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Desempenho e Patologia das Edificações

Brasília-DF.
Elaboração

Tatiana Conceição Machado Barretto

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

Apresentação.................................................................................................................................. 5

Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa..................................................................... 6

Introdução.................................................................................................................................... 8

Unidade I
Patologia das Estruturas................................................................................................................ 11

CAPÍTULO 1
Patologia das Estruturas................................................................................................... 11

CapÍtulo 2
Inspeção e diagnóstico de estruturas de concreto.................................................... 20

CapÍtulo 3
Inspeção e diagnóstico de estruturas de concreto: problemas de resistência e
deformação....................................................................................................................... 24

Unidade iI
Estrutura dos poros e mecanismos de transporte no concreto............................................ 31

Capítulo 1
Estrutura dos poros e mecanismos de transporte no concreto............................... 31

Unidade iII
Degradação do concreto – Fatores Físicos.............................................................................. 37

Capitulo 1
Desgaste da superfície, abrasão, erosão e cavitação.................................................. 37

CapÍtulo 2
Fissuração........................................................................................................................... 49

Unidade iV
Degradação das Estruturas de Concreto - Processos Químicos - Parte 1............................ 73

CapÍtulo 1
Ações do meio ambiente.................................................................................................... 73

CapÍtulo 2
Carbonatação, Ação de cloretos, Sulfatos e outros fatores causadores de
patologia............................................................................................................................. 78
CapÍtulo 3
Reação álcali-agregado................................................................................................. 91

Unidade V
Corrosão das Armaduras de Concreto Armado/ Protendido................................................ 95

CapÍtulo 1
Corrosão das armaduras de concreto armado/ protendido.................................. 95

Unidade VI
Técnicas de reabilitação eletroquÍmica..................................................................................... 102

CapÍtulo 1
Dessalinização.................................................................................................................. 103

CapÍtulo 2
Realcalinização................................................................................................................ 110

Referências................................................................................................................................. 121
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

6
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
Reparos e recuperações em estruturas de concreto, que sofrem os problemas de corrosão,
são muito onerosas e podem acarretar transtornos aos seus usuários (RIBEIRO, 2014).
Os custos com intervenções tendem a crescer exponencialmente à medida que se
prorrogam as ações de combate às causas de degradação do concreto (regra de Sitter).

A vida útil das estruturas de concreto é diretamente ligada ao ambiente em que se


encontra, fatores físicos e químicos podem atuar para a degradação da estrutura, com
potenciais diferentes a depender do meio em que se encontram. No que diz respeito
aos fatores químicos, a forma em que a estrutura é construída poderá criar correntes de
interferência e corrosão negra que deterioram a estrutura; o concreto poderá ser atacado
por agentes agressivos, como cloretos, sais, gás carbônico, entres outros, e mesmo
alguns componentes do próprio concreto poderão desencadear reações deletérias, é o
caso da reação álcali-agregado.

Fica claro que é importante conhecer os meios de degradação do concreto, junto com
seus mecanismos de atuação, a fim de se antecipar aos problemas que estes venham
causar. Caberá aos responsáveis pela construção tomar medidas que mitiguem os
efeitos degratórios e aumentem a durabilidade da construção, de preferência na fase
de projeto.

Objetivos
»» Caracterizar e analisar as principais anomalias e patologias que ocorrem
nas edificações.

»» Dar ao aluno uma visão abrangente relacionada aos processos de


identificação das manifestações patológicas (sintomatologia), de
deterioração, envolvidos, e à prevenção dos problemas e revestimentos.

»» Descrever as patologias no que tange às estruturas de concreto armado.

»» Relatar teoricamente as causas geradoras das patologias originárias


de projeto, construção, uso e/ou falta de manutenção preventiva ou
corretiva, por ações externas deletérias e utilização inadequada ao longo
da vida da edificação.

8
»» Discutir os principais aspectos de projeto e manutenção para minimizar
ou eliminar futuras ocorrências patológicas.

»» Apresentar as principais patologias associadas à construção civil em


geral.

»» Discutir as principais causas dos processos de deterioração das estruturas


por causas intrínsecas (falhas humanas durante a construção, falhas
humanas durante a utilização e causas naturais) ou por causas extrínsecas
(falhas humanas durante o projeto, falhas humanas durante a utilização,
ações mecânicas, ações físicas, ações químicas, ações biológicas).

»» Fornecer os subsídios necessários à elaboração dos diagnósticos.

»» Proporcionar aos alunos subsídios para que possam diagnosticar,


estabelecer e propor soluções tecnicamente adequadas a cada caso.

9
10
Patologia das Unidade I
Estruturas

CAPÍTULO 1
Patologia das Estruturas

Na construção civil, o concreto armado ou protendido é possivelmente o material


mais utilizado no mundo, mas diversos fatores podem levar à sua deterioração
ao longo dos anos, devido a vários motivos. Dentre estes, as principais causas
de degradação da matriz cimentícia do concreto são a carbonatação, a reação
álcalis-agregado, a biodeterioração, a corrosão negra, o ataque por ácidos, o
ataque por sulfatos, a hidrólise dos componentes da pasta (RIBEIRO, 2016),
além do desgaste da superfície causado por abrasão, erosão, cavitação e pela ação
de outros agentes físicos, tais como a fissuração e a exposição de extremos de
temperatura.

O concreto é um composto que se destaca em razão de suas características que o


tornam bastante peculiar, tais quais disponibilidade dos materiais constituintes,
facilidade de produção, transporte e manuseio, variadas formas e tamanho,
custo relativamente baixo diante de outras alternativas estruturais e excelente
resistência à água (PETRUCCI, 2005; MEHTA; MONTEIRO, 2008; ISAIA, 2005).
Além disso, o concreto armado é considerado um material que apresenta maior
durabilidade que o aço, tijolos e madeira (RIBEIRO et al., 2014). Entretanto, quando
submetido a condições de exposição com o meio, seu desempenho pode ser afetado,
comprometendo sua vida útil. A durabilidade de uma estrutura depende não
somente dos materiais constituintes e da aplicação dos métodos construtivos, como
cobrimento mínimo das armaduras, relação máxima de água/cimento, resistência
mínima do concreto, mas, também, da interação da estrutura com o meio ambiente.
Esses fatores são de extrema importância, pois estão relacionados ao surgimento
de patologias na estrutura, visto que um concreto de baixa qualidade será menos
resistente aos ataques químicos e físicos.

11
UNIDADE I │ Patologia das Estruturas

Conceitos fundamentais

Segundo o dicionário, patologia é definida como:

O estudo das alterações estruturais, bioquímicas e funcionais nas


células, tecidos e órgãos, que visa a explicar os mecanismos pelos quais
surgem os sinais e os sintomas das doenças.

A palavra “patologia” significa, literalmente, “estudo da doença”, e tem


origem no grego, em que Pathos = doença e Logos = estudo.

No entanto, “patologia” também é usada como sinônimo de doença​.


(FERREIRA, 2010, p. ).

Em construção civil, o termo “patologia” é utilizado quando há perda ou diminuição do


desempenho de uma estrutura ou de um elemento estrutural. Foi um termo utilizado
com o intuito de referir-se a doenças, a seus sintomas e à natureza das modificações que
elas provocam, neste caso, nas estruturas (ISAIA, 2005).

A patologia das construções necessita de uma avaliação multidisciplinar com o


objetivo de se estudar as origens da ‘doença’, suas formas de manifestação e atuação
(ISAIA, 2005).

Para ser considerado um sintoma patológico, é necessário que ele danifique alguma
das exigências da estrutura, sejam elas as capacidades mecânica, estética ou funcional
(ISAIA, 2005).

Há uma relação direta entre patologia e desempenho da estrutura, já que a medida


da primeira depende da segunda. Outros dois pontos importantes para a análise das
patologias são o tempo e as condições de exposição. Esses fatores estão associados ao
conceito de durabilidade, vida útil e desempenho (ISAIA, 2005).

12
Patologia das Estruturas │ UNIDADE I

Figura 1 – Fatores relacionados às patologias das construções.

Fonte: ISAIA, 2005.

É importante conhecer alguns termos que serão utilizados no momento de estudo das
patologias, como descrito por Isaia (2005):

»» Anomalia ou sintoma: a indicação sintomática da ocorrência de um


defeito.

»» Defeito: a não conformidade de qualquer característica do material,


em desacordo com a sua especificação, indicando um desvio no seu
comportamento previsto, que pode não necessariamente resultar em
uma falha.

»» Falha: qualquer tipo de irregularidade que possa impedir o normal


funcionamento da estrutura.

»» Reparo: é a ação que busca desenvolver um elemento ou estrutura à


condição de estabilidade prevista no projeto original, reduzida ao longo
da sua utilização.

»» Reforço: empregado quando se deseja proporcionar à estrutura uma


capacidade de suportar maior do que aquela para a qual foi projetada.

Origem dos problemas patológicos


Os agentes causadores de manifestações patológicas possuem diversas origens, desde
falha humana, tanto no projeto quanto na execução, até problemas com a estrutura
química dos componentes dos materiais, ou, ainda, ataques de agentes agressivos ao
material concreto e às armaduras. Para uma melhor compreensão das causas e origens,
estas foram divididas e detalhadas em três grandes grupos, apresentados a seguir:
causas intrínsecas de manifestações patológicas, causas extrínsecas e processo físico de
deterioração do concreto armado (GONÇALVES, 2015).

13
UNIDADE I │ Patologia das Estruturas

Figura 2 – Principais causas de patologias

Fonte: Elaboração da autora.

Tabela 1 – Causas intrínsecas das patologias.

Deficiências de concretagem Transporte/Lançamento/Juntas de concretagem/Adensamento/Cura.


Falhas Humanas durante a

Inadequação de escoramentos e formas


Má interpretação dos projetos/Insuficiência de armaduras/Mau posicionamento
construção

das armaduras/Cobrimento de concreto insuficiente/Dobramento inadequado das


Deficiências nas armaduras
barras/Deficiência nas ancoragens/Deficiências nas emendas/Má utilização de
anticorrosivos.
Causas Intrínsecas

Fck, inferior ao especificado/Aço diferente do especificado/solo com


Utilização incorreta dos materiais de
características diferentes/Utilização de agregados reativos/Utilização inadequada
construção
de aditivos/Dosagem inadequada do concreto.
Inexistência de controle de qualidade
Falhas humanas durante a utilização (ausência de manutenção)
Causas próprias a estrutura porosa do concreto
Reações internas ao concreto/Expansibilidade de certos constituintes do cimento/
Naturais
Causas

Causas químicas Presença de Cloretos/Presença de anidrido carbônico/Presença de água/Elevação


da temperatura interna do concreto
Causas físicas Variação de temperatura/Insolação/Vento/ Água
Causas biológicas
Fonte: SOUZA; RIPPER, 2009.

Tabela 2 – Causas extrínsecas das patologias.

Modelização inadequada da estrutura/ Má avaliação das cargas/ Detalhamento errado ou insuficiente/


Falhas humanas
Inadequação ao ambiente/ Incorreção na interação solo-estrutura/ Incorreção na consideração de juntas de
Causas extrínsecas

durante o projeto
dilatação.
Falhas humanas
durante a utilização Alterações estruturais/Sobrecargas exageradas/Alteração das condições do terreno de fundações.
Ações mecânicas Choque de veículos/Recalque de fundações/Acidentes (ações imprevisíveis).
Ações físicas Variação de temperatura/Insolação/Atuação de água.
Ações químicas
Ações biológicas
Fonte: SOUZA; RIPPER, 2009.

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Patologia das Estruturas │ UNIDADE I

Figura 3 – Patologia das construções

Fonte: ECIVIL, 2017.

Origem do problema: projeto

Tabela 3 – Descrição sumarizada de problemas encontrados na etapa de projeto.

Fase Principais problemas encontrados


»» Dificuldade para realização de atividades de manutenção preventivas (atenuada, por exemplo, com o uso shafts para descida
de tubulação hidráulica).

Projeto de »» Detalhes arquitetônicos propícios à formação de microclimas sujeitos à deterioração.


arquitetura »» Utilização na fachada de elementos de concreto aparente de pequena espessura, não concebidos para a durabilidade (caixa de
ar-condicionado, placas, brises).
»» Jardineiras posicionadas em contato com pilares sem proteção.
»» Dimensionamento que leva a excessivas deformações na estrutura, induzindo ao surgimento de fissuras (utilização de grandes
vãos e peças esbeltas).

Projeto de »» Adoção de peças com espessura de cobrimento e relação água/cimento incompatíveis com o meio.
estrutura »» Especificação de materiais componentes do concreto (cimento, agregados, água) em desacordo com as condições de
exposição previstas.
»» Emprego de juntas estruturais sujeitas a infiltrações de água, próximas aos elementos estruturais.
Projeto de »» Recalques e acomodações diferenciais excessivas geradores de fissuras, perda de funcionalidade e, em caso extremo, colapso.
fundações
»» Elaboração de projetos de impermeabilização em conformidade com a atuação da água e a deformabilidade prevista da
estrutura.
Projetos diversos
»» Projeto de revestimentos adaptado às solicitações para prevenção da ocorrência de fissuras, posicionamento de telas metálicas,
juntas de movimentação.
Fonte: ISAIA, 2005.

Na Biblioteca da disciplina, você encontrará um texto com informações sobre


Manifestações patológicas geradas na etapa de concepção da estrutura e
Manifestações patológicas geradas na fase de utilização da estrutura (manutenção).

15
UNIDADE I │ Patologia das Estruturas

Tipos de Patologia
Tabela 4 – Principais tipos de patologia.

Origem Mecanismos de Sintoma Situações típicas Mecanismo de formação Ações preventivas


deterioração
- Baixa relação água/
Percolação de água em Dissolução dos compostos da cimento;
Lixiviação Eflorescência concretos fissurados ou pasta de cimento por águas puras,
- Tratamento de fissura;
com alta permeabilidade. carbônicas ou ácidas.
- Tratamento superficial.
- Expansão pela reação dos
sulfatos com os aluminatos e o
Tubulação de esgotos, - Baixa relação água/
Fissuração e Ca(OH)2 presentes no concreto,
blocos de fundação, cimento;
Ataque por sulfatos perda de massa com formação da etringita;
elementos em contato - Emprego de cimento
(resistência) - Perda progressiva de resistência
com o solo contaminado. resistente a sulfato.
pela decomposição do C-S-H
Concreto devido à formação da gipsita.
- Emprego de agregado
não reativo ou agregado ou
Reação química entre a sílica do cimento com baixo teor de
Barragens, blocos de agregado, com íons alcalinos do álcalis;
Reação ácali- Expansão e
fundação (ambientes cimento e íons hidroxila, formando
agregados fissuração - Controle do acesso de
úmidos) gel expansivo que circula o
água;
agregado em presença de água.
- Cimento com escória ou
pozolana (poucos reativos)
Reação superficial Manchamento Oxidação de produtos ferruginosos Emprego de agregados não
Superfícies úmidas
dos agregados superficial presentes nos agregados deletérios
- Perda progressiva da alcalinidade
pela carbonatação: redução do pH
Peças de concreto do concreto e despassivação da - Baixa relação água/
Expansão, armado sujeitas a armadura; cimento;
Corrosão de
Armadura fissuração e agentes agressivos –
armaduras - Ataque por íons cloreto: - Aumento da espessura de
lascamentos. formação de célula de
corrosão eletroquímica. penetração de cloreto por difusão cobrimento.
até atingir a armadura, tornando-a
passível de oxidação.
Comprometimento da capacidade
resistente devido a choques,
Pilares em garagens, Previsão das ações em
Ações mecânicas Fissuras, lascas. impactos, recalque diferencial das
guarda-corpos, etc. projeto, quando possível.
fundações, acidentes, incêndios,
sismos, inundações.
- Cimento com baixo calor
de hidratação;
Devido ao calor gerado na - Baixo consumo de
Fissuras
hidratação do cimento, o concreto cimento;
verticais em Concreto massa:
aumenta de volume e, após o
contato com barragens, blocos de - Redução da restrição
Estrutura Dilatação térmica resfriamento, contrai, ocasionando
o elemento fundação de grandes imposta pela base;
esforços de tração caso o
que restringe a volumes.
movimento seja restringido pela - Concretagem em
contração.
base. camadas;
- Redução da temperatura
(pré e/ou pós-resfriamento).
- Redução no consumo de
Fissuras geradas pelo esforço de
cimento;
Pavimentos, grandes tração, provocado, na peça, nas
Retração hidráulica Fissuras
lajes, argamassas. primeiras idades, devido à perda - Cura adequada;
prematura de água.
- Controle da ventilação.
Fonte: ISAIA, 2005.

16
Patologia das Estruturas │ UNIDADE I

Figura 4 – Lixiviação.

Fonte: ECIVIL, 2017.

Figura 5 – Lixiviação e eflorescência.

Fonte: ARAÚJO, 2013.

Figura 6 - Reação álcali-agregado.

Fonte: CIMENTOITAMBE, 2017.

17
UNIDADE I │ Patologia das Estruturas

Figura 7 – Danos em estruturas de concreto, por ação de sulfatos.

Fonte: SILVA, 2017.

Figura 8 – Patologia em estrutura de concreto.

Fonte: MARIA, 2017.

18
Patologia das Estruturas │ UNIDADE I

Figura 9 – Corrosão em armaduras.

Fonte: TUTIKIAN, 2013.

19
CapÍtulo 2
Inspeção e diagnóstico de estruturas
de concreto

Introdução
Existindo a patologia em uma estrutura, as fases de inspeção e diagnóstico são necessárias
e fundamentais para que haja uma intervenção ou reabilitação bem-sucedida.

A avaliação pode ser resumida em quatro etapas principais:

»» análise da estrutura/vistoria para avaliação do problema;

»» anamnese do problema;

»» definição das ações para investigação;

»» diagnóstico das causas prováveis.

T1. Análise da estrutura/vistoria para avaliação


do problema
Nesta etapa é que há o primeiro contato de quem analisa a estrutura. É nesse momento
em que algumas questões devem ser levantadas como (ISAIA, 2005):

a. idade da estrutura;

b. processo construtivo adotado na época de execução da obra e planejamento


estrutural (quando possível);

c. características ou disposições geométricas das peças;

d. condições de exposição durante o uso.

Anamnese do problema
Segundo Isaia (2005), nesta etapa devem ser estudados os diversos parâmetros que
possam contribuir para que a patologia ocorra. Começa com o levantamento dos
sintomas, das eventuais intervenções de reparo já realizadas, dos locais predominantes

20
Patologia das Estruturas │ UNIDADE I

de ocorrência das patologias, a análise do seu processo evolutivo e do histórico dos


possíveis materiais e procedimentos executivos comuns na época de construção.

Definição das ações para investigação

Aqui é realizado o planejamento para que haja a investigação, que pode envolver a
realização de ensaios, de acordo com o problema. É uma etapa importante, trabalhosa,
que necessita da correta avaliação, para a escolha dos ensaios corretos, de modo que o
diagnóstico certo seja feito.

Caso ocorram falhas nesta etapa, é possível serem escondidas informações importantes
para o correto diagnóstico do problema, são necessários experiência e conhecimento do
profissional para que essas falhas não ocorram, ou que sejam descobertas e o diagnóstico
correto realizado.

Diagnóstico das causas prováveis

Diagnósticos de patologias em estruturas de


concreto armado

O ato de inspecionar, avaliar e diagnosticar as patologias da construção deve ser realizado


de forma sistemática e periódica. A partir dos dados coletados, serão determinadas
as devidas ações de manutenção para que seja realizada com vistas à reabilitação da
construção, caso seja preciso (GRANATO, 2002).

Alguns autores descrevem que diagnóstico é a identificação e a descrição do mecanismo,


além das suas origens e causas prováveis, que irão provocar, ou provocaram, as patologias.
Evidenciar se uma patologia está acontecendo em uma estrutura ou elemento estrutural
pode ocorrer se ela apresentar sintoma externo evidente, ou mediante uma vistoria
cuidadosa, que deve ser uma rotina. A etapa de levantamento de dados fornecerá as
informações necessárias para que a análise possa ser realizada corretamente, por esse
motivo ela é muito importante.

Quando se observa que uma estrutura de concreto armado ou protendido apresenta


uma patologia, realiza-se uma vistoria detalhada e cuidadosamente planejada para que
se possa determinar as reais condições da estrutura, de forma a avaliar as anomalias
existentes, suas causas, providências a serem tomadas e métodos a serem adotados
para a recuperação ou o reforço.

21
UNIDADE I │ Patologia das Estruturas

As providências a adotar, e mesmo os limites a seguir quanto à avaliação


da periculosidade de determinados mecanismos de deterioração,
podem e devem observar a importância das estruturas em termos
de resistência e durabilidade, assim como, muito particularmente,
a agressividade ambiental. A etapa do levantamento dos dados é
extremamente delicada e deve ser feita por engenheiro experiente,
especialista em Patologia das Estruturas, que seja capaz de caracterizar
com o máximo rigor a necessidade ou não de adoção de medidas
especiais (GONÇALVES, 2015, p.).

A identificação correta da patologia é importante, pois, se houver falha no seu diagnóstico,


a correção não será eficiente. Uma patologia pode se apresentar como consequência de
mais de uma deficiência. Logo, para que a medida corretiva seja eficiente, devem-se
sanar todas as suas causas.

As etapas do diagnóstico

Conhecer os diferentes tipos de patologias relacionadas às estruturas de concreto é muito


importante para que haja uma correta interpretação dos sintomas, do diagnóstico, e a
escolha das terapias adequadas. Em diversas ocasiões, não é uma tarefa fácil detectar
as causas dos problemas, ou se estão associadas a outras patologias que podem induzir
a um diagnóstico errado ou impreciso.

Os procedimentos para inspeção de uma estrutura podem ser tanto um trabalho simples
e fácil de ser realizado quanto um trabalho que necessita de uma investigação mais
complexa, isso dependerá muito do tamanho e da natureza do problema.

De acordo com Granato (2002), as seguintes etapas correspondem a uma inspeção:

a. elaboração de uma ficha de antecedentes da estrutura e do meio ambiente,


baseada em documentação existente, e visita a obra;

b. exame visual geral da estrutura;

c. levantamento dos danos;

d. seleção das regiões para exame visual mais detalhado e possivelmente da


retirada de amostras;

e. seleção das técnicas de ensaio, medições, análises mais acuradas;

22
Patologia das Estruturas │ UNIDADE I

f. seleção de regiões para a realização de ensaios, medições, análises


físico-químicas no concreto, nas armaduras e no meio ambiente
circundante;

g. execução de medições, ensaios e análises físico-químicas.

Tabela 5 – Metodologia básica proposta para diagnóstico de patologias em estruturas de concreto armado.

Descrição da atividade Ações recomendadas


Análise da estrutura Levantamento de informações: idade da estrutura, processo construtivo e projeto estrutural (quando possível),
condições de exposição, etc.
Anamnese do problema Descrição do tempo em que o problema vem ocorrendo;
Locais predominantes e evolutivos de ocorrência;
Levantamento de dados a respeito de eventuais reparos já executados;
Análise histórica dos possíveis materiais e procedimentos utilizados.
Definição de ações para investigação Definição de ensaios e investigações necessárias;
Detalhamento dos ensaios: metodologia, local, amostragem.
Diagnóstico de Causas prováveis Elaboração de laudo técnico contemplando descrição das etapas anteriores, análise dos resultados obtidos
nos ensaios e investigações, descrição das causas para a ocorrência do problema (em geral segmentada
conforme as origens principais: projeto, materiais, produção e uso/manutenção) e prognóstico da sua
evolução.
Fonte: ISAIA, 2005.

Figura 10 – Sintomatologia técnica da edificação.

Vistorias e inspeções

Fonte: Elaboração da autora.

23
CapÍtulo 3
Inspeção e diagnóstico de estruturas
de concreto: problemas de resistência
e deformação

Estruturas com problema de resistência

Ensaios em corpo de prova extraídos do concreto

Para esses tipos de ensaio, são necessários os locais de retirada e os tipos de testemunhos
que serão retirados da estrutura. Esses últimos, para concretos endurecidos, devem
seguir o que está descrito na NBR 7680. Os tipos de testemunhos estão relacionados
aos tipos de ensaios a serem realizados.

Esses ensaios têm por objetivo avaliar a resistência do concreto (fc), módulo de
deformação, permeabilidade ou absorção de água, determinação de cloretos e sulfatos,
carbonatação, reconstituição do traço do concreto. Logo após a retirada das amostras,
elas deverão ser acondicionadas de maneira cuidadosa, mas isso depende muito das
exigências de cada ensaio.

A preparação dos corpos de prova está contida na NBR 5738. No caso do ensaio
de resistência, o corpo de prova é retirado de forma que seja mantida a relação
altura/diâmetro igual a 2. Se esse fato não for possível, a retirada de corpos de prova
com tais medidas, é necessário adotar a Tabela 6 para conversão dos resultados obtidos.
Caso os valores da relação não estejam mencionados na Tabela 6, deverá ser adotada a
aproximação por interpolação linear com aproximação de centésimos.

Tabela 6 – Fator de correção para ensaio de resistência do concreto.

