho.

(Grupo XI da CID-10) Doenças do sistema digestivo relacionadas com o trabalho.

(Grupo XII da CID-10) Doenças da pele e do tecido subcutâneo relacionadas com o trabalho.

(Grupo XIII da CID-10) Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo, relacionadas com o trabalho.

(Grupo XIV da CID-10) Doenças do sistema genitourinário relacionadas com o trabalho.


(Grupo XIX da CID-10) Traumatismos, envenenamentos e algumas outras consequências de causas externas relacionados com o
trabalho.
Fonte:<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1999/prt1339_18_11_1999.html>. Acesso em: 21 jun 2017

Dentro de uma organização, a saúde dos trabalhadores está ligada diretamente ao


acompanhamento periódico de seu estado geral e à promoção de atividades que visem
inibir todas as oportunidades de risco. Nesse sentido, a higiene pessoal e do ambiente,
bem como a ergonomia e a alimentação, assumem papéis primordiais (BARBOSA
FILHO,2010).

Vimos no capítulo anterior acerca dos agentes que podem causar alguma doença no
trabalhador, agora neste capítulo iremos falar sobre quais são essas doenças chamadas
doenças ocupacionais ou profissionais. No Anuário Estatístico da Previdência
Social de 2015 (AEPS 2015) há alguns conceitos que serão utilizados em todo o capítulo,
como acidentes com CAT Registrada que refere-se àqueles que foram registrados no
INSS, da mesma forma os sem CAT Registrada, que não foram cadastrados no INSS.
Os acidentes típicos são aqueles originados da característica atividade profissional
executada pelo acidentado. Já o acidente de trajeto são os que ocorrem no caminho da
residência e o local de trabalho. Seguem outros conceitos:

Acidente do trabalho - aquele que ocorre pelo exercício do trabalho


a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados
especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcional,
permanente ou temporária, que cause a morte, a perda ou a redução
da capacidade para o trabalho. Consideram-se acidente do trabalho a
doença profissional e a doença do trabalho. Equiparam-se também ao
acidente do trabalho: o acidente ligado ao trabalho que, embora não
tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a ocorrência
da lesão; certos acidentes sofridos pelo segurado no local e no horário
de trabalho; a doença proveniente de contaminação acidental do

25
UNIDADE I │ SAÚDE OCUPACIONAL

empregado no exercício de sua atividade; e o acidente sofrido a serviço


da empresa ou no trajeto entre a residência e o local de trabalho do
segurado e vice-versa.

Acidentes Devidos à Doença do Trabalho – são os acidentes


ocasionados por qualquer tipo de doença profissional peculiar a
determinado ramo de atividade constante na tabela da Previdência
Social.

Acidentes Liquidados – corresponde ao número de acidentes cujos


processos foram encerrados administrativamente pelo INSS, depois de
completado o tratamento e indenizadas as sequelas.

Assistência Médica – corresponde aos segurados que receberam


apenas atendimentos médicos para sua recuperação para o exercício da
atividade laborativa. Incapacidade Temporária – compreende os
segurados que ficaram temporariamente incapacitados para o exercício
de sua atividade laborativa em função de acidente ou doenças do
trabalho. [...].
Fonte: AEPS (2015).

No Art. 20 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, Planos de Benefícios da Previdência


Social, diferencia-se doença profissional e do trabalho, a primeira como aquela produzida
ou desencadeada pelo exercício do trabalho inerente a determinada atividade e que
esteja na relação elaborada pelo MTE e da Previdência Social, já a doença do trabalho
se refere àquela resultante de condições especiais em que o trabalho é realizado e com
ele se relacione diretamente (BRASIL, 2017).

No parágrafo 1o do Art. 20, da Lei 8.213, ainda é citado sobre os casos que não são
considerados como doença do trabalho, são estes: a doença degenerativa; a inerente a
grupo etário; a que não produza incapacidade laborativa; a doença endêmica adquirida
por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que
é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.

Barbosa Filho (2010) em seu livro diferencia o acidente da doença, onde o acidente
ocorre a curto prazo, tem uma resposta abrupta como resultado e normalmente associa
danos pessoais e perdas materiais, é mais aparente que a doença. Essa por sua vez,
possui uma resposta lenta na maioria dos casos e dependendo do prazo que ocorre,
médio ou longo, acontece de forma capciosa, este indivíduo pode não ter sintomas
aparentes inicialmente. Por isso é importante o registro e a guarda sobre a saúde dos
trabalhadores por longos prazos.

26
SAÚDE OCUPACIONAL │ UNIDADE I

Como foi dito no capítulo anterior, é impossível tratar de qualquer assunto dentro
da SSMA sem fazer referência às Normas Regulamentadoras. A NR 15 – Atividades e
Operações Insalubres, define bem quais são as atividades consideradas insalubres e os
limites de tolerância que não causarão danos à saúde do trabalhador durante sua vida
laboral, como níveis de ruído, exposição ao calor, trabalhos sob condições hiperbáricas,
entre outras.

Alguns casos que saíram na mídia quanto à insalubridade.

Insalubridade em grau máximo ganha por Gari.

Figura 8. Gari limpando as ruas.

Fonte: Disponível em <http://sabertrabalhista.com.br/wp-content/uploads/2017/04/20160321-garis-rj201403060001.jpg>.


Acesso em: 12 jun 2017.

O Tribunal Regional do Trabalho da Paraíba (13ª Região) que concedeu a


diferença do adicional de insalubridade para o grau máximo em favor de um
ex-funcionário da empresa de limpeza Ambiental Soluções Ltda. De acordo
com perito designado pelo Juízo, com fundamento no anexo 14 da NR15 do
MTE, o trabalhador faz jus ao adicional de insalubridade em grau máximo,
uma vez que desempenhava as atividades de varrição e capinação de ruas,
trabalhando em atividades com participação ativa na coleta de lixo urbano. Para
o desembargador Edvaldo de Andrade, o trabalhador que realiza serviço de
limpeza e varrição de ruas, tem exposta sua saúde também por lidar diretamente
com o lixo produzido no ambiente de trabalho, acomodando-o em embalagens
para viabilizar a coleta pelos trabalhadores dos caminhões, equiparando-se,
portanto, ao gari, propriamente dito. Diante disto, nos termos do anexo 14 da
NT15 da Portaria 3.214 do MTE, o relator considerou que “torna-se inócua a
assertiva da recorrente de que a lei estabelece distinção entre as atividades de
coleta de resíduos decorrentes do lixo doméstico (coleta) e o lixo originário da
varrição e limpeza de logradouros e vias públicas”.

27
UNIDADE I │ SAÚDE OCUPACIONAL

Fonte: <https://trt13.jus.br/informe-se/noticias/2017/06/2017/06/2017/06/gari-
tem-direito-ao-adicional-de-insalubridade-em-grau-maximo-1>. Acesso em: 12
jun 2017.

Trabalhar em câmara frigorífica sem intervalo gera adicional de


insalubridade

Figura 9. Funcionário em câmara frigorífica.

Fonte: Disponível em <https://ianvarella.jusbrasil.com.br/noticias/453999299/trabalhar-em-camara-frigorifica-sem-intervalo-


gera-adicional-de-insalubridade?ref=topic_feed>Acesso em: 12 jun 2017.

O Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região (MS) condenou uma empresa


de alimentos a pagar o adicional a uma ajudante de produção porque ela não
usufruía integralmente dos intervalos de descanso para recuperação térmica. A
falta do intervalo de 20 minutos a cada 1 hora e 40 minutos de serviço contínuo,
pois, segundo o artigo 235 da CLT, dá-se o direito ao adicional de insalubridade
apenas quando constatado que o empregador não forneceu proteção eficaz
contra o frio. A funcionária usava EPI, porém não fazia as pausas adequadas. De
acordo com o ministro, nessa situação a insalubridade será eliminada com o uso
do EPI adequado e pausas integrais. A corte sul-mato-grossense condenou a
empresa a pagar o adicional em 20% do salário mínimo. Fonte: <https://ianvarella.
jusbrasil.com.br/noticias/453999299/trabalhar-em-camara-frigorifica-sem-
intervalo-gera-adicional-de-insalubridade?ref=topic_feed>Acesso em: 12 jun
2017.

Brevigliero; Possebon e Spinelli (2015) em seu livro permitem que o leitor obtenha
informações técnicas por meio de exemplos práticos para conhecer e reconhecer os
riscos que o exercício do trabalho possa representar para a saúde do trabalhador.
Separadamente, os autores relatam as principais doenças ocupacionais provocadas
por agentes biológicos (classificação dos agentes patogênicos e avaliação), químicos

28
SAÚDE OCUPACIONAL │ UNIDADE I

(os gases e vapores, os solventes, os aerodispersoides, armazenamento de produtos


químicos, medidas de controle e avaliação qualitativa de agentes químicos) e físicos
(ruído, temperaturas extremas, iluminação, radiações etc.). As formas de medição
e equipamentos também podem ser encontradas acompanhadas das normas
regulamentadoras para cada tipo de agente.

Segundo o Anuário Estatístico da Previdência Social de 2015 (AEPS 2015), foram 17.599
casos em 2014 com motivo: doenças do trabalho, com CAT registrada; em 2015 foram
13.240 casos. No capítulo referente a acidentes de trabalho, segundo os 50 códigos
da Classificação Internacional de Doenças (CID) está entre eles o Z57: Exposição
ocupacional a fatores de risco, 3.082 casos do total em 2014 e em 2015 foram 3.378
casos.

Quadro 4. Quantidade mensal de acidentes do trabalho, por situação do registro e motivo nos anos de 2013-

2015.

Quantidade de Acidentes do Trabalho


Com CAT Registrada

Meses Anos Motivo


Sem CAT
Total
Total Doença Registrada
Típico Trajeto do
Trabalho
2013 725.664 563.704 434339 112.183 17.182 161.960

Total 2014 712.302 564.283 430.454 116.230 17.599 148.019


2015 612.632 502.942 383.663 106.039 13.240 109.690
Fonte: Adaptado de AEPS (2015).

Os quadros 4 e 5 mostram o cenário de acidentes de trabalho no Brasil, nos anos de


2014 e 2015 respectivamente, segundo a Classificação Brasileira de Ocupações os
dois subgrupos mais relativos a acidentes estão relacionados com a manutenção:
1- Trabalhadores em serviços de reparação e manutenção mecânica e 2 - outros
trabalhadores da conservação, manutenção e reparação. Foram 383 casos relativos à
Doença do Trabalho em 2014 e 268 em 2015. O leitor pode considerar os números
não muito expressivos, porém deve-se analisar que a Doença do Trabalho é um dos
motivos considerados e estes só podem ser contabilizados se a CAT for registrada.
Como confirma Santos (2016) quando diz que cada um desses números representa uma
pessoa doente, incapacitada, que não pode exercer suas funções no trabalho ou até
mesmo morta, e os danos causados neste caso por doenças ocupacionais e acidentes
ultrapassam a ordem econômica.

29
UNIDADE I │ SAÚDE OCUPACIONAL

Quadro 5. Quantidade de acidentes do trabalho por situação, registro e motivo segundo os subgrupos da

Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) – 2014.

Quantidade de Acidentes do Trabalho


Com CAT Registrada
Subgrupos da CBO Motivo
Sem CAT
Total Doença
Total Registrada
Típico Trajeto do
Trabalho
TOTAL 712.302 564.283 430.454 116.230 17.599 148.019
Trabalhadores em
serviços de reparação e 17.434 17.434 14.986 2.181 267 -
manutenção mecânica
Outros trabalhadores da
conservação, manutenção 4.975 4.975 4.012 847 116 -
e reparação
Fonte: Adaptado de AEPS (2015).

Quadro 6. Quantidade de acidentes do trabalho por situação, registro e motivo segundo os subgrupos da

Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) – 2015.

Quantidade de Acidentes do Trabalho


Com CAT Registrada
Subgrupos da CBO Motivo
Sem CAT
Total Doença
Total Registrada
Típico Trajeto do
Trabalho
TOTAL 612.632 502.942 383.663 106.039 13.240 109.690
Trabalhadores em
serviços de reparação e 15.337 15.337 13.295 1.844 198 -
manutenção mecânica
Outros trabalhadores
da conservação, 4.097 4.097 3.417 610 70 -
manutenção e reparação
Fonte: Adaptado de AEPS (2015).

Principais doenças ocupacionais – por grupos

As doenças ocupacionais desenvolvem-se ao longo de anos, geralmente são silenciosas e


lentas. Muitos trabalhadores acabam exclusos definitivamente da profissão. Atualmente,
há recursos preventivos como a análise ergonômica do ambiente de trabalho, exames
médicos e outras atividades focadas na prevenção. Com o uso da informática surgiram
novas doenças ocupacionais ligadas à postura e riscos ergonômicos, havendo
crescimento significativo de doenças de caráter psicossocial, como depressão, estresse
e síndrome do pânico a partir do ano 2000. Disponível em:

<http://www.blogsegurancadotrabalho.com.br/2016/07/principais-doencas-
ocupacionais-no-brasil.html>. Acesso 20 jun 2017.

30
SAÚDE OCUPACIONAL │ UNIDADE I

Santos (2016) cita como exemplos para doenças profissionais:

»» a intoxicação por chumbo (saturnismo);

»» a doença respiratória causada pela inalação de sílica (silicose);

»» disacusia ou surdez em local ruidoso de trabalho;

»» lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares Relacionados


ao Trabalho (LER/DORT).

Já a vibração decorrente do trabalho pode atingir o corpo todo ou apenas partes do


corpo como as mãos e membros superiores (BARBOSA FILHO, 2010), o que inclui
as articulações, ossos e tendões, resultando em degradações de diversas ordens sobre
estes. Os danos devido a vibrações podem incidir nos sistemas circulatório, neurológico
e osteomuscular.

»» Respiratórias ─ a inalação de partículas como couro, poeira, algodão,


sílica, madeira, cimento pode provocar a asma ocupacional, que se inicia
com tosse crônica, falta de ar e chiado no peito. Doença irreversível
provocada pela poeira de sílica nos pulmões, silicose, pode levar à morte
por insuficiência respiratória. Muito comum em trabalhadores de minas
de ferro, a Siderose, é causada pelo acúmulo de partículas de ferro nos
bronquíolos e seu sintoma mais comum é a falta de ar.

