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E MÉTODOS DE CUSTEIO
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO....................................................................................................................................................................................... 5
INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................................................................. 8
UNIDADE I
CONHECIMENTOS DE CUSTOS....................................................................................................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO........................................................................................................................................................................................................... 9
CAPÍTULO 2
CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS...................................................................................................................................................................... 16
CAPÍTULO 3
MÉTODOS DE CUSTEIO..................................................................................................................................................................................... 27
UNIDADE II
CUSTEIO POR ABSORÇÃO............................................................................................................................................................................................... 33
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO......................................................................................................................................................................................................... 33
CAPÍTULO 2
MATÉRIA-PRIMA................................................................................................................................................................................................... 37
CAPÍTULO 3
MÃO DE OBRA DIRETA....................................................................................................................................................................................... 42
UNIDADE III
CUSTEIO VARIÁVEL............................................................................................................................................................................................................. 57
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO......................................................................................................................................................................................................... 57
CAPÍTULO 2
MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO.......................................................................................................................................................................... 61
CAPÍTULO 3
PONTO DE EQUILÍBRIO...................................................................................................................................................................................... 72
UNIDADE IV
CUSTEIO ABC......................................................................................................................................................................................................................... 81
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................................................................................... 81
CAPÍTULO 2
ETAPAS DO CUSTEIO ABC............................................................................................................................................................................... 86
CAPÍTULO 3
ESTRUTURA DO CUSTEIO ABC...................................................................................................................................................................... 94
UNIDADE V
CUSTO PADRÃO................................................................................................................................................................................................................... 99
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO......................................................................................................................................................................................................... 99
CAPÍTULO 2
CONCEITOS DO CUSTO PADRÃO................................................................................................................................................................ 105
CAPÍTULO 3
FINALIDADES DO CUSTO PADRÃO.............................................................................................................................................................. 111
REFERÊNCIAS....................................................................................................................................................................................... 128
APRESENTAÇÃO
Caro aluno
Conselho Editorial
5
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO
DE ESTUDOS E PESQUISA
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto
antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para
o autor conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma
pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em
seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas
experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para
a construção de suas conclusões.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam
para a síntese/conclusão do assunto abordado.
6
Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/
conclusões sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando
o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
7
INTRODUÇÃO
Mas isso não aconteceu a partir de uma necessidade mercadológica! Tudo começa lá
atrás, há muitos anos. A mente humana vem evoluindo ao longo dos anos nas diversas
civilizações, ampliando seus conhecimentos sobre filosofia, ciências da natureza,
astronomia, contabilidade e na gestão de custos, formando uma estrutura cultural e
humanista com valor inestimável para toda a humanidade.
Diante disso, este material vai tratar de forma clara e objetiva a contabilidade de custos
e os métodos de custeio aos leitores. A sua forma e seu conteúdo serão desenvolvidos
para que, ao final desta disciplina, o aluno possa ter visão bem ampla sobre o tema.
Ao longo das unidades e seus capítulos, exploraremos os conceitos de forma pontual,
apresentando suas características, exemplos e exercícios resolvidos.
Espero que a sua jornada seja proveitosa e que a sua dedicação agregue valor e conhecimento
a sua vida profissional e que este material sirva de base para esclarecimentos futuros,
caso se depare com alguma situação semelhante aos exemplos e exercícios apresentados.
Objetivos
» Apresentar a estrutura da Contabilidade de Custos.
8
CONHECIMENTOS DE
CUSTOS UNIDADE I
CAPÍTULO 1
Introdução
9
Unidade I | Conhecimentos de custos
Feedback
No entanto, precisamos entender como tudo isso começou e como até hoje é uma
prática tão recorrente e adotada por todas as organizações existentes no planeta.
Ou seja, o sistema feudal não foi oponente ao comércio e à indústria1. Pelo contrário,
desde o início do período medieval, comerciantes e artesãos garantiram, ainda com
precariedade, a produção e a circulação de bens entre os domínios senhoriais.
10
Conhecimentos de custos | Unidade I
bancário e de escrituração contábil que é utilizado até hoje. Esse sistema bancário e de
escrituração contábil foi iniciado pelos lendários Cavaleiros da Ordem dos Templários.
Por volta do século XI, a Ordem dos Templários (Ordem Militar dos Cavaleiros do
Templo de Salomão) começou a administrar a maior corporação bancária internacional.
Suas propriedades, verdadeiras fortificações, foram modificadas e se tornaram locais
ideais para depositar dinheiro e bens de valor apresentando, além de tudo, segurança.
Além disso, os Templários faziam o transporte e a segurança dos objetos de valor por
longas distâncias, realizavam o câmbio, administravam fundos e ofereciam empréstimos
aos reis.
O primeiro artefato nem é tão difícil assim: existem ainda hoje vários candidatos
a Graal em igrejas da Europa. Já o segundo teria sido uma grande descoberta.
Ela havia sumido quando, em 597 a.C., o reino de Israel conquistou a Babilônia, e
mesmo assim ainda estava perdida na época de Jesus. Nela foram colocadas as
tábuas dos Dez Mandamentos, Lei dada a Moisés, e a arca tinha o poder de destruir
qualquer exército e matar quem olhasse para ela do jeito errado –o livro de Êxodo
aborda sobre a arca, e a ficção tratou deste artefato no filme: Indiana Jones.
A Ordem dos Templários enriqueceu e se expandiu. E foi a partir dessa instituição que
se culminou para a queda da Ordem. Aumentavam os seus negócios e acumulavam
mais riquezas do que já havia, e o então rei Felipe IV, chamado de Felipe O Belo, deu
início a uma grande perseguição a esses cavaleiros, condenandos-os a serem queimados
vivos em praça pública.
Diante desse cenário, os cavaleiros da Ordem dos Templários foram substituídos pelas
famílias italianas de Pisa, Florença, Veneza e Gênova em sua empreitada bancária e
contábil, cidades-estados que à época tinham extrema importância. E é aí que bancos
familiares e privados se constituem e começam a operar com dinheiro de diversas
sociedades sem a intervenção do Estado ou da Igreja. Os italianos, então, realizavam
negócios na maioria dos mercados e feiras europeias.
11
Unidade I | Conhecimentos de custos
Além disso, as partidas dobradas e o cheque são criações da escrituração contábil dos
italianos. Assim, surgiram banqueiros, cambistas e usurários das mais variadas origens,
impulsionando a expansão de crédito e, assim, favorecendo as atividades comercial e
industrial, ocupações nitidamente urbanas.
À medida que esta prática se tornava cada vez mais necessária, algumas mudanças
aconteceram e foram fundamentais para a evolução contábil. Por exemplo:
12
Conhecimentos de custos | Unidade I
Nesta época quase só existia a Contabilidade Financeira, que para as empresas comerciais
estava bem estrutura e foi desenvolvida nessa época mercantilista.
Estoques Iniciais
(+) Compras
Para chegar ao lucro bruto, era feita a conferência desse montante com as receitas
líquidas obtidas na venda desses bens, do qual bastava diminuir as despesas necessárias
à manutenção da entidade durante o período, à venda dos bens e ao financiamento
de suas atividades. E é a partir dessa demonstração que surge a Demonstração de
Resultados da empresa comercial:
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Unidade I | Conhecimentos de custos
( -) Despesas
Comerciais (Vendas) XXXXX
Administrativas XXXXX
Financeiras XXXXX (XXXXX)
Resultado antes do Imposto de Renda XXXXX
Os bens eram quase todos produzidos por pessoas ou grupos de pessoas que poucas vezes
constituíam entidades jurídicas. As empresas propriamente ditas viviam basicamente
do comércio, e não da fabricação (fora, é lógico, as financeiras). Dessa, forma, eram
bastante fáceis o conhecimento e a verificação do valor de compra dos bens existentes,
bastando a simples consulta aos documentos de sua aquisição.
Com o advento das indústrias, tornou-se mais complexa a função do Contador que, para
levantamento do balanço e apuração do resultado, não dispunha agora tão facilmente
dos dados para poder atribuir valor aos estoques; seu valor de “Compras” na empresa
comercial estava agora substituído por uma série de valores pagos pelos fatores de
produção utilizados.
Diante do que foi exposto, Martins (2003) relata que a Contabilidade de Custos
surgiu com o advento da Revolução Industrial, iniciada no século XVIII na Inglaterra,
em função de o setor industrial ter desencadeado nos contadores a necessidade de
desenvolver e adaptar as transações do sistema contábil das empresas comerciais e
financeiras às indústrias.
Nada mais razoável para solução desse problema, do que vermos o Contador tentando
adaptar à empresa industrial os mesmos critérios utilizados na comercial. Nesta, no
balanço final, permaneciam como estoques no Ativo apenas os valores sacrificados pela
compra dos bens. Nenhum outro valor relativo a juros e outros encargos financeiros, a
honorários dos proprietários e administradores, a salários e comissões de vendedores
etc. era ativado. Todos esses gastos eram automaticamente apropriados como despesas
do período, independentemente da venda ou não de mercadorias.
14
Conhecimentos de custos | Unidade I
Assim, com base nas informações produzidas pela contabilidade de custos, é que se gera
a possibilidade de utilização dessas informações para fins gerenciais, como tomadas de
decisões entre maximizar os lucros ou diminuir custos, existindo então uma diferença
entre contabilidade de custos e gestão de custos (ANDRADE, 2011).
15
CAPÍTULO 2
Classificação dos custos
16
Conhecimentos de custos | Unidade I
Dupuch e Birnberg, pertencentes à escola dos métodos quantitativos, fase mais recente,
classificam os custos da seguinte maneira:
» Pela observação dos custos por unidade de custeio: custo por departamento,
por produto, por centro de custos.
» Pela observação dos custos por produto: custos primários, custos indiretos,
custos diretos.
» Custos do produto e custos periódicos, custos fabris e não fabris, custos por
natureza, diretos e indiretos, inventariáveis e periódicos.
17
Unidade I | Conhecimentos de custos
› Custos imputados.
› Custos próprios.
› Custos periódicos.
› Custo primário.
18
Conhecimentos de custos | Unidade I
› Custos totais.
› Custos unitários.
› Custos fixos.
› Custos variáveis.
› Custos semivariáveis.
› Custos incrementais.
› Custos de oportunidade.
› Custos relevantes.
› Custos empatados.
» Outros custos.
Podemos afirmar que Gastos, Custos e Despesas são três palavras sinônimas ou
dizem respeito a conceitos dissemelhantes? Apadrinham-se com Desembolso? E
Investimento tem alguma similaridade com elas? Perda se confunde com algum
desses grupos?
Martins (2003) conceitua gastos como sendo todas as compras de bens ou serviços,
que geram sacrifícios financeiros para a entidade (desembolso), representados por
compromisso ou entrega de ativos, enquanto os investimentos são tidos como gastos
ativados com base na sua vida útil ou benefícios futuros.
19
Unidade I | Conhecimentos de custos
Esse conceito pode ser entendido como a compra de um produto ou serviço qualquer,
que gera sacrifício financeiro para a entidade (desembolso), sacrifício esse representado
por entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro). Assim, temos:
Despesas, por sua vez, correspondem aos bens ou serviços consumidos direta ou
indiretamente para se gerar receitas, por exemplo:
» Comissões de venda.
