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Análise do Ciclo de Vida

Brasília-DF.
Elaboração

Alex Estevão

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7

UNIDADE I
INTRODUÇÃO........................................................................................................................................ 9

CAPÍTULO 1
CONCEITOS DE CICLO DE VIDA DE PRODUTO .......................................................................... 9

CAPÍTULO 2
ESTÁGIOS DO CICLO DE VIDA DE PRODUTO............................................................................ 23

CAPÍTULO 3
GERENCIAMENTO DO CICLO DE VIDA.................................................................................... 33

UNIDADE II
CICLO DE VIDA – NORMAS.................................................................................................................. 44

CAPÍTULO 1
NORMAS................................................................................................................................ 44

CAPÍTULO 2
CICLO DE VIDA E A ISO 14000................................................................................................ 54

CAPÍTULO 3
SOFTWARE DE GERENCIAMENTO DO CICLO DE VIDA.............................................................. 64

UNIDADE III
CICLO DE VIDA – DESCARTE................................................................................................................. 74

CAPÍTULO 1
IMPACTOS AMBIENTAIS ........................................................................................................... 74

CAPÍTULO 2
DESTINAÇÃO E DISPOSIÇÃO .................................................................................................. 77

CAPÍTULO 3
EXEMPLOS DE ASO................................................................................................................. 88

REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 95
Apresentação

Caro aluno,

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

4
Organização do Caderno de
Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

5
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
Ao analisarmos a história, pode-se verificar que a revolução industrial de
certa forma causou uma revolução comercial. Uma concorrência, até então
inexistente, surge com o aumento e diferenciação dos produtos, assim exigindo
uma concentração maior do comércio. Essa concentração passou a dividir
espaços com outras entidades ao ocupar áreas centrais nas cidades. Da mesma
maneira, o público consumidor também se modificou, pois deixou de ser uma
clientela estável. Dessa forma, surgiu a necessidade de publicidade e exposição
dos produtos ao público em vitrines.

Com o passar dos anos, as lojas de departamentos passaram a se organizar em


uma escala maior, devido às transformações e inovações permitidas pelos avanços
tecnológicos. A chegada do século XXI mostra uma polarização das populações nos
centros urbanos e um aumento da concorrência, dada a globalização crescente.
Assim surge a necessidade de analisar o ciclo de vida de um produto de modo a obter
o melhor em termos de usabilidade, desempenho, entre outras características para o
usuário, e também maximizar os lucros para o fabricante.

Nesta disciplina, você aprenderá os conceitos e características atrelados ao


ciclo de vida de produtos, os principais estágios que o compõem, questões
ambientas, normas que o regem e exemplos de casos reais.

Figura 1. Avaliação do ciclo de vida.

Armazenamento Distribuição

Avaliação
do Ciclo

Fabricação de Vida
Uso

Materiais Disposição

Fonte: http://www.ecodesenvolvimento.org/posts/2015/marco/o-que-e-a-avaliacao-de-ciclo-de-vida-acv-de/images/acv-ecod.
jpg.

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Objetivos
» Explicitar os princípios do ciclo de vida de produto.

» Especificar os estágios do ciclo de vida de produto.

» Explicar a norma ISO 14000.

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INTRODUÇÃO UNIDADE I

CAPÍTULO 1
Conceitos de ciclo de vida de produto

Histórico no mundo
A análise do ciclo de vida (ACV ou, do inglês, LCA) teve seu início na década
de 1960. Preocupações com as limitações de matérias-primas e recursos
energéticos despertaram o interesse em encontrar maneiras de contabilizar
cumulativamente o uso de energia e projetar futuros suprimentos e uso
de recursos. Em uma das primeiras publicações desse tipo, Harold Smith
relatou seu cálculo de requisitos de energia cumulativa para a produção de
intermediários e produtos químicos na Conferência Mundial de Energia, em
1963.

Mais tarde, ainda na década de 1960, estudos de modelagem global


publicados em The Limits to Growth e A Blueprint for Survival resultaram
em predições dos efeitos da mudança das populações mundiais na demanda
por matérias-primas finitas e recursos energéticos. As previsões para o
rápido esgotamento dos combustíveis fósseis e as alterações climatológicas
resultantes do excesso de calor estimulavam cálculos mais detalhados do
uso e produção de energia nos processos industriais. Durante esse período,
dezenas de estudos foram realizados para estimar custos e implicações
ambientais de fontes alternativas de energia.

Em 1969, os pesquisadores iniciaram um estudo interno para a Companhia


Coca-Cola, que lançou as bases para os métodos atuais de análise de inventário
de ciclo de vida nos Estados Unidos. Em uma comparação de diferentes
recipientes de bebidas para determinar qual contêiner teve os menores impactos
ao meio ambiente e menos afetou o fornecimento de recursos naturais, esse

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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO

estudo quantificou as matérias-primas e combustíveis utilizados e as cargas


ambientais dos processos de fabricação de cada contêiner. Outras empresas, nos
Estados Unidos e na Europa, realizaram análises comparativas de inventário
de ciclo de vida semelhantes no início dos anos 1970. Naquela época, muitas das
fontes disponíveis eram derivadas de fontes disponíveis publicamente, como
documentos governamentais ou documentos técnicos, pois dados industriais
específicos não estavam disponíveis.

O processo de quantificar o uso de recursos e as liberações ambientais


de produtos passou a ser conhecido como Análise de Perfil de Recursos e
Ambientais (REPA), conforme praticado nos Estados Unidos. Na Europa,
foi chamado de Ecobalance. Com a formação de grupos de interesse público
incentivando a indústria a garantir a exatidão das informações no domínio
público e com a escassez de petróleo no início dos anos 1970, aproximadamente
15 REPAs foram realizados entre 1970 e 1975. Nesse período, um protocolo
ou metodologia padrão de pesquisa para a realização desses estudos foi
desenvolvido. Essa metodologia de várias etapas envolve várias suposições.
Durante esses anos, as premissas e técnicas utilizadas passaram por
considerável revisão da REPA e dos principais representantes da indústria,
com o resultado de que metodologias razoáveis foram desenvolvidas.

De 1975 até o início dos anos 1980, como o interesse por esses estudos abrangentes
diminuiu devido à influência da crise do petróleo, as preocupações ambientais
mudaram para questões de risco e gestão de resíduos domésticos. No entanto,
durante todo esse tempo, a análise de inventário do ciclo de vida continuou a
ser conduzida, e a metodologia melhorou por meio de um fluxo lento de cerca
de dois estudos por ano, a maioria dos quais se concentrou em requisitos de
energia. Durante este período, o interesse europeu cresceu com a criação de
uma Direcção do Ambiente (DG X1) pela Comissão Europeia. Os profissionais
europeus de ACV desenvolveram abordagens paralelas às utilizadas nos EUA.
Além de trabalhar para padronizar as regulamentações de poluição em toda a
Europa, a DG X1 emitiu a Diretriz Liquid Food Container, em 1985, que cobrava
das empresas associadas o monitoramento do consumo de energia e matérias-
primas e da geração de resíduos sólidos de alimentos líquidos.

Quando os resíduos sólidos se tornaram uma questão mundial, em 1988, a LCA


novamente surgiu como uma ferramenta para analisar os problemas ambientais.
À medida que cresce o interesse em todas as áreas que afetam os recursos e o
meio ambiente, a metodologia para a ACV está sendo melhorada novamente.
Uma ampla base de consultores e pesquisadores em todo o mundo tem refinado

10
INTRODUÇÃO │ UNIDADE I

e expandido ainda mais a metodologia. A necessidade de ir além do inventário


para a avaliação de impacto trouxe a metodologia LCA para outro ponto de
evolução.

Em 1991, as preocupações sobre o uso inadequado de LCAs para fazer


alegações de marketing amplas, feitas por fabricantes de produtos,
resultaram em uma declaração emitida por onze Procuradores Gerais nos
EUA denunciando o uso de resultados de ACV para promover produtos,
sugerindo que fossem desenvolvidos métodos uniformes para conduzir
tais avaliações. Chegou-se a um consenso sobre como esse tipo de
comparação ambiental pode ser anunciado de forma não enganosa. Essa
ação, juntamente com a pressão de outras organizações ambientais para
padronizar a metodologia de ACV, levou ao desenvolvimento dos padrões
de ACV da série 14000 da International Standards Organization (ISO).

Em 2002, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)


uniu-se à Sociedade de Toxicologia e Química Ambiental (SETAC) para lançar
a Life Cycle Initiative, uma parceria internacional. Os três programas da
iniciativa têm como objetivo colocar em prática o pensamento sobre o ciclo
de vida e melhorar as ferramentas de apoio, por meio de melhores dados e
indicadores. O programa Life Cycle Management (LCM) cria conscientização
e melhora as habilidades dos tomadores de decisão, produzindo materiais
de informação, estabelecendo fóruns para compartilhar as melhores práticas
e realizando programas de treinamento em todas as partes do mundo. O
programa Life Cycle Inventory (LCI) melhora o acesso global a dados de ciclo
de vida transparentes e de alta qualidade, hospedando e facilitando grupos
de especialistas cujo trabalho resulta em sistemas de informação baseados
na web. O programa Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida (AICV) aumenta
a qualidade e o alcance global dos indicadores do ciclo de vida, promovendo
a troca de opiniões entre especialistas, resultando em um conjunto de
recomendações amplamente aceitas.

Para maiores informações sobre o programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente, visite a página do PNUMA, disponível em: https://wildfor.life/pt/
collaborator/pnuma.

Histórico no Brasil
Na metade dos anos 1990, mais precisamente em 1994, tem início, no Brasil,
a ACV. O evento chave é a implantação de um subcomitê específico ao tema
no grupo de apoio à normalização ambiental (GANA). O grupo dedicou-se à

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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO

análise e desenvolvimento da série de normas ISO 14000, cujo assunto é a


gestão ambiental dentro das empresas.

Em 1998, após o lançamento da primeira norma, foi lançada a primeira publicação


didática em português sobre a metodologia ACV. O título dado à publicação foi
Análise de Ciclo de Vida Produtos – Ferramenta Gerencial da ISO 14000, cuja
autoria foi do professor José Ribamar Brasil.

Um ano depois, com a aplicação da metodologia ACV, chega-se ao primeiro


resultado de pesquisa cientifica: uma pesquisa de Avaliação do Ciclo de Vida de
embalagens, realizada pelo Centro de Tecnologia de Embalagem do Instituto de
Tecnologia de Alimentos (CETEA/ITAL) para o mercado de brasileiro.

No Brasil, a normalização só ocorre três anos mais tarde, com o lançamento da


norma ABNT NBR ISO 14000, uma versão traduzida da norma internacional, em
2001. O Brasil participa das discussões sobre ACV através do Comitê Brasileiro de
Gestão Ambiental (CB-38), vinculado à Associação Brasileira de Normas Técnicas
– ABNT. O comitê se espelha nos moldes do comitê Técnico 207 da ISO, possuindo
inclusive um subcomitê exclusivamente dedicado à ACV.

Em 2002, com a criação da Associação de Ciclo de Vida, a ACV passa a ser tratada
de forma institucional. A associação busca fomentar a ACV nos diversos setores
de interesse, como os centros de ensino e pesquisa, indústrias e governo. As
principais ações da associação são a realização do Congresso Brasileiro de Gestão
do Ciclo de Vida (CBGCV) e a promoção de cursos de capacitação.

Em 2003, o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT),


outra instituição renomada no país, assume a ACV como parte de suas linhas
temáticas. Desde o princípio, a instituição tem foco em ações que visam o
desenvolvimento de uma base de dados nacionais, haja vista que o objetivo do
IBICT é a informação. O IBICT firma parceria com Laboratório Federal da Suíça
para Ciência e Tecnologia de Materiais (EMPA), objetivando a capacitação de
colaboradores em ACV para a construção de uma base de dados de Inventários de
Ciclo de Vida (ICV) nacional.

Já em 2004, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia


(IMETRO) define a ACV como ponto estratégico para a Avaliação de Conformidade
de produtos, processos, serviços e pessoal. Com isso, a ACV passa a ser critério
crucial para atestar o grau de confiança de um produto ou processo em relação
ao seu desempenho ambiental.

12
INTRODUÇÃO │ UNIDADE I

Em 2005, foi publicado o livro Avaliação do Ciclo de Vida – A ISO 14040, na


América Latina. Nesse livro, há exemplos claros do desenvolvimento de uma
estrutura metodológica para maior compreensão da abordagem do ciclo de vida
na região. O livro enfatiza a participação dos vários setores da área acadêmica,
da sociedade, da indústria e do governo para fortalecer a ACV no Brasil.

No ano seguinte, o IBICT desenvolve um projeto com o auxílio de recursos


da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) chamado de Inventário do
Ciclo de Vida para a Competitividade Ambiental da Indústria Brasileira
(SICV Brasil). O projeto buscou promover o desenvolvimento de um sistema
de informação para os ICVs nacionais, capacitação técnica na metodologia,
um portal sobre ACV, uma ontologia em ACV e um guia para construção de
ICVs. Esse projeto faz com que o IBICT seja um dos principais responsáveis
pelo desenvolvimento da ACV no Brasil.

No ano de 2010, através de uma resolução do IMETRO, é lançado o Programa


Brasileiro de ACV (PBACV). Esse programa procura fortalecer a ACV através
da disseminação de informação sobre o Pensamento do Ciclo de Vida, ICVs
nacionais, capacitação técnica e definição das categorias de impacto mais
relevantes no país. No mesmo ano, são editados os handbooks da plataforma
europeia de ACV (EPLCA). Tratam-se dos guias mais completos sobre o tema.

De 2012 até os dias de hoje, o IBICT tem se destacado nas ações de promoção e
difusão do conhecimento em ACV, através de ações como:

» criação de uma cartilha infantil;

» criação de manual de ontologia;

» criação de uma cartilha aos pequenos e médios empresários;

» tradução do handbook ILCD; e

» publicação de documento técnico sobre ACV no Brasil e na Europa.

Essas ações ajudaram também a concretizar parcerias estratégicas, como a


Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Joint Research Centre (JRC) da
União Europeia.

Surgida em novembro de 2002, ABCV – Associação Brasileira de Ciclo de


Vida foi criada a partir da colaboração e esforços de um grupo de pessoas
físicas e jurídicas com interesses na consolidação da Avaliação do Ciclo de
Vida no Brasil. Inicialmente foi liderada pelo Comitê Brasileiro de Gestão
Ambiental CB 38 da Associação Brasileira de Normas Técnicas.

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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO

Seu principal objetivo é reunir pessoas físicas e jurídicas com interesses


comuns no desenvolvimento da técnica de Avaliação do Ciclo de Vida para
aplicar a ACV na execução direta de projetos, programas, planos de ação
e prestação de serviços intermediários. Também visa capitalizar recursos
físicos, humanos e financeiros.

Os principais objetivos da associação são:

» estimular o ensino, a pesquisa e o desenvolvimento da ACV;

» promover conferências, simpósios, cursos e outros para aproximar


interessados no assunto do Brasil e do exterior;

» gerar intercâmbio com entidades ligadas direta ou indiretamente às


atividades de ACV; e

» outras atividades relacionadas com ACV.

Atualmente a ABCV ocupa uma posição nacional e internacional de


destaque. Nacionalmente destaca-se a participação no comitê gestor
do Programa Brasileiro de Avaliação do Ciclo de Vida, lançado em São
Paulo, em outubro de 2013. Internacionalmente destaca-se a participação
no comitê gestor da Rede Ibero-americana de ACV, que também conta
com a participação de Países como, Portugal, Espanha, Argentina, Chile,
México, Costa Rica, Peru, Colômbia, Cuba e Bolívia. Participa também como
patrocinador do Life Cycle Initiative, uma parceria entre o United Nations
Environment Programme (UNEP) e a Society for Environment Toxicology and
Chemistry (SETAC), que visa contribuir efetivamente para que se coloque
em prática a metodologia do ciclo de vida.

Até o presente momento, a ABCV já promoveu vários eventos, sendo eles:

» CILCA 2007 – Conferência Internacional sobre Avaliação do Ciclo de


Vida;

» I CBGCV – Primeiro Congresso Brasileiro sobre Gestão do Ciclo de


Vida;

» II CBGCV – Segundo Congresso Brasileiro sobre Gestão do Ciclo de


Vida;

» III CBGCV – Terceiro Congresso Brasileiro sobre Gestão do Ciclo de


Vida;

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INTRODUÇÃO │ UNIDADE I

» IV CBGCV – Quarto Congresso Brasileiro sobre Gestão pelo Ciclo


de Vida;

» V CBGCV – Quinto Congresso Brasileiro em Gestão do Ciclo de Vida; e

» VI GCV – Sexto Congresso Brasileiro sobre Gestão do Ciclo de Vida.

Maiores informações podem ser obtidas diretamente no site da


ABCV em: http://abcvbrasil.org.br/?p=home.php e também nos
sites: https://www.lifecycleinitiative.org/about/about-lci/ e https://
www.unenvironment.org/pt-br.

Definição e características
Como consumidores, compramos milhões de produtos todos os anos. Os produtos
têm um ciclo de vida assim como os animais e as plantas. Um produto que está há
um bom tempo estabelecido no mercado, com o passar do tempo, vai se tornando
menos popular. Em contrapartida, aumenta muito rapidamente a demanda por
produtos novos e modernos após um lançamento, por exemplo.

A grande maioria das empresas entende os diferentes estágios do ciclo de


vida do produto e também compreende que os produtos que comercializam
possuem uma vida limitada, portanto boa parte dessas empresas investirá no
desenvolvimento de novos produtos, a fim de garantir que os negócios continuem
a crescer.

Dentro desse contexto, temos a curva do ciclo de vida de um produto. Trata-se de


um gráfico que demostra como se dá a tendência de vendas de um produto com o
passar do tempo, evidenciando quatro etapas bem características, como ilustra a
Figura 2 abaixo.

Figura 2. Curva do Ciclo de Vida do Produto.

Vendas

Crescimento Declínio

Introdução Maturidade

Tempo

Fonte: Elaborada pelo autor.

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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO

Como modelo, a curva fornece uma boa aproximação das vendas que podem ser
esperadas à medida que os produtos passam pelos quatro estágios do ciclo de vida
típico. No entanto, há algumas coisas a ter em mente ao tentar aplicar a Curva do
Ciclo de Vida do Produto no mundo real. São elas:

» Imprevisibilidade: embora a vida útil de um produto possa


ser limitada, é muito difícil para os fabricantes preverem
exatamente quanto tempo durará, especialmente durante a fase
de desenvolvimento do novo produto. Embora a maioria dos
fabricantes seja muito boa em tomar as melhores decisões com
base nas informações que possui, a demanda do consumidor pode
ser imprevisível, o que significa que nem sempre acertam.

» Mudança: a imprevisibilidade da vida útil de um produto vem do


fato de que todos os fatores que influenciam o ciclo de vida do
produto estão mudando constantemente. Por exemplo, mudanças
no custo de produção ou uma queda na demanda do consumidor
devido ao lançamento de produtos alternativos poderiam alterar
significativamente a duração dos diferentes estágios do ciclo de vida
do produto.

