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MARIA ESTHER DE ARAÚJO OLIVEIRA

ANTONIO FERNANDO VIEIRA NEY

Produção do conhecimento e
Pesquisa Aplicada

1ª Edição

Brasília/DF - 2018
Autores
Maria Esther de Araújo Oliveira
Antonio Fernando Vieira Ney

Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e
Editoração
Sumário
Organização do Livro Didático....................................................................................................................................... 4

Introdução.............................................................................................................................................................................. 6

Capítulo 1
Ciência e Produção do conhecimento.................................................................................................................... 7

Capítulo 2
Tipos de Pesquisas ..................................................................................................................................................... 21

Capítulo 3
Projeto.............................................................................................................................................................................28

Capítulo 4
Instrumentos de Coleta de Dados.........................................................................................................................45

Capítulo 5
O Estudo de Caso......................................................................................................................................................... 56

Capítulo 6
Ética na vida profissional.......................................................................................................................................... 83

Referências Bibliográficas..............................................................................................................................................92
Organização do Livro Didático
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e
coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros
recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também,
fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

Cuidado

Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.

Importante

Indicado para ressaltar trechos importantes do texto.

Observe a Lei

Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem,
a fonte primária sobre um determinado assunto.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio.
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas
conclusões.

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Organização do Livro Didático

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Posicionamento do autor

Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.

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Introdução
Este Livro Didático tem o objetivo de abordar as questões envolvidas na Produção do Conhecimento
e da Pesquisa Aplicada. A intenção é facilitar o aluno/à aluna nos estudos com relação aos trabalhos
de pesquisas profissionais e de soluções de problemas. A disciplina Produção de Conhecimento
e Pesquisa Aplicada é eminentemente prática e tem que estimular os alunos/alunas para que
busquem encontrar respostas os desafios do mercado de trabalho. Não aborda simples conteúdos
a serem decorados pelo corpo discente e verificados em um dia de prova; trata-se de fornecer
aos alunos/às alunas um instrumental indispensável para o estudo e a pesquisa; trata-se de
aprender fazendo.

O Livro Didático foi dividido nos seguintes assuntos: A ciência e a produção do conhecimento;
Tipos de pesquisa; O Projeto; Os Instrumentos de coleta de dados; o Estudo de Caso (case) e a
relatoria de apresentação de relatórios; e, por fim, a Ética na Vida Profissional.

Nesse sentido, esta disciplina tem uma importância fundamental na formação do profissional.
Destaca-se que a procura dos alunos/alunas pela academia tem o foco na busca do saber e é
preciso compreender que a Produção do Conhecimento nada mais é do que a essência para uma
formação do profissional de qualidade por meio do estudo dos caminhos para obter o “saber”.

Objetivos Gerais

» Compreender a produção do conhecimento.

» Entender quais são os caminhos genéricos para se fazer ciência.

» Despertar a necessidade do rigor metodológico.

» Uniformizar as formas de apresentação de trabalhos científicos.

» Adotar metodologias mais adequadas à natureza dos problemas de investigação.

» Desenvolver, projetar e apresentar trabalhos em conformidade com as normas da ABNT.

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CAPÍTULO
CIÊNCIA E PRODUÇÃO DO
CONHECIMENTO 1
Apresentação

Neste primeiro capítulo serão apresentados dois temas básicos: a Ciência e o Conhecimento. No
mundo inteiro, as universidades carregam consigo dois princípios fundamentais: a produção
de conhecimentos e o ensino. De fato, na maioria dos países, a produção do conhecimento
científico ocorre principalmente nas universidades. São elas que detêm grande concentração de
pesquisadores responsáveis pela realização de pesquisas científicas e avanço do conhecimento.
O ensino de ciências é defendido como uma das estratégias para a melhoria da qualidade da
educação no Brasil. Defendido como essencial para habilitar os estudantes a aprenderem a
solucionar os problemas atuais e a tratar das necessidades das organizações, utilizando as mais
variadas formas de conhecimento científico e tecnológico. Em uma abordagem interdisciplinar,
o ensino das ciências amplia e aguça a observação necessária à formação e atuação humana.
Nesse sentido, a construção do conhecimento direciona-se a atender às necessidades sociais
crescentes, sendo necessária uma formação educacional voltada para o natural e para o social.

Objetivos

» Compreender a pesquisa científica e suas implicações.

» Entender quais são os caminhos para se fazer ciência.

» Compreender o uso e aplicabilidade dos dados, da informação e conhecimento no


desenvolvimento da inteligência, competitividade e do espírito empreendedor.

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CAPÍTULO 1 • Ciência e Produção do conhecimento

A Ciência e a Produção do Conhecimento

Ao longo da história constata-se que a evolução humana está diretamente ligada ao desenvolvimento
de sua inteligência.

Nessa constatação, é possível destacar três grandes momentos que serviram de propulsores para
a evolução humana e, como consequência, o desenvolvimento de sua inteligência dependente
de sexo, religião, raça ou nível de renda.

1o momento: O MEDO

Na pré-história, por não compreender os fenômenos da natureza, os seres humanos apresentavam


uma reação absolutamente natural e ainda experimentada: o medo. Por não compreender
fenômenos como tempestades, terremotos, erupções vulcânicas, entre outros, suas reações
eram sempre regidas pelo medo do desconhecido. Como não conseguiam compreender o que
se passava diante de seus olhos, não lhes restava alternativa a não ser a fuga, movida pelo medo
e pelo espanto diante do que presenciavam.

Na tentativa de buscar explicações para os fenômenos naturais e para o que ocorria em seu
próprio corpo, a inteligência humana evoluiu do medo para as crenças e superstições. Por
meio do pensamento mágico, da crença e das superstições, o ser humano buscava superar seus
temores e suas dúvidas. Ainda que precariamente, buscava explicar o que via e vivia. Assim, as
tempestades podiam ser fruto de uma ira divina, a boa colheita da benevolência dos deuses, as
desgraças ou as fortunas eram explicadas como bênçãos ou maldições, pela troca do humano
com o divino; com o mágico. Pode-se, portanto, considerar um enorme passo no desenvolvimento
de sua inteligência, do inexplicável para o aceitável.

2o momento: O MISTICISMO

Como as manifestações místicas e mágicas não explicavam verdadeiramente ou, de forma


satisfatória, os fatos e fenômenos, os seres humanos buscaram uma resposta por caminhos que
pudessem ser comprovados. Na tentativa de compreender o que acontecia ao seu redor, os seres
humanos finalmente evoluíram na sua inteligência e na busca pela ciência.

Dessa forma nasceu a ciência metódica (sistematizada), que procura, com base na lógica, respostas
que comprovem as causas e as consequências de fatos e fenômenos diversos; de respostas que
lhe façam compreender o que anteriormente era inexplicável; a superação do medo debilmente
controlado pela aceitação do divino, do místico, do mágico.

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Ciência e Produção do conhecimento • CAPÍTULO 1

3o momento: A CIÊNCIA

Por possuir a capacidade de pensar e refletir sobre fatos e fenômenos, movido pela curiosidade
natural, o ser humano conduz seus caminhos a novas descobertas e a formas de transmiti-las a seus
descendentes. Dessa forma, o desenvolvimento do conhecimento humano está intrinsecamente
ligado à sua característica de viver em grupo, ou seja, o saber de um indivíduo é transmitido a
outro, que, por sua vez, aproveita-se desse saber para somar outros, perpetuando e alimentando
novos saberes.

Do exposto, pode-se resumir o desenvolvimento do conhecimento com a evolução da Ciência,


entretanto, mesmo ao longo da História, o conhecimento existiu nos três momentos: medo,
místico e ciência.

Segundo Silva (2000), o conhecimento pode ser definido como o entendimento das coisas, sendo
o corpo de coisas que deve saber o indivíduo segundo sua idade e seu grau de educação atingido.
Há correlação com o termo saber, pois é um conjunto de saberes adquiridos mediante a instrução
e a educação. Assim, é fácil concluir que não existe conhecimento sem experiência, bem como
que a experiência se torna condutora de novos conhecimentos, que podem ser classificados em
uma série de níveis/designações/categorias:

» Conhecimento empírico/vulgar/popular: sua base é o cotidiano. É a forma de


conhecimento tradicional (hereditário), da cultura, do senso comum, o acúmulo de
vivências e experiências, resultantes da vivência dos indivíduos ou transmitidas por
terceiros.

Não tem compromisso com uma apuração ou análise metodológica. Não pressupõe
reflexão, é uma forma de apreensão passiva, acrítica e que, além de subjetiva, é superficial.
Portanto, é adquirido pela observação sensível e casual da realidade cotidiana e
circunstancial, sem método ou verificação sistemática, por meio de processos de
tentativas e erros.

» Conhecimento filosófico: lógico, ligado à construção de ideias e conceitos. Adquirido


por meio da capacidade humana de reflexão mental. Procura interpretar a realidade
tendo como tema central o homem e suas relações com o universo.

Busca as verdades do mundo por meio da indagação e do debate, do filosofar, tendo


como único e exclusivo instrumento o raciocínio lógico.

Portanto, de certo modo, assemelha-se ao conhecimento científico – por valer-se de uma


metodologia experimental –, mas dele se distancia por tratar de questões imensuráveis,
metafísicas. A partir da razão do homem, o conhecimento filosófico prioriza seu olhar
sobre a condição humana.

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CAPÍTULO 1 • Ciência e Produção do conhecimento

» Conhecimento teológico: religioso, místico, embasado preponderantemente na fé


humana. Adquirido pela crença na existência de entidades divinas e superiores que
controlam a vida e o universo.

Conhecimento adquirido a partir da fé teológica é fruto da revelação da divindade. A


finalidade do teólogo é provar a existência de Deus e que os textos bíblicos foram escritos
mediante inspiração divina, devendo, por isso, ser realmente aceitos como verdades
absolutas e incontestáveis. A fé não é cega, baseia-se em experiências espirituais,
históricas, arqueológicas e coletivas que lhes dá sustentação.

Resulta, portanto, da acumulação de revelações transmitidas oralmente ou por textos


sagrados, procurando dar respostas às questões que não sejam acessíveis aos outros
níveis de conhecimento.

» Conhecimento científico: metódico, preza pela apuração e constatação. Busca por leis
e sistemas, no intuito de explicar de modo racional aquilo que se está observando.

Volta-se para as causas, consequências e constituições dos fenômenos. Buscando analisar,


explicar, justificar; induzir ou aplicar leis e teorias; predizer, com a máxima segurança
possível, eventos futuros.

Sua realidade só é estabelecida após comprovação, com base nas demonstrações ou


experimentações. Por isso, é mais restrito que os demais níveis de conhecimento, dada
a necessidade de comprovação.

Não se contenta com explicações sem provas concretas; seus alicerces estão na metodologia
e na racionalidade. Análises são fundamentais no processo de construção e síntese que
o permeia, isso aliado às suas demais características faz do conhecimento científico
quase uma antítese do empírico.

O Conhecimento Científico é...

› certo, porque é passível de comprovação;

› geral, porque deve ser real ou factual e universal, válido para todos os casos da mesma
espécie;

› sistemático, porque é elaborado por meio do conhecimento das leis e princípios.

Assim, a Ciência fundamenta-se no Conhecimento Científico. Segundo Barreto (2003),


um sistema composto por proposições que são rigorosamente demonstradas com base
em fatos e na realidade corresponde a uma ciência, ou seja, o conhecimento alcançado
pela demonstração e experimentação.

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Ciência e Produção do conhecimento • CAPÍTULO 1

Portanto...

» Tudo aquilo que compõe a natureza é objeto de observação e experimentação para se


obter novos conhecimentos.

» Toda a matéria em qualquer forma e composição molecular pode ser objeto de estudo.

» Todos os fenômenos relacionados à natureza social, biológica e tecnológica são objetos


da ciência.

A classificação do conhecimento pode ser estruturada de acordo com o quadro 1.

Quadro 1. Classificação do conhecimento.

Conhecimento Origem ou fruto


Empírico Experiência

Filosófico Razão

Religioso Crença

Científico Comprovação (verificação)

Fonte: os autores.

A Evolução da Ciência

Para Trujillo (1974), entre todos os animais, o ser humano é o único capaz de criar e transformar o
conhecimento; e, também, criar um sistema de símbolos, como a linguagem, e com ele registrar
suas próprias experiências e passar para outros seres humanos.

A criação de um sistema de símbolos permitiu à humanidade o registro de sua existência e


experiências e, por consequência, a ordenação e a previsão dos fenômenos que os cercava.

Sabe-se que os egípcios possuíam um saber técnico evoluído, com destaque nas áreas de
Matemática, Geometria e na Medicina, mas os gregos foram os primeiros a buscar o saber que
não tivesse, necessariamente, uma relação com atividade de utilização prática. A preocupação
dos precursores da filosofia [filo = amigo + sofia (sóphos) = saber (amigo do saber)] era buscar
conhecer o porquê e o para que de tudo o que se pudesse pensar.

A crença em algum poder além do mundo que habitamos é tão antiga quanto a raça humana,
antecedendo o surgimento da ciência como explicação dos fenômenos observados. Dessa crença
surgiu o reino obscuro do mito e das lendas. Narrativas de homens de passados remotos, de heróis
terrenos, de palavras mágicas e histórias folclóricas transmitidas de geração a geração, povoam o
imaginário humano. É o mundo da imaginação, criando, como que por encanto, símbolos para
representar as verdades fundamentais e os mistérios da vida, apaziguando, assim, a angústia e
o medo do ser humano frente ao desconhecido.

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CAPÍTULO 1 • Ciência e Produção do conhecimento

Contudo, a visão mítica é substituída, gradualmente, por uma visão cientificista. Vários foram
os motivos condutores dessa mudança, entre eles o ressurgimento da escrita, o surgimento da
moeda, o calendário, as navegações e a formulação das leis escritas. Essa visão científica que
era tanto empírica como racional, perdurou até o fim da Idade Antiga, quando foi substituída
no mundo ocidental, com o domínio do catolicismo e da Igreja Católica, por um conjunto de
conhecimentos baseado no princípio da autoridade religiosa, em que a Bíblia era o texto sagrado,
de onde todas as verdades deveriam ser retiradas, e em que o Papa era o supremo contato com
Deus, representante deste na Terra.

Na Idade Média, a Igreja Católica serviu de marco referencial para praticamente todas as ideias
discutidas na época. O saber era retido por trás de seus muros, já que os documentos para consulta
estavam presos nos mosteiros das ordens religiosas. Dessa forma, a população não participava
da construção e acesso a esse saber. Esse foi um período em que o conhecimento científico,
como hoje conhecemos, foi devidamente esmagado pelo poder da Igreja, já que qualquer novo
conhecimento que divergisse das Sagradas Escrituras era considerado heresia e levava à pronta
punição. Ainda assim, nada disso impediu que a ciência continuasse sua evolução.

No final da Idade Média, tentou-se conciliar a fé com a razão grega, principalmente com os
ensinamentos de Aristóteles, com o auxílio de São Tomás de Aquino. Antes dele, a razão era
considerada um auxiliar para a fé, jamais podendo opor-se a esta, sendo o dogma a verdade
revelada que não podia moldar-se aos princípios da razão.

Após Tomás de Aquino, concluiu-se que era possível descobrir a verdade tanto por meio da razão
quanto por meio da fé, sendo as mesmas complementares, não antagônicas (o que criou uma
crise teológica). O poder de Deus foi limitado, sendo incapaz de contrariar as leis da lógica, assim
como a razão, por sua vez, era incapaz de explicar os milagres, que só poderiam ser explicados
pela fé.

Esse momento crítico preparava o ambiente intelectual que contribuiu para a ascensão do
humanismo e das ideias renascentistas, que trariam de volta a Ciência e a Filosofia como
representantes maiores da produção do conhecimento. Os teólogos passaram a debater apenas
as verdades ditas religiosas, separando-se dos filósofos e cientistas, que tentam compreender o
nosso mundo físico, baseando-se na lógica em sua procura de conhecimento e certeza.

Foi no período do Renascimento, aproximadamente entre os séculos XV e XVI (anos 1400 e 1500)
que, segundo alguns historiadores, os seres humanos retomaram o prazer de pensar e produzir
o conhecimento por meio das ideias. Nesse período, as artes, de forma geral, tomaram um
impulso significativo.

Nos séculos XVII e XVIII (anos de 1600 e 1700), a burguesia assumiu uma característica própria
de pensamento, tendendo para um processo que tivesse imediata utilização prática. Com isso,
surgiu o Iluminismo, corrente filosófica que propôs “a luz da razão sobre as trevas dos dogmas

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Ciência e Produção do conhecimento • CAPÍTULO 1

religiosos”. O pensador René Descartes mostrou ser a razão a essência dos seres humanos,
surgindo a frase “penso, logo existo”.

Se a Igreja trazia, até o fim da Idade Média, a hegemonia dos estudos e da explicação dos fenômenos
relacionados à vida, a ciência tomou a frente desse processo, fazendo da Igreja e do pensamento
religioso razão de ser dos estudos científicos.

O Método Científico surgiu como uma tentativa de organizar o pensamento para se chegar ao
meio mais adequado de conhecer e controlar a natureza.

No século XIX (ano 1800), a Ciência passou a ter uma importância fundamental. Parecia que tudo
só tinha explicação por meio da Ciência. Como se o que não fosse científico não correspondesse à
verdade. Se Nicolau Copérnico, Galileu Galilei, Giordano Bruno, entre outros, foram perseguidos
pela Igreja, em função de suas ideias sobre as coisas do mundo, o século XIX serviu como referência
de desenvolvimento do conhecimento científico em todas as áreas:

» Na Sociologia: Augusto Comte desenvolveu sua explicação de sociedade, criando o


Positivismo, seguido por outros pensadores;

» Na Economia: Karl Marx procurou explicar as relações sociais por meio das questões
econômicas, resultando no Materialismo Dialético;

» Na Antropologia: Charles Darwin revolucionou a Antropologia com a Teoria da


Hereditariedade das Espécies ou Teoria da Evolução, ferindo os dogmas sacralizados
pela religião.

A Ciência passou a assumir uma posição quase que religiosa diante das explicações dos fenômenos
sociais, biológicos, antropológicos, físicos e naturais.

Historicamente, a Ciência desenvolveu-se sob o prisma de três concepções diversas:

» o racionalismo, cujo modelo de racionalidade é a Matemática;

» o empirismo, baseado na observação e experimentação dos fatos;

» o construtivismo, que vê a razão como construto de um conhecimento aproximativo.

A concepção racionalista estende-se desde os gregos até o século XVII. Afirma que a Ciência
é um conhecimento racional dedutivo e demonstrativo como Matemática, capaz de provar,
portanto, a verdade universal e necessária de seus resultados, sem deixar qualquer dúvida
possível. Dessa forma, as experiências científicas são realizadas apenas para verificar e confirmar
as demonstrações teóricas e não para produzir conhecimento do objeto, pois este é conhecido
somente pelo pensamento.

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CAPÍTULO 1 • Ciência e Produção do conhecimento

A concepção racionalista é hipotético-dedutiva, isto é, define o objeto e as suas leis, e disso deduz
propriedades, efeitos posteriores, previsões, ou seja, vai do geral para o particular.

Na concepção empirista, que vai desde a Medicina grega e Aristóteles até o século XIX, a ciência
é uma interpretação dos fatos baseada em observações e experimentos que permitem estabelecer
induções e que, ao serem completadas, oferecem a definição do objeto, suas propriedades e leis
de funcionamento. Nesse caso, a teoria deriva da experiência.

A concepção empirista é hipotético-indutiva; apresenta suposições sobre o objeto, realizando


experimentos e chega, assim, às suas propriedades e formula leis, efeitos posteriores e previsões,
ou seja, vai do particular para o geral.

Essas duas concepções possuem o mesmo pressuposto: ambas consideram a teoria como uma
explicação verdadeira da realidade, tal como esta é em si mesma, sendo a ciência a alma da
realidade.

No século XX, vivenciamos o início da concepção construtivista, que considera a ciência como
uma construção de modelos explicativos da realidade e não uma representação da própria
realidade. A concepção construtivista mistura elementos das duas concepções anteriores: a
racionalista e a empirista.

» Da racionalista: exige que o método lhe permita estabelecer verdades, definições e


deduções sobre o objeto científico.

» Da empirista: exige que a experimentação guie e modifique verdades, demonstrações


e definições.

No entanto, como considera o objeto científico uma construção lógico-intelectual e uma


construção experimental, o cientista não espera que seu trabalho apresente a realidade em si
mesma, mas ofereça estruturas e modelos de funcionamento da realidade, que possibilitem
a explicação dos fenômenos observados. Dessa forma, não espera apresentar uma verdade
absoluta e, sim, uma verdade relativa e aproximada, que possa ser corrigida, modificada e/ou
abandonada por outra mais adequada.

