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Intradermoterapia, Preenchimento

Facial, Toxina Botulínica,


Carboxiterapia, Microagulhamento e
Criolipólise

Brasília-DF.
Elaboração

Juliana TIroni Machado


Tais Amadio Menegat

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração

Sumário

APRESENTAÇÃO................................................................................................................................. 6

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA

.................................................................... 7

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 9

UNIDADE I
MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

................................................................................. 11 CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO À INTRADERMOTERAPIA

.................................................................................... 11 CAPÍTULO 2

MEDICAMENTOS UTILIZADOS NA

INTRADERMOTERAPIA............................................................ 18 CAPITULO 3

PROTOCOLOS E TÉCNICAS DE APLICAÇÃO DE

INTRADERMOTERAPIA...................................... 37 CAPÍTULO 4

CLASSIFICAÇÃO DE GORDURA

LOCALIZADA.......................................................................... 55 UNIDADE II

PREENCHIMENTO FACIAL.....................................................................................................................

59 CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO AO PREENCHIMENTO FACIAL

........................................................................... 59 CAPÍTULO 2

TÉCNICAS DE APLICAÇÃO DE PREENCHEDORES

.................................................................... 66 UNIDADE III

TOXINA BOTULÍNICA.............................................................................................................................

74 CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO À TOXINA BOTULÍNICA

...................................................................................... 74 CAPÍTULO 2

TIPOS DE TOXINA BOTULÍNICA................................................................................................. 78


CAPÍTULO 3

ANATOMIA ............................................................................................................................. 82

CAPÍTULO 4

RESULTADOS DE APLICAÇÃO DA TOXINA BOTULÍNICA.............................................................. 86

UNIDADE IV
INFUSÃO CONTROLADA DE CO2 ......................................................................................................... 95

CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA INFUSÃO CONTROLADA DE CO2................................................ 95

CAPÍTULO 2
CARBOXITERAPIA E SUAS APLICAÇÕES ................................................................................. 103

CAPÍTULO 3
CARBOXITERAPIA NAS ALTERAÇÕES ESTÉTICAS...................................................................... 109
UNIDADE V
MICROPUNTURAS .............................................................................................................................. 130

CAPÍTULO 1
INTRODUZINDO O MICROAGULHAMENTO ............................................................................ 130

CAPÍTULO 2
OS MECANISMOS DA MICROPUNTURA ................................................................................. 135

CAPÍTULO 3
APLICAÇÃO DA MICROPUNTURA.......................................................................................... 145

UNIDADE VI
CRIOLIPÓLISE .................................................................................................................................... 151

CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO À CRIOLIPÓLISE.............................................................................................. 151

CAPITULO 2
OS MECANISMOS DA CRIOLIPÓLISE ..................................................................................... 155

CAPÍTULO 3
INDICAÇÕES DE CRIOLIÓLISE............................................................................................... 158

UNIDADE VII
ENDERMOLOGIA – DERMOTONIA ...................................................................................................... 164

CAPÍTULO 1
ENTENDENDO A ENDERMOLOGIA ........................................................................................ 164
CAPÍTULO 2
TÉCNICAS............................................................................................................................ 168

CAPÍTULO 3
TIPOS DE PROTOCOLO......................................................................................................... 172

PARA (NÃO) FINALIZAR................................................................................................................... 175

REFERÊNCIA.................................................................................................................................. 176

Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como
pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia
da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos
conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos
da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional
que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução
científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de


modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal
quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de
textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam
a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de
consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto


antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o
autor conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma


pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu
raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas
experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a
construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do


estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de


fortalecer o processo de aprendizagem do aluno.

7
Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das


sínteses/conclusões sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar


Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a
aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo
estudado.

Introdução
Esta sem dúvida é a apostila mais aguardada pelos alunos de Pós-graduação da
Farmácia Estética. A partir da Resolução que habilitou os profissionais farmacêuticos
a entrarem na área dos procedimentos injetáveis, esta apostila disponibilizará a vocês
alunos conhecimentos sobre áreas invasivas até então só estudada por médicos e
biomédicos. Veremos a seguir o poder dos injetáveis como forma de tratamento
estético, serão estudados os procedimentos mais utilizados na prática clínica, como
por exemplo: intradermoterapia ou mesoterapia, preenchimento facial, aplicação de
toxina botulínica, carboxiterapia, micropuntura e criolipólise. Sendo que estas
também serão estudas meticulosamente nesta apostila. Além disso, nesta apostila terá
uma unidade extra que abordará a endermologia.

A partir disso, o aluno poderá então ter conhecimento teórico e domínio sobre as
técnicas exigidas pelo conselho federal de Farmácia na área de estética, poderá saber
quais medicações e/ou tratamentos deverão ser usados para uma finalidade específica,
seja para rejuvenescimento, gordura localizada ou celulite e o porquê disso.
Objetivos
» Promover o conhecimento fisiológico, farmacológico e terapêutico das
técnicas de intradermoterapia, aplicação de toxina botulínica,
preenchimento facial, carboxiterapia, microagulhamento, criolipólise e
endermologia.

» Compreender mecanismo de ação das técnicas de intradermoterapia,


aplicação de toxina botulínica, preenchimento facial, carboxiterapia,
microagulhamento, criolipólise e endermologia.

» Compreender método de aplicação mais atual das técnicas de


intradermoterapia, aplicação de toxina botulínica, preenchimento facial,
carboxiterapia, microagulhamento, criolipólise e endermologia.

» Ter domínio teórico sobre os procedimentos injetáveis.

MESOTERAPIA
UNIDADE I
– INJETÁVEIS
INTRADERMOTERAPIA

CAPÍTULO 1
Introdução à intradermoterapia

Linha do tempo da mesoterapia


A mesoterapia também é denominada de intradermoterapia, ela é uma técnica
bastante utilizada pelos habilitados, pois os resultados obtidos são extremamente
relevantes e sua aplicação é relativamente simples. Porém, com o objetivo de
compreender melhor os princípios que envolvem os tratamentos que utilizam a
intradermoterapia, faz-se necessário ter um conhecimento prévio sobre os processos
históricos que fundamentaram a técnica.
» 400 a.C.: Hipócrates teria usado folha de figueira da Barbária (cacto)
para tratar dores no ombro de um pastor local. No entanto, chineses já
usavam essa técnica há 2.000 anos com martelos guarnecidos de pontas,
denominada acupuntura (LE COZ, 2012).

» 1793: Foi comprovada a ação terapêutica de substâncias injetáveis, pelo


Dr. Pravaz (LE COZ, 2012).

» 1832: Esse mesmo pesquisador inventa a seringa e a agulha oca (LE COZ,
2012).

» 1900: Na França surge o “Ressuscitador”, aparelho que contém


numerosas agulhas maciças fixadas, com ajuda de um sistema elástico
essas numerosas agulhas são espetadas na pele, por unguento (LE COZ,
2012).

» 1910: Na Bélgica, é visto pelo Dr. Lemaire, aplicações de procaína para


tratar neuralgias, e mais tarde Leriche aplica Procaína em gânglios e
tendões dolorosos (LE COZ, 2012).

11
UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

» 1948 a 1950: Drs. Pistor e Lebel expandem as infiltrações locais de


procaína para diversas áreas de aplicações (LE COZ, 2012).

» 1952: Marco da Mesoterapia – Dr. Pistor trata um sapateiro asmático


com uma injeção de 10 mL de procaína por via intravenosa, no entanto,
não há melhora evidente da dispneia, enquanto que a surdez deste
diminui. Desse modo, Pistor teve a ideia de injetar localmente, ou seja,
próximo ao lóbulo da orelha, doses baixas de procaína que resultou em
diminuição substancial da surdez (LE COZ, 2012).

» 1953: A técnica de Pistor é divulgada e muitos o procuram, no entanto ele


observa que a técnica não é eficaz para todos os pacientes surdos que ele
trata, entretanto, ele observa melhora em outros aspectos, por exemplo:
dores da articulação temporomandibular são eliminadas, eczemas do
conduto auditivo desaparecem e que os zumbidos são reduzidos (LE
COZ, 2012).

» 1953 a 1958: Os locais de injeção se multiplicam, promovendo a


descoberta de outras indicações (LE COZ, 2012).

» 1958: O nome Mesoterapia é proposto na imprensa médica em um artigo


publicado na revista “La Presse Medicale” em 4 de junho, por Pistor.
Neste artigo, ele destacava as novas propriedades da procaína local na
patologia humana. Propondo que “A ação sobre os tecidos originários do
mesoderma é tão significativa que esses tratamentos mereceriam o
nome global de mesoterapia” (LE COZ, 2012).

É interessante ressaltar nesse momento que atualmente a técnica não


abrange somente tecidos da mesoderme (vasos, tendões, tecidos
conectivos etc.), mas, por exemplo: lesões dermatológicas (ectoderma),
patologias digestivas (endoderma) também podem ser amenizadas pela
mesoterapia (LE COZ, 2012).

» 1960: Prof. Bordet pede ao Dr. Pistor que ensine Mesoterapia aos
estudantes de Medicina Veterinária, isso vai até 1965, quando Bordet
toma a liderança do ensinamento para os alunos (LE COZ, 2012).

» 1961: Primeiro livro publicado de Pistor: La Mésothérapie (LE COZ,


2012).

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MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

» 1964: É criada por Pistor a Sociedade Francesa de Mesoterapia,


nomeando o Dr. Lebel para a presidência, de primeira instância foram
reunidos 16 médicos (LE COZ, 2012).

» 1976: Pistor resumiu a técnica de mesoterapia com as seguintes palavras


– “POUCO, POUCAS VEZES E NO LOCAL ADEQUADO” (LE COZ,
2012).

Ainda nesse ano Pistor reconheceu que suas recomendações eram


empíricas baseadas em sua própria experiência clínica (LE COZ, 2012).

» 1978: Pistor faz uma conferência nos EUA, em Nova York (LE COZ, 2012).

» 1980: Pistor cria o multipuntor (seringa com multipunturas) (LE COZ,


2012).

» 1982: Falecimento do Dr. Lebel, sobre quem Pistor disse: “O homem que
mais ajudou a mesoterapia em seus momentos difíceis acaba de falecer.
Ele era meu mestre e meu amigo. Se a mesoterapia de hoje reúne nomes
que começam a ser conhecidos, um deles, particularmente
insubstituível, que está estritamente ligado ao início histórico da
mesoterapia e que não poderá jamais ser esquecido, é o nome de Mario
Lebel” (LE COZ, 2012).

Isso porque Lebel teve três ideias e ações principais, as quais foram:
› A agulha curta ser o pequeno elo entre todos.

› Ter sido o primeiro presidente em 1964.

› A difusão da técnica entre os veterinários.

» Ainda em 1982: criaram o primeiro diploma da universidade de


mesoterapia pela faculdade de Paris XIII (LE COZ, 2012).

» 1991: Dr. Pistor cede seu lugar a frente da Sociedade Francesa de


Mesoterapia ao Dr. Le Coz (LE COZ, 2012).

» 1992 a 2002: Drs Pistor e Le Coz viajam juntos pelo mundo para difundir
a mesoterapia e ensiná-la aos médicos da América do Sul, Europa e
África (LE COZ, 2012).

» 2001: Surgiram trabalhos indexados no MedLine sobre o uso da


Intradermoterapia/Mesoterapia para as dermatoses inestéticas (LE
COZ, 2012).

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UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

» 2002: Criação do diploma interuniversitário. Qualificação do ato


mesoterápico pelo Caisse Nationale d´Assurance Maladie (CNAM) (LE
COZ, 2012).

» 2003: Falecimento do Dr. Pistor (LE COZ, 2012).

» 2004: Médicos americanos encontram-se na França (Paris) para estágios


do Dr. Le Coz e partem para difundir a técnica de origem francesa para
o outro lado do Atlântico. A partir daí Le Coz é regularmente convidado
para ir ao Canadá e EUA ensinar a técnica aos colegas (LE COZ, 2012).

» 2005: Ásia administra a nova abordagem terapêutica (LE COZ, 2012).

» 2007: O diploma interuniversitário de Mesoterapia já compreende cinco


faculdades (LE COZ, 2012).

» 2008: Até o momento o ato mesoterápico introduzido na nomenclatura


do CNAM ainda não foi numerado (LE COZ, 2012).

Intradermoterapia na prática farmacêutica

A intradermoterapia é uma técnica minimamente invasiva que consiste em injeções


intradérmicas ou subcutânea de várias misturas diluídas de extratos naturais de
plantas, agentes homeopáticos, produtos farmacêuticos, vitaminas e outras
substâncias bioativas que são infundidas em quantidades muito pequenas que variam
de 0,1 mL a 0,2 mL através de múltiplas punturas dérmicas ao invés de poucas
injeções (BROWN, 2006; TANRIKULU, 2007; KALIL, 2006). Essa técnica também é
conhecida como mesoterapia, no entanto, este nome não condiz apenas com um
tratamento estético em específico, e sim, descreve um método de fornecimento de
drogas. Além disso, o termo mesoterapia é proveniente da mesoderme, uma das três
camadas germinativas do embrião que origina tecido conjuntivo, muscular,
circulatório, entre outros (ROTUNDA, KOLODNEY, 2006).

É interessante ressaltar que antes da mesoterapia ser aceita como uma modalidade de
tratamento estético, a intradermoterapia era utilizada no tratamento de diversas
patologias, principalmente para dores e reumatismo (KALIL, 2006). Michel Pistor,
médico francês, em 1952 foi o primeiro a relatar a utilização da mesoterapia com
injeções de procaína próximas à orelha de pacientes com deficiência auditiva para
melhorar a audição, embora essa tenha sido restaurada por um curto período. Foi
relatado melhora nas articulações, zumbido e eczema na região tratada (ROTUNDA,
KOLODNEY, 2006; PISTOR, 1964).

14
MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

Desde então, a intradermoterapia vem se tornando cada vez mais popular no ramo
estético, principalmente por sua extensa finalidade, pois esta pode ser usada para
tratamento de rejuvenescimento facial, flacidez, hidrolipodistrofia, ginoide, alopecia,
redução de medidas e emagrecimento (DUNCAN, ROTUNDA, 2011; ROTUNDA,
2009).

Mecanismo de ação da intradermoterapia


Segundo Sivagnanam (2010), a derme é uma junção das funções imunológicas,
circulatórias e neurológicas. Deste modo, ele propõe que a ação medicamentosa da
técnica de intradermoterapia pode atuar em uma dessas funções desencadeando o
processo de reparo, seja na flacidez ou estria, produzindo colágeno e elastina ou então
pela vasodilatação aumentando o processo lipolítico no local, por exemplo.

A pele tem uma propriedade de reservatório, principalmente no nível da camada


córnea. A função de barreira é assegurada pela camada córnea, cuja eliminação
aumenta consideravelmente a permeabilidade da pele (WEPIERRE, 1980a). Desse
modo, os produtos injetáveis ativam os receptores dérmicos e se difundem
lentamente, através da microcirculação. Não é necessária a presença física do fármaco
no órgão alvo, pois o produto pode atuar através de receptores responsáveis por
desencadear um influxo nervoso por liberar mediadores químicos com ações a
distância. Esses receptores são numerosos, porém variam em quantidade segundo sua
localização e profundidade (KAPLAN, 1992).
De modo geral, na mesoterapia preconiza-se a aplicação do medicamento na região
mais próxima do órgão-alvo. É possível pensarmos que o produto injetado localmente
tenha um valor energético, mais do que químico, em certas condições. Além disso, as
moléculas grandes e os compostos fortemente lipofílicos são reabsorvidos de forma
lenta e preponderantemente por via linfática. As moléculas pequenas são absorvidas
principalmente por via sanguínea (WEPIERRE, 1980b).

A retenção nas estruturas cutâneas e subcutâneas permite ao medicamento


permanecer concentrado sob a zona de aplicação e produzir efeitos farmacológicos
locais, enquanto sua difusão periférica permanece reduzida e não acarreta ação
sistemática (LE COZ, 2012).

