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Brasília-DF.
Elaboração
Paulo Lima
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO.................................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
NOÇÕES INICIAIS ..................................................................................................................... 9
CAPÍTULO 2
PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES FILOSÓFICAS............................................................................... 16
CAPÍTULO 3
A RELIGIÃO NA SOCIEDADE.................................................................................................... 31
CAPÍTULO 4
RELIGIÃO E SOCIEDADE NOS ESTUDOS ANTROPOLÓGICOS..................................................... 39
CAPÍTULO 5
SEITAS E A RELIGIÃO E SOCIEDADE.......................................................................................... 42
UNIDADE II
ANTROPOLOGIA DA RELIGIÃO.............................................................................................................. 48
CAPÍTULO 1
NOÇÕES INICIAIS.................................................................................................................... 48
CAPÍTULO 2
A RELIGIÃO, A MAGIA E A CIÊNCIA EM FILOSOFIA................................................................... 54
REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 67
ANEXO............................................................................................................................................. 69
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
5
Atenção
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
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Introdução
Neste material você terá contato (talvez o primeiro) com assuntos de extrema relevância
para o processo de desenvolvimento do pensamento humano. Terá acesso também a
informações concisas e contundentes acerca de pensamentos filosóficos que regeram e
regem a forma de pensar humana moderna e contemporânea.
Serão apresentadas, não de modo exaustivo, ideias dos principais e mais proeminentes
filósofos que tratam de sociologia, bem como seus principais pensamentos sobre religião.
É importante ressaltar que o aluno aplicado não se limitará a acreditar que todos os
conhecimentos virão deste material. Ao longo dos estudos fará pesquisas em paralelo
para buscar informações de assuntos que não conhece, como forma de enriquecer e
complementar seus estudos em materiais de apoio.
Bons estudos!
Objetivos
»» Analisar conceituação sociológica secular e cristã.
7
8
SOCIOLOGIA DA UNIDADE I
RELIGIÃO
CAPÍTULO 1
Noções iniciais
O homem é um ser social, já dizia Aristóteles1, mas Ferguson e Wright (2009) expõem
que Claude Saint-Simon (1760-1825), Auguste Comte (1798-1857) e Émile Durkheim
(1858-1917) são os fundadores da Sociologia da Religião no século XIX.
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UNIDADE I │ SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO
Para Champlin (1997), define-se Sociologia como “a ciência que trata da origem e da
evolução da sociedade humana e dos fenômenos sociais, do progresso da civilização e
das leis que controlam as instituições e funções humanas”.
A sociologia da religião, todavia, não deve ser tomada como que a serviço
das igrejas, muito menos como exercício de manipulação de estatísticas
sagradas, embora sejam valiosas suas informações para a missão cristã.
Tem finalidade mais ampla, a saber, a interpretação dos relacionamentos
de religião e sociedade. Trabalhando com análise histórica e cultural, a
sociologia da religião trata de questões como o padrão das ligações entre
Igreja e Estado (este, o enfoque do citado livro de Martin) e o tremendo
crescimento dos “novos movimentos religiosos” tanto no Oriente como
no Ocidente, durante as últimas décadas (FERGUNSON; WRIGHT,
2009, p.936).
Por sua vez, Cipriani (2007, p.7), em seu Manual de Sociologia da Religião pensa que
a fórmula mais simples para definir sociologia da religião consiste em:
A Sociologia, segundo Max Weber, é a ciência da ação social, que quer compreender
interpretando, na qual o desenvolvimento quer explicar, socialmente. Os três termos
fundamentais são, aqui, segundo Aron (2009):
1. compreender (verstehen);
2. interpretar (deuten) e;
3. explicar (erklären).
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SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO │ UNIDADE I
A ação social é um comportamento humano, isto é, uma atitude interior ou exterior que
se volta para a ação ou para a abstenção.
Aqui as estatísticas aparecem como ferramenta fundamental, de onde se extraem conclusões baseadas em dados.
Escola Empírica
Assim o que é quantificado e empiricamente verificável é melhor do que a subjetividade social.
As tendências sociais se evoluem, assim como acredita Comte (da teologia para o positivismo), porém, não somente
Escola Evolucionária ai, mas em outros pontos como estágios sociais que partiram do feudalismo para democracia, da fase mágica para a
científica, portanto aqui, a sociedade evolui em todos os aspectos.
Foca nas diferenças sociais e compartimentalização da religião, resultando em envolvimento de instituições diversas. A
Escola Funcionalista religião, portanto aqui, é vista como uma espécie de vestimenta mental dessas instituições, uma vez que considera que
a sociedade se exprime através dos ritos e da mágica.
Aqui se destaca a história e seus conflitos sociais com potenciais mudanças. A religião é tratada como uma força que
Escola Marxista não contribui para o bem do povo, uma força usada pelas classes dominantes para oprimir as classes dominadas. As
crenças religiosas são consideradas superstições prejudiciais, que servem somente para escravizar os homens.
Acredita-se aqui que os fenômenos sociais criam as crenças, e as crenças de grupos por sua vez criam religiões
Escola Fenomenológica específicas. Deste modo, os fenômenos naturais se enquadram podendo ser forças da natureza boas ou ruins, também
criadoras de crença.
Em Max Weber tem-se o interesse principal nas tensões que ocorrem entre os valores religiosos e os de outras
Escola de Weber e considerações, como os da economia, estética, política, envolvendo até mesmo os eróticos. Com os conceitos novos
Troelstsch de liberdade, iniciativa pessoal e democracia, aqui se vê no protestantismo o surgimento de uma força necessária para
o nascimento do mundo moderno. Troeltsch também estudou atitudes dos diferentes grupos cristãos.
Não deixe de atribuir noções e concepções dos filósofos acima, bem como os
que serão abordados ao longo de nosso conteúdo, com alguma perspectiva
sociológica sobre a Religião.
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UNIDADE I │ SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO
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SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO │ UNIDADE I
Não iremos aqui tratar em detalhes de cada uma dessas religiões, tampouco das
mais aderidas além destas. Diante disso, o bom aluno fará pesquisas sobre as
religiões que desconhece para fortalecer seu pensamento e posicionamento2.
Por ser um assunto um tanto quanto complexo e vasto, precisamos encaixar minimamente,
de certa forma lógica, o que estudaremos ao longo do material. Desta forma começaremos
com uma visão geral das concepções dos filósofos mais proeminentes neste campo,
veremos assuntos que tangenciam nosso contexto, um pouco mais a fundo a visão dos que
de fato influenciam ramos diversos filosóficos e esboçaremos alguns temas importantes
que não poderão deixar de serem citados.
Este sociólogo distingue religiosidade de religião, em que religiosidade precede a religião enquanto forma interior de experiência
humana, desta forma não seria mais que uma historicização, ou seja, uma transposição empírica, concretizando o plano
Simmel
organizativo, no que tange as diferentes ramificações da igreja. A religião é produto cultura, criado por meio da longa frequência
interpessoal e mediante numerosas experiências interativas.
Em suas concepções Física Social (nada mais é do que o atual termo utilizado Sociologia. Ele [Comte] acredita que os estudos
sociais representavam em semelhante grau os estudos físicos científicos e empiristas, isento de subjetividade, mas baseado em
Comte dados empíricos). Fundador da filosofia positivista, Comte cria que a teologia é um pensamento ultrapassado da sociedade, a
metafísica é melhor e mais confiável, porém sempre seu objetivo era alcançar o positivismo e defendia que todo homem deveria
buscá-lo, pois neste sim, residiria a objetividade humana.
“Uma religião é um sistema solidário de crenças e de práticas relativas a entidades sagradas, isto é, separadas, interditas;
crenças e prática que unem em uma mesma comunidade moral, chamada igreja, todos os aderentes”. Os conteúdos
Durkheim substantivos são aqui as crenças, as práticas, as inatingíveis entidades sagradas, a igreja. Uma definição anterior [DURKHEIM
1996:67] fala, ao contrário, de fenômenos religiosos e não de religião, enquanto não acena à comunidade e nem seque ao
sagrado.
Não forneceu uma definição precisa da religião. Podemos, entretanto, conseguir alguns indícios significativos dela, dispersos em
suas obras [...] Insiste, ao invés, sobre a dimensão da ação, quando afirma que “o agir religiosamente ou magicamente orientado
Weber toma sua consistência originária em um processo mundano [...]. Há, portanto, uma sólida relação entre dimensão religiosa e
dimensão terrena [...]. O que permanece definido, em todo caso, é a intenção de Weber: estudar o agir religioso coletivo, isto
é, em comunidade, e a referência a potências sobrenaturais.
A função da religião, para Luckmann, é a de reduzir a incerteza e a complexidade, de determinar aquele que aparece
indeterminado, de tornar acessível o inacessível. A própria dimensão sobrenatural torna-se útil enquanto serve para reduzir
Luckmann a complexidade. Mas, sobretudo, a religião é um sistema no qual a referência ao divino falta, aquele que dá significado está
ausente. A única referência do sistema religioso é a si próprio. Ele é autopoiético, autocriativo, autoconstrutivo. A religião é
definível como concepção do mundo.
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UNIDADE I │ SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO
Dentro de um pensamento positivista, Freud não via nada de sobrenatural na religião. Via a religião como um consolo ilusório
para evitar a neurose, uma espécie de consolo para solução de problemas. Uma projeção da imagem paterna, através de
direitos e deveres, em Deus. Freud via nisto um pensamento infantil, assim como a vida eterna, com isto o fim das religiões
Freud para ele era certo quando a humanidade atingisse o ponto de maturidade ideal, não precisando mais de Deus para preencher
pensamentos infantis. Deste modo, a ciência, para ele, se tornaria o fator direcional no futuro, abdicando a crença religiosa.
Como sempre estudo pessoas psicologicamente doentes, ele atribui a depravação até mesmo às crianças (uma espécie de
Calvino secular), deste modo, pouco estudou de fato a religião saudável.
William James popularizou o termo ´pragmatismo´; A consciência seria uma função, e não uma entidade. Via que a posição
humana não é aceita como apenas neutra, mas partidária. Via que existem evidências que comprovam a espiritualidade
humana, a qual os céticos não creem, mas também defendia que os religiosos superestimam as evidências em seu favor.
James
James chegou à conclusão de que há um aspecto nas experiências humanas que merece ser investigado, embora ultrapasse à
razão, conferindo-nos uma base para crer na existência da alma e em sua sobrevivência diante da morte física, além de nos dar
um ângulo diferente de considerarmos a atual natureza humana e suas potencialidades.
