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Baterias de Testes Psicológicos

Brasília-DF.
Elaboração

Flavia Costa

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7

UNIDADE I
O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS................................................................................................. 9

CAPÍTULO 1
HISTÓRIA................................................................................................................................... 9

CAPÍTULO 3
O PSICODIAGNÓSTICO........................................................................................................... 37

UNIDADE II
MÉTODOS E TÉCNICAS......................................................................................................................... 46

CAPÍTULO 1
OS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO.......................................................................................... 46

UNIDADE III
PLANO DE AVALIAÇÃO......................................................................................................................... 57

CAPÍTULO 1
A ELABORAÇÃO DO PLANO DE AVALIAÇÃO............................................................................ 57

UNIDADE IV
TESTES PSICOLÓGICOS......................................................................................................................... 77

CAPÍTULO 1
O USO DOS TESTES PSICOLÓGICOS........................................................................................ 77

PARA (NÃO) FINALIZAR.................................................................................................................... 105

REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 106
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

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Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução

Esta disciplina visa a fornecer aos profissionais noções básicas e alguns aprofundamentos
sobre a bateria de testes psicológicos.

O material está dividido em 4 unidades, e a primeira está dividida em 3 capítulos.


No primeiro capítulo, abordaremos a história da avaliação psicológica e a origem da
psicometria. Conheceremos, também, os pesquisadores da avaliação psicológica no
Brasil e as fases do desenvolvimento do uso dos testes.

No Capítulo 2, descreveremos alguns dos desafios e problemas na avaliação psicológica,


como também as dimensões às quais o psicólogo deve prestar atenção durante a
realização da avaliação. Já no Capítulo 3, conheceremos os modelos psicodiagnósticos
mais utilizados e seus objetivos.

Na Unidade 2, conheceremos os instrumentos de avaliação e os métodos de pesquisa


existentes. Citaremos, também, os tipos de pesquisa quanto à abordagem, quanto aos
objetivos, quanto aos procedimentos e às técnicas utilizadas.

Na Unidade 3, apresentaremos os passos necessários para a elaboração do plano de


avaliação. Já na Unidade 4, abordaremos os maiores problemas encontrados na
prática dos testes, conheceremos alguns dos testes utilizados e como eles podem ser
classificados.

Objetivos
»» Conhecer as origens da psicometria.
»» Conhecer a história da avaliação psicológica.
»» Conhecer quais são os pesquisadores da avaliação psicológica no Brasil.
»» Conhecer como é feito o psicodiagnóstico.
»» Conhecer alguns dos métodos de avaliação existentes.
»» Conhecer os passos utilizados para realizar o plano de avaliação.
»» Conhecer os passos do processo diagnóstico.
»» Conhecer os fundamentos dos testes.
»» Conhecer alguns dos testes utilizados e aprovados pelo CFP.

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O PORQUÊ
DOS TESTES UNIDADE I
PSICOLÓGICOS

CAPÍTULO 1
História

Figura 1. História dos testes psicológicos.

Fonte: <http://estelaparra.psc.br/assets/2016/10/testes.jpg>. Acesso em: 27/9/2019.

Os testes buscam avaliar as situações de maneira científica, para que sejam tomadas
decisões que visem à sobrevivência e ao autodesenvolvimento.

A expressão “avaliação psicológica” foi utilizada pela primeira vez no livro Assessment of
men, do U.S. Office of Strategic Services, em 1948, para indicar os processos utilizados
pelos indivíduos para formar impressões e imagens, tomar decisões e verificar hipóteses
sobre as características dos outros indivíduos em sua relação com o mundo.

A avaliação é considerada um processo informal quando as pessoas, através de


suas avaliações sobre os outros e o ambiente, decidem como agir para buscar seu
autodesenvolvimento. Ela é um processo formal, quando utilizamos os códigos de
conduta e os valores existentes para fazer julgamentos.

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UNIDADE I │ O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS

No decorrer da história, as regras para a avaliação formal e o consequente controle do


comportamento das pessoas foram modificadas de acordo com as crenças, filosofias e
códigos de conduta existentes no período.

