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Acessibilidade e Sustentabilidade
Brasília-DF.
Elaboração
Orlando Correa
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE................................................................. 9
CAPÍTULO 1
CONCEITOS INTRODUTÓRIOS.................................................................................................... 9
CAPÍTULO 2
POLÍTICA NACIONAL DE MOBILIDADE URBANA......................................................................... 24
CAPÍTULO 3
INSTRUMENTOS DE GESTÃO DE MOBILIDADE URBANA.............................................................. 43
UNIDADE II
PLANO SUSTENTÁVEL DE MOBILIDADE URBANA...................................................................................... 49
CAPÍTULO 1
SITUAÇÃO ATUAL NO BRASIL: FALTA DE PLANEJAMENTO, INEFICIÊNCIA E IMPROVISO GERANDO O
CAOS..................................................................................................................................... 49
CAPÍTULO 2
IMPLEMENTAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE PLANO SUSTENTÁVEL DE MOBILIDADE URBANA....... 61
CAPÍTULO 3
ESTUDO DE CASOS ................................................................................................................ 65
REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 80
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
5
Atenção
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
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Introdução
O tema mobilidade urbana tem sido objeto de amplos debates, porém poucos países
têm algo de concreto a apresentar nessa área. Inicialmente convém ressaltar o fato de
ser um assunto com diversos enfoques, não podendo ser limitado apenas ao conceito
de meio de transporte.
Por outro lado, o direito de ir e vir previsto na Constituição Federal não deve ser
confundido com o conceito de mobilidade urbana. Embora possamos dizer que o direito
de mobilidade relaciona-se com o direito que o indivíduo tem de ir e chegar aos locais
de destino desejados em condições de acessibilidade oferecidas pelo Estado, veremos
que não existe mobilidade sem integração e interação entre agentes públicos e privados.
Procuraremos, junto com você, pesquisar respostas para essas e outras questões que
possam surgir em um tema tão vasto quanto esse.
Objetivos
»» Compreender o significado de mobilidade, acessibilidade e sustentabilidade.
7
MOBILIDADE URBANA,
ACESSSABILIDADE E UNIDADE I
SUSTENTABILIDADE
CAPÍTULO 1
Conceitos introdutórios
Mobilidade Urbana
Como vimos na Introdução, mobilidade urbana é um conceito amplo e que transcende
a relação com o meio de transporte adotado em uma região.
Alguns governos tentam conter o problema do crescimento das cidades por meio de
imposição de limites sobre o movimento e restrições sobre o uso da terra. Seria essa
uma solução?
Fonte: <http://www.escrevologoexisto.com/2013/12/11/mobilidade-urbana>
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UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE
Até 2050, o número de pessoas que vivem em cidades vai aumentar de 3,9 bilhões
para 6,3 bilhões, assim a proporção de moradores urbanos vai expandir de 54% para
67% da população mundial. Esse crescimento vai ocorrer principalmente em países em
desenvolvimento.
Uma cidade com boa mobilidade urbana é a que proporciona às pessoas deslocamentos
seguros, confortáveis e em tempo razoável, por modos que atendam a esses critérios e
sejam bons para a sociedade e para o meio ambiente.
Fonte: <http://viatrolebus.com.br/2014/05/mobilidade-urbana-na-copa-um-fiasco-total/>
Alguns governos estão tentando conter o crescimento das cidades por meio da imposição
de limites sobre o movimento e restrições sobre o uso da terra.
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MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I
As cidades têm pouca escolha a não ser tentar canalizar o crescimento. A situação é
mais difícil nas grandes cidades. “A urbanização é inevitável”, diz Angel. “A verdadeira
questão é: como podemos melhorar a sua qualidade?”, questiona.
Acessibilidade
Os Direitos Humanos se aplicam a todos os indivíduos independentemente de sexo, raça,
língua, religião ou deficiência, e estão acima de qualquer diferença e condição social.
Incluem os direitos civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e de desenvolvimento,
sendo definidos em muitos documentos internacionais.
A pessoa com deficiência física por lesão medular apresenta perdas ou reduções em sua
estrutura física, portanto, sua personalidade, seu modo de agir e pensar permanecem
os mesmos. Trata-se, portanto, de alguém que se encontra numa situação de grande
dependência, sendo o uso da cadeira de rodas referência fundamental para o seu
relacionamento com o meio, com o mundo. É preciso vê-la como participativa, integrada
ao meio social, fortalecendo sua adaptação e aptidões e, entender que o que está errado
são as edificações, os transportes etc., estes sim são os deficientes.
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UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE
Fonte: <http://www.onibusdaparaiba.com/2014/03/mobilidade-urbana-uma-questao-de.html>.
Neste contexto, torna-se importante conhecer alguns conceitos sobre este tema:
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MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I
Fonte: <http://feneauto.org.br/noticia?noticia=1769>.
Vivemos em uma cidade que não está preparada para receber pessoas com qualquer
tipo de deficiência, totalmente inacessível.
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UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE
Fonte: <http://www.topmidianews.com.br/cidades/noticia/apesar-de-lei-federal-capital-ainda-carece-com-a-falta-de-
acessibilidade>.
Os direitos civis fundamentais, como o de ir e vir, não existem na realidade das pessoas
com deficiência física. E o que dizer do acesso à justiça, tão necessária se pensarmos
que até hoje ela não olhou para a questão. Os direitos sociais, ainda sendo construídos
em nosso país, por certo, mas totalmente inexistentes: acesso à saúde, educação, acesso
ao trabalho e ao lazer, aspirações legitimas para todo brasileiro, mas da dimensão
do sonho para a pessoa com deficiência, só uma minoria os conquista, porque suas
necessidades, todas, e não somente as específicas, não foram incorporadas aos direitos
de cidadania em nosso país.
Esses direitos básicos, na verdade, que deveriam ser reivindicados diariamente pela
sociedade e pelo governo, para todo cidadão, são ainda inalcançáveis para a grande
maioria das pessoas brasileiras com deficiência.
