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PLANEJAMENTO E

CONTROLE DE CUSTOS EM
OBRAS
Elaboração

Wagner dos Anjos Carvalho

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO......................................................................................................................................................... 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA.................................................................................. 5

INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................................. 7

UNIDADE I
PLANEJAMENTO E CONTROLE...................................................................................................................................................................................... 13

CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................................................................................... 14

CAPÍTULO 2
ESTRUTURA ANALÍTICA DO PROJETO (EAP)............................................................................................................................................ 16

CAPÍTULO 3
RECURSOS E PRAZOS DE EXECUÇÃO........................................................................................................................................................ 19

UNIDADE II
TÉCNICAS DE PLANEJAMENTO E PROGRAMAÇÃO............................................................................................................................................. 23

CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO......................................................................................................................................................................................................... 23

CAPÍTULO 2
CLASSIFICAÇÃO ABC........................................................................................................................................................................................ 26

CAPÍTULO 3
CURVA S................................................................................................................................................................................................................... 35

UNIDADE III
PERT/TEMPO......................................................................................................................................................................................................................... 39

CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO......................................................................................................................................................................................................... 39

CAPÍTULO 2
TEMPO OTIMISTA, PROVÁVEL E PESSIMISTA......................................................................................................................................... 45

CAPÍTULO 3
VARIÂNCIA E DESVIO-PADRÃO DE EVENTOS......................................................................................................................................... 75

UNIDADE IV
INSTRUMENTOS DE ACOMPANHAMENTO E DESENVOLVIMENTO............................................................................................................. 83

CAPÍTULO 1
CONCEITO............................................................................................................................................................................................................... 83

CAPÍTULO 2
CONTROLE FÍSICO DOS EMPREENDIMENTOS..................................................................................................................................... 85

CAPÍTULO 3
CONTROLE FINANCEIRO/ORÇAMENTÁRIO............................................................................................................................................. 87
UNIDADE V
INSTRUMENTOS DE INFORMAÇÃO........................................................................................................................................................................... 105

CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO....................................................................................................................................................................................................... 105

CAPÍTULO 2
RELATÓRIOS........................................................................................................................................................................................................ 108

CAPÍTULO 3
INFORMAÇÃO DAS DECISÕES..................................................................................................................................................................... 120

REFERÊNCIAS......................................................................................................................................................... 139
APRESENTAÇÃO

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como
pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia
da Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO
DE ESTUDOS E PESQUISA

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de
textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam
tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta
para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto
antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para
o autor conteudista.

Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma
pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em
seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas
experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para
a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar


Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do
estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam
para a síntese/conclusão do assunto abordado.

6
Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa

Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/
conclusões sobre o assunto abordado.

Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando
o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar


Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a
aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo
estudado.

7
INTRODUÇÃO

O sucesso de qualquer empreendimento está ligado diretamente ao planejamento,


no entanto muitas organizações pecam nessa etapa por não considerarem
tão importante. O reflexo disso está no resultado desastroso que vemos de
empreendimentos inacabados ou abandonados. Ao longo do tempo, as empresas
têm investido cada vez mais nessa etapa tão importante, inclusive algumas
construtoras já possuem um departamento na sua estrutura organizacional que
se dedica de forma intensa ao planejamento de todas as suas atividades.

Planejar não é uma tarefa simples, Para sua concepção, é necessária uma integração
com todos os outros setores da empresa, e, também, com fornecedores, prestadores
de serviços terceirizados e demais empresas e pessoas envolvidas na execução
de um empreendimento para entender suas necessidades, demandas e recursos.

A interação do setor de planejamento com os demais setores da empresa pode,


por exemplo, se dar das seguintes maneiras:

» Alta administração: a alta administração é a direção da empresa.


Ela informa ao setor de planejamento os contratos vigentes para
construção de empreendimentos, os valores envolvidos, as condições
das construções e os prazos de execução. Os documentos que deverão
ser disponibilizados para o setor de planejamento são o contrato de
construção, os pré-projetos e respectivos memoriais relacionados a
cada empreendimento.

» Setor de engenharia: este setor coordena os setores de arquitetura,


de projetos de engenharia, obras, fábrica e o setor de depósito. Ele
irá disponibilizar para o setor de planejamento projetos, memoriais
e relatórios, desenvolvidos pelos setores a ele subordinados.

» Setor de arquitetura: este setor deverá informar quais materiais


devem ser utilizados na construção da edificação. Na informação
do produto deverão constar o tipo, a marca e o fabricante, bem
como se existem materiais similares. Os documentos que deverão
ser disponibilizados para o setor de planejamento são as plantas de
execução, os memoriais descritivos e os memoriais executivos.

8
» Setor de projetos de engenharia: este setor deverá informar ao
setor de planejamento quais atividades de engenharia serão realizadas
na obra. Os documentos que deverão ser disponibilizados para o
setor de planejamento são os projetos de implantação da obra, de
fundações, de estruturas, de instalações elétricas, de telefonia, de
segurança, de automação, de instalações hidráulicas, de telhados e
outros projetos pertinentes a cada tipo de empreendimento. Devem
ser entregues, também, os memoriais descritivos, os memoriais
executivos e as tabelas quantitativas.

» Setor de obras: este setor deverá informar mensalmente ao setor


de planejamento, durante a execução de cada obra, as medições dos
serviços realizados, a quantidade de materiais e de mão de obra
utilizada, o acompanhamento de cronogramas, além de relatórios
sobre testes de novos materiais e aditivos necessários de serviços
ao projeto original.

» Setor de fábrica: este setor deverá informar mensalmente ao setor


de planejamento o andamento da produção industrial de cada obra e
a mão de obra envolvida como, por exemplo, no caso de fabricação
de elementos pré-fabricados de concreto armado ou elementos de
estruturas metálicas, como, por exemplo, de elementos pré-fabricados.
Serão entregues relatórios consolidados sobre a produção, bem como
de testes de novos materiais e novas tecnologias.

» Setor de depósito: este setor deve informar ao setor de planejamento


todo material que entra e que sai, suas características, quantidades, e
para que empreendimento foram comprados, bem como as quantidades
e datas de suas saídas. Deverá informar, também, os atrasos de
recebimento e as não conformidades observadas. Os documentos
que deverão ser disponibilizados para o setor de planejamento são
relatórios consolidados.

» Setor comercial: este setor coordena os setores de marketing e


de vendas. Ele irá disponibilizar para o setor de planejamento os
relatórios consolidados, gerados pelos setores a ele subordinados.

» Setor de marketing: este setor coordena o setor de vendas. Ele


faz o estudo de mercado para o lançamento do empreendimento
e é responsável por todas as ações de prospecção e contato com o
consumidor, bem como pelo acompanhamento do mix de comunicação
da empresa. Ele informa ao setor de planejamento as preferências e
expectativas dos consumidores com relação aos produtos oferecidos
pela empresa. Os documentos que deverão ser disponibilizados
para o setor de planejamento são relatórios consolidados sobre o
comportamento do consumidor em relação aos produtos oferecidos
pela empresa e sobre sua imagem no mercado.

» Setor de vendas: este setor realiza as vendas dos empreendimentos


antes, durante e após a construção das edificações. Ele informa ao
setor de planejamento o andamento da realização de negócios da
empresa. Os documentos que deverão ser disponibilizados para o
setor de planejamento são relatórios consolidados de vendas dos
empreendimentos.

» Setor de financeiro: este setor coordena os setores contábil, de


tesouraria, de contas a pagar e contas a receber. Ele irá disponibilizar
para o setor de planejamento os relatórios consolidados, gerados
pelos setores a ele subordinados. Cabe a esse setor, também, informar
o custo da utilização do dinheiro a ser aplicado na obra e, se for o
caso, quais são as documentações necessárias para um financiamento
bancário. É importante lembrar que a maioria das construtoras
não tem dinheiro suficiente para custear todo o valor envolvido
na construção de uma edificação. Daí a necessidade de contratar
um financiamento bancário até haver o retorno financeiro. Os
documentos que, também, deverão ser disponibilizados para o setor
de planejamento são relatórios financeiros consolidados.

» Setor contábil: este setor informa os dados reais de pagamentos de


obras anteriores, bem como faz o acompanhamento de pagamentos
relacionados às obras em andamento. Os documentos que deverão
ser disponibilizados para o setor de planejamento são relatórios
consolidados de acompanhamento contábil.

» Setor de tesouraria: este setor deverá ser informado pelo setor


de planejamento, antes da realização de cada empreendimento,
quais as necessidades financeiras relacionadas e a data de suas
utilizações. Os documentos que deverão ser disponibilizados para
o setor de planejamento são relatórios dos recursos destinados a
cada empreendimento para utilização futura.

» Setor de contas a pagar: este setor faz os pagamentos envolvidos


para a realização da obra. Ele informa ao setor de planejamento o
andamento dos pagamentos da empresa, relacionando-os a cada
empreendimento. Os documentos que deverão ser disponibilizados
para o setor de planejamento são relatórios consolidados dos
pagamentos efetuados por empreendimento.

» Setor de contas a receber: este setor atua na cobrança dos valores


a receber pela empresa. Ele informa ao setor de planejamento a
entrada de recursos provenientes dos recebimentos relativos a cada
empreendimento. Os documentos que deverão ser disponibilizados
para o setor de planejamento são relatórios consolidados de receitas
dos empreendimentos.

» Setor de administração: este setor coordena os setores jurídico,


de informática e de compras. Ele irá disponibilizar para o setor de
planejamento os relatórios consolidados, gerados pelos setores a ele
subordinados. Ele informa, também, ao setor de planejamento os
gastos do escritório central com cada empreendimento. Os documentos
que deverão ser disponibilizados para o setor de planejamento são
relatórios consolidados de gastos do escritório central com cada
empreendimento.

» Setor jurídico: este setor deverá informar ao setor de planejamento a


documentação técnica recebida de cada empreendimento (documentação
legal do terreno, orçamento, cronograma físico-financeiro, memorial
descritivo, memorial executivo etc.), para ser enviada aos órgãos
públicos competentes. Os documentos que deverão ser disponibilizados
para o setor de planejamento são relatórios consolidados para cada
empreendimento.

» Setor de informática: este setor deverá informar ao setor de


planejamento os filtros relacionados a cada empreendimento.
Os documentos que deverão ser disponibilizados para o setor de
planejamento são relatórios consolidados de cada empreendimento.
» Setor de compras: este setor deverá informar ao setor de planejamento
os materiais em programação de compra, seus valores, quantidades,
prazos e locais de entrega, além dos profissionais do setor envolvido
em cada compra. Os documentos que deverão ser disponibilizados
para o setor de planejamento são relatórios consolidados sobre as
atividades de compra.

Nesta disciplina abordaremos conceitos e ferramentas aplicadas no planejamento


e controle de obras com o objetivo de acompanhar a execução e o andamento
da obra respeitando o cronograma e atendendo às exigências de qualidade
determinada pelas partes interessadas do projeto.

Na Unidade I, vamos tratar sobre a importância do planejamento em qualquer


projeto, assim como sobre a estrutura analítica de projeto (EAP) e sua importância
na organização das atividades. Na Unidade II, serão apresentadas as principais
ferramentas usadas no planejamento e controle de execução de obras. Na Unidade
III, abordaremos o PERT e como seu algoritmo funciona. Na Unidade IV, tratamos
sobre os tipos de controle físico e financeiro/orçamentário em projetos. E, por
fim, na Unidade V, vamos nos apropriar de instrumentos de informações que
ajudam na condução e linearidade de projetos.

Objetivos
» Entender a importância do planejamento.

» Conhecer as técnicas aplicadas a projetos.

» Elaborar instrumentos de controle.


PLANEJAMENTO E
CONTROLE UNIDADE I

Introdução
Qualquer empresa independente de seu tamanho e segmento tem como finalidade
principal a busca do lucro, que vai remunerar seus investidores nos negócios e propiciar
o crescimento sustentável da empresa.
Essa sustentabilidade da empresa é considerada boa, quando a empresa cresce com
seus próprios recursos.
No entanto, quando a empresa adquiri dívidas para tentar crescer no mercado, torna-
se vulnerável e pode ser obrigada em muitos casos a trocar de estratégias, fazendo
parceiras ou até mesmo vendendo suas ações para sobreviver.
Dessa forma, para que uma empresa possa se sustentar (crescer) e se manter no
mercado em que atua, ela precisa desenvolver a cultura do planejamento para saber se
os objetivos e metas serão atingidos e principalmente se os custos que foram planejados
vão se manter inalterados ao longo do tempo.
Um exemplo de planejamento é o planejamento industrial, para sua elaboração os
técnicos precisam se basear na meta de faturamento, buscando no histórico dos produtos
a margem de contribuição de cada um no faturamento da empresa.
A área de logística tem como função principal no planejamento industrial calcular
a capacidade instalada da fábrica, determinar os turnos de trabalho e a mão de obra
necessária para atender às metas de vendas.
Todo planejamento tem um horizonte temporal que deve ser definido, ele pode ser de
curto, médio e longo prazo e ele envolve todos os departamentos da empresa com sua
diretoria para as tomadas de decisões que vão definir os rumos da empresa no mercado.
As áreas de decisões são caracterizadas por um conjunto de decisões específicas que
se referem a:
» Estrutura: cujas decisões estão relacionadas às características
tecnológicas do sistema produtivo;
» Infraestrutura: cujas as decisões estão relacionadas à operação do sistema
produtivo.
Nos capítulos que serão apresentados serão tratados com maior profundidade a questão
do planejamento, a estrutura analítica de projeto e os recursos e prazos de execução.

13
CAPÍTULO 1
Introdução

Planejar a execução de um empreendimento significa realizar um plano de


trabalho que indique quais recursos financeiros, humanos e materiais serão
necessários para sua execução e em que instante do tempo eles devem ser
utilizados. O planejamento é, então, uma previsão de recursos, sem os quais
a execução do empreendimento seria prejudicada.

Assim, a atividade de planejar é baseada em hipóteses de desempenho de todas


as pessoas e empresas que estariam envolvidas na execução do empreendimento.
Assim, quando planejamos a execução de um empreendimento, sabemos o
tempo que irá durar sua construção e, portanto, a data de término da obra.
Nesse caso, o risco de a obra atrasar é inerente ao processo de planejamento.
Figura 1. Exemplo de organograma de empresa construtora.

Setor de fábrica Setor de engenharia Setor de arquitetura

Setor de projetos e
Setor de depósito
engenharia

Setor de obras

Setor comercial Alta Administração


Setor contábil

Setor de marketing Setor de Setor financeiro

planejamento

Setor de vendas Setor tesouraria

Setor de contas a
pagar

Setor de contas a
receber

Setor jurídico Setor de administração

Setor de informática

Setor de compras
Fonte: Elaborado pelo autor.

14
Planejamento e Controle | Unidade i

Vimos que os projetos da construção civil, como todos os projetos de modo


geral, são compostos pelo emprego de pessoas, de materiais e de equipamentos,
organizados de acordo com um processo sequencial de atividades de tal modo
que, passado o tempo de realização dessas atividades (construção), resultem
no produto final esperado.

Os recursos (pessoas, materiais e equipamentos) são empregados em variação


de quantidades e de características específicas a cada fase e a cada um dos
subprodutos. O volume de recursos empregados aumenta à medida que cada
fase avança.

As diversas fases que compõem o projeto são denominadas de ciclo de vida


do projeto.

As fases de um projeto da construção civil podem ser assim denominadas:

» Mobilização (conceito).

» Planejamento.

» Execução (implementação).

» Desmobilização e encerramento (conclusão).

15
CAPÍTULO 2
Estrutura analítica do projeto (EAP)

A estrutura analítica de projeto (EAP) – também conhecida pelos seus nomes


em inglês Work Breakdown Structure (WBS) ou ainda Project Breakdown Structure
(PBS), é uma estrutura que apresenta as etapas de trabalho do projeto por
meio de níveis hierárquicos. Ele facilita o detalhamento dos processos e o
gerenciamento de escopo, principalmente quando temos projetos com ações
sequenciadas (em cascata), assim como o gerenciamento da equipe e dos
recursos ao longo da realização do produto ou serviço.

Todas as etapas de trabalho devem estar, de alguma forma e sem exceção,


representadas na EAP. Caso o pacote não esteja descrito na estrutura, esse
não é um trabalho que poderá ser realizado.

A EAP existe basicamente para:

» organizar e confirmar em sua totalidade o escopo do projeto;

» garantir que nenhum trabalho seja esquecido;

» detalhar todo o trabalho definido na Declaração do Escopo.

A EAP pode variar de projeto para projeto e os seus níveis podem receber
numerações, conforme a estrutura abaixo:

» O Nível 1 representa o resultado do projeto, que pode ser um produto


ou serviço;

» Os níveis 1.1, 1.2, 1.3 e 1.4 são as fases ou áreas do projeto;

» Os níveis 1.1.1, 1.1.2, 1.2.1, 1.2.2, 1.3.1, 1.3.2 e 1.4.1 são os


agrupamentos ou produtos;

» Os níveis 1.4.1.1, 1.4.1.2 e 1.4.1.3 são os pacotes de trabalho.

16
Planejamento e Controle | Unidade i

Figura 2. Estrutura Analítica de Projeto.

1.0
Nome do projeto
(Produto, Serviço ou resultado final)

1.1 1.2 1.3 1.4


Componente 1 Componente 2 Componente 3 Componente 4

1.1.1 1.2.1 1.3.1 1.4.1


Subcomponente 1 Subcomponente 1 Subcompoente 1 de Subcomponente 1
de componente 1 de componente 2 componente 3 de componente 4

1.4.1.1
1.1.2 1.2.2 1.3.2
Parte 1 do
Subcomponente 2 Subcomponente 2 Subcomponente 2 subcomponente 1
de componente 1 de componente 2 de componente 3 de componente 4

1.4.1.2
Parte 2 do
subcomponente 1
de componente 4

1.4.1.3
Parte 3 do
subcomponente 1
de componente 4

Fonte: Elaborado pelo autor.

Veja a seguir como a estrutura analítica de projeto pode ser aplicada para um
projeto web. Nessa estrutura, não foram apresentados os valores numéricos
dos níveis hierárquicos, mas apresenta a gestão do projeto. A EAP também
auxilia os clientes na visualização encadeada das ações que serão realizadas
ao longo do projeto; dessa forma, a EAP também pode ser usada como um
poderoso instrumento de comunicação entre as partes.

17
Unidade i | Planejamento e Controle

Figura 3. Estrutura Analítica de Projeto (EAP).

Planejamento •Definição da linha de base

• Medição dos resultados parciais do


Monitoramento projeto
• Comparação planejado x executado

•Intervenções visando:
•Correções de desvios;
Controle
•Alcance dos resultados
esperados.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Perceba que a EAP apresenta suas atividades de forma sequencial, embora


não seja obrigatório. Claro que quanto mais sequencial for, melhor será o
cumprimento do planejado, mas, ao longo da execução do projeto, podem
ocorrer mudanças e essa sequência pode ser alterada. O ciclo de vida do
projeto que são todas as etapas do nível 2 e cada subnível deve ser detalhado.
Para que a EAP apresente uma leitura mais gerenciável, recomenda-se que os
subníveis não passem de 5, mas o número de subdivisões de cada ramo varia.

Como já foi mencionado anteriormente, o nível de detalhamento da EAP vai


variar de projeto para projeto. Esse detalhamento normalmente acontece no
documento apenas quando o escopo é bem conhecido desde o início, o que é
difícil. Ou seja, o nível de detalhamento vai ganhando corpo, na maioria das
vezes, ao longo do desenvolvimento do projeto e das necessidades que vão
surgindo.

A EAP não é apenas uma estrutura que vai organizar e sequenciar atividades, ela
vai além disso. Ela serve como instrumento de comunicação, acompanhamento
e análise do projeto, bem como a visualização para alocação das equipes,
materiais e recursos financeiros envolvidos com cada etapa ou atividade,
desde o início do projeto até o encerramento dele.

18
CAPÍTULO 3
Recursos e prazos de execução

Sabemos que a variável tempo, muitas das vezes, em projetos pode ser escasso,
e realizar a sua programação não está condicionada apenas ao prazo total do
projeto, data de início e de término, mas, também, aos prazos parciais, que
ditam como o projeto será executado ao longo do seu ciclo de vida.

Os prazos parciais são essenciais para que se possa programar, por exemplo:
compras de materiais, contratações de mão de obra, aluguel de equipamentos etc.
Existem dois instrumentos muito utilizados nessa programação: o Cronograma
Físico (de Barras) ou Diagrama de Gantt e as Redes de Precedência ou Malhas
PERT-CPM (program evaluation and review technique-critical path method). Cada
um deles totalmente diferente do outro em termos de estrutura e conceito.

Vamos tratar em detalhes cada um deles para que o entendimento fique mais
claro. O cronograma físico (de barras), Diagrama de Gantt, é o mais utilizado
e, por consequência, se tornou o preferido pelos gerentes de projetos. Sua
simplicidade na construção, assim como sua visualização, foi o que fez dele
o queridinho. No entanto, não é um recurso que resolve a vida dos gerentes
de projeto, por exemplo, com relação ao PERT-COM, o Diagrama de Gantt
não apresenta a interdependência entre as etapas construtivas, a facilidade
de reprogramações e o detalhamento de etapas ou serviços em atividades de
interesse especial.

Os cronogramas físicos podem ser confeccionados por meio de planilhas


eletrônicas – em que a mais popular e disponível em qualquer organização é
o Microsoft Excel, por meio da inclusão de uma coluna que estará relacionada
com as etapas construtivas que gerem prazos no projeto e a distribuição do
tempo de cada etapa em linhas horizontais, onde se inserem as barras (traços
horizontais que representam os prazos) e os percentuais mensais das etapas
a serem executados. Normalmente, a unidade de tempo mais comum para
execução das atividades é o mês, podendo ser ele dividido em subunidades de
tempo, como quinzena, semana ou diária.

O dimensionamento da barra horizontal leva em consideração circunstâncias


econômicas e de prazos no projeto. Pode-se partir de um quantitativo de mão
de obra fixo, calculando-se os prazos de cada etapa e, a partir de prazos fixos
já determinados, é possível dimensionar de forma ótima a mão de obra que
cada etapa necessita.

19
Unidade i | Planejamento e Controle

Em muito dos casos, não é possível de uma só vez dimensionar as barras


horizontais das etapas construtivas. Isso porque as etapas, como são constituídas
de vários serviços e esses serviços se inter-relacionam, é necessária a realização
de um estudo à parte dimensionando-se cada serviço componente das etapas
e sua interdependência, determinando-se, assim, o início, o final e a duração
das etapas.

Vamos usar como exemplo a infraestrutura de uma obra, que é composta das
seguintes etapas:

» Cravação de estacas pré-moldadas.

» Escavação para blocos e cintas.

» Formas de blocos e cintas.

» Lastro de concreto impermeabilizante.

» Armação e concretagem de blocos e cintas.

Perceba que há uma interdependência entre os serviços (etapas) e é importante


lembrar que os fatores que primordialmente regem a interdependência entre
serviços ou etapas são os prazos técnicos existentes em cada uma delas e
a otimização do quantitativo exigido de mão de obra. Após levados em
consideração estes critérios, deve-se considerar os critérios econômicos,
financeiros e outros.

Programação de recursos
Após o dimensionamento das etapas do projeto, o tempo que cada uma delas
levará para ser realizada (geralmente em meses) e o quantitativo de mão de
obra, a próxima fase da programação é determinar os recursos financeiros
necessários para o cumprimento da programação física. Essa fase é comumente
chamada de programação de distribuição de recursos, que é materializada pelo
cronograma financeiro.

Ambos os cronogramas, físico e financeiro, são comuns entre si, a ponto


de se juntarem e de se tornarem um único cronograma, denominado
cronograma físico-financeiro. Essa denominação não apresenta um argumento
suficientemente consistente para se justificar, considerando-se o rigor que
deve nortear todo e qualquer procedimento técnico ou científico.

20
Planejamento e Controle | Unidade i

O cronograma financeiro é formado por dados do orçamento (preços das


etapas construtivas) e do cronograma físico (percentuais de etapas de execução
prevista para cada mês). No cronograma financeiro o que é representado são
os valores financeiros correspondentes aos percentuais mensais (veja modelo
à frente).

O cronograma financeiro é constituído de uma coluna que vai compor todas


as etapas construtivas que gerem custo na obra e linhas para cada etapa
contendo os percentuais previstos no cronograma físico para cada mês e os
correspondentes valores financeiros mensais.

A última coluna evidentemente é aquela que exibe os valores totais das etapas,
cujo somatório, ao fim da última linha, será o total da obra, valor que deverá
ser o mesmo do somatório dos totais mensais.

Quanto ao fechamento horizontal do cronograma financeiro, adota-se o mesmo


procedimento do fechamento das planilhas orçamentárias, resguardando-se
as diferentes modalidades de contratações.

Recomenda-se que tanto o cronograma físico quanto o financeiro estejam


representados em uma única folha para facilitar a visualização global do
documento.

Seguem exemplos de planilhas de cronogramas nas suas formas padronizadas


mais comuns, que podem perfeitamente ser utilizadas como modelo.
Tabela 1. Cronograma físico.

Cronograma Físico
Empresa: Obra: Resp.: Data:
Item Discriminação Meses
1 2 3 4 5 6

Fonte: Elaborado pelo autor.

21
Unidade i | Planejamento e Controle

Tabela 2. Cronograma financeiro.

Cronograma Financeiro
Empresa Obra Responsável Data:
Item Discriminação Meses
Totais
$ % 1 2 3 4 5 6

$ %

$ %

$ %

$ %

$ %

$ %

$ %

$ %

$ %

$ %

Fonte: Elaborado pelo autor.

22
TÉCNICAS DE
PLANEJAMENTO E UNIDADE II
PROGRAMAÇÃO

CAPÍTULO 1
Introdução

Já imaginou começarmos uma obra pela compra de materiais sem que tenhamos
a área para construção? Ou realizar uma viagem para um local que tipicamente
é frio e na bagagem levamos roupas típicas do verão?

São situação inimagináveis quando realizamos com antecedência o chamado,


planejamento. Em suma, precisamos vislumbrar todas as etapas que estão
previstas tanto na execução de uma obra como numa viagem. Há uma sequência
que deve ser respeitada antes que a outra seja iniciada.

Como o foco do nosso estudo está direcionado à construção civil, não entraremos
em outras explicações, mas o raciocínio se aplica a tudo.

O planejamento é a atividade crucial a todos os empreendimentos. Ela é


desenvolvida desde antes de seu início até o seu término, assumindo formas
e denominações diferentes, conforme o conjunto de tarefas desenvolvidas nas
suas etapas. Ocupa-se do plano geral do projeto em nível de macrovisão dele,
sem detalhamentos que levem a se perder a visão global do projeto.