O progresso e os triunfos das civilizações modernas são, em grande parte, devidos ao desenvolvimento
da ciência objetiva e da aplicação do método científico ao processo de descoberta e criação do
conhecimento.

Boaventura Sousa Santos (1990, p. 37) defende a existência “do paradigma de um conhecimento
prudente para uma vida decente”. Como o próprio autor explica, essa noção não se circunscreve,
simplesmente, a uma mudança científica, mas implica, também, uma revolução social.

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Ciência e Produção do conhecimento • CAPÍTULO 1

Quadro 2. Evolução da ciência e sociedade

Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 Etapa 4 Etapa 5


Surgimento Valorização Identificação Consolidação Revisão

Grécia Antiga Idade Média Renascença Século XVIII Século XX

A produção do conhecimento, nos dias atuais, exige que a educação seja um meio eficaz e eficiente
para a formação de cientistas, mas também dos profissionais que o mundo do trabalho espera.
Esta formação profissional tem que ser desenvolvida nas três esferas do mundo do trabalho:
superior, médio e operacional. O desenvolvimento rápido das tecnologias acaba afastando o
profissional do seu mundo e exigindo a contínua ampliação da sua qualificação para conseguir
se manter.

Uma qualificação na época atual não pode


Atenção
ser apenas como era na Antiguidade, na qual
um mestre experiente da profissão ensinava Antes de continuar, é importante colocar uma reflexão:
o seu aluno com base apenas em relação à » Qual a sua visão do mundo e do seu futuro?
sua habilidade. Na Era do Conhecimento, é
» Aonde você quer chegar?
imprescindível que o aluno não só aprenda
» Como se manter no trabalho?
habilidades de sua profissão, mas também tenha
escolaridade capaz de continuamente se manter
no mercado de trabalho.

EMPREGABILIDADE representa a sua capacidade de se inserir (ter acesso) e se manter no


mundo do trabalho. Não pense que basta o diploma para se garantir profissionalmente. O mais
importante é o seu conhecimento.

PERFIL PROFISSIONAL representa as competências exigidas do mundo do trabalho. O perfil


profissional é composto por conhecimentos, habilidades e atitudes.

Incorpore a empregabilidade a sua vida, pois as exigências de atualização do perfil profissional


se tornaram e são imprescindíveis para a sobrevivência no mercado de trabalho.

A busca pela qualidade da Educação Básica no Brasil tem sido foco de inúmeras propostas
políticas. Nessa busca, várias estratégias são defendidas como, por exemplo, aprimorar a formação
dos docentes, implantar o turno integral, utilizar as novas tecnologias da comunicação e da
informação nas escolas e equipar os estabelecimentos de ensino.

Todas são válidas e, certamente, se colocadas em prática, colaborarão para melhorar a educação.
Contudo, existe uma alternativa de grande impacto que é pouco lembrada: o ensino de ciências
desde os primeiros anos do Ensino Fundamental. Trata-se de uma alternativa plausível e
relevante, pois habilita os estudantes a aprenderem a solucionar problemas atuais e a tratar

15
CAPÍTULO 1 • Ciência e Produção do conhecimento

das necessidades da sociedade, utilizando as mais variadas formas de conhecimento científico


e tecnológico.

Em uma abordagem interdisciplinar, o ensino das ciências é capaz de conduzir a uma observação
mais aguçada, estimulando a criatividade, inovação e crescimento.

Segundo Santos (1999), é fundamental que o pesquisador tenha o seu direcionamento para as
coisas simples e para a capacidade de formular perguntas simples, semelhantes aquelas feitas
por uma criança, mas que após elaboradas tais perguntas permitem trazer uma nova luz à nossa
perplexidade. Barreto (op. cit) acrescenta que Einstein também defende a simplicidade para a
resolução de problema.

Dados, Informação e Conhecimento

A curiosidade e a necessidade humanas foram e ainda são os principais condutores do conhecimento


científico. Traçando uma linha do tempo, é possível verificar que o conhecimento científico
acompanha as grandes mudanças sociais.

Tabela 1: Linha do Tempo

Mudanças Ano Observação


Agricultura 1750 Terra/Feudalismo

Artesanato 1860 Trabalho/propriedade privada


Watt – 1764
Smith – 1776

Industrial 1980 Capital/burocracia


Taylor – 1911
Ford – 1914

Computacional – Atual Público/cliente


Era do Conhecimento Produto/marketing
Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)

Fonte: os autores

Na atualidade, passamos por um “Período Computacional” até a “Era da Informação/


Conhecimento”. Pensadores diversos, desde a Antiguidade, procuraram organizar teorias e
conceitos que fundamentassem o entendimento do que seria o conhecimento e de como o
alcançamos. A história da Filosofia, desde a Grécia Antiga, é permeada pela busca da resposta
do que seria o conhecimento.

Embora muitos ainda utilizem os termos informação e conhecimento como sinônimos, já há


certo consenso sobre a diferenciação entre os significados de cada termo.

16
Ciência e Produção do conhecimento • CAPÍTULO 1

Normalmente, define-se informação como um conjunto de dados estruturados, carregados de


sentido. Seguindo este raciocínio, pode-se definir informação como um agrupamento de dados
organizados e dotados de sentido e capaz de reduzir incerteza.

Outra boa definição, respaldada por Silva e Ribeiro (2002), conduz à compreensão de informação
como um conjunto estruturado de representações mentais (símbolos significantes), presentes
em um contexto social, possíveis de serem registradas e comunicadas. Tal abordagem ressalta
o aspecto social para a determinação de informação, ou seja, informação somente faz sentido
como tal se inserida em um sistema sociocultural.

Diferenciando-se do conceito de informação, o conhecimento é identificado com a crença


produzida (ou sustentada) pela informação, ou seja, a informação é um produto capaz de gerar
conhecimento. Esse processo ocorre, já que a informação conduz a reflexões, análises e sínteses
de determinado contexto. Aprendemos com as informações, conhecemos pela informação.

Diferenças entre dados, informação e conhecimento

Davenport (1998, p. 18) estruturou características das três primeiras categorias de informação
(Quadro 2):

Quadro 2. Dados, informação e conhecimento

DADOS INFORMAÇÃO CONHECIMENTO


Simples observações sobre o Dados dotados de relevância e Informação valiosa da mente humana.
estado do mundo. propósito.
» Inclui reflexão, síntese, contexto.
» Facilmente estruturado. » Requer unidade de análise.
» De difícil estruturação.
» Facilmente obtido por máquinas. » Exige consenso em relação ao
significado. » De difícil captura em máquinas.
» Frequentemente quantificado.
» Exige necessariamente a » Frequentemente tácito (implícito).
» Facilmente transferível. mediação humana.
» De difícil transferência.

Fonte: Davenport (1998).

Dados, embora relevantes, são estruturas sem significado, compreendem a categoria mais baixa
de informação. São pequenas partes de informação, sinais não processados e carentes de sentido,
e podem ser entendidos como elementos para a produção de informação.

A Informação, por conseguinte, é criada a partir do agrupamento de dados, que depois de


processados e analisados podem, dependendo da estrutura cognitiva do receptor, adquirir
significado e representar alguma realidade. A produção de informação depende necessariamente
de mediação humana, visto que o processo de atribuição de sentido a determinado agrupamento
de dados está intrinsecamente relacionado à estrutura cognitiva do sujeito. O fato de ser facilmente

17
CAPÍTULO 1 • Ciência e Produção do conhecimento

estruturada e comunicada representa um atributo substancial da informação, tornando-a passível


de transmissão.

O nível seguinte, o Conhecimento, representa a classe de “informação mais apurada”, o


principal elemento da estrutura cognitiva do indivíduo. Dessa maneira, a informação está para
o conhecimento da mesma maneira que o dado está para a informação, ou seja, a informação é
matéria-prima para a construção do conhecimento.

Analisando isoladamente o atual Período Informacional, pode-se observar que a ciência evolui
para um momento em que a competitividade e o empreendedorismo tendem a nos levar a um
vasto horizonte.

Dados ou informes

Dados ou informes são registros sobre uma realidade.

Exemplo:

» o nível de desemprego aumentou;

» o dólar está em baixa;

» a Faculdade Unyleya oferece cursos de graduação a distância.

Informação

Os dados ou informes só se transformam em informação quando são capazes de gerar uma ação:

Exemplo:

» O nível de desemprego aumentou.

Vou adiar a tentativa de trocar de emprego.

» O dólar está em alta.

Vou vender meus dólares.

» A Faculdade Unyleya oferece cursos de graduação a distância.

Vou ligar para saber sobre o curso.

Conhecimento

Conhecimento é alcançado ao conseguirmos agrupar e analisar as informações, dentro de um


contexto, durante um período de tempo.

18
Ciência e Produção do conhecimento • CAPÍTULO 1

Exemplos.:

» O nível de desemprego aumentou.

Esta é uma tendência mundial; vou me preparar para tornar-me um empreendedor.

» O dólar está em alta.

Vou vendê-los devido às grandes oscilações de mercado que vêm ocorrendo e não
quero correr riscos.

» A Faculdade Unyleya oferece cursos de graduação a distância.

Vou logo me matricular, pois preciso de uma boa formação superior sem comprometer
o horário do meu emprego.

Inteligência

A Inteligência é alcançada quando conseguimos utilizar o Conhecimento de forma diferenciada


na obtenção de resultados.

Exemplos:

» O nível de desemprego aumentou.

Vou abrir meu negócio em Turismo, pois tenho experiência e é uma área promissora
no estado.

» O dólar está em alta.

Vou procurar o gerente de minha agência bancária que sempre me orienta bem em
meus negócios.

» A Faculdade Unyleya oferece cursos de graduação a distância.

Vou fazer um curso a distância porque é uma excelente opção para quem precisa
estudar em uma instituição que ofereça uma boa proposta de Educação a Distância,
já que meus horários de trabalho são instáveis.

O conhecimento forma-se por fases e a quantidade de informação transforma-se


em qualidade do conhecimento. (GALLIANO, 1986, p. 53).

19
CAPÍTULO 1 • Ciência e Produção do conhecimento

Sintetizando

Vimos até agora que:

» A evolução humana está diretamente ligada ao desenvolvimento de sua inteligência, passando do medo ao misticismo até
transformar-se em ciência.

» O conhecimento pode ser classificado pelo tipo, destacando-se o conhecimento empírico (fruto da experiência), o
teológico (fruto da crença), o filosófico (fruto da razão) e o científico (fruto da comprovação).

» A evolução da ciência está diretamente ligada à necessidade da sociedade, portanto, o progresso e os triunfos das
civilizações modernas são, em grande parte, devidos ao desenvolvimento da ciência objetiva e da aplicação do método
científico ao processo de descoberta e criação do Conhecimento.

» Estamos na do “Era da Informação” ou na “Era do Conhecimento”.

» Estudamos as diferenças no conceito de dados, informações e conhecimento.

» Os dados ou informes são registros sobre uma realidade e estes só se transformam em informação quando são capazes de
gerar uma ação.

» O conhecimento é alcançado ao conseguirmos agrupar e analisar as informações, dentro de um contexto, durante um


período de tempo.

A inteligência só é alcançada quando conseguimos utilizar o conhecimento de forma diferenciada na obtenção de


resultados, produzindo uma competitividade saudável e empreendedora.

20
CAPÍTULO
TIPOS DE PESQUISAS 2
Apresentação

Neste segundo capítulo serão apresentados os diversos tipos de pesquisa e sua aplicabilidade
na formação/atuação profissional. A pesquisa é apresentada como uma atividade racional
e sistemática que tem como objetivo responder às questões/problemas. Os critérios para a
classificação dos tipos de pesquisa variam, e a divisão obedece a interesses, condições, campos,
metodologia, situações, objetivos, objetos de estudo. Buscando facilitar a compreensão, bem
como seu exercício e aplicabilidade, a pesquisa é classificada quanto ao tipo, à coleta de dados/
informações e o método utilizado, ou seja, quanto aos objetivos, os procedimentos, o objeto e
a forma de abordagem

Objetivos

» Compreender os diversos tipos de pesquisa.

» Destacar a aplicabilidade da pesquisa na formação profissional.

21
CAPÍTULO 2 • Tipos de Pesquisas

O que é uma Pesquisa?

A pesquisa tem por finalidade tentar conhecer e explicar os fenômenos que


ocorrem no mundo existencial, isto é, a forma como se processam as suas
estruturas e funções, as mudanças que provocam, e até que ponto podem ser
controlados e orientados. Por isso é que, de início, a pesquisa começa com
interrogações. A finalidade da pesquisa não é só a acumulação de fatos, mas a
sua compreensão, o que se obtém desenvolvendo e lançando hipóteses precisas,
que se manifestam sob a forma de questões ou de enunciados. (FERRARI, 1974,
p. 171).

Quando procuramos termos que possam ser associados ao ato de pesquisar, alguns são rapidamente
referidos como “buscar” e “procurar”.

Pesquisar, portanto, é buscar ou procurar resposta ou solução para algo ou alguma coisa. Quando
associamos o termo pesquisar à ciência, entendemos que pesquisar é buscar solução para
alguma questão de estudo ou problema, utilizando diferentes instrumentos para se chegar a
uma resposta precisa. Pesquisar é o caminho para se chegar ao conhecimento.

O instrumento de pesquisa ideal deverá ser compatível com os resultados esperados, ou seja,
o pesquisador ou profissional ou investigador definirá o instrumento ideal de acordo com os
resultados que se pretende atingir. Sendo assim, é preciso definir o tipo de pesquisa antes de se
escolher o instrumental a ser utilizado.

A tesoura não é o instrumento ideal para cortar um bolo, da mesma forma que a faca não seria
recomendada para cortar um tecido.

Tipos de Pesquisa

Inicialmente, na tentativa de descomplicar, definiremos as pesquisas quanto:

Tipo/objetivo

A pesquisa pode ser definida de acordo com os tipos e objetivos:

» Pesquisa Experimental: é toda pesquisa que envolve algum tipo de experimento.

Ex.: Mudar determinada estratégia de ação para observar o resultado.

» Pesquisa Exploratória: é toda pesquisa que busca constatar algo num fenômeno ou
organismo.

Ex.: Saber como o organismo reage ao vírus da dengue.

22
Tipos de Pesquisas • CAPÍTULO 2

» Pesquisa Social: é toda pesquisa que busca respostas de um grupo social.

Ex.: Saber quais os hábitos de consumo de uma comunidade específica.

» Pesquisa Histórica: é toda pesquisa que estuda o passado.

Ex.: Saber como surgiu a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

» Pesquisa teórica: é toda pesquisa que analisa determinada teoria.

Ex.: Saber o que é a Neutralidade Científica.

Procedimentos/objetos pesquisados

A pesquisa pode ser subdividida ou classificada de acordo com os procedimentos/objetos


pesquisados:

» Pesquisa direta a sua principal característica é a busca de dados diretamente da fonte


de origem. Nesse caso, o pesquisador investiga o fato ou fenômeno, utilizando métodos
e instrumentos cientificamente comprovados para coleta de dados.

A pesquisa direta subdivide-se, ainda, em:

› Pesquisa de campo: sua principal característica é a observação de fatos e fenômenos,


que pode ser seguida de coleta de dados ou registro do fato e fenômeno observado,
sua análise e interpretação.

A pesquisa de campo deve ter como base uma fundamentação teórica consistente,
objetivando compreender e explicar o problema pesquisado. É uma pesquisa muito
utilizada na área de Ciências Sociais e Saúde, para o estudo de indivíduos, grupos,
comunidades, instituições, tendo como objetivo compreender os mais diferentes
aspectos de determinada realidade.

Exemplos:

• No caso de pesquisa no âmbito da saúde, os testes de percepção sonora, como os


testes de localização sonora em campo livre, sofrem interferência do ruído externo
competitivo, capazes de interferir na resposta ao estímulo utilizado para avaliação.

• No caso da pesquisa no âmbito social, na pesquisa de opinião/preferência, a


escolha da roupa ou calçado pode sofrer influência do meio/contexto.

› Pesquisa de laboratório. é uma pesquisa que tem como maior característica o


fato de ocorrer em situações controladas, valendo-se de instrumental específico e
preciso. Ressalta-se que, embora sejam realizadas em situações controladas, podem
ser em recintos fechados ou ao ar livre, em ambientes artificiais ou reais, desde que

23
CAPÍTULO 2 • Tipos de Pesquisas

seja adequado ao estudo a ser realizado. Embora seja utilizada na Ciência Social,
principalmente na Psicologia Social e na Sociologia, é importante ressaltar que os
aspectos fundamentais do comportamento humano nem sempre podem, por questões
de ética, ser estudados e/ou reproduzidos no ambiente controlado do laboratório.

Exemplos:

• No caso de pesquisas no âmbito da saúde, estudos que analisam a acuidade


auditiva em relação à inteligibilidade da fala, utilizando-se cabine acústica tratada
e audiômetro adequadamente aferido.

• No caso de pesquisas no âmbito social, estudo que identifique comportamento


social de crianças de 24 a 48 meses, em sala previamente preparada.

Com relação à pesquisa de campo ou de laboratório, de acordo com suas características,


pode-se optar por diferentes métodos de pesquisa. Os tipos mais utilizados são o
descritivo e o experimental.

» Pesquisa indireta: caracteriza-se pela utilização de informações, conhecimentos e dados


que já foram coletados por outras pessoas, em pesquisas anteriores, demonstrados em
forma de documentos, leis, projetos, desenhos, livros, artigos, revistas, jornais etc. Esse
tipo de pesquisa pode ser dividido em documental ou bibliográfico.

São muito utilizados em pesquisas históricas e em estudos que abordam as divergências


teóricas de autores, consultando a bibliografia existente sobre o assunto.

Além disso, existem incubadoras de Empresas Culturais, de Design, entre outros. É o caso do
Instituto Genesis da PUC- Rio que possui incubadoras nos segmentos de design de joias, cultural,
social e tecnológica; ou do Projeto Incubadora Rio Criativo da Secretaria de Estado de Cultura
do Estado do Rio de

Métodos

Os métodos podem ser de pois tipos:

Método Descritivo

Tem como características a observação, o registro, a análise, a descrição e a correlação com o


fato e o fenômeno selecionado, sem manipulação ou intervenção do pesquisador, procurando
descobrir com precisão a frequência em que o fenômeno ocorre e sua relação com outros fatores.

A pesquisa descritiva pode assumir algumas formas relacionadas com o enfoque que o pesquisador
deseja dar para seu estudo.

24
Tipos de Pesquisas • CAPÍTULO 2

Cervo e Bervian (2002) classificam essas formas do método descrito da seguinte maneira:

» Estudo exploratório: busca uma familiarização com o fenômeno com o propósito de


ampliar ou obter uma nova percepção a respeito do fenômeno, identificando novas
possibilidades ou hipóteses em relação ao objeto de estudo.

» Estudo descritivo: descreve as características, propriedades ou relações existentes no


grupo ou da realidade em que foi realizada a pesquisa.

» Pesquisa survey: utiliza-se principalmente do questionário ou entrevista como


instrumento de coleta de dados, buscando descrever procedimentos, descobrir tendências
e reconhecer interesses e outros comportamentos. Esses estudos podem ser feitos
diretamente (frente a frente), por telefone ou pelo correio. Pode ser definida ainda
como levantamento, sondagem, estudo de pesquisa de mercado (market research),
que formula perguntas a fim de receber informação sobre atitudes, motivos e opiniões.
Procura determinar práticas existentes ou opiniões de determinada população.

» Estudo de caso (case): estuda determinado indivíduo, família ou grupo com o propósito
de investigação de aspectos variados ou pontos específicos da amostra. Um único caso
é estudado com profundidade para alcançar uma maior compreensão sobre outros
casos similares.

Método Experimental

Caracteriza-se pela utilização direta das variáveis relacionadas com o objeto de estudo,
proporcionando uma relação de causa e efeito e mostrando de que modo o fenômeno é produzido.

Esse tipo de pesquisa utiliza testagem, questionários e medidas para verificar as relações existentes
entre as variáveis envolvidas na pesquisa. O exemplo a seguir permite compreender melhor esse
tipo de pesquisa.

Exemplo:

Problema: Quais as condições ambientais adequadas para uma sala de atendimento/telemarketing?

Objetivo: Identificar aspectos ambientais e ergonômicos capazes de interferir na saúde e/ou


qualidade de vida/atendimento dos profissionais/usuários do serviço de telemarketing.

» Pesquisa documental: investiga fontes primárias, que se constituem de dados que


não foram codificados, organizados e elaborados para os estudos científicos, como
documentos, arquivos, plantas, desenhos, fotografias, gravações, estatísticas e leis. Seu
propósito é descrever e analisar situações, fatos e acontecimentos anteriores comparando-
os com dados da realidade presente.

