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Estudo sobre a Impermeabilização Flexível para Reservatórios de Água

Potável

Study on Flexible Waterproofing for Drinking Water Reservoirs

Ricardo Welerson de Oliveira Gonçalves 1


Ricardo Estanislau Braga 2

Resumo: A pesquisa realizada se propôs conceituar acerca da impermeabilização


flexível para reservatórios de água potável, para então compreender aspectos
importantes como a função estratégica da impermeabilização nos projetos da
construção civil, bem como delimitar alguns tipos de produtos que podem ser
utilizados conforme necessidade. Para tanto, a metodologia utilizada foi a pesquisa
bibliográfica em livros, artigos e dissertações de mestrados, além da pesquisa
exploratório. Concluiu-se com a pesquisa o quão é importante a impermeabilização
na construção civil, o papel estratégico que ela exerce nas edificações. Além disso,
foi conceituada as características da impermeabilização flexível em reservatórios de
água potável, e assim, se compreendeu que há tipos específicos de argamassas
que podem ser utilizados para este fim, como a argamassa polimérica. O
conhecimento das normas e técnicas de utilização dos materiais necessários para a
impermeabilização, se tornam essenciais para cumprir o objetivo proposto no
projeto.

Palavras-chave: Impermeabilização. Flexível. Argamassa Polimérica.

Abstract: The research carried out conceptualizes flexible waterproofing for drinking
water reservoirs, in order to understand important aspects such as the strategic role
of waterproofing in civil construction projects, as well as delimiting some types of
products that can be used as needed. Therefore, the methodology used was
bibliographical research in books, articles and master's dissertations, in addition to
exploratory research. It was concluded with the research how important
waterproofing is in civil construction, the strategic role it plays in buildings. In
addition, it was conceptualized as characteristics of flexible waterproofing in potable
water reservoirs, and thus, it is understood that there are specific types of mortars
that can be used for this purpose, such as polymeric mortar. Knowledge of the
standards and techniques for using the materials needed for waterproofing become
essential to fulfill the objective proposed in the project.

Keywords: Waterproofing. Flexible. polymer mortar.


1
Estudante do curso de Engenharia Civil. Faculdade Kennedy de Engenharia.
Contato: ricardofilosofando@hotmail.com
2
Professor e Orientador. Engenheiro Civil. Mestre em Gestão de Projetos.
Contato: ricardoebraga@gmail.com
1 INTRODUÇÃO

Desde tempos antigos o homem se preocupava com a umidade dentro das


cavernas, já que, uma das características delas é não ter impermeabilização, pois, a
umidade emergia do solo e penetrava pelas paredes, tornando o local insalubre com
o passar do tempo. A partir desse cenário, foram ocorrendo importantes avanços
nas edificações para tornar o ambiente mais propício e com menos riscos à saúde
para os usuários.
De acordo com Silva, Silva Júnior e Holanda (2019) com a questão insalubre
impactando diretamente no conforto e saúde, o homem foi aprimorando os métodos
de construção, levando em consideração os agentes ambientais como a água, o
calor e a abrasão, que são fatores de desgaste e depreciação das construções, em
especial, a água, dado o seu poder de penetração. Sendo assim, os principais
materiais utilizados na antiguidade foram os betuminosos, asfaltos e alcatrões, que
eram tradicionalmente utilizados nos banhos romanos e proteção das estacas de
madeira.
Portanto, ao pesquisar acerca da importância da impermeabilização para as
edificações na construção civil é dimensionar uma trajetória metodológica em busca
da correta utilização de sistemas impermeabilizantes, já que, é por intermédio dela
que se consegue de forma adequada, a proteção de construções que bloqueia a
passagem de água por meio das infiltrações, fluidos e vapores. Em complemento, há
também a impermeabilização que são utilizadas em reservatório de água, para
manter a água límpida e própria para o consumo ou banho, seja em piscinas,
banheiras, como também em reservatórios de água potável.
Conforme cresce a demanda por serviços de impermeabilização,
principalmente para tratar de problemas executivos nos projetos na construção civil,
a desinformação a respeito das técnicas e materiais de impermeabilização, são
indicativos para o surgimento de contratempos diversos, que causam prejuízos
financeiros aos contratantes e para os usuários, e é nesse cenário que se propõe o
objetivo dessa pesquisa. O que se nota no mercado é que as construtoras só se
dedicam a parte da impermeabilização e seus problemas no final da obra, quando
pode ser tarde demais. A falta de planejamento e a constante improvisação nos
canteiros de obras resultam em um número grande de falhas.
Delimita-se como objetivo desse estudo discorrer sobre a impermeabilização
flexível para reservatórios de água potável, indicando seus principais conceitos,
materiais constituintes e exemplo de como aplicar as técnicas de impermeabilização.
Como problema de pesquisa se propôs compreender: quais as principais
características da impermeabilização flexível em reservatórios de água potável?

