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Ergonomia e Projeto de Mobiliário

Brasília-DF.
Elaboração

Natalia Maria Ribeiro de Souza

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 6

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8

UNIDADE I
ERGONOMIA E O AMBIENTE ................................................................................................................ 11

CAPÍTULO 1
O AMBIENTE E SUA INFLUÊNCIA NA PRODUTIVIDADE................................................................. 12

CAPÍTULO 2
ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO.............................................................................. 15

CAPÍTULO 3
CONCEITOS DE ANTROPOMETRIA............................................................................................ 18

CAPÍTULO 4
ERGONOMIA, ACESSIBILIDADE E DESENHO UNIVERSAL ............................................................ 27

UNIDADE II
AMBIENTE E TRABALHO......................................................................................................................... 48

CAPÍTULO 1
ARQUITETURA CORPORATIVA................................................................................................... 48

CAPÍTULO 2
ERGONOMIA NO MOBILIÁRIO PARA ESCRITÓRIOS................................................................... 54

CAPÍTULO 3
ERGONOMIA E COR NOS AMBIENTES DE TRABALHO................................................................ 66

UNIDADE III
ERGONOMIA E PROJETO DO MOBILIÁRIO............................................................................................ 77

CAPÍTULO 1
DESIGN E ERGONOMIA........................................................................................................... 78

CAPÍTULO 2
PROJETO DE MOBILIÁRIO........................................................................................................ 82

CAPÍTULO 3
ASPECTOS DA ERGONOMIA EM LOJAS (ERGONOMIA NO VAREJO)......................................... 90

REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 96
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

6
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
A Arquitetura Comercial é muito importante para o sucesso de um empreendimento,
pois na maioria das vezes é a loja que proporciona o acesso do cliente ao produto. Dessa
forma, os elementos que compõem o ambiente, como: layout, materiais de acabamentos,
iluminação, mobiliário, entre outros, serão relevantes na experiência de compra, mas
vale salientar que a arquitetura comercial também engloba o meio coorporativo.

Atualmente, muitas pessoas passam parte de seu tempo no trabalho. Por isso, é
importante que empresas e escritórios estejam preocupados não só em passar uma boa
imagem para os clientes, mas também em proporcionar ambientes corporativos bonitos
e funcionais para seus funcionários, incorporados em uma única identidade visual.

A arquitetura de interiores aplicada a espaços comerciais deve levar em consideração


questões socioeconômicas, culturais e como funciona a estrutura de trabalho e a imagem
empresarial. É necessário saber como ela se relaciona com seus funcionários, produto
e o público-alvo.

É importante observar que a ergonomia não se aplica exclusivamente ao trabalho. Ela


também é útil na concepção de brinquedos, no vestuário, no esporte, em projetos de
informação, entre outros. Mas esta disciplina terá como o foco de estudo a área da
arquitetura coorporativa.

O homem, ao longo do tempo, sempre projetou e construiu seus ambientes para


habitar, trabalhar e lazer de forma que esses espaços atendessem suas necessidades.
Se formos parar para refletir, passamos a maior parte da nossa vida dentro de um
ambiente construído, por isso, há uma grande importância do papel dos profissionais
de arquitetura e design de interiores crescem a cada dia.

Esta disciplina propõe-se a agregar os conhecimentos da ergonomia, a fim de contribuir


com o desenvolvimento do espaço construído. A ergonomia antecede a decoração de
um espaço, está presente durante a criação de um projeto de arquitetura, porém, há
costume de tratar de ergonomia apenas em objetos, como por exemplo, uma cadeira e
suas características de encosto e apoio de braços. A ergonomia não pode ser deixada de
lado, pois proporciona ao usuário maior bem-estar e saúde.

Nesse sentido, a ergonomia do ambiente vai além de questões puramente arquitetônicas,


tendo como foco o seu posicionamento na adaptabilidade e conformidade do espaço ao
trabalho que nele é desenvolvido.

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A ergonomia tem suas origens na Inglaterra, relacionada ao período pós-segunda
guerra mundial. Inicialmente, seu foco era a indústria com a relação homem-máquina.
Atualmente, é observada e analisada de forma sistêmica, tendo sido abrangida por
várias áreas atrás de agregar valor às atividades ergonômicas humanas.

Segundo o Dicionário Aurélio, ergonomia é o “conjunto dos estudos que têm por objeto
a organização do trabalho em função do fim proposto e das condições de adaptá-lo
do homem ao seu trabalho”, ou seja, é a relação entre o indivíduo e o ambiente que
aperfeiçoa o desempenho de suas atividades, proporcionando conforto e, portanto,
produz qualidade de vida.

Em busca de respostas para os problemas do processo projetual, as metodologias


ergonômicas do usuário se aproximam da avaliação de suas satisfações e insatisfações.

Objetivos
»» Apresentar estudos relacionados a ergonomia mostrando a sua relevância.

»» Reconhecer seus pontos importantes da ergonomia para planejamento


de ambientes.

»» Tecer os princípios básicos da ergonomia do ambiente construído.

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ERGONOMIA E O UNIDADE I
AMBIENTE

O estudo da ergonomia (origem vem do grego ergos, que significa trabalho, e nomos,
que significa leis naturais). É uma ciência que estuda a relação entre o indivíduo e o
ambiente que aperfeiçoa o desempenho de suas atividades, proporcionando conforto e,
portanto, produz qualidade de vida.

Os aspectos ambientais são de grande importância para que as atividades sejam feitas
de forma eficaz, tornando um grande desafio de se projetar ambientes adequados que
respondam às necessidades dos usuários e que possam realizar as atividades sem
ocasionar maior esforço na execução das tarefas, insatisfação ou outros prejuízos na
saúde do usuário, através de doenças laborais, comprometendo o desempenho e a
segurança.

Infelizmente, muitas vezes, a ergonomia, é negligenciada por alguns profissionais,


porque deixam o usuário de lado e acabam focando em estéticos ou conceituais. Para
ter uma ergonomia adequada, é necessário usar características físicas, socioculturais
e psicológicas e, a partir dos aspectos físicos que indicam as proporções específicas
dentro de um projeto, pois por estar em sua fase inicial, as alternativas podem ainda
ser mudadas.

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CAPÍTULO 1
O ambiente e sua influência na
produtividade

O ambiente estimula os comportamentos que estão na mente do indivíduo, induzindo


determinada ação, ou inibindo. Realmente, são muitas as variáveis presentes no
ambiente, que podem mudar o desempenho da pessoa no trabalho; somente em
relação ao conforto ambiental estão associadas a várias causas como ruído, iluminação,
temperatura, umidade e pureza do ar, radiação, esforço físico, tipo de vestimenta etc.,
cada uma representando uma parcela importante no bem-estar dos trabalhadores e na
qualidade dos serviços.

Estudos indicam que aconteceram saltos pequenos de produtividade quando os


sistemas de iluminação e climatização são controlados pelos próprios trabalhadores, só
para se ter um exemplo.

Ambientes que são termicamente confortáveis propiciam o aumento da qualidade


dos serviços; o trabalhador fica mais concentrado pelo trabalho, por sua atividade e
pelos resultados positivos das tarefas, havendo uma diminuição de queixas tanto em
relação às necessidades individuais quanto as doenças adquiridas nesses ambientes,
diminuindo os custos operacionais.

Nesse sentido, percebe-se que, as características como a temperatura excessiva em


ambientes de trabalho aumentam o cansaço e a sonolência, que propicia a tendência a
falhas, pois reduzem a prontidão de resposta.

O tamanho e o tempo de reverberação de um cômodo afetam os índices de leitura, ou


seja, pessoas leem em um ritmo mais devagar em aposentos maiores, onde o tempo de
reverberação é mais lento, ao contrário dos aposentos menores.

A Psicologia Ambiental é o estudo do comportamento do indivíduo na sua relação com


o ambiente. Ela mostra a relevância dos fatores físicos e simbólicos dos espaços. A
Ergonomia, por meio de uma configuração espacial, preocupa-se com os objetos do
ambiente de trabalho e sua relação com a funcionalidade, o significado e o componente
social, além de estudar a maneira como os espaços são utilizados, buscando uma
adequação do processo produtivo, que favoreça a saúde, a segurança e a produtividade.

A ergonomia estuda o relacionamento entre o homem e sua atividade laboral. É uma


ciência que examina a interação do indivíduo e os equipamentos por ele utilizados no

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ERGONOMIA E O AMBIENTE │ UNIDADE I

seu ambiente. Também são aplicados conhecimentos da anatomia humana e fatores


psicológicos. Por isso, é notório que haja uma abordagem interdisciplinar, integrando
as áreas da arquitetura e psicologia ambiental, na investigação e concepção de projetos
de ambientes. Segundo os autores Vasconcelos; Villarouco e Soares (2008, p. 07):

A arquitetura foca o ambiente físico e seu relacionamento com a vida


humana, adaptando o mesmo ao modo de vida dos usuários. A psicologia
ambiental busca a importância dos valores simbólicos do espaço físico
e a ergonomia coloca o humano como elemento norteador, estudando
a forma como o espaço é utilizado, de maneira a adequá-lo às tarefas e
atividades que nele serão desenvolvidas.

Deste modo, a ergonomia ambiental, também conhecida como ergonomia do ambiente


construído, foca na adaptação do espaço para as atividades que nele são feitas. Para
esse fim, são abordados elementos da antropometria, da psicologia ambiental, da
ergonomia cognitiva e da metodologia ergonômica. Vale observar que conceitos do
conforto térmico, acústico e lumínico também devem ser preocupações na elaboração
de ambientes ergonomicamente adequados.

Quadro 1. Fatores de uma análise ergonômica do projeto do ambiente.

Análise Ergonômica do Projeto do


Ambiente

Conforto Ambiental

Lumínico, térmico e acústico

Percepção Ambiental

Aspectos Cognitivos

Medidas Antropométricas

Acessibilidade e
dimensionamento

Adequação de Materiais

Revestimentos,
Acabamentos

Fonte: adaptado de http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65132008000300009. Acesso em:


14/10/2019.

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UNIDADE I │ ERGONOMIA E O AMBIENTE

É a área da ciência que estuda maneiras de facilitar nossa relação com objetos
e máquinas. “Seu objetivo central é adaptar o trabalho ao ser humano, evitando
que ocorra o contrário”, diz o engenheiro e doutor em ergonomia Laerte Idal
Sznelwar, da Universidade de São Paulo (USP). O naturalista polonês Wojciech
Jastrzebowski foi a primeira pessoa a usar o termo ergonomia – que em grego
significa “princípios do trabalho” – num texto chamado The Science of Work (“A
Ciência do Trabalho”), escrito em 1857. Um exemplo de aplicação dos princípios
ergonômicos são os telefones com teclas. Os números não são dispostos por
acaso em quatro fileiras com três botões cada. Antes de esse formato ser lançado,
foram testados modelos com teclados circulares, diagonais e horizontais com
duas fileiras de botões. Venceu a configuração que os estudiosos perceberam ser
a mais confortável para os usuários.

A ergonomia atual vai ainda mais longe e não fica só no desenho de objetos:
as telas dos caixas eletrônicos, por exemplo, são projetadas com ícones
grandes e fáceis de localizar. Por causa da variedade de aplicações, o trabalho
em ergonomia é feito por vários profissionais, como engenheiros, arquitetos,
médicos, fisioterapeutas e psicólogos. Nos últimos anos, os estudos nessa área
ganharam destaque na criação de objetos que diminuam os riscos de lesões
por esforços repetitivos, as famosas LER, que atacam, por exemplo, quem vive
sentado diante do computador a maior parte do dia.

Fonte: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-e-ergonomia/.

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CAPÍTULO 2
Ergonomia do ambiente construído

A Ergonomia do ambiente construído é uma parte da ergonomia que engloba a


perspectiva para além do usuário, ou seja, levando em consideração o ambiente. Inclui
aspectos sociais, psicológicos, culturais e organizacionais.

Segundo Vasconcelos; Villarouco e Soares (2008, p. 7), são três grupos de elementos de
grande importância. O quadro a seguir aborda cada aspecto de acordo com os autores:

Quadro 2. Quadro explicativo.

Aspectos técnicos e materiais Aspectos organizacionais Aspectos psicológicos


Concepção espacial, layout, conceitos dimensionais,
Recursos humanos, normas e procedimentos que Percepção do usuário, fronteiras dos
mobiliário, materiais de revestimento e conforto
disciplinem a organização do trabalho. espaços, comunicação humana e estética.
ambiental.

Fonte: Texto Vasconcelos; Villarouco e Soares (2008), quadro ilustrativo da autora.

É importante enfatizar a importância da integração de áreas da arquitetura, ergonomia


e psicologia ambiental, na investigação e elaboração de projetos de ambientes. Com
base nos autores Vasconcelos; Villarouco e Soares, segue quadro explicativo:

Quadro 3. Quadro explicativo.

Arquitetura
Enfatiza no ambiente físico e seu convívio com a vida humana, moldando o espaço de acordo com vida dos usuários.
Psicologia ambiental
Procura a importância dos valores simbólicos do espaço físico.
Ergonomia
O indivíduo é o elemento que norteia, analisando como o espaço é utilizado, para adequá-lo as tarefas e atividades que nele serão
desenvolvidas.

Fonte: própria autora.

Na década de 1960, foi fundada em Zurique (Suíça) a organização internacional


– International Ergonomics Association (IEA – Associação Internacional de
Ergonomia). Com base no IEA 2016, o quadro a seguir estabelece domínios de
aplicação da ergonomia que evoluem frequentemente:

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UNIDADE I │ ERGONOMIA E O AMBIENTE

Quadro 4. Aplicação da ergonomia, com base no IEA.

Foco na anatomia humana, dados antropométricos,


fisiológicos etc. É como eles se relacionam com a
Ergonomia física atividade física. Exemplo: posturas de trabalho, movimentos repetitivos,
manuseio de materiais, layout de local de trabalho, segurança
e saúde.
Exemplos: desempenho de habilidades, tomada de decisão,
É sobre os processos mentais, como a percepção,
Ergonomia cognitiva carga mental de trabalho, estresse no trabalho, interação
memória, raciocínio e resposta do motor.
humano-computador, confiabilidade humana e treinamento.
Está concentrada com a melhoramento dos sistemas Exemplos: comunicação, tempos de trabalho, trabalho em
Ergonomia Organizacional sócio-técnicos, fazendo parte as suas estruturas equipe, design participativo, trabalho cooperativo, novos
organizacionais, políticas e processos. paradigmas do trabalho e de gestão da qualidade.

Fonte: própria autora, com base nos dados do IEA (2016).

Percebe-se a importância dos conhecimentos ergonômicos nos projetos de design e


arquitetura que contemplam o ambiente construído, ou seja, compreende-se como as
condições de conforto, o layout e o design do mobiliário e equipamentos e entre outros.
A ergonomia do ambiente construído busca considerar a relação da atividade com o
ambiente. É uma tecnologia projetual entre homens e trabalho, máquinas e ambiente.

Vale salientar que, a partir da Psicologia Ambiental e da própria Ergonomia, os estudos


de EAC engloba ao mesmo tempo:

»» ambiente construído;

»» desempenho da tarefa;

»» comportamento humano.

Com base no autor Oliveira (2016, p.114), ele aponta os cinco princípios que devem ser
considerados quando se fala em EAC:

»» Considerar a interação do homem com o ambiente: vale considerar as


suas características e limitações cognitivas, culturais, emocionais e
físicas. Iniciar o plano considerando a ecologia ambiental, logo após o
estudo dos ambientes urbanos, de ambientes públicos abertos e públicos
fechados, resultando a um estudo mais distintivo dos ambientes laborais
e dos ambientes domésticos.

»» Considerar o princípio de usabilidade: Moraes (2005, p. 11), citado por


Oliveira (2016, p.114), chama atenção para o fato de que esse termo não
se relaciona apenas com o ergodesign de interfaces computadorizadas,
mas igualmente ao ergodesign de produtos, informacional e do ambiente
construído e habitado.

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ERGONOMIA E O AMBIENTE │ UNIDADE I

»» Considerar a abordagem sistêmica: a noção do sistema homem-máquina


sempre se destacou como um dos conceitos básicos da Ergonomia,
ao focalizar a inter-relação do homem (ser humano) com utensílios,
equipamentos, máquinas e ambientes (OLIVEIRA, 2016, p.114).

»» Enfoque centrado no usuário: o indivíduo como controlador único


do sistema. O ambiente deve considerar as características físicas,
psicossociais, culturais e cognitivas do usuário. Também deve incluir
características de acessibilidade física e orientabilidade, ou seja, em
todos os sentidos deve ser universal para todas as pessoas, com foco na
adaptabilidade e conformidade do espaço.

»» Garantir conforto ambiental – acústico, luminosidade, radiação, ruído,


vibração e cor, adequação de materiais (revestimentos e acabamentos),
proporcionando ao indivíduo realizar e controlar as condições ambientais
que mais lhe satisfazem.

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CAPÍTULO 3
Conceitos de antropometria

A ergonomia tem como característica a sua interdisciplinaridade, pois diversas áreas do


conhecimento lhe dão suporte. Entre elas, tem a antropometria, que consiste no estudo
das dimensões corpóreas, ou seja, medidas como peso, altura, circunferência de cintura
e circunferência de quadril.

Há muitos séculos as proporções do corpo humano são referências de estudos de


filósofos e arquitetos. Nesse sentido, quando se remete a antiguidade, não pode deixar
de referir à Seção Áurea, criada por Euclides, 300 a.C.

Um renomado arquiteto, chamado Vitrúvio, escalonou as relações de medidas e


implicações metrológicas das proporções do corpo humano. Ele escreveu o Tratado de
Arquitetura no século I a.C. Este tratado é dividido em dez volumes, constitui uma
abrangente reflexão sobre a arquitetura e o ofício do profissional arquiteto.

Leonardo da Vinci, entre os séculos XV e XIV, foi um importante arquiteto, engenheiro,


matemático, cientista, pintor e entre outras designações, também foi estudioso da
antropometria, desenvolvendo o famoso o Homem Vitruviano, datado de 1490. É uma
figura masculina que ao mesmo tempo está em duas posições sobrepostas com os braços
tanto em um círculo quanto em quadrado. As posições dos braços e pernas formam
quatro posturas diferentes. O umbigo da figura do homem é o centro de gravidade e
o único elemento imóvel, se for comparar com as outras partes em que se nota que
possuem movimento.