25
CAPÍTULO 2 • Tipos de Pesquisas

Muitas pessoas relacionam a pesquisa documental somente com estudos históricos,


porém, nesse último, a finalidade é estudar e resgatar fatos que ocorreram no passado,
por meio de documentos e registros; entretanto, observa-se que a extensão da pesquisa
documental é mais ampla, como se constata no exemplo.

Exemplo.:

Problema: Quais são as diferenças, em relação às condições de trabalho e saúde, na


década de 1930, com as atuais baseadas nas Normas Regulamentadoras (NR)?

Objetivos do Estudo: Analisar e comparar as condições de trabalho da década de 1930,


com as atuais propostas pelas Normas Regulamentadoras (NR).

» Pesquisa Bibliográfica: trata-se do primeiro passo de qualquer pesquisa científica,


abrangendo a leitura, a análise e a interpretação de livros, periódicos, textos legais,
documentos mimeografados ou xerocopiados, mapas, fotos, manuscritos, entre outros.
Normalmente é a mais utilizada em trabalhos de conclusão de curso de Graduação e
Pós-graduação lato sensu (monografia), por recolher e selecionar conhecimentos prévios
e informações acerca de um problema ou hipótese, já organizados e trabalhados por
outro autor (ANDRADE, 2003; GIL, 1999).

Deve ser feita uma leitura atenta e sistemática, acompanhada de anotações e fichamentos
que poderão servir à fundamentação teórica do estudo, colocando o pesquisador em
contato com materiais e informações que já foram escritos anteriormente sobre o
assunto determinado.

É uma pesquisa que dá suporte às demais, uma vez que auxilia na definição do problema, na
determinação dos objetivos, na construção de hipóteses, na fundamentação da justificativa da
escolha do tema e na elaboração do relatório final. Deve ser uma rotina tanto na vida profissional
de professores e pesquisadores quanto na dos estudantes. Isso porque a pesquisa bibliográfica
tem por objetivo conhecer as diferentes contribuições científicas disponíveis sobre determinado
tema.

Exemplo::

Problema: Há relação entre hábitos de consumo e cultura?

Objetivos do Estudo: Avaliar se os valores culturais interferem nos hábitos de consumo.

Em uma investigação científica, as etapas precisam ser bem planejadas, de forma a se obter êxito
e alcançar os objetivos, desde a escolha do tema à divulgação dos resultados finais. Para isso,
o pesquisador deve ser um bom planejador e capaz de iniciar, conduzir e concluir a pesquisa.

26
Tipos de Pesquisas • CAPÍTULO 2

Tem que ser o responsável pelo levantamento dos dados e informações, buscando o conhecimento
já produzido sobre o tema na literatura científica, direcionando os tópicos de pesquisa, ciente
de que o trabalho científico é um conjunto de processos de estudos, de pesquisa e de reflexão,
pois a pesquisa científica deve ser planejada, antes de ser executada.

Possivelmente, uma das maiores dificuldades de quem se inicia como pesquisador seja a de
acreditar que um bom roteiro é capaz de garantir o sucesso da pesquisa.

Na verdade, o roteiro existe e são as diversas fases do método, porém, por si só não garante que a
pesquisa será concluída com sucesso, já que não se trata de um simples resultado automático de
normas cumpridas ou roteiro seguido. São necessárias a criatividade e a intuição do pesquisador
para que sua pesquisa seja realmente original, tanto no empreendimento quanto na comunicação.

Ainda que a criatividade tenha seu valor, vale lembrar que a pesquisa científica não é resultado
exclusivo da intuição do pesquisador, sendo necessária uma boa definição e submissão tanto
aos procedimentos dos métodos como aos recursos da técnica. O método é o caminho a ser
percorrido, do começo ao fim da pesquisa

Sintetizando

Vimos até agora que:

» Pesquisar é o mesmo que buscar ou procurar resposta ou solução para algo ou alguma coisa. Pesquisar é o caminho para
se chegar à ciência, ao conhecimento.

» A escolha do tipo de pesquisa e de instrumentos de pesquisa deverá ser compatível com os resultados esperados.

» É preciso definir o tipo de pesquisa antes de se escolher o instrumental a ser utilizado.

» Existem diversos tipos de pesquisa para objetivos e problemas diversos.

» O domínio das técnicas e dos procedimentos de elaboração e apresentação dos resultados de estudos e pesquisas garante
a qualidade dos resultados e o sucesso do pesquisador.

» O sucesso profissional está totalmente vinculado a uma boa formação acadêmica e em pesquisa.

27
CAPÍTULO
PROJETO 3
Apresentação

Neste capítulo será abordada a pesquisa aplicada e projeto. A elaboração de trabalhos e relatórios
são habilidades a ser desenvolvidas e aprimoradas durante a formação do futuro profissional. O
domínio das técnicas e dos procedimentos de elaboração, além de sua apresentação, garante a
qualidade formal do trabalho produzido. Neste capítulo pretende-se, a partir de algumas diretrizes
operacionais, desenvolver um instrumental de apoio às atividades científicas do profissional,
buscando desenvolver competências específicas durante sua formação. Sabe-se que a questão
da competência supõe não apenas o domínio de conteúdos e técnicas próprios à especificidade
da atividade profissional como, também, o domínio de aspectos relacionados à forma e à
sistematização do próprio pensar. Embora o planejamento não assegure, por si só, o sucesso
do trabalho, com certeza, é um bom começo para se ter qualidade. Qualquer atividade deve
ser planejada antes de ser executada. Isso se faz por meio de uma elaboração que se denomina
“projeto de pesquisa”. Portanto, o projeto de pesquisa é um documento que descreve os planos,
fases e procedimentos de um processo de investigação a ser realizado.

Objetivos

» Conhecer o que é uma pesquisa aplicada.

» Compreender como pode ser trabalhado um projeto.

» Aplicar as metodologias mais adequadas à natureza dos problemas em investigação.

» Compreender o desenvolvimento, a elaboração e a apresentação dos relatórios acadêmicos


em conformidade com as normas da ABNT.

28
Projeto • CAPÍTULO 3

Pesquisa e desenvolvimento

A atividade científica se inicia pela Pesquisa Básica ou Fundamental e pela Pesquisa Aplicada de
um processo integrado no sistema científico e tecnológico na busca da invenção, novos produtos
e processos. Esta fase é criativa e, em parte, aleatória.

A segunda fase, caracterizada pelo desenvolvimento tecnológico (planejado e produtivo), é


aquela em que os objetivos na fase anterior são incorporados ao processo produtivo. Destaca-
se o surgimento da inovação tecnológica (primeiras aplicações do invento). A seguir, a difusão
tecnológica promoverá a absorção e a adoção das novas técnicas no sistema produtivo, implicando
a redução dos custos de produção sob forma de poupança dos meios de produção e da mão de
obra. Na realidade, a segunda fase se caracteriza pela inovação e difusão tecnológica.

Vamos passar para o entendimento da descrição das etapas mencionadas acima.

A Pesquisa Básica ou Fundamental é aquela em que se busca compreender cientificamente


os fenômenos naturais, humanos ou sociais, são aquelas que efetivamente permitem obter
conhecimentos novos.

A Pesquisa Aplicada é a pesquisa em que de posse do conhecimento alcançado na Pesquisa


Básica se procura a aplicação à realidade.

O Desenvolvimento se refere ao conjunto de estudos específicos para tornar as invenções


aplicáveis ao mercado, ou seja, são estudos que objetivam a inovação e a adaptação aos processos
de produção ou produtos.

Figura 1: Resumo das fases de Pesquisa e Desenvolvimento

Pesquisa e Desenvolvimento
Fases

Pesquisa Básica ou Fundamental

Pesquisa Aplicada

Desenvolvimento

Fonte: os autores.

Não existem limites claros e definidos para separar o que é pesquisa básica, pesquisa aplicada
ou desenvolvimento.

29
CAPÍTULO 3 • Projeto

A Pesquisa Básica ou Fundamental é realizada, na maioria dos casos, pelas universidades com
recursos e gastos por conta do Estado.

A Pesquisa Aplicada que trata da transformação do conhecimento em propriedade privada e em


instrumento de monopólio, geralmente, é da incumbência das empresas, embora financiada
pelos fundos públicos.

É importante deixar clara a diferença entre invenção e inovação.

A invenção é um produto essencialmente intelectual, pois ela procura as mudanças tecnológicas,


afetando o processo produtivo ou alterando equipamentos, produtos ou a organização produtiva.

A inovação é um fenômeno econômico e aparece no momento em que uma empresa incorpora


uma invenção à produção.

Baumgartem (apud CATTANI; HOLZMANN, 2006, p.260) define tecnologia como: atividade
socialmente organizada, baseada em planos e de caráter essencialmente prática. A autora
acrescenta que existe a articulação entre a tecnologia e a inovação. e complementa a sua concepção
quando afirma: “Tecnologia é, pois, o conhecimento científico transformado em técnica, que,
por sua vez, irá ampliar a possibilidade de produção de novos conhecimentos científicos”.

Em resumo, vemos que as inovações estão articuladas com as tecnologias, enquanto as tecnologias
são conhecimentos científicos transformados em técnica. Pergunta-se: Quais são as relações
que vamos encontrar entre as inovações tecnológicas e o trabalho?

A resposta que pode ser dada corresponde ao fato que a tecnologia é imprescindível ao processo
organizacional e estrutural das organizações e do trabalho. Assim, a pesquisa aplicada se torna
elemento para a contínua busca das inovações e soluções de problemas não só na esfera estratégica
das organizações, mas também do cotidiano. Os princípios da pesquisa aplicada devem ser
seguidos por um bom profissional

Projeto

O Projeto compreende propostas de serviço ou intervenção contextualizada em uma dada realidade


institucional, acompanhada pela ação adequada ao atendimento das demandas verificadas.

O produto a ser alcançado pode ser um serviço, um produto ou uma tecnologia aplicada ao
contexto analisado.

Não se pode confundir um projeto com as atividades de rotina de uma empresa. Para facilitar
veja o quadro abaixo onde registramos as diferenças entre rotinas operacionais e projetos:

30
Projeto • CAPÍTULO 3

Quadro 3: Diferenças entre rotinas operacionais e Projetos

Rotinas operacionais Projetos


Executa e mantém padrões Altera e cria novos padrões

Duração indetermina Duração definida

Produtos previsíveis Incerteza sobre resultados

Atividade repetitiva Atividade inovadora

Baixo risco Alto risco

Domínio ao executar tarefas Tarefas complexas

Elevado nível de automação Baixo nível de automação

Planejamento fixo Planejamento dinâmico

Problemas previsíveis Problemas imprevisíveis

Aprende antes de executar Aprende durante a execução

Visão completa do processo Visão incompleta do processo

Desempenho conhecido Desempenho variável

Processos estáveis Criação de novos processos

Conhecimento específico Conhecimento multidisciplinar

Tarefas muito detalhadas Atividades com pouco detalhes

Fraca reação as mudanças Forte reação à mudanças

Técnicas de controle simples Técnicas de controle complexas

Equipe permanente Várias equipes.

Fonte: Moura e Barbosa, 2006, p.26

Constata-se que o projeto não é para atividades rotineiras, tem prazo definido, é complexo e
visa criar, inovar, mudar, mudanças etc., ou seja, em resumo o projeto tem o objetivo de reunir
esforços para atingir objetivos predeterminados com qualidade, prazo e custo.

Repare que em engenharia, por exemplo, a mudança está intimamente ligada a projeto. Não se
constrói nada sem projeto, principalmente quando sabemos que os mercados globalizados, a
evolução tecnológica e a informação difundida têm provocado mudanças significativas e velozes,
gerando consequências que impacta o “status quo”.

As zonas de conforto de empresas, industrias, comércio, serviços, lojas, profissionais etc são
continuamente testadas com relação à própria sobrevivência. Não há como ficar parado e não
se arriscar na busca de novos conhecimentos, mercados e produtos.

Os ganhos são gerados com o aumento da produtividade e o medo do risco pelo “novo”
(criatividade), pela inovação e pela invenção tem que ser vencido, mas também não adianta
empreender sem possuir um projeto consistente de forma a planejar e controlar a busca por
esse novo conhecimento.

31
CAPÍTULO 3 • Projeto

O Projeto

Não adianta ser empreendedor se a pessoa não tem a competência para conceber um bom
negócio. Do mesmo modo, o gestor, deve possuir a competência para projetar um negócio ou
as suas funções no sentido de onde que chegar e crescer na organização.

O projeto, em todos os sentidos, permite se alcançar metas e objetivos. Não só no campo individual,
mas também profissional, alinhado com os interesses das organizações.

O Projeto do Negócio deve ser pensado e conter o planejamento com os seguintes itens:

» Mercado, marca e clientes.

» “Benchmarking” (observação das empresas de excelência buscando as boas práticas).

» Estratégia competitiva.

» Parceiras.

» Logística e produção.

» Franquias.

» Gestão e equilíbrio econômico-financeiro.

Como exemplo, imagine que será lançado uma nova bTV no mercado. Para que isto aconteça é
imprescindível um projeto que contemple:

a. Uma pesquisa de mercado para responder se o produto tem mercado, qual o seu público-
alvo, preços, requisitos de mercado etc.

b. O Projeto do Produto, ou seja como é a sua estrutura, o seu design, o seu desenho de
concepção, as suas especificações técnicas etc.

c. O Projeto de Fabricação, ou seja, como cada componente será fabricado ou comprado,


os desenhos de fabricação etc.

d. A Organização para marketing e venda.

e. As Provas e testes finais com relação ao desempenho esperado.

A seguir são desenvolvidas as questões sobre projeto de pesquisa que tem aplicação no cotidiano
profissional. Adote como metodologia para seus projetos,

Cassarotto Filho et all (2006) apontam os seguintes itens para um Plano Sumário de Projeto:

» Escopo.

» Objetivos (técnicos, financeiros, outros).

32
Projeto • CAPÍTULO 3

» Métodos (técnicos e administrativos).

» Requisitos contratuais.

» Especificsções finais Tarefas programadas.

» Recursos necessários.

» Principais colaboradores.

» Limitações financeiras e possíveis problemas.

» Áreas de risco (técnicos, financeiros, penalidades).

O Projeto de Pesquisa

O projeto de pesquisa é o instrumento pelo qual o profissional vai viabilizar a solução de um


problema identificado. É o planejamento de uma pesquisa, ou seja, a definição dos caminhos
para abordar certa realidade.

A figura a seguir apresenta um resumo que envolve processo de planejamento. Para a realização
de qualquer projeto é imprescindível que haja um planejamento para detalhar as atividades do
projeto com os seus recursos e um cronograma para a sua realização.

Figura 2: Processo de Planejamento

PROCESSO

PLANEJAMENTO PROJETO

PRODUTO

Fonte: os autores

O planejamento do projeto deve atender a uma fórmula inglesa simples: 5W2H e deve ser
construído de maneira clara e resumida, planejando cada atividade:

What - O que pesquisar? (Tema/Problema).

Why - Por que pesquisar? (Justificativa).

Para que pesquisar? (Objetivos).

Who – Quem são os responsáveis e envolvidos?

33
CAPÍTULO 3 • Projeto

When - Quando pesquisar? (Cronograma de todas as atividades).

Where – Onde obter dados e informações? (Locais).

How - Como pesquisar? (Metodologia).

How much – Quanto irá custar?

Então, o projeto de pesquisa é o plano de trabalho


Atenção
do trabalho a ser realizado, visando à definição dos
caminhos a serem adotados de acordo com o propósito Embora o texto esteja utilizando e abordando a
e natureza específica da futura pesquisa, de modo a expressão PESQUISA, isto não significa que no
cotidiano de trabalho, ao receber uma missão
facilitar sua execução.
ou executar um trabalho complexo, você não
possa usar o que está aqui apresentado.
O planejamento de um trabalho é a previsão racional
Em qualquer trabalho funcional se busca um
do evento, atividade, comportamento ou objeto que
novo conhecimento e resultados.
se pretende realizar a partir da perspectiva científica
do pesquisador. Como previsão, deve buscar
antecipar as ações necessárias atendendo a uma racionalidade informada pela perspectiva
teórico-metodológica da relação entre o sujeito e o objeto. Deve, ainda, prever as rotinas de
pesquisa que tornem possível atingir os objetivos definidos, de tal forma que se consigam os
melhores resultados com menor custo (BARRETO; HONORATO, 1998, p. 59).

Os elementos básicos para a elaboração desses projetos são:

» Título.

» Justificativa.

» Problema.

» Formulação de hipóteses.

» Objetivos.

» Revisão da literatura.

» Metodologia.

» Cronograma.

» Resultados esperados,

» Orçamento.

» Referências.

34
Projeto • CAPÍTULO 3

Escolha do tema

A definição do tema pode surgir de observações no trabalho, de determinações de chefes, de


leituras ou mesmo de conversas. Na escolha do tema devem ser levados em consideração sua
atualidade e relevância, o conhecimento, bem como aspectos práticos (tempo disponível, recursos
existentes, facilidade de acesso a material ou bibliografia).

O tema deve ter relação direta com uma área de conhecimento do profissional, pois é preciso
ter um conhecimento prévio sobre o tema a ser abordado. Sendo assim, o profissional partirá de
alguma leitura específica sobre o tema, aprofundando os conhecimentos que, de alguma forma,
serão vinculados à sua carreira profissional – planejando para um futuro.

O título parte do tema é o “cartão de apresentação”


Saiba mais
do projeto. Ele expressa a delimitação e a abrangência
temporal e espacial do que se pretende resolver. O tema Delimitar é indicar a abrangência do estudo,
de pesquisa é, na verdade, uma área de interesse a ser estabelecendo os limites do tema. Seguindo
um princípio lógico, a delimitação evita que
abordada. É uma primeira delimitação, ainda ampla. Essa
um tema seja abordado de forma superficial,
escolha deve representar a delimitação de um campo de salientando-se que, quanto maior a extensão
estudo no interior de uma grande área de conhecimento, conceitual, menor a sua compreensão e,

sobre o qual se pretende aprofundar construindo um inversamente, quanto menor a extensão


conceitual, maior a sua conceitual.
objeto de pesquisa, ou seja, selecionando uma fração da
A delimitação temática possibilita uma
realidade a partir do referencial teórico-metodológico
abordagem detalhada dentro de uma área de
escolhido. conhecimento / tema / objeto / contextoT

Exemplo: Tema: Cultura Organizacional

Existem dois fatores principais que interferem no trabalho e que devem ser levados em consideração
nesta escolha: fatores internos e externos.

Fatores Internos (relacionados ao profissional).

a. Afetividade ou interesse pessoal.

Para se trabalhar uma investigação é preciso ter um mínimo de prazer nessa atividade, ou
seja, trabalhar um assunto que não seja do seu agrado tornará a pesquisa num exercício
de tortura e sofrimento.

b. Tempo disponível para a realização do trabalho.

Na definição do trabalho, é preciso levar em consideração o tempo disponível para


a investigação e a quantidade de atividades que teremos de cumprir para executar o
trabalho. Portanto, programe-se lembrando do tempo destinado ao estudo, ao trabalho
e ao lazer.

35
CAPÍTULO 3 • Projeto

Exemplo: você recebe a determinação para elaborar um orçamento para um serviço tendo
em vista que a sua empresa, para competir em uma concorrência, tem até uma data
determinada para entregar a proposta. Não adianta terminar a proposta orçamentária
após a data fixada, por melhor que tenha ficado seu trabalho, pois o prazo está perdido.

c. O limite das capacidades do profissional em relação ao tema pretendido.

É preciso que o profissional tenha consciência de sua limitação de conhecimentos para


desenvolver determinadas atividades e não entrar num assunto fora de sua área.

Uma das virtudes do profissional de qualquer área é a humildade. Reconheça suas limitações,
propondo desenvolvimento do trabalho em tempo hábil e dentro da sua capacidade intelectual.

Fatores Externos (relacionados à sua aplicabilidade e às condições de


oferta).

a. A significação do tema escolhido, sua novidade, sua oportunidade e seus valores.

O valor e interesse social devem ser considerados no planejamento de uma pesquisa.


Se o trabalho será feito, que ele seja importante para a sociedade em geral.

Ao executar um trabalho é preciso estar atento para não propor algo que não interessará
a ninguém e que não o determinado pelo chefe.

b. O limite de tempo disponível para a conclusão do trabalho.

Quando a instituição determina um prazo para a entrega do relatório final, não é


possível enveredar por assuntos que não nos permitirão cumprir esse prazo. Associe
sua disponibilidade de tempo com os prazos designados pela instituição.

Lembre-se de que você terá que cumprir prazos!

c. Material de consulta e dados necessários.

Muitas vezes, o tema é pouco trabalhado por outros autores e não existem fontes
secundárias para consulta. A falta dessas fontes obriga o profissional a buscar fontes
primárias e isso acarretará um trabalho maior, gerando a necessidade de um tempo
maior para a realização dele.

Atenção para a disponibilidade de material para consulta.

Exemplo:

Tema: Cultura Organizacional.

