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Perfuração e ComPletação

de Poços

Brasília-DF.
Elaboração

Tiago Moreira Barbosa

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO .................................................................................................................................. 7

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA ..................................................................... 8

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 10

UNIDADE I
PERFURAÇÃO .................................................................................................................................... 11

CAPÍTULO 1
POÇOS DE PETRÓLEO ........................................................................................................... 11

UNIDADE II
EQUIPAMENTOS DA SONDA DE PERFURAÇÃO ..................................................................................... 20

CAPÍTULO 1
SISTEMA DE SUSTENTAÇÃO DE CARGAS ................................................................................. 20

CAPÍTULO 2
SISTEMA DE GERAÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA .............................................................. 24

CAPÍTULO 3
SISTEMA DE MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS ............................................................................. 27

CAPÍTULO 4
SISTEMA DE ROTAÇÃO .......................................................................................................... 34

CAPÍTULO 5
SISTEMA DE CIRCULAÇÃO ..................................................................................................... 40

CAPÍTULO 6
SISTEMA DE SEGURANÇA DO POÇO ...................................................................................... 43

CAPÍTULO 7
SISTEMA DE MONITORAÇÃO .................................................................................................. 47

UNIDADE III
COLUNA DE PERFURAÇÃO ................................................................................................................. 50

CAPÍTULO 1
COMANDOS (DRILL COLLARS) .............................................................................................. 51

CAPÍTULO 2
TUBOS PESADOS (HEAVY-WEIGHT DRILL PIPES - HWDP) ............................................................. 54
CAPÍTULO 3
TUBOS DE PERFURAÇÃO (DRILL PIPES - DP) ............................................................................. 57

CAPÍTULO 4
ACESSÓRIOS DA COLUNA DE PERFURAÇÃO .......................................................................... 61

CAPÍTULO 5
FERRAMENTAS DE MANUSEIO DA COLUNA ............................................................................. 65

UNIDADE IV
BROCAS ............................................................................................................................................ 68

CAPÍTULO 1
BROCAS SEM PARTES MÓVEIS ................................................................................................ 70

CAPÍTULO 2
BROCAS COM PARTES MÓVEIS .............................................................................................. 73

UNIDADE V
FLUIDO DE PERFURAÇÃO ................................................................................................................... 76

CAPÍTULO 1
PROPRIEDADES DOS FLUIDOS DE PERFURAÇÃO ..................................................................... 77

CAPÍTULO 2
CLASSIFICAÇÃO DOS FLUIDOS DE PERFURAÇÃO ................................................................... 80

UNIDADE VI
OPERAÇÕES DE SONDA.................................................................................................................... 83

CAPÍTULO 1
OPERAÇÕES NORMAIS DE PERFURAÇÃO ............................................................................... 83

CAPÍTULO 2
OPERAÇÕES ESPECIAIS DE PERFURAÇÃO............................................................................... 98

UNIDADE VII
CONCEITOS BÁSICOS NA COMPLETAÇÃO DE POÇOS ....................................................................... 102

CAPÍTULO 1
TIPOS DE COMPLETAÇÃO DE POÇOS .................................................................................. 102

CAPÍTULO 2
ATIVIDADES ENVOLVIDAS POR UM COMPLETADOR DE POÇOS .............................................. 107

UNIDADE VIII
USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO .......................................... 110
CAPÍTULO 1
CARACTERÍSTICAS DO CIMENTO E CLASSIFICAÇÃO ............................................................. 110

CAPÍTULO 2
EQUIPAMENTOS E ACESSÓRIOS UTILIZADOS NA CIMENTAÇÃO ............................................... 115

CAPÍTULO 3
AVALIAÇÃO DA CIMENTAÇÃO ............................................................................................. 121

CAPÍTULO 4
CANHONEIO ...................................................................................................................... 135

UNIDADE IX
DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS ACESSÓRIOS DE UMA COLUNA DE COMPLETAÇÃO............................... 150

CAPÍTULO 1
COLUNA DE PRODUÇÃO .................................................................................................... 150

UNIDADE X
ACOMPANHAMENTO DA PRODUÇÃO E ESTIMULAÇÃO DE POÇOS..................................................... 164

CAPÍTULO 1
CONTROLE DE PRODUÇÃO DE AREIA .................................................................................. 164

CAPÍTULO 2
TRATAMENTO QUÍMICO ....................................................................................................... 169

CAPÍTULO 3
FRATURAMENTO HIDRÁULICO .............................................................................................. 174

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 177


Apresentação
Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à refexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oerecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos especícos da área e atuar de orma
competente e conscienciosa, como convém ao prossional que busca a ormação continuada para
vencer os desaos que a evolução cientíco-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na prossional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

7
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
orma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para refexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
nal, serão indicadas, também, ontes de consulta, para aproundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a m de que o aluno faça uma pausa e reita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, lmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer


o processo de aprendizagem do aluno.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

8
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Exercício de xação

Atividades que buscam reforçar a assimilação e xação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).

Avaliação Final

Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso,


que visam vericar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber
se pode ou não receber a certicação.

Para (não) nalizar

Texto integrador, ao nal do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
Antes de começarmos a discutir sobre PERFURAÇÃO gostaria de azer algumas perguntas que os
levassem a refetir sobre o tema. Como é denida a peruração? Quais são os equipamentos de
uma sonda de peruração? Quais são os sistemas utilizados neste processo? O que é e por que é tão
importante controlar o kick?

No decorrer desta apostila responderemos todas estas indagações de orma clara e objetiva.

Por hora aremos uma breve explicação sobre o assunto.

A peruração de poços é uma das mais importantes operações para retirada de petróleo e gás
natural. Geralmente a peruração de poços de petróleo é um trabalho árduo e de diícil execução.
Os equipamentos utilizados são enormes (só a torre de uma sonda chega a medir 40 metros de
altura). O tubo vertical é sustentado pela torre, a broca é colocada na extremidade da coluna de
peruração para peruração das rochas com movimentos de rotação e de peso transmitidos pela
coluna de perfuração à broca.

Um fuido conhecido como “lama de peruração” tem a unção undamental de lubricar a rocha
no momento do impacto e manter a pressão controlada dentro do poço. Esta lama é composta de
bentonita, argila, óleo e água, que após o seu uso é reutilizada numa nova peruração depois de
serem separados os fragmentos nela contidos.

Os tubos têm a unção de trazer o petróleo para a superície. A vida útil da broca é muito pequena
e para retirá-la precisaremos retirar todos os tubos (operação de manobra) e manter a pressão no
interior para que tudo não desabe.

No decorrer desta apostila vamos explicar as atividades seguintes de orma criteriosa e sucinta.
Esperamos que você possa entender todos os processos da perfuração de uma maneira clara,
objetiva e que contribua para seu sucesso como prossional.

Bons estudos!!!!

10
PERFURAÇÃO UNIDADE I

No que consiste a perfuração? Como ela é denida? A perfuração de poços é uma das
mais importantes no processo de prospecção de petróleo e gás natural. É denida
como um conjunto de etapas nas quais há um aumento na profundidade do poço. É
caracterizada pela aplicação de peso e rotação na broca e pela circulação de uido.
O peso e a rotação têm a função de destruir as rochas; já o uido retira os cascalhos
gerados pela broca e os transporta para a superfície.

CAPÍTULO 1
Poços de petróleo

Convém destacarmos que na natureza o petróleo se encontra nos vazios de uma rocha porosa
denominada rocha reservatório. O poço de petróleo é o elo entre a rocha reservatório e a superície
e ou fundo do mar.

Classificações dos poços de petróleo


É muito importante lembrarmos que os poços de petróleo podem ser classicados de acordo com
sua nalidade, proundidade e percurso.

a. Quanto à nalidade.

Finalidade Categoria Número chave


Exploração Pioneiro 1
Estratigráfico 2
Extensão 3
Pioneiro adjacente 4
Jazida mais rasa 5
Jazida mais profunda 6
Explotação Desenvolvimento 7
Injeção 8

Especial 9

11
UNIDADE I │ PERFURAÇÃO

Os poços exploratórios visam a descobertas de novos campos ou novas jazidas de petróleo, avaliação
de suas reservas e novos dados que completam as avaliações geológicas e se dividem em:

Pioneiro (tipo 1) - São perurados com a nalidade de se descobrir petróleo baseados em dados
geológicos e geoísicos. É o primeiro poço perurado numa área em busca de uma jazida. Neste
poço se solicita mais amostras de calha do que nos poços de desenvolvimento e estas amostras são
importantes, pois localizam importantes zonas produtoras.

Estratigráco (tipo 2) - Descoberta da bacia sedimentar por meio de mapeamento numa área
em busca da jazida. A locação é eita, associando-se os dados obtidos do poço estratigráco e
da geofísica.

Extensão ou deliminatório (tipo 3) - Delimita um campo ou um reservatório já descoberto.


Esta pode ocorrer antes ou após o desenvolvimento do campo.

Pioneiro adjacente (tipo 4) - Tipo de poço perurado em local adjacente ao perurado com o
objetivo de determinar se sua estrutura corresponde ou não com a do campo preliminar.

Jazida mais rasa ou mais profunda (5 ou 6) - Visam descobrir jazidas mais rasas ou mais
profundas dentro dos limites do campo.

O poço explotatório ou de lavra visa retirar hidrocarbonetos da rocha reservatório, podendo ser:

Desenvolvimento (tipo 7) - Os poços são perurados para serem postos em produção, assim que
conrmada a viabilidade econômica do reservatório.

Injeção (tipo 8) - Poços são perurados com a intenção de injetar fuidos na rocha reservatório
que ajudem na recuperação de hidrocarbonetos.

O poço especial é aquele que não tem o objetivo de procurar ou produzir hidrocarbonetos. Exemplos:
produção de água, poço de combate ao blow-out, também chamado de poço de alívio.

b. Quanto à proundidade.

Quanto à proundidade nal os poços são classicados em:

Poços rasos - A proundidade nal não ultrapassa 1.500 metros.

Poços médios - A proundidade nal está entre 1.500 metros e 2.500 metros.

Poços profundos - A proundidade nal ultrapassa os 2.500 metros.

c. Quanto ao percurso.

Lembremos que o percurso do poço é infuenciado por diversos atores: inclinação e direção
das camadas da rocha, características da coluna que está empregada na peruração e dureza das
ormações a serem atravessadas. Classicam-se em:

Poço vertical - A sonda e o alvo a serem atingidos estão na mesma direção.

12
PERFURAÇÃO │ UNIDADE I

Poço direcional - A sonda e o alvo não estão situados na mesma vertical. Dentre os motivos da
peruração direcional podemos citar:

» alvo embaixo de prédios e cidades;

» alvo embaixo do domo salino;

» alvo no mar próximo à costa;

» alvo com dierentes posições para serem atingidas pelo mesmo poço.

Figura 1 – Poço vertical.

Profundidade

Raio de tolerância

Figura adaptada e disponível em: <http://dc345.4shared.com/doc/Pg0zF0B8/preview.html>.

13
UNIDADE I │ PERFURAÇÃO

Figura 2 – Poço direcional.

Figura adaptada e disponível em: <http://petrelaion.blogspot.com.br/2009_07_01_archive.html >.

Nomenclatura dos poços de petróleo

Em terra
Convém destacarmos que o prexo de um poço em terra é constituído de quatro caracteres separados
por híen.

Ex.: 7 - MG - 50 - BA

7- poço para desenvolvimento (produção) do campo.

MG - sigla do campo de Miranga.

50 - quinquagésimo poço do campo de Miranga.

BA - Miranga é na Bahia.

Ex.: 1 - MO - 1 - RN

1 - poço pioneiro (descobridor) do campo.

MO - sigla do campo de Mossoró.

1 - primeiro poço do campo de Mossoró.

14
PERFURAÇÃO │ UNIDADE I

RN - Rio Grande do Norte, estado da União onde está localizado o campo.

Em poços direcionais acrescenta a letra “D” ao número de ordem do poço;

Ex.: 7 - FZB - 35D - CE

7 - poço de desenvolvimento direcional.

FZB - sigla do campo de Fazenda Belém.

35D - trigésimo quinto poço do campo, sendo este direcional.

CE - Ceará, estado da União onde está localizado o campo.

Quando o poço é abandonado em unção de um acidente qualquer e é obrigado a repetir a peruração


próximo à locação inicial, acrescenta-se a letra “A” ao número de ordem do poço, “B” na segunda
repetição, “C” na terceira, “D” na quarta, e assim sucessivamente.

Ex.: 1-TO-1C-SE

Terceira tentativa de se perurar o primeiro poço para encontrar petróleo em Timbó, Sergipe.

No mar
As locações exploratórias que se encontram na plataorma continental se identicam com três
caracteres, sendo que no segundo junto com a sigla do estado deverá ser acrescentada a letra “S”.

Ex.: 1 - RJS - 245

1 - locação de poço pioneiro.

RJS - águas costeiras do Estado do Rio de Janeiro.

245 - ducentésimo quadragésimo quinto poço da região.

Ex.: 3 - BD - 1 - ESS

3 - poço de extensão do campo.

BD - sigla do campo de Badejo (animal da auna local).

1 - primeiro poço após descoberta do campo de Badejo.

ESS - águas costeiras do Estado do Espírito Santo.

Perfuração em terra
Ao serem conrmadas as dimensões e a presença de jazidas de petróleo, logo em seguida é iniciado
um projeto especíco para estudar sua viabilidade técnico-econômica e ambiental (EVTEA), onde
são determinadas outras especicações importantes para o novo local a ser explorado, além da
própria descoberta em si, como: valor de mercado, custo da extração, receita esperada, tecnologia
disponível e as condições ambientais.

O poço começa a ser preparado depois de tomadas as medidas iniciais cabíveis, introduzindo tubos
de aço revestidos com cimento, evitando assim o desmoronamento das paredes e a contaminação
com outros minerais. Na coluna, os técnicos descem uma espécie de mini-canhão que “detona” a

15
UNIDADE I │ PERFURAÇÃO

rocha e abre uros, o petróleo será empurrado pela pressão e jorra até a superície, onde estão às
válvulas de produção, conhecidas como “árvore de natal”.

Quando não existe pressão suciente para que o petróleo chegue até a superície, uma segunda
opção é utilizada, no caso de um óleo mais viscoso ou uma rocha reservatório pouco permeável:
são utilizados processos mecânicos para bombeamento (chamados de “cavalo de pau”), injeção de
fuidos (água, gás, vapor e outros produtos) ou processos mais sosticados como a combustão in
situ (rente de calor no interior da jazida). Podendo estes últimos ser utilizados na recuperação de
uma jazida de petróleo, mesmo com outros métodos mais comuns, nenhum resultado satisatório
seria obtido.

Perfuração no mar
As etapas de uma perfuração no mar, de modo geral, seguem os mesmos processos de uma
perfuração em terra. Evidentemente, que a perfuração no mar requer mais cuidados, investimentos
e tecnologia, levando em consideração a complexidade da logística das operações para perurar
os poços.

As plataormas xas, futuantes ou navio-sonda executam as perurações marítimas. Muitos


prossionais e uma série de equipamentos e erramentas são reunidos em uma sonda deperuração.
Em uma sonda de peruração são destacados prossionais como, engenheiros, geólogos, eletricistas,
plataformistas, soldadores, mecânicos etc.

Métodos de perfuração

Método de perfuração a percussão ou a cabo


Método que consiste em golpear com uma broca de aço em forma de cinzel a formação com
movimentos alternados ocasionando fraturamento ou esmagamento. Este método também é
conhecido como “Método Pensilvanio”, pois quase a totalidade dos poços na Pensilvânia oram
perfurados com este método inclusive o poço do coronel Drake.

Principais componentes de uma sonda de peruração a cabo:

» Mastro.

» Coluna de peruração:

 Trépano (bit).
 Hastes de perfuração.
 Precursor.
 Conectores.
» Cabos:
 Cabo de perfuração.

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PERFURAÇÃO │ UNIDADE I

 Cabo do tambor auxiliar.


 Cabo de movimentação do revestimento.

» Caçamba.

Os passos da operação são os seguintes:

1. cerca de 1,5 a 2,5 metros são perurados para então retirar a broca;

2. a caçamba é descida e inicia-se uma reciprocação da caçamba, entrando toda a lama


de dentro do poço no tubo;

3. a caçamba é retirada e depois que estiver limpa dos cascalhos é novamente descida
no poço com um barril de água doce. Esta água é deixada no undo para ormar a
“lama” com os ragmentos que serão gerados pela ação da broca;

4. a caçamba vazia é retirada e a broca é descida para se reiniciar a perfuração.

Vantagens da percussão:

a. apresenta custos baixos com equipamentos e operação;

b. apresenta custos baixos com DTM (desmontagem, transporte e montagem);

c. apresenta custos baixos da locação (base);

d. o dano à formação é desprezível.

Desvantagens da percussão:

a. a taxa de penetração é baixa comparada ao método rotativo, principalmente com


as brocas e bombas modernas, que permitem, em certas regiões, perurar até 1 000
metros em um dia;

b. na perfuração de poços profundos, o método vai se tornando cada vez mais demorado
a medida que a proundidade aumenta;

c. existe a diculdade de se obter uma amostra sucientemente grande para análise de


porosidade, permeabilidade e fuidos contidos nos poros;

d. existe a diculdade de controlar o infuxo de fuidos das ormações para os poços,


causando, muitas vezes, o blow out ocasionando perdas totais do equipamento e
do poço.

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UNIDADE I │ PERFURAÇÃO

Figura 3 – Equipamento de uma sonda de perfuração a cabo.

Fonte de energia
Roda motora Balancin
Caçamba

Cabo de perfuração

Haste de aço

Broca

Figura adaptada e disponível em: <http://jcninspecoes.webnode.com.br/metodos/ >.

Método de perfuração rotativo


A rocha é ragmentada pela broca. Neste método a broca comprime e gira sobre a rocha ragmentado
e transormando-a em cascalho que é levado até a superície por um fuido chamado de “fuido de
peruração”, o qual é bombeado por dentro da coluna de peruração e retorna pelo espaço anular
entre a coluna e o poço. O peso sobre a broca é aplicado através de tubos pesados chamados de
comandos que são colocados acima da broca. Existem vários modos de impor rotação sobre a broca,
dentre eles podemos citar: giro da coluna através da mesa rotativa, giro da coluna através do motor
de fundo e giro da coluna através do TOP DRIVE.

Vantagens do método rotativo:

» possibilidade de altas taxas de penetração;

» remoção contínua do cascalho gerado pela ragmentação da rocha;

» maior acilidade na prevenção e no controle de infuxos de fuidos de ormação.

Desvantagens do método de rotação:

» alto custo da locação;

» alto custo da sonda;

» alto custo do DTM.

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PERFURAÇÃO │ UNIDADE I

Figura 4 – Equipamento de uma sonda de perfuração rotativa.

Bloco de coroamento

Torre
Mesa rotativa

Guincho Catarina
Gancho
Bomba da lama

BOP

Kelly

Tubo de perfuração

Comando

Broca

Figura adaptada e disponível em: < http://jcninspecoes.webnode.com.br/metodos/>.

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EQUIPAMENTOS
DA SONDA DE UNIDADE II
PERFURAÇÃO
Quais são as unções dos equipamentos da sonda de peruração? Os equipamentos de uma
sonda rotativa de perfuração de um poço são constituídos de sistemas que compõe uma sonda.
Estes sistemas são nomeados: de sustentação de cargas, de geração e transmissão de energia, de
movimentação de carga, de rotação, de circulação, de segurança de poço, de monitoração e o sistema
de subsuperície (coluna de peruração).

CAPÍTULO 1
Sistema de sustentação de cargas

Qual é a função do sistema de sustentação de cargas? Como o sistema de sustentação


de cargas é constituído? Este tipo de sistema é constituído do mastro ou torre, da
subestrutura e da base ou fundação. A torre (ou mastro) é capaz de suportar a
carga proveniente do peso da coluna ou do revestimento, que consequentemente
transfere esta carga para a subestrutura e esta para fundação ou base. As fundações
podem ou não existir em perfurações marítimas.

Sistema de sustentação de cargas: Sustenta a coluna de peruração e as tubagens de proteção (casing).

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EQUIPAMENTOS DA SONDA DE PERFURAÇÃO │ UNIDADE II

Figura 5 - Esquema de uma sonda rotativa. (THOMAS, 2004).

Torre ou mastro
A broca é substituída por outra após o seu desgaste, sendo retirada até a superície e substituída por
uma nova. Este tipo de operação é conhecida como manobra. Visando a economia, a manobra é eita
retirando-se seções de dois ou três tubos (cada tubo tem o comprimento de 9m), sendo exigida uma
torre ou mastro com mais de 45 metros.

A torre ou mastro é uma estrutura de forma piramidal formada de aço especial que tem a função de
prover um espaçamento vertical livre acima da plataorma de trabalho visando permitir a execução
das manobras. A torre permite movimentos para cima e para baixo da coluna de peruração.

A torre (derrick) possui um grande número de peças, que são montadas uma a uma. É uma estrutura
semelhante a uma torre erguida em local preestabelecido para a peruração. A torre é capaz de
manipular todas as operações dentro do poço.

Já o mastro é uma estrutura tubular ou treliçada, que depois de baixada pelo guincho da sonda, é
subdividida em três ou quatro seções, que são transportadas para a locação do novo poço, onde são

21
UNIDADE II │ EQUIPAMENTOS DA SONDA DE PERFURAÇÃO

montadas na posição horizontal e logo colocadas para vertical. O mastro tem sido preerido pela
acilidade, economia de tempo e montagem em perurações terrestres. (THOMAS, 2004).

O mastro de peruração é ácil de se transportar de canteiro para canteiro, são resistentes a uma
tração de 1,5 milhão de libras e podem atingir uma altura de 41 metros, acilitando assim o manuseio
de tubulações de peruração ou revestimento de 27 metros de comprimento.

As torres e os mastros devem possuir rigidez aos esorços aplicados e não possuir vibração excessiva
quando exposta aos esorços das operações rotineiras.

Qual é a principal dierença entre a torre e o mastro de peruração? A torre é peças montada peça
por peça, já o mastro é uma estrutura treliçada, dividida em 3 ou 4 seções.

Lembremos que, se o local da perfuração for remoto e de difícil acesso o equipamento


será transportado até o local por caminhão, helicóptero ou barcaça. Algumas torres
podem ser construídas sobre barcos ou barcaças para trabalhar em locais onde a
torre não pode ser suportada (como pântanos e lagos). Quando o equipamento
chega ao local a torre é erguida.

Figura 6 – Mastro.

Figura adaptada e disponível em: < http://www.ebah.com.br/content/ABAAAA6hMAH/equipamentos-sondas>.

Subestruturas
As subestruturas criam um espaço de trabalho sobre a plataorma, onde serão instalados os
equipamentos de segurança. São constituídas de vigas de aço montadas sobre a fundação ou base

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EQUIPAMENTOS DA SONDA DE PERFURAÇÃO │ UNIDADE II

da sonda. As estruturas rígidas são construídas em concreto, aço ou madeira, que apoiadas em solo
resistente suportam todos os esorços provocados pela sonda. Elas são conhecidas como undações
ou base.

Convém destacarmos que as subestruturas são a base da sonda, suportam os equipamentos e criam
um ambiente de trabalho sob a plataorma onde são instalados os equipamentos de segurança
do poço.

A subestrutura deve satisazer dois requisitos básicos:

1. Suportar a torre, os equipamentos de perfuração e toda e qualquer carga com


segurança.

2. Possuir um espaço adequado a m de conter e permitir a instalação dos equipamentos


de segurança do poço.

Figura 7 – Subestrutura.

Figura adaptada e disponível em:<http://dc176.4shared.com/doc/Q7YP1_jW/preview.html>.

Estaleiros
O estaleiro mantém todas as tubulações (comandos, tubos de peruração, revestimentos etc.)
dispostas paralelamente a uma passarela para acilitar o seu manuseio. Ele ca posicionado na
frente da sonda.

O estaleiro é uma estrutura de metal constituída de vigas apoiadas acima do solo por pilaretes.

Figura 8 – Estaleiro. (THOMAS, 2004).

23
CAPÍTULO 2
Sistema de geração e transmissão
de energia

O sistema de geração e transmissão de energia é responsável pelo uncionamento dos equipamentos


de uma sonda de perfuração. A energia para o acionamento destes equipamentos é fornecida por
motores a diesel.

Onde há produção de gás é mais comum, e econômica, a utilização de turbinas a gás para geração
de energia para toda a plataforma. A utilização de energia elétrica de redes públicas é utilizada
quando a sonda permanece muito tempo em uma locação. O torque e a velocidade variáveis aetam
o processo de transmissão de energia.

As sondas de peruração são classicadas dependendo do modo de transmissão de energia. O modo


de transmissão de energia pode ser classicado em: sondas mecânicas ou diesel-elétricas.

Sondas mecânicas
Os vários motores são ligados a compounds nos quais são conectados os principais equipamentos
de peruração; usam-se conversores de torque e embreagens. A energia é distribuída a todos os
sistemas de peruração através de diversos eixos, rodas dentadas e correntes que azem parte do
compound. Os motores são acoplados ou desacoplados pelas embreagens, causando maior eciência
na utilização dos motores a diesel.

Figura 9 – Esquema de uma sonda mecânica com cinco motores diesel. (THOMAS, 2004).

MOTORES A DIESEL

Conversor de Toque
Embreagem
Gerador AC
Equipamentos
Guincho
Bombas de lama COMPOUND
Mesa rotativa Pequenos motores AC

Sondas diesel-elétricas
Nas sondas diesel-elétricas a geração de energia é feita em corrente alternada e a utilização é em
corrente contínua, geralmente são do tipo AC/DC.

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EQUIPAMENTOS DA SONDA DE PERFURAÇÃO │ UNIDADE II

Geradores de corrente alternada (AC) que alimentam um barramento triásico de 600 volts são
acionados por motores a diesel ou turbinas a gás. O barramento pode receber energia da rede
pública de forma alternada.

A energia do barramento é recebida pelas pontes de reticadores controlados de silício (SCR) e logo
transformada em corrente contínua, que alimenta os equipamentos da sonda.

A corrente alternada é utilizada pelos equipamentos auxiliares da sonda ou plataorma; a iluminação


e hotelaria recebe a energia do barramento após passar por um transormador.

As sondas diesel-elétricas com sistemas tipo AC/AC (geração e utilização ocorrem em corrente
alternada) têm uso incipiente, mas com tendência de grande evolução no uturo. Não há necessidade
de reticação de corrente por utilizar motores AC, mas sim do controle da requência aplicada
aos motores.

Figura 10 - Esquema de uma sonda AC/DC, típica de sondas marítimas. (THOMAS, 2004).

SCR1
600v AC Bombas de Lama
SCR2
Mesa rotativa
SCR3
Guincho

Geradores AC

Transformador Motores AC

Em suma, podemos fazer pequenas observações sobre o sistema de geração e


transmissão de energia:

» Fontes de energia:

 motores a diesel;

 turbinas a gás;

 energia elétrica.

» Sondas mecânicas:

 motores a diesel.

» Sondas diesel-elétricas:

25
UNIDADE II │ EQUIPAMENTOS DA SONDA DE PERFURAÇÃO

 tipo AC/DC  geração em corrente alternada e utilização em corrente


contínua;

 tipo AC/AC  geração e utilização em corrente alternada.

Responda as questões:

1. Qual a diferença entre uma sonda mecânica e uma sonda diesel-elétrica?

2. Explique a função do sistema de geração e transmissão de energia.

3. Como funciona uma sonda diesel-elétrica?

4. Quais as fontes de energia utilizadas no sistema de geração e transmissão


de energia?

5. Como funciona uma sonda mecânica?

Encaminhe as respostas para o e-mail do tutor da disciplina.

26
CAPÍTULO 3
Sistema de movimentação de cargas

Convém destacarmos que o sistema de movimentação de cargas é responsável pela movimentação


das colunas de peruração, revestimento e de outros equipamentos. O guincho, bloco de coroamento,
catarina,cabo de peruração,gancho e elevador são os principais componentes deste sistema.

Guincho (draw-work)
A energia mecânica necessária para a movimentação de cargas na transmissão principal é realizada
pelo guincho, no caso de sondas diesel, ou diretamente de um motor elétrico.

É o equipamento da sonda responsável pela movimentação vertical das tubulações no poço.


O tambor principal, tambor auxiliar ou de limpeza, reios, molinetes e embreagens azem parte do
guincho.

O tambor principal aciona o cabo de peruração, causando os movimentos da carga dentro do poço.

O reio é muito importante dentro de uma sonda, pois ele repara ou retarda a movimentação de
descida de carga no poço, permitindo a aplicação e controle de peso sobre a broca. O reio de uma
sonda pode ser dividido em dois tipos: o reio principal, que é mecânico por ricção, tem a unção de
parar e assim manter a carga que está sendo movimentada; e o reio secundário, que é hidráulico ou
eletromagnético e diminui a velocidade de descida da carga, facilitando a atuação do freio principal.

O tambor auxiliar ou de limpeza é instalado no eixo secundário do guincho, cando acima do tambor
principal. Tem a unção de movimentar equipamentos leves, como: registradores de inclinação e
direção do poço, amostradores de fundo, equipamentos de completação e de teste do poço.

O molinete unciona como embreagem e tem a unção de tracionar cabos e cordas. Podemos
encontrar dois tipos de molinetes em uma sonda: o molinete das chaves futuantes, que apertam ou
desapertam as conexões da coluna de peruração ou revestimentos; e o giratório, ou cathead, que
permite içar pequenas cargas quando nele or enrolada uma corda, chamada catline.

27
UNIDADE II │ EQUIPAMENTOS DA SONDA DE PERFURAÇÃO

Figura 11 – Guincho. (THOMAS, 2004).

Guincho (draw-work)  O Tambor principal aciona o cabo de perfuração,


movimentando/elevando as cargas dentro do poço. O tambor auxiliar ou de limpeza
e freios servem para parar/retardar o movimento de descida de carga no poço-
controle de peso sobre a broca.

Figura 12 – Tambor principal

Figura adaptada e disponível em: < http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAqSkAA/sistemas-sonda>.

28
EQUIPAMENTOS DA SONDA DE PERFURAÇÃO │ UNIDADE II

Bloco de coroamento (crown block)


Conjunto xo de polias (de 4 a 7) que giram em torno de um eixo apoiado por mancais xos em
duas vigas, instalado no alto da torre ou mastro, que em conjunto com a catarina constituem
um sistema de redução de carga, permitindo assim guinchos com capacidades menores. O bloco
de coroamento suporta as cargas que o cabo de perfuração transporta.

Por suas roldanas passam:

» cabo de peruração;

» cabo stand line (cabo auxiliar).

Suas vigas são xadas a outras polias, onde os cabos auxiliares seguintes são instalados:

» cabo de chaves futuantes;

» cabo dos cat lines.

Figura 13 – Bloco de coroamento. (THOMAS, 2004).

Catarina (Travein Block)


Constituída de conjunto de polias, nas quais trabalha o cabo da peruração que vem do quadro de
manobras, vai ao bloco de coroamento e retorna às polias da catarina e assim sucessivamente, até
passar pela última polia do bloco de coroamento e descer para ser xado na âncora (linha morta).
O número de vezes em que o cabo passa entre o bloco de coroamento e a catarina depende da
capacidade de peso que a sonda deve suportar.

Possui dupla unção, de suportar o peso da coluna de peruração durante as operações do poço e
de efetuar as manobras de descida e retirada da broca no poço. As catarinas são construídas com
3 a 6 polias, dependendo da carga, sua capacidade pode variar entre 90 a 500 toneladas. As polias

29
UNIDADE II │ EQUIPAMENTOS DA SONDA DE PERFURAÇÃO

da catarina devem obedecer, tanto em diâmetro quanto aos gornes, às mesmas especicações
para os blocos de coroamento. Abaixo, ou integrada a catarina, ca o gancho que amortece os
choques e vibrações durante a peruração, evitando que essas vibrações se transmitam para o
sistema bloco-catarina.

Figura 14 – Catarina e gancho. (THOMAS, 2004).

É importante lembrarmos que no sistema bloco catarina é importante conhecermos


as cargas em cada um de seus subsistemas, já que com essas cargas é que se
monitoram o peso sobre broca, o esforço na torre, no cabo e na coluna.

Os principais são:

» HL (Hook Load): carga na catarina;

» CL (Crown Load): carga no bloco de coroamento;

» TD (Tension Dead): carga no cabo que vem da bobina;

» TF (Tension Fast): carga no cabo que vai para o guincho.

30
EQUIPAMENTOS DA SONDA DE PERFURAÇÃO │ UNIDADE II

Podem-se azer dois tipos de análise:

» Análise Estática;

» Análise Dinâmica.

Figura 15 – Sistema bloco-catarina. (THOMAS, 2004).

Gancho da catarina (Hook)


É o elemento de ligação da carga ao sistema de polias (catarina). É uma peça com alça superior,
sólida e que se conecta na parte inerior da catarina, que termina em orma de gancho com alças
laterais onde se localizam os braços do elevador, enquanto no gancho principal é conectado a cabeça
de injeção (swivel). A parte inferior é independente da parte superior e se mantém em ligação através
de molas que tem unção de amortecer quando o gancho é submetido à tração. Em outros modelos
de gancho as molas trabalham dentro de um cilindro com óleo, que unciona como amortecedor
hidráulico.

No conjunto existe também uma trava que evita os movimentos de rotação da peça. O gancho da
catarina auxilia no manuseio de operação com o kelly, retirando e posicionando-o no buraco do rato.

31
UNIDADE II │ EQUIPAMENTOS DA SONDA DE PERFURAÇÃO

Figura 16 – Gancho

Figura adaptada e disponível em: <http://www.bomcobras.com.br/produto/perifericos_e_equipamentos_auxiliares_de_


perfuracao_e_workover/26>.

Cabo de perfuração
É um cabo de aço trançado em torno de um núcleo ou alma, sendo que cada trança é formada por
diversos os de pequeno diâmetro de aço especial. O cabo proveniente do carretel é passado e xado
numa âncora situada próxima à torre, onde se encontra um sensor para medir a tensão no cabo,
a tensão está relacionada com o peso total sustentado pelo guincho. Daí ele é passado no sistema
bloco-catarina e enrolado e xado no tambor do guincho. (THOMAS, 2004)

Lembremos especialmente que este cabo de perfuração interliga o bloco de coroamento com a
catarina, ele deve suportar todo o peso da coluna de perfuração ou revestimento. Suas características
principais são:

» número de pernas que compõem o cabo;

» número de os que ormam a perna;

» composição dos os em cada perna;

» alma ou tipo da perna central;

» torção, ou como os os e as pernas são torcidos para a abricação do cabo;

» passo, que é a distância correspondente a uma volta completa da perna em volta


d’ alma;

32
EQUIPAMENTOS DA SONDA DE PERFURAÇÃO │ UNIDADE II

» preormação, ou seja, se os os já são pré-torcidos durante sua abricação ou não;

» resistência.

Elevador
Convém destacarmos que o elevador é o equipamento que segura a tubulação durante as
movimentações (manobras). É utilizado para movimentar elementos tubulares, tubos de peruração
e comandos.