20
Conhecimentos de custos | Unidade I
Não podemos deixar de mencionar sobre a confusão criada entre perda e despesa, muito
menos com o custo. Exatamente por sua característica inabitual e automática, não é
um esforço feito com intenção de obtenção de receita. Entretanto, em grande maioria
dessas “perdas” são, na realidade, custos, já que foram adquiridos com o propósito de
atender ao processo de produção, fazendo parte de um esforço já conhecido até por
antecipação para a obtenção do produto ou serviço e da receita almejada. Por exemplo:
21
Unidade I | Conhecimentos de custos
Assim, corroborando com esta percepção, Jiambalvo (2009) defende que “a distinção
entre um custo direto ou um custo indireto depende do objeto cujo custo está sendo
associado”.
Muito bem, começaremos com o termo custo fixo. Não custa relembrar a você que
a terminologia custo refere-se ao consumo de fatores no processo produtivo. Certo?
Então, o que vem a ser um custo fixo? Temos um custo fixo quando em cada período
22
Conhecimentos de custos | Unidade I
Podemos exemplificar esse custo com o aluguel do prédio de uma fábrica, a depreciação
de máquinas utilizadas no processo fabril. Apesar de ter o valor estabelecido para
determinado período, que pode ser um mês, um ano ou outro período qualquer
estabelecido, é importante também que você saiba que esses valores poderão mudar
em função da variação da expansão das operações da companhia.
Logo, se uma determinada indústria possui um parque fabril com, por exemplo, 5.000
metros quadrados e realiza uma expansão para 10.000 metros quadrados, levando em
consideração que o prédio é próprio e o maquinário do processo produtivo também
é próprio, pergunto: o que ocorrerá com os custos fixos de depreciação do prédio e
da depreciação das máquinas?
Vamos imaginar de uma forma simplista e didática que uma empresa, a Cia. Açucareira
Doce do Sertão, para o exercício de 20x8, possui um custo fixo mensal de depreciação
linear com seu maquinário de R$ 20.000,00 e um custo fixo mensal de depreciação de
suas instalações de R$ 10.000,00.
Após a aprovação pela diretoria para o exercício de 20x9, a Cia. realiza uma expansão
que passa a utilizar o dobro de instalações e o dobro de máquinas, todas do mesmo
modelo.
Perguntamos a você: o que ocorrerá com os valores dos custos com depreciação das
instalações e com os valores dos custos do maquinário para o exercício de 20x9?
Conseguiu responder? Sim, isso mesmo. Irão dobrar, uma vez que temos uma
padronização com as máquinas e instalações e elas dobraram para o exercício de 20x9;
logo, o custo com a depreciação mensal das máquinas para o exercício de 20x9 passa
para R$ 40.000,00 mensais e o custo mensal de depreciação das instalações para 20x9
passa para R$ 20.000,00.
23
Unidade I | Conhecimentos de custos
Muito bem, o que vem a ser um custo variável? Temos um custo variável quando
em cada período seu valor varia em função do volume produzido. Temos, então,
determinado intervalo de tempo, que é um período. Este pode ser mês, ano etc.
Logo, quanto maior a produção, maior o custo variável. Dessa forma, por exemplo,
se determinada fábrica de móveis tem uma produção de 1.000 mesas de escritórios no
mês de janeiro de 20x9 e no mês de fevereiro produz 1.100 mesas, o que ocorre com
o consumo de matérias-primas utilizadas na produção das mesas?
Como foram produzidas 1.000 mesas em janeiro e 1.100 mesas em fevereiro, nesse
caso, houve uma variação de volume em determinado intervalo de tempo. Atente a
esses fatores determinantes: tempo e volume.
Estamos tratando de custos fixos e variáveis, mas é importante que você também
consiga identificar e distinguir o que vem a ser despesa fixa e despesa variável. Você já
aprendeu o conceito de despesa como sendo todo sacrifício para se obterem receitas,
ou seja, todo bem ou serviço consumido para se obterem receitas são despesas.
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Conhecimentos de custos | Unidade I
Recordando que, ao serem realizadas as vendas, ocorrem despesas, que são justamente
o CMV ou o CPV. Você já estudou também que os custos nos processos fabris ou nos
processos comerciais passam a ser despesas na DRE para a apuração do Resultado do
Exercício (RE).
Vamos a um exemplo de despesa fixa. Como exemplo de despesa fixa, podemos citar
a remuneração do pessoal da administração. Poderá haver a mudança de valor de uma
despesa fixa e ainda assim sua natureza permanecerá fixa. Como? Se precisarmos reduzir
o número de funcionários administrativos, por exemplo, teremos naturalmente uma
redução do pagamento dos salários administrativos de um período para outro.
Dessa forma, neste intervalo de tempo específico, onde havia maior número de
funcionários administrativos para um menor número de funcionários administrativos,
ocorre a redução da despesa com salários administrativos. Mas a natureza da despesa
permanece fixa.
Essa despesa só será variável se isso ocorrer em função do volume. Outro exemplo de
despesa fixa: aluguel de escritório de administração. E por aí vai.
Os conceitos ficarão mais claros à medida que você ler e reler seu material didático
e realizar os exercícios. Os gráficos seguintes representam os custos fixos e os custos
variáveis. O gráfico 1 demonstra o comportamento dos custos fixos em função do
volume de operações. O gráfico 2 apresenta o comportamento dos custos variáveis em
função do volume de operações. O gráfico 3 apresenta o comportamento dos custos
fixos e variáveis combinados em função do volume de operações.
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Unidade I | Conhecimentos de custos
R$
Custos fixos
Volume
R$
Custos fixos
Volume
R$
Custos variáveis
Volume
26
CAPÍTULO 3
Métodos de custeio
Contudo, para que o sistema de custeio adotado se torne realmente eficiente é preciso
que, ao implantá-lo, sejam avaliadas as características organizacionais (internas às
empresas) e contextuais (externas às empresas) com o intuito de conseguir optar por
um sistema que se adéque realmente às necessidades da empresa, permitindo que a
ferramenta de gestão contribua para o sucesso da organização (MOTTA, 2000).
De acordo com diversos estudiosos, atualmente são praticados três principais métodos
de custeios: custeio por absorção, custeio variável e custeio baseado em atividades
(ABC - Activity Based Costing), incluindo as vantagens e desvantagens da aplicação
de cada sistema de custeio. (PADOVEZE, 1997; GARRISON; NOREEN; BREWER,
2007; JIAMBALVO, 2009; VIEIRA; MACIEL; RIBAS, 2009; ABBAS; GONÇALVES;
LEONICE, 2012).
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Unidade I | Conhecimentos de custos
Gestão
Princípios
Métodos
Custos
Princípios
Métodos
Conforme citado anteriormente, um sistema pode ser visto por dois ângulos: o lado do
princípio, o qual orienta o tratamento das informações, e o ponto de vista do método,
que propicia a operacionalização desse princípio. O princípio controla qual informação
o sistema deve gerar e está intimamente ligado com o objetivo do sistema. O método
diz respeito a como a informação será obtida e relaciona-se com os procedimentos
do sistema.
Em suma, esses princípios de custeio estão estreitamente ligados aos próprios objetivos
dos sistemas de custos, os quais, por sua vez, estão relacionados aos próprios objetivos
da contabilidade de custos: a avaliação de estoques, o auxílio ao controle e o auxílio à
tomada de decisões.
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Conhecimentos de custos | Unidade I
Numa fábrica que produz produtos (ou serviços) por encomenda, o trabalho começa
com o pedido do cliente. A empresa faz um orçamento do serviço ou do produto para
discussão com o cliente.
Todos esses passos são necessários porque a produção é por encomenda, diferente por
natureza de produções passadas e diferente do que se está produzindo no momento.
Isso significa dizer que toda a fábrica e, muitas vezes, dependendo do produto, toda a
empresa se prepara para essa produção específica, definida. Esse fato é que se traduz
numa das características principais da produção por encomenda.
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Unidade I | Conhecimentos de custos
Fatores produtivos
processos
Produto final
inicial 2.º 3.º 4.º
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Conhecimentos de custos | Unidade I
Fatores produtivos
1.º processo
A
1.º processo
C
Os fatores de produção são requisitados por processo e o controle faz o registro desse
consumo. A preocupação não é identificar o consumo do recurso produtivo com o
produto que está sendo fabricado (isto é irrelevante a princípio) e sim com o processo
fabril.
Tipos de empresas
O sistema de custeamento por Ordem de Produção é adequado para acumular os
custos de produção de empresas que fabricam produtos por encomenda, produtos
diferenciados ou lotes específicos de produção. Uma das características importantes é
que há uma data para o término da produção e entrega ao cliente do produto acabado.
Nos casos de produção por encomenda, raramente serão encontrados estoques de
produtos acabados.
A lista a seguir não pretende apresentar todas as empresas que podem usar o sistema
de custos por Ordem de Produção, mas pretende apenas mostrar algumas das mais
típicas, cujos processos de fabricação são bastante conhecidos:
31
Unidade I | Conhecimentos de custos
O sistema de custeamento por processo adapta-se melhor às fábricas (ou firmas
prestadoras de serviços) que produzem os produtos de modo contínuo para o
atendimento das necessidades do mercado consumidor. Nas produções por processo
típicas não há data de término da produção. Se o mercado está aceitando o produto e
se ele está dando lucro, é aconselhável continuar a fabricá-lo do mesmo modo.
As empresas que produzem (ou realizam serviços) por processo contínuo são muito
conhecidas e, de certo modo, constituem a imagem da economia de consumo. As
grandes empresas que retratam o capitalismo produzem produtos em massa, que são
feitos por processos contínuos e que atendem às necessidades da sociedade de consumo.
» Empresas de alimentos.
» Fábricas de bebidas.
» Produtores de cigarros.
» Fabricantes de roupas.
» Laboratórios farmacêuticos.
» Refinarias.
Todas essas empresas têm um ponto em comum: seus produtos não são fabricados
em virtude de pedidos especiais de clientes individuais; são produtos solicitados de
modo permanente por milhões de clientes que constituem o mercado consumidor.
32
CUSTEIO POR
ABSORÇÃO UNIDADE II
CAPÍTULO 1
Introdução
Este método é muito usado pelas organizações brasileiras que, por respeitar os Princípios
de Contabilidade, são aceitos na legislação comercial e fiscal (VIEIRA; MACIEL;
RIBAS, 2009), sendo seu maior propósito atribuir os custos de produção aos bens ou
serviços produzidos para avaliação dos estoques necessários na elaboração de Balanço
Patrimonial e Demonstrações do Resultado pela Contabilidade Financeira. Este método
caracteriza-se por:
» Utilizar os custos diretos industriais.
» Utilizar os custos indiretos industriais por meio de critérios de apropriação
ou rateio.
» Não utilizar os gastos administrativos.
» Não utilizar os gastos comerciais, sejam diretos ou indiretos.
» O somatório do custo dos produtos e serviços vendidos no período dá origem
à rubrica custo dos produtos e serviços na demonstração de resultados do
período.
» O somatório do custo dos produtos e serviços ainda não vendidos dá origem
ao valor dos estoques industriais no balanço patrimonial do fim do período
(estoques em processo e estoque de produtos acabados).
Este método provém da aplicação dos princípios de contabilidade geralmente aceitos.
Consiste na apropriação de todos os custos de produção aos bens elaborados, e só os
de produção; todos os gastos relativos ao esforço de produção são distribuídos para
todos os produtos ou serviços feitos.
