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PATOLOGIA DAS

ESTRUTURAS

Bianca Funk Weimer


Critérios de avaliação
do quadro patológico:
elaboração do diagnóstico
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar os tipos de inspeção para coleta de dados e diagnóstico


(interpretação desses dados).
 Expressar a importância de um prognóstico (consequências que
surgirão, caso não sejam efetuadas as medidas corretivas para a eli-
minação dos problemas).
 Diferenciar os principais ensaios para diagnóstico das patologias das
construções.

Introdução
A falta de controle em obra, a precariedade de projetos, a utilização
de materiais de baixa qualidade, técnicas construtivas inadequadas e a
utilização de mão de obra não qualificada têm conduzido a uma redução
da qualidade das habitações recentes, com o aparecimento precoce de
patologias. Assim, antes de qualquer intervenção num edifício ou numa
estrutura, torna-se importantíssimo saber identificar qual o seu estado
de conservação, quais as anomalias existentes e a sua extensão, para que
seja possível atuar de forma racional e eficaz, garantindo, com segurança,
o sucesso das intervenções de reabilitação. Torna-se, portanto, funda-
mental conhecer as ferramentas de coleta de dados e de diagnóstico das
patologias das construções, a fim de conseguir identificar corretamente
os problemas apresentados pelos edifícios, dando aos responsáveis pela
manutenção ou conservação a possibilidade de optar pela solução mais
adequada às suas necessidades.

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2 Critérios de avaliação do quadro patológico: elaboração do diagnóstico

Neste capítulo, você aprenderá os tipos de inspeção para coleta de


dados e diagnóstico, e conhecerá a importância de um prognóstico.
Além disso, você aprenderá a diferenciar alguns dos principais ensaios
para o diagnóstico das patologias das construções.

Tipos de inspeção para coleta


de dados e diagnóstico
Quando um edifício apresentar um conjunto expressivo de patologias, não
é possível partir diretamente para a etapa de intervenção, sem um estudo
de diagnóstico, que será a primeira fase do processo de reabilitação. Desse
modo, a realização do diagnóstico é essencial para a correta intervenção.
Esse diagnóstico é considerado o estudo de um conjunto de procedimentos
destinados a garantir o conhecimento acerca de um edifício ou uma estru-
tura, incluindo a avaliação do seu estado de conservação e segurança e a
determinação das causas das anomalias observadas (FERREIRA, 2010;
APPLETON, 2002).
Para que o diagnóstico seja completo e preciso, é necessário conhecer cada
aspecto do problema patológico: os sintomas, os mecanismos, a origem, as
causas e consequências do ocorrido. Em alguns casos, é possível fazer um
diagnóstico das falhas das construções apenas por meio da visualização.
Todavia, em outros casos, o problema é mais complexo, sendo necessário
verificar o projeto, investigar as cargas a que foi submetida a estrutura, analisar
detalhadamente a forma como foi executada a obra e, inclusive, ver como essa
manifestação patológica reage diante de determinados estímulos (HELENE,
1992; ARIVABENE, 2015).
A fim de tornar o processo de estudo mais simples e objetivo, é reco-
mendado o uso de uma metodologia — uma estrutura básica de análise
de problemas. Um método bastante utilizado para diagnosticar falhas nas
edificações é o método de Lichtenstein (1986), que envolve três etapas,
conforme a Figura 1.

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Figura 1. Fluxograma para a resolução de patologias


da construção civil.
Fonte: Adaptado de Cremonini (1988).