De acordo com Pasquali (1999), em 3000 a.C., testes de seleção eram utilizados para
selecionar funcionários civis na China; Hipócrates, no século 5 a.C, elaborou a teoria
dos fluidos (fogo, ar, água e terra). Já em Roma, Galeno (116-200 d.C.), baseando-se
em Hipócrates, elaborou a teoria dos quatros temperamentos (melancólico – pessoa
triste, séria e reservada; colérico – pessoa agressiva, impaciente e excitável; fleumático
– pessoa pacífica, calma e passiva; sanguíneo – pessoa sociável, alegre e extrovertida)
que foi, por muito tempo, utilizada para classificar a personalidade.

De acordo com Pasquali (1999), a psicometria nasceu do positivismo e do


empirismo de Bacon. Aqui, através da indução, a experiência individual pode ser
utilizada para a compreensão da experiência universal.

A psicometria é um ramo da estatística, assim, o conceito estatístico predomina


sobre o psicológico. O pesquisador Thurstonon, ainda de acordo com Pasquali
(1999), criou a “psicologia matemática”, isto é, a área da psicometria que estuda
os modelos matemáticos dos processos psicológicos.

A psicometria teve origem com o estatístico Spearman, seguindo os


procedimentos fisicalistas de Galton. Ela também foi aplicada na área das
aptidões humanas (mentais, físicas, psicofísicas), medindo os comportamentos
em termos de acertos e erros.

As origens formais da psicometria, de acordo com Pasquali (1999), foram elaboradas


pelos psicólogos da Alemanha, França e EUA no fim do século XIX, influenciados pela
separação alma x corpo, de origem cartesiana. Duas tendências ocorriam no período:

1. Na França, o interesse era a introspecção e a experiência subjetiva. Os


procedimentos utilizados eram descritivos.

Os psicólogos tinham preocupações na área acadêmica, psicopedagógica


e clínica. Aqui, a psicometria visava a detectar, principalmente, o retardo
mental e o potencial dos indivíduos. A maior preocupação era com os
problemas humanos.

›› Buscavam tratamento mais humanizado aos doentes mentais


classificados com retardos nos diferentes níveis.

›› Pesquisadores dessa linha:

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O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS │ UNIDADE I

·· Médico Esquirol (1838): para ele, o critério para identificar o nível


de retardo mental estava na área da linguagem.

·· Médico Seguin (1866-1907): buscou tratar os pacientes com retardo


através de treinamento fisiológico.

·· Psicólogo Binet: desenvolveu um teste mental para avaliar o retardo


mental.

2. Na Alemanha, na Inglaterra e nos EUA, o interesse era no empirismo,


isto é, no comportamento, bem como nos processos sensoriais estudados
pela escola psicofísica de Leipzig. Os procedimentos utilizados eram
quantitativos. A origem da psicometria se encontra nessa tendência.

Os psicólogos de orientação estatística buscavam desenvolver a teoria


psicométrica. A maior preocupação era com a ciência pura.

›› Buscavam descobrir semelhanças nos comportamentos das pessoas,


e não as diferenças individuais, como na escola francesa. Para eles, as
diferenças significavam desvios ou erros.

›› Buscavam o comportamento sensorial e se preocupavam em controlar


as condições nas quais as observações eram feitas.

›› Os pesquisadores dessa linha foram Cattell e Galton.

A história da avaliação psicológica pode ser abordada da seguinte forma, de acordo com
Pasquali (1999):

A década de Galton: 1880


»» Galton, através da medida sensorial, avaliava as aptidões humanas e as
operações intelectuais.

»» Acreditava que todas as informações chegavam às pessoas pelo sentido e,


assim, quanto melhor o estado da pessoa, melhor seriam suas operações
intelectuais.

»» Buscou criar padrões das dimensões ideais dos sentidos por meio de um
levantamento das medidas sensoriais.

»» Acreditava que a capacidade de discriminação sensorial do tato e dos


sons era importante para as pessoas.
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UNIDADE I │ O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS

»» Obra: Inquiries into human faculty, de 1883.