A figura 5 apresenta as estruturas aplicadas pelo custeio por absorção a empresas de
manufatura e prestação de serviço.
33
Unidade II | Custeio por absorção
Estoque
de
produtos Demonstração de
Demonstração de Resultados
Resultados Receita
Receita Prestação Custo Serviços
Venda CPV de serviço Prestados
Lucro Bruto Lucro Bruto
Despesas Despesas
Lucro Operacional Lucro Operacional
Apesar de suas vantagens quando se deseja obter informações gerenciais, este método
é bastante criticado pelos estudiosos da área, por ser um sistema de custeio pouco útil
como ferramenta da gestão de custos. O fato de distribuir até mesmos os custos fixos
para compor os custos dos bens e serviços leva a distorções da realidade, visto que
os custos indiretos fixos sempre existirão independente de se produzir ou não e não
existe uma relação evidente com o volume produzido.
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Custeio por absorção | Unidade II
Gastos $ Utilização
Gastos diretos
Materiais diretos 460.000 No custeio por absorção
Materiais auxiliares 36.000 No custeio por absorção
Mão de obra direta 200.000 No custeio por absorção
Comissões sobre vendas 204.000 Não utiliza
Soma 900.000
Gastos indiretos
Salários dos departamentos de apoio à
200.000 No custeio por absorção
produção
Despesas dos departamentos de apoio à
90.000 No custeio por absorção
produção
Depreciações industriais 150.000 No custeio por absorção
Salários e despesas administrativas 70.000 Não utiliza
Salários e despesas comerciais 50.000 Não utiliza
Soma 560.000
Total 1.460.000
35
Unidade II | Custeio por absorção
Ressaltamos que os gastos diretos, apresentados pelo total na tabela 2, devem ser
obtidos de forma unitária, já que são passíveis de clara identificação aos produtos.
O custo unitário dos produtos é calculado pela relação entre os custos totais e a produção
do período, conforme demonstrado abaixo.
𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢á𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 =
𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝çã𝑜𝑜
No custeio por absorção integral, ou total, o produto sofre uma distribuição da totalidade
dos custos (fixos e variáveis). Esse sistema possui uma relação muito forte com a
avaliação de estoques, ou seja, com o uso da contabilidade de custos como apêndice
da contabilidade financeira, a qual se presta para gerar informações para usuários
externos à empresa.
Assim, esse princípio pode ser entendido, de forma simplificada, como o atendimento
das exigências da contabilidade financeira para a avaliação de estoques. Muitas vezes,
entretanto, suas informações, também são utilizadas com propósitos gerenciais.
Vamos supor que a empresa EX, em um determinado mês, produziu 80.000 unidades.
Os custos totais do período atingiram $1.400.000,00. Ela precisa saber qual é o custo do
produto de acordo com o custeio por absorção integral. Para que possamos determinar
o custo unitário é preciso apenas realizar a divisão entre os custos totais do período
pela quantidade, resultando em $ 17,50.
36
CAPÍTULO 2
Matéria-prima
A única exceção seria o custo de mão de obra direta no método da teoria das
restrições, pois, neste, esses custos são considerados fixos e tratados como
despesas do período.
Matéria-prima $
200 unidades x $2,30 460,00
Materiais auxiliares
0,10 unidade a $360,00 36,00
Mão de obra direta
4 horas a $50,00 (*) 200
Soma – custos diretos 696,00
(*) O custo horário da mão de obra direta foi obtido da seguinte maneira:
Total dos gastos com mão de obra direta $200.000 (A)
Tempo necessário para 1 unidade de produto 4 horas
Quantidade de produto produzida/vendida 1.000 unidades
Total de horas de mão de obra direta para 1.000 unidades 4.000 horas (B)
Custo de 1 hora de mão de obra direta (A / B) $50,00 ($ 200.000 / 4.000 horas)
Fonte: elaborada pelo autor.
37
Unidade II | Custeio por absorção
Custos indiretos
Unitário do Produto A
$
Custos diretos 696,00
38
Custeio por absorção | Unidade II
Para fazer o Produto B, a empresa vai deixar de fabricar parte da quantidade do Produto
A. As quantidades a serem produzidas e vendidas são:
Tabela 5. Exemplo 1.
Os dados do Produto A são mantidos, excetuando comissões, que passam a ser 10,2%
sobre o preço de venda. Os dados específicos do Produto B são os seguintes:
Comissões
Preço de venda
39
Unidade II | Custeio por absorção
Tabela 6. Exemplo 2.
Matéria-prima $
380 unidades x $3,00 1.140,00
Materiais auxiliares
0,20 unidade a $360,00 72,00
No nosso exemplo, o total de mão de obra direta da empresa foi de $200.000. O total
dos custos indiretos soma $440.000. Assim, o índice de absorção obtido é de 2,20,
resultado da divisão de $440.000 por $200.000, como será demonstrado a seguir.
Tabela 7. Exemplo 3.
Custos indiretos
» Salários dos departamentos de apoio à produção
$200.000
» Depreciações
$ 50.000
40
Custeio por absorção | Unidade II
Índice para absorção dos custos indiretos (A / B) (Comumente denominado taxa de rateio) 2,20
Aplicando o índice de 2,20 para o custo unitário de mão de obra direta de cada produto,
teremos a parcela dos custos indiretos de fabricação, atribuída unitariamente ao custo
unitário de cada produto.
Tabela 8. Exemplo 4.
Produto A Produto B
$ $
Custo unitário de mão de obra direta 200,00 300,00
Com isso, podemos finalizar o custo unitário por absorção de cada produto:
Tabela 9. Exemplo 5.
Produto A Produto B
$ $
Matéria-prima 460,00 1.140,00
Materiais auxiliares 36,00 72,00
Mão de obra direta 200,00 300,00
Custos indiretos absorvidos 440,00 660,00
Custo unitário total 1.136,00 2.172,00
Fonte: elaborada pelo autor.
Demonstração de resultados
A tabela 10 conclui o processo de custeamento, evidenciando, no modelo da demonstração
de resultados, qual seria o lucro da empresa com um volume de 625 unidades do Produto
A e 250 unidades do Produto B.
Tabela 10. Demonstração de resultados - Produtos A e B.
Produto A Produto B
Preços Total geral
Qtde Total Preços Unit. Qtde Total
Unit.
Vendas 1.883,00 625 1.176.875 3.292,50 250 823.125 2.000.000
Custo por absorção 1.136,00 625 710.000 2.172,00 250 543.000 1.253.000
Lucro (margem) bruto 747,00 625 466.875 1.120,50 250 280.125 747.000
41
Unidade II | Custeio por absorção
Despesas operacionais*
Salários e despesas
70.000
administrativas
Salários e despesas comerciais 50.000
Comissões sobre vendas 204.000
Soma 324.000
Lucro operacional 423.000
Produto A Produto B
Total $
Qtde Valor - $ Qtde Valor - $
Preço unitário de vendas 60,00 200,00
Volume corrente 1.300 120
Custos unitários
» Materiais diretos 22,50 110,00
» Mão de obra direta 18,00 38,00
» Comissões sobre venda 9,00 20,00
Custos indiretos 16.560
CAPÍTULO 3
Mão de obra direta
42
Absorção baseada na mão de obra direta
Um critério que pode ser adotado é a distribuição dos custos indiretos pelo total da
mão de obra direta, apresentado na tabela 12.
Neste critério, o custo indireto atribuído unitariamente termina por ser um único
valor para todos os produtos.
43
Unidade II | Custeio por absorção
44
Custeio por absorção | Unidade II
45
Unidade II | Custeio por absorção
Tabela 16. Absorção dos custos indiretos - comparação dos critérios usados.
Critérios de rateio
Total das
Custo total da mão Custo total dos Total dos custos diretos de
quantidades
de obra direta materiais diretos fabricação
produzidas
Produto Produto Produto Produto Produto Produto Produto B
Produto A
A B A B A B
Custo e lucro unitário
Materiais
22,50 110,00 22,50 110,00 22,50 110,00 22,50 110,00
diretos
Mão de obra
18,00 38,00 18,00 38,00 18,00 38,00 18,00 38,00
direta
Comissões 9,00 20,00 9,00 20,00 9,00 20,00 9,00 20,00
Subtotal –
Custos diretos/ 49,50 168,00 49,50 168,00 49,50 168,00 49,50 168,00
variáveis
Custo indireto
10,66 22,51 11,66 11,66 8,78 42,91 9,57 34,28
de fabricação
Custo unitário
60,16 190,51 61,16 179,66 58,28 210,91 59,07 202,28
total
Preço de venda
60,00 200,00 60,00 200,00 60,00 200,00 60,00 200,00
unitário
Margem
(0,16) 9,49 (1,16) 20,34 1,72 (10,91) 0,93 (2,28)
unitária
Demonstração do resultado por produto
Quantidade
1.300 120 1.300 120 1.300 120 1.300 120
produzida
Total da
receita por 78,000 24,000 78,000 24,000 78,000 24,000 78,000 24,000
produto
Total dos
custos por (78,209) (22,861) (79,511) (21,559) (75,761) (25,309) (76,797) (24,273)
produto
Lucro total por
(209) 1,139 (1,511) 2,441 2,239 (1,309) 1,203 (273)
produto
Demonstração do resultado total
Total das
102.000 102.000 102.000 102.000
receitas
Total dos
(101.070) (101.070) (101.070) (101.070)
custos
Lucro total da
930 930 930 930
empresa
Fonte: Padoveze, 2013.
A apresenta margem unitária negativa, bem como lucro total por produto
negativo, ao passo que nos dois últimos critérios é o Produto B que tem
margem e lucro negativos.
Neste caso, a empresa deverá prever quais Custos Indiretos de Produção ocorrerão,
como serão distribuídos pelos diversos departamentos e como serão alocados aos
produtos. A empresa precisa fazer um planejamento e adquirir com antecedência para
trabalhar sem interrupção até o final do período. São necessárias, portanto:
47
Unidade II | Custeio por absorção
Vamos imaginar que uma empresa industrial de pequeno porte, sem departamentos,
faça uma previsão para o ano X1:
Essa taxa será aplicada aos produtos que serão produzidos durante o período de produção
previsto. No final, será feito um ajuste, já que provavelmente os CIP realmente incorridos
não serão exatamente os $14.000.000, e as horas trabalhadas também provavelmente
serão diferentes das 20.000 estimadas inicialmente.
Suponhamos que a empresa Y prevê o seguinte para cada um dos seus quatro
Departamentos para o exercício XX20.
48
Custeio por absorção | Unidade II
» Mistura: $500.000,00 de CIP fixos + $50,00 por hora de Mão de obra Direta
(hMDO).
Essa empresa Y produz três itens: R, S e T. Para não precisar esperar o fim do período
para então fazer o rateio dos CIP aos produtos, já que quer conhecer o custo completo
de cada produto quando de sua elaboração, precisa fazer, no início do exercício, uma
previsão de quais serão os Custos Indiretos dos dois Departamentos de Produção
(Mistura e Ensacamento). Para resolver esse problema, baseia-se numa distribuição
com esses critérios:
› Almoxarifado: 15%
› Mistura: 60%
› Ensacamento:25%
» Ensacamento: apropriado seu CIP aos produtos com base nos quilos
ensacados.