A persistência de medicamentos nas regiões profundas da pele foi comprovada após


aplicação de alguns corticoides, de tiroxina, de estradiol, entre outros. Esse
experimento mostrou que após a absorção, os medicamentos aplicados retornam
diretamente ao coração sem passar pelo fígado (WEPIERRE J,1980c). Os efeitos
secundários por via intradérmica são reduzidos com relação às vias subcutâneas e
intramuscular, uma vez

15
UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

que estas atingem a grande circulação de forma mais rápida quando comparada à via
intradérmica (LE COZ, 2012).

<http://www.vichy.pt/international/Lalaborat%C3%B3rios-Vichy/Camada
granulosa-1cmp1204.aspx>. Acesso em: 25/8/2015

<http://www.scielo.br/pdf/abd/v86n1/v86n1a13.pdf>

<http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000439406
&fd =y>. Acesso em: 28/8/2015

A punctura promove um estímulo no sistema neuroendócrino, dando origem à


liberação de uma série de neurotransmissores, tais como: a encefalina responsável
pela modulação da dor, promovendo um efeito anestésico após a sua liberação; a
betaendorfina responsável pela ação lipolítica e aumento da imunidade, aumentando
a concentração de linfócitos T, como acontece também na prática de exercícios físicos;
a substância decapeptidio, envolvida nas respostas inflamatórias, liberada quando se
provoca uma irritação ao tecido, causando vasodilatação, taquifilaxia, aumento da
permeabilidade venular (edema), eritema, liberação de aníon superóxido e outros
mediadores como, histamina, prostaglandinas, enzimas lisossômicas e, finalmente
induz a reação inflamatória irritativa, desencadeando reflexos somáticos e viscerais. A
puntura promove também estimulo à produção de colágeno e elastina (recuperação
tecidual) (MAYA,2007).
Mrejen, em 1992, observou que injetando medicações em diferentes profundidades
dérmicas, no caso entre 4 mm e 10 mm, havia diferença no tempo de excreção da
medicação. Aplicando numa profundidade de 10 mm percebeu-se que o produto
atingia a circulação mais rapidamente e sua eliminação ocorria antes do desejado. No
entanto, quando o produto era aplicado em uma profundidade de 4 mm o tempo que
o medicamento ficava disponível na camada era maior. Com isso, padronizou-se a
aplicação da intradermoterapia em uma profundidade ideal de 4 mm. Nessa
profundidade, após 10 minutos decorrentes da aplicação, a quantidade do fármaco no
local da aplicação permanece em 50%. Em profundidades maiores que 4 mm, após 10
minutos a permanência do fármaco declina para 16% (TENNSTEDT, 1976; AMIN et
al., 2006).

Dessa forma, é evidente que as injeções intradérmicas se difundem por via sanguínea.
Assim, concluiu-se que a difusão de um produto em intradermoterapia depende da
profundidade a que é injetado. Esta diferença pode ser ilustrada com curvas de
eliminação: o caminho intradérmica superficial teria uma curva de eliminação
monoexponencial, enquanto que o caminho intradérmica mais profunda iria ter uma

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MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

curva biexponencial (eliminação inicial mais rápido, correspondendo a uma injeção


intravenosa, seguida de eliminação mais lenta no reservatório derme) (MREJEN,
1992).

Por muito tempo, a base de cada mistura foi a procaína. Atualmente, além
da procaína utilizamos hoje com muita frequência lidocaína ou soro
fisiológico como solvente de base. (LE COZ, 2012). Na hora da mistura
das medicações na mesoterapia é importante saber que estas precisam
ser preparadas em uma ordem precisa de pH para evitar flóculo.(LE
COZ,2012)
17

CAPÍTULO 2
Medicamentos utilizados na
intradermoterapia

Medicações
Em 2012, saiu a Resolução no 4302 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA) proibindo o uso de alguns extratos vegetais isolados ou associados com
outras substâncias, são eles:
1. Chá Verde.

2. Centella Asiática.

3. Ginkgo Biloba.

4. Melilotus.

5. Castanha da Índia.

6. Dente de Leão.

7. Sinetrol.

8. Ayslim.

9. Girassol.

Posteriormente, em 2013, foi publicada outra Resolução no 128 da ANVISA proibindo


o princípio ativo Tiratricol. Além disso, substâncias alcoólicas e oleosas foram
proscritas dos tratamentos injetáveis mesoterápicos por apresentarem risco de
desenvolvimento de necrose tecidual.

Não obstante, a intradermoterapia possui uma vasta variedade de medicamentos que


podem ser utilizados em diferentes tratamentos. A seguir, estão listados algumas
classes medicamentosas e os medicamentos que fazem parte delas.

1. Anestésicos/Paticolíticos.

2. Venotróficos (Venolinfáticos ou Vasoativos).

3. Lipolíticos.

18
MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

4. Eutróficos.

5. Outros.

Anestésicos/paticolíticos
Na grande maioria dos protocolos de intradermoterapia, os anestésicos,
preferencialmente utilizados para minimizar a dor do procedimento, são lidocaína a
1% (para as condições agudas) ou procaína a 1% (para condições crônicas) sem
epinefrina. Na França, drogas como buflomedil (vasodilatador) e pentoxifilina também
são utilizadas, pois se acredita que podem aumentar a microcirculação no tecido local
e facilitar a eliminação de resíduos metabólicos. (ADELSON, 2005).
Em estudos com animais, a pentoxifilina tem demonstrado que possui efeito
anti-hiperalgésico. Ervas como alcachofra, ginko biloba, melilotus também são
utilizados para melhorar a circulação local. (VALE et al., 2004).

Procaína (pH - 5,0)

A procaína é uma amina secundária, pertencente ao grupo éster. É considerada um


anestésico fraco de curta duração (~ 1h). Sua toxicidade é 110 x maior por via
intravenosa em relação à via subcutânea. A procaína é utilizada na mesoterapia por
suas propriedades simpaticolíticas, analgésicas e vasodilatadoras (CALAIS, 1987).

Lidocaína (1% ou 10 mg/mL)

É um anestésico local de pH neutro (6,0-7,5) mais potente que a procaína com


potência de 60 a 75 minutos, apresenta um período de latência menor que a procaína
sendo mais estável entre todos os anestésicos conhecidos. É uma amida. Existem
várias diluições de lidocaína na mesoterapia, sendo a mais encontrada e utilizada a de
1%. Um estudo sobre as reações secundárias com 2.839 pessoas que aplicaram
injeções de mistura contendo lidocaína não mostrou nenhum choque anafilático ou
vagal (CAHIER, 1990).

Anestésicos locais geralmente atravessam a bainha do nervo na forma não ionizada,


porém interagem com os receptores situados na membrana neural na forma ionizada,
estabilizando o potencial da referida membrana, bloqueando a condução nervosa. A
despolarização talvez ocorra devido à interferência com o fluxo de íons Na+ e K+
através da membrana plasmática (CAHIER, 1990). A lidocaína assim como outros
anestésicos locais podem ser ineficazes em áreas inflamadas, pois nestas, o pH por ser
mais baixo

19
UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

facilita a ionização das moléculas de lidocaína, dificultando assim sua penetração nas
fibras nervosas (CAHIER,1990).

Apesar da sua grande utilização na prática clínica, a lidocaína pode apresentar alguns
efeitos adversos, tais como: reações locais de origem alérgica ou citotóxicas, dores,
edemas, neurite e dermatite e eczematoide.

Venotróficos (venolinfáticos ou vasoativos)

Os vasoativos são muito usados na mesoterapia, e sua utilização parece ter efeito
importante. São fármacos responsáveis pelo efeito vasodilatador, permitem uma
melhor absorção e difusão dos outros fármacos (LE COZ, 2012).

Segundo Mrejen (1992), haveria uma terceira circulação no corpo humano, além da
sanguínea e a linfática. Existiria uma circulação que ocorreria entre o plasma e o
líquido intersticial, mais especificamente na substância fundamental amorfa da
derme.

Assim, os medicamentos injetados ficariam no interstício dérmico e seriam absorvidos


por unidades microcirculatórias, atravessariam a parede capilar e atingiriam a
circulação linfática ou sanguínea, de acordo com a especificidade do produto
(HERREROS et al., 2007).

Buflomedil (Alfabloqueador 10mg/mL pH-6,5)

Utilizado nos fenômenos de insuficiência venosa, pois é um vasodilatador arteriolar


importante para o aporte de oxigênio no tecido. Estimula a drenagem de toxinas. Além
disso, inibe agregação plaquetária, melhorando o fluxo sanguíneo. Este pode ser usado
via intradérmica em celulite e alopecia e subcutânea para gordura localizada. Por fim,
não se vê reações adversas em intradermoterapia devido à baixa dosagem utilizada
(ADELSON, 2005).

Minoxidil

Promove ação vasodilatadora periférica. É indicado para alopecia, pois estimula a


microcirculação em torno do folículo piloso auxiliando o crescimento capilar (LE
COZ, 2012).

20
MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

Benzopirona (5mg/mL pH-7,0)

Conhecida também como Cumarina, atua principalmente na redução do edema,


aumentando a resistência da parede dos vasos e diminuindo o conteúdo de
macromoléculas no interstício (o que faz com que o edema se perpetue). Substância
marcadora (substância ativa) do Melilotus, diminui a fragilidade dos capilares, otimiza
o retorno venoso e assim diminui o edema local. Favorece a migração de macrófagos
para o local do edema e desta forma contribui para a fagocitose de macromoléculas
impróprias do interstício que desencadeiam o edema (VALE et al., 2004).

Benzopirona com rutina (pH -0,5%-2,5%)


Atuam em sinergismo melhorando a circulação periférica e diminuem a fragilidade
capilar, desta forma otimizam o retorno venoso e reduzem o edema. Indicado para a
realização de protocolos para o eixo vascular. Apresenta ação antioxidante (MREJEN,
1992).

A rutina é um flavonoide, age na cadeia do ácido araquidônico diminuindo a


inflamação e a permeabilidade capilar. Sintetiza colágeno. O uso deste composto é
intradérmico. Composto considerado vasculoprotetor e venotônico (MREJEN, 1992).

Pentoxifilina (20mg/mL pH-7,0-8,5)

As pentoxifilinas apresentam ação sobre a deformabilidade das hemácias, são


considerados vasodilatadores periféricos. Além disso, elas são utilizadas em membros
inferiores por serem considerados medicamentos interessantes para celulite em grau
III e IV (LANCET, 2002). Além de sua ação vascular, atribui-se a ela propriedades
anti-inflamatórias, fibrinolíticas e lipolíticas (GEORGE, no 132).

Medicamentos lipolíticos

São aqueles medicamentos que por meio de diferentes mecanismos de ação, possuem
a capacidade de quebrar a gordura localizada. Estimulando a lipólise e/ou inibindo a
lipogênese no nosso organismo (RIBEIRO, 2010).

Sabe-se que a quebra de gordura estocada nos adipócitos é regulada pelos receptores
α-2 e β-receptores, na superfície da célula adipocitária. A lipólise ocorre por
hormônios, incluindo estrógeno ou estimulantes químicos, incluindo a cafeína, por
exemplo. A atividade do β -receptor aumenta a lipólise. Já a atividade do receptor α-2
inibe o

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UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

β-receptor. Por isso, a ativação β-adrenérgica e a inibição α-2 adrenérgica aumentam a


lipólise nos adipócitos (MATARASSO, PFEIFFER, 2005).

O número de razão de α-2 e β-receptores nos adipócitos variam em diferentes áreas do


corpo, por exemplo: quadril e coxa contêm mais α-2-receptores, desse modo, a
gordura nessas áreas é mais resistente à lipólise, já os β–receptores são encontrados
em maior quantidade no abdômen (MATARASSO, PFEIFFER, 2005).

É interessante salientar que a lipólise representa um processo pelo qual os triglicérides


intracelulares são hidrolisados, ou seja, degradados em ácidos graxos livres e glicerol,
os quais ficam disponíveis na circulação. No entanto, a lipólise não produz um efeito
permanente, tais como: apoptose ou necrose celular. Em vez disso, a lipólise dispara
uma resposta metabólica aguda que é, com toda a probabilidade, transitória
(ROTUNDA, 2005). Devido a isso, deve ser orientado para a paciente tanto durante
como após o tratamento estético permanecer com a reeducação alimentar e a prática
de exercício físico, para assim manter por mais tempo os resultados da
intradermoterapia. Não obstante, estudos já salientaram que o desoxicolato de sódio
também é capaz de levar o adipócito à morte celular por apoptose e necrose
(MATARASSO, PFEIFFER, 2005; JAYASINGHE et al., 2013; SCHULLER-PETROVIC
et al.,2008).

Os lipolíticos apresentam mecanismos importantes como: diminuição na formação de


triglicérides (lipogênese); inibição na fosfodiesterase e aumento de AMPc ─ esta
quando ativada inibe lipólise; bloqueio dos alfa receptores, estímulo dos beta
receptores e bloqueio dos receptores neuropeptídeos (estes agem principalmente na
celulite, restabelecendo a macrocirculação local e diminuindo o edema) (RAWLINGS,
2006; DUNCAN, 2007; RIBEIRO, 2010).

Não é recomendado o uso de terapias que estimulem a circulação


periférica logo após o procedimento nem mesmo a realização de
atividades físicas. O aumento da circulação periférica induz à perda de
medicamento do tecido para a corrente sanguínea, contrariando o
princípio da técnica.

Algumas medicações e mesclas medicamentosas, assim como formas de


aplicações, podem vir a causar uma discreta reação de resposta celular
no nível do panículo adiposo que reveste o plano muscular. Trata-se de
um pequeno afluxo de células linfoides diversas (fibrócitos, histiócitos,
macrófagos, plasmócitos) localizados na periferia das grandes células
vasculares de gordura. Nota-se também uma vasodilatação dos capilares.

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MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

Tipos de medicamentos lipolíticos

Cafeína (250mg/mL, 5% ou 50mg/mL, pH- 7,0)

A cafeína ou 1,3,7-trimetilxantina é lipossolúvel e, quando ingerida, é rapidamente


absorvida pelo trato gastrointestinal; sua metabolização acontece no fígado, iniciando
com a retirada dos grupos metila 1 e 7, reação catalisada pelo citocromo P450 1A2,
levando à formação de três grupos metilxantinas. Sua ação lipolítica se deve à
mobilização dos ácidos graxos livres dos tecidos ou estoques intramusculares. Atua
ainda como competidor dos receptores de adenosina e como estes atuam inibindo a
lipólise, tem-se um aumento nos níveis de AMPc, que ativa as lipases hormônios
sensíveis, promovendo a lipólise (MELLO; KUNZLER; FARAH, 2007).

Sua ingestão pode contribuir para o aumento da perda de peso e para a manutenção
deste, por meio da oxidação da gordura e termogênese (DUNCAN, 2007). Seu efeito
estimulante sobre o sistema nervoso central se dá pelo aumento da concentração
plasmática de noradrenalina, assim estimula o processo lipolítico ao inibir a
fosfodiesterase, aumentar a meia-vida do AMPc e, consequentemente, a atividade da
proteína quinase A (PKA) e da lipase hormônio sensível (LSH) (CURI et al., 2003).

Adicionalmente, parece aumentar os níveis de proteínas desacopladoras do tipo 3


(UCP-3) no tecido adiposo branco. As proteínas desacopladoras estão presentes nas
mitocôndrias das células e têm a capacidade de desacoplar a fosforilação oxidativa por
dissipar na forma de calor, o gradiente eletroquímico que foi gerado pelo processo
respiratório. É através desse processo que nos mantemos aquecidos durante o inverno,
a chamada termogênese. Foi demonstrado que animais transgênicos que expressavam
essas proteínas além do normal apresentaram redução do tecido adiposo. Portanto,
esta seria outra ação da cafeína na lipodistrofia localizada e no fibro edema geloide
(RAWLINGS, 2006; MORI et al., 2009).

A cafeína também é encontrada no mercado na forma combinada com a sinefrina, que


é extraída da laranja amarga, recebendo o nome comercial de Amarashape®. A
sinefrina tem estrutura semelhante à adrenalina, ela se liga a receptores adrenérgicos
dos adipócitos e aumenta a quantidade de AMPc intracelular levando à lipólise.
Considerando que a cafeína é a substância lipolítica mais conhecida, que atua inibindo
a fosfodiesterase (que faz a quebra do AMPc), a junção desses dois princípios aumenta
a quantidade de AMPc e, consequentemente, a atividade lipolítica (TERRA; MININ;
CHORILLI, 2009).

