Você está na página 1de 145

Silvicultura e Tecnologias de

Produção Florestal

Brasília-DF.
Elaboração

Ernane Miranda Lemes

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 6

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8

UNIDADE I
ASPECTOS DAS ÁRVORES, MUDAS E SILVICULTURA................................................................................. 11

CAPÍTULO 1
ECOFISIOLOGIA, GENÉTICA E MELHORAMENTO FLORESTAL..................................................... 11

CAPÍTULO 2
SILVICULTURA........................................................................................................................... 20

CAPÍTULO 3
SEMENTES E MUDAS FLORESTAIS.............................................................................................. 27

UNIDADE II
ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA................................................................... 36

CAPÍTULO 1
CONTROLE DE PRAGAS E PATOLOGIA FLORESTAL.................................................................... 37

CAPÍTULO 2
ANATOMIA E IDENTIFICAÇÃO DE MADEIRAS............................................................................ 48

CAPÍTULO 3
PROPRIEDADES DA MADEIRA, RELAÇÃO ÁGUA-MADEIRA E SECAGEM..................................... 53

UNIDADE III
QUÍMICA, POLPA CELULÓSICA E BIODEGRADAÇÃO DA MADEIRA......................................................... 80

CAPÍTULO 1
QUÍMICA DA MADEIRA............................................................................................................ 80

CAPÍTULO 2
TECNOLOGIA DA PRODUÇÃO DE POLPA CELULÓSICA............................................................. 89

CAPÍTULO 3
BIODEGRADAÇÃO E PRESERVAÇÃO DA MADEIRA................................................................... 93
UNIDADE IV
PRODUTOS MADEIREIROS, QUALIDADE E INOVAÇÃO.......................................................................... 110

CAPÍTULO 1
LAMINAÇÃO, PRODUÇÃO E UTILIZAÇÃO DE COMPENSADOS, CHAPAS DE COMPOSIÇÃO E
MADEIRAS LAMINADAS ......................................................................................................... 110

CAPÍTULO 2
PROCESSAMENTO MECÂNICO DA MADEIRA E TÉCNICAS DE SERRARIA.................................. 122

CAPÍTULO 3
QUALIDADE, GESTÃO E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA .............................................................. 126

REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 132
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do Caderno de
Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

6
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

7
Introdução
O cultivo de espécies florestais para a produção de fibras (madeira), resinas e
derivados procura atender um mercado em constate expansão e demanda.
Contudo, a produção silvicultural é uma ciência e arte que exigem conhecimento
técnico especializado e entendimento dos fatores que afetam o desenvolvimento
de uma árvore.

O entendimento de fatores como as pragas e as doenças podem afetar o


desenvolvimento e a qualidade da produção final dos produtos de uma árvore,
assim como quais manejos silviculturais são apropriados para a finalidade do
cultivo florestal são aspectos essenciais para o profissional que atuará nesse
segmento.

Diversos aspectos durante o ciclo de uma espécie florestal, da produção das mudas
à serraria e confecção das peças finais são importantes na definição da qualidade da
madeira. Muitos desses aspectos, assim como suas interações, são apresentados e
discutidos nessa apostila.

Para compreender todos esses assuntos, o estudo será dividido em quatro Unidades.
Primeiramente, serão vistos os aspectos ecofisiológicos das arvores, as características
e possíveis manipulações genéticas. Em seguida, será discutida a silvicultura de
forma geral para que, desse modo, se possa adentrar no assunto das sementes e
mudas florestais.

Na segunda unidade, serão abordados temas que envolvem a sanidade das florestas.
Visto isso, serão discutidas as propriedades físicas e mecânicas das madeiras.
O assunto da secagem será tratado com ênfase.

A terceira unidade será de aprofundamento nos assuntos que envolvem a


química da madeira, tecnologias da produção celulósica, as técnicas e a
relevância da preservação da madeira.

Por fim, a última unidade trata dos produtos madeireiros, bem como sua
utilização e produção. Serão descritas características dos compensados,
chapas de composição e das madeiras laminadas. O encerramento do estudo
se dará por meio da atualização dos conhecimentos acerca da qualidade
da madeira, gestão e da inovação tecnológica.

8
Objetivos
» Apresentar as principais características estruturais e anatômicas
de uma árvore, suas relações ecofisiológicas e efeitos do manejo
silvicultural.

» Discutir como os principais problemas fitossanitários e estresse que


uma árvore em um florestamento pode sofrer e como mitigar esses
problemas.

» Compreender como as características de uma madeira podem afetar


suas respostas qualitativamente durante a secagem e serraria.

» Apresentar os principais destinos da produção florestal, suas


propriedades e empregos, além dos processos de tratamento e
conservação da madeira.

» Abordar de forma contínua e articulada com as tendências atuais


todos os temas propostos aqui ao logo de todo o material.

9
10
ASPECTOS DAS
ÁRVORES, MUDAS E UNIDADE I
SILVICULTURA

Caro aluno, para iniciar no assunto, serão vistos alguns fatores que levam ao estresse
das plantas e como isso pode restringir o funcionamento normal e saudável de seus
sistemas biológicos. Serão vistos, também, os padrões de crescimento das árvores e o
desempenho fotossintético delas.

Será abordado adiante o destaque para a seleções de árvores-elite para a produção


de madeira e a importância do melhoramento genético para a produção florestal.

Você verá como a silvicultura tem impacto na economia nacional e quais principais
produtos, madeireiros e não madeireiros, são oriundos dessa atividade. Técnicas
como o desbaste e desrame serão tratadas com maior detalhamento.

No decorrer da unidade, será discutido como se dá a reprodução das principais


espécies florestais e algumas das consequências do melhoramento genético na
produção de sementes. Você aprenderá os fatores que podem comprometer a
quantidade e qualidade das sementes. Serão abordadas técnicas para realização da
colheita das sementes. Os cuidados na armazenagem delas também serão tratados
nesta unidade. Por fim, você aprofundará no tema da produção de mudas florestais.
Para isso, serão discutidas as técnicas adequadas para se obter mudas de qualidade
e em quantidade suficiente.

CAPÍTULO 1
Ecofisiologia, genética e melhoramento
florestal

Ecofisiologia
O estudo da ecofisiologia de espécies florestais envolve a investigação do
comportamento morfofisiológico da árvore nas diversas interações das condições
físicas, químicas e biológicas do sistema edafoclimático. Este estudo visa, portanto,

11
UNIDADE I │ ASPECTOS DAS ÁRVORES, MUDAS E SILVICULTURA

a entender quais fatores controlam o crescimento, a sobrevivência, a abundância e


a distribuição espacial e temporal das árvores estudadas a partir dos mecanismos
fisiológicos envolvidos no crescimento, adaptação e sobrevivência das plantas.

Lembremos que as interações de plantas individuais dentro de sua comunidade, suas


consequências sobre a dinâmica estrutural da floresta (natural ou plantada), assim
como, os mecanismos adaptativos da planta ao estresse imposto pelos fatores bióticos
e abióticos também são temas de estudo da ecofisiologia. O entendimento dessas
alterações nas espécies florestais como consequência das condições presentes durante
o seu desenvolvimento permite estabelecer práticas de manejo florestal consistentes
com a capacidade produtiva das plantas em cada situação em particular.

Os estresses que afetam as plantas podem ser entendidos como uma condição
adversa, na qual restringem o funcionamento normal e saudável dos sistemas
biológicos. Segundo Mahajan e Tuteja (2005), plantas estressadas por meio de
células receptoras recebem, ou receberam, uma série de sinais que em contrapartida
desencadeiam uma série de respostas para se manterem perenes e produtivas no
ecossistema. A amplitude dessas respostas depende, contudo, da capacidade de
adaptação da planta aos estresses incidentes (BENGOUGH et al., 2006).

Os principais estresses que sistemas florestais estão sujeitos a campo estão


relacionados a deficiências nutricionais, à compactação do solo, ao sombreamento e
à insolação, ao alagamento e à falta de água.

É importante ressaltar que o desequilíbrio desses fatores e de outros


importantes, como a disponibilidade de CO2, favorece a inibição desempenho
ecofisiológico de espécies florestais e reduz o sucesso dos projetos de manejo
das áreas florestadas.

Pelas informações apresentadas, pode se inferir que a capacidade de uma espécie


florestal em modelar seu metabolismo para otimizar a utilização da energia luminosa
disponível será determinante para o sucesso, ou o fracasso, de sua adaptação e
estabelecimento nas diferentes regiões produtoras. Portanto, como as espécies
florestais (assim como todas as demais plantas) são muito prejudicadas quando
faltam recursos essenciais como água, nutrientes minerais, energia luminosa e
CO 2 (Figura 1), aquelas espécies e variedades que estejam mais bem adaptadas ao
uso eficiente desses recursos terão maiores chances de sobreviver e produzir no
ambiente (ACKERLY et al., 2000; LITTON et al., 2007).

12
ASPECTOS DAS ÁRVORES, MUDAS E SILVICULTURA │ UNIDADE I

Figura 1. Perdas de produtividade resultado de déficit hídrico em área de eucalipto.

Fonte: https://www.celuloseonline.com.br/wp-content/uploads/2016/11/controle-hidrico-florestal-eucalipto.jpg.

A identificação dos momentos em que a temperatura, a quantidade de luz e o suprimento


de água começam a restringir o crescimento das espécies arbóreas é essencial para
a compreensão de como os efeitos de estresses podem ser amenizados (OTTO et
al., 2013). Portanto, o conhecimento das estratégias ecofisiológicas adotadas pelas
espécies florestais é essencial para a adequação de técnicas de conservação de
espécies nativas e de manejo florestal sustentável.

A avaliação dos intervalos das condições climáticas às quais a espécie florestal está
adaptada permite examinar não só os padrões de crescimento da árvore em relação
à temperatura média e disponibilidade de água assim como a sua capacidade em
resistir a extremos durante suas várias etapas de crescimento (LANDSBERG; SANDS,
2011). Segundo Stape et al. (2004), o entendimento dessas condições é impulsionado
pela demanda por plantações florestais e pelo objetivo de constantes aumentos
de produtividade, o que evidencia mais ainda a necessidade do conhecimento da
ecofisiologia de espécies florestais em condições de limitações dos recursos naturais.

Entretanto, o desempenho ecofisiológico das espécies florestais é, antes de tudo, uma


função do mecanismo fotossintético, cuja eficiência resulta em elevadas produções,
favorecendo o armazenamento de biomassa promovido pelo metabolismo primário
e a produção de demais substâncias pelo metabolismo secundário (GONÇALVES et
al., 2012). A fotossíntese é um complexo de reações que dependem da temperatura
ambiente, da concentração de CO2 nos sítios de carboxilação, da energia luminosa
absorvida e das características bioquímicas de cada espécie de planta (DE PURY;
FARQUHAR, 1997).

13
UNIDADE I │ ASPECTOS DAS ÁRVORES, MUDAS E SILVICULTURA

Convém destacar que um dos principais modos de estudar as respostas a condições


estressantes sobre o metabolismo das espécies florestais consiste em analisar o
desempenho fotossintético foliar que está associado à eficiência na captura e utilização
da energia luminosa disponível. A disponibilidade de energia luminosa influencia
diretamente nos processos fisiológicos das espécies florestais e é essencial para o
fluxo energético nos sistemas biológicos.

A capacidade de interceptação e utilização da energia luminosa apresenta respostas


distintas entre as espécies florestais e determinantes para a sua sobrevivência,
crescimento e adaptação em diferentes condições de disponibilidade de luz. Dessa
forma, ambientes muito sombreados ou a sol pleno podem inibir os processos
fotossintéticos pela escassez ou excesso de energia luminosa.

As avaliações das alterações promovidas sobre a dinâmica da fotossíntese nas


plantas em diferentes condições de solo e ambiente podem ser realizadas pelo
monitoramento da fluorescência da clorofila a (GUIDI et al., 2019). Essa atividade
da clorofila pode ser mensurada com um fluorômetro e preferencialmente em
folhas sadias e completamente desenvolvidas. O uso eficiente da energia luminosa
para os processos fisiológicos é um fator essencial para o desenvolvimento de
ecossistemas florestais. A energia luminosa é a principal fonte de energia para
os processos físicos, químicos e biológicos no ambiente que as árvores ocupam
(CHAVES et al., 2007; LEUCHNER et al., 2007).

A produtividade de uma floresta está correlacionada ao índice de área


foliar, à respiração celular, à capacidade fotossintética, ao padrão de
alocação de carbono na planta assim como o uso e à eficiência dos
recursos disponíveis (STAPE et al., 2004; RYAN et al., 2010).

O índice de área foliar é uma variável biométrica que apresenta elevada relação
à produtividade de biomassa em uma comunidade vegetal (GOWER et al., 1999;
XAVIER; VETTORAZZI, 2003), e como parâmetro para modelos relacionados à
evapotranspiração foliar, à dinâmica ciclos de carbono e de água e naturalmente,
à produtividade florestal (RODRIGUEZ et al., 2009).

A interceptação e assimilação da luz pelas folhas de uma árvore é o fundamento


de toda a produção florestal. O desenvolvimento das árvores depende fortemente
da quantidade de energia luminosa interceptada pelas folhas e também da
eficiência da conversão dessa energia em biomassa assim como da distribuição
de fotoassimilados na planta (CHAVES et al., 2007; BINKLEY et al., 2013).

14
ASPECTOS DAS ÁRVORES, MUDAS E SILVICULTURA │ UNIDADE I

Não se esqueça de que as variações temporais, da fluorescência da clorofila a, das


trocas gasosas e do potencial hídrico estão associadas às variações climáticas e
edáficas, e permitem compreender como determinada espécie florestal utiliza os
recursos disponíveis do ambiente e como as flutuações sazonais destes recursos
afetam a produtividade das plantas (RYAN et al., 2010, OTTO et al., 2013).

Genética e melhoramento florestal


Você sabia que o melhoramento genético florestal pode ser considerado uma
ciência relativamente jovem, mas que tem contribuído expressivamente para
a silvicultura nacional. Nas florestais as estratégias básicas de seleção e
melhoramento genético são com base em seleções de árvores-elite dentro da
variabilidade existente naturalmente dentro das populações.

Para o caso da maioria das espécies florestais cujo objetivo é a produção de


madeira o melhoramento genético, deve se concentrar no desenvolvimento
de características básicas como o incremento volumétrico, a forma de fuste,
a produção de sementes e a resistência aos estresses tanto bióticos quanto
abióticos, assim como para a produção de celulose (SANTOS et al., 2017) e carvão
(LIMA, 2009). Para as florestais cultivadas para a produção de resinas (p.e.
Pinus sp.) ou de óleos essenciais (p.e. eucalipto), o foco não está diretamente
relacionado à produção madeireira.

Os objetivos do melhoramento em florestais estão regularmente atrelados


ao aumento do crescimento e produtividade da madeira, fibras e energia
renovável; à modificações das propriedades químicas (p.e. concentração de
lignina e celulose) e físicas da madeira (p.e., ângulo de fibras, espessura de
parede); à resistência a estresses abióticos (geadas, seca, salinidade) e bióticos
(p.e., doenças e insetos pragas); à melhoria da eficiência da capacidade
fotossintética e de caracteres fisiológicos; à alterações na arquitetura da copa
(p.e., interceptação de luz, ramos, nós), e a usos farmacêuticos.

Visite o link https://www.youtube.com/watch?v=o8QY4euw_EE para ver o


vídeo que trata da Produção de híbridos de Eucalyptus na UFV.

A busca de materiais (genótipos) de maior eficiência na geração de produtos


florestais é amplamente beneficiada pelo uso de híbridos assim como pela
adoção de aperfeiçoadas técnicas de propagação. Apesar desses aspectos, o
melhoramento florestal por meio de técnicas clássicas apresenta consideráveis

15
UNIDADE I │ ASPECTOS DAS ÁRVORES, MUDAS E SILVICULTURA

dificuldades em relação ao controle do processo de polinização, à


complexidade na análise dos descendentes e à necessidade de uma grande
área para plantio.

O monitoramento e a seleção dentro da variabilidade genética das populações


parentais podem ser amparados por caracterização bioquímica ou molecular
auxiliando significativamente os programas de melhoramento. Técnicas
biotecnológicas, como a utilização de marcadores moleculares, a transformação
genética (transgenia) e a cultura de tecidos permitem a obtenção de progênies
com maior produtividade e qualidade (SARTORETTO et al., 2008).

Mesmo com o apoio dessa tecnologia, são necessários muitos anos


para que as árvores atinjam maturidade fenotípica, de modo que
se caracterize o melhoramento florestal como uma ciência que
implicitamente requer muitos anos para gerar resultados significativos.

Como exemplo disso no eucalipto (Eucalyptus sp.), o florescimento ocorre


em cerca de cinco anos, quando as árvores terão grande altura, o que torna a
atividade mais arriscada e onerosa.

Alternativamente a este problema temporal quando se trabalha com o


melhoramento em florestais, pode ser utilizado o processo de hibridização
indoor. Nesse sistema, as plantas de eucalipto são cultivadas em recipientes e
seu florescimento é estimulado por meio de podas e reguladores de crescimento
aplicados precocemente. Essa metodologia permite obter árvores com no máximo
dois metros de altura que florescem com aproximadamente um (1) ano, o que
aumenta consideravelmente a eficiência dos programas de melhoramentos do
eucalipto (IPEF, 2004).

A recombinação do material genético selecionado para dar continuidade à


seleção recorrente deve utilizar material de povoamentos conhecidos (p.e.,
áreas de coleta e produção de sementes, pomares de sementes ou de mudas
clonais). Por via assexuada, o melhoramento e propagação dos materiais ocorre
pelo enraizamento de propágulos das árvores selecionadas.

Como se sabe, materiais híbridos são cultivados com a implantação de áreas


de multiplicação clonal, o que é fundamental para a silvicultura intensiva
(FERREIRA, 1992). Portanto, um programa de melhoramento genético
florestal parte de uma população-base em que a seleção ocorrerá em diferentes
intensidades para a produção de sementes, ou mudas clonais, e também para a
recombinação em novos cruzamentos (RESENDE, 1999).

16
ASPECTOS DAS ÁRVORES, MUDAS E SILVICULTURA │ UNIDADE I

Nos minijardins clonais, a técnica de miniestaquia é a mais comumente utilizada


e que está cada vez mais evoluída, permitindo a redução de área para produção
inicial e do tamanho das estacas, assim como o incremento na produção de
mudas viáveis (HIGASHI et al., 2002). Os plantios clonais são produtivamente
vantajosos devido aos ganhos genéticos que podem ser aditivos por permitir
a propagação por meio de seleção massal de indivíduos-elite (SUTTON,
2002). Os clones selecionados são submetidos a testes antes dos plantios
que consistem em cultivá-los em diferentes condições para testar a
superioridade dos materiais (ALFENAS et al., 2009).

A cultura de tecidos é outra técnica vantajosa de produção de materiais


superiores de espécies florestais (Figura 2). De maneira geral, esta tecnologia
é requerida em certas etapas dos programas de melhoramento, oferecendo,
muitas vezes, soluções únicas para os inerentes desafios do melhoramento
vegetal (FERREIRA et al., 1998). A micropropagação é a técnica de maior
impacto dentro da cultura de tecidos, tendo ampla aplicação na multiplicação
de espécies florestais e possibilitando a obtenção de clones produtivos
(ALFENAS et al., 2009). A micropropagação com espécies perenes tem
apresentado protocolos eficientes para a propagação in vitro e contornando
problemas como o estado fisiológico dos explantes e a oxidação fenólica
(GOLLE et al., 2009).

Figura 2. Enxertia in vitro na propagação de clones de Eucalyptus urophylla e E. grandis.

Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn%3AANd9GcScRSrfAc8y8rJn90Fgqs4bjUk-Vp1RZX_3Jg&usqp=CAU.

A técnica de embriogênese somática da cultura de tecidos também é empregada


para o desenvolvimento de propágulos de coníferas permitindo a propagação
massal de materiais-elite e o armazenamento de germoplasma de clones

17
UNIDADE I │ ASPECTOS DAS ÁRVORES, MUDAS E SILVICULTURA

(SUTTON, 2002). A propagação por meio da cultura de tecidos pode ser


realizada por via direta ou indireta (via formação de calos) (LANDA et al.,
2000). Estudos com calos exigem o conhecimento preciso das condições de
cultura que os explantes requerem para sobreviver e desenvolver. O uso de
múltiplas brotações é comumente utilizado para a propagação em massa pela
formação de brotos, via calos. Estas técnicas têm permitido a obtenção de calos
em muitas espécies florestais por meio dos quais é possível obter embriões e
induzir respostas morfogênicas capazes de gerar árvores com características
desejáveis.

Em Pinus taeda, a embriogênese somática é um processo muito importante


para a produção de mudas (PULLMAN et al., 2003). Essa técnica permite o
encapsulamento dos embriões em alginato de sódio (NaC 6H 7O 6) e formação
sementes sintéticas. Em Pinus patula, embriões encapsulados mantidos em
temperaturas reduzidas, permitiram o armazenamento por longos períodos de
conservação atingindo também melhor germinação dos embriões (MALABADI;
STADEN, 2005).

As pesquisas em Genética e Biologia Molecular de espécies florestais avançaram


muito com a técnica de uso de marcadores moleculares. Os marcadores
moleculares são características no DNA que permitem diferir dois ou mais
indivíduos e são geneticamente herdadas. Os distintos marcadores moleculares
são diferenciados pela tecnologia utilizada identificar no DNA a variabilidade
existente (KLOCH et al., 2015; GUDETA, 2018). Outras metodologias de
avaliação da diversidade genética em florestais incluem a seleção assistida por
marcadores (SAM) e a seleção genômica ampla (GWS) fundamentada no uso
de marcadores do tipo SNP (polimorfismos de um único nucleotídeo). Os SNPs
resultam da alteração de apenas um par de bases que é a forma mais abundante
de variação presente do DNA (MARCO de LIMA et al., 2019).

A cultura de tecidos pode ser utilizada para a obtenção de haploides ou triploides


pelo cultivo de ovários e endospermas. A produção de triploides de Populus
tremuloides (álamo trêmulo), por exemplo, permitindo a produção de árvores
com qualidade superior de polpa (THOMAS; CHATURVEDI, 2008). A cultura
de tecidos permite então a transformação genética, partindo de um pequeno
número de células alvo que integram estavelmente o material genético (DNA)
exógeno; estas células são posteriormente regeneradas in vitro (SARTORETTO
et al., 2008).

18
ASPECTOS DAS ÁRVORES, MUDAS E SILVICULTURA │ UNIDADE I

A transformações genética está fundamentada na transferência de material


genético - geralmente DNA - para uma célula-alvo de forma a incorporá-
lo e torná-lo expresso no genoma da célula receptora. A biobalística e o uso
de Agrobacterium tumefaciens são os principais métodos de transformação
genética, embora existam outras técnicas (SARTORETTO, 2008; NAGLE et
al., 2018). As principais características florestais melhoradas por meio da
transgenia estão relacionadas à silvicultura (p.e., eficiência nutricional, taxa de
crescimento, forma da copa, florescimento); à adaptabilidade (p.e., tolerância
à seca, frio, e estresses bióticos), e à qualidade da madeira (p.e., densidade,
concentração de lignina, qualidade de fibra).

O melhoramento genético florestal é essencial para incrementos


consistentes de produtividade, tanto por meio de técnicas clássicas,
quanto por meio de biotecnologias. As técnicas de cultura de tecidos,
marcadores moleculares e a transgenia estão cada vez mais presentes
nos programas de melhoramento florestal, acelerando e gerando
resultados com elevada confiabilidade como, por exemplo, é observado
em eucalipto (SANTOS et al., 2017) e pinus (MEDEIROS; FLORINDO, 2017).

19
CAPÍTULO 2
Silvicultura

O setor florestal é significativo para a economia do Brasil gerando um valor


estimado de produção de aproximadamente R$20.6 bilhões (IBGE, 2019). A
silvicultura pode, então, ser definida como a ciência e arte de trabalhar um
sistema dominado por árvores e os produtos gerados, gerindo o sistema para
a longo prazo incrementar o rendimento econômico e a sustentável. O setor
florestal apresenta diferentes destino para seus produtos e serviços como
pode ser observado na tabela 1. A cadeia de produtos madeireiros apresenta
características peculiares que são abordados por Polzl et al. (2003).

Tabela 1. Produtos madeireiros, não madeireiros e serviços ambientais gerados pelas plantações florestais.

Produtos
Produtos Madeireiros Serviços Ambientais
Não Madeireiros

Óleos essenciais; essências; corantes;


Segmentos Industriais Ciclo da água; alimentação.
fitoterápicos; cosméticos.

Tanino; gomas; resinas; breu; colas; tintas; Conservação do solo; qualidade do ar; fixação
Celulose e papel Madeira tratada
solventes; resinas. do carbono.

Painéis de madeira Borracha natural; couro vegetal; cipós; fibra


Siderurgia a carvão Formação do solo; ciclagem de nutrientes.
industrializada natural.

Folhas; frutos; sementes; cascas; seivas;


Processamento mecânico Energia Valor estético; artístico; científico.
gomas; ceras.

Fonte: Ataíde, G. da M. 2012. Práticas Silviculturais. Senar. http://ead.senar.org.br/wp-content/uploads/capacitacoes_


conteudos/silvicultura/Curso_2_PMMPS/AULA_4_PRATICAS_SILVICULTURAIS.pdf.

A silvicultura pode ser dividida em silvicultura de florestas naturais e de


florestas plantadas (Figura 3). A silvicultura clássica trata basicamente das
florestas naturais cujas forças produtivas são decorrentes do sítio e suas
peculiaridades, e os limites de exploração são determinados pela necessidade
de preservar a estabilidade natural do ecossistema. A silvicultura plantada,
dita moderna, trata as florestas como uma cultura agrícola que é artificial e
artificialmente mantida.

20
ASPECTOS DAS ÁRVORES, MUDAS E SILVICULTURA │ UNIDADE I

Figura 3. Diferenças entre floresta natural e floresta plantada.

Fonte: https://www.celuloseonline.com.br/wp-content/uploads/2016/10/ind%C3%BAstria-florestal-ff.jpg.

O conjunto de todos os tratamentos culturais realizados na área florestada,


desde seu plantio até a colheita do produto de interesse, incluindo as limpezas
da área antes e durante o cultivo, o plantio, ou semeadura, as adubações,
os desbastes e desrames das árvores caracteriza a condução silvicultural do
povoamento florestal. A estas atividades também se somam as atividades de
construção de estradas e aceiros, marcações e definição dos talhões, preparo
do solo, produção, transporte e plantio das mudas e limpezas fitossanitárias
(plantas daninhas, insetos pragas, formigas, doenças...).

Vale destacar que um povoamento florestal é uma floresta que se distingue


evidentemente das florestas naturais por causa da sua estrutura e composição
particular de espécies arbóreas (LAMPRECHT, 1990). Os povoamentos
florestais podem ser classificados em equiânios (árvores de mesma classe de
idade cuja diferença de idade não seja superior a 20%), ou inequiânios (têm
no mínimo três classes de idade no mesmo povoamento). Os povoamentos
florestais podem ainda ser puros (com uma ou poucas espécies) ou mistos
(com diversas espécies).

Em um povoamento florestal existem distintas árvores devido à


segregação genética natural quando oriundas de sementes, ou
mesmo em plantações clonais devido, por exemplo, à variabilidade
natural do solo, da nutrição e distribuição de água.

As árvores em um povoamento florestal podem ser classificadas em:

» árvores dominantes: são árvores altas, de grandes dimensões, bem


desenvolvidas e que atingem os níveis mais elevados do povoamento
recebendo luz diretamente de cima e parcialmente nas laterais;

21
UNIDADE I │ ASPECTOS DAS ÁRVORES, MUDAS E SILVICULTURA

» árvores codominantes: são árvores de copas médias em relação ao nível


geral do coberto (dossel), que suportam competição lateral, diretamente
de cima e escassamente nas laterais;

» árvores subdominantes: são árvores com copas de dimensões menores


e ocupam os espaços existentes entre as copas das árvores dominantes e
codominantes e recebem luz direta apenas na extremidade da copa;

» árvores dominadas: são árvores cujas copas se encontram abaixo das


classes mencionadas anteriores e, portanto, não recebem luz direta;

» árvores mortas ou morrendo: são árvores sem interesse econômico, e


geralmente estas árvores são removidas no primeiro corte que passe pelo
povoamento.

O tronco das árvores, especialmente aquelas destinadas à produção de madeira,


podem ser classificados em: tronco bem conformado, tronco levemente
defeituoso e tronco muito defeituoso. A forma e dimensões da copa também
podem ser classificadas em: copa bem conformada, copa levemente defeituosa
e copa muito defeituosa.

Desbaste
O desbaste de árvores é a redução do número de árvores na área para que
se desenvolva um determinado povoamento de modo a regular a competição
por luz, espaço e nutrientes, o que permite às árvores restantes um melhor
desenvolvimento durante o restante do ciclo (Figura 4).

Figura 4. Desbaste em áreas de eucalipto.

Fonte: https://belavistaflorestal.com.br/wp-content/uploads/2018/01/img55f5f0c011231.jpg.

22
ASPECTOS DAS ÁRVORES, MUDAS E SILVICULTURA │ UNIDADE I

O desbaste é geralmente uma operação efetuada logo após o fechamento do


dossel entre as árvores e pode ser classificado em:

» desbaste pelo baixo: abate da maior parte das árvores de classes


dominadas e subdominadas, que são aquelas árvores cujas copas se
encontram nos níveis inferiores. Após o desbaste pelo baixo apenas as
árvores da classe dominante e codominante restarão na área;

» desbaste pelo alto: abate das árvores do estrato médio a superior do


povoamento florestal. Este desbaste tem a finalidade de aproveitar
economicamente as árvores dominantes e codominantes e de liberar
espaço para as árvores dos estratos inferiores que venham atingir valor
comercial. O desbaste pelo alto é de rendimento mais elevado porque
as árvores com diâmetros maiores podem ser comercializadas - havendo
já um retorno de capital e, consequentemente uma redução dos custos
de desbaste por metro cúbico - e há posteriormente o aproveitamento
das árvores que virão impulsionadas pela redução da competição com as
árvores superiores.

A prática do desbaste nas espécies florestais apresenta as seguintes vantagens


para a área florestada ou o próprio povoamento florestal:

» eliminação das árvores defeituosas, com tortuosidades, com ramos


grossos, árvores bifurcadas, com copas anormais, árvores mortas ou
morrendo, condicionando o crescimento do povoamento florestal com
melhores árvores;

» proteção das árvores com melhor crescimento e forma de copa que se


apresentem apropriadas para serem conduzidas até ao corte final;

» remoção das árvores de fenótipo inferior deixando no povoamento


apenas as árvores com características desejáveis ou superiores,
aumentando a produtividade média e a qualidade genética para as
gerações subsequentes;

» remoção das árvores de crescimento muito lento, o que melhora


o crescimento médio do restante do povoamento concentrando o
incremento nas árvores maiores;

» facilitam os manejos nas áreas florestadas.

23
UNIDADE I │ ASPECTOS DAS ÁRVORES, MUDAS E SILVICULTURA

O desbaste também apresenta desvantagens:

» aumento da vulnerabilidade a ventos pelas árvores restantes no


povoamento, aumentando o custo potencial com os investimentos
resultantes do tombamento das árvores;

» aumento das chances de causar danos físicos às árvores restantes no


povoamento, aumento da compactação do solo;

» aumento da quantidade de material inflamável sobre o solo e aumento


do risco de incêndios;

» diminuição da percentagem de tronco aproveitável como madeira,


por exemplo, devido ao aumento da conicidade da copa.

Os desbastes em áreas florestais ocorrem com o intuito de reduzir a competição


das árvores pela luz, água e nutrientes, melhorando as condições de sobrevivência
e desenvolvimento das árvores diminuindo a mortalidade natural e favorecendo o
crescimento da copa das árvores, o crescimento dos rebentos e dos ramos, raízes e
folhas.

Lembre-se que os desbastes leves a moderados não afetam consideravelmente


as condições ecológicas do povoamento florestal. Os desbastes fortes alteram
significativamente as condições ecológicas do povoamento florestal. Essas
alterações podem se manifestar no aumento da temperatura dentro do
povoamento, no aumento da quantidade de água que chega ao solo e na redução
da transpiração do povoamento. Maiores temperaturas e maior disponibilidade
de água no solo também impulsionam a atividade dos organismos no solo,
acelerando a decomposição da matéria orgânica e estimulando o aparecimento
de plantas infestantes.

A remoção de árvores mortas, finas, prejudicadas ou as árvores competidoras


- objetivando criar mais espaço, desocupar mais luz, água e nutrientes -
estimula o crescimento das árvores remanescentes, o que afeta também a sua
qualidade:

» estimula a conicidade da copa o que consequentemente, reduz a


percentagem de utilização das toras;

» estimula a produção de contrafortes nas árvores que reduzem o


aproveitamento e o rendimento volumétrico para madeira de
serraria e folheados;

24
ASPECTOS DAS ÁRVORES, MUDAS E SILVICULTURA │ UNIDADE I

» acelera o crescimento do diâmetro podendo, no caso de madeiras


mais leves (coníferas), levar à diminuição de sua densidade afetando a
trabalhabilidade da madeira e provocando instabilidades dimensionais.

Diante de todos estes aspectos, ficam evidente a importância


da realização de um desbaste adequado e em um momento
propício. O momento propício para o desbaste é determinado pelo
desenvolvimento da copa da árvore. Em povoamentos tropicais, o
primeiro desbaste ocorre entre dois e quatro anos após o fechamento
do dossel. Contudo, o primeiro desbaste pode considerar a altura do
povoamento, o comprimento da copa e a relação entre incremento
corrente anual (ICA = diferença entre as dimensões de uma árvore ou
de uma floresta tomadas no início e no fim do período de um ano
de crescimento) da área basal e o incremento médio anual (IMA =
crescimento médio por ano de uma árvore ou de uma floresta até
certo ano) (RIBEIRO et al., 2002).

Desrame

Esta atividade consiste no corte ou supressão de ramos mortos ou ramos


vivos que se encontrem ao longo da copa objetivando melhorar a qualidade
da madeira. Algumas espécies florestais têm características genéticas que
possibilitem perder naturalmente os ramos mortos (p.e., Eucalyptus sp.), ou
‘desrame natural’. Quando se faz necessário a eliminação dos ramos mortos ou
vivos pela intervenção direta, define-se ‘desrame artificial’ (Figura 5).