36
Projeto • CAPÍTULO 3

› Delimitação do estudo: o estudo pretende abordar relação entre o fator cultural, o


poder e o desenvolvimento organizacional. Para tanto, será estudada uma amostra
previamente definida do corpo funcional da empresa.

› Levantamento ou Revisão da Documentação: o levantamento da documentação é a


localização e obtenção de documentos para avaliar a disponibilidade de material que
subsidiará o trabalho. É a verificação do que existe sobre o trabalho a ser abordado.

Nessa etapa, como o próprio nome indica, analisam-se as obras e documentos


disponíveis que tratem do assunto ou que deem embasamento teórico e metodológico
para o desenvolvimento do trabalho. É aqui, também, que são explicitados os principais
conceitos, definições e termos técnicos a serem utilizados na pesquisa.

Portanto, a revisão da literatura visa apresentar os estudos sobre o tema ou especificamente


sobre o problema, já realizados por outros autores e pela organização.

O referencial teórico (marco teórico) visa também:

» permitir maior clareza na formulação do problema de pesquisa;

» facilitar a formulação de hipóteses ou de suposições;

» sinalizar para o método mais adequado à solução do problema;

» identificar qual o procedimento mais adequado para a pesquisa de campo;

» referência para interpretação de dados que foram coletados e tratados.

Sugestões para o Levantamento de Literatura:

a. Determine com antecedência que bibliotecas, agências governamentais ou particulares,


instituições, indivíduos ou acervos deverão ser procurados.

Selecione os locais de coletas: esteja preparado para copiar os documentos, seja por
meio de reproduções, fotografias ou outro meio qualquer.

b. Faça o registro de documentos.

c. Separe os documentos recolhidos de acordo com os critérios de sua pesquisa.

d. Organize a revisão de literatura, pois esta difere de uma coletânea de resumos ou de


uma “colcha de retalhos” de citações.

37
CAPÍTULO 3 • Projeto

Problema

O problema é a mola propulsora de qualquer trabalho. Depois de definido o tema, levanta-se a


principal questão a ser respondida por meio de hipótese, que será confirmada ou negada pelo
trabalho.

Sendo assim, a formulação mais frequente de um problema ocorre, de maneira geral, em forma de
uma questão ou interrogação, ou seja, o problema, geralmente, é feito sob a forma de pergunta(s).
Aconselha-se a não fazer muitas perguntas, para não incorrer no erro de não serem apresentadas
as devidas respostas. Sem problema não há trabalho.

Problema é uma interrogação que o pesquisador faz à realidade.

Exemplo:

Tema: Cultura Organizacional

Problema: Qual a influência das relações de poder no desenvolvimento organizacional da


Empresa “X”?

Sendo assim, pode-se definir “Problema” como questão não resolvida e objeto de discussão.

Hipótese

Tal como o problema, a formulação de hipóteses prioriza a clareza e a distinção da pesquisa.


As hipóteses são possíveis respostas ao problema da pesquisa e orientam a busca de outras
informações. A hipótese pode, também, ser entendida como possível solução para o problema.

O trabalho pode confirmar ou refutar a(s) hipótese(s) levantada(s).

Saiba mais

Hipótese é sinônimo de suposição. Nesse sentido, hipótese é uma afirmação categórica (uma suposição) que tenta responder
ao problema levantado no tema escolhido para pesquisa. O trabalho de pesquisa, então, irá confirmar ou negar a hipótese
(ou suposição) levantada.

É preciso não confundir hipótese com pressuposto, com evidência prévia. Hipótese é o que se pretende demonstrar e não
o que já se tem demonstrado evidente, desde o ponto de partida. [...] nesses casos não há mais nada a demonstrar, e não se
chegará a nenhuma conquista e o conhecimento não avança. (SEVERINO, 2000, p. 161)

Em uma pesquisa exploratória, alguns autores utilizam a “questões norteadoras” em vez de


hipóteses.

38
Projeto • CAPÍTULO 3

Exemplo:

Assunto Relações humanas


Tema Cultura Organizacional

Delimitação do tema e A influência das relações de poder nas organizações


título provisório

Qual a influência das relações de poder no desenvolvimento organizacional da


Problema
Empresa “X”?

O componente cultural “poder” influenciar de forma significativa o


desenvolvimento de uma organização, ao passo que representa as formas
Hipótese(s)
de interações entre as pessoas, as quais respondem, quando eficazes, pela
produtividade e, portanto, desempenho operacional.

Justificativa:

É um item fundamental de qualquer trabalho. Como o próprio nome indica, é nessa etapa que
você convence o leitor (demais interessados no assunto) de que seu projeto deve ser feito. Para
isso, é importante lembrar que o tema escolhido pelo pesquisador e a hipótese levantada devem
ser de suma importância (científica, social, econômica, financeira).

Para tanto, ela deve abordar os seguintes elementos:

» a delimitação;

» a relevância e

» a viabilidade.

Delimitação: como é impossível abranger em um único trabalho todo o conhecimento de uma


área, é estratégica a definição de recortes a fim de focalizar o tema, ou seja, selecionar uma parte
num todo.

Relevância: deve ser evidenciada a contribuição do trabalho para o conhecimento e para a


sociedade.

Viabilidade: a justificativa deve demonstrar a viabilidade financeira, material (equipamentos)


e temporal, ou seja, o pesquisador mostra a possibilidade de o projeto ser executado com os
recursos disponíveis.

Deve-se tomar o cuidado, na elaboração da justificativa, de não se tentar justificar a hipótese


levantada, ou seja, tentar responder ou concluir o que vai ser buscado no trabalho de pesquisa.
Lembre-se de que a justificativa é a parte mais importante de um trabalho já que é nessa parte
que se formularão todas as intenções do profissional, exaltando a importância do tema a ser
estudado, ou justifica a necessidade imperiosa de se levar a efeito tal empreendimento. Estabelece
o “porquê” da escolha do assunto e da realização do trabalho, mostrando sua relevância dentro
do campo da ciência principalmente.

39
CAPÍTULO 3 • Projeto

A justificativa é o convencimento de que o trabalho de pesquisa é fundamental e deve ser executado.

Exemplo:

Problema: Qual a influência das relações de poder no desenvolvimento organizacional da


Empresa “X”?

Justificativa: a qualidade total representa uma nova forma de se gerenciar eficazmente uma
organização frente ao desafio da acirrada concorrência no mercado. Os conflitos nas relações
humanas dentro de uma organização podem ser um entrave ao alcance das metas e da qualidade
organizacional. Detectar as barreiras que impedem a implementação de sistemas da qualidade
representa o primeiro e mais importante passo para o sucesso do modelo. Por isso, esse estudo
assume relevância ao fornecer os mecanismos que auxiliam nessa etapa difícil do processo e
essencial para o seu bom desempenho.

Objetivos:

Nessa parte, o profissional formula as suas pretensões com o trabalho. Ele define, esclarece e
revela os focos de interesse do trabalho. A definição dos objetivos determina o que se quer atingir
com a realização do trabalho. Objetivo é sinônimo de meta, fim.

Os objetivos dividem-se em geral e específicos.

Objetivo Geral: relaciona-se diretamente ao problema. Ele esclarece e direciona o foco central
do trabalho de maneira ampla, utilizando frase com verbo no infinitivo.

O verbo deve indicar os resultados pretendidos (ex.: identificar, levantar, descrever, analisar,
avaliar, compreender, explicar...).

Objetivos Específicos: definem os diferentes pontos a serem abordados, visando confirmar


as hipóteses e concretizar o objetivo geral. Assim como o objetivo geral, os verbos devem ser
utilizados no infinitivo.

Os verbos devem indicar as metas/etapas que levarão à realização do objetivo geral (ex.: classificar,
aplicar, distinguir, enumerar, exemplificar, selecionar...).

Os objetivos devem sintetizar o que se pretende realizar com o trabalho, o “para quê”.

Exemplo:

Tema: Cultura Organizacional

Problema: Qual a influência das relações de poder no desenvolvimento organizacional da


Empresa “X”?

40
Projeto • CAPÍTULO 3

Objetivo Geral: Compreender o impacto do aspecto cultural “Poder”, de forma a prover uma
metodologia gerencial que propicie, senão contribua, para o desenvolvimento organizacional.

Objetivos Específicos:

» Enumerar aspectos motivacionais.

» Distinguir as diferenças conceituais de cultura organizacional.

Metodologia

Como já foi dito, a palavra método deriva do


Saiba mais
grego e quer dizer “modo de proceder ao longo
de um caminho”. Método, então, no nosso caso, Metodologia é o conjunto de métodos e técnicas
é a ordenação de um conjunto de etapas a serem utilizados para a realização de uma pesquisa; é o
estudo dos caminhos a serem seguidos dentro de
cumpridas na busca de uma verdade ou para se
um ramo do saber ou da ciência. Neste item, devem
chegar a determinado fim (GALLIANO, 1986). ser definidos o tipo de pesquisa, os procedimentos,
a população e sua amostragem, os instrumentos
A metodologia deve indicar a amostragem de coleta de dados e a forma como os dados serão
(população a ser pesquisada), o local, os elementos tabulados e analisados.

relevantes, o planejamento do experimento, os


materiais a serem utilizados, a análise dos dados, enfim, tudo aquilo que detalhe o caminho que
você trilhará para concretizar o seu trabalho – O Universo e Amostra. Trata-se da definição da
população e da amostra a ser estudada.

Saiba mais

As expressões abaixo, podem e devem ser revistas no material de ESTATÍSTICA.

População é o conjunto de elementos que possuem as características que serão objeto de estudo.

Amostra é a parte representativa da população que será estudada.

Tratamento dos dados: trata-se da descrição de como serão tratados os dados coletados, justificando por que tal tratamento
é adequado aos propósitos do projeto. Os dados podem ser tratados das seguintes formas

Forma quantitativa: por meio de procedimentos estatísticos;

Forma qualitativa: por meio de apresentação, codificação, interpretação e análise estruturada dos dados coletados;

Ambas (quantitativa e qualitativa): por meio, por exemplo, do uso da estatística descritiva para apoiar interpretações e/ou
conclusões firmadas a respeito da análise dos dados coletados.

A importância da utilização da ESTATÍSTICA é constatada nesse momento.

Em suma:

“Método: caminho para se chegar a um determinado fim.”

“Técnica: como percorrer o caminho indicado pelo método.”

41
CAPÍTULO 3 • Projeto

A metodologia é a explicação minuciosa, detalhada, rigorosa e exata de toda ação desenvolvida


no método (caminho) do trabalho de pesquisa.

É a explicação do tipo de pesquisa, do instrumental utilizado (questionário, entrevista), do


tempo previsto, da equipe de pesquisadores e da divisão do trabalho, das formas de tabulação e
tratamento dos dados: enfim, de tudo aquilo que se utilizou no trabalho de pesquisa.

Cronograma:

Refere-se à discriminação e prazos das etapas do trabalho. No cronograma você dimensiona


cada uma das etapas do desenvolvimento da pesquisa, no tempo disponível para sua execução.

O cronograma é a previsão de tempo que será gasto na realização do trabalho, de acordo com as
atividades a serem cumpridas. As atividades e os períodos serão definidos a partir das características
de cada pesquisa e dos critérios determinados pelo autor do trabalho.

Os períodos podem estar divididos em dias, semanas, quinzenas, meses, bimestres, trimestres...
estes serão determinados a partir dos critérios de tempo adotados pelo pesquisador.

Cuidado! Só estabeleça etapas que possam ser executadas no prazo disponível.

Recursos:

Serão incluídos quando o projeto exigir apresentação para a sua execução ou obtenção de
financiamento.

Os recursos financeiros podem estar divididos em Material Permanente, Material de Consumo


e Pessoal, sendo que essa divisão vai ser definida a partir dos critérios de organização de cada
um ou das exigências da instituição em que está sendo apresentado o projeto.

Material Permanente: é aquele material que tem durabilidade prolongada. Normalmente, é


definido como bem durável que não é consumido durante a realização da pesquisa.

Podem ser: geladeiras, ar refrigerado, computadores, impressoras etc.

Material de Consumo: é aquele material que não tem durabilidade prolongada. Normalmente,
é definido como bem que é consumido durante a realização da pesquisa.

Podem ser: papel, tinta para impressora, gasolina, material de limpeza, caneta etc.

Pessoal: é a relação de pagamento com pessoal, incluindo despesas com impostos.

42
Projeto • CAPÍTULO 3

Anexos ou apêndices:

Este item também só é incluído caso haja necessidade de juntar ao projeto algum documento
que venha dar algum tipo de esclarecimento ao texto. A inclusão, ou não, fica a critério do autor
da pesquisa.

Referências:

Utilizadas para a elaboração do projeto e devem ser indicadas em ordem alfabética e de acordo
com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

As referências dos documentos consultados para a elaboração do projeto é um item obrigatório.


Nela, normalmente, constam os documentos e qualquer fonte de informação consultada.

Glossário:

São as palavras de uso restrito ao trabalho de pesquisa ou pouco conhecidas pelo virtual leitor,
acompanhadas de definição.

Também não é um item obrigatório. Sua inclusão fica a critério do autor da pesquisa, caso haja
necessidade de explicar termos que possam gerar equívocos de interpretação por parte do leitor.

Em suma, um projeto de pesquisa, então, deveria ter as seguintes características:

» Introdução (obrigatório).

» Levantamento de Literatura (obrigatório).

» Problema (obrigatório).

» Hipótese (obrigatório).

» Objetivos (obrigatório).

» Justificativa (obrigatório).

» Metodologia (obrigatório).

» Cronograma (se achar necessário).

» Recursos (se achar necessário).

» Anexos ou Apêndices (se achar necessário).

» Referências (obrigatório).

» Glossário (se achar necessário).

43
CAPÍTULO 3 • Projeto

Sintetizando

Vimos até agora:

» A concepção de projeto e as suas diferenças.

» A importância de um bom planejamento para um trabalho, destacando-se aspectos relevantes na escolha do tema.

» Que a delimitação temática possibilita uma abordagem detalhada e um trabalho com maior aprofundamento.

» Que uma das virtudes do profissional é a humildade. Sendo assim, o profissional deve reconhecer suas limitações para a
execução do trabalho.

» Que o profissional deve estar atento para os prazos e para a disponibilidade de material para consulta.

» Que existem componentes fundamentais na elaboração de um projeto e que o cronograma é um excelente auxílio para o
profissional.

44
CAPÍTULO
INSTRUMENTOS DE COLETA
DE DADOS 4
Apresentação

Neste capítulo apresentaremos a etapa do trabalho em que se inicia a aplicação dos instrumentos
elaborados e das técnicas selecionadas. A coleta de dados costuma ser uma tarefa cansativa e
demorada. Para facilitar sua execução, é importante que o profissional conheça os diversos
instrumentos de coleta de dados e tenha clareza dos objetivos que devem ser alcançados. Além
desse conhecimento, espera-se que o paciente seja paciente, perseverante, cuidadoso nos registros
e que tenha um bom e viável plano.

Objetivos

» Compreender as diferenças e aplicabilidade dos diversos instrumentos de coleta de dados.

» Conhecer as características necessárias ao profissional na aplicação dos instrumentos.

» Descrever as etapas e distribuição de resultados na organização do instrumento e análise


dos dados.

45
CAPÍTULO 4 • Instrumentos de Coleta de Dados

Instrumentos de coleta de dados

A implementação de um projeto ou de um estudo de caso só ocorrerá com sucesso se a definição


dos meios para obtenção de dados forem confiáveis e adequados aos objetivos. Mesmo que o
planejamento seja considerado perfeito, uma pesquisa pode ser conduzida ao fracasso se os
dados necessários para análise não puderem ser obtidos, forem imprecisos ou sem confiabilidade
(TRIVIÑOS, 1997).

A complexidade da escolha do instrumento a ser utilizado dependerá do porte e abrangência do


projeto ou estudo de caso. Normalmente, os projetos de menor porte, como os que se desenvolvem
dentro de uma instituição ou unidade, podem ser monitorados e avaliados com dados obtidos
a partir de instrumentos simples e de baixo custo (GOLDENBERG, 1997).

A coleta de dados é a parte da pesquisa em que se explicam a(s) forma(s) como se pretende
coletar os dados que auxiliarão a responder ou solucionar o problema. Deve-se definir o método
e a técnica da coleta.

Quanto ao método:
» Pesquisa exploratória :deriva de dados secundários, como livros, revistas, jornais, dentre
outros. É o primeiro contato com a pesquisa, sendo informal, criativo e de baixo custo.

» Pesquisa qualitativa: é realizada a partir de entrevistas individuais ou em grupo. É a


pesquisa de campo que visa levantar informações qualitativas a respeito do problema
do projeto.

» Pesquisa quantitativa: é realizada a partir de questionários/formulários aplicados à


amostra. É a pesquisa de campo que visa levantar e mensurar informações a respeito
do problema do projeto.

Quanto à técnica:
» Questionário: é um dos procedimentos mais utilizados para obter informações simples
e diretas. A linguagem utilizada no questionário deve ser clara para que o respondente
compreenda o que está sendo perguntado. Também conhecido como survey (pesquisa
ampla).

É uma técnica de baixo custo, já que apresenta as mesmas questões para todo o grupo de
pesquisa. Outro benefício é a garantia do anonimato. Aplicada com critério, esta é uma
técnica confiável. É eficaz para medir atitudes, opiniões, comportamento, circunstâncias
da vida do cidadão e outras questões. Pode ser aplicado individualmente ou em grupos,
por telefone, ou mesmo pelo correio. Pode incluir questões abertas, fechadas, de múltipla
escolha, de resposta numérica, ou do tipo sim ou não.

46
Instrumentos de Coleta de Dados • CAPÍTULO 4

Utilizado em pesquisas quantitativas, deve ser formulado para abranger os objetivos


definidos. O pesquisador deve estar atento à linguagem do entrevistado, evitando questões
ambíguas ou falta de alternativas. Não é recomendado o uso de gírias, a não ser que se
faça necessário por necessidade de características de linguagem do grupo (grupo de
roqueiros, por exemplo). Deve-se ter atenção em não fazer perguntas embaraçosas ou
que remetam a um passado distante.

É importante que todo questionário passe por uma etapa de pré-teste, aplicado em
um universo reduzido de pessoas representativas do universo a ser pesquisado. Dessa
forma, é possível corrigir eventuais erros de formulação.

› Conteúdo de um questionário:

• Carta explicação: deve conter a proposta da pesquisa; instruções de preenchimento;


instruções para devolução; incentivo para o preenchimento e agradecimento.

• Itens de identificação do respondente: para que as respostas possam ter maior


significação, é interessante não identificar diretamente o respondente com perguntas
do tipo Nome, Endereço, Telefone, a não ser que haja extrema necessidade, como
para selecionar alguns questionários para uma posterior entrevista (trataremos
das técnicas de entrevistas posteriormente).

» Formulário

A criação dos itens para as questões a serem pesquisadas e que irão compor o formulário
podem ser do tipo.

› Formulário de itens sim – não, certo – errado e verdadeiro – falso;

Exemplo: Trabalha? ( ) Sim ( ) Não

› Respostas livres, abertas ou curtas;

Ex.:

Bairro onde mora:

______________________________

› Formulário de múltipla escolha;

Exemplo: Renda Familiar:

( ) Menos de um salário-mínimo;

( ) Um a três salários-mínimos;

47
CAPÍTULO 4 • Instrumentos de Coleta de Dados

( ) Quatro a seis salários mínimos;

( ) Sete a 11 salários mínimos;

( ) Mais de 11 salários mínimos.

› Questões mistas.

Exemplo: Quem financia seus estudos?

( ) Pai ou mãe;

( ) Outro parente;

( ) Outra pessoa;

( ) O próprio aluno.

Outro: _____________________________________

» Entrevistas/Roteiro: embora exija planejamento prévio, é um método flexível contando


com a habilidade do entrevistador para incluir variações, caso sejam necessárias durante
sua aplicação. Essa habilidade do entrevistador auxilia na obtenção de informações
qualitativas não previstas no planejamento prévio.

Outro fator relevante a ser analisado é o tempo para sua aplicação e análise, que eleva
seu custo, quando o número de pessoas a serem entrevistadas é relativamente grande.
É certo que a entrevista pode fornecer uma quantidade de informações muito maior
do que o questionário.

O profissional deve planejar de forma que as questões consigam abranger todos os


objetivos já definidos. Para facilitar sua aplicação, é importante que o pesquisador divida
o roteiro em tópicos e blocos de assuntos.

O desenvolvimento de questões para entrevista deve considerar alguns aspectos, para


que seja efetiva, tais como:

› adaptar a linguagem ao nível do entrevistado;

› evitar questões longas;

› manter um referencial básico (objetivo) para a entrevista;

› sugerir todas as respostas possíveis para uma pergunta, ou não sugerir nenhuma
(para evitar direcionar a resposta).