Relação altura/ Fator de correção


diâmetro
(multiplicar o resultado por)
h/d ASTM C42-77 BS 1881-70 UNE 7242
2,00 1,00 1,00 1,00
1,75 0,98 0,98 0,98
1,50 0,96 0,96 0,96
1,25 0,93 0,94 0,94
1,00 0,87 0,92 0,85
Fonte: GRANATO, 2002.

24
Patologia das Estruturas │ UNIDADE I

Os ensaios de resistência do concreto à compressão seguem as diretrizes da norma


NBR 5739. Alguns desses ensaios são: resistência do concreto à penetração de pinos,
pull-out test e esclerometria.

Resistência do concreto à penetração de pinos

O ensaio consiste em medir a profundidade em que um pino de aço


padronizado consegue penetrar no concreto depois de ter sido lançado
com uma determinada energia cinética, determinando a resistência à
penetração do material, que pode ser relacionada com sua resistência.
Atualmente, o equipamento mais utilizado para a realização desse
ensaio é a pistola de Windsor (Figura 11). A vantagem da utilização
desse método é a simplicidade na utilização do equipamento, não
necessitando muita experiência do operador.

Este ensaio tem sua regulamentação em normas estrangeiras: a norma


norte-americana ASTM C803 e a norma britânica BS 1881-207. O
método consiste no disparo de pinos, com uma pistola, que penetram
no concreto (Figuras 12 e 13). A essência do método envolve a energia
cinética inicial do pino e a absorção de energia pelo concreto. O pino
penetra no concreto até que sua energia cinética inicial seja totalmente
absorvida pelo concreto. Parte da energia é absorvida pela fricção entre
o pino e o concreto, e outra parte na fratura do concreto.

A profundidade da penetração dos pinos é usada para estimar a


resistência do concreto usando-se curvas de calibração. Devido à
penetração do pino no concreto, os resultados deste ensaio não são
influenciados pela textura e a umidade da superfície, no entanto a
superfície deve ser limpa e plana. Vale lembrar que, como a fratura
atravessa a matriz de argamassa e agregado graúdo, a natureza do
agregado afeta consideravelmente os resultados.

A correlação entre o comprimento exposto do pino e a resistência


à compressão do concreto se dá através de expressões lineares e
são diretamente proporcionais. Quanto maior o comprimento
exposto do pino, maior a resistência do concreto. A Figura 13
mostra um exemplo de gráfico de um ensaio de penetração de pinos
(GONÇALVES, 2015, p.).

25
UNIDADE I │ Patologia das Estruturas

Figura 11 – Pistola utilizada no ensaio de penetração de pinos.

Fonte: GONÇALVES, 2015.

Figura 12 – Execução do ensaio de penetração de pinos

Fonte: GONÇALVES, 2015.

Figura 13 – Esquema que representa o ensaio

Fonte: GONÇALVES, 2015.

26
Patologia das Estruturas │ UNIDADE I

Este texto foi retirado do trabalho de Gonçalves (2015).

Pull-out Test
Este método de ensaio, também chamado de LOK-TEST, é muito utilizado em
países como Estados Unidos e Canadá. Sendo assim, não possui normatização
no Brasil. As diretrizes do ensaio seguem a norma norte-americana ASTM C900.

O ensaio consiste em moldar um corpo de prova de concreto contendo um


elemento metálico de aço com a extremidade que fica inserida na massa de
concreto aumentada. Este elemento metálico é tracionado, medindo-se a força
necessária para efetuar o arranchamento com o uso de um dinamômetro.
Utilizam-se anéis de reação para definir a forma de ruptura do concreto, de
modo que, ao se extrair o aço, é formado um cone de ruptura no concreto.

Para se efetuar uma avaliação do resultado desse ensaio, faz-se necessário


correlacioná-lo com a resistência à compressão do concreto. É importante
ressaltar que essa correlação estabelecida é válida para o concreto ensaiado, ou
seja, para concretos que possuam os mesmos materiais e a mesma dosagem.
Uma representação esquemática do ensaio é ilustrada na Figura 14.

Figura 14 – Esquematização do pull-out test.

Fonte: GONÇALVES, 2015.

27
UNIDADE I │ Patologia das Estruturas

Este texto foi retirado do trabalho de Gonçalves (2015).

Esclerometria

Método de ensaio não destrutivo que mede a dureza superficial do concreto,


fornecendo elementos para a avaliação da qualidade do concreto endurecido. O
aparelho utilizado é o esclerômetro de reflexão, desenvolvido pelo engenheiro
Ernst Schmidt.

Granato (2002) se refere a este ensaio como sendo uma das técnicas mais
difundidas em todo o mundo para a avaliação da homogeneidade do concreto,
e suas diretrizes obedecem a norma NBR 7584. A avaliação da dureza superficial
pelo esclerômetro de reflexão, que consiste fundamentalmente em uma
massa-martelo que, impulsionada por uma mola, se choca por meio de uma
haste com ponta em forma de calota esférica com a área de ensaio, parte da
energia é conservada elasticamente, propiciando, ao fim do impacto, retorno do
martelo.

Lembrando-se que o esclerômetro deve ser aferido regularmente, pois as molas


se desgastam com o uso e há aumento de atrito entre as partes deslizantes e
móveis. A Figura 15 traz a representação de um esclerômetro.

O aparelho deve ser aplicado preferencialmente na posição horizontal e,


consequentemente, sobre superfícies verticais. Sendo necessário aplicar em
posições diversas, o índice esclerométrico deve ser corrigido com os coeficientes
fornecidos pelo fabricante do aparelho. Esses coeficientes levam em consideração
a ação da gravidade e são variáveis para cada tipo de aparelho, sendo máxima
aditiva para ângulo igual a -90º (laje de teto) e máxima subtrativa para ângulo
igual a +90º (laje de piso) (GRANATO, 2002).

Para a aplicação desse ensaio, as superfícies do concreto devem ser secas ao


ar, limpas e preferencialmente planas. Superfícies irregulares, ásperas, curvas
ou talhadas não fornecem resultados homogêneos e devem ser evitadas.
Superfícies úmidas ou carbonatadas também devem ser evitadas. Superfícies
carbonatadas, por exemplo, apresentam maior endurecimento na superfície
que no interior em razão da carbonatação superficial. Caso se deseje ensaiá-las,
devem ser adequadamente preparadas, se necessário, aplicados coeficientes de
correção, e declarados na apresentação dos resultados.

28
Patologia das Estruturas │ UNIDADE I

Figura 15 – Representação de um esclerômetro de reflexão.

Fonte: GONÇALVES, 2015.

Granato (2002) cita alguns fatores que podem influenciar nos resultados de ensaio,
além da umidade e da possibilidade de a superfície estar carbonatada:

a. Dano superficial ou interfacial: quando a superfície do concreto está


menos resistente em virtude de um ataque químico ou da falta de
aderência entre o agregado e a matriz de cimento, que pode ser observada
na forma de desprendimento do agregado graúdo da matriz de pasta de
cimento no momento da ruptura do concreto;

b. Tipo de cimento: concretos de cimento Portland pozolânico bem curados


apresentam maior dureza;

c. Condições de cura: quanto mais eficiente a cura, maior a dureza superficial.


Entre as idades de 3 dias a 3 meses não é necessário considerar o efeito da
carbonatação (BS 1881-202).

d. Idade: de acordo com a NBR 7584, a influência da idade na dureza


superficial do concreto em relação à obtida nas condições normalizadas
para a idade de 28 dias deve-se à influência de cura e carbonatação.
Portanto, essas correlações não são automaticamente válidas para idades
superiores a 60 dias e inferiores a 14 dias.

Segundo Granato (2002), a dureza do concreto é influenciada pelo tipo de agregado


utilizado e considerando que concretos com mesma dureza superficial podem ter
resistências muito diferentes, portanto, vê-se que a esclerometria deve ser utilizada com

29
UNIDADE I │ Patologia das Estruturas

cautela senão erros poderão ser cometidos. Torna-se necessário o desenvolvimento de


curvas de correlação entre resistência e índice esclerométrico de acordo com o tipo de
agregado que foi utilizado no concreto da estrutura que está sendo investigada.

A NBR 7584 diz ainda que diferentes tipos de agregados podem fornecer concretos de
mesma resistência, porém com diferentes índices esclerométricos, sendo que, para o
caso de agregados leves e pesados, esta variação é ainda maior (GONÇALVES, 2015 ).

Estruturas com problemas de deformação

Esse trecho foi retirado do texto de Rodrigo Carvalho sobre Patologias


em Concreto Armado, que pode ser acessado na íntegra no link: <http://
docs11.minhateca.com.br/775389608,BR,0,0,Apresentcao-PATOLOGIAS-EM-
CONCRETO-ARMADO.pdf/>.

Deformação estrutural

»» Segundo Sabatine (1998), as estruturas executadas na década de 70


possuíam vão médio de quatro metros, nas atuais o vão médio é de sete
metros entre apoios; como consequência, as estruturas apresentam
maiores deformações.

Deformação excessiva em balanço

Figura 16 – Deformação excessiva em balanço.

Fonte: CARVALHO, 2015.

30
Estrutura
dos poros e
mecanismos de Unidade iI
transporte no
concreto

Capítulo 1
Estrutura dos poros e mecanismos de
transporte no concreto

Estrutura dos poros do concreto


O concreto parece ser um material bastante simples, mas, quando se deseja entender
seus mecanismos de formação, encontram-se inúmeras dificuldades. Isso ocorre porque
ele apresenta uma estrutura muito complexa, em virtude de fatores como: distribuição
heterogênea de inúmeros componentes sólidos, presença de vazios, não apresentação, na
estrutura, de propriedade estática e manufaturação no canteiro de obras (RIBEIRO, 2014).

Figura 17 – Porosidade no concreto.

Fonte: ENGIOBRA, 2017.

31
UNIDADE II │ Estrutura dos poros e mecanismos de transporte no concreto

Durante o processo de hidratação da pasta cimento, são formados alguns caminhos


possíveis que podem ser constituídos dentro da estrutura de concreto. Esse é um fato
importante, em razão de o desempenho do concreto depender muito da estrutura e
da distribuição do tamanho dos poros. Fatores importantes como a durabilidade e a
resistência à penetração de agentes agressivos, tais como CO2 e cloretos (RIBEIRO,
2014). É possível classificar os caminhos por (Figura 18):

a. caminho condutivo contínuo (CCP): ele permite a passagem de corrente


elétrica;

b. caminho descontínuo (DCP): neste caminho, devido à sua descontinuidade,


não ocorre a passagem de corrente no interior do concreto;

c. caminho isolante (ICP): de acordo com a quantidade de água e dos


produtos de hidratação no interior dos poros do concreto, é possível ou
não conduzir correntes.

Figura 18 – Representação esquemática da estrutura do concreto.

Fonte: RIBEIRO et al., 2014.

Os vazios e caminhos na estrutura de concreto são ocasionados pela utilização de muito


mais água do que o preciso para que ocorresse a hidratação do cimento. Esse excesso,
ao evaporar, provoca os vazios, por causa da diminuição dos volumes absolutos e da
incorporação de ar à massa do concreto (RIBEIRO, 2014).

Poros e vazios são a conexão entre o interior do concreto com o meio. Eles são
extremamente importantes no processo de transporte de gases, água e substâncias

32
Estrutura dos poros e mecanismos de transporte no concreto │ UNIDADE II

agressivas. A degradação do concreto, assim como a corrosão das armaduras, depende


muito da estrutura dos poros.

O tamanho de poros varia em algumas unidades de grandeza e pode ser classificado


por (Figura 19): ar aprisionado, ar incorporado, poros capilares e poros gel, os três
primeiros apresentam maior influência sobre a durabilidade.

Figura 19 – Distribuição dimensional dos poros no concreto.

Fonte: RIBEIRO et al., 2014.

Contribuição dos poros para transportes de massa:

»» poros com diâmetro maiores que 0,1 micrômetros: difusão, migração


iônica, capilaridade e permeabilidade;

»» poros com diâmetro menores que 0,1 micrômetros: difusão, migrações


iônicas. Observe a Figura 20.

Figura 20 – Mecanismo predominante de transporte de massa em função das dimensões de poros.

Fonte: RIBEIRO et al., 2014.

33
UNIDADE II │ Estrutura dos poros e mecanismos de transporte no concreto

Mecanismo de Transporte
Os principais mecanismos de transporte de líquidos e gases que têm grande influência
sobre o fenômeno da corrosão são: permeabilidade, absorção capilar, difusão e migração
iônica.

Permeabilidade

A permeabilidade é definida como o fluxo de um fluido devido a um gradiente de pressão.


Ela é caracterizada pela facilidade com que um fluido atravessa um sólido poroso, só
uma diferença de pressão.

A permeabilidade do concreto está relacionada à sua porosidade e, portanto, é


influenciada pelos fatores que alteram o volume e a conectividade dos poros capilares
do concreto, assim a relação água/cimento, o consumo de cimento, o teor de agregados,
o emprego de adições minerais e o grau de hidratação são fatores que influenciam
diretamente a permeabilidade do concreto.

Absorção capilar

A absorção capilar é definida como o fluxo de um fluido em razão de um gradiente de


umidade. Uma outra definição para esse mecanismo é o transporte de líquidos devido
à tensão superficial atuante nos poros capilares do concreto.

A tensão superficial do líquido que penetra nos poros ocasiona o surgimento de forças
capilares que provoca a ascensão do líquido por meio dos poros. A intensidade das
forças capilares depende das características do líquido (viscosidade, densidade e tensão
superficial), das características do sólido poroso (raio, tortuosidade e continuidade dos
poros), da energia superficial e do conteúdo de umidade.

Difusão

A difusão é o processo de transporte de substâncias de um meio para outro em virtude


de uma diferença de concentração. A difusão é um processo espontâneo de transporte
de massa por efeito de gradientes de concentração proporcionado por dois diferentes
meios em contato íntimo por meio dos quais a substância se difunde para igualar as
concentrações.

Esse fenômeno ocorre tanto para substâncias presentes em meio líquido quanto para
aquelas em meio gasoso. Assim, os dois principais agentes agressivos que comprometem

34
Estrutura dos poros e mecanismos de transporte no concreto │ UNIDADE II

as armaduras do concreto, os íons cloreto e o CO2, têm a sua penetração controlada por
esse fenômeno. Além disso, a penetração do oxigênio, substância essencial ao progresso
do processo catódico no concreto, também se dá por difusão.

Migração Iônica

A migração iônica é o processo de transporte que ocorre quando existe um potencial


elétrico que possibilita o deslocamento dos íons presentes para que se neutralize o
efeito da diferença de potencial.

Nas estruturas de concreto, esse fenômeno pode ocorrer em estruturas suporte de


veículos que utilizam corrente elétrica para a sua movimentação, em estruturas de
concreto com proteção catódica por corrente impressa ou em estruturas submetidas à
extração de cloretos e à realcalinização pela aplicação de uma diferença de potencial.

Figura 21 – Parâmetros da distribuição granulométrica de partículas que causa aumento de

permeabilidade em um concreto refratário

Distribuição Acumulada

(q=0,21=>q+0,31)

*Aumenta o número de poros interfaciais

*Diminui a distância entre poros


interfaciais
Agregados em uma distribuição
discreta

Agregado grosso para agregado fino

(AG=>AF)

*Aumenta o número de poros interfaciais

*Aumenta a área total de poros interfaciais

*Diminui a distância entre poros


interfaciais

35
UNIDADE II │ Estrutura dos poros e mecanismos de transporte no concreto

Matriz em uma distribuição discreta

Matriz fina para matriz grossa

(MF=>MG)

*Aumenta o tamanho de poro da matriz

*Aumenta a espessura da região porosa


interfacial

Fonte: INNOCENTIN et al, 2001.

36
Degradação
do concreto – Unidade iII
Fatores Físicos

Capitulo 1
Desgaste da superfície, abrasão,
erosão e cavitação

Introdução
O conhecimento aprofundado das causas de deterioração do concreto é de suma
importância, visto que possibilitará identificar e, dessa forma, evitar as possíveis causas
de degradação do concreto, que podem ser de origem química, por conta das reações de
troca entre um fluido agressivo e componentes da pasta de cimento endurecida, reações
envolvendo hidrólise e lixiviação dos componentes da pasta de cimento endurecida e
reações envolvendo formação de produtos expansivos, ou de origem física.

Entre as causas físicas intrínsecas ao processo de deterioração, existem as resultantes


da ação da umidade, do vento, da chuva e da exposição a extremos de temperatura,
podendo-se ainda incluir as eventuais solicitações mecânicas ou acidentais ocorridas
durante a fase de execução de uma estrutura (SOUZA, 2009). Dessa forma, um estudo
sobre os agentes causadores de degradação do concreto terá grande valia para o meio
técnico-acadêmico, permitindo o aprofundamento dos conceitos e técnicas relacionados
ao tema.

Os aspectos relacionados às causas físicas, como desgaste da superfície (abrasão, erosão


e cavitação), mudanças de volume (gradientes normais de temperatura e umidade,
e pressão de cristalização de sais nos poros), carga estrutural (sobrecarga, impacto e
carga cíclica estrutural) e exposição a extremos de temperatura (ação do gelo-degelo e
fogo) serão abordados aqui.

Desgaste da superfície
Os concretos podem ser submetidos a ações de desgaste em muitas circunstâncias,
essas ações podem ocorrer devido à abrasão, à erosão e à cavitação. O desgaste consiste

37
UNIDADE III │ Degradação do concreto – Fatores Físicos

na perda progressiva de material da superfície em razão de uma ação mecânica


proveniente do contato e do movimento relativo contra um agente sólido, líquido ou
gasoso (IBÁNEZ, 1998), e consequentemente geram a deterioração das estruturas.
Alguns aspectos dessa definição são citados por Ibánez (1998), como exposto a seguir:

»» ocorre a remoção de material de forma progressiva;

»» consiste em um processo mecânico;

»» apresenta movimento relativo entre materiais ou superfícies.

Segundo Abitantea et al. (2004), a principal dificuldade relacionada ao estudo do


desgaste consiste na sua própria natureza, uma vez que vai sempre estar condicionado
à combinação de três aspectos independentes, são eles:

»» as características e propriedades do material solicitado ao desgaste;

»» as características e propriedades do material em contato com o material


que sofre o desgaste;

»» a natureza e severidade da interação entre ambos.

Os desgastes do concreto refletem prejuízos econômicos, principalmente se as


manutenções preventivas não forem adequadamente realizadas, pois os desgastes
superficiais podem evoluir para situações severas, gerando gastos significativos devido
à necessidade de grandes intervenções, inclusive podendo colocar em risco a segurança
das estruturas (RIZZI et al., 2015).

Abrasão
De acordo com Thomas et al. (2016), a resistência à abrasão do concreto pode ser definida
como a sua capacidade em resistir ao desgaste por fricção. A ação abrasiva pode ocorrer
em virtude da atuação de diversos agentes, sendo os agentes mais comuns o ar e a água
que carregam partículas provocando o desgaste (SOUZA, 2009). A abrasão é referente
ao atrito seco, ocorrendo a perda gradual e continuada da argamassa superficial e
de agregados em uma determinada área, sendo bastante comum esse desgaste em
pavimentos e pisos quando provocado pelo tráfego de veículos (VILASBOAS, 2004).

Segundo Neville (2015), os desgastes aos quais as superfícies do concreto estão sujeitas
podem ocorrer devido ao atrito por arraste, por raspagem ou por impactos, e são
descritos por Rizzi et al. (2015) como sendo o decremento de massa e de profundidade
do material, resultando em uma redução da sua resistência às cargas. Segundo Simioli

38
Degradação do concreto – Fatores Físicos │ UNIDADE III

(1992), a abrasão pode se manifestar de duas formas diferentes: como a mudança no


aspecto superficial e como a remoção de material. Naturalmente, a mudança de aspecto
é decorrência de uma alteração na superfície, atribuída à perda de matéria. Apesar de
serem manifestações dependentes, a relação entre ambas é difícil de ser estabelecida
(ABITANTEA et al., 2004).

Neville (2015) afirma, ainda, que não é fácil avaliar a resistência à abrasão do concreto,
pois o processo de deterioração varia em função da causa do desgaste e nenhum ensaio
é satisfatório na avaliação para as diversas condições. Ensaios de atrito como rolamento
de esferas, coroas de desbaste ou jatos de areia podem ser adequados para diferentes
casos. Além disso, Rizzi et al. (2015) afirmam que os métodos de ensaio para avaliação
da resistência ao desgaste superficial do concreto nem sempre são adequados, dada a
dificuldade em simular as condições reais de operação em laboratório.

Alguns dos ensaios existentes para avaliar a resistência ao desgaste são prescritos
pela American Society for Testing and Materials (ASTM), são eles: ASTM C 418-12,
ASTM C 779-12 e ASTM C 944-99. Esses ensaios buscam simular as formas de abrasão
observadas na realidade, sendo difícil, na prática, garantir que os resultados realmente
representam a resistência comparativa do concreto a um determinado tipo de desgaste
(NEVILLE, 1997, 2015). Horszczaruk (2008) afirma que o principal problema desses
procedimentos, ao avaliar concretos com elevada resistência, é o tempo de duração do
ensaio, que deve ser prolongado para permitir um desgaste considerável do corpo de
prova.

A ASTM C 418-12 estabelece alguns procedimentos para determinação do desgaste por


jato de areia, sendo a perda de volume de concreto a base de avaliação, mas não é um
critério de resistência ao desgaste em diferentes condições. A ASTM C 779-12 estipula
três métodos para realização de ensaio em laboratório ou em campo, utilizando a
profundidade do desgaste do corpo de prova como medida da abrasão, são eles: ensaio
do disco giratório, ensaio de abrasão das esferas de aço e ensaio de coroas de desbaste.

O método do disco giratório utiliza o carboneto de silício como material abrasivo e


consiste na aplicação de um movimento giratório de três superfícies planas em um
percurso circular a uma frequência de 0,2 Hz, com cada placa girando em torno de
seu próprio eixo a 4,6 Hz. O ensaio da abrasão com esferas de aço é executado com
a circulação de água para remoção do material desgastado e é realizado aplicando-se
carga a uma extremidade rotatória que é afastada do corpo de prova por esferas de aço.

No ensaio de coroas de desbaste, é utilizada uma furadeira de bancada modificada


para a aplicação de uma carga a três conjuntos de sete coroas de desbaste rotativas que
estão em contato com o corpo de prova, girando durante 30 minutos a 0,92 Hz. Esses

39
UNIDADE III │ Degradação do concreto – Fatores Físicos

ensaios prescritos pela ASTM C 779-12 são válidos para a determinação da resistência
do concreto ao trânsito intenso de pessoas e de veículos, bem como veículos com esteira
e pneus com correntes. Em corpos de prova que são pequenos para os ensaios ASTM C
418-12 e ASTM C 779-12, é indicado utilizar o ensaio da ASTM C 944-99. A ASTM C 944-
99 permite determinar a perda de massa, como também a profundidade do desgaste.
Nesse ensaio, duas coroas de desbaste montadas em uma furadeira de bancada são
aplicadas, com uma carga determinada, à superfície do concreto, e a perda de massa é
determinada (NEVILLE, 2015).

Neville (2015) apresenta resultados de três ensaios da ASTM C 779-12 para diferentes
concretos, mas, devido às condições arbitrárias dos métodos, os valores obtidos não
são quantitativamente comparáveis. Contudo, verificou-se, em todos os casos, que
a resistência à abrasão é proporcional à resistência à compressão dos concretos. A
resistência à compressão tem mostrado ser uma importante característica que influencia
na resistência à abrasão do concreto, nem todas as misturas utilizadas para melhorar
sua resistência à compressão aumentam sua resistência à abrasão (RIZZI et al., 2015).

Erosão
A erosão do concreto ocorre geralmente em virtude da ação das partículas sólidas
(materiais abrasivos), como pedras, areias, cascalhos, que são carregados pela água ou
pelo ar em movimento (AGUIAR; BAPTISTA, 2011). De acordo com Leonardo (2002), os
materiais abrasivos são aqueles que, por serem mais duros, são capazes de arrancar, por
fricção, as partículas de outros corpos. Esses detritos transportados pelos fluxos d’água
variam desde seus tipos até suas durezas (AGUIAR; BAPTISTA, 2011). Assim, a erosão
é caracterizada pelo desgaste causado pela ação de fluidos contendo partículas sólidas
em suspensão, ou seja, os fluidos em movimento atuam sobre a superfície do concreto,
mediante ações de colisão, escorregamento ou rolagem das partículas, provocando o
desgaste superficial do concreto. A erosão pode ser observada em revestimento de canais,
vertedouros e tubulações para o transporte de água ou esgoto (VILASBOAS, 2004).

O escoamento laminar da água sem a presença de partículas sólidas em suspensão, em


geral, não danifica o concreto, mas a erosão provocada por partículas grossas, como
areia ou brita, pode ser tão severa quanto a cavitação, no entanto geralmente não causa
danos tão catastróficos. Essa erosão tem a tendência de aumentar com a perda da
camada superficial, que, normalmente, é mais resistente que as camadas inferiores.
As possíveis causas de tal deterioração são a presença de partículas sólidas abrasivas,
a baixa resistência do concreto, o uso de agregados inadequados e o acabamento
deficiente do concreto (AGUIAR; BAPTISTA, 2011).