» A curva é um modelo: os críticos do ciclo de vida do produto alegam


que alguns fabricantes podem dar muita importância às sugestões
que o modelo faz, de modo que ele se torne autorrealizável. Para
ilustrar o ponto, se uma empresa usa a curva de ciclo de vida do
produto como base para suas decisões, uma diminuição nas vendas
pode levá-los a acreditar que seu produto está entrando no estágio
Declínio e, portanto, gastar menos na promoção, quando a estratégia
oposta poderia ser adotada, ajudando a capturar mais participação
de mercado e realmente aumentar as vendas novamente.

Embora a Curva do Ciclo de Vida do Produto precise ser aplicada com certo cuidado
– e é improvável que os fabricantes confiem apenas em sua simples ilustração
para prever suas vendas e lucros –, ela ainda é uma ferramenta útil.

Com uma apreciação geral dos tipos de desafios que serão enfrentados durante
cada uma das quatro etapas, o modelo oferece às empresas e seus departamentos
de marketing a oportunidade de planejar com antecedência e estar mais bem
preparados para enfrentar esses desafios.

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INTRODUÇÃO │ UNIDADE I

Para entender os desafios de usar a Curva do Ciclo de Vida do Produto, faz sentido
examiná-la com um pouco mais de detalhes. A curva, como ilustra a Figura 2, é
uma ilustração simples, que traça as vendas em relação ao tempo, fornecendo uma
visão geral de como um produto pode funcionar nos quatro estágios do ciclo de
vida, aumentando nos estágios de introdução e crescimento, antes de chegar ao
estágio de maturidade e eventualmente diminuindo durante o estágio de declínio.
Adaptações do modelo também traçam o nível de lucro como uma segunda curva,
que é frequentemente útil para destacar o investimento considerável e os lucros
negativos que são feitos na primeira fase do ciclo.

Na Figura 3, essa curva é ilustrada em vermelho. Analisando a figura, é possível


verificar a questão do lucro negativo no estágio de introdução, devido aos
investimentos iniciais, e também no estágio de declínio, devido à diminuição das
vendas e consequente retirada do produto do mercado.

Figura 3. Ciclo de vida – vendas e lucro.

Vendas e lucro

Introdução Declínio

maturidade
Tempo

Crescimento

Fonte: https://2.bp.blogspot.com/-gJlvsHMIraU/Wjk03ogsttI/AAAAAAAAN6k/XNv8fXT-TgAIYmeum5knQQaJn2pRg3GEgCLcBGAs/
s400/Ciclo%2Bde%2BVida%2BProduto.png.

Matriz BCG
Já no âmbito do market, a curva de ciclo de vida é abordada de uma maneira
diferente, mas que no fundo remente à ideia central geral. Trata-se da matriz de
compartilhamento de crescimento, ou matriz BCG, um modelo de planejamento
desenvolvido por Bruce Henderson, no Boston Consulting Group, no início dos
anos 1970. O modelo baseia-se na observação de que as unidades de negócio
da empresa podem ser classificadas em quatro categorias, com base em
combinações de crescimento e participação de mercado em relação ao maior
concorrente. Essas categorias são ilustradas na Figura 4.

17
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO

Figura 4. Matrix BCG.

FATIA DE MERCADO
ALTO Baixo

FATIA DE MERCADO

ALTO POTENCIAL ALTO POTENCIAL


DE CRESCIMENTO DE CRESCIMENTO
Alta participação de baixa participação de
mercado mercado

BAIXO POTENCIAL BAIXO POTENCIAL


DE CRESCIMENTO DE CRESCIMENTO
Alta participação de Baixa participação de
Baixo mercado mercado
Fonte: https://s3-us-west-2.amazonaws.com/courses-images-archive-read-only/wp-content/uploads/
sites/1505/2015/12/04104819/BCG-Matrix-986x1024.png.

O crescimento do mercado serve como um intermediário para os atrativos da


indústria, e a participação de mercado relativa serve como um intermediário
para a vantagem competitiva. A matriz de participação no crescimento mapeia
as posições das unidades de negócios dentro desses dois determinantes
importantes de lucratividade.

Essa estrutura pressupõe que um aumento na participação de mercado relativa


resultará em um aumento na geração de caixa. Essa suposição muitas vezes é
verdade por causa da curva de experiência: aumento da participação no mercado
implica que a empresa está avançando na experiência curva em relação aos seus
concorrentes, desenvolvendo assim uma vantagem de custo. Uma segunda hipótese
é que um mercado em crescimento requer investimentos ativos para aumentar a
capacidade e, portanto, resulta no consumo de dinheiro. Assim, a posição de uma
empresa na matriz de participação no crescimento é indicação de sua geração de
caixa e seu consumo de caixa.

Em 1968, Henderson argumentou que o dinheiro necessário para o rápido


crescimento das unidades de negócios poderia ser obtido a partir de outras
unidades de negócios da empresa que estavam em um nível mais alto, em
estágio maduro e gerando caixa significativo. Ao investir para se tornar líder
em um mercado em rápido crescimento, a unidade de negócios poderia ao longo
da curva de expiração, desenvolver uma vantagem de custo. A partir desse
raciocínio, nasceu a matriz de crescimento do BCG.

18
INTRODUÇÃO │ UNIDADE I

O Boston Consulting Group construiu a matriz BCG no conceito de ciclo de vida.


A matriz do BCG categoriza os produtos com base na participação de mercado e
nas taxas de crescimento. Os quatro quadrantes são rotulados comumente como
“cachorros”, “vacas leiteiras”, “pontos de interrogação” e “estrelas”. Em 1968
Bruce Henderson, o cérebro responsável por trás da matriz, descreveu os rótulos
como:

» Cachorros: também conhecidos como “abacaxi”, têm baixa participação


de mercado e baixa taxa de crescimento e, portanto, não geram nem
consomem uma grande quantidade de dinheiro. No entanto, os cães são
armadilhas de dinheiro, por causa do capital ligado a um negócio que
tem pouco potencial. Assim, a empresa deverá decidir sobre a retirada do
produto do mercado.

» Pontos de interrogação: os pontos de interrogação estão crescendo


rapidamente e, portanto, consomem grandes quantidades de dinheiro,
mas, como eles têm baixa participação de mercado, não geram muito
dinheiro. O resultado é um grande consumo de caixa líquido. Pontos de
interrogação (também conhecidos como “criança problemática”) têm
o potencial de ganhar participação de mercado e se tornar uma estrela
e, eventualmente, uma vaca leiteira, quando o crescimento do mercado
diminui. Se o ponto de interrogação não conseguir se tornar o líder de
mercado, depois de talvez anos de consumo de investimentos, se tornará
um cão quando o crescimento do mercado cair. Pontos de interrogação
devem ser analisados ​​cuidadosamente, a fim de determinar se valem o
investimento necessário para aumentar a participação no mercado.

» Estrelas: as estrelas geram grandes quantidades de dinheiro, por causa


de sua forte participação de mercado relativa, mas também consomem
grandes investimento, por causa de sua alta taxa de crescimento.
Portanto, o dinheiro em cada seção é praticamente consumido. Se uma
estrela pode manter sua grande fatia de mercado, ela se tornará uma vaca
leiteira quando a taxa de crescimento do mercado diminui. O portfólio de
uma empresa diversificada sempre deve ter estrelas que se tornarão as
próximas vacas leiteiras garantindo o futuro da geração de caixa.

» Vacas leiteiras: como líderes em um mercado maduro, as vacas


leiteiras exibem um retorno sobre os ativos que é maior do que a taxa
de crescimento do mercado, e assim geram mais lucro que consomem
investimentos. Tais unidades de negócios devem ser “ordenhadas”,

19
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO

extraindo os lucros e investindo o mínimo de dinheiro possível. Vacas


leiteiras fornecer o dinheiro necessário para devolver pontos de
interrogação aos líderes do mercado, cobrir o custo administrativo da
empresa, financiar pesquisa e desenvolvimento para atender a dívida
corporativa e pagar dividendos aos acionistas. Por exemplo, se a vaca
leiteira gera um fluxo de caixa relativamente estável, seu valor pode ser
determinado com precisão de cálculo, usando uma análise de fluxo de
caixa descontado.

Sob o modelo de matriz de participação no crescimento, à medida que uma


indústria amadurece e sua taxa de crescimento declina, uma unidade de negócios
se tornará uma vaca leiteira ou um cachorro, determinando apenas se ela se
tornou líder de mercado durante o período de alto crescimento.

Embora originalmente desenvolvido como um modelo para alocação de


recursos entre as várias unidades de negócios em uma corporação, a matriz
BCG também pode ser usada para alocação de recursos entre produtos dentro
de uma única unidade de negócios. Sua simplicidade é a sua força relativa
às posições de todo o negócio da empresa, pode ser exibido em um único
diagrama.

Cada um dos quatro quadrantes representa uma combinação específica de


participação de mercado relativa e crescimento, sendo:

» Baixo crescimento, alta participação: as empresas devem ordenhar


essas vacas leiteiras por dinheiro para reinvestir.

» Alto crescimento, alta participação: as empresas devem investir


significativamente nessas estrelas, já que têm alto potencial futuro.

» Alto crescimento, baixa participação: as empresas devem investir ou


descartar esses pontos de interrogação, dependendo de suas chances
de se tornarem estrelas.

» Baixa participação, baixo crescimento: as empresas devem liquidar,


desinvestir ou reposicionar esses cães.

Como pode ser visto, o valor do produto depende inteiramente de uma empresa
ser capaz de obter uma participação de mercado líder antes que o crescimento
desacelere. Todos os produtos acabarão por se tornar vacas leiteiras ou cães. Por
outro lado, cães são desnecessários, eles são evidência de fracasso em obter uma
posição de liderança, em sair do mercado ou cortar as perdas.

20
INTRODUÇÃO │ UNIDADE I

Limitações da matriz BCG


A matriz de compartilhamento de crescimento já foi amplamente utilizada,
mas, desde a sua popularidade e à medida que modelos mais abrangentes se
desenvolveram, seu uso tem diminuído. Abaixo seguem algumas das limitações
desse modelo:

» A taxa de crescimento do mercado é apenas um fator na atratividade


da indústria; uma participação de mercado relativa é apenas um
fator em uma vantagem competitiva.

» A matriz de participação no crescimento supera muitos outros


fatores nessas duas importantes determinações da lucratividade.

» O framework assume que cada unidade de negócio é independente


das outras. Em alguns casos, uma unidade de negócios que pode ser
um “cão” pode estar ajudando outras unidades de negócios a ganhar
uma vantagem competitiva.

» A matriz depende muito do tamanho do mercado. Uma unidade


de negócios pode dominar seu nicho, mas tem um mercado muito
baixo na indústria como um todo. Nesse caso, o mercado pode fazer
a diferença entre um cão e uma vaca leiteira.

Embora sua importância tenha diminuído, a matriz do BCG ainda pode servir
como uma ferramenta simples para visualizar rapidamente o portfólio de uma
corporação e como ponto de partida para discutir a alocação de recursos entre
unidades de negócios estratégicas.

Para ter sucesso, uma empresa deve ter um portfólio de produtos com diferentes
taxas de crescimento e diferentes participações de mercado. A composição da
carteira é uma função do equilíbrio entre os fluxos de caixa. Produtos de alto
crescimento exigem que os insumos em dinheiro cresçam. Produtos de baixo
crescimento devem gerar excesso de caixa. Ambos os tipos são necessários
simultaneamente. Somente uma empresa diversificada com um portfólio
equilibrado pode usar suas forças para realmente capitalizar suas oportunidades
de crescimento.

Assim um portfólio balanceado tem:

» estrelas cuja alta participação e alto crescimento garantem o futuro;

» vacas leiteiras que fornecem fundos para esse crescimento futuro; e

» pontos de interrogação a converter em estrelas.

21
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO

O ciclo de vida de um produto de sucesso é o seguinte: comece como um ponto de


interrogação, cresça para uma estrela, amadureça como uma vaca leiteira e decline
como um cão. O ciclo de vida de um produto malsucedido, no entanto, começa como
um ponto de interrogação e declina como um cão.

O trabalho, portanto, é garantir que se mantenha um portfólio de produtos


“completo” e diversificado. Em outras palavras, é preciso ter produtos em todos
os estágios do ciclo de vida, com novos produtos nascendo constantemente. Os
produtos no estágio de introdução criam entusiasmo, comunicando que a empresa
tem um futuro brilhante e será capaz de aumentar suas receitas e lucros. Produtos
no estágio de maturidade giram o dinheiro para financiar novos produtos futuros
e o crescimento da empresa. No entanto, como você pode imaginar, trazer novos
produtos (pontos de interrogação) ao mercado e cultivá-los até a maturidade
(primeiro como estrelas e depois como vacas leiteiras) é mais fácil de dizer do
que fazer. Muitos produtos são natimortos e, para outros, o ciclo de vida é curto.
Assim devemos considerar os seguintes fatos, de acordo com o relatório da Neilsen
Global New Products, 2013:

» Dezenove dos vinte produtos farmacêuticos que chegam ao teste clínico


falham.

» Trinta mil novos produtos de consumo são lançados a cada ano.


Noventa e cinco por cento falham!

» Metade dos novos produtos não conseguem atingir o desempenho de


vendas do ano no segundo ano.

» Apenas 3% dos novos produtos ao consumidor atingem o limiar de um


lançamento altamente bem-sucedido.

Desde o início, a execução de uma estratégia de produto de sucesso é difícil.


Mesmo empresas estabelecidas, com volume de capital, experimentam falhas
dolorosas de produtos.

22
CAPÍTULO 2
Estágios do ciclo de vida de produto

Introdução
Em 1931, Otto Kleppner desenvolveu um precursor do que hoje entendemos
como o ciclo de vida básico do produto, no qual ele sugeriu que os produtos
passassem por três etapas:

» pioneirismo;

» competitivo; e

» retentivo.

A referência seguinte foi de um homem chamado Jones, que trabalhou para


Booz, Allen e Hamilton, e, em 1957, teorizou que havia um ciclo de vida que
é característico da maioria dos produtos, sobre o qual apresentou a seguintes
terminologias:

» introdução;

» crescimento;

» maturidade;

» saturação; e

» declínio.

Em 1959, Patton escreveu que havia consenso de que o elemento-chave


do ciclo de vida do produto era que os lucros eram altos durante a fase
de crescimento e declinavam devido à concorrência durante a fase de
maturidade.

Já em 1985, segundo American Motors Corporation (ACM) havia uma


compreensão clara de que:

» O preço dos novos produtos deve ser o mais alto possível.

» Na transição da maturidade para a saturação, a concorrência entre os


diferentes fabricantes reduziria os preços.

» No final da vida de um produto, o mercado, e não o fabricante,


determinaria seu preço.

23
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO

O ciclo de vida do produto tem quatro estágios muito claramente definidos, cada
um com suas próprias características, que significam coisas diferentes para os
negócios que estão tentando gerenciar o ciclo de vida de seus produtos específicos.
Os estágios comumente aceitos para o ciclo de vida do produto, como já vimos até
então são:

» introdução;

» crescimento;

» maturidade; e

» declínio.

Estágio de introdução
O primeiro dos quatro estágios do ciclo de vida do produto é o estágio de
introdução, como ilustra a Figura 5. Qualquer empresa que esteja lançando
um novo produto precisa entender que esse estágio inicial pode exigir
investimentos significativos. Isso não quer dizer que investir muito dinheiro
nesse estágio garanta o sucesso do produto. Qualquer investimento em pesquisa
e desenvolvimento de novos produtos tem que ser ponderado em relação ao
provável retorno do novo produto, e um plano de marketing efetivo precisará
ser desenvolvido, a fim de dar ao novo produto a melhor chance de alcançar
esse retorno.

Essa etapa do ciclo pode ser a mais cara para uma empresa lançando um novo
produto. O tamanho do mercado para o produto é pequeno, o que significa que
as vendas são baixas, embora estejam aumentando. Por outro lado, o custo de
coisas como pesquisa e desenvolvimento, testes ao consumidor e o marketing
necessário para lançar o produto pode ser muito alto, especialmente se for um
setor competitivo.

Figura 5. Estágio de introdução.


Vendas

Crescimento Declínio

Introdução maturidade

Tempo

Fonte: Elaborada pelo autor.

24
INTRODUÇÃO │ UNIDADE I

Desafios do estágio de introdução

» Pequeno ou nenhum mercado: quando um novo produto é lançado,


normalmente não há mercado para ele ou, se existir um mercado, é
provável que seja muito pequeno. Naturalmente, isso significa que as
vendas serão baixas no começo. Haverá ocasiões em que um ótimo
produto novo ou uma fantástica campanha de marketing criará um
burburinho tão grande que as vendas decolarão de imediato, mas esses
são casos especiais, e geralmente leva tempo e esforço antes que a
maioria dos produtos atinja esse tipo de impulso.

» Custos elevados: muito poucos produtos são criados sem alguma


pesquisa e desenvolvimento e, uma vez criados, muitos fabricantes
precisarão investir em marketing e promoção para atingir o tipo de
demanda que fará com que seu novo produto seja um sucesso. Ambas
podem custar muito dinheiro e, no caso de alguns mercados, esses
custos podem chegar a muitos milhões de dólares.

» Perdas, não lucros: com todos os custos de colocar um novo produto


no mercado, a maioria das empresas verá lucros negativos em parte
do estágio inicial do ciclo de vida do produto, embora o montante e a
duração desses lucros negativos difiram de um mercado para outro.
Alguns fabricantes poderiam começar a mostrar lucro rapidamente,
enquanto, para empresas de outros setores, isso poderia levar anos.

Benefícios do estágio de introdução

» Concorrência limitada: se o produto é verdadeiramente original e


um negócio é o primeiro a fabricá-lo e comercializá-lo, a falta de
concorrência direta seria uma vantagem distinta. Ser o primeiro pode
ajudar uma organização a conquistar uma grande fatia de mercado
antes que outras empresas comecem a lançar produtos concorrentes e,
em alguns casos, permitir que o nome de uma empresa seja sinônimo
de toda a gama de produtos.

» Alto preço: os fabricantes que estão lançando um novo produto


são frequentemente capazes de cobrar preços significativamente
acima do que acabará se tornando o preço médio de mercado.
Isso ocorre porque parte dos consumidores estão preparados para
pagar esse preço mais alto para colocar as mãos nos produtos

25
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO

mais recentes, e isso permite à empresa recuperar alguns dos


custos de desenvolvimento e lançamento do produto. Em algumas
situações, no entanto, os fabricantes podem fazer exatamente o
oposto e oferecer preços relativamente baixos, a fim de estimular
a demanda.

Estágio de crescimento
O estágio de crescimento é o segundo dos estágios do ciclo de vida do produto,
como ilustra a Figura 6 e, para muitos fabricantes, esse é o estágio fundamental
para estabelecer a posição de um produto em um mercado, aumentar as vendas e
melhorar as margens de lucro. Isso é conseguido pelo desenvolvimento contínuo
da demanda do consumidor através do uso de marketing e atividade promocional,
combinados com a redução dos custos de fabricação. A rapidez com que um produto
passa do estágio de introdução para o de crescimento e a rapidez com que as vendas
aumentam pode variar bastante de um mercado para outro.