O elevador tem duas partes ligadas por dobradiças resistentes com ormato de anel bipartido, que
contém um trinco especial para seu echamento.

33
CAPÍTULO 4
Sistema de rotação

Lembremos que nas sondas convencionais, a coluna de perfuração é girada pela mesa rotativa
localizada na plataorma da sonda. A rotação é transmitida a um tubo de parede externa poligonal, o
kelly ca enroscado no topo da coluna de peruração. Nas sondas equipadas com top drive a rotação
é transmitida diretamente ao topo da coluna de peruração por um motor acoplado à catarina. O
conjunto desliza em trilhos xados à torre, onde o torque devido à rotação da coluna é absorvido.
Existe a possibilidade de se perurar com um motor de undo, colocado logo acima da broca. O
torque necessário é gerado pela passagem do fuido de peruração no seu interior. Esse motor pode
ser de deslocamento positivo ou uma turbina. O sistema de rotação convencional é constituído de
equipamentos que promovem ou permitem a livre rotação da coluna de peruração. São eles: mesa
rotativa, o kelly e cabeça de circulação ou swivel. (THOMAS,2004)

Convém destacarmos que o sistema rotativo é responsável pelos movimentos rotativos da coluna
de peruração. Ele imprime rotação à broca para peruração das ormações rochosas. O sistema
rotativo tem como principais nalidades:

» permitir que o torque aplicado à coluna de peruração pela mesa rotativa seja
adequado e suciente para se perurar o poço;

» permitir as conexões e desconexões dos demais elementos da coluna de peruração;

» auxiliar no controle da peruração direcional e também nas operações de pescaria.

Mesa rotativa (Rotary Table)


Tem a função de produzir rotação à coluna de perfuração e suportar o peso da coluna de perfuração
ou de revestimento, que ca apoiada por ela à mesa rotativa durante as manobras de descida e
retirada do poço.

A mesa rotativa recebe energia sob a forma de rotação no plano vertical e transforma em rotação
horizontal, que é transmitida a coluna; serve como suporte no acunhamento da coluna.

Tem como principais requisitos para uncionar:

» o movimento pode ser decorrente da energia transmitida pelo quadro de manobras


(guincho) ou da própria mesa rotativa com motor independente (motor elétrico);

» a coluna de perfuração e os tubos de revestimento são ancorados na mesa rotativa


através de cunhas, que se alojam em uma abertura no centro da mesa, esta peça
impede que a coluna ou acessórios escorreguem para dentro do poço;

» a mesa rotativa deve estar sempre xada à subestrutura da torre para evitar que a
mesma se desloque junto com a coluna de peruração, provocando graves acidentes;

34
EQUIPAMENTOS DA SONDA DE PERFURAÇÃO │ UNIDADE II

» a mesa rotativa é geralmente equipada com o reio de inércia; que é acoplado ao


eixo da mesma, é usado em operações que exigem maior precisão;

» as buchas da mesa rotativa são utilizadas para aumentar ou diminuir o diâmetro


da boca da mesa, conorme o diâmetro dos tubos que estejam sendo utilizados
na operação.

Figura 17 – Mesa rotativa. (THOMAS, 2004).

Kelly
É o elemento responsável pelo movimento giratório da coluna de peruração que através das buchas
instaladas na mesa rotativa, transmitem estes movimentos à coluna de perfuração. Pode ser de
haste quadrada ou hexagonal.

Em sondas terrestres a quadrada é a mais utilizada e em sondas marítimas a hexagonal é mais bem
empregada.

O kelly é parte integrante da coluna e deve permitir a passagem de fuido em seu interior. É o kelly
que faz a ligação entre o swivel (Cabeça de injeção) e a coluna de peruração.

A bucha do kelly é o equipamento conectado a mesa, e onde o kelly é encaixado.

Destacam-se os seguintes critérios relacionados o kelly:

» O Kelly pode ter formato hexagonal, quadrado ou octogonal, o mesmo


formato que precisa ter a parte interna da bucha da mesa rotativa, para
que exista um encaixe sem folga, entre o kelly e a bucha do kelly;

» A haste hexagonal informa, pela sua medida, a profundidade do poço


e pode fazer várias marcas de metro em metro no corpo do kelly, que
observadas durante a perfuração, indicam a profundidade do poço;

» A haste hexagonal empenada provoca vibrações que prejudicarão a


coluna de perfuração, o sistema de suspensão, a estrutura da torre até o
próprio poço, que ca comprometido;

» A bucha do kelly trabalha com guia e, através do encaixe dos pinos nos
furos da mesa rotativa, se consegue transmitir giro a coluna de perfuração.

35
UNIDADE II │ EQUIPAMENTOS DA SONDA DE PERFURAÇÃO

Figura 18 – Kelly, de seção quadrada e de seção hexagonal. (THOMAS, 2004).

Cabeça de injeção (Swivel)


O swivel ca perdurado no gancho, separando os elementos rotativos dos estacionários da sonda de
perfuração. A parte superior não gira e sua parte inferior deve permitir a rotação. Num tubo lateral
(gooseneck) permite a injeção do fuido no interior da coluna de peruração.

Este equipamento permite o bombeamento do fuido de peruração proveniente das bombas de


lama para que este mesmo fuido circule no poço pela coluna de peruração, sem interromper o
movimento de rotação, quando perfurado ou com a coluna fora do fundo do poço.

O swivel é composto de: mandril, corpo, castelo, pescoço do ganso, alça de suspensão (do kelly) e
substituto intermediário.

O swivel pode suportar até 250 toneladas, com rotações superiores a 350 RPM (rotação por minuto).

À esquerda cam as roscas do substituto para evitar que desenrosquem durante as operações de
perfuração.

Sua segurança operacional requer:

» não efetuação de reparos no swivel com a coluna de peruração dentro do poço;

» reparo do swivel, colocando-o na bainha do kelly, pois é mais seguro;

» quando substituir o tubo de lavagem, substituição também das gaxetas da camisa


do swivel;

» instalação do swivel pobre na coluna de peruração para permitir rotação e fuxo do


fuido de peruração, enquanto é executado o reparo no swivel.

Mas porque o nome cabeça de injeção? Porque o fuido é injetado dentro da coluna através desse
Swivel.

36
EQUIPAMENTOS DA SONDA DE PERFURAÇÃO │ UNIDADE II

Figura 19 – Cabeça de injeção (swivel).

Existem dois sistemas alternativos de aplicação de rotação na broca: top drive e motor de fundo.

Top drive
A perfuração com top drive elimina o uso da mesa rotativa, do kelly e da bucha do kelly. A coluna
de peruração gira movida por um motor conectado diretamente no topo. O motor desliza sobre o
trilhos xados à torre permitindo o movimento vertical da coluna. Este sistema consegue diminuir
em 25% o tempo útil em operações normais de peruração. A operação de peruração é executada
com 3 tubos (uma seção) sem interrupção para conexão. Eetua a operação de conexão e desconexão
de tubos da mesa rotativa, usando o próprio motor de peruração e é aplicado torque de aperto
desejado com back up tong (duas chaves de torque do sistema pipe handler).

O sistema top drive pode ser utilizado em sondas de peruração xas e em plataormas futuantes.
No caso de operações de conexão e desconexão de tubos em sondas futuantes é necessário que o
operador (sondador) deixe um espaço reservado entre a coluna de peruração e o undo do poço,
evitando assim o movimento ascendente e descendente (heave) da plataforma.

Este sistema permite também que a retirada ou descida da coluna seja eita tanto com rotação como
com circulação de fuido de peruração pelo seu interior, isto é extremamente importante em poços
de alta inclinação ou horizontais. (THOMAS, 2004)

Convém destacarmos que o top drive:

» perfura por seção;

» permite retirada da coluna com circulação e rotação;

» menor número de conexão.

37
UNIDADE II │ EQUIPAMENTOS DA SONDA DE PERFURAÇÃO

Figura 20 – Top drive. (THOMAS, 2004).

Motor de fundo
Em poços direcionais este tipo de equipamento é muito utilizado, pois o objetivo a ser atingido não
se encontra na vertical que passa pela sonda de peruração. O giro deste motor só é realizado na parte
inerior do motor de undo, solidário a broca. O motor hidráulico tipo turbina ou de deslocamento
positivo é colocado acima da broca. O torque imposto à coluna de peruração é nulo e seu desgaste
ca muito reduzido, pois a coluna de peruração não gira.

Figura 21 – Motor de fundo tipo turbina.

38
EQUIPAMENTOS DA SONDA DE PERFURAÇÃO │ UNIDADE II

Responda as questões:

1. Cite uma vantagem da operação com top drive em relação à operação


com mesa rotativa e kelly.

2. Explique de forma detalhada o funcionamento da mesa rotativa e indique


sua função.

3. Quais são os equipamentos que fazem parte do sistema de rotação?

4. Por que o swivel é chamado de cabeça de injeção?

Encaminhe as respostas para o e-mail do tutor da disciplina.

39
CAPÍTULO 5
Sistema de circulação

O tratamento e a circulação do fuido de peruração são realizados pelo sistema de circulação. Na


circulação a injeção do fuido de peruração é eita pelo deslocamento e pela pressão, ambos com
auxílio da bomba de lama através das linhas de superície, tubo bengala, swivel e interior da coluna
até a broca, retornado pelo anular até o fow line e as peneiras de lama.

O sistema de circulação apresenta as seguintes nalidades: az um reboco nas paredes do poço,
mantém o equilíbrio de pressões dentro do poço e traz os cascalhos cortados pela broca até a
superfície.

Os equipamentos do sistema de circulação são aqueles que permitem o deslocamento do fuido de


perfuração e os que fazem o tratamento e armazenamento do mesmo.

Fase de injeção
As bombas de lama azem a sucção do fuido de peruração e o injetam na coluna de peruração até
passar para o anular entre o poço e a coluna por oriícios na broca conhecidos como jatos de broca.
No decorrer da proundidade e da geometria do poço as vazões e as pressões variam. Usa-se apenas
uma bomba quando são utilizadas altas pressões e baixas vazões no início da peruração e pistões
e camisas são substituídos por outros de menor diâmetro am de atender às solicitações do poço.

Figura 22 – Bombas de lama tipo triplex. (THOMAS, 2004).

40
EQUIPAMENTOS DA SONDA DE PERFURAÇÃO │ UNIDADE II

Fase de retorno
Inicia-se com a saída do fuido de peruração nos jatos de broca e naliza-se com a chegada do fuido
na peneira vibratória.

Fase de tratamento
A eliminação de sólidos ou gás que se juntam ao fuido no decorrer da peruração e o adicionamento
de produtos químicos com a nalidade de ajuste das propriedades é chamada de ase de tratamento
ou condicionamento.

Figura 23 – Sistema de tratamento de lama. (THOMAS, 2004).

O primeiro equipamento é a peneira vibratória que tem a nalidade de retirar da lama o cascalho
e outros detritos de maior tamanho da lama. Após este processo o fuido passa por um conjunto
de dois a quatro hidrociclones1 de 8’’ a 20’’ conhecidos como desareiadores, que são responsáveis
por retirar a areia do fuido de peruração. Este processo unciona por decantação de gravidade
e centriugação. Após sair do desareiador, o fuido de peruração passa pelo dessiltador, possui
um conjunto de 8 a 12 hidrociclones de 4” a 5” e tem a unção de retirar partículas de dimensões
equivalentes ao silte. O equipamento seguinte é o mud cleanner que tem a unção de executar a
limpeza do fuido de peruração executando dupla unção: conjuga a separação de sólidos nos
vindos da peruração através da centriugação pelos hidrociclones e o peneiramento utilizando tela
na. Ainda temos a centríugação em que são utilizadas algumas sondas, sendo essas responsáveis
pela retirada de partículas menores que não tenham sido descartadas pelos hidrociclones.

Outro equipamento que está sempre presente na sonda é o desgaseicador que tem a unção de
retirar o gás do fuido de peruração. No decorrer da peruração de uma ormação com gás ou quando
houver a ocorrência de infuxo de gás contido na ormação para dentro do poço, as partículas de gás
são incorporadas no fuido de peruração e sua recirculação no poço é perigosa. (THOMAS, 2004).

1 Hidrociclones são equipamentos que aceleram o processo natural de decantação de partículas.Constam de cones ocos,com
entrada para fuido de peruração,uma pequena abertura no undo para descarga dos sólidos,e uma abertura maior na parte
superior,para saída do fuido recuperado

41
UNIDADE II │ EQUIPAMENTOS DA SONDA DE PERFURAÇÃO

Figura 24 – Mud cleanner.

Figura adaptada e disponível em: <http://www.derrickequipment.com/webmodules/catCatalog/dtl_Product.aspx?ID=5l>.


Acessado em: 31 jul. 2012.

Faça uma pesquisa mais detalhada sobre cada um dos equipamentos do sistema de
circulação, esquematizando-os, apresentando suas principais funções e a forma que
cada um deles opera.

Encaminhe para o e-mail do tutor da disciplina.

42
CAPÍTULO 6
Sistema de segurança do poço

Fazem parte do sistema de segurança de um poço os Equipamentos de Segurança de Cabeça de Poço


(ESCP) e os equipamentos que permitem o echamento e o controle do poço.

Dentre estes equipamentos o Blowout Preventer (BOP) é o mais importante, pois possui válvulas
que permitem echar o poço quando houver necessidade.

Sempre quando houver ocorrência de kick (entrada de um fuido indesejado da ormação para
o poço) os BOPs são acionados. Para que o kick aconteça, a pressão hidrostática do fuido de
peruração deverá ser menor que a pressão da ormação. Quando não há controle do kick este se
transformará num blow out, podendo criar sérias consequências, tais como: acidentes pessoais,
danos nos equipamentos de sonda, poluição e danos ao meio ambiente.

Os principais equipamentos de segurança são:

Cabeça de poço (well head)


A cabeça de revestimento, carretel de peruração, adaptadores, carretel espaçador e seus acessórios
são equipamentos da cabeça de poço e permitem a ancoragem e a vedação das colunas de
revestimento na superfície.

A cabeça de revestimento sustenta os revestimentos intermediários e de produção por meio de


suspensores, propicia a vedação do anular do revestimento intermediário ou de produção com a
própria cabeça que permite o acesso a este anular e de servir de base para a instalação dos demais
elementos da cabeça de poço e os preventores.

O elemento responsável pela ancoragem do revestimento e a vedação do anular deste revestimento


com o corpo da cabeça na qual oi ancorado é o suspensor de revestimento. Quando o peso do
revestimento or aplicado provocando a extrusão de um elemento de borracha, a vedação é eita
automaticamente.

43
UNIDADE II │ EQUIPAMENTOS DA SONDA DE PERFURAÇÃO

Figura 25 – Cabeça de poço de superfície. (THOMAS, 2004).

Cabeça de produção

Suspensor de revestimento

Carretel de revestimento

Suspensor de revestimento

Cabeça de revestimento

Saída

Revestimento Condutor 30”

Revestimento de produção a 9 5/8” a 13 3/8” Revestimento de superfície 20”


Revestimento intermediario 13 3/8”

O carretel de revestimento é um equipamento semelhante à cabeça de revestimento, só que apresenta


mais um fange na parte inerior. Possui também, duas saídas laterais para acesso ao espaço anular
e um alojamento para assentamento do suspensor do revestimento a ser descido posteriormente.
Contém elementos de borracha na parte inerior interna para vedação secundária no topo do
revestimento descido anteriormente. A cabeça de produção é também um carretel que possui, em
sua parte inferior interna, uma sede para receber os elementos de vedação secundária que atuam
no topo do revestimento de produção, de modo a impedir a passagem de pressões altas, geralmente
superiores à resistência do fange interior. Na parte interior superior possui sede para receber o
tubing hanger, que sustenta a coluna de produção. Apresenta também, duas saídas laterais para
acesso ao espaço anular. O carretel de peruração é um equipamento contendo fanges de ligações
no topo e na base e com duas saídas laterais fangeadas que recebem as duas linhas de controle do
poço, a linha de matar (kill line) e a linha do estrangulador (choke line). (THOMAS, 2004)

O que é uma kill line (linha de matar)? Qual é a sua função? A kill line é uma linha
de alta pressão que possui um conjunto de válvulas, com pressão de trabalho igual
ou maior que a pressão de trabalho do BOP, que pode ser instalada no carretel de
perfuração ou no bloco de gavetas.

A kill line possui a unção de bombear o fuido para dentro do poço quando, não conseguimos azer a
circulação normal por causa de obstrução de coluna, mangueira de injeção rompida ou no combate
do kick com a coluna ora do poço. Pode ser usada em circulações reversas e para testes de pressão

44
EQUIPAMENTOS DA SONDA DE PERFURAÇÃO │ UNIDADE II

do BOP. No conjunto de válvulas da kill line, existe sempre uma válvula de retenção (check valve),
que impede a entrada da pressão do poço para a kill line (linha de matar).

Choke line (linha de estrangulamento).


Linha que liga a saída lateral do BOP ou do carretel de peruração ao choke manifold. Existe a linha
principal e a secundária. A linha principal é instalada abaixo da gaveta cega, e a linha secundária
deve ser instalada abaixo do conjunto de preventores em um carretel de peruração.

BOP (blowout preventer)


É constituído de válvulas que possuem grande porte, com dispositivos mecânicos, hidráulicos e
pneumáticos. Possui a nalidade de conter e controlar o fuxo do poço. Tem a unção de bombear
o fuido para o poço, permitir a passagem e a movimentação das erramentas de peruração e
suportam as pressões previstas durante as operações de peruração do poço. Os preventores podem
ser de dois tipos:

BOP anular e o BOP gaveta.

Figura 26 – Arranjo típico de um conjunto BOP. (THOMAS, 2004).

BOP anular
Consta de um equipamento que é montado na parte superior do conjunto BOP. Ele é equipado
com elemento de vedação (borracha), cuja unção é echar o poço independente da erramenta que

45
UNIDADE II │ EQUIPAMENTOS DA SONDA DE PERFURAÇÃO

esteja em seu interior. O BOP possui um pistão que ao se deslocar do dentro do corpo do cilíndrico
comprime um elemento de borracha que é ajustado contra a tubulação que esteja dentro do poço.

O BOP anular pode echar um poço sem coluna, embora este procedimento não seja aconselhável por
causar dano ao elemento de borracha. O preventor anular atua em qualquer diâmetro de tubulação.

BOP gaveta
O BOP gaveta possui dois pistões que tem a unção de echar o espaço anular. Ao serem acionados
hidraulicamente deslocam as duas gavetas, uma contra a outra, transversalmente ao eixo do poço.

O BOP pode echar o poço sem coluna no seu interior. Os blocos de gavetas podem ser: simples,
duplo ou triplo.

As gavetas do BOP quanto ao tipo podem ser:

» gaveta de tubo;

» gaveta cega;

» gaveta cisalhante;

» gaveta variável.

Em terra, normalmente se utilizam três preventores: um anular e dois de gavetas. Já no mar, há duas
possibilidades: em plataormas xas ou que estão apoiadas no undo do mar, onde os equipamentos
operam na superfície, utiliza-se um preventor anular e três ou quatro de gavetas. Em plataformas
futuantes, navios e semissubmersíveis em que os equipamentos trabalham no undo do mar,
normalmente se trabalha com dois preventores anulares e três ou quatro de gavetas.

46
CAPÍTULO 7
Sistema de monitoração

Os manômetros, indicadores de peso sobre a broca e os indicador de torque azem parte do sistema
de monitoração e são equipamentos necessários ao controle da perfuração.

A combinação dos parâmetros da peruração levaria o máximo de economia e eciência, surgindo


então à necessidade de se usar equipamentos para registrar e controlar estes parâmetros. Estes tipos
de equipamentos podem ser classicados em indicadores, que apenas indicam o valor do parâmetro
em consideração, e registradores que tem a função de traçar as curvas dos valores medidos.

A velocidade da mesa rotativa e da bomba de lama são medidas pelo tacômetro, a pressão de
bombeio indicada pelo manômetro, o torque da coluna indicado no torquímetro e o indicador do
peso no gancho sobre a broca.

A taxa de penetração da broca é o registro mais importante e este é responsável para se avaliar
as mudanças das ormações peruradas, o desgaste da broca e a adequadação dos parâmetros de
perfuração.

Geolograph - Instrumento onde é inserida uma carta rotativa que registra continuamente
parâmetros como:

» taxa de penetração;

» peso sobre a broca;

» RPM e torque da mesa rotativa;

» pressão nas bombas.

Indicador de peso - Tem dois ponteiros que indicam o peso sobre a broca e o peso suspenso no
gancho. É um equipamento analógico.

O ponteiro amarelo ornece o peso total da coluna de peruração (carga suspensa), enquanto que o
vermelho acusa leituras mais sensíveis, exemplo: o peso sobre a broca é acilmente calibrável e não
se altera sob os eeitos das condições atmoséricas.

Manômetro (medidor de pressão de lama) - Indica a pressão de bombeio do fuido de


peruração. Controla a pressão do fuido injetado no poço, a m de se eetuar uma pereita limpeza
hidráulica do poço. As seguintes inormações são transmitidas:

» pressão de bombeio do fuido de peruração;

» vazão do fuido de peruração;

» volume do fuido injetado no poço;

São geralmente instalados no recalque das bombas de lama, no tubo bengala, no choke manifold e
no painel do sondador (dog house).

47
UNIDADE II │ EQUIPAMENTOS DA SONDA DE PERFURAÇÃO

Indicador de nível dos tanques - Detecta variações bruscas no nível de tanque de lama, o que
o torna muito importante na segurança, uma vez que estas variações podem ser indicativos de
infuxos de fuidos da ormação.

Tacômetro - Mede a velocidade da mesa rotativa (RPM) ou a velocidade da bomba em (ciclos/min).

Tacômetro da bomba de lama (SPM) - Objetiva medir o número de custos do pistão da


bomba de lama por minuto (SPM), esta medição depende do comprimento da haste do pistão e da
velocidade da bomba de lama no momento.

O tacômetro da bomba de lama ca instalado no painel do sondador e o instrumento da medição é


conectado ao eixo da bomba de lubricação das hastes de pistão, impulsos elétricos são transmitidos
ao mostrador e convenientemente são calibrados. Existem mostradores digitais e analógicos.

Tacômetro da mesa rotativa (RPM) - Este instrumento indica as medidas em RPM dos
movimentos da mesa rotativa, melhorando o controle do sondador durante a peruração do poço.
Possui um gerador de corrente alternada, movidos por um eixo, cuja velocidade de rotação seja
proporcional a da mesa rotativa.

Durante a peruração a velocidade de rotação e o peso sobre a broca se relacionam deste modo:

» O peso é mantido constante variando a velocidade de rotação conorme as mudanças


no tipo de ormação;

» A rotação é mantida constante alterando-se o peso aplicado à proporção que as


características das ormações vão se modicando;

» Ambos os fatores podem variar um ou outro, ou os dois ao mesmo tempo, de acordo


com a necessidade. A escolha da velocidade de rotação e do peso ideal caberá ao
sondador conorme sua experiência em poços interiores.

Torquímetro - Mede o torque na mesa rotativa e o torque dado pelas chaves nas conexões e tubos.

Indicador de torque rotativo - Avalia o torque rotativo que a coluna de perfuração se submete
durante as operações de peruração de um poço. Algumas resistências iniciais são vencidas pela
coluna de peruração para eetuar o movimento rotativo dentro do poço. Estas resistências são:

» a inércia da própria coluna;

» o atrito devido às paredes do poço;

» o fuido de peruração.

Chamamos de torque rotativo útil à orma de energia usada na superação destes obstáculos. O seu
valor depende dos seguintes atores:

» comprimento da coluna de peruração dentro do poço;

» propriedades do fuido de peruração;

» atrito da coluna de perfuração com as paredes do poço.

As variações de tração sorida pela corrente da mesa rotativa são transmitidas à alavanca
inter-resistente, esta aciona o pistão comprimindo o fuido, que através da mangueira chega

48
EQUIPAMENTOS DA SONDA DE PERFURAÇÃO │ UNIDADE II

ao mostrador do torquímetro, instalado no painel do sondador, possibilitando a indicação da


amplitude do torque rotativo.

Indicador de torque da chave futuante - Mede com precisão o torque de aperto nas conexões
dos tubos e comandos de perfuração, o torque é aplicado, por intermédio dos cat head direito ou
esquerdo, instalados no guincho de peruração, ou chaves hidráulicas. O conjunto é composto
de um cilíndrico hidráulico, que é conectado diretamente ao medidor de torque através de uma
mangueira hidráulica.

A tração sorida pelo cabo de aço tende a comprimir o pistão existente dentro do cilindro, o fuido
nele contido segue através da mangueira até o tubo bourdon, o qual se deforma e proporciona a
indicação do valor do torque no indicador.

O cilindro ca geralmente instalado no braço da chave futuante e o indicador de torque posicionado
no painel do sondador (dog house).

Indicador de velocidade de penetração - Mede a velocidade com que as brocas penetram nas
ormações (taxa de penetração metro/hora). As mudanças do grau de dureza das ormações são
indicadas pelo indicador de velocidade de penetração.

É acionado mecanicamente por um cabo de aço (no) xado à engrenagem do instrumento e à outra
extremidade, passando por uma polia localizada abaixo do bloco de coroamento e xada no swivel.
A cada movimento do swivel corresponde um registro do aparelho em uma carta instalada dentro
do aparelho, com uma escala em metros.

Os registros podem ser eitos em pés ou metros, e a velocidade de penetração em qualquer ponto
do gráco.

Figura 27 – Painel do sondador


VARIAÇÂO
CPM DA BOMBA
RETORNO DE LAMA DO VOLUME
DE LAMA TOTALIZADOR DO CPM VOLUME TOTAL
DE LAMA

PESO SOBRE A BROCA


VOLUME NO TRIP DE TANQUE

TORQUE ELÉTRICO

CPM DA BOMBA TORQUE ELÉTRICO


LAMA TORQUE NA CHAVE FLUTUANTE
PRESSÃO DE
BOMBEIO RPM DA M.R

Figura adaptada e disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/3877569/Engenharia-de-Perfuracao-e-completacao-em-Pocos-


de-Petroleo>.

49
COLUNA DE UNIDADE III
PERFURAÇÃO

A coluna de perfuração é constituída de tubos e demais ferramentas e equipamentos que penetram


no poço, tendo na extremidade a broca. O comprimento da coluna de peruração é o mesmo
comprimento da profundidade do poço. Durante a perfuração é necessária a concentração de
grande quantidade de energia para cortar as diversas ormações rochosas. Esta energia em orma
de rotação e peso sobre a broca, é transerida às rochas para promover sua ruptura e desagregação
em orma de pequenas lascas, ou cascalhos, que são removidos do undo do poço e carreados até a
superície pelo fuxo do fuido de peruração. A coluna de peruração é a responsável direta por todo
este processo e consta dos seguintes componentes principais:

Comandos (Drill Collar ou DC), tubos pesados (Heavy-Weight ou HW) e tubos de peruração (Drill
Pipe ou DP).

Qual seria a função da coluna de perfuração? Quais são seus principais objetivos?

Convém destacarmos que a coluna de perfuração possui três funções primordiais:

» conduz o uido de perfuração pelo seu interior;

» tem a função de permitir o movimento de rotação da mesa rotativa à


broca;

» proporciona a conexão elástica entre a cabeça de injeção (swivel) e a broca,


aumenta ou diminui o seu comprimento dependendo do acréscimo ou
retirada de elementos que compõem a mesma.

50
CAPÍTULO 1
Comandos (Drill Collars)

Os comandos tem a unção de ornecer peso sobre a broca promovendo rigidez a coluna. Como
trabalham sobre pressão estes tubos devem possuir paredes espessas. Os comandos são eitos de
uma liga de aço cromo molibdênio orjados e usinados no diâmetro externo, sendo o diâmetro
interno perurado. Os comandos possuem alto peso linear devido à grande espessura da parede.

As uniões enroscáveis usinadas diretamente no corpo do tubo permite a conexão destes elementos.
Os comandos podem ser lisos ou espiralados externamente. Sua especicação deve levar em conta
o diâmetro externo, diâmetro interno, tipo da união, acabamento externo e a existência ou não de
ressalto para o elevador e normalmente são normalizados pelo API.

São abricados no tamanho de 30 a 32 pés, podendo em casos especiais ter de 42 a 43,5 pés. A
conexão é protegida por uma camada osatada na superície sendo usinada no próprio tubo. A
conexão é a parte mais rágil dos comandos. Os comandos podem ter seção quadrada e tem a unção
de prevenir a prisão por dierencial, mas são poucos utilizados pela diculdade de erramentas
de pescaria.

Os comandos podem possuir pescoço no qual são adaptados elevadores, evitando assim a utilização
de lift-sub, ganhando assim tempo na manobra.

Para dar rigidez na coluna os comandos podem ser utilizados junto com os estabilizadores e também
podem ser utilizados no controle da inclinação do poço.

Convém destacarmos que quando os comandos tem rebaixamento no ponto de aplicação das cunhas
evita a necessidade de se utilizar o colar de segurança durante as conexões, diminuindo o tempo
durante a manobra.

Os comandos são especicados em: diâmetro interno, diâmetro externo, tipo de conexão e
características especiais.

O diâmetro externo é especicado de acordo com o diâmetro do poço e sempre se coloca em questão
a necessidade de se fazer uma futura pescaria.

O diâmetro interno está relacionado ao peso do comando, sendo muito comum se especicar o peso
em lb/pé no lugar do diâmetro interno.

Os comandos têm características especiais: se o comando é espiralado, se tem rebaixamento para a


cunha, se tem pescoço para o elevador, se possui algum tratamento especial etc.

Na peruração direcional é utilizado um comando muito especial conhecido como K-Monel. O


K-Monel é feito de material não magnético que permite registrar fotos magnéticas em seu interior.

Os comandos apresentam a seguinte resistência:

3 1/8” a 6 7/8” – 110.000 psi (escoamento) e 135.000 (ruptura).

51
UNIDADE III │ COLUNA DE PERFURAÇÃO

O mais importante nos comandos é o uso do torque recomandado, devido às conexões serem seu
ponto frágil.

O aperto deve ser eito com tração constante e demorada nos cabos e nunca deve ser eito com
puxões violentos devido a sua grande inércia.

A quebra da coluna é muito mais frequente nos comandos do que nos tubos de perfuração, devido
ao fato dos esforços nos comandos serem mais severos e serem submetidos a maiores esforços.
Durante as manobras os comandos devem ser desconectados sempre nas juntas que não tenham
sido eitas na última manobra, permitindo assim o trabalho igual de todas as conexões.

Figura 28 – Comando espiralado. (ROCHA, 2011).

Nos comandos não há classicação para o desgaste, o que não acontece com os tubos de peruração.
Devemos tomar os seguintes cuidados em relação aos comandos:

» Durante as conexões não usar a cunha no lugar da chave futuante, pois a cunha
pode causar dano ao corpo do tubo.

» Ao bater nos tubos não utilizar martelo ou marreta. Caso se zer necessário, utilizar
a marreta de bronze.

» Não se deve utilizar a corrente para enroscar os tubos, pois a corrente pode correr e
se encaixar entre o pino e a caixa danicando assim a rosca e o espelho.

» O torque excessivo deve ser evitado durante as conexões e a peruração.

» Deve-se apoiar os tubos em três pontos com tiras de maneiras; uma em cada
extremidade e outra no meio quando os comandos estiverem estaleirados. Nunca
utilizar cabo de aço ou tubos de pequeno diâmetro.

» Deve-se lavar as roscas com solvente apropriado, secar, aplicar a graxa e colocar os
protetores de roscas no término de cada poço.

» Para alinhar as seções de comandos no tabuleiro não se deve usar a chave de tubo
(grio), pois isso danica o espelho do pino.

» Deve-se durante as movimentações utilizar o protetor de rosca e nunca rolar os


comandos, mas sim suspender pelo seu centro de gravidade.

» O BSR (Bending Strenght Ratio) deve ser observado.

52
COLUNA DE PERFURAÇÃO │ UNIDADE III

Manutenção e manuseio dos comandos


Orientações que ajudarão a evitar possíveis problemas com os comandos de peruração, dentro ou
fora do poço.

» Inspecione os comandos regularmente, vericando se as roscas estão boas, e se


existe empeno no corpo, antes de levá-lo para o deque de peruração.

» Não os arraste sem proteger as roscas, ao movimentá-los na plataforma.

» Conservar as roscas limpas e usar graxa especial para roscas, quando enroscá-los.

» Aplique o torque ideal ao apertar as conexões, o uso demasiado ou reduzido do


torque de aperto pode causar danos ao comando durante a perfuração.

Em suma, as características principais dos comandos são:

» Maior espessura das paredes.

» Uniões mais resistentes e revestidas de material duro.

» Reforço central no corpo do tubo revestido de material duro.

Denições encontradas no site: <http://www.clickmacae.com.br>

BOREHOLE - PERFURAÇÃO DO POÇO - Conjunto de operações para a perfuração de


um poço.

SPUD IN - INÍCIO DE PERFURAÇÃO - Operação em que se perfuram os primeiros


metros de um novo poço.

DRILLING - PERFURAÇÃO - É a operação de perfuração de um poço na crosta terrestre


para a produção de hidrocarbonetos, vapor ou água. Um poço também pode ser
perfurado para a obtenção de informações geológicas pelo exame das aparas de
formação devolvidas à superfície pela lama circulante, ou de testemunhos de rocha
obtidos com equipamento especial.

DRILL STRING - COLUNA DE PERFURAÇÃO - Coluna de perfuração feita de seções


individuais de tubulações e de colares de perfuração, que se estende da superfície
ao fundo do poço e proporciona meios de se girar o trépano (broca) e de circulação
da lama.

COME OUT OF THE HOLE - RETIRADA - Retirada da coluna de perfuração do poço.

53
CAPÍTULO 2
Tubos pesados (Heavy-Weight Drill Pipes
- HWDP)

Os tubos pesados (Heavy Height Drill Pipes – HWDP) são elementos tubulares de aço orjado2
que possuem maior espessura da parede em relação aos drill pipes (DP), mas possuem o mesmo
diâmetro externo. Os HWDP são utilizados para dar peso sobre a broca, além de serem utilizados
entre os comandos e os drill pipes para permitir uma mudança gradual da rigidez da coluna.

Figura 29 – Tubo forjado. (MARIANO, 2012).

Convém destacarmos que os tubos pesados são bastante utilizados em poços direcionais, como
elemento auxiliar no ornecimento de peso sobre a broca, em substituição de alguns comandos.

A utilização de HW’s apresenta as seguintes vantagens:

» nas zonas de transição entre comandos e tubos de perfuração diminui a quebra de


tubos;

» aumenta a capacidade e a eciência das sondas de pequeno porte por ter maior
acilidade de manuseio em relação aos comandos;

» o arraste (drag) e o torque são diminuídos em poços direcionais em vista de sua


menor área de contato com as paredes do poço;

» possui menor tempo de manobra.

Nas zonas de transição normalmente são utilizadas de 3 a 6 seções de HW’s.