40
Degradação do concreto – Fatores Físicos │ UNIDADE III

Segundo Souza (2009), a intensidade da erosão é dependente de alguns fatores, tais


como quantidade, forma, tamanho, dureza das partículas em suspensão, velocidade
do seu movimento, presença do turbilhonamento da água ou do ar e qualidade do
concreto (MEHTA; MONTEIRO, 2008). Aguiar e Baptista (2011) afirmam que, quanto
mais turbulentos forem os fluxos, juntamente com as forças de impacto ocasionadas
pelos detritos, mais abrangente será a erosão por abrasão. Cai et al. (2016) sustenta
que a deterioração do concreto por erosão depende de fatores como a velocidade do
fluxo de água e a angulação das partículas carregadas, além das propriedades físicas das
partículas sólidas e, principalmente, da qualidade do concreto (CAI et al., 2016).

Um ensaio de jato abrasivo é utilizado para verificar a tendência à erosão por sólidos
em suspensão em água corrente. Nesse ensaio, 2.000 peças de aço de 850 mm são
projetadas com pressão de ar de 0,62 MPa de um bico com 6,3 mm de diâmetro sobre
uma amostra de concreto à distância de 102 mm (NEVILLE, 1997). De acordo com
Neville (2015), a resistência à abrasão pelos sólidos transportados pela água pode ser
determinada pelo ensaio ASTM C 1138-97. Nesse ensaio, o comportamento do fluido
em redemoinho contendo partículas em suspensão é simulado por movimento rápido
de esferas de aço de diversos tamanhos em um tanque de água. A água no recipiente
é circulada pela imersão da pá de agitação que é alimentada por uma prensa de
perfuração girando a uma velocidade de 1.200 rpm. Essa água circulante, por sua vez,
move as cargas abrasivas na superfície do concreto, produzindo os efeitos da erosão. O
teste padrão consiste em seis períodos de teste de 12 horas para um total de 72 horas,
e a profundidade do desgaste da superfície do concreto é tomada como uma medida
comparativa (KUMAR; SHARMA, 2014).

Momber e Kovacevic (1994, 1995) estudaram a erosão por meio da avaliação da perda
média de massa do concreto quando exposto a um jato de água em alta velocidade. O
trabalho indica que a velocidade do fluxo de água e o tempo de exposição do concreto ao
fluxo são importantes parâmetros na avaliação do processo erosivo (RIZZI et al., 2015).

Os estudos sobre a falha do concreto devido à ação erosiva apontam que são processos
localizados e que propriedades do concreto, como dureza e distribuição das inclusões,
têm maior influência na resistência à erosão do que as propriedades macroscópicas do
material, como resistência à compressão e à tração (MOMBER; KOVACEVIC, 1994).
Dessa forma, percebe-se que, embora as propriedades do concreto não expressem
exatas informações sobre a sua resistência à erosão, elas são boas medidas para
correlacionar o desgaste abrasivo, devendo não somente as propriedades de resistência
macroscópica serem consideradas, mas também as estruturas do material, sobretudo

41
UNIDADE III │ Degradação do concreto – Fatores Físicos

inclusões, devem ser analisadas (RIZZI et al., 2015). Em geral, os princípios de projeto
de concreto resistente à erosão por abrasão seguem várias etapas, são elas: seleção de
agregados com maior resistência e dureza; menor relação água/cimento; aumento do
volume de agregado graúdo; e adição de materiais cimentícios suplementares ou fibras
(CAI et al., 2016).

A aparência superficial das estruturas desgastadas pela erosão é normalmente lisa e


polida, sendo facilmente diferenciada da superfície de concreto que sofreu cavitação,
visto que a cavitação provoca buracos e cavidades na superfície (KORMANN, 2002).
Segundo Neville (1997), a superfície de um concreto deteriorado por cavitação é
irregular, riscada e perfurada.

Cavitação

Segundo Neville (1997), o concreto pode resistir a uma corrente firme, tangencial de
água, mas a corrente com cavitação pode ocasionar rapidamente uma deterioração
severa. A cavitação é outro tipo de desgaste que pode ocorrer em estruturas de concreto,
sobretudo nas hidráulicas. Ela consiste na formação de pequenas cavidades pela ação
de águas correntes, resultando em vazios que se formam e desaparecem quando a água
está se movimentando em velocidade elevada, ou seja, se relaciona à perda de massa
pela formação de bolhas de vapor e sua subsequente ruptura devido às mudanças
repentinas da direção das águas que fluem em alta velocidade (VILASBOAS, 2004).
Pela cavitação as bolhas de vapor se formam quando há quedas localizadas de pressão,
valores que são abaixo da pressão de vapor, temperatura ambiente. Essas bolhas podem
ser grandes e, depois, fragmentarem-se, ou um aglomerado de pequenas bolhas, sendo
os aglomerados de pequenas bolhas em turbilhões que causam maior dano, pois elas
entram na correnteza e, estando em área de alta pressão, desfazem-se com grande
impacto. Quando as bolhas se desfazem, a água entra com grande velocidade em áreas
antes ocupadas pelo vapor, surgindo altíssimas pressões em pequenas áreas durante
intervalos de tempo muito pequenos. A repetição desse fenômeno sobre as mesmas
partes do concreto resulta no aparecimento de escarificações (NEVILLE, 1997).

Os danos por cavitação geralmente ocorrem em canais abertos, a velocidades maiores


que 12 m/s. Porém, em condutos fechados, mesmo à velocidades muito mais baixas,
existe a possibilidade de queda de pressão para abaixo da atmosférica. Essa queda
pode ser causada por sifonamento, ou por inércia na parte interna de uma curva ou em
irregularidades da superfície, e muitas vezes pode ocorrer a combinação desses fatores.

42
Degradação do concreto – Fatores Físicos │ UNIDADE III

Então, dentre as fontes causadoras da cavitação, estão as irregularidades superficiais e


as mudanças bruscas na direção do escoamento, particularmente os degraus nas galerias
de águas pluviais (AGUIAR; BAPTISTA, 2011), com frequência ocorre cavitação quando
a lâmina de líquido se desloca da superfície do concreto (NEVILLE, 1997). O fenômeno
de cavitação ocorre porque a interface estrutura-fluido é incapaz de transmitir uma
alteração específica na intensidade de uma onda de pressão. Por exemplo, se essa onda
de pressão, gerada por um terremoto, encontrar uma estrutura, pode ocorrer uma folga
(isto é, cavitação) entre o fluido e uma interface normal à direção da propagação da
onda compressiva de pressão. Neste caso, a interação fluido-estrutura resulta em uma
força excessiva (tração) na interface que não é tolerada pelo fluido e, portanto, um
intervalo é produzido (KALATEH; ATTARNEJAD, 2011). As cavitações continuam até
que a lacuna se fecha e a interação linear fluido-estrutura seja retomada.

Kormann (2002) afirma que as microfissuras na superfície do concreto, bem como


entre a argamassa e os agregados, contribuem para que os danos provocados pela
cavitação sejam ainda maiores, porquanto, na região microfissurada do concreto, ondas
compressivas de água podem causar tensões de tração que propagam as microfissuras
já existentes. A repetição do esforço causado pelas ondas pode fazer com que o material
se deteriore e pedaços dele se descolem, criando ressaltos na superfície. A cavitação
tende a desgastar a argamassa do concreto, promovendo o descolamento dos agregados
(BORSARI, 1986). Iniciado o processo de desgaste, ele tende a aumentar a intensidade
do fenômeno, pois, com a deterioração da argamassa, os agregados ficam expostos,
formando novas irregularidades, favorecendo o fenômeno cavitante. Quando aparece
o dano na estrutura, provocado pela cavitação, a área danificada se transforma em
uma nova fonte de cavitação, criando outra danificada, a jusante, com danos ainda
maiores (DALFRÉ FILHO, 2002), ou seja, os degraus ou rebaixos bruscos são também
os responsáveis pelo surgimento das erosões por cavitação, o dano devido à cavitação
sempre ocorre a jusante da fonte que o provocou.

De acordo com Neville (1997), a deterioração por cavitação geralmente não evolui
uniformemente, o fato de a cavitação não ser uniforme é que ocasiona a aparência da
superfície irregular, com cavidades. As cavidades variam de tamanho e profundidade,
sendo encontradas enormes crateras, com grande risco de colapso da estrutura,
requerendo muitas vezes intervenções urgentes para restabelecer a estabilidade do
local (AGUIAR; BAPTISTA, 2011). O processo de desgaste é progressivo, tanto a jusante
quanto a montante do ponto inicial de cavitação e os danos podem se desenvolver muito
rapidamente depois de iniciado o processo. Em muitos casos, a simples substituição

43
UNIDADE III │ Degradação do concreto – Fatores Físicos

do concreto erodido não garante o bom desempenho em longo prazo, necessitando


de técnicas de reparo mais aprimoradas, que envolvem a utilização de concretos mais
resistentes e tratamentos superficiais mais adequados (AGUIAR; BAPTISTA, 2011).
Muitas vezes a deterioração é tão grande que reduz a vida útil da estrutura e também
requer longos períodos de interrupção e funcionamento (DALFRÉ FILHO, 2002).

Dalfré Filho (2005) afirma que existem diferentes equipamentos e critérios para
ensaios com a finalidade de avaliar a cavitação, contudo não existe uma padronização
de ensaios. Existe uma extensa bibliografia sobre o problema da erosão por cavitação na
área mecânica, com estudos sistemáticos em materiais, porém não há uma normalização
do equipamento de ensaio para a cavitação e poucos dados existem quando se quer
conhecer a resistência dos concretos especiais para uso nas estruturas hidráulicas
(DALFRÉ FILHO; GENOVEZ, 2004). Segundo Kormann (2002), a cavitação é
considerada um dos fenômeno dos mais complexos, seja pelo seu entendimento, seja
pelos diversos parâmetros que a influenciam, seja pela grande dificuldade de fazer sua
simulação em laboratório. Dalfré Filho (2002, 2005) desenvolveu um equipamento tipo
jato cavitante que utiliza uma bomba de deslocamento direto. Os ensaios realizados
com esse equipamento mostraram-se adequados à análise da resistência à cavitação
em concretos.

Lixiviação

Esse trecho foi retirado do texto de Rodrigo Carvalho sobre Patologias


em Concreto Armado, que pode ser acessado na integra no link: <http://
docs11.minhateca.com.br/775389608,BR,0,0,Apresentcao-PATOLOGIAS-EM-
CONCRETO-ARMADO.pdf>

Lixiviação de compostos hidratados

»» A lixiviação é a ação extrativa ou de dissolução que os compostos


hidratados da pasta de cimento podem sofrer quando em contato
com água, principalmente as puras ou ácidas.

»» A lixiviação do hidróxido de cálcio, com a consequente formação do


carbonato de cálcio insolúvel, é responsável pelo aparecimento de
eflorescência caracterizada por depósitos de cor branca na superfície
do concreto.

44
Degradação do concreto – Fatores Físicos │ UNIDADE III

Lixiviação de compostos hidratados


Figura 22 - Exemplo de estruturas lixiviadas. Figura 23 - Exemplo de estruturas lixiviadas

Fonte: CARVALHO, 2015. Fonte: CARVALHO, 2015.

Esse trecho foi retirado do texto de Rodrigo Carvalho sobre Patologias


em Concreto Armado, que pode ser acessado na íntegra no link: <http://
docs11.minhateca.com.br/775389608,BR,0,0,Apresentcao-PATOLOGIAS-EM-
CONCRETO-ARMADO.pdf>.

Outras patologias

Falta de qualidade e espessura do cobrimento

»» A NBR 6118:2003 afirma que a durabilidade das estruturas é altamente


dependente da qualidade e das espessuras do concreto do cobrimento
da armadura.

»» Helene (1986) ressalta que a qualidade efetiva do concreto superficial


de cobrimento e proteção dependem, também, da adequabilidade da
fôrma, do aditivo desmoldante e, principalmente, da cura adequada
dessa superfície.

Irregularidades geométricas dos elementos de


concreto armado

»» São modificações em relação ao especificado no projeto estrutural


e/ou fôrmas, na geometria dos elementos, podendo ocorrer em nível
de planeza, esquadro, ou nas alterações das dimensões das peças de
concreto armado.

45
UNIDADE III │ Degradação do concreto – Fatores Físicos

»» A qualidade da madeira e o cuidado nas execuções das fôrmas e


do escoramento podem evitar irregularidades geométricas dos
elementos em concreto armado.

Figura 24 - Exemplo de estruturas com falta de qualidade e espessura do cobrimento.

Fonte: CARVALHO, 2015.

Desaprumo em Pilar

Figura 25 - Exemplo de desaprumo do pilar.

Fonte: CARVALHO, 2015.

46
Degradação do concreto – Fatores Físicos │ UNIDADE III

Embarrigamento de Viga
Figura 26 - Embarrigamento de Viga.

Fonte: Carvalho, 2015.

Segregação do Concreto
»» É a segregação do concreto fresco de tal forma que a sua distribuição
deixa de ser uniforme, comprometendo sua compactação, essencial
para atingir o potencial máximo de resistência e durabilidade.

Principais causas:

»» Alta densidade de armaduras;

»» Condições inadequadas de transporte, lançamento e adensamento


do concreto;

»» Consistência inadequada.

Figura 27 - Segregação do concreto.

Fonte: CARVALHO, 2015.

47
UNIDADE III │ Degradação do concreto – Fatores Físicos

»» Ninhos de concretagem no encontro do pilar com a viga,


posteriormente preenchido com tijolo cerâmico (PACHA).

Figura 28 - Segregação do concreto.

Fonte: Carvalho, 2015

»» Concreto executado com elevado fator água/cimento, acarretando


elevada porosidade do concreto e fissuras de retração.

48
CapÍtulo 2
Fissuração

Fissuração

Com relação à estrutura, sua deterioração está associada principalmente ao surgimento


de fissuras que facilitam o acesso de agentes agressivos ao concreto e/ou à armadura.
Essa fissuração pode ser originada por ações mecânicas, impactos, movimentação de
origem térmica, ações cíclicas ou fluência.

O comportamento do concreto em face das ações climáticas pode ser analisado


segundo duas fases bem diferenciadas: uma correspondente ao seu período de pega e
princípio de endurecimento e outra que compreende o resto do endurecimento, cuja
duração pode ser considerada indefinida. As falhas e sintomatologias que aparecem
em uma ou outra fase, decorrentes da falta de qualidade no projeto, na execução ou
na manutenção da obra são, essencialmente, diferentes, motivo pelo qual devem ser
adotados mecanismos específicos no momento da terapêutica do concreto. As condições
climáticas fundamentais que podem criar problemas no concreto são o frio, o calor e a
baixa umidade, todas aumentadas pela ação do vento. A NBR 14931:2004 discrimina as
prescrições relativas aos serviços de concretagem em temperaturas muito frias e muito
quentes (VILASBOAS, 2004).

Figura 29 - Fissuras.

Fonte: AECWEB, 2017.

49
UNIDADE III │ Degradação do concreto – Fatores Físicos

Parte superior do formulário

A NBR 6118:2014 explicita, no item 13.4, o controle de fissuração e proteção das


armaduras, afirmando que a fissuração em elementos estruturais de concreto armado
é inevitável, devido à grande variabilidade e à baixa resistência do concreto à tração.
Mesmo sob as ações de serviço (utilização), valores críticos de tensão de tração são
atingidos. Com vistas a obter bom desempenho relacionado à proteção das armaduras
quanto à corrosão e à aceitabilidade sensorial dos usuários, busca-se controlar a
abertura dessas fissuras.

A abertura máxima característica das fissuras, desde que não exceda valores da
ordem de 0,2 a 0,4 mm sob ação das combinações frequentes, não tem importância
significativa na corrosão das armaduras passivas. Como para as armaduras ativas existe
a possibilidade de corrosão sob tensão, esses limites devem ser mais restritos e função
direta da agressividade do ambiente, dada pela classe de agressividade ambiental.

Figura 30 - Fissuras no piso.

Fonte: DURECRETE, 2017.

Em termos de durabilidade, fissuras que acompanham as armaduras são mais nocivas,


pois facilitam o acesso direto dos agentes agressores, facilitando a corrosão das
armaduras (SOUZA, 2009).

A deterioração física por fissuração pode ocorrer por mudanças de volume (gradientes
de temperatura e umidade, e pressões de cristalização de sais nos poros), carregamento
estrutural (sobrecarga e impacto, e carga cíclica) e exposição a extremos de temperatura
(ação do gelo-degelo e fogo) (VILASBOAS, 2004).

50
Degradação do concreto – Fatores Físicos │ UNIDADE III

Figura 31.

Fonte: DURECRETE, 2017.

Mudança de volume

A seguir, são apresentadas duas causas físicas que ocasionam mudanças de volume
nas estruturas de concreto, são elas: variações da temperatura e umidade, não só as
ambientais (as que solicitam igualmente as várias peças de uma estrutura), mas, também,
e principalmente, as que geram gradientes térmicos; e a pressão de cristalização dos
sais nos poros.

Gradientes normais de temperatura e umidade

Variações bruscas de temperatura e umidade provocam danos sobre as estruturas, uma


vez que a temperatura e a umidade da superfície se ajustam rapidamente, enquanto as
do interior se ajustam lentamente. Os efeitos são destacamentos do concreto causados
pelos choques térmicos.

Nos concretos, a permeabilidade dos agentes deletérios diminui em ambientes úmidos,


pois, além da eventual formação superficial de microfissuras de retração, a umidade e
a água presentes nos poros dificultam o movimento desses agentes (RIBEIRO, 2010).

O concreto pode estar sujeito tanto a condições de secagem ambiental quanto a


carregamentos constantes. Essas condições podem refletir em variações de volume do
concreto e estão ligadas à remoção de água da pasta de cimento. Se a umidade ambiental
estiver abaixo do nível de saturação, o concreto estará sujeito a uma deformação
denominada retração por secagem. Se o carregamento for mantido ao longo do

51
UNIDADE III │ Degradação do concreto – Fatores Físicos

tempo, ocorrerá a perda de água fisicamente adsorvida, ocorrendo uma deformação


denominada fluência (LAPA, 2008).

O fenômeno da retração está ligado a deformações em pastas de cimento, argamassas e


concretos, independentemente do carregamento, sendo sua principal causa a perda de
água da pasta de cimento. A retração pode ocorrer no concreto em seu estado plástico
ou endurecido. No estado plástico, podem ocorrer o assentamento plástico e a retração
plástica. O assentamento plástico está ligado a dois fenômenos: a acomodação das
partículas sólidas devido à ação da gravidade, causando a sedimentação, e, em sentido
contrário, a exsudação, que representa a movimentação do ar aprisionado e da água.
A sedimentação pode provocar fissuras nos primeiros momentos após o lançamento
do concreto, em razão da presença de obstáculos – tais como armaduras ou agregados
maiores – que impedem a movimentação homogênea das partículas sólidas. A retração
plástica é devido a perda de água do concreto ainda não endurecido por causa da
exposição de sua superfície às intempéries – vento, baixa umidade relativa do ar e altas
temperaturas –, as quais podem levar também à fissuração, denominada dessecação
superficial. A ocorrência desse fenômeno será tão mais intensa quanto maior for o
consumo de cimento, a relação a/c e as proporções de finos no concreto, estando ligado
ao fenômeno da exsudação. Se a evaporação da água da superfície for mais rápida que
a exsudação, podem ocorrer fissuras por retração plástica (HASPARYK et al., 2005).

As fissuras no concreto endurecido, em virtude da movimentação da água, podem


ser resumidas basicamente em retração autógena e retração por secagem, existindo,
também, retração por carbonatação e por origem térmica. A retração autógena é definida
como a remoção da água dos poros pela hidratação do cimento ainda não combinado,
com a redução volumétrica macroscópica dos materiais cimentícios após o início de
pega, sem que ocorra mudança de volume devido à perda ou ao ingresso de substância.
A retração por secagem, ou retração hidráulica, é definida como a diminuição do volume
da peça de concreto por causa da remoção da água da pasta endurecida de cimento,
quando o concreto “seca” pelo contato com o ar. O fenômeno é natural e ocorre como
consequência da hidratação dos compostos anidros dos cimentos Portland. Para a
explicação do fenômeno, é importante saber que existem diversos tipos de água e com
graus diferentes de dificuldade para serem removidos, como água livre, água capilar,
água interlamelar (água de gel), água adsorvida e água de cristalização.

A retração por carbonatação é provocada pela reação do CO2 com os produtos hidratados,
que, além de neutralizar a natureza cristalina da pasta de cimento hidratado, causa a
sua retração. Quando o CO2 é fixado pela pasta de cimento, a massa dele aumenta.
Consequentemente, também aumenta a massa do concreto. A retração deve-se,
provavelmente, à dissolução dos cristais de Ca(OH)2 enquanto sujeito a tensões de

52
Degradação do concreto – Fatores Físicos │ UNIDADE III

compressão e à deposição de CaCO3 nos locais livres de tensão. Por esse motivo, a
compressibilidade da pasta de cimento é aumentada temporariamente. A retração por
origem térmica é devida ao calor gerado durante a hidratação do cimento Portland,
que causa tensões térmicas que tracionam o concreto na fase de resfriamento. Esses
problemas ocorrem principalmente em estruturas massivas, em que o esfriamento à
temperatura ambiente pode levar à fissuração (HASPARYK et al., 2005).

Variações de temperatura entre os diferentes componentes do concreto (pasta de


cimento, agregados e armadura), com características térmicas diferentes, podem
ocasionar microfissuras na massa do concreto que possibilitam a penetração de agentes
agressivos (RIBEIRO, 2014). Os efeitos da temperatura no concreto podem ter origem
tanto externa quanto interna. Do ponto de vista externo, as condições climáticas, como
o frio e o calor, juntos com a umidade do ar e ventos, podem provocar problemas no
concreto (ABRAMS, 1971). Do ponto de vista interno, o calor gerado pela hidratação do
cimento é um dos mais importantes causadores de manifestações patológicas.

Figura 32.

Fonte: KIRSTEN, 2016.

Em uma estrutura de concreto, as variações térmicas podem ocorrer por influências


externas, como mudanças nas condições ambientais e incêndios, ou por influências
internas (calor de hidratação do cimento com elevação da temperatura do concreto)
(DAL MOLIN, 1988). As reações exotérmicas de hidratação do cimento provocam um
aumento da temperatura no concreto durante as primeiras etapas de hidratação, no
qual resulta em uma dilatação do elemento. Uma vez atingida a temperatura máxima,
o elemento se resfria de uma forma progressiva até alcançar a temperatura ambiente.
Como consequência, o concreto já endurecido contrai-se provocando deformações.
Essas deformações são especialmente significativas em concretos com elevadas

53
UNIDADE III │ Degradação do concreto – Fatores Físicos

dosagens de cimento, e em elementos de grandes dimensões onde a dissipação do calor


é lenta (GETTU; AGUADO, 1998).

Quando um elemento de concreto é submetido a altas temperaturas, sofre modificações


importantes. A água livre ou capilar do concreto começa a evaporar a partir dos 100
°C. Entre 200 °C e 300 °C, a perda de água capilar é completa, sem que se observem
alterações na estrutura do cimento hidratado e sem redução considerável na resistência.
De 300 °C a 400 °C produz-se a perda de água de gel do cimento, ocorrendo uma
sensível diminuição das resistências e aparecendo as primeiras fissuras superficiais no
concreto. Aos 400 °C, uma parte do hidróxido de cálcio procedente da hidratação dos
silicatos se transforma em cal viva. Até os 600 °C, os agregados que não têm todos os
mesmos coeficientes de dilatação térmica se expandem com diferentes intensidades,
provocando tensões internas que começam a desagregar o concreto (CÁNOVAS, 1988).

Pressão de cristalização de sais nos poros

Além da ação devido à temperatura, outro tipo de desgaste físico (sem envolver ataque
químico ao cimento) é o da cristalização de sulfatos, cloretos, nitratos e similares nos
poros do concreto por causa da formação de tensões internas. Essa cristalização se
dá sob certas condições ambientais em que se verifica o umedecimento da estrutura
com solução salina, seguido pela evaporação da água e depósito dos sais nos poros.
Esse efeito pode causar fissuração, descamamento e lascamento da estrutura em
razão de elevadas pressões produzidas pela cristalização de sais a partir de soluções
supersaturadas (RIBEIRO, 2010).

Acredita-se que os efeitos da umidade e a cristalização de sais constituem os dois


fatores mais destrutivos na degradação de monumentos históricos de pedra ou rocha. A
cristalização a partir de uma solução salina pode ocorrer apenas quando a concentração
do soluto (C) excede a concentração de saturação (Cs) do soluto na água a uma certa
temperatura. Como regra, quanto maior a relação C/Cs (ou grau de supersaturação),
maior a pressão de cristalização (VILASBOAS, 2004).

Segundo Metha e Monteiro (2008), a extensão do dano depende do local de cristalização


do sal, determinado por um equilíbrio dinâmico entre a taxa de evaporação da água
(a partir da superfície exposta do material) e a taxa de fornecimento do sal para esse
local. O efeito da cristalização se torna preocupante quando a taxa de migração da
solução salina, por meio dos poros interconectados, é mais lenta do que a velocidade de
reposição.

