Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
BASE LEGAL......................................................................................................................................... 11
CAPÍTULO 1
HISTÓRIA – COMO COMEÇOU............................................................................................... 11
CAPÍTULO 2
LEGISLAÇÃO NO MUNDO E NO BRASIL................................................................................... 20
CAPÍTULO 3
LEITURA E INTERPRETAÇÃO DA LEGISLAÇÃO............................................................................. 53
UNIDADE II
HIGIENE DO TRABALHO........................................................................................................................ 58
CAPÍTULO 1
HIGIENE DO TRABALHO – RISCO QUÍMICO.............................................................................. 58
CAPÍTULO 2
ROTAS DE ENTRADA E EXPOSIÇÃO AO RISCO QUÍMICO.......................................................... 67
CAPÍTULO 3
PATOLOGIAS DO RISCO QUÍMICO........................................................................................... 77
CAPÍTULO 4
OBTENDO INFORMAÇÕES SOBRE OS AGENTES QUÍMICOS...................................................... 84
UNIDADE III
AVALIAÇÃO AMBIENTAL........................................................................................................................ 99
CAPÍTULO 1
HIGIENE DO TRABALHO – RISCO QUÍMICO.............................................................................. 99
CAPÍTULO 2
TÉCNICAS DE AMOSTRAGENS............................................................................................... 122
GLOSSÁRIO.................................................................................................................................... 135
REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 136
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e
reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio.
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas
conclusões.
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
6
Introdução
7
encontrarmos a expressão higiene do trabalho (HT). Nesta disciplina, usaremos a
terminologia brasileira higiene do trabalho (HT) (grifo nosso).
Objetivos
Os objetivos gerais da higiene do trabalho (HT), definidos pela Associação Americana
de Higienistas Industriais (AIHA, 2000), especificamente com foco no risco químico,
são: “antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos originais nos locais
de trabalho, que podem prejudicar a saúde e o bem-estar dos trabalhadores, tendo em
vista também o possível impacto nas comunidades vizinhas e no meio ambiente”.
8
Nesse sentido, alguns objetivos específicos deste conteúdo são:
9
10
BASE LEGAL UNIDADE I
Nesta unidade, você aprenderá a base legal, início dos estudos da legislação dos
agentes químicos, limites em exposições ocupacionais e limitações técnicas.
CAPÍTULO 1
História – como começou
11
UNIDADE I │ BASE LEGAL
O filósofo, professor e médico Hipócrates (460 – 380 a.C.) observou que as doenças
ocorriam como resultado de alterações do corpo, ele baseava-se na observação de
sintomas e propunha diagnóstico e tratamento (RODRIGUES, 2012). Foi Hipófises
que descreveu as doenças dos artífices do mármore expostos à poeira. Nesse cenário,
também podemos inferir que havia muitos acidentes de trabalho com os construtores
dos templos e palácios gregos, artificies, carregadores e pedreiros, por exemplo.
A revolução industrial
1. manual;
2. familiar;
3. generalista.
12
BASE LEGAL │ UNIDADE I
1. mecanizado;
2. cooperativista ou organizacional;
3. especializado.
Imagine como era o ambiente laboral nesse período. A carga horária era elevada, de 12
a 16 horas por dia. Não havia período de descanso nem folga, por isso os trabalhadores
nem voltavam para suas casas. Nesse período, trabalhavam juntos homens, mulheres e
crianças. Nesse cenário, havia um ambiente de trabalho sujo, quente, escuro, ruidoso,
perigoso, insalubre, com a ocorrência de diversos acidentes de trabalho.
Criação da OIT
13
UNIDADE I │ BASE LEGAL
De acordo com o professor Du Plessis (DU PLESSIS, 2010), foi na Alemanha, em 1883,
que se apresentou o primeiro Limites de Exposição Ocupacional – LEO (Occupational
Exposure Limits – OEL) para o monóxido de carbono (CO), gás presente no gás de
hulha ou gás de carvão, muito usado na iluminação pública do século XIX e na
metalurgia para a conversão do minério de ferro (Fe2O3) em ferro metálico.
14
BASE LEGAL │ UNIDADE I
ACGIH e a TLV®
Apenas em 1956 foi introduzido pela ACGIH o termo TLVs® (ACGIH, 2017), Threshold
Limit Values (Limites de Exposição Ocupacional). Em 1962, foi publicada a primeira
edição do manual de limites de exposição ocupacional – TLVs®. O termo TLV®-TWA
– Threshold Limit Values – Time Weighted Average – significa Limite de Exposição
Ocupacional – Média Ponderada no Tempo (LEO – MPT), valor médio ponderado no
tempo para oito horas/dia de trabalho (jornada diária de trabalho) e quarenta horas
semanais de trabalho (jornada semanal), que se acredita que os trabalhadores podem
ser expostos dia a dia, por toda a vida laboral, sem os efeitos adversos da exposição.
15
UNIDADE I │ BASE LEGAL
A ACGIH acrescenta que os TLVs® não são linhas divisórias entre condições seguras
e perigosas e adverte que os trabalhadores podem ainda estar sujeitos à exposição
dérmica, a agentes químicos anestésicos, irritantes, sensibilizantes, corrosivos e
carcinogênicos que não estão previstos nas TLVs®. Essa lista foi a conclusão do
trabalho desenvolvido nos últimos setenta anos. Atualmente no mundo, inclusive no
Brasil, são aceitos os valores de TLVs® da ACGIH, eles são revisados e publicados
anualmente desde 1947.
A ACGIH definiu que o termo TLV®-C – Threshold Limit Values – Ceiling, o qual
significa Limite de Exposição Ocupacional – Valor Teto (LEO – VT), é o valor máximo
que não deve ser excedido em momento algum da jornada de trabalho, mesmo que
instantaneamente. Além disso, definiu o termo TLV®-STEL – Threshold Limit Values
– Short-Term Exposure Limit – que significa Limite de Exposição Ocupacional –
Limite de Exposição de Curta Duração, valor máximo que não deve ser excedido por
mais de 15 minutos, com um período de intervalo de 60 minutos, e que não se pode
repetir por mais de quatro vezes no dia.
OSHA e a PELs
16
BASE LEGAL │ UNIDADE I
No Brasil, até o ano de 1978, não havia LEO ou “Limites de Tolerância” para as
substâncias químicas. Havia a Portaria nº 491, de 16 de setembro de 1965, com
trabalhos considerados insalubres, baseando-se somente no aspecto qualitativo do
agente químico; com a criação da Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978, a Portaria
nº 491 se tornou o Anexo 13 – Agentes Químicos (qualitativos).
17
UNIDADE I │ BASE LEGAL
Essa resposta é obtida no mesmo artigo técnico da Revista ABHO de setembro de 2010
à página 14:
[...]
18
BASE LEGAL │ UNIDADE I
Com esse relato, ficou claro que, em 1978, tinha-se grande deficiência de laboratórios
químicos brasileiros preparados para executarem as marchas analíticas adequadas
nas amostras dos agentes químicos coletados, por exemplo, por coletores ativos ou
passivos. Além disso, os números de tubos colorimétricos disponíveis no mercado
para aquisição eram muito aquém das grandes quantidades de agentes químicos no
mercado para serem avaliados no ambiente laboral. Um exemplo disso é que, até o
momento, não há tubos colorimétricos para os defensivos agrícolas.
19
CAPÍTULO 2
Legislação no mundo e no Brasil
Com efeito, os estudos dos LEO são baseados em substâncias simples ou isoladas e
resta a seguinte dúvida: e quando existirem misturas de substâncias? O caso mais
clássico é dos combustíveis, em que temos uma mistura de solventes orgânicos
alifáticos e aromáticos. Cada agente químico tem limites de exposição ocupacional
próprios, mas como ficaria o LEO, se ocorrer uma interação química entre eles. Os
impactos à saúde do trabalhador serão potencializados?
Há agentes químicos presentes nos ambientes laborais e com LEOs que também
geram efeitos adversos de curto e longo prazos no trabalhador, tais como: sedação, dor
de cabeça, efeito narcótico, irritação de vias aéreas e olhos, produtos carcinogênicos,
oncogênicos, teratogênicos e sensibilizantes.