Figura 1. O Homem Vitruviano, de Leornado da Vinci.

Fonte: https://asmetro.org.br/portalsn/2017/07/17/homem-vitruviano-de-da-vinci-ganha-versao-em-3d/. Acesso em: 14/10/2019.

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ERGONOMIA E O AMBIENTE │ UNIDADE I

O arquiteto Vitrúvio, assim como o Leonardo Vinci, também desenhou uma figura
humana parecida a fim de ajustar as proporções do corpo, porém não teve êxito. Foi
apenas da Vinci que serviu de referência para os padrões matemáticos.

Com o passar dos séculos, outros estudiosos fizeram releituras do Homem Vitruviano,
mas foi o arquiteto Le Corbusier que despertou o interesse no padrão vitruviano
desenvolvendo o Modulor.

Nos períodos de pós-guerra, a criação do Modulor foi importante por causa da


necessidade de abrigar muitas pessoas em espaços com metragem limitada.

O Modulor surgiu para referenciar de um indivíduo imaginário as medidas modulares


baseadas nas proporções – a princípio com 1,75 m e posteriormente com 1,83 m de
altura. Le Corbusier se baseou na estatura média do homem europeu. Depois baseou-se
na aplicação da proporção áurea. O autor Neufert (1998, p.30) explica:

A partir da altura máxima de ocupação de espaço pelo corpo humano


(distância do chão às pontas dos dedos com o braço levantado) e da
metade dessa altura (até o plexo solar) criou duas séries de valores
em relação áurea, obtidas a partir da divisão harmônica desses
comprimentos, que constituem uma gama de medidas humanas
suficientemente variada para que não se justifique recorrer na prática
a quaisquer outros valores. Na série estabelecida a partir da altura do
plexo solar, (a que chamou de série vermelha) o termo que lhe sucede
imediatamente coincide com a altura do homem. O termo principal da
série azul (altura do homem com o braço levantado) coincide com a
dição dos três termos principais das duas séries obtêm-se os valores de
ocupação do corpo humano.

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UNIDADE I │ ERGONOMIA E O AMBIENTE

Figura 2. O Modulor, de Le Corbusier.

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/911962/sobre-o-deslocamento-do-corpo-na-arquitetura-o-modulor-de-le-corbusier.
Acesso em: 14/10/2019.

Figura 3. o Modulor de Le Corbusier

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/911962/sobre-o-deslocamento-do-corpo-na-arquitetura-o-modulor-de-le-corbusier.
Acesso em: 14/10/2019.

Na arquitetura, o Modulor é um grande avanço histórico, porque nos mostra a


desarticulação corporal que a indústria produz em sempre querer padronizar. Essas
tentativas nos dizem a vontade de especificar o comum para que possa ser adotado por
todos. Vale observar que não precisa ser um especialista em arquitetura ou anatomia

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ERGONOMIA E O AMBIENTE │ UNIDADE I

para perceber que as dimensões do Modulor se referem ao corpo de um homem


caucasiano de 1,83 metros. Obviamente, este corpo representa uma porcentagem
pequena da população mundial e, ainda que as inciativas do arquiteto Le Corbusier
tivessem a intenção trazer a ordem do corpo ao espaço, retrata uma das teorias mais
adotadas não havendo contestações por parte dos arquitetos. São também uma maneira
de redesenhar o Neufert usando os meios iguais de produção que compreendem a
arquitetura como um objeto de consumo para as massas.

Vale salientar que Le Corbusier nos mostra que é preciso redesenhar/remodelar os feitos
de nossos antecessores para poder compreender e descobrir o que se adequa a nossa
realidade e, dessa forma, perceber as falhas e continuar descobrindo novas percepções.
Ao longo da história, foram realizados guias e manifestos que são documentos muito
importantes para a humanidade, mostrando como vivemos em específicos e a novas
gerações não devem deixar de revisá-los e reescrevê-los.

A Seção Áurea baseia-se em uma linha horizontal traçada através do umbigo,


resultando em três medidas diferentes do corpo. Com base em Lelis (2015 p.36),
segue a figura:

»» A – estatura do ser humano.

»» B – dimensão do eixo do umbigo até a face da planta dos pés.

»» C – dimensão do eixo do umbigo até a face do topo da cabeça.

Figura 4. O corpo humano e a Seção Áurea.


C

A
B

Fonte: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/136659/000859763.pdf?sequence=1.
Acesso em: 14/10/2019.

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UNIDADE I │ ERGONOMIA E O AMBIENTE

As mediadas corporais são uma das várias áreas de interesse do especialista em


ergonomia, pois é uma disciplina científica que faz a integração de outras áreas como a
psicologia, antropologia, fisiologia.

A antropologia é a ciência da humanidade, ou seja, é o estudo que tem a preocupação


de conhecer cientificamente o ser humano. Tem o objetivo abrangente que propõe o
homem como ser pensante, biológico e participante da sociedade. A antropologia se
divide em dois grandes campos:

»» antropologia física ou biológica;

»» antropometria cultural.

A antropometria situa-se na antropologia física, consiste em levantar dados das variadas


dimensões corporais e estuda a natureza física do homem, a origem, a evolução, os
processos fisiológicos e as diferenças raciais das populações antigas e modernas.

No final dos 1800 e início dos 1900, vários estudos sobre as dimensões do corpo humano
tinham soluções referentes a registros médicos, seleção militar ou produtos comerciais.
De acordo com Añez (2001, p.03), no início do século XX, houve um aumento nos estudos
sobre “o homem vivo e as suas marcas no esqueleto”. Ainda segundo o autor, os dados
estatísticos fornecidos “pelos médicos militares de recrutas são de especial interesse
pois relacionam as dimensões corporais com a ocupação (antropologia ocupacional)”.

Estudos feitos durante a Guerra Civil Americana, Primeira e Segunda Guerra Mundial,
mostra que foi desenvolvido nesses períodos o interesse de entender as dimensões
corporais estáticas e, também, houve o estudo dos movimentos corporais no melhor
desempenho do trabalho. Muitas pesquisas antropológicas militares sobre as dimensões
corporais foram realizadas para na construção e utilização de equipamento militar.
Segundo Añez (2001, p.04):

A necessidade da integração das ciências da vida para aplicações


de engenharia foi colocada em evidência durante a Segunda Guerra
Mundial que criou uma nova série de problemas que envolvem o
homem, a máquina e o meio ambiente. Em adição a tais problemas como
a definição das dimensões de roupas para a tropa, um grande número
de acidentes na operação de aeronaves apontou a necessidade do
estudo das suas causas. Diversos profissionais foram consultados para
estudar as ações do homem sob o estresse de voar e encontraram que a
complexidade dos modernos equipamentos militares foi concebido fora
das capacidades do homem para operá-los. Entre outros problemas,

22
ERGONOMIA E O AMBIENTE │ UNIDADE I

foi encontrado que as cabines eram frequentemente muito pequenas


para muitos pilotos dificultando ou impedindo muitos movimentos. O
estudo das dimensões corporais tomou renovado interesse quando foi
constatado que havia poucos dados confiáveis dos tamanhos dos pilotos
militares que auxiliasse na resolução desses problemas. Após a Segunda
Guerra Mundial, a ênfase em adaptar a máquina ao homem tornou-se
melhor desenvolvida com objetivos comerciais e militares levando em
consideração não apenas as medidas corporais mas também os fatores
fisiológicos e psicológicos envolvidos.

Durante a década de 1940, as dimensões antropométricas buscavam definir as médias


de uma população como peso, estatura etc. Atualmente, nota-se uma preocupação
direcionada nas diferenças entre grupos, região geográfica e a cultura. Toda população
é formada por diferentes indivíduos. É importante observar que, ao fazer um projeto de
um produto, deve-se levar em conta a diversidade consumidores.

O foco das atividades do mercado durante o período da Revolução Industrial era voltado
para as massas, por causa da necessidade de empregar as dimensões do homem para
desenvolvimento de produtos para a produção em massa. Gradativamente, a noção
de “normalidade” em relação a medidas foi sendo substituída por tabelas estatísticas.
Durante as décadas de 1940 a 1970, na área industrial, ocorreu um grande aumento da
necessidade das dimensões corporais.

Deve-se realizar sempre que for possível, as medidas antropométricas da população


para a qual está sendo elaborado um produto ou equipamento, se caso os equipamentos
projetados estiverem fora das características dos usuários pode causar estresse e até
ocasionar graves acidentes.

As medidas antropométricas frequentemente são determinadas pela média e o desvio


padrão, mas a finalidade dessas medidas necessita do modelo de projeto em que serão
aplicadas.

É necessário observar que não podemos generalizar determinando as dimensões do


homem médio ou padrão, porque é uma pequena parcela de pessoas que podem ser
consideradas como padrão, mas é preciso compreender que para a elaboração de uma
cadeira é levado em consideração as medidas de uma pessoa média, pois não vai causar
muitos incômodos para os indivíduos muito grandes e para os muito pequenos do que
se fosse projetada para um gigante ou para um anão. Vale salientar que não será perfeita
para todas as pessoas, mas provocará menos incômodos. Mas este modo de projetar
pode mudar na seguinte situação: saída de emergência. Se fosse projetada pela média,
não iria permitir que uma pessoa grande saísse ou, num determinado painel de controle

23
UNIDADE I │ ERGONOMIA E O AMBIENTE

projetado, para as medidas de uma pessoa média, não seria possível um indivíduo de
estatura baixa alcançar. Percebe-se que nestes casos são elaborados projetos levando
em consideração as dimensões de indivíduos extremos, maior ou menor conforme o
fator limitativo do equipamento. Segundo Añez (2001, p. 5):

Deve-se tentar acomodar pelo menos 95% dos casos. Projetos para faixas
da população. São equipamentos normalmente desenvolvidos para
cobrir a faixa de 5 a 95% de uma população. Por exemplo bancos e cintos
de automóveis. Desenvolver produtos para 100% de uma população
apresenta problemas técnicos e econômicos que não compensam.

No caso das saídas de emergência, muitas vezes, é necessário combinar dimensões


máximas masculinas com mínimas femininas, pois devem ser projetadas para comportar
pelo menos até o percentil 95 masculino.

De acordo com o pensamento industrial, quanto mais padronizado melhor fica, pois,
segundo este ponto de vista, os custos de produção serão menores. Mas é um equívoco,
porque existem grandes diferenças entre as médias de homens e mulheres, e a adoção
de uma média geral acaba beneficiando apenas uma faixa pequena da população. É
importante considerar se o usuário/consumidor é na maioria mulheres, é preciso
adotar média feminina, pois isso permitirá conforto para esse público. Os automóveis,
por exemplo, até a década de 1950 eram projetados para o público masculino, com o
passar do tempo o número de mulheres na direção foi aumentado, então, foi preciso
fazer uma adaptação do projeto, aumentando a faixa de ajustes do banco. Vale observar
que há projetos específicos, como observa Añez (2001, p.5):

Projetos para o indivíduo. São produtos projetados especificamente


para um indivíduo. São raros no meio industrial. É o caso dos
aparelhos ortopédicos, roupas feitas sob medida. Proporciona melhor
adaptação entre o produto e o usuário, mas aumentam o custo e só são
justificáveis em casos onde a possibilidade de falha teria consequências
que deixariam o custo muito maior como as roupas dos astronautas,
corredores de fórmula 1 etc.

As medidas antropométricas na ergonomia são muito aplicadas aos projetos do


espaço de trabalho. Os locais em que geralmente trabalham homens e mulheres são
dimensionados pelo mínimo, ou seja, o percentil 5 das mulheres. Existem inúmeros
dados antropométricos que podem ser utilizados na concepção dos espaços de trabalho,
mobília, ferramentas e produtos de forma geral. Na maioria dos casos, pode-se
utilizá-los no projeto industrial (SANTOS, 1997 apud AÑEZ, 2001, p. 6).

24
ERGONOMIA E O AMBIENTE │ UNIDADE I

Devido ao grande número de variáreis, é necessário que os dados precisam ser os que
se adaptem melhor aos usuários do espaço ou objetos. Por isso, é preciso definir com
precisão o público, como o sexo, idade e outras informações relevantes.

É necessário que as medidas corporais devam estar exatamente condicentes com as


dimensões do ambiente que é utilizado pelo indivíduo, podendo ser para atividades de
repouso ou para situações de movimento e/ou deslocamento, resultantes de variadas
ocorrências.

Com o auxílio da antropometria, é possível projetar espaços ergonomicamente


adequados para o usuário. Os espaços projetados devem atender as medidas humanas.
As figuras a seguir, de Neufert (1998), mostram medidas necessárias para diversas
situações:

»» Espaço necessário entre paredes:

Figura 5. Relação de espaço entre as pessoas e paredes.

Fonte: Neufert (1998, p. 21).

»» Espaço necessários para grupos:

Figura 6. Medidas de pessoas em grupo.

Fonte: Neufert (1998, p. 21).

25
UNIDADE I │ ERGONOMIA E O AMBIENTE

Figura 7. Comprimento do passo.

Fonte: Neufert (1998, p. 21).

»» Espaço necessário para várias posições:

Figura 8. Medidas para variadas posições.

Fonte: Neufert (1998, p. 21).

Portanto, é evidente a necessidade de se conhecer as características físicas e socioculturais


dos usuários para se projetar ambientes, objetos etc., levando em consideração essas
ferramentas como extensões do corpo humano para executar com o máximo de eficiência
e conforto o seu trabalho.

Os dados antropométricos só têm sentido para a ergonomia se as atividades que o


trabalhador desenvolve forem estudas também.

26
CAPÍTULO 4
Ergonomia, acessibilidade e desenho
universal

Com o desenvolvimento da ergonomia, houve um melhoramento na adequação dos


ambientes construídos às pessoas. Nesse sentido, há uma profunda relação entre
ergonomia, acessibilidade e desenho universal. A qualidade ambiental do projeto
associada ao desenho universal afirma que a ergonomia do ambiente construído está a
serviço da acessibilidade. No aspecto da inclusão, é preciso compreender que, para os
usuários se sentirem incluídos, os ambientes construídos precisam de locais com bom
acesso.

Quando um determinado ambiente construído não estabelece as dimensões apropriadas


para circulação e uso dos espaços, este não contribui para a acessibilidade. As pessoas
com deficiência são muito prejudicadas nesses ambientes, uma vez que possuem maiores
limitações físicas. Neste sentido, a ergonomia possibilita atender mais indivíduos, pois
se incluir as pessoas com mobilidade reduzida ampliará a acessibilidade e atenderá às
premissas do Desenho Universal.

Ao longo do tempo, a acessibilidade vem se aperfeiçoando sendo aliada ao projeto,


incluindo as pessoas aos ambientes, edifícios e equipamentos. Resultando em ambientes
mais seguros aos usuários.

Os projetos precisam ser apropriados a todos, quer seja um projeto do produto,


edificação ou espaço aberto. A acessibilidade e o desenho universal devem englobar
todos os aspectos relacionados à qualidade de vida urbana dos cidadãos.

O Desenho Universal consiste em proporcionar ao indivíduo o baixo esforço físico, tendo


uso eficiente, autônomo e confortável do espaço. Também tem o objetivo de prover
dimensão e espaço apropriados para o acesso, o alcance e o uso, de forma independente
do tamanho do corpo, da postura ou mobilidade do usuário. Segundo Bestetti (2014):

O Desenho Universal é um modo de concepção de espaços e produtos


visando à sua utilização por amplo espectro de usuários, incluindo
crianças, idosos e pessoas com restrições temporárias ou permanentes.
A meta é atingir um desenho de qualidade no qual, além de requisitos
estéticos, é fundamental o fácil entendimento sobre o uso (legibilidade),
a segurança e o conforto para todos, dotando o espaço de qualidades
que beneficiem seus usuários.

27
UNIDADE I │ ERGONOMIA E O AMBIENTE

Vale salientar que o Desenho Universal é uma tecnologia desenhada para todas as
pessoas e não direcionada apenas aos que dele necessitam, ou seja, a ideia é assegurar
que todos possam utilizar com segurança e autonomia os diversos espaços construídos,
assim como os objetos. Segundo Cambiaghi e Carletto (2016), são sete os princípios que
compõem o Desenho Universal, quais sejam:

»» Igualitário: os espaços, objetos e produtos que podem ser utilizados por


pessoas com diferentes capacidades. Exemplo: Portas com sensores que
se abrem sem exigir força de alturas variadas.

Figura 9. Porta com sensor.

Fonte: FULL, Alex (2016, p. 12). Disponível em: https://www.maragabrilli.com.br/wp-content/uploads/2016/01/un


iversal_web-1.pdf. Acesso em: 14/10/2019.

»» Adaptável: design de produtos ou espaços que atendem pessoas com


diferentes habilidades, sendo adaptáveis para qualquer uso.

Figura 10. Computador com teclado e mouse ou com programa do tipo “Dosvox”.

Fonte: FULL, Alex (2016, p.13). Disponível em: https://www.maragabrilli.com.br/wp-content/uploads/2016/01/universal_web-1.


pdf. Acesso em: 14/10/2019.

»» Óbvio: fácil entendimento para que uma pessoa possa compreender.

28
ERGONOMIA E O AMBIENTE │ UNIDADE I

Figura 11. Identificação de sanitários feminino e masculino e para pessoa com deficiência.

Fonte: FULL, Alex (2016, p.13). Disponível em: https://www.maragabrilli.com.br/wp-content/uploads/2016/01/un


iversal_web-1.pdf. Acesso em: 14/10/2019.

»» Conhecido: quando a informação é transmitida de forma a atender as


necessidades do receptador.

Figura 12. Diferentes maneiras de comunicação: símbolos e letras em relevo, braille e sinalização auditiva.

Fonte: FULL, Alex (2016, p.14). Disponível em: https://www.maragabrilli.com.br/wp-content/uploads/2016/01/universal_web-1.


pdf. Acesso em: 14/10/2019.

»» Seguro: minimizar os riscos e as possíveis consequências de ações


acidentais ou não intencionais.

Figura 13. Elevadores com sensores que permitam às pessoas entrarem sem riscos de a porta ser fechada no

meio do procedimento.

Fonte: FULL, Alex (2016, p. 15). Disponível em: https://www.maragabrilli.com.br/wp-content/uploads/2016/01/universal_web-1.


pdf. Acesso em: 14/10/2019.