A definição do momento da desrama depende da qualidade da área florestada


(sítio) e os objetivos da produção florestal. Sítios de melhor qualidade
são desramados mais cedo devido ao crescimento relativamente rápido e
desenvolvimento uniforme. Alguns critérios também frequentemente utilizados
para definir o momento da desrama são diâmetro do tronco (fuste) altura
do peito (h = 1.3 m), diâmetro da base dos ramos e a altura das árvores. A
periodicidade de desrama depende das vantagens obtidas com a atividade, e
precisam ser considerados os custos, os benefícios, ou não, da maior limpeza
dos fustes, além das consequências como o engrossamento das árvores.

25
UNIDADE I │ ASPECTOS DAS ÁRVORES, MUDAS E SILVICULTURA

Figura 5. Desrame em áreas de eucalipto.

Fonte: https://belavistaflorestal.com.br/wp-content/uploads/2018/01/img55481a9543949.jpeg.

Lembremos especialmente que o desrame pode ser seco ou verde. O desrame


seco elimina os ramos mortos e pode ser realizada em qualquer época do ano.
O desrame verde elimina os ramos vivos da parte inferior da copa viva e é
uma operação normalmente feita no período de estiagem devido à cicatrização
ser mais rápida e a permanecer na madeira somente os nós vivos produzindo
madeiras de alto valor comercial.

26
CAPÍTULO 3
Sementes e mudas florestais

Sementes florestais

A multiplicação de espécies florestais via sementes permite que determinadas


características fenotípicas de interesse sejam selecionadas para a próxima
geração pela variabilidade genética naturalmente existente. A seleção sobre
materiais oriundos de sementes permite ganhos consideráveis ao passar de
uma geração para outra, cabendo ao melhoramento genético fazer com que as
características de interesse se manifestem.

Convém destacar que o processo de reprodução de uma árvore se processa


de forma diferente entre os grupos das gimnospermas (“semente nua”) e
angiospermas (“semente na bolsa” = fruto). Nas gimnospermas existem
estróbilos (cones) masculino (cones pequenos e produtores de pólen ou
microgametófito) e feminino (cones maiores e produtores de óvulos). Na
maioria das gimnospermas, os estróbilos masculinos geralmente ocorrem em
partes mais baixas da árvore (esporófito) e os estróbilos femininos em partes
superiores dificultando a autopolinização da árvore.

Nas angiospermas ocorrem as flores que, portanto, gerarão os frutos (Figura


6). Apesar das estruturas florais variarem muito entre angiospermas os
elementos fundamentais da estrutura de uma flor são:

Androceu: conjunto dos órgãos reprodutores masculinos de uma flor e é


constituído por um ou mais estames que são constituídos por filete e antera
ande se encontram os grãos de pólen;

Gineceu: elemento feminino, constituído pelo pistilo, composto pelo ovário,


estilete e estigma. No ovário se encontram os óvulos e dentro destes as células
germinativas, que serão fecundadas pelo grão de pólen.

27
UNIDADE I │ ASPECTOS DAS ÁRVORES, MUDAS E SILVICULTURA

Figura 6. Partes de uma flor, processo de fecundação e formação da semente.


grão de pólen germinação do grão
de pólen
célula vegetativa dupla
meiose mitose célula generativa fecundação
micrósporo
flor
zigoto embrião
Casca da
gameta masculino semente
antera
oosfera
filete

semente
pistilo
núcleo
ovário meiose mitose endosperma esporófito esporófito
óvulo triplóide jovem maduro
saco endosperma
megásporo
embrionário

Fonte: https://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2007/11/ciclo-de-vida-angiosperma-1024272037-scaled.jpg.

Existem outros elementos na flor que são ditos complementares cuja função
é de proteção e/ou atração para polinizadores. A função de proteger visa a
preservar os elementos fundamentais da flor (androceu e gineceu). O perianto
de uma flor forma um cálice em torno do androceu e gineceu e é composto por
folhas modificadas, as sépalas e as pétalas.

As flores também podem ser classificadas em hermafroditas (apresentam na


mesma flor o androceu e gineceu), ou unissexuadas (apresentam um órgão
de reprodução). Existem árvores que apresentam simultaneamente flores
unissexuadas masculinas e femininas e são ditas árvores monoicas; árvores
que apresentam apenas florestas masculinas ou femininas são ditas dioica.
Já árvores polígamas são aquelas que apresentam tanto flores hermafroditas
quanto unissexuais.

A chegada do gameta masculino (grão de pólen) ao pistilo (gineceu) inicia


o processo de polinização das árvores. O deslocamento do grão de pólen da
antera (androceu) até pistilo pode ser classificado como polinização biótica ou
complexa (causada por animais), e polinização abiótica ou simples (causada por
fatores como a chuva e o vento). A polinização pode ainda ser mais tecnicamente
classificada, por exemplo, em anemófila (polinização realizada pelo vento,
comum nas gimnospermas); entomófila (polinização realizada por insetos),
quiropterofilia (polinização realizada por morcegos), ornitófila (polinização
realizada por pássaros).

A semente é, portanto, o resultado da fecundação do óvulo no ovário da flor


por grão de pólen trazido pelo vento, insetos, morcegos, pássaros etc. Como
mencionado, nas coníferas (gimnospermas) a semente é nua, sem fruto,
porém protegida por um tecido lignificado. Geralmente essas sementes têm
asas membranosas que facilitam sua dispersão. A maturação das sementes

28
ASPECTOS DAS ÁRVORES, MUDAS E SILVICULTURA │ UNIDADE I

de gimnospermas pode levar anos para completar - as pinhas de Araucária


angustifólia, por exemplo, podem levar até quatro anos para a completa
maturação.

Nas angiospermas a semente está dentro de um fruto que é oriundo do


desenvolvimento das paredes do ovário após a fecundação do óvulo, o
que eleva a variabilidade de tamanhos, cores e formas das sementes e dos
frutos, sendo muito superior às coníferas. As sementes, por exemplo, podem
apresentar tamanhos diversos, desde muito pequenas como as sementes
de Eucalyptus spp, até muito grandes como as sementes de Schizolobium
parahyba (guapuruvu). A semente é na verdade uma miniatura de uma planta
adulta, tendo representações dos de todos os órgãos vegetativos a exceção
das flores e três partes distintas: embrião, endosperma e tegumento.

A casca da semente é o tegumento que protege a semente do meio ambiente. A


porção mais externa é denominada de testa; a porção mais interna, de tegma.
O tecido em que estão localizadas as reservas bioquímicas da semente é o
endosperma que se forma durante a maturação da semente, sendo, portanto,
muito influenciado pelas condições em que a planta mãe se encontra durante
a maturação. O endosperma acumulado durante o processo de maturação da
semente armazenas as substâncias que serão necessárias para o processo de
germinação e estabelecimento inicial das plantas.

Todas as estruturas que formarão a futura árvore encontram-se no embrião,


que é formado por: radícula (originará a raiz); caulículo (após a germinação
se transformará no hipocótilo provendo sustentação física dos cotilédones
e posteriormente dará origem ao caule); cotilédones (contém as reservas
necessárias para o início do desenvolvimento e da atividade fotossintética);
gêmula (originará as folhas verdadeiras, e por ser a primeira gema vegetativa
também dará origem às primeiras folhas e ao início do desenvolvimento superior
do caule).

A germinação de uma semente é fortemente influenciada por fatores


externos (temperatura, disponibilidade de água, oxigênio, luz) e por
fatores internos (substâncias inibidoras ou promotoras da germinação),
que podem atuar exclusivamente ou em interação com os demais fatores.

O processo de germinação se inicia quando ocorre a embebição de água disponível


que estimula o alongamento e divisão celular e posterior diferenciação das células em
tecidos. Para uma semente germinar normalmente são, portanto, necessários uma

29
UNIDADE I │ ASPECTOS DAS ÁRVORES, MUDAS E SILVICULTURA

semente viável, sem dormência ativa, condições ambientais favoráveis e condições


mínimas de fitosanidade. A germinação se encerra seu processo quando as raízes
se tornam capazes de absorver água e sais minerais do solo e as folhas se
tornam capazes de realizar fotossíntese.

A produção de sementes por uma árvore é afetada por fatores que podem
comprometer a quantidade e a qualidade das sementes produzidas. Fatores como
a genética e a maturidade da planta-mãe, a competição, a exposição da copa à luz
solar, o clima, as condições de fertilidade do solo, assim como pragas e doenças são
críticos para a produção das sementes por uma planta.

Nas angiospermas, com a formação da semente, a interação entre diversos


outros fatores também define o padrão de frutificação e a quantidade de frutos
produzidos. As alterações na temperatura e na disponibilidade de água, por
exemplo, vão influenciar a quantidade de nutrientes e carboidratos presente
nos frutos, o que pode favorecer a ocorrência de pragas e doenças e diminuir
consideravelmente a produção de frutos, bem como pode também atrair mais
agentes dispersores.

Assim que a formação das sementes, e do fruto nas angiospermas, se aproximam


do fim, geralmente estes também se tornam disponíveis para a dispersão. Nesta
dispersão, similar à dispersão dos grãos de pólen, existem também agentes
dispersores dos frutos – e consequentemente, das sementes:

Anemocoria (dispersão realizada pelo vento para os frutos ditos alados, com
estruturas adaptadas para fluir com o vento), zoocoria (dispersão realizada
por animais, podendo ser aderidas ao animal ou dispersas porque o fruto é
comestível), ornitocoria (dispersão realizada pássaros), hidrocória (dispersão
realizada pela água, flutuando em cursos d’água) e antropocoria (dispersão
realizada pelo ser humano, que pode disseminar as sementes por diferentes
regiões, e muitas vezes fora de seu centro de origem).

Devido a grandes diferenças entre árvores de uma mesma espécie em uma


floresta a coleta deve ser feita apenas de árvores selecionadas conforme as
características florestais de interesse. As árvores selecionadas são denominadas
matrizes ou mães, e geralmente são as que apresentam desempenho superior às
demais com relação à altura, diâmetro e forma do tronco, assim como elevado
vigor da copa, abundante frutificação e produção de sementes e madeira de
qualidade superior.

30
ASPECTOS DAS ÁRVORES, MUDAS E SILVICULTURA │ UNIDADE I

Uma árvore matriz herdou de seus genitores aquelas características consideradas


superiores e terá grandes chances de passá-las para as progênies seguintes.
As árvores matrizes podem estar em florestas naturais ou plantadas e suas
sementes devem ser coletadas de várias árvores (mínimo de 15 sempre que
possível) distante entre 50 a 100 metros uma da outra.

Portanto, para um programa de melhoramento genético florestal, é essencial


o conhecimento da época que inicia o surgimento das gemas reprodutivas,
assim como a magnitude da influência sobre essas gemas por fatores bióticos
(p.e., hormônios vegetais, pragas e doenças), e fatores abióticos (p.e., fatores
ambientais como temperatura, umidade do solo, nutrição mineral e luz são
essenciais para prever a qualidade da florada e das sementes produzidas).
Para a produção de sementes, a aplicação de fertilizantes e irrigação devem
ser consideradas. O espaçamento nas áreas produtoras também deve ser
dimensionado para que as copas estejam o mais livre possível para não reduzir
a polinização ou a luminosidade das copas.

A colheita deverá ser quando os frutos começarem a abrir ou mudar de cor


(maturação); contudo, frutos leves ou sementes aladas devem ser colhidos
antes que os frutos se abram, evitando que as sementes sejam perdidas. Frutos
pesados poderiam ser colhidos do chão logo abaixo da planta matriz, porém não
há garantia que essas sementes sejam da respectiva planta matriz (a semente
colhida pode ter sido trazida por pássaros, por exemplo), e há ainda os danos
potenciais causados por animais e microrganismos.

As sementes colhidas devem ser limpas para remover materiais indesejáveis


como restos dos frutos, sementes chochas ou de outras espécies, que devem ser
removidos para facilitar a secagem, armazenamento e semeadura. Essa limpeza
eleva a qualidade do lote e a sua longevidade. As sementes nesse ponto, logo
após a limpeza, ainda têm elevada umidade; assim, para possibilitar o seu
armazenamento os frutos e sementes, devem ser submetidos ao processo de
secagem para finalizar a maturação e proporcionar a conservação da qualidade
fisiológica das sementes.

Após o beneficiamento, as sementes armazenadas devem ser mantidas


adequadamente para que a sua viabilidade seja preservada ao máximo possível.
A longevidade do armazenamento das sementes dependerá de dois fatores:
a umidade das sementes e do ambiente no armazenamento, e a temperatura
do ambiente de armazenamento. As sementes podem ser divididas em dois
grupos conforme sua capacidade de armazenamento: ortodoxas (sementes que

31
UNIDADE I │ ASPECTOS DAS ÁRVORES, MUDAS E SILVICULTURA

podem ser secadas e armazenadas por longos períodos a baixas temperaturas) e


recalcitrantes (sementes que perdem rapidamente a viabilidade, não tolerando
secagem e armazenamento, portanto, devem ser semeadas rapidamente).

Outro aspecto importante do armazenamento de sementes diz respeito às


embalagens utilizadas; estas podem ser classificadas de acordo com o grau de
impermeabilidade: embalagens permeáveis, semipermeáveis e impermeáveis.
Escolhida a embalagem para o armazenamento das sementes, uma etiqueta de
identificação disposta na frente da embalagem e outra dentro deve ser inserida
na embalagem contendo as informações: nomes científico e comum, numeração
de controle do laboratório ou armazém, data de coleta, data de entrada,
tratamento de sementes (quando houver), a porcentagem de germinação deve
ser inserida quando for conhecida.

A ocorrência de dormência nas sementes é um processo que distribui as


germinações no tempo como uma estratégia de sobrevivência para garantir que
parte das sementes geradas encontre condições favoráveis para se desenvolver
em plantas adultas; a dormência é, portanto, um mecanismo natural de
sobrevivência entre as espécies de plantas. O atraso da germinação é a principal
característica de uma semente dormente, mesmo em condições favoráveis de
temperatura, umidade, oxigênio e luz.

A ocorrência de dormência nas sementes é comum nas espécies arbóreas


tanto em espécies de clima temperado, quanto em espécies de clima tropical e
subtropical. Este fenômeno é uma adaptação para a sobrevivência das espécies
florestais a longo prazo, pois permite a germinação apenas na estação mais
propícia ao desenvolvimento da planta ou colonização de novas áreas.

A quebra ou superação da dormência em sementes pode ocorrer por meio de


diferentes técnicas, como raspagem do tegumento (escarificação mecânica),
alternância de água quente e fria (escarificação física), uso de ácidos
(escarificação química) etc. A técnica mais comum é a imersão das sementes em
água fria por 12 a 24 horas, ou imersão por um minuto em água quente e 24 horas
em água fria. Contudo, as técnicas de quebra de dormência são específicas para
cada espécie florestal e, por isto, devem ser testadas para encontrar a técnica
que gera os melhores resultados de germinação.

Produção de mudas florestais


A produção de mudas florestais em quantidade e qualidade é uma das fases
mais críticas para o estabelecimento de povoamentos florestais rentáveis. Nesse

32
ASPECTOS DAS ÁRVORES, MUDAS E SILVICULTURA │ UNIDADE I

sentido, várias pesquisas científicas e avanços tecnológicos têm sido alcançados


com o objetivo de melhorar a qualidade das mudas, assegurando sua sanidade,
rusticidades e condições para desenvolvimento após o plantio (HOPPE; BRUN,
2004; OLIVEIRA et al., 2016).

A partir de sementes de ótima qualidade, são produzidas as mudas florestais


que precisam ser adequadamente conduzidas em viveiros florestais. O viveiro
florestal consiste em um local com características apropriadas destinado à
produção, proteção, manejo e condução de mudas até que tenham idade,
tamanho e vigor para ser transplantadas para o campo.

É preciso indicar aqui que a produção de mudas em viveiros deve ser baseada
em legislação específica: Lei n. 10.711/2003; Decreto 5.153/2004. Os viveiros
florestais devem ser registrados no RENASEM (Registro Nacional de Sementes
e Mudas - MAPA); cada viveiro deve ter um responsável técnico - Engenheiro
Florestal ou Agrônomo registrado no CREA (Conselho Regional de Engenharia
e Agronomia).

As mudas são plantas jovens e vulneráveis a estresses e, portanto, devem ser


irrigadas regularmente, mantendo o substrato úmido, não encharcado, com
regas realizadas durante a manhã e/ou no final da tarde. A irrigação em um
viveiro geralmente acontece com o auxílio de microaspersores ou manualmente
com regadores e mangueiras.

Substratos

Não se esqueça de que os substratos devem ser adubados (adubação de base) e


corrigidos conforme indicação para cada composto; adubações suplementares
(adubações de cobertura) podem ser necessárias conforme as mudas se
desenvolvem e as regas constantes vão lixiviando os nutrientes. Manter as
mudas bem nutridas e hidratadas é essencial para o manejo fitossanitário do
viveiro. Mudas saudáveis favorecem a produção de metabólitos secundários que
contribuem com a sua defesa contra estresses bióticos e abióticos. A procedência
idônea do substrato é, portanto, fundamental para evitar a introdução de insetos
pragas, patógenos e propágulos de plantas infestantes.

O desempenho das mudas no viveiro está associado à qualidade do


substrato sendo essencial para o sucesso de projetos de implantação de
povoamento florestais.

33
UNIDADE I │ ASPECTOS DAS ÁRVORES, MUDAS E SILVICULTURA

O uso de mudas de elevado padrão de qualidade resulta no aumento da


sobrevivência das mudas após o plantio, assim como diminui a frequência dos
tratos culturais de manutenção do povoamento florestal recém-implantado
cultivando um produto de boa qualidade e com custo adequado.

Os substratos têm, portanto, a função de ser suporte para a muda e a função


de condicionante para estimular o desenvolvimento do sistema radicular,
possibilitando a formação de um torrão firme capaz de retenção de água e
nutrientes minerais. Ainda, para cada tipo de recipiente utilizado para a
produção da muda, existem diversos substratos adequados. Um substrato
adequado permite o desenvolvimento adequado das mudas e deve apresentar
as seguintes qualidades (STURION et al., 2000; SANTOS et al., 2008;
OLIVEIRA et al., 2016):

» ser de fácil manuseio para o rápido enchimento dos recipientes;

» ser de fácil de sanitizar para eliminar insetos-pragas e doenças;

» reter suficiente quantidade de água e nutrientes para o desenvolvimento


das mudas;

» possibilitar a aeração adequada para o pleno desenvolvimento do sistema


radicular das mudas;

» proporcionar a formação de um torrão firme para o manuseio e plantio,


sem prejudicar o desenvolvimento do sistema radicular;

» ser de custo acessível, de fácil obtenção e suprimento regular.

Para a produção de mudas em sacolas plásticas, uma mistura de solo com matéria
orgânica decomposta e adubo mineral é utilizada. A produção de mudas tubetes
geralmente é realizada com vermiculita e adubação mineral realizada somente
via irrigação. Algumas espécies florestais podem ser inoculadas através do
substrato com microrganismos simbiontes (p.e., fungos micorrízicos, bactérias
fixadoras de nitrogênio).

Os principais materiais utilizados na composição de substratos para a produção


de mudas por via sexuada (sementes) e assexuada (miniestacas) são: terra de
subsolo; adubo químico; água (p.e., estaquia, hidroponia); brita (hidroponia);
areia; casca de arroz carbonizada; pó de carvão (munha); matéria orgânica mista
decomposta; esfagno (musgo decomposto e desidratado); perlita (silicato de
alumínio de origem vulcânica); pedra-pomes; gel hidrofílico (micropropagação);

34
ASPECTOS DAS ÁRVORES, MUDAS E SILVICULTURA │ UNIDADE I

papel; serragem decomposta; vermiculita; turfa; etc. A composição do substrato


é em muitas situações uma função do tipo de recipiente e do processo de
produção de mudas, sendo comumente composto por matéria terra, orgânica
decomposta, vermiculita, fertilizantes, inóculos em diversas proporções.

É importante lembrar que as características físicas, químicas e biológicas


dos substratos devem ser consideradas na sua escolha. A textura, estrutura,
porosidade, densidade aparente, higroscopsidade, teor de matéria orgânica e
compactação são características físicas importantes na seleção de um substrato
adequado. As características químicas mais importantes de um substrato são o
teor de nutrientes, o percentual e tipos de minerais de argila, a fração coloidal,
a capacidade de troca catiônica (CTC), o pH e a relação carbono/nitrogênio
(relação C/N).

Veja como são produzidas as mudas de eucalipto.

https://www.youtube.com/watch?v=ziMm-eBvz04.

35
ESTRESSES BIÓTICOS,
ANATOMIA E SECAGEM UNIDADE II
DA MADEIRA

Como qualquer outra cultura agrícola convencional, as florestas plantadas


enfrentam problemas de ordem fitossanitária. Nesta unidade serão tratados
alguns aspectos relacionados à fitossanidade florestal que afetam a produção
e a qualidade do produto final. Serão destacados os desafios fitossanitários
nos eucaliptos e pinus.

Em seguida, serão abordados os fatores de identificação da madeira como as


características organolépticas e sensoriais. Você aprenderá a importância da
macroscopia na identificação e suas aplicações.

Visto isso, você iniciará o estudo das propriedades físicas e mecânicas da


madeira. Entenderá como elas são importantes na identificação da aplicação
e destinação da madeira. Para isso, discorrer-se-á com riqueza de detalhes
sobre as principais propriedades mecânicas como o módulo de ruptura à flexão
estática, o módulo de elasticidade à flexão estática, a resistência à ruptura à
compressão paralela às fibras, a resistência no limite proporcional à compressão
perpendicular às fibras e a resistência à ruptura ao cisalhamento.

No decorrer da unidade, será estudada a complexidade da relação água-madeira.


Você aprenderá os tipos de fluxos de água na madeira e influência mais do teor
de umidade sobre as propriedades da madeira.

Por fim, você entenderá a dinâmica do processo de secagem da madeira.


Compreenderá a importância do controle de qualidade do processo de secagem
da madeira.

36
CAPÍTULO 1
Controle de pragas e patologia florestal

Controle de pragas
O surgimento de insetos pragas nas principais espécies florestais utilizadas
para plantios no Brasil tem despertado o interesse e esforços do setor florestal
para a necessidade de programas integrados de controle de pragas mais
sustentáveis e econômicos.

Os insetos praga, ou fitófagos (aqueles que se alimentam de plantas), são


favorecidos pela grande disponibilidade de alimento como ocorrem em
monocultivos e viveiros. A diminuição da resistência ambiental devido à
diminuição da ocorrência de inimigos naturais também afeta a ocorrência de
insetos pragas. A diminuição de inimigos naturais está geralmente associada
a condições desfavoráveis do ambiente que inviabilizam a sobrevivência no
ambiente modificado.

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é a estratégia, ou conjunto de estratégias,


mais adequada para o manejo e controle dos insetos-praga. É um sistema que
se baseia nas relações ecológicas entre os insetos maléficos e benéficos aos
interesses do ser humano, e também por ter flexibilidade em selecionar uma
série de técnicas de manejo em função de cada situação.

O MIP promove o controle de pragas por meio da harmonia dos aspectos


ambientais associados à dinâmica populacional de espécies de insetos praga.
Todas as técnicas e métodos disponíveis são usados de maneira compatível,
mantendo os níveis populacionais das pragas abaixo dos níveis que causam
danos econômicos. Em função do surgimento de resistência em insetos praga ao
uso de inseticidas, da ressurgência de antigas pragas e da contaminação devido
a resíduos de inseticidas no ambiente, que o MIP tem se tornado obrigatório no
manejo florestal. O MIP geralmente é representado por meio de algumas bases
e pilares que são as dimensões que o sustentam (Figura 7).

Os métodos utilizados pelo MIP podem ser classificados como a seguir:

Método legislativo: controle que se baseia nas leis, decretos e portarias dos
diferentes níveis institucionais e que obrigam o cumprimento de medidas de
controle (p.e., quarentena);

37
UNIDADE II │ ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA

Método mecânico: controle que causa a destruição direta dos insetos ou que
impeçam os danos causados pelos insetos praga pelo uso de barreiras e/ou
armadilhas (p.e., catação, revolvimento do solo);

Figura 7. Bases e pilares do MIP.

MIP
Controle comportamental
Controle biológico

Controle químico
Controle genético

Controle varietal
Controle cultural

Condições do ambiente (agroecossistema)

Níveis de controle

Monitoramento

Taxonomia – Biologia - Ecologia

Fonte: https://blog.aegro.com.br/wp-content/uploads/2018/02/bases-e-pilares-do-MIP.png.

Método físico: controle pela aplicação de técnicas de origem física (p.e.,


temperatura, fogo, luz, radiação, som);

Método comportamental e etiológico: controle que se baseia na intervenção


comportamental e/ou fisiológica nos insetos afetando-os por seu comportamento
ou hábito (p.e., hormônios de metamorfose, feromônios de comunicação nas
espécies, aleloquímicos de comunicação entre espécies, semioquímicos).

Método cultural: emprego de práticas silviculturais - normalmente utilizadas


para o cultivo das plantas - que visam ao controle os insetos praga (p.e., alteração
da época de plantio, formas de preparo do solo, adubação, poda).

Método biológico: controle baseado no uso de inimigos naturais que regulam


o tamanho das populações dos insetos praga (p.e., predadores, competidores,
parasitoides, patógenos).

Método químico: controle com o uso de compostos químicos que são aplicados
direta, ou indiretamente sobre os insetos e provocam sua morte.

38
ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA │ UNIDADE II

Para saber mais sobre Manejo Integrado de Pragas – MIP assista a vídeo
disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=_xURwTbiklA.

O controle químico é o método mais utilizado no manejo de insetos-praga


em áreas florestais devido aos resultados rápidos, elevada eficiência,
alta compatibilidade com as demais operações silviculturais (quando as
recomendações de bula são estritamente seguidas), e de baixo custo inicial;
porém esse apresenta a desvantagem de ser de elevado risco potencial, não
ser específicos e alto custo a longo prazo.

A utilização de produtos fitossanitários (inseticidas) no Manejo Integrado de


Pragas em florestais é ainda uma quase regra (p.e., controle de formigas),
porém está sempre priorizando os produtos químicos que sejam de baixa
toxicidade para o homem e baixo impacto ambiental, que sejam utilizados
em pequenas quantidades e que não gerem subprodutos tóxicos.

A ocorrência de insetos em plantações adultas é muito variável, tanto pela


frequência quanto pela intensidade e diversidade de insetos pragas, devendo,
portanto, ser constantemente monitorada. Cada espécie florestal tem suas
pragas específicas e pragas polífagas (PEDROSA-MACEDO, 1993), no entanto,
em viveiros florestais existe uma gama de insetos praga que são comuns à
maioria das espécies.

Os principais insetos praga que atacam viveiros florestais estão distribuídos


em diferentes ordens e famílias entomológicas; contudo, a ordem Hemiptera
(Subordem: Sternorrhyncha) constitui a principal ordem de insetos praga
em viveiro. Esta ordem é característica por ter um aparelho bucal do tipo
picador sugador tetraqueta, sendo muitas das espécies predadoras exclusiva
da seiva de plantas, como por exemplo a mosca branca (Bemisia tabaci),
pulgão (Schizaphis graminum) e cigarrinhas.

O controle dos insetos-pragas em viveiros florestais é basicamente


realizado pelo método químico, ou seja, aplicação de produtos fitossanitários
(inseticidas), contudo, também existem métodos biológicos, físicos e
mecânicos que podem ser conciliados.

Patologia florestal
Uma doença de planta pode caracterizada como qualquer desvio de suas
funções fisiológicas normais, sendo, portanto, causada pelo ataque de

39
UNIDADE II │ ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA

patógenos (doença biótica) ou quando exposta a condições ambientais


inadequadas de ambiente (agente abiótico) (AGRIOS, 2005). Muitas doenças
florestais são de causa abiótica e não são, portanto, transmissíveis de uma
planta afetada para outra sadia (ALFENAS et al., 2009). Essas doenças
decorrem de intempéries climáticas, de condições de manejo inadequadas
ou da ação de fatores físicos, mesmo que momentânea, ou da aplicação de
produtos químicos adversos.

Portanto, doenças abióticas podem ser caracterizadas como anormalidades


fisiológicas nas plantas, causadas por condições adversas, geralmente
extremas, do ambiente que podem em determinados casos predispor as
mudas ou árvores adultas ao ataque de microrganismos fitopatogênicos, e
dependendo da intensidade e permanência do estresse abiótico a planta pode
não sobreviver (FURTADO et al., 2009).

Algumas características podem auxiliar na identificação de que fatores abióticos


são os responsáveis pela doença da planta (SCHUMANN; D´ARCY, 2010):

1. ausência de estruturas de microrganismos patogênicos presente


nos tecidos afetados (p.e., bolor, orelhas de pau, descoloração e
desintegração da madeira etc.);

2. os sintomas apresentados pela planta estão aproximadamente todos


no mesmo estágio de desenvolvimento, como, por exemplo, lesões
em estágios iniciais. Contudo, várias exposições a eventos abióticos
podem causar também lesões em vários estágios na mesma planta;

3. geralmente lesões abióticas apresentam uma área afetada bem


distinta entre o tecido afetado e o tecido sadio;

4. a campo as plantas com sintomas causados por doenças abióticas


geralmente se apresentam uniformemente distribuída, diferentemente
das doenças bióticas que se apresentam distribuição desuniformes;

5. sintomas causados por doenças abióticas surgem rapidamente e podem


seguir o padrão de aplicações de produtos agrícolas em fileiras ou linhas.

A incidência de agentes bióticos de doenças, como fungos e bactérias, também é


comum e as perdas podem ser grandes. Em um programa de sanidade florestal,
o controle das causas das doenças, principalmente as de origem biótica, é o
objetivo principal. A estratégia de manejo e controle varia de acordo com
o agente fitopatogênico, com o estádio fenológico da espécie florestal

40
ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA │ UNIDADE II

hospedeira, a época do ano etc. e são baseadas em sete princípios de controle:


exclusão, erradicação, proteção, imunização, terapia, regulação e evasão/escape
(Tabela 2).

Tabela 2. Princípios fundamentais de controle de doenças em plantas.

Local de ação da medida


Princípios Medidas
Patógenos Hospedeiro Ambiente
Interceptação X
Eliminação X
Exclusão Isolamento X
Proibição X
Indexação X
Remoção X
Cultivo X
Erradicação Desinfestação X
Rotação de culturas X
Eliminar restos culturais X
Química X
Proteção Biológica X X
Física X
Genética X
Imunização Química X
Biológica X
Poda ou cirurgia X
Terapia Quimioterapia X
Termoterapia X
Do local X
Escape ou evasão Da época X
Precocidade X
Regulação Manejo do ambiente X X
FONTE: Adaptado de Alfenas, A. C.; Zauza, E. Â. V.; Mafia, R. G; Assis, T. F. 2009. Clonagem e doenças do eucalipto. UFV,
Viçosa, 500 p.

O problema é que a ocorrência de doenças em sistemas florestais acontece


desde a fase de mudas. Entre as práticas adotadas para o controle de doenças
no viveiro, estão a melhoria das condições ambientais, o que inclui o controle
da irrigação, época de semeadura, adubação e exposição ao sol.

A desinfestação do substrato de cultivo e dos recipientes de cultivo é


essencial para evitar a ocorrência e disseminação de doenças.

41
UNIDADE II │ ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA

No processo de limpeza, geralmente a utilização de calor como insolação ou


água quente quando possível podem ser eficientes na limpeza dos materiais.
Deve ser destacado que as mudas que estejam contaminadas deverão ser
imediatamente descartadas para evitar a propagação e a contaminação das
mudas próximas.

A identificação dos agentes patogênicos é essencial. Em viveiros florestais, as


doenças mais comuns são o tombamento ou damping off (Figura 8) (Fusarium
spp., Pythium spp., Phytophthora spp, Sclerotinia rolfsii, Rhizoctonia solani,
Cylindrocladium spp.), a podridão de raízes (Fusarium spp., Rhizoctonia
solani, Armilaria spp., Colletotrichum spp.), a ferrugem fusiforme (Cronartium
comandrae), mofo cinzento (Botrytis cinera) e o amarelecimento ou clorose
(doença abiótica).

Figura 8. Damping off em muda de eucalipto.

Fonte: https://1.bp.blogspot.com/-N5Hw02X4D5o/TpwvFQXB93I/AAAAAAAAAD0/V_49oVULjGU/s1600/tombamento.png.

Lembre-se de que estas doenças são mais comuns em viveiros


inadequadamente manejados. Para o controle desses fitopatógenos
o controle químico, pode ser utilizado, contudo, as recomendações de
bula devem ser sempre observadas.

Doenças em eucalipto

Lembremos que o eucalipto pode ser atacado por vários fitopatógenos desde
a fase de viveiro até árvores adultas. Geralmente, os problemas com doenças
bióticas são observados nas plantações de eucalipto, ocorrendo nos mais
variados locais de cultivo, variedades e épocas do ano (SANTOS et al., 2001).

42
ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA │ UNIDADE II

Entre as principais doenças que afetam o eucalipto, a maioria é causada por


fungos que atacam principalmente suas folhas (Tabela 3).

Tabela 3. Principais doenças na cultura do eucalipto.