20
BASE LEGAL │ UNIDADE I
Outras limitações dos LEOs são a não aplicabilidade a grupos mais suscetíveis, tais
como: mulheres grávidas, crianças e idosos. Pessoas com patologias imunodeficientes,
como o HIV e a tuberculose ocupacional. O LEO não protegerá grupos de trabalhadores
que tenham suscetibilidade pessoal ao agente químico presente, tais como pessoas
alérgicas a poeiras ou fumantes cujo sistema respiratório é sobrecarregado pelo uso do
tabaco.
Em 1978, foi definida na CLT uma jornada de 48 horas por semana, 8h 48 m por dia,
enquanto os americanos trabalhavam uma jornada de 40 horas por semana, 8 horas
por dia. Imagine os grupos de trabalhadores que realizam habitualmente horas extras
ou trabalhadores em escala que fiquem em turnos de 12h x 36h, ou seja, naquele
período de trabalho sempre excedem o limite de tempo de exposição previsto nas
premissas do LEO.
Ficou fácil de entender que o LEO das substâncias não consegue prever tantas
variáveis que certamente interferem na sua correlação, pois com frequência ele é
obtido em condições especiais em laboratório ou em ambiente controlado. No entanto,
esses desafios sempre estarão presentes em nossos trabalhos como profissionais
prevencionistas.
Condição IPVS
O valor máximo são concentrações dos agentes químicos que não podem ser
ultrapassados durante a jornada, pois acima do valor máximo – VM a exposição
é considerada uma situação de risco grave e iminente. Essa condição é chamada
de Imediatamente Perigoso à Vida e à Saúde (IPVS), corresponde, em inglês, a
21
UNIDADE I │ BASE LEGAL
e. o teor de oxigênio é menor que 12,5% ao nível do mar (PPO2 menor que
95 mmHg); ou
22
BASE LEGAL │ UNIDADE I
Unidade de medidas
Relação peso/volume
Relação volume/volume
Relação peso/peso
23
UNIDADE I │ BASE LEGAL
Transformação de unidades
ppm =
Valor em mg/m 3 x 24,45
massa molar da substância em gramas (4)
24
BASE LEGAL │ UNIDADE I
20,9% = Xppm
Observe que o “Limite de Tolerância” definido pela norma brasileira não é um limite
de segurança, pois ele informa que não “causará dano à saúde do trabalhador”, ou
seja, não estamos 100% garantidos. Não existe simplesmente uma fronteira reta, clara,
perfeita, que defina o dano à saúde do trabalhador.
25
UNIDADE I │ BASE LEGAL
empregado para os riscos químicos: gases, vapores, poeira, fumos, névoas e neblinas.
Oportunamente, faremos as definições dos riscos químicos e de seus agentes de risco.
Valor máximo
26
BASE LEGAL │ UNIDADE I
Portanto, como o “limite de tolerância” do álcool etílico de 780 ppm, seu respectivo
valor máximo será de 975 ppm.
Fator de Desvio – FD
Como podemos entender esse Fator de Desvio - FD? O fator de desvio é uma faixa de
erro que foi colocada no Anexo 11 da NR 15 para compensar o desvio das medições
ambientais. Lembre-se do ano de 1978, a única técnica prevista à época na nossa
legislação era a coleta por tubos colorimétricos. Olhando as especificações técnicas dos
fabricantes de tubos colorimétricos, observamos erro de até 25% por medição.
27
UNIDADE I │ BASE LEGAL
Imagine esse erro nos custos da obra de um prédio e no cálculo de uma viga. Dessa
maneira, o legislador, sabendo desse erro nas medições, colocou um elevado fator de
desvio nas concentrações mais baixa e foi reduzindo-o ao passo que a concentração
cresce. Na prática, ficou assim:
LIMITE DE TOLERÂNCIA
FATOR DE DESVIO Erro em %
(Anexo 11 da NR 15)
0 < LT < 1 ppm ou mg/m3 FD = 3x 300%
1 < LT < 10 ppm ou mg/m 3
FD = 2x 200%
10 < LT < 100 ppm ou mg/m 3
FD = 1,5x 50%
100 < LT < 1000 ppm ou mg/m3 FD = 1,25x 25%
1.000 < LT ppm ou mg/m3
FD = 1,1x 10%
Asfixiantes simples
29
UNIDADE I │ BASE LEGAL
» Hélio (He).
» Neônio (Ne).
» Argônio (Ar).
» Criptônio (Kr).
» Xenônio (Xe).
» Radônio (Rn).
Observe-se, ainda, na Tabela 5, que os gases inflamáveis estão presentes, tais como:
acetileno e hidrogênio. Por que eles estariam nessa classificação? Simples, se o gás
inflamável vazar no ambiente laboral e não entrar em combustão, consequentemente
ele deslocará o oxigênio e poderá provocar a morte do trabalhador por anóxia.
30
BASE LEGAL │ UNIDADE I
Valor teto
Absorção cutânea
Na Tabela 8, estão assinalados os agentes químicos que podem ser absorvidos por
via cutânea, exigindo na sua manipulação o uso de roupas impermeáveis e luvas
adequadas, além do EPI necessário à proteção de outras partes do corpo.
Benzeno + 8 24 Máximo
Fenol + 4 15 Máximo
Tolueno + 78 290 Máximo
Fonte: Anexo 11 da NR 15 (1978).
Cuidado, pois o Benzeno (círculo verde) não está mais no Anexo 11 da NR 15, desde 20
de dezembro de 1995. Ele está no Anexo 13-A da NR 15. O benzeno, em função da sua
elevada toxicidade e da possibilidade de gerar a anemia aplásica nos trabalhadores,
perdeu o LEO e recebeu o valor de referência tecnológico – média ponderada no tempo
(VRT-MPT). Recomendamos a leitura do Anexo 13-A da NR 15.
31
UNIDADE I │ BASE LEGAL
Substâncias tóxicas
São substâncias de efeito extremamente rápido e que podem ser absorvidas por via
cutânea. Na coluna “absorção pela pele”, estão assinalados os agentes químicos e
marcado o valor teto.
Essas substâncias possuem um LEO muito baixo, pois, além de possuírem valor teto,
têm absorção cutânea.
Asbestos
32
BASE LEGAL │ UNIDADE I
33
UNIDADE I │ BASE LEGAL
8
L.T.= mg/m 3
% quartzo + 2 (12)
2,5 75
3,5 50
5,0 25
10,0 0 (zero)
34
BASE LEGAL │ UNIDADE I
24
L.T.= mg/m 3
% quartzo + 3 (13)
Obs.:
1. Sempre será entendido que “quartzo” significa sílica livre cristalizada.
2. Os limites de tolerância fixados no item 5 são válidos para jornadas de
trabalho de até 48 horas por semana, inclusive.
3. Para jornadas de trabalho que excedem a 48 horas semanais, os limites
deverão ser deduzidos, sendo estes valores fixados pela autoridade
competente.
A sílica possui fórmula química (SiO2) com um arranjo cristalino na seguinte posição:
O silício (Si) em vermelho está ligado ao oxigênio (O) em azul produzindo um arranjo
tridimensional (SiO4)4-, em que outro silício se liga ao oxigênio, gerando uma malha
tridimensional.
35
UNIDADE I │ BASE LEGAL
Para saber qual o teor de sílica livre cristalizada na amostra, são realizadas análises
químicas, baseando-se nos procedimentos do Manual de Métodos Analíticos da
NIOSH (2000), a fim de determinar a porcentagem da sílica na forma de quartzo:
O elemento químico sílica analisado é o mesmo nos cinco métodos, mas com três
análises instrumentais distintas, a saber: difração de raios-X, espectroscopia do
UV-Visível e infravermelho, a diferença está na técnica da instrumentação analítica
(SKOOG, 2009) e características próprias da metodologia. Vamos primeiro entender
os significados:
36
BASE LEGAL │ UNIDADE I
O feixe incide (1/2/3) em um ângulo teta (θ) de 0o a180º por meio do goniômetro e
esse feixe (1’/2’/3’) é difratado em um ângulo específico, é recebido em um detector
oposto ao feixe incidente, seguindo a Lei de Bragg. A equação de Bragg é λ= 2d senθ,
em que λ é o comprimento de onda incidente. Cada tipo de plano cristalino absorve
uma parte do feixe incidente e refrata esse feixe em um ângulo específico, gerando
uma impressão digital da estrutura cristalina do elemento químico analisado.
Essa técnica de medição tem uma precisão de 9% para uma faixa de 25 a 2.500 µg/
m3 com um volume de 800 L e uma quantificação de 50 a 200 µg. Observe-se que
tal técnica possui uma precisão elevada, na ordem de micrograma (µg), enquanto os
resultados são elaborados em miligrama (mg), ou seja, uma sensibilidade de mil vezes.
