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ESTRUTURAS
Introdução
A falta de controle em obra, a precariedade de projetos, a utilização
de materiais de baixa qualidade, técnicas construtivas inadequadas e a
utilização de mão de obra não qualificada têm conduzido a uma redução
da qualidade das habitações recentes, com o aparecimento precoce de
patologias. Assim, antes de qualquer intervenção num edifício ou numa
estrutura, torna-se importantíssimo saber identificar qual o seu estado
de conservação, quais as anomalias existentes e a sua extensão, para que
seja possível atuar de forma racional e eficaz, garantindo, com segurança,
o sucesso das intervenções de reabilitação. Torna-se, portanto, funda-
mental conhecer as ferramentas de coleta de dados e de diagnóstico das
patologias das construções, a fim de conseguir identificar corretamente
os problemas apresentados pelos edifícios, dando aos responsáveis pela
manutenção ou conservação a possibilidade de optar pela solução mais
adequada às suas necessidades.
Levantamento de subsídios
É a etapa na qual as informações essenciais e suficientes para o entendimento
completo das manifestações patológicas são organizadas. Dessa forma, con-
siste em acumular o maior número de informações necessárias, que levarão
ao entendimento dos fenômenos que estão acontecendo. Essas informações
são obtidas de três formas: vistoria do local, anamnese, e exames e pesquisas
complementares. Segundo Carmo (2003), a vistoria consiste no exame por
visita técnica e formatação de relatórios fotográficos, que se utiliza basicamente
dos sentidos humanos e de alguns instrumentos. Uma vistoria apresenta como
principal objetivo o levantamento de dados à primeira vista, que possibilitem
um entendimento parcial das manifestações. Já a anamnese é o levantamento
do histórico da construção, por meio de entrevistas com usuários, construtores
Diagnóstico da situação
O diagnóstico das patologias pode ser definido como a identificação da natureza
e origem dos defeitos, ou seja, trata-se das múltiplas relações de causa e efeito
e do entendimento dos principais motivos de ocorrência, a partir de dados
conhecidos, buscando determinar a possível origem do problema por meio do
seu efeito (CREMONINI, 1988; CARMO, 2003). A formação de um diagnóstico
completo passa por diversas etapas, que remetem a informações coletadas desde
a primeira vistoria do local. A vistoria local, acompanhada de um relatório
fotográfico, pode fornecer dados significativos à solução do problema. Para
esse levantamento de campo, é importante a utilização de instrumentos que
possam medir a amplitude dos defeitos, como fio de prumo, nível, higrômetro,
termômetro de contato, pacômetro, lupa graduada, testemunhos para medir
a evolução das fissuras, bem como ensaios in situ simples e que podem ser
realizados no local, e ensaios laboratoriais, que analisam amostras retiradas
da edificação, além de informações orais obtidas por meio de entrevistas com
usuários e informações escritas obtidas com o estudo de plantas, cadernos de
encargos, memoriais descritivos, etc. (SANTUCCI, 2015).
Definição de conduta
É a etapa que tem como objetivo prescrever o trabalho a ser executado para
resolver o problema, incluindo a definição sobre os meios e a previsão das
consequências em termos do desempenho final. Nessa etapa, definem-se as téc-
nicas específicas que serão adotadas pelo responsável, como o tipo de material,
a mão de obra e os equipamentos a serem usados (CARMO, 2003). A escolha
dos materiais e das técnicas a serem empregadas depende do diagnóstico,
das características da região e das exigências de desempenho do elemento. O
Importância do prognóstico
Para que se consiga chegar a uma decisão a respeito de uma intervenção ou
de um problema patológico, realiza-se um prognóstico a partir do diagnóstico.
Nele são levantadas as hipóteses de evolução futura do problema, com base
em dados fornecidos pelo tipo de problema e estágio de desenvolvimento,
pelas características gerais do edifício e condições de exposição a que está
submetido. Dessa forma, é possível determinar a intervenção mais adequada e
menos onerosa, com o intuito de relacionar o melhor custo–benefício (CARMO,
2003; OLIVEIRA, 2013).