Os HW’s apresentam as seguintes especicações:

» diâmetro nominal;

» peso por comprimento (ou diâmetro interno);


2 Forjado – Tubos de peruração orjados são tubos abricados através do aquecimento do metal, até que o mesmo se encontre
em condição maleável para acilitar a denição de sua dimensão, orma e propriedade estrutural; logo não podem ser estruturas
tubulares oriundas de chapas, chamados de tubos costurados.

54
COLUNA DE PERFURAÇÃO │ UNIDADE III

» comprimento;

» aplicação de material duro.

O diâmetro nominal do WH varia de 3 ½” a 5”.

Normalmente é utilizado na coluna HW com o diâmetro igual ao tubo de perfuração.

No desgaste do WH não há normalização, logo a resistência dos tubos usados deve ser avaliada pelo
usuário.

Os WH são abricados no range (tamanho) II e III.

Os smooth hard material podem ser aplicados nos tool joints ou no reforço intermediário.

Convém destacarmos que os tubos pesados (Heavy Height Drill Pipes  HWDP)
apresentam as seguintes funções:

» permite a passagem do uido;

» transmite torque e rotação;

» faz uma transição gradual de rigidez entre o DP e o DC.

Figura 30 - Tubos pesados (Heavy-Weight ou HW).

Figura 31 – HWDP (Heavy-weight drill-pipe). (ROCHA, 2011)

55
UNIDADE III │ COLUNA DE PERFURAÇÃO

Quadro 1 – Dimensões e resistências dos tubos pesados.

DIMENSÔES E RESISTÊNCIAS DOS TUBOS PESADOS (HEAVY WEIGHT)


Propriedades Mecânicas
DIMENSÔES NOMINAIS DO TURBO
Reforço Reforço do da seção do turbo
Tamanho Nominal Elevador
Diâmetro Espessura da Central
(pol) Área (pol) Tração Torção
interno parede (pol)
(pol) (lb) (lbxpé)
(pol) (pol)
31/2 21/16 0,719 6,280 4 35/8 345, 400 19,575

4 29/16 0,719 7,410 41/2 41/8 407,550 27,535


41/2 23/4 0,815 9,985 5 45/8 548,075 40,715

5 3 1,000 12,585 51/2 51/2 691,185 56,495

TORQUE DE APERTO E RESISTÊNCIA DAS CONEXÔES DOS TUBOS PESADOS (HEAVY WEIGHT)
Propriedades Mecânicas
Conexões Diâmetro Diâmetro
Tamanho Nominal e Tipos e Peso
externo interno Torção
(pol) dimensões Tração aproximado Torque de
(pol) (pol) (pol) (lb) inclusive tubo aperto (lbxpé)
(lbxpé)
e junta (lbxpé)
N. C.38
31/2 43/4 23/16 748/750 17,575 25,3 9,900
(31/21.F.)
4 N. C.40 (4.F.H) 51/4 211/16 711/475 23,525 29,7 13,250
41/2 N.C. 48 (4 LF.) 61/4 27/8 1.024.500 38,800 41,0 21,800
N.C. 50
5 61/2 31/8 1.286.000 51,375 49,3 29,400
(41/21F.)

56
CAPÍTULO 3
Tubos de perfuração (Drill Pipes - DP)

Os tubos de peruração (Drill Pipes-DP) são tubos de aço sem costura que possuem nas suas
extremidades conexões cônicas conhecidas como tool joints, soldadas em seu corpo. Além disso, os
DP são tratados internamente com aplicação de resinas que diminuem o desgaste interno e corrosão.

Os tubos de peruração podem ser eitos de outros materiais (por exemplo, de alumínio) para
condições especiais.

Os tubos de peruração na sua especicação consideram as seguintes características:

» diâmetro nominal ou diâmetro externo (OD);

» peso nominal;

» tipo de reorço para soldagem das uniões (upset);

» tipo ou grau do aço;

» comprimento nominal (range);

» tipos de rosca.

Diâmetro nominal - Pode ser identicado como OD que vem do inglês Outside Diameter e é o
diâmetro medido entre as extremidades transversais dos tubos. Os mais utilizados cam entre 2
3/8” e 6 5/8”.

Diâmetro interno - Pode ser identicado como ID que vem do inglês Inside Diameter, é o
diâmetro medido entre as superfícies internas do tubo.

Figura 32 – Diâmetro interno – Diâmetro externo.

Figura adaptada e disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfIrkAB/c-coluna-perfuracao2

Drift - Corresponde o menor diâmetro interno do tubo, o drift determina a passagem de um


determinado equipamento pelo interior do tubo, o maior limite de drift pode ser determinado por
normas ou pelo próprio cliente em casos de erramentas do tipo especial. O drift corresponde ao
diâmetro máximo de passagem.

57
UNIDADE III │ COLUNA DE PERFURAÇÃO

Peso nominal - Corresponde ao valor médio do peso do corpo com os Tool Joint (uniões cônicas).
O peso nominal é dado em libra por pé (ld/t),ou seja, a cada pé de comprimento (0,3048) teremos
X libras (multiplicamos por 45,35 para obter o valor em kg) de massa de um tubo.

Convém destacarmos, que com as características do diâmetro nominal e do peso


nominal podemos determinar:

» diâmetro interno;

» espessura da parede do tubo;

» drift-máximo diâmetro de passagem.

Tool Joints ou uniões cônicas - Os tool joints (uniões cônicas soldadas no tubo de peruração)
são estruturas encontradas nos tubos de peruração, exceto nos Comandos.

Tipo de reforço da solda dos tool joints (upset) - Apresenta três tipos de reforços de solda e
se diere com a variação dos diâmetros internos e externos destas uniões.

IU (Internal Upset) - Ocorre a redução do diâmetro interno do tubo sem alteração do diâmetro
externo.

EU (External Upset) - Ocorre o aumento do diâmetro externo do tubo sem alteração do diâmetro
interno.

IEU (Internal External Upset) - Ocorre a redução do diâmetro interno em conjunto com o
aumento do diâmetro externo.

Figura 33 – Classificação de Tool Joints.

Internal Upset External Upset Internal External Upset

Figura adaptada e disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfIrkAB/c-coluna-perfuracao2>.

Grau do aço - As tensões de escoamento de ruptura do tubo de peruração são determinadas pelo
grau do aço. A tensão de escoamento é a tensão necessária para ocasionar uma deformação plástica
no tubo. Os últimos tubos montados durante a peruração sorem uma grande tensão devido ao
peso de toda coluna, essa força é aumentada de acordo com a profundidade do poço por ter uma
maior quantidade de tubos montados, por isso, para cada tipo de poço a ser perfurado utilizaremos
dierentes tubos de graus variados, podendo ser:

58
COLUNA DE PERFURAÇÃO │ UNIDADE III

Quadro 2- Grau do aço. (THOMAS, 2004)

Grau Tensão de escoamento (psi)


E 75000 a 10500
X 95 9500 a 12500
G 105 10500 a 13500
S 135 13500 a 16500

Comprimento nominal - Corresponde ao comprimento do tubo, é medido longitudinalmente


de uma extremidade a outra, essa medição é dada em pés (t) e os tubos são normalmente
encontrados com um comprimento de 30.1 t. O comprimento nominal varia de 5,49m ( 18 pés)
até 16,50m (45 pés).

O comprimento corresponde ao tamanho médio dos tubos de peruração. Existem três grupos em
unção do comprimento:

» Range I: 18 a 22 pés (média de 20 pés);

» Range II: 27 a 32 pés (média 30 pés);

» Range III: 38 a 45 pés (média 40 pés).

Os tubos de peruração de range II são utilizados na maioria das sondas.

Tipos de rosca - É a primeira característica mencionada no tubo de peruração. Chamamos de


caixa (no inglês box) o lado considerado “êmea” do tubo de peruração e de Pino (no inglês pin) a
extremidade macho, para melhor compreensão podemos azer uma simples comparação, sendo a
extremidade êmea uma porca de um parauso e a extremidade macho o próprio parauso.

São comumente utilizados nas sondas de peruração (conorme API) os seguintes tipos de roscas:

» IF (Internal Flush) perl v - Fluxo pleno do fuido, usado em conexões tipo Eu


(External Upsett);

» FH (Full Hole) perl v - Menor restrição do fuido, usado em conexões tipo IU


(Internal Upset);

» REG (Regular) perl v - Alta restrição do fuido.

Os tubos de peruração classe Premium são comumente utilizados em perurações em alto mar. As
classes 1 e 2 são utilizadas em sondas para perurações em terra. Os tubos com desgaste maior de
40% não devem ser utilizados.

O torque na conexão das uniões dos tubos é uma importante variável no caso da união ser do tipo
macaco-parauso que ao continuar a apertar a conexão algo irá romper. O pino poderá quebrar
ou a caixa poderá alargar-se. O torque insuciente az com que a conexão nos espelhos não que

59
UNIDADE III │ COLUNA DE PERFURAÇÃO

adequada, permitindo assim a passagem dos fuidos por entre os os das roscas, ocasionando assim
a lavagem da rosca, ou até mesmo a lavagem da conexão resultando na quebra da conexão.

Em relação aos tubos de peruração, devem ser tomados os seguintes cuidados:

» A chave futuante não deve ser utilizada no lugar da cunha durante as conexões. A
utilização da cunha pode ocasionar dano ao corpo do tubo.

» O martelo e a marreta não devem ser utilizados para se bater nos tubos. Se houver
necessidade deve ser utilizado o martelo de bronze.

» As correntes devem ser utilizadas para enroscar os tubos, pois se a corrente correr e
se encaixar entre o pino e a caixa isto poderá danicar a rosca e o espelho.

» Durante as conexões e a peruração o torque excessivo deve ser evitado.

» Deve ser evitada a utilização de tubos tortos na coluna de perfuração, pois seu uso
pode ocasionar um desgaste prematuro das uniões cônicas.

» Evitar que os tubos de peruração trabalhem em compressão.

» Quando não existir Heavy Weight, a cada manobra os tubos de perfuração que
estão acima dos comandos devem ser mudados.

» Quando a coluna or desconectada por unidade, retirar todos os protetores de


borracha existentes, minimizando assim a corrosão.

» Deve-se apoiar os tubos em três pontos com tiras de madeiras quando os tubos
estiverem estaleirados; uma em cada extremidade e outra no meio. Nunca usar cabo
de aço ou tubos de pequeno diâmetro.

» Deve-se lavar as roscas com solvente apropriado, secar, aplicar graxa e colocar
protetores de rosca no término de cada poço.

» Para alinhar as seções de tubos no tabuleiro não usar chave de tubo (grio), pois isso
danica o espelho do pino.

Figura 34 – Composição de fundo (BHA) de uma coluna de perfuração estabilizada.

Figura adaptada e disponível em: <http://www.das.ufsc.br/~plucenio/DAS5946/aula5/Apr_DrRenato_A_Silva.pdf>

60
CAPÍTULO 4
Acessórios da coluna de perfuração

Substitutos
Os substitutos (subs) são pequenos tubos que apresentam várias unções de acordo com suas
características. Os substitutos são utilizados para movimentação dos comandos, para conexão das
brocas e para conexão de tubos de dierentes roscas e diâmetros.

Os subs de peruração são acessórios indispensáveis à coluna de peruração, pois através deles se
consegue conectar roscas de diversos tipos nos componentes da coluna de perfuração.

Os principais substitutos são:

Sub de içamento ou elevação (Lift Sub) - Tem como principal função movimentar os comandos
durante as manobras de descida e retirada da coluna de perfuração. A sua seção superior possui
diâmetro externo igual aos tubos de peruração visando permitir a adaptação do elevador.

Sub de broca (Near Bit) - Permite a conexão do pino da broca com o pino do comando na coluna
de perfuração.

Sub de cruzamento (Cross Over) - Pequenos tubos que permitem a conexão de tubos com
roscas dierentes que podem ser:

» caixa-pino com tipos de roscas dierentes em cada extremidade;

» caixa-caixa com ou sem roscas dierentes em cada extremidade;

» pino-pino com ou sem roscas dierentes em cada extremidade.

Figura 35 - Substitutos. (THOMAS, 2004).

61
UNIDADE III │ COLUNA DE PERFURAÇÃO

Estabilizadores
Os estabilizadores são responsáveis por dar maior rigidez à coluna, e por terem diâmetro igual ao
da broca, auxiliam a manter o diâmetro (calibre) do poço. Em poços direcionais têm como unção
o deslocamento dos pontos de apoio dos comandos nas paredes do poço, de modo a permitir maior
controle da trajetória do poço.

Tipos:

» Não rotativos: São abricados em borracha e se danicam rapidamente quando


estão perurando ormações abrasivas;

» Rotativos:

 Intercambiáveis: Substituição da camisa quando ela estiver desgastada.

 Integrais: Quando as lâminas estragam e podem ser recuperados ou


transformados em subs.

 Lâminas soldadas: Indicados para ormações moles.

Os estabilizadores centralizam a coluna de peruração e aastam os comandos da parede do poço.

Figura 36 - Estabilizadores. (ROCHA, 2011).

Escareadores (Roler-Reamers)
Os escareadores são erramentas que apresentam as mesmas unções dos estabilizadores. É utilizada
em ormações abrasivas, com roletes que mantém o calibre do poço.

Os escareadores são também conhecidos como Roler-Reamer ou apenas Reamer.

62
COLUNA DE PERFURAÇÃO │ UNIDADE III

Existem basicamente três tipos de escareadores:

» Reamer de undo com três roletes: diminui a necessidade de repassamento e é


utilizado entre os comandos e a broca.

» Reamer de coluna com três roletes: mantém o calibre do poço e ajuda na eliminação
de dog-legs e chavetas. É utilizado entre os comandos.

» Reamer de undo com seis roletes: é utilizado entre os comandos e a broca. Devido
ao seu grande número de apoios evita alterações abruptas na direção e inclinação.

Figura 37 – Escareadores.

Figura adaptada e disponível em: <http://www.das.ufsc.br/~plucenio/DAS5946/aula5/Apr_DrRenato_A_Silva.pdf>.

Alargadores
Ferramenta que permite o aumento do diâmetro do poço já perurado, desde a superície ou a partir
de uma certa profundidade de subsuperfície.

Figura 38 – Alargadores.

Figura adaptada e disponível em: <http://www.das.ufsc.br/~plucenio/DAS5946/aula5/Apr_DrRenato_A_Silva.pdf>

Existem basicamente dois tipos de alargadores:

» Hole Opener;

» Under Reamer;

O hole opener é utilizado quando se deseja alargar o poço desde a superície e possui braços xos.

63
UNIDADE III │ COLUNA DE PERFURAÇÃO

O Under Reamer é utilizado quando se deseja alargar apenas um trecho de um poço, começando
por um ponto abaixo da superície. Possui braços móveis que são normalmente abertos por um
aumento de pressão de bombeio.

Amortecedores de choque (Shock Eze)


Estas erramentas absorvem as vibrações da coluna de peruração induzidas pela broca, quando
peruram ormações duras ou zonas com dierentes durezas. Esta erramenta é utilizada em conjunto
com brocas PDC ou de insertos e sempre que possível deve ser colocado imediatamente acima da
broca.

Pode ser de mola helicoidal ou hidráulico.

O amortecedor de choque por não ser tão rígido quanto o comando, sua colocação perto da broca
pode induzir inclinações no poço, por isso é recomendado:

» O amortecedor de choque deve ser colocado acima do sub de broca com poços sem
tendência ao desvio.

» O amortecedor de choque deve ser posicionado acima do primeiro ou segundo


estabilizador em poços com pequenas tendências ao desvio.

» O amortecedor de choque deve ser posicionado acima de todo conjunto estabilizado


com poços de grande desvio.

Protetores de coluna
Elementos não rotativos que evitam o contato do tubo de perfuração com a parede do poço ou
revestimento, evitando assim o desgaste do tubo de perfuração e das paredes do poço.

64
CAPÍTULO 5
Ferramentas de manuseio da coluna

Qual é a função das ferramentas de manuseio da coluna? Qual é o tipo de ferramenta


mais utilizada? Neste capítulo é importante destacarmos que as ferramentas
de manuseio são utilizadas para conexão e desconexão dos vários elementos da
coluna. A chave utuante é um dos equipamentos mais utilizados nas atividades de
perfuração. Estes tipos de equipamentos são fabricados e projetados para uso na
atividade da sonda de perfuração ou produção de petróleo.

Chaves flutuantes manuais


O torque realizado para apertar e desapertar as uniões cônicas da coluna é realizado pela chave
futuante. O sistema de cabos de aço, polia e contrapeso mantém as chaves futuantes suspensas na
plataforma.

As chaves futuantes operam com o auxílio do plataormista que trava e destrava as chaves futuantes
no sentido de folgar ou apertar as roscas de tubos e comandos de perfuração durante as manobras.

Figura 39 - Chave flutuante. (THOMAS, 2004).

As chaves futuantes são compostas de várias peças, que são articuladas por pinos que dão orma ao
equipamento:

» braço da chave;

» mandíbula grande;

65
UNIDADE III │ COLUNA DE PERFURAÇÃO

» mandíbula pequena;

» mandíbula da trava;

» trava com mola;

» braço elevador;

» mordentes.

Chave futuante hidráulica - Provêotorquedacolunaefacilitaoenroscamentoedesenroscamento


da coluna.

Chave de broca - Tem a função de permitir o enroscamento e desenroscamento da broca da coluna.

Iron-Roughneck - Possui a mesma unção das chaves futuantes.

Cunhas
Equipamento que mantém a coluna de peruração suspensa na mesa rotativa. As cunhas servem
para apoiar totalmente a coluna de peruração na plataorma e possuem ormato cônico o qual se
adapta perfeitamente ao formato da mesa rotativa.

As chaves futuantes possuem mordentes cambiáveis que são encaixados entre a tubulação e a bucha
da mesa rotativa.

Existem dierentes tipos de cunhas para tubos de peruração e comandos.

Os tipos e modelos mais conhecidos de cunha são:

Cunha manual - Contém três alças xas na parte superior para acilitar o manuseio. Possui
três partes sólidas, onde são xados os mordentes, unidos através de dobradiças com pinos que
permitem a fexibilidade nos movimentos de abrir e echar da mesma.

Cunha pneumática - O seu acionamento é eito pelo ar da plataorma que é conduzido por
mangueiras fexíveis, da unidade de ar até a boca da mesa rotativa, onde a mesma será instalada.
É apoiada sobre a mesa rotativa e tem uma estrutura sólida que permite realizar suas unções,
independente do uso da mesa rotativa.

Cunha hidráulica - A unidade hidráulica da plataorma permite seu acionamento. É conduzida


por mangueiras fexíveis de alta pressão, para uncionamento do motor hidráulico da cunha. A sua
estrutura rígida atua de orma independente cando apoiada na mesa rotativa que serve apenas de
guia. Para descidas de coluna de revestimento e tubos condutores é usada como spider.

66
COLUNA DE PERFURAÇÃO │ UNIDADE III

Figura 40 - À esquerda, cunha para tubos de perfuração, e à direita, cunha para comandos. (THOMAS, 2004).

Colar de segurança
Tem como unção primordial evitar a queda da coluna do poço se a mesma deslizar pelas cunhas. O
colar de segurança não possui rebaixamento para cunha. Este equipamento é colocado próximo ao
topo da coluna quando suspensa pela sua cunha na mesa rotativa.

Figura 41 - Colar de segurança. (THOMAS, 2004).

Para maior aproveitamento dos seus estudos, leia as seguintes obras:

THOMAS, José Eduardo (Org.). Fundamentos de Engenharia de Petróleo. 2. ed. Rio


de Janeiro: Interciência, 2004.

Rocha, L.; Azevedo, C. Projetos de Poços de Petróleo. 1 ed. Rio de Janeiro,


Interciência, 2007.

Rocha, L. Perfuração Direcional. 1 ed. Rio de Janeiro. Interciência, 2006.

67
BROCAS UNIDADE IV

Qual é a função das brocas? Como é o processo de desintegração das rochas?


Nesta unidade vamos ressaltar os tipos de brocas e sua indicação para cada tipo de
formação.

A broca é uma erramenta que é capaz de perurar as rochas e está sempre conectada a extremidade
inerior da coluna de peruração. As brocas conseguem penetrar nos dierentes tipos de rochas
(ormações geológicas) devido ao eeito da rotação e ação do peso da coluna sobre a broca. A rocha
se desintegra quando a broca atravessa a ormação, esta ação causa o surgimento de cascalho, que é
movido até a superície pelo fuido de peruração.

Convém destacarmos que as brocas utilizam como ataque para vencer a estrutura das rochas os
seguintes princípios: cisalhamento, acunhamento, esmerilhamento, esmagamento e erosão por
ação de jatos de fuido.

Outro importante aspecto a ser analisado é a escolha do tipo de broca utilizada. Se o terreno or duro
como o do Amazonas, um material mais resistente será utilizado (tungstênio ou diamante) e em
solos mais moles, as brocas são de aço. A escolha do tipo de broca pode determinar o desempenho
e a economicidade na peruração dos poços de petróleo.

Na escolha da broca são levados em conta os seguintes critérios:

» disponibilidade da broca na sonda e no almoxariado;

» intervalo a ser perurado;

» conhecimento dos poços próximos e da área;

» analise do desgaste da broca que saiu;

» propriedades da rocha.

Os valores de ideais de peso, rotação e vazão de circulação do fuido de peruração devem ser
denidos para se obter o melhor rendimento das brocas.

A montagem da broca na coluna de peruração utiliza os seguintes acessórios de broca:

1. Sub-broca ou substituto da broca: A broca tem pino para cima e a coluna tem pino
para baixo.

68
BROCAS │ UNIDADE IV

Precisa ter uma sub-broca (caixa-caixa) para azer a ligação.

2. A chave de broca, que é encaixada na mesa rotativa para permitir o desenroscamento


da broca.

As brocas mais utilizadas na peruração de poços são:

» Broca de destruição - rolos cortantes (cones).

» Broca de testemunhagem - coroa de diamantes.

As brocas podem ser classicadas de duas maneiras:

» Brocas com partes móveis.

» Brocas sem partes móveis.

Conforme a denição encontrada no site: <http://www.clickmacae.com.br>

BIT - (BROCA) - Instrumento de várias formas e tipos usado na perfuração de


formações.

ROCK CUTTING - (CORTE DE ROCHA) - Perfuração em formação rochosa.

BIT WEIGHT - (PESO DA BROCA)

DRILLING (DIAMOND) - (PERFURAÇÃO COM BROCA DE DIAMANTES) - Aparelho de


perfuração por diamantes. É geralmente utilizado para investigação de depósitos
minerais para retirada de amostras. Utiliza-se o sistema rotativo (veja DRILLING-
ROTARY), porém, as brocas são munidas de diamantes industriais e as velocidades
de rotação são bem maiores (2.000 a 3.000 rpm) em comparação às usadas para
perfuração de um poço de petróleo com broca convencional (250 rpm).

DRILLING (ROTARY) - (PERFURAÇÃO ROTATIVA) - Todos os poços modernos usam


o sistema rotativo, no qual uma broca é girada pela coluna de perfuração, que se
estende desde a superfície até o fundo do poço.

FISHTAIL BIT - (BROCA RABO DE PEIXE) - Broca tipo rabo de peixe, apropriada para
formações macias (brandas).

TRICONE BIT - (BROCA TRICÔNICA) - Broca com três cortadores cônicos montados
sobre rolamentos de trabalho contínuo.

69
CAPÍTULO 1
Brocas sem partes móveis

Convém destacarmos que nas brocas sem partes móveis não há muitos índices de alhas devido à
alta de partes móveis e rolamentos.

Os principais tipos de brocas sem partes móveis são: integral de lâminas de aço, diamantes naturais
e diamantes articiais (PDC/TSP).

Brocas integrais de lâminas de aço


As brocas integrais de lâminas de aço eram inicialmente utilizadas na perfuração rotativa e são
conhecidas como brocas rabo de peixe (Fish Tail). As brocas de aletas tipo “Rabo de Peixe” também
chamada de brocas de arraste tem como princípio de peruração cavar suas aletas nas rochas. As
brocas “Rabo de Peixe” peruram por cisalhamento e sua saída de fuido é propícia para que o fuxo
seja dirigido para as aletas, permitindo assim mantê-las limpas.

As brocas integrais de lâmina de aço foram eventualmente substituídas na perfuração de poços de


petróleo com o surgimento das brocas de cone.

Figura 42 - Broca tipo integral de lâmina de aço. (THOMAS, 2004).

Brocas de diamantes naturais


As brocas de diamantes naturais substituíram as brocas de lâminas de aço e são utilizadas em
ormações duras que peruram pelo eeito de esmerilhamento e arraste, gerando assim altas
temperaturas. As brocas de diamantes naturais possuem um grande número de diamantes
industrializados cortantes xos numa matriz metálica especial de carboneto de tungstênio. O tipo de
diamante utilizado na perfuração é o diamante natural e não o comercial. Convém destacarmos que

70
BROCAS │ UNIDADE IV

quanto mais duras e abrasivas orem as ormações, menores devem ser os diamantes. Os diamantes
utilizados neste tipo de broca são arredondados e irregulares.

As brocas de diamantes naturais são largamente utilizadas nas operações em que se perura apenas
uma coroa da ormação, preservando a parte interna para estudo (testemunhagem) ou em ormações
extremamente duras e abrasivas.

Enquanto a peruração é realizada, somente os diamantes entram em contato com a rocha, restando
assim um pequeno espaço onde circula o fuido de peruração, limpando o poço e ao mesmo tempo
em que resfria os diamantes.

Figura 43 - Brocas de diamantes naturais. (THOMAS, 2004).

Brocas PDC (Polycrystalline Diamond Compact)


As brocas PDC utilizam diamantes sintéticos e apresentam cortadores ormados por pastilhas,
montada nas aletas da broca, que podem ser de aço ou matriz. Convém lembrarmos que as brocas
PDC apresentam desenho hidráulico que se realiza com sistemas de jatos, similar às brocas de
cones. O mecanismo de peruração das brocas é realizado por cisalhamento. A pastilha é composta
por uma camada na de partículas de diamantes aglutinados com cobalto, xada a outra camada
composta de carbureto de tungstênio. (THOMAS, 2004).

Figura 44 - Broca PDC de corpo de aço.

Figura adaptada e disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/43815403/Apostila-de-Brocas>

71
UNIDADE IV │ BROCAS

As brocas maiores e com poucos cortadores são usadas em ormações mais moles, enquanto,
em ormações mais duras utilizaremos cortadores menores e em maior número. O tamanho e a
quantidade dos cortadores denem em que ormação as brocas serão utilizadas.

As brocas PDC oram criadas para serem utilizadas em ormações moles com altas taxas de
penetração e maior vida útil, devido ao ato em que o calor gerado durante a peruração destrói
a ligação entre os diamantes e o cobalto. Para solucionar este problema foram desenvolvidos os
compactos TSP (Thermally Stable Polycrystalline), que resistem mais ao calor por não possuírem
cobalto.

As brocas PDC possuem dierentes tipos, dierentes diâmetros e abricantes de acordo com ormações
em que irão operar. Estes tipos de brocas podem rodar a altas velocidades e podem ser utilizadas
com motores de fundo ou turbinas, com diferentes pesos sobre a broca.

72
CAPÍTULO 2
Brocas com partes móveis

As brocas tricônicas são as brocas com partes móveis mais utilizadas devido a sua eciência e menor
custo inicial. Podem apresentar-se na forma de um a quatro cones. A rotação desses cones de forma
controlada permite a mudança de direção do processo de perfuração, e com isso alcançar pontos
desejados. Elas possuem dois elementos principais: estrutura cortante e rolamentos.

1. Estrutura cortante - As leiras de dentes sobre os cones que se interpõem entre as


leiras dos dentes dos cones adjacentes quando se aplica rotação à broca constitui a
estrutura cortante das brocas tricônicas.

A estrutura cortante das brocas tricônicas pode ser dividida em: brocas dentes de aço e brocas
de insertos.

Figura 45 - Broca tricônica de dentes de aço. (THOMAS, 2004)

Figura 46 - Broca tricônica de insertos de tungstênio. (THOMAS, 2004).

Existem vários ormatos de dente e de inserto utilizados para um tipo de ormação dierente. As
brocas tricônicas de inserto possuem insertos de carbureto de tungstênio instalados por processo
de interferência em orifícios abertos na superfície do cone. As brocas dente de aço possuem sua
estrutura cortante resada no próprio cone.

73
UNIDADE IV │ BROCAS

As brocas tricônicas operam pela combinação de ações de lascamento, esmagamento, raspagem e


erosão por impactos dos jatos de lama. Um mecanismo pode se sobressair ao outro dependendo
das características das brocas. O processo de raspagem pode ser conseguido de duas maneiras:
excentricidade dos eixos dos cones em relação ao eixo da broca (offset do cone) e devido o cone ser
a junção de troncos de cones em ângulos dierentes.

O eeito da raspagem é predominante nas rochas projetadas para ormações moles. O eeito de
esmagamento provou ser mais adequado em rochas duras, onde a taxa de penetração é baixa e os
custos com a perfuração são mais elevados.

2. Rolamentos

As brocas tricônicas podem ter três tipos básicos de rolamentos: com roletes e eseras não selados,
com roletes e esferas selados e com mancais de fricção tipo journal.

O fuido de peruração lubrica os rolamentos não selados, pois estes não possuem lubricação
própria. Os rolamentos não selados apresentam pouca resistência e um custo baixo.

O sistema interno de lubricação das brocas com rolamentos não permite o contato dos fuidos de
perfuração com os rolamentos, aumentando assim a vida útil das brocas.

Os roletes das brocas com rolamentos do tipo journal são substituídos por mancais de fricção,
revestidos com metais nobres, além de possuírem dispositivo interno de lubricação. Estes tipos de
brocas são as mais ecazes e as que apresentam baixo índice de alha, mas apresentam o maior custo.

Como devemos considerar a equação que envolve a hora correta para se tirar
a broca do poço e os devidos custos? Podemos calcular os custos a partir da
seguinte equação:

C= (CB+CS. (TP+TM)

CP
Onde:

CMP = Custo por Metro Quadrado (U$)


CB = Custo da Broca (U$)
CS = Custo da Sonda (U$/Hr)
TP = Tempo Perurando (Hr)
TM = Tempo Manobrando (Hr)
CP = Comprimento Perurado (m)

São de suma importância os programas de brocas, que são determinados pelos dados de correlação
(poços perurados nas mediações do poço e que apresentam as mesmas ormações), pers geológicos
e dados de abricantes. O custo métrico na comparação entre as brocas é dado pela seguinte equação:
Cm = CB + CH x (tp + tm)

Mp

74
BROCAS │ UNIDADE IV

Onde:

CM = Custo métrico;
CB = Custo das brocas;
CH = Custo horário da sonda de peruração;
tp = Tempo gasto perurando;
tm = Tempo gasto manobrando;
Mp = Intervalo perfurado.
O acompanhamento do custo métrico em intervalos de tempo predeterminados indica o melhor
momento para se trocar a broca. Um bom indicativo da necessidade de troca da broca é quando o
custo começa a aumentar. A retirada da broca analisa outros parâmetros: torque da mesa rotativa
e taxa de penetração.

75
FLUIDO DE UNIDADE V
PERFURAÇÃO

O objetivo dos uidos de perfuração é garantir uma perfuração rápida e segura e


podem assumir aspectos de suspensão, dispersão coloidal ou emulsão, dependendo
do estado físico dos componentes.

Os fuidos de peruração podem ser resultados de misturas de sólidos, líquidos, produtos químicos
e algumas vezes podem até mesmo serem constituídos por gases. O fuido de peruração tem que
possuir as seguintes características desejáveis:

» Permitir melhor separação do cascalho na superície.

» Estabilizar as paredes do poço, mecânica e quimicamente.

» Garantir a estabilidade química.

» Possuir custo compatível com a operação.

» Apresentar inércia em relação a danos causados às rochas produtoras.

» Ser bombeável.

» Permitir uma melhor acilitação das interpretações geológicas do material retirado


do poço.

» Conseguir manter os sólidos em suspensão quando estiver em repouso.

» Aceitar qualquer tratamento, físico e químico.

» Possuir baixo grau de abrasão e corrosão em relação à coluna de peruração e demais


equipamentos de sistema de circulação.

Os fuidos de peruração apresentam as seguintes unções:

» Limpar o poço do cascalho produzido pela peruração da ormação e conduzi-lo até


a superfície.

» Exercer pressão hidrostática sobre as ormações, de orma a evitar o infuxo


indesejável (kick) e estabilizar as paredes do poço.

» Resriar e lubricar a coluna de peruração e a broca.

Convém destacarmos que o fuido de peruração também pode ser chamado de lama de peruração.

76
CAPÍTULO 1
Propriedades dos fluidos de perfuração

Os fuidos de peruração podem ter propriedades ísicas e químicas. As propriedades ísicas são
medidas em qualquer tipo de fuidos e são mais genéricas, enquanto que as propriedades químicas
distinguem certos tipos de fuidos e são mais especícas.

As propriedades ísicas mais importantes dos fuidos de peruração são: a densidade, os parâmetros
reológicos, as orças géis (inicial e nal), os parâmetros de ltração e o teor de sólidos. As
propriedades físicas de menor importância são a resistência elétrica, o índice de lubricidade e a
estabilidade elétrica.

As propriedades químicas mais importantes vistas no laboratório são o PH, os teores de cloreto e de
bentonita e a alcalinidade. Outras propriedades químicas menos importantes são: excesso de cal, o
teor de cálcio e de magnésio, a concentração de H2S e a concentração de potássio.

a. Densidade

A pressão de poros3 (limite mínimo) e a pressão de raturas4 (limite máximo) das ormações expostas
denem a densidade dos fuidos para se perurar uma ase.

Adicionando baritina (tornar mais denso), ou água ou óleo (tornar menos denso) este tipo de
propriedade pode ser controlada.

Adiciona-se geralmente a baritina, BaSO4, que tem densidade de 4,25 quando se deseja aumentar a
densidade de um certo tipo de fuido, enquanto a densidade dos sólidos perurados é em torno de
2,60. A densidade dos fuidos à base de água é reduzida diluindo água com densidade de 1,00 ou
óleo diesel com densidade de 0,82.

b. Parâmetros reológicos

Os parâmetros reológicos denem o comportamento do fuxo de um fuido. Levando-se em conta


esta questão, considera-se que o fuido segue um modelo reológico no qual o cálculo de perdas de
carga na tubulação e velocidade de transporte do cascalho é infuído por estes parâmetros.

c. Forças géis

Propriedade ísica, associada a fuidos tixotrópicos (fuidos que adquirem um estado semi-rígido
quando estão em repouso e voltam a adquirir um estado de fuidez quando são colocados novamente
em movimento). A orça gel é um parâmetro também de natureza reológica indicando assim o
grau de gelicação devido à interação elétrica entre as partículas dispersas. A orça inicial mede a
resistência inicial para colocar o fuido em fuxo. A orça gel nal mede a resistência do fuido para
reiniciar o fuxo quando este ca um certo tempo em repouso. A dierença entre elas indica o grau
de tixotropia do fuido. (THOMAS, 2004).