Lembre-se de que essa técnica junto com a dos infravermelhos é recomendada para a
pesquisa (HARPER; SARKISIAN; ANDREW, 2016).
37
UNIDADE I │ BASE LEGAL
Essa técnica de análise consiste em incidir sobre a amostra contendo sílica na forma
sólida um feixe de luz no comprimento de onda do infravermelho em um jogo de
espelho que passa a luz pela amostra e passa o feixe por uma referência.
Essa técnica de medição tem uma precisão de 18% e uma quantificação de 5 a 160 µg.
Observe-se que essa técnica possui uma precisão elevada, na ordem de micrograma
(µg), enquanto os resultados são elaborados em miligrama (mg), ou seja, uma
sensibilidade de mil vezes. Lembre-se de que tal técnica junto com a de difração de
raios-X é recomendada para a pesquisa (HARPER; SARKISIAN; ANDREW, 2016).
A solução de complexo sílica-molibdato usa 420 nm, enquanto o molibdênio azul usa
820 nm. O feixe que passa pela amostra é absorvido (I), e o feixe que passa direto sem
passar pela amostra não é alterado (Io).
38
BASE LEGAL │ UNIDADE I
solução de ácido fosfórico (H3PO4) vai interferir na análise, tal como o silicato de sódio,
também chamado de vidro solúvel.
Qual a melhor técnica de análise da sílica, se as três são aprovadas pela NIOSH?
Cada técnica tem sua precisão específica! Cada técnica tem seu limite de
detecção e suas especificidades.
A técnica do UV-Vis detecta tudo que está na amostra na forma de ligação de Silício
– Oxigênio (Si – O) e não separa o quartzo da tridimita e da cristobalita. Fica tudo
junto no resultado. O limite de detecção é baixo e o erro do método não é elevado.
Os equipamentos empregados não são caros comparados ao espectrômetro de
raios-X, por isso é o método mais empregado e o mais barato. Além disso, a presença
de silicatos (SiO4-) na amostra, como, por exemplo, em uma fábrica de sabão em pó
que usa silicato de sódio (NaSiO4), também chamado de vidro solúvel, que não é
sílica (SiO2) livre cristalizada, gerará um falso-positivo para sílica, aumentando ou
“bombando” o resultado. Na preparação da amostra para leitura no aparelho, usa-se
ácido para digerir a amostra e todo o silicato (SiO4-) será convertido em sílica (SiO2)
gerando-se, assim, um falso-positivo. Atenção nesse ponto.
39
UNIDADE I │ BASE LEGAL
Pergunta-se: onde vamos encontrar a sílica nas atividades laborais? Ela está presente
na areia do cimento, no lixamento de parede, na perfuração de rocha, na escavação
de túneis, na movimentação de terra, entre outros. Portanto, conhecer o teor de sílica
nas atividades é obrigatório para calcular o limite de tolerância, que é variável, e saber
como está a exposição do trabalhador a esse agente de risco.
[...]
[...]
[...]
[...]
40
BASE LEGAL │ UNIDADE I
Vamos analisar um parâmetro que gera muito conflito nos levantamentos ambientais
e, inclusive, nas perícias judiciais – hidrocarbonetos. Os hidrocarbonetos são
compostos de carbono e hidrogênio, destacamos o solvente thinner, que contém
hidrocarbonetos aromáticos, os “primos” benzeno, tolueno e xileno (BTX). Pelo Anexo
13, o simples fato de se pintar com tinta à base de esmalte sintético já seria classificado
como atividade insalubre, apenas importando se o trabalhador utilizasse o pincel e/ou
a pistola.
Observe que o Anexo 13 nos remete ao Anexo 11 para usarmos os LEOs do tolueno
e xileno previstos em norma. Vamos nos aprofundar nesse assunto ao entrarmos em
interpretação dos resultados.
Nível de ação – NR 9
Vamos à definição: “considera-se nível de ação o valor acima do qual devem ser
iniciadas ações preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que as exposições
a agentes ambientais ultrapassem os limites de exposição”. As ações devem incluir:
c. controle médico.
41
UNIDADE I │ BASE LEGAL
O Nível de Ação (NA) é uma zona de transição entre ele e o Limite de Exposição
Ocupacional (LEO) para cada agente de risco químico que está em estudo. Quando o
Nível de Exposição (NE) do trabalhador está acima do Nível de Ação, somos obrigados
a tomar três ações obrigatórias, a saber:
c. controle médico.
A ACGIH (1938) define que os TLVs® são “as concentrações de substâncias químicas
no ar, às quais, acredita-se, a maioria (grifo nosso) dos trabalhadores possam estar
exposta, repetidamente, dia após dia, durante toda uma vida de trabalho sem sofrer
efeitos adversos à saúde”.
A ACGIH afirma que os valores não são linhas divisórias entre condições seguras e
perigosas e adverte que os trabalhadores podem ainda estar sujeitos a exposições
dérmicas.
42
BASE LEGAL │ UNIDADE I
Metil Etil Cetona TLV® - TWA = 200 ppm; LTV®-STEL = 300 ppm
Definição NR – 15 ACGIH
Média Ponderada no Tempo Anexo 11 da NR 15 TLV®-TWA
(TWA ou MPT) “Limite de Tolerância”
Valor máximo permitido Anexo 11 da NR 15 TLV®-C
(C ou VT) “Valor Teto”
Limite por 15 minutos Não há TLV®-STEL
(STEL)
Fonte: Do autor, 2019.
O TLV® não pode ser usado como um índice relativo de toxicidade. Por exemplo, o
ozônio com um TLV® de 0,1 ppm não pode ser considerado 50 vezes mais tóxico que o
fenol com TLV® de 5 ppm.
A razão para isso é simples: o TLV® do ozônio de 0,1 ppm foi estabelecido para evitar
irritação dos olhos e do trato respiratório, enquanto o TLV® do fenol foi estabelecido,
43
UNIDADE I │ BASE LEGAL
principalmente, para evitar danos ao sistema nervoso central. Sendo esses efeitos
claramente diferentes, é impossível comparar a toxicidade dos dois materiais.
Em que:
Aplicando a fórmula (2) com os valores dos solventes e sendo o valor encontrado
menos que um, considera-se que o limite de tolerância da mistura para a jornada
integral não foi excedido, teremos, então:
44
BASE LEGAL │ UNIDADE I
0,13 ≤ 1 (19)
Portanto, o resultado de 0,13 indica que o limite de tolerância da mistura BTX não
foi excedido para a jornada integral do trabalhador. Os limites de tolerância dos
solventes orgânicos a que o trabalhador está exposto não foram excedidos durante
o período amostrado e, da mesma forma, a mistura também não foi excedida.
Material particulado
» I – particulado inalável.
» T – particulado torácico.
» R – particulado respirável.
45
UNIDADE I │ BASE LEGAL
Valores Adotados
Substância [No CAS] TWA STEL Notações Peso Mol. Base TLV®
Estanho [7440-31-5] Irr Olhos e TRS; Dor de cabeça;
0,1 mg/m3 0,2 mg/m3 Pele; A4 Vários
Compostos orgânicos Náuseas; efe SNC e imunológico
Legenda:
(A1) – Carcinogênico humano confirmado;
(A2) – Carcinogênico humano suspeito;
(A3) – Carcinogênico animal confirmado com relevância desconhecida para seres humanos;
(A4) – Não classificado como carcinogênico humano;
(A5) – Não suspeito como carcinogênico humano.
Particulado inalável
Figura 3. Distribuição
DISTRIBUIÇÃO de FraçãoINALÁVEL
DE FRAÇÃO Inalável.
100
95
DOENÇAS RELACIONADAS
IRRITAÇÃO DO SEPTO NASAL,
90
FARINGE E LARINGE
CÂNCER DE FARINGE
85 CÂNCER DE LARINGE
80
75
%
70
65
60
55
50
0 1 2 5 10 20 30 40 50 100
Tamanho de Partícula (micra)
46
BASE LEGAL │ UNIDADE I
100 micra está relacionado ao fato de nosso organismo reter boa parte da poeira com
tamanho acima de 100 micra.
