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Projetos Culturais
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................... 5
INTRODUÇÃO............................................................................................................................. 8
UNIDADE I
POLÍTICAS CULTURAIS.................................................................................................................... 11
CAPÍTULO 1
POLÍTICAS CULTURAIS: ORIGENS E IMPORTÂNCIA............................................................... 11
CAPÍTULO 2
POLÍTICAS CULTURAIS E A ECONOMIA CRIATIVA................................................................. 36
CAPÍTULO 3
A ANTROPOLOGIA E A SOCIOLOGIA COMO DIMENSÕES DA CULTURA E DAS POLÍTICAS
CULTURAIS........................................................................................................................ 44
UNIDADE II
POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL...................................................................................................... 60
CAPÍTULO 1
A HISTÓRIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A CULTURA NO BRASIL...................................... 60
CAPÍTULO 2
ESTRATÉGIAS DE APOIO E DIFUSÃO DA CULTURA................................................................ 75
UNIDADE III
CHAMADAS PÚBLICAS E APOIO DE INICIATIVAS PRIVADAS............................................................... 81
CAPÍTULO 1
A BUSCA DE INCENTIVO NA INICIATIVA PRIVADA................................................................. 81
CAPÍTULO 2
POR DENTRO DOS EDITAIS PRIVADOS................................................................................ 88
UNIDADE IV
COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL.................................................................................... 92
CAPÍTULO 1
MAS AFINAL, O QUE É UM PROJETO?................................................................................ 92
CAPÍTULO 2
COMEÇANDO UM PROJETO............................................................................................. 95
CAPÍTULO 3
ESTRUTURA BÁSICA DE UM PROJETO CULTURAL................................................................. 101
UNIDADE V
ALTERNATIVAS PARA O FINANCIAMENTO DO PROJETO: O PÚBLICO COMO INCENTIVADOR............. 132
CAPÍTULO 1
ALTERNATIVAS PARA FINANCIAMENTO DE PROJETOS......................................................... 132
CAPÍTULO 2
FINANCIAMENTO COLETIVO............................................................................................ 134
Caro aluno,
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno de
Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
6
Saiba mais
Sintetizando
7
Introdução
Esta disciplina traça um panorama sobre os debates ligados às políticas culturais
formais de uma perspectiva tanto histórica, quanto contemporânea. Nas duas
primeiras unidades nos concentraremos no entendimento histórico e conceitual
das políticas culturais e da legislação para a cultura. O objetivo dessas unidades é
fornecer ferramentas analíticas que possibilitem ao aluno construir uma visão crítica
sobre as políticas culturais e a legislação brasileira.
Objetivos
» Introduzir o leitor no universo das políticas culturais, legislação e
projetos culturais.
8
» Refletir sobre a presença das políticas culturais no nosso cotidiano.
9
10
POLÍTICAS CULTURAIS UNIDADE I
CAPÍTULO 1
Políticas culturais: origens e
importância
Ainda que seja uma questão central do nosso cotidiano é comum termos
dificuldade em conceituar o que são as políticas culturais e temos poucas
informações acessíveis sobre suas origens e possibilidades.
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UNIDADE I │ POLÍTICAS CULTURAIS
Nesse ponto você já deve estar curioso em saber: mas o quê são as
políticas culturais? Abordaremos essa questão a seguir, mas antes tome
alguns minutinhos para refletir sobre a sua rotina como a cultura e suas
manifestações impactam no seu cotidiano.
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POLÍTICAS CULTURAIS │ UNIDADE I
da cultura. Essa é uma dificuldade adicional que o campo nos apresenta e que
está diretamente relacionada à nossa dificuldade de conceituar esse universo.
É importante destacar que, quando falamos de grupos que estão no poder, nos
referimos às pessoas que ocupam cargos públicos e pensam as políticas para
a cultura no contexto nacional. São aquelas que, trabalhando em espaços de
decisão, darão a linha sobre como os governos compreendem a importância da
cultura na sociedade. Para que você tenha uma ideia, é a partir dessas instâncias
de decisão que são apontadas diretrizes e tomadas decisões para questões
como: a arte de rua e sua ocupação do espaço urbano, gestão e financiamento de
museus, desconto de ingressos para estudantes, reconhecimento e tombamento
de patrimônios históricos entre tantos outros.
Profissionais com vivência e/ou proximidade com o campo das artes tendem a
compreender melhor o impacto das políticas culturais para a área e até mesmo
entender a necessidade de que é necessário desenvolver políticas para este
setor. São eles que têm suas vidas diretamente influenciadas pelas instâncias de
poder e podem ajudar a pensar com mais profundidade as necessidades da área.
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UNIDADE I │ POLÍTICAS CULTURAIS
www.youtube.com/watch?v=HPBAJl_7O0o.
www.youtube.com/watch?v=-BK-RDHrQUA.
www.youtube.com/watch?v=IAsCqR2umZU.
14
POLÍTICAS CULTURAIS │ UNIDADE I
www.youtube.com/watch?v=0hDkGHBu_bg.
www.youtube.com/watch?v=6w5cRVUPttE.
Encontrando definições
O pesquisador Teixeira Coelho (1997) afirma que ações tão antigas como
apresentações públicas de teatro na Europa medieval, perpassavam por arranjos
que podem ser considerados precursores de tais políticas.
Afinal, para que uma peça fosse encenada nas praças, eram necessários pedidos
de autorização ao munícipio, contratação de atores, análise de público, entre
outros aspectos. Seguindo o argumento de Coelho (1997), podemos afirmar de
maneira mais ampla que, toda manifestação cultural envolve, em algum nível,
a política pública.
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UNIDADE I │ POLÍTICAS CULTURAIS
Mas qual é a importância das políticas culturais? Como são definidas suas
estratégias e de que maneira são elaboradas? É isso que iremos analisar a
seguir.
Você sabia que a pesquisa sobre essas políticas pode ser feita de
maneira bastante simples e acessível? Veículos oficiais de difusão de
informação sobre o tema são algumas das principais referências ao seu
alcance. Páginas na internet de secretarias de cultura e demais órgãos
oficiais contêm decretos, leis, editais, relatórios técnicos, entre outras
informações centrais para o seu entendimento. Que tal começar a sua
pesquisa hoje e conhecer as políticas culturais da sua cidade, estado e
país?
www.cultura.gov.br.
www.cultura.sp.gov.br.
www.cultura.pr.gov.br
16
POLÍTICAS CULTURAIS │ UNIDADE I
www.cultura.pe.gov.br/secultpe/.
www.cultura.ba.gov.br.
www.cultura.rj.gov.br.
Lazer e entretenimento
Com isso, autores como Bertrand Russel, Georges Friedmann e David Riesma
publicaram estudos que questionam a centralidade do trabalho na vida social
e destacaram a importância do ócio e de atividades relacionadas ao lazer e à
cultura.
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POLÍTICAS CULTURAIS │ UNIDADE I
Preservação do patrimônio
O Iphan foi criado em 1936, ano em que era conhecido como Serviço do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (SPHAN). Seu objetivo era construir um “[...] processo/
projeto de preservação do patrimônio histórico e, consequentemente a criação de
um determinado conceito sobre o mesmo, baseava-se na possibilidade do contar da
história através do construído” (OLIVEIRA, 2019, p. 22).
Foi apenas nos anos 1970 que as cidades históricas nacionais foram de fato
reconhecidas. O Programa Integrado de Reconstrução das cidades Históricas
(PCH) atuou inicialmente no Nordeste e, em um segundo momento, se expandiu
para Minas Gerias, Rio de Janeiro e Espírito Santo (OLIVEIRA, 2019, p. 27).
20
POLÍTICAS CULTURAIS │ UNIDADE I
www.casaruibarbosa.gov.br.
www.mcaa.pr.gov.br.
Patrimônio imaterial
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POLÍTICAS CULTURAIS │ UNIDADE I
As festas regionais que se espalham por todo o Brasil também podem ser
consideradas patrimônio imaterial.
