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CASTRO-GOMES, J.P. *
PEREIRA-OLIVEIRA, L.A. **
GONILHO-PEREIRA, C.N. ***
PACHECO-TORGAL, F. ****
RESUMO
ABSTRACT
This article presents water absorption method and oxygen and water permeability methods used
to study concrete aggregates, adopted in the Construction Laboratories of Civil Engineering
Department, of University of Beira Interior. Some examples of water absorption and oxygen
permeability results obtained for concrete aggregates are also presented. Finally, is shown the
interest of the results obtained and it is concluded about the method suitability to differentiate
aggregates internal structure aspects that interest to the problems of aggressive agents' transport
in concrete.
2. PERMEABILIDADE DE ROCHAS
Em geral, a variação da permeabilidade das rochas pode, em grande parte, ser assumida pela
maneira como as propriedades geométricas das redes de poros ou de fissuras são modificadas
em resposta à aplicação de tensões ou de temperaturas elevadas.
Segundo a ordem de grandeza da permeabilidade a ser medida, diferentes técnicas podem ser
utilizadas em laboratório. Para permeabilidades elevadas, as técnicas preferidas são aquelas
baseadas no estabelecimento de um escoamento através de um volume representativo de rocha,
ou sejam métodos à carga constante ou à carga variável. Nestes casos a permeabilidade é
deduzida pela aplicação directa da lei de Darcy. Para as permeabilidades mais fracas, um
método transitório é correntemente utilizado e consiste em estimar a permeabilidade a partir de
um incremento de pressão numa amostra de rocha, num sistema fechado [1].
Figura 1 – Forma e dimensão dos corpos de prova de rocha adequada para os ensaios de
absorção e permeabilidade
A forma e dimensão dos corpos de prova é adequada, quer para os ensaios de permeabilidade ao
oxigénio e à água quer para os ensaios de absorção de água por imersão, o que facilita a
preparação inicial de corpos de prova. Com estas dimensões, os corpos de prova podem ser
usado em todos estes ensaios, o que é uma vantagem. No entanto, cada corpo de prova deve ser
submetido apenas a ensaios de absorção ou de permeabilidade. Garante-se assim que os
resultados obtidos nos ensaios de permeabilidade não são influenciados por eventuais alterações
da estrutura do corpo de prova quando submetido a vácuo durante os ensaios de absorção. Tanto
mais, que na metodologia adoptada quer para a realização dos ensaios de absorção quer para os
de permeabilidade ao oxigénio os corpos de prova são primeiro secos em estufa a 110ºC,
durante 24 horas. Este período de secagem, à temperatura referida, poderá também em alguns
casos alterar a micro estrutura do corpo de prova, o que reforça muito a razão pela qual não se
deve realizar os ensaios de absorção e de permeabilidade no mesmo corpo de prova.
O método de determinação da absorção de água por imersão com vácuo (também designada por
alguns autores como “porosidade aberta”) baseia-se no princípio da saturação por vácuo, cujo
equipamento se apresenta esquematicamente, e sua respectiva fotografia, na figura 2.
O ensaio para determinar a absorção por imersão com vácuo compreende duas etapas, a
primeira consiste em submeter os corpos de prova ao vácuo (de cerca de 0.7 mbar) durante 3
horas sendo, após este período e numa segunda etapa, saturadas em água destilada e submetidas
novamente a vácuo durante um novo período de 3 horas. De acordo com a representação
esquemática apresentada na figura 2, os corpos de prova são colocados no excicador com as
válvulas 1 e 2 fechadas. Seguidamente abre-se a válvula 3 e liga-se a bomba de vácuo,
estabelecendo-se, assim, o vácuo durante 3 horas. Ao fim deste tempo a válvula 3 é fechada e
abre-se a válvula 1, a fim de deixar entrar água destilada no excicador de modo a deixar os
corpos de prova submersos. Após isto, a válvula 1 é fechada de novo e a válvula 3 é aberta,
restabelecendo-se o vácuo por mais 3 horas, findo o qual a válvula 3 é fechada e a bomba de
vácuo desligada. Nesta fase a válvula 2 está aberta deixando entrar ar no excicador até ser
restabelecida a pressão atmosférica, provocando, desta forma, uma pressão adicional que força
ainda mais a entrada da água nos poros das amostras.
Figura 2 – Esquema e fotografia do equipamento de absorção de água por imersão com vácuo
sendo, A – absorção por imersão com vácuo, em percentagem; Wsat – massa da amostra
saturada; Wdry – massa da amostra seca e Wwat – massa da amostra saturada imersa em água.
3.3 Determinação da permeabilidade ao oxigénio
A lei de Darcy (válida para um meio terroso em que há continuidade da fase fluída) permite-
nos, com alguma aproximação e desde que se estudem amostras com espessura delgada (com
menos de 10 cm), saber qual a variação de pressão no interior do material em estudo. Neste
caso considera-se que, quando os poros do corpo de prova estão completamente saturados, o
fluxo do fluído sob pressão através deste é proporcional ao gradiente de pressão;
K a ⋅ A⋅ Δ P
V= (ii)
η ⋅L
A permeabilidade intrínseca, Ka, determinada pela equação (ii) depende apenas das
propriedades do meio poroso, ao contrário do coeficiente de permeabilidade determinado pela
lei de Darcy que tem uma unidade de viscosidade e é dependente das propriedades do fluído
(viscosidade e densidade) e do meio poroso.