Valores Adotados
Substância [No CAS] TWA STEL Notações Peso Mol. Base TLV®
Farinha (poeiras) 0,5 mg/m3(I) -
SEN NA Asma, Irr TRS e bronquite
Legenda:
– Fração Inalável – cut-off - 50% em 100 µm;
(A1) – Carcinogênico humano confirmado;
(A2) – Carcinogênico humano suspeito;
(A3) – Carcinogênico animal confirmado com relevância desconhecida para seres humanos;
(A4) – Não classificado como carcinogênico humano;
(A5) – Não suspeito como carcinogênico humano.
Particulado torácico
Figura 4. Distribuição
DISTRIBUIÇÃO de FraçãoTORÁXICA
DE FRAÇÃO Torácica.
100
90
DOENÇAS RELACIONADAS
BRONCOCONSTRIÇÃO
80
BRONQUITE CRÔNICA
CÂNCER BRONQUIAL
70
60
50
%
40
30
20
10
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 25
Tamanho de Partícula (micra)
47
UNIDADE I │ BASE LEGAL
Valores Adotados
Substância [No CAS] TWA STEL Notações Peso Mol. Base TLV®
Ácido Sulfúrico [7664-93-9] 0,2mg/m3(T) - A2(M) 98,08 Função pulmonar
Legenda:
(T) – Fração Torácica – cut-off - 50% em 10 µm;
(A1) – Carcinogênico humano confirmado;
(A2) – Carcinogênico humano suspeito;
(A3) – Carcinogênico animal confirmado com relevância desconhecida para seres humanos;
(A4) – Não classificado como carcinogênico humano;
(A5) – Não suspeito como carcinogênico humano.
Particulado Respirável
Figura 5. Distribuição
DISTRIBUIÇÃO de Fração
DE FRAÇÃO Respirável.
RESPIRÁVEL
100
90 DOENÇAS RELACIONADAS
PNEUMOCONIOSES
ENFISEMAS
80
ALVEOLITE
CÂNCER PULMONAR
70
60
50
%
40
30
20
10
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 10
Tamanho de Partícula (micra)
48
BASE LEGAL │ UNIDADE I
Valores Adotados
Substância [No CAS] TWA STEL Notações Peso Mol. Base TLV®
Sílica cristalina (α-quartzo) Fibrose pulmonar;
0,025 mg/m3(T) - A2 60,09
[14808-60-7] [1317-95-9] câncer do pulmão
Legenda:
(T) – Fração Respirável – cut-off - 50% em 4 µm;
(A1) – Carcinogênico humano confirmado;
(A2) – Carcinogênico humano suspeito;
(A3) – Carcinogênico animal confirmado com relevância desconhecida para seres humanos;
(A4) – Não classificado como carcinogênico humano;
(A5) – Não suspeito como carcinogênico humano.
49
UNIDADE I │ BASE LEGAL
PNOS
Particulados Não Especificados de Outra Forma
Classificação Material Inalável/Total Material Respirável
10 mg/m³ 3 mg/m³
TLV – TWA
E.I. E.R.
Técnica Coletado sem selecionador de partícula Coletado com selecionador de partícula
Por essa razão, quando transpostos para o Brasil, devem ser corrigidos para as
condições da jornada real.
50
BASE LEGAL │ UNIDADE I
A ACGIH admite a aplicação do fator de correção diário e/ou semanal para jornadas
que superem 8 horas diárias e 40 horas semanais. Para o Brasil, não há previsão na
lei sobre esses limites. Por ser mais conservador, recomenda-se aplicar o fator de
correção somente quando a duração da jornada for superior ao padrão.
Uma fórmula simples para correção desses valores, muito utilizada, é a descrita no
método de Brief & Scala:
Hpd 24 Hd
FCdiário x
Hd 24 Hpd (20)
Hps 168 Hs
FCsemanal x
Hs 168 Hps (21)
Em que:
Hpd = duração da jornada diária padrão, em horas, para a qual foi estabelecido o
limite de tolerância – USA e Brasil = 8 horas;
Hps = duração da jornada semanal padrão, em horas, para a qual foi estabelecido o
168 = número total de horas da semana (*há empresas que empregam 180*).
Exemplo 1
51
UNIDADE I │ BASE LEGAL
Portanto, o valor do TLV – TWA convertido para o LT (Anexo 11) deve ser 0,781 x
20 = 15,6 ppm.
Atenção!!!
Nos casos em que temos dois FCs (diário = 1 e semanal = 0,781), utiliza-se
sempre o menor FC.
Exemplo 2
Portanto, o valor do TLV – TWA convertido para o LT (Anexo 11) deve ser 0,864 x
20 = 17,3 ppm.
Atenção!!! Nos casos em que temos dois FCs (diário = 0,864 e semanal = 0,864)
semelhantes, utiliza-se qualquer um deles.
Exemplo 3
Portanto, o valor do TLV – TWA convertido para o LT (Anexo 11) deve ser 0,50 x
20 = 10 ppm.
Atenção!!!
Nos casos em que temos dois FCs (diário = 0,50 e semanal = 0,935), utiliza-se
sempre o menor FC.
52
CAPÍTULO 3
Leitura e interpretação da legislação
Atividade x LEO
Um profissional prevencionista foi contratado e recebeu uma incumbência de realizar
um levantamento ambiental em uma empresa química. Forneceram-lhe uma tabela
com os agentes químicos que seriam avaliados e ele iniciou os preparativos das coletas
no ambiente. Estes foram os produtos químicos solicitados:
Agente Químico
Álcool Etílico
Amônia
Ácido Sulfúrico
Fonte: Do autor, 2019.
A primeira ação será achar o número CAS – Chemical Abstracts Service. Esse número
é gerenciado pela Chemical American Society e seu objetivo é facilitar as pesquisas
dos agentes químicos, pois há muitos produtos com nomes parecidos. O número CAS
é separado por traços em três partes, em que a primeira contém seis algarismos, em
seguida dois e, por último, um, assim: XXXXXX-XX-X. Os números são atribuídos
cronologicamente e não têm significado particular.
53
UNIDADE I │ BASE LEGAL
Código eSocial LT
Agente Químico Número CAS
(ESOCIAL, 2018) Anexo 11
Álcool Etílico
02.01.069 64-17-5 780 ppm
H3COOH(l)
Amônia
02.01.088 7664-41-7 20 ppm
NH3(g)
Ácido Sulfúrico
02.01.047 7664-93-9 Não há
H2SO4(l)
Fonte: Do autor, 2019.
Dessa maneira, dos três agentes químicos, achamos os limites ocupacionais do gás
amônia e do álcool etílico. Quanto ao ácido sulfúrico, não há limite definido no Anexo
11, achamos referência dele apenas no Anexo 13, a saber:
[...]
[...]
Na NR 9 PPRA, vamos ao item 9.3.5 Das Medidas de Controle, encontramos a letra “c”
com a nossa resposta, vejamos:
54
BASE LEGAL │ UNIDADE I
Talvez o legislador soubesse das dificuldades de atualização das listagens dos Anexos
11 e 12 da NR 15 e, com isso, permitiu que o profissional prevencionista fosse nas TLV®
da ACGIH e utilizasse seus parâmetros como referência. A tabela ficou assim:
LT TLV/LEO
Agente Químico Código eSocial Número CAS
Anexo 11 ACGIH
Álcool Etílico
02.01.069 64-17-5 78oppm Não Há !
H3COOH(l)
Amônia
02.01.088 7664-41-7 20ppm 25ppm
NH3(g)
Ácido Sulfúrico
02.01.047 7664-93-9 Não há ! 0,2mg/m3
H2SO4(l)
Fonte: Do autor, 2019.
Não podemos esquecer que os TLV® da ACGIH são para 40 horas/semana e que o
trabalhador brasileiro pode ficar exposto a 48 horas/semana. Contudo, é possível
sair desse problema usando o Brief-Scala. Por questões de instrução, vamos adotar
nesse exemplo modelo de 40 horas por semana e 8 horas por dia para unificarmos os
“LTs” e “LEOs”. O levantamento ambiental foi realizado e encontramos os seguintes
resultados:
LT TLV/LEO Nível de
Agente Químico Número CAS
Anexo 11 ACGIH Exposição
Álcool Etílico
64-17-5 780ppm Não Há ! 950ppm
H3COOH(l)
Amônia
7664-41-7 20ppm 25ppm 12ppm
NH3(g)
Ácido Sulfúrico
7664-93-9 Não há ! 0,2mg/m3 0,2mg/m3
H2SO4(l)
Fonte: Do autor, 2019.