Elabora-se, nessa fase, um plano inicial, lógico e racional, com base nos dados
relativos ao Projeto, chamado plano-mestre da obra, cuja consolidação se dá
aproximadamente aos 30% do projeto executado, e que contém em seu escopo
elementos tais como:

» Dimensões globais do projeto;

» Sistema construtivo e as necessidades envolvidas;

» Dimensionamento geral dos insumos (matéria-prima, mão de obra,


equipamento e ferramenta);

23
Unidade ii | Técnicas de Planejamento e Programação

» Prazo global estimado;

» Valor global estimado;

» Outros parâmetros específicos do projeto.

O planejamento tem caráter dinâmico, e é normalmente utilizado para adaptar


o plano-mestre, quando de sua consolidação às necessidades ou conveniências.
Assim, o planejamento se encerra somente ao final do empreendimento, pois
até a última tarefa deve ser planejada.

A programação como parte integrante do planejamento corresponde às atividades


de desenvolvimento de detalhamento dos eventos para o cumprimento do plano-
mestre. Define basicamente como, quando e com que recursos qualitativos e
quantitativos a construção será executada.

É o planejamento em nível de microvisão, em que os possíveis lapsos ou


desvios de prazos e custos provoquem menor impacto, pois os intervalos de
tempo e os recursos financeiros enfocados são bastante menores. Fazem parte
das responsabilidades da programação, entre outras:

» Previsão detalhada de prazos, custos e distribuição de recursos;

» Preparação de contratos e especificações técnicas;

» Preparação de programas de suprimentos e desembolsos;

» O acompanhamento da evolução da obra;

» Análise dos progressos alcançados;

» Comparação dos resultados obtidos com as metas iniciais;

» Análise dos resultados das comparações;

» Sugestões de medidas corretivas, quando necessário;

» Realimentação do sistema com os resultados coletados;

» Auxílio nas reprogramações ou nos replanejamentos.

Nesse sentido, não podemos deixar de acompanhar (monitorar) o que foi


planejado no projeto. Esse acompanhamento vai de encontro com o progresso e

24
Técnicas de Planejamento e Programação | Unidade ii

o desempenho das atividades, o que geralmente envolve a realização de medições


periódicas e o estabelecimento de níveis considerados ideais de qualidade para
efeito de comparação. Já o controle envolve realizar intervenções com base
nos dados obtidos no monitoramento, visando corrigir os desvios ocorridos
e alcançar os resultados planejados.

Sendo assim, é impossível falar de monitoramento e controle de forma


independente do planejamento, pois os parâmetros de comparação utilizados
ao longo da execução serão baseados nas informações iniciais de prazo, custo,
qualidade, escopo e risco, às quais definimos como linha de base.

Figura 4. Esquema básico de planejamento, monitoramento e controle.

Planejamento •Definição da linha de base

• Medição dos resultados parciais do


Monitoramento projeto
• Comparação planejado x executado

•Intervenções visando:
•Correções de desvios;
Controle
•Alcance dos resultados
esperados.

Fonte: Elaborado pelo autor.

25
CAPÍTULO 2
Classificação ABC

Feito o planejamento e realizada a programação, muitos materiais são incorporados


ao projeto e são mantidos em estoque, mas apenas um pequeno quantitativo deles
merece uma atenção mais cuidadosa e, principalmente, um controle mais firme
por parte de quem os gerencia. Dessa forma, precisamos classificar os materiais
quanto ao seu grau de importância para execução da obra.

A curva, classificação ou análise ABC, é o processo de dividir os produtos


adquiridos para execução da obra em três categorias, de acordo com o seu
valor financeiro, de modo que possam focalizar nos produtos que possuem
um valor agregado muito alto.

Criada pelo economista italiano Vilfredo Pareto, no final do século XIX, o


estudo da época foi sobre renda e riqueza nas nações, observando: Em 98%
dos casos analisados, cerca de 80% da renda total gerada restringia-se a 20%
da população.

Esse método é o equivalente a se criar um diagrama de Pareto, no entanto,


o diagrama de Pareto está relacionado a erros de processo enquanto a curva
ABC é aplicada a estoque.

Após a classificação dos itens, a classificação ABC é dividida em três categorias


– A, B, C. Em virtude de não existirem critérios universalmente aceitos para
a divisão das classes, costuma-se adotar os critérios similares ao exposto a
seguir:

» Classe A: o número de itens é pequeno (entre 10% ou 20%), entretanto,


o valor de consumo acumulado é alto (acima de 50% até 80% no geral);

» Classe B: nesta classe existe um número médio de itens (20% a 30%),


o valor de consumo acumulado permeia entre 20% e 30%;

» Classe C: esta classe é representada pela maioria dos itens (acima


de 50%), entretanto, o valor de consumo acumulado com relação às
classes anteriores é baixo (5% a 10%).

A seguir, será apresentado como podemos construir uma classificação ABC


realizando um passo a passo.

26
Técnicas de Planejamento e Programação | Unidade ii

1. Converta todos os dados para valor: a conversão é feita multiplicando-


se o saldo ou venda em peças pelo custo unitário, ou preço de venda
do material;

2. Totalize os valores de todos os itens;

3. Classifique os produtos do maior valor para o menor: hoje, isso pode


ser feito de maneira simples usando o Excel. Calcule a participação
percentual de cada SKU em relação ao valor total;

4. Calcule o percentual acumulado;

5. Estabeleça a classe de cada SKU, comparando o percentual acumulado


com os percentuais de corte previamente estabelecidos.

Tabela 3. Classificação ABC.

Código Custo Quantidade Valor Valor % do Valor Classe


do Item Unitário Consumida Consumido Acumulado Acumulado do Item
P137 R$ 110,00 6.550
P140 R$ 13,00 17.000
P13 R$ 4,50 23.000
P60 R$ 22,00 2.500
P133 R$ 77,00 670
P117 R$ 7,50 5.500
P119 R$ 50,00 800
P45 R$ 33,60 900
P02 R$ 20,00 600
P112 R$ 13,75 790
P123 R$ 0,30 30.000
P105 R$ 17,00 450
P01 R$ 3,50 2.010
P87 R$ 10,80 650
P44 R$ 23,00 300
P128 R$ 670,00 10
P22 R$ 0,40 15.000
P30 R$ 15,00 330
P106 R$ 2,75 1.760
P56 R$ 2,65 1.500
P23 R$ 12,00 200
P12 R$ 0,70 3.000

27
Unidade ii | Técnicas de Planejamento e Programação

Código Custo Quantidade Valor Valor % do Valor Classe


do Item Unitário Consumida Consumido Acumulado Acumulado do Item
P91 R$ 505,00 4
P90 R$ 1,40 1.200
P50 R$ 510,00 3
P11 R$ 0,90 1.500
P26 R$ 2,50 520
P75 R$ 10,30 110
P101 R$ 0,10 7.600
P124 R$ 9,50 50
P76 R$ 0,30 1.500
P79 R$ 6,70 60
P92 R$ 5,60 34
P84 R$ 0,65 200
Total
Fonte: Elaborado pelo autor.

Na coluna do valor consumido, vamos multiplicar o custo unitário pela quantidade


consumida.

Tabela 4. Cálculo do valor consumido.

Código Custo Quantidade Valor Valor % do Valor Classe


do Item Unitário Consumida Consumido Acumulado Acumulado do Item
P137 R$ 110,00 6.550 R$ 7.035,00
P140 R$ 13,00 17.000 R$ 12.000,00
P13 R$ 4,50 23.000 R$ 1.350,00
P60 R$ 22,00 2.500 R$ 2.100,00
P133 R$ 77,00 670 R$ 103.500,00
P117 R$ 7,50 5.500 R$ 6.000,00
P119 R$ 50,00 800 R$ 2.400,00
P45 R$ 33,60 900 R$ 1.300,00
P02 R$ 20,00 600 R$ 4.950,00
P112 R$ 13,75 790 R$ 6.900,00
P123 R$ 0,30 30.000 R$ 30.240,00
P105 R$ 17,00 450 R$ 1.530,00
P01 R$ 3,50 2.010 R$ 3.975,00
P87 R$ 10,80 650 R$ 55.000,00
P44 R$ 23,00 300 R$ 1.133,00
P128 R$ 670,00 10 R$ 450,00
P22 R$ 0,40 15.000 R$ 402,00

28
Técnicas de Planejamento e Programação | Unidade ii

Código Custo Quantidade Valor Valor % do Valor Classe


do Item Unitário Consumida Consumido Acumulado Acumulado do Item
P30 R$ 15,00 330 R$ 130,00
P106 R$ 2,75 1.760 R$ 7.020,00
P56 R$ 2,65 1.500 R$ 1.680,00
P23 R$ 12,00 200 R$ 2.020,00
P12 R$ 0,70 3.000 R$ 190,40
P91 R$ 505,00 4 R$ 760,00
P90 R$ 1,40 1.200 R$ 7.650,00
P50 R$ 510,00 3 R$ 4.840,00
P11 R$ 0,90 1.500 R$ 10.862,50
P26 R$ 2,50 520 R$ 41.250,00
P75 R$ 10,30 110 R$ 40.000,00
P101 R$ 0,10 7.600 R$ 9.000,00
P124 R$ 9,50 50 R$ 475,00
P76 R$ 0,30 1.500 R$ 6.700,00
P79 R$ 6,70 60 R$ 51.590,00
P92 R$ 5,60 34 R$ 720.500,00
P84 R$ 0,65 200 R$ 221.000,00
Total R$ 1.365.932,90
Fonte: Elaborado pelo autor.

Feito o cálculo do valor consumido e totalizado, precisamos classificar o valor consumido


de forma decrescente.

Tabela 5. Classificação decrescente do valor consumido.

Código Custo Quantidade Valor Valor % do Valor Classe


do Item Unitário Consumida Consumido Acumulado Acumulado do Item
P137 R$ 110,00 6.550 R$ 720.500,00
P140 R$ 13,00 17.000 R$ 221.000,00
P13 R$ 4,50 23.000 R$ 103.500,00
P60 R$ 22,00 2.500 R$ 55.000,00
P133 R$ 77,00 670 R$ 51.590,00
P117 R$ 7,50 5.500 R$ 41.250,00
P119 R$ 50,00 800 R$ 40.000,00
P45 R$ 33,60 900 R$ 30.240,00
P02 R$ 20,00 600 R$ 12.000,00
P112 R$ 13,75 790 R$ 10.862,50
P123 R$ 0,30 30.000 R$ 9.000,00
P105 R$ 17,00 450 R$ 7.650,00

29
Unidade ii | Técnicas de Planejamento e Programação

Código Custo Quantidade Valor Valor % do Valor Classe


do Item Unitário Consumida Consumido Acumulado Acumulado do Item
P01 R$ 3,50 2.010 R$ 7.035,00
P87 R$ 10,80 650 R$ 7.020,00
P44 R$ 23,00 300 R$ 6.900,00
P128 R$ 670,00 10 R$ 6.700,00
P22 R$ 0,40 15.000 R$ 6.000,00
P30 R$ 15,00 330 R$ 4.950,00
P106 R$ 2,75 1.760 R$ 4.840,00
P56 R$ 2,65 1.500 R$ 3.975,00
P23 R$ 12,00 200 R$ 2.400,00
P12 R$ 0,70 3.000 R$ 2.100,00
P91 R$ 505,00 4 R$ 2.020,00
P90 R$ 1,40 1.200 R$ 1.680,00
P50 R$ 510,00 3 R$ 1.530,00
P11 R$ 0,90 1.500 R$ 1.350,00
P26 R$ 2,50 520 R$ 1.300,00
P75 R$ 10,30 110 R$ 1.133,00
P101 R$ 0,10 7.600 R$ 760,00
P124 R$ 9,50 50 R$ 475,00
P76 R$ 0,30 1.500 R$ 450,00
P79 R$ 6,70 60 R$ 402,00
P92 R$ 5,60 34 R$ 190,40
P84 R$ 0,65 200 R$ 130,00
Total R$ 1.365.932,90
Fonte: Elaborado pelo autor.

Na coluna valor acumulado, vamos realizar o seguinte cálculo: na primeira


linha, repetimos o valor de R$ 103.500,00, na segunda, fazemos R$ 103.500,00
mais R$ 55.000,00 (R$ 941.500,00), e assim sucessivamente.

Tabela 6. Valor acumulado.

Código Custo Quantidade Valor Valor % do Valor Classe


do Item Unitário Consumida Consumido Acumulado Acumulado do Item
P137 R$ 110,00 6.550 R$ 720.500,00 R$ 720.500,00
P140 R$ 13,00 17.000 R$ 221.000,00 R$ 941.500,00
P13 R$ 4,50 23.000 R$ 103.500,00 R$ 1.045.000,00
P60 R$ 22,00 2.500 R$ 55.000,00 R$ 1.100.000,00
P133 R$ 77,00 670 R$ 51.590,00 R$ 1.151.590,00
P117 R$ 7,50 5.500 R$ 41.250,00 R$ 1.192.840,00

30
Técnicas de Planejamento e Programação | Unidade ii

Código Custo Quantidade Valor Valor % do Valor Classe


do Item Unitário Consumida Consumido Acumulado Acumulado do Item
P119 R$ 50,00 800 R$ 40.000,00 R$ 1.232.840,00
P45 R$ 33,60 900 R$ 30.240,00 R$ 1.263.080,00
P02 R$ 20,00 600 R$ 12.000,00 R$ 1.275.080,00
P112 R$ 13,75 790 R$ 10.862,50 R$ 1.285.942,50
P123 R$ 0,30 30.000 R$ 9.000,00 R$ 1.294.942,50
P105 R$ 17,00 450 R$ 7.650,00 R$ 1.302.592,50
P01 R$ 3,50 2.010 R$ 7.035,00 R$ 1.309.627,50
P87 R$ 10,80 650 R$ 7.020,00 R$ 1.316.647,50
P44 R$ 23,00 300 R$ 6.900,00 R$ 1.323.547,50
P128 R$ 670,00 10 R$ 6.700,00 R$ 1.330.247,50
P22 R$ 0,40 15.000 R$ 6.000,00 R$ 1.336.247,50
P30 R$ 15,00 330 R$ 4.950,00 R$ 1.341.197,50
P106 R$ 2,75 1.760 R$ 4.840,00 R$ 1.346.037,50
P56 R$ 2,65 1.500 R$ 3.975,00 R$ 1.350.012,50
P23 R$ 12,00 200 R$ 2.400,00 R$ 1.352.412,50
P12 R$ 0,70 3.000 R$ 2.100,00 R$ 1.354.512,50
P91 R$ 505,00 4 R$ 2.020,00 R$ 1.356.532,50
P90 R$ 1,40 1.200 R$ 1.680,00 R$ 1.358.212,50
P50 R$ 510,00 3 R$ 1.530,00 R$ 1.359.742,50
P11 R$ 0,90 1.500 R$ 1.350,00 R$ 1.361.092,50
P26 R$ 2,50 520 R$ 1.300,00 R$ 1.362.392,50
P75 R$ 10,30 110 R$ 1.133,00 R$ 1.363.525,50
P101 R$ 0,10 7.600 R$ 760,00 R$ 1.364.285,50
P124 R$ 9,50 50 R$ 475,00 R$ 1.364.760,50
P76 R$ 0,30 1.500 R$ 450,00 R$ 1.365.210,50
P79 R$ 6,70 60 R$ 402,00 R$ 1.365.612,50
P92 R$ 5,60 34 R$ 190,40 R$ 1.365.802,90
P84 R$ 0,65 200 R$ 130,00 R$ 1.365.932,90
Total R$ 1.365.932,90
Fonte: Elaborado pelo autor.

Na coluna % do valor acumulado vamos realizar a divisão entre o valor


acumulado do item pelo valor consumido total. E, por fim, realizamos a
classificação dos itens.

31
Unidade ii | Técnicas de Planejamento e Programação

Tabela 7. Percentual do valor acumulado e a classificação.

Código do Custo Quantidade Valor Valor % do Valor Classe


Item Unitário Consumida Consumido Acumulado Acumulado do Item
P137 R$ 110,00 6.550 R$ 720.500,00 R$ 720.500,00 52,75% A
P140 R$ 13,00 17.000 R$ 221.000,00 R$ 941.500,00 68,93% A
P13 R$ 4,50 23.000 R$ 103.500,00 R$ 1.045.000,00 76,50% A
P60 R$ 22,00 2.500 R$ 55.000,00 R$ 1.100.000,00 80,53% A
P133 R$ 77,00 670 R$ 51.590,00 R$ 1.151.590,00 84,31% A
P117 R$ 7,50 5.500 R$ 41.250,00 R$ 1.192.840,00 87,33% B
P119 R$ 50,00 800 R$ 40.000,00 R$ 1.232.840,00 90,26% B
P45 R$ 33,60 900 R$ 30.240,00 R$ 1.263.080,00 92,47% B
P02 R$ 20,00 600 R$ 12.000,00 R$ 1.275.080,00 93,35% B
P112 R$ 13,75 790 R$ 10.862,50 R$ 1.285.942,50 94,14% B
P123 R$ 0,30 30.000 R$ 9.000,00 R$ 1.294.942,50 94,80% B
P105 R$ 17,00 450 R$ 7.650,00 R$ 1.302.592,50 95,36% B
P01 R$ 3,50 2.010 R$ 7.035,00 R$ 1.309.627,50 95,88% B
P87 R$ 10,80 650 R$ 7.020,00 R$ 1.316.647,50 96,39% B
P44 R$ 23,00 300 R$ 6.900,00 R$ 1.323.547,50 96,90% B
P128 R$ 670,00 10 R$ 6.700,00 R$ 1.330.247,50 97,39% C
P22 R$ 0,40 15.000 R$ 6.000,00 R$ 1.336.247,50 97,83% C
P30 R$ 15,00 330 R$ 4.950,00 R$ 1.341.197,50 98,19% C
P106 R$ 2,75 1.760 R$ 4.840,00 R$ 1.346.037,50 98,54% C
P56 R$ 2,65 1.500 R$ 3.975,00 R$ 1.350.012,50 98,83% C
P23 R$ 12,00 200 R$ 2.400,00 R$ 1.352.412,50 99,01% C
P12 R$ 0,70 3.000 R$ 2.100,00 R$ 1.354.512,50 99,16% C
P91 R$ 505,00 4 R$ 2.020,00 R$ 1.356.532,50 99,31% C
P90 R$ 1,40 1.200 R$ 1.680,00 R$ 1.358.212,50 99,43% C
P50 R$ 510,00 3 R$ 1.530,00 R$ 1.359.742,50 99,55% C
P11 R$ 0,90 1.500 R$ 1.350,00 R$ 1.361.092,50 99,65% C
P26 R$ 2,50 520 R$ 1.300,00 R$ 1.362.392,50 99,74% C
P75 R$ 10,30 110 R$ 1.133,00 R$ 1.363.525,50 99,82% C
P101 R$ 0,10 7.600 R$ 760,00 R$ 1.364.285,50 99,88% C
P124 R$ 9,50 50 R$ 475,00 R$ 1.364.760,50 99,91% C
P76 R$ 0,30 1.500 R$ 450,00 R$ 1.365.210,50 99,95% C
P79 R$ 6,70 60 R$ 402,00 R$ 1.365.612,50 99,98% C
P92 R$ 5,60 34 R$ 190,40 R$ 1.365.802,90 99,99% C
P84 R$ 0,65 200 R$ 130,00 R$ 1.365.932,90 100,00% C
Total R$ 1.365.932,90
Fonte: Elaborado pelo autor.

32
Técnicas de Planejamento e Programação | Unidade ii

Como temos 34 itens e obedecendo à divisão dos itens, os materiais P137, 140,
P13 são classificados como A, já que o seu valor de consumo é alto e estão
representando 10% dos itens. Os materiais P60, P133, P117, P119, P45, P02,
P112 e P123 têm valor consumido médio e representam aproximadamente
25% dos itens e os demais materiais classificamos como C.

Gráfico 1. Curva ABC.

100,00%
90,00%
80,00%
70,00%
60,00% A
50,00%
40,00%
30,00%
20,00% A
A
10,00% B B B B B
B B B C C C C C C C C C C C C C C C C C C C C C C C
0,00%
P105
P137
P140
P13
P60
P133
P117
P119
P45
P02
P112
P123

P01
P87
P44
P128
P22
P30
P106
P56
P23
P12
P91
P90
P50
P11
P26
P75
P101
P124
P76
P79
P92
P84
Fonte: Elaborado pelo autor.

O principal objetivo de dividir os itens consumidos em classes é estabelecer


critérios para o dimensionamento e organização dos itens do estoque, como,
também, para critérios de monitoramento e de controle. Já que os itens
classificados como A representam um impacto muito grande, por exemplo,
nas vendas ou na confecção de determinado produto por que não tanto itens
A? A resposta é que esses itens provocam um impacto financeiro muito
significativo para a organização.

Repare que, nos supermercados, produtos de alto valor agregado como bebidas
importadas, por exemplo, você deve levar a embalagem e um funcionário do
supermercado pega essa bebida para você. Essa observação não está ligada
somente ao furto do produto como também a avarias (quebras).

Por isso, quando falamos de projetos, o gerente de projeto deve assegurar que
os produtos que foram classificados com A sejam frequentemente inspecionados
para reduzir o tamanho médio do lote e manter os registros de estoque
correntes.

33
Unidade ii | Técnicas de Planejamento e Programação

Os itens classificados como B requerem um nível intermediário de controle


por parte do gerente de projeto. Nos itens C, o gerente de projeto pode ser
mais flexível.

Uma observação importante está no fato de haver falta de um produto na


execução de uma atividade, a falta de um item classificado como C pode ser
tão crucial como a de um produto que foi classificado como A. Por exemplo,
a falta de determinado tipo de prego cujo valor agregado pode ser classificado
como C pode interromper uma atividade.

34
CAPÍTULO 3
Curva S

Nos projetos de engenharia a multidisciplinaridade está cada vez mais presente,


Dessa forma, o desenvolvimento de ferramentas de acompanhamento é crucial
para o gerenciamento de projetos. A composição dessa equipe de trabalho
multidisciplinar tem como trabalho apoiar o gerente de projeto na gestão,
porém, é importante que desenvolva ferramentas que deem suporte para
tomada de decisões.

A curva S é uma ferramenta bem conhecida para o acompanhamento físico e


financeiro de projetos, que possibilita, por meio da comparação de duas curvas
(a prevista e a real), analisar se o projeto está sendo realizado de acordo com
o que é esperado pelo cronograma.

A curva S é também conhecida por curva logística e encontra aplicação em


vários campos, sendo alguns: a Biologia, a Biomatemática, a Economia, a
Química, as Ciências Políticas e a Estatística.

A curva S mostra como se comporta a distribuição de um recurso/população de


forma cumulativa, sendo amplamente utilizada no planejamento, programação
e controle de projetos. Ela representa o projeto como um todo, em termos de
homens-hora ou de recursos financeiros necessários à sua execução, e permite
visualizar o ritmo de andamento previsto para sua implementação.

Em geral, a curva S é utilizada para averiguar como os desembolsos (recursos)


que foram destinados para as atividades previstas estão sendo utilizados de
acordo com o cronograma físico.

O progresso na construção civil não se dá de forma linear e, sim, num processo


lento-rápido-lento, resultando numa curva Gaussiana. Ao representar esse
avanço de forma acumulada, chegamos à curva S.

A curva S caracteriza-se por uma linha de base (baseline) que está entre o
planejado e o realizado, e essa linha-base é desenvolvida por meio da totalização
das estimativas por período, e o seu comportamento gráfico é usualmente
caracterizado na forma de um S.

A curva S apresenta os seguintes benefícios:

» Mostra o desenvolvimento do projeto do início ao fim;

» Aplica-se a projetos simples, pequenos, complexos e extensos;

35
Unidade ii | Técnicas de Planejamento e Programação

» É possível visualizar em qualquer época do projeto o parâmetro


acumulado (trabalho ou custo);

» Pode ser aplicado para avaliar indicadores de engenharia como:


homem-hora, quantidade de serviço executado, uso de recurso ou
valores monetários;

» Pode ser usada como ferramenta de controle previsto x realizado;

» Apresenta uma leitura e interpretação fácil como, também, permite


apresentação rápida da evolução do projeto;

» É utilizada para decisões gerenciais com relação a desembolsos e


fluxo de caixa;

» Com o formato do S, é possível verificar se há variabilidade na


concentração de atividades no começo (ou fim) da obra.

Vejamos na Tabela 8 um exemplo:

Tabela 8. Exemplo de Curva S.

Semanas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Progresso
0 1 2 4 6 9 12 17 25 34 43 53 62 70 78 84 88 91 93 95 96 97 98 99
(%)
Fonte: Elaborado pelo autor.

Gráfico 2. Curva S.

Acompanhamento físico da obra


110
99
100 93 95 96 97 98
88 91
90 84
Progresso físico (em %)

78
80 70
70 62
60 53
50 43
40 34
30 25
17
20 12
4 6 9
10 0 1 2
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
Semanas

Fonte: Elaborado pelo autor.

36
Técnicas de Planejamento e Programação | Unidade ii

A construção da curva S é feita por meio da acumulação, ou seja, a sua formação


é feita pelo somatório das quantidades medidas da variável em questão, pela
unidade de tempo estipulada no projeto. A função que representa a curva S
é dada abaixo:
n
F ( x )= a + ∑xi
i =0

Em que “a” é o dado inicial, e a partir dele é feito o incremento que ocorre
em cada período determinado.

O principal objetivo e utilização da curva S após a sua construção, é realizar a


comparação entre duas curvas importantes: a prevista e a real. Essa comparação
possibilita visualizar e concluir se o consumo da variável analisada está
ocorrendo conforme o previsto, atuando de forma imediata nas decisões que
serão necessárias ou não para alterações no planejamento do projeto, o que
é muito comum quando se trata de projetos de engenharia.

Então, se a curva real plotada estiver acima da prevista, podemos concluir que
o consumo, ou fluxo da variável analisada, está numa velocidade de execução
acima do esperado. Caso contrário, a velocidade de execução da atividade está
abaixo do esperado, em outras palavras, o real está atrasado com relação ao
planejado.

Gráfico 3. Planejado x realizado.

Acompanhamento físico da obra


110 96979899
100 88919395
Progresso físico (em %)

84
90 78
80 70
70 62
53
60 43
50 34 Planejado
40 25 52
30 17 46 Realizado
12 38
20 69
10 0124 24
30
0 1518
7 10
0123 5
4 5 6 7 8 9 1011121314151617181920212223242526
Semanas

Fonte: Elaborado pelo autor.

Diante das alterações que forem feitas no cronograma real com relação ao
previsto, essas modificações se estendem aos consumos dos recursos utilizados,
diminuindo ou aumentando. Essas modificações vão equilibrar e reaproximar
ao máximo a curva real em relação à prevista.
37
Unidade ii | Técnicas de Planejamento e Programação

Por isso, é extremamente importante acompanhar a evolução das atividades


ao longo da curva, pois se as correções necessárias não forem realizadas com
certa urgência, é possível que a curva real se afaste demais da prevista, fazendo
com que o projeto se torne inviável.