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UNIDADE I │ POLÍTICAS CULTURAIS
Festas como o Boi Bumbá em Parintins têm um caráter mais regional, envolvem
a comunidade e atraem turismo. Já festas de caráter religioso, como o Círio de
Nazaré (Belém do Pará), misturam o universo da crença com outros aspectos da
cultura e, na contemporaneidade, ganham o aspecto de um grande espetáculo.
» De que maneira o Estado poderia ser mais atuante para que essas
manifestações sejam preservadas? Você seria capaz de sugerir
algumas diretrizes nesse sentido?
24
POLÍTICAS CULTURAIS │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ POLÍTICAS CULTURAIS
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POLÍTICAS CULTURAIS │ UNIDADE I
Mas, até aqui você deve estar pensando: De que maneira essas convenções
internacionais são monitoradas? Elas produzem resultados concretos? Não
existe uma resposta fácil para essas questões, pois, ainda que o compromisso
seja firmado pelas nações envolvidas, diversas barreiras dificultam o
cumprimento das propostas.
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UNIDADE I │ POLÍTICAS CULTURAIS
Esses quatro pontos destacados pelo relatório têm como objetivo melhorar as
condições de artistas e profissionais da área da criatividade ao redor do globo
e, assim como a Convenção analisada, percebe a valorização da cultura como
parte de uma cadeia mais ampla relacionada aos mais diferentes aspectos da
vida cotidiana e às redes de sustentabilidade.
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POLÍTICAS CULTURAIS │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ POLÍTICAS CULTURAIS
Note que nos dois trechos citados, existe uma percepção geral de que a
criatividade e as iniciativas no âmbito da cultura podem contribuir para soluções
que afligem o mundo global, mas que por conta da ausência de estudos focados
na questão, ainda não sabemos como esses pontos de fato se relacionam. Ainda
assim, as indústrias ligadas à cultura e à criatividade são reconhecidas como
criadoras de soluções para o desenvolvimento sustentável, uma das principais
pautas da contemporaneidade.
Por fim chegamos ao item 4 Promoção dos direitos humanos e das liberdades
fundamentais. O relatório da Unesco destaca em seu texto sobretudo a questão
da igualdade de gênero relacionada ao ambiente de trabalho que envolve as
indústrias criativas. Colocada como o maior desafio na área da promoção
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POLÍTICAS CULTURAIS │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ POLÍTICAS CULTURAIS
www.guerrillagirls.com.
Cultura e educação
Mas o que é multiculturalismo? Você já deve ter ouvido falar desse conceito, ainda
que não saiba exatamente o seu significado. Um dos principais teóricos a abordar
o conceito de multiculturalismo chama-se Stuart Hall (1932-2014). O curioso é
que a própria história de vida do autor exemplifica a experiência multicultural
das sociedades contemporâneas. Por isso vamos acompanhar alguns momentos
de sua trajetória antes de abordarmos o conceito mais diretamente.
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POLÍTICAS CULTURAIS │ UNIDADE I
Como falar de cultura em sala de aula e como a educação pode trazer reflexões
sobre as relações entre as culturas na sociedade contemporânea? Essa não é uma
pergunta de respostas fáceis de serem dadas, mas certamente tem sido articulada
por pensadores contemporâneos. Quando adicionamos a essa equação questões
relacionadas ao multiculturalismo, entramos em um território que traz desafios
aos educadores que precisam estar atentos para as diferentes origens e valores
de seus alunos, respeitá-los e somá-los ao processo de aprendizagem em sala
de aula.
Uma autora que aborda essas questões é Vera Maria Ferrão Candau. Candau
(2000, 2002) reconhece a relação intrínseca entre as culturas e as práticas
pedagógicas. Para ela, o ambiente de ensino deve ser inclusivo e receptivo a
todos e com isso entende-se que as culturas dos diferentes alunos devem ser
respeitadas e incluídas no debate em sala de aula. Para Candau (2000, 2002)
a cultura é presente, ativa e reinventada na vida dos seres humanos. Por isso
todos se beneficiam do compartilhamento de diferentes experiências, pontos de
vista e possibilidades de compreender o mundo.
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UNIDADE I │ POLÍTICAS CULTURAIS
Mas por que estamos falando da relação entre pedagogia e cultura em meio
a toda uma conversa sobre políticas culturais? A maneira como a educação
transmite conhecimento sobre as culturas molda o entendimento da sociedade
sobre o assunto e, em médio e longo prazo, fundamenta as ações de proteção e
incentivo às culturas. Esse é um processo circular.
giramundo.org.
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POLÍTICAS CULTURAIS │ UNIDADE I
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CAPÍTULO 2
Políticas culturais e a economia
criativa
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POLÍTICAS CULTURAIS │ UNIDADE I
Economia criativa
O conceito de Economia Criativa está sendo amplamente utilizado nos últimos
anos e parte do entendimento de que este setor faz parte da cadeia econômica
mundial. Este conceito vem desmistificar a ideia de que as produções artísticas
devem ser entendidas apenas como hobbies ou entretenimento e as situam
dentro da cadeia produtiva dos locais a que pertencem.
Isso não quer dizer que os projetos e produtos culturais devam ser valorizados
apenas a partir do ponto de vista mercadológico e de seu valor monetário,
mas que toda a cadeia produtiva que envolve a cultura deve ser analisada.
De fato, uma das principais críticas ao uso do conceito de economia criativa
está fundamentado na possibilidade dessa visão da área da cultura fortalecer
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UNIDADE I │ POLÍTICAS CULTURAIS
www.youtube.com/watch?v=KsdjmvCWbH4.
www.youtube.com/watch?v=CUc0XfxhhI4.
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UNIDADE I │ POLÍTICAS CULTURAIS
» Paraná – 1,8%.
www.firjan.com.br/EconomiaCriativa/downloads/
MapeamentoIndustriaCriativa.pdf.
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POLÍTICAS CULTURAIS │ UNIDADE I
www.youtube.com/watch?v=IEDaZv7TNW0.
3 Consagrada designer gráfica norte-americana, Paula Scher é reconhecida por trabalhar elementos da cultura pop lado a
lado das artes visuais. Ela é vencedora de diversos prêmios e alguns de seus trabalhos estão na coleção do Museu de Arte
Moderna de Nova Iorque (MoMa).
4 A britânica Ilse Crawford é conhecida por trabalhar com elementos humanos, conforto e criar ambientes que fazem com
que as pessoas sintam-se em casa.
5 Fotógrafo publicitário especialista na área de retratos, eternizou dezenas de personalidades da nossa época e trabalha com
empresas globais. Retratou líderes mundiais como Muammar Qaddafi, Barack Obama e George W. Bush.
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UNIDADE I │ POLÍTICAS CULTURAIS
www.ibermuseus.org/wp-content/uploads/2014/07/convencao-sobre-a-
diversidade-das-expressoes-culturais-unesco-2005.pdf.
42
POLÍTICAS CULTURAIS │ UNIDADE I
www.britishcouncil.org.br/sites/default/files/brazilian_creative_economy_
online_sem4_new.pdf.
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CAPÍTULO 3
A antropologia e a sociologia como
dimensões da cultura e das políticas
culturais
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POLÍTICAS CULTURAIS │ UNIDADE I
uma nova realidade marcada por “[...] novas relações econômicas, novas
formas de organização política e ainda novas concepções e representações
culturais” (SELL, 2009, p.16).
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UNIDADE I │ POLÍTICAS CULTURAIS
sejam emitidos. Ao passo que esse tipo de fala pode expressar tão somente uma
questão de gosto musical, também pode revelar um sentimento de superioridade
ou de desprezo em relação às práticas culturais do Outro. Nesse caso estamos
falando de uma posição etnocêntrica. Já uma perspectiva relativista resulta em
uma aproximação curiosa da diferença: “Não conheço esse tipo de música, mas
quero compreende-la”. Você pode até concluir que um determinado estilo não
te agrada em termos de gosto musical, mas não estará proferindo um juízo de
valor.