»» Influenciou a orientação prática da psicometria (Cattell e outros


americanos).

»» Influenciou a orientação teórica da psicometria (Pearson e Spearson).

»» Propôs o desenvolvimento das medidas de tendência central, variabilidade


e correlação.

»» Colaborou com a psicometria em 3 áreas:

›› medida da discriminação sensorial, criando testes cujos conceitos


ainda são aplicados atualmente (barras para medir percepção de
comprimento, apito para percepção de altura do tom);

›› escalas de pontos, questionários e associação livre, que Galton


empregava após as medidas sensoriais;

›› desenvolveu e simplificou métodos estatísticos para analisar de modo


quantitativo os dados coletados.

A década de Cattell: 1890


»» Discípulo de Galton.

»» Desenvolveu a medida das diferenças individuais e da avaliação do


desempenho acadêmico de crianças.

»» Tinha um enfoque mais individual e se interessava pelas diferenças


individuais das pessoas.

»» Fundou o laboratório de psicologia na Universidade da Pensilvânia.

»» Posteriormente, fundou outro laboratório na Universidade de Columbia.

»» Criou a expressão “mental test”, em seu artigo “Mental tests and their
measurements”, que foi utilizado para avaliar o nível intelectual por meio
de provas aplicadas anualmente em estudantes universitários nos EUA.

»» Dava importância às medidas sensoriais, pois acreditava que eram mais


precisas.

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O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS │ UNIDADE I

»» Constatou que as medidas objetivas para as funções mais complexas, que


estavam sendo usadas, principalmente, na Alemanha, tais como testes
contendo operações simples de aritmética, testes de memória e resistência
à fadiga, testes de cálculo, duração de memória e complementação de
sentenças, não produziam resultados compatíveis com o desempenho
acadêmico.

Vale ressaltar que os testes de Cattell também não produziam resultados congruentes
entre si, não tinham correlação com o desempenho acadêmico dos alunos e nem com a
avaliação que os professores faziam do nível intelectual deles.

Outro teórico dessa década foi Karl Pearson:

»» Também foi discípulo de Galton.

»» Desenvolveu o coeficiente de correlação produto/momento.

A década de Binet: 1900


»» Avaliava, por meio da predição, as aptidões na área acadêmica e na área
da saúde.

»» Binet criou exercícios para o desenvolvimento mental das crianças, os


“ortopédicos mentais”.

Outro teórico dessa década foi Spearman:

»» Criou os fundamentos da teoria da psicometria clássica.

»» Obras: The proof and measurement of association between two things


(1904), “General intelligence” objectively determined and measured
(1904b), Demonstration of formulae for true measurement of correlation
(1907) e Correlations of sums and differences (1913).

Binet fez críticas aos testes existentes, acreditando que eles eram irrelevantes porque
eram somente medidas sensoriais que, mesmo sendo mais precisas, não tinham relação
importante com as funções intelectuais, ou eram testes de conteúdo intelectual, que
buscavam habilidades específicas, como memorizar, calcular etc.

Para Binet, os testes deveriam medir funções mais complexas, como a memória, a
imaginação, a atenção, a compreensão, entre outros. Dessa forma, Binet e Simon
criaram o teste de 30 itens para abarcar uma variedade de funções (como julgamento,

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UNIDADE I │ O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS

compreensão e raciocínio), objetivando avaliar o nível de inteligência de crianças e


adultos. Eles buscavam detectar o retardo mental.

A era dos testes foi iniciada a partir de Binet e Simon, que elaboraram testes de conteúdo
mais cognitivo (e não sensorial) e abarcaram funções mais amplas (não específicas).

A era dos testes de inteligência: 1910 a 1930


»» Teste de inteligência de Binet-Simon (1905).

Q.I. = 100(IM/IC).
Q.I. = quociente intelectual.
IM = idade mental.
IC = idade cronológica.

»» Artigo de Spearman sobre o fator g (1904).