O filósofo e teólogo Friedrich Daniel Ernst Schleiermacher considera a religião essencialmente como um “sentimento de
Schleiermacher dependência absoluta” do ser finito em relação ao infinito, entendido como realidade do mundo ou também como Deus. O
“sentimento” ou “autoconsciência absoluta” é a consciência religiosa de um ser divino.
Para ele não é o homem à imagem de Deus, mas é este último que resulta uma sombra projetada pelo próprio homem, que se
“auto-aliena” no absoluto da divindade. A religião, e a cristã em particular, é a relação do homem com sua essência. Deus, pois,
é fruto da mesma essência humana, que é elevada ao plano metafísico e se torna objeto de devoção. O divino é, de qualquer
Feuerbach modo, profunda e essencialmente humano [...]. A essência do homem não está em Deus e na religião, e sim no próprio
homem, Deus e as religiões são uma alienação, um sair do homem para fora de si mesmo. É preciso, ao contrário, voltar ao
homem, antropologizando a religião e Deus, por meio da consciência de que se trata de projeções humanas. Negando a Deus e
à religião, se afirma o homem. E, portanto, o homem se torna Deus, não o contrário.
Para Marx a religião não é suficientemente operativa, permanecendo no limiar da revolução, sem jamais atravessá-lo. Lutar
Marx contra a religião é, para Marx, fundamental, uma vez que significa lutar contra a própria realidade dada. Para ele é simplesmente
uma alienação, assim como um sol ilusório, ainda sim, não é um bom crítico do capital quem não é um bom crítico da religião.
De acordo com Spencer, a sociedade assemelha-se a um organismo biológico, sendo o crescimento caracterizado pelo
aumento da massa; o processo de crescimento dá origem à complexidade da estrutura; aparece nítida interdependência entre
as partes. A vida da sociedade e a do organismo biológico são muito mais longas do que a de qualquer de suas partes ou
Herbert Spencer unidades. Especificamente no que tange às sociedades, para Spencer, a História demonstra a diferenciação progressiva das
(1820-1903) mesmas de pequenas coletividades nômades, homogêneas, indiferenciadas, sem qualquer organização política e de reduzida
divisão de trabalho, as sociedades tornam-se cada vez mais complexas, mais heterogêneas, compostas de grupos diferentes,
mais numerosos, onde a autoridade política se torna organizada e diferenciada, aparecendo uma multiplicidade de funções
econômicas e sociais, exigindo maior divisão de trabalho.
Para o alemão a vontade essencial compreende a tendência básica, instintiva e orgânica, a qual norteia a atividade humana; a
Ferdinand Tönnies vontade arbitrária é a forma deliberada, propositada, voluntária, que determina a atividade humana em relação ao futuro. Tais
(1855-1936) vontades essenciais são (1) desejo, (2) hábito e (3) memória. Já a vontade arbitrária se apresenta também nas três formas de
(1) reflexão, (2) conveniência e (3) conceito.
O francês salientou os três processos básicos que são o da (1) repetição, (2) oposição e (3) adaptação. A primeira adora a
Gabriel Tarde forma de imitação a nível psíquico e social. Já a oposição toma as formas de (a) ritmo e (b) conflito. Adaptação é o fenômeno
(1843-1904) que dá origem a um novo equilíbrio, depois da oposição. Cada nova adaptação é, na verdade, uma invenção, de modo que o
processo se repete continuamente: invenção-imitação, oposição e adaptação.
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SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO │ UNIDADE I
O norte-americano tem como enfoque primordial a Teoria Orgânica, na qual a sociedade se origina de um modo complexo de
Charles H. Cooley forças e processos que evoluem através do processo de interação, criando, com isto, um todo unificado, onde cada uma das
partes tem influência sobre as demais. Sociedade e indivíduos, para ele, são simplesmente aspectos provenientes da mesma
(1846-1929) coisa, e não fenômenos separados: um grupo, ou uma sociedade, não existe fora de uma visão coletiva das pessoas. Assim
como o indivíduo, ou pessoa social, não existe isolado do grupo.
Italiano, que teve como maior contribuição a Teoria Sociológica. Concepção a qual a sociedade é vista como um sistema
Vilfredo Pareto em equilíbrio, compreendendo por sistema todo consistente, formado de partes interdependentes; deste modo, a mudança
em qualquer parte afeta as outras e o todo. E qualquer tempo, o estado de um sistema social é determinado por algumas
(1848-1923) condições, como (1) meio extra-huamano, condições físicas (solo, clima, flora e fauna); (2) elementos exteriores à sociedade
estudada (sociedades e/ou estados anteriores) e (3) elementos internos (sentimentos, e interesses).
O russo Sorokin, naturalizado americano, conceitua “Sociologia” como o estudo das características gerais comuns a todas
Pitirim A. Sorokin as classes de fenômenos sociais, da relação entre essas classes e da relação existente entre os fenômenos sociais e os
não sociais. Seu conceito de interação sociocultural inclui três componentes não separáveis e inter-relacionados de (1)
(1889-1968) personalidade; (2) sociedade e (3) cultura. Os sistemas formados socioculturais são denominados supersistema, em que se
leva em conta o (1) sensivo; (2) ideacional; (3) idealístico e (4) misto como fundamento da teoria de transformação social.
Norte-americano, que teve como primeira contribuição a indicação do objeto de estudo da Sociologia, ou seja, a ação
Talcott Parsons social. O cerne de suas concepções é a Teoria Sociológica, pois para ele a estrutura é a resultante do processo de
institucionalização, isto é, tradução dos elementos culturais – ideias, valores e símbolos – de caráter geral em normas de ação.
(1902-1979) Para ele, quatro problemas são fundamentais de ajustamento, enfrentados por qualquer sistema social, os quais fazem parte a
(1) estabilidade normativa; (2) integração; (3) consecução e (4) adaptação.
Também norte-americano, Merton combate a pressuposição básica de que todos os elementos da cultura são funcionalmente
Robert K. Merton inter-relacionados, ou seja, que os itens culturais e individuais se integram em sistemas. Desenvolveu novos conceitos
(1910-2003) funcionais destinados a tornar relativos os postulados criados por ele, onde a (1) noção de equivalente funcional ou de
substituto funcional; (2) noção de disfunção; (3) distinção entre função manifesta e latente, fazem parte.
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CAPÍTULO 2
Principais contribuições filosóficas
Figura 1.
Fonte: http://viadoconhecimento.com/images/Auguste-Comte-1850.jpg.
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SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO │ UNIDADE I
Para Comte, portanto, a lógica da evolução da história humana se dá por essas três eras,
onde de maneira crescente tem-se a teologia como a de menor importância. Para Thomas
Kuhn (1964) a ciência tende a uma normalidade em seus critérios, instaurando-se uma
anomalia, dá-se que uma crise, etapa a qual tenta-se resolver o problema de diversas
formas, porém, como falamos, a objetividade, ao contrário do que Comte acredita, não é
certa, mas contaminada por teorias (ideia que converge com concepções popperianas).
Tal conceito de Comte é de fundamental importância, uma vez que influenciou diversos
filósofos e posições positivistas atuais:
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UNIDADE I │ SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO
Fonte: http://versobooks-prod.s3.amazonaws.com/images/000002/450/Weber__Max-777bd3f095c938b04d08f286b5916778.jpg
Para o filósofo alemão Max Weber, em sua notável e famosa obra A Ética Protestante
e o Espírito do Capitalismo, o pensamento da origem social do capitalismo hodierno
é proveniente do movimento protestante calvinista, de acordo com a cosmovisão de
predestinação teológica de João Calvino. Weber não via um futuro promissor da religião
na Idade Moderna.
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SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO │ UNIDADE I
Max Weber, de fato, não cria na Física Social de Comte, uma vez que acredita que a
total neutralidade e imparcialidade na observação social é impossível, portanto a
Física Social não seria objetiva em sua totalidade, desta forma a aplicação do termo
“sociologia”, muito embora também não cria que deveria ser partidária, admitia a
demarcação ciência e metafísica.
Um sinal de que o indivíduo é predestinado por Deus é o fato de que ele acumula
riquezas pelo trabalho duro, porém, desprezando gastos fúteis como luxo, de acordo e
em função da ética do pensamento calvinista.
Vimos aqui que a locomotiva da propulsão capitalista fora, em Weber, o espírito ascético
protestante, em que, ao se livrar de todos os gastos da carne e em seus mais diversos
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UNIDADE I │ SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO
fins e ramificações, onde havia concentração protestante, desde a Idade Média, havia
concentração monetária, tornando os habitantes das terras ocupadas pelos de natureza
protestante, em sua grande maioria, detentor de muitos bens.
Como exposto acima, Weber esboçou de forma clara e precisa que a busca de lucros e
ascetismo pelos protestantes foram os principais fatores que levaram ao pensamento
capitalista, ou em suas palavras “espírito capitalista”.
O humanismo do século XIX se deu pelos ensinamentos religiosos desse tempo, levando
a Inglaterra a abolir a escravatura, bem como tornou a vida dos operários industriais
um tanto quanto menos escorchantes.
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SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO │ UNIDADE I
É nítido que a influência religiosa teve fulcral parte na sociedade e não o contrário, ritos
e mitos sempre estiveram presentes, e essa experiência tem total ação no “mundo” ou
em outros termos, o secularismo para o cristianismo.
Obviamente, até mesmo esta posição pode gerar dúvidas, uma vez que Cristo afirmou
que se amigo do mundo, inimigo de Deus5, contudo, aqui trata-se da criação como boa
e não as consequências de efeitos humanos e espirituais.
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UNIDADE I │ SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO
Cipriani (2007) trata sobre a concepção weberiana da política, a qual se faz fundamental
discrepância entre (1) autoridade carismática, (2) tradicional e (3) legal. Desta forma,
são os três fundamentos da legitimidade do Estado para Max Weber:
O conceito de patrimonialismo para Weber é uma maneira que o poder público trata
das coisas públicas como se fosse privada. Pensamento que insiste até os dias de hoje.
Sendo a validade das considerações de Weber e seus estudos tão importantes, vale a
pena esmiuçar mais um pouco o que este filósofo pensa:
Ainda segundo o autor (LAKATOS, 2010, p.54), a conduta social se apresenta de quatro
maneiras ou categorias:
Sobre a diferenciação social e religião, sendo a religião e sua expressão fundamental para
uma sociedade (visão sociológica não unânime), percebe-se que a influência decisiva da
diferenciação social e estratificação sobre a expressão de experiência religiosa, ainda
sim a diferenciação social pode trazer variadas ênfases em ideias e ritos particulares
na forma de expressar tradicionalmente a experiência religiosa (WACH, 1990). Dentro
deste contexto, o autor vê em Weber:
Figura 3.
