Você está na página 1de 146

Higiene do Trabalho – Riscos

Químicos no Ambiente de Trabalho

Brasília-DF.
Elaboração

Celso Berilo Cidade Cavalcanti

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7

UNIDADE I
BASE LEGAL......................................................................................................................................... 11

CAPÍTULO 1
HISTÓRIA – COMO COMEÇOU............................................................................................... 11

CAPÍTULO 2
LEGISLAÇÃO NO MUNDO E NO BRASIL................................................................................... 20

CAPÍTULO 3
LEITURA E INTERPRETAÇÃO DA LEGISLAÇÃO............................................................................. 53

UNIDADE II
HIGIENE DO TRABALHO........................................................................................................................ 58

CAPÍTULO 1
HIGIENE DO TRABALHO – RISCO QUÍMICO.............................................................................. 58

CAPÍTULO 2
ROTAS DE ENTRADA E EXPOSIÇÃO AO RISCO QUÍMICO.......................................................... 67

CAPÍTULO 3
PATOLOGIAS DO RISCO QUÍMICO........................................................................................... 77

CAPÍTULO 4
OBTENDO INFORMAÇÕES SOBRE OS AGENTES QUÍMICOS...................................................... 84

UNIDADE III
AVALIAÇÃO AMBIENTAL........................................................................................................................ 99

CAPÍTULO 1
HIGIENE DO TRABALHO – RISCO QUÍMICO.............................................................................. 99

CAPÍTULO 2
TÉCNICAS DE AMOSTRAGENS............................................................................................... 122

GLOSSÁRIO.................................................................................................................................... 135

REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 136
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como
pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia
da Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da


pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar
conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa,
como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os
desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de


modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal
quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização


dos Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e
reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio.
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas
conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

5
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a


aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo
estudado.

6
Introdução

Seja bem-vindo(a) aos estudos da disciplina Higiene do Trabalho – Risco Químicos


no Ambiente do Trabalho. Esta é considerada uma das disciplinas mais importantes
do curso de formação do Profissional Prevencionista, porque é quando a teoria e a
prática se fundirão. Nesta etapa, você aprenderá a avaliar qualitativamente o ambiente
de trabalho, montar o plano de amostragem e quantificar os agentes de risco.
Somente com essas valiosas informações, você poderá propor as ações de controle
e monitoramento para manter um ambiente laboral saudável e sem patologias nos
trabalhadores.

O Caderno de Estudos é o seu guia com os conhecimentos básicos e as informações


para o aprofundamento do conteúdo com materiais complementares que lhe ajudarão
no discere magis (saber mais) desse tema, além das referências bibliográficas. Serão
disponibilizados vários exercícios com soluções e links de vídeos e artigos científicos.

Higiene do Trabalho (HT), Higiene Industrial (HI) ou Higiene Ocupacional (HO)


são termos utilizados no Brasil para definir a “ciência que se dedica ao estudo dos
ambientes de trabalho e à prevenção das doenças causadas por eles” (FUNDACENTRO,
2004).

Em comum, nas três definições, encontramos a palavra higiene, derivada do nome da


deusa grega da saúde conhecida como “Hígia” ou “Hygeia”. Ela era filha de “Asklepios”,
deus da medicina, e irmã de “Panacea”, deusa dos medicamentos e ervas medicinais.
Enquanto seu pai e sua irmã estavam ligados ao tratamento da doença existente,
“Hygeia” era considerada preocupada com a preservação da boa saúde e a prevenção
de doenças. Por isso, no idioma português, originou-se a palavra higiene, que significa
limpeza, higiene e saneamento.

Os termos higiene industrial (em inglês, industrial hygiene) e higiene ocupacional


(em inglês, occupacional hygiene) são utilizados há muitos anos nos países de língua
inglesa e sempre geravam calorosas discursões sobre qual seria o mais adequado.
Somente após a decisão da Conferência Internacional de Luxemburgo, realizada de 16
a 21 de junho de 1986, onde estavam presentes as seguintes associações: Associação
Internacional de Higienistas Ocupacionais (IOHA, 2000), Organização Mundial
da Saúde (WHO, 1980), Comissão Internacional de Saúde Ocupacional (ICOH,
2000) e Conferência Governamental Americana de Higienistas Industriais (ACGIH,
1938) é que prevaleceu a expressão higiene ocupacional (HO). No Brasil, é comum

7
encontrarmos a expressão higiene do trabalho (HT). Nesta disciplina, usaremos a
terminologia brasileira higiene do trabalho (HT) (grifo nosso).

A Norma Regulamentadora 5 define que os riscos dos processos de trabalho


estão divididos em cinco grupos, a saber: riscos químicos, riscos físicos, riscos
biológicos, riscos ergonômicos e riscos de acidente, estes também chamados
de riscos mecânicos pela previdência social.

O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) é apresentado na


Norma Regulamentadora 9, cujo objetivo é a “preservação da saúde e da
integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento,
avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes
ou que venham a existir no ambiente de trabalho” (MTE, 2014). No PPRA,
encontraremos definições dos agentes de riscos químicos, físicos e biológicos,
as exigências do monitoramento, registros dos resultados e divulgação aos
interessados.

Este caderno de estudo apresentará os conhecimentos necessários para atuar na área


da higiene do trabalho, um deles é a prevenção das doenças causadas pelos agentes de
risco ambientais, especialmente geradas pelos riscos químicos. Abordaremos a história
da HT no mundo e no Brasil, as nomenclaturas atuais, definições legais, limites de
exposições ocupacionais, estratégias de amostragens, monitoramento e controle do
ambiente de trabalho.

Os conteúdos foram organizados em unidades de estudo, subdivididas em capítulos.


Os ícones servirão de recursos de aprendizagem. Especial atenção deve ser dada aos
ícones “Provocação”, com textos para o aprofundamento do assunto, e “Para Refletir”,
com questões ou exercícios inseridos no assunto para aumentar seu conhecimento
e ajudar na elaboração das conclusões dos laudos ambientais com uma aplicação
prática. Desejamos a você um trabalho proveitoso sobre os temas abordados!

Objetivos
Os objetivos gerais da higiene do trabalho (HT), definidos pela Associação Americana
de Higienistas Industriais (AIHA, 2000), especificamente com foco no risco químico,
são: “antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos originais nos locais
de trabalho, que podem prejudicar a saúde e o bem-estar dos trabalhadores, tendo em
vista também o possível impacto nas comunidades vizinhas e no meio ambiente”.

8
Nesse sentido, alguns objetivos específicos deste conteúdo são:

» Apresentar a conceituação, a abrangência e a importância da HT.

» Classificar os agentes químicos causadores de risco à saúde.

» Conhecer a base legal trabalhista e previdenciária para os agentes


químicos.

» Reconhecer os agentes químicos nos ambientes laborais.

» Montar uma estratégia de amostragem.

» Explicitar as melhores formas de coleta de agentes químicos.

» Explicar o uso de aparelhagem.

» Compreender técnicas de análise laboratoriais e suas adequadas


interpretações.

» Entender as exposições ocupacionais, eventuais, intermitentes e


permanentes.

» Calcular os graus de filtração dos respiradores.

» Especificar tecnicamente os equipamentos de proteção individuais


(EPIs) e de proteção coletiva (EPCs).

» Interpretar o Decreto nº 3.048/1999 e suas atualizações; a IN INSS nº


077, 21/1/2015; e os Anexos nºs 11, 12 e 13 da NR-15.

9
10
BASE LEGAL UNIDADE I

Nesta unidade, você aprenderá a base legal, início dos estudos da legislação dos
agentes químicos, limites em exposições ocupacionais e limitações técnicas.

CAPÍTULO 1
História – como começou

Neste início, precisamos de um sólido conhecimento da legislação atual para


começarmos o estudo da higiene do trabalho com foco nos riscos químicos no
ambiente de trabalho.

A Norma Regulamentadora 15 – Atividades e Operações Insalubres possui


quatro anexos envolvendo os riscos químicos, a saber: Anexo 11 – Agentes
Químicos (quantitativo), Anexo 12 – Poeiras Minerais (quantitativo), Anexo 13 –
Agentes Químicos (qualitativo) e Anexo 13-A – Benzeno (quantitativo).

Breve histórico – no mundo


A maioria das cronologias sobre a história do trabalho no mundo parte do Egito
Antigo, iniciando-se nas escavações das pirâmides. Sempre foi dito que as pirâmides
foram construídas por escravos capturados, mas essas informações estão mudando.
Arqueólogos americanos e egípcios afirmam que os trabalhadores eram livres, bem
alimentados e, em sua grande maioria, egípcios (NARLOCH, 2002). Durante as cheias
do rio Nilo, não era possível a agricultura, dessa maneira as pessoas trabalhavam
nas construções durante a entressafra em troca de alimentos, assistência médica e
moradia.

O autor da reportagem, Leandro Narloch, entrevistou o diretor do Conselho Supremo


de Antiguidades do Egito, que informou o seguinte: “há indícios de ossadas de

11
UNIDADE I │ BASE LEGAL

trabalhadores enterrados próximos às construções das pirâmides que “apresentavam


marcas de fraturas curadas, membros amputados e até cirurgias cerebrais, ou seja, os
trabalhadores recebiam tratamento médico à custa do Faraó”. Nesse caso, podemos
inferir que havia muitos acidentes de trabalho com os construtores das pirâmides, tais
como: artificies, escultores, carregadores, transportadores, pedreiros e cozinheiros.

O filósofo, professor e médico Hipócrates (460 – 380 a.C.) observou que as doenças
ocorriam como resultado de alterações do corpo, ele baseava-se na observação de
sintomas e propunha diagnóstico e tratamento (RODRIGUES, 2012). Foi Hipófises
que descreveu as doenças dos artífices do mármore expostos à poeira. Nesse cenário,
também podemos inferir que havia muitos acidentes de trabalho com os construtores
dos templos e palácios gregos, artificies, carregadores e pedreiros, por exemplo.

Na Itália, o médico Bernardino Ramazzini, nascido em Carpi, em 4/10/1633, e


falecido em Pádua, em 5/11/1714, escreveu e publicou em 1700 um tratado com
360 páginas sobre doenças dos trabalhadores intitulado “De morbis artificum
diatriba” (RAMAZZINI, 2016)77% women. The average age of 17.7 years. Study
group: 24 patients; 19 with exotropia (79%. Ele relacionava as doenças laborais com
as profissões, citou que mineiros, químicos, ferreiros, cloaqueiros e coveiros, por
exemplo, contraíam doenças como o hidrargirismo, ou hidragirose, intoxicação pelo
mercúrio relatada nos trabalhadores “douradores”, quando douravam os metais com
prata ou bronze, na atualidade estamos falando dos cromadores. Com esse trabalho,
Ramazzini é considerado o pai da medicina do trabalho.

A revolução industrial

A revolução industrial, iniciada na Inglaterra em 1800 com o advento das máquinas


a vapor (e os teares mecânicos movidos por essas máquinas), aperfeiçoadas pelo
matemático e engenheiro James Watt (1736-1819), permitiu o uso de máquinas e
recursos modernos. Antes da revolução industrial, o trabalho era:

1. manual;

2. familiar;

3. generalista.

As primeiras fábricas de tecido foram improvisadas em galpões, onde os trabalhadores


praticamente viviam, dormiam e se alimentavam, permanecendo ao lado das

12
BASE LEGAL │ UNIDADE I

máquinas. Após a revolução industrial, com a introdução de máquinas a vapor e teares


mecânicos, o trabalho sofreu uma ruptura total e passou a ser:

1. mecanizado;

2. cooperativista ou organizacional;

3. especializado.

Imagine como era o ambiente laboral nesse período. A carga horária era elevada, de 12
a 16 horas por dia. Não havia período de descanso nem folga, por isso os trabalhadores
nem voltavam para suas casas. Nesse período, trabalhavam juntos homens, mulheres e
crianças. Nesse cenário, havia um ambiente de trabalho sujo, quente, escuro, ruidoso,
perigoso, insalubre, com a ocorrência de diversos acidentes de trabalho.

Em 1900, na Inglaterra, foi realizado o primeiro acordo, em que nenhum trabalhador


poderia exceder 12 horas trabalhadas. Nesse período, iniciam-se os movimentos dos
trabalhadores exigindo melhores condições de trabalho. Nos EUA, os Sindicatos
(Unions) se organizam para exigências e greves. A partir de uma manifestação de 1º de
maio de 1886, em Chicago, para reivindicação da redução da jornada de trabalho de 13
horas para 8 horas diárias, foi que se escolher a data alusiva ao Dia do Trabalho.

Criação da OIT

A 1ª Guerra Mundial durou quatro anos e se encerrou com a assinatura do armistício


de Compiègne na França entre os Aliados e a Alemanha em 11 de novembro de
1918. Suas consequências foram terríveis para a humanidade, especialmente com o
uso de vários produtos químicos tóxicos, tais como fósforo branco e gás cloro. Este
último, quando empregado como arma química, deixou milhares de mortos, feridos e
mutilados pelas terríveis queimaduras na pele, nos olhos, pulmões e mucosas.

Em 11 de abril de 1919, foi apresentado na Plenária da Conferência de Paz o rascunho


da criação do que conhecemos como Organização Internacional do Trabalho (ILO,
1919) com o objetivo de promover a justiça social. A criação da OIT foi uma das
exigências do Tratado de Versalhes assinado em 10 de janeiro de 1920.

A OIT é responsável pela formulação e aplicação das normas internacionais do trabalho


(Convenções e Recomendações). O Brasil está entre seus membros fundadores e
participa das conferências desde a sua primeira reunião.

13
UNIDADE I │ BASE LEGAL

Limite de exposição ocupacional – origem

De acordo com o professor Du Plessis (DU PLESSIS, 2010), foi na Alemanha, em 1883,
que se apresentou o primeiro Limites de Exposição Ocupacional – LEO (Occupational
Exposure Limits – OEL) para o monóxido de carbono (CO), gás presente no gás de
hulha ou gás de carvão, muito usado na iluminação pública do século XIX e na
metalurgia para a conversão do minério de ferro (Fe2O3) em ferro metálico.

O primeiro registro da toxidade do monóxido de carbono (CO), com estudos em


cachorros, foi realizado em 1857 pelo médico Francês Claude Bernard (1813-1878)
(BERNARD, 1857), em seu estudo “Lições sobre os efeitos de substâncias tóxicas e
medicamentosas” (Leçons sur les effets des substances toxiques et médicamenteuses),
em Paris, 1857.

A primeira lista contendo 20 limites de exposição ocupacional foi publicada pelo


farmacêutico alemão Rudolf Kobert (1854-1918) no trabalho “Compêndio de
Toxicologia Prática para Uso de Médicos e Estudantes” (Compendium Der Praktichen
Toxikologie zum Gebrauche für praktische Ärtze und Studierende) em 1894, quando
era professor na Universidade de Rostock, Alemanha. O artigo foi traduzido e
publicado no idioma inglês somente em 1912, muitos autores informam esse ano como
o de publicação da lista com os LEOs, mas na Alemanha já eram de conhecimento
público desde 1894.

Segundo a pesquisadora Susan Ripple (RIPPLE, 2010), higienista industrial da


empresa Dow Chemical Company, foi em 1916/1917 que o governo da África do Sul
definiu o limite de exposição ocupacional (LEO) para a poeira mineral contendo
quartzo nas minerações de ouro. Lembrando que a África do Sul é um dos maiores
exportadores de ouro e diamantes do mundo e suas minas chegam a quilômetros de
profundidade. O LEO foi de 8,5 mppcf – milhões de partículas por pés cúbicos (million
particles per cubic foot).

Os autores Du Plessis e Ripple, separadamente, confirmam que o Departamento


Americano de Minas (U.S. Bureau of Mines) também publicou o seu LEO de 10 mppcf
para poeira mineral contendo quartzo. Em 1921, o U.S. Bureau of Mines publica uma
lista com 33 limites de exposição ocupacional. Provavelmente, isso foi uma reação à
morte de mais de 400 trabalhadores em 1920 por silicose, quando uma empresa da
West Virginia construiu um túnel realizando uma escavação em uma montanha e
expôs dois mil trabalhadores à poeira de sílica com 98% de concentração de quartzo.

Na cidade de Washington D. C., em 27 de junho de 1938, vários representantes


independentes de estados americanos, cidades, uma universidade, serviço de saúde e

14
BASE LEGAL │ UNIDADE I

departamento de minas se reuniram para discutir os avanços da saúde ocupacional


e meio ambiente na Conferência Nacional Governamental de Higienistas Industriais
(National Conference of Governmental Industrial Hygienists – NCGIH). A NCGIH
limitava a apenas dois representantes de cada agência governamental.

Na década de 1940, em plena 2ª Guerra Mundial, no ano de 1942, a NCGIH,


precursora da ACGIH, reuniu-se e relacionou 63 substâncias químicas e seus limites
de exposição ocupacional, na época chamados de concentração máxima permitida de
substâncias tóxicas (maximum allowable concentrations of toxic substances – MAC)
(LETAVET, 2008). Em 1946, ocorreu a mudança da NCGIH para a atual ACGIH e
foi lançada nova lista com 148 MAC. Atualmente, a ACGIH permite profissionais
higienistas americanos, mas provenientes de todo os outros países.

Os termos MAC e LEO diferem, pois, segundo o professor Tsuchiya (TSUCHIYA;


HARASHIMA, 1965), MAC é a exposição máxima a um agente físico ou químico
biologicamente ativo permitido durante um período de 8 horas (equivalente a uma
jornada de trabalho) em uma população de trabalhadores, ou durante um período de
24 horas na população em geral, que não parece causar danos apreciáveis, imediata
ou atrasada, por qualquer período, na população-alvo. Portanto, o MAC era um limite
superior para a exposição dos trabalhadores.

ACGIH e a TLV®

Encontramos no site da ACGIH interessante leitura sobre a história de como apareceu


um dos mais acessados manuais de limites de exposições ocupacionais, anualmente
reeditado com novos limites, substâncias em estudo e até retiradas. Isso tudo se
iniciou em 1941, com a criação do Comitê de Limites de Exposição Ocupacional de
Substâncias Químicas para investigar, recomendar e revisar anualmente os LEOs. Em
1944, esse comitê se tornou permanente e, em 1946, editou sua primeira listagem de
LEOs de produtos químicos.

Apenas em 1956 foi introduzido pela ACGIH o termo TLVs® (ACGIH, 2017), Threshold
Limit Values (Limites de Exposição Ocupacional). Em 1962, foi publicada a primeira
edição do manual de limites de exposição ocupacional – TLVs®. O termo TLV®-TWA
– Threshold Limit Values – Time Weighted Average – significa Limite de Exposição
Ocupacional – Média Ponderada no Tempo (LEO – MPT), valor médio ponderado no
tempo para oito horas/dia de trabalho (jornada diária de trabalho) e quarenta horas
semanais de trabalho (jornada semanal), que se acredita que os trabalhadores podem
ser expostos dia a dia, por toda a vida laboral, sem os efeitos adversos da exposição.

15
UNIDADE I │ BASE LEGAL

A ACGIH acrescenta que os TLVs® não são linhas divisórias entre condições seguras
e perigosas e adverte que os trabalhadores podem ainda estar sujeitos à exposição
dérmica, a agentes químicos anestésicos, irritantes, sensibilizantes, corrosivos e
carcinogênicos que não estão previstos nas TLVs®. Essa lista foi a conclusão do
trabalho desenvolvido nos últimos setenta anos. Atualmente no mundo, inclusive no
Brasil, são aceitos os valores de TLVs® da ACGIH, eles são revisados e publicados
anualmente desde 1947.

A ACGIH definiu que o termo TLV®-C – Threshold Limit Values – Ceiling, o qual
significa Limite de Exposição Ocupacional – Valor Teto (LEO – VT), é o valor máximo
que não deve ser excedido em momento algum da jornada de trabalho, mesmo que
instantaneamente. Além disso, definiu o termo TLV®-STEL – Threshold Limit Values
– Short-Term Exposure Limit – que significa Limite de Exposição Ocupacional –
Limite de Exposição de Curta Duração, valor máximo que não deve ser excedido por
mais de 15 minutos, com um período de intervalo de 60 minutos, e que não se pode
repetir por mais de quatro vezes no dia.

Desde 1961, a ACGIH e a AIHA realizam anual e conjuntamente, entre os meses


de maio e junho, sempre em uma cidade americana, a Conferência e Exposição
Americana de Higiene Industrial (AIHce). Essa reunião internacional atrai mais de
cinco mil profissionais de segurança, saúde ocupacional e meio ambiente. 2020 será
em Atlanta/Geórgia e 2021 em Dallas/Texas, a conferir.

OSHA e a PELs

Atualmente, a Occupational Safety and Health Administration (OSHA) ou, em


português, Administração de Segurança e Saúde Ocupacional (OSHA, 1971) tem a
Permissible Exposure Limits (PELs), que significa Limites de Exposição Permissíveis,
para quase quinhentos produtos químicos perigosos relacionados na Z-Table (OSHA,
1990).

A OSHA, fundada em 1971, está subordinada ao U.S. Department of Labor (DOL,


1913), ou Ministério do Trabalho Americano. Os PELs são baseados em pesquisas
realizadas, principalmente na década de 1950 e início dos anos 1960. Desde então,
muitas informações novas se tornaram disponíveis, indicando que, na maioria
dos casos, esses limites iniciais de exposição estão desatualizados e não protegem
adequadamente os trabalhadores.

16
BASE LEGAL │ UNIDADE I

Breve histórico – no Brasil

Na 2ª Guerra Mundial (1938-1944), no governo de Getúlio Vargas (1882-1954),


durante o período do Estado Novo, foi criada a Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT) pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Um detalhe histórico foi a
assinatura da CLT no Estádio de São Januário, Clube de Regatas do Vasco da Gama,
que estava lotado para comemorar o feito (TRT, 2012).

Recomendada pela OIT em 1921, a criação da Comissão Interna de Prevenção de


Acidentes (CIPA) originou-se de determinação legal no Brasil em 10 de novembro de
1944, por meio do Decreto-Lei nº 7.036, artigo 82. Esse decreto-lei reforma a Lei de
Acidentes do Trabalho com o Decreto nº 24.637, de 10 de julho de 1934, que veio antes
da CLT.

Como foi a nossa evolução cronológica do trabalho no Brasil? Tivemos grandes


marcos, podemos citar:

» Lei nº 5.889, de 8 de junho de 1973, que institui as normas reguladoras


do Trabalho Rural (base legal da NR-31).

» Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977, que regulamenta o Capítulo V


da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT (Decreto-Lei nº 5.452, de
1/5/1942). Essa é considerada a Lei Mãe da SST.

» Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978, do Ministério do Trabalho e


Emprego, que cria e edita as Normas Regulamentadoras.

Lei Mãe da Segurança e Saúde do Trabalhador – SST

No Brasil, até o ano de 1978, não havia LEO ou “Limites de Tolerância” para as
substâncias químicas. Havia a Portaria nº 491, de 16 de setembro de 1965, com
trabalhos considerados insalubres, baseando-se somente no aspecto qualitativo do
agente químico; com a criação da Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978, a Portaria
nº 491 se tornou o Anexo 13 – Agentes Químicos (qualitativos).

De acordo com Soto et al. (2010), da Revista da Associação Brasileira de Higienistas


Ocupacionais (ABHO, 1994), à página 16 encontramos um relato muito importante
sobre a criação da Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978:

O Anexo 13 relaciona as atividades e operações envolvendo agentes


químicos que são considerados insalubres em decorrência de inspeção
realizada no local de trabalho.

17
UNIDADE I │ BASE LEGAL

Anterior à portaria nº 3214/1978, o dispositivo normativo que regulava


as atividades com exposição a agentes químicos nos locais de trabalho
era a Portaria nº 491/1965. Essa Portaria apresentava uma relação de
atividades e operações consideradas insalubres devido a uma avaliação
qualitativa, desde que não constatadas a aplicação de medidas de
proteção coletiva ou individual.

O Anexo 11, por causa das dificuldades de avaliação quantitativa


existentes na época, não cobriu todas as atividades e operações já
previstas na citada Portaria de 1965.

Assim, para que não se cometesse alguma injustiça, retirando o


adicional de insalubridade de trabalhadores que já o recebiam sem ter
um dispositivo para exigir a adoção obrigatória de medidas de controle
adequadas para sua eliminação ou neutralização, optou-se por manter
no Anexo 13 a relação existente na 491/1965.

Mas se fez uma ressalva: deveriam ser excluídos da relação prevista


nesse Anexo todas as atividades ou operações com os agentes químicos
constantes dos Anexos 11 e 12.

Esse relato traz a situação da criação da Portaria nº 3.217, de 8 de junho de 1978, e


de como foi contornado o problema da Portaria nº 491, de 16 de setembro de 1965.
Nesse momento, pergunta-se: se, desde 1971, já tinham sido relacionados na OSHA e
ACGIH mais de 500 agentes químicos com limites de exposição ocupacional, por que
na montagem do Anexo 11 – Agentes Químicos com “Limites de Tolerância” não foram
aproveitados vários agentes químicos existentes na relação da Portaria nº 491/1965,
os quais seriam transportados para o Anexo 11 com seus respectivos LEOs?

Essa resposta é obtida no mesmo artigo técnico da Revista ABHO de setembro de 2010
à página 14:

Assim, mantiveram-se no Anexo 11 todos os agentes químicos que


pudessem ser avaliados por meio de tubos colorimétricos, uma vez que,
na época, no Brasil, não se dispunha em larga escala de laboratórios
com metodologia desenvolvida para análise de amostras ao nível de
ppm. As empresas que efetuavam amostragem para posterior análise
laboratorial utilizavam-se, na maioria das vezes, de laboratórios do
exterior.

[...]

18
BASE LEGAL │ UNIDADE I

Devido às dificuldades analíticas existentes naquele período, foi feita


uma análise de todos os limites fixados na ACGIH®. Selecionando-se
apenas os agentes químicos que pudessem ser avaliados por meio de
tubos colorimétricos das marcas disponíveis para importação no Brasil
- Dräger e M.S.A. Algumas substâncias podiam ser avaliadas por tubos
de qualquer uma dessas duas marcas, e outros apenas por uma delas.
Isso resultou na adoção de limites para menos de cento e cinquenta
substâncias, embora a ACGIH® então já estabelecesse limites para
mais de 500 agentes químicos.

Com esse relato, ficou claro que, em 1978, tinha-se grande deficiência de laboratórios
químicos brasileiros preparados para executarem as marchas analíticas adequadas
nas amostras dos agentes químicos coletados, por exemplo, por coletores ativos ou
passivos. Além disso, os números de tubos colorimétricos disponíveis no mercado
para aquisição eram muito aquém das grandes quantidades de agentes químicos no
mercado para serem avaliados no ambiente laboral. Um exemplo disso é que, até o
momento, não há tubos colorimétricos para os defensivos agrícolas.

19
CAPÍTULO 2
Legislação no mundo e no Brasil

Limite de Exposição Ocupacional (LEO)


Há vários fatores que podem impactar na interpretação de resultados quando
comparamos o nível de exposição do trabalhador com o “limite de tolerância”.
Conforme Alli (2008), o LEO é baseado em uma padronização para um trabalhador
americano do sexo masculino com setenta quilos, com idade aproximada de quarenta
anos. Esse peso, por exemplo, é superior ao da trabalhadora americana e de muitos
trabalhadores homens asiáticos. Dessa maneira, pergunta-se: é possível reduzir o LEO
para mulheres ou pessoas mais leves que 70 kg ou utiliza-se o mesmo para todos?

Com efeito, os estudos dos LEO são baseados em substâncias simples ou isoladas e
resta a seguinte dúvida: e quando existirem misturas de substâncias? O caso mais
clássico é dos combustíveis, em que temos uma mistura de solventes orgânicos
alifáticos e aromáticos. Cada agente químico tem limites de exposição ocupacional
próprios, mas como ficaria o LEO, se ocorrer uma interação química entre eles. Os
impactos à saúde do trabalhador serão potencializados?

Conhecendo os agentes químicos

Os agentes químicos, além da absorção respiratória, principal porta de entrada


no organismo, também têm absorção cutânea, digestiva e ocular. A própria NR 15
no Anexo 11 – Agentes químicos, cuja insalubridade é caracterizada por “limite de
tolerância” e inspeção no local de trabalho, informa que “Todos os valores fixados no
Quadro n. 1 – Tabela de Limites de Tolerância são válidos para absorção apenas por
via respiratória”.

Há agentes químicos presentes nos ambientes laborais e com LEOs que também
geram efeitos adversos de curto e longo prazos no trabalhador, tais como: sedação, dor
de cabeça, efeito narcótico, irritação de vias aéreas e olhos, produtos carcinogênicos,
oncogênicos, teratogênicos e sensibilizantes.

Temos também o fator ambiental: velocidade do ar, umidade e temperatura. Como


ficaria o LEO para solventes altamente voláteis quando comparamos o clima frio do
Sul do Brasil, com temperaturas próximas de zero, e a região Norte que, mesmo no
inverno, está acima de 30 ºC e, no verão, pode passar de 40 ºC? O LEO pode sofrer

20
BASE LEGAL │ UNIDADE I

influência da elevada umidade de Belém/PA com suas chuvas constantes, quase


diárias, quando comparamos com Brasília/DF, que, nos meses de maio a agosto, tem a
umidade relativa do ar alcançando valores de 20%, próximo do clima desértico.

Outras limitações dos LEOs são a não aplicabilidade a grupos mais suscetíveis, tais
como: mulheres grávidas, crianças e idosos. Pessoas com patologias imunodeficientes,
como o HIV e a tuberculose ocupacional. O LEO não protegerá grupos de trabalhadores
que tenham suscetibilidade pessoal ao agente químico presente, tais como pessoas
alérgicas a poeiras ou fumantes cujo sistema respiratório é sobrecarregado pelo uso do
tabaco.

