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de Engenharia
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
CARACTERÍSTICAS GERAIS DE MATERIAIS PARA ENGENHARIA................................................................... 9
CAPÍTULO 1
CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS MATERIAIS USADOS EM ENGENHARIA.......................................... 11
CAPÍTULO 2
ESTRUTURA E PROPRIEDADE DOS MATERIAIS DE ENGENHARIA................................................... 21
UNIDADE II
SELEÇÃO DE MATERIAIS DE ENGENHARIA.............................................................................................. 39
CAPÍTULO 1
SELEÇÃO DE PROCESSOS....................................................................................................... 41
CAPÍTULO 2
MAPAS PARA SELEÇÃO DE MATERIAIS...................................................................................... 53
UNIDADE III
VARIÁVEIS DE PROJETOS E TECNOLOGIA DOS MATERIAIS AVANÇADOS.................................................. 65
CAPÍTULO 1
VARIÁVEIS DE PROJETOS.......................................................................................................... 65
CAPÍTULO 2
TECNOLOGIA DOS MATERIAIS AVANÇADOS............................................................................. 77
UNIDADE IV
ESTUDOS DE CASOS (EC)...................................................................................................................... 85
CAPÍTULO 1
EC.1 – PISTÃO DE MOTOR....................................................................................................... 86
CAPÍTULO 2
EC.2 – ROLAMENTO................................................................................................................ 90
CAPÍTULO 3
EC.3 – MOLA DE VÁLVULA AUTOMOTIVA.................................................................................. 94
CAPÍTULO 4
EC.4 – NOVOS MATERIAIS EM MÁQUINAS AGRÍCOLAS............................................................. 96
UNIDADE V
ENSAIOS MECÂNICOS PARA SELEÇÃO DE MATERIAIS............................................................................ 98
CAPÍTULO 1
ENSAIOS MECÂNICOS............................................................................................................. 98
REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 120
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
6
Saiba mais
Sintetizando
7
Introdução
A seleção de materiais é uma atividade que é praticada desde a época da Idade da Pedra,
quando o homem descobriu, a partir de suas necessidades de sobrevivência, que ele
poderia usar pedras lascadas, muito mais resistentes que a madeira, para compor suas
armas de caça, fazendo a ponta da lança para caçar animais, por exemplo.
Daí para frente o processo de seleção de materiais tornou-se algo mais comum, porém,
envolvendo sempre critérios mais rigorosos para a seleção de um determinado material
em função da aplicação prevista.
8
Objetivos
»» Aprofundar os conhecimentos sobre os diversos materiais de engenharia,
suas propriedades e aplicações.
9
10
CARACTERÍSTICAS GERAIS
DE MATERIAIS PARA UNIDADE I
ENGENHARIA
Assim como a espécie humana evoluiu ao longo do tempo, os materiais utilizados pelo
homem seguiram essa mesma rota cronológica. Seja para suas necessidades imediatas,
seja para seu conforto o homem sempre fez uso de diversos tipos de materiais e, com o
passar do tempo, foi aperfeiçoando cada um deles de acordo com suas características
peculiares.
Não podemos deixar de nos atentar para o fato de que a Ciência e a Engenharia de
Materiais deram, dão e continuarão a dar, sempre, uma indispensável contribuição
para o desenvolvimento de novos materiais, ampliando o leque das suas aplicações.
A Ciência dos Materiais, mais antiga que a Engenharia dos Materiais, sempre buscou
entender os diversos materiais no campo de sua estrutura atômica, relacionando
estrutura e propriedade, ao passo que a segunda (a Engenharia), mais ligada à
tecnologia, uniu a física e a química no estudo dos materiais, avaliando suas aplicações,
processamento e desempenho.
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UNIDADE I │ CARACTERÍSTICAS GERAIS DE MATERIAIS PARA ENGENHARIA
Assim, ao longo dos nossos estudos, esses termos (propriedades) serão abordados e
deverão ser de domínio do leitor-estudante.
Nesta primeira Unidade iremos estudar as características gerais dos materiais usados
em engenharia – que são muitos – nos concentrando, porém, em materiais metálicos
e suas ligas, polímeros, cerâmicas e materiais avançados. Estudaremos a classificação
geral dos materiais usados em engenharia e aspectos relacionados à estrutura e
propriedades dos materiais de engenharia.
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CAPÍTULO 1
Classificação geral dos materiais
usados em engenharia
Observe na figura 1 que a Idade do Bronze antecedeu a Idade do Ferro, visto que o
bronze é um material mais fácil de ser conformado, além de ter uma temperatura de
fusão significativamente menor que a do ferro. A Idade do Ferro teve uma existência
expressiva, pois se prolongou por mais de 3.000 anos, avançando até meados do
século passado.
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UNIDADE I │ CARACTERÍSTICAS GERAIS DE MATERIAIS PARA ENGENHARIA
Você poderá observar que as cerâmicas tradicionais (aquelas a base de barro) estão
inseridas nos primórdios da Idade da Pedra. As cerâmicas avançadas, que hoje tem
aplicações nobres (vide as ferramentas de usinagem feitas de cerâmicas, por exemplo)
possuem características diferenciadas que as tornam materiais especiais, na categoria
de materiais tecnologicamente avançados.
(a) (b)
(c) (d)
Fonte: (a) <http://www.cavok.com.br/blog/wp-content/uploads/2017/07/shuttle.jpg>; (b) <http://cepa.if.usp.br/e-fisica/imagens/
mecanica/basico/cap19/navecolumbia.jpg>; (c) <https://www.emsintese.com.br/wp-content/uploads/2009/04/calor-onibus-
espacial.jpg>; (d) <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a5/STS-133_landing_at_Kennedy_Space_Center_19.
jpg>. Acessadas em: 13/2/2018.
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CARACTERÍSTICAS GERAIS DE MATERIAIS PARA ENGENHARIA │ UNIDADE I
Nesse ponto, o ônibus espacial está acerca de 400.000 pés (120 Km) de altitude, a uma
velocidade de Mach 25, ou seja, 8,2 km/s, ou 30.000 milhas por hora. Ao utilizar as
manobras de entrada na atmosfera, reduz ainda mais a velocidade e reduz a produção de
calor devido ao atrito causado pela alta velocidade da nave e do aumento na densidade
de ar.
O ônibus espacial, à medida que desce e encontra mais ar para de se comportar como
uma nave espacial e começa a funcionar como um avião.
Com toda essa influência do meio externo associado à elevada velocidade do ônibus
espacial, os materiais que o compõem devem ter propriedades especiais que garantam
a integridade da aeronave e, principalmente, dos seus tripulantes. Assim, sem o
desenvolvimento de ligas especiais que suportam condições extremas, sejam de
temperatura ou de origem tensional, jamais tais aeronaves seriam viáveis.
II. cerâmicos;
III. metálicos;
IV. políméricos;
V. compósitos;
São aqueles encontrados na natureza e que são usados (e processados) pelo homem
desde o período da Pré-história (Figura 3).
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UNIDADE I │ CARACTERÍSTICAS GERAIS DE MATERIAIS PARA ENGENHARIA
Figura 3. Materiais primários: (a) madeira, (b) algodão, (c) couro e (d) pedras.
(a) (b)
(c) (d)
Fonte: (a) <https://pixabay.com/p-1687917/?no_redirect>; (b) <http://ruralpecuaria.com.br/painel/img/noticias/8918/
noticias_1509466575.jpg>; (c) <http://www.bebrasil.com.br/uploads/5d20e461-d69e-47b8-b539-2ceeaebc693e.jpg>; (d)
<http://www.jornaldoalgarve.pt/wp-content/uploads/2014/07/sienito-monchique.jpg>. Acessadas em: 13/2/2018.
Até cascalhos, que são lascas de pedras, ainda são utilizados pelo homem. O cascalho é uma
rocha sedimentar, de tamanho variável, porém, pequeno. É utilizado em revestimentos de
parte de jardins, áreas de lazer e até em fundo de aquário (pedras ornamentais).
Materiais cerâmicos
A cerâmica é um dos materiais mais antigos utilizados pelo homem em diversas aplicações.
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CARACTERÍSTICAS GERAIS DE MATERIAIS PARA ENGENHARIA │ UNIDADE I
Os materiais cerâmicos são conhecidos desde os tempos mais remotos. Eles têm seu
nome derivado da palavra grega “keramus”, que significa barro queimado, pois os
utensílios feitos desse material, como panelas e vasilhames de água, eram obtidos
a partir da argila moldada e submetida à queima. Atualmente, esse termo se refere
também a todo material inorgânico não metálico obtido após tratamento térmico a
altas temperaturas, por exemplo: pisos, louças para banheiro, vidros, fibras óticas,
utensílios culinários, combustível nuclear, implantes ósseos e dentários, entre outros.
Essa classe de materiais apresenta propriedades específicas, como alta estabilidade
química, resistência à corrosão e ao calor, entre outras.
(a) (b)
(c) (d)
Fonte: (a) <http://acheiservicos.com/classificados/ads/curso-de-ceramica-artistica-e-artesanal-download/>; (b) <https://
papeldeparededigital.com.br/papeis-de-parede/azulejo/papel-de-parede-azulejos-portugueses-antigos/>; (c) <http://
sorrisobonito.net/proteses-dentarias/>; (d) <http://www.ferrawidia.com.br/insertos-de-ceramica-e-cermet.html>. Acessadas
em: 13/2/2018.
Note que as aplicações das cerâmicas são bem “ecléticas”, pois variam desde produtos
artesanais tais como objetos e utensílios de cerâmicas (Fig.4a), passando por azulejos
decorativos (Fig.4b), aplicações odontológicas (Fig.4c) e em pastilhas de ferramentas
de usinagem (Fig.4d).
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UNIDADE I │ CARACTERÍSTICAS GERAIS DE MATERIAIS PARA ENGENHARIA
»» Ligas ferrosas: são aquelas onde o ferro é constituinte principal. Ex.: aços
(aços com baixo teor de carbono, aços com médio teor de carbono, aços com
alto teor de carbono) e os ferros fundidos (branco, cinzento, nodular).
»» Ligas não ferrosas: são ligas que não possuem como constituinte
principal o elemento ferro. Ex.: ligas de cobre (latões – Cu + Zn); ligas
de bronze (Br + Sn + Al + Si + Ni); ligas de alumínio, ligas de titânio etc.