»» Doenças ocupacionais de pele ─ o contato com graxa ou óleo


pode causar a dermatose ocupacional, é muito comum em mecânicos
e trabalhadores da indústria, provoca reações alérgicas. Se o câncer
de pele for decorrente do ambiente de trabalho, é considerado doença
ocupacional.

»» Doenças ocupacionais da visão ─ a exposição a altas temperaturas


pode ocasionar a catarata e da mesma forma que o câncer de pele, se esta
for decorrente da atividade profissional é também considerada doença
ocupacional. O trabalho noturno desregula a produção de hormônios,
que aconteceria durante o sono, afetando outras funções corporais, como
a visão, por exemplo. Se essa situação ocorre de forma prolongada, o
desgaste pode levar à perda parcial ou total da visão.

»» Doenças ocupacionais psicossociais ─ são doenças que podem


se tornar irreversíveis, são doenças perigosas que, às vezes, são
ignoradas, oriundas da pressão excessiva no trabalho, além do stress,

31
UNIDADE I │ SAÚDE OCUPACIONAL

são as principais causadores de problemas de ordem emocional como


a depressão, ansiedade e síndrome do pânico. Consequentemente, são
doenças perigosas que podem se tornar irreversíveis.

»» Por repetição – a LER/ DORT (Lesão por Esforços Repetitivos/


Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho) causadas por
movimentos repetitivos ou postura inadequada. Seus sintomas podem
ocorrer isoladamente ou concomitante a outros, são eles: dor crônica
que tende a piorar com o passar do tempo, crepitação, formigamento,
sensação de peso, redução da função, incapacidade temporária. A LER
pode ocorrer fora do ambiente de trabalho, já a DORT não.

Barbosa Filho (2010) abordou a importância de se tratar o indivíduo com uma


abordagem muldisciplinar e que a LER pode repercutir na vida privada e profissional do
trabalhador, pode interferir nas atividades de vida diária, pois, em geral, ela acomete os
membros superiores. Vários são os fatores de risco para que ocorra a LER/DORT como
a postura adotada para realizar o trabalho, o movimento e força aplicados, além de
fatores psicológicos e características pessoais. Assim como foi descrito, o autor fala que
é necessário considerar os esforços realizados também fora do ambiente de trabalho;
atividades rotineiras como uso frequente de jogos eletrônicos utilizando joysticks
e outras, passaram a ser consideradas em quanto contribuem para potencializar os
efeitos danosos sobre o corpo. As regiões do corpo mais acometidas pela LER/DORT
são a região lombar, membros superiores (ombros, mão, punho e cotovelo) e a região
cervical.

Não é raro encontrarmos múltiplos casos de ocorrência de LER/DORT, por isso é


importante avaliar os fatores organizacionais como ritmo imposto de trabalho, formas de
controle e as condições de trabalho, sendo primordial a análise ergonômica das tarefas.
É melhor que a empresa se precavenha antes que ocorram novos casos, investigue e
planeje bem as intervenções necessárias como avaliar a função dos trabalhadores com
sintomas, analisar os postos de trabalho que possivelmente originam os casos e levantar
a natureza dos sintomas e sua incidência (BARBOSA FILHO,2010).

Algumas doenças causadas por esforços repetitivos, todas elas inflamatórias, segundo
a apostila do Telecurso 2000 Profissionalizante sobre Higiene e Segurança do
Trabalho (sem data) são:

»» Bursite (inflamação na bursa, cápsula que contém líquido lubrificante em


seu interior, que reveste algumas articulações).

»» Miosite (ocorre no músculo).

»» Tendinite (ocorre nos tendões).

»» Tenossinovite (tendões e articulações).

32
SAÚDE OCUPACIONAL │ UNIDADE I

Figura 10. Trabalhador sujeito à LER/DORT.

Fonte:<http://equipedeobra.pini.com.br/construcao-reforma/35/imagens/i267543.jpg>. Acesso em: 22 jun 2017.

»» Principais doenças ocupacionais auditivas ─ Surdez: pode ser


temporária ou definitiva, sendo comum aos trabalhadores expostos a
ruídos constantes. A perda acontece de forma progressiva, resultando ao
trabalhador à perda parcial ou total da audição.

Barbosa Filho (2010) considera a poluição sonora uma das formas com maior potencial
de danificar nossa saúde, não só redução na capacidade auditiva (hipoacusia) como na
visão, cardiocirculatórias e neuropsíquicas. Com respeito aos ruídos e sua prevenção,
as medidas de controle são respectivamente nessa ordem: fonte, meio e no homem.
Deve-se priorizar a fonte quando tecnicamente viável, em seguida intervenção no meio e
por último no homem. Tal controle na fonte pode ser feito por meio de medidas técnicas
nos equipamentos e medidas administrativas na produção como reduzir a concentração
de máquinas, instalar sistemas de amortecedores, reprogramar e redistribuir as
operações, substituir peças de materiais rígidos por aqueles que absorvam mais vibração
e, claro, uma manutenção adequada muitas vezes minimiza a emissão de ruído na fonte.

Figura 11. Trabalhador em ambiente com ruído.

Fonte: Disponível em <http://www.ccni.com.br/wp-content/uploads/2016/08/03.jpg>. Acesso em: 20 jun 2017.

33
UNIDADE I │ SAÚDE OCUPACIONAL

Quando não há como intervir na fonte do ruído, a opção é controlar o meio, evitando
a propagação por meio do isolamento da fonte e do receptor e por meio de absorção
maximizar as perdas energéticas. Na prática, enclausurar a fonte, usar barreiras,
adequar o ambiente como piso, paredes e teto ou utilizar materiais na construção que
permitam o tratamento acústico. Por último, resta controlar no homem ou no receptor,
ou seja, reduzir o tempo de exposição ao ruído e proteger esse indivíduo (BARBOSA
FILHO, 2010). Para os limites de tolerância permissível, consultar a NR-15.

Portanto, a fim de evitar as doenças ocupacionais: Esteja sempre atento aos primeiros
sinais de desconforto físico ou mental. Procure o SESMT de sua empresa para
orientações, pois dependendo do diagnóstico pode ser necessário mudança de função
ou até de profissão. Encaminhamento para médico do trabalho. Use sempre EPIs
(Equipamentos de Proteção Individual). Evite jornadas exaustivas. Saiba lidar com a
pressão. Pratique atividade física e ginástica laboral. Respeite os intervalos necessários.
Trabalhe com postura correta.

<http://www.blogsegurancadotrabalho.com.br/2016/07/principais-doencas-
ocupacionais-no-brasil.html>.

34
CAPÍTULO 3
Qualidade de vida no trabalho e sua
gestão

“O importante não é por quanto tempo viverás, mas que qualidade de vida terás”
Sêneca.

Para Santos (2016), a Qualidade de Vida (QV) e Saúde ocupacional são conceitos
intimamente ligados. Segundo a autora, o conceito mais aceito para QV é aquele que
vai além do bom funcionamento orgânico ou mental. São diversos fatores no trabalho
que podem influenciar no contentamento do indivíduo, por isso é necessário estudar a
Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), onde é definido o quanto o trabalhador encontra-
se satisfeito ou insatisfeito com a função que exerce ou com a carreira escolhida. Entre
os fatores que influenciam nessa satisfação podemos citar: a adequação dos ambientes,
o cuidado com os uniformes, local adequado para tomar banho, refeitório, horário de
descanso respeitado, incentivo à prática de esportes, ginástica laboral, entre outros.
Tais medidas partindo da empresa faz com que os trabalhadores se sintam valorizados
e satisfeitos, levando a um aumento do bem-estar e da produtividade. A qualidade
de vida promove a interação entre diversos aspectos da nossa vida como as relações
interpessoais, os aspectos religiosos, a alimentação, a prática de exercícios físicos,
educação, lazer, trabalho, entre outros.

A Qualidade de Vida no Trabalho, segundo Silva (2014), busca humanizar as relações


de trabalho, no sentido de conciliar os interesses dos trabalhadores e da organização.
Muito mais do que uma linha de pesquisa, traduz-se na maneira como as pessoas
vivenciam o seu dia a dia no trabalho. Embora as mudanças e quebras de paradigmas
sejam difíceis, são extremamente necessárias para que a produtividade humana em seu
ambiente de trabalho não seja afetada. Nesta era da informação e do conhecimento,
torna-se essencial investir no ser humano e gerar seu bem-estar, pois é ele o maior
recurso de uma empresa.

O conceito de QVT parte de compreender de forma abrangente e comprometida as


condições de vida no ambiente de trabalho, incluindo aspectos de bem-estar, garantia da
saúde, segurança física, mental, social e capacitação para realizar tarefas com segurança
e bom uso de energia pessoal. A construção da QVT ocorre a partir do momento em que
se percebe a empresa e as pessoas como um todo, promovendo o bem-estar e segurança
dos trabalhadores a fim de assegurar uma maior produtividade, qualidade no trabalho
e maior satisfação na vida familiar e pessoal (AQUINO; FERNANDES, 2013 apud
HIPÓLITO et al., 2017).

35
UNIDADE I │ SAÚDE OCUPACIONAL

A OMS define Qualidade de Vida como:

a percepção individual de sua posição na vida no contexto da cultura e


dos sistemas de valores em que vivem e em relação aos seus objetivos,
expectativas, padrões e preocupações. É um conceito abrangente afetado
de forma complexa pela saúde física da pessoa, estado psicológico,
crenças pessoais, relações sociais e sua relação com características
de seu ambiente. Fonte: <http://www.who.int/healthinfo/survey/
whoqol-qualityoflife/en/>. Acesso em: 21 jun 2017.

Barbosa Filho (2010) define qualidade de vida no trabalho (QVT) como um fenômeno
social, e sua análise deve ser feita com o foco no contexto histórico, espacial e econômico
no qual está inserido. É um simbolismo para a percepção do conjunto das condições de
trabalho. Segundo o autor, cada um de nós define QVT segundo a visão individual, por
isso a complexidade do fenômeno, podendo ser considerado um conceito dinâmico.
As perspectivas relativas ao futuro, como o plano de carreira ou salários, ocupam um
lugar importante na trajetória profissional e isso pode ou não motivar este indivíduo e
influenciar em sua satisfação com o trabalho.

Hipólito e colaboradores (2017) em seu trabalho intitulado Qualidade de Vida no


Trabalho: avaliação de estudos de intervenção fizeram uma revisão em bases de
dados com o objetivo de analisar a literatura acerca de intervenções em qualidade de
vida no trabalho. Nos artigos analisados, foram encontradas descrições de programas
e formas de adquirir hábitos saudáveis no ambiente de trabalho e formas de minimizar
as demandas mentais do trabalho. Porém, os autores acreditam que a quantidade de
programas voltados para a saúde e bem-estar dos trabalhadores é inexpressiva diante
do número de empresas no mundo.

Algumas intervenções foram encontradas pelos autores (HIPÓLITO et al., 2017)


durante a pesquisa: Incentivo à atividade física e cuidados com a saúde; Exercícios para
melhorar a postura; Caminhadas; Hatha Yoga; Ginástica laboral e Programas visando à
redução de peso que melhoram a saúde, autoestima, produtividade.

A importância das intervenções no ambiente de trabalho é clara na literatura a fim de


amenizar as dificuldades das atividades laborais e promover a saúde dos indivíduos.
A baixa qualidade do sono, assim como outras demandas mentais decorrentes do
trabalho, podem ser amenizadas por meio de intervenções específicas, proporcionando
melhoria na saúde e bem-estar do trabalhador. Intervenções voltadas para a promoção
da capacidade do trabalho e prevenção de doenças têm efeitos benéficos para os
trabalhadores desde que sejam planejadas, implementadas e avaliadas.

36
SAÚDE OCUPACIONAL │ UNIDADE I

Figura 12. Trabalhador em ambiente com ruído.

Necessidades

Percepções Expectativas

Condições de
Trabalho (reais ou
aparentes)

Qualidade de Vida
no Trabalho (QVT)
Fonte: (BARBOSA FILHO, 2005 apud BARBOSA FILHO,2010,p.211).

As empresas, nos últimos anos, buscam ser vistas com a marca da responsabilidade
social, , ou seja, são empresas que valorizam a qualidade de vida dos seus colaboradores
e não uma organização que visa somente lucros. A valorização do capital humano dentro
das organizações traz benefícios como melhora da saúde ocupacional dos trabalhadores
e consequentemente aumento de produtividade. Devido à complexidade do conceito
de QV, podem-se relatar fatores que influenciam os trabalhadores positivamente
ou negativamente, por exemplo: alimentação saudável, vícios (drogas, tabagismo e
alcoolismo), sedentarismo, obesidade, a prática de atividades físicas e o relacionamento
intrapessoal. Uma empresa que valoriza a QV de seus colaboradores só tem a ganhar
(BARSANO; BARBOSA, 2012).

Figura 13. Representação de Responsabilidade Social.

Fonte: <http://www.grifftour.com/site/wp-content/uploads/2014/12/1366723122915responsabilidade-social.jpg>. Acesso em:


21 jun 2017.

37
UNIDADE I │ SAÚDE OCUPACIONAL

Sampaio (2012) estudou as perspectivas e desafios na qualidade de vida no trabalho


através de uma revisão da literatura para delimitar, conceitualmente, e estabelecer
modelos teóricos de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) em uso no Brasil. Em alguns
segmentos, pode-se considerar que a participação do trabalhador avançou, porém ainda
tímida nas inúmeras organizações burocratizadas. A QVT se baseia em três conceitos
centrais: o humanismo, a participação do empregado em decisões de gestão e o
bem-estar. Produzir conhecimento válido para novas formas de relações de trabalho e
de organização do trabalho é o maior desafio para a Qualidade de Vida do Trabalhador.

Freire (2013), em seu trabalho de conclusão de curso, abordou o tema da Qualidade


de Vida no Trabalho com o objetivo de analisar quais foram as ações tomadas pelas
melhores empresas eleitas para se trabalhar que favorecem a QVT. Estas foram
as 10 primeiras empresas no ranking do guia da revista Você S/A em 2011 e 2012.
Percebeu-se um aumento da valorização do capital humano nas organizações nos
últimos anos e não mais a priorização somente de resultados. Hoje também é prioridade
para as empresas fornecer aos funcionários as melhores condições para a realização de
suas tarefas, que eles trabalhem motivados, que sejam bem remunerados, que exista
oportunidade de progressão na carreira, permitindo que o ambiente de trabalho fique
mais harmonioso e que todos trabalhem e visem o alcance dos objetivos da empresa e,
por fim, o trabalhador sinta-se orgulhoso em fazer parte desta. O estudo confirmou que
muitas empresas se preocupam com a qualidade do ambiente que é oferecido aos seus
colaboradores, e não só o lucro. Algumas ações foram inovadoras, como: a construção
de casas para os colaboradores e a venda destas casas ao valor de custo aos funcionários
e empresas que oferecem toda a infraestrutura necessária aos funcionários e familiares
como hospital, quadra esportiva, clube etc.

