Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO................................................................................................................................... 5
INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
GESTÃO URBANA................................................................................................................................ 11
CAPÍTULO 1
O SURGIMENTO DAS CIDADES E O IMPACTO DA URBANIZAÇÃO.............................................. 11
CAPÍTULO 2
DIFERENÇAS ENTRE PLANEJAMENTO E GESTÃO URBANA.......................................................... 14
CAPÍTULO 3
ASPECTOS CONCEITUAIS SOBRE GESTÃO AMBIENTAL URBANA.................................................. 16
CAPÍTULO 4
GESTÃO URBANA NO BRASIL................................................................................................... 17
UNIDADE II
INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL................................................................... 19
CAPÍTULO 1
ZONEAMENTO ECOLÓGICO-ECONÔMICO – ZEE................................................................... 19
CAPÍTULO 2
OS BENEFÍCIOS DAS ÁREAS VERDES PARA O AMBIENTE URBANO.............................................. 21
CAPÍTULO 3
BACIAS HIDROGRÁFICAS URBANAS........................................................................................ 26
CAPÍTULO 4
ESTATUTO DAS CIDADES E O PLANO DIRETOR.......................................................................... 33
CAPÍTULO 5
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL E AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA................................. 36
CAPÍTULO 6
GESTÃO URBANA PARTICIPATIVA E COMPARTILHADA................................................................. 45
CAPÍTULO 7
PEGADA ECOLÓGICA........................................................................................................... 53
UNIDADE III
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE NA GESTÃO DAS CIDADES................................ 61
CAPÍTULO 1
INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE NA GESTÃO URBANA....................................................... 61
UNIDADE IV
RECURSOS FINANCEIROS PARA A GESTÃO URBANA SUSTENTÁVEL.......................................................... 73
CAPÍTULO 1
RECURSOS ORÇAMENTÁRIOS................................................................................................. 73
CAPÍTULO 2
FONTES DE FINANCIAMENTO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS URBANAS............................................. 77
CAPÍTULO 3
PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA.................................................................................................. 80
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 84
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
Atenção
6
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
7
Introdução
A partir da Revolução Industrial ocorrida na Europa no século XVIII, evidenciou-se no mundo
inteiro o processo de urbanização e crescimento das cidades. Estes fatores, aliados ao aumento
populacional, tem provocado inúmeras e profundas transformações sociais, econômicos, políticas
e ambientais nas cidades. Estas, por sua vez têm requerido, com urgência, novas possibilidades de
planejamento e modelos de gestão, em função das novas demandas enfrentadas.
Para Mafra & Silva (2004) existem alguns condicionantes que justificam ainda melhor a importância
e as razões da adoção de políticas voltadas ao planejamento e gestão urbana:
Dessa forma, o planejamento e a gestão urbana têm sido apontados como a principal alternativa na
construção de cidades sustentáveis, visando à qualidade de vida de suas populações.
Segundo Frey (2002), no passado, a gestão urbana contemplava basicamente o planejamento dos
aspectos físicos e territoriais da cidade, com a disponibilização de infraestrutura básica com os
serviços sociais. A concentração nessas atividades tem sido considerada indispensável para uma boa
qualidade de vida urbana. No presente, a gestão urbana contempla um incomensurável conjunto
de variáveis com diferentes atores, experimentando transformações fundamentais que exigem um
debate controvertido em torno dos possíveis caminhos da gestão pública das cidades na sociedade
da informação que crescentemente vem se consolidando.
Nesse sentido, este Caderno de Estudos e Pesquisa tem como objetivo possibilitar um entendimento
mais amplo sobre a importância do planejamento e da gestão urbana, seus conceitos, fundamentos e as
suas diferentes concepções. Cabe ainda destacar que essa discussão não se encerra neste, nem tão pouco
nesta disciplina.
8
Objetivos
»» Compreender a importância do Planejamento e da Gestão Urbana para o
desenvolvimento sustentável das cidades.
9
GESTÃO URBANA UNIDADE I
CAPÍTULO 1
O surgimento das cidades e o impacto
da urbanização
Segundo estimativas da Organização das Nações Unidas – ONU, no ano 2000, seis bilhões de
pessoas habitavam o planeta, dentre as quais aproximadamente 50% do total com residência em
áreas urbanas. Nos países considerados desenvolvidos, esse percentual subiu para 75%. Atualmente,
segundo a ONU, atingimos a marca de sete bilhões de habitantes; em apenas doze anos, a população
mundial aumentou em 1 bilhão de pessoas. Essas estimativas evidenciam que caminhamos em
direção a um mundo cada vez mais urbano, no qual deve ser reconhecida a importância de estudos
sobre as cidades e os impactos provenientes da expansão urbana. No Brasil, segundo último censo
do IBGE (2010), cerca de 84% da população brasileira vive em cidades.
O processo de urbanização ocorrido nos países desenvolvidos deu-se de forma lenta, gradual e
planejada, porém, nos países subdesenvolvidos ocorreu de forma rápida e em geral sem nenhuma
orientação.
Para Santos (1991, p. 42), “das 26 cidades mundiais com mais de cinco milhões de habitantes,
em 1980, 16 estão nos países subdesenvolvidos, e por volta do ano 2000 das 60 cidades com essa
população no mundo inteiro, 45 estarão no terceiro mundo”.
No caso do Brasil, este acelerado crescimento urbano ocorreu não apenas pelo crescimento vegetativo
da população, mas principalmente pelo êxodo rural, responsável tanto pela expansão das grandes
cidades, quanto pelo surgimento e evolução de inúmeras outras cidades de médio e pequeno porte.
11
UNIDADE I │ GESTÃO URBANA
Assim, pode-se afirmar que, no decorrer do processo da evolução humana como sociedade, as
cidades vieram a se constituir nos principais centros das atividades humanas. Tornaram-se palco de
intensas relações políticas, econômicas e comerciais, as quais proporcionaram o desenvolvimento
de extensos aglomerados humanos e urbanos, com formas, funções e estruturas condizentes a estas
atividades. (SAYDELLES, 2005)
Dessa forma, a acelerada urbanização engendrou consideráveis alterações no espaço urbano, o que
levou inúmeros pesquisadores a observar que o ambiente das cidades torna-se menos sadio numa
proporção diretamente oposta à intensificação da expansão urbana.
Impactos significativos no ambiente ocorrem em razão dos moldes de produção e consumo nos
espaços urbanizados. Poluições, engarrafamentos, violência, desemprego etc., são aspectos comuns
nas cidades.
12
GESTÃO URBANA │ UNIDADE I
Dessa forma, políticas públicas devem ser desenvolvidas na construção de cidades sustentáveis,
bem como para proporcionar qualidade de vida e, principalmente, dignidade para os cidadãos, além
de reduzir as desigualdades sociais, evitando assim a degradação do ser humano.
13
CAPÍTULO 2
Diferenças entre planejamento e
gestão urbana
Segundo Almeida (1993), o planejamento pode ser entendido como um processo rigoroso de dar
racionalização à ação, sendo basicamente um processo de raciocínio em que se deve enfrentar de
maneira crítica as situações que se apresentam.
Santos (2000) destaca que o planejamento constitui-se num processo contínuo que envolve a coleta,
a organização e a análise sistematizada das informações para se chegar a decisões ou escolhas acerca
das melhores alternativas para o aproveitamento dos recursos disponíveis, com a finalidade de
se atingir metas específicas no futuro e que levem à melhoria de uma determinada situação e ao
desenvolvimento das sociedades humanas.
Nesse sentido, o planejamento pode ser entendido como um processo racional que visa a definir
ou a orientar as ações futuras a partir de um determinado enfoque sistêmico, buscando o melhor
uso dos recursos existentes.
Souza e Rodriguez (2004) enfatizam que o planejamento urbano, assim como qualquer tipo
de planejamento, é uma atividade que remete sempre para o futuro. É uma forma que os seres
humanos têm de tentar prever a evolução de um fenômeno ou de um processo, e a partir deste
conhecimento procurar a se precaver contra problemas ou dificuldades, ou ainda aproveitar melhor
os possíveis benefícios.
Diferentemente do planejamento, a gestão é uma atividade que remete ao presente, o agora. Ela é
a administração de determinadas situações dentro de uma conjuntura, com recursos disponíveis
no presente, tendo em vista as necessidades imediatas. Uma vez tendo planejado, seja o que for,
precisamos administrá-lo, sabendo como reagir do inesperado, sabendo como nos comportar a cada
momento, tomando as decisões de forma segura, rápida e eficiente. (SOUZA E RODRIGUEZ, 2004)
O conceito de gestão, sob a ótica da administração empresarial, está relacionado com o conjunto de
recursos e com a aplicação de atividades destinadas ao ato de gerir. O processo de gestão é uma função
orgânica básica da administração. São processos mentais e físicos de estabelecer o que é desejável e
como serão elaborados. Gestão é fazer administração nas organizações. Procura reunir planejamento
estratégico e administração em um único processo. (TAVARES, 2000; CHIAVENATO, 2000;
MINTZBERG; QUINN, 2001)
14
GESTÃO URBANA │ UNIDADE I
A gestão urbana também pode ser entendida como governança urbana. Nesse sentido ela apresenta
um novo conceito em gestão pública e política. Apesar de os conceitos teóricos de governança
serem multifacetados (HIRST, 2000; RHODES, 2000), não há dúvida alguma sobre uma mudança
substancial – tanto em política urbana quanto em teoria urbana – dos conceitos tradicionais,
baseados no princípio da autoridade estatal, para abordagens de governança, frisando novas
tendências de uma gestão compartilhada e interinstitucional que envolve o setor público, o setor
produtivo, o crescente setor voluntário ou terceiro setor. A criação de redes e as parcerias público-
privadas são processos políticos cada dia mais dominantes no novo mundo urbano fragmentado e
são essenciais para a abordagem da governança.
De acordo com a concepção de governança urbana, a melhoria da qualidade de vida nas cidades não
é negócio exclusivo de governo, mas sim tarefa e responsabilidade compartilhada entre todas as
organizações e cidadãos que constituem o tecido institucional e social da cidade. (PUTNAM, 2001;
SCHERER-WARREN, 1999; CASTELLS, 1999)
A cidade é um organismo dinâmico e complexo. Esse organismo pode ser caracterizado por grandes
diversidades e múltiplos contrastes, gerando inúmeras dificuldades ao gestor público. Nesse sentido,
a gestão urbana deve desempenhar papel relevante para contribuir na diminuição desses contrastes,
dificuldades e conflitos, e também na solução dos múltiplos problemas enfrentados.
Assim, pode-se perceber que o planejamento e gestão são de fato duas atividades diferentes, cuja
diferença principal reside na escala temporal de acontecimentos dos fatos em cada uma delas.
Enquanto o planejamento tem a ver com os acontecimentos no médio e longo prazo, a gestão
refere-se ao curto prazo (meses, até um ano) e ao curtíssimo prazo (dias ou semanas). (SOUZA E
RODRIGUEZ, 2004)
15
CAPÍTULO 3
Aspectos conceituais sobre gestão
ambiental urbana
A gestão no viés ambiental-urbano, conforme Godard (1997, apud BOTTINI, 2005, p. 10), reúne
e contrapõe objetivos cujos valores são visivelmente contraditórios, por um lado associados
ao desenvolvimento e ao ordenamento, e por outro lado voltados à conservação da natureza e à
preservação da qualidade ambiental.
O tema meio ambiente, no Brasil, entra no espaço municipal via ação dos estados e da União.
Manifestou-se, principalmente, em problemas relativos a resíduos sólidos, saneamento básico,
poluição do ar e da deficiência de áreas verdes, mas praticamente até a atualidade não tem uma
inclusão nos processos de planejamento como elemento básico. (MORAIS, 2002)
Já no plano federal, cada vez mais as ações governamentais procuram intervir com programas voltados
para controle do ambiente urbano partindo da definição de áreas ambientais críticas – resultantes do
uso inadequado de recursos ambientais e da própria ineficiência do processo de gestão ambiental.
A definição desses programas no âmbito federal, que tem recebido o nome de “Agenda Marrom”, é
orientada por duas premissas:
I. a magnitude dos danos gerados, principalmente sociais (impactos sobre o ser humano),
econômicos (perda de produtividade) e ambientais (degradação de recursos); e
O que se tem entendido hoje como “gestão ambiental urbana” são as questões referentes,
principalmente, a saneamento ambiental, focados na resolução dos problemas quanto à poluição
das cidades – retoma-se a pauta da infraestrutura. É uma tentativa de resolução dos problemas que
o planejamento urbano não foi capaz de resolver mediante enfoque ambiental.
A questão que se coloca é mais ampla, envolve tanto ações de mitigação de impactos e implantação
de infraestruturas, mas principalmente a consideração das potencialidades e fragilidades do meio
físico biótico na definição das áreas a serem urbanizadas.
Por outro lado, a gestão ambiental urbana necessita de instrumentos. Porém, pouco se tem falado
sobre a questão dos instrumentos promotores da gestão ambiental urbana. É necessário entender a
gestão ambiental urbana para além do tratamento de carência de infraestrutura e de poluição (mesmo
sendo estas de suma importância), trabalhar no sentido da construção da gestão propriamente dita –
seus instrumentos, políticas.
Para efeito de conceituação, a gestão ambiental urbana, de uma forma simplificada, pressupõe a
compatibilização do processo de desenvolvimento urbano com a conservação do meio ambiente nas
cidades. Assim, a lógica que efetiva a gestão ambiental urbana deve, por meio de seus instrumentos,
mediar os conflitos de interesse entre o domínio público e privado, internalizando os bens coletivos
através de sua consideração no processo de urbanização.