Doença Características Controle


Tombamento de mudas Controle químico. Produção em tubetes deve
(damping off) Ocorre na pré-emergência em sementes que não receber prioridade em relação à semeadura
germinam. Causa o anelamento do coleto, das hastes. direta em sacos plásticos. Em semeadura direta
Agente: Cylindrocladium Lesão escura nas hastes e queda. Murcha, morte e seca desbastar na fase em que as mudas estão com 4
scoparium; Rhizoctonia solani; da muda. a 7 cm de altura. Efetuar 2 vistorias por semana
Pythium sp.; Fusarium sp. (base e haste).
Podridão de estacas
Esterilização do substrato (p.e. calor, vapor,
Agente:
Lesão escura que segue da base para o ápice da estaca. insolação); cultivo suspenso dos recipientes para
Cylindrocladium sp.; Rhizoctonia evitar contaminação com o solo.
sp.
Manchas isoladas ou em toda planta, com aparência de Controle químico. A utilização de 250 gramas
Oidium (Figura 9)
talco. de enxofre molhável por 100 litros de água.
Agente: No campo, as medidas de controle são muitas
Folhas encanoadas, estrangulamento e deformação dos vezes dispensadas pois as folhas jovens que são
Oidium sp. limbos mais novos. Morte de rebentos foliares. atacadas.
Ferrugem de eucalipto (Figura Muito pequenas pontuações verde claras, ou vermelho
10) amareladas, desenvolvendo a urédias, seguidas de Evitar plantio de variedades suscetíveis. Controle
coloração amarelo-alaranjadas. Raramente a planta morre, químico. Mudas de boa procedência, livres de
Agente:
exceto em infestações severas das brotações novas após inóculo da doença.
Puccinia psidii o corte raso.
As mortes de plantas por essa doença são esporádicas. As
Cancro Cultivo de variedades resistentes. Utilização
lesões são basais em plantas jovens e ocorre a formação
do maior número possível de clones, evitando
Fungo: de uma nova casca resistente. O cancro apresenta uma
estreitar demasiadamente a base genética da
lesão margeada por calos, resultando em lesão profunda,
Cryphonectria cubensis área.
matando o câmbio. Quebra de árvores pelo vento.
Mancha rosada Formação de micélio denso rosado. Os órgãos atacados
Calda bordalesa (100 g sulfato de cobre, 100
se ressecam e perdem a sintomatologia característica da
Agente: g de cal virgem, 10 L de água). Utilização de
doença, resultando em áreas necrosadas, escuras e com
variedades resistentes.
Corticium salmonicolor calos.
Estromas negros Fazer a destinação rápida da madeira após
Agente: É caracterizado pela presença de estromas negros em o abate das árvores. Estocar a madeira em
crostas irregularmente elíticas, de coloração marrom a local bem drenado, limpo e por no máximo
Hypoxylon mummularium; negra e de superfícies rugosas. de 2 meses. Limpar regularmente o pátio de
Hypoxylon stygium estocagem para reduzir a presença de inóculos.
A indicação de controle
químico é condicionada à
recomendação técnica para
a cultura no momento da
utilização, visto que produtos
fitossanitários e recomendações
mudam com o tempo.
Fonte: adaptado de Ambiente Brasil (acesso: 02-06-2020) https://ambientes.ambientebrasil.com.br/florestal/silvicultura/
silvicultura_do_eucalipto_ii_-_pragas_e_doencas.html.

Para a diagnose de doenças em eucalipto a campo, é imprescindível o


reconhecimento da sintomatologia das doenças assim como da presença
de sinais do fitopatógeno, sendo também importante uma avaliação das

43
UNIDADE II │ ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA

condições ambientais antes e até o momento de identificação do dano


para predição do progresso da doença.

Figura 9. Sintomas de Oídio em eucalipto (Oidium eucalypti).

Fonte: https://www.agrolink.com.br/upload/problemas/Oidium%20eucalypti2.jpg.

Figura 10. Ferrugem causada por Puccinia psidii.

Fonte: https://www.clonareucalipto.com.br/wp-content/uploads/2017/05/Ferrugem-capa.png.

Doenças em pinus

Assim como os eucaliptos, existem inúmeras doenças que afetam os pinus.


Podridões de raízes e o tombamento de mudas são causadas por fitopatógenos

44
ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA │ UNIDADE II

não seletivos e que, portanto, podem parasitar diferentes espécies de florestais.


Estas doenças geralmente são causadas por fungos saprófitas (que se alimentam
de matéria orgânica em decomposição) pertencentes aos gêneros Fusarium,
Phytophthora, Cylindrocladium, Pythium e Rhizoctonia (Figura 11).

Figura 11. Podridões de raízes ocasionada por Cylindrocladium em pinus.

Fonte: https://www.agrolink.com.br/upload/problemas/Cylindrocladium%20pteridis3.jpg.

Estes fungos destroem os tecidos tenros das raízes, de mudas e de plantas


jovens, atacando desde a semeadura, germinação e desenvolvimento inicial das
plantas muitas das vezes matando-as infectada por estas serem muito jovens e
não terem reservas para se recuperarem. Após a emergência das plântulas da
semente, as raízes se descolorem e apodrecem, podendo haver lesões necróticas
no hipocótilo ou nas raízes, geralmente ao nível do solo.

As fontes de inóculo para essas doenças geralmente são o substrato, as sementes,


a água de irrigação e mesmo as ferramentas, recipientes de mudas (p.e.,
tubetes) e instalações do próprio viveiro contaminados. Reforça-se ainda que
o controle dessas doenças pode ser efetivamente realizado com a esterilização
dos materiais (p.e., substrato) e superfícies, assim como a semeadura em baixa
densidade e o controle da umidade também podem contribuir para redução da
ocorrência dessas doenças.

Entre as podridões do Pinus sp. na fase adulta, uma das mais importantes é a
podridão causada por Armillaria sp (Figura 12), que também afeta um grande
número de plantas lenhosas. A doença se manifesta em árvore com 2 a 18 anos
de idade, que inicialmente se caracteriza um amarelecimento geral das acículas,
seguida de murcha, bronzeamento e seca, que normalmente, precedem à morte
da árvore. As espécies de Pinus sp.: P. elliottii, P. caribaea, P. kesiya, P. patula,
P. radiata e P. taeda são muito suscetíveis a Armillaria sp.; como P. taeda é a
espécie mais plantada no país sendo, portanto, a espécie com o maior número
de registros de ocorrência dessa doença.

45
UNIDADE II │ ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA

A aplicação de cal virgem ou fungicidas em valetas ou contornando os focos pode


restringir a disseminação dessa doença; contudo, o impedimento de sua entrada
e/ou o uso de variedades resistentes pode também contribuir significativamente
para o manejo desta doença. Períodos de seca podem acelerar a morte das
plantas infectadas por Armillaria sp. em qualquer idade. Outros fatores como
solos com camadas de impedimento ao desenvolvimento radicular, sistema
radicular da muda enovelado no recipiente da muda, ataque de insetos, de
outras doenças, descargas elétricas ou plantios sem desbaste podem debilitar e
predispor o Pinus sp. ao ataque dessa doença.

Figura 12. Podridão causada por Armillaria sp. em pinus.

Fonte: https://docplayer.com.br/docs-images/77/75539052/images/3-11.jpg.

A seca de ponteiros, causada pelo fungo Sphaeropsis sapinea, é uma importante


doença para espécies suscetíveis como P. radiata e P. pinaster, ao ponto de
inviabilizar o cultivo dessas espécies em muitas regiões do Brasil. Os sintomas
iniciais são lesões deprimidas, com exsudação de resina e de coloração cinza
ou púrpura. Estas lesões são formadas sobre tecidos verdes de plantas jovens,
normalmente se iniciam na base de um ponteiro danificado. O ponteiro se curva
como resultado do crescimento em apenas um lado e pode morrer antes ou logo
após o curvamento.

46
ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA │ UNIDADE II

Na madeira de pinus, esse patógeno causa o seu azulamento tanto em árvores


infectadas quanto nas toras após o abate, penetrando por locais de quebramento
de galhos ou por ferimentos provocados por operações de abate e arraste dos
troncos. O fungo Sphaeropsis sapinea é saprófito e vive nos restos florestais
(p.e., galhos, acículas e cones) e pode atacar as mudas no viveiro, causar
infecções em ramos, podridão nas raízes, na base de plantas adultas e cancros
no tronco e ramos.

A manutenção de um viveiro limpo, de substrato, ferramentas e recipientes


desinfestados, assim como evitar estresses às plantas (p.e., hídricos,
nutricionais) são importantes aspectos a considerar para redução da ocorrência
dessa doença. A secagem e o processamento das toras de pinus logo após o
corte das árvores são as melhores estratégias para evitar a ocorrência e o
desenvolvimento dessa doença nas áreas com pinus.

Outra doença comum na cultura de Pinus sp. é a fumagina, causada pelo fungo
Capnodium sp., e sua ocorrência está estreitamente associada à ocorrência de
insetos, os quais, quando sugam a seiva dos ramos e acículas, eliminam-na
como uma substância açucarada que estimulam o desenvolvimento de fungos
(fumagina), de coloração escura que formam um mofo superficial sobre os
tecidos aéreos. Em condições de elevada umidade outros fungos podem ser
encontrados colonizando acículas de pinus. Os danos provocados pela fumagina
estão majoritariamente associados com a redução da atividade fotossintética das
acículas.

Atualmente, a facilidade com que patógenos florestais têm sido


disseminados está associada ao movimento de materiais de germoplasma
infectado, o que torna o conhecimento sobre o ciclo das doenças
extremamente importante para o manejo da ocorrência e disseminação
de doenças em viveiros e condições de campo, bem como para definir
as melhores estratégias de controle.

Lembre-se de que as demandas do mercado nacional e internacional pressionam o


aumento de novas áreas de plantio o que irá propiciar condições para o surgimento
de novos problemas ou intensificação dos problemas existentes, implicando
preocupações para os silvicultores e pesquisadores.

47
CAPÍTULO 2
Anatomia e identificação de madeiras

O território brasileiro tem características de solo e clima propícias para desenvolvimento


de extensa variedade de espécies florestais. Essas condições determinam o
sucesso do cultivo por favorecer o rápido crescimento das espécies florestais, o
que impulsiona o setor florestal brasileiro.

Na transformação da árvore em madeira serrada, os ramos, folhas, flores e


frutos são eliminados; as características do lenho que são, portanto, utilizadas
como base de identificação da espécie florestal. A caracterização da estrutura
anatômica é o método utilizado para a identificação da madeira e o estudo
anatômico é realizado por meio de descrições macroscópicas e microscópicas
de forma detalhada e precisa. A identificação de madeiras tropicais é também
uma arte (NORMAND, 1972), pois exige - além da representação metódica das
particularidades estruturais - um aprendizado visando a adquirir habilidade
técnica.

No processo de identificação da madeira características, organolépticas podem


ser parâmetros analisados (parâmetros macroscópicos). Estas características
podem ser percebidas pelos sentidos humanos (visão, tato, olfato audição e
paladar), sem a necessidade de qualquer instrumentação. As características
organolépticas são: cor, brilho, cheiro, gosto, textura, dureza, desenho e grã
(TORTORELLI 1956).

Já as características ditas sensoriais são as características organolépticas mais a


massa específica aparente, a resistência ao corte e a distinção entre cerne/alburno.
A massa específica de uma madeira é definida como a relação da massa da madeira
pelo respectivo volume. Entre as madeiras a massa específica varia de 130 a 1400
kg m-3.

Considere que, para as avaliações sensoriais, existem diferenças de


sensibilidade entre observadores sempre haverá certa subjetividade
nessas avaliações.

A cor da madeira, por exemplo, também é muito influenciada pela concentração


de matéria orgânica no solo, por variações climáticas e por práticas silviculturais.
Essas características em conjunto afetam diretamente a formação anatômica

48
ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA │ UNIDADE II

e a composição química da madeira. Outras características anatômicas como


camadas de crescimento, vasos, raios e tipos de parênquima axial podem
influenciar na cor da madeira, sendo perceptíveis aos olhos humanos (MORI et
al., 2004). Além dessas características supracitadas, os conteúdos vasculares,
tiloses, canais secretores, máculas medulares, estruturas estratificadas,
floema incluso e, por último, anéis de crescimento (LATORRACA; MUNIZ,
2009).

A macroscopia é de grande aplicação por ser um processo simples, prático e


rápido e permite a identificação de diversas espécies florestais, em que são
observadas características da madeira que não requerem aumento para sua
avaliação. Essa descrição macroscópica do lenho é regida por normas segue os
padrões da COPANT (1974) no Brasil.

Saiba mais sobre as propriedades organolépticas nas madeiras

https://www.youtube.com/watch?v=ku9HAT4Lvqc.

A caracterização microscópica pode ser feita por meio de lupa entomológica


- com cerca de 10 vezes de aumento - para que os resultados possam ser
comparados às amostras-padrão presentes em xilotecas (SILVA, 2005). A
identificação microscópica procura observar características dos tecidos e das
células do xilema secundário (lenho), que muitas vezes já são predefinidas no
exame macroscópico, mas não ainda podem ser devidamente comprovadas
sem um exame microscópico. Na observação microscópica, consideram-se
aspectos do lenho, como: tipos de pontuações (p.e., pontuaçõs intervasculares,
raio-vasculares e parênquimo-vasculares), tipo de ornamentação das paredes
celulares (p.e., idênturas, espessamentos etc.), dimensões celulares, composição
dos raios parenquimáticos, presença de inclusões inorgânicas, ou qualquer outra
característica presente que seja importante para a identificação da madeira.

Outras características anatômicas úteis no processo de identificação da madeira


estão relacionadas às camadas de crescimento (ou anéis de crescimento),
formato, tamanho e distribuição dos elementos celulares (vasos, ou poros,
parênquima axial e raios parenquimáticos). A correta identificação botânica da
madeira permite o conhecimento de suas propriedades que estão disponíveis
em bancos de dados e atlas de identificação que são a base para identificações
corretas e uso da madeira para fins apropriados (ZENID, 2007).

49
UNIDADE II │ ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA

A identificação microscópica é o método mais seguro para a determinação de


uma espécie florestal ou para a definição de suas propriedades; contudo, o
procedimento microscópico é relativamente demorado e mais trabalhoso que
o procedimento macroscópico, exigindo a preparação de lâminas permanentes
ou temporárias, a utilização de produtos químicos e de pessoal treinado com
experiência em práticas laboratoriais envolvendo o conhecimentos específicos
sobre procedimentos de preparação de secções histológicas, além da utilização
do uso de equipamentos de microscopia mais sofisticados.

A madeira é constituída por um conjunto de diferentes tipos de células e tecidos


heterogêneos que apresenta propriedades importantes para a árvore. A madeira
(xilema = cerne + alburno) é de vital função para a árvore e está relacionada
ao transporte de seiva bruta e de substâncias nutritivas, à sustentação e ao
armazenamento de água e nutrientes. Nem todo o xilema secundário gera
madeira de interesse econômico, mesmo que toda madeira seja proveniente de
tipo de tecido.

A grande diversidade de espécies florestais existentes em regiões tropicais e


subtropicais é um complicador para a identificação anatômica das madeiras.
Dessa forma, é de fundamental importância que, para uma classificação macro
ou microscópica, se tenha uma coleção de exemplares das madeiras existentes
que possam ser rastreadas às amostras padrão disponíveis em xilotecas ou
laboratórios especializados. Outras ferramentas também podem ser utilizadas
para auxiliar no processo de identificação de madeiras como manuais ilustrados
de madeiras, chaves dicotômicas de identificação, e a ampliação das bases de
dados com imagens digitalizadas de madeiras.

A madeira de uma árvore é heterogênea e constituído por células dispostas e


em diferentes orientações; contudo, o aspecto da madeira varia de acordo com a
face de observação ou de corte (BURGER; RICHTER, 1991). Essa variação está
associada à organização da madeira, em que seus elementos estão orientados
perpendicularmente ou paralelamente a um eixo de simetria. Em um tronco, a
madeira três planos de referência:

» direção transversal (X): direção perpendicular ao eixo do caule. O corte


neste plano causa uma seção transversal ao eixo do tronco da árvore,
correspondendo à seção de topo de um tronco;

50
ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA │ UNIDADE II

» direção longitudinal radial (R): direção paralela aos raios, ou


perpendicular ao limite dos anéis de crescimento, e orientada
segundo os raios em seção transversal, em um plano de corte
passando pela medula;

» direção longitudinal tangencial (T): direção tomada perpendicular à


direção dos raios ou tangencialmente em relação ao limite dos anéis
de crescimento, sendo esta, paralela ao eixo do tronco.

A representação dos três planos de corte para observações macroscópicas e


microscópicas da madeira são ilustrados na Figura 13.

Figura 13. Esquema de uma seção de tronco com os planos de observação X: plano transversal, R: plano

longitudinal radial, T: plano longitudinal tangencial.


Ilustração: Kimura, I.

X
R

Fonte: Botosso, P. C. 2011. Identificação macroscópica de madeiras: guia prático e noções básicas para o seu
reconhecimento. Embrapa Florestas, 65 p.

Com o auxílio dos três planos de observação, é possível reconstituir,


tridimensionalmente a estrutura da anatomia da madeira, assim como predizer
o comportamento físico-mecânico da madeira que difere em cada um dos três
planos, sendo por isso considerada como um material anisotrópico assim como
pode ser observado no Figura 14.

51
UNIDADE II │ ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA

Figura 14. Esquema de tronco de tarumã (Citharexylum myrianthum) ilustrando aspectos microscópicos da

madeira nos três planos de observação. A) seção transversal apresentando anel de crescimento e separação

entre lenhos inicial e tardio; B) seção longitudinal tangencial apresentando elementos vasculares curtos (vasos); C)

seção longitudinal radial apresentando dos raios e parênquima axial.

Fonte: Appezzato-da-Glória, B.; Carmelo-Guerreiro, S. M. (Eds). 2006. Anatomia Vegetal. Editora UFV, 438 p.

A anatomia de madeiras é, portanto, um importante ramo da ciência


botânica e é de fundamental importância para qualquer emprego
industrial que se destina à madeira, portanto, os objetivos da anatomia
de madeiras são:

» identificação correta de espécies;

» conhecimento da madeira visando ao seu emprego adequado;

» distinguir madeiras similares;

» compreender o comportamento da madeira durante sua utilização.

52
CAPÍTULO 3
Propriedades da madeira, relação
água-madeira e secagem

Propriedades físicas e mecânicas da madeira

É de elevada importância que se determine as propriedades físicas e mecânicas


das madeiras para a identificação de aplicações a que poderão destinadas.
Considerando também aspectos econômicos, estéticos, trabalhabilidade e
durabilidade, as madeiras podem ser então classificadas em grupos de usos a
que se apresentem mais adequadas, como para formação de estruturas, usos
em ambientes internos e/ou externos de imóveis, móveis de decoração, painéis,
pranchas, embalagens, isolamentos etc.

Nas principais propriedades físicas consideradas para definir a aptidão de


uma madeira, estão a massa específica ou densidade (massa por volume) e a
estabilidade dimensional (inchamento ou contração em função da umidade) e,
entre as principais propriedades mecânicas, estão a resistência à compressão,
tração, flexão, cisalhamento e fendilhamento (ARAÚJO, 2002).

Nas análises das propriedades mecânicas de uma madeira, são geralmente


utilizados toretes de 3m de comprimento da porção acima do diâmetro a altura
do peito (DAP) das árvores (MORAES-NETO et la, 2009). Esses torretes são
então desdobrados em pranchas das quais se se retiram os corpos-de-prova,
que são então estabilizados com 12% de umidade e saturado. A umidade de 12%
pode ser obtida em sala climatizada a 65 ± 1% de umidade relativa e temperatura
de 20 ± 3 °C. A Figura 15 apresenta as dimensões dos corpos-de-prova (mm) de
Pinus caribaea var. hondurensis utilizados por MORAES-NETO et al. (2009).

53
UNIDADE II │ ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA

Figura 15. Corpos-de-prova Pinus caribaea var. hondurensis para avaliações de cisalhamento (A); flexão estática

(B); compressão paralela às fibras (C); e compressão perpendicular (D). Medidas em milímetros (mm).

50

30

25
Direção das fibras
20

64

25
410
Direção
50

B
A
A
Direção das fibras

Direção das
150
200

50
50
50

50

Fonte: Moraes Neto, S. P.; Teles, R. F. Rodrigues, T. O.; Vale A. T.; Souza, M. R. 2009. Propriedades mecânicas da madeira de
cinco procedências de Pinus caribaea var. hondurensis implantadas no cerrado do Distrito Federal, DF. Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA Cerrados. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Boletim de Pesquisa e
Desenvolvimento, Planaltina, 2009.

As principais propriedades mecânicas avaliadas em uma madeira são apresentadas a


seguir.

Módulo de ruptura à flexão estática

O módulo de ruptura da madeira, ou resistência à flexão estática, é dada pela


razão entre o máximo momento (M máx), em Newton por metro (N m -1), que pode
atuar em um corpo-de-prova, a 12% de umidade, e o módulo de resistência
elástica (We), em metro cúbico (m 3), da seção transversal do corpo-de-prova. A
resistência à flexão estática de uma madeira é expressa pela seguinte equação:

FE r = (M máx / We)*10 -6

Em que: FEr = módulo de ruptura à flexão estática (MPa, a 12% de umidade);


Mmax = máximo momento atuante no corpo-de-prova (Nm); e, We = módulo
de resistência elástico (m 3).

Módulo de elasticidade à flexão estática

A rigidez de uma madeira à flexão estática é caracterizada pelo módulo de


elasticidade que é determinado pela carga aplicada no meio de vão livre

54
ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA │ UNIDADE II

(distância entre apoios) do corpo-de-prova a 12% de umidade. Para o


cálculo do módulo de elasticidade à flexão estática, considera-se a carga
máxima aplicada, pelo vão livre do corpo-de-prova (ao cubo), e a flecha ou
deslocamento neste vão livre, provocado pela carga máxima aplicada nos
lados do vão livre do corpo-de-prova e pode ser expressa por:

FE e = ((F máx*L 3) / (4*f*b*h 3))*10 -6

Em que: FEe = módulo de elasticidade à flexão estática (Mpa, a 12% de


umidade); F máx = carga máxima aplicada (N); L = vão livre do corpo-de-prova
(m); f = deslocamento no meio do vão livre do corpo-de-prova (flecha) (m); b,
h = base e altura da secção transversal no meio do vão livre do corpo-de-prova
(m).

Resistência à ruptura à compressão paralela às fibras

A resistência à ruptura à compressão paralela às fibras é dada pela força


máxima de compressão (C máx ) em Newton (N), que atua na direção paralela às
fibras da madeira em um corpo-de-prova à sua ruptura (a 12% de umidade),
com área da seção (A) (m 2 ). Essa resistência pode ser expressa por:

CP par = C máx / A

Em que: CPpar = resistência à ruptura à compressão paralela às fibras (MPa,


a 12% de umidade); C máx = máxima força de compressão na ruptura (N); A =
área da seção transversal do corpo-de-prova (m 2 ).

Resistência no limite proporcional à compressão


perpendicular às fibras

A resistência da madeira no limite proporcional à compressão perpendicular


às fibras é dada pela força no limite da proporcionalidade (C) em Newton
(N), que pode atuar na direção perpendicular às fibras da madeira em um
corpo-de-prova à sua ruptura (a 12% de umidade) com área da seção (A) de
aplicação da carga (m 2 ). Essa resistência pode ser expressa por:

CP pel = (C / A)*10 -6

Em que: CPpel = resistência no limite proporcional à compressão perpendicular


às fibras (Mpa, a 12% de umidade); C = força de compressão (N); A = área da
seção de aplicação da carga do corpo-de-prova (m 2).

55
UNIDADE II │ ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA

Resistência à ruptura ao cisalhamento

A resistência da madeira à ruptura ao cisalhamento é determinada pela máxima força


de cisalhamento (FCmáx) em Newton (N), que pode atuar em um corpo-de-prova (a
12% de umidade) com área da seção transversal crítica (A) (m 2 ). Essa
resistência pode ser expressa por:

CI r = (FC máx / A)*10 -6

Em que: CIr = resistência à ruptura ao cisalhamento (MPa, a 12% de umidade);


FC máx = máxima força de cisalhamento (N); A = área da seção transversal crítica
do corpo-de-prova (m2).

Outras propriedades físicas da madeira também são estimadas para


melhor descrição de suas propriedades: a densidade básica da madeira,
que é o quociente entre a massa seca da amostra (0% de umidade), e o
seu volume saturado, e o coeficiente de anisotropia, que é o quociente
entre a contração tangencial e a contração radial (ARAÚJO, 2002).

Em estudo conduzido por Scanavaca Jr. e Garcia (2004) e por Müller et al.
(2014) foram determinadas das propriedades físicas e mecânicas da madeira
de Eucalyptus urophylla e Eucalyptus benthamii, respectivamente. Entre as
propriedades avaliadas nessas espécies de eucalipto estão:

A densidade básica (massa da madeira seca em relação ao seu volume saturado),


que é de fácil determinação e apresenta elevada correlação com propriedades
mecânicas da madeira; é uma das propriedades físicas mais estudadas no mundo
(PANSHIN; ZEEUW, 1970). A densidade (massa da madeira seca em relação ao
seu volume) também é importante na caracterização tecnológica da madeira,
pois sua variação afeta a resistência mecânica e a estabilidade dimensional da
madeira. Essa densidade reflete a porcentagem dos diferentes constituintes da
madeira (p.e., celulose, lignina, hemiceluloses) e é influenciada pelas dimensões
dos elementos anatômicos (p.e., comprimento, largura, espessura da parede,
diâmetro do lúmen das fibras ou traqueídeos) (ARGANBRIGHT, 1971).

Outra característica importante da madeira é a retratibilidade, que é a


movimentação da madeira (encolhimento ou inchamento) pela perda ou ganho
de água em níveis abaixo do ponto de saturação hídricas das fibras. Nas
madeiras em geral, a retração tangencial é maior que a retração radial, ao
passo que a retração longitudinal é quase nula.

O Índice de Retração Anisotrópica (IRA) de uma madeira indica sua qualidade


para marcenaria e é estimado pela razão entre as retrações tangencial (RT) e

56
ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA │ UNIDADE II

radial (RR). Quanto mais baixa esta razão, quanto mais próxima de um, em geral,
melhor é a espécie florestal para marcenaria. Por exemplo, a retratibilidade
excessivamente alta das espécies de Eucalyptus sp. é um dos principais
impeditivos para o seu uso como madeira sólida (HILLIS, 1978). Os efeitos
combinados da retração tangencial e radial deformam as peças de madeira
devido a diferenças na curvatura dos anéis de crescimento e nas retrações ao
longo da peça. A retração e a deformação da madeira variam significativamente
conforme a posição radial de onde a peça foi retirada (USDA, 1987).

O módulo da elasticidade (MOE) e o módulo da ruptura (MOR) são dois


outros importantes parâmetros na caracterização tecnológica da madeira
e são normalmente determinados em testes de flexão estática. Ambos os
módulos estimam a resistência da madeira submetida a uma força aplicada
perpendicularmente ao seu eixo longitudinal. O anexo B da Norma Brasileira
7190 (ABNT, 1996) traz as recomendações dos métodos para a determinação
das propriedades físicas e mecânicas da madeira, permitindo a classificação de
espécies e/ou lotes, assim como definir suas respectivas aplicações.

Relação água-madeira
Em uma madeira a água segue fluxos de elevada complexidade devido à estrutura
da madeira ser heterogênea por ser constituída por um sistema de cavidades
aproximadamente regulares e de paredes celulares pelos fenômenos físicos que
controlam o fluxo da água no estado líquido e vapor na estrutura aberta, assim
como da água nas paredes celulares.

Os tipos de fluxos de água na madeira mais importantes podem ser divididos em


dois grupos ade movimento da água: por difusão e por forças capilares (fluxo
de massa). A difusão da água em uma madeira depende da agitação térmica das
moléculas e não é capaz de transportar grandes quantidades tanto na árvore viva
como na secagem da madeira. O fluxo de massa da água na madeira (movimento
capilar) está limitado apenas às menores dimensões dos capilares.

A água na madeira se encontra em diferentes estágios:

» água livre nos capilares microscópicos - acima do ponto de saturação


das fibras;

» água livre nos capilares maiores da parede celular situada acima de


80% de umidade relativa e abaixo do ponto de saturação das fibras;

57
UNIDADE II │ ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA

» água fixada nas áreas de contato com substâncias celulósicas que


compõe a parede celular - abaixo de 10-15% de umidade relativa.

A quantidade de água nas paredes de células da madeira afeta


significativamente a resistência de uma madeira (WIANDY; ROWELL, 1984).

Quando o teor de água está acima do ponto de saturação das fibras, a água
passa a se acumular nas cavidades das células da madeira (água livre), não
se verificando efeito significativo sobre a resistência da madeira associado à
variação do teor de umidade deste ponto em diante.

Para teores de umidade na madeira entre 0%, quando a madeira seca em estufa,
até o ponto de saturação das fibras a água se acumula apenas nas paredes das
células da madeira, dita água de impregnação. Esta água de impregnação que
afeta sensivelmente a resistência da madeira devido à redução das ligações por
pontes de hidrogênio com o aumento da quantidade de água entre os polímeros
orgânicos das paredes das células.

Uma indicação de como as propriedades mecânicas da madeira são influenciadas


pela umidade, apresentada por Bodig e Jayne (1992) (Figura 16), onde pode ser
observada as respostas de tensão-deformação.

Figura 16. Curvas de tensão-deformação de ensaios de compressão normal às fibras, em Pseudotsuga menziesii

(abeto de Douglas) para diferentes teores de umidade (1 psi ≅ 0,0069 MPa).


1500

Seca em estufa
1250

1000
Tensão (psi)

Seca ao ar
750

Verde
500

250

0 0,05 0,10 0,15 0,20


Deformação específica
Fonte: Bodig, J.; Jayne, B. A. 1992. Mechanics of wood and wood composites. Van Nostrand Reinhold Company Inc. 712 p.

58
ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA │ UNIDADE II

As respostas apresentadas na Figura 16 para o abeto de Douglas refletem as


variações no módulo de elasticidade, na energia de deformação, na resistência
e na fragilidade da madeira. Para cada curva, a tensão máxima alcançada
mostra as alterações na resistência; a inclinação mostra as variações no módulo
de elasticidade; a área sob cada curva mostra a energia de deformação, e as
características de cada curva na região de ruptura reflete suas respectivas
fragilidades.

De maneira geral, as propriedades mecânicas da madeira aumentam


com a redução dos teores de umidade, tendendo a atingir um valor
máximo para um teor de umidade equivalente a 5%, e depois decrescem
para níveis inferiores de umidade.

A secagem da madeira ao ar permite seu equilíbrio com um teor de umidade de


aproximadamente 17%, e em caso de se precisar de uma umidade de equilíbrio
menor é necessário o uso de estufa. A Figura 17 apresenta os teores de umidade
de equilíbrio em diversas situações de uso da madeira.

Figura 17. Umidade de equilíbrio da madeira em vários ambientes. Os teores de umidade podem variar

ligeiramente entre as espécies florestais.


27 Retrações apreciáveis iniciam-se
neste ponto.
A secagem ao ar é suficiente

26
Teor de unidade satisfatório para:
25 impregnação por pressão;
creosotamento e impregnação com
24 retardantes de incêndio.
23
TEOR DE UMIDADE ALCANÇADO
Linha de segurança do apodrecimento (secar e
Teor de umidade da madeira U (%)

22
MADEIRA ESTABILIZADA AO AR molhar apodrece).
21
Carpintaria exterior.
20
Mobília para jardins.
19
Aeronaves, veículos a motor, tombadilhos de navios, tear
18 têxtil, e etc.
É necessário adicionar calor, artificialmente, para

Madeiramento para uso em situações onde a madeira é


assegurar a secagem a este nível de umidade

17 aquecida ocasionalmente.

16 Madeiramento em vizinhanças onde, regulamente, ocorrem


aquecimentos intermitentes. Soalhos com mobília. Também para:
15 pincéis, instrumentos musicais, equipamentos esportivos,
ferramentas manuais, cachimbos, brinquedos, e etc.
14 Madeiramento em construções continuamente aquecidas.
13 Madeiramento em vizinhanças com alto grau de calor. Lojas de
departamentos, hospitais, escritórios, e etc.
12
Madeiramento próximo, ou nas vizinhanças, de fontes de calor. Cobertura,
11 ou peças da cobertura, de radiadores e aquecedores. Soalhos sob
elementos aquecidos.
10
9
8
Fonte: Dinwoodie, J. M. 1981. Timber its nature and behavior. Princes Risborough Laboratory. Building Research Establishment.
Van Nostrand Reinhold Company Ltd. p.190.

59
UNIDADE II │ ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA

Três métodos básicos de secagem foram empregados por Madsen (1992) para
retirar umidade da madeira e estudar o efeito do teor de umidade sobre a
resistência à flexão em diferentes níveis de umidade final:

» secagem ao ar: a madeira inicialmente úmida foi submetida à secagem


em local protegido da chuva para simular uma condição de interior de
uma construção onde o a é rapidamente fechado;

» exposição: a madeira inicialmente úmida foi colocada ao tempo (sujeito


à chuva e sol) por três meses para simular um local de construção
onde o armazenamento de madeira ocorreu por muito tempo no
exterior;

» equilíbrio: a madeira inicialmente úmida foi colocada em câmaras


na qual foi condicionada lentamente até o equilíbrio com o teor de
umidade específico em atmosfera controlada.

Madsen (1992) concluiu que os métodos de secagem não afetaram as distribuições


de resistência (MPa); a exceção é o nível de umidade de 8%, em que a secagem ao ar
apresentou superior resistência à flexão.

A influência mais significativa do teor de umidade sobre as propriedades


da madeira está relacionada à sua estabilidade dimensional.

As dimensões da madeira se alteram significativamente com a variação de


seu teor de umidade no intervalo de 0% de umidade até o ponto de completa
saturação das fibras. Neste intervalo (intervalo higroscópico), o aumento do
teor de umidade na madeira gera um correspondente aumento de dimensões
(inchamento), assim como a diminuição do teor de umidade na madeira gera
um correspondente decréscimo de dimensões (retração). O “movimento da
madeira” considera, contudo, o inchamento ou retração das dimensões da
madeira entre um determinado teor de umidade e 0% de umidade.

As diferentes propriedades da madeira são consideravelmente afetadas pelo teor de


umidade presente:

» a densidade aparente depende diretamente do teor de umidade da


madeira, sendo imprescindível referir-se ao teor de umidade quando
indicar a densidade de uma madeira;

» a resistência à tração ao longo das fibras aumenta a seca da madeira


abaixo do ponto de saturação das fibras (KOLLMANN; COTÉ, 1984);

60
ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA │ UNIDADE II

» no intervalo higroscópico, ocorre o aumento da resistência ao


cisalhamento paralelo às fibras com a diminuição do teor de umidade;
contudo, para algumas orientações das fibras na madeira, o efeito do
teor de umidade sobre a resistência ao cisalhamento e praticamente
desprezível (KOLLMANN; COTÉ,1984).

A relação resistência-umidade em uma peça de madeira pode ser generalizada nos


seguintes pontos:

» para teores de umidade na madeira acima do ponto de saturação de suas


fibras a resistência se mantém relativamente constante;

» para teores de umidade abaixo do ponto de saturação de suas fibras a


resistência aumenta com o decréscimo do teor de umidade;

» para teores de umidade reduzidos a relação resistência-umidade pode


atingir um ponto de máximo que em seguida decrescer com o decréscimo
da umidade - para a rigidez as relações são semelhantes;

» para algumas orientações das fibras na madeira não existe influência


significativa do teor de umidade sobre a resistência.