9 As festas do Bumba Meu Boi, conhecidas também como Boi-bumbá, espalham-se por diferentes regiões do país e giram
em torno de danças e apresentações. A história central dessas festividades, que tem suas particularidades de acordo com a
região em que ocorre, envolve personagens humanos sendo o principal o boi. A manifestação vem sendo registrada desde
o século XIX, mas pode ter origens ainda mais remotas.
10 Estilo musical que estrutura diversas festividades sobretudo na região de Pernambuco. Em 2012, a UNESCO declarou o
frevo Patrimônio Imaterial da Humanidade.
11 Dança criada a partir do encontro das culturas africana e indígena. É embalada por cantos simples que relatam o dia a dia
da população. Surgiu no contexto das fazendas de açúcar do Nordeste brasileiro.
12 O Fandango Caiçara concentra-se na região Norte do litoral paranaense e sul do estado de São Paulo. As festas são
conhecidas como bailes durante os quais toca-se o fandango composto por sons de instrumentos locais como a rabeca. Em
2012, o Fandango foi declarado Patrimônio Imaterial da Humanidade.
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POLÍTICAS CULTURAIS │ UNIDADE I
Um dos estudos mais conhecidos do autor analisou a frequência das pessoas aos
museus de arte europeus. Ele procurou entender quem é o público desses espaços,
como ele chegou até ali e quais fatores sociais contribuem para que tenha apreço
pela arte. Bourdieu também focou em como as origens sociais dos frequentadores
dos museus relaciona-se ao acesso que eles têm a esses espaços.
MASP – Foi fundado em 1947 pelo empresário e apoiador das artes Assis
Chateaubriand (1892-1968). Foi o primeiro museu de arte moderna do
Brasil e possui o maior acervo de arte europeia do hemisfério sul.
Site: masp.org.br.
Site: mnba.gov.br/portal/.
Site: www.museuoscarniemeyer.org.br/home.
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POLÍTICAS CULTURAIS │ UNIDADE I
A cultura popular
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UNIDADE I │ POLÍTICAS CULTURAIS
A palavra popular nos liga diretamente a algo que vem do povo e relaciona-se
à ideia de um grande número de pessoas. Popular também nos remete a uma
pessoa de sucesso, conhecida, a um artista ou produto aceito e reconhecido por
ampla parcela da população. Por outro lado, a palavra também nos liga a uma
noção de cultura produzida pelo povo e que deste origina.
Foi nesse contexto descrito que o conceito de cultura popular auxiliou diversas
pesquisas. Foram produzidos inúmeros documentos, descrições e registros das
manifestações culturais que estavam ameaçadas pela rápida transformação. Ao
mesmo tempo em que essa concepção contribuiu para o registro histórico de
atividades culturais como músicas e peças teatrais, se popularizou uma ideia de
que essas manifestações estavam isoladas daquelas que surgiam e se consolidavam
nos grandes centros urbanos.
Um dos pensadores que dedicou grande parte das suas pesquisas para
compreender as culturas populares foi Roger Chartier. Para ele, falar em cultura
popular pode ser entendido como uma tentativa de delimitar a cultura do povo
já que se trata de uma categoria erudita direcionada para toda a produção que
foge do escopo dessa mesma cultura.
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POLÍTICAS CULTURAIS │ UNIDADE I
uma percepção hierárquica e nos faz perguntar: “Mas Afinal, não seria toda a
produção cultural em algum sentido popular?”
O que queremos que você compreenda, caro aluno, é que as práticas culturais e
nossas relações com a cultura ocorrem de maneira reflexiva. A cultura popular e
a cultura erudita – se é que podemos ser rígidos quanto a esses termos, nutrem-
se uma da outra, podem ou não ter origens próximas e não devem ser concebidas
de maneira hierárquica. Lembram-se dos conceitos de etnocentrismo e de
relativismo cultural que analisamos anteriormente? Pensar em cultura popular
nos exige um posicionamento de constante relativização e cuidado para não
fortalecermos relações desiguais de poder.
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UNIDADE I │ POLÍTICAS CULTURAIS
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POLÍTICAS CULTURAIS │ UNIDADE I
Selma do Coco.
culturaspopulares.cultura.gov.br/homenageados-edicoes-anteriores/.
www.casaruibarbosa.gov.br/cordel/leandro.html.
53
UNIDADE I │ POLÍTICAS CULTURAIS
www.itaucultural.org.br/rumos-2015-2016-guriata-boi-de-maracana.
Recepção da cultura
A distribuição e a circulação dos produtos e projetos culturais é um aspecto
central da economia criativa. Entretanto, é comum deixarmos as análises que
envolvem essa questão em segundo plano. Raramente paramos para refletir
sobre quem acessa os produtos culturais. Mas afinal, quem são os visitantes
dos museus? Quem são as pessoas que frequentam a ópera? E o show de rap?
Qual é a idade e escolaridade dos frequentadores de teatro na sua cidade?
Você já parou para pensar nesses aspectos e como a formação de público está
relacionada às políticas públicas?
A recepção dos produtos culturais por parte do público não ocorre de maneira
completamente passiva, ou seja, as informações são absorvidas a partir das
referências daquele que as recebe. Somos seres munidos de experiências
pessoais, valores e gostos. Esses aspectos permitem que tenhamos interações
particulares com os produtos culturais que chegam até nós.
A partir dos anos 1980, e por meio da influência dos estudos culturais que
trouxeram para campo as construções socioculturais dos sujeitos e a maneira
como estas influenciam as nossas percepções da realidade, as pesquisas
voltaram-se para uma audiência ativa que faz uso e interpreta as mensagens
(WHITE, 1998, p. 58). Essa virada de interpretação focou na capacidade dos
sujeitos de ressignificarem a informação recebida e trazê-la para suas próprias
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POLÍTICAS CULTURAIS │ UNIDADE I
Falar de recepção da cultura é uma tarefa complexa, pois não temos dados
suficientes que nos propiciem uma ampla análise científica de cada setor. Nas
últimas décadas a preocupação em compreender o público vem se ampliado, mas
permanece desafiadora. Espaços de fomento artístico têm dedicado orçamento
à pesquisa de público ao mesmo tempo em que o entendimento desse segmento
é central para o desenvolvimento da indústria criativa.
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UNIDADE I │ POLÍTICAS CULTURAIS
É com essa preocupação que a Bienal de São Paulo, que ocorre no Parque do
Ibirapuera, e é um evento gratuito, vem realizando a cada edição a produção
de uma pesquisa sobre o perfil do público frequentador. Lembra-se de Pierre
Bourdieu, o sociólogo que mencionamos anteriormente? Pois bem, Bourdieu
concluiu que o acesso às instituições do mundo da arte não está condicionado
apenas a fatores financeiros, mas também a questões simbólicas, de formação
acadêmica e classe social. Os relatórios da atualidade operam no mesmo
sentido.
www.bienal.org.br
Transite pelas cidades e pelos espaços de cultura com essas questões em mente e
trace um perfil dos frequentadores dos lugares que visita. Essa prática trará uma
visão mais crítica sobre a formação de público.
Um dos fatores que contribui para a restrição do público nas cidades e regiões
do país é o fato de que as ações culturais ocorrem com frequência no mesmo
eixo geográfico. É comum que o centro das cidades seja privilegiado para o
desenvolvimento de atividades culturais e que grandes cidades promovam
mais atividades ligadas à cultura em detrimento de cidades menores.