38
PERT/TEMPO UNIDADE III

CAPÍTULO 1
Introdução

Uma ferramenta muito utilizada composta por um conjunto de técnicas para


planejamento e controle de projetos é conhecida como método do caminho
crítico.

Em qualquer projeto existem três fatores importantes que o caracterizam:


prazo, custo e qualidade. Por isso, o método do caminho crítico tem como
objetivo gerenciar os tempos e os custos dos projetos como, também, permitir
a análise dos níveis de recursos que são necessários para desenvolver o projeto.

A aplicação desse método na programação de atividades relacionadas ao projeto


ocorre toda vez que devemos programar tarefas únicas e sem repetição. Um
exemplo é a programação das atividades necessárias à construção de um navio,
de um transformador de grande porte, de uma turbina, entre outros. Existem
dois métodos distintos de planejamento de rede que foram desenvolvidos em
1950: PERT e CPM.

O PERT (Program Evaluation and Review Technique) que, na tradução, significa


técnica de avaliação e revisão de programa, foi desenvolvido para o projeto
do míssil Polaris da Marinha norte-americana, em que estavam envolvidos
3.000 contratos e fornecedores.

O COM (Critical Path Method) que, na tradução, significa método do caminho


crítico foi criado com o intuito de programar manutenções em períodos em
que não havia o funcionamento das máquinas que faziam o processamento
de substâncias químicas.

39
Unidade iii | PERT/TEMPO

Embora inicialmente os métodos apresentassem diferenças no tratamento


das estimativas do tempo de atividade, hoje essas diferenças são praticamente
pequenas.

Já que essas diferenças são pequenas, conforme acabamos de citar, vamos


nos referir a eles como PERT/CPM. E ambos os métodos trazem inúmeros
benefícios aos gerentes de projetos, conforme segue:

» Quando os projetos são considerados como rede, isso obriga as


equipes de projetos a identificar e organizar os dados necessários
como, também, identificar os inter-relacionamentos que existem
entre as atividades. Esse processo acaba criando um fórum para debate
entre os gerentes de áreas funcionais diferentes para que se discuta
a natureza das inúmeras atividades e suas necessidades de recursos;

» Com a construção das redes, os gerentes de projetos podem calcular o


tempo de conclusão do projeto, uma vantagem que pode ser útil para
planejar outros eventos e até renegociar com clientes e fornecedores
desvios no projeto;

» Os relatórios destacam as atividades decisivas para a conclusão dos


projetos respeitando os prazos estabelecidos. Também destacam
as atividades que possuem folgas e que podem ser atrasadas sem
comprometer as datas de término, liberando, assim, os recursos para
aquelas atividades que são consideradas críticas;

» Os métodos de rede ajudam os gerentes de projeto na análise sobre


as implicações de tempo e custos dos trade-off de recursos.

Quando iniciadas as operações, os riscos associados a ele são afetados pela


exatidão das informações, em relação à integridade do cronograma, aos dados
necessários para avaliar o andamento, os tempos para concluir as atividades
e os custos.

Para a identificação desses riscos, assim como pontuar os mais significativos


precisa ter um plano de ação (contingência), caso algo saia errado. Em suma,
quanto mais arriscado for um projeto, a probabilidade de enfrentar dificuldades
ao longo da sua vida útil também é maior.

40
PERT/TEMPO | Unidade iii

Neste sentido, as redes PERT/CPM são utilizadas para quantificar os riscos


associados na execução do projeto. A incerteza, muitas vezes, pode estar
vinculada a uma atividade, e isso reflete no tempo de duração dessa atividade.

Para incorporar no modelo de rede a incerteza, é possível adotar duas


abordagens para calcular as distribuições de probabilidades dos tempos de
atividades: simulação em computador e análise estatística. O caminho crítico
da rede, que será apresentado no próximo capítulo, pode ser conhecido ou
escolhido aleatoriamente por meio de um processo de simulação, gerando
valores aleatórios a partir de sua distribuição de probabilidade.

Pela abordagem da análise estatística, que será a usada nos exemplos que
virão, os tempos das atividades já são declarados na rede de acordo com três
estimativas razoáveis:

» Duração otimista (a): é o menor tempo para que uma atividade seja
realizada caso tudo ocorra bem ao longo da sua execução;

» Duração mais provável (m): é o tempo que se espera para que uma
atividade seja realizada na normalidade;

» Duração pessimista (b): é o maior tempo estimado para que uma


atividade possa ser realizada.

A partir dessas três estimativas de tempo, o gerente de projeto possui


informações suficientes para calcular a probabilidade de uma atividade que
deverá ser concluída conforme descrito no cronograma. Inicialmente, o gerente
de projeto precisa calcular duas medidas importantes: a média e a variância.

No PERT/CPM, os tempos de cada atividade são considerados variáveis


aleatórias de uma distribuição beta. A distribuição beta pode assumir várias
formas, admitindo que a estimativa mais provável (m) esteja em qualquer
ponto entre as estimativas otimista (a) e pessimista (b).

Vale lembrar que essa condição não se aplica à distribuição normal, já que
esta distribuição se deve a sua simetria. Em suma, a estimativa do tempo mais
provável é a moda da distribuição beta, ou seja, o valor mais frequente ou
com maior probabilidade de ocorrência. Na distribuição normal, a moda é
um valor equidistante dos pontos terminais da distribuição.

41
Unidade iii | PERT/TEMPO

Assim, são necessárias duas condições:

1. Vamos imaginar que a, m e b podem ser calculados com certeza. Para


isso, precisamos considerar que os valores dessas estimativas apresentem
valores razoáveis de duração das atividades, negociado entre membros
da equipe responsável pela execução e o gerente de projeto;

2. Supomos que o desvio-padrão do tempo da atividade é um sexto do


intervalo b – a. Dessa forma, a probabilidade de que os tempos reais
da atividade estejam entre a e b é alta. Por que estamos supondo isso?
A resposta é que se o tempo da atividade seguisse uma distribuição
normal, três desvios-padrão para mais ou para menos contribuiriam
com aproximadamente 99,74% da distribuição.

Mesmo apresentando essa hipótese, a derivação da média e da variância da


distribuição de probabilidade para cada atividade dentro da rede PERT/CPM
seria complexa. Utilizando a distribuição beta, essas derivações mostram que
a média pode ser calculada usando a média ponderada das três estimativas.

te =
(a + 4 × m + b)
6

Perceba que o tempo mais provável tem quatro vezes o peso das demais
estimativas.

A variância da distribuição beta de cada atividade é dada por:


2
b−a
σ = 2

 6 

A variância aumenta à medida que a diferença entre b – a aumenta. Isso


significa que se uma pessoa não estiver certa quando calcular o tempo real
de uma atividade, maior será a variabilidade.

Visando à melhor compreensão do cálculo do tempo de cada atividade (t e),


vamos levar em consideração o exemplo do Quadro 1. Nele são apresentados
os tempos estimados para as atividades do projeto, e, a partir das informações,
iremos calcular as suas medidas estatísticas.

No Quadro 2 são apresentados os valores calculados dos (t e) e de (σ 2). Vale


ressaltar que esse é um exemplo didático, sendo que os tempos de cada atividade
foram estimados.

42
PERT/TEMPO | Unidade iii

Quadro 1. Duração de cada atividade do projeto.

Estimativas de tempo (semanas) Estatísticas da atividade

Atividade Otimista (a) Mais provável (m) Pessimista (b) Tempo previsto (t e ) Variância (σ 2 )

A 11 12 13

B 7 8 15

C 5 10 15

D 8 9 16

E 14 25 30

F 6 9 18

G 25 36 41

H 35 40 45

I 10 13 28

J 1 2 15

K 5 6 7
Fonte: Elaborado pelo autor.

Quadro 2. Tempo estimado para as atividades do projeto e a variância.

Estimativas de tempo (semanas) Estatísticas da atividade

Atividade Otimista (a) Mais provável (m) Pessimista (b) Tempo previsto (t e ) Variância (σ 2 )

A 11 12 13 12 0,11

B 7 8 15 9 1,78

C 5 10 15 10 2,78

D 8 9 16 10 1,78

E 14 25 30 24 7,11

F 6 9 18 10 4,00

G 25 36 41 35 7,11

H 35 40 45 40 2,78

I 10 13 28 15 9,00

J 1 2 15 4 5,44

K 5 6 7 6 0,11
Fonte: Elaborado pelo autor.

43
Unidade iii | PERT/TEMPO

Note que a maior incerteza está no tempo calculado para atividade I, seguida
de E e G. A equipe de projeto deve analisar a fonte de incerteza e tomar ações
para reduzir a variância de tempo dessas etapas. Por exemplo, se a atividade
I estiver como atividade, desenvolver um sistema de informação, talvez essa
atividade possa requerer a adoção de uma empresa de consultoria.

E a atividade I pode estar sob questionamento justamente pela disponibilidade


dessa empresa para o período programado por causa de outros compromissos
já assumidos pela empresa.

44
CAPÍTULO 2
Tempo otimista, provável e pessimista

Projeto é uma classificação de sistema produtivo que é utilizada para a criação/produção


de produtos e serviços não repetitivos. Quando dizemos que um produto ou
serviço é produzido de forma não repetitiva, estamos querendo dizer que ele vai
ser produzido apenas uma ou poucas vezes.

Para a fabricação de produtos/ativos, os recursos como máquinas, insumos e


mão de obra são frequentemente movidos para o local de realização do projeto.
Veja alguns exemplos de projetos:

» Projeto de construção de uma usina hidrelétrica;

» Projeto de melhoria de desempenho da força de vendas;

» Projeto de elaboração de um plano estratégico para a empresa;

» Projeto de construção e venda de empreendimento imobiliário;

» Projeto de desenvolvimento do veículo lançador de satélites;

» Projeto de implementação de um software de gestão.

Perceba que:

» Os projetos possuem muitas atividades, e cada uma delas possui um horário


inicial e final (chamados eventos), e relações de precedência, isto é, uma
atividade só pode ser iniciada quando outra atividade for finalizada.

» Os projetos possuem características muito particulares e, por consequência,


são realizados apenas uma vez, ou, na melhor das hipóteses, poucas vezes.

Os objetivos associados à gestão de projetos estão relacionados a terminar o


projeto dentro de um prazo pré-especificado, minimizar o custo de atender
à sua data de entrega, fazer o projeto dentro do menor horizonte de tempo
possível etc.

Assim, veremos que as redes podem ser utilizadas para modelar atividades
relacionadas com um projeto. Uma rede é definida como um conjunto ordenado
de nós (ou vértices, ou pontos, ou pontos de junção) e arcos (ou ramos, ou
conexões, ou ligações), conforme apresentamos a seguir.

45
Unidade iii | PERT/TEMPO

Figura 5. Nós e arcos de uma rede.

Nó i Nó j

Fonte: Elaborado pelo autor.

A definição teórica de uma rede que coincide com o conhecimento comum de


que uma rede é uma entidade que conecta vários pontos por meio de fios, cabos,
rotas etc. usamos o termo para definir rede ferroviária, rede de telefonia, rede
de pesca, malha (um sinônimo) rodoviária, rede de distribuição de água ou
produtos, rede de contatos, rede internacional de computadores (internet) etc.

Para projetos, o caminho crítico é aquele em que não há folga na execução da


tarefa. Inicialmente, vamos realizar a lógica de construção do caminho crítico
com o que chamamos de passada para frente e passada para trás.

O Hospital CURA é um hospital privado que começou a servir a população


40 anos atrás. Dulce, diretora-executiva do conselho do CURA, deu início à
avaliação estratégica dos serviços prestados pelo hospital a fim de identificar
as falhas na capacidade de oferecer serviços de mais qualidade aos usuários. O
estudo revelou uma falha na capacidade de prestar um serviço exigido pelos
seus usuários, especialmente pela falta de espaço para novos leitos e instalações
de laboratório pequenas e ineficientes. Infelizmente, era impossível realizar
a expansão do hospital no local onde estava.

Com o objetivo de melhorar os seus serviços, o conselho do Hospital mudar


de localidade, não se distanciando muito de onde estava, justamente com o
intuito de manter os seus usuários e principalmente por ser um hospital de
referência na região. A mudança consistirá em construir um novo hospital e
torná-lo mais operacional.

Dulce precisa se preparar para uma reunião, marcada para a próxima semana,
a respeito do projeto proposto. A reunião tratará das questões específicas do
projeto total, incluindo as estimativas de custo e tempo para sua conclusão.

Com a ajuda da sua equipe, Dulce estruturou um plano de construção da nova


unidade que consiste em 11 atividades principais do projeto. Ela atribuiu a
cada membro da sua equipe a responsabilidade por conduzir cada etapa do
projeto, com Dulce sendo a gerente de projeto. A equipe especificou também
as atividades precedentes (as que devem ser concluídas antes que determinada
atividade comece), conforme apresentado na Tabela 9.

46
PERT/TEMPO | Unidade iii

Tabela 9. Atividades de manutenção da estufa.

Predecessor Tempo
Atividade Descrição
imediato (semanas)
A Selecionar o pessoal administrativo e o corpo clínico - 12
B Escolher o local e fazer a inspeção - 9
C Selecionar os equipamentos A 10
D Preparar os planos finais de construção e layout B 10
E Transportar materiais para o local B 24
Entrevistar candidatos e preencher os cargos de
F A 10
enfermagem, pessoal de apoio, manutenção e segurança
G Adquirir e receber novos equipamentos C 35
H Construir o hospital D 40
I Desenvolver um sistema de informações A 15
J Instalar os equipamentos E, G, H 4
K Treinar enfermeiras e pessoal de apoio F, I, J 6
Fonte: Elaborado pelo autor.

Há várias formas de se representar um plano de atividades por meio de uma rede.


Vamos apresentar o caso de outra forma em que as atividades e seus tempos
estão apresentados nos retângulos e a sequência das atividades pelos arcos.

Figura 6. Rede do plano de construção da nova unidade.

I 15

A 12 F 10 K 6

C 10 G 35
INÍCIO TÉRMINO

B 9 D 10 H 40 J 4

E 24

Fonte: Elaborado pelo autor.

47
Unidade iii | PERT/TEMPO

Para facilitar o entendimento, a região em amarelo será a nossa passada


para frente e em verde a nossa passada para trás. As atividades A e B não
possuem atividades precedentes e, portanto, não há arcos de entrada, conforme
informado na Tabela 9.

Vamos iniciar o preenchimento da rede incluindo o valor 1 nas atividades


A e B. Esse valor 1 indica o início da atividade. Em seguida, calcularemos o
tempo de execução da atividade realizando o seguinte cálculo:

Início da atividade + duração - 1

Na atividade A, ficaria 1+12-1 = 12; na atividade B, 1+9-1 = 9.

Figura 7. Duração das atividades A e B (passada para frente).

I 15

A 12 F 10 K 6
1 12

C 10 G 35
INÍCIO TÉRMINO

B 9 D 10 H 40 J 4
1 9

E 24

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para iniciar as atividades I, F C que são precedentes da atividade A e as


atividades D e E, que são precedentes da atividade B, vamos adicionar 1. Isso
significa que essas atividades serão iniciadas no início da próxima semana
depois dos términos das atividades A e B.

48
PERT/TEMPO | Unidade iii

Figura 8. Duração das atividades C, D, E, F e I (passada para frente).

I 15
13 27

A 12 F 10 K 6
1 12 13 22

C 10 G 35
INÍCIO 13 22 TÉRMINO

B 9 D 10 H 40 J 4
1 9 10 19

E 24
10 33

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para as etapas G e H, vamos adicionar 1 e realizar o mesmo procedimento.

Figura 9. Duração das atividades G e H (passada para frente).

I 15
13 27

A 12 F 10 K 6
1 12 13 22

C 10 G 35
INÍCIO 13 22 23 57 TÉRMINO

B 9 D 10 H 40 J 4
1 9 10 19 20 59

E 24
10 33

Fonte: Elaborado pelo autor.

49
Unidade iii | PERT/TEMPO

Agora, perceba que nos deparamos com uma situação de escolha de tempo para
as atividades J e K. As perguntas são: Qual o valor de tempo das atividades E,
G e H deve ser levado para a atividade J? E após a decisão na atividade J, qual
o valor de tempo da atividade J (definida) e G deve ser atribuído à atividade K?

Neste caso, como estamos fazendo a passada para frente, vamos incluir o MAIOR
tempo entre as atividades precedentes a J; no nosso caso, o valor atribuído a J
será 59 e a ele adicionaremos 1. Seguindo o mesmo raciocínio para a atividade
K, o valor atribuído à atividade será 64, sem esquecer-se de adicionar 1.

Figura 10. Duração das atividades J e K (passada para frente).

I 15
13 27

A 12 F 10 K 6
1 12 13 22 64 69

C 10 G 35
INÍCIO 13 22 23 57 TÉRMINO

B 9 D 10 H 40 J 4
1 9 10 19 20 59 60 63

E 24
10 33

Fonte: Elaborado pelo autor.

O resultado 69 semanas indica o término mais cedo da atividade. Ou seja, é a


duração da realização do projeto de construção da nova unidade.

Agora, realizaremos a passada para trás, que são todos os retângulos em verde
do diagrama. Inicialmente, vamos repetir o valor do término mais cedo da
atividade e realizar o algoritmo de forma contrária à que vimos na passada
para frente.

Início da atividade - duração + 1

Na atividade K, o resultado seria 69 – 6+1 = 26.

50
PERT/TEMPO | Unidade iii

Figura 11. Duração da atividade H (passada para trás).

I 15
13 27

A 12 F 10 K 6
1 12 13 22 64 69
64 69

C 10 G 35
INÍCIO 13 22 23 57 TÉRMINO

B 9 D 10 H 40 J 4
1 9 10 19 20 59 60 63

E 24
10 33

Fonte: Elaborado pelo autor.

Se na passada para frente adicionamos 1, na passada para trás vamos diminuir


1 quando voltamos à atividade anterior. E realizamos a mesma lógica.

Figura 12. Duração da atividade G (passada para trás).

I 15
13 27
49 63

A 12 F 10 K 6
1 12 13 22 64 69
54 63 64 69

C 10 G 35
INÍCIO 13 22 23 57 TÉRMINO

B 9 D 10 H 40 J 4
1 9 10 19 20 59 60 63
60 63

E 24
10 33

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para as atividades E, G e H, vamos retornar com o mesmo valor 59 (60 – 1) e


nas atividades F e I voltaremos com o valor 63 (64 – 1) e assim, realizamos o

51
Unidade iii | PERT/TEMPO

cálculo da passada para trás. Na atividade E, o resultado vale 36 (59 – 24 + 1); na


atividade G, o valor é 25 (59 – 35 + 1); na atividade H, o valor é 20 (59 – 40 + 1);
na atividade F valor é 54 (63 – 10 + 1); na atividade I, o valor é 49 (63 – 15 + 1).
Figura 13. Duração das atividades E, F G, H e I (passada para trás).

I 15
13 27
49 63

A 12 F 10 K 6
1 12 13 22 64 69
54 63 64 69

C 10 G 35
INÍCIO 13 22 23 57 TÉRMINO
25 59

B 9 D 10 H 40 J 4
1 9 10 19 20 59 60 63
20 59 60 63

E 24
10 33
36 59
Fonte: Elaborado pelo autor.

Continuamos com o mesmo raciocínio para as atividades C e D.


Figura 14. Duração das atividades C e D (passada para trás).

I 15
13 27
49 63

A 12 F 10 K 6
1 12 13 22 64 69
54 63 64 69

C 10 G 35
INÍCIO 13 22 23 57 TÉRMINO
15 24 25 59

B 9 D 10 H 40 J 4
1 9 10 19 20 59 60 63
10 19 20 59 60 63

E 24
10 33
36 59
Fonte: Elaborado pelo autor.

52
PERT/TEMPO | Unidade iii

Agora, observe a situação. Na passada para frente, colocamos nas atividades J


e K o MAIOR valor entre as atividades de precedência delas, só que, agora, na
passada para trás, vamos incluir nas atividades A e B o MENOR valor entre as
atividades C, F e I; D e E, respectivamente. Para a atividade A, vamos atribuir
o valor 14 (15 – 1) e, para a atividade B, o valor 9 (10 – 1).

Figura 15. Duração das atividades A e B (passada para trás).

I 15
13 27
49 63

A 12 F 10 K 6
1 12 13 22 64 69
3 14 54 63 64 69

C 10 G 35
INÍCIO 13 22 23 57 TÉRMINO
15 24 25 59

B 9 D 10 H 40 J 4
1 9 10 19 20 59 60 63
1 9 10 19 20 59 60 63

E 24
10 33
36 59
Fonte: Elaborado pelo autor.

A pergunta é: Qual é o caminho crítico para a execução de construção desse


novo hospital? Perceba pelo diagrama que existem atividades em que os
valores da passada para frente são iguais aos da passada para trás. Quando
isso acontece, significa que este caminho é o caminho crítico da execução da
atividade manutenção.

A interpretação deste resultado é porque não há folga nessas atividades e


qualquer variação nelas, para mais, afetará diretamente o prazo de entrega
para a produção. No nosso exemplo, o caminho crítico é dado por: B – D –
H – J – K.

53
Unidade iii | PERT/TEMPO

Figura 16. Caminho crítico.

I 15
13 27
49 63

A 12 F 10 K 6
1 12 13 22 64 69
3 14 54 63 64 69

C 10 G 35
INÍCIO 13 22 23 57 TÉRMINO
15 24 25 59

B 9 D 10 H 40 J 4
1 9 10 19 20 59 60 63
1 9 10 19 20 59 60 63

E 24
10 33
36 59
Fonte: Elaborado pelo autor.

Vale lembrar que em projetos pode haver mais de um caminho crítico.

O mesmo procedimento pode ser feito iniciando a atividade com 0 (zero).


Diferente do exemplo anterior, no qual tínhamos que somar um e diminuir
1, aqui não precisa é necessário. Basta realizar a conta:

Início da atividade + duração

O cálculo da atividade A será 0 + 12 = 12 e da atividade B será 0 + 9 = 12.


Perceba que para ambas as atividades o valor da atividade permaneceu o mesmo,
já que agora não há mais a necessidade de realizar as próximas atividades na
hora seguinte.

54
PERT/TEMPO | Unidade iii

Figura 17. Início da atividade com valor zero.


I 15

A 12 F 10 K 6
0 12

C 10 G 35
INÍCIO TÉRMINO

B 9 D 10 H 40 J 4
0 9

E 24

Fonte: Elaborado pelo autor.

Análogo ao que fizemos anteriormente, para que possamos realizar as atividades


C, F e I, que são precedentes de A, e as atividades D e E, que são precedentes
de B, devemos levar o valor das durações de ambas as atividades sem a inclusão
do valor 1, já explicado anteriormente.
O valor das atividades C e F é 22 (12 + 10 = 22); na atividade I, vale 27 (12 + 15
= 27); na atividade D, vale 19 (9 + 10 = 19) e da atividade E, 33 (9 + 24 = 33).
Figura 18. Duração das atividades C e D (passada para frente).
I 15
12 27

A 12 F 10 K 6
0 12 12 22

C 10 G 35
INÍCIO 12 22 TÉRMINO

B 9 D 10 H 40 J 4
0 9 9 19

E 24
9 33

Fonte: Elaborado pelo autor.

55
Unidade iii | PERT/TEMPO

Vamos para as etapas G e H realizando o mesmo raciocínio.


Figura 19. Duração das atividades E e F (passada para frente).

I 15
12 27

A 12 F 10 K 6
0 12 12 22

C 10 G 35
INÍCIO 12 22 22 57 TÉRMINO

B 9 D 10 H 40 J 4
0 9 9 19 19 59

E 24
9 33

Fonte: Elaborado pelo autor.

Conforme já tratado no exemplo anterior, para as atividades J e K levaremos


o MAIOR valor precedente a sua etapa. No caso da etapa J, o valor atribuído
será 59, e na etapa K, o valor será 63.

Figura 20. Duração das atividades G (passada para frente).

I 15
12 27

A 12 F 10 K 6
0 12 12 22 63 69

C 10 G 35
INÍCIO 12 22 22 57 TÉRMINO

B 9 D 10 H 40 J 4
0 9 9 19 19 59 59 63

E 24
9 33

Fonte: Elaborado pelo autor.

56
PERT/TEMPO | Unidade iii

O resultado 69 indica o término mais cedo da atividade. Ou seja, é a duração


da realização do projeto de manutenção e que bate rigorosamente com o
primeiro procedimento apresentado. É exatamente igual ao valor encontrado
no exemplo anterior.

Agora, realizaremos a passada para trás deste procedimento e vamos verificar


se o caminho crítico encontrado será o mesmo do procedimento anterior. É
o que esperamos como resultado.

Vamos repetir o valor do término mais cedo da atividade (retângulos verdes)


e realizar o algoritmo de forma contrária à que vimos na passada para frente.

Duração da atividade - atividade

Na atividade K, o resultado seria 69 – 6 = 63.

Figura 21. Duração da atividade H (passada para trás).

I 15
12 27

A 12 F 10 K 6
0 12 12 22 63 69
63 69

C 10 G 35
INÍCIO 12 22 22 57 TÉRMINO

B 9 D 10 H 40 J 4
0 9 9 19 19 59 59 63

E 24
9 33

Fonte: Elaborado pelo autor.

Se na passada para frente não fizemos nenhuma adição, na passada para trás
não pode ser diferente. Vamos atribuir o valor da atividade K nas atividades
J, F e I com o seu respectivo valor e realizar os cálculos.

57
Unidade iii | PERT/TEMPO

Figura 22. Duração da atividade G (passada para trás).

I 15
12 27
48 63

A 12 F 10 K 6
0 12 12 22 63 69
53 63 63 69

C 10 G 35
INÍCIO 12 22 22 57 TÉRMINO

B 9 D 10 H 40 J 4
0 9 9 19 19 59 59 63
59 63

E 24
9 33

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para as atividades E, G e H, vamos retornar com o mesmo valor 59, e nas


atividades F e I, voltaremos com o valor 63 e, assim, realizamos o cálculo da
passada para trás. Na atividade E, o resultado vale 35 (59 – 24); na atividade
G, o valor é 24 (59 – 35); na atividade H, o valor é 19 (59 – 40); na atividade
F, o valor é 53 (63 – 10); na atividade I, o valor é 48 (63 – 15).
Figura 23. Duração das atividades E, F G, H e I (passada para trás).

I 15
12 27
48 63

A 12 F 10 K 6
0 12 12 22 63 69
53 63 63 69

C 10 G 35
INÍCIO 12 22 22 57 TÉRMINO
24 59

B 9 D 10 H 40 J 4
1 9 9 19 19 59 59 63
19 59 59 63

E 24
9 33
35 59
Fonte: Elaborado pelo autor.