Estabilização dimensional da madeira


Tratamento com sais - a contração da madeira pode ser significativamente
reduzida por meio de tratamentos com soluções de sais concentradas antes
da secagem. No processo de secagem, a madeira perde a água capilar devido
à salinidade da solução de tratamento e aumenta a concentração de soluto
na estrutura capilar grossa. O soluto difunde para as paredes celulares
homogeneizando sua concentração e a desorção da água contida nos tecidos
da madeira. O sal depositado estrutura fibrilar da madeira reduz sua contração
proporcionalmente ao volume de soluto presente nas paredes celulares.

O uso de sais como estabilizantes dimensionais de madeira apresenta


inconvenientes devido às suas propriedades corrosivas e/ou pouca solubilidade
em água.

Tratamento com açúcares - a contração da madeira também pode ser


significativamente reduzida por meio de tratamentos com soluções de açúcares
antes da secagem. O efeito de penetração da solução de açúcares é maior que
pela maioria dos sais utilizados devido à sua maior solubilidade. Este tratamento
apresenta o inconveniente de elevar a suscetibilidade da madeira ao ataque de
microrganismos xilófagos.

61
UNIDADE II │ ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA

Tratamento com resinas - a contração da madeira também pode ser significativamente


reduzida por meio de tratamentos com resinas que não apresentam as inconveniências
das soluções anteriores, principalmente devido à elevada higroscopicidade das
substâncias utilizadas. A introdução de resinas não higroscópicas na madeira envolve
etapas laboriosas para que a água na madeira seja removida e substituída pela solução
da resina. Resinas termoendurecíveis (p.e., resinas fenol-formol, álcool furfural)
de alta solubilidade em água (baixa polimerização) também são utilizadas e podem
ser curadas por efeito de calor após a impregnação da madeira. O uso de resinas
deve ser, contudo, cauteloso pois este método apresenta o inconveniente de afetar
negativamente as propriedades mecânicas da madeira.

Tratamento com polietileno glicol (PEG) - este método apresenta bons resultados
e é compatível com as possibilidades e requerimentos de pequenas indústrias.
O PEG é composto por polímeros de glicol cujas moléculas se ligam por pontes
de éter entre grupos etílicos por desidratação (liberação da água).

Existem vários tipos de PEG que são solúveis em água e podem ser agrupados como a
seguir (MORESCHI, 2014):

» peso molecular de 600: o PEG é líquido em condições normais do


ambiente e solúvel em água em qualquer proporção. Polietileno glicóis
de baixo peso molecular podem substituir a água existente na parede
celular da madeira, reduzindo em muito a contração da madeira;

» peso molecular de 1.000: o PEG é um sólido plástico semelhante a uma


cera branca e altamente solúvel em água. Este peso molecular do
PEG é o mais recomendado agente estabilizador da madeira por ser
capaz de reduzir as tensões de secagem, assim como empenamentos e
rachaduras;

» peso molecular de 6.000: o PEG é um sólido duro de solubilidade


limitada em água.

A embebição da madeira em solução de PEG 1.000 a 30% mais a aplicação superficial


de PEG 1.000 derretido permite eliminar os efeitos negativos da secagem caso a
madeira absorva no mínimo 16% de seu peso seco (peso do PEG / peso da madeira a
0% de umidade) (MORESCHI, 2014).

Entre outros efeitos da do tratamento com PEG estão:

» aumento significativo da resistência da madeira ao ataque de


microrganismos xilófagos que dependem de madeira úmida para se

62
ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA │ UNIDADE II

desenvolverem. O PEG não é tóxico aos microrganismos; contudo, pode


ser um desidratante de hifas fúngicas presentes na madeira e quando
impregnando a parede celular das células na madeira reduz também a
absorção da água e o teor de umidade se mantém baixo, restringindo o
desenvolvimento dos microrganismos;

» madeiras impregnadas com PEG podem ser coladas normalmente


com diversas colas (p.e., caseína, ureia resorsinol, fenol-formaldeído);

» o tempo de secagem de muitas substâncias de acabamento superficial da


madeira (p.e., tintas, vernizes e lacas) é reduzido;

» a resistência à flexão da madeira reduz ligeiramente com o aumento do


conteúdo de PEG na madeira (MORESCHI, 2014).

Secagem da madeira

Introdução

A madeira, entre os principais materiais utilizados pelo homem, destaca-se


por sua variabilidade natural. Esta variabilidade se estende também em suas
propriedades físicas e mecânicas assim como pelas características estéticas, o
que permite sua utilização em uma série de ambientes e aplicações. Porém a
madeira é um material higroscópico e anisotrópico (diferentes propriedades em
diferentes regiões da peça), cujas dimensões são alteradas significativamente
em função do teor de umidade.

A água na madeira

O teor de umidade em qualquer madeira é variável e depende de uma série de


fatores, tais como: a espécie florestal; a idade da árvore; a posição no tronco;
o tipo de tecido (p.e., casca, raízes, xilema, tipos de lenhos etc.); a densidade
básica; o tempo de exposição à secagem após o corte ou após preparação
da madeira serrada; a intensidade de secagem aplicada sobre a madeira; a
estabilização da umidade no ambiente de secagem em função do equilíbrio em
suas trocas de umidade com o ambiente.

O movimento da água para o exterior da madeira ocorre via evaporação em


sua superfície, e é um processo contínuo enquanto houver água no interior da
massa da madeira (Figura 18). A saída da água da madeira é maior nas secções

63
UNIDADE II │ ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA

transversais do que nas superfícies laterais ou cantos das peças de madeira.


A primeira quantidade de água a deixar a madeira após o seu corte é a água
livre, aquela que se encontra nos espaços entre as células, lumens, vasos e
fibras.

Figura 18. Saída da água contida em uma madeira.

evaporação

evaporação
Madeira Madeira
verde seca
evaporação

evaporação

Ventilação ar exterior

Gradiente do
teor em água

Interior da peça de madeira

Fonte: Santos, J. A. 2005. A secagem e as relações da água com a madeira. Bem Utilizar a Madeira. Encontro sobre a
Madeira e suas Aplicações Nobres. Universidade do Minho .

Um importante fator da qualidade da secagem de uma madeira é manter um


equilíbrio entre a água que evapora das superfícies da madeira e a água que
chega por migração do interior da madeira. Uma evaporação intensa seca as
camadas próximas da superfície em relação às camadas mais interiores, dando
origem a um gradiente no teor de água contida na madeira. Uma evaporação
lenta, sem a formação de um gradiente de umidade, não há prejuízo da
qualidade da madeira; contudo, a secagem vai demorar mais tempo ao ponto de
ser economicamente inviável.

A perda de água pela madeira acarreta a diminuição da espessura da parede


celular, o que faz com que esta diminuição de volume reflete no volume e
geometria de toda madeira por meio de retrações. As retrações são em geral não
significativas na direção axial, porém muito expressivas nas direções tangencial

64
ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA │ UNIDADE II

e radial, sendo a retração radial correspondendo a cerca de metade da retração


tangencial. A magnitude dos efeitos das retrações nas direções transversais,
tangencial e radial está ligada ao gradiente de secagem, de forma que um
gradiente elevado corresponde também elevada diferenças dimensionais entre
as camadas da madeira.

As alterações dimensionais da madeira podem ser minimizadas pela


secagem adequada da madeira depois de serrada e antes de sua
industrialização. Por esta razão, a secagem da madeira é considerada
a operação unitária mais importante na manufatura de produtos
madeireiros proporcionando um maior padrão de qualidade e elevado
valor agregado.

As retrações de uma madeira durante o processo de secagem podem causar


tensões de tração ou tensões de compressão em diferentes locais da mesma peça
de madeira. Em geral, quando uma madeira perde água (processo de dessorção)
ocorre a sua retração; contrariamente, o ganho de água (processo de adsorção)
causa o seu inchamento. Em uma madeira, toda a movimentação dimensional
ocorre entre o ponto de saturação das fibras (PSF) e 0% de umidade (madeira
anidra), o que indica que as variações dimensionais correspondem à adsorção
ou dessorção da água presente nas paredes das fibras. A variação dimensional
em relação entre ao teor de umidade presente é considerada linear na faixa de
umidade entre 0% e o PSF. Estas tensões internas e movimentações da madeira
podem causar deformações plásticas por fluência, ou mesmo abertura de fendas,
rachaduras e trincas quando as tensões máximas são ultrapassadas.

Na madeira o teor em água é definido com base na massa anidra da madeira


(0% de água) pela da expressão: H(%) = (P H - P 0) / P 0, onde H é o teor em água
da madeira, P H é o peso da madeira com o teor em água H, e P 0 representa o
peso da amostra depois de completamente seca (0% de água). A extração de
toda a água em uma madeira pode ser obtida por sua exposição prolongada à
temperatura de 103 ºC em estufa.

De maneira geral, a condição de umidade relativa (UR) de uma madeira pode


ser classificada como:

» madeira verde - maior que 30% UR (água livre + água aderida);

» madeira no ponto de saturação das fibras (PSF) - 25 a 35% UR (água


aderida);

» madeira comercialmente seca - 18% UR;

65
UNIDADE II │ ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA

» madeira seca - 10 a 14% UR;

» madeira anidra - 0% UR.

Estas umidades são apenas para referência, pois as quantidades de água a se


retirar de uma madeira até à sua completa secagem são relativamente variáveis
e muito dependentes da massa volumétrica da madeira anidra que é uma
consequência da dimensão dos espaços vazios na madeira.

A quantidade de água a se retirar de uma madeira é maior quanto


maior for sua densidade, apresentando, portanto, maior dificuldade
em secar madeiras muito densas, que apresentam menor diâmetro dos
espaços para que a água atinja as superfícies.

A secagem da madeira

O processo de secagem tem uma direção de passagem que é regulada pelo


equilíbrio entre a quantidade de água contida na madeira e as condições de
temperatura, pressão atmosférica e umidade relativa do ar. A água de equilíbrio
em uma madeira corresponde ao teor de água no ponto de equilíbrio com o
conjunto das condições externas (Figura 19).

Figura 19. Curvas do teor de água na madeira em equilíbrio com a umidade relativa do ar em diferentes

temperaturas de secagem.

30
28
Teor em água de equilíbrio (%)

26

24

22

20

18

16

14

12

10

0
10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100

Umidade relativa do ar (%)


0°C 10°C 20°C 30°C 40°C 50°C 60°C 70°C

Fonte: Santos, J. A. 2005. A secagem e as relações da água com a madeira. Bem Utilizar a Madeira. Encontro sobre a
Madeira e suas Aplicações Nobres. Universidade do Minho.

66
ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA │ UNIDADE II

A Figura 19 permite inferir que existe maior dependência do teor em água na


madeira em relação à umidade relativa do ar do que da temperatura de secagem.
A temperatura variou entre 0 e 70 ºC com respostas muito próximas indicando
que a temperatura afeta proporcionalmente menos o processo de secagem que
o teor de umidade do ambiente de secagem.

Existem tabelas e métodos numéricos de determinação do teor em água de


equilíbrio em madeiras que permitem o trabalho com quantidades maiores
de dados. O entendimento do teor da água de equilíbrio em uma madeira é
essencial para a regulação controlada do processo de secagem e também para
atingir certo teor de água alvo no final da secagem (PERTUZZATTI et al., 2017).

Esse controle é importante para que uma madeira chegue no seu destino
final com a umidade próxima à da umidade que vai ter durante sua vida
útil.

A Figura 20 apresenta teores de umidade recomendadas para diversas aplicações.

Figura 20. Teores recomendados de água em madeiras de acordo a aplicação a que se destina.

30% 30%

LIMITE DE
SEGURANÇA
25% 25%
CONTRA
MADEIRA EM CONTATO COM FOCOS DE UMIDADE PODRIDÃO
22% 22%

MADEIRA EM LOCAIS DESCOBERTOS


18% 18%
MAD. LOCAIS ABERTOS E COBERTOS
15% 15%
LOCAIS FECHADOS NÃO AQUECIDOS
14% 14%

SECAGEM
LOCAIS FECHADOS E AQUECIDOS
10% 10% ARTIFICIAL
LOCAIS COM AQUECIMENTO CONTÍNUO NECESSÁRIA
8% 8%

UTILIZAÇÕES ESPECIAIS

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

UMIDADE RELATIVA DO AR EM % (TEMP. 15 A 20°C)

Fonte: Santos, J. A. 2005. A secagem e as relações da água com a madeira. Bem Utilizar a Madeira. Encontro sobre a
Madeira e suas Aplicações Nobres. Universidade do Minho.

Os processos aplicados para a secagem da madeira após o corte, de maneira


convencional, podem ser entendidos como um balanço entre a transferência de
calor da corrente de ar do ambiente de secagem para a superfície da madeira
e a consequente evaporação da água presente em sua superfície que é então

67
UNIDADE II │ ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA

removida pela corrente de ar. O processo de secagem da madeira pode proceder


de duas maneiras principais: secagem ao ar e secagem artificial.

Lembremos que a secagem ao ar consiste em deixar a madeira secando


livremente durante um longo período em local seco para que a madeira atinja
gradualmente um equilíbrio com o ambiente de secagem. O termo secagem ao
ar, ou secagem natural, também é utilizado para definir a retirada da água em
excesso na madeira e aproximar do teor em água final desejado.

A secagem artificial apresenta distintos processos de extração da água contida


na madeira: secagem convencional (ar quente), a vácuo, por desumidificação e
secagem por altas correntes de ventilação. A evaporação e consequente retirada
da água presente na superfície da madeira é necessário que a água localizada
em camadas mais internas da peça se movimente por meio do material até
atingir a superfície de secagem. A intensidade da evaporação superficial da água
está relacionada principalmente com a temperatura (em menor magnitude) e
a umidade relativa do ar circulante (Figura 19). Já a taxa de movimentação
interna da água depende de características físicas e químicas do material (p.e.,
permeabilidade, massa específica).

Para uma secagem apropriada sem o tensionamento excessivo da madeira,


são necessários ajustes das condições psicrométricas (propriedades físicas e
termodinâmicas) do ar circulante no local de secagem. Esse ajuste é realizado
conforme o programa de secagem definido que irá definir os valores e de
umidade relativa do ar a de temperatura em função do teor de umidade da
madeira. Deve-se, entretanto, levar em consideração que os valores de ajuste da
temperatura e da umidade do ar devem ser ajustados para cada tipo específico
de madeira.

Contudo, todos os processos de secagem artificial são, em geral, consumidores


de grandes quantidades energia eléctrica e/ou térmica o que acarreta elevados
custos de investimento em estrutura, equipamentos e manutenção. O grande
consumo energético da secagem tem impulsionado a prática de pré-secagem a
madeira ao ar até um teor de água conveniente, e posteriormente terminar o
processo num secador artificial.

Madeiras com elevado teor em água (acima dos 20% e até saturação do interior
dos espaços vazios - entre 25 e 35%) são favoráveis ao desenvolvimento de
microrganismos degradadores da madeira (as podridões). O apodrecimento da
madeira compromete desde cedo a resistência mecânica da peça ou estrutura. O
processo de apodrecimento, depois de iniciado na madeira, tende a prosseguir
mesmo com redução das condições de umidade.
68
ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA │ UNIDADE II

Os microrganismos xilófagos precisam, portanto, iniciar o processo de


degradação em uma condição de umidade mais elevada; mas esse processo
depois de iniciado desenvolve outros mecanismos para absorver água mesmo em
teores de umidade do ar inferiores. A madeira a 14% de umidade se mantem em
um bom estado de conservação se devidamente protegida, porém, a madeira que
já iniciou o processo de degradação apresentará teores de umidade superiores.

Consequências da secagem da madeira

A redução do teor de umidade da madeira é benéfica para o seu desempenho


(FOELKEL, 2017). Entre os principais benefícios da adequada secagem de uma
madeira, estão o aumento da resistência mecânica (ZEN, 2018) e da resistência
à degradação por microrganismos xilófagos (principalmente fungos) que está
também associada à perda de resistências mecânicas e deterioração estética
das peças (p.e., esfarelamento das peças, manchas de bolor etc.). A secagem da
madeira também melhora suas propriedades de isolamento térmico, acústico
e elétrico; reduz o peso das peças; prolonga a vida útil das peças e estruturas;
melhora a trabalhabilidade (cada produto aplicado ou operação demanda certos
teores de umidade); etc.

A retirada de água da madeira reduz seu peso e diminui o custo do frete,


porém, independentemente dos aspectos econômico, o trabalho racional
com a madeira em um estado bruto para transformá-la em produtos e
bens de consumo requer a sua secagem.

O processo de secagem da madeira acarreta:

» redução das contrações e expansões dimensionais a limites aceitáveis,


permitindo que as peças de madeira sejam produzidas com maior
precisão;

» melhoria dos efeitos e resultados de vernizes e tintas aplicados sobre a


madeira seca;

» redução do ataque e da extensão dos danos causados por fungos


manchadores e apodrecedores;

» aumento da qualidade e resistência das juntas de colagem;

» aumento da resistência mecânica da peça (GALVÃO; JANKOWSKY,


1985).

69
UNIDADE II │ ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA

A variação dimensional da madeira com a secagem, principalmente devido à


sua característica anisotrópica, faz com que surjam deformações ao perder
umidade, pois a retração é diferenciada em diferentes partes de uma mesma
peça. Contudo, a secagem controlada, quando efetuada em secadores, ou estufas,
é a operação que mais agregar valor aos produtos de madeira; no entanto, é
a atividade de maior custo para a indústria de transformação (JANKOWSKY,
2002). Por essa razão, existe uma constante busca por maior eficiência dos
secadores e aprimoramentos no processo de secagem.

A secagem controlada proporciona ainda benefícios adicionais, como:

» redução do tempo na secagem tornando mais rápido o giro do capital


investido em estoque;

» possibilidade de ajuste preciso do teor de umidade da madeira de acordo


com as condições climáticas prevalentes do local de uso;

» obtenção de teores de umidade menores que aqueles obtidos pela secagem


natural ao ar;

» minimizar os defeitos negativos da secagem (p.e., empenamentos,


rachaduras, encanoamentos) quando conduzida adequadamente;

» eliminar microrganismos e insetos presentes na madeira (GALVÃO;


JANKOWSKY, 1985).

O processo de secagem da madeira também pode apresentar desvantagens


potenciais que podem ser observados para otimização os usos da madeira
(FOELKEL, 2017); entre as principais desvantagens estão: a contração
volumétrica irregular e instabilidade dimensional que geram defeitos nas peças
(p.e., deformações, rachaduras, fissuras etc.). A secagem da madeira também
aumenta sua flamabilidade e predispõe ao ataque de cupins e larvas brocadoras.

Existem também observações importantes que podem contribuir para a melhor


conservação e utilização da madeira (SANTOS, 2005):

» adequar o teor de água da madeira às condições médias de umidade e às


particularidades do local onde será instalada;

» manter o ambiente e a madeira arejados e a um teor em água abaixo do


limite de desenvolvimento de microrganismos xilófagos;

» utilizar de medidas construtivas e preservativas da madeira para afastá-


la de fontes de umidade;

70
ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA │ UNIDADE II

» utilizar madeiras estáveis e de elevada durabilidade natural, assim


como madeiras melhoradas tecnologicamente (p.e. madeira tratadas,
coladas).

Movimentações internas da madeira durante a secagem

A condição natural de heterogeneidade anatômica das madeiras é devida às


diferenças na sua composição química, nos tipos e posicionamentos das células
durante a formação da própria madeira ou de suas peças de trabalho. Estas
diferenças afetam as forças internas da madeira durante o processo de secagem
assim como afetam também seu desempenho nas aplicações a que se destinar.

Apesar dos cuidados com o manejo da madeira após o seu corte, podem ainda
existir tensões que se desenvolvem na madeira que causam defeitos chegando a
inviabilizar o produto final. Porém, determinados defeitos são característicos,
ou mais comuns, em certas espécies florestais, ou de certas peças de madeira.
Como apresentado aqui, estes defeitos se manifestam principalmente durante a
perda de umidade e podem ser agravados, ou não, pela secagem.

É importante se conhecer as prováveis causas dos defeitos em uma


madeira que venham a ocorrer durante sua secagem, pois assim é
possível providenciar as necessárias alterações no processo de secagem.

De maneira geral, os principais problemas com as deformações das madeiras são as


rachaduras, o colapso e os empenamentos (Figura 21).

Figura 21. Principais defeitos ocorridos em uma madeira durante a secagem.

Rachaduras Arqueamento Encurvamento

Colapso Encanoamento Torcimento

Fonte: ABNT/NBR 9487, 1986 (Adaptado. SANTOS, 2018).

71
UNIDADE II │ ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA

As rachaduras e os colapsos ocorrem quando a madeira serrada é exposta ao


ar e a água presente nas fibras superficiais também acaba exposta, gerando
uma interface água livre/ar no interior das fibras superficiais da madeira.
Essa interface gera uma tensão capilar na madeira que força o movimento
da água do interior até a superfície de evaporação da madeira.

O deslocamento sob efeito da tensão capilar da água líquida até a superfície de


secagem é dependente da permeabilidade do material. Nas madeiras em geral,
essa propriedade física resulta da sua estrutura anatômica, da disposição e
composição das fibras na madeira. Assim que a água livre evapora da superfície
de evaporação, esta é deslocada para o centro da peça de madeira, caso essa
evaporação seja excessiva e descontrolada as rachaduras e colapsos acontecerão.

O gradiente de umidade na madeira entre a superfície mais seca em relação à


parte interna mais úmidas é a força motriz para promover a movimentação da
água no interior da madeira. As camadas superficiais da madeira se retraem
primeiro devido à perda de água provocar a retração volumétrica do material;
porém, como as camadas mais internas não apresentam a mesma magnitude
da retração por estarem com maior teor de umidade. Como consequência das
diferenças de retrações no sentido da espessura da madeira, a parte mais interna
termina por ficar submetida a um esforço maior de compressão, ao passo que
as camadas superficiais da peça permanecem tracionadas (McMILLEN, 1963).

À medida que a secagem da madeira progride, as camadas mais internas


também perdem água por capilaridade e tendem a se retrair; porém a
magnitude da retração interna é maior do que a retração na superfície. Essa
diferença de retração é devido à fixação de deformações decorrentes do
período em que as tensões de tração na superfície e a compressão no interior
atuaram sobre o material (McMILLEN, 1963). Na madeira em secagem
existe reversão de tensões, a partir da qual as camadas superficiais sofrem
compressão e as camadas mais internas sofrem tração. Todas essas forças
durante a movimentação da água para fora da madeira são conhecidas como
tensões de secagem.

Diante de todas essas possíveis expansões e contrações da madeira,


ela pode ser considerada como um material que apresenta um
comportamento tanto elástico como viscoso, especialmente quando
analisada pela correlação entre tensão e deformação - deformação
viscoelástica. A recomposição ou o rompimento das pontes de
hidrogênio, ou o realinhamento e o desalinhamento dos componentes

72
ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA │ UNIDADE II

poliméricos da madeira têm sido indicados como possíveis mecanismos


da deformação viscoelástica (BODIG; JAYNE, 1982; RICE; YOUNGS, 1990).
Portanto, parte da deformação total da madeira durante a secagem é
também uma consequência da incidência simultânea da deformação
(carga mecânica) e das variações no teor de umidade, a qual pode
denominada como deformação mecanosortiva (ERICKSON, 1992).

Quando a tensão de tração da superfície mais seca for de magnitude maior que a
da resistência mecânica do material do interior da madeira, ocorre o surgimento
de rachaduras superficiais no sentido longitudinal. Essas rachaduras são mais
comuns nos extremos (topos) das peças de madeira serrada devido à maior
perda de água no sentido longitudinal (sentido das fibras da madeira) do
que no sentido transversal da tora ou peça. Consequentemente, a região da
madeira próxima ao topo secará mais rapidamente dando origem a tensões
transversais que causam rachaduras no sentido dos raios da madeira.

Com a secagem da madeira, o esforço de tração da parte interna cresce e


pode provocar o surgimento de rachaduras internas (rachaduras em favos);
concomitantemente, o esforço de compressão nas camadas superficiais pode
provocar sua densificação dessas camadas e causando o encruamento ou
endurecimento superficial da madeira.

Essas rachaduras ocorrem quando o processo de secagem é drástico (secagem


em um curto período), fazendo com que a superfície da madeira fique muito
mais seca que seu interior. Madeiras cuja impermeabilidade superficial seja
muito elevada podem também gerar uma superfície muito seca durante a
secagem e consequentemente o surgimento de rachaduras; portanto, é muito
importante que o processo de secagem seja suave, de modo que as condições
do ar sejam regularmente ajustadas para que a taxa de evaporação da umidade
superficial da madeira seja compatível com sua taxa de movimentação interna
e deslocamento (JANKOWSKY; GALINA, 2013).

Já o defeito de empenamento de uma madeira é qualquer distorção da peça


de madeira em relação aos seus planos originais de orientação de suas
superfícies e podem assumir diferentes formas de distorção (Figura 11). A
retração diferenciada da madeira durante a secagem provoca os diferentes
empenamentos em relação aos planos originais da peça; por exemplo, as peças
que foram cortadas na posição tangencial da tora tenderão a se retrair mais em
uma das faces, dando origem a encanoamentos e arqueamentos.

73
UNIDADE II │ ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA

Deve-se ressaltar que a causa fundamental dos empenamentos das madeiras


são suas próprias características, e que estes tipos de defeitos podem ser
minimizados pelo correto empilhamento da madeira para a secagem. Um mau
empilhamento das toras e tábuas pode agravar a incidência dos empenamentos
e a magnitude do problema. Uma secagem inadequada da madeira é a principal
razão para a redução do padrão de qualidade da madeira e seus derivados. O
desconhecimento das respostas de uma madeira durante a secagem ou de suas
características é geralmente a causa de elevadas perdas de qualidade durante a
secagem (JANKOWSKY, 1988).

Para a correta secagem de uma madeira, exige-se uma preparação em que devem
ser observadas indicações fundamentais:

» secar uma só espécie florestal por vez, ou no máximo espécies com


características semelhantes que possam ser submetidas ao mesmo
programa de secagem;

» as madeiras devem estar em peças da mesma espessura;

» as madeiras que serão secas juntas devem ter aproximadamente a


mesma umidade inicial – evita cargas com peças muito úmidas e muito
secas se misturem;

» separar a madeira em função do comprimento, do plano estrutural,


da qualidade final que se deseja, assim como de aspectos de ordem
prática e/ou econômica.

Assista ao vídeo - Secagem industrial acelerada de madeira – para aprofundamento

https://www.youtube.com/watch?v=P5goR5pbgUA.

Dentro do secador, a carga de madeiras a ser seca deve ser acomodada


considerando-se a forma e às dimensões do secador, assim como o melhor
empilhamento a facilitar a circulação do ar pelas porções de madeira, e também
a formar um pacote estável para a secagem e diminuição do movimento da
madeira no secador. No posicionamento das peças para a secagem as mesmas
separadoras das porções de madeira, ou tabiques, devem ser feitos de preferência
com madeiras previamente secas e duras e devidamente estocados para evitar
deformações.

A espessura dos separadores é variável; contudo, todos devem ser da mesma


espessura. Em geral, madeiras para secar mais grossas requerem separadores

74
ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA │ UNIDADE II

mais grossos e afastados entre si; madeiras para secar que sejam mais finas
ou mais tendenciosas a empenamentos e requerem separadores menos
espessos e mais próximos. Cada camada de madeiras para secar deve
receber os separadores colocados exatamente no início e no fim das peças,
e os separadores intermediários devem ser colocados a uma distância
equidistante e alinhados verticalmente para prevenir empenamentos devido
à má distribuição das forças (Figura 22). Todos estes cuidados resultam em
uma pilha de madeira mais estável e de movimentação mais fácil, além de
uma secagem mais uniforme dessa pilha e uma redução na ocorrência de
empenamentos (JANKOWSKY; GALINA, 2013).

Figura 22. Empilhamento adequado de madeira.

Fonte: https://mercampo.com.br/wp-content/uploads/2019/07/madeira-serrada-2-pinustec-mercampo.jpg.

Modelos de secagem convencional da madeira

A secagem convencional da madeira serrada é conduzida em secadores que


atingem temperaturas entre 35 e 90 °C (PRATT, 1974); estes secadores dispõem
de sistema de aquecimento, de umidificação do ar, de trocas de ar entre o a
câmara de secagem e o ambiente externo, e de ventiladores para circular o ar
pelas pilhas de madeira posicionadas no interior do secador.

75
UNIDADE II │ ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA

Ressalta-se que os secadores ditos convencionais são os mais comumente


utilizados na secagem de madeiras. Estes secadores comumente encontrados
nas indústrias madeireiras possuem para o aquecimento uma bateria de
trocadores de calor por vapor de água a pressões de 4 a 8 kgf cm - ² (0,39 a
0,78 MPa); com sistema de ventiladores localizados acima das pilhas; sistema
de conjunto de pulverizadores de água na forma de vapor de baixa pressão
ou água fria para a umidificação do ar, e de janelas posicionadas para que os
ventiladores removam o ar quente e úmido do secador e permitindo a entrada
de ar externo.

Os secadores modernos secam a maioria das espécies de florestais, com


perdas praticamente insignificantes em diferentes espessuras, com controle
computadorizado da temperatura, da umidade relativa e da velocidade do ar,
permitindo uma secagem eficiente e uniforme (DENIG et al., 2000). A câmara
de secagem é geralmente construída em alvenaria ou pode ser metálica -
geralmente em pré-fabricados de alumínio resistente à corrosão provocada
pelo aquecimento associado à umidade e ao ar. Embora o investimento
inicial seja elevado no caso dos secadores a vapor, a qualidade da secagem e
a produtividade do processo são compensadores.

Entre as principais vantagens da secagem convencional, estão a independência


de condições climáticas, maior sobre a umidade final e os defeitos potenciais,
possibilidade de adequação às madeiras disponíveis e grande diversidade
de ajustes do processo de secagem. A disponibilidade de um sistema para
umidificação do ar no interior do secador uniformiza do teor de umidade da
madeira seca e o condicionamento para aliviar as tensões de secagem durante
todo o processo (SANTINI, 1996).

A secagem convencional da madeira ocorre seguindo um programa definido


como uma sequência de temperaturas crescentes e de umidades relativas
decrescentes. A secagem da madeira é controlada pelo aquecimento e
velocidade de circulação do ar entre as peças de madeira de acordo com seu
teor de umidade (Figura 23) (DENIG, 1994). Um programa de secagem objetiva
reduzir o teor de umidade da madeira a um valor pré-determinado, no mais
curto período possível e com o mínimo de defeitos (GALVÃO; JANKOWSKY,
1985). O objetivo de um programa é obter resultados consistentes na secagem,
através das mudanças de temperatura, umidade relativa e velocidade do fluxo
de ar.

76
ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA │ UNIDADE II

Figura 23. Representação do sistema de ventilação de um secador de madeiras.

Fonte: https://www.solucoesindustriais.com.br/images/produtos/imagens_646/secador-de-madeira_6.jpg.

Um programa de secagem deve ser preparado de acordo com as características


de cada madeira, não só características relativas à cada espécie, mas também
relativo às dimensões, massa específica, suscetibilidade a defeitos e padrão de
qualidade requerido para a madeira. A redução da taxa de secagem da madeira
ao longo desse processo é compensada por mudanças contínuas na velocidade
de ar, o que torna mais agressivas as condições do processo de secagem.

Os programas de secagem de madeiras podem ser baseados no tempo de secagem


(programa tempo-temperatura), que são comumente aplicados na secagem de
coníferas; ou baseados no teor de umidade da madeira (programa umidade-temperatura),
comum na secagem de angiospermas.

Os programas do tipo umidade-temperatura são regularmente utilizados na secagem


convencional, e se distingue em três fases (GALVÃO; JANKOWSKY, 1985):

» aquecimento: neste momento a madeira é aquecida até a temperatura


inicial do programa selecionado para a secagem, contudo, sem iniciar
a secagem superficial. Para evitar a secagem superficial da madeira o
ambiente é saturado até 99% da umidade relativa do ar, o que permite
a transferência de calor mas inibe a transferência de umidade devido a
saturação do ar;

» secagem: fase em que a umidade do material é retirada. As características


de temperatura e umidade relativa do meio de secagem são regularmente
ajustadas conforme o teor de umidade da madeira, ou seja, enquanto
a madeira perde umidade, é estabelecido pelo programa o aumento da

77
UNIDADE II │ ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA

temperatura do ambiente de secagem e a diminuição da umidade relativa


do ar;

» uniformização e condicionamento: fase final do processo de secagem


da madeira e visa a diminuir a variação no teor de umidade entre as
peças de madeira, eliminando o gradiente de umidade dentro da peça
e reduzindo as tensões do processo de secagem através de ciclos de
reumidecimento das camadas superficiais da madeira. A temperatura
e a umidade relativa nesta fase dependem das condições finais de
temperatura e de umidade desejadas para a madeira segundo o
protocolo seguido (JANKOWSKY; GALINA, 2013).

A definição de programas de secagem para uma determinada espécie florestal é


relativamente simples, pois existem hoje diversas bibliotecas com as diretrizes
de diferentes programas secagem baseado em literatura especializada. Porém,
alguns aspectos precisam ser observados:

» os programas de secagem de madeira disponíveis são, em geral,


considerados programas padrões e conservadores, que atendem
diferentes tipos de secadores e práticas operacionais nem sempre são
as mais adequadas; são programas aplicados para diferentes espécies
florestais que apresentam um mesmo nome comum;

» os sistemas de controle automático podem ser personalizados a diferentes


formatos para a secagem de diferentes tipos de madeira;

» um mesmo programa poderá apresentar resultados diferentes em


diferentes modelos de secadores e diferentes práticas operacionais.
Cada rotina de secagem deve ser avaliada por sua quantidade e
qualidade da secagem e calibrações no programa devem ser feitas para
melhorar a eficiência das secagens.

De maneira geral, um programa de secagem ideal promove a melhor combinação


de agilidade e qualidade da madeira seca; deve ser ajustado de acordo com os
equipamentos ou marcas disponíveis tanto do secador quanto do sistema de
controle), e também com as práticas operacionais adotadas (p.e. separação por
espécie florestal ou espessura da madeira, pré-secagem ao ar) (JANKOWSKY;
GALINA, 2013).

Veja como opera um secador de madeira

https://www.youtube.com/watch?v=mfAzOEobUxI.