Diversos motivos fazem com que a região central das cidades e os centros
urbanos sejam escolhidos para ações no campo da cultura. Um dos principais
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POLÍTICAS CULTURAIS │ UNIDADE I
Outro motivo que corrobora para essa realidade é que o centro da cidade é um
espaço de mais fácil acesso via transporte público se comparado com bairros
mais afastados. Entretanto, mesmo as ações em espaços públicos centrais e que
não visam a cobrança de ingressos podem não ser tão acessíveis quanto parecem
em um primeiro momento. Precisamos considerar que tal acesso depende de
uma boa divulgação da programação, ou seja, acesso à informação. A questão do
acesso ao transporte, mesmo que as redes públicas se intensifiquem nas áreas
centrais, distancia pessoas em condições de precariedade econômica, para as
quais o preço do transporte público é uma barreira de acesso.
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UNIDADE I │ POLÍTICAS CULTURAIS
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POLÍTICAS CULTURAIS │ UNIDADE I
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POLÍTICA CULTURAL UNIDADE II
NO BRASIL
CAPÍTULO 1
A história das políticas públicas para a
cultura no Brasil
A década de 1930
A história das políticas públicas para a cultura no Brasil tem como um de seus
principais marcos a década de 1930, período em que diversos órgãos do Governo
Federal foram criados.
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POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL │ UNIDADE II
16 A Semana de Arte Moderna de 1922 foi criada no contexto do crescimento do capitalismo no Brasil e a grande influência
que a arte modernista produzida na Europa exercia junto aos artistas brasileiros. Na época, a arte do século XIX era
valorizada no Brasil e o grupo de artistas da Semana tinha como objetivo transformar essa realidade e abrir caminho para
um novo senso estético. Participaram do evento: Manuel de Barros, Villa-Lobos, Graça Aranha, Mário de Andrade, Anita
Malfatti, entre outros.
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UNIDADE II │ POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL
também a criar de uma estrutura que representasse essa amplitude. Com isso
veio a construção de teatros locais, salas de cinema e museus.
Os anos de 1980
Demos um salto para a década de 1980, pois esta foi palco da reestruturação
das políticas nacionais para a cultura e uma maior profissionalização da área.
Durante anos, profissionais ligados à área da cultura lutaram para que esta
tivesse maior protagonismo no governo federal e, foi durante o governo de José
Sarney 17, que obtiveram essa conquista.
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POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL │ UNIDADE II
A lei foi pioneira e sustentou propostas similares nos anos seguintes tal
como a lei Rouanet e a atual Lei de Incentivo à Cultura. Apesar dos seus
pontos positivos e pioneirismo, sua principal falha era de não demandar
análise técnica dos projetos antes da sua aprovação. Ou seja, os produtores
e patrocinadores decidiam diretamente qual projeto seria aplicado e como
os procedimentos seriam realizados sem a necessidade de que os projetos
passassem por qualquer banca ou curadoria. Com isso, as fraudes, emissões
de notas fiscais fraudulentas e a não realização completa de projetos poderiam
acontecer (SESI, 2007, p.18).
Por conta dos problemas citados, a Lei Sarney foi revogada nos anos 1990 pelo
governo de Fernando Collor de Mello 19 (1990-1992) em meios às suspeitas
que nela recaíam por conta da fragilidade de seu sistema. Naquele contexto,
um cenário cada vez mais crítico de crise econômica de expandia, fator que
contribuía para que a área da cultura fosse colocada em segundo plano. Com
19 Fernando Collor de Mello foi eleito presidente do Brasil em 1990. Renunciou dois anos depois em meio a um pedido de
Impeachment e manifestações das ruas que se espalharam por todo o Brasil. Nos anos seguinte sua carreira política teve
continuidade sendo eleito senador por Alagoas por diversos mandatos.
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UNIDADE II │ POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL
isso, a década de 1990 foi um período de perdas para a cultura, mas também de
amadurecimento e reflexão.
A década de 1990
Durante a década de 1990 temos o início de um novo ciclo caracterizado
pelo desmonte de diversas estruturas governamentais formadas em anos
anteriores. Parte da estruturada criada para a cultura foi dissolvida em meio
ao entendimento de que o Estado deveria se distanciar das questões culturais.
Imperava o entendimento de que o Estado não deveria gerir a área, ainda que
a Constituição Federal deixasse claro a importância da atuação do Estado
para a proteção das culturas nacionais. Um fato simbólico desse período foi
a dissolução do Ministério da Cultura, ação que retirou a cultura do primeiro
escalão do governo federal.
Criada pelo diplomata Sergio Paulo Rouanet que, na época ocupava o cargo de
Secretário de Cultura da Presidência da República, a lei resolveu os problemas da
Lei Sarney e estabeleceu instrumentos mais rigorosos e modernos:
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POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL │ UNIDADE II
Conforme você pode perceber, a Lei Rouanet tinha uma estrutura complexa que
conectava estruturas com prerrogativas distintas. Vamos nos aprofundar no
significado de cada uma das instâncias e siglas citadas acima?
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UNIDADE II │ POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL
Uma das principais críticas de agentes do campo da cultura à Lei Rouanet é sobre
o fato dela nunca ter sido completamente empregada e, ainda sim, ter sofrido
transformações ao longo dos anos. Ou seja, antes mesmo de ter sido colocada
completamente em prática já foi reformulada.
66
POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL │ UNIDADE II
Por isso, durante os anos 1990 e início dos anos 2000, muitas empresas
brasileiras criaram setores exclusivos para lidar com esse aspecto. Todos
queriam dedicar parte de seus impostos para a área da cultura, já que dessa
maneira ganhavam atenção do público de forma bastante positiva, aliada a
artistas reconhecidos e projetos de interesse de grande parte da população.
É evidente que, para ser patrocinado por uma empresa privada, o projeto precisa
ter apelo direto aos interesses dela ao mesmo tempo em que deve demonstrar
grande capacidade de abrangência de público. Quanto mais popular o projeto,
mais facilmente a empresa consegue divulgar a sua marca.
Por isso, uma das principais críticas desse mecanismo de fomento de produção
cultural é que por vezes perde-se a dimensão da cultura enquanto conhecimento
e a concepção enquanto entretenimento impera.
67
UNIDADE II │ POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL
marketingcultural.com.br.
www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/50-dicas-de-marketing-cultural,4
79b43f87dc17410VgnVCM1000003b74010aRCRD.
68
POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL │ UNIDADE II
O MinC passou a pensar seus editais e ações nacionais para atingir os mais
diferentes estados brasileiros, valorizando a cultura de cada uma dessas áreas e
também tendo a consciência que grandes centros urbanos e sobretudo a região
Sudeste do Brasil havia tido, até então, grandes privilégios na captação de
recursos para a cultura.
Com isso, na gestão de Gilberto Gil foram criadas diversas áreas no MinC
que tinham como objetivo construir políticas culturais específicas. Algumas
das secretarias criadas foram: a de Políticas Culturais, Fomento e Incentivo
à Cultura, Programa e Projetos Culturais, Audiovisual e de Identidade e
Diversidade (DIAS DA SILVA, 2014). Essas secretarias desenvolveram
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UNIDADE II │ POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL
A construção do Plano Nacional de Cultura (PNC) foi realizada entre 2003 e 2010.
Inicialmente, seminários sobre cultura foram encabeçados pelo governo federal
e em seguida foi dado início às Conferências de Cultura. As conferências – que
ocorreram ao longo dos anos – foram organizadas em nível municipal, estadual
e nacional. Em cada encontro representantes de diversas áreas da cultura eram
escolhidos e textos coletivos sobre o resultado dos debates redigidos.
70
POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL │ UNIDADE II
O PNC oferece diretrizes e metas para que governos locais construam suas
políticas para a cultura. O objetivo é que os interesses regionais se conectem a
partir de um eixo nacional e que estados e municípios componham estruturas
de organização da administração pública da cultura que dialoguem entre si.
71
UNIDADE II │ POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL
pnc.cultura.gov.br.