Fonte: http://www.larousse.fr/encyclopedie/data/images/1310778-%C3%89mile_Durkheim.jpg
23
UNIDADE I │ SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO
A força que os fatos exercem sobre os indivíduos, dirigindo-os a conformarem-se às regras da sociedade em que
vivem, independentemente de sua própria vontade ou escolha. Tal força manifesta-se quando o indivíduo desenvolve
Coerção Social
ou adquire um idioma, quando é criado e se submete a um determinado tipo de formação familiar ou ainda quando
(Coercitividade)
está subordinado a certo código de leis ou regras morais. Dentro dessas circunstâncias, o ser humano experimenta a
força da sociedade sobre si.
Eles existem e atuam sobre os indivíduos independentemente de sua vontade ou de sua adesão consciente. Ao nascer,
Exteriores aos Indivíduos encontram-se regras sociais, costumes e leis que os indivíduos são coagidos (somos todos) a aceitar por meio de
(Exterioridade) mecanismos de coerção social, como a educação. Não é dada, portanto, a possibilidade de opinar ou escolher, sendo
assim independentemente de nós, de nossos desejos e vontades.
Torna-se social todo o fato que é geral, que se repete em todos os indivíduos ou, ao menos, na maior parte deles;
que ocorre em distintas sociedades, em um determinado momento ou ao longo do tempo. Por essa generalidade, os
Generalidade acontecimentos manifestam sua natureza coletiva, sejam eles costumes, os sentimentos comuns ao grupo de pessoas,
as crenças ou os valores e princípios. Formas de habitação, sistemas de comunicação e a moral que existe em uma
sociedade apresentam essa generalidade.
24
SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO │ UNIDADE I
É evidente que rituais e crenças religiosas sempre existiram, variando de acordo com
seus usos e costumes6.
6 I Co 11.
25
UNIDADE I │ SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO
Sagrado
dependendo do uso.
Tal ponto de vista é bem aceito em termos genéricos (veja mais sobre sagrado x profano
mais a frente do material).
Assim como valores morais subjetivos estão envoltos a tantas crenças e religiões pelo
mundo, muitos criticam a visão de Durkheim quanto ao fator objetividade do estudo
sociológico. São oriundas da visão de que dificilmente um ser humano, sendo ele pensante
e integralmente possuidor de seus próprios pensamentos e crenças, transpassará sem
nenhuma alteração os dados obtidos, quando mais das ações humanas.
Para Thomas Kuhn, filósofo da ciência, em sua notável e ilustre obra A estrutura das
revoluções científicas, sendo a Sociologia uma ciência que estuda a sociedade, para o
cientista, independentemente de sua atividade, possui sistema de valores e crenças,
foca no prestígio social de sua pessoa, está envolto a uma comunidade científica e seu
respectivos modos de visão de mundo, possui interesses pessoais diversos e outros fatores
que influenciarão seu modo de ver, o que para Kuhn, a subjetividade é o que impera na
ciência, muito embora concorde que haja objetividade em critérios científicos, porém,
confusos. Tal concepção diverge de modo contundente com os pensamentos de Durkheim.
26
SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO │ UNIDADE I
A religião também não deve ser definida pelas noções de mistério ou sobrenaturalidade,
que poderiam ser tardias. A noção do sobrenatural de maneira alguma deve preceder a
ideia, igualmente tardia, de uma ordem natural (ARON, 1999).
Por fim, para o que nos basta até aqui, Durkheim extrai do estudo do totemismo uma
teoria sociológica do conhecimento e factualmente não se limite a buscar entender as
crenças e práticas das tribos australianas; tenta, contudo, compreender também as
maneiras de pensar que estão associadas às crenças religiosas.
A religião, desta forma, não é apenas o centro primitivo do qual saíram, por diferenciação,
regras morais e regras religiosas, no sentido escrito, mas é também a origem primitiva
do pensamento científico (ARON, 1999).
27
UNIDADE I │ SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO
Outros Filósofos
Os filósofos contemporâneos também possuem fundamental influência na sociologia
da religião. Muito menos famosos que Weber, Durkheim e Comte, porém, decisivos em
muitas linhas de pensamentos recentes frente ao dorso universal da filosofia perante a
sociológica da religião. De fato existem teístas no campo sociológico filosófico, contudo,
em sua grande maioria, são, em si, agnósticos e ateus.
Lucien Lévy-Bruhl Totalmente contrário a uma visão evolucionista, e para Cipriani (2007) ele partilha várias experiências interdisciplinares
e está presente nos primeiros debates sobre a relação indivíduo e sociedade, posicionando-se em prol das posições de
(1857-1939) Durkheim em relação ao papel central das representações coletivas, presentes também na mentalidade dos primitivos.
Cipriani vê no holandês que ele se detém para falar a o que se assemelha à religião, de seu mostra-se e, deste modo,
do fato de ser um fenômeno, isto é, um objeto em relação a um sujeito que percebe a existência dele. Trocando em
Gerardus Van der
miúdos, é fenomenologia a abordagem do objeto por parte do sujeito. Limita-se a examinar situações concretas, religiões
Leeuw (1890-1950)
histórias precisas; confissões religiosas organizadas. Fundamenta-se na tentativa de conseguir ver aquilo que uma
religião mostra de si mesma.
Para Parsons, que segue linhas durkheimianas, a religião é um conjunto parcialmente integrado de crenças em entidades
Talcott Parsons sagradas ou sobrenaturais e, desta forma, acima do comum. As crenças são inter-relacionadas com as práticas e as
(1902-1979) instituições, que se desenvolveram nas sociedades particulares. Talcott vê na religião uma forma de alcançar um objetivo
esperado e se frustrado, uma maneira de consolação que o gratifica.
Pitirim Sorokin Seu modelo ideal é o sensista, em que impera o empirismo. Passa-se do asceticismo para o ativismo, e esta marca está
(1889-1968) presente em muitos casos de religiosos, defende Sorokin, dessa forma muitos caem automaticamente no modelo sensista.
Ernst Troeltsch Assim como utilizado por Weber a terminologia “seita”, Troeltsch vê que ninguém é obrigado a seguir determinada religião
(1865-1923) severamente, ao contrário das seitas. Assim como Weber, ele abre para o mundo as noções básicas das Ciências Sociais.
Estudioso clássico para as Ciências da Religião, para Cipriani em Otto a racionalidade torna-se o critério de discriminação
para reconhecer uma dimensão religiosa com medida humana. O divino deve ser perfeito naquilo já existente nos seres
Rudolf Otto
humanos. Uma religião torna-se racional se permite uma imaginabilidade do ser divino sobre a mesma amplitude de
(1869-1937)
onda das características do homem, porém exaltadas em grau máximo na divindade. Otto separa bem o sagrado do
profano, sendo o primeiro fulcro para a religião.
Tawney A religião e o capitalismo neste filósofo possui influência direta de Weber. O estudo de Tawney foca-se na história inglesa,
(1880-1962) oposta à tese de Weber, evidenciado o a influência originária do capitalismo sobre o puritanismo, e não o contrário.
Para Cipriani, a preocupação de Niebuhr parece ser a divisão das Igrejas, seu “secionalismo”, que representa
verdadeiramente a “falência ética”. Também o fato de ser caracterizar como igreja ou seita gera efeitos no plano doutrinal
Helmut Richard Niebuhr e moral. Iniciou-se nele a terminologia ‘denominação’. Seu anseio era de uma igreja menos sectária, que transcendesse
(1894-1962) as divisões e superasse os interesses pessoais através do arrependimento e sacrifício. Chinoy defende que Niebuhr trata
as diferenças entre grupos religiosos e as mudanças na crença e na prática aceitas frequentemente se reportam a essas
origens doutrinárias, um “processo de explanação”.
Mircea Eliade Dá prioridades aos mitos e símbolos. Como a presença de elementos ligados às divindades subterrâneas, como a deusa lua
(1907-1986) no mitraismo (veja mais no material didático ´Ecumenismo´), etimologicamente esboçado em re-ligare, se unir, relacionar.
Wach, afirma Cipriani, atribui importância notável ao método, à influência da religião perante a sociedade, à identidade
Joachim Wach
entre grupos sociais e a própria religião, à influência da sociedade sobre a religião. Em um plano metodológico, a
(1898-1955)
preferência de Wach encaminha-se à hermenêutica como teoria da interpretação.
La Bras desempenha papel decisivo na sociologia da religião considerando uma abordagem metodologicamente melhor
Gabriel Le Bras equipada, insofismavelmente no campo estatístico. Ele está convicto e é notoriamente conhecido em afirmar que a
(1891-1970) prática é um indicador suficiente da “vitalidade religiosa”. Seu caráter tem em si aspectos nítidos positivistas, atribuindo
inferências empíricas acima de qualquer outra concepção filosófica.
28
SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO │ UNIDADE I
Fundador de movimentos de concepções sociológicas e forte contribuinte para propagação do assunto iniciado em Weber,
Jacques Leclercq
Durkheim e Comte. Parecido com Le Bras no pensamento empírico, porém divergente em caráter religioso. Le Bras compõe
(1891-1971)
a gama de filósofos preocupados em difundir a evangelização tentando compor juntas as áreas teológicas e sociológicas.
Martino se preocupava com o problema da magia. De acordo com Cipriani, Marino assume o caráter de técnica
protetora, produtora de valores, em grau de plasmar de novo, em chave cultural, as angústias individuais que derivam da
Ernesto de Martino
perda da presença. Isto é, existe uma presença pessoal que arriscar se perder. O risco é superado por meio de formas
(1908-1965)
de resgate, de recuperação da presença. O recurso à magia representa uma das formas mais frequentes de superação
da crise da presença.
François Houtart Consultor do Vaticano II (veja esse assunto mais bem explorado no material “Ecumenismo” de seu curso), Houtart acredita
(1925) no fato da influência da religião sobre a sociedade, mas critica a dinastia eclesiástica católica e favorável ao marxismo.
Henri Desroche (1914- Ex-frade dominicano, influenciado por Le Bras, Desroche teve interesse pelos movimentos inovadores e utópicos com
1994) pano de fundo cristão, estudando com isto seitas além de ser um admirador de Troeltsch.