No ano 2000 foram criadas duas importantes leis para quem necessita de acessibilidade,
a Lei no 10.048 que dá prioridade de atendimento às pessoas que a lei especifica e a
Lei no 10.098 que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da
acessibilidade.
Essas leis foram um enorme avanço, pois criaram no Brasil uma regra universal e
uniforme que deve ser adotada por todos os municípios sem exceção. Em 2004 foi criado
um programa do governo federal chamado “Brasil Acessível” que procura estimular
governos municipais e estaduais a desenvolver medidas que garantam a acessibilidade
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MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I
para pessoas com algum tipo de restrição de mobilidade e deficiência nos sistemas de
transporte, equipamentos urbanos e locomoção pública.
Você acredita que em seu bairro existe acessibilidade? Como o tópico é tratado pelas
autoridades locais? Existe cobrança da sociedade?
Sustentabilidade
Assim como dimensões simbólicas envolvem as práticas cotidianas das pessoas na
cidade, também as características da organização e do layout das cidades influenciam
as práticas diárias de deslocamento das pessoas, inserindo os indivíduos e os grupos
no contexto urbano a partir da realidade socioeconômica e histórica: o modo de vida
das populações é afetado pela organização do sítio urbano e pelas concepções de
planejamento e de percepção da vida urbana.
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UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE
Figura 6.
Fonte: <http://qualidadeonline.wordpress.com/2011/05/30/brasil-transporte-publico-perde-espaco-para-o-individual/>.
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MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I
Fonte: <http://jconlineblogs.ne10.uol.com.br/deolhonotransito/2012/09/25/estado-reduz-icms-de-carros-usados-mas-nao-faz-
a-conta-do-impacto-na-mobilidade-ate-quando/>.
Dois modelos de cidade podem servir de referência para a análise e a reflexão, o modelo
americano e o modelo europeu, cada um deles correspondendo a diferentes tipos de
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UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE
O modelo americano baseia-se na dispersão das moradias e na falta de conexões dos usos
do solo, implicando numa maior demanda de automóvel e na pouca integração entre as
pessoas, uma vez que mais da metade do espaço público é planejado e construído para
automóveis e não para pessoas.
O modo de vida das populações é afetado pela organização do sítio urbano, e esse fato
nem sempre é considerado no planejamento das cidades. Algumas características
da organização e do layout das cidades influenciam tanto as práticas diárias de
deslocamento das pessoas (com ou sem veículos motorizados) quanto seus níveis de
sedentarismo.
Fonte: <http://umenmodamasculina.blogspot.com.br/2013/04/maquina-desejo-salao-do-automovel-de.html>.
Uma série de problemas comuns à maioria das cidades se apresentam, como a falta de
segurança, a violência, o estresse, a desintegração social e a falta de atividade física.
Na perspectiva da saúde pública, todos são reconhecidos como fatores de risco para
doenças físicas e mentais e como agravantes dos índices de doenças cardiovasculares e de
obesidade. Observa-se, por exemplo, que as maiores causas de morte na América Latina
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MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I
Ser sedentário, entretanto, não é uma decisão tão pessoal quanto possa parecer, depende
do ambiente, das condições e de uma série de outros fatores, o que requer análises
mais amplas e intersetoriais da questão, que incluam perspectivas sociais, econômicas
e ambientais.
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UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE
Fonte: <http://nossajoinville.com.br/comentarios/category/mobilidade-urbana/>.
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MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I
Podemos pontuar, de forma ampla, alguns desafios que precisam ser encarados
coletivamente para que se possa alcançar níveis mais sustentáveis e saudáveis para o
problema do deslocamento de pessoas e de produtos nas cidades:
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UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE
Fonte: <http://viatrolebus.com.br/2014/05/mobilidade-urbana-na-copa-um-fiasco-total/>.
É preciso que haja uma convivência comunitária para o desenvolvimento do senso ético
de responsabilidade social e ambiental que possa garantir, por exemplo, a opção pelo
transporte público mesmo por aqueles que tenham automóveis particulares. O que
também requer, sem dúvida, a garantia de segurança e qualidade ao transporte público.
É preciso também que o transporte coletivo seja tão eficiente quanto eficaz, e esteja
voltado para públicos distintos. A qualidade e a segurança do transporte público
tornam-se o cerne da modificação das atitudes pessoais e sociais, numa nova visão
sobre a cidade para os planejadores e gestores urbanos.
Sob o ponto de vista da qualidade do ar, a emissão de poluentes por veículos leves
diminuiu sensivelmente após o PROCONVE (Programa de Controle da Poluição do Ar
por Veículos Automotores), apesar das dificuldades que existem nas ações de controle,
inspeção ambiental e segurança, na perspectiva federal.
Alguns desafios precisam ser enfrentados com urgência, como o controle da emissão
dos veículos pesados, a questão da emissão de ozônio, a eficiência da utilização dos
veículos, o aumento da emissão de CO2 com o aumento da potência dos veículos e o
controle de emissão por motocicletas, sendo esse um dos problemas mais prementes.
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MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I
Quando analisamos os aspectos jurídicos, parece claro que a legislação sobre trânsito
existente no Brasil é extremamente avançada e seria suficiente para a melhoria da
qualidade de vida caso houvesse o real cumprimento das leis e normas.
Fonte: <http://sustentaacoes.blogspot.com.br/2013/11/critica-cartunista-andy-singer.html>.
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CAPÍTULO 2
Política Nacional de Mobilidade Urbana
Mobilidade e acessibilidade
Ao se elaborar políticas públicas de uso do solo e ações no espaço urbano, deve-se
atentar para os dois conceitos já que ao mesmo tempo em que aparecem como distintos
em termos de definições, na prática os dois “caminham” juntos. As necessidades de
deslocamentos são intrínsecas ao cotidiano da população, logo, deve preocupar-se em
garantir essa mobilidade de forma segura, eficiente, com acessibilidade universal e
sustentável para todos.