78
ESTRESSES BIÓTICOS, ANATOMIA E SECAGEM DA MADEIRA │ UNIDADE II

Controle de qualidade da madeira seca


Consumidores e indústrias que trabalham com madeira têm exigido maior qualidade
do produto e a necessidade de certificações quanto aos padrões de qualidade e
sustentabilidade. Regularmente são considerados quatro atributos de qualidade da
madeira seca:

» livre de defeitos visíveis (p.e., empenamentos, rachaduras, manchas,


bolores);

» teor de umidade adequado para o uso pretendido da madeira;

» menor variação do teor de umidade dentro da peça e entre peças;

» livre de tensões residuais do processo de secagem.

Uma busca perpétua das indústrias madeireiras é pelo mínimo de tempo


possível com o menor nível aceitável quanto à ocorrência de defeitos na
madeira, sem grandes preocupações com a qualidade interna da madeira. Caso
o teor e/ou a distribuição da umidade no interior da madeira seja irregular
vão surgir tensões residuais que se estiverem fora do padrão recomendável
poderão gerar problemas à madeira depois de instalada (p.e., rachaduras,
deformações).

O controle de qualidade do processo de secagem de uma madeira deve ser


efetuado antes, durante e depois da atividade. Antes da secagem deve-se avaliar
os defeitos existentes na madeira que serão comparados com a inspeção feita
ao final do processo de secagem. Essa avaliação prévia da madeira permite
detectar se o processo seria responsável por provocar algum defeito específico.

Durante a secagem da madeira uma inspeção visual da parte visível da carga a


secar também é recomendável para procurar e identificar a presença de defeitos
aparentes nas peças. Sempre que for identificada a ocorrência de algum defeito
significativo, deve-se priorizar as providências corretivas o quanto antes for
possível.

É preciso conhecer os defeitos de secagem da madeira para identificà-los


com segurança. Ao final da secagem é recomendado a realização de
testes de tensão e verificação do teor final de umidade utilizando-se
a secagem de corpos de prova a 103 ºC, por exemplo (JANKOWSKY;
GALINA, 2013), para checagem da eficiência do processo de secagem
da madeira.

79
QUÍMICA, POLPA
CELULÓSICA E UNIDADE III
BIODEGRADAÇÃO
DA MADEIRA

Nesta unidade, caro aluno, você entenderá mais afundo como por meio da
química da madeira podemos distinguir características de crescimento,
fisiológicas e grupos de espécimes florestais. Como algumas substâncias
encontradas podem determinar características físicas e até mecânicas da
madeira.

Será destacada a relevância da indústria de celulose no mundo. Como se dá


a produção de papel desde as principais matérias primas utilizadas até as
influências dessas no custo final do papel.

Finalmente você entenderá como ocorre e quais fatores levam à deterioração


da madeira. Após isso, serão apresentadas as alternativas para superar esse
desafio por meio de uso de soluções preservativas. Você também verá como
a dimensão física das toras altera penetração das soluções preservativas.
A importância dos espaços livres no interior da madeira e a interação com
a solução preservativa. Por fim, serão discutidos os principais métodos de
aplicação de produtos preservativos e suas características.

CAPÍTULO 1
Química da madeira

Introdução
Como apresentado, a madeira é um material heterogêneo cuja variabilidade
estrutural e variabilidade química são refletidas nas diversas propriedades
físicas, como: permeabilidade, densidade, capilaridade, difusão da água de

80
QUÍMICA, POLPA CELULÓSICA E BIODEGRADAÇÃO DA MADEIRA │ UNIDADE III

impregnação e condutividade térmica (KLOCK; ANDRADE, 2013). O arranjo


dos seus componentes físicos - macroscópicos e microscópicos - e químicos
formam a estrutura lenhosa da planta.

O tecido da madeira é formado para suprir as necessidades naturais de uma


árvore e consiste consequentemente em células de sustentação, condução e
armazenamento. A madeira é um material composto por células que funcionam
como suporte para a copa da árvore, como condutora da água e de nutrientes,
como armazenadora de substâncias de reserva (p.e., carboidratos e lipídios) e
água. Devido à sua composição diversificada, a madeira é um tecido complexo
que acaba por desempenhar diferentes funções.

A madeira (xilema secundário) e a casca interna (floema secundário) são


produzidas por uma camada com uma única célula de espessura (câmbio
vascular – cujas células são vivas e capazes de se dividirem diversas vezes), e está
localizada entre a madeira e a casca. A madeira é, do ponto de vista anatômico,
um tecido perene e o resultado do crescimento secundário do tronco, ramos e
raízes de uma espécie arbórea ou arbustiva.

A observação da madeira sem qualquer instrumento de ampliação permite


distinguir diferenças entre as madeiras de coníferas e angiospermas, ou entre
várias espécies, mas também permite observar diferenças dentro de uma mesma
amostra, como anéis anuais de crescimento, o lenho inicial (primaveril) e o
lenho tardio (outonal), o cerne e o alburno. O sentido e arranjo das células
da madeira podem ser reconhecidos nos já mencionados planos de corte de
caracterização anatômica da madeira: transversal, tangencial e radial.

Componentes químicos da madeira


A composição química da madeira não difere consideravelmente entre as
espécies florestais. Em geral os principais elementos existentes nas madeiras
são: carbono (C), hidrogênio (H), oxigênio (O) e, em menores quantidades, o
nitrogênio (N), e apenas traços dos demais nutrientes. A análise da composição
química da madeira de diversas espécies florestais indicou que em relação ao
seu peso seco a madeira apresenta de 40 a 50% de C, 6% de H, 44-45% de O,
de 0.1 a 1% de N. Cálcio (Ca), Potássio (K) e Magnésio (Mg) também podem ser
encontrados em concentrações pequenas, porém expressivas, constituindo,
portanto, as substâncias minerais existentes em uma madeira.

81
UNIDADE III │ QUÍMICA, POLPA CELULÓSICA E BIODEGRADAÇÃO DA MADEIRA

Considerando uma análise dos componentes da madeira é preciso fazer uma


distinção entre os principais componentes constituintes da parede celular:
celulose, hemiceluloses (polioses) e lignina que estão presentes em diferentes
proporções em todas as madeiras e são ditos componentes majoritários
(macromoléculas) (Figura 24). Os componentes minoritários são as
substâncias de baixo peso molecular, extrativos e substâncias minerais que
estão geralmente mais presentes de acordo com a espécie considerada. As
proporções e composição química da lignina e polioses diferem em coníferas
e angiospermas, ao passo que a celulose é um polímero uniformemente
encontrado nas diferentes espécies madeiras.

Figura 24. Distinção básica entre os componentes em uma madeira.

MADEIRA
_______________________↓_______________________
↓ ↓
Substâncias de Substâncias
Baixo Peso Molecular Macromeleculares
↓ ↓ ↓ ↓
Matéria Matéria Polissacarídeos LIGNINA
Orgânica Inorgânica ↓ ↓
↓ ↓ CELULOSE POLIOSES
EXTRATIVOS CINZAS

Fonte: Klock, U.; Andrade, A. S. 2013. Manual Didático - Química da Madeira. 4. Ed. UFPR. 87 p.

A celulose é o componente majoritário das madeiras e representa


aproximadamente metade de sua massa, tanto em gimnospermas quanto
em angiospermas. Sua composição é exclusivamente por β-D-glucose que se
organizam em um polímero linear de alto peso molecular.

Devido a suas propriedades químicas e físicas, assim como de sua estrutura


supramolecular, a celulose é o principal componente da parede celular nas
plantas.

As hemiceluloses (polioses) estão em estreita associação com a celulose na


parede celular. As polioses são compostas por cinco açucares neutros, as
glucoses, manose e galactose (hexoses), e as xilose e arabinose (pentoses).
Ácidos urônicos podem estar em algumas polioses. As cadeias moleculares
dos componentes das polioses são mais curtas que as encontradas na celulose

82
QUÍMICA, POLPA CELULÓSICA E BIODEGRADAÇÃO DA MADEIRA │ UNIDADE III

(β-D-glucose), que podem apresentar ramificações (grupos laterais) em certos


casos. As polioses, em geral, estão em maior teor nas angiospermas, além de
apresentarem composições diferentes.

A lignina é a terceira substância macromolecular mais comum na composição


da madeira é formada de maneira diferente dos polissacarídeos celulose e
hemicelulose. A lignina é constituída por um sistema aromático de unidades
de fenilpropano. A lignina ocorre em maiores teores nas gimnospermas, com
algumas diferenças estruturais nas ligninas presente entre os dois grupos
(gimnospermas e angiospermas).

Morfologicamente, a lignina é uma substância amorfa que ocorre na lamela


média e na parede secundária das células vegetais. Durante o desenvolvimento
das células vegetais, a lignina vai sendo incorporada como o último componente
sobre a parede celular, interpenetrando as fibrilas de celulose e hemicelulose
fortalecendo as paredes celulares.

Outras substâncias poliméricas secundárias são encontradas na madeira em


menores quantidades; entre elas se destacam o amido e as substâncias pécticas.
As proteínas correspondem a pelo menos 1% nas células parenquimáticas, mas
também são encontradas nas partes não lenhosas do tronco como o câmbio e a
casca interna da madeira.

As substâncias de baixo peso molecular também são comuns nas madeiras. Estão
junto aos componentes da parede celular e existem em numerosa variedade de
substâncias. Essas substâncias são chamadas muitas vezes denominadas de
materiais acidentais, ou estranhos, da madeira. Estes materiais agregam certas
propriedades à madeira, como: cheiro, cor e gosto. Embora as substâncias de
baixo peso molecular contribuam somente com uma fração da massa da madeira,
elas podem influenciar significativamente as propriedades e a qualidade do
processamento das madeiras.

Entre as substâncias de baixo peso molecular destacam-se os seguintes grupos


químicos (KLOCK; ANDRADE, 2013):

» compostos aromáticos (fenólicos) - os compostos tanínicos são as


substâncias mais importantes deste grupo, e podem ser basicamente
divididos em taninos hidrolisaveis e flobafenos condensados. Outras
substâncias, como flavonoides, estilbenos e lignanas e seus derivados
também estão entre os compostos fenólicos encontrados na madeira;

» terpenos - grande grupo de substâncias naturais e que comumente são


derivados do isopreno; as unidades de isopreno podem se associar
como mono, sesqui, di, tri, tetra e politerpenos;

83
UNIDADE III │ QUÍMICA, POLPA CELULÓSICA E BIODEGRADAÇÃO DA MADEIRA

» ácidos alifáticos - são ácidos graxos saturados e insaturados que são


principalmente encontrados na madeira na forma de ésteres com
glicerol (gordura e óleo) ou com álcoois (ceras). O ácido acético, por
exemplo, é ligado às polioses como um grupo éster; já os ácidos di e
hidroxi-carboxílico ocorrem principalmente como sais e associados ao
cálcio;

» álcoois - são álcoois alifáticos (não-aromáticos) que em sua maioria


ocorrem associados com ésteres na madeira;

» substâncias inorgânicas - são os componentes minerais das madeiras


e são predominantemente compostos por Ca, K e Mg;

» mono e dissacarídeos - são outros componentes também encontrados


na madeira, porém, ocorrem em pequenas quantidades; estes
sacarídeos ocorrem em porcentagens maiores no câmbio e na casca
interna da árvore. Outras pequenas quantidades de eteno e aminas
são também encontradas na madeira.

Análise química da madeira


Para o melhor entendimento da química dos principais componentes da madeira, é
preciso primeiro ressaltar certos aspectos de dessas substâncias assim como de sua
dinâmica (MORESCHI, 2014):

» os três principais componentes da madeira são a celulose, a hemicelulose


(polioses) e a lignina e apresentam diferentes capacidades de adsorção
da água;

» a celulose é um polímero de menor contato com a água no interior da


planta, apenas nas regiões de falhas na estrutura cristalina das fibrilas
de celulose;

» a hemicelulose é o material mais hidrófílico e mais higroscópico


existente na madeira devido à sua estrutura amorfa e elevada
quantidade de grupos hidroxílicos (-OH);

» a lignina é altamente hidrofóbica e contribui pouco para o processo de


absorção da água na madeira.

Durante as etapas intermediárias da análise química, porções de lignina na


madeira permanecem associadas a polissacarídeos isolados; a celulose e as
polioses também são dificilmente separadas sem sua degradação qualitativamente

84
QUÍMICA, POLPA CELULÓSICA E BIODEGRADAÇÃO DA MADEIRA │ UNIDADE III

e/ou mudanças em suas propriedades. A análise da madeira, contudo, pode


ser conduzida para determinar somente os principais componentes da parede
celular – polissacarídeos, lignina, além dos extrativos e cinzas (grupo 1 de
análises Tabela 4); ou, ainda, análises mais detalhadas que podem avaliar
grupos funcionais e padrões individuais de polissacarídeos (grupo 4 de análises
- Tabela 4).

Esse modelo de análise para a madeira é denominado de análise somativa,


em que se pode fazer diferentes análise para verificar como os componentes
individuais são exatamente determinados e separados. O objetivo de uma
análise satisfatória da química da madeira é obter 100% para a soma de todos
os componentes determinados nas análises da madeira.

No quadro da Tabela 4 são apresentados exemplos de componentes da madeira que


podem ser avaliados por meio de diferentes conjuntos de análises químicas.

Tabela 4. Componentes da madeira que podem ser avaliados por diferentes conjuntos de análises químicas.

1 2 3 4
Celulose
Celuloses (xilanas, mananas, Glucose, galactose, arabinose,
Polioses
pentosanas) xilose, rhamnose, ácidos urônicos,
Holocelulose Lignina residual acetil
Polioses residuais
Lignina ácida Lignina ácida Lignina
Lignina
Extrativos Lignina solúvel Gorduras, ceras, graxas taninos,
Extrativos em éter, álcool, água fenóis, terpeno, proteína,
Cinzas Solúveis em solvente quente e fria, vapor sacarídeos, substâncias pécticas
Solúveis em água Cinzas Catíons, aníons
Cinzas

Fonte: Adaptado de Klock, U.; Andrade, A. S. 2013. Manual Didático - Química da Madeira. 4. Ed. UFPR. 87 p.

A análise química da madeira, portanto, compreende a quantificação da


composição da madeira, incluindo a extração, a purificação e a caracterização
de seus componentes. A madeira, assim como qualquer material natural para
análise, requer procedimentos e métodos próprios para análise de suas diversas
substâncias, o que difere dos métodos clássicos da química analítica.

Os métodos para análise da madeira são relativamente normalizados. Certa


distinção pode ser feita entre os métodos que são utilizados na pesquisa
científica, na produção industrial e no controle de produtos derivados da
madeira, como polpa celulósica, resinas etc. Os métodos podem diferenciar
também no que se refere à precisão requerida e ao objetivo da análise. Apesar
do número de componentes na madeira ser elevado, com grandes diferenças em
sua composição química e propriedades, a principal dificuldade de sua análise

85
UNIDADE III │ QUÍMICA, POLPA CELULÓSICA E BIODEGRADAÇÃO DA MADEIRA

está na associação ultraestrutural muito intrínseca entre as macromoléculas


da parede celular.

A análise química da madeira geralmente indica que a amostra precisa ser


desintegrada, moída para que ocorra completa penetração dos reagentes nos
fragmentos, assegurando reações uniformes. Inicialmente deve então ocorrer
a transformação da amostra da madeira em cavacos, ou qualquer operação
semelhante que transformem a amostra em partículas menores (KLOCK;
ANDRADE, 2013). Uma maior redução do tamanho das partículas pode ser
obtida na moagem em equipamentos como moinhos de martelos ou de discos.

Durante qualquer etapa de preparação da amostra para a análise química, o


aquecimento deve ser evitado assim como a produção de partículas muito finas.
De maneira geral, da árvore até a amostra pronta para análise, o diagrama da
Figura 25 é o protocolo mais comumente aplicado.

Figura 25. Esquema de preparação de uma amostra de madeira para análise química.

ÁRVORE

BAGUETAS TORETES CAVACOS DISCO

SERRAGEM

CLASSIFICAÇÃO

ACONDICIONAMENTO

ANÁLISE

Fonte: Klock, U.; Andrade, A. S. 2013. Manual Didático - Química da Madeira. 4. Ed. UFPR. 87 p.

Extrativos da madeira
Entre os extrativos, há uma grande diversidade de compostos químicos que
podem ser quantificados apesar de representarem apenas uma fração da
madeira. O exame dos extrativos isolados de uma madeira pode ser com o
propósito de detalhar a estrutura e composição da própria madeira, assim
como para remover as substâncias extraídas para a análise dos componentes
macromoleculares restantes nas paredes celulares.

86
QUÍMICA, POLPA CELULÓSICA E BIODEGRADAÇÃO DA MADEIRA │ UNIDADE III

A extração e o isolamento dos extrativos em uma madeira são realizados com o


uso de solventes ou misturas destes em sucessão. De acordo com as diferentes
solubilidades dos extrativos, muitos esquemas e sequências podem ser
realizadas. O quadro da Tabela 5 exemplifica extrativos que podem ser obtidos
com diversos métodos de extração.

Tabela 5. Métodos de extração e extrativos obtidos na análise de madeiras.

EXTRAÇÃO GRUPOS SUBGRUPOS SUBSTÂNCIAS


Terpenos; lignanas; hidrocarbono; Terpenos (mono; di; tri; tetra; sesqui; Conifeno; careno; limoneno; pineni;
Destilação à vácuo
fenóis poli) borneol
Ácidos gaxos; óleos; gorduras; ceras; Ácidos graxos não-saturados e
Éter Ácido oleico; ácido linoleico
resinas; ácidos resinosos; esteróis saturados
Pigmentos coloridos; flobafenos;
Extração alcoólica Flavonóides; antocianinas Taxifolin; quercetin
taninos; estilbeno
Carboidratos; proteínas; alcaloides; Monossacarídeos; amido; material Arabinose; galastose; rafinose; Ca; K;
Extração com H2O
matéria inorgânica péctico; cátions; aníons Mg; Na; Fe
Fonte: Adaptado de Klock, U.; Andrade, A. S. 2013. Manual Didático - Química da Madeira. 4. Ed. UFPR. 87 p.

Materiais inorgânicos na madeira


A fração inorgânica da madeira é analisada pela cinza obtida por incineração do
material orgânico da madeira entre 600 e 850 ºC. A porcentagem de cinzas varia
entre 0,2 e 0,5% no caso das madeiras de zonas temperadas; frequentemente
valores mais elevados podem ser encontrados em madeiras de origem tropical.
Os principais componentes das cinzas de madeiras são em geral bases catiônicas
(p.e. Ca, K e Mg), e são obtidos na forma de óxidos após a incineração.

Durante a determinação das cinzas, erros podem derivar de algumas perdas de


elementos como metais cloro alcalinos e sais de amônia, assim como a oxidação
insuficiente dos carbonatos de metais alcalinos. Uma maior confiança nos
resultados e valores maiores de conteúdo de cinzas podem ser obtidos com a
determinação de cinza-sulfato (KLOCK; ANDRADE, 2013). Nesta metodologia os
sais inorgânicos presentes na madeira são convertidos em sulfatos não-voláteis
pela adição de H 2SO 4 a 50% durante o processo de incineração.

Holocelulose, celulose, hemicelulose, lignina


Os métodos mais comumente aplicados na avaliação da holocelulose (celulose
e demais polissacarídeos da madeira) são a coloração com alternância de
extrações com soluções alcoólicas e a deslignificação com solução acidificada
de cloreto de sódio.

87
UNIDADE III │ QUÍMICA, POLPA CELULÓSICA E BIODEGRADAÇÃO DA MADEIRA

Exclusivamente para a celulose, existem três principais métodos para a sua


determinação:

» separação da principal fração de hemiceluloses e de lignina residual


da fração holocelulose;

» isolamento direto da celulose na amostra da madeira, incluindo


posterior processo de purificação;

» hidrólise total da holocelulose na madeira e posterior determinação


dos açucares resultantes.

A hemicelulose (polioses) difere analiticamente da celulose pela sua solubilidade


em meio alcalino (álcali). Parte das polioses solúveis em álcali podem tornar-se
mais solúveis durante extração com água quente. Algumas polioses são
solúveis em água (p.e., material péctico, taninos); esta propriedade dificulta a
caracterização polioses solúveis em água, principalmente quando a madeira é
pré-tratada com água. A maioria das polioses são extraídas da holocelulose
com soluções alcalinas aquosas em diferentes concentrações.

A lignina apresenta propriedades derivadas de sua estrutura molecular e


de sua localização na parede celular que tornam o seu isolamento de forma
inalterada quase impossível, não havendo ainda metodologia capaz desse nível
de extração. Dessa forma, os métodos de isolamento da lignina disponíveis
apresentam a desvantagem de alterar sua estrutura nativa ou de liberar apenas
partes relativamente não alteradas dessa lignina.

Os métodos de isolamento da lignina podem ser genericamente divididos em


dois grandes grupos: métodos que produzem a lignina como resíduo e métodos
em que a lignina é dissolvida sem reação com o solvente utilizado para sua
extração, ou por meio da formação de derivados solúveis. Os extrativos
presentes na madeira devem ser previamente removidos para que não haja
a complexação dessas substâncias com a lignina durante os procedimentos
de isolamento, assim como também qualquer resíduo de solventes deve ser
totalmente removido da amostra de madeira a ser analisada para teor de
lignina (KLOCK; ANDRADE, 2013).

88
CAPÍTULO 2
Tecnologia da produção de polpa
celulósica

Introdução
A madeira representa entre 90 e 95% de toda a matéria-prima fibrosa utilizada na
indústria de celulose no mundo. Atualmente, 100% da produção de celulose e
papel no Brasil utiliza de matéria-prima proveniente de áreas de reflorestamento,
principalmente de eucalipto e pinus, e uma fração é de origem de reciclagem.

A celulose, assim como o papel, é constituída principalmente de fibras vegetais


- elementos celulares, fibras libriformes e fibrotraqueóides em angiospermas e
traqueóides em giminospermas. Estas fibras se entrelaçam formando uma rede
conexa no papel que confere resistência e flexibilidade. As fibras naturais são
quase que exclusivamente de origem vegetal, embora existam fibras de origem
animais, mineral e as fibras artificiais.

Entre as razões para o maior uso das fibras vegetais e principal fonte de
matéria-prima celulose para a indústria, estão: o custo relativamente baixo;
a grande abundância; a origem renovável. As fibras vegetais são capazes de
absorver água entre seus componentes, inchando pela hidratação, que as torna
mais flexíveis (KLOCK; ANDRADE, 2013). As fibras vegetais também podem
se unir por ligações eletrostáticas e formarem uma rede ainda mais resistente.

Existem condições durante o processo industrial que contribuem para gerarem


uma boa matéria-prima; contudo, nem todo tipo de fibra vegetal é adequada
para a fabricação de papel. Para se qualificar como uma boa matéria-prima para
a produção de celulose e fabricação de papel, algumas condições fundamentais
devem ser preenchidas, como a matéria-prima ser fibrosa; disponível em
quantidade e qualidade o ano todo e de boa armazenagem quando a fonte for
sazonal; ser de apropriada exploração econômica no que diz respeito à sua
acessibilidade e condição renovável; ser de custo compatível, e gerar um produto
final com as características desejadas de qualidade e resistência.

Para a produção de papel, a principal matéria-prima utilizada são troncos de


espécies florestais madeireiras. Após os troncos serem cortadas (toras), são
descascados e picados na forma de cavacos. Estes cavacos são cozidos em solução

89
UNIDADE III │ QUÍMICA, POLPA CELULÓSICA E BIODEGRADAÇÃO DA MADEIRA

composta por água e agentes químicos que resultam na polpa celulósica. Esta
polpa então passa por um processo de lavagem em tanques e centrífugas para
remover os cavacos que não se dissolveram.

A polpa filtrada é deixada para descansar e sofrer processos químicos de


clareamento/branqueamento. Os restos de madeira (cavacos não digeridos e
impurezas) são queimados em caldeiras para geração de energia elétrica em
turbo geradores a vapor. Após o branqueamento, a polpa, ainda com alto teor
aquoso, passa por uma mesa plana para transformá-la em uma grande folha
contínua e lisa em uma esteira rolante, que é então prensada para alisamento
e secada com ar quente para retirar o excesso de água. Essa folha pode ser
acumulada em um rolo ou passar por uma máquina cortadeira e reduzidas
a pedaços menores para a formação de fardos conforme os mais diversos
destinos desse papel. As etapas gerais para tratamento da madeira e produção
da celulose e papel são ilustradas na Figura 26.

Figura 26. Etapas gerais do processo de produção de papel e celulose.

2. Preparo 5. Produção de
da madeira 4. Branqueamento papel

6. Expedição
1.. R epção
da madeira 3. Cozimento no 5. Secagem e
digestor formação de fardos

Fonte: Bioblog (https://agropos.com.br/tag/curso-de-celulose/).

O uso de vegetais fibrosos depende de sua disponibilidade assim como de seu


respectivo custo de fabricação. Para cada matéria-prima existem fatores que
influenciam custo de produção da celulose.

O custo de fabricação da celulose, contudo, depende do teor de fibras; do rendimento


em celulose do material; do custo para seu cultivo/exploração, transporte,
processamento e armazenamento; do custo e disponibilidade de energia elétrica
e água; do custo de reagentes utilizados no processo de produção da celulose
(DEMUNER, 2012); da complexidade e custo da manutenção e operação das
ferramentas utilizadas na produção da celulose; da disponibilidade e custo de mão
de obra apropriada; da proximidade dos drenos da produção, das fábricas que
utilizarão a celulose produzida (despesas de transporte); do custo do tratamento
de efluentes, e da depreciação do capital (KLOCK; ANDRADE, 2013).

90
QUÍMICA, POLPA CELULÓSICA E BIODEGRADAÇÃO DA MADEIRA │ UNIDADE III

Após o processamento da madeira, ou fonte fibrosa, a celulose originada pode ser


classificada em:

» celulose de fibra longa: celulose de espécies coníferas (giminosporma)


como o pinus e tem comprimento entre 2 e 5 mm. Esta celulose é
utilizada na fabricação de papéis de maior resistência, como os papeis de
embalagens, os papéis cartão, e o papel de jornal;

» celulose de fibra curta: corresponde à celulose de comprimento entre 0,5


a 2 mm, e é principalmente derivada do eucalipto. São fibras de menor
resistência, com alta maciez e boa absorção, ideais para a produção de
papéis de impressão, de escrita ou para fins sanitários (p.e., toalhas
de papel, guardanapos, papel higiênico). As fibras curtas também são
destinadas para papéis ditos especiais;

» celulose fluff: é uma celulose de alta velocidade de absorção, e elevada


capacidade de retenção de líquidos produzida em larga escala a partir
das fibras longas de pinus, e pode ser utilizada em papeis higiênicos,
tais como para absorvente feminino, protetor diário, fraldas infantis e
adulta e lenços umedecidos. É uma celulose elevado valor agregado
pois apresenta estabilidade, homogeneidade e a qualidade exigida pelo
segmento a que se destina.

Tecnologias de produção - celulose e papel

As tecnologias do setor de celulose são voltadas para o segmento florestal e


para o segmento industrial. Nos florestamentos, a campo, o principal objetivo
é incrementar a produtividade (m 3 ha -1), objetivando reduzir os custos de
produção e a abertura de novas áreas necessárias para novos florestamentos
que suprirão as fábricas.

Outras vertentes do segmento florestal incluem melhorar as propriedades do


papel pelo manejo que afete positivamente a celulose produzida. No caso das
do Brasil, os esforços são para aumentar o uso da celulose oriunda de eucalipto
(fibras curtas) em detrimento das espécies com celulose de fibras longas (p.e.,
celulose de pinus). O uso da biotecnologia como ferramenta de incremento da
qualidade e eficiência de produção da celulose.

Os principais objetivos da biotecnologia no segmento florestal de produção


de celulose são o aumento da produtividade e alterações nas propriedades
da celulose produzida, com o uso combinado do melhoramento genético
tradicional, da engenharia genética e do desenvolvimento de organismos
geneticamente modificados (OGMs).

91
UNIDADE III │ QUÍMICA, POLPA CELULÓSICA E BIODEGRADAÇÃO DA MADEIRA

No segmento industrial de produção de celulose e papel, a aplicação do conceito


de biorrefinarias integradas com as fábricas de produção de celulose tem se
mostrado como uma alternativa viável e exequível. Esse processo de integração
de biorrefinarias na produção de celulose é facilitado visto que as unidades
industriais de extração de fibras já são plantas de trabalhos químicos. Essa
familiaridade de processos indica que a introdução de novos procedimentos para
processar a matéria-prima não afetaria drasticamente as rotinas operacionais.

No processo de produção do papel a matéria-prima (madeira), obrigatoriamente


precisa ser degradada, dessa forma, a matéria-prima utilizada nas biorrefinarias
instaladas seria uma biomassa resíduo de um processo produtivo principal,
estando já pré-tratada, gerando economia de custos de processamento. Portanto,
o desenvolvimento de biorrefinarias incorporadas a fábricas de celulose é uma
tendência atual de sustentabilidade dos processos produtivos e aumento da
eficiência de uso das matérias-primas e seus resíduos.

92
CAPÍTULO 3
Biodegradação e preservação da
madeira

Introdução
O processo de deterioração da madeira os agentes físicos e químicos atuam em
conjuntamente com os organismos degradadores da madeira, acelerando este
processo. Entre os insetos que mais causam danos às madeiras destacam-se os
broqueadores cujas famílias de maior importância econômica são Cerambycidae
(Figura 27), Curculionidae (Figura 28) (Scolytinae, Platypodinae), Bostrichidae,
Lyctidae e Anobiidae. (MONTEIRO; GARLET, 2016), estes autores inclusive
concluem que para o manejo entomológico de florestais, independente das famílias
de insetos que causem danos, o monitoramento é essencial para a elaboração de
programas eficiente de manejo integrado de pragas.

Figura 27. Larva do cerambycidae de madeira.

Fonte: https://thumbs.dreamstime.com/t/larva-do-cerambycidae-de-madeira-do-besouro-rasteja-fora-do-furo-91479970.jpg.

Figura 28. Efeito do ataque de Megaplatypus mutatus (Chapuis).

Fonte:https://www.researchgate.net/profile/Jose_Zanuncio/publication/293491555/figure/fig1/AS:327015640125440@14549780
12103/figure-fig1_Q320.jpg.

93
UNIDADE III │ QUÍMICA, POLPA CELULÓSICA E BIODEGRADAÇÃO DA MADEIRA

Entre os agentes microbiológicos de maior importância para a degradação da


madeira, os fungos são responsáveis pelos maiores danos causados à madeira
devido a ocorrerem com maior frequência de ambientes e espécies neste tipo
de material (OLIVEIRA et al., 2017). Em cada ambiente que uma madeira é
utilizada, ocorre uma combinação de organismos que podem causar danos
simultaneamente, levando muitas vezes à associação, em que um microrganismo
xilófago abre caminho para o desenvolvimento de outros decompositores.
Majoritariamente, os microrganismos que atacam a madeira são divididos em
bactérias e fungos.

Bactérias

As bactérias que atacam a madeira o fazem quando esta está em estado mais
úmido. Esta condição ocorre quando a madeira é recém-cortada, principalmente
na forma de toras e ainda está muito úmida, na forma de peças e lâminas logo
após o processamento industrial, quando está submersa em água, ou, por
alguma razão, readquira umidade novamente.

O desenvolvimento e o ataque de bactérias na madeira ocorrem de forma


lenta, utilizando inicialmente dos materiais de reservas presentes nas células
parenquimáticas do tecido radial e nas paredes celulares deste tecido progredindo
lentamente para outras áreas. O ataque de bactérias nas células radiais e tecidos
adjacentes criam uma perfuração na madeira no sentido perpendicular à grã
(orientação/alinhamento dos elementos celulares na madeira), denomina-se
“perfuração radial”, e que torna a madeira mais higroscópica.

A alteração da higroscopicidade da madeira é indesejada devido a acarretar


problemas durante sua secagem e em seus usos no destino final. Embora
a secagem seja favorecida pela existência de danos e perfurações radiais na
madeira produzidas pelas bactérias, qualquer contato futuro com a água a
tornará úmida novamente, estendendo seu tempo de secagem e elevando sua
susceptibilidade ao ataque de outros agentes xilófagos.

As enzimas produzidas pelas bactérias que degradam madeira atacam


principalmente a celulose, a pectina e a lignina da madeira. Conjuntamente ao
ataque enzimático, as bactérias produzem substâncias que comumente inibem
(p.e., produção de antibióticos), ou favoreçam, o desenvolvimento de outros
microrganismos.

94
QUÍMICA, POLPA CELULÓSICA E BIODEGRADAÇÃO DA MADEIRA │ UNIDADE III

Apesar das bactérias degradarem a madeira de forma lenta e apenas enquanto


ela estiver úmida, desempenham uma importante função na biodeterioração da
madeira no ambiente. Na madeira com elevado teor de umidade, as bactérias são
os primeiros organismos a se instalarem, ocupando o espaço físico da superfície
do da madeira com rapidez e normalmente interagindo com outros tipos de
microrganismos xilófagos.

Fungos

Os fungos xilófagos são os agentes microbiológicos que degradam a madeira


em maiores proporções, pois se desenvolvem rapidamente e ocorrerem em
praticamente quase todos os locais onde a madeira é utilizada. Como outros
microrganismos xilófagos necessitam de condições mais específicas para
consumirem a madeira ou seus derivados é que os fungos despontam como os
principais problemas com a manutenção das peças de madeiras.

As condições climáticas com temperaturas mais quentes são favoráveis para


o desenvolvimento de fungos. Por esta razão, toras cortadas em regiões de
florestas tropicais frequentemente são rapidamente colonizadas por fungos,
antes mesmo de serem processadas pela indústria de corte e tratamento. Já
durante períodos mais frios, principalmente em regiões de climas temperado,
há maior flexibilidade da indústria em termos de urgência no controle da
biodegradação da madeira por estes microrganismos.

Para a instalação e o desenvolvimento de fungos xilófagos na madeira, são


necessárias condições básicas relacionadas à fonte de alimento, ao teor de
umidade da madeira, à temperatura predominante, ao teor de oxigênio e pH
(MORESCHI, 2013). Como a condição apropriada para o desenvolvimento
de um fungo xilófago é distinta, então a madeira poderá ser deteriorada em
uma grande variedade de ambientes assim como por uma grande variedade de
espécies de fungos.

A ocorrência de diversas espécies de fungos na madeira (concomitantemente,


ou não) está condicionada às condições adequadas para a cada microrganismo
xilófago.

Uma associação comum ocorre entre de fungos emboloradores e fungos


manchadores durante o processo de decomposição da madeira; contudo, no caso
de fungos, é comum observarmos uma espécie ativa no processo de deterioração

95
UNIDADE III │ QUÍMICA, POLPA CELULÓSICA E BIODEGRADAÇÃO DA MADEIRA

de uma peça de madeira. Isso ocorre por ele ser dominante sobre os demais
microrganismos nas condições específicas em que a madeira se encontra.