55
UNIDADE I │ BASE LEGAL
Para o álcool etílico, o nível de exposição (NE) de 950 ppm está acima do “limite de
tolerância” (LT) de 780 ppm, portanto a atividade com esse agente químico pode ser
enquadrada como insalubre.
Continuando com o álcool etílico, o nível de exposição 950 ppm chegou perto, mas não
excedeu o Valor Máximo (VM) de 975 ppm, portanto a atividade não será considerada
como IPVS, não haverá interdição do setor. Lembrando que o álcool etílico (etanol) na
ACGIH não tem TLV®-TWA, mas o TLV®-STEL de 1.000 ppm, e esse valor excede o
VM da norma brasileira, ou seja, é proibido usar esse parâmetro.
56
BASE LEGAL │ UNIDADE I
57
HIGIENE DO UNIDADE II
TRABALHO
CAPÍTULO 1
Higiene do trabalho – risco químico
Agentes químicos
A identificação de perigos associados a qualquer meio ambiente do trabalho envolve
respectivos grupos dos trabalhadores potencialmente expostos. Alguns agentes
químicos são fáceis de identificar, por exemplo, irritantes, que têm um efeito imediato
após a exposição de pele ou inalação. Outros, nem tanto, por exemplo, substâncias
químicas formadas acidentalmente, cujas propriedades não estão devidamente
avisadas em rótulos de embalagens e especificações técnicas. Os Agentes Químicos são
definidos na NR 9 PPRA no item 9.1.5.2:
58
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II
59
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO
60
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II
Fumaça – partícula sólida finamente dividida, gerada por reação química. Ex.:
fumaça proveniente do escapamento dos automóveis e fabricação de negro de fumo
(combustão incompleta).
Fonte: https://www.4truck.com.br/blog/furgao-furgao-de-caminhao-emissao-de-fumaca-escura/.
61
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO
Vapores – sólido ou líquido de um produto com baixo ponto de ebulição, que, devido
à temperatura ou à pressão, evapora, ou seja, passou do estado sólido ou líquido para
a forma gasosa do agente químico. Eles podem ser condensados para esses estados
apenas pelo aumento da pressão ou diminuição da temperatura. Ex.: vapores de
gasolina (reabastecimento de veículos), preparação de tintas e limpeza de peças.
62
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II
Segundo Torloni (2003), quando utilizamos a pistola para pintura, geramos uma
névoa química formada pelas gotículas da tinta e vapor do solvente quando inicia a
secagem. Ex.: pintura em cabine, o uso do pincel gera apenas o vapor.
63
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO
» tamanho do aerodispersoide;
» morfologia do aerodispersoide;
64
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II
» concentração do aerodispersoide;
Tamanho do aerodispersoide
Partículas com tamanho aerodinâmico e seus estados físicos junto com seus exemplos:
Morfologia do aerodispersoide
65
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO
Imagine uma partícula sólida de gesso finamente dividida que cai através do ar. Essa
poeira de gesso atingirá a velocidade terminal quando a força de arrasto (Fd) for igual
em módulo à força da gravidade (Fg), que empurra o objeto para baixo, e deixará de
acelerar sob a ação da gravidade, quando a resistência do ar igualar o peso do objeto.
A velocidade terminal é medida em distância por tempo, e uma unidade pode ser
centímetros/segundos. Por exemplo, uma gota de água com 100 micra cai a uma
velocidade de 30 cm/s. Existem fatores que podem interferir na velocidade terminal,
em que partículas higroscópicas absorvem umidade e ficam mais pesadas. A
eletricidade estática pode aglomerar as partículas e aumentar a velocidade terminal.
Lembrando que as partículas esféricas têm velocidade superior a partículas não
esféricas e essas podem permanecer mais tempo em suspensão no ambiente laboral.
Distribuição do aerodispersoide
66
CAPÍTULO 2
Rotas de entrada e exposição ao risco
químico
Contaminante químico
Consideram-se contaminantes químicos os elementos ou compostos químicos
cujos estado físico e características físico-químicas permitam penetrar no organismo
dos indivíduos, de forma a originar um efeito adverso à saúde. A contaminação
dos ambientes naturais, do solo, das águas superficiais e subterrâneas, do ar e dos
alimentos por substâncias químicas representa diferentes riscos à saúde pública.
67
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO
O volume de ar inalado por uma pessoa em repouso fica entre 4 e 6 litros por minuto.
Durante a inspiração, há uma grande penetração do contaminante químico no nosso
organismo, devido à elevada área e volume de ar inalado/exalado, especialmente em
carga ou atividade extenuante. O efeito do aerodispersoide inalado no corpo depende
fortemente do tamanho aerodinâmico. Um trabalhador em atividade extenuante
(trabalho com pá) pode inalar até 90 litros de ar por minuto (TORLONI, 2003).
68
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II
Observe, nas imagens, que os alvéolos realizam a troca gasosa, mas, caso o
contaminante seja sólido, ele ficará retido no saco alveolar, tais como: sílica, amianto e
metais.
69
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO
70
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II
Efeitos agudos
Esses efeitos podem ser locais, ou seja, nos locais de contato da substância, como pele
ou olhos, por exemplo, ou sistêmicos, com efeitos em órgãos internos em função da
absorção da substância. Uma exposição de curto prazo a concentrações mais altas de
um agente tóxico pode ser causadora de efeitos agudos com ou sem sequelas.
Dose Letal 50% (DL50) e Concentração Letal 50% (CL50) para uma comparação
da toxicidade aguda entre as diferentes substâncias químicas – são utilizados os
parâmetros Dose Letal 50 (DL50 – Dose Letal para 50% da população exposta),
quando a substância é administrada por via oral ou injetada, e a Concentração Letal
50 (CL50 – Concentração Letal para 50% da população exposta) para gases ou vapores
que são inalados.
» Dose letal 50 (DL50): é a dose média que levou à morte metade (50%)
da população de animais de laboratório submetida à administração
71
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO
Efeitos crônicos
IPVS ou IDLH
72
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II
Classificação de carcinogenicidade
73
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO
Substâncias cancerígenas
74
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II
» produção de benzidina;
» betanaftilamina;
» 4 - nitrodifenil.
75
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO
Se alguma dessas atividades tem o agente químico benzeno [CAS 71-43-2], tendo ele
sido reconhecido qualitativamente, constando no Grupo 1 da LINACH 1 e no Anexo
IV do Decreto nº 3.049, de 1999, os trabalhadores a ele expostos terão sua atividade
enquadrada como especial (25 anos).
76
CAPÍTULO 3
Patologias do risco químico
Pneumoconiose
77
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO
Neste momento, você está se perguntando: o que eu tenho a ver com isso?
Lembre-se de que você tem obrigação de informar as possíveis patologias
previstas no PPRA (=ver Letra “g” do item 9.3.3.) e auxiliar o médico do trabalho
se o aerodispersoide em questão é fibrogênico ou não fibrogênico.
78
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II
79
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO
80
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II
Agente(s) Processo
Pneumoconiose
Etiológico(s) Anatomopatológico
Antimoniose Óxido de antimônio ou Sb Metálico Deposição macular sem fibrose
Asbestose Todas as fibras de asbesto ou amianto Fibrose difusa
Baritose Sulfato de Bário (barita) Deposição macular sem fibrose
Berilose Berílio Granulomatose tipo sarcoide. Fibrose durante evolução crônica
Estanose Óxido de estanho Deposição macular sem fibrose
Pneumoconiose do
Poeiras contendo carvão mineral e vegetal Deposição macular sem fibrose ou com diferenciados graus de fibrose
trabalhador do carvão (PTC)
Pneumoconiose por poeira Poeiras variadas contendo menos que
Fibrose nodular estrelada e/ou fibrose difusa
mista 7,5% de sílica livre
Deposição macular de óxido de ferro associado ou não com fibrose
Siderose Óxidos de ferro
nodular e/ou difusa
Silicatose Silicatos variados Fibrose difusa ou mista
Silicose Sílica livre Fibrose nodular
Talcose Talco mineral (silicato) Fibrose nodular e/ou difusa
Fonte: BRASIL, 2006.
81
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO
Leucopenia/plaquetopenia/leucemia
Dermatose ou dermatite
Dermatose: é uma doença da pele provocada por produtos químicos ou físicos com
radiação. Quando o agente causador é decorrente do trabalho, a doença se chama
dermatose ocupacional.