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CARACTERÍSTICAS GERAIS DE MATERIAIS PARA ENGENHARIA │ UNIDADE I
Como veremos com mais detalhes adiante, os metais possuem estrutura atômica
cristalina e conseguem conduzir eletricidade (são excelentes condutores) devido à
presença de uma nuvem de elétrons nessa estrutura cristalina.
Os metais, em geral, têm brilho, são maleáveis, têm ótima ductilidade, ótima condutividade
elétrica e térmica, além de possuir ponto de fusão elevado (ligas de tungstênio fundem
em temperaturas acima de 3.400º C, enquanto aço e ferro fundido ficam na faixa de até
2.000º C).
Entre os metais, veremos também que as ligas de alumínio têm apresentado um enorme
avanço na sua aplicação, dada as fortes pesquisas no aprimoramento de suas ligas.
Tais ligas são muito empregadas nas indústrias naval, aeronáutica e automobilística.
Dos aspectos mais positivos dos metais está a sua capacidade de ser reciclado. O metal,
uma vez reciclado, o aço em particular, permite manter suas propriedades de dureza,
resistência e flexibilidade. O mesmo vale para as ligas de alumínio.
Uma das mais importantes vantagens da reciclagem dos metais é a economia de energia,
quando se compara sua produção desde a extração do minério e o beneficiamento.
Polímeros
Os polímeros marcam uma nova era nos materiais de engenharia. Polímeros são
macromoléculas (carbono e hidrogênio, basicamente) nas quais existe uma unidade que
se repete, chamada monômero. O nome vem do grego: (poli = muitos) + (meros = partes),
ou seja, muitas partes. A reação que forma os polímeros é chamada de polimerização.
Os polímeros passaram a substituir diversos materiais, seja por questões de custo, seja
por questões de facilidade de fabricação e substituição. Assim, os polímeros podem ser
encontrados nos mais diversos produtos, como mostra a figura 6.
(a) (b)
Fonte: (a) <http://www.novoplastsp.com.br/> e (b) <http://panizzon.ind.br/institucional/sobre>. Acessadas em: 21/3/2018.
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UNIDADE I │ CARACTERÍSTICAS GERAIS DE MATERIAIS PARA ENGENHARIA
Os polímeros atuais adquiriram um novo status em termos de uso, pois até algum
tempo atrás produtos feitos de polímeros (plásticos) sofriam um grande preconceito em
relação à sua qualidade; coisa que atualmente teve uma sensível diminuição. Produtos
plásticos, antes rejeitados por consumidores, são atualmente mais aceitos.
Compósitos
Materiais compósitos ou compostos ou, ainda, composite (em inglês) são aqueles que
possuem pelo menos dois componentes ou duas fases, com propriedades físicas e químicas
nitidamente distintas em sua composição. Separadamente, os constituintes do compósito
mantêm suas características, porém, quando misturados, formam um composto com
propriedades impossíveis de se obter com apenas um deles. Alguns exemplos são metais
e polímeros, metais e cerâmicas ou polímeros e cerâmicas.
A Embraer, que está em vias de se unir à Boing, usa muito material compósito em seus
aviões, tal como o modelo EMB 314 (Figura 7).
Figura 7. Modelo EMB 314 da Embraer e a relação de materiais compósitos usados no avião.
Como exemplo, os compósitos poliméricos são uma classe de material que possui
requisitos que os tornam fortes candidatos para utilização em projetos que buscam
flexibilidade de formas, redução de peso, resistência química e elevada resistência
mecânica e rigidez (MARINUCCI, 2011).
Materiais avançados
Na categoria de materiais avançados, podemos relacionar os semicondutores, os
biomateriais e os nanomateriais. Materiais avançados são aqueles materiais de engenharia
de última geração, desenvolvidos a partir das novas tecnologias de processamento de
materiais. São exemplos os biomateriais, os semicondutores e os materiais compostos
de partículas manométricas (10-9mm), os chamados “nanomateriais”.
O mundo dos materiais de engenharia é fascinante, pois mesmo nas coisas mais
simples, como o armazenamento de refrigerante, diversos tipos de materiais podem
ser selecionados para a mesma função. Vai se levar em conta aí não somente o processo
de fabricação, mas a disponibilidade e custo, tanto do material como do processo de
fabricação. Vide a seguir, por exemplo, as embalagens para o refrigerante Coca ColaTM.
Seja alumínio (a), polímero (b) ou vidro (c) as embalagens contém o mesmo líquido.
Leva-se em conta aqui nesse exemplo, o nível de resistência à corrosão e a própria
capacidade do material de não deteriorar ou contaminar o líquido (no caso o refrigerante).
Mas no campo dos materiais mais complexos, podemos citar o kevlar (Figura 9), que é
um polímero a base de átomos de carbono, oxigênio, nitrogênio e hidrogênio, que tem
a propriedade de combinar resistência à tração com boa tenacidade.
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UNIDADE I │ CARACTERÍSTICAS GERAIS DE MATERIAIS PARA ENGENHARIA
Porém, até hoje os pesquisadores vêm procurando desenvolver um material tão resistente
(ou mais) que aquele que é um dos materiais mais incríveis da natureza: a teia de aranha.
Figura 10. O poder da teia de aranha: comparativo entre as resistência da teia de aranha (spider silk), do kevlar e
do aço (steel).
(a) (b)
Fonte: (a) <http://www.bbc.com/news/magazine-34247009>; (b) adaptado de <https://www.youtube.com/
watch?v=wCjOQ0n9-Xg>. Acessadas em: 19/3/2018.
Seja qual for o projeto em desenvolvimento, é fundamental que, para a seleção correta
de um determinado material, sejam conhecidas em profundidade a estrutura e as
propriedades do material selecionado. O desconhecimento dessas características pode
conduzir a uma seleção errônea ou inadequada do material.
»» argilas;
»» vidros;
»» refratários;
»» abrasivos;
»» cimentos;
Argilas
Vidros
Os vidros são cerâmicas e como tais são sólidos e amorfos, que apresentam temperatura de
transição vítrea. No dia a dia, o termo vidro se refere a um material cerâmico transparente,
geralmente obtido com o resfriamento de uma massa líquida à base de sílica. A construção
civil e a arquitetura fazem extenso uso de vidros em projetos diversos.
O vidro comum se obtém por fusão em torno de 1.250º C de dióxido de silício (SiO2),
carbonato de sódio (Na2CO3) e carbonato de cálcio (CaCO3).
Vale como dica assistir ao vídeo que trata da química de fazer vidros. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=zLm7gbkYZ90>. Acessado em: 26/1/2018.
Uma categoria importante de vidros são os blindados. Os vidros blindados são como
um sanduíche – no qual o vidro faz o papel do pão e o recheio é formado de plástico
ou resina sintética. O número de camadas, sua espessura e a composição dos materiais
variam conforme o calibre das balas que ele deverá suportar. A resina e o plástico
servem tanto para colar um vidro no outro quanto para amortecer o impacto da bala
e impedir que o vidro se estilhace. Depois de pronto, o produto vai para o teste e é
literalmente metralhado. Se passar nessa prova, a receita está aprovada para aquele
calibre específico.
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CARACTERÍSTICAS GERAIS DE MATERIAIS PARA ENGENHARIA │ UNIDADE I
Há também o vidro laminado que é uma espécie de sanduíche de vidro. Entre duas
lâminas de vidro do tipo cristal ou temperado (dependendo do uso que se irá fazer) há
uma película de plástico, geralmente um material chamado polivinil butiral, ou PVB.
Os vidros laminados são também “vidros de segurança”, pois são usados em veículos
(automóveis). São equivalentes aos vidros blindados, porém, de menor espessura.
(a) (b)
Fonte: (a) <http://vidracariacampanella.com.br/portal/portfolio-item/vidro-temperado/> e (b) <http://www.todayifoundout.
com/index.php/2011/11/laminated-glass-was-invented-by-accident/>. Acessadas em: 16/2/2018.
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UNIDADE I │ CARACTERÍSTICAS GERAIS DE MATERIAIS PARA ENGENHARIA
Refratários
Os refratários são tipos muito importantes na classe das cerâmicas. O termo refratário é
atribuído a um grupo de materiais, em sua maioria cerâmicas, capazes de suportar altas
temperaturas sem perder suas propriedades físico-químicas, entre elas, resistência,
baixa condutividade térmica e condutividade elétrica. Usualmente são encontrados em
fornos industriais, de laboratórios de pesquisa e ensino, caldeiras, fornos domésticos e
churrasqueiras (tijolo refratário), entre outras aplicações.
Abrasivos
Uma área de fundamental importância das cerâmicas está nos chamados produtos
abrasivos. Grãos abrasivos são ao mesmo tempo matérias-primas para fabricação de
lixas e abrasivos de liga, como podem ser utilizados isoladamente em operações de
lapidação e polimento.
Grãos abrasivos podem ser óxido de alumínio marrom, óxido de alumínio branco,
carbeto de silício preto, carbeto de silício verde, abrasivos zirconados, diamantes
naturais e artificiais e abrasivos especiais.
Portanto, inúmeros são os abrasivos que se enquadram como produtos cerâmicos, entre
eles vários tipos de grãos e os abrasivos de liga vitrificada.
Cimento
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CARACTERÍSTICAS GERAIS DE MATERIAIS PARA ENGENHARIA │ UNIDADE I
Cerâmicas avançadas
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UNIDADE I │ CARACTERÍSTICAS GERAIS DE MATERIAIS PARA ENGENHARIA
Entre os metais e suas ligas, podemos citar o ouro, o alumínio, o ferro, a prata, o chumbo,
o cobre, o bronze, o aço o latão etc.
Legenda: (FJMT) = Forjamento; (LMNÇ) = Laminação; (EXTRS) = Extrusão; (TRFLÇ) = Trefilação; (C.PDD) = Cera Perdida; (SHEL M/MP) = Shell Mold
e Molde Permanente; (MP/SDG) = Metalurgia do Pó/Soldagem.
Fonte: adaptado <http://emateriais.blogspot.com.br/2011/09/metais.html>. Acessado em: 19/3/2018.
O principal processo de transformação dos metais e suas ligas é, sem dúvida nenhuma,
a fundição. Fundir um material é um processo que transforma um material do estado
sólido para o estado líquido mediante o insumo de calor.
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CARACTERÍSTICAS GERAIS DE MATERIAIS PARA ENGENHARIA │ UNIDADE I
no quadro 1. Note que para cada tipo de processamento o metal ou sua liga vai adquirir
uma determinada estrutura interna (micro e macroestrutura) que é responsável direta
pelas suas propriedades (mecânicas principalmente) as quais são determinantes no
desempenho esperado do material.