58
PERT/TEMPO | Unidade iii

Continuamos com o mesmo raciocínio para as atividades C e D.


Figura 24. Duração das atividades C e D (passada para trás).

I 15
12 27
48 63

A 12 F 10 K 6
0 12 12 22 63 69
53 63 63 69

C 10 G 35
INÍCIO 12 22 22 57 TÉRMINO
14 24 24 59

B 9 D 10 H 40 J 4
0 9 9 19 19 59 59 63
9 19 19 59 59 63

E 24
9 33
35 59
Fonte: Elaborado pelo autor.

Observe a situação. Na passada para frente colocamos nas atividades J e K


o MAIOR valor entre as atividades de precedência delas, só que, agora, na
passada para trás, vamos incluir nas atividades A e B o MENOR valor entre
as atividades C, F e I e D e E, respectivamente. Para a atividade A, vamos
atribuir o valor 14 (15 – 1), e para a atividade B, o valor 9 (10 – 1).
Figura 25. Duração das atividades A e B (passada para trás).

I 15
12 27
48 63

A 12 F 10 K 6
0 12 12 22 63 69
2 14 53 63 63 69

C 10 G 35
INÍCIO 12 22 22 57 TÉRMINO
14 24 24 59

B 9 D 10 H 40 J 4
0 9 9 19 19 59 59 63
0 9 9 19 19 59 59 63

E 24
9 33
35 59
Fonte: Elaborado pelo autor.

59
Unidade iii | PERT/TEMPO

A pergunta é: O caminho crítico para a execução de construção desse novo


hospital mudou com relação ao exemplo anterior? Não, não mudou. Continuamos
com o mesmo caminho crítico do exemplo anterior dado por: B – D – H – J – K.

Figura 26. Caminho crítico.

I 15
12 27
48 63

A 12 F 10 K 6
0 12 12 22 63 69
2 14 53 63 63 69

C 10 G 35
INÍCIO 12 22 22 57 TÉRMINO
14 24 24 59

B 9 D 10 H 40 J 4
0 9 9 19 19 59 59 63
0 9 9 19 19 59 59 63

E 24
9 33
35 59
Fonte: Elaborado pelo autor.

Esse procedimento que acabamos de apresentar é mais fácil e rápido de realizar;


no nosso exemplo, a manutenção da estufa não precisa esperar uma hora para
que as atividades seguintes sejam realizadas, elas acontecerão de forma natural.

Isso significa que o primeiro procedimento apresentado não se aplica à


realidade? Claro que se aplica.

O primeiro procedimento pode ser aplicado, por exemplo, na construção civil,


em que eu preciso esperar um dia para que o emboço ou massa corrida seque,
a entrega de materiais no dia seguinte, horas de trabalho concluído do dia etc.

Apesar do cálculo de ambos os métodos serem fáceis, não estamos isentos de


cometer erros ao realizá-los. Uma maneira de alcançar o mesmo resultado, de
forma rápida, é modelar o problema aplicando a Pesquisa Operacional com
uso da Programação Linear.

60
PERT/TEMPO | Unidade iii

A estrutura do modelo será realizada no Microsoft Excel, que é um software


disponível em qualquer organização. Para que o Excel nos ajude a encontrar
o valor, precisamos habilitar um de seus suplementos disponíveis, o Solver.

Para habilitar o Solver, você precisa ir em: Arquivo → Opções → Suplementos


→ Ir → Marque o checkbox Solver → OK.

Voltando ao problema, o gestor da produção espera que a estufa esteja pronta


para uso no menor tempo possível. Por isso, vamos considerar que o objetivo
da manutenção seja minimizar o tempo de realização da manutenção. Vamos
considerar que x j seja o horário de início da atividade j, em que (j = A, B, C,
D, E, F, G, H).

Se considerarmos que o programa de manutenção se inicia em 0, para as


atividades A e B, podemos dizer que x A = 0 e x B = 0. Para a atividade D,
temos que:
xD ≥ xB + 9

Ou seja, o início da atividade D será depois do horário de término da atividade


B. O horário de término de B é o seu horário de início mais seu tempo de
realização. Para nossos propósitos, o formato a seguir é mais adequado:
xD − xB ≥ 9

Essa estrutura será aplicada para as demais atividades. Ou seja:


xE ≥ xB + 9 → xE − xB ≥ 9

xC ≥ x A + 12 → xC − x A ≥ 12

xF ≥ x A + 12 → xF − x A ≥ 12

xI ≥ x A + 12 → xF − x A ≥ 12

A atividade J, que possui três atividades precedentes, precisa de três restrições:


xJ − xG ≥ 35

xJ − xH ≥ 40

xJ − xE ≥ 24

As outras atividades são modeladas da mesma forma. Todas essas atividades


são usadas para gerar as restrições do problema. A função objetivo, nesse
caso, é terminar o plano de manutenção o mais cedo possível.

61
Unidade iii | PERT/TEMPO

O horizonte do plano pode ser definido como x K + o tempo da última atividade


(6), ou seja, o horário de término da última atividade. Dessa forma, a função
objetivo pode ser definida como min z = x K . + o tempo da última atividade. O
termo constante não provoca nenhum efeito na otimização, mas preferimos
introduzi-lo para que a resposta seja exatamente o horário de término do
projeto.

A Tabela 10 apresenta a estrutura geral da planilha que foi usada para resolver
o problema.

Tabela 10. Estrutura da planilha do problema.

A B C D E F G H I J K L M N O P Q
1 Horizonte do projeto
2
3 Denominação Horário de Início
4 Variáveis A B C D F F G H I J K
5 Horário de início
6
7 Tempo de realização
Informações
8 Horário de término
9
10 Nó inicial Nó final LE Sinal LD
11
12
13
14
15
16
17
Restrições de
18
fluxo
19
20
21
22
23
24
25
Fonte: Elaborado pelo autor.

62
PERT/TEMPO | Unidade iii

A função objetivo na célula A1 é simplesmente A1 = N8. Observe que, exceto


pelas duas primeiras restrições (x A e x B), todos os LDs (Lados Direitos) contêm
o tempo de realização da atividade do nó inicial da restrição. Para não termos
que introduzir os valores dos tempos de realização duas vezes na planilha,
usamos uma equação lógica do LD das restrições.

As células D5 até N5 serão as em que o Excel encontrará os valores de solução.


Nas células D7 até N7 são digitados os valores do tempo de realização de cada
atividade, e nas células D8 até N8 é feita a soma entre os dois intervalos acima.
Ou seja, na célula D8 devemos colar a função = D5 + D7, na célula E8 = E5
+ E8, e assim sucessivamente, até N8.

Por exemplo, para a célula N17, a seguinte equação foi usada: =SE(B17=””;0
;PROCH(B17;$D$4:$N$7;4)). A equação avalia o nó inicial (célula B17). Se
não existir nada como nó inicial, a resposta é zero; caso contrário, se o nó
inicial tiver valor diferente de vazio (no caso, a célula contém o caractere
D), a função procura D na primeira linha da região $D$4:$N$7. O valor será
encontrado na coluna G. a função apresenta o valor encontrado na coluna
G da quarta linha da região $D$4:$N$7. O valor apresentado é 10. O mesmo
padrão de fórmula é usado nas outras restrições.

Tabela 11. Estrutura das fórmulas do modelo.

A B C D E F G H I J K L M N O P Q
Horizonte do
1 =N8
projeto
2
3 Denominação Horário de Início
4 A B C D F F G H I J K
Variáveis
Horário de
5
início
6
Tempo de
7 12 9 10 10 24 10 35 40 15 4 6
realização
Informações
Horário de
8 =D5+D7 =E5+E7 =F5+F7 =G5+G7 =H5+H7 =I5+I7 =J5+J7 =K5+K7 =L5+L7 =M5+M7 =N5+N7
término
9
Nó Nó
10 LE Sinal LD
inicial final

63
Unidade iii | PERT/TEMPO

A B C D E F G H I J K L M N O P Q
11 A 1 0 >= 0
12 B 1 0 >= 0
13 A C -1 1 14 >= 12
14 A F -1 1 12 >= 12
15 A I -1 1 12 >= 12
16 B D -1 1 9 >= 9
17 B E -1 1 9 >= 9
Restrições
18 C G -1 1 10 >= 10
de fluxo
19 D H -1 1 10 >= 10
20 E J -1 1 50 >= 24
21 F K -1 1 51 >= 10
22 G J -1 1 35 >= 35
23 H J -1 1 40 >= 40
24 I K -1 1 51 >= 15
25 J K -1 1 4 >= 4
Fonte: Elaborado pelo autor.

Os valores 1 e -1 podem ser interpretados como: saída e chegada, início e fim,


respectivamente. Ou seja, se sai do nó A para o nó C, a entrada (início) vale
1 e a chegada (fim) vale -1. Por isso, iremos representar dessa forma como as
atividades acontecem na manutenção para contemplar a restrição.
Uma boa dica para construção e entendimento sobre a colocação da saída (1) e
chegada (-1) é fazer o preenchimento pela vertical. Por exemplo, na coluna D,
linha 4, está a atividade A e na linha 11, coluna C, está o “Nó final” (chegada).
A atividade A com o “Nó final” é uma interseção, ou seja, se a interseção entre
as atividades for igual, o valor será 1, caso contrário, -1.
Por exemplo, a interseção entre a atividade A com o “Nó final” A vale 1.
Conforme vimos anteriormente na construção do caminho crítico, as atividades
C, F e I só podem iniciar se A estiver pronta. Usando o raciocínio de chegada,
a interseção da atividade A com “Nó final” C, F e I será -1.
A interseção da atividade B com o “Nó final” B será 1, e como D e E só pode
iniciar se B estiver finalizado, a interseção da atividade B com o “Nó final”
D, e E vale -1, e assim sucessivamente.
Na célula O11 vamos incluir a seguinte função: =SOMARPRODUTO(D11:
N11;$D$5:$N$5).
Preenchidas as indicações de saída e chegada, vamos incluir as funções criadas
e restrições no Solver para que ele encontre a solução. Por isso, vamos no

64
PERT/TEMPO | Unidade iii

Menu dados → Solver e a figura 27 vai apresentar a caixa de diálogo do Solver


para inclusão das informações que foram criadas.
Definir Objetivo: Vamos selecionar a célula A1;

Para: Como o objetivo é terminar a manutenção no menor tempo possível,


vamos selecionar Min. (Minimizar);

Alterando Células Variáveis: Selecionamos da célula D5 até N5;

Sujeito às Restrições: Clicamos em “Adicionar” e uma nova Caixa de Diálogo


aparece. Onde está escrito “Referência de Célula:” (Lado Direito) selecione O11
até O25, escolha o sinal da restrição como >= e onde está escrito “Restrição”
(Lado Esquerdo), selecione de Q11 até Q25; por fim, dê um OK.

Tornar Variáveis Irrestritas Não Negativas: Deixe marcado.

Selecionar um Modelo de Solução: Escolha “LP Simplex”.

E, aí, mande o Solver “Resolver” o problema. Veja que o Solver apresenta uma
mensagem dizendo que: “O Solver encontrou uma solução. Todas as Restrições
e condições de adequação foram satisfeitas”, conforme apresentado na figura 27.

Figura 27. Caixa de diálogo do Solver.

Fonte: Elaborado pelo autor.

65
Unidade iii | PERT/TEMPO

Figura 28. Resultado do Solver.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Antes de apertar o botão OK, no canto superior direito está escrito “Relatórios”,
selecione “Sensibilidade” clicando em cima dele e, aí, sim, aperte OK para que
o Solver apresente o resultado encontrado como, também, gere este relatório.

Figura 29. Resultado do Solver e geração do relatório de sensibilidade.

Fonte: Elaborado pelo autor.

66
PERT/TEMPO | Unidade iii

Pelo método que estamos estudando, o caminho crítico é encontrado pelo


preço-sombra das restrições do relatório de sensibilidade com resultados iguais
a 1: B – D – H – J – K. Em suma, o preço-sombra mostra o quanto a função
objetivo varia se aumentarmos uma unidade no LD da inequação.
O preço-sombra igual a zero significa que, para o nosso problema, existe uma
FOLGA nas atividades.
Na Tabela 12, o Solver encontrou o mesmo resultado do caminho crítico feito de
forma manual, só que com uma velocidade muito acima da velocidade humana.
Tabela 12. Solução do Solver.

A B C D E F G H I J K L M N O P Q
Horizonte do
1 69
projeto
2
3 Denominação Horário de Início
4 Variáveis A B C D F F G H I J K
5 Horário de início 14 9 9 12 24 19 12 59 63
6
Tempo de
7 12 9 10 10 24 10 35 40 15 4 6
realização
Informações
Horário de 12 9 24 19 33 22 59 59 27 63 69
8
término
9
Nó Nó
10 LE Sinal LD
inicial final
11 A 1 0 >= 0
12 B 1 0 >= 0
13 A C -1 1 14 >= 12
14 A F -1 1 12 >= 12
15 A I -1 1 12 >= 12
16 B D -1 1 9 >= 9
17 B E -1 1 9 >= 9
Restrições de
18 C G -1 1 10 >= 10
fluxo
19 D H -1 1 10 >= 10
20 E J -1 1 50 >= 24
21 F K -1 1 51 >= 10
22 G J -1 1 35 >= 35
23 H J -1 1 40 >= 40
24 I K -1 1 51 >= 15
25 J K -1 1 4 >= 4
Fonte: Elaborado pelo autor.

67
Unidade iii | PERT/TEMPO

E, conforme tratamos anteriormente, o relatório de sensibilidade nos fornece


o caminho crítico deste problema que está destacado na Tabela 13.
Tabela 13. Relatório de sensibilidade.

Restrição Lateral Permitido Permitido


Células Nome Final Valor Sombra Preço
R.H. Aumentar Reduzir
$O$11 A LE 0 0 0 2 0
$O$12 B LE 0 1 0 1E+30 0
$O$13 C LE 14 0 0 2 1E+30
$O$14 F LE 12 0 0 41 12
$O$15 I LE 12 0 0 36 12
$O$16 D LE 9 1 0 1E+30 2
$O$17 E LE 9 0 0 26 9
$O$18 G LE 10 0 0 2 1E+30
$O$19 H LE 10 1 0 1E+30 2
$O$20 J LE 50 0 0 26 1E+30
$O$21 K LE 51 0 0 41 1E+30
$O$22 J LE 35 0 0 2 1E+30
$O$23 J LE 40 1 0 1E+30 2
$O$24 K LE 51 0 0 36 1E+30
$O$25 K LE 4 1 0 1E+30 36
Fonte: Elaborado pelo autor.

Custo de aceleração
O gerente de projeto precisa avaliar o benefício de acelerar determinadas
atividades, pela perspectiva de atender ao custo e ao cronograma do projeto.
Mas, para isso, ele precisa conhecer os tempos e custos a seguir:
» Tempo normal (TN): como o nome sugere, é o tempo necessário para
realizar a atividade na normalidade.
» Custo normal (CN): é o custo associado à atividade, também em condições
normais.
» Custo aceleração (CA): é o custo da atividade associado à aceleração da
realização da atividade.
Para fazermos uma análise sobre o custo, precisamos supor que os custos
diretos aumentam de forma linear à medida que o tempo de execução de uma
atividade é reduzida a seu tempo normal. Essa suposição implica que, à medida
que reduzimos para cada semana o seu tempo de execução da atividade, os
custos diretos aumentam proporcionalmente.

68
PERT/TEMPO | Unidade iii

Por exemplo, a atividade C no projeto do Hospital CURA tem um tempo


normal de 10 semanas e está associado a um custo direto de R$ 4.000,00. Se
acelerarmos essa atividade, e pudermos reduzir o tempo para cinco semanas,
metade do tempo, a um custo de R$ 7.000,00, a redução líquida será de cinco
semanas com um aumento de custo líquido de R$ 3.000,00.

Podemos considerar que a aceleração da atividade C custa R$ 3.000,00/5 =


R$ 600,00 por semana. Dessa forma, se a atividade C pudesse ser acelerada
em duas semanas (nesse caso, seu tempo de execução fosse reduzido de 10
para oito semanas), os custos diretos estimados seriam de R$ 4.000,00 + 2
(R$ 600,00) = R$ 5.200,00.

Independentemente da atividade, o custo para acelerá-la em uma semana


seria dado por:
CA − CN
Custo de aceleração por período =
TN − TA

A Tabela 14 apresenta o custo direto e os dados de tempo de cada atividade


do projeto do Hospital CURA, como, também, os custos de aceleração por
semana.

Tabela 14. Custo direto e dados de tempo para o projeto do Hospital CURA.

Máxima
Tempo Tempo de Custo de Custo da
Custo normal redução
Atividade normal aceleração aceleração aceleração
(CN) de tempo
(TN) (TA) (CA) por semana
(semanas)
A 12 R$ 12.000,00 11 R$ 13.000,00 1 R$ 1.000,00
B 9 R$ 50.000,00 7 R$ 64.000,00 2 R$ 7.000,00
C 10 R$ 4.000,00 5 R$ 7.000,00 5 R$ 600,00
D 10 R$ 16.000,00 8 R$ 20.000,00 2 R$ 2.000,00
E 24 R$ 120.000,00 14 R$ 200.000,00 10 R$ 8.000,00
F 10 R$ 10.000,00 6 R$ 16.000,00 4 R$ 1.500,00
G 35 R$ 500.000,00 25 R$ 530.000,00 10 R$ 3.000,00
H 40 R$ 1.200.000,00 35 R$ 1.260.000,00 5 R$ 12.000,00
I 15 R$ 40.000,00 10 R$ 52.500,00 5 R$ 2.500,00
J 4 R$ 10.000,00 1 R$ 13.000,00 3 R$ 1.000,00
K 6 R$ 30.000,00 5 R$ 34.000,00 1 R$ 4.000,00
Totais R$ 1.992.000,00 R$ 2.209.500,00
Fonte: Elaborado pelo autor.

69
Unidade iii | PERT/TEMPO

Minimizando os custos

O objetivo da análise de custos é encontrar qual a programação do projeto


que minimiza os custos totais. Vamos imaginar que os custos indiretos do
Hospital CURA sejam de R$ 8.000,00 por semana. Suponha, também que,
após a 65ª semana, será aplicada uma multa de R$ 20.000,00 por semana ao
hospital, caso ele não esteja em operação.

Como vimos anteriormente, a gerente de projeto Dulce, após calcular o


caminho crítico do projeto, percebeu que o tempo de conclusão do projeto é
de 69 semanas, e, por isso, o hospital enfrenta custos potencialmente grandes,
a menos que o cronograma passe por alterações. Para cada semana que o
projeto é reduzido, até a 65ª semana, o hospital economiza R$ 8.000,00 em
custos indiretos.

Para encontrar a mínima duração possível do projeto, podemos usar os tempos


de aceleração de cada atividade com o intuito de fazer o novo cronograma.
No entanto, esse novo cronograma pode exceder o orçamento do projeto e
ainda ser vetado pela alta direção.

Para determinar o cronograma de custo mínimo, iniciamos com o cronograma de


tempo normal e atividades aceleradas ao longo do caminho crítico encontrado.
Inicialmente, precisamos determinar quanto podemos adicionar de custos de
aceleração sem ultrapassar a economia em custos indiretos e penalidades. O
procedimento para isto é:

» Passo 1: determinar o(s) caminho(s) crítico(s) do projeto.

» Passo 2: encontrar a(s) atividade(s) do(s) caminho(s) crítico(s) que


têm menor custo de aceleração por semana.

» Passo 3: reduzir o tempo dessa atividade até que (1) ela não possa
ser reduzida ainda mais; (2) outro caminho torne-se crítico; ou (3)
o aumento dos custos diretos ultrapasse as economias que resultam
do encurtamento do projeto. Se mais um caminho for crítico, pode
ser preciso reduzir o tempo de uma atividade em todos os caminhos
simultaneamente.

70
PERT/TEMPO | Unidade iii

» Passo 4: repita o procedimento até que o aumento dos custos indiretos


seja maior que a economia realizada pelo encurtamento do projeto.

Então, para o projeto do Hospital CURA, vamos determinar o cronograma


de custo mínimo utilizando os dados da Tabela 14.

Conforme tratamos anteriormente, o tempo previsto para conclusão do projeto


é de 69 semanas. Os custos desse projeto para o cronograma normal é de R$
1.992.000,00 em custos diretos; em custos indiretos é de R$ 552.000,00 (69
x R$ 8.000,00), e custos de penalidades de R$ 80.000,00 (69 – 65 = 4; 4 x R$
20.000,00 = R$ 80.000,00), para custos totais do projeto de R$ 2.624.000,00.
No tempo normal, os cinco caminhos da rede são:

A – I – K: 33 semanas

A – F – K: 28 semanas

A – C – G – J – K: 67 semanas

B – D – H – J – K: 69 semanas

B – E – J – K: 43 semanas

Para a análise, pode desprezar os caminhos A – I – K, A – F – K, e B – E –


J – K por serem menores do que os outros dois, e eles nunca serão críticos,
não importando a aceleração que seja feita. Se todas as atividades A – C – G
– J – K fossem aceleradas, a duração do caminho seria de 47 semanas, já se
todas as atividades B – D – H – J – K fossem aceleradas, o resultado seria de
56 semanas.

Estágio 1

» Passo 1: caminho crítico B – D – H – J – K

» Passo 2: a atividade mais barata para ser acelerada por semana é J a R$


1.000,00, o que é muito menos que a economia em custos indiretos e
penalidades de R$ 28.000,00 por semana.

» Passo 3: acelerar essa atividade pelo seu limite de três semanas, porque o
caminho crítico permanece inalterado. Os novos tempos esperados para o
caminho são:

71
Unidade iii | PERT/TEMPO

A – C – G – J – K: 64 semanas

B – D – H – J – K: 66 semanas

A economia líquida é de R$ 81.000,00 (3(R$ 28.000,00) – 3(R$ 1.000,00)).


O custo total do projeto agora é de R$ 2.543.000,00 (R$ 2.624.000,00 –
R$ 81.000,00).

Estágio 2

» Passo 1: caminho crítico B – D – H – J – K

» Passo 2: a atividade mais barata para ser acelerada por semana agora é
D a R$ 2.000,00,

» Passo 3: acelerar essa atividade em duas semanas. A primeira semana


de redução da atividade economiza R$ 28.000,00, porque elimina
uma semana de custo de penalidades e também de custos indiretos. A
aceleração da atividade por uma segunda semana economiza somente
R$ 8.000,00 em custos indiretos porque, depois da 65ª semana, não
haverá mais custos de penalidades. Essa economia ainda ultrapassa
o custo de aceleração da atividade D em duas semanas. Os tempos
atualizados são:

A – C – G – J – K: 64 semanas

B – D – H – J – K: 64 semanas

A economia líquida é de R$ 32.000,00 (R$ 28.000,00 + R$ 8.000,00 – 2(R$


2.000,00). O custo total do projeto agora é de R$ 2.511.000,00 (R$ 2.543.000,00
– R$ 32.000,00)

Estágio 3

» Passo 1: depois de acelerar a atividade D, agora temos dois caminhos críticos.


Ambos devem ser encurtados para realizar qualquer economia nos custos
indiretos do projeto. Se um for encurtado e outro não, a duração do projeto
permanecerá inalterada.

» Passo 2: nossas alternativas são acelerar uma das seguintes combinações


de atividades: (A , B); (A, H); (C, B); (C, H); (G, B); (G, H) ou acelerar

72
PERT/TEMPO | Unidade iii

a atividade K, que está em dois caminhos críticos (J já foi acelerada).


Levamos em conta somente as alternativas para as quais o custo de
aceleração é menor que a economia potencial de R$ 8.000,00 por
semana. As únicas alternativas viáveis são (C, B) a um custo de R$
7.600,00 por semana, e K a R$ 4.000,00 por semana. Escolheremos
acelerar a atividade K.

» Passo 3: aceleramos a atividade K o máximo possível; uma redução de


uma semana; porque ela está em ambos os caminhos críticos. Os tempos
atualizados do caminho são os seguintes:

A – C – G – J – K: 63 semanas

B – D – H – J – K: 63 semanas

A economia líquida é de R$ 4.000,00 (R$ 8.000,00 – R$ 4.000,00). O


custo total do projeto agora é de R$ 2.507.000,00 (R$ 2.511.000,00 –
R$ 32.000,00).

Estágio 4

» Passo 1: os caminhos críticos são B – D – H – J – K e A – C – G – J – K.

» Passo 2: a única alternativa viável neste estágio é acelerar as atividades


B e C simultaneamente a um custo de R$ 7.000,00 por semana. Essa
quantia ainda é menor que a economia de R$ 8.000,00 por semana.

» Passo 3: acelerar as atividades B e C em duas semanas, que é o limite


para a atividade B. os tempos de caminhos atualizados são:

A – C – G – J – K: 61 semanas

B – D – H – J – K: 61 semanas

A economia líquida é de R$ 800,00 (2(R$ 8.000,00) – 2(R$ 7.600,00)). O custo


total do projeto agora é de R$ 2.506.200,00 (R$ 2.507.000,00 – R$ 800,00).

73
Unidade iii | PERT/TEMPO

A Tabela 15 apresenta o resumo da análise.

Tabela 15. Resumo da análise.

Custos
diretos do Custo de Total de Total de Total de
Caminho(s) Duração projeto, aceleração custos custos de custos do
Atividade Redução
Estágio crítico(s) do última adicionado indiretos penalidades projeto
acelerada de tempo
resultante(s) projeto tentativa
(1.000) (1.000) (1.000) (1.000)
(1.000)
0 - BDHJK 69 1.992,00 552,00 80,00 2.624,00
1 J 3 BDHJK 66 1.992,00 3,0 528,00 20,00 2.543,00
2 D 2 BDHJK 64 1.995,00 4,0 512,00 0,00 2.511,00
ACGJK
3 K 1 BDHJK 63 1.999,00 4,0 504,00 0,00 2.507,00
ACGJK
4 B, C 2 BDHJK 61 2.003,00 15,2 488,00 0,00 2.506,20
ACGJK
Fonte: Elaborado pelo autor.

74
CAPÍTULO 3
Variância e desvio-padrão de eventos

Quando queremos tratar de variância, precisamos entender que ela é uma


medida de dispersão (variabilidade) que avalia o quanto os valores de uma
população ou amostra estão dispersos sempre com relação à média aritmética.