O estágio de crescimento é tipicamente caracterizado por um forte aumento em


vendas e lucros, e, como a empresa pode começar a se beneficiar de economias de
escala na produção, as margens de lucro, assim como o montante total do lucro,
aumentarão. Isso possibilita que as empresas invistam mais dinheiro na atividade
promocional para maximizar o potencial desse estágio.

Figura 6. Estágio de crescimento.


Vendas

Crescimento Declínio

Introdução Maturidade

Tempo

Fonte: Elaborada pelo autor.

Desafios do estágio de crescimento

» Aumento da concorrência: quando uma empresa é a primeira a


introduzir um produto no mercado, ela tem o benefício de pouca
ou nenhuma concorrência. No entanto, quando a demanda por

26
INTRODUÇÃO │ UNIDADE I

seu produto começa a aumentar e a empresa passa para a fase de


crescimento do ciclo de vida do produto, é provável que ela enfrente
uma concorrência crescente à medida que novos fabricantes procuram
se beneficiar de um novo mercado em desenvolvimento.

» Preços mais baixos: durante a fase de introdução, as empresas


podem, muitas vezes, cobrar um preço alto por um novo produto.
No entanto, em resposta ao crescente número de concorrentes que
provavelmente entrarão no mercado durante a fase de crescimento,
os fabricantes poderão ter que baixar seus preços para alcançar o
aumento desejado nas vendas.

» Diferente abordagem de marketing: campanhas de marketing


durante o estágio de introdução tendem a se beneficiar de todo o
alvoroço que cerca o lançamento de um novo produto. Mas, uma
vez que o produto se torne estabelecido e não seja mais “novo”,
uma abordagem de marketing mais sofisticada provavelmente será
necessária para aproveitar ao máximo o potencial de crescimento
dessa fase.

Benefícios do estágio de crescimento


» Custos reduzidos: com o desenvolvimento e marketing de novos
produtos, o estágio de introdução é geralmente a fase mais custosa do
ciclo de vida de um produto. Em contraste, o estágio de crescimento
pode ser a parte mais lucrativa de todo o ciclo para um fabricante.
À medida que a produção aumenta para atender à demanda, os
fabricantes conseguem reduzir seus custos por meio de economias de
escala, e as rotas estabelecidas para o mercado também se tornarão
muito mais eficientes.

» Maior conscientização do consumidor: durante a fase de crescimento,


mais e mais consumidores se tornarão conscientes do novo produto.
Isso significa que o tamanho do mercado começará a aumentar e
haverá uma demanda maior pelo produto. Tudo isso leva ao aumento
relativamente acentuado das vendas, que é característico da fase de
crescimento.

» Aumento dos lucros: com custos mais baixos e um aumento


significativo nas vendas, a maioria dos fabricantes verá um aumento
nos lucros durante a fase de crescimento, tanto em termos do

27
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO

montante total de lucro que eles geram, quanto da margem de lucro


de cada produto que eles vendem.

Estágio de maturidade
Após os estágios de introdução e crescimento, um produto passa para o estágio
de maturidade, como ilustra a Figura 7. O terceiro dos estágios do ciclo de vida
do produto pode ser um momento bastante desafiador para os fabricantes. Nos
dois primeiros estágios, as empresas tentam estabelecer um mercado e, então,
aumentar as vendas de seus produtos para obter a maior fatia possível desse
mercado. No entanto, durante a fase de maturidade, o foco principal da maioria
das empresas será manter sua participação de mercado diante de uma série de
desafios diferentes.

Durante o estágio de maturidade, o produto é estabelecido e o objetivo do


fabricante é agora manter a participação de mercado que construiu. Este é
provavelmente o período mais competitivo para a maioria dos produtos, e as
empresas precisam investir com sabedoria em qualquer marketing que realizem.
Elas também precisam considerar quaisquer modificações ou melhorias no
processo de produção que possam lhes dar uma vantagem competitiva.

Figura 7. Estágio de maturidade.

Vendas
Crescimento Declínio

Introdução Maturidade

Tempo

Fonte: Elaborada pelo autor.

Desafios do estágio de maturidade

» Pico de volumes de vendas: após o aumento constante das


vendas durante o estágio de crescimento, o mercado começa
a ficar saturado, pois há menos novos clientes. A maioria dos
consumidores que vai comprar o produto já o fez.

28
INTRODUÇÃO │ UNIDADE I

» Diminuição do market share: outra característica do estágio


maturidade é o grande volume de fabricantes que estão
competindo por uma fatia do mercado. Com esta fase do ciclo
de vida do produto muitas vezes vendo os mais altos níveis de
concorrência, torna-se cada vez mais difícil para as empresas
manterem sua participação no mercado.

» Diminuição nos lucros: embora essa fase possa ser quando o


mercado como um todo obtém o maior lucro, é, muitas vezes, a
parte do ciclo de vida do produto na qual muitos fabricantes
podem começar a ver seus lucros diminuírem. Os lucros terão
que ser compartilhados entre todos os concorrentes no mercado,
e, com vendas que provavelmente atingirão o pico durante esse
estágio, qualquer fabricante que perca participação de mercado e
experimente uma queda nas vendas provavelmente sofrerá uma
queda subsequente nos lucros. Essa redução nos lucros poderia ser
agravada pela queda dos preços, que muitas vezes é vista quando o
grande número de competidores obriga alguns deles a tentar atrair
mais clientes competindo com o preço.

Benefícios do estágio de maturidade


» Redução contínua dos custos: assim como as economias de escala
no estágio de crescimento ajudaram a reduzir custos, a evolução da
produção pode levar a formas mais eficientes de fabricar grandes
volumes de um determinado produto, ajudando a reduzir ainda mais
os custos.

» Maior participação de mercado por meio de diferenciação:


embora o mercado possa atingir a saturação durante o estágio de
maturidade, os fabricantes poderão aumentar sua participação de
mercado e aumentar os lucros de outras maneiras. Por meio do uso
de campanhas de marketing inovadoras e da oferta de recursos
de produtos mais diversificados, as empresas podem realmente
melhorar sua participação de mercado por meio da diferenciação, e
há muitos exemplos de ciclos de vida de produtos em que as empresas
conseguem isso.

Estágio declínio
O último dos estágios do ciclo de vida do produto é o estágio de declínio, que,
como você poderia esperar, geralmente é o começo do fim de um produto.

29
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO

Quando você olha para a clássica curva de ciclo de vida do produto, como ilustra
a Figura 8, o estágio de declínio é claramente demonstrado pela queda nas
vendas e nos lucros. Apesar dos desafios óbvios desse declínio, ainda pode haver
oportunidades para os fabricantes continuarem lucrando com seu produto.

Eventualmente, o mercado de um produto começará a encolher, e isso é


conhecido como o estágio de declínio. Esse encolhimento pode ser devido ao
mercado ficar saturado, ou seja, todos os clientes que comprarão o produto já o
compraram, ou porque os consumidores estão migrando para um tipo diferente
de produto. Embora esse declínio possa ser inevitável, ainda é possível que as
empresas obtenham algum lucro mudando para métodos de produção menos
caros e mercados mais baratos.

Figura 8. Estágio de declínio.


Vendas

Crescimento Declínio

Introdução maturidade

Tempo

Fonte: Elaborada pelo autor.

T2. Desafios do estágio de declínio


» Mercado em declínio: durante esta fase final do ciclo de vida do
produto, o mercado para um produto começará a declinar. Os
consumidores geralmente deixam de comprar este produto em favor
de algo novo e melhor, e geralmente não há muito que um fabricante
possa fazer para evitar isso.

» Queda de vendas e lucros: como resultado do declínio do


mercado, as vendas começarão a cair, e o lucro total disponível
para os fabricantes no mercado começará a diminuir. Uma forma
de as empresas desacelerarem essa queda em vendas e lucros
é tentar aumentar sua participação no mercado, o que, embora
desafiador o suficiente durante o estágio de maturidade do ciclo,
pode ser ainda mais difícil quando o mercado está em declínio.

30
INTRODUÇÃO │ UNIDADE I

» Retirada de produtos: em última análise, para muitos fabricantes,


pode-se chegar a um ponto em que eles não estão mais lucrando
com o produto. Como pode não haver maneira de reverter esse
declínio, a única opção que muitos negócios terão é retirar seu
produto antes que ele comece a causar perda de dinheiro.

Benefícios do estágio de declínio


» Produção mais barata: mesmo durante o estágio de declínio, pode
haver oportunidades para algumas empresas continuarem vendendo
seus produtos com lucro, se puderem reduzir seus custos. Ao olhar
para opções de fabricação alternativas, usando diferentes técnicas,
ou movendo a produção para outro local, uma empresa pode ser
capaz de prolongar a vida útil de um produto.

» Mercados mais baratos: para alguns fabricantes, outra maneira de


continuar lucrando com um produto durante o estágio de declínio
pode ser procurar mercados novos e mais baratos para as vendas. No
passado, o potencial de lucro desses mercados pode não ter justificado
a necessidade de investimento para inseri-los, mas as empresas muitas
vezes veem as coisas de maneira diferente quando a única alternativa
possível é retirar completamente um produto.

Os estágios adicionais do ciclo de vida do


produto
Em reconhecimento ao desenvolvimento de novos produtos e à necessidade de
retirar produtos do mercado uma vez que tenham atingido o fim de sua vida útil,
alguns acreditam que o gerenciamento eficaz do ciclo de vida do produto só é
possível quando as organizações consideram esses dois estágios adicionais do
ciclo.

Figura 9. Estágios adicionais do ciclo de vida.


Vendas
Desenvolvimento Crescimento Declínio

Introdução maturidade Retirada

Tempo

Fonte: Elaborada pelo autor.

31
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO

Esses dois estágios adicionais são descritos como:

» Desenvolvimento: antes de um produto poder ter vida, ele


precisa ser desenvolvido. Muitos fabricantes investem pesado no
desenvolvimento de novos produtos, o que pode ser um processo que
consome muito tempo e dinheiro, dependendo do tipo de produto e do
mercado. O desenvolvimento envolve a criação de um produto para
vender, mas as empresas também precisam entender o mercado no
qual o produto acabará sendo vendido. Somente criando um produto
que esteja alinhado com o que o mercado desejará é que um fabricante
será bem-sucedido; talvez por isso, alguns argumentariam que esta é
uma das etapas mais importantes do ciclo de vida do produto.

» Retirada: durante as fases de introdução e crescimento do ciclo de


vida do produto, a maioria dos fabricantes está focada em aumentar
seus lucros desenvolvendo o mercado e melhorando suas vendas.
Enquanto algumas empresas também serão capazes de reduzir seus
custos através de economias de escala, é durante a fase de retirada
que a gestão de custos se torna ainda mais importante. Uma vez que
a decisão é tomada e um produto é retirado, todas as vendas param.
Portanto, é importante que os fabricantes estejam preparados para
essa eventualidade e tomem as decisões certas no momento certo.
Ter um plano em prática para minimizar seus custos à medida
que eles se retiram de um mercado, ou até mesmo desenvolver um
novo produto que possa tirar proveito da infraestrutura e das rotas
estabelecidas para o mercado, é essencial.

Embora tradicionalmente existam quatro estágios no ciclo, faz muito mais sentido
incluir as etapas “antes e depois”, desenvolvimento e retirada, pois elas podem
apresentar aos fabricantes tantos desafios quanto qualquer uma das outras fases.
Mesmo com a ilustração expandida em seis etapas do ciclo de vida de um produto,
a coisa mais importante a entender é que ele ainda é apenas um modelo.

Os ciclos de vida diferem de produto para produto e de mercado para mercado,


e um aumento nas vendas nem sempre é uma indicação de que o mercado está
crescendo, assim como uma queda nas vendas não significa necessariamente que
um mercado está em declínio. Embora seja importante perceber que os produtos
têm uma vida útil limitada e reconhecer os diferentes estágios do ciclo de vida do
produto, os fabricantes bem-sucedidos são aqueles que não permitem que esse
modelo seja a única fonte de informações que determina sua estratégia de negócios.

32
CAPÍTULO 3
Gerenciamento do ciclo de vida

Introdução

Quase todos os produtos fabricados têm uma vida limitada e, durante essa
vida, passarão por quatro estágios do ciclo de vida do produto: introdução,
crescimento, maturidade e declínio. Em cada um desses estágios, os fabricantes
enfrentam um conjunto diferente de desafios. O gerenciamento do ciclo de
vida do produto é a aplicação de diferentes estratégias para ajudar a enfrentar
esses desafios e garantir que, em qualquer etapa do ciclo pela qual um produto
possa estar passando, o fabricante possa maximizar as vendas e os lucros de seu
produto.

Gerenciamento de ciclo de vida de produto

Para gerenciar efetivamente o ciclo de vida do produto, as organizações precisam


ter um foco muito forte em várias áreas tais como:

» Desenvolvimento: antes que um produto possa começar seu


ciclo de vida, ele precisa ser desenvolvido. A pesquisa e o
desenvolvimento de novos produtos são uma das primeiras e
possivelmente mais importantes fases do processo de fabricação,
em que as empresas precisarão gastar tempo e dinheiro, a fim de
garantir que o produto seja um sucesso.

» Financiamento: os fabricantes geralmente precisam de fundos


significativos para lançar um novo produto e sustentá-lo durante
a fase de introdução, mas o investimento adicional nas etapas de
crescimento e maturidade pode ser financiado pelos lucros das
vendas. No estágio de declínio, investimentos adicionais podem
ser necessários para adaptar o processo de manufatura ou mudar
para novos mercados. Ao longo do ciclo de vida de um produto,
as empresas precisam considerar a maneira mais adequada de
financiar seus custos, a fim de maximizar o potencial de lucro.

33
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO

Figura 10. Financiamento.

Fonte: https://www.sunoresearch.com.br/wp-content/uploads/2018/02/financiamento-empresarial.jpg.

» Marketing: durante a vida de um produto, as empresas precisarão


adaptar suas atividades de marketing e promocionais, dependendo
de qual estágio do ciclo o produto está passando. À medida que o
mercado se desenvolve e amadurece, a atitude do consumidor
em relação ao produto mudará. Assim, a atividade de marketing
e promoção que lança um novo produto no estágio de introdução
precisará ser muito diferente das campanhas que serão projetadas
para proteger a participação de mercado durante o estágio de
maturidade.

Figura 11. Marketing.

Fonte: https://s3.amazonaws.com/igd-wp-uploads-pluginaws/wp-content/uploads/2016/08/22112248/marketing-direto.jpg.

» Fabricação: o custo de fabricação de um produto pode mudar durante


seu ciclo de vida. Para começar, novos processos e equipamentos
significam custos altos, especialmente com um baixo volume de
vendas. À medida que o mercado se desenvolve e a produção aumenta,
os custos começarão a cair; e, quando são encontrados métodos de
produção mais eficientes e mais baratos, esses custos podem cair
ainda mais. Além de se concentrar no marketing para gerar mais
vendas e lucro, as empresas também precisam buscar maneiras de
reduzir os custos durante todo o processo de fabricação.

34
INTRODUÇÃO │ UNIDADE I

Figura 12. Fabricação.

Fonte: https://3.bp.blogspot.com/-BgbZJt1AKd8/WDrpJS1RT0I/AAAAAAAAAaE/TlKH7xlsSoYn7pcw6z1X0ZN-v0hjP-5EwCLcB/w1200-
h630-p-k-no-nu/Manufacturing.jpg.

» Informação: sejam dados sobre o mercado potencial que tornará


um novo produto viável, feedback sobre diferentes campanhas de
marketing para ver quais são mais eficazes ou monitoramento do
crescimento e eventual declínio do mercado para decidir sobre a
resposta mais apropriada, informações são cruciais para o sucesso
de qualquer produto. Os fabricantes que gerenciam seus produtos
com eficiência ao longo da Curva do Ciclo de Cida do Produto são
geralmente aqueles que desenvolveram os sistemas de informação
mais eficazes.

A maioria dos fabricantes aceita que seus produtos terão uma vida limitada.
Embora não haja muito que possam fazer para mudar isso, concentrando-se nas
principais áreas de negócio mencionadas, o gerenciamento do ciclo de vida do
produto permite que o produto seja o mais bem-sucedido possível durante os
estágios do ciclo de vida, não importa quanto tempo seja.

Figura 13. Informação.

Fonte: https://zeumoblog.files.wordpress.com/2013/05/information-overload.jpg.

35
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO

O desenvolvimento de um novo produto


Antes de um produto embarcar em sua jornada através dos quatro estágios
do ciclo de vida do produto, ele deve ser desenvolvido. O desenvolvimento
de novos produtos é normalmente uma grande parte de qualquer processo de
fabricação. A maioria das organizações percebe que todos os produtos têm
uma vida útil limitada e, portanto, novos produtos precisam ser desenvolvidos
para substituí-los e manter a empresa em atividade. Assim como o ciclo de
vida do produto tem vários estágios, o desenvolvimento de novos produtos
também é dividido em várias fases específicas, como ilustra a Figura 14 abaixo.

Figura 14. Criação de um produto.

Estratégia de Análise
marketing comercial
Desenvolvimento
Desenvolvimento do produto
e teste do
conceito

Seleção de Teste de
ideias mercado

Geração de Comercialização
ideias
Fonte: http://3.bp.blogspot.com/-yyCIT-bZU8o/U48W6NqRUUI/AAAAAAAAAYY/gvtu2h8V8Hw/s1600/desenvolvimento+de+novos+
produtos.png.

Desenvolver um novo produto envolve vários estágios que geralmente se


concentram nas seguintes áreas principais, que serão desenvolvidas nos tópicos a
seguir: ideia, pesquisa, desenvolvimento, teste, análise e introdução.

A ideia

Todo produto tem que começar com uma ideia. Em alguns casos, isso pode
ser bastante simples, baseando o novo produto em algo similar que já existe.
Em outros casos, pode ser algo revolucionário e único, o que pode significar
que a parte de geração de ideias do processo está muito mais envolvida. Na
verdade, muitos dos principais fabricantes têm departamentos inteiros que se
concentram apenas na tarefa de criar a “próxima grande novidade”.

36
INTRODUÇÃO │ UNIDADE I

Figura 15. Ideia.

Fonte: http://static.oprah.com/2017/01/201702-omag-letting-negativity-go-949x534.jpg.

Pesquisa

Uma organização pode ter muitas ideias para um novo produto, mas, uma vez
selecionado o melhor, o próximo passo é começar a pesquisar o mercado. Isso
permite que eles vejam se há uma demanda por esse tipo de produto e também
quais recursos específicos precisam ser desenvolvidos para melhor atender às
necessidades desse mercado em potencial.

Figura 16. Pesquisa.

Fonte: https://agenciaipub.com.br/wp-content/uploads/2018/02/pesquisa-pos-evento-600x300.jpg

Há diversos tipos de pesquisas que, dados aos seus métodos, finalidades e


objetivos, se enquadram no que o pesquisador desejar. O conceito de pesquisa
remete a algumas características, tais como:

» a natureza;

» a abordagem;

37
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO

» os objetivos; e

» os procedimentos.