Figura 15. Relação processamento, estrutura, propriedades e performance na prática. (a) vazamento na
fundição; (b) esquema de laminação; (c) exemplo de microestrutura laminada; (d) amostra fraturada no Charpy;
(e) teste de impacto.
(a) (b)
(c) (d)
(e)
Fontes: (a) <http://www.inovtec.ind.br/cases.php?categoria=1&case=15>; (b) <https://www.researchgate.net/figure/Figura-
1-Esquema-da-laminacao-e-reducao-da-seccao-transversal-Fonte-https_fig1_289994275>; (c) <https://www.researchgate.
net/figure/Figura-7-Microestrutura-relativa-ao-ensaio-realizado-a-1150C-com-taxa-de-deformacao-de-5_fig7_305701050>;
(d) <https://grupotmservice.com.br/servicos/ensaios-mecanicos/>; (e) <https://quatrorodas.abril.com.br/noticias/associacao-
pede-retirada-do-onix-do-mercado-apos-nota-zero-em-teste-do-latin-ncap/>. Acessadas em: 16/2/2018.
Em (a) o material passa pelo seu primeiro processamento (fundição), podendo, ainda,
antes de passar pelo processamento (b) (laminação), sofrer um tratamento térmico
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UNIDADE I │ CARACTERÍSTICAS GERAIS DE MATERIAIS PARA ENGENHARIA
As propriedades mecânicas das ligas metálicas podem ser mensuradas por uma série de
ensaios, dentre os quais destacamos: ensaio de tração/compressão, ensaio de dureza,
ensaio de fadiga e ensaio de impacto Charpy.
Quanto à aplicação dos metais e suas ligas, é praticamente impossível dizer onde
eles não são aplicados. Seguem alguns exemplos: estrutura de torres de distribuição
elétrica, estruturas metálicas de coberturas de construções, estruturas metálicas de
pontes, troféus, pinos de implantes odontológicos e ortopédicos, próteses em humanos
e animais, folhas de alumínio (cozinha), creme dental (partículas de alumínio) e tudo
mais que é possível imaginar.
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CARACTERÍSTICAS GERAIS DE MATERIAIS PARA ENGENHARIA │ UNIDADE I
Talvez o maior entrave ao uso dos polímeros está relacionado ao seu descarte ou
reciclagem, pois os polímeros, em muitas situações, surge como o grande “vilão” do
meio ambiente. As imagens a seguir não deixam de dar um grau de veracidade a
esse título.
(a) (b)
Fonte: (a) <http://www.newsbharati.com/Encyc/2017/8/31/Kenya-plastic-bag.html>; (b) <https://www.treehugger.com/clean-
technology/chris-jordan-takes-shots-at-the-trash-patch.html>. Acessadas em: 21/2/2018.
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UNIDADE I │ CARACTERÍSTICAS GERAIS DE MATERIAIS PARA ENGENHARIA
Só para ter uma ideia, alguns anos atrás foi publicada uma lei proibindo o uso de sacolas
plásticas em supermercados (houve na época uma correria por sacolas retornáveis);
como no Brasil algumas leis simplesmente “não pegam”, atualmente você pode trazer
suas compras do supermercado em diversas sacolinhas plásticas e descartá-las como
achar mais conveniente. Vejam, portanto, que não há um rigor da lei e nem consciência
do consumidor.
(a) (b)
Fonte: <http://embalagemsustentavel.com.br/2010/09/02/dica-rotulagem-reciclagem/> Acessadas em: 21/2/2018.
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CARACTERÍSTICAS GERAIS DE MATERIAIS PARA ENGENHARIA │ UNIDADE I
(a) (b)
Fonte: (a) <https://www.infoescola.com/quimica/plasticos/>; (b) <https://beegreen.eco.br/voce-sabe-quais-plasticos-nao-sao-
reciclaveis/>. Acessadas em: 21/2/2018.
Há, ainda, a classe dos elastômeros (elasto = elástico; meros = partes), que não são
fusíveis, são insolúveis, mas podem ser amolecidos. É encontrado em estado elástico na
temperatura ambiente. São utilizados, por exemplo, na fabricação de pneus.
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UNIDADE I │ CARACTERÍSTICAS GERAIS DE MATERIAIS PARA ENGENHARIA
Algumas aplicações já começam a sair dos laboratórios, e entre elas podemos citar duas
experiências brasileiras bem sucedidas, como o poliuretano obtido a partir do óleo de
mamona e o PHB (polihidroxibutirato) obtido a partir do bagaço da cana.
A principal máquina para fabricação de peças plásticas é a injetora (Figura 21) que
opera segundo o esquema indicado na figura.
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CARACTERÍSTICAS GERAIS DE MATERIAIS PARA ENGENHARIA │ UNIDADE I
Fonte: <http://www.solucoesindustriais.com.br/empresa/automatizacao-e-robotica/debmaq-do-brasil-ltda/produtos/maquinas-
ferramenta/injetora-de-plastico-com-forca-de-1-300-kn-de-fechamento>. Acessada em: 21/2/2018.
Podemos, ainda, definir materiais compósitos como classe de materiais compostos por
uma fase contínua (matriz) e uma fase dispersa (reforço ou modificador), contínua ou não,
cujas propriedades são obtidas a partir da combinação das propriedades dos constituintes
individuais. A figura 23 nos mostra um esquema de como é um material compósito.
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UNIDADE I │ CARACTERÍSTICAS GERAIS DE MATERIAIS PARA ENGENHARIA
Os materiais compósitos podem ser obtidos a partr de três matrizes: (a) matriz metálica,
(b) matriz cerâmica e (c) matriz polimérica. A figura 24 nos mostra todas as classes de
materiais compósitos.
(a) particulado aleatoriamente distribuído; (b) fibras descontínuas unidirecionais; (c) fibras descontínuas alinhadas; (d) fibras contínuas unidirecionais.
Fonte: adaptado de <http://matrizceramica.blogspot.com.br/2012/06/fibras.html>. Acessada em: 22/2/2018.
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CARACTERÍSTICAS GERAIS DE MATERIAIS PARA ENGENHARIA │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ CARACTERÍSTICAS GERAIS DE MATERIAIS PARA ENGENHARIA
Fonte: <http://www.defesanet.com.br/aviacao/noticia/2952/Novas-tecnologias-transforma-Boeing-787-em-aviao-dos-sonhos/>.
Acessada em: 22/2/2018.
Se você pensa, por exemplo, que o alumínio não é uma metal que proporciona uma
liga metálica nobre, engana-se. Lembra das antigas panelas de alumínio que exigiam
como complemento de limpeza um processo de areamento? Para quem não sabe, arear
panelas é a técnica de esfregar a parte externa do utensílio para remover manchas e
deixá-lo lustroso. Geralmente, é feita com palha de aço ou com a parte mais áspera da
bucha. Panelas de alumínio passavam por esse processo.
Atualmente, ligas de alumínio avançadas são aplicadas nas mais diversas áreas, com
destaque para as indústrias aeronáutica e automobilística (vide motor de alumínio da
figura 28).
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CARACTERÍSTICAS GERAIS DE MATERIAIS PARA ENGENHARIA │ UNIDADE I
(a) (b)
Fonte: (a) <http://www.motorstown.com/imgs/15603-ford-focus-duratec-7.html>; (b) <http://gmauthority.com/blog/2012/11/
gm-gen-5-small-block-deep-dive-part-iii-the-block-crankshaft-and-lube-systems/>. Acessadas em: 22/2/2018.
Outras ligas nobres muito utilizadas com o avanço da tecnologia dos materiais são as
ligas de titânio. Vejamos, a título de comparação, as propriedades de uma liga de titânio
com um aço equivalente.
O F22, famoso avião de caça, tem 36% do seu peso de ligas de Ti. Dentre os materiais
avançados, podemos ainda citar: os semicondutores, os biomateriais e os nanomateriais.
Semicondutores
Biomateriais
Os biomateriais são materiais que podem ser implantados para substituir ou reparar
tecidos em falta. Podem ser de origem natural ou sintetizados em laboratório e são
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UNIDADE I │ CARACTERÍSTICAS GERAIS DE MATERIAIS PARA ENGENHARIA
capazes de interagir com o corpo humano. Os biomateriais, tais como substitutos ósseos
e membranas de colágeno, são usados regularmente em odontologia regenerativa e
também para a regeneração óssea e cartilaginosa em ortopedia.
Nanomateriais
1 nm = 0,000 000 001 m = 1x10-9m (de acordo com uma recomendação hoje adotada
pela Comissão Européia).
40
SELEÇÃO DE MATERIAIS UNIDADE II
DE ENGENHARIA
Nessa segunda unidade iremos estudar as formas de selecionarmos os materiais usados
em engenharia – que são muitos – nos concentrando em seleção de processos e mapas
para seleção de materiais (mapas comparativos de propriedades).
De acordo com Manzini (1989, apud CALEGARI, 2014), no início do século XX eram
necessários menos de 100 materiais diferentes para a fabricação de um automóvel, hoje
o processo exige mais de 4.000 materiais.
41
UNIDADE II │ SELEÇÃO DE MATERIAIS DE ENGENHARIA
Figura 31. Características dos materiais relacionados com as fases do PDP no processo de seleção de materiais.
42
CAPÍTULO 1
Seleção de processos
Segundo Ferrante (1996), temos que diferenciar dois conceitos distintos: processamento e
fabricação. Segundo o referido autor, processamento seria a obtenção do produto a partir
da matéria-prima, ou seja, barras, tarugos, chapas etc. A fabricação seria utilizar os produtos
processados por meio de operações destinadas a dar forma e acabamento a um produto.
Tais operações são: usinagem, conformação mecânica, soldagem, tratamentos térmicos etc.
O aço é uma liga que tem a característica de poder ser trabalhado por quase todos os
processos de fabricação, ao passo que ligas de titânio (Ti) apresentam processamentos
mais restritos.
I. considerações dimensionais;
V. custo; e
Quanto aos critérios (I) e (II) a fundição é um processo de fabricação que permite obter
formas complexas visto que o metal fundido tem grande poder de penetração no molde
da peça (nas cavidades do molde). Isso contrasta com alguns processos de conformação
mecânica, o forjamento, por exemplo, proporciona formas e dimensões mais restritas.
44
Quadro 3. Comparativo entre os métodos de usinagem tradicionais e não convencionais.