Fonte: <http://www.colunazero.com.br/2012/01/atropelada-politica-nacional-de.html>.
Uma interpretação bastante comum para mobilidade é aquela que relaciona o conceito
às viagens atuais ou viagens feitas utilizando as seguintes medidas:
Em sua abordagem convencional, a mobilidade sempre foi tratada por meio de uma
abordagem quantitativa, significando os deslocamentos ou viagens que acontecem nas
cidades, que tem como referencia um local de origem e outro de destino, sendo que
muitas vezes refere-se, tão somente, às viagens motorizadas.
Fonte: <http://www.portal2014.org.br/noticias/8143/NATAL+ENTREGA+PROJETOS+DE+MOBILIDADE+URBANA+A+CAIXA.html>.
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UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE
Alguns fatores podem induzir, restringir ou até mesmo serem condicionantes no que
diz respeito à mobilidade urbana. Esses fatores podem ser relacionados ao próprio
indivíduo (sexo, idade, habilidade motora, renda etc.) e/ou relacionados com a
infraestrutura urbana (disponibilidade e possibilidade de acesso ao sistema viário, de
transportes etc.). Por fim, as medidas de regulação por parte do órgão gestor como
restrições de horários, locais, veículos, entre outros.
Para alguns pesquisadores, a acessibilidade pode ser entendida como sendo a distância
percorrida por um indivíduo, ou usuário, para utilizar o transporte a fim realizar uma
determinada viagem, que compreende distância da origem da viagem até o local de
embarque e, do local de embarque até o destino final. Outros entendem acessibilidade
como sendo um esforço dos indivíduos para transpor uma separação espacial objetivando
exercerem suas atividades cotidianas.
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MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I
vida urbana, na medida em que facilita o acesso da população aos serviços e equipamentos
urbanos, além de viabilizar sua aproximação com as atividades econômicas.
Fonte: <http://casabellissimo.com.br/mobilidade-urbana-qual-a-cidade-que-desejamos/>.
Como um bom plano, foi feito de forma participativa e transparente, garantindo que os
investimentos e o planejamento em mobilidade ocorram de forma ordenada e levem
em conta as reais necessidades das pessoas. Levou 17 anos de tramitação no Congresso
Nacional:
I - motorizados; e
II - não motorizados.
I - quanto ao objeto:
a) de passageiros;
b) de cargas;
a) coletivo;
b) individual;
a) público;
b) privado.
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MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I
II - estacionamentos;
VI - equipamentos e instalações; e
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UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE
Fonte: <http://minhavidavai.blogspot.com.br/2009/11/acessibilidade.html>.
I - acessibilidade universal;
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MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE
§ 1o (VETADO).
§ 3o (VETADO).
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MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I
Fonte: <http://www.portal2014.org.br/noticias/289/OS+DESAFIOS+DE+CURITIBA+PARA+A+COPA+2014.html>.
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UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE
§ 11. O operador do serviço, por sua conta e risco e sob anuência do poder
público, poderá realizar descontos nas tarifas ao usuário, inclusive de
caráter sazonal, sem que isso possa gerar qualquer direito à solicitação
de revisão da tarifa de remuneração.
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MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I
Fonte: <http://www.dfaguasclaras.com.br/energia-e-transito-sao-as-preocupacoes-da-regional-aguas-claras/>.
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UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE
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MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I
Fonte: <http://www1.folha.uol.com.br/especial/2013/mobilidadeurbana/>.
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UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE
V - (VETADO);
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MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I
III - garantir o apoio e promover a integração dos serviços nas áreas que
ultrapassem os limites de um Município, em conformidade com o § 3o
do art. 25 da Constituição Federal.
IV - (VETADO).
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UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE
Fonte: <http://www.motorpasion.com.br/conducao/quanto-tempo-voce-leva-para-chegar-ao-trabalho>
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MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I
II - a circulação viária;
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UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE
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CAPÍTULO 3
Instrumentos de gestão de mobilidade
urbana
O documento esclarece também direitos dos usuários, como o de ser informado nos
pontos de embarque e desembarque sobre itinerários, horários, tarifas dos serviços
e modos de interação com outros modais. As regras que definem as tarifas a serem
cobradas também estão estipuladas.
De acordo com a nova política, os entes federativos poderão fazer uso de instrumentos
de gestão como restrição e controle de acesso e circulação, permanente ou temporário,
de veículos motorizados em locais e horários predeterminados.
Poderão, ainda, dedicar espaço exclusivo nas vias públicas para os serviços de transporte
público coletivo e para meios de transporte não motorizados, além de estabelecer
políticas para estacionamentos públicos e privados.
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UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE
As cidades bem sucedidas e sustentáveis do século 21 darão maior prioridade às pessoas, ao integrar
os transportes e o desenvolvimento urbano. Fazer com que isto aconteça significa colocar em
prática os princípios de mobilidade urbana sustentável para criar cidades vibrantes, com baixa
emissão de carbono, onde as pessoas gostem de morar e trabalhar. Os princípios de mobilidade
urbana sustentável mostram como o futuro do transporte na vida urbana pode reforçar a natureza
complementar entre transporte e desenvolvimento urbano, de uma forma sustentável. Tendo em vista
o rápido processo de urbanização e a mudança climática, o futuro do transporte na vida urbana
dependerá não só da aplicação desses princípios, mas da sua aplicação de forma integrada.
Conectar
Densificar Transportar
Compactar Uma cidade necessita de uma rede
Intensificar o uso do solo O transporte público conecta e
Numa cidade mais compacta, as coesa de vias, ruas de pedestres
verticalmente permito às cidades Integra as partes mais distantes
atividades se realizam em locais e ciclovias, além do transporte
absorverem o crescimento urbano de uma cidade. É nos corredores
mais próximos entre si e sua público de massa. A criação de
de forma mais compacta. A do transporte de massa que
ligação consome menos tempo locais altamente permeáveis
maior densidade permite uma a densificação deve começar.
e energia. Quando todos os promove uma variedade de
combinação mais eficiente, das O transporte de massa de alta
princípios são aplicados de forma opções de mobilidade que tornam
atividades, melhoria e aumento qualidade é essencial para criar
integrada, cria-se uma cidade mais diretos os deslocamentos de
da capacidade dos serviços de uma cidade próspera o Justa,
compacta e próspera. um ponto a outro.
transporte. facilmente acessível para todos.