49
Unidade II | Custeio por absorção
A partir desses dados, a empresa G prevê os seguintes CIP e sua provável distribuição
(tabela 17).
Com base na tabela 17, a empresa G cria a seguinte Taxa predeterminada de CIP (Taxa
de Aplicação) para cada Departamento de Produção:
$788.000
𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸𝐸 = = $39,40⁄𝑘𝑘𝑘𝑘
20.000 𝑘𝑘𝑘𝑘
$1.612.000
𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 = = $201,50⁄ℎ𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
8.000 ℎ𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
À medida que a empresa vai produzindo R, S e T, vai atribuindo para cada um deles
seus custos diretos mais os indiretos, estes à base das horas de Mão de obra Direta
usadas na mistura vezes $39,40 mais $201,50 por quilo ensacado.
Vale a pena notar que para se calcular uma boa Taxa de Aplicação é necessário fazer a
divisão em Custos Fixos e Variáveis, pois o total destes últimos dependerá do volume
de produção; logo, a sequência para a elaboração da Taxa predeterminada é:
50
Custeio por absorção | Unidade II
CIP Produtos
(a) XXXXXXX XXXXXXX (b) (b) XXXXXXX
» Débito: Produtos.
Os CIP Reais do período vão sendo contabilizados em sua conta normal. No fim do
período é então cotejado o saldo de CIP Aplicados com o de CIP Reais. Se a previsão
for perfeita, ambos serão iguais, e bastará então a eliminação dos saldos com seu
cancelamento mútuo. Entretanto, costumeiramente haverá uma discrepância, tanto
por erro na previsão do volume de produção como na dos próprios Custos Indiretos
em reais.
51
Unidade II | Custeio por absorção
Voltemos ao primeiro exemplo visto no item anterior, em que eram previstos para o
período 10.000 horas-máquina de trabalho com CIP de $5.000.000 no total, e estimada
a Taxa de $500/hora-máquina.
À medida que cada produto for sendo fabricado (quer bens feitos em série, quer ordens
de produção, encomendas etc.), seus custos diretos lhe serão apropriados e também
lhe será contabilizada sua parcela estimada de CIP. Se um produto gastar $40.000 de
matéria-prima e mão de obra direta e levar 10 horas-máquina para ser elaborado,
receberá mais 10 hm × $500/hm = $5.000 de CIP, assim contabilizados:
Os CIP Reais serão debitados em suas contas específicas. Os produtos vendidos serão
baixados para Despesa (Custo dos Produtos Vendidos) com base nesse custo total
apurado, onde parte é estimada. Também por valor estimado estarão os produtos
eventualmente em estoque no fim do exercício, quer acabados, quer ainda em elaboração.
Suponhamos que essa empresa tenha de fato trabalhado no período um total de 9.600
horas-máquina, e que tenha tido CIP Reais de $4.920.000. Supondo ainda que 80%
dos produtos tenham sido vendidos e admitindo que seus custos diretos tenham sido
de $10.000.000, teremos:
52
Custeio por absorção | Unidade II
Os lançamentos “a” e “b” são relativos à apropriação dos custos indiretos e diretos reais,
em contrapartida com contas diversas. O “c” é o referente à soma dos CIP aplicados:
9.600 hm × $500/hm = $4.800.000.
Uma vez calculados os custos de cada centro de custo, é necessário transferir tais custos
aos produtos ou serviços.
Assim que os produtos ou serviços forem finalizados no processo, estes serão transferidos
para o estoque de produtos acabados.
53
Unidade II | Custeio por absorção
Na segunda situação, os produtos que tiveram sua fabricação finalizada serão transferidos
para a conta de estoques de produtos acabados:
Por fim, o custo dos produtos vendidos será contabilizado como segue:
Com isso, para que possamos formar o valor do custo de cada produto, precisamos
utilizar um critério específico e coerente (regular), de acordo com uma metodologia
lógica, racional.
Com podemos saber que tipo de sistema de produção a indústria adotará? A indústria
que apresentar um sistema predominantemente descontínuo, produzindo bens ou
serviços não padronizados e, geralmente, sob encomenda específica de seus clientes
poderá usar o sistema de produção por encomenda.
Agora, se a empresa que produz, em série, bens ou serviços padronizados sem que haja
interrupção na linha deverá adotar o sistema de acumulação de custos por processo.
Então, a partir das definições supracitadas, é que se definirá qual será o “sistema de
acumulação de custos”:
54
Custeio por absorção | Unidade II
» Produção contínua.
O sistema de custos por processo não está preocupado em contabilizar os custos item
por item no processo. O que o sistema faz é agregar todos os custos por fase do processo,
por operação ou por departamento (centros de custos) e alocados aos produtos em
bases sistemáticas.
Esses sistemas são usualmente utilizados por indústrias que produzem em grande escala
produtos uniformes em bases contínuas (série ou massa), por exemplo: eletrodomésticos,
veículos, móveis (padronizados – em linha) etc.
Dessa forma, podemos definir a equação do custo de produção de cada produto dividindo
todos os custos do período produzido pelas unidades físicas (setores) utilizadas no
período. Isso facilita a Contabilidade de Custos na apuração:
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇 𝑛𝑛𝑛𝑛 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃í𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈á𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃çã𝑜𝑜 =
𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈𝑈 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 𝑛𝑛𝑛𝑛 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃í𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜
Base de informações
Para atribuir-se os custos a diversos produtos, diferentes entre si (com etapas de produção
também diferentes), deve-se estabelecer um fluxo regular mínimo de informações da
engenharia de fábrica.
55
Unidade II | Custeio por absorção
Essas informações são geradas por meio de apontamentos, cálculos e medições que
são extraídos do próprio setor produtivo e usados pela contabilidade como base. A
contabilidade não “inventa” custos ou dados.
A ficha técnica do produto, unidades processadas por centro de custos, etc. vão compor
os dados necessários para que a contabilidade de custos possa distribuir os custos de
forma adequada entre os produtos fabricados ou em fabricação.
Custo do produto
No processo contínuo, normalmente se custeiam os diversos produtos, realizando
a divisão entre custo apurado em cada centro de custo pelas unidades de produtos
processados naquele centro.
56
CUSTEIO VARIÁVEL UNIDADE III
CAPÍTULO 1
Introdução
57
Unidade III | Custeio variável
Além disso, por meio do custeio variável, assim como de outros métodos de custeio com
fins gerenciais, é possível analisar os custos variáveis e fixos fornecendo informações
que auxiliem na redução de custos, precificação de produtos ou serviços, decisão de
aceitar ou não um pedido de cliente, fornecer ou não descontos, verificar se produtos
devem ser deixados ou não de produzir, sendo, portanto, uma excelente ferramenta
de apoio à decisão.
Entre outras vantagens do custeio variável, os autores Leone (1999), Padoveze (1997)
e Horngren (1978 apud MOTTA, 2000) destacam:
58
Custeio variável | Unidade III
» A exclusão dos custos fixos indiretos para valoração dos estoques causa sua
subavaliação, fere os princípios contábeis e altera o resultado do período.
Motta (2000) recomenda que este método não seja indicado para as empresas em
que os custos fixos indiretos representam uma parcela bastante significativa dos
custos totais da empresa, em virtude de não fazer sentido tomar decisões baseadas
em custos variáveis que não são representativos para o resultado da empresa.
Já que Motta (2000) traz essa reflexão quanto à contraindicação do uso do método
variável para empresas cujos custos fixos indiretos representam uma parcela bastante
significativa dos custos totais da empresa, neste caso indica-se o custeio por atividades,
o qual será apresentado a seguir.
Agora você precisa conhecer a margem de contribuição. Sem ela, não é possível
aplicar o custeio variável. Mas o que vem a ser a margem de contribuição? Com essa
metodologia de uso gerencial do custo para o processo decisorial, o custo fixo não é
apropriado às unidades produzidas. O que apropriamos na demonstração do resultado
são os custos variáveis. Chegamos aos elementos necessários para a compreensão
de mais um conceito diretamente relacionado a essa metodologia de custeio, que é a
margem de contribuição.
Margem de contribuição nada mais é que as receitas líquidas menos os custos variáveis.
Podemos, então, calcular as margens de contribuição unitárias e totais. Na apuração
do resultado com essa metodologia, há a dedução do custo fixo total após o cálculo
59
Unidade III | Custeio variável
60
CAPÍTULO 2
Margem de contribuição
No entanto, como você já deve ter percebido ou até questionado, esses critérios e suas
finalidades nem sempre são necessários e desejáveis; e é nesse raciocínio que vamos
analisá-los, criticá-los e principalmente entender as adaptações necessárias, para que
possamos obter custos mais reais a auxiliar no apoio à tomada de decisão.
Custos Indiretos de Produção: $3.100.000 em certo mês, dos quais $2.455.000 são
fixos, compreendendo Mão de obra Indireta (maior parcela), Depreciações etc., e
$645.000 são variáveis.
Embora todos os custos variáveis sejam quase sempre diretos por natureza, nem
sempre vale a pena o sacrifício de se fazer seu acompanhamento e medição individual
por produto; por isso, alguns são tratados, então, na prática, como indiretos.
Esses Custos Indiretos Variáveis, neste exemplo, são a Energia Elétrica e os Materiais
Indiretos, e totalizam $645.000, por estar a empresa produzindo as seguintes quantidades:
61
Unidade III | Custeio variável
Esses preços de venda são os praticados pela empresa líder do mercado, e não pretendemos
modificá-los, mas estamos fazendo um estudo para verificar qual é o produto mais
lucrativo para tentar incentivar sua venda.
Custos Indiretos por Produto: Já que a maior parte é constituída por Mão de obra
Indireta, decide por sua distribuição em função das horas de Mão de obra Direta
(hMDO):
A partir desse Custo Indireto por hora de Mão de obra Direta, a empresa construiu a
seguinte tabela de lucratividade por produto:
Temos agora o resultado por unidade de cada produto. Percebemos como prioritário
para incentivo de venda o N, como mais lucrativo; já o produto L ficou em último lugar.
62
Custeio variável | Unidade III
Podemos ainda realizar outra análise. Vimos que devido à existência dos Custos Fixos e
à forma de apropriação dos Custos Indiretos, chegamos a esse resultado. Seria possível
utilizar outro critério de rateio e, mesmo assim, teríamos a confirmação do Produto
N como o mais rentável?
Vamos imaginar que a mesma empresa tenha tido custos por hora de Mão de obra
Direta diferenciados para cada produto e resolva atribuir, ao invés de ‘por horas’,
por valor em reais de Mão de obra Direta. Para isso, verifica o quanto foi aplicado,
desmembrando o Custo Direto. Suponhamos:
Tabela 23. Custos diretos.
Para a apropriação dos $3.100.000 de CIP por reais de MDO, terá que fazer:
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 $3.100.00
= = 1,66666 ….
𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 $1.860.000
63
Unidade III | Custeio variável
Com a mudança adotada, o produto M continua com o mesmo lucro unitário, mas
L e N mudaram. E o mais importante é que se inverteu a ordem! O produto menos
rentável tornou-se o melhor, e o que era mais lucrativo tornou-se o menos interessante!
De novo a posição dada pelo primeiro cálculo. Pergunta-se, qual produto é o mais
lucrativo, L ou N? Ou será o M, já que não se altera em todos os critérios?