Processos
Processos convencionais de Processos Avançados de Usinagem
usinagem
Torneamento,
Variáveis fresamento, Jato d’água Laser Oxicorte Arco plasma Eletroerosão Química Eletroquímica Ultrassom Feixe de elétrons
aplainamento, etc.
natureza energética mecânica mecânica eletrotérmica térmica eletrotérmica eletrotérmica química eletroquímica mecânica eletromecânica
água sob gases e alta
agente de corte cunha de corte radiação luminosa alta temperatura descarga elétrica agente corrosivo aeletrólito martelamento elétrons
pressão temperatura
fusão e fusão e deslocamento fusão e
remoção de material cisalhamento erosão fusão fusão corrosão química erosão
vaporização vaporização de íons vaporização
alterações na estrutura
não ocorre não ocorre localizada não ocorre não ocorre não ocorre não ocorre não ocorre não ocorre localizada
cristalina
variável, dependendo do
velocidade de usinagem alta alta média alta baixa baixa baixa baixa alta
processo
variável, de acordo com
custo inicial de instalação a precisão e o porte da alto alto baixo médio médio baixo médio alto alto
máquina
variável, de acordo com
grau de acabamento bom bom regular médio bom bom bom bom médio
o processo
materiais metálicos não
aplicável aplicável aplicação limitada não indicado aplicável aplicável aplicável aplicável aplicável aplicável
ferrosos
materiais maus condutores e
aplicável aplicável aplicável não indicado não indicado não aplicável não indicado não aplicável aplicável não indicado
não metálicos
apresentam muitas
formas complexas aplicável recomendado não indicado aplicável recomendado recomendado recomendado aplicável aplicável
limitações
dependendo do
peças delicadas processo, apresentam aplicável aplicável não aplicável aplicável recomendado recomendado recomendado aplicável aplicável
muitas limitações
não
microusinagem não indicado indicado indicado não aplicável aplicável indicado indicado indicado indicado
SELEÇÃO DE MATERIAIS DE ENGENHARIA │
recomendável
em materiais muito
indicado, mas com
materiais duros e frágeis duros, é possível indicado não indicado aplicável recomendado aplicável recomendável indicado aplicável
restrições
somente por abrasão
UNIDADE II
45
UNIDADE II │ SELEÇÃO DE MATERIAIS DE ENGENHARIA
»» Para aços a soldabilidade está relacionada com o Ceq (< 0,4), assim
devemos minimizar o teor de carbono.
O número de unidades (IV) a ser produzida deve considerar, entre outros fatores, o
processo de fabricação, as propriedades do material e sua complexidade de forma,
dimensão e acabamento. Não menos importante é o custo do ferramental (que está
associado à escala de produção).
O custo de processamento (CP), de forma bem simplificada, pode ser expresso como
sendo a soma de três fatores: custo do material (CM), custo do equipamento, ferramental
e depreciação (CMq) e o custo da mão de obra envolvida (CMo), ou seja:
CP = CM + CMq + CMo
46
SELEÇÃO DE MATERIAIS DE ENGENHARIA │ UNIDADE II
Ainda nesse exemplo, uma peça que pode ser fabricada por fundição, usinagem ou
estampagem terá comportamento diferenciado porque na fundição o tamanho de grãos
deverá ser maior que o da peça usinada e, a mesma peça estampada poderá apresentar
desvios de propriedades (anisotropias).
Além dos seis critérios de seleção já discutidos aqui, podemos ampliar tais critérios,
associados aos processos, direta ou indiretamente, quais são:
»» considerações de peso;
No caso dos metais e suas ligas, diversas propriedades são tabeladas e/ou normatizadas
em intervalo de valores admissíveis, propriedades essas relacionadas à resistência
mecânica do metal/liga (deformação, por exemplo), solidificação pós-fundição,
usinabilidade do material, formas (ou capacidade) de junção/união.
47
UNIDADE II │ SELEÇÃO DE MATERIAIS DE ENGENHARIA
Sabemos que os processos de deformação mecânica podem ser realizados a quente (em
temperaturas aproximadamente um pouco acima da metade da temperatura de fusão da
liga) ou a frio (não necessariamente a temperatura ambiente). Na deformação a quente,
o processo de recristalização e recuperação dos grãos ocorre durante a permanência na
temperatura elevada; por outro lado, na deformação a frio, tal recristalização e recuperação
de grãos exige um tratamento térmico de alívio de tensões. Essas variações da forma de
recristalização e recuperação dos grãos afetam as propriedades do material (metal ou liga).
Vamos listar alguns fatores que devem ser levados em consideração na seleção de
materiais metálicos sob o aspecto da fundição:
48
SELEÇÃO DE MATERIAIS DE ENGENHARIA │ UNIDADE II
Deve-se ter em mente que as propriedades mecânica de uma peça fabricada pela
metalurgia do pó são inferiores à de uma peça conformada (a quente ou a frio), mas
superiores à de um fundido equivalente.
Nas peças da metalurgia do pó, onde a densidade tem um peso significativo, o controle
da porosidade é de fundamental importância. As propriedades mecânicas dos materiais
assim produzidos podem ser assim determinadas:
A tensão de escoamento pode ser calculada pela relação σ Y = σ Y (0) e −4,3ε , onde o parâmetro
σ Y é a tensão de escoamento do sinterizado, σ Y (0) é a tensão de escoamento do material
com ε = 0 e ε é a porosidade em volume percentual.
Usinabilidade do material
Segundo Prado (s/d), a usinabilidade pode ser definida como uma grandeza tecnológica
que expressa, por meio de um valor numérico comparativo (índice de usinabilidade),
um conjunto de propriedades de usinagem de um material em relação a outro tomado
como padrão. Ou seja, expressa o grau de dificuldade para usinar um material.
49
UNIDADE II │ SELEÇÃO DE MATERIAIS DE ENGENHARIA
Pode-se ter usinabilidade boa ou ruim, em função dos critérios de avaliação adotados.
A seleção de um determinado material para ser usinado passa por critérios, tais como
composição química e processamento prévio, entre outros. O estado metalúrgico da
peça, seu grau de dureza, suas propriedades mecânicas, sua composição química e as
operações termomecânicas anteriores efetuadas sobre o material (a frio ou a quente)
que possam provocar um determinado grau de encruamento afetam significativamente
o processo de seleção de material.
Além do carbono, outros elementos químicos têm papel importante. Enxofre, manganês
e chumbo são exemplos de elementos químicos presentes em aços que contribuem para
boa usinabilidade da liga. Por outro lado, a presença de nitrogênio, alumínio e silício
afetam negativamente a possibilidade de usinagem do aço.
A título de exemplo, pode-se ter um aço inoxidável tipo 303 (que possui sulfetos de
manganês para melhorar a usinabilidade) com dureza idêntica ao aço inoxidável tipo
316. No entanto, a usinabilidade do primeiro é muito maior que a do segundo.
Principal elemento
Aço inox Usinabilidade Motivo
de liga
50
SELEÇÃO DE MATERIAIS DE ENGENHARIA │ UNIDADE II
Sob a mesma força de corte, o alumínio se deforma três vezes mais que o aço. Assim, as
forças de corte necessárias à usinagem são mais baixas (em relação ao aço) e também
não se deve utilizar esforços exagerados na fixação das peças de alumínio (PRADO,
s/d).
A dureza da liga deve ser maior que 80 HB, caso contrário, tem-se tendência ao
empastamento.
51
UNIDADE II │ SELEÇÃO DE MATERIAIS DE ENGENHARIA
Na junção por interferência, sua aplicação ocorre na união entre polímeros e entre
polímeros e outros materiais, tais como metais.
52
SELEÇÃO DE MATERIAIS DE ENGENHARIA │ UNIDADE II
Na união por soldagem, há o envolvimento de um forte ciclo térmico tal que na zona
fundida tem-se, em escala local, a reprodução de um processo de fundição/solidificação.
A afinidade metalúrgica entre as partes soldadas é um quesito de fundamental
importância na seleção de materiais e do próprio procedimento de soldagem.
É reproduzida, a seguir, uma tabela que relaciona o tipo de processo de soldagem com
os correspondentes metais e ligas adequados.
53
UNIDADE II │ SELEÇÃO DE MATERIAIS DE ENGENHARIA
Finalmente, a junção por processos químicos (adesivos) consiste em unir duas peças
com material líquido ou semi-líquido para criar uma união duradoura. Por exemplo,
aplicação em cortinas de vidro em revestimento de edifícios, montagens de peças
pequenas e encapsulamentos.
54
CAPÍTULO 2
Mapas para seleção de materiais
55
UNIDADE II │ SELEÇÃO DE MATERIAIS DE ENGENHARIA
Figura 36. Mapa de seleção de materiais: resistência mecânica (MPa) x densidade (Mg/m3).
56
SELEÇÃO DE MATERIAIS DE ENGENHARIA │ UNIDADE II
A carta deve ser usada selecionando uma área (box) no gráfico que combine leveza
(light) e rigidez (stiff), conforme mostra a figura 38.
57
UNIDADE II │ SELEÇÃO DE MATERIAIS DE ENGENHARIA
Por outro lado, alguns metais, cerâmicas e madeiras podem ser considerados, mas os
compósitos aparecem como o melhor de todos.
Isso ainda deixa muitas escolhas. Então, o que pode ser considerado como o mais
próximo material que atenda aos critérios estabelecidos?
58
SELEÇÃO DE MATERIAIS DE ENGENHARIA │ UNIDADE II
Notem que o quadrante que relaciona baixo custo (cheap) com resistência (strong)
compõe um conjunto de metais e ligas e algumas cerâmicas.
Madeiras podem não ser fortes o suficiente, e os compósitos podem ser muito caros. Os
metais parecem dar um bom desempenho geral.
Uma vez que identificamos uma classe promissora de materiais, precisamos decidir
quais tipos dessa classe são os melhores – por exemplo, quais metais?
59
UNIDADE II │ SELEÇÃO DE MATERIAIS DE ENGENHARIA
Figura 40. Mapa de seleção de materiais (metais e liga): densidade x módulo de Young.
Do mapa da figura 40 concluímos que alguns metais parecem muito bons para
componentes leves e rígidos, por exemplo: magnésio, alumínio, titânio. Enquanto
outros são claramente eliminados, como o chumbo.
Os aços têm uma densidade alta, mas também são muito rígidos. Dado a sua alta
resistência e custo relativamente baixo, eles provavelmente competirão com os outros
metais.