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MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I
Fonte: <http://igovsp.net/sp/cidades-transitaveis-e-agradaveis/>.
»» acessibilidade universal;
»» desenvolvimento sustentável;
»» desenvolvimento científico-tecnológico;
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UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE
Caso a tarifa pública não seja suficiente para cobrir todos os custos do serviço prestado,
a tarifa de remuneração será resultado da soma do preço pago pelo usuário com a
receita procedente de outras fontes de custeio (subsídio).
O superávit tarifário deverá ser revertido para o próprio Sistema de Mobilidade Urbana.
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MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE │ UNIDADE I
Fonte: <http://www.imparesonline.com.br/2014/04/brasilia-df-transito-beira-do-caos.html>.
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UNIDADE I │ MOBILIDADE URBANA, ACESSSABILIDADE E SUSTENTABILIDADE
Em seu artigo 23, estabelece que os entes federativos poderão usar, além de outros, os
seguintes instrumentos de gestão do sistema:
Leia o texto onde o IDEC testa o transporte público de São Paulo e Belo Horizonte
disponível no site <http://www.idec.org.br/uploads/revistas_materias/pdfs/180-
capa1.pdf>. Em sua opinião, o transporte público destas cidades atende ao
PNMU? Por quê?
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PLANO SUSTENTÁVEL
DE MOBILIDADE UNIDADE II
URBANA
CAPÍTULO 1
Situação atual no Brasil: falta de
planejamento, ineficiência e improviso
gerando o caos
No Brasil, a migração dos trilhos para o asfalto foi resultado de uma política de Estado
que priorizou o investimento na indústria automobilística.
Em 1956, São Paulo tinha 860 quilômetros de trilhos, com frota de 500 bondes. Mas
na década seguinte, já decadentes, os bondes foram praticamente extintos do cenário
nacional.
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UNIDADE II │ PLANO SUSTENTÁVEL DE MOBILIDADE URBANA
Somos um dos poucos países do mundo que arrancaram trilhos e cobriram trilho com
asfalto. Todo o transporte de cargas, que deveria estar no sistema ferroviário e no de
cabotagem, veio para as rodovias com um objetivo: criar mercado para a indústria
automobilística de transporte de cargas e de transporte de pessoas.
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PLANO SUSTENTÁVEL DE MOBILIDADE URBANA │ UNIDADE II
Para se ter uma ideia, a proposta de metrô na capital paulista foi feita na década de
1930, mas a primeira linha só veio a ser inaugurada na década de 1970.
Também nos anos de 1970, o Brasil foi pioneiro na criação do corredor expresso para
ônibus, em Curitiba.
Porém, somente 40 anos depois, o sistema, já chamado de BRT (bus rapid transit),
volta a ser implantado nas cidades do país.
Nas décadas de 1950 e 1970, foram registrados diversos movimentos desse tipo e até
hoje notícias sobre quebra-quebra de ônibus ou trens urbanos, por atrasos, panes ou
superlotação, não são raras. Não é de espantar, portanto, que as manifestações por
serviços públicos de qualidade tenham começado justamente com reivindicações por
melhorias do transporte coletivo.
Entre 1977 e 2005, houve queda gradual no uso do transporte público (de 68%, para
51% do total de viagens motorizadas) e aumento no uso do automóvel (de 32% para
49%), conforme o Ipea.
O aumento de renda após o Plano Real, ampliado pelo crescimento econômico nos
últimos dez anos, teve impacto direto na mobilidade urbana, com aumento de utilização
de transporte individual e consequente aumento dos congestionamentos e piora do
desempenho dos sistemas viários, gerando lentidão do tráfego, característicos dos dias
atuais.
51
UNIDADE II │ PLANO SUSTENTÁVEL DE MOBILIDADE URBANA
Figura 23.
O Brasil gasta muito dinheiro, de maneira ilógica na construção do sistema viário para
a circulação de automóveis. Necessita ser percebido que o transporte coletivo é mais
eficiente e as pessoas estão dispostas a utilizá-lo, desde que ele tenha qualidade.
Mais que privilegiar os automóveis, o Brasil optou, ainda, pela estruturação de espaços
urbanos onde o homem está em posição inferior às máquinas.
52
PLANO SUSTENTÁVEL DE MOBILIDADE URBANA │ UNIDADE II
O documento do Ipea aponta ainda que, nos últimos 15 anos, as tarifas de ônibus
aumentaram cerca de 60% acima da inflação. Já carros e motos estão mais acessíveis. O
resultado é que o brasileiro comprou mais automóveis e motocicletas, como constatou
a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2012: o número de domicílios
em que ao menos para 26,7 milhões, passando de 40,9%, em 2011, para 42,4%. Já as
motos estão presentes em 12,6 milhões de casas (variando de 19,1% para 20%).
A crise que vivemos na área de mobilidade é uma crise das principais cidades do país,
porque não existe mais facilidade para o cidadão.
A Fundação Dom Cabral apurou que, de 2002 a 2012, em valores atualizados, R$ 6,8
bilhões foram previstos no Orçamento da União para ações de mobilidade urbana,
porém apenas R$ 1,3 bilhão (19,1%) foi aplicado.
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UNIDADE II │ PLANO SUSTENTÁVEL DE MOBILIDADE URBANA
apoio a uma mudança maior na mobilidade urbana, de forma a enfrentar os três maiores
problemas nas cidades modernas: congestionamento, contaminação e discriminação
social no transporte.
Nos grandes centros urbanos brasileiros, a mobilidade se caracteriza pelo uso intensivo
do automóvel, com todos os efeitos nocivos que isso traz ao trânsito, ao meio ambiente,
à economia e às pessoas.