Grude e Lawrence [6] propõem uma modificação à equação (ii) sempre que é utilizado um
fluído compressível, como é o caso do oxigénio, uma vez que o gradiente de pressão não é
constante em todo o corpo de prova sendo, no entanto, a viscosidade do gás independente do
gradiente de pressão. Considerando que para um elemento de espessura, dl, existirá uma perda
elementar de pressão, dP, em que P corresponde à pressão média nesse elemento, a equação
proposta por Grude e Lawrence considera que se a perda de pressão for muito pequena, o
gradiente de fluxo nesse elemento é proporcional a P e V e que este gradiente tem de ser o
mesmo através da espessura do corpo de prova quando se atingem condições de fluxo laminar
[7,8]. Desta forma, e recorrendo à expressão (iii), a permeabilidade intrínseca ao oxigénio
(sendo η - Viscosidade dinâmica do oxigénio = 2.02 x 10-16 Ns.m-2), pode ser determinada;
−16
4.04 ⋅ R ⋅ L ⋅ 10
K=
( 2
A ⋅ P2 − 1 ) (iii)
em que: R – Fluxo do oxigénio à saída (cm3.s-1), L – Espessura do corpo de prova (m), A - Área
da secção atravessada pelo oxigénio (m2), P2 – Pressão do oxigénio à entrada (bar), sendo a
pressão de saída de 1 bar, K – Permeabilidade intrínseca ao oxigénio (m2).
No que respeita à preparação dos corpos de prova, após secagem em estufa a 110ºC durante 24
horas, estes são impermeabilizados lateralmente com uma fina camada de silicone precisamente
para garantir uma penetração uniaxial, a partir do topo do corpo de prova. Logo de seguida, os
corpos de prova são colocados em excicador durante algumas horas, para permitir o
endurecimento da silicone. Após o qual são então submetidos ao ensaio de permeabilidade ao
oxigénio. Dentro da célula, conforme apresentado na figura 3, o corpo de prova é colocado sob
pressão no interior de um cone de borracha que veda lateralmente este depois de se fechar e
apertar devidamente o topo da célula. A pressão de oxigénio é depois regulada para o valor
desejado deixando-se os corpos de prova sob esta pressão durante cerca de 30 minutos, para
garantir fluxo laminar. Após esse tempo, regista-se o fluxo do oxigénio à saída do corpo de
prova. Os valores de pressão de oxigénio utilizados podem variar entre 2 e 3 bar de acordo com
a natureza dos corpos de prova a ensaiar, de modo a permitir leituras correctas de fluxo, i.e. de
modo a que o tempo de um percurso de 10 cm de uma bolha de sabão no tubo de vidro, pipeta
indicada na figura 3, se situe entre 30 e 60 seg. Os valores de pressão não deverão ser superiores
a 3 bar para não ocorrer o risco de danificação da estrutura interna do corpo de prova, podendo
este considerar-se impermeável para a utilização no betão, se até este valor de pressão não se
deixar atravessar por oxigénio.
d p2 ⋅ δ
k = (iv)
w 2⋅h ⋅ t
η
K =k ⋅ (v)
w w ρ⋅g
Caso se utilize apenas água, a expressão (v) passa a ser a expressão (vi) e, no caso de utilizar
um indicador de fenolftaleina que consiste numa mistura de 5ml de fenolftaleina em 500ml de
etanol com 500ml de água, então a expressão passa a ser a expressão (vii). As expressões são
diferentes tendo em conta a viscosidade dinâmica da solução com o indicador.
−7
K = 1.02 ⋅ 10 ⋅k (vi)
w w
−7
K = 1.3 ⋅ 10 ⋅k (vii)
w w
4. ALGUNS RESULTADOS DE ABSORÇÃO E PERMEABILIDADE DE ROCHAS
Apresentam-se, na tabela 1, a título de exemplo, alguns valores de absorção por imersão com
vácuo e de permeabilidade ao oxigénio obtidos para diferentes tipos de rochas da Região
Centro.
5. CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
[1] Comité Français de Mécanique des Roches, coordonné por Françoise Homand et Pierre
Duffaut (2000). Manuel de Mécanique des Roches, Les Presses de lÉcole des mines,
Paris, 265 p.
[2] Cabrera, J.G.; Gowripalan, N.; Wainwright, P.J. (1989). An Assessment of Concrete
Curing Efficiency Using Gas Permeability, Magazine of Concrete Research, Vol. 41, No
149,193-198, Sept.
[3] Cabrera J.G.; Lynsdale, C.J. (1988). A New Gas Pemeameter for Measuring the
Permeability of Mortar and Concrete, Magazine of Concrete Research, vol. 40, No. 144,
177-182.
[4] The Concrete Society (1985). Permeability Testing of Site Concrete: A Review of
Methods and Experience, Report of a Concrete Society Working Party Permeability of
Concrete and its Control, Papers of a one-day Conference, London 12 Dec., The
Concrete Society.
[5] Grube, H.; Lawrence, C.D. (1984). Permeability of Concrete to Oxygen, Proceedings of
Rilem Seminar, Durability of Concrete Structures Under Normal Outdoor Exposure,
University of Hanover, Institute fur Baustoffkunde und Materialprufung 68-79.
[8] Castro Gomes, J.P. , Rodrigues-Carvalho, J.A., Pissarra Cavaleiro, V.M. e Afonso Costa,
B.J. (1999). Determinação da Porosidade e Permeabilidade em Inertes Graníticos para
Utilização em Betões, 1º Simposium Internacional da Pedra Natural na Construção,
Lisboa.
[9] Castro Gomes, J.P.; Pereira de Oliveira, L.A.; Gonilho Pereira, C.N.; Torgal, F.M.A.S.P.
(2001). Absorção e Permeabilidade de Inertes como Parâmetro de Avaliação da
Durabilidade do Betão, Engenharias 2001, Universidade da Beira Interior, Covilhã,
Novembro, pp. 315-321.
[10] Valenta, O. (1970). The permeability of concrete in aggressive conditions. Proc. 10th
International Congress on Large Dams. Montreal, pp. 103-117.