Assim, de acordo com Ashby, para sair do ponto de partida, com todos os materiais,
e chegar a um único material, é necessária a concretização das etapas de tradução,
triagem, classificação e documentação. Para esse caminho ser percorrido da melhor
forma, existem procedimentos e ferramentas de auxílio. Além disso, segundo o autor, é
necessário citar que a seleção de materiais deve ser sempre efetuada em conjunto com
a seleção do processo de fabricação.
Tomando uma situação de projeto regida por critério de resistência mecânica (σ)
e como requisito ou objetivo principal o baixo peso (m) do produto ou componente,
o IM adequado será igual a [σ/m] e o material mais adequado aquele que exibir o
máximo valor dessa fração. A metodologia de dedução do IM adequado a uma situação
particular é a seguinte:
61
UNIDADE II │ SELEÇÃO DE MATERIAIS DE ENGENHARIA
Lembrando que tração (σ) = força/área, temos que a força = (σ)x(área), ou F = σ.A.
Na expressão F = σ.A procura-se a variável livre, que identifica-se com aquela que deve
ser alterada para que o desempenho permaneça igual ao se mudar o valor numérico da
função. No presente caso, a função é o próprio F (resistência a esforços de tração) e sua
alteração impõe a alteração de A, para que o desempenho da barra não mude. Logo, A é a
variável livre. Eliminando A entre as equações de (m) e de (F): m/F = ρ.A.L/σ.A = ρ.L/σ.
Conclui-se que o melhor material será aquele que apresentar o maior valor desse índice
(IM), independentemente do valor da força aplicada (característica funcional) e da
geometria do produto ou componente.
Arantes (2013) nos apresenta alguns quadros com os respectivos índices de mérito para
as condições de combinação geometria/carregamento do elemento analisado.
Tabela 6. Índice de Mérito para minimização de peso de acordo com a geometria e carregamento do elemento
analisado.
E σy K IC
Barra em tração
ρ ρ ρ
G σy K IC
Barra em torção
ρ ρ ρ
62
SELEÇÃO DE MATERIAIS DE ENGENHARIA │ UNIDADE II
G σy K IC
Tubo em torção
ρ ρ ρ
Lembrando que as variáveis da figura acima são as seguintes com as unidades no SI:
»» ρ = densidade [Mg/m3].
Tabela 7. Índice de Mérito para projetos regidos por rigidez e por resistência mecânica, com diferentes modos de
carregamentos.
Índice de Mérito
Modo de
Forma
Carregamento
Rigidez Resistência
E1/2 σ 2/3
Barra, tubo
ρ ρ
Flexão
E1/3 σ 1/2
Chapa
ρ ρ
E σ
Tração Barra
ρ ρ
E1/2
Coluna, tubo -
ρ
Flambagem
E1/3
Chapa -
ρ
G σ
Torção Barra, tubo
ρ ρ
63
UNIDADE II │ SELEÇÃO DE MATERIAIS DE ENGENHARIA
Índice de Mérito
Modo de
Forma
Carregamento
Rigidez Resistência
Vaso de pressão E σ
cilíndrico ρ ρ
Pressão Interna
Vaso de pressão E σ
esférico (1 −ν ) ρ
64
SELEÇÃO DE MATERIAIS DE ENGENHARIA │ UNIDADE II
65
UNIDADE II │ SELEÇÃO DE MATERIAIS DE ENGENHARIA
66
VARIÁVEIS DE PROJETOS
E TECNOLOGIA DOS UNIDADE III
MATERIAIS AVANÇADOS
Nessa terceira unidade iremos estudar as variáveis que afetam um projeto de seleção de
materiais. Veremos que há uma gama de fatores que podem comprometer significativamente
a qualidade e o desempenho do produto final.
CAPÍTULO 1
Variáveis de projetos
Essa seleção de material(is) é tal que exigirá também uma sistematização de informações
que envolvem a resposta a pelo menos duas questões:
»» O que se tem?
»» O que se precisa?
Para que uma seleção de material seja estruturada, as variáveis desse processo de
seleção envolvem a decisão dos limites e das restrições do problema e, a partir desses
limites, o estabelecimento de critérios que possam ser utilizados na correta seleção para
a maximização do desempenho do material.
67
UNIDADE III │ VARIÁVEIS DE PROJETOS E TECNOLOGIA DOS MATERIAIS AVANÇADOS
68
VARIÁVEIS DE PROJETOS E TECNOLOGIA DOS MATERIAIS AVANÇADOS │ UNIDADE III
D´Oliveira (2016) nos mostra que há uma forte relação de interdependência entre
materiais – fabricação – projeto, como podemos observar na figura 44.
O fator custo acaba sendo a etapa final da seleção de um determinado material para
uma peça, conforme podemos ver na figura 45.
69
UNIDADE III │ VARIÁVEIS DE PROJETOS E TECNOLOGIA DOS MATERIAIS AVANÇADOS
No estudo realizado por Silva et al. (2012), foi desenvolvido um modelo de seleção
de materiais metálicos que considera os aspectos logísticos no processo de decisão.
Para isso, utilizou-se uma adaptação da rede PERT (Program Evaluation and Review
Technique), relacionando-se indicadores da variável seleção de materiais com os da
variável logística.
Finalmente, o fator custo envolve algumas questões que devem ser respondidas:
70
VARIÁVEIS DE PROJETOS E TECNOLOGIA DOS MATERIAIS AVANÇADOS │ UNIDADE III
Assim, a variável custo deve ser abordada dentro de um amplo cenário, que pode ser
observado na figura 46.
(fadiga)? Quais os fatores que levaram a essa quebra: mecânicos, térmicos, químicos ou
outros. Quais?
Segundo D’Oliveira (2016), devemos tomar cuidado com a “redução” das propriedades
dos materiais a simples números. Por exemplo, ao especificarmos uma liga de alumínio
para uma determinada aplicação aeronáutica, a quantificação da resistência à corrosão sob
tensão é um desafio. Porém, tal propriedade (resistência à corrosão) irá depender do nível
de tensões residuais, que é dependente do nível de resfriamento na solubilização que, por
sua vez, depende da dimensão e geometria da peça que, finalmente, depende do projeto.
72
VARIÁVEIS DE PROJETOS E TECNOLOGIA DOS MATERIAIS AVANÇADOS │ UNIDADE III
Análise de falhas
Finalmente, há de se atentar aos requisitos de operação e análise de falhas, ou seja, quais
são os critérios de projetos exigidos para uma operação adequada da peça/produto e
quais as possíveis falhas a serem evitadas?
Falha pode ser definida como um evento que resulta do fato de um componente não ser
capaz de executar plenamente suas funções em serviço (CARDOSO, s/d).
»» erro de projeto;
73
UNIDADE III │ VARIÁVEIS DE PROJETOS E TECNOLOGIA DOS MATERIAIS AVANÇADOS
»» deterioração em serviço.
O segundo tipo de defeito pode ser minimizado ou evitado se for possível fazer uma
inspeção no material a partir de um controle de qualidade rígido. O fabricante tem que
garantir a qualidade adequada de seu produto e a inspeção são testes que estabelecem
(ou garantem) que o produto/material/tratamento atende a requisitos especificados
em normas ABNT ou outras.
Ainda falando em falha em serviço, duas questões devem ser levantadas quando da sua
ocorrência:
Entre os possíveis tipos de mecanismos que geram falhas, podemos citar: fadiga,
fluência, corrosão, fratura (frágil ou dúctil), desgaste, erosão etc. Análises macro e
microestrutural auxiliam na determinação do tipo de mecanismo. Assim, é fundamental
a existência de um laboratório de metalografia.
74
VARIÁVEIS DE PROJETOS E TECNOLOGIA DOS MATERIAIS AVANÇADOS │ UNIDADE III
Cardoso (s/d) relata na tabela a seguir as causas de falhas em um estudo de 350 casos.
Vejamos:
Origem %
Defeitos de fabricação 15
Falha de projeto 11
Podemos observar pela tabela acima que a seleção incorreta de materiais domina
amplamente a ocorrência de falhas no estudo realizado, ou seja, em 350 casos analisados,
133 (38%) se devem a esse fator. Se somarmos aos 2% de troca equivocada de materiais,
esse índice chega a 40% ou 140 casos. São números significativos.
Também dentro dos 350 casos, em testes de falhas, Cardoso (s/d) avaliou o mecanismo
de falhas em plantas industriais, também reproduzido a seguir.
75
UNIDADE III │ VARIÁVEIS DE PROJETOS E TECNOLOGIA DOS MATERIAIS AVANÇADOS
Podemos constatar pela tabela acima a forte influência da corrosão e da fadiga sobre as
falhas em materiais. Em um nível (escala) intermediário temos a fratura frágil e efeitos
de sobrecarga. Somente esses quatro fatores iniciais são responsáveis por mais de 80%
das falhas observadas nesse estudo (CARDOSO, s/d).
A ocorrência das falhas gera um impacto negativo para a empresa (além de prejuízos
financeiros). Veja, por exemplo, a frequente ocorrência de recalls na indústria
automotiva, devido a falhas em determinados componentes/peças do automóvel.
Daí a extrema importância da realização constante de análise de falhas. Veja, por
exemplo, o caso ocorrido em 2014 com a Chevrolet: <http://g1.globo.com/carros/
noticia/2014/04/gm-amplia-recall-de-agile-e-classic-por-travamento-da-roda-
traseira.html> (Acessado em: 19/3/2018).
[...] embora o material seja o melhor a se usar em um projeto, pode ser difícil
a fabricação. Isto é particularmente aplicável no projeto de engenharia
mecânica. Se esse critério de seleção for negligenciado, o processo de
fabricação pode ser muito caro, não o tornando lucrativo como um produto
comercial. Portanto, antes de selecionar os materiais, esse fato também
deve ser considerado. Esses fatos são amplamente variados com o tipo de
método de fabricação. Por exemplo, ao produzir uma engrenagem, suas
dimensões devem ser muito precisas. Caso contrário, o aplicativo não pode
fornecer o desempenho esperado. Para tornar as dimensões mais precisas,
tem que ser usinada na produção. Assim, o material selecionado pode ser
usinado com um custo mínimo. Caso contrário, não há nenhum sentido
usar esse material nessa engrenagem em particular.