»» Aprimoramento da escala Binet-Simon, em 1916, por Lewis M.


Terman, da Universidade de Stanford, lançando as bases para os
modernos testes de inteligência.

»» Na Primeira Guerra Mundial, a seleção dos recrutas para o exército


deveria ser rápida, eficiente e universal. Foram criados os testes Army
Alpha e Beta.

»» Foram introduzidos os testes de aplicação coletiva.

Outros teóricos dessa década:

»» Joseph Jastrow desenvolveu 15 testes na Universidade de Wisconsin


(1892-1927).

»» Hugo Musterberg elaborou testes para crianças em seu laboratório em


Harvard (1892-1916).

»» Edward L. Thorndike, discípulo de Cattell, em 1904, publicou o primeiro


livro abordando medidas mentais e educacionais, e seu discípulo, Cliff
W. Stone, publicou o primeiro teste padronizado em aritmética, o Stone
arithmetic test (1908).

Na década de 1920, foram criados mais de 100 testes. Poucos continuam sendo utilizados
atualmente.

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O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS │ UNIDADE I

A década da análise fatorial: 1930


Na década de 1920, foi constatado que os testes de inteligência dependiam da cultura na
qual eram elaborados, e a ideia de um fator geral universal do estilo Spearman começou
a ser repensada pelos psicólogos estatísticos. Assim, houve a diminuição da euforia com
os testes de inteligência.

Thurstone foi um teórico importante dessa década, nos EUA:

»» Desenvolveu a análise fatorial múltipla.

»» Trabalhou no desenvolvimento da escalagem psicológica.

»» Criou a bateria “Primary mental abilities”. A partir dela, outras baterias


surgiram: (DAT, PMA, GATB, TEA, WISC, WAIS).

»» Fundou, em 1936, a Sociedade Psicométrica Americana e a revista


Psychometrika, ambas buscando o estudo e a evolução da psicometria.

Foram criados os testes e inventários de personalidade (MMPI, 16PF, EPPS, POI, CPI,
CEP, EPI), além dos testes projetivos (TAT, CAT, Rosenzweig, Szondi, Rorschach, HTP).

A era da sistematização: 1940 a 1980


Essa década foi marcada por duas inclinações opostas:

»» Trabalhos de síntese:

›› Guilford, em sua obra “Psychometric methods”, de 1936 e reeditada


em 1954, buscou estruturar a evolução da psicometria. Em outra obra,
buscou organizar uma teoria sobre a inteligência.

›› Gulliksen, em sua obra “Theory of mental tests”, de 1950, buscou


estruturar a teoria clássica dos testes psicológicos.

›› Torgerson, em sua obra “Theory and methods of scaling”, de 1958,


buscou estruturar a teoria sobre a medida escalar.

›› Thurstone e Harman fizeram um apanhado dos avanços na área da


análise fatorial.

›› Cattell buscou condensar os dados da medida em personalidade.

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UNIDADE I │ O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS

›› Buros iniciou uma coleção de todos os testes existentes no mercado,


que é refeita a cada 5 anos, o Mental measurement yearbook. No
mesmo período, a American Psychological Association (APA) adotou
as normas de elaboração e uso dos testes.

»» Trabalhos de crítica:

›› Stevens abordou a polêmica das escalas de medida.

›› A obra de Lord e Novick, “Statistical theories of mental tests scores”,


de 1968, fez a primeira crítica à teoria clássica dos testes. Os autores
começaram a criar uma teoria alternativa, a teoria do traço latente. Ela
influenciou o surgimento da teoria de resposta ao item (TRI), que é a
teoria moderna da psicometria.

›› O modelo de psicologia cognitiva de Sternberg introduziu os


procedimentos e as pesquisas sobre os componentes cognitivos na
área da inteligência.

A era da psicometria moderna (teoria de


resposta ao item – TRI): 1980
Essa é a teoria mais nova existente, mas ela ainda não resolveu todos os problemas
fundamentais da psicometria. Dessa forma, ela substituiu apenas partes do modelo da
psicometria clássica.