Lembre-se de que a legislação brasileira criou os “LTs” e empregou-os em vários anexos


da NR 15, mas que os nossos “Limites de Tolerância” foram tomados emprestados dos
TLVs® da ACGIH® do ano de 1976, válidos para 40 horas/semanais e corrigidos para
48 horas/semanais. Isso foi possível empregando-se um fator de conversão usado em
um modelo matemático chamado de Brief & Scala (HARRIS; CRAWLEY; CRAWLEY,
1998), que aprenderemos mais adiante.

Em 1978, foi definida na CLT uma jornada de 48 horas por semana, 8h 48 m por dia,
enquanto os americanos trabalhavam uma jornada de 40 horas por semana, 8 horas
por dia. Imagine os grupos de trabalhadores que realizam habitualmente horas extras
ou trabalhadores em escala que fiquem em turnos de 12h x 36h, ou seja, naquele
período de trabalho sempre excedem o limite de tempo de exposição previsto nas
premissas do LEO.

Ficou fácil de entender que o LEO das substâncias não consegue prever tantas
variáveis que certamente interferem na sua correlação, pois com frequência ele é
obtido em condições especiais em laboratório ou em ambiente controlado. No entanto,
esses desafios sempre estarão presentes em nossos trabalhos como profissionais
prevencionistas.

Condição IPVS

Necessitamos conhecer algumas definições para continuarmos no nosso processo de


aprendizagem. Além do “limite de tolerância” que já foi definido, precisamos conhecer
o “valor máximo” – VM.

O valor máximo são concentrações dos agentes químicos que não podem ser
ultrapassados durante a jornada, pois acima do valor máximo – VM a exposição
é considerada uma situação de risco grave e iminente. Essa condição é chamada
de Imediatamente Perigoso à Vida e à Saúde (IPVS), corresponde, em inglês, a

21
UNIDADE I │ BASE LEGAL

Immediately Dangerous to Life or Health (IDLH). É o parâmetro para toxicidade


aguda mais importante em saúde ocupacional. Em meados da década de 1970, a OSHA
e o NIOSH estabeleceram o valor IPVS ou IDLH para muitas substâncias químicas.

É a concentração da substância química no ar ambiente, ou ar atmosférico, a partir da


qual há risco evidente de morte, ou de causar efeito(s) permanente(s) à saúde, ou de
impedir um trabalhador de abandonar uma área contaminada.

A definição da situação de risco grave e iminente é encontrada na NR 3 – Embargo


ou Interdição, que define o seguinte: “Considera-se grave e iminente risco toda
condição ou situação de trabalho que possa causar acidente ou doença relacionada ao
trabalho com lesão grave à integridade física do trabalhador”. Quando apenas uma
concentração de algum agente de risco químico exceder o valor máximo, o local de
trabalho poderá ser interditado com a paralisação total ou parcial do estabelecimento,
setor de serviço ou equipamento.

Além disso, segundo o Programa de Proteção Respiratória – PPR da Fundacentro


(TORLONI, 2016), o local é considerado IPVS quando:

a. o contaminante presente ou a sua concentração é desconhecida; ou

b. a concentração do contaminante é maior que a concentração IPVS; ou

c. é um espaço confinado com teor de oxigênio menor que o normal


(20,9% em volume ao nível do mar ou PPO2 = 159 mmHg), a menos que
a causa da redução do teor de oxigênio seja devidamente monitorada e
controlada; ou

d. é um espaço confinado não avaliado; ou

e. o teor de oxigênio é menor que 12,5% ao nível do mar (PPO2 menor que
95 mmHg); ou

f. para um indivíduo aclimatado ao nível do mar, a pressão atmosférica


do local é menor que 450 mmHg (equivalente a 4.240 m de altitude)
ou qualquer combinação de redução na porcentagem de oxigênio ou
redução na pressão que leve a uma pressão parcial de oxigênio menor
que 95 mmHg.

22
BASE LEGAL │ UNIDADE I

Unidade de medidas

Os riscos químicos identificados qualitativamente e quantificados ou mensurados na


higiene do trabalho são apresentados nas unidades que relacionam o soluto sobre o
solvente.

O soluto é o agente químico na forma sólida, liquida ou gasosa, diluído no ar


atmosférico, que é o solvente. A concentração de um sólido, líquido, gás ou vapor
pode ser expressa em peso/volume (mg/m3), volume/volume (ppm) e relação peso/
peso (%). Em que ppm significa partes por milhão. A grande maioria das unidades dos
agentes químicos é expressa em mg/m3 e ppm. O gás oxigênio é relacionado em %.

Relação peso/volume

Peso/volume (mg/m3): essa unidade de medida representa a massa do pó,


poeira, gás ou vapor em miligrama (10-3 grama) de um agente de risco por um metro
cúbico (1 m3) do volume total do ar atmosférico. Boa unidade para ser utilizada em
aerodispersoide sólidos como pó ou poeira.

A unidade da massa é a miligrama, que representa a milésima parte da grama (10-3),


em que 1 g = 1.000 mg ou 1 mg = 0,001 g; A unidade de volume é o metro cúbico que
equivale a mil litros, em que 1 m3 = 1.000 litros:

Relação volume/volume

Volume/volume (ppm): essa unidade de medida representa o volume do


aerodispersoide presente: gás ou vapor por um determinado volume total de ar
atmosférico. Boa unidade para ser utilizada em aerodispersoides líquidos ou gasosos
como vapor, névoa, neblina ou gás.

 Volume do Agente de Risco   1cm   


3
1cm 3 1
Relação =    3 
 3 
  1 ppm
 Volume do Ar Atmosférico   1m   1.000.000cm  1.000.000 (1)

Relação peso/peso

Peso/peso (% porcentagem): essa unidade de medida representa a massa ou o


volume do contaminante por massa ou volume total do ar contaminado. Boa unidade
para ser utilizada em aerodispersoide gasoso no ambiente, como oxigênio e asfixiantes
simples (CORRÊA; SALIBA, 2000).

23
UNIDADE I │ BASE LEGAL

Transformação de unidades

É perfeitamente possível converter as unidade de ppm para %, ppm para mg/m3 e


vice-versa. Isso aconteceu comigo várias vezes, quando o resultado do levantamento
ambiental veio em uma unidade e o LEO disponível estava em outra unidade. Temos
de lembrar que a base dos parâmetros sempre será uma pressão atmosférica de 760
mmHg e a temperatura ambiente em 25 ºC.

Profissional Prevencionista, não utilize a palavra “graus centígrados”, pois ela


foi substituída em 1948 na Conferência Geral de Pesos e Medidas. Use sempre
“Graus Celsius” oC.

Converter ppm para mg/m3:

  Valor em ppm  x  massa molar da substância em gramas  


mg / m 3   
 24, 45  (2)

Massa Molar a 25 ºC = 24,45.

Caso a temperatura ambiente seja 20 ºC, o valor da Massa Molar muda


também para = 24,03, e a fórmula ficará:

  Valor em ppm  x  massa molar da substância em gramas 


mg / m 3 =  
 24,03  (3)
Converter mg/m3 para ppm:


ppm = 

Valor em mg/m 3 x 24,45  

 massa molar da substância em gramas  (4)

Converter % para ppm:

Relação 1% = 10.000 ppm ou 1 ppm = 0,0001%

Aprenda a converter as seguintes concentrações:

Tabela 1. Propriedades de Agentes Químicos.

Agente Químico Massa Molar (g) ppm mg/m3 %


Ácido Sulfúrico (H2SO4) 98,08 0,1
Amônia (NH3) 17,03 20
Oxigênio (O2) 31,99 20,9
Fonte: Do autor, 2019.

24
BASE LEGAL │ UNIDADE I

Ácido Sulfúrico 0,1mg/m3 para ppm?

ppm = [(0,1mg/m3 x 24,45)/98,08)] = 0,03ppm

Amônia 20ppm para mg/m3 ?

mg/m3 = [(20ppm x 17,03)/24,45)] = 13,93mg/m3

Oxigênio 20,9% para ppm ?

1,0% = 10.000ppm Resultado 209.000ppm de Oxigênio

20,9% = Xppm

Conhecendo o “limite de tolerância” Brasileiro

Desde o início deste estudo, estamos usando a terminologia Limite de Exposição


Ocupacional. Contudo, no artigo científico de Soto (2010), aparece a terminologia:
“Limite de Tolerância”.

As terminologias foram aprimoradas, mas a nossa legislação ficou congelada


desde 1978, usando o ano de 2019 como referência, tem-se 41 anos de defasagem,
por exemplo, em relação aos americanos da ACGIH, que se reúnem, discutem,
acrescentam, retiram e alteram os LEOs anualmente no mês de maio. Toda vez que
empregarmos o termo “limite de tolerância”, usaremos aspas para lembrar que deveria
estar na legislação brasileira o limite de exposição ocupacional.

Segundo a NR 15 – Atividades e Operações Insalubres, o “Limite de Tolerância” é


definido no item 15.1.5:

Entende-se por “Limite de Tolerância”, para fins desta Norma, a


concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a
natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará dano à
saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral.

Observe que o “Limite de Tolerância” definido pela norma brasileira não é um limite
de segurança, pois ele informa que não “causará dano à saúde do trabalhador”, ou
seja, não estamos 100% garantidos. Não existe simplesmente uma fronteira reta, clara,
perfeita, que defina o dano à saúde do trabalhador.

Outro detalhe importante da definição do LT é a definição “intensidade”, usada para


os riscos físicos, por exemplo: ruído, vibração, entre outros. O termo “concentração” é

25
UNIDADE I │ BASE LEGAL

empregado para os riscos químicos: gases, vapores, poeira, fumos, névoas e neblinas.
Oportunamente, faremos as definições dos riscos químicos e de seus agentes de risco.

Anexo 11 – agentes químicos

No Anexo nº 11 – Agentes Químicos, a insalubridade é caracterizada por limite de


tolerância e inspeção no local de trabalho.

1. Nas atividades ou operações em que os trabalhadores ficam expostos a


agentes químicos, a caracterização de insalubridade ocorrerá quando
forem ultrapassados os limites de tolerância constantes do Quadro nº 1
deste Anexo.

2. Todos os valores fixados no Quadro nº 1 - Tabela de Limites de


Tolerância são válidos para absorção apenas por via respiratória.

Atenção!!!! Todos os valores fixados no Quadro nº 1 - Tabela de Limites de


Tolerância são válidos para absorção apenas por via respiratória.

Tabela 2. Tabela de Limites de Tolerância.

Absorção Até 48hs/semana


Agentes Químicos V.T. Grau Insalubridade
pela Pele ppm mg/m3
Amônia 20 14 Médio
Chumbo - 0,1 Máximo
Dióxido de carbono 3.900 7.020 Mínimo
Monóxido de carbono 39 43 Máximo
Tricloroetileno 78 420 Máximo
Fonte: Anexo 11 da NR 15 (1978).

A tabela 2 é muito grande, com mais de uma centena de agentes químicos, no


resumo anterior, apresentamos um agente químico sólido (chumbo), um solvente
orgânico (tricloroetileno), dois gases (dióxido e monóxido de carbono) e um gás tóxico
(amônia).

Valor máximo

O valor máximo é encontrado no Quadro nº 2 do Anexo 11 da NR 15. Ele é calculado


multiplicando-se o “limite de tolerância” por um fator de desvio – FD. Devemos usar a
seguinte fórmula:

Valor Máximo = LT x FD (5)

26
BASE LEGAL │ UNIDADE I

Tabela 3. Quadro nº 2 do Anexo 11 da NR 15.

LIMITE DE TOLERÂNCIA FATOR DE DESVIO


(Anexo 11 da NR-15)
0 < LT < 1 ppm ou mg/m3 FD = 3x
1 < LT < 10 ppm ou mg/m3 FD = 2x
10 < LT < 100 ppm ou mg/m3 FD = 1,5x
100 < LT < 1000 ppm ou mg/m3 FD = 1,25x
1.000 < LT ppm ou mg/m3 FD = 1,1x

Fonte: Anexo 11 da NR 15 (1978).

Vamos usar um exemplo. O “limite de tolerância” definido no Anexo 11 da NR 15 para


o gás amônia (NH3) é de 20 ppm. Observando na tabela, estamos na faixa entre 10 e
100 ppm ou mg/m3 (círculo vermelho). O fator de desvio será 1,5x (seta azul). Vamos
fazer o memorial de cálculo.

Valor Máximo = LT x FD (6)

Valor Máximo NH3 = 20 ppm x 1,5 (7)

Valor Máximo NH3 = 30 ppm (8)

Portanto, como o “limite de tolerância” do gás amônia é de 20 ppm, o seu respectivo


valor máximo será de 30 ppm.

Vamos fazer o memorial de cálculo.

Valor Máximo = LT x FD (9)

Valor Máximo H3CCOOH = 780 ppm x 1,25 (10)

Valor Máximo H3CCOOH = 975 ppm (11)

Portanto, como o “limite de tolerância” do álcool etílico de 780 ppm, seu respectivo
valor máximo será de 975 ppm.

Fator de Desvio – FD

Como podemos entender esse Fator de Desvio - FD? O fator de desvio é uma faixa de
erro que foi colocada no Anexo 11 da NR 15 para compensar o desvio das medições
ambientais. Lembre-se do ano de 1978, a única técnica prevista à época na nossa
legislação era a coleta por tubos colorimétricos. Olhando as especificações técnicas dos
fabricantes de tubos colorimétricos, observamos erro de até 25% por medição.

27
UNIDADE I │ BASE LEGAL

Imagine esse erro nos custos da obra de um prédio e no cálculo de uma viga. Dessa
maneira, o legislador, sabendo desse erro nas medições, colocou um elevado fator de
desvio nas concentrações mais baixa e foi reduzindo-o ao passo que a concentração
cresce. Na prática, ficou assim:

Tabela 4. Tabela de LT x FD.

LIMITE DE TOLERÂNCIA
FATOR DE DESVIO Erro em %
(Anexo 11 da NR 15)
0 < LT < 1 ppm ou mg/m3 FD = 3x 300%
1 < LT < 10 ppm ou mg/m 3
FD = 2x 200%
10 < LT < 100 ppm ou mg/m 3
FD = 1,5x 50%
100 < LT < 1000 ppm ou mg/m3 FD = 1,25x 25%
1.000 < LT ppm ou mg/m3
FD = 1,1x 10%

Fonte: Anexo 11 da NR 15 (adaptado).

Asfixiantes simples

Todos os valores fixados na Tabela 5 como “Asfixiantes Simples” determinam que,


nos ambientes de trabalho, em presença dessas substâncias, a concentração mínima
de oxigênio deverá ser 18% em volume. As situações nas quais a concentração de
oxigênio estiver abaixo desse valor serão consideradas de risco grave e iminente, NR
3 – Imediatamente Perigoso à Vida e à Saúde (IPVS).

Tabela 5. Asfixiantes Simples.

Agentes Absorção pela Até 48hs/semana Grau


V.T.
Químicos Pele ppm mg/m3 Insalubridade
Acetileno
Argônio
Etano
Etileno
Hélio Asfixiante Simples
Hidrogênio
Neônio
n-propano
Propileno
Fonte: Anexo 11 da NR 15 (adaptada).

Lembre-se de que o teor de oxigênio na atmosfera é de 20,9%. O oxigênio é o único


LEO com concentração mínima de 18%, ou seja, para baixo do nível de exposição.
O nível de exposição do trabalhador em ambiente sem contaminantes é de 20,9%
28
BASE LEGAL │ UNIDADE I

e, quando o oxigênio é consumido ou entra no ambiente um asfixiante simples, a


concentração do oxigênio cai, se passar abaixo de 18% será uma condição IPVS e o
ambiente de trabalho será interditado (NR 3).

Além disso, os asfixiantes simples não possuem limite de exposição ocupacional –


LEO. O monitoramento deles ocorre de uma forma indireta, pois avaliaremos sempre
a concentração do oxigênio, e, quando aumentar a presença do asfixiante simples
no ambiente laboral, diminuirá a do oxigênio. Apesar de o gás carbônico (CO2) ser
um asfixiante simples, ele tem um LEO específico definido no Anexo 11 da NR 15 de
3.900 ppm.

O que é um asfixiante simples? Asfixiantes simples são gases não reativos


em condições normais de temperatura e pressão – CNTP que não participam
da reação química. Basicamente, eles não fazem nada, mas, em grande
concentração em um ambiente, especialmente confinado, deslocam-se e
empurram para fora do ambiente o gás oxigênio (O2) necessário à manutenção
da vida.

Os asfixiantes simples em grandes concentrações deslocam o gás oxigênio, reduzindo


sua concentração no ambiente laboral e gerando, inicialmente, uma hipóxia (Hipo
= baixa + Oxia = Oxigênio) e maior gravidade uma anóxia (An = negação + Oxia =
oxigênio). Segundo Torloni (2003), temos a seguinte tabela sobre os efeitos da
deficiência do oxigênio:

Tabela 6. % Oxigênio x Sintomas de Exposição.

% Volume O2 Sintomas da exposição


23,5% ou mais Oxigênio enriquecido, risco excessivo de incêndio.
23,0% Oxigênio enriquecido.
20,9% Concentração considerada normal na atmosfera.
19,5% Nível de segurança (NR 33 - OSHA – NIOSH).
12 a 16% Alteração da respiração e do estado emocional, fadiga anormal em qualquer atividade.
14% Extinção da chama.
10 a 11% Aumento da respiração e da pulsação; Coordenação motora prejudicada; euforia e possível dor de cabeça.
6 a 10% Náuseas e vômito; Incapacidade de realizar movimentos; possível inconsciência; possível colapso enquanto
consciente, mas sem socorro.
< 6% Respiração ofegante; parada respiratória seguidas de parada cardíaca; Morte em minutos.

Fonte: Do autor, 2019 (adaptada).

A redução da concentração do oxigênio no ambiente laboral é muito perigosa e pode


gerar uma morte silenciosa para o trabalhador. A respiração no nosso organismo é o
processo de entrada e saída de ar nos pulmões, e o controle da respiração espontânea,
em que você nem se dá conta que está respirando, é executado por centros neurais

29
UNIDADE I │ BASE LEGAL

localizados no bulbo. O aumento da concentração do gás carbônico no sangue eleva


sua acidez e dispara ou regula o movimento da respiração, mas o organismo não
identifica redução ou ausência do oxigênio, assim vamos a óbito muito rápido.

Por isso, o legislador brasileiro no anexo 11 da NR 15 destacou alguns gases que


ficaram classificados como “Asfixiantes Simples”. Dessa família, destacamos todos os
gases nobres (círculo vermelho) da nossa tabela periódica.

Figura 1. Tabela Periódica Clássica.

Fonte: CURADO, 2019.

» Hélio (He).

» Neônio (Ne).

» Argônio (Ar).

» Criptônio (Kr).

» Xenônio (Xe).

» Radônio (Rn).

Observe-se, ainda, na Tabela 5, que os gases inflamáveis estão presentes, tais como:
acetileno e hidrogênio. Por que eles estariam nessa classificação? Simples, se o gás
inflamável vazar no ambiente laboral e não entrar em combustão, consequentemente
ele deslocará o oxigênio e poderá provocar a morte do trabalhador por anóxia.

30
BASE LEGAL │ UNIDADE I

Valor teto

Na coluna “VALOR TETO”, estão assinalados os agentes químicos cujos limites de


tolerância não podem ser ultrapassados em momento algum da jornada de trabalho.

Tabela 7. Agentes Químicos com Valor Teto (VT).

Absorção Até 48hs/semana


Agentes Químicos V.T. Grau Insalubridade
pela Pele ppm mg/m3
Ácido Clorídrico + 4 5,5 Máximo
Cloreto de Vinila + 156 398 Máximo
Dióxido de Nitrogênio + 4 7 Máximo
Formaldeído + 1,6 2,3 Máximo
Fonte: Anexo 11 da NR 15 (1978).

Nessa classificação, temos agentes químicos com elevada toxidade, o “limite de


tolerância” é o máximo permitido para exposição do trabalhador. Nesse caso, não é
permitido aplicar o cálculo do fator de desvio (FD) para achar o valor máximo (VM).
Qualquer nível de exposição do trabalhador acima do “LT”, ao longo da jornada, ou se
a média exceder esse limite, o ambiente de trabalho será insalubre e IPVS.

Absorção cutânea

Na Tabela 8, estão assinalados os agentes químicos que podem ser absorvidos por
via cutânea, exigindo na sua manipulação o uso de roupas impermeáveis e luvas
adequadas, além do EPI necessário à proteção de outras partes do corpo.

Tabela 8. Agentes Químicos com Absorção Cutânea.

Absorção Até 48hs/semana


Agentes Químicos V.T. Grau Insalubridade
pela Pele ppm mg/m3
Anilina + 4 15 Máximo

Benzeno + 8 24 Máximo

Fenol + 4 15 Máximo
Tolueno + 78 290 Máximo
Fonte: Anexo 11 da NR 15 (1978).

Cuidado, pois o Benzeno (círculo verde) não está mais no Anexo 11 da NR 15, desde 20
de dezembro de 1995. Ele está no Anexo 13-A da NR 15. O benzeno, em função da sua
elevada toxicidade e da possibilidade de gerar a anemia aplásica nos trabalhadores,
perdeu o LEO e recebeu o valor de referência tecnológico – média ponderada no tempo
(VRT-MPT). Recomendamos a leitura do Anexo 13-A da NR 15.

31
UNIDADE I │ BASE LEGAL

Atenção! Somente para benzeno a legislação brasileira estabelece um limite específico


denominado Valor de Referência Tecnológico (VRT), estabelecido pelo Anexo nº 13-A,
incluído na NR-15 pela Portaria SSST nº 14, em 1995. O VRT é o valor possível de se
atingir para determinado processo do ponto de vista da tecnologia vigente. Não exclui
risco à saúde, sendo diferente do Limite de Tolerância.

Além disso, recomendamos a leitura da Portaria MTb. 1.109, de 21 de setembro


de 2016, que trata do Anexo 2 - Exposição Ocupacional ao Benzeno em
Postos Revendedores de Combustíveis - PRC - da Norma Regulamentadora 9 -
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA.

Substâncias tóxicas

São substâncias de efeito extremamente rápido e que podem ser absorvidas por via
cutânea. Na coluna “absorção pela pele”, estão assinalados os agentes químicos e
marcado o valor teto.

Tabela 9. Agentes Químicos com Absorção Cutânea e Pele.

Absorção Até 48hs/semana


Agentes Químicos V.T. Grau Insalubridade
pela Pele ppm mg/m3
Álcool n-butílico + + 40 115 Máximo
n-Butamina + + 4 12 Máximo
Monometil hidrazina + + 0,16 0,27 Máximo
Sulfato de dimetila + + 0,08 0,4 Máximo

Fonte: Anexo 11 da NR 15 (1978).

Essas substâncias possuem um LEO muito baixo, pois, além de possuírem valor teto,
têm absorção cutânea.

Anexo 12 – poeira mineral

Asbestos

1. O limite de tolerância é de quatro fibras maiores que 5 µm com


centímetro cúbico.

2. A avaliação será feita pelo método de filtro de membrana com aumento


de 400-450x (objetiva 4 mm) e iluminação de contraste de fase.

32
BASE LEGAL │ UNIDADE I

O asbesto (origem do grego), ou amianto (origem do latim), é um mineral


natural, utilizado há séculos pelo homem (BERNSTEIN, 2005) e possui inúmeras
propriedades, tais como: resistência ao fogo, isolante térmico, resistência mecânica,
resistência a produtos químicos e micro-organismos, não sofre decomposição
química.

O amianto é um agente químico muito estável de estrutura fibrosa, forma sedosa, o


fibrocimento é o mais importante produto da base de amianto utilizado no planeta, foi
criado pelo austríaco Ludwig Hatschek em 1895 (OLIVEIRA, 2010).

O amianto foi largamente utilizado na fabricação de telhas onduladas, chapas de


revestimento, caixas d’água, freios e embreagem automobilísticas, mas seu
consumo entrou em declínio devido às terríveis consequências da exposição dos
trabalhadores à inalação das poeiras na forma de fibras.

O amianto é dividido em dois grandes grupos: 1. Grupo dos Anfibólios; e 2. Grupo


das Serpentinas (IARC, 2012). O amianto crisotila ou amianto branco possui
fórmula química Mg3Si2O5(OH)4 e pertence ao grupo das serpentinas, representando
98,5% do amianto consumido no mundo (BERNSTEIN, 2005).

A morfologia das fibras do amianto é do tipo agulha ou “needle structure”. Essa


estrutura muito fina penetra no trato respiratório profundo e se deposita na região
alveolar do trabalhador, produzindo a asbestose, ou na região da pleura, membrana
que envolve o pulmão, gerando o raro câncer chamado mesotelioma (BRASIL, 2009).

A exposição laboral prolongada das fibras do amianto entre os trabalhadores por


períodos superiores a 10 anos pode gerar a asbestose e, acima de 20 anos, pode iniciar
o mesotelioma (EPA, 1960). Dessa maneira, o Grupo do Anfibólio foi proibido em todo
o mundo e o amianto crisotila é proibido em alguns países, mas ainda comercializado
em outras regiões, como o Brasil.

O amianto é comercializado na forma de mantas ou rolos e sua manipulação gera


aerodispersoide na forma de fibras no ambiente laboral. Exatamente o comprimento
das fibras encontradas no ambiente laboral aliado ao tempo de exposição que
determinam as patologias, por isso a legislação brasileira determinou a contagem de
fibras e seu tamanho.

A biopersistência por inalação é o tempo que uma partícula permanece no pulmão


antes de ser eliminada por qualquer dos diversos mecanismos de defesa do
organismo, fibras com tamanho superior a 20 µm apresentam uma média de
1,3 dias (BERNSTEIN, 2005). O amianto, em todas as suas formas, foi classificado

33
UNIDADE I │ BASE LEGAL

como carcinogênico confirmado em humanos desde 2012 pela International Agency


for Research on Cancer ou, em português, Agência Internacional para Pesquisa do
Câncer, localizada na França.

Manganês e seus compostos

1. O limite de tolerância é de 5 mg/m3 para poeira.

2. O limite de tolerância é de 1 mg/m3 para fumos.

O manganês com fórmula química (Mn) é encontrado na natureza na forma de óxidos


ou hidróxidos, onde sua mineração é realizada dos minerais pirolusita (MnO2),
hausmannita (Mn3O4) e manganita (Mn2O3H2O). A manipulação dos minérios tem
um “limite de tolerância”, e a metalurgia do manganês, especialmente na industrial
metalúrgica e siderúrgica, possui outro “LT” ainda mais restritivo.

Sílica livre cristalizada

1. O limite de tolerância para poeira respirável, expresso em mg/m3, é


dado pela seguinte fórmula:

8
L.T.= mg/m 3
% quartzo + 2 (12)

2. Tanto a concentração quanto a percentagem do quartzo, para a aplicação


desse limite, devem ser determinadas a partir da porção que passa por
um seletor com as características do Quadro nº 1.

Tabela 10. Quadro Nº 1 da NR 12.

Diâmetro Aerodinâmico (um)


% de passagem pelo seletor
(esfera de densidade unitária)
menor ou igual a 2 90

2,5 75

3,5 50

5,0 25

10,0 0 (zero)

Fonte: Anexo 12 da NR 15 (1978).

34
BASE LEGAL │ UNIDADE I

SÍLICA LIVRE CRISTALIZADA

4. O limite de tolerância para poeira total (respirável e não respirável), expresso em


mg/m3, é dado pela seguinte fórmula:

24
L.T.= mg/m 3
% quartzo + 3 (13)

Obs.:
1. Sempre será entendido que “quartzo” significa sílica livre cristalizada.
2. Os limites de tolerância fixados no item 5 são válidos para jornadas de
trabalho de até 48 horas por semana, inclusive.
3. Para jornadas de trabalho que excedem a 48 horas semanais, os limites
deverão ser deduzidos, sendo estes valores fixados pela autoridade
competente.

Variedades alotrópicas da sílica

Figura 2. Tetraedro da Sílica.

Fonte: GOMES; FURTADO; SOUZA, 2018.

Variedades Alotrópicas da Sílica

A sílica possui fórmula química (SiO2) com um arranjo cristalino na seguinte posição:

O silício (Si) em vermelho está ligado ao oxigênio (O) em azul produzindo um arranjo
tridimensional (SiO4)4-, em que outro silício se liga ao oxigênio, gerando uma malha
tridimensional.

Em função da temperatura, a sílica terá variedades alotrópicas – Quartzo, Tridimita e


Cristobalita (CAVALCANTI, 1994). O quartzo se divide em alfa-quartzo e beta-quartzo,
conforme reação química de transformação, a seguir:
o o o
-Quartzo 573
 C
 -Quartzo 867
 C
 Tridimita 1.470
 C
 Cristobalita (14)

35
UNIDADE I │ BASE LEGAL

O arranjo da estrutura cristalina (FRONDEL, 1962) variará da estrutura amorfa


(Amorphous SiO2), parcialmente cristalizada e cristalina (cristalline SiO2). A estrutura
amorfa (na = ausência + Morfa = forma), ou seja, sem arranjo cristalino definido, não
possui “LT” na legislação brasileira, mas na ACGIH possui um TLV-TWA de 10 mg/m3
quando o total de poeira possuir menos de 1% de quartzo (ACGIH, 2017).

Na estrutura cristalina da sílica, há uma organização tridimensional em cristais,


conferindo inúmeras propriedades. Uma propriedade muito importante da sílica
é sua elevada estabilidade química, isto é, ela não reage facilmente com outros
elementos, necessitando muita temperatura ou reagentes extremamente corrosivos.
Essa estabilidade é o problema da inalação pelos trabalhadores, pois, após anos de
exposição ao agente químico e seu depósito nos pulmões, gerará a famosa silicose.