64
Custeio variável | Unidade III
É claro que, por melhor que seja o critério de rateio, as bases não deveriam ser
estabelecidas e alteradas aleatoriamente, pois sempre haverá certo grau de variabilidade
no rateio dos custos indiretos.
Nosso problema acima pode ser resolvido em função dos seguintes itens:
» Toda a dificuldade anterior residiu na alocação dos Custos Indiretos Fixos,
já que os custos variáveis são apropriáveis sem problema.
» Para a apropriação dos Fixos, existem dois tipos de problemas:
› O fato de serem no total independentes dos produtos e volumes faz com
que seu valor por unidade dependa diretamente da quantidade elaborada.
› Também o critério de rateio, já que, dependendo do que for escolhido,
pode ser alocado um valor diferente para cada unidade de cada produto.
Em nosso exemplo podemos verificar que, supondo Matéria-prima e Mão de obra
Direta totalmente variáveis, podemos identificar como sendo realmente de cada
produto a soma de seus custos Direto mais Indireto Variável; toda a dificuldade está
residindo na apropriação dos $2.455.000 de CIP Fixos.
O Produto L traz à empresa uma receita de $1.550/un., e provoca, obrigatoriamente,
um custo de $780/un., que é seu total variável por unidade. Cada unidade sua realmente
provoca esse gasto e produz essa receita.
Toda e qualquer parcela de Custo Fixo que lhe queiramos imputar não será existente
apenas se houver a produção e venda desse produto; existirá independente dele. De que
adianta, então, ficarmos imputando para cada unidade de cada produto uma parcela
do Custo Fixo? Essa parcela dependerá da quantidade de produto e da forma de rateio,
e não de cada unidade em si.
Chegamos, assim, ao conceito de Margem de Contribuição por Unidade, que é a
diferença entre o preço de venda e o custo variável de cada produto; é o valor que cada
unidade efetivamente traz à empresa de sobra entre sua receita e o custo que de fato
provocou e que lhe pode ser imputado sem erro. Verifiquemos o seguinte:
65
Unidade III | Custeio variável
Cada unidade de L contribui com $770; não podemos dizer que isso seja Lucro, já
que faltam os Custos Fixos; trata-se de sua Margem de Contribuição Unitária, para
que, multiplicada pela quantidade vendida e somada à dos demais, perfaça a Margem
de Contribuição Total. Desse montante, deduzindo os Custos Fixos, chegamos ao
Resultado, que pode ser, então, o Lucro da empresa.
O fundamental é que, verificando a tabela 27 notamos que o produto que mais contribui
por unidade para a empresa é o M, seguido pelo N e, finalmente, pelo L. Cada unidade
de M provoca de fato uma “sobra” de $900, diferença entre receita e custo variável.
Se existe um produto que deva ter sua venda incentivada é o M, que tem a maior
Margem de Contribuição por Unidade.
Já sabemos e não é mais necessário fazer outros cálculos para se provar que, caso
mudássemos os critérios de rateio, chegaríamos a valores diferentes de Lucro total por
produto, devido às variações nos custos de cada um. O resultado final da empresa seria
o mesmo, não podendo variar em nosso exemplo, já que as quantidades produzidas
foram todas vendidas.
66
Custeio variável | Unidade III
Nessa forma não existe “Lucro” por produto, mas sim Margem de Contribuição; os
Custos Fixos são deduzidos da soma de todas as Margens de Contribuição, já que de
fato não pertencem a este ou àquele produto, e sim ao global.
67
Unidade III | Custeio variável
A situação atual mostra a empresa com prejuízo, sem conseguir atingir a meta de lucro,
pois falta obter $ 20.000 para atender aos níveis de rentabilidade desejada.
68
Custeio variável | Unidade III
Esta análise parte do princípio de que, neste momento, não há restrição de demanda para
nenhum produto, o que não é uma situação normal para as empresas, que dificilmente
conseguem produzir e vender um único produto. O objetivo desta análise, contudo,
é dar um parâmetro de rentabilidade máxima possível, sem restrição de demanda.
Assim, com a capacidade horária existente poder-se-ia ter uma produção máxima
de 8.200 unidades do produto A, 2.050 do B e 820 do C. Com esses dados, podemos
fazer uma simulação de lucratividade total para cada um dos três produtos produzidos
exclusivamente.
69
Unidade III | Custeio variável
Caso a empresa produzisse unicamente este produto C, seu resultado seria negativo
em $48.000. Não alcançando o lucro desejado, em relação a este teria um resultado
negativo de $58.000.
Com relação ao produto B, por ter uma margem de contribuição horária superior à
do C, ele permite maior lucratividade e apresenta um resultado total melhor que o
do C, caso fosse produzido e vendido exclusivamente, conforme mostra a tabela 33.
70
Custeio variável | Unidade III
Dessa forma, o Produto A é de fato o mais rentável para a empresa, tendo como
elemento base a capacidade produtiva em horas da organização.
71
CAPÍTULO 3
Ponto de equilíbrio
Para uma empresa em particular, como ela individualmente não tem força para mudar
o mercado, sua representação é linear. Isso porque, ela possui um preço relativamente
estável para seu produto, fazendo com que sua receita total seja tal preço vezes o
número de unidades vendidas:
$ $
Receita total do
Setor ou do Receita total de
Mercado uma Empresa
do setor
Volume Volume
72
Custeio variável | Unidade III
R$
Ponto de
Equilíbrio
Receitas
Variáveis Totais
Custos e
Despesas
Totais
Fixos
Volume
Até esse ponto, a empresa está tendo mais Custos e Despesas do que Receitas,
encontrando-se, por isso, na faixa do Prejuízo; acima, entra na faixa do Lucro. Esse
ponto é definido tanto em unidades (volume) quanto em reais.
Como se busca um ponto em que os lucros serão iguais a zero, a equação fica:
73
Unidade III | Custeio variável
Essa função pode ser demonstrada considerando a equação que fundamenta o ponto
de equilíbrio. Vamos demonstrar a fórmula do ponto de equilíbrio (PE):
Em que:
Assim, temos:
MC × Q = CF
74
Custeio variável | Unidade III
𝐶𝐶𝐶𝐶
𝑃𝑃𝑃𝑃(𝑄𝑄) =
𝑀𝑀𝑀𝑀𝑢𝑢
Fórmula:
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓 𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡
𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒í𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏 𝑒𝑒𝑒𝑒 𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣𝑣 =
𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐çã𝑜𝑜 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝
Em nosso exemplo, o valor mínimo que a empresa necessita vender para cobrir todos
os seus custos fixos e variáveis é $ 1.190.000.
75
Unidade III | Custeio variável
Por definição, o ponto de equilíbrio operacional é a quantidade de itens que deve ser
vendida para cobrir todos os custos e despesas fixas apurados pela empresa, deixando
de lado os aspectos financeiros e não operacionais. Assim, o ponto de equilíbrio
operacional considera os seguintes dados:
» Receitas de vendas.
» Despesas variáveis.
Vamos abater dos custos e das despesas totais fixas $ 80.000, referentes às despesas
financeiras e aos efeitos monetários, ficando com um total de gastos fixos de $ 480.000
($ 560.000 – $ 80.000).
𝐶𝐶𝐶𝐶
𝑃𝑃𝑃𝑃(𝑄𝑄) =
𝑀𝑀𝑀𝑀𝑢𝑢
$480.000
𝑃𝑃𝑃𝑃(𝑄𝑄) = = 600 𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢
$800
77
Unidade III | Custeio variável
Vamos supor que os acionistas da empresa tenham investido $1.000.000 e que desejem
um retorno mínimo de 10% ao ano, adicionaríamos ao total dos custos e despesas
fixas $100.000, valor que seria o lucro mínimo desejado no período pelos acionistas.
$560.000 + $100.000
𝑃𝑃𝑃𝑃(𝑄𝑄) = = 825 𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢
$800
78
Custeio variável | Unidade III
$488.000
𝑃𝑃𝑃𝑃(𝑄𝑄) = = 160.000 𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢𝑢
$3,05
Margem de segurança
Por definição, é o volume de vendas que ultrapassa as vendas que foram determinadas
pelo resultado do ponto de equilíbrio. Este volume excedente, que pode ser tanto o
valor de vendas orçadas como também o valor real das vendas, serve para analisar a
margem de segurança.
79
Unidade III | Custeio variável
Equacionando:
No nosso exemplo:
𝑀𝑀𝑀𝑀 = 1.700.000 − 1.190.000 = 510.000
O ponto de equilíbrio não poder aplicado em qualquer método de custeio. Esse ponto
só se aplica ao Custeio por Absorção, isso porque quando a produção for igual à venda,
em termos de unidades, e não houver estoques finais, é aplicado o ponto de equilíbrio,
caso contrário, haverá distorções que serão provocadas pelos Custos Fixos mantidos
em estoque, ora para mais, ora para menos. Já no Custeio Variável, o resultado será
sempre igual ao calculado em função dessas relações entre o Custo e o Volume, e
calculando o ponto de equilíbrio para aqueles valores.
80
CUSTEIO ABC UNIDADE IV
CAPÍTULO 1
Introdução
A grande crítica ao custeamento por absorção está relacionada aos custos indiretos
comuns, normalmente tidos como fixos em relação ao volume de produção, que
são alocados aos diversos produtos por critérios de distribuição. Os defensores do
custeamento variável entendem que esses critérios, arbitrários ou subjetivos, invalidam
o correto custeamento dos produtos.
De acordo com alguns autores, as metodologias aplicadas dos custos fixos indiretos
de fabricação aos produtos por meio de valores percentuais de absorção baseados em
alguma medida razoável de atividade, tais como horas-máquinas de fabricação, horas
ou valor de mão de obra direta, têm gerado grandes erros na atribuição de consumo
de recursos dos departamentos indiretos para os produtos individuais, provocando
também sérias distorções na formação de preços de venda baseados nos custos de
fabricação.
81
Unidade IV | Custeio ABC
O Custeio ABC tem como objetivo identificar as atividades relevantes dentro de cada
departamento. Neste ponto, pode ocorrer de a empresa já possuir uma estrutura contábil
que faça a apropriação de custos por Centro de Custos, por Centros de Trabalho, por
Centros de Atividades etc., este é o primeiro passo que irá possibilitar adaptações
importantes.
É possível que cada centro de custo possa desenvolver apenas uma atividade, e, assim,
facilita demais o trabalho; no entanto, geralmente, este fato tem uma frequência muito
normal nos centros de custos de produção. Como o foco principal do custeio ABC são
os custos indiretos, e estes estão mais concentrados nos centros de custos de apoio
(de serviços), não é muito comum encontrar, nos sistemas de custos, esse nível de
detalhamento.
No caso de nosso exemplo, vamos admitir que foram identificadas as seguintes atividades
relevantes:
82
Custeio ABC | Unidade IV
» aluguel + imposto predial + água + luz + gás = custo de uso das instalações
Muito das vezes, se faz necessário (recomendável) separar uma determinada conta em
várias outras (subcontas) para melhor notabilizar os recursos utilizados por diversas
atividades. Por exemplo, a conta de Mão de obra Indireta pode ter que ser aberta para
separar as quantias gastas nas diferentes finalidades.
1. alocação direta;
2. rastreamento;
3. rateio.
83
Unidade IV | Custeio ABC
» número de empregados;
» área ocupada;
» quantidade de kwh;
Direcionador de Custos?