Atualmente, os psicometristas vêm atuando nas seguintes linhas:

»» Organização da psicometria clássica – Autores: Anastasi, Crocker, Algina


e Thorndike.

»» Organização e pesquisa na TRI: Lord, Hambleton, Swaminathan,


Hambleton, Swaminathan, Rogers e Embretson. Esses autores exibem as
pesquisas que estão sendo desenvolvidas nessa área.

»» Pesquisa em áreas paralelas à psicometria:

›› testes com referência ao critério (Berk);

›› testes sob medida (computer adaptive testing – Wainer);

›› banco de itens (Applied psychological measurement; Millman e Arter;


Wright e Bell);

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O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS │ UNIDADE I

›› equiparação dos escores (Angoff; Holland e Rubin; Skaggs e Lissitz);

›› validade dos testes (Wainer e Braun);

›› vieses dos testes (Berk; Reynolds e Brown; Osterlind);

›› construção de itens (Brown; Gronlund; Mehrens e Lemann; Osterlind;


Roid; Roid e Haladyna).

»» As pesquisas da psicologia cognitiva na área de aptidões, por meio do


estudo dos componentes cognitivos (Sternberg; Sternberg e Detterman;
Sternberg e Weil; Carpenter, Just e Shell).

»» Principais revistas que publicam os trabalhos da psicometria:

›› Psychometrika, fundada em 1936.

›› Educational and Psychological Measurement, fundada em 1941.

›› The British Journal of Mathematical and Statistical Psychology,


fundada em 1948.

›› Journal of Educational Measurement, fundada em 1964.

›› Journal of Educational Statistics, fundada em 1976.

De acordo com Gouveia (2009), os pesquisadores da avaliação psicológica no Brasil


podem ser unidos em 3 gerações:

Na primeira, alguns dos autores são:

»» André Jacquemin (USP);

»» Cícero Vaz (PUC-RS);

»» Cláudio Hutz (UFRGS);

»» Jurema Cunha (PUC-RS);

»» Luiz Pasquali (UnB); e

»» Solange Wechsler (UNICAMP).

Eles criaram publicações especializadas, como a Revista Brasileira de Orientação


Vocacional e a Revista da Sociedade de Rorschach e Avaliação Psicológica.

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UNIDADE I │ O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS

E as seguintes associações:

»» Associação Brasileira de Orientação Vocacional.

»» Associação Brasileira de Rorschach e Métodos Projetivos.

»» Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica.

Esses pesquisadores foram os precursores no Brasil a utilizar a moderna Teoria de


Resposta ao Item (TRI) e as análises por equações estruturais.

Na segunda geração, alguns dos autores são:

»» Ana Paula Noronha (USF);

»» Denise Bandeira (UFRGS);

»» Elizabeth Nascimento (UFMG);

»» João Carlos Alchieri (UFRN);

»» Ricardo Primi (USF);

»» Roberto Cruz (UFSC);

»» Sonia Pasian (USP); e

»» Wagner Andriola (UFC).

Esses autores incorporaram as novas tecnologias de construção de itens e análise de


dados (por exemplo, Alceste, Amos, Bilog-MG, Circum, GGUM2000, GraphPadPrism,
Parscale, Testfact). Alguns deles ajudaram a implementar e a consolidar programas
de pós-graduação (stricto e lato sensu) voltados para a avaliação psicológica. Muitos
recebem bolsas do CNPq e contribuem com publicações importantes, tanto nacionais
quanto internacionais.

Na terceira geração, alguns autores são:

»» Adriana de Andrade Gaião e Barbosa (UFPB);

»» Carlos Henrique Nunes (UFSC);

»» Caroline Reppold (UFCSPA);

»» Fabián Rueda (USF);

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O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS │ UNIDADE I

»» Girlene Ribeiro de Jesus (CESPE-UnB);

»» Igor Menezes (UFBA);

»» Jorge Artur Peçanha de Miranda Coelho (UFAL);

»» Josemberg Moura de Andrade (UFF);

»» Patrícia Nunes da Fonseca (UNIPE);

»» Walberto Silva dos Santos (UFC).