Hegel
Hegel analisou etapas sucessivas de objetivação, distinguiu com isso o espírito objetivo
e absoluto, sendo que:
29
UNIDADE I │ SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO
30
CAPÍTULO 3
A religião na sociedade
31
UNIDADE I │ SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO
Levando-se o aspecto “comum” em consideração, tais obras são sim dignas de crédito,
baseadas em princípios cristãos e nos Escritos Sagrados inspirados pelo Espírito do
Criador de todas as coisas.
Veja abaixo contribuições significativas que Wach (1990) em sua obra Sociologia da
Religião nos traz:
Movimentos religiosos oriundos das mais diversas culturas sempre tinham ou esperavam
um messias e/ou um líder supremo isento de erros e inspirador. Podemos ver Sidarta
32
SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO │ UNIDADE I
Podemos ver, portanto, que a religião pode contribuir para a continuidade das mais
diversas instituições e relações sociais que existem por meio da atitude que esboça
perante a vida e pelo entendimento ético que transmite à sociedade. Vejamos, ainda
dentro das religiões, o modo de interpretação:
Realizou essa função fomentado explicitamente o fiel cumprimento de obrigações tradicionais e o respeito à autoridade
Confucionismo
tradicional.
Sustenta a ordem existente definindo o mundo como mau e dando ênfase à fuga das suas exigências para uma vida de
contemplação. Esse recolhimento, no entanto, somente faz-se possível aos monges, e fazem-se exigências menos rigorosas
Budismo
aos leigos, os quais detém a posição de religioso inferior e são induzidos a aceitar fatalisticamente as coisas tais como se
apresentam.
Considera o mundo imutável. Sanciona o sistema de castas ligando o fato de uma pessoa no mundo a escarnações passadas,
Hinduísmo sobre as quais, naturalmente, segundo o princípio religioso, não há controle possível. A finalidade do hinduísmo é o alheamento
dos assuntos mundanos e a fuga final à servidão da carne.
Ajudou a manter a ordem social medieval dando destaque ao “drama da salvação” e ao ideal monástico, mesmo quando
tolerava a mundanidade assim na Igreja como entre os leigos; considerava-se a vida neste mundo menos importante do que
Catolicismo
a vida futura, e os trabalhos e dificuldades deviam ser suportados enquanto se aguardava a felicidade eterna. Encarava-se a
ordem hierárquica da sociedade, até certo ponto, como divinamente ordenada.
33
UNIDADE I │ SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO
Contudo, o cristianismo afirma que a única forma de verdade está em Jesus, e por meio
das Sagradas Escrituras é que Deus se revela ao homem, sendo que, quem crê será
salvo, mas quem não o fizer será condenado7.
7 Mt 16.16.
34
SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO │ UNIDADE I
Na cultura grega e xiita existia modo dramático a interpretação dos mistérios dionisíacos,
bem como a ilustrativa paixão dos Alidas, pela recitação das famosas epopeias gregas e
hindus, não nos esquecendo dos poemas líricos chineses, tamis e persas.
Figura 4.
Fonte: http://www.estudopratico.com.br/wp-content/uploads/2013/04/karl-marx-vida-obra-e-pensamentos.jpg
35
UNIDADE I │ SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO
Infraestrutura Superestrutura
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SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO │ UNIDADE I
De acordo com o mesmo autor (LAKATOS, 2010), sendo de importância ímpar a ideia
da infraestrutura, qualquer mudança social parte das alterações nas forças produtivas e
relações de produção. Com isto, Marx chegou a uma classificação de sociedades segundo
o tipo que predomina nas relações de produção, a saber:
»» comunidade tribal;
»» a sociedade asiática;
»» a cidade antiga;
»» a sociedade germânica;
»» a sociedade feudal;
De modo sectário é necessário conhecer tal contexto, uma vez que o cristão e quem se
posiciona em favor da religião precisam ter ciência de tais pensamentos.
37
UNIDADE I │ SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO
Faça, portanto, uma análise (bastante) crítica de tal contexto, não se limitando a este
material de estudo, mas buscando fontes alternativas de debates apologéticos (caso
tenha essa linha de abordagem). Indicamos as leituras de autores como William Lane
Craig, Frank Turek e Norman Geisler (dentre muitos outros apologistas), para com isto
criar contra argumentações válidas para concepções marxistas.
38
CAPÍTULO 4
Religião e sociedade nos estudos
antropológicos
A antropologia moderna identificou que a família é unidade sociológica menor. O tipo mais simples de família continua
sendo pais e filhos. O forte papel da família da história dos hebreus, chamou a atenção dos estudiosos, por isso o
Cultos Familiares
interesse de estudar esse tipo de culto. Mais do que qualquer outro grupo, a família acha-se integrada pelo culto
religioso comum.
A correspondência do agrupamento social e religioso em certas tribos, clãs e fratarias indica a profundidade do
relacionamento que ele mantém entre si. Os bratsvo dos elavos meridionais; o antigo uji japonês; os seguidores de Mitra
Cultos de Parentesco
(Sraosha); morgburg germânicos; o gene grego; matteh e shebet israelita (o mishpaha ou clã) são exemplos desses
grupos de pessoas.
Wach afirma que os antropólogos demonstram que a organização e estratificação da sociedade não se baseiam
somente e tão somente no parentesco, mas que se devem também à proximidade. Em Ise e Kioto no Japão; Benares,
Cultos Locais Allahabad e Amitsar na Índia; Hebron, Siquém e Mispa em Israel; Meca-Medina e Kairu n Islamismo; Mênfis, Heliópolis
e Tebas no Egito; Chichen Itza no Iucatã; Cholula no México; Cuzco no Pero e Delfos na Grécia são exemplos
contundentes desses grupos.
Os exemplos mais óbvios, para Wach são as religiões dos arianos do Irã e da Índia. Os povos como um todo, aparecem
Cultos Raciais racionalmente misturados na história e, até o hoje em dia, não passam de suposições as hipóteses no que tangem às
origens das raças.
Quando se tem um grau maior de consciência ou de história e tradição comuns da unidade social aparentada. Fala-se
Cultos Nacionais então de povo ou de nacionalidade (Volk em alemão). Não implica unidade política como Estado, mas a integração do
povo por meio de tradição, língua, cultura ou religião, um de cada ou combinados.
O estudo delas se difundiu no meio antropológico após as monografias e estudos de antigas culturas clássicas. A divisão
segundo o sexo é geralmente combinada com diferenciação em função da idade. Na Grécia, Héracles era o patrono dos
Cultos de Sexo e Idade
homens e Afrodite das mulheres. Sociedades como Kachina dos Zuñi do Novo México, Poro em Kpelle na África ocidental
são exemplos de sociedade que se separam entre homens e mulheres.
É válido ter em mente tais grupos, adiante na obra de Wach (1990) existem organizações
especificamente religiosas da sociedade que se subdividem conforme a seguir:
Encontrada em muitas sociedades primitivas. Geralmente se dividem em (1) Clãs ou grupos naturais (somente membros
da clã); (2) Sociedades secretas limitadas (somente aos que obtém benção do espírito ou agente superior; (3) “Medice
Sociedade Secreta groups” (só podem participar os iniciados e (4) Organizações semipermanentes. Os templários (que originou a maçonaria);
associações gentílicas (thiasos); asclepíadai; o vudu (vuduno, hunso, vudusi, legbans são classes desses grupos); Ariói das
Ilhas Sociedade, são exemplos de sociedades secretas.
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UNIDADE I │ SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO
Principalmente na Grécia e na Roma, são o segundo tipo de organização especificamente religiosa. Usa-se também o
termo “religião de mistério”. Representam um tipo distinto de associação religiosa, de origem primitiva encontrada até na
Cultos de Mistério Polinésia. Veneram espíritos de seus antepassados e, preparam-se para gozar da felicidade do mundo após a morte. O
culto de Elêusis, adoração à “Grande Mãe”, características das religiões tribais e locais da Ásia Menor; adoração à Mitra (no
Irã), Serápis e thiasoi synodoi (no Egito) são exemplos desses cultos.
Ao sociólogo, o hinduísmo apresenta-se como uma difícil tarefa de tipificá-lo, uma vez que possui inúmeros deuses
e se apresentam e variados grupos como Vaishnava e Vishnu (ou Shaiva) de maneira geral. Os pontos fundamentais
Sampradaya
dessa sociedade são bhakti (fé), bhakta (devoto), bhagavanta (o adorável), e guru (mestre). Uma das subdivisões mais
importantes é dos Lingayat, já os grupos confucianos Xintoístas são mais sincretistas.
A história das religiões registra de forma completa, por ora temos no Cristianismo (Jesus), Budismo (Buda), Jainismo
(Jaina), Zoroatrismo (Zoroastro), Islamismo (Maomé), Maniqueísmo (Mani), e em menor grau Sikhismo, Babismo e religiões
Religiões Fundadas
similares exemplos de religiões fundadas. Em praticamente todas há a tradição oral e escrita, igrejas e locais de culto e
meditação.
Constituição, ideais igualitários e hierárquicos estão presentes em toda a história, uma vez que há propagação das religiões
Desenvolvimentos em meios políticos como um todo, haja vista o panteão grego e romano, rompimento dos impérios do Oriente e Ocidente e
ações políticas determinadas por Concílios (vide material ´Ecumenismo´ deste curso).
Todas as religiões enfrentam esporadicamente protestos dos mais diversos fins, portanto (1) católicos; (2) puritanos; (3)
Protestos
revivalistas, protestaram ou já sofreram protestos.
É conhecido tanto no Ocidente como no Oriente cristãos, no Islamismo, no Maniqueísmo, Budismo, Jainismo e no
Taoísmo. Vigílias, jejuns e abstinências, invocações, litanias e renúncias especiais caracteriza a vida monástica islamita.
Monaquismo Impregna personalidades de projeção, que depois influenciam seu desenvolvimento e a religião em geral. Altamente
dinâmico com altos e baixos, declínios e rejuvenescimentos. No Islamismo, a ordem dos bektashi exerceu considerável
influência, principalmente no século XVI na Turquia.
Grupos Após protestos radicais, há em geral a separação esperada, criando cultos distintos (a fim de resgatar a fé original), seitas8
Independentes e grupos sectários diversos. Haja vista o Reforma e Contrarreforma.
Fonte: Baseado em Wach (1990, p.139-259).
É-nos válido ter claro, por mais óbvio que possa parecer, as diferenças e convergências de
igreja, denominação e seitas, vistas de um ponto de vista sociológico, deste modo, como
de costume da forma didática do material, veja a seguir baseado em Schaefer (2007,
pp.340-341) – lembre-se que esta é uma cosmovisão sociológica não religiosa:
8 Max Weber e Ernst Troeltsch definem seita como uma sociedade contratual para distingui-la da organização eclesiástica
institucional.