A variedade alotrópica considerada perigosa para a saúde dos trabalhadores na


legislação brasileira e estrangeira é o quartzo, também chamado de “sílica livre
cristalizada”. Dessa maneira, além de coletar a poeira de sílica no ambiente laboral, a
amostra obtida será encaminhada a um laboratório químico para determinar o teor de
sílica livre cristalizada ou quartzo presente na amostra. Quanto maior o teor de sílica,
maior será a probabilidade do início do processo da patologia gerada pela inalação
desse aerodispersoide.

Manual de métodos analíticos da NIOSH

Para saber qual o teor de sílica livre cristalizada na amostra, são realizadas análises
químicas, baseando-se nos procedimentos do Manual de Métodos Analíticos da
NIOSH (2000), a fim de determinar a porcentagem da sílica na forma de quartzo:

» Método 7500 – Silica Crystalline by XRD (filter redeposition).

» Método 7501 – Silica Amorphous by IR.

» Método 7601 – Silica Crystalline by VIS.

» Método 7602 – Silica Crystalline by IR (KBr pellet).

» Método 7603 – Quartz in Coal Mine Dust by IR (redeposition).

O elemento químico sílica analisado é o mesmo nos cinco métodos, mas com três
análises instrumentais distintas, a saber: difração de raios-X, espectroscopia do
UV-Visível e infravermelho, a diferença está na técnica da instrumentação analítica
(SKOOG, 2009) e características próprias da metodologia. Vamos primeiro entender
os significados:

36
BASE LEGAL │ UNIDADE I

Método 7500 (NIOSH, 2003) – utiliza um equipamento chamado difratômetro de


raios-X. Esse método analítico consegue identificar as três variedades alotrópicas ou
polimorfismo da sílica: quartzo, tridimita e cristobalita, e pode eliminar os agentes
químicos que interferem na análise, tais como: mica, feldsparto e aluminosilicatos,
entre outros, mas é possível reduzir essa interferência tratando a amostra com ácido
fosfórico (H3PO4).

Essa técnica de espectrometria de fluorescência de raios-X consiste em incidir sobre


a amostra sólida contendo sílica um feixe de energia no comprimento de ondas dos
raios-X.

O feixe incide (1/2/3) em um ângulo teta (θ) de 0o a180º por meio do goniômetro e
esse feixe (1’/2’/3’) é difratado em um ângulo específico, é recebido em um detector
oposto ao feixe incidente, seguindo a Lei de Bragg. A equação de Bragg é λ= 2d senθ,
em que λ é o comprimento de onda incidente. Cada tipo de plano cristalino absorve
uma parte do feixe incidente e refrata esse feixe em um ângulo específico, gerando
uma impressão digital da estrutura cristalina do elemento químico analisado.

A coleta do material precisa de um volume de ar mínimo de 400 L e máximo de 1.000


L usando-se cassete com membrana de PVC 5 µm com separadores de partículas
(ciclones) de nylon com vazão de 1,7 L/min, Higgins-Dewell (HD) com vazão de 2,2 L/
min e alumínio com vazão de 2,5 L/min.

Essa técnica de medição tem uma precisão de 9% para uma faixa de 25 a 2.500 µg/
m3 com um volume de 800 L e uma quantificação de 50 a 200 µg. Observe-se que
tal técnica possui uma precisão elevada, na ordem de micrograma (µg), enquanto os
resultados são elaborados em miligrama (mg), ou seja, uma sensibilidade de mil vezes.
Lembre-se de que essa técnica junto com a dos infravermelhos é recomendada para a
pesquisa (HARPER; SARKISIAN; ANDREW, 2016).

Método 7602 (NIOSH, 2003) – utiliza um equipamento chamado espectrômetro


de infravermelho (IV). Esse método analítico consegue identificar duas variedades
alotrópicas da sílica: quartzo e cristobalita, mas a presença de tridimita é raramente
informada nos trabalhos (OJIMA, 2003). O quartzo e a cristobalita têm a maior banda
de absorção em 800 cm-1 (ALLI et al., 2005), (círculo vermelho) e há vários agentes
químicos próximos à mesma banda que interferem na análise, tais como: sílica amorfa,
talco, vermiculita, entre outros, mas se pode reduzir esse problema tratando a amostra
com ácido fosfórico (H3PO4).

37
UNIDADE I │ BASE LEGAL

Essa técnica de análise consiste em incidir sobre a amostra contendo sílica na forma
sólida um feixe de luz no comprimento de onda do infravermelho em um jogo de
espelho que passa a luz pela amostra e passa o feixe por uma referência.

O feixe que passa pela amostra é absorvido em um comprimento de onda específico


em cm-1 e cada substância química tem uma assinatura digital em um comprimento de
onda (ƛ) específico em função da sua absorção. Dessa maneira, é possível determinar
a concentração da sílica. A sílica possui uma faixa de 1.200 a 400 cm-1, que informa
algumas características da ligação Si-O-Si, tais como: estiramento assimétrico (1.106
cm-1), estiramento simétrico (1.057 cm-1) e deformação (693 cm-1).

A coleta do material precisa de um volume de ar mínimo de 400 L e máximo de


1.000 L, em que a quantidade de poeira seja inferior a 4 mg usando-se cassete com
membrana de PVC 5 µm com separadores de partículas (ciclones) de nylon com vazão
de 1,7 L/min, Higgins-Dewell (HD) com vazão de 2,2 L/min e alumínio com vazão de
2,5 L/min.

Essa técnica de medição tem uma precisão de 18% e uma quantificação de 5 a 160 µg.
Observe-se que essa técnica possui uma precisão elevada, na ordem de micrograma
(µg), enquanto os resultados são elaborados em miligrama (mg), ou seja, uma
sensibilidade de mil vezes. Lembre-se de que tal técnica junto com a de difração de
raios-X é recomendada para a pesquisa (HARPER; SARKISIAN; ANDREW, 2016).

Método 7601 (NIOSH, 2003) – utiliza um equipamento chamado espectrômetro


de UV-Vis (Ultravioleta – Visível). Essa técnica de análise consiste em incidir sobre a
amostra líquida contendo sílica na forma de solução um feixe de luz com comprimento
de onda conhecido, um espelho que passa a luz pela amostra e desvia o feixe sem
passar por ela.

A solução de complexo sílica-molibdato usa 420 nm, enquanto o molibdênio azul usa
820 nm. O feixe que passa pela amostra é absorvido (I), e o feixe que passa direto sem
passar pela amostra não é alterado (Io).

A razão I/Io é chamada de Transmissão (T) e segue a lei de Lambert-Beer. Cada


substância química tem uma assinatura digital em um comprimento de onda
(ƛ) específico em função da sua absorção, dessa maneira é possível determinar a
concentração da sílica.

Esse método analítico não consegue distinguir as três variedades alotrópicas ou


polimorfismo da sílica: quartzo, tridimita e cristobalita. Qualquer composto contendo
sílica que seja solúvel em solução de ácido fluorídrico (HF) e não seja lavado pela

38
BASE LEGAL │ UNIDADE I

solução de ácido fosfórico (H3PO4) vai interferir na análise, tal como o silicato de sódio,
também chamado de vidro solúvel.

A sílica amorfa não é completamente removida pelo ácido fosfórico e produzirá um


falso-positivo. Presença de fosfato (PO4-) e ferro (Fe) na amostra coletada também
pode gerar interferência na análise, por isso o profissional prevencionista que executa
a coleta tem de averiguar qual a característica do aerodispersoide coletado.

A coleta do material precisa de um volume de ar mínimo de 400 L e máximo de 800


L usando-se cassete com membrana de PVC 5 µm ou MCE 0,8 µm com separadores
de partículas (ciclones) de nylon com vazão de1,7 L/min e Higgins-Dewell (HD)
com vazão de 2,2 L/min. Essa técnica de medição tem uma precisão de 9% e uma
quantificação estimada de 10 µg e pode detectar uma quantidade mínima de 0,02
mg de sílica. Observe-se que tal técnica possui uma precisão muito menor quando
comparamos com infravermelho e difração de raios-X.

Qual a melhor técnica de análise da sílica, se as três são aprovadas pela NIOSH?
Cada técnica tem sua precisão específica! Cada técnica tem seu limite de
detecção e suas especificidades.

A técnica do UV-Vis detecta tudo que está na amostra na forma de ligação de Silício
– Oxigênio (Si – O) e não separa o quartzo da tridimita e da cristobalita. Fica tudo
junto no resultado. O limite de detecção é baixo e o erro do método não é elevado.
Os equipamentos empregados não são caros comparados ao espectrômetro de
raios-X, por isso é o método mais empregado e o mais barato. Além disso, a presença
de silicatos (SiO4-) na amostra, como, por exemplo, em uma fábrica de sabão em pó
que usa silicato de sódio (NaSiO4), também chamado de vidro solúvel, que não é
sílica (SiO2) livre cristalizada, gerará um falso-positivo para sílica, aumentando ou
“bombando” o resultado. Na preparação da amostra para leitura no aparelho, usa-se
ácido para digerir a amostra e todo o silicato (SiO4-) será convertido em sílica (SiO2)
gerando-se, assim, um falso-positivo. Atenção nesse ponto.

A técnica do IV detecta o quartzo e a cristobalita, mas tem dificuldade em identificar e


quantificar a tridimita. O limite de detecção é baixo e o erro do método não é elevado.
Os equipamentos empregados são caros comparados ao espectrômetro de raios-X,
por isso não é o método mais empregado. A amostra na forma de ligação de Silício –
Oxigênio (Si – O) consegue separar o que é sílica (SiO2) de silicatos (SiO4) na amostra
sem dificuldade. O problema está na cristalinidade da amostra, pois a técnica de IV
não consegue com precisão determinar o que é sílica livre cristalina (quartzo) de
sílica amorfa. A diferença não está na ligação química, mas no arranjo cristalino da

39
UNIDADE I │ BASE LEGAL

estrutura, nossa legislação determina no cálculo do limite de tolerância apenas com a


sílica livre cristalina. Atenção nesse ponto.

A técnica do XRD – Difração de Raios-X detecta na amostra a ligação de Silício –


Oxigênio (Si – O) e consegue identificar a sílica livre cristalinizada com precisão. O
problema está no custo de aquisição do aparelho, apenas uma empresa em Minas
Gerais possui esse equipamento para fins comerciais.

Pergunta-se: onde vamos encontrar a sílica nas atividades laborais? Ela está presente
na areia do cimento, no lixamento de parede, na perfuração de rocha, na escavação
de túneis, na movimentação de terra, entre outros. Portanto, conhecer o teor de sílica
nas atividades é obrigatório para calcular o limite de tolerância, que é variável, e saber
como está a exposição do trabalhador a esse agente de risco.

Anexo 13 – agentes químicos

1. Relação das atividades e operações envolvendo agentes químicos,


consideradas insalubres em decorrência de inspeção realizada no local
de trabalho. Excluam-se dessa relação as atividades ou operações com
os agentes químicos constantes dos Anexos 11 e 12.

HIDROCARBONETOS E OUTROS COMPOSTOS DE CARBONO

Insalubridade de grau máximo (40% SM)

[...]

Manipulação de alcatrão, breu, betume, antraceno, óleos minerais,


óleo queimado, parafina ou outras substâncias cancerígenas afins.

[...]

Pintura a pistola com esmaltes, tintas, vernizes e solventes contendo


hidrocarbonetos aromáticos.

Insalubridade de grau médio (20% SM)

[...]

Emprego de produtos contendo hidrocarbonetos aromáticos como


solventes ou em limpeza de peças.

[...]

Pintura a pincel com esmaltes, tintas e vernizes em solvente contendo


hidrocarbonetos aromáticos.

40
BASE LEGAL │ UNIDADE I

Vamos analisar um parâmetro que gera muito conflito nos levantamentos ambientais
e, inclusive, nas perícias judiciais – hidrocarbonetos. Os hidrocarbonetos são
compostos de carbono e hidrogênio, destacamos o solvente thinner, que contém
hidrocarbonetos aromáticos, os “primos” benzeno, tolueno e xileno (BTX). Pelo Anexo
13, o simples fato de se pintar com tinta à base de esmalte sintético já seria classificado
como atividade insalubre, apenas importando se o trabalhador utilizasse o pincel e/ou
a pistola.

Observe que o Anexo 13 nos remete ao Anexo 11 para usarmos os LEOs do tolueno
e xileno previstos em norma. Vamos nos aprofundar nesse assunto ao entrarmos em
interpretação dos resultados.

Nível de ação – NR 9

Necessitamos conhecer mais uma definição para continuarmos nosso processo de


aprendizagem. Saímos da NR 15 e vamos para a NR 9 PPRA. O nível de ação está
definido no item 9.3.6.1 da NR 9 PPRA e auxilia o profissional prevencionista a
monitorar melhor a exposição do trabalhador.

Vamos à definição: “considera-se nível de ação o valor acima do qual devem ser
iniciadas ações preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que as exposições
a agentes ambientais ultrapassem os limites de exposição”. As ações devem incluir:

a. monitoramento periódico da exposição;

b. informação aos trabalhadores;

c. controle médico.

Observe que a NR 9 usa a expressão “limite de exposição”, pois houve algumas


atualizações, ao contrário dos Anexos 11, 12 e 13, que estão inalterados. Além disso,
no item 9.3.6.2, encontramos o seguinte: “Deverão ser objeto de controle sistemático
as situações que apresentem exposição ocupacional acima dos níveis de ação,
conforme indicado nas alíneas que seguem:

a. para agentes químicos, a metade dos limites de exposição ocupacional


(LEO);

Vamos analisar dois pontos importantes da legislação:

1. monitoramento periódico da exposição;

2. nível de ação para agentes químicos.

41
UNIDADE I │ BASE LEGAL

O Nível de Ação (NA) é uma zona de transição entre ele e o Limite de Exposição
Ocupacional (LEO) para cada agente de risco químico que está em estudo. Quando o
Nível de Exposição (NE) do trabalhador está acima do Nível de Ação, somos obrigados
a tomar três ações obrigatórias, a saber:

a. monitoramento periódico da exposição;

b. informação aos trabalhadores;

c. controle médico.

O monitoramento periódico significa que, periodicamente, novas avaliações


ambientais devem ser refeitas para avaliar o nível de exposição do trabalhador, mas
a legislação não informa qual período. O único limitador é que, pelos menos uma
vez por ano, deverão ser refeitas as avaliações e o laudo conclusivo (ver NR 9 e IN
INSS 077/2015). Existe apenas uma Instrução Normativa que define periodicidades
menores que um ano, a estudaremos quando abordarmos o solvente benzeno.

Aprofundando no limite de exposição ocupacional


– ACGIH

A ACGIH (1938) define que os TLVs® são “as concentrações de substâncias químicas
no ar, às quais, acredita-se, a maioria (grifo nosso) dos trabalhadores possam estar
exposta, repetidamente, dia após dia, durante toda uma vida de trabalho sem sofrer
efeitos adversos à saúde”.

A ACGIH afirma que os valores não são linhas divisórias entre condições seguras e
perigosas e adverte que os trabalhadores podem ainda estar sujeitos a exposições
dérmicas.

Há três tipos de LEOs na ACGIH:

1. Time-weighted Average (TWA) ou Média Ponderada no Tempo (MPT). O


correspondente no Brasil é o LT;

TLV®-TWA (threshold limit value - time weighted average) significa Limite de


Exposição Ocupacional – Média Ponderada no Tempo (LEO – MPT), é um
nome registrado pela ACGIH. Acredita-se que a maioria dos trabalhadores,
adultos saudáveis, a ela possa estar exposta, repetidamente, dia após dia,
por 40 horas de trabalho semanais e por toda vida profissional sem sofrer
efeitos adversos à sua saúde. Existem valores de TLVs (ACGIH, 2017) para
cerca de 700 substâncias químicas.

42
BASE LEGAL │ UNIDADE I

2. Short-Term Exposure Limit (STEL) ou limites de exposição para curto-prazo –


sem correspondente no Brasil;

TLV®-STEL (Threshold Limit Values – Short Expository Limit) significa Limite


de Exposição Ocupacional – Exposição de Curta Duração. É o limite de
exposição média ponderada em 15 minutos, que não deve ser ultrapassado
em qualquer momento da jornada, mesmo que a média ponderada
(TWA) esteja dentro do limite. Deve existir um limite de 60 minutos entre
exposições sucessivas e não devem ocorrer mais que quatro vezes ao dia
(não é definido no Anexo 11 da NR 15);

Gasolina: TLV® - TWA = 300 ppm; LTV®-STEL = 500 ppm;

Metil Etil Cetona TLV® - TWA = 200 ppm; LTV®-STEL = 300 ppm

3. TLV®-C (Threshold Limit Values – Ceiling) significa Limite de Exposição


Ocupacional – valor-teto (LEO-VT). O correspondente no Brasil é o VT;

TLV-C – Limite de Exposição – valor teto (Threshold Limit Values – Ceiling). É


a concentração que não deve ser excedida durante nenhum momento da
exposição do trabalhador (definido no Anexo 11 da NR 15 e ACGIH).

Tabela 11. Correlação LEO NR 15 x TLV ACGIH.

Definição NR – 15 ACGIH
Média Ponderada no Tempo Anexo 11 da NR 15 TLV®-TWA
(TWA ou MPT) “Limite de Tolerância”
Valor máximo permitido Anexo 11 da NR 15 TLV®-C
(C ou VT) “Valor Teto”
Limite por 15 minutos Não há TLV®-STEL
(STEL)
Fonte: Do autor, 2019.

Os TLV®s para diferentes substâncias são claramente estabelecidos por diferentes


razões. A natureza e a quantidade de informações toxicológicas existentes também
variam de substância para substância.

O TLV® não pode ser usado como um índice relativo de toxicidade. Por exemplo, o
ozônio com um TLV® de 0,1 ppm não pode ser considerado 50 vezes mais tóxico que o
fenol com TLV® de 5 ppm.

A razão para isso é simples: o TLV® do ozônio de 0,1 ppm foi estabelecido para evitar
irritação dos olhos e do trato respiratório, enquanto o TLV® do fenol foi estabelecido,

43
UNIDADE I │ BASE LEGAL

principalmente, para evitar danos ao sistema nervoso central. Sendo esses efeitos
claramente diferentes, é impossível comparar a toxicidade dos dois materiais.

Mistura de vários agentes

Há situações em que encontramos vários vapores orgânicos juntos e precisamos


avaliar essa mistura e como ficaria o nível de exposição do ambiente laboral. Para
vários solventes juntos, como encontramos no Thinner, por exemplo, em uma mistura
líquida, é necessário utilizar a fórmula de efeito aditivo para misturas, definida pela
ACGIH:

C1/T1 + C2/T2 + .... + Cn/Tn (15)

Em que:

C = Nível de Exposição do Trabalhador (levantamento ambiental).

T = Limite de Exposição Ocupacional – LEO correspondente.

Para exemplificar essa situação, usaremos os três solventes presentes na


gasolina BTX – Benzeno, Tolueno e Xileno. Em um levantamento ambiental em
um posto de gasolina, um profissional prevencionista encontrou os seguintes
resultados:

Tabela 12. Correlação LEO NR 15 x TLV ACGIH.

Código Limite de Exposição


Agente Nível de
eSocial Ocupacional – LEO Referência
Químico Exposição (ppm) (ppm)
(ESOCIAL, 2018)
Benzeno 02.01.114 0,05 1 Anexo 13-A
Tolueno 02.01.742 2,0 78 Anexo 11
Xileno 02.01.780 5,0 78 Anexo 11
Fonte: Do autor, 2019.

Calcule o efeito da mistura no ambiente laboral:

C/T(Benzeno) + C/T(Tolueno) + C/T(Xileno) ≤ 1 (16)

Aplicando a fórmula (2) com os valores dos solventes e sendo o valor encontrado
menos que um, considera-se que o limite de tolerância da mistura para a jornada
integral não foi excedido, teremos, então:

44
BASE LEGAL │ UNIDADE I

 0,05ppm   2ppm   5ppm  


 + +   1
 1ppm   78ppm   78ppm  (17)

0,05 + 0,02 + 0,06 ≤ 1 (18)

0,13 ≤ 1 (19)

Portanto, o resultado de 0,13 indica que o limite de tolerância da mistura BTX não
foi excedido para a jornada integral do trabalhador. Os limites de tolerância dos
solventes orgânicos a que o trabalhador está exposto não foram excedidos durante
o período amostrado e, da mesma forma, a mistura também não foi excedida.

Material particulado

Nas tabelas de limites de tolerância da ACGIH (2017), publicadas anualmente, os


materiais particulados apresentam limites de tolerância individuais especificados para
a condição em que são considerados prejudiciais, cuja classificação é a seguinte:

» E – particulado que não contenha asbesto e com menos de 1% de sílica


livre cristalizada.

» I – particulado inalável.

» T – particulado torácico.

» R – particulado respirável.

O significado dessas denominações é o seguinte:

E – massa de particulado total existente no ar amostrado, que não contenha asbesto e


que tenha menos de 1% de sílica livre cristalizada.

Quando, nas tabelas de limites de tolerância da ACGIH, não aparece o complemento


ao lado do valor TWA para substâncias que se apresentam na forma “particulada”,
deve ser entendido que se refere a “particulado total” (E).

45
UNIDADE I │ BASE LEGAL

A ACGIH informou em 2018 o limite de tolerância do estanho (Sb) introduzido


em (***):

Tabela 13. Tabela TLV ACGIH Estanho.

Valores Adotados
Substância [No CAS] TWA STEL Notações Peso Mol. Base TLV®
Estanho [7440-31-5] Irr Olhos e TRS; Dor de cabeça;
0,1 mg/m3 0,2 mg/m3 Pele; A4 Vários
Compostos orgânicos Náuseas; efe SNC e imunológico

Legenda:
(A1) – Carcinogênico humano confirmado;
(A2) – Carcinogênico humano suspeito;
(A3) – Carcinogênico animal confirmado com relevância desconhecida para seres humanos;
(A4) – Não classificado como carcinogênico humano;
(A5) – Não suspeito como carcinogênico humano.

Fonte: ACGIH, 2017.

Particulado inalável

I – massa de particulado inalável (MPI) ou Inhalable Particulate Mass – IPM,


particulado existente no ar amostrado que oferece risco quando depositado em
qualquer lugar do trato respiratório.

Figura 3. Distribuição
DISTRIBUIÇÃO de FraçãoINALÁVEL
DE FRAÇÃO Inalável.
100

95
DOENÇAS RELACIONADAS
IRRITAÇÃO DO SEPTO NASAL,
90
FARINGE E LARINGE
CÂNCER DE FARINGE
85 CÂNCER DE LARINGE

80

75
%

70

65

60

55

50
0 1 2 5 10 20 30 40 50 100
Tamanho de Partícula (micra)

Fonte: Do autor, 2019.

Esse particulado possui um tamanho médio de 100 micra, ou seja, o cut-off da


partícula com 50% da distribuição está em 100 micra. Isso lembra a curva de análise
granulométrica que calculávamos usando as peneiras mesh. Esse número mágico de

46
BASE LEGAL │ UNIDADE I

100 micra está relacionado ao fato de nosso organismo reter boa parte da poeira com
tamanho acima de 100 micra.

A ACGIH informou em 2018 o limite de tolerância da farinha (poeira) introduzido


em 2001:

Tabela 14. Tabela TLV ACGIH Farinha (poeira).

Valores Adotados
Substância [No CAS] TWA STEL Notações Peso Mol. Base TLV®
Farinha (poeiras) 0,5 mg/m3(I) -
SEN NA Asma, Irr TRS e bronquite

Legenda:
– Fração Inalável – cut-off - 50% em 100 µm;
(A1) – Carcinogênico humano confirmado;
(A2) – Carcinogênico humano suspeito;
(A3) – Carcinogênico animal confirmado com relevância desconhecida para seres humanos;
(A4) – Não classificado como carcinogênico humano;
(A5) – Não suspeito como carcinogênico humano.

Fonte: ACGIH, 2017.

Particulado torácico

T – massa de particulado torácico (MPT) ou Thoracice Particulate Mass – TPM,


massa de particulado existente no ar amostrado que oferece risco quando depositado
na região de troca de gases.

Figura 4. Distribuição
DISTRIBUIÇÃO de FraçãoTORÁXICA
DE FRAÇÃO Torácica.
100

90
DOENÇAS RELACIONADAS
BRONCOCONSTRIÇÃO
80
BRONQUITE CRÔNICA
CÂNCER BRONQUIAL
70

60

50
%

40

30

20

10

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 25
Tamanho de Partícula (micra)

Fonte: Do autor, 2019.

47
UNIDADE I │ BASE LEGAL

Esse particulado possui um tamanho médio de 10 micra, ou seja, o cut-off da partícula


com 50% da distribuição está em 10 micra.

A ACGIH informou em 2018 o limite de tolerância do ácido sulfúrico introduzido


em 2000:

Tabela 15. Tabela TLV ACGIH Ácido Sulfúrico.

Valores Adotados
Substância [No CAS] TWA STEL Notações Peso Mol. Base TLV®
Ácido Sulfúrico [7664-93-9] 0,2mg/m3(T) - A2(M) 98,08 Função pulmonar

Legenda:
(T) – Fração Torácica – cut-off - 50% em 10 µm;
(A1) – Carcinogênico humano confirmado;
(A2) – Carcinogênico humano suspeito;
(A3) – Carcinogênico animal confirmado com relevância desconhecida para seres humanos;
(A4) – Não classificado como carcinogênico humano;
(A5) – Não suspeito como carcinogênico humano.

Fonte: ACGIH, 2017.

Particulado Respirável

R – massa de particulado respirável (MPR) ou Respirable Particulate Mass – RPM,


massa de particulado existente no ar amostrado que oferece risco quando depositado
em qualquer lugar no interior das vias aéreas dos pulmões e da região de troca de
gases.

Figura 5. Distribuição
DISTRIBUIÇÃO de Fração
DE FRAÇÃO Respirável.
RESPIRÁVEL
100

90 DOENÇAS RELACIONADAS
PNEUMOCONIOSES
ENFISEMAS
80
ALVEOLITE
CÂNCER PULMONAR
70

60

50
%

40

30

20

10

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 10
Tamanho de Partícula (micra)

Fonte: Do autor, 2019.

48
BASE LEGAL │ UNIDADE I

Esse particulado possui um tamanho médio de 4 micra, ou seja, o cut-off da partícula


com 50% da distribuição está em 4 micra.

A ACGIH informou em 2018 o limite de tolerância da sílica cristalina (α-quartzo)


introduzido em 2009:

Tabela 16. Tabela TLV ACGIH Sílica Cristalina (α-quartzo).

Valores Adotados
Substância [No CAS] TWA STEL Notações Peso Mol. Base TLV®
Sílica cristalina (α-quartzo) Fibrose pulmonar;
0,025 mg/m3(T) - A2 60,09
[14808-60-7] [1317-95-9] câncer do pulmão

Legenda:
(T) – Fração Respirável – cut-off - 50% em 4 µm;
(A1) – Carcinogênico humano confirmado;
(A2) – Carcinogênico humano suspeito;
(A3) – Carcinogênico animal confirmado com relevância desconhecida para seres humanos;
(A4) – Não classificado como carcinogênico humano;
(A5) – Não suspeito como carcinogênico humano.

Fonte: ACGIH, 2017.

E quando o material particulado não tem um LEO, como selecionar um


parâmetro? A ACGIH definiu o PNOC - Particulates Not Otherwise Classified
usado até o ano de 2001, em português, Particulados Não Classificados de Outra
Forma; a partir do ano de 2002, mudou sua definição para PNOS - Particulate
Not Otherwise Specified (Particulados Não Especificados de Outra Forma).

O profissional prevencionista poderá usar o PNOS quando o particulado


contiver estas características:

1. ficam excluídos os riscos de sílica e asbestos;

2. são de substâncias que não possuem nenhum outro TLV aplicável;

3. são insolúveis ou fracamente solúveis em água (e fluidos pulmonares);

4. possuem baixa toxicidade;

5. não são ionizantes;

6. não causam imunossensibilização ou quaisquer outros efeitos tóxicos


que não sejam os de inflamação ou “sobrecarga pulmonar”.

49
UNIDADE I │ BASE LEGAL

Um exemplo para PNOS é o carbonato de cálcio (CaCO3), muito empregado


na agricultura, no controle de acidez do solo, na indústria farmacêutica, em
medicamentos de controle de pH, e na indústria da higiene, na fabricação
de pasta de dente e de tintas como carga. É um pó branco, inodoro, insípido,
estável, com ausência de sílica e sem TLV definido.

Portanto, o LEO do PNOS, definido pela ACGIH, ficou assim:

Tabela 17. Tabela PNOS ACGIH.

PNOS
Particulados Não Especificados de Outra Forma
Classificação Material Inalável/Total Material Respirável
10 mg/m³ 3 mg/m³
TLV – TWA
E.I. E.R.
Técnica Coletado sem selecionador de partícula Coletado com selecionador de partícula

Legenda: E.I e E.R (E = não contém asbesto; I = inalável; R = respirável).

Fonte: ACGIH, 2017.

Brief & Scala

De acordo com o Centro Canadense de Saúde e Segurança Ocupacional (CCOHS,


2019):

Existem vários modelos matemáticos, alguns simples e outros mais


complexos, que podem ser usados para ajustar o TLV a um horário
de trabalho diferente. O modelo Brief and Scala é recomendado pela
ACGIH como um modelo mais simples que reduz o TLV por um fator
que leva em consideração as horas trabalhadas diariamente e os
períodos de descanso entre eles. Os valores de TLV – TWA, constantes
nas tabelas da NIOSH, OSHA e ACGIH, são referentes às condições de
8 horas diárias e 40 semanais.