Outros pesquisadores que contribuem para o fortalecimento da Avaliação Psicológica:

»» Acácia Aparecida Angeli dos Santos;

»» Latife Yazigi;

»» Blanca Susana Guevara Werlang.

Essa geração pode trabalhar no campo da TRI com modelos politômicos, de


desdobramento, procedimentos de reamostragem, análises paralelas, análises
curvilineares, escalonamentos muldidimensionais confirmatórios etc.

De acordo com Pasquali e Alchieri (2001), o desenvolvimento do uso dos testes e da


avaliação psicológica no Brasil pode ser compreendido em 5 fases, iniciando-se na
primeira metade do século XIX. São elas:

»» Produção médico-científica acadêmica (1836-1930).

»» Estabelecimento e difusão da psicologia no ensino nas universidades


(1930-1962).

»» Criação dos cursos de graduação em psicologia (1962-1970).

»» Implantação dos cursos de pós-graduação (1970-1987).

»» Emergência dos laboratórios de pesquisa, de 1987 em diante.

Durante seu desenvolvimento, de acordo com Caixeta e Silva (2014), a testagem passa:

»» de uma visão de poder/saber centralizador e autoritário para uma posição


relacional, social e aberta;

»» por um contínuo aumento, dentro do ambiente universitário, do uso dos


testes de maneira científica;

19
UNIDADE I │ O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS

»» de um uso dos testes importados para a sua adaptação à realidade do


Brasil (os psicólogos brasileiros também passam a desenvolver testes);

»» a ser institucionalizada e se torna padronizada e referencial de pesquisa;

»» a validar o trabalho do psicólogo;

»» a favorecer a evolução da Psicologia como ciência.

De acordo com Primi (2010), a partir da década de 1990, vários eventos sobre a avaliação
psicológica são realizados:

»» Encontro de Técnicas do Exame Psicológico, pela USP, em São Paulo.

»» Encontro Nacional sobre Testes Psicológicos, pela UFRGS e PUC-RS, em


Porto Alegre.

»» Encontro Mineiro de Avaliação Psicológica, pela UFMG, PUC-MG, Centro


Universitário Newton Paiva e FUMEC, em Minas Gerais.

»» Encontro da Sociedade Brasileira de Rorschach e outros métodos


projetivos, que em 2004 passou a se chamar Associação Brasileira de
Rorschach e Métodos Projetivos (ASBRo), pela USP-RP, em Ribeirão
Preto.

Esses eventos possibilitaram a reunião, o intercâmbio e a organização dos pesquisadores


da área, o que levou ao surgimento das duas maiores sociedades científicas da área:

»» ASBRo: fundada em 1993. Site: <http://www.asbro.org.br>.

»» Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica (IBAP): fundado em 1997


pelos psicólogos que estavam construindo, validando e adaptando os
testes no Brasil. Por meio de sua revista científica (Revista Avaliação
Psicológica), buscam melhorar a qualidade dos testes e da avaliação
psicológica, bem como promovem congressos para estimular o
desenvolvimento da produção científica e a reunião de profissionais em
torno do tema. Site: <http://www.ibapnet.org.br>.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP), em 2001, criou o Sistema de Avaliação


dos Testes Psicológicos (SATEPSI):

»» Ele é uma norma de certificação de instrumentos de avaliação


psicológica.

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O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS │ UNIDADE I

»» Avalia e qualifica os instrumentos em “apto” ou “inapto” para uso


profissional.

»» Verifica objetivamente os requisitos técnicos mínimos (fundamentação


teórica, precisão, validade e normatização), definidos pela área.

»» Coordenado por uma comissão consultiva em avaliação psicológica


mantida pelo CFP e por um grupo de pareceristas composto por
pesquisadores e profissionais da área.

»» Busca aumentar a qualidade dos instrumentos de avaliação.