Quanto à natureza, a pesquisa pode ser:

» básica, quando gera novos conhecimentos para o avanço da ciência


sem necessariamente ter uma aplicação pratica ou imediata; ou

» aplicada, quando gera conhecimentos para aplicação prática


direcionada à solução de problemas específicos.

Quanto à abordagem, a pesquisa pode ser:

» quantitativa, quando traduz em números as opiniões e informações,


utilizando de ferramentas e técnicas para analisar os dados; ou

» qualitativa, quando considera as interpretações de natureza subjetiva


do objeto de pesquisa. Ao contrário da pesquisa quantitativa, na
pesquisa qualitativa as respostas são menos objetivas, e o propósito
é conseguir compreender o comportamento de um grupo alvo.

Quanto a procedimentos, a pesquisa pode ser, entre outras:

» experimental, quando o pesquisador compara diversas variáveis, a fim


de traçar um perfil, aprovar teorias ou refutá-las;

» bibliográfica, quando visa desenvolver o assunto sob pesquisa


embasando se em informações de textos, livros, artigos e outros
matérias científicos, com o intuito de confrontar diversos pontos de
vista e assim formular uma conclusão;

» documental, quando não se limita apenas a informações cientificas,


utilizando, diferentemente da pesquisa bibliográfica, jornais, revistas
catálogos, fotografias, entre outros materiais;

» de campo, quando o pesquisador não tem controle sobre as variáveis


e a coleta de informações se dá no ambiente do objeto sob estudo; ou

» um estudo de caso, quando a pesquisa se aprofunda em um ponto


específico de determinado tema.

38
INTRODUÇÃO │ UNIDADE I

Desenvolvimento

A próxima etapa é o desenvolvimento do produto. Protótipos podem ser


modificados através de vários estágios de design e fabricação, a fim de chegar a
um produto acabado que os consumidores desejem comprar.

A inovação é algo que pode ocorrer em produtos, processos ou modelos de negócio,


podendo ser classificada em dois tipos:

» incremental; e

» disruptiva.

A inovação incremental ocorre quando há agregação de valor para as necessidades


tidas como urgentes para os consumidores. Dessa forma, melhora processos,
tecnologias ou experiências. São exemplos de inovação incremental os vários tipos
de escovas de dentes, lâmpadas, pilhas Duracell, entre outros.

A inovação disruptiva é aquela que revoluciona, ou seja, é aquela capaz de alterar


o modelo de negócio e transformar todo um mercado. Tal revolução se deve à
introdução de novos concorrentes em determinado segmento que impacta na
sociedade. São exemplos de inovação disruptiva o carro, a imprensa, a internet, o
smartphone, entre outros.

A inovação e desenvolvimento de produtos muitas vezes demanda grandes


investimentos.

Para proteger esse investimento, pode-se utilizar o processo de patente. A


patente é um título de propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo
de utilidade, outorgado pelo Estado aos inventores ou outras pessoas físicas ou
jurídicas detentoras de direitos sobre a criação, que lhes garante a exclusividade
de uso econômico dela.

A lei de propriedade industrial (Lei 9.279/1996) prevê proteção por patente


desde que sejam atendidos os requisitos de:

» novidade, quando uma inovação é totalmente nova no sentido da


compreensão técnica;

» atividade inventiva, em relação ao trabalho intelectual, sendo


necessário demonstrar que a invenção não foi obtida juntando-se
simplesmente informações de diversas fontes técnicas; e

39
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO

» aplicação industrial, é necessário que a presente inovação apresente


aplicação industrial.

Para maiores informações sobre a lei de propriedade industrial, visite a


página sobre a lei, disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l9279.htm.

E, também referente a patentes, visite a página da Inovativa Brasil, disponível


em: https://www.inovativabrasil.com.br/inovacao-patentes-startup/.

Teste

Antes de a maioria dos produtos ser lançada e o fabricante gastar muito dinheiro
em produção e promoção, grande parte das empresas testará seu novo produto com
um pequeno grupo de consumidores reais. Isso ajuda a garantir que eles tenham
um produto viável, que seja lucrativo e que não haja alterações que precisem ser
feitas antes de serem lançados.

Figura 17. Testes.


USER

PASSED
Software
Application Acceptance Software
test Application

PRODUCT READY FOR


FAILED CUSTOMER’S USE

Software PRODUCT NOT


Application READY FOR
CUSTOMER’S USE

Fonte: http://www.professionalqa.com/assets/images/acceptance-testing-2.png.

Análise

Observar o feedback do teste do consumidor permite que o fabricante faça


as alterações necessárias no produto e também decida como ele será lançado
no mercado. Com informações de consumidores reais, ele poderá tomar uma
série de decisões estratégicas que serão cruciais para o sucesso do produto,
incluindo o preço a ser vendido e como o produto será comercializado.

40
INTRODUÇÃO │ UNIDADE I

Introdução

Finalmente, quando se chega ao estágio de desenvolvimento do novo produto,


a única coisa que resta a fazer é introduzi-lo no mercado. Feito isso, o bom
gerenciamento do ciclo de vida do produto garantirá que o fabricante aproveite ao
máximo todo o seu esforço e investimento.

Milhares de novos produtos são colocados à venda todos os anos, e os


fabricantes investem muito tempo, esforço e dinheiro na tentativa de
garantir que os novos produtos lançados sejam um sucesso. Criar um produto
rentável não significa apenas definir corretamente cada um dos estágios do
desenvolvimento de novos produtos, mas também gerenciar o produto depois
que ele é lançado e, em seguida, ao longo de sua vida útil.

Esse processo de gerenciamento do ciclo de vida do produto envolve uma série de


estratégias diferentes de marketing e produção, todas voltadas para garantir que
a Curva do Ciclo de Vida do Produto seja a mais longa e lucrativa possível.

Exemplos de ciclo de vida de produto

A curva tradicional do ciclo de vida do produto é dividida em quatro etapas


principais. Os produtos primeiro passam pela fase de introdução, antes de
passar para o estágio de crescimento. Em seguida, vem a maturidade, até
que, eventualmente, o produto vai entrar no estágio de declínio. O setor de
eletroeletrônicos mostra o surgimento e o crescimento de novas tecnologias, e
o que pode ser o começo do fim para aqueles que já existem há algum tempo.

A seguir, são apresentados alguns produtos em diferentes estados do ciclo de vida.

Projeção holográfica

Apenas recentemente introduzida no mercado, a tecnologia de projeção


holográfica permite aos consumidores transformar qualquer superfície plana em
uma interface. Com um enorme investimento em pesquisa e desenvolvimento,
e preços altos que só atraem os primeiros adeptos, esse é um bom exemplo da
primeira etapa do ciclo.

41
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO

Figura 18. Holograma.

Fonte: https://tudespertar.files.wordpress.com/2015/05/cutmypic.png.

Tablet

Há um número crescente de tablets para os consumidores escolherem, pois


esse produto passa pelo estágio de crescimento do ciclo, e mais concorrentes
começam a entrar em um mercado que realmente se desenvolveu após o
lançamento do iPad da Apple.

Figura 19. Tablet.

Fonte: https://sgfm.elcorteingles.es/SGFM/dctm/MEDIA03/201706/16/00115217112380____1__640x640.jpg.

Laptops

Os laptops já existem há alguns anos, mas os componentes mais avançados,


bem como os diversos recursos que atraem diferentes segmentos do mercado,
ajudarão a sustentar esse produto à medida que ele passa pelo estágio de
maturidade.

42
INTRODUÇÃO │ UNIDADE I

Figura 20. Laptops.

Fonte: https://image.freepik.com/vetores-gratis/vector-laptop-mac-book-ilustrador-i-10-corel-flash-e-eps_52484.jpg.

Máquinas de escrever

Máquinas de escrever e até mesmo processadores de texto eletrônicos têm


funcionalidade muito limitada. Com os consumidores exigindo muito mais
do equipamento eletrônico que compram, as máquinas de escrever são um
produto que entrou no estágio final do ciclo de vida do produto.

Figura 21. Máquina de escrever.

Fonte: https://images.tcdn.com.br/img/img_prod/103999/3539_1_20180124170735.jpg.

Embora normalmente os fabricantes e seus profissionais de marketing se


preocupem com o gerenciamento do ciclo de vida do produto e as implicações
que os diferentes estágios podem ter em seus negócios, considerar os produtos
reais é uma boa maneira de mostrar aos consumidores o papel que desempenham
nesse ciclo de vida.

43
CICLO DE VIDA – UNIDADE II
NORMAS

CAPÍTULO 1
Normas

Introdução
A ACV é uma metodologia de gestão ambiental que visa avaliar, dentro do ciclo de
vida de um produto, quais os impactos ambientais que podem ser causados. Para isso
leva em consideração todas as fases, começando pela extração da matéria-prima da
natureza até a sua retirada do produto do mercado.

A Avaliação do Ciclo de Vida, segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas


(ABNT), é responsável por computar e analisar as entradas, saídas e também os
potenciais impactos ambientais de um sistema ou produto durante o seu ciclo de vida.
A avaliação permite verificar e quantificar a cargas ambientais, bem como ponderar
os impactos positivos e negativos ao meio ambiente que podem ser gerados por um
sistema, processo ou produto.

Em setembro de 2015, foi publicada uma nova versão da ISO 14001, em que os principais
destaques foram:

» a gestão de riscos;

» a busca de maior compatibilidade com as demais normas ISO; e

» o alinhamento da gestão ambiental à estratégia da empresa.

Com isso, verifica-se que a norma ISO 14001, em sua nova versão, proporciona uma
maior preocupação das empresas no gerenciamento dos aspectos ambientais durante
o ciclo de vida de seus produtos e serviços. A norma procura analisar criteriosamente
as reais reduções de emissões e resíduos obtidas, com a implantação de um sistema de
gestão ambiental.

44
CICLO DE VIDA – NORMAS │ UNIDADE II

Fica claro, portanto, que o papel da norma é melhorar o desempenho ambiental e não
apenas melhorar o sistema de gestão ambiental. Além da mudança relacionada ao
desempenho ambiental, a norma trouxe outras alterações importantes. Tais alterações
permitem acompanhar o ritmo dinâmico das empresas, além de mantê-las competitivas
frente às exigências do mercado.

A alterações envolvem:

» alteração na estrutura de alto nível;

» direcionamento estratégico;

» liderança; e

» documentação.

ISO 14000
Já há um bom tempo e gradativamente, as questões ambientais têm ganhado
relevância no mundo. Organizações e sociedade, ambos têm aderido a pensamentos
e valores pautados na preservação ambiental. As empresas têm se preocupado
cada vez mais com as questões ambientais. As multas são altíssimas e os impactos
ambientais decorrentes de suas atividades podem também manchar a imagem da
organização, levando, por exemplo, ao boicote dos produtos, o que aumenta ainda
mais os prejuízos. Assim, empresas inteligentes se preocupam em manter a gestão
ambiental em conformidade com as normas. Portanto, ser ecologicamente correto
não é mais apenas uma estratégia de marketing das organizações que desejam se
manter à frente no mercado, mas sim uma necessidade.

Figura 22. ISO 14000.

Fonte: https://2.bp.blogspot.com/-eZP7bng-4FA/VriXMMHH56I/AAAAAAAADeg/XgQuJu5j2BU/s1600/Certificado%2Bda%2Bnorma
%2BISO%2B14000.jpg.

45
UNIDADE II │ CICLO DE VIDA – NORMAS

A Organização Internacional de Padronização, ISO, apresenta uma série de


normas que visam adequar e dar qualidade aos mais variados níveis de atuação
de uma empresa. O objetivo é que empresas de pequeno e médio porte consigam
desenvolver uma estrutura que possa minimizar ao máximo os impactos sobre o
meio ambiente.

A série de normas ISO 14000, requisitos presentes no Sistema de Gestão


Ambiental (SGA), aborda os seguintes pontos:

» sistemas de gestão ambiental;

» auditorias ambientais;

» rotulagem ambiental;

» comunicação ambiental;

» análise do ciclo de vida;

» desempenho ambiental;

» aspectos ambientais; e

» terminologia.

A seguir, são apresentadas as normas mais relevantes da série de normas ISO


14000:

» ISO 14001: contempla os principais requisitos para as empresas


identificarem, controlarem e monitorarem as questões ambientais. É
uma das únicas normas da família 14000 que traz o selo ambiental.

» ISO 14004: faz referência a ISO 14001, trazendo requisitos adicionais


para implantação do SGA. A norma é focada na utilização interna da
organização, portanto funciona como uma espécie de suporte da gestão
ambiental.

» ISO 14010: são normas que tratam das Auditorias Ambientais.


Elas atuam como um veículo de credibilidade e seguridade a todo
o processo de implementação e certificação ambiental. Também
proporcionam ações como a verificação dos compromissos
estabelecidos pela empresa em seu sistema de gestão.

46
CICLO DE VIDA – NORMAS │ UNIDADE II

» ISO 14031: atua como guia para análise de desempenho ambiental.


A norma também aborda a seleção de indicadores de desempenho
adequados, de modo que o desempenho pode ser avaliado em relação
aos critérios definidos pela gerência. Essa informação pode ser
utilizada como base para os sistemas internos e externos e relatórios
sobre desempenho ambiental.

» ISO 14020: conjunto de normas que tratam de selos ambientais.

» ISO 14040: conjunto de normas utilizadas para orientar os diagnósticos


de ciclo de vida de produtos e serviços.

» ISO 14064: contabilização e verificação de emissões de gases de efeito


estufa para suportar projetos de redução de emissões.

Além dessas, principais, há também outras normas da família focadas


em outros tópicos relevantes da gestão ambiental, como a ISO 14065.

Como explicado anteriormente, dentre as normas do sistema de gestão ambiental,


a ISO 14001 é a mais ampla e a mais utilizada pelas empresas do mundo todo. No
Brasil, a norma ganhou a versão brasileira, NBR ISO 14001.

A ISO 14001 estimula o comprometimento das organizações frente a prevenção


da poluição e com melhorias contínuas, como parte do ciclo normal de gestão
empresarial. A norma é baseada no ciclo PDCA (“plan-do-check-act”) que significa
“planejar-fazer-checar-agir” e utiliza terminologias e linguagens já conhecidas de
gestão.

Vale lembrar que toda empresa objetiva lucro. Nesse contexto, a norma Isso 14001
apresenta uma série de benefícios à empresa. A redução dos impactos ambientais
e ações de preservação devem estar alinhadas com uma política sustentável de
modo a não comprometer o desenvolvimento econômico da empresa.

A seguir, são apresentados os principais aspectos positivos proporcionados a


empresas certificadas pela norma ISO 14000.

Para maiores informações sobre o PDCA, veja o artigo “Ciclo PDCA do


conceito à aplicação”, disponível em: https://www.portal-administracao.
com/2014/08/ciclo-pdca-conceito-e-aplicacao.html.

47
UNIDADE II │ CICLO DE VIDA – NORMAS

Benefícios da certificação ISO 14000


Utilizar a certificação ISO 14000 traz inúmeros benefícios, pois trata-se de uma
norma reconhecida no mundo inteiro e, assim, perante o mercado, a sociedade e
as organizações as vantagens são:

» Aperfeiçoamento do sistema de gestão ambiental: a norma aprimora


os itens da gestão ambiental existentes dentro da empresa.
Proporciona o aperfeiçoamento da política ambiental interna e
promove as adaptações necessárias para o crescimento saudável da
empresa sem maiores impactos ao meio ambiente.

» Crescimento eficaz: a ISO 14001 possui como requisitos principais


do sistema de gestão a redução de gastos durante os processos
de produção da empresa e a redução de desperdícios. Portanto, a
empresa funciona de maneira eficaz e com economia financeira.

» Aumento da rentabilidade: com a gestão eficaz, a redução dos gastos


– com energia, por exemplo – e a diminuição de resíduos gerados,
melhora-se a rentabilidade da empresa como um todo.

» Melhora na imagem da empresa: aderir à norma e utilizar o selo


sustentável implica em uma visibilidade maior e uma boa imagem no
mercado para muitas organizações. O selo nos diz que a empresa atua
de modo ecologicamente correto. Transparência e responsabilidade
ambiental são conceitos associados à imagem das empresas que passam
a ideia de organização limpa, sem danos ao meio ambiente.

» Cumprimento da legislação ambiental: em certas situações, como


desastres ambientais decorrentes de erros das indústrias ou empresas
de produção, as multas podem alcançar valores exorbitantes. Além
de manchar a imagem das organizações, tais catástrofes podem
chegar a fechá-las. A certificação na ISO 14001 traz conhecimentos de
legislações em vigor no que diz respeito à área de atuação, bem como
as orientações que devem ser adotadas para evitar situações como
essas. Assim podemos concluir que o selo ambiental indica que uma
empresa atua de forma ecologicamente correta, com ações e medidas
que minimizam ou anulam os prejuízos e agressão ao meio ambiente.

» Incentivo ao cumprimento de ações de gestão ambiental: a norma de


gestão ambiental incentiva as organizações a superar a morosidade

48
CICLO DE VIDA – NORMAS │ UNIDADE II

das ações ambientais, ou seja, estimula a empresa a retirar os objetivos


do papel e implantá-los, tornando as metas reais e alcançáveis.

» Competitividade internacional: no mercado internacional, muitas


empresas impõem certas restrições para fechamento de contratos,
dentre elas a certificação a norma ISO 14001. Dada a visibilidade
da norma, um número maior de possibilidades comerciais pode ser
alcançado. Empresas que prezam por valores ambientais certamente
preferem manter relações com outras empresas que possuem as
mesmas diretrizes ambientais. Portanto, a norma beneficia e traz
valores às organizações.

» Diferencial diante seus clientes: a satisfação do cliente em adquirir


um produto ou serviço que possui qualidade e atende a legislação
ambiental só traz benéficos para a marca. Para o cliente, é importante
a consciência social de que o produto ou serviço adquirido seja
ecologicamente correto.

PNRS
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), sob a Lei 12.305 publicada em
02 de agosto de 2010, tem por objetivo definir uma política de gestão de resíduos
sólidos utilizando diversas ferramentas, como, por exemplo, a logística reversa,
reciclagem, reutilização e destinação adequada etc. A PNRS também visa colaborar
e influenciar na implementação da Avaliação do Ciclo de Vida.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) define a logística reversa como


sendo

o conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos


fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos
consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza
urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume
de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir
os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental
decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos da Lei
(BRASIL, 2010).

Conforme visto anteriormente em outros capítulos, a Avaliação do Ciclo de Vida


visa mostrar os impactos ambientais provocados ao longo da cadeia produtiva.

49
UNIDADE II │ CICLO DE VIDA – NORMAS

Assim, é necessário alcançar um desenvolvimento sustentável. Como proposta da


PNRS, a logística reversa é fundamental para a ACV, uma vez que ajuda a empresa
a definir e gerir o destino dos resíduos por elas produzidos.

Figura 23. PNRS.

Convertedores
Processamento
Matéria-prima
Produção
Outros Materiais produto

PNRS
Materias
Primas
Distribuição
FLUXO DE
NEGÓCIOS

Varejo
Plano Nacional de
Reciclagem Resíduos Sólidos
Lixão Reuso

Consumidores

Fonte: Pensamento verde, disponível em: https://pensamentoverde.com.br/wp-content/uploads/2013/04/PNRS.jpg.