16
CAPÍTULO 4
Gestão urbana no Brasil
A crise do planejamento urbano e regional, iniciada no Brasil desde os anos 1980, foi preponderante
ao fortalecimento da palavra “gestão”. O planejamento estava largamente desacreditado e associado
a práticas tecnocráticas. Contra este pano de fundo, o termo gestão traz para alguns observadores
a conotação de um controle mais democrático, operando com base em acordos e consenso, em
contradição ao planejamento, fundamentado apenas nos critérios técnicos. (MACHADO, 1995,
apud SOUZA, 2002, p. 46)
Segundo Motta (1998, p. 16-17), gestão urbana “é o conjunto de processos do poder público dirigido
para utilizar recursos humanos, financeiros, técnicos, organizacionais, políticos e naturais, que
permitem produzir, fazer funcionar e manter a cidade com vistas ao bem-estar da população”.
A gestão do território, processo importante para a execução de políticas públicas, tem se baseado em
legislações e normas que buscam controlar o acelerado crescimento urbano, configurando a cidade e
sua expansão, que em sua maioria tem se dado em desacordo ao regime urbanístico (tamanho mínimo
de lote; limites de ocupação, gabarito e densidade; recuos de edificações, largura de vias etc.).
A adequabilidade das bases normativas e legais que fundamentam a gestão urbana constitui um
desafio importante para atingir o objetivo de uma cidade sustentável, aí entendida a repartição
de benefícios e custos diretos e indiretos gerados pelos agentes imobiliários, instituições públicas,
privadas e indivíduos, originados do processo de urbanização.
A gestão urbana deve, de forma pró-ativa, enfrentar os desafios para mudança de paradigma quanto
ao desenvolvimento, buscando viabilizar cidades sustentáveis e sociedades mais democráticas e
mais justas, incorporando neste processo a dimensão social e ambiental.
A participação popular é uma vertente importantíssima para uma efetiva gestão, onde os cidadãos
podem se tornar atores efetivos dos processos decisórios.
No Brasil, a realização da gestão urbana se dá pelo uso de instrumentos como o Estatuto das Cidades,
Plano Diretor, Agenda 21 e planejamento das estratégias para possibilitar o acesso aos serviços
17
UNIDADE I │ GESTÃO URBANA
urbanos de infraestrutura e equipamentos urbanos, com o objetivo de promover a gestão das cidades
e o desenvolvimento sustentável.
18
INSTRUMENTOS DE
PLANEJAMENTO E UNIDADE II
GESTÃO TERRITORIAL
CAPÍTULO 1
Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE
O ZEE subsidia a formulação de políticas territoriais em todo o País voltadas para a proteção
ambiental, à melhoria das condições de vida da população e à redução dos riscos de perda do
patrimônio natural, garantindo o desenvolvimento sustentável.
19
UNIDADE II │ INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL
O ZEE tem como prerrogativa contribuir para que o sistema de planejamento oriente os esforços de
investimentos do governo e da sociedade civil segundo as peculiaridades das áreas definidas como
zonas e tratadas como unidades de planejamento.
A busca por uma ação harmoniosa entre as diretrizes emanadas da área econômica e da área
ambiental, frequentemente conflituosa, diz respeito ao ZEE. A busca pela área ambiental parte de
um diagnóstico que conduz à elaboração de produtos sínteses, englobando aspectos físicos, bióticos,
socioeconômicos e jurídico-institucionais, permitindo a construção de cenários e a posterior
indicação das diferentes zonas em um território. O resultado é a elaboração de normas de uso e
ocupação do território e de manejo dos recursos naturais sob uma perspectiva conservacionista e de
desenvolvimento econômico e social.
»» política – propicia interação entre governo e sociedade civil para estabelecer áreas
prioritárias no planejamento;
»» mobilização social.
Entende-se que o ZEE seja aplicável a qualquer escala geográfica e na prática é usado para grandes
áreas sob qualquer intensidade de uso, tais como bacias hidrográficas ou regiões geopolíticas.
Conforme Ab’Saber (1989), estabelecer as bases de um zoneamento ecológico-econômico em uma
determinada conjuntura geográfica equivale a realizar um estudo para determinar a vocação de todos
os subespaços que compõem um certo território, e efetuar o levantamento de suas potencialidades
econômicas, sob um critério basicamente “ecodesenvolvimentista”.
20
CAPÍTULO 2
Os benefícios das áreas verdes para o
ambiente urbano
As áreas verdes podem apresentar muitos benefícios ao ambiente urbano, por meio de seu elemento
estruturador: a vegetação. Llardent (1982) enumera alguns benefícios que a vegetação, inserida no
arranjo urbano, pode propiciar às variáveis ambientais urbanas, como temperatura e umidade do
ar, ventilação, níveis de ruído, concentração de gás carbônico, concentração de óxido de carbono,
dentre outras.
Llardent (1982) notifica que o desequilíbrio ambiental causado pela supressão da vegetação no meio
urbano pode apresentar consequências graves para o indivíduo, como o aumento de doenças, sobretudo
as de caráter respiratório. A ocorrência desses indicadores é frequente nos bairros sem planejamento
ou de ocupação espontânea, onde há ausência de áreas verdes que impossibilita a adequada renovação
do ar nas camadas mais próximas ao solo e torna o ar insalubre em sua composição.
Pellegrino (2000), ao discorrer sobre os benefícios ecológicos produzidos por manchas de vegetação,
faz uma colocação que a princípio parece óbvia, no entanto é ignorada, ou talvez esquecida, pelos
planejadores do espaço urbano. O autor conclui: “grandes manchas: grandes benefícios; pequenas
manchas: pequenos benefícios”.
O óxido de carbono é o mais nocivo e o mais facilmente encontrado no meio urbano por ser
proveniente da combustão dos veículos automotores.
Akbari et al. (1988), em estudo do impacto das ilhas de calor urbano no consumo de energia para
resfriamento térmico e emissões de gás carbônico (CO2), no que se refere à qualidade ambiental
urbana, constataram que a arborização urbana é cerca de 15 vezes mais eficiente para consumir CO2
que a arborização rural.
É irreal afirmar que as áreas verdes são a solução para o problema da poluição atmosférica, visto que
sua influência é limitada. Entretanto, não se pode negar seu papel como purificador da atmosfera
urbana. Essa função dos vegetais se dá por meio de sua estrutura foliar por meio de quatro
procedimentos: fixação de poeiras e materiais residuais em suspensão no ar; depuração bacteriana;
regeneração mediante a função clorofílica; e fixação de gases tóxicos. (AKBARI, 1998)
21
UNIDADE II │ INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL
Llardent (1982) apresenta um dado interessante a este respeito. O autor afirma que um solo
gramado retém de três a seis vezes mais partículas do que uma superfície análoga em condições de
solo desnudo. Afirma, ainda, que uma árvore retém na ordem de dez vezes mais partículas do que a
superfície gramada coberta por sua copa. Essa proporção aumenta na ordem de cinquenta vezes em
caso de superfície desnuda.
O mesmo autor apresenta estudo realizado pelo Laboratório de Higiene da cidade de Paris, no qual
a instituição pesquisou a quantidade de poeira, em gramas, retida por espécies arbóreas. Para tanto,
foram pesquisadas em cinco espécies arbóreas, considerando o intervalo de sedimentação de quinze
dias. Os resultados foram compilados na tabela a seguir.
As plantas também apresentam ação purificadora por depuração bactericida. A captação de bactérias
pela superfície foliar obedece ao mesmo princípio da captação de poeiras e materiais em suspensão.
Entretanto, a emissão de ozônio pelas folhas favorece a destruição das bactérias sedimentadas pelo
poder bactericida do gás. (LLARDENT, 1982)
A emissão de ozônio se dá pelo processo de fotossíntese, quando a planta absorve gás carbônico do
ambiente e libera oxigênio e ozônio.
Vegetação e clima
As plantas são organismos poiquilotérmicos, ou seja, suas temperaturas tendem a se aproximar
da temperatura ambiente (LARCHER, 1986). Entretanto, esta adequação não é precisa e deve ser
sempre levado em consideração o balanço de energia do habitat.
22
INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL │ UNIDADE II
A influência da vegetação nas condições higrotérmicas dos ambientes urbanos se dá, essencialmente,
pela interceptação e captação da energia solar incidente. O maior ou menor grau dessa interceptação
depende diretamente do tipo e estrutura da copa.
De acordo com Cantuária (1995), copas esbeltas e leves podem interceptar entre 60% a 80% de luz
solar, enquanto copas esbeltas e densas têm eficiência de aproximadamente 98%.
A filtragem da radiação solar pela copa da árvore implica diretamente na temperatura do ar,
aceitando-se, como regra geral, o papel da vegetação na atenuação das temperaturas extremas.
A vegetação, entretanto, não absorve toda a radiação solar recebida. Parte da radiação que incide
sobre a planta é refletida, parte é absorvida de modo a tornar-se fisiologicamente eficaz, e o restante
é irradiado de volta à atmosfera. Nesse sentido, Cantuária (1995) notifica que do ganho total de
calor solar, cerca de 30% é refletido, 50% é absorvido e apenas 20% é transmitido de volta para o
meio. Não obstante, o percentual transmitido é interceptado pela próxima camada de folhas, de
modo que o ganho na superfície do solo é praticamente nulo.
Llardent (1982) apresenta informações semelhantes. O autor afirma que a arborização, por meio de
suas folhas, absorve em torno de 15% a 35% da radiação solar recebida durante as horas de insolação.
Parte dessa energia alcança o solo, em torno de 30% a 50%; e outra parte é refletida para a atmosfera,
em torno de 30% a 40%. Salienta-se, entretanto, que a densidade e a textura da copa influem
diretamente nesses percentuais.
Larcher (1986), entretanto, afirma que o grau de reflexão, absorção e transmissão aos tecidos
vegetais dependem, também, do comprimento de onda da radiação. Assim sendo, a radiação é
quase completamente absorvida, na ordem de 97%.
Quanto à influência da vegetação sobre a umidade do ar no ambiente urbano, Llardent (1982, p. 74)
notifica que: “As plantas son elementos esenciales para combatir la desecación del climaurbano.
23
UNIDADE II │ INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL
Emplean para ello el mecanismo conocido como regulaciónhigrométrica, consistente en una emisión
de vapor de agua a través de lassuperficies foliares [...]”.
A planta, segundo o mesmo autor, emite vapor d’água ao ambiente por três processos distintos:
A vegetação intercepta e retém no solo a água proveniente das chuvas e das regas.
A vegetação também absorve a água diretamente do solo e a emite ao ambiente pelo seu processo de
transpiração fisiológica. Esse processo é inversamente proporcional ao grau higrométrico do ambiente.
O processo de transpiração é realizado por meio da regulação estomática. À medida que a água é
liberada, a quantidade de energia é a mesma necessária para vaporizá-la. Larcher (1982) salienta,
entretanto, que o refrescamento por evaporação é particularmente eficaz quando a temperatura do
ar for elevada, a umidade baixa e as plantas estiverem bem supridas de água.
Llardent (1982, p. 76) afirma, ainda, com relação ao papel da vegetação na atenuação do rigor térmico
em ambientes urbanos que “Este efecto positivo se debe en buena medida a que los fenómenos
descritos de evaporación-transpiración absorven calorias, con lo que se obtiene uma disminuición
de la temperatura del microclima local en las horas de máscalor.”
Além de sua influência na radiação solar, temperatura e umidade do ar, a vegetação influi, ainda,
na velocidade e direção do ar. Nesse sentido, as plantas podem exercer função de anteparo aos
ventos desagradáveis, além de desempenhar papel no efeito canalizador da ventilação, mediante um
planejamento adequado da massa vegetal.
Fica evidente que a vegetação, como elemento do espaço urbano, desempenha diversas funções:
ornamental, paisagística, filtragem da poluição atmosférica, atenuação térmica, entre outras.
Contudo, a mais significativa delas, para o presente estudo, é o seu uso como fator de modificação
do clima em escala meso e microclimática que, de forma positiva, atua no comportamento térmico
dos diversos ambientes urbanos, não somente por suas implicações de bem-estar – uma variável a
considerar na qualidade ambiental – como também pelo fato de as implicações das trocas térmicas
decisivamente repercutirem no desempenho energético da cidade.
Milano (1988) constatou, entretanto, que, apesar de ser senso comum a importância das áreas verdes
no ambiente urbano, é outra a realidade quanto ao planejamento desses espaços. De modo geral,
os planos urbanos para áreas verdes são estáticos, fragmentados e não propiciam instrumentos
capazes de explorar o potencial da vegetação, quer como elemento de definição do espaço urbano,
quer para conquista de espaços climaticamente favoráveis.
24
INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL │ UNIDADE II
Alguns autores afirmam que os benefícios da vegetação na área urbana não se restringem ao local onde
esta se encontra inserida. Shashua-bar& Hoffman (2000) que analisaram o efeito amenizador em
pequenas áreas verdes, como ruas arborizadas, praças e canteiros em avenidas do complexo urbano
de Tel-Aviv, Israel, constataram que, em áreas verdes devidamente planejadas de 0,1 hectare, o efeito
amenizador pode ser encontrado em até 100 metros além de seus limites. Desse modo, para obtenção
do efeito amenizador em áreas vizinhas, a presença de pequenas áreas verdes vegetadas em intervalos
proporcionais ao seu dimensionamento é preferível a grandes áreas isoladas na malha urbana.