Levantamento de subsídios
É a etapa na qual as informações essenciais e suficientes para o entendimento
completo das manifestações patológicas são organizadas. Dessa forma, con-
siste em acumular o maior número de informações necessárias, que levarão
ao entendimento dos fenômenos que estão acontecendo. Essas informações
são obtidas de três formas: vistoria do local, anamnese, e exames e pesquisas
complementares. Segundo Carmo (2003), a vistoria consiste no exame por
visita técnica e formatação de relatórios fotográficos, que se utiliza basicamente
dos sentidos humanos e de alguns instrumentos. Uma vistoria apresenta como
principal objetivo o levantamento de dados à primeira vista, que possibilitem
um entendimento parcial das manifestações. Já a anamnese é o levantamento
do histórico da construção, por meio de entrevistas com usuários, construtores

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e projetistas da edificação, mostrando-se uma maneira altamente humana e


empírica de análise do problema e pré-diagnóstico. Porém, ao se tratar de
problemas patológicos, há alguns casos em que apenas a observação visual
do problema e o levantamento de informações por meio de anamnese não são
suficientes para a formulação do diagnóstico, sendo necessária a realização
de ensaios específicos — in situ ou de laboratório. Eles são realizados por
técnicos altamente especializados na interpretação dos dados obtidos por meio
dos exames complementares. Os exames necessários são definidos a partir
das hipóteses formuladas pelo técnico, para sanar alguma dúvida quanto à
provável causa do problema, reforçando ou afastando alguma hipótese.

Diagnóstico da situação
O diagnóstico das patologias pode ser definido como a identificação da natureza
e origem dos defeitos, ou seja, trata-se das múltiplas relações de causa e efeito
e do entendimento dos principais motivos de ocorrência, a partir de dados
conhecidos, buscando determinar a possível origem do problema por meio do
seu efeito (CREMONINI, 1988; CARMO, 2003). A formação de um diagnóstico
completo passa por diversas etapas, que remetem a informações coletadas desde
a primeira vistoria do local. A vistoria local, acompanhada de um relatório
fotográfico, pode fornecer dados significativos à solução do problema. Para
esse levantamento de campo, é importante a utilização de instrumentos que
possam medir a amplitude dos defeitos, como fio de prumo, nível, higrômetro,
termômetro de contato, pacômetro, lupa graduada, testemunhos para medir
a evolução das fissuras, bem como ensaios in situ simples e que podem ser
realizados no local, e ensaios laboratoriais, que analisam amostras retiradas
da edificação, além de informações orais obtidas por meio de entrevistas com
usuários e informações escritas obtidas com o estudo de plantas, cadernos de
encargos, memoriais descritivos, etc. (SANTUCCI, 2015).

Definição de conduta
É a etapa que tem como objetivo prescrever o trabalho a ser executado para
resolver o problema, incluindo a definição sobre os meios e a previsão das
consequências em termos do desempenho final. Nessa etapa, definem-se as téc-
nicas específicas que serão adotadas pelo responsável, como o tipo de material,
a mão de obra e os equipamentos a serem usados (CARMO, 2003). A escolha
dos materiais e das técnicas a serem empregadas depende do diagnóstico,
das características da região e das exigências de desempenho do elemento. O

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plano de intervenção é feito levando-se em conta três alternativas: o grau de


incerteza sobre os efeitos, a relação custo–benefício e a disponibilidade de
tecnologias para a execução do serviço (HELENE, 1992).
Enfim, para um diagnóstico preciso e o tratamento adequado do problema, é
preciso fazer um grande levantamento de dados a respeito dessas manifestações.
Todas essas informações colhidas são altamente importantes para um resultado
satisfatórios no tratamento. Ainda, recomenda-se que as informações sejam
reunidas de forma ordenada, para que seja possível chegar a um diagnóstico,
pois a coleta desordenada e excessiva de dados pode dificultar o serviço do
patologista, podendo confundi-lo e até mesmo desviá-lo do caminho certo
para o tratamento da doença.