82
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II
Sinais e sintomas
83
CAPÍTULO 4
Obtendo informações sobre os agentes
químicos
FISPQ
As FISPQs foram instituídas no país por normas da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT, 1940) ABNT NBR 14.725-4 Produtos Químicos – Informações
sobre Segurança, Saúde e Meio Ambiente: Parte 4. O fornecedor do Produto Químico
é obrigado a emitir a FISPQ, mas nem sempre as informações fornecidas estão
completas ou atualizadas, especialmente quanto à composição.
Outro problema grave oriundo da própria norma é que não há padronização relativa às
definições e aos critérios de como se devem considerar os perigos de uma determinada
substância. As empresas fornecedoras de produtos químicos devem disponibilizá-las
aos seus clientes, os itens abaixo devem nela constar com a seguinte numeração:
FISPQ
84
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II
7. Manuseio e armazenamento.
9. Propriedades físico-químicas.
15. Regulamentações.
SDS ou MSDS
São as siglas em inglês para Safety Data Sheet (SDS) e Material Safety Data Sheet
(MSDS). Têm o mesmo objetivo da FISPQ brasileira, mas cada país possui suas
próprias normas e, assim, são muito heterogêneas, não só em relação aos itens que as
compõem, mas, também. quanto às definições dos perigos.
85
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO
GHS
1. Terminologia.
3. Rotulagem.
4. FISPQ.
86
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II
CAS
O registro CAS é separado por traços em três partes: a primeira parte tem até seis
algarismos, a segunda, até dois algarismos, e a terceira é um número de controle de
um algarismo. Os números são atribuídos cronologicamente e não têm significação
particular.
87
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO
Número ONU
Classe 1 – Explosivos
88
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II
89
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO
Classe 2 – Gases
A classe 2 compreende:
› são oxidantes;
90
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II
A classe 3 compreende:
A classe 4 compreende:
92
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II
A classe 5 compreende:
93
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO
A classe 6 compreende:
94
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II
Tabela 29. Critérios de classificação por ingestão oral, contato dérmico e inalação de pós e neblinas.
Grupo de Toxicidade oral DL50 Toxicidade dérmica Toxicidade por inalação de pós e
embalagem (mg/kg) DL50 (mg/kg) neblinas CL50 (mg/litro)
I ≤5 ≤ 40 ≤ 0,5
II > 5 – 50 > 40 - 200 > 0,5 – 2
Sólidos: > 50 - 200
III (a) > 200 - 1000 > 2 - 10
Líquidos: > 50 - 500
(a) Substâncias lacrimogêneas gasosas devem ser incluídas no Grupo de Embalagem II, mesmo que seus dados toxicológicos
correspondam a valores do Grupo de Embalagem III.
A classe 7 compreende:
95
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO
Classe 8 – Corrosivos
A classe 8 compreende:
96
HIGIENE DO TRABALHO │ UNIDADE II
A classe 9 compreende:
97
UNIDADE II │ HIGIENE DO TRABALHO
98
AVALIAÇÃO UNIDADE III
AMBIENTAL
Nesta unidade, você aprenderá o reconhecimento, o planejamento da coleta e a
amostragem dos agentes químicos e como avaliar seus resultados.
CAPÍTULO 1
Higiene do trabalho – risco químico
99
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL
100
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
Planejamento da coleta
101
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL
A coleta dos agentes químicos será realizada com qualquer produto químico puro ou
mistura, em que seus componentes possam penetrar no organismo do trabalhador
por qualquer uma das quatro portas de entrada existentes. É necessário que existam
um método analítico de coleta e análise química e um limite de tolerância definido
pela legislação brasileira. Na ausência desse limite, utiliza-se a ACGIH, não existindo,
recomendam-se usar valores do fabricante ou qualquer outra norma existente.
Amostragem ativa
A amostragem ativa é realizada com uma bomba, alimentada por baterias com um
fluxo de ar (vazão) conhecido, mantendo-se estável durante a coleta. Nesse processo,
o ar é levado para dentro do dispositivo de amostragem a partir da utilização de uma
pequena bomba de amostragem individual e de um sistema coletor – que pode ser
composto de filtros ou tubos.
Observe que existem bombas que não chegam às baixas vazões, sendo necessário o uso
do “kit de baixa vazão”, em que há sistema de estrangulamento do fluxo (parafuso –
círculo vermelho) e que, ajustado, chega-se à vazão desejada.
102
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
Os filtros para coleta podem ser feitos com diferentes materiais, como teflon, fibra de
vidro, PVC ou celulose (MCE). Enquanto os tubos são compostos de diferentes tipos
de materiais absorventes, como polímero, sílica gel, carvão ativo, etc.
103
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL
Poeira Poeira
Figura 44. Montagem cassete triplo de PVC 37 mm + Membrana PVC 5,0 µm.
Elas serão montadas com o pad (suporte) de celulose mais grosso e a membrana de
PVC muito mais fina no cassete final.
104
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
Dica 1: essa parte do cassete possui ranhuras no fundo para distribuir o fluxo de ar
e não ocorrer perda de carga. Depois, coloca-se a peça intermediária que prenderá a
membrana sobre o pad de celulose.
Dica 2: deve-se ter cuidado para que a peça não seja colocada torta e que não se aplique
força excessiva. Depois, prende-se a parte de cima e fecha-se o conjunto.
Dica 3: está gravado na parte de cima do cassete a palavra “in” (entrada), informando
o sentido da entrada do fluxo de ar.
A pinça de manipulação tem de ser lisa e não podem haver dentes nela para não
marcar as membranas. A balança analítica com precisão de 0,001 mg foi ligada com
antecedência, e a sala de balança está com o ar-condicionado ligado em 23 ºC, apenas
as pessoas envolvidas no processo devem entrar, pois o vento da abertura das portas
pode interferir na pesagem. Os pesos padrão são passados na balança para aferição do
equipamento.
A gordura dos dedos interfere nas medições, estamos falando de uma precisão de
0,000001 gramas, ou seja, 0,001 mg. As balanças analíticas possuem um sistema de
desmagnetizar ou retirar a energia estática das membranas (= barras paralelas), antes
da pesagem, porque elas podem grudar no prato.
105
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL
106
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
Caso a vazão média esteja muito abaixo e/ou acima de 2,5000 L/min, será possível
ajustar na bomba por meio de uma pequena chave de fenda que acompanha o
equipamento, acelerando (apertar o parafuso no sentido horário) para aumentar o
fluxo ou ao contrário para reduzi-lo. Nesse momento, realizou-se a calibração do fluxo
de ar do equipamento para a coleta do aerodispersoide.
107
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL
Cassete
Duplo
Nessa foto, observamos uma calibração da bomba de coleta com o cassete duplo
utilizando uma bureta de vidro invertido, cronômetro (sob a mesa) e chave de fenda
próxima à bomba de coleta.
Esta outra foto, em detalhe, mostra a bolha de sabão subindo. Foi preciso umedecer
toda a bureta, pois a bolha estourava e precisava medir tudo novamente. O padrão
secundário seria o próprio sensor ou rotâmetro de fluxo da bomba de coleta.
108
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
109
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL
110
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
Deve-se ter muita atenção, pois é possível acontecer que as massas final e inicial sejam
semelhantes, ou seja, não haverá um resultado zero, mas esse nível de exposição do
trabalhador está abaixo do limite de quantificação do método, que você deve saber.
111
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL
mg Massa Coletada
C 3 =
m Vazão Bomba x Tempo Coleta /1000 (23)
Em que:
» massa em miligramas;
» vazão em litros/minutos;
Observe como as membranas podem voltar das coletas, muitas vezes há necessidade
de encaminhá-las ao laboratório para confirmar a presença do agente químico.
A membrana da esquerda [1] não foi utilizada e a da direita foi utilizada para coletar
poeira de carvão mineral [2]. A membrana superior foi utilizada para mineração de
calcário [3] e a inferior foi usada na construção civil em gesseiro [4].
112
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
Tubos amostradores/adsorvedores
O processo de adsorção ocorre por interações físicas entre as partes, sendo também
chamado de fisissorção, em que as moléculas de um gás ou vapor se aderem à
superfície sólida, por meio das “forças de ligação de Van der Waals”. Essas forças de
ligação são fracas e incapazes de formar ligações químicas, por esse motivo a adsorção
física é um processo reversível.