54
Degradação do concreto – Fatores Físicos │ UNIDADE III

Na literatura, os termos descamamento por sal, desagregação por sal e ataque por
hidratação de sal têm sido usados para descrever a manifestação física desse fenômeno
físico que é observado na alvenaria e no concreto poroso exposto a sais hidratáveis, como
sulfato de sódio (Figura 33 a) e carbonato de sódio (Figura 33 b). Como consequência
dos numerosos ciclos de variações de umidade e temperatura do ambiente, ocorre uma
deterioração progressiva na superfície do concreto.

Figura 33 - Descamamento por sal em prismas de argamassa parcialmente submersos em soluções de (a) sulfato

em soluções de sulfato de sódio e (b) carbonato de sódio.

Fonte: GONÇALVES E BRITO, 2016.

Segundo estudo realizado por Gonçalves e Brito (2016), a pressão de cristalização dos
sais é um dos tipos de deterioração mais severos, mais frequentes e mais complexos
em materiais porosos, incluindo pedras naturais, cerâmicas e argamassas. Os autores
concluíram que, quando as argamassas têm 5% de sal, a sua expansão térmica será 25%
maior do que quando elas estão livres de sal. Os resultados foram obtidos mediante
ciclos de contaminação/secagem com NaCl ou Na2SO4 e determinaram a distribuição
do sal dividindo as argamassas em “fatias” e medindo-se o teor de umidade higroscópica
de cada “fatia”.

Em outro estudo realizado por Rahman e Bassuoni (2014), com elementos de concreto
sujeitos a ataques físicos de sulfato de taumasita (TSA), e ensaios acelerados, baseados
em sulfato de sódio, verificou-se que a deterioração de misturas de concreto foi
principalmente em razão da cristalização de sais dos poros dentro das porções de secagem
dos cilindros de concreto. As análises térmicas, mineralógicas e microestruturais
revelaram a abundância de deposições de sal na porção de secagem, com ocorrência
limitada de etringita e gesso nas porções de secagem e imersão das amostras.
55
UNIDADE III │ Degradação do concreto – Fatores Físicos

Em face das grandes diferenças na densidade, a considerável expansão volumétrica está


associada à transformação da forma anidra desses sais na forma hidratada. Esse tipo de
ataque, puramente físico a partir da penetração de uma solução de sais, é distinto dos
demais ataques envolvendo interações químicas com os produtos de hidratação.

Carga Estrutural

Sobrecarga e Impacto

A atuação de sobrecargas pode produzir a fissuração de componentes estruturais, tais


como pilares, vigas e paredes. Essas sobrecargas atuantes podem ter sido consideradas
no projeto, caso em que a falha decorre da execução da peça ou do próprio cálculo
estrutural, como pode ter sido originada de uma sobrecarga superior à prevista. Vale
salientar que é frequente presenciar a atuação de sobrecargas em componentes sem
função estrutural, geralmente pela deformação da estrutura resistente do edifício ou
pela sua má utilização (VILASBOAS, 2004).

As sobrecargas que submetem a estrutura às alterações no seu comportamento estático


e/ou resistente são devido a(o): supressão de paredes portantes ou de outras peças
estruturais, aumento de números de andares em edificações e transformação de apoios
dos elementos por conta de demolições (SOUZA, 2009).

O modelo clássico de análise de desempenho de peças submetidas à flexão é ensaiar


uma viga biapoiada, com carregamento que vai aumentando ao longo do tempo. Para
análise, divide-se em dois Estádios. No Estádio I, a peça encontra-se sem fissuras e, à
medida que o carregamento aumenta, as fissuras são formadas, com mais incremento
no valor de carregamento, as fissuras existentes aumentam de tamanho e outras são
formadas, representando o Estádio II. A viga alcança o fim do Estádio II quando ocorre
a sua ruptura. Portanto, demonstra que o aumento de carga proporciona o surgimento
das fissuras nos elementos estruturais.

Na Figura 34, são demonstrados os domínios de dimensionamento das peças estruturais.


Para o caso de peças submetidas à flexão simples, como lajes e vigas, os domínios a serem
empregados são o 2, 3 e 4. Contudo, no domínio 4, a armadura não chega a alcançar a
deformação de escoamento, ou seja, não é solicitada e, portanto, não transfere a tensão
para o concreto. Entre os domínios 2 e 3, a armadura calculada para a solicitação da
peça, ultrapassa a deformação de escoamento, transferindo a tensão para o concreto,
fator garantido pela interação entre eles por meio da rugosidade, gerando uma tensão
no concreto, que não tem capacidade de absorvê-la e então fissura. Esse tipo de ruptura
é caracterizado como ruptura dúctil, na qual as peças de concreto armado, submetidas

56
Degradação do concreto – Fatores Físicos │ UNIDADE III

à flexão, são dimensionadas. Nas peças dimensionadas nesses domínios, as fissuras


são inevitavelmente formadas, respeitando os limites normativos. Entretanto, havendo
uma sobrecarga, para uma mesma dimensão da peça, a armadura disposta poderá
não ser suficiente para combater o esforço provocado, e com isso mais fissuras serão
formadas, a inércia da peça será diminuída pela redução da altura colaborante (d) e
consequentemente novas fissuras serão formadas e as existentes aumentadas.

Figura 34. Domínios de estado-limite último de uma seção transversal.

Fonte: NBR 6118:2014.

As fissuras ocorridas nas peças estruturais, onde o dimensionamento delas respeitou


as diretrizes e os limites normativos, não têm importância significativa na corrosão das
armaduras. Entretanto, quando as fissuras atingem valores maiores de espessura, torna
a peça suscetível ao processo de corrosão e/ou carbonatação em razão da facilidade de
penetração dos agentes agressivos do meio.

Conforme Hansen (1968 apud Neville, 1997), o número total de fissuras existentes
é determinado pelas dimensões da peça de concreto e a distância entre as fissuras
depende do tamanho máximo do agregado.

Teixeira e Gonçalves (2003 apud Isaia, 2005) inspecionaram 200 pontes da malha
viária estadual do Piauí, em que foram constatados problemas diversos de corrosão de
armaduras, desgastes nos aparelhos de apoio, desgaste por erosão dos elementos de
fundação, infiltrações pelas juntas e fissuras em lajes. Grande parte dessas manifestações
patológicas originou-se pelo excesso de carga e pela falta de manutenção apropriada
(ISAIA, 2005).

57
UNIDADE III │ Degradação do concreto – Fatores Físicos

O choque de veículos automotores contra pilares e guarda-rodas de viadutos e o contínuo


roçar, ou mesmo o choque, de embarcações contra as faces expostas de pilares de pontes
e estacas de cais, além do impacto de veículos em barreiras de New Jersey em rodovias,
são exemplos de ações, com consequências que vão desde o desgaste da camada mais
superficial de concreto à destruição de algumas peças estruturais, sempre que não exista
proteção adequada (SOUZA, 2009). A degradação se dá pelo destacamento de parte do
concreto do elemento estrutural, retirando a camada de cobrimento e podendo gerar
a exposição da armadura e consequentemente permitindo a corrosão dela por agentes
agressivos presentes no ambiente.

Cargas Cíclicas

O processo de degradação por fadiga está associado à deterioração sob carregamento


cíclico, que leva ao surgimento e à evolução de microfissuras ou à propagação de
microfissuras preexistentes no material, podendo causar a ruptura da estrutura. A
fadiga ocorre em virtude de um processo de degradação progressiva na microestrutura
cristalina do material sujeito a condições de solicitações de magnitude inferior à sua
capacidade resistente, isto é, as deformações ou as tensões impostas com magnitudes
inferiores à deformação ou à tensão de ruptura (MEDEIROS, 2012). Esse fenômeno
pode ser entendido como a diminuição gradual da resistência de um material em face
de solicitações periódicas, sendo a perda de resistência (amolecimento) acompanhada
de perda de rigidez (redução do módulo de elasticidade) (DRIEMEIER, 1995).

As estruturas mais suscetíveis a esse fenômeno de cargas cíclicas são estruturas


marítimas (off-shore), pavimentos de aeroportos, pontes, torres, usinas eólicas, base
de máquinas e estruturas submetidas a sismos ciclicamente (HORDIJK apud SILVA;
TONON, 2014).

A resistência de um material pode ser entendida como a capacidade de suportar


tensões a ele aplicadas sem se romper. O concreto apresenta microfissuras iniciais na
zona de transição que são determinantes no comportamento do material sob os vários
estados de tensão ao qual pode ser submetido. Quando submetido a carregamentos
cíclicos, há uma propagação dessas fissuras de acordo com o número de ciclos, de
forma que o concreto pode ter sua resistência reduzida rompendo por fadiga (MEHTA;
MONTEIRO, 1994).

Os fatores mais relevantes na análise de fadiga em estruturas de concreto são o aumento


na deformação e a fissuração do elemento estrutural. Após determinado número
de ciclos, a fissura pode adquirir dimensões relevantes, podendo levar a estrutura à
ruptura. A formação de fissuras e mecanismos de fratura são fenômenos relativos a

58
Degradação do concreto – Fatores Físicos │ UNIDADE III

rearranjos internos que, em um nível macroscópico (fenomenológico), refletem nas não


linearidades descritas pelas relações tensão-deformação (ALVARES, 1993 apud SILVA;
TONON, 2014).

Conforme o número de ciclos aumenta, as deformações provocam o aumento e a


propagação das microfissuras iniciais do concreto, levando à formação de macrofissuras.
Com a redução da seção transversal por causa das fissuras, pode ocorrer a ruptura frágil
do material (MEHTA; MONTEIRO, 2008).

O concreto submetido a carregamentos cíclicos sofre degradação gradual tanto no


módulo de deformação quanto na resistência à compressão no momento em que é
submetido a tensões entre 50 e 75% da tensão última. Conforme o número de ciclos
aumenta, as curvas de descarga vão assumindo comportamento não linear, formando
uma curva característica de histerese na recarga. Em níveis acima de 75%, nas curvas
de carga e descarga a não linearidade é acentuada, pois as propriedades elásticas do
material já estão consideravelmente deterioradas (GONÇALVES, 2003).

A energia necessária à formação e à propagação de fissuras na matriz de argamassa é


consideravelmente maior para carregamentos de compressão do que para carregamentos
de tração, resultando em um comportamento frágil à tração e relativamente dúctil à
compressão. Além da influência sobre a resistência, as microfissuras da zona de transição
são determinantes na rigidez e na durabilidade do concreto (MEHTA; MONTEIRO,
2008). Para tração uniaxial o concreto apresenta uma resposta quase linear até atingir
a tensão máxima e um amolecimento significativo no trecho descendente. O acréscimo
de deformações no trecho descendente da curva de tração é decorrente da abertura de
fissuras (ALVARES, 1993 apud SILVA; TONON, 2014).

Segundo Forrest (1970 apud GONÇALVES, 2003), a fissuração por solicitação cíclica
do concreto pode ser evitada limitando-se a tensão máxima para metade da tensão
estática requerida para produzir fissuração.

Exposição a extremos de temperatura

O efeito físico de temperaturas extremas sobre as estruturas de concreto ocorre


devido à variação volumétrica que a temperatura submete à estrutura. Essa variação
volumétrica provoca a degradação da estrutura, que ocorre quando esta atinge situações
extremas, submetendo o concreto às ações de ciclo gelo-degelo e do fogo. A seguir, serão
apresentados os efeitos de estruturas de concreto expostas a temperaturas extremas de
congelamento (ciclo gelo-degelo) e fogo.

59
UNIDADE III │ Degradação do concreto – Fatores Físicos

Ação do fogo

A ação do fogo em estruturas de concreto aumenta a temperatura nos elementos


estruturais e essas variações térmicas geram modificações físico-químicas que alteram
suas propriedades mecânicas, tais como módulo de elasticidade e resistência à
compressão e à tração. Entretanto, o concreto é um material que apresenta diversas
vantagens, quando comparado a outros materiais, pois sua reação com o fogo é pequena
em temperaturas de incêndio padrão, sua condutividade térmica é baixa e não emite
gases tóxicos quando submetido a altas temperaturas (RIBEIRO et al., 2014).

A ação do fogo sobre o concreto pode ter vários efeitos deletérios, físicos e químicos.
Podendo expandir a pasta de cimento, pelo aumento de temperatura, e também retrair
por perda de água de constituição. Essa retração logo supera a expansão e diz-se que o
material retrai (PETRUCCI, 2005).

Segundo Santos (2006), o comportamento das estruturas de concreto é influenciado


pela interação entre os componentes de concreto, o nível de tensão-deformação e a
propensão à fissuração. As microfissuras ocorrem primeiramente na interface entre a
pasta de cimento e agregados, passando posteriormente a crescer e a se desenvolver
em rachaduras que mudarão significativamente o comportamento do material a
altas temperaturas. Com as propriedades mecânicas reduzidas por causa da elevada
temperatura à que são submetidas, as estruturas de concreto armado perdem
suas funcionalidades em um incêndio, e podem produzir situações catastróficas
(OLIVEIRA, 2013).

Em temperaturas mais elevadas, alguns constituintes do concreto se comportam de


maneira expansiva, ocorrendo a decomposição da Portlantida (Ca(OH)2, a 450-550
°C), a expansão dos agregados silicosos contendo quartzo (a 575 °C) ou a decomposição
dos agregados calcários (a temperaturas superiores a 800-900 °C) (RIBEIRO
et al., 2014). Essas transformações dependerão de vários fatores, tais quais umidade
inicial, temperatura máxima, tempo de exposição a essa temperatura, composição
e características dos agregados, e esforços aplicados ao concreto durante os ciclos
térmicos. A umidade inicial interfere, pois, quando o concreto está úmido, ocorre a
evaporação da água contida nos poros mais profundos, produzindo um vapor que, ao
atingir a superfície, poderá gerar uma pressão interna que levará à fissuração (RIBEIRO
et al., 2014).

A elevação gradual de temperatura provoca efeitos deletérios no concreto e nas


argamassas, verificando-se alteração na coloração, perda de resistência mecânica,
esfarelamento superficial, fissuração até a própria desintegração da estrutura
(MORALES, CAMPOS, FAGANELLO, 2011). Esses efeitos manifestam-se nas partes

60
Degradação do concreto – Fatores Físicos │ UNIDADE III

externas da estrutura em contato com o fogo e propagam-se, lentamente, para o


interior, devido à baixa reação do concreto com o fogo e à baixa condutividade térmica
do concreto (RIBEIRO et al, 2014).

Alguns casos evidenciam que, durante um incêndio, pode ocorrer o desplacamento


ou lascamento de camadas superficiais mais quentes do concreto. Esse fenômeno
é denominado spalling (GUO; YUAN; MANG, 2016). E é apresentado nas Figuras
35 e 36, as quais ilustram as estruturas de concreto do túnel Great Belt (Figura
35) e da laje do cinema Cacique (Figura 36), após a decorrência de incêndio (LIMA
et al., 2005).

Figura 35 - Túnel Great Belt. Figura 36 - Laje do cinema Cacique.

Fonte: LIMA et al, 2005. Fonte: LIMA et al, 2005.

O fenômeno spalling leva à redução da área da seção transversal e à exposição da


armadura, podendo eventualmente resultar em uma redução significativa da integridade
estrutural dos edifícios (GUO; YUAN; MANG, 2016). A fissuração intensifica-se nas
juntas, nas regiões mal adensadas e nos planos de barras de armadura, havendo uma
perda significativa de material nesses locais, o que pode levar à eliminação da camada
de cobrimento da armadura (LIMA et al., 2005). Dessa forma, ao ser alcançada, a
armadura passa a conduzir calor e assim o aquecimento é intensificado.

Quanto ao mecanismo de fragmentação do concreto submetido a spalling, dois


parâmetros são analisados, o estresse térmico e a pressão de poros. A teoria do estresse
térmico concentra-se na variação de tensão devido ao gradiente de temperatura, já a
pressão de poros considera o acúmulo de gás causado pelo transporte de massa e calor,
causando o desprendimento (GUO; YUAN; MANG, 2016). Desse modo, o lascamento é
considerado um fenômeno natural nas estruturas de concreto quando elas são expostas
a altas temperaturas, pois, dentro da matriz do concreto, desenvolvem-se tensões de
origem térmica, que aparecem em forma de desintegração das regiões superficiais
(OLIVEIRA, 2013).

61
UNIDADE III │ Degradação do concreto – Fatores Físicos

Em situação de incêndio, as estruturas devem atender a um tempo mínimo de resistência


requerido por norma, a fim de garantir a segurança na fuga dos ocupantes da edificação.
As alterações físicas e mecânicas nas peças de concreto durante um incêndio podem ser
diminuídas quando certos parâmetros de dosagem e geometria forem respeitados. Isso
pode ser assegurado pela resistência durante o tempo de ocorrência do incêndio.

O Tempo Requerido de Resistência ao Fogo pode ser definido como o tempo mínimo
(em minutos) de resistência ao fogo que um elemento construtivo, quando sujeito
ao incêndio, deve resistir (NBR 15200:2012). A NBR 14432:2001 indica os tempos
requeridos de resistência ao fogo (TRRF) que devem ser respeitados pelas edificações
brasileiras, estes independem do material estrutural utilizado.

O incêndio possui uma fase chamada de Combustão Viva, que acontece quando ocorre
uma elevação brusca da temperatura com a propagação descontrolada das chamas
chegando a ponto de irreversibilidade do incêndio (1250-1300 ºC). É o ponto de
inflamação generalizada conhecida como flash over. Nessa fase, ocorrem os efeitos mais
danosos ao concreto, os quais se agravam em função da duração do fogo. No entanto,
Morales, Campos e Faganello (2011) afirmam que a perda de resistência mecânica
já ocorre a temperaturas acima de 300 ºC e o resfriamento brusco da temperatura é
responsável pelas maiores perdas de resistências.

A elevação da temperatura também interfere na coloração do concreto, variando de


tons rosáceos nas temperaturas mais baixas (300 e 600 °C), passando por tons cinza
em temperaturas intermediárias (até 900 °C) e chegando a tons esbranquiçados e
amarelados a altas temperaturas (MORALES, CAMPOS, FAGANELLO, 2011). Essa
variação pode servir como referência para identificar o nível de agressividade do
incêndio ao concreto.

Embora a ação do fogo no concreto seja responsável por modificações microestruturais,


seu efeito não se limita a influenciar características mecânicas. Um ligeiro aumento de
temperatura pode levar a uma maior sensibilidade da estrutura a agentes agressivos,
facilitando a degradação química (RIBEIRO et al, 2014).

Ação do ciclo gelo-degelo

Gelo-degelo é um dos fenômenos mais nocivos para o concreto. Os danos causados


por esse fenômeno podem levar à compressão superficial e ao surgimento de severas
rachaduras internas (CHENG et al., 2016). Consequentemente, o módulo de elasticidade

62
Degradação do concreto – Fatores Físicos │ UNIDADE III

e resistência à compressão do concreto serão reduzidos e a penetração de íons cloreto


e CO2 aumentará, acelerando o processo de carbonatação e conduzindo a fissuras cada
vez mais profundas. O que resultará na perda de resistência a cargas mecânicas e a
condições ambientais nocivas.

Segundo Metha e Monteiro (2008), as causas da degradação do concreto endurecido


pela ação do congelamento podem ser relacionadas à complexa microestrutura do
material; contudo, o efeito depende não apenas da característica do concreto, mas,
também, das condições específicas do ambiente. Dessa forma, um concreto que é
resistente ao congelamento, sob certa condição de gelo-degelo, pode ser destruído sob
uma condição diferente. Os autores afirmam que o dano pode ter várias formas, sendo
as mais comuns a fissuração e o destacamento do concreto, causadas pela expansão
progressiva da matriz da pasta de cimento por repetidos ciclos gelo-degelo.

Segundo Callister Júnior (2014), a grande maioria das substâncias transforma-se de um


líquido para o sólido durante um resfriamento, acarretando um aumento de densidade
e consequente diminuição de volume. Entretanto, a água, em uma temperatura entre 0
ºC e 4 ºC, possui um comportamento inverso (Figura 37), ao se congelar, o seu volume
aumenta em cerca de 9%. Esse fenômeno se explica por meio da análise de sua estrutura
atômica e das pontes de hidrogênio. Durante o resfriamento, as moléculas de água
interagem entre si de forma desordenada para formar as pontes de hidrogênio. A ponte
de hidrogênio é uma interação entre o átomo de hidrogênio e um átomo altamente
eletronegativo, nesse caso da água, o oxigênio. O que ocorre é que cada uma das pontes
de hidrogênio pode se ligar somente a quatro outras moléculas vizinhas, formando um
tetraedro a partir de seus centros e, com a união destes, o retículo cristalino é formado
(Figura 38). Essa ordenação gera espaços vazios entre os átomos, causando um aumento
do volume externo (CALLISTER JÚNIOR; RETHWISCH, 2014).

Figura 37 - Variação de volume da água em função Figura 38 - Retículo cristalino do gelo.

da temperatura.

Fonte: CALLISTER JR; RETHWISCH, 2014. Fonte: CALLISTER JR; RETHWISCH, 2014.

63
UNIDADE III │ Degradação do concreto – Fatores Físicos

Levando-se em consideração que o concreto é um material poroso e, portanto, possui uma


grande capacidade de armazenar água em seus poros, a ação de congelamento dessa água
provoca aumento de volume dentro dos capilares do concreto, causando forte pressão em
suas paredes. Quando a temperatura aumenta, a água dentro dos capilares descongela
diminuindo a pressão dentro dos capilares e novamente volta a congelar quando ocorre
uma queda de temperatura. Esses ciclos de gelo e degelo, que são prejudiciais ao concreto,
foram estudados por Powers (1945) e Helmuth (1953 apud LIMA, 2006) mediante
uma série de experimentos, determinando dois fenômenos importantes causadores da
deterioração desse material quando submetido a temperaturas muito baixas: geração
de pressão hidráulica e difusão de água-gel e água capilar. A água contida nos capilares
do concreto, quando submetida a baixas temperaturas, solidifica-se. Esse processo
causa um aumento de volume da água e a quantidade excedente movimenta-se para
os capilares mais próximos que passarão pelo mesmo processo e se deformarão caso a
pressão sofrida seja maior que a resistência do material.

Powers (1958 apud MEHTA; MONTEIRO, 2008) constatou que, quando a água começa
a congelar em um vazio capilar, requer uma dilatação desse vazio de 9% do volume de
água congelada ou força a saída da água dos poros ou, ainda, ocorrem os dois fenômenos
de forma combinada. Nesse processo, uma pressão hidráulica é gerada e vai depender da
distância de uma fronteira de escape, da permeabilidade do material e da taxa de formação
do gelo. Pelos experimentos feitos por Powers (1958), constatou-se que a pressão de
ruptura se dá em uma amostra saturada da pasta. Em concretos com ar incorporado, a
tendência é diminuir essa pressão, pois criam-se fronteiras de escape. As bolhas deixam
espaços para a formação do gelo. Ilustrações desse acontecimento estão na Figura 39.

Figura 39 - Formação de gelo nos vazios capilares

Fonte: MEHTA; MONTEIRO, 2008.

64
Degradação do concreto – Fatores Físicos │ UNIDADE III

Powers (1958 apud MEHTA; MONTEIRO, 2008) também propôs que, além da pressão
hidráulica causada pelo congelamento da água nas grandes cavidades, pode ocorrer
uma pressão osmótica resultante do congelamento parcial das soluções nos capilares
que pode ser prejudicial à pasta de cimento. Como a água nos capilares não é pura
e estes contêm substâncias solúveis, tais como álcalis, cloreto e hidróxido de cálcio,
essas substâncias também congelam, mas com temperaturas abaixo do congelamento
da água. Entretanto, quanto mais sais presentes nessas soluções, mais tarde
congelam-se essas substâncias.

Os vazios capilares do concreto possuem tamanhos variados; quanto maiores, maior


a quantidade de água a ser congelada dentro deles. Existe água em diversos estados
físicos dentro dos capilares, além de congelamento em diferentes temperaturas, isso
faz com que existam diferentes níveis de energia que podem causar perda de água
dos capilares menores para os maiores. O nível de energia será tanto maior quanto
menor forem os capilares e maior o grau de saturação (POWERS, 1958 apud MEHTA;
MONTEIRO, 2008). Esse fenômeno inicia-se na pasta gel do concreto, pois é aí que
se encontram os menores vazios. Como se sabe, existem três tipos de água fisicamente
ligadas ao concreto: água capilar, água adsorvida nos poros de gel e água interlaminar
na estrutura C-S-H. Quanto mais retida essa água estiver, mais baixa será a temperatura
de congelamento. O limitador dessa pressão hidráulica e da formação dos cristais de
gelo são os vazios de ar presentes na pasta.

O desempenho de concretos submetidos a ciclos de gelo-degelo é avaliado pelo fator de


durabilidade (Fd) proposto pela ASTM C 666-15 (Standard Test Method for Resistance
of Concrete to Rapid Freezing and Thawing). Os concretos são considerados duráveis
se o fator de durabilidade ao final dos ciclos for maior ou igual a 80%. Amorim
Júnior e Ribeiro (2015) concluíram que a baixa relação água/cimento assegurou um
comportamento satisfatório (Fd>80%) para os concretos ensaiados com 4, 6 e 10% de
incorporação de ar, o melhor desempenho ocorreu com a proporção de 6%.