Direcionador de custos é o fator que determina o custo de uma atividade. Sabemos que
para executar as atividades dentro das empresas são necessários recursos para serem
realizadas, entende-se que o direcionador é a genuína causa dos seus custos.
O direcionador, como resultado do custeio de produtos, deve ser o fator que indica
e induz a maneira como os produtos são consumidos (utilizados) nas atividades.
Assim, o direcionador de custos será a informação utilizada para conceder os custos
das atividades aos produtos.
84
Custeio ABC | Unidade IV
Cabe ressaltar que os direcionadores podem variar de empresa para empresa, dependendo
de como as atividades são executadas e seus motivos.
85
CAPÍTULO 2
Etapas do custeio ABC
A preocupação do custeio ABC está exclusivamente nos custos indiretos ou custos fixos,
com o objetivo de identificar em primeira mão quais são os elementos causadores de
seu consumo e, só depois, estimular a alocação dos produtos. Como os custos variáveis
e diretos, por definição, já estão alocados de modo correto, não existe a necessidade
de tratamento desigual para esses elementos de custos.
86
Custeio ABC | Unidade IV
Alguns estudiosos entendem que a aplicação do custeamento por atividade não traz
grandes resultados substanciais em termos de controle para o sistema de informação
87
Unidade IV | Custeio ABC
No sistema de custos ABC, deverá haver outro subsistema de custos que permita
acumulação por atividades. Como a acumulação tradicional não pode ser suprimida, o
sistema ABC exige contabilização complementar e adicional, por atividades. Supondo
que o setor de compras tenha pelo menos quatro atividades principais, os mesmos
gastos deveriam ser acumulados também por atividade, em outro subsistema.
A base do custeio por atividade sugere que todas as atividades consomem recursos,
culminando em custos, e os produtos utilizam dessas atividades, capturam seus custos.
Com isso, o método de custeio ABC consiste em separar as empresas em atividades,
levando em consideração que essas atividades vão gerar custos, calculando o custo de
cada unidade; entendendo o comportamento de cada atividade, observando como esses
custos são causados nas atividades e, em seguida, direcionar os custos de acordo com
os produtos e sua intensidade de uso, como esquematizado nas figuras 7 e 8.
88
Custeio ABC | Unidade IV
usam consomem
Produtos Atividades Recursos
Custos de complexidade
Os sistemas tradicionais separam os custos em fixos e variáveis e consideram que os
custos variáveis se alteram quando há mudanças no volume de produção da empresa,
sendo que os custos fixos permanecem inalterados no curto prazo.
Porém, muitos itens de custo importantes variam não de acordo com o volume de
produção, e sim de acordo com mudanças sofridas durante alguns anos no projeto
dos produtos, no composto de produção (product mix), além do próprio volume de
produção. Em outras palavras, o principal determinante do montante desses custos é
o grau de complexidade da estrutura de produção da empresa.
89
Unidade IV | Custeio ABC
Para ilustrar essa relação entre custos e complexidade do sistema produtivo, a figura 9
compara duas fábricas semelhantes, com mesmo tamanho e equipamentos, produzindo
uma única classe de produto: automóveis. A fábrica I produz 15.000 automóveis azuis
por ano. A fábrica II produz anualmente 10.000 automóveis azuis e 5.000 automóveis
de outras cores, com cerca de dez variedades de cor diferentes, perfazendo um total de
15.000 automóveis. Os produtos são exatamente iguais, exceto pela cor.
ABM
Com o desenvolvimento do conceito de custeamento por atividade surgiu em paralelo
o conceito da gestão baseada em atividade, o ABM (activity based management). O
principal objetivo da gestão baseada em atividade - ABM é transformar o conceito de
atividades no foco da gestão econômica da empresa, por meio da avaliação da eficiência,
da produtividade e do desempenho das atividades.
90
Custeio ABC | Unidade IV
91
Unidade IV | Custeio ABC
92
Custeio ABC | Unidade IV
93
CAPÍTULO 3
Estrutura do custeio ABC
Recursos
Produtos ou
Objetos de custo
94
Custeio ABC | Unidade IV
Figura 11. Visão conceitual resumida do custo ABC (recursos, atividades e produtos).
Recursos
Geradores de Medidas de
Atividades
processo desempenho
Objetos de custo
Fica clara a diferença básica: enquanto nos métodos tradicionais os custos indiretos são
atribuídos diretamente aos produtos por meio de algum critério de rateio, normalmente
considerados arbitrários, no custeio ABC busca-se reconhecer uma relação causal entre
o consumo dos recursos e as atividades desenvolvidas por meio da identificação dos
direcionadores de custos. Após o reconhecimento da relação causal do consumo de
recursos e de custos pelas atividades, buscam-se identificar os produtos que consumiram
tais atividades.
O primeiro passo é a identificação das atividades dos diversos setores de apoio com seus
principais direcionadores de custos, obtendo-se o custo de cada atividade desenvolvida
nesses setores de apoio. A tabela 43 apresenta um exemplo.
95
Unidade IV | Custeio ABC
Quantidade de direcionadores
Total Produto A Produto B
Área Industrial
Processos desenvolvidos 500 100 400
Preparação de máquinas 6.000 800 5.200
Ordens de compras 1.000 500 500
Ordens de produção 2.000 1.430 570
Horas de máquinas 15.000 4.500 10.500
Área Administrativa e Comercial
NF/faturas/duplicatas emitidas 2.100 1.500 600
Relatórios financeiros 100 50 50
Expedições 700 500 200
Pedidos de vendas 500 300 200
Total do custo das atividades por produto
Custo unitário por atividade Produto A Produto B
Área Industrial
96
Custeio ABC | Unidade IV
Somando o custo das atividades dos setores de apoio aos produtos A e B com os dados
do custeamento direto de cada um desses produtos, tem-se o total de seu custo unitário
pelo método ABC, que apresentamos a seguir.
Produto A Produto B
$ $
Custo industrial
Matéria-prima 460,00 1.140,00
Materiais auxiliares 36,00 72,00
Mão de obra direta 200,00 300,00
Custo das atividades industriais 207,12 1.242,20
Total do custo industrial 903,12 2.754,20
Despesas operacionais
Comissões 192,07 335,83
Custo das atividades administrativas/comerciais 120,45 178,88
Total das despesas operacionais 312,52 514,71
Custo unitário total dos produtos 1.215,64 3.268,91
Fonte: Padoveze, 2013.
97
Unidade IV | Custeio ABC
Margem de lucro
Preço de venda unitário 1.883,00 100,00% 3.292,50 100,00%
Custo industrial unitário 903,12 47,96% 2.754,20 83,65%
Despesas operacionais por unidade 312,52 16,60% 514,71 15,63%
Lucro Líquido por unidade 667,36 35,44% 23,59 0,72%
Fonte: Padoveze, 2013.
Produto A Produto B
Preços Preços Total geral
Qtde Total Qtde Total
Unit. Unit.
Vendas 1.883,00 625 1.176.875 3.292,50 250 823.125 2.000.000
Custo ABC 1.215,64 625 759.771 3.268,91 250 817.229 1.577.000
Lucro (margem) bruto 667,36 625 417.104 23,59 250 5.896 423.000
Despesas operacionais*
Salários e despesas
0
administrativas
Salários e despesas comerciais 0
Comissões sobre vendas 0
Soma 0
Lucro operacional 423.000
98
CUSTO PADRÃO UNIDADE V
CAPÍTULO 1
Introdução
Existem diversas acepções de Custo Padrão. Custo Ideal de Produção é uma delas,
que visa determinar esse custo ideal de produção de um determinado bem ou serviço.
Observando a ideia, o Custo Ideal de Produção seria atingir a eficiência utilizando os
melhores recursos disponíveis: matéria-prima, mão de obra, capacidade da empresa etc.
sem considerar qualquer parada durante o processo a não ser as que estão programadas
para manutenção preventiva. Entretanto, a ideia assim abordada está em desuso, o que
se esperava com essa prática era de gerar um custo em “laboratório”.
A restrição no uso do Custo Padrão Ideal é extremo, isso porque o seu resultado serviria
apenas para realizar comparações no máximo uma vez por ano, como exemplo, para
medir a evolução dos custos com relação aos anos anteriores vislumbrando uma ideia
do que pode ter acontecido.
Outro conceito ligado ao Custo Padrão que apresenta características muito mais práticas
e aceito pela sua abordagem é o Custo Padrão Corrente. O Custo Padrão Corrente
99
Unidade V | Custo padrão
trata sobre o valor do custo que a empresa fixa como objetivo para o período seguinte
para um determinado produto ou serviço, considerando na sua concepção todas as
irregularidades existentes no processo como qualidade de materiais, mão de obra,
equipamentos, fornecimento de energia etc. A empresa considera esse custo difícil de
ser atingido, mas não alcançável.
A diferença entre o Custo Padrão Ideal e o Custo Corrente está em diversos pontos. O
Corrente considera no seu cálculo algumas irregularidades que acontecem no processo
da empresa, excluindo aquelas que a empresa julga serem sanadas; o Custo Padrão
Ideal atua na exclusão das causas que não podem ser eliminadas cientificamente. Cabe
ressaltar que o Custo Corrente não é concebido apenas com base estudos teóricos, mas
também em pesquisas e testes práticos, mediante estudos e cálculos não distanciados
da realidade.
A pergunta que podemos fazer é: qual a diferença entre o Custo Padrão Corrente do
Custo Estimado? Acredito que se uma forma simples e objetiva de distinguir um custo
do outro seria que o Custo Padrão Corrente é o custo que deveria ser, enquanto o
Estimado é o que deverá ser. O Custo Padrão Corrente é o que a empresa deveria
alcançar a curto e médio prazo, se conseguisse atingir certos níveis de desempenho,
já o Custo Estimado é o que normalmente a empresa deverá obter a longo prazo.
O Custo Padrão Corrente é mais elaborado; exige que determinados estudos sejam
feitos, enquanto o Custo Estimado parte da suspeita de que a média do passado é que
pode ser usada como referência havendo pequenas variações esperadas que podem ser
representadas pelo volume de atividade, mudança de equipamentos etc.
Por exemplo, para a fixação do Custo Padrão Corrente, a empresa precisa coletar
dados sobre a produtividade de cada máquina, considerando-se suas características
100
Custo padrão | Unidade V
técnicas, tais como número de turnos de trabalho, volume que deveria produzir (talvez
fornecida pelo próprio fabricante), velocidade, consumo de energia e lubrificantes
que deveria ter etc. Enquanto o Custo Estimado, a informação que devemos utilizar
é simplesmente a média dos períodos passados, fato é que se algum problema tivesse
acontecido nos períodos anteriores, o resultado da média não estaria contemplando
tal problema, por exemplo, se por um problema de regulagem a máquina estivesse
consumindo mais energia do que deveria, esse fato nem seria percebido.
Em suma, o Custo Padrão Corrente é mais “científico”, tratando o casamento entre
aspectos teóricos e práticos da produção, enquanto o Custo Estimado só levaria em
conta os práticos, podendo por isso nunca apontar defeitos ou ineficiências que seriam
sanados com aquele (o Custo Padrão Ideal tende a ser, por outro lado, extremamente
teórico).