29
UNIDADE I │ ERGONOMIA E O AMBIENTE

» Sem esforço: para ser usado eficientemente, com conforto e com o mínimo de
fadiga.

Figura 14. Torneiras de sensor ou do tipo alavanca.

Fonte: FULL, Alex (2016, p. 18). Disponível em: https://www.maragabrilli.com.br/wp-content/uploads/2016/01/universal_web-1.


pdf. Acesso em: 14/10/2019.

»» Abrangente: estabelece dimensões e espaços apropriados para o acesso,


o alcance, a manipulação e o uso, não importando o tamanho do corpo e
da postura ou mobilidade do usuário.

Figura 15. Banheiros com dimensões adequadas para cadeirantes ou pessoas que estão com bebês em seus

carrinhos.

Área de manobra
rotação 180º

Área de transferência

Fonte: FULL, Alex (2016, p. 17). Disponível em: https://www.maragabrilli.com.br/wp-content/uploads/2016/01/universal_web-1.


pdf. Acesso em: 14/10/2019.

Compreende-se que o desenho transmite a informação necessária para o usuário,


independentemente de suas habilidades ou das condições do ambiente, ou seja,
a percepção se torna fácil. Pode dispor a dimensão e o espaço adequados para a
acessibilidade, não importando o tamanho do corpo, da postura ou mobilidade do
indivíduo.

30
ERGONOMIA E O AMBIENTE │ UNIDADE I

Segundo Bestetti (2014), em seu artigo sobre ambiência: espaço físico e


comportamento:

As técnicas básicas de antropometria usadas ainda hoje foram


desenvolvidas no século XIX, estabelecendo medidas consistentes de
uma distância determinada. Também surgiram métodos para sintetizar
grupos de dados, chamando de percentil o número que é igual ou maior
que um determinado percentual da população. Cabe à ergonomia
transformar positivamente as condições de trabalho para as pessoas no
ambiente físico (mobiliário e equipamentos), sendo fundamentais os
conhecimentos específicos do Desenho Universal.

Portanto, os aspectos ambientais são de grande importância para que as atividades


sejam feitas de forma eficaz. O ambiente estimula os comportamentos que podem
induzir ou inibir determinada ação.

Nessa temática, podemos citar a NBR 9050/2015, norma que tem o objetivo de
estabelecer critérios e parâmetros técnicos a serem observados em projeto, construção,
instalação e adaptação de edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos às
condições de acessibilidade. Em outras palavras, essa norma contempla os princípios do
Desenho Universal e a inclusão das pessoas no uso dos espaços, independentemente das
suas condições físicas e intelectuais, ou seja, ao se pensar em um projeto arquitetônico,
deve-se propor um ambiente onde todos possam usufruir do espaço ou adaptar espaços
já existentes para que atendam a todos.

Figura 16. Entrada de uma loja adaptada com uma rampa garantindo acessibilidade.

Fonte: http://raymcneice.blogspot.com/2015/05/stop-gap-fundraiser.html. Acesso em: 14/10/2019.

Foram considerados os parâmetros antropométricos da população brasileira para


determinar as medidas de referência da NBR 9050/2015, levando em consideração as
medidas entre 5% a 95%, ou seja, os extremos correspondentes a mulheres de baixa
estatura e homens de estatura alta.

31
UNIDADE I │ ERGONOMIA E O AMBIENTE

A seguir, veremos algumas figuras extraídas da NBR 9050/2015 com as medidas


necessárias para serem consideradas nos projetos arquitetônicos.

»» Dimensões referenciais para deslocamento de pessoas em pé:

Figura 17. Uma bengala, duas bengalas e andador com rodas.

Fonte: NBR 9050 (2015, p. 7).

Figura 18. Andador rígido, vistas frontal e lateral.

Fonte: NBR 9050 (2015, p. 7).

Figura 19. Muletas tipo canadense, apoio de tripé e sem órtese.

Fonte: NBR 9050 (2015, p. 7).

32
ERGONOMIA E O AMBIENTE │ UNIDADE I

Figura 20. Bengala longa – vistas lateral, frontal e superior.

Fonte: NBR 9050 (2015, p. 8).

Figura 21. Cão-guia.

Fonte: NBR 9050 (2015, p. 8).

A seguir, a figura 22 mostra as medidas referenciais para de rodas manuais ou


motorizadas, sem scooter (reboque). De acordo com a NBR 9050 (2015), a largura
mínima frontal das cadeiras esportivas ou cambadas é de 1,00 m.

33
UNIDADE I │ ERGONOMIA E O AMBIENTE

Figura 22. Vista frontal aberta.

Fonte: NBR 9050 (2015, p. 8).

Figura 23. Vista frontal fechada, Vista lateral e Vista frontal – cadeira cambada.

Fonte: NBR 9050 (2015, p. 8).

»» Módulo de Referência (MR):

O módulo de referência é considerado pela projeção de 0,80 m por 1,20 m no piso,


ocupada por uma pessoa utilizando cadeira de rodas motorizadas ou não (figura 24).

Figura 24. Dimensões do módulo de referência (M.R.).

Fonte: NBR 9050 (2015, p. 8).

34
ERGONOMIA E O AMBIENTE │ UNIDADE I

»» Área de circulação e manobra: as figuras 25, 26 e 27 mostram dimensões


para locomoção em linha reta de pessoas em cadeiras de rodas. De acordo
com a NBR 9050, esses parâmetros apresentados se aplicam também às
crianças em cadeiras de rodas infantis.

Figura 25. Uma pessoa em cadeira de rodas – vistas frontal e superior.

Fonte: NBR 9050 (2015, p. 9).

Figura 26. Um pedestre e uma pessoa em cadeira de rodas – vistas frontal e superior.

Fonte: NBR 9050 (2015, p. 9).

Figura 27. Duas pessoas em cadeira de rodas – vista frontal e superior.

Fonte: NBR 9050 (2015, p. 9).

35
UNIDADE I │ ERGONOMIA E O AMBIENTE

A figura a seguir apresenta as medidas referenciais para a transposição de obstáculos


isolados por pessoas em cadeiras de rodas. De acordo com a NBR 9050 (2015): “A
largura mínima necessária para a transposição de obstáculo isolado com extensão de
no máximo 0,40 m deve ser de 0,80 m”. Ainda complementa que, se caso o obstáculo
isolado tiver uma extensão acima de 0,40 m, a largura mínima deve ser de 0,90 m.

Figura 28. Transposição de obstáculos – vistas frontal e superior.

Fonte: NBR 9050 (2015, p. 9).

»» Área para manobra de cadeiras de rodas sem deslocamento:

Para manobrar a cadeira de rodas sem deslocamento, as medidas necessárias são


conforme é apresentada na figura 29:  

a. para rotação de 90° = 1,20 m × 1,20 m;  

b. para rotação de 180° = 1,50 m × 1,20 m;

c. para rotação de 360° = círculo com diâmetro de 1,50 m.

36
ERGONOMIA E O AMBIENTE │ UNIDADE I

Figura 29. a) Rotação de 90°, b) rotação de 180° e c) rotação de 360º.

Fonte: NBR 9050 (2015, p.11).

A figura a seguir mostra as condições para manobra de cadeiras de rodas com locomoção.

Figura 30. Deslocamento de 90º – mínimo para edificações existentes.

Fonte: NBR 9050 (2015, p. 11).

37
UNIDADE I │ ERGONOMIA E O AMBIENTE

Figura 31. Deslocamento mínimo para 90º.

Fonte: NBR 9050 (2015, p. 11).

Figura 32. Deslocamento recomendável para 90°.

Fonte: NBR 9050 (2015, p. 12).

38
ERGONOMIA E O AMBIENTE │ UNIDADE I

Figura 33. Deslocamento consecutivo de 90°, com percurso intermediário – caso 1.

Fonte: NBR 9050 (2015, p.12)

Figura 34. Deslocamento consecutivo de 90° com percurso intermediário – caso 2.

Fonte: NBR 9050 (2015, p.12).

39
UNIDADE I │ ERGONOMIA E O AMBIENTE

Figura 35. Deslocamento de 180°.

Fonte: NBR 9050 (2015, p.12).

»» Posicionamento de cadeiras de rodas em espaços confinados: a figura a


seguir apresenta o posicionamento de cadeiras de rodas em nichos ou
espaços confinados.

Figura 36. Espaços para cadeira de rodas em áreas confinadas.

Fonte: NBR 9050 (2015, p.13).

40
ERGONOMIA E O AMBIENTE │ UNIDADE I

»» Área de aproximação: de acordo com a NBR 9050 (2015, p.15): “Deve


ser garantido o posicionamento frontal ou lateral da área definida pelo
M.R. em relação ao objeto, avançando sob este entre 0,25 m e 0,50 m, em
função da atividade a ser desenvolvida [...]”.

Figura 37. Alcance manual frontal – pessoa em pé.

Fonte: NBR 9050 (2015, p.15).

Legenda

A1 altura do centro da mão estendida ao longo do eixo longitudinal do corpo.

B1 altura do piso até o centro da mão, com o antebraço formando ângulo de 45° com o tronco.

C1 altura do centro da mão, com o antebraço em ângulo de 90° com o tronco.

D1 altura do centro da mão, com o braço estendido paralelamente ao piso.

E1 altura do centro da mão, com o braço estendido formando 45° com o piso = alcance máximo confortável.

F1 comprimento do antebraço (do centro do cotovelo ao centro da mão).

G1 comprimento do braço na horizontal, do ombro ao centro da mão

41
UNIDADE I │ ERGONOMIA E O AMBIENTE

Figura 38. Alcance manual frontal – pessoa sentada.

Fonte: NBR 9050 (2015, p.16).

Legenda

A2 altura do ombro até o assento.

B2 altura da cavidade posterior do joelho (popliteal) até o piso.

C2 altura do cotovelo até o assento.

D2 altura dos joelhos até o piso.

E2 altura do centro da mão, com o antebraço em ângulo de 90° com o tronco.

F2 altura do centro da mão, com o braço estendido paralelamente ao piso.

G2 altura do centro da mão, com o braço estendido formando 30º com o piso = alcance máximo confortável.

H2 altura do centro da mão, com o braço estendido formando 60º com o piso = alcance máximo eventual.

I2 profundidade da nádega à parte posterior do joelho.

J2 profundidade da nádega à parte anterior do joelho.

42
ERGONOMIA E O AMBIENTE │ UNIDADE I

Figura 39. Alcance manual frontal com superfície de trabalho – pessoa em cadeira de rodas.

Fonte: NBR 9050 (2015, p.17).

Legenda

A3 altura do centro da mão, com o antebraço formando 90° com o tronco.

B3 altura do centro da mão estendida ao longo do eixo longitudinal do corpo.

C3 altura mínima livre entre a coxa e a parte inferior de objetos e equipamentos.

D3 altura mínima livre para encaixe dos pés.

E3 altura do piso até a parte superior da coxa.

F3 altura mínima livre para encaixe da cadeira de rodas sob o objeto.

G3 altura das superfícies de trabalho ou mesas.

H3 altura do centro da mão, com o braço estendido paralelo ao piso.

I 3 altura do centro da mão, com o braço estendido formando 30° com o piso = alcance máximo confortável.

J3 altura do centro da mão, com o braço estendido formando 60° com o piso = alcance máximo eventual.

L3 comprimento do braço na horizontal, do ombro ao centro da mão.

M3 comprimento do antebraço (do centro do cotovelo ao centro da mão).

N3 profundidade da superfície de trabalho necessária para aproximação total.

O3 profundidade da nádega à parte superior do joelho.

P3 profundidade mínima necessária para encaixe dos pés.

»» Aplicação das dimensões referenciais para alcance lateral de pessoa em


cadeira de rodas: a figura a seguir mostra as aplicações das relações entre
altura e profundidade para alcance manual lateral sem locomoção do
tronco.

43
UNIDADE I │ ERGONOMIA E O AMBIENTE

Figura 40. Alcance manual lateral sem deslocamento do tronco.

Fonte: NBR 9050 (2015, p.18).

A figura 41 apresenta as aplicações das relações entre altura e profundidade para alcance
manual lateral com deslocamento do tronco.

44
ERGONOMIA E O AMBIENTE │ UNIDADE I

Figura 41. Alcance manual lateral e frontal com deslocamento do tronco.

Fonte: NBR 9050 (2015, p.19).

»» Superfície de trabalho: de acordo com a NBR 9050 (2015), “A


superfície de trabalho acessível é um plano horizontal ou inclinado para
desenvolvimento de tarefas manuais ou leitura”.

A figura 42 mostra, na vista horizontal, as áreas de alcance em superfícies de trabalho:

Figura 42. Vista horizontal.

Fonte: NBR 9050 (2015, p.20).

45
UNIDADE I │ ERGONOMIA E O AMBIENTE

a. A1 × A2 = 1,50 m × 0,50 m = alcance máximo para atividades eventuais.

b. B1 × B2 = 1,00 m × 0,40 m = alcance para atividades sem necessidade de


precisão.  

c. C1 × C2 = 0,35 m × 0,25 m = alcance para atividades por tempo prolongado.


(NBR 9050, 2015, p.20).

A figura 43 apresenta as áreas de alcance em superfícies de trabalho, em vista lateral.


De acordo com a NBR 9050 (2015), a) altura livre de no mínimo 0,73 m entre o piso
e a superfície inferior;  b) altura entre 0,75 m a 0,85 m entre o piso e a sua superfície
superior; c) profundidade inferior livre mínima de 0,50 m para garantir a aproximação
da pessoa em cadeira de rodas.

Figura 43. Vista lateral.

Fonte: NBR 9050 (2015, p. 20).

De acordo com a NBR 9050 (2015, p.20), “a superfície de trabalho deve possibilitar o
apoio dos cotovelos, no plano frontal com um ângulo entre 15° e 20° de abertura do
braço em relação ao tronco, e no plano lateral com 25° em relação ao tronco”.

Figura 44. ângulos ideias para apoio de braço.

Fonte: (NBR 9050/2015, p. 20).

46
ERGONOMIA E O AMBIENTE │ UNIDADE I

Vale observar que ainda existem muitos obstáculos para a efetividade de um ambiente
inclusivo no meio corporativo, não apenas arquitetônicas, na questão de acessibilidade
física, mas também culturais, como os relacionamentos interpessoais no ambiente de
trabalho. Nesse sentido, para acontecer a acessibilidade, é preciso que um trabalho
em conjunto das empresas e os envolvidos, uma vez que o processo de inclusão é um
processo constante.

É necessário fazer um mapeamento da acessibilidade da empresa e um levantamento


das adequações para o acesso e a condição adequada de trabalho para as pessoas
com deficiência poderem exercer sua autonomia e potencialidades. Para repensar
os ambientes para a inclusão, a Norma Técnica Brasileira (NBR 9050) apresenta as
diretrizes estabelecidas para a acessibilidade a edificações, mobiliários, espaços e
equipamentos urbanos.

Ao promover um ambiente acessível para as pessoas com deficiência, a empresa dá


condição de trabalho mais funcional e segura ao colaborador, contribuindo ainda,
sua permanência na empresa. Vale salientar que um ambiente livre de barreiras
não oferece benefícios somente para as pessoas com deficiências, mas também para
todos que compartilham destes espaços. É fundamental atentar-se para as estratégias
ergonômicas ao considerar as condições do ambiente de trabalho.

A ergonomia pode ampliar a relação de trabalho e psicofisiológicas dos colaboradores.


Contribui para a viabilização de um ambiente acessível, oferecendo conforto, autonomia
e segurança no trabalho. Ela precisa estar presente na escolha e/ou adaptações dos
mobiliários para ficar em função das características físicas de seus usuários. Vale salientar
que também precisa estar presente no âmbito urbano, oferecendo acessibilidade, em
guias de calçadas rebaixadas, pontos de ônibus (estes projetados para cadeirantes,
quando no acesso ao transporte público), dentre outros interesses coletivos. Também
é importante citar que, além da NBR 9050/2015, existe a lei da Mobilidade Urbana (no
12.587 de 3 de janeiro de 2012).

47
AMBIENTE E UNIDADE II
TRABALHO
Na unidade I, pode-se perceber que a ergonomia está presente durante a criação de
um projeto de arquitetura, todavia, tem-se o costume de tratar de ergonomia apenas
em objetos, como por exemplo, uma cadeira e suas características de encosto e apoio
de braços. De grande importância, a ergonomia jamais deve ser deixada de lado, pois
proporciona ao usuário maior bem-estar e saúde.

A unidade II mostra que a ergonomia, em meios corporativos, vai além de questões


apenas arquitetônicas, mas também tendo como foco o seu posicionamento na
adaptabilidade e conformidade do espaço ao trabalho que nele é desenvolvido.

CAPÍTULO 1
Arquitetura corporativa

Na revolução industrial, foi estabelecido que quantidade de horas de trabalho era


sinônimo do aumento da produtividade, mas atualmente já se sabe que não é bem
assim. Planejar e organizar as instalações são importantes decisões, porque, além
de um investimento relativamente alto, é estratégico com impacto de longo prazo,
dessa forma, afetando a sobrevivência de uma empresa. O empresariado já consciente
sobre essa temática está investindo em estudos sobre as vantagens de se melhorar as
instalações e dos processos, ou seja, se de um lado isso sugere um maior gasto, por
outro apresenta uma melhoria da saúde do trabalhador e como resultado de economia
para a empresa e o aumento da produtividade.

As empresas mais modernas, por exemplo, propõem um ambiente de trabalho mais lúdico
e até mesmo divertido, que não só tenham a ver com a sua própria marca e negócio, mas
também oferecer aos funcionários momentos de relaxamento e descompressão para
melhorar o bem-estar no trabalho, deixar as pessoas mais felizes e, como consequência,
aumentar a produtividade. É claro que outros fatores podem influenciar na qualidade
e quantidade daquilo que o funcionário produz, relacionados como a forma de gestão
da empresa, como com o próprio profissional. Porém, se o ambiente de trabalho já
colabora para sua melhora, as chances de sucesso aumentam significamente.

48
AMBIENTE E TRABALHO │ UNIDADE II

Figura 45. Ambiente de trabalho da Google.

Fonte: https://solinemoveis.com.br/blog/ambientes-de-trabalho-criativos/. Acesso em: 18/10/2019.

Figura 46. Ambiente de trabalho com paredes enfeitadas com post-its desenhando os heróis

da Marvel em pixel art.

Fonte: https://solinemoveis.com.br/blog/ambientes-de-trabalho-criativos/. Acesso em: 18/10/2019.