Investir na saúde, na qualidade de vida, e no bem-estar das pessoas não representa


prejuízo para a empresa, ao contrário, o aumento de produtividade implica em um
aumento da satisfação dos funcionários, promovendo baixos índices de absenteísmos
e rotatividade. No entanto, é preciso ir mais além, muito mais pode ser feito. Torna-se
imprescindível que a QVT não seja planejada e implementada a partir de uma visão
fragmentada, levando em consideração apenas o ambiente interno da organização, com
ênfase na tarefa desempenhada pelo indivíduo e nas condições físicas do trabalho, mas
que leve em conta, sobretudo, o ambiente externo, ou seja, o contexto familiar, social,
político e econômico em que o indivíduo, como ser total, está inserido, influenciando e
sendo influenciado. Assim, o autor conclui que a QV somada à satisfação do individuo
é uma ferramenta diferencial para as organizações (SILVA, 2014).

A ginástica laboral é uma das formas de evitar as doenças ocupacionais e aumentar a


QVT. Além disso, é uma poderosa ferramenta para o empregador na redução de casos

38
SAÚDE OCUPACIONAL │ UNIDADE I

de LER/DORT, também estimula o bem-estar entre os funcionários e permite uma


melhoria contínua de suas atividades. Ela deve ser praticada com intervalos de cinco a
dez minutos diários e, assim, proporcionar ao funcionário melhoria na sua capacidade
funcional por meio de exercícios de alongamento, de prevenção de lesões ocupacionais
e dinâmicas de recreação. Há dois tipos de ginástica laboral, são eles: a preparatória, a
qual é realizada nas primeiras horas do trabalho ou antes delas e, geralmente, possui
duração de cinco a dez minutos. O outro tipo é a ginástica compensatória, realizada
durante a jornada de trabalho, como uma pausa ativa, esse tipo visa diminuir a fadiga
e prevenir as doenças profissionais (BARSANO; BARBOSA, 2012). A ginástica deve ser
conduzida por um professor de educação física registrado no respectivo conselho de
classe, o Conselho Regional de Educação Física (CREF).

Figura 14. Trabalhadores fazendo ginástica laboral.

Fonte: Disponível em <http://frangorico.com.br/images/empresa/0571323001477575465.jpg>. Acesso em: 21 jun 2017.

O Ministério da Saúde (MS) lançou uma plataforma sobre promoção à saúde, focando
quatro pilares que são: parar de fumar, ter um peso saudável, se exercitar e se alimentar
melhor. Neste portal é possível ver conteúdos com especialistas para apoiar a população
a mudar seus hábitos em prol de uma vida mais saudável e com qualidade. Ao entrar no
site, há um questionário que o usuário responderá e, a seguir, terá dicas personalizadas
de acordo com seu perfil, além de receitas com produtos. Segundo o MS, a plataforma é
dinâmica e os conteúdos e funcionalidades serão periodicamente atualizados, podendo
o usuário opinar.

O usuário pode acessar diretamente o portal <http://saudebrasilportal.com.br/>. ou


através do site do Ministério <http://portalsaude.saude.gov.br/saudebrasil>.

39
UNIDADE I │ SAÚDE OCUPACIONAL

Figura 15. Plataforma do Ministério da Saúde sobre a Promoção de Saúde.

Fonte: Adaptado de <http://saudebrasilportal.com.br/>. Acesso em: 21 jun 2017

O Sistema Rede e-Tec Brasil foi lançado em 2007. Esta rede visa democratizar e
ampliar o acesso a cursos técnicos de nível médio, públicos e gratuitos, ofertando
educação profissional e tecnológica a distância. É possível baixar nos links, a
seguir, material didático sobre higiene ocupacional para complementar o que
foi abordado nesta Unidade.

Disponível em: <http://estudio01.proj.ufsm.br/cadernos_seguranca/quarta_


etapa/higiene_ocupacional_2.pdf>. Acesso em: 2 jun 2017.

Disponível em: <http://estudio01.proj.ufsm.br/cadernos_seguranca/sexta_


etapa/arte_1edrev_hoc-iii.pdf>. Acesso em: 2 jun 2017.

Além dessas, também é possível baixar material complementar do Telecurso


Profissionalizante, são videoaulas acerca de Higiene e Segurança no Trabalho e
também de Manutenção:

Higiene e Segurança no Trabalho

<https://www.youtube.com/playlist?list=PLF619876BDA0BC41F>. Acesso em: 6


jun 2017.

Manutenção

<https://www.youtube.com/playlist?list=PL5DAE5710FC2797E9>. Acesso em: 6


jun 2017.

40
SEGURANÇA DO
TRABALHO E A UNIDADE II
MANUTENÇÃO

CAPÍTULO 1
Segurança do Trabalho – conceitos e
legislação

A segurança nunca fez sobreviver as empresas; a ausência de segurança pode


matá-las, mas em nenhum caso a segurança pode aparecer como a única meta a
perseguir. (AMALBERTI, 2016).

Barsano e Barbosa (2012) definem a Segurança do Trabalho como:

a ciência que estuda as possíveis causas dos acidentes e incidentes


originados durante a atividade laboral do trabalhador. Tem como
principal objetivo a prevenção de acidentes, doenças ocupacionais e
outras formas de agravos à saúde do profissional. Ela atinge sua finalidade
quando consegue proporcionar a ambos, empregado e empregador, um
ambiente de trabalho saudável e seguro, (...) (BARSANO; BARBOSA,
2012).

Para Ferreira e Peixoto (2012), Segurança do Trabalho é:

(...) uma série de medidas técnicas, administrativas, médicas e,


sobretudo, educacionais e comportamentais, empregadas a fim de
prevenir acidentes, e eliminar condições e procedimentos inseguros
no ambiente de trabalho. A segurança do trabalho destaca também
a importância dos meios de prevenção estabelecidos para proteger a
integridade e a capacidade de trabalho do colaborador (FERREIRA;
PEIXOTO, 2012).

41
UNIDADE II │ SEGURANÇA DO TRABALHO E A MANUTENÇÃO

Figura 16. Exemplos de trabalhadores.

Fonte: <http://trabalho.gov.br/images/Documentos/ASCOM/cartilha_modernizacao.pdf>. Acesso em: 22 jun 2017

Cabe ao Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho (DSST) planejar e coordenar


as ações de fiscalização dos ambientes e condições de trabalho, prevenindo acidentes e
doenças do trabalho, protegendo a vida e a saúde dos trabalhadores. Este departamento
coordena nacionalmente a inspeção dos ambientes, condições e processos de trabalho,
competência exclusiva dos auditores fiscais do trabalho. No site do Ministério do Trabalho
podemos encontrar qual é o objetivo da área de Segurança e a Saúde no Trabalho que
é “[...] proteger e prevenir riscos e danos à vida e à saúde dos trabalhadores, através de
políticas públicas e ações de fiscalização” (BRASIL, 2017).

De acordo com Amalberti (2016), com o aumento da complexidade das tarefas os


deslizes/lapsos aumentam, porém a sua detecção também aumenta com a experiência
dos indivíduos. É um objetivo utópico considerar que a segurança consiste em suprimir
erros, mas sim reduzir o número de incidentes e de acidentes que impactam no
processo. Não adianta apenas tornar seguro o ambiente imediato do operador, não é
suficiente para proteger um sistema inteiro, é muito mais que tornar seguro o posto de
trabalho e ambiente local. As condições da economia geral dos ofícios, profissões e dos
órgãos reguladores desempenham um papel importante nas possibilidades de proteger
o sistema.

Olhando sob uma abordagem holística a Segurança do Trabalho e os acidentes, os


autores acreditam que os acidentes não possuem uma única origem, mas sim eles
ocorrem por uma interação de diversos fatores: físicos, biológicos, psicológicos, sociais
e culturais; um vai desencadeando o outro até que ocorra o acidente. Portanto, há várias
causas de um acidente e não apenas uma (BARSANO; BARBOSA, 2012).

Na figura 17, estão alguns temas que se relacionam direta ou indiretamente com a
segurança do trabalho, são eles:

42
SEGURANÇA DO TRABALHO E A MANUTENÇÃO │ UNIDADE II

Figura 17. Temas que se relacionam com a Segurança do Trabalho.

Meio Qualidade de
Ambiente Vida
Ergonomia Primeiros
Socorros

Doenças Sistemas de
Ocupacionais gestão de
qualidade

Proteção
contra incêndios Psicologia do
e explosões Trabalho

Legislação
Medicina do
Trabalhista
Trabalho

Segurança
Higiene do
Trabalho/ do Trabalho Segurança
Patrimonial
Industrial

Fonte: Adaptado (BARSANO; BARBOSA, 2012).

A segurança não consiste em esperar um funcionamento ideal imposto sem nenhuma


flexibilidade dada ao operador. Criar uma situação de trabalho segura é, a princípio,
conceber uma situação de trabalho que maximiza o valor cognitivo, que lhe permite
trabalhar no máximo utilizando suas qualidades naturais de controle de risco, de
antecipação e, assim, exprimir suas qualidades de recuperação e de inteligência
(AMALBERTI, 2016).

Para Mattos et al (2011, apud BARSANO; BARBOSA, 2012), cabe à segurança do


trabalho identificar os fatores de risco que podem levar à ocorrência de acidentes e
doenças ocupacionais, também avaliar os efeitos destes na saúde do trabalhador e
propor intervenções técnicas para os ambientes de trabalho.

As catástrofes industriais têm um papel importante dentro das teorias sobre o erro,
na segurança e na confiabilidade humana, sem elas não haveria progressão. São as
catástrofes que fazem aumentar o entusiasmo por estudos de falhas e erros humanos.
Por isso, sem as catástrofes na área nuclear como de Three-Miles Island, Tchernobyl
e Fukushima, sem o acidente de Tenerife da aviação e sem a catástrofe da indústria
química de Bophal não haveria progressão para estudar os erros (AMALBERTI, 2016).

No dia 28 de abril é comemorado o Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes


e Doenças do Trabalho, em memória a 78 mineiros que morreram após uma explosão
de uma mina no estado da Virgínia (EUA), a data foi criada em 2003 pela OIT –
Organização Internacional do Trabalho, e no Brasil é celebrada desde 2005.

43
UNIDADE II │ SEGURANÇA DO TRABALHO E A MANUTENÇÃO

Figura 18. Logo da Campanha Abril Verde para o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças

do Trabalho.

Fonte: <http://www.sadprev.go.gov.br/site/wp-content/uploads/2016/04/Exemplo-2.jpg>. Acesso em: 23 jun 2017

Em 1960, o Governo brasileiro iniciou gestões com a Organização Mundial do Trabalho


(OIT) com a finalidade de promover estudos e avaliações do número crescente de
acidentes e doenças ocupacionais e, assim, apontar soluções que pudessem alterar
esse quadro. Em 1966, foi criada oficialmente a Fundação Jorge Duprat Figueiredo de
Segurança e Medicina do Trabalho, FUNDACENTRO, hoje líder na América Latina
no campo de pesquisa em Segurança e Saúde no Trabalho, designada como centro
colaborador da OMS e também colaboradora da OIT. Ela possui profissionais de várias
áreas, uma rede de laboratórios em segurança, higiene e saúde no trabalho, além de
uma das mais completas bibliotecas especializadas. Possui intercâmbio com vários
países (países das Américas, do Japão, Europa e Austrália), com trabalhos em educação
até em gestão ambiental. Atuam basicamente em:

Desenvolvimento de pesquisas em segurança e saúde no trabalho;


Difusão de conhecimento, por meio de ações educativas como cursos,
congressos, seminários, palestras, produção de material didático e de
publicações periódicas cientificas e informativas; Prestação de serviços
à comunidade e assessoria técnica a órgãos públicos, empresariais e de
trabalhadores.
Fonte: <http://www.fundacentro.gov.br/institucional/atuacao>. Acesso em: 23 jun 2017.

É possível baixar um material complementar de 2012 da Rede e-Tec Brasil sobre


segurança do trabalho:

Disponível em: <http://redeetec.mec.gov.br/images/stories/pdf/eixo_amb_


saude_seguranca/tec_seguranca/seg_trabalho/151012_seg_trab_i.pdf>.
Acesso em: 2 jun 2017.

44
SEGURANÇA DO TRABALHO E A MANUTENÇÃO │ UNIDADE II

Legislação aplicada à segurança do trabalho


Após a aprovação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), pelo Decreto-Lei no
5.452, de 1o de maio de 1943, o trabalhador passou a ter sua integridade e capacidade
laboral protegida. A CLT pode ser considerada um marco na Legislação, ela unificou
todas as leis trabalhistas praticadas no Brasil. Em seu Art. 1o, a CLT estatuiu as normas
que regulam as relações individuais e coletivas de trabalho, e em seu Art. 2o estabeleceu
que empregador é aquele que assume os riscos da atividade econômica, admite, assalaria
e dirige a prestação pessoal de serviço, pode ser empresa, individual ou coletiva.

Segundo a Lei No 6.514, de 22 de dezembro de 1977, em seu Art 1o, Capítulo V do


Título II da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), Decreto Lei no 5.452 de 1 de
Maio de 1943:

“Art. 157 - Cabe às empresas: (Redação dada pela Lei no 6.514, de


22.12.1977)

I - cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do


trabalho;

II - instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto


às precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou
doenças ocupacionais;

III - adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional
competente;

IV - facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente”.

“Art. 158 – Cabe aos empregados:

I-Observar as normas de segurança e medicina do trabalho, inclusive as


instruções de que trata o item II do artigo anterior;

II-colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos deste capítulo.

Parágrafo único – constitui ato faltoso do empregado a recusa


injustificada:

À observância das instruções expedidas pelo empregador na forma do


item II do artigo anterior;

Ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela


empresa”.
Fonte: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6514.htm>. Acesso em: 22 jun 2017.