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SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO │ UNIDADE I
Sobre sociedade secreta, ainda nos é importante esmiuçar um pouco mais o assunto.
41
CAPÍTULO 5
Seitas e a religião e sociedade
Deste modo, quando se capturava alguém, não se aceitava dinheiro, tão simplesmente
matava-se. Essa Ordem lutava contra os muçulmanos. Conseguiram, ao longo dos anos,
força política e econômica. Conquistavam muitas coisas e se tornaram extremamente
poderosos e ricos. Passaram a agir como banqueiros e passaram a emprestar dinheiro
às nações.
No início do séc. XIV Felipe conseguiu persuadir Clemente XI (de personalidade fraca)
para perseguir os Templários. Em 1307, o rei francês deu ordens secretas para que todos
fossem presos no mesmo dia. Em 1312, o papa Clemente dissolve oficialmente a Ordem
dos Templários e em 1313, o grão mestre dos templários renegou as suas convicções em
Paris. O rei Felipe ordena sua deportação e ele acaba morrendo.
42
SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO │ UNIDADE I
Há aqui um suposto fim dos Templários (em 1314). Mesmo sendo encarcerados em
masmorras e acusados de heresias, acabaram confessando sobre tortura.
Para provar o seu posto na categoria e quando chegaram a uma obra eles apertavam a
mão do mestre da obra de uma forma diferente e conhecida somente pelos membros.
Sua graduação era sabida somente pelo jeito do aperto de mão (assim como hoje).
Os pedreiros infiltrados tinham trânsito livre na Europa, garantindo que a Ordem dos
Templários continuasse viva, mas agora como pedreiros.
Em 1599, a Grande Loja deriva dos grandes alojamentos onde os pedreiros faziam suas
refeições. E deste modo, surge, em linhas históricas não unânimes, a sociedade secreta
maçonaria.
Cabala
Em 1500 a.C (após a saída do povo do Egito) as sociedades secretas do Oriente Médio já
existiam há muitos séculos atrás. A cabala tem mistura babilônica, uma vez que quando
Israel também ficou exposta ao sistema ocultista babilônico os levou de volta a Israel
como uma tradição oral.
Nos séculos antes de Jesus nascer, a Cabala começou a penetrar na liderança religiosa.
Uma tradição judaica oral começou a ser praticada, deste modo os judeus e líderes
religiosos criaram muitas regras e doutrinas, começaram a praticar, portanto, essa
tradição oral e foi criado um oral e outro secreto.
Jesus criticou muito as imposições de leis feitas pelo homem, uma vez que ninguém
conseguia cumprir esses padrões, além de não serem de Deus, portanto, eram feitos
como uma forma de controlar o povo, já que não conseguiam cumprir.
Zohar (livro da luz) foi escrito pelo rabino Simão e seu filho Eliezer, que ficaram durante
12 anos enterrados enquanto escreviam o livro (“visitados” pelo grande profeta Elias) e
que alegavam que eram sempre visitados por um ser angelical.
43
UNIDADE I │ SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO
historiadores. Um autor da Cabala disse que ela é um (Teodoro John Reiner) veneno
sutil. Os ensinos da Cabala eram para propósitos mágicos.
Além disso, é uma das formas de obter conhecimento superior de textos sagrados,
inclusive a Bíblia. Empenha-se em decodificar essas mensagens que estariam ocultas,
bem como códigos implícitos nesses livros.
Os livros por eles mais estudados são: O livro de Enoch (o profeta); O livro da Magia
Sagrada (Abramelin, o mago); The Grimoire of Armadel (Mac Greco Gregor); Goetia
Samuel Liddell e The Magick of Solomon.
É possível que exista uma única organização por trás de todas as seitas? Existe
algo de secreto nos tempos de Jesus e é por isso o ódio mortal dos habitantes
daquela época contra Cristo? O que Salomão tem a ver com tudo isso? Não deixe
de ler I Rs 11.9-13.
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SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO │ UNIDADE I
Precisamos agora, ter uma noção das relações entre a religião e a sociedade. Desta
forma, como de costume e com isto facilitar o processo de aprendizagem, vejamos o
quadro abaixo:
Quadro 11: Relações entre a religião e a sociedade.
O desenvolvimento social, como é sabido, se dá por meios complexos e simples; embora seja um equívoco pensar
Sociedade simples e nas sociedades primitivas de forma indiscriminada como unidades individuais, culturais e sociais. Enquanto não há
complexa divisão de trabalho, propriedade ou posição, não se pode falar apropriadamente de variedade de expressão religiosa,
por isso é preciso analisar a estratificação.
“É um conceito que trata a classificação das pessoas em grupos com base em condições socioeconômicas comuns,
Estratificação social e como um conjunto relacional das desigualdades com as dimensões econômicas, social, política e ideológica”.
diferenciação em geral Enquanto em algumas sociedades primitivas cada pessoa trabalha e participa de forma proporcional dos produtos de
seu trabalho, em outras há isenções e participação desigual nas atividades da tribo e em seus frutos.
Diferenciação social em A forte influência da divisão do trabalho na cultura das sociedades primitivas prova de modo conclusivo que até nas
particular civilizações menos adiantadas o culto religioso não deixa de ter importante e considerado tipo de diferenciação.
A organização social é um tanto quanto complexa; os Murgin e o totemismo (na Autrália); os Esquimós; os Toda (na Índia
Diferenciação ocupacional meridional); os Papua Kiwai (na Nova Guiné britânica); habitantes das ilhas Trobriand (na Melanésia); os índios Omaha,
na sociedade primitiva Pawnee e as tribos Sioux americanos; os Bavenda (no norte do Transvaaal na África do Sul); os Ioruba (tribo sudanesa
ao sul da Nigéria na África Ocidental); os Masai (da África Oriental) são exemplos dessa diferenciação ocupacional.
Aqui se deve questionar como a diferenciação social em todas as suas formas distintas afetam a religião. Existem
influências eruditas nas teologias de religiões tão distintas como o Judaísmo, Parsismo, Bramanismo, Maniqueísmo e
Diferenciação social e
Confucionismo. Protestos feitos pelo Cristianismo, humanismo, iluminismo, unitarinismo, no Judaísmo pelo karaísmo,
religião
no Islamismo pelo mutazila, e no Budismo por alguns segmentos dos mahayana, tentavam corrigir ações doutrinárias,
promovendo essa diferenciação social na religião.
Cada grupo tende a criar e desenvolver seu próprio sentimento de solidariedade inserido em uma comunidade maior,
Consequências
no interior do povo, no Estado ou nação, e eventualmente pode vir a corromper por completo a solidariedade desta
sociológicas, associações
unidade maior. Na sociedade Africana, principalmente no século XVII, no Egito, Grécia, China, Coreia; Roma antiga;
profissionais
no Islã e algumas outras temos exemplos de consequências drásticas sociológicas com influências de associações.
A influência da estratificação profissional, econômica e social sobre as atitudes religiosas na sociedade primitiva
é mais ampla do que aceita em geral. À medida que a especialização se torna mais forte e assertiva, formam-se
grupos baseados em bens e posição social, concepções religiosas, instituições e hábitos, dentro de diferentes
Diferenciação social em camadas da sociedade, e iniciam a diversificar-se em grau considerável.
civilização mais elevada
A religião dos guerreiros, que possuem México e seus soldados; o Mitraismo (culto militar de Mitra no Irã); o Zen-
budismo (na China); a Religião do Mercador (muito estudada por Max Weber); Religiões do Camponês (na Ásia
Ocidental) são exemplo deste tipo de diferenciação.
Diferenciação social nas
Está claro que temos elas exemplificadas e devidamente estabelecidas em todas as regiões do globo terrestre.
religiões mundiais
Religião e o estado
Por último, neste capítulo, ainda é válido citar a influência da religião no Estado, porém,
não em profundidade, uma vez que no material “Ecumenismo” há informações mais
45
UNIDADE I │ SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO
Para finalizar esta unidade, abordaremos alguns tipos de autoridades religiosas (alguns,
pois certamente existem tipos não encontrados, catalogados ou conhecidos).
Max Weber introduziu a linguagem do sociólogo um conceito “feliz” para designar o poder específico da postulação e
Carisma e Liderança exercício de autoridade sobre os outros: “carisma”. O termo deriva do grego no Novo Testamento charisma, isto é, “dom
da graça”. Weber diferenciou carisma pessoal do carisma ex-officio. Também difiniu “hierocracia”.
Não se pode comparar de modo algum, mas Jesus foi o Fundador supremo do Cristianismo, sem Ele, ainda seria
Fundador de Religião Velha Aliança, mas em outras religiões temos nas figuras de Buda, Jaina, Maomé, Zoroastro, Mani, Confúcio e Lao-tsé
fundadores de suas respectivas religiões.
Em tempos de decadências religiosa ameaçadora ou de extinção, aparecem líderes dispostos a restarar o que
consideram a “fé original”, tornam-se, portanto, figuras emblemáticas na história de qualquer religião. Seu carisma varia,
mas exemplos são Moisés, Exra e Sabatai Zebi (falso messias do século XVII no Judaísmo), Francisco, Domingos e Inácio
Reformador de Loyola (cristianismo ocidental); Basílio, João Damasceno e Serafim de Sarov, o moderno santo russo (no Catolicismo
Oriental); Martinho Lutero, Zwínglio e Calvino ou em Fox, Pen e Wesley (no Protestantismo). Também provocam amplo e
efêmero fascínio Melquior Hofmann, Tomás Münzer ou Geraldo Winstanley. Meno Simon, Roberto Browne e David Joris
participaram também da grande Reforma; dentre muitos outros.
Max Weber considera a “profecia” uma categoria especial. Um elemento fundamental da atividade profética é
representado pelo extraordinário poder espiritual que se atribui aos profetas e que é simbolizado em relatos dos seus
Profeta milagres. Existem diversos profetas na Bíblia (desde os menores até os maiores - não deixe de relembrá-los). Por muito
tempo se atribuiu aos profetas a figura de um líder supremo, o que de acordo com as Sagradas Escrituras isso não é uma
verdade fundamental.
Pode ser encarado como precursor do profeta, em muitos casos. Tem autoridade menos pronunciada, embora tenha sido
Vidente
considerável o prestígio que os videntes usufruíram em muitas sociedades.
46
SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO │ UNIDADE I
Wach entende que a melhor definição que se tem de magia é a de obrigar o nume a conceder aquilo que se deseja.
Existe magia “protetora”, que protege contra más influências, a magia “sedutora”, que proporciona favores dos espíritos.