Mais da metade (52,4%) dos moradores com nível superior incompleto ou acima utiliza
automóvel como transporte e pouco menos de 30% recorrem ao transporte público.
Entre os que só têm até o 5o ano do ensino fundamental, o cenário é bem diferente, 50%
utilizam o transporte público, 20,7% viajam de motocicleta e apenas 13,6% de carro.
Andar ou usar a bicicleta são modos de locomoção cujo emprego também é inversamente
proporcional ao tamanho das cidades e à condição social. Nos municípios com até 60
mil habitantes, quase a metade das viagens é feita a pé. Em metrópoles de mais de 1
milhão de moradores, o índice cai para um terço. A bicicleta, em termos nacionais, é
usada em apenas 3,4% dos trajetos, mas é bastante importante no Norte e Nordeste,
justamente as regiões mais pobres.
54
PLANO SUSTENTÁVEL DE MOBILIDADE URBANA │ UNIDADE II
A rapidez é o fator mais lembrado, com 35,1%, seguida pela capacidade de oferecer
mais de um modo de deslocamento (13,5%), ser barato (9,9%), confortável (9,7%) e sair
em horários adequados à necessidade (9,3%).
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UNIDADE II │ PLANO SUSTENTÁVEL DE MOBILIDADE URBANA
Figura 24.
O IBGE registrou que tais serviços estão disponíveis em 85,8% dos municípios, porém
só em metade os coletivos atendem também os deslocamentos entre bairros, distritos e
localidades dentro do mesmo município.
Se com os ônibus a realidade é essa, o que dizer das demais opções de transporte
público mais usuais no restante do mundo? Os trens só atendem a população para
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PLANO SUSTENTÁVEL DE MOBILIDADE URBANA │ UNIDADE II
viagens intramunicipais em apenas 2,49% dos municípios; e das 139 localidades onde
funcionam, mais da metade fica na região Sudeste. O metrô, por sua vez, só existe em
19 municípios do país (0,3%) e, até pela característica de transporte de massa, se faz
presente exclusivamente em grandes metrópoles. Fenômeno relativamente recente, o
serviço de vans já é a segunda opção de transporte público, presente em duas de cada
três cidades do país.
O transporte por barco está presente em 11,5% dos municípios, com grande relevância
na Região Norte – em percentual muito superior aos das demais regiões (55,2%), por
razões óbvias.
Fonte: <http://www.radarnacional.com.br/tag/mototaxi/>.
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UNIDADE II │ PLANO SUSTENTÁVEL DE MOBILIDADE URBANA
Não por acaso, portanto, a grande parte das prefeituras raramente consegue formular
uma política de transporte mais ampla (abrangendo transporte coletivo, trânsito e
vias públicas). Só 6,4% de municípios possuíam conselhos municipais de transporte
(menos da metade com competência deliberativa) e apenas 3,7% dispunham de fundo
municipal para ajudar no custeio do setor. Os dois instrumentos se mostram presentes
em geral nas cidades com mais de 500 mil habitantes (76,3% no primeiro caso e 47,4%
no segundo). Plano municipal de transporte é ainda mais raro – só existe em 3,8% das
cidades brasileiras. Naquelas com menos de 20 mil habitantes, pelo menos nove em
cada dez não o possuem, bem diferente do cenário encontrado nos municípios acima de
500 mil cidadãos (15,8%). te
Figura 26. Sorocaba: empréstimo de bicicletas para deslocamento da população na região central da cidade.
Fonte: <http://www.seesp.org.br/site/imprensa/noticias/item/2644-empr%C3%A9stimo-gratuito-de-bicicleta-p%C3%BAblica-
em-sorocaba.html>.
Nesse contexto, o máximo que os prefeitos conseguem fazer é apresentar soluções para
problemas localizados, o que pode produzir novas dificuldades, como alertaram os
pesquisadores do IBGE.
atualmente, como um dos grandes problemas das grandes cidades, com fortes impactos,
também, sobre as condições de bem-estar urbano. Um em cada dois brasileiros leva
pelo menos meia hora para se deslocar de casa para o trabalho, revela o “Índice de
Bem-Estar Urbano” (Ibeu), divulgado em 2014, pelo Observatório das Metrópoles do
Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ). Esse aumento gradual da proporção de longas viagens casa/trabalho (acima de
uma hora) penaliza mais quem ganha menos.
Figura 27. Sistemas de transporte público em cidades europeias – custo total, arrecadação tarifária e subsídios
Fonte: European Metropolitan Transport Authorities (EMTA) (2009) – Barometer of public transport in european metropolitan
áreas (2006).
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UNIDADE II │ PLANO SUSTENTÁVEL DE MOBILIDADE URBANA
Quais cenários você acredita serem os mais prováveis para o futuro no campo da
mobilidade no Brasil a médio e longo prazos?
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CAPÍTULO 2
Implementação e desenvolvimento
de plano sustentável de mobilidade
urbana
Um fator importante que deve ser considerado como condicionante para a mobilidade é
a sustentabilidade urbana e ambiental. Ela pode ser promovida pela restrição de modos
de transportes que geram altos níveis de poluição (sonora e do ar) e que comprometem
a qualidade de vida da população, causando impactos ao meio ambiente.
Nesse contexto é que se insere uma nova conceituação que vem sendo bastante discutida
no meio acadêmico, o de mobilidade urbana sustentável, onde se parte do princípio de
sustentabilidade e de sua relação com o sistema de transportes e uso do solo.
Fonte: <http://jovempan.uol.com.br/noticias/brasil/especialista-afirma-que-faixa-exclusiva-para-onibus-em-sao-paulo-e-
quebra-galho.html>.
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UNIDADE II │ PLANO SUSTENTÁVEL DE MOBILIDADE URBANA
Essa nova abordagem tem como centro das atenções o deslocamento das pessoas e
não dos veículos, considerando, especialmente, aquelas que possuem restrição de
mobilidade.