Por essa razão, quando transpostos para o Brasil, devem ser corrigidos para as
condições da jornada real.

Do mesmo modo, os valores de Limite de Tolerância constantes da NR 15 – Anexo 11


são dados para 8 horas diárias e 48 semanais. Sempre que a jornada diária ou semanal
do trabalhador for diferente desse padrão, o TLV – TWA e o Limite de Tolerância
devem ser corrigidos.

50
BASE LEGAL │ UNIDADE I

A ACGIH admite a aplicação do fator de correção diário e/ou semanal para jornadas
que superem 8 horas diárias e 40 horas semanais. Para o Brasil, não há previsão na
lei sobre esses limites. Por ser mais conservador, recomenda-se aplicar o fator de
correção somente quando a duração da jornada for superior ao padrão.

Uma fórmula simples para correção desses valores, muito utilizada, é a descrita no
método de Brief & Scala:

 Hpd   24  Hd  
FCdiário   x 
 Hd   24  Hpd   (20)
 Hps   168  Hs  
FCsemanal   x 
 Hs   168  Hps   (21)
Em que:

FC = fator de correção diário ou semanal;

Hpd = duração da jornada diária padrão, em horas, para a qual foi estabelecido o
limite de tolerância – USA e Brasil = 8 horas;

Hd = duração da jornada de trabalho diário real, em horas;

24 = número total de horas do dia;

Hps = duração da jornada semanal padrão, em horas, para a qual foi estabelecido o

limite de tolerância – USA = 40 horas; Brasil = 48 horas;

Hs = duração da jornada de trabalho semanal real, em horas;

168 = número total de horas da semana (*há empresas que empregam 180*).

Exemplo 1

Um trabalhador brasileiro trabalha 8 horas diárias e 48 horas semanais exposto


a um agente cujo TLV - TWA é estabelecido somente pela ACGIH com um valor
de 20 ppm.

Pergunta-se: qual o valor para o Brasil?

FCdiário = [8/8] x [(24-8)/(24-8)] = [1] x [1] = 1

FCsemanal = [40/48] x [(168-48)/(168-40)] = [0,83] x [0,94] = 0,781

51
UNIDADE I │ BASE LEGAL

Portanto, o valor do TLV – TWA convertido para o LT (Anexo 11) deve ser 0,781 x
20 = 15,6 ppm.

Atenção!!!

Nos casos em que temos dois FCs (diário = 1 e semanal = 0,781), utiliza-se
sempre o menor FC.

Exemplo 2

Um trabalhador brasileiro trabalha 8,8 horas diárias (= 5 dias na semana – 8 h 48


m/dia) e 44 horas semanais (= segunda a sexta) exposto a um agente cujo TLV -
TWA é estabelecido somente pela ACGIH com um valor de 20 ppm.

Pergunta-se: qual o valor para o Brasil?

FCdiário = [8/8,8] x [(24-8,8)/(24-8)] = [0,909] x [0,950] = 0,864

FCsemanal = [40/44] x [(168-44)/(168-40)] = [0,90] x [0,96] = 0,864

Portanto, o valor do TLV – TWA convertido para o LT (Anexo 11) deve ser 0,864 x
20 = 17,3 ppm.

Atenção!!! Nos casos em que temos dois FCs (diário = 0,864 e semanal = 0,864)
semelhantes, utiliza-se qualquer um deles.

Exemplo 3

Um trabalhador brasileiro trabalha 12 horas diárias (= 12h x 36h) e 42 horas


semanais (12 h x 3,5 dias/semana) (= escala par/ímpar) exposto a um agente
cujo TLV - TWA é estabelecido somente pela ACGIH com um valor de 20 ppm.

Pergunta-se: qual o valor para o Brasil?

FCdiário = [8/12] x [(24-12)/(24-8)] = [0,666] x [0,750] = 0,50

FCsemanal = [40/42] x [(168-42)/(168-40)] = [0,95] x [0,98] = 0,935

Portanto, o valor do TLV – TWA convertido para o LT (Anexo 11) deve ser 0,50 x
20 = 10 ppm.

Atenção!!!

Nos casos em que temos dois FCs (diário = 0,50 e semanal = 0,935), utiliza-se
sempre o menor FC.

52
CAPÍTULO 3
Leitura e interpretação da legislação

Atividade x LEO
Um profissional prevencionista foi contratado e recebeu uma incumbência de realizar
um levantamento ambiental em uma empresa química. Forneceram-lhe uma tabela
com os agentes químicos que seriam avaliados e ele iniciou os preparativos das coletas
no ambiente. Estes foram os produtos químicos solicitados:

Tabela 18. Agentes Químicos.

Agente Químico
Álcool Etílico
Amônia
Ácido Sulfúrico
Fonte: Do autor, 2019.

A primeira ação será achar o número CAS – Chemical Abstracts Service. Esse número
é gerenciado pela Chemical American Society e seu objetivo é facilitar as pesquisas
dos agentes químicos, pois há muitos produtos com nomes parecidos. O número CAS
é separado por traços em três partes, em que a primeira contém seis algarismos, em
seguida dois e, por último, um, assim: XXXXXX-XX-X. Os números são atribuídos
cronologicamente e não têm significado particular.

Tabela 19. Agente Químico x CAS.

Agente Químico Número CAS


Álcool Etílico - H3COOH(l) 64-17-5
Amônia - NH3(g) 7664-41-7
Ácido Sulfúrico - H2SO4(l) 7664-93-9
Fonte: Do autor, 2019.

Depois, vamos pesquisar os “LTs” e/ou “LEOs” no anexo 11 ou 12 da NR 15 e na ACGIH.


Lembrando que os limites ocupacionais serão sempre empregados por profissionais
com conhecimento para saber onde achá-los:

» 1º Nos Anexos 11 e 12 da NR 15 para atender ao preceito legal.

53
UNIDADE I │ BASE LEGAL

Tabela 20. Agente Químico x CAS x LT.

Código eSocial LT
Agente Químico Número CAS
(ESOCIAL, 2018) Anexo 11
Álcool Etílico
02.01.069 64-17-5 780 ppm
H3COOH(l)
Amônia
02.01.088 7664-41-7 20 ppm
NH3(g)
Ácido Sulfúrico
02.01.047 7664-93-9 Não há
H2SO4(l)
Fonte: Do autor, 2019.

Dessa maneira, dos três agentes químicos, achamos os limites ocupacionais do gás
amônia e do álcool etílico. Quanto ao ácido sulfúrico, não há limite definido no Anexo
11, achamos referência dele apenas no Anexo 13, a saber:

Insalubridade de grau médio

[...]

Fabricação e manipulação de ácido oxálico, nítrico sulfúrico,


bromídrico, fosfórico, pícrico.

[...]

Continuamos com um problema, pois necessitamos de um limite ocupacional para


o ácido sulfúrico como referência e para compararmos com o nível de exposição do
trabalhador. Podemos pesquisar limites ocupacionais no fabricante do ácido, OSHA,
ACGIH, legislação alemã, francesa, afinal, onde acharemos nossa resposta?

Na NR 9 PPRA, vamos ao item 9.3.5 Das Medidas de Controle, encontramos a letra “c”
com a nossa resposta, vejamos:

9.3.5 Das medidas de controle.

9.3.5.1 Deverão ser adotadas as medidas necessárias suficientes para a


eliminação, a minimização ou o controle dos riscos ambientais sempre
que forem verificadas uma ou mais das seguintes situações:

a) identificação, na fase de antecipação, de risco potencial à saúde;

b) constatação, na fase de reconhecimento de risco evidente à saúde;

c) quando os resultados das avaliações quantitativas da exposição


dos trabalhadores excederem os valores dos limites previstos na NR-
15 ou, na ausência destes, os valores limites de exposição

54
BASE LEGAL │ UNIDADE I

ocupacional adotados pela ACGIH - American Conference of


Governmental Industrial Higyenists, ou aqueles que venham a ser
estabelecidos em negociação coletiva de trabalho, desde que mais
rigorosos do que os critérios técnico-legais estabelecidos;

Talvez o legislador soubesse das dificuldades de atualização das listagens dos Anexos
11 e 12 da NR 15 e, com isso, permitiu que o profissional prevencionista fosse nas TLV®
da ACGIH e utilizasse seus parâmetros como referência. A tabela ficou assim:

Tabela 21. Agente Químico x CAS x LT x TLV.

LT TLV/LEO
Agente Químico Código eSocial Número CAS
Anexo 11 ACGIH
Álcool Etílico
02.01.069 64-17-5 78oppm Não Há !
H3COOH(l)
Amônia
02.01.088 7664-41-7 20ppm 25ppm
NH3(g)
Ácido Sulfúrico
02.01.047 7664-93-9 Não há ! 0,2mg/m3
H2SO4(l)
Fonte: Do autor, 2019.

Não podemos esquecer que os TLV® da ACGIH são para 40 horas/semana e que o
trabalhador brasileiro pode ficar exposto a 48 horas/semana. Contudo, é possível
sair desse problema usando o Brief-Scala. Por questões de instrução, vamos adotar
nesse exemplo modelo de 40 horas por semana e 8 horas por dia para unificarmos os
“LTs” e “LEOs”. O levantamento ambiental foi realizado e encontramos os seguintes
resultados:

Tabela 22. Agente Químico x CAS x LT x TLV x NE.

LT TLV/LEO Nível de
Agente Químico Número CAS
Anexo 11 ACGIH Exposição
Álcool Etílico
64-17-5 780ppm Não Há ! 950ppm
H3COOH(l)
Amônia
7664-41-7 20ppm 25ppm 12ppm
NH3(g)
Ácido Sulfúrico
7664-93-9 Não há ! 0,2mg/m3 0,2mg/m3
H2SO4(l)
Fonte: Do autor, 2019.

55
UNIDADE I │ BASE LEGAL

Para o álcool etílico, o nível de exposição (NE) de 950 ppm está acima do “limite de
tolerância” (LT) de 780 ppm, portanto a atividade com esse agente químico pode ser
enquadrada como insalubre.

Continuando com o álcool etílico, o nível de exposição 950 ppm chegou perto, mas não
excedeu o Valor Máximo (VM) de 975 ppm, portanto a atividade não será considerada
como IPVS, não haverá interdição do setor. Lembrando que o álcool etílico (etanol) na
ACGIH não tem TLV®-TWA, mas o TLV®-STEL de 1.000 ppm, e esse valor excede o
VM da norma brasileira, ou seja, é proibido usar esse parâmetro.

Para a amônia, o nível de exposição (NE) de 12 ppm está abaixo do “limite de


tolerância” (LT) de 20 ppm, portanto a atividade com esse agente químico será
enquadrada como salubre. O Nível de Ação (NA) de 10 ppm, contudo, foi excedido. O
que você fará quando o NA for excedido?

Para o ácido sulfúrico, não há “LT” definido no anexo 11 da NR 15 e usaremos o LEO


previsto na ACGIH. O nível de exposição (NE) de 0,2 mg/m3 está exatamente no LEO
de 0,2 mg/m3. Pergunta: o Nível de Exposição foi excedido, ultrapassado? Ainda não,
mas o Nível de Ação, sim, foi excedido, portanto a atividade com esse agente químico
será enquadrada como salubre, mas estamos na linha de fronteira.

Continuando no ácido sulfúrico, lembre-se de que estamos usando o LEO previsto


na ACGIH, portanto não podemos concluir que a atividade é insalubre por ausência
de previsão legal. Vamos usar, nesse caso, o anexo 13 da NR 15, que prevê que a
“fabricação e manipulação do ácido sulfúrico” é insalubre em grau médio. Não
vamos interpretar ou não a atividade insalubre, pois não estudamos a frequência de
exposição, equipamentos de proteção coletiva (EPCs) e equipamentos de proteção
individual (EPIs).

Você foi chamado para fazer as medições de CO dentro da garagem de um


shopping e obteve os seguintes resultados:

Monte o gráfico e faça a análise!

Tabela 23. Amostragem de Monóxido.

Monóxido de Nível de Valor Média


Item Horário LT NR-15
Carbono LT = 39 ppm Ação Máximo Aritmética
1 14:00 5 19,5 39 59 10
2 14:20 5 19,5 39 59 10
3 14:40 5 19,5 39 59 10
4 15:00 5 19,5 39 59 10

56
BASE LEGAL │ UNIDADE I

Monóxido de Nível de Valor Média


Item Horário LT NR-15
Carbono LT = 39 ppm Ação Máximo Aritmética
5 15:20 5 19,5 39 59 10
6 15:40 10 19,5 39 59 10
7 16:00 10 19,5 39 59 10
8 16:20 10 19,5 39 59 10
9 16:40 20 19,5 39 59 10
10 17:00 20 19,5 39 59 10
Fonte: Do autor, 2019.

Para o ácido sulfúrico, não há “LT” definido no Anexo 11 da NR 15, usaremos


o LEO previsto na ACGIH. O nível de exposição (NE) de 0,2 mg/m3 está
exatamente no LEO de 0,2 mg/m3. Pergunta: o Nível de Exposição foi excedido,
ultrapassado? Ainda não, mas o Nível de Ação, sim, foi excedido, portanto a
atividade com esse agente químico será enquadrada como salubre.

57
HIGIENE DO UNIDADE II
TRABALHO

Nesta unidade, você aprenderá sobre o reconhecimento dos agentes químicos,


características, formas de absorção e os seus efeitos na saúde do trabalhador.

CAPÍTULO 1
Higiene do trabalho – risco químico

Agentes químicos
A identificação de perigos associados a qualquer meio ambiente do trabalho envolve
respectivos grupos dos trabalhadores potencialmente expostos. Alguns agentes
químicos são fáceis de identificar, por exemplo, irritantes, que têm um efeito imediato
após a exposição de pele ou inalação. Outros, nem tanto, por exemplo, substâncias
químicas formadas acidentalmente, cujas propriedades não estão devidamente
avisadas em rótulos de embalagens e especificações técnicas. Os Agentes Químicos são
definidos na NR 9 PPRA no item 9.1.5.2:

Consideram-se agentes químicos substâncias, compostos ou produtos


que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas
de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que,
pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser
absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão.

Da mesma forma, substância química, composto químico ou produto químico é


qualquer material com uma composição bem definida que não se consegue separar por
qualquer método mecânico ou físico e que mantém as mesmas características físicas e
químicas em qualquer amostra obtida.

58
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II

Um agente tóxico pode não ser um perigo se estiver a baixas concentrações ou se


ninguém está exposto a ele. Para saber que perigos existem, é essencial identificar
agentes ambientais, riscos relacionados à saúde e situações de possíveis exposições.

O ar atmosférico (LEIDEL, 2005) contém, normalmente, pequenas quantidades de


partículas microscópicas de poeira (mineral, vegetal ou animal), bactérias e odores
(gases produzidos como esgoto ou lixo). Esses agentes são denominamos aerossóis ou
aerodispersoides (TORLONI, 2003).

Aerossóis são formados por dispersão resultante de atomização de sólidos ou líquidos


ou da suspensão de poeiras, pólens e bactérias, em consequência das correntes de
ar. Os principais aerossóis são: fumos, pó ou poeira, fumaça, névoa, neblina, gases e
vapores.

O tamanho da partícula, ou diâmetro aerodinâmico (Φ), representa a


dimensão de uma partícula imaginária de formato esférico com unidade em
mícron. Mícron é uma divisão do metro. Um mícron é um metro dividido em
um milhão de partes (10-6).

Curiosidade: A menor partícula visível ao olho humano mede,


aproximadamente, 0,1 milímetro, ou seja, é um metro dividido por mil partes
(10-3). O plural do mícron é micra com símbolo da letra grega mí + m (µm).

Portanto, aerossol ou aerodispersoide (SOTO, 1989) é um termo bastante amplo,


usado para uma suspensão de partículas gasosas, sólidas ou líquidas, finamente
divididas, dispersas em um gás. O diâmetro dessas partículas de tamanho reduzido
pode variar de 0,001 mícron a 100 micra.

Os aerodispersoides com tamanho aerodinâmico (Φ) abaixo de 0,001 mícron, mesmo


quando sólidos, agem como se fossem gases, e não são tratados como material
sólido. As partículas com tamanho superior a 100 micra, em função do seu tamanho
e massa, são facilmente removidas, e não são consideradas aerodispersoide com fins
ocupacionais.

Estado físico – sólido

Pó ou poeira – partícula sólida finamente dividida, gerada mecanicamente, tais


como: esmagamento, moagem, cominuição, ensacamento, lixamento, corte, abrasão.
Ex.: pó de talco, calcário, cimento, grãos, serragem, ração, entre outros.

59
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO

Figura 6. Poeira de calcário.

Fonte: Do autor, 2010.

Figura 7. Poeira de madeira.

Fonte: Do autor, 2005.

Fumos – partícula sólida finamente dividida, gerada pela condensação de materiais


do estado gasoso, geralmente após a volatização do estado de fusão. A formação dos
fumos é acompanhada por reação química, como oxidação. Ex.: fumos metálicos
(soldagens e fundição) e asfalto (quente).

Figura 8. Fumos de asfalto.

Fonte: Do autor, 2004.

60
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II

Figura 9. Fumos metálicos.

Fonte: Do autor, 2004.

Fumaça – partícula sólida finamente dividida, gerada por reação química. Ex.:
fumaça proveniente do escapamento dos automóveis e fabricação de negro de fumo
(combustão incompleta).

Figura 10. Fumaça do escapamento.

Fonte: https://www.4truck.com.br/blog/furgao-furgao-de-caminhao-emissao-de-fumaca-escura/.

Estado físico – líquido

Névoa – partícula líquida finamente dividida, gerada por ruptura mecânica de


líquidos. É gerada pela dispersão de um líquido, por respingos, de formação de
espuma, ou de atomização. Ex.: soda cáustica ou óleo diesel na pulverização, névoa de
óleo durante operação de corte ou lubrificação e névoa de pesticida na pulverização.

61
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO

Figura 11. Névoa de soda cáustica.

Fonte: Do autor, 2006.

Neblina – partícula líquida finamente dividida, gerada por condensação do estado


gasoso para o estado líquido. Ex.: vapor de água condensando – neblina.

Figura 12. Neblina de água.

Fonte: https://www.docol.com.br/planetaagua/h2o/agua-de-neblina/. Acesso em: 28/11/2019.

Estado físico – vapor

Vapores – sólido ou líquido de um produto com baixo ponto de ebulição, que, devido
à temperatura ou à pressão, evapora, ou seja, passou do estado sólido ou líquido para
a forma gasosa do agente químico. Eles podem ser condensados para esses estados
apenas pelo aumento da pressão ou diminuição da temperatura. Ex.: vapores de
gasolina (reabastecimento de veículos), preparação de tintas e limpeza de peças.

Figura 13. Abastecimento de combustível.

Fonte: Do autor, 2006.

62
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II

Figura 14. Bancada de diluição de tinta.

Fonte: Do autor, 2004.

Segundo Torloni (2003), quando utilizamos a pistola para pintura, geramos uma
névoa química formada pelas gotículas da tinta e vapor do solvente quando inicia a
secagem. Ex.: pintura em cabine, o uso do pincel gera apenas o vapor.

Figura 15. Névoa química + vapor de solvente.

Fonte: Do autor, 2006.

Estado físico – gasoso

Gases – produto que, na condição normal de temperatura e pressão (CNTP – 298K


e 1ATM), está na forma gasosa. Os gases são definidos como fluidos amorfos que
ocupam um espaço ou compartimento e que podem ser alterados para o estado sólido
(solidificação) ou líquido (liquefação) apenas pelo efeito combinado do aumento da
pressão e diminuição da temperatura. Ex.: gás oxigênio, acetileno, enchimento de
cilindros de GLP e monóxido de carbono (chama amarela fogão).

63
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO

Figura 16. Chama amarela liberando CO.

Fonte: Do autor, 2004.

Figura 17. Enchimento de gás liquefeito do petróleo.

Fonte: Do autor, 2010.

Propriedade dos aerodispersoides

O comportamento dos aerodispersoides (SILVERMAN; BILLINGS, 1971) no ar


atmosférico é controlado pelas seguintes características que refletem, inclusive, no
comportamento físico ou químico das substâncias:

» tamanho do aerodispersoide;

» morfologia do aerodispersoide;

» distribuição do tamanho do aerodispersoide;

64
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II

» concentração do aerodispersoide;

» peso específico ou densidade.

Tamanho do aerodispersoide

Os aerodispersoides são classificados pelo seu diâmetro aerodinâmico (particulate


matter – PM), em que, na higiene ocupacional, temos as poeiras inaláveis, torácicas e
respiráveis. Para fins ambientais, utilizados pela EPA (EPA, 1960) e normas CONAMA
(BRASIL, 1981), existem materiais particulados com cut-off em 2,5 micra (PM2,5 ou
PM2,5), chamado de “fino”, e 10 micra (PM10 ou PM10), chamado de “grosseiro”.

As partículas com tamanho aerodinâmico grande produzem tosse e espirros e


têm menor eficiência de penetração, enquanto as partículas pequenas conseguem
passar pelos mecanismos de defesa do organismo, pois possuem maior eficiência de
penetração e danificam órgão-alvo, como, por exemplo, os pulmões.

Partículas com tamanho aerodinâmico e seus estados físicos junto com seus exemplos:

Tabela 24. Tamanho dos aerodispersoides.

Estado Tamanho Aerodinâmico


Exemplos
Físico µm (micra)
Gás Oxigênio, Acetileno, enchimento de cilindros de GLP e
Gases 0,0005 µm a 0,01 µm
monóxido de carbono
Vapores de gasolina (reabastecimento de veículos) preparação de
Vapor 0,01 µm a 0,1 µm
tintas e limpeza de peças
Fumos 0,01 µm a 0,5 µm. Fumos metálicos (soldagens e fundição) e asfalto (quente)
Fumaça proveniente do escapamento dos automóveis e fabricação
Fumaça 0,01 µm a 1 µm
de negro de fumo (combustão incompleta);
Soda cáustica ou óleo diesel na pulverização, névoa de óleo
Névoa 0,05 µm a 1 µm durante operação de corte ou lubrificação, e névoa de pesticida na
pulverização
Pó ou Poeira 0,5 µm a 100 µm. Pó de talco, calcário, cimento, grãos, serragem, ração entre outros
Neblina 50 µm a 500 µm Vapor de água condensando

Fonte: (LEIDEL; BUSCH; LYNCH, 1977).

Morfologia do aerodispersoide

A morfologia ou as formas dos aerodispersoides podem interferir na velocidade


terminal, ou seja, a velocidade terminal é a velocidade máxima a que o aerodispersoide
está sujeito quando em queda livre em determinado fluido (gás ou líquido), quando
está sujeito a uma determinada aceleração.

65
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO

Imagine uma partícula sólida de gesso finamente dividida que cai através do ar. Essa
poeira de gesso atingirá a velocidade terminal quando a força de arrasto (Fd) for igual
em módulo à força da gravidade (Fg), que empurra o objeto para baixo, e deixará de
acelerar sob a ação da gravidade, quando a resistência do ar igualar o peso do objeto.

A velocidade terminal é medida em distância por tempo, e uma unidade pode ser
centímetros/segundos. Por exemplo, uma gota de água com 100 micra cai a uma
velocidade de 30 cm/s. Existem fatores que podem interferir na velocidade terminal,
em que partículas higroscópicas absorvem umidade e ficam mais pesadas. A
eletricidade estática pode aglomerar as partículas e aumentar a velocidade terminal.
Lembrando que as partículas esféricas têm velocidade superior a partículas não
esféricas e essas podem permanecer mais tempo em suspensão no ambiente laboral.

Distribuição do aerodispersoide

É fato que os aerodispersoides não possuem o mesmo tamanho aerodinâmico,


morfologia e características, como densidade relativa, isso interferirá, inclusive, na
concentração do agente químico no ambiente laboral. Temos, então, um problema
técnico na coleta dos aerodispersoides, pois os aparelhos de coletas podem ter
resultados diferentes em função do diâmetro aerodinâmico.

Inerente à amostragem baseada em bombas, nenhum dispositivo de coleta é capaz de


amostrar as partículas em um intervalo de tamanho desejado com 100% de eficiência.
Por exemplo, dispositivos de seleção de tamanho de partículas, como um Ciclone
usando em PM4,0l, são projetados para coletar 50% de partículas de tamanho de
diâmetro aerodinâmico de 4,0 μm, permitindo que os 50% restantes passem pelo
dispositivo.

66
CAPÍTULO 2
Rotas de entrada e exposição ao risco
químico

Contaminante químico
Consideram-se contaminantes químicos os elementos ou compostos químicos
cujos estado físico e características físico-químicas permitam penetrar no organismo
dos indivíduos, de forma a originar um efeito adverso à saúde. A contaminação
dos ambientes naturais, do solo, das águas superficiais e subterrâneas, do ar e dos
alimentos por substâncias químicas representa diferentes riscos à saúde pública.

A avaliação da exposição humana a contaminantes químicos presentes no ambiente


é uma das competências da Vigilância em Saúde de Populações Expostas a
Contaminantes Químicos (Vigipeq) (BRASIL, 2016), que busca articular ação de
saúde integrada com prevenção, promoção, vigilância e assistência à saúde. Existem
diretrizes nacionais para a vigilância à saúde de população exposta a agrotóxicos,
mercúrio, amianto, benzeno, chumbo, entre outros.

Vias de penetração dos agentes químicos

Um contaminante ou produto químico pode entrar em contato com o nosso organismo


por quatro vias:

1. via aérea – inalação de gases, fumos metálicos, vapores, poeiras e


névoas;

2. via digestiva – ingestão de poeiras e fumos metálicos;

3. via cutânea – absorção pela pele de névoas, e vapores;

4. via ocular – absorção pelos olhos de névoas e vapores.

Absorção dos contaminantes químicos

A forma mais grave de absorção de um contaminante químico é pelas vias aéreas,


pois a área de um pulmão adulto é de 140 m2. A unidade de troca gasosa é o alvéolo

67
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO

pulmonar, um microscópico “saco de ar” medindo em torno de 160 µm (ENGEL et al.,


2006).

Figura 18. Anatomia respiratória.

Fonte: (ENGEL et al., 2006).

Os pulmões contêm cerca de 300 milhões de alvéolos, garantindo uma surpreendente


superfície de troca gasosa. O trato respiratório começa na traqueia, que se bifurca nos
dois brônquios. Após sucessivas bifurcações, os brônquios originam os bronquíolos –
pequenos condutos com menos de 2 mm de diâmetro. Os bronquíolos respiratórios
terminam finalmente nos alvéolos. Durante a ventilação pulmonar, ocorre o processo
de inspiração e expiração realizado pela contração da musculatura em conjunto com o
diafragma e os músculos intercostais.

O volume de ar inalado por uma pessoa em repouso fica entre 4 e 6 litros por minuto.
Durante a inspiração, há uma grande penetração do contaminante químico no nosso
organismo, devido à elevada área e volume de ar inalado/exalado, especialmente em
carga ou atividade extenuante. O efeito do aerodispersoide inalado no corpo depende
fortemente do tamanho aerodinâmico. Um trabalhador em atividade extenuante
(trabalho com pá) pode inalar até 90 litros de ar por minuto (TORLONI, 2003).

68
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II

Tabela 25. Tecidos, estruturas anatômicas, localização e doenças respiratórias relacionadas.

Região Estrutura Anatômica Localização Doenças Relacionadas


Vias aéreas Nariz, boca, nasofarige, orofaringe, Irritação do septo nasal, faringe, laringe. Rinite e sinusites
Extratorácica
superiores laringofaringe e laringe. alérgicas. Câncer de faringe e laringe.
Região Torácica
Traqueia, brônquios e bronquíolos. Broncoconstrição, bronquite crônica e câncer bronquial.
Traqueo-bronquial (pulmonar)

Região de troca de Bronquíolos respiratórios, dutos e


Alveolar Pneumoconioses, efisema, alveolite e câncer pulmonar.
gases sacos alveolares e alvéolos.
Fonte: Do autor, 2019.

O ar inalado é composto de 20,9% de oxigênio, sendo direcionado para os sacos


alveolares, onde ocorre a troca gasosa. A troca gasosa ocorre dentro do alvéolo e os
capilares que irrigam com sangue a parede os alvéolos. O gás carbônico produzido pelo
metabolismo celular está dissolvido no sangue de forma livre e realiza a troca gasosa
saindo do organismo pela expiração. O oxigênio é bem diferente, pois ele precisa
da hemoglobina para ser transportado e qualquer agente químico que atrapalhe o
mecanismo de transporte do oxigênio pode levar o trabalhador a óbito. Um exemplo
dessa situação é o gás monóxido de carbono (CO) proveniente dos escapamentos dos
carros, que se une à hemoglobina produzindo a carboxihemoglobina e atrapalhando a
troca gasosa.

Figura 19. Detalhes dos Alvéolos.

Fonte: https://questoesdefisiocomentadas.files.wordpress.com/2014/05/alveolos.jpg. Acesso em: 28/11/2019.

Observe, nas imagens, que os alvéolos realizam a troca gasosa, mas, caso o
contaminante seja sólido, ele ficará retido no saco alveolar, tais como: sílica, amianto e
metais.