Figura 47. Ambiente de trabalho com área de lazer próxima aos funcionários.

Fonte: https://solinemoveis.com.br/blog/ambientes-de-trabalho-criativos/. Acesso em: 18/10/2019.

A arquitetura corporativa é voltada para projetos para áreas de trabalho. A intenção é


elaborar espaços mais eficientes e confortáveis, com layouts para a melhoria da rotina
das empresas. Além disso, esse tipo de projeto é pensado para o uso da tecnologia e a
preocupação com a manutenção e com os custos envolvidos na obra. Existem estudos
que dizem sobre a grande influência da arquitetura sobre o mundo corporativo e sobre

49
UNIDADE II │ AMBIENTE E TRABALHO

seu maior potencial, porém, ainda há muitas estruturas organizacionais com modelos
ultrapassados de gestão e de ambientes físicos de trabalho.

Conceitos da arquitetura corporativa são capazes de transformar qualquer espaço


em um ambiente de trabalho agradável para os funcionários. Vale salientar que não
importa se a empresa é de grande, médio ou pequeno porte.

É importante observar que, além de soluções estéticas, existem outras questões, como
a ergonomia, a comunicação entre os setores e o marketing do ambiente, mostrando a
ideia e os valores da marca para a qual se está trabalhando. Atualmente, percebe-se que
a arquitetura corporativa veio trabalhando com projetos versáteis, com áreas abertas
e flexíveis que dão a oportunidade da aproximação dos funcionários com ambiente,
estimulando os relacionamentos e incentivando a troca de ideias e a busca por soluções
criativas dentro da empresa.

Um bom projeto de arquitetura corporativa também ajudará a tornar o espaço


energeticamente mais eficiente, por causa da escolha de materiais adequados como,
revestimentos, cortinas e persianas, resultando em um isolamento térmico adequado e
até mesmo melhorando o aproveitamento da luz natural.

A arquitetura corporativa não se preocupa somente com o projeto da construção do


espaço, mas leva em consideração também nos detalhes de design de interiores, como
a altura e o tipo de mesas, cadeiras e outros itens que podem facilitar a vida diária dos
funcionários dentro da empresa.

O projeto do ambiente construído pode melhorar as relações por meio do fornecimento


de espaço e ligações estruturais. A comunicação entre os setores pode ser facilitada,
ajudando na produtividade. Os departamentos são criados de acordo com a necessidade
da empresa, diminuindo os custos de obras e reformas posteriores para adaptações.
Vale observar que, quando o espaço é projetado para determinada função, é mais fácil
melhorar o conforto, deixando os seus colaboradores mais à vontade, sem incômodos
com excesso de luz ou de temperatura, por exemplo. Tudo isso ajuda a aumentar a
produtividade.

Uma empresa estadunidense, que é referência internacional em design de artigos para


o lar e ambientes de trabalho – a Knoll, Inc. –, elaborou uma pesquisa resultando em
várias conclusões sobre as mudanças necessárias em função dos efeitos do estilo de
vida nos ambientes de negócios contemporâneos, mostrando que as empresas atuais
estão diminuindo as estações de trabalho individuais e aumentando seus espaços
corporativos, dessa forma, estão aparecendo novas demandas:

50
AMBIENTE E TRABALHO │ UNIDADE II

»» Salas de reuniões informais:

Gradualmente, as salas de reuniões formais estão diminuindo de tamanho e capacidade,


porém, o número de salas de reuniões informais estão cada vez maior. Então, veio a
necessidade de espaços específicos para reuniões, que podem mudar seus propósitos
conforme as atividades. Cada vez mais precisa-se de áreas mais flexíveis para esse
objetivo, a fim de espaços para vários fins, sejam eles, espaços de projetos específicos
ou espaços para visualização de estratégias e espaços para pensar. Outro ponto
interessante da pesquisa é que as pessoas preferem ter seus alimentos perto às áreas
propícias a encontros e conversas informais e não mais em espaços especificamente
para alimentação.

»» Necessidade de privacidade visual e acústica:

Alguns usuários, em determinadas situações, sentem a necessidade da


colocação de uma porta. Muitas vezes, acabam recorrendo às salas de
reuniões ou para áreas externas do edifício para terem um momento de
privacidade.

»» Espaços individuais personalizados:

Os usuários consideram necessária a personalização dos seus espaços


individuais de trabalho, já que estão trabalhando em áreas abertas e que
o apelo dos espaços bem desenhados estimula o desejo de ir trabalhar.

»» Flexibilidade atende a todos os usuários:

As instalações versáteis e humanizadas permitem que pessoas possam


se adaptar às novas realidades que forem surgindo. O ambiente dá um
aspecto dinâmico aos locais de trabalho.

Faz parte das atribuições da arquitetura corporativa pensar na decoração, na otimização


do escritório, na escolha de móveis ergonômicos, na iluminação, na eficiência energética
e hidráulica, dentre outros. Além disso, o projeto precisa estar relacionado com a
missão, a filosofia e a identidade visual da empresa. Também, é necessário levar em
conta a legislação trabalhista, atendendo as normas regulamentadoras e de segurança
do trabalho, projetando um ambiente seguro para todos que frequentam o espaço.

51
UNIDADE II │ AMBIENTE E TRABALHO

Como manter um ambiente de trabalho


inovador?
Operações de grandes empresas tendem a restringir a inovação, mas há formas
de se livrar dessa armadilha.

Não se deixe enganar: não são só os escritórios coloridos e com espaço para
lazer e descanso. O ambiente de trabalho, a forma de trabalhar e as relações
entre funcionários estão mudando profundamente nos últimos anos. Como
não poderia deixar de ser, as empresas que encabeçam esse movimento são as
gigantes de tecnologia e startups, mas isso não quer dizer que esse movimento
deve ficar restrito apenas a esses ambientes. “Até 2020, metade da força de
trabalho será composta por millennials. Essas pessoas veem o trabalho de outra
forma”, disse Loredane Feltrin, diretora de produtividade Microsoft, ao abrir a
discussão sobre tendências no trabalho moderno, durante o WIRED Festival, que
acontece esta semana em São Paulo. O mundo dos negócios sofreu grandes
alterações com a tecnologia. “Antes, demorava 20 anos para uma empresa valer
US$ 1 bilhão. Hoje, demoram dois”, lembrou Loredane. “O Uber é a maior empresa
de táxi do mundo, mas não tem nenhum carro. O Airbnb, que é a maior empresa
de hospedagem, não tem nenhum quarto. Isso muda a relação das empresas
com os clientes, muda o jeito de trabalhar, de fazer negócios e de desenhar
processos.”

O empreendedor Franklin Luzes, hoje à frente das operações da Microsoft


Participações (o braço de investimento em startups da empresa), lembra que,
em uma grande empresa, há sistemas e processos que acabam dificultando
a inovação, mas é preciso se manter resiliente para resistir a essa limitação.
Cristina Sabbag, superintendente de TI do Banco Original, concordou que essa
é uma armadilha. Segundo ela, a forma de criação e concepção no banco são
extremamente diferentes do que se vê em grandes empresas tradicionais. O
benefício disso é a agilidade, além de formar uma estrutura menos hierarquizada
na equipe, o que propicia o surgimento de novas ideias. “Às vezes, um novo
produto veio de uma ideia que surgiu em uma conversa na hora do café, que
demorou alguns dias para ser concebida e quatro meses para ser colocada em
prática.”

Para Carlos Henrique Guarita, gerente de relações institucionais da Infraero,


em uma empresa com o porte e capilaridade da operadora de aeroportos, esse
trabalho é mais difícil. Na companhia, a solução para isso foi a criação de uma

52
AMBIENTE E TRABALHO │ UNIDADE II

rede social corporativa. Essa tecnologia resolveu duas questões: a primeira era
a dificuldade da empresa se comunicar com os colaboradores espalhados em
diversos Estados do país; e a segunda foi dar voz aos funcionários. “Com isso,
conseguimos promover a colaboração entre empregados, e isso desperta nas
pessoas sentimento de pertencer à empresa”, disse. Além disso, fez aflorarem
novas ideias, que não precisam mais ser passadas para o supervisor, e do
supervisor ao coordenador e a toda a hierarquia da empresa.

Mas Cristina alerta: com esse tipo de gestão, é preciso ter alta resistência à
frustração. “Às vezes você está fazendo uma coisa nova, mas o cenário muda e
é preciso deixar aquilo de lado”, explicou Cristina. Por outro lado, isso faz parte
do perfil que eles procuram no Banco Original. “As pessoas querem lançar novos
produtos, têm essa inquietude que a gente inventiva bastante.”

Sobre como promover a inovação em grandes empresas, Franklin Luzes, COO


da Microsoft Participações, lembra que é preciso manter o tipo de gestão de
uma startup. No sistema de uma empresa gigante, há sempre dispositivos que
acabam tirando o incentivo à inovação. “A inovação disruptiva normalmente
vem de fora [das grandes empresas], o Waze ou o AirBnb não nasceram em
um sistema de P&D (pesquisa e desenvolvimento) de uma empresa”, lembra. “A
questão não é se, é quando alguém vai querer matar a sua empresa.” Isso explica
o movimento de grandes companhias – inclusive a Microsoft – de investir em
startups. “Assim, você capta a inovação, é alguém de fora olhando para o seu
negócio e que consegue ver o que pode mudar”, diz ele. Mas para que essas
aquisições deem certo e se tornem cases de sucesso, é preciso ter cuidado. “Ao
adquirir uma empresa, é preciso manter tudo aquilo que chamou sua atenção,
que é normalmente a agilidade. Os melhores casos de M&A [fusões e aquisições]
são aqueles em que as empresas têm o cuidado de manter as operações
separadas”.

Fonte: Por FRABASILE, Daniela. Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/Carreira/


noticia/2017/06/como-manter-um-ambiente-de-trabalho-inovador.html. Acesso em: 14/10/2019.

53
CAPÍTULO 2
Ergonomia no mobiliário para
escritórios

As vantagens de trabalhar sentado são várias, porque além de permitir o uso simultâneo
dos pés e das mãos, podemos salientar que há pouco consumo de energia diminuindo
a fadiga, a pressão mecânica sobre os membros inferiores e a pressão hidrostática
da circulação nas extremidades que alivia o trabalho do coração. Também podemos
perceber que há suas desvantagens, como por exemplo, o aumento da pressão sobre
as nádegas; o assento, se mal projetado, pode ocasionar a má circulação sanguínea nas
coxas e pernas.

Quando estamos sentados, todo o peso do tronco acima da bacia passa vai para o
assento diminuindo a pressão sobre os membros inferiores. O contato do corpo com
o assento se dá através de dois ossos de forma arredondada que estão localizados na
bacia, denominados tuberosidades isquiáticas, cobertas apenas por tecido muscular e
uma pele grossa.

Segundo a norma NBR 13962, recomenda-se largura de 40 cm e profundidade entre 38


e 44 cm para assentos. Devem ter estabilidade, durabilidade e resistência a uma carga
vertical mínima no eixo da cadeira de cerca de 150 kg. Os apoios de braço auxiliam ao
guiar o corpo para sentar-se e levantar-se e, também, para relaxamento dos antebraços.
O encosto deve ter cerca de 35 a 50 cm de altura acima do assento, forma côncava com
espaço vazio de 15 a 20 cm entre o assento e o encosto para acomodar as nádegas e a
curvatura da coluna vertebral.

Muitas pessoas passam mais de 15 horas por dia, na posição sentada e deitada. Na
posição sentada, o corpo entra em contato com o assento só por meio da sua estrutura
óssea. Levando em consideração aspectos do IIDA (1991), com relação aos assentos,
deve-se observar:

1. Há um assento feito para cada tipo de função.

2. As medidas do assento devem ser adequadas às dimensões


antropométricas.

3. O assento precisa permitir variações de postura.

4. O encosto precisa contribuir no relaxamento.

5. Assento e mesa resultam em um conjunto integrado.

54
AMBIENTE E TRABALHO │ UNIDADE II

As superfícies horizontais dentro do espaço de trabalho são muito importantes, porque


é sobre ela que o indivíduo passa maior parte do trabalho. Os equipamentos precisam
estar posicionados corretamente na área de alcance que é aproximadamente a 35-45
cm com os braços abaixados normalmente e de 55 a 65 cm com os braços estendidos
girando em torno do ombro.

Também é importante a altura da mesa, especialmente, quando for trabalho sentado.


Deve-se levar em consideração duas variáveis para a determinação da altura, a altura
do cotovelo que depende da altura do assento e o tipo de trabalho a ser executado.
A altura da mesa deve ser a consequência da soma da altura poplítea e da altura do
cotovelo. Vale observar que se deve considerar o tipo de trabalho, se este será realizado
a nível da mesa ou em elevação.

Figura 48. Posição correta de trabalho.

Fonte: http://seguridadysaludocupacional.com/ergonomia-de-una-silla/. Acesso em: 14/10/2019.

É importante salientar que a Norma ABNT-NBR 13962 determina as características e


classifica as cadeiras para escritório, estabelecendo métodos para a determinação da
estabilidade, resistência e durabilidade, de qualquer material, com exceção de longarina
e poltronas de auditório e cinema. A norma se baseia no uso diário de 8 horas por
pessoas com altura entre 1.51m e 1.92m.

Veja quais são os termos da ABNT- NBR 13962 nas ilustrações a seguir:

55
UNIDADE II │ AMBIENTE E TRABALHO

Figura 49. A altura do pé ao assento tem de possuir a dimensão de 420mm.

Fonte: https://solinemoveis.com.br/abnt-nbr-139622006/. Acesso em: 18/10/2019.

Figura 50. Largura do assento de 400mm.

Fonte: https://solinemoveis.com.br/abnt-nbr-139622006/. Acesso em: 18/10/2019.

Figura 51. Profundidade do assento de 380mm (mínimo) a 440mm(máximo).

Fonte: https://solinemoveis.com.br/abnt-nbr-139622006/. Acesso em: 18/10/2019.

56
AMBIENTE E TRABALHO │ UNIDADE II

Figura 52. Distância entre a borda e o eixo de rotação.

Fonte: https://solinemoveis.com.br/abnt-nbr-139622006/. Acesso em: 18/10/2019.

Figura 53. Extensão vertical do encosto.

Fonte: https://solinemoveis.com.br/abnt-nbr-139622006/. Acesso em: 18/10/2019.

Figura 54. Altura do eixo de rotação e altura da borda de encosto.

Fonte: https://solinemoveis.com.br/abnt-nbr-139622006/. Acesso em: 18/10/2019.

57
UNIDADE II │ AMBIENTE E TRABALHO

Figura 55. Altura e distância interna do apoio de braço.

Fonte: https://solinemoveis.com.br/abnt-nbr-139622006/. Acesso em: 18/10/2019.

Figura 56. Comprimento do apoio de braço e recuo de 100mm.

Fonte: https://solinemoveis.com.br/abnt-nbr-139622006/. Acesso em: 18/10/2019.

Figura 57. Largura do apoio de braço.

Fonte: https://solinemoveis.com.br/abnt-nbr-139622006/. Acesso em: 18/10/2019.

Vale observar que o encosto da cadeira tem inclinação e adaptação à curvatura da


coluna; os ombros e quadris devem ficar alinhados; o braço da cadeira deve estar ao

58
AMBIENTE E TRABALHO │ UNIDADE II

mesmo nível da mesa ou do apoio de teclado e o descanso de braço devem estar na


altura dos cotovelos.

Figura 58. Itens necessários para uma cadeira de escritório.

Apoio lombar

Apoio de braço
regulável

Regulagem de
Regulagem de inclinação do
altura do encosto
encosto

Rodízios com
freio
Fonte: http://www.direh.fiocruz.br/guiaergonomico/cartilha-ergonomia-comprasFORMATOA5.pdf. Acesso em: 14/10/2019.

Figura 59. Regulagens de cadeira.

Fonte: http://www.direh.fiocruz.br/guiaergonomico/cartilha-ergonomia-comprasFORMATOA5.pdf. Acesso em: 14/10/2019.

Segundo a Norma ABNT-NBR 13962/2018, as cadeiras giratórias operacionais


são classificadas tipos A, B, C ou D, conforme apresentem obrigatoriamente (O) ou
facultativamente (F), os dispositivos de regulagem descritos no quadro a seguir. As
dimensões da cadeira giratória operacional devem estar de acordo com as dimensões d
quadro a seguir.

59
UNIDADE II │ AMBIENTE E TRABALHO

Quadro 5. Classificação das cadeiras giratórias operacionais, segundo a norma.

Dispositivo de regulagem Tipo A Tipo B Tipo C Tipo D


Altura do assento O O O O
Altura do apoio lombar a O O O F
Inclinação do encosto b
O O F F
Profundidade do assento c O F F F
Inclinação do assento O F F F
A letra “O” representa obrigatoriedade e a letra F facultativo
a
A regulagem de altura do apoio pode ser obtida por deslocamento de todo o encosto ou apenas da porção que proporciona o apoio lombar.
b
A regulagem de inclinação do encosto pode ser obtida por dispositivos que o fixem em diferentes posições ou por meio de elementos elásticos ou
articulações que o tornem capaz de se adaptar às costas do usuário.
c
A regulagem de profundidade útil do assento pode ser obtida por deslocamento relativo entre o assento e o encosto, decorrente do assento e a
estrutura de suporte da cadeira.

Fonte: ABNT-NBR 13962/2018, com adaptação da autora.

Aplicação das Normas e Mobiliário para


Escritórios: Regulamentadora NR 17
A NR 17 tem como objetivo estabelecer parâmetros que permitam a adaptação
das condições de trabalho para proporcionar um máximo de conforto, segurança
e desempenho eficiente. Ela estabelece boas condições de trabalho, visando trazer
adaptações para as características físicas e psicológicas de cada funcionário, para
garantir o bem-estar durante o período de trabalho. Segundo a Norma Regulamentadora
NR 17(2007 p. 1), “esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer parâmetros que
permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas
dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e
desempenho eficiente.”.

Esta norma foi estabelecida pela Portaria no 3.751, de 23 de novembro de 1990. Houve
atualizações pela portaria SIT no 8, de 30 de março de 2007, e pela portaria SIT no 9, de
30 de março de 2007, e depois pela portaria SIT no 13, de 21 de junho de 2007.