Uma vez que o concreto possui várias fases, outras propriedades podem tornar seu
desempenho limitante, em muitos casos, a durabilidade e a impermeabilidade podem
ser mais importantes que a resistência à compressão, mesmo esse sendo um indicador
de qualidade. A resistência do concreto está muito ligada à porosidade dos materiais
e à porosidade da matriz do cimento, da zona de transição entre a matriz e o agregado
(NEVILLE, 1997).

Estudos realizados por Amorim Júnior e Ribeiro (2015), no qual o Fator de Controle
utilizado na pesquisa foi a incorporação de ar, concluíram que, para estruturas submetidas
à ciclagem gelo-degelo, a resistência mecânica do concreto não é tão importante, já

65
UNIDADE III │ Degradação do concreto – Fatores Físicos

que é possível obter um concreto com ar incorporado de menor resistência mecânica,


porém com maior durabilidade. Isso se deve porque os poros cheios de ar podem
recolher água jogada para fora dos capilares por causa do acréscimo de cristais de gelo,
com a consequente redução da pressão. Entretanto, o espaço disponível para receber
essa água deve ser de fácil acesso e próximo ao ponto onde o gelo está se formando
(AMORIM JÚNIOR; RIBEIRO, 2015).

A adição de pozolanas foi testada em pesquisas realizadas por Amorim Júnior et al.
(2016), observando que os concretos estudados obtiveram maior resistência mecânica e
maior durabilidade aos ciclos de gelo-degelo. As perdas de rigidez de peças de concreto
causadas pelo surgimento de trincas internas de fadiga levam a uma diminuição do
tamanho dos poros capilares, diminuindo a absorção. Nesse mesmo estudo, a adição
de sílica ativa em teor de 15% se mostrou mais eficiente em relação às tensões de
expansão da água, apresentando maior fator de durabilidade, não sofrendo perda de
rigidez ou desgaste físico se comparado a todas as outras misturas (AMORIM JÚNIOR
et al., 2016).

Esse trecho foi retirado do texto de Rodrigo Carvalho sobre Patologias


em Concreto Armado, que pode ser acessado na íntegra no link: <http://
docs11.minhateca.com.br/775389608,BR,0,0,Apresentcao-PATOLOGIAS-EM-
CONCRETO-ARMADO.pdf>.

»» As fissuras são um dos principais problemas patológicos no que se


refere a construções, principalmente de concreto armado. Elas podem
se manifestar desde a concretagem até anos após este procedimento.

»» De acordo com a NBR 6118:2003, as aberturas das fissuras não devem


ultrapassar:

»» a 0,2 mm para peças expostas em meio agressivo muito forte (industrial


e respingos de maré);

»» a 0,3mm para peças expostas a meio agressivo moderado e forte


(urbano, marinho e industrial);

»» a 0,4mm para peças expostas em meio agressivo fraco (rural e


submerso).

»» As fissuras são fenômenos próprios e inevitáveis do concreto


armado e que podem se manifestar em cada uma das três fases de
sua vida:

66
Degradação do concreto – Fatores Físicos │ UNIDADE III

Figura 40 - Fases.

Fonte: CARVALHO, 2015.

Causas das fissuras: Movimentações térmicas; Movimentações higroscópicas;


Sobrecargas; Deformações excessivas da estrutura; Recalques de fundação;
Alterações químicas dos materiais (como a corrosão de armaduras); Fogo sobre
a estrutura.

Esse trecho foi retirado do texto de Rodrigo Carvalho sobre Patologias


em Concreto Armado, que pode ser acessado na integra no link: <http://
docs11.minhateca.com.br/775389608,BR,0,0,Apresentcao-PATOLOGIAS-EM-
CONCRETO-ARMADO.pdf/>.

Fissuras causadas por recalques das fundações

»» De forma geral, os recalques nos pilares geram fissuras de abertura


variável nas vigas ligadas a eles, sendo estas aberturas maiores na parte
superior das vigas. As fissuras decorrentes dos recalques dependem
da magnitude destes.

»» As fissuras por recalque serão ainda mais significativas quando as


armaduras forem deficientes ou mesmo quando estas estiverem mal
posicionadas no elemento.

Fissuras causadas por recalques das fundações

Figura 41 - Fissuras causadas por recalques das fundações.

Fonte: CARVALHO, 2015.

67
UNIDADE III │ Degradação do concreto – Fatores Físicos

Fissuras causadas por corrosão da armadura

»» As fissuras causadas pela corrosão da armadura tendem a aparecer ao


longo das barras em processo de oxidação.

»» O emprego de cobrimento adequado e um concreto compacto


dificultam o processo de corrosão das armaduras e, por conseguinte,
amenizam (ou mesmo impedem) o problema da fissuração causada
pela oxidação da armadura.

Figura 42 - Fissuras causadas por corrosão da armadura em vigas.

Fonte: CARVALHO, 2015.

Fissuras devidas às cargas estruturais


1. Tração

›› As fissuras causadas por esforços de tração são, em geral, ortogonais


à direção do esforço e atravessam toda a seção. O material concreto
é muito suscetível a esse tipo de fissura, pois a resistência à tração
desse material é muito pequena.

2. Compressão

›› As fissuras causadas por esforços de compressão são, em geral,


paralelas à direção do esforço. Quando o concreto é muito
heterogêneo, as fissuras podem cortar-se segundo ângulos agudos.
As fissuras devidas ao esforço de compressão se fazem visíveis com
esforços inferiores ao de ruptura, e aumentam de forma contínua.

3. Flexão

›› Elas começam no bordo tracionado das peças e avançam em


direção à linha neutra. Esse tipo de fissura tem abertura variável:
são mais abertas no bordo tracionado da seção e vão diminuindo
de abertura à medida que chegam perto da linha neutra.

68
Degradação do concreto – Fatores Físicos │ UNIDADE III

Figura 43 - Fissuras causadas por esforços de tração.

Fonte: CARVALHO, 2015.

Figura 44 - Fissuras causadas por esforço de compressão.

Fonte: CARVALHO, 2015.

Figura 45 - Fissuras causadas por esforço de flexão.

Fonte: CARVALHO, 2015.

1. Força Cortante

›› As fissuras causadas por esforço cortante são, em geral, inclinadas


(entre 30° e 45°, aproximadamente), atravessam toda a peça, e são
localizadas próximas aos apoios dos elementos (regiões de força
cortante grande).

Figura 46 - Fissuras causadas por esforço cortante.

Fonte: CARVALHO, 2015.

69
UNIDADE III │ Degradação do concreto – Fatores Físicos

Estados excessivos de fissuração

Figura 47 - Exemplo de estados excessivos de fissuração.

Fonte: CARVALHO, 2015.

Infiltrações
Talvez os danos por umidade e infiltrações sejam os mais comuns em edificações nos dias
de hoje. A má execução dos projetos, a falta de preparo dos profissionais e o descaso com
os fatores naturais são, sem dúvidas, as principais causas desses problemas. Apesar de
serem danos primários, eles podem acarretar problemas maiores em uma construção.
A infiltração, por exemplo, pode resultar em uma corrosão séria da estrutura e do
“esqueleto” da edificação.

As infiltrações são os danos mais comuns nas construções e podem ser encontradas nas
mais variadas edificações.

Na Biblioteca da disciplina, você encontrará um texto complementar sobre


Infiltrações e danos por umidade.

Figura 48 - Infiltração grave, onde a armadura está exposta e sujeita aos fatores ambientais

Fonte: IBDA, 2015.

70
Degradação do concreto – Fatores Físicos │ UNIDADE III

Figura 49 - Infiltrações atingem as ferragens, que são a base da edificação.

Fonte: IBDA, 2015.

Figura 50 - As rachaduras colaboram para as infiltrações, pois nesses casos com a gravidade as águas que

escorrem de chuvas podem entrar e danificar o interior da estrutura.

Fonte: IBDA, 2015.

Figura 51 - Infiltração em um estado mais avançado, em que a água encontra-se percolada em um ponto

crítico de infiltração.

Fonte: IBDA, 2015.

71
UNIDADE III │ Degradação do concreto – Fatores Físicos

No link abaixo, há um texto muito interessante sobre patologias de construções,


uma série de questionamentos com respostas que podem te auxiliar muito no
aprendizado.

<http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=22&Cod=1312>

72
Degradação
das Estruturas
de Concreto Unidade iV
- Processos
Químicos - Parte 1

As causas químicas de deterioração do concreto armado podem ser internas ao material


ou externas, como o ataque químico devido à ação de íons agressivos, como cloretos,
sulfatos, dióxido de carbono, entre outros (NEVILLE, 1997).

Os agentes agressivos são transportados para o interior do concreto por meio do


sistema de distribuição dos poros e capilares, que reagem com os compostos hidratados
de cálcio da pasta de cimento, promovendo a dissolução dos produtos cimentícios do
concreto (METHA; MONTEIRO, 2008).

CapÍtulo 1
Ações do meio ambiente

Introdução

O ambiente em que é construída a estrutura de concreto influencia diretamente sua vida


útil, alguns ambientes agirão com mais e outros com menos agressividade, portanto
devem ser encarados de forma diferente nos projetos de durabilidade do concreto.

A norma brasileira ABNT NBR 6118:2014 - Projeto de Estruturas de Concreto -


Procedimento apresenta diretrizes para a durabilidade das estruturas de concreto em
função do ambiente em que se encontram. Por nível crescente de agressividade, são
apresentados os ambientes: rural, urbano, viciado, marinho e industrial. Em alguns
casos existem diferentes agressividades para o mesmo tipo de ambiente, em razão da
formação de microclimas (função da umidade e localização da estrutura).

73
UNIDADE IV │ Degradação das Estruturas de Concreto - Processos Químicos - Parte 1

Ambiente Rural

A ação agressiva do ambiente rural sobre as estruturas de concreto é considerada fraca


pela ABNT NBR 6118 (Projeto de estruturas de concreto - Procedimento), com risco
de deterioração insignificante, devido ao fato de serem mínimos os agentes agressivos
encontrados nesse tipo de ambiente (pouca ou nenhuma quantidade de cloretos,
sulfatos, sais, ácidos…), porém o efeito acumulado desses poucos agentes ao longo do
tempo, ou até seu aparecimento posterior à construção, requerem atenção a detalhes
no projeto e execução da estrutura. Seguindo a mesma norma, deverão ser observadas
as espessuras mínimas de cobrimento, fator água/cimento, correta cura e compactação
ou adensamento do concreto.

Ambiente Urbano

O ambiente urbano é característico de regiões ao ar livre, dentro dos grandes centros


populacionais. As atmosferas dessas cidades contêm, também, teores de impurezas
maiores que o ambiente rural, como, por exemplo, o gás carbônico (CO2), o dióxido de
enxofre (SO2), entre outros agentes agressivos. Isso ocorre em virtude da proximidade
maior com a fonte poluidora (automóveis, estabelecimentos comerciais, entre outros).
Além disso, é importante destacar que a presença da umidade do ar (eletrólito),
presente nos centros urbanos, influencia na velocidade de corrosão atmosférica (reação
eletroquímica). A umidade se deposita por precipitação ou condensação, como orvalho,
sobre as superfícies expostas. De acordo com Ribeiro et al. (2014), a umidade relativa
de 75% (podendo variar entre 65% e 85%, a 25 ºC) é considerada crítica e, acima
desse valor, pode acelerar o processo de corrosão dos metais, dependendo também da
presença de outros contaminantes, encontrados nas grandes cidades.

Ambiente Viciado

O ambiente viciado é considerado uma região fechada, ou seja, com baixa taxa
de renovação de ar. Dentro desse local pode existir um aumento da concentração e
geração de gases e líquidos agressivos ao concreto armado. Esse tipo de atmosfera é
frequentemente encontrada em tubulações (manilhas de concreto) de esgotamento
sanitário, onde a degradação pela ação dos gases derivados do enxofre se tornam mais
presentes. Esse ataque acontece tanto na matriz hidratada do cimento, quanto nas
armaduras, formando, por exemplo, o sulfato de cálcio (reação expansiva) e o ácido
sulfúrico.

74
Degradação das Estruturas de Concreto - Processos Químicos - Parte 1 │ UNIDADE IV

Ambiente Marinho

A durabilidade das estruturas de concreto no ambiente marinho tem sido um grande


problema há muitas décadas, devido à ação agressiva da água do mar em relação ao
concreto se contrapondo à vida útil esperada para as edificações e infraestruturas
marítimas (POLDER; ROOIJ, 2005). Segundo Lima (2005), a atmosfera marinha é
bastante estudada devido à presença de grande quantidade de agentes agressivos
e alta velocidade de ataque. A água do mar contém íons em abundância, que podem
reagir quimicamente com os componentes do concreto, alterar sua condutividade ou
despassivar a armadura, os seis íons mais frequentes são: cloro (Cl-), sódio (Na+),
sulfato (SO42-), magnésio (Mg2+), cálcio (Ca2+) e potássio (K+). A composição da
água do mar pode conter, aproximadamente, 3,3% de cloreto de sódio (NaCl) na parte
sólida. Esse valor é, coincidentemente, semelhante à concentração crítica de Cl - para
que haja a despassivação da armadura, no caso, 3,0%.

Outro fator de destaque importante são as zonas de agressividade referente ao ambiente


marinho, que variam em função do acesso de água e oxigênio e pode ser dividida
em quatro faixas, conforme Figura 52. Dentro desse contexto, destacam-se a zona
atmosférica (transporte de sais pelo vento, névoa marinha, maresia ou salt spray), a
zona de respingos (ação direta do mar), a zona de variação de marés (concreto sempre
saturado) e a zona submersa (ausência de oxigênio e concreto sempre supersaturado).
Em atmosfera marinha, por exemplo, Helene (1986) afirma que a velocidade de
corrosão pode ser superior ao ambiente rural entre 30 a 40 vezes, os danos podem ser
ainda mais severos quando a estrutura está em contato direto com a variação do nível
do mar (efeito splash zone).

Figura 52 - Apresentação das distintas regiões (zonas) de agressividade às estruturas de concreto armado.

(a) (b)

Fonte: (a) (adaptado de DURACRETE, 199, apud LIMA, 2005), (b) (adaptado de MEHTA, 1980).

75
UNIDADE IV │ Degradação das Estruturas de Concreto - Processos Químicos - Parte 1

Ambiente Industrial

A atmosfera industrial possui algumas particularidades específicas que são caracterizadas


de acordo com o tipo de indústria instalada, bem como a influência de outra atmosfera
mais agressiva ou não. Em relação à indústria de papel e celulose, o ambiente sofre
uma contaminação por cloretos pior do que o ambiente marinho (LIMA, 2005). Gentil
(2003) também afirma que as atmosferas industriais podem acelerar o processo de
corrosão de 60 a 80 vezes, se comparadas a atmosferas rurais.

Botelho e Silva (2008) também afirmam que:

Em ambientes industriais, a agressividade química é maior devido à


presença de impurezas do anidrido sulfuroso, que com a chuva forma
o ácido sulfúrico, destruindo a alcalinidade dos hidróxidos que reagem
com o carbonato de cálcio, formando cristais de gesso composto com
alumínio, que provoca o aumento de volume da armadura, culminando
no desprendimento do concreto. (BOTELHO; SILVA, 2008).

Lapa (2008) afirma que o concreto em contato com ácidos em altas concentrações não
é habitual, entretanto a ação de chuvas ácidas nos grandes centros industriais é mais
frequente, pois os ácidos aumentam a porosidade do concreto e transformam a pasta
de cimento endurecida. Segundo Corsini (2013), em áreas industriais, os principais
agentes de agressividade são a fuligem, o SO2, o CO2, juntamente com os cloretos, além
da presença de nitratos, sulfetos hidróxidos e de amônio, produzidos pelos próprios
processos industriais. Devido a essa soma de agentes agressivos, as estruturas de
concreto de refinarias próximas ao litoral são mais suscetíveis ao processo de corrosão.
Corsini (2013, p. 38) também afirma que:

Alguns subsistemas operacionais podem, ainda, estar sujeitos a grau


superior de agressividade, como, por exemplo, o sistema Corrente de
Águas Oleosas (CAO). Nesses sistemas, são conduzidos efluentes de
alta agressividade, com alternância de produtos com extrema acidez e
extrema alcalinidade (BOTELHO; SILVA, 2008).

Conforme Ribeiro et al. (2014), soluções ácidas que, na presença de umidade levam
à redução da alcalinidade do concreto, podem ser encontradas tanto nas águas
contaminadas por dejetos industriais, quanto na atmosfera industrial, que contém gases
nocivos ao concreto, pelo mesmo fator que as soluções ácidas. Esse mesmo autor cita,
ainda, que os teores de dióxido de enxofre (SO2), na presença de umidade, podem gerar
o ácido sulfúrico (H2SO4) em grandes centros urbanos, como em São Paulo, podem
variar entre 0,1 e 1,0 ppm, e são originados quando, por exemplo, a indústria química

76
Degradação das Estruturas de Concreto - Processos Químicos - Parte 1 │ UNIDADE IV

e os efluentes de fornos utilizam combustíveis com alto teor de enxofre. Portanto, a fim
de apresentar a corrosão relativa em função das diversas atmosferas a que as estruturas
de concreto armado podem estar submetidas, Santos (2006 apud RIBEIRO, 2010)
ilustrou esse tópico a partir da Tabela 7.

Tabela 7 - Corrosão relativa em função das diversas atmosferas a que as estruturas de concreto armado podem

ser submetidas.

Atmosfera Corrosão relativa


Rural seca 1-9
Marinha 38
Industrial (marinha) 50
Industrial 65
Industrial, fortemente poluída 100
Fonte: SANTOS (2006 apud RIBEIRO, 2010).

As cidades industriais, com elevado índice de poluição, como, por exemplo, Cubatão
(SP) e Camaçari (BA). A primeira foi a primeira cidade do país a se industrializar e
símbolo da transformação do Brasil rural em industrial, na década de 50. Considerada
por alguns como o “Vale da Morte”, pois, em 1983, as emissões de material particulado
no polo industrial chegavam a 363 mil toneladas/ano, quase mil toneladas/dia (PIRES,
2012). Atualmente, Cubatão é vista como exemplo de planejamento e consciência
socioambiental, devido à implantação de um plano de recuperação ambiental.

A segunda, Camaçari (BA), possui o maior complexo integrado do Hemisfério Sul. O Polo
Industrial de Camaçari está em operação desde 1978 e abrange áreas dos municípios
de Camaçari, Dias D’Ávila e Simões Filho. Nele, estão instaladas indústrias que atuam
nos setores da petroquímica, química fina, metalurgia, celulose, cervejaria, plásticos,
fertilizantes, serviços, indústria automotiva e de pesticidas, entre outros (COFIC, 2017).

Portanto, os dois exemplos de ambientes industriais agressivos contribuem para a


redução da alcalinidade do concreto e o aumento da velocidade de carbonatação,
destruindo a película passivadora que protege o aço.

77
CapÍtulo 2
Carbonatação, Ação de cloretos,
Sulfatos e outros fatores causadores de
patologia

Ações de carbonatação
A alcalinidade do concreto é alcançada principalmente pela presença de compostos
alcalinos hidratados e, notadamente, do hidróxido de cálcio (Ca(OH)2), liberado das
reações ocorridas no cimento. A ação do dióxido de carbono (CO2), conhecido como
gás carbônico, atrelado às altas taxas de umidade, ocasiona o processo de carbonatação
do concreto. Pelo fato do concreto ser um material poroso, o CO2 (presente no ar)
penetra facilmente mediante os poros deste, atingindo o seu interior. Com isso,
acontece a reação do CO2 com o Ca(OH)2, provocando a carbonatação, segundo a
reação principal:

Ca(OH)2 + CO2 + H2O → CaCO3 + 2H2O

Segundo Ribeiro et al. (2014), o carbonato de cálcio (CaCO3) não deteriora o concreto,
porém, durante a sua formação, consome os álcalis da pasta e reduz o pH. Os gases
atmosféricos que podem ocasionar a redução do pH são o SO2 (dióxido de enxofre) e o
H2S (gás sulfídrico), além do próprio CO2, que, por ser o mais frequente, denomina o
processo de carbonatação. O pH da solução de equilíbrio, que originalmente é de 12,5,
passa para um valor menor que 9, sendo capaz de despassivar a armadura e possibilitar
sua corrosão.

O processo ocorre em várias etapas envolvendo diversas reações secundárias, embora o


carbonato de cálcio seja sempre um dos produtos finais. Gentil (2003) chama a atenção
para o fato de que, se existir o excesso de CO2, como em águas agressivas, a reação pode
ser outra, tendo como produto final o bicarbonato de cálcio (Ca(HCO3)), que é bastante
ácido, diminuindo ainda mais o pH do meio.

Uma característica do processo de carbonatação é a existência de uma “frente” de avanço,


dividindo duas áreas de pH muito diferentes, sendo uma com pH < 9 e outra com pH
> 12. Essa frente de carbonatação avança progressivamente em direção ao interior do
concreto, despassivando a armadura, iniciando a corrosão (com a respectiva expansão
do aço) e finalmente gerando trincas e desplacamento do concreto (Figura 53).

78
Degradação das Estruturas de Concreto - Processos Químicos - Parte 1 │ UNIDADE IV

Figura 53 - Frente de carbonatação.

Concreto de boa qualidade Dióxido de carbono entra, pH O pH do ambiente em torno da A expansão voluntária da corrosão
(pH=14/14) aço encontra-se começa a diminuir. O aço ainda armadura diminui abaixo de 9,5. causa trincas e desplacamentos.
passivado não é afetado. Começa a corrosão.
Fonte: RODRIGUES, 1998, p. 32.

Fatores influentes na velocidade e na profundidade

É ponto pacífico entre os autores que a velocidade e profundidade da carbonatação do


concreto dependem de fatores relacionados à qualidade do concreto endurecido e do
meio ambiente, como evidenciado pela Tabela 8.

Tabela 8 - Principais fatores que condicionam a velocidade de penetração da frente carbonatação.

Fatores condicionantes Características influenciadas


Concentração de CO2 »» Mecanismos físico-quimicos
Umidade relativa do ar »» Velocidade de carbonatação
Condições de exposição Temperatura »» Grau de saturação dos poros
»» Velocidade de carbonatação
»» Velocidade de carbonatação
Composição química do cimento »» Porosidade da pasta carbonatada
»» Características do clínquer »» Reserva alcalina
»» Teor de adições »» Porosidade
Características do concreto »» Traço »» Porosidade
»» Qualidade de execução »» Grau de hidratação
»» Defeitos
»» Cuidados com a cura
Fonte: FIGUEIREDO, 2005.

Nas condições de exposição, quanto maior a concentração de CO2, maior será a velocidade
de carbonatação, principalmente em concretos com elevada relação água/cimento (a/c) e
elevada porosidade. Essa concentração varia em função do ambiente, onde a criticidade
maior ocorre nos ambientes de polo industrial (FIGUEIREDO, 2005).

Outro ponto fundamental é a diferença da taxa de difusão do CO2 no ar e na água (na


água ela é 10 vezes mais baixa que no ar). Em razão de o concreto ser um material

79
UNIDADE IV │ Degradação das Estruturas de Concreto - Processos Químicos - Parte 1

poroso, o CO2 penetra pelos poros, porém, se estes estiverem secos, a carbonatação
não ocorrerá pela falta de água. Nos poros totalmente preenchidos com água, por sua
vez, a carbonatação também quase não ocorre, em função da baixa difusibilidade do
CO2 na água. Contudo, se os poros estiverem parcialmente preenchidos com água, a
carbonatação avançará até onde existir condição favorável (Figura 54).

Figura 54 - Representação esquemática de carbonatação parcial do concreto com poros parcialmente com

água (U.R. normal do ambiente).

Concreto

Xc

Poros

Ar (+CO2)
Filmes d’ água

Poros saturados com água


Fonte: CASCUDO, 1997, p. 52.

A umidade tem impacto direto na saturação dos poros do concreto e, por conseguinte,
na difusão do CO2. Com isso, a velocidade de carbonatação sofre influência da umidade
relativa do ar ao qual o concreto está submetido, por meio do processo de saturação,
conforme explicado anteriormente. No tocante à temperatura, em condições normais, a
variação da velocidade de carbonatação não é significativa (FIGUEIREDO, 2005).

Analisando as características do concreto, o tipo do cimento utilizado influi na quantidade


de reserva alcalina disponível para reagir com o CO2. A velocidade de carbonatação se
torna maior, para uma mesma relação a/c, em função da reserva alcalina menor. A
relação água/cimento está ligada ao tamanho e à quantidade de poros do concreto, por
isso uma maior relação a/c implica maior porosidade do concreto, com consequente
aumento da facilidade do CO2 para se difundir.

“Quanto maior o tempo de cura e mais eficiente for o método de cura empregado, maior
será o grau de hidratação do cimento, menor será a porosidade e a permeabilidade e,
por consequência, menor será a carbonatação” (FIGUEIREDO, 2005). A cura influencia
bastante na velocidade de carbonatação, em que, segundo Silva (1995), a cura mal feita
gera fissuras e facilita a entrada de CO2, aumentando, dessa maneira, a profundidade
de carbonatação.

80
Degradação das Estruturas de Concreto - Processos Químicos - Parte 1 │ UNIDADE IV

As fissuras possibilitam ao CO2 penetrar com mais rapidez no interior do concreto. A


depender das características da fissura, da quantidade de água presente e da alcalinidade
do concreto, pode ocorrer o fenômeno de autocicatrização, isto é, a acumulação de
carbonatos na superfície da fissura. A Figura 55 esquematiza o processo de penetração
e difusão do CO2 na região fissurada.