Importância do prognóstico
Para que se consiga chegar a uma decisão a respeito de uma intervenção ou
de um problema patológico, realiza-se um prognóstico a partir do diagnóstico.
Nele são levantadas as hipóteses de evolução futura do problema, com base
em dados fornecidos pelo tipo de problema e estágio de desenvolvimento,
pelas características gerais do edifício e condições de exposição a que está
submetido. Dessa forma, é possível determinar a intervenção mais adequada e
menos onerosa, com o intuito de relacionar o melhor custo–benefício (CARMO,
2003; OLIVEIRA, 2013).
Geralmente, as considerações sobre o problema são divididas em dois
grupos: as que afetam as condições de segurança da estrutura (associadas
ao estado limite único) e as que comprometem as condições de serviço e
funcionamento da construção (associadas aos estados limites de utilização)
(HELENE, 1992). A partir dessa divisão, é possível definir a melhor metodo-
logia a ser adotada na intervenção do problema. O objetivo dessa intervenção
poderá ser erradicar a enfermidade, impedir ou controlar a sua evolução, não
intervir, estimar o tempo de vida da estrutura, limitar a sua utilização ou
indicar a sua demolição (VIEIRA, 2016).
Conforme Oliveira (2013), para a formulação do prognóstico, é realizado
o levantamento das alternativas de intervenção, o que é feito levando-se em
conta três parâmetros básicos: o grau de incerteza sobre os efeitos, a relação
custo–benefício e a disponibilidade de tecnologia para a execução dos servi-
ços. O grau de incerteza está diretamente ligado à incerteza do diagnóstico
formulado, em função de ele estar fundamentado em informações passíveis
de erros. A relação custo–benefício se refere ao confronto estabelecido entre

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os benefícios alcançados na obtenção do desempenho requerido e o custo de


sua recuperação no decorrer do restante da vida útil do edifício. Já a dispo-
nibilidade de tecnologia para a execução dos serviços tem como objetivo
realizar um levantamento sobre as condições tecnológicas para a execução
da intervenção definida.
Essa intervenção envolve a técnica de execução propriamente dita, os ma-
teriais, os equipamentos e a mão de obra necessários à execução dos serviços.
Caso algum tipo de tecnologia empregada seja incompatível com o problema
ou, ainda, caso ocorram falhas na realização dos serviços de manutenção, ele
pode ser agravado, podendo até mesmo tornar-se irreversível (OLIVEIRA,
2013; ZUCHETTI, 2015).

Para saber mais sobre o assunto, leia o artigo Patologias Construtivas: Conceito, Origens
e Método de Tratamento, do autor Matheus Assis Vieira.

Principais ensaios para o diagnóstico das


patologias das construções
Para alcançar as informações necessárias à avaliação do estado de uma cons-
trução, existem muitas técnicas, desde a mais simples (porém essencial)
inspeção visual até os ensaios in situ e laboratoriais sobre amostras recolhidas.
As técnicas de ensaio são classificadas em destrutivas, ligeiramente destruti-
vas ou não destrutivas. Ainda que os métodos de ensaio devam, de preferência,
ser inteiramente não destrutivos, muitas vezes torna-se necessário recorrer
a técnicas que envolvem danos aos edifícios. Além disso, pode-se separar as
técnicas em ensaios in situ e ensaios laboratoriais. Os ensaios laboratoriais
são um complemento importante — muitas vezes indispensável — dos en-
saios in situ. Já os ensaios in situ permitem uma classificação qualitativa ou
quantitativa indireta das características mais significativas (SANTOS, 2003;
FERREIRA, 2010).

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Inspeção visual
Na inspeção visual, a observação e a análise dos sintomas patológicos per-
mitem realizar um primeiro diagnóstico baseado na experiência, intuição e
observação do investigador. A inspeção visual é muitas vezes suficiente; no
entanto, deve ser conduzida de forma sistemática, de modo a reduzir possíveis
erros de avaliação. Logo, deverá incluir uma visão de conjunto, abrangendo
todos os aspectos que podem ser relevantes, como local de implantação,
estrutura, envolvente exterior e interiores do edifício, conforme o Quadro 1
(GONÇALVES, 2004; FERREIRA, 2010).

Quadro 1. Aspectos relevantes para a inspeção de um imóvel.

Parte do edifício Aspectos relevantes

Local de implantação Terreno de fundação


Acessos e arranjos exteriores
Infraestrutura local
Estacionamento, garagem

Envolvente Paredes
Coberturas
Guarnecimento dos vãos

Interiores Pavimentos e tetos


Paredes interiores

Fonte: Adaptado de Ferreira (2010).

Ensaios in situ

Os ensaios in situ compõem um meio precioso de auxílio à inspeção visual.