Seu grande objetivo, portanto, é o de apresentar um critério de comparação entre o que
ocorreu de custo e o que deveria ter ocorrido. Então, conclui-se que o Custo Padrão
é uma técnica auxiliar e não um método ou critério de contabilização de custos como
vimos anteriormente como Absorção e Variável. Não é uma alternativa, mas sim um
assistente. O estabelecimento do Custo Padrão não significa a exclusão de Custos a
Valores Reais Incorridos (Custo Real); pelo contrário, só se torna eficaz à medida que
exista um Custo Real, para se retirar, da comparação de ambos, as inconformidades
existentes.
Um Custo Padrão pode ser representado por meio de medidas físicas e monetárias,
pertencentes a elementos de receita e ao custo dos eventos, transações e atividades
adequadamente aferidos, que deveriam ser alcançados a partir de condições
preestabelecidas, ligados à decisão de elaborar uma unidade de produto ou serviço,
em um determinado período de tempo.
O custo padrão tem as seguintes características:
101
Unidade V | Custo padrão
É muitas vezes encontrada a ideia de que a empresa ou tem Custo Real ou tem Custo
Padrão. Essa ideia pode existir graças à compreensão de que Custo Padrão é uma
forma mais refinada de se fazer Custo. Na verdade, o Custo Padrão é uma referência de
comparação para o Custo Real, e só tem de fato prestabilidade à medida que a empresa
tem um bom Custo Real. O que adiantaria a estimação de um excelente Custo Padrão
se a empresa não obtivesse seu verdadeiro custo de produção incorrido? Será que
tomaria decisões baseada num valor que não o verdadeiro? Como acreditaria que de
fato sua produção está sendo realizada dentro do que deveria estar? O Custo Padrão
nunca foi uma forma de descomplicar a vida da empresa. Essa é uma ideia equivocada,
concebida de uma visão incompleta do que seja esse Sistema. Custo Padrão provoca
sempre a admissão de mais trabalho por parte da empresa do que se não o tivesse. Há,
realmente, alguns pontos de facilitação, como valores já fixados na contabilização dos
estoques, não havendo a necessidade da apuração do Custo Real para seu registro, o
que descomplica e torna mais rápida a elaboração dos relatórios mensais; permitem
à empresa fazer fechamento de Custos em períodos trimestrais, por exemplo, sem
eliminar os balancetes e balanços mensais.
Mas não podemos nos enganar e achar que essas facilidades não são suficientes para
fazer do Custo Padrão uma forma de custeio com menos volume de trabalho. Pelo
contrário, haverá, com sua implantação, um maior montante de serviço, devido à
comparação entre Padrão e Real, à análise das variações ocorridas e, principalmente,
ao desencadeamento do processo de correção, quando cabível.
O Custo Padrão não exclui o Custo Real, nem minimiza sua tarefa; aliás, a adoção do
Custo Padrão só pode ser próspera onde já exista um bom sistema de Custo Real (quer
Absorção, quer Variável ou qualquer combinação entre eles).
102
Custo padrão | Unidade V
Quanto à análise das diferenças entre o Custo Padrão e o Custo Real, os responsáveis
pela análise, conhecedores de que aquele é suscetível de ser encontrado, estarão
provavelmente cativados na verificação das inconsistências e sua eliminação. Para os
responsáveis, uma diferença de 12% é um resultado importante e que deve ser analisado
e pesquisado. Entretanto, se os responsáveis pela análise perceberem que o Custo
Padrão é sem-razão (absurdo) para as conjunturas atuais, uma discordância de 80%
será igual a outra de 50% e não haverá grande estímulo para solução. “A variabilidade
é inevitável, não adianta muito correr atrás dela” poderá ser o pensamento reinante.
Entretanto, para que haja sucesso no Custo Padrão, a empresa precisa tratar com certo
grau de seriedade a identificação e o tratamento entre o Custo Padrão e o Custo Real.
Para isso, a alta gerência deve estar consciente e disposta a expandir aos demais níveis
inferiores da organização. De pouca ou nenhuma utilidade será o Sistema se emitidos
inúmeros relatórios a respeito das variações e ninguém estiver disposto a reduzir ou
eliminar essas variações, gradativamente o clima organizacional pode ser acometido
por desânimo e frustração dos responsáveis pelo sistema e a falta de comprometimento
cobrado junto ao pessoal da produção acabarão por desmoralizá-lo. As consequências
são grandes, quando não controlamos, toda a essência do Custo Padrão desaparece. O
controle gera medidas de correção, e não produz relatórios com divergências.
103
Unidade V | Custo padrão
ocorra com o Custo Padrão, mas com ele se converte numa prática inevitável; prática
essa de extraordinária importância.
Ao se fixar o Custo Padrão, ele deve ser construído com base em quantidade e valor,
por exemplo, quilogramas de material e preço por quilograma, de forma a avaliar
onde estão as diferenças. E para a comparação, o Custo Real também precisa realizar
o mesmo levantamento de quantidades e valores consumidos. E esse fato irá realmente
possibilitar melhores controles e análises por parte da empresa.
104
CAPÍTULO 2
Conceitos do custo padrão
Apresentamos duas definições diferentes de Custo Padrão. São duas definições emitidas
por três especialistas em Contabilidade. Poderíamos adicionar uma série de definições,
apresentadas por outros estudiosos, entretanto, todas elas muito se assemelham às
duas mostradas aqui. As duas definições vão permitir que façamos uma análise mais
minudente dos conceitos emitidos para termos uma ideia mais exata deste tipo de
custeamento de aplicação generalizada. Ambas as definições constam de dois dicionários.
A segunda definição está no dicionário do Prof. Eric Kohler (1975). “É uma previsão
ou predeterminação do que os custos reais devem ser dentro de condições projetadas,
servindo como uma base para o controle de custos e como uma medida da eficiência
de produção (padrão de comparação), quando colocada diante desses custos reais.
Ele fornece uma oportunidade para que os resultados correntes sejam analisados e as
responsabilidades pelos desvios possam ser apontadas.”
105
Unidade V | Custo padrão
» Ele observa cada fator de produção – materiais, mão de obra e gastos gerais
de fabricação. As ações de simulação e de previsão mencionadas no segundo
item voltam-se para cada um desses recursos fabris. Os custos-padrão podem
ser empregados para o controle somente do consumo de materiais. Em
muitas empresas, o processo fabril é de tal modo padronizado, em termos
de tratamento dos materiais, que fica mais fácil o emprego do sistema de
custos-padrão para o controle do consumo desse fator de produção, cujos
quantitativos já são do conhecimento da área operacional. Nesse caso, fica
faltando apenas acrescentar-lhes os preços-padrão.
106
Custo padrão | Unidade V
» São comparados com os custos históricos. Que são custos históricos? Vamos
explicá-los de maneira especial. Um dos fundamentos da Contabilidade é
a procura da objetividade. A objetividade é alcançada, entre outras ações,
pelo registro das transações e das operações pelo valor original (chamado,
também, de custo original). “Ao adotar a ideia de que a avaliação deve ser
realizada com fundamento no valor de entrada, o princípio consagra o uso
dos valores monetários decorrentes do consenso entre os agentes econômicos
externos e a entidade – contabilmente, outras Entidades – ou da imposição
destes” (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 1995). O custo
histórico é o valor de entrada, é o valor original, que deve ser empregado
para o registro das transações, e como consequência, das operações internas.
Se é um valor de consenso, então não existe a subjetividade que poderia
poluir o estabelecimento da informação contábil que deve ser, entre outras
qualidades, totalmente confiável. Os custos históricos, portanto, são os
custos registrados. São aqueles que constam dos registros contábeis, que
se referem aos valores objetivos, reais, dos elementos patrimoniais. São
aqueles que realmente refletem o que aconteceu. Os custos-padrão devem
ser comparados com esses custos históricos.
107
Unidade V | Custo padrão
A definição do Prof. Kohler é apresentada de outro modo, mas diz, no entanto, o mesmo
que a definição dos estudiosos brasileiros. Dá a entender que as previsões determinam
o que os custos reais devem ser. Isto é, os custos reais devem ser os padrões, dentro de
condições projetadas. Se as condições forem semelhantes às projetadas, os custos reais
serão os custos-padrão. Quaisquer divergências são anomalias e devem ser analisadas,
se relevantes forem. As responsabilidades pelas discrepâncias devem ser definidas.
Os outros recursos consumidos geram custos que não são identificados diretamente
aos objetos do custeio, no caso, os produtos. São custos indiretos de fabricação. É
necessário que a Contabilidade de Custos empregue alguns artifícios para fazer essa
identificação e, finalmente, esse débito. Os custos indiretos de fabricação são carregados
aos custos dos produtos por meio de taxas predeterminadas.
108
Custo padrão | Unidade V
109
Unidade V | Custo padrão
110
CAPÍTULO 3
Finalidades do custo padrão
O principal objetivo do Custo Padrão é fornecer informações para controle dos custos
da empresa. A ideia é fornecer um padrão de comportamento para os custos, ou seja,
o Custo Padrão vai fixar quais deveriam ser os montantes para, ao final da apuração
dos custos do período, proceder-se à comparação com os custos realmente ocorridos.
As diferenças existentes entre o custo padrão e o custo real são, então, evidenciadas e
analisadas. Assim, o procedimento do Custo Padrão consiste em:
Vamos abordar apenas os custos de matéria-prima que são analisados com esse tipo
de procedimento, sendo os demais itens de custos trabalhados por meio de outros
métodos (RKW, ABC e UEP).
111
Unidade V | Custo padrão
A fixação do padrão pode ser feita com maior ou menor rigidez, dependendo dos
objetivos a que se propõe. Um padrão mais apertado, só atingido em condições ideais
de fabricação, se presta a uma meta de longo prazo, podendo apresentar problemas de
motivação a curto prazo, pois praticamente nunca será atingido. Esse padrão ideal não
é muito empregado para efeitos de avaliação de desempenho, devido a essa tendência
à desmotivação e à dificuldade em ser determinado.
No entanto, a utilização desse tipo de padrão faz com que a análise possa ser realizada
de acordo com o princípio do custeio ideal, propiciando todos os benefícios potenciais.
Um padrão mais realista, denominado padrão corrente, determinado considerando-
se as deficiências subjacentes ao processo produtivo, pode minimizar o problema da
desmotivação, pois, se é difícil atingir o padrão, ao menos é possível aproximar-se
bastante dele.
A sistemática do custo padrão pode ser aplicada a todos os custos da empresa, apenas
para os custos de matéria-prima, para os de mão de obra direta ou para os insumos mais
relevantes, dependendo do que se julgar conveniente. Da mesma forma, não precisa
estar integrado no sistema de custos da empresa; as variações podem ser analisadas à
parte do sistema formal.
O custo real tem validade somente no sentido de que, após a análise de sua variabilidade,
sobre um custo padrão, identificam-se as causas das variações e, por meio delas,
possibilita-se a correção dos rumos atuais. Para o dia a dia, o custo padrão tem muito
mais utilidade que o real. Além disso, este último apresenta muita variabilidade unitária,
uma vez que depende do volume de atividade, produção ou venda. Adicionalmente,
112
Custo padrão | Unidade V
sabe-se que um sistema de apuração do custo real para todas as atividades, processos,
produtos e serviços tende a ser lento e caro.
Outra vantagem da substituição do custo real é que o custo padrão não precisa ser
calculado mensalmente. Seu cálculo pode ser feito em períodos maiores, como seis
meses ou um ano. Sua atualização pode ser feita pelos critérios de inflação interna da
empresa.