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UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

A teofilina, outra metilxantina, tem taxa de permeação cutânea inferior à cafeína,


baixa solubilidade em água e efeitos secundários marcantes, mas o ácido teofilino
acético, um derivado da teofilina, é hidrossolúvel e seguro para uso tópico (RIBEIRO,
2010).

Resumindo, a cafeína inibe a fosfodiesterase, aumenta o AMPc intra-adipocitário e


consequentemente estimula a lipólise. Faz parte da família das xantinas. Indicada para
tratamentos com gordura localizada e celulite (hidrolipodistrofias) e estimula o SNC.
(MORI et al., 2009).

Além disso, aumenta a termogênese e a oxidação das gorduras (maior metabolização


dos ácidos graxos). Geralmente utilizada nas hidrolipodistrofias, mas favorece
claramente os hematomas. É preferível, portanto, injetá-la em subcutânea com dose
baixa, diluída (MORI et al., 2009).

No entanto, pode ser visto este composto em aplicações intradérmicas (para gordura
localizada) e intramuscular (melhora o desempenho físico, pois ativa o metabolismo)
também (MORI et al., 2009).

Na aplicação intramuscular pode apresentar reações como taquicardia, insônia em


pacientes mais sensíveis, além disso, podem ocorrer interações em pacientes
fumantes metabolizando mais rápido o composto ou em pacientes que fazem uso de
anticoncepcional retardando a metabolização (RIBEIRO, 2010).

Contraindicado: para pacientes que apresentam hipersensibilidade às xantinas,


hipertensos e cardiopatas (RIBEIRO, 2010).

Substâncias da família das xantinas como cafeína, aminofilina entre outras


são estimulantes lipolíticos, ou seja, aumentam os beta-receptores dos
tecidos adiposos promovendo a lipólise no local tratado (VELASCO et
al., 2008; MORIMOTO et al.,2001).

Pentoxifilina (pH-7,0)

Como já falado no tópico dos venotróficos, esta xantina apresenta efeito benéfico na
microcirculação por inibir a agregação plaquetária, melhorar a deformidade dos
eritrócitos diminuindo a viscosidade do sangue e por apresentar efeito vasodilatador
sobre os capilares (GUIRRO; GUIRRO, 2007).

Indicada para tratamentos com gordura localizada e celulite. As reações adversas que
podem apresentar são urticária e prurido no local da aplicação, mas regride ao término
do tratamento (GUIRRO; GUIRRO, 2007).

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MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

Aminofilina (pH-9,0)

Esta última xantina apresentada também tem ação lipolítica aumentando a produção
de AMPc e consequentemente quebrando os triglicérides em ácidos graxos e glicerol.
Inibe a produção de prostaglandinas e liberação de histamina e leucotrienos
diminuindo o processo inflamatório. Também é indicada para tratamento de celulite
(GUIRRO; GUIRRO, 2007).

Pode apresentar dor no local da aplicação e sensação de calor. É contraindicada para


aplicação intramuscular em cardiopatas (GUIRRO; GUIRRO, 2007).

Ioimbina (0,5%, 5 mg/mL, pH-5,0)


Alcaloide da planta Pausinistalia yoimbina, antagonista de receptor alfa adrenérgico
em adipócitos. Este antagonismo induz a lipólise intra-adipocitária. Em outras
palavras, se liga a receptores alfa 2 adrenérgicos aumentando a disponibilidade de
ligação da norepinefrina a receptores beta 2 adrenérgicos, consequentemente
aumentando a lipólise e diminuindo a lipogênense (RASCOVSKI,2000).

É indicado para tratamento com gordura localizada, nas mulheres: quadril e coxa;
homens: região lateral do tronco (RASCOVSKI, 2000). Não deve exceder dose máxima
de 10 mg/mL por sessão (RASCOVSKI, 2000).

Não associar este composto com cafeína (xantinas) e a outras


substâncias de pH alcalino - preciptação.

As reações locais podem ser ardor no momento da aplicação e por ter uma ação
vasodilatadora podem ocorrer hematomas. É contraindicado para pacientes com
hipersensibilidade à ioimbina, hipertensão ou problemas cardíacos. Essa medicação
apresenta complicações na maioria dos pacientes, muitos relatam sentir reações como
calafrios e náuseas por 3 horas após a aplicação, geralmente recomenda-se ao
paciente não se alimentar por 2 horas antes de aplicar este composto (RASCOVSKI,
2000).

L-carnitina (30%, 300mg/mL, pH-7,0)

É um aminoácido sintetizado nos tecidos, que favorece a hidrólise total da molécula


de ácido graxo na mitocôndria. Aumenta o ATP nos músculos quando associado ao
exercício físico (KEDE; SABATOVICH, 2009; RIBEIRO, 2010).

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UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

Responsável por transportar os ácidos graxos livres do citosol para as mitocôndrias


para assim serem oxidados. Além disso, pode ser usado via intradérmica e
intramuscular. As reações causadas podem ser ardor no local da aplicação (KEDE;
SABATOVICH, 2009; RIBEIRO, 2010).

Outros aminoácidos podem também ser utilizados, como L-ornitina associado com
L-arginina atuam na mobilização de gorduras do organismo. L-taurina evita a
degradação das proteínas favorecendo o uso de gorduras como fonte de energia e
aumentando a insulina, o qual melhora o metabolismo da glicose. Na aplicação
intramuscular é interessante associar com inositol trifosfato (KEDE; SABATOVICH,
2009; RIBEIRO, 2010).

Para melhorar o desempenho recomenda-se fazer restrição de carboidratos e gorduras


na dieta, fazer exercícios físicos e é interessante utilizá-la com outros lipolíticos
trifosfato (KEDE; SABATOVICH, 2009).

Mesoglicano (pH-7,0)

Apresenta ação lipolítica estimulando a lípase e inibindo e dificultando a deposição de


gordura, ideal para tratamento de celulite graus III e IV tem tendência a causar
hematomas, é interessante associar com benzopirona. Além da sua ação lipolítica o
mesoglicano apresenta ação fibrinolítica e anti-edema por lisar as traves fibrinogênicas
e por reorganizá-las (CHORILLI et al, 2007).

Desoxicolato de sódio (4,75% pH-7,0)

O desoxicolato de sódio é um sal biliar solúvel em água que promove a lise celular,
levando à redução do tecido adiposo subcutâneo (ROTUNDA et al., 2004), além disso,
também tem sido mostrado na redução de lipomas (ROTUNDA et al., 2005). No
intestino, ele é capaz de emulsificar a gordura proveniente da alimentação, sendo
também um produto metabólico de bactérias intestinas (JAYASINGHE et al., 2013).
Brown em 2006 discutiu o possível papel do desoxicolato de sódio no tecido adiposo.

Ele sugeriu que este composto dentro do tecido subcutâneo poderia desempenhar
quatro diferentes formas, a micela, vesículas e/ou monômeros e cristais. Deste modo,
o desoxicolato de sódio em forma de vesículas e/ou monômeros leva à necrose celular,
quando na forma de micela, poderia resultar na mobilização da saída da gordura dos
adipócitos, e por fim, na forma de cristal poderia ser prejudicial às células, isso
dependeria da sua concentração (BROWN, 2006). Matarasso (2009) relata que a
associação de desoxicolato de sódio com vasodilatadores resulta em uma rápida
absorção do desoxicolato de sódio para dentro da célula.

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MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

Sua aplicação deve ser subcutânea. Se aplicado via intraderme causa necrose, 5% dos
pacientes têm chances de formação de nódulos doloridos, sua duração persiste de 7-15
dias. As reações comuns da aplicação deste composto são vermelhidão, prurido,
inchaço (até 5 dias), leve incômodo no local, este incômodo é persistente durante todo
o tratamento (BROWN, 2006).

Para tratamentos com desoxicolato de sódio, aconselhe seu paciente a fazer


semanalmente drenagem linfática, sempre espaçando 48 horas da aplicação.
Caso ocorra nódulo indique na hora do banho para que massageie o local ou
então com uma compressa de água quente faça a massagem no local. Para
que ocorra o menos possível de nódulo é essencial aplicar 0,1 mL por ponto,
no entanto, não é só isso que fará ocorrer o nódulo, já que esta faz parte do
mecanismo de ação do composto.
Este produto deve ser usado sempre com um anestésico e venolinotrófico.

Não fazer retroinjeção com desoxicolato de sódio.

Figura 1. Após duas sessões de intradermoterapia com o protocolo desoxicolato de sódio, L-carnitina, buflomedil,
lidocaína, cafeína, houve uma redução de 13 cm na circunferência abdominal total.

Fonte: Machado JT, liberada pelo paciente da autora da apostila, 2015.

Figura 2: Complicações com desoxicolato de sódio após má conduta na aplicação – Necrose tecidual.

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UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

Fonte: <http://g1.globo.com/mato-grosso/noticia/2012/08/mulheres-feridas-ao-eliminar-gordura-em-clinica-ficam-sem
medicamento.html>acesso 14/09/15

Silício orgânico (0,5%, ou 5 mg/mL, pH6,0)

Apresenta ação lipolítica pelo aumento de AMPc, consequentemente bloqueado a


enzima fosfodiesterase como também apresenta ação eutrófica regenerando as fibras
dérmicas. É elemento estrutural do colágeno, elastina, proteoglicanos e glicoproteínas,
apresenta ação anti-fibrótica e antioxidante, opondo-se à peroxidação lipídica. É
indicada para lipodistrofias, celulite, mesolifting facial, hidratante, anti-inflamatória,
antienvelhecimento e estrias (KEDE; SABATOVICH, 2009).

Eutróficos

São responsáveis por melhorar o tecido conjuntivo, desse modo, agem estimulando as
produções de fibras colágenas, reorganizam as já existentes e contribuem também
para a formação da matriz extracelular deste tecido (LE COZ, 2012).

Fatores de crescimento

Os fatores de crescimento são proteínas reguladoras, mediadores de vias de


sinalização no interior das células e entre elas. Eles são encontrados em vários tecidos
em fase de cicatrização e renovação celular (ZOE, 2009). São mediadores biológicos
naturais que atuam sobre os processos de reparo e regeneração. Os fatores de
crescimento podem ser aplicados em cicatrização e cura de ferimentos, ação
anti-anting, estímulo de crescimento capilar, inibição de crescimento de pelos,
crescimento de cílios e tratamento para manchas, sendo utilizados com o intuito de
remover células epidermais danificadas, estimular a produção de novas células e
nutrir as existentes (BEN et al., 2006).

São indicadas para estrias, flacidez e rejuvenescimento facial:

1. IGF: aumenta níveis de colágeno e elastina, estimula a mitose celular,


estimula os folículos capilares a produzirem um cabelo mais denso e
forte. Importante papel no crescimento capilar (BEN et al., 2006).

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MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

2. EGF: melhora a aparência de cicatrizes e manchas, reduz e previne rugas


pela ativação de novas células da epiderme (BEN et al., 2006).

3. TGFb3: estimula novas células da epiderme, reduz rugas e estrias pelo


estímulo da síntese de colágeno e elastina (BEN et al., 2006).

4. b-FGF: melhora a elasticidade da pele e a circulação periférica (BEN et


al., 2006).

5. VEGF: estimula o crescimento capilar, facilita a nutrição do folículo e


induz a angiogênese (BEN et al., 2006).

Ácido alfa-lipoico (0,05%)

O ácido alfa-lipoico é sintetizado naturalmente pelo organismo, com atuação no


fígado, rins e coração. Foi descoberto em 1951, por sua atividade nos processos de
síntese de energia como coenzima atuando na descarboxilação oxidativa do ácido
pirúvico e dos alfas cetoácidos. Mais tarde suas propriedades antioxidantes foram
descobertas e então, sua utilização foi voltada para a redução de processos
inflamatórios e em combate ao envelhecimento. Atualmente é utilizado para
tratamentos em estrias, flacidez e rugas, é um importante antioxidante,
anti-inflamatório e lipotrópico. É contraindicado para pessoas com hipersensibilidade
aos componentes da formulação (PERRICONE, 2001).

O ácido alfa-lipoico apresenta dupla solubilidade (em água e em gordura - lípides),


dessa forma consegue penetrar facilmente em todas as partes e estruturas da célula
protegendo-a contra a ação dos radicais livres. Por ser um elemento sintetizado
naturalmente pelo organismo, o ácido alfa-lipoico exerce diversas funções no
organismo, dentre as quais podem ser citadas: regulação do metabolismo lipídico e
carbônico, ação lipotrópica, ação anti-inflamatória, atuando como: antioxidante
metabólico por controle de radicais livres. E, restituição das funções mitocondriais
devido à atividade antioxidante e por fazer parte do complexo de enzimas presentes
nesta categoria (PERRICONE, 2001).

Benefícios após aplicação:

» Redução da inflamação.

» Melhora do aspecto da elasticidade e tônus da pele.

» Diminuição de rugas finas.

» Diminuição das dimensões, coloração e profundidade das estrias.

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UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

» Prevenção do eritema causado pela exposição ao sol.

» Alisamento do relevo das cicatrizes hipertróficas e normotróficas.

» Suavidade das rugas profundas.

Sugestão de protocolo de aplicação

Aplicação ponto a ponto ou retroinjeção uma vez por semana durante seis semanas a
depender da avaliação/anamnese.

Ácido glicólico (1%)

O ácido glicólico é um agente ceratolítico de pH 3,5 extraído da cana-de-açúcar


pertencente ao grupo dos alfa-hidroxi-ácidos. É constituído por dois átomos de
carbono que lhe conferem uma rápida difusão a nível intercelular por ser hidrofílico e
por não necessitar de proteínas plasmáticas para exercer sua função é indicado para
tratamentos como foto envelhecimento, mesolifting facial, estrias jovens e flacidez
(HERNANDEZ; FRESNEL, 1999).

O ácido glicólico apresenta ação ceratolítica por diminuir a coesão de corneócitos por
interferência na formação de ligações iônicas, destruindo a proteína que une um
corneócito a outro. Além disso, atua na síntese de glicosaminoglicano e outras
substâncias da matriz intracelular da derme (HERNANDEZ; FRESNEL, 1999).

Os glicosaminoglicanos promovem uma intensa hidratação devido à grande


capacidade de absorção de água. Por esta razão, preenche as lacunas deixadas nas
estrias, rugas, flacidez cutânea. Histologicamente, observa-se aumento na espessura
do estrato granuloso na epiderme na adesão da união dermoepidérmica e do número
de fibras elásticas, colágenas e seu reordenamento, reposicionando-as paralelamente
(HERNANDEZ; FRESNEL, 1999). Consequentemente estimula a síntese de colágeno
e elastina. Aumenta a incorporação de prolina no colágeno (HERNANDEZ; FRESNEL,
1999).

Ácido mandélico (pH- 5,0)

Apresenta as mesmas propriedades que o ácido glicólico, só difere no tamanho da


molécula sendo esta última maior. É contraindicado para pessoas com
hipersensibilidade aos componentes da formulação e aos alfa-hidroxi-ácidos (GARG
et al., 2009)

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MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

Glucosaminoglicanos (GAG)

Gel amorfo constituído por condroitin sulfato, queratan sulfato, heparan sulfato e
dermatan sulfato. Apresenta forte agregação às proteínas de ligação, é uma estrutura
organizada e estimula a síntese de matriz extracelular, promove efeito esponja na
derme (CHORILLI et al, 2007).

É indicado para preenchimento transitório, flacidez dérmica facial e corporal, estrias


jovens e antigas (CHORILLI et al., 2007).