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Princípios Básicos do Processo de Impermeabilização

De acordo com Freire (2007) em qualquer projeto na área da construção civil,


há basicamente dois momentos que devem ser dimensionados. O primeiro é
caracterizado como essencial, onde estão delimitadas as atividades relacionadas a
estrutura, instalações e arquitetura. No momento seguinte, há os chamados
complementos, que abrangem as especificações das cargas, as dimensões e os
detalhes, como no caso da impermeabilização.
Conforme indica a NBR 9575 (2010) o sistema de impermeabilização é
definido como conjunto de produtos e serviços destinados a conferir estanqueidade
as partes de uma construção, e, portanto, a estanqueidade tem como a propriedade
de um elemento (ou conjunto de componentes) de impedir a penetração ou
passagem de fluídos através de si.
Freire (2007) afirma que o processo de impermeabilização é composto por
etapas até chegar ao produto estanque, e todas elas precisam ser monitoradas no
decorrer de sua execução. Por isso, é necessário avaliar alguns aspectos como a
estrutura a ser impermeabilizada, o projeto de impermeabilização, a preparação da
superfície, a impermeabilização em si, os testes de estanqueidade, as camadas
separadoras e as proteções.
De acordo com Pirondi (1979) apud Guarizo (2008) os materiais a serem
utilizados no processo de impermeabilização devem ser testados, para avaliação de
resistência aos raios ultravioletas e infravermelhos, entretanto, o teste de laboratório
mais indicativo da longevidade dos materiais é o envelhecimento acelerado por
ozônio, que deve ser realizado com concentrações de ozônio próximo a 100 ppcm
que corresponde as maiores concentrações encontradas na atmosfera do Brasil.
Silva, Silva Júnior e Holanda (2019) indicam em sua pesquisa que dentre
vários fatores que acarretam problemas na construção civil, está a falta adequada de
impermeabilização das estruturas. Isso ocorre pois, em grande parte dos casos, a
falta de impermeabilização está fora do alcance visual após a conclusão da
edificação, sendo geralmente negligenciada, tratada sem a devida importância ou,
em muitos casos, não sendo utilizada.
Para Righi (2009) há alguns fatores que são responsáveis por vários
problemas causando insucessos no processo como, a desinformação acerca das
técnicas e materiais de impermeabilização, o dinamismo no setor e falta de mão de
obra qualificada. Constata-se, portanto, que muitos dos problemas vinculados às
impermeabilizações podem ser encontrados e erradicados utilizando-se do
planejamento durante todo o cronograma da obra, sem deixar de verificar nenhum
aspecto.
Silva, Silva Júnior e Holanda (2019) afirmam que a impermeabilização é
estratégica e essencial na durabilidade das construções, pois a água pode
transportar agentes e poluentes existentes no ar que podem causar danos
irreparáveis a estrutura e prejuízos financeiros não orçados. Além disso, há também
questões vinculadas a segurança da edificação e integridade física do usuário.
Ainda segundo Silva, Silva Júnior e Holanda (2019) abordando sobre a
questão da umidade nas edificações, na tabela 1, pode-se verificar as principais
formas de atuação dos fluidos nas edificações.