48
Instrumentos de Coleta de Dados • CAPÍTULO 4

Algumas habilidades desejáveis no entrevistador são:

› conhecimento do assunto objeto da entrevista;

› capacidade de síntese e decisão;

› boa comunicação oral;

› colocação imparcial perante o entrevistado e autocontrole emocional.

Sugestões de planejamento para realização de uma entrevista:

› Quem deve ser entrevistado: procure selecionar pessoas que realmente têm o
conhecimento necessário para satisfazer suas necessidades de informação.

› Plano da entrevista e questões a serem perguntadas: prepare com antecedência as


perguntas a serem feitas ao entrevistado e a ordem em que elas devem acontecer.

› Pré-teste: procure realizar uma entrevista com alguém que poderá fazer uma crítica
de sua postura antes de se encontrar com o entrevistado de sua escolha.

Diante do entrevistado

› Estabeleça uma relação amistosa e não trave um debate de ideias.

› Não demonstre insegurança ou admiração excessiva diante do entrevistado para que


isso não prejudique a relação entre entrevistador e entrevistado.

› Deixe que as questões surjam naturalmente, evitando que a entrevista assuma um


caráter de uma inquisição ou de um interrogatório policial, ou, ainda, que a entrevista
se torne um “questionário oral”.

› Seja objetivo, já que entrevistas muito longas podem se tornar cansativas para o
entrevistado.

› Procure encorajar o entrevistado para as respostas, evitando que ele se sinta falando
sozinho.

› Vá anotando as informações do entrevistado, sem deixar que ele fique esperando sua
próxima indagação, enquanto você escreve.

› Caso use um gravador, não deixe de pedir sua permissão para tal. Lembramos que o
uso do gravador pode inibir o entrevistado.

» Relatório: mesmo tendo gravado, procure fazer um relatório o mais cedo possível.
Antecipe pontos que já estejam definidos e estabeleça a estrutura do relatório.

49
CAPÍTULO 4 • Instrumentos de Coleta de Dados

Exemplo.: Formato de roteiro:

Objeto primário da pesquisa: avaliar hábitos turísticos e grau de interesse em conhecer


a Pousada XXX.

Roteiro da Pesquisa Qualitativa:

TÓPICOS BLOCOS DE ASSUNTO


I – Aquecimento Inicial » Apresentação dos participantes
» Introdução do assunto
II – Hábitos de lazer » O que costuma fazer nas horas de folga
» O lazer dentro e fora de casa
» Atividades que faz com maior frequência
» Atividades preferidas
III – Hábitos de viagem » Para onde viaja e qual a frequência
» Como decide as localidades e por quanto tempo viaja
» Para quais destinos prefere viajar/épocas do ano
» Como toma conhecimento dos destinos/locais

» Observação Direta

A observação direta é uma técnica de coleta de dados que depende muito da habilidade do
pesquisador em captar informação e registrá-las com fidelidade. Quando o pesquisador
possui essa habilidade, não precisa se preocupar com as limitações das pessoas em
responder às questões, o que é uma boa vantagem. Normalmente, é um procedimento
de custo elevado e de difícil condução, principalmente quando se trata da obtenção de
dados sobre comportamentos.

Sugestões para uma observação satisfatória

› Conhecimento prévio do que observar: antes de iniciar o processo de observação,


procure examinar o local.

› Determine que tipo de fenômenos devem ser registrados.

› Planejamento de um método de registro: crie, com antecedência, uma espécie de


lista ou mapa de registro de fenômenos. Procure estipular algumas categorias dignas
de observação.

› Fenômenos não esperados: esteja preparado para o registro de fenômenos que surjam
durante a observação, que não eram esperados no seu planejamento.

50
Instrumentos de Coleta de Dados • CAPÍTULO 4

› Registro fotográfico ou vídeo: para realizar registros iconográficos (fotografias, filmes,


vídeos), caso o objeto de sua observação seja indivíduos ou grupos de pessoas,
prepare-os para tal ação. Eles não devem ser pegos de surpresa.

› Relatório: procure fazer um relatório o mais cedo possível.

» Registros Institucionais (ou análise documental): antes de selecionar os instrumentos/


técnicas de coleta de dados, devem-se considerar os registros pré-existentes na própria
organização. Normalmente, são encontrados sob a forma de documentos, fichas, relatórios
ou arquivos em computador. O uso dos dados/informações institucionais pode reduzir
tempo e custo de pesquisas, sendo considerada uma informação estável.

Infelizmente, dependendo do desenvolvimento da cultura organizacional, da estrutura


e funcionamento dos sistemas de informação existentes na instituição, o uso dessas
informações pode estar comprometido, considerando que:

› os dados podem estar incompletos;

› os dados disponíveis podem estar excessivamente agregados, dificultando seu uso;

› podem ter ocorrido mudanças de padrões que inviabilizam a comparação entre


dados obtidos em épocas diferentes;

› alguns dados estão disponíveis apenas para uso interno, sendo de uso confidencial.

» Grupos focais

Refere-se à organização de um grupo de discussão informal cuja finalidade é a obtenção


de informações qualitativas. Precisa ser um grupo de tamanho reduzido composto por
pessoas que possuam características em comum.

Exemplo: compartilham das mesmas características demográficas, tais como nível de


escolaridade, condição social, ou são todos funcionários do mesmo setor do serviço
público ou privado.

Os componentes de um GF são incentivados a trocar suas experiências, relatando suas


necessidades, observações, preferências. O grupo deve possuir um moderador cuja
função é a de conduzir a conversação incentivando a interação entre os participantes.
Dessa forma, todos os participantes são convidados a participar, evitando que um tenha
predomínio sobre os demais.

Um GF deve possuir algumas características fundamentais:

› cada grupo é organizado com pequeno número de pessoas (no máximo 12) para
incentivar a interação entre os membros;

51
CAPÍTULO 4 • Instrumentos de Coleta de Dados

› cada sessão dura aproximadamente 90 minutos;

› a conversação concentra-se em poucos tópicos (no máximo cinco assuntos);

› o moderador tem uma agenda onde estão delineados os principais tópicos a serem
abordados. Esses tópicos são geralmente pouco abrangentes, de modo que a
conversação sobre eles se torne relevante;

› há a presença de observador externo (o qual não se manifesta) para captar reações


dos participantes.

Os GFs são eficazes nos estágios exploratórios de uma pesquisa, auxiliando a identificar
os aspectos considerados relevantes para o pesquisador. Os passos mais importantes
na condução de um GF são selecionar os participantes e escrever o guia do moderador
(agenda).

É uma técnica bem flexível e uma boa ferramenta para gerentes do serviço público ou
privados interessados em saber mais sobre preferências específicas e necessidades de
seus clientes e/ou empregado

Quadro comparativo entre técnicas de coleta de dados

Técnica de Coleta Pontos Fortes Pontos Fracos


» Garante o anonimato » Baixa taxa de respostas para
questionários enviados pelo correio
» Questões objetivas de fácil pontuação
» Inviabilidade de comprovar respostas ou
» Questões padronizadas garantem
esclarecê-las
uniformidade
Questionário » Difícil pontuar questões abertas
» Deixa em aberto o tempo para as pessoas
pensarem sobre as respostas » Dá margem a respostas influenciadas pelo
“desejo de nivelamento social”(*)
» Facilidade de conversão dos dados para
arquivos de computador » Restrito a pessoas aptas à leitura
» Custo razoável » Pode ter itens polarizados/ambíguos
» Flexibilidade na aplicação » Custo elevado
» Facilidade de adaptação de protocolo » Consome tempo na aplicação
» Viabiliza a comprovação e esclareci mento » Sujeita à polarização do entrevistador
de respostas
» Não garante o anonimato
Entrevista » Taxa de resposta elevada
» Sensível aos efeitos no entrevistado
» Pode ser aplicada a pessoas não aptas à
» Características do entrevistador e do
leitura
entrevistado
» Requer treinamento especializado
» Questões que direcionam a resposta

52
Instrumentos de Coleta de Dados • CAPÍTULO 4

» Capaz de captar o comportamento natural » Polarizada pelo observador


das pessoas
» Requer treinamento especializado
» Minimiza influência do “desejo de
» Efeitos do observador nas pessoas
nivelamento social”
» Pouco confiável para observações com
» Nível de intromissão relativamente baixo
Observação Direta inferências complexas
» Confiável para observações com baixo nível
» Não garante anonimato
de inferência
» Observações de interpretação difícil
» Não comprova/esclarece o observado
» Número restrito de variáveis
» Baixo custo » Dados incompletos ou desatualizados
Registros » Tempo de obtenção é reduzido » Excessivamente agregados
Institucionais » Informação é estável » Mudanças de padrões no tempo
(Análise Documental) » Uso restrito (confidencialidade)
» Dados difíceis de recuperar
» Baixo custo e resposta rápida » Exige facilitador/moderador com
experiência para conduzir o grupo
» Flexibilidade na aplicação
» Não garante total anonimato
» Eficientes para obter informações
qualitativas a curto prazo » Depende da seleção criteriosa dos
Grupo Focal
participantes
» Eficiente para esclarecer questões
complexas no desenvolvimento de projetos » Informações obtidas não podem ser
generalizadas
» Adequado para medir o grau de satisfação
das pessoas envolvidas

(*) “desejo de nivelamento social” refere-se à tendência de alguém responder a um questionário


não exatamente da forma em que a realidade se apresenta para ele, mas influenciado por um
desejo de se apresentar externamente com outro nível social, mais alto (ou mais baixo), conforme
as conveniências de sua imagem perante a sociedade. Por exemplo, em um questionário de uma
administradora de cartões de crédito, a pessoa pode se ver impulsionada a declarar uma renda
pessoal acima daquela que realmente possui.

Como fonte de pesquisa, os documentos podem ser primários ou secundários.

» São consideradas fontes primárias os documentos que gerarão análises para posterior
criação de informações. Podem ser decretos oficiais, fotografias, cartas, artigos.

» As fontes secundárias são as obras nas quais as informações já foram elaboradas. São
livros, apostilas, teses, monografias etc.

Sugestões para análise de documentos:

» Determine com antecedência os locais de coleta, em quais bibliotecas, agências


governamentais ou particulares, instituições, indivíduos ou acervos os conteúdos
deverão ser procurados.

» Esteja preparado para registrar os documentos, copie-os, seja por meio de copiadoras,
fotografias ou outro meio qualquer.

53
CAPÍTULO 4 • Instrumentos de Coleta de Dados

» Organize-se e separe os documentos recolhidos de acordo com os critérios de sua


pesquisa.

A Internet

A internet representa uma revolução no que concerne à troca de informação. Trata-se de uma
rede mundial de comunicação via computador, em que as informações são trocadas livremente
entre todos. Sem dúvida, representa uma novidade satisfatória para qualquer tipo de investigação,
pois as informações transitam com rapidez e relativa liberdade. A partir dela, todos podem se
comunicar e informar uns aos outros sobre as novidades, solicitando apoio nas soluções de
novos e constantes problemas. Embora apresente uma série de vantagens, é importante lembrar
que, na verdade, nem todas as informações passadas e/ou disponibilizadas por essa rede têm
critérios de manutenção de qualidade da informação.

Fichamentos

O Fichamento é uma parte importante na organização para a efetivação da pesquisa de documentos.


Ele permite um fácil acesso aos dados fundamentais para a conclusão do trabalho. Esses
registros e a organização das fichas dependerão da capacidade do pesquisador de organizá-los.
Os registros podem ser feitos em folhas de papel comum ou, mais modernamente, em qualquer
programa de banco de dados de um computador. O importante é que estejam bem organizadas
e de acesso fácil para que os dados não se percam.

Saiba mais

Um dos pontos fundamentais ao se tirar informações e dados da internet se refere a confiabilidade, pois ao analisar o dado
ou a informação é importante observar se:

a. O informante tem credibilidade para falar daquele assunto.

Exemplo, imagine que uma pessoa resolva falar ou informar a respeito dos procedimentos de um cateterismo. Procure
apurar está pessoa é médica? É cardiologista? Veja o currículo dela e avalie.

b. Os dados e informações apresentadas têm consistência em função do informante e seus interesses? Compare os dados e
informações com casos semelhantes, se for possível?

c. Quais são os interesses em jogo do informante ou da organização que divulga os dados. Será que efetivamente neutros?

Em suma, procure se defender de faks que hoje dominam as redes sociais.

Existem três tipos básicos de fichamentos:

» Ficha Bibliográfica: é a descrição, com comentários, dos tópicos abordados em uma


obra inteira ou parte dela;

54
Instrumentos de Coleta de Dados • CAPÍTULO 4

» Ficha de Citações: é a reprodução fiel das frases que se pretende usar como citação na
redação do trabalho;

» Ficha de Resumo ou Conteúdo: é uma síntese das principais ideias contidas na obra.
O pesquisador elabora esta síntese com suas próprias palavras, não sendo necessário
seguir a estrutura da obra.

MODELO DE FICHAMENTO DE RESUMO OU CONTEÚDO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

____________________________________________

RESUMO:

Apresentar uma síntese clara e concisa das ideias principais do autor. Deve ser elaborado com as próprias palavras
do autor de forma interpretativa, contendo:

» O assunto do texto.

» O objetivo proposto.

» Os principais resultados apresentados.

» A articulação das ideias.

» As conclusões do autor do texto.

Deve ser redigido em linguagem objetiva, evitar repetição de frases inteiras do original, respeitar a ordem em que as
ideias ou fatos foram apresentados, deve ser compreensível por si mesmo, dispensando a consulta do original.

Palavras-chave: (máximo quatro)

____________________________________________

COMENTÁRIO CRÍTICO DO CONTEÚDO:

Consiste na explicitação ou interpretação crítica e pessoal das ideias expressas pelo autor, deve ser redigido com
linguagem formal de maneira a salientar os pontos positivos e/ou negativos identificados na obra. Pode considerar:

» Comentário sobre a forma pela qual o autor desenvolveu seu trabalho sob o aspecto metodológico.

» Redação e organização do texto.

» Consistência e atualização do levantamento bibliográfico feito pelo autor.

» Organização e apresentação dos resultados (gráficos e tabelas).

» Argumentação do autor em relação à interpretação de seus resultados.

Sintetizando

Vimos até agora que:

» A boa escolha do instrumento de coleta de dados é fundamental para o sucesso de um projeto.

» Existem diversas técnicas de coleta de dados, e que todas apresentam aspectos positivos e negativos.

» A escolha da técnica a ser aplicada deve ser coerente com os objetivos a serem alcançados e com o tipo de dado/
informação desejada (quantitativo ou qualitativo).

55
CAPÍTULO
O ESTUDO DE CASO 5
Apresentação

Neste capítulo abordaremos o estudo de caso (case) como uma metodologia para a resolução de
problemas. Como a apresentação de um trabalho é imprescindível ser padronizada e obedecer
as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) iremos desenvolver a discussão
da estrutura e da apresentação de um trabalho, diferenciando a pesquisa compilação da revisão
da empírica ou aplicada. Demonstramos os diversos modelos de referência, bem como palavras
e expressões utilizadas na pesquisa científica.

Objetivos

» Compreender a utilização do estudo de caso (case) como metodologia para a resolução


de problemas.

» Compreender a apresentação e estrutura do trabalho acadêmico.

» Destacar as diferenças entre a apresentação da pesquisa de revisão e a aplicada.

» Demonstrar as diversas formas de referenciar e redigir um trabalho acadêmico.

56
O Estudo de Caso • CAPÍTULO 5

Concepção de estudo de caso

O Estudo de Caso (case) é uma excelente opção para um trabalho investigativo para a resolução
de problemas e pesquisa. O estudo de caso pode ser uma pesquisa sobre uma situação de uma
empresa, organização, pessoa, clube, comunidade, sociedade etc.

Não é por tratar de um problema de natureza de pesquisa aplicada que ele se torna inferior a
uma investigação complexa que um trabalho acadêmico exige. Além do aspecto acadêmico, o
estudo de caso pode ser transformar em uma excelente ferramenta para a vida profissional da
pessoa tendo em vista as oportunidades que oferece na resolução de casos e problemas.

Hernández Sampieri e Mendoza (2008) apud Sampieri et al (2015) dão a seguinte concepção
para estudo de caso:

“(...) estudos que ao utilizar os processos de pesquisa quantitativa, qualitativa


ou mista, analisam profundamente uma unidade para responder a formulação
do problema, testar as hipóteses e desenvolver alguma teoria”. (p.182)

Deu para observar que o estudo de caso se refere a “algo” prático, vivido no cotidiano. E ele poderá
ser um caso de uma organização privada ou pública, uma situação envolvendo a administração
de um clube de futebol ou outro caso qualquer.

A Harvard Business School (1997) apud Sampieri et al (2015) estabelece as seguintes fases para
um estudo de caso:

1. Identificar o caso (um êxito ou fracasso, um assunto complexo, típico ou extremo).

2. Investigar os antecedentes e o seu contexto:

2.1. Ler sobre a companhia, produto, negócio, mercado ou tópico;

2.2. Situar, definir e contextualizar o caso.

3. Obter as autorizações da organização para realizar a pesquisa.

4. Envolver a organização no processo (caso necessário para a pesquisa, principalmente


em termos de mercado ou do produto/serviço pesquisado):

4.1. Levantar a documentação, informações e dados (relatórios anuais, pesquisas de


mercado, boletins, folhetos, revistas, artigos, entre outros);

4.2. Coletar informações sobre participantes;

4.3. Coletar informações sobre o contexto (informações de concorrentes, legislação,


histórico/informações sobre o mercado).

57
CAPÍTULO 5 • O Estudo de Caso

5. Realizar o trabalho de campo

5.1. Entrevistar as pessoas envolvidas no caso (todos os níveis);

5.2. Realizar visitas de campo em oficinas, escritórios, plantas produtivas onde ocorreu
ou ocorre o caso com o propósito de compreender tecnologia, processos produtivos,
organização, ambiente de trabalho, entre outros. Nessas visitas acrescentar novas ou
complementar entrevistas anteriores para esclarecer pontos duvidosos; obter documentos
específicos, incluindo materiais audiovisuais etc.

5.3. Elaborar notas de campo com enfoques qualitativos. É importante registrar aspectos
relevantes.

6. Analisar os dados com base nos levantamentos realizados.

7. Elaborar o relatório final do estudo de caso, incluindo descrições, materiais de apoio,


tabelas, figuras e conclusões.

Estas etapas também têm que ser idealizadas em termos metodológicos considerando os enfoques
qualitativos, quantitativos ou mistos.

A universidade Harvad utiliza está metodologia desde 1908 para estudos em organizações,
empresas, negócios etc.

Aplicações de estudos de casos

Um estudo de caso se aplica nas organizações, principalmente empresas, e é fácil a utilização


nas diversas situações problemáticas e fenômenos.

Exemplos de estudos de casos:

1. Uma instituição de ensino teve um crescimento fantástico tendo passado de 100 para
2.000 alunos em seis anos. A instituição, perante a comunidade em que está inserida
boa imagem. Era conhecida por possuir baixo padrão de qualidade de ensino com uma
imagem muito negativa. Entretanto, além do grande crescimento, ela passa a ter um
elevado padrão de qualidade e reconhecimento público com instituição de ponta. O
estudo de caso pode ter o foco nas causas deste sucesso, procurando identificar o que
foi feito em termos de organização administrativa, pedagógica e técnica, estilo de gestão,
clima, cultura organizacional, marketing etc.

2. Avaliar o atendimento ao cidadão de uma empresa de telefonia ou mesmo do serviço


de atendimento público de uma secretaria de transporte de uma prefeitura é correto
e rápido.

58
O Estudo de Caso • CAPÍTULO 5

3. Identificar ações de Marketing que possam alavancar as vendas do automóvel X


no mercado interno do país. A empresa possui um automóvel Y, já ultrapassado
tecnologicamente, mas que se mantém com vendas entre os melhores do país. Que
razões levam a fidelidade dos clientes com relação ao modelo Y?

4. Comparar e avaliar o desempenho de alunos do doutorado com tempo parcial e com


o tempo integral de estudo.

5. Identificar ações de melhorias no processo produtivo de camisas para a diminuição das


perdas elevada de fabricação que está na ordem de 10%.

Imagine que você trabalhe em um hospital e resolva estudar como as famílias que tem filhos
hemofílicos e depende de transfusões de sangue para sobreviver aprendem a cuidar e apoiar os
filhos com as suas limitações. Limitações que levam a criança não poder participar de determinadas
atividades (jogar futebol por causa do risco de se machucar, por ex.) com crianças da mesma idade.

Aplicando uma metodologia de estudo de caso se tem as seguintes fases para a resolução do
problema:

1. Identificação do caso:

› A primeira etapa será a identificação do caso e a sua delimitação (limites para a


definição do caso).