Garcia (1999) afirma que o grau de temperatura entre o parque urbano e seus arredores imediatos
é capaz de desencadear o estabelecimento de ligeira brisa com ventos moderados, o que alguns
autores denominaram “brisas de parque”. A influência dessas brisas pode ser notada a algumas
centenas de metros além dos limites dos parques urbanos, seguindo a direção predominante do
vento através de correntes de ar fresco que se estendem para bairros edificados nas proximidades.
Além disso, para profissionais que atuam no planejamento da cidade, é de grande importância
o conhecimento de parâmetros que quantifiquem benefícios trazidos pela vegetação, a fim de se
buscar a melhoria da qualidade de vida, tanto física quanto psíquica, das populações urbanas.
(BUENO et al., 1997)
Mediante os benefícios que a vegetação propicia ao meio urbano, ressalta-se que sua maior eficácia
é obtida por meio de planejamento adequado das áreas verdes no arranjo da cidade, pautado nas
características fisiológicas de cada espécie e nas características ambientais do meio urbano.
25
CAPÍTULO 3
Bacias hidrográficas urbanas
O entendimento de bacia hidrográfica urbana pode-se dar por meio de diferentes correntes. O
conceito proposto neste Caderno de Estudos e Pesquisa refere-se às bacias hidrográficas que se
encontram restritas à área de abrangência do município, cujos recursos hídricos têm sofrido com os
impactos do processo de urbanização. Nas grandes cidades a noção de bacia hidrográfica se perde
dadas as construções, avenidas e as demais alterações na paisagem natural.
Tucci e Cordeiro (2004) classificam como os principais impactos sobre os recursos hídricos das
cidades brasileiras os seguintes:
Na figura a seguir, pode-se notar claramente o efeito deste impacto da urbanizaçãono qual há um
aumento do pico de vazão na área urbanizada, em um menor espaço temporal.
26
INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL │ UNIDADE II
Também impactam o recurso hídrico a perda da mata ciliar e a crescente impermeabilização das
microbacias urbanas, resultando na modificação do ciclohidrológico, bem como a retificação e a
canalização dos córregos, que alteram a sua dinâmica natural. Outro aspecto a ser considerado
é a utilização das áreas lindeiras, reservadas legalmente como Áreas de Preservação Permanente
(APPs). Quando não têm sido ocupadas por vias de tráfego, têm ficado sem utilização ambiental ou
social (como poderia ser o caso de parques lineares), se tornando passíveis de invasões para usos
privados incompatíveis com a peculiaridade de um fundo de vale.
Segundo Butler e Parkinson (1997) in Costa Júnior (2003), a drenagem urbana sustentável é
“inacessível”, pois existe atualmente uma incompatibilidade muito elevada entre a produção, a
ocupação do meio urbano e os sistemas de drenagem, sendo assim, defendem sistemas de drenagem
“menos insustentáveis”. Para isto, o processo de gerenciamento da drenagem urbana deve se pautar
em medidas diversificadas, que utilizem técnicas e tecnologias estruturais e não estruturais.
Segundo Lima (2003), os corpos d’água e as matas ciliares das áreas urbanas aparecem representados
de forma indiferente ao dia a dia das pessoas, sendo a estas desnecessário interferirem em seu
estado por não relacionarem qualidade ambiental com suas atividades cotidianas ou qualidade de
vida. Para isto, pode-se pensar a cidade como um organismo social, vivo e complexo, que possui
elementos ambientais com função urbanística e que a natureza seja um equipamento urbano que
traz qualidade de vida.
Parte da poluição gerada em áreas urbanas tem origem no escoamento superficial sobre áreas
impermeáveis, áreas em fase de construção, depósitos de lixo ou de resíduos industriais e outros. O
escoamento superficial da água nesses locais carrega o material, solto ou solúvel que encontra, até
os corpos d’água levando, portanto, cargas poluidoras bastante significativas. As redes de drenagem
urbana são responsáveis pela veiculação dessas cargas e se constituem em importantes fontes de
degradação de rios, lagos e estuários. Essa poluição difusa é gerada pelo escoamento superficial em
áreas urbanas, proveniente da deposição de poluentes, de maneira esparsa, sobre a área contribuinte
da bacia hidrográfica. (PORTO, 1995)
27
UNIDADE II │ INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL
Para Tucci (2007, p.246), “a gestão das ações dentro do ambiente urbano pode ser definida de
acordo com a relação de dependência da água por meio da bacia hidrográfica ou da jurisdição
administrativa, Municipal, Estadual ou Federal”.
O autor reforça que a gestão dos recursos hídricos é realizada por meio da bacia hidrográfica,
no entanto a gestão do uso do solo é feita pelo município ou grupo de municípios numa região
metropolitana. Ressalta que a gestão pode ser realizada de acordo com a definição do espaço
geográfico externo, o da bacia hidrográfica, e interno a cidade, o município.
A gestão do ambiente interno da cidade trata de ações dentro do município para atender aos
condicionantes externos previstos no Plano de Bacia para evitar os impactos. E dentro das cidades
os condicionantes internos são a inundação, a erosão, os resíduos e a contaminação da água nos rios
e aquíferos.
1 Parte do artigo intitulado: O planejamento do uso do solo urbano e a gestão de bacias hidrográficas: o caso da bacia dos rios
Iguaçu/Sarapuí na Baixada Fluminense. Publicado em cadernos metrópole 19, p. 165-190, 2008.
28
INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL │ UNIDADE II
Por sua vez, a ausência de uma definição clara da natureza e das funções dos governos
locais, em geral, ligadas às tarefas tradicionais de administração e fiscalização territorial
e prestação de alguns serviços locais, além do fato de a maioria dos municípios
terem pouca autonomia orçamentária, tendo em vista que dependem fortemente
de transferências financeiras dos outros níveis de governo, dificultam ou até mesmo
inviabilizam uma participação mais efetiva na gestão das águas.
29
UNIDADE II │ INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL
Por sua vez, o enfrentamento das questões relacionadas à degradação dos recursos
hídricos em áreas densamente urbanizadas não será resolvido, simplesmente, com o
aporte de novas e eficientes tecnologias. A efetiva utilização de técnicas tradicionais
de engenharia sanitária e ambiental articuladas com iniciativas integradas de
planejamento do uso do solo e gestão de recursos hídricos poderia representar
enormes avanços na conservação e proteção de mananciais e no controle de
inundações urbanas.
30
INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL │ UNIDADE II
Experiências recentes em gestão dos recursos hídricos no Brasil, como as que vêm
sendo implementadas na bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, nos estados de
Minas Gerais e São Paulo, têm demonstrado a exequibilidade de medidas voltadas
para o gerenciamento da demanda, como forma de racionalização do uso da água
e solução de problemas de escassez hídrica, considerando, inclusive, o binômio
quantidade/qualidade. Nesse sentido, os problemas de escassez nem sempre serão
solucionados pela ampliação da oferta de água, mas por um conjunto de medidas
que tornem mais eficientes e criteriosamente utilizados os recursos disponíveis.
É nesse ponto que se insere a necessidade de uma maior articulação das questões
consideradas de esfera local com os atributos legais e “sistêmicos” que estruturam a
gestão dos recursos hídricos quando referida à escala da bacia hidrográfica. Demonstrar
a necessidade de articulação dessas duas escalas de atuação, bem como explicitar os
obstáculos político-institucionais e legais existentes que dificultam a aplicação prática
do conceito de gestão integrada dos recursos hídricos é, certamente, a melhor forma
de estimular a busca de soluções para as atuais dificuldades.
31
UNIDADE II │ INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL
32
CAPÍTULO 4
Estatuto das Cidades e o Plano Diretor
Na tentativa de auxiliar o planejamento e a gestão dos centros urbanos brasileiros, a União estabeleceu
diretrizes e normas gerais da política urbana nacional no Estatuto da Cidade, que entrou em vigência
em 1 de outubro de 2001.
O Estatuto da Cidade estabelece “normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da
propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como
do equilíbrio ambiental”. (BRASIL, 2001, art. 1o)
Os três primeiros incisos demonstram a nova tendência do planejamento urbano no Brasil. Espera-
se assim maior participação da sociedade, a parceria público-privada, desde que essa não acarrete
em distúrbios para a sociedade e para o meio ambiente, enfim, o acesso igualitário de todos os
cidadãos à cidade. Já o inciso sétimo, ressalta a importância de se pensar não só no planejamento
urbano, mas também no rural, de forma a integrar as atividades em todo o território municipal.
Os princípios de elaboração do Plano Diretor descritos no Estatuto da Cidade podem ser apresentados
da seguinte maneira:
33
UNIDADE II │ INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL
O Estatuto da Cidade é uma Lei Federal (Lei no 10.257/2001) que obriga a formulação
ou revisão de Plano Diretor para municípios com mais de 20.000 habitantes ou
integrantes de regiões metropolitanas. No processo de elaboração do plano diretor e
na fiscalização de sua implementação, os Poderes Legislativo e Executivo municipais
devem garantir a ampla participação da população e das associações representativas
dos vários segmentos da comunidade. Além disso, devem promover total transparência
e amplo acesso aos documentos e informações produzidos. Disponívem em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil/leis/leis _2001/L10257.htm>. Acesso em: 10/8/2011).
Dessa forma, os planos diretores visam a orientar as ações dos agentes públicos e privados no
processo de desenvolvimento municipal, podendo “se tornar um importante instrumento de
planejamento se for capaz de aglutinar diversos atores sociais, sendo o maior desafio combinar as
dimensões técnicas e políticas”. (LACERDA, 2005, p. 56)
Na tentativa de suprir essa defasagem do corpo técnico das prefeituras brasileiras no que diz respeito
aos processos de produção de dados e mapeamentos com o emprego das geotecnologias, o Ministério
das Cidades lançou, em 2008, a Extensão Universitária para capacitação de técnicos municipais. O
projeto visa:
34
INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL │ UNIDADE II
Porém, tão importante quanto o planejamento e a capacitação dos técnicos, são os aspectos
estratégicos e normativos. A natureza normativa aparece na medida em que o Plano Diretor toma
forma de lei, cujas normas são de conhecimento público. Essas normas disciplinam os espaços
habitáveis, impõe limitações aos direitos de propriedade e de construção e regulam a conduta dos
indivíduos quanto à utilização do solo urbano.
Já o caráter estratégico é importante para que, baseando-se nos problemas e nas potencialidades
municipais, se definam instrumentos, ações e prazos a partir da maior convergência possível de
interesses de atores e agentes públicos municipais.
No que se refere às regiões metropolitanas, o Estatuto da Cidade estabelece que estas não devem
ser desconsideradas ao se pensar na ordenação do território, pois estabelecem grande influência
no desenvolvimento econômico e social do país. Assim, o Estatuto estabelece a elaboração de
instrumentos voltados para o planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e
microrregiões, especificando que estes devem ser, sobretudo, democráticos.
35
CAPÍTULO 5
Estudo de impacto ambiental e
avaliação ambiental estratégica
Para Coelho (2004), a compreensão de impactos ambientais como processo depende, sobretudo,
de se compreender a história não linear de sua produção, o modelo de uso e ocupação do solo e os
padrões internos de diferenciação. É preciso compreender que as cidades são influenciadas por uma
dinâmica internacional que ultrapassa suas fronteiras. As medidas de minimização de impactos
ambientais têm que ser pensadas em uma escala de ação ampla, e que abranja de forma integrada a
cidade, seu espaço circundante imediato e os mais distantes.
Segundo Burgess et al. (1997), é necessário reconhecer que os problemas ambientais exigem
uma responsabilidade simultânea do nível local, da cidade e da região. Nesse sentido, ações de
planejamento municipal envolvem o território municipal como um todo, considerando as interações
entre a área urbana e o meio rural para a análise ambiental. De acordo com Sánchez (2006), é no
momento da análise da viabilidade ambiental que os diferentes fatores serão contemplados, para
que a sua apropriação esteja de acordo com as premissas de um desenvolvimento sustentável.
36
INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL │ UNIDADE II
Para Souza (2000), a AIA no Brasil pode ser vista em muitos casos como um processo técnico e
burocrático, não produzindo os efeitos desejados em termos ambientais nem atingindo seus
objetivos, o que resultaria na perda de sua credibilidade tanto política como social.
De acordo com Alshuwaikhat (2004) e o Ministério Público Federal – MPF (2004), algumas das mais
frequentes críticas ao EIA estão principalmente nos problemas causados nas primeiras etapas dos
procedimentos aplicados, particularmente durante o diagnóstico ambiental. As falhas das primeiras
etapas influenciam as etapas posteriores, sendo que a mitigação de impacto e sua compensação
são direcionadas sobre as definições prévias realizadas durante o diagnóstico ambiental da área
de influência do projeto. Não há referências sobre a eficiência das medidas mitigadoras e sobre
o desempenho do monitoramento ambiental das áreas de influência indireta durante a operação
do empreendimento.
Licenciamento ambiental
O licenciamento ambiental é uma obrigação legal prévia à instalação de qualquer empreendimento
ou atividade potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente.
Dessa maneira, os grupos interdisciplinares são fundamentais para que o planejamento amplie
seu campo de ação abrangendo os problemas urbanos, sejam eles os físicos, sociais, econômicos e
governamentais. Já os objetos do planejamento são as aspirações humanas, sendo fundamental o
bem-estar da comunidade, de forma a criar espaços urbanos cada vez melhores, saudáveis, eficientes
e atraentes.