Figura 55 - Representação esquemática de penetração do CO2 no concreto (CEB/BI 152, 1984).

1. Difusão de CO2 na fissura

2. Difusão do CO2 no concreto

3. Reação Química

4. Difusão de OH-

Fonte: FIGUEIREDO, 2005, p. 840.

Com relação às formas de detecção, os indicadores de pH (notadamente a fenolftaleína


e timolftaleína) são instrumentos para a verificação da profundidade de carbonatação,
em que o local onde é aplicada a solução desses compostos sobre o concreto apresenta
mudança de coloração (RIBEIRO et al., 2014). Outro indício da ocorrência da
carbonatação são as manchas de cor esbranquiçadas (carbonato de cálcio) que atingem
os veículos localizados principalmente em garagens (locais de grande concentração de
dióxido de carbono). Além disso, locais extremamente úmidos ou secos não apresentam
grande incidência de carbonatação.

Por fim, nas medidas de combate, concretos com menores relações a/c resultam em
menor porosidade, contribuindo positivamente no combate à carbonatação. Segundo
Ribeiro et al. (2014), a relação água/cimento de 0,80, 0,60 e 0,45, em média, está na
relação 4:2:1, respectivamente, para profundidade de carbonatação. Essa análise é
válida, independentemente da natureza da atmosfera que o concreto esteja exposto,
demonstrando que, quanto maior a relação a/c, maior a profundidade de carbonatação.
Ademais, quanto maior o processo de cura, menor será a possibilidade de fissuras e, por
conseguinte, menor a carbonatação.

Ações dos cloretos


A corrosão da armadura, devido à ação de cloretos, é apontada por muitos autores
como uma das mais sérias patologias sofridas por esse material (HELENE,1986). Os

81
UNIDADE IV │ Degradação das Estruturas de Concreto - Processos Químicos - Parte 1

íons de cloreto destroem a película passivante da armadura (agindo na fase de iniciação


do processo corrosivo) e também atuam no aceleramento da corrosão. Segundo Ribeiro
et al. (2014), mesmo em condições de pH extremamente elevado, os íons cloretos
são capazes de despassivar a armadura. “A quebra da película passivadora pode ser
explicada por diversas teorias apresentadas por diferentes autores, como a teoria do
filme de óxido, a teoria da adsorção, a teoria do complexo transitório, porém não existe
nenhuma efetivamente consolidada” (RIBEIRO et al., 2014). O grande perigo se deve
ao fato de que, na reação principal, os íons de cloreto não são consumidos:

Fe³+ + 3Cl- → FeCl3 + H2O

FeCl3 + 3OH- → 3Cl- + Fe(OH)3

Diversas são as formas dos íons cloreto chegarem até o concreto, listadas por Figueiredo
(2005): uso de aceleradores de pega que contêm CaCl2 (cloreto de cálcio), na forma de
impurezas dos agregados e da água de amassamento, atmosfera marinha, água do mar,
sais de degelo e processos industriais. Ainda segundo Figueiredo (2005), os íons podem
ser encontrados no interior do concreto em três diferentes formas: quimicamente
combinados (cloro-aluminatos de cálcio), fisicamente adsorvidos na superfície dos
poros capilares e livres na solução dos poros do concreto. Segundo Fortes (1995), os
cloretos que representam perigo à estrutura são os que permanecem livres na solução
dos poros do concreto.

Fatores influentes na contaminação por cloretos

A quantidade de aluminato tricálcico (C3A) determina a capacidade que um cimento


tem de se combinar com os íons de cloreto. O C3A “prende” os íons de cloreto através
da formação do cloro-aluminato de cálcio hidratado, também chamado sal de Friedel,
um sal complexo e insolúvel, causando a diminuição da concentração de íons de cloreto
livres no concreto. Esse fato é mostrado na Tabela 9:

Tabela 9 - Quantidades de cloretos livres em relação a diversos teores de C3A.

Teor de C3A % de cloretos livres Acréscimo de tempo para iniciar a


corrosão

2, 00% 86,00% Referência

9,00% 58,00% 1,75 vezes

11,00% 51,00% 1,93 vezes

14,00% 33,00% 2,45 vezes

Fonte: FIGUEIREDO, 2005.

82
Degradação das Estruturas de Concreto - Processos Químicos - Parte 1 │ UNIDADE IV

As condições ambientais também influenciam na penetração de cloretos. O transporte


dos íons ocorre somente na presença de umidade, além disso eles podem penetrar no
concreto por sucção capilar da água que os contém (FIGUEIREDO, 2005). No caso da
água de amassamento contaminada, a penetração se dá por difusão. Outra condicionante
ambiental é a temperatura, que, com o aumento dela, tem-se uma maior mobilidade
molecular, favorecendo o transporte dos íons pela estrutura.

O processo de ataques por cloretos pode vir atrelado com outros processos de
deterioração, atuando simultaneamente. Segundo Figueiredo (2005), um concreto
carbonatado não possui a mesma capacidade de combinar cloretos que um concreto não
carbonatado. No início da carbonatação, parte dos cloretos passa de combinados para
a condição de livres. Com isso, a quantidade de cloretos livres inicial para a corrosão
pode ser atingida mesmo com a quantidade de cloretos totais baixa. Segundo Bakker
(1988 apud FIGUEIREDO, 2005) essa combinação entre carbonatação e cloretos é
normalmente a causa dos problemas mais severos de corrosão.

Por fim, nas medidas de combate, de acordo com Gentil (2003), o cloro-aluminato
de cálcio é resultante da reação entre o cloreto e aluminatos do concreto. A formação
desse produto insolúvel baixa os teores de cloretos solúveis a valores não agressivos,
por isso os cimentos ricos em aluminato tricálcico são os mais indicados para resistirem
aos cloretos. Segundo Ribeiro et al. (2014), “a presença de materiais cimentícios
suplementares também reduz significativamente a mobilidade do íon cloreto, refletindo
o efeito do aumento da tortuosidade e da melhor distribuição dos diâmetros dos poros,
provocados pelas reações pozolânicas, que dificultam a movimentação iônica”.

Ataque por sulfatos


Os sulfatos podem estar dissolvidos em água, nos agregados, nos esgotos, no solo ou em
algumas adições/aditivos, as principais consequências do ataque por sulfato é a formação
de etringita tardia (trissulfoaluminato de cálcio hidratado, 6CaO·Al2O3·3CaSO4·32H2O)
e a formação da gipsita (sulfato de cálcio dihidratado, CaSO4·2H2O). A etringita formada
sofre um acréscimo de volume e, devido a esse efeito, surgem fissuras no concreto, já a
formação da gipsita pode provocar o aumento de porosidade e perda de resistência do
concreto.

Em razão da grande quantidade de água de cristalização na etringita, resulta em um, a


partir disso, surgem fissuras na pasta endurecida de cimento ao redor da etringita. Esse
fenômeno ocorre quando existe, na fase cura do concreto, altas temperaturas devido
ao calor de hidratação do cimento ou por uma fonte externa de calor, pois a etringita
é instável a altas temperaturas. Como resultado, temos aumento da permeabilidade, e

83
UNIDADE IV │ Degradação das Estruturas de Concreto - Processos Químicos - Parte 1

um acesso facilitado para um maior ataque de sulfatos do meio ambiente externo, mais
fissuração, e degradação progressiva.

Cabe ressaltar que a formação de etringita é apenas um indicativo de ataque por sulfatos,
a partir disso, devem ser realizadas análises químicas para comprovar a origem da
formação da etringita. Por isso, os efeitos expansivos desse tipo de ataque são bem
marcantes, entretanto é possível contaminação por sulfatos sem que haja expansão
do volume de concreto, tais ataques ainda constituem grande perigo, pois o concreto,
quando submetido a sulfatos solúveis, pode sofrer perda de resistência da matriz
cimentícia ou um aumento na porosidade global, qualquer um dos efeitos diminui a
durabilidade.

O ataque por íon sulfato é feito por difusão quando o concreto está saturado e por
absorção ou adsorção, quando está seco. Em se tratando do fenômeno, é importante
lembrar que o sulfato de magnésio é o mais agressivo, pois, além de formar o gesso, ele
forma o hidróxido de magnésio (brucita), ambos altamente expansivos. Portanto, quando
se projeta uma estrutura em determinado local, e este ambiente está contaminado por
sulfatos, é ideal que o cimento utilizado no concreto tenha um baixo teor de C3A (abaixo
de 5%), pois é ele quem reage com os sulfatos (CORSINI, 2013).

Quanto maior o teor de C3A na composição do cimento Portland, menor será a eficiência
do cimento ao ataque de sulfatos. Para essa avaliação, deve-se levar em conta o somatório
da contaminação da água, a contaminação do solo, o teor de sulfato nos agregados, no
cimento, nos aditivos e nas adições.

Além dessa forma de combate contra os sulfatos, existem também os cimentos


pozolânicos (com teor de pozolana acima de 30%) e com teor de escórias acima de 65%,
são considerados resistentes a sulfatos para ambientes com agressividade moderada
(CORSINI, 2013). A utilização de aditivo redutor de permeabilidade é outro mecanismo
de combate a sulfatos, pois ele promove nos capilares e vazios do concreto a formação de
cristais insolúveis que deixam esse concreto mais estanque. Por outro lado, a qualidade
do concreto é importante para enfrentar esses agentes químicos, afinal a água é o veículo
que leva os contaminantes para o interior do concreto. Portanto, é importante que esse
concreto seja o menos permeável possível, utilizando microssílica, pois ela aumenta a
densidade do concreto e diminui a sua permeabilidade.

A utilização de concreto com baixo fator água/cimento é muito importante, pois


diminui a disponibilidade de água para hidratar a reação de formação da etringita,
minimizando a quantidade formada, a utilização de concretos resistentes a sulfatos,
que são largamente produzidos, e a incorporação de ar, vale salientar que os cuidados
com mistura, lançamento, adensamento e cura são indispensáveis.

84
Degradação das Estruturas de Concreto - Processos Químicos - Parte 1 │ UNIDADE IV

Cabe ressaltar que, em quantidades normalmente aceitáveis de cloreto de cálcio, é um


acelerador aditivo para mitigar os efeitos de betonagem, em tempo frio não é prejudicial
(LAPA, 2008). Portanto, se não existe qualquer risco de corrosão, deve-se adicionar
cloreto de cálcio, uma vez que poderia induzir e acelerar a corrosão de elementos
metálicos embutidos, tais como o reforço de dutos de aço e alumínio.

Figura 56 - Ataque por sulfatos.

Fonte: TECHNE, 2016.

O texto que encontrará acessando o link abaixo trata de danos em estruturas de


concreto por ação do H2S.

<http://www.axfiber.com.br/single-post/2017/01/11/Danos-em-estruturas-de-
concreto-por-a%C3%A7%C3%A3o-do-H2S>.

Ataque de ácidos
A ação deletéria dos ácidos sobre o concreto se dá através da reação entre sua matriz
cimentícia e o ácido, principalmente sobre os hidróxidos de cálcio. Esses hidróxidos
são oriundos de compostos de cálcio solúveis em água e podem ser lixiviados por
soluções aquosas. Segundo Chen (2013), a dissolução de silicato de cálcio hidratado,
aluminato de cálcio, sulfoaluminato de cálcio e outros pode ser causada por ataque
ácido e leva a uma maior deterioração dos materiais cimentícios. O ataque com ácido
sulfúrico também pode produzir o aumento ou a aceleração da deterioração, uma vez
que o sulfato de cálcio formado afeta o concreto pelo mecanismo de ataque de sulfato.

85
UNIDADE IV │ Degradação das Estruturas de Concreto - Processos Químicos - Parte 1

Entretanto, alguns ácidos, como o ácido oxálico e o ácido fosfórico, são exceções, uma
vez que os sais de cálcio resultantes da reação com esses ácidos são insolúveis em água
e não podem ser facilmente removidos a partir das superfícies do concreto.

Em todos os casos, o tempo de exposição aos ácidos deve ser minimizado se possível, e a
imersão deve ser evitada, pois nenhum concreto hidráulico-cimento, independentemente
da sua composição, suportará por muito tempo solução aquosa de elevada concentração
de ácido (pH = 3 ou mais baixo).

Ambientes industriais ou com presença de esgoto são muito propícios a apresentar


ataques por ácidos. No primeiro, os gases poluentes entram em contato com hidrogênio
e o vapor d’água da atmosfera forma chuva ácida, que provocará a dissolução da matriz
cimentícia do concreto devido ao baixo pH (entre 4,5 e 2,2) (LIMA 2011). Enquanto os
com presença de esgoto são ricos em bactérias responsáveis pela formação do ciclo do
enxofre, onde há a formação de ácido sulfúrico (H2SO4), que degradará o concreto. O
processo ocorre da seguinte forma: o ácido reage com o hidróxido de cálcio, formando
gesso, este reagirá com aluminato de cálcio, formando etringita, que é altamente
expansiva (MORAES 2011).

Águas puras

As águas puras, que apresentam poucas substâncias dissolvidas (ex.: oriundas da


condensação da neblina do vapor d’água; neve derretida ou da chuva, as chamadas
“água mole”), justamente por estarem pouco associadas, têm alto poder de quebra ou
dissolução das moléculas de outros elementos (hidrólise). Ao entrar em contato com os
componentes cimentícios, tendem a hidrolisar ou dissolver a matriz cimentícia.

Sendo o hidróxido de cálcio um dos constituintes da pasta de cimento mais propenso à


hidrólise, em razão de sua alta solubilidade nessas águas (1230 mg/l), após hidrolisado,
pode vir a ser lixiviado até a superfície do concreto e, em contato com o gás carbônico
presente na atmosfera, produzirá o fenômeno conhecido como eflorescência, de cor
esbranquiçada (RIBEIRO et al., 2014).

A fim de evitar ou mitigar o problema, deve-se diminuir o acesso das águas puras às
estruturas de concreto e reduzir o teor de sais solúveis da matriz cimentícia, adicionando
pozolana ou fazendo uso de cimento CPIV, que possui menor teor de clínquer.

86
Degradação das Estruturas de Concreto - Processos Químicos - Parte 1 │ UNIDADE IV

Figura 57 - Eflorescência.

Fonte: MAPADAOBRA, 2016.

Ações de agentes biológicos

A biodegradação é definida como qualquer alteração não desejada nas propriedades


de um material, em virtude das ações vitais dos organismos. Alguns autores destacam
que a formação de biofilme, ataque de ácidos, tensões provocadas pela cristalização de
sais e complexação são os mecanismos de biodegradação que promovem a redução de
vida útil do concreto. A biocorrosão (corrosão induzida por microorganismo – MIC,
em inglês) é o mesmo mecanismo da corrosão, que é essencialmente eletroquímico
(VIDELA,1993).

Figura 58 - Microscopia biofilme.

Fonte: NUCLEODAAPRENDIZAGEM, 2017.

87
UNIDADE IV │ Degradação das Estruturas de Concreto - Processos Químicos - Parte 1

Figura 59.

Fonte: IPT, 2017.

Segundo Gu (2012), à medida que as estruturas envelhecem, a atuação conjunta de


vários tipos de micro-organismos tem uma ação continuada sobre determinado
substrato. Então, podemos perceber que a biodeterioração atua de forma crítica nas
estruturas de concreto armado.

Figura 60 - Atracadouro Guaimbim, Valença (BA).

Fonte: Imagens da autora.

88
Degradação das Estruturas de Concreto - Processos Químicos - Parte 1 │ UNIDADE IV

O concreto é considerado um material bioreceptivo, a bioreceptividade é uma


característica que está relacionada à capacidade que determinado material possui em
permitir a fixação e o desenvolvimento de micro-organismo em sua superfície. Por isso,
características ambientais associadas à composição química, umidade, rugosidade e
porosidade produzem as condições necessárias para qualificar a bioreceptividade do
concreto, conforme a Figura 61.

Figura 61 - Mudança de propriedades em função da biodeterioração.

Fonte: ALLSOPP et al., 2004.

A biodeterioração é genericamente classificada em três categorias, a saber: (i) biofísica,


(ii) bioquímica e (iii) estética (ALLSOPP et al., 2004). A deterioração bioquímica pode
ser subdividida em: (i) assimilatória e (ii) não assimilatória.

O processo assimilatório ocorre quando os organismos utilizam os componentes


constituintes do concreto como uma fonte de alimento, modificando, assim, as
propriedades e a microestrutura do material que passam a apresentar falta de
componentes importantes à sua integridade. Contudo, no processo não assimilatório,
não há o consumo dos constituintes do material que serve de base para fixação dos
micro-organismos. No entanto, os produtos oriundos dessa metabolização apresentam
características nocivas ao substrato do concreto.

Segundo Shirakawa (1994), Beech e Sunner (2004), podemos identificar os seguintes


efeitos durante o processo de condicionamento do substrato causados pelos organismos
vivos: diminuição do pH, ganho de umidade, formação de biofilme ou mudanças
internas (reações químicas adversas, rachaduras por inchaço ou encolhimento)

89
UNIDADE IV │ Degradação das Estruturas de Concreto - Processos Químicos - Parte 1

que produzem frequentemente pequenas alterações na aparência. Por isso, a fim de


representar algumas informações a respeito da biodeterioração e da biocorrosão do
concreto armado, veja-se a Tabela 10:

Tabela 10 - Ação corrosiva dos micro-organismos pela produção metabólica de substâncias agressivas.

Micro-organismo Produto corrosivo Materiais afetados pH Meio ambiente


Gênero Thiobacillus Sulfetos, sulfatos, sulfo sulfatos Ferro e ligas, concreto 0,5 – 7,8 Efluentes, iodo, água do
e ácido sulfúrico mar, rios e solos
Gênero Ferrobacillus Íons férrico, ácido sulfúrico Ferro e ligas 1,4 – 7,0 Depósitos de pirita e
minas
Gênero Lactobacillus Ácidos orgânicos Aço ---- Refinarias
Gênero Desulfovibrio Ácido sulfídrico, sulfetos Ferro e ligas, alumínio 5,5 – 5,9 Efluentes, iodos, solos,
água do mar ou rio
Gênero Gallionella, Hidróxido férrico Ferro 4,0 – 10,0 Águas com ferro em
Chrenothix, Septotrix solução
Fonte: BEECH E SUNNER, 2004.

90
CapÍtulo 3
Reação álcali-agregado

Introdução
Dá-se o nome de reação álcali-agregado (RAA) a uma reação química bastante
complexa que envolve minerais reativos contidos em agregados e nos álcalis presentes
no concreto, os quais, em contato com umidade, formam um produto que na maioria
dos casos pode expandir e gerar tensões internas, fissurações e deteriorar a estrutura de
concreto, diminuindo seu desempenho e vida útil (HASPARYK, 2011).

No Brasil, a maior quantidade de casos da presença da RAA em estruturas de concreto


ocorreu em usinas e barragens, entre elas a Usina Hidrelétrica (UHE) Paulo Afonso,
Sobradinho, Barragem de Joanes, na Bahia; UHE de Furnas em Minas Gerais. Em
2005, HASPARYK (2011) menciona que cerca de 140 barragens estivessem afetadas
pela reação em todo o mundo. Casos em edificações foram registrados em Pernambuco
onde alguns prédios possuem a presença da reação em blocos de fundação, conforme a
Figura 62.

Figura 62 - a) Desnivelamento entre juntas de trabalho e fissuras na superfície do concreto – vertedouro/muro

de transição – UHE Furnas; b) Quadro fissuratório intenso em blocos de fundação de edificação na Região

Metropolitana do Recife.

Fonte: KIHARA, 1993 (apud HASPARYK, 2005).

A reação
A RAA pode ser classificada em três tipos: reação álcali-sílica, reação álcali-silicato
e reação álcali-carbonato. A principal delas, pela velocidade em que se desenvolve e
pela maior ocorrência no Brasil, é a álcali-sílica, que, segundo a NBR 15577-1 (2008,

91
UNIDADE IV │ Degradação das Estruturas de Concreto - Processos Químicos - Parte 1

p. 2), “é um tipo de reação álcali-agregado em que participam a sílica reativa dos


agregados e os álcalis, na presença do hidróxido de cálcio originado pela hidratação
do cimento, formando um gel expansivo”. Constituem-se exemplos de sílica ativa
em ordem decrescente de reatividade: os minerais estrutura amorfa (opala e vidro),
microcristalinas, criptocristalina (calcedônia), metaestável (tridmita e cristobalita) e
cristalina (quartzo e feldspato deformados e filosilicatos alterados) (BULLETIN 79,
1991; GLASSER, 1992, POOLE, 1992; KIHARA, 1993 apud HASPARYK, 2005).

A RAA ocorre por causa da reação entre a sílica reativa contida nos agregados, a cal
liberada pelo cimento e os álcalis (sódio e potássio) da pasta de cimento. Os vários tipos
de sílica presentes nos agregados reagem com os íons hidroxila. A água absorvida pelo
gel pode ser parte da que não foi utilizada para a hidratação do cimento, água existente
no local (reservatório, por exemplo), água de chuva e, até mesmo, água condensada
da umidade do ar (HELENE, 2012). Se o gel estiver confinado pela pasta de cimento,
seu inchamento implica a introdução de tensões internas que, eventualmente, podem
causar fissuras no concreto, e também traz consequências negativas para o módulo de
elasticidade, resistência à compressão e tração (a depender do estágio pode-se criar
um aumento na resistência à compressão devido à formação de material interno), de
acordo com a Figura 63.

Figura 63 - Modelagem das propriedades mecânicas de testemunhos de concreto afetados pela RAA.

O módulo de elasticidade é mais sensível


à RAA do que a resistência, podendo ser
rapidamente influenciado desde o início
da instalação da RAA na estrutura de
concreto, inclusive durante o crescimento
da resistência.

(Fonte: HASPARYK, 2011)

Fatores que influenciam a RAA


A RAA pode ocorrer em questões de dias ou anos, mas, em média, desenvolve-se entre 5 e
12 anos. Os maiores fatores que influenciam na reação segundo (HASPARYK, 2011) são:

»» Teor de álcalis: quanto mais finos e quanto maior for a quantidade de


álcalis, maiores serão as expansões, a presença de álcalis tem sua fonte

92
Degradação das Estruturas de Concreto - Processos Químicos - Parte 1 │ UNIDADE IV

principal no cimento, porém pode advir de fontes externas, como os meios


em que se encontra a estrutura e até de adições minerais ao concreto;

»» Agregado: quanto menor for o agregado e quanto mais desorganizada


e instável for a estrutura do mineral presente no agregado, mais reativo
será a fase, formas arredondadas tendem a ser mais reativas do que
angulares.

»» Umidade: em ambientes com umidade relativa acima de 80 a 85%


ocorre aumento na magnitude da reação (por isso barragens, fundações
de pontes estruturas marinhas, estão mais sujeitas à reação);

»» Temperatura: as reações de uma forma geral são afetadas pela


temperatura ambiente, no caso, quanto maior a temperatura local, mais
rápida se dará a reação.

Formas de detecção
A verificação em campo quanto à presença ou não do problema é feita por meio de
inspeção visual, instrumentação ou ensaios in loco. A reação se manifesta mediante
fissuração tipo “mapa”, bordas ao redor do agregado (borda de reação, que, na maioria
das vezes, não é visível a olho nu), preenchimento dos poros com material branco ou
vítreo, destacamento do concreto. Helene (2012) afirma, contudo, que, pelo fato de ser
uma reação muito complexa, a única evidência inquestionável de que uma estrutura de
concreto está afetada pela reação álcali-sílica é a presença do gel resultante da reação.
Dessa forma, a ocorrência da reação pode passar despercebida durante anos até que,
eventualmente, o aparecimento de fissuração leve a um estudo mais aprofundado e seu
consequente reconhecimento, segundo a Figura 64.

Figura 64 - Borda de reação.

Fonte: HASPARYK, 2011.

93
UNIDADE IV │ Degradação das Estruturas de Concreto - Processos Químicos - Parte 1

Medidas de combate
Segundo Helene (2012), as principais formas de combate à RAA são as medidas
preventivas, pois ainda não se conhece uma forma de parar a reação e se consistem
no estudo prévio dos materiais que serão utilizados na fabricação do concreto. As
medidas são:

»» realização de análises petrográficas, método acelerado em barras de


argamassa, métodos dos prismas de concreto a fim de se avaliar a
potencialidade reativa dos agregados;

»» verificação do teor de álcalis solúveis no cimento por intermédio da


caracterização química;

»» emprego de adições minerais;

»» utilização de sais de lítio.

Algumas vezes, por questões econômicas, fica inviável a substituição do agregado


reativo por um outro não reativo, deve-se, então, fazer estudos e ensaios com adições
pozolânicas/minerais e utilizar cimentos do tipo CPIII e CPIV, limitar o acesso da água
e umidade às estruturas concreto, restringir a deformação por meio do encapsulamento
ou cintamento da estrutura, utilizar juntas de expansão para aliviar tensões e utilizar
tratamentos químicos com injeção de sais de lítio (HASPARYK, 2005).