Naturalmente que variações nas condições necessárias para o desenvolvimento


de fungos podem ocorrer em certas peças de madeira, como postes, e uma
variação na ocorrência de fungos xilófagos atuantes pode ocorrer nesta peça,
cada espécie dentro do nicho ecológico em que encontra as mais apropriadas
condições de desenvolvimento (MORESCHI, 2013).

Fungos xilófagos se instalam e se desenvolvem de forma seletiva na


madeira, de acordo com as variações de combinações e interações
entre os fatores como a fonte de alimento mais comum, a temperatura
predominante, oxigênio e água disponíveis, pH do meio etc. O controle da
deterioração de madeiras causada por fungos xilófagos é normalmente
realizado com produtos fungicidas, que são tóxicos aos microrganismos
presentes.

Contudo, a manipulação das variáveis essenciais para o desenvolvimento de


fungos degradadores é uma alternativa e poderá ser uma prática economicamente
viável (MAGALHÃES et al., 2005). Essencialmente, desde que a circulação de
oxigênio, pH, as variações de temperatura e o teor de umidade na madeira devem
estar em um intervalo específico para possibilitar que os fungos xilófagos se
instalem e se desenvolvam na madeira; qualquer uma dessas variáveis, quando
manipuladas para fora do intervalo apropriado de desenvolvimento do fungo,
poderá afetar ou impedir sua atividade metabólica.

Entre os fungos xilófagos, há espécies que consomem todo o material que


constitui a madeira, assim como espécies que utilizam apenas parte deste
material, por exemplo: os fungos causadores da “podridão parda” (fungos
causadores: Basidiomicetos), deterioram apenas a celulose e a hemicelulose;
os fungos manchadores (fungos causadores: Basidiomicetos, Ascomicetos do
gênero Ceratocistis, e Deuteromicetos) (Figura 29), que atacam a madeira em
função do material de reserva existente nos lumens das células, nos vasos e
nos canais resiníferos, com velocidades de penetração diferenciadas nos três
sentidos anatômicos da madeira. Os fungos causadores de podridão mole são
do filo Ascomicetos e Schizomicetos.

96
QUÍMICA, POLPA CELULÓSICA E BIODEGRADAÇÃO DA MADEIRA │ UNIDADE III

Figura 29. Fungo manchador de madeiras que afetam a estética e dependendo da severidade podem afetar

significativamente a resistência mecânica da madeira.

Fonte: L. D. Dwinell, USDA Forest Service. https://bugwoodcloud.org/images/768x512/4387010.jpg.

A campo, no florestamento, algumas medidas podem ser adotadas para


reduzir a velocidade de penetração de fungos na madeira, como a preservação
da integridade da casca, que é a proteção natural madeira e sua falta ou
descolamento expõe a árvore a fungos manchadores, por exemplo. Qualquer
atividade a campo realizada com o cuidado de não se ferir a casca das árvores
estará contribuindo para diminuir a ocorrência desses fungos no florestamento.

Outro aspecto que exige atenção é para o teor de umidade da madeira, ou toras.
Da área de exploração florestal até o pátio da indústria, o transporte das toras
deve ser rápido para se evitar ao máximo a desidratação da madeira para que
não ocorra o descolamento natural da casca e exposição da madeira.

Caso o deslocamento aconteça, o tecido cambial localizado entre a casca e a


madeira e é rico em nutrientes, será exposto e consequentemente facilitará o
desenvolvimento destes agentes degradantes. Uma vez que o tecido cambial
seja exposto, os fungos se desenvolverão rapidamente sobre toda a superfície da
madeira e, simultaneamente, penetrarão pelo tecido radial e em todo o alburno.

Tratamentos preventivos ao ataque de fungos podem ser realizados com


produtos fungicidas. Fungicidas normalmente considerados eficientes para
esses propósitos são aqueles de menor difusão e maior retenção nas camadas
superficiais da madeira. Contudo, com o início do desenvolvimento de fendas
na tora, ocorrerá a exposição da madeira ao ataque de fungos, e os fungicidas

97
UNIDADE III │ QUÍMICA, POLPA CELULÓSICA E BIODEGRADAÇÃO DA MADEIRA

que se difundem a profundidades maiores protegem melhor nesta situação;


contrariamente fungicidas que se difundem muito normalmente apresentam
menor retenção na superfície da madeira e a deixa suscetível a outras espécies
de fungos (MORESCHI, 2013).

O tratamento das partes expostas da madeira na área de exploração florestal,


como a base de galhos, as superfícies sem casca e os topos basal e axial, são
medidas de prevenção contra a ocorrência de fungos manchadores praticados
por diferentes empresas. Após o transporte das toras para a indústria, as
medidas de proteção deverão ser observadas para assegurar a qualidade do
produto final, mantendo as toras sadias, sem ataque dos fungos que causem a
deterioração estética e estrutural das madeiras.

Após desdobramento das toras, as medidas de proteção adotadas até a serraria


não terão mais efeito, pois a madeira do interior da tora ainda não foi protegida
e se encontra sujeita ao ataque de fungos. Portanto, quando a madeira é exposta
ela precisa de proteção adequada durante a secagem, até que o teor de umidade
seja reduzido para abaixo de 20% - nesse teor de umidade a madeira se torna
praticamente imune ao ataque por fungos.

Para um tratamento de proteção adequado da madeira durante a secagem,


o produto a ser utilizado como preservativo deverá ser escolhido de forma a
proteger a madeira sem, no entanto, pôr em risco a saúde dos colaboradores
envolvidos no processo, assim como a saúde dos usuários finais da madeira
e a integridade do meio ambiente; este produto (fungicida) deve ser também
econômico e de fácil manuseio.

A fim de reduzir ao máximo a ocorrência de problemas com microrganismos


xilófagos, o tratamento da madeira deve ser o mais rápido possível para
impedir seu estabelecimento e desenvolvimento.

Tratamento da madeira
As variáveis que afetam a qualidade da madeira estão exclusivamente associadas
aos tratamentos a que as madeiras, ou peças, foram submetidos para a sua
preservação. A profundidade de penetração de preservativos e protetores a
partir da superfície submetida ao tratamento são decisivas para proteger a
madeira da decomposição química e biológica. A homogeneidade de distribuição
do tratamento e a capacidade retenção do produto preservativo pela madeira
também são decisivos para assegurar a proteção da madeira.

98
QUÍMICA, POLPA CELULÓSICA E BIODEGRADAÇÃO DA MADEIRA │ UNIDADE III

Fatores como a espécie florestal a ser tratada indica o potencial de permeabilidade


que a madeira tem em relação à solução preservativa aplicada. A permeabilidade,
por sua vez, se relaciona a características de formação macro e/ou microscópica
da madeira.

Outros fatores também podem afetar a penetração da solução de proteção na


madeira, como: a profundidade da madeira de alburno, os sentidos anatômicos
da madeira, ocorrência de tiloses (crescimento das células parenquimáticas por
meio das pontoações para o interior do lume dos vasos que sofreram cavitação)
e de canais resiníferos (MORESCHI, 2014).

A retenção de substâncias preservativas pelas


madeiras
Os fatores que afetam a retenção de produtos de preservação pela madeira –
considerando as mesmas condições de preparo, tratamento e concentração da
solução de tratamento – estão relacionados às diferenças de absorção dentro de
uma mesma peça devido à anisotropia natural da madeira.

Uma maior penetração de solução de preservação na madeira não significa


maior retenção de produto preservativo, pois a retenção não depende tanto da
profundidade alcançada ou da quantidade (litros m -3) absorvida da solução, mas
da quantidade do produto (ingrediente ativo) retido por unidade de volume de
madeira tratada (kg m -3). A penetração e a absorção de produtos por uma madeira
são variáveis interdependentes que variam entre si de forma proporcional.
Portanto, para maior penetração de produto preservativo, necessariamente
deve haver maior absorção da solução pela madeira em tratamento; no entanto,
pode haver a necessidade de maior retenção da solução por parte da matéria e
a concentração da solução utilizada poderá ser incrementada.

Existem ainda influências relacionadas a diferentes tipos de camadas (lenhos)


da madeira que é geralmente formada por dois tipos distintos de lenhos dentro
de cada anel de crescimento: o lenho inicial (lenho de baixa massa específica,
formado por elementos estruturais com grandes diâmetros, de paredes celulares
finas em comparativamente ao lenho tardio, e que, geralmente, se desenvolve
rapidamente a partir do início da estação das chuvas); e o lenho tardio (lenho
de maior massa específica, com elementos estruturais mais longos, diâmetros
menores e de paredes celulares mais espessas comparativamente ao lenho
inicial, e que, geralmente, se desenvolve lentamente quando o fuste (tronco) da
árvore cresce durante as estações de outono e inverno) (Figura 30).

99
UNIDADE III │ QUÍMICA, POLPA CELULÓSICA E BIODEGRADAÇÃO DA MADEIRA

Figura 30. Lenhos inicial e tardio em uma madeira de crescimento anual.


lenho

juvenil
lenho inicial

lenho tardio

medula

Fonte: Coradin, V. T. R. 2002. A estrutura anatômica da madeira e princípios para a sua identificação. Laboratório de Produtos
Florestais – IBAMA, Brasília-DF (apostila), 28 p.

A forma que os vasos da madeira se distribuem dentro de cada anel de


crescimento afeta significativamente a qualidade do tratamento destinado à
preservação da madeira. Isto se deve à maior absorção da solução pela madeira
via os vasos presentes que são preenchidos permitindo que os princípios ativos
de controle e preservação migrem para os tecidos vizinhos na madeira e tendem
a se equilibrar em uma distribuição homogênea.

Outros fatores podem estar relacionados à dinâmica de absorção da solução de


tratamento da madeira, como a ocorrência de agentes biológicos (insetos praga
ou fungos e bactérias decompositoras). A ocorrência de agentes biológicos que
afetem a madeira pode afetar tanto a penetração da solução de preservação da
madeira como a estabilidade do produto preservativo (MORESCHI, 2014).

Galerias produzidas por insetos pragas e perfurações radiais no troco


causadas por fungos ou bactérias aumentam a permeabilidade da madeira
proporcionalmente à extensão do dano causado. Estas galerias promovem um
tratamento mais profundo da madeira em termos de penetração da solução de
tratamento a partir da superfície da madeira atacada e tratada. Entretanto,
apesar dos danos causado por insetos e doenças poderem existir em nível
reduzido, que possibilite uma maior penetração do tratamento sem danos
significativos sejam estéticos ou estruturais, ainda assim estes danos trazem
prejuízos à qualidade da madeira tratada.

Madeiras atacadas podem absorver maior quantidade de soluções preservativas;


contudo, essas madeiras também perdem o princípio preservativo com
maior facilidade pelos mesmos caminhos que facilitaram sua penetração por
favorecimento à volatilização, evaporação ou lixiviação. Uma alternativa para

100
QUÍMICA, POLPA CELULÓSICA E BIODEGRADAÇÃO DA MADEIRA │ UNIDADE III

minimizar estes problemas é que madeiras suscetíveis normalmente recebem


um tratamento temporário para proteção durante o período de secagem para
preservar sua integridade física e a qualidade da madeira que receberá o
tratamento.

Com relação aos fungos que atacam madeira, de maneira geral, aqueles ditos
manchadores causam a obstrução das passagens naturais da madeira, ao
contrário dos danos causados por bolores (fungos) ou por bactérias que são
mais superficiais e localizados. Os fungos manchadores se propagam de célula
em célula para utilizarem o conteúdo celular depositado nas paredes celulares
em toda a extensão da madeira. Este motivo torna as madeiras atacadas por
fungos manchadores impermeáveis, e o tratamento preservativo não consegue
atingir eficientemente o interior da madeira a ser tratada.

Embora o ataque por fungos manchadores à madeira não afete consideravelmente


as propriedades mecânicas, aquelas madeiras que são suscetíveis ao ataque
desses fungos devem receber um tratamento temporário para proteção contra
estes agentes durante o período de secagem, para então ser posteriormente
tratadas com produtos preservativos. Na maioria dos métodos de tratamentos
da madeira, esta deve ser previamente descascada, e dependendo da espécie
florestal a madeira é tratada no estado úmido ou é tratada depois de previamente
seca.

O descascamento da madeira e sua eficiência são importantes na qualidade


da madeira tratada, pois afetam a penetração das soluções de preservação
na madeira a ser tratada e a estabilidade do produto ativo-preservativo na
madeira que se interessa preservar. Além dos efeitos causados pela forma de
descascamento na madeira, a eficiência do método adotado também é de
elevada importância, por ser fundamental a remoção completa do tecido
cambial aderido à tora (MORESCHI, 2014).

A remoção total da casca da madeira é essencial para permitir a penetração


da solução de preservação da madeira. Quando o tecido cambial
permanece ainda aderido à superfície da tora, não ocorre o tratamento
adequado da madeira por ser geralmente impermeável a líquidos
exteriores.

Algumas espécies florestais produtoras de madeira têm o tecido cambial


muito aderido são de difícil remoção do tecido lenhoso, o que dificulta a
penetração da solução preservativa para o interior da madeira. As células
flácidas do cambio, ao secarem se achatam e aderem de forma permanente

101
UNIDADE III │ QUÍMICA, POLPA CELULÓSICA E BIODEGRADAÇÃO DA MADEIRA

ao tecido lenhoso, formando uma película impermeável sobre a superfície da


madeira que será tratada.

O tecido cambial é constituído por uma camada delgada de células vivas e


flácidas a partir do qual há para o lado externo do fuste o desenvolvimento do
floema (casca), e para o lado interno o desenvolvimento do xilema (madeira).
Do tecido cambial em direção ao interior do fuste encontra-se o alburno
cuja madeira conta com células já sem vida, contudo, ainda com a função
de transportar a seiva bruta da solução do solo até às folhas da árvore para
contribuir com o processo de fotossíntese, e o alburno é a seção da madeira
que receberá o tratamentopreservativo.

Entre as opções de descascamento de troncos, independentemente de sua praticidade


e custo, em se considerando uma espécie que tenha alta aderência do cambio ao
xilema que ao floema, destaca-se que o método de descascamento feito à mão é o mais
eficiente, visto que descascamento mecanizado promove a remoção da casca, porém
não removerá totalmente o tecido cambial aderido ao tecido lenhoso.

Uma alternativa promissora feita com o objetivo de permitir que a solução


preservativa possa atingir maiores profundidades na madeira, ou peça tratada,
é o incisamento (Figura 31 e 32). Este procedimento é realizado com incisões
produzidas na madeira, em especial nas madeiras de espécies florestais de
baixa ou média permeabilidade natural. Como consequência do incisamento,
ocorre uma extensão de vida da madeira tratada apesar de redução
pouco expressiva de suas propriedades de resistência em decorrência do
seccionamento de parte de suas fibras superficiais.

Figura 31 Processo de incisamento da madeira para melhoria do tratamento protetivo.

Fonte: Moreschi, J. C. 2014. Relação água-madeira e sua secagem. 2. ed. Curitiba: UFPR, Departamento de Engenharia e
Tecnologia Florestal, 121 p.

102
QUÍMICA, POLPA CELULÓSICA E BIODEGRADAÇÃO DA MADEIRA │ UNIDADE III

Figura 32. Processo de incisamento da madeira para melhoria do tratamento protetivo.

Fonte: Moreschi, J. C. 2014. Relação água-madeira e sua secagem. 2. ed. Curitiba: UFPR, Departamento de Engenharia e
Tecnologia Florestal, 121 p.

Para que algumas espécies florestais madeireiras atender às especificações em


termos de qualidade, o incisamento é indispensável. Contudo, é necessário que
se obtenha com sucesso no manejo das variáveis que determinam os resultados
do tratamento, como: adequada penetração dos crivos em profundidades
controladas e a retenção e distribuição do produto preservativo no interior da
madeira (MORESCHI, 2014).

A profundidade de penetração da solução preservativa não se relaciona


necessariamente com a retenção do produto preservativo na madeira. Como
a retenção do produto preservativo está relacionada com o tecido da madeira
que recebe o tratamento assim como está relacionada com o volume da solução
que tratará a madeira com o(s) produto(s) preservativo(s), assim como de sua
respectiva concentração.

Um fator que afeta significativamente a penetração e a retenção de


produtos protetivos na madeira é o seu diâmetro no momento do
tratamento (bitola).

O diâmetro das madeiras a ser tratadas tem relação inversamente proporcional


à absorção e penetração da solução de preservação, considerando que peças com
menores bitolas têm maior superfície para absorção e consequente penetração
em relação a seu volume que as madeiras de maiores bitolas. É da isto que, para
se obter maior homogeneidade no tratamento entre peças de um mesmo lote
a ser tratado, é necessário que todas as madeiras tenham bitolas de diâmetros
similares.

103
UNIDADE III │ QUÍMICA, POLPA CELULÓSICA E BIODEGRADAÇÃO DA MADEIRA

A ocorrência de peças de madeira, ou toras, com diferentes bitolas entre ou


dentro de um mesmo lote de madeiras a ser tratadas que sejam submetidas
às mesmas condições de tratamento, resultam em absorção diferenciada das
substâncias protetivas em uma mesma concentração de solução; naturalmente,
as madeiras de menores bitolas ficarão com maiores retenções em relação às
peças ou toras de madeira com bitolas maiores.

Outro aspecto a considerar é que, ao se desdobrar uma tora na indústria


madeireira, é impossível se obter madeira serrada uniforme devido à contínua
variação de orientação da anatomia de peças individuais. Dessa forma, nenhuma
peça de madeira em um lote receberá o mesmo tratamento preservativo em
virtude dessa variação natural da orientação de seus anéis de crescimento, assim
como das direções anatômicas longitudinal, radial e tangencial da madeira.

A diferença de penetração das soluções preservativas de acordo com as direções


anatômicas da madeira permite indicar que seções transversais circulares de
peças de madeira terão profundidade de penetração de solução mais pronunciada
a partir de suas superfícies, e menos pronunciada nas peças com seção transversal
quadrangular ou retangular. A variação dos sentidos anatômicos da madeira e
a relação superfície/volume das peças de madeira aumenta expressivamente a
homogeneidade de penetração da solução contendo os agentes que irão proteger
a madeira tratada.

A maior ou menor permeabilidade de uma solução de tratamento de


madeiras por área superficial dessa madeira a ser tratada é também
consequência do sentido anatômico de penetração da solução na madeira,
o que acarreta maior ou menor absorção da solução e também, maior ou
menor retenção das substâncias preservativas por volume de madeira
tratada para um mesmo processo de tratamento.

Dessa observação, decorre a adoção de tratamentos preservativos para lotes de


uma mesma espécie florestal - ou de espécies com permeabilidades similares -
com mesma bitola e formas geométricas aproximada, o que ao final permite o
controle da retenção das substâncias protetivas controlando a concentração da
solução utilizada no tratamento.

Umidade da madeira e seu tratamento


Outro aspecto importante que deve ser observado na madeira antes de seu
tratamento preservativo é o seu teor de umidade. Para que o tratamento

104
QUÍMICA, POLPA CELULÓSICA E BIODEGRADAÇÃO DA MADEIRA │ UNIDADE III

adequado da madeira ocorra, é necessário haver espaços livres em seu interior


para permitir que a solução preservativa possa preenchê-lo de acordo com
o método de tratamento adotado. Assim, a água livre contida no lúmen dos
elementos estruturais e nos espaços intercelulares deve ser removida antes do
tratamento de proteção. O tratamento preservativo da madeira normalmente
utiliza madeira com teores de umidade entre 20 e 30%.

Acima do ponto de saturação das fibras (PSF), a existência de água livre na


madeira impede que a solução preservativa penetre a peça total ou parcialmente.
Este impedimento é diretamente proporcional à relação do volume ocupado
pela água presente na peça a ser tratada e o volume de espaço total que poderia
estar disponível para receber o tratamento (MORESCHI, 2014).

Em madeiras com teores de umidade abaixo de seu PSF, a contração da parede


celular e o desenvolvimento de ligações irreversíveis entre seus elementos
estruturais já se iniciam. Estas reações desenvolvem uma barreira progressiva
contra a entrada de soluções preservativas à medida que se reduz gradativamente
o teor de umidade. O teor de umidade apropriado para receber o tratamento de
preservação da madeira é o correspondente ao seu PSF, em que todos os espaços
celulares e intercelulares estão vazios, porém as paredes celulares ainda estão
úmidas.

Os produtos preservativos hidrossolúveis teriam acesso pelas passagens


naturais da madeira nesse ponto de umidade (PSF) para posicionar o tratamento
em profundidade na madeira tratada. Nesse teor de umidade, a solução de
tratamento pode se difundir pela umidade presente e impregnam as paredes
celulares, ocupando os espaços existentes e posicionando as substâncias de
tratamento da madeira.

Para o tratamento com produtos não hidrossolúveis, há condições que os


permitem alcançar profundamente a madeira com a utilização de soluções
oleosas. Estas soluções impregnam os capilares da madeira e em contato com
as paredes celulares saturadas de umidade são posteriormente drenadas por
tensão superficial para seu interior enquanto o teor de água é reduzido por
efeito da secagem. Misturas de óleo de soja e iodo (PEÇANHA, 2015) têm sido
testadas na preservação de madeiras de pinus com resultados promissões.

Assim como mencionado, a retenção de produtos preservativos por uma madeira


tratada está altamente correlacionada com o volume de solução absorvido
pelo volume da madeira tratada e com sua concentração; contudo, há que se
considerar que, onde não houve acesso da madeira com a solução de proteção

105
UNIDADE III │ QUÍMICA, POLPA CELULÓSICA E BIODEGRADAÇÃO DA MADEIRA

(por ainda terem os capilares preenchidos com água), haverá tratamento


deficiente por falta de retenção da solução protetiva.

Por existirem capilares na madeira que possam ainda conter água livre no
momento do tratamento, nestes locais as soluções hidrossolúveis vão se
difundir de onde conseguirem penetrar para toda a região vizinha com água
livre, e as soluções oleosas, ou óleo solúveis, se distribuirão para as células
vizinhas com a secagem das peças de madeira. Contudo, para qualquer dos
casos, a região que recebeu diretamente a solução não ficará adequadamente
tratada, assim como a região que não a recebeu por ainda estar com água
livre, pois ambas ficarão com retenção aquém da pretendida.

Como mencionado, existem outros fatores que afetam o tratamento das madeiras
como fatores relacionados ao tipo de produto preservativo (p.e., hidrossolúvel,
lipossolúvel).

Diferentes produtos utilizados na madeira para protegê-la e prevenir, ou


controlar o ataque de agentes biológicos (p.e., fungos manchadores,
insetos pragas) têm características físicas e químicas distintas que
influenciam a qualidade do tratamento da madeira.

Características para produtos de preservação


e da aplicação
A permeabilidade da madeira a produtos preservativos é um dos principais
fatores a ser considerados e variam em função de sua natureza física e de sua
reatividade com a madeira a ser preservada.

Penetração de soluções hidrossolúveis - são soluções preparadas à base de sais


solúveis em água, que podem conter um ou vários diversos ativos para prevenir
o ataque de insetos e decompositores. Existem soluções preparadas com
apenas um tipo de sal e preparadas com diversos tipos de sais que promovem
a reação de fixação entre os seus ingredientes ativos com os componentes da
madeira.

O fato da solução de preservação ser hidrossolúvel indica que sua penetração


é dificultada pela elevada afinidade existente entre a água e a celulose. Este
processo é responsável pelo inchamento da madeira, o que obstrui as passagens
naturais da madeira. Devido a esse fato é que há maior dificuldade de tratar a
madeira com soluções à base de água.

106
QUÍMICA, POLPA CELULÓSICA E BIODEGRADAÇÃO DA MADEIRA │ UNIDADE III

Penetração de soluções lipofílicas - nestas soluções produtos orgânicos de


propriedade física oleosa ou sólida na forma de cristais ou escamas são
utilizados. Os produtos existentes na forma sólida são previamente dissolvidos
em solventes orgânicos e posteriormente diluídos para a obtenção de soluções
preservativas em óleos de maior ou menor viscosidade dependendo do
objetivo do tratamento da madeira a ser tratado.

Diferentemente das soluções hidrossolúveis, as soluções oleosas não apresentam


a desvantagem gerada pela afinidade da água com a celulose, o que torna mais fácil
a impregnação da madeira tratada. Questões de custo de preparo, e da aparência
e qualidades a ser alcançadas na madeira tratada, vão ditar a viscosidade final da
solução a ser utilizada nos tratamentos das madeiras devido à viscosidade alterar
a taxa de impregnação da madeira.

Uma vez definida a qualidade física do produtor de proteção e prevenção assim como
sua viscosidade o próximo passa é determinar qual métodos de tratamento poderá
ser aplicado, entre eles citam-se:

» pincelamento e pulverização: utilizados para métodos em que a


aplicação da solução sobre a superfície da madeira seca é eficiente
para o tratamento; a permeabilidade da madeira dependerá do tipo
de solução (hidro ou lipofílica) e de sua viscosidade na aplicação da
solução protetiva. A maior, ou menor, profundidade de penetração
da solução de tratamento, para ambos os tipos de soluções, será em
função do volume de solução que chegará até a superfície das madeiras
que serão tratadas (secas e permeáveis) e da quantidade de camadas
aplicadas;

» encharcamento das peças: nesta forma de tratamento das peças,


outro fator afeta a permeabilidade das soluções na madeira (além
dos fatores já comentados anteriormente) relacionado ao tempo
de permanência da madeira submersa na solução de tratamento.
Geralmente este período vai entre o início do tratamento (submersão)
até a sua saturação.

O método de encharcamento pode acontecer por diferentes técnicas:

» difusão simples: neste tratamento a madeira úmida permanece em


contato com a solução contendo os ativos de proteção; a penetração
da solução ocorre em função da permeabilidade da madeira, da

107
UNIDADE III │ QUÍMICA, POLPA CELULÓSICA E BIODEGRADAÇÃO DA MADEIRA

concentração da solução protetiva e do tempo de exposição da


madeira no tratamento;

» capilaridade e Boucherie: nestes métodos a madeira ainda no estado


verde e na forma toras são então colocadas em pé ou inclinadas em
solução preservativa; a solução então penetra no lúmen dos vasos
da madeira (principalmente pelo alburno) pela extremidade da
peça e difunde para o tecido lenhoso adjacente. Neste método de
tratamento, a profundidade de tratada dependerá da profundidade
do alburno, que é madeira com vasos desobstruídos que conduziam
seiva bruta quando a árvore estava viva, e que conduzirá a solução
preservativa durante o tratamento;

» banho quente-banho frio: a penetração da solução de tratamento


na madeira ocorre de forma forçada pela criação de um vácuo
em seu interior devido à expulsão do ar da madeira na fase de
aquecimento e sua posterior contração na fase de resfriamento.
Nesta metodologia a quantidade de solução absorvida assim
como sua profundidade de penetração na madeira dependem
de permeabilidade da madeira, das propriedades da solução
de preservação e da intensidade de vácuo gerado no interior da
madeira. Esse vácuo criado no interior da madeira é dependente
do volume de ar expulso da madeira na fase de aquecimento, e
esta depende da temperatura atingida pela solução e do tempo de
permanência da madeira na solução aquecida;

» autoclave (Figura 33): a profundidade de penetração da solução


de preservação em autoclave depende da fase do vácuo inicial e da
pressão efetuada no decorrer do tratamento. Madeiras de baixa massa
específica e paredes celulares frágeis não suportam o esforço mecânico
para atingir o vácuo e/ou a pressão de penetração da solução.

Em madeiras que toleram este tratamento o processo de autoclave aumenta


a penetração dos preservativos em relação às passagens naturais existentes.
Madeiras pouco permeáveis, madeiras que sofrem incisamento, bem como
madeiras atacadas por insetos ou decompositores podem aumentar, diminuir
ou impedir a profundidade de penetração das soluções de tratamento.

108
QUÍMICA, POLPA CELULÓSICA E BIODEGRADAÇÃO DA MADEIRA │ UNIDADE III

Figura 33. Autoclave, containers de soluções de preservativos para tratamento de madeiras e postes a serem

tratados.

Fonte: Soier Madeiras 2020 (https://soiermadeiras.com.br/wp-content/uploads/2019/03/autoclave_home.png).

Os métodos de tratamento para preservar a madeira e os preservativos utilizados


devem sempre procurar alcançar a penetração, a retenção e a homogeneidade de
distribuição da solução na profundidade desejada para a proteção pretendida
para madeira tratada para que fique protegida adequadamente e não se deteriore
prematuramente.

Para saber como funciona o tratamento da madeira assista ao vídeo:

https://www.youtube.com/watch?v=z3sQGup7qOM.

109
PRODUTOS
MADEIREIROS, UNIDADE IV
QUALIDADE E
INOVAÇÃO

Nesta unidade serão apresentados os principais métodos de laminação,


produção e utilização tanto dos compensados como das chapas de composição
e das madeiras laminadas. Para cada um desses, serão discutidos detalhadamente as
características específicas, algumas vantagens e desvantagens.

Você terá oportunidade de compreender as especificidades das cadeias produtivas da


madeira industrial, da madeira para energia e para o processamento mecânico.

Após isso, entenderá como características como a densidade, porcentagem de


cerne e alburno, a uniformidade dos anéis de crescimento, o comprimento de
fibra, a presença de madeira juvenil e lenho de reação, a inclinação da grã, a
composição celular e a presença de nós podem alterar a qualidade da madeira.

Enfim, será apresentado a você como as tecnologias permitem que a condução


florestal os inventários e o trabalho com os produtos florestais podem ser
realizados de forma mais eficiente e rápida com inovação e tecnologias.

CAPÍTULO 1
Laminação, produção e utilização de
compensados, chapas de composição
e madeiras laminadas

Introdução
Após o corte e processamento da madeira, esta segue muitas vezes para seu
destino na serraria. O tratamento para preservação da madeira, no caso de ser
para serraria, geralmente acontece quando a peça ficar pronta.

110
PRODUTOS MADEIREIROS, QUALIDADE E INOVAÇÃO │ UNIDADE IV

Compensados
Um útil destino da madeira é a fabricação de compensados, ou contraplacados,
ou plywood (VIDAL; HORA, 2014; KINAP, 2014; SOZO, 2017). Um compensado
é uma chapa composta por fibras de madeira sobrepostas e coladas sob forte
pressão. Ao cortar, ou picar e moer as fibras da madeira e combiná-las com
resinas é possível criar um material excelente para a fabricação de móveis,
construção civil e indústria.

A fabricação de compensados permite um aproveitamento mais eficiente da


madeira e a redução do desperdício pois a madeira não precisa ser nivelada ou
lixada, diferentemente do que acontece ao se construir uma peça direta com
troncos de árvores. Um compensado adequadamente fabricado apresenta o
peso e a elasticidade similar aos da madeira inteira, porém é mais resistente e
homogêneo, e ainda permite a fabricação de grandes peças como portas, mesas
de jantar e armários (STAMATO; CALIL Jr, 2003).

Os diferentes tipos de compensados se destacam por serem altamente resistentes


ao calor e à umidade, permitindo que sejam utilizados em projetos de móveis e
utilitários nos mais diversos tipos de ambientes (Tabela 6).

Tabela 6. Diferentes tipos de aplicações de compensados.

Compensado de uso permanente


Tipo Aplicação
Construção de contrapisos, divisórias e paredes secas. No fechamento de edificações e na
Pinus naval e Virola naval
fabricação de janelas ou portas.
Plastificada e Naval Construção de mezaninos e varandas.
Compensados de uso temporário
Tipo Aplicação
Resinado de pinus e Resinado de virola Fôrmas de concreto, fechamentos de canteiro de obras e como tapumes.
Os compensados super-resinados são utilizados em bandejas de proteção.
Super-resinado e Plastificado Os compensados plastificados são utilizados em fôrmas de concreto.
Ambos podem ser usados na construção de alojamentos, depósitos ou tesourarias.
Fonte: Anzolin, A. 2020. Tipos de compensado. https://blog.leomadeiras.com.br/tipos-de-compensado/.

Os compensados ditos convencionais são compostos por finas lâminas de


madeira que são posicionados ortogonalmente entre si e unidas por cola adesiva.
Dependendo das propriedades desejadas em usos específicos, pode se adicionar
lâminas de outras madeiras ou outros materiais (p.e., poliestireno, PVC) na
composição do compensado.

Para o melhor entendimento do comportamento do compensado, é importante


conhecer o modo de produção e a inteiração da madeira (matéria prima) com

111
UNIDADE IV │ PRODUTOS MADEIREIROS, QUALIDADE E INOVAÇÃO

a cola adesiva e o processo de produção. A madeira é um material ortotrópico,


e que devido a esta característica apresenta comportamentos diferentes em
relação à direção de das fibras na madeira. Devido à orientação das fibras e
de sua forma de crescimento, as propriedades na madeira variam de acordo
com três eixos: longitudinal, radial e tangencial (CALIL Jr.; BARALDI, 1997)
(Figura 34).

Figura 34. Eixos perpendiculares entre si na madeira.

Direção das fibras


Radial

Longitudinal Tangencial

Fonte: Calil Jr, C.; Baraldi, L. T. 1997. Estruturas de madeira: notas de aula. Escola de Engenharia de São Carlos - Universidade
de São Paulo. 89 p.

Devido à configuração das fibras na madeira, ocorre uma resistência e rigidez


na madeira que são expressivamente superiores na direção longitudinal se
comparados com as demais direções: radial e tangencial.

Para a produção do compensado, as toras de madeiras são condicionadas em


ambientes de elevada umidade e alta temperatura para amolecer as fibras.
Posteriormente, as toras passam por um torno delaminador, no qual é desenrolada
em lâminas de 1 a 5 mm. Mesmo tomando os devidos cuidados, ainda podem
ocorrer a formação de fissuras em uma das faces da lâmina extraída que podem
reduzir a resistência do compensado final. As lâminas obtidas passam por um
processo de secagem que as adequa para o processo de colagem.

Então é aplicado adesivo nas faces das lâminas de madeira, e estas são
posicionadas perpendicularmente às fibras das lâminas adjacentes; o conjunto
de lâminas montado passa então por um processo de prensagem à quente
(OLIVEIRA; FREITAS, 1995).

112
PRODUTOS MADEIREIROS, QUALIDADE E INOVAÇÃO │ UNIDADE IV

Os compensados modernos são produzidos utilizando de adesivos


sintéticos de alta performance como o fenol-formaldeído uso externo
(boilling water proof) (STECK, 1995), que são à prova d’água, que não
permite qualquer deslocamento relativo entre as faces das lâminas de
madeira.