As leis que regem o licenciamento são a Lei no 6.938/1981, as Resoluções do Conama no 001/1986
e no 237/1997 e o Parecer 312 que trata da competência estadual e federal para o licenciamento a
partir da abrangência do impacto.
Essa obrigação é compartilhada pelos Órgãos Estaduais de Meio Ambiente e pelo Ibama, como
partes integrantes do Sisnama (Sistema Nacional de Meio Ambiente).
A participação social no processo de licenciamento é garantido por meio das audiências públicas,
durante as quais o conteúdo do estudo e do relatório de impacto ambiental é apresentado às
37
UNIDADE II │ INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL
comunidades que vivem nos locais que serão atingidos pelo empreendimento, esclarecendo dúvidas
e acolhendo sugestões.
Para Partidário (2002), dentro do conceito amplo de AIA, a AAE é um instrumento para
gerenciar os diferentes interesses dos atores envolvidos, configurado por uma prática recente,
que influencia os investimentos e estratégias de ações apoiadas em políticas, planos e programas
– PPPs de governo. Dessa maneira, pode oferecer um escopo das prioridades sob o enfoque das
consequências ambientais, atuando de maneira prévia na tomada de decisão e direcionando para
um desenvolvimento mais sustentável.
Para Therivel & Ross (2007), sendo a análise da viabilidade ambiental realizada exclusivamente
no nível do projeto, como acontece atualmente no Brasil, alguns impactos identificados podem
não justificar a sua reprovação. A maioria dos efeitos cumulativos exige ações cumulativas como
a interação de ações pulverizadas, das autoridades locais ou federais. Segundo João (2007), a
somatória de impactos mínimos isolados pode se transformar num grande problema, e por mais
insignificantes que aparentem se deve buscar a mitigação dos impactos.
38
INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL │ UNIDADE II
De acordo com Therivel (2004), a estratégia de ação pode ser alterada de acordo com o resultado da
AAE, propondo-se então diferentes objetivos e alternativas diversas para alcançar estes objetivos,
além de diferentes maneiras de implementá-las, como apresentado pela figura a seguir. O caráter
prévio é focado para garantir as possíveis alternativas e modificações nas estratégias de ação.
Na figura seguinte, a inserção das etapas da AAE na estrutura do processo decisório permite o vínculo
com a variável ambiental. As setas apresentadas sinalizam o sentido da agregação da informação, e
de como esses dados contribuem para as etapas posteriores. É importante destacar o potencial de
contribuição mútua entre as informações geradas na tomada de decisão estratégica e na AAE, como
durante as etapas de definição de formas alternativas de alcançar a resolução dos problemas para
a tomada de decisão, que coincide com a identificação de alternativas mais sustentáveis pela AAE.
Outro exemplo de mútua colaboração está na etapa de refinamento das alternativas escolhidas da
tomada de decisão estratégia, que influencia e é influenciada pela etapa de mitigação de impactos
das alternativas escolhidas durante a realização da AAE.
39
UNIDADE II │ INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL
Dessa forma, pode-se afirmar que o processo da AAE funciona melhor quando há uma ampla
integração de interesses e propostas. A AAE pode ser elaborada simultaneamente aos planos
em andamento, fazendo com que deste modo as propostas partam de uma gênese sustentável,
influenciando-se umas às outras, num fluxo contínuo. Geralmente a integração da AAE com outros
procedimentos administrativos fortalece a coerência e a eficiência de ambos os procedimentos.
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC conceitua uma APA como uma área em
geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos,
estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida das populações humanas
tendo, como objetivos básicos, proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação
e assegurar a “sustentabilidade” do uso dos recursos naturais.
Em cada APA, dentro dos princípios constitucionais que regem o exercício do direito de propriedade,
o Poder Executivo estabelecerá normas limitando ou proibindo:
A mesma lei estabelece que também deverá ter um zoneamento ecológico econômico, estabelecendo-se
normas de uso, condições bióticas, geológicas, urbanísticas, agropastoris, extrativistas, culturais
e outras do local. No referente a loteamentos rurais, estes deverão ser previamente aprovados
pelo Incra.
40
INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL │ UNIDADE II
de árvores em pelo menos 20% da área do terreno; programação de plantio de áreas verdes com
o uso de espécies nativas; traçados de ruas e lotes comercializáveis adequados à topografia, com
inclinação inferior a 10%. (PARFITT, 2002)
Planejar é definir um caminho para alcançar uma meta. Mas primeiro é preciso
ter uma meta, ou seja, saber onde se quer chegar. Como diz o Gato, personagem
de “As aventuras de Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll, “... quando não
sabemos aonde ir, qualquer caminho serve”. Para planejar o desenvolvimento de
uma localidade, o primeiro passo é definir uma “visão de futuro”, quer dizer, uma
descrição de como será a localidade que desejamos dentro de um determinado
horizonte de tempo (dez anos, quinze anos, vinte anos). Quando se trata de um
planejamento participativo, como é o caso do DLIS, a visão de futuro precisa ser
construída de forma compartilhada.
O Fórum, através do Diagnóstico Participativo Local, já tem uma visão clara sobre
a situação atual da localidade, já consegue identificar as potencialidades e os
41
UNIDADE II │ INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL
limites do desenvolvimento local. Pois bem, a partir daí é que se deve construir a
visão de futuro. É um exercício de imaginação, de criatividade, de sonho mesmo.
Assim como foi feito na etapa do diagnóstico, quando analisamos a situação de
cada área (econômica, social, político-institucional, cultural, ambiental) para, ao
final, considerar todo o conjunto, o mesmo pode ser feito na visão de futuro. Desse
modo, podemos começar respondendo questões do tipo: “Como estará organizada
nossa economia? Como serão as condições de educação, saúde, trabalho, moradia,
transporte, saneamento e limpeza urbana? Como estará o nosso patrimônio cultural?
Como estará o nosso meio ambiente? Como estará a consciência das pessoas, seu
nível de organização e participação na vida social?”
Nesse momento, não é preciso entrar em muitos detalhes. Ainda não é a hora de dizer
“o que fazer” ou “como fazer”, mas simplesmente apontar para onde queremos chegar.
Um bom exercício é pedir que todos os membros do Fórum descrevam sua visão de
futuro. A partir do que for relatado, o grupo pode ir construindo um pequeno texto, de
alguns poucos parágrafos, resumindo sua visão de futuro coletiva.
É muito importante ter uma visão de futuro consensual e compartilhada, pois é ela que
vai orientar o Fórum, a despeito das diferenças políticas, sociais, econômicas, religiosas
ou de outra natureza, que jamais vão deixar de existir. Entretanto, acima dessas
diferenças, existirá sempre um compromisso comum com o futuro da localidade.
A visão de futuro, compartilhada pelo Fórum, é a base da convivência democrática
entre as pessoas que o compõem. Não se trata de pretender eliminar as diferenças e
conflitos. Isso não é possível, nunca. A democracia não é a eliminação das diferenças e
conflitos. A democracia é a descoberta de formas de convivência entre os diferentes.
Democracia é negociação, acordo, pacto, tolerância, convívio, compartilhamento.
O grupo deve escolher entre duas a três atividades como vocação ou eixo estruturante
do desenvolvimento local, sempre considerando a capacidade dessas atividades de
atender os mais amplos interesses num determinado território.
42
INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL │ UNIDADE II
Para cada vocação ou eixo escolhido, o grupo deve elencar todas as ações necessárias
para que essa vocação se desenvolva. Exemplo a ser mencionado é a cidade de
Alto Paraíso, um dos municípios da Chapada dos Veadeiros, no nordeste de Goiás,
constatou-se que uma das vocações definidas pelo Fórum local foi justamente o
ecoturismo. Listando as ações necessárias para o desenvolvimento do ecoturismo,
o Fórum indicou propostas como a melhoria das estradas de acesso, a sinalização
dos pontos de visitação turística, cuidados com o saneamento e a coleta de lixo,
treinamento do pessoal de hotelaria e restaurantes para melhorar a qualidade
do atendimento, embelezamento das ruas e praças da cidade, organização de
campanhas de marketing turístico, ações sociais para eliminar a existência
de crianças mendigando nas portas dos restaurantes, realização de campanhas de
educação ambiental, dentre muitas outras, totalizando mais de uma centena
de propostas.
Pode-se observar que nesse primeiro momento se misturam ações de curto, médio
e longo prazo; ações de competência do poder público e ações de competência
da iniciativa privada; ações que exigem obras de infraestrutura, ações de caráter
educativo; ações de assistência social etc. Não importa a aparente confusão. O que
importa, nesse momento, é identificar tudo o que é necessário. Uma boa dica é voltar
a consultar o diagnóstico, em que ele aponta os limites, obstáculos e problemas que
têm impedido o desenvolvimento local. Ali estão fortes indicações do que precisa
ser corrigido.
43
UNIDADE II │ INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL
(PAULA, Juarez. Desenvolvimento local: como fazer? Brasília: Sebrae, 2008. 59 p. Alterado por
Alexandre Saydelles, 2012).
44
CAPÍTULO 6
Gestão urbana participativa
e compartilhada
Tendo como linha primordial da participação na gestão urbana, a Constituição Federal de 1988 e o
Estatuto da Cidade de 2001 apresentam instrumentos de gestão e canais de participação popular que
direta ou indiretamente foram consequências práticas da aprovação desses dois marcos conceituais
no ato de pensar e gerir as cidades.
As Conferências Locais e Regionais foram formadas por diversos segmentos sociais da sociedade civil e
outros membros representativos do Estado, todos organizados pelo Ministério das Cidades que propôs
as discussões em todos os cantos do país. Seus objetivos eram, principalmente, identificar os principais
e diversificados problemas enfrentados pela população, além de proporem diretrizes e princípios das
políticas setoriais e da política nacional das cidades, avaliando programas, legislações e instrumentos da
participação popular.
Após essas primeiras discussões locais, foram retirados milhares de delegados de todas as regiões
do país, que unidos formaram a I Conferência Nacional das Cidades, desenvolvendo o tema
‘Construindo uma política democrática e integrada para as cidades’. Dessa primeira conferência
foram tiradas várias resoluções, que juntas formaram a missão do Ministério das Cidades:
No que diz respeito à participação popular, várias foram às proposições expostas, como:
45
UNIDADE II │ INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL
Para que isso se concretize, o Estatuto coloca uma série de instrumentos: Conferências – que definem
os grandes marcos da política urbana, ampliam a participação e elegem o Conselho de Política
Urbana. Audiências Públicas – que devem discutir a metodologia, os grandes temas e garantir a
participação dos interessados em todas as etapas. Reuniões Temáticas e regionalizadas – que são
grupos menores, de interesse e espaço geográfico delimitado. Iniciativa popular de projeto de lei,
programas e projetos e a criação do Núcleo Gestor, que pode ser formado por representantes tanto
do Poder Público quanto da sociedade civil, tendo como papel estratégico a condução do processo e
a identificação e mobilização dos atores sociais.
[...]
46
INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL │ UNIDADE II
47
UNIDADE II │ INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL
Orçamento Participativo
Na última década do século passado assistiu a emergência e a consolidação de inovações
democráticas em nível municipal, que ficaram conhecidas como Orçamento Participativo.
Instrumento inspirado na ideia de democracia participativa buscando aliar esta ao modelo de
democracia representativa que se fortalecia pós-período ditatorial. Muitos autores associam o
surgimento deste instrumento aos movimentos sociais comunitários surgidos nos anos 1980, que
deram abertura para a construção de propostas alternativas de políticas públicas.
O orçamento participativo nasceu no Brasil em 1989, em Porto Alegre, sob a governança do Partido
dos Trabalhadores, onde as práticas associativas preexistentes criaram condições para o surgimento
desta iniciativa de participação popular.
O orçamento participativo foi um dos poucos instrumentos de participação da população que não
advém do período pós Estatuto da Cidade, mesmo porque este não é especificamente um instrumento
de gestão urbana, mas sim, um instrumento que permite à população delimitar e deliberar sobre
problemas gerais encontrados por cada uma das camadas que habitam o ambiente urbano e rural.
Contudo, o orçamento participativo não deve ser pensado apenas como uma simples técnica de
canalizar a participação popular na administração pública, o seu sucesso depende do diálogo bem-
sucedido entre as partes à luz da realidade em que está inserido. Deve ser pensado como uma
oportunidade de expressar e de ajudar a administração pública a definir as prioridades para a
cidade, oportunidade de se expressar as opiniões sobre as reais necessidades dos municípios.
A criação do orçamento participativo tinha como objetivo inicial permitir que cada cidadão
pudesse intervir na criação das políticas públicas e nas demais decisões de governo que tivessem
importância para o futuro da cidade. No orçamento participativo o cidadão é o protagonista. Um
dos eixos desse instrumento é trazer pessoas que nunca tiveram a oportunidade de debater a
cidade e nunca pensavam a questão da participação popular no governo, onde o voto deixa de ser
a única forma de participação.
Segundo Brandão (2003, p. 27), “O grande processo percebido nos governos democráticos e
populares, no que diz respeito ao orçamento participativo, é permitir, a partir da participação da
população, a conquista da verdadeira cidadania”.