As empresas precisam fazer adaptações, caso seja necessário, para atender às


necessidade de cada funcionário. É imprescindível analisar a ergonomia do trabalho,
assim, evitando futuros problemas de saúde e garantindo produtividade e bem-estar de
cada funcionário. Conforme a NR17 (2007 p. 1):

Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características


psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar
a análise ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no
mínimo, as condições de trabalho, conforme estabelecido nesta Norma
Regulamentadora.

60
AMBIENTE E TRABALHO │ UNIDADE II

No ano de 2000, o Ministério do Trabalho e Emprego fez treinamentos para auditores-


fiscais do trabalho que tinham especialização em Saúde e Segurança no Trabalho
em todo território nacional, pois percebeu-se que nesses cursos, houve uma grande
variedade de interpretação, em que podemos constatar que esse fato pode representar
um impedimento à efetiva implantação da Norma. Por isso, foi elaborado um Manual,
chamado: “Manual de Aplicação da Norma Regulamentadora Nº17”, que reúne a
experiência prática de 10 anos de fiscalização, tem a intenção de contribuir na atuação
dos auditores fiscais do trabalho e dos profissionais de Segurança e Saúde do Trabalhador
nas suas atividades.

Essa norma é muito importante, porque as doenças laborativas são consequência da


exposição a algum tipo de risco ergonômico que os funcionários se submetem em suas
tarefas rotineiras, como:

»» esforços repetitivos;

»» levantamento de cargas pesadas;

»» realizar trabalhos em pé durante longos períodos sem descanso.

A norma NR 17 possui diferentes tópicos, nos quais a empresa tem de se adaptar,


para melhor cuidar de seus funcionários. Caso necessário dependendo da função, ela
recomenda o apoio do pé. A seguir, seguem algumas dicas para auxiliar a seguir essas
regras:

»» Cadeira precisa ser regulável para se adequar as características da função


e do usuário.

»» Apoio para teclado ajustável e apoio para monitor ajustável.

»» Para evitar o desgaste e os movimentos repetitivos do pescoço, é necessário


ter a mesma distância entre olho-computador, olho-documento e olho-
teclado.

»» Iluminação adequada.

»» Mobiliário opaco, evitando o reflexo da luz no móvel.

61
UNIDADE II │ AMBIENTE E TRABALHO

Figura 60. Ilustração mostrando como deve ser o posto de trabalho para a posição sentado em

frente ao computador.

Punho em uma
direção neutra
(sem dobrar) Ombros e
quadris
alinhados
Teclado
Mouse próximo diretamente à sua Encosto adaptado
ao teclado e no frente à curvatura da
mesmo nível coluna

Descanso de braço
na altura do
cotovelo
Joelhos
discretamente
abaixo do quadril

Pés apoiados no Altura do


solo ou em assento
descanso para abaixo da
os pés rótula

Fonte: https://solinemoveis.com.br/nr-17-ergonomia/. Acesso em: 18/10/2019.

É preciso criar um projeto ergonômico do posto de trabalho para os usuários, que tenha
foco no conforto. O posto abrange o funcionário e todo o seu ambiente, bem como os
materiais necessários para realizar as suas atividades diárias.

Mobiliário dos postos de trabalho, segundo a NR17 (2007, pp. 2-3):

17.3.1. Sempre que o trabalho puder ser executado na posição sentada,


o posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado para esta posição.

17.3.2. Para trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito em pé,
as bancadas, mesas, escrivaninhas e os painéis devem proporcionar ao
trabalhador condições de boa postura, visualização e operação e devem
atender aos seguintes requisitos mínimos:

a) ter altura e características da superfície de trabalho compatíveis com


o tipo de atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de
trabalho e com a altura do assento;

b) ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo trabalhador;

62
AMBIENTE E TRABALHO │ UNIDADE II

c) ter características dimensionais que possibilitem posicionamento e


movimentação adequados dos segmentos corporais.

17.3.2.1. Para trabalho que necessite também da utilização dos pés,


além dos requisitos estabelecidos no subitem 17.3.2, os pedais e demais
comandos para acionamento pelos pés devem ter posicionamento e
dimensões que possibilitem fácil alcance, bem como ângulos adequados
entre as diversas partes do corpo do trabalhador, em função das
características e peculiaridades do trabalho a ser executado.

17.3.3. Os assentos utilizados nos postos de trabalho devem atender aos


seguintes requisitos mínimos de conforto:

a) altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função


exercida;

b) características de pouca ou nenhuma conformação na base do


assento;

c) borda frontal arredondada;

d) encosto com forma levemente adaptada ao corpo para proteção da


região lombar.

17.3.4. Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados


sentados, a partir da análise ergonômica do trabalho, poderá ser
exigido suporte para os pés, que se adapte ao comprimento da perna
do trabalhador.

17.3.5. Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados


de pé, devem ser colocados assentos para descanso em locais em que
possam ser utilizados por todos os trabalhadores durante as pausas.

17.4. Equipamentos dos postos de trabalho.

17.4.1. Todos os equipamentos que compõem um posto de trabalho


devem estar adequados às características psicofisiológicas dos
trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado.

17.4.2. Nas atividades que envolvam leitura de documentos para


digitação, datilografia ou mecanografia deve:

a) ser fornecido suporte adequado para documentos que possa ser


ajustado proporcionando boa postura, visualização e operação, evitando
movimentação frequente do pescoço e fadiga visual;

63
UNIDADE II │ AMBIENTE E TRABALHO

b) ser utilizado documento de fácil legibilidade sempre que possível,


sendo vedada a utilização do papel brilhante, ou de qualquer outro tipo
que provoque ofuscamento.

Vale salientar que a norma também abarca pessoas com deficiência, como pode-se
constatar no item 9:

9.1. Para as pessoas com deficiência e aquelas cujas medidas


antropométricas não sejam atendidas pelas especificações deste Anexo,
o mobiliário dos postos de trabalho deve ser adaptado para atender às
suas necessidades, e devem estar disponíveis ajudas técnicas necessárias
em seu respectivo posto de trabalho para facilitar sua integração ao
trabalho, levando em consideração as repercussões sobre a saúde destes
trabalhadores.

9.2. As condições de trabalho, incluindo o acesso às instalações,


mobiliário, equipamentos, condições ambientais, organização do
trabalho, capacitação, condições sanitárias, programas de prevenção e
cuidados para segurança pessoal devem levar em conta as necessidades
dos trabalhadores com deficiência. (NR17, p. 13, 2007)

Os riscos ergonômicos são as causas que podem atingir a integridade física ou mental
do usuário, ocasionando desconforto ou algum tipo de doença. Alguns problemas
causados pela falta de ergonomia:

»» L.E.R. (Lesão por Esforço Repetitivo): também conhecida como D.O.R.T.


(Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho), é a decorrência
de movimentos repetitivos em alta frequência e com posição ergonômica
incorreta. São lesões nos tendões, músculos e ligamentos que inviabiliza
o trabalhador de realizar a sua função por causa da dor.

»» Bursite de cotovelo: pode acontecer devido pressão no cotovelo de


forma constante contra superfícies duras. Também pode causar gota,
traumatismo e artrite reumatoide, devido a esse tipo de esforço.

»» Dor nas costas: são vários os motivos, pois pode ser em decorrência de
sedentarismo, herança genética, idade, levantamento de peso incorreto
e má postura no trabalho. A dor nas costas é uma das reclamações mais
frequentes dos trabalhadores.

»» Hérnia de disco: acontece em decorrência de um trabalho físico pesado


e constante, trabalho repetitivo, postura de trabalho estático, inclinar e
girar o tronco frequentemente, entre outros. Ocorre o deslocamento de
um disco intervertebral, que acaba comprimindo as raízes nervosas da
medula espinhal.
64
AMBIENTE E TRABALHO │ UNIDADE II

Tipos de Riscos
Os riscos no ambiente laboral podem ser classificados em cinco tipos, de acordo
com a Portaria no 3.214, do Ministério do Trabalho do Brasil, de 1978. Esta Portaria
contém uma série de normas regulamentadoras que consolidam a legislação
trabalhista, relativas à segurança e medicina do trabalho. Encontramos a
classificação dos riscos na sua Norma Regulamentadora n0 5 (NR-5):

Riscos e seus agentes


1. Riscos de acidentes:

Qualquer fator que coloque o trabalhador em situação vulnerável e possa


afetar sua integridade, e seu bem-estar físico e psíquico. São exemplos de risco
de acidente: as máquinas e os equipamentos sem proteção, probabilidade de
incêndio e explosão, arranjo físico inadequado, armazenamento inadequado
etc.

2. Riscos ergonômicos:

Qualquer fator que possa interferir nas características psicofisiológicas do


trabalhador, causando desconforto ou afetando sua saúde. São exemplos
de risco ergonômico: o levantamento de peso, ritmo excessivo de trabalho,
monotonia, repetitividade, postura inadequada de trabalho etc.

3. Riscos físicos:

Consideram-se agentes de risco físico as diversas formas de energia a que


possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, calor, frio, pressão,
umidade, radiações ionizantes e não ionizantes, vibração etc.

4. Riscos químicos:

Consideram-se agentes de risco químico as substâncias, compostos ou produtos


que possam penetrar no organismo do trabalhador pela via respiratória, nas
formas de poeiras, fumos gases, neblinas, névoas ou vapores, ou que seja, pela
natureza da atividade, de exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo
organismo através da pele ou por ingestão.

5. Riscos biológicos:

Consideram-se como agentes de risco biológico as bactérias, os vírus, os fungos,


os parasitos, entre outros.

Fonte: https://somentequalidade.wordpress.com/2012/05/17/riscos-ergonomicos/. Acesso em:


14/10/2019.

65
CAPÍTULO 3
Ergonomia e cor nos ambientes de
trabalho

No ambiente de trabalho, a cor pode ser explorada de diversas formas. Pode-se


criar a imagem e organização deseja transmitir aos usuários. Por meio das cores, os
departamentos da empresa podem ser diferenciados não somente em termos de
localização, mas também na questão nos tipos de tarefas realizadas naquele espaço, ou
seja, em locais de trabalho com atividades monótonas é indicado usar uma composição
de cores estimulante e para locais que exige mais concentração pode-se usar menos
estimulante.

A cor pode ser utilizada para transformar e melhorar características funcionais e formais
(estéticos) do ambiente de trabalho.

Pode-se dizer que grande parte da compreensão ambiental do homem é, em grande


parte, definido pela luz, porque ela é a base essencial para que a percepção visual ocorra.
Por causa da luz nos olhos, percebe-se a cor, a forma, o espaço ou movimento. Segundo
Figueiredo (2004, p. 2):

De todo o espectro eletromagnético, apenas os raios luminosos


compreendidos na faixa de 400nm a 800nm de comprimento de onda
são vistos pelo homem. O estímulo oriundo dessas ondas provoca
a sensação luminosa denominada ‘luz’, responsável pelo fenômeno
cromático. Os raios luminosos de comprimento de onda menores a
400nm (os ultravioletas) e os maiores a 800nm (os infravermelhos) não
são visíveis devido à autoproteção natural do aparelho óptico humano.

66
AMBIENTE E TRABALHO │ UNIDADE II

Figura 61. Espectro eletromagnético.

Raios Gama Raios- X UV Infravermelho Micro-ondas Ondas de rádio

Luz Visível

Fonte: https://www.todamateria.com.br/espectro-eletromagnetico/. Acesso em: 15/10/2019.

Quadro 6. Comprimento de onda das cores.

COR Comprimento de onda (nm)


Vermelho (limite) 700
Vermelho 700-650
Laranja 650-600
Amarelo 600-580
Verde 580-550
Cyan 550-500
Azul 500-450
Violeta 450-400
Violeta (limite) 400

Fonte: https://www.iar.unicamp.br/lab/luz/ld/Arquitetural/livros/ergonomia_e_cor_nos_ambientes_e_locais_de_t
rabalho.pdf. Com adaptação da autora.

O espectro eletromagnético possibilita para percebermos não somente a impressão


luminosa, mas também a cor. Formulado por Isaac Newton (1642-1727), o fenômeno
do cromatismo, pode ser exemplificado pela teoria da composição da luz branca (luz
solar).

Cores primárias e secundárias

São três cores primárias: vermelho, amarelo e azul. Elas são cores puras, ou seja, cores
que não se conseguem com a mistura de outras cores.

67
UNIDADE II │ AMBIENTE E TRABALHO

Figura
Figura 60.62. Cores primárias.
Cores primárias.

Fonte: da autora.

As cores secundárias são: laranja, roxo e verde. São feitas pela mistura de duas cores
primárias. Exemplo: azul + amarelo: verde.

Figura
Figura 61.63. Coressecundárias.
Cores secundárias.

Verde = azul e amarelo Roxo= vermelho e azul Laranja= vermelho e amarelo

Fonte: da autora.

Cores terciárias
Também existem as cores terciárias, que são o resultado da mistura de uma cor primária
com uma cor secundária. Exemplo:

Figura 62. Cores terciárias.


Figura 64. Cores terciárias.

Cor turquesa: o azul e o verde Verde limão: amarelo e o verde

Fonte: própria autora.


Fonte: própria autora.

Qualidades da cor
As cores representam sensações de estímulos, quando usadas em espaços internos e
nos objetos. Segundo Figueiredo (2004, p. 2): “as qualidades da cor estão relacionadas
com a forma como a mesma pode ser percebida pelo indivíduo”.

68
AMBIENTE E TRABALHO │ UNIDADE II

Existe dois grupos em que as cores podem ser classificadas de acordo com as sensações
que causam no indivíduo: cores quentes e frias. Podem ser reconhecidos fazendo uma
linha reta pelo centro do círculo cromático.

O círculo cromático é uma representação física das doze cores captáveis pelos olhos
humanos. São diferentes cores, dispostas de maneira a formar um espectro perfeito.

Vários decoradores, arquitetos e designers utilizam o círculo cromático para harmonizar


os tons e criarem efeitos para compor os ambientes. O círculo é formado pelas cores
primárias, secundárias e terciárias:

Figura 63. Círculo cromático.


Figura 65. Círculo cromático.

AMARELO PRIMÁRIA
AMARELO
AMARELO Primária
ALARANJADO Amarelo
ESVERDEADO terciária Vermelho
Terciária Azul
LARANJA
VERDE
Secundária
Secundária

SECUNDÁRIA
Laranja
AZUL- VERMELHO-
Violeta
ESVERDEADO ALARANJADO
Verde
Terciária Terciária

AZUL VERMELHO TERCIÁRIA


Primária Primária Vermelho- arroxeado
Vermelho- alaranjado
Amarelo- esverdeado
VERMELHO- Amarelo- alaranjado
AZUL- Azul- arroxeado
ARROXEADO ARROXEADO
VIOLETA Terciária Azul- esverdeado
Terciária
Secundária

Fonte: Fonte:
adaptado de: https://www.todamateria.com.br/cores-complementares/. Acesso em: 15/10/2019
adaptado de: https://www.todamateria.com.br/cores-complementares/. Acesso em: 15/10/2019.

Cor complementar
As cores complementares são aquelas que estão posicionadas nas extremidades opostas,
dentro do círculo cromático, ou seja, apresentam maior contraste entre si, por exemplo,
o vermelho é a cor complementar do verde ou o azul é a cor complementar do laranja.

»» Preto e Branco: o preto é considerado ausência de luz, enquanto o


branco é considerado luz e a soma de todas as cores. O preto e o branco
não são considerados cores, mas é comum enxergar como tal. A mistura
do preto e branco, em diferentes quantidades, resultará em diferentes
tons de cinza.

69
UNIDADE II │ AMBIENTE E TRABALHO

»» Policromia: união de muitas cores num mesmo trabalho, formando


assim um todo agradável.

»» Monocromática: é usada uma cor, porém, pode estar em diferentes


tons, claros e escuros.

Psicologicamente as cores quentes são estimulantes, causam excitação, já as cores frias


são calmantes e estáticas, transmitindo a sensação de frescor e descanso.

Nos espaços internos, o uso correto das cores resulta em determinados efeitos de
alteração dos espaços. As cores quentes são indicadas para locais que não recebem muita
luz natural, pelo fato de aquecer e iluminar o espaço. Caso contrário, em ambientes
que recebem muita luz natural, pois nessas situações elas transmitem, sensação de
abafamento e diminuem o espaço, se tornam cansativas e pesadas, por isso devem ser
evitadas.

Sobre o emprego das cores quentes, pode-se afirmar que:

»» Amarelo: aparentemente, essa cor dá a sensação de diminuição do espaço


interno, pois é uma cor que avança. Ela é mais visível. Não é aconselhável
usá-la em pisos, pois, com sua claridade passa uma grande impressão de
estar avançando. Em paredes estimula, mas ao mesmo tempo é uma cor
irritante. Não é indicada para a utilização em superfícies muito grandes,
porque irradia muita luz. Sua utilização é aconselhável para sala de aula
de crianças com deficiência intelectual, pois é uma cor que mais estimula
a atividade cerebral.

»» Vermelho: é indicado para ambientes onde tenha interesse de criar um


clima de excitação, como por exemplo em teatros. Em áreas internas é
aconselhável usar em locais estratégicos e não abusar da cor em todas
as paredes, pois essa cor faz com que elas avancem, dando a sensação
de diminuir o espaço interno. Pelo fato de possuir características de
excitação e movimento, não propicia a atividade mental.

»» Alaranjado: assim como as cores citados nos tópicos anteriores, quando


usado amplamente passa a sensação de diminuição do ambiente. Por
ser utilizado como símbolo de ‘alerta’ nas sinalizações de indústrias,
caracterizando peças perigosas.

As cores frias criam ilusões de profundidade, passando a sensação de que pequenos


espaços internos pareçam mais espaçosos. Elas não são indicadas para espaços com
pouca luz natural, porque expressam sensação de frio e solidão.

70
AMBIENTE E TRABALHO │ UNIDADE II

Sobre o emprego das cores frias, pode-se afirmar que:

»» Verde: é utilizada em muitos locais por não causar fadiga e sugerir frescor,
natureza e tranquilidade. É a cor que menos cansa a visão, por isso é
muito usada em mesas de jogos e quadros escolares. Dá a sensação de
ampliar os ambientes internos.

»» Azul: essa cor transmite a sensação de relaxamento e paz. É indicada


para ambientes de descanso. Pode ser empregada em grandes superfícies
e assim como a cor citada no tópico anterior, também dá a sensação de
ampliar as dimensões internas do ambiente. Vale salientar que a cor azul
deve ser utilizada com equilíbrio e harmonia combinando com outras
cores nos ambientes para evitar um clima de tristeza.