45
UNIDADE II │ SEGURANÇA DO TRABALHO E A MANUTENÇÃO

Garcia (2009) em seu livro sobre Meio Ambiente do Trabalho – Direito, Segurança
e Medicina do Trabalho trata da responsabilidade civil, de acidentes de trabalho e
doenças ocupacionais, estabilidade acidentária, insalubridade e periculosidade. O autor
relata a amplitude dessa temática e fala do importante papel das normas de segurança
e medicina do trabalho de estabelecer condições que assegurem a saúde e segurança
do trabalhador a fim de proteger, prevenir, recuperar e preservar a sua higidez física e
mental no âmbito das relações de trabalho.

Pode-se dizer que houve uma mudança cultural com respeito à segurança do trabalho no
Brasil após a promulgação da Constituição Federal de 1988, pois antes os empregadores
consideravam um bom funcionário aquele que não adoecia e nem faltava. Foi com
a CF/1988 que as leis, os decretos e outras normas que tratavam da segurança do
trabalho passaram a se adequar à nova Constituição, criando garantias trabalhistas.
Temos as leis, decretos, regulamentos, regimentos internos, portarias, instruções e
resoluções, tudo em prol de garantir um ambiente de trabalho saudável e seguro para
todos: empregadores, empregados, clientes, fornecedores, ou seja, todos os envolvidos
no processo de trabalho (BARSANO; BARBOSA, 2012). No artigo 7o da Constituição
Federal de 1988, (GARCIA, 2009), inciso XXII, assegurou-se o direito de “redução dos
riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de saúde, higiene e segurança”.

Legislação Municipal e Estadual


Correspondem a todas as regulamentações: leis, decretos, resoluções, as instruções
técnicas e outras. Se for no município são criadas pelo Poder Executivo Municipal e
que não se oponham contra as regulamentações estaduais e federais. As Instruções
Técnicas (ITs) emitidas pelo Corpo de Bombeiros da Polícia Militar são específicas de
cada estado, têm o objetivo de estabelecer critérios de segurança contra incêndio, de
edificações e áreas de risco.

Para saber mais sobre as Instruções Técnicas de cada estado, consulte o site do
corpo de bombeiros, segue link de alguns estados:

MG:<http://www.bombeiros.mg.gov.br/component/content/article/471-
instrucoes-tecnicas.html>. Acesso em: 23 jun 2017.

SP: <http://www.corpodebombeiros.sp.gov.br/>Acesso em: 23 jun 2017.

Se for no âmbito estadual as leis virão do Poder Legislativo Estadual, os decretos,


resoluções, instruções técnicas, entre outras regulamentações, desde que não se
oponham aos dispositivos legais federais. O profissional de segurança do trabalho deve
conhecer não só as Normas Regulamentadoras do MTE, mas também as principais

46
SEGURANÇA DO TRABALHO E A MANUTENÇÃO │ UNIDADE II

legislações estaduais e federais, além das leis, decretos e outros regulamentos municipais
referentes à segurança do trabalho (BARSANO; BARBOSA, 2012).

Legislação Federal
Na figura abaixo, há uma adaptação para o que Barsano e Barbosa (2012) citaram
em seu livro como marcos para a Legislação Trabalhista em âmbito Federal. A CLT
foi aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452 de 1o de maio de 1943. Em 1978, no dia 8 de
junho foram aprovadas as Normas Regulamentadoras do Capítulo V, Título II da CLT,
através da Portaria no 3.214. Em 1988, o art. 7o da Constituição Federal, Capítulo II (Dos
Direitos Sociais), incisos específicos sobre a Segurança e Saúde dos Trabalhadores. Em
1991, no dia 24 de julho foi instituída a Lei no 8.213, a qual dispõe sobre os planos de
benefícios da Previdência Social, além de abordar assuntos essenciais para a segurança
do trabalho como acidente do trabalho e CAT. E a Lei no 6.514 de 22 de dezembro de
1997 referente à alteração do Capítulo V do Título II da CLT relativo à Segurança e
Medicina do Trabalho.

Figura 19. Linha do Tempo para a Legislação Federal.

CLT Constituição
aprovada Federal Lei no 6.514
(1943) (1988) (1997)

Portaria no 3.214 Lei no 8.213


(1978) (1991

Fonte: Adaptado (BARSANO; BARBOSA, 2012).

Cabe às empresas cumprirem as normas estabelecidas pelo Ministério do Trabalho e


Emprego (MTE), estas normas são chamadas de Normas Regulamentadoras (NR) e além
delas as normas nas Constituições Estaduais, Códigos Sanitários Estaduais e também
as instruções normativas do corpo de bombeiros (SANTOS,2016). O cumprimento das
NRs relativas à segurança e saúde do trabalho é obrigatório pelas empresas e também
aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário que possuam empregados celetistas. O
não cumprimento de tais normas acarretará ao empregador a aplicação das penalidades
previstas na legislação pertinente.

As Normas Regulamentadoras (NR) são disposições complementares ao


capítulo V da CLT, consistindo em obrigações, direitos e deveres a serem
cumpridos por empregadores e trabalhadores com o objetivo de garantir
trabalho seguro e sadio, prevenindo a ocorrência de doenças e acidentes
de trabalho. A elaboração/revisão das Normas Regulamentadoras (NR)
é realizada pelo Ministério do Trabalho adotando o sistema tripartite

47
UNIDADE II │ SEGURANÇA DO TRABALHO E A MANUTENÇÃO

paritário por meio de grupos e comissões compostas por representantes


do governo, empregadores e empregados.
Fonte:<http://trabalho.gov.br/seguranca-e-saude-no-trabalho/normatizacao>. Acesso em: 22
jun 2017

As Normas Regulamentadoras (NR) do Capítulo V, Título II da CLT, relativas à


Segurança e Medicina do Trabalho, foram criadas para promover a saúde e segurança
do trabalho nas empresas. Inicialmente eram 28 normas <http://sislex.previdencia.
gov.br/paginas/63/MTE/1978/3214.htm>. Acesso em: 22 jun 2017), depois foram
acrescidas 8 NR, totalizando hoje 36 normas regulamentadoras, listadas no quadro 7.
Algumas delas já foram citadas anteriormente neste material. Neste capítulo, daremos
atenção a algumas delas.

Quadro 7. Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego.

NR1 - Disposições Gerais.


NR 02 - Inspeção Prévia.
NR 03 - Embargo ou Interdição.
NR 04 - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho.
NR 05 - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes.
NR 06 - Equipamentos de Proteção Individual (EPI).
NR 07 - Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).
NR 08 – Edificações.
NR 09 - Programas de Prevenção de Riscos Ambientais.
NR 10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade.
NR 11 - Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais.
NR 12 - Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos.
NR 13 - Caldeiras, Vasos de Pressão e Tubulações.
NR 14 – Fornos.
NR 15 - Atividades e Operações Insalubres.
NR 16 - Atividades e Operações Perigosas.
NR 17 – Ergonomia.
NR 18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção.
NR 19 – Explosivos.
NR 20 - Segurança e Saúde no Trabalho com Inflamáveis e Combustíveis.
NR 21 - Trabalho a Céu Aberto.
NR 22 - Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração.
NR 23 - Proteção Contra Incêndios.
NR 24 - Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho.
NR 25 - Resíduos Industriais.
NR 26 - Sinalização de Segurança.
NNR 27 - Revogada pela Portaria GM no 262, 29/05/ u Registro Profissional do Técnico de Segurança do
Trabalho no MTB.
NR 28 - Fiscalização e Penalidades.
NR 29 - Segurança e Saúde no Trabalho Portuário.
NR 30 - Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário.
NR 31 - Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária Silvicultura, Exploração Florestal e
Aquicultura.
NR 32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde.
NR 33 - Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados.
NR 34 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e Reparação Naval.
NR 35 - Trabalho em Altura.
NR 36 - Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e
Derivado.

Fonte: <http://trabalho.gov.br/seguranca-e-saude-no-trabalho/normatizacao/normas-regulamentadoras>.
Acesso em: 23 jun 2017

48
SEGURANÇA DO TRABALHO E A MANUTENÇÃO │ UNIDADE II

Como foi dito anteriormente, para ter acesso às Normas Regulamentoras na íntegra
basta acessar o sítio do Ministério do Trabalho. A seguir, falaremos de algumas das NR.

NR 04 – Serviço Especializado em Engenharia de


Segurança e em Medicina do Trabalho – SESMT

Esta norma estabelece que todas as empresas privadas e públicas, os órgãos públicos
da administração direta e indireta e dos poderes Legislativo e Judiciário, que possuam
empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, manterão,
obrigatoriamente, Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina
do Trabalho - SESMT com a finalidade de promover a saúde e proteger a integridade
do trabalhador no local de trabalho; sendo que o dimensionamento do SESMT
depende da gradação do risco da atividade principal e ao número total de empregados
do estabelecimento, conforme previsto nos Quadros I e II desta NR. Fonte: <http://
trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR4.pdf>. Acesso em: 23 jun 2017.

NR 05 – Comissão Interna de Prevenção de


Acidentes – CIPA

Esta norma estabelece a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA – e tem


como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a
tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção
da saúde do trabalhador. A CIPA será composta de representantes do empregador e
dos empregados, de acordo com o dimensionamento previsto no Quadro I desta NR e
através de eleição. Fonte:<http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR5.
pdf>. Acesso em: 23 jun 2017.

NR 06 – Equipamento de Proteção Individual – EPI

Esta norma define Equipamento de Proteção Individual – EPI como sendo “todo
dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à
proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho”. O EPI,
seja ele fabricado nacionalmente ou importado, só poderá ser vendido se houver o
Certificado de Aprovação – CA expedido pelo órgão nacional competente do MTE. A
empresa é obrigada a fornecer aos empregados gratuitamente o EPI adequado ao risco,
em perfeito estado de conservação e funcionamento. É papel do SESMT recomendar ao
empregador o EPI adequado ao risco existente, se caso a empresa não possuir SESMT
(no caso da desobrigação) cabe ao próprio empregador a seleção e distribuição dos
EPIs. No Anexo I desta norma encontra-se uma lista de Equipamentos de Proteção
Individual para: proteção da cabeça, olhos e face, auditiva, respiratória, proteção do

49
UNIDADE II │ SEGURANÇA DO TRABALHO E A MANUTENÇÃO

tronco, membros superiores e inferiores, proteção do corpo inteiro e contra quedas


com diferença de nível. Fonte:<http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/
NR6.pdf>. Acesso em: 22 de jun 2017.

É recomendado que qualquer trabalhador saiba sobre a NR 6, o que cabe ao


empregador quanto ao EPI e o que cabe ao empregado. Para acessar essa
norma na íntegra, basta acessar o link a seguir <http://trabalho.gov.br/images/
Documentos/SST/NR/NR6.pdf>.

Figura 20. Exemplo de Equipamentos de Proteção Individual (EPI).

Fonte: <http://www.gamma.es/blog/wp-content/uploads/2016/07/Elementos-construcci%C3%B3n-Gu%C3%ADa-Profesional.
jpg>Acesso em: 23 jun 2017.

NR 09 – Programa de Prevenção De Riscos Ambientais

Esta norma estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de


todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados,
do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA, visando à preservação da
saúde e da integridade dos trabalhadores através da antecipação, reconhecimento,
avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que
venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio
ambiente e dos recursos naturais. As ações do PPRA devem ser desenvolvidas no âmbito
de cada estabelecimento da empresa, sob a responsabilidade do empregador, com a
participação dos trabalhadores, sendo sua abrangência e profundidade dependentes das
características dos riscos e das necessidades de controle. Fonte:<http://trabalho.gov.
br/images/Documentos/SST/NR/NR09/NR-09-2016.pdf>. Acesso em: 23 jun 2017.

NR 15 – Atividades e Operações Insalubres

Esta norma é extensa, possui 82 páginas, 14 anexos com limites de tolerância e agentes
de risco. A questão da insalubridade é um aspecto importante a ser considerado na vida

50
SEGURANÇA DO TRABALHO E A MANUTENÇÃO │ UNIDADE II

laboral do trabalhador. As atividades e operações insalubres são aquelas relacionadas à


exposição ao ruído, ruídos de impacto, calor, radiações ionizantes, asbesto (amianto) e
agentes químicos cuja insalubridade é caracterizada por limite de tolerância e inspeção
no local de trabalho, quando acima dos limites de tolerância. Fonte: <http://trabalho.
gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR15/NR15-ANEXO15.pdf>. Acesso em: 22 de
jun 2017.

Também são consideradas atividades insalubres aquelas exercidas sob a ação de pressões
hiperbáricas, agentes químicos considerados insalubres em decorrência de inspeção
realizada no local de trabalho (arsênico, chumbo, hidrocarbonetos e outros compostos
de carbono, benzeno etc.) e agentes biológicos. Radiações não ionizantes, vibração, frio
e umidade quando comprovadas através de laudo de inspeção no local de trabalho.
O exercício de trabalho nessas condições de insalubridade assegura ao trabalhador a
percepção de adicional, incidente sobre o salário mínimo da região, equivalente a 40%
quando insalubridade de grau máximo, 20% quando insalubridade de grau médio e
10% quando insalubridade de grau mínimo (SANTOS, 2016).

No capítulo sobre Doenças Ocupacionais já foi falado um pouco a respeito de


insalubridade e desta norma foram dados exemplos de casos em que os trabalhadores
requereram o adicional de insalubridade, e nos dois casos citados os juízes favoreceram
ao gari e também ao que trabalhava em câmara frigorífica sem os intervalos devidos
contidos na norma.

NR 17 – Ergonomia

Esta norma visa a estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de
trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar
um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. As condições de trabalho
incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais,
ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e à
própria organização do trabalho.

Por exemplo, para trabalhos manuais sentado ou que tenham de ser feitos em pé,
as bancadas, mesas, escrivaninhas e os painéis devem proporcionar ao trabalhador
condições de boa postura, visualização e operação e devem atender aos seguintes
requisitos mínimos: ter altura e características da superfície de trabalho compatíveis
com o tipo de atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho e com
a altura do assento; ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo trabalhador
e ter características dimensionais que possibilitem posicionamento e movimentação
adequados dos segmentos corporais.