O sucesso dessa técnica está em usar um adsorvente que “aprisione” o agente químico,
e, quando necessário, ocorrerá o processo inverso. Isso acontecerá no laboratório
químico, onde o analista pegará o adsorvente e extrairá o agente químico a ser
analisado. Esse processo se chama dessorção, ou seja, o inverso da adsorção. Isso
acontece com uma extração líquido – líquido, em que o químico colocará o adsorvente
+ agente químico em uma solução de um líquido extrator que vai retirar o agente
químico do adsorvente e passar para a solução. Depois, essa solução será injetada
em um aparelho, que identificará o agente químico (qualitativo) e determinará sua
quantidade presente (quantificação).
podem deslocar o agente químico da primeira para a segunda carga que está separada
da primeira por uma espuma. Por isso, a especificação do amostrador ser 100 mg/50
mg, isso significa que a carga principal tem 100 mg e a secundária, 50 mg. No início do
tubo, há uma carga de absorvedor de umidade para não interferir na coleta do agente
químico.
Carvão ativado
O carvão ativado pode ser feito a partir de cascas de coco, mas também de restos de
cortiça, material muito poroso, sendo obtido a partir da queima controlada com baixo
teor de oxigênio de certas madeiras, a uma temperatura de 800 °C a 1.000 °C. Depois,
o material é moído para atingir a granulometria desejada e ser carregado dentro do
tubo de carvão ativado (TCA). No método NMAM 1500 Hidrocarbonetos Aromáticos,
está escrito em Amostrador (coconut shell charcoal), que significa carvão de casca de
coco.
O adsorvente de sílica gel tratada é usado para coletar compostos orgânicos polares,
aminas e alguns compostos inorgânicos. Um exemplo é o formol ou formaldeído.
O método NMAM 2016 Formaldeído determina o uso de Tubo de Sílica Gel TSG,
adsorvedor de sílica gel tratada com 2,4-dinitrofenilhidrazina para adsorver a névoa
química de formol com um volume mínimo de 1 L e máximo de 15 L com uma vazão
de 0,03 a 1,5 L/min. A amostra coletada será transportada em gelo e, depois, extraída
utilizando-se 10 ml de acetonitrila isenta de carbonila.
Devido à sua afinidade com os compostos polares, adsorve o vapor de água; portanto,
quando a umidade é elevada, a água pode deslocar substâncias químicas menos
polares da sílica gel.
114
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
Para cada lote com tubos adsorventes e substâncias químicas recolhidas, o laboratório
deve determinar a eficácia da dessorção (inverso da adsorção), ou seja, a eficácia da
remoção de substâncias químicas do adsorvente por meio de uma ação de solvente. No
caso do carvão vegetal, o solvente mais utilizado é o dissulfeto de carbono, e na sílica
gel emprega-se a acetonitrila. No caso do tenax, as substâncias químicas são extraídas
por meio de dessorção térmica diretamente em um cromatógrafo de fase gasosa.
Impingers
115
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL
Um método muito utilizado para a determinação do ácido acético e/ou ácido peracético
é utilizar uma solução de metil-p-tolilsulfeto dissolvido em solução metanol: água
(25:75) no coletor impingers com uma vazão de 0,02 L/min e um volume amostrado
de 1 L. A solução utilizada no borbulhador é devolvida para o frasco e enviada ao
laboratório que fará a análise.
Os borbulhadores são usados cada vez menos para avaliar o local de trabalho,
especialmente para as tomadas de amostra de pessoal, porque podem quebrar e
derramar sobre o empregado. Existem diferente tipos de borbulhadores, garrafas lava-
gases, frascos de absorção na espiral, colunas de vidro e borbulhadores de placa de
vidro sintetizado.
Amostragem passiva
Consiste na coleta de gases e vapores a uma taxa controlada por um processo físico de
difusão gasosa mediante o equilíbrio da dispersão dos produtos no ar. A amostragem
passiva usa a lei de FICK como base. Como o próprio nome indica, é um processo
que inclui o uso de um amostrador passivo. É utilizado para gases e vapores, seu
funcionamento depende do movimento das moléculas do contaminante por diferença
de concentração.
Os detectores passivos ou por difusão são pequenos, não contêm peças que se
deslocam e são usados para obter amostras de ambos os poluentes, orgânicos e
inorgânicos. A maioria dos detectores de compostos orgânicos utiliza carvão vegetal
ativado como um meio para coletar a amostra. Em teoria, qualquer composto pode
116
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
ser amostrado, utilizando-se um tubo com carvão vegetal adsorvente e uma bomba;
poderá sê-lo usando um detector de amostragem passiva. Esses detectores têm uma
geometria desenhada para alcançar uma velocidade de amostragem efetiva.
Há uma variedade de gases e vapores dispersos com uma taxa conhecida de difusão
no ar, por um processo físico, em que ocorre uma difusão gasosa ou permeação sem
o movimento ativo do ar (fluxo). Em outras palavras, as moléculas passam de uma
área de concentração mais alta para uma mais baixa – do ambiente para a membrana
absorvente do amostrador passivo. A concentração dos gases e vapores no ar é
semelhante à concentração dentro do amostrador baseado na lei de Fick.
Lei de Fick
Em que:
D = Coeficiente de difusão (cm2/sec) e D é dependente da amostra do gás/vapor.
A = Área do amostrador (cm2).
L = Espessura do amostrador (cm).
A e L são dependentes da geometria do amostrador.
117
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL
A escolha do aparelho fica a critério de quem fará a coleta. Cabe destacar que a
amostragem passiva pode ser mais cara do que a amostragem ativa, visto que os
amostradores utilizados no processo têm um custo mais alto. Em compensação, a
amostragem passiva dispensa o uso da bomba (não tem investimento inicial), que
deve ser calibrada corretamente, pode apresentar falhas durante a coleta, entre outros
problemas. O amostrador passivo pode ser usado em áreas classificadas, como, por
exemplo, terminais de combustíveis.
118
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
Você deseja realizar uma coleta do Grupo A com Benzeno, Tolueno e Xileno
empregando um TCA 100/50 com uma bomba de amostragem com 0,20 L/
min. Pergunta: qual o tempo mínimo e máximo de coleta para esses agentes
químicos em um mesmo tubo TCA?
Observe que esta tabela fornece o fluxo máximo ≤ 0,20 L/min (menor ou igual a
0,20 litros por minuto) para os agentes químicos B/T/X. A bomba está regulada
para uma vazão de 0,20 L/min, ou seja, atende ao limite máximo de fluxo.
Usando uma vazão de 0,20 L/min, em quanto tempo chegaremos aos volumes
mínimos e máximos? Vamos dividir o volume pela vazão e encontraremos o
resultado:
119
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL
Tabela 31. Relação Agente Químico x Volume Mínimo e Máximo x Tempo Coleta.
Usando a vazão de 0,20 L/min para os três agentes químicos, encontramos uma
faixa ótima de tempo entre 25 minutos e 40 minutos de coleta do ar atmosférico
com os agentes químicos.
Tempo (min) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170
Benzeno
Tolueno
Xileno
Está claro que, caso seja feita a coleta do ar atmosférico para análise, por
exemplo, exclusiva do Benzeno, se poderia usar um tempo de 25 a 150 minutos.
Dessa maneira, não haveria quantidade suficiente de benzeno coletada no TCA 100/50
mg, e o resultado apresentado pelo laboratório seria o Limite de Quantificação (LQ).
120
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
Converse com o responsável técnico do laboratório que você tem confiança, envie
suas amostras para análise química e pergunte qual o LQ do método empregado. Para
agentes químicos tóxicos ou carcinogênicos, como o benzeno, muito cuidado quando
o resultado fornecido for <LQ, os higienistas ocupacionais logo informam “deu zero”.
Não é isso que significa LQ. Recomenda-se aumentar o volume coletado ao máximo
desse agente em especial.
Nesse exemplo que estamos analisando dos agentes químicos BTX, caso
aumentássemos o tempo de coleta para 150 minutos, estaríamos excedendo o volume
de coleta de Tolueno e Xileno. Portanto, quando estamos coletando simultaneamente
os agentes químicos BTX, devemos respeitar os volumes mínimos e máximos previstos
no método. Caso precisemos aumentar o tempo de coleta, obrigatoriamente, vamos
diminuir a vazão da bomba de coleta.