72
POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL │ UNIDADE II
73
UNIDADE II │ POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL
74
CAPÍTULO 2
Estratégias de apoio e difusão da
cultura
Ainda que a escolha sobre o destino de parte dos impostos devidos parta
diretamente dos apoiadores, os projetos não podem ser escolhidos aleatoriamente
por eles e precisam estar aprovados previamente junto aos órgãos competentes.
Conforme estudamos ao longo deste texto, existem comissões julgadoras que
emitem pareceres e aprovam os projetos. Elas analisam as propostas do ponto
de vista do seu conteúdo como também da sua formatação técnica.
Toda lei de incentivo fiscal tem uma equipe fiscalizadora que, em um segundo
momento, na etapa da prestação de contas do projeto, verifica se todas as
etapas do projeto foram devidamente seguidas durante a sua execução e se o
dinheiro foi gasto de forma responsável e dentro das regras estipuladas em
edital.
75
UNIDADE II │ POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL
O fato é que todo estado e município pode criar seus próprios mecanismos
de fomento à cultura baseados na conversão de parte de seus impostos para
projetos culturais que serão beneficiados via leis, editais, chamadas abertas
etc. É importante notar que, por isso, estados e municípios com mais estrutura
e que recolhem mais impostos são os que encontram mais facilidade em criar
suas próprias estratégias de fomento.
A Lei de Incentivo à Cultura (antiga Lei Rouanet) é uma das mais amplamente
reconhecidas pois apoia uma série de projetos nacionais e de grande
circulação. Ainda que envolta em polêmicas, muitas das quais causadas pelo
desconhecimento do público sobre o seu funcionamento 23, na atualidade, a Lei
de Incentivo à Cultura é uma das principais responsáveis pela existência das
produções culturais brasileiras.
Como você pode observar, o acesso a recursos via Lei de Incentivo à Cultura é
feito de maneira bastante complexa, controlada e fiscalizada. É por conta da
série de especificidades que circundam a elaboração, envio, execução e prestação
de contas desses projetos que temos a profissionalização dos trabalhadores
especializados nesse tipo de incentivo.
76
POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL │ UNIDADE II
leideincentivoacultura.cultura.gov.br.
Essas bancas observam diversos aspectos do projeto que vão desde a forma
do projeto, que deve estar de acordo com as normas especificadas pelo edital,
até a relevância dos temas abordados e a viabilidade da sua execução. Aqui é
importante que a pessoa que está propondo o projeto esteja atenta a tudo o
que está escrito no edital, como cada área do formulário deve ser preenchida,
77
UNIDADE II │ POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL
quais informações não podem faltar etc. Na Unidade IV vamos abordar todas as
etapas de execução de um projeto cultural em detalhes. Por hora, nos deteremos
em uma visão mais geral desse processo.
Como você pode observar, assim como as leis de incentivo fiscal, os fundos de
cultura trabalham de maneira bastante rígida e o profissional que deseja obter
seus recursos precisa trabalhar de maneira organizada e com profissionalismo.
78
POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL │ UNIDADE II
Assim, algumas das etapas mais comuns que são seguidas durante o andamento
de um edital são:
» publicação do edital;
No Capítulo I vimos:
79
UNIDADE II │ POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL
80
CHAMADAS
PÚBLICAS E APOIO UNIDADE III
DE INICIATIVAS
PRIVADAS
CAPÍTULO 1
A busca de incentivo na iniciativa
privada
Apoio direto
O apoio direto é conhecido como patrocínio, ou seja, a destinação de recursos por
parte de uma organização ou empresa para um projeto ou evento. Esses recursos
podem ser financeiros, de pessoal, cessão de equipamentos etc.
81
UNIDADE III │ CHAMADAS PÚBLICAS E APOIO DE INICIATIVAS PRIVADAS
empresa seja o responsável pela escolha dos projetos e quais recursos serão
nele empregados. O setor pode tanto receber propostas e agendar reuniões via
fluxo contínuo, isto é, relacionar-se com os proponentes de projetos quando
houver demanda, quanto estabelecer um calendário fixo para o recebimento e
análise das propostas.
Para acessar esses valores é preciso que antes de procurar a empresa você
estude como ela está estruturada e se o seu projeto adota valores comuns ao
da marca que eventualmente irá patrocinar a sua proposta.
Assim como buscar apoio via editais, é importante chegar com um projeto bem
estruturado. No apoio direto, as ações de contrapartida terão um peso ainda
maior, sobretudo no momento de cativar o apoiador através da apresentação
do projeto. O seu potencial patrocinador/apoiador estará se perguntando: O
que eu ganharei em troca se apoiar/patrocinar esse projeto? É importante ter
uma resposta estruturada que cative o potencial parceiro.
Construa uma proposta coerente e que seja de fato atrativa. Lembre-se que os
setores que lidam com projetos recebem propostas o tempo inteiro e que você
precisa marcar o seu diferencial. Ainda que não exista um formato rígido para
a apresentação do projeto junto às empresas, elas esperam uma proposta bem
82
CHAMADAS PÚBLICAS E APOIO DE INICIATIVAS PRIVADAS │ UNIDADE III
estrutura e que, via de regra, siga a mesma estrutura de projetos enviados para
a captação de recursos públicos.
Seja breve e objetivo. Estude o seu projeto, tenha tudo na ponta da língua
e prepare-se para possíveis questões.
Além das leis e fundos de incentivo que vimos até agora, ainda
contamos com vários editais privados. Hoje em dia, muitas empresas,
após aprovarem os projetos nesses editais privados, solicitam que
o proponente aprove o seu projeto também na Lei Rouanet ou nas
leis estaduais e/ou municipais de incentivo à cultura, o que também
possibilita o benefício da isenção fiscal para esses patrocinadores.
83
UNIDADE III │ CHAMADAS PÚBLICAS E APOIO DE INICIATIVAS PRIVADAS
Nestes casos, a captação não precisará ser feita, uma vez que a própria
empresa autora do edital será a patrocinadora, evidentemente
(SEBRAE, 2014, p. 99).
Conforme você pode perceber, os editais abertos por instituições privadas são
organizados de duas maneiras principais:
Para encontrar esses editais e informações você precisa saber quais são os
espaços culturais que desenvolvem atividades culturais do seu interesse e
buscar diretamente seus canais de comunicação. É importante observar também
quais empresas da sua região aparecem com suas logomarcas em materiais
de divulgação de eventos culturais e consultar se elas têm um programa de
patrocínio.
www.canalcontemporaneo.art.br.
www.editaiseafins.com.br.
www.culturaemercado.com.br.
84
CHAMADAS PÚBLICAS E APOIO DE INICIATIVAS PRIVADAS │ UNIDADE III
» Oi Futuro.
oifuturo.org.br.
» Itaú Cultural.
www.itaucultural.org.br.
enciclopedia.itaucultural.org.br.
O programa Rumos, seleciona, via edital, a cada dois anos projetos que
serão patrocinados pelo instituto. Entenda o programa em:
www.itaucultural.org.br.
85
UNIDADE III │ CHAMADAS PÚBLICAS E APOIO DE INICIATIVAS PRIVADAS
ims.com.br.
Três cidades do Brasil têm sedes do Instituto: São Paulo, Rio de Janeiro
e Poços de Caldas. Todas as sedes são abertas para visitação do público
e promovem iniciativas do campo da artes. Elas têm programação
contínua com eventos e exposições que merecem uma visita.
» Porto Seguro.
www.espacoculturalportoseguro.com.br.
86
CHAMADAS PÚBLICAS E APOIO DE INICIATIVAS PRIVADAS │ UNIDADE III
87
CAPÍTULO 2
Por dentro dos editais privados
Vamos nos aproximar do formato dos editais privados? Vimos que os editais: 1)
partem da distribuição de recursos destinados para ações culturais24 e 2) selecionam
projetos pré-aprovados em leis de incentivo.
A diferença entre esses dois estilos de editais privados é que, no primeiro, a relação
se dá estritamente entre o proponente do projeto e a instituição cultural que está
gerindo os recursos e, no segundo, a instituição é uma patrocinadora do projeto, mas
a responsabilidade da gestão do recurso é do proponente do projeto.