3 Pressão de poros - É a pressão atuante no fuido que se encontra no espaço poroso da rocha.

4 Pressão de ratura - É o valor de pressão para o qual a rocha se rompe.

77
UNIDADE V │ FLUIDO DE PERFURAÇÃO

d. Parâmetros de ltração

Para o sucesso da perfuração e completação é muito importante a formação de reboco formado pela
capacidade de peruração do fuido e ormação de uma camada de partículas sólidas úmidas. Para
se ormar o reboco deve haver a presença de infuxo da ase líquida do fuido do poço. Este processo
é denominado ltração. O fuido deve possuir partículas menores que as dimensões dos poros das
rochas expostas.

A obstrução dos poros é rápida quando existem partículas sólidas com dimensões adequadas e
somente a ase líquida do fuido, o ltrado invade a rocha. O comportamento do fuido quanto à
ltração pode ser denido pelo fuido ltrado e pela espessura do reboco.

e. Teor de sólidos

Deve ser o mínimo possível, pois a quantidade de sólidos infui nos parâmetros de densidade,
viscosidade, e forças géis, além de causar desgaste nos equipamentos de circulação, fratura de
ormações, prisão da coluna e redução da taxa de penetração.

Existem dois tipos de tratamentos para reduzir o teor de sólidos: o preventivo e o corretivo.

A inibição do fuido, ísica ou quimicamente, evitando a dispersão dos sólidos perurados, trata-se
do tratamento preventivo, enquanto que no tratamento corretivo faz-se o uso e equipamentos que
extraem sólidos, tais como tanques de decantação, peneiras, hidrociclones e centriugadores, ou
az-se a diluição do fuido.

f. Concentração hidrogeniônica-pH

A concentração do pH dos fuidos é medido por papéis indicadores ou potenciômetros. Consiste de


uma propriedade química cujo objetivo é manter o fuido num intervalo alcalino baixo (pH de 7 a
10) a m de reduzir a corrosão nos equipamentos e evitar a dispersão das ormações argilosas.

g. Alcalinidades

Os métodos diretos de tubulação volumétrica de neutralização que determinam as alcalinidades,


consideram as espécies de carbonatos (CO3-) e bicarbonatos (HCO3-)dissolvidos no fuido, além dos
íons hidroxilas (OH-) dissolvidos e não dissolvidos. São registrados os seguintes tipos de alcalinidades
nos testes de rotina: alcalinidade parcial do ltrado, alcalinidade da lama e alcalinidade total do fuido.

h. Teor de cloretos ou salinidade

Propriedade química que tem como objetivos principais identicar o teor salino da água de
preparação do fuido, identicar infuxos de água salgada, além de identicar eventual peruração
de uma rocha ou domo salino.

i. Teor de bentonita ou de sólidos ativos

A análise volumétrica que serve como indicador da quantidade de sólidos ativos ou bentoníticos no
fuido de peruração é eita pelo teste do azul de metileno ou MBT, além da troca de cátions (CTC)
das argilas e sólidos ativos presentes.

78
FLUIDO DE PERFURAÇÃO │ UNIDADE V

Convém destacarmos que o uido de perfuração possui um programa no qual é


escolhido as formações e o tempo em que elas deverão car expostas, objetivando
evitar problemas de inchamento das argilas, desmoronamentos, alargamentos
excessivos etc.

A densidade, o teor de sólidos, o ltrado e a viscosidade são propriedades dos fuidos de penetração
que mais infuenciam na taxa de penetração e consequentemente no custo.

79
CAPÍTULO 2
Classificação dos fluidos de perfuração

A composição do fuido determina sua classicação. A classicação do fuido de peruração se baseia


na sua composição e o seu critério depende da ase contínua ou dispersante. Nesse critério os fuidos
são classicados em:

a. Fluidos à base de água

A água é o principal componente do fuido, podendo ser doce ou salgada. Sua principal unção é
promover a dispersão dos produtos aplicados na mistura para conecção do fuido de peruração.

No fuido podem ser adicionados os seguintes produtos químicos:

» Alcalinizantes e controladores de pH, como soda cáustica, potassa cáustica e cal


hidratada.

» Dispersantes, como o lignossulfonato, tanino, lignito e fosfatos.

» Redutores de ltrado, como o amido.

» Floculantes, como a soda cáustica, cal e cloreto de sódio.

» Polímeros de uso geral para viscosicar, desfocular ou reduzir o ltrado.

» Suractantes para emulsicar e reduzir a tensão supercial.

» Removedores de cálcio e magnésio, como carbonato e bicarbonato de sódio.

» Inibidores de ormações ativas, como cloreto de potássio, sódio e cálcio.

» Bactericidas, como paraformaldeido, composto organoclorados, soda cáustica e cal.


(THOMAS,2004)

Outros tipos de produtos químicos mais especícos podem estar presentes, dentre eles citar-se:
anticorrosivos, traçadores químicos, antiespumantes, entre outros.

Figura 47 - Esquema de classificação dos fluidos de perfuração à base de água. (THOMAS, 2004).

Fluidos de perfuração
base de água

Não inibido Baixo teor de Emulsionado com


Inibido
sólidos óleo

Levemente Tratado Nativo Inibição química Inibição fisica

Eletrólitos Salgado
Com floculante Com dispersante Polímeros Lignosulfatos
Ca, K, NH4, Na saturado

80
FLUIDO DE PERFURAÇÃO │ UNIDADE V

b. Fluidos à base de óleo

É quando o dispersante é constituído de óleo, sendo geralmente um hidrocarboneto líquido. São


menos usados que os fuidos a base de água devido o custo e o alto grau de poluição. A decisão de
aplicá-lo vai depender da viabilidade econômica.

As principais características do fuido à base de óleo são:

» elevado grau de lubricidade;

» solubilidade de sais inorgânicos baixa;

» grau de inibição elevado em relação às rochas ativas;

» taxa de corrosão muito baixa;

» intervalo de variação de densidade amplo. Em torno de 0,89 a 2,4.

Os fuidos à base de óleo, devido a estas características, têm conerido excelentes resultados na
peruração dos seguintes poços:

» ormações de olhelhos plásticos e argilosos;

» ormações de arenitos produtores danicáveis por fuidos à base de água;

» ormações com baixa pressão de raturas e de poros;

» ormações salinas de silvita, carnalita e halita;

» poços de alta pressão e alta temperatura (HPHT);

» poços de longo afastamento, direcionais e delgados.

Desvantagens dos fuidos à base de óleo em relação aos fuidos à base de água:

» grau de poluição maior;

» diculdade em se detectar o gás no poço;

» menor execução dos números de pers;

» taxas de penetração menores;

» diculdade no combate à perda de circulação;

» custo inicial maior.

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UNIDADE V │ FLUIDO DE PERFURAÇÃO

c. Fluidos à base de ar

O ar (ou gás) é aplicado (no topo ou em parte) como fuido que circula na ase rotativa. Estes tipos
de fuidos são usados em situações onde existem zonas de perda severa devido à baixa pressão nas
paredes da ormação. Usa-se este fuido de peruração quando existe escassez de água ou óleo e em
ormações muito duras.

O ar comprimido ou nitrogênio é utilizado na peruração com ar puro como fuido, limitando-se


às ormações que não produzam elevadas quantidades de água e não contenham hidrocarbonetos.
Com esta técnica podemos aumentar a taxa de penetração em ormações estáveis, duras e ssuradas.

Em ormações em que é produzida água em quantidade suciente para comprometer a peruração


de ar puro, é utilizada a peruração com névoa (mistura de água dispersa no ar). Geralmente a
peruração com névoa é realizada juntamente com a peruração com ar.

A espuma é a caracterização da dispersão de gás em líquido, na qual a fase contínua é constituída por
um lme delgado de uma ase líquida, estabilizada através de um tenso ativo especíco denominado
espumante.

Quando se necessita de uma eciência elevada de carreamento dos sólidos é empregada à espuma
como fuido circulante, uma vez que ela apresenta alta viscosidade.

A peruração com fuidos aerados é utilizada quando se perura com gradiente de pressão
intermediário aos ornecidos pelos fuidos convencionais e as espumas. Esta técnica consiste
em injetar ar, nitrogênio ou gás natural no fuxo contínuo do fuido de peruração, diminuindo a
densidade do sistema. Em regiões onde ocorrem perdas de circulação severas a peruração com
fuido aerado é recomendada.

82
OPERAÇÕES DE UNIDADE VI
SONDA

É uma série de operações realizadas durante a peruração de um poço que se caracteriza pela
aplicação de peso e rotação na broca enquanto o fuido de peruração circula.

CAPÍTULO 1
Operações normais de perfuração

Alargamento e repassamento
O alargamento consiste em uma operação que se reperura o poço com broca de diâmetro maior do
que a utilizada na sua peruração. Para economizar tempo, as operações de peruração e alargamento
podem ser feitas simultaneamente com um alargador posicionado acima da broca.

O repassamento consiste em repassar o poço no trecho descalibrado quando o mesmo se estreita.

O repassamento é caracterizado por baixo peso e baixa rotação na broca para evitar seu desgaste
prematuro.

Conexão, manobra e circulação


Durante o processo de peruração a coluna de peruração se projeta para dentro do poço na medida
em que a broca se aprofunda. Essa coluna de perfuração é formada por tubos metálicos que são
conectados uns aos outros na parte interna do poço. Já na parte externa essa coluna é ligada ao kelly.

Conexão - É realizada quando o topo do kelly se aproxima da mesa rotativa, quando então a
perfuração é paralisada para acréscimo de mais um tubo metálico à coluna de perfuração.

Manobra - Operação em que as erramentas ou equipamentos são descidos no poço ou retirados


dele. A manobra se reere às movimentações da coluna de peruração ocorridas dentro do poço.
Como exemplo de manobra podemos citar a substituição da broca usada por uma broca nova. Ao
longo da perfuração são realizados vários tipos de manobras.

83
UNIDADE VI │ OPERAÇÕES DE SONDA

Convém ressaltarmos que quando toda coluna é retirada e em seguida reposta no


poço chamamos de manobra ou manobra completa. Um exemplo desta situação é
a troca da broca ou reconguração do BHA. Em contrapartida, quando só se retira
a coluna ou só desce esta, a operação é chamada de meia manobra. Chamamos de
manobra curta quando a coluna de perfuração é retirada só até determinado trecho,
até a sapata do revestimento ou onde a broca iniciou a perfuração para chegar as
condições do poço.

As manobras envolvem as seguintes situações:

» Não empurrar a cunha com os pés quando da retirada da coluna de peruração.

» Observar com atenção qual a seção dos tubos que está sendo usada pelo torrista
durante a descida da coluna.

» Usar a cunha certa para os diversos diâmetros dos comandos, não esquecer o colar
de segurança.

» Avisar ao sondador qualquer anormalidade observada com o cabo de perfuração ou


outro equipamento.

» Usar EPI – equipamento de proteção individual – adequadamente.

» Observar o abastecimento do poço.

» Não levantar pesos excessivos (ao puxar ou colocar a cunha sozinha).

» Evitar trabalhos com cabos adigados, amassados ou com dobras.

» Procurar usar ferramentas corretas e adequadas a cada tipo de operação.

» Evitar correrias e brincadeiras nas operações.

Manobra – Antes

» Inspecionar o cabo de segurança das chaves futuantes.

» Observar condições dos cabos do cat head e substituí-lo, se necessário.

» Inspecionar cabo do ezy torq.

» Manter afastado da mesa rotativa peças que possam cair no poço.

» Substituir mordentes danicados das chaves futuantes e da cunha.

» Instalar borracha no elevador para acilitar o trabalho do torrista.

» Travar catarina na posição adequada para o torrista.

» Colocar haste quadrada na bainha do kelly.

» Posicionar In Side BOP em local de fácil acesso.

84
OPERAÇÕES DE SONDA │ UNIDADE VI

Manobra – Durante

» Usar cunha e elevador compatível com os tubos e comandos.

» Operar chave de enroscar tubos ou Iron Roughneck.

» Fazer conexão e desconexão dos tubos e comandos.

» Participar da montagem e desmontagem dos elementos da coluna de perfuração.


Ex.: broca, Sts, Subs etc.

» Arrumar tubos e comandos no estaleiro.

» Observar o abastecimento do poço.

» Usar o BAU de lama (quando houver retirada da coluna com lama).

» Instalar IN SIDE BOP (quando necessário).

Circulação - Consiste na injeção do fuido de peruração pela bomba de lama para pressurizá-lo,
enquanto a coluna permanece girando lentamente um pouco acima do poço. Os principais motivos
de uma circulação no poço são:

» limpeza do fuido;

» substituição do fuido de peruração;

» amortecimento do poço;

» eliminação de gás ou óleo.

No poço podem ser eetuados dois tipos de circulação:

Circulação direta - É realizada quando o fuido de peruração é bombeado pela coluna e retorna
pelo espaço anular. O fuido sai dos tanques de lama, passa pela bomba, linhas de recalque, tubo
bengala, swivel, kelly, coluna de perfuração e retorna pelo espaço anular até as peneiras de lama.
Apresenta a vantagem de manter a pressão interna do poço com a pressão da formação sob controle,
evitando desmoronamentos das paredes do poço.

Circulação reversa - É o inverso da circulação direta. O fuido é bombeado pelo espaço anular e
retorna pela coluna de produção. O BOP é echado, o fuido é injetado pela kill line, espaço anular e
retorna pelo interior da coluna, choke manifold, peneiras de lama e tanques.

A circulação reversa apresenta os seguintes motivos:

» O óleo presente no interior da coluna é circulado.

» Há contaminação do fuido de peruração.

Possui como desvantagem a transmissão de uma contra pressão superior que a pressão da formação,
podendo com isso causar perda de fuido para a ormação, além de provocar danos à mesma.

85
UNIDADE VI │ OPERAÇÕES DE SONDA

Requer as seguintes ações especícas:

» Conferir as manobras antes de acionar as bombas de lama.

» Vericar constantemente o uncionamento das bombas de lama.

» Observar as condições das válvulas de todo o sistema, braçadeiras e correntes da


mangueira de injeção, condições e uncionamento das linhas chicksan a serem
usadas.

» Não permanecer próximo às linhas quando estas estiverem pressurizadas.

» Observar o uncionamento do mud cleaner, desareador e dessiltador.

» Cuidados com as peneiras de lama, para não haver perda de fuido e entupimento
dos drenos provocados pelo excesso de cascalho.

» Somente fazer reparos na peneira de lama ou substituição de telas com os motores


desligados.

Revestimento de um poço de petróleo


O número de ases depende das características das zonas a serem peruradas e da proundidade
nal prevista do poço. O número de ases de um poço é de três a quatro, podendo chegar a oito. O
término de cada ase é concluído, quando após a peruração há a descida da coluna de revestimento
(realizada por tubos de aço especial) com posterior cimentação do espaço anular exterior à coluna.
O revestimento é uma das etapas que mais tem custo na peruração de um poço de petróleo (15% a
20% no mar, chegando em 50% em terra).

A pressão de poros e de fraturas, que indicam o risco de prisão da coluna por diferencial de pressão,
ocorrência de kicks, desmoronamento das paredes do poço ou perda do fuido de peruração para as
ormações, determinam o número de ases e o comprimento das colunas de revestimento.

O revestimento consiste na descida de uma coluna de tubos no interior do poço possuindo diâmetro
e proundidades pré-determinadas, objetivando isolar as ormações anteriores peruradas, que são
tubos denominados de coluna de revestimento. O elevador e o spider pneumático são utilizados
para se descer a coluna de revestimento.

a. Funções das colunas de revestimento

 Permitir que o fuido de peruração retorne à superície.

 Impedir que haja migrações de fuidos da ormação.

 Connamento da produção ao interior do poço.

86
OPERAÇÕES DE SONDA │ UNIDADE VI

 Prover meios de controle de pressões dos fuidos, permitindo aplicação de


pressão adicional desde a superfície.

 Evitar contaminação da água potável em lençóis reáticos.

 Permitir meios de controle de pressões dos fuidos.

 Prevenção de desmoronamentos de partes do poço.

 Sustentação da coluna de revestimento.

 Sustentação dos equipamentos de segurança de cabeça de poço.

b. Características essenciais das colunas de revestimento

 Possuir uma menor espessura.

 Apresentar acilidade de conexão.

 A resistência deve ser compatível com as solicitações.

 Garantir a estanqueidade.

 Apresentar resistência à corrosão e a absorção.

 As atividades posteriores devem possuir dimensões compatíveis.

c. Classicação das colunas de revestimento:

Revestimento Condutor

Assentado a pequena proundidade (10 m a 50 m) e tem como objetivo isolar o poço das zonas
superciais pouco consolidadas. É o primeiro revestimento do poço. Pode ser assentado por jateamento
(no mar), cravação ou por cimentação em poço perurado. Diâmetros típicos: 30”, 20”, 13 3/8”.

Revestimento de superície

Tem como objetivo suportar o peso do BOP e das demais colunas de revestimento, proteger os
aquíeros contra contaminações e isola o poço das zonas superciais pouco consolidadas. Possui
comprimento variando na aixa de 100 m a 600 m.

Seus diâmetros típicos são: 20”,18 5/8”,16”,13 3/8”,10 3/4” e 9 5/8”.

Revestimento intermediário

O revestimento intermediário isola e protege ormações desmoronáveis, zonas de alta e baixa pressão,
zonas de perda de circulação e ormações portadoras de fuidos corrosivos ou contaminantes.
O revestimento intermediário é cimentado na parte inerior ou em alguns casos, num trecho

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UNIDADE VI │ OPERAÇÕES DE SONDA

intermediário adicional. Cunhas apropriadas apoiadas no sistema de cabeça de poço sustentam o


revestimento intermediário. Apresentam os seguintes diâmetros típicos: 13 3/8, 9 5/8”,7”.

Revestimento de produção

Suporta as paredes do poço isolando os vários intervalos produtores. Tem como objetivo principal
a produção do poço e seu emprego dependem da ocorrência de zonas de interesse. Apresenta os
seguintes diâmetros típicos: 9 5/8”,7”,5 1/2”.

Liner

Visa cobrir apenas a parte inferir do poço aberto. É uma coluna curta de revestimento que é descida
e cimentada no poço. É independente do sistema de cabeça de poço e seu topo ca ancorado um
pouco acima da extremidade inerior do revestimento inerior e é independente do sistema de cabeça
de poço. Seu uso apresenta economia, versatilidade e rapidez de operação. O liner pode ser usado
em substituição ao revestimento intermediário (liner de produção) e ao revestimento de produção
(liner de produção). Diâmetros típicos: 13 3/8”,9 5/8”,7”, 5 1/2”.

Tie Back

É quando o liner é levado até a superície devido a limitações técnicas ou operacionais que exigem
proteção do revestimento anterior. Diâmetros típicos: 9 5/8”,5 1/2”.

Coluna de produção

É o tubo lançado até a superície por onde fuirá toda a produção do poço. Em geral trata-se de um
tubo de 4” de diâmetro.

Figura 48 - Esquema do revestimento de poços. (THOMAS, 2004).

d. Esforços atuantes na coluna e seu dimensionamento

Podemos citar vários critérios do projeto que são levados em conta para dimensionamento da coluna
de revestimento, dentre eles podemos citar:

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OPERAÇÕES DE SONDA │ UNIDADE VI

» Hipótese da perda de circulação.

» Posicionamento do topo de cimento.

» Variações da inclinação do poço.

» Invasão do volume de gás deve ser considerada como tendo invadido a formação.

» Presença dos fuidos corrosivos.

» Conhecer as características das áreas antes da tomada de decisões.

» Conhecimento do fuido que estará no anular e em seu interior.

» Conhecimento da pressão de ratura da ormação perurada.

» Conhecimento da pressão de poros da ormação perurada.

Em suma, a coluna de revestimento pode ser classicada em:

Condutor (pequena profundidade);

Superfície (sustenta equipamento segurança);

Intermediário (isola zona problemática);

Produção (isola zona produtora);

Liner (ancorado no anterior);

Tie Back (reconstitui do liner até superfície).

Conforme a denição encontrada no site: <http://www.clickmacae.com.br>

CASING (REVESTIMENTO) - Tubulação de aço utilizada para revestir um poço após o término da
operação de perfuração.

CASING HANGER (SUSPENSÃO DO REVESTIMENTO) - Ato ou eeito ocorrido durante a


xação do revestimento.

CASING HEAD (CABEÇA OU TOPO DO REVESTIMENTO) - Parte superior da tubulação de


revestimento.

CASING LINE (CABO DO REVESTIMENTO) - É um cabo de aço usado na armação da plataorma


de peruração de broca tipo ormão para abaixar uma coluna de revestimento. Também conhecido
como CALF LINE.

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UNIDADE VI │ OPERAÇÕES DE SONDA

CASING MILL (FRESADORA DE REVESTIMENTO) - Equipamento utilizado para resar (azer


ranhuras) no revestimento.

CASING PATCH (REMENDO OU EMENDA DO REVESTIMENTO).

CASING PERFORATOR (PERFURADOR DE REVESTIMENTO) - É um dispositivo para azer


perurações em uma coluna de revestimento no lado oposto a uma zona de petróleo, permitindo a
produção fuir para dentro do revestimento.

CASING POINT - C.P. (PONTO DE REVESTIMENTO) - Se reere ao ponto do revestimento pelo


qual é executada a cimentação através de perurações existentes na coluna.

CASING PRESSURE (PRESSÃO DO REVESTIMENTO) - Pressão de gás que se cria entre uma
coluna de revestimento e uma coluna de tubulação.

CASING PROGRAMME (PROGRAMAÇÃO DE REVESTIMENTO) - Previsão da quantidade de


tubulação que deverá ser utilizada para revestir o poço.

CASING PROTECTOR (PROTETOR DO REVESTIMENTO) - Luva de borracha colocada na


coluna de perfuração para reduzir o desgaste da mesma dentro da coluna de revestimento e das
uniões das seções.

CASING STRING (COLUNA DE REVESTIMENTO) - É o termo usado para a coluna de tubulação


de aço que reveste um poço, após a peruração, é eita de seções de tubulação aparausadas com 6 a
9m de comprimento. Um poço undo pode possuir cinco ou mais colunas de revestimento cimentadas
em posição. O projeto de um programa de revestimento é um dos aspectos mais importantes,
aetando a peruração e a conclusão (completação) de um poço e requer conhecimentos proundos
de geologia e engenharia. O diâmetro do revestimento varia, decrescendo conorme a proundidade
atingida.

LINER (REVESTIMENTO VEDADOR) - É uma seção de revestimento colocada na área de


produção de um poço para proteger a ace da ormação e evitar que areia ou entulhos entrem neste
mesmo poço.

Cimentação de poços de petróleo


Processo no qual o espaço anular é preenchido (parede do poço-coluna de revestimento) com
cimento que tem como objetivo xar a tubulação e evitar que haja migração de fuidos entre as
diversas zonas permeáveis que são atravessadas pelo poço, por detrás do revestimento. O espaço
anular é cimentado mediante o bombeio de pasta de cimento e água, que é deslocada através da
própria tubulação de revestimento. Após a pasta car endurecida o cimento deve car aderido à
superície externa do revestimento e à parede do poço, nos intervalos previamente estipulados.

a. Tipos de cimentação

Cimentação Primária

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OPERAÇÕES DE SONDA │ UNIDADE VI

Cimentação original e principal, que é realizada após a descida de cada coluna de revestimento do
poço. A sua qualidade é avaliada por pers acústicos corridos dentro do revestimento, após a pega
do cimento.

Sequencia operacional de uma cimentação primária:

» As linhas de cimentação são montadas.

» Circulação para condicionamento do poço.

» O colchão de lavagem é bombeado.

» As pressões das linhas de cimentação são testadas.

» O tampão de undo é lançado.

» Lançamento da pasta de cimentação.

» O tampão de topo é lançado.

» Deslocamento com fuido de peruração.

» O revestimento é pressurizado para teste de vedação do tampão de topo.

Cimentação Secundária

Visa corrigir a cimentação primária quando se zer necessário. Se o topo do cimento não alcançar a
altura prevista no espaço anular, pode-se efetuar a recimentação, onde a pasta de cimento circula por
trás do revestimento, através dos canhoneios (perurações realizadas no revestimento). O squeeze
ou a compressão é realizado quando não é possível a circulação da pasta e tem como principal
objetivo corrigir deeitos localizados na cimentação primária ou acabar com vazamentos na coluna de
revestimento. As compressões de cimento são amplamente utilizadas para a vedação dos canhoneios
em rente às zonas que se deseja isolar, nas operações de completação e de work over.

O cimento é utilizado no isolamento de zonas ineriores e na execução de tampões para o abandono


do poço. Os tampões de cimento apresentam os seguintes objetivos: combatem as perdas de
circulação ou servem de base para desvio do poço durante a perfuração.

b. O cimento

O cimento é constituído de uma mistura de calcário e argila. O cimento Portland é o resultado da


moagem de um produto denominado clínquer. A composição típica de um cimento Portland, é a
seguinte:

Cal (CaO) - de 60% a 67%

Sílica (SiO2) - de 17% a 25%

Alumina (Al2O2) - de 3% a 8%

Óxido de Ferro - de 0,5% a 6%

91
UNIDADE VI │ OPERAÇÕES DE SONDA

A composição é alterada de acordo com as necessidades físico-químicas de cada zona perfurada e


temperatura e pressões envolvidas.

Considerando Cal = C, Sílica = S, Alumina = A e Óxido de Ferro = F, teremos compostos mais


complexos originados da cura do cimento que têm grandes impactos no processo de cimentação:

Aluminato Tricálcio (C3A): Controla a pega inicial e o tempo de endurecimento da pasta.


Responsável pela baixa resistência aos sulatos (a não ser que o cimento tenha < 3% de C3A).

Ferro-aluminato Tetracálcio (C4AF): Controla a resistência à corrosão química do cimento.

Silicato Tricálcio (C3S): Controla a resistência inicial do cimento (até 28 dias). É o composto
mais abundante no cimento.

Silicato Dicálcio (C2S): Possui uma baixa resistência mecânica inicial, porém conere ao cimento
um aumento da resistência no longo prazo.

O cimento Portland oi classicado pelo API em nove classes, as mais comuns são: A, B, C, G (Brasil).

Classe A – Para uso em poços de até 1.830 metros de proundidade, quando não são requeridas
propriedades especiais. Trata-se do cimento comum.

Classe B – Também aplicado em poços de até 1.830 metros, porém quando requerida moderada a
alta resistência aos sulfatos.

Classe C – Idem aos anteriores, porem usado quando requerida alta resistência inicial.
Apresenta alta resistência aos sulfatos.

Classe D – Para uso em poços de 1.830 a 3.050 metros, sob condições de temperaturas
moderadamente elevadas e altas pressões. Apresenta alta resistência aos sulatos.

Classe E – Para proundidades variando entre 3.050 e 4.270 metros, sob condições de temperatura
e pressões elevadas. Apresenta alta resistência aos sulatos.

Classe F – Para proundidades de 3.050 a 4.880 metros, porém sob condições extremamente
altas de pressão e temperatura. Apresenta alta resistência aos sulfatos.

Classe G e H – Para utilização sem aditivos em proundidades até 2.440 metros. Esse cimento
tem composição compatível com aditivos aceleradores ou retardadores de pega. Pode ser utilizado
em praticamente todas as condições previstas para os cimentos das classes de A a F, por isso são as
classes mais utilizadas atualmente na indústria do petróleo.

Classe J – Para uso em proundidades de 3.660 a 4.880 metros, sob condições de temperatura
e pressão extremamente elevadas.

c. Ensaios com pastas de cimento

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OPERAÇÕES DE SONDA │ UNIDADE VI

A indústria do petróleo padronizou o procedimento para testar todas as pastas de cimento utilizadas
em poços de petróleo. O comportamento da pasta de cimento em unção da pressão, temperatura, o
tempo previsto da operação e o regime de fuxo durante o deslocamento são simulados pelos testes.

» nura;

» água livre;

» resistência à compressão;

» perda d’água;

» reologia (ciência que estuda a deormação e o escorregamento da matéria);

» densidade;

» consistometria ou tempo de espessamento.

A consistometria é o teste mais importante, pois indica o tempo em que a pasta mantem fuidez para
ser bombeada, em condições de pressão e temperatura.

d. Principais aditivos para a cimentação

Aceleradores de pega - Aumentam a resistência inicial da pasta e diminuem o tempo de


espessamento, sendo o mais comum o cloreto de cálcio. O sal comum também acelera a baixas
concentrações.

Retardadores de pega - Retarda o início da pega da pasta, mantém sua fuidez quando a
temperatura e a pressão são muito altas para o uso de cimentos sem aditivos.

Estendedores - Reduz a densidade e aumenta o rendimento da pasta. Para aumentar o rendimento


pela adsorção de água, manter a pasta mais homogênea e diminuir a separação d’água, devemos
adicionar argilas. O silicato de sódio também tem a unção de reduzir a separação d’água, sendo
mais utilizado que as argilas. Pastas leves são criadas com o uso de nitrogênio ou microesferas
cerâmicas.

Redutores de ricção (ou dispersantes) - Alteram suas propriedades reológicas atuando nas
cargas elétricas superciais da pasta de cimento e possibilitam o bombeio com maior vazão e menor
perda de carga, reduzindo assim a viscosidade aparente da pasta.

Controladores de ltrado - A permeabilidade do reboco do cimento é reduzida pelos


controladores do ltrado. A baixa perda de ltrado para evitar a desidratação prematura deve ser
uma característica apresentada pela pasta de cimento. Os redutores de ltração mais utilizados são
os polímeros derivados da celulose e polímeros sintéticos.

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UNIDADE VI │ OPERAÇÕES DE SONDA

e. Acessórios de cimentação

São acessórios conectados e axados à coluna de revestimento, garantindo assim o melhor resultado
da cimentação.

Sapata

A sapata está localizada na extremidade da coluna e serve de guia para a introdução no revestimento.
A sapata pode dispor de um mecanismo de vedação para evitar que a pasta, que é mais pesada que o
fuido de peruração, volte ao interior do revestimento após o seu deslocamento. A sapata futuante
é o tipo de sapata mais comum que possui uma válvula que impede o fuxo para o interior da coluna.

Obturador externo de revestimento ou ECP (External Casing Packer).

Obturador infável, permanente, que pode ser instalado na coluna de revestimento para promover a
vedação do espaço anular em pontos críticos ou para isolamento de intervalos de interesse. O ECP
pode ser instalado logo abaixo do colar de estágio, garantindo que o cimento do segundo estágio não
desça pelo anular, se houver perdas localizadas abaixo.

Os colchões de lavagem são bombeados à rente da pista de cimento para evitar a contaminação
da pasta pelo fuido de peruração e vice-versa, possibilitando assim melhorar a aderência do
cimento com o auxílio na remoção do reboco de lama das paredes do poço visando à boa qualidade
da cimentação.

Figura 49 - Sapata guia (a) e sapata flutuante (b). (THOMAS, 2004).

Colar

Localizado 2 a 3 tubos acima da sapata, recebe mecanismos de vedação e retém os tampões da


cimentação. O mais utilizado é o colar futuante. Quando não há mecanismo de vedação utilizaremos
o colar retentor.

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OPERAÇÕES DE SONDA │ UNIDADE VI

Tampões

Auxiliam na cimentação e são eitos de borracha. Normalmente são utilizados dois tampões, o de
fundo e o de topo, com o intuito de evitar a contaminação de cimento.

Colar de estágio

Quando o trecho a cimentar é muito extenso ou quando existem zonas críticas muito acima da
sapata, o colar de estágio permite que a cimentação seja eita com mais de uma etapa ou estágio. O
colar de estágio ca posicionado em algum ponto intermediário da coluna.

Centralizadores

São peças de aço que são xas externamente à coluna de revestimento, estas peças são compostas
por jogos de lâminas curvas. Os centralizadores causam um pequeno aastamento da parede do
poço, o que garante a distribuição do cimento no anular.

Arranhador

Remove todo o reboco que se forma na parede do poço. A remoção é feita através da rotação da
coluna ou de movimentos verticais, empregando-se para cada caso apropriado um arranhador
diferente.

f. Compressão do cimento ou squeeze

A compressão ou squeeze tem os seguintes objetivos:

» corrigir a cimentação primária;

» tamponar canhoneados em zona produtora, para reduzir ou eliminar a produção de


fuidos indesejáveis;

» reparar vazamentos no revestimento.

Ao se comprimir a pasta contra uma rocha permeável ocorre um processo de ltração com deposição
de reboco de cimento na superície da rocha e penetração do ltrado nos poros. Nas operações
de squeeze, a pasta de cimento, normalmente, é bombeada pela coluna de produção, sendo
deslocada até a posição desejada por um volume de fuido que permita obter um tampão de pasta
hidrostaticamente balanceado. A pasta é então comprimida em intervalos regulares, aumentando-
se gradativamente a pressão, sem se ultrapassar o limite da pressão de fraturamento da formação.
Na superície, o registro de uma carta de pressão permite o acompanhamento da operação e, ao nal
do trabalho, quando a ltração é pequena, a pressão é praticamente estabilizada. (THOMAS, 2004)

Conforme a denição encontrada no site: <http://www.clickmacae.com.br>

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UNIDADE VI │ OPERAÇÕES DE SONDA

CEMENT (CIMENTO) - Material utilizado na cimentação da coluna do poço.

CEMENT JOB, CEMENTING (CIMENTAÇÃO) - É a operação de cimentação de uma coluna de


revestimento no poço ou a colocação de um plug (vedador) de cimento.

CEMENT PLUG (VEDADOR DE CIMENTO) - O termo plug de cimento é usado para a coluna
de cimento que é colocada na peruração de um poço por várias razões. O plug pode ser de apenas
alguns pés de comprimento ou pode se estender a milhares. Também é utilizado na vedação de uma
área no undo do poço (plug back) que desviou do vertical a m de reperurar no ângulo correto
de desvio. Plugs também são usados para a vedação de zonas de formação porosa que permitem a
perda de lama de peruração ou a contaminação de reservatório de água potável.

CEMENT SQUEEZE (CIMENTAÇÃO A PRESSÃO) - É a operação de orçar o cimento pastoso


para dentro de uma ormação com o auxílio de bombas de alta pressão. O termo se aplica quando o
cimento é bombeado com pressão superior àquela normalmente usada. Essas pressões dependem
do ponto de ruptura das tubulações, mas giram em torno de 352 Kg/cm2.

CENTRALIZER (CENTRALIZADOR) - É um acessório colocado sobre uma tubulação para


mantê-la centralizada no poço, a m de que possa ser eita uma luva uniorme de cimento ao redor
da tubulação de revestimento.

FLOAT SHOE (SAPATA DE FLUTUAÇÃO) - Sapata de revestimento munida de uma válvula de


retenção que opera de modo semelhante ao colar de futuação.

PACKER (VEDADOR/OBSTRUIDOR) - É um plug de expansão, geralmente eito de borracha,


colocado em um poço para obstruir a passagem do fuido.