51
UNIDADE II │ SEGURANÇA DO TRABALHO E A MANUTENÇÃO

A norma ainda diz em seu anexo quanto à ergonomia para as pessoas com deficiência e
aquelas cujas medidas antropométricas não sejam atendidas pelas especificações deste
Anexo, o mobiliário dos postos de trabalho deve ser adaptado para atender às suas
necessidades, e devem estar disponíveis ajudas técnicas necessárias em seu respectivo
posto de trabalho para facilitar sua integração ao trabalho, levando em consideração
as repercussões sobre a saúde destes trabalhadores. Fonte: <http://trabalho.gov.br/
images/Documentos/SST/NR/NR17.pdf>. Acesso em: 22 de jun 2017.

Figura 21. Ergonomia no Ambiente de Trabalho.

Fonte: <https://1.bp.blogspot.com/-tqJpaIHjsis/V5Djx5LSW7I/AAAAAAAAAIE/RCo1lNoWlf8fThIuFELSHNKE9Qkbf07mQCEw/s1600/5.
png>Acesso em: 23 jun 2017.

NR 25 – Resíduos Industriais

Esta norma visa conceituar o que entende-se como resíduos industriais, que são
aqueles provenientes dos processos industriais, na forma sólida, líquida ou gasosa ou
combinação destas, e que por suas características físicas, químicas ou microbiológicas
não se assemelham aos resíduos domésticos, como cinzas, lodos, óleos, materiais
alcalinos ou ácidos, escórias, poeiras, borras, substâncias lixiviadas e aqueles gerados
em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como demais efluentes
líquidos e emissões gasosas contaminantes atmosféricos. A empresa deve buscar a
redução da geração de resíduos por meio da adoção das melhores práticas tecnológicas
e organizacionais disponíveis. Os resíduos industriais devem ter destino adequado
sendo proibido o lançamento ou a liberação no ambiente de trabalho de quaisquer
contaminantes que possam comprometer a segurança e saúde dos trabalhadores. Além
disso, a norma diz sobre a coleta de resíduos líquidos e sólidos produzidos por processos
e operações industriais, devendo ser adequadamente coletados, acondicionados,
armazenados, transportados, tratados e encaminhados à adequada disposição final

52
SEGURANÇA DO TRABALHO E A MANUTENÇÃO │ UNIDADE II

pela empresa. Neste material, na Unidade sobre Meio Ambiente, será falado sobre o
gerenciamento de resíduos. Fonte: <http://trabalho.gov.br/images/Documentos/
SST/NR/NR25.pdf>. Acesso em: 22 de jun 2017.

Para ter acesso às Normas Regulamentadoras na íntegra, acesse: <http://


trabalho.gov.br/seguranca-e-saude-no-trabalho/normatizacao/normas-
regulamentadoras> ou também na Revista da CIPA: <http://revistacipa.com.br/
normas-regulamentadoras-nrs/>.

Convenções da OIT

O Ministério do Trabalho define as Convenções da Organização Internacional do


Trabalho (OIT) como “tratados multilaterais abertos, de caráter normativo, que
podem ser ratificadas sem limitação de prazo por qualquer dos Estados-Membros”.
Essas convenções exercem papel relevante na segurança do trabalho. São utilizadas
como referências normativas para criar, modificar e até excluir as NRs. Depois de
ratificadas pelo Congresso Nacional, no Brasil, elas ganham força de lei em todo o
território nacional.

No site da Organização Internacional do Trabalho em português, é possível


encontrar mais informações sobre as convenções, tem um quadro com a data de
adoção da Convenção pela OIT e também a data de ratificação no Brasil das que
estão ou não em vigor:

<http://www.oitbrasil.org.br/convention>

Convenções relacionadas à Segurança e Saúde no Trabalho da OIT:

<http://acesso.mte.gov.br/legislacao/convencoes-1.htm>

53
CAPÍTULO 2
Prevenção de acidentes e a
manutenção preventiva

“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no
mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota”. Madre Teresa de Calcutá

A manutenção preventiva, ao contrário da corretiva, procura prevenir a ocorrência de


falhas e os autores Kardec e Nascif (2001) a definem como “a atuação realizada de
forma a reduzir ou evitar a falha ou queda no desempenho, obedecendo a um plano
previamente elaborado, baseado em intervalos definidos de tempo”. São inúmeras
as variáveis de influência na vida dos componentes e equipamentos, como condições
operacionais e ambientais. Estas determinam a periodicidade que deve ser feita a
manutenção preventiva, pois nem sempre os fabricantes fornecem dados suficientes e
precisos para um bom plano de manutenção preventiva. Deve-se levar em consideração
na escolha do tipo de manutenção alguns fatores: quando a manutenção preditiva não
é possível; riscos de agressão ao meio ambiente e para sistemas complexos e/ou de
operação contínua, exemplo petroquímica e siderúrgica (KARDEC; NASCIF, 2001).

É necessário analisar os riscos antes de se fazer qualquer tipo de manutenção e que


todos os envolvidos estejam cientes e bem treinados quanto às medidas preventivas
para evitar qualquer tipo de acidente. A manutenção deve ser planejada de forma
que a capacidade de utilização do equipamento seja mantida, a mantenabilidade
melhorada, confiabilidade aumentada, segurança e qualidade mantidas. Para isso é
necessário avaliar quais as consequências à falha no equipamento poderia acarretar
nas pessoas e sobre o ambiente. Para Barbosa Filho (2010), a maioria das ocorrências
de eventos indesejados com atividades relacionadas à manutenção ainda é a carência
de profissionais capacitados na área.

Kardec e Nascif (2001) falam que no setor da aviação a manutenção preventiva é


mandatória, pois o fator de segurança é maior que os demais setores para determinados
sistemas ou componentes desse ramo. É conveniente escolher esse tipo de manutenção
quando a reposição das peças for simples, quando os custos das falhas forem altos,
quanto mais as falhas prejudicarem a produção e quanto mais essas falhas influenciarem
na segurança pessoal e operacional.

Para que o leitor tenha a dimensão da importância da manutenção, nesse caso


preventiva, será apresentado um pouco do acidente aéreo da Alaska Airlines no
54
SEGURANÇA DO TRABALHO E A MANUTENÇÃO │ UNIDADE II

ano 2000, partiu de Puerto Vallarta (México) para Seattle (Estados Unidos), onde
um problema de manutenção causou a queda desse avião. A falta de graxa em um
mecanismo de controle foi uma das principais causas do acidente do MD-83 da
Alaska Airlines que caiu no Oceano Pacífico no dia 31 de janeiro de 2000, próximo à
Califórnia, e que causou 88 mortes. A investigação durou 22 meses e os especialistas da
Secretaria Nacional de Segurança no Transporte (NTSB) chegaram à conclusão de que
a falta de graxa lubrificante provocou o desgaste prematuro da alavanca que permite
acionar o estabilizador horizontal situado na parte posterior do avião. Esta alavanca
permite controlar a altitude do aparelho. O avião estava a 31 mil pés de altura (10 mil
metros) quando o mecanismo do estabilizador horizontal ficou bloqueado em posição
descendente. Depois disso, o avião iniciou uma queda sem controle. Fonte: <http://
www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u48929.shtml>Acesso em: 23 jun 2017.

Quadro 8. Dados do acidente aéreo – Alaska Airlines (2000).

Empresa Alaska Airlines, Inc.


Objeto Queda no Pacífico – Perda de Controle McDonnell Douglas MD-83, N96AS – Voo 261.
Data 31/1/2000.
Local Oceano Pacífico – Norte de Anacapa Island – Califórnia.
Falha Desgaste da rosca da porca (macaco do tipo rosca) do sistema estabilizador horizontal danificada.
Desgaste excessivo devido a problemas de lubrificação do “macaco do tipo rosca” (aumento do intervalo de lubrificação
Causa(s) com aprovação da FAA – Federal Aviation Administration’s). Falha do programa de manutenção da Alaska Airlines, Inc.
(lubrificação e inspeção).
Custo Não disponível.
Mortos e feridos Nenhum ferido, 93 mortos (2 pilotos, 3 comissários, 88 passageiros).
Estabelecimento de novos procedimentos de manutenção e modificação do projeto (falha segura) para evitar falha
Recomendações
catastrófica.
Fonte: Adaptado (SEIXAS, 2011).

Amalberti (2016) acredita que não se deve limitar às soluções técnicas locais, quando
se aborda a segurança aplicada no ramo industrial: nuclear, químico, etc. ou ao de
serviços: médico, bancário, transporte, etc.; ela deve ser imperativamente sistêmica,
global. Dentro de uma empresa a gestão de riscos não está relacionada apenas a evitar
ou reduzir acidentes, ela engloba tudo que possa comprometer a sua sobrevivência:
ameaça econômica, política, social, ou a perda da imagem, especialmente após
acidentes. A segurança proporcionada por todas as proibições, limitações, exigências
legais, chamada segurança normatizada, somada à segurança trazida pela inteligência
adaptativa dos operadores e profissionais do sistema, ou seja, a segurança em ação
resulta na segurança de sistemas complexos, a segurança total.

Cabe ressaltar que a prática da engenharia da manutenção requer mudança cultural


na empresa. Isso vai muito mais além do que simplesmente consertar peças ou
equipamentos continuadamente, passando a buscar as causas que geraram a falha,

55
UNIDADE II │ SEGURANÇA DO TRABALHO E A MANUTENÇÃO

melhorar padrões, aumentar a manutenibilidade do sistema, dar feedback ao Projeto e


interferir tecnicamente nas compras (KARDEC; NASCIF, 2001).

A técnica de gestão de riscos utiliza o passado para se precaver contra o futuro e aposta
na estabilidade do mundo, considerando a linearidade das interferências, porém não
é uma verdade; o mundo evolui rapidamente e as inovações tecnológicas também,
acarretando consequente mudança nas regras de segurança. O importante é que a
técnica nunca muda sozinha, ela muda a organização do sistema, seu modelo de negócio
e seus agentes, ou seja, muda todo o modelo e, assim, o seu mapeamento de riscos e
construção de defesas. Por isso, o autor acredita que é necessário (re) questionar o
modelo de segurança que foi construído sobre as bases do passado. Nesse movimento
acelerado de tecnologias, os métodos prospectivos podem se revelar mais eficazes para
evitar os acidentes de amanhã do que os retrospectivos (AMALBERTI, 2016).

Como foi citado anteriormente na NR 6 referente a Equipamento de Proteção Individual


– EPI, tais equipamentos e certificados só devem ser entregues aos trabalhadores após
o levantamento dos riscos, juntamente com o programa de orientação quanto ao uso
correto do EPI e conservação destes. Os indivíduos poderão ter problemas graves
de saúde como infecções e reações alérgicas se não higienizarem adequadamente os
EPIs ou os utilizarem de maneira errada (BARBOSA FILHO, 2010). Ainda, é comum
ver nas empresas a resistência dos trabalhadores quanto ao seu uso, relatam que
são desconfortáveis, que incomodam ou atrapalham nas tarefas do trabalho. Porém,
cabe ao SESMT conscientizar esses trabalhadores. Os EPIs mais utilizados (óculos de
segurança, respiradores e máscaras, luvas, aventais e calçados) podem ser vistos na
figura abaixo.

Figura 22. Exemplos de Equipamentos de Proteção Individual.

Fonte: <http://www.intergerais.com.br/images/spotlight/epi.jpg>. Acesso em: 24 jun 2017.

56
SEGURANÇA DO TRABALHO E A MANUTENÇÃO │ UNIDADE II

Além dos EPIs, também há os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC), como capelas
de fluxo laminar, equipamentos de socorro imediato, extintores de incêndio, exaustores,
circulador, autoclaves, barreiras (sanitária, acústica, térmica e radioativa), dispositivos
de segurança em máquinas e equipamentos (figura abaixo). Santos (2016) define EPC:

São dispositivos que tem a função de proteger o maior número de pessoas


possível. Quando adotados de forma adequada podem neutralizar o risco
na própria fonte. Exemplo: piso antiderrapante, sensores de máquinas,
placas sinalizadoras, ventilação dos locais de trabalho, proteção de
partes móveis de máquinas, exaustores para gases e vapores etc.
Fonte: (SANTOS, 2016).

Figura 23. Exemplos de Equipamentos de Proteção Coletiva.

Fonte: <http://static.inbep.com.br/blog/uploads/2015/12/24124416/exemplos-de-epc-01.jpg>. Acesso em: 19 jul 2017.

Se os EPCs não tiverem sido implantados no ambiente de trabalho ou para atender


situações de emergências, os EPIs adequados devem ser obrigatoriamente fornecidos
pela empresa. Como já foi dito, a NR 06 estabelece que a recomendação de qual
equipamento de proteção o trabalhador deve usar cabe ao Serviço Especializado em
Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), bem como a participação
da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) e dos trabalhadores usuários,
de acordo com o risco existente em determinada atividade (SANTOS, 2016).

Barbosa Filho (2010) afirma que ainda há muita negligência no ambiente de trabalho.
Muitas vezes a falta de instruções padronizadas, folhas de rotina de manutenção,
procedimentos analisados e aprovados leva o trabalhador a fazer escolhas baseadas na
subjetividade e frequentemente a aceitação de trabalhar em condições inadequadas.
O autor apresenta sete dicas sobre medidas preventivas e técnicas de simples

57
UNIDADE II │ SEGURANÇA DO TRABALHO E A MANUTENÇÃO

implementação, as quais podem trazer mais segurança nas atividades relacionadas à


manutenção industrial, são elas:

»» Dica 1: Nunca improvisar ferramentas – as ferramentas são


projetadas para suportarem determinados esforços e por mais que o
projetista contemple uma variação na utilização destas, utilizá-las de forma
inadequada aumenta o risco de acidentes. O trabalhador, às vezes, por
utilizar diversas vezes a ferramenta erroneamente e não ocorrer nenhum
acidente passa a acreditar que é seguro e que é vantajoso utilizá-la.

»» Dica 2: Utilizar EPIs específicos para cada atividade – para cada


risco que o trabalhador está submetido há um EPI específico, assim como
para cada atividade. Nunca se deve desprezar tal proteção adicional dada
pelos EPIs, sempre higienizá-los e seguir as regras de utilização.