Sobre a utilização do branco, cinza e preto nos ambientes, pode-se dizer:

»» Branco: traz claridade, realça as cores próximas. Um ambiente totalmente


branco faz com que ele fique impessoal.

»» Cinza: é usado como contraste para cores intensas. Se usado amplamente


em um ambiente pode sombrear o local.

»» Preto: alguns toques de preto podem deixar um ambiente mais requintado,


mas deve ser usado com cautela, pois se usado em excesso pode criar um
clima de tristeza.

Cores e ambiente de trabalho


Deve-se considerar importante a utilização da cor no ambiente de local de trabalho,
pois auxilia na promoção da segurança, saúde e bem-estar dos trabalhadores. Usando
as cores certas dentro dos espaços internos de trabalho, pode-se causar o aumento do
humor e a produtividade da pessoa por transmitir as sensações de conforto e bem-estar.

As cores podem influenciar o psicológico humano, transmitindo estados de calma,


irritação, tristeza e alegria, interferindo na produtividade. O nível de iluminação
presentes nos ambientes também podem interferir em nossa percepção. Segundo
Figueiredo (2004, p. 10):

Tais estudos sustentam a noção de que a cor é capaz de propiciar,


ao induzir sentimentos de conforto, bem-estar, dinamismo e
contentamento:

71
UNIDADE II │ AMBIENTE E TRABALHO

reações psicológicas positivas, reações estas relacionadas ao humor,


satisfação e motivação;

aumento no desempenho do trabalhador, resultando em maior


produtividade;

melhoria no padrão de qualidade do trabalho desempenhado;

menor fadiga visual, através da adaptação dos contrastes;

redução do índice de acidentes;

melhoria no clima social de trabalho;

facilidade de conservação e limpeza do ambiente.

Ainda segundo a autora Figueiredo (2004, p.11): “Em relação aos estudos sobre as
reações psicológicas das cores, ou seja, a ação das cores sobre o humor, a satisfação e
a motivação, como em todo o campo de conhecimento há ideias que se contradizem.”
Mesmo assim, vale salientar que o tema é muito importante, porque estuda as sensações
das cores no ambiente e o desempenho que elas causam no indivíduo e como as cores
podem ser úteis para o projeto de interiores de trabalho.

No projeto de ambientes de trabalho, o conforto visual também deve ser um dos


elementos mais importantes para ser considerado. A fadiga ocular, resultantes de
contrastes acentuados de cores, quase sempre causa a má qualidade e diminuição da
eficiência no trabalho. Exemplo: reflexos na tela de computadores ou máquinas de cores
escuras e parede branca. É necessário controlar a reflexão da luz nas paredes, móveis,
mesas de trabalho e no piso.

O emprego das cores com um coeficiente de reflexão elevado melhora consideravelmente


na utilização da luz. Vale observar que existem casos em que se pode ter o dobro do nível
de iluminação, sem modificar as luminárias e nem aumentar a potência das lâmpadas.
O quadro a seguir mostra índices de reflexão de algumas cores:

Quadro 7. Índices de reflexão de algumas cores.

Cor Índice de reflexão %


Branco teórico 100
Branco de cal 80
Amarelo 70
Amarelo-limão 65
Verde- limão 60
Amarelo-ouro 60
Rosa 60

72
AMBIENTE E TRABALHO │ UNIDADE II

Cor Índice de reflexão %


Laranja 50
Azul claro 50
Azul celeste 30
Cinza-neutro 30
Verde-oliva 25
Verde médio 20
Vermelho 17
Azul-turquesa 15
Verde-garrafa 12
Carmin 10
Violeta 05
Preto teórico 00

Fonte: Pilotto, 1980, citado por Figueiredo (2004, p.12).

As pinturas que possuem um acabamento fosco ajudam na maior difusão da luz do que
pintura brilhante, por isso, devem ser usadas em superfícies em que se procura maior
uniformidade nos índices de claridade. A pintura brilhante pode ocasionar reflexos
indesejáveis. Figueiredo (2004, p.12) explica:

Em superfícies grandes deveriam ser selecionadas cores que tenham


um grau de reflexão semelhante. Através disso podem ser obtidos
bons contrastes visuais, sem grandes diferenças de luminâncias (isto
é, sem grandes contrastes de brilhos). A prevenção de contrastes de
luminâncias em grandes superfícies é uma das mais importantes
premissas para a garantia de uma acuidade visual sem perturbações.
Em grandes superfícies ou grandes objetos, além disso, não devem
ser usadas cores luminosas (cores puras) ou tinta fluorescente, já que
estas superfícies coloridas impressionam muito a retina, originando
a formação de “fantasmas”, ou efeito da pós-imagem. Este efeito está
relacionado ao conceito de complementariedade das cores.

Ainda segundo a autora, o cérebro adaptou-se a perceber as cores primárias juntas,


contidas essencialmente nos comprimentos de onda de luz branca. Quando é apresentada
separadamente, uma só cor primária ou duas delas secundárias, tem-se o fenômeno de
pós-imagem, surgindo reflexos correspondendo as cores complementares.

Por esse motivo, quando é apresentada isoladamente uma só cor (primária) ou apenas
duas delas (secundária), ocorre o fenômeno da pós-imagem, ou seja, surgem reflexos
correspondentes às cores complementares (aquelas que faltam para completar a tríade
das primárias).

73
UNIDADE II │ AMBIENTE E TRABALHO

Cores de sinalização de segurança

A cor é utilizada com objetivo de alertar e informar os usuários. Muitas vezes, apresenta-
se como um código para identificar as áreas de riscos. As cores são usadas em cilindros
de gás, condutores, cabos elétricos, botões de controle, tubulações, sinais de limites e
outros, prevenindo possíveis acidentes de trabalho.

Com o objetivo de auxiliar na prevenção de acidentes nos locais de trabalho, normas


internacionais e nacionais foram elaboradas. A Associação Brasileira de Normas
Técnicas – ABNT elaborou normas para a padronização das cores, com suas aplicações
e finalidades dentro dos locais de trabalho:

»» NB-54/80 – cores para as tubulações.

»» NB-76/59 – cores dos locais de trabalho para a prevenção de acidentes.

»» NR- 26 – cores que precisam ser usadas nos locais de trabalho para a
prevenção de acidentes na sinalização de segurança.

Quadro 8. Aplicação das cores dentro da Ergonomia.

»» Vestiários e lavabos
»» Paredes de fábricas
»» Prevenção e combate a incêndios
»» Forjarias
»» Grandes superfícies
»» Máquinas
»» Demarcação de locais de circulação de pessoas
»» Coletores de resíduos industriais (exceção do hospitalar)
»» Indicação de segurança
»» Locais de armazenagem e Indicação de cuidado
»» Partes móveis e perigosas de máquinas
»» Indicação de ação obrigatória

Fonte: adaptado de: https://www.ergotriade.com.br/single-post/2016/07/28/A-aplicação-das-cores-dentro-da-Ergonomia.


Acesso em: 15/10/2019.

Recomendações cromáticas:

Tetos e forros: os tetos devem ser pintados com cores claras, que se aproximem
do branco, porque a luz difusa refletida é espalhada uniformemente pelo
interior, dissipando as sombras e reduzindo as possibilidades de ofuscamento
pelo brilho de reflexões dirigidas. O uso das cores que se aproximam do branco

74
AMBIENTE E TRABALHO │ UNIDADE II

permite que a claridade da luz do dia penetre profundamente no interior do


recinto, reduzindo consideravelmente a necessidade de luz artificial.

Paredes e colunas: as paredes determinam, no que se refere à cor, a atmosfera


geral do ambiente, uma vez que são elas que formam o fundo sobre o qual se
destaca tudo o que existe no interior do ambiente. É para elas que a vista se
dirige, quando se desvia do trabalho que está sendo realizado. Uma diferença
acentuada entre a cor da bancada de trabalho e das paredes gera uma
necessidade de esforço da vista para adaptação à nova cor. Se esse esforço for
feito várias vezes no dia, o resultado será o cansaço visual. Por esta razão, a cor
a ser aplicada nas paredes deve ter o mesmo tom daquela que o trabalhador vê
quando está concentrado em seu trabalho.

Exemplo: nas fábricas onde as máquinas são pintadas de “verde floresta”, uma
boa cor para as paredes seria um verde claro, com um índice de reflexão de 60% a
75% da luz que sobre ele incidir. Quando a parede for muito iluminada, um índice
de reflexão de 50% torna-se preferível. No caso de se desejar melhorar o nível de
iluminação, aplicando-se o branco na parte superior das paredes altas, deve ser
tomado o cuidado de pintar uma barra que vai do piso até um pouco acima da
altura dos olhos, pois as superfícies brancas são propensas ao ofuscamento. A
cor da barra deve ser escolhida dentro do mesmo critério anteriormente citado,
de modo que o reflexo não exceda 75%. Com relação às colunas, podem ser
pintadas na mesma cor que as paredes, quando se deseja dar a impressão de
amplitude ao local. Quando se pretende dividir o local em várias seções, a cor
das colunas pode ser diferente da cor das paredes.

Piso: o piso também intervém na luminosidade do local, sendo aconselhável que


sua cor seja um pouco mais escura do que as cores do teto e paredes.

Superfícies de trabalho: as mesas e bancadas de trabalho devem ter um


acabamento sem brilho, para evitar os problemas de ofuscamento, que podem
surgir em virtude dos reflexos da luz que incidem sobre a superfície. Nas
indústrias, a cor a ser usada nas superfícies de trabalho deve estar condicionada
pela cor dos materiais com que se trabalha e das ferramentas, de modo a se
evitarem grandes contrastes que possam causar a fadiga visual. O tom deve
corresponder ao tom claro das paredes. O índice de reflexão deverá estar entre
20% e 40%.

Máquinas (no caso de indústrias): o corpo das máquinas deve ser pintado numa
cor que não perturbe a atenção do trabalhador para a tarefa a ser executada.
Essa cor deve ser diferente da cor geral do local, bem como do material da

75
UNIDADE II │ AMBIENTE E TRABALHO

produção. Para isso, pode ser usado um tom de cinza ou “verde floresta”, dando-
se preferência ao segundo. O cinza, embora seja uma cor neutra, tem efeito
depressivo em virtude de seu aspecto monótono. Um detalhe importante é
salientar certas partes da máquina. As partes críticas ou de movimento deverão
ter uma cor que as destaque, em forte contraste com o restante do corpo da
máquina.

Pinturas com acabamento fosco asseguram maior difusão da luz do que o


acabamento brilhante, razão pela qual devem ser usadas em superfícies
onde se busca maior uniformidade nos índices de aclaramento. Embora a
pintura brilhante apresente melhor aspecto, poderá dar margem aos reflexos
indesejáveis.

Fonte: FIGUEIREDO, Juliane. Apostila Ergonomia e cor nos ambientes de locais de trabalho.
Disponível em:<https://www.iar.unicamp.br/lab/luz/ld/Arquitetural/livros/ergonomia_e_cor_
nos_ambientes_e_locais_de_trabalho.pdf>. Acesso em: 15/10/2019.

76
ERGONOMIA
E PROJETO DO UNIDADE III
MOBILIÁRIO

É preciso entender que sem ergonomia não existe projeto de mobiliário. Na


unidade III, estudaremos o design e o que é o ergodesign. É importante compreender
esses conceitos para desenvolver projetos de ambientes e mobiliário. Ao realizar um
projeto de ambientes comerciais, como escritório, levando em consideração as normas
direcionais, é necessária uma avaliação detalhada e específica de um grande grupo de
pessoas realizando variadas atividades sendo executadas neste espaço de trabalho.

Ao projetar arquitetura de interiores aplicada a espaços comerciais, deve-se analisar


o contexto socioeconômico, cultural, estrutura de trabalho, assim como a imagem
empresarial. É fundamental ter conhecimento de como ela funciona e se relaciona com
os funcionários, o produto e o público-alvo.

Ao projetar um mobiliário, o profissional deve estar atento sobre a relevância de


emoções que envolvem tanto o ambiente construído quanto o usuário. Conhecer quais
as medidas e estaturas das pessoas é fundamental no intuito de oferecer bem-estar.
Vale salientar que, durante a elaboração do planejamento dos ambientes e móveis com
o foco no usuário, faz com que ele esteja envolvido no desenvolvimento do projeto. O
objetivo é facilitar a interação entre indivíduo e produto.

77
CAPÍTULO 1
Design e ergonomia

O período pré-histórico foi essencial no desenvolvimento da comunicação visual e


dos primeiros elementos de design, por meio de pinturas rupestres, composições com
pigmentos, uso de materiais rústicos para esculturas e abrigos fabricados com fibras
vegetais e monumentos de pedras colossais.

Já na Antiguidade, os egípcios foram uma das primeiras civilizações a utilizar


elementos de design, na arquitetura das pirâmides, em pinturas que imitavam os
movimentos dos corpos, esculturas em ouro, móveis com formas rígidas e uso de
linhas geométricas.

O estudo da história do design é um fenômeno que podemos dizer que é relativamente


recente. O Design surgiu no começo do século XIX, a partir da Revolução Industrial,
ocorrida na Europa, houve, por causa das máquinas, a possibilidade da produção em
série de mobiliários, objetos, acessórios, tecidos e muita variedade de outros produtos
que antes eram feitos manualmente ou nem existiam.

Na verdade, o nome “design” só surgiu durante a era moderna, há apenas três séculos,
mas a sua criação é datada desde a criação da humanidade. Suas técnicas e estética
foram muito além dos objetos e da decoração e influenciaram diretamente a arte, a
arquitetura e até mesmo a nossa história.

No século XX, houve a criação da primeira escola de design, Bauhaus, que foi muito
importante para o desenvolvimento do design em geral, mesmo após o seu fechamento
por conta da Segunda Guerra Mundial, seus discípulos continuaram a propagar os seus
conhecimentos e estudos pelo mundo.

A Escola de Arte Bauhaus, iniciada na Alemanha (mais precisamente em Weimar),


vigorou de 1919 a 1933 e se tornou a instituição mais importante e influente do
seu tipo. Foi uma das precursoras do modernismo e deu início ao movimento
Bauhaus.

A Bauhaus marcou um período importante da história da arte, quando os artistas


começaram a perceber que a máquina não era a única culpada pela queda da
qualidade dos produtos.

Juntos, os membros do grupo começaram a procurar estabelecer uma nova


relação entre o artesão e a indústria. Tratou-se de um verdadeiro exercício de

78
ERGONOMIA E PROJETO DO MOBILIÁRIO │ UNIDADE III

renovação cultural. Os alunos da escola eram estimulados tanto ao ensino formal


artístico como ao ensino integrado com o artesanato.

A origem da Escola Bauhaus:

A Escola Bauhaus foi fundada em Weimar, na Alemanha. Antes do nascimento


da Escola de fato acontecer, seu fundador, Walter Gropius, já havia participado
de iniciativas que buscavam fortalecer o vínculo entre artistas, comerciantes e
indústrias.

O trabalho da época vinha sendo altamente influenciado pelas vanguardas


russas e soviéticas. Walter Gropius encabeçou o grupo e tornou-se o primeiro
diretor da Escola.

Também se integraram no grupo Bauhaus professores de nome como Kandinsky,


Klee, Feininger, Schlemmer, Itten, Moholy-Nagy, Albers, Bayer e Breuer.

Fonte: FUKS, R. A Escola de Arte Bauhaus. Disponível em: <https://www.culturagenial.com/


bauhaus/>. Acesso em: 30 maio 2019.

A partir desse momento, a responsabilidade da criação de novos produtos destinados


à produção seriada passou a ser do designer. Somente após o início do século XX que
esta atividade passou a ser reconhecida como uma técnica de estímulos ao consumo,
estabelecendo uma forte ligação entre este profissional do design, a tecnologia, o
processo de produção industrial e a sociedade.

O design possui uma característica interdisciplinar, contribuindo com o crescente nível


de qualidade de vida da população. Para a elaboração de produtos novos, o design
aplica conhecidas metodologias projetuais, mas de maneira geral, mostra dificuldades
para serem utilizadas pela indústria ou pelos profissionais ligados à ela. De acordo com
Devides (2006, p.14):

O que se constata em muitos produtos industriais, é a incapacidade


de atender às necessidades dos usuários, evidenciando que em seu
desenvolvimento houve uma priorização de fatores técnicos, que
buscavam otimizar a produção e minimizar os custos, sem uma
abordagem aprofundada das questões de ordem histórica e social
ligadas diretamente ao homem, para quem se destina o produto.

Vale salientar que, ao levar em consideração aspectos ergonômicos dos usuários, pode-
se minimizar essa problemática levantada no parágrafo anterior, pois tanto o design
como a ergonomia possuem o mesmo objetivo, que é proporcionar a satisfação do
usuário. O mercado mundial possui grande variedade de diferenças antropomórficas,

79
UNIDADE III │ ERGONOMIA E PROJETO DO MOBILIÁRIO

comportamentais e culturais, o conhecimento ergonômico é fundamental para ajudar


o designer para projetar produtos para um mercado global. Nesse sentido, a união da
ergonomia e do design também é importante quando se projeta para pessoas tanto para
portadoras de deficiências como para aquelas que não são portadoras de deficiência.

O sucesso da união entre a ergonomia e o design de produto irá resultar em um produto


e ambiente de qualidade superior em questões de estética e funcionalidade. Segundo,
Soares (2011, p. 3):

A ergonomia desempenha três papéis tradicionais no desenvolvimento


de produtos:

»» A identificação das necessidades dos usuários;

»» A interface do usuário com o produto;

»» A aplicação de testes e avaliações de modelos e protótipos.

Vale salientar que os aspectos estéticos acabam sendo mais importantes para os
designers que, muitas vezes, eles não levam em consideração aos aspectos construtivos
e ergonômicos. Essa questão deve nos levar a uma reflexão para o papel da ergonomia
nas atividades de design.

Assim, para Neufert (2004), por exemplo:

Deve saber qual a melhor posição funcional do mobiliário, permitindo


assim ao homem a possibilidade de trabalhar com conforto tanto
em casa, como no escritório ou oficina, assim como de repousar
adequadamente. (NEUFERT, 2004, p. 27).