Ácido hialurônico (40mg/2mL ou 2,5% ou 60mg/mL)

O ácido hialurônico é um polissacarídeo aniônico (anteriormente chamado de


mucopolissacarídeo de alto peso molecular, presente naturalmente na matriz
extracelular do tecido conjuntivo, liga-se a proteínas, outros polissacarídeos aniônicos
atraindo moléculas de água formando uma matriz em forma de gel, dando sustentação
aos tecidos, aumenta a espessura derme-epiderme mantendo sua elasticidade e
auxiliando em suas trocas metabólicas. Principal glicosaminoglicano da pele. É
indicado para tratamentos como flacidez facial e corporal, mesolifting facial e estria,
por apresentar poder hidratante, cicatrizante e hidroscópico (CHORILLI et al, 2007;
HERREROS, 2011).

O ácido hialurônico devido à grande capacidade de absorção de água (cada molécula


de ácido hialurônico consegue reter de 200 a 500 moléculas de água). Quando
aplicado por via intradérmica também ocorre hidratação intensa, preenchendo as
lacunas deixadas pela estria e a flacidez cutânea. O ácido hialurônico incorpora-se à
matriz onde proporciona elasticidade, tonicidade e maciez à pele. Além disso, devido a
sua ação anti-inflamatória impede a criação de cicatrizes e aderências. É
contraindicado para pacientes alérgicos a polissacarídeos. Deve-se evitar aplicações
próximas a áreas vascularizadas (irritação e inflamação) (CHORILLI et al, 2007;
HERREROS, 2011).

Ácido hialurônico com condroitin (XADN)

O condroitin também é um polissacarídeo que auxilia no equilíbrio do tecido


conjuntivo (HERREROS, 2011).

Essa associação XADN é indicada para flacidez por melhorar a hidratação da pele, o
uso intradérmico, e em estrias devido à ação anti-inflamatória do condoritin, melhora
a cicatrização, uso por retroinjeção. É contraindicado para pessoas que têm alergia aos
componentes da fórmula (HERREROS, 2011).

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UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

Colágeno (1%)

O colágeno é uma das proteínas que formam as fibras do organismo. Constituído


principalmente pelos aminoácidos glicina hidroxiprolina, hidroxilisina e prolina. O
colágeno está presente em grande quantidade nos tendões, pele, ligamentos e
músculos. Suas fibras formadas por um arranjo regular de moléculas de tropocolágeno
são praticamente inextensíveis e têm como característica principal a resistência a
tensões. É indicado para tratamentos de flacidez facial e corporal e estrias, devido seu
poder hidratante e eutrófico do tecido conjuntivo (MACIEL; OLIVEIRA,2011; KEDE;
SABATOVICH, 2009).

Quando aplicado por via injetável exerce o eritema de preenchimento em locais no


qual as fibras de colágeno e elastina estão danificadas como em estrias, sulcos e
regiões que apresentam flacidez (MACIEL; OLIVEIRA, 2011; KEDE; SABATOVICH,
2009).
DMAE (3%)

DAMAE ou 2-Dimetil Aminoetanol é um composto que funciona como estabilizadora e


antioxidante da membrana plasmática celular e eficaz anti-aging. Possui excelente
ação tensora a curto e em longo prazo. Sendo precursor da acetilcolina, o
neurotransmissor responsável pela contração muscular. Além disso, estimula a
produção de fibroblasto na síntese de matriz extracelular (PERRICONE, 2001).

Apresenta efeitos lifting antirrugas, anti-idade, diminuindo os sinais do


envelhecimento. Desse modo é indicado para o tratamento de flacidez dérmica e
muscular tanto facial quanto corporal (abdômen, parte interna de braços e pernas)
(PERRICONE, 2001).

Deve ser injetado uma vez por semana ponto a ponto, em todo o rosto, mesmo ao
redor dos olhos e pálpebras superiores e inferiores e pescoço. O efeito lifting dura em
torno de 3-4horas, no entanto, há efeito acumulativo com o uso (PERRICONE, 2001).

A reação adversa pode ser coceira e vermelhidão. Este tratamento é contraindicado


para pacientes que usam botox, por possuir efeito antagônico (PERRICONE, 2001).

Elastina (1%)

A elastina é uma das proteínas que formam as fibras do organismo. Sendo indicada
para flacidez corporal e facial e estrias, apresenta grande poder hidratante e nutritivo
(KEDE; SABATOVICH, 2009).

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MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

Com o envelhecimento vários processos ocorrem na derme e epiderme que podem


danificar as fibras colágenas, tais como: ação de radicais livres, associação de lipídeos
aos grupamentos hidrofóbicos e aumento de conteúdo de cálcio e magnésio. Estes
fatores formam as fibras mais espessas e frágeis, fato que leva à perda de sua
flexibilidade com risco de consequente rompimento. Alterações bruscas de peso, que
promovem o chamado “efeito sanfona” também podem romper essas fibras,
provocando o aparecimento de estrias, linhas de expressão e flacidez na pele
(MACIEL; OLIVEIRA, 2011; KEDE; SABATOVICH, 2009).

Silício orgânico (1mg pH-7,0)

O silício orgânico apresenta efeito Lipolítico, como também antioxidante e eutrófico


no tecido conjuntivo. É indicado para tratamentos de flacidez facial, estrias, gordura
localizada, celulite associada à flacidez e rugas ─ geralmente associado a um
venotrófico (KEDE; SABATOVICH, 2009).

No organismo humano constitui um elemento estrutural do tecido conjuntivo atuando


como um blocatalizador, intervindo em diferentes processos enzimáticos (KEDE;
SABATOVICH, 2009).

O silício orgânico participa da constituição das macromoléculas que formam o tecido


conjuntivo como a elastina, colágeno, proteoglicanos e glicoproteínas evitando sua
degeneração e favorecendo e estimulando sua regeneração induzida e regulando a
proliferação dos fibroblastos (KEDE; SABATOVICH, 2009).

Atua também como regulador, normalizador, estimulante e protetor dos processos


metabólicos e de divisão celular atuando como agente antioxidante, opondo-se à
peroxidação lipídica reorganizando os fosfolípides da membrana. Dessa forma, o
silício participa do envelhecimento precoce (KEDE; SABATOVICH, 2009).

O silício induz e regula a produção de fibroblastos no tecido conjuntivo, atua como


antioxidante inibindo a formação de radicais livres por participar da constituição das
macromoléculas que formam o tecido conjuntivo, reduz a degeneração das fibras de
colágeno e elastina e estimula sua regeneração (KEDE; SABATOVICH, 2009).

Não deve ser aplicado em pessoas que apresentam alergia aos componentes da
fórmula e aos salicilatos e seus derivados (KEDE; SABATOVICH, 2009). DMAE está
citado nos artigos científicos para uso tópico na sua forma base (líquida).

33
UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

Vitamina C (20% ou 222mg/mL, pH-6,0)

Trabalhos demonstram que embora a capacidade proliferativa e a síntese de colágeno


sejam idade-dependentes, o ácido ascórbico é capaz de estimular a proliferação celular
bem como, a síntese de colágeno pelos fibroblastos dérmicos independente da idade. A
vitamina C atua também como importante co-fator para enzimas (PERRICONE,
2001).

É essencial para a formação do colágeno, não é produzido pelo organismo. À medida


que a pele envelhece a derme torna-se fina e seu colágeno diminui. Essas alterações
aceleram-se ainda mais com a exposição a raios UVA e UVB de forma crônica
(PERRICONE, 2001).

Por sua ação na biossíntese do colágeno e por seu efeito redutor de radicais livres, a
possibilidade de liberar doses farmacológicas de ácido L-ascórbico via percutânea
apresenta-se como uma interessante e importante terapêutica (PERRICONE, 2001).
Benefício:

» Potente ação antioxidante.

» Restaura a luminosidade da pele fotoenvelhecida.

» Estimula a síntese de colágeno e elastina.

Uso intradérmico, sua principal indicação é flacidez, mesolifting facial e estrias.


Apresenta reações como ardor no local da aplicação momentâneo.

Outros tipos de medicamentos utilizados


São aqueles fármacos que não se enquadram em nenhuma das categorias citadas
anteriormente ou por possuírem mecanismo de ação diferente.

Mesoglicano (pH- 7,0)

Além do que já é observado nos comentários do tópico lipolítico o composto


mesoglicano apresenta ação fibrinolítica, seu estímulo se dá pela lípase advinda das
lipoproteínas. Desse modo, inibe depósito de lípides e melhora o endotélio vascular.
Seu uso é intradérmico. Tem efeito adverso por causar hematoma quando associado à
benzopirona. É contraindicado a pessoas que tenham hipersensibilidade a
heparinoiddes (CHORILLI et al, 2007).

34
MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

Hialuronidase (pH-5,5)

É uma enzima proteolítica. Este produto parece poder ser degradado pela aplicação
de antisséptico alcoólico. Concedeu-se a ele uma responsabilidade de
“descompartimentação” na celulite. Atribui-se a esse produto propriedades de
estimulação dos fibroblastos. No entanto, ele pode causar reações locais intensas
imediatas ou retardadas. É capaz de mudar a permeabilidade do tecido conjuntivo,
diminuir edema, seu uso pode ser intradérmico para celulite ou subcutâneo para
gordura localizada (CHORILLI et al, 2007).

Há necessidade de fazer teste cutâneo

As reações que podem vir a causar são processos alérgicos (eritema, prurido,
vermelhidão) até depois da 4a aplicação.

A aplicação deve ser feita intralesional numa concentração de 200UTR


por local onde foi feito o preenchimento irregular.

Frasco: 3000URT em 10mL soro

200UTR = 0,7mL

Ácido tranexâmico

Age nos compostos que atuam na diferenciação dos melanócitos inibindo-os e assim
evitando a formação de mais células produtoras de melanina.

É indicado na redução da pigmentação do melasma; na remoação de hemossiderina;


na remoção da hiperpigmentação da pele resultante de cicatrizes de acne; manchas
senis; hormonais, medicamentosas e por exposição solar e para tratamento para
olheiras (ALBUQUERQUE, 2005).

Ácido kójico

Despigmentante natural, não é fotossensível e não causa alergia, diminui a produção


de melanina pela tirosinase (MAYUMI et al., 2007).

Associando dois despigmentantes na fórmula de ação sinérgica otimiza os resultados


(MAYUMI et al., 2007).

35
UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

Tripeptídeo – 41

Derivado do fator de crescimento TGFβ, é um produto nanolipossomado, desse modo,


apresenta facilidade na absorção. É indicado para tratamentos de gordura localizada e
celulite (ROVER et al., 2001; CHORILLI et al, 2007).

O tripepdeo-41 ativa o NFKb, o qual aumenta a produção de citocinas


pró-inflamatórias como o TNFα. Ele aumenta o AMPc em adipócitos e bloqueia o
PPAR-γ (estes são receptores importantes na adipogênese). Reduz a expressão de
C/EBP (fator de transcrição essencial na adipogênese) e por último, mas não menos
importante, reduz o acúmulo de triglicérides pela inibição de PPAR-γ e C/EBP
(ROVER et al., 2001; CHORILLI et al, 2007).
36

CAPITULO 3
Protocolos e técnicas de aplicação de
intradermoterapia

Sugestões de protocolos de intradermoterapia


Os protocolos são essenciais no nosso dia a dia, no entanto para que possamos
desenvolvê-los da melhor forma possível precisamos ser capazes de dominar a técnica.
Além disso, precisamos saber avaliar o real problema do nosso paciente. Pois, dessa
forma, saberemos qual melhor protocolo deve ser utilizado para obter os melhores
resultados.
A seguir, são apresentados alguns exemplos de protocolos interessantes a serem
usados no cotidiano, contudo, na prática acabamos desenvolvendo nossos próprios
protocolos, sem contar que em muitos casos é necessário o desenvolvimento de
protocolos personalizados, o que os diferenciará no mercado de trabalho.

Despigmentante

Aplicação intradérmica por toda a extensão da mancha a ser tratada, adicionar 0,1mL
por ponto durante 12 semanas, sendo realizada 1x/semana.

» Ác. Tranexâmico 8mg.

» Ác. Kójico 20mg.

» Lidocaína 8mg.

» Veículo qsp 2mL.

Flacidez corporal ou facial ou estrias

» ADN (ácido hialurônico 10% + condroitin 2,5%) 2mL.

» Elastina 1% 2 mL.

» Lidocaína 1% 2mL.

» Silício orgânico 1mg/2mL.

» DMAE 3%/2mL.

37
UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

Rugas e linhas de expressão

» Ácido hialurônico 40mg/4mL.

» Glucosamina 20%/4mL.

» Silício Orgânico 1mg/2mL.

Flacidez corporal

» Ácido hialurônico 10%/2mL.

» DMAE 3%/2mL.

» Condroitin Sulfato 200mg/2mL.


Flacidez facial I

» Ácido glicólico 1%/2mL.

» DMAE 3%/2mL.

» Ácido Hialurônico 40mg/2mL.

» Lidocaína 1%/2mL.

Flacidez facial II

» Condroitin sulfato 10%.

» Ácido hialurônico 0,06%.

» Silício orgânico 0,5%.

» DMAE 2,5%.

» Lidocaína 1%.

Rejuvenescimento facial I

» DMAE 7%.

» Lidocaína 2%.

38
MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

Rejuvenescimento facial II

» IGF.

» TGP2.

» EGF.

» Ácido Mandélico.

» Ácido Kójico.

» GAG.

Estria vermelha
» IGF.

» Vit. C 20%.

» Ácido hialurônico 1% + Condroitin 2,5% (XADN).

» Silício Orgânico 10mg/mL.

» Glicerinol.

» Lidocaína 1%.

Estria branca

Mescla I

» IGF.

» Vit. C.

» Polidocanol 0,5% - 0,5mL.

» Silício Orgânico 10mg/mL.

» Componente Isolado - Gluconato de Cobre 0,28% - 0,5mL.

Mescla II

» Ácido hialurônico 0,06%.

39
UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

» Buflomedil 1%.

» Sulf. magnesio 10%.

» Silicium P 3%.

» Lidocaína 1%.

Flacidez corporal

Mescla I

» Silício Orgânico 10mg/ml.

» Colágeno 2%.
» IGF.

» TGF.

» Ácido hialurônico 1%.

Mescla II

» DMAE 2,5%.

» Silício orgânico 0,5%.

» Polidocanol 0,5%.

» Lidocaína 1%.

» GAG 17,2%.

Celulite

» Benzopirona + Rutina 1mg/2mL.

» Cafeína 50 mg/2mL.

» Mesoglicana.

» Lidocaína 2%.

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MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

Celulite grau II

» Loimbina 0,5%.

» Buflomedil 1%.

» Crisina 100mcg.

» L-carnitina 30%.

» Lidocaína 10%.

Celulite grau III

» Desoxicolato 122mg.

» Pentoxifilina 2%.
» Crisina 100mcg.

» Silício Orgânico 0,5%.

» Lidocaína 1%.

Para gordura localizada

Mescla I

» Desoxicolato de sódio 4,75%.

» Cafeína 100mg/2mL.

» Silício orgânico 10mg/mL.

» Bbuflomedil 10mg/2mL.

» Lidocaína 1%.

Mescla II

» Tripeptideo -41 1,2% 2mL.

» Cafeína 10mg/2mL.

» Lidocaína 1%.

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UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

» Silício orgânico 10mg/2mL.

» Aminofilina 40mg/2mL.

Intramuscular – emagrecimento

» Aminofilina 20mg.

» Furosemida 5mg.

» Lidocaína 40 mg.

» Cafeína 100 mg.

» Inositol 100mg.

» Veículo qsp 5mL.


Emagrecimento grau I

Mescla I

» Picolinato de cromo 200mcg.

» L-ornitina 150mg.

» L-fenilalanina 50mg.

» Inositol + Taurina 200mg.

» Lidocaína 10 mg.

Mescla II

» Vit. B12 + Metionina + inositol + colina 2mL.

» L-cornitina 600mg.

» L-ornitina 150mg.

» L-fenialanina 2,5%.

» Lidocaína 2%.

42
MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

Mescla III

» L-carnitina 600mg/ 2mL Emagrecimento grau II e III.

» L-Fenilalanina 2,5%/ 2mL.

» L-ornitina 150 mg / 2mL.

» Lidocaína 1% 2mL.