A variância populacional é dada pela função:



( ∑ x ) 
n 2

1  n 2 i =1 i
=σ 2
∑xi −
N  i =1 N 
 
 

Em que:

N – É o total de elementos da população;


n

∑x
i =1
i
2
– É a soma dos quadrados dos elementos da população;
2
 n  – É o quadrado da soma dos elementos da população.
 ∑xi 
 i =1 
A variância amostral é dada pela função:

( ) 
2

∑ i =1xi
n
1  n 2
=s2 ∑xi −
n − 1  i =1 N 
 
 

Em que:

n – É o total de elementos da amostra;


n

∑x
i =1
i
2
– É a soma dos quadrados dos elementos da amostra;
2
 n  – É o quadrado da soma dos elementos da amostra.
 ∑xi 
 i =1 
Uma observação importante quanto à variância é que, como ela considera a
média dos desvios quadrados, além de o seu valor ter tendência a ser muito
alto se a variável estudada apresentar uma unidade de medida, que para o
estudo de uma variável, sempre será uma medida linear, o seu resultado como
resposta transforma essa unidade linear em unidade de área.

Para resolver esse problema, aplicamos a raiz quadrada na variância, e aí,


obtemos o desvio-padrão.

75
Unidade iii | PERT/TEMPO

A função que define o desvio-padrão populacional é dado por:


( )  ou σ =
2

∑ i =1xi
n
1  n 2
σ = ∑xi −  σ 2

N i =1 N
 
 

A função que define o desvio-padrão amostral é dado por:


( )  ou s =s
2

∑ i =1xi
n
1  n 2
s= ∑xi −
n − 1  i =1 N 
2

 
 

Partindo do princípio de que as atividades e suas relações de precedência


na rede do PERT foram bem definidas, devemos entender que as incertezas
(variabilidades) nos tempos existem nas atividades.

Há atividades que têm duração variável e cuja execução continuada permite


estabelecer a função de distribuição dos tempos de execução.

Também pode haver atividades que nunca foram executadas e, com isso, não
temos informações quanto à sua duração. Dessa forma, é necessário determinar
uma estimativa do tempo mais provável (t m), que está associado à execução,
mas também precisamos admitir certo grau de incerteza nesta estimativa.
Para determinar esta incerteza, os técnicos produzem mais duas estimativas:

» Estimativa otimista: se tudo correr pelo melhor, qual o tempo mínimo,


t a necessário à execução?

» Estimativa pessimista: se tudo correr mal, qual o tempo máximo, t p ,


necessário à execução?

Vale lembrar que essas estimativas nem sempre são fáceis de serem determinadas.

Naturalmente, se o Tempo Mais Provável, m, está mais perto do Tempo


Otimista e se os extremos do intervalo tiverem a mesma probabilidade de
ocorrência, então o Tempo Médio ou Esperado, t e, em repetições sucessivas,
será mais influenciado pelo Tempo Pessimista pelo que será superior ao
Tempo Mais Provável.

O Tempo Esperado (médio) da atividade é uma média ponderada das três


estimativas de tempo com os seguintes pressupostos:

Os Tempos Otimista (a) e Pessimista (b) têm igual probabilidade de ocorrência;

76
PERT/TEMPO | Unidade iii

O Tempo Mais Provável (m) tem uma probabilidade de ocorrência quatro


vezes maior que a das outras duas estimativas.

Assim sendo, a expressão para cálculo do Tempo Esperado da atividade (te) é a seguinte:

te =
(a + 4 × m + b)
6

Este Tempo Esperado, como a designação suscita, é o valor médio dos tempos
de execução da atividade se esta fosse repetida um elevado número de vezes.

Quanto maior for o intervalo “Tempo Otimista – Tempo Pessimista”, maior


incerteza (menos confiança) teremos associada ao valor do Tempo Esperado.
A quantificação desta incerteza é feita pela variância associada ao tempo
esperado, considerando que o desvio-padrão é um sexto do intervalo entre
as estimativas extremas:
2
b−a
σ2 = 
 6 
b−a
σ = 
 6 

Caracterização da atividade (tarefa)

Para aplicar o método, é necessário conhecer, para cada atividade:

» Sua designação;

» Sua duração se não há incerteza quanto ao tempo de execução;

» Sua duração média e respectiva variância associada se há incerteza


quanto ao tempo de execução;

» Lista de precedência (quais atividades precedentes, ou seja, as


atividades cuja conclusão depende do seu início).

Cálculo de rede

Para cada uma das etapas da rede é necessário conhecer:

» Tempo Mais Cedo Médio e a Variância associada ( tE e σ 2T ) : Calcula-se


E

tal como a rede CPM. A variância associada é a soma das variâncias


associadas às parcelas consideradas.
77
Unidade iii | PERT/TEMPO

» Tempo Mais Tarde Médio e a Variância associada ( tL e σ 2T ) : Calcula-se L

tal como a rede CPM. A variância associada é a soma das variâncias


associadas às parcelas consideradas.

» Folga da Etapa e a Variância associada ( F e σ 2 F ) : Calcula-se tal como


a rede CPM. A variância associada aos Tempo Mais Cedo e Mais
Tarde Médios da etapa.

Estes valores registram-se, na etapa, como mostra a figura 30:

Figura 30. Registro dos tempos.

𝑡𝑡𝐸𝐸̅ 𝑡𝑡𝐿𝐿̅ 𝐹𝐹̅


2
𝜎𝜎 2 𝑇𝑇𝐸𝐸 𝜎𝜎 𝑇𝑇𝐿𝐿 𝜎𝜎 2 𝐹𝐹

Fonte: Elaborado pelo autor.

Vamos considerar os seguintes dados de uma rede PERT:

Tabela 16. Rede PERT.

Duração (Semanas)
Etapas Variância Precedência
Otimista Mais Provável Pessimista Média
A 1 4 7 -
B 10 4 -
C 12 8 -
D 2 5 14 A
E 3 6 15 B, D
F 4,5 8 C
G 3 0 A
Fonte: Elaborado pelo autor.

Como queremos descobrir, precisamos calcular a média e a variância, mas


perceba que nas etapas A, D e E foram informados os tempos otimistas, mais
provável e pessimista. Dessa forma, podemos utilizar as funções que foram
apresentadas anteriormente para encontrar os valores.

» Atividade A
( a + 4 × m +=
b ) (1 + 4 × 4 + 7 )  7 −1 
σ2  =
4;=
2

=te =  1
6 6  6 

78
PERT/TEMPO | Unidade iii

» Atividade D
( a + 4 × m +=
b ) ( 2 + 4 × 5 + 14 )
6;=
 14 − 2 
σ  2
2

=te = =  4
6 6  6 

» Atividade E
( a + 4 × m +=
b ) ( 3 + 4 × 6 + 15 )
7;=
 15 − 3 
σ  2
2

=te = =  4
6 6  6 

Com isso, a Tabela 17 passa a ficar completa com os resultados encontrados.

Tabela 17. Cálculo da média e variância das etapas A, D e E.

Duração (Semanas)
Etapas Variância Precedência
Otimista Mais Provável Pessimista Média
A 1 4 7 4 1 -
B 10 4 -
C 12 8 -
D 2 5 14 6 4 A
E 3 6 15 7 4 B, D
F 4,5 8 C
G 3 0 A
Fonte: Elaborado pelo autor.

Agora, com as informações que faltavam, podemos montar a rede PERT deste
projeto com os valores de média e variância.

Organizando os dados, a rede é a seguinte:

Figura 31. Rede PERT.

2 G: 3;
0
A: 4; D: 6; 4
1
B: 10; E: 7; 4
1 4 5

C: 12; F: 4,5;
8 3 8

Fonte: Elaborado pelo autor.

79
Unidade iii | PERT/TEMPO

Definidas as médias e as variâncias, vamos iniciar o processo de término mais


cedo. Na etapa A, que sai do nó 1 para o nó 2, vai levar em média quatro dias
e com variância de um.

Agora, vamos a uma informação importante já mencionada no início desta


unidade, se sair do nó 2 para o nó 4, a média vale 10, o mesmo raciocínio
vale quando saímos do nó 1 para o nó 4, média 10. No entanto, qual seria o
valor da variância ou se os valores de média fossem diferentes? Na nossa rede,
o valor da variância vale 5 e o conceito seria utilizar sempre o maior valor.

Continuando o preenchimento da rede, do nó 1 para o nó 3, a média vale


12 e a variância 8; do nó 3 para o nó 5 seria 16,5 para a média, e 16 para a
variância; do nó 4 para o nó 5 a média seria de 17 e a variância 9, e, do nó 2
para o nó 5, a média seria 7 e variância 1.

Como temos que usar o maior valor médio do término mais cedo, o resultado
do projeto diz que ele levará em média 17 semanas com uma variância de nove
semanas, resultante da soma dos valores calculados anteriormente.

Figura 32. Término mais cedo médio.

4
2 G: 3; 0
1

D: 6; 4
A: 4; 1 10
5
B: 10; 4
1 4 E: 7; 4 5

0 17
0 C: 12; 8 F: 4,5; 8 9
3

12
8

Fonte: Elaborado pelo autor.

Do ponto de vista de uma distribuição normal, o projeto possui média de 17 semanas


e desvio-padrão de três semanas para mais ou para menos. É possível concluir que há cerca
de 84% de probabilidade de o projeto estar concluído em 20 semanas (17 + 3), e caso a
data seja de 23 semanas (17 + 2 x 3), há cerc a de 97% de probabilidade cumpri-la.

80
PERT/TEMPO | Unidade iii

Cálculo do tempo mais tarde médio e folgas


médias para uma data-limite
Vamos considerar que o projeto tenha como data-limite 20 semanas. Como
dispomos dos dados anteriores, vamos realizar o processo inverso e determinar
as folgas existentes. A cada um deles associa-se a respectiva variância que
resulta da soma das variâncias associadas aos tempos esperados utilizados
para calcular o TL.

No que diz respeito às folgas médias em cada etapa, o seu valor é calculado de
modo igual ao indicado no método CPM. Também aqui a variância associada
à folga é igual à soma das variâncias associadas aos TE e TL usados no cálculo.

Retomando o exemplo anterior, tem-se:

Figura 33. Término mais tarde médio.

4 7 3
2 G: 3; 0
1 8 9

D: 6; 4
A: 4; 1 10 13 3
5 4 9
B: 10; 4
1 4 E: 7; 4 5

0 3 3 17 20 3
0 9 9 C: 12; 8 F: 4,5; 8 9 0 9
3

12 15,5 3,5
8 8 16
Fonte: Elaborado pelo autor.

No nó 5 temos uma folga média de três semanas e variância de nove quando


partimos para o nó 4, o raciocínio é o mesmo que realizamos no término
mais cedo, no entanto, temos que diminuir da média e variância (20 – 7
= 13; 4 – 0 = 4) a folga (13 – 10 = 3;5 + 4 = 9). Como observação, o nó 2
recebe os dados dos nós 5 e 4; no término mais cedo incluímos o maior
valor; como estamos realizando o término mais tarde, vamos incluir o
menor valor (20 – 3 = 17 (nó 5 para nó 2); 13 – 6 = 7 (nó 4 para nó 2). E
assim realizamos para os demais nós.

81
Unidade iii | PERT/TEMPO

Caminho crítico

Na rede PERT, uma atividade é crítica se satisfazer a três condições


simultaneamente, são elas:

» Verifica-se a igualdade TE i + duração da atividade (i, j) = TE j;

» Verifica-se a igualdade variância de TE i + variância da duração da


atividade (i, j) = Variância TE j;

» Serem iguais as folgas médias e variâncias das etapas inicial e final


da atividade e iguais às das etapas inicial e final do projeto.

Assim, na rede anterior não são críticas as atividades “C” e “F”, pois as suas
etapas de arranque e chegada não têm folga média de três semanas com
variância de nove.

Na atividade “B”, apesar de as folgas médias e variâncias das etapas inicial


e final da atividade serem iguais às das etapas inicial e final do projeto, a
atividade não é crítica, pois não satisfaz a 3ª condição Variância de TE i (0) +
Variância da duração de “B”(4) = 4 não é igual à Variância do TE 4.

De igual modo se conclui que a atividade “G” não é crítica.

As atividades “A”, “D” e “E” porque satisfazem as três condições antes referidas,
são atividades críticas e a sua sucessão constitui o caminho crítico do projeto.

A probabilidade de conclusão do projeto na data-limite de 20 semanas é de


aproximadamente 0.84.

82
INSTRUMENTOS DE
ACOMPANHAMENTO E UNIDADE IV
DESENVOLVIMENTO

CAPÍTULO 1
Conceito

Não é objetivo de estudo desta disciplina tratar sobre controle de qualidade,


mas não podemos deixar de mencionar e ressaltar a sua devida importância
no que diz respeito a dois aspectos do controle dos projetos: o físico (prazos
e serviços e o financeiro (custos)).

Não é possível falar de controle sem que haja referência da continuidade e


dependência entre planejamento e programação. Há tríade entre eles de forma
que garanta os resultados que foram planejados para o projeto.

Há de se convir que o controle dentro do projeto não é meramente uma


atividade avulsa, empírica, esporádica, que explore somente os pontos críticos
do projeto, quando aparentes. Pelo contrário, o controle vai além disso, e é
uma atividade atuante constantemente que tem como objetivos bloquear as
ocorrências de pontos críticos antes que eles aconteçam, evitar distorções e
desvios de parâmetros em relação ao planejado.

É, portanto, uma atividade que, bem conduzida e aplicada, atua de forma


preventiva e em ocasiões raras corretivamente. Para tal, é necessário a
implantação de um Sistema de Controle que seja formalizado, racional,
sistemático, abrangente, objetivo e detalhado, perfazendo-se de instruções
claras e detalhadas para que qualquer pessoa e departamento envolvidos no
projeto estejam cientes e saibam como agir para que o Sistema cumpra seu
objetivo. A princípio, é necessário estabelecer dentro do universo do projeto
o que será controlado e o que não será.

Os objetivos definidos num Sistema de Controle de projetos são:

» Acompanhar diariamente a execução dos serviços de forma a alcançar


bons resultados de produtividade e custos, o que concede grande ajuda na
administração da obra.

83
Unidade iv | Instrumentos de acompanhamento e desenvolvimento

» Acompanhar os prazos reais de execução de serviços e etapas


construtivas, bem como de seus custos reais, permitindo comparações
com os parâmetros previstos, de forma a nos apropriar desses dados.

» Agir imediatamente em casos de haver desvios nos prazos e/ou custos


previstos/executados (reais).

» Obter dados que sirvam para realimentar todo o processo planejamento/


programação/controle em empreendimentos futuros.

Podemos afirmar que o controle é a união de atividades que nos conduzirá


a uma comparação eficaz entre o real e o planejado, com as medidas que
devem ser tomadas para o enquadramento dos resultados em sua totalidade,
sem que haja desvios significantes em comparação com o previsto. Para que
tenhamos um controle eficiente, a aplicação do seu método deve ser simples e
o planejamento e a programação precisam ter sido o mais detalhadas possível.

A eficiência do controle precisa atender a certos requisitos que são


imprescindíveis e estarem disponíveis para a equipe de trabalho, e estes
elementos são exatamente aqueles documentos técnicos produzidos nas fases
de planejamento e programação:

» Projetos executivos completos e atualizados nas suas eventuais


alterações;

» Orçamentos e suas memórias de cálculo;

» Cronogramas físico e financeiro e redes de precedência, se for o caso;

» As especificações técnicas da obra, com suas eventuais alterações;

» Tabelas de composição de custos para obras em livros, revistas


especializadas ou terminais de computadores que forneçam tais dados;

» O plano de contas da empresa usado para a obra.

84
CAPÍTULO 2
Controle físico dos empreendimentos

A troca de informações que acontece constantemente no controle de prazos


e custos se dá pelo planejamento e a obra, ocorrendo de forma sistemática,
seguindo um manual de rotinas operacionais, que nada mais é que uma
coletânea auto-orientativa de planilhas, gráficos e outros, com informações
e apropriações que serão consideradas nas análises do desempenho da obra.
As planilhas podem ser confeccionadas de modo que possam ser usadas para
preenchimento manual ou eletrônico.

Controle de prazos – produção efetiva


O meio de controle de prazos mais utilizado e objetivo é o cronograma
físico (diagrama de barras). Como forma de aumentar a eficiência, o nível
de detalhamento desenvolvido pela equipe de produção deve ser alto,
desmembrando serviços e a redução de subunidades de tempo de modo a
melhorar a visualização, facilitando, assim, tomadas de decisões. No caso, as
redes PERT-CPM associadas são de grande auxílio.

Dessa forma, é possível registrar os dados no próprio cronograma físico por


meio da inclusão de barras paralelas ou internas às previstas, com traços
diferentes das demais, representando o real executado e seu percentual. É o
chamado de Gráfico de Gantt ou cronograma de acompanhamento:

Tabela 18. Cronograma de Gantt.

Planejado
Realizado
Janeiro Fevereiro Março
ID Tarefa Início Fim Status Predecessora Resp. S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7 S8 S9 S10 S11 S12
Realizar
1 análise de 18/1/2021 30/1/2021 100% João
viabilidade
Construir
2 o projeto 2/2/2021 15/2/2021 100% 1 João
básico
Submeter
a CPL
(Comissão
3 16/2/2021 26/3/2021 80% 2 Pedro
Permanente
de
Licitação)
Fonte: Elaborado pelo autor.

85
Unidade iv | Instrumentos de acompanhamento e desenvolvimento

Usualmente, também podem ser aplicados, no controle de serviços individuais,


histogramas comparativos previstos/executados, onde são registradas as
diferenças percentuais para mais ou para menos.

Os histogramas poderão ser também representativos dos serviços mensais


ou acumulados.

86
CAPÍTULO 3
Controle financeiro/orçamentário

O orçamento é o elemento fundamental para o sucesso de qualquer


empreendimento. Ele é a previsão de custo de uma obra. Assim, o orçamento
deve quantificar insumos como mão de obra, materiais, máquinas, ferramentas
e equipamentos, necessários para a realização da obra, seus custos e o tempo
que será utilizado na execução de cada serviço.
O orçamento pode ser:
» Por estimativa: é feito para estudar a viabilidade de empreendimentos.
É elaborado com base no projeto preliminar de arquitetura. Sua
margem de erro é de cerca de 20%.
» Preliminar: é feito para o planejamento inicial da obra. Elaborado
com base nos projetos preliminares de arquitetura, de estruturas, de
instalações elétricas e de instalações hidráulicas, utiliza os memoriais
descritivos, que também estão em fase preliminar. Tem margem de
erro de 10%.
» Executivo: é feito para o planejamento inicial da obra. Elaborado
com base em todos os projetos e respectivos memoriais descritivos
de acabamentos completos. Tem margem de erro de 5%.
No caso do orçamento por estimativa, o cálculo do orçamento é obtido pela
multiplicação de dois fatores:
» Área equivalente da construção: é a somatória das áreas equivalentes
de todos os pavimentos da obra. Deve ser utilizada a NBR-12721/2005
– Critérios para avaliação de custos de construção para incorporação
imobiliária e outras disposições para condomínios edilícios –
Procedimento – para transformar áreas reais de padrões diferentes
em áreas equivalentes correspondentes a um mesmo padrão.
» Custo unitário do metro quadrado de construção: é o custo
unitário por metro quadrado, calculado mensalmente pelos Sindicatos
da Indústria da Construção Civil de todo o Brasil, denominado Custo
Unitário Básico (CUB).
No caso do orçamento preliminar e do orçamento executivo, o cálculo do
orçamento é obtido pela multiplicação de dois fatores:

87
Unidade iv | Instrumentos de acompanhamento e desenvolvimento

» Planilha de custo unitário: são planilhas que indicam o valor


unitário de cada serviço, por meio de apropriação dos insumos
utilizados (mão de obra, materiais, máquinas e equipamentos).
» Levantamento quantitativo dos serviços: é a quantidade de
serviço necessária para a execução da obra. É obtido com base nos
projetos e nos memoriais descritivos.
O levantamento quantitativo tem como objetivo levantar as quantidades de
serviços que existirão na obra. Os serviços a serem executados variam conforme o
tipo e o porte de cada obra. Os valores apresentados são fictícios e servem apenas para
ilustrar como podemos montar a estrutura de contas e controle dos custos.

A Tabela 19 descreve, de forma genérica, os serviços para a construção de


uma edificação.

Tabela 19. Serviços para construção de uma edificação.

Ordem Etapa Serviço


Orçamento
1 Estudo de Viabilidade
Planejamento
Projeto de arquitetura
Projeto de fundações
Projeto de estruturas
2 Projetos e aprovações
Projeto de instalações hidráulicas
Projeto de instalações elétricas
Projeto de instalações especiais
Limpeza e deslocamento
Locação topográfica
Fechamento da obra
3 Canteiro de obras
Execução dos barracões de obra
Instalações hidráulicas provisórias
Instalações elétricas provisórias
4 Serviços complementares Conforme cada tipo de obra (exemplo: demolição de construções existentes)
5 Movimento de terra Nivelamento do terreno
Fundações
6 Fundações/arrimos
Muros de arrimo
Estrutura de concreto armado
Estrutura de concreto protendido
7 Estrutura Estrutura de aço
Estrutura de alumínio
Estrutura de madeira

88
Instrumentos de acompanhamento e desenvolvimento | Unidade iv

Ordem Etapa Serviço


Alvenaria de fechamento
8 Alvenarias
Alvenaria armada
Parede – chapisco
Parede – emboço
Parede – reboco
Parede – massa corrida
Parede – cerâmica
9 Revestimentos
Piso – nivelamento
Piso – contrapiso
Piso – cerâmica
Piso – pedra
Piso – madeira
Esquadria de aço
Esquadria de alumínio
10 Esquadrias e ferragens
Esquadria de madeira
Ferragem

11 Vidros Vidros

Aparelhos sanitários e Aparelhos sanitários


12
metais Metais sanitários
Tinta acrílica
Tinta látex
Tinta a óleo
13 Pinturas
Tinta epóxi
Verniz
Laca
Impermeabilização de paredes

14 Impermeabilizações Impermeabilização de lajes


Impermeabilização de caixa d’água

15 Instalação elétrica Instalação elétrica

16 Instalação hidráulica Instalação hidráulica

17 Instalações especiais Conforme cada tipo de obra

18 Elevadores Elevadores

19 Limpeza Limpeza
Desmonte do canteiro de obras
20 Desmobilização
Transporte de materiais e equipamentos
Fonte: Elaborado pelo autor.

89
Unidade iv | Instrumentos de acompanhamento e desenvolvimento

Para fazer um orçamento, é necessário saber quanto irá custar a mão de obra
que será utilizada. O custo da mão de obra deverá ser acrescido de um valor
denominado “encargo social”.

Os encargos sociais são pagamentos obrigatórios, exigidos pelas leis trabalhistas


e previdenciárias, ou resultantes de acordos sindicais, adicionados aos salários
dos trabalhadores.

Os encargos sociais são divididos em três níveis:

» encargos básicos e obrigatórios;

» encargos incidentes e reincidentes;

» encargos complementares.

Tabela 20. Demonstrativo dos encargos sociais básicos.

Descrição Horista (%) Mensalista (%)


A1 Previdência Social 20,00 20,00
A2 Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) 8,00 8,00
A3 Salário-Educação 2,50 2,50
A4 Serviço Social da Indústria (Sesi) 1,50 1,50
A5 Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) 1,00 1,00
A6 Serviço de Apoio à Pequena e Média Empresa (Sebrae) 0,60 0,60
A7 Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) 0,20 0,20
A8 Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) 3,00 3,00
A9 Serviço Social da Indústria da Construção e Mobiliário (Seconci) 1,00 1,00
A Total dos Encargos Sociais Básicos 37,80 37,80
Fonte: Elaborado pelo autor.

Tabela 21. Demonstrativo dos encargos sociais que recebem incidência dos encargos sociais básicos.

Descrição Horista (%) Mensalista (%)


B1 Repouso semanal e feriados 22,90
B2 Auxílio-doença 0,79
B3 Licença-paternidade 0,34
B4 13 salário
o
10,57 8,22
B5 Dias de chuva/falta justificada/acidente de trabalho 4,57
B Total dos encargos sociais que recebem incidências de A 8,22
Fonte: Elaborado pelo autor.

90
Instrumentos de acompanhamento e desenvolvimento | Unidade iv

Tabela 22. Demonstrativo dos encargos sociais que não recebem incidência dos encargos sociais básicos.

Descrição Horista (%) Mensalista (%)


C1 Depósito por despedida injusta 50% sobre [A2 + (A2 + B)] 5,57 4,33
C2 Férias (indenizadas) 14,06 10,93
C3 Aviso prévio (indenizado) 13,12 10,20
C Total dos encargos sociais que não recebem incidências de A 32,74 25,46
Fonte: Elaborado pelo autor.

Tabela 23. Demonstrativo das taxas das reincidências.

Descrição Horista (%) Mensalista (%)


D1 Reincidência de A sobre B 14,81 3,11
D2 Reincidência de A2 sobre C3 1,05 0,82
D Total das taxas de reincidências 15,86 3,92
Fonte: Elaborado pelo autor.

Tabela 24. Demonstrativo do subtotal dos encargos sociais básicos e encargos sociais incidentes e reincidentes.

Descrição Horista (%) Mensalista (%)


A Total dos encargos sociais básicos 37,80 37,80
B Total dos encargos socais que recebem incidências de A 39,17 8,22
C Total dos encargos socais que não recebem incidências de A 32,74 25,46
D Total das taxas das reincidências 15,86 3,92
Subtotal 125,58 75,40
Fonte: Elaborado pelo autor.

No caso dos custos da mão de obra utilizada nas obras, além das leis sociais
básicas, das incidências e reincidências, devem ser acrescidos os encargos
complementares, que são diretamente relacionados à mão de obra a ser utilizada.

Os encargos complementares são compostos com o custo do transporte dos


trabalhadores (Lei n. 7.418/1985), pelo fornecimento gratuito de Equipamento
de Proteção Individual (EPI) – NR-6, pelo fornecimento de alimentação e
demais ações aprovadas nos dissídios coletivos da categoria nas áreas de
atuação da empresa.

Tabela 25. Encargos sociais complementares.

Descrição Horista (%) Mensalista (%)


E1 Vale-transporte (observação 1) 4,40 4,40
E2 Refeição mínima – café da manhã (observação 2) 3,48 3,48
E3 Refeição – almoço (observação 3) 29,64 29,64
E4 Refeição – jantar (observação 4)

91
Unidade iv | Instrumentos de acompanhamento e desenvolvimento

Descrição Horista (%) Mensalista (%)


E5 EPI – Equipamento de Proteção Individual (observação 5) 2,00 2,00
E6 Ferramentas manuais (observação 6) 1,00 1,00
E Total das taxas complementares 40,52 40,52
Fonte: Elaborado pelo autor.

A partir das informações, vamos elaborar alguns cálculos pertinentes a alguns


benefícios para auxiliar nos respectivos cálculos.