69
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO

Classificação dos aerodispersoides pelo efeito no


organismo

Os aerodispersoides, quando penetram no organismo, podem gerar vários efeitos,


em função das propriedades químicas do agente químico e consequente efeito tóxico.
Produtos com afinidade à água podem reagir com a água presente nas membranas
sensitivas, mucosas, olhos e pele, e produzir outro substância química. O gás amônia,
bastante usado na indústria química, tem afinidade com a água, seu contado produz o
hidróxido de amônio, conforme reação a seguir:

NH3(g) + H2O(l) NH4OH(l) (22)

O hidróxido de amônio é um agente químico corrosivo que queima as partes do


organismo quando em contato. Portanto, em um eventual vazamento de gás de
amônia, é preciso proteger as vias aéreas, em razão das dificuldades em respirar que
causa (LEIDEL, 2005).

Agentes anestésicos e narcóticos – são depressores do sistema nervoso central,


causam anestesia ou efeito narcótico ao trabalhador. Agentes anestésicos ou narcóticos
são o acetileno, o etileno e o éter etílico.

Agentes asfixiantes – são compostos químicos que interferem na oxigenação dos


tecidos. Podem ser classificados em duas classes: asfixiantes químicos e asfixiantes
simples. Os asfixiantes simples são gases inertes, tais como: hélio, nitrogênio, argônio,
que deslocam o oxigênio e causam uma anóxia. A concentração do oxigênio abaixo
de 6% pode gerar óbito em segundos. Os asfixiantes químicos atuam no mecanismo
de transporte do oxigênio bloqueando a hemoglobina – gás monóxido de carbono,
materiais que afetam o trato respiratório superior e os tecidos pulmonares são o gás
cloro, gás cianídrico (HCN) e nitrobenzeno.

Agentes causadores de fibrose pulmonar – são partículas não tóxicas que se


depositam nos pulmões e linfonodos ao longo dos anos. O dano ocorre por fibrose
pulmonar e não por ação irritante imediata. A exposição crônica a irritantes químicos
também pode produzir esses efeitos. Os aerodispersoides de pequeno tamanho
aerodinâmico podem gerar essa fibrose – amianto e sílica cristalina. A pneumoconiose
pode ser gerada por outros aerodispersoides, tais como: talco, argila, carvão, gesso, etc.

Agentes irritantes –são corrosivos e causam danos à membrana mucosa sensitiva


ou ao tecido pulmonar, pois inflamam as superfícies úmidas do corpo. A concentração
do agente químico é mais importante do que o tempo de exposição. Materiais que
afetam o trato respiratório superior e os tecidos pulmonares são gás cloro, bromo e

70
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II

ozônio. Agentes químicos irritantes que afetam principalmente as vias respiratórias


são o dióxido de nitrogênio e fosgênio. Há também irritantes para a pele.

Agentes venenos sistêmicos – são substâncias químicas que causam danos a


determinados órgãos ou sistemas do corpo. Os hidrocarbonetos halogenados podem
causar lesões no fígado ou rins, tais como: tetracloreto de carbono. Solventes orgânicos
aromáticos podem causar lesões no sistema hematopoiético, ou seja, sistema produtor
do sangue, como benzeno, tolueno e fenol. O sistema nervoso central (SNC) é afetado
pelo dissulfeto de carbono e álcool metílico, da mesma forma que os metais pesados
chumbo, mercúrio e cádmio são depressores do SNC.

Efeitos agudos

A exposição do trabalhador a uma determinada substância pode ocasionar tanto


efeitos locais quanto sistêmicos, também chamada de efeitos agudos ou por exposição
de curto prazo (acute effects or effects of short-term exposure).

Efeitos agudos são aqueles que se desenvolvem rapidamente devido a exposições de


menos de 24 horas de duração, em geral com elevadas doses/concentrações do agente
químico. Para fins de estudos laboratoriais com inalação, esse tempo é definido como
de até 4 horas.

Esses efeitos podem ser locais, ou seja, nos locais de contato da substância, como pele
ou olhos, por exemplo, ou sistêmicos, com efeitos em órgãos internos em função da
absorção da substância. Uma exposição de curto prazo a concentrações mais altas de
um agente tóxico pode ser causadora de efeitos agudos com ou sem sequelas.

Efeitos sistêmicos ocorrem quando a substância é absorvida pelo organismo e seus


efeitos são observados em um ou vários órgãos ou sistemas, podendo deixar danos
permanentes ou não.

Dose Letal 50% (DL50) e Concentração Letal 50% (CL50) para uma comparação
da toxicidade aguda entre as diferentes substâncias químicas – são utilizados os
parâmetros Dose Letal 50 (DL50 – Dose Letal para 50% da população exposta),
quando a substância é administrada por via oral ou injetada, e a Concentração Letal
50 (CL50 – Concentração Letal para 50% da população exposta) para gases ou vapores
que são inalados.

Os dois parâmetros são obtidos experimentalmente em animais de laboratório, em


geral em ratos, camundongos, cobaias, coelhos, entre outros.

» Dose letal 50 (DL50): é a dose média que levou à morte metade (50%)
da população de animais de laboratório submetida à administração
71
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO

daquela dose. A administração pode ser por diferentes vias: oral,


intravenosa ou outras (intraperitoneal, subcutânea, dérmica).

Os resultados são apresentados em miligramas ou gramas por kilograma


de peso (mg/kg, ou mg kg-1, ou g/kg, ou g kg-1) e variam de acordo com
a espécie, a idade, o sexo do animal e a via de introdução.

» Concentração letal 50 (CL50): tem o mesmo conceito do DL50,


mas é definido para a concentração média da substância no ar ambiente
inalada por animais de laboratório, variando de acordo com a espécie
animal e o tempo de exposição. É semelhante à exposição ocupacional
no que diz respeito à via de introdução no organismo, pois se refere
à contaminação do ar inalado. Os resultados são apresentados em
miligramas por litro de ar (mg/L ou mg L-1) ou, ainda, em partes
por milhão (ppm), para contaminantes na forma de vapor de gás,
e miligramas por metro cúbico (mg/m3 ou mg m-3), para material
particulado (sólido ou líquido).

Efeitos crônicos

A exposição do trabalhador a uma determinada substância por longos anos pode


ocasionar efeitos crônicos ou por exposição de longo prazo (chronic effects or effects of
long-term exposure)

Os efeitos crônicos são geralmente persistentes e causados por exposições repetidas


a baixas doses ou concentrações por longos períodos, de meses a anos. Cada dose
tomada de forma independente teria pouco efeito tóxico, mas a quantidade acumulada
durante anos pode resultar em sérios danos. Os agentes tóxicos podem permanecer
nos tecidos causando danos irreversíveis aos tecidos e órgãos, de modo que a lesão
se acumula. Esses efeitos tóxicos podem ocorrer em órgãos e sistemas que são alvos
daquela substância em particular, como fígado, rins, sistema nervoso, pulmão, etc.,
razão pela qual as substâncias são classificadas como hepatotóxicos, nefrotóxicos e
neurotóxicos.

IPVS ou IDLH

IPVS significa Imediatamente Perigoso à Vida ou à Saúde, tradução de IDLH


(Immediately Dangerous to Life or Health). É o parâmetro para a toxicidade
aguda mais importante em saúde ocupacional. Em meados da década de 1970, a

72
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II

Occupational Safety and Health Administration (OSHA) e o NIOSH dos Estados


Unidos estabeleceram o valor IPVS ou IDLH para muitas substâncias.

A concentração da substância no ar ambiente a partir da qual há risco evidente de


morte, ou de causar efeito(s) permanente(s) à saúde, ou de impedir um trabalhador
de abandonar uma área contaminada. Uma condição IPVS é encontrada quando uma
substância com valor máximo (VM) previsto no Anexo 11 da NR 15 é excedido ou o
limite de tolerância de uma substância com valor teto (VT).

Classificação de carcinogenicidade

As informações de carcinogenicidade da substância normalmente são fornecidas


segundo um código de classificação dado por instituições como a Agência
Internacional de Pesquisa em Câncer (International Agency for Research on Cancer
– IARC) e a American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH),
que periodicamente atualizam suas listas.

A IARC é uma instituição da OMS que desenvolveu um critério de estudo e uma


classificação baseada nele, o qual organiza as substâncias (e ainda exposições, hábitos
e ocupações) estudadas em cinco grupos:

» 1 – Com certeza carcinogênico para seres humanos;

» 2A – Provavelmente carcinogênico para seres humanos;

» 2B – Possivelmente carcinogênico para seres humanos;

» 3 – Não classificável como carcinogênico para seres humanos;

» 4 – Provavelmente não carcinogênico para seres humanos.

A ACGIH, entidade não governamental de higienistas ocupacionais (associação de


classe), classifica as substâncias em cinco grupos:

» A1 – Carcinogênico para humanos;

» A2 – Carcinogênico para animais;

» A3 – Carcinogênico para animais em condições especiais;

» A4 – Não classificável como carcinogênico para humanos

» A5 – Não suspeito de carcinogênico para humanos

73
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO

Há, ainda, os seguintes conceitos:

» Mutagênese – é uma modificação na célula, que fica com a forma e/


ou função alterada. Podem ocorrer diversos fenômenos, entre eles,
a formação de tumores benignos ou malignos (câncer). Estes podem
demorar a aparecer ou se manifestar em outras gerações (filhos, netos,
bisnetos, etc.).

» Câncer – a célula muda sua forma e função e passa a se reproduzir de


modo descontrolado, originando tumores e invadindo outros tecidos.
Pode ser causado por substâncias químicas, vírus, raios-x. Por exemplo,
câncer de fígado causado pelo tetracloreto de carbono, câncer de pulmão
causado pelo fumo. O período de incubação pode durar dez, vinte, trinta
anos.

» Teratogênese – efeito provocado no feto quando a mulher grávida se


expõe a tóxicos. Mulheres dependentes de álcool e que bebem durante
a gravidez podem provocar alterações na criança, tais como baixo peso
e alterações cerebrais. Outro exemplo é o das mulheres que tomaram
talidomida durante a gravidez e os filhos nasceram com defeitos nos
braços. Nesse caso, os efeitos dependerão da dose e da época da gravidez
em que a mulher teve contato com a substância tóxica. Finalmente,
existem substâncias que provocam danos em determinados pontos
do corpo, como ossos, órgãos formadores de sangue, olhos, etc.
Frequentemente, as substâncias causam danos ao fígado, porque é
o órgão em que elas são transformadas, e aos rins e bexiga, porque se
concentram na urina.

Câncer, mutação e teratogênese são efeitos probabilísticos, isto é, expor-se


a uma substância carcinogênica aumenta a probabilidade de uma pessoa ter
câncer. O mesmo vale para os outros efeitos.

No Brasil, encontramos no Anexo 13 da NR 15 – Atividades e Operações Insalubres


uma listagem de agentes químicos que são classificados com substâncias cancerígenas,
a saber:

Substâncias cancerígenas

Para as substâncias ou processos a seguir relacionados, não deve ser permitida


nenhuma exposição ou contato, por qualquer via:

» 4 - amino difenil (p-xenilamina);

74
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II

» produção de benzidina;

» betanaftilamina;

» 4 - nitrodifenil.

Nenhuma exposição ou contato significa hermetizar o processo ou operação, mediante


os melhores métodos praticáveis de engenharia, o trabalhador deve ser protegido
adequadamente de modo a não permitir nenhum contato com o carcinogênico. Sempre
que os processos ou operações não forem hermetizados, considerar-se-á situação de
risco grave e iminente para o trabalhador.

O Anexo 13-A da NR 15 – Atividades e Operações Insalubres trata do agente químico


benzeno, a saber:

Regulamentação do uso do benzeno: Portaria nº 14, de 20 de dezembro de 1995,


do MTE, foi incluído o benzeno no Anexo 13-A da NR-15 e foram estabelecidos os
procedimentos para a prevenção da exposição ocupacional a essa substância. Entre
outros aspectos, também se estabeleceram:

» a classificação da substância benzeno como carcinogênico ocupacional


(intolerável);

» a criação de um valor de referência tecnológico (VRT) definido como a


concentração de benzeno no ar atmosférico considerado exequível do
ponto de vista técnico-econômico, que não substitui o LT;

» a inclusão do controle obrigatório do benzenismo nos trabalhadores em


atividades de produção, transporte, armazenagem, ou que utilizam ou
manipulam o produto benzeno ou misturas líquidas contendo 1% ou
mais de volume de benzeno (BRASIL, 1978).

Seguindo o Manual de Aposentadoria Especial 2017 do INSS para avaliação e


enquadramento de atividade em condições especiais, os agentes reconhecidamente
cancerígenos, em que o benzeno se enquadra, devem:

V. estar presentes no ambiente de trabalho com possibilidade de exposição;

VI. pertencer ao Grupo 1;

VII. possuir registro no CAS;

VIII. constar no Anexo IV do Decreto nº 3.048, de 1999;

75
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO

IX. ser avaliados qualitativamente;

X. ser enquadrados independentemente da adoção de EPC e/ou EPI


eficazes;

XI. constar em períodos trabalhados a partir de 8 de outubro de 2014.

O Grupo 1.0.3 Benzeno e seus compostos tóxicos tem a matéria-prima benzeno,


conforme as letras:

a. produção e processamento de benzeno;

b. utilização de benzeno como matéria-prima em sínteses orgânicas e na


produção de derivados;

c. utilização de benzeno como insumo na extração de óleos vegetais e


álcoois;

d. utilização de produtos que contenham benzeno, como colas, tintas,


vernizes, produtos gráficos e solventes;

e. produção e utilização de clorobenzenos e derivados;

f. fabricação e vulcanização de artefatos de borracha;

g. fabricação e recauchutagem de pneumáticos.

Se alguma dessas atividades tem o agente químico benzeno [CAS 71-43-2], tendo ele
sido reconhecido qualitativamente, constando no Grupo 1 da LINACH 1 e no Anexo
IV do Decreto nº 3.049, de 1999, os trabalhadores a ele expostos terão sua atividade
enquadrada como especial (25 anos).

76
CAPÍTULO 3
Patologias do risco químico

Doenças ocupacionais do trato respiratório

Pneumoconiose

As pneumopatias relacionadas etiologicamente à inalação de poeiras em ambientes


de trabalho são genericamente designadas como pneumoconioses (do grego conion =
poeira) (BRASIL, 2006). São excluídas dessa denominação as alterações neoplásicas,
as reações de vias aéreas, como asma e bronquite, e o enfisema. Apesar de esse
conceito englobar a maior parte das alterações pulmonares envolvendo o parênquima,
alguns autores apontam para o fato de que o termo pneumoconiose pode não ser
adequado quando aplicado a determinadas pneumopatias mediadas por processos de
hipersensibilidade atingindo o parênquima pulmonar, como as alveolites alérgicas por
exposição a poeiras orgânicas e outros agentes, a doença pulmonar pelo berílio, ou a
pneumopatia pelo cobalto, por exemplo.

Pneumoconiose: doenças pulmonares provocadas pela inalação prolongada de


poeiras. Pontos comuns na patogênese:

a. Fibrose (tecido do pulmão fica “duro” e inelástico) ocorre em razão da


reação inflamatória provocada pelas partículas.

b. Lesões importantes ocorrem somente após exposição maciça ao longo


de muitos anos.

c. Afastamento do indivíduo do agente causador é forma


eficaz de tratamento e pode prevenir as formas avançadas, fibróticas e
incapacitantes.

d. Tabagismo contribui frequentemente para a disfunção pulmonar


progressiva.

e. Análise radiológica e espirometria tem grande importância na


investigação.

As ocupações que expõem trabalhadores ao risco de inalação de poeiras causadoras de


pneumoconiose estão relacionadas a diversos ramos de atividades, como mineração

77
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO

e transformação de minerais em geral, metalurgia, cerâmica, vidros, construção


civil (fabricação de materiais construtivos e operações de construção), agricultura e
indústria da madeira (poeiras orgânicas), entre outros.

No Quadro II da NR 7 PCMSO, existem duas classificações dos aerodispersoides:


fibrogênicos e não fibrogênicos.

Fibrogênicos: são as reações pulmonares à inalação de material particulado


que levam à fibrose intersticial do parênquima pulmonar. Ex.: silicose, asbestose.

Não fibrogênicos: caracterizam-se, do ponto de vista histopatológico, por


lesão de tipo macular com deposição intersticial peribronquiolar de partículas,
fagocitadas ou não, com nenhum ou discreto grau de desarranjo estrutural,
além de leve infiltrado inflamatório ao redor, com ausência ou discreta
proliferação fibroblástica e de fibrose. Ex.: siderose (Fe), baritose (Ba) e estanose
(Sn).

Lembre-se de que a NR 7 define periodicidades distintas dos exames médicos


complementares em função do tipo de aerodispersoide a que o trabalhador
está exposto.

Tabela 26. Relação entre aerodispersoides e seus exames complementares.

Exame Método de Critério de


Risco Periodicidade Obs.
Complementar Execução Interpretação
Telerradiografia do tórax Admissional e anual Vide Anexo II do Quadro II
Classificação
Aerodispersoide
Internacional da OIT
Fibrogênico Espirometria Admissional e bienal Técnica preconizada para radiografias
pela American Thoracic
Society, 1987
Telerradiografia do tórax Admissional e trienal, se
exposição < 15 anos
Telerradiografia do tórax Bienal, se exposição > 15 Vide Anexo II do Quadro II Classificação
Aerodispersoide
anos internacional da OIT
Não Fibrogênico
Espirometria Admissional e bienal Técnica preconizada para radiografias
pela American Thoracic
Society, 1987
Fonte: MTE, 1978; 2011.

Neste momento, você está se perguntando: o que eu tenho a ver com isso?
Lembre-se de que você tem obrigação de informar as possíveis patologias
previstas no PPRA (=ver Letra “g” do item 9.3.3.) e auxiliar o médico do trabalho
se o aerodispersoide em questão é fibrogênico ou não fibrogênico.

78
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II

Antracose: consiste na deposição de carvão, fuligem e produtos similares nos


pulmões e linfonodos. As partículas se depositam preferencialmente em torno de
brônquios e bronquíolos ao longo dos linfáticos septais, especialmente os da pleura.
Macroscopicamente: pequenas manchas enegrecidas sob a pleura ou na superfície do
corte. Não há fibrose ou outras lesões importantes (ocorre em todo indivíduo adulto
ou idoso morador nas grandes cidades). Em mineradores, a inalação de antracito (tipo
de carvão) ao longo dos anos pode levar a pneumoconiose importante. Os quadros
variam de acordo com as extensões das áreas de fibrose.

Figura 20. Cinzeiro da caldeira.

Fonte: Do autor, 2004.

Asbestose: resulta da inalação de fibras de asbesto (amianto). Sua patogênese é


conhecida apenas parcialmente. Parece que a liberação lenta de ácido silícico ou
uma reação imunológica com a partícula inalada servindo de antígeno pode ser o
mecanismo desencadeante. A lesão inicial é do tipo pneumonia intersticial usual
ou descamativa que evolui para fibrose pulmonar difusa. Macroscopicamente: o
diagnóstico exige a combinação de fibrose e corpos de asbesto (fibras marrons com
extremidades arredondadas compostas de fibras de amianto revestidas por uma
capa proteica de ferritina). Complicações: enfisema cicatricial, bronquiectasia,
espessamento e derrame pleural, aumento do risco de aparecimento de neoplasias.

Figura 21. Manutenção em telhas fibrocimento.

Fonte: LEVES, 2019.

79
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO

Bissinose: consiste na deposição de poeira vegetal de algodão, cisal, papel, papelão


nos pulmões e linfonodos. As partículas se depositam preferencialmente no trato
respiratório superior, devido ao tamanho elevado da partícula. Macroscopicamente:
pequenas manchas enegrecidas sob a pleura ou na superfície do corte. Não há fibrose
ou outras lesões importantes (ocorre em todo indivíduo adulto ou idoso morador das
grandes cidades). Em fábricas de cordas ou papéis, a inalação ao longo dos anos pode
levar à pneumoconiose importante. Os quadros variam de acordo com as extensões
das áreas atingidas.

Figura 22. Indústria do algodão.

Fonte: Do autor, 2004.

Siderose: o mecanismo da doença envolve reação inflamatória desencadeada pelos


fumos metálicos com deposição de metais utilizados nas soldas com eletrodos de
prata, ferro fundido, cromo, níquel, manganês. Manifesta-se por meio de mecanismos
imunológicos, celular e humoral, apresentando quadros subagudos de alveolite ou
evoluindo insidiosamente para fibrose intersticial, com presença de células gigantes
bizarras que ocupam os espaços alveolares e o interstício, convivendo as fases de
pneumonia intersticial descamativa e de fibrose crônica. Também conhecida como
pulmão de prata ou febre do soldador.

Figura 23. Tocha oxiacetileno.

Fonte: Do autor, 2004.

80
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II

Silicose: resulta da exposição à poeira sílica. A sílica, ou óxido de silício, é o grande


componente da areia presente em quase todos os minerais. Macroscopicamente:
caracteriza-se por múltiplos pequenos nódulos fibrosos isolados e distribuídos
bilateralmente, os quais podem coalescer e formar grandes massas de tecido fibroso.
Com a destruição de macrófagos carregados de sílica, ocorre a liberação de alguma
substância que estimula a atividade fibroblástica.

Figura 24. “Bota fora” na construção civil.

Fonte: Do autor, 2004.

A tabela a seguir correlaciona os agentes de riscos químicos, suas patologias e o


processo anatomopatológico.

Tabela 27. Pneumoconioses.

Agente(s) Processo
Pneumoconiose
Etiológico(s) Anatomopatológico
Antimoniose Óxido de antimônio ou Sb Metálico Deposição macular sem fibrose
Asbestose Todas as fibras de asbesto ou amianto Fibrose difusa
Baritose Sulfato de Bário (barita) Deposição macular sem fibrose
Berilose Berílio Granulomatose tipo sarcoide. Fibrose durante evolução crônica
Estanose Óxido de estanho Deposição macular sem fibrose
Pneumoconiose do
Poeiras contendo carvão mineral e vegetal Deposição macular sem fibrose ou com diferenciados graus de fibrose
trabalhador do carvão (PTC)
Pneumoconiose por poeira Poeiras variadas contendo menos que
Fibrose nodular estrelada e/ou fibrose difusa
mista 7,5% de sílica livre
Deposição macular de óxido de ferro associado ou não com fibrose
Siderose Óxidos de ferro
nodular e/ou difusa
Silicatose Silicatos variados Fibrose difusa ou mista
Silicose Sílica livre Fibrose nodular
Talcose Talco mineral (silicato) Fibrose nodular e/ou difusa
Fonte: BRASIL, 2006.

81
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO

Doenças ocupacionais do sistema hematopoiético

Leucopenia/plaquetopenia/leucemia

Leucopenia: redução dos glóbulos brancos do sangue em razão da exposição


prolongada a solventes orgânicos aromáticos (contém anel benzênico) com dificuldade
de combate a infecções e doenças.

Plaquetopenia: redução das plaquetas do sangue devido à exposição prolongada a


solventes orgânicos aromáticos (contém anel benzênico) com dificuldade de contenção
de hemorragias e sangramentos.

Leucemia: redução ou ausência da capacidade de produzir glóbulos brancos do


sangue, em virtude da longa exposição a solventes orgânicos aromáticos (câncer do
sangue).

Figura 25. Pintor Automobilístico.

Fonte: Do autor, 2004.

Doenças ocupacionais da derme

Dermatose ou dermatite

Dermatose: é uma doença da pele provocada por produtos químicos ou físicos com
radiação. Quando o agente causador é decorrente do trabalho, a doença se chama
dermatose ocupacional.

As dermatoses ocupacionais englobam as doenças de pele, cabelos ou unhas


decorrentes, agravadas, relacionadas ou mantidas pelo exercício de alguma ocupação.
Também estão envolvidas as dermatoses preexistentes que pioram dependendo da
atividade do paciente, tais como psoríase e líquen plano.

82
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II

São classificadas de acordo com os agentes causadores em:

» Causas indiretas ou fatores predisponentes: dependem de idade, sexo,


raça, clima, condições de trabalho, antecedentes pessoais e doenças
concomitantes.

» Causas diretas: causadas por agentes biológicos, físicos, químicos,


existentes no meio ambiente e que atuariam diretamente sobre o
tegumento, ocasionando ou agravando a dermatose preexistente.

Sinais e sintomas

As dermatites de contato são as dermatoses ocupacionais mais comuns,


principalmente com lesões eczematosas agudas e subagudas, predominando eritema,
edema e vesículas, podendo formar bolhas.

Cronicamente, podem ocorrer espessamento da epiderme, com descamação, e fissuras


e persistir por meses ou anos. O prurido (coceira) é o sintoma mais relatado em todos
os estágios.

A dermatite ocupacional pode ser do tipo irritativa, alérgica de contato, contato


fototóxica ou fotoalérgica.

Figura 26. Dermatite ocupacional.

Fonte: OLIVEIRA, 2010.

83
CAPÍTULO 4
Obtendo informações sobre os agentes
químicos

Inicialmente, deve-se buscar a composição química do contaminante químico que


se deseja conhecer. Os produtos comerciais em geral são misturas, mas mesmo uma
substância “pura” contém impurezas em concentrações diversas. Muitas informações
são encontradas na Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ).

A FISPQ e os rótulos devem ser consultados a fim de se obterem a composição e


algumas informações básicas do produto comercial. Atualmente, a FISPQ do produto,
quando não disponibilizada pelo fornecedor, pode ser obtida por meio da internet, no
site do fabricante ou do fornecedor.

Utilizaremos cinco sistemas de busca por informações para os contaminantes


químicos, a saber:

FISPQ
As FISPQs foram instituídas no país por normas da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT, 1940) ABNT NBR 14.725-4 Produtos Químicos – Informações
sobre Segurança, Saúde e Meio Ambiente: Parte 4. O fornecedor do Produto Químico
é obrigado a emitir a FISPQ, mas nem sempre as informações fornecidas estão
completas ou atualizadas, especialmente quanto à composição.

Outro problema grave oriundo da própria norma é que não há padronização relativa às
definições e aos critérios de como se devem considerar os perigos de uma determinada
substância. As empresas fornecedoras de produtos químicos devem disponibilizá-las
aos seus clientes, os itens abaixo devem nela constar com a seguinte numeração:

FISPQ

1. Identificação do produto e da empresa.

2. Identificação dos perigos.

3. Composição e informação dos ingredientes.

4. Medidas de primeiros socorros.

5. Medidas de combate a incêndio.

84
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II

6. Medidas de controle para derramamento ou vazamento.

7. Manuseio e armazenamento.

8. Controle da exposição e EPIs.

9. Propriedades físico-químicas.

10. Estabilidade e reatividade.

11. Informações toxicológicas.

12. Informações ecológicas.

13. Considerações sobre tratamento e disposição.

14. Informações sobre transporte.

15. Regulamentações.

16. Outras informações.

SDS ou MSDS

São as siglas em inglês para Safety Data Sheet (SDS) e Material Safety Data Sheet
(MSDS). Têm o mesmo objetivo da FISPQ brasileira, mas cada país possui suas
próprias normas e, assim, são muito heterogêneas, não só em relação aos itens que as
compõem, mas, também. quanto às definições dos perigos.

Existem FISPQ, SDS e MSDS tanto para produtos comerciais de responsabilidade


dos produtores/fornecedores quanto para substâncias puras; muitas vezes, para
estas últimas, existem SDS publicadas por instituições públicas, como, por exemplo,
a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (em inglês, United States Environmental
Protection Agency – US-EPA).

Várias instituições de saúde e segurança do trabalho possuem bases para substâncias


químicas de acesso livre, como os links das instituições a seguir:

» Instituto Nacional de Seguridad e Higiene en el Trabajo (INSHT) –


Espanha.

» Agency for Toxic Substances & Disease Registry (ATSDR), do Centro


de Controle de Doenças (Centers of Disease Control and Prevention –
CDC) – Estados Unidos.

85
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO

GHS

A sigla GHS significa Globally Harmonized System of Classification and Labelling of


Chemicals ou, em português, Sistema Globalmente Harmonizado para Classificação e
Rotulagem de Produtos Químicos.

Como cada país, agência reguladora, instituição ou órgão de diferentes naturezas


possuíam sistemas e regulamentações distintas para classificação e rotulagem de
substâncias químicas, a interpretação de informações por parte dos interessados se
tornava muito complexa, bem como dificultava o cumprimento de todos os sistemas
por parte das empresas.

Assim, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a Organização para Cooperação


e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o Comitê de Especialistas em Transporte de
Cargas Perigosas das Nações Unidas (UNCETDG) criaram em conjunto um sistema
geral: o GHS.

O GHS não é uma norma, mas um sistema composto de requisitos técnicos de


classificação e comunicação de perigos com informações explicativas de como aplicar
o sistema. A ABNT publicou uma norma em 2009 que, em muitos aspectos, segue o
sistema globalmente harmonizado. Essa norma, a 14.725, é dividida em quatro partes:

1. Terminologia.

2. Sistema de Classificação de Perigo.

3. Rotulagem.

4. FISPQ.

Pela alteração introduzida em 2011, a Norma Regulamentadora nº 26, do Ministério


do Trabalho e Emprego (Portaria nº 229, de 24 de maio de 2011), determina que
“produto químico utilizado no local de trabalho deve ser classificado quanto aos
perigos para a segurança e a saúde dos trabalhadores de acordo com os critérios
estabelecidos pelo Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem
de Produtos Químicos (GHS), da Organização das Nações Unidas”.

Quanto às informações sobre produtos químicos perigosos, elas devem ser


apresentadas na ficha com dados de segurança do produto químico cujo formato e
conteúdo devem também seguir o estabelecido pelo GHS.

86
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II

CAS

A sigla CAS significa Chemical Abstracts Service ou, em português, Serviço


de Informações Químicas, é uma divisão da Chemical American Society.
Aproximadamente 102 milhões de compostos receberam, até agora, um número CAS
e cerca de 4.000 novos números são acrescentados cada dia. O objetivo é facilitar as
pesquisas no banco de dados, visto que, muitas vezes, os produtos químicos possuem
mais de um nome.