Perfilagem
Operação que se realiza logo após a peruração ou após determinada ase na qual é comum
a descida de registradores para se medir algumas propriedades da formação. A partir destas
inormações é possível compreender melhor o reservatório possibilitando assim traçar um plano de
desenvolvimento de campo. A perlagem é comumente realizada em poços exploratórios.

Alguns pers mais comuns são:

Potencial espontâneo - SP (detecta zonas porosas e argilosidade)

Raios Gama - GR (identica litologia e argilosidade)

Neutrônico - NPHI (detecta porosidade, litologia e HC leves)

Indução - ILD (az a correlação de poços)

Sônico - DT (estimar porosidade e constantes elásticas)

Densidade - RHOB ( mede a densidade, porosidade e HC leves)

96
OPERAÇÕES DE SONDA │ UNIDADE VI

Movimentação da sonda
Quando o poço está terminado, é necessário mudar a sonda para uma nova locação. A operação que
desmonta a sonda em terra em diversas partes e a transporta para a nova locação por caminhões ou
helicópteros para depois montá-la é conhecida como DTM (Desmontagem, Transporte e Montagem).

Já no mar a movimentação é conhecida como DMM (Desmobilização, Movimentação e Mobilização)


e consiste na preparação da UPM (Unidade de Peruração Marítima) que se movimenta por
rebocadores ou por propulsão própria e, em seguida, se posiciona na nova locação.

97
CAPÍTULO 2
Operações especiais de perfuração

Lembremos que dentre as operações especiais podemos destacar: controle de kicks, operações de
pescaria, testemunhagem e teste de ormação.

Kick
O kick consiste na entrada de um fuido indesejado da ormação para o poço. Para que isto ocorra a
pressão hidrostática exercida pelo fuido de peruração deverá ser menor que a pressão da ormação.
Caso não seja combatido rapidamente, o kick pode levar à perda do controle do poço (blow-out).

O kick pode ser provocado por:

» pistoneio;

» lama cortada por gás;

» não abastecimento do poço durante as manobras (TRIP TANK);

» perfuração não prevista de zonas com pressão anormalmente alta.

Indícios de kick:
» aumento da taxa de penetração;

» aumento da velocidade das bombas;

» aumento do volume de lama nos tanques;

» poço em fuxo com as bombas desligadas.

Controle de kick
» leitura das pressões na cabeça (SIDPP e SICP);

» echamento do poço (BOP) na primeira suspeita;

» retirada de possível gás trapeado abaixo da gaveta do BOP;

» expulsão do fuido invasor mantendo pressão constante no undo;

» substituição do fuido de peruração por outro mais pesado mantendo pressão


constante no undo;

» o controle da pressão no undo é eito através de ajustes no choke.

98
OPERAÇÕES DE SONDA │ UNIDADE VI

Conforme a definição encontrada no site: <http://www.clickmacae.com.br>

BLOW OUT PREVENTER (BOP) (SISTEMA DE SEGURANÇA CONTRA ESTOUROS) - É um


conjunto de comportas de controle montadas no cabeçote do poço, capazes de ser colocado em volta
de uma tubulação de peruração ou de revestimento e projetado para controlar um poço na situação
de descontrole. Os componentes de um conjunto de controle de estouros são abricados obedecendo
aos mais altos padrões e podem, em alguns casos, ser testados até uma pressão de 1.400kg/cm2.

BLOW UP (EXPLOSÃO) - Explosão por causa diversa, geral.

Pescaria
A pescaria são todas as operações realizadas dentro do poço em que objetiva a recuperação ou
retirada de objetos caídos no poço. O objeto retirado do poço recebe o nome de peixe e pode ser:
brocas ou cones de broca, parte da coluna de perfuração ou das colunas de revestimento, mordentes
de cunha ou de chave futuante ou acessório de peruração caídos no poço acidentalmente.

As operações mais conhecidas de pescaria são:

Recuperação de pequenos objetos: Os pequenos objetos podem impedir o progresso de


peruração quando caem no poço e por isso precisam ser recuperados com os seguintes equipamentos:
magneto, (imã), cesta de pescaria, erramenta de destruição e subcesta.

Recuperação de coluna partida: A coluna pode provocar o desgaste, fadiga, corrosão ou até
mesmo um acidente operacional. O over shot é a ferramenta utilizada para pescaria de coluna.

Sinais que indicam na superície a possível ruptura da coluna de peruração são:

» quando há perda de peso da coluna (indicador de peso);

» aumento da rotação da mesa rotativa (RPM) ou diminuição no torque na coluna;

» recuperação de coluna presa – as principais causas da prisão de erramenta são:


chavetas, inchamento, das ormações (hidratação), objetos estranhos no poço,
comandos e brocas encerados, desmoronamento das paredes do poço, prisão
por dierencial de pressão, queda de cascalho em volta da broca ou comandos
(decantação), propriedades inadequadas da lama, perda de circulação e
engavetamento da cunha.

» queda brusca da pressão de bombeio e aumento na pulsação da bomba de lama.

Indicação da prisão de erramenta (perurando):

» aumento na pressão da bomba de lama;

99
UNIDADE VI │ OPERAÇÕES DE SONDA

» diminuição da rotação da mesa rotativa, ou parada total da rotação.

Indicação da prisão de erramenta (manobrando):

» dicilmente consegue-se a circulação ao tentar circular;

» diculdade para girar a coluna;

» diculdade para a coluna de peruração sair (arrasto nas paredes do poço, drags).

A pescaria é uma operação indesejável em um poço, além de causar grandes prejuízos à peruração
como:

» deterioração das condições mecânicas do poço;

» oneração do custo do poço devido à operação de pescaria e em alguns casos resulta


em perda total;

» danos nos equipamento da sonda de peruração;

» atraso no prazo previsto para término do trabalho de peruração no poço.

Conforme a definição encontrada no site: <http://www.clickmacae.com.br>

CASING SPEAR (LANÇA DE RECUPERAÇÃO) - É uma erramenta de “pesca” de objetos perdidos


no poço que pode ser colocada dentro de uma coluna de revestimento para recuperar uma coluna
desprendida, ou para situações semelhantes.

FISHING TOOLS (FERRAMENTAS DE PESCA) - São numerosos dispositivos usados na


recuperação de objetos perdidos no poço (peixes).

Testemunhagem
Operação que consiste em colher, em qualquer proundidade, uma amostra da porção da ormação
que será analisada em laboratório por processos especiais para análise de permeabilidade,
porosidade e análise de fuidos presentes na rocha.

a. Testemunhagem com barrilete convencional

A descida de uma broca vazada, conhecida como coroa e dois barriletes, um interno, aonde irá se
alojar o testemunho e um externo, que gira com a coluna, é empregada neste tipo de operação.
Durante a operação, à medida que a coroa avança, o cilindro de rocha não é perurado é encamisado
pelo barrilete interno e posteriormente trazido à superfície. Conforme a composição da coluna é
possível obter testemunhos de 9,18 ou 27 metros neste processo.

100
OPERAÇÕES DE SONDA │ UNIDADE VI

b. Testemunhagem a cabo

Na testemunhagem com barrilete convencional, é necessário trazer a coluna à superície através de


uma manobra ao nal de cada corte de testemunho, aumentando o tempo e o custo da operação. Neste
tipo de testemunhagem, o barrilete interno pode ser removido até a superície sem a necessidade de
se retirar toda a coluna.

c. Testemunha lateral

Pode se haver necessidade de se testemunhar alguma peruração já perurada quando ocorrem


mudanças inesperadas na coluna estratigráca. Nestes casos, a testemunhagem lateral é empregada.
Este tipo de método utiliza uma erramenta percussiva, um princípio undamental muito simples:
cilindros ocos, presos por cabos de aço a um canhão, são arremessados contra a parede da ormação
para retirar amostras da rocha. Os cilindros são arrastados contendo as amostras retiradas da
ormação ao se retirar o colchão até a superície.

Em suma, o equipamento de testemunhagem é conhecido como barrilete


testemunhador.

Os elementos que o compõem são:

» coroa testemunhadora (broca de diamante);

» apanhador;

» barrilete interno;

» barrilete externo.

A operação unciona assim: a coroa corta um pedaço cilíndrico da rocha que está sendo testemunhada,
o qual é retido pelo apanhador. Ao ser retirada a erramenta, o testemunho é recuperado.

101
CONCEITOS
BÁSICOS NA UNIDADE VII
COMPLETAÇÃO DE
POÇOS

CAPÍTULO 1
Tipos de completação de poços

Conceitos básicos
Antes de azer uma descrição dos tipos de completação de poços, vamos tentar dar uma denição para
esse conjunto de procedimentos. A completação inicia-se quando a broca perura por completo a zona
produtora, e tem como nalidade colocar o poço em condições de produção, de orma econômica,
priorizando as operações de segurança e minimizando o impacto do meio ambiente. Também envolve
todos os procedimentos realizados para maximizar a produção dos fuidos de interesse.

É importante também salientar que os tipos de completação vão depender muito do tipo de
reservatório a ser encontrado. De modo geral, os reservatórios de hidrocarbonetos podem ser
classicados como reservatórios de petróleo ou reservatórios de gás. A exploração de cada um deles
vai estar justicada por meio de um estudo econômico com cálculos baseados nas características
petroísicas das rochas e dos fuidos a serem produzidos. Os reservatórios de petróleo podem ser
classicados segundo a energia que atua sobre eles, como reservatórios volumétricos ou gás em
solução, reservatórios com camada de gás e reservatórios com empuxo de água. Adicionalmente
pode ser incluída neles a condição de segregação gravitacional.

» Os reservatórios volumétricos caracterizam-se por ter, como única energia disponível


para produzir, o gás que está em solução no petróleo. Este tipo de reservatório não
tem camada de gás nem aquíero disponível adjacente. Caracteriza-se por depletar
rapidamente, pois a energia do gás de solução é limitada. É considerado um poço
depletado quando existe uma diminuição da pressão de fuxo, mas que ainda pode
existir reservas signicativas.

» Os reservatórios que têm camada de gás se caracterizam por ter uma camada na
parte superior do reservatório de petróleo. Dependendo do seu tamanho, pode
ornecer energia suciente para deslocar o petróleo que se encontra debaixo dele,
ajudando a manter a energia para o fuxo do reservatório. Este reservatório demora

102
CONCEITOS BÁSICOS NA COMPLETAÇÃO DE POÇOS │ UNIDADE VII

mais em depletar, mas tem o inconveniente que, nos estágios nais de produção,
existe uma grande produção de gás que teria que ser controlada.

» Os reservatórios com infuxo de água caracterizam-se por ter um aquíero


signicativo na parte inerior do reservatório. Dependendo do seu tamanho, pode
ornecer energia suciente para a manutenção da pressão de fuxo. A parte negativa
deste sistema é a produção de água nos estágios nais de produção, o qual teria que
ser controlado.

Outra característica que pode estar associada a esses mecanismos naturais de produção é a segregação
gravitacional, característica que está relacionada diretamente com a inclinação dos reservatórios,
o que pode contribuir para o deslocamento dos fuidos. É importante destacar que cada um desses
mecanismos pode acontecer num reservatório de maneira simultânea, sendo que cada um deles iria
prevalecer sobre os outros, dependendo do tamanho eda orma da estrutura geológica (Figura 1.).

Figura 1. Tipos de reservatórios

Modificado de Rosa et al. 2006.

103
UNIDADE VII │ CONCEITOS BÁSICOS NA COMPLETAÇÃO DE POÇOS

Tipos de completação de poços


Existem vários esquemas utilizados para completar um poço e podem ser agrupados de maneira
geral em técnicas de poço aberto e técnicas de poços canhoneados.

São conhecidos como técnicas de poços aberto aquelas onde não é colocado nenhum tipo de
revestimento que possa limitar o fuxo do reservatório para o poço. Entre as técnicas de poço aberto
podemos enumerar as seguintes: poço aberto propriamente dito (barefoot completions), poços com
uma seção de revestimentos ranurados (slotted liner), poços com empaque com grava (gravel pack) e
sistemas multilaterais simples. É importante destacar a importância do idioma inglês na indústria do
petróleo, o que justica que algumas palavras sejam colocadas entre parêntese como indicado acima.

É importante destacar que a colocação de um poço de petróleo ou gás para produção vai depender do
retorno econômico que possa gerar a produção desse poço. Caso seja um reservatório com produção
de petróleo e gás e a presença de gás não gere um retorno econômico, este pode ser considerado
como fuido não desejado. Nesse caso, não poderia ser utilizado esse tipo de completação, pois não
haveria nenhuma restrição para a saída do gás. No entanto, se a produção de gás osse pequena, este
problema poderia ser solucionado utilizando separadores em superfície.

Do mesmo modo, se houver algum aquíero conectado na parte inerior do reservatório de


hidrocarbonetos, este tipo de completação não poderia ser utilizado, pois não haveria nenhuma
restrição para a saída desse fuido.

Outra limitação ao utilizar esse tipo de completação aparece quando existem mais de um reservatório
sendo atravessado pelo poço, pois nada impediria a mistura dos fuidos produzidos dentro do poço,
o que impediria azer um acompanhamento da produção de cada reservatório por separado.

Outros tipos de completação de poço aberto são os mostrados nas Figuras 2, cada uma deles
tendo as limitações mencionadas anteriormente na presença de fuidos indesejados (água ou
gás) ou na presença de mais um reservatório. No entanto, na Figura 2 (a), a completação aberta
liner ranurado (slotted liner) é usada quando as ormações não são consolidadas: podendo existir
o risco de desmoronamento das paredes do poço e a possibilidade de que o poço possa produzir
areia. Neste é utilizado o sistema que inclui tela para o controle de areia, mostrado na Figura 2 (b).
Com esse sistema se minimiza a presença de areia na superfície, o que poderia causar estragos no
equipamento de produção de superície. Em ambas as guras, oi considerado como “liner” uma
seção de revestimento que está em contacto com a formação produtiva e que está suportada, na
sua parte superior, por um obturador, mais conhecido como packer, em inglês. Desses acessórios
estaremos alando com mais detalhes no capítulo 8, correspondente ao controle de areia.

104
CONCEITOS BÁSICOS NA COMPLETAÇÃO DE POÇOS │ UNIDADE VII

Figura 2. Poço aberto: (a) Liner ranurado (b) Tela para o controle de areia

Modificado de Bellarby, 2009.

Mas o que fazer quando temos presença de um aquífero e queremos evitar a produção de água, ou
como azer para completar um poço que tem mais de uma zona produtiva? Neste caso, teríamos
que utilizar o segundo grupo mencionado inicialmente, o tipo “poços canhoneados”. Neste tipo
de completação, é colocado um revestimento ou uma seção de revestimento (liner) na formação
produtiva, para ser cimentado posteriormente. Depois de endurecer a parte cimentada, localizada
entre no espaço anular entre o poço e a parede externa do revestimento metálico, é descido um
equipamento cilíndrico, contendo explosivos (canhão) para poder urar o revestimento, o cimento e
a ormação, a m de criar um meio para a posterior saída do fuido do reservatório.

Na Figura 3, podemos observar dierentes tipos de completação para quando o poço é canhoneado.
Repare que em todos os casos temos presença de cimento entre o espaço anular que ca entre a parte
externa do revestimento e o poço. Na Figura 4 (a), mostramos uma seção de revestimento (liner)
e a seção canhoneada na zona produtora de petróleo. Os canhoneados não oram direcionados na
zona de gás “g” nem na zona do aquíero “a”. A Figura 4 (b) é semelhante à Figura (a), no entanto
aqui oi colocado um revestimento de produção que chega até a superície. Não oi colocado liner.
Muitas vezes é colocado liner quando o poço é muito proundo e, por razões econômicas, é preerível
colocar somente essa seção de revestimento. Na Figura 4 (c), temos outra gura que apresenta dois
reservatórios separados por uma camada impermeável de olhelhos (representado pelos traços) e a
presença do cimento que evita que exista comunicação detrás do revestimento entre eles. Para que
essa comunicação seja eetiva na parte interna do revestimento, é colocada uma coluna de produção
dentro do poço de tal maneira que possa se isolar a produção de ambos os reservatórios (Figura
4). Esse isolamento tem como nalidade acilitar os estudos que possam ser realizados para cada
reservatório por separado. Na superície, esses fuidos podem misturar-se (BELLARBY, 2009).

105
UNIDADE VII │ CONCEITOS BÁSICOS NA COMPLETAÇÃO DE POÇOS

Figura 3. Revestimentos canhoneados

Modificado de Bellarby, 2009.

Figura 4. Colunas de completação no interior do poço

Modificado de Bellarby, 2009.

106
CAPÍTULO 2
Atividades envolvidas por um
completador de poços

As atividades executadas por um completador de poços estão direcionadas ao condicionamento do


poço de modo que a produção possa ser maximizada, de modo eciente, seguro e econômico. Para
esta nalidade, o completador terá que interagir com diversas áreas da engenharia de petróleo,
geologia e geofísica.

Na área de engenharia de petróleo, o completador tem que interatuar com o perurador de poços e
com o geólogo, para poder azer um melhor desenho do esquema de completação a ser utilizado, isto
é, saber se precisa colocar um determinado tipo de revestimento (dependendo da litologia e pressão
de formação), assim como o diâmetro do revestimento de produção a ser colocado.

Também será necessário entrar em contacto com o engenheiro de reservatórios para saber se esse poço
soreu algum tipo de dano, inormação que é obtida por meio dos testes de pressão, a m de programar
um processo de estimulação de poços. O dano produz-se quando a pressão hidrostática do fuido de
peruração é maior que a pressão no reservatório, assim, o fuido ingressa dentro do reservatório até a
ormação de um reboco na parede da ormação, podendo provocar algum tipo de dano. O dano refete-se
quando a permeabilidade natural do reservatório sore uma diminuição, o que diculta a saída do petróleo
quando este é colocado em produção. Lembramos que o parâmetro chamado de permeabilidade pode
ser dimensionado e é denido como a acilidade que tem um fuido para atravessar um meio poroso,
suas unidades são o Darcy e pode ser quanticado usando testes de pressão.

Já quando o poço está em produção, ele também pode mostrar uma baixa produtividade. Neste
ponto é importante distinguir se a baixa produtividade é provocada por algum tipo de dano no
reservatório ou por algum problema no sistema de elevação. A produtividade da ormação também
poderia ser aetada pela produção excessiva de gás ou de água, dependendo das características do
reservatório, eeitos que teriam que ser minimizado pelo completador.

Na área geofísica de poço, o completador tem que avaliar a qualidade de cimento que foi colocado
no espaço anular localizado entre a parede externa do revestimento e o poço. Para isso são utilizadas
erramentas sônicas. Caso a cimentação não seja boa, ele terá que recimentar. Caso contrário, terá
que partir para a etapa do canhoneio. Com tal objetivo, o completador tem que saber interpretar a
respostas de pers sônicos e radioativos, para determinar a proundidade em que está localizado o
intervalo produtivo e, posteriormente, descer um aparelho chamado de canhão e colocar o poço em
produção.

Quais são as tareas que um completador está envolvido regularmente? Em resumo, podemos
enumerar as seguintes.

» Instalar os equipamentos de superície, da cabeça de produção e BOP, para


permitir o acesso ao interior do poço com segurança. O BOP (blow out preventer)

107
UNIDADE VII │ CONCEITOS BÁSICOS NA COMPLETAÇÃO DE POÇOS

é um equipamento de segurança que pode ser instalado em superfície quando a


plataforma é de águas rasas.

» Desenhar o melhor esquema de completação de um poço, com base na litologia e


número de zonas produtivas e especicar as componentes principais da coluna de
completação.

» Cimentar o revestimento ou a seção de revestimento (liner) de produção em orma


eciente.

» Realizar o condicionamento do poço, procedimento que consiste em substituir o


fuido de peruração pelo fuido de completação, uma solução salina compatível
com os fuidos contidos dentro do reservatório. A unção do fuido de completação é
ornecer uma pressão hidrostática maior que o fuido da ormação, a m de manter
o poço amortecido e evitar que as partículas sólidas que azem parte do fuido de
perfuração possam ingressar na formação produtiva, causando um dano maior.

» Avaliar a qualidade da cimentação entre a formação e o revestimento mediante


uso da perlagem sônica, a m de evitar a movimentação de fuidos por trás do
revestimento.

» Avaliar a necessidade de azer algum trabalho de recimentação, caso a qualidade da


cimentação seja ruim.

» Caso a cimentação seja adequada, avaliar o método mais eciente de canhoneio,


visando a minimizar o dano na formação causado por este processo. Assim,
para haver migração de fuidos da ormação para o poço, são usadas cargas
explosivas, montadas em uma carcaça metálica, que quando disparadas peruram
o revestimento, o cimento e a parede do poço. Jatos de alta energia penetram a
formação.

» Instalar a coluna de produção. Essa coluna de produção consta de vários acessórios,


incluindo o sistema de elevação articial, que vão possibilitar a produção do poço
de maneira mais adequada.

» Fazer um acompanhamento da produção, com a nalidade de evitar a produção


de areia, água ou gás (caso este fuido não seja representativo, economicamente),
usando as técnicas de recimentação orçada e empaque com grava (gravel Pack)
para evitar a produção de areia em superfície.

» Durante o acompanhamento da produção, caso exista uma queda na produção e


ainda exista reservas que possam ser aproveitadas e que possam dar um retorno
econômico, analisar a possibilidade de azer algum tipo de estimulação, seja por
meio das técnicas de acidicação ,seja por raturamento hidráulico.

» Realizar os procedimentos de abandono temporário ou denitivo do poço, por meio


da colocação de tampões de cimento.

108
CONCEITOS BÁSICOS NA COMPLETAÇÃO DE POÇOS │ UNIDADE VII

Cabe dierenciar que, nos processos mencionados, existem algumas operações chamadas de
cimentação secundária.

» Colocação de tampões de cimento – Consistem no bombeamento para o poço de


determinado volume de pasta de cimento, que cobre um trecho do poço. São usados
nos casos de abandono denitivo ou temporário do poço.

» Recimentação – É a correção da cimentação primária, quando o cimento não


alcança a altura desejada no anular ou ocorrem problemas de canalização severa.
Para realizar esse procedimento, o revestimento é canhoneado em dois pontos. A
recimentação só é eita quando se consegue circulação pelo anular, por meio desses
canhoneados.

» Compressão de cimento ou squeeze – Consiste na injeção orçada de pequeno


volume de cimento sob pressão, visando a corrigir localmente a cimentação
primária, sanar vazamentos no revestimento ou impedir a produção de zonas que
passaram a produzir quantidade excessiva de água ou gás.

109
USO E AVALIAÇÃO
DO PROCESSO DE UNIDADE VIII
CIMENTAÇÃO NA
COMPLETAÇÃO

CAPÍTULO 1
Características do cimento e
classificação

Segundo a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), o cimento portland é um


aglomerante hidráulico obtido pela moagem de clínquer portland, com adição, durante a moagem,
de pequena quantidade de sulato de cálcio (gesso) para regular o tempo do início de hidratação
dos componentes. O nome portland é devido ao produto se parecer com as rochas localizadas em
Portland, cidade da Inglaterra.

A abricação do cimento, aliás, do clínquer, é obtida em ornos rotativos após a mistura adequada do
calcário com a argila, em processo de via seca ou úmida. No forno rotativo, a clinquerização é efetuada
a temperaturas da ordem de 1450-1500 °C, em que a cal, a alumina, a sílica e o óxido de erro presentes
no calcário e na argila reagem entre si em estado sólido e de usão parcial, ormando grãos ou torrões
denominados clínquer. Na saída do forno, o clínquer é resfriado e, a seguir, pode ser estocado ou
moído com adição entre 5% de gesso e adquirindo a nura adequada, ensacado para venda.

Assim, são formados os quatro componentes principais de todos os cimentos. A simbologia usada
para representar os minerais presentes no cimento é: C = óxido de cálcio (CaO), A = óxido de
alumínio (Al2O3), F = óxido de erro (Fe2O3) e S = sílica (SiO2).

Lembrar que as letras C, A, F e S fazem parte de uma simbologia mnemotécnica e as letras em


parêntesis correspondem à expressão química. Além desses quatro compostos principais,
dependendo da composição do calcário e da argila empregados, o cimento pode ter diferentes
teores, geralmente baixos, de óxido de magnésio e a cal livre.

Esses componentes estão agrupadas em quatro ases no cimento e identicadas classicamente por
C3S (silicato tricálcico), C2S (silicato bicálcico), C3A (aluminato tricálcico) e C4AF (erro alumino
tetracálcico). A cristalização dessas ases é unção da composição e nura da mistura de calcário
com argila, do tratamento térmico e das reações de usão em ases sólida e liquida.

Vamos apresentar as principais características de cada uma dessas quatro fases, lembrando que a
nomenclatura utilizada não corresponde à formula química.

110
USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE VIII

» Silicato tricálcico (C3S)

Abreviação do silicato de cálcio (Ca3SiO5), é a principal responsável pelas


propriedades hidráulicas e mecânicas do cimento, pois reage rapidamente com a
água, provocando uma imediata liberação de calor e elevada resistência inicial. O
tempo decorrido entre o início e o m da pega é de poucas horas.

» Silicato bicálcico (C2S)

Abreviação do Ca2SiO4, reage lentamente com a água e desprende menor calor


de hidratação que o C3S, apresentando inicialmente pouca resistência mecânica,
todavia, em prazo mais longo, contribui decisivamente com a C3S para a resistência
nal do cimento.

» Aluminato tricálcico (C3A)

É o principal responsável pela pega do cimento, pois reage rapidamente com a água,
conerindo ao cimento, juntamente com o C3S, a resistência inicial a solicitações
mecânicas. É o componente do cimento que apresenta o maior calor de hidratação.

» Ferroaluminato tetracálcico (C4AF)

Apresenta valor de hidráulico baixo e tem pequena participação na resistência


aos esforços mecânicos do cimento. Sua característica principal é a resistência à
corrosão química do cimento. O C4AF é o responsável pela coloração cinzenta do
cimento, dado a presença de ferro.

Mas o que acontece quando colocamos água ao cimento?

A adição de água ao cimento produz uma pasta bombeável que tem a propriedade de conservar uma
plasticidade durante certo tempo, após o qual sore um aumento brusco na sua viscosidade. A perda
de plasticidade é denominada “pega” do cimento e ocorre em paralelo com um lento processo de
endurecimento, responsável pelas propriedades mecânicas de pastas, argamassas e concretos.

As reações de pega e endurecimento do cimento são bastante complexas, pelo ato de ser o cimento
uma mistura heterogênea de vários compostos que se hidratam mais ou menos independentemente.
O comportamento dos dierentes compostos rente à hidratação é responsável pelas propriedades
aglomerantes do cimento (VICENTE et al., 1995).

Classificação API do cimento


A classicação dos cimentos oi estabelecida pelo API, visto que as condições às quais os cimentos
estão expostos nos poços podem dierir radicalmente daquelas experimentadas na construção civil.
Há oito classes de cimentos portland, designados de A até H. Todas as classes API são manufaturas
de igual maneira, com os mesmos ingredientes, mas com proporções de partículas dierentes para

111
UNIDADE VIII │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO

cada proundidade e condição de temperatura. O requerimento de água para cada tipo de cimento
varia com o tamanho do grão ou da areia supercial.

» Cimento tipo A é usado da superície até 6.000 pés (1.830 metros), quando
propriedades especiais não são requeridas. Disponível somente no tipo ordinário.

» Classe B também é usado da superície até 6.000 pés (1.830 metros), quando é
necessário moderar a alta resistência ao sulfato.

» Cimento tipo C é usado da superície até 6.000 pés (1.830 metros), quando as
condições exigem rápida pega e grande resistência compressiva.

» Cimentos tipo D-E-F são retardados, para sua utilização em grandes profundidades.
A retardação acontece pela redução da quantidade das ases de hidratação mais
rápida (C3S e C3A), e pelo aumento do tamanho dos grãos do cimento. Atualmente
são utilizados aditivos.

» Classe D é usado entre as proundidades de 1.830 m até 3.050 m, sob condições


moderadas de altas temperaturas e pressões. Está disponível nos tipos média e alta
resistências ao sulfato.

» Classe E é usado de 10.000 pés (3.050 m) até 14.000 pés (4.270 m), sob condições de
altas temperaturas e pressões. Está disponível nos tipos de média e alta resistência
ao sulfato.

» Classe F é usado de 14.000 pés (4.270 m) até 16.000 pés (4.270 m), sob condições de
altas temperaturas e pressões. Está disponível nos tipos de média e alta resistência
ao sulfato.

» Cimentos dos tipos G e H são usados sem aditivos químicos, da superície até 8.000
pés (2.440 m) ou com aceleradores e retardadores para cobrir um grande intervalo
de pressões e temperaturas.

» Cimento tipo H é semelhante ao tipo G, mas tem os grãos mais grossos. Tendo eeito
de retardo para condições mais quentes e proundas.

Há eeitos negativos quando as soluções de sulato reagem com os produtos de hidratação do


cimento. Águas de ormação normalmente contêm soluções de sulato de magnésio e/ou sulato de
sódio.

Para temperaturas maiores que 230 °F, o cimento atingirá o máximo de sua resistência compressiva
nas primeiras semanas, até que começa a decrescer. A 350 °F, a máxima resistência de compressão
é atingida em menos de 24 horas, mas essa resistência compressiva é bem menor da desenvolvida
por cimentos a temperaturas menores. Uma razão para essa deterioração da pasta é que a altas
temperaturas ocorrem perda de água e mudança na estrutura do cimento hidratado, tornando-se
uma estrutura raca e porosa. (VICENTE et al., 1995).

112
USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE VIII

Aditivos da pasta de cimento


Atualmente as operações com cimento são realizadas nos mais variados ambientes, em temperaturas
abaixo de 0 °C até 350 °C (700 °F) e pressões deste 1 atmosera até 200 MPa (30,000 psi).

Para a maioria dos trabalhos com cimento na completação, a pasta deve se apresentar bastante
fuida, não gelicar quando estática, manter sua viscosidade quase constante até que se dê a pega,
ter baixa perda de ltrado, sem separação de água livre ou decantação de sólidos.

Os tempos de bombeabilidade necessários para cada operação também variam e dependem das
profundidades envolvidas, da técnica a ser empregada, dos equipamentos disponíveis, da agilidade
da equipe de sonda e outros atores. Com a necessidade de adequar o desempenho da pasta de
cimento a essa variada gama de situações, uma grande quantidade de aditivos está disponível no
mercado. Esses aditivos são geralmente classicados em oito categorias: controladores de ltrado,
aceleradores, retardadores, dispersantes, estendedores, controladores de perda de circulação e
especiais. As principais categorias de aditivos estão descritas a seguir.

» Controladores de ltrado: diminuem a permeabilidade do reboco de cimento


criado e/ou aumentam a viscosidade do ltrado. A redução da permeabilidade do
reboco é o mecanismo mais importante. A redução do ltrado previne a desidratação
prematura da pasta. Os tipos mais usados são os polímeros. Os polímeros derivados
da celulose oram os primeiros a serem usados como controladores de ltrado e
ainda são os mais usados. Como desvantagens se limitam a 200 °F (93 °C) e são
ecientes retardadores abaixo de 150 °F (65 °C). Polímeros sintéticos aniônicos são
usados em pastas saturadas com sal e polímeros sintéticos catiônicos para altas
temperaturas (até 436 °F ou 225 °C).

» Aceleradores de pega: alteram o processo de hidratação do cimento, aumentando


a taxa de hidratação, por meio do aumento do caráter iônico da ase aquosa,
azendo com que os principais componentes do cimento seco se hidratem e liberem
hidróxido de cálcio. Os mais utilizados são o cloreto de sódio e o cloreto de cálcio.
Muitos sais inorgânicos atuam como aceleradores. O cloreto de cálcio (CaCl2) é o
mais eciente e econômico dos aceleradores. É usado em concentrações de 2-4%
em massa de cimento.

» Retardadores de pega: têm efeito contrário ao dos aceleradores, decrescem a


taxa de hidratação. Os mais comuns são celuloses, lignosulonatos e derivados de
açúcar. Atuam inibindo a precipitação do hidróxido de cálcio. Os lignosulonatos
são polímeros não renados obtidos da polpa da madeira. A correta estimativa da
temperatura e o criterioso estabelecimento do tempo de bombeabilidade necessário
em cada operação denem as concentrações dos aditivos.

» Dispersantes: reduzem a velocidade aparente (viscosidade), o limite de escoamento


e a orça gel das pastas, melhorando suas propriedades de fuxo. Facilitam a mistura
da pasta, reduzem a fricção e permitem a confecção de pastas de elevada densidade.
Os sulonatos são os mais comuns, sendo o sulonato polinatalenico o mais usado

113
UNIDADE VIII │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO

em poços de petróleo. A adição de dispersantes pode produzir um eeito secundário


indesejável – aumento da água livre e da decantação dos sólidos, tornando a pasta
menor estável.

» Estendedores: visam a reduzir a densidade ou a aumentar o rendimento da pasta.


Dividem-se basicamente em três categorias – estendedores de água (permitem
adição de excesso de água), materiais de baixa densidade e gases. A bentonita é a
argila mais usada como estendedor para água doce, e a atapulguita para água salgada.
O mecanismo de ação das argilas é a absorção de água. Também são utilizadas como
estendedores as pozolanas (terras diatomáceas, sistemas de cimento leve e micro
sílica). Como materiais de baixa densidade mais usados temos a perlita expandida,
a gilsonita,o pó de carvão e as microeseras de vidro e cerâmica.

» Controladores de perda de circulação: e zonas de perda elevada de circulação é


conveniente adicionar ao cimento agentes granulares, brosos, aceleradores de pega
etc. Em zonas naturalmente raturadas, pode ser usado focos de celoane. Devido
à hidrostática elevada da pasta de cimento e dependendo do gradiente de ratura
da zona e do volume da pasta de cimento dentro da coluna de trabalho, a ratura
induzida pode ocorrer, por tanto a solução passa por um melhor planejamento
(VICENTE et al., 1995).

114
CAPÍTULO 2
Equipamentos e acessórios utilizados na
cimentação

Para completar um poço utilizando revestimentos ou liner de produção próximos da zona produtiva, é
necessária a colocação de cimento. Lembramos que nesta ase já oram colocados durante a peruração
outros tipos de revestimentos (conector, superície e intermediários) e que também já oram realizados
a cimentação dessas ases. Quando esse processo de cimentação é realizado na última ase, é chamada
de completação. Para que seja realizada uma cimentação, são necessários diversos equipamentos,
como já teria sido abordado na etapa de peruração. Portanto, neste capítulo, abordaremos de orma
resumida os principais equipamentos usados na completação de um poço.

Unidades de cimentação
Montadas em caminhões para operações em terra ou sobre skids em sondas marítimas, as unidades
de cimentação constam geralmente de dois motores, para ornecer energia; dois tanques de 10 barris
(bbl) cada, para a água de mistura ou fuido de deslocamento; duas bombas triples; dois conversores
para converter o movimento rotativo dos motores no movimento alternativo das bombas; bombas
centríugas auxiliares ; um sistema de mistura de pasta, onde a água de mistura (água e aditivos) é
bombeada sob pressão por pequenos oriícios, fuindo em jatos sob um unil por aonde chega o cimento.
A proporção da água injetada determinará a densidade da pasta e é controlada pelo operador. A pasta
resultante é acumulada em um tanque ou uma cuba para homogeneização e medidores de fuxo, sendo
feito o registro num registro circular onde esses valores são traçados, permitindo análise posterior. As
unidades mais modernas dispõem de sistema recirculador, que permite a homogeneização de certo
volume da pasta antes de sua injeção para o poço, além de controle automatizado dos volumes de água
e cimento para obtenção da pasta com a densidade programada.