Por meio deles, consegue-se uma melhor caracterização dos mecanismos de
degradação existentes nos materiais ou elementos construtivos (sujidade,
eflorescências, umidade, fissuração), a identificação das variações das pro-
priedades do componente ou elemento construtivo relacionadas diretamente
ao seu desempenho (resistência mecânica, coeficiente de absorção de água) e
das condições in situ (parâmetros ambientais), e os tipos de materiais aplicados
(caracterização dos constituintes da argamassa, teor de ligante).

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Nesse sentido, a sua realização permite reduzir a subjetividade das ins-


peções visuais e avaliar, com maior precisão, as efetivas necessidades de
manutenção. Eles permitem ainda detectar pequenas alterações que podem
estar associadas a sinais de pré-patologia (fenômenos de alteração anteriores
ao aparecimento das anomalias não visíveis a olho nu) (FLORES-COLEN
et al., 2006).

Termogramas
A termografia visa identificar e diagnosticar anomalias construtivas associadas
à solicitação da temperatura, facilitando a formulação de ações corretivas ou
de reabilitação. Trata-se de um método de determinação e representação da
temperatura superficial de um corpo, por medição da radiação infravermelha
emitida pela sua superfície (Figura 2). O termograma tem como principais
vantagens ser semiportátil, obter resultados rápidos, exigir pequena preparação
da peça e ser aplicável a materiais compostos (FERREIRA, 2010).

Figura 2. Imagem de um termograma.


Fonte: Ferreira (2010).

Por meio dos termogramas, é possível detectar defeitos de isolamento,


perdas de ar e de calor por janelas, umidades e problemas escondidos (como
possíveis fugas em canalizações inseridas nas paredes), e executar a manu-
tenção preventiva.

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Ensaios de arrancamento por tração (pull-off)

Esse ensaio apresenta como principais vantagens o fácil manuseamento, o


custo médio e a fácil interpretação dos resultados. Além disso, não necessita
de energia in situ e permite a comparação dos resultados com valores de
normas. Ainda, esse ensaio torna possível a determinação da força necessária
para provocar o arrancamento por tração de determinada área de revestimento,
calculando a tensão que provoca a rotura (Figura 3) (FERREIRA, 2010).
Entretanto, esse ensaio apresenta algumas limitações, como a duração
mínima de um a dois dias para a sua realização. Ademais, trata-se de uma
técnica destrutiva, que necessita de trabalhos de reparação e depende dos
meios de acesso aos locais de ensaio (FERREIRA, 2010).

Figura 3. Equipamento de ensaios de arrancamento.


Fonte: Ferreira (2010).

Medidores de recobrimento

O medidor de recobrimento é um aparelho portátil, alimentado por pilhas e


composto basicamente pela unidade de leitura, com dois detectores — um
grande e outro pequeno — e dois espaçadores que permitem detectar a posição

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e a direção das armaduras, as suas dimensões e o seu recobrimento, em estru-


turas de concreto armado e pré-esforçado, de forma não destrutiva (Figura 4).
Como desvantagem, o método não consegue obter leituras em zonas com
grande densidade de armaduras, e as leituras podem ser influenciadas pela
presença de outros elementos metálicos na área de ensaio (FERREIRA, 2010).

Figura 4. Medidor de recobrimento.


Fonte: Ferreira (2010).

Humidímetros

Esse ensaio permite medir prontamente a umidade superficial em paredes. O


humidímetro é um aparelho eletrônico portátil que apresenta dois eletrodos
pontiagudos, os quais vão sendo posicionados sucessivamente sobre a super-
fície da parede, ao longo de uma malha de referência previamente marcada
(Figura 5). Os resultados fornecidos pelo ensaio apresentam validade em
termos comparativos, e não absolutos, podendo ser uma ferramenta bastante
útil na detecção de zonas com elevado teor de umidade e na determinação
das causas desse fenômeno.
De forma geral, os valores obtidos permitem ainda estimar as variações
a que os revestimentos estão sujeitos nas suas condições naturais. Ainda,
esse ensaio apresenta como vantagem a sua facilidade, agilidade e rapidez de
utilização (FERREIRA, 2010).