O registro CAS é separado por traços em três partes: a primeira parte tem até seis
algarismos, a segunda, até dois algarismos, e a terceira é um número de controle de
um algarismo. Os números são atribuídos cronologicamente e não têm significação
particular.

O número CAS auxilia muito na busca de informações, pois se podem encontrar


informações em qualquer idioma, não importando a quantidade de sinônimos que a
substância possua ou, ainda, os problemas da grafia correta da substância em inglês ou
em outro idioma. Com o número CAS obtido diretamente das FISPQs, de buscadores
da internet ou do site Chemfinder ou ChemSpider, podem-se procurar fichas na
própria internet.

A informação da composição detalhada de um produto, com os nomes químicos e o


número CAS de cada ingrediente, é de fornecimento obrigatório no Brasil por meio
da FISPQ. Se a composição detalhada não foi fornecida na ficha, deve ser exigido do
fabricante o detalhamento.

Tabela 28. Tabela com Número CAS.

Número CAS Substância Observação


74-82-8 Metano Asfixiante simples
1333-86-4 Negro de fumo LT = 3,5 mg/m3 - Anexo 11
71-43-2 Benzeno Presente na gasolina
7664-93-9 Ácido sulfúrico 1 mg/m3 – ACGIH
67-64-1 Acetona 780 ppm - Anexo 11
1071-83-6 Glifosato 1 mg/m3 - OSHA
630-08-0 Monóxido de carbono 39 ppm – Anexo 11
112926-00-8 Sílica amorfa 4 mg/m3 – Anexo 12
7778-18-9 Sulfato de cálcio 10 mg/m3 (I) - PNOC
7439-92-1 Chumbo 0,1 mg/m3 - Anexo 11

Fonte: Do autor, 2019.

87
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO

Número ONU

São nove classes de risco:


» Classe 1 – Explosivos.
» Classe 2 – Gases.
» Classe 3 – Líquidos inflamáveis.
» Classe 4 – Sólidos inflamáveis.
» Classe 5 – Substâncias oxidantes.
» Classe 6 – Substâncias tóxicas e infectantes.
» Classe 7 – Substâncias radioativas.
» Classe 8 – Corrosivas.
» Classe 9 – Substâncias perigosas diversas.

Classe 1 – Explosivos

São consideradas as seguintes definições:

» Substância explosiva: é a substância sólida ou líquida ou sua mistura


que, por si mesma, mediante reação química, seja capaz de produzir gás
a temperatura, pressão e velocidade tais que possam causar danos à sua
volta. Ela é excessivamente sensível ou tão reativa que é sujeita à reação
espontânea, exceto a critério das autoridades competentes, sob licença e
condições especiais por elas estabelecidas.

» Substância pirotécnica: é uma substância ou mistura de substâncias


concebida para produzir um efeito de calor, luz, som, gás, fumaça ou
combinação destes, como resultado de reações químicas exotérmicas
autossustentáveis e não detonantes.

Figura 27. Classe ONU 1.

Fonte: DER, 2000.

88
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II

A classe 1 está dividida em seis subclasses:


» Subclasse 1.1 – substâncias ou artigos com risco de explosão em massa.
Ex.: pólvora negra, comprimida ou em pastilhas.
» Subclasse 1.2 – substâncias e artigos com risco de projeção, mas sem
risco de projeção em massa. Ex.: ogivas de foguetes com carga de
ruptura.
» Subclasse 1.3 – substâncias e artigos com risco de fogo e com pequeno
risco de explosão, de projeção, ou ambos, mas sem risco de explosão em
massa. Ex.: nitrocelulose com no mínimo de 25% de álcool.
» Subclasse 1.4 – substâncias e artigos que não apresentam risco
significativo. Ex.: munição lacrimogênea, carga ejetora ou carga
propelente.
» Subclasse 1.5 – substâncias muito sensíveis, com um risco de explosão
em massa, mas que são tão insensíveis que a probabilidade de iniciação
ou de transição da queima para a detonação, em condições normais de
transporte, é muito pequena. Ex.: explosivos de demolição.
» Subclasse 1.6 – artigos extremamente insensíveis, sem risco de explosão
em massa. Ex.: artigo detonante extremamente insensível.

Figura 28. Classe ONU 1.5.

Fonte: DER, 2000.

Figura 29. Caminhão com explosivo.

Fonte: Do autor, 2004.

89
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO

Classe 2 – Gases

A classe 2 compreende:

» Gás comprimido é um gás que, exceto se em solução, quando


acondicionado para transporte, à temperatura ambiente, é
completamente gasoso.

» Gás liquefeito é um gás parcialmente líquido, quando embalado para


transporte, à temperatura ambiente.

» Gás em solução é um gás comprimido, para transporte dissolvido em


um solvente.

Figura 30. Classe ONU 2.

Fonte: DER, 2000.

A classe 2 está dividida em três subclasses:

» Subclasse 2.1 – gases inflamáveis: gases a temperatura ambiente e


101,3 kPa:

› são inflamáveis; e/ou

› apresentam uma faixa de inflamabilidade com o ar de, no mínimo,


12%.

» Subclasse 2.2 – gases não inflamáveis, não tóxicos: são gases


transportados a uma pressão não inferior a 280 kPa a 20 ºC ou como
líquido refrigerado e que:

› são asfixiantes simples;

› são oxidantes;

› não se enquadram em outras classes.

90
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II

» Subclasse 2.3 – gases tóxicos:

› são sabidamente tóxicos ou corrosivos as pessoas;

› supõem-se serem tóxicos.

Figura 31. Carro leve transportando cilindros.

Fonte: Do autor, 2004.

Classe 3 – Líquidos inflamáveis

É considerada a seguinte definição:

» Líquido inflamável: é uma mistura de líquidos ou líquidos contendo


sólidos em solução ou suspensão que produzem vapores inflamáveis a
temperatura de 60 ºC (ponto de fulgor).

A classe 3 compreende:

» Líquido inflamável, ex.: gasolina, éter, álcool etílico, tolueno, n-hexano.

A classe 3 não está dividida ou subdividida:

» ponto de fulgor: é a temperatura na qual os vapores liberados pelos


produtos químicos formam mistura inflamável.

» ponto de autoignição: é a temperatura na qual os vapores liberados


pelos produtos químicos entram em combustão, mesmo sem fonte de
ignição.

» líquido combustível: é uma mistura de líquidos ou líquidos contendo


sólidos em solução ou suspensão que produzem vapores inflamáveis a
temperatura de 60 ºC (ponto de fulgor) NR-20;
91
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO

» densidade do vapor: é a relação de volume por massa (g/L) e


representa muitas vezes a mobilidade dos gases e vapores. A densidade
do ar é 1 e todas as outras são em relação ao ar. Valores acima de 1, o
produto é mais denso e desce. Valores abaixo de 1, o produto é menos
denso e sobe.

» limite de inflamabilidade: é a relação entre gás ou vapor inflamável


de uma mistura com o ar que entrará em combustão na presença de uma
fonte de ignição:

› limite inferior de inflamabilidade – LEL (mistura pobre de


combustível);

› limite superior de inflamabilidade – UEL (mistura rica de


combustível).

Vídeo 1 – Energia estática durante o abastecimento.

Vídeo 2 – Energia estática durante o descarregamento.

Classe 4 – Sólidos inflamáveis

A classe 4 compreende:

» Sólidos inflamáveis – substâncias sujeitas à combustão espontânea


em contato com o ar, sem a presença de uma fonte de ignição –
substâncias que, em contato com a água, emitem gases inflamáveis.

Figura 32. Classe ONU 4.

Fonte: DER, 2000.

92
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II

A classe 4 está dividida em três subclasses:

» Subclasse 4.1 – sólidos inflamáveis, são facilmente combustíveis, ou


que, por atrito, podem causar fogo ou contribuir para ele. Ex.: carvão,
coque.

» Subclasse 4.2 – substâncias sujeitas à combustão espontânea, sujeitas


a aquecimento espontâneo nas condições normais de transporte ou
que se aquecem em contato com o ar, sendo, então, passiveis de se
inflamarem. Ex.: fósforo branco, sulfeto de sódio.

» Subclasse 4.3 – substâncias que, em contato com a água, emitem


gases, substâncias que, por reação com a água, podem tornar-
se espontaneamente inflamáveis ou liberar gases inflamáveis em
quantidade perigosa. Ex.: CaC2, Carbeto de Cálcio (carbureto).

Classe 5 – Substâncias oxidantes

A classe 5 compreende:

» Substâncias oxidantes (CETESB, 2000) – substâncias sujeitas à


liberação de oxigênio quando em contato com materiais orgânicos ou
quando levemente aquecidas. Os oxidantes são relativamente instáveis e
reagem quimicamente com grande variedade de produtos.

Figura 33. Classe ONU 1.

Fonte: DER, 2000.

A classe 5 está dividida em duas subclasses:

» Subclasse 5.1 – substâncias oxidantes: substâncias que, embora não


sejam necessariamente combustíveis, podem, em geral, por liberação
de oxigênio, causar a combustão de outros materiais ou contribuir para
isso. Ex.: óxido nitroso.

93
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO

» Subclasse 5.2 – peróxidos orgânicos: substâncias orgânicas que


contêm a estrutura bivalente -O-O- e que podem ser consideradas
derivadas do petróleo. Ex.: peróxido de benzoila.

Classe 6 – Substâncias tóxicas e infectantes

A classe 6 compreende:

» Substâncias tóxicas e infectantes – substâncias químicas ou


patógenos geneticamente modificadas, ou não, capazes de produzir
danos à saúde humana, se ingeridas ou inaladas, ou se entrarem em
contato com a pele.

Figura 34. Classe ONU 6.

Fonte: DER, 2000.

A classe 6 está dividida em duas subclasses:

» Subclasse 6.1 – substâncias tóxicas (venenosas) são capazes de


provocar morte, lesões graves ou danos à saúde humana se ingeridas,
inaladas ou se entrarem em contato com a pele ou alimentos.

Os produtos da subclasse 6.1, inclusive pesticidas, podem ser classificados em três


grupos de embalagens:

» Grupo I – substâncias e preparações que apresentem um risco muito


elevado de envenenamento.

» Grupo II – substâncias e preparações que apresentem um sério risco de


envenenamento.

» Grupo III – substâncias e preparações que apresentem um risco de


envenenamento relativamente baixo.

94
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II

Tabela 29. Critérios de classificação por ingestão oral, contato dérmico e inalação de pós e neblinas.

Grupo de Toxicidade oral DL50 Toxicidade dérmica Toxicidade por inalação de pós e
embalagem (mg/kg) DL50 (mg/kg) neblinas CL50 (mg/litro)
I ≤5 ≤ 40 ≤ 0,5
II > 5 – 50 > 40 - 200 > 0,5 – 2
Sólidos: > 50 - 200
III (a) > 200 - 1000 > 2 - 10
Líquidos: > 50 - 500
(a) Substâncias lacrimogêneas gasosas devem ser incluídas no Grupo de Embalagem II, mesmo que seus dados toxicológicos
correspondam a valores do Grupo de Embalagem III.

Fonte: Do autor (com adaptações), 2019.

» Subclasse 6.2 – substâncias infectantes: são aquelas que contêm


micro-organismos patogênicos ou não que podem causar sérios riscos
ao homem.

Figura 35. Lixo Hospitalar.

Fonte: Do autor, 2003.

Classe 7 – Materiais radioativos

A classe 7 compreende:

» Materiais radioativos – são substâncias químicas sólidas, líquidas


ou gasosas capazes de emitirem radiações alfa, beta ou gama, capazes
de produzir danos à saúde humana, se ingeridas ou inaladas, ou se
entrarem em contato com a pele.

Figura 36. Classe ONU 7.

Fonte: DER, 2000.

95
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO

A classe 7 não está dividida em subclasses. Os produtos da classe 7 podem ser


classificados em três grupos de radioativos:

» Radioativo I – substâncias sólidas ou líquidas, emitem radioatividade


em baixas emissões.

» Radioativo II – substâncias sólidas ou líquidas, emitem radioatividade


em médias emissões.

» Radioativo III – substâncias sólidas ou líquidas, emitem


radioatividade em elevadas emissões.

Figura 37. Fonte de Amerício 241 (industrial).

Fonte: Do autor, 2006.

Classe 8 – Corrosivos

A classe 8 compreende:

» Corrosivos – são substâncias que, por ação química, causam severos


danos quando em contato com tecidos vivos.

Figura 38. Classe ONU 8.

Fonte: DER, 2000.

96
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II

A classe 8 não está dividida em subclasses:

» Os produtos da classe 8, os corrosivos, são substâncias que, por ação


química, causam severos danos quando em contato com os tecidos vivos,
ou, em caso de vazamento, danificam ou destroem outras cargas ou o
veículo. Ex.: ácidos sulfúricos, nítricos, clorídricos, peracético, bases
fortes, tais como soda e potassa cáustica.

Figura 39. Caminhão com soda cáustica.

Fonte: Do autor, 2006.

Classe 9 – Substâncias perigosas diversas

A classe 9 compreende:

» Substâncias perigosas diversas – são aquelas que apresentam,


durante o transporte, um risco abrangido por nenhuma das outras
classes.

Figura 40. Classe ONU 9.

Fonte: DER, 2000.

97
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO

A classe 9 não está dividida em subclasses:

» Os produtos da classe 9 não são enquadrados nas outras classes de risco.


Ex.: óleo BPF (OC-2A), óleo da caldeira.

Figura 41. Tanque de Óleo BPF ou OC-2A.

Fonte: Do autor, 2004.

98
AVALIAÇÃO UNIDADE III
AMBIENTAL
Nesta unidade, você aprenderá o reconhecimento, o planejamento da coleta e a
amostragem dos agentes químicos e como avaliar seus resultados.

CAPÍTULO 1
Higiene do trabalho – risco químico

Reconhecendo os agentes químicos


O reconhecimento dos riscos químicos ocorre quando são obtidas informações sobre
o ambiente e o processo de trabalho, as operações, as matérias-primas e os produtos
químicos utilizados ou gerados, produtos finais, subprodutos e resíduos, assim como
as possíveis interações entre os agentes presentes no local de trabalho e o organismo
humano e os efeitos associados à saúde. As informações referentes ao ambiente e ao
processo de trabalho devem ser verificadas:

a. os materiais que podem ser usados ou produzidos e lançados no


ar do ambiente de trabalho durante as operações ou processos sob
investigação, com sua composição, toxicidade e quantidade;

b. as possíveis fontes de geração de material particulado, como, por


exemplo, processos que envolvam moagem, peneiramento, lixamento,
polimento, serragem, corte, furação, gravação, esmagamento, operações
de limpeza a seco ou que produzam material particulado ou suspendam
aquele depositado;

c. o fluxograma e o layout das instalações da empresa;

d. as etapas do processo produtivo, enfatizando as circunstâncias ou


os procedimentos que podem contribuir para a contaminação dos
ambientes de trabalho;

99
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL

e. as condições do ambiente de trabalho, enfatizando se é aberto ou


fechado, se possui ventilação natural ou forçada;

f. as condições climáticas e as possíveis variações de direção e intensidade


de correntes de ar, temperatura e umidade;

g. a interferência de áreas vizinhas aos locais de trabalho;

h. as medidas preventivas adotadas, coletivas e/ou individuais;

i. o programa de manutenção das máquinas/equipamentos e a


limpeza dos locais de trabalho;

j. a existência de resultados de monitoramentos anteriores referentes


à exposição a material particulado, incluindo avaliações realizadas para
acompanhamento da eficácia de medidas de controle.

A Norma Regulamentadora 9, no seu item 9.1.1, estabelece a obrigatoriedade da


elaboração e da implementação, por parte de todos os empregadores e instituições
que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais – PPRA. Objetiva, assim, a preservação da saúde e da integridade dos
trabalhadores, por meio da antecipação, do reconhecimento, da avaliação e do
consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a
existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e
dos recursos naturais.

A avaliação quantitativa deverá ser realizada sempre que necessária para:

a. comprovar o controle da exposição ou a inexistência riscos identificados


na etapa de reconhecimento;

b. dimensionar a exposição dos trabalhadores;

c. subsidiar o equacionamento das medidas de controle.

Objetivos da avaliação quantitativa

Entre os objetivos da avaliação quantitativa incluem-se:

a. estimar a exposição dos trabalhadores ao longo de suas jornadas de


trabalho;

b. subsidiar projetos de implantação de medidas de controle e avaliar a


eficácia das já adotadas;

100
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

c. verificar a conformidade dos ambientes de trabalho com exigências


legais;

d. informar sobre a localização e a intensidade das fontes de material


particulado;

e. monitorar a exposição dos trabalhadores para registros e estudos


epidemiológicos;

f. obter amostras para investigações analíticas e toxicológicas.

Informações referentes a trabalhadores e a locais de trabalho devem ser verificadas:

a. o número total de trabalhadores expostos a material particulado;

b. as funções dos trabalhadores, observando os procedimentos e as


atividades inerentes a essas funções e como ocorre a exposição a
material particulado;

c. a posição dos trabalhadores em relação às fontes de emissão de material


particulado em seus locais de trabalho;

d. o tempo e a frequência de cada operação ou procedimento realizado


pelo trabalhador;

e. a duração da jornada e o regime de trabalho;

f. o número de trabalhadores para os quais se presume maior risco de


exposição a material particulado;

g. o número de trabalhadores com atividades idênticas que possam


ser separados por grupos de exposição similar;

h. dados indicativos de possível comprometimento da saúde decorrente


da exposição a material particulado, como dados médicos e queixas de
saúde dos trabalhadores.

Planejamento da coleta

No planejamento da coleta das amostras, serão definidos os locais de trabalho e as


situações de exposição a serem avaliados e os respectivos tipos de coleta, tempo de
coleta, número e tipos de amostra, materiais e equipamentos a serem utilizados, assim
como o laboratório que realizará a análise (FUNDACENTRO, 2017).

101
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL

Quais agentes químicos podem ser coletados?

A coleta dos agentes químicos será realizada com qualquer produto químico puro ou
mistura, em que seus componentes possam penetrar no organismo do trabalhador
por qualquer uma das quatro portas de entrada existentes. É necessário que existam
um método analítico de coleta e análise química e um limite de tolerância definido
pela legislação brasileira. Na ausência desse limite, utiliza-se a ACGIH, não existindo,
recomendam-se usar valores do fabricante ou qualquer outra norma existente.

Amostragem dos agentes químicos

Existem duas maneiras de realizar a amostragem: amostragem passiva e amostragem


ativa. Os agentes químicos são recolhidos por instrumentos de amostragem, ou seja,
forçando uma amostra de ar por intermédio do meio coletor (ativa) ou permitindo que
o ar atmosférico alcance o meio coletor (passiva).

Amostragem ativa

A amostragem ativa é realizada com uma bomba, alimentada por baterias com um
fluxo de ar (vazão) conhecido, mantendo-se estável durante a coleta. Nesse processo,
o ar é levado para dentro do dispositivo de amostragem a partir da utilização de uma
pequena bomba de amostragem individual e de um sistema coletor – que pode ser
composto de filtros ou tubos.

A bomba de amostragem funciona em vazões de 0,01 L/min a 4,5 L/min, em que as


coletas de baixa vazão de gases e vapores ficam entre 0,01 e 0,5 L/min e as de médio-
alta vazão, para alguns vapores e materiais particulados, variam de 0,5 a 4,5 L/min.
Existe uma variada gama de bombas de amostragem com sistema de controle de
fluxo automático e ajuste no próprio equipamento. Essas bombas mais sofisticadas,
obviamente, são mais caras, por isso recomenda-se iniciar o seu projeto de aquisição
de equipamentos partindo do mais simples e barato às bombas automáticas e com
controle de fluxo, certamente mais caras.

Observe que existem bombas que não chegam às baixas vazões, sendo necessário o uso
do “kit de baixa vazão”, em que há sistema de estrangulamento do fluxo (parafuso –
círculo vermelho) e que, ajustado, chega-se à vazão desejada.

102
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

Figura 42. Bomba de amostragem + Kit de baixa vazão (SKC).

Fonte: Do autor, 2014.

Os filtros para coleta podem ser feitos com diferentes materiais, como teflon, fibra de
vidro, PVC ou celulose (MCE). Enquanto os tubos são compostos de diferentes tipos
de materiais absorventes, como polímero, sílica gel, carvão ativo, etc.

Cassetes + membranas filtrantes

A gravimetria ou análise gravimétrica tem como objetivo determinar os constituintes


da amostra, por pesagem direta (=massa em mg) do aerodispersoide coletado no ar
pelo volume (m3) de ar atmosférico coletado. A técnica da gravimetria está dividida em
seis etapas, a saber:

1. Etapa: selecionar a técnica de coleta do aerodispersoide.

2. Etapa: preparar o cassete.

3. Etapa: calibrar a bomba de coleta.

4. Etapa: montar o conjunto bomba + cassete + suporte.

5. Etapa: estabilizar 24 h no dessecador + pesagem.

6. Etapa: enviar para análise química.

1ª Etapa: selecionar a técnica de coleta do


aerodispersoide

Nesta etapa, o profissional prevencionista já visitou o local de amostragem, realizou


sua análise qualitativa, identificou o agente químico em questão e pesquisou sua
FISPQ, inclusive definiu seu LEO. Agora é a hora de definir se é coleta de poeira
inalável (total), torácica ou respirável.

103
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL

Você tem para consultar a NHO 3 – Análise Gravimétrica de Aerodispersoides Sólidos


coletados sobre filtros de membranas, NHO 7 – Calibração de Bombas de Amostragem
Individual pelo Método da Bolha de Sabão e NHO 8– Coleta de Material Particulado
sólido suspenso no ar de ambiente de trabalho (FUNDACENTRO, 2001; 2002; 2017).
Além disso, há a NMAM 0500 – Material Particulado (total) (NIOSH nº 0500, 1994) e
NMAM 0600 – Material Particulado (respirável) (NIOSH nº 0600, 1984).

Figura 43. Cassetes coletores de partículas.

Poeira Poeira

Total (Inalável) Respirável

Fonte: FUNDACENTRO, 2017.

2ª Etapa: preparar o cassete

Nesta etapa, as membranas de PVC (plástico) ou MCE (celulose) ou Teflon (polímero)


estão armazenadas em um ambiente seco. Alguns profissionais deixam-nas
armazenadas dentro do dessecador.

Figura 44. Montagem cassete triplo de PVC 37 mm + Membrana PVC 5,0 µm.

Fonte: Do autor, 2009.

Elas serão montadas com o pad (suporte) de celulose mais grosso e a membrana de
PVC muito mais fina no cassete final.

104
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

Dica 1: essa parte do cassete possui ranhuras no fundo para distribuir o fluxo de ar
e não ocorrer perda de carga. Depois, coloca-se a peça intermediária que prenderá a
membrana sobre o pad de celulose.

Dica 2: deve-se ter cuidado para que a peça não seja colocada torta e que não se aplique
força excessiva. Depois, prende-se a parte de cima e fecha-se o conjunto.

Dica 3: está gravado na parte de cima do cassete a palavra “in” (entrada), informando
o sentido da entrada do fluxo de ar.

Os cassetes voltam a estabilizar a umidade dentro do dessecador, antes da pesagem,


por, no mínimo, três horas (FUNDACENTRO, 2001). A estabilização das membranas
filtrantes no dessecador, antes da pesagem inicial e depois da coleta, visa a evitar dar
massa negativa na avaliação da massa final menos a inicial, especialmente quando há
umidade nas membranas e o ambiente laboral está muito seco.

A pinça de manipulação tem de ser lisa e não podem haver dentes nela para não
marcar as membranas. A balança analítica com precisão de 0,001 mg foi ligada com
antecedência, e a sala de balança está com o ar-condicionado ligado em 23 ºC, apenas
as pessoas envolvidas no processo devem entrar, pois o vento da abertura das portas
pode interferir na pesagem. Os pesos padrão são passados na balança para aferição do
equipamento.

Figura 45. Dessecador de vidro.

Fonte: Do autor, 2009.

A gordura dos dedos interfere nas medições, estamos falando de uma precisão de
0,000001 gramas, ou seja, 0,001 mg. As balanças analíticas possuem um sistema de
desmagnetizar ou retirar a energia estática das membranas (= barras paralelas), antes
da pesagem, porque elas podem grudar no prato.

105
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL

Figura 46. Balança analítica e caixa de pesos padrão.

Fonte: Do autor, 2009.

Na foto da balança, observe que há uma placa cinza, trata-se de um sistema de


amortecedor para evitar a vibração proveniente da rua, porquanto a simples passagem
de um caminhão pode interferir na pesagem. Temos os cassetes pesados, estabilizados
e prontos para irem a campo.

3ª Etapa: calibrar a bomba de coleta

A Fundacentro, por meio da norma NHO 7 – Calibração de Bombas de


Amostragem Individual, pelo Método da Bolha de Sabão, descreveu todo o
processo de como se obter uma vazão correta do instrumento a ser utilizado
nas coletas de material particulado. Existem no mercado atual calibradores
eletrônicos classificados como calibradores de padrão primário de vazão, os
quais calibram bombas de amostragem individual pelo método da bolha de
sabão. Os resultados são obtidos por meio de leituras diretas, em unidades de
vazão, volume por minuto.

Figura 47. Bombas de amostragens.

Fonte: Do autor, 2009.

106
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

Existem algumas atividades críticas na realização da gravimetria. O parâmetro vazão é


muito importante no controle de qualidade do processo, em que o fluxo de ar deve ser
constante durante a coleta do aerodispersoide.

No equipamento + acessório empregado por determinação do fabricante, determina-


se a vazão de 2,5 L/min. A NHO 8 determina uma variação máxima de 5% de desvio
nesse fluxo, especialmente quando avaliamos a vazão no início e no final da coleta.

Por isso, é obrigatória a aferição do fluxo de ar com um calibrador primário de vazão.


Na fotografia a seguir, observa-se uma vazão pontual de 2,5190 L/min e uma média de
10 (dez) medições com 2,5162 L/min. O profissional prevencionista utilizará a média
de dez, em que haverá melhor controle da dispersão dos valores encontrados.

Caso a vazão média esteja muito abaixo e/ou acima de 2,5000 L/min, será possível
ajustar na bomba por meio de uma pequena chave de fenda que acompanha o
equipamento, acelerando (apertar o parafuso no sentido horário) para aumentar o
fluxo ou ao contrário para reduzi-lo. Nesse momento, realizou-se a calibração do fluxo
de ar do equipamento para a coleta do aerodispersoide.

Figura 48. Calibrador de bolha e bomba de coleta.

Fonte: Do autor, 2018.

Você aprendeu a diferença entre aferição e calibração do fluxo de ar. Na


aferição, apenas certifica-se de que a vazão do fluxo de ar está de acordo com
a sua necessidade, enquanto na calibração do equipamento realizam-se os
ajustes necessários, deixando dentro da faixa de fluxo de ar necessária para a
coleta.

107
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL

Existem dois tipos de calibradores: os de padrão primário e os de padrão secundário.


Os de padrão primário usam o princípio físico da dimensão em um espaço fechado,
não mudando com o tempo. Os de padrão secundário empregam um padrão primário
para aferição e, se necessário, a calibração (ajuste). Os padrões primários podem
ser definidos como: as buretas de bolha, medidores de bolha eletrônica e medidor
eletrônico com pistão a seco sem fricção, também chamado de dryCals.

Figura 49. Medidor de bolha eletrônica.

Fonte: Do autor, 2010.

Figura 50. Bureta de bolha + cassete duplo.

Cassete
Duplo

Fonte: Do autor, 2000.

Nessa foto, observamos uma calibração da bomba de coleta com o cassete duplo
utilizando uma bureta de vidro invertido, cronômetro (sob a mesa) e chave de fenda
próxima à bomba de coleta.

Esta outra foto, em detalhe, mostra a bolha de sabão subindo. Foi preciso umedecer
toda a bureta, pois a bolha estourava e precisava medir tudo novamente. O padrão
secundário seria o próprio sensor ou rotâmetro de fluxo da bomba de coleta.

108
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

Figura 51. Bureta de bolha + cassete triplo.

Fonte: Do autor, 2000.

O conjunto cassete + mangueiras + acessórios completo para a coleta da amostra deve


estar todo montado, pois, se for feito esse processo somente com a bomba, quando
se instalarem os acessórios, a vazão cairá, em função da perda de carga gerada pelos
equipamentos.

4ª Etapa: montar o conjunto bomba + cassete +


suporte

Nesta etapa, o profissional prevencionista definiu o tipo de coleta e possui todos os


equipamentos necessários, tais como: bomba de amostragem carregada, cassete
preparado, mangueiras, acessórios (separadores) e calibrador. O método NIOSH
determina ciclones para coleta de partículas respiráveis, são encontrados três modelos
no mercado, a saber:

Figura 52. Separadores de partículas.

Nylon Higgins-Dewell SKC Alumínio


Vazão de 1,7 L/min Vazão 2,2 L/min Vazão 2,5 L/min

Fonte: NHO 8 (FUNDACENTRO).

109
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL

Os selecionadores ou ciclones servem para coletar somente a fração respirável que


distorce a distribuição de poeira no ar (aumenta turbulência). Os aerossóis passam por
meio do ciclone, aceleram-se e formam turbilhões, fazendo com que as partículas mais
pesadas sejam arremessadas para fora do fluxo de ar (centrifugação) e conduzidas
a uma seção de eliminação, localizada na parte inferior do ciclone. As partículas
respiráveis com diâmetro aerodinâmico entre 1 e 10 micra permanecem na corrente de
ar, saem pela parte superior e são depois recolhidas no filtro.