› Estudar famílias com filhos hemofílicos (dependentes de transfusões de sangue para


sobreviver) com o objetivo de levantar os cuidados e apoios para que os mesmos
tenham uma boa qualidade de vida.

› Definir as perguntas a serem respondidas pelo estudo de caso é imprescindível, não


se pode começar sem tal definição.

2. Investigar os antecedentes e o seu contexto:

2.1. Ler sobre a companhia, produto, negócio, mercado ou tópico:

› Selecionar o caso (família) a ser estudado.

› Levantar a documentação e bibliografia existente com relação ao caso.

2.2. Situar, definir e contextualizar o caso.

› Levantar e analisar os dados socioeconômicos da família e

› Levantar a história da enfermidade e da dependência da transfusão na qual a família


e a criança estão inseridas.

59
CAPÍTULO 5 • O Estudo de Caso

› Definir quais são os participantes envolvidos no caso (familiares e pessoal de saúde


que podem ajudar no caso e que devem ser ouvidos).

› Planejar a pesquisa em si, elaborando um plano onde consta todas as atividades,


recursos, procedimentos, custos e cronograma do trabalho.

É recomendável agregar as diversas técnicas e métodos para a obtenção das informações

3. Obter as autorizações da organização para realizar a pesquisa.

› Esclarecer a família sobre o trabalho a ser feito, os objetivos e as possibilidades de


resultados de modo a ter concordância e a autorização dos responsáveis pelo paciente
e dos respectivos familiares.

› Obter as autorizações do centro de saúde e da escola para realizar o trabalho.

4. Envolver a organização no processo (caso necessário para a pesquisa, principalmente


em termos de mercado ou do produto/serviço pesquisado):

4.1. Levantar a documentação, informações e dados (relatórios anuais, pesquisas de


mercado, boletins, folhetos, revistas, artigos, entre outros):

› Levantar a documentação (apontamentos e registros médicos, diários e outras


necessárias) e a bibliografia existente com relação ao caso.

› Ler para obter a base de sustentação do estudo do caso. Assim, procurar estudar
obras de autores conceituados no assunto e pesquisadores é imprescindível para a
construção de um marco teórico.

› Definir um marco teórico (fundamentos) e estabelecer o que é uma boa qualidade


de vida

4.2. Coletar informações sobre participantes:

› Preparar os questionários (se necessários) definidos para aplicação a todos os


envolvidos que possam contribuir para a resolução do caso.

4.3. Coletar informações sobre o contexto (informações de concorrentes, legislação,


histórico/informações sobre o mercado).

› Coletar os dados referentes as interações entre os diversos envolvidos, bem como a


casos semelhantes, legislação e outros.

60
O Estudo de Caso • CAPÍTULO 5

5. Realizar o trabalho de campo

5.1. Entrevistar as pessoas envolvidas no caso (todos os níveis):

› Realizar as entrevistas com as crianças, familiares, médicos, enfermeiras, pessoal de


apoio, colegas, professores etc.

› Obter as autorizações para gravar e publicar as entrevistas e imagens.

5.2. Realizar visitas de campo em oficinas, escritórios, plantas produtivas onde ocorreu
ou ocorre o caso com o propósito de compreender tecnologia, processos produtivos,
organização, ambiente de trabalho, entre outros. Nessas visitas acrescentar novas
ou complementar entrevistas anteriores para esclarecer pontos duvidosos; obter
documentos específicos, incluindo materiais audiovisuais etc.

› Visitar escola e locais em que a criança vive.

5.3. Elaborar notas de campo com enfoques qualitativos. É importante registrar


aspectos relevantes.

› Acrescentar aos questionários e entrevistas que sentir necessárias as informações e


dados para ajudar na futura análise, inclusive retornando a algum entrevistado, se
for o caso, para sanar dúvidas ou esclarecer pontos obscuros.

6. Analisar os dados com base nos levantamentos realizados.

› De posse de todos os dados, informações e entrevistas, analisar, sintetizar e tirar as


conclusões.

› Nesta etapa a produção de um novo conhecimento acontece. A solução é alcançada.

7. Elaborar o relatório final do estudo de caso, incluindo descrições, materiais de apoio,


tabelas, figuras e conclusões.

› A elaboração do relatório final é fundamental, pois deve ser claro, simples e objetivo.

Uma sugestão simples para a estruturação de um relatório com consistência compreende:

» Introdução.

» Fundamentação teórica/revisão de literatura.

» Metodologia adotada (métodos/técnicas/material).

» Resultados.

» Discussão e análise; e.

» Conclusão e/ou recomendações.

61
CAPÍTULO 5 • O Estudo de Caso

Em resumo:

Item Comentário
Introdução Deve apresentar o problema, as questões estudadas, a justificativa com a importância
da pesquisa e seus benefícios, e os objetivos a serem alcançados.

Fundamentação
Deve ser apresentado a literatura e a documentação relacionada ao tema e a
teórica/revisão de
fundamentação teórica construída com base no levantamento realizado.
literatura

Metodologia Descrever o passo a passo para realizar a pesquisa.

Resultados Apresentar os dados, informações e resultados obtidos.

Discussão e análise Abordar as discussões desenvolvidas e a análise feita.

Conclusão e
Descrever as conclusões e recomendações obtidas em função da análise.
recomendações

O final do estudo de caso representa a produção do conhecimento. Observe que o “investigador”


(não está sendo usada a expressão pesquisador com o propósito de se destacar que qualquer
profissional pode usar, no dia a dia esta metodologia para resolver seus problemas) já adquiriu
um conhecimento e domínio sobre o tema que não tinha ao início da jornada do estudo de caso.

A seguir estão estabelecidas as regras para a elaboração dos trabalhos profissionais e acadêmicos.

Estrutura e apresentação de um trabalho acadêmico

A estrutura de um trabalho acadêmico e mesmo de um relatório compreende os seguintes


elementos denominados e distribuídos em:

» pré-textuais;

» textuais, e

» pós-textuais.

Capa*
Folha de rosto
Folha de aprovação*
Dedicatória*
PRELIMINARES OU Agradecimentos*
Epígrafe*
PRÉ-TEXTO Resumo (abstract)*
Sumário
Lista de figuras*
Lista de tabelas*
Lista de abreviaturas, siglas e símbolos*
INTRODUÇÃO
TEXTO DESENVOLVIMENTO
CONCLUSÃO

62
O Estudo de Caso • CAPÍTULO 5

Referências
Apêndice (s)*
PÓS-LIMINARES OU
Anexo(s)*
PÓS-TEXTO
Glossário*
Capa*

* Elementos opcionais ou complementares que são adicionados de acordo com as necessidades e o tipo de trabalho
acadêmico.

A estrutura do Texto – Introdução, Desenvolvimento e Conclusão – indicará quando o trabalho


(monografia) é de compilação ou quando é o trabalho empírico (monografia de pesquisa ou
empírica), diferenciando-se quanto ao tipo de pesquisa e à divisão do texto.

Trabalho de compilação x Trabalho empírico

TRABALHO DE TIPOS DE PESQUISA DIVISÃO SUGERIDA DO TEXTO


Introdução
COMPILAÇÃO Pesquisa bibliográfica ou documental Desenvolvimento
Conclusão

EMPÍRICO Pesquisa documental Introdução


Pesquisa descritiva Revisão da literatura
Pesquisa experimental Material e métodos
Pesquisa-ação Resultados
Estudo de caso (case) Discussão
Projeto Conclusão e/ou recomendações

Como pode se constatar que a estrutura ideal para um projeto é apresentada na divisão sugerida.

Preliminares ou Pré-texto

Composta pelos seguintes elementos:

» Capa é a proteção externa do trabalho, e nela devem constar informações indispensáveis


à sua identificação como o nome do autor, o título do trabalho e a instituição responsável.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas não determina a disposição desses dados


na folha.

Uma sugestão é a distribuição para um trabalho acadêmico deve conter:

› Instituição em que o trabalho foi executado (na margem superior).

› Nome do autor (mais ou menos centralizado na folha).

› Título do trabalho (pouco abaixo do nome do autor).

› Cidade e ano de conclusão do trabalho (na margem inferior).

63
CAPÍTULO 5 • O Estudo de Caso

» Folha de Rosto: é obrigatória e deve conter as mesmas informações da capa e as


informações essenciais da origem do trabalho.

» Fichamento: deve ser incluído no verso da folha de rosto deve conter:

› O nome do autor.

› Título do trabalho.

› Local de origem, instituição e ano de produção.

› Roteiro do capítulo.

Abaixo apresenta-se um exemplo de fichamento que deve ser incluído no trabalho para
identificar o trabalho de modo que bibliotecas, leitores e outros tenham conhecimento.

ARAUJO, Maria Esther de.

Indicadores da qualidade sonora e efeitos da poluição sonora no ser humano/ Maria Esther de Araujo.

Rio de Janeiro: XPTO, 2007 (monografia)

» Folha de Aprovação: é utilizada somente para os trabalhos de conclusão de curso (TCC),


dissertações e teses com o objetivo de registrar a aprovação do trabalho. Deve conter os
nomes completos dos membros da banca examinadora, as instituições a que são filiados
e o local para assinatura, bem como local para a data de aprovação.

» Dedicatória tem a finalidade de se dedicar o trabalho a alguém, como uma homenagem


de gratidão especial. Esse item é dispensável. Aconselha-se dedicar o trabalho a quem
pode se beneficiar dos resultados da pesquisa.

» Agradecimento é a revelação de gratidão àqueles que contribuíram na elaboração do


trabalho. Também é um item dispensável.

» Epígrafe: em que o autor inclui um pensamento ou citação, pertinente ao assunto


pesquisado, seguida de autoria. Elemento opcional.

» Resumo: síntese do conteúdo do trabalho, ressaltando a natureza do estudo, o(s)


método(s), os resultados e as conclusões mais importantes. É obrigatório em dissertações,
teses e estudos empíricos e pode ser exigido em TCCs.

» Abstract: versão do resumo para o inglês, idioma de divulgação internacional.

» Sumário

Elemento obrigatório: contém a enumeração das principais divisões, seções e outras


partes de um documento, na mesma ordem em que a matéria nele se sucede. (NBR 6027)

64
O Estudo de Caso • CAPÍTULO 5

› O título de cada seção deve ser com o mesmo tipo de letra em que aparece no corpo
do texto.

› A indicação das páginas localiza-se à direita de cada seção.

Divisão de um Sumário

1 – Seção Primária

1.1 – Seção Secundária

1.1.1 – Seção Terciária

1.1.1.1. – Seção Quaternária

1.1.1.1.1 – Seção Quinária

» Lista de figuras (fotografias, gráficos, esquemas, quadros, diagramas, fluxogramas)


e Lista de tabelas

Elementos opcionais, pois dependem da existência de figuras e tabelas no texto.


Consistem na relação sequencial de títulos de figuras e tabelas constantes do trabalho,
acompanhados dos respectivos números de páginas. É necessário elaborar lista própria
para cada tipo.

» Lista de abreviaturas, siglas e símbolos

Elemento opcional no caso de haver uso dos elementos acima no texto. Consiste na
relação em ordem alfabética de abreviaturas, siglas e símbolos, seguidos do significado
correspondente. No caso de siglas, mesmo que o trabalho contenha lista, recomenda-
se transcrever por extenso cada sigla na primeira vez em que é mencionada no texto.

Texto

É a parte em que todo o trabalho de pesquisa é apresentado e desenvolvido. O texto deve expor
um raciocínio lógico, ser bem estruturado, com o uso de uma linguagem simples, clara e objetiva.

Trabalho de Compilação ou Revisão

» Introdução

No caso de uma pesquisa/revisão bibliográfica, na introdução, o tema é apresentado


e delimitado, a importância do tema é ressaltada e a metodologia definida. Mostra-se
como será desenvolvido o assunto. A introdução deve, ainda, especificar os objetivos
do trabalho e referir-se às principais partes do texto, indicando a ordem da exposição.

65
CAPÍTULO 5 • O Estudo de Caso

» Desenvolvimento ou corpo do trabalho

O corpo do trabalho é onde o tema é discutido pelo autor.

O tema é dividido em capítulos e/ou partes que revelem a estrutura lógica do trabalho.

São atribuídos títulos (e subtítulos, se necessário) a cada uma das partes ou capítulos.

A revisão de literatura deve resumir as obras já trabalhadas sobre o mesmo assunto.

» Conclusão

A conclusão é a parte em que o autor se coloca com liberdade científica, avaliando


os resultados obtidos e propondo soluções e aplicações práticas. Nessa parte final do
trabalho são retomados os principais pontos levantados ao longo do desenvolvimento
do assunto.

Trabalho empírico ou aplicado (Modelo adequado para Projeto ou


Estudo de Caso

No caso de uma pesquisa empírica, o “desenvolvimento ou corpo do trabalho” é desdobrado


nas seguintes partes:

» Introdução

» Revisão da Literatura

Compilação crítica e retrospectiva de várias publicações, mostrando o estágio de desenvolvimento


do tema da pesquisa e estabelecendo um referencial teórico. A revisão da literatura não deve ser
uma sequência impessoal de resumos de outros trabalhos: deve incluir a contribuição do autor
demonstrando que os trabalhos foram examinados, estudados e criticados objetivamente. Deve
ser tomado o máximo cuidado quanto à identificação das fontes utilizadas no texto.

Se a revisão da literatura for breve, pode também ser incorporada à introdução, em vez de
constituir parte separada.

» Material e Métodos

› Material: descreve os equipamentos e os sujeitos ou organismos empregados (amostra)


na pesquisa.

› Métodos: descrição completa dos métodos utilizados, que permita a compreensão


e interpretação dos resultados, bem como a reprodução do estudo e sua utilização
por outros pesquisadores.

» Resultados

66
O Estudo de Caso • CAPÍTULO 5

Apresentação dos resultados obtidos de forma objetiva, exata e lógica. Para maior
clareza, podem ser incluídos quadros, tabelas, desenhos, gráficos, mapas, fotografias,
esquemas etc.

» Discussão

Na discussão, estabelecem-se as relações entre os dados obtidos, o problema da pesquisa


e o embasamento teórico dado na revisão da literatura e indicam-se as aplicações
teóricas ou práticas dos resultados obtidos, bem como as suas limitações. O autor deve
manifestar seu ponto de vista sobre os resultados obtidos e seu alcance.

A discussão também pode ser feita com a apresentação dos resultados, formando um
único capítulo (Resultados e Discussão).

Pós-texto
» Referências: servem para indicar as fontes utilizadas no corpo do texto.

Referências: trata-se de um conjunto de elementos que identificam uma publicação no


todo ou em parte. Citadas pelo autor do trabalho, permitem ao leitor comprovar fatos
ou ampliar conhecimentos, mediante consulta às fontes referenciadas.

Quando no final do capítulo ou da obra, devem ser listadas em ordem alfabética, com
a expressão Referências no cabeçalho.

Existe uma diferença entre as expressões Referência e Bibliografia.

› As Referências correspondem às obras listadas no final do capítulo ou da monografia


e que foram utilizadas pelo autor.

› Bibliografia é o material sugerido para complementação de textos, mas não é


necessariamente usado para sua elaboração; é a leitura que se recomenda.

» Anexos: materiais de caráter complementar que documentam o texto, não sendo


elaborados pelo autor do trabalho (por exemplo: jurisprudência).

Os anexos são identificados por letras maiúsculas consecutivas, travessão e respectivos


títulos: ANEXO – A ...

No corpo do texto, devem ser feitas remissões aos Anexos do trabalho.

» Glossário

Elemento opcional, que consiste em uma lista em ordem alfabética de palavras ou


expressões técnicas de uso restrito, seguidas das respectivas definições.

67
CAPÍTULO 5 • O Estudo de Caso

LIVROS, FOLHETOS, TRABALHOS ACADÊMICOS

› Autor (ou coordenador, ou organizador, ou editor): escreve-se primeiro o sobrenome


paterno do autor, em caixa alta, e, a seguir, o restante do nome (por extenso ou
abreviado), após uma separação por vírgulas.

› Título e subtítulo: o título deve ser realçado por negrito ou itálico.

› Número da edição (a partir da segunda edição).

› Local da publicação: é o nome da cidade em que a obra foi editada e, após a referência
do local, devem ser grafados dois pontos (:).

› Editora: só se coloca o nome da editora. Não se coloca a palavra Editora, Ltda., ou


S.A. Por exemplo, da Editora Ática Ltda., coloca-se apenas Ática.

› Ano da publicação: é o ano em que a obra foi editada.

› Número de volumes (se houver).

› Nome da série, número da publicação na série (entre parênteses).

› Com um autor

CÔRTES, José de Angelis. Epidemiologia. São Paulo: Varela, 1993. Ou utilizando


prenome(s) abreviado(s):

CÔRTES, J. de A. Epidemiologia. São Paulo: Varela, 1993.

› Com dois autores

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Metodologia do trabalho científico. São Paulo:


Atlas, 1992.

› Com três autores (Todos na ordem em que aparecem na publicação)

MUSSEN, P. H.; CONGER, J. J.; KAGAN, J. Basic and contemporary issues in


developmental psychology. New York: Harper & Row, 1975.

› Com mais de três autores (menciona-se o primeiro, ou até os três primeiros, seguidos
da expressão et al. = et alii/e outros)

MUSSEN, Paul H. et al. Desenvolvimento e personalidade da criança. 2. ed. São


Paulo: HARBRA, 1988.

› Autores corporativos e entidades

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Dengue hemorrágico: diagnóstico, tratamento


e controle. Genebra, 1983.

68
O Estudo de Caso • CAPÍTULO 5

BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Enunciados, instruções e precedentes


normativos. Brasília, DF, 1995.

› Com indicação de responsabilidade intelectual (organizador, coordenador,


compilador, editor)

CARVALHO, Maria Cristina de (org.). Construindo o saber. 3. ed. Campinas: Papirus,


1991. Ou: (coord.) (comp.) (ed.)

› Com indicação de tradutor (opcional)

MUSSEN, Paul H. et al. Desenvolvimento e personalidade da criança. Tradução de


Auriphebo Berrance Simões. 2. ed. São Paulo: HARBRA, 1988.

› Com indicação de edição (a partir da segunda, na língua original)

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Metodologia do trabalho científico. 4. ed. rev.


e ampl. São Paulo: Atlas, 1992.

FARROW, Charles S. Radiology of the cat. 6th ed. St. Louis: Mosby, 1999.

› Com indicação de série

FREITAG, Barbara. O indivíduo em formação. São Paulo: Cortez, 1994. (Série Questões
da Nossa Época, v. 30).

› Com indicação de subtítulo (pode ser suprimido se não for essencial à compreensão
do título)

DIAS SOBRINHO, José. Universidade e avaliação: entre a ética e o mercado.


Florianópolis: Insular, 2002. Ou:

DIAS SOBRINHO, José. Universidade e avaliação. Florianópolis: Insular, 2002.

PARTES DE LIVROS, FOLHETOS

› Sem autoria especial (o autor do capítulo citado é também autor da obra)

BASTOS, C. L.; KELLER, V. Aprendendo a aprender. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1992.


Cap. 2, p. 19-32: Facilitando o estudo.

› Com autoria própria (o autor do capítulo citado não é o autor da obra)

ALMEIDA JÚNIOR, J. B. de. O estudo como forma de pesquisa. In: CARVALHO, M.


C. de (org.). Construindo o saber. 3. ed. Campinas: Papirus, 1991. Parte 2, cap. 1, ps.
107-129.

69
CAPÍTULO 5 • O Estudo de Caso

ARTIGOS DE PERIÓDICOS (REVISTAS OU JORNAIS)

› REVISTA:

• Autor(es) do artigo.
• Título do artigo.
• Título da revista em negrito ou itálico.
• Local da publicação.
• Indicação do volume.
• Indicação do número ou fascículo.
• Indicação de página inicial e final do artigo.
• Data.

Obs.: A referência de mês é reduzida a apenas três letras e um ponto, no idioma original
de publicação. Em português, o mês de janeiro ficaria sendo jan., o de fevereiro fev.
etc., com exceção do mês de maio que se escreve com todas as letras (maio) e sem
o ponto.

BLAY, E. A.; CONCEIÇÃO, R. R. de. A mulher como tema nas disciplinas da USP.
Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 76, pp. 50-56, fev. 1991.

› JORNAL:

• Com autoria

CHIARA, M. de. Consultas superam reclamações no Procon. O Estado de São


Paulo, São Paulo, 27 jul. 1998. Caderno B, p. 12.

• Artigos não assinados (escreve-se em maiúscula a primeira palavra significativa


do título)

JUSTIÇA autoriza quebra de sigilo de deputado. Folha de São Paulo, São Paulo,
30 jan. 2003. Caderno A, p. 8.

PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS NO TODO

GERONTOLOGIA. São Paulo: Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, v. 6, n.


2, jun. 1998.