94
Corrosão das
Armaduras
de Concreto Unidade V
Armado/
Protendido

CapÍtulo 1
Corrosão das armaduras de concreto
armado/ protendido

Mecanismo de corrosão nas armaduras


Define-se corrosão como sendo um processo de deterioração dos materiais, com perda
de massa, devido à ação do meio ambiente. Esse processo ocorre de forma espontânea
em virtude da necessidade dos materiais em atingir seu estado de menor energia, ou seja,
mais estável. Na natureza, em seu estado de menor energia, os metais são encontrados
na forma de compostos (sob a forma de óxidos ou sais metálicos, na forma de sulfetos,
carbonatos e silicatos) (RIBEIRO et al., 2014).

A corrosão pode ser classificada como química ou eletroquímica. A primeira, também


chamada de corrosão seca, ocorre na presença de gases com a formação de uma película
de óxido. A segunda, chamada de aquosa, só ocorre em presença de umidade e de um
eletrólito, havendo movimento de elétrons ao longo de trechos da armadura e movimento
iônico através do eletrólito (ISAIA, 2005). Segundo Helene (1986), o mecanismo
predominante de corrosão em concreto armado é o eletroquímico. Quando se trata
de um processo eletroquímico, a corrosão pode ser classificada também como sendo
a reação de oxirredução da superfície dos materiais, onde ocorre um fluxo de elétrons
e íons entre a região catódica e anódica com formação de uma pilha eletroquímica
(IBDEM, 2014).

Como se trata de um mecanismo eletroquímico, para que ocorra a corrosão, são


necessários fatores como a presença de um eletrólito, diferença de potencial, oxigênio e
agentes agressivos (SANTOS, 2015). Para que se inicie o processo, torna-se necessário
95
UNIDADE V │ Corrosão das Armaduras de Concreto Armado/ Protendido

a despassivação da armadura, que permite a propagação do fenômeno e depende de


diversos condicionantes que irão determinar a sua intensidade e velocidade. Alguns
dos principais elementos que contribuem com o desenvolvimento da corrosão em
armaduras de concreto armado são a umidade e temperatura. A primeira em razão
da presença da água que atua como eletrólito durante o processo eletroquímico, e a
segunda em virtude da promoção do estímulo e da aceleração da velocidade da reação
de oxirredução, favorecendo o transporte de íons (RIBEIRO et al., 2014).

A passivação é relativa à perda de reatividade química de certos metais e ligas sob


condições particulares. Sua formação se dá em ambiente altamente alcalino, em que
se forma uma película protetora de caráter passivo. O concreto possui alta alcalinidade
oriunda das reações de hidratação dos silicatos de cálcio (C3S e C2S), que liberam certa
porcentagem de Ca(OH)2 promovendo a passivação da armadura (HELENE, 1999 apud
RIBEIRO, 2010). Alterações no pH do interior de uma estrutura de concreto armado
torna a película passiva instável, causando o fenômeno de despassivação, o qual pode
ser provocado pela ação de agentes agressivos, tais como: dióxido de carbono (CO2) e
cloretos (RIBEIRO, 2010).

Para Ribeiro (2010), a corrosão da armadura pode ser equacionada, resumidamente,


da seguinte forma:

1. Na região do ânodo, o ferro perde elétrons, acarretando a dissolução do


metal (processo de oxidação):

2Fe → 2Fe 2+ + 4e –

2. Na região do cátodo, em meios neutros e aerados, processa-se a redução:

2H2O + O2 + 4e - → 4OH –

3. Tendo como reação global, as seguintes reações de corrosão, com


formação da ferrugem:

2Fe + 2H2O + O2 → 2Fe 2+ + 4OH-

2Fe2+ + 4OH - → 2Fe(OH)2 ou 2FeO. H2O

2Fe(OH)2 + H2O + 1/2O2 → 2Fe(OH)3 ou Fe2O3.H2O

O mecanismo é ilustrado Figura 65.

96
Corrosão das Armaduras de Concreto Armado/ Protendido │ UNIDADE V

Figura 65 - Modelo de corrosão da armadura.0

Concreto

Filme passivo de óxidos de ferro

Armadura

Fonte: ANDRADE, 2001 apud SANTOS, 2015.

Diversas são as consequências advindas do processo corrosivo em estruturas de concreto


armado. Tal ação provoca a redução do desempenho estrutural das construções civis,
reduzindo seu tempo de vida útil. Um grande problema relativo à corrosão é em razão
de que diversas propriedades estruturais podem ser afetadas de modo simultâneo,
intensificando a degradação da estrutura (GRAEFF, 2007).

As principais consequências da corrosão na armadura do concreto apresentam-se


na forma de perda de aderência entre o aço e o concreto, redução da área da seção
transversal das barras de armadura, desenvolvimento de tensões radiais de tração que
afetam o concreto, desplacamento do concreto, alteração da capacidade de resistência
à tração, entre outros (IBIDEM, 2014).

1. Aderência entre o aço e o concreto: uma vez iniciada a corrosão, a


aderência entre o aço e o concreto é prejudicada pelo acúmulo de produtos
de corrosão ao longo da barra de armadura.

2. Redução da área da seção transversal das barras de armadura:


ao ser atacada por agentes causadores de corrosão, a exemplo dos cloretos,
na armadura são formados pites. Nesses pontos, a seção de armadura
pode ficar comprometida, com elevada redução dela, o que pode levar à
ruptura total de certos trechos da barra.

3. Desenvolvimento de tensões de tração, fissuração e


desplacamento: os produtos formados na corrosão ocupam um volume
maior (de 3 a 10 vezes) que do aço original. Esse aumento de volume
cria altas tensões internas contra o concreto circundante (superiores a 15
MPa), o que gera sua fissuração e o desplacamento na direção paralela

97
UNIDADE V │ Corrosão das Armaduras de Concreto Armado/ Protendido

à armadura corroída, que facilita a penetração de agentes agressivos,


como o CL-, CO2, (CASCUDO, 1997) (TORRES E MARTÍNEZ, 2003 apud
GRAEFF, 2007). A Figura 66 ilustra o efeito dos produtos de reação.

Figura 66 – Esforços produzidos pelos produtos de corrosão, levando à ruptura do concreto.

Fonte: CASCUDO, 1997.

Andrade (2001 apud SANTOS, 2015) expõe que a corrosão eletroquímica está baseada
na ocorrência de um desequilíbrio elétrico entre metais diferentes ou entre distintas
partes do mesmo metal. Tal configuração exemplifica a chamada pilha de corrosão ou
célula de corrosão que tem seu processo iniciado após a ruptura do filme passivo. Para
um melhor entendimento, serão apresentados alguns tipos de corrosão (Figura 67)
também encontrados nas armaduras de concreto armado.

»» Corrosão uniforme: corrosão em toda a extensão da armadura quando


exposta ao meio corrosivo;

»» Corrosão puntiforme ou por pite: corrosão localizada sob a forma de


pequenas cavidades, também denominadas alvéolos;

»» Corrosão intergranular: ocorre na região entre os grãos dos cristais do


metal sendo o principal fator responsável por essa corrosão a diferença
na composição química entre a matriz do grão e o material vizinho a esta;

»» Corrosão intragranular: ocorre na região intragrãos (dentro dos grãos)


da rede cristalina, com processo semelhante à intergranular, podendo
levar à fratura da estrutura devido a esforços mecânicos;

»» Fragilização pelo hidrogênio: corrosão bastante rara, originada pela ação


do hidrogênio atômico na sua difusão pelos vergalhões da armadura, que
contribui com a fragilização deste, causando a fratura.

98
Corrosão das Armaduras de Concreto Armado/ Protendido │ UNIDADE V

Figura 67 – Tipos de corrosão.

Chapa sem corrosão Corrosão uniforme Corrosão intergranular


(vista da área exposta)

Corrosão intergranular Empolamento pelo hidrogênio Corrosão intragranular


(micrografia) (micrografia)

Corrosão puntiforme (pite)


Fonte: GENTIL, 2003.

Entender as causas de degradação do concreto armado ajuda a criar estruturas


mais duráveis, e que não passem por muitas intervenções corretivas ao longo
de sua vida útil, ganhando em qualidade, economia e atendendo às novas
necessidades competitivas e às exigências de sustentabilidade do setor da
construção.

As formas mais difundidas que visam a garantir a durabilidade do concreto


armado incluem: assegurar cobrimento mínimo das armaduras e adequado
fator água/cimento em função dos macros e microclimas, correto adensamento
e cura do concreto. Contudo, de acordo com pontos abordados nesse trabalho,
essas medidas podem não ser suficientes para combater algumas causas de
deterioração do concreto. Para evitar a reação álcali-agregado, por exemplo, é
importante o conhecimento prévio da possibilidade de ocorrência do problema,
para isso deve ser realizada a análise do potencial reativo dos componentes
antes da confecção do concreto, o que torna as medidas usuais ineficazes em
relação ao surgimento desse problema.

O tema é bastante amplo e importante, o que gera grande quantidade de livros,


dissertações, teses e outras publicações. As medidas de combate dos fatores
degradantes do concreto passam por um bom planejamento, boa execução
e realização de manutenções periódicas. De acordo com a regra de Sitter, o
custo inicial para a construção de uma obra em que são observadas medidas
de combate dos fatores degradantes são mais altos quando comparados

99
UNIDADE V │ Corrosão das Armaduras de Concreto Armado/ Protendido

a construções que não tomam essas precauções e podem estar em meios


agressivos de deterioração, porém esse custo é recuperado a longo prazo,
uma vez que é mais caro executar intervenções corretivas do que intervenções
preventivas.

Portanto, é necessária a ciência dos vários fatores envolvidos na durabilidade


das estruturas de concreto e, como visto nesse trabalho, existem diversas formas
de evitar ou mitigar ação de agentes agressivos e, quanto antes são realizadas
ações de combate a esses agentes, mais econômica irá ficar a construção.

Figura 68 - Corrosão das armaduras na base do pilar: alta densidade de armadura com cobrimento insuficiente

provocando corrosão generalizada e expansão da seção das armaduras com posterior rompimento dos estribos.

Fonte: CARVALHO, 2015.

Figura 69 - Corrosão das armaduras em pilar.

Fonte: CARVALHO, 2015.

100
Corrosão das Armaduras de Concreto Armado/ Protendido │ UNIDADE V

Figura 70 – Corrosão das armaduras em laje: laje executada sem o mínimo de cobrimento para proteção da

armadura que coincidiu com as juntas das fôrmas provocando corrosão generalizada e expansão da seção das

armaduras.

Fonte: CARVALHO, 2015.

Figura 71 – Corrosão das armaduras em vigas.

Fonte: CARVALHO, 2015.

101
Técnicas de
reabilitação Unidade VI
eletroquÍmica

O concreto armado é um dos materiais de construção mais utilizados no mundo. Apesar


de se tratar de um material que apresenta boa durabilidade, alguns fatores podem levar à
sua deterioração. Sabe-se que uma das principais patologias relacionadas à deterioração
das estruturas de concreto é a corrosão das armaduras. Esse tipo de patologia ocorre,
em geral, em razão da contaminação por cloretos ou por carbonatação.

O mecanismo predominante de corrosão em concreto armado é o eletroquímico.


Sendo assim, pode ser classificada como uma reação de oxirredução da superfície dos
materiais, em que ocorre um fluxo de elétrons e íons entre a região catódica e anódica
com formação de uma pilha eletroquímica.

O processo de corrosão é iniciado quando ocorre a despassivação da armadura,


que possibilitará a propagação do fenômeno, e sua velocidade e intensidade serão
determinados por elementos como: umidade e temperatura. A primeira devido à
presença da água que atua como eletrólito durante o processo eletroquímico e a
segunda em razão da promoção do estímulo e da aceleração da velocidade da reação de
oxirredução, favorecendo o transporte de íons (RIBEIRO et al., 2014).

Com vistas a restabelecer as propriedades, perdidas, do concreto e do aço, que


ocasionaram a corrosão das armaduras, foram desenvolvidos dois métodos de reparo
eletroquímico, a realcalinização e a dessalinização. Esses métodos não destrutivos
combatem à corrosão e promovem novamente a passivação das armaduras, melhorando
a durabilidade e ampliando a vida útil das estruturas reparadas. Além disso, na maioria
dos casos, a estrutura pode permanecer em serviço durante o tratamento, sem causar
perigo para as pessoas ou o ambiente.

Aqui serão descritos os métodos na reabilitação de estruturas de concreto armado, com


problemas de corrosão das armaduras. Serão mostradas a teoria e os princípios dos
métodos, os componentes e as normas utilizados para realização dos procedimentos, a
avaliação dos métodos, as questões envolvendo a durabilidade, os efeitos colaterais e os
fatores que influenciam as técnicas. Ao final de cada tema foram apresentados alguns
casos práticos.

102
CapÍtulo 1
Dessalinização

Teoria e princípios básicos


A dessalinização é um método eletroquímico, também conhecido na literatura como
extração eletroquímica de cloretos (ECE). Segundo Isaia et al. (2005), o método tem
por objetivo a expulsão de agentes agressivos, como, por exemplo, os íons cloreto (Cl-).
O que ocorre é que esses íons, carregados negativamente, são atraídos para um eletrodo
externo pela ação de um campo elétrico. Assim, com a redução dos íons cloreto, é
possível proporcionar um aumento no pH da solução intersticial dos poros do concreto
em torno do aço, permitindo a repassivação deste (MONTEIRO; HELENE, 2003).

Segundo Aguirre e De Gutiérrez (2013), a dessalinização é semelhante à proteção


catódica, a diferença é que se aplica temporariamente uma corrente elétrica contínua
de maior intensidade para forçar os íons cloreto migrarem da armadura (cátodo) para
o ânodo externo, que está localizado na superfície do concreto, imerso em solução
eletrolítica. De acordo com Metha e Monteiro (2008), ocorre também a migração de
cátions sódio (Na+) e potássio (K+) e a produção de hidroxila (OH-) na superfície das
armaduras, como consequência das reações catódicas. Na Figura 72, está representado
esquematicamente o princípio da extração eletroquímica de cloretos.

Figura 72 - Representação esquemática do princípio da extração eletroquímica de cloretos.

Fonte: MONTEIRO, 2002.

103
UNIDADE VI │ Técnicas de reabilitação eletroquÍmica

Segundo Ribeiro et al. (2014), a dessalinização envolve alguns processos físico-químicos,


notadamente a eletrólise (em que ocorre a formação de íons hidróxido na interface aço/
concreto) e a eletromigração (em que ocorre fluxo de alguns íons, como, por exemplo,
cloreto, sódio, potássio e cálcio). Os dois processos colaboram com a redução da razão
de íons Cl-/OH-, atuando contra a ocorrência da corrosão. Os íons cloreto são retirados
da interseção aço/concreto, com possibilidade de saída até do concreto. Entretanto,
na maioria das vezes, não há a necessidade de demolições e reconstruções de parte do
elemento estrutural. Concomitantemente, segundo Ribeiro et al. (2014), o fluxo de íons
de metais alcalinos desempenha papel importante na preservação da alcalinidade.

De acordo com esse mesmo autor:

A duração do tratamento varia geralmente entre quatro a sete semanas,


dependendo da concentração inicial de cloretos, da origem dos cloretos,
da qualidade do concreto, da geometria da estrutura e da distribuição
das armaduras no elemento a tratar (RIBEIRO et al. 2014).

Monteiro (2002) afirma que o movimento dos íons ocorre principalmente por migração
e a taxa de extração desses íons é diretamente proporcional ao fluxo de corrente aplicada
no concreto. Na dessalinização, a diferença de potencial elétrico (ddp) entre a interface
ânodo e cátodo causa as seguintes reações químicas, conforme Brito (2013):

a. Interface cátodo

O2(g)+2H2O(l)+4e- → 4OH- (1)

2H2O(1)+2e- → H2+2OH(aq)- (2)

H(aq)++2e- → H2(g) (3)

b. Interface ânodo

2H2O(l) → O2(g)+4H+_ +4e(aq)- (4)

4OH- → 2H2 O+O2+4e-


(5)

Cl(aq)- → Cl2(g)+2e- (6)

Segundo Brito (2013), a reação (1) pode ocorrer muito lentamente, porque a concentração
de oxigênio próxima ao cátodo é pequena e tende a diminuir durante o processo. Esse
mesmo autor afirma que a reação (3) ocorrerá de forma muito localizada na superfície
da armadura. Assim, com aplicação de correntes elétricas no processo de dessalinização,
há a formação do hidrogênio a partir do cátodo.

104
Técnicas de reabilitação eletroquÍmica │ UNIDADE VI

É possível também que, a partir das reações (2) e (3), o aço se torne fraco e quebradiço,
causando sua ruptura. De acordo com a reação (5), é provável ocorrer a acidificação
do meio, pois quanto menor o nível de pH do eletrólito. Além disso, a formação de
cloro também é favorecida, conforme demonstrada em (6) e em altos níveis de pH, a
oxidação da água ocorre preferencialmente de acordo com (4) (BRITO, 2013).

Componentes utilizados
Como ânodo, podem ser utilizados dois materiais, segundo Alves et al. (2013), a malha
de titânio (Ti) e a malha de aço carbono. O titânio (Figura 73) é um ânodo inerte e que
não é consumível, sendo reutilizado várias vezes e sem a produção de resíduos. Enquanto
o aço-carbono, que é consumido no processo, deve ser dimensionado para durar até o
final do processo, e gera uma grande quantidade de resíduos ferrosos. O único atrativo
do aço-carbono frente ao titânio ativado diz respeito ao custo de aquisição, que é cerca
de seis vezes menor, segundo Silva (2007).

Figura 73 - Malha de Ti.

Fonte: BRITO, 2013.

A água é o eletrólito mais comum, principalmente pelo fácil acesso e baixo custo que,
no entanto, pode acidificar, segundo Ribeiro et al. (2014), causando uma queda no
pH e liberando o cloro gasoso nos ânodos inertes. Nesses casos, faz-se necessário a
substituição da água por soluções aquosas de hidróxido de cálcio ou de borato de lítio,
vide a Tabela 11.

Tabela 11 - Comparação entre as diversas soluções eletrolíticas.

Água Hidróxido de sódio Borato de lítio


Custo Baixo Moderado Elevado
Risco de acidificação Elevado Baixo Baixo
Risco de ocorrência de reações
Inviável Inviável Apropriado
álcalis-sílica
Fonte: APPLETON E COSTA, 2011.

105
UNIDADE VI │ Técnicas de reabilitação eletroquÍmica

Outra preocupação pertinente diz respeito ao suporte que contém a substância


eletrolítica, em que diversos parâmetros são avaliados, veja-se a Tabela 12.

Tabela 12 - Comparação entre os diversos suportes que contêm as substâncias eletrolíticas.

Pasta de fibras de
Mantas de feltro Tanques
celulose
Custo reduzido e capacidade de
Características Elevada aderência Capacidade de reutilização
reutilização
Superfícies verticais (abrange áreas
Aplicabilidade Superfícies irregulares Superfícies horizontais
elevadas)
Necessidade de limpeza no Risco de evaporação ou diluição da
Condicionantes Fugas e evaporação do eletrólito
final solução eletrolítica
Fonte: APPLETON E COSTA, 2011.

A extração eletroquímica de cloretos também depende de um transformador, como


fonte de corrente elétrica, e a densidade de corrente, geralmente, aplicada varia entre
0,5 e 2 A/m2 de concreto. Esse equipamento pode ser visualizado na Figura 74.

Figura 74 - Transformador.

Fonte: COSTA, 2013.

Critérios de finalização de tratamento


Segundo Alves et al. (2013), alguns critérios podem indicar o final do tratamento.
Esses critérios são baseados na norma norte-americana proposta pela NACE SP
0107:2007, segundo a qual a conclusão do processo deve ocorrer após um desses
serem verificados:

106
Técnicas de reabilitação eletroquÍmica │ UNIDADE VI

1. Teor de cloretos no concreto: o tratamento deve ser finalizado quando o


teor de cloretos no concreto variar de 0,2% a 0,4% (em massa de cimento),
medidos próximos às armaduras.

2. Quantidade de carga por unidade de área: a densidade de carga por


unidade de aço tem de variar de 600 A.h/m2 a 1.500 A.h/m2.

3. Razão Cl-/OH-: essa razão deve ser inferior a 0,6.

Conforme Ribeiro et al. (2014), na prática, é possível utilizar uma combinação de vários
critérios, sendo importante realizar “um teste piloto para determinação do critério,
da duração do tratamento e dos parâmetros operacionais adequados às diferentes
condições existentes na estrutura”.

Limitações à sua aplicabilidade


Segundo Isaia et al. (2005), a proteção catódica, a dessalinização e a realcalinização
apresentam muitos aspectos em comum, no que diz respeito à sua aplicação, além de
poderem ser tratadas de forma conjunta. As principais diferenças entre essas técnicas
estão na densidade de corrente aplicada e duração do tratamento. Tal fato se evidencia
na Tabela 12:

Tabela 13 – Características dos diferentes métodos eletroquímicos.

Características Proteção catódica Extração de cloretos Realcalinização


Polarização das armaduras até o Restauração da alcalinidade perdida
Detém a corrosão por Eliminação de agentes agressivos
potencial de imunidade no entorno da armadura
Duração do tratamento Permanente 4 a 10 semanas 1 a 2 semanas
Densidade de corrente típica 10 mA/m² 0,8 a 2 A/m² 0,8 a 2 A/m²
Fonte: Autor, adaptada de ISAIA et al., 2005.

Já que a densidade de corrente é muito mais significativa na dessalinização do que


na proteção catódica, segundo Ribeiro et al (2014), o potencial das armaduras poderá
chegar a valores muito negativos, onde o aço de alta resistência pode ficar sujeito ao
processo de fragilização por hidrogênio. Com isso, a dessalinização não é recomendada
para estruturas em concreto protendido, apesar de existir ressalvas, segundo Miller
(apud Ribeiro et al., 2014). Alves et al. (2013) relata que, na existência de aço sob
tensão, o seu potencial elétrico não pode ser inferior a -1100 mV vs. eletrodo de sulfato
de cobre II (CuSO4-).

Qualquer suscetibilidade de ocorrência de reações álcalis-agregado (RAA) deve ser


devidamente estudado por instalações piloto, segundo Ribeiro et al. (2014), garantindo

107
UNIDADE VI │ Técnicas de reabilitação eletroquÍmica

que o aumento da alcalinidade causado pela migração dos íons de sódio e de potássio
(frutos da dessalinização) não causa deterioração no concreto.

Outro ponto de destaque, segundo Alves et al. (2013), é que a presença de água na
estrutura esteja sob controle, para que a densidade de corrente seja mantida e constante.
Em estruturas marítimas, a dessalinização não é recomendada para zona de respingos e
de variação de maré, justamente pela falta de controle da entrada de água.

Durabilidade do tratamento
A porcentagem de íons cloreto que ficaram na estrutura depois do tratamento influencia
na durabilidade do método de dessalinização. Conforme Monteiro (2002), não é
possível garantir a extração integral dos íons cloreto no concreto, podendo contribuir
para um novo processo corrosivo.

A duração necessária à realização do tratamento depende de alguns fatores dos quais


os mais importantes são relativos à concentração inicial de cloretos no concreto,
distribuição e origem destes (tipo de contaminação) e da distribuição de corrente ao
longo da estrutura. Segundo Silva (2007), o tempo de tratamento é, em média, uma
duração de 4 a 8 semanas para a aplicação da dessalinização. A tipologia do sal, NaCl
(cloreto de sódio) ou CaCl2 (cloreto de cálcio), espessura da carbonatação, qualidade
do concreto, temperatura, densidade de armadura e espessura do recobrimento são
também parâmetros que influenciam a duração do tratamento, segundo Polito (2006),
pois afetam o teor de cloretos existentes, a facilidade e a velocidade a que se procede à
extração.

Portanto, de acordo Chauvin et al. (2000), a extração eletroquímica de cloretos


é um processo de tratamento de corrosão de curto prazo e não requer manutenção
adicional após a conclusão. Por outro lado, a proteção catódica por corrente impressa
normalmente precisa permanecer em funcionamento, durante toda a vida útil de uma
estrutura.

Efeitos colaterais
Os possíveis efeitos colaterais após o tratamento de dessalinização são: a redução
da aderência entre o aço e o concreto (efeito físico-químico) e a possibilidade do
desencadeamento de RAA (efeito químico). À medida que os cloretos são extraídos,
é possível que haja uma saída do produto de corrosão, presente na superfície das
armaduras, devido à ddp aplicada na região, durante a reabilitação da estrutura, pois

108
Técnicas de reabilitação eletroquÍmica │ UNIDADE VI

existe o contato químico aço/concreto e essa ddp faz com que os elétrons se movimentem,
podendo gerar uma zona de transição entre esses materiais.

Consoante Huang et al. (2014), a dessalinização não afeta a resistência diretamente,


mas pode afetar a permeabilidade, a absorção de água e levar à perda de aderência entre
o concreto e a armadura. Apesar disso, a técnica também irá recuperar a passivação da
armadura no concreto.

Adicionalmente, outras manifestações podem ocorrer por causa do tratamento de


dessalinização, como é o caso da RAA. Isso acontece devido ao aumento da alcalinidade
do concreto, e, se tiver agregado reativo na composição do concreto, é possível que haja
a formação do gel expansivo, produto da RAA. De acordo com Huang et al. (2014),
essa expansão deixa o concreto vulnerável, pois o cloreto penetra mais fácil e rápido
no concreto, fazendo com que a estrutura do concreto para quebrar instantaneamente.