Tabela 1: Atuação dos fluidos nas edificações


Fonte: Silva, Silva Júnior e Holanda (2019, p. 319)
Guarizo (2008) contextualiza a tabela 1 conforme a seguir:

Água sob pressão: é aquela que atua em subsolos, caixas d’águas, piscinas,
exercendo força hidrostática sobre a impermeabilização;
Água de percolação: é água que atua em terraços, coberturas, empenas e
fachadas, onde existe livre escoamento, sem exercer pressão hidrostática sobre os
elementos da construção;
Umidade de solo ou umidade por capilaridade: é a ação da água sobre os
elementos da construção que estão em contato com bases alagadas ou solo úmido.
A água é absorvida e transportada, pela ação da capilaridade de materiais porosos
até o nível acima do nível estático;
Água de condensação: é a água com origem na condensação de vapor
d’água presente no ambiente sobre a superfície de um elemento construtivo deste
ambiente.
De acordo com Freire (2007) na etapa de planejamento do projeto de
impermeabilização é possível alcançar maior eficiência a partir da escolha de
materiais e sistemas que serão aplicados conforme as características do projeto a
ser executado. Portanto, é necessário analisar todas as interferências construtivas,
como o tipo de edificação, movimentações estruturais, finalidades de cada área e
segurança dos trabalhadores.
Segundo Silva, Silva Júnior e Holanda (2019) um sistema de
impermeabilização tem o intuito de cumprir com três aspectos que podem coexistir
ou separadamente. No primeiro aspecto está a durabilidade da edificação vinculada
a sua função protetora dos fluídos, já que a água, de forma geral, é um dos agentes
mais agressivos as estruturas. No segundo aspecto está o conforte do usuário e o
uso das edificações, para evitar problemas como umidade, infiltrações e
vazamentos. O terceiro aspecto está vinculado à proteção ao meio ambiente, com
ações como tratamento de lagoas e dejetos industriais a fim de evitar a
contaminação do solo e de aquíferos subterrâneos.

2.2 Principais Materiais


Os materiais mais utilizados na impermeabilização são as argamassas, os
cristalizantes, os cimentícios, os asfálticos, os poliméricos e o epóxi (FREIRE, 2007).
A tabela 2 a seguir se encontra, conforme a flexibilidade do sistema de
impermeabilização, as especificações mais utilizadas à base dos principais materiais
utilizado.

Tabela 2: Principais materiais utilizados

Fonte: Freire (2007, p. 22)

As argamassas utilizadas no processo de impermeabilização são advindas do


emprego de argamassas de cimento e areia preparadas com aditivos hidrofugantes
ou resinas poliméricas com o intuito de torná-las impermeáveis. Já os cristalizantes
são obtidos pela aplicação de materiais à base de cimento, adicionados às resinas e
aplicados na forma de pasta, este penetra nos poros da superfície e ao se cristalizar
tampa os poros.
Em complemento, há também a possibilidade de se utilizar cimentícios que
são empregados materiais à base de cimento, adicionando resinas e aplicados na
forma de pasta o que resulta numa película impermeável sobre a superfície, sendo
semelhante ao processo de cristalização, mas, se diferencia pela formação de uma
película impermeável com espessura da ordem de 5mm (FREIRE, 2007).
No grupo asfáltico, há impermeabilizantes à base de asfalto que podem ser
moldadas in loco que podem ser pré-fabricadas (mantas) ou membranas a quente
ou a frio). Já os sistemas poliméricos são aqueles cuja camada impermeável é
obtida pela aplicação de polímeros na forma de membranas ou mantas. Por fim, o
epóxi é utilizado na impermeabilização flexível, moldado in loco do tipo aderente à
estrutura, constituído por um revestimento polimérico à base de resinas epóxi
(FREIRE, 2007).

2.3 Sistemas de Impermeabilização

De acordo com Guarizo (2008) as principais funções da impermeabilização


são: aumentar a durabilidade também dos edifícios; impedir a corrosão das
armaduras do concreto; proteger as superfícies de umidade, manchas, fungos, etc.;
garantir ambientes salubres; a estrutura a ser impermeabilizada: tipo e de igual
maneira finalidade da estrutura, deformações previstas e de igual maneira
posicionamento das juntas; as condições externas às estruturas: solicitações
impostas às estruturas pela água, solicitações impostas às impermeabilizações,
detalhes construtivos, projetos interferentes com a impermeabilização, análise de
custos X durabilidade; o projeto de impermeabilização deve ser desenvolvido
juntamente com o projeto arquitetônico (Instituto Brasileiro de Impermeabilização). A
impermeabilização preventiva deve ser pensada do início até o fim da construção,
passando por as seguintes áreas: alicerces, áreas externas, lajes de cobertura,
caixas d’águas, piscinas e áreas frias.
Segundo Righi (2009) a escolha do sistema de impermeabilização de ter
como direcionamentos:

 Atender aos requisitos de desempenho;


 A máxima racionalização construtiva;
 A máxima construtibilidade;
 A adequação do sistema de impermeabilização aos demais subsistemas,
elementos e componentes do edifício;
 Custo compatível com o empreendimento;
 Durabilidade do sistema.