TESES, DISSERTAÇÕES, MONOGRAFIAS

DONDA, A. Envenenamento ofídico. 56 p. Monografia (Graduação em Medicina


Veterinária) – Fundação de Ensino Octávio Bastos, Faculdade de Medicina Veterinária,
São João da Boa Vista, 1994.

70
O Estudo de Caso • CAPÍTULO 5

BELLO, José Luiz de Paiva. Lauro de Oliveira Lima: um educador brasileiro. 1995. 210
p. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação –
PPGE, Universidade Federal do Espírito Santo, 1995.

FILMES E GRAVAÇÕES DE VÍDEO

› Título (primeira palavra em letras maiúsculas).

› Responsável.

› Local, distribuidora, data.

› Número de unidades físicas (bobinas e tempo de duração): características de som,


cor, dimensões.

› Notas.

› Indicação de filme cinematográfico ou gravação de vídeo.

DEUS e o diabo na terra do sol. Dirigido por Glauber Rocha. Rio de Janeiro, Copacabana
Filmes, 1964. 13 bobinas (125 min.): son., 25mm. Filme cinematográfico.

RIGOLETTO. Directed by Jean-Pierre Ponnelle. München, Unitel, 1983. 116 min: son.
(leg.). Gravação de vídeo.

DOCUMENTOS ELETRÔNICOS DISPONÍVEIS NA INTERNET

› Autor, se houver.

› Título e subtítulo, se houver.

› Disponível em: URL (Uniform Resource Locator = endereço eletrônico). De preferência,


apresentar o URL específico do trabalho e não do host.

› Acesso em: data.

Recomenda-se guardar uma cópia do documento baixado. Alguns exemplos:

› Trabalho individual (com indicação de autoria)

MUNRO, Derek B. Canadian poisonous plants information system. Disponível em:


< http://res.agr.ca/brd/poisonpl/ >. Acesso em 17 abr. 1998.

MUNRO, Derek B. Canadian poisonous plants information system: Introduction.


Disponível em: < http://res.agr.ca/brd/poisonpl/ >. Acesso em: 17 abr. 1998.

› Trabalho individual (sem indicação de autoria)

LEMBRAR ou não lembrar, eis a questão. Disponível em:

71
CAPÍTULO 5 • O Estudo de Caso

<http://www.cerebronosso.bio.br/paginas/explembr.html > . Acesso em 4 mar. 2002.

› Artigo de jornal ou revista com e sem indicação de autoria

DUARTE, Sérgio Nogueira. Língua viva. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 6 ago. 2000.
Disponível em: < http://jb.com.br/lingua.html >. Acesso em 6 ago. 2000.

PROCURADORES do caso Eduardo Jorge vão depor no Senado. Veja On-line, São
Paulo, 7 ago. 2000. Notícia Política. Disponível em < http://www.veja.com.br >. Acesso
em 12 ago. 2000.

› Autor entidade

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS. Graduação. Centro de


Ciências Humanas. Disponível em: < http://www.puc-campinas.br >. Acesso em 20
mar. 2002.

› Referência legislativa

BRASIL. Lei n. 9.995, de 25 de julho de 2000. Dispõe sobre as diretrizes para a elaboração
da lei orçamentária de 2001 e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 26 jul. 2000. Disponível em: <http://www.in.gov.
br>. Acesso em 20 mar. 2002.

› Entrevistas

SQUIER, C. Entrevista publicada em 3 set. 1999, na internet. Disponível em: <http:www.


odontologia.com.br/artigos/squier-entrevista.html>. Acesso em 4 jul. 2000.

Para casos específicos, recomenda-se consultar a NBR 6023/2000.

Apresentação gráfica

» Capa dura (na cor especificada pelo curso).

» Papel branco tamanho A4.

» Texto fonte: Arial, Times New Roman ou Comic Sans MS – letra preta.

» Digitar de um lado só da página, no anverso (frente) dela.

» Espaço 1,5 entre as linhas, no texto, e 2 entre as seções e subseções.

» Margem superior e esquerda: manter 3cm (mínimo) em todo trabalho.

» Margem inferior e direita: manter 2cm (mínimo) em todo trabalho.

72
O Estudo de Caso • CAPÍTULO 5

» Títulos sem indicativo numérico (elementos pré-textuais e pós-textuais) são centrados


na página, em letras maiúsculas, com negrito e fonte 16.

» Títulos com indicativo numérico (elementos textuais) são alinhados à esquerda e


separados do indicativo numérico por dois espaços.

» A seção primária (capítulo) deve iniciar em página nova.

» Os parágrafos devem vir recuados a aproximadamente 1cm da margem esquerda.

» As partes anteriores ao texto do trabalho (folha de rosto, dedicatória, agradecimentos,


epígrafe e sumário) são contadas, mas não são numeradas; a numeração deverá aparecer
a partir da Introdução. O texto deve ser numerado de forma contínua e sempre em
algarismos arábicos. A numeração das páginas do texto deve ser preferencialmente na
parte superior da folha à direita. A numeração não pode mudar de lugar num mesmo
trabalho.

» As notas de rodapé, se necessárias, devem ser separadas do corpo do texto por uma linha
ocupando 1/3 da página e escritas em letra menor, com espaço simples.

» Deve ser usado o sistema de numeração progressiva para indicar seções/títulos.

» Devem ser evitadas subdivisões excessivas das seções, não ultrapassando a seção quinária.

» O título de seção não deve aparecer no final de uma página e o seu texto na página
seguinte.

» São utilizados recursos gráficos diferenciados para a seção primária (capítulo), secundária,
de acordo com as sugestões no quadro a seguir.

TÍTULO DE APRESENTAÇÃO FONTE EXEMPLO


Seção primária Caixa alta com negrito 2 ESTRUTURA DE UM TRABALHO
(capítulo) 16
ACADÊMICO
Seção secundária Caixa alta sem negrito 16 2.1 PRÉ-TEXTO
Seção terciária Somente iniciais em letra 2.1.1 Capa do Trabalho
14
maiúscula
Seção quaternária e Somente inicial da primeira 2.1.1.1 Cor da capa
14
quinária palavra em letra maiúscula

Citações bibliográficas e notas de rodapé

Citações

De acordo com a NBR 10520, citação é quando, no texto, se menciona uma informação extraída
de outra fonte. Nas citações, as entradas pelo sobrenome do autor ou pela instituição responsável,
devem ser em letras maiúsculas.

73
CAPÍTULO 5 • O Estudo de Caso

Exemplos:

A formação deve ser entendida como um processo de educação permanente (FERREIRA, 1997).

Segundo VALLADÃO (1986), as modificações curriculares introduzidas pelas reformas de 1963 e


1969 reforçam uma tendência que já se fazia presente no âmbito acadêmico desde os anos 1930.

A citação pode ser direta, indireta ou citação de citação.

» Citação direta ou transcrição: é a transcrição literal (ipsis litteris) de um texto ou parte


dele. Sua extensão determina sua localização: até três linhas é incorporada ao parágrafo,
entre aspas duplas (quando a citação textual já apresentar palavras entre aspas, estas
devem ser transformadas em aspas simples), enquanto que citação mais longa é inserida
abaixo do texto, em bloco com recuo de 4 cm somente da margem esquerda, com letra
menor que a do texto utilizado (10), com espaço simples e sem as aspas.

Supressões: [...]

Interpolações, acréscimos ou comentários [ ]

Ênfase ou destaque (usado com parcimônia e de maneira uniforme ao longo de todo o


trabalho): grifo, ou negrito, ou itálico.

Nas citações diretas, além da indicação da autoria e data de publicação da obra referida,
é preciso citar a(s) página(s) de onde foi retirada a citação.

Exemplo 1:

Para BOURDIEU (1983, p. 89), o campo é “um conjunto de espaços estruturados de


posições cujas propriedades dependem das posições nesses espaços”.

Exemplo 2:

Portanto, a conclusão do Relatório da Avaliação Institucional de 2001 (2002, p. 20), de


que “as principais características positivas do trabalho docente, conforme percebidas
pelos alunos, se referem mais a aspectos pedagógicos ‘secundários’ do que essenciais”
parece se aplicar igualmente aos resultados de 2002. (No exemplo, ‘secundários’ estava
entre aspas duplas no original.)

Exemplo 3:

O documento especifica que a avaliação era tida como necessária pela administração
federal para a distribuição racional de seus recursos; pelas universidades públicas, que
necessitam conhecer a si próprias, e confrontar com dados objetivos as críticas que
frequentemente recebem; pelas IES privadas, que necessitam evidenciar a qualidade de

74
O Estudo de Caso • CAPÍTULO 5

seu desempenho e sua eficiência no uso dos recursos, pelos estudantes e suas famílias,
que não podem mais contar com resultados positivos de seus investimentos em educação
superior, se mal direcionados (MEC, 1985, p. 68).

» Citação indireta ou paráfrase: é a transcrição não literal das palavras de um autor, em


que se reproduz fielmente o conteúdo do documento original. É a reprodução das ideias
do autor com palavras próprias. Nesse caso não se empregam aspas.

Exemplo:

Era tão grande a importância atribuída às avaliações segundo essa metodologia que
precisou ser criada a Subsecretaria de Avaliação de Programas, da qual se encarregaram
economistas e auditores experientes (HOUSE, 1994).

» Citação de citação: é a menção de um texto ao qual não se teve acesso, devendo ser
indicada na seguinte ordem: sobrenome do autor original, seguido da expressão apud
ou citado por e sobrenome do autor da obra consultada.

Exemplos:

... SILVA (1985) apud MONTEIRO (1987) afirma que...

... SILVA (1985) citado por MONTEIRO (1987) afirma que...

Deve ser escolhido um sistema de chamada para a identificação das citações: sistema
numérico ou autor-data.

O sistema escolhido para a identificação das citações deve ser observado ao longo de
todo o trabalho e deve permitir sua correlação na lista de referências no pós-texto ou
em notas de rodapé.

» Sistema autor-data: as citações no texto devem ser indicadas pelo sobrenome do autor,
ou pela instituição responsável, seguido da data de publicação do trabalho.

Exemplos:

Num estudo recente (MORAES, 1999) é exposto...

MORAES (1999) afirma que...

(ou no final de uma sentença) ... (MORAES, 1999).

» Sistema numérico: a identificação da obra no texto é feita pelo número correspondente


na lista de referências (no pós-texto) previamente alfabetadas e numeradas, ou em notas
de rodapé. De acordo com a NBR 10520, a indicação da numeração é feita alinhada
ao texto (entre parênteses ou colchetes) ou situada pouco acima da linha do texto em
expoente à linha do mesmo (com ou sem parênteses ou colchetes).

75
CAPÍTULO 5 • O Estudo de Caso

Exemplos:

... o uso deste recurso. (3)

... o uso deste recurso. 3

» Notas de Rodapé: são anotações colocadas ao pé da página, contendo informações


adicionais, sendo indicadas por números sequenciais. Recomenda-se não colocar
excessivas notas de rodapé no texto para não atrapalhar o desenvolvimento da leitura.

As notas de rodapé podem ser notas de conteúdo e notas de referência.

As notas de conteúdo são usadas para fazer comentários ou explanações que


interromperiam desnecessariamente a linha de pensamento se fossem incluídos no texto.

As notas de conteúdo podem ser utilizadas para:

» Indicação de textos paralelos: fazer referência a outros textos ou passagens e remeter


o leitor a outras partes do trabalho, a outros trabalhos ou às fontes. Às vezes precedida
de Cf. = “confira” ou “conforme”.

» Trabalhos não publicados ou em fase de elaboração: para trabalhos já aceitos para


publicação e em fase de impressão, esta observação também pode ser colocada no
próprio texto: (em fase de elaboração).

» Notas explicativas: para comentários, esclarecimentos ou explicações que não sejam


imperiosas ou não possam ser incluídas no texto.

» Nota de tradução: a tradução de citações em língua estrangeira aparece em nota de


rodapé.

» Citação de informações obtidas por meio de canais informais: comunicações pessoais,


anotações em aula e palestras, eventos não impressos.

Ex.1

» Notas explicativas ou indicação da fonte em rodapé

As notas de referência ou indicação da fonte em rodapé, são usadas quando a referência


não é feita no corpo do próprio texto, por meio de sistema autor-data ou numérico.
Embora a pessoa possa optar por usar esse sistema de indicação da fonte em rodapé,
as normas privilegiam a utilização do sistema autor-data para dar crédito às fontes.

1 Silva, H. M. Comunicação pessoal (ou informação oral). Belo Horizonte: Escola de Veterinária da UFMG, 1983.

76
O Estudo de Caso • CAPÍTULO 5

Nas notas de referência, a primeira citação de uma obra deve ter sua referência completa.
As subsequentes citações da mesma obra podem ser referenciadas de forma abreviada,
utilizando as seguintes expressões latinas:

› idem (id.) = o mesmo autor. Essa expressão é usada para identificar um autor
anteriormente citado no texto.

› idem ibidem (id. ibid.) = o mesmo autor, na mesma obra.

› loco citato (loc. cit.) = no lugar citado. Essa expressão é usada para identificar a
mesma página anteriormente citada de uma obra, havendo intercalação de diferentes
referências.

› opus citatum (op. cit.) = obra citada.

› passim = em vários trechos ou passagens.

› et sequentia (et seq.) = e seguintes. Usa-se essa expressão para indicar as páginas
que se seguem em uma obra.

Ilustrações

As ilustrações aparecem no trabalho para explicar ou complementar o texto. Podem ser tabelas
ou figuras em geral.

» FIGURAS E GRÁFICOS

Consideram-se figuras os desenhos, os gráficos, os mapas, os esquemas, as fórmulas, os


modelos, as fotografias, os diagramas, os fluxogramas, os organogramas, entre outros.

Têm a finalidade de resumir ou sintetizar dados, fornecendo o máximo de informação


num mínimo de espaço.

Os títulos da tabela e do quadro devem ser colocados acima deles, enquanto os da figura
e dos gráficos, abaixo deles.

As figuras, as tabelas, os quadros e os gráficos devem ser localizados o mais próximo


possível da parte em que são citados. Devem ser designados e mencionados no texto,
ou sua referência localizar-se entre parênteses no final da frase. Devem ter numeração
independente e consecutiva em algarismos arábicos.

A fonte, ou seja, a indicação da autoria da tabela ou figura, quando esta não for a mesma
do trabalho monográfico, deve aparecer na parte inferior, à esquerda.

77
CAPÍTULO 5 • O Estudo de Caso

» TABELAS E QUADROS

Tabelas apresentam informações tratadas estatisticamente. Quadros são informações


textuais agrupadas em colunas.

› Devem ser encabeçadas pela palavra Tabela ou Quadro, seguida por hífen, pelo
número e pelo título, sem ponto final.

› Devem ser autoexplicativas.

› Pode-se fazer uso de notas e chamadas colocadas no rodapé da tabela, quando a


matéria nelas contida exigir esclarecimentos.

› Se a tabela não couber em uma página, deve ser continuada na página seguinte
sem delimitação por traço horizontal na parte inferior, devendo o título ser repetido
nas páginas seguintes, acrescentando-se as palavras continua, continuação, entre
parênteses, logo abaixo do título, no canto superior direito. Lateralmente, as tabelas
não são fechadas.

Por exemplo:

Tabela 1. Número de Produtores de Café no Município de São João da Boa Vista

Ano Número de produtores Número de sacas produzidas


1999 190 476.000

2000 270 530.000

2001 320 590.000

Fonte: SAA/CATI, 1999.

Quadro 1. Evolução dos princípios básicos da Aliança Cooperativa Internacional (ACI).

CONGRESSO DA ALIANÇA COOPERATIVA INTERNACIONAL


1937 (PARIS) 1966 (VIENA) 1995 (MANCHESTER)
Congresso do Centenário da ACI
Adesão livre Adesão livre (inclusive Adesão voluntária e livre
neutralidade política, religiosa,
racial e social)
Gestão democrática Gestão democrática Gestão democrática pelos membros

Retorno pro rata das operações Distribuição das sobras Participação econômica dos
membros

Juros limitados ao capital Taxa limitada de juros ao capital Autonomia e independência


social

Desenvolvimento da educação em Constituição de um fundo para Educação, formação e informação.


todos os níveis educação dos cooperados e do
público em geral

78
O Estudo de Caso • CAPÍTULO 5

Vendas a dinheiro Ativa cooperação entre as Intercooperação


cooperativas, em plano local,
nacional e internacional.
Neutralidade política, religiosa e Interesse pela comunidade
racial

Fonte: Adaptado de Hartung (1999).

» PALAVRAS OU EXPRESSÕES LATINAS UTILIZADAS NO TRABALHO

› apud: significa citado por. Nas citações é utilizada para informar que o que foi
transcrito de uma obra de determinado autor na verdade pertence a outro.

Exemplo.: Napoleão apud Loi, ou seja, Napoleão citado por Loi.

› et al. (et alii): significa e outros. Utilizado quando a obra foi executada por muitos
autores.

Exemplo: Numa obra escrita por Helena Schirm, Maria Cecília Rubinger de Ottoni e
Rosana Velloso Montanari escreve-se: SCHIRM, Helena et al.

› ibidem ou ibid.: significa na mesma obra.

› idem ou id.: significa igual a anterior.

› In: significa em.

› ipsis litteris: significa pelas mesmas letras, literalmente. Utiliza-se para expressar
que o texto foi transcrito com fidelidade, mesmo que possa parecer estranho ou esteja
reconhecidamente escrito com erros de linguagem.

› ipsis verbis: significa pelas mesmas palavras, textualmente. Utiliza-se da mesma


forma que ipsis litteris ou sic.

› opus citatum ou op. cit.: significa “obra citada”

› passim: significa aqui e ali. É utilizada quando a citação se repete em mais de um


trecho da obra.

› sic: significa assim. Utiliza-se da mesma forma que ipsis litteris ou ipsis verbis.

› supra: significa acima, referindo-se à nota imediatamente anterior.

Dicas e orientações

Use papel branco, tamanho A4 (21cm x 29,7cm), na posição vertical.

79
CAPÍTULO 5 • O Estudo de Caso

Tipo de letra: elas devem ser de tamanho médio e redondo, evitando-se tipos inclinados e de
fantasias. Sugere-se: tipo Arial ou Times New Roman, tamanho 12 para texto; 16 ou 18 para
capítulos e 14 para subtítulos.

A digitação deve ocupar apenas o anverso da folha, em espaço 1,5.

Os parágrafos começam a aproximadamente 2,5cm da margem esquerda.

A marginação: as folhas devem apresentar margens superior e esquerda de 4 cm e margens


inferior e direita de 2cm das extremidades do papel (formato A4).

A paginação deve ser contada a partir da folha de rosto, entretanto, a primeira folha a ser numerada
é a primeira página após o sumário.

Os títulos são digitados centralizados a aproximadamente 4cm da extremidade superior e os


subtítulos a 2,5cm da margem esquerda, como os parágrafos.

A numeração das laudas (folhas) deverá estar disposta na margem superior direita.

As citações diretas devem ser colocadas entre aspas, e em sendo de até três linhas, são inseridas
no próprio texto; as que excederem a esse número de linhas devem constituir parágrafos isolados,
iniciados a aproximadamente 8cm da extremidade esquerda e terminados a 3cm da direita. Devem
ser digitadas em espaço simples, separadas do texto que as precede e as sucede por espaço duplo,
sempre acompanhadas do sobrenome do(a) autor(a), ano e página da referência, logo após o
término do parágrafo, colocadas entre parênteses (ex.: CERVO, 1996, p. 32).

Os símbolos das unidades de medida são invariáveis e grafados sem ponto abreviativo (ex.:
10m, 15h); na indicação de tempo, empregam-se os símbolos: “h”, “min” e “s” na mesma linha
de grandeza, sem espacejamento (ex.: 12h30min20s).

Abra parágrafos com frequência para “arejar” o texto.

A finalidade do trabalho é demonstrar uma hipótese que se elaborou inicialmente, e não provar
que se sabe de tudo.

Verifique que qualquer pessoa entenda o que você escreveu; não se faça de “gênio solitário”.

Não use reticências ou pontos de exclamação, exceto para citações. Não faça ironias.

Defina sempre um termo ao introduzi-lo pela primeira vez. Se não souber defini-lo, evite-o.

Evite o uso do pronome pessoal, prefira a forma impessoal.

80
O Estudo de Caso • CAPÍTULO 5

Outras diretrizes importantes

Referências bibliográficas: conjunto de indicações que permitem a identificação de publicações


no todo ou em parte. Não devem constar da lista de referências bibliográficas fontes que
não foram citadas no texto. Caso seja conveniente incluir referências bibliográficas de fontes
consultadas e não citadas no texto, isso deve ser feito após as referências bibliográficas, sob o
título de Bibliografia Recomendada.

» Ordem de apresentação: é apresentada conforme a ordem alfabética dos autores.

» Forma de entrada: é feita pelo sobrenome do autor em caixa alta, seguido do nome,
que pode ser abreviado (ex.: RUIZ, João Álvaro ou RUIZ, J. A.).