Vale-Transporte (VT)

» Base legal: Lei n. 7.418/1985 e Decreto n. 95.247/1987;

» Tarifa média por viagem – C1 = R$ 3,00;

» Número de dias trabalhados/mês – N = 26 dias;

» Salário médio do trabalhador – S = R$ 1.500,00;


 ( 2 × C1 × N − 0, 06 × S ) 
=VT   ×100
 S 
 ( 2 × 3, 00 × 26 − 0, 06 ×1.500, 00 ) 
=VT  =  ×100 4, 40%
 1,500, 00 

Refeição Mínima (VC)

» Base legal: Acordo Coletivo de Trabalho;


» Custo do café da manhã – C2 = R$ 2,50;
» Número de dias trabalhados/mês – N = 26 dias;
» Salário médio do trabalhador – S = R$ 1.500,00.
 ( C × N − 0, 033 × S × N × 0, 01) 
=VC  2  ×100
 S 
 ( 2,50 × 26 − 0, 033 ×1.500, 00 × 26 × 0, 01) 
VC  =  ×100 3, 48%
 1.500, 00 

Refeição – Almoço (VR)

» Base legal: Acordo Coletivo de Trabalho;

» Custo do almoço – Vale-Refeição – C3 = R$ 18,00;

92
Instrumentos de acompanhamento e desenvolvimento | Unidade iv

» Número de dias trabalhados/mês – N = 26 dias;

» Salário médio do trabalhador – S = R$ 1.500,00.


 ( C × N × 0,95 ) 
=VR  3  ×100
 S 
 (18, 00 × 26 × 0,95 ) 
=VR  =  ×100 29, 64%
 1.500, 00 

Refeição – Jantar (VR)

» Idêntico à observação 3 para os trabalhadores que dormem na obra.

EPI

» Base legal: Art. 166 da CLT e NR-18 da Lei n. 6.514/1977;

» Custo de cada um dos EPI – P;

» Fator de utilização do EPI – F;

» Número de trabalhadores na obra – N;

» Salário médio do trabalhador – S = R$ 1.500,00;

» Tempo de permanência do EPI à disposição da obra em meses – t;

» Vida útil do EPI em meses – VU.


t
F=
VU
 ( P F + P F +…+ Pn Fn ) 
=FM  1 1 2 2  ×100
 S×N 

Será adotado o custo médio mensal estimado por operário.


( ∑ PF ) ÷ N =
R$ 30, 00

 30, 00 
EPI 
= =×100 2, 00%
1.500, 00 

93
Unidade iv | Instrumentos de acompanhamento e desenvolvimento

Ferramentas Manuais (FM)

» Base legal: A empresa obriga-se a fornecer as ferramentas manuais


necessárias para a execução dos serviços;

» Custo de cada uma das ferramentas manuais – P;

» Fator de utilização das ferramentas manuais – F;

» Número de trabalhadores na obra – N;

» Salário médio do trabalhador – S = R$ 1.500,00;

» Tempo de permanência da ferramenta à disposição da obra em


meses – t;

» Vida útil da ferramenta manual em meses – VU


t
F=
VU
 ( P F + P F +…+ Pn Fn ) 
=FM  1 1 2 2  ×100
 S×N 

Será adotado o custo médio mensal estimado por operário.


( ∑ PF ) ÷ N =
R$15, 00

 15, 00 
EPI 
= =×100 1, 00%
1.500, 00 

O total dos encargos sociais é apresentado na Tabela 26.

Tabela 26. Demonstrativo do total dos encargos sociais.

Descrição Horista (%) Mensalista (%)


A Total dos encargos sociais básicos 37,80 37,80
B Total dos encargos sociais que recebem incidências de A 39,17 8,22
Horista
Descrição Mensalista (%)
(%)
C Total dos encargos sociais que não recebem incidências de A 32,74 25,46
D Total das taxas das reincidências 15,86 3,92
E Total das taxas complementares 40,52 40,52
F Total de encargos sociais 166,09 115,92
Fonte: Elaborado pelo autor.

94
Instrumentos de acompanhamento e desenvolvimento | Unidade iv

Como visto, para realizar o orçamento de uma obra é necessário conhecer


o orçamento de cada serviço a ser executado. O custo de cada serviço é
composto por sua quantificação e os custos da mão de obra, dos insumos e
dos equipamentos necessários para sua execução.

Assim, o custo de cada serviço (CS) é determinado por:


∑ ( MO + MT + EQ )
CS =

Em que:

MO = custo da mão de obra

MT = custo dos insumos

EQ = custo dos equipamentos

Neste item, vamos conhecer como determinar os custos unitários de produção,


que servirão para compor a planilha de custos unitários.

Para a determinação dos custos unitários de produção, deve-se conhecer a


produtividade da mão de obra e dos equipamentos, bem como a composição
dos insumos que serão utilizados no serviço a ser realizado.

Os custos unitários de cada serviço são determinados em relação às unidades de


serviço (m, m², m³, peça, kgf, horas de mão de obra, horas de equipamento etc.).

Para obter índices de produtividade próprios, deve-se realizar apontamentos


durante o desenvolvimento dos serviços in loco e, posteriormente, fazer
um tratamento estatístico. Com isso, é possível ter sob controle o processo
orçamentário real da construtora.

Quando a empresa atua em diversas regiões, onde o clima e as culturas são


diferentes, podem surgir índices de produtividade diferentes para cada região.

Caso a construtora não possua índices de produtividade próprios, pode-se


utilizar valores médios de produtividade, como os apresentados nas Tabelas
de Composições de Preços para Orçamentos (TCPO), da Editora Pini.

A produtividade (P) é a relação entre a quantidade de serviço realizada (QS)


e o tempo (T) necessário para realizá-lo:
QS
P=
T

95
Unidade iv | Instrumentos de acompanhamento e desenvolvimento

Para executar uma parede de alvenaria de vedação com blocos cerâmicos


furados de 9cm × 19cm × 19cm (furos horizontais), juntas de 12mm, com
argamassa mista de cimento, cal hidratada e areia sem peneirar traço 1:2:8,
com espessura de 19cm, altura de 2,80m e comprimento de 14m, um pedreiro
demorou 26 horas.

Em que: Produtividade = Quantidade de serviço/Tempo

Nesse caso, a produtividade do pedreiro foi de: P = (2,80m × 14,00m)/26


horas = 1,5m² / h.

A composição de custo unitário geralmente tem os seguintes itens:

» Índice de aplicação de materiais: consumo de cada material


utilizado na unidade do serviço.

» Índice de produção da mão de obra: quantas horas de mão de obra


são utilizadas na unidade do serviço.

» Índice de aplicação de equipamentos: quantas horas de equipamento


são utilizadas na unidade do serviço.

» Custos unitários dos materiais: preço do material na unidade do


índice de aplicação.

» Custos unitários da mão de obra: preço da mão de obra por hora.

» Custos horários de equipamentos: preço do equipamento por hora.

» Taxas de encargos sociais: aplicadas sobre a mão de obra.

O custo unitário da mão de obra CU (MO) é feito em função da produtividade (P)


do operário envolvido na execução do serviço e de seu custo horário CH (MO).
CU ( MO )= P × CH ( MO )

A composição do custo unitário dos materiais está relacionada à unidade do serviço.

A composição do custo unitário dos equipamentos está relacionada a sua finalidade:

» pequenos equipamentos ou ferramentas;

» máquinas operatrizes;

» equipamentos de transporte.

96
Instrumentos de acompanhamento e desenvolvimento | Unidade iv

As planilhas de custo unitário são instrumentos muito importantes para o


orçamento de uma obra. Elas apresentam todos os custos unitários envolvidos:

» mão de obra;

» materiais;

» equipamentos.

A Tabela 27 apresenta um exemplo de planilha de custo unitário.

Tabela 27. Exemplo de planilha de custo unitário.

Planilha de custo unitário


Alvenaria de vedação com blocos cerâmicos furados de 9cm × 19cm × 19cm (furos horizontais), juntas de
Unidade: m²
12mm com argamassa mista de cimento, cal hidratada e areia sem peneirar traço 1:2:8, espessura de 19cm.
Custo unitário (R$)
Componente Unidade Consumo Custo (R$)
Material MDO
Pedreiro h 1,50 8,00 12,00
Servente h 1,92 6,00 11,95
Subtotal 23,52
Leis sociais 166,09% 39,06
TOTAL MDO 62,58
Bloco cerâmico Unidade 51 0,56 28,56
Areia lavada tipo média m³ 0,051 74,00 3,77
Cal hidratada kg 7,644 0,48 3,67
Cimento Portland CP II-E-32 kg 7,644 0,44 3,36
(B) TOTAL MAT 39,36
TOTAL (A + B) 101,94
Fonte: Elaborado pelo autor.

Custo unitário básico da construção civil (CUB)


O custo unitário básico (CUB) é o principal indicador do setor da construção
civil. Calculado mensalmente pelos Sindicatos da Indústria da Construção
Civil de todo o Brasil, é divulgado até o dia 5 de cada mês.

Ele determina o custo global da obra, para fins de cumprimento do estabelecido


na Lei de Incorporação de Edificações Habitacionais em Condomínio, Lei n.
4.591, de 16 de dezembro de 1964, que assegura aos compradores em potencial
um parâmetro de comparação com a realidade dos custos.

97
Unidade iv | Instrumentos de acompanhamento e desenvolvimento

A finalidade do CUB é determinar o custo global da obra para fins de cumprimento


do estabelecido na Lei de Incorporação de Edificações Habitacionais em
Condomínio, ressaltando que o CUB é um custo/m 2 apenas de orientação
para o setor da construção civil: não é nunca o custo real da obra, que só é
obtido por meio de um orçamento completo com todas as especificações de
cada projeto em estudo ou análise.

Atualmente, a variação percentual mensal do CUB tem servido como mecanismo


de reajuste de preços em contratos de compra de apartamentos em construção
e até mesmo como índice do setor da construção civil.

Eles são calculados com base nos diversos projetos-padrão representativos


residenciais (R1, PP4, R8, PIS, R16), comerciais (CAL8, CSL8 e CSL16), galpão
industrial (GI) e residência popular (RP1Q), levando-se em consideração
os lotes de insumos (materiais e mão de obra), despesas administrativas e
equipamento e com os seus respectivos pesos constantes nos quadros da
NBR-12.721:2006 da ABNT.

A Tabela 28 apresenta os projetos-padrão utilizados para o cálculo do CUB.

Tabela 28. Projetos-padrão utilizados para o cálculo do CUB.

Sigla Tipo Sigla Tipo Pavimentos


R-1 Residência unifamiliar 1
PP-4 Prédio popular 4
Residencial – padrão de acabamento: baixo, normal e alto
R-8 Residência multifamiliar 8
R
R-16 Residência multifamiliar 16
Residencial – padrão de acabamento: baixo PIS Projeto de interesse social 1
Residência popular – um quarto RPQ1 Residência popular 1
CAL8 Comercial – andares livres 8
C Comercial – padrão de acabamento: normal e alto CSL8 Comercial – salas e lojas 8
CSL16 Comercial – salas e lojas 16
GI Galpão industrial GI Galpão industrial 1
Fonte: Elaborado pelo autor.

Assim, os tipos de CUB residencial previstos na norma atingem 11


especificações. O lote básico de cada projeto é composto de 29 insumos – 25
para materiais, dois para mão de obra, despesa administrativa (engenheiro)
e equipamentos (betoneira).

98
Instrumentos de acompanhamento e desenvolvimento | Unidade iv

A metodologia de cálculo do CUB inicia-se com a coleta de dados. Os salários


e preços de materiais e mão de obra, despesas administrativas e equipamentos
previstos na NBR 12721:2006 são obtidos pelo levantamento de informações
junto a uma amostra de cerca de 40 empresas da construção.

Agindo dessa maneira, o universo da pesquisa se dá sob a ótica do comprador,


eliminando uma série de distorções em relação ao fornecimento de dados.
Como o indicador a ser calculado refere-se a custo e não a preço, é mais
correta a pesquisa junto ao comprador, que, no caso, são as construtoras, e
não junto aos distribuidores ou vendedores.

O resultado obtido pela coleta de dados passa por um tratamento matemático


estatístico para pequenas amostras, utilizando a tabela t de Student. Com
inúmeras aplicações na inferência estatística, a distribuição t de student foi
desenvolvida por William Sealy Gosset.

A distribuição t de student assemelha-se a uma distribuição normal e é simétrica


em torno da média, com seu formato de curva similar a um sino, no entanto,
como as caudas de sua curva são mais largas, podem gerar valores mais extremos
do que os de uma distribuição normal.

Assim, o cálculo do custo unitário de construção por metro quadrado é


a somatória das combinações – preços x pesos dos insumos, para cada
especificação. As especificações são classificadas por padrão de acabamento
e número de pavimentos.

Planilha orçamentária
As planilhas orçamentárias são planilhas com todos os levantamentos de serviços
e seus respectivos custos, para a execução de determinado empreendimento,
que pode ser uma construção, reforma ou outros serviços de engenharia.

O levantamento quantitativo dos serviços é feito com base nos projetos


executivos (arquitetura, estrutura, fundações, instalações elétricas, instalações
hidráulicas e instalações especiais) e respectivos memoriais descritivos.

Os custos de serviços devem ser determinados nas planilhas de custos unitários.


A Tabela 29 apresenta um exemplo de planilha orçamentária.

99
Unidade iv | Instrumentos de acompanhamento e desenvolvimento

Tabela 29. Exemplo de planilha orçamentária.

Planilha orçamentária
Item Cód. Descrição do serviço Unid. Quant. Preço unitário (R$) Preço total (R$)
Serviços preliminares 662.500,00
1.1 Instalação do canteiro de obras cj 1,00 18.000,00 18.000,00
1.2 Limpeza e destocamento do terreno m² 500 15,00 7.500,00
1.3 Administração local da obra – cj 1,00 11.000,00 11.000,00
1 despesas fixas
1.4 Administração local da obra – mês 12,00 16.000,00 192.000,00
despesas diversas
1.5 Administração local da obra – pessoal mês 12,00 36.000,00 432.000,00
1.6 Placas da obra m² 10 200,00 2.000,00
Movimentação de terra 645.000,00
2.1 Escavação m³ 32.000,00 10,00 320.000,00
2 2.2 Transporte m³ 32.000,00 5,00 160.000,00
2.3 Compactação m³ 32.000,00 5,00 160.000,00
2.4 Regularização m³ 32.000,00 1,00 5.000,00
Contenções 398.000,00
3.1 Alvenaria de bloco estrutural m² 1.000,00 100,00 100.000,00
3 3.2 Concreto estrutural m³ 400,00 340,00 136.000,00
3.3 Fôrma de madeira m² 1.000,00 60,00 60.000,00
3.4 Armadura kgf 17.000,00 6,00 102.000,00
Drenagem 240.000,00
4.1 Escavação m³ 2.000,00 12,00 24.000,00
4.2 Caixas und 15,00 2.000,00 30.000,00
4 4.3 Tubulações PVC m 600,00 100,00 60.000,00
4.4 Lastro de brita m³ 100,00 85,00 8.500,00
4.5 Meio-fio de concreto m 1.500,00 35,00 52.500,00
4.6 Sarjeta de concreto m 100,00 650,00 65.000,00
Fundações 804.000,00
5.1 Estaca m 2.000,00 300,00 600.000,00
5.2 Escavação m³ 160,00 40,00 6.400,00
5.3 Apiloamento do solo m² 80,00 15,00 1.200,00
5.4 Fôrma do bloco m² 400,00 75,00 30.000,00
5.5 Ferragem do bloco kgf 3.000,00 8,00 24.000,00
5
5.6 Lastro de concreto magro m³ 80,00 300,00 24.000,00
5.7 Concreto estrutural m³ 200,00 500,00 100.000,00
5.8 Transporte, lançamento e m³ 160,00 35,00 5.600,00
adensamento de concreto
5.9 Desforma do bloco m² 400,00 25,00 10.000,00
5.10 Reaterro m³ 80,00 35,00 2.800,00

100
Instrumentos de acompanhamento e desenvolvimento | Unidade iv

Planilha orçamentária
Item Cód. Descrição do serviço Unid. Quant. Preço unitário (R$) Preço total (R$)
Estrutura de concreto 1.835.350,00
6.1 Fôrma m² 2.000,00 60,00 120.000,00

6.2 Cimbramento tubular desmontável m 4.000,00 50,00 200.000,00

6.3 Armadura kgf 50.000,00 8,00 400.000,00


6 6.4 Concreto estrutural m³ 650,00 500,00 325.000,00

6.5 Transporte, lançamento, m³ 650,00 35,00 22.750,00


adensamento

6.6 Desforma m² 2.000,00 30,00 60.000,00

6.7 Retirada do cimbramento m 4.000,00 25,00 100.000,00

Estrutura metálica 38.850,00


7.1 Estrutura kgf 450,00 13,00 5.850,00
7
7.2 Telhas m² 200,00 125,00 25.000,00

7.3 Calhas m 50,00 160,00 8.000,00

Impermeabilização 62.650,00
8.1 Subsolo m² 2.500,00 20,00 50.000,00
8
8.2 Muros de arrimo m² 800,00 10,00 8.000,00

8.3 Vigas baldrames m² 150,00 31,00 4.650,00

Alvenarias 207.500,00
9 9.1 Alvenaria de blocos cerâmicos m² 4.000,00 50,00 200.000,00

9.2 Vergas m³ 5,00 1.500,00 7.500,00

Revestimento interno e externo 880.000,00


10.1 Chapisco m² 10.000,00 5,00 50.000,00

10.2 Emboço m² 10.000,00 20,00 200.000,00


10
10.3 Reboco m² 10.000,00 25,00 250.000,00

10.4 Massa corrida m² 8.000,00 25,00 200.000,00

10.5 Revestimento cerâmico m² 2.000,00 90,00 180.000,00

Tetos e forros 48.000,00


11.1 Chapisco m² 600,00 10,00 6.000,00

11 11.2 Emboço m² 600,00 20,00 12.000,00

11.3 Reboco m² 600,00 25,00 15.000,00

11.4 Massa corrida m² 600,00 25,00 15.000,00

101
Unidade iv | Instrumentos de acompanhamento e desenvolvimento

Planilha orçamentária
Item Cód. Descrição do serviço Unid. Quant. Preço unitário (R$) Preço total (R$)
Pisos internos 897.500,00
12.1 Contrapiso de concreto m² 5.000,00 30,00 150.000,00
12.2 Piso de concreto m² 1.000,00 120,00 120.000,00
12.3 Argamassa de regularização m² 4.000,00 25,00 100.000,00
12 12.4 Piso cerâmico m² 1.500,00 130,00 195.000,00
12.5 Rodapé cerâmico m 1.000,00 30,00 30.000,00
12.6 Piso de carpete m² 2.000,00 130,00 260.000,00
12.7 Cordão de arremate m 500,00 5,00 2.500,00
12.8 Piso de pedra m² 500,00 80,00 40.000,00
Esquadrias de madeira 110.000,00
13.1 Porta com batente und 200,00 300,00 60.000,00
13
13.2 Fechadura und 200,00 100,00 20.000,00
13.3 Dobradiças und 600,00 50,00 30.000,00
Esquadrias de alumínio 25.000,00
14 14.1 Porta und 10,00 1.500,00 15.000,00
14.2 Janela und 20,00 500,00 10.000,00
Esquadrias de ferro 137.500,00
15 15.1 Gradil m² 50,00 250,00 12.500,00
15.2 Guarda-corpo m² 500,00 250,00 125.000,00
Pintura 167.000,00
16 16.1 Muros, paredes e tetos – látex/acrílica m² 5.000,00 15,00 75.000,00
16.2 Esquadrias de ferro – tinta a óleo m² 4.000,00 23,00 92.000,00
Vidros 107.500,00
17.1 Jateado m² 5,00 100,00 500,00
17
17.2 Temperado m² 200,00 350,00 70.000,00
17.3 Laminado m² 100,00 370,00 37.000,00
Aparelhos sanitários/metais 94.500,00
18.1 Lavatórios und 50,00 550,00 27.500,00
18 18.2 Bacia sanitária und 50,00 400,00 20.000,00
18.3 Torneiras und 100,00 300,00 30.000,00
18.4 Válvulas und 100,00 170,00 17.000,00
Instalações elétricas 450.000,00
19
19.1 Materiais e mão de obra und 1,0 450.000,00 450.000,00
Instalações hidráulicas 500.000,00
20
20.1 Materiais e mão de obra und 1,0 500.000,00 500.000,00
Instalações contra incêndio 100.000,00
21
21.1 Materiais e mão de obra und 1,0 100.000,00 100.000,00

102
Instrumentos de acompanhamento e desenvolvimento | Unidade iv

Planilha orçamentária
Item Cód. Descrição do serviço Unid. Quant. Preço unitário (R$) Preço total (R$)
Instalações de ar condicionado/ventilação/exaustão 200.000,00
22
22.1 Materiais e mão de obra und 1,0 200.000,00 200.000,00
Elevadores 800.000,00
23 23.1 Fornecimento e instalações de cj 4,0 200.000,00 800.000,00
elevadores
Diversos 11.000,00
24 24.1 Paisagismo e jardinagem cj 1,0 30.000,00 30.000,00
24.2 Quadra esportiva cj 1,0 80.000,00 80.000,00
25 Limpeza 90.000,00
25.1 Limpeza final m² 15.000,00 6,00 90.000,00
TOTAL 9.610.850,00
Fonte: Elaborado pelo autor.

A Tabela 30 apresenta um exemplo de valores percentuais de cada serviço em obra


de edificação.

Tabela 30. Valores percentuais de cada serviço em obra de edificação.

Item Serviço Custo (R$) Porcentagem total


1 Serviços preliminares 662.500,00 6,89
2 Movimentação de terra 645.000,00 6,71
3 Contenções 398.000,00 4,14
4 Drenagem 240.000,00 2,50
5 Fundações 804.000,00 8,37
6 Estrutura de concreto 1.835.350,00 19,10
7 Estrutura metálica 38.850,00 0,40
8 Impermeabilizações 62.650,00 0,65
9 Alvenarias 207.500,00 2,16
10 Revestimentos 880.000,00 9,16
11 Teto e forros 48.000,00 0,50
12 Pisos internos 897.500,00 9,34
13 Esquadrias de madeira 110.000,00 1,14
14 Esquadrias de alumínio 25.000,00 0,26
15 Esquadrias de ferro 137.500,00 1,43
16 Pintura 167.000,00 1,74
17 Vidros 107.500,00 1,12
18 Aparelhos sanitários 94.500,00 0,98
19 Instalações elétricas 450.000,00 4,68
20 Instalações hidráulicas 500.000,00 5,20

103
Unidade iv | Instrumentos de acompanhamento e desenvolvimento

Item Serviço Custo (R$) Porcentagem total


21 Incêndio 100.000,00 1,04
22 Ar-condicionado 200.000,00 2,08
23 Elevadores 800.000,00 8,32
24 Diversos 110.000,00 1,14
25 Limpeza 90.000,00 0,94
TOTAL 9.610.850,00 100,00
Fonte: Elaborado pelo autor.

=Custo / m 2 R=
$ 9.610.850, 00 / 5.200 m 2 R$1.848, 24 / m 2

104
INSTRUMENTOS DE
INFORMAÇÃO UNIDADE V

CAPÍTULO 1
Introdução

As empresas e seus processos de gerenciamento vêm se desenvolvendo,


evoluindo, ao longo das últimas décadas, concebendo novas técnicas,
procedimentos e ferramentas que visam melhorar e otimizar a gestão. Todas
as organizações podem ser entendidas como complexos sistemas abertos, os
quais continuamente são mutáveis.

Essas mudanças têm acontecido com uma velocidade cada vez maior atualmente
em função de diversos fatores, principalmente pelo volume de informações
que são gerados; e a Tecnologia da Informação (TI) tem um grande papel
nessa tarefa.

Alguns fatores relevantes que ajudam a organização para a gestão da informação


são: a estratégia de negócios interligada a TI, a infraestrutura e o armazenamento
da informação, a astúcia na tomada de decisão e os custos do investimento
adequados ao custo de oportunidades de uma empresa.

Não há mais espaço para empresas que não se atualizam. O mercado pode
ser intransigente com elas e caso continuem fazendo o que faziam há alguns
anos, a empresa está condenada a fechar. As organizações precisam aprimorar
constantemente seus processos empresariais para tornarem-se mais eficientes
e competitivas.

Quando falamos de aprimoramento, podemos citar o setor de construção civil,


no Brasil, que proporciona à sociedade alguns benefícios como moradia e
geração de renda em função de um significativo crescimento nos últimos anos.
A indústria da construção civil é um importante setor da economia brasileira,
revestido de dupla relevância social, pois, além de fazer uso de mão de obra
intensiva, o que a torna uma valiosa fonte de empregos, o setor é responsável
por edificar moradias habitacionais, função associada a uma das necessidades
básicas do ser humano, a de proteção. (ROMANO, 2002, p. 12)

105
Unidade v | Instrumentos de informação

De acordo com Barbosa (2003, p. 18), a construção civil é um setor que tem
despertado interesse, por ser uma das áreas que impactam a economia do País.
Com o aquecimento desse setor, problemas como o desemprego e a falta de
habitações tendem a ser minimizados, tornando viável maior estabilidade
social.

Para o autor, o Brasil é considerado mundialmente o quinto maior mercado


no ramo da construção civil. Este setor da economia, conforme o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), contribui significativamente
para o crescimento econômico do País, além da geração de empregos diretos
e indiretos. Segundo o IBGE (2006), “as empresas de pequeno e médio porte
aumentaram sua participação, tanto no número de empresas quanto no emprego
e no valor das construções”.

Assim, a construção civil torna-se um setor estratégico para o desenvolvimento


e crescimento da economia. Portanto, a implementação de um Sistema de
Informação (SI), a obtenção das informações de maneira adequada e ágil, são
elementos importantes para o crescimento e modernização do setor. l. Um SI
passa a ser um instrumento administrativo muito importante para melhoria da
comunicação, principalmente no que tange ao processo decisório da empresa.

O processo de tomada de decisão tem caráter estratégico e as ferramentas


tecnológicas auxiliam nesse propósito. Afinal, quando a empresa atende
prontamente às necessidades e dúvidas dos clientes, facilidade no processo
de orçamento e base de custo, esses dados geram informações valiosíssimas.

Independentemente do tamanho da empresa (pequena, média ou grande),


no âmbito da sua estrutura, os indivíduos que a constitui possuem hábitos e
rotinas preestabelecidas. Diariamente, surgem situações e problemas nas suas
atividades, que devem ser resolvidas imediatamente. Neste sentido, os gestores
necessitam cada vez mais de um sistema de informação robusto e atualizado
para municiá-lo de informações úteis e relevantes para o processo decisório.

O Sistema de Informação é um conjunto de componentes inter-relacionados


que coleta, processa e distribui informações de diversas naturezas, no intuito
de apoiar a tomada de decisões dos gestores de uma organização. Conforme
Oliveira (2002, p. 98), “é por meio do SI que fluem as informações, permitindo
e otimizando o funcionamento da empresa”.