De acordo com Freire (2007) os sistemas de impermeabilização podem ser


classificados quanto à aderência, flexibilidade e execução, conforme tabela 3.

Tabela 3: Sistemas de impermeabilização

Fonte: Freire (2007, p. 15)

2.3.1 Classificação quanto à Aderência

Conforme descrito na NBR 9575 (2010) quanto à aderência, as classificações


podem ser aderentes, parcialmente aderentes e não aderentes. Quanto à aderência
ao substrato, os sistemas de impermeabilização, segundo Righi (2009) podem ser
classificados como:
Aderentes: quando o material impermeabilizante é totalmente fixado ao
substrato, seja por fusão do próprio material ou por colagem com adesivos, asfalto
quente ou maçarico.
Parcialmente aderentes: quando a aderência é parcial e localizada em
alguns pontos, como platibandas e ralos.
Não aderentes: quando a impermeabilização é totalmente desligada do
substrato é utilizada em estruturas de grande deformabilidade.
2.3.2 Classificação quanto à Flexibilidade

De acordo com Freire (2007) quanto à flexibilidade, os sistemas podem ser


rígidos, semiflexíveis e flexíveis. Os sistemas rígidos podem ser utilizados em
estruturas com sub pressão e não sujeitas à movimentação, forte exposição solar e
variações térmicas e vibração. O material mais utilizado são as argamassas
impermeáveis e processos de cristalização. Este sistema acompanha
proporcionalmente o trabalho estrutural sem sofrer infiltração nas zonas de
fissuração. Este sistema pode ser aplicado em reservatórios, piscina e caixa d’água
enterradas, fundações, subsolos, pisos, paredes de encosta, entre outros.
Ainda segundo Freire (2007) quanto aos sistemas semiflexíveis, estes são
muito eficientes para superfícies sujeitas a rachaduras e fissuras. A utilização de
argamassas de polímeros e resinas epóxi são exemplos de materiais constituintes
deste sistema e podem ser utilizados em projetos de saunas, banheiros, piso de
cozinhas, paredes de subsolos sem influência do lençol freático, entre outros.
Já os sistemas flexíveis, Righi (2009) afirma que compreende o conjunto de
materiais ou produtos aplicáveis nas partes construtivas sujeitas à fissuração e
podem ser de dois tipos, moldadas no local ou pré-fabricas.

2.3.3 Classificação quanto ao Método de Execução

De acordo com Silva, Silva Júnior e Holanda (2019) quanto ao método de


execução, há o moldado in loco e o pré-fabricado, sendo o primeiro podendo ser
uma membrana asfáltica e o segundo uma manta asfáltica. Segundo Righi (2009) as
membranas podem ou não ser estruturadas, podendo se incluir a tela de poliéster
termo estabilizada, o véu de fibra de vidro e o não tecido de poliéster. O tipo de
estruturante é indicado conforme as solicitações de cada área e dimensionamento
de projeto.
Silva, Silva Júnior e Holanda (2019) afirmam que as membranas asfálticas
moldadas a quente ou a frio são produtos impermeabilizantes, compostos pela
sobreposição de camadas de asfalto, onde a qualidade é diferenciada conforme o
tipo de asfalto e dos polímeros empregados. Na tabela 4 se apresenta um resumo
entre os dois métodos para facilitar a escolha.
Tabela 4: Métodos executivos

Fonte: Freire (2007, p. 17)

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Gil (2002) define o conceito de metodologia como sendo os procedimentos a


serem seguidos na realização da pesquisa. Sendo necessária nessa etapa, a
apresentação de informações acerca de alguns aspectos tais como: o tipo de
pesquisa; população e amostra; coleta de dados, e análise dos dados.
Diante do desafio desse tema de projeto de pesquisa “Estudo sobre a
Impermeabilização Flexível para Reservatórios de Água Potável”, se propôs
pesquisar e discorrer sobre as análises de testes dos autores que mencionam as
técnicas impermeabilização flexível em reservatórios de água potável, tema esse
que foi de cunho exploratório ainda que de natureza prático-teórico, em que as
referências bibliográficas serviram para nortear a condução e realização da
pesquisa.