Técnicas manuais de aplicação

As técnicas manuais de aplicação são realizadas por via parenteral, sendo as mais
utilizadas na intradermoterapia ou mesoterapia a intradérmica, subcutânea e
intramuscular, lembrando que a aplicação intramuscular não é considerada uma
técnica mesoterápica, uma vez que Pistor relata que a técnica consiste em injeções
intradérmicas ou subcutâneas de um fármaco ou de uma mistura de vários produtos
denominado, melánge ou mesclas.

Outras técnicas conhecidas e utilizadas na aplicação são as técnicas, ponto por ponto,
descrita pela primeira vez por Pistor, a qual envolve a aplicação da mescla no volume
de 0,02 a 0,05mL perpendicular a pele (4 mm de profundidade) com uma distância de
1 a 2 cm entre os pontos. Sendo injeções com pouco volume sempre perpendicular à
pele em uma profundidade precisa na derme profunda, distanciando em torno de 1 a 2
cm, como relatado acima, esta técnica é usada principalmente para redução da
gordura localizada (ADELSON, 2005).

A técnica Nappage é uma técnica mais superficial (2 mm de profundidade), ocorre


pressão constante sobre o êmbolo durante a aplicação, como se imitasse uma máquina
de costura em um ângulo de 45°, com uma agulha de 4 mm. Este procedimento é um
dos mais desconfortáveis ao paciente, geralmente esta técnica é utilizada no couro
cabeludo e na celulite (ADELSON, 2005).

Nesta técnica de Nappage, o profissional, com um movimento de vibração rápido no


pulso, vai produzir múltiplos impactos invisíveis no nível da epiderme. O gesto deve
ser perfeitamente dominado para evitar escoriações cutâneas durante o mesolifting
assim como o sangramento. O produto depositado nessas multipucturas é absorvido
rapidamente. Isso porque esta técnica permite estimular as seguintes estruturas
sub-basais e basais, como (LE COZ, 2012):

1. Unidade microcirculatória: importante efeito vasoativo (alternância


cruzada de vasoconstrição e vasodilatação) (LE COZ, 2012).

43
UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

2. Unidade de competência nervosa: efeito mecânico direto da ponta da


agulha sobre os receptores sensitivos da camada córnea (LE COZ, 2012).

3. Unidade de competência imunitária: efeito farmacológico dos


medicamentos utilizados na camada basal para a imunoestimulação (LE
COZ, 2012).

4. Unidade de competência fundamental: a absorção cutânea dos produtos


é rápida. Ela segue uma passagem transdérmica. A substância
fundamental é supostamente visada por essa passagem (LE COZ, 2012).
Esta técnica é realizada em toda a extensão da face e pescoço,
principalmente.

A técnica epidérmica será relatada no tópico a seguir.

Figura 3. Ângulos de inserção da agulha segundo a via de administração: intramuscular (IM), subcutânea (SC)

e intradérmica (ID).
IM – INTRAMUSCULAR
SC – SUBCUTÂNEA
IV – INTRAVENOSA
ID – INTRADÉRMICA
FONTE:<http://dlb-network.com/photographyomn/intramuscular-injection-technique> acesso: 17/9/2015

44
MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

Intraepidérmica

A mais superficial (1 mm de profundidade) de todas as técnicas, em que a camada


basal da pele não é penetrada. As agulhas de calibres 27-31 são usadas com o bisel
orientado para longe da pele e arrastado ao longo com uma leve pressão positiva
aplicada ao êmbolo, feito de um padrão de grelha, a intervalos de 1 cm ao longo de
toda a área afetada. Esta técnica é útil para pacientes com baixo limiar de dor e é ideal
para o rejuvenescimento facial (ADELSON, 2005).

Múltiplas injeções de pequenas doses de medicamentos, em locais precisos, em uma


única sessão exigem muito do terapeuta. Para superar esta difícil tarefa, muitos
profissionais usam um dispositivo chamado Mesogun. Os benefícios da Mesogun
incluem injeções mais rápidas, entrega precisa da dose, profundidade consistente de
penetração e mais conforto para o profissional e o paciente. (LEIBASCHOFF, 2006)

Além das tradicionais agulhas e seringas para o tratamento, também podem ser
utilizadas sofisticadas pistolas de mesoterapia. Essas pistolas possuem injetores
eletrônicos de múltiplos pontos que permitem a quantificação do volume e da
profundidade da aplicação. A desvantagem no uso da pistola está na dificuldade de
esterilização de todo o conjunto, uma vez que somente a agulha é descartável
(HERREROS et al., 2011; ROHRICH et al., 2005).

Nesta técnica de injeção utiliza-se uma agulha de 13 mm de comprimento com um


diâmetro de 0,29 mm (30 G) (LE COZ, 2012). A agulha é colocada superficialmente à
pele, ou seja, a 15º aproximadamente com o bisel para cima.

A técnica tradicional pode ser utilizada para tratamento de estrias, flacidez e


rejuvenescimento facial, nestes procedimentos é necessário fazer uma pápula para
administrar a medicação, também a 15º. Na estria esse tratamento deve ser aplicado
dentro dela, na flacidez em toda a extensão e no rejuvenescimento em pontos chaves
para a produção de colágeno e elastina da área tratada (LE COZ, 2012).

Quando for aplicar a técnica de intradermoterapia para rejuvenescimento na face e


pescoço, os principais pontos a considerar serão:

» Oval do rosto pescoço e colo.

» Músculo plastima.

» Músculo orbicular oral.

» Zona dos malares.

45
UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

» Músculo orbicular ocular.

» Músculo prócero.

» Músculo corrugador do supercílio.

» Zona da testa.

» Profundidade das injeções 0,5 a 4,0 mm.

Intradérmica

Utiliza-se a mesma agulha 30 G, no entanto, aplica-se a 45º, acometendo um plano


mais profundo quando comparado à via epidérmica (LE COZ, 2012). Os lugares
possuem poucos pelos, pouca pigmentação e pouca vascularização, por exemplo: face
(LE COZ, 2012).

Geralmente é injetado em torno de 0,05 a 0,1mL por ponto. Em aplicações


intradérmicas, duas técnicas são bastante usadas: a ponto por ponto e a múltiplos
pontos. (ADELSON, 2005).
A técnica de múltiplos pontos necessita precisamente do posicionamento do ângulo da
agulha a 45º, fazendo-a penetrar de 0,5 a 2 mm de profundidade (derme superficial).
É interessante salientar que somente 1/3 da dose propelida é injetada (ADELSON,
2005).

A escolha da técnica de múltiplos pontos é guiada pela noção de


“INTERFACE-MESO” – definida pelo Dr. Kaplan, que diz: A ação de
estimuloterapia local e a ação farmacológica local ou sistemática da
mistura injetada vão depender do número de receptores ativados, que
é nomeado de nociceptores cutâneos, de unidades microcirculatórias
ou de unidades de competências imunológicas (KAPLAN, 1992).

Desse modo, a superfície de contato entre a mistura injetada e o tecido-hospedeiro é


bem maior em reconstrução do que em injeções contínuas ponto por ponto. Assim,
para 1 mL de líquido injetado em 10 pontos de 0,10 mL, a interface-meso será de 10
cm2, mas se para o mesmo volume, injetar em 200 pontos a reconstrução será de
0,005mL e então, a interface-meso será de 28,5 cm2 (KAPLAN, 1992).

RESUMINDO: A INTERFACE-MESO – seria a superfície de contato estabelecida


entre os produtos injetados e o tecido injetado. Assim, quanto mais fragmentada a
substância (por múltiplos pontos, com menor quantidade de substância), maior a
interface-meso e maior o número de nociceptores/receptores dérmicos ativados
(KAPLAN, 1992).

46
MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

Já na injeção intradérmica profunda, feitas entre 1 a 3 mm de profundidade sem


pápula, com dose variando de 0,1 a 0,2 mL por ponto.

Figura 4. Esquematização de aplicação intradérmica na técnica de intradermoterapia (Figura A e B).

Fonte:<http://enfermagemcontinuada.blogspot.com.br/2011/02/medicacao-via-intradermica.html> acesso:14/9/2015 -
<http://slideplayer.com.br/slide/350077/> acesso:16/9/2015
Hipodérmica – subcutânea

Absorção é lenta, através dos capilares ocorre de forma contínua e segura. As regiões
de aplicação podem ser, por exemplo: braço (apresenta velocidade média de absorção
da medicação), abdome e flancos (velocidade rápida), perna e subglúteo (velocidade
lenta). O local da aplicação deve ser revezado quando for aplicado por período
indeterminado (LE COZ, 2012).

Essas injeções podem variar de 4 a 13 mm de profundidade em função das


localizações, a aplicação ocorre com a agulha no ângulo de 90º dependendo da prega
adipocitária, se o paciente for muito magro, deve-se fazer ângulo de 45º, no entanto,
padroniza-se usar agulha 30 G para tratamentos de gordura localizada (LE COZ,
2012).

Complicações que a técnica hipodérmica pode


apresentar

» Infecções inespecíficas.

» Formação de tecido fibrótico.

» Embolias por lesão de vaso ou uso de drogas oleosas ou em suspensões.

» Lesão de nervos.

» Úlcera ou necrose de tecidos.

47
UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

Figura 5: Esquematização da aplicação subcutânea na técnica de intradermoterapia.


Fonte:< http://www.acervosaude.com.br/videos_enf_24.html> acesso: 16/9/2015

Intramuscular - IM

A aplicação IM é de rápida absorção. O músculo escolhido dever ser bem desenvolvido


de fácil acesso, não possui grandes calibres e nem nervos.

Os músculos e volumes injetados são:

» DELTOIDE – de 2 a 3 mL.

» GLÚTEO – de 4 a 5 mL.

» MÚSCULO DA COXA (quadríceps – vasto lateral) - de 3 a 4 mL.

Aplicação do músculo glúteo

Dividir o glúteo em quatro quadrantes e aplicar no quadrante superior externo.

Complicações que a técnica intramuscular no músculo


glúteo pode apresentar

As complicações que podem ocorrer na aplicação IM são: embolia, infecção e


abscessos. O profissional deve tomar cuidado com o nervo ciático na aplicação na
região glútea.

48
MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

Figura 6: Ilustrações A, B, C, D e E da aplicação intramuscular para a técnica de intradermoterapia na região


glútea.
Fonte: <http://instrumentalenfermero.blogspot.com.br/2012/12/dentro-del-musculo-via-intramuscular.html> acesso: 27/8/2015 -
<www.youtube.com/watch?v=_KBVuy-92QI> acesso: 27/8/2015 <http://mariaspaces.bligoo.es/asociacion-espanola-de
pediatria>acesso: 27/8/2015

Aplicação do músculo deltoide

5 a 6 cm depois do final do ombro (~ 4 dedos).

49
UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

Complicações que a técnica intramuscular no músculo


deltoide pode apresentar

Vásculos-nervosas com paralisia muscular.

Figura 7: Ilustração da aplicação intramuscular da técnica de intradermoterapia na região deltoide.


Fonte: <http://pt.slideshare.net/jlassala/administrao-de-medicamentos-44264270> acesso: 27/8/2015

Aplicação no músculo da coxa

Distanciar um palmo a partir do joelho até o vasto lateral.

Complicações que a técnica intramuscular no músculo


da coxa pode apresentar

Nesta aplicação o Farmacêutico(a) Esteta deve tomar cuidado com o nervo


fêmuro-cutâneo. Podendo causar abscessos, nódulos e dores.

Figura 8. Ilustração da área proposta para a injeção intramuscular na região ântero-lateral da coxa, utilizando-se
a metade distal do quadrilátero (área hachurada) como local de escolha para a aplicação desta injeção (IM).

Fonte: Rocha et al., 2002.

50
MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

Figura 9. Ilustração da área preconizada pela literatura para realização da injeção IM na região ântero-lateral da
coxa.

Fonte: Rocha et al.,2002.

Seringas utilizadas na intradermoterapia


Lembre-se que é estéril, descartável, em plástico é utilizada uma para cada paciente
em cada sessão. Todos os tipos de seringa podem ser usados com um tipo de
aparelhagem específico para o seu tamanho. Seu tamanho varia, por exemplo (LE
LOZ, 2012):

I. Seringas com volume de 1 a 2,5 mL, geralmente usadas para intervenções


na face ou sobre o couro cabeludo, pois as graduações são mais precisas
e a pressão na injeção menor.

II. Seringa de 5 mL geralmente para intervenções manuais de áreas médias.

III. Seringa de 10 mL na maioria das vezes é utilizada para grandes áreas,


para tratamento de gordura localizada, celulite, flacidez (dependendo da
região), estria (dependendo da quantidade) (LE COZ, 2012).

É preciso sempre prestar atenção nas graduações da seringa para controlar as


quantidades injetadas. É prudente manter uma compressa ou um algodão seco na
hora da aplicação, após a assepsia do local, (um algodão embebido no álcool faz
sangrar novamente). Esse algodão serve para comprimir os pontos de injeção para
evitar que eles sangrem, mas não deve tocar a agulha (LE COZ, 2012).

O excesso do conteúdo inserido nas seringas só deve ser expelido após a


colocação da agulha, desse modo, será retirado o ar e as bolhas que
haviam ficado até então lá dentro.

51
UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

Agulhas utilizadas na intradermoterapia

Cada agulha ou perfurocortante deve ser descartado em um recipiente sólido feito para
este fim ou em um incinerador (LE COZ, 2012).

As agulhas geralmente usadas são classificadas em:

I. Para ressuspender a medicação usa-se a de 18G 1½ 40 x 1,2mm (rosa). II.

Para gordura localizada usa-se a de 30G ½13mm (aplicação SC) (amarela).

III. Para estrias, lipodistrofia e flacidez pode-se utilizar a de 30G1/2 13 mm


(técnica de retroinjeção para estria; aplicação SC para lipodistrofia,
ponto por ponto e flacidez aplicação ID) ou 30G ½ 4 mm (técnica ponto
a ponto – ID para todas as disfunções).

IV. Para aplicações IM usa-se a de 22G 1 ¼ 0,70 x 30mm (cinza).


Figura 10. Ilustração das agulhas usadas na intradermoterapia e seus respectivos
tamanhos.

Fonte: <http://novidadesvaincre.blogspot.com.br/> acesso:16/9/2015 - <http://loja.cirurgicaestilo.com.br/ecommerce_site/


produto_713_8114_Agulha-Descartavel-E-Esteril-Todos-os-Tamanhos-Caixa-C-100-PRECISION-GLIDE-BD> acesso: 16/9/2015

Produtos

As ampolas devem ser abertas no último momento, pois alguns produtos são
degradáveis pela luz. É imprudente até mesmo perigoso, preparar misturas com
antecedência. Além disso, é proibido pela ANVISA. Desse modo, opte por comprar
kits de ampolas separadas e não mesclas já prontas (LE COZ, 2012).

As preparações devem comportar poucos produtos a fim de diminuir os riscos de


incompatibilidades física e química. Na hora que preparar, atente-se no pH das
ampolas, sempre ordenando do pH maior para o menor ou do menor para o maior,
para que assim você não desestabilize a mistura. Isso é muito importante.

52
MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

Se caso assim não fizer, a mistura pode turvar, e o composto não fará efeito podendo
gerar efeito colateral na maioria das vezes (LE COZ, 2012; ADELSON, 2005).

Aplicação

Não injetar uma quantidade muito grande por ponto, pois isso pode provocar dor e
nódulos que demoram a desaparecer. Uma quantidade excessiva do produto pode
provocar adenopatias.

Técnicas

Em determinados casos a injeção pode causar dor ao paciente, isso pode estar
relacionado aos seguintes fatores:
» a agulha tocou um pequeno vaso;

» a agulha atingiu uma ramificação nervosa;

» a injeção foi aplicada muito rapidamente;

» a quantidade injetada foi muito grande;

» o produto foi mal diluído;

» a injeção foi muito superficial.

Desse modo, é interessante intervir no primeiro momento, fazendo uma aplicação


rápida da agulha (para isso requer experiência), e no segundo momento, fazendo uma
injeção progressiva do produto (LE COZ, 2012).

É interessante sempre ficar observando seu paciente para perceber a feição dele, caso
este demonstre sentir dor é indicado mudar o movimento.