106
Instrumentos de informação | Unidade v

Na concepção de Laudon e Laudon (2004), o Sistema de Informação (SI)


auxilia os gerentes a monitorar o desempenho atual da empresa e a prever
o desempenho futuro, possibilitando, assim, que os gerentes intervenham
quando as coisas não estiverem indo bem, ou seja, é essencial para o controle
operacional da empresa.

Para Stair e Reynolds (2002), um SI pode ajudar a organização a atingir


metas, para que os gerentes possam controlar, organizar e planejar com mais
eficiência e eficácia a organização. Para O’Brien (2004), um SI gera produtos
de informação que apoiam muitas das necessidades dos gestores em sua
tomada de decisão. Esses produtos de informação predefinidos transformam-
se em relatórios periódicos, de exceção e por demanda e respostas imediatas
a consultas.

A utilização de determinada tecnologia para gerar vantagem competitiva é um


dos fatores que deve ser considerado. As tecnologias são competências essenciais
das organizações, sendo necessário distribuir e compartilhar, tornando as
organizações competitivas, assim como aumentar a expertise adquirida.

De acordo com O’Brien (2004), existem papéis estratégicos para um sistema de


informação, utilizando a TI para: reduzir o custo dos processos empresariais;
reduzir vantagens de diferenciação dos concorrentes para concentrar-se em
produtos e serviços em nichos de mercado; melhorar a qualidade da produção
e dos serviços; reduzir o tempo necessário para desenvolver, produzir e
entregar produtos e serviços.

Gerenciar informações e dados é competência da TI, e são subsistemas especiais


do sistema de informação das empresas. Na empresa de construção civil o
SI pode auxiliar os gestores a desenvolverem estratégias para oferecer seus
produtos (apartamentos ou casas) a baixo preço, com alto nível de qualidade,
tornando-a competitiva no mercado.

107
CAPÍTULO 2
Relatórios

Alguns quesitos de qualidade, nos trabalhos técnicos, devem respeitar critérios:

» Clareza: a fundamentação do raciocínio deve ser absolutamente


clara. A clareza na construção de trabalhos técnicos se aplica à
proposta de trabalho, fundamentação e formulação das hipóteses de
trabalho, desde a fase de planejamento até a conclusão do documento,
quando o autor estará livre para, baseado nas premissas apresentadas,
debater a legitimidade do desenvolvimento do trabalho, os métodos
e materiais que serão usados e os resultados esperados, analisando
e interpretando-os.

» Objetividade: o autor deve estar atento quando for escrever um


documento técnico, isso porque suas ideais devem ser expressas
de forma clara, principalmente para que o leitor, por conta da
sua imaginação, não crie interpretações equivocadas. Deixemos
que os escritores romancistas, poetas, jornalistas e publicitários
fique incumbidos dessa missão. Os fatos devem ser descritos no
desenvolvimento do trabalho de forma clara e muito bem explicados,
convencendo o leitor com dados e fatos, com base na verdade ocorrida
e formulada em argumentações lógicas.

» Completeza: os assuntos tratados no documento técnico devem ser


construídos de forma completa, com argumentação coerente, sendo
conduzida com convergência até uma conclusão lógica. Óbvio que
por mais versátil que seja o autor, um documento técnico, mesmo
sendo único, não esgotará o assunto, devendo, portanto, explicar
no próprio trabalho as limitações encontradas pelo autor.

» Correção: a confiabilidade de um documento técnico passa, antes


de tudo, pela correção das informações contidas nele. É muito
importante que o texto, as figuras e os gráficos que estruturam o
documento não apresentem erros (ortográficos, de concordância
verbal e nominal, de ordem, gênero, de compilação de dados, de
transcrição de dados, entre outros). Obviamente, os erros inerentes
aos procedimentos de medida de grandezas físicas, que devem ser
conhecidos pelo autor, serão levados em consideração quando da
discussão e conclusão do trabalho.

108
Instrumentos de informação | Unidade v

» Imparcialidade: a imparcialidade na apresentação dos resultados


deve ser ponto de respeito do autor. Na construção do documento
técnico, o autor precisa deixar claro, onde e quando aplicáveis as
limitações do trabalho, tais como as fontes de erro, os prováveis
erros existentes nos dados colhidos, não se deixando influenciar e
expor fontes não confiáveis.

» Ordem: a estruturação do trabalho deve seguir uma ordem de forma


que o leitor possa acompanhar o raciocínio lógico exibido pela
redação do trabalho ou relatório. A apresentação de figuras, gráficos,
tabelas e outros elementos devem ser claros e precisos e tem grande
importância para facilitar a compreensão do documento. Realizar
uma revisão geral é conveniente para que o autor se convença de
que a ordem na apresentação das ideias está clara.

» Acuidade: para que um documento técnico não seja questionado é


imprescindível que tenha precisão, exatidão, registro e transcrição
das medições. Muito importante também ressaltar que as palavras
que foram usadas na construção do documento técnico para expressar
as ideias sejam exatamente aquilo que tais palavras significam, e
não o que se supõe que significam. A certeza do significado das
palavras empregadas pode se dar por consultas sistemáticas a um
bom dicionário e pelo hábito da leitura, não somente de literatura
técnica.

» Simplicidade: a proposta inicial do trabalho ou relatório técnico


é que ele deve apresentar simplicidade na escrita e expressar ideias,
apresentando gráficos, tabelas e figuras elucidativas. Outras figuras
de linguagem,, gírias e jargões não são adequados, a não ser em casos
excepcionais.

Não menos importantes que as qualidades supracitadas, mas agregam elegância


aos documentos técnicos: brevidade (não utilizar mais palavras do que as
necessárias para expressar uma ideia); coerência (as informações estarem
corretas e de acordo com a ideia do trabalho ou figuras); estilo (a apresentação
do trabalho técnico, de maneira que fique agradável ao leitor); interesse (a
maneira de escrever é importante para chamar a atenção do leitor e deixá-lo
preso, ao tema); equilíbrio (manifestado pelo conhecimento do assunto por
meio do autor sobre aquilo que está escrevendo).

109
Unidade v | Instrumentos de informação

Qualquer trabalho técnico não deve ser redigido de qualquer forma. O autor
deve ser criterioso e sistematicamente planejado. Na fase de planejamento para
preparação do documento técnico, o autor deve se fazer a seguinte pergunta:
É possível assegurar que o resultado obtido atende ao que foi solicitado e às
necessidades do problema? A forma mais linear de responder a essa pergunta
é planejar o que queremos obter, e como.

Para que um trabalho técnico seja concebido, obviamente que ele vai partir
de uma proposição, uma proposta para se efetuar um estudo. E a partir dessa
proposta é que damos início realmente ao trabalho.

Uma maneira cartesiana e de extrema importância durante as primeiras etapas


de construção do trabalho é coletar as informações de modo sistemático para
evitar esquecimento. Como exemplo, podemos registrar essas informações
coletadas em bloco de notas, caderno, agenda etc. Nele serão anotados referências
bibliográficas, resumos de textos lidos, resultados de experimentos, testes e
ensaios intermediários, impressões pessoais do autor e das pessoas que o
rodeiam, interessadas no assunto em estudo.

As fórmulas e expressões matemáticas devem ser transcritas nos locais de


registros (bloco de notas, caderno, agenda etc.) de forma cautelosa. Caso
realize cálculos intermediários, com calculadoras eletrônicas ou em planilhas
eletrônicas, sempre devem ser refeitos nas fases seguintes, de forma a garantir
que estejam corretos e evitem que erros grosseiros sejam propagados.

Após a conclusão das etapas citadas acima, com os registros feitos, inicia-se
a redação do trabalho técnico propriamente dito.

Se o planejamento do trabalho técnico for feito com qualidade, atenção e


detalhe, assim como a compreensão do assunto e a sua revisão, tanto será
menor quanto melhor, principalmente quando formos discutir e expor as
ideias contidas nele. Lembre-se de que, mesmo que seu planejamento tenha
sido cuidadosamente estruturado, não significa que ele não deva passar por
uma revisão geral, relendo-o com atenção, realizando possíveis correções que
possam ter passado durante a elaboração.

É interessante apresentar o trabalho para pessoas que possuam conhecimento


técnico e, de preferência, ligadas à área de conhecimento do trabalho, para
que apresentem seus pontos de vista e interpretações que possam gerar
entendimentos equivocados sobre o assunto. Outra forma de expor o trabalho
técnico é apresentar para um leigo, às vezes, é interessante, pois ele também
poderá ser de grande auxílio na elucidação do texto.

110
Instrumentos de informação | Unidade v

A seguir algumas dicas para ajudar a produzir um texto sintético e bem


organizado:

» Construa um plano, antes de começar a escrever, isto é, faça a divisão


dos assuntos em capítulos ou seções. Crie uma lista do que quer tratar
em cada seção. Inicie a escrita pelo item da lista que acha melhor.

» Não use palavras muito rebuscadas. Evite palavras desconhecidas e


compridas, além de desmotivar a leitura e interesse do leitor, elas
não deixam sua redação mais elegante!

» Atenção no uso exagerado dos adjetivos. Essa rotina de adjetivar pode


levar a absurdos como “adolescentes jovens” e “réplicas autênticas”.

» Use frases e períodos curtos. Seja simples e direto. Além de ser mais
fácil, ajuda a evitar erros de gramática.

» Observe cuidadosamente a pontuação.

» Não descreva o óbvio, ou seja, não repita o que todo o mundo já


sabe só porque é fácil copiar trechos de livros, para depois deixar
sem explicação pontos essenciais do seu trabalho. Explique o que
você realmente fez.

» Leia o que você escreveu, de preferência em voz alta. Sinta a coerência


das frases.

» Reescreva. Depois peça para alguém ler e comentar. Troque ideias


e reescreva qualquer trecho dúbio.

» Cuidado com traduções. Certos erros de tradução são imperdoáveis,


pois mostra que os autores não entenderam o que leram. Lembre-se
de que o abuso de traduções esdrúxulas ocorre principalmente em
áreas técnicas.

» Organize bem o relatório, de forma que o leitor possa encontrar as


informações que precisa rapidamente.

» Preste atenção nas unidades. Mantenha a coerência em todo o


documento.

A construção deve atender às necessidades exigidas em cada situação da construção


civil. Vamos apresentar alguns elementos cruciais que podem melhorar a
apresentação, a visualização e, principalmente, a qualidade do relatório.

111
Unidade v | Instrumentos de informação

Apresentação de gráficos, tabelas e figuras


A construção de uma tabela dentro de um documento técnico está relacionada
à apresentação não discursiva de informações com finalidade de descrever e/
ou cruzar dados numéricos, codificações, especificações técnicas e símbolos.
Assim, apresentar de forma tabular as informações e sintetizar os dados é uma
maneira de facilitar a leitura e proporcionar velocidade na interpretação das
informações.

As tabelas podem ser de dois tipos:

» Tabela estatística: as variações quanti e qualitativas associadas a determinado


fenômeno podem ser expressas por meio de um conjunto de dados numéricos,
que apresenta a informação central da tabela; os outros elementos presentes
na tabela têm a função de complementá-lo ou explicá-lo;

» Tabela especial ou técnica: apresenta especificações técnicas a respeito


de determinado produto ou área de interesse, como, por exemplo:

› classificação periódica de elementos químicos;

› tabela dos valores da distribuição normal.

Esta seção restringe-se à apresentação de normas voltadas, particularmente,


para a elaboração de tabelas estatísticas. Contudo, o uso destas normas também
é recomendado para elaboração de outros tipos de tabelas.

Quanto aos critérios gerais para a apresentação, as tabelas estatísticas:

» devem ser dotadas de todas as informações necessárias a uma completa


compreensão do conteúdo, dispensando consultas ao texto, e apresentadas
da maneira mais simples e objetiva possível, preferencialmente em uma
única página;

» podem ser apresentadas intercaladas no texto ou em anexo, devendo ser


utilizado o último procedimento quando o volume de tabelas for grande, o
que dificultaria a leitura continuada do texto;

» quando intercaladas em um texto, devem estar próximas do trecho em que


são citadas pela primeira vez, separadas da linha de texto precedente por
uma linha em branco;

112
Instrumentos de informação | Unidade v

» devem ser dispostas de maneira a evitar que sua visualização tenha sentido de
leitura diferente do normal, mas quando isso não for possível, nem mesmo
por redução, devem ser colocadas de tal forma que sua leitura seja feita no
sentido horário (Tabela 31);

» devem ser alinhadas preferencialmente às margens laterais do texto e, quando


pequenas, devem ser centralizadas;

» não devem apresentar texto em formato maior que o adotado para o


documento; em alguns casos, pode ser feita a redução gráfica até o limite
que não prejudique a legibilidade do material reduzido;

» não devem apresentar a maior parte das casas vazias, indicando a inexistência
do fenômeno do qual tratam.

Tabela 31. Índice de crescimento da produção industrial do de determinado estado, segundo classes e gêneros de atividade
(Valores Fictícios) – JAN 2008-FEV 2019.

Classes/ 1998
Gêneros JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV
Indústria Geral 110,21 111,91 106,23 96,05 91,3 99,59 100,37 96,2 98,46 96,3 117,94 114,75 105,48 87,54
Extrativa Mineral 83,42 75,34 79,98 80,69 74,51 88,09 70,55 69,55 92,4 52,77 85,41 80,19 76,44 83,99
Ind. 110,32 112,03 106,3 96,09 91,34 99,62 100,46 96,27 98,47 96,45 118,03 114,84 105,56 87,55
Transformação
Miner. Não 108,1 108,1 108,67 91,99 90,9 100,28 1000,28 86,93 83,8 85,79 88,98 83,69 84,85 89,51
Metálicos
Metalúrgica 124,97 109,12 103,23 89,4 102,05 89,56 105,39 86,06 92,39 90,45 100,94 106,56 80,69 89,6
Mecânica 103,64 69,69 88,51 72,43 85,7 64,58 73,51 79,28 82,86 64,73 72,31 113,11 77,18 81,45
Mat. Elétr. e de 273,45 263,11 204,79 193,06 190,79 89,06 121,55 105,14 120,98 155,81 221,97 103,63 99,3 77,1
Com.
Mat. .de 87,99 117,03 126,21 104,29 114,92 105,14 94,27 95,05 86,3 67,36 71,8 75,54 131,1 51,09
Transporte
Madeira 104,69 111,69 116,62 102,63 109,63 107,01 116,21 105,59 138,39 138,55 144,4 191,86 175,13 117,97
Mobiliário 74,81 88,27 100,44 93,8 104,01 118,63 110,07 117,64 106,91 97,82 112,69 128,01 126,44 106,84
Papel e Papelão 103,48 109,11 101,96 99,5 100,18 109,82 102,27 100,15 102,39 70,83 94,78 94,68 94,47 98,18
Borracha 70,65 84,99 108,82 102,99 111 77,64 65,09 52,54 73,15 65,44 94,44 65,08 85,53 78,45
Couros e Peles 68,81 61,75 64,94 67,28 91,39 84,07 104,59 93,25 85,01 71,84 100,83 79,31 88,15 114,44
Química 104,73 116,75 99,98 82,75 45,79 91,85 91,89 92,48 95,54 94,51 112,37 107,8 111,85 80,79
Farmacêutica - - - - - - - - - - - - - -
Perf., Sabões e 100,19 120,23 111,39 103,39 146,37 156,18 124,29 104,76 106,29 108,17 127,84 82,51 90,68 103,45
Velas
Prod. Mat. 98,83 115,94 114,37 88,01 110,36 110,38 105,54 108,64 104,14 90,36 94,48 113,12 83,36 98,47
Plásticas
Têxtil 74,81 86,35 103,9 76,78 115,49 105,1 75,65 89,16 89,34 94,74 101,53 112,17 112,92 100,15
Vest. Calç., Art. 66,44 73,39 74,45 62 64,58 105,44 94,47 136,7 86,99 79,37 126,91 79,9 72,54 71,9
Tec.

113
Unidade v | Instrumentos de informação

Classes/ 1998
Gêneros JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV
Prod. Alimentares 91,53 98,89 87,94 90,3 97,42 115,57 108,5 101,09 94,74 108,62 153,52 147,08 110,63 105,36
Bebidas 11,85 102,1 103 96,74 77,49 83,73 113,95 101,53 106,98 100,62 113,7 107,89 82,53 106,94
Fumo 121,86 90,16 83,92 94,31 93,17 67,46 63,22 91,66 71,11 50,62 56,32 67,23 4,16 4,58
Fonte: IBGE/DPE/Departamento de Indústria.

NOTAS: Tomou-se como base o mesmo mês do ano anterior = 100.

» Sinal convencional utilizado:

» Dado numérico igual a zero, não resultante de arredondamento.

Elementos componentes de uma tabela estatística

Tabela 32. Estrutura de uma tabela estatística.

NÚMERO TÍTULO

CORPO

NOTA ESPECÍFICA
Fonte: Adaptado do Departamento Estadual de Estatística.

As partes que podem compor uma tabela são:

» Número;

» Título;

› descrição do conteúdo;

› data de referência;

» Corpo:

› cabeçalho;

› coluna indicadora;

› linha ou linha do corpo;

114
Instrumentos de informação | Unidade v

› coluna;

› casa;

› traço;

› fonte;

› nota(s) ou observações gerais;

› nota(s) específica(s).

É o componente usado para identificar a tabela no texto ou em anexo.

O número, determinado de acordo com a ordem em que a tabela aparece no


texto, deve ser sempre precedido da palavra Tabela.

Exemplo:

TABELA 18 – NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS E ALUNOS


MATRICULADOS POR DEPENDÊNCIA ADMINISTRATIVA, NO PARANÁ
– 1997

Os seguintes procedimentos devem ser adotados em relação ao número:

» as tabelas devem ser numeradas de 1 a “n”, obedecendo a uma sequência


para cada capítulo ou uma única sequência para todo o volume (quando se
tratar de tabela única, é facultativa a numeração);

Exemplos:

TABELA 1

TABELA 2

» se a numeração for feita por capítulo, o número de ordem deve ser precedido
do número do capítulo separado deste por um ponto;

Exemplos:

Tabelas do Capítulo 1

TABELA 1.1

TABELA 1.2

115
Unidade v | Instrumentos de informação

Tabelas do Capítulo 2
TABELA 2.1
TABELA 2.2
» A palavra Tabela deve preferencialmente ser escrita com letras
maiúsculas;
Exemplos:
TABELA 7
TABELA 5.2
» O número deve preceder o título, na mesma linha deste, separado por um
traço colocado entre espaços correspondentes a uma letra;
Exemplo:
TABELA 20 –‘ CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA POR CATEGORIAS,
SEGUNDO OS MUNICÍPIOS PARANAENSES – 1995-1998
» No caso específico de publicações que só contenham tabelas estatísticas, em
que o sumário é representado pela própria listagem das tabelas, é dispensável
a utilização de sua referência no sumário.

Corpo de tabelas estatísticas


A parte que contém os dados e informações é chamado de corpo de uma tabela
estatística. A sua construção contempla um cabeçalho e coluna indicadora e
pode, além das colunas indicadoras, conter também uma coluna complementar.
Linhas, traços, colunas e casas fazem parte do corpo de tabelas estatísticas.
» Cabeçalho: Situa-se na parte superior da tabela, e seu objetivo é
especificar o conteúdo das colunas. O cabeçalho pode também ser
constituído de um ou vários níveis.
Exemplo:

Tabela 33. Exemplo de cabeçalho.

USO ← 1o Nível
Não Usa Médio Alto TOTAL ← 2o Nível
ITENS
N. de N. de N. de N. de
% % % % ← 3o Nível
Empresas Empresas Empresas Empresas
Fonte: Elaborado pelo autor.

116
Instrumentos de informação | Unidade v

A apresentação do cabeçalho de uma tabela estatística deve adotar os seguintes


procedimentos:

» No 1o nível, as especificações devem, preferencialmente, conter as


denominações apresentadas no título;

» No 1o nível, as especificações devem, preferencialmente, ser escritas em


caixa alta (letras maiúsculas) e os demais níveis, apenas com as letras
iniciais maiúsculas. Esse procedimento visa facilitar a compreensão e
a identificação das subdivisões;

» As especificações de cada coluna, em qualquer nível, devem estar


centralizadas nestas;

» Na apresentação de totais (gerais ou parciais), deve-se considerar a ordem


de apresentação e classificação (TOTALIZAÇÕES);

» Quando possível, as unidades de medidas devem ser indicadas; descritas


no cabeçalho e/ou na coluna indicadora, no mesmo nível da especificação,
podendo ser representados por símbolos ou palavras, de acordo com o
Quadro Geral de Unidades de Medida do Conselho Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro);

» Evite utilizar siglas e abreviaturas incorretas (quando não tiver opção,


indique o seu significado utilizando uma nota específica);

» Quando os dados da tabela exigirem as expressões Preços correntes


ou Preços constantes, apenas a primeira letra da primeira palavra
deve ser maiúscula e a expressão deve ser escrita acima da linha do
cabeçalho, à direita deste, de maneira que o final da expressão coincida
exatamente com o limite da tabela; no caso de Preços constantes, é
obrigatória a utilização de uma nota que indique o período tomado
como base.

117
Unidade v | Instrumentos de informação

Exemplo:
Tabela 34. Participação do Paraná no valor adicionado brasileiro, segundo classes e ramos de atividades – 1980/1993.

PARTICIPAÇÃO
CLASSES E RAMOS DE ATIVIDADE
1980 1985 1990 1991 1992 1993
Agropecuária 11,4 11,9 10,4 10,3 9,8 10,1
Indústria 4,1 4,8 7 6,7 6,8 7,3
Extrativa Mineral e Transformação 3,9 5 5,9 6,4 5,3 6
Construção 4,9 5 6,5 7 6,9 8,2
Serviços Ind. e de Utilidade Pública 4,4 8,2 26,1 23 22,8 25,3
Serviços 5,5 6 5,7 5,4 5,8 6,1
Comércio 7,6 8,4 9,5 8,9 10,7 12,8
Intermediários Financeiros 4,6 4,8 4,4 4,6 4,7 4,8
Comunicações 5,4 6 5 4,6 4,8 4,8
Transportes 5,7 5,1 4,9 4 5,1 5,2
Outros Serviços 5,2 6,2 5,4 5,4 5,3 5,3
Administrações Públicas 4,1 4,5 4,2 4,3 4 3,9
TOTAL GERAL(1) 5,5 6,3 6,8 6,5 6,7 7,1
Fonte: Ipardes.

NOTA: Base 1980 = 100.


(1) Inclui a imputação de Serviços Financeiros.
» Coluna indicadora: é o componente da tabela que especifica
o conteúdo das linhas. Uma tabela pode ter mais de uma coluna
indicadora.
Tabela 35. Valor adicionado da indústria de transformação, segundo principais setores, no Paraná – 1996.

VALOR ADICIONADO
INDÚSTRIA
R$ 1.000,00 %
Química 2.045.508 19,7
Produtos Alimentares 1.518.110 14,6
Materiais de Transporte 1.423.500 13,7
Mecânica 698.057 6,7
Material Elétrico e de Comunicação 691.222 6,6
Papel e Papelão 642.003 6,2
Madeira 579.387 5,6
Não metálicos 497.034 4,8
Total 8.094.821 77,9
Outras 2.292.227 22,1
TOTAL GERAL 10.387.048 100,0
Fontes: Sefa, Ipardes.

118
Instrumentos de informação | Unidade v

Quanto à elaboração da coluna indicadora, os seguintes procedimentos devem


ser adotados:

» O cabeçalho dessa coluna deve ser centralizado, preferencialmente escrito


com letras maiúsculas, e apresentar a denominação que consta do título.
Deve-se evitar tanto quanto possível, o uso de palavras generalizantes como
especificação ou discriminação; é indiferente que o termo utilizado no
cabeçalho figure no singular ou no plural; entretanto, adotada uma forma,
esta deve ser mantida em todo o trabalho;

» A coluna indicadora pode apresentar especificações que, como o cabeçalho,


estejam subdivididas em níveis diversos; nesses casos, as indicações dos
níveis subsequentes devem ser escritas com um afastamento de dois espaços
em relação ao nível anterior;

» O conteúdo da coluna indicadora (especificações) deve ser apresentado


apenas com as letras iniciais maiúsculas, exceto nos casos em que é necessário
ressaltar alguma indicação no 1o nível e/ou no caso em que apareçam
expressões que totalizam os dados, tais como: TOTAL, TOTAL GERAL,
TOTAL DO ESTADO, REGIÃO SUL, BRASIL etc.;

» Do mesmo modo que no cabeçalho, deve-se, sempre que possível, evitar o


uso de siglas e abreviaturas nessa coluna.

Tabela 36. Participação percentual das exportações paranaenses nas exportações brasileiras, por fator.

INDUSTRIALIZADOS OPERAÇÕES
ANO BÁSICOS TOTAL
Semimanufaturados Manufaturados ESPECIAIS
1990 11,84 3,98 3,6 2,87 5,95
1991 10,76 3,33 3,93 3,87 5,72
1992 12,13 4 3,81 4,5 5,9
1993 12,74 3,53 4,61 5,06 6,44
1994 13,2 7,07 6,11 5,04 8,05
1995 13,13 7,08 5,67 2,99 7,67
1996 17,08 6,91 5,92 3,03 8,89
1997 17,44 6,61 5,96 3,4 9,16
Fontes: MICT/Secex.

NOTA: Dados trabalhados pelo Ipardes.

119
CAPÍTULO 3
Informação das decisões

A representação gráfica torna-se cada vez mais presente em publicações,


jornais, periódicos, conferências, e facilita a interpretação de informações.

O avanço da informática possibilita a utilização de recursos antes não disponíveis,


que agilizam o trabalho, bem como propiciam a criação de mapas, figuras e
gráficos mais elaborados.

Existem diversas formas de representação gráfica, porém este volume pretende


se ater a considerações e recomendações importantes na representação de
dados estatísticos a serem utilizados em publicações técnico-científicas.

A preocupação não está na construção de gráficos propriamente dita, haja


vista a grande variedade e a crescente utilização de softwares específicos que
favorecem a execução destes, mas na forma de apresentá-los, considerando
que devem possuir um formato adequado e todos os elementos necessários à
identificação dos dados.

A apresentação gráfica é a representação de dados e informações por meio de


diagramas, desenhos, figuras ou imagens, de modo a possibilitar a interpretação
da informação de forma rápida e objetiva. A preocupação com a exatidão na
sua representação deve ser constante, pois a informação transmitida não pode
ser distorcida.

A escolha do método a empregar quando se deseja representar graficamente


alguma informação está diretamente associada ao tipo de dado e ao objetivo
a que se propõe: apresentação técnico-científica, publicitária e outras.

Entre as diversas formas utilizadas, destacam-se:

» Gráficos estatísticos;

» Gráficos de organização;

» Mapas;

» Plantas;

» Figuras.