48
INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL │ UNIDADE II
Instrumentos de Democratização da
Gestão Urbana
Comentários urbanísticos
A reprodução sistemática deste processo tem sido um dos elementos responsáveis por
configurar um espaço muito restrito de legalidade, ou seja, a exclusão se dá também no
âmbito da gestão e dos processos decisórios. Toda essa dinâmica provoca uma grande
vulnerabilidade das regras de uso e ocupação do solo às pressões de interesses pontuais
e específicos, produzindo o que é normalmente denominado pelos urbanistas de
“destruição da coerência e aderência dos zoneamentos aos planos diretores”.
Apesar de os planos e normas possuírem enorme impacto sobre a vida das cidades,
são normalmente desconhecidos pela maioria dos cidadãos, que só se relacionam
com a regulação quando algum fiscal ou técnico de prefeitura lhe comunica que a
sua construção (ou o que almeja construir ou instalar em um imóvel) é irregular e
“não pode” ser efetivada. Ou, ainda, quando depois de viver por anos em um local,
descobre que sua rua “não existe”, por não constar de um cadastro de logradouros.
Dessa forma, a regulação urbanística parece ser algo “da prefeitura”, sobre o qual o
cidadão não tem controle nem qualquer poder de determinação.
Esta relação dos cidadãos evidentemente favorece quem, por força de ofício ou
negócio, conhece a lei. Alimenta também as máquinas clientelistas – quanto
49
UNIDADE II │ INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL
Para a população mais pobre da cidade, a situação é mais grave, na medida em que
a definição das regras permitidas e proibidas cabe geralmente às classes médias ou
altas, que têm como parâmetro suas próprias necessidades, estratégias e formas de
produção do habitat.
Finalmente, esta relação também faz com que as leis sejam vistas como “do prefeito
tal” ou “do urbanista tal”, e não da cidade, sendo, portanto, facilmente alteradas, de
acordo com os processos descritos.
50
INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL │ UNIDADE II
Sobre a gestão orçamentária participativa (art. 4o, III, f), o fundamento para a
instituição deste instrumento de controle das finanças públicas no âmbito da União,
Estados e Municípios são os princípios constitucionais da participação popular e
da democracia direta, preconizados no parágrafo único do art. 1o da Constituição.
Na seção correspondente à fiscalização contábil, financeira e orçamentária, a
Constituição, pelo § 2o do art. 74, confere legitimidade para qualquer cidadão,
partido político, associação ou sindicato na forma da lei, denunciar irregularidades
ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.
Para o cidadão exercer o seu direito de fiscalização das finanças públicas, especialmente
da execução dos orçamentos públicos, é requisito essencial o direito à participação
na elaboração e execução dos orçamentos, o que significa direito à obtenção das
informações sobre as finanças públicas, bem como a participação nas definições das
prioridades da utilização dos recursos públicos e na execução das políticas públicas.
Existe uma associação clara entre participação e controle social. Para exercer a
fiscalização, o cidadão precisa participar da gestão pública, cabendo ao poder
público assegurar essa intervenção.
51
UNIDADE II │ INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL
O município pode, por meio de sua Lei Orgânica, dispor sobre o processo de elaboração do
plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e do orçamento anual, disciplinando
os procedimentos para a realização das audiências e consultas públicas.
REFERÊNCIAS
52
CAPÍTULO 7
Pegada ecológica
Na década de 1960, cada habitante da Terra tinha seis hectares de terras produtivas disponíveis.
Atualmente, cada habitante da Terra tem apenas 1,5 hectare de terra e coprodutivas disponível, por
ano. Para manter os padrões de consumo da humanidade, já é necessário um planeta 30% maior. Esse
déficit é mantido por meio da degradação ambiental e da miséria de muitos povos. (DIAS, 2002)
Com o lançamento do livro “Our ecological footprint”, em 1996, Mathis Wackernagel e William
Rees apresentaram ao mundo um trabalho pioneiro, uma ferramenta para medir e comunicar a
sustentabilidade de uma dada área. Uma obra mais recente, “Sharing nature´s interest”, também
de Wackernagel e com a contribuição de Chambers & Simmons (2000), traz o resultado do aumento
do interesse sobre a ferramenta com a contribuição de mais de quatro mil websites que tratam da
utilização desse sistema para as mais diferentes aplicações.
Para WWF-Brasil,
a Pegada Ecológica foi criada para nos ajudar a perceber o quanto de recursos da
natureza utilizamos para sustentar nosso estilo de vida, o que inclui a cidade e a
casa onde moramos, os móveis que temos, as roupas que usamos, o transporte
que utilizamos, aquilo que comemos, o que fazemos nas horas de lazer, os
produtos que compramos e assim por diante. A organização também afirma
que a Pegada é também uma ferramenta de leitura e interpretação da realidade,
pela qual poderemos enxergar, ao mesmo tempo, problemas conhecidos,
como desigualdade e injustiça, e, ainda, a construção de novos caminhos para
solucioná-los, por meio de uma distribuição mais equilibrada dos recursos
naturais, que se inicia também pelas atitudes de cada indivíduo.
É uma ferramenta simples, expressa em valores numéricos, um índice agregado, que aponta
se a capacidade de carga local foi excedida ou não (saldo ou déficit ecológico). Indica quanta
natureza temos e utilizamos. Analisa as atividades humanas, explicitando o estilo de vida de uma
população, seus gastos e desperdícios, contribuindo para a construção de consciência ambiental e
servindo também para auxiliar no(s) processo(s) decisório(s) de governos, empresas e sociedade
em geral.
53
UNIDADE II │ INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL
3. uma área não pode ser contabilizada duas vezes mesmo que ofereça mais de um tipo
de recurso ou serviço ambiental;
5. as comparações entre regiões, países, cidades devem ser realizadas utilizando uma
unidade de medida padrão;
6. a área de demanda pode exceder a área de fornecimento que podem ser diretamente
comparadas uma à outra.
No entanto, de acordo com Van Bellen (2005), o cálculo pode ser realizado em sete etapas:
“A Pegada Ecológica foi criada para nos ajudar a perceber o quanto de recursos da
natureza utilizamos para sustentar nosso estilo de vida”. (Disponível em: WWF-Brasil.
<www.wwf.org.br>. Acesso 10/10/2011).
54
INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL │ UNIDADE II
A pegada de carbono
A pegada de carbono é uma forma de medirmos o nosso impacto no meio
ambiente. No entanto, podemos agir e reduzir a nossa pegada de carbono.
A pegada de carbono mede a quantidade de CO2 que produzes no teu dia a dia. É
simplesmente um valor: geralmente um total mensal ou anual de emissão de CO2
medido em toneladas.
As pegadas dão pistas de onde viemos e para onde vamos. As impressões das pegadas
dão-nos informações sobre os animais que as deixam. As pegadas reais oferecem
detalhes sobre o tamanho, peso e velocidade, ao passo que as pegadas de carbono
medem quanto dióxido de carbono (CO2) nós produzimos no nosso dia a dia. Uma ida
ao trabalho de carro, um movimento do interruptor de luz ou até uma viagem de avião
para surfarmos em Marrocos, tudo isso utiliza combustíveis fósseis, como petróleo,
carvão e gás. Quando combustíveis fósseis são queimados, são emitidos Gases do
Efeito Estufa (GEE), como o CO2, que contribuem para o aquecimento global.
A maioria das pessoas tenta reduzir sua pegada de carbono, mas outras têm como
objetivo apagá-la completamente. Quando as pessoas tentam a neutralidade de
carbono, elas cortam suas emissões o máximo possível e compensam o restante.
Como é possível compensar? As cotas de compensação ou neutralização de carbono
(carbon offsets) permitem que pagues para reduzir os gases do efeito estufa global
total em vez de fazer reduções radicais por conta própria. Quando compras um
certificado de compensação, estás a financiar projetos que reduzem as emissões por
meio do reflorestamento, modernizam centrais energéticas e fábricas ou aumentam
a eficiência energética de prédios e transportes.
55
UNIDADE II │ INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL
Para ficar o mais acessível quanto possível, a maioria das calculadoras (em inglês) de
carbono faz perguntas bem simples sobre consumo. Elas aceitam estimativas de uso
anual de eletricidade ou quilometragem em vez de totais exatos e difíceis de serem
fornecidos.
Para viagens aéreas, algumas calculadoras de carbono pedem uma estimativa anual
de quilometragem. Outras calculadoras contabilizam emissões aumentadas durante
decolagens e pedem o número de voos curtos, médios, longos e prolongados.
Após compilar todos esses números, a calculadora produz um total de emissão de CO2
em toneladas: uma pegada de carbono. Algumas calculadoras até contextualizam as
pegadas comparando-as com as médias nacional ou global. Se você tem os dados
disponíveis, a calculadora leva cerca de 30 segundos para processar o cálculo.
56
INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL │ UNIDADE II
O transporte é responsável por 33% das emissões de CO2 nos Estados Unidos (fonte:
EIA – em inglês), muitas pessoas tentam diminuir suas quilometragens. Algumas
caminham ou andam de bicicleta sempre que possível; outras fazem rodízio de
carro, utilizam transporte público ou investem em carros econômicos.
A energia doméstica é responsável por 21% das emissões de CO2 dos Estados Unidos
(fonte: EIA – em inglês). Ajustar o termostato em uma temperatura moderada,
instalar um bom sistema de isolamento e janelas com vidros duplos são estratégias
que diminuem os custos de energia e mantêm sua casa confortável. Lâmpadas
fluorescentes (CFLs), eletrodomésticos de baixo consumo de energia e fontes de
energia renovável também ajudam a diminuir o consumo.
É claro, esforços individuais para reduzir as emissões podem ir apenas até certo
ponto. Diminuir o CO2 e outros gases do efeito estufa para níveis mais seguros
requer uma regulamentação governamental e a ação de empresas. A diminuição
das pegadas de carbono, porém, permite às pessoas ver onde elas estão e como
elas podem mudar. Aqueles que pensam que a regulamentação do governo anda
muito morosa ou aqueles que desejam aceitar a responsabilidade pessoal por suas
emissões podem controlar suas próprias reduções e alterar seus hábitos individuais.
Fonte: <http://www.pegadadecarbono.com>. Acesso em 25/1/2012.
Agenda 21 Local
A Agenda 21 Local é um instrumento de planejamento de políticas públicas que
envolve tanto a sociedade civil e o governo em um processo amplo e participativo
de consulta sobre os problemas ambientais, sociais e econômicos locais e o debate
sobre soluções para esses problemas por meio da identificação e implementação de
ações concretas que visem o desenvolvimento sustentável local.
Ainda segundo a Agenda 21, como muitos dos problemas e soluções apresentados
neste documento têm suas raízes nas atividades locais, a participação e cooperação
das autoridades locais são fatores determinantes para o alcance de seus objetivos.
57
UNIDADE II │ INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL
Principais desafios
58
INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL │ UNIDADE II
Para a definição dessas ações, caberá também ao Fórum a escolha de temas críticos,
capazes de catalisar a opinião pública e outros apoios, criando as condições para a
formação do cenário de futuro desejável. Como exemplo de eixos temáticos para que
as ações da Agenda 21 Local possam se desenvolver temos ações estratégicas para
a proteção da atmosfera; ações estratégicas para a proteção do solo, da água e da
diversidade biológica; ações estratégicas para a pobreza, saúde e igualdade social e
assentamentos; acesso a serviços de informação; acesso a emprego; conscientização
da população; educação para a Agenda 21 e troca de informações.
59
UNIDADE II │ INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E GESTÃO TERRITORIAL
Assim, para que os objetivos da Agenda 21 Local sejam atingidos, existe um amplo
processo que depende da sensibilização e do estágio de amadurecimento de
cada comunidade na discussão dos temas públicos de forma participativa. Assim,
observando as diferentes experiências de Agenda 21 no Brasil podemos identificar
diferentes estágios, qual seja, o da sensibilização, capacitação e institucionalização
dos processos de Agenda 21. O da elaboração, ou seja, definição de temas, elaboração
de diagnósticos, formulação de propostas e definição de meios de implementação e
o estágio da implantação propriamente dito.
O papel de cada um
Alcançar as mudanças necessárias para o sucesso da Agenda 21 Local demanda a
ação dos grupos e indivíduos: lares, organizações comunitárias, movimentos sociais,
ONGs, produtores e empresas de pequeno a médio portes, governos e organizações
governamentais locais e regionais, instituições de pesquisa e ensino.
Cada membro, cada setor tem o seu papel. Para exemplificar, no plano governamental
existe um papel específico para cada uma das esferas de governo na definição
de políticas publicas. O plano federal define as políticas gerais e estruturantes do
País elaborando diretrizes e princípios. Aos estados e municípios cabe, em seu
espaço territorial, exercício semelhante de formulação de políticas públicas, em
atendimento ao principio federativo.
Contando com a participação ativa dos parceiros, a Agenda 21 Local tratará, assim, de
assuntos específicos de cada territorialidade abordando temas cujas decisões estão em
sua esfera de atuação. Dessa forma, cria-se harmonia entre as competências e o apoio
mútuo na formulação e implementação de ações para o desenvolvimento sustentável.
Fonte: Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: <www.mma.gov.br/sitio/index.
php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=18&idConteudo=1081>. Acessado em: 19/9/2011.