Política dos 3 R
Diariamente são produzidas toneladas de resíduos, cuja grande maioria vai parar
no lixo.

Materiais como plástico e metais estão no topo da lista de resíduos mais


produzidos. A produção de resíduos é inevitável, entretanto, pode haver uma
diminuição, com a adoção de certas políticas de que atuam como boas práticas,
como é o caso da política dos 3 Rs.

O conjunto de ações chamado de política dos 3 Rs foi sugerida durante dois


eventos, a Conferência da Terra, realizada no Rio de Janeiro, em 1992, e o 5o
Programa Europeu para o Ambiente e Desenvolvimento, realizado em 1993.

Os 3 Rs consistem nos atos de reduzir, reutilizar e reciclar o lixo produzido, como


ilustra a Figura 24 abaixo.

50
CICLO DE VIDA – NORMAS │ UNIDADE II

Figura 24. Os 3 Rs.

3 Rs

1o Reduzir
2o Reutilizar

3o Reciclar
Fonte: https://www.colegioweb.com.br/wp-content/uploads/2015/01/2.png.

Reduzir

O primeiro R é o mais importante: trata-se de procurar reduzir ao máximo o lixo


gerado. Esse objetivo pode ser atingido por meio da aquisição de produtos de
maior durabilidade e resistência, evitando ao máximo os produtos descartáveis.
Evitar o desperdício de alimentos, utilizar guardanapos de pano em vez de
papel e evitar o uso de saco plásticos são algumas medidas que colaboram
para a redução da geração de lixo. Fazer o necessário para reduzir a produção
de novos produtos é a etapa principal, com aplicação válida para qualquer
grupo de resíduo. Promover a minimização de gastos com seu gerenciamento e
tratamento contribui com os recursos naturais.

Ações para a redução na geração que podem ser praticadas são:

» utilizar canecas laváveis em lugar de copos descartáveis;

» racionalizar o consumo de papel;

» evitar empacotamentos desnecessários;

» utilizar sacola próprias;

» recusar folhetos de propaganda que não forem de seu interesse;

» comprar sempre produtos duráveis e resistentes;

» preferor pilhas recarregáveis ou alcalinas, que poluem menos; e

» comprar produtos que tenham embalagens retornáveis ou refil.

51
UNIDADE II │ CICLO DE VIDA – NORMAS

Reutilizar

Existem certos produtos que são passiveis de serem utilizados diversas vezes,
como é o caso das embalagens retornáveis. Nesse caso, é preferível a sua utilização
em vez de embalagens descartáveis. Produtos que seriam descartados podem ter
novas funções: criativamente, pode-se utilizar uma lata como porta lápis, assim
como jornais, revistas, livros e outros materiais podem serem doados para escolas.
Portanto, o foco principal é utilizar o máximo possível um produto e só em último
caso descartá-lo.

Algumas ações de reutilização que podem ser praticadas são:

» utilizar o outro lado de folhas já impressas como rascunho;

» reutilizar embalagens, potes de vidro e envelopes de plástico ou de papel;

» reutilizar envelopes, encobrindo o endereço do remetente e do


destinatário anterior com fita adesiva;

» fazer artesanato, por exemplo, utilizando garrafas descartáveis;

» doar roupas, móveis, aparelhos domésticos, brinquedos etc.;

» vender no ferro-velho os aparelhos quebrados, ou desmontá-los,


reaproveitando-se as peças;

» guardar caixas de papelão para uso posterior; e

» restaurar móveis antigos em vez de comprar um novo.

Reciclar
Quando não é mais possível reutilizar um objeto, a reciclagem é a destinação mais
adequada. A reciclagem trata de transformar os resíduos em matérias-primas
para novos produtos e, até mesmo, em novos produtos. Para tal, é necessária uma
coleta seletiva, a fim de separar resíduos que são passíveis de reciclagem de outros
materiais. São recicláveis materiais como alumínio, papel, plástico e vidro. Com
isso, reduz-se a necessidade de novas matérias-primas.

A reciclagem pode trazer ganhos no campo econômico, tais como:

» economia da matérias-primas como a celulose (reciclagem de papel);

» economia de minérios, visto que o vidro é 100% reciclável e


economiza 1,3 kg de matérias-primas;

52
CICLO DE VIDA – NORMAS │ UNIDADE II

» economia de energia, uma vez que a reciclagem de alumínio


economiza até 95% da energia que seria usada para produzir
alumínio a partir de matérias-primas extraídas;

» produção de adubo utilizando a compostagem, pois o lixo orgânico


resulta em um adubo de excelente qualidade para a agricultura.

Já entre os ganhos ambientais, podemos citar:

» diminuição do corte de árvores, e também redução de áreas de plantio,


devido a reciclagem de papel;

» economia de água e combustíveis utilizados nos processos de extração


de matérias-primas;

» redução das emissões de gases poluentes pelas fábricas;

» enorme diminuição de prejuízos ao meio ambiente, pela reciclagem


do plástico, pois trata-se de um material que leva séculos para se
decompor;

» redução na extração de minérios como a bauxita, utilizada na


produção de alumínio, e areia, barrilha, calcário, feldspato etc., que
são matérias-primas para a produção de vidro;

» aumento da vida útil dos aterros sanitários, devido à reciclagem de vidro.

Também podemos citar alguns benefícios sociais:

» A reciclagem proporciona uma diminuição do volume de lixo.

» Insere novamente o material no ciclo de produção, evitando uma


possível contaminação da água, solo ou ar.

» Gera empregos, devido à necessidade de empresas de reciclagem, de


intermediadores e também catadores.

Apesar de não ser uma norma propriamente dita, os 3 Rs são boas práticas que
contribuem para a diminuição dos desperdícios e impactos ambientais.

53
CAPÍTULO 2
Ciclo de vida e a ISO 14000

Introdução
A série de normas ISO 14000, definida pela Organização Internacional de
Padronização, foi criada com o objetivo principal de diminuir os impactos
ambientais oriundos das atividades das empresas. A metodologia de ciclo de vida de
produtos foi normatizada na ISO 14000, em virtude de sua importância e também
do seu papel fundamental nas questões ambientais. Implantar as normas da ISO
14000 pode garantir à empresa uma certificação especial e, por consequência,
uma melhor imagem e maior espaço de mercado.

Especificamente a norma ISO 14040 propõe uma metodologia de Avaliação do


Ciclo de Vida com 4 fases:

» definição do objetivo e escopo;

» análise de inventário;

» avaliação de impactos; e

» interpretação de resultados.

Figura 25. Fases da ACV.

Estrutura da ACV

Definição de
objetivo e Aplicações Diretas:
escopo • Desenvolvimento e
melhoria de produtos
• Planejamento estratégico
Análise do • Políticas públicas
Interpretação
inventário • Marketing
• Outras aplicações

Avaliação de
impacto

Fonte: https://www.revistaespacios.com/a14v35n02/14350201_clip_image002.gif.

54
CICLO DE VIDA – NORMAS │ UNIDADE II

Com o estudo de análise do ciclo de vida, é possível, entre outros:

» localizar os pontos de geração de resíduos;

» ter um melhor controle dos processos;

» avaliar as perdas de produção; e

» reduzir os efluentes, resíduos e emissões.

De maneira simplificada, na primeira fase, temos a definição do propósito e a


dimensão do estudo. Na segunda fase, é executada a coleta de dados e também
são realizados procedimentos para quantificar a base de dados do impacto do ciclo
de vida. Já na terceira fase, e de posse dos resultados da fase dois, avalia-se o
impacto do ciclo de vida. Por último, temos a fase de interpretação, ponto do
estudo no qual são feitas as devidas conclusões e recomendações.

O estudo de análise do ciclo de vida leva em consideração características


regionais. A maioria dos estudos está baseada na ISO 14040. Devido a isso,
o Brasil apresenta algumas dificuldades em desenvolver uma metodologia
adequada. Exemplos de barreiras no Brasil são as dificuldades financeiras,
a falta de banco de dados sobre impactos ambientais e a falta de incentivos
governamentais.

A seguir, são descritas com mais detalhes as fases do estudo de análise do ciclo
de vida.

Definição do objetivo e escopo


A primeira fase da ACV determina quais são o objetivo e o escopo do estudo, e
apresenta suporte normativo na ISO 14044 e no relatório técnico ISO/TR 14049.
Nessa fase, também são definidos todos os detalhes práticos e hipóteses adotados
em relação ao projeto. Apesar de parecer ser uma fase curta, é extremamente
importante para a continuidade da elaboração do estudo de ACV, já que todos os
aspectos e suposições do estudo definidos nessa etapa são considerados em todas
as próximas fases da ACV.

O objetivo de uma ACV inclui:

» Aplicação pretendida: um estudo de ACV pode ter diversas aplicações


pretendidas. As mais comuns são o desenvolvimento, aprimoramento
e comparação de produtos ou processos; planejamento estratégico;

55
UNIDADE II │ CICLO DE VIDA – NORMAS

design; tomada de decisão pública; estudo ambiental; comunicação


para consumidores; rotulagem ambiental e marketing. Deve ser
informado se os resultados do estudo são destinados a serem
utilizados em afirmações comparativas para divulgação ao público.
Nesses casos, a ISO estabelece uma série de precauções que devem
ser tomadas na divulgação.

» Principais razões para a realização do estudo: deve-se descrever as


motivações que levaram à realização de cada estudo, sendo essas
razões muitas das vezes de caráter ambiental, como, por exemplo,
desejar conhecer quais são os impactos ambientais de todo ciclo de
vida de um produto ou em qual etapa da vida de um produto ou
processo existe maior dano ao meio ambiente.

» Público-alvo: o estudo pode ser dirigido para diversos públicos-


alvo, como, por exemplo, consumidores, indústrias, governos ou
comunidades científicas.

De acordo com a ISO 14044, o escopo do estudo identifica diversos elementos


cruciais para a realização de um estudo em ACV. Dentre diversos itens
preconizados pela ISO, devem ser considerados e claramente descritos os
seguintes itens: o sistema de produto a ser estudado; as funções do sistema de
produto ou, no caso de estudos comparativos, os sistemas; a unidade funcional;
os limites do sistema de produto; os procedimentos de alocação; as categorias
de impacto; e metodologias de análise de impacto de ciclo de vida e subsequente
interpretação a ser utilizada.

O escopo deve ser suficientemente bem definido para assegurar que a extensão, a
profundidade e o detalhe do estudo sejam compatíveis com os objetivos planejados
e suficientes para atingi-los. A ACV é uma técnica iterativa, por isso, o objetivo e
o escopo do estudo podem necessitar ser modificados durante a sua condução, à
medida que mais informações são obtidas.

Embora alguns itens supracitados possam parecer intuitivos, eles são complexos
e requerem um maior nível de detalhamento.

Análise do inventário de ciclo de vida


Após a definição clara do objetivo e escopo do estudo, vem a fase da análise
do inventário de ciclo de vida, que consiste na coleta e quantificação de todos

56
CICLO DE VIDA – NORMAS │ UNIDADE II

os dados de entrada e saída que são relacionados com a unidade funcional e


limitados de acordo com a fronteira do sistema, ambos estabelecidos na fase
anterior, no escopo do estudo.

Os tipos de dados de entrada e saída incluem consumo energético, quantidade de


matérias-primas necessárias, produtos, coprodutos, resíduos gerados, emissões
para o ar, solo e água e outros aspectos ambientais

A fase da análise do inventário de ciclo de vida pode ser dividida em diversas etapas,
segundo a ISO 14044.

Avaliação do impacto ambiental do ciclo de


vida
A avaliação do impacto ambiental do ciclo de vida, ou AICV, tem por
objetivo compreender e avaliar a magnitude e importância dos impactos
ambientais potenciais de um sistema, baseada na ICV realizada. Nessa etapa,
convertem-se os valores obtidos nos resultados do inventário em impactos e
danos ao meio ambiente. Para tal, uma série de conceitos e metodologias, que se
encontram em constante evolução, deve ser colocada em prática.

Segundo a ISO 14044 (2006), a AICV consiste de elementos obrigatórios e


elementos opcionais.

Elementos obrigatórios

Os elementos obrigatórios são subdivididos em:

» identificação e seleção de impactos;

» classificação; e

» caracterização.

Identificação e seleção de impactos

Consiste na escolha das categorias de impactos ambientais. As categorias mais


tradicionais presentes em estudos de ACV são mudanças climáticas, eutrofização,
ecotoxicidade, exaustão de recursos não renováveis e renováveis, redução da
camada de ozônio, dentre outras.

57
UNIDADE II │ CICLO DE VIDA – NORMAS

Classificação

Na etapa de classificação, os dados são separados e agrupados de acordo com


as categorias de impacto determinadas na primeira etapa. Assim a grande
quantidade de dados obtidos na fase do inventário pode ser inserida em algumas
dezenas de categorias significantes de impactos ambientais. Por exemplo,
as emissões de CO 2, CH 4, e N 2O identificadas no ICV entram na categoria de
impacto de mudança climática.

Existem diversas listas de substâncias que contribuem significativamente


para apenas uma categoria de impacto ambiental. Entretanto, alguns
poluentes podem ser atribuídos a várias categorias de impacto. Por
exemplo, o dióxido de enxofre pode causar impactos na saúde humana e na
acidificação.

Caracterização

Uma vez que as categorias de impacto são definidas e os resultados do


inventário são atribuídos a essas categorias de impacto, é necessária a
determinação dos fatores de caracterização, também denominados como
equivalentes ou potenciais.

Esses fatores devem refletir a contribuição relativa de um resultado do


inventário para a categoria de impacto. Cada categoria apresenta um método
de cálculo para o fator de caracterização.

Esses fatores são derivados de modelos científicos de causa e efeito dos sistemas
naturais e indicam o quanto uma substância contribui para uma categoria de
impacto em comparação com uma substância de referência.

Assim, os fatores de caracterização colocam todos os dados classificados em


uma categoria de impacto ambiental em uma mesma unidade de medida. Como
exemplo, todas as substâncias que contribuem para o efeito estufa são somadas
na base de massa de dióxido de carbono equivalente, que é uma grandeza
calculada a partir do Potencial de Aquecimento Global (Global Warming
Potential – GWP) de cada substância, que é o potencial de contribuição de cada
poluente para a mudança climática e o fator de caracterização dessa categoria
de impacto. Como exemplo, o GWP do CO₂ é 1, do CH₄ é 21 e o do N 2O é 310.

58
CICLO DE VIDA – NORMAS │ UNIDADE II

Elementos opcionais

Essas três etapas – identificação e seleção de impacto, classificação e caracterização


– constituem os elementos básicos e, por isso, são imprescindíveis para uma AICV.
Esses elementos são relativamente objetivos, apesar de alguns julgamentos
serem necessários, por exemplo, na seleção dos impactos ambientais. A seguir,
são descritos os elementos opcionais, que apresentam caráter mais subjetivo. Por
consequência, os resultados dessas etapas têm menor embasamento científico do
que a dos três primeiros.

Os elementos opcionais são subdivididos em:

» normalização; e

» ponderação.

Normalização

A normalização é um procedimento necessário para mostrar em que medida


uma categoria de impacto tem uma contribuição significativa para o problema
ambiental global. Isso é feito dividindo-se os indicadores de categoria de impacto
por um valor “normal”.

Dividem-se os valores encontrados após a caracterização dos resultados por


um valor de referência de fora do inventário do estudo, com o intuito de fazer
com que os resultados se aproximem mais da realidade encontrada. Quando
os resultados da caracterização para cada categoria de impacto ambiental são
relacionados a um valor de referência, esses resultados normalizados podem
aumentar a comparabilidade dos dados com as diferentes categorias de impacto.

Assim, a normalização faz com que categorias de impacto ambiental que


contribuem apenas com uma pequena parcela do total do impacto, comparado
com outras categorias, possam ser deixadas de lado, por não serem relevantes
para o processo. Reduz-se, assim, a quantidade de dados para serem avaliados.
Além disso, os resultados normalizados mostram, em ordem de magnitude, os
problemas ambientais gerados pelo ciclo de vida dos produtos ou processos, o que
permite a comparação dos impactos ambientais.

59
UNIDADE II │ CICLO DE VIDA – NORMAS

Há maneiras diferentes para determinar o valor “normal”. O procedimento mais


comum é determinar os indicadores de categoria de impacto para uma região
durante um ano e, se desejado, dividir esse resultado pelo número de habitantes
nessa área.

Ponderação
É um método subjetivo, por isso é o mais controverso e mais difícil de se aplicar
em uma ACV, especialmente para alguns métodos de avaliação de impactos.
Segundo a ISO 14040, esse método não pode ser utilizado em comparações
públicas entre produtos, sendo apenas utilizado para estudos não comparativos.

É possível que algumas categorias de impactos sejam mais importantes do que


outras para uma ACV. Logo, cada categoria de impacto é multiplicada pelo
respectivo fator de ponderação, fazendo com que as categorias de impacto que
realmente são importantes para a ACV se sobressaiam em relação às outras
não tão importantes, contribuindo para que os resultados se diferenciem e se
aproximem da realidade. Por exemplo, em uma localidade que eutrofização não
seja uma categoria de impacto tão importante quanto toxicidade humana, um
maior fator de ponderação é atribuído ao segundo em comparação ao primeiro.
Portanto, nessa etapa se pode escolher quais são as categorias de impacto mais
importantes para o estudo de ACV.

Com relação a essa etapa, ainda não existe nenhum acordo internacional
sobre a metodologia mais aplicada para essa finalidade, portanto são
decisões que contam com a experiência dos realizadores da ACV.

Interpretação dos resultados


A interpretação do ciclo de vida é a fase na qual os resultados das análises e
todas as escolhas e suposições feitas durante todo o estudo são avaliadas e as
conclusões gerais são extraídas. Isso ocorre durante todas as fases da ACV,
pois interage com todas elas.

Essa fase apresenta também o objetivo de entender a confiabilidade e a


validade dos dados coletados e das hipóteses realizadas, para que o estudo de
ACV possa ter credibilidade e ser usado para seu propósito pretendido.

Na essência, essa fase descreve uma série de verificações necessárias a fim de


averiguar se as conclusões advindas do estudo são adequadamente apoiadas
pelos dados e pelos procedimentos utilizados. Uma importante questão a se
verificar consiste em determinar se as suposições, métodos, modelos e dados
coletados são consistentes com o objetivo e escopo do estudo.

60
CICLO DE VIDA – NORMAS │ UNIDADE II

Outra importante ferramenta para se entender as incertezas dos resultados


é a análise da contribuição de um processo no ciclo de vida do sistema
considerado. As contribuições do impacto ambiental são expressas, na
maioria das vezes, em porcentagens do total do impacto. Com essa análise, é
possível determinar qual processo tem maior contribuição (carga ambiental)
nos resultados dos impactos ambientais do ciclo de vida de um produto ou
processo, apontando quais são os específicos processos que contribuem mais
e por isso devam ser enfocados. Assim é possível verificar se as suposições
específicas para esses casos foram bem realizadas.