76
VARIÁVEIS DE PROJETOS E TECNOLOGIA DOS MATERIAIS AVANÇADOS │ UNIDADE III
77
UNIDADE III │ VARIÁVEIS DE PROJETOS E TECNOLOGIA DOS MATERIAIS AVANÇADOS
78
CAPÍTULO 2
Tecnologia dos materiais avançados
Fundamentos gerais
Vimos no capítulo anterior a importância da sistematização da disseminação das
informações. Não há como negar que o desenvolvimento tecnológico de novos
materiais é fruto da difusão de conhecimentos fundamentais gerados a partir de fortes
investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D).
Cabe aqui uma nota curiosa a respeito da terminologia ou nomenclatura dessa nova
classe de materias que, embora possam parecer diferentes, referem-se à mesma coisa,
ou seja: materiais melhorados, materiais high-tech, materiais de alta tecnologia,
materiais modernos, materiais avançados etc.
Mecânica
Térmica
Polímeros: resistência e condutividade elétrica Elétrica
Materiais orgânicos e similares (polímeros
semelhante aos metais, com mais funções que os
tradicionais) Ótica
tradicionais.
Biológica
Química
79
UNIDADE III │ VARIÁVEIS DE PROJETOS E TECNOLOGIA DOS MATERIAIS AVANÇADOS
Mecânica
Térmica
Materiais inorgânicos: vidro, cerâmica Cerâmicas: de pós finos sintéticos para elevar Elétrica
tradicional (dureza, resistência térmica e à os níveis funcionais (aumentar a dureza e a
corrosão). resistência). Ótica e magnética
Biológica
Química
Mecânica
Materiais metálicos: alumínio, materiais Novos metais: são mais flexíveis (como Térmica
ferrosos e não ferrosos (resistência, a borracha) e com memória de forma
maleabilidade e condutividade elétrica). (supercondutores e ligas amorfas). Elétrica
Magnética
80
VARIÁVEIS DE PROJETOS E TECNOLOGIA DOS MATERIAIS AVANÇADOS │ UNIDADE III
Quando combinados entre si, (coluna III-V e II-IV) os metais assumem propriedades
semicondutoras.
Nanomateriais e nanocompósitos
Note que no quadro 4 não observamos os nanomateriais que são uma categoria ainda
mais avançada e que vamos tratar deles a seguir.
Ainda segundo a ABC, o grafeno é uma folha formada por átomos de carbono, com
apenas um átomo de espessura. Já os nanotubos de carbono são folhas de grafeno
enroladas em forma de tubo, com diâmetro de aproximadamente um nanômetro.
Para se ter uma base de comparação, os nanotubos são 100 mil vezes mais finos que um
81
UNIDADE III │ VARIÁVEIS DE PROJETOS E TECNOLOGIA DOS MATERIAIS AVANÇADOS
Vale aqui um parêntese: na temperatura de zero Kelvin (zero absoluto), todos os elétrons
encontram-se na banda de valência dos materiais semicondutores. A quantidade de
energia necessária para que o elétron efetue uma transição de uma banda para outra é
chamada de gap de energia.
Áreas como a informática, medicina e energia tem sido as principais beneficiadas pelo
desenvolvimento dos nanomateriais.
Pimenta (2015) cita uma aplicação interessante dos nanotubos na construção civil.
Segundo o pesquisador, “quando se coloca uma quantidade mínima de nanotubos de
carbono no cimento, este fica muito mais resistente. A ideia é fazer um cimento mais
resistente e gastando menos vigas de ferro em uma estrutura de concreto”.
83
UNIDADE III │ VARIÁVEIS DE PROJETOS E TECNOLOGIA DOS MATERIAIS AVANÇADOS
Podemos fazer uma comparação entre compósitos plásticos (matriz polímero) nos
baseando em um aço tradicional (aço comum) e em algumas outras ligas em relação às
variáveis preço e redução de peso. Essa comparação pode ser visualizada na figura 53,
a seguir.
Figura 53. Gráfico comparativo entre custo (preço) e redução de peso de alguns materiais.
Os compósitos plásticos são aqueles que incluem os plásticos reforçados com fibras,
termoplásticos etc.
As inovações em novos materiais não param de surgir. Vamos ver a seguir alguns
exemplos de novos materiais recentemente desenvolvidos após longos anos de pesquisa.
A supermadeira
Engenheiros da Universidade de Maryland, nos EUA, estão rindo à toa. Eles descobriram
uma maneira de tornar a madeira mais de 10 vezes mais forte e mais resistente, criando
uma substância natural que é mais forte do que o aço e até do que muitas ligas de titânio.
A madeira tratada com uma técnica simples em duas etapas é forte e resistente, uma
combinação que não é geralmente encontrada na natureza. Ela é tão forte como o aço,
mas seis vezes mais leve.
84
VARIÁVEIS DE PROJETOS E TECNOLOGIA DOS MATERIAIS AVANÇADOS │ UNIDADE III
É preciso 10 vezes mais energia para fraturar a supermadeira do que a madeira natural
original, antes do tratamento – em termos técnicos, ela tem 10 vezes mais tenacidade,
que é a resistência à tensão mecânica. Além disso, a madeira em lâminas pode ser
dobrada e moldada no início do processo.
Essa nova maneira de tratar a madeira a torna 12 vezes mais forte do que a madeira
natural e 10 vezes mais dura, tornando-a um concorrente para o aço ou até mesmo
para ligas de titânio, porque ela é tão forte e durável quanto esse metais. Também é
comparável à fibra de carbono, mas muito mais barata.
Biocerâmica
Usando uma analogia com os mecanismos de cicatrização óssea dos animais,
pesquisadores da Universidade Nacional de Yokohama, no Japão, adicionaram
um ativador de cicatrização a uma cerâmica industrial que permitiu que a cerâmica
eliminasse completamente rachaduras em apenas um minuto.
Quando uma cerâmica racha, o oxigênio entra através da rachadura e reage com o
carbeto de silício (um componente cerâmico) para formar dióxido de silício (o estágio
de inflamação). A alumina (um material cerâmico básico) e o dióxido de silício reagem
então para formar um material de enchimento, selando a fenda (o estágio de reparo).
Finalmente, o material de preenchimento cristaliza para restaurar a resistência original
na parte quebrada (o estágio de remodelação).
85
UNIDADE III │ VARIÁVEIS DE PROJETOS E TECNOLOGIA DOS MATERIAIS AVANÇADOS
Microeletrônica + Biotecnologia
Uma técnica que une microeletrônica com biotecnologia promete criar classes
inteiramente novas de materiais e dispositivos ópticos capazes de convencer a luz a
fazer curvas suaves e criar vários tipos de camuflagens e sistemas de invisibilidade.
86
ESTUDOS DE CASOS UNIDADE IV
(EC)
Nesta quarta unidade veremos alguns estudos de casos que tratam da forma como é feita
a seleção de material em função do produto, sua aplicação e características peculiares.
Ainda segundo o site do INSPER, estudo de caso pode também ser definido como um
problema que reproduz os questionamentos, as incertezas e as possibilidades de um
contexto empresarial que dispara a necessidade de uma tomada de decisão. O processo
de chegar a uma decisão por meio da análise e discussão individual e coletiva das
informações expostas no estudo de caso promove o raciocínio crítico e argumentativo
dos alunos.
87
CAPÍTULO 1
EC.1 – Pistão de motor
Este primeiro estudo de caso foi adaptado de Kiminami et al. (2013) e trata de como foi feita
a seleção de material para a fabricação de um pistão de motor de automóvel de passeio.
O pistão é uma peça de geometria complexa que visa atender a todas as exigências
mecânicas e físicas do projeto de um motor. A figuras 54 ilustra um pistão no interior
de um motor de combustão e a figura 55 o conjunto pistão/biela.
88
ESTUDOS DE CASOS (EC) │ UNIDADE IV
As dimensões do pistão variam de acordo com o tipo de motor e potência. Pistões para
motores pequenos têm cerca de 35 mm de diâmetro, para motores a diesel em torno de
180 mm e para motores de navios pode chegar próximo de 1000 mm (1,0 m).
Para se ter uma ideia, em motor de carro de passeio a temperatura na cabeça do pistão
chega a 300º C, enquanto que em um motor de caminhão a diesel pode alcançar 350º C.
A soma de altos picos de carga com a grande frequência de carregamento exige que
o pistão apresente elevada resistência à fadiga. Boa condutividade térmica também é
um requisito importante, visto a necessidade de refrigeração do pistão para que sua
temperatura não se eleve demais. É bom lembrar que na câmara de combustão a
temperatura média chega a 1000 oC.
O pistão deve ter baixo peso, resultando em uma baixa força inercial, pois seu movimento
muda constantemente de sentido.
A dilatação térmica do pistão deve ser compatível com a dilatação térmica do bloco do
motor para que o pistão não sofra engripamento ou que a folga entre o pistão e a camisa
fique muito grande.
89
UNIDADE IV │ ESTUDOS DE CASOS (EC)
»» alta tenacidade;
»» estabilidade térmica;
As ligas de alumínio tem a favor o fato de serem leves (baixa densidade) e apresentar
boa condutividade térmica. A título de comparação, as ligas de alumínio têm densidade
em torno de 2,70 g/cm3, enquanto que os ferros fundidos têm densidade da ordem de
7,3 g/cm3, ou seja, quase o triplo da densidade do alumínio.
Segue uma tabela com a composição química das principais ligas de alumínio usadas
na fabricação de pistões.
Tabela 11. Composição química (% em peso) de ligas de alumínio usadas na fabricação de pistões.
Liga Si Fe Cu Mg Cr Ni Zn Ti Al
AA332.0 8,5 - 10,5 1,2 2,0 – 4,0 0,5 – 1,5 - 0,50 1,0 0,25 Balanço
AA336.0 11,0 -3,0 1,2 0,5 – 1,5 0,7 – 1,3 - 2,0 – 3,0 0,35 0,25 Balanço
AA242.0 0,7 1,0 3,5 - 4,5 1,2 – 1,8 0,25 1,7 – 2,3 0,35 0,25 Balanço
AA243.0 0,35 0,4 3,5 – 4,5 1,8 – 2,3 0,2 – 0,4 1,9 – 2,3 0,05 0,06– 0,2 Balanço
90
ESTUDOS DE CASOS (EC) │ UNIDADE IV
A tabela a seguir nos mostra as principais propriedades das ligas de alumínio para
pistões nas condições mais usuais de tratamento térmico.
Tabela 12. Propriedade de ligas fundidas de alumínio para pistões, após tratamento térmico.