121
CAPÍTULO 2
Técnicas de amostragens
É preciso ter cuidado para não superestimar o nível de exposição, porque aquele local
pode ser onde há maior concentração de agente químico. Ou o contrário, o aparelho
coletor pode ser colocado em uma área distante da fonte, não sendo nem um posto de
trabalho, ele, assim, pode apresentar resultado muito abaixo da realidade.
122
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
Quando não for possível caracterizar e selecionar um trabalhador de maior risco para
cada atividade, define-se, estatisticamente, um subgrupo de tamanho adequado dentro
de um grupo de exposição similar, de tal maneira que essa amostra aleatória tenha
123
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL
N n N n
8 7 18-20 13
9 8 21-24 14
10 9 25-29 15
11-12 10 30-37 16
13-14 11 38-49 17
15-17 12 50 18
Em que:
N = número total de trabalhadores do GES.
n = tamanho do subgrupo, se N < 8 amostrar todos os trabalhadores.
Tempo de coleta
124
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
A NHO 8 define que o período total de coleta deverá corresponder a, pelo menos,
70% da jornada diária de trabalho. Portanto, para um TWA de 480 minutos, e
considerando, no mínimo, 70% da jornada, seria obrigatório que a amostragem
durasse 336 minutos de coleta. Essa coleta pode ser realizada de forma contínua ou
dividida em três períodos de 112 minutos cada.
125
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL
O tempo de coleta dos agentes químicos pode influenciar na qualidade dos resultados
dos níveis de exposição, tais como: uma coleta de poeira com 120 minutos pela tarde,
quando o processo produtivo é mais intenso pela manhã, gerará resultados abaixo do
esperado. Fica claro, assim, que as amostragens (única ou múltiplas) cobrindo toda a
jornada diária de trabalho são muito mais representativas.
É importante ter muito cuidado nas amostras em que o nível de exposição do ambiente
laboral seja elevado, porque é possível saturar/entupir os coletores, desperdiçando a
amostra. Isso aconteceu com este autor na indústria de cimento, especificamente nos
moinhos de bolas, e na construção civil, com gesseiros lixando o teto.
Analisador de gases
126
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
De um lado da ponte, passa o gás de referência, do outro lado, o gás a ser analisado.
A diferença de potencial elétrico (G) em volts ocorrerá quando a concentração entre o
gás de referência for diferente do gás avaliado, dessa maneira pode-se fazer a leitura
da concentração.
Por isso, os fabricantes dos aparelhos pedem para ligar os equipamentos fora do local
de medição, pois o gás de referência, em que, muitas vezes, é o próprio ar, contém
20,9% de oxigênio. Se no local a concentração estiver diferente, durante o “Auto Zero”,
haverá um erro de ajuste.
127
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL
Por isso, em locais onde pode existir a presença de monóxido de carbono, deve-se,
antes, fazer o levantamento ambiental desse agente químico.
128
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
Gravimetria
129
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL
Nesse exemplo, temos uma atividade de soldagem, em que o coletor do agente químico
é posicionado na zona respiratória do trabalhador (círculo vermelho) e permanece
junto a seu corpo durante o período laboral, respeitando, no mínimo, 75% do tempo
de atividade, conforme prevê a NHO 8 da Fundacentro.
130
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
Tubos colorimétricos
Os tubos colorimétricos são práticos, indicados para identificar agentes químicos com
efeitos agudos, baratos, quando comparados a outros métodos de análise, possuem
leitura simples e o resultado é imediato e sem necessidade de envio para laboratório.
No entanto, os tubos colorimétricos possuem uma baixa precisão, com erro de até
25%, necessitam da presença do profissional, podem sofrer interferência de outros
contaminantes e seu limite de quantificação é elevado quando comparamos aos TCAs.
Apresenta-se, em sequência, uma parte adaptada da ficha técnica da empresa R.A.E.
Systems, fabricante do tubo para detecção de amônia (NH3) n. 10-100-15.
131
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL
A haste presente na bomba, que lembra uma bomba de encher pneu de bicicleta,
deverá ser puxada para traz para sugar o ar que passará no tubo colorimétrico. Observe
o número de bombadas definido nesse tubo. No “data sheet” da amônia apresentado
anteriormente, para avaliar entre 25 e 500 ppm, deve-se dar uma bombada (círculo
vermelho). Feito isso, não ocorrendo alteração da cor dentro do tubo, repete-se a
operação, duas bombadas no total (seta azul), passam-se 200 ml de ar atmosférico
no tubo e a escala de leitura fica de 12 a 250 ppm.
O tubo colorimétrico específico será quebrado nas duas pontas e conectado à bomba
de sucção, é necessário prestar atenção na seta gravada mostrando o sentido do fluxo.
Se mesmo assim não ocorrer a mudança de cor dentro do tubo, não informe que a
leitura deu “zero”, mas sim que o resultado é menor que 12 ppm. Esse é o mesmo
detalhe do limite de quantificação (LQ) que discutimos em momento anterior quando
estudamos amostragem ativa/passiva.
132
AVALIAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
Neste exemplo prático em uma laboratório químico, observamos dois tubos de ácido
sulfúrico, um todo amarelo (sem mudança de cor) e outro rosado. Qual resultado você
apresentaria na sua avaliação ambiental?
O tubo colorimétrico sem alteração de cor (tubo de baixo) tem seu resultado
interpretado como no limite de quantificação que seria de 0,5 mg/m3. Esse é o menor
resultado que se pode apresentar no laudo, ou seja, menor que 0,5 mg/m3 (< 0,5
mg/m3). Enquanto o outro passou de amarelo para rosa, mas não há uma fronteira
bastante clara se a leitura está em 1 mg/m3. O profissional assumirá sempre o valor
dessa maneira e utilizará 1 mg/m3. Não se deve usar uma régua e tentar achar um
número intermediário entre 0,5 e 1, o resultado é 1 mg/m3.
Considerações finais
Segundo a OIT, o Brasil é o quarto país do mundo em acidentes de trabalho com óbito,
localiza-se atrás de China (1º), Estados Unidos (2º) e Rússia (3º). Em 2017, houve
quase duas mil mortes. Nesse contexto, é de se imaginar os trabalhadores que laboram
expostos a agentes químicos e que, muitas vezes, podem adquirir patologias que se
manifestarão anos após a exposição. Em longo prazo, existem as pneumoconioses
relacionadas ao sistema respiratório e as leucopenias e plaquetopenias, ao sistema
hematopoiético.
133
UNIDADE III │ AVALIAÇÃO AMBIENTAL
Saudações prevencionistas!
134
Glossário
135
Referências
136
REFERÊNCIAS
137
REFERÊNCIAS
FRONDEL, C. The system of mineralogy: silica minerals. 7. ed. New York: John
Wiley & Sons, 1962.
138
REFERÊNCIAS
INCA. Mesotelioma, você conhece esta doença? Rio de Janeiro: [s.n.], 2009.
Disponível em: http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/comunicacao/mesotelioma.
pdf. Acesso em: 12 nov. 2019.
LEIDEL, N. A.; BUSCH, K. A.; LYNCH, J. R. NIOSH Occ Exp Sampling Strat
Manual. [S.l.]: [s.n.], 1977.
139
REFERÊNCIAS
140
REFERÊNCIAS
SKC. Air sampling solutions & expertise. 2019. Disponível em: https://www.
skcinc.com/catalog/index.php. Acesso em: 12 nov. 2019.
141
REFERÊNCIAS
Figuras
Figura 1. Tabela Periódica Clássica.
Figura 2. Tetraedro da Sílica.
Figura 3. Distribuição de Fração Inalável.
Figura 4. Distribuição de Fração Torácica.
Figura 5. Distribuição de Fração Respirável.
Figura 6. Poeira de Calcário.
Figura 7. Poeira de Madeira.
Figura 8. Fumos de Asfalto.
Figura 9. Fumos Metálicos .
Figura 10. Fumaça do Escapamento.
Figura 11. Névoa de Soda Cáustica.
Figura 12. Neblina de Água.
Figura 13. Abastecimento de Combustível.
Figura 14. Bancada de Diluição de Tinta.
Figura 15. Névoa Química + Vapor de Solvente.
142
REFERÊNCIAS
143
REFERÊNCIAS
144
REFERÊNCIAS
Tabelas
Tabela 1. Propriedades de Agentes Químicos.
145
REFERÊNCIAS
Tabela 31. Relação Agente Químico x Volume Mínimo e Máximo x Tempo Coleta.
146