Segundo Soares (2006, p. 7): “de acordo com a ISO, usabilidade é o grau em que um
usuário pode alcançar metas específicas em um ambiente particular – efetivamente,
eficientemente, confortavelmente e de modo aceitável.” Ou seja, uma abordagem que
tem como o foco o usuário. Uma forma de fazer um processo de design centrado no
usuário é usar a ergonomia desde os primeiros estágios do processo de desenvolvimento
do produto (mobiliário, ambiente etc.).

Com base em Soares (2006), São informações relevantes que fazem parte da abordagem
ergonômica:

»» as capacidades humanas, limitações, características, comportamentos e


motivação para o design de equipamentos;

80
ERGONOMIA E PROJETO DO MOBILIÁRIO │ UNIDADE III

»» sistemas e procedimentos de uso das pessoas e o ambiente no qual elas


as usam.

Essas informações são base para a geração de recomendações de design e para prevenir
prováveis efeitos das diversas alternativas de elaboração de projetos sobre os usuários
e trabalhadores.

Ergodesign
Antes profissionais como engenheiros e arquitetos, desenhistas industriais percebiam a
Ergonomia como um elemento que dificultava o desenvolvimento dos projetos, porque
exigia estudos mais aprofundados sobre o usuário e que vários requisitos fossem
cumpridos, tornando o projeto mais demorado. Por outro lado, muitos ergonomistas
não conseguiam passar para os designers de forma fácil e sintetizada. O autor Yap
(1997) concluiu que o conceito de Ergodesign acabaria com os conflitos entre designers
e ergonomistas. O autor acreditava que esta nova tecnologia otimizaria a união dos dois
conceitos no processo criativo.

O termo Ergodesign é união de ergonomia e design. Segundo Yap (1997), “o Ergodesign


é um importante conceito desenvolvido para construir uma ponte e tornar mais
eficiente uma interação entre as duas disciplinas. O Ergodesign apaga efetivamente
as barreiras artificiais entre as duas disciplinas e, consequentemente, melhora sua
aplicabilidade no processo de design. A sinergia e a simbiose dessa união resultarão
numa significante melhoria da tecnologia da interdisciplinaridade para a criação de
produtos, equipamentos e ambientes, em sistemas complexos”. O foco principal do
ergodesign é o usuário, ou seja, a ergonomia, junto ao design, busca aperfeiçoar a
transmissão de informações e promover a usabilidade.

Atualmente, este conceito já é utilizado, porém, muitas vezes, não é usado o termo
“ergodesign”, pois este às vezes está incluído em outros conceitos como “design centrado
no usuário”, “usabilidade”, “experiência do usuário” etc., no qual o foco é o usuário e
sua relação com o produto e/ou ambiente.

81
CAPÍTULO 2
Projeto de mobiliário

O projeto comercial deve apresentar a imagem da empresa. Assim, o profissional


precisa identificar as principais características, valores e conceitos do produto e serviços
prestados por esta empresa. Estas informações podem ser coletadas pelos trabalhadores,
site empresarial e manuais da empresa. Também é importante identificar o perfil do
público-alvo. Caso a imagem da empresa não seja compreendida no projeto, ela pode
ser prejudicada, porque não será compreendida corretamente pelo público ao qual é
destinada.

Vale observar que é preciso levar em consideração as atividades que serão desenvolvidas
em cada departamento e setor desta empresa. Ou seja, pensar desde os mobiliários
à necessidade de comunicação entre os setores até equipamentos tecnológicos para a
elaboração do projeto arquitetônico.

A vantagem de elaborar um projeto pensando na ergonomia dos ambientes de trabalho


é a melhora do desempenho do profissional, como concentração e produtividade. O
design do ambiente, como cores, iluminação, materiais, que serão utilizados para a
composição do mobiliário e para os revestimentos da estrutura, o clima para o ambiente
e todo equipamento necessário para o funcionamento do ambiente de trabalho deve
atender às necessidades e dimensões do usuário que ali executará suas tarefas.
Figura 64. Medidas necessárias de acordo com as atividades desenvolvidas para
trabalho em pé ou sentado.
Figura 66. Medidas necessárias de acordo com as atividades desenvolvidas para trabalho em pé ou sentado.

50-70 cm do monitor

Altura dos 50-70 cm do monitor


olhos
Inclinação
do monitor
10º a 20º
Altura dos olhos

Inclinação
do monitor
10º a 20º

Altura do
cotovelo Altura do
cotovelo
Altura do assento

Trabalho em pé Trabalho sentado

Fonte: http://ergonomianutricao08.blogspot.com/. Acesso em: 15/10/2019.

82
ERGONOMIA E PROJETO DO MOBILIÁRIO │ UNIDADE III

Figura 65. Medidas necessárias de acordo com as atividades desenvolvidas para o trabalho em
Figura 67. Medidas necessárias de acordo com as atividades desenvolvidas para o trabalho em pé.
pé.

Trabalho de Precisão Trabalho Leve Trabalho Pesado

Fonte: http://riscaorisco.blogspot.com/2012/06/ergonomia-nos-postos-de-trabalho.html. Acesso em: 15/10/2019.

Figura 68. Medidas necessárias de acordo com as atividades desenvolvidas. A distância recomendada entre

cabeça e o monitor é de 45 a 70 cm, no máximo.

Fonte: https://sites.google.com/site/miposturaenlapc/home/el-monitor. Acesso em: 15/10/2019.

Observa-se que a tecnologia vem se transformando e sendo inserida em toda atividade


de trabalho, resultando em que todo tipo de escritório, desde o corporativo até um
simples home office, seja necessário se adaptar para receber esse equipamento novo
que se introduza no mercado a todo instante, modificando a forma de como exercer a
função.

Uma dica relevante é analisar o organograma da empresa e depois setorizar o espaço


físico dos ambientes. A intensão é facilitar o processo organizacional, gerencial,
administrativo e criativo da empresa, auxiliando com a setorização específica para cada
usuário e a atividade que será desempenhada.

O objetivo da ergonomia é modificar os sistemas de trabalho para adequar suas atividades


às características, para que o usuário tenha um desempenho eficiente, confortável
e seguro. Vale salientar que, mesmo se tratando de um home office, é importante
consultar um profissional para elaboração de um projeto que leva em consideração
questões ergonômicas. Dessa forma, será analisada atividade principal exercida pelo

83
UNIDADE III │ ERGONOMIA E PROJETO DO MOBILIÁRIO

usuário, mais as medidas do espaço disponível para esse ambiente, oferecendo dados
para o projeto.

Figura 69. Home office planejado.

Fonte: https://www.blogvidadecasada.com/decoracao-de-home-office-e-ergonomia/. Acesso em: 15/10/2019.

Vale salientar que a escolha correta dos móveis de uma empresa é tão importante quanto
a de um bom profissional. Para fazer a escolha certa dos móveis ou fazer um projeto de
planejados, inicialmente, é necessário medir o tamanho do espaço disponível e analisar
a quantidade de pessoas que ocuparão o local e as atividades que serão desempenhadas;
também é importante observar o nível hierárquico de cada usuário. Dependendo do
ramo da empresa, deve-se pensar na quantidade de pessoas que atenderão aos clientes
pessoalmente, para definir a disposição de cadeiras e verificar se o ambiente terá sala
de espera para mobiliar com sofás ou cadeiras.

É preciso ter cautela para que o local não tenha a sensação de enclausuramento. Assim,
o calor, o frio, a circulação de ar, a luz natural e a acústica precisam ser levadas em
consideração.

É necessário verificar se o espaço atribuído para o trabalho permite mudança de posição


do usuário. Vale também observar se tem paredes sem brilho, se a temperatura e a
umidade são confortáveis e se existem poucos ruídos. Após essas avaliações, é preciso
determinar o número de computadores, de mesas, de pontos de internet, telefone e
energia.

84
ERGONOMIA E PROJETO DO MOBILIÁRIO │ UNIDADE III

Figura 70. Exemplo de um ambiente coorporativo que possui aspectos ergonômicos.

Fonte: https://www.worksolution.ws/como-decorar-o-escritorio-de-acordo-com-o-perfil-da-empresa/. Acesso em: 15/10/2019.

Orientações do design para a concepção do


layout de um escritório
»» Espaço físico: o espaço físico deve ser subdividido considerando o
organograma da empresa, porque facilita a comunicação entre os setores
de atividades da empresa.

»» Circulação: deve-se atentar nas medidas consideradas ideais para que os


usuários consigam utilizar, de maneira confortável, os móveis de escritório
de modo que não interfiram na transição de outros e não prejudiquem os
seus movimentos na realização de suas tarefas. Para facilitar ações da
vida cotidiana, a NBR (normas brasileiras) propõe medidas adequadas,
como garantir ao menos 60 cm para circulação de pessoas entre sofás,
poltronas e mesas de centro. Nesse sentido, não esquecer dos espaços de
circulação de pessoas é garantir o conforto e acesso fácil a variados locais
dentro da empresa.

De acordo NBR 9050, o fluxo de pessoas deve determinar as dimensões dos corredores.
Mas vale salientar que a largura dos corredores de uso comum deve ser no mínimo de:

›› 90 cm, se o corredor tiver até 4m de comprimento.

›› 1,20 m, se o corredor tiver até 10 m.

›› 1,50 m, se o corredor tiver mais de 10 m.

›› 1,80 m, se for necessária a circulação de duas cadeiras de rodas


(GURGEL, 2005, p. 29).

»» Iluminação: o ambiente deve oferecer ao usuário uma boa qualidade


de luz e que esteja bem distribuída no local. É recomendado que
esteja orientada pelo tipo de atividade que será executada. O uso

85
UNIDADE III │ ERGONOMIA E PROJETO DO MOBILIÁRIO

de computadores nesses ambientes é mais frequente, por isso, o


projeto de iluminação tem que ser mais aprimorado. Para esse
tipo de projeto, é necessário saber sobre os mais variados tipos
de iluminação conforme a função. A seguir, alguns exemplos dos
tipos mais conhecidos e utilizados em projetos de iluminação para
escritório:

›› Geral ou de fundo.

›› Destaque.

›› Tarefa.

›› Luz direta.

›› Luz indireta.

›› Luz difusa.

Destes tipos citados, tanto quanto a função quanto a orientação do facho de luz, os mais
adequados para um projeto de escritório são a iluminação geral e de tarefa e a luz difusa
e direta, porque facilita a realização das tarefas mais comuns em empresas.

»» Conforto ambiental: é necessário tornar o mais confortável possível


o ambiente de trabalho, pelo fato de as pessoas passarem em torno
de 8 horas diárias neste local. É preciso que elas se sintam dispostas
e estimuladas, pois isso refletirá no seu desempenho e no seu humor.
Também é preciso pensar no conforto dos visitantes e clientes, pois a em
presa depende da sua imagem para tratar de negócios, além da execução
bem feita de suas atividades. Vale observar que é necessário manter a
temperatura dentro do ambiente de trabalho em um nível confortável,
porque, se estiver muito quente ou muito frio, os usuários poderão sentir
menos disposição e suscetíveis ao cansaço.

»» Acústica: vale atentar-se para controlar a propagação de ruídos causados


nos próprios locais de trabalho ou por fontes geradoras externas. Deve
aplicar materiais que absorvam o som, levando em conta o caráter
visual da empresa. Já no teto, pode utilizar forros acústicos, que sejam
desenvolvidos com materiais com fibra de vidro, que absorve os ruídos
propagados no ambiente.

86
ERGONOMIA E PROJETO DO MOBILIÁRIO │ UNIDADE III

Novos projetos ergonômicos visam melhorias


para indústria têxtil
Os projetos na área da Ergonomia conduzidos pela Fundacentro contribuíram
em vários setores da produção para a melhoria das condições de trabalho.

Voltados a adequar ergonomicamente as estações de trabalho ao trabalhador,


de forma a dar melhores condições para a realização das atividades, as ações
realizadas pela instituição contribuíram para a minimização do número de
afastamento de trabalhadores com lesões.

De projetos ergonômicos para os trabalhadores de portos no carregamento de


sacas; projetos de móveis de costura industrial com design ergonômico; criação
do espaço Tititi no Sindicato das Costureiras de São Paulo e Osasco; projeto
ergonômico na indústria calçadista de Birigui; projeto ergonômico em indústrias
de confecção e casas de farinha; avaliação de riscos ergonômicos no trabalho
das paneleiras de goiabeiras, mais uma vez a ergonomia entra em cena, mas no
setor do jeans.

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT),


somente em 2013, o Brasil produziu cerca de 365 milhões de peças de moda
jeanswear. O país conta ainda com mais de 6,6 mil unidades produtivas com
porte industrial.

Mas é em Caruaru, Agreste Pernambucano, segundo maior polo têxtil do país,


responsável pela subsistência de inúmeras famílias e geração de emprego, que a
Fundacentro, a Auditoria Fiscal do Trabalho de Recife (representada pelo Auditor
Paulo Mendes) e Anniele Martins, fisioterapeuta e funcionária da empresa que
hoje é utilizada como referência pelas modificações realizadas no ambiente de
trabalho, onde tudo começa.

Em 2014, iniciava-se o estudo ergonômico para a melhoria das condições no


ambiente de trabalho em empresas localizadas nas cidades de Toritama, Santa
Cruz e Caruaru, muitas das quais possuem característica de trabalho informal e
que não estavam adequadas à legislação vigente.

O start inicial partiu da fisioterapeuta Anniele Martins, funcionária de uma


empresa do segmento do jeans, que por sua vez já havia recebido solicitação da
Auditoria Fiscal do Trabalho de Pernambuco para que realizasse adequações no
ambiente de trabalho.

87
UNIDADE III │ ERGONOMIA E PROJETO DO MOBILIÁRIO

Partiu da própria fisioterapeuta a iniciativa de desenvolver uma estação de


trabalho que pudesse atender a realidade dos trabalhadores que exercem
atividade de auxiliar de costura, que, de acordo com a própria fisioterapeuta,
é uma tarefa de limpeza da peça totalmente diferente de outras atividades
realizadas no setor têxtil.

Foi então que Anniele, após tomar conhecimento de uma cadeira de auxiliar
de costura desenvolvida pela Fundacentro e usada pela Confederação Nacional
dos Trabalhadores nas Indústrias do Setor Têxtil, Vestuário, Couro e Calçados
(CONACCOVEST), decidiu procurar pela entidade para que ela desenvolvesse um
projeto ergonômico correto.

Em uma primeira fase, conta a fisioterapeuta, a cadeira desenvolvida pela


Fundacentro não se adequou à realidade da empresa, necessitando de
reformulação no projeto ergonômico. Novos passos foram dados e adaptações
foram feitas para que então pudesse se chegar ao projeto atual, contemplando
de forma ergonomicamente correta os trabalhadores desta função.

“Foram feitas adaptações no primeiro laudo que apresentamos. Mas a mesa


foi muito bem recebida. A produtividade não mudou e para o trabalhador não
houve mais queixas físicas e dores. Agradeço a receptividade do profissional
Ricardo Serrano da Fundacentro, que com seu olhar de ergonomista, em muito
contribuiu para as melhorias da empresa”, coloca Anniele.

Protótipo

Para adequar o ambiente de trabalho, o ergonomista da Fundacentro desenvolveu


um protótipo que pudesse minimizar as várias queixas dos trabalhadores.

Projetado com base na Nota Técnica 060/2001 e a NR-17, Serrano procurou fazer
um protótipo que pudesse atender as necessidades básicas para a realização
do trabalho com conforto e segurança. “Mais do que tudo, o protótipo é
uma proposta de uma nova maneira para se fazer o acabamento da peça
contemplando a necessidade do trabalhador de escolher a postura adequada”,
ressalta.

Ainda segundo o ergonomista, a proposta de uma nova estação de trabalho é


que ela contemple a NR-17, como também atenda à população trabalhadora,
em mais de 90% no que se refere à adaptação e às dimensões antropométricas.
Foi realizado estudo dos segmentos corporais para dimensionar altura,
profundidade e alcance biomecânico.

88
ERGONOMIA E PROJETO DO MOBILIÁRIO │ UNIDADE III

Ricardo desenvolveu na construção do protótipo, uma peça inclinada, a fim de


facilitar o alcance biomecânico e a acuidade visual do trabalhador para facilitar
a realização do acabamento.

Outros detalhes importantes considerados na construção do protótipo foram


a barra de apoio para os pés, que, além de apoiar a planta do pé na posição
sentada, serve também como alternância dos membros inferiores e a parte
superior do tampo que proporciona o apoio do membro superior direito ou
esquerdo e serve como local de depósito da peça.

Fonte: adaptado pela autora. FUNDACENTRO. Título Original: Ergonomia no setor do jeans:


adaptação dos postos de trabalho melhora condição dos trabalhadores. Disponível em: https://
www.saudeocupacional.org/2016/02/novos-projetos-ergonomicos-visam-melhorias-para-
industria-textil.html.

89
CAPÍTULO 3
Aspectos da ergonomia em lojas
(ergonomia no varejo)

A ergonomia no varejo estuda a interação das pessoas, dos clientes e dos funcionários
com a loja, a fim de otimizar o bem-estar e o desempenho do ambiente.

O ambiente de compra determina o tempo que os clientes permanecem no local, o


volume comprado e a satisfação com a experiência. Vale observar que, quanto melhor
for a ergonomia no processo de compra, melhor resultará a experiência no ambiente,
quantidade das vendas e a possibilidade de retorno do cliente à loja. A ergonomia do
cliente na loja pode ser trabalhada de maneiras diferentes.

Uma das maneiras está relacionada com o conforto e o bem-estar da compra. Por
exemplo: é desconfortável prateleiras muito altas ou baixas para os clientes conseguirem
alcançar os produtos, agravando a dificuldade para a pessoas idosas e crianças. Nesse
sentido, o estudo da ergonomia de compra melhora o acesso dos clientes aos produtos,
levando em consideração os movimentos com o menor esforço e o maior conforto que a
loja pode gerar. Alturas mínimas e máximas de exposição são considerados nos estudos
ergonômicos.

As técnicas de exposição de produtos na loja trazem locais conhecidos como pontos


focais, ou “pontos áureos”, para aumentar a visualização dos produtos e influenciar o
andamento de compra dos clientes.

Figura 71. Exemplo de desconforto para alcançar o produto.

Fonte: https://www.dexi.com.br/des-ergonomia. Acesso em: 15/10/2019.

90
ERGONOMIA E PROJETO DO MOBILIÁRIO │ UNIDADE III

Figura 72. Alcance dos produtos expostos.