Do objeto
88
CHAMADAS PÚBLICAS E APOIO DE INICIATIVAS PRIVADAS │ UNIDADE III
89
UNIDADE III │ CHAMADAS PÚBLICAS E APOIO DE INICIATIVAS PRIVADAS
90
CHAMADAS PÚBLICAS E APOIO DE INICIATIVAS PRIVADAS │ UNIDADE III
Se você não vive em uma das cidades em que o IMS tem sede, programe
uma visita quando estiver em uma dessas cidades.
91
COMO ELABORAR
UM PROJETO UNIDADE IV
CULTURAL
CAPÍTULO 1
Mas afinal, o que é um projeto?
Até aqui falamos inúmeras vezes em projeto cultural, mas ainda não tivemos a
oportunidade de conceituá-lo. Um projeto cultural é mais do que a organização de
ideias, é um documento que reúne textos descritivos, explicativos e informações
técnicas que viabilizam a avaliação e o acompanhamento da proposta por uma
comissão.
92
COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL │ UNIDADE IV
93
UNIDADE IV │ COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL
94
CAPÍTULO 2
Começando um projeto
95
UNIDADE IV │ COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL
O local deve ser pensado desde a cidade na qual o projeto será realizado até o
bairro e a instituição que poderão abrigá-lo. Leve em consideração a relevância
do seu projeto para o local escolhido.
96
COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL │ UNIDADE IV
Lendo o edital
Leia o edital antes de começar a escrever o seu projeto. Parece redundante,
mas muitas pessoas não leem o edital com atenção e acabam cometendo erros
simples, que poderiam ser facilmente evitados e que custam a desclassificação
dos seus projetos. Outras começam a montar o projeto dentro das normas e
só depois percebem que o edital não é o adequado e não fornece aquilo que o
projeto necessita.
97
UNIDADE IV │ COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL
» Faça uma lista dos documentos que deverão ser entregues caso
o seu projeto seja aprovado. Sim, você ainda não sabe se o seu
projeto passará na seleção, mas deverá estar preparado para essa
possibilidade. Alguns documentos como as certidões negativas de
débitos (estadual, municipal e/ou federal) devem ser solicitadas
antes do resultado final, pois é comum que a convocação para a
etapa de análise documental dure poucos dias. No caso das certidões
negativas nunca deixe para solicitá-las de última hora, pois, se
houver alguma pendência em seu nome, você pode não ter tempo
para resolver a situação e perderá o recurso conquistado.
Anote tudo o que você julgar importante para não perder nenhum detalhe
ou informação. Essas anotações podem ser transformadas em um checklist,
em um mapa de notas e guiarão você para que todas as etapas da inscrição
contenham todos as informações necessárias.
98
COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL │ UNIDADE IV
Uma dica para você não perder a data final da inscrição é programar o seu
calendário para que o projeto seja enviado com um dia de antecedência.
Essas 24 horas “extras” devem ser reservadas para a solução de algum
problema inesperado. Acredite, eles podem acontecer.
Nunca deixe para enviar um projeto no último dia, pois tudo pode ocorrer:
os correios podem estar em greve, o sistema de envio de inscrições
ficar sobrecarregado com a demanda, o seu computador pode falhar, a
impressora quebrar. Só de imaginar o tanto de coisa que pode sair mal
gera uma fadiga.
99
UNIDADE IV │ COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL
100
CAPÍTULO 3
Estrutura básica de um projeto cultural
» apresentação;
» objetivos;
» justificativa;
» público-alvo;
» equipe;
» cronograma;
» orçamento;
» estratégia de divulgação;
» estratégia de distribuição;
» contrapartida.
Apresentação
A apresentação de um projeto cultural é o momento em que você tem para
segurar a atenção do leitor. Lembre-se que o leitor é o avaliador do seu projeto.
Essa pessoa está procurando informações claras que permitam um rápido
entendimento do conteúdo que será detalhado nas demais etapas.
É importante destacar que grande parte dos editais que você pleiteará são
bastante concorridos e que a apresentação é o primeiro contato e um resumo das
suas principais ideias. Um texto de apresentação bem escrito cativa o avaliador
que desejará saber mais sobre a sua proposta e percorrerá seu projeto com um
olhar positivo.
101
UNIDADE IV │ COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL
Parágrafo 1:
Parágrafo 2:
102
COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL │ UNIDADE IV
Parágrafo 3:
Parágrafo 4
103
UNIDADE IV │ COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL
Objetivos
Os objetivos de um projeto são divididos entre Objetivo Principal e Objetivos
Específicos.
A escrita dos objetivos também pede o uso de verbos de ação e a clareza do uso
das palavras. Alguns verbos comumente utilizados na escrita de objetivos de
projetos culturais são:
» definir;
» analisar;
» realizar;
» compreender;
» criar;
» pensar;
» fomentar;
» aproximar;
» interpretar;
104
COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL │ UNIDADE IV
» reconhecer;
» ouvir;
» conhecer;
» compor;
» produzir;
» reconstruir;
» traduzir.
OBJETIVO PRINCIPAL
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
105
UNIDADE IV │ COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL
Justificativa
A justificativa é o momento que você tem para defender seu projeto. Destaque
os motivos que fundamentem a sua importância. Procure contextualizar
o projeto junto à cena artística do qual faz parte. Por exemplo, se for
um projeto de dança contemporânea destaque a importância da dança
contemporânea na cena cultural e como o seu projeto pode contribuir para
fortalecer essa cena. Você pode sustentar seu argumento a partir de textos
de autores especializados na área.
106
COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL │ UNIDADE IV
Público-alvo
Quem é o público do seu projeto? Qual a faixa etária dessas pessoas? Quantas
pessoas o seu projeto deve atingir? Essas são algumas das questões que precisam
ser respondidas na etapa de delimitação do público-alvo.
É importante que você tenha clareza do perfil que o seu projeto pretende
alcançar para que possa estabelecer a classificação indicativa correta e
estratégias de divulgação pertinentes. Além disso, o orçamento do seu projeto
será analisado levando isso em consideração, ou seja, o valor total que será
gasto deve ser compatível também com a dimensão do público do projeto.
Alguns exemplos de segmentos sociais que representam público-alvo são:
» fotógrafos amadores;
» artistas profissionais.
Equipe
A equipe principal do projeto é constituída pelos profissionais que são
imprescindíveis para a sua realização. A quantidade de profissionais que
107
UNIDADE IV │ COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL
» dados pessoais;
108
COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL │ UNIDADE IV
Cronograma
Você precisará deixar claro no seu projeto qual é a ordem das atividades que serão
realizadas. Todas as etapas devem ser previstas e atividades como a contratação
da equipe, ensaios, compra de equipamentos, montagem do espetáculo ou da
exposição, impressão dos materiais de divulgação, entre outras, devem estar
organizadas de forma sequencial.
Pré-produção
Julho’19 Agosto’19 Setembro’19 Outubro’19 Novembro’19 Dezembro’19
Concepção do projeto editorial, edição e design
Contato com os participantes, envio das autorizações de uso de imagem e coleta das
assinaturas
Redação de texto crítico
Contato com os festivais de fotografia para a
organização do lançamento
Produção
Novembro’19 Dezembro’19 Janeiro’20 Fevereiro’20 Março’20 Abril’20
Impressão das peças
Encadernação
Divulgação e distribuição
Fevereiro’20 Março’20 Abril’20 Maio’20 Junho’20 Julho’20
Elaboração
do material de
divulgação
Divulgação na mídia e nas redes sociais
Lançamento – festivais de fotografia
Envio dos livros para bibliotecas e para os
participantes do projeto
Pós- Produção
Julho’20
Fechamento de contas e entrega do relatório
Fonte: A Autora.