60
MONITORAMENTO
E AVALIAÇÃO DA UNIDADE III
SUSTENTABILIDADE NA
GESTÃO DAS CIDADES
CAPÍTULO 1
Indicadores de sustentabilidade na
gestão urbana
Indicadores podem ser entendidos como ferramentas constituídas por uma ou mais variáveis que,
associadas por meio de diversas formas, revelam significados mais amplos sobre os fenômenos a que
se referem (IBGE, 2004). São, portanto, uma medida, uma forma de mensuração, um parâmetro
que sintetiza um conjunto de informações em um “número”. Embora ocorra o predomínio de
indicadores quantitativos, há também aqueles qualitativos, que permitem correlacionar fenômenos
entre si ou ao longo de determinado tempo. (KAYANO & CALDAS, 2002)
A definição das variáveis e o levantamento e acúmulo de dados são etapas fundamentais da construção
de indicadores; porém, informações brutas, sem nenhum tratamento, não são consideradas
indicadores em si. Necessariamente, os indicadores apresentam certo grau de sistematização, de
maneira que os mais desejados são aqueles que resumem ou simplificam as informações relevantes,
fazendo com que certos fenômenos que ocorrem na realidade se tornem mais aparentes (BELLEN,
2005). Esta característica é particularmente importante na gestão ambiental.
Alguns requisitos universais devem ser observados durante o processo de construção e seleção
dos indicadores, entre eles: os valores dos indicadores devem ser mensuráveis/qualificáveis; deve
existir disponibilidade dos dados; o método para a coleta e o processamento dos dados, bem como
para a construção dos indicadores, deve ser transparente e padronizado; os meios para construir
e monitorar os indicadores devem estar disponíveis, incluindo capacidade financeira, humana e
técnica; e deve existir aceitação política dos indicadores no nível adequado, ou seja, indicadores
não legitimados pelos tomadores de decisão são incapazes de influenciar as decisões (GALLOPIN,
1996, apud BELLEN, 2005). Vale dizer que raros são os indicadores que conjugam todas
essas características.
61
UNIDADE III │ MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE NA GESTÃO DAS CIDADES
melhorar a base de informações sobre o meio ambiente, auxiliar na elaboração de políticas públicas,
simplificar estudos e relatórios e assegurar a comparabilidade entre diferentes regiões. (OECD,
2006; IBGE, 2004; MILANEZ & TEIXEIRA, 2003)
Os indicadores são, portanto, instrumentos essenciais para guiar a ação e subsidiar o acompanhamento
e a avaliação do progresso alcançado rumo à sustentabilidade. Podendo reportar fenômenos de
curto, médio e longo prazo, os indicadores viabilizam o acesso a informações relevantes geralmente
retidas a pequenos grupos ou instituições, assim como apontam a necessidade de geração de
novos dados (IBGE, 2004). É imprescindível, para aqueles indicadores cuja finalidade seja medir
o desenvolvimento sustentável, a observância de dois aspectos fundamentais: devem possuir
abrangência espacial e, sobretudo, temporal, ou seja, devem ser aplicada em um espaço, numa
determinada época; ao mesmo tempo, possíveis de contemplar outras localidades e permanecer nas
gerações futuras com as mesmas características. (MIRANDA, 2003)
Por esse motivo, o incentivo à formulação de indicadores de sustentabilidade ganhou força e respaldo
internacional a partir da Rio-92, conforme registrado no capítulo 40 da Agenda 21, intitulado
“Informação para a Tomada de Decisões”, que diz (CNUMAD, 1996):
Seguindo essa lógica, algumas ações foram propostas e sintetizadas em seis atividades expressas no
texto do mesmo capítulo da Agenda e, posteriormente, ratificadas pelas partes signatárias. São elas:
1) desenvolvimento de indicadores do desenvolvimento sustentável; 2) promoção do uso global de
indicadores do desenvolvimento sustentável; 3) aperfeiçoamento da coleta e utilização de dados; 4)
aperfeiçoamento dos métodos de avaliação e análise de dados; 5) estabelecimento de uma estrutura
ampla de informação; e 6) fortalecimento da capacidade de difundir informação tradicional. (POLAZ
& TEIXEIRA, 2008)
62
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE NA GESTÃO DAS CIDADES │ UNIDADE III
De acordo com a Agenda 21, há uma falta generalizada de capacidade institucional, em particular dos
países em desenvolvimento e em muitas áreas no plano internacional, para a coleta e avaliação de
dados, sua transformação em informação útil e sua divulgação às populações. Além disso, é preciso
melhorar a coordenação entre as atividades de informação e os dados ambientais, demográficos,
sociais e de desenvolvimento. Nesse sentido, a utilização de indicadores de sustentabilidade como
instrumentos de democratização da informação é uma oportunidade única para o fortalecimento da
participação popular e do controle social nos processos de tomada de decisão, inclusive em áreas
como limpeza pública e saneamento ambiental.
Resumo
63
UNIDADE III │ MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE NA GESTÃO DAS CIDADES
Introdução
Os recursos naturais sempre foram vistos como algo que não teria fim, porém a partir
de um dado momento, aproximadamente na década de 1950, o homem começou
a perceber que sua crença não passava de uma ilusão. Neste momento começou a
se buscar meios, alternativas para recuperar os recursos naturais que começaram
a ficar escassos. Percebeu-se que o meio ambiente não podia ser mais visualizado
como uma fonte inesgotável de recursos.
64
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE NA GESTÃO DAS CIDADES │ UNIDADE III
Meio ambiente
Neto (2001) evidencia-se o alerta de que grande parte das perdas da biodiversidade e
serviços ecológicos serão muito difíceis de serem recuperados, por isso a importância
do uso da tecnologia da prevenção, fazendo com que o homem se conscientize que
o importante é manter a preservação ao invés de apenas tentar remediar.
Logo, pode-se definir meio ambiente como tudo aquilo que nos cerca, o céu, a terra,
o ar, as pessoas, as árvores, as construções, os municípios, os estados, os países, e
finalmente o mundo. Viver desconsiderando esta realidade é um erro e desconhecer
a importância de viver racionalmente com este meio pode levar à destruição. Esta
preocupação deve existir para que nosso planeta tenha maior longevidade.
65
UNIDADE III │ MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE NA GESTÃO DAS CIDADES
o começo do trabalho e durante dois anos analisou este padrão normativo bem
como outros padrões nacionais de Sistema de Gerenciamento Ambiental – SGA.
O resultado foi a formação do Techinical Commitees 207 (TC 207) e o início do
desenvolvimento da ISO série 14000.
De forma simplificada, a ISO série 14000 pode ser visualizada em dois grandes
blocos: um seria o direcionamento para a organização e outro para o processo. A
série cobre suas áreas, tanto no nível do SGA, realizando a avaliação do desempenho
ambiental e da Auditoria Ambiental, quanto na Rotulagem Ambiental, isto é, por
meio da análise do ciclo de vida e aspectos ambientais dos produtos. Aqui, deu-se
ênfase apenas às normas ISO 14010, 14011 e 14012. A seguir são apresentadas as
normas que constituem a ISO série 14000:
66
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE NA GESTÃO DAS CIDADES │ UNIDADE III
A Norma NBR ISO 14010 (1996) apresenta orientações a organizações, auditores e seus
clientes em relação aos princípios gerais comuns à execução de auditorias ambientais.
Ela estabelece os princípios gerais de auditoria ambiental, as definições e os termos
relacionados. Recomenda-se que qualquer atividade definida como auditoria ambiental,
de acordo com essa Norma, satisfaça as recomendações nela constantes.
Essa Norma contempla alguns dos termos específicos para auditoria ambiental como:
conclusão de auditoria, critérios de auditoria, evidência de auditoria, constatação
de auditoria, equipe de auditoria, auditado, auditor ambiental, cliente, auditoria
ambiental, auditor-líder ambiental, organização, objeto da auditoria e especialista
técnico, que constam também na ISO 14050.
A NBR ISO 14011 (1996), que pode ser aplicada a todos os tipos e tamanhos de
organização, estabelece procedimentos para a condução de auditorias no sistema
de gerenciamento ambiental, a fim de determinar sua conformidade com os critérios
de auditoria do referido sistema. Dentro dos objetivos de auditoria definidos por
esta ISO pode-se destacar:
67
UNIDADE III │ MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE NA GESTÃO DAS CIDADES
pode ser aplicável tanto a auditores internos quanto a externos. Os critérios para a
seleção e composição de equipes de auditoria não são incluídos. Esses assuntos são
tratados na NBR ISO 14401.
É importante destacar que as normas ISO séries 14010, 14011 e 14012 são indicadas
principalmente para organizações que possuem Sistema de Gestão Ambiental (SGA)
implantado e desejam receber a certificação oferecida pela ISO ambiental.
Entretanto, a NBR ISO 19011 (2002) surgiu para substituir as NBR ISO 10011-1:1993,
NBR ISO 10011-2:1993, NBR ISO 10011-3:1993, NBR ISO 14010:1996, NBR ISO
14011:1996 e NBR ISO 14012:1996.
Nesse sentido, juntamente com a série NBR ISO 14000, as normas NBR ISO 9000
enfatizam a importância das auditorias como uma ferramenta contínua de
monitoramento da política de qualidade e/ou ambiental de uma organização,
sendo muito importante já que se dá num processo contínuo da melhoria dos
processos gerenciais.
Legislação ambiental
De acordo com Siqueira (2001), para que uma sociedade possa viver em harmonia,
todos respeitem o espaço alheio e cumpram seus direitos e obrigações, normalmente
são criadas as regras que se concretizam com a edição de Leis, Decretos, Tratados,
dentre outros.
68
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE NA GESTÃO DAS CIDADES │ UNIDADE III
Milaré (2000) explica que mesmo com a edição de diversas leis, decretos, apenas em
1980 é que a legislação sobre a questão ambiental começou a se desenvolver com
mais consistência e celeridade, já que o conjunto de leis até então não se preocupava
em proteger o meio ambiente de forma específica e global, tinha o objetivo apenas
de atender na medida a exploração do meio ambiente pelo homem.
Auditoria Ambiental
Antes de conceituar a Auditoria Ambiental é importante conceituar Sistema de
Gestão Ambiental (SGA). SGA é a parte do sistema global que inclui a estrutura
organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, práticas,
procedimentos, processos e recursos a desenvolver, implementar, atingir, analisar
criticamente e manter a política ambiental.
A ISO 14001 define, de acordo com Maimon, o Sistema de Gestão Ambiental como:
Depois que se conceituou o que seria o SGA, pode-se começar a definição de Auditoria
e Auditoria Ambiental. Para Sá (1990), a auditoria pode ser vista como uma revisão,
perícia, intervenção, exame de contas ou de toda uma escrita, constantemente
ou eventualmente. O termo auditoria pode ser observado ainda como exames de
documentos antes de escriturados, o que poderia ser chamado de pré-auditoria;
um exame sistemático de todos os fatos realizados dentro da empresa; exame
semestral ou anual de contas para aprovação; exame eventual solicitado por alguém
competente para verificação da exatidão de procedimentos de uma administração,
dentre outros.
69
UNIDADE III │ MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE NA GESTÃO DAS CIDADES
Para Bogo (1998), a regulamentação ambiental antes dos anos 1960 era praticamente
inexistente. A partir do final desta década, entre outras nações, os Estados Unidos
exigiram uma maior regulamentação em relação a questões ambientais que resultou
em mais de vinte mil páginas do Federal Register, sem contar as regulamentações
estaduais e municipais. As empresas, então, começaram a se preocupar e criar os
cargos de gerentes ambientais e desenvolver programas de qualidade ambiental, os
quais, normalmente, incluíam a auditoria ambiental.
A grande vantagem das auditorias ambientais é que estas permitem que as empresas
tenham maior cuidado com o processo de produção, identificando áreas de risco,
apontando vantagens e desvantagens e encorajando melhorias contínuas. Nesse
sentido, as auditorias induzem o uso de tecnologias limpas, a utilização prudente dos
recursos disponíveis (matéria-prima), o lixo industrial e a identificação de perigos e
riscos potenciais, ou seja, buscar uma harmonização entre natureza e meio ambiente.
70
MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE NA GESTÃO DAS CIDADES │ UNIDADE III
Neto (2001) explica que a auditoria ambiental é uma ferramenta gerencial, que por
meio de uma verificação da performance ambiental pode auxiliar na determinação
de melhorias a serem realizadas. Logo, seria possível afirmar que esta ferramenta
tem função importante não apenas para a gestão ambiental, mas também para toda
a gestão da empresa.
Considerações finais
A sociedade cobra, o mercado globalizado exige, e ter a certificação ISO, pode ser
significado de bons negócios e vantagem em relação aos concorrentes. As empresas
começam a implantar os SGAs, que são acompanhados da auditoria ambiental, esta
última uma ferramenta imprescindível para êxito do referido sistema, já que é ela
que vai acompanhá-lo e auxiliá-lo para que os objetivos sejam alcançados.
71
UNIDADE III │ MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE NA GESTÃO DAS CIDADES
e metas a serem alcançadas, que devem ser buscadas de maneira racional para
que o meio ambiente não acabe degradado. A auditoria além de verificar todos os
aspectos legais, vai também checar se os planos estão sendo cumpridos, propondo
medidas corretivas, quando necessário.
72
RECURSOS
FINANCEIROS PARA UNIDADE IV
A GESTÃO URBANA
SUSTENTÁVEL
CAPÍTULO 1
Recursos orçamentários
Devido à sua importância para os entes públicos e sociedade em geral, a elaboração do orçamento é
considerada muito importante para um bom planejamento e é fundamental para acompanhar a sua
execução, o orçamento se constitui como instrumento de gestão dos recursos, ou seja, possibilita ao
gestor, respeitados os limites estabelecidos em lei, alocar os recursos nos programas ou objetivos
que forem do interesse público ou político.