Geralmente, as considerações sobre o problema são divididas em dois
grupos: as que afetam as condições de segurança da estrutura (associadas
ao estado limite único) e as que comprometem as condições de serviço e
funcionamento da construção (associadas aos estados limites de utilização)
(HELENE, 1992). A partir dessa divisão, é possível definir a melhor metodo-
logia a ser adotada na intervenção do problema. O objetivo dessa intervenção
poderá ser erradicar a enfermidade, impedir ou controlar a sua evolução, não
intervir, estimar o tempo de vida da estrutura, limitar a sua utilização ou
indicar a sua demolição (VIEIRA, 2016).
Conforme Oliveira (2013), para a formulação do prognóstico, é realizado
o levantamento das alternativas de intervenção, o que é feito levando-se em
conta três parâmetros básicos: o grau de incerteza sobre os efeitos, a relação
custo–benefício e a disponibilidade de tecnologia para a execução dos servi-
ços. O grau de incerteza está diretamente ligado à incerteza do diagnóstico
formulado, em função de ele estar fundamentado em informações passíveis
de erros. A relação custo–benefício se refere ao confronto estabelecido entre
Para saber mais sobre o assunto, leia o artigo Patologias Construtivas: Conceito, Origens
e Método de Tratamento, do autor Matheus Assis Vieira.
Inspeção visual
Na inspeção visual, a observação e a análise dos sintomas patológicos per-
mitem realizar um primeiro diagnóstico baseado na experiência, intuição e
observação do investigador. A inspeção visual é muitas vezes suficiente; no
entanto, deve ser conduzida de forma sistemática, de modo a reduzir possíveis
erros de avaliação. Logo, deverá incluir uma visão de conjunto, abrangendo
todos os aspectos que podem ser relevantes, como local de implantação,
estrutura, envolvente exterior e interiores do edifício, conforme o Quadro 1
(GONÇALVES, 2004; FERREIRA, 2010).
Envolvente Paredes
Coberturas
Guarnecimento dos vãos
Ensaios in situ
Termogramas
A termografia visa identificar e diagnosticar anomalias construtivas associadas
à solicitação da temperatura, facilitando a formulação de ações corretivas ou
de reabilitação. Trata-se de um método de determinação e representação da
temperatura superficial de um corpo, por medição da radiação infravermelha
emitida pela sua superfície (Figura 2). O termograma tem como principais
vantagens ser semiportátil, obter resultados rápidos, exigir pequena preparação
da peça e ser aplicável a materiais compostos (FERREIRA, 2010).
Medidores de recobrimento
Humidímetros
Comparador de fissuras
Ensaios laboratoriais
Os ensaios laboratoriais complementam a informação obtida nos ensaios in
situ. No caso das intervenções, os ensaios laboratoriais incidem, sobretudo, na
caracterização do material, do ponto de vista das suas propriedades mecânicas
e da sua durabilidade (FERREIRA, 2010).
No ensaio de MEV, tem-se uma técnica apropriada para observar, analisar e ex-
plicar fenômenos que ocorrem em escala micrométrica (Figura 8). A MEV estuda
a degradação do concreto (corrosão das armaduras, reação álcali inerte, ataque
por sulfatos, ataque por agentes químicos diversos). Por meio dessa técnica, a
amostra a ser analisada é irradiada por um feixe de elétrons; como resultado
dessa interação, várias radiações são emitidas, como elétrons secundários (ES),
elétrons retroespalhados (ERE), raios X característicos, elétrons Auger, etc. As
radiações capturadas fornecem informações das características da amostra,
como topografia da superfície, composição, entre outros (MENDES, 2010).
Para saber mais sobre os principais ensaios para diagnóstico das patologias, leia a
dissertação titulada Técnicas de diagnóstico de patologias em edifícios (FERREIRA; 2010).
Leitura recomendada
TUTIKIAN, B; PACHECO; M. Inspección, Diagnóstico y Prognóstico en la Construcción
Civil. Boletín Técnico, v. 1, 2013. Disponível em: <http://alconpat.org.br/wpcontent/uplo-
ads/2012/09/B1_Inspe%C3%A7%C3%A3oDiagn%C3%B3stico-e-Progn%C3%B3stico-
-na-Constru%C3%A7%C3%A3o-Civil1.pdf> Acesso em: 19 mar. 2018.