Condutividade Expansão
Tratamento Densidade
Liga Fusão (oC) Térmica Térmica
Térmico (g/cm3)
(cal/cm.s.oC) (oC-1)
AA 332.0 T5 2,76 520 – 580 0,25 20,7X10-6
AA 336.0 T551 2,72 540 – 570 0,28 18,9X10-6
AA 242.0 T571 2,81 525 - 635 0,32 22,5X10-6
91
CAPÍTULO 2
EC.2 – Rolamento
Este estudo de caso foi adaptado de Kiminami et al. (2013) e trata do processo de seleção
de material para a fabricação de rolamento.
Um rolamento deve possuir alta resistência mecânica para suportar as cargas às quais é
submetido, sem sofrer deformações significativas que afetem sua precisão dimensional.
Os rolamentos devem também estar dimensionados para suportar impactos.
A figura 56 nos mostra um tipo de rolamento em corte, destacando sua partes principais.
92
ESTUDOS DE CASOS (EC) │ UNIDADE IV
As condições de operação dos rolamentos variam muito, mas em geral temos que:
»» alta tenacidade;
»» resistência à corrosão;
Com exceção de alguns rolamentos especiais que usam, por exemplo, cerâmica dura
devido às características especiais desse material quanto à resistência ao desgaste,
93
UNIDADE IV │ ESTUDOS DE CASOS (EC)
os rolamentos são feitos de aços de alta resistência de alto ou baixo carbono (para
cementação). Lembrando que os aços de baixo carbono podem ser endurecidos por
cementação e os aços de alto carbono podem ser totalmente endurecidos por tratamentos
térmicos ou somente superficialmente por indução. Ambos apresentam características
atraentes para uso em rolamentos.
O sucesso de um aço em um rolamento não depende muito do tipo de aço, mas sim da
maneira como é tratado.
»» São cementados.
As tabelas a seguir ilustram aços de alto carbono e de baixo carbono usados na fabricação
de rolamentos e suas correspondentes composições químicas.
94
ESTUDOS DE CASOS (EC) │ UNIDADE IV
Aço C Mn Si Cr Ni Mo
AISI 52100 1,04 0,35 0,25 1,45 - -
ASTM
0,97 1,10 0,60 1,05 - -
A 485-1
ASTM
1,02 0,78 0,22 1,30 - 0,25
A 485-3
TBS-9 0.95 0,65 0,22 0,50 Max. 0,25 0,12
SUJ 1 1,02 < 0,50 0,25 1,05 < 0,25 < 0,08
105Cr6 0,97 0,32 0,25 1,52 - -
Aço C Mn Si Cr Ni Mo
AISI 4118 0,20 0,80 0,22 0,50 - 0,11
AISI 5120 0,20 0,80 0,22 0,80 - -
AISI 8620 0,20 0,80 0,22 0,50 0,55 0,20
AISI 4620 0,20 0,55 0,22 - 1,82 0,25
AISI 4320 0,20 0,55 0,22 0,50 1,82 0,25
AISI 3310 0,10 0,52 0,22 1,57 3,50 -
SCM420 0,20 0,72 0,25 1,05 - 0,22
95
CAPÍTULO 3
EC.3 – Mola de válvula automotiva
Esse terceiro estudo de caso foi adaptado de Callister Jr. (2008, p. 601) e trata da
seleção de material para fabricar mola helicoidal de válvulas de motor. A função
principal de uma mola é armazenar energia mecânica conforme ela é deformada
elasticamente e, posteriormente, ela retorna essa mesma energia quando volta à sua
posição inicial.
Vamos analisar uma mola helicoidal que será utilizada em válvulas de motores de
automóveis. A mola que será fabricada é feita, geralmente, a partir de um arame de
seção transversal circular de diâmetro d e o diâmetro de centro a centro dessa mola
é D.
Em função da força de deformação F aplicada à mola, essa sofre uma tensão de torção
que pode ser calculada pela relação:
8 FDK w
τ=
πd3
D
onde Kw é uma constante que é dada por: K w = 1, 60.( ) −0,140
d
8 FD 3
A deflexão da mola por espiral pode ser calculada pela relação: δ e =
d 4G
Onde G é o módulo de cisalhamento do material a partir do qual a mola é manufaturada.
96
ESTUDOS DE CASOS (EC) │ UNIDADE IV
Essa possibilidade de falha por fadiga faz com que a seleção do material para a mola
tenha um limite de resistência à fadiga maior que a amplitude da tensão cíclica à qual a
mola será submetida. Por esse motivo, os aços-liga que possuem limites de resistência
à fadiga mais elevados são normalmente empregados para a fabricação de molas de
válvulas.
Segundo Callister Jr. (2008, p. 604) uma liga muito comum de ser utilizada na fabricação
de molas helicoidais é o aço ASTM 232 Cr-V, que possui a seguinte composição em peso:
Elemento C Cr V Fe
(% em peso) 0,48 a 0,53 0,80 a 1,10 > 0,15 Balanço
97
CAPÍTULO 4
EC.4 – Novos materiais em
máquinas agrícolas
Este quarto estudo de caso foi adaptado de Scheleski (2015) e trata das tendências de
novos materiais em máquinas e equipamentos agrícolas.
As máquinas agrícolas, geralmente de grande porte e com uso extenso de aço em suas
estruturas, vêm substituindo esse material por materiais mais leves, apesar de essas
máquinas trabalharem com elevada carga.
Segundo Martensen (2006, apud SCHELESKI, 2015), as razões para o uso de diferentes
materiais nas máquinas e implementos agrícolas atuais são:
Um exemplo de que novos materiais vêm substituindo o aço é o caso da Jacto (empresa
fabricante de máquinas agrícolas situada em Pompéia, interior de São Paulo) onde o
painel de comando de um pulverizador fabricado pela empresa é feito com o compósito
GFRB (polímero reforçado com fibra de vidro). A utilização da GFRB na construção
desse painel, que antes era feito de aço, teve os seguintes benefícios: otimização
do design, maior produtividade, menor custo e melhor eficiência ambiental. Apesar do
GFRP não ser reciclável, como é o aço, ele produz peças mais leves que acarretam em
um menor consumo de combustível.
99
ENSAIOS MECÂNICOS
PARA SELEÇÃO DE UNIDADE V
MATERIAIS
Nesta quinta unidade iremos estudar alguns ensaios mecânicos e verificar a sua
importância na seleção de materiais.
CAPÍTULO 1
Ensaios mecânicos
As ligações que existem entre os átomos, sejam eles metálicos ou não metálicos, definem
as propriedades dos materiais, que podem ser divididas em propriedades físicas e
propriedades químicas.
As propriedades mecânicas, que são nas quais estaremos focados nesse capítulo,
aparecem quando o material está sujeito a esforços de natureza mecânica. Em outras
palavras, essas propriedades determinam maior ou menor capacidade que o material
tem para transmitir ou resistir aos esforços que lhe são aplicados.
100
ENSAIOS MECÂNICOS PARA SELEÇÃO DE MATERIAIS │ UNIDADE V
Para que um material atenda a critérios de seleção de materiais, ele deve ser submetido
a ensaios de resistência mecânica para verificar sua adequação aos requisitos de projeto.
A Sociedade Americana para Ensaios e Materiais (ASTM – American Society for Testing
and Materials), é uma entidade internacional que normatiza os ensaios mecânicos
e é muito utilizada no Brasil (que também possui a Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) para regulamentar os ensaios).
101
UNIDADE V │ ENSAIOS MECÂNICOS PARA SELEÇÃO DE MATERIAIS
Ensaio de tração
σ = F/Ao
102
ENSAIOS MECÂNICOS PARA SELEÇÃO DE MATERIAIS │ UNIDADE V
Onde:
A deformação sofrida pelo corpo de prova pode ser calculada em função do alongamento
sofrido durante o ensaio.
ε = (Lf – Lo) / Lo
Onde:
Lf = comprimento final;
Lo = comprimento inicial;
ε = adimensional.
ε = 100.(Lf – Lo) / Lo
103
UNIDADE V │ ENSAIOS MECÂNICOS PARA SELEÇÃO DE MATERIAIS
Se uma carga é estática ou se ela varia de maneira relativamente lenta com o tempo e
é aplicada uniformemente sobre uma seção reta ou superfície de um componente, o
comportamento mecânico pode ser verificado através de ensaios de tensão/deformação,
que são realizados à temperatura ambiente.
Nesse tipo de ensaio mede-se a variação no comprimento (l) como função da carga (F)
aplicada.
O ensaio de tração pode ser utilizado para avaliar diversas propriedades mecânicas
dos materiais de grande importância em projetos de máquinas e equipamentos
mecânicos. É também bastante utilizado como teste para o controle das especificações
da matéria-prima fornecida.
σ = E.ε
ou,
E = σ/ε
104
ENSAIOS MECÂNICOS PARA SELEÇÃO DE MATERIAIS │ UNIDADE V
Temperatura E
Material
de Fusão (oC) GPa 106 psi
Latão (liga) - 97 14
τ = Gγ
Onde:
105
UNIDADE V │ ENSAIOS MECÂNICOS PARA SELEÇÃO DE MATERIAIS
Quando uma tensão de tração é aplicada a uma barra metálica, um alongamento elástico
e sua deformação correspondente εz ocorrem na direção da tensão aplicada, conforme
mostrado na figura 60, a seguir. Esse alongamento é acompanhado de uma variação
das dimensões transversais da barra (deformações compressivas), representadas por
εx e εy, respectivamente, as quais podem ser determinadas. Se a tensão aplicada for
uniaxial (apenas na direção z) e o material for isotrópico, então εx = εy.
Pode-se definir o coeficiente de Poisson (ν) como sendo um parâmetro que relaciona as
deformações lateral e axial. Assim:
ε ε
ν= − y
− x =
εz εz
Uma vez que as deformações laterais e a deformação axial sempre terão sinais opostos,
o sinal negativo foi incluído nessa relação para que ν seja sempre um número positivo.
O coeficiente de Poisson mede a rigidez do material na direção perpendicular à direção
de aplicação da carga uniaxial.
106
ENSAIOS MECÂNICOS PARA SELEÇÃO DE MATERIAIS │ UNIDADE V
MATERIAL γ MATERIAL γ
Níquel 0,31 -
Fonte: <https://jorgeteofilo.files.wordpress.com/2010/08/epm-apostila-capitulo09-ensaios-mod1.pdf>.
Acessado em: 7/4/2018.
E 2G (1 +ν )
=
Ensaios de impacto
Os ensaios de impacto podem ser classificados em: Charpy e Izod. Em ambos, o corpo
de prova tem o formato de uma barra de seção transversal quadrada, na qual é usinado
um entalhe.