O orçamento público também pode ser entendido como um plano de governo, para guiar as ações
do poder público a curto e médio prazo e deve ser visto como um instrumento legal, cuja função é
transformar os interesses e anseios da sociedade em ações governamentais.
Orçamentos são os principais instrumentos utilizados pelos governos para atingir seus fins.
Para que os organismos públicos possam planejar suas ações e preparar seus programas e planos
de ação governamental, o orçamento possui critérios claros, haja vista que estará trabalhando com
73
UNIDADE IV │ RECURSOS FINANCEIROS PARA A GESTÃO URBANA SUSTENTÁVEL
dinheiro público e em nome e interesse da sociedade. E para isso deve obedecer aos regramentos
preestabelecidos.
É importante ressaltar que a Constituição Federal de 1988 estabelece o ciclo orçamentário, no qual
os governos devem elaborar o Plano Plurianual – PPA, a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO e a
Lei Orçamentária Anual – LOA, intimamente relacionados.
O Plano Plurianual consiste em um plano, de longo prazo (quatro anos), em que serão elencados os
projetos e os programas dos governos para definir as metas e os objetivos da ação governamental.
Como um dos instrumentos de planejamento previstos na Constituição Federal, conforme o art.
165, organiza os principais objetivos, diretrizes e metas da Administração Pública e deve orientar os
demais planos e programas. Nesse sentido, o PPA é um instrumento de planejamento mediador entre
os planos de longo prazo e os orçamentos anuais que consolidam a alocação dos recursos públicos.
Seu período de vigência é de quatro anos, porém inicia-se no segundo ano de governo e estende-se
até o primeiro ano do próximo. Serve de diretriz principal para o Planejamento Governamental, já
que a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO e a Lei Orçamentária Anual – LOA precisam estar em
consonância com o Plano Plurianual. A inclusão de recursos na Lei Orçamentária depende sempre
de previsão no Plano Plurianual, ou seja, necessariamente precisam estar no PPA e necessitam ser
detalhados na LDO.
Também imposto pela Constituição Federal, temos a Lei de Diretrizes Orçamentárias, a LDO, cujo
papel é orientar a elaboração e execução do orçamento anual. Ela também trata de diversos assuntos,
tais como alterações tributárias, gastos com pessoal, política fiscal e transferências.
A LDO conterá, conforme o art. 4o da Lei de Responsabilidade Fiscal, o equilíbrio entre receitas e
despesas; os critérios e forma de limitação de empenho (avaliação bimestral), as normas relativas
ao controle de custos e a avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos dos
orçamentos e as demais condições e exigências para transferências de recursos a entidades públicas
e privadas. Tem como objetivo preparar as metas e prioridades para a execução do exercício
seguinte. Em outras palavras, significa dizer que ela estabelece as metas e prioridades para o ano
seguinte, orientando a elaboração do Orçamento, dispondo sobre alterações na legislação tributária,
e estabelecendo a política de aplicação das agências financeiras de fomento.
Na LDO, juntamente com todo o texto legal, somam-se alguns anexos que são exigidos. São eles o
Anexo de Metas Fiscais – AMF, Anexo de Riscos Fiscais – ARF e Anexo de Política Econômica –
APE, este último exigido apenas do Governo Federal.
74
RECURSOS FINANCEIROS PARA A GESTÃO URBANA SUSTENTÁVEL │ UNIDADE IV
Nesse sentido, Pereira (2009) diz que “a LDO representa um instrumento de integração entre o
planejamento e a execução orçamentária”.
A LOA estima as receitas que o governo espera arrecadar durante o exercício e fixa os gastos a serem
realizados com tais recursos. Na LOA são estimadas as receitas que serão arrecadadas durante o
exercício fiscal a que se refere (esse trabalho é realizado por técnicos do governo) e definidas as
despesas que o governo espera realizar com esses recursos, que é a fixação das despesas a serem
realizadas, conforme e aprovado pelo Legislativo. A LOA deve integrar os três orçamentos previstos
na Constituição Federal: o orçamento fiscal, o orçamento da seguridade social e o orçamento de
investimentos das empresas estatais, contudo, a consolidação desses três orçamentos é que vem a
formar o Orçamento Geral Anual.
Importante citar que o Estado, diferentemente da iniciativa privada, tem por objetivo o atendimento
das necessidades da população, da sociedade em geral e não visa à obtenção de lucros (como ocorre
nas empresas privadas), haja vista que as receitas do Estado provêm da contribuição de seus
cidadãos e das atividades realizadas em seu território.
Há de se ressaltar também que a execução da despesa não deve exceder os créditos orçamentários
ou os adicionais, havendo sempre a necessidade terem sido autorizados na Lei Orçamentária ou, em
outras palavras, toda a despesa precisa ter sido fixada anteriormente, ou seja, prevista no Orçamento ou
créditos adicionais.
Para Kohama (2009), a despesa orçamentária “é aquela cuja realização depende de autorização
legislativa. Não se pode realizar sem crédito orçamentário correspondente”.
75
UNIDADE IV │ RECURSOS FINANCEIROS PARA A GESTÃO URBANA SUSTENTÁVEL
Para Angélico (1995), “é aquela que integra o Orçamento, a despesa discriminada e fixada no
Orçamento Público”.
Ao fixar as despesas está se direcionando para onde deverão ser realizados os gastos do governo,
aqueles fixados na lei orçamentária anual. Fazem parte dessa fixação as despesas referentes à folha
de pagamento dos servidores públicos, os gastos com material de consumo, gastos com obras,
aquisição de material permanente, entre outros. Cabe salientar que os servidores públicos são os
responsáveis pelo atendimento direto ao cidadão: são os professores, os policiais, os médicos e
demais categorias, cada qual com a sua função e importância na sociedade. Os materiais de consumo
são aqueles necessários para a manutenção do Estado, tais como gastos com materiais hospitalares
(excetuados os de natureza permanente), gastos com materiais de escritório (em especial os da
área administrativa), munição para o armamento das forças de segurança e defesa nacional, entre
outros. Constituem gastos com material permanente a aquisição de bens, cuja vida útil seja superior
a dois anos, que permanecerão sob o domínio do Estado, podendo ser cedido a terceiros, mediante
convênio ou concessão.
Quando essas ações, previstas e fixadas na lei orçamentária, se realizam temos a execução do
orçamento, na despesa quando se executam os gastos e na receita quando se arrecadam as receitas
previstas, que passam a fazer parte integrante do orçamento. O ingresso das receitas previstas, no
caixa estatal, caracteriza a execução da receita. Para que o Estado realize as ações governamentais
de maneira eficiente e voltada para os seus objetivos é necessário uma correta e equilibrada
execução orçamentária, pois ela vem a desempenhar um papel importante dentro do planejamento
governamental.
Depreende-se então que executar o orçamento é realizar as receitas e as despesas nele fixadas
e autorizadas, sempre considerando que para a efetiva execução da despesa é necessária a
disponibilidade financeira. E para realizar as ações de Estado, os recursos são empregados em
ações e programas Estatais, gerando as despesas orçamentárias (excluem-se as de natureza
extraorçamentária), fazendo-se necessário o acompanhamento e o controle de sua devida execução.
76
CAPÍTULO 2
Fontes de financiamento das políticas
públicas urbanas
Uma das alternativas encontradas no sentido de somar forças e desenvolver projetos mais qualificados
que ofereçam outros meios de financiamento das ações necessárias ao resgate do desenvolvimento
econômico e social têm sido os consórcios municipais. (ROSSETTO, 2003)
O autor ainda destaca que em muitos casos o próprio direcionamento das políticas públicas se
encarregará de “financiar” as ações através de programas ou incentivos que necessariamente não
significam alocação de recursos financeiros. Em outros, entretanto, a intermediação financeira
se fará necessária e o papel do Estado é o de gerar as condições compatíveis com as demandas
apresentadas ou intermediar parcerias ou patrocínios.
Cabe salientar que a disponibilidade de recursos, as alçadas de atuação e objetivos políticos são fatores
altamente dinâmicos, que geram cenários extremamente voláteis, e que requerem para cada novo
plano ou projeto a identificação de fontes de financiamento através de nova pesquisa por programas
ou organismos cuja linha de atuação ou interesse seja compatível com a demanda apresentada.
Financiamentos de projetos de
infraestrutura urbana
Existem alguns programas ou ações governamentais disponibilizando apoio aos municípios de forma
a resolver seus problemas estruturais nas dimensões da capacitação institucional, da habitação e
de saneamento básico. Agentes operadores dos recursos oriundos do Orçamento Geral da União
– OGU ou de acordos com organismos internacionais e nacionais, a CEF e o BNDES apresentam
diversos programas (CEF, 2003; BNDES, 2003) para a efetivação das políticas públicas urbanas.
77
UNIDADE IV │ RECURSOS FINANCEIROS PARA A GESTÃO URBANA SUSTENTÁVEL
Basicamento o Banco oferece dois tipos de empréstimos: financiamentos para investimento em bens,
obras e serviços, e empréstimos de ajuste, que visam prestar assistência às reformas institucionais e
de políticas.
Até 2015 o Banco Mundial destinará cerca de US$ 5,8 bilhões em novos financiamentos ao Brasil
que se concentrará em quatro objetivos estratégicos:
78
RECURSOS FINANCEIROS PARA A GESTÃO URBANA SUSTENTÁVEL │ UNIDADE IV
Os projetos financiados pelo Banco normalmente têm objetivos claros e bem definidos em áreas
como infraestrutura, educação e meio ambiente. Todos os empréstimos são regidos por políticas
operacionais, que garantem que as atividades sejam implementadas de forma equilibrada nos
planos econômico, financeiro, social e ambiental.
O BID tem as seguintes áreas principais de ação para ajudar a região a alcançar maior progresso
econômico e social:
As políticas operacionais do BID estão divididas em duas partes para fins de disseminação no
website do Banco: políticas operacionais gerais, comuns a todos os tipos de atividades de
financiamento, e políticas setoriais, que dão orientação em campos de atividade específicos.
79
CAPÍTULO 3
Parceria público-privada
A sociedade brasileira viveu épocas em que o Estado era o senhor da economia, sendo responsável pelo
crescimento econômico e social do país. Num momento posterior, acreditando-se que tal sistema não
era mais condizente com a capacidade da Administração Pública, optou-se pela desestatização como
força motriz para a melhoria da criação e geração de empregos. O Estado ficou enxuto, e este modelo,
mesmo com suas qualidades e defeitos, não foi o suficiente para satisfazer os anseios da sociedade.
(FERNANDES, 2008)
Dessa forma, criou-se, então, a Lei de Parcerias Público-Privadas, que institui uma maior
participação entre o Estado e o setor privado na área de infraestrutura, utilizando-se de experiências
internacionais, onde problemas semelhantes aos nossos já foram superados.
Para dar suporte às diversas formas de parceria público-privada no âmbito local, os municípios,
por meio dos seus Planos Diretores, podem utilizar alguns instrumentos previstos no Estatuto da
Cidade (Lei no 10.257/2001), que estabelece as diretrizes gerais da política urbana. Essa lei buscou
romper, pelo menos em tese, com a tradição vigente na gestão pública brasileira como um todo, e
urbanística, em particular, de que os ônus são coletivos e os bônus são privados.
O Estatuto da Cidade incorpora claramente a ideia de parceria entre os setores público e privado
com vistas à construção de cidades sustentáveis e isso fica evidente já no art. 2o, que aponta as
diretrizes gerais da política urbana, entre as quais, se destaca a cooperação entre os governos, à
iniciativa privada e os demais setores da sociedade no processo de urbanização, em atendimento ao
interesse social; a justa distribuição dos benefícios e ônus decorrente do processo de urbanização.
80
RECURSOS FINANCEIROS PARA A GESTÃO URBANA SUSTENTÁVEL │ UNIDADE IV
Cada Operação Urbana é criada por meio de lei específica, sujeita à aprovação por quórum
qualificado pela Câmara Municipal (aprovação por um mínimo de três quintos dos vereadores).
A lei autorizativa descreve o perímetro da Operação Urbana, confere direito e responsabilidades
às partes envolvidas. Define os critérios de financiamento da Operação Urbana e estabelece um
programa de intervenções que serão custeadas com as contrapartidas. Os recursos advindos das
contrapartidas são considerados recursos extraorçamentários, depositados em uma conta bancária
vinculada a cada Operação Urbana, não se confundindo, portanto, com o caixa geral da prefeitura
e devem, obrigatoriamente, ser aplicados nas intervenções dentro dos limites estabelecidos na
própria lei. (FERNANDES, 2008)
As Operações Urbanas têm origem no conceito de «solo criado», desenvolvido por urbanistas a
partir de meados da década de 1970. O solo criado pressupõe a existência de um Coeficiente de
Aproveitamento, de maneira a eliminar as diferenças econômicas entre regiões que o Zoneamento
instituiu. A partir desse coeficiente – originalmente equivalente a uma vez a área do terreno – aquilo
que fosse construído a mais seria considerado solo criado.