As partículas com diâmetro aerodinâmico superior ao desejado na coleta e mais


pesadas são arremessadas na periferia do selecionador e caem no fundo do ciclone.
Depois, são descartadas, pois o interesse da coleta são as partículas com diâmetro
aerodinâmico específico para avaliar o impacto no trato respiratório específico do
trabalhador.

Figura 53. Ciclone (Princípio).

Fonte: Do autor, 2000.

Erros de amostragem ocorrem quando a velocidade de entrada da partícula é superior


ou inferior à projetada pelo fabricante do selecionador. Por isso, a vazão do conjunto
é fator crítico na coleta do aerodispersoide. Além disso, umidade em excesso ou carga
estática podem aglomerar as partículas que iriam para o filtro e podem se aglomerar e
ficar no fundo, gerando uma quantidade menor de material coletado.

Portanto, o uso de amostragem granulométrica seletiva define melhor a relação


entre tamanho de partícula, efeito negativo sobre a saúde e método de amostragem.
Na amostragem seletiva granulométrica, a medição das partículas tem em conta os
tamanhos associados aos efeitos específicos à saúde.

110
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

Figura 54. Conjunto completo para coleta.

Fonte: Do autor, 2017.

5ª Etapa: estabilizar 24 h no dessecador +


pesagem

Realizamos a coleta do aerodispersoide em campo e retivemos o agente químico que


pretendemos quantificar dentro do cassete. Em algumas oportunidades, é possível
observar até alteração de cor na membrana branca, que ficou escura (como no exemplo
a seguir para fumos metálicos).

Os cassetes voltam a estabilizar a umidade dentro do dessecador, antes da pesagem


final (FUNDACENTRO, 2001). Agora, temos as massas final e inicial da membrana,
sabemos o tempo de coleta em minutos e temos a vazão da bomba coletora.

Deve-se ter muita atenção, pois é possível acontecer que as massas final e inicial sejam
semelhantes, ou seja, não haverá um resultado zero, mas esse nível de exposição do
trabalhador está abaixo do limite de quantificação do método, que você deve saber.

Figura 55. Cassete antes e depois da coleta.

Fonte: Do autor, 2008.

111
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL

6ª Etapa: enviar para análise química

A gravimetria, ou análise gravimétrica, foi realizada, e o profissional prevencionista


determinou o agente químico pela massa em miligramas, por pesagem direta, e o
volume do aerodispersoide pelo tempo de coleta multiplicado pela vazão da bomba de
ar. Seu objetivo foi cumprido. Vamos calcular a concentração do nível de exposição do
trabalhador em mg/m³:

 mg  Massa Coletada
C  3 =
 m   Vazão Bomba x Tempo Coleta  /1000 (23)

Em que:

» massa em miligramas;

» vazão em litros/minutos;

» tempo de coleta em minutos.

Observe como as membranas podem voltar das coletas, muitas vezes há necessidade
de encaminhá-las ao laboratório para confirmar a presença do agente químico.

Figura 56. Membranas após a coleta.

Fonte: Do autor, 2008.

A membrana da esquerda [1] não foi utilizada e a da direita foi utilizada para coletar
poeira de carvão mineral [2]. A membrana superior foi utilizada para mineração de
calcário [3] e a inferior foi usada na construção civil em gesseiro [4].

No caso da sílica, é preciso enviar a membrana ainda dentro do cassete para o


laboratório com o objetivo de determinar o teor de sílica livre cristalizada para
calcularmos o limite de tolerância previsto no anexo 12 da NR 15.

112
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

Tubos amostradores/adsorvedores

Figura 57. Superfícies sólidas + moléculas de gás.

Fonte: Do autor, 2019.

Os tubos amostradores ou adsorvedores são empregados desde 1973, e os coletores


são projetados para adsorver o agente químico. A adsorção é um processo físico e
reversível em que ocorre a retenção do agente químico, chamado de adsorvido, em
uma superfície sólida chamada de adsorvente. Observe que a palavra está grafada com
ad + sorção (letra D – mesmo).

O processo de adsorção ocorre por interações físicas entre as partes, sendo também
chamado de fisissorção, em que as moléculas de um gás ou vapor se aderem à
superfície sólida, por meio das “forças de ligação de Van der Waals”. Essas forças de
ligação são fracas e incapazes de formar ligações químicas, por esse motivo a adsorção
física é um processo reversível.

O sucesso dessa técnica está em usar um adsorvente que “aprisione” o agente químico,
e, quando necessário, ocorrerá o processo inverso. Isso acontecerá no laboratório
químico, onde o analista pegará o adsorvente e extrairá o agente químico a ser
analisado. Esse processo se chama dessorção, ou seja, o inverso da adsorção. Isso
acontece com uma extração líquido – líquido, em que o químico colocará o adsorvente
+ agente químico em uma solução de um líquido extrator que vai retirar o agente
químico do adsorvente e passar para a solução. Depois, essa solução será injetada
em um aparelho, que identificará o agente químico (qualitativo) e determinará sua
quantidade presente (quantificação).

Dessa maneira, o tubo amostrador ou adsorvedor é um tubo de vidro com as pontas


lacradas que contém o adsorvente na forma sólida. O tubo é carregado com duas cargas
de adsorvedor para garantir que todo o agente químico seja coletado. A primeira carga
serve para adsorver o agente químico usando as especificações do método, tais como:
volume coletado, tempo e vazão de coleta. Vazões elevadas ou grandes concentrações
113
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL

podem deslocar o agente químico da primeira para a segunda carga que está separada
da primeira por uma espuma. Por isso, a especificação do amostrador ser 100 mg/50
mg, isso significa que a carga principal tem 100 mg e a secundária, 50 mg. No início do
tubo, há uma carga de absorvedor de umidade para não interferir na coleta do agente
químico.

A camada principal é usada para coletar amostras, e a camada de respaldo é utilizada


para determinar decomposição. Considera-se que tenha ocorrido decomposição
quando, pelo menos, 20 a 25% do contaminante aparecem na camada de respaldo.

Carvão ativado

Quando o assunto é coletar solventes orgânicos, o adsorvente mais empregado é o


carvão ativado. Ele possui uma porosidade elevada, ou seja, há canais e reentrâncias
dentro do material, aumentando muito sua área superficial, onde os melhores
produtos chegam a 1.000 m²/grama. Em um grama do produto, há até 1.000 m² de
área superficial para adsorver o agente químico a ser coletado.

O carvão ativado pode ser feito a partir de cascas de coco, mas também de restos de
cortiça, material muito poroso, sendo obtido a partir da queima controlada com baixo
teor de oxigênio de certas madeiras, a uma temperatura de 800 °C a 1.000 °C. Depois,
o material é moído para atingir a granulometria desejada e ser carregado dentro do
tubo de carvão ativado (TCA). No método NMAM 1500 Hidrocarbonetos Aromáticos,
está escrito em Amostrador (coconut shell charcoal), que significa carvão de casca de
coco.

Sílica gel tratada

O adsorvente de sílica gel tratada é usado para coletar compostos orgânicos polares,
aminas e alguns compostos inorgânicos. Um exemplo é o formol ou formaldeído.

O método NMAM 2016 Formaldeído determina o uso de Tubo de Sílica Gel TSG,
adsorvedor de sílica gel tratada com 2,4-dinitrofenilhidrazina para adsorver a névoa
química de formol com um volume mínimo de 1 L e máximo de 15 L com uma vazão
de 0,03 a 1,5 L/min. A amostra coletada será transportada em gelo e, depois, extraída
utilizando-se 10 ml de acetonitrila isenta de carbonila.

Devido à sua afinidade com os compostos polares, adsorve o vapor de água; portanto,
quando a umidade é elevada, a água pode deslocar substâncias químicas menos
polares da sílica gel.

114
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

O tenax, um polímero poroso composto de polióxido de difenileno, é usado para obter


amostras de compostos orgânicos voláteis que estão presentes em concentrações
muito baixas.

Figura 58. Amostragem de formol.

Fonte: Do autor, 2005.

A capacidade de executar tomadas precisas de poluentes atmosféricos e evitar a sua


perda depende da frequência de amostragem, do volume de amostras, da volatilidade,
da concentração de poluentes atmosféricos. Além disso, há agentes interferentes na
amostragem, como o gás ozônio, que reage com o tratamento na sílica gel e degrada
em produtos derivados do formol, alterando o resultado para mais.

Para cada lote com tubos adsorventes e substâncias químicas recolhidas, o laboratório
deve determinar a eficácia da dessorção (inverso da adsorção), ou seja, a eficácia da
remoção de substâncias químicas do adsorvente por meio de uma ação de solvente. No
caso do carvão vegetal, o solvente mais utilizado é o dissulfeto de carbono, e na sílica
gel emprega-se a acetonitrila. No caso do tenax, as substâncias químicas são extraídas
por meio de dessorção térmica diretamente em um cromatógrafo de fase gasosa.

Impingers

Os borbulhadores (impingers) são frascos de vidro nos quais se coloca a solução


reagente que absorverá o agente químico com a passagem do ar atmosférico contendo
o produto a ser analisado.

Existem dois tubos no suporte dos borbulhadores, no primeiro, coloca-se o absorvedor,


no segundo, está vazio para evitar que a solução passe pelo sistema e alcance a bomba
de sucção vindo a danificá-la.

115
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL

Figura 59. KIT Impingers com solução.

Fonte: Do autor, 2015.

Um método muito utilizado para a determinação do ácido acético e/ou ácido peracético
é utilizar uma solução de metil-p-tolilsulfeto dissolvido em solução metanol: água
(25:75) no coletor impingers com uma vazão de 0,02 L/min e um volume amostrado
de 1 L. A solução utilizada no borbulhador é devolvida para o frasco e enviada ao
laboratório que fará a análise.

Os borbulhadores são usados cada vez menos para avaliar o local de trabalho,
especialmente para as tomadas de amostra de pessoal, porque podem quebrar e
derramar sobre o empregado. Existem diferente tipos de borbulhadores, garrafas lava-
gases, frascos de absorção na espiral, colunas de vidro e borbulhadores de placa de
vidro sintetizado.

Amostragem passiva

Consiste na coleta de gases e vapores a uma taxa controlada por um processo físico de
difusão gasosa mediante o equilíbrio da dispersão dos produtos no ar. A amostragem
passiva usa a lei de FICK como base. Como o próprio nome indica, é um processo
que inclui o uso de um amostrador passivo. É utilizado para gases e vapores, seu
funcionamento depende do movimento das moléculas do contaminante por diferença
de concentração.

Os detectores passivos ou por difusão são pequenos, não contêm peças que se
deslocam e são usados para obter amostras de ambos os poluentes, orgânicos e
inorgânicos. A maioria dos detectores de compostos orgânicos utiliza carvão vegetal
ativado como um meio para coletar a amostra. Em teoria, qualquer composto pode

116
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

ser amostrado, utilizando-se um tubo com carvão vegetal adsorvente e uma bomba;
poderá sê-lo usando um detector de amostragem passiva. Esses detectores têm uma
geometria desenhada para alcançar uma velocidade de amostragem efetiva.

A amostragem começa por meio da remoção da tampa do detector e termina quando


esta retorna à sede do amostrador e lacrado para não adsorver outros agentes durante
o transporte. A maioria dos detectores de difusão é suficientemente precisa para
determinar exposições médias ponderadas ao longo de oito horas, mas não é adequada
para exposição de curta duração.

Há uma variedade de gases e vapores dispersos com uma taxa conhecida de difusão
no ar, por um processo físico, em que ocorre uma difusão gasosa ou permeação sem
o movimento ativo do ar (fluxo). Em outras palavras, as moléculas passam de uma
área de concentração mais alta para uma mais baixa – do ambiente para a membrana
absorvente do amostrador passivo. A concentração dos gases e vapores no ar é
semelhante à concentração dentro do amostrador baseado na lei de Fick.

Figura 60. Amostrador passivo.

Fonte: SKC, 2010.

Lei de Fick

Taxa de difusão = D (cm2/seg) x A (cm2)/L(cm) (24)

Em que:
D = Coeficiente de difusão (cm2/sec) e D é dependente da amostra do gás/vapor.
A = Área do amostrador (cm2).
L = Espessura do amostrador (cm).
A e L são dependentes da geometria do amostrador.

117
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL

É muito importante saber como a taxa de absorção é determinada, isso auxiliará na


representatividade da medição. O cálculo matemático é baseado no coeficiente de
difusão, isso é específico em função do agente químico. A medição do agente químico é
determinada pela taxa de absorção e validação do método. A variável na análise será o
tempo de amostragem, ou seja, o tempo que o coletor ficou preso no trabalhador.

Figura 61. Amostrador Passivo (3M).

Fonte: Do autor, 2015.

A escolha do aparelho fica a critério de quem fará a coleta. Cabe destacar que a
amostragem passiva pode ser mais cara do que a amostragem ativa, visto que os
amostradores utilizados no processo têm um custo mais alto. Em compensação, a
amostragem passiva dispensa o uso da bomba (não tem investimento inicial), que
deve ser calibrada corretamente, pode apresentar falhas durante a coleta, entre outros
problemas. O amostrador passivo pode ser usado em áreas classificadas, como, por
exemplo, terminais de combustíveis.

Figura 62. Monitor Passivo.

Fonte: Do autor, 2017.

118
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

Figura 63. Coletor Aberto.

Fonte: Do autor, 2017.

Você deverá pesquisar o método NMAM 1501 (PENDERGRASS, 2003) de coleta


e análise do hidrocarboneto aromático do NIOSH Manual of Analytical Methods
(NMAM), pesquise na biblioteca virtual do CDC (https://www.cdc.gov/niosh/
docs/2003-154/pdfs/1501.pdf ).

Você deseja realizar uma coleta do Grupo A com Benzeno, Tolueno e Xileno
empregando um TCA 100/50 com uma bomba de amostragem com 0,20 L/
min. Pergunta: qual o tempo mínimo e máximo de coleta para esses agentes
químicos em um mesmo tubo TCA?

Observe que esta tabela fornece o fluxo máximo ≤ 0,20 L/min (menor ou igual a
0,20 litros por minuto) para os agentes químicos B/T/X. A bomba está regulada
para uma vazão de 0,20 L/min, ou seja, atende ao limite máximo de fluxo.

Visualizemos os volumes mínimos e máximos permitidos pelo método:

Tabela 30. Relação Agente químico x Volume Mínimo e Máximo.

Agente Químico Volume Mínimo (L) Volume Máximo (L)


Benzeno 05 30
Tolueno 01 08
Xileno 02 23

Fonte: Do autor, 2018.

Usando uma vazão de 0,20 L/min, em quanto tempo chegaremos aos volumes
mínimos e máximos? Vamos dividir o volume pela vazão e encontraremos o
resultado:

» Tempo (min.) = Volume (L)/Vazão (L/min.) (25)

119
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL

» Tempo Mínimo (Benzeno) = 5L/0,20 L/min. (26)

» Tempo Mínimo (Benzeno) = 5L/0,20 L/min (27)

Usando como referência a vazão da bomba de 0,20 L/min, encontraremos os


seguintes tempos mínimos e máximos de coleta dos agentes químicos:

Tabela 31. Relação Agente Químico x Volume Mínimo e Máximo x Tempo Coleta.

Agente Volume Tempo Volume Tempo


Químico Mínimo (L) Mínimo (min) Mínimo (L) Máximo (min)
Benzeno 05 25 05 150
Tolueno 01 5 01 40
Xileno 02 10 02 115

Fonte: Do autor, 2018.

Usando a vazão de 0,20 L/min para os três agentes químicos, encontramos uma
faixa ótima de tempo entre 25 minutos e 40 minutos de coleta do ar atmosférico
com os agentes químicos.

Tabela 32. Correlação tempo de coleta x agente químico.

Tempo (min) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170
Benzeno

Tolueno
Xileno

Fonte: Do autor, 2019.

Está claro que, caso seja feita a coleta do ar atmosférico para análise, por
exemplo, exclusiva do Benzeno, se poderia usar um tempo de 25 a 150 minutos.

Que tipo de erro o profissional prevencionista poderia cometer em uma coleta de


vapores orgânicos aromáticos dos agentes químicos em um posto de gasolina, por
exemplo? Usar um tempo muito pequeno de coleta, ou seja, coletar apenas 20 minutos
e não atingir o volume mínimo de ar necessário ao agente químico benzeno.

Dessa maneira, não haveria quantidade suficiente de benzeno coletada no TCA 100/50
mg, e o resultado apresentado pelo laboratório seria o Limite de Quantificação (LQ).

O Limite de Quantificação (LQ) representa o menor valor determinado com


confiabilidade analítica definida, em que o agente químico esteja dentro da
sensibilidade normal do equipamento ou da técnica. Representa a menor concentração
do agente químico, que pode ser determinada em um nível aceitável de exatidão e

120
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

precisão (ALBANO; RAYA-RODRIGUES, 2015). Isso não significa que o resultado é


zero, mas que o método empregado não conseguiu quantificar o agente químico em
questão. Por isso, o resultado é expresso em menor que LQ (<LQ).

Converse com o responsável técnico do laboratório que você tem confiança, envie
suas amostras para análise química e pergunte qual o LQ do método empregado. Para
agentes químicos tóxicos ou carcinogênicos, como o benzeno, muito cuidado quando
o resultado fornecido for <LQ, os higienistas ocupacionais logo informam “deu zero”.
Não é isso que significa LQ. Recomenda-se aumentar o volume coletado ao máximo
desse agente em especial.

Nesse exemplo que estamos analisando dos agentes químicos BTX, caso
aumentássemos o tempo de coleta para 150 minutos, estaríamos excedendo o volume
de coleta de Tolueno e Xileno. Portanto, quando estamos coletando simultaneamente
os agentes químicos BTX, devemos respeitar os volumes mínimos e máximos previstos
no método. Caso precisemos aumentar o tempo de coleta, obrigatoriamente, vamos
diminuir a vazão da bomba de coleta.

121
CAPÍTULO 2
Técnicas de amostragens

O profissional prevencionista deve estar preocupado em como proceder na


amostragem para que ela realmente represente a realidade da atividade laboral.
Amostragens no início ou no final dos turnos podem indicar uma realidade diferente
do meio.

Portanto, devemos observar o Tipo de Coleta, Número e Tipo de Amostra,


Tempo de Coleta e Equipamento Utilizado. O ideal seria que todos os
trabalhadores fossem amostrados, mas o custo torna isso inviável. O período da
amostragem também interfere, como manhã, tarde ou noite.

Seleção do tipo de coleta


Precisamos montar o nosso plano de amostragem, daí vem a seguinte pergunta: será
uma amostragem individual, ou seja, no trabalhador, ou de área, fixo em um local?
Existem duas formas de realizar a coleta do agente químico.

Qual o melhor local para posicionar o equipamento de amostragem? Se o profissional


prevencionista considerar que há um local que pode representar o melhor espaço de
exposição ao agente químico para se verificar a eficiência das medidas de controle,
deverá ser nele o posicionamento do coletor, o resultado representará todo o ambiente.

Figura 64. Coleta de poeira no local.

Fonte: Do autor, 2004.

É preciso ter cuidado para não superestimar o nível de exposição, porque aquele local
pode ser onde há maior concentração de agente químico. Ou o contrário, o aparelho
coletor pode ser colocado em uma área distante da fonte, não sendo nem um posto de
trabalho, ele, assim, pode apresentar resultado muito abaixo da realidade.

122
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

Da mesma forma, o trabalhador não permanece em um único local, mudando de


setores, ou se desloca constantemente entre várias máquinas dentro do mesmo local
de trabalho. Na seleção dos trabalhadores para coleta individual, deve-se caracterizar
e selecionar o trabalhador de maior risco para cada atividade.

Como realizar a coleta do agente químico se ocorre esse deslocamento? Podem-


se colocar aparelhos coletores em cada máquina e fazer uma média temporal de
permanência em cada equipamento.

Figura 65. Coleta de poeira no trabalhador.

Fonte: Do autor, 2006.

É possível, mas representará a realidade desses trabalhares em um dia normal de


trabalho? Podemos errar na estimativa de tempo em cada máquina ou setor. Portanto,
o mais indicado é a coleta com o equipamento preso no trabalhador durante suas
atividades laborais. Lembrando sempre da posição do coletor em um raio de 30 cm na
zona respiratória do trabalhador.

Seleção dos trabalhadores de maior risco

Para a identificação desses trabalhadores, é necessário observar a sua proximidade


com relação à fonte geradora do agente químico, o tempo de exposição, a sua
mobilidade, as diferenças em hábitos operacionais e a movimentação do ar no
ambiente de trabalho.

Seleção aleatória de trabalhadores dentro de GES

Quando não for possível caracterizar e selecionar um trabalhador de maior risco para
cada atividade, define-se, estatisticamente, um subgrupo de tamanho adequado dentro
de um grupo de exposição similar, de tal maneira que essa amostra aleatória tenha

123
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL

elevada probabilidade de incluir pelo menos um trabalhador com alta exposição. A


seleção desse subgrupo de trabalhadores pode ser realizada conforme a tabela a seguir:

Figura 66. Tamanho do subgrupo de trabalhadores que contém, pelo menos, um

trabalhador com alta exposição.

N n N n
8 7 18-20 13
9 8 21-24 14
10 9 25-29 15
11-12 10 30-37 16
13-14 11 38-49 17
15-17 12 50 18
Em que:
N = número total de trabalhadores do GES.
n = tamanho do subgrupo, se N < 8 amostrar todos os trabalhadores.

Fonte: LEIDEL, 1977; 2005.

Tempo de coleta

O tempo de duração da coleta de cada amostra de ar deve ser o necessário para


amostrar um volume de ar adequado e obter a quantidade de material particulado
dentro da faixa de trabalho do método de análise a ser utilizado. A técnica da
gravimetria possui duas metodologias previstas para a coleta de aerodispersoide:

» NMAM 0600 (NIOSH Nº 0600, 1984) – PNOS/PNOC – respirável.

» NMAM 0500 (NIOSH Nº 0500, 1994) – PNOS/PNOC – total (inalável).

O método 0500 – Total prevê um volume mínimo de 7 L e máximo de 133 L, com


uma vazão de bomba de amostragem de 1 a 2 L/min. O método define, para um nível
de exposição de 1 a 20 mg/m³, que devem ser coletados 100 litros de ar atmosférico.
Usando-se 133 litros, que é o volume máximo a 1 L/min, teremos 133 minutos de coleta.
Dobrando a vazão da bomba de amostragem, teremos 66 minutos de tempo de coleta.

O método 0600 – Respirável prevê um volume mínimo de 20 L e máximo de 400 L,


com uma vazão de bomba de amostragem de 1,7 L/min (Ciclone de Nylon), 2,2 L/min
(Ciclone HD) e 2,5 L/min (ciclone SKC). O método define, para um nível de exposição
de 0,5 a 10 mg/m³, que devem ser coletados 200 litros de ar atmosférico. Usando-se
400 litros, que é o volume máximo a 2,5 L/min (Ciclone SKC), teremos 160 minutos de
coleta. Nessa técnica, não podemos alterar a vazão da bomba de amostragem, apenas
se alterássemos o equipamento de coleta.

124
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

Sabemos que os métodos analíticos possuem tempo máximo e mínimo de coleta do


aerodispersoide, variando de minutos a horas o tempo de amostragem. Sabemos,
ainda, que o tempo de exposição do trabalhador é de oito horas, por exemplo. Dessa
forma, se realizarmos uma coleta de poeira com 120 minutos em 480 minutos de
trabalho se estará avaliando apenas 25% do tempo de exposição.

A NHO 8 define que o período total de coleta deverá corresponder a, pelo menos,
70% da jornada diária de trabalho. Portanto, para um TWA de 480 minutos, e
considerando, no mínimo, 70% da jornada, seria obrigatório que a amostragem
durasse 336 minutos de coleta. Essa coleta pode ser realizada de forma contínua ou
dividida em três períodos de 112 minutos cada.

Chegamos às definições de quantidade de amostras, a saber:

Amostra única de período completo (A): uma única amostra de ar atmosférico


é coletada continuamente, cobrindo um período de coleta correspondente à jornada
diária de trabalho.

Amostras consecutivas de período completo (A+B+C): várias amostras de


ar são coletadas continuamente, cobrindo um período de coleta correspondente à
jornada diária de trabalho.

Amostras consecutivas em período parcial (A+B+C): uma única amostra de ar


é coletada continuamente ou várias amostras de ar são coletadas cobrindo um período
de coleta que deverá corresponder à 70% da jornada diária de trabalho.

Figura 67. Amostras por período.

Fonte: FUNDACENTRO, 2017.

125
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL

Amostras aleatórias ou grab sample (A+B+C+D+E): são várias amostras


aleatórias com tempo de coleta reduzido que, somadas e divididas pelo número
de amostras, podem gerar uma média do nível de exposição. Essa técnica permite
conhecer os valores máximos ou mínimos, especialmente quando há agentes químicos
com Valor Teto (TLC-C).

O tempo de coleta dos agentes químicos pode influenciar na qualidade dos resultados
dos níveis de exposição, tais como: uma coleta de poeira com 120 minutos pela tarde,
quando o processo produtivo é mais intenso pela manhã, gerará resultados abaixo do
esperado. Fica claro, assim, que as amostragens (única ou múltiplas) cobrindo toda a
jornada diária de trabalho são muito mais representativas.

É importante ter muito cuidado nas amostras em que o nível de exposição do ambiente
laboral seja elevado, porque é possível saturar/entupir os coletores, desperdiçando a
amostra. Isso aconteceu com este autor na indústria de cimento, especificamente nos
moinhos de bolas, e na construção civil, com gesseiros lixando o teto.

As vazões das bombas de amostragens, tanto no início da coleta quanto ao final,


devem estar muito próximas, sendo permitido, no máximo, uma variação da vazão de
5% (cinco por cento) (FUNDACENTRO, 2017). Isso significa que, além das bombas de
amostragem, você deverá ter consigo o calibrador primário das bombas.

Analisador de gases

Segundo a norma ABNT NBR ISSO/IEC 17.025, “validação de método é a confirmação


por exame e fornecimento de evidência objetiva de que os requisitos específicos para
um determinado uso pretendido são atendidos”.

Figura 68. Enchimento de Botijão GLP.

Fonte: Do autor, 2010.

126
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

Uma das situações comuns no trabalho de higienista ocupacional é a necessidade


de realizar a avaliação ambiental de um trabalhador em uma unidade de envaze de
botijões de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), muito usado nas cozinhas. Nesse caso,
o GLP é um asfixiante simples, previsto no Anexo 11 da NR 15, em que o parâmetro de
controle não é a concentração do GLP, mas, sim, a concentração do gás oxigênio (O2).

Dessa maneira, utiliza-se um oxímetro, ou seja, um aparelho que detecta a


concentração do oxigênio no ar atmosférico. Como ele funciona?

Os medidores de gases usam sensores ou células eletroquímicas que utilizam o


princípio da ponte de Wheatstone. A ponte de Wheatstone é um circuito elétrico
formado por quatro resistores (R1 a R4) em equilíbrio.

De um lado da ponte, passa o gás de referência, do outro lado, o gás a ser analisado.
A diferença de potencial elétrico (G) em volts ocorrerá quando a concentração entre o
gás de referência for diferente do gás avaliado, dessa maneira pode-se fazer a leitura
da concentração.

Figura 69. Ponte de Wheatstone.

Fonte: ESCOLA, [S.d.].

Por isso, os fabricantes dos aparelhos pedem para ligar os equipamentos fora do local
de medição, pois o gás de referência, em que, muitas vezes, é o próprio ar, contém
20,9% de oxigênio. Se no local a concentração estiver diferente, durante o “Auto Zero”,
haverá um erro de ajuste.

127
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL

Figura 70. Medidor de oxigênio no ar atmosférico.

Fonte: Do autor, 2000.

No momento do uso dos analisadores de gases, mantêm-se sempre os aparelhos


guardados nos “cases”, em locais secos, abrigados do sol, e evitam-se impactos
e quedas. Os sensores são sensíveis e, muitas vezes, podem ser envenenados ou
contaminados por solventes, tais como: álcool etílico.

Além disso, os aparelhos devem ser calibrados anualmente em laboratórios


credenciados, o profissional deve ter o cilindro de aferição para garantir que o aparelho
está respondendo adequadamente. Chama-se de PUMP TEST quando se passa o gás
de aferição no aparelho e se confirma seu correto funcionamento, isso é obrigatório na
NR 33 – espaço confinado.

Em locais com geração de gases, como, por exemplo, restaurantes e cozinhas,


frequentemente encontra-se o monóxido de carbono (CO), produzido na queima
incompleta do GLP. A chama é azul, quando a queima produz vapor de água e gás
carbônico (CO2); quando o fogão não está adequadamente regulado ou a qualidade
do gás é duvidosa, obtém-se uma chama amarelada, com a produção do monóxido
de carbono.

Por isso, em locais onde pode existir a presença de monóxido de carbono, deve-se,
antes, fazer o levantamento ambiental desse agente químico.

128
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

Figura 71. Determinação de monóxido de carbono (CO).

Fonte: Do autor, 2008.

Nas imagens, observam-se a cozinheira e, ao seu lado, uma prevencionista segurando


o aparelho de detecção de monóxido de carbono na zona respiratória da trabalhadora.
A zona respiratória do trabalhador está dentro de um círculo de raio de 30 cm a partir
da boca e/ou nariz, é onde devemos manter o aparelho durante as amostragens.

Gravimetria

A técnica da gravimetria é bastante empregada, nela precisamos coletar agentes


químicos na forma de pós, poeiras e fumos. Ela já foi detalhada anteriormente; assim,
vamos à parte prática.

129
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL

Figura 72. Trabalhador realizando solda chumbo – estanho (Pb-Sn).

Fonte: Do autor, 2016.