Estratégias de divulgação
Como o público ficará sabendo sobre as ações do seu projeto? Quais estratégias de
divulgação serão utilizadas? Redes sociais, cartazes, folders, propaganda no rádio
e na televisão, todos esses caminhos são possíveis para que o seu projeto ganhe o
mundo.
109
UNIDADE IV │ COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL
Cada meio de comunicação atinge uma parcela da população e deve ser escolhido
de acordo com o número de pessoas ao qual o projeto se destina e o orçamento
disponível para essas ações.
É importante lembrar que nem todo acesso a informação nas redes sociais
ocorre de maneira orgânica (sem impulsionamento/pagamento de anúncios).
Lembre-se de prever no seu orçamento valores específicos para essas ações.
Em relação às redes sociais, alguns itens que devem estar previstos no seu
projeto cultural são:
» CARTAZES
A3
110
COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL │ UNIDADE IV
» Cartazes A3.
» Quantidade: 60 unidades.
Orçamento
O orçamento é um dos principais itens de um projeto. Ele define sua viabilidade
considerando o valor máximo estipulado por um edital.
Pré-produção/ Preparação
Item Quantidade Valor unitário Total
Produtor 1 R$1.500,00 R$1.500,00
Curador 1 R$2.000,00 R$2.000,00
Material de expediente 1 R$350,00 R$350,00
Assistente de produção 1 R$1.000,00 R$1.000,00
Técnico de tratamento de imagem 1 R$500,00 R$500,00
Artista 2 R$1.000,00 R$1.000,00
111
UNIDADE IV │ COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL
Produção/Execução
Item Quantidade Valor unitário Total
Hospedagem 1 R$ 1.200,00 R$ 1.200,00
Impressão gráfica em plotagem 1 R$ 600,00 R$ 600,00
Plotagem de texto em parede 1 R$ 200,00 R$ 200,00
Assistente de montagem 1 R$ 500,00 R$ 500,00
Molduras 1 R$ 3.500,00 R$ 3.500,00
Palestrantes 2 R$ 600,00 R$ 1.200,00
Transporte (passagens aéreas) 1 R$ 4.000,00 R$ 4.000,00
Impressões fotográficas fine art 1 R$ 3.800,00 R$ 3.800,00
Equipamento de iluminação 1 R$ 1.000,00 R$ 1.000,00
Mobiliário 1 R$ 1.200,00 R$ 1.200,00
Locação de projetor 1 R$ 1.000,00 R$ 1.000,00
Fonte: A Autora.
Para ter uma base de valores sobretudo de cachês, você pode consultar
entidades que representam os profissionais que serão contratados tais como
sindicatos e associações que costumam ter tabelas de valores considerados
mínimos a serem cobrados.
Outra dica é pesquisar na internet por projetos atuais que estejam abertos para
consulta. Veja quais os valores que seus colegas estão praticando no momento
e atente às especificidades do local em que o projeto será realizado. É evidente
que um cachê praticado em grandes centros urbanos como São Paulo e Rio de
Janeiro não será o mesmo para projetos propostos e executados em cidades do
interior. Por isso sempre mantenha o equilíbrio.
Valores muito acima ou muito abaixo da realidade podem ser corrigidos pela
banca de avaliação do projeto e um orçamento discrepante pode tanto resultar
em desconto na pontuação quanto na reprovação do projeto.
112
COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL │ UNIDADE IV
Uma outra possibilidade para que os cachês do projeto venham a ter valores
mais realistas é procurar outras fontes de apoio financeiro, permitidas por uma
ampla gama de editais.
satedpr.org.br.
www.satedsp.org.br.
www.jornalistas-rs.org.br.
www.sinjope.org.br.
www.sindcine.com.br/site/Pagina/10/Tabelas.
113
UNIDADE IV │ COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL
Contrapartida
Existem diferentes tipos de contrapartida sendo as principais:
» contrapartida de imagem;
» contrapartida social;
» contrapartida ambiental;
» contrapartida negocial;
» contrapartida financeira.
Contrapartida de imagem
A contrapartida de imagem é a aplicação da marca do patrocinador e do apoiador
nas peças de divulgação do seu projeto. Essa modalidade de contrapartida é
praticamente mandatória e não deve ser encarada como a única possibilidade
de reconhecer o apoio recebido. Ainda assim ela deve estar prevista no seu
projeto.
114
COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL │ UNIDADE IV
Contrapartida social
Devem ser pensadas como o desenvolvimento de ações que causem algum tipo
de impacto junto à comunidade local. São ações que expandem os limites dos
projetos e convidam o público mais amplo a dialogar com a proposta. Algumas das
ações possíveis são:
115
UNIDADE IV │ COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL
Contrapartida negocial
Os anexos de um projeto
É usual que os editais aceitem e demandem materiais anexos. Alguns
desses materiais são obrigatórios dependendo da modalidade em que se
está inscrevendo. Em outros casos fica a critério do proponente anexar as
informações que julgar importantes para a compreensão do projeto.
Preparamos uma lista dos anexos mais usuais e algumas dicas de formatação
de cada um deles.
116
COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL │ UNIDADE IV
Portfólio
O portfólio é um documento que pode ser físico ou digital e que deve ser
anexado a projetos que o exigem ou que possam contribuir para a sua
compreensão. Áreas como as artes visuais e a fotografia sempre pedem
portfólio. Ele precisa conter as principais realizações da equipe principal
e/ou do proponente do projeto. É importante que o portfólio não seja
demasiadamente extenso, que represente trabalhos atuais e que, de
preferência, tenha materiais que se relacionam de alguma maneira com o
projeto que será executado.
117
UNIDADE IV │ COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL
Planta baixa
118
COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL │ UNIDADE IV
www.lucidchart.com.
Projeto expográfico
Assim como a planta baixa, o projeto expográfico faz parte sobretudo de projetos
de exposição visual. Ele consiste na organização de informações como o número de
obras, em quais salas/lugares elas serão expostas, especificações de montagem de
instalações visuais etc.
Roteiro
119
UNIDADE IV │ COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL
Boneco de livro
Documentos específicos
120
COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL │ UNIDADE IV
Dois documentos muito comuns que devem ser enviados já no ato da inscrição
do projeto são: termo de cessão de espaço e termo de cessão de direitos autorais.
A seguir explicaremos cada um deles.
Para isso, além de conversar com o gestor do espaço e pedir uma autorização
verbal, você precisará de um Termo de Cessão do Espaço ou Carta de Anuência.
Esse termo deve ser assinado pelo responsável pelo espaço e precisa atestar que
você está autorizado a realizar seu projeto naquele local caso seja aprovado.
Esse é mais um item que precisa ser resolvido com antecedência, pois
nos últimos dias de inscrição do edital não será apenas você que estará
procurando de última hora um lugar para sediar sua ação cultural. Organize-
se com antecedência, pois um espaço reconhecido também contribuirá para a
avaliação da proposta.
» nome do projeto;
121
UNIDADE IV │ COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL
Alguns dos casos mais comuns de necessidade de cessão de direitos autorais são:
» traduções;
» publicações literárias;
122
COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL │ UNIDADE IV
Nas artes visuais alguns dos profissionais envolvidos são: curador, crítico de
arte, artista, designer, arquiteto etc.
Como você pode perceber, cada área da cultura tem sua rede de profissionais
envolvidos, mas existem três funções que extrapolam os limites entre as
áreas e estão diretamente relacionadas à realização do projeto em si mesmo:
proponente do projeto, produtor cultural e captador de recursos. Vamos
conhecer cada uma delas?
O proponente de projeto
123
UNIDADE IV │ COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL
Nem todo edital é dividido entre as categorias iniciante e não iniciante. Ainda
que o proponente não tenha uma ampla experiência, ele pode articular uma
equipe de excelência e mais experiente na realização de projetos.