Nesse sentido, qualquer Operação Urbana Consorciada envolve os seguintes aspectos principais,
a saber, necessidade de sua criação por meio de lei municipal específica, com definição da área
atingida, a especificação do plano de Operação Urbana Consorciada contendo o programa básico de
ocupação, o programa de atendimento econômico e social da população diretamente afetada, sua
finalidade, o estudo técnico do impacto de vizinhança, a contrapartida a ser exigida do proprietário
que se beneficiar da Operação Urbana Consorciada, as regras para as alterações dos índices de
loteamento, parcelamento, uso e ocupação do solo, regularizações de imóveis, com a emissão de
Cepac, e a forma de controle da operação compartilhado com representantes da sociedade civil.
Até a entrada em vigor do Estatuto da Cidade, a engenharia financeira das Operações Urbanas previa
o pagamento dos Direitos Urbanísticos Adicionais na forma autorizada em cada lei autorizativa
de Operação Urbana, no momento da aprovação do empreendimento. Exigia-se que o interessado
fosse detentor de um lote e que contemplasse um projeto do empreendimento. O interessado dava
entrada a esse projeto nos órgãos de aprovação da Prefeitura, era feito o cálculo da contrapartida
81
UNIDADE IV │ RECURSOS FINANCEIROS PARA A GESTÃO URBANA SUSTENTÁVEL
Para a Prefeitura, significa dizer que os valores das contrapartidas, quando pagas em dinheiro,
entravam na conta vinculada e a cada Operação Urbana somente na medida em que os projetos
eram aprovados tornando a execução de cada intervenção, prevista na lei específica, um processo
dependente da aprovação de muitos projetos e pagamento das respectivas contrapartidas (quando
envolvendo Outorga Onerosa de Direitos Urbanísticos Adicionais), tornando o processo longo e
complexo. Para a cidade, significa dizer que o perímetro da Operação Urbana sofria todo o impacto
de empreendimentos que se instalavam muito antes que as obras de infraestrutura necessárias para
absorver o aporte de área adicional de construção que a lei outorga.
Diante do que foi estudado ao longo deste Caderno de Estudos e Pesquisa, elabore
um texto argumentativo expressando o seu entendimento sobre a importância do
planejamento e da gestão urbana para o desenvolvimento de cidades sustentáveis.
82
PARA (NÃO) FINALIZAR
Conforme, discutido ao longo deste Caderno de Estudos e Pesquisa, percebe-se que o objetivo principal
de qualquer política territorial é o desenvolvimento, no qual o crescimento assume importância
essencial. Nesse sentido, o desenvolvimento sempre será um fim, o crescimento um meio.
A forma como o espaço se organiza interfere no desenvolvimento, porque praticamente toda a atividade
humana é localizada. Por isso, o espaço é simultaneamente fator e sujeito do desenvolvimento.
Nesse sentido, o ordenamento do território, a organização espacial das sociedades humanas e das
suas atividades, a todos os níveis ou patamares, é um pressuposto essencial para o desenvolvimento.
E daqui decorre, naturalmente, a necessidade e a importância das políticas territoriais que dão
corpo ao planejamento e à gestão urbana.
Diante dessas situações, o planejamento e a gestão do território são indispensáveis para que os
espaços territoriais urbanos possam se manifestar como condição necessária ao desenvolvimento e
sustentabilidade. Isso constitui uma tarefa complexa que exige a introdução de métodos e estratégias
de planejamento dos espaços urbanos e regionais envolventes.
Observa-se assim a necessidade de se superar a obsolescência técnica dos governos locais a fim de
discernir melhores técnicas e métodos que possam resolver os problemas locais sem esquecer que
estes estão inseridos em realidades maiores que fogem ao escopo do município. “A ausência de
conhecimento da realidade local leva a uma visão arcaica do planejamento urbano, que pode partir
de premissas conceituais inadequadas mais que do contexto dos problemas da própria realidade”.
(MENEGAT e ALMEIDA, 2004, p. 185)
Dessa forma, pode-se concluir que o planejamento e a gestão urbana por meio de seus instrumentos
podem ser uma poderosa ferramenta para provocar uma mudança efetiva de trajetória, no sentido de
se rever os padrões de apropriação do solo urbano até então adotados. Mas como qualquer outro plano
de ação demanda ações integradas e estratégicas, sobretudo para agregar a participação da população,
inclusive na formulação das propostas. Nesse sentido, muito mais que fundamentos quantitativos,
há que se incluir razões qualitativas nas discussões. E, com certeza, o planejamento urbano necessita
incorporar o fundamento da sustentabilidade em suas propostas. Em especial, a da sustentabilidade
ambiental, porque mais que orientar o desenvolvimento das cidades, o planejamento urbano deve
construir um futuro possível.
83
Referências
AB’SÁBER, A. Zoneamento ecológico e econômico da Amazônia: questões de escala e
método. v. 3, n. 5. São Paulo: 1989. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo>. Acesso em: 18
janeiro 2007.
AKBARI, H.; HUANG, J.; MARTIEN, P.; ROSENFELD, A.; TAHA, H. (1988). The Impact of
Summer Heat Island on Cooling Energy Consumption and CO2 Emission. Berkeley: UC.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14010: diretrizes para a auditoria
ambiental – princípios gerais. Rio de Janeiro: ABNT, 1996.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14011: diretrizes para a auditoria
ambiental – norma de sistemas de gestão ambiental. Rio de Janeiro: ABNT, 1996.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14012: diretrizes para a auditoria
ambiental – critérios de qualificação para auditores ambientais. Rio de Janeiro: ABNT, 1996.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 19011: diretrizes para auditorias
de sistema de gestão da qualidade e/ou ambiental. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.
BARZELAY, M. The New Public Management: improving research and policy dialogue. Regents
of the University of California. California, Ucpress, 2001.
84
REFERÊNCIAS
BOGO, Janice Mileni. O sistema de gerenciamento ambiental segundo a ISO 14001 como inovação
tecnológica na organização. 1998. 153 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção e
Sistemas) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1998.
______. Lei no 4.320, de 17 de março de 1964 (Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração
de Orçamentos e Balanços na área pública).
______. Câmara dos Deputados, Comissão Mista de Orçamento. Fonte: Portal da Câmara dos
Deputados. Disponível em <www.camara.gov.br>. Acesso em 12 de etembro de 2011.
______. Senado Federal, Plano Plurianual 2008 a 2011. Fonte: Portal do Senado Federal. Disponível
em <www.senado.gov.br/portal/orçamento_senado>. Acesso em março de 2010.
______. Estatuto da cidade: Guia para a implementação pelos municípios e cidadãos. Lei no 10.257,
de 10 de julho de 2001, que estabelece diretrizes gerais da política urbana. Brasília: Câmara dos
Deputados, Coordenação de Publicações, 2001.
85
REFERÊNCIAS
BUENO, C. L.; LABAKI, L. C.; SANTOS, R. F. (1997). Caracterização das Espécies Arbóreas e
sua Contribuição para o Conforto Térmico Urbano do Subdistrito de Barão Geraldo,
Campinas. In: IV ENCONTRO NACIONAL DE CONFORTO NO AMBIENTE CONSTRUÍDO:
ANTAC, Salvador, Anais... p. 93-96.
BURGESS, R.; CARMONA, M.; & KOLSTEE, T. – The challenge of Sustainable cities.
Neoliberalism and urban strategies in developing countries – ZED BOOKS – London, 1997.
CHIAVENATO, I. Administração: teoria, processo e prática. 3. ed. São Paulo: Makron Books,
2000.
CHIAVENATO, I. Administração: teoria, processo e prática. 3. ed. São Paulo: Makron Books,
2000.
86
REFERÊNCIAS
FREY, K. Governança eletrônica: experiências de cidades europeias e algumas lições para países
em desenvolvimento. In: EISENBERG, José e CEPIK, Marco (Orgs.). Internet e política: teoria e
prática da democracia eletrônica. Belo Horizonte: Editora UFMG, p. 141-163, 2002.
FREY, K. Governança urbana e redes sociais: o potencial das novas tecnologias da informação
e comunicação. In: ENCONTRO ANUAL DA ANPAD, 27. 2003, Atibaia. Anais… Atibaia: ANPAD,
2003.
HIRST, P. Democracy and governance. In: Jon Pierre (ed.): Debating governance: authority,
steering and democracy. Oxford University Press: New York, p. 13-35, 2000.
JOURAVLEV, A. (2003). Los municipios y la gestión de los recursos hídricos. Serie Recursos
Naturales e Infraestructura. CEPAL - Comisión Económica para América Latina y el Caribe, no 66.
JUNIOR, Sebastião Bergamini. Custos emergentes na contabilidade ambiental. In: 50ª CONVENÇÃO
DOS CONTABILISTAS DO ESTADO DO RIO, 2000. Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: CRC-
RJ, 2000. p. 3-18.
KAYANO, J. & CALDAS, E. L. (2002). Indicadores para o diálogo. In: CACCIA-BAVA, S.;
PAULICA, V.; SPINK, P. (Orgs). Novos contornos da gestão local: conceitos em construção. Polis:
Programa Gestão Pública e Cidadania / FGV – EAESP, São Paulo.
KOHAMA, H. Balanços Públicos: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
______, Contabilidade Pública: teoria e prática. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
87
REFERÊNCIAS
KRAEMER, Maria E. Pereira. Contabilidade ambiental como sistema de informação. In: 50ª
CONVENÇÃO DOS CONTABILISTAS DO ESTADO DO RIO, 2000. Rio de Janeiro. Anais... Rio de
Janeiro: CRC-RJ, 2000: CRC-RJ, 2000. p. 19-26.
LA ROVERE, E. Lèbre, (Coord.) et al. Manual de auditoria ambiental. Rio de Janeiro: QualityMark,
2001.
MACHADO, Paulo A. Leme. Direito ambiental brasileiro. 8. ed. São Paulo: Malheiros editores,
Brasil, 2000.
MAIMON Dália. ISO 14000 – passo a passo da implementação nas pequenas e médias empresas.
Rio de Janeiro: QualityMark, 1999.
88
REFERÊNCIAS
MILARÉ, Édis. Direito do meio ambiente – doutrina, prática, jurisprudência e glossário. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2000.
MINTZBERG, H.; QUINN, J. B. O processo da estratégia. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
MOTTA, D.M. Política Urbana e Regulação do Uso do Solo: implicações e análise dos
instrumentos de planejamento e gestão. 1998. 328 p. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Brasília, Brasília.
NETO, F.F. Avaliação ambiental estratégica para planos de uso e ocupação do solo: um
estudo sobre o plano diretor municipal – Dissertação (Mestrado – Programa de Pós-Graduação e
Área de Concentração em Ciências da Engenharia Ambiental), Escola de Engenharia Ambiental),
Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, 2010.
PEREIRA, João Arami Martins. Administração Financeira do Setor Público. Ijuí: ed. Unijuí,
2009 (Coleção educação a distância. Série livro-texto).
PEREIRA, José Matias. Finanças públicas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
89
REFERÊNCIAS
PUTNAM, R. Bowling Alone: the Collapse and Revival of American Community. New York: Simon
& Schuster, First Touchstone Edition, 2001.
RHODES, R. A. W. Governance and public administration. In: Jon Pierre (ed.): Debating
governance: authority, steering and democracy. New York: Oxford University Press, p. 54-90,
2000.
SANTOS, R. F. dos, Planejamento ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina de Textos,
2004. 184p.
SAYDELLES, A. P. Estudo do campo térmico e das Ilhas de calor urbano em Santa Maria-
RS. 2005. 237 f. Dissertação (Mestrado em Geografia). Santa Maria, Departamento de Geociências,
Santa Maria, 2005.
90
REFERÊNCIAS
SAYDELLES, A. P.; SARTORI, M.G.B. Estudo da insolação direta na área central do perímetro
urbano de Santa Maria-RS. Geografia, v. 29, n. 3, p. 453-468, 2004.
SOUZA, M. L. de & RODRIGUES, G.B. Planejamento urbano e ativismos sociais. São Paulo:
Unesp, 2004. 136p. (Coleção Paradidáticos; Série sociedade, espaço e tempo).
STOKER, G. Urban political science and the challenge of urban governance. In: Jon Pierre (ed.):
Debating governance: authority, steering and democracy. New York: Oxford University Press, p.
91-109, 2000. Sustentável. Brasília: 2002. p. 3-14.
THERIVEL, R & ROSS, B. – Cumulative effects assessment: Does scale matter? – Environmental
Impact Assessment Review – v. 27, n. 1, p. 365-385 – Amsterdan, 2007.
VAN BELLEN, Hans Michael. Indicadores de sustentabilidade: uma análise comparativa. Rio
de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2005. 256 p.
VAZ FILHO, P.; CORDEIRO, J. S. Drenagem urbana. São Carlos: UFSCar. Departamento de
Engenharia Civil, 2000.
91
REFERÊNCIAS
WACKERNAGEL, M., et al. National Footprint and Biocapacity Accounts 2005: The
underlying calculation method. Global Footprint Network, Oakland, California, USA.
WACKERNAGEL, M; REES, W. Our ecological footprint: reducing human impact on the earth.
6. ed. Canada: New Society Pulishers, p. 160, 1996.
WRIGHT, P.; KROLL, M. J.; PARNELL, J. Administração estratégica: conceitos. São Paulo:
Atlas, 2000.
Sites
ACTIVE LIVING NETWORK. Robert Wood Johnson Foundation. Disponível em: <www.
activeliving.org>.
ASSEMAE – Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento. Disponível em: <http://
www.assemae.org.br>
92
REFERÊNCIAS
PLANNYC. NYU Furman Center for Real Estate and Urban Policy. Disponível em: <www.
plannyc.org>.
93