Esses modos, que na busca por um espaço no sistema viário urbano, adquirem
posições menos avantajadas, ficando mais expostos a fatores de riscos e, com isso,
comprometendo tanto a mobilidade como a acessibilidade.
Ao se caminhar pelas ruas das cidades, o que se observa é a presença de vias e espaços
públicos totalmente desprovidos de mecanismos de acessibilidades para pessoas que
apresentem alguma limitação de movimento.
É nesse sentido, que se inserem os novos conceitos aliados a mobilidade urbana, dentre
eles, o acesso amplo e democrático à cidade, a universalização do acesso ao transporte
público, a acessibilidade universal e a valorização dos deslocamentos de pedestres e
ciclistas, em detrimento dos demais modais motorizados.
Não se trata de eliminar barreiras para um grupo específico de pessoas, mas de incluir
as especificidades do universo de pessoas no desenho urbano e de produtos. Em um
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PLANO SUSTENTÁVEL DE MOBILIDADE URBANA │ UNIDADE II
O espaço urbano deve ser projetado de acordo com os princípios do desenho universal
a fim de garantir a eficiência do ambiente urbano, e que os deslocamentos ocorram de
forma segura e com conforto ambiental.
Deve-se entender que o conceito de acessibilidade não está limitado apenas às pessoas
que apresentam algum tipo de limitação de movimento, e sim, aquelas pessoas que
não possuem acesso ou apresentam restrições às infraestruturas urbanas no sistema
viário (ausência de calçadas ou essas estão em condições precárias, vias em péssimas
condições de operação, falta de segurança para os deslocamentos a pé ou por bicicleta,
aumento do risco de acidentes de trânsito) e no transporte público (linhas deficientes,
tarifas elevadas, operação precária, veículos velhos etc.).
Dessa forma, pensar a mobilidade urbana é, portanto, pensar sobre como organizar os
usos e a ocupação da cidade e a melhor forma de garantir o acesso das pessoas e bens ao
que a cidade oferece, e não apenas pensar os meios de transporte e trânsito.
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UNIDADE II │ PLANO SUSTENTÁVEL DE MOBILIDADE URBANA
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CAPÍTULO 3
Estudo de casos
Metrópoles brasileiras
O tema da mobilidade urbana tornou-se central no debate sobre o mal-estar das
nossas metrópoles a partir da deterioração do transporte coletivo e da precarização das
condições de deslocamento nas áreas metropolitanas.
Uma das causas desse caos urbano pode ser explicado pela priorização do modelo de
transporte individual em detrimento dos transportes coletivos.
O Brasil, por exemplo, terminou o ano de 2012 com uma frota total de 76.137.125
veículos automotores. Desde 2001, houve um aumento da ordem de 138,6%, uma vez
que a quantidade de automóveis exatamente dobrou, passando de 24,5 milhões (2001)
para os 50,2 milhões (2012). Em São Paulo, o acréscimo foi superior a 1 milhão no
período 2001/2012; no Rio de Janeiro, a frota de motocicletas triplicou, passando de
pouco mais de 98 mil, para 472 mil.
Por outro lado, segundo dados do Censo 2010, para chegar até seus locais de trabalho,
cerca de 24,2 milhões de pessoas se deslocam diariamente, nas 15 metrópoles brasileiras,
em tempo que se alonga na medida em que a frota cresce e que o sistema de transportes
coletivos entra em colapso.
Por trás dos indicadores, que apontam a piora das condições de deslocamento, está
uma realidade ainda mais preocupante. Trata-se do fato de que as formas precárias e
insuficientes de deslocamento, asseguradas por um sistema de mobilidade ineficiente,
geraram efeitos contrários aos ganhos de renda obtidos pelos trabalhadores na atual
conjuntura de geração de emprego.
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UNIDADE II │ PLANO SUSTENTÁVEL DE MOBILIDADE URBANA
Figura 29. Comparativo sobre o tempo gasto até o trabalho no Brasil e no mundo em minutos.
Fonte: <http://www.cnt.org.br/Paginas/Agencia_Noticia.aspx?n=8824>.
Os problemas gerados pelo sistema de transporte no Brasil não afetam apenas pessoas,
mas também mercadorias, atingem até mesmo cidades menos centrais do ponto de vista
das cadeias metropolitanas, como é o caso de Belém do Pará, na Amazônia brasileira.
Caso crítico também é apresentado pela macrometrópole paulista, que reúne quatro
regiões metropolitanas e três aglomerações urbanas do estado de São Paulo, com
uma população superior a 30 milhões de pessoas e que mantêm fortes relações com o
município-polo da região metropolitana de São Paulo.
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PLANO SUSTENTÁVEL DE MOBILIDADE URBANA │ UNIDADE II
Metrópoles internacionais
Muitas cidades do mundo têm adotado medidas para reduzir o tráfego de veículos
automotores e para promover um transporte mais eficiente e ambientalmente amigável.
Os efeitos dessas medidas – que vão de ferramentas para controle de demanda de
passageiros a planos diretores de transporte – têm sido a melhoria do transporte
urbano, da mobilidade, da segurança das vias, do número de congestionamentos, da
saúde dos moradores e da qualidade do ar.
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UNIDADE II │ PLANO SUSTENTÁVEL DE MOBILIDADE URBANA
Fonte: <http://www.edvaldocorrea.com.br/2012/09/blog-o-suntuoso-metro-de-moscou.html>.
Por outro lado, grandes metrópoles como Paris, Londres, Nova York e Tóquio têm
encontrado soluções.
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PLANO SUSTENTÁVEL DE MOBILIDADE URBANA │ UNIDADE II
Em Hong Kong temos o sistema Octopus que interliga, por meio de um cartão pré-
pago, vários serviços de trânsito, balsas, estacionamentos, estações de serviço, controle
de acesso, pontos de venda e programas de fidelização. O cartão usa ondas de rádio
para efetuar os pagamentos.