Mago
O sociólogo, de acordo com o mesmo autor, deve preocupar-se com a distinção entre magia e religião menos do que o
teólogo ou ainda o historiador da religião.
Seu carisma é originariamente pessoal, mas institucionaliza-se com facilidade e regularidade. O adivinho compartilha
com o vidente o caráter “passivo”, mas se diferencia dele por ter de confiar em objetos que ele usa como meios para a
Advinho
interpretação da vontade dos deuses, sendo esses objetos de muitos tipos diferentes. Ele combina as qualidades e talentos
naturais do vidente com técnica e treinamento que o separam do mesmo e indicam como sendo afim ao mago.
O termo é religioso e só secundariamente significa uma categoria ética. A autoridade do santo é intrínseca e independente
Santo
de outras qualificações.
Depende do carisma do seu cargo. Não é somente o chamado, mas a vocação, que o caracteriza o sacerdote, muito
Sacerdote embora, tal chamado possa ser, suposta ou realmente, o inicio da vida sacerdotal no caso individual. Sua comunhão com
a divindade torna-se a base fundamental de existência e atividades sacerdotais. Sua principal função é cultual.
Não se limitando aos detentores de cargos eclesiásticos ou de casta altos e ministeriais especiais ou regulares, o homem
Religiosus devoto e o religioso também por muitas vezes podem ser considerados autoridades, uma vez que conhecem e se
correlacionam com o divino mais do que um de modo de vida sectário e agnóstico.
Sociologicamente, os grupos carismáticos tornam-se objeto mais difíceis de estudar, devido ao caráter mutável e
Seguidores espontaneidade da liderança promovendo desdobramentos imprevistos. Deste modo, seguidores como Pedro e Paulo
tornam-se autoridades espirituais no mais diferentes meios em que atuam.
Fonte: Baseado em Wach (1990, p.397-447).
Para esclarecer somente alguns pontos do exposto acima, dentro de uma weltanschauung
cristã, é que Todo verdadeiro vidente é profeta, mas nem todo profeta é vidente.
A palavra vidente descreve um tipo particular de profeta, aquele que recebe um tipo
particular de revelação profética ou de unção a ser transferida. O antigo testamento
utiliza duas palavras hebraicas para referir-se a vidente: rö´éh (da raiz ra´ah) e
hozéh. No sentido literal ra´ah significa “ver”, particularmente no sentido de ter
visões. Outros significados incluem “contemplar”, “considerar” e “perceber”. E hozéh
literalmente significa “aquele que tem visão” e pode também ser traduzido por “aquele
que observa” ou “observador de estrelas”.
O profeta é basicamente aquele que é inspirado ouvinte da voz de Deus, e que depois a
comunica verbalmente. O vidente é basicamente aquele que tem uma percepção visual.
O profeta possui um dom de comunicação, já o vidente possui o dom de percepção.
O vidente, por outro lado, pode atuar muito com a capacidade de sonhos visionários,
mas, mesmo assim, pode não ser tão profundo nas inspirativas graças de ouvir e falar.
Os videntes são pessoas que têm visões de uma maneira consistente e regular.
47
ANTROPOLOGIA DA UNIDADE II
RELIGIÃO
CAPÍTULO 1
Noções iniciais
48
ANTROPOLOGIA DA RELIGIÃO │ UNIDADE II
Montagu (1969) trouxe as orientações das duas partes antropológicas que são:
49
UNIDADE II │ ANTROPOLOGIA DA RELIGIÃO
Charles Darwin (1809-1882) em a Origem das Espécies (1859) com sua Teoria da Evolução
influenciou toda sorte de pensamentos biológicos e filosóficos em torno da pergunta
“como chegamos aqui?”. Desta forma, sempre os mais aptos e mais fortes sobressaem
dos mais fracos; Hitler usou inquestionavelmente tais concepções para dar vazão às suas
ideias nazistas da raça pura ariana, isenta de negros, homossexuais e judeus.
Bactérias não ficam resistentes ex-nihilo (do nada), as mais fortes sobrevivem, pois os
antibióticos matam as bactérias boas também. Segundo Lourenço (2011, pp.179-180):
50
ANTROPOLOGIA DA RELIGIÃO │ UNIDADE II
Muito embora a teoria de Darwin tenha valor intrínseco para os estudos antropológicos,
muitos acreditam (como SCHMIDT, 2007) que o surgimento da antropologia se deu pelo
animismo humano. As concepções de Durkheim sobre o fato social que inegavelmente
é a religião, dentro de uma ótica específica, veem-se claramente, em outras palavras, já
propostas por João Calvino, como dissemos no início do material o que ele chamou de
Sensus Divinitatis.
51
UNIDADE II │ ANTROPOLOGIA DA RELIGIÃO
Tão demasiadamente citado por Geertz, Thomas Kuhn aparece de forma contundente
em suas concepções científicas. De maneira objetiva, precisamos ter uma noção do
todo para nos atermos ao contexto específico antropológico e assim dar sequência aos
nossos estudos.
A ciência tem avançado de modo avassalador nos últimos quatro séculos. Desde Galileu
projetou-se um novo universo científico, envolvendo-se cada vez mais no conhecimento
dedutivo sem resquícios de dogmatismo. Este conhecimento que segundo Aristóteles é
simplesmente o estudo do ser enquanto ser.
52
ANTROPOLOGIA DA RELIGIÃO │ UNIDADE II
O considerado relativista Kuhn define sua Ciência Normal como pesquisa firmemente
baseada em duas ou mais realizações científicas passadas. Para fundamentar sua
concepção paradigmática e a ciência normal ele cita em sua A Estrutura das Revoluções
Científicas o exemplo da teoria ondulatória da luz, conforme a qual dantes, no século
XIX, Newton acreditava que a luz era composta por corpúsculos de matéria, contudo
o paradigma alterou-se por completo quando Yong e Fresnel trataram-na sob o
movimento ondulatório transversal.
O próprio Kuhn afirma que a Ciência Normal não tem por intuito descobrir novidades
significativas, o que é completamente antagônico da visão popperiana, que é estar mais
perto da verdade sempre através das refutações. Já a precisão da pesquisa normal para
Kuhn é necessária para o avanço do conhecimento. Para muitos antropólogos, Kuhn
atrapalhou toda a ciência ao pensar desta maneira.
Tal contexto nos faz importante à medida que vamos avançando em assuntos
empíricos e científicos, contudo, não há necessidade de nos aprofundarmos em
demasia neste tema, desta forma, para o aluno aplicado e interessado indicamos
as leituras dos livros (os quais também podem ser encontrados na Web):
53
CAPÍTULO 2
A religião, a magia e a ciência
em filosofia
A magia e a própria ciência são exemplos da busca do homem pelos porquês e desta
forma tentar responder o máximo de perguntas possíveis que são geradas desde a
infância por cada um de nós.
Para que se tenha mais bem entendido a ideia do embate Ciência X Religião, a qual a
última defende em forte posição o “criacionismo” em sua grande maioria, uma vez que
o judaísmo, cristianismo, catolicismo e algumas outras religiões creem em um Deus
uno e criador do universo, da vida e de todas as coisas.
54
ANTROPOLOGIA DA RELIGIÃO │ UNIDADE II
CRIACIONISMO EVOLUCIONISMO
Deus criou o homem e os demais seres vivos já na forma atual O homem e os demais seres vivos são resultado de uma lenta e
há menos de 10 mil anos.
X gradual transformação que remonta há milhões de anos.
Deus teria criado todos os seres vivos seguindo um propósito e As transformações evolutivas são resultado de mutações
uma intenção.
X genéticas aleatórias expostas à seleção natural pelo ambiente.
A Segunda Lei da Termodinâmica demonstra que os sistemas A Segunda Lei da Termodinâmica não se aplica a sistemas
tendem naturalmente à entropia (desorganização).
X abertos, como os seres vivos.
A respeito deste tema, o ilustre Dr. Collins (2007, p.233), praticamente resume o
exposto acima:
Nesse contexto, a ciência pode ser uma forma de adoração. De fato, os
que creem em Deus devem buscar a vanguarda dos que procuram novos
conhecimentos. Os que creem em Deus têm, muitas vezes, levado a
ciência ao passado. Entretanto, com muita frequência hoje em dia, os
cientistas sentem-se constrangidos em admitir suas visões espirituais.
Somam-se a esse problema os líderes de igrejas, que em geral parecem
fora de sintonia com as novas descobertas científicas, correndo o
risco de atacar as perspectivas da ciência sem uma compreensão total
dos fatos.
55
UNIDADE II │ ANTROPOLOGIA DA RELIGIÃO
De fato, este acaso evolucionista deve ser mesmo muito criativo, inteligente,
preocupado com a estética, colorações, simetria, inimaginavelmente preciso,
com grande poder causal, pois é a causa de todas as coisas, por tabela,
Autoexistente (Ap.21.6), sem origem (Ap.1.8), Atemporal, uma vez que Ele era
antes da criação da dimensão “tempo”, Imutável (já que não se pode mudar
onde não se existe tempo), haja vista Tg. 1.17 e Mq. 3.6; Imaterial e Incorpóreo
(Jo.4.24), e ainda tremendamente Poderoso e Grandioso para criar tudo do
nada (Ap.22.13). Criacionistas e evolucionistas possuem exatamente os mesmos
dados. A realidade é a mesma para eles. Contudo, a percepção desta realidade
e a interpretação dos dados podem ser notavelmente diferentes para ambos,
dependendo da perspectiva do indivíduo, suas pressuposições, cosmovisão e
até mesmo suas tendências.
João Calvino, Agostinho, Tomás de Aquino, Martinho Lutero, Maomé, Gandhi, John
Wesley, George Fox dos Quacres, entre outros representam figuras de liderança que
influenciaram grandemente movimentos abruptos da sociedade; tal importância tanto
do líder quanto do contexto é fulcral para a mudança ou ativação do pensamento social,
bem como emoções geradas pelos movimentos.
Não deixe de ler no Anexo I, caso já não o tenha feito, as 95 teses de Martinho
Lutero, já que o citamos aqui e por ter importância fundamental para a
diversificação sociológica hodierna, de acordo com os pensamentos weberianos
e de tantos outros que concordam a divisão de mundo que o protestantismo foi
responsável na Idade Média.
Enfim, disputas dos séculos XVII a XIX foram extremamente acirradas com
argumentos de ambas as partes, fazendo com que muitos cristãos se
apostatassem da fé, assim como muitos céticos tornaram-se tementes a Deus.