107
UNIDADE V │ ENSAIOS MECÂNICOS PARA SELEÇÃO DE MATERIAIS
O pêndulo continua seu movimento após o choque, até uma altura menor que a anterior
(hr). A energia absorvida no impacto é determinada pela diferença entre as alturas Hq e
hr, ambas medidas na escala do equipamento.
108
ENSAIOS MECÂNICOS PARA SELEÇÃO DE MATERIAIS │ UNIDADE V
As variáveis que influenciam os resultados dos testes são: tamanho e a forma do corpo
de prova, profundidade e configuração do entalhe.
Ensaios de fadiga
A American Society for Testing and Materials, por meio da norma ASTM E1823
(2002), define a fadiga como sendo um processo de alteração estrutural permanente,
progressivo e localizado, que ocorre em um material sujeito a condições que
produzem tensões e deformações cíclicas em um ponto ou em vários pontos, e que
podem culminar em trincas ou fratura completa após um número suficiente de ciclos
(JORGE, s/d).
O estudo da fadiga tomou-se cada vez mais importante à medida que a tecnologia
desenvolveu um número maior de equipamentos sujeitos a carregamento repetido e
vibração, e é considerada, atualmente, a maior responsável pelas falhas em serviço de
componentes mecânicos ou elementos estruturais submetidos a esforços mecânicos e
que trabalham a temperatura ambiente, com cerca de 80% a 90% dos casos observados
(COLPAERT, 2008).
110
ENSAIOS MECÂNICOS PARA SELEÇÃO DE MATERIAIS │ UNIDADE V
Pesquisas sobre fadiga têm mostrado que depois de longos tempos os ensaios estáticos
dos metais (tração, torção, flexão etc.) não são suficientes para qualificar com precisão
as aplicações correntes onde os esforços atuantes são variáveis, o que ocorre na maioria
dos órgãos essências de máquinas quando em serviço.
Curva S-N
111
UNIDADE V │ ENSAIOS MECÂNICOS PARA SELEÇÃO DE MATERIAIS
112
ENSAIOS MECÂNICOS PARA SELEÇÃO DE MATERIAIS │ UNIDADE V
Vamos nos concentrar no mais comum, que é a dureza por penetração. Dentro desse
tipo de dureza, existem várias modalidades, cujas principais serão estudadas a seguir.
»» dureza Brinell;
»» dureza Rockwell;
»» dureza Vickers;
»» microdureza.
A Dureza Brinell é dada pela relação entre a carga aplicada e a área da calota esférica,
ou seja:
Dureza = P/S
2P
HB = 0,102.
π D( D − ( D 2 − d 2 )
113
UNIDADE V │ ENSAIOS MECÂNICOS PARA SELEÇÃO DE MATERIAIS
Também é prática usual utilizar as notações HBs (“s” de stell), no caso do uso de esfera
de aço, e HBw (“w” de tungstênio – W), no caso de carboneto de tungstênio. O tempo de
aplicação da carga é da ordem de 10 a 15 segundos. Tanto a carga quanto o diâmetro da
esfera dependem do material, os quais devem ser adequados ao tamanho, à espessura
e à estrutura interna do corpo de prova (na prática, é mais frequente a utilização de
esferas com diâmetro de 10 mm).
Para materiais com dureza Brinell até 450 HB, utiliza-se a carga de 3000 kgf. Para
materiais mais moles, utilizam-se as cargas de 1500 kgf ou 500 kgf, para evitar a
formação de uma impressão muito profunda.
Para materiais muito duros (entre 450 e 650 HB), utiliza-se a esfera de carboneto de
tungstênio para evitar a deformação da esfera de aço.
A fim de se obter o mesmo número de dureza Brinell com valores de carga e diâmetro da
esfera não padronizados, é necessário produzir impressões geometricamente similares.
A semelhança geométrica é conseguida desde que seja mantido o ângulo que o centro da
esfera faz com a impressão (2φ), devendo os valores de carga e de diâmetro constarem
junto ao resultado do ensaio. Essa condição é atendida para d1/D1 = d2/D2 ou adotando-se
valores de carga e diâmetro da esfera obedecendo a relação P/D2 = constante.
114
ENSAIOS MECÂNICOS PARA SELEÇÃO DE MATERIAIS │ UNIDADE V
tamanho da impressão pode impedir o uso desse teste em peças pequenas ou em partes
criticamente tensionadas, onde a impressão pode ser um local preferencial para a falha
mecânica da peça.
O ensaio de dureza Brinell não é adequado para caracterizar peças que tenham sofrido
tratamentos superficiais (cementação, por exemplo), pois a penetração pode ultrapassar
a camada tratada do material e gerar erros nos valores obtidos.
Para metais de grande capacidade de encruamento, pode ocorrer amassamento das bordas
da impressão, propiciando uma leitura de um diâmetro menor do que o real (d’ < dr).
Para que não haja interferência de uma impressão em outra, da borda da amostra e de
sua profundidade, as seguintes distâncias devem ser observadas (Figura 65):
Fonte: <https://jorgeteofilo.files.wordpress.com/2010/08/epm-apostila-capitulo09-ensaios-mod1.pdf>.
Acessado em: 6/4/2018.
115
UNIDADE V │ ENSAIOS MECÂNICOS PARA SELEÇÃO DE MATERIAIS
O penetrador pode ser uma ponta de diamante cônico com ângulo de 120º e ligeiramente
arredondada (r = 0,2 mm), ou uma esfera de aço endurecido, geralmente com diâmetro
de 1,59 mm (1/16´´), existindo também nos diâmetros de 3,17 mm, 6,35 mm e 12,70 mm.
A profundidade de penetração (p) pode ser determinada a partir dos valores de dureza
fornecidos pela máquina de ensaio, conforme as seguintes equações:
116
ENSAIOS MECÂNICOS PARA SELEÇÃO DE MATERIAIS │ UNIDADE V
»» Penetrador de diamante:
»» Penetrador esférico:
HR = (C1 – C2) – ∆p
Onde:
A dureza Brinell, como já mostrado, é definida pela relação entre a carga aplicada e a
superfície da calota esférica formada:
P P
HB= =
S π .D. p
Onde:
p=D − D2 − d 2
Assim:
∆P
∆p =
π .D.HB
∆P
HR
= C1 − C 2
π .D.HB
117
UNIDADE V │ ENSAIOS MECÂNICOS PARA SELEÇÃO DE MATERIAIS
G 130 500
Dureza Vickers
É semelhante ao método Brinell, pois também relaciona a carga aplicada com a área
superficial da impressão.
118
ENSAIOS MECÂNICOS PARA SELEÇÃO DE MATERIAIS │ UNIDADE V
A forma da impressão é a de um losango regular, cujas diagonais devem ser medidas por
um microscópio acoplado à máquina de teste. A média dessas duas medidas é utilizada
para a determinação da dureza Vickers, que é dada pela seguinte expressão:
0,102.2.P.sen(θ / 2) P
=HV = 2
0,189. 2
D D
Onde:
As cargas são escolhidas de tal forma que a impressão gerada no ensaio seja
suficientemente nítida para permitir uma boa leitura das diagonais. Como o penetrador
é indeformável, a dureza obtida independe da carga utilizada, devendo apresentar o
mesmo número representativo da dureza se o material for homogêneo.
A designação da dureza Vickers é formada pelo valor da dureza seguido pelo símbolo HV.
Microdureza
P P 14, 23.P
HK
= = =
S p l 2c l2
Onde:
Ao indicar a dureza, o valor calculado deve ser multiplicado por 103, para contabilizá-lo
com a grandeza das demais durezas que se baseiam em uma relação carga/área. A área
da impressão obtida no ensaio Knoop é cerca de 15% da área correspondente no ensaio
Vickers, enquanto a profundidade da impressão é menor que a metade.
A tabela 21 faz uma comparação global entre os diversos métodos de ensaio de dureza
estudados anteriormente.
Pirâmide de diamante, Todos os aços e ligas não ferrosas, materiais de alta dureza
Vickers (HV) 1 a 120 kgf
base quadrada e 136º incluindo carboneto de tungstênio e cerâmica.
120
ENSAIOS MECÂNICOS PARA SELEÇÃO DE MATERIAIS │ UNIDADE V
121
Referências
ABC - Academia Brasileira de Ciências. Disponível em: <http://www.abc.org.br/article.
php3?id_article=4149>. Acessado em: 26/2/2018.
ASHBY, M. F.; JOHNSON, K. Materials and design: the art and science of material
selection in product design. Amsterdam: Elsevier/Butterworth Heinemann, 2010.
CALEGARI, Eliana P.; OLIVEIRA, Branca F. de. Aspectos que influenciam a seleção de
materiais no processo de design. Arcos Design, 2014, vol. 8, no 1, pp. 1-19. ISSN: 1984-
5596. Disponível em: <http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/arcosdesign>.
Acessado em: 24/3/2018.
122
REFERÊNCIAS
123
REFERÊNCIAS
124
REFERÊNCIAS
125
REFERÊNCIAS
126
REFERÊNCIAS
127
REFERÊNCIAS
129
REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 1: Histórico da evolução dos materiais.
Figura 3: Materiais primários: (a) madeira, (b) algodão, (c) couro, (d) pedras.
Figura 10: O poder da teia de aranha: comparativo entre as resitência da teia de aranha
(spider silk), do kevlar e do aço (steel).
130
REFERÊNCIAS
Figura 31: Características dos materiais relacionados com as fases do PDP no processo
de seleção de materiais.
Figura 40: Mapa de seleção de materiais (metais e liga): densidade x módulo de Young.
Figura 41: Índice de Mérito para minimização de peso de acordo com a geometria e
carregamento do elemento analisado.
Figura 42: Índice de Mérito para projetos regidos por rigidez e por resistência mecânica,
com diferentes modos de carregamentos.
131
REFERÊNCIAS
Figura 53: Gráfico comparativo entre custo (preço) e redução de peso de alguns
materiais.
Figura 61: (a) Máquina de ensaio Charpy e (b) modelo de amostra (padronizada) de
ensaio.
132
REFERÊNCIAS
Quadros e Tabelas
Quadro 1: Processos de transformação dos metais.
Tabela 7: Índice de Mérito para projetos regidos por rigidez e por resistência mecânica,
com diferentes modos de carregamentos.
Tabela 12: Propriedade de ligas fundidas de alumínio para pistões, após tratamento
térmico.
133
REFERÊNCIAS
134