»» Dica 3: Durante a movimentação de cargas ter bastante cuidado


– é comum na manutenção atividades que requeiram deslocamento,
elevação e descarregamento de cargas (peças, partes de máquinas com
portes variados, equipamentos completos); tais atividades devem ser
observadas atentamente com as recomendações ergonômicas. Também
uso de veículos industriais (empilhadeiras, etc) e equipamentos de
elevação (talhas e pontes rolantes), estes podem se romper durante o uso
em cabos e correntes, ocasionar a queda dos materiais e assim causar
acidentes nos mantenedores.

»» Dica 4: Não esquecer de sempre liberar as energias contidas em


máquinas e/ou bloqueá-las durante a manutenção – os mesmos
cuidados tratados na NR 33 sobre ambientes confinados deve-se ter em
todas as ocasiões onde tal segurança é requerida, como na instalação
de equipamentos, montagem e testes. Deve-se isolar o equipamento
e sinalizar quanto à proibição ou reservas, ou ainda sendo criterioso
colocar etiquetas para liberação dos comandos do equipamento, devendo
ser removida somente por um profissional autorizado da manutenção.
O que ocorre é que algumas formas de energia residuais como estática,
térmica e outras, existentes em componentes ou em partes existentes
dos equipamentos, podem gerar acidentes graves, por isso devem
ser bloqueadas ou desativadas para a manutenção. Pode se bloquear
(lock-out) com travas, cadeados ou lacres que impedem a ação sobre
válvulas, acionadores, painéis, impedindo que o equipamento seja
acionado por engano e não colocando em risco os usuários.

58
SEGURANÇA DO TRABALHO E A MANUTENÇÃO │ UNIDADE II

»» Dica 5: Quando utilizar discos abrasivos, observar as normas


de segurança – Durante as operações de desbaste, acabamento e
preparação comumente utilizadas na manutenção com discos abrasivos.
Cuidado com as fagulhas projetadas e em alta temperatura. Sempre
verificar o desgaste do disco, se há rachaduras, se está plano. Atenção
também na montagem e desmontagem, alinhamento e fixação, aqui
também cabe o cuidado da Dica 4 com a botoeira de acionamento.

»» Dica 6: Redobrar atenção com trabalhos a quente (corte de


peças ou separação de componentes metálicos) – cuidado
redobrado com maçaricos que usam mistura de acetileno e oxigênio, pois
podem gerar graves acidentes, assim como podem ser vistas na literatura
explosões pelo escapamento dessa mistura ou do acetileno puro. Verificar
a pressão dos gases, a integridade das mangueiras e presença de material
inflamável perto do local de serviço. Não esquecer, claro, do uso de
proteção respiratória adequada, da face, do corpo e dos olhos.

»» Dica 7: Exigir o mesmo comprometimento dos trabalhadores


terceirizados – o trabalhador terceirizado deve também ter sua
integridade pessoal e ambiental preservada. Cabe à empresa cuidar
para que o terceiro tenha as mesmas responsabilidades e cuidados com
a segurança que os contratados, é necessário informá-los e treiná-los
quanto às regras de segurança da sua empresa. O melhor é treinar e
orientar seus prestadores de serviço para que não tenham problemas no
futuro.

Portanto, a fim de conhecer mais sobre a prevenção de acidentes o leitor pode consultar
a literatura clássica de segurança do trabalho. No livro de Barbosa Filho (2010), fala-
se sobre noções de prevenção e combate a incêndios e também sobre emergências e
primeiros socorros. Santos (2016) também fala sobre noções básicas de combate a
incêndio, normas da ABNT que abordam questões que envolvem a prevenção e proteção
contra incêndios, primeiros socorros e transporte de vítimas. Barsano e Barbosa (2012)
tratam com detalhes sobre proteção de incêndios e primeiros socorros.

59
MEIO AMBIENTE E UNIDADE III
MANUTENÇÃO

CAPÍTULO 1
Meio Ambiente – conceitos,
política ambiental, preservação e
responsabilidade

“A natureza não faz nada em vão”. Aristóteles.

Durante séculos vem se consumindo recursos naturais sem a preocupação com os


impactos das demandas de matérias-primas, água e energia, o que nos leva a uma
situação insustentável. Foi a partir do ano 2000 que as questões ambientais tomaram
importância, onde os governos, organizações e comunidades as incorporaram às suas
agendas (RIBEIRO NETO; CUNHA TAVARES; HOFFMANN, 2008).

Sete anos atrás, Barbosa Filho (2010) em seu livro falou dessa preocupação que
deveríamos ter com o meio ambiente, depois desses anos que passaram há ainda
necessidade de mudança dos padrões de consumo da população e consciência. A água,
a alimentação, a energia, habitação e mobilidade são assuntos de interesse mundial,
totalmente relevantes. Esse cuidado é papel de todos os cidadãos e não só governamental,
como às vezes vemos cobranças e políticas públicas para conscientização, a mudança
comportamental também é importante.

O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) foi mencionado na Política Nacional do Meio


Ambiente em 1981 e assim firmada a Resolução do Conselho Nacional de Meio
Ambiente (Conama) de no 1/86 (RIBEIRO NETO; CUNHA TAVARES; HOFFMANN,
2008). Segundo a Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, que estabeleceu esta política,
em seu Art 2o fala dos objetivos e no Art 4o o que visa a Política Nacional:

60
MEIO AMBIENTE E MANUTENÇÃO │ UNIDADE III

“Art 2o - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a


preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia
à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento
socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da
dignidade da vida humana, (...)”.

“Art 4o - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:

I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a


preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;

II - à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à


qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União,
dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;

III - ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e


de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais;

IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais


orientadas para o uso racional de recursos ambientais;

V - à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação


de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência
pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e
do equilíbrio ecológico;

VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas


à sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo
para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida;

VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar


e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela
utilização de recursos ambientais com fins econômicos”.
Fonte:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>Acesso em: 24 de jun 2017.

Ainda sobre a Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, que estabeleceu a Política Nacional
do Meio Ambiente, em seu art. 3o, define-se:

“I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações


de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida
em todas as suas formas;

II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das


características do meio ambiente;

61
UNIDADE III │ MEIO AMBIENTE E MANUTENÇÃO

III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de


atividades que direta ou indiretamente”.
Fonte: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em: 24 de jun 2017.

Barsano e Barbosa (2012) atentam a necessidade que deve ser dada nas empresas sobre
a influência dos processos de trabalho no meio ambiente e suas consequências, além
das responsabilidades de cada um, do empregador e dos trabalhadores para inibir tais
riscos. O SESMT tem um papel importante por meio de seus conhecimentos técnicos
no cumprimento legal de controle ambiental e, principalmente, de conscientização e
preservação da vida. Pode ocorrer um desequilíbrio no ecossistema dependendo do grau
de alteração da relação homem e natureza, prejudicando todos os seus componentes.

Figura 24. Meio Ambiente e Sustentabilidade.

Fonte: <http://www.americanfire.com/images/page-images/sustainability.jpg>. Acesso em: 13 jun 2017.

No Brasil, temos o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais


Renováveis, IBAMA, que é um órgão federal responsável pelas políticas de proteção do
meio ambiente no país. Auxilia na preservação, controle, fiscalização e conservação da
fauna e flora nacional, além de realizar estudos sobre o ambiente e conceder licenças
ambientais para empreendimentos que possam impactar na natureza. Como principal
autoridade global tem-se a ONU Meio Ambiente, é a agência do Sistema das Nações
Unidas (ONU) responsável por promover a conservação do meio ambiente e o uso
eficiente de recursos no contexto do desenvolvimento sustentável.

Será visto no Capítulo 3 sobre empresas socioambientais, mas o que é responsabilidade


Socioambiental? Barsano e Barbosa (2012) definem como:

a atitude que se manifesta nos seres humanos por meio de práticas


cujos indicadores evidenciam: o favorecimento da sustentabilidade das
pessoas; a promoção do desenvolvimento sustentável das organizações
e a opção pelo uso de tecnologias mais econômicas e menos impactantes,

62
MEIO AMBIENTE E MANUTENÇÃO │ UNIDADE III

tendo em vista políticas de (re) inclusão social e melhoria da qualidade


de vida no planeta.
Fonte: (BARSANO; BARBOSA, 2012)

Com respeito às normas ambientais, a ISO (International Organization for


Standardization) é a sigla para Organização Internacional para Padronização e é uma
entidade de padronização e normatização, possui a ISO 14000 para desenvolver o
sistema de gestão ambiental dentro das empresas, é constituída por uma série de normas
com o objetivo de garantir o equilíbrio e proteção ambiental, prevenindo a poluição e
os potenciais problemas que esta poderia trazer para a sociedade e economia. (Fonte:
<https://www.significados.com.br/iso-14000/>. Acesso em: 24 jun 2017).

Teoria dos 3 R’s

Em 1992, no Rio de Janeiro, 179 países da Organização das Nações Unidas (ONU)
assinaram a chamada “Agenda 21 Global” ou “Agenda 21”, fazendo referência ao
desejo de mudança para o século XXI, o evento Conferência das Nações Unidas sobre
o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD) ficou conhecido como a Rio-92,
ECO-92 e também como “Cúpula da Terra” ou “Conferência da Terra”. Essa agenda foi
um programa de ação descrito em um documento com 40 capítulos com o intuito de
implantar um novo padrão de desenvolvimento sustentável conciliando justiça social,
proteção ambiental e eficiência econômica. Disponível em: <http://www.mma.gov.
br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21/agenda-21-global>. Acesso em: 3 jul
2017. Ficou acordado que os países em desenvolvimento receberiam apoio tecnológico
e financeiro a fim de se tornarem mais sustentáveis incluindo a redução dos padrões
de consumo, principalmente uso de combustíveis fósseis (petróleo e carvão mineral).
Disponível em: <http://www.senado.gov.br/noticias/Jornal/emdiscussao/rio20/a-
rio20/conferencia-rio-92-sobre-o-meio-ambiente-do-planeta-desenvolvimento-
sustentavel-dos-paises.aspx>. Acesso em: 3 jul 2017.

Assim, foi estabelecida neste evento a política ou o princípio dos 3R’s que se refere a um
conjunto de ações sugeridas com o objetivo de diminuir o lixo produzido, já que a sua
geração é inevitável. Os 3R’s se referem a Reduzir, Reutilizar e Reciclar o lixo produzido.
Juntamente com estes princípios, deve estar aliada a mudança de padrões de consumo
visando à sustentabilidade e à prevenção e não geração de resíduos. Para Barsano e
Barbosa (2012), o aproveitamento dos resíduos industriais e de serviços reflete de uma
gestão ambiental adequada, pois há a preocupação de solucionar os problemas nas
fontes dos resíduos. Essa teoria dos 3R’s veio para mostrar que é possível, sim, reduzir os
resíduos ou retorná-los às atividades industriais, adotando metodologias operacionais
e administrativas. Um exemplo prático de reutilização é o caso da empresa Natura, que

63
UNIDADE III │ MEIO AMBIENTE E MANUTENÇÃO

será abordado com mais detalhes no próximo capítulo, ela adotou o uso de refil, com
menos material na confecção da embalagem e com plástico reciclável.

Figura 25. Teoria dos 3R’s.

Fonte:<http://photobucket.com/gallery/user/rocha87/media/bWVkaWFJZDo1MzYwOTU4MQ==/?ref>. Acesso em: 22 jun 2017.

Reduzir

É consumir menos produtos, é pensar antes de consumir, dar preferência aos produtos
com menor potencial de gerar resíduos, com maior durabilidade, assim minimizando
a quantidade de lixo gerado, ter consciência de não comprar somente produtos
descartáveis, são essas pequenas ações que impactam nessa redução, desde evitar o
desperdício de alimentos a dar preferência a produtos reutilizáveis. Barsano e Barbosa
(2012) ainda se atentam na fabricação de embalagens plásticas mais otimizadas
investindo em novas tecnologias.

Reutilizar

Antes de comprar um produto deve-se pensar em quantas vezes poderá utilizá-lo,


priorizar embalagens retornáveis. Nesse R entra a criatividade, pois novas funções
podem ser dadas a estes que iriam para o lixo, como papéis devem ser doados para
instituições, os potes plásticos usados para armazenar alimentos em casa ou outros
objetos. Analisar antes de descartar é importante, pois o objeto pode ter outras
utilidades.

Reciclar

Se caso não for possível reutilizar o objeto, pensar na reciclagem, onde é o processo
que transforma resíduos em novas matérias-primas ou produtos por meio de processos
artesanais ou industriais. Cabe ressaltar aqui a importância da coleta seletiva, que
através da separação dos resíduos terá somente o que for reciclável como papel,

64
MEIO AMBIENTE E MANUTENÇÃO │ UNIDADE III

alumínio, plástico, vidro, etc; assim evitando que extraia mais matérias-primas da
natureza e também o descarte inadequado de resíduos perigosos.

Disponível em : <http://www.mma.gov.br/component/k2/item/7589?Itemid=849>

<http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/politica-dos-3rs.htm>. Acesso em: 3


jul 2017.

Teoria dos 5 R’s


Após a Teoria dos 3 R’s, com o objetivo de uma consciência ambiental mais ampla
verificou-se que além de Reduzir, Reutilizar e Reciclar é também necessário Repensar e
Recusar. Os 5 R’s tem como objetivo a mudança de hábitos na população, fazem parte de
um processo educativo, de forma que leve todos a repensarem seus valores e reduzindo
o desperdício e o consumo exacerbado. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a
realização dessas práticas geram algumas vantagens como a menor extração de recursos
naturais, a redução dos resíduos nos aterros, a redução dos gastos do poder público
com o tratamento do lixo e redução do uso de energia nas indústrias e intensificação da
economia local (sucateiros, catadores etc.). Disponível em: <http://www.mma.gov.br/
comunicacao/item/9410>. Acesso em: 3 jul 2017.

Repensar

Este R se baseia na compra e descarte consciente, refletir antes se realmente o que


está comprando é necessário, se o que está descartando não pode ser reaproveitado
ou reciclado e avaliar os danos que tais produtos causam ao meio ambiente ou à sua
saúde. Comece pensando como é feito o descarte do lixo na sua casa, reaproveita algo?
Ou simplesmente os descartam no lixo comum? No Brasil, muitas cidades não possuem
a coleta seletiva, por isso fica também difícil o descarte de substâncias como o óleo de
cozinha, que não deve ser descartado diretamente na rede de esgoto.