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Critérios de avaliação do quadro patológico: elaboração do diagnóstico 11

Figura 5. Medidor de umidade superficial


− humidímetro.
Fonte: Ferreira (2010).

Comparador de fissuras

O comparador de fissuras permite quantificar, com menor ou maior rigor, a


abertura das fissuras e fendas, podendo ser utilizado para complementar os dados
recolhidos com o fissurômetro — que apenas permite medir o movimento das
fissuras. O comparador de fissuras consiste num retângulo de plástico trans-
parente (Figura 6), com diferentes traços de espessuras conhecidas, que, por
comparação visual, permite estimar a abertura das fissuras (FERREIRA, 2010).

Figura 6. Comparador de fissuras.


Fonte: Ferreira (2010).

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Ensaios laboratoriais
Os ensaios laboratoriais complementam a informação obtida nos ensaios in
situ. No caso das intervenções, os ensaios laboratoriais incidem, sobretudo, na
caracterização do material, do ponto de vista das suas propriedades mecânicas
e da sua durabilidade (FERREIRA, 2010).

Análise mineralógica por difratometria de raios X

Para um engenheiro, é essencial conhecer a estrutura cristalina e a microes-


trutura de um material, para poder entender as suas propriedades. Uma das
técnicas de análise estrutural e microestrutural mais empregada para identificar
os diferentes materiais é a difração de raios X (ANDRADE, 2012).
A técnica de análise estrutural por raios X se baseia na presença de uma rede
cristalina ou na periodicidade do arranjo atômico. Essa é a principal limitação
dessa técnica, uma vez que ela não se aplica a materiais sólidos totalmente
amorfos, como os vidros ou polímeros, e nem a líquidos (ANDRADE, 2012).
A Figura 7 apresenta um exemplo de difratograma de um sólido cristalino.

Figura 7. Difratograma esquemático de um sólido


cristalino.
Fonte: Adaptada de Andrade (2012).

Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

No ensaio de MEV, tem-se uma técnica apropriada para observar, analisar e ex-
plicar fenômenos que ocorrem em escala micrométrica (Figura 8). A MEV estuda
a degradação do concreto (corrosão das armaduras, reação álcali inerte, ataque

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por sulfatos, ataque por agentes químicos diversos). Por meio dessa técnica, a
amostra a ser analisada é irradiada por um feixe de elétrons; como resultado
dessa interação, várias radiações são emitidas, como elétrons secundários (ES),
elétrons retroespalhados (ERE), raios X característicos, elétrons Auger, etc. As
radiações capturadas fornecem informações das características da amostra,
como topografia da superfície, composição, entre outros (MENDES, 2010).

Figura 8. Microscópio eletrônico de varredura (MEV).


Fonte: Mendes (2010).

Tomografia computadorizada (TC)

Pela TC, são obtidas imagens do interior de um objeto, resultantes de um conjunto


de fatias. A visualização interna de uma amostra de concreto por tomografia é
importante para a análise de imperfeições, fissuras, falta de homogeneidade e
anisotropias. Novas técnicas estão sendo desenvolvidas para avaliar internamente
estruturas de concreto: tomografia computadorizada com raios X, tomografia
computadorizada com raios γ, tomografia por impedância elétrica, técnica de
imagem por retroespalhamento de micro-ondas, tomografia por meio de emissão
única de fóton, tomografia por meio de emissão de pósitron (MENDES, 2010).
A tomografia computadorizada por raios X em amostras de concreto se
baseia no princípio de atenuação de um feixe de raios X, que atravessa a amostra
em cada projeção. Após a reconstrução, o resultado corresponde a uma imagem
bidimensional (2D) de determinada secção transversal ou tridimensional (3D)
de toda a amostra (MENDES, 2010). Na Figura 9, você pode ver um exemplo
dessa imagem em uma amostra de concreto de argila expandida.

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Figura 9. Tomografia de uma amostra de concreto de


argila expandida.
Fonte: Mendes (2010).

Para saber mais sobre os principais ensaios para diagnóstico das patologias, leia a
dissertação titulada Técnicas de diagnóstico de patologias em edifícios (FERREIRA; 2010).