Fonte: https://www.dexi.com.br/des-ergonomia. Acesso em: 15/10/2019.

Essa técnica aplicada em lojas consiste em expor os produtos que se quer promover
nos locais de maior e mais fácil visualização. Esse local é a altura dos olhos e um pouco
abaixo, se caso o cliente estiver próximo do produto. Se ele estiver afastado, o ponto fica
um pouco acima da altura dos olhos.

Figura 73. Ponto focal.

Fonte: https://www.dexi.com.br/des-ergonomia. Acesso em: 15/10/2019.

Vale observar que, de um lado, os produtos que precisam ser expostos para serem
vendidos, dessa forma nota-se um desafio de conciliar a exposição com a ergonomia
na loja. Existe uma limitação de espaço disponível para exposição na loja como, por
exemplo, a quantidade de prateleiras. De outro lado, existe os conceitos de ergonomia
dos clientes, a otimização de acesso aos produtos e os pontos focais para auxiliar e
promover a venda. Apesar deste fato, é necessário desenvolver soluções em frente a
estas variáveis. É preciso avaliar cada caso, pois não existe uma receita pronta.

91
UNIDADE III │ ERGONOMIA E PROJETO DO MOBILIÁRIO

Em comum, nas melhores práticas, vale considerar:

»» nas lojas, os mobiliários podem ser criados com o conceito de ergonomia


e exposição de produtos conciliando com o desenho conceitual, ou seja,
arquitetura e merchandising de exposição trabalham lado a lado;

»» nas áreas de exposição, criar uma hierarquia privilegiando a ergonomia;

»» análise de giro dos produtos, itens que mais vendem, são expostos nos
melhores locais;

»» Comumente, existe bloqueio de áreas chamadas “anti-ergonômicas”, que


são espaços pouco acessíveis aos clientes;

»» dependendo do ramo da loja, uma boa opção é separar o produto de


exposição de acordo com o perfil alvo de compra, por exemplo: separar
de acordo com a segmentação dos produtos por idade dos clientes, ou
seja, a separar produtos para crianças, adultos e idosos.

Compreendendo a necessidade da ergonomia na loja, é possível criar uma melhor


experiência de compra para o cliente e as hierarquias de exposição que ajudam nas
vendas. Existem muitos fatores que contribuem para o sucesso de um ambiente de
varejo, mas vale observar que os aspectos que são agradáveis do ambiente muitas vezes
nem é notado pelos usuários, porém um ambiente que possua limitações e que seja
problemático, com certeza cria uma impressão negativa.

Ao projetar um ambiente comercial, é praticamente impossível tocar no assunto de


medidas ergonômicas e não relacionar a antropometria. Ela é importante, por causa do
surgimento de complexos sistemas de trabalho no qual o conhecimento das dimensões
exatas do homem deve ser levadas em consideração. Por causa dessa ciência, é possível
o desenvolvimento de produtos industriais como ferramentas, automóveis e móveis.
Cada vez mais, devido aos avanços tecnológicos, será preciso ter medidas exatas e
precisas do corpo humano, para o melhoramento dos espaços físicos para proporcionar
mais conforto ao usuário.

Quando estamos desenvolvendo um projeto, nos preocupamos em pensar em toda a


parte estética, como material, cor e acabamentos que são realmente importantes para
o desenvolvimento de um bom espaço. Mas, ao pensar no planejamento de interiores
de lojas, tem que haver uma ambientação integrada à variedade de produtos expostos,
para causar uma emoção no consumidor.

92
ERGONOMIA E PROJETO DO MOBILIÁRIO │ UNIDADE III

Figura 74. O projeto da loja Tommy Hilfiger de Amsterdam possui displays de ilha com manequins suspensos.

Foram colocados próximos aos produtos destacados na vitrine.

Fonte: https://www.quitandafashion.com.br/2017/02/ponto-focal-atrai-e-vende.html. Acesso em: 15/10/2019.

Figura 75. Agrupamento dinâmico apresentando um tema da coleção.

Fonte: https://www.quitandafashion.com.br/2017/02/ponto-focal-atrai-e-vende.html. Acesso em: 15/10/2019.

Figura 76. Loja Osklen nesse cenário usou cores complementares, mostrando à variedade de produtos.

Fonte: https://www.quitandafashion.com.br/2017/02/ponto-focal-atrai-e-vende.html. Acesso em: 15/10/2019.

Com base nas autoras Pacheco, Bins Ely e Cavalcanti (2016), foram feitas recomendações
projetuais para o planejamento do layout de ambientes comerciais. Vale salientar que os
resultados mostrados foram fundamentados por meio de uma pesquisa, considerando
a relação entre ambiente, usuários e atividades realizadas. Segundo, Pacheco, Bins Ely
e Cavalcanti (2016, p. 159):

93
UNIDADE III │ ERGONOMIA E PROJETO DO MOBILIÁRIO

Buscou-se propor recomendações que possam ser aplicadas em situações


variadas, já que muitas delas não se restringem a lojas de vestuário do
porte e perfil das estudadas. Sabe-se que cada contexto influenciará as
propostas a serem desenvolvidas e, portanto, não constituem regras
a serem rigorosamente seguidas. Com isso, espera-se também que
as diretrizes não sejam usadas de modo a limitar a criatividade dos
projetistas, mas apenas fornecer mais subsídios para o planejamento
do layout de ambientes comerciais, a partir do estudo da percepção e
comportamento dos usuários.

A vitrine é o que estimula o consumidor a entrar na loja. Segundo as autoras, devem


ser pensadas para comportar os elementos como manequins, cenários e também para
atividades como trocas das mercadorias para exposição, para que sejam realizadas
confortavelmente.

Na área interna da loja, situada junto às portas de acesso, recomenda-se a colocação


de produtos para chamar a atenção dos consumidores, despertando o interesse das
pessoas para entrarem, especialmente em lojas que a porta fique bem aberta, casos em
que esta área também funciona como uma ampliação da vitrine.

Ao projetar ambientes comerciais, percebe-se que sempre existirá lojas com áreas de
melhor visibilidade – áreas nobres – e áreas com menos visibilidades – áreas menos
nobres. Segundo Pacheco, Bins Ely e Cavalcanti (2016, p. 159):

Por exemplo, em lojas com um formato retangular, na qual a


profundidade é bastante superior à largura, pode ser difícil conduzir o
cliente até os fundos da loja. Com isso, fica o desafio para os projetistas
de fazer os clientes circularem por todo o ponto de venda, mesmo pelas
áreas menos valorizadas, por meio de uma distribuição estratégica de
produtos e de um layout planejado para induzir os fluxos a todos os
setores.

Em projetos comerciais, é indicado verificar quais os produtos disponíveis para poder


definir como será o layout, pois a distribuição deles dependerá do tipo de mercadoria
comercializada e tamanho do lugar.

Vale salientar que esse projeto precisa ter flexibilidade, ou seja, posteriormente ele
poderá ser modificado, sem precisar de reformas, pois no ramo do varejo as mudanças
são constantes, como por exemplo, mesas, araras e móveis soltos em áreas centrais, que
podem ser facilmente retirados e colocados, são boas alternativas para que o layout se
adapte as necessidades de cada coleção. A utilização de móveis e suportes que dão a

94
ERGONOMIA E PROJETO DO MOBILIÁRIO │ UNIDADE III

possibilidade de regular a altura, também podem ser uma opção, pois podem se adequar
produtos com diferentes tamanhos e formas.

Fazer um estudo ergonômico do ambiente é pensar em uma série de informações


importantes para o usuário, a fim de melhorar a forma e o seu uso.

95
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Figura 2. O Modulor de Le Corbusier. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/911962/


sobre-o-deslocamento-do-corpo-na-arquitetura-o-modulor-de-le-corbusier.

Figura 3. O Modulor de Le Corbusier. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/911962/


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Figura 6. Medidas de pessoas em grupo. Fonte: NEUFERT, Ernst. A Arte de Projetar


em Arquitetura. 13ª Ed. Barcelona: Gustavo Gili, p. 21, 1998.

Figura 7. Comprimento do passo. Fonte: NEUFERT, Ernst. A Arte de Projetar em


Arquitetura. 13ª Ed. Barcelona: Gustavo Gili, p. 21, 1998.

Figura 8. Medidas para variadas posições. Fonte: NEUFERT, Ernst. A Arte de


Projetar em Arquitetura. 13ª Ed. Barcelona: Gustavo Gili, p. 21, 1998.

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Figura 10. Computador com teclado e mouse ou com programa do tipo “Dosvox”.
Imagem: FULL, Alex (2016). Fonte: https://www.maragabrilli.com.br/wp-content/
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Figura 11. Identificação de sanitários feminino e masculino e para pessoa com deficiência.
Imagem: FULL, Alex (2016). Fonte: https://www.maragabrilli.com.br/wp-content/
uploads/2016/01/universal_web-1.pdf.

Figura 12. Diferentes maneiras de comunicação: símbolos e letras em relevo, braille


e sinalização auditiva. Imagem: FULL, Alex (2016). Fonte: https://www.maragabrilli.
com.br/wp-content/uploads/2016/01/universal_web-1.pdf.

Figura 13. Elevadores com sensores que permitam às pessoas entrarem sem riscos
da porta ser fechada no meio do procedimento. Imagem: FULL, Alex (2016). Fonte:
https://www.maragabrilli.com.br/wp-content/uploads/2016/01/universal_web-1.
pdf.

Figura 14. Torneiras de sensor ou do tipo alavanca. Imagem: FULL, Alex (2016). Fonte:
https://www.maragabrilli.com.br/wp-content/uploads/2016/01/universal_web-1.
pdf.

Figura 15. Banheiros com dimensões adequadas para cadeirantes ou pessoas que
estão com bebês em seus carrinhos. Imagem: FULL, Alex (2016). Fonte: https://www.
maragabrilli.com.br/wp-content/uploads/2016/01/universal_web-1.pdf.

100
REFERÊNCIAS

Figura 16. Entrada de uma loja adaptada com uma rampa garantindo acessibilidade.
Fonte: http://raymcneice.blogspot.com/2015/05/stop-gap-fundraiser.html.

Figura 17. Uma bengala, duas bengalas e andador com rodas. Fonte: NBR 9050 (2015,
p. 7).

Figura 18. Andador rígido, vistas frontal e lateral. Fonte: NBR 9050 (2015, p. 7).

Figura 19. Muletas tipo canadense, apoio de tripé e sem órtese. Fonte: NBR 9050 (2015,
p. 7).

Figura 20. Bengala longa - Vistas lateral, frontal e superior. Fonte: NBR 9050 (2015, p.
8).

Figura 21. Cão guia. Fonte: NBR 9050 (2015, p. 8).

Figura 22. Vista frontal aberta. Fonte: NBR 9050 (2015, p. 8).

Figura 23. Vista frontal fechada, Vista lateral e Vista frontal – Cadeira cambada. Fonte:
NBR 9050 (2015, p. 8).

Figura 24. Dimensões do módulo de referência (M.R.). Fonte: NBR 9050 (2015, p. 8).

Figura 25. Uma pessoa em cadeira de rodas- Vista frontal e superior. Fonte: NBR 9050
(2015, p. 9).

Figura 26. Um pedestre e uma pessoa em cadeira de rodas- Vistas frontal e superior.
Fonte: NBR 9050 (2015, p. 9).

Figura 27. Duas pessoas em cadeira de rodas- Vista frontal e superior. Fonte: NBR
9050 (2015, p. 9).

Figura 28. Transposição de obstáculos - Vista frontal e superior. Fonte: NBR 9050
(2015, p. 9).

Figura 29. a) Rotação de 90°, b) rotação de 180° e c) rotação de 360º. Fonte: NBR 9050
(2015, p.11).

Figura 30. Deslocamento de 90º- Mínimo para edificações existentes. Fonte: NBR
9050 (2015, p.11).

Figura 31. Deslocamento mínimo para 90º. Fonte: NBR 9050 (2015, p.11).

Figura 32. Deslocamento recomendável para 90°. Fonte: NBR 9050 (2015, p.12).

101
REFERÊNCIAS

Figura 33. Deslocamento consecutivo de 90°, com percurso intermediário – Caso 1.


Fonte: NBR 9050 (2015, p.12).

Figura 34. Deslocamento consecutivo de 90° com percurso intermediário – Caso 2.


Fonte: NBR 9050 (2015, p.12).

Figura 35. Deslocamento de 180°. Fonte: NBR 9050 (2015, p.12).

Figura 36- Espaços para cadeira de rodas em áreas confinadas. Fonte: NBR 9050 (2015,
p.13).

Figura 37. Alcance manual frontal – Pessoa em pé. Fonte: NBR 9050 (2015, p.15).

Figura 38. Alcance manual frontal – Pessoa sentada. Fonte: NBR 9050 (2015, p.16).

Figura 39. Alcance manual frontal com superfície de trabalho – Pessoa em cadeira de
rodas. Fonte: NBR 9050 (2015, p.17).

Figura 40. Alcance manual lateral sem deslocamento do tronco. Fonte: NBR 9050
(2015, p.18).

Figura 41. Alcance manual lateral e frontal com deslocamento do tronco. Fonte: NBR
9050 (2015, p.19).

Figura 42. Vista horizontal. Fonte: NBR 9050 (2015, p. 20).

Figura 43. Vista lateral. Fonte: NBR 9050 (2015, p. 20).

Figura 43. Ângulos ideias para apoio de braço. Fonte: (NBR 9050/2015, p. 20).

Figura 44. Ambiente de trabalho da Google. Fonte: https://solinemoveis.com.br/blog/


ambientes-de-trabalho-criativos/.

Figura 45. Ambiente de trabalho com paredes enfeitadas com post-its desenhando os
heróis da Marvel em pixel art. Fonte: https://solinemoveis.com.br/blog/ambientes-
de-trabalho-criativos/.

Figura 46. Ambiente de trabalho com área de lazer próxima aos funcionários. Fonte:
https://solinemoveis.com.br/blog/ambientes-de-trabalho-criativos/.

Figura 47. Posição correta de trabalho Fonte: http://seguridadysaludocupacional.com/


ergonomia-de-una-silla/.

Figura 48. A altura do pé ao assento tem possuir a dimensão de 420mm. Fonte: https://
solinemoveis.com.br/abnt-nbr-139622006/.

102
REFERÊNCIAS

Figura 49. Largura do assento de 400mm. Fonte: https://solinemoveis.com.br/abnt-


nbr-139622006/.

Figura 50. Profundidade do assento de 380mm (mínimo) a 440mm(máximo). Fonte:


https://solinemoveis.com.br/abnt-nbr-139622006/.

Figura 51. Distância entre a borda e o eixo de rotação. Fonte: https://solinemoveis.com.


br/abnt-nbr-139622006/.

Figura 52. Extensão vertical do encosto. Fonte: https://solinemoveis.com.br/abnt-


nbr-139622006/.

Figura 52. Altura do eixo de rotação e altura da borda de encosto. Fonte: https://
solinemoveis.com.br/abnt-nbr-139622006/.

Figura 52. Altura e distância interna do apoia braço. Fonte: https://solinemoveis.com.


br/abnt-nbr-139622006/.

Figura 53. Comprimento do apoia braço e recuo de 100mm. Fonte: https://solinemoveis.


com.br/abnt-nbr-139622006/.

Figura 54. Largura do apoia-braço. Fonte: https://solinemoveis.com.br/abnt-


nbr-139622006/.

Figura 55. Itens necessários para uma cadeira de escritório. Fonte: http://www.direh.
fiocruz.br/guiaergonomico/cartilha-ergonomia-comprasFORMATOA5.pdf.

Figura 56. Regulagens de cadeira. Fonte: http://www.direh.fiocruz.br/guiaergonomico/


cartilha-ergonomia-comprasFORMATOA5.pdf.

Figura 57. Ilustração mostrando como deve ser o posto de trabalho para a posição sentado
em frente ao computador. Fonte: https://solinemoveis.com.br/nr-17-ergonomia/.

Figura 58. Espectro eletromagnético. Fonte: https://www.todamateria.com.br/


espectro-eletromagnetico/.

Figura 60. Cores primárias. Fonte: da autora.

Figura 61. Cores primárias. Fonte: da autora.

Figura 62. Cores Terciárias. Fonte: Da autora.

Figura 63. Círculo cromático. Fonte: https://www.todamateria.com.br/cores-


complementares/. Com adaptação da autora.

103
REFERÊNCIAS

Figura 64. Medidas necessárias de acordo com as atividades desenvolvidas para trabalho
em pé ou sentado. Fonte: http://ergonomianutricao08.blogspot.com/.

Figura 65. Medidas necessárias de acordo com as atividades desenvolvidas para o


trabalho em pé. Fonte: http://riscaorisco.blogspot.com/2012/06/ergonomia-nos-
postos-de-trabalho.html.

Figura 66. Medidas necessárias de acordo com as atividades desenvolvidas. A distância


recomendada entre cabeça e o monitor, e de 45 cm a 70 cm no máximo. Fonte: https://
sites.google.com/site/miposturaenlapc/home/el-monitor.

Figura 67. Home office planejado. Fonte: https://www.blogvidadecasada.com/


decoracao-de-home-office-e-ergonomia/.

Figura 68. Exemplo de um ambiente coorporativo que possui aspectos ergonômicos.


Fonte: https://www.worksolution.ws/como-decorar-o-escritorio-de-acordo-com-o-
perfil-da-empresa/.

Figura 69. Exemplo de desconforto para alcançar o produto. Fonte: https://www.dexi.


com.br/des-ergonomia.

Figura 70. Alcance dos produtos expostos. Fonte: https://www.dexi.com.br/des-


ergonomia.

Figura 71. Ponto focal. Fonte: https://www.dexi.com.br/des-ergonomia.

Figura 72. No projeto da loja Tommy Hilfiger de Amsterdam, possui displays de ilha
com manequins suspensos. Foram colocados próximos aos produtos destacados na
vitrine. Fonte: https://www.quitandafashion.com.br/2017/02/ponto-focal-atrai-e-
vende.html.

Figura 73. Agrupamento dinâmico apresentando um tema da coleção. Fonte: https://


www.quitandafashion.com.br/2017/02/ponto-focal-atrai-e-vende.html.

Figura 74. loja Osklen nesse cenário usou cores complementares, mostrando à variedade
de produtos. Fonte: https://www.quitandafashion.com.br/2017/02/ponto-focal-atrai-
e-vende.html.

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