A maioria das ACV contém centenas de diferentes processos, nos quais


95 a 99% dos resultados apresentam contribuição significativa de apenas
10 processos. Na análise comparativa, é realizada uma comparação dos
resultados da ACV com diversos outros estudos já realizados, com o objetivo
de promover validação para as principais conclusões da ACV.

No último passo da fase de interpretação, as conclusões do estudo são


realizadas e recomendações são feitas para o público-alvo. Toda a conclusão
é baseada nos resultados combinados adquiridos em todas as fases anteriores
da ACV.

Elaboração do relatório e revisão crítica


Além de todas as fases para a elaboração de um estudo de ACV, a ISO 14040 dispõe
sobre a necessidade da realização de análises críticas, pois, segundo a norma, essa
análise pode facilitar a compreensão do estudo e aumentar sua credibilidade.

A revisão crítica é uma avaliação independente do estudo de ACV e obrigatória


para estudos de comparação de ciclos de vida. Nela, verifica-se se as metodologias,
os dados coletados, a interpretação e a exposição dos resultados estão em
conformidade com as normas e se os resultados são válidos.

Segundo a ISO 14040, os processos de revisão crítica podem ser:

» análise crítica por especialista interno;

» análise crítica por especialista externo;

» análise crítica por partes interessadas.

61
UNIDADE II │ CICLO DE VIDA – NORMAS

Após a revisão crítica, o relatório final pode ser publicado e endereçado a seu
público-alvo.

Barreiras da ACV
Apesar dos múltiplos benefícios da ACV, existem barreiras para a realização desses
estudos, como:

» carência de guias práticos;

» necessidade de grande volume dados;

» necessidade de participação de vários setores dentro de uma


organização;

» incertezas sobre a aplicação dos resultados;

» deficiências na validação dos resultados;

» base científica em constante aprimoramento; e

» transparência.

A elaboração de estudos que utilizam a metodologia de Análise do Ciclo de Vida


muitas vezes demanda um grande consumo de tempo, recursos financeiros e
humanos. A não disponibilidade de dados importantes pode afetar o resultado
final do estudo, e, consequentemente, a sua validade.

A categorização dos impactos ambientais numa série de temas, como mudança


climática, toxicidade humana e ecológica, também é uma crítica para estudos de
ACV. Para algumas categorias (como, por exemplo, o efeito estufa), as emissões
sobre um período de tempo específico podem apropriadamente ser calculadas
através do uso dos fatores de caracterização, mas para outros, como a toxicidade
humana, os diferentes fenômenos e mecanismos que estão envolvidos dificultam
esse cálculo.

Como as metodologias para avaliação de impacto ambiental estão em constante


transformação e adequação, não há um critério de medida absoluta para determinar
os impactos. Para algumas categorias, pela sua objetividade, esse cálculo é preciso
e bem fundamentado, enquanto para outras, que envolvem mais fenômenos e são
dependentes de situações mais subjetivas, apresentam-se maiores dificuldades na
utilização dessa simplificação.

62
CICLO DE VIDA – NORMAS │ UNIDADE II

Outra limitação da ACV é a subjetividade da natureza das escolhas e suposições


feitas (como, por exemplo, a seleção do sistema de fronteiras, dos dados de
entrada e saída e das categorias de impacto). Por se tratar de uma técnica que
envolve alto grau de subjetividade, a confiabilidade dos dados para aplicações
práticas reais pode ser fraca.

Uma barreira importante para a disseminação mundial da ACV é a sua


característica europeia e americana. Devido à ACV ter se aprimorado no
Oeste Europeu e nos Estados Unidos, as bibliotecas de consulta se referem a
dados estrangeiros, que muitas das vezes não se aplicam a outros países e se
diferenciam muito da sua realidade. Além disso, os métodos de AICV, como o
Eco-indicator 99, apenas selecionam as categorias de impacto ambiental que
são mais significativas para os países europeus.

Assim, uma medida importante para romper essas barreiras é a maior


disseminação de bancos de dados de indústrias e maiores informações sobre
casos de sucesso de abordagens em ciclo de vida. Nos Estados Unidos, a US
EPA disponibiliza diversos inventários para diferentes tipos de indústrias e
processos, o que não é realizado com mesma abundância pelo IBAMA.

Para as ACVs da indústria brasileira de exploração e produção offshore, os


dados disponíveis publicamente são muito reduzidos, o que dificulta uma real
coleta dos dados para a realidade brasileira. Muitos dos dados são sigilosos,
restritos apenas às indústrias petrolíferas. Cabe salientar que, embora existam
barreiras, elas não superam os benefícios potenciais do uso da ACV, visto que
essa metodologia está em crescimento de utilização em todo o mundo.

63
CAPÍTULO 3
Software de gerenciamento do ciclo
de vida

Introdução
Hoje, os produtos estão se tornando cada vez mais complexos. As empresas devem
desenvolver etapas estratégicas antes de obter qualquer produto no mercado, para
suportar seus concorrentes e para que ele permaneça relevante para os usuários.

Colocar um produto no mercado é um processo longo, e a tecnologia PLM


(Product life cycle management) pode ser usada para cobrir cada etapa. O
primeiro ponto no ciclo de vida é a concepção do produto, em que a pesquisa é
conduzida para criar um produto destinado a um público-alvo. Um sistema de
PLM pode acompanhar a evolução do seu produto, mesmo neste estágio inicial.

Figura 26. PLM.

Colaboração de
Fornecedores Globais

Gerenciamento de Integração Adobe


amostras

Fluxo de trabalho e Inteligência de


gerenciamento de negócios
projetos

Planejamento de linha Desenvolvimento e


projeto de Produto

Gerenciamento de
ativos digitais

Fonte: https://www.visualnext.com/wp-content/uploads/2015/07/wheel-min.png.

Uma vez que o produto sai da concepção, ele passa para a fase de projeto. Os
projetistas de produtos criam modelos e protótipos, bem como testam o produto.

64
CICLO DE VIDA – NORMAS │ UNIDADE II

Um sistema de PLM é utilizado para acompanhar todas as anotações feitas durante


essa fase. A partir deste ponto, um produto entra em produção. O projeto é enviado
para ser fabricado e a organização deve acompanhar o fornecimento de materiais,
custos, cronogramas e muito mais. Um sistema de PLM deve ser capaz de explicar
todas as diferentes variáveis que entram na criação de seu produto.

A etapa final no ciclo de vida do produto é distribuição e manutenção. Você


precisará garantir que seu produto seja armazenado e distribuído nos canais de
vendas apropriados. Você precisará acompanhar os dados de vendas e de suporte
ao cliente para entender totalmente o desempenho do seu produto. Uma solução
de PLM acompanhará facilmente esses pontos de dados à medida que seu produto
for lançado no mercado.

Porque utilizar um PLM


No ciclo de vida de produtos, existem vários atores envolvidos que devem criar
indicadores técnicos e financeiros, determinar as características do produto, a
funcionalidade e medir as oportunidades disponíveis no mercado. Uma empresa
precisa gerar planos sistemáticos para garantir que o mercado receba seus produtos
com menor quantidade de custos e escalar com eficiência as demandas. Também é
preciso estender estrategicamente os anos prováveis da maturidade do produto e
garantir a máxima rentabilidade, mesmo quando as vendas do produto começarem
a declinar.

Diante disso, é extremamente necessário lançar mão de uma ferramenta de PLM que
seja capaz de auxiliar nessas tarefas. Com isso, é possível atingir objetivos e também
benefícios, como descrito a seguir:

» Rápida comercialização: uma solução de PLM manterá sua equipe


organizada durante o ciclo de vida de seu produto. Todos os dados
relevantes sobre um produto são mantidos nessa plataforma, o que
significa que sua equipe tem controle total sobre ela. Ter acesso fácil a
essas informações significa que as equipes de projeto podem trabalhar
com mais rapidez, transferindo rapidamente os dados do projeto para a
produção, para que o produto possa ser fabricado em tempo hábil.

» Melhor qualidade no seu produto: as ferramentas de PLM


permitem controlar e gerenciar facilmente os detalhes que afetam a
qualidade geral do produto que você está projetando. Com a ajuda
deste software , os fabricantes tomam as notas que lhes são dadas

65
UNIDADE II │ CICLO DE VIDA – NORMAS

pelos designers de produtos para garantir que todos os detalhes e


procedimentos que cercam a fabricação desse produto estejam prontos
para ser feitos. Isso é especialmente útil se houver equipes em vários
locais trabalhando em diferentes fases do ciclo de vida do produto.

» Atender aos padrões de conformidade: ao projetar e


fabricar um produto, provavelmente existem vários padrões de
conformidade que ele precisará atender. As empresas devem
gerenciar e manter dados referentes a variáveis como o conteúdo
de mercadorias adquiridas e a forma como os produtos são
construídos e modificados. Os sistemas de PLM reduzem o
risco de violar os padrões de conformidade, uma vez que essas
ferramentas funcionam como uma única fonte de autoridade
para essas informações.

Tipos e características de software PLM


Todos os sistemas de PLM geralmente atendem ao mesmo objetivo: gerenciar
o ciclo de vida de um produto, desde a concepção até a distribuição. Por esse
motivo, não há muita variedade no ecossistema PLM. No entanto, há uma pequena
variação na maneira como essas soluções podem ser implantadas.

Alguns sistemas de PLM vêm de um fornecedor de ERP, pois podem ser


apresentados diretamente nessas suítes. Vários fornecedores específicos de
PLM oferecem os melhores aplicativos. Estes são um conjunto de módulos que
são usados para gerenciar todos os estágios do ciclo de vida do produto. Você
também pode selecionar um módulo de PLM autônomo para executar as tarefas
que precisa.

Observe abaixo algumas das vantagens do uso de PLM:

» Gestão da lista de materiais (BOM): muito se passa na construção


do seu produto. Você precisará de vários materiais e quantidades
diferentes de cada um. O software PLM ajuda a acompanhar
essas informações e permite o gerenciamento, a visualização e o
compartilhamento de dados em qualquer equipe da sua empresa.

» Gerenciamento de mudanças: dar vida a um produto é uma


tarefa difícil, e provavelmente haverá muitas mudanças ao longo
do caminho. O gerenciamento de mudanças garante que haja um
processo organizado para solicitar, planejar, implementar e avaliar
as alterações em um projeto ou processo relacionado ao produto.

66
CICLO DE VIDA – NORMAS │ UNIDADE II

» Relatórios e análises: o armazenamento de dados do produto é


um dos principais componentes de um sistema PLM. Para melhor
utilizar as informações do produto armazenadas na plataforma, uma
solução de PLM deve ter recursos robustos de geração de relatórios.

» Gerenciamento de qualidade: essas soluções oferecem fluxos


de trabalho que coordenam, gerenciam e rastreiam processos de
qualidade de produtos interdepartamentais. Todas essas informações
serão armazenadas no sistema PLM, tornando-se a única fonte de
verdade para o gerenciamento da qualidade. Isso significa que você
pode melhorar facilmente a qualidade do produto, enquanto reduz o
tempo até o fechamento.

» Colaboração com fornecedores: obter seu produto para seu


público-alvo é a meta final para qualquer pessoa envolvida em sua
criação. Um sistema de PLM pode ter a funcionalidade para ajudá-lo
a encontrar o melhor fornecedor para o seu produto em particular.
Você pode aprovar fornecedores, gerenciar suas auditorias e muito
mais com a ajuda de uma ferramenta PLM.

» Gerenciamento de dados de produtos (PDM): um dos principais


benefícios de uma ferramenta de PLM é que ela acompanha todos os
dados de seus produtos, permitindo a organização, o gerenciamento
e a análise de suas informações. Equipes da sua organização também
podem adicionar suas próprias notas sobre revisões e lançamentos. Isso
incentiva a colaboração interdepartamental para design e fabricação
de produtos.

Embora possa não ser universalmente oferecido por todos os produtos PLM,
algumas soluções oferecem recursos CAD diferentes, para que você possa produzir
um design 3D de seu produto. As ferramentas que possuem funcionalidades de
engenharia assistida por computador (CAE) permitem que você simule produtos
e identifique pontos fracos nos primeiros estágios do projeto. As soluções de
PLM também podem oferecer fabricação assistida por computador (CAM), que
se comunica com o maquinário usado para fabricar o produto para garantir que
ele siga as especificações precisas que você define. Um sistema de PLM eficiente
também automatiza vários processos, de modo que a transição entre cada fase do
ciclo de vida seja a mais tranquila possível. Fluxos de trabalho, distribuição de
tarefas e comunicação entre diferentes departamentos podem ser automatizados
com esses sistemas.

67
UNIDADE II │ CICLO DE VIDA – NORMAS

Algumas ferramentas de PLM possuem funcionalidades como “business


intelligence”. Você pode acessar relatórios, tabelas e gráficos atualizados em torno
dos dados de seus produtos nessas plataformas. As soluções de PLM equipadas
com essa funcionalidade também devem oferecer a capacidade de exibir dados
específicos da maneira que você quiser, permitindo insights sobre tendências e
possíveis gargalos na sua empresa.

Para saber mais sobre Business intelligence. Veja o artigo “O que é Business
intelligence (BI)?” da Know Solutions disponível em: https://www.knowsolution.
com.br/o-que-e-business-intelligence-bi/, além de outras páginas, como a
Ausland, disponível em: http://ausland.com.br/blog/conceito-de-business-
intelligence/ e a página Siteware, disponível em : https://www.siteware.com.br/
gestao-estrategica/o-que-e-bi-business-intelligence/.

Cuidados ao usar um software PLM


» Perda de dados: vários documentos são gerados no processo
de projeto e fabricação do produto. O fato de um sistema de PLM
abrigar toda a informação do produto também tem o potencial
de perdê-lo. Se o seu sistema PLM cair, você perderá o acesso a
todos os dados. Isso inclui diferentes tipos de documentos, como
arquivos CAD, planilhas, imagens e muito mais. Se a solução não
for segura e confiável, há sempre uma chance de perder seus dados
e, com uma solução de PLM, isso significa que você pode perder
tudo.

» Erros de revisão: um produto passa por muitas mudanças em


todo o seu ciclo de vida. Cada alteração deve ser documentada
para acompanhar melhor a versão mais atual do produto. Quanto
mais documentação, maior a chance de enviar uma versão mais
antiga do produto para o design ou a fabricação. Um passo em falso
como esse pode custar tempo e dinheiro para sua organização.

» Falta de integração: um ciclo de vida suave do produto requer


muitas partes móveis. Às vezes, isso significa integrar vários
produtos à sua solução de PLM. Por exemplo, se você não tiver
uma solução CAD eficiente, seu sistema PLM poderá não gerar
automaticamente uma lista técnica para você. Se uma etapa como
essa for ignorada, haverá uma grande desconexão entre projeto e
fabricação.

68
CICLO DE VIDA – NORMAS │ UNIDADE II

Exemplos de software
Existem diversas ferramentas de software para PLM. Abaixo estão algumas
dessas ferramentas e suas características, sendo elas:

Autodesk Fusion Lifecycle

O Fusion Lifecycle é um aplicativo de gerenciamento de ciclo de vida de


produto baseado em nuvem usado para criar um backbone de informações
de produto para uma empresa. O aplicativo ajuda os usuários a acelerar os
processos de desenvolvimento de produtos em todos os departamentos e locais,
automatizando os trabalhos, as principais tarefas e fornecendo informações
oportunas. Oferece recursos como introdução de novos produtos (NPI), lista
de materiais, gerenciamento de mudanças, gerenciamento de qualidade
e colaboração com fornecedores. O Autodesk Fusion Lifecycle PLM pode
ajudar a definir e automatizar processos para manter o fluxo de trabalho e o
desenvolvimento do produto sob controle.

Figura 27. Fusion Lifecycle.

Fonte: https://autodesk.ict-hardware.com/wp-content/uploads/sites/14/2017/08/876H1-NS7330-T738.jpg.

Suas principais funcionalidades são:

» introdução de novos produtos (NPI) configuráveis com modelos de


projeto por fase, entregas de tarefas, linha de produto, unidade de
negócios, equipe de projeto ou outra designação;

» configuração e gerenciamento listas de materiais (BOMs) e itens


estruturados em um sistema centralizado que é poderoso e fácil de usar;

» fluxos de trabalho facilmente configurados, que fornecem uma visão


clara dos detalhes para aprovação de solicitações de Alteração de
Engenharia (ECR) e Pedidos de Alteração de Engenharia (ECO);

» fluxos de trabalho configuráveis que coordenam, controlam e


rastreiam a cadeia completa de qualidade dos processos; e

69
UNIDADE II │ CICLO DE VIDA – NORMAS

» colaboração 24 horas por dia, 7 dias por semana, flexível e configurável


com a cadeia de suprimentos global.

Saiba mais sobre Autodesk Fusion Lifecycle na sua página, disponível em: https://
www.autodeskfusionlifecycle.com/en/.

Siemens Teamcenter

O Teamcenter ajuda os usuários a fornecer produtos cada vez mais complexos


ao mercado, enquanto maximiza produtividade e racionalização das operações
globais. O Teamcenter PLM apresenta gerenciamento de projeto e simulação,
gerenciamento de documentos e conteúdo, gerenciamento de BOM e execução
de processos. Fornece gerenciamento de projeto e simulação de produtos
entre domínios por meio de integrações com as ferramentas MCAD, ECAD,
desenvolvimento de software e simulação, além de computar o uso da equipe de
projeto todos os dias.

Figura 28. Teamcenter.

Fonte: https://www.pluraltechnology.com/wp-content/uploads/2016/10/team-center.png.

Suas principais funcionalidades são:

» análise e validação projetos 3D criados a partir de múltiplos sistemas


CAD;

» relatórios e análises que permitem que você veja o quadro geral para
estabelecer, medir e analisar métricas de desempenho;

» gerenciamento de materiais integrado e holístico para ajudar sua


empresa a criar produtos sustentáveis;

» colaboração da comunidade do Teamcenter, integrando os dados e


recursos de colaboração ad-hoc em Microsoft SharePoint; e

70
CICLO DE VIDA – NORMAS │ UNIDADE II

» pesquisa poderosa, que torna fácil para você encontrar o que precisa
para fazer o seu trabalho.

Saiba mais sobre Siemens Teamcenter na sua página, disponível em: https://
www.plm.automation.siemens.com/global/pt/products/teamcenter/.

Dassault ENOVIA

O ENOVIA, baseado na plataforma 3DEXPERIENCE, permite aos usuários


planejar a definição de sucesso e permite que as partes interessadas em toda
a empresa contribuam para a inovação sustentável com um amplo portfólio de
aplicações técnicas e de negócios. ENOVIA oferece recursos como gerenciamento
de listas de materiais, configuração e gerenciamento de mudanças, gerenciamento
de projetos, classificação e proteção de IP, planejamento e gestão de programas,
qualidade e conformidade, relacionamento estratégicos com clientes e relações
estratégicas com fornecedores.

Figura 29. Enovia.

Fonte: https://www.messe.de/apollo/hannover_messe_2019/obs/Grafik/A905304/PRB_DE0_905304_01857089.jpg.png.