Tipos de padrão
Custo padrão ideal seria o custo padrão calculado de forma científica, em que todas as
condições de utilização máxima dos recursos produtivos, de estrutura de produto e de
processo de fabricação pudessem ser alcançadas. Representa o custo de um produto
que ocorre sem nenhum desperdício ou ociosidade, em condições ideais de produção,
com os melhores equipamentos e recursos humanos. Como meta, é muito provável
que nunca vá acontecer, dadas as imperfeições ambientais, empresariais e de mercado.
Tomado como meta, faria que todos os setores da empresa se empenhassem em atingi-
lo, mas poderia até ser desmotivador, em caso de insucesso.
O custo padrão corrente é tomado como meta para todos os setores da empresa, mas
em patamares que, embora ideais e difíceis de se obter, permitam seu alcance. É um
custo ideal, adaptado, que pode ser atingido.
» Manutenção;
» Qualidade;
» Controle de estoques;
Nesse sentido, a análise das variações do custo padrão dos custos indiretos de fabricação
tem validade, uma vez que está alinhada a apenas um único nível de capacidade.
Os dados para estruturação dos padrões devem vir, primariamente, dos dados constantes
do orçamento para o período em questão. Quando o orçamento compreende um nível
de atividade normal, os dados a serem utilizados para a construção dos padrões serão
os mesmos, exceto, eventualmente, na depreciação, em que poderão ser aplicadas
formas de mensuração diferentes.
Em linhas gerais, os dados do orçamento deverão sofrer adaptação para construção dos
padrões quando o orçamento já prevê que no período orçado a empresa trabalhará com
capacidade ociosa. Como a construção dos padrões prevê que estes sejam construídos
em condições normais de produção e venda, neste caso, os dados do orçamento terão
de ser adaptados para a construção dos padrões.
114
Custo padrão | Unidade V
Construção do padrão
Tendo como foco o custo unitário dos produtos e serviços, devemos construir padrões
para todos os elementos de custos formadores do custo dos produtos e serviços.
A literatura tradicional propõe a construção de três blocos de custos padrão, quais sejam:
Claro que adotaremos a segunda abordagem, já que julgamos a mais coerente para o
momento atual.
Materiais diretos
Os materiais necessários, com suas respectivas quantidades, para se produzir determinado
produto, são evidenciados pela estrutura do produto. Esses dados são originados pela
engenharia de desenvolvimento de produtos, durante a feitura do projeto original
mais as suas atualizações.
Muitos produtos, principalmente os que são elaborados por processo contínuo utilizando
matéria-prima a granel, têm certo grau de perda ou refugo que, em condições técnicas
ou científicas, devem ser incorporados ao padrão de quantidade.
O preço padrão dos materiais diretos é aquele obtido em condições normais de negociação
de compra. A ele devem ser incorporadas as eventuais despesas que fazem parte do
custo unitário dos materiais.
115
Unidade V | Custo padrão
É importante ressaltar aqui a questão dos prazos de pagamento das compras. O preço
padrão dos materiais e dos demais insumos industriais deve ser sempre calculado na
condição de compra de pagamento à vista. Todos os encargos financeiros de juros
incorporados nos preços de compra devem ser expurgados, para trazer os preços à
condição de preços à vista. Com isso será possível a adoção de um custo padrão em
uma data base e sua atualização pela inflação interna da empresa.
Padrão de quantidade
Toneladas de material A por unidade de produto 21,0
Perda normal estimada no processo 0,8
Estimativa de refugos 0,3
Quantidade padrão por unidade de produto 22,1
Padrão de preço
Preço de compra sem impostos recuperáveis $20,70
( - ) Custo financeiro de pagamento a prazo (2,70)
Preço de compra à vista 18,00
Frete e despesas de recebimento 2,00
Preço padrão do material A $20,00
Fonte: Padoveze, 2013.
A base para a construção dos padrões de mão de obra direta é, então, o processo de
fabricação. Todas as atividades e processos necessários para fazer o produto requerem
operários para manuseio dos materiais ou dos equipamentos durante os processos.
116
Custo padrão | Unidade V
A base para a valorização dos custos de mão de obra direta deve incluir toda a remuneração
dos trabalhadores mais os encargos sociais de caráter genérico. De modo geral, utiliza-
se o critério de custo médio horário dos salários de cada departamento de produção
ou da célula/atividade de processo pela qual passa o produto por meio dos centros de
custos ou de acumulação por atividades.
Padrão de quantidade
Horas necessárias de mão de obra para montagem completa de uma unidade de produto final 10,0
Paradas para manutenção e necessidades pessoais 1,00
Horas estimadas de retrabalho de qualidade 0,50
Horas padrão por unidade de produto 11,50
Padrão de valor
Salário horário médio do setor de montagem $11,62
Encargos sociais legais $9,29
Benefícios espontâneos $2,32
Custo horário de mão de obra direta $23,230
Fonte: Padoveze, 2013.
Dentro dos gastos dos setores diretos de fabricação, além da mão de obra direta, também
ocorrem outros, comumente (até equivocadamente) denominados custos indiretos:
» gastos gerados pela mão de obra direta (energia elétrica, materiais de consumo,
treinamento, materiais de expediente etc.);
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Unidade V | Custo padrão
Exceto com relação à mão de obra indireta da chefia, os demais gastos claramente
têm vinculação com a mão de obra direta e decorrem da sua existência. A questão que
poderia ser discutida se refere à mão de obra da chefia. Mesmo que, conceitualmente,
seja indireta, não deve ser relevante, até porque ela também tem um vínculo intrínseco
com a mão de obra direta. Neste sentido, entendemos que é mais adequado tratá-la,
como os demais gastos dos setores diretos, como custo direto de fabricação.
De acordo com este critério, em vez de padronizarmos apenas o custo horário da mão
de obra direta, faremos a padronização do custo horário total de cada setor direto, que
estamos denominando custo direto de fabricação.
Tabela 50. Construção de padrões – Custo direto de fabricação –Valores orçados anuais.
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Custo padrão | Unidade V
Tabela 51. Construção de padrões – Custo indireto de fabricação –Valores orçados anuais.
Tabela 52. Construção de padrões – Custo total fabricação –Valores orçados anuais.
Custos diretos
Custo total de fabricação Indiretos OH - % OH – Valor Custo total
Mão de obra direta Demais Soma
Setor X 22,66 8,75 31,41 29,08% 9,13 40,54
Setor Y 23,23 10,97 34,20 29,08% 9,95 44,14
Total/Média 23,00 10,08 33,08 29,08% 9,62 42,70
Fonte: Padoveze, 2013.
Foi apurado que o somatório dos gastos dos setores indiretos é de $962.000. O somatório
dos setores diretos é de $3.308.330 ($2.300.330 de mão de obra direta e $1.008.000
dos demais custos dos setores X e Y).
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Unidade V | Custo padrão
Depreciação direta
A literatura tradicionalmente trata todo valor da depreciação como custo indireto.
A depreciação dos equipamentos utilizados nas fases dos roteiros de fabricação deve
ser alocada direta e unitariamente aos produtos e serviços produzidos. Assim, todos
os equipamentos diretos devem ter sua depreciação transformada em custo padrão.
Dados padrão
Depreciação direta Custo
Valor Horas
Máquina H 300.000 4.000 75,00
Equipamentos Z 500.000 6.000 83,33
Fonte: Padoveze, 2013.
O cálculo do custo padrão da depreciação direta também deve ser consistente com
o critério das práticas contábeis, de tal forma que se incorpore ao padrão o custo
baseado no valor depreciável, ou seja, o custo de reposição menos o valor residual
(valor provável de venda após vida útil), conforme exemplo a seguir:
Ficha padrão
O resumo dos dados padrão de cada produto, quantidades e valores deve ser apresentado
conjuntamente em um relatório denominado ficha padrão, também conhecido como
ficha técnica.
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Custo padrão | Unidade V
Preço de custo
𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝
𝑄𝑄𝑝𝑝 Quantidade
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Unidade V | Custo padrão
Preço de custo
𝑝𝑝𝑝𝑝𝑟𝑟
𝑄𝑄𝑟𝑟 Quantidade
Preço de custo
𝑝𝑝𝑝𝑝𝑟𝑟
𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝
122
Custo padrão | Unidade V
Para analisar as causas dos desvios, é interessante separar a variação total em partes, de
acordo com os fatores que a originaram. A variação nos custos de matéria-prima pode
ser dividida em três: devida ao não atingimento da quantidade padrão (∆Q), devida ao
não atingimento do preço de custo padrão (∆pc) e por causa dos dois fatores (∆Mista).
A variação devida ao não atingimento do padrão físico (quantidade) pode ser obtida
imaginando-se qual seria a variação caso o preço de custo padrão fosse conseguido,
como indicado na figura 16. Isso nos leva à equação:
∆𝑄𝑄 = �𝑄𝑄𝑝𝑝 − 𝑄𝑄𝑟𝑟 � × 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝
Preço de custo
𝑝𝑝𝑝𝑝𝑟𝑟
𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝
A variação por causa de não se conseguir o preço padrão (figura 17) pode ser obtida
supondo-se que a quantidade padrão tenha sido atingida:
∆𝑝𝑝𝑝𝑝 = �𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 − 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑟𝑟 � × 𝑄𝑄𝑝𝑝
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Unidade V | Custo padrão
Preço de custo
𝑝𝑝𝑝𝑝𝑟𝑟
𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝
A variação mista (figura 18) não pode ser imputada apenas à quantidade ou ao preço,
mas é decorrência das duas causas em conjunto. Tal variação pode ser calculada
multiplicando-se as diferenças entre os preços de custo padrão e real e as quantidades
padrão e real.
Preço de custo
𝑝𝑝𝑝𝑝𝑟𝑟
𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝
Por causa da dificuldade em identificar a variação mista com uma causa, é comum
agregar a variação mista na variação devida ao preço de custo (que é a variável menos
controlável), trabalhando-se apenas com as outras duas variações. Assim, a variação
devida à quantidade seria a mesma, enquanto a variação devida ao preço fica:
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Custo padrão | Unidade V
Preço de custo
𝑝𝑝𝑝𝑝𝑟𝑟
𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝
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Unidade V | Custo padrão
» MDO
Como podemos observar, os cálculos para os custos de MDO são idênticos aos da
MP, desde que a empresa mantenha controle sobre os tempos padrão e real. Caso essa
informação não esteja disponível, o exame dos custos de MDO deve ser feito como os
CIF, ou seja, em conjunto com um método de custeio.
Porém, para que isso seja 100% correto, o padrão a ser determinado deve ser o ideal,
o qual representa o máximo possível de desempenho que seria obtido do insumo
analisado, atingível somente em condições ideais de trabalho. Caso o padrão corrente
seja empregado (situação mais comum), alguns desperdícios normais são incorporados
no custo padrão, fazendo-o diferenciar-se do custo ideal.
Como exemplo, tomemos uma situação (apresentada abaixo) em que a empresa trabalha
com uma chapa, a qual não é totalmente aproveitada no processo, gerando sobras,
como mostrado na figura 20.
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Custo padrão | Unidade V
Sobra
Padrão ideal
Padrão corrente
Nessa situação, o padrão corrente de quantidade seria a totalidade da chapa, ao passo que
o padrão ideal de quantidade seria somente a parte efetivamente utilizada (subtraindo-
se a sobra).
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REFERÊNCIAS
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Referências
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