Recusar

Preferir produtos com embalagens recicláveis (vidro e metal) ou as biodegradáveis. Dê


preferência às “ecobags” ao invés de usar a sacolinha plástica do mercado. Analise se
a empresa fabricante tem compromisso com o meio ambiente. Recusando produtos
prejudiciais à saúde e ao meio ambiente já contribui para que o mundo se torne mais
sustentável.

Disponível em: <http://www.hypeverde.com.br/5-rs-da-sustentabilidade/>. Acesso em: 3


jul 2017.

65
UNIDADE III │ MEIO AMBIENTE E MANUTENÇÃO

Figura 26. Teoria dos 5R’s.

Fonte: <https://www12.senado.leg.br/institucional/programas/senado-verde/img/5Rs_pequeno.jpg>. Acesso em: 22 jun 2017.

Como Barbosa Filho (2010) disse, cabe a nós, enquanto consumidores, trabalhadores ou
empreendedores relacionados à produção de bens e serviços cuidar em nosso cotidiano
das nossas ações, atenções estas voltadas ao meio ambiente. Santos (2016) reafirma que
é de compromisso de todos a preservação ambiental, sociedade e também empresas
devem promover a conservação ambiental a fim de garantir para as futuras gerações
recursos naturais necessários à sobrevivência. O Ministério do Meio Ambiente (MMA)
afirma que o “consumo consciente é uma questão de hábito: pequenas mudanças em
nosso dia a dia têm grande impacto no futuro. Assim, o consumo consciente é uma
contribuição voluntária, cotidiana e solidária para garantir a sustentabilidade da vida
no planeta”. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/component/k2/item/7591>.
Acesso em: 2 jul 2017.

Coleta Seletiva

A resolução do CONAMA no 275, de 25 de abril de 2001, Publicada no DOU no 117-E, de 19


de junho de 2001, Seção 1, página 80, estabeleceu para cada tipo de resíduo um código
de cores para identificação de coletores e transportadores e nas campanhas acerca de
coleta seletiva. São elas:

AZUL: papel/papelão.

VERMELHO: plástico.

VERDE: vidro. AMARELO: metal.

PRETO: madeira.

LARANJA: resíduos perigosos.

BRANCO: resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde.

66
MEIO AMBIENTE E MANUTENÇÃO │ UNIDADE III

ROXO: resíduos radioativos.

MARROM: resíduos orgânicos.

CINZA: resíduo geral não reciclável ou misturado, ou contaminado não passível de


separação.

Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=273>.


Acesso em: 3 jul 2017.

Figura 27. Lixeira de Coleta Seletiva.

Fonte:<http://sucatas.com/portal/img/imagens_modelo/lixeiras_coleta_seletiva.jpg>. Acesso em: 3 jul 2017.

Os materiais não recicláveis deverão ser evitados, se não for possível deverão ser
destinados ao lixo comum, como por exemplo os termofixos, muito utilizados na
indústria eletrônica e na produção de alguns computadores (SANTOS, 2016).

No site do Ministério do Meio Ambiente o leitor pode encontrar mais sobre


diversos assuntos relacionados: Água; Áreas Protegidas; Biodiversidade; Biomas;
Cidades Sustentáveis; Desenvolvimento Rural; Educação Ambiental; Florestas;
Gestão Territorial; Governança Ambiental; Mudança do Clima; Patrimônio
Genético; Responsabilidade Socioambiental e Segurança Química.

<http://www.mma.gov.br/>. Acesso em: 23 jun 2017.

Site do IBAMA: <http://www.ibama.gov.br/>.Acesso em: 23 jun 2017.

67
CAPÍTULO 2
Gerenciamento de resíduos

“Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse
o que lhe fosse necessário, não havia pobreza no mundo e ninguém morreria de
fome”. Mahatma Gandhi

Como foi explicado anteriormente, a NR 15 é a norma regulamentadora que trata


dos Resíduos Industriais, como devem ser coletados, destinados e transportados. Os
trabalhadores envolvidos em atividades de coleta, manipulação, acondicionamento,
armazenamento, transporte, tratamento e disposição de resíduos, segundo a NR 15,
devem ser capacitados pela empresa, de forma continuada, sobre os riscos envolvidos
e as medidas de controle e eliminação adequadas. Lembrando como a norma define
resíduos industriais:

são aqueles provenientes dos processos industriais, na forma sólida,


líquida ou gasosa ou combinação dessas, e que por suas características
físicas, químicas ou microbiológicas não se assemelham aos resíduos
domésticos, como cinzas, lodos, óleos, materiais alcalinos ou ácidos,
escórias, poeiras, borras, substâncias lixiviadas e aqueles gerados em
equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como demais
efluentes líquidos e emissões gasosas contaminantes atmosféricos.

Fonte: <http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR25.pdf>. Acesso em: 22 de jun

2017.

Resíduos sólidos

São os rejeitos vindos do setor produtivo e de bens e serviços da empresa, poluem o


solo quando a destinação é inadequada, podem ocasionar entupimento de tubulações
públicas, contaminar os lençóis freáticos, proliferar doenças etc. Por isso é importante
que todas as empresas possuam um programa de gerenciamento de resíduos, desde a
fonte inicial até sua destinação final, de forma ambientalmente segura, atendendo a
Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305 de 02 agosto de 2010) (BARSANO;
BARBOSA, 2012).

68
MEIO AMBIENTE E MANUTENÇÃO │ UNIDADE III

Figura 28. Exemplo de Resíduos Sólidos.

Fonte: <http://meioambiente.culturamix.com/blog/wp-content/gallery/residuos-solidos-6/Res%C3%ADduos-S%C3%B3lidos-16.
jpg>. Acesso em: 22 de jun 2017

Resíduos líquidos

A poluição é o que mais acarreta perigo aos recursos hídricos. Empresas no ramo de
farmacologia e alimentícias são exemplos de indústrias que requerem a purificação da
água em várias de suas atividades industriais. A poluição inviabiliza o uso da água e
representa um perigo ao meio ambiente e seres vivos, aumentando a mortalidade de
ecossistemas áquaticos (BARSANO; BARBOSA, 2012). No Capítulo 3 será tratado do
desastre ambiental em Mariana, o quanto o meio ambiente sofreu e ainda sofre com as
consequências do rompimento da barragem.

Figura 29. Exemplo de resíduo líquido.

Fonte: <http://www.pensamentoverde.com.br/wp-content/uploads/2013/09/4.jpg>Acesso em: 22 de jun 2017.

Resíduos gasosos
A emissão de resíduos gasosos em forma de fumaças, névoas e vapores é um fator
preocupante tanto para o trabalhador quanto para o meio ambiente. Para controlar
o limite de exposição a esse tipo de resíduo existem normas regulamentadoras, sem

69
UNIDADE III │ MEIO AMBIENTE E MANUTENÇÃO

que o ambiente fique insalubre para o trabalhador. Além de existirem as legislações e


os acordos internacionais que devem ser atendidos. O efeito estufa é o mais conhecido
impacto ambiental causado pela poluição do ar que ocasiona o aquecimento global,
impactando a fauna e a flora, as correntes marítimas além de potencializar fenômenos
naturais como tempestades, furacões e alagamentos (BARSANO; BARBOSA, 2012).

Figura 30. Exemplo de resíduo gasoso.

Fonte: <http://3.bp.blogspot.com/-31R6f4DMoRU/TdfaC_4LIsI/AAAAAAAAAAw/byPBB4o3NIE/s1600/poluicaoindustrial_chamines.
jpg>. Acesso em: 22 de junho 2017.

Em 1997, no Japão, países do mundo todo se reuniram para tratar o compromisso a fim
de reduzir a emissão de gases na atmosfera com foco nos países industrizalizados, sendo
criado o Protocolo de Quioto, mas os Estados Unidos não assinaram o trato por motivos
de interesses econômicos. Na Suécia, em 2001, o Tratado de Estocolmo foi assinado
por 127 países para banir os Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs), os quais são 12
substâncias, a maioria usada para fabricar inseticidas e herbicidas, substâncias essas
cancerígenas (BARSANO; BARBOSA, 2012).

O termo sustentabilidade está muito in voga nos últimos anos, ser uma empresa
sustentável significa ser bem vista pelos consumidores, cada vez mais buscamos empresas
com boas práticas socioambientais. Segundo o dicionário da Língua Portuguesa, a
palavra sustentabilidade significa “qualidade ou condição do que é sustentável, um
modelo de sistema que tem condições para se manter ou conservar”. (Fonte: <https://
www.priberam.pt/dlpo/sustentabilidade>. Acesso em: 23 jun 2017)

Figura 31. Mundo Sustentável.

Fonte: <http://1.bp.blogspot.com/-GlLwdowXTcA/U6BOxIOYquI/AAAAAAAAABk/aIdf-rurfQo/s1600/img_meio_ambiente.jpg>.
Acesso em: 22 jun 2017.

70
MEIO AMBIENTE E MANUTENÇÃO │ UNIDADE III

Portanto, é importante que o leitor conheça os conceitos, as normas, as leis a respeito da


gestão de resíduos e as que se referem a questões ambientais, são elas que embasarão
o engenheiro na indústria para pensar globalmente e não só na atividade industrial
em si, no que cada atividade pode impactar na saúde dos trabalhadores e também no
ambiente.

Para a correta classificação e correto manuseio de resíduos, a Associação Brasileira de


Normas Técnicas (ABNT) dispõe de várias Normas Regulamentadoras como a NBR
12235 sobre Armazenamento de resíduos perigosos, a NBR 11174 para armazenamento
de resíduos inertes e não inertes, NBR 11564 de embalagens de produtos perigosos e
NBR 10004 sobre classificação de resíduos sólidos (BARSANO; BARBOSA, 2012).

71
CAPÍTULO 3
Empresas com melhores práticas de
sustentabilidade e exemplos de danos
e desastres ambientais

“Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Antoine Lavoisier

Empresas sustentáveis no mundo e no Brasil


Em 2016, duas companhias brasileiras integraram o ranking Global 100 (The Global
100), lista anual das companhias mais sustentáveis do mundo. A Natura em 61ª lugar e
o Banco do Brasil, que aparece na 75ª posição do ranking. Mas foi a BMW quem liderou
a lista do ano de 2016, saindo do 6o em 2015. A empresa apresentou excelente atuação
nas áreas de energia, resíduos e redução no uso de água, além de uma nota máxima
em bônus por desempenho. Essa lista foi publicada pela revista Corporate Knights,
publicação canadense especializada em responsabilidade social e desenvolvimento
sustentável e é anunciada anualmente durante o Fórum Econômico Mundial em Davos.
A publicação se baseia para a seleção em 12 indicadores principais: energia, emissões
de carbono, consumo de água, resíduos sólidos, capacidade de inovação, pagamentos
de impostos, a relação entre o salário médio do trabalhador e o do CEO, planos de
previdência corporativos, segurança do trabalho, percentual de mulheres na gestão.

Disponível em: <http://exame.abril.com.br/negocios/as-100-empresas-mais-


sustentaveis-do-mundo-em-2016/>. Acesso em: 13 jun 2017.

Quadro 9. As 10 empresas mundiais mais sustentáveis em 2016.

Ranking Empresa País Área/Indústria Pontuação


1 BMW Alemanha Automotiva 80,10%
2 Dassault Systemes França Software 75,70%
3 Outotec Finlândia Construção e Engenharia 74,4%
4 Commonwealth Bank of Australia Austrália Bancos 73,90%
5 Adidas Alemanha Têxtil, Vestuário e Artigos de Luxo 73,10%
6 Enagas Espanha Gás 72,10%
7 Danske Bank Dinamarca Bancos 72,40%
8 StarHub Singapura Serviços de Telecomunicações Wireless 71,80%
9 Reckitt Benckiser Group Reino Unido Produtos domésticos 71,70%
10 City Developments Singapura Gestão Imobiliária e Incorporação 71,30%
61 Natura Cosméticos Brasil Produtos de uso pessoal 60,70%
75 Banco do Brasil Brasil Bancos 58,80%
Fonte: Adaptado de http://exame.abril.com.br/negocios/as-100-empresas-mais-sustentaveis-do-mundo-em-2016/>. Acesso
em: 13 jun 2017.

72
MEIO AMBIENTE E MANUTENÇÃO │ UNIDADE III

Já em 2017, a empresa brasileira Natura chegou aos Top 20 das empresas mais
sustentáveis do mundo. Em 2015, foi a 44ª mais sustentável, depois caindo para
61ª posição em 2016 e agora entre as 20 melhores. O Banco do Brasil, por sua vez,
que apareceu na 75ª posição no ranking de 2016, não foi selecionado este ano. Já o
Santander Brasil, que não aparecia antes entre os 100 aparece na 60ª posição. Os países
com maior participação das empresas do Global 100 foram os EUA (19), a França (12),
a U.K. (11), o Canadá (6), a Alemanha (6) e os Países Baixos (5).

Quadro 10. As 10 empresas mundiais mais sustentáveis em 2017.

Ranking Empresa País Área/Indústria Pontuação


1 Siemens AG Germany Industrial Conglomerates 73.10%
2 Storebrand ASA Norway Insurance 71.83%
Communications
3 Cisco Systems Inc United States 71.50%
Equipment
4 Danske Bank A/S Denmark Banks 71.05%
5 Ing Group Netherlands Banks 70.93%
6 Commonwealth Bank of Australia Australia Banks 70.00%
7 Koninklijke Philips NV Netherlands Industrial Conglomerates 69.92%
8 Johnson & Johnson United States Pharmaceuticals 69.79%
9 Koninklijke DSM NV Netherlands Chemicals 67.77%
10 Enagas SA Spain Gas Utilities 67.73%
19 Natura Cosmeticos SA Brazil Personal Products 64.41%
60 Banco Santander Brasil SA Brazil Banks 57.77%
Fonte: Adaptado de <http://www.corporateknights.com/magazines/2017-global-100-issue/2017-global-100-results-14846083/>.
Acesso em: 13 jun 2017.