120
Instrumentos de informação | Unidade v

Este volume é voltado para a apresentação de gráficos estatísticos, enfocando


os diagramas mais usuais e representativos. É importante considerar que
existem outras correntes relacionadas com a construção de gráficos, como a
semiologia gráfica, não abordadas neste volume, embora tenham sido feitas
algumas considerações a esse respeito.

Dados numéricos compostos em séries estatísticas podem ser representados em


gráficos para demonstrar visualmente o comportamento do fenômeno estudado.

O gráfico, se bem construído, consegue transmitir uma ideia com muita rapidez
e de forma simples e atraente, levando o leitor a poupar tempo e a despender
menor esforço na compreensão de uma série de dados, os quais são, muitas
vezes, de difícil percepção na forma tabular.

No entanto, se a relação entre os dados apresentados no gráfico não está


clara, este deve ser descartado, pois não contribuirá para a análise. Nesse
caso, a apresentação em tabelas torna-se mais conveniente. Logo, é condição
necessária considerar as características dos dados a fim de escolher corretamente
o modelo de gráfico a ser usado.

Para se obter uma visualização correta das informações a serem apresentadas


no gráfico, é necessário observar os parâmetros descritos a seguir.

Proporções

De importância fundamental, o uso de proporções corretas na elaboração do


gráfico está diretamente associado à exatidão da informação nele contida. De
acordo com as proporções adotadas nas escalas vertical e horizontal, obtém-se
um gráfico “mais alto” ou “mais largo”, o que, conforme o caso, pode distorcer
o resultado.

Um diagrama de linhas, por exemplo, se for mais largo do que alto poderá
esticar a curva, dando a impressão de mudanças lentas, enquanto um gráfico
muito alto em relação à largura comprime a curva, dando a impressão de
alterações bruscas dentro de certo período.

Composições

É o conjunto formado pelo tamanho, forma e arranjo dos elementos dentro


do gráfico. Considere-se que em trabalhos técnico-científicos, a finalidade

121
Unidade v | Instrumentos de informação

principal dos gráficos não é apresentar uma composição artística e sim


evidenciar informações. Assim, recomenda-se cuidado quanto aos aspectos
destacados no gráfico, pois a tentativa de dar ênfase a tudo pode resultar na
inexistência de destaques e/ou na falta de clareza.

Simplicidade

Um gráfico deve ser apresentado de forma simples a fim de propiciar ao


observador uma percepção rápida de fenômeno. Mesmo contando com os
recursos de informática disponíveis, o gráfico deve conter apenas o essencial
para a sua construção. Deve-se evitar a representação de muitos aspectos em um
único gráfico, bem como a utilização de traços inúteis que podem dar um tom
artístico ao gráfico, mas dificultam a visualização do fenômeno apresentado.

Clareza

A apresentação do gráfico deve ser clara, de modo a proporcionar a interpretação


correta dos valores representados. Os dados numéricos, suas unidades e as
linhas que representam os valores devem ser colocados de modo a impossibilitar
o aparecimento de dúvidas capazes de acarretar erros e levar a conclusões
falsas sobre o fenômeno. O gráfico deve permitir uma única interpretação.

Veracidade

Um gráfico deve expressar a verdade sobre o fenômeno analisado. Para tanto, é


importante que o gráfico seja construído com o máximo cuidado, quer quanto
ao traçado, quer quanto à escala utilizada.

Gráficos estatísticos

A confecção de gráficos estatísticos requer, além da precisão no desenho,


a escolha do modelo mais adequado, possibilitando que os dados sejam
apresentados com exatidão. Necessita também que sejam observados alguns
critérios gerais na sua apresentação.

Em sua maioria, esses gráficos utilizam-se do sistema cartesiano, formado


pelo cruzamento do eixo das abcissas (linha horizontal) com o eixo das
ordenadas (linha vertical). O ponto de intersecção corresponde ao ponto 0,0,
conhecido como origem, de onde se constrói uma escala em duas direções
(positiva e negativa).

122
Instrumentos de informação | Unidade v

Na escala horizontal (abcissa) representa-se principalmente a variação do


fenômeno geográfico, cronológico ou específico (categorias, setores e outros),
como, por exemplo, anos, meses (cronológico), regiões, municípios (geográfico),
setores da economia, classes de renda (específico). Na escala vertical (ordenada)
normalmente representam-se os valores relativos ao fenômeno.

Na confecção do gráfico deve-se utilizar as duas escalas com exatidão e a divisão


destas é determinada pela amplitude dos dados e das categorias a representar.

Valores negativos são representados normalmente dentro do sistema cartesiano,


devendo-se observar cuidadosamente a forma de apresentá-Ios. Embora o
usual seja a colocação dos valores no eixo das ordenadas, muitas vezes, quando
existem dados negativos, é comum apresentá-Ios no eixo das abcissas, o que
resulta em um gráfico confuso. Esse fato ocorre normalmente em trabalhos
com fins publicitários.

Representação gráfica para variáveis qualitativas

Gráfico de barras

O gráfico de barras é muito utilizado quando queremos representar variáveis


qualitativas nominais e ordinais, com também variáveis quantitativas discretas,
já que é possível observar a presença de tendência dos dados.

Como o próprio nome diz, o gráfico representa, por meio de barras, as


frequências absolutas ou relativas de cada possível categoria (ou valor numérico)
de uma variável qualitativa (ou quantitativa). No gráfico de barras vertical,
cada categoria da variável é representada no eixo das abscissas por uma barra
de largura constante, e a altura da respectiva barra indica a frequência da
categoria no eixo das ordenadas.

Já no gráfico de barras horizontal, cada categoria da variável é representada


no eixo das ordenadas por uma barra de altura constante, e o comprimento
da respectiva barra indica a frequência da categoria no eixo das abscissas.

Vamos agora construir o gráfico de barras horizontal e vertical a partir de


um exemplo prático.

123
Unidade v | Instrumentos de informação

Exemplo:

Um banco elaborou uma pesquisa de satisfação com 120 clientes buscando


medir o grau agilidade no atendimento (excelente, bom, regular e ruim).
As frequências absolutas para cada categoria estão representadas na Tabela
43. Construa um gráfico de barras vertical e horizontal para o problema
em questão.

Tabela 37. Frequência de ocorrência por categorias.

Satisfação Frequência absoluta

Excelente 58

Bom 18

Regular 32

Ruim 12
Fonte: Elaborado pelo autor.

Construiremos os gráficos de barras vertical e horizontal no Excel.

Inicialmente, os dados da Tabela 43 devem estar tabulados e selecionados em


uma planilha. Assim, podemos clicar no menu Inserir e, no grupo Gráficos,
selecionar a opção Colunas. O gráfico é gerado automaticamente na tela.

Na sequência, para personalizar o gráfico, devemos, ao clicar nele, selecionar


os seguintes ícones no menu Layout:

» Títulos dos Eixos: selecionaremos o título do eixo horizontal (Satisfação)


e do eixo vertical (Frequência);

» Legenda: para ocultar a legenda, devemos clicar em Nenhum;

» Rótulos de Dados: clicando em Mais opções de Rótulo de Dados, a opção


Valor deve ser selecionada em Conteúdo do Rótulo (ou selecionamos
diretamente a opção Extremidade Externa).

O gráfico de barras vertical representa os dados da Tabela 43 construído no Excel.

124
Instrumentos de informação | Unidade v

Gráfico 4. Gráfico de barras vertical.

70
58
60

50
Frequência

40
32
30
18
20
12
10

0
Excelente Bom Regular Ruim
Satisfação

Fonte: Elaborado pelo autor.

Podemos verificar, pelo Gráfico 4, que as categorias da variável analisada


estão representadas no eixo das abscissas por barras da mesma largura e suas
respectivas alturas indicam as frequências no eixo das ordenadas.

Para a construção do gráfico de barras horizontal, devemos selecionar a


opção Barras ao invés de Colunas. Os demais passos seguem a mesma lógica.
O Gráfico 5 representa os dados de frequência da Tabela 43 por meio de um
gráfico de barras horizontal construído no Excel.

Gráfico 5. Gráfico de barras horizontal.

Ruim 12

Regular 32
Satisfação

Bom 18

Excelente 58

0 20 40 60 80
Frequência

Fonte: Elaborado pelo autor.

125
Unidade v | Instrumentos de informação

O gráfico de barras horizontal representa as categorias da variável no eixo


das ordenadas e suas respectivas frequências no eixo das abscissas. Para cada
categoria da variável, desenha-se uma barra com comprimento correspondente
à sua frequência.

Este gráfico oferece, portanto, apenas informações relativas ao comportamento


de cada categoria da variável original e à elaboração de investigações acerca
do tipo de distribuição, não permitindo o cálculo de medidas de posição,
dispersão, assimetria ou curtose, já que a variável em estudo é qualitativa.

Gráfico de setores ou pizza

Outra forma de representar dados qualitativos, em termos de frequência


relativa (porcentagem), consiste na elaboração de gráficos de setores ou
pizza. O gráfico corresponde a um círculo de raio arbitrário (todo) dividido
em setores ou pizzas de diversos tamanhos (partes do todo).

Este gráfico permite ao pesquisador a oportunidade de visualizar os dados


como fatias de pizza ou porções de um todo. Construiremos a seguir o gráfico
de setores ou pizza a partir de um exemplo prático.

Exemplo:

Uma pesquisa eleitoral foi aplicada na cidade de São Paulo para verificar
a preferência dos eleitores em relação aos partidos na próxima eleição à
prefeitura. A porcentagem de eleitores por partido está representada na Tabela
44. Construa um gráfico de setores ou pizza.

Tabela 38. Porcentagem de eleitores por partido.

Partido Porcentagem
PMDB 18
Rede 22
PDT 12
PSDB 25
PC do B 8
PV 5
Outros 10
Fonte: Elaborado pelo autor.

126
Instrumentos de informação | Unidade v

Construiremos o gráfico de setores ou pizza do exemplo acima a partir do


Excel. A sequência de passos é semelhante à apresentada no exemplo anterior,
porém, selecionaremos a opção Pizza no grupo Gráficos do menu Inserir.
Abaixo é apresentado o gráfico de pizza obtido pelo Excel para os dados
apresentados na Tabela 44.

Gráfico 6. Gráfico de pizza.

Outros
10% PMDB
PV 18%
5%

PC do B
8%

Rede
22%

PSDB
25%

PDT
12%

Fonte: Elaborado pelo autor

Diagrama de Pareto
O diagrama de Pareto é uma das ferramentas da Qualidade e tem como
objetivo investigar os tipos de problemas e, consequentemente, identificar
suas respectivas causas, de forma que uma ação possa ser tomada a fim de
reduzi-las ou eliminá-las.

O diagrama de Pareto é um gráfico de barras vertical combinado com um gráfico


de linhas. As barras representam as frequências absolutas de ocorrências dos
problemas e as linhas representam as frequências relativas acumuladas. Os
problemas são ordenados em forma decrescente de prioridade. Ilustraremos
a seguir um exemplo prático do diagrama de Pareto.

Exemplo:

Uma empresa fabricante de cartões de crédito e magnéticos tem como objetivo


reduzir o número de cartões defeituosos. O inspetor de qualidade classificou
a amostra de cartões coletada durante uma semana de produção, de acordo

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com os tipos de defeitos detectados, como mostra a Tabela 45. Construa o


diagrama de Pareto para o problema em questão.

Tabela 39. Frequência de ocorrência de cada defeito.

Tipo de defeito Frequência absoluta (Fi)


Amassado 71
Números errados 44
Perfurado 28
Caracteres errados 20
Impressão ilegível 12
Outros 6
Total 181
Fonte: Elaborado pelo autor.

O primeiro passo para a construção do diagrama de Pareto é ordenar os defeitos


por ordem de prioridade (da maior frequência para a menor). O gráfico de
barras representa a frequência absoluta de cada defeito. Para a construção do
gráfico de linhas, é necessário calcular a frequência relativa acumulada (%)
até o defeito analisado. A Tabela 40 apresenta a frequência absoluta para cada
tipo de defeito, em ordem decrescente, e a frequência relativa acumulada (%).

Tabela 40. Frequência absoluta para cada defeito e frequência relativa acumulada (%).

Tipo de defeito Frequência absoluta (Fi) % Acumulado


Amassado 71 39,23
Números errados 44 63,54
Perfurado 28 79,01
Caracteres errados 20 90,06
Impressão ilegível 12 96,69
Outros 6 100
Fonte: Elaborado pelo autor.

Construiremos a seguir o diagrama de Pareto para o exemplo por meio do


Excel, a partir dos dados da Tabela 40.

Inicialmente, os dados da Tabela 40 devem estar tabulados e selecionados em


uma planilha do Excel. No grupo Gráficos do menu Inserir, vamos escolher a
opção Colunas (e o subtipo colunas agrupadas). Repare que o gráfico é gerado
automaticamente na tela, porém, tanto os dados de frequência absoluta como
os de frequência relativa acumulada são representados em colunas.

128
Instrumentos de informação | Unidade v

Para alterar o tipo de gráfico referente à porcentagem acumulada, devemos


clicar com o botão direito sobre qualquer barra da respectiva série e selecionar
a opção Alterar Tipo de Gráfico de Série, seguido por um gráfico de linhas
com marcadores. O gráfico resultante é o diagrama de Pareto.

Para personalizar o diagrama de Pareto, devemos utilizar os seguintes ícones


no menu Layout:

» Títulos dos Eixos: para o gráfico de barras, selecionamos o título do


eixo horizontal (Tipo de defeito) e do eixo vertical (Frequência); para
o gráfico de linhas, atribuímos o nome Percentual ao eixo vertical;

» Legenda: para ocultar a legenda, devemos clicar em Nenhum;

» Tabela de Dados: selecionaremos a opção Mostrar Tabela de Dados


com Códigos de Legenda;

» Eixos: a unidade principal dos eixos verticais para ambos os gráficos


é fixada em 20 e o valor máximo do eixo vertical para o gráfico de
linhas, em 100.

O Gráfico 7, gerado pelo Excel, que corresponde ao diagrama de Pareto.

Gráfico 7. Diagrama de Pareto.

Fonte: Elaborado pelo autor.

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Representação gráfica para variáveis quantitativas

Gráfico de linhas

No gráfico de linhas, pontos são representados pela intersecção das variáveis


envolvidas no eixo das abscissas (X) e das ordenadas (Y), e eles são ligados
por segmentos de reta.

Apesar de considerar dois eixos, o gráfico de linhas será utilizado neste capítulo
para representar o comportamento de uma única variável. O gráfico mostra
a evolução ou tendência dos dados de uma variável quantitativa, geralmente
contínua, em intervalos regulares. Os valores numéricos da variável são
representados no eixo das ordenadas e o eixo das abscissas mostra apenas a
distribuição dos dados de forma uniforme. Ilustraremos a seguir um exemplo
prático do gráfico de linhas.

Exemplo:

O supermercado Barato & Fácil registrou a porcentagem de perdas nos últimos


12 meses (Tabela 41) e, a partir daí, adotará novas medidas de prevenção.
Construa um gráfico de linhas.

Tabela 41. Porcentagem de perdas nos últimos 12 meses.

Mês Perdas (%)


Janeiro 0,42
Fevereiro 0,38
Março 0,12
Abril 0,34
Maio 0,22
Junho 0,15
Julho 0,18
Agosto 0,31
Setembro 0,47
Outubro 0,24
Novembro 0,42
Dezembro 0,09
Fonte: Elaborado pelo autor.

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Para construir o gráfico de linhas, no grupo Gráficos do menu Inserir, devemos


escolher a opção Linhas. Os demais passos seguem a mesma lógica dos exemplos
anteriores. O gráfico completo está ilustrado abaixo.

Gráfico 8. Gráfico de linha.

0,5

0,4
Perdas (%)

0,3

0,2

0,1

Mês

Fonte: Elaborado pelo autor.

Gráfico de dispersão
O gráfico de pontos ou dispersão é muito semelhante ao gráfico de linhas; a
maior diferença entre eles está na forma como os dados são plotados no eixo
das abscissas.

Analogamente ao gráfico de linhas, os pontos são representados pela intersecção


das variáveis envolvidas no eixo das abscissas e das ordenadas, porém, eles não
são ligados por segmentos de reta. O gráfico de pontos ou dispersão estudado
neste capítulo é utilizado para mostrar a evolução ou tendência dos dados de
uma única variável quantitativa, semelhante ao gráfico de linhas, porém, em
intervalos irregulares (em geral).

Analogamente ao gráfico de linhas, os valores numéricos da variável são


representados no eixo das ordenadas e o eixo das abscissas representa apenas
o comportamento dos dados ao longo do tempo.

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Unidade v | Instrumentos de informação

O diagrama de dispersão pode ser utilizado para descrever o comportamento


de duas variáveis simultaneamente (análise bivariada). Os valores numéricos
de uma variável serão representados no eixo das ordenadas, e da outra no
eixo das abscissas.

Exemplo:

A empresa Papermisto é fornecedora de três tipos de matérias-primas para


produção de papel: celulose, pasta mecânica e aparas. Para manter seus padrões
de qualidade, a fábrica faz uma inspeção rigorosa dos seus produtos durante
cada fase de produção. Em intervalos irregulares, o operador deve verificar as
características estéticas e dimensionais do produto selecionado com instrumentos
especializados. Por exemplo, na etapa de armazenamento da celulose, o produto
deve ser empilhado em fardos com um peso de aproximadamente 250kg por
unidade. A Tabela 42 apresenta registros dos pesos desses fardos coletados
ao longo das últimas cinco horas, em intervalos irregulares variando de 20 a
45 minutos.

Tabela 42. Evolução do peso do fardo ao longo do tempo.

Tempo (min) Peso (kg)

30 250

50 255

85 252

106 248

138 250

178 249

198 252

222 251

252 250

297 245
Fonte: Elaborado pelo autor.

Para a construção do gráfico de dispersão no Excel, Inserir, devemos escolher


a opção Dispersão. Os demais passos seguem a mesma lógica dos exemplos
anteriores. O gráfico pode ser visualizado a seguir.

132
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Gráfico 9. Gráfico de dispersão.

256

254

252

Peso (kg)
250

248

246

244
0 30 60 90 120 150 180 210 240 270 300
Tempo (min)

Fonte: Elaborado pelo autor.

Histograma

Tanto para uma variável quantitativa discreta como contínua, a distribuição


de frequência de ambas as variáveis pode ser representada por um histograma
(gráfico de barras vertical). No eixo das abscissas, X, são representados os
valores da variável em estudo (a base de cada barra, de largura constante,
representa cada valor possível da variável discreta ou cada classe de valores
contínuos, ordenados em forma crescente). No eixo das ordenadas, Y, são
representadas as frequências (absoluta, relativa ou acumulada) dos respectivos
valores da variável.

Há uma semelhança entre o histograma e o diagrama de Pareto, que também


é uma das sete ferramentas da qualidade. A diferença entre eles é que o
diagrama de Pareto representa a distribuição de frequências de uma variável
qualitativa (tipos de problema) cujas categorias representadas no eixo das
abscissas são ordenadas por prioridade (da categoria com maior frequência
para a menor), já o histograma representa a distribuição de frequências de
uma variável quantitativa cujos valores representados no eixo das abscissas
são ordenados em forma crescente.

O primeiro passo para a criação de um histograma é, portanto, a construção da


tabela de distribuição de frequências. Para cada valor possível de uma variável
discreta ou para classe de dados contínuos, calcula-se a frequência absoluta,
relativa, acumulada e relativa acumulada. Os dados devem ser ordenados em
forma crescente.

133
Unidade v | Instrumentos de informação

O histograma é, então, construído a partir dessa tabela. A primeira coluna


da tabela de distribuição de frequências que apresenta os valores numéricos
ou classes de valores da variável em estudo será representada no eixo das
abscissas, e a coluna de frequência absoluta (ou relativa, acumulada ou relativa
acumulada) será representada no eixo das ordenadas.

Muitos softwares estatísticos geram o histograma automaticamente a partir


dos valores originais da variável quantitativa em estudo, sem a necessidade
do cálculo das frequências. Apesar de o Excel possuir a opção de construção
de um histograma, a partir das ferramentas de análise, mostraremos como
construí-lo a partir do gráfico de colunas em função da simplicidade.

Um banco nacional está contratando novos gerentes para atendimento a


pessoas jurídicas, a fim de melhorar o nível de serviço de seus clientes. A
Tabela 49 mostra o número de empresas atendidas diariamente em uma das
principais agências da capital.

Tabela 43. Número de empresas atendidas diariamente.

13 11 13 10 11 12 8 12 9 10
12 10 8 11 9 11 14 11 10 9
Fonte: Elaborado pelo autor.

O primeiro passo é a construção da tabela de distribuição de frequência.

Tabela 44. Distribuição de frequência.

Número de empresas Fi Fri (%) Fac Frac (%)


8 2 10 2 10
9 3 15 5 25
10 4 20 9 45
11 5 25 14 70
12 3 15 17 85
13 2 10 19 95
14 1 5 20 100
Soma 20 100
Fonte: Elaborado pelo autor.

A partir dos dados da Tabela 44, podemos construir um histograma de frequência


absoluta, relativa, acumulada ou relativa acumulada pelo Excel. O histograma
construído será o de frequências absolutas.

134
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Desta forma, devemos tabular e selecionar as duas primeiras colunas da Tabela


50 (exceto a última linha Soma) em uma planilha do Excel. No grupo Gráficos
do menu Inserir, escolheremos a opção Colunas.

Vamos clicar no gráfico gerado para personalizá-lo. No menu Layout,


selecionamos os seguintes ícones: a) Títulos dos Eixos: selecione o título do
eixo horizontal (Número de empresas) e do eixo vertical (Frequência absoluta);
b) Legenda: para ocultar a legenda, deve-se clicar em Nenhum. O histograma
gerado pelo Excel pode ser visualizado abaixo.

Gráfico 10. Histograma de frequências absolutas.

5
Frequência absoluta

0
8 9 10 11 12 13 14
Número de empresas

Fonte: Elaborado pelo autor.

Gráfico de ramo e folhas

Tanto o gráfico de barras quanto o histograma representam a distribuição de


frequências de uma variável. O gráfico de ramo e folhas é uma alternativa para
representar distribuições de frequências de variáveis quantitativas discretas e
contínuas com poucas observações, com a vantagem de manter o valor original
de cada observação (possibilita a visualização de toda a informação dos dados).

A representação de cada observação no gráfico é dividida em duas partes,


separadas por uma linha vertical: o ramo que fica do lado esquerdo dessa linha
representa o(s) primeiro(s) dígito(s) da observação; a folha que fica do lado
direito da linha representa o(s) último(s) dígito(s) da observação.

A escolha do número de dígitos iniciais que irá compor o ramo ou o número


de dígitos complementares que irá compor a folha é arbitrária; os ramos

135
Unidade v | Instrumentos de informação

geralmente compõem os dígitos mais significativos e as folhas os menos


significativos.

Os ramos são representados em uma única coluna e seus diferentes valores


ao longo de várias linhas. Para cada ramo representado do lado esquerdo da
linha vertical, têm-se as respectivas folhas exibidas do lado direito ao longo
de várias colunas.

Tanto os ramos quanto as folhas devem estar ordenados em forma crescente


de valores. Nos casos em que houver muitas folhas por ramo, pode-se ter
mais de uma linha com o mesmo ramo. A escolha do número de linhas é
arbitrária, assim como a definição do número ou do intervalo de classes em
uma distribuição de frequências.

Para a construção do gráfico de ramo e folhas, podemos seguir a seguinte


sequência de passos:

» Passo 1: Ordenar os dados em forma crescente, para facilitar a visualização


dos dados.

» Passo 2: Definir o número de dígitos iniciais que irão compor o ramo ou o


número de dígitos complementares que irão compor a folha.

» Passo 3: Construir os ramos, representados em uma única coluna do lado


esquerdo da linha vertical. Seus diferentes valores são representados ao
longo de várias linhas, em ordem crescente. Quando o número de folhas por
ramo for muito grande, criam-se duas ou mais linhas para o mesmo ramo.

» Passo 4: Colocar as folhas correspondentes aos respectivos ramos, do lado


direito da linha vertical, ao longo de várias colunas (em ordem crescente).

Exemplo:

Uma empresa de pequeno porte levantou a idade de seus funcionários, conforme


mostra a Tabela 45. Construa um gráfico de ramo-e-folhas.

Tabela 45. Idade dos funcionários.

44 60 22 49 31 58 42 63 33 37
54 55 40 71 55 62 35 45 59 54
50 51 24 31 40 73 28 35 75 48
Fonte: Elaborado pelo autor.

136
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Para a construção do gráfico ramo e folhas, aplicaremos os quatro passos


descritos anteriormente:

» Passo 1: Ordenar os dados em forma crescente, para facilitar a visualização


dos dados.

Tabela 46. Idade dos funcionários em organizado em ordem crescente.

22 24 28 31 31 33 35 35 37 40
40 42 44 45 48 49 50 51 54 54
55 55 58 59 60 62 63 71 73 75
Fonte: Elaborado pelo autor.

» Passo 2: O passo seguinte para a construção de um gráfico de ramo e folhas


é a definição do número de dígitos iniciais da observação que irá compor o
ramo. Os dígitos complementares irão compor a folha. Nesse exemplo, todas
as observações são compostas por dois dígitos; os ramos correspondem às
dezenas e as folhas correspondem às unidades.

» Passo 3: O próximo passo consiste na construção dos ramos. Pela Tabela 46,
podemos verificar que existem observações que iniciam com as dezenas 2,
3, 4, 5, 6 e 7 (ramos). O ramo com maior frequência é 0 5 (8 observações),
sendo possível representar todas as suas folhas em uma única linha.

Logo, teremos uma única linha por ramo. Os ramos são, então, representados
em uma única coluna do lado esquerdo da linha vertical, em ordem crescente,
conforme mostra a figura 34.

Figura 34. Construção dos ramos.

7
Fonte: Elaborado pelo autor.

137
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» Passo 4: E, por fim, colocaremos as folhas correspondentes a cada ramo do


lado direito da linha vertical. As folhas são representadas em ordem crescente
ao longo de várias colunas. Por exemplo, o ramo 2 contém as folhas 2, 4 e
8; já o ramo 5 contém as folhas 0, 1, 4, 4, 5, 5, 8 e 9, representadas ao longo
de oito colunas. Se esse ramo fosse dividido em duas linhas, a primeira linha
conteria as folhas de 0 a 4, e a segunda linha as folhas de 5 a 9.

A figura 35 apresenta o gráfico de ramo e folhas para o exemplo apresentado.

Figura 35. Gráfico de ramo e folha.

2 2 4 8
3 1 1 3 5 5 7
4 0 0 2 4 5 8 9
5 0 1 4 4 5 5 8 9
6 0 2 3
7 1 3 5
Fonte: Elaborado pelo autor.

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REFERÊNCIAS

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