Além disso, não se deve repetir as sessões de maneira muito aproximada. Isso é inútil
(o efeito benéfico da sessão precedente é diminuído) e, às vezes, perigoso
(multiplicação dos hematomas). Não se deve aplicar em cima de hematoma (LE COZ,
2012).

53
UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

Figura 11: Técnica por Retroinjeção.

Fonte: <http://jolidermis.de/doc/injection-treatment.html> acesso: 17/9/2015 - <http://www.plasticsurgerypulsenews.com/4/


article_dtl.php?QnCategoryID=34&QnArticleID=82&QnCurPage=2> acesso: 17/9/2015

Figura 12: Técnica Ponto a ponto.


Fonte: <http://www.plasticsurgerypulsenews.com/4/article_dtl.php?QnCategoryID=34&QnArticleID=82&QnCurPage=2> acesso:
17/9/2015

54

CAPÍTULO 4
Classificação de gordura localizada

Hiperlipodistrofia

A gordura corporal tem um papel fundamental nas reservas energéticas do ser


humano, equilibrando a temperatura e homeostase corporal, transporte de vitaminas
lipossolúveis e proteção de órgãos vitais contra choques. Além disso, é sabido que o
tecido adiposo é o principal reservatório energético do corpo (XAVIER; PETRI,
2009).
No entanto, sempre que um indivíduo excede a ingestão da quantidade de caloria em
relação ao seu gasto energético diário, a energia acaba sendo reservada em forma de
gordura (XAVIER; PETRI, 2009).

Desse modo, deduz-se que indivíduos sedentários em sobrepeso ou obesos apresentam


gordura corporal em excesso, pela ingestão ser maior que o gasto energético (XAVIER;
PETRI, 2009).

A hiperlipodistrofia resume-se ao aumento exacerbado e anormal de gordura


proveniente da alimentação, sendo armazenado na forma de triglicérides nos
adipócitos. Este armazenamento acomete áreas diferentes dependendo do gênero,
sendo nos homens na região abdominal na maioria dos casos, e, nas mulheres na
região glúteo-femoral, por representar áreas de menor atividade metabólica. Além
disso, o aumento da gordura localizada está relacionado ao ganho de peso (LE COZ,
2012) (Figura 13).

Contudo, é interessante frisar que as mulheres que estão no período de mudanças


como a menopausa ou que já passaram, tendem a apresentar taxas hormonais baixas,
o que interfere no acúmulo, metabolismo e consequentemente disposição da gordura
corporal, que muitas vezes torna-se uma gordura de aspecto androide e não mais
ginoide.

55
UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA

Figura 13. Desenho mostrando as regiões que acometem maior quantidade de gordura localizada na mulher
(pera - ginoide) e no homem (maçã - androide).
Fonte: <http://www.dermatofuncional.pt/hiperlipodistrofia-gordura-localizada> acesso em: 27/8/2015 Os

fatores etiológicos que podem desencadear a hiperlipodistrofia são: »

genéticos/ hormonais;

» qualidade de vida.

Para avaliar a hiperlipodistrofia é interessante levar em

consideração: » Índice de Massa Corpórea (IMC) > 25.

» Medidas de circunferência.

Quadro 1. Classificação segundo Organização Mundial da Saúde (OMS) do IMC - modificado.


IMC CLASSIFICAÇÕES

Menor do que 18,5 Abaixo do peso normal

18,5 – 24,9 Peso normal

25,0- 29,9 Excesso de peso

30,0 – 34,9 Obesidade classe I

35,0 – 39,9 Obesidade classe II

Maior ou igual a 40,0 Obesidade classe III

Fonte:<http://blogs.universal.org/cristianecardoso/pt/descubra-onde-voce-esta/> acesso: 27/8/2015

56
MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA │ UNIDADE I

IMC = peso/ altura2


Tabela 1. Valores de comprimento de circunferência abdominal considerados como risco para doenças

associadas à obesidade.

Risco elevado Risco muito elevado

Mulheres ≥80 ≥88

Homens ≥94 ≥102

Fonte: Sampaio, 2004.

Os tratamentos eficazes para essa condição é o emagrecimento primordialmente e


qualquer que seja o programa de emagrecimento, todos eles devem estar associados a
uma atividade física regular. Existem diferenças na resposta lipolítica ao exercício em
função da localização dos tecidos adiposos (BORGES, 2006; GARCIA et. al., 2006).

Durante o exercício em ambos os sexos, a lipólise do tecido adiposo subcutâneo


abdominal aumenta exacerbadamente, no entanto, a do tecido adiposo fêmoro-gluteal
aumenta, mas de forma mais insignificante. Essa diferença é ainda mais marcante na
mulher, o que pode explicar a dificuldade de conseguir reduzir essa região, mesmo
durante exercícios que estimulam a lipólise dos outros depósitos de gordura. Desse
modo, conseguimos propor de forma decrescente as partes do corpo dos homens e das
mulheres que apresentam um gasto energético maior durante o exercício físico (LE
COZ, 2012; BORGES, 2006; GARCIA et. al., 2006). Ou seja, no homem, durante o
exercício físico o gasto energético começa maior no abdome > tronco > braços >
pernas, enquanto que na mulher o maior gasto energético começa nos braços > tronco
> pernas.

Um tratamento intradermotérapico que vem para associar a uma reeducação


alimentar, exercício físico regular e/ou tratamento medicamentoso é o tratamento
intramuscular de intradermoterapia. A associação desses fatores pode corroborar para
um emagrecimento mais rápido.

Lembrando que é muito importante pedirmos os últimos exames laboratoriais do


paciente e ver se esse paciente está apto para fazer o tratamento em questão, ou se ele
é um paciente que apresenta uma das contraindicações como já citado acima.

A figura 14 apresenta um esquema ilustrativo de corpo que podemos seguir durante


um tratamento em nossos pacientes. Podemos pintar, por exemplo, a área que este
almeja tratar, para que assim fique mais fácil de identificar o local a ser trabalhado em
cada paciente. Devemos sempre procurar a melhor forma para a realização de um
trabalho bem feito.

57
UNIDADE I │ MESOTERAPIA – INJETÁVEIS INTRADERMOTERAPIA
Figura 14. Esquematização de aplicação para gordura localizada e/ou celulite.

Fonte: <http://www.brasilblogado.com/como-eliminar-as-gordurinhas-localizadas> acesso em: 17/9/2015

58

UNIDADE II
PREENCHIMENTO
FACIAL

CAPÍTULO 1
Introdução ao preenchimento facial

História

A partir do século XIX foi possível a realização de procedimentos cirúrgicos devido ao


desenvolvimento de anestesia local e geral, o que deu origem a procedimentos
estéticos cada vez mais invasivos. No século XX, a gordura tornou-se o preenchedor
mais comum da época, principalmente após pacientes sofrerem grandes traumas, no
entanto, esta não tinha efeito duradouro. Nos anos de 1970 a cosmética estava no seu
auge, assim, estudos estavam sendo desenvolvidos com base na produção do colágeno
bovino, isso porque, nesse momento o mundo já se dava conta de que o
envelhecimento era um processo natural e cronológico, não obstante, retardá-lo,
traria grandes promessas à pesquisa como também ao setor financeiro (PECK; PECK,
1970; WATSON et al., 1983).

O desenvolvimento do preenchedor foi pensado primeriamente em repor a perda de


volume e/ou correção das imperfeições dérmicas, subcutâneas e até mesmo
musculares que resultaram de um traumatismo, defeito cirúrgico, condição de
lipoatrofia ─ cicatrizes de acne, agentes ambientais, por HIV ─ fotoenvelhecimento ou
envelhecimento cronológico. Mas também esta técnica foi pensada nas mulheres que
se preocupam com a beleza e que por motivos de tempo não têm mais tanta
disponibilidade de se ausentar das suas tarefas rotineiras como antes. Uma vez que o
procedimento em questão não requer tempo de recuperação (GLADSTONE;
CARRUTHERS, 2005; AVRAM et al., 2008). Com isso, a técnica de preenchimento
transformou-se na primeira opção de tratamento estético antes da escolha da correção
cirúrgica.

59
UNIDADE II │ PREENCHIMENTO FACIAL

Anatomia e indicação
Para que possamos entender a indicação e técnica de aplicação de um preenchimento
é essencial enterdermos primeiramente a anatomia da face. Para isso, precisamos
saber os principais músculos e regiões onde serão e poderão ser aplicados o
preenchedor pelo profissional esteta. Lembrando que este é um curso de
especialização modo básico, devido a isso vamos ensinar na teoria o preenchimento
do terço inferior, apenas, pois essa região é mais indicada para aprendizagem da
manipulação dos preenchedores. Além disso, essa regição supracitada é a mais
comumente relatada em cursos de pós-graduação.

Partindo do suposto que todos tiveram aula de anatomia na graduação, a explicação


será direcionada no aprendizado em questão.

Abaixo, estão referências de livros de anatomia importantes para o estudo


básico ser aprimorado.

SOBOTTA, Johannes et al. Sobotta atlas de anatomia humana. 23.


ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. 3 v.

MADEIRA, Miguel Carlos.; RIZZOLO, Roelf J. Cruz. Anatomia Facial -


com fundamentos de anatomia sistêmica geral – 4. ed. 2012.

Primeiramente, nossa face é divida em 3 regiões: superior, média e inferior, como


demonstrado na figura 15. O terço superior se estende da linha da implantação do
cabelo até a glabela, o médio vai da glabela até abaixo do nariz e o terço inferior se
estende da região abaixo do nariz até o mento (TAN; GLOAU, 2005).

Figura 15. Divisão do rosto em terço superior, médio e inferior.

Fonte: <http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=5546> acesso em: 28/6/2015

60
PREENCHIMENTO FACIAL │ UNIDADE II

O farmacêutico(a), quando especializado na área estética, poderá no terço inferior da


face preencher somente com ácido hialurônico, conforme figura 16:
» Sulco nasogeniano ou nasolabiais.

» Rugas peribucais (superior e inferior).

» Contorno e volume labial.

» Comissuras orais.

» Crista do filtro (as linhas entre a boca e o nariz).

A partir da experiência adquirida pelo farmacêutico(a) esteta após sua formação e


prática com vivência no dia a dia, ele poderá se tornar capaz de realizar outras técnicas
com ácido hialurônico, como:

» Cicatrizes de acne.

» Recuperação e contorno da pálpebra inferior ou infra-orbital.

» Aumento da área malar.

» Linhas periorbitais profundas.

» Aumento de Mento.

» Linhas do sorriso ou Linhas de marionete.

As linhas do sorriso ou linhas de marionete em indivíduos mais idosos ou


com acnes acentuadas apresentam flacidez facial, o preenchimento
desses sulcos pode criar pequenas ondas laterais à zona de injeção.
Assim, faz-se o uso concomitante de toxina botulínica nos músculos
depressor do ângulo da boca, do mento e orbicular da boca, prolongando
e melhorando a aplicação do preenchedor (GLADSTONE;
CARRUTHERS, 2005).

Vale resaltar que em determinados pontos da face a aplicação do ácido hialurônico é


contraindicada, pois pode causar complicações no paciente, deixando sequelas
consideráveis. Tais locais são:

» Linhas de preocupação ou frontais.

» Linhas glabelares.

» Linhas periorbitais superficiais.

61
UNIDADE II │ PREENCHIMENTO FACIAL

Há relatos de aplicações realizadas nessas regiões que ocasioram oclusão arterial,


isquemia e até mesmo embolismo, uma vez que o ácido hialurônico apresenta
facilidade de se deslocar do local de aplicação para as regiões relatadas. Com isso, o
profissional que realizar apliação do produto nessas regiões deve ter bastante prática e
assumir o risco das complicações que possam aparecer. (TAMURA, 2010)

Figura 16. Foto ilustrativa das regiões de aplicação de preenchimento com ácido hialurônico, nível básico e

avançado, para indicação do Farmacêutico Esteta.

Fonte: <http://plasticafacialemmanaus.blogspot.com.br/> acesso em: 28/6/2015

Envelhecimento
Para se usar de maneira apropriada o ácido hialurônico e para maximizar o seu efeito
cosmético e ao mesmo tempo minimizar o risco de complicações, o farmacêutico(a)
esteta deve ter um entendimento amplo da estética da face e das mudanças que
ocorrem com o envelhecimento.

A estética geralmente tende a exibir um padrão de beleza, no entanto este padrão se


difere em relação aos rostos atraentes de homens e mulheres, pois estes apresentam
características distintas, ou seja, cada um obedece a um formato e proporção, assim, a
face feminina deve exibir alguns desses tópicos:

» Testa maior e suave com nariz menor.

» Sobrancelhas arqueadas ou com formato de asa de gaivota.

62
PREENCHIMENTO FACIAL │ UNIDADE II

» Olhos um pouco distantes, causando um olhar expressivo e largo.

» Maçãs do rosto proeminentes.


» Estreitamento em formato de coração da parte inferior da face, com uma
razão menor entre a parte inferior e superior do rosto.

» Lábios cheios e vermelhos.

A face ideal masculina deve exibir:

» Sobrancelhas proeminentes e horizontais com arqueamento mínimo.


Olhos mais profundos e próximos.

» Nariz ligeiramente maior.

» Boca mais larga.

» Região inferior da face com formato quadrado com uma razão mais
equilibrada entre as partes superior e inferior.

» Barba ou superfície áspera na pele da região inferior da face.

Contudo, a estética se realiza pela harmonia e o equilíbrio da face que existe em toda
grande forma, tamanho e configurações das partes individuais, desse modo devemos
considerar e entender essas mudanças que a face sofre com o passar do tempo.

Como já foi dito anteriormente, o envelhecimento é um processo natural e


cronológico, entretanto diversos fatores podem desencadeá-lo de maneira mais rápida
trazendo consequências danosas à pele, principalmente a exposição solar pela
radiação ultravioleta, tabagismo, desidratação, grandes perdas e ganhos de peso são
um desses fatores.

Além destes fatores externos que podem influenciar e adiantar o processo de


envelhecimento, o envelheciemnto, por si só gera:

Tan e Gloau (2005, p.12)

Perda de gordura subcutânea: Em geral, com a idade, existe uma


perda do volume e da circunferência dos contornos da face, que são
observados na juventude, resultando na aparência achatada ou
afundada das estruturas faciais.

Mudanças na musculatura intrínseca das expressões faciais


e sua influência na pele: Os músculos da expressão facial são os

63
UNIDADE II │ PREENCHIMENTO FACIAL

únicos, pois eles se inserem diretamente na pele. Anos de expressões


faciais constantemente dobrando a pele, resulta na formação
progressiva de rugas hiperdinâmicas que inicialmente aparecem
apenas com o movimento facial, mas posteriormente permanecem
como rugas em repouso. Rugas hiperdinâmicas são mais
proeminentes em áreas onde os músculos e a fáscia subjascentes estão
mais diretamente ligados à pele, tal como nas regiões frontal, glabelar,
nasolabial, perioral e periocular.

Mudanças gravitacionais pela perda de elasticidade tecidual:


com o envelhecimento, as partes moles da face perdem sua elasticidade
inerente e sua habilidade a resistir o repuxamento. Inevitavelmente
eles começam a ceder e decair sob os efeitos da gravidade.

Remodelamento das estruturas ósseas e


cartilaginosassubjacentes: com o tempo, a reabsorção óssea pode
resultar em uma diminuição do volume facial aparente, e a força
gravitacional em estruturas cartilaginosas pode resultar na queda de
algumas estruturas, como a ponta nasal. Assimetria facial devido a
mudanças nas estruturas ósseas e cartilaginosas é difícil de corrigir,e
indicar estas diferenças aos pacientes no início da consulta é
importante para adequar as suas expectativas.

Tabela 2. Classificação de Glogau do fotoenvelheciemento.

Tipo I – Sem rugas


» Fotoenvelhecimento inicial;
» Alterações de pigmentos leves; sem ceratoses; rugas mínimas;
» Pacientes jovens – 20 ou 30 anos (maquiagem mínima ou ausente).

Tipo II – Rugas em movimento (Rugas Dinâmicas)


» Fotoenvelhecimento leve a moderado;
» Lentigos senis visíveis iniciais; ceratoses palpáveis, mas não visíveis; linhas paralelas ao sorriso
começando aparecer lateralmente à boca; » Pacientes final dos 30 e 40 anos (geralmente usam alguma
maquiagem).