A ligação entre a unidade de cimentação e o poço é feita por tubulação de alta pressão, formada
por uma série de tubos curtos interligados por meio de conexões móveis dotadas de rolamento,
para possibilitar montagem até a posição em que que o topo do revestimento. Atualmente, há a
tendência de utilização de mangueiras especiais fexíveis, de borracha, mais práticas.

A cabeça de cimentação é conectada ao topo da coluna de revestimento, recebe a linha de cimentação,


podendo abrigar em seu interior os tampões de borracha que separam a pasta do fuido de peruração.
Um mecanismo de travamento segura esses tampões até o instante próprio de sua liberação. Pode
ter entradas de até 3 linhas, rolamento para permitir o giro da coluna de revestimento e sistema de
conexão especial para maior rapidez de instalação.

Suas dimensões vão depender do diâmetro do tubo que chega à superície. Nos casos de peruração
marítima com unidades futuantes ou de liner, cuja coluna de assentamento consiste de tubos de

115
UNIDADE VIII │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO

peruração, a cabeça de cimentação aloja um tampão de pequeno diâmetro e opcionalmente uma


esfera, para a liberação dos tampos no fundo do mar ou no topo do liner (VICENTE, 1995).

Acessórios de cimentação
Diversos acessórios são conectados ou axados à coluna de revestimento, visando a garantir o
melhor resultado da cimentação. Os principais acessórios são a sapata, o colar, os tampões, o colar
de estágio, os centralizadores,o arranhador, entre outros.

» Sapata: colocada na extremidade da coluna, a sapata serve de guia de introdução


no poço, podendo receber em seu interior um mecanismo de vedação, para evitar
que a pasta, por ser mais pesada que o fuido de peruração, retorne ao interior do
revestimento após seu deslocamento. O tipo mais comum é a sapata futuante, com
válvula que impede fuxo para o interior da coluna (Figura 5).

Figura 5. Sapata flutuante

(NGUYEN, 1993).

» Colar: posicionado 2 a 3 tubos acima da sapata, o colar serve para reter os tampões
de cimentação, além de poder receber mecanismos de vedação. Caso não tenha
mecanismo de vedação, é denominado colar retentor. Tem, em suas extremidades,
roscas do mesmo tipo usado na coluna (Figura 6).

Figura 6. Colar

(NGUYEN, 1993)

116
USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE VIII

» Tampões: os tampões são construídos de borracha e auxiliam na cimentação.


Visam a raspar o lme de sólidos do fuido de peruração que se adere à parede do
revestimento, evitando a contaminação da pasta. Existem dois tipos: tampão de
fundo e tampão de topo.

O tampão de fundo tem uma membrana de borracha de baixa resistência em sua parte
central e, ao ser lançado na coluna, à frente da pasta de cimento, é empurrado por ela
até que toque no colar retentor, quando a membrana se rompe, permitindo a passagem
da pasta. O tampão de topo é rígido e, ao ser lançado após a pasta, separa-a do fuido
de perfuração ou completação , que a deslocará, para evitar sua contaminação. É retido
pelo colar, causando um aumento de pressão que indica o término do deslocamento,
permitindo a realização do teste de estanqueidade da coluna.

Figura 7. Tampões de fundo (a) e de Topo (b)

(VICENTE, 1995).

» Centralizadores: são peças compostas de um jogo de lâminas curvas de aço, que


são axadas externamente à coluna de revestimento, visando a centralizá-las e a
causar um afastamento mínimo da parede do poço, para garantir a distribuição do
cimento no anular e evitar a prisão da coluna por dierencial de pressão. A xação
dos centralizadores é feita com o emprego de stop rings que são presos ao tubo
para evitar o escorregamento dos centralizadores. Quando a conexão possui luvas,
procura-se coincidir os centralizadores com as luvas, dispensando os stop rings. Em
poços horizontais ou de alta inclinação, adotam-se centralizadores rígidos devido à
tendência de achatamento das lâminas fexíveis dos convencionais (Figura 8).

Figura 8. Centralizadores

(VICENTE, 1995).

117
UNIDADE VIII │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO

» Arranhador: tem a função de remover mecanicamente o reboco que se forma na


parede do poço. Tal remoção é eita através dos movimentos verticais (reciprocações)
ou de rotação da coluna, empregando-se para cada caso o tipo de arranhador
apropriado (Figura 9).

Figura 9. Arranhador

(VICENTE, 1995).

» Colchões de lavagem e espaçadores: são fuidos bombeados à rente da pasta,


visando a evitar contaminação desta pelo fuido de peruração e vice-versa, auxiliando
na remoção do reboco das paredes do poço e possibilitando melhor aderência de
cimento. Os colchões de lavagem ou lavadores são volumes de fuido (10 a 40 bbl) pouco
viscosos, compatíveis com a pasta e com o fuido de peruração, atuando por meio de
lavagem química e pela ação mecânica na diluição e remoção do reboco.

Contêm materiais dispersantes (ou anantes do fuido de peruração), detergentes e,


quando necessário, aditivo para inibir inchamento de argila e redutores de ltrado. Os
espaçadores são geralmente viscosos e de densidade ajustável, com ação mecânica de
remoção do reboco, sendo de preparação mais trabalhosa e uso típico em situações em
que se deseje evitar canalização de gás pela aplicação de pressão hidrostática.

» Volume de pasta: é calculado separadamente para cada pasta utilizada, pelo


somatório dos produtos do comprimento de cada trecho da mesma geometria
por sua capacidade volumétrica. Pode ser calculada em função da geometria do
poço ou obtida de tabelas. O diâmetro do poço para cada trecho a adotar deve ser
preerencialmente obtido por meio de pers com indicação do caliper do poço. Caso
este não esteja disponível, adota-se o diâmetro da broca, multiplicando o volume do
trecho de poço aberto por um ator de excesso que varia de 1.1 (10%) para poços com
diâmetro sem indicações de desmoronamento a 2,5 (150%) para poços de grande
diâmetro ou com claros indícios de desmoronamento.

» Vazão de deslocamento: é adotada no deslocamento da pasta deve evitar que


esta se desloque em fuxo laminar, quando as partículas se movem ordenadamente
seguindo canais de fuxo que deixam parte do fuido de peruração intocado,
resultando em má cimentação. O ideal é o fuxo turbulento, que gera tensões
cisalhantes na parede do poço, causando a remoção do reboco e permitindo boa
aderência do cimento à formação. Para o cálculo da vazão critica para se obter
turbulência, é necessário determinar qual modelo reológico melhor se ajusta à
pasta. Para cada modelo reológico, é conhecido um valor adimensional de reerência
(número de Reynolds crítico), acima do qual a pasta estará em turbulência.
(VICENTE, 1995)

118
USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE VIII

A Figura 10 apresenta um esquema de cimentação de um poço utilizando alguns acessórios antes


mencionados, como centralizador, tampão de topo e de fundo, colar, sapata, cimento, espaçador e
fuido de deslocamento (geralmente água salgada).

Figura 10. Cimentação do espaço anular do poço – revestimento

(NGUYEN, 1993).

Para o cálculo da pasta de cimento, além da concentração de aditivos sólidos e líquidos, o cálculo
determina volume de cimento, peso especíco e rendimento da pasta. Com tal objetivo, é considerado,
como base dos cálculos, um saco de cimento de 94 libras e a concentração de líquidos é dada pela
relação em volume entre o aditivo e um saco de cimento (um pé cúbico).

Para o cálculo das principais propriedades da pasta de cimento, deve ser montada uma planilha
com todos os componentes químicos e suas respectivas concentrações. Para 1 pé cúbico de cimento,
a planilha teria a seguinte conguração (Tabela 1). Nesse quadro, aparece como componentes dos
produtos, aditivos líquidos e sólidos, sendo que uma pasta pode conter mais de um aditivo líquido ou
sólido. Também é necessário especicar se a água é salgada ou doce, pois o valor do volume absoluto
pode variar dependendo desse fato. A coluna de dados correspondente ao volume absoluto tem
unidades de gal/libra e esse valor pode ser encontrado em quadros especícos para cada produto a
ser utilizado na composição da pasta de cimento.

119
UNIDADE VIII │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO

Tabela 1. Elementos para o cálculo das componentes de uma pasta de cimento

PRODUTO Concentração Peso (lb) Volume Absoluto Volume (gal)


Cimento 94 0,0382 3,5908

Água V% A B C=AxB
Aditivo Líquido I G=I/H H I
Aditivo Sólido W% M = (W / 100) * 94 N O=MxN
SOMATÓRIO T U

Após a entrada de dados (peso especíco da pasta, concentrações dos aditivos etc.) e o cálculo do
peso da água, determinam-se as propriedades da pasta de cimento

» Peso especíco: PE = T / U (em libras por galão)

» Rendimento: R = U / 7,4805 (pé3 de pasta por pé3 de cimento)

120
CAPÍTULO 3
Avaliação da cimentação

A avaliação de cimentação, tema deste capítulo, ocorre após a instalação dos equipamentos de
segurança e o posterior condicionamento do revestimento de produção ou liner.

Nas cimentações primárias, a pasta posicionada no espaço anular entre a parede do poço e
o revestimento descido em cada ase de peruração tem vários objetivos, além de suportar
o peso dos tubos. Por exemplo, no revestimento condutor, o objetivo é impedir a circulação
de fluidos de perfuração e uma possível corrosão do aço. No revestimento de superfície, o
cimento visa a proteger horizontes supericiais de água e suportar equipamentos e colunas a
serem descidos posteriormente. No revestimento intermediário, o objetivo é isolar/proteger
ormações instáveis geologicamente, portadoras de luidos corrosivos, com pressão anormal e/
ou com perda de circulação. No revestimento de produção, o objetivo principal do cimento é
promover a vedação hidráulica eiciente e permanente entre os diversos intervalos produtores,
impedindo a migração de fluidos.

A existência de uma eetiva vedação hidráulica entre intervalos produtores é de undamental


importância e condiciona o sucesso de etapas subsequentes. A intercomunicação de fuidos por
detrás do revestimento pode causar a produção de fuidos indesejáveis, testes de produção e de
avaliação incorretos, prejuízo no controle dos reservatórios e operações de estimulação malsucedidas.
Portanto, a decisão de corrigir ou não a cimentação primária é de grande importância e deve ser
tomada com a máxima segurança possível.

Existem diversos métodos para a avaliação da qualidade de uma cimentação. Entre os principais,
encontram-se os testes hidráulicos, os testes de pressão, os pers de temperatura, os traçadores
radioativos e os pers sônicos e ultrassônicos. A escolha do método de avaliação depende dos
objetivos de cada trabalho.

O presente material trata especicamente das técnicas de avaliação de cimentação mediante pers
sônicos. Este é o método mais utilizado e que permite eetivamente avaliar a qualidade da cimentação
e a possibilidade de migração de fuidos. (VICENTE, 1992)

A perlagem sônica em poço revestido tem como objetivos principais: inerir a existência ou não
de intercomunicações entre os intervalos de interesse; analisar o grau de isolamento entre as zonas
de gás, óleo e água; e vericar a aderência do cimento ao revestimento e a ormação. Obtendo um
bom isolamento hidráulico entre as diversas zonas permeáveis, vai se impedir a movimentação de
fuidos, seja líquido ou gás, pelo espaço anular ormado entre o revestimento e a ormação.

121
UNIDADE VIII │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO

Tipos de aderência
Os principais tipos de aderência são a aderência mecânica e hidráulica.

» Aderência mecânica (Shear Bond Strength): denida como sendo a razão entre a
força requerida para iniciar o deslocamento de um tubo cimentado e a área lateral de
contato. Geralmente é expressa em psi (pound square inch ou libras por polegada ao
quadrado) e traduz o grau de adesão entre o cimento e o revestimento (Figura 11 a).

» Aderência hidráulica (Hydraulic Bond): denida como a pressão de líquido


que, aplicada na interface revestimento/cimento ou formação/cimento, provoca
vazamento. É expressa em psi e corresponde à aderência que impede a migração de
fuidos (Figura 11b).

Figura 11 (a). Aderência mecânica Figura 11(b). Aderência hidráulica

(VICENTE, 1992).

Fatores que influenciam a aderência do cimento


Os principais atores relacionados às alhas de aderência nas interaces entre revestimento, cimento
e formação são estes.

» Rugosidade da parede externa do tubo: a aderência mecânica e hidráulica é


grandemente afetada em função do tipo de acabamento ou rugosidade da parede
externa do revestimento. Quanto maior a rugosidade, maior a aderência.

» Filme de lama e canalizações na interace: a correta remoção da lama de


perfuração e do reboco é apontada como o fator mais importante para se evitar
o fuxo de fuidos entre os dierentes horizontes permeáveis. A melhor técnica de
remoção da lama e do reboco envolve diversas etapas, como o condicionamento
da lama, dos movimentos de reciprocação e rotação da coluna, do uso de colchões
lavadores e espaçadores e da aplicação adequada da reologia da pasta de cimento.

122
USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE VIII

» Tipo de fuido no anular: a aderência sore alteração em unção do tipo de fuido


de peruração que molha a superície do tubo. Assim, a aderência é maior quando
o tubo tem um fuido em base de água se comparado com um fuido a base de óleo.

» Microanular: variações de pressão e temperatura podem induzir a deormações no


revestimento, possibilitando a quebra de aderência e o aparecimento de um pequeno
espaço entre o revestimento e o cimento, chamado de microanular. Geralmente se
admite que não há fuxo pelo microanular devido às suas dimensões reduzidas, da
ordem de 0,1 mm. Entres as causas da ormação do microanular, temos expansão
ou retração térmica, expansão ou retração mecânica e adiga mecânica.

 Expansão ou retração térmica

Durante a reação de hidratação e pega do cimento, há liberação de calor que


provoca, a princípio, uma expansão de revestimento. Posteriormente, com
a dissipação do calor, há uma contração e o aparecimento de um espaço
microanular na interace. Variações de temperatura devido à produção, à injeção
ou à circulação de fuidos quentes ou rios no poço também geram tensões e
deormações que podem induzir ao microanular.

A magnitude do microanular térmico é função do volume de cimento no anular,


da composição da pasta e da condutividade térmica da ormação. Por exemplo,
calcários com baixa porosidade têm alta condutividade térmica e dissipam mais
rapidamente o calor de que olhelhos, que são muito porosos, contêm muita
água e têm baixa condutividade térmica.

 Expansão ou retração mecânica

Testes de pressão, correções de cimentação, trabalhos de estimulação e redução


de coluna hidrostática podem provocar uma signicante deormação no
revestimento e induzir um microanular se a aderência com o cimento não for o
sucientemente orte.

 Fadiga mecânica

Em poços desviados ou revestimentos intermediários, a perfuração pode produzir


uma grande quantidade de vibrações e tensões mecânicas concentradas em um
determinado ponto, danicando a qualidade da aderência entre o revestimento e
cimento. Quando o cimento é orte o suciente para suportar a deormação, nada
acontecerá e a aderência não será afetada. Entretanto, se a pega ocorre enquanto
o revestimento está signicativamente expandido, o alívio dessas tensões vai
induzir o aparecimento de microanular.

123
UNIDADE VIII │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO

Perfis sônicos
A Figura 12 é um desenho esquemático da erramenta usada na obtenção do perl combinado sônico
CBL/VDL (VICENTE, 1992). CBL é a abreviatura do nome, em inglês, Cement Bond Log (registro
de aderência do cimento) e VDL, a abreviatura do Variable Density Log (registro de densidade
variável).

Figura 12. Ferramenta de perfilagem CBL – VDL

Modificado de Vicente, 1992.

A Figura 12 mostra a disposição do transmissor e dos receptores na erramenta e a localização


do cimento entre o revestimento e a formação. A ferramenta é composta basicamente por um
transmissor, dois receptores acústicos com transdutores, um cabo condutor e um aparelho de
medição (unidade de processamento). Os receptores cam localizados normalmente 1 a 3 pés e outro
a 5 pés do transmissor. O conjunto também requer um número adequado de centralizadores, de
forma que a seção que contém o transmissor e os receptores permaneça perfeitamente centralizada
no revestimento durante a perlagem.

O transmissor recebe pelo cabo condutor a energia elétrica e a converte em energia mecânica, emitindo
repetidamente pulsos curtos de energia acústica (10 a 60 pulsos por segundo) ,com duração de cerca
de 50 microssegundos cada. A requência de cada pulso é de 20 KHz para erramentas de grandes
diâmetros (acima de 3”) ou de 30 KHz para erramentas de diâmetros menores (abaixo de 2”).

O pulso sonoro emitido az vibrar o meio fuido no qual o transmissor está imerso, criando uma
rente de onda aproximadamente esérica que se propaga em todas as direções. Quando encontra o
revestimento, a energia acústica é reratada (Lei de Snell), tomando dierentes caminhos até chegar
ao receptor. Uma parcela dessa energia se propaga segundo um ângulo de incidência crítico, viajando
pelo revestimento. Outra parcela é refetida e se propaga diretamente pelo fuido no interior do
poço, e parte é reratada para o anular (entre o revestimento e a ormação).

124
USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE VIII

A onda longitudinal que viaja diretamente pelo revestimento é, geralmente, a primeira a chegar
devido à maior velocidade do som no aço que nos demais meios envolvidos. Posteriormente, chegam
as ondas longitudinais e transversais oriundas da ormação e os sinais que viajam pelo fuido.

A Figura 13 é uma representação esquemática por ordem de chegada dos sinais e também contém
uma composição nal do trem de ondas (conjunto). No receptor, a energia sonora é reconvertida
em energia elétrica e os sinais são enviados à superfície pelo cabo condutor para serem devidamente
processados.

Figura 13. Recebimento dos sinais

Modificado de Vicente, 1992.

Apresentação do perfil conjunto CBL/VDL


O perl CBL/VDL é o registro de três medidas simultâneas, que são o tempo de trânsito (TT), o
sinal de amplitude do revestimento e o trem de ondas. O TT é utilizado para assegurar a qualidade
e a acuracidade do sinal de amplitude. O sinal de amplitude do revestimento avalia a qualidade da
cimentação entre o revestimento cimento (CBL). O registro completo do trem de ondas na orma
de assinatura de onda ou densidade variável permite uma avaliação da aderência entre cimento e
ormação (VDL). Tradicionalmente é apresentado em três pistas.

» A primeira pista contém a curva do tempo de trânsito (TT), uma curva de correlação
a poço aberto (Gamma Ray) e um localizador de luvas do revestimento (Casing Colar
Locator). O perl de raios gama, que mede a radioatividade natural da ormação,
pode ser corrido a poço aberto ou revestido. O CCL é usado para detectar as luvas do
revestimento, que causam uma defexão na curva. O CCL é utilizado como reerência
de proundidade para as operações uturas no poço. Os dados de proundidade são
registrados na pista 1.

125
UNIDADE VIII │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO

Figura 14. Apresentação do perfil CBL-VDL

Modificado de Vicente, 1992.

» A segunda pista contém a curva de amplitude e/ou taxa de atenuação. A amplitude


é registrada na escala de 0 a 50 ou 100 mV (milivolts), com curvas amplicadas de
0 a 10 ou 20 mV, respectivamente.

» A terceira pista contém o registro do trem de ondas, apresentando na forma de


assinatura de onda ou de intensidade variável (VDL). A escala horizontal usual é de
200 a 1200 microssegundos.

CBL: Cement Bond Logging


O ‘perl de aderência do cimento’ (Cement Bond Log) é o registro contínuo da amplitude, em
milivolts (mV), do primeiro sinal que chega ao receptor distante 3 pés do transmissor, sendo
geralmente este sinal aquele que viaja pelo revestimento. A interpretação desse perl se baseia nesta
premissa, a de que o sinal do revestimento chegará antes de qualquer outro. Em revestimentos onde
não tem cimento (livres) isto será sempre verdade. Em intervalos bem cimentados, a depender das
propriedades acústicas da formação e da espessura de cimento do anular, isto pode não acontecer.

126
USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE VIII

Altos valores de amplitude correspondem à ausência de cimento ou de aderência na interface,


enquanto baixos valores correspondem à presença de cimento no anular. A variação da amplitude
irá indicar a qualidade da aderência, e isto ocorre da seguinte forma.

» Amplitude atenuada: menor que 10 mV, indica boa aderência cimento-

-revestimento.

» Amplitude alta: maior que 10 mV, indica má aderência.

Este perl é conhecido como aquele que eetua o controle de aderência entre cimento e revestimento.
As variações de amplitude indicam mudanças na resistência do cimento à compressão, na
percentagem da circunerência cimentada. Por último, cabe ressaltar que este perl é sensível à
presença de microanular.

VDL: Variable Density Logging


» O ‘perl de densidade variável’ (Variable Density Log) é um registro contínuo
de trem de ondas, na orma de traços de luminosidade variável, que chega ao
receptor distante 5 pés do transmissor. O perl avalia a qualidade da cimentação
investigando a aderência do cimento ao revestimento, mas, principalmente, do
cimento à formação.

» A orma de apresentação mais utilizada pelas companhias é por meio do perl de


densidade variável (VDL), também chamado de microssismograma. Os sinais são
exibidos no osciloscópio e convertidos em aixas de luz com intensidade luminosa
variável em unção da sua amplitude. O VDL é a melhor apresentação quando se
quer uma melhor visão global do poço, sendo undamental para se interpretar a boa
aderência entre cimento-formação.

» Quando a orma do microssismograma tem a aparência de linhas paralelas claras


e escuras, o registro estaria indicando ausência de cimento ou má cimentação. A
aparência de uma zona bem cimentada pode mostrar aixas onduladas no registro.

Exemplos de interpretação de registros

Revestimento livre
A Figura 15 apresenta um perl CBL/VDL, característico de um revestimento livre (espaço não
preenchido com cimento). Devido à homogeneidade do meio (fuido no anular), os sinais são
uniormes, alternando aixas paralelas claras e escuras, bem distintas. Os sinais da ormação não
são registrados. Existem muitos sinais secundários causados por refexões das luvas de revestimento
(conexões), que chegam ao receptor. Em rente às luvas do revestimento livre é observado o

127
UNIDADE VIII │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO

efeitochevron, que são marcas em orma de ‘w’ causadas por refexões devido à descontinuidade do
metal nas luvas.

Figura 15. Revestimento livre

(VICENTE, 1992).

Boa aderência entre revestimento, cimento e


formação
No registro CBL vão se observar baixas amplitudes com valores menores de 10 milivolts; e no
registro VDL, as aixas são registradas em orma sinuosa. Quando há aderência entre o cimento,
revestimento e formação, a energia acústica propaga-se pela formação como ondas longitudinais
e transversais, sendo registradas na orma de aixas sinuosas devido à heterogeneidade do meio
(Figura 16).

Figura16. Boa aderência revestimento – cimento – formação

(VICENTE, 1992).

128
USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE VIII

Boa aderência entre revestimento e cimento /


Aderência ruim entre cimento e formação
No registro CBL, observam-se baixas leituras de amplitude (menor de 10 mV) e no VDL sinais racos
do cimento – ormação (Figura 17).

Figura 17. Boa aderência entre revestimento e cimento /Aderência ruim entre cimento e formação

(VICENTE, 1992).

Microanular em revestimento bem cimentado


Em registros no VDL observa-se amplitude alta ou moderada. No VDL o registro apresenta forte
sinal do revestimento e da ormação mostrando linhas sinuosas (Figura 18).

Figura 18. Microanular em revestimento bem cimentado

(VICENTE, 1992).

129
UNIDADE VIII │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO

Outros perfis utilizados


Uma outra erramenta utilizada é o perl ultrassônico. O princípio de uncionamento pode ser
mostrado na Figura 19, na qual mostra um desenho esquemático da erramenta. Esta erramenta
é chamada de CET (cement evaluation tool) ou erramenta de avaliação do cimento. O registro
é chamado de CEL (cement Evaluation Log) ou perl ultrassônico.A erramenta consta de oito
transdutores colocados helicoidalmente em dierentes posições, de tal orma que cada um avalie
45º da circunerência. Um nono transdutor, com distância conhecida de um refetor, é posicionado
logo abaixo do centralizador inerior e mede a velocidade acústica no fuido do poço (Figura 19 a).

A apresentação do perl é mostrada na Figura 19 b. Na primeira pista aparecem quatro registros: o


CCL, GR, ECCE e o CALU.

» O CCL (Casing colar locator), é o registro de uma erramenta acústica que detecta as
luvas do revestimento e fornece a informação da profundidade.

» O GR (Gama Ray), é o registro de uma erramenta radioativa, e sua unção é detectar


as camadas de olhelho que possam aparecer dentro da ormação.

» O ECCE é um registro que mede a excentralização da erramenta em polegadas e é


usada para o controle de qualidade.

» O CALU ou caliper acústico é o registro que mede o diâmetro do poço.

Na segunda pista aparecem os registros chamados de DEV. WWM, CSMX, CSMN e RB, os quais
serão descritos a seguir.

» O DEV mede o desvio da erramenta dado em graus, é uma inormação auxiliar.

» O WWM mede a impedância acústica normalizada obtida dos transdutores.

» O CSMX e o CSMN medem a resistência compressiva máxima e mínima,


respectivamente.

» O RB mede a rotação da ferramenta e permite o controle do movimento de rotação


da erramenta no interior do poço e a identicação geométrica de possíveis alhas
na cimentação. Muito útil em poços direcionais.

130
USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE VIII

Figura 19. Ferramenta CET e apresentação do perfil CEL

(VICENTE, 1992).

Finalmente, na terceira pista, aparece a superfície cilíndrica do poço colocada em forma planar
(em duas dimensões), mostrando na cor branca onde estaria altando cimento e na cor escura onde
teríamos uma boa cimentação. A diferença do CBL- VDL, não é possível determinar em que interface
estaria altando cimento, ou seja, se é na interace cimento- revestimento ou na interace cimento-
formação. Na verdade, ele completa a avaliação da qualidade da cimentação em combinação com o
perl CBL/VDL.

Cuidados na perfilagem sônica


Os principais cuidados durante uma perlagem sônica são enumerados a seguir.

» Vericar o posicionamento dos revestimentos.

» Pesquisar anormalidades ocorridas durante a cimentação primária.

» Vericar o tipo de pasta, peso e topos de revestimento previstos.

» Vericar se estão previstas estimulações ou injeção de água ou gás (maior rigor


na avaliação da cimentação para os casos em que o revestimento or trabalhar
pressurizado).

» Vericar o tempo entre término da cimentação primária e a corrida do perl –


cimento aumenta a resistência com o tempo. (VICENTE, 1995)

131
UNIDADE VIII │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO

Cimentação forçada (squeeze) e


recimentação
As duas técnicas são parecidas, pois visam à colocação do cimento no espaço anular (entre o
revestimento e a formação). No entanto, a diferença básica entre os dois processos se distingue pela
sua nalidade. Assim, uma recimentação é realizada quando a cimentação primaria oi deciente e
os pers sônicos estão mostrando um erro nos resultados. Já na cimentação orçada, o trabalho de
cimentação primária oi realizado com sucesso, mas com o passar do tempo houve uma migração
de fuidos indesejados e existe a necessidade de que os canhoneados realizados sejam obturados.

Cimentação forçada (squezze)


A nalidade básica de uma compressão de cimento para o tamponamento de canhoneados é impedir
o luxo de luidos por meio deses canhoneados, entre a ormação e o interior do revestimento
ou vice-versa. Os problemas mais comuns que geram intervenções para tamponamento de
canhoneados são aqueles relacionados com a excessiva produção de água ou gás.

Uma razão água-óleo (RAO) elevada apresenta várias desvantagens como perda de energia do
reservatório, dispêndio de energia em elevação articial e custos com tratamento e descarte, além
de riscos de degradação ao meio ambiente. Uma elevada produção de água pode ser consequência
da elevação do contato óleo, devido ao mecanismo de produção (infuxo de água). O aparecimento
de água é normal em um reservatório com infuxo de água. Se a zona produtora é grossa, podem-se
tamponar os canhoneados e recanhonear apenas na parte superior, o que resolve o problema
temporariamente. Uma razão gás-óleo alta pode ter como causa o próprio gás dissolvido no óleo ou o
gás de uma camada adjacente ao reservatório. Este problema pode ser contornado temporariamente
por meio das técnicas de compressão de cimento.

As operações com cimento na completação podem ser classicadas, quanto ao nível de pressão
utilizada, em operações à baixa pressão e operações à alta pressão. Nas operações à baixa pressão,
o cimento é colocado nas posições desejadas sem que se rature qualquer zona, e à alta pressão,
raturando-se alguma ormação. O entendimento deste assunto é requisito mínimo necessário ao
prossional que se propõe a trabalhar com cimento na completação.

Compressão de cimento à baixa pressão

A pasta de cimento é uma suspensão de partículas sólidas de cimento disperso em água. Na técnica
à baixa pressão, a pasta, sujeita a um dierencial de pressão poço-ormação, perde parte da água de
mistura para o meio poroso e um reboco de cimento parcialmente desidratado é formado. Ao término
deste processo de ltração, todo o canhoneado está preenchido por reboco de cimento (Figura 20), e
por este reboco ter uma permeabilidade bastante baixa, a pressão na superície estabiliza-se.

132
USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE VIII

Figura 20. Processo de filtração

Modificado de Vicente et al., 1995.

É de undamental importância o conhecimento e controle das pressões envolvidas na operação. É


bom observar que uma coluna cheia de pasta com peso especíco 15,8 lb/gal pode quebrar uma
ormação com gradiente de ratura igual ou inerior a 0,82 psi/pé, sem pressão adicional na cabeça.

Nos trabalhos à baixa pressão, é essencial que os canhoneados, as canalizações e as cavidades a


serem preenchidas com cimento estejam desobstruídas de lama e/ou sólidos e que contenham um
fuido penetrante a ser deslocado pela pasta de cimento para a ormação permo-porosa, seja fuido
de completação isento de sólidos, seja fuido produzido de algum intervalo permo-poroso.

A pasta ideal em uma operação com cimento deve ter uma taxa de desidratação controlada, de
orma a permitir a deposição uniorme do reboco sobre toda a superície permeáve; preencher os
vazios e as canalizações por detrás do revestimento; preencher os túneis de canhoneio; e deixar
pequenos nódulos dentro do revestimento. Nessa situação, o restante da pasta permanece fuida no
interior do poço, podendo ser removida por circulação (VICENTE et al., 1995).

Compressão de cimento à alta pressão

Em alguns casos, com ormações de baixa permeabilidade, o squeeze à baixa pressão pode não ser
possível, de orma a permitir que a pasta ocupe os espaços desejados. Alguns autores acreditam
que a criação de uma ratura, a m de permitir a comunicação entre poço e esses espaços a serem
preenchidos com cimento, pode ser uma solução. É importante observar que deve ser criada uma
pequena ratura, e que a operação deve ser concluída a uma pressão abaixo da pressão de quebra
da formação.

Entretanto, mesmo com a utilização de uma boa técnica, a técnica de alta pressão envolve uma
série de riscos que podem comprometer o sucesso da operação, sendo recomendado, sempre que
possível, as operações à baixa pressão.

Como exemplos de riscos têm-se: a possibilidade da criação de grandes raturas que podem propiciar
a comunicação indesejada de zonas que se pretendia isolar; o desenvolvimento de uma direção
preerencial ditada pelo estado de tensões da rocha; a ratura pode não interceptar o canal que
se pretendia eliminar; a ratura pode se estender ao longo de um intervalo com boa cimentação e
comunicação entre zonas indesejadas.

133
UNIDADE VIII │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO

Existem duas técnicas mais usadas no processo de squezze, uma delas é chamada de tampão
balanceado e, a outra, é chamada de injeção direta. A técnica de tampão balanceado é normalmente
empregada em operações à baixa pressão, sendo que os volumes da pasta de cimento, do colchão
espaçador à frente e atrás da pasta e do deslocamento são calculados de forma a se obter um tampão
balanceado hidrostaticamente.

A partir daí a pasta é comprimida segundo a técnica de hesitação. Hesitação é uma técnica de
compressão geralmente utilizada em operações à baixa pressão, na qual a pasta é comprimida em
intervalos regulares para diversos níveis de pressão. Após a pressurização inicial, sempre inerior
à pressão de quebra, aguarda-se, examinando-se a curva de pressão registrada na superície. O
aumento do raio de curvatura da queda de pressão indica a formação de reboco, ao passo que uma
curvatura de raio constante nos diversos ciclos indica a injeção de pasta em alguma cavidade por
detrás do revestimento ou a existência de uros ou vazamentos no interior do poço. Após a conclusão
da compressão, é necessário liberar a pressão da tubulação. Mesmo em intervalos fraturados, a
técnica de hesitação é aplicável, com resultados plenamente satisatórios, sendo recomendado usar
pastas com maior ltrado API. Nos casos de zonas raturadas onde não se consegue atingir pressões
estabilizadas, é conveniente que, após se injetar um volume desejado de pasta, se eche o poço e
aguarde a pega da pasta.

Uma operação considerada ideal é aquela em que tudo acontece de acordo com o previsto, sem
sobressaltos, resultando em testes de pressão positivos. No caso de correções de cimentação
primária, é recomendável que não se sonegue pasta, caso a operação esteja exigindo, visto que se
pretende preencher completamente o restante do anular que não tenha sido preenchido durante a
cimentação primária (VICENTE et al., 1995).

Recimentação
É a técnica a ser utilizada quando os pers sônicos indicam má cimentação onde o isolamento
hidráulico está sendo exigido. A ausência de cimento em determinados trechos pode ser decorrência
de entupimentos do anular, por carreamento de detritos durante a cimentação primária, gerando
incremento da pressão de circulação e o fraturamento de alguma formação, ou também pode ser
decorrência de sobredeslocamento da pasta. A recimentação consiste basicamente na circulação de
colchões lavadores, colchões espaçadores e pasta de cimento entre os pontos previamente perurados,
de orma similar a uma cimentação primária. Como diretriz, a recimentação deve ser executada o
mais breve possível, logo após o término da cimentação primária, onde tenha se vericado indícios
de alhas. Isto se deve ao ato de que o fuido de peruração em repouso no anular pode ocasionar
decantação dos sólidos, inviabilizando a circulação da pasta de cimento.

Um retentor de cimento é, então, assentado próximo e acima do canhoneado inerior. Os retentores


de cimento têm constituição semelhante ao tampão mecânico e possuem uma válvula para evitar o
retorno da pasta de cimento para da coluna após a circulação da pasta e o desencaixe do retentor,
reduzindo também o perigo de prisão da ferramenta pela deposição de pasta sobre o packer
(VICENTE et al., 1995).