Suas principais funcionalidades são:

» gerenciamento de listas de materiais, que permite que engenheiros de


produtos criem e mantenham listas de materiais precisas e atualizadas
(BOMs);

» gerenciamento de configuração, que ajuda fabricantes com produtos


altamente configuráveis a gerenciar projetos globais de produtos e lista
de materiais contendo todas as variantes;

» gerenciamento e proteção de dados de projeto em equipes dispersas


geograficamente e em toda a cadeia de valor estendida

» possibilidade de acelerar o desenvolvimento de produtos e encurtar o


tempo de entrada, através da reutilização de componentes de projeto.

71
UNIDADE II │ CICLO DE VIDA – NORMAS

Saiba mais sobre Dassault Enovia na sua página, disponível em: https://www.3ds.
com/products-services/enovia/.

PTC Windchill

As soluções PTC Windchill suportam produtos desde os requisitos até o


serviço de pós-produção, permitindo que a parte interessada alcance o
conhecimento de engenharia. O PTC Windchill oferece integração imediata,
fluxo de trabalho flexível e oferece uma maneira fácil de fornecer informações
de PLM à empresa. É fácil de comprar e pode ser implantado a partir de
qualquer dispositivo. O PTC Windchill ajuda as empresas a gerenciar
processos complexos, multifuncionais e coordenar equipes para desenvolver
de forma eficiente os melhores produtos possíveis.

Figura 30. PTC.

Fonte: https://archergrey.com/wp-content/uploads/2018/02/feat-ptc-windchill-1080x400.jpg.

PTC Windchill tem uma longa história de fornecimento de soluções de PLM para
as principais empresas do mundo em vários setores. Suas soluções de PLM ajudam
empresas a gerenciar todos os aspectos do ciclo de vida de desenvolvimento de produtos,
desde o conceito até o serviço de retirada do mercado, oferecendo:

» gerenciamento de BOM;

» gerenciamento de mudança e configuração;

» gerenciamento de requisitos;

» gerenciamento de dados do produto;

» colaboração, qualidade e estruturas de plataforma;

72
CICLO DE VIDA – NORMAS │ UNIDADE II

» desenvolvimento de produto;

» desenvolvimento de software;

» processo de manufatura; e

» gerenciamento de serviços.

Saiba mais sobre PTC Windchill na sua página, disponível em: https://www.ptc.
com/pt/products/plm.

73
CICLO DE VIDA – UNIDADE III
DESCARTE

CAPÍTULO 1
Impactos ambientais

Introdução

O esgotamento dos recursos naturais e os impactos ambientais são uma


preocupação constante na sociedade atual. Para atender as demandas do mercado
e se manter competitivo, produtos e processos verdes são uma preocupação cada
vez maior das empresas.

Para muitos, os produtos têm uma vida breve, passando do local de compra
para a lixeira. Porém, ao se avaliar mais a fundo a questão, verifica-se que esses
não são nem o início nem o fim do processo, conforme já vimos anteriormente.
Existem diversas etapas antes, como o processo de extração de matérias-primas e
fabricação, e outras etapas que ocorrem depois, como a destinação ou deposição
final, assuntos que serão abordados mais à frente.

Para as empresas que desejam se tornar competitivas e mesmo para aquelas que
já são, a questão ambiental dos produtos é um ponto chave. Compreender a fundo
como funcionam e quais as relações dos impactos ambientais com os produtos
produzidos é, de fato, um grande diferencial de mercado. As atividades que são
realizadas devem visar novas tendências de mercado como a economia circular.

Um planejamento estratégico forte por parte das empresas estende o ciclo de vida
do produto. Aqui nesta unidade, não será discutido o ciclo de vida do produto sob
este ponto de vista, e sim sob o ponto de vista ambiental, que leva em consideração
os impactos causados pela extração de matérias-primas e os impactos causados
pela destinação final dos resíduos.

74
CICLO DE VIDA – DESCARTE │ UNIDADE III

Você já ouviu falar da história das coisas? Assista ao vídeo, disponível em https://
www.youtube.com/watch?v=7qFiGMSnNjw, e veja como todos os produtos, da
extração e produção até a venda, consumo e descarte, afetam comunidades em
diversos países. Fonte: https://wildfor.life/pt/collaborator/pnuma.

Lixo, resíduo e rejeito


Lixo, resíduo e rejeito aparentemente têm o mesmo significado. Entretanto, existe uma
diferença entre eles. Portanto, é necessário entender o significado de cada palavra, o
que pode vir a mudar o entendimento sobre o que sobra dos processos produtivos.

Sem conhecimento, uma empresa pode estar tendo prejuízo ao jogar fora essas sobras.
No mercado, existem fornecedores e compradores para os mais diversos tipos de
materiais e assim, nos dias de hoje, um coproduto, ou sobras, pode ser muito valioso
para outra empresas e organizações.

Segundo o dicionário Michaelis, lixo é “Resíduos provenientes de atividades


domésticas, industriais, comerciais etc. que não prestam e são jogados fora;
bagaço”. Já de acordo com a ABNT, na NBR 10.004 (2004), lixo é definido como
os “restos das atividades humanas, consideradas pelos geradores como inúteis,
indesejáveis ou descartáveis”.

A definição de lixo remete a tudo aquilo que não tem mais uso para quem o descarta.
Entretanto, o que não serve para um, para outro, pode ser matéria-prima de um
novo produto ou processo.

No meio técnico, o termo lixo não é tão utilizado. Dado o conhecimento e


tecnologia disponíveis atualmente, grande parte do que é gerado em processos
produtivos e afins tem potencial de ser reaproveitado ou reciclado e assim são
considerados como resíduo. Em último caso, se não é possível reaproveitar ou
reciclar, então passa a ser considerado como rejeito.

Tudo aquilo que pode ser reutilizado e reciclado é chamado resíduo e, portanto, deve
ser separado adequadamente para a destinação para outros fins. Os resíduos podem
ser encontrados nas seguintes formas:

» sólida – resíduos sólidos;

» líquida – efluentes;

» gasosa – gases e vapores.

75
UNIDADE III │ CICLO DE VIDA – DESCARTE

Segundo a ABNT, NBR 10.004 (2004), resíduos sólidos são aqueles que

resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar,


comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta
definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água,
aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de
poluição, bem como determinados líquidos cuja particularidades
tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos
de água, ou exijam para isso soluções, técnica e economicamente,
inviáveis em face à melhor tecnologia disponível (ABNT, 2004).

O rejeito é um tipo particular de resíduo, que teve esgotadas todas a suas


possibilidades de reaproveitamento ou reciclagem e não possui outra solução de
destinação. Nesse caso, a única solução plausível é encaminhá-lo para um aterro
sanitário ou para incineração, de modo que não prejudique o meio ambiente.

Nesse vídeo, é possível encontrar esses e outros conceitos de acordo com a


gestão de resíduos sólidos no Brasil, que tem como base legal a Política Nacional
de Resíduos Sólidos. Assista ao vídeo “Resíduos Sólidos - O que são e como
gerenciar? | PNRS - Lei Federal 12.305/2010” em https://www.youtube.com/
watch?v=VT1Kze2QxyA.

Assista também o vídeo “Política Nacional de Resíduos Sólidos - Lei 12.305/10”,


em https://www.youtube.com/watch?v=TPaRa8eruvc.

A situação no Brasil
No Brasil, cerca de 80% dos resíduos que vão para aterros poderia ter outra
destinação, como, por exemplo, a reciclagem e a compostagem. Isso significa
que a grande maioria do material que popularmente é chamado de lixo, é, na
verdade, matéria-prima em potencial. Isso quer dizer que esses resíduos
poderiam ser utilizados como matérias-primas para outros produtos, reciclando
e reaproveitando.

A política nacional de resíduos sólidos está em vigência desde 2010. O prazo


para implantação venceu em 2014. De lá para cá, a situação acerca dos resíduos
sólidos pouco mudou no Brasil. Quase metade das 5.570 cidades brasileiras não
tem atualmente um plano integrado para o manejo do lixo, segundo o Perfil
dos Municípios Brasileiros (MUNIC, 2017), divulgado pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE). Ainda de acordo com o estudo, mais de dois
terços das cidades brasileiras registraram ocorrência de impactos ambientais
no período investigado.

76
CAPÍTULO 2
Destinação e disposição

Introdução
Os resíduos gerados devido às atividades produtivas têm colaborado para a criação
de um mercado muito competitivo. Com os métodos e tecnologias disponíveis
para se destinar esses resíduos gerados ou dispor deles de maneira adequada
ambientalmente, as organizações conseguem uma posição de destaque. Se houver
uma gestão adequada dos fornecedores, a gestão dos resíduos será ainda mais eficaz

Há algumas décadas, aterros e lixões a céu aberto eram as principais formas de


disposição. Porém, nos dias de hoje, tem-se uma gama maior de opções para se destinar
os resíduos com possibilidade de geração de matéria-prima para outros produtos. A
opção entre destinação ou disposição final é pautada pelo custo e segurança jurídica
das operações.

Ao se falar em gestão de resíduos, deve-se lembrar da SGA e da certificação ambiental.


Para as empresas que são certificadas na norma ISO 14001, é necessário destinar seus
resíduos de maneira ambientalmente correta, pois é um diferencial competitivo de
mercado.

Existe uma ordem de prioridade na gestão e no gerenciamento de resíduos sólidos,


estipulada pela PNRS, como ilustra a Figura 31, abaixo:

Figura 31. Prioridade no gerenciamento de resíduos.

Opção mais
favorável Não geração

Opção menos Redução


favorável
Reutilização

Reciclagem

Tratamento de resíduos sólidos

Disposição final ambientalmente


adequada dos rejeitos

Fonte: https://www.vgresiduos.com.br/wp-content/uploads/2017/05/destina%C3%A7%C3%A3o0002.png.

77
UNIDADE III │ CICLO DE VIDA – DESCARTE

Quando não é mais possível a não geração, deve-se recorrer às outras formas de
gerenciamento dos resíduos.

A seguir, são apresentadas as diferenças entre destinação e disposição final, que


foram ratificadas na Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Destinação final
Segundo a PNRS (Lei 12.305/2010), Destinação final ambientalmente adequada é:

Destinação de resíduos que inclui a reutilização, reciclagem,


compostagem, recuperação e o aproveitamento energético ou outras
destinações. Estas deverão ser admitidas pelos órgãos competentes
do Sisnama, do SNVS e do Suasa, entre elas a disposição final. Para
isso, deverá ser observando normas operacionais específicas para
evitar danos ou riscos à saúde pública. Como também à segurança
e a minimizar os impactos ambientais adversos. (BRASIL, 2010,
Art.3, §7 o)

Vejamos algumas das formas de destinação dos resíduos:

Compostagem

Nesse tipo de destinação, temos a transformação de matéria orgânica em adubo, por


meio de processos de decomposição microbiana. Esse processo é bastante utilizado
quando os resíduos contêm grandes quantidades de material orgânico, como é o caso
dos restos de alimentos.

Figura 32. Compostagem.

Fonte: http://rmai.com.br/wp-content/uploads/2018/10/Compostagem.jpg.

78
CICLO DE VIDA – DESCARTE │ UNIDADE III

Os resíduos sólidos domiciliares no Brasil apresentam alto percentual de


resíduos orgânicos formados por restos de comida e casas de frutas e legumes
e mesmo resíduos de jardinagem. Entretanto, a compostagem dos resíduos
orgânicos presentes no lixo urbano é relativamente pouco praticada.

Embora a composição dos resíduos seja algo relativamente específico de


cada cidade, há vários estudos sobre a composição gravimétrica dos resíduos
coletados em diversas cidades brasileiras que permitem chegar a valores
médios, que, na ausência de estudos específicos, podem ser tomados como
referência inicial.

De maneira geral, admite-se que cidades de porte populacional semelhante,


de uma mesma região do país, onde se supõe que os hábitos de consumo
sejam parecidos, e com renda média semelhante apresentem composição
gravimétrica dos resíduos assemelhada.

Alguns estudos dos resíduos de cidades pobres, de pequeno porte, em


regiões pobres do país, mostraram uma grande variação nessa composição,
mostrando pequenos percentuais de resíduos orgânicos no lixo coletado,
devido provavelmente a hábitos ainda persistentes da vida rural, como
utilização de restos para alimentação de animais domésticos, sendo
necessário levar em conta essas situações.

Muitos municípios adotaram a compostagem, instalando usinas de


compostagem e triagem em que os resíduos domiciliares chegavam sem
nenhuma seleção prévia; nessas instalações, havia um processo de retirada
dos recicláveis em uma esteira, seguindo os resíduos orgânicos para a
compostagem.

Entretanto, o novo marco legal recoloca a compostagem como parte do


processo de manejo de resíduos sólidos, especialmente os domiciliares, e
os grandes geradores de resíduos orgânicos.

A Lei 11.445/2007, ao conceituar os serviços públicos de manejo de resíduos


sólidos, em seu artigo 7 o , estabelece, entre suas atividades, o tratamento dos
resíduos domésticos e daqueles oriundos da limpeza de logradouros e vias
públicas, “inclusive por compostagem”.

A Lei 12.305/2010 considera, em suas definições, a compostagem como uma


forma de destinação final ambientalmente adequada para os resíduos sólidos
e coloca a compostagem dos resíduos sólidos orgânicos e a articulação de
formas de utilização do composto produzido com agentes econômicos e

79
UNIDADE III │ CICLO DE VIDA – DESCARTE

sociais como atribuição do titular dos serviços públicos de limpeza urbana e


manejo de resíduos sólidos.

A adoção de atividades de compostagem é uma imposição legal. Os municípios,


portanto, devem aderir a ela, não sendo mais uma escolha tecnológica ou opção
para destino dos resíduos orgânicos gerados.

No Quadro 1, é apresentado o Artigo 36 da Política Nacional de Resíduos Sólidos,


que estabelece a responsabilidade do titular do serviço público de limpeza urbana
e manejo de resíduos sólidos pela implantação da compostagem.

Quadro 1. Atribuição da compostagem ao serviço público

Art. 36. No âmbito da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, cabe ao titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de
manejo de resíduos sólidos, observado, se houver, o plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos:
I - Adotar procedimentos para reaproveitar os resíduos sólidos reutilizáveis e recicláveis oriundos dos serviços públicos de limpeza urbana e de
manejo de resíduos sólidos;
II - Estabelecer sistema de coleta seletiva;
III - articular com os agentes econômicos e sociais medidas para viabilizar o retorno ao ciclo produtivo dos resíduos sólidos reutilizáveis e recicláveis
oriundos dos serviços de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos;
IV - Realizar as atividades definidas por acordo setorial ou termo de compromisso na forma do § 7o do art. 33, mediante a devida remuneração pelo
setor empresarial;
V - Implantar sistema de compostagem para resíduos sólidos orgânicos e articular com os agentes econômicos e sociais formas de utilização do
composto produzido;
VI - Dar disposição final ambientalmente adequada aos resíduos e rejeitos oriundos dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de
resíduos sólidos.
§ 1o Para o cumprimento do disposto nos incisos I a IV do caput, o titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos
priorizará a organização e o funcionamento de cooperativas ou de outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis
formadas por pessoas físicas de baixa renda, bem como sua contratação.
§ 2o A contratação prevista no § 1o é dispensável de licitação, nos termos do inciso XXVII do art. 24 da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993.
Fonte: Jusbrasil, disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/topicos/26261024/artigo-36-da-lei-n-12305-de-02-de-agosto-
de-2010.

Incineração

Trata-se de uma forma de destinação adequada. Consiste na decomposição


térmica dos resíduos, com o intuito de reduzir seu volume e toxicidade. Através da
incineração, é possível reduzir o volume de resíduos em até 5% e o peso em 15 %, e
também é possível recuperar a energia contida nos resíduos. Entretanto, constituem
um investimento, devido aos custos de operação e manutenção.

As queimas dos resíduos ocorrem em fornos de cimento, onde a temperatura pode


chegar a 1200 °C. Ao atingir elevadas temperaturas, é possível destruir quase toda
a carga orgânica, porém não é permitido utilizar esse método para queima de
organoclorados, resíduos urbanos, radioativos e hospitalares.

80
CICLO DE VIDA – DESCARTE │ UNIDADE III

No reaproveitamento de energia, os resíduos são queimados em substituição aos


combustíveis. O calor gerado alimenta os fornos da indústria. Assim é possível
reduzir a quantidade de resíduo que poderia ir para o meio ambiente e também
gerar energia para a realização dos processos.

Figura 33. Incineração em fornos.

Fonte: https://www.vgresiduos.com.br/wp-content/uploads/2017/09/co-processamento-de-res%C3%ADduos.-3.jpg.

Alternativamente, podem ser utilizar os resíduos como substituto da


matéria-prima, como ocorre normalmente na produção de clínquer. Dessa
forma, as indústrias de cimento também se beneficiam da utilização dos
resíduos perigosos, visto que tais resíduos, após passarem pelo processo de
queima, transformam-se em matéria-prima para o próprio cimento. O processo
de queima dos resíduos é controlado e segue as normas que regulamentam o
gerenciamento dos detritos sólidos.

Alguns materiais que podem ser utilizados para esse fim são:

» borras oleosas;

» cinzas de fornos;

» EPIs contaminados;

» plástico;

» borracha;

» óleo usado;

» lodo de tratamento de efluentes;

» pneumáticos usados;

81
UNIDADE III │ CICLO DE VIDA – DESCARTE

» óleos e graxas;

» tintas e solventes;

» solos contaminados; e

» refratários usados.

As vantagens do coprocessamento são:

» eliminação definitiva, de forma ambientalmente correta e segura, de


resíduos perigosos e passivos ambientais;

» preservação de recursos energéticos não-renováveis pela substituição


do combustível convencional e pela incorporação na massa do produto;

» substituição de parte das matérias-primas que compõem a fabricação


do cimento, sem alteração de suas características e atendendo às
normas internacionais de qualidade;

» contribuição à saúde pública, por exemplo, no combate aos focos de


dengue (com a destruição de pneus velhos).

As Legislações que contemplam o coprocessamento são:

» Federal Resolução CONAMA 264/1999 – Coprocessamento em Fornos


de Clinquer;

» Resolução CONAMA 316/2002 – Sistemas de Tratamento Térmico –


dioxinas e furanos;

» Resolução CONAMA 258/1999 Pneus 2002;

» Resolução CONAMA no 264/1999 – dispõe sobre o licenciamento de fornos


rotativos de produção de clínquer para atividade de coprocessamento de
resíduos;

» Resolução CONAMA no 316/2002 – dispõe sobre procedimentos e


critérios para o funcionamento de sistemas de tratamento térmico de
resíduos;

» Resolução CONSEMA no 002/2000 – dispõe sobre o coprocessamento


de resíduos em fornos de clínquer;

» Resolução CONSEMA no 009/2000 – dispõe sobre a incineração


de resíduos de serviços de saúde no Estado do Rio Grande do Sul,
classificados como infectantes;
82
CICLO DE VIDA – DESCARTE │ UNIDADE III

» A Resolução CONAMA no 316/2002 – referente ao tratamento


térmico de resíduos, complementa a Resolução CONAMA no
264/1999, ao estabelecer limites de emissões de dioxinas e furanos no
coprocessamento;

» Resolução CONAMA no 264 – diz respeito ao licenciamento de fornos


rotativos de produção de clínquer para atividades de coprocessamento
de resíduos, sendo excluídos: os resíduos domiciliares brutos, de
serviços de saúde, radioativos, explosivos, organoclorados, agrotóxicos
e afins, além de estabelecer limites de emissões para material
particulado e poluentes.