1. Ao apresentar um conjunto seja, se trata das múltiplas


expressivo de patologias em relações de causa e efeito e
um edifício, não é possível partir entendimento dos principais
diretamente para a etapa de motivos de ocorrência a partir
intervenção sem um estudo de dados conhecidos.
de diagnósticos. Marque a b) A formação de um diagnóstico
alternativa correta sobre a melhor completo passa por uma etapa,
definição de diagnóstico. que remete a informações
a) O diagnóstico das patologias coletadas na vistoria do local.
pode ser definido como a c) Diagnosticar é identificar
identificação da natureza uma falha que ocorre em
e origem dos defeitos, ou determinado local.

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Critérios de avaliação do quadro patológico: elaboração do diagnóstico 15

d) Um diagnóstico pode ser Marque a alternativa correta que


realizado por um técnico com identifica essa primeira etapa.
qualquer tipo de formação. a) Ensaios laboratoriais
e) O primeiro passo do processo b) Ensaios in situ
do estudo do diagnóstico c) Inspeção visual
é realizar os ensaios in d) Diagnóstico
situ e laboratoriais que e) Anamnese
poderão ser responsáveis ou 4. Por meio dos ensaios in situ
poderão contribuir para o se consegue uma melhor
aparecimento de anomalias. caracterização dos mecanismos de
2. Para que se consiga chegar a degradação existentes nos materiais
uma decisão a respeito de uma ou elementos construtivos. Sendo
intervenção ou de um problema assim, Marque a alternativa que
patológico, é realizado, a partir apresenta apenas ensaios in situ.
do diagnóstico, um prognóstico. a) Ensaio de termografia e
Em relação ao prognóstico, difratometria de raios X.
marque a alternativa correta. b) Ensaio de arrancamento
a) Em um prognóstico, são por tração e microscopia
levantadas as hipóteses eletrônica de varredura.
de evolução futura do c) Ensaio com humidímetros
problema, baseado em e microscopia eletrônica
dados fornecidos pelo tipo de varredura.
de problema; estágio de d) Ensaio com medidores
desenvolvimento, entre outros. de recobrimento e
b) É realizado levando em difratometria de raios X.
consideração apenas a e) Ensaio de termografia e
disponibilidade de tecnologia arrancamento por tração.
para execução dos serviços. 5. Sobre as etapas para identificação
c) É a etapa onde as informações e resolução do problema de
essenciais e suficientes para o patologias em edificações,
entendimento completo das marque a alternativa correta.
manifestações patológicas a) O diagnóstico das patologias
são organizadas. é a etapa que tem como
d) É a identificação da natureza objetivo prescrever o
e origem dos defeitos. trabalho a ser executado
e) É a etapa que tem como para resolver o problema.
objetivo prescrever o b) A anamnese é o levantamento do
trabalho a ser executado histórico da construção, método
para resolver o problema. que faz uso de entrevistas
3. A observação e a análise dos com usuários, construtores e
sintomas patológicos permitem projetistas da edificação.
realizar um primeiro diagnóstico c) A definição de conduta é a etapa
baseado na experiência, intuição onde as informações essenciais e
e observação do investigador. suficientes para o entendimento

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completo das manifestações por onde técnicos altamente
patológicas são organizadas. especializados na interpretação
d) A vistoria do local é definida dos dados obtidos através
como a identificação da natureza dos exames complementares
e origem dos defeitos. e os exames necessários
e) Alternativa de intervenção
é a etapa a qual é realizada

ANDRADE, C. E. S. Análise e caracterização de cinzas do processo de incineração de


resíduos de serviço de saúde para reaproveitamento. 74 f. 2012. Dissertação (Mestrado)
- Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2012.
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CARMO, P. I. O. do. Patologia das construções. Santa Maria: Programa de atualização
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Critérios de avaliação do quadro patológico: elaboração do diagnóstico 17

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Leitura recomendada
TUTIKIAN, B; PACHECO; M. Inspección, Diagnóstico y Prognóstico en la Construcción
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