Tipo III Rugas em repouso – (Rugas Estáticas)


» Fotoenvelhecimento avançado;
» Discromia visível e telangiectasias; ceratoses visíveis; rugas mesmo sem movimentação facial;
» Pacientes – 50 anos ou mais velhos (sempre usam base corretiva em quantidade).

Tipo IV Apenas Rugas


» Fotoenvelhecimento grave;
» Pele com coloração amarelo-cinzentada malignidades cutâneas prévias; rugas por
todas a face, não há pele normal; » Paciente - sexta ou sétima década, não pode usar
maquiagem, pele de aspecto “rachado”.

Fonte: adaptado de Glogau (1994 e 1996).

64
PREENCHIMENTO FACIAL │ UNIDADE II

As mudanças do fotoenvelhecimento mais vistas no terço inferior da face afetam


principalmente os lábios, o queixo, a região da bochecha e o pescoço. As rugas que se
formam ao redor do lábio são decorrentes do repuxamento constante do músculo
orbicular da boca quando a pele se torna mais inelástica dos lábios superior e inferior,
criando rugas angulares, radiais e verticais. O efeito da gravidade resulta numa queda
das comissuras orais lateralmente e para baixo, o que leva a uma aparência mais triste
e cansada. A perda de elasticidade aumenta a queda da pele, ainda no envelhecimento
acontece atrofia no músculo orbicular da boca e perda de tecido subcutâneo levando a
um achatamento e perda de volume dos lábios com menor área vermelha aparente
(GLOGAU, 2002).

Assim, como vimos, o envelhecimento apresenta fatores externos que


potencializam sua ação ocorrendo desse modo o aparecimento do
fotoenvelhecimento cutâneo com:

» Linhas dinâmicas de expressão.

» Rugas estáticas.

» Pregas causadas por fotodano e elastose da pele e perda de suporte


tecidual posterior por remodelamento ósseo e atrofia de gordura.

65

CAPÍTULO 2
Técnicas de aplicação de
preenchedores
Tipos de preenchedores
Existe uma vasta quantidade e marcas de substâncias denominadas preenchedores
hoje no mercado. Como substâncias biodegradáveis e não permanentes ou também
não biodegradáveis e permanentes. Os preenchedores mais tradicionais são os
biodegradáveis , ou seja, aqueles que podem ser absorvidos e excretados pelo
organismo em um determinado tempo, geralmente curto. Sabe-se que por mais que
estas substâncias apresentem reações de hipersensibilidade, elas têm segurança
comprovada (GLADSTONE; CARRUTHERS, 2005).

Além dos preenchedores biodegradáveis, existem os semipermanentes e os


permanentes, no entanto é interessante evidenciar que o Farmacêutico(a) esteta só
pode aplicar o biodegradável no caso o ácido hialurônico.

Os semipermanentes apresentam efeito mais duradouro, entretanto podem causar


maiores complicações, como granulomas, uma vez que desenvolvem-se tardiamente
(mais que um ano depois do tratamento), como por exemplo a hidroxiapatia de cálcio.
Estes costumam conter microsferas que não são biodegradáveis. Os preenchedores
permanentes resultam em alta incidência de granuloma e extrusão, como por exemplo
o polimetilmetacrilato – PMMA e silicone, no entanto alguns autores consideram o
PMMA como sendo um preenchedor semipermanente (GLADSTONE; CARRUTHERS,
2005).

Ácido hialurônico

O ácido hialurônico aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) em 2003
representa um grande avanço na história dos preenchedores. Isso porque esta
substância é gerada por fermentação bacteriana e também de crista de galos, não
existindo a necessidade de testes alérgicos. Este é um preenchedor versátil e parece
ter efeito mais prolongado que o próprio colágeno.

O ácido hialurônico (AH) é um polissacarídeo linear que ocorre na natureza, composto


de resíduos alternados dos monossacarídeos D-glicurônico e N-acetil-D-glicosamina.
Este composto é altamente distribuído na matrix extracelular dos tecidos conjuntivos,
66
PREENCHIMENTO FACIAL │ UNIDADE II

no fluído sinovial, nos humores aquoso e vítreo do olho e em outros tecidos. Sua
estrutura química é uniforme por toda a natureza, e portanto não tem potencial para
imunogenicidade na sua fomra pura. Na pele, o AH forma a matrix fluída elastoviscosa
na qual fibras de colágeno, fibras elásticas e outras estruturas intercelulares estão
embebidas. Sintetizado nas membranas celulares e então secretado no espaço
extracelular, o AH é o maior (50kDa) e é o glicosaminoglicano (GAG) mais abundante
na matriz extracelular da derme. Ele se difere dos demais GAG, pois ele não é
sulfatado ou ligado a uma proteína central (BOWMMAN; NARINS, 2005).

O AH liga-se a uma grande quantidade de água e múltiplas cadeias de AH se


emaranham e se interpenetram umas às outras para formar soluções altamente
elastoviscosas, o que dá à pele uma maleabilidade e elasticidade. Assim, como dá
volume e preenche o local injetado. Em contrapartida, a quantidade de ácido
hialurônico na pele diminui com o envelhecimento, resultando em uma menor
hidratação e consequentemente aumento do enrugamento (BOWMMAN; NARINS,
2005). Além disso, a meia vida do AH no tecido é de apenas 1-2 dias (o AH exógeno é
rapidamente removido da derme e degradado no fígado a dioxido de carbono e água),
ele é um candidato ruim para preenchimento tecidual em sua forma não modificada
(BOWMMAN; NARINS, 2005).

Já os géis de AH, conhecidos como hilanos, são géis químicos conectados por ligações
covalentes, como também hidrogéis, pois são inchados com 95% do seu peso por água,
sendo lentamente absorvidos no tecido com o passar dos meses (BOWMMAN;
NARINS, 2005).

Agente a ser implantado


Existem vários tipos de preenchedores e marcas de ácido hialurônico, existem aqueles
preenchedores finos que devem ser aplicados na derme média à superior que são
utilizados para rugas finas e superficiais, existem preenchedores mais espessos para
rugas mais profundas que devem ser colocados mais profundamente na derme e por
fim, preenchedores mais robustos para áreas que requerem aumento substancial de
volume como bochecha ou região temporal com colocação na interface derme/
subcutânea (BOWMMAN; NARINS, 2005).Um exemplo de produto é o Restylane,
pois existem três formulações, iguais às citadas acima, de hilano para serem
preenchidos em profundidades diferentes na derme. A Restylane, Restylane Fine
Lines e Restylane Perlane. A concentração de AH nesses produtos é de 20mg/mL, o
que difere os produtos é o tamanho das partículas de AH, número de partículas de gel
por mL e a profundidade do alvo do implante.

67
UNIDADE II │ PREENCHIMENTO FACIAL

» O Restylane Fine Lines apresenta as menores partículas,


consequentemente é menos viscoso. O produto é injetado pela agulha de
31G e é usado na derme mais superficial para corrigir linhas finas. O seu
uso é indicado no geral para: linhas de “preocupação” da fronte, linhas
periorbitais, linhas do sorriso e linhas periorais.
» O Restylane apresenta partículas maiores e é injetado por uma agulha
de 30G. Sua aplicação é realizada na derme média para corrigir
geralmente os sulcos nasogenianos moderados e fornecer aumento
labial. Ademais, é indicado no geral para: linhas glabelares, crista do
filtro, pregas nasolabiais, contorno labial, aumento labial, linhas do
sorriso e comissuras orais.

» O Restylane Perlane apresenta partícula de maior tamanho,


consequentemente é mais viscoso. O produto é injetado por uma agulha
de 27G no plano profundo e no tecido subcutâneo superficial para tratar
pregar profundas. É indicado no geral para: aumento das bochechas,
pregas nasolabiais, comissuras orais, aumento labial e aumento do
queixo.

Como observado, mais de um tipo de restylane pode ser usado no mesmo local, isso irá
depender do grau de profundidade da ruga, sulco ou prega como apresentado na
figura 17 abaixo, podendo ser usado com os preenchedores em conjunto ou
separadamente.

Figura 17. Camada superficial da pele que demonstra a linha, ruga e sulco/prega da face.

Fonte: <http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=5546. Acesso em: 28/6/15. <http://www.


tratamentopararugas.med.br/preenchimento.html> acesso em: 28/6/2015

68
PREENCHIMENTO FACIAL │ UNIDADE II

Técnica
Para correta aplicação do ácido hialurônico no paciente, alguns protocolos precisam
ser adotados pelo profissional para garantir que o procedimento seja realizado com
segurança. Desta maneira, os resultados obtidos serão altamente relevantes. A seguir
está listado um protocolo básico de aplicação do produto.

1. Após remover maquiagem, a área deve ser limpa com clorexidina 0,5%.
Se você preferir deixar seu paciente deitado em uma maca, é útil
demarcar as linhas de expressão antes de deitá-lo com um lápis de
maquiagem, por exemplo, pois ao deitar as linhas podem sumir. No
entanto, antes de aplicar o preenchedor deve-se remover a marca do
lápis.

2. Se preferir pode fazer a aplicação com o paciente sentado deixando a


cabeça do deste recostada em um parte fixa.

3. É interessante aplicar um anestésico tópico (DERMOMAX – 3%) pelo


menos 10-30 minutos antes do procedimento, isso irá reduzir a dor da
aplicação, no entanto quanto mais espesso for o preenchedor mais
profundo ele deve ser implantado, maior a agulha necessária e com isso
maior é a probabilidadede da utilização de anestesia (injetável).

4. A maioria dos autores recomenda manter o bisel da agulha para cima,


pois na maioria das vezes a ponta da agulha é vista e mais precisamente
controlada quando a pele é perfurada. A entrada da agulha na pele
geralmente é uma questão individual, no entanto alguns
farmacêuticos(as) entram em ângulo de 30 ou 45°.

Como a viscosidade do ácido hialurônico diminui com o aumento da


temperatura, o aquecimento da seringa, provocado pela mão antes da
injeção, pode ajudar. Assim, ocorre diminuição de força na injeção na
hora da aplicação.

Figura 18. Agulha indicada para aplicação do ácido hialurônico: 30G (mesma usada na intradermoterapia).

Fonte: <http://www.fibracirurgica.com.br/agulha-descartavel-13-x-03-30g1-2-40120-c-100-sr-3525/p> acesso em:28/6/2015

69
UNIDADE II │ PREENCHIMENTO FACIAL

Para melhor aplicação do ácido hialurônico recomenda-se a agulha com


ângulo de 45º, pegando a derme profunda, o qual obtém os melhores
resultados, no entanto isso dependerá do tipo de preenchedor que você
estará usando e o tipo de anamnese realizada. Por exemplo: Você deve
observar qual escala de ruga seu paciente apresenta, nesse exemplo: o
paciente apresenta uma prega, e seu preenchedor é o viscoso. Por isso,
irá aplicar a 45° pegando a derme profunda. Lembrando que dependendo
da prega ou sulco ou ruga muda-se a profundida e a viscosidade do
preenchedor.

A técnica de aplicação linear retrógrada é a mais usada. Segurando a seringa paralela


ao comprimento da ruga ou prega a ser tratada, perfure a pele e avance com a agulha
por toda a sua extensão. Enquanto retira lentamentea a agulha da pele, aplique uma
pressão constante no êmbolo para liberar o material na derme (em rugas finas e
superficiais, observe a saída do material enquanto retira a agulha retrogradamente).
Rugas ou linhas superficiais curtas podem ser eliminadas em apenas uma aplicação.

A técnica das punturas seriadas é a mais fácil tecnicamente (pois a ponta da agulha
não se move durante a injeção) e é a preferida dos iniciantes. Para esta técnica a
agulha entra na pele até a profundidade desejada, deposita uma pequena quantidade
do produto e é retirada. Injeções individuais deste tipo funcionam bem para cicatrizes
de acne, enquanto as sucessivas podem diminuir rugas.

Para você saber se está na derme média, quando for aplicar um


preenchedor próprio para essa área, é só observar se o contorno da
seringa fica visível, quando você injeta, mas não a sua cor.

Guie o seu tratamento, sabendo que para materiais (ácido hialurônico)


mais finos deve se atentar a parâmetros visuais e para materiais mais
espessos deve se atentar a parâmetros táteis. A resistência deve ser
sentida na derme profunda.

As técnicas em leque e com aplicação cruzada são apenas variações da técnica


retrógrada, geralmente ela é usada quando se preenche com maior quantidade de
material e em maior profundidade. Caso ocorra erro ao injetar o material no plano
profundo, as rugas não são corrigidas, mas o erro é visível. Já quando o erro ocorre na
superfície do tecido os defeitos são passíveis de correção, no entanto a superfície pode
ficar com irregularidades.

Após a injeção é recomendado massagear levemente o local no qual o preechedor foi


aplicado, para que dessa forma seja excluído qualquer propensão a nódulo ou
irregulariedades na região. Dessa forma, estamos garantindo que o produto

70
PREENCHIMENTO FACIAL │ UNIDADE II

acomode-se aos contornos dos tecidos. No entanto, quando o local é massageado mais
de 20% do produto pode ser eliminado. Com isso, é interressante fazer a
hipercorreção. Por fim, deve haver um limite de 1,5-2,0 mL por sessão e o retoque
pode ser feito de 2 a 4 semanas depois da aplicação.

Figura 19. Técnicas de implantação dos hilanos (ácido hialurônico).

Fonte: <http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=5546> acesso em: 28/6/2015

Figura 20. Esquema adaptado da sequência de injeção para aumento labial.

Fonte: <http://caras.uol.com.br/makeup/maquiagem-descubra-quatro-utilidades-do-lapis-de-boca#.VZCqpvlViko> acesso em:


28/6/2015 - figura adaptada pelo autor da apostila

71
UNIDADE II │ PREENCHIMENTO FACIAL

Não há uma sequência na técnica de aplicação de ácido hialurônico labial, vai


depender da preferência pessoal, no entanto muitos profissionais começam pelo canto
direito do lábio inferior.
Pré e Pós Procedimento (GLADSTONE; CARRUTHERS,
2005).

Existem questões importantes a sererm feitas na anamnese do paciente antes da


aplicação do ácido hialurônico, tais como:

» Experienência passada com outros preenchedores?

» História de cicatrizes e queloides?

» História de infecção por herpes simples?

» História de hematomas/sangramento fácil?

» Condições dermatológicas que exibem patergias?

» Qualquer inflamação ativa na área a ser tratada?

» Tolerância alta à dor?

» Planos sociais importantes nos próximos 3-7 dias?

» Expectativas realísticas?

É interessante realizar as perguntas acima, para o profissional ficar ciente do estado


do quadro do paciente, como também se ele já obteve satisfação em uma realização
anterior do tratamento. Qualquer relato citado acima e confirmado pelo paciente deve
ser intercedido o tratamento pelo profissional, devido a grandes chances do
tratamento dar errado (BOWMMAN; NARINS, 2005).

O paciente que for fazer o preenchimento facial não deve tomar aspirina por pelo
menos 8 dias, vitamina E, anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) por pelo menos
5 dias antes do tratamento. Suspender os fitoterápicos à base de cumarina e Gingko
biloba. Já a aplicação de Arnica montana, no local da aplicação no pré-procedimento,
parece reduzir o surgimento de equimoses, por mais que ainda não tenham evidências
científicas. Além disso, fotos do pré-procedimento e do pós de ângulos frontal, oblíquo
e perfil são extremamente importantes para a satisfação do paciente.