134
CAPÍTULO 4
Canhoneio

O requisito mínimo para que possa haver algum sucesso na completação de um poço é o
estabelecimento de uma comunicação limpa e eetiva entre o poço e a ormação. A maximização
do potencial de produção dos hidrocarbonetos existentes em um reservatório somente pode ser
alcançada com a minimização das restrições ao fuxo.

No iníciodos anos 1930, oi desenvolvido o equipamento que permitiu a peruração do revestimento
E composto por cargas explosivas chamadas cargas à bala (bullet charges), eram montadas em
série sobre um suporte metálico e introduzidas em um tubo. O conjunto oi chamado de canhão
de peruração (perfurator gun) e era descido com auxílio de um cabo de perlagem. A penetração
média dos projéteis cava entre 1 e 2 polegadas (Figura 21).

Figura 21.

(BIANCO & VICENTE, 2009).

135
UNIDADE VIII │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO

Até nal da década de 1940, a maioria das operações de canhoneio realizada utilizava lama de
peruração como fuido de amortecimento e dierencial de pressão sentido poço-ormação, conhecido
como canhoneio sobrebalanceado (overbalanced perforating), no momento do canhoneio.

Em 1946, começaram as experiências de canhoneio utilizando cargas explosivas, moldadas com


cavidade revestida por cone metálica. Quando o explosivo de carga moldada é detonado, uma onda
de alta pressão de aproximadamente 3.500.000 psi é gerada. Sob a ação dessa onda de pressão, o
metal ragmenta-se e é atirado na direção do seu eixo axial ormando um jato metálico (Figura 22).
Essas cargas, que oram chamadas de cargas a jato, possibilitaram obter perurações com penetração
duas vezes superiores às obtidas pelas perurações à bala.

Figura 22.

(BIANCO & VICENTE, 2009).

A partir de 1948, o processo de desenvolvimento das técnicas de canhoneio oi acelerado. Uma
extensa série de testes de perormance com cargas à bala e a jato oram realizados, revelando o
grande potencial de penetração das cargasa jato e a imprevisibilidade do resultado das cargas à bala
(Figura 23).

Figura 23.

(BIANCO & VICENTE, 2009).

136
USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE VIII

No início dos anos 1970, o canhoneio à bala já tinha sido praticamente abandonado, considerando-
se a utilização do canhoneio a jato com cargas moldadas. O canhoneio subbalanceado estava sendo
bastante empregado. Esta técnica consiste em criar um diferencial de pressão no sentido formação
para o poço aplicado no momento do disparo das cargas (underbalanced perforating). (BIANCO;
VICENTE, 2009).

O sistema Underbalanced, que permite uma indução de um fuxo da ormação para o poço,
imediatamente após o canhoneio, possibilitava uma melhora signicativa na produtividade dos
canhoneados, uma vez que possibilitava a remoção da parte dos resíduos existentes no interior dos
furos e da matriz da formação.

Na Figura 23, podem-se observar os testes realizados em dierentes tipos de ormações nos
Estados Unidos, usando dierentes esorços compressivos (compressive strenght) e a profundidade
de penetração atingida pelas cargas à bala em polegadas (inches) e notamos como a penetração
decresce quando a resistência à penetração do revestimento e à formação aumentam.

Entre as vantagens que podem ser mencionadas usando o método de canhoneio, podemos
mencionar a capacidade de viabilizar a produção de fuido de ormações em poços que se encontram
já revestidos, agregando mais estabilidade à completação; e a seletividade na produção, devido aos
diversos níveis da ormação em que ocorrem os disparos do canhão.

Explosivos
Os explosivos oram inventados, inicialmente, na China e, depois, oram passando por modicações
segundo sua composição química. Assim, eles podem ser classicados como de baixos explosivos,
altos explosivos e altos explosivos primários e secundários.

» Os baixos explosivos são usados nas modernas aplicações de campo como cargas
de pólvora, cargas à bala e a propelentes para uso no assentamento de erramentas.

» Os altos explosivos são utilizados nas cargas moldadas, nos cordões detonantes,
nos detonadores e nas espoletas. Os altos explosivos podem ser subdivididos de
acordo com a sua velocidade de reação e pressão de combustão em: altos explosivos
primários e altos explosivos secundário.

» Os altos explosivos primários são mais sensíveis e áceis de detonar por choque,
ricção e calor. Por razões de segurança, altos explosivos primários, como a azida de
chumbo, são usados somente em detonadores elétricos ou de percussão.

» Os altos explosivos secundários são menos sensíveis e requerem onda de choque


de alta energia para iniciar a detonação (usualmente ornecida por altos explosivos
primários). São utilizados em todas os outros elementos da série balística
(cordões detonantes, iniciadores e cargas moldadas). RDX (Research department
composition X), HMX (high molecular weight RDX), HNS (hexanitroestilbeno) e

137
UNIDADE VIII │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO

PYX (picrilaminodinitro-piridina) são altos explosivos secundários mais utilizados


no canhoneio de poços de petróleo (Figura 24).

Figura 24. Tipos de explosivos

(BIANCO; VICENTE, 2009).

» A velocidade de reação, a pressão de combustão e a sensitividade dos explosivos


químicos são afetadas fortemente pela temperatura em que eles operam.
Consequentemente, máximas temperaturas de segurança são denidas para todos
os explosivos.

Cargas moldadas
As cargas moldadas foram inicialmente desenvolvidas e usadas na II Guerra como arma antitanque.
Uma carga moldada para canhoneio a jato é constituída por um invólucro externo, uma carga
principal de alto explosivo, uma carga iniciadora e um liner.

Figura 25. Componentes de uma carga moldada

(BIANCO; VICENTE, 2009).

138
USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE VIII

» O invólucro externo é um vaso de contenção projetado para suportar as orças de


detonação da carga durante a ormação do jato. Esse invólucro é também importante
na prevenção de intererências com as cargas adjacentes, ao longo da sequência de
disparos.

» A carga principal de explosivo deve ser compatível com a temperatura da operação.


O explosivo é prensado mecanicamente no interior do invólucro externo pelo cone
metálico. Quanto mais homogênea a distribuição da mistura de explosivos sob
o cone metálico e uniorme sua espessura, melhor a ormação do jato e maior a
penetração.

» O iniciador realiza a ligação entre o cordão detonante e a carga principal de explosivo.


É geralmente composto do mesmo material explosivo da carga principal, mas com
maior sensibilidade devido ao menor tamanho da partícula.

» O liner, revestimento cônico metálico, ou ainda simplesmente cone, é colapsado


sob a força de detonação da carga principal, contribuindo assim para a formação
do jato. Inicialmente os liners eram abricados de metal sólido. Essas cargas
produziam, com sucesso, jatos de alta densidade, mas tendendo a tampar o túnel
canhoneado com grande quantidade de resíduos. Nas cargas mais modernas, os
liners são abricados com uma mistura de metais pulverizados, que produzem jatos
com densidade suciente para uma grande penetração na ormação, com uma
razoável redução na quantidade de resíduos. Os materiais que comumente compõe
os liners podem ser cobre, zinco, tungstênio, estanho e chumbo.

Como eeitos negativos das cargas moldadas, é possível armar que no momento do disparo, os
túneis sorem obstrução, sendo preenchidos por uma “cenoura”, ormada por resíduos sólidos da
detonação do explosivo, restos do metal do liner e outras partículas existentes na lama ou fuido
no poço, assim com das partículas nas de areia quebrada e fuido de peruração e eeito de
esmagamento e compactação dos grãos de areia ao redor do furo.

Canhão
Um canhão é composto por uma sequência de cargas moldadas, xadas a um tubo. Um cordão
detonante percorre todas as cargas, ligando-as na sequência da detonação. O iniciador da onda de
detonação é chamado detonador e pode ser de iniciação elétrica ou por impacto. É conectado a uma
extremidade do cordão detonante e tem vital importância na segurança do sistema.

No detonador elétrico, a seção de ignição é energizada pela passagem de corrente por meio de dois
resistores, causando aquecimento de um lamento e ignição de um componente de queima (ósoro
ou pólvora). A queima deste componente detona uma carga primária, que detona a carga da seção
de impulsão por propagação da onda de choque pelo ar existente no espaço entre as duas cargas.

A temperatura e a pressão de operação para as aplicações expostas são críticas e nunca devem ser
excedidas, sob risco de ocorrer a autodetonação.

139
UNIDADE VIII │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO

Figura 26. Esquema de um detonador elétrico

(BIANCO; VICENTE, 2009).

Os canhões podem ser classicados basicamente em duas categorias principais, segundo suas
características operacionais: canhão recuperável (retrievable hollow carrier gun) e canhão não
recuperável (expendable gun).

Canhão recuperável
Consiste em um cilindro de aço especial com uros onde as cargas são alojadas e seladas à pressão
atmosférica no interior da carcaça. Eles podem ser descidos no poço pelo cabo ou com a coluna de
produção. Apresenta como principais vantagens a alta eciência, devido ao sistema de carga estar
protegido pela carcaça; alta resistência mecânica; rapidez na operação;resistência a altas pressões
e temperaturas; possibilidade de ser descido várias vezes; não deixar detritos no interior do poço e
não causar deormação no revestimento (Figura 27).

Figura 27. Canhão recuperável

(BIANCO; VICENTE, 2009).

140
USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE VIII

Canhão não recuperável


Neste caso as cargas são moldadas em sedes de vidro, cerâmica, plástico ou alumínio, que se quebram
durante o disparo, sendo descidas no poço em suportes metálicos utilizados normalmente uma
única vez. São descidos a cabo e têm menor poder de penetração do que os canhões recuperáveis.
Outra desvantagem são os detritos deixados no poço e a possibilidade de causar deormação no
revestimento (Figura 28).

Figura 28. Canhão não recuperável

O mau uncionamento de um canhão pode estar relacionadoa um ou mais motivos, presença de água
no canhão, no cordão detonante ou na carga principal; insuciência de corrente elétrica; detonador
deeituoso ou de baixa qualidade; liner incorretamente posicionado, entre outros. A norma API
RP-43 padroniza os testes para avaliação do desempenho das cargas e dos sistemas de canhoneio.

Classificação
Quanto ao sistema de classicação do canhoneio, este se dá em unção da pressão exercida junto à
ormação. O processo pode ser caracterizado como Overbalance, Underbalance ou ainda Extreme
Overbalance.

Overbalance
O método de Overbalance baseia-se em uma pressão positiva do poço em relação à formação,
exercida pelo fuido presente no poço (fuido de completação). Devido a esse dierencial de pressão,
logo após o canhoneio acaba ocorrendo uma invasão do fuido de completação dentro da área
canhoneada, contaminando as imediações do poço. Isto representa perigo para a completação, pois
caso haja uma incompatibilidade entre o fuido e as argilas da ormação, então, pode-se provocar
um dano tal que só seja possível a descontaminação por meio de tratamento químico especíco, o
que acarretaria mais gastos com o poço.

Além disso, outro problema que ocorre no processo de Overbalance é a compactação dos detritos
da explosão nos poros da ormação. O fuxo que se inicia após o disparo acaba por empurrar os
resíduos dos explosivos, do cimento e do revestimento, assim como outras partículas existentes na
lama ou no fuido de completação, em direção aos poços da ormação. Este enômeno é chamado
tamponamento, e vem a dicultar o fuxo de fuido da ormação em direção ao poço, implicando
queda de produtividade.

141
UNIDADE VIII │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO

Underbalance
O método de Underbalance, como o próprio nome já sugere, tem como mecanismo principal o
inverso do Overbalance. Isto signica que agora a pressão exercida é no sentido da ormação para
o poço. Este método busca solucionar as deciências apresentadas pelo Overbalance. O dierencial
contrário de pressão passa a ser, neste novo caso, avorável à limpeza dos detritos do canhoneio
imediatamente após a explosão, prevenindo o tamponamento. Outra vantagem é que, se o fuxo
tende a ser da ormação para o poço, então também não deve haver contaminação da ormação pelo
fuido do poço.

Para o canhoneio por Underbalance é necessário que o poço seja totalmente completado antes de
se iniciar o processo, visto que a pressão negativa no poço em relação à formação indica que, logo
após os disparos ocorram, o poço dará início à produção do fuido da ormação. Essta capacidade de
início imediato da produção é uma das principais vantagens do Underbalance.

Em muitos casos, a técnica de Underbalance é considerada a mais adequada para a completação,


entretanto não se pode generalizar tal adequação. Apesar de bastante conhecida, esta técnica não
pode ser tida como totalmente dominada. Inúmeros problemas já oram constatados, envolvendo
deormação nos revestimentos, instabilidade e colapso dos uros canhoneados com consequente
produção de areia. Portanto, deve-se estudar cautelosamente os impactos deste tipo de canhoneio
na formação.

Em geral o Underbalance é preferível ao Overbalance, devido à limpeza dos detritos da explosão, o


que desobstrui as vias para escoamento do fuido da ormação. Porém, algumas pesquisas indicam
que, para reservatórios de gás altamente pressurizados, o canhoneio com Overbalance pode obter
melhores resultados que aquele com Underbalance.

Extreme Overbalance (EOB)


Este método é uma variação do primeiro apresentado (Overbalance) e baseia-se em uma altíssima
pressão no sentido do poço para a ormação. Os principais objetivos do EOB são basicamente limpar
os túneis dos canhoneados dos resíduos sólidos ou depositados, resultantes do disparo das cargas, e
criar raturas de pequena penetração e alta condutividade que ultrapassem a região danicada pelo
fuido de peruração e pelo próprio canhoneio, ampliando o raio de drenagem do poço (Figura 29).
Para a eetivação dessas metas, dois processos são combinados:

» o grande excesso de pressão e a ação do fuxo de fuido e gás pelos canhoneados,


no momento do disparo das cargas, asseguram a completa remoção de quaisquer
resíduos que possam bloquear a entrada dos canhoneados, orçando-os para o
undo dos túneis;

» a alta pressão no poço, em excesso relativamente às tensões naturais da rocha, resulta


em ruptura abrupta da formação, criando fraturas radiais, de pequena penetração,
a partir do túnel canhoneado, cuja extensão ultrapassa a zona danicada pelo fuido
de peruração e pelo próprio canhoneio do poço.

142
USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE VIII

A elevada pressão no EOB é produzida por aplicação direta na cabeça do poço. Os fuidos utilizados
no poço são um fuido de completação e N2 (gás). Como resultado desse processo, tem-se uma
eciência de quase 100% do canhoneio, com a maioria dos canhoneados aptos a contribuir para o
fuxo de hidrocarbonetos. Com o emprego desta técnica ,obtiveram-se resultados surpreendentes,
que aparentemente superam as diculdades encontradas no uso das técnicas convencionais.

Figura 29. Extreme overbalance

(BIANCO; VICENTE, 2009).

Apesar de essa técnica estar se diundindo rapidamente, a experiência das companhias operadoras
e de serviço nesse tipo de completação ainda é pequena. Poucas operações oram realizadas, e por
isso os resultados ainda são bastante discutíveis (BIANCO; VICENTE, 2009).

Tipos de canhoneio
Como refexo de constantes pesquisas e inovações na busca por melhora de produtividade,
dierentes tipos de canhoneio oram surgindo ao longo do tempo, entre os quais podemos mencionar
principalmente os seguintes: Through Tubing (TT), Convencional (Casing gun), e Tubing-conveyed
Perforation (TCP), como aparece na Figura 30.

» Through Tubing: consiste no canhoneio do revestimento em um intervalo abaixo da


extremidade da coluna, com o uso de cargas unidirecionais, e necessita que a coluna
seja gabaritada para dar suporte à estrutura. Esse tipo de canhoneio oi inicialmente
desenvolvido para atender ao processo de Underbalance, pois a utilização do
obturador (packer) limita a pressão hidrostática dentro do poço. Inelizmente
alguns problemas puderam ser observados, tais como baixa perormance, problemas
mecânicos e operacionais e quantidade excessiva de resíduos decorrentes das cargas

143
UNIDADE VIII │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO

usadas. Este sistema é amplamente usado em reservatórios com alta porosidade e


permeabilidade.

Figura 30. Tipos de canhoneio

Modificado de Thomas, 1997.

» Casing Gun: para alguns trabalhos pode ser eetuado usando canhões recuperáveis,
descidos por cabo ou com tubulação (tubing). Usa grandes cargas que ornecem
grande proundidade de penetração e oriícios maiores. Usa de preerência o
sistema overbalance, sendo a pressão no poço ligeiramente maior que a pressão
de ormação e, posteriormente, é eetuado um trabalho de pistoneio para induzir o
fuxo. Pode existir a possibilidade de estimular o poço para obter uma boa produção.

» Tubing–conveyed: o TCP– tubing-conveyed perforation, apresentado pela


primeira vez em 1972, acopla um canhão de grande diâmetro (até 7”) e um
“obturador” (packer) à coluna de produção, que por sua vez é descida no poço
totalmente equipada e instalada no cabeçal com a árvore de natal. Ele também
foi desenvolvido para atender ao underbalanced. O canhão pode ser disparado de
orma hidráulica (através de pressão na cabeça do poço), elétrica (com um conector
a cabo) ou mecânica. Nesse último caso, o acionamento se dá com o lançamento de
uma barra de impacto no interior da coluna (Figura 31).

144
USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE VIII

Figura 31. Canhoneio TCP (Tubing Conveyed Perforator)

( BIANCO; VICENTE, 2009).

Após o disparo, o canhão é desconectado e abandonado temporariamente no undo do poço,


enquanto se processa a produção do fuido da ormação. Uma vez desinstalado o packer, torna-se
possível conectar de novo o canhão e trazê-lo de volta à superície.

Vantagens do TCP

» Otimização do dierencial negativo de pressão entre os fuidos da ormação e do


poço, aumentando a quantidade de oriícios desobstruídos em condições de fuir.

» Otimização do aastamento entre o canhão e o revestimento, devido ao uso de


diâmetro adequado do canhão para um dado revestimento, obtendo-se assim
máxima eciência tanto em penetração quanto em diâmetro de oriício.

» Aumento na densidade das perurações. Possibilidade de se disparar até 12 tiros por


pé em revestimentos de 7”, com canhões de 5” e até 6 tiros por pé em revestimentos
de 5” ,com canhões de 3 3/8”.

» Maior segurança no canhoneio, devido à coluna estar no undo com o packer


assentado e o equipamento de superfície testado.

» Possibilidade de se evitar uturas estimulações, principalmente em reservatórios


sensíveis ao dano pela invasão de fuido.

145
UNIDADE VIII │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO

Desvantagens do TCP.

» Maior custo do que os canhoneios convencionais.

» Necessidade de se manobrar com a coluna de produção no caso de alha ou de se


checar o mecanismo de disparo do canhão.

» Necessidade do canhão permanecer no undo até uma próxima intervenção no


poço, caso o mesmo entre em produção após o canhoneio.

Controle da profundidade
Os intervalos a serem perurados e completados são escolhidos a partir dos pers corridos a poço
aberto, sendo que, para eetuar o canhoneio, se az necessário ter um perl para correlação que
unciona a poço aberto e revestido. Geralmente se usa um perl de raios gama (GR) que apresenta
a medida da radioatividade natural das ormações, sendo que em rochas sedimentares dá uma ideia
do teor de olhelhos.

Juntamente com o GR corre um perl localizador de luvas conhecido como CCL (Casing Collar
Locator), que tem a proundidade amarrada ao GR e, portanto, relacionada ao perl básico. O
conjunto GR/CCL é conhecido como perl de controle de canhoneio ou PDCL (Perforation Depth
Control Log),

A proundidade das luvas deve ser ajustada correlacionando-se o GR/CCL com o perl GR corrido a
poço aberto no período da perfuração. Todas as medidas de profundidade posteriores vão se referir
a este perl GR/CCL). A utilização desses pers é simples e as possibilidades de erros no controle de
proundidade são remotas (Figura 32).

Figura 32. Controle da profundidade

(BIANCO; VICENTE, 2009).

146
USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE VIII

Eficiência de canhoneio
As técnicas e os equipamentos empregados na completação de poços têm como objetivo principal
maximizar a produtividade dos mesmos, reduzindo ao mínimo as restrições ao fuxo entre o
reservatório e o poço. Diversos atores, durante a ase de peruração e completação, contribuem para
que haja restrição ao fuxo, sendo alguns relacionados ao canhoneio e às condições em que o mesmo
oi eetuado. Há três conjuntos de parâmetros que devem ser controlados, a m de maximizar a
vazão de um poço:

» limpeza dos oriícios;

» atores geométricos do canhoneio;

» eeito de película (skin effect).

Limpeza dos orifícios


Independentemente do método de canhoneio empregado, a desobstrução dos oriícios produzidos
pela carga do canhão é de vital importância.

Nos canhoneios em que o dierencial de pressão é positivo (pressão hidrostática maior que a da
formação), torna-se necessário induzir surgência no poço por meio de uma operação de pistoneio.
Ao se aliviar a pressão hidrostática, apenas alguns oriícios serão desobstruídos, permanecendo
outros tamponados.

Fatores geométricos
Os atores geométricos mais relevantes para o estudo da eciência de canhoneio são: densidade
de tiros; proundidade de penetração; deasagem entre os tiros; distância entre o canhão e o
revestimento; diâmetro do oriício.

Densidade de tiros

A vazão e a queda da pressão através dos oriícios do canhoneio são proundamente aetados pela
densidade de tiros. Estudos mostram que ao aumentar-se a densidade para até 12 tiros por pé,
consegue-se um aumento da vazão do poço, desde que haja um direcionamento adequado dos tiros,
a m de se evitar eeitos de intererência de fuxo.

Profundidade de penetração

A proundidade de penetração dos tiros é muito importante, pois, para que seja eetivo, o canhoneio
necessita ultrapassar a zona danicada durante a peruração (conorme anteriormente comentado).
Experimentalmente pode se vericar a ocorrência de um aumento signicativo da produtividade
quando o disparo ultrapassa a zona danicada.

147
UNIDADE VIII │ USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO

Defasagem entre tiros

A deasagem entre os tiros é causada pela distribuição angular das cargas no canhão. Um mesmo
número de tiros por pé, quando disparados em dierentes direções, produz maior relação de
produtividade.

Distância entre o canhão e o revestimento

A distância que separa o canhão do revestimento deve ser a menor possível, a m de não comprometer
a penetração do disparo. No caso do canhão ser do tipo multidirecional, seu diâmetro deve ser o
maior possível, compatível com o do revestimento, para que o eeito adverso acima relacionado seja
desprezível e a técnica, efetiva.

Diâmetro do orifício

Sob circunstâncias normais, o diâmetro do oriício de canhoneio aeta muito pouco a vazão do poço.
Entretanto, se um ltro de areia or utilizado, deve-se azer uso do maior oriício de entrada possível,
pois quanto maior o seu diâmetro, menor a perda de carga.

Efeito de película (SKIN EFFECT)

O eeito de película resulta da redução da permeabilidade da ormação nas vizinhanças do mesmo,


causada pelas operações de peruração e completação e produção do poço. Essa restrição ao fuxo
pode ser detectada em testes de formação pelo skin que, na maioria dos casos, pode ser subdividido
em três atores relacionados à causa do dano (Figura 6.13).

» Dano devido ao fuxo convergente (S1): causado pelas mudanças de direção


do fuxo quando os fuidos do reservatório atingem os uros do canhoneio; assume
um papel signicativo nos casos de altas vazões.

» Dano de ormação propriamente dito (S2) – causado na maioria das vezes


pela invasão de fuidos incompatíveis com a ormação, a presença de reboco e
cimento, e a expansão de argilas.

» Dano devido à compactação (S3) – resultante da ação compressiva dos jatos


durante o canhoneio, originando uma zona de permeabilidade reduzida ao redor
do furo.

148
USO E AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CIMENTAÇÃO NA COMPLETAÇÃO │ UNIDADE VIII

Figura 33. Tipos de dano

(BIANCO0; VICENTE, 2009).

Mediante um correto planejamento da operação de canhoneio, é possível minimizar o eeito de


película, escolhendo de orma mais adequada os parâmetros geométricos, o fuido do poço, e
promovendo uma efetiva limpeza dos orifícios .

Segurança
A questão da segurança é crítica quando se trata de operações em que se emprega o uso de explosivos,
e o canhoneio é uma delas. Portanto, a atenção dispensada a este item deve ser exagerada e cumprida
à risca.

Todos os procedimentos da legislação vigente na localidade devem ser seguidos, no que se refere
ao manuseio de explosivos. Além disso, cada companhia operadora possui suas próprias normas
internas de segurança.

Emrelaçãoaopoço,comoocanhãoéacionadoporpulsoelétricoemalgunscasos,sãoterminantemente
proibidas as transmissões de rádio nas proximidades da operação. Para aumentar a segurança na
área, utiliza-se um BOP. É imprescindível que se observe atentamente o comportamento do poço
logo após o disparo, para não correr riscos de manobras precipitadas de retirada do canhão. O
mesmo deve ser retirado lentamente para evitar pistoneio (caso ainda haja cargas carregadas, existe
certo risco de que elas sejam acidentalmente acionadas). Somente com a total retirada do canhão
do poço e a vericação de que todas as cargas oram detonadas é seguro retomar as transmissões de
rádio (BIANCO; VICENTE, 2009).

149
DESCRIÇÃO
DOS PRINCIPAIS
ACESSÓRIOS DE UNIDADE IX
UMA COLUNA DE
COMPLETAÇÃO

CAPÍTULO 1
Coluna de produção

A coluna de produção é constituída basicamente por tubulação metálica removível (tubulação de


produção), onde cam conectados uma série de outros componentes, sendo descida pelo interior do
revestimento de produção com as seguintes nalidades básicas

» Conduzir, de orma otimizada e segura, os fuidos produzidos até a superície.

» Proteger o revestimento contra fuidos agressivos (ácido carbônico, ácido clorídrico


etc.) e pressões elevadas.

» Possibilitar a circulação de fuidos para o amortecimento do poço em intervenções


futuras.

A composição da coluna de produção é unção de uma série de atores, tais como: localização do
poço (terra ou mar), regime de produção de fuidos (surgente ou com elevação articial), tipo de
fuido a ser produzido (óleo ou gás, com CO2 e ou H2S), necessidade de contenção da produção de
areia associada aos hidrocarbonetos, vazão de produção e número de zonas produzindo (Figura 34).

150
DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS ACESSÓRIOS DE UMA COLUNA DE COMPLETAÇÃO │ UNIDADE IX

Figura 34. Coluna de produção

(THOMAS, 2004).

Uma composição ótima da coluna deve levar em conta os aspectos de segurança técnico operacional
e econômico, e é obtida questionando-se sempre a validade da utilização de um equipamento.
Vamos mencionar as principais componentes de uma coluna de produção.

Tubos de produção
Na Petrobrás, existe uma padronização nacional para tipos de conexão, grau do aço e peso dos tubos
de produção, acilitando o intercâmbio entre as regiões e permitindo menos itens de estoque e,
consequentemente, menores custos operacionais. Assim, as conexões padronizadas para colunas de
produção são: EU (external upset); NU (non-upset); TDS (tubing double seal); e PH-6 (Figura 35).

A seleção da tubulação a ser empregada num determinado poço leva em conta 4 atores.

» Diâmetro interno do revestimento de produção: nos poços equipados com liner


de 7”, utiliza-se tubulação com diâmetro externo (OD) de 3.1/2”. Alguns poços
possuem zona de interesse revestida por liner 5.1/2” e, nesses casos, utiliza-se a
coluna 2.3/8”.

» Máxima vazão esperada: determina-se o diâmetro nominal da coluna.

» Fluido a ser produzido: dene o tipo do aço (grau) dos tubos, bem como o tipo das
conexões.

151
UNIDADE IX │ DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS ACESSÓRIOS DE UMA COLUNA DE COMPLETAÇÃO

» Esorços mecânicos: calculando-se os esorços a que a coluna estará submetida


durante sua vida útil (tensões de tração, de colapso e pressão interna), e
denido o grau do aço, podemos determinar a espessura de parede requerida e,
consequentemente, seu peso por metro.

Figura 35. Tubos de produção mais usuais

(THOMAS, 2004).

Devido ao uso prolongado da coluna de produção, prioriza-se nesses tubos a conabilidade da


vedação ao invés da praticidade de manobra. Assim, privilegiam-se as roscas nas que promovem
a vedação metal-metal na própria conexão. As roscas nas podem ser classicadas como: de perl
redondo, de perl quadrado e premium.

As roscas EU e NU enquadram-se na categoria de” perl redondo” e são padronizadas pela norma
API. A rosca NU está em desuso em nossa região e a rosca EU é a mais comumente utilizada, dada a
grande quantidade de poços produtores de óleo, sem outros fuidos agressivos associados, em nossa
região. A gura apresenta algumas características desses tubos.

Em poços produtores de gás, com fuidos agressivos ou com alta pressão, são empregados tubos
com roscas premium, especicamente as roscas TDS e VAM-ACE.

Shear-Out
É um equipamento instalado na extremidade inerior da cauda de produção, que permite o
tamponamento temporário da mesma (Figura 36). Possui três sedes, sendo a inerior tamponada.
Atualmente tem sido descida sem a sede inferior tamponada, isto é, apenas com duas sedes. Antes
da descida, é dimensionada a pressão do seu rompimento e, de acordo com o cálculo, colocados
tantos parausos de cisalhamento quanto necessário. Ao pressurizar-se a coluna, a orça atuante na
sede az com que os parausos cisalhem, caindo no undo do poço e liberando a passagem na coluna.

152
DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS ACESSÓRIOS DE UMA COLUNA DE COMPLETAÇÃO │ UNIDADE IX

Necessitando-se tamponar novamente a shear-out, lançam-se as eseras no poço, que se alojarão


nas suas sedes. Para abrir ao fuxo novamente, basta pressurizar a coluna.

Figura 36. Esquema do Shear-Out

(THOMAS, 2004).

Hydro-Trip
Tal como a shear-out, serve para tamponamento temporário da coluna. Porém por ter rosca também
na parte inferior, pode ser instalada em qualquer ponto da coluna. A sede no entanto não cai para
o fundo do poço, pois tem um collet que se expande, entrando na reentrância apropriada para isto.

Como desvantagem, não permite passagem plena na coluna após o rompimento da sede (Figura
37). O dimensionamento dos parausos de cisalhamento e operação são semelhantes à da shear-out.

Figura 37. Hydro-Trip

(THOMAS, 2004).

153
UNIDADE IX │ DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS ACESSÓRIOS DE UMA COLUNA DE COMPLETAÇÃO

Nipples de assentamento
Os nipples de assentamento possuem uma área polida para vedação e uma sede de travamento.
Servem para alojar, numa proundidade bem-denida, plugs (para isolamento de zonas
produtoras), standing valves (para impedir perda de fuido para a ormação), instrument hanger
com registradores de pressão para testes de produção, e chokes (estes de uso raro, permitem a
produção simultânea de 2 zonas com dierentes pressões). São especicados pelo diâmetro da área
polida onde os equipamentos de controle de fuxo azem a vedação.

Normalmente são instalados na cauda de produção, abaixo de todas as outras erramentas. Podem,
também ser instalados tantos quantos necessários, em qualquer ponto da coluna, ressalvando-se a
seletividade dos mesmos. Basicamente há dois tipos principais de nipples de assentamento: nipple
R (não seletivo) e nipple F (seletivo).

Os nipple R (não seletivo) possuem um batente na parte inerior com diâmetro interno menor que
o diâmetro interno da área polida. Normalmente, é utilizado em dois casos: quando a coluna requer
um único nipple ou como o último (mais proundo) de uma série de nipples do mesmo tamanho. A
utilização de mais de um nipple não seletivo na mesma coluna, somente é possível se os
diâmetros internos dos mesmos forem diferentes, decrescendo com a profundidade
de instalação.

Figura 38. Nipples para assentamento de tampões mecânicos (plugs)

Modificado de Thomas, 2004.

O nipple F (seletivo) não possui batente, isto é, a própria área selante, serve de batente (Figura 38).
Podem ser instalados vários nipples seletivos de mesmo tamanho em uma mesma coluna. Neste
caso, o posicionamento do equipamento desejado é eito pela erramenta de descida e/ou tipo de
trava do equipamento a ser instalado.

154
DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS ACESSÓRIOS DE UMA COLUNA DE COMPLETAÇÃO │ UNIDADE IX

Sliding sleeve
A sliding sleeve (ou camisa deslizante) possui uma camisa interna que pode ser aberta ou echada
por meio de operações de arame, para prover comunicação anular-coluna ou coluna-anular
(Figura 39).

Figura 39. Camisa deslizante (sliding sleeve)

(THOMAS, 2004).

A área de fuxo, normalmente, é equivalente à área de passagem da coluna de produção. Os dierentes


tipos de camisas deslizantes existentes no mercado são bem semelhantes quanto à sua concepção,
variando apenas os tipos de elementos de vedação e o sentido de abertura e echamento.

Seu uso está restrito, atualmente, para completação seletiva, que permite a produção da zona
superior. Alguns poços antigos ainda possuem essa válvula na composição da cauda, porém, este
uso oi abolido nas novas colunas devido pouca conabilidade na vedação dos o-rings da camisa
quando se azia o echamento com arame.

Válvula de retenção (Check Valve)


É uma válvula de pé, que serve para impedir o fuxo no sentido descendente. É composta de uma
sede, com uma válvula de retenção que se abre quando pressurizada de baixo para cima e veda
quando pressurizada de cima para baixo (Figura 40). Serve para evitar que o poço “beba” o fuido de
completação presente na coluna, mantendo-a cheia, e, em colunas com BCS, impedir o contrafuxo
pelo interior da bomba.

155
UNIDADE IX │ DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS ACESSÓRIOS DE UMA COLUNA DE COMPLETAÇÃO

Figura 40. Válvula de retenção (Check Valve)

(GARCIA, 1997).

Obturador de produção (packer de produção)


O packer tem múltiplas unções: serve para compor a primeira barreira de segurança; protege o
revestimento (acima dele), contra pressões da ormação e fuidos corrosivos;possibilita a injeção
controlada de gás (pelo anular, nos casos de elevação articial por gás lift); permite a produção
seletiva de várias zonas por uma única coluna de produção (com mais de um packer).

Ele é posicionado de tal orma que a extremidade da coluna de produção que a aproximadamente
30 m acima do topo da ormação produtora, para permitir perlagens de produção (Figura 41).

Figura 41. Packer

(GARCIA, 1997).

156
DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS ACESSÓRIOS DE UMA COLUNA DE COMPLETAÇÃO │ UNIDADE IX

Obturador permantente (packer permanente)


É um tipo de packer que, uma vez assentado, não se consegue mais recuperá-lo. Para retirá-lo é
necessário cortá-lo e empurrá-lo para o fundo do poço.

É assentado a cabo, utilizando-se uma unidade de perlagem. Para ser assentado, é conectado
a uma ferramenta de assentamento e descido até a profundidade apropriada. Ao se acionar
eletricamente, há uma detonação de um explosivo que cria um movimento da camisa superior para
baixo, comprimindo todo o conjunto. Este movimento expande o elemento de vedação e as cunhas
contra o revestimento.

Unidade selante
É o equipamento descido na extremidade de uma coluna, que pode ser apoiado ou travado no packer
permanente, promovendo a vedação na área polida do packer.