56
ANTROPOLOGIA DA RELIGIÃO │ UNIDADE II
De acordo com o mesmo autor, a Sociologia também não ficou imune à influência
evolucionista. Diversos sociólogos procuraram também descobrir as leis gerais que
ordenavam as transformações e a evolução social, responsáveis por fazer com que
formas sociais mais simples fossem passando natural e progressivamente a outras,
mais complexas e evoluídas (COSTA, 2005).
Aplicando esse princípio teórico (natural e progressivo) ao estudo comparado dos diferentes modelos europeus de
vida social, distinguiram também diversas “espécies” que diferenciavam uma das outras, umas mais simples, outras
Émile Durkheim mais complexas. Como vimos anteriormente, as sociedades mais simples eram aquelas cujas tarefas se encontravam
divididas apenas por sexo e idade, por outro lado, nas sociedades mais complexas, as atividades produtivas iam
gradativamente se diferenciando segundo outros critérios, como o grau de instrução, como exemplo.
Outro sociólogo que distinguiu nos países europeus duas espécies de formações sociais: a comunidade, em que as
relações sociais entre os indivíduos são mais próximas, tendo por base a vida familiar e as relações comunitárias, e a
Ferdinand Tönnies sociedade, em que já se desenvolve a vida na cidade, há grande presença do Estado e menor coesão entre os agentes
sociais. Desta maneira, tais cientistas identificaram formações sociais “primitivas” e “complexas” e entendiam a história
como um processo inexorável e natural que transformaria as sociedades primitivas em complexas.
Foi a teoria que mais contribuiu para uma crítica eficiente e eficazes dos pensamentos evolucionistas da antropologia
Marxismo e sociologia, no que tange explicar a vida social como uma totalidade integrada, das quais as desigualdades entre as
partes são consequências das relações que continuam entre si e não de sua natureza.
57
UNIDADE II │ ANTROPOLOGIA DA RELIGIÃO
• É a tendência a interpretar as
sociedades não europeias a partir dos
Eurocentrimo valores e princípios europeus, isto é,
tomar a sociedade europeia como
modelo e padrão.
Funcionalismo
O funcionalismo surgiu no século XX, de modo com que a escola antropológica sucedeu
ao evolucionismo, contra-argumentado em parte às críticas que a ele se faziam por meio
do etnocentrismo e eurocentrismo. O funcionalismo é uma teoria sociológica que busca
explicar fenômenos sociais realizando o papel das instituições na sociedade. Se uma
determinada mudança social promove equilíbrio harmonioso é considerado funcional.
Contudo, se este elemento promove o oposto a essa harmonia e continuação do sistema
da sociedade, então é disfuncional e não tem nenhum efeito.
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ANTROPOLOGIA DA RELIGIÃO │ UNIDADE II
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1679-39512004000200002&script=sci_
arttext>.
<http://filosofiasociologiacursonormal.blogspot.com.br/2013/04/o-
funcionalismo_1.html>.
Estruturalismo
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UNIDADE II │ ANTROPOLOGIA DA RELIGIÃO
Criada no início do século XX por Saussure, o qual propôs uma ciência geral dos signos que buscava
Semiologia descobrir os sentidos contidos nas diferentes linguagens do homem, tais sentidos formariam sistemas de
signos que mostrariam a estrutura inconsciente que ordenava o comportamento humano.
Multiplicava suas pesquisas no setor da ideologia, pesquisando os interesses subjacentes ao discurso dos
quais os indivíduos defendem seus próprios interesses. O método estruturalista adaptou-se de forma pacífica
Marxismo
às análises marxistas, onde cada sociedade poderia ser definida de acordo com a estrutura de classes sociais
e das formas de exploração de mais-valia.
Para os estruturalistas, a estrutura refletia àquilo que não se pode ser observada, porém apreendido pela
interpretação científica. Em Lévi-Strauss, ela [a estrutura] é uma elaboração teórica capaz de dar sentido
Estrutura Social aos dados empíricos de certa realidade. Desta maneira, é a estrutura social que organiza, conecta e
relaciona as diversas instâncias, estabelecendo as múltiplas relações entre os elementos, os grupos e as
instituições.
Lévi-Strauss para responder às críticas dos aspectos sincrônicos do estruturalismo, focou-se nos aspectos
Análise Sincrônica da Sociedade diacrônicos e de mudança social. O historiador, para Lévi-Strauss busca desenrolar um processo no tempo, já
a ordem sincrônica pertence ao antropólogo.
De acordo com a linguística de Saussure, o estudo da linguagem não deve objetivar o discurso tão somente,
as regras e as concepções que deixam à língua operar, isto é, na lógica oculta que rege a fala de quem se
expressa. A semiologia deve conhecer a estrutura da língua, aquilo que é semelhante a todos os falantes
O Método Linguístico
e que age no nível inconsciente. As “estruturas elementares” de Lévi-Strauss são compostas de (1)
consanguinidade ou relação entre irmãos, (2) aliança ou relações entre casais e (3) filiação ou relação entre
gerações.
Conjunto de estudos antropológicos que por sua vez semelhantemente ao estruturalismo, utilizaram
pressupostos teóricos e metodológicos elaborados pelas ciências da cognição na pesquisa social. As
Antropologia Cognitiva
primeiras análises da vida social aparecem em Durkheim, enquanto a ideia de ação social com sentido, em
Max Weber.
Faz-se notório os assuntos em debate hoje em dia em termos mundiais, uma vez que
a maior parte deles já foi aceita pela maioria planetária de modo avassalador, como
o capitalismo e a democracia. Contudo há questões em debate até os dias de hoje, tal
como aceitação da minoria e temas sobre a maioria, a complexa questão da identidade,
igualdada e diferenças, a diferenciação, normalidade e dissidência.
60
ANTROPOLOGIA DA RELIGIÃO │ UNIDADE II
Figura 5.
Fonte: http://f-origin.hypotheses.org/wp-content/blogs.dir/704/files/2012/05/Bild-Michel-Foucault.jpg
Figura 6.
Fonte: http://www.indiana.edu/~wanthro/theory_pages/images/geertz-photo.jpg
étnica e suas implicações sobre o mundo moderno; foi professor emérito no Instituto
de Estudos Avançados de Princeton.
Meio ambiente
62
ANTROPOLOGIA DA RELIGIÃO │ UNIDADE II
O problema de demarcação proposto por Karl Popper deve ser considerado (vide leituras
recomendadas), uma vez que entre a observação e experimentação que a humanidade
já está sofrendo dentro de alterações climáticas relevantes, existe um marco importante
entre os limites cognitivos e ações subjetivas que por ora causa danos irreversíveis
ao meio ambiente e inverte ferindo a lógica do conhecimento, qualquer pensamento
racional que se tem por base lógica o homem não ser o predador de si mesmo e continuar
a jornada da busca pela vida e existência humana.
Heidegger, influenciado por Kant, Herder e Humbolt que refletiam sobre a natureza,
possui em muitos conceitos, principalmente em Ser e Tempo9 sobre a correlação do
homem com seu meio, Karl Marx, George Perkins Marsh e Aldo Leopold também não
se fizeram indiferentes a temas ambientais, uma vez que em Marx todos seus conceitos
econômicos e combate ao capitalismo são quase em sua totalidade, uma afronta ao
conceito deturpado e antagônico ao se desenvolver sustentavelmente.
Deste modo, a Curva Ambiental de Kuznets e suas respectivas inferências devem ser
consideradas para efeito de conhecimento como suporte filosófico teorizado científico
para uma proposta do crescimento econômico com respectiva mitigação da degradação
ambiental dentro do Método Heurístico proposto por Moles (1971, p.67), sobre hipóteses
e teorias, bem como sua respectiva miscelânea, métodos de limites e diferenciação.
63
UNIDADE II │ ANTROPOLOGIA DA RELIGIÃO
Grandes filósofos do passado também não podem deixar de ser citados, uma vez
que acreditavam que o mundo natural é vivo como um todo e possui um movimento
ininterrupto de transformação. E é através de Aristóteles e Platão que a revolução
deste pensamento [ambiental] em Galileu e Newton, passando-se por Descartes e seu
pensamento mecanicista em relação ao meio natural e desprezo latente pelo corpo, bem
como todo seu antagonismo em relação à matéria comparado com Aristóteles e Platão
precisamos ter em mente.
A Revolução Industrial dos séculos XVIII e XIX teve seu determinante papel nas
tomadas de decisões para a efetiva degradação ambiental, tema o qual se confunde com
a busca incessante e latente do homem pelo recurso natural não renovável, chamado
“ouro negro”, mais precioso, destarte petróleo.
Martin Heidegger teve na Primeira Guerra referência para desenvolver sua hermenêutica
existencial, questionando o dualismo de Descartes, porém, não se aproximando com
Bergson através do conceito ser-no-mundo, o que para Champlin (2001), “quanto
a esse particular, é um tanto vaga, não podendo ser usado com precisão para que
determinemos os valores humanos”.
64
ANTROPOLOGIA DA RELIGIÃO │ UNIDADE II
pela sociedade. Segue-se que o enunciado o quanto de bom é bom o suficiente latente
na obra de Joel Makower faz-se tão verdadeira quanto qualquer enunciado básico
científico. Muito embora não se possa testar empiricamente em sua totalidade, mas
possa-se pensar sobre o assunto e propagar a níveis aceitáveis de conscientização
antropológica frente a assuntos ecológicos que envolve simplesmente a sobrevivência
da espécie humana da Terra.
65
Para (não) finalizar
<http://www.sociologia.com.br/>
<http://www.scientiaestudia.org.br/>
<http://www.fflch.usp.br/da/revista-de-antropologia/>
<http://www.fflch.usp.br/da/vagner/antropo.html>
<https://www.youtube.com/user/poliedrotube>
66
Referências
CHINOY, Ely. Sociedade: uma introdução à sociologia. São Paulo: Cultrix, 1967.
67
REFERÊNCIAS
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de A. Sociologia geral. São Paulo: Atlas,
2010.
LOURENÇO, A.J.B. Gênesis 1 & 2: a mão de Deus na criação. São José dos Campos,
SP: Fiel, 2011.
POPPER, Karl. A lógica da investigação científica. São Paulo: Abril Cultural, 1975.
68
ANEXO
2. Esta penitência não pode ser entendida como penitência sacramental (isto é, da
confissão e satisfação celebrada pelo ministério dos sacerdotes).
3. No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior
seria nula, se, externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne.
5. O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs
por decisão própria ou dos cânones.