O produtor cultural
124
COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL │ UNIDADE IV
Assim como o proponente, o produtor pode ser uma pessoa física ou jurídica
organizada em uma produtora. As produtoras culturais costumam gerir mais de
um projeto ao mesmo tempo e algumas são especializadas em áreas específicas
da cultura.
Captador de recursos
Como vimos nas páginas anteriores, projetos inscritos em leis de incentivo
fiscal na modalidade de mecenato demandam que, após aprovados, tenham os
recursos necessários captados junto às empresas privadas. A pessoa que visita
as empresas, apresenta o projeto e o divulga é o captador de recursos.
Ainda que parte da equipe do seu projeto seja composta por profissionais
em início de carreira, certifique-se de que profissionais mais experientes
também participem da sua equipe principal.
Etapas de um projeto
125
UNIDADE IV │ COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL
Pré-produção
Como você pode ver, cada projeto tem suas especificidades e é importante que
você as entenda e seja capaz de demonstrá-las de maneira clara e objetiva na
redação do seu projeto.
Listamos alguns itens comuns à pré-produção para que você se familiarize com
esta etapa:
» agendamento de passagens;
» reserva de hotel;
» preparação de figurino;
» organização de ensaios;
» contratação de profissionais;
» requerimento de autorizações;
126
COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL │ UNIDADE IV
» contratação de seguros;
Divulgação/comercialização
Depois que seu projeto está devidamente organizado e com todos os detalhes
previstos, é necessário começar a divulgar as atividades que o compõem. Para tanto
pergunte-se:
Todos os itens que vão desde o preparo das peças gráficas, à materialização
delas e à circulação devem ser apontados no plano de divulgação.
Nesta etapa, entra o tempo de execução das peças pelo designer, a quantidade
e quais itens serão impressos. E, quando impressos, como serão distribuídos ao
público-alvo.
Produção/execução
127
UNIDADE IV │ COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL
principal, mas você também pode prever nessa etapa as ações relacionadas à
contrapartida do seu projeto e toda ação complementar.
Pós-produção
128
COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL │ UNIDADE IV
129
UNIDADE IV │ COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL
Fechando as contas
130
COMO ELABORAR UM PROJETO CULTURAL │ UNIDADE IV
131
ALTERNATIVAS PARA
O FINANCIAMENTO
DO PROJETO: O UNIDADE V
PÚBLICO COMO
INCENTIVADOR
CAPÍTULO 1
Alternativas para financiamento de
projetos
Aqui, a criatividade é que impera e uma boa rede de contatos dos organizadores
também ajuda muito. As estratégias para viabilizar um projeto cultural são as
mais variadas e ações inovadoras atraem a atenção do público. Tudo o que você
fizer para levantar fundos para um projeto terá o sucesso diretamente atrelado
à sua capacidade de engajamento de pessoas que acreditem na sua proposta
bem como da sua capacidade em criar eventos e ações capazes de conectar
apoiadores.
132
ALTERNATIVAS PARA O FINANCIAMENTO DO PROJETO: O PÚBLICO COMO INCENTIVADOR │ UNIDADE IV
Esses modelos podem soar antigos e pouco eficazes, mas podem ser
poderosos. Além disso, são facilmente reconhecidos pelo público que vê
essas ações como uma troca interessante já que a compra de um ingresso
lhe dá o direito de usufruir de algum serviço ou a compra de um bilhete
pode lhe brindar com a sorte.
Mas você pode ir além das ações mais tradicionais e encontrar caminhos
próprios para que as pessoas se identifiquem com o seu projeto. Um exemplo
vem de Curitiba, Paraná. No centro da cidade existe um espaço cultural chamado
Galeria Ponto de Fuga. A Ponto de Fuga dedica-se ao fomento das artes em
geral com foco principal na linguagem fotográfica.
133
CAPÍTULO 2
Financiamento coletivo
Um formato popularmente utilizado nos últimos anos para angariar apoio para
projetos são as plataformas de financiamento coletivo, também conhecidas por
crowdfunding. O termo em inglês vem da união das palavras crowd, multidão, e
funding, financiamento.
Nos Estados Unidos o método ganhou força em 2003 quando o músico Brian
Camelio criou a plataforma ArtistShare, destinada a patrocinar projetos musicais
por meio da contribuição de fãs. Os fãs de músicos e bandas famosas podiam
apoiar seus ídolos fazendo a compra antecipada de um ingresso ou álbum musical,
além de outras modalidades de apoio.
134
ALTERNATIVAS PARA O FINANCIAMENTO DO PROJETO: O PÚBLICO COMO INCENTIVADOR │ UNIDADE IV
Na ocasião, foi constatado que 59% dos usuários desses sites são homens e 41%
mulheres. 56% dos usuários têm entre 25 e 40 anos. As regiões Sudeste e Sul
concentram a grande maioria dos usuários (CATARSE, 2014).
O fotolivro Folie à Deux do fotografo Felipe Abreu foi financiando por meio do
Catarse. O projeto contou com 123 apoiadores cujas colaborações permitiram
que o livro fosse publicado. Enquanto você lê esse texto você pode abrir o site
do Catarse (http://www.catarse.me), procurar o projeto e acompanhá-lo pelo
seu celular ou computador. No Catarse, os projetos mais antigos permanecem na
plataforma, permitindo a consulta constante.
No projeto Folie à Deux temos uma cota de contribuição inicial de apenas R$25,00.
Na sequência, a contribuição passa a ser o dobro, R$50,00. Como você pode
observar, o financiando coletivo é para todos e deve ser pensado de maneira que
as pessoas que chegarem no seu projeto sintam-se capazes de participar.
A rede de apoiadores pode ajudar no sucesso do projeto para muito além das
contribuições financeiras. Tendo possibilidade de contribuir financeiramente ou
não com o projeto, essa rede pode compartilhar a proposta por e-mail e pelas redes
sociais chamando novos apoiadores e dando visibilidade para a sua proposta. Por
isso, no sistema de financiamento coletivo toda a ajuda é válida.
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UNIDADE IV │ ALTERNATIVAS PARA O FINANCIAMENTO DO PROJETO: O PÚBLICO COMO INCENTIVADOR
Isso não significa que você precise estourar nas redes antes de iniciar o seu projeto,
mas é importante que crie estratégias de divulgação para esses espaços.
Kickante - www.kickante.com.br.
Benfeitoria - benfeitoria.com.
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ALTERNATIVAS PARA O FINANCIAMENTO DO PROJETO: O PÚBLICO COMO INCENTIVADOR │ UNIDADE IV
Considerações finais
Como você pôde observar, nos últimos capítulos, imaginar propostas, escrever
projetos, aprová-los e executá-los são atividades complexas e gratificantes. Trata-
se de uma oportunidade de realizar ideias e articular redes de profissionais. O
acesso a recursos financeiros que viabilizem essas propostas segue etapas claras
que exigem do proponente organização e capacidade de exprimir suas ideias de
maneira concisa e eficiente. Esse é um trabalho técnico que se profissionaliza
com o passar do tempo.
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UNIDADE IV │ ALTERNATIVAS PARA O FINANCIAMENTO DO PROJETO: O PÚBLICO COMO INCENTIVADOR
Esperamos que você tenha concluído esta disciplina com mais informações
e segurança para enfrentar o mundo da economia criativa. Seja escrevendo,
participando de projetos da cultura ou seguindo na posição de espectador,
desejamos que, após esse curso, você passe a se relacionar com esse universo
de maneira crítica e contribua com ideias para que a cultura brasileira se
fortaleça.
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Referências
ASID. Leis de incentivo fiscal: o que são e como funcionam, 2019. Disponível em:
asidbrasil.org.br/leis-de-incentivo-fiscal-o-que-sao-e-como-funcionam/.
Instituto Moreira Sales. Edital Bolsa Zum de Fotografia 2019. Disponível em:
revistazum.com.br/edital-bolsa-2019/.
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www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/50-dicas-de-marketing-cultural,479b4
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