Eggers (1997) afirma que a RAA depende da quantidade e o tipo de materiais reativos,
do teor de íons alcalinos metálicos, da umidade, do pH e da temperatura. Portanto,
devido à natureza complexa desse fenômeno e às suas consequências estruturais, é
importante que a estrutura seja avaliada, antes da dessalinização.

Huang et al. (2014) diz que há outro efeito colateral, nesse caso secundário, sendo ele a
fragilização do hidrogênio. Isso ocorre durante a dessalinização, quando a ddp gerada
no sistema é muito reduzida, pois o gás hidrogênio é produzido no cátodo e este pode se
difundir na armadura. Esse efeito pode levar à fissuração ou à falha súbita e imprevisível
do concreto armado. Siegwart et al. (2005) e Brito (2013) afirmam que a formação
de hidrogênio, próximo à armadura, pode causar um enfraquecimento da aderência
entre o aço e o concreto, e também a fragilização do hidrogênio, que é, particularmente,
preocupante para concretos protendidos e desprezível para concretos armados.

Conforme Orellan et al. (2004), observou-se que a extração eletroquímica de cloretos


pode acelerar a reação álcali-sílica, em virtude da eletromigração de íons Na+ e K+
para matriz circundante em direção à armadura, mas seu mecanismo ainda vem sendo
compreendido a partir de novas investigações a respeito dessa questão. Além disso,
outro caso comum de acontecer é a acidificação do meio, destruindo a pasta de cimento,
quando a OH- reage com a água, liberando H+, em face da densidade de corrente
aplicada no sistema ser muito elevada, conforme as reações (4) e (5).

109
CapÍtulo 2
Realcalinização

Princípios da realcalinização
O processo de realcalinização visa a restabelecer o pH do concreto, elevando sua
alcalinidade e, consequentemente, a proteção da armadura da estrutura, não há um
consenso quanto à recomposição do filme passivador sobre a armadura, dependerá dos
íons alcalinos introduzidos durante o processo (DUARTE et al., 2012).

A realcalinização pode ser usada tanto de maneira corretiva quanto preventiva,


quando ainda não ocorreu a grandes diminuições do pH, ou no caso da carbonatação,
quando à frente de carbonatação ainda não atingiu a armadura, reduzindo os custos de
intervenção e prolongando a vida útil do concreto (REDAELLI, 2011).

A técnica tem a vantagem de ser um tratamento temporário, cessando após o


restabelecimento da alcalinidade, e não necessitar de remoção do concreto para que
seja feita a reabilitação da estrutura, com exceção apenas de camadas de concreto mal
aderidas, com defeitos de concretagem ou degradadas, que necessita de reparos antes
do tratamento (ARAÚJO, 2009).

Figura 75 - Representação esquemática da realcalinização eletroquímica.

1. Eletrólise
2. Eletromigração
3. Eletro-osmose
4. Absorção capilar
5. Difusão
Superfície do concreto Malha de titânio

Fonte de energia

Armadura

Concreto
Fonte: REUS et al., 2015 adaptado de (YEIH; CHANG, 2005)

110
Técnicas de reabilitação eletroquÍmica │ UNIDADE VI

Mecanismos de realcalinização
Cabral apud Duarte et al. (2012) afirma que existem duas formas principais de
se restabelecer o pH alcalino do concreto: a realcalinização passiva (química) e a
eletroquímica.

Araújo (2009) resume três mecanismos pelos quais essas duas formas de repassivação
ocorrem: o primeiro mecanismo se dá por intermédio de absorção e difusão de solução
alcalina por forças capilares e hidráulicas para o interior do concreto. O segundo é
a produção de hidroxilas (OH-) na região da armadura e em virtude da eletrólise da
água presente próxima à armadura, o terceiro mecanismo é o fluxo eletro-osmótico
que transporta uma solução alcalina para o interior dos poros capilares do concreto.
O primeiro mecanismo ocorre na realcalinização química e os dois últimos, na
realcalinização eletroquímica.

Realcalinização eletroquímica (ERA)

Os tratamentos eletroquímicos foram desenvolvidos inicialmente na área rodoviária,


nos anos 70, nos Estados Unidos, com o intuito de proteger as estruturas contra
corrosão. Todavia, foi na empresa norueguesa NORCURE Inc. nos anos 80 que foram
desenvolvidos dois métodos eletroquímicos de recuperação do concreto armado: a
extração eletroquímica do cloreto e realcalinização eletroquímica, por isso muitas vezes
essas técnicas são chamadas de processo NORCURE de realcalinização ou NORCURE
de dessalinização (ARAÚJO, 2009).

O processo “Norcure de Dessalinização” remove os íons cloreto do concreto sob


a influência de uma corrente eletroquímica temporária; e o processo “Norcure de
Realcalinização” restabelece a elevada alcalinidade nas regiões em que o concreto
está carbonatado, também sob o efeito de uma corrente eletroquímica temporária,
repassivando as armaduras. Ambos os processos são monitorados e gerenciados por
uma unidade retificadora controlada por computador, garantindo a eficiência do
tratamento (EGGERS, 1997).

A realcalinização eletroquímica (RAE) baseia-se na aplicação de um campo elétrico entre


a armadura da estrutura (cátodo) e um ânodo (geralmente é uma malha de titânio),
colocados sobre a superfície do concreto, imersa em uma solução alcalina (eletrólito)
(RIBEIRO et al., 2010).

O titânio é o material bastante usado, por se tratar de um metal nobre, seu consumo se
dá lentamente e o material de corrosão é pouco expansivo. O eletrólito mais usado é o

111
UNIDADE VI │ Técnicas de reabilitação eletroquÍmica

carbonato de sódio, e para possibilitar o contato dos dois entre eles e entre o concreto é
usualmente empregada a fibra de celulose (RIBEIRO, 2009) (GONZÁLEZ et al, 2011).

Em virtude da passagem da corrente elétrica pela armadura, a água é reduzida a íons


hidroxila ao redor da armadura que produz uma realcalinização direta na região da
armadura (reações 8 e 9).

1⁄2 O2+H2 O+2e- → 2OH- (8)

2H2 O+2e- → H2+2OH- (9)

Também como resultado da diferença de potencial, íons de carga negativa (cloretos e


hidroxila) migram na direção do ânodo, saindo do concreto, e íons de carga positiva
(sódio, potássio) deslocam para o interior do concreto, formando, então, correntes
elétricas, cuja intensidade é função da quantidade e facilidade de migração dos íons.
Cerca de 80% das hidroxilas formadas no entorno do aço movem-se em direção ao
eletrólito (RIBEIRO, 2009).

Durante o tratamento, ocorre, devido à diferença de concentração (difusão), a


entrada da solução alcalina que estava no ânodo, por se tratar de um processo lento,
a quantidade de material que migrar em razão desse processo é muito pequena. O
eletrólito também entra na estrutura por causa da absorção capilar, porém atinge
poucos milímetros da camada de cobrimento, devido ao curto intervalo de tempo do
tratamento (RIBEIRO, 2009).

Outro fenômeno que ocorre é a eletro-osmose. Este surge do contato do concreto com
o eletrólito, cria-se naturalmente uma diferença de potencial e, na interface entre o
sólido e o líquido, cria-se uma camada de cargas elétricas diferentes, uma no sólido,
outra no líquido, contrabalanceadas. Quando a fase líquida se move tangencialmente
em relação ao concreto, em razão da aplicação da corrente elétrica, ocorre uma série
de fenômenos chamados de eletro-osmose. A eletro-osmose provoca o carregamento
de íons carbonatos em direção à armadura que está em uma região eletricamente
negativa. Como a carga elétrica dos carbonatos é negativa, essa penetração não seria
possível senão pela eletro-osmose. A velocidade de transporte na eletro-osmose é
significativamente maior que na absorção e na difusão e, ao considerar o ganho de
massa das amostras durante o tratamento, sugere que a eletro-osmose poderia ser o
mecanismo de transporte predominante na penetração da solução alcalina externa
(RIBEIRO, 2009).

112
Técnicas de reabilitação eletroquÍmica │ UNIDADE VI

Alguns autores afirmam que o hidróxido de lítio é o melhor eletrólito, mantém o pH em


torno de 10,5 e ainda tem a vantagem de seus íons permanecerem por mais tempo na
estrutura e a expansão em contato com agregados reativos é menor.

Constituintes do sistema anódico

É importante estudar os constituintes do sistema anódico, pois os sistemas de


realcalinização se diferem ou se assemelham ao de dessalinização neste ponto, materiais
constituintes do ânodo e do eletrólito são diferentes ou semelhantes. Por esse motivo,
é necessário se conhecer as distintas propriedades dos materiais que compõem cada
eletrólito e ânodo. O conjunto formado pelo ânodo e pela solução eletrolítica em que
este está imerso é chamado de sistema anódico.

Seleção do tipo de ânodo e sua instalação


Para que ocorra a realcalinização, é necessário que o ânodo deve apresentar alta
capacidade distribuidora de corrente. Existe uma pequena variedade de materiais que
podem ser utilizados para constituir ânodos de um sistema de realcalinização. Em geral,
utiliza-se uma malha de aço ou uma malha de titânio ativado revestido com óxidos de
metais nobres (FRANZONI et al, 2014).

A diferença fundamental entre a malha de aço e a de titânio reside na capacidade


inerente a cada uma de resistir à corrosão provocada pelas reações anódicas. A principal
vantagem de se utilizar as malhas de titânio ativado, quando revestidas com óxidos
nobres, é a de não haver o seu consumo ao longo do tempo. Embora as malhas não
sejam consumidas, o seu revestimento depois de um ou dois usos podem apresentar
uma boa deterioração considerável. Comparadas as malhas de aço, as de titânio
apresentam um maior custo, por esse motivo esses componentes só são utilizados
quando há grande preocupação com o visual do concreto, ou seja, quando não se queira
que existam manchas associadas aos processos corrosivos da malha. É necessário que
esse tipo de malha apresente boa flexibilidade, para que seja adaptada de forma mais
fácil à superfície do concreto (GONZÁLEZ et al, 2011) (JAŚNIOK, 2009).

Como já foi dito, as malhas de aço apresentam um valor muito abaixo quando comparadas
às de titânio. Diferentemente das malhas de titânio, as de aço são consumidas à medida
que vão sendo utilizadas, por isso há grande preocupação em relação aos produtos que
surgem devido à corrosão da malha. Em razão da presença desses produtos, em geral, as
malhas de aço são utilizadas em tratamentos com menor duração. Ao longo do tempo,
há o consumo da malha, que é transformada em ferrugem, o que provoca manchas na
superfície do concreto. Essas manchas não são preocupantes e podem ser removidas
113
UNIDADE VI │ Técnicas de reabilitação eletroquÍmica

por jatos de areia húmida. Segundo os critérios da NACE, uma malha adequada deve
possuir um diâmetro de fio de 3 a 4 mm em um tamanho de malha de 50x50 ou 100x100
mm. (EGGERS, 1997).

As malhas são fixas à superfície de concreto, por pregos de plástico, havendo um espaço
de cerca de 3 cm entre elas e o concreto para que sejam envolvidas pelo eletrólito. Se
pode conseguir essa configuração por meio da utilização de travessas de madeira, local
em que são presas as malhas fixando-se posteriormente as travessas à superfície do
concreto (JAŚNIOK, 2009).

Segundo Silva (2007), a pré-norma europeia pr14038-1 - Zona de realcalinização (zona


anódica), deve apresentar uma densidade de corrente uniforme às armaduras, tendo
essas zonas dimensões inferiores a 50 m2.

Seleção do sistema eletrolítico


A utilização de uma solução eletrolítica tem dois objetivos principais: a condução da
corrente necessária à aplicação do método em estudo e a possibilitação do ingresso
de elementos alcalinos fundamentais para a repassivação das armaduras no concreto
carbonatado. Para a realcalinização, em geral, são utilizadas soluções eletrolíticas
formadas por carbonato de sódio (Na2CO3) ou carbonato de potássio (K2CO3) com
concentração de 1 M. Um dado interessante em se conhecer é que, quando o método foi
inventado, a solução eletrolítica era formada por carbonato de sódio. Ela ainda é a mais
utilizada, por causa dos seus efeitos não nocivos e custos reduzidos, a reação que ocorre
entre a solução e o gás carbônico é descrita pela reação abaixo (GONZÁLEZ et al, 2011)
(JAŚNIOK, 2009):

Na2 CO3+CO2+H2 O ↔ 2NaHCO3 (10)

É uma equação reversível, cujo equilíbrio é atingido de maneira muito rápida. Da


concentração de 1 M de carbonato de sódio, cerca de 12% são transformados em
bicarbonatos. Esses compostos diminuem a porosidade e a permeabilidade do
concreto, alguns estudos destacam que a realcalinização melhora, de forma efetiva, a
resistência mecânica dele, e o elemento realcalinizado dificilmente volta a sofrer a ação
da carbonatação.

O mecanismo para soluções de carbonato de potássio é bem parecido com os carbonatos


de sódio, a diferença essencial é que no caso dos primeiros o valor de pH conseguido em
uma mesma concentração do sal pode ser um pouco superior. Sua principal vantagem está
ligada a esse tipo de eletrólito, a possibilidade de se eliminar os efeitos de fluorescência
acontece no concreto (JAŚNIOK, 2009) (BERTOLINI, 2014) (FRANZONI et al., 2014).

114
Técnicas de reabilitação eletroquÍmica │ UNIDADE VI

Outra solução que pode ser utilizada é a de hidróxido de lítio (LiOH), mas não é usual.
A ação desse composto é parecida com outros hidróxidos alcalinos, em virtude de sua
elevada capacidade de absorção de dióxido de carbono (CO2), principal agente que
provoca a carbonatação (EGGERS, 1997).

A forma que o eletrólito será aplicado de modos diferentes depende de dois fatores:
a geometria e as características da estrutura ou painel de concreto onde se pretende
a realcalinização. Mesmo assim, é bem parecido com os dos suportes eletrolíticos
utilizados na aplicação da dessalinização. O mais comum é se utilizar dispositivos
“tanques” onde é inserida a malha anódica e a solução eletrolítica. Essa tipologia é
aplicada em superfícies verticais e sua principal vantagem é a capacidade de abranger
grandes áreas. Embora o custo inicial seja elevado, quando comparada a outros
sistemas, esse pode ser minimizado pelo fato de os tanques poderem ser reutilizados
para outras aplicações da realcalinização e até para aplicações da dessalinização. Outra
vantagem da utilização desses sistemas é a possibilidade de avaliação da quantidade de
cloretos extraída, pelo motivo deles ficarem retidos na solução (GONZÁLEZ et al, 2011)
(JAŚNIOK, 2009).

Outro sistema de aplicação da metodologia em relação à geometria da estrutura é a


utilização de uma pasta composta por fibras de celulose encharcadas com a solução
eletrolítica. Essa pasta é então colocada sobre a malha anódica, na superfície em que
se pretende aplicar o método. Tem-se como maior vantagem a versatilidade, pois
pode ser aplicada independentemente da forma da superfície a tratar. Essa pasta deve
ser mantida úmida todo o tempo. Os custos em relação às fibras de celulose não são
altos, sendo esse um dos grandes motivos de essa hipótese ser muito utilizada nos
dias de hoje.

Outra metodologia que pode ser utilizada para a aplicação da realcalinização


eletroquímica é o uso de mantas de feltro embebidas da solução eletrolítica. Essas
mantas são impregnadas com a solução alcalina e colocadas sobre a superfície a ser
tratada. É necessário que haja a sua contínua molhagem, em razão de o eletrólito, ao
longo do tempo, ir sendo absorvido pelo concreto. Esse método é utilizado somente em
superfícies horizontais, e algumas vezes as mantas podem ser reutilizadas em outras
aplicações. Uma das vantagens da utilização dessa tipologia é os custos reduzidos
associados às mantas. Segundo Silva, a norma NACE indica que as mantas de feltro
devem ser colocadas entre camadas de material geotêxtil adequado.

Segundo a CEN/TS 14038-1:2011, em todos os métodos descritos aqui é prioritário que


a solução eletrolítica seja protegida de condições climatéricas, como: exposição ao sol,
chuva, vento e gelo.

115
UNIDADE VI │ Técnicas de reabilitação eletroquÍmica

É muito importante dar atenção à questão da acidificação do eletrólito, como o que ocorre
na dessalinização. A solução é, obrigatoriamente, alcalina, para que seja restabelecido o
ambiente adequado para a repassivação das armaduras, por isso é muito importante a
manutenção das propriedades ao longo de todo o tratamento. A acidificação da solução
eletrolítica ocorre devido à migração iônica. A norma propõe que, assim como na
dessalinização, o volume de eletrólito para a neutralização do ácido gerado seja dado
pela seguinte relação (EGGERS, 1997):

V=1,2x10-7 xQxA

Em que:

V - volume da solução eletrolítica [L];

Q - carga [A.h/m2];

A - área de armadura a ser tratada [m2].

O sistema anódico depende tanto da tipologia da superfície em que se procederá


a realcalinização, quanto de uma avaliação econômica, comercial, e da
disponibilidade/existência de recursos.

Realcalinização química (RAQ)


A realcalinização química (RAQ) ocorre por absorção e difusão de soluções alcalinas
por ação capilar e forças hidráulicas para o interior do concreto com baixo pH, assim
como na RAE, porém sem o uso de corrente elétrica. Dessa forma, a realcalinização
química ocorre mediante os capilares dos poros do concreto, em que os íons alcalinos
irão reagir com os produtos contidos na água dos poros formando novos produtos,
proporcionando a elevação do pH e fixação dos álcalis no interior do concreto e
consequente repassivação.

Figura 76 - Representação da realcalinização química.

Fonte: ARAÚJO, 2009.

116
Técnicas de reabilitação eletroquÍmica │ UNIDADE VI

A vantagem da RAQ em relação à RAE está na simplicidade da técnica, não precisando


de mão de obra especializada nem de equipamentos sofisticados para medição e controle
da corrente elétrica aplicada (ARAÚJO, 2009), ainda é uma técnica relativamente nova,
com poucas opções no mercado.

As Figuras 77 e 78 mostram como ocorrem as fases de realcalinização dos diferentes


processos RAE e RAQ, respectivamente. Observe que na RAE a elevação do pH ocorre
simultaneamente na face externa no concreto, devido à penetração do eletrólito, e na
região da armadura, devido à eletrólise da água. Enquanto na RAQ, ocorre apenas um
processo, em que o eletrólito penetra na face externa em direção à armadura, é nesse
caminho que acontece a realcalinização.

Figura 77 - Evolução ao longo do tempo da realcalinização eletroquímica.

Fonte: REUS et al., 2015, adaptado de BERTOLINI; CARSANA; REDAELLI, 2008.

Figura 78 - Evolução ao longo do tempo da realcalinização químicas

Fonte: REUS et al., 2015.

Fatores que influenciam a realcalinização

A densidade de carga passante é o fator que mais influencia a realcalinização


eletroquímica e consiste no produto da densidade de corrente aplicada pelo tempo
de tratamento, quanto maior for a densidade, maior será a produção de hidroxilas.
Normalmente, utilizada 1 A/m² e duração de 8 a 18 dias.

117
UNIDADE VI │ Técnicas de reabilitação eletroquÍmica

A densidade de carga dependerá, principalmente, da espessura e da qualidade do


cobrimento, pois esses fornecem a resistência ôhmica e requerem uma densidade
de corrente maior, quanto maior for a resistência ôhmica, sendo assim é importante
conhecer a espessura do cobrimento antes da aplicação do método, a homogeneidade
da espessura garantirá uma uniformidade do fluxo de corrente durante o tratamento.

Outros atores que influenciam a realcalinização são: a profundidade de carbonatação,


distribuição da armadura de aço e distribuição da corrente e tipo de cimento/uso de
adições (VAN DEN HOLDEL E PODER, 1998 apud RIBEIRO, 2009). Em seu trabalho,
Ribeiro (2010) estudou a influência das características do concreto na sua realcalinização
pelo método eletroquímico e observou que concretos pozolânicos apresentam maior
dificuldade para o restabelecimento de sua alcalinidade, segundo o autor isso acontece
com concretos que possuem adições minerais, o que provoca menor reserva alcalina, e
durante a carbonatação atinge menores valores de pH, necessitando de maior densidade
de carga para restabelecer a alcalinidade.

A existência de fissuras, concreto desagregado, de ninhos de concretagem ou outros


defeitos pode comprometer a passagem uniforme do fluxo de corrente. Por isso, antes
de realizar a realcalinização eletroquímica, é importante fazer pequenos reparos na
estrutura para eliminar esses defeitos, além de limpar quaisquer vestígios de poeira
e graxas que venham a impedir o fluxo do eletrólito para o interior do concreto
(GONÇALVES et al., 2005 apud RIBEIRO, 2009).

Critérios de finalização e aceitação


O tratamento é finalizado após verificado o restabelecimento de pH necessário à
realcalinização em torno do aço, não há um critério normatizado.

Para NACE (apud RIBEIRO, 2009), o tratamento deve ser realizado com o mínimo de
200 Ah/m² de armadura e precisa ser realizado um teste de carbonatação em cada zona
anódica utilizando um indicador de fenolftaleína ou solução alcoólica de timolftaleína,
que por possuí ponto de virada maior que a primeira opção (9,3 e 10,5) indica melhor
situação na verificação da realcalinização.

Elsener (2011 apud RIBEIRO, 2009) sustenta, ainda, o uso de técnicas de resistência
de polarização e potencial de corrosão com produção de mapas de potencial.

Durabilidade do método

Como já visto, a realcalinização produz uma diminuição da porosidade do concreto,


isso ocorre em virtude da precipitação da Portlandida (Ca(OH)2) e da calcita (CaCO3).

118
Técnicas de reabilitação eletroquÍmica │ UNIDADE VI

Essa barreira física possibilita uma redução da quantidade de dióxido de carbono (CO2)
que pode migrar para o interior do concreto realcalinizado.

Caso o CO2 esteja presente outra vez no interior do concreto, ele irá reagir com hidróxido
de sódio (Na(OH)2), produzido durante a realcalinização, formando carbonato de sódio
que pode formar bicarbonato de sódio, caso reaja com CO2, o que provocará ligeira
diminuição do pH.

Na2CO3 + CO2 + H2O → 2NaHCO3

Na recarbonatação, a velocidade de difusão é extremamente baixa. A proteção da


estrutura pode ser complementada por outras medidas, tais como o uso de revestimentos.

Efeitos do tratamento sobre o concreto


Em razão da quantidade de álcalis que é introduzida no concreto durante a
realcalinização, existe um favorecimento da reação álcali-agregado (RAA). Há, ainda
segundo Fosroc (apud ARAÚJO 2009), perda de aderência de revestimento externo
com o substrato realcalinizado e pode ocorrer dias ou semanas após a aplicação de
revestimento da estrutura tratada, conforme Tabela 13 .

Tabela 14 – Fatores que reduzem a aderência de revestimento em substrato realcalinizado eletroquimicamente.

Fatores que reduzem a aderência Fatores que aumentam a pressão


Absorção de água pelo eletrólito de sódio, dificultando a secagem da Perda do vapor de água por meio da pintura semipermeável pode lixiviar
superfície o carbonato de sódio retendo-o entre a pintura e o substrato

Este processo gera um substrato úmido, o qual reduz a penetração da A secagem do sal cristalizado irá pressionar a pintura
pintura no substrato
Formação de cristais na superfície seca prejudica a penetração da pintura Caso o substrato se mantenha úmido, então a alta concentração resulta
na pressão osmótica por baixa da pintura

Secagem rápida da superfície recém-pintada provoca a formação Possíveis reações químicas com o revestimento poderão ocorrer ataque
inadequada do filme devido à dispersão do revestimento alcalino e saponificação

Dispersão do revestimento pelo eletrólito, ocasionando a formação de


um filme fraco
Fonte: ARAÚJO (apud FOSRIC, sd)

O concreto pode sofrer alterações das propriedades físicas e químicas, alteração na


porosidade e distribuição dos poros, em face da movimentação iônica das espécies
contidas nos poros, provocando sua diminuição. Pequeno aumento de resistividade em
virtude da formação de bicarbonato de sódio nos poros do concreto e leve redução da
absorção de água pelo motivo do aumento de densidade.

119
UNIDADE VI │ Técnicas de reabilitação eletroquÍmica

Não existe um consenso quanto ao efeito da RAE sobre a resistência. Yeih e Chang (apud
ARAÚJO, 2009) afirmam que a resistência à compressão, o módulo de elasticidade e a
resistência de aderência entre a barra e o concreto diminuem linearmente em relação
à densidade de corrente aplicada durante o tratamento, causada muito provavelmente
pelo ataque sofrido do gel CSH pelo cátodo. Teixeira (apud ARAÚJO, 2009) registrou
perda de 9% da resistência à compressão de corpos de prova nos quais foram realizados
ensaios de realcalinização. Segundo o autor, essa redução é por causa da formação de
novos produtos no interior do concreto, com resistências inferiores às que possuíam os
compostos iniciais.

Entretanto, há estudo que mostra ganho de resistência de cerca de 7,5% na resistência


à compressão, que, conforme os autores, deve-se justamente à formação de compostos
químicos ou à hidratação de compostos anidros (ARAÚJO, 2009).

120
Referências

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