Figura 42. Unidade selante

(THOMAS, 2004).

A unidade selante mostrada na gura é travada na rosca do packer permanente por meio de garra,
que é conectada com a liberação de peso sobre a ferramenta e desconectada com rotação à direita.
Os dentes de garra têm perl horizontal na parte superior, o que garante a impossibilidade de
liberação por tração.

Junta telescópica (TSR)


O TSR (tubing seal receptacle) ou junta telescópica (Figura 43) é usado para absorver a expansão
ou contração da coluna de produção, devido à variação térmica da mesma por causa das diferentes
temperaturas a que é exposta quando da produção (ou injeção) de fuidos. Permite também a
retirada da coluna sem haver necessidade de desassentar a cauda.

157
UNIDADE IX │ DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS ACESSÓRIOS DE UMA COLUNA DE COMPLETAÇÃO

É composto basicamente de duas partes independentes: a camisa externa e o mandril. A camisa


é composta de dois conjuntos de barreiras de detritos, quatro conjuntos de unidades selantes e a
sapata- guia com J-slot. O mandril é composto de um perl F no topo, seguido de mandril.

A vedação entre os dois conjuntos (camisa externa e mandril) é promovida pelo conjunto de unidades
selantes sobre o mandril polido. O travamento entre os dois conjuntos, para descida ou retirada, é
promovido através do J-slot existente na sapata-guia.

Figura 43. Junta telescópica,TSR

(THOMAS, 2004).

Válvula de segurança de subsuperficie


A válvula de segurança de subsuperície, DHSV (Down Hole Safety Valve), é uma componente da
coluna de produção, tendo a unção de barreira mecânica de segurança para evitar erupções ou
fuxos descontrolados do poço, no caso de alhas dos equipamentos de segurança de superície.
Normalmente a DHSV está na posição echada. Para produzir o poço, a DHSV deve car na posição
aberta (Figura 44).

Figura 44. DHSV Válvula de segurança

(THOMAS, 2004).

158
DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS ACESSÓRIOS DE UMA COLUNA DE COMPLETAÇÃO │ UNIDADE IX

Sistema de produção artificial


Na coluna de produção também são colocados os mecanismos de produção articial, caso o poços
não sejam surgentes por energia própria. Entre os sistemas de elevação articial que podem ser
colocados dentro do poço temos: o sistema de gás lift, o sistema bombeio centrífugo submerso.

Sistemas de gás lift


Para os sistemas de gás lift são colocados mandris de gás lift e válvulas de gás lift. O mandril de
gás lift (MGL) é um componente da coluna de produção usado como alojamento de diversos tipos
de válvulas, chamadas de válvulas de gás lift (VGL). As válvulas de gás lift são, fundamentalmente,
válvulas reguladoras de pressão introduzidas entre a coluna de produção e o revestimento para:
acilitar a operação de descarga do poço, isto é, a retirada do fuido de amortecimento (válvula
de descarga); e controlar o fuxo de gás, do anular para o interior da coluna de produção, em
proundidades predeterminadas (válvulas de descarga e operadora.).

A Figura 45 mostra em corte uma válvula de gás-lift típica, indicando suas partes principais e a
maneira como é instalada na coluna de produção. A válvula apresentada na gura está echada,
com a esfera encostando na sede da válvula. Para que ela abra, é necessário que a pressão no anular
atinja um valor preestabelecido, de acordo com a pressão de nitrogênio no interior do domo e de
acordo com a tensão da mola (elemento que tendem a manter a válvula echada). Existem vários
tipos de válvulas para diversos tipos de aplicações.

Figura 45. Válvulas de gás lift

(THOMAS, 2004).

159
UNIDADE IX │ DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS ACESSÓRIOS DE UMA COLUNA DE COMPLETAÇÃO

Bombeio centrífugo submerso


Nesse tipo de bombeio, a energia é transmitida para o fundo do poço por um cabo elétrico. Lá, a
energia elétrica é transormada em energia mecânica com ajuda de um motor de subsuperície, o
qual está diretamente conectado a uma bomba centríuga. Esta transmite a energia para o fuido sob
a forma de pressão, elevando-o para a superfície. Assim como os demais métodos de elevação de
petróleo, o objetivo do conjunto de undo é suplementar a energia do reservatório, de tal orma que
o poço produza a vazão desejada para a superície.

Os principais equipamentos de subsuperície de um poço equipado para produzir por bombeio


centríugo submerso são: bomba, admissão da bomba, protetor, motor elétrico e cabo elétrico, como
mostrado na Figura 46.

Figura 46. Bombeio centrífugo submerso

(THOMAS, 2004).

A bomba utilizada é do tipo centrífuga de múltiplos estágios e nela são colocados tantos estágios
quanto orem necessários para que os fuidos cheguem à superície. A admissão da bomba está
localizada na parte inerior da bomba e é o caminho do fuido para o abastecimento do primeiro
estágio. Os motores elétricos utilizados no bombeio centrífugo submerso são de tipo trifásico ,que
uncionam com uma velocidade constante de 3.500 rpm para uma requência de rede de 60 Hz.
O eixo do motor conecta-se ao eixo do protetor, à admissão da bomba e ao impulsor da bomba,
constituindo-se num único eixo que deve estar pereitamente alinhado para não se partir ao entrar
em uncionamento. O protetor é um equipamento instalado entre o motor e a admissão da bomba
,conectando o eixo do motor ao eixo da bomba por meio de duas luvas de acoplamento e tem

160
DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS ACESSÓRIOS DE UMA COLUNA DE COMPLETAÇÃO │ UNIDADE IX

como unção principal prevenir a entrada de fuido produzido no motor. Finalmente, a energia é
transmitida da superfície para o motor por um cabo elétrico trifásico com condutores de cobre ou
alumínio.

Equipamentos de superfície
São os equipamentos responsáveis pela ancoragem da coluna de produção, pela vedação entre a
coluna e o revestimento de produção e pelo controle do fuxo de fuidos na superície. Existe uma
série de equipamentos padronizados que constituem os diversos sistemas de cabeça de poço.

Cabeça de produção
É um carretel com dois fanges e duas saídas laterais (Figura 7.14). Quando a cabeça de produção é
instalada, o fange inerior ca apoiado na cabeça do revestimento de produção e o fange superior
recebe a árvore de natal com seu adaptador. Em uma das saídas laterais, geralmente é conectada a
linha de injeção de gás (poços equipados para gás lift) e na outra a linha de matar (kill line), para um
eventual amortecimento do poço.

Figura 47. Cabeça de produção com adaptador

(THOMAS, 2004).

Internamente existe uma sede na qual se apoia o suspensor da coluna de produção que, por sua vez,
suporta o peso da coluna. Existem vários modelos de suspensores e adaptadores, projetados para as
mais diversas situações.

161
UNIDADE IX │ DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS ACESSÓRIOS DE UMA COLUNA DE COMPLETAÇÃO

Árvore de natal convencional (terrestre)


A árvore de natal convencional (Figura 48) é o equipamento de superície constituído por um
conjunto de válvulas- gaveta (com acionamento hidráulico, pneumático e manual), com a nalidade
de permitir, de orma controlada, o fuxo de óleo do poço.

Normalmente as ANC’s estão equipadas com duas válvulas mestres, duas laterais e uma válvula de
pistoneio. As válvulas mestres têm a unção principal de echamento do poço. As válvulas laterais
têm o objetivo, similar às válvulas mestres, de controlar o fuxo do poço, e permitem que o fuxo
seja interrompido, enquanto equipamentos são introduzidos no poço. A válvula de pistoneio é uma
válvula que ca localizada no topo das ANC’s, acima do ponto de divergência do fuxo. Sua unção é,
quando aberta, permitir a descida de ferramentas dentro da coluna de produção.

Figura 48. Árvore de natal convencional (ANC)

(GARCIA, 1997).

Árvore de natal molhada (ANM)


A árvore de natal submarina molhada, mais conhecida como árvore de natal molhada (ANM), é
um equipamento para uso submerso constituído basicamente por um conjunto de válvulas-gaveta,
um conjunto de linhas de fuxo e um sistema de controle a ser interligado ao painel localizado na
plataforma de produção. São as seguintes as válvulas de uma ANM.

» Válvula- mestra de produção: codicada como M1 (master 1).

» Válvula lateral de produção: codicada como W1 (wing 1).

» Válvula- mestra do anular: codicada como M2 (master 2).

» Válvula lateral do anular: codicada como W2 (wing 2).

» Válvula de interligação: codicada como XO (crossover).

162
DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS ACESSÓRIOS DE UMA COLUNA DE COMPLETAÇÃO │ UNIDADE IX

» Válvula de pistoneio da produção: codicada S1 (swab 1).

» Válvula de pistoneio do anular: codicada S2 (swab 2).

A Figura 49 representa um diagrama esquemático de uma árvore de natal molhada. São as seguintes
as opções de operação realizadas pela Unidade Estacionária de Produção (UEP) numa ANM:

» lavagem das linhas de 4” e 2”: devem ser abertas as válvulas W1, CO e W2. É a
operação necessária à recuperação do óleo existente na linha de produção, no caso
de uma intervenção no poço;

» produção normal com injeção de gás pelo anular: devem ser abertas as
válvulas M1, W1, M2 e W2, mantendo echada as demais. A abertura das válvulas
M1 e W1 permitem a passagem do óleo e das válvulas M2 e W2, a injeção de gás no
anular. Para a produção normal sem injeção de gás pelo anular, ddevem ser abertas
as válvulas M1 e W1, mantendo echadas as demais;

» produção pela linha de 2”: em casos excepcionais, o fuido do poço pode ser
produzido pela linha de 2”, abrindo as válvulas DHSV, M1, XO e W2, mantendo as
demais echadas.

Figura 49. Representação esquemática de um ANM.

(GARCIA, 1997).

163
ACOMPANHAMENTO
DA PRODUÇÃO E UNIDADE X
ESTIMULAÇÃO DE
POÇOS

CAPÍTULO 1
Controle de produção de areia

Introdução
O Gravel Pack é uma técnica para controle da produção de areia de ormações com problemas
de consolidação. A extração do óleo em arenitos riáveis tem apresentado constantes desaos à
indústria do petróleo, nem tanto pela necessidade da contenção da produção de areia propriamente
dita, mas pelas altas perdas de carga impostas pelo processo, que podem abreviar, em alguns anos,
a vida produtiva de um poço.

Os principais problemas causados pela produção de areia são os seguintes.

» Deposição de areia no poço encobrindo os canhoneados, reduzindo ou até mesmo


causando a interrupção do fuxo.

» Erosão de equipamentos de superície, como linhas e chokes, e mandris de gás lift;.

» Acumulação de areia nos equipamentos de superfície.

» Criação de grandes vazios por trás do revestimento, onde desmoronamentos


poderão causar redução drástica da permeabilidade nas imediações do poço ou
colapso do próprio revestimento.

A cimentação é o ator preponderante na determinação da consolidação de um arenito. Os agentes


cimentantes mais comuns são o quartzo, a calcita (carbonato de cálcio) e a dolomita (carbonato
de magnésio). Se considerarmos que o agente cimentante reduz a porosidade e a permeabilidade
pelo preenchimento dos poros da rocha, podemos deduzir que ormações connadas em ambientes
com baixa geração de minerais cimentantes, comumente resultarão em reservatórios de alta
permeabilidade, que se por um lado possuem grande potencial para produção de óleo, também o
têm para a produção de areia.

164
ACOMPANHAMENTO DA PRODUÇÃO E ESTIMULAÇÃO DE POÇOS │ UNIDADE X

Técnicas de predição de produção de areia


Existem ontes principais de inormação com as quais trabalhamos para estreitar a margem de erro
de uma previsão de produção de areia.

» Teste de ormação: deve ser planejado com a preocupação de se simular as


situações encontradas durante a vida produtiva do intervalo.

» Análise de testemunho: além da identicação do agente cimentante, a simulação


de fuido por meio de testemunhos pode dar uma resposta denitiva em relação ao
comportamento da ormação durante a produção. Do testemunho deve-se obter:
a permeabilidade, a porosidade, a composição mineralógica e a areia para análise
granulométrica.

» Dados de produção: é undamental que haja um acompanhamento da vida


produtiva do intervalo, complementando o banco de dados com os tipos e
quantidades de fuido e sólidos produzidos.

O mecanismo de Gravel Pack


É a técnica de controle de areia mais utilizada e tem como base retenção da areia de formação
com areia selecionada de maior tamanho usando varias interaces de telas ranuradas ou ssuradas.
A areia de grãos maiores (chamado de areia de empaque com grava ou simplesmente grava) é
dimensionada para que seja 5 ou 6 vezes maior que o tamanho da areia da ormação produtiva. O
empaque com grava cria um ltro permeável que permite a produção dos fuidos da ormação, mas
restringe o ingresso e a produção de areia da ormação. A Figura 50 mostra os esquemas de empaque
com grava em um poço aberto e outro para um poço revestido. Devido ao empaque com grava car
de maneira compactada entre a formação e a tela ranurada, as pontes formadas são estáveis e evita
o deslocamento e reordenamento da areia da ormação. Se desenhado apropriadamente, o empaque
com grava manterá a sua permeabilidade num amplo intervalo de condições de operação.

Figura 50. Empaque com grava

(BELLARBY, 1995).

165
UNIDADE X │ ACOMPANHAMENTO DA PRODUÇÃO E ESTIMULAÇÃO DE POÇOS

Esta técnica, empregada em poço aberto ou revestido, pode variar desde a simples utilização de um
único tubo telado a uma complexa completação múltipla. Os empaques com grava são realizados
para assentar a tubulação ranurada no poço e circular a grava, utilizando um fuido adequado até
a posição desejada. Para ter ótimos resultados, todo o espaço deve estar preenchido com areia de
alta permeabilidade. A aplicação desta técnica é mais simples em poços abertos do que revestidos
e canhoneados. Embora o alto custo, tem se demonstrado que esta técnica de controle de areia é
muito eciente e, portanto, o mais utilizado (HUGHES). .

Vantagens e desvantagens do Gravel Pack


As vantagens do Gravel Pack em relação aos outros métodos alternativos são estes.

» Mais efetivo no controle de areia em longos intervalos, em intervalos com pequenas


intercalações de olhelhos e em zonas com alto teor de argila e silte.

» Suporta a maioria das reações desenvolvidas em um tratamento químico, e não se


deteriora com o tempo.

» É menos aetado pelas variações de permeabilidade da ormação.

As desvantagens do Gravel Pack são estas.

» Redução do diâmetro interno do poço, pela utilização de tubos telados.

» Reparos ou recompletações requerem a remoção do conjunto.

» As telas estão sujeitas à corrosão e/ou erosão devido às altas velocidades de fuxo ou
à produção de fuidos corrosivos.

» Apresenta maior diculdade no isolamento de uturos intervalos produtores de


água.

Podem-se seguir vários procedimentos para o dimensionamento dos componentes mecânicos do


conjunto, mas a utilização de uma técnica não adequada para a colocação do gravel poderá trazer
sérios prejuízos ao sucesso da operação. Para obter-se uma boa perormance numa operação de
Gravel Pack, deve-se dimensionar a grava para conter completamente a movimentação de areia
na ormação, ormar um pacote compacto da grava, com o maior raio possível e maximizar a
produtividade minimizando os danos à ormação. O tubo telado tem por unção manter o pacote de
gravel na posição adequada. Devem conter centralizadores no meio e em cada extremidade.

A preparação do poço deve ser eita da seguinte orma. A circulação intermitente de colchões lavadores
e fuidos gelicados devem ser usados para remover lama e resto de cimento no revestimento.
É recomendável usar uma coluna com o maior diâmetro possível, com o objetivo de aumentar a
velocidade no espaço anular, maximizando o arraste e o carreamento. A pasta com grava possui
grande poder abrasivo, exigindo exclusividade dos equipamentos e das linhas e uma manutenção

166
ACOMPANHAMENTO DA PRODUÇÃO E ESTIMULAÇÃO DE POÇOS │ UNIDADE X

cuidadosa, principalmente nas superícies em contato com a pasta. O sistema de fuidos também
deve ter atenção especial, principalmente se o fuido já tiver sido utilizado para lama de peruração.

Um ponto mais importante no projeto de um Gravel Pack é a denição da granulometria da areia


(grava) para reter a areia da ormação, uma vez que ela deve reter a areia da ormação com a menor
intererência possível na produtividade do poço. A Figura 51 representa as conclusões alcançadas
experimentalmente. O gráco mostra que em uma relação de granulometria da grava e da areia
da ormação sendo menor que 6, existe uma rápida perda da permeabilidade. Caso a relação seja
maior que 14, a areia não é mais contida. Logo, Saucier recomenda que “o tamanho médio do grão
do gravel seja até 6 vezes maior que o tamanho médio do grão de areia da ormação”.

Figura 51. Gráfico obtido segundo a experiência realizada por Saucier

(GARCIA, 1997).

Para oerecer maior eciência na retenção de areia e ter maior fexibilidade na aplicação da técnica
em poços horizontais, é conveniente o uso de telas ranuradas. Essas telas são dimensionadas
considerando o tamanho da grava utilizada, como é mostrado na Tabela 2, em que é descrito o
dimensionamento das telas (gauge) com respeito ao tamanho da grava.

Tabela 2. Dimensionamento das telas

(GARCIA, 1997.)

167
UNIDADE X │ ACOMPANHAMENTO DA PRODUÇÃO E ESTIMULAÇÃO DE POÇOS

Um exemplo que mostra a estrutura dessas telas é apresentado na Figura 52, que também é
caracterizada por ter várias camadas concêntricas.

Figura 52. Tela ranurada

(GARCIA, 1997).

168
CAPÍTULO 2
Tratamento químico

Grande parte do dano à formação é causada por práticas descuidadas de perfuração ou completação
podendo, portanto, ser evitado. Mesmo quando o dano é inevitável, o estudo de sua natureza é
fundamental para a seleção do tratamento adequado.

Tipos de danos
As características ísicas do dano são parâmetro undamental, pois determinam o tipo de fuido de
tratamento ideal. Os tipos de danos existentes são os seguintes.

» Emulsões: são causadas pela mistura de fuidos à base de óleo com soluções
aquosas no interior da formação. Tal tipo de dano é estabilizado por materiais
tenso-ativos (suractantes). Nestes casos, solventes com ou sem desemulsicantes
são geralmente usados.

» Alteração de molhabilidade: ocorre quando se torna ormação parcial


ou totalmente molhável a óleo e, consequentemente, acaba-se por reduzir a
permeabilidade relativa ao óleo. Alterações na molhabilidade podem ser corrigidas
pela injeção de solventes mútuos para remover a ase óleo, seguida da injeção de
suractantes que tornem a ormação novamente molhável a água.

» Depósitos minerais: ocorre durante a produção devido às baixas temperaturas


e pressões encontradas nas proximidades do poço. Vários solventes podem ser
usados para dissolver os depósitos precipitados, dependendo de sua composição
química. Os tipos mais comuns são: carbonáticos, suláticos, cloretos de sílica, de
erro e de hidróxidos.

» Depósitos orgânicos: são precipitados de hidrocarbonetos pesados. Apesar


de complexos, o mecanismo principal de ormação consiste na mudança de
temperatura ou pressão nas vizinhanças do poço durante a produção. Em outros
casos, os depósitos podem ser ressolubilizados por solventes orgânicos ou pelo
aquecimento da ormação com óleo aquecido.

» Siltes e argilas: dano causado por siltes e argilas onde ocorre invasão do espaço
poroso pela lama de peruração e a migração de argilas. Quando as partículas
que causam dano se originam da própria rocha reservatório; elas são chamadas
genericamente de “nos”. A remoção de danos por nos em reservatórios
carbonáticos se az com acido clorídrico (HCl), que apesar de não dissolver os nos,
pode dispersá-los.

169
UNIDADE X │ ACOMPANHAMENTO DA PRODUÇÃO E ESTIMULAÇÃO DE POÇOS

» Depósitos bacterianos: ocorre com o crescimento de bactérias, que pode ocorrer


em diversas condições de temperatura e grau de acidez (pH), causando entupimento
do espaço poroso. Como esse dano é praticamente impossível de remover, especial
atenção deve ser dada à previsão e à prevenção de sua ocorrência por meio do uso
de agentes bactericidas.

Pseudodano
Atribuir o ato de dano (ou skin) encontrado nos testes de formação totalmente ao dano constitui
um erro comum. Existem outras contribuições não relacionadas com o dano à ormação, chamadas
genericamente de pseudodano. Estas devem ser subtraídas do dano total para que se possa estimar
o valor real do dano e não se superestime a potencialidade de uma possível operação de remoção.
A origem do pseudodano deriva da conguração do poço, das condições de produção ou de outras
causas mecânicas.

Todo pseudodano restante após uma completação pode ser atribuído à conguração do poço.
Nenhum destes componentes do dano é devido ao reservatório. Algumas das causas são: entrada
de fuxo limitada; completação parcial do poço; baixa densidade de canhoneios etc. Podem haver
outras causas para o pseudodano: colapso do tubo de produção; colapso dos canhoneados; mau
isolamento de uma zona ocasionado por uma má cimentação.

Tratamentos ácidos matriciais


Devem-se observar os seguintes passos para elaborar um programa de tratamento matricial.

» Assegurar-se de que exista dano signicativo à ormação.

» Estabelecer a causa do dano, sua intensidade e penetração.

» Selecionar os fuidos de tratamento adequados.

» Determinar a pressão e a vazão de injeção dos fuidos.

» Caso o intervalo a ser tratado seja muito espesso, adotar medidas para promover a
divergência dos fuidos de tratamento em todo o intervalo.

» Determinar o tempo de echamento do poço após o tratamento.

» Estimar a economicidade do tratamento.

» Acompanhar o desempenho do poço após a estimulação.

170
ACOMPANHAMENTO DA PRODUÇÃO E ESTIMULAÇÃO DE POÇOS │ UNIDADE X

Tipos de tratamento ácidos

Lavagem ácida das colunas


Objetivo: remover errugem e restos de lama e cimento da coluna, revestimento, dutos etc.

Tipos de ácidos: usar normalmente até 1000 gal de HCl 15% com inibidor de corrosão e sequestrador
de ferro.

Procedimento: o ácido deve ser injetado até a extremidade da coluna à baixa vazão e circulado a alta
vazão. Devem ser coletadas amostras do ácido no início, no meio e no nal do retorno e enviadas
para a sede, a m de se eetuarem análises de concentração de ácido e do teor de erro.

Lavagem ácida de canhoneados


Objetivos: remover o dano devido ao processo de canhoneio; desobstruir os canhoneados; remover
os danos muito rasos solúveis ou desagregáveis em ácido.

Tipos de ácidos: usar geralmente HCl de 5% a 15% em pequenos volumes. Além de inibidor de
corrosão e sequestrador de ferro, deve-se utilizar elevado teor de surfactante.

Procedimento: proceder a lavagem ácida da coluna de operação para remover a errugem; colocar
um tampão de ácido em rente aos canhoneados e deixar em imersão ou promover agitação. Repetir
este processo ou injetar o ácido à baixíssima pressão; remover o ácido gasto imediatamente.

Remoção de incrustações solúveis em ácido


Objetivo: remover as incrustações ocorridas em tubulações, os resíduos de canhoneios na ormação.

Tipos de ácidos: HCl de 5% a 15%. Agentes redutores e sequestrador de erro devem ser utilizados
quando a incrustação for de ferro.

Procedimento: a técnica operacional depende da localização e gravidade da incrustação. Com


requência é eita por meio de tubos fexíveis (fexitubo).

Tratamentos matriciais de carbonatos


Objetivo: restaurar a produtividade de reservatórios de carbonatos ou arenitos com elevado teor de
cimentação calcífera.

Tipo de ácidos: usar geralmente HCl 15% em peso. Pode-se, eventualmente, emulsionar ou gelicar
o ácido, a m de reduzir as taxas de reação e conseguir maior penetração para ultrapassar a região
danicada.

171
UNIDADE X │ ACOMPANHAMENTO DA PRODUÇÃO E ESTIMULAÇÃO DE POÇOS

Considerações iniciais: devem ser levados em consideração os seguintes atores ao se selecionar o


fuido de tratamento:

» Temperatura: infuencia a seleção dos fuidos de duas maneiras:

4. determina ortemente a inibição do ácido;

5. a taxa de reação é diretamente proporcional à temperatura.

» Mineralogia: a primeira consideração a ser eita é vericar se a ormação é


puramente carbonática ou se é parcial ou totalmente dolomitizada. A utilização
de fuidos incompatíveis ou inadequados à ormação pode causar precipitação de
subprodutos de reação e outros inconvenientes.

» Petroísica: o tipo e a distribuição da porosidade têm grande infuência na


extensão do dano e na penetração do ácido. Reservatórios com alta permeabilidade
da matriz podem ser severamente danicados pela invasão de sólidos.

Procedimento: vericar a disponibilidade e o uncionamento dos equipamentos de segurança;


certicar-se de que o tanque de mistura, linhas, bombas, mangueiras e demais equipamentos
necessários são adequados ao tipo de serviço a ser executado; providenciar água de boa qualidade
para a diluição do ácido; adicionar ao tanque de mistura os aditivos especicados; imediatamente
antes de bombear o ácido para o poço, deve-se homogeneizar o sistema; vericar o cálculo e as
quantidades de aditivos e reportá-los ao relatório de operação.

Tratamentos matriciais de arenitos


Objetivo: usar, normalmente, nos tratamentos matriciais de arenitos.

Tipo de ácidos: uma mistura de ácido fuorídrico (HF) e ácido clorídrico (HCl), conhecida como
mud acid. A unção do tratamento é remover dano causado por sólidos dos fuidos injetados na
ormação ou pelas próprias argilas contidas na rocha reservatório, que podem inchar ou migrar e
obstruir as gargantas de poros.

Procedimento: os fuidos de tratamento, ácidos e coadjuvantes são escolhidos em unção da


mineralogia e das propriedades petrográcas da rocha, dos mecanismos de dano atuantes, dos
mecanismos de remoção de danos selecionados e das condições do poço. O estudo das reações
químicas presentes em uma acidicação de arenitos é bastante complexo, mas a compreensão
dessas reações é undamental para a modelagem matemática do processo e para o posterior projeto
do tratamento ácido.

172
ACOMPANHAMENTO DA PRODUÇÃO E ESTIMULAÇÃO DE POÇOS │ UNIDADE X

Aspectos da divergência nos tratamentos


ácidos
Uma das causas principais de insucesso dos tratamentos ácidos é a incapacidade de injetar o ácido
nas zonas que se encontram danicadas. Os fuidos injetados na ormação tendem a seguir os
caminhos de menor resistência, os quais se tornam ainda mais permeáveis.

Técnicas de divergência: existem vários métodos para controlar a distribuição do ácido, que
podem ser mecânicos, pelo isolamento da zona a ser tratada, químicos, ou em estágios, pelo
tamponamento temporário das zonas já tratadas. O número de estágios depende da espessura da
ormação. A seleção da técnica de divergência é baseada nas condições mecânicas do poço, nos
fuidos produzidos e injetados, nas características do reservatório e na experiência de campo.

Aditivos para sistemas ácidos


Um aditivo para acidicação é um produto químico adicionado ao ácido, com a nalidade de
modicar suas propriedades, aumentando sua eciência. A alta de um aditivo ou o excesso de outro
pode pôr a perder toda a operação. Assim, é importante conhecer os principais tipos de aditivos:
inibidores de corrosão, suractantes, agentes sequestradores; estabilizadores de argila (GARCÍA,
1997).

173
CAPÍTULO 3
Fraturamento hidráulico

O raturamento hidráulico é uma técnica de estimulação usada para aumentar a produtividade


ou injetividade de poços de petróleo. Tratamentos de estimulação podem ser altamente ecazes
duplicando ou até mesmo quadruplicando as taxas de produtividade. É o tratamento mais ecaz
para os arenitos encontrados em sedimentos mais antigos e consolidados. Abaixo, as razões do
aumento de produtividade.

» Modica o modelo do fuxo.

» Ultrapassa regiões danicadas.

» Pode atingir áreas do reservatório com melhores condições permo-porosas.

» Em reservatórios lenticulares ou naturalmente raturados pode haver inter-conexão


de áreas não produtivas inicialmente.

Quando esse procedimento é realizado em orma adequada em reservatórios com alta permeabilidade,
a vazão inicial é maior e a produção é mais rápida se comparada ao comportamento do reservatório
sem ter aplicado essa técnica. No entanto, quando essa técnica é aplicada em reservatórios de
baixa permeabilidade, além de a vazão inicial ser maior, existe um incremento na produtividade do
reservatório.

O processo constitui-se na aplicação de dierencial de pressão que provoca quebra da ormação


e bombeio de um determinado volume de fuido e agente de sustentação com pressão superior a
de echamento da ratura. Operações de estimulação consistem no bombeamento de líquidos
(provenientes de tanques localizados na superície), ao longo do tubo sustentado pelo packer.

De uma maneira geral, o processo unciona melhorando o acesso dos fuidos do reservatório ao
poço. A geometria do fuxo radial é modicada para um fuxo axial ao redor da ratura.

A zona ao redor do poço também é crítica porque danos de formação podem ocorrer, e pode consistir
em redução da permeabilidade causada pelo contato da ormação com o fuido do reservatório. Em
alguns tipos de danos ocorrem:

» algumas ormações contêm argilas que absorvem o ltrado e expandem, diminuindo


a permeabilidade;

» inltração de sólidos no espaço poroso, ou seja, sólidos do fuido cam “presos” nos
poros da formação, diminuindo a permeabilidade.

Existem, porém, algumas razões para a alta de hábito de se otimizar um


raturamento. Primeira: métodos para determinarem-se certas variáveis críticas
in situ não estavam disponíveis no passado ou custam demasiadamente caro
atualmente. Segunda: poderia raturamentos padronizados e repetitivos orneciam

174
ACOMPANHAMENTO DA PRODUÇÃO E ESTIMULAÇÃO DE POÇOS │ UNIDADE X

e ornecem resultados aceitáveis, mas não necessariamente ótimos. É necessário


também um conhecimento básico de mecânica das rochas, parâmetros que podem
ser obtidos pela perlagem sônica de poços ou pelas medições das constantes
elásticas de amostras de rochas em laboratórios.

Fluidos de fraturamento
Os fuidos de raturamento têm como unções principais: abrir e propagar a ratura, bem como
transportar o agente de sustentação. Para a seleção do fuido ideal, também devem ser levadas em
considerações as seguintes características/uncionalidades.

» Baixa viscosidade quando estiver na tubulação dentro do poço, para diminuir


a perda de carga por ricção, diminuindo a potência das bombas injetoras e,
consequentemente, diminuindo o custo do fraturamento.

» Deve possuir grande poder de sustentação, para que o agente de sustentação


carreado para a ratura não se decante, o que prejudicaria bastante a condutividade
da fratura. Esse poder de sustentação não pode ser muito susceptível à temperatura
da ormação, já que a área de contato do fuido com a ormação é bastante grande e
o seu aquecimento, bastante rápido.

» Deve resultar baixo coeciente global de ltração (do fuido para as ormações), já
que quanto maior este coeciente, maior o volume de fuido a ser bombeado para a
execução de uma mesma ratura.

» Ao término do bombeio, deve se degradar (quebrar o gel) somente após o completo


echamento da ratura sobre o agente de sustentação, caso contrario ocorreria
também a decantação, prejudicando a condutividade da ratura.

» Não deve depositar uma quantidade signicativa de resíduos nas paredes da raturas,
resíduos que são provenientes do gelicante, do reticulador, do aditivo controlador de
ltrado, pois esta deposição também prejudicaria a condutividade da ratura.

» Ser econômico.

A seguir, são descritas as unções dos vários fuidos que compõem as várias ases de um raturamento
hidráulico.

» Pré-colchão: o fuido abre e esria a ratura, além de promover uma perda inicial,
criando condições para reduzir a perda de fuido do colchão e carreador. Deve
possuir média viscosidade.

» Colchão: estende a fratura criada e promove uma abertura mínima de modo que a
ratura possa receber o agente de sustentação. Também auxilia na redução da perda
de fuido do carreador, promovendo a ormação do reboco. Possui alta viscosidade.

» Fluido carreador: transporta e distribui o agente de sustentação no interior da


ratura e o mantém suspenso até o seu echamento. Possui alta viscosidade.

175
UNIDADE X │ ACOMPANHAMENTO DA PRODUÇÃO E ESTIMULAÇÃO DE POÇOS

Os fuidos à base de água possuem como principais aditivos as seguintes substâncias: gelicante,
reticulador, ativador, quebrador, controladores de ltrado, suractante, estabilizador de argila,
estabilizadores térmicos.

Os tipos de agentes de sustentação mais empregados são: areia selecionada e bauxita. A escolha do
tipo de agente de sustentação (areia ou bauxita), a sua granulametria (8/12, 12/20, 16/30 ou 20/40
Mesh) e a quantidade a ser empregada por unidade de área de ratura (libras de areia por pé quadrado
de ratura) são unções da condutividade adimensional de ratura que se deseja, considerando a
permeabilidade do reservatório que está sendo raturado e o estado de tensões presente.

O estado de tensões é muito importante na escolha do tipo de agente de sustentação, pois após o
echamento da ratura, estes estarão sujeitos a tensões de connamento, e quanto maiores essas
tensões, menores as condutividades de ratura resultantes. De uma orma simplista, tem-se a utilização
de areia selecionada para menores proundidades (e portanto menores tensões de connamento) e de
bauxita para maiores proundidades (e maiores tensões). No Brasil, pelo alto custo de aquisição de
areia (dierente do resto do mundo), utiliza-se quase que, exclusivamente, bauxita.

Outros processos de raturamento das ormações já oram pesquisados. Devido aos altos riscos
e custos envolvidos, até agora nenhum outro método se mostrou competitivo; o raturamento
hidráulico, juntamente com a acidicação, continuam sendo os mais ecazes métodos de estimulação
empregados na indústria petrolífera.

Procedimento operacional
As operações de raturamento são executadas com bombas especiais para alta pressão. O fuido de
raturamento é succionado dos tanques de estocagem para o equipamento de mistura (blender),
onde é feita a dosagem dos produtos químicos e do agente de sustentação. A mistura é bombeada
para a sucção das bombas de alta pressão e daí é injetada na ormação, por meio da coluna ou
do próprio revestimento (Figura 53). Para a execução dos trabalhos de estimulação de poços, a
Petrobras mantém contratos com companhias de serviço especializadas, tais como Halliburton,
Dowell e Sabep (GARCÍA, 1997).

Figura 53. Processo de fraturamento hidráulico

(GARCIA,1997).

176
Referências
BIANCO, Luis Carlos B.; VICENTE, Ronaldo. Técnicas de canhoneio em poços de petróleo.
Petrobras. Centro de Desenvolvimento de Recursos Humanos Norte-Nordeste, 1995

GARCIA, José Eduardo de Lima. A completação de poços no mar. Petrobras. Centro de


desenvolvimento de Recursos Humanos Norte-Nordeste, maio 1997.

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