4 ANÁLISES E DISCUSSÕES

4.1 Exemplo de impermeabilização flexível para reservatórios de água potável


De acordo com Righi (2009) os sistemas impermeabilizantes se referem à
especificação de vários itens e o projetista é quem irá indicar caso a caso,
individualizando as áreas e peças a serem impermeabilizadas, acompanhando o
seguinte roteiro:

 Seleção do sistema de impermeabilização mais apropriado, dependendo


do comportamento físico da estrutura;
 Material impermeabilizante dentro do sistema como o mais indicado,
escolhido basicamente em função dos próximos itens;
 Desempenho do material escolhido;
 Atuação da água;
 Método construtivo.

Na tabela 5 é apresentado uma análise das principais características de


alguns dos produtos nacionais disponíveis para realizar a impermeabilização de
reservatórios de água potável, enfatizando a importância de manter a potabilidade,
ou seja, manter a água límpida (sem cor) e inodora (sem cheiro) e que não interfira
na qualidade do produto que chega ao reservatório.

Tabela 5: Comparativo de produtos para impermeabilização acrílica para reservatórios de água


Fonte: Fonseca (2015, p. 58)

Já na tabela 6 se apresenta as propriedades dos materiais que apresentam


característica semelhantes, porém dependendo da funcionabilidade um produto
poderá ser mais adequado que outro, já que, apresenta maior resistência, menor
tempo de liberação, custo entre outros. O número determinante de camadas e
consumo de material dependerá da natureza da aplicação, ou seja, dimensões da
peça a ser impermeabilizada, geometria, além de pressões hidrostáticas sujeitas.

Tabela 6: Comparativo dos produtos para impermeabilização acrílica para reservatórios de água
Fonte: Fonseca (2015, p. 58)

A seguir será apresentado o processo de aplicação de argamassa polimérica


conforme demonstrado na pesquisa de Fonseca (2015). A proposta foi idealizada
conforme metodologia de aplicação de produtos bicomponentes para reservatórios.
Segundo Righi (2009) as argamassas poliméricas são materiais compostos por
cimentos especiais e látex de polímeros aplicados sob a forma de pintura sobre o
substrato, formando uma película impermeável, de excelente aderência e que
garante a impermeabilização para pressões d’água positivas e/ou negativas.
No primeiro momento, é realizado a preparação da superfície e, depois, o
substrato deverá estar limpo, sem partes soltas ou desagregadas, nata de cimento,
óleos, desmoldantes etc. Importante ressaltar que é necessário a lavagem da
estrutura com escova de aço e água ou jato d’água de alta pressão. Conforme
apresentado na figura 1, ninhos e falhas de concretagem deverão ser reparados
com argamassa de cimento e areia, traço 1:3. De fato, é etapa fundamental a quebra
de conta visto o tratamento de ponto frágil sujeito a manifestações patológicas.

Figura 1: Acabamento de Canto

Fonte: Fonseca (2015, p. 60)

Saturar a superfície com água evitando empoçamento. Aplicar o produto


misturado (pronto para uso) em duas ou mais demãos cruzadas, utilizando
trincha, broxa ou vassouras de pelo, obtendo uma espessura de filme úmido
de aproximadamente 1 mm e observando o consumo de 1,0 kg/m²/demão.
O intervalo entre demãos deve ser de 1 a 3 horas. Se houver dificuldades
no espalhamento, umedecer a superfície e não adicionar água ao produto.
Em superfícies horizontais, recomenda-se o emprego de vassoura de pelo,
vertendo-se o produto sobre o substrato e espalhando-o na espessura
recomendada. Para áreas superiores a 150 m², recomenda-se a aplicação
por projeção (FONSECA, 2015, p. 60).