A produção de compensada feita de acordo para aplicação interna (moisture


resistent), é feita com colagem à base de resina de ureia-formol. O produto final
é um compósito à base de madeira, com fibras em direções perpendiculares
entre si (Figura 35), e excelente resistência e rigidez em ambas as direções.

Figura 35. Posicionamento das lâminas (1 a 5 mm) em um compensado convencional.

Fonte: Keinert Jr, S. 1995. Produção de compensados. Revista da Madeira. 24, 42-45.

Essa composição do compensado convencional é chamada de laminação


cruzada conferindo um produto superior e versátil de elevada resistência ao
cisalhamento, fendilhamento e impacto (STAMATO; CALIL Jr, 2003). Outra
vantagem da utilização de compensados de madeira é que defeitos como
rachaduras, nós e canais de resina, são evitados, pelo menos parcialmente,
quando as toras são cortadas em finas lâminas e posteriormente coladas umas
sobre as outras perpendicularmente, reconstituindo o material.

Outra vantagem do compensado é a produção de chapas de maiores dimensões,


a partir de toras de pequena seção, o que possibilita a construção de grandes
estruturas partindo de árvores de pequena idade (STAMATO, 1998).

Os compensados podem ainda ser produzidos em formas variadas, com a


prensagem das lâminas sobre moldes apropriados ou serem do tipo sarrafeado
(block board), em que o compensado tem o miolo composto pela colagem de
sarrafos (sem lâminas de madeira). O sarrafeado é muito aplicado na fabricação
de embalagens, móveis, em fôrmas para concreto (construção civil) etc.

113
UNIDADE IV │ PRODUTOS MADEIREIROS, QUALIDADE E INOVAÇÃO

Chapas de composição
As chapas de fibras, ou hardboard, são obtidas a partir de intenso desfibramento
da madeira (cavacos) com posterior aglutinação com resinas, ureia e formol, e
prensagem termodinamica a densidades de aproximadamente 0,95 g cm -3, o que
resulta em placas rígidas e homogêneas. As chapas de fibras são consideradas
substitutas do compensado, com as mais diversas aplicações práticas na
indústria moveleira, indústria automobilística e na construção civil. As mais
comuns chapas nas diversas aplicações a que se destinam, são:

» HDF (high density board): painel de alta densidade (0,95 kg cm-3), o


que confere grande solidez e uma excelente base para acabamento (p.e.
envernizamento e laqueamento). Apesar de ser ainda pouco produzido
no Brasil, pode ser usado na produção de pisos, rodapés, divisórias,
batentes, almofadas de portas e peças torneadas.

» MDF (medium-density fiberboard): painel de madeira natural e


resina sintética; neste caso, diferentemente do que acontece na
produção de compensados, a madeira é processada e transformada
em uma polpa que é transformado em lâmina após passar por uma
mistura de resinas atóxicas e pela ação conjunta de temperatura e
pressão até uma densidade aproximada de 0,7 g cm -3 (CAMPOS;
LAHR, 2002). O MDF pode ser produzido a partir diferentes tipos
de madeira como pinho, bambu, papel reciclado, coco (PAIVA;
AZEVEDO, 2014). Outras características comuns ao MDF são:

› Isotrópico: apresenta a elevada homogeneidade em todas as


direções, permitindo a execução de cortes precisos em qualquer
direção. Essa propriedade também reduz a ocorrências rachaduras
ou trincas causadas por pregos, grampos ou parafusos;

› Versátil: grande versatilidade de aplicações e acabamentos, podendo


ser finalizado com diferentes tipos de tintas, vernizes, lâminas de
madeira, PVC e revestimentos com papéis decorativos;

› Pesado: o peso elevado do MDF é devido à sua alta densidade, o que


pode desgastar as ferramentas usadas mais frequentemente;

› Sensível à água: o MDF é pouco resistente à água e por isso não é


indicado para a construção de móveis ou locais com elevada
umidade relativa do ar;

» MDP (medium density particleboard): é um material leve e resistente


formado por diferentes tipos de madeira processada e construído

114
PRODUTOS MADEIREIROS, QUALIDADE E INOVAÇÃO │ UNIDADE IV

em três camadas (uma camada grossa que ocupa a parte central da


peça e duas mais finas localizadas nas faces). O MDF e MDP (Figura
36) apresentam grande resistência estrutural e reduzidas chances de
empenamento. Os móveis de MDP são montados e desmontados
mais facilmente, sendo mais indicado para a fabricação de portas e
armários sem rebaixos ou cortes elaborados.

Figura 36. Distinção macroscópica entre MDF e MDP.

Fonte: Perry Babin https://www.futilish.com/2015/08/mi-casa-su-casa-mdf/.

» OSB (oriented strand board): painel fabricado de tiras de madeira


(strands) dispostas na mesma direção e prensada com resinas em altas
temperaturas (Figura 37). As principais características desse painel
são sua grande estabilidade mecânica e dimensional. Os painéis de
OSB apresentam densidades entre 0,63 e 0,67 g cm-3 e são comumente
usadas como revestimento estrutural em prédios, casas e escritórios
(p.e. paredes, pisos, forros, componentes de vigas), embalagens, e ainda
podem ser reciclados, sendo ideal para projetos de “construções verdes”.

Figura 37. Detalhe das tiras de madeira em painel OSB (oriented strand board).

Fonte: C. Sander https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b6/OSB-Platte.jpg.

115
UNIDADE IV │ PRODUTOS MADEIREIROS, QUALIDADE E INOVAÇÃO

» Aglomerado: muito comum em projetos de móveis e utilizado desde


o final da Segunda Guerra Mundial. Obtidos a partir de partículas
de madeira ou outros materiais aglutinados por meio de resina
(ureia-formaldeído e, também, o fenol-formaldeído) e, em seguida,
submetidos a um ciclo de temperatura e pressão (Figura 38). O
tamanho das partículas e a sua posição nos aglomerados modernos
são controlados para otimizar a resistência do material.

Figura 38. Detalhe das partículas de madeira em painel de aglomerado.

Fonte: https://blog.fazedores.com/mdf-compensado-aglomerado/.

As principais fontes de matérias-primas para aglomerados são os resíduos


industriais, resíduos de exploração florestal, madeiras de qualidade inferior
não industrializável de outra forma, madeira proveniente de florestas plantadas
(CUNHA et al., 2014) e reciclagem de madeira sem utilização. Os aglomerados são
de custo reduzido, de boa resistência à umidade e às variações de temperatura.
Indicado para fabricação de móveis de menor durabilidade, caixas acústicas,
na indústria da construção civil; podem ser pintados ou revestidos com vários
tipos de materiais, como papéis impregnados com resinas e colas, papéis
envernizáveis e lâminas de madeira natural para melhor acabamento.

Madeiras laminadas
A madeira laminada colada (MLC) é crescentemente aplicada nas construções
e apresenta vantagens significativas em sua aplicação quando comparada
com a madeira maciça. Segundo a NBR 7190, madeira laminada colada para

116
PRODUTOS MADEIREIROS, QUALIDADE E INOVAÇÃO │ UNIDADE IV

fins estruturais pode ser definida como: conjunto de peças de madeiras


provenientes de processo industrial de fabricação que são tábuas de dimensões
reduzidas e coladas entre si cuja orientação das fibras esteja paralela ao eixo
longitudinal da peça final.

Na produção da MLC, ou de suas peças, utiliza-se técnicas para maximizar suas


propriedades mecânicas e aprimorar o desempenho de sua aplicação no conjunto da
estrutura (NOGUEIRA, 2017) (Figura 39).

Figura 39. Detalhe de madeira laminada colada ilustrando como menores seções de madeira podem ser unidas

para formar uma peça maior.

Fonte: Madeiras Bagattoli http://www.madeirasbagattoli.com.br/D.php?id=14.

Devido à limitação de comprimento nas peças de madeira, especialmente


para as madeiras serradas, é necessário fazer ligações entre as peças que
são encontradas em comprimentos médios de 4 - 5 metros, para viabilizar a
execução das estruturas (CARRASCO, 2006). Aqui é preciso ressaltar que as
juntas entre madeira são ligações nas estruturas e que constituem os pontos
de risco, pois uma falha de ligação pode ser responsável pelo colapso dos
elementos estruturais.

As construções com madeira estruturada vêm, ultimamente, ocupando maior


espaço na indústria da construção civil no Brasil, que é dominado pelo
emprego de materiais derivados do cimento (concreto) e do aço. As MLC têm

117
UNIDADE IV │ PRODUTOS MADEIREIROS, QUALIDADE E INOVAÇÃO

sido comumente empregadas e grandes obras, principalmente em shoppings


e hospitais por permitirem a construção de estruturas maiores do que com a
própria madeira sólida.

Este crescimento é impulsionado pela característica sustentabilidade desse


processo de fabricação de peças de madeiras e devido também à origem
natural e renovável; ao baixo consumo de energia; à baixa emissão de carbono
durante a fabricação; nenhum impacto no manejo florestal tradicional;
sequestro de gases poluentes, e a geração de empregos ao longo da cadeia
de produção (LEITE et al., 2016).

Características importantes

Resistência: as peças de MLC permitem que a madeira seja utilizada em


construções de muitos andares, tendo resultados de desempenho similar ao do
concreto e aço, criando novas possibilidades em termos de balanços e suporte
de carga assim como de designs antes impossíveis com madeira solida.

Fogo: a menor área de superfície e a constituição mais hermética da MLC, em


comparação com a construção com madeira sólida, reduzindo o desenvolvimento
do fogo em um incêndio por limitar o combustível disponível encapsulando a
chama em uma única área e extinguindo-a. Painéis de MLC têm elevada massa
térmica sólida, indicando que um lado do painel pode estar centenas de graus
Celsius, enquanto o outro esteja à temperatura ambiente.

Durabilidade: assim como todo produto a base de madeira, a manutenção


adequada é essencial para uma elevada durabilidade, podendo proporcionar
uma vida útil longa e equivalente aos demais materiais de construção. A
manutenção de uma peça ou estrutura de madeira exige um planejamento
cuidadoso e o entendimento das cargas e intemperes que podem afeta a
madeira durante sua vida útil.

Isolamento térmico: o isolamento térmico promovido por estrutura em MLC


permite também a construção de casas passivas que não exigem sistemas de
arrefecimento ou aquecimento. A alta massa térmica da madeira contribui
para manter a casa fresca no verão e quente no inverno.

Isolamento acústico e vibracional: os painéis de MLC são de grande desempenho


para isolar o som. A substituição das paredes internas de construções por
MLC melhora no desempenho acústico de construção, mesmo em edifícios
residenciais com vários andares.

118
PRODUTOS MADEIREIROS, QUALIDADE E INOVAÇÃO │ UNIDADE IV

Ligações entre madeiras

As ligações entre madeiras (juntas) são dispositivos que têm como principal
função unir as peças e permitir a condução dos esforços entre os elementos de
uma estrutura.

A produção de peças de MLC pode ser dividida em:

» recebimento e estocagem dos lotes de madeira (classificação da


madeira e seu teor de umidade devem ser providenciados);

» eliminação dos defeitos encontrados nas peças;

» execução das emendas do tipo finger joint e colagem para formação


das tábuas;

» laminação das tábuas com aparelhamento, colagem das faces e a


prensagem;

» fabricação das peças de MLC seguindo a usinagem, o acabamento


final e a estocagem das peças.

Para a produção de peças de MLC de elevada qualidade as seguintes recomendações,


devem ser observadas:

» evitar a composição da peça MLC com peças menores de espécies


florestais diferentes;

» tábuas empregadas devem apresentar densidade aparente entre


0,4 e 0,75 g cm-3 e teor de umidade de aproximadamente 12%;

» a união entre as tábuas deverá ser sempre do tipo finger joint, e o


teor de umidade durante a colagem poderá atingir no máximo de
18%;

» as tábuas empregadas para composição da peça e o produto final


devem passar por tratamento preservativo para garantir durabilidade
e proteção;

» antes de iniciar o processo produtivo da MLC, as tábuas deverão


passar por classificações visual (p.e., presença de nós, orientação de
grã) e classificação do módulo de elasticidade;

119
UNIDADE IV │ PRODUTOS MADEIREIROS, QUALIDADE E INOVAÇÃO

» as colas adesivas devem ser do tipo estrutural e terem propriedades


compatíveis com as finalidade e condições ambientais a que a
MLC estará submetida durante sua vida útil.

Ligações entre peças de madeira


As ligações entre esses elementos estruturais de madeira para formar estruturas
maiores são, basicamente, de três tipos: ligações coladas, ligações por contato e
ligações mecânicas. A Figura 40 apresenta um diagrama das principais conexões
entre peças de madeiras.

Figura 40. Diferentes tipos de ligações entre peças de madeira (áreas enegrecidas demonstram onde as peças

terão maiores esforços de contato).

F F F

1.Cola 2.Prego 3.Parafuso

F F

4.Entalhe 5.Conector
Fonte: Pfeil, W.; Pfeil, M. 2003. Estruturas de Madeira. 6ª edição. Rio de Janeiro: LTC. p.594.

As ligações por contato ocorrem pelo contato direto entre as peças de madeira;
esse tipo de ligação não garante a continuidade das estruturas sendo ainda
necessária a utilização de outro tipo de ligação. O entalhe é um exemplo desse
tipo de ligação, porém deve ser utilizado apenas quando pelo menos uma das
peças resiste a esforços de compressão. As ligações coladas usam cola adesiva
para fazer a união entre as peças de madeira. Nesse tipo de ligação há elevada
resistência e rigidez na qual a eficiência é dependente do adesivo e do processo
de fabricação (NOGUEIRA, 2017).

As ligações mecânicas entre madeiras são ligações que utilizam algum


elemento de ligação penetrante nas peças de madeira, como parafusos e
pregos, ou pinos como considerados pela NBR 7190/97 (Projeto de Estruturas
de Madeira). Os parafusos podem ser rosqueados, com porca e arruela e
autoatarraxantes, sendo estes os mais comuns em marcenarias e conexões de
peças não estruturais.

120
PRODUTOS MADEIREIROS, QUALIDADE E INOVAÇÃO │ UNIDADE IV

Aumente seus conhecimentos com a leitura da NBR 7190/1997 que trata de


Projeto de Estruturas de Madeira

Existem pinos de madeira denominados cavilhas, que são torneados entre


a sobreposição de peças nas juntas além da utilização de conectores.
Cavilhas são comuns em chapas com dentes estampados e anéis metálicos.
Os conectores à base de peças metálicas são de mais elevada eficiência na
transmissão de esforços pela estrutura (CARRASCO, 2006).

121
CAPÍTULO 2
Processamento mecânico da madeira
e técnicas de serraria

Introdução

A cadeia de produção da madeira existe basicamente em três cadeias produtivas


distintas:

» cadeia produtiva da madeira industrial: produção de papel, medium


density board (MDF), painéis de alta densidade, aglomerados e
oriented strand board (OSB);

» cadeia produtiva da madeira para energia: produção para lenha e carvão;

» cadeia produtiva do processamento mecânico: produção de serrados,


compensados e laminados.

A cadeia de produção da madeira organiza-se em duas direções principais:


transversal e longitudinal (SELMANY, 1993). A cadeia transversal está
relacionada com os processos sucessivos de transformação da madeira que a
levam de um estado bruto a um estado final, e compreende as seguintes atividades:
silvicultura; colheita florestal; primeira, segunda e terceira transformação, e o
consumidor final.

No plano longitudinal, a cadeia de produção da madeira pode ser dividida em


função das distinções na utilização da madeira bruta: produção de energia;
processamento mecânico e madeira industrial (Figura 41).

122
PRODUTOS MADEIREIROS, QUALIDADE E INOVAÇÃO │ UNIDADE IV

Figura 41. Fluxograma da cadeia produtiva da madeira.

CARVOARIA
ENERGIA
C
F O
CELULOSE PAPEL N
L
S
O MADEIRA U
R M
E INDUSTRIAL PAINÉIS
I M I
S PARTÍCULAS N O D
T D V O
A Ú E R
PROCESSAMENTO S L
LAMINADOS COMPENSADO E F
T
MECÂNICO R I I
I R N
SERRADOS BENEFICIAMENTO A A A
L

Fonte: Adaptado de Polzl, W. B.; Santos, A. J.; Timofeiczyk Junior, R.; Polzl, P. K. 2003. Cadeia produtiva do processamento
mecânico da madeira compensada - segmento da cadeia produtiva do processamento mecânico da madeira
compensada - segmento da madeira serrada no Paraná. Floresta, 33(2), pp. 127-134.

A parte de serraria e usinagem da madeira corresponde ao seu desempenho


nas operações de processamento mecânico primário, secundário e terciário.
A produção de móveis, por exemplo, exige operações de usinagem muito
importantes e realizadas em diversas etapas de processamento que transformam
a madeira em produtos finais. As operações que trabalham a madeira para
transformação em móveis devem ser continuamente monitoradas e avaliadas
para maximização da obtenção de produtos de maior valor agregado (SILVA
et al., 2015).

As operações de desdobro da madeira são os processos pelos quais uma tora


passará dentro de uma serraria, assim, uma tora entra na serraria, passa pelo
desdobro e demais processos de acordo com a finalidade da madeira. Todas as
etapas durante o processo de desdobro da madeira objetivam obter o melhor
rendimento com a melhor qualidade da madeira.

O processamento de uma tora se inicia ainda no pátio de armazenamento, e


segue as seguintes etapas:

1. Descascador: remoção da casca. Os resíduos gerados nesta etapa


podem ser utilizados para produção de celulose e papel (resíduo
limpo) ou para a geração de energia (resíduo sujo). Os descascadores
podem ser de diferentes técnicas de remoção da casca:

123
UNIDADE IV │ PRODUTOS MADEIREIROS, QUALIDADE E INOVAÇÃO

› descascador tipo tambor: de alta produção, porém não é recomendado


para serrarias devido ao impacto mecânico causado na tora;

› descascador tipo cabeça atritante: de baixa produção, porém de baixo


custo e produção versátil de diâmetros;

› descascador tipo anel: o mais indicado para serrarias, pela qualidade


e elevada produção e versatilidade;

› machado: processo manual.

2. Scanner: obtenção de características como o diâmetro, o formato, o


comprimento da tora etc.

3. Posicionador: processo manual, ou automatizado, de posicionamento


da tora para os respectivos cortes.

Na serraria se inicia do processamento da madeira propriamente dito, que é


muito variável e depende do objetivo ou produto final. O primeiro processo
geralmente é a retirada das costaneiras (seções meia-lua externas da tora)
(Figura 42) por um picador perfilador - as costaneiras podem ser utilizadas
para outros fins como cercas e paredes de locais rústicos.

Figura 42. Detalhe de peças costaneiras oriundas de toras para serraria.

Fonte: Serraria Pau Brasil http://www.serrariapaubrasil.com.br/site/project/costaneira/.

No desdobro principal da madeira, objetiva-se trabalhar as dimensões da


tora e gerar as peças para mais fácil trabalhabilidade. Esta etapa engloba
os equipamentos de maior dimensão e de maior gasto de energia - serras
alternativas, serras de fita e serras circulares.

124
PRODUTOS MADEIREIROS, QUALIDADE E INOVAÇÃO │ UNIDADE IV

No desdobro secundário da madeira, objetiva-se reduzir o tamanho das peças


assim como dar o dimensionamento final delas. Os equipamentos envolvidos
geralmente são: resserradeiras (serras alternativas, de fita ou circulares que
reduzem a espessura das peças), refiladeiras (serras circulares de cortes rasos
para regularizar as bordas laterais) e destopadeiras (serras circulares utilizadas
para eliminar os defeitos nas extremidades das toras).

No processo de serraria, ou desdobro da madeira, são obtidos consideráveis


volumes de resíduos particulados, a serragem (NOLASCO et al., 2004). Esse
material pode ser utilizado na de aglomerados que também podem ser utilizados
na confecção de móveis. Para madeira de serraria, vários trabalhos têm sido
realizados, especialmente a partir do final dos anos 1990, com merecido
destaque ao eucalipto (ANJOS; FONTE, 2017), apesar de existir outras espécies
com grande potencial produtivo.

A obtenção de madeiras com boa trabalhabilidade e poucos defeitos (p.e.,


rachaduras de topo, encurvamento, arqueamento, encanoamento) se inicia
pelas práticas de manejo como, por exemplo, o desbaste e a desrama no
momento e intensidade corretos, e o desdobro correto das toras - o corte
tangencial de quadro cheio ou de serras circulares múltiplas, após a
retirada das costaneiras a 1/3 do raio da tora, é o mais comum; contudo,
há indicações que o corte radial propicia uma madeira com qualidades
mais estáveis, porém uma boa produtividade exige toras com maiores
dimensões (MORAES NETO, 2017).

A vaporização da madeira bruta é uma técnica comumente utilizada antes de seu


desdobro, assim como durante o processo de secagem para diminuir as tensões
na madeira. Outro fator importante na obtenção de madeiras de qualidade em
termos de qualidade e trabalhabilidade é o melhoramento genético das espécies
florestais mais aptas para serraria, já que defeitos da madeira, como rachaduras
e empenamentos, são herdáveis e podem ser selecionados/melhorados.

O processo de melhoramento de florestais é usualmente realizado por meio


de testes de procedências, cruzamentos com árvores de alto valor genético e
de técnicas de propagação vegetativa (clones). As técnicas de usinabilidade,
secagem e manejo específico para cada espécie podem ser aprimoradas
(MORAES NETO, 2017).

125
CAPÍTULO 3
Qualidade, gestão e inovação
tecnológica

Introdução
A intensificação do uso da madeira como matéria prima para fins construtivos e
industriais deve ocorrer a partir de um conhecimento adequado de suas propriedades
físicas ou mecânicas pois conhecimento destas propriedades possibilita um uso
racional da madeira (DIAS; LAHR, 2004; GONÇALVES et al. 2009).

Existem fatores que afetam a adequação da madeira, como a densidade (altamente


correlacionada com a produção de polpa e com as propriedades mecânicas da
madeira), a porcentagem de cerne e alburno, a uniformidade dos anéis de
crescimento, o comprimento de fibra, a presença de madeira juvenil e lenho de
reação, a inclinação da grã, a composição celular e a presença de nós (CHIES,
2005). Esses fatores que afetam a madeira são significativamente influenciados
por variações de temperatura, composição química e umidade do solo, densidade
e tipo de manejo aplicado ao florestamento, índice pluviométrico e a posição
das árvores no talhão, que podem afetar significativamente a madeira formada
mesmo em árvores da mesma espécie devido à interação desses fatores.

Principais fatores da qualidade de uma


madeira
A densidade é um importante fator a ser observado na avaliação da qualidade
de uma madeira e pode sofrer variações de acordo com diferenças na estrutura
anatômica da madeira, na quantidade de extrativos presentes, assim como
com a idade da planta, as condições de sitio, o clima, a localização geográfica e
altamente dependente do trato silvicultural (SILVA et al., 2006). A densidade
está também relacionada à retratibilidade, à trabalhabilidade, à durabilidade
natural, e está associada a várias propriedades mecânicas da madeira.

A retratibilidade da madeira é a relação entre a variação dimensional da mesma


de acordo com seu teor de umidade até que o equilíbrio seja atingido. É possível
observar variações nas dimensões da madeira a partir do momento em que se
perde ou ganha umidade abaixo do ponto de saturação de fibras - entorno de

126
PRODUTOS MADEIREIROS, QUALIDADE E INOVAÇÃO │ UNIDADE IV

28 a 30% de umidade. A retração da madeira varia de espécie para espécie, em


que a condução de sua secagem afeta significativamente o comportamento da
madeira, podendo levar a alterações em sua forma (OLIVEIRA; SILVA, 2003).

A retratibilidade permite observar o quanto um determinado material se contrai ou


expande, em relação a umidade de equilíbrio, podendo assim servir de referência
para prever seu uso e também seu espaçamento entre peças, o que ajuda a evitar
problemas na utilização em diferentes ambientes (MORESCHI, 2014).

As propriedades químicas da madeira estão altamente relacionadas com a composição


química da madeira. A composição química elementar da madeira não difere
significativamente entre as espécies, cujos principais elementos, como já visto, são o
carbono (C), hidrogênio (H), oxigênio (O) e o nitrogênio (N).

Os componentes químicos presentes na madeira já são mais diversos entre espécies, e


estes são divididos em componentes químicos fundamentais, ou macromoleculares, e
acidentais, ou minoritários. Entre os componentes químicos macromoleculares estão
a celulose, as polioses (hemicelulose) e a lignina; entre os componentes químicos
minoritários estão os extrativos e elementos inorgânicos (cinzas).

A maior proporção de carboidratos da madeira é constituída por polímeros de


celulose e polioses, que são chamados de holocelulose. A lignina é constituída
por um sistema aromático, composta por unidades de fenilpropano.

Já os componentes acidentais, ou minoritários, são responsáveis por propriedades


sensitivas da madeira (p.e., cor, brilho, cheiro e durabilidade natural a microrganismos
xilófagos). São compostos químicos geralmente formados a partir de fenóis, terpenos,
resinas e ceras. As cinzas, ou substâncias inorgânicas, são os componentes minerais
presentes na planta e seu teor pode variar significativamente entre espécimes.

Uma madeira só pode ser usada como matéria-prima após o conhecimento


de suas propriedades mecânicas; estas propriedades podem ser afetadas
por diversos fatores como sua posição na árvore, a umidade, o tempo e
duração da carga, além da estrutura interna da madeira (GONÇALVES et al.
2009).

Testes como o de flexão estática (Figura 43), a compressão paralela e o


cisalhamento auxiliam para a caracterização adequada da madeira para o seu
uso final. O teste de flexão estática é necessário para confirmar a qualidade da
madeira, pois a relação entre resistência mecânica e a rigidez de uma peça é
usada como critério para sua utilização (CARREIRA; DIAS, 2009).

127
UNIDADE IV │ PRODUTOS MADEIREIROS, QUALIDADE E INOVAÇÃO

O ensaio de flexão estática consiste em aplicar uma carga em um corpo de prova


no meio de seu comprimento, até que ocorra ruptura ou danos aparentes, o
corpo de prova deve estar posto sobre dois apoios (MORESCHI, 2014).

Figura 43. Determinação do módulo de elasticidade e da resistência à flexão estática em um compensado.

Fonte: SOMAPAR http://static5.somapar.com.br/files/2016/06/Determina%C3%A7%C3%A3o-do-M%C3%B3dulo-de-Elasticidade-


e-da-Resist%C3%AAncia-%C3%A0-Flex%C3%A3o-Est%C3%A1tica-Conforme-ABNT-NBR-9533-e-EN-310.png.

A compressão paralela indica a pressão efetuada com a aplicação de uma carga


no sentido transversal do corpo de prova, com velocidade é comedida até que
haja ruptura (MORESCHI, 2014). É utilizada para que seja obtida a resistência
máxima assim como o seu limite de elasticidade. O módulo de elasticidade em
compressão paralela é aproximadamente semelhando ao modulo de elasticidade
na flexão quando o teor de umidade é acima do ponto de saturação das fibras
(MELO, 2013).

O cisalhamento é a separação das fibras por um esforço paralelo às mesmas; a


resistência ao cisalhamento está diretamente associada à densidade da madeira,
e depende do sentido em que se aplica o esforço aos anéis de crescimento
(HARA, 2011). O plano tangencial da madeira sofre interferência da presença
de lenho inicial e tardio no corpo de prova, em que, quanto maior o lenho tardio,
maior será a resistência ao cisalhamento; no plano radial os raios têm grande
influência pois as madeiras que possuem raios espessos e em grande quantidade
apresentam baixa resistência ao cisalhamento (MORESCHI, 2014).

128
PRODUTOS MADEIREIROS, QUALIDADE E INOVAÇÃO │ UNIDADE IV

Gestão e inovação tecnológica

Atualmente existem tecnologias que permitem que a condução florestal, inventários


e o trabalho com os produtos florestais sejam realizados de forma mais eficiente e
rápida, destacando-se o uso de tablets na coleta de dados a campo substituindo a
tradicional prancheta. Há, inclusive, esse tipo de hardware com maior durabilidade
devidos às condições mais agressivas de trabalho do campo, com baterias mais
duráveis, resistência a quedas e à exposição ao sol, chuva e poeira.

Diversos aplicativos de coleta de dados ajudam a prevenir erros, sendo otimizados


para interpretar os dados que são inseridos, que consideram os valores médios das
medições anteriores para que não haja a inserção acidental de medidas outliers.
Desta forma, o sistema por meio de inteligência artificial aprende continuamente
baseado nas informações de uma população na qual a amplitude de dados
esperada, evitando assim que dados errados sejam incorporados.

De posse de um banco de dados de um florestamento como base para cálculo,


algoritmos de aprendizado combinam diversas operações matemáticas e
estatísticas para obter estimativas das características observadas, como o
volume de toras (m 3 ha -1) ou a taxa de mortalidade de árvores. Esses mecanismos
evoluem à medida que vão sendo usados e a base de dados florestais cresce,
tornando-se um aliado do planejamento florestal e na análise dos dados obtidos.

A utilização de sensores a campo e conectados com a internet permite a


obtenção de dados em tempo real e em qualquer momento durante o ciclo
do florestamento. O uso de imagens obtidas por drones e satélites para obter
informações da floresta tem se tornado constante.

O uso de drones em silvicultura pode ir além da obtenção de imagens, podendo


também ser utilizados na aplicação de produtos fitossanitários como herbicidas
em áreas de florestamentos (Figura 44). Essas tecnologias podem funcionar
de maneira autônoma, ou podem ser controladas remotamente, tendo taxas de
atualização da informação muito superiores, com dados obtidos com frequência
semanal ou mesmo diária.

129
UNIDADE IV │ PRODUTOS MADEIREIROS, QUALIDADE E INOVAÇÃO

Figura 44. Aplicação de herbicida em área de florestamento de pinus.

Fonte: SkyDrones https://skydrones.com.br/wp-content/uploads/2017/10/site-1.jpg.

Sistemas de monitoramento on-line também estão se tornando muito presentes


nas empresas florestais e integram diversas ferramentas, como as já citadas,
todas em uma única plataforma para acompanhamento. Esses sistemas podem
combinar dados do florestamento, climáticos e econômicos de maneira a criar
uma visão geral do ativo florestal. Isso permite que o gestor possa monitorar o
movimento das equipes a campo e as atividades realizadas, o desenvolvimento
das árvores, a geração relatórios técnicos, o planejamento de intervenções
silviculturais, sem a necessidade de se locomover diretamente até a floresta.

Essas ferramentas beneficiam o gestor do florestamento e o colaborador de


campo, que têm acesso a diferentes ferramentas digitais para agilizar e tornar
eficiente o trabalho, por exemplo, ao reduzir trajetos durante as atividades de
medição. Já o gestor florestal passa a estar munido de ferramentas tecnológicas
que o auxiliarão a tomar decisões de mais seguras, tendo em vista as informações
disponíveis sobre a floresta que administra estarão disponíveis em atualização
constante.

É reconhecida a importância da execução contínua de inventários, que,


no entanto, é considerada uma atividade muito onerosa, pois o sistema
tradicional exige grande quantidade de mão de obra, já que a coleta de
dados deve ser feita de forma extensiva, conquanto amostral, e ainda
exige a composição de departamentos dedicados à interpretação desses
inventários. Dessa forma, o mercado florestal está sempre em busca de
inovações tecnológicas que tornem esta atividade mais precisa, atualizada
e de custo compensador.

130
PRODUTOS MADEIREIROS, QUALIDADE E INOVAÇÃO │ UNIDADE IV

Um exemplo é a utilização de inteligência artificial para estimativas do


florestamento ou mesmo da produção e estoque no pátio (Figura 45).

Figura 45. Estimativa do volume de toras no pátio.

Fonte: Sobrinho, M. F. O. et al. 2018. Uso de veículos aéreos não tripulados (VANT) para mensuração de processos florestais.
Enciclopédia Biosfera, v. 15, n. 27, 117-129.

Portanto, o uso de algoritmos, softwares, drones e satélites, de sensoriamento


remoto e de cálculos matemáticos avançados podem ajuda a reduzir
o trabalho a campo e também melhorar a precisão dos resultados, com
economia de tempo e de dinheiro. Mesmo com o investimento em tecnologias
e equipamentos, os custos da medição do inventário florestal ficam entre
20 e 50% menos onerosos que o método convencional devido a agilidade
que se consegue alcançar nas tomadas de decisão.

131
Referências

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR-7190: Anexo B. Rio de


Janeiro, 1996. pp.132-187.

Ackerly, D. D. et al. The evolution of plant ecophysiological traits: recent


advances and future directions. BioScience, v. 50, n. 11, pp. 979-995, 2000.

Agrios, G. N. Plant Pathology. 5. ed. Amsterdam: Elsevier Academic Press, 2005.


922 p.

Alfenas, A. C.; Zauza, E. Â. V.; Mafia, R. G; Assis, T. F. Clonagem e doenças do


eucalipto. UFV, Viçosa, 2009. 500 p.

Anjos, R. A. M.; Fonte, A. P. N. Rendimento de madeira serrada de espécies de


Eucalyptus. Revista de Ciências Agroveterinárias, v. 16, n. 1, pp. 26-32, 2017.

Appezzato-da-Glória, B.; Carmelo-Guerreiro, S. M. (Eds). Anatomia Vegetal.


Editora UFV, 2006. 438 p.

Araújo, H. J. B. Agrupamento das espécies madeireiras ocorrentes em pequenas


áreas sob manejo florestal do Projeto de Colonização Pedro Peixoto (AC) por
similaridade das propriedades físicas e mecânicas. 2002. 168 f. Dissertação
(Mestrado em Recursos Florestais. Tecnologia de Produtos Florestais) - Escola
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz.

Arganbright, D. G. 1971 Influence of extractives on bending strength of redwood


(Sequoia sempervirens). Wood and Fiber, v. 2, n. 4, 367-372.

Bengough-Glyn. A.; Bransby, M. F.; Hans, J.; McKenna, S. J.; Roberts, T. J.;
Valentine, T. A. 2006. Root responses to soil physical conditions; growth dynamics
from field to cell. Journal of Experimental Botany, v. 57, [s. n.], pp. 437-447.

Binkley, D. et al. Light absorption and use efficiency in forests: Why patterns differ
for trees and stands. Forest Ecology and Management, v. 288, [s.n.], pp. 5-13, 2013.