Nesse exemplo, temos uma atividade de soldagem, em que o coletor do agente químico
é posicionado na zona respiratória do trabalhador (círculo vermelho) e permanece
junto a seu corpo durante o período laboral, respeitando, no mínimo, 75% do tempo
de atividade, conforme prevê a NHO 8 da Fundacentro.

Na fotografia acima, observe os fumos metálicos (círculo amarelo) subindo


(tecnicamente, não falamos a palavra “fumaça”). Há um aparelho criando um fluxo
de ar e afastando os fumos da zona respiratória do trabalhador. Isso é um exemplo
perfeito de um Equipamento de Proteção Coletiva (EPC).

Outro exemplo de gravimetria com atividades com geração de fumos metálicos, em


que citamos o soldador, é o a seguir. Lembre-se de que podemos avaliar o total de
fumos presentes no ar atmosférico para o agente químico ferro, mas também podemos
pedir ao laboratório químico para “abrir” a amostra e analisar outros agentes químicos
na liga de solda, tais como: manganês, silício, cromo, níquel, chumbo e até mercúrio.

Figura 73. Soldador.

Fonte: Do autor, 2012.

130
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

Tubos colorimétricos

Os tubos colorimétricos consistem em um sistema de medição de leitura direta


que se emprega para quantificar gases e vapores presentes no ar atmosférico. Seu
funcionamento se baseia no princípio da mudança de cor do reagente químico
presente dentro do tubo de vidro quando o ar atmosférico com o agente químico em
questão é coletado.

Por exemplo, o agente químico amônia (NH3) é avaliado, o fabricante de tubos


colorimétricos pode utilizar o ácido fosfórico (H3PO4), que reage para fosfato de
amônio ((NH4)3PO4), mudando de cor de púrpura para bege, conforme a seguinte
reação química:

3NH3 + H3PO4 → (NH4)3PO4 (26)

Os tubos colorimétricos são práticos, indicados para identificar agentes químicos com
efeitos agudos, baratos, quando comparados a outros métodos de análise, possuem
leitura simples e o resultado é imediato e sem necessidade de envio para laboratório.

No entanto, os tubos colorimétricos possuem uma baixa precisão, com erro de até
25%, necessitam da presença do profissional, podem sofrer interferência de outros
contaminantes e seu limite de quantificação é elevado quando comparamos aos TCAs.
Apresenta-se, em sequência, uma parte adaptada da ficha técnica da empresa R.A.E.
Systems, fabricante do tubo para detecção de amônia (NH3) n. 10-100-15.

Figura 74. Data Sheet Amônia (NH3).

Faixa Estendida Faixa Padrão Faixa Estendida


Faixa (ppm) 12 - 250 25 - 500 250 - 1000
N. bombadas (strokes) 2 1 0,5
Volume da amostra (ml) 200 100 50
Tempo de amostragem (min) 2x1 1 1
Fator de Correção 0,56 1 2
Fonte: Do autor (adaptado).

Observe, por exemplo, a faixa de trabalho do tubo colorimétrico, que varia de 12 a


1.000 ppm de gás amônia, em função do volume de ar atmosférico coletado. O volume
padrão de ar atmosférico que passará pelo tubo colorimétrico é de 100 ml (cem
mililitros), isso equivale a uma “bombada” ou, em inglês, “Pump Strokes”. Portanto,
quando estiver gravado no tubo n=1, isso significa que deverá passar 100 ml de ar ou
uma bombada ou um “stroke”.

131
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL

Como funciona o sistema de coleta pelos tubos colorimétricos? O tubo colorimétrico


empregado tem de ser específico para o agente químico. É preciso saber ou ter noção
do agente químico que se deseja amostrar. Não existe um tubo universal que analisa
todos os agentes químicos.

A haste presente na bomba, que lembra uma bomba de encher pneu de bicicleta,
deverá ser puxada para traz para sugar o ar que passará no tubo colorimétrico. Observe
o número de bombadas definido nesse tubo. No “data sheet” da amônia apresentado
anteriormente, para avaliar entre 25 e 500 ppm, deve-se dar uma bombada (círculo
vermelho). Feito isso, não ocorrendo alteração da cor dentro do tubo, repete-se a
operação, duas bombadas no total (seta azul), passam-se 200 ml de ar atmosférico
no tubo e a escala de leitura fica de 12 a 250 ppm.

Figura 75. Bomba de amostragem + tubo.

Fonte: Do autor, 2005.

O tubo colorimétrico específico será quebrado nas duas pontas e conectado à bomba
de sucção, é necessário prestar atenção na seta gravada mostrando o sentido do fluxo.

Se mesmo assim não ocorrer a mudança de cor dentro do tubo, não informe que a
leitura deu “zero”, mas sim que o resultado é menor que 12 ppm. Esse é o mesmo
detalhe do limite de quantificação (LQ) que discutimos em momento anterior quando
estudamos amostragem ativa/passiva.

Figura 76. Avaliação em frentista.

Fonte: Do autor, 2005.

132
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

Lembre-se da “zona respiratória” do trabalhador avaliado com um raio de 30 cm


na origem do nariz + boca. Nessa região, deverá ficar posicionada a ponta do tubo
colorimétrico que coleta o ar atmosférico.

Neste exemplo prático em uma laboratório químico, observamos dois tubos de ácido
sulfúrico, um todo amarelo (sem mudança de cor) e outro rosado. Qual resultado você
apresentaria na sua avaliação ambiental?

Figura 77. Tubos colorimétricos usados.

Fonte: Do autor, 2015.

O tubo colorimétrico sem alteração de cor (tubo de baixo) tem seu resultado
interpretado como no limite de quantificação que seria de 0,5 mg/m3. Esse é o menor
resultado que se pode apresentar no laudo, ou seja, menor que 0,5 mg/m3 (< 0,5
mg/m3). Enquanto o outro passou de amarelo para rosa, mas não há uma fronteira
bastante clara se a leitura está em 1 mg/m3. O profissional assumirá sempre o valor
dessa maneira e utilizará 1 mg/m3. Não se deve usar uma régua e tentar achar um
número intermediário entre 0,5 e 1, o resultado é 1 mg/m3.

É possível, também, dobrar as bombadas e passar o dobro do volume do ar atmosférico


pelo tubo colorimétrico. Dessa maneira, a escala é dividida por dois, ou seja, o limite
de quantificação do método será de 0,25 mg/m3 em vez de 0,5 mg/m3. Isso será
permitido se o fabricante previr maior ou menor volume de ar no tubo colorimétrico.

Considerações finais

Segundo a OIT, o Brasil é o quarto país do mundo em acidentes de trabalho com óbito,
localiza-se atrás de China (1º), Estados Unidos (2º) e Rússia (3º). Em 2017, houve
quase duas mil mortes. Nesse contexto, é de se imaginar os trabalhadores que laboram
expostos a agentes químicos e que, muitas vezes, podem adquirir patologias que se
manifestarão anos após a exposição. Em longo prazo, existem as pneumoconioses
relacionadas ao sistema respiratório e as leucopenias e plaquetopenias, ao sistema
hematopoiético.

133
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL

A atuação do profissional prevencionista, nesse sentido, orientando os empresários


sobre as consequências da exposição sem o devido controle e propondo as melhorias
imediatas ou emergências com os EPIs, mas não se esquecendo dos projetos de
proteções coletivas, é essencial. Às vezes, o trabalho para concretização de mudanças
nos processos não é fácil, em razão do envolvimento de custos. Um sistema de captura
de poeira de madeira, por exemplo, é caro na instalação e, por isso, certamente haverá
resistência do empresário.

A área prevencionista oferece inúmeras oportunidades para aprendizado e


crescimento, justificativa para a dedicação do profissional em formação. Não desista e
persista no longo caminho desses estudos.

Saudações prevencionistas!

134
Glossário

ACGIH – American Conference of Governmental Industrial Hygienists, em


português, Conferência Governamental Americana de Higienistas Industriais.
AIHA – American Industrial Hygiene Association, em português, Associação
Americana de Higienistas Industriais.
DOL – U.S. Department of Labor, em português, Ministério do Trabalho Americano.
HI – Higiene Industrial.
HO – Higiene Ocupacional.
HT – Higiene do Trabalho.
ICOH – International Commission on Occupational Health, em português, Comissão
Internacional de Saúde Ocupacional.
ILO – International Labor Organization, em português, Organização Internacional
do Trabalho.
IOHA – International Occupational Hygiene Association, em português, Associação
Internacional de Higienistas Ocupacionais.
LEO – Limite de Exposição Ocupacional.
MAC – Maximum Allowable Concentrations, em português, Concentração Máxima
Permitida.
NCGIH – National Conference of Governmental Industrial Hygienists, em português,
Conferência Governamental de Higienistas Industriais.
NIOSH – National Institute of Occupational Safety and Health, em português,
Instituto Nacional de Saúde e Segurança Ocupacional.
NWHO – World Health Organization, em português, Organização Mundial da Saúde.
OEL – Occupational Exposure Limits, em português, Limites de Exposição
Ocupacional.
OIT – Organização Internacional do Trabalho.
OSHA – Occupational Safety and Health Administration, em português,
Administração de Segurança e Saúde Ocupacional.
TLVs® – Threshold Limit Values, em português, Limites de Exposição Ocupacional.

135
Referências

AGENCY FOR TOXIC SUBSTANCES AND DISEASE REGISTRY. 2019. Disponível


em: https://www.atsdr.cdc.gov/substances/index.asp. Acesso em: 12 nov. 2019.

ALBANO, F. de M.; RAYA-RODRIGUES, M. T. Validação e garantia da qualidade


de ensaios laboratoriais. 2. ed. Porto Alegre, RS: Rede Metrológica, 2015.

ALLI, B. O. Fundamental principles of occupational health and safety.


Geneva: [s.n.], 2008.

ALLI, C. S. M. et al. Análise via espectroscopia no infravermelho da sílica proveniente


da pirólise do bagaço de cana-de-açúcar. SBQ, pp. 1-2, 2005.

AMERICAN CHEMICAL SOCIETY. CAS REGISTRY and CAS Registry Number


FAQs. 2019. Disponível em: https://www.cas.org/support/documentation/chemical-
substances/faqs. Acesso em: 12 nov. 2019.

AMERICAN CONFERENCE OF GOVERNMENTAL INDUSTRIAL HYGIENISTS.


TLV®/BEI® Guidelines: under study. 2019. Disponível em: www.acgih.org/tlv-
bei-guidelines/documentation-publications-and-data/under-study-list. Acesso em: 12
nov. 2019.

AMERICAN CONFERENCE OF GOVERNMENTAL INDUSTRIAL HYGIENISTS.


Disponível em: https://www.acgih.org/. Acesso em: 12 nov. 2019.

AMERICAN INDUSTRIAL HYGIENE ASSOCIATION. Disponível em: https://www.


aiha.org/Pages/default.aspx. Acesso em: 12 nov. 2019.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE HIGIENISTAS OCUPACIONAIS. Disponível em:


http://www.abho.org.br/. Acesso em: 12 nov. 2019.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Disponível em: http://www.


abnt.org.br/. Acesso em: 12 nov. 2019.

BERNARD, C. Leçons sur les effets des substances toxiques et


médicamenteuses. Paris, France: J. B. Baillière et Fils, 1857.

BERNSTEIN, D. M. A biopersistência do amianto brasileiro por inalação.


Goiânia: [s.n.], 2005.

136
REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos


Recursos Naturais Renováveis. Conselho Nacional do Meio Ambiente. CONAMA.
2016. Disponível em: https://www.ibama.gov.br/component/tags/tag/conama.
Acesso em: 12 nov. 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Pneumoconioses. Brasília, DF: Ministério da Saúde,


2006.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 5: comissão interna de prevenção de


acidentes. Brasília, DF: MTE, 1978.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 7: programa de controle médico de


saúde ocupacional. Brasília, DF: MTE, 1978.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 9: programa de prevenção de riscos


ambientais publicação. Brasília, DF: MTE, 1978.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 15: atividades e operações insalubres.


Brasília, DF: MTE, 1978.

CANADIAN CENTRE FOR OCCUPATIONAL HEALTH AND SAFETY. OSH


Answers Fact Sheets. 2019. Disponível em: https://www.ccohs.ca/oshanswers/
hsprograms/occ_hygiene/occ_exposure_limits.html. Acesso em: 10 ago. 2019.

CAVALCANTI, C. Síntese do nitreto de silício pela amonólise do tetracloreto


de silício. 1994. 180 f. Instituto Tecnológico de Aeronáutica - ITA, 1994.

CHEMFINDER. CS ChemFinder SDK. 2019. Disponível em: http://www.


cambridgesoft.com/services/documentation/sdk/chemfinder/. Acesso em: 12 nov.
2019.

CHEMSPIDER. Search Chemspider. 2019. Disponível em: http://www.


chemspider.com/. Acesso em: 12 nov. 2019.

COBERTURAS LEVES. Telhas Fibrocimento. 2019. Disponível em: https://www.


coberturasleves.com.br/. Acesso em: 12 nov. 2019.

CORRÊA, M.; SALIBA, T. Manual prático de avaliação e controle de gases e


vapores - PPRA. 1. ed. São Paulo: Editora LTr, 2000.

CURADO, A. Tabela Periódica. Conhecimento Científico, 2019. Disponível em:


https://conhecimentocientifico.r7.com/tabela-periodica/. Acesso em: 12 nov. 2019.

DER. Manual de produtos perigosos. São Paulo: [s.n.], 2000.

137
REFERÊNCIAS

DU PLESSIS, J. L. Occupational exposure limits: Are we really protecting


the health of workers? Universidade de North-West, Potchefstroom, África do Sul,
2010.

EDITION, Fourth. SILICA, CRYSTALLINE by IR (KBr pellet). Methods, n.


method 7602, pp. 2-7, 2003.

ENGEL, C. et al. Pneumologia. v. 1. Rio de Janeiro: Medbros Editora Ltda., 2006.

ESOCIAL. Anexo II da NDE n. 1/2018 Tabelas Sumário. [S.l.]: [s.n.], 2018.

FRONDEL, C. The system of mineralogy: silica minerals. 7. ed. New York: John
Wiley & Sons, 1962.

FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO. Análise gravimétrica de aerodispersoides sólidos coletados
sobre filtros de membras NHO 3. 2001.

FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO. Calibração de bombas de amostragem individual pelo método
da bolha de sabão NHO 7. 1. ed. São Paulo: Fundacentro, 2002.

FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO


TRABALHO. Introdução à higiene ocupacional. 1. ed. São Paulo: Fundacentro,
2004.

FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA


DO TRABALHO. Coleta de material particulado sólido suspenso no ar de
ambiente de trabalho NHO 8. [S.l.]: [s.n.], 2017.

GOMES, L. S.; FURTADO, A. C. R.; SOUZA, M. C. A sílica e suas particularidades.


Rev. Virtual Quim., v. 10, n. 4, p. 4, 2018.

HARPER, M.; SARKISIAN, K.; ANDREW, M. Assessment of respirable crystalline


silica analysis using proficiency analytical testing results from 2003–2013. J Occup
Environ Hyg, 2016.

HARRIS, R. L.; CRAWLEY, L. J.; CRAWLEY. Patty’s Industrial hygiene and


toxicology. 1. ed. New York: John Wiley & Sons, 1998.

HELERBROCK, R. Ponte de Wheatstone. Brasil Escola. 2019. Disponível em:


https://brasilescola.uol.com.br/fisica/ponte-wheatstone.htm. Acesso em: 15 ago.2019.

138
REFERÊNCIAS

INSTITUTO NACIONAL DE SEGURIDAD E HIGIENE EN EL TRABAJO. Disponível


em: www.insht.es. Acesso em: 12 nov. 2019.

INTERNATIONAL AGENCY FOR RESERARCH ON CANCER. Asbestos


(Chrysotile, Amosite, Crocidolite, Tremolite, Actinolite, and
Anthophyllite) - IARC Monographs volume 100C. v. 1987, pp. 219–309,
2012. Disponível em: https://monographs.iarc.fr/wp-content/uploads/2018/06/
mono100C-11.pdf. Acesso em: 12 nov. 2019.

INTERNATIONAL AGENCY FOR RESERARCH ON CANCER. Disponível em:


https://www.iarc.fr/. Acesso em: 12 nov. 2019.

INTERNATIONAL COMMISSION ON OCCUPATIONAL HEALTH. Disponível em:


http://www.icohweb.org/site/homepage.asp. Acesso em: 12 nov. 2019.

INTERNATIONAL LABOR ORGANIZATION. Disponível em: https://www.ilo.org/


global/lang--en/index.htm. Acesso em: 12 nov. 2019.

INCA. Mesotelioma, você conhece esta doença? Rio de Janeiro: [s.n.], 2009.
Disponível em: http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/comunicacao/mesotelioma.
pdf. Acesso em: 12 nov. 2019.

INTERNATIONAL OCCUPATIONAL HYGIENE ASSOCIATION. Disponível em:


https://ioha.net/. Acesso em: 12 nov. 2019.

KOBERT, R. Compendium der praktischen Toxikologie zum Gebrauche für


praktische Ärtze und Studierende. Stuttgart: Enke, 1894.

LEIDEL, N. A. Manual de estratégia de amostragem. NIOSH, 2005.

LEIDEL, N. A.; BUSCH, K. A.; LYNCH, J. R. NIOSH Occ Exp Sampling Strat
Manual. [S.l.]: [s.n.], 1977.

LETAVET, A. A. Basic concepts for maximum allowable concentrations of toxic


substances. Pure and Applied Chemistry, v. 3, n. 1-2, pp. 21-23, 2008.

M.S. Vigilância em saúde de populações expostas a contaminantes


químicos. 2016.

NARLOCH, L. Quem construiu as pirâmides. Super Interessante, nov. 2002.


Disponível em: https://super.abril.com.br/historia/nem-ets-nem-escravos/. Acesso
em: 12 nov. 2019.

139
REFERÊNCIAS

NATIONAL INSTITUTE FOR OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH. Silica,


Crystalline by VIS: Method 7601. Manual of Analytical Methods, 4. ed., v. 7, n. 3,
pp. 2-7, 2003.

NATIONAL INSTITUTE FOR OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH. NIOSH


7500 SILICA, CRYSTALLINE, by XRD (filter redeposition). NIOSH Manual
of Analytical Methods, 4th Edition, v. 7, n. 4, pp. 1-9, 2003. Disponível em: https://
www.cdc.gov/niosh/docs/2003-154/pdfs/7500.pdf. Acesso em: 12 nov. 2019.

NATIONAL INSTITUTE FOR OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH. 0500.


Particulates not otherwise regulated, total. NIOSH Manual of Analytical
Methods, 4. ed., n. 2, pp. 1-3, 1994.

NATIONAL INSTITUTE FOR OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH. 0600.


Particulates not otherwise regulated, Respirable. NIOSH Manual of Analytical
Methods (NMAM), 1. ed., v. 1-6, 1984. Disponível em: http://www.mlss.gov.jm/
eoshd/data/nioshdbs/nmam/pdfs/0600.pdf. Acesso em: 12 nov. 2019.

NATIONAL INSTITUTE FOR OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH. NMAM -


NIOSH Manual of Analytical Methods. 2019. Disponível em: https://www.cdc.
gov/niosh/docs/2003-154/method-casall.html. Acesso em: 12 nov. 2019.

OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH ADMINISTRATION. Disponível em:


https://www.osha.gov/archive/oshinfo/priorities/pel.html. Acesso em: 12 nov. 2019.

OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH ADMINISTRATION. OSHA Annotated


Table Z-1. Disponível em: https://www.osha.gov/dsg/annotated-pels/tablez-1.html.
Acesso em: 12 nov. 2019.

OJIMA, J. Determining of crystalline silica in respirable dust samples by Infrared


Spectrophotometry in the presence of interferences. Journal of Occupational
Health, v. 45, n. 2, pp. 94-103, 2003.

OLIVEIRA, A. B. Melhoria do processo Hatschek, por meio de tratamento


de dados históricos, para fabricação de telhas onduladas. 2010. 100 f. Escola
Politécnica de São Paulo, 2010.

OLIVEIRA, A. de. Occupational Dermatosis. Continued Medical Education, v. 2,


n. 85, pp. 10, 2010.

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Organização Internacional


do Trabalho: escritório no Brasil. Disponível em: https://www.ilo.org/brasilia/lang-
-pt/index.htm. Acesso em: 12 nov. 2019.

140
REFERÊNCIAS

PENDERGRASS, S. M. Method 1501: Hydrocarbons, Aromatic. NIOSH Manual


of Analytical Methods, v. 127, n. 3, pp. 1-7, 2003. Disponível em: https://www.cdc.
gov/niosh/docs/2003-154/pdfs/1501.pdf. Acesso em: 12 nov. 2019.

QUESTÕES DE FISIO COMENTADAS. Alvéolos. 2019. Disponível em: https://


questoesdefisiocomentadas.files.wordpress.com/2014/05/alveolos.jpg. Acesso em: 12
nov. 2019.

RAMAZZINI, B. As doenças dos trabalhadores. [S.l.]: [s.n.], 2016.

RIPPLE, S. D. History of Occupational Exposure Limits. [S.l.]: IOHA Workshop,


2010.

RODRIGUES, P. E. Medicina na Grécia Antiga. InfoEscola, 2012. Disponível em:


https://www.infoescola.com/historia/medicina-na-grecia-antiga. Acesso em: 12 nov.
2019.

SÃO PAULO. Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Emergências


químicas. 2019. Disponível em: https://cetesb.sp.gov.br/emergencias-quimicas/
aspectos-gerais/perigos-associados-as-substancias-quimicas/oxidantes-e-perioxido-
organicos/. Acesso em: 12 nov. 2019.

SILVERMAN, L.; BILLINGS, C.; FIRST, M. Particle size analysis in industrial


hygiene. 1. ed. New York: Academic Press Inc., 1971.

SKC. Air sampling solutions & expertise. 2019. Disponível em: https://www.
skcinc.com/catalog/index.php. Acesso em: 12 nov. 2019.

SKOOG, D. A. Princípios de análise instrumental. 6. ed. [S.l.]: Bookman, 2009.

SOTO, J. M. G. et al. Norma Regulamentadora: um pouco de sua história e


considerações do grupo que a elaborou. São Paulo: ABHO, 2010.

SOTO, J. M. G. Riscos químicos. 1. ed. São Paulo: Fundacentro, 1989.

TORLONI, M. Manual de proteção respiratória. 1. ed. São Paulo: ABHO, 2003.

TORLONI, M. Programa de proteção respiratória: recomendações e uso de


respiradores. 4. ed. São Paulo: Fundacentro, 2016. Disponível em: http://www.
fundacentro.gov.br/biblioteca/biblioteca-digital/publicacao/detalhe/2016/6/
programa-de-protecao-respiratoria. Acesso em: 12 nov. 2019.

141
REFERÊNCIAS

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 24ª REGIÃO. História: a criação da


CLT. 2012. Disponível em: https://trt-24.jusbrasil.com.br/noticias/100474551/
historia-a-criacao-da-clt. Acesso em: 12 nov. 2019.

TSUCHIYA, K. E.; HARASHIMA, S. Lead exposure and the derivation of maximum


allowable concentrations and threshold limit values. British Journal of Industrial
Medicine, 1965.

UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY. Learn about


asbestos. 2019. Disponível em: https://www.epa.gov/asbestos/learn-about-
asbestos#effects. Acesso em: 12 nov. 2019.

UNITED STATES OF AMERICA. US Department of Labor. Disponível em: www.


dol.gov. Acesso em: 12 nov. 2019.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Disponível em: https://www.who.int/. Acesso


em: 12 nov. 2019.

Figuras
Figura 1. Tabela Periódica Clássica.
Figura 2. Tetraedro da Sílica.
Figura 3. Distribuição de Fração Inalável.
Figura 4. Distribuição de Fração Torácica.
Figura 5. Distribuição de Fração Respirável.
Figura 6. Poeira de Calcário.
Figura 7. Poeira de Madeira.
Figura 8. Fumos de Asfalto.
Figura 9. Fumos Metálicos .
Figura 10. Fumaça do Escapamento.
Figura 11. Névoa de Soda Cáustica.
Figura 12. Neblina de Água.
Figura 13. Abastecimento de Combustível.
Figura 14. Bancada de Diluição de Tinta.
Figura 15. Névoa Química + Vapor de Solvente.

142
REFERÊNCIAS

Figura 16. Chama amarela liberando CO.


Figura 17. Enchimento de Gás Liquefeito do Petróleo.
Figura 18. Anatomia respiratória.
Figura 19. Detalhes dos Alvéolos.
Figura 20. Cinzeiro da Caldeira.
Figura 21. Manutenção em Telhas FibroCimento.
Figura 22. Indústria do Algodão.
Figura 23. Tocha oxiacetileno.
Figura 24. “Bota Fora” na Construção Civil.
Figura 25. Pintor Automobilístico.
Figura 26. Dermatite Ocupacional.
Figura 27. Classe ONU 1.
Figura 28. Classe ONU 1.5.
Figura 29. Caminhão com Explosivo.
Figura 30. Classe ONU 2.
Figura 31. Carro Leve Transportando Cilindros.
Figura 32. Classe ONU 4.
Figura 33. Classe ONU 1.
Figura 34. Classe ONU 6.
Figura 35. Lixo Hospitalar.
Figura 36. Classe ONU 7.
Figura 37. Fonte de Amerício 241 (industrial).
Figura 38. Classe ONU 8.
Figura 39. Caminhão com Soda Cáustica.
Figura 40. Classe ONU 9.
Figura 41. Tanque de Óleo BPF ou OC-2A.
Figura 42. Bomba de Amostragem + Kit de baixa vazão (SKC).
Figura 43. Cassetes Coletores de Partículas.
Figura 44. Montagem Cassete triplo de PVC 37mm + Membrana PVC 5,0µm.
Figura 45. Dessecador de Vidro.

143
REFERÊNCIAS

Figura 46. Balança Analítica e Caixa de Pesos Padrões.


Figura 47. Bombas de Amostragens.
Figura 48. Calibrador de Bolha e Bomba de Coleta.
Figura 49. Medidor de Bolha Eletrônica.
Figura 50. Bureta de Bolha + Cassete Duplo.
Figura 51. Bureta de Bolha + Cassete Triplo.
Figura 52. Separadores de Partículas.
Figura 53. Ciclone (Princípio).
Figura 54. Conjunto completo para Coleta.
Figura 55. Cassete antes e depois da coleta.
Figura 56. Membranas após a coleta.
Figura 57. Superfícies sólida + moléculas de gás.
Figura 58. Amostragem de Formol.
Figura 59. KIT Impingers com Solução.
Figura 60. Amostrador Passivo.
Figura 61. Amostrador Passivo (3M).
Figura 62. Monitor Passivo.
Figura 63. Coletor Aberto.
Figura 64. Coleta de Poeira no Local.
Figura 65. Coleta de Poeira no Trabalhador.
Figura 66. Tamanho do subgrupo de trabalhadores que contém, pelo menos, um
trabalhador com alta exposição.
Figura 67. Amostras por Período.
Figura 68. Enchimento de Botijão GLP.
Figura 69. Ponte de Wheatstone.
Figura 70. Medidor de Oxigênio no Ar Atmosférico.
Figura 71. Determinação de Monóxido de Carbono (CO).
Figura 72. Trabalhador realizando solda Chumbo – Estanho (Pb-Sn).
Figura 73. Soldador.
Figura 74. Data Sheet Amônia (NH3).

144
REFERÊNCIAS

Figura 75. Bomba de Amostragem + Tubo.


Figura 76. Avaliação em Frentista.
Figura 77. Tubos Colorimétricos usados.

Tabelas
Tabela 1. Propriedades de Agentes Químicos.

Tabela 2. Tabela de Limites de Tolerância.

Tabela 3. Quadro no 2 do Anexo 11 da NR 15.

Tabela 4. Tabela de LT x FD.

Tabela 5. Asfixiantes Simples.

Tabela 6. % Oxigênio x Sintomas de Exposição.

Tabela 7. Agentes Químicos com Valor Teto (VT).

Tabela 8. Agentes Químicos com Absorção Cutânea.

Tabela 9. Agentes Químicos com Absorção Cutânea e Pele.

Tabela 10. NR 12.

Tabela 11. Correlação LEO NR 15 x TLV ACGIH.

Tabela 12. Correlação LEO NR 15 x TLV ACGIH.

Tabela 13. Tabela TLV ACGIH Estanho.

Tabela 14. Tabela TLV ACGIH Farinha (poeira).

Tabela 15. Tabela TLV ACGIH Ácido Sulfúrico.

Tabela 16. Tabela TLV ACGIH Sílica Cristalina (α-quartzo).

Tabela 17. Tabela PNOS ACGIH .

Tabela 18. Agentes Químicos.

Tabela 19. Agente Químico x CAS.

Tabela 20. Agente Químico x CAS x LT.

Tabela 21. Agente Químico x CAS x LT x TLV.

Tabela 22. Agente Químico x CAS x LT x TLV x NE.

145
REFERÊNCIAS

Tabela 23. Amostragem de Monóxido.

Tabela 24. Tamanho dos Aerodispersoides.

Tabela 25. Tecidos, Estruturas anatômicas, localização e doenças respiratórias


relacionadas.

Tabela 26. Relação entre Aerodispersoides e seus exames complementares.

Tabela 27. Pneumoconioses.

Tabela 28. Tabela com Número CAS.

Tabela 29. Critérios de classificação por ingestão oral, contato dérmico.

Tabela 30. Relação Agente Químico x Volume Mínimo e Máximo.

Tabela 31. Relação Agente Químico x Volume Mínimo e Máximo x Tempo Coleta.

Tabela 32. Correlação Tempo de Coleta x Agente Químico.

146

Você também pode gostar