Os elementos de referência bibliográfica são separados entre si por ponto, seguidos de dois espaços.

Indica-se a edição do documento, a partir da segunda edição, do seguinte modo: número da


edição, seguido de ponto e a abreviatura ed..

Na lista bibliográfica final, não se repete o nome do mesmo autor. O nome é substituído por
traço (grifo), equivalente a 3cm aproximadamente.

Ordem de apresentação de livros:

Autor da publicação. Título da publicação. Subtítulo (se houver). Edição (se for o caso). Local da
publicação: editor(a), ano, número de páginas da obra.

Exemplo:

MENDONÇA, Eduardo Prado de. O mundo precisa de filosofia. 4ª ed. Rio de Janeiro: Agir, 1976.
107p.

Obs.:

» Quando não consta data, escreve-se s.d. (sem data).

» Quando não consta editor, escreve-se s.e. (sem editor).

» Quando não consta local, escreve-se s.l. (sem local).

» Quando constam dois autores ou mais, como, por exemplo, ex.: SARTRE, Jean-Paul et
alïi, que é abreviada como et al., e significa e outros.

» Para citação na mesma obra do autor, usa-se a expressão ibid. (ibidem).

» Em casos de documentos retirados da internet, deve-se iniciar com o título do documento


seguido de ponto, posteriormente a expressão Disponível em:, depois o endereço URL

81
CAPÍTULO 5 • O Estudo de Caso

completo, entre “< >”, seguido de ponto, e, por fim a indicação de acesso: Acessado em:,
citando a data complementada, opcionalmente, com hora, minuto e segundo.

» Glossário ou Definição de Termos (opcional): apresenta uma relação de termos técnicos.


Palavras especiais citadas no documento, acompanhadas dos significados que lhes foram
atribuídos. O glossário objetiva facilitar a compreensão do texto. Deve ser apresentado,
se for o caso, no final do trabalho, em ordem alfabética, antes do(s) Anexo(s) e depois
das Referências Bibliográficas.

» Anexos: são suportes elucidativos e indispensáveis à compreensão do texto. Havendo


mais de um anexo, sua identificação deve ser feita por letras maiúsculas. São objetos
de anexo: Tabelas com dados complementares; citações muito longas, leis ou pareceres
de suporte para o trabalho; outros documentos importantes de difícil acesso; textos
originais raros, declaração de estágio observacional, participação em eventos culturais
e/ou outros relevantes para o trabalho.

Normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

Abaixo estão relacionadas algumas normas para ajudar na elaboração de relatórios e trabalhos:

» NBR 6023: Referências – elaboração;

» NBR 6027: Sumário – apresentação;

» NBR 6028: Resumos;

» NBR 10520: Apresentação de citações em documentos;

» NBR 14724: Trabalhos Acadêmicos;

» NBR 15827: Projeto de Pesquisa.

Sintetizando

Vimos até agora que:

» A concepção e o estudo de caso como metodologias não só para a pesquisa, mas também para a resolução de problemas
em organizações e empresas.

» As regras para a apresentação do trabalho acadêmico, bem como diferenças entre a pesquisa de revisão e a aplicada.

» Existem diversos modelos de referência, bem como termos utilizados na escrita do trabalho acadêmico;

» Algumas dicas e orientações podem facilitar a escrita e a apresentação do trabalho acadêmico.

82
ÉTICA NA VIDA PROFISSIONAL
CAPÍTULO
6
Apresentação

Neste capítulo vamos abordar as questões éticas na vida profissional.

Objetivos

» Conhecer o que é plágio.

» Compreender o papel dos profissionais a luz da ética.

83
CAPÍTULO 6 • Ética na vida profissional

Preâmbulo

Ao se falar em ética na vida profissional temos que colocar em primeiro lugar a dignidade humana,
a liberdade, a autonomia e a proteção dos participantes nos diversos ambientes de trabalho, pois
os seres humanos têm que ser preservados em todas as situações.

Nenhum profissional tem o direito de expor quem quer que seja ao constrangimento ou a
situações desagradáveis.

A ciência e a tecnologia evoluíram muito, inclusive provocaram mudanças na vida e no


comportamento das pessoas, mas, também, devem estar direcionadas para benefício à sociedade
na busca do bem-estar social. A qualidade de vida deve vir de saída. As presentes e futuras
gerações deverão estar resguardadas com relação à defesa e preservação do meio ambiente e
dos seus próprios direitos.

A Segunda Guerra Mundial provocou diversos desrespeitos ao ser humano com relação às
pesquisas científicas e às experiências humanas. Tais desrespeitos implicaram uma série de
ações que visaram coibir e impedir a repetição de tais pesquisas, experiências e fatos terríveis
ocorridos no decorrer do grande conflito. Assim, na busca de se erguer os pilares para garantir
a dignidade, a liberdade e a autonomia humana, nasceram uma série de documentos como
o Código de Nuremberg, de 1947, e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948.
Acrescenta-se a tais documentos internacionais, os seguintes:

» a Declaração de Helsinque de 1964, com as suas versões posteriores de 1975, 1983, 1989,
1996 e 2000;

» o Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, de 1966;

» o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, de 1966;

» a Declaração Universal sobre o Genoma Humano e os Direitos Humanos, de 1997;

» a Declaração Internacional sobre os Dados Genéticos Humanos, de 2003, e

» a Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, de 2004.

A importância do cuidado ético com as pesquisas científicas podemos constatar na Lei no 13.146,
de 6 de julho de 2015, que instituiu a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto
da Pessoa com Deficiência). No capítulo II de Direito à Vida, em seu artigo 12 está preconizado:

O consentimento prévio, livre e esclarecido da pessoa com deficiência é


indispensável para a realização de tratamento, procedimento, hospitalização e
pesquisa científica.

84
Ética na vida profissional • CAPÍTULO 6

§ 1o Em caso de pessoa com deficiência em situação de curatela, deve ser assegurada


sua participação, no maior grau possível, para a obtenção de consentimento.

§ 2o A pesquisa científica envolvendo pessoa com deficiência em situação de


tutela ou de curatela deve ser realizada, em caráter excepcional, apenas quando
houver indícios de benefício direto para sua saúde ou para a saúde de outras
pessoas com deficiência e desde que não haja outra opção de pesquisa de eficácia
comparável com participantes não tutelados ou curatelados.

Observe a preocupação da legislação em manter os direitos, bem como a preservação da pessoa


com deficiência nos casos em que tiver que participar de uma pesquisa científica, mas ressalvamos
que tais cuidados valem para qualquer ser humano.

Do exposto, lembramos que não basta ter a autorização, mas o esclarecimento do que é a pesquisa,
seus objetivos, riscos e o que se espera dos resultados.

Questões éticas em trabalho

A realização de qualquer trabalho tem sido marcada por problemas graves que estão intimamente
ligados com a falta de ética. A reprodução de trabalhos (inteiros ou em parte) sem a devida citação
e a falta de destaque de autoria se tornou uma prática comum. A reprodução de trabalhos inteiros
e o aproveitamento de ideias de colegas no ambiente de trabalho também tem sido praticada no
dia a dia. Não há o reconhecimento da fraude e da corrupção em si pelo autor, pois é afirmado
que trata-se do “jeitinho brasileiro”.

Muitas vezes, diversas pessoas acham que um trabalho acadêmico é “algo” simples, sem
responsabilidade e que só tem valor para uma nota de aprovação (avaliação) escolar. Isso se
agrava no Brasil porque a prática do trabalho acadêmico/escolar não tem o reconhecimento de
sua importância por parte da própria família. Nasce com a ideia de que a escola é lúdica e que
as atividades ali desenvolvidas são diversões e o importante é o “passar de ano”, não interessa
como. Independentemente, não se identifica que a aprendizagem de um novo conhecimento é
mais importante do que a obtenção do diploma.

Em resumo, a visão do aluno não é de crime, mas de esperteza de levar vantagem em tudo. Assim, é
fundamental a mudança comportamental desse quadro com a criança, desde os primeiros passos
na escola, aprendendo o que representa o plágio, a “cola”, a autorização da entrada de terceiros
em seu trabalho sem ter participado e a assinatura da folha de frequência por outra pessoa (aqui
tem uma falsificação de assinatura ou rubrica), tendo em vista que todas essas situações implicam
fraudes (não interessa se não foi visto ou não teve ninguém prejudicado pelo ato).

85
CAPÍTULO 6 • Ética na vida profissional

O desenvolvimento de valores e princípios se torna imprescindível para a formação de outra


“cultura”, na qual a corrupção é um crime, mas, também é incluído neste grupo:

» o plágio;

» a compra de um smartphone em um ambulante, sem se preocupar com a origem e


sem perguntar por que um produto de R$ 3.000,00 está sendo vendido por R$ 300,00
(alimentação do furto e roubo);

» a compra de produtos piratas;

» as outras vantagens que se tem a certeza de ser imoral, embora com legalidade;

» Quando se tem um plágio na escola se tem dois grandes erros sendo cometidos ao
mesmo tempo:

› a avaliação escolar, que serve para medir e avaliar se o conhecimento ensinado foi
aprendido e, no caso de cópia, a aprendizagem é nula ou com esta tendência;

› a valorização do trabalho acadêmico é a construção de um novo conhecimento, o


que não ocorre quando se copia um trabalho.

Inicialmente, cabe apresentar a definição de propriedade intelectual dada pelo Jb Adim apud
Jusbrasil (2015):

Expressão genérica que pretende garantir a inventores ou responsáveis por


qualquer produção do intelecto (seja nos domínios industrial, científico, literário
e/ou artístico) o direito de auferir, ao menos por um determinado período de
tempo, recompensa pela própria criação. Segundo definição da Organização
Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI), constituem propriedade intelectual
as invenções, obras literárias e artísticas, símbolos, nomes, imagens, desenhos
e modelos utilizados pelo comércio. A propriedade intelectual abrange duas
grandes áreas: Propriedade Industrial (patentes, marcas, desenho industrial,
indicações geográficas e proteção de cultivares) e Direito Autoral (obras literárias
e artísticas, programas de computador, domínios na Internet e cultura imaterial).
Constitui crime contra a propriedade intelectual, violar direito de autor de obra
literária, científica ou artística. Idem, atribuir falsamente a alguém, mediante o
uso de nome, pseudônimo ou sinal por ele adotado para designar seus trabalhos,
a autoria de obra literária, científica ou artística. (grifos nossos).

A propriedade industrial e o direito autoral que foram destacados acima são imprescindíveis de
serem atendidos em nossos trabalhos acadêmicos ou não.

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Ética na vida profissional • CAPÍTULO 6

Papel do orientador de um trabalho acadêmico

O papel do orientador de trabalhos acadêmicos não tem sido fácil no grave cenário do plágio,
mas muito complexo tendo em vista que cabe a ele constatar e buscar educar o aluno na correção
de um comportamento que está impregnado na pessoa. Esta não aceita a crítica e a exigência
para alterar para construir um conhecimento seu, pois o importante é alcançar o diploma a
qualquer preço.

Além de não concordar com a mudança, ele, muitas vezes, argumenta que não plagiou, não
copiou e cria uma situação desagradável, desejando provar que não fez o plágio. Mais tarde,
no ambiente de trabalho a constatação de situações similares corresponderá a sérios prejuízos
para o seu emprego.

Atualmente, existe uma série de softwares que permite verificar cópias de trabalhos e que são
usados com frequência pelos orientadores e pelas instituições de ensino. As punições das
instituições de ensino têm sido pesadas e os alunos acabam perdendo os cursos.

Entenda, o orientador, ao devolver um trabalho


Atenção
por identificar plágio, cópia ou qualquer outro
problema ligado ao tema, está zelando pelo Roubar uma ideia ou copiar integralmente ou
seu próprio nome, pela instituição de ensino e, parcialmente um texto é um crime, ou seja, o plágio é o
crime, porque ambos têm uma propriedade intelectual.
principalmente, pelo aluno.
(Ver artigo 184 do Código Penal e Lei no 10.695/2003).

Papel do profissional no ambiente de trabalho

A importância da ética com relação à produção do conhecimento é muito grande e as atitudes


de todos os envolvidos (profissionais e pesquisadores) implicam sempre em se pensar antes de
agir nas diversas atividades.

Um ponto se refere trabalhar com profissionalismo. Este corresponde não só a competência


e habilidades técnicas para o exercício de uma função, mas principalmente as atitudes. Deste
modo, a ética se torna elemento fundamental para a sobrevivência no mercado de trabalho. A
relação é direta entre profissionalismo e ética.

Em suma, não é só o Conhecimento Técnico que irá garantir o sucesso profissional, mas o seu
comportamento, as suas ações e as suas responsabilidades. E o grande cuidado corresponde ao
comportamento do profissional com relação à comunicação e as redes sociais. O domínio das
tecnologias de comunicação é imprescindível, entretanto, as atitudes nas redes sociais têm que
ser responsáveis, pois tem um peso considerável no sucesso da carreira profissional. Não pode
ser esquecido que quando alguém responde com grosseira ou intolerância a qualquer postagem
que contraria a sua ideia, ela está demonstrando não só falta de educação, mas também que não

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CAPÍTULO 6 • Ética na vida profissional

tem competência para trabalhar em equipe. Cuidado, você está em rede e sua postagem pode
ser do conhecimento da empresa onde trabalhe ou deseja emprego.

Você tem que saber o que a organização ou empresa espera do seu exercício profissional, pois
não fique enganado que a preocupação da organização ou empresa seja apenas operacional.
A sua imagem é importante e mais uma vez as suas atitudes devem estar de acordo com um
padrão de conduta. Assim, observe algumas questões fundamentais relacionadas a ética e que
devem ser refletidas:

» Cale em vez de criticar. No ambiente de trabalho não fique criticando seus colegas,
apontando erros ou defeitos, pois pense quando alguém faz uma crítica, mesmo que
tal crítica seja construtiva, ela não é aceita. Cuidado ninguém gosta de ser criticado.
Busque ajudar.

» Evite julgar as pessoas e substitua a sua atitude pela análise dos comportamentos.
Muitas vezes se tem a tendência ou o hábito de julgar colegas de trabalho pela aparência
e até se desenvolve um erro de avaliação denominado halo (repetição continuada de
uma avaliação preliminar – pela vista). Assim, em vez de julgar, procure analisar cada
situação caso a caso. Contribua para ajudar e obter resultados do colega.

» Dê sugestões em substituição as reclamações. Evite viver reclamando e procure dar


sugestões. A reclamação não agrega valor e apenas contribui para deteriorar o ambiente
de trabalho, bem como irá pesar na avaliação sobre você.

» Procure criar soluções em vez de apontar problemas. Uma empresa procura profissionais
que sejam proativos e que tenham atitudes vencedoras. Assim, é inadmissível que um
profissional aponte só problemas, evitando a busca das soluções. Observe que frases
negativas como: “isto não dará certo”; “já fizeram isto antes e os resultados foram
negativos” e outras tem que ser evitadas.

» Evite só justificar erros, mas aprenda com os seus erros. É comum as pessoas justificarem
e dar explicações de seus erros, mas procure aprender com eles se desenvolvendo e
crescendo na vida profissional em vez de ser o explicadinho.

Junte as sugestões dadas acima na busca de se tornar um profissional criativo e inovador, e com
capacidade de trabalhar em equipe.

No primeiro capítulo foi falada que estamos na Era do Conhecimento. Schwab (2016, p.102)
ao escrever o que denomina de “A Quarta Revolução Industrial” apresenta um quadro que é
reproduzido abaixo e é excelente para a reflexão sobre a ética:

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Ética na vida profissional • CAPÍTULO 6

No limite ético

Os avanços tecnológicos estão levando para as novas fronteiras da ética. Devemos


usar os incríveis avanços da biologia apenas para curar doenças e reparar lesões,
ou devemos também aprimorar nossa natureza humana? Se aceitarmos a segunda
proposta, corremos o risco de transformar/paternidade em uma extensão da
sociedade de consumo e, nesse caso, fica a questão será que nossas crianças
poderiam tornar-se bens como se fossem objeto de desejo feitos sob encomenda?
E o que significa ser “melhor”? Correr mais rápido? Estar livre de doenças? Viver
mais tempo? Ser mais inteligente? Ter uma certa aparência?

De forma similar, inteligência artificial (IA) também nos impõe questões complexas
e fronteiriças. Considere a possibilidade de máquinas que antecipem nossos
pensamentos ou até mesmo os ultrapassem. A Amazon e a Netflix já possuem
algoritmos que preveem quais filmes e livros você talvez queira ver e ler. Sites de
namoro e de colocação profissional sugerem parceiros e empregos – em nossa
vizinhança ou em qualquer lugar do mundo – que os seus sistemas imaginam
que se não mais convenientes para nós. O que faremos? Confiar no conselho
dado por um algoritmo ou naquele oferecido por familiares, amigos ou colegas?
Consulta um médico-robô controlado por inteligência artificial que poderia
dar diagnósticos corretos, perfeitos ou quase perfeitos – ou ficaríamos com o
médico humano que nos conhece há anos e mantêm aquele comportamento
tranquilizador ao lado da cama?

Ao imaginarmos esses exemplos e suas implicações para os seres humanos,


estamos em território desconhecido – a alvorada de uma transformação humana,
diferente de tudo que já experimentamos anteriormente.

Outra questão importante refere-se ao poder da inteligência artificial e da


aprendizagem automática. Se nosso próprio comportamento tornar-se previsível
em todas situações, qual seria o tamanho da liberdade pessoal que temos ou
imaginamos ter para nos desviarmos da previsão? Será que isso poderia levar
a uma situação em que os seres humanos começarão a agir como robôs? Isso
também leva a uma questão mais filosófica: como manter nossa individualidade,
a fonte da nossa diversidade e democracia, na era digital?

Este texto já coloca em questão a redefinição e o significado do próprio ser humano, ou seja,
deve ser repensado em permanentes discussões éticas e morais, bem como raciocinados
individualmente ou coletivamente. (SCHWAB, 2016).

Schwab (2016) reforça que as incríveis descobertas da tecnologia podem ser manipuladas
e utilizadas para atender interesses pessoais e não públicos. A inteligência artificial embora
controlada nos dias de hoje, poderá no futuro não sê-la e as consequências podem ser sérias
para uma sociedade muito desigual.

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CAPÍTULO 6 • Ética na vida profissional

Quero x Devo X Posso

A questão dos verbos querer, dever e poder tem um significado especial para a reflexão com
relação a se ter uma conduta ética (correta). A relação entre eles é para ser pensada, pois não é
possível querer algo e não poder comprar, mas se resolve obter a qualquer preço.

» Um exemplo simples ocorre quando desejo um CD musical, não posso comprar, mas
vou compro um CD pirata. Não se pode afirmar que a pessoa que defende a compra na
loja é porque se faz o ético porque tem dinheiro.

» O mesmo ocorre no momento em que se usa a faixa preferencial de ônibus, nos grandes
centros urbanos, para fugir do engarrafamento com seu carro particular.

» De avançar os sinais fechados ou falar ao celular dirigindo.

» De ofender o motorista do outro carro porque dirigindo em velocidade menor do que


ele deseja.

» Parar em faixa de travessia de pedestres ou fechar o cruzamento de duas ruas.

» Solicitar ou combinar com um médico um recibo para pagar menos imposto de renda
e junto com o médico criticar o governo como corrupto.

» Comprar um celular de terceiros sem consultar a origem.

» Solicitar auxílio previdenciário sem ter direito.

» Levar um atestado médico falso para justificar a falta do filho à escola.

» Beber e procurar onde tem ações com Lei Seca para poder dirigir sem correr o risco de
ser parado e punido.

» E pode se apontar uma série de outros exemplos cuja direção, na verdade é do mal.

Esta série de ações são antiéticas e fazem parte de uma cadeia com elos que vão do
pequeno problema até os grandes casos que afetam o país. É importante esclarecer
que em uma empresa onde o chefe é ético, responsável, fatalmente os funcionários o
serão. O mesmo acontece com a relação onde o chefe é antiético.

É comum se ouvir que uma pessoa que alcançou o sucesso foi porque tem “jeito”,
“vocação” ou “talento”, mas geralmente, esquecendo que a pessoa trabalhou muito para
conseguir aquele sucesso.

Não existe o desenvolvimento de um país onde somente a sociedade é ética e o governo não o
é, e no sentido inverso acontece a mesma coisa. Observe que em países desenvolvidos ocorre o
alinhamento em Estado e sociedade.

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Ética na vida profissional • CAPÍTULO 6

Um exemplo acontece em Berlim onde o ônibus não tem catraca e as pessoas não fraudam o
bilhete porque ninguém está vendo.

A ética é direcionada ao bem.

Sintetizando

Vimos:

» O que é plágio.

» Os riscos de seu uso.

» O papel dos profissionais com relação à ética.

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