Bodig, J.; Jayne, B. A. Mechanics of wood and wood composites. Van Nostrand
Reinhold Company Inc., 1992. 712 p.

Botosso, P. C. Identificação macroscópica de madeiras: guia prático e


noções básicas para o seu reconhecimento. Colombo: Embrapa Florestas,
2011. 65 p.
132
REFERÊNCIAS

Burger, L. M.; Richter, H. G. Anatomia da madeira. Barueri: Nobel, 1991. 154 p.

Calil Jr, C.; Baraldi, L. T. Estruturas de madeira: notas de aula. Escola de


Engenharia de São Carlos - Universidade de São Paulo, 1997. 89 p.

Campos, C. I.; Lahr, F. A. R. MDF - Processo de produção, propriedades e aplicações.


Anais: Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos materiais. Natal, 2002

Carrasco, E. V. M. Estruturas usuais de madeira. Belo Horizonte: Escola de


Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais, 2006.

Carreira, M. R; Dias, A. A. Avaliação da rigidez á flexão de toras de madeira por


meio de vibração transversal. Cadernos de Engenharia de Estruturas. São
Carlos, v. 11, n. 53, pp. 75-79, 2019.

Chaves, R. A. et al. Dinâmica de cobertura de dossel de povoamentos de clone de


Eucalyptus grandis W. Hill ex-Maiden submetidos a desrama artificial e desbaste.
Revista Árvore, 31, n. 6, pp. 989-998, 2007.

Chies, D. Influência do espaçamento sobre a qualidade e o rendimento da madeira


serrada de Pinus taeda L. 2005. 137 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia
Florestal) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba.

Coradin, V. T. R. A estrutura anatômica da madeira e princípios para a sua


identificação. Laboratório de Produtos Florestais – IBAMA, Brasília-DF (apostila),
2002. 28 p.

Cunha, A. B.; Longo, B. L.; Rodrigues, A. A.; Brehmer, D. R. Produção de painéis


de madeira aglomerada de Eucalyptus benthamii, Eucalyptus dunnii e Eucalyptus
grandis. Scientia Forestalis, Piracicaba, v. 42, n. 102, pp. 259-267, 2014.

De Pury, D. G. G.; Farquhar, G. D. Simple scaling of photosynthesis from leaves to


canopies without the errors of big-leaf models. Plant, Cell and Environment,
v. 20, n. 5, pp. 537-557, 1997.

Demuner, B. J. Inserção da Tecnologia Enzimática na Indústria de


Celulose e Papel. UFRJ. Rio de Janeiro, p. 330, 2012.

Denig, J. Kiln schedule development, use and modification. In: Profitable


Solutions for Quality Drying of Softwoods and Hardwoods, Charlotte.
Proceedings… Madison: Forest Products Society, pp. 71-75, 1994.

133
REFERÊNCIAS

Denig, J.; Wengert, E. M.; Simpson, W. T. 2000. Drying hardwood lumber.


Madison: Forest Products Laboratory, FPL General Technical Report, v. 118.
138 p.

Dias, F. M.; Lahr, F. A. R. 2004. Estimativa de propriedades de resistência


e rigidez da madeira através da densidade aparente. Scientia Forestalis,
Piracicaba, v. 65, n. 65, pp. 102-113.

Dinwoodie, J. M. 1981. Timber its nature and behavior. Princes Risborough


Laboratory. Building Research Establishment. Van Nostrand Reinhold Company
Ltd. 190 p.

Erickson, R. Mechano-sorptive behavior of hardwood lumber: the comparison of


steam and dehumidification kiln. In: IUFRO International Conference on Wood
Drying, 3, 1992, Viena. Anais… Viena: IUFRO. pp. 103-111.

Ferreira, M. Melhoramento e a silvicultura intensiva clonal. Scientia Florestalis,


v. 18, n. 45, pp. 22-30, 1992.

Ferreira, M. C.; Caldas, L. S.; Pereira, E. A. Aplicações da cultura de tecidos no


melhoramento genético de plantas. In: Torres, A. C.; Caldas, L. S; Buso, J. A. Cultura
de tecidos e transformação genética de plantas. Brasília: Embrapa-SPI/
Embrapa-CNPH, pp. 21-43, 1998.

Foelkel, C. A água e a madeira do pinus. PinusLetter, 2017, [s. l.]. Disponível em:
http://www.celso-foelkel.com.br/pinusletter.html. Acesso em: 3 jun. 2020.

Furtado, E. L. et al. Doenças do eucalipto do Brasil. Botucatu: O Autor, 2009.


74 p.

Galvão, A. P. M.; Jankowsky, I. P. Secagem racional da madeira. Nobel, 1985.


111 p.

Golle, D. P.; Reiniger, L. R. S.; Curti, A. R.; Bevilacqua, C. B. Melhoramento florestal:


ênfase na aplicação da biotecnologia. Revista Ciência Rural, Santa Maria, v. 39,
n. 5, pp. 1606-1613, 2009.

Gonçalves, F. G.; Oliveira, J. T. S.; Lucia, R. M. D.; Sartorio, R. C. Estudo de algumas


propriedades mecânicas da madeira de um híbrido clonal de Eucalyptus urophylla
X Eucalyptus grandis. Revista Árvore, v. 33, n. 3, pp. 501-509, 2009.

Gonçalves, J. F. C.; Santos Junior, U. M.; Araujo, V. B. F.; Bastos, R. P. Ecofisiologia


de árvores da Amazônia. Ciência & Ambiente, v. 44, [s.n.], pp. 99-120, 2012.

134
REFERÊNCIAS

Gower, S. T.; Kucharik, C. J.; Norman, J. M. Direct and indirect estimation of leaf
area index, fAPAR, and net primary production of terrestrial ecosystems. Remote
Sensing of Environment, v. 70, n. 1, pp. 29-51, 1999.

Gudeta, T. B. Molecular marker based genetic diversity in forest tree populations.


Forest Res Eng Int J, v. 2, n. 4, pp. 176-182, 2018.

Guidi, L.; Lo Piccolo, E.; Landi, M. Chlorophyll fluorescence, photoinhibition and


abiotic stress: does it make any difference the fact to be a C3 or C4 species? Front
Plant Sci, v. 10, [s.n.], pp. 174, 2019.

Hara, M. M. Proposta de método de ensaio para determinação da resistência


ao cisalhamento paralelo às fibras de madeiras mediante esforço induzido por
pulcionamento do corpo de prova. 2011. 83 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia
Civil), Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba.

Higashi, E. N.; Silveira, R. L.; Natal, A. G. Propagação vegetativa de


Eucalyptus: princípios básicos e sua evolução no Brasil. Piracicaba:
IPEF, 2002. 21p. (Circular técnica, 194).

Hillis, W. E. Wood quality and utilization. In.: Hillis, W. E.; BrowN, A. G. Eucalypts
for wood production. Adelaide: CSIRO, Division of Forest Research, pp. 259-
289, 1978.

Hoppe, J. M.; Brun, E. J. Produção de Sementes e Mudas Florestais. Caderno


Didático, Santa Maria, 2004. 125 p.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Produção da Extração Vegetal


e da Silvicultura (PEVS). IBGE, 2019. ISSN 0103-8435. Disponível em: biblioteca.
ibge.gov.br. Acesso em: 3 jun. 2020.

Instituto de pesquisas e estudos florestais. 2004. Pesquisa florestal desenvolve


bonsais de eucalipto. IPEF, Piracicaba, 12 p.

Jankowsky, I. P. Drying tropical woods for quality products. In: IUFRO Division V
Conference, São Paulo. Proceedings: All Division 5 Conference. São Paulo: Organizing
Commitee, v. 2, [s.n.], p.117, 1988.

Jankowsky, I. P. Secagem e qualidade: agregando valor aos manufaturados de


madeira. Revista da Madeira, v. 63, [s.n.], pp. 56-60, 2002.

Jankowsky, I. P.; Galina, I. C. M. Secagem de Madeiras. São Paulo: USP, 2013. 39 p.

135
REFERÊNCIAS

Keinert Jr, S. Produção de compensados. Revista da Madeira, v. 24, pp. 42-45, 1995.

Kinap, P. M. Análise do desempenho físico-mecânico de painel compensado


produzido com lâminas faqueadas e torneadas de madeira de pinus e eucalipto.
2014. Trabalho de conclusão de curso (Engenharia Industrial Madeireira). 48 p.
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Campus Experimental de
Itapeva.

Kloch, M.; Hawliczek-strulak, A.; Sekrecka-Bielak, A. Molecular markers in Forest


management and tree breeding: a review. Ann. WULS - SGGW, For. and Wood
Technol., v. 92, [s.n.], pp. 193-199, 2015.

Klock, U.; Andrade, A. S. Manual Didático - Química da Madeira. 4. Ed. UFPR, 2013.
87 p.

Kollmann, F. F. P.; Côté, W. A. Principles of wood science and technology. vol. I Solid
Wood. Reprint. Berlin, Heidelberg, New York, Tokyo. Springer-Verlag: 1968-1984.

Lamprecht, H. Silvicultura nos trópicos. Cooperação Técnica - RFA. Eschborn, 1990,


343 p.

Landa, F. S. L.; Paiva, R.; Paiva, P. D. O.; Bueno Filho, J. S. S. Indução in vitro de
calos em explantes foliares de pequizeiro (Caryocar brasilense Camb.). Ciência e
Agrotecnologia, 24, n. E, pp. 56-63, 2000.

Landsberg, J.; Sands, P. Physiological ecology of forest production: principles,


processes, and models. Elsevier. Academic Press, Ed. 1, v.4, 331 p, 2011.

Latorraca, J. V. F.; Muniz, G. I. B. Identificação macroscópica de madeiras. In: Junior,


W. C. J; Tomaz, M. A; Martins, L. D.; Cecílio, R. A.; Júnior, J. G. V.; Donatele, D. M.;
Albane, L. A. Qualidade na produção agropecuária. Suprema Gráfica e Editora, pp.
101-120, 2009.

Leite, T. M.; Santos, P. A. F. M.; Valle, I. M. R. 2017. O uso da madeira laminada


colada no Brasil - Panorama e Desafios. CLEM + CIMAD, 2017. Buenos Aires.

Leuchner, M.; Hertel, C.; Menzel, A. Spatial variability of photosynthetically active


radiation in European beech and Norway spruce. Revista Agricultural and Forest
Meteorology, v. 151, [s.n.], 1226-1232, 2007.

Lima, J. L. 2009. Breeding strategies in Eucalyptus spp. program aiming at


charcoal production. 147 p. Thesis (Doctor Genetics and Plant Breeding) –
Universidade Federal de Lavras, Lavras.

136
REFERÊNCIAS

Litton, C. M.; Raich, J. W.; Ryan, M. G. Carbon allocation in forest ecosystems


(review article). Global Change Biology, v. 13, pp. 2089-2109, 2007.

Madsen, B. Structural behaviour of timber. North Vancouver, Canada. Timber


Engineering Ltd, 1992. 437 p.

Magalhães, W. L. E. Controle de manchadores e apodrecedores da madeira de pinus.


In: Seminário de Atualidades de Proteção Florestal, Blumenau. Anais... Colombo:
Embrapa Florestas, 2005.

Mahajan, S., Tuteja, N. Cold, salinity and drought stresses: an overview. Archives of
Biochemistry and Biophysics, v. 444, [s.n.], pp. 139-158, 2005.

Malabadi, R. B.; Staden, J. Storability and germination of sodium alginate


encapsulated somatic embryos derived from the vegetative shoot apices of mature
Pinus patula trees. Plant cell, tissue and organ culture, v. 82, [s.n.], pp. 259-256,
2005.

Marco de Lima, B.; Cappa, E. P.; Silva-Junior, O. B.; Garcia, C.; Mansfield, S. D.;
Grattapaglia, D. Quantitative genetic parameters for growth and wood properties in
Eucalyptus “urograndis” hybrid using near-infrared phenotyping and genome-wide
SNP-based relationships. PLoS One, v. 14, n. 6, 2019.

McMillen, J. M. Stresses in wood during drying. Madison: Forest Products Laboratory,


1963. 52 p. (FPL Report, 1652, reissued 1963).

Medeiros, G. I. B.; Florindo, T. J. Melhoramento genético de pinus no Brasil:


implicações socioeconômicas e ambientais. Espacios (Caracas), v. 38, n. 28, pp.
4-10, 2013.

Melo, J. E. Sistemas estruturais em madeira. Universidade de Brasília,


Departamento de tecnologia. Brasília, 2013. 158 p.

Monteiro, M.; Garlet, J. Principais coleobrocas de espécies florestais no Brasil:


Uma revisão bibliográfica. Revista Espacios, v. 37, n. 25, p. 5, 2016.

Moraes Neto, S. P. de. Madeira de eucalipto para serraria. 2017. Planaltina, DF:
Embrapa Cerrados. 55 p. (Embrapa Cerrados. Documentos, 340).

Moraes Neto, S. P.; Teles, R. F. Rodrigues, T. O.; Vale A. T.; Souza, M. R.


Propriedades mecânicas da madeira de cinco procedências de Pinus caribaea var.
hondurensis implantadas no cerrado do Distrito Federal, DF. Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA Cerrados. Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, Planaltina,
2009.

137
REFERÊNCIAS

Moreschi, J. C. Biodegradação e Preservação da Madeira. 4. ed. Curitiba:


UFPR, Departamento de Engenharia e Tecnologia Florestal, 2013. 53 p.

Moreschi, J. C. Relação água-madeira e sua secagem. 2. ed. Curitiba: UFPR,


Departamento de Engenharia e Tecnologia Florestal, 2014. 121 p.

Mori, C. L. S. O.; Mori, F. A.; Lima, J. T.; Trugilho, P. F.; Oliveira, A. C. O. Influência
das características tecnológicas na cor da madeira de eucaliptos. Ciência Florestal,
14, n. 2, pp. 123-132, 2004.

Müller, B. V.; Rocha, M. P.; Cunha, A. B.; Klitzke, R. J.; Nicoletti, M. F. 2014.
Avaliação das principais propriedades físicas e mecânicas da madeira de
Eucalyptus benthamii Maiden et Cambage. Floresta e Ambiente, v. 21, n. 4, pp.
535-542.

Nagle, M.; Déjardin, A.; Pilate, G.; Strauss, S. H. 2018. Opportunities for Innovation
in Genetic Transformation of Forest Trees. Frontiers in Plant Science, v. 9,
[s.n.], p. 1443.

Nogueira, D. 2017. A versatilidade da madeira laminada colada. Belo


horizonte, Revista Construindo. pp. 1-14.

Nolasco, A. M.; Uliana, L. R.; Garcia, J. N. Identificação de pontos críticos na geração


de resíduos em indústrias de processamento mecânico da madeira. In: Congresso
Brasileiro de Ciência e Tecnologia em Resíduos e Desenvolvimento Sustentável &
NISAM 2004 – Ciclo de Conferências Sobre Política e Gestão Ambiental, 2004,
Florianópolis. Anais... Florianópolis: ICTR, 2004.

Normand, D. Manuel d’identification des bois comerciaux: tome 1:


généralités. Nogentsur-Marne: Centre Technique Forestier Tropical, 1972. 171
p.

Oliveira, J. T. S.; Freitas, A. R. 1995. Painéis à base de madeira. Boletim técnico do


Departamento de Engenharia da construção civil - Escola Politécnica - Universidade
de São Paulo. BT/PCC/149, EPUSP, São Paulo. 44 p.

Oliveira, M. C. et al. Manual de viveiro e produção de mudas espécies


arboreas nativas do Cerrado. EMBRAPA Cerrado: Brasília, 2016. 124 p.

Oliveira, W. C.; Quintilhan, M. T.; Pinto, A. A. S.; Oliveira, A. C.; Pereira, B. L. C.


Agentes biodeterioradores da madeira. Congresso Brasileiro de Ciência e
Tecnologia da Madeira, Florianópolis, 2017.

138
REFERÊNCIAS

Oliveira, J. T. S.; Silva, J. C. Variação radial da retratibilidade e densidade básica da


madeira de Eucalyptus saligna Sm. Revista Árvore, Viçosa-MG, v. 27, n. 3, pp.
381-385, 2003.

Otto, M. S. G.; Vergani, A. R.; Gonçalves, N. A.; Vrechi, A.; Silva, R. S.; Stape, J.
S. Fotossíntese, condutância estomática e produtividade de clones de Eucalyptus
sob diferentes condições edafoclimáticas. Revista Árvore, v. 36, n. 3, pp. 431-439,
2013.

Paiva, R. A. E. M; Azevedo, L. R. S. 2014. Desenvolvimento de painéis MDF


utilizando a fibra de côco, babaçu e eucalipto. In: Congresso Brasileiro de
Engenharia e Ciência dos Materiais, 21. Cuiabá. Anais. Cuiabá: Cbecimat. pp.
2078-2085.

Panshin, A. J.; Zeeuw, C. Textbook of wood technology. 3.ed. v.1. McGraw-Hill,


1970. 705p.

Peçanha, A. C. 2015. Eficiência do enriquecimento do óleo de soja reutilizado com


iodo sublimado na resistência da madeira de Pinus elliottii a fungos xilófagos.
34 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Florestal) -
Universidade Federal do Espírito Santo.

Pedrosa-Macedo, J. H. (coord.). Manual de pragas em florestas. Vol. 2. IPEF – SIF,


1993. 112 p.

Pertuzzatti, A.; Conte, B.; Missio, A. L. M.; Gatto, D. A.; Haselein, C. R.; Santini, E. J.
Influência da umidade na resistência da madeira de eucalipto a impactos. Floram,
v. 24, pp. 1-6, 2017.

Pfeil, W.; Pfeil, M. 2003. Estruturas de Madeira. 6ª edição. Rio de Janeiro: LTC.
594 p.

Polzl, W. B.; Santos, A. J.; Timofeiczyk Junior, R.; Polzl, P. K. 2003. Cadeia produtiva
do processamento mecânico da madeira compensada - segmento da cadeia produtiva
do processamento mecânico da madeira compensada - segmento da madeira serrada
no Paraná. Floresta, v. 33, n. 2, pp. 127-134.

Pratt, G. H. Timber drying manual. London: Department of Environment, 1974.


152 p.

Pullman, G. S.; Namjoshi, K.; Zhang, Y. 2003. Somatic embryogenesis in loblolly


pine (Pinus taeda L.) improving culture initiation with abscisic acid and silver
nitate. Plant Cell Reports, v. 16, n. 2, pp. 85-95.

139
REFERÊNCIAS

Resende, M. D. V. 1999. Melhoramento de essências florestais. In: Borém, A. (Ed.).


Melhoramento de espécies cultivadas. Viçosa: UFV, pp. 589-647.

Ribeiro, N.; Sitoe, A. A.; Guedes, B. S.; Staiss, C. 2002. Manual de silvicultura
tropical. FAO. Maputo, 125 p.

Rice, R. W.; Youngs, R. L. 1990. The mechanism and development of creep in wood
during concurrent moisture changes. Holz Roh, v. 48, [s.n.], pp. 73-79.

Rodríguez, R.; Real, P.; Espinosa, M.; Perry, D. A. 2009. A process-based model to
evaluate site quality for Eucalyptus nitens in the Bio-Bio Region of Chile. Forestry,
v. 82, n. 2, pp. 149-162.

Ryan, M. G. 2011. Tree responses to drought. Tree Physiology, v. 31, n. 3, pp. 237-
239, 2011.

Santini, E. J. Alternativas para monitoramento e controle do processo de secagem


de madeira serrada em estufa. 1996. 198 p. Tese (doutorado) - Setor de Ciências
Agrárias, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 1996.

Santos, A. C. V. Produção de mudas florestais. Programa Rio Rural, Niterói, 2008.


20 p.

Santos, A. F; Auer, C. G.; Grigoletti-Jr, A. Doenças do eucalipto no sul do Brasil:


identificação e controle. Circular Técnica – Embrapa, v. 45, [s.n.], pp. 1-20, 2001.

Santos, B. C.; Rodrigues, C. R. A.; Simonetti, E. R. S.; Vasconcelos, J. A. M.; Silva,


K. G. M.; Campos, U. M. 2017. Melhoramento genético em Eucalyptus spp com uso
de hibridação para produção de celulose e papel. Ciências Agrárias – JICE, Instituto
Federal do Tocantins.

Santos, C. L. Secagem ao ar livre da madeira de Bertholletia excelsa (Castanheira).


2018. 37 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Florestal) -
Universidade Federal Rural da Amazônia.

Santos, J. A. A secagem e as relações da água com a madeira. Bem Utilizar a Madeira.


Encontro sobre a Madeira e suas Aplicações Nobres. Universidade do Minho, 2005.
Disponível em: http://www.hms.civil.uminho.pt/events/utmadeira2005/9_00t.
pdf. Acesso em: 2 jun. 2020.

Sartoretto, L. M.; Saldanha, C. W.; Corder, M. P. M. Transformação genética:


estratégias e aplicações para o melhoramento genético de espécies florestais.
Ciência Rural, 38, n. 3, pp. 861-871, 2008.

140
REFERÊNCIAS

Scanavaca Junior, L.; Garcia, J. N. Determinação das propriedades físicas e


mecânicas da madeira de Eucalyptus urophylla. Scientia Florestalis, n. 65, pp.
120-129, 2004.

Schumann, G. L.; D´Arcy, C. J. Essential Plant Pathology. 2 ed. St. Paul: The
American Phytopathological Society, 2010. 369 p.

Selmany, Y. Analyse des flux physique de bois à l’interieur de la filiére-bois. 1993.


200p. Nancy. ENGREF. 200 p. Tese (Doutorado).

Silva, J. C. Anatomia da madeira e suas implicações tecnológicas. Viçosa, DEF/UFV,


2005. 140 p.

Silva, P. H. M.; Angeli, A. 2006. Implantação e Manejo de Florestas Comerciais.


Piracicaba: IPEF. 14 p. (Documentos Florestais, 18).

Silva, J. C.; Castro, V. R.; Evangelista, W. V. Influência da idade na usinabilidade da


madeira de Eucalyptus grandis Hill ex. Maiden, visando uso na indústria moveleira.
Scientia Forestalis, v. 43, n. 105, pp. 117‑125, 2015.

Sobrinho, M. F. O.; Corte, A. P. D.; Vasconcellos, B. N.; Sanquetta, C. R.; Rex, F.


E. Uso de veículos aéreos não tripulados (VANT) para mensuração de processos
florestais. Enciclopédia Biosfera, v. 15, n. 27, pp. 117-129, 2018.

Souza, D. T.; Schultz, E. L.; Damaso, M. C. T. 2015. Potencial da Indústria de papel e


celulose no contexto de biorrefinaria. Agroenergia em Revista, v. 4, n. 9, 58-63.

Sozo, P. A. M. 2017. Potencial de utilização da madeira de Pinus patula na confecção


de lâminas e produção de chapas de madeira compensada; Trabalho de Conclusão
de Curso (Graduação em Engenharia Florestal), 38 p. Universidade Federal de Santa
Catarina.

Stamato, G. C. Resistência ao embutimento da madeira compensada. 1998.


São Carlos. 135 p. Dissertação (mestrado) - Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo.

Stamato, G. C et al. Madeira compensada: estrutura interna, composição e


comportamento estrutural. Madeira: Arquitetura e Engenharia, v. 4, n. 10, jan./
jun. 2003.

Stape, J. L.; Ryan, M. G.; Binkley, D. 2004. Testing the utility of the 3-PG model for
growth of Eucalyptus grandis-urophylla with natural and manipulated supplies of
water and nutrients. Forest Ecology and Management, v. 193, n. 1-2, pp. 219-234.

141
REFERÊNCIAS

Steck, G. Wood-based panels - plywood. Timber Engineering. STEP 1.


A10/1A10/9, 1995.

Sturion, J. A.; Graça, L. R.; Antunes, J. B. M. Produção de mudas de espécies de


rápido crescimento por pequenos produtores. Colombo: Embrapa Florestas,
CT 37, 2000. 20 p.

Sutton, B. Commercial delivery of genetic improvement to conifer plantations using


somatic embryogenesis. Annals of Forest Science, v. 59, n. 5-6, pp. 657-661, 2002.

Thomas, T. D.; Chaturvedi, R. Endosperm culture: a novel method for triploid plant
production. Plant Cell, Tissue and Organ Culture, 93, pp. 1-14, 2008.

Tortorelli, L. A. Madera y bosques argentinos. Buenos Aires: editorial ACME, S.


A. C. I., 1956. 910 p.

USDA. 1987. Forest Products Laboratory. Wood handbook: wood as an


engineering material. USDA/FS, 466 p.

Vidal, A. C. F.; Hora, A. B. 2014. Panorama de mercado - painéis de madeira. In:


BNDES Setorial. 40. ed. Rio de Janeiro: BNDES, pp. 323-384.

Winandy, J. E.; Rowell, R. M. The chemistry of wood strength. In: The Chemistry
of Solid Wood. Washington, D. C. American Chemical Society. pp. 211-255, 1984.

Xavier, A. C.; Vettorazzi, C. A. 2003. Índice de área foliar de coberturas em uma


microbacia hidrográfica subtropical. Scientia Agrícola, v. 60, n. 3, pp. 425-431.

Zen, K. Influência do teor de umidade na resistência e rigidez da madeira de Pinus


patula Schltdl. & Cham. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Engenharia Florestal), 29 p. Universidade Federal de Santa Catarina.

Zenid, G. J. Madeiras e suas características. In: Oliveira, J. T. S.; Fiedler, N. C.;


Nogueira, M. Tecnologias aplicadas ao setor madeireiro. Jerônimo Monteiro:
Suprema Gráfica e Editora, pp. 125 -158, 2007.

Links
ADOLFO COLONO. Secador Madeira 001. Youtube, [s. l.; s. d.]. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=mfAzOEobUxI. Acesso em: 28 ago. 2020.

AGROLINK. Cylindrocladium. Agrolink, 2018. Disponível em: https://www.agrolink.


com.br/upload/problemas/Cylindrocladium%20pteridis3.jpg. Acesso em: 28 ago.
2020.

142
REFERÊNCIAS

AGROLINK. Oidium eucalypti2.jpg. Agrolink, [s. l.; s. d.]. Disponível em: https://
www.agrolink.com.br/upload/problemas/Oidium%20eucalypti2.jpg. Acesso em: 26
ago. 2020.

AMBIENTE BRASIL. Silvicultura do Eucalipto II – Pragas e Doenças. Ambiente


Brasil, [s. l.; s. d.]. Disponível em: https://ambientes.ambientebrasil.com.br/florestal/
silvicultura/silvicultura_do_eucalipto_ii_-_pragas_e_doencas.html. Acesso em: 28
ago. 2020.

ATAÍDE, G. M. Práticas Siviculturais. Senar, [s. l.], 2012. Disponível em: http://ead.
senar.org.br/wp-content/uploads/capacitacoes_conteudos/silvicultura/Curso_2_
PMMPS/AULA_4_PRATICAS_SILVICULTURAIS.pdf. Acesso em: 26 ago. 2020.

BELA VISTA FLORESTAL. img55f5f0c011231.jpg. Bela vista florestal, [s. l.; s.


d.]. Disponível em: https://belavistaflorestal.com.br/wp-content/uploads/2018/01/
img55f5f0c011231.jpg. Acesso em: 26 ago. 2020.

BELA VISTA FLORESTAL. img55481a9543949.jpeg. Bela vista florestal, [s. l.; s.


d.]. Disponível em: https://belavistaflorestal.com.br/wp-content/uploads/2018/01/
img55481a9543949.jpeg. Acesso em: 26 ago. 2020.

BLOG AEGRO. Bases e pilares do MIP. Blog Aegro, [s. l.; s. d.]. Disponível em: https://
blog.aegro.com.br/wp-content/uploads/2018/02/bases-e-pilares-do-MIP.png. Acesso
em: 28 ago. 2020.

BP BLOGSPOT. Tombamento. Bp blogspot, [s. l.; s. d.]. Disponível em: https://1.


bp.blogspot.com/-N5Hw02X4D5o/TpwvFQXB93I/AAAAAAAAAD0/V_49oVULjGU/
s1600/tombamento.png. Acesso em: 28 ago. 2020.

BLOG LEOMADEIRAS. Tipos de compensado: as aplicações mais adequadas. Blog


Leomadeiras, [s. l.], 2020. Disponível em: https://blog.leomadeiras.com.br/tipos-
de-compensado/. Acesso em: 29 ago. 2020.

CANCELA, F. MDF, compensado e aglomerado: os compósitos de madeira. Blog


Fazedores, [s. l.; s. d.]. Disponível em: https://blog.fazedores.com/mdf-compensado-
aglomerado/. Acesso em: 28 ago. 2020.

CARLOS PENA VÍDEOS. Produção de Mudas de Eucalipto. Youtube, [s. l.], 2018.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ziMm-eBvz04. Acesso em: 28
ago. 2020.

143
REFERÊNCIAS

CELULOSE ON-LINE. Controle hídrico florestal – Eucalipto. Celulose On-line


[s. l.; s. d.]. Disponível em: https://www.celuloseonline.com.br/wp-content/
uploads/2016/11/controle-hidrico-florestal-eucalipto.jpg. Acesso em: 26 ago. 2020.

CELULOSE ON-LINE. Indústria florestal. Celulose On-line, [s. l.; s. d.].


Disponível em: https://www.celuloseonline.com.br/wp-content/uploads/2016/10/
ind%C3%BAstria-florestal-ff.jpg. Acesso em: 26 ago. 2020.

CELULOSE ON-LINE. Indústria florestal. Celulose On-line, [s. l.; s. d.].


Disponível em: https://www.celuloseonline.com.br/wp-content/uploads/2016/10/
ind%C3%BAstria-florestal-ff.jpg. Acesso em: 26 ago. 2020.

CLONAR EUCALIPTO. Ferrugem-capa.png. Clonar Eucalipto, [s. l.], 2017.


Disponível em: https://www.clonareucalipto.com.br/wp-content/uploads/2017/05/
Ferrugem-capa.png. Acesso em: 28 ago. 2020.

DIA DE CAMPO NA TV. Secagem industrial acelerada de madeira. Youtube, [s. l.;
s. d.]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=P5goR5pbgUA. Acesso
em: 28 ago. 2020.

DOCPLAYER. 3-11. Doc Player, [s. l.; s. d.]. Disponível em: https://docplayer.com.
br/docs-images/77/75539052/images/3-11.jpg. Acesso em: 28 ago. 2020.

DREAMSTIME. Larva do cerambycidae de madeira do besouro rasteja fora do furo.


Dreamstime, [s. l.; s. d.]. Disponível em: https://thumbs.dreamstime.com/t/larva-
do-cerambycidae-de-madeira-do-besouro-rasteja-fora-do-furo-91479970.jpg. Acesso
em: 28 ago. 2020.

ENCRYPTED. tbn%3AANd9GcScRSrfAc8y8rJn90Fgqs4bjUk. Encrypted, [s. l.; s.


d.]. Disponível em: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn%3AANd9GcSc
RSrfAc8y8rJn90Fgqs4bjUk-Vp1RZX_3Jg&usqp=CAU. Acesso em: 26 ago. 2020.

FLORESTAS ON-LINE. Florestas Online - Produção de híbridos de Eucalyptus


na UFV. Youtube, [s. l.], 2018. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=o8QY4euw_EE. Acesso em: 26 ago. 2020.

FUTILISH. Mi Casa, Su Casa – MDF. Futilish, [s. l.], 2015. Disponível em: https://
www.futilish.com/2015/08/mi-casa-su-casa-mdf/. Acesso em: 29 ago. 2020.

HISTÓRIAS PERIÓDICAS. Propriedades específicas da matéria - parte 3\3


Propriedades Organolépticas da Matéria. Youtube, 2020. Disponível em: https://
www.youtube.com/watch?v=ku9HAT4Lvqc. Acesso em: 28 ago. 2020.

144
REFERÊNCIAS

INFOESCOLA. Ciclo da vida angiosperma. Infoescola, [s. l.; s. d.]. Disponível em:
https://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2007/11/ciclo-de-vida-
angiosperma-1024272037-scaled.jpg. Acesso em: 26 ago. 2020.

MADEIRAS BAGATTOLI. Painel de Eucalipto Grandis. Madeiras Bagattoli, [s. l.;


s. d.]. Disponível em: http://www.madeirasbagattoli.com.br/D.php?id=14. Acesso em:
29 ago. 2020.

MERCAMPO. Madeira serrada 2 – Pinustec mercampo. Mercampo, [s. l.], 2019.


Disponível em: https://mercampo.com.br/wp-content/uploads/2019/07/madeira-
serrada-2-pinustec-mercampo.jpg. Acesso em: 28 ago. 2020.

MORAES, M. Produção de celulose. Agropós, [s. l.], 2020. Disponível em: https://
agropos.com.br/tag/curso-de-celulose/. Acesso em: 28 ago. 2020.

SOLUCÕES INDUSTRIAIS. Secador de Madeira. Soluções Industriais, 2018.


Disponível em: https://www.solucoesindustriais.com.br/images/produtos/
imagens_646/secador-de-madeira_6.jpg. Acesso em: 28 ago. 2020.

SERRARIA PAU-BRASIL. Costaneira. Serraria pau-brasil, [s. l.], 2015. Disponível


em: http://www.serrariapaubrasil.com.br/site/project/costaneira/. Acesso em: 29
ago. 2020.

SKYDRONES. Site-1. Skydrones, [s. l.], 2017. Disponível em: https://skydrones.com.


br/wp-content/uploads/2017/10/site-1.jpg. Acesso em: 29 ago. 2020.

SOMAPAR. Determinação-do-Módulo-de-Elasticidade-e-da-Resistência-à-Flexão-
Estática-Conforme-ABNT-NBR-9533-e-EN-310.png. Somapar, [s. l.; s. d.]. Disponível
em: http://static5.somapar.com.br/files/2016/06/Determina%C3%A7%C3%A3o-do-
M%C3%B3dulo-de-Elasticidade-e-da-Resist%C3%AAncia-%C3%A0-Flex%C3%A3o-
Est%C3%A1tica-Conforme-ABNT-NBR-9533-e-EN-310.png. Acesso em: 29 ago. 2020.

VALE AGRÍCOLA. Como funciona o tratamento da madeira. Youtube, [s. l.; s. d.].
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=z3sQGup7qOM. Acesso em: 29
ago. 2020.

WIKIMEDIA. OSB – Platte. Wikimedia, [s. l.; s. d.]. Disponível em: https://upload.
wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b6/OSB-Platte.jpg. Acesso em: 29 ago. 2020.

145

Você também pode gostar