Caso de sucesso ambiental: natura

Numa visita rápida ao site da empresa Natura, o leitor verá a história de que há 34 anos
a empresa passou a oferecer a opção de refil, cuja massa é 50% menor que a embalagem
regular e o plástico utilizado é reciclável, promovendo o consumo consciente dos
recursos naturais, pense nessa época o quão inovador foi essa ideia e pioneira. (Fonte:
<http://www.natura.com.br/a-natura/inovacao/sustentabilidade>. Acesso em: 13 jun
2017)

Em 2015, a Natura ganhou o prêmio “Campeões da Terra” da Organização das Nações


Unidas (ONU) na categoria Visão Empresarial, o Programa das Nações Unidas para
o Meio Ambiente (PNUMA) reconheceu o compromisso da empresa em colocar a
sustentabilidade no coração de sua estratégia de negócios. A companhia emprega um
modelo de produção sustentável baseado no fornecimento responsável de ingredientes
naturais e trabalho com comunidades locais, para incentivar a inovação ecológica em
todo o ciclo de vida de um produto. A fabricante prioriza materiais reciclados e recicláveis

73
UNIDADE III │ MEIO AMBIENTE E MANUTENÇÃO

em suas embalagens, analisando o impacto ambiental do ciclo de vida do produto. Um


exemplo foi o lançamento, em 2014, dos refis das fragrâncias da linha Ekos Frescores,
feitos 100% de PET reciclado pós-consumo, gerando 72% menos emissões de gases do
efeito estufa.

Para saber mais a respeito do prêmio dado pela ONU à empresa Natura e sobre
como a empresa vê a importância da sustentabilidade em seus negócios, acesse:

<https://www.youtube.com/watch?v=P5LmtWm77-s>. (prêmio Campeões da


Terra) Acesso em: 13 jun 2017.

<https://www.youtube.com/watch?v=l_qjr5ofDaw>. (Institucional Natura)


Acesso em: 19 jul 2017.

Em seu relatório anual de 2016, a Natura fala sobre o Programa Carbono Neutro que
tem o objetivo de reduzir os impactos das emissões de gás carbônico (CO2) presente
desde a extração de matérias-primas até a destinação das embalagens dos produtos
pós-consumo. Desde 2007 é uma empresa de carbono neutro, pois as emissões que
não podem ser evitadas são 100% compensadas, ocorrendo por meio da compra de
créditos de carbono de organizações que reduziram suas emissões. Até 2020 espera-se
reduzir em 33% a emissão relativa de gases de efeito estufa, e implementar estratégia
de diversificação de fontes de energia renovável para as operações no Brasil. Além desse
programa dos gases do efeito estufa, a empresa apresenta gestão de resíduos e água,
programas de sociobiodiversidade, o Programa Amazônia, lançado em 2011, que busca
fomentar a criação de negócios sustentáveis na região amazônica e outros programas.
Fonte:<http://www.natura.com.br/relatorioanual/2016>. Acesso em: 19 julho 2017.

Casos de danos e desastres ambientais

Caso Dieselgate na Volkswagen (2015)

Em 2015, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos acusou a Volkswagen


de instalar um dispositivo para fraudar as emissões de poluentes de motores a diesel,
a fim de atender à regulamentação do país. Com o uso de um software que detecta
quando o carro está na inspeção e só então passa a fazer o controle dos gases, e a seguir
quando sai às ruas o controle fica desligado, fazendo com que os carros poluam muito
mais que o permitido. O grupo admitiu o uso desse dispositivo que altera resultados
sobre emissões de poluentes em cerca de 11 milhões de veículos a diesel em todo o
mundo, em modelos de várias marcas pertencentes ao grupo. A filial brasileira foi
multada pelo Ibama - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente em R$ 50 milhões.

74
MEIO AMBIENTE E MANUTENÇÃO │ UNIDADE III

Depois desse escândalo, o grupo para melhorar sua imagem, anunciou a volta de seus
investimentos em carros híbridos ou 100% elétricos, com 30 novos modelos até 2025.
O caso tem sido chamado de Dieselgate, fazendo referência ao caso Watergate, grande
escândalo da história política dos Estados Unidos. (Fonte:<http://especiais.g1.globo.
com/carros/2016/volkswagen-dieselgate/>. Acesso em: 22 jun 2017).

Gases poluentes são liberados na atmosfera com a queima do diesel como monóxido de
carbono, óxido de nitrogênio, enxofre etc. Esses gases são responsáveis pela morte de
muitas pessoas e é por isso que os países regulam as emissões desses gases. Comparado
à gasolina, o diesel é sete vezes pior em relação à emissão de poluentes. A exposição
prolongada aumenta os riscos de câncer de pulmão e bexiga, podendo agravar
inflamações nos pulmões, aumentar riscos de ataques cardíacos e derrames. Além de
poder desencadear asma e bronquite.

(Fonte:<http://www.ecycle.com.br/component/content/article/38-no-mundo/3813-
entenda-por-que-o-escandalo-da-volkswagen-e-um-problema-de-saude-publica-mundial.
html>. Acesso em: 22 jun 2017.

Figura 32. As 10 empresas mundiais mais sustentáveis em 2017.

Fonte: <https://www.driving.co.uk/s3/st-driving-prod/uploads/2016/03/dieselgate-new.jpg>. Acesso em: 13 jun 2017.

Casos como esse da Volkswagen são silenciosos, às vezes nós não conseguimos enxergar
o real impacto ambiental gerado e a influência deste nas nossas vidas. Por isso a
importância da fiscalização e da manutenção. Estudar a Engenharia da Manutenção no
foco da Saúde, Segurança e Meio Ambiente é enxergar que a engenharia é sistêmica e não
trabalha sozinha. Não adianta pensar unicamente na gestão das ações da manutenção
se não levar em conta a saúde e segurança do trabalhador no ambiente de trabalho, se as
ações deste trabalhador impactarão no ambiente ou nos que trabalham próximos a ele
de alguma forma. Portanto, cabe ao engenheiro fazer tais análises e, assim, juntamente
com o SESMT da empresa, fornecer um ambiente seguro e saudável, além de auxiliar
na preservação do meio ambiente.

75
UNIDADE III │ MEIO AMBIENTE E MANUTENÇÃO

Desastre em Mariana - Minas Gerais (2015)

Você leitor que costuma assistir aos noticiários, se alguém lhe pedisse para citar um
grande desastre ambiental, nos últimos cinco anos, com certeza a resposta da maioria
seria o desastre ocorrido em Mariana (MG), onde houve o rompimento de uma barragem
que impactou ambientalmente não só MG como também o Espírito Santo, para os
mineiros e capixabas o impacto e as lembranças estarão sempre vivas. Como não se
lembrar daquela espessa lama destruindo tudo, aqueles animais cobertos com aquela
lama, as pessoas desabrigadas, sem água. Este desastre é considerado por especialistas
e pelo Governo Federal a maior catástrofe ambiental da história do Brasil.

O desastre ocorreu no dia 5 de novembro de 2015, onde houve o rompimento da


barragem do Fundão localizada em Mariana (MG). Foram lançados no meio ambiente
milhões de m³ de lama resultantes da produção de minério de ferro pela mineradora
Samarco, que é controlada pela Vale e BHP Billiton. Uma enxurrada de rejeitos foi
levando tudo que estava à frente, soterrando casas, matando milhões de peixes e
outros animais e deixando famílias desabrigadas. Como foi relatado nos noticiários,
em questão de horas o Rio Doce recebeu toda aquela lama e o fornecimento de água
foi cortado durante dias para a região, até o descarte de contaminação na água por
materiais tóxicos. A lama chegou até o estado do Espírito Santo em menos de cinco dias
e assim atingiu o mar. Para controlar o impacto ambiental da chegada da lama ao mar
foram colocados blocos de contenção na foz do rio. Fonte: <http://www.brasil.gov.br/
meio-ambiente/2015/12/entenda-o-acidente-de-mariana-e-suas-consequencias-para-
o-meio-ambiente>. Acesso 16 jun 2017.

Figura 33. Casas soterradas e destruídas após desastre em Mariana (MG).

Fonte: <http://midias.folhavitoria.com.br/files/2015/11/737488717-lama-barragem.jpg>. Acesso em: 16 jun 2017.

76
MEIO AMBIENTE E MANUTENÇÃO │ UNIDADE III

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA


divulgou um laudo técnico parcial: Impactos ambientais decorrentes do desastre
envolvendo o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais,
apontando a gravidade do desastre como desastre de muito grande porte, conforme
classificação da Defesa Civil:

Os desastres classificam-se quanto à intensidade, evolução e origem. O


desastre em análise, quanto à intensidade, classifica-se como Desastre
de Nível IV, “desastre de muito grande porte”, conforme classificação da
Defesa Civil. Os desastres desse último nível são caracterizados quando
os danos causados são muito importantes e os prejuízos muito vultosos
e consideráveis.

(...) o nível de impacto foi tão profundo e perverso ao longo de diversos


estratos ecológicos, que é impossível estimar um prazo de retorno
da fauna ao local, visando o reequilíbrio das espécies na bacia do rio
Doce. Para tanto, é necessária a recuperação de outras condições
ambientais, como condições de solo, e a restauração dos ambientes
vegetais representativos da mata local ou, mesmo, levar em conta
outras variáveis, como aspectos sanitários, que podem interferir, em
função do seu potencial de impacto, na restauração ambiental do rio e
áreas adjacente, quer ao longo do tempo quer influenciando as medidas
de facilitação para que a natureza retorne ao seu estado próximo ao
original.

Fonte: Laudo Técnico Preliminar- Impactos Ambientais (IBAMA 2015)

Figura 34. Animais na lama deixada após rompimento de barragem em Mariana (MG).

Fonte: <http://portal.andina.com.pe/EDPfotografia3/Thumbnail/2016/02/06/000339557W.jpg>. Acesso em: 16 jun 2017.

77
UNIDADE III │ MEIO AMBIENTE E MANUTENÇÃO

Uma matéria da Agência Brasil relatou, em janeiro de 2016, que cerca de 20 peritos
criminais federais estavam participando das investigações da Polícia Federal sobre o
rompimento de uma barragem da mineradora Samarco e se lembraram do trabalho feito
em 2003, na cidade mineira de Cataguases, a qual também uma barragem se rompeu
com resíduos industriais da Indústria Cataguases de Papel. Na época, identificaram como
causas do acidente problemas como a falta de manutenção e de fiscalização e o excessivo
prolongamento da vida útil da barragem, o que resultou em um processo erosivo da obra.
Para o caso de Mariana, os peritos acreditam que a tragédia podia ter sido evitada caso
houvesse fiscalização adequada conforme alertas para o poder público. Fonte: <http://
agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-01/para-abrir-sabadoperitos-reforcam-
alerta-sobre-falhas-na-fiscalizacao-e>. Acesso em: 16 jun 2017.

Alguns números do impacto:

»» 34 milhões de m³ de rejeitos de mineração de ferro foram lançados no


meio ambiente. Este resíduo é classificado pela NBR 10.004 como não
perigoso e não inerte para ferro e manganês. 663km do rio Doce e seus
afluentes foram atingidos. 1.469 hectares de vegetação comprometidos,
incluindo Áreas de Preservação Permanente (APPs).

»» 207 de 251 edificações em Bento Rodrigues ficaram soterradas. Mais de


600 famílias desabrigadas. 19 mortes confirmadas. Samarco foi notificada
73 vezes e recebeu 23 autos de infração do Ibama até o momento.

Fonte: Laudo Técnico Preliminar- Impactos Ambientais (IBAMA 2015) e <http://www.


ibama.gov.br/recuperacao-ambiental/rompimento-da-barragem-de-fundao-desastre-da-
samarco/documentos-relacionados-ao-desastre-da-samarco-em-mariana-mg>. Acesso
em: 16 jun 2017.

Figura 35. Lama se espalhando após rompimento de barragem em Mariana (MG).

Fonte: <http://entretenimento.r7.com/blogs/andre-barcinski/files/2015/11/lama.jpg>. Acesso em: 16 jun 2017.

78
MEIO AMBIENTE E MANUTENÇÃO │ UNIDADE III

Buscando reportagens do que ocorreu na região um ano após o desastre, pouco de positivo
se vê. A revista Isto É relatou, em novembro de 2016, que nenhuma casa foi construída,
sendo que o maior compromisso da Samarco era de construir novos povoados para
os habitantes de Bento Rodrigues e Paracatu. E as pessoas que dependiam da pesca
como ficaram? E os que trabalhavam na mineradora e agora estão desempregados?
Muitas perguntas ainda faltam ser respondidas, ou melhor dizendo, um desastre dessa
proporção nunca será esquecido e o meio ambiente recomposto como era antes. No
portal da Globo, o G1, até esta data, novembro de 2016, a Samarco só havia retirado 2%
da lama que se acumulou entre Bento Rodrigues, e para o Ministério Público de Minas
Gerais (MPMG) a remoção do rejeito deveria ser essencial e urgente para evitar novas
tragédias e para o início efetivo da recuperação ambiental. Disponível em: <http://istoe.
com.br/um-ano-depois-as-feridas-da-tragedia-de-mariana-continuam-abertas/>. e
<http://especiais.g1.globo.com/minas-gerais/minas-gerais/desastre-ambiental-em-
mariana/2016/1-ano-apos-o-mar-de-lama--e-agora/>. Acesso em: 23 jun. 2017.

Saiba mais sobre o Desastre Ambiental em Mariana, 2015.

Laudo preliminar divulgado pelo IBAMA (nov/2015)

<http://www.ibama.gov.br/phocadownload/barragemdefundao/laudos/
laudo_tecnico_preliminar_Ibama.pdf>. Acesso em: 16 junho 2017.

Relatório emitido pelo Governo do Estado de Minas Gerais (fev/2016) de


Avaliação dos efeitos e desdobramentos do rompimento da Barragem de
Fundão em Mariana-MG

<http://www.agenciaminas.mg.gov.br/ckeditor_assets/attachments/770/
relatorio_final_ft_03_02_2016_15h5min.pdf>. Acesso em: 16 junho 2017.

No site do IBAMA há laudos, relatórios, notas técnicas atualizadas e todos


os documentos relacionados à tragédia

<http://www.ibama.gov.br/recuperacao-ambiental/rompimento-da-barragem-
de-fundao-desastre-da-samarco/documentos-relacionados-ao-desastre-da-
samarco-em-mariana-mg>. Acesso em: 16 junho 2017.

O site da Globo, G1, mostra uma retrospectiva do desastre em imagens

<http://especiais.g1.globo.com/minas-gerais/minas-gerais/desastre-
ambiental-em-mariana/2016/1-ano-apos-o-mar-de-lama--e-agora/>Acesso
em: 16 junho 2017.

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