6. O papa não pode remitir culpa alguma senão declarando e confirmando que ela foi
perdoada por Deus, ou, sem dúvida, remitindo-a nos casos reservados para si; se estes
forem desprezados, a culpa permanecerá por inteiro.
7. Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em
tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário.
8. Os cânones penitenciais são impostos apenas aos vivos; segundo os mesmos cânones,
nada deve ser imposto aos moribundos.
9. Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do papa quando este, em seus decretos,
sempre exclui a circunstância da morte e da necessidade.
10. Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles sacerdotes que reservam aos
moribundos penitências canônicas para o purgatório.
11. Essa erva daninha de transformar a pena canônica em pena do purgatório parece ter
sido semeada enquanto os bispos certamente dormiam.
12. Antigamente se impunham as penas canônicas não depois, mas antes da absolvição,
como verificação da verdadeira contrição.
13. Através da morte, os moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas,
tendo, por direito, isenção das mesmas.
69
ANEXOS
15. Este temor e horror por si sós já bastam (para não falar de outras coisas) para
produzir a pena do purgatório, uma vez que estão próximos do horror do desespero.
16. Inferno, purgatório e céu parecem diferir da mesma forma que o desespero, o
semidesespero e a segurança.
17. Parece desnecessário, para as almas no purgatório, que o horror diminua na medida
em que cresce o amor.
18. Parece não ter sido provado, nem por meio de argumentos racionais nem da
Escritura, que elas se encontram fora do estado de mérito ou de crescimento no amor.
19. Também parece não ter sido provado que as almas no purgatório estejam certas de
sua bem-aventurança, ao menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte, tenhamos
plena certeza.
20. Portanto, sob remissão plena de todas as penas, o papa não entende simplesmente
todas, mas somente aquelas que ele mesmo impôs.
21. Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida
de toda pena e salva pelas indulgências do papa.
22. Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório de uma única pena que, segundo
os cânones, elas deveriam ter pago nesta vida.
23. Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só
é dado aos mais perfeitos, isto é, pouquíssimos.
24. Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa
magnífica e indistinta promessa de absolvição da pena.
25. O mesmo poder que o papa tem sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e
cura tem em sua diocese e paróquia em particular.
26. O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele
não tem), mas por meio de intercessão.
27. Pregam doutrina humana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na
caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o céu].
28. Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, podem aumentar o lucro e a cobiça; a
intercessão da Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus.
70
ANEXOS
29. E quem é que sabe se todas as almas no purgatório querem ser resgatadas? Dizem
que este não foi o caso com S. Severino e S. Pascoal.
30. Ninguém tem certeza da veracidade de sua contrição, muito menos de haver
conseguido plena remissão.
31. Tão raro como quem é penitente de verdade é quem adquire autenticamente as
indulgências, ou seja, é raríssimo.
32. Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se
julgam seguros de sua salvação através de carta de indulgência.
33. Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem serem as indulgências do papa
aquela inestimável dádiva de Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Deus.
34. Pois aquelas graças das indulgências se referem somente às penas de satisfação
sacramental, determinadas por seres humanos.
35. Não pregam cristãmente os que ensinam não ser necessária a contrição àqueles que
querem resgatar ou adquirir breves confessionais.
36. Qualquer cristão verdadeiramente arrependido tem direito à remissão pela de pena
e culpa, mesmo sem carta de indulgência.
37. Qualquer cristão verdadeiro, seja vivo, seja morto, tem participação em todos os
bens de Cristo e da Igreja, por dádiva de Deus, mesmo sem carta de indulgência.
38. Mesmo assim, a remissão e participação do papa de forma alguma devem ser
desprezadas, porque (como disse) constituem declaração do perdão divino.
39. Até mesmo para os mais doutos teólogos é dificílimo exaltar perante o povo ao
mesmo tempo, a liberdade das indulgências e a verdadeira contrição.
40. A verdadeira contrição procura e ama as penas, ao passo que a abundância das
indulgências as afrouxa e faz odiá-las, pelo menos dando ocasião para tanto.
41. Deve-se pregar com muita cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o
povo não as julgue erroneamente como preferíveis às demais boas obras do amor.
42. Deve-se ensinar aos cristãos que não é pensamento do papa que a compra de
indulgências possa, de alguma forma, ser comparada com as obras de misericórdia.
43. Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado,
procedem melhor do que se comprassem indulgências.
44. Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao
passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena.
71
ANEXOS
45. Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar
com indulgências obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus.
46. Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem
conservar o que é necessário para sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro
com indulgência.
47. Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de indulgências é livre e não constitui
obrigação.
48. Deve-se ensinar aos cristãos que, ao conceder indulgências, o papa, assim como
mais necessita, da mesma forma mais deseja uma oração devota a seu favor do que o
dinheiro que se está pronto a pagar.
49. Deve-se ensinar aos cristãos que as indulgências do papa são úteis se não depositam
sua confiança nelas, porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de Deus por
causa delas.
50. Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de
indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a
carne e os ossos de suas ovelhas.
51. Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto - como é seu dever - a dar
do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extraem
ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de
S. Pedro.
53. São inimigos de Cristo e do papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências,
fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas.
56. Os tesouros da Igreja, dos quais o papa concede as indulgências, não são
suficientemente mencionados nem conhecidos entre o povo de Cristo.
72
ANEXOS
57. É evidente que eles, certamente, não são de natureza temporal, visto que muitos
pregadores não os distribuem tão facilmente, mas apenas os ajuntam.
58. Eles tampouco são os méritos de Cristo e dos santos, pois estes sempre operam,
sem o papa, a graça do ser humano interior e a cruz, a morte e o inferno do ser humano
exterior.
59. S. Lourenço disse que os pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando,
no entanto, a palavra como era usada em sua época.
60. É sem temeridade que dizemos que as chaves da Igreja, que lhe foram proporcionadas
pelo mérito de Cristo, constituem este tesouro.
61. Pois está claro que, para a remissão das penas e dos casos, o poder do papa por si só
é suficiente.
63. Este tesouro, entretanto, é o mais odiado, e com razão, porque faz com que os
primeiros sejam os últimos.
64. Em contrapartida, o tesouro das indulgências é o mais benquisto, e com razão, pois
faz dos últimos os primeiros.
65. Por esta razão, os tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pescavam
homens possuidores de riquezas.
66. Os tesouros das indulgências, por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a
riqueza dos homens.
67. As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como as maiores graças realmente
podem ser entendidas como tal, na medida em que dão boa renda.
68. Entretanto, na verdade, elas são as graças mais ínfimas em comparação com a graça
de Deus e a piedade na cruz.
69. Os bispos e curas têm a obrigação de admitir com toda a reverência os comissários
de indulgências apostólicas.
70. Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com os dois olhos e atentar com
ambos os ouvidos para que esses comissários não preguem os seus próprios sonhos em
lugar do que lhes foi incumbido pelo papa.
71. Seja excomungado e maldito quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas.
73
ANEXOS
72. Seja bendito, porém, quem ficar alerta contra a devassidão e licenciosidade das
palavras de um pregador de indulgências.
73. Assim como o papa, com razão, fulmina aqueles que, de qualquer forma, procuram
defraudar o comércio de indulgências,
74. muito mais deseja fulminar aqueles que, a pretexto das indulgências, procuram
defraudar a santa caridade e verdade.
75. A opinião de que as indulgências papais são tão eficazes ao ponto de poderem
absolver um homem mesmo que tivesse violentado a mãe de Deus, caso isso fosse
possível, é loucura.
76. Afirmamos, pelo contrário, que as indulgências papais não podem anular sequer o
menor dos pecados veniais no que se refere à sua culpa.
77. A afirmação de que nem mesmo S. Pedro, caso fosse o papa atualmente, poderia
conceder maiores graças é blasfêmia contra São Pedro e o papa.
78. Afirmamos, ao contrário, que também este, assim como qualquer papa, tem graças
maiores, quais sejam, o Evangelho, os poderes, os dons de curar etc., como está escrito
em 1 Co 12.
79. É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do papa, insignemente erguida, equivale
à cruz de Cristo.
80. Terão que prestar contas os bispos, curas e teólogos que permitem que semelhantes
conversas sejam difundidas entre o povo.
81. Essa licenciosa pregação de indulgências faz com que não seja fácil, nem para os
homens doutos, defender a dignidade do papa contra calúnias ou perguntas, sem
dúvida argutas, dos leigos.
82. Por exemplo: por que o papa não evacua o purgatório por causa do santíssimo amor e
da extrema necessidade das almas - o que seria a mais justa de todas as causas -, se redime
um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da
basílica - que é uma causa tão insignificante?
83. Do mesmo modo: por que se mantêm as exéquias e os aniversários dos falecidos e
por que ele não restitui ou permite que se recebam de volta as doações efetuadas em
favor deles, visto que já não é justo orar pelos redimidos?
84. Do mesmo modo: que nova piedade de Deus e do papa é essa: por causa do dinheiro,
permitem ao ímpio e inimigo redimir uma alma piedosa e amiga de Deus, porém não a
redimem por causa da necessidade da mesma alma piedosa e dileta, por amor gratuito?
74
ANEXOS
85. Do mesmo modo: por que os cânones penitenciais - de fato e por desuso já há
muito revogados e mortos - ainda assim são redimidos com dinheiro, pela concessão de
indulgências, como se ainda estivessem em pleno vigor?
86. Do mesmo modo: por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos mais ricos
Crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos esta uma basílica de São
Pedro, ao invés de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?
87. Do mesmo modo: o que é que o papa perdoa e concede àqueles que, pela contrição
perfeita, têm direito à remissão e participação plenária?
88. Do mesmo modo: que benefício maior se poderia proporcionar à Igreja do que se o
papa, assim como agora o faz uma vez, da mesma forma concedesse essas remissões e
participações 100 vezes ao dia a qualquer dos fiéis?
89. Já que, com as indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do o dinheiro,
por que suspende as cartas e indulgências outrora já concedidas, se são igualmente
eficazes?
90. Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem
refutá-los apresentando razões, significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos
e desgraçar os cristãos.
92. Fora, pois, com todos esses profetas que dizem ao povo de Cristo: “Paz, paz!” sem
que haja paz!
93. Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo: “Cruz! Cruz!” sem
que haja cruz!
94. Devem-se exortar os cristãos a que se esforcem por seguir a Cristo, seu cabeça,
através das penas, da morte e do inferno;
95. E, assim, a que confiem que entrarão no céu antes através de muitas tribulações do
que pela segurança da paz.
1517 A.D.
Fonte: Disponível em : <http://www.luteranos.com.br/lutero/95_teses.html>.
75