Fonte: <http://www.siemens.com/press/de/feature/2012/infrastructure-cities/rail-systems/2012-10-c2.php?content[]=ICRL&intern
=1&stop_mobi=true>.
Em Londres, é o Estado quem banca metade dos custos com transporte público. Em
2012, Londres gastou o equivalente a R$ 33,4 bilhões com o complexo e completo
sistema de metrô, ônibus e trens, mas apenas 50% foram arrecadados com a venda de
passagens. A capital inglesa não é caso isolado, ao contrário. Na maioria dos países, o
subsídio vem de recursos orçamentários.
No caso dos Estados Unidos, o subsídio ao transporte público também é elevado (da
ordem de 50%), mas não há cobrança dos custos causados pelos automóveis, porque a
decisão é apenas de manter operante um sistema de transporte público de expressão
muito limitada (cerca de 3% da demanda diária), mas que é essencial para jovens e
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UNIDADE II │ PLANO SUSTENTÁVEL DE MOBILIDADE URBANA
A exceção mais conhecida é a da França, onde as empresas pagam uma taxa para ajudar
a manter operante o transporte público. Criada em 1971, apenas para cidades a partir
de 300 mil habitantes, tem sido progressivamente ampliada e, hoje, já é cobrada em
cidades a partir de 10 mil habitantes. O valor varia entre 0,5% a 2% sobre a folha de
pagamentos. Em Paris, a arrecadação anual está em cerca de 2,5 bilhões de euros (R$
7,5 bilhões). Além dos subsídios diretos, outras fontes de financiar o transporte público
são adotadas.
Londres, Estocolmo e Cingapura, entre outras, adotam a cobrança pelo uso das vias em
função do nível de congestionamento.
A cidade de Bogotá, por sua vez, criou uma taxa sobre a gasolina destinada a um fundo
específico para o transporte público.
Figura 32. Vista parcial do interior da estação central de trens de Munique, observando-se variedade de negócios.
Fonte: <http://wikidi.com/view/munchen-hauptbahnhof>
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PLANO SUSTENTÁVEL DE MOBILIDADE URBANA │ UNIDADE II
Um estudo de 1998 mostrou que a abordagem não tem lógica nem eficácia.
De cem locais onde a medida foi implantada, em Londres e outras cidades britânicas,
um quarto apresentou redução do tráfego, sem que o movimento de carros tivesse sido
desviado para ruas e vias vizinhas.
Reações contrárias por parte da população têm mais chances de ocorrer onde o acesso
aos carros foi vetado e, por um motivo ou outro, os motoristas não dispunham nem
de rotas nem de horários alternativos ao que originalmente cumpriam, sem, com isso,
enfrentar congestionamentos ainda maiores.
Na visão dos pesquisadores, outro suporte para esse conceito de evaporação de tráfego
pode ser indiretamente verificado no fenômeno similar, ainda que oposto, da “indução
de tráfego”.
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UNIDADE II │ PLANO SUSTENTÁVEL DE MOBILIDADE URBANA
Nesse caso, constatou-se o surgimento de uma demanda de tráfego causada pela abertura
de nova via ou estrada. Os dois fenômenos se baseiam na complexa teia de reações dos
motoristas às mudanças promovidas pelas autoridades nas vias de circulação.
“Autoridades locais e cidadãos precisam decidir como reagir a essas pressões e decidir
que tipo de ambiente eles querem para sua cidade no futuro”, alerta Margot Wallström,
que integra o organismo ambiental da CE. Para ela, a opção de abrir mais ruas para
acomodar mais veículos e, assim, reduzir os congestionamentos já se mostrou inviável.
“Os impactos econômicos, sociais e ambientais podem ser altos e de baixo resultado.
Mais e mais cidades estão optando por uma abordagem diferenciada, trabalhando em
conjunto com os cidadãos para lhes assegurar acesso aos bens e serviços que precisam,
sem ter que depender do transporte viário”, completa.
Até 1962, o centro da capital da Dinamarca, medieval (muitas ruas estreitas e sinuosas),
era ocupado pelos automóveis. E todas as praças eram usadas para estacionamentos
dos carros. Assim, à medida que aumentava o número de veículos nas ruas, piores eram
as condições para pedestres e ciclistas. Em novembro daquele ano, após um acalorado
debate marcado pelo ceticismo de muitos sobre a eficácia da medida, a principal rua do
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PLANO SUSTENTÁVEL DE MOBILIDADE URBANA │ UNIDADE II
centro, Strøget, foi fechada ao tráfego, para satisfação imediata dos moradores. Foi o
primeiro passo de um processo que já completa meio século de sucesso. A cidade tem
hoje mais de 96 quilômetros quadrados de áreas livres da circulação de automóveis, das
quais um terço é rua e o restante, praças.
A queda do Muro de Berlim, em 1989, foi o sinal verde para o processo de reintegração
dos serviços públicos da então dividida cidade. Foi realizada uma concorrência
internacional para conhecer o projeto de remodelação urbana que reuniria Berlim
Ocidental e Oriental. Com a coordenação estatal e o apoio de grandes empresas, o
trabalho começou pela Potsdamer Platz e, a partir dela, se espalhou por toda a cidade.
O metrô de Berlim (U-Bahn) existe desde 1902, mas experimentou uma rápida expansão
na segunda metade do século passado, até chegar às atuais 10 linhas e 173 estações, em
quase 147 quilômetros, 80% dos quais subterrâneos. Os trens chegam às estações em
intervalos que variam de dois a cinco minutos, transportando anualmente quase meio
bilhão de pessoas.
Já o S-Bahn (o trem rápido) tem características tanto de metrô quanto de trem urbano.
Surgiu a partir das linhas comuns de trem que atendiam os moradores de bairros mais
distantes e cidades vizinhas que trabalhavam ou estudavam em Berlim. Hoje, tem rotas
e trilhos próprios, ainda que em muitos casos paralelos aos originais. Soma 15 linhas,
166 estações (uma grande parte integrada às de metrô) e mais de 300 quilômetros de
extensão, atendendo 376 milhões de passageiros por ano.