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PREENCHIMENTO FACIAL │ UNIDADE II

Após o procedimento é aconselhável deixar o paciente descansar por alguns minutos,


devido à ansiedade causada pelo trauma da agulha. Compressas frias, ou até mesmo o
gelo irão reduzir o edema e a sensibilidade causados pelas múltiplas punturas
realizadas. Oriente o paciente a reduzir as expressões faciais pelas primeiras 48 horas.
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TOXINA BOTULÍNICA UNIDADE III


CAPÍTULO 1
Introdução à toxina botulínica

Envelhecimento e atuação da toxina


botulínica
O envelhecimento é um processo natural que o organismo passa durante o seu clico de
vida, ocasionando alterações fisiológicas e funcionais nos órgãos, tecidos e sistemas.
Um dos primeiros órgãos a denunciar que um determinado organismo está
envelhecendo é a pele, causando em muitas pessoas incômodo e queda na autoestima.
As características de uma pele envelhecida denunciam a idade e até mesmo os hábitos
de vida de uma pessoa, pois as regiões que apresentam os primeiros sinais do
envelhecimento são justamente aquelas que ficam mais expostas, tais como: face,
pescoço e colo. Essas regiões além de sofrerem com o envelhecimento cronológico
também são afetadas por fatores epigenéticos, como o sol (BIOT et al, 2012).

A toxina botulínica revolucionou os tratamentos estéticos em todo o mundo para


paciente de ambos os sexos. O terço superior da face é o local que recebe a maior
atenção em tratamentos que utilizam a neurotoxina, obtendo-se resultados bastante
satisfatórios na correção de rugas dinâmicas. Não obstante, virou consenso entre os
profissionais da saúde que trabalham com a toxina que o seu uso deve ser realizado de
forma moderada nos tratamentos. O objetivo é evitar o aspecto de congelamento da
face (ausência de expressão) em especial nos pacientes do sexo masculino (MESKI,
2012).

Introdução e história
O uso da neurotoxina botulínica tipo A foi originado em 1970 como uma alternativa
não cirúrgica, primeiramente usada para o tratamento do estrabismo. A partir daí, a
lista de utilizações médicas para essa toxina em questão foi crescendo rapidamente.

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TOXINA BOTULÍNICA │ UNIDADE III

Como técnica estética ela foi averiguada após o tratamento de blefaroespasmo, onde se
observou pela primeira vez a diminuição das rugas (BERRY, STANEK; 2012).

A história da neurotoxina botulínica tipo A começou entre 1817 a 1822 com o alemão
Justinus Kerner, que denominou a toxina como “sausage poison”, por observar a
presença dessa toxina em salsichas, enlatados e produtos com carnes mal preparadas.
Meio século depois, seu compatriota Muller Latinised denominou a doença como
botulismo proveniente de “botulus” = salsicha. No entanto, a bactéria causadora dessa
doença, Clostridium botulinum, só foi cultivada pela primeira vez em 1897 por Van
Ermengen (ERBGUTH, 2004; VAN ERMENGEN, 1897). E Em 1949 foi descoberto o
mecanismo de ação mais conhecido atualmente na área da estética, proveniente dessa
toxina, o bloqueio neuromuscular (BURGEN; DICKENS; ZATMAN, 1949).

Um dos primeiros estudos científicos sobre a neurotoxina botulínica tipo A como


cosmético foi certamente relatada pelo casal de autores Carruthers em 1992,
abordando a melhoria no enrugamento da pele próximo ao tratamento de
blefaroespasmo (CARRUTHERS, 1992).

Taxonomia e fisiologia

Clostridium botulinum é uma bactéria gram-positiva, anaeróbica. Apresenta-se em


forma de bacilo e forma esporos, o qual produz uma potente exotoxina, direcionada
neurologicamente. Existem oito tipos sorológicos de exotoxina, que são reconhecidas
com base na especificidade antigênica de cada exotoxina. Estes oito tipos sorológicos
são: A, B,C1,C2,D,E,F e G. No entanto, somente os sorotipos A e B são as formas
disponíveis comercialmente, sendo a toxina botulínica do tipo A a mais potente.
Devido a isso, ela foi utilizada primeiramente para fins terapêuticos e somente anos
mais tarde foi utilizada na estética. Já a neurotoxina tipo B é indicada para tratar
distúrbios neurológicos, principalmente (PECORA; FILHO, 2012). Ademais,
apresentam funções semelhantes e são antigenicamente diferentes, o que permite que
aqueles poucos pacientes que desenvolverem anticorpos, ainda podem se beneficiar
com o tratamento da outra neurotoxina (BERRY; STANEK; 2012).

É importante salientar que a ação da neurotoxina botulínica apresenta diferentes


consequências quando injetada dentro da pele, no intuito de técnicas estéticas. Isso
porque injeta-se 200 milhões de vezes menos do que a dose letal (CARTEE;
MONHEIT, 2011).

75
UNIDADE III │ TOXINA BOTULÍNICA

Propriedades da toxina botulínica –


mecanismo de ação
Existem atualmente no mercado mundial diferentes tipos de toxinas botulínicas do
tipo A. No entanto, no mercado brasileiro há a comercialização de cinco marcas, são
elas: Botox (toxina onabotulínica), Dysport (toxina abobotulínica), Prosigne, Xeomin
(toxina incobotulínica) e Botulift (PEROCA; FILHO, 2012).

A neurotoxina é formada por duas cadeias, uma leve que possui 50 KDa (kilo daltons)
e uma pesada constituída por 100 KDa, elas são unidas por uma ponte de dissulfeto.
Quando a toxina botulínica encontra-se na forma ativa (150 KDa) ela é envolvida por
um complexo proteico constituído por hemaglutininas e não hemaglutininas
(proteínas não tóxicas). Essas proteínas protegem a neurotoxina do ataque do suco
gástrico quando a toxina encontra-se em algum alimento contaminado ocasionando,
portanto, o botulismo. (PECORA; FILHO, 2012).

O tamanho do complexo proteico da toxina é obtido por meio da somatória da porção


ativa (150 KDa) com as proteínas associadas, as quais são as hemaglutininas e as não
hemaglutininas. Essa composição do complexo pode variar de acordo com o fabricante
do produto (PECORA; FILHO, 2012). Além disso, a presença ou ausência de um
complexo proteico pode interferir no tamanho do complexo de toxina e
consequentemente na antigenicidade do produto (DRESSLER; HALLETT, 2006).

Quando a neurotoxina é ingerida ou injetada o seu mecanismo de ação fica limitado ao


sistema nervoso periférico, ou seja, a toxina irá atacar os nervos. Pois ela não possui a
capacidade de ultrapassar a barreira hematomeníngea, ocasionando na musculatura
uma paralisia flácida.

Este mecanismo de ação pode ser divido em quatro etapas:

1. Ligação da toxina em um dos receptores presentes na porção terminal do


neurônio alvo.

2. Penetração ou internalização na terminação nervosa do complexo


presente entre a neurotoxina e o receptor do neurônio nas suas vesículas
de endocitose.

3. Translocação da cadeia leve do compartimento das vesículas até o citosol


da célula.

4. Realização de ataque proteolítico (protease) pela cadeia leve de uma das


proteínas de ligação do fator sensível à N-etilmaleimida solúvel
(SNARE),

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TOXINA BOTULÍNICA │ UNIDADE III

responsável pelo acoplamento da membrana e pela fusão das vesículas


sinápticas que liberam a acetilcolina, ocasionando a interrupção da
exocitose.

A ligação entre a toxina e o neurônio alvo ocorre por meio de uma ligação altamente
específica entre a cadeia pesada e os receptores que ficam expostos na superfície do
neurônio durante a liberação dos neurotransmissores na fenda sináptica (PEROCA;
FILHO, 2012). É interessante ressaltar que o receptor da toxina botulínica varia
dependendo do sorotipo injetado, quando injetado o sorotipo A o receptor é a proteína
SV2, quando injetado o B, o receptor é a sinaptotagmina.

Ademais, o tempo de ação desses sorotipos também é diferente, a toxina botulínica do


tipo A tem um tempo de ação de vários meses, enquanto que a do tipo B age por um
tempo menor.

Em alguns casos, depois de passar um tempo da aplicação da toxina botulínica, mas


antes que a terminação nervosa tenha recuperado por completo sua funcionalidade,
pode vir a ocorrer a chamada neoinervação, que é o brotamento das terminações
nervosas, podendo levar à antecipação da contração muscular. No entanto, isso só
acontece quando ainda há ação da toxina botulínica no local, após sua finalização essa
neoinvervação se retrai (POULAINA et al., 2009; WORTZMAN; PICKETT, 2009).

Resumindo o mecanismo de ação


A toxina botulínica atua na placa das terminações neuromusculares colinérgicas
pré-sinápticas, inibindo a liberação de vesículas de acetilcolina nessas terminações. As
toxinas apresentam diferentes sítios de ação no receptor conhecido como SNARE. A
recuperação funcional pode ocorrer em 3 a 4 meses, depois que os brotamentos dos
axônios novos substituem as placas terminais bloqueadas. A ação da toxina botulínica
em nível molecular consiste na sua ligação extracelular a estruturas glicoproteicas em
terminais nervosos colinérgicos e no bloqueio intracelular da secreção de acetilcolina
(MAIO, 2011).

É interessante ressaltar que a toxina botulínica está relacionada não somente à


paralisia muscular como também à inibição reflexa espinal, promovendo ainda o
bloqueio de fibras autonômicas para músculos lisos e glândulas exócrinas, bem como
efeito analgésico por bloqueio da substância P, do glutamato e do peptídeo
relacionado ao gene da calcitonina (MAIO, 2011).

Além disso, a toxina apresenta efeitos indiretos sobre o SNC por não ultrapassar a
barreira hematoencefálica, que são: inibição reflexa, reversão das alterações da
inibição recíproca, da inibição intracortical e de potenciais evocados somatossensoriais
(MAIO, 2011).

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CAPÍTULO 2
Tipos de toxina botulínica

Difusão da toxina botulínica no organismo


A difusão da neurotoxina no organismo é objeto de estudo de várias pesquisas clínicas.
Tais estudos relatam que se a toxina for aplicada em excesso ela pode ocasionar o
aparecimento de efeitos colaterais indesejados. Vários fatores podem dificultar a
difusão correta da substância, tais com (PEROCA; FILHO, 2012):

1. Massa molar.

2. Volume elevado de soro na reconstituição da toxina.

3. Altas doses.

4. Conservação inadequada da toxina.

De acordo com os princípios de Fick, quanto menor a massa molecular maior será o
raio de difusão de uma substância. Com isso, complexos de neurotoxinas com peso
molecular baixo possuem maior raio de difusão quando comparados a complexos que
possuem um peso molecular elevado (BEYLOT, 2009). Entretanto, esse conceito não
é compartilhado por todos os pesquisadores, uma vez que outros cientistas abordam
que se houver diferença na difusão será por conta da dose e volume inapropriados
(PICKETT; DODD; RZANY, 2008; PICKETT, 2009; WOHLFARTH, 2008).

Atividade biológica e grau de pureza da


toxina
Ao longo dos anos a quantidade de proteína clostridial presente nos fracos de toxina
foi diminuindo. Na década de 1990 o Botox apresentava 25 ng/frasco de 100 U,
atualmente esse valor foi reduzido para 5 ng/frasco de 100 U. O valor de proteína
clostridial corresponde à quantidade de toxina ativa e inativa presente no frasco.
(FREVERT; DRUGS, 2010). Durante a produção e armazenamento parte da
neurotoxina pode ser inativada, ademais, todas as preparações possuem alguma
porcentagem de toxina inativa, consequentemente essa toxina inativa não possui
efeito terapêutico, mas funciona como antígeno na produção de anticorpos
neutralizantes (BEYLOT, 2009).

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TOXINA BOTULÍNICA │ UNIDADE III

A quantidade de toxina presente em um frasco é chamada de atividade biológica


específica. Quanto menor a quantidade de neurotoxina inativa e proteína clostridial
associada à toxina ativa, maior será o grau de pureza da neurotoxina. A atividade
biológica é expressa em U/ng de proteína, e deve ser a maior possível. (FREVERT;
DRUGS, 2010).
Antigenicidade da toxina botulínica
Determinadas formulações de neurotoxinas podem levar ao desenvolvimento de
anticorpos, os quais podem ser neutralizantes contra o complexo proteico. Os
anticorpos neutralizantes são aqueles formulados para atacar a toxina botulínica
ativa, causando a anulação ou redução do efeito do tratamento. Os anticorpos que
atuam contra o complexo proteico são denominados de não neutralizantes e como o
próprio nome já diz não apresentam efeito direto na ação terapêutica (PEROCA;
FILHO, 2012).

Basicamente qualquer princípio proteico não humano pode agir com antígeno,
provocando a criação de anticorpos. Outro fator que deve ser levado em conta quando
estamos analisado a antigenicidade da toxina é a quantidade de neurotoxina inativa
presente no frasco, porque apesar de não apresentar efeito terapêutico, ela possui a
capacidade de induzir a criação de anticorpos neutralizantes. Além disso, aplicações
frequentes com curtos intervalos entre uma sessão e outra (Exemplo: 1 mês), com
dosagens superiores a 200 U (unidades) e injeções intravenosas acidentais também
ocasionam a formação de anticorpos neutralizantes (DRESSLER; HALLETT, 2006).

Reconstituição da toxina botulínica tipo A

O volume utilizado para a reconstituição da neurotoxina pode ser adaptado de acordo


com as preferências do farmacêutico(a) esteta e necessidades do paciente. No entanto,
algumas recomendações de protocolo devem ser mantidas para garantir a eficácia e
segurança do tratamento (FILHO; PECORA, 2012).

Toxina de qualquer marca deve sempre ser reconstituída em uma solução de cloreto
de sódio (NaCL) a 0,9% sem preservativo (soro fisiológico - SF 0,9%) estéril. Algumas
marcas são mais sensíveis a fortes diluições e ao turbilhonamento do frasco, pois pode
provocar à fixação de toxina ativa no frasco, ocasionando perda da sua potência
(FILHO; PECORA, 2012).

Quando a neurotoxina é utilizada para fins estéticos, é utilizada uma reconstituição


padrão. Frascos que possuem 100 U de toxina são reconstituídos em 1mL de SF a 0,9%

79
UNIDADE III │ TOXINA BOTULÍNICA

estéril, para reduzir a possibilidade de difusão e tornar a aplicação menos dolorosa,


pois quanto menor o volume, menor será a distensão (FILHO; PECORA, 2012).

Para outros tipos de aplicações, como ocorre no caso dos tratamentos de hiperidrose
ou neuralgia pós-herpética, é indicado realizar uma reconstituição em 2mL de SF
0,9%, porque neste tipo de tratamento é preconizado que a toxina atinja uma maior
dispersão (FILHO; PECORA, 2012).

Tabela 3. Volume de reconstituição.


2mL(frasco 100U) 4mL(frasco 500U)
U Botox /Prosigne®/
®
U Dysp 0,02mL =1U 0,02mL =2,5U
Xeomin®/ Botulift®
(em relaçã

1U 2
U Dysport 1:3
1mL(frasco 100U) 2mL(fra
(em relação ao Botox®)
0,01mL =1U 0,01m

Dose 3U
Volume de Reconstituição 3,32mL(frasco 500U)
0,02mL =3U
Volume de Reconstituição
1,66mL(frasco 500U) Fonte: Alterado do Filho e Pecora, 2012.

0,01mL =3U

Os laboratórios recomendam a reconstituição do frasco de toxina botulínica na hora


da aplicação e manutenção sob-refrigeração (2ºC a 8ºC) por até 8 horas.

Para estabelecimento de uma nomenclatura internacional a toxina


botulínica Dysport® é denominada de Speywood, referência à companhia
que desenvolveu o produto.

Potência e razão de conversão

A primeira toxina botulínica a ter aprovação para uso tanto terapêutico como estético
foi o Botox®, em 1989, logo após as outras toxinas que vieram a ser aprovadas
buscaram a liberação por meio de estudos científicos que as comparassem com o
Botox®, demonstrando uma baixa prevalência de eventos adversos e equivalência nos
resultados clínicos. Sendo assim, seguem na tabela abaixo as comparações entre as
marcas de toxinas botulínicas disponibilizadas atualmente no Brasil.

Tabela 4. Comparações entre as principais toxinas botulínicas disponíveis no Brasil.


Allergan Beaufor-Ipsen Lanzhou Merz-Bio
BOTOX® DYSPORT® PRO Galderma Cristalia

1989 1991 2 900kDa 500kDa 900kDa 150kD

Onabotulínica Abobotulínica

BOTULIFT®
Aprovação 2004 Nome -

Fabricante Medy-Tox Bergamo Tamanho 950kDa

80

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