A ESTRE é uma empresa que trabalha com cooprocessamento de resíduos.


Veja o vídeo “Cooprocesssamento”, disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=W6ba3iIlXuA.

A Votorantim é uma empresa que trabalha com cimento e utiliza


coprocessamento de resíduos para obtenção de energia em seus processos.
Veja o vídeo “Como funciona o coprocessamento de resíduos e biomassas para
a geração de combustíveis na VC”, disponível em https://www.youtube.com/
watch?v=EZB4qxT0vbc.

Reciclagem

Uma das formas de destinar corretamente os resíduos é a reciclagem, que se trata


de um processo de transformação dos resíduos sólidos que envolve a alteração
de suas propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com o propósito de
transformação em insumos ou novos produtos.

Figura 34. Símbolo internacional de reciclagem.

Fonte: https://dgi.unifesp.br/ecounifesp/imagens/reciclagem.png.

83
UNIDADE III │ CICLO DE VIDA – DESCARTE

A reciclagem inclui três etapas, que criam um loop contínuo, representado pelo
símbolo de reciclagem acima. Tais etapa são:

» Coleta e processamento: existem vários métodos para coletar


materiais recicláveis, incluindo coleta seletiva, centros de entrega
e programas de depósito ou reembolso. Após a coleta, os materiais
recicláveis são enviados para uma instalação de recuperação para
serem classificados, limpos e processados em materiais que podem
ser usados na fabricação de novos produtos. Os recicláveis são
comprados e vendidos exatamente como as matérias-primas seriam,
e os preços variam dependendo da oferta e da demanda.

» Manufatura: mais e mais produtos de hoje estão sendo fabricados


com conteúdo reciclado. Itens domésticos comuns que contêm
materiais reciclados incluem jornais e toalhas de papel, recipientes
de refrigerante de alumínio, plástico e vidro, latas de aço e garrafas
de sabão em pó de plástico. Materiais reciclados também são usados
em novas formas, como vidro recuperado em asfalto para pavimentar
estradas ou plástico recuperado em carpetes e bancos de parque.

» Compra de produtos reciclados: o ciclo de reciclagem se fecha


comprando novos produtos feitos de materiais reciclados. Existem
milhares de produtos que contêm conteúdo reciclado.

Disposição final
Segundo a PNRS, a disposição final consiste em distribuir ordenadamente os
rejeitos em aterros, observando as normas operacionais específicas que evitem
danos ou riscos à saúde e à segurança pública, minimizando os impactos ambientais
adversos.

Conforme já vimos anteriormente, rejeitos são resíduos sólidos que não têm
mais possibilidades de tratamento ou recuperação pelas opções tecnológicas
disponíveis e viáveis. Dessa maneira, só resta a disposição final do rejeito,
sendo a última solução adotada por quem o gera.

Agora veja algumas formas de disposição final:

Aterro comum ou lixão


Trata-se de uma um tipo de disposição final dos resíduos considerado
inadequado. Se caracteriza por dispor os resíduos sobre o solo e a céu aberto,

84
CICLO DE VIDA – DESCARTE │ UNIDADE III

sem qualquer tipo de proteção, podendo assim contaminar o solo, a água e o ar,
como ilustra a Figura 35 abaixo.

Apesar de não recomendados e obviamente não atenderem a norma ISO 14001,


existem muitos lixões em todo o país. Esse tipo de disposição é ilegal, segundo
a legislação brasileira, sendo o infrator sujeito a penalidades perante a Lei de
Crimes Ambientais, Lei N o 6.605, de 12 de fevereiro de 1998.

Figura 35. Aterro comum ou Lixão.


Queima do lixo
Fumaça com gases tóxicos
LIXÃO

Presença de urubus

Contaminação Odores e
do solo emissão
de metanoEscoamento superficial
de chorume
Lençol freático Contaminação da
água superficial
Ocupação
irregular
Contaminação da
água subterrânea

Catadores
Curso d’agua
superficial
Poço Cacimba
(captação de água)

Fonte: https://rnews.com.br/wp-content/uploads/2015/05/Informe-Essencis_Lixao.jpg.

Saiba mais sobre a lei de crimes ambientais no documento do IBAMA disponível


em: https://www.ibama.gov.br/sophia/cnia/livros/ALeiCrimesAmbientais.pdf.

Aterro controlado

Trata se de um aterro comum, porém aqui há uma pequena variação com relação
ao lixão.

É feito o recobrimento dos resíduos com material inerte diariamente. Entretanto,


não há proteção do solo contra a decomposição dos resíduos ou controle dos
gases gerados. Portanto, essa forma de destinação final também é inadequada,
como no caso dos lixões.

85
UNIDADE III │ CICLO DE VIDA – DESCARTE

Figura 36. Aterro controlado.


ATERRO CONTROLADO

Canaleta para Cobertura vegetal


drenagem pluvial Gramíneas
Cinturão verde

Lixo compactado e
confinado

Camada de solo
para Confinamento

Célula de lixo

Contaminação do
solo
Lençol freático

Contaminação
água subterrânea

Fonte: https://rnews.com.br/wp-content/uploads/2015/05/Informe-Essencis_Aterro-Controlado.jpg.

Aterro Sanitário

Trata-se de um tipo de disposição final mais adequado e o principal atualmente.


Esta técnica apresenta mínimos danos ou riscos à segurança e saúde pública.
O aterro sanitário possui vida útil pequena, além de requer extensos espaços
de terra, manutenção e controle constante. Entretanto, ainda é uma solução
economicamente viável e com menor impacto ambiental. No aterro sanitário, há
medidas de proteção do solo, água e ar, como ilustrado abaixo.

Figura 37. Aterro sanitário.


SETOR
SETOR EM
SETOR EM CONCLUÍDO
EXECUÇÃO
PREPARAÇÃO
Vegetação de pequeno porte
Dreno de águas
de superfície
Dreno de gás
Manta de polietileno
impermeabilizante
(geomembrana)

Lençol Saída para


estação de
freático tratamento
Célula de lixo
Dreno de gás
Camada de
Camada argila compactada
impermeabilizante
Fonte: http://meioambiente.culturamix.com/blog/wp-content/uploads/2013/02/Aterro-Sanitario-Suas-Definicoes-e-Conceitos.jpg.

86
CICLO DE VIDA – DESCARTE │ UNIDADE III

Segundo a norma NBR 10.004, os resíduos sólidos industriais são


classificados em classes I e II. Os aterros sanitários podem receber
resíduos do tipo classe II A e II B, não inertes e inertes, respectivamente.
Os resíduos classe I, os resíduos perigosos, são encaminhados para aterros
industriais. Este tipo de aterro apresenta características mais especificas e
mais adequadas à destinação deste tipo de resíduo.

Saiba mais sobre as classes de resíduos no artigo “Resíduos classe I ou Resíduos


classe II: Qual é a diferença?”, disponível em: http://info.opersan.com.br/residuos-
classe-1-ou-residuos-classe-2-qual-e-a-diferenca.

87
CAPÍTULO 3
Exemplos de aso

Neste capítulo, serão descritos alguns casos de empresas presentes no Brasil e na


América latina que melhoram consideravelmente seus processos, produtos e serviços
com a adoção dos conceitos e normas relacionados ao ciclo de vida de produtos.

Braskem
A Braskem é uma empresa petroquímica brasileira que produz resinas
termoplásticas e outros produtos químicos. Possui instalações de produção
no Brasil, nos Estados Unidos e na Alemanha e exporta seus produtos para as
Américas do Norte e do Sul, Europa e Ásia.

O compromisso com o meio ambiente começou com a fundação da Braskem,


em 2002.

Figura 38. Braskem.

Fonte: https://www.sunoresearch.com.br/wp-content/uploads/2018/04/Logo-Braskem.jpg.

Alguns dos principais desafios que a empresa teve que superar nesse período
foram definir indicadores de desempenho relevantes, manter o foco nos aspectos
materiais dos três principais resultados, manter uma boa comunicação com todas
as partes interessadas e mudar da gestão ambiental tradicional para um modelo
que inclua a cadeia de valor.

A gestão do ciclo de vida na Braskem possui três áreas principais:

» Gestão estratégica: medir o desempenho para a tomada de decisões.


Um exemplo é a avaliação da ecoeficiência do PVC.

» Marketing: agregar valor mostrando maior sustentabilidade dos


produtos Braskem. Por exemplo: LCA de sacos de farinha, LCA de kits
cirúrgicos, LCA de copos de plástico.

88
CICLO DE VIDA – DESCARTE │ UNIDADE III

» Proteção do mercado: proteja os produtos contra alegações


sustentáveis feitas pelos concorrentes. Por exemplo, ACV de plástico
versus sacolas de papel para uso no Brasil.

A medição do desempenho ambiental permitiu à Braskem melhorar


significativamente em diversas áreas desde 2002, como uso de energia (-10%),
emissão de carbono (-13%), geração de resíduos (-62%) e geração de efluentes
(-37%). Esses resultados deram espaço para inúmeros prêmios, como o CDP
Performance Leader 2013.

Recentemente, a Braskem iniciou a produção de polietileno verde, que abriu


uma cadeia de fornecedores completamente nova para a empresa. Um código
de conduta do fornecedor foi desenvolvido para garantir que os fornecedores da
Braskem operem respeitando o meio ambiente e a sociedade e para facilitar o
processo de cálculo da ACV, solicitando o reporte de informações críticas.

Grupo Boticário
O Grupo Boticário é formado por duas empresas, O Boticário e Eudora, que
produzem cosméticos e perfumes no Brasil. O Grupo influência toda a sua cadeia
de valor, desde a extração e produção de matérias-primas até o fim da vida útil de
suas embalagens. Suas lojas são franqueadas, dando à organização algum grau de
influência sobre todos os aspectos do processo de distribuição e venda.

Figura 39. Grupo Boticário.

Fonte: <https://www.gesplan.com.br/wp-content/uploads/2018/04/logo-grupo-boticario.png.

No nível de produção, uma abordagem holística é usada para reduzir o impacto


que os edifícios e as operações têm sobre o meio ambiente. As instalações de
produção são projetadas para aproveitar a luz natural enquanto mantêm o
calor do lado de fora (eficiência energética) e são equipadas com dispositivos
de economia de água e energia; o equipamento é escolhido de acordo com o

89
UNIDADE III │ CICLO DE VIDA – DESCARTE

uso de energia e água; a água tratada é reutilizada. Há vagas dedicadas no


estacionamento para carros mais eficientes e a empresa fornece transporte para
os trabalhadores e lugares seguros para estacionar bicicletas. A embalagem
foi redesenhada (por exemplo, recargas e espelhos separados para kits de
maquiagem) para torná-los reutilizáveis e com menor impacto. Na verdade, as
caixas são usadas até dez vezes.

O Grupo Boticário tem um programa de sustentabilidade para os fornecedores,


incluindo orientação e compromisso ético. O Grupo ajuda seus provedores a
alcançar seus objetivos. No nível de venda, as lojas (geralmente franquias)
possuem baixo consumo, promovendo eficiência energética e reduzindo o calor
próximo aos produtos, o que aumenta o valor entregue do item. O mobiliário
é feito com madeira certificada FSC. O redesenho das sacolas de papel usando
revestimento especial reduziu o uso de outros materiais e as tornou mais
fáceis de reciclar. Um programa especial direcionado aos clientes permite que
eles devolvam a embalagem de seu produto, que é então repassado para as
cooperativas de recicladores.

Natura
A Natura Cosméticos, empresa brasileira de cosméticos com longa tradição em
compras e produção sustentáveis, definiu sua meta de longo prazo em um novo
patamar: ter um impacto positivo no meio ambiente e na sociedade (indo além
da mitigação e prevenção de impactos). Para isso, a Natura desenvolveu diversos
indicadores de desempenho, desde o fornecimento de extratos naturais até os
impactos no nível do usuário, passando pela produção e distribuição.

Figura 40. Natura.

Fonte: https://logodownload.org/wp-content/uploads/2014/05/natura-logo.png.

90
CICLO DE VIDA – DESCARTE │ UNIDADE III

Foi um longo caminho desde que a Natura apresentou os pacotes de recarga


(ainda no início dos anos 1980). A empresa começou a usar abordagens de ciclo
de vida no final dos anos 1990 e agora mede as pegadas de carbono e água, usa
LCA, LCA Social, custeio do ciclo de vida e ecodesign. Outros indicadores
estão relacionados a embalagens, resíduos e extração de materiais da floresta
amazônica. Esses indicadores fornecem uma visão ampla da sustentabilidade –
ambiental, social e econômica.

Os principais desafios da gestão da sustentabilidade na Natura foram:

» obter dados relevantes;

» aumentar o esforço de gerenciar mais indicadores;

» treinar funcionários;

» comunicar-se internamente; e

» abordar os trade-offs entre sustentabilidade social, econômica e


ambiental.

Os indicadores de sustentabilidade permitiram que a Natura construísse valor


de marca por meio de uma imagem forte e sustentável, e de ter uma estratégia
consistente de sustentabilidade. No futuro, a empresa espera melhorar a qualidade
dos estoques locais e aumentar a quantidade de indicadores em uso. Além disso, o
desafio dos trade-offs na tomada de decisões continuará a ser tratado.

Gerdau
A Gerdau é uma empresa multinacional dedicada ao fornecimento de soluções e
materiais à base de aço. No Chile, o grupo possui duas instalações de produção e
quatro centros de reciclagem (onde a sucata é coletada e embalada), certificados com
ISO 9001 e ISO 14001.

Figura 41. Gerdau.

Fonte: http://www.itwchem.com.br/wp-content/uploads/2015/08/gerdau-logo.jpg.

91
UNIDADE III │ CICLO DE VIDA – DESCARTE

A Gerdau mediu os impactos ambientais de suas duas principais linhas de


produção utilizando ACV – barras de reforço e barras comerciais –, com
resultados em EPDs publicamente disponíveis. A Gerdau está ansiosa para se
comunicar e fornece produtos com informações sobre especificações técnicas,
instruções de uso, pegada de carbono (escopos 1, 2 e 3) e certificação de produto
limpo (produto isento de óleos, graxas, radiação ionizante e tintas).

O aço é produzido a partir de sucata, que tem um impacto global menor no


meio ambiente do que sua contraparte baseada em minério, uma vez que evita
a etapa de mineração. É menos intensivo em energia e permite o uso de energia
elétrica sobre coque e outros combustíveis fósseis; requer menos água, grande
parte da qual pode ser reciclada no processo (apenas 1% da água em uso na
Gerdau sai como descarga líquida); e permite a reciclagem de sucata, que de
outra forma se transformaria em lixo. A Gerdau tem orgulho de mostrar uma
pegada de carbono de barras de reforço 70% menor que a média mundial.

Fora de seus limites operacionais, os clientes recebem maior valor de produtos


com menor pegada de carbono, que podem ser usados ​​para atender aos padrões
de construção LEED. Sendo a Gerdau a maior produtora de aço reciclado no
Chile e membro do Green Building Council do país, a empresa tem a vantagem
de entrar nesse novo e crescente mercado. Do outro lado da cadeia de valor, os
fornecedores de sucata recebem treinamento em administração de empresas,
direção sustentável e segurança.

Tetra Pak
A Tetra Pak é uma empresa sueca, líder global no processamento e embalagem
de alimentos. Eles trabalham em estreita colaboração com clientes e fornecedores
para oferecer produtos seguros, inovadores e ambientalmente responsáveis que
cobrem as necessidades em todo o mundo.

O cálculo da pegada de carbono de um Tetra Pak ao longo de sua cadeia de valor


(um indicador usado rotineiramente pela Tetra Pak) revelou que apenas 4% dos
impactos estavam dentro dos limites da empresa. Assim, a Tetra Pak começou
a trabalhar mais de perto com fornecedores, clientes e usuários finais para
reduzir a pegada de carbono de uma caixa. O trabalho concentrou-se na eficiência
energética e material, nas fontes de energia renováveis ​​e no aumento das taxas
de reciclagem. Além disso, eles redesenharam suas máquinas de envase (produto
principal) para usar menos energia e água enquanto enchiam as caixas. Além

92
CICLO DE VIDA – DESCARTE │ UNIDADE III

disso, os fornecedores de papelão são escolhidos em relação ao estresse hídrico


que produzem em sua área.

Figura 42. Tetra Pak.

Fonte: https://grandeconsumo.com/wp-content/uploads/2017/11/upload14302_0-758x569.jpg.

Na Argentina, a Tetra Pak usa 100% de papelão de florestas certificadas pelo FSC.
Também participa ativamente do desenvolvimento de estratégias municipais
para o gerenciamento de resíduos sólidos, ajudando as cidades a implementar a
segregação de resíduos na origem. Também participa da construção de usinas de
reciclagem e doa cintos de separação para cooperativas de recicladores. Os pacotes
são reciclados ou usados como matéria-prima para produzir outras coisas, como
placas de construção.

Pepsico
A Pepsico é uma empresa global de alimentos e bebidas, que colocou a
sustentabilidade ao longo da cadeia de valor no centro de seu foco por meio do
programa “Performance with Purpose”.

Figura 43. Pepsico.

Fonte: https://logodownload.org/wp-content/uploads/2017/10/pepsico-logo.png.

93
UNIDADE III │ CICLO DE VIDA – DESCARTE

O programa tem três áreas principais:

» sustentabilidade humana;

» sustentabilidade ambiental; e

» sustentabilidade de talentos.

Ela serve como um guarda-chuva, que orienta a operação em direção a metas


sustentáveis, principalmente em suas operações diretas e descendentes. Alguns
exemplos são a escolha da embalagem de acordo com os impactos no ciclo de vida
e o treinamento dos motoristas de caminhão para dirigir com mais eficiência,
usando menos combustível e emitindo menos gases de efeito estufa.

A sustentabilidade é monitorada também no nível do fornecedor, com a


“Sustainable Agriculture Initiative”. Este programa é direcionado para ajudar os
fornecedores críticos a melhorar o rendimento, administrar fazendas com mais
eficiência e usar menos agroquímicos, o que, por sua vez, reduz os impactos do
ciclo de vida dos produtos Pepsico.

A Pepsico trabalha com inúmeros indicadores de desempenho, alguns gerenciados


internamente, e alguns certificados por entidades externas, como a Certificação
Rainforest para fornecedores de batata e sementes no Chile, ou as Boas Práticas
Agrícolas Globais para a Argentina e o Brasil.

Desse modo, a Pepsico enfrenta o desafio da sustentabilidade, usando ferramentas


próprias ou externas, engajando-se com fornecedores, recicladores e seus
funcionários.

94
Referências

3 DS. Enovia. Disponível em: https://www.3ds.com/products-services/enovia/.


Acesso em: 15 de julho de 2019.

AGÊNCIA IPUB. Pesquisa. Disponível em: https://agenciaipub.com.br/wp-content/


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