De acordo com Fonseca (2015) o produto em questão é fornecido em dois


componentes: componente A (resina): polímeros acrílicos emulsionados,
componente B (pó cinza): cimentos especiais, aditivos impermeabilizantes,
plastificantes e agregados minerais. Deve-se adicionar o componente B (pó cinza)
aos poucos ao componente A (resina) e misture mecanicamente por 3 minutos ou
manualmente por 5 minutos, dissolvendo possível grumos que possam se formar,
obtendo-se uma pasta homogênea. Após obter a pasta, o tempo máximo de
utilização da mistura não poderá ultrapassar 40 minutos na temperatura 25ºC.
Selantes de juntas devem ser protegidos com fita adesiva e as juntas de
concretagem ao redor de ralos e outras regiões críticas, deve-se reforçar a
impermeabilização com tela de poliéster ou de nylon, instaladas entre a primeira e a
segunda demão.
Figura 2: Exemplo de aplicação de argamassa polimérica na forma de pintura

Fonte: Fonseca (2015, p. 61)

Figura 3: Aplicação de argamassa polimérica na forma de revestimento


Fonte: Fonseca (2015, p. 61)

Segundo Fonseca (2015) e conforme figuras 3 e 4 com exemplos de


aplicação de argamassa polimérica, o acabamento deve ser executado de forma
imediata após a aplicação da última demão, com desempenadeira de polietileno ou
de espuma. Righi (2009) complementa afirmando que o produto resiste a pressões
positivas e negativas e reage bem a pequenas movimentações das estruturas, e sua
impermeabilização ocorre através da formação de um filme de polímeros que
impede a passagem da água e da granulometria fechada dos agregados contidos na
porção cimentícia. Por fim, dentre suas características mais importantes estão a
resistência a pressões hidrostáticas positivas, fácil aplicação, não altera a
potabilidade da água, é uma barreira contra sulfatos e cloretos, uniformiza e sela o
substrato, reduzindo o consumo de tinta e pinturas externas.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo da pesquisa foi possível verificar o quão é importante a


impermeabilização na construção civil, o papel estratégico que ela exerce nas
edificações. Em alguns casos, seja por contenção de custos ou desinformação, a
falta adequada de impermeabilização pode acarretar problemas estruturais que
impactam diretamente no conforto dos usuários, por conta de infiltrações, mofo, que
deixam o ambiente insalubre.
Cabe também aos engenheiros compreender os mecanismos de infiltração da
água nas edificações para que possam formular melhor a solução e executar de
forma adequada a impermeabilização, com o intuito de evitar o surgimento de
patologias e causar prejuízos aos contratantes e usuários.
Conforme objetivo proposto nesta pesquisa, foi demonstrado através da
pesquisa bibliográfica, os conceitos acerca dos sistemas de impermeabilização, bem
como sua caracterização acerca de que tipo de sistema se adequa melhor a cada
tipo de projeto e objetivo, além de conceituar os sistemas flexíveis, que podem ser
utilizados em reservatórios de água potável. Foi apresentado um exemplo de
aplicação de impermeabilização com argamassa polimérica, conforme proposto pela
norma NBR 9575, indicando as principais características físicas e aplicabilidade na
estrutura.
Outro ponto analisado foi o entendimento sobre o problema de pesquisa, que
consistiu em indicar quais as principais características da impermeabilização flexível
em reservatórios de água potável, e assim, se compreendeu que há tipos
específicos de argamassas que podem ser utilizados para este fim, como a
argamassa polimérica. Outro ponto importante é a observação acerca do método de
aplicação e conhecimento dos produtos a serem utilizados. Como no exemplo
citado, a utilização da argamassa está limitada a 40 minutos, caso contrário, o
cimento perderá sua efetividade.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9575 –


Impermeabilização - Seleção e projeto. Rio de Janeiro, 2010.

FONSECA, Luiz Henrique dos Anjos. Caracterização dos produtos para


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Conclusão de Curso (Especialização em Patologia nas Obras Civis). IDD - Educação
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tcc=193. Acesso em 25 de out. 2022.

FREIRE, Mônica Athayde. Métodos Executivos de Impermeabilização de um


Empreendimento Comercial de Grande Porte. 72 p. Trabalho de Conclusão de
Curso (Graduação em Engenharia Civil). Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro, 2007. Disponível em:
http://www.repositorio.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011036.pdf. Acesso em 25
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GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.
GUARIZO, Ednilson Antonio. Impermeabilização Flexível. 61 p. Trabalho de
Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil). Universidade São Francisco.
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http://lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/1267.pdf. Acesso em de out.
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RIGHI, Geovane Venturini. Estudo dos Sistemas de Impermeabilização:


Patologias, Prevenções e Correções – Análise de Casos. 95 p. Dissertação
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