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UNIDADE II │ PLANO SUSTENTÁVEL DE MOBILIDADE URBANA
A terceira principal opção para os berlinenses são os ônibus urbanos. Ao todo, são 149
linhas (das quais 63 noturnas), parte delas integrada a um sistema conhecido como
MetroNetz, similar ao conceito de bus rapid transit (BRT), adotado em capitais como
Curitiba e Bogotá (Colômbia). É uma teia de 1.675 quilômetros de rotas que servem
desde o centro até a periferia de Berlim, percorridos por 1.349 ônibus que atendem, a
cada ano, mais de 400 milhões de usuários.
Temos a seguir um mapa da rede de transportes de Berlim, com a qual podemos ter
uma noção de seu gigantismo.
Figura 33.
Fonte: <http://www.senado.gov.br/noticias/jornal/arquivos_jornal/arquivosPdf/revista_em_discussao.pdf>.
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PLANO SUSTENTÁVEL DE MOBILIDADE URBANA │ UNIDADE II
O metrô de Londres, o mais antigo do mundo, está completando 150 anos. Criado em
1863, é um dos melhores e mais extensos. São 402 quilômetros, 270 estações e 11 linhas,
utilizadas por 8,1 milhões de habitantes, sem contar os turistas.
O metrô londrino é integrado às linhas de trem que partem para outras cidades. Como
resultado, são transportados mais de 1,1 bilhão de passageiros por ano. De acordo com
a Transport for London (TFL), empresa que administra o metrô, a aprovação ao serviço
é de mais de 80%. Na capital inglesa, apenas cerca de 13% do espaço urbano é destinado
ao sistema viário.
De forma geral, nas cidades europeias, por causa da expressiva densidade da ocupação
do solo, boa parte do espaço destinado para transporte público está no subsolo. Por
isso, o metrô é a alternativa para transportar grande número de pessoas, evitar o
congestionamento na superfície e fazer o deslocamento de longas distâncias.
Mas o sistema metroviário pode não ser uma boa opção para todos os casos.
Em 1996, uma nova lei na França obrigou os municípios com mais de 100 mil habitantes
a elaborar e implantar um plano para reduzir o consumo de energia e a poluição
relacionados ao transporte. Dois anos depois, Paris lançou seu plano de mobilidade,
que incluía medidas de expansão da infraestrutura de transporte público, adoção de
faixas exclusivas para ônibus e a criação de um programa de bicicletas compartilhadas,
o Vélib.
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UNIDADE II │ PLANO SUSTENTÁVEL DE MOBILIDADE URBANA
Garantir a mobilidade de 1,3 bilhão de pessoas é um desafio para a China. O país vem
estimulando a urbanização e, hoje, 53% dos habitantes vivem nas cidades. Na década de
1980, oito de cada dez chineses viviam no campo. Algumas megalópoles, como Xangai e
Hong Kong, investiram em transporte de massa, especialmente metrô. Com 23 milhões
de habitantes, Xangai inaugurou o seu em 1995 e hoje conta com 437 quilômetros de
trilhos, mais do que Londres. São 13 linhas e 292 estações distribuídas pela cidade. A
ampliação do sistema prevê chegar aos 877 quilômetros em 2020.
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PLANO SUSTENTÁVEL DE MOBILIDADE URBANA │ UNIDADE II
Como parte de uma ampla estratégia de mobilidade urbana, Bogotá tem investido
também no transporte não motorizado e na restrição do uso do automóvel particular.
Das estratégias em teste na cidade, o teletrabalho e o compartilhamento de carros são
as mais inovadoras. O governo colombiano tem incentivado ao máximo o teletrabalho
desde 2012, tanto a partir da residência dos trabalhadores, quanto em unidades
descentralizadas das empresas.
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Para (não) Finalizar
Com mobilidade urbana podemos pegar o ônibus com a garantia de que chegaremos ao
local no horário desejado, salvo em caso de acidentes, por exemplo. É ter alternativas
para deixar o carro na garagem e ir ao trabalho a pé, de bicicleta ou com o transporte
coletivo. É dispor de ciclovias e também de calçadas que garantam acessibilidade aos
deficientes físicos e visuais. É, se quisermos, utilizar o automóvel particular quando lhe
convir e não ficar preso nos engarrafamentos.
Essa realidade pode ser alterada com a crença na força de uma legislação adequada,
fiscalização eficaz e educação permanente. A mudança depende do esforço de agentes
políticos, sociedade e indivíduos conscientes. A solução passa por uma ampla discussão
e mudança de postura.
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PARA (NÃO) FINALIZAR
Em suma, podemos afirmar que a sociedade não sobreviverá se não repensarmos esse
problema, pois perderá sua capacidade de locomoção e de produção.
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Referências
Sites
<http://www.economist.com/news/international/21604576-cities-are-bound-grow-
they-need-planning-be-liveable-roads-redemption>
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12587.htm>
<http://www.cidades.gov.br/index.php/politica-nacional-de-mobilidade-urbana.
html>
80
REFERÊNCIAS
<http://www.observatoriodasmetropoles.net/index.php?option=com_k2&view
=item&id=726%3Adossi%C3%AA-mobilidade-urbana-nas-metr%C3%B3poles-
brasileiras&Itemid=167&lang=pt>
<http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/comunicado/110525_
comunicadoipea94.pdf>
<http://www.mobilize.org.br/midias/pesquisas/um-conto-de-cidades-renovadas.
pdf>
<http://www.escrevologoexisto.com/2013/12/11/mobilidade-urbana>
<http://www.inclusive.org.br/?p=26501>
<http://revistavisaojuridica.uol.com.br/advogados-leis-jurisprudencia/86/para-
aonde-vamos-politica-nacional-de-mobilidade-urbana-legislacao-293303-1.asp>
<http://www.idec.org.br/uploads/revistas_materias/pdfs/180-capa1.pdf>
<http://www.ambiente-augm.ufscar.br/uploads/A3-039.pdf>
81