Com o SATEPSI, o Brasil foi o primeiro país a implementar um sistema de


certificação, baseando-se nos critérios internacionais de qualidade de testes
envolvendo todos os instrumentos utilizados no país. Ele está servindo como
modelo a ser implementado por vários países da América do Sul, além de
Portugal e outros países africanos de língua portuguesa.

Linha do tempo SATEPSI, adaptada da edição de maio de 2019 da Revista Diálogos.


Disponível em: <https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2019/05/19.10-Dialogos-
Ed10_Web.pdf>.

2001

»» Primeiras discussões para a criação do SATEPSI.

»» Resolução 25/2001, que define teste psicológico como método de


avaliação do psicólogo e regulamenta sua elaboração, comercialização e
uso.

2003

»» Criação do SATEPSI.

»» Resolução CFP n.002/2003, que regulamenta o uso, a elaboração e a


comercialização de testes psicológicos.

»» Resolução CFP n. 007/2003, que institui o manual de elaboração de


documentos escritos produzidos pelo psicólogo, decorrentes de avaliação
psicológica.

2005

»» 2005 a 2010 ocorreram visitas da CCAP a todos os CRPs para divulgar o


SATEPSI.

21
UNIDADE I │ O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS

2007

»» Cartilha sobre Avaliação Psicológica.

2010

»» Avaliação Psicológica: Diretrizes na Regulamentação da Profissão.

2011

»» Treinamento aos pareceristas ad hoc do SATEPSI.

»» Ano Temático da Avaliação Psicológoca – Textos Geradores.

»» Lançamento do Prêmio Profissional “Avaliação Psicológica na perspectiva


dos Direitos Humanos”.

2012

»» Seminário Nacional do Ano Temático da Avaliação Psicológica.

»» Relatório do Ano temático da Avaliação Psicológica 2011/2012.

»» Resolução CFP n. 005/2012, que dispõe sobre requisitos éticos e de


defesa dos direitos humanos na construção de testes psicológicos.

2013

»» Cartilha Avaliação Psicológica.

»» Campanha: A banalização da Avaliação Psicológica prejudica toda a


sociedade.

2015

»» Primeiro edital para pareceristas ad hoc do SAEPSI.

»» Resolução CFP n. 034/2015, que define e regulamenta a Comissão


Consultiva em Avaliação Psicológica.

2016

»» Segundo edital para pareceristas ad hoc do SATEPSI.

»» Palestras itinerantes da CCAP nas cinco regiões geopolíticas do Brasil.

2017

»» Terceiro edital para pareceristas ad hoc do SATEPSI.

22
O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS │ UNIDADE I

»» Resolução CFP n. 03/ 2017, que altera a Resolução CFP n. 034/2015, que
define e regulamenta a Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica.

»» Publicação das notas técnicas 01/2017 e 02/2017.

2018

»» Resolução 09/2018, que estabelece diretrizes para a realização de


Avaliação Psicológica no exercício profissional da psicologia, regulamenta
o Sistema de avaliação de Testes Psicológicos – SATEPSI e revoga as
Resoluções n. 002/2003, n. 006/2004 e n. 005/2012 e Notas Técnicas n.
01/2017 e 02/2017.

A Avaliação Psicológica era vista como aplicação de testes antes da aprovação dessa
Resolução, que fundamenta a Avaliação Psicológica como um processo, sendo muito
mais do que a aplicação de testes psicológicos.

Esta Resolução está organizada em seis eixos centrais, de acordo com a edição de maio
de 2019 da Revista Diálogos, disponível em: <https://site.cfp.org.br/wp-content/
uploads/2019/05/19.10-Dialogos-Ed10_Web.pdf>.

1. Diretrizes básicas para se realizar a avaliação psicológica.

2. Submissão e avaliação de testes ao SATEPSI.

3. Submissão ao SATEPSI de versões semelhantes de testes psicológicos


aprovados (informatizados e não informatizados).

4. Atualização de normas dos testes psicológicos.

5. Atualização de estudos de validade de testes psicológicos.

6. Justiça e proteção dos direitos humanos na Avaliação Psicológica.

Esta Resolução dá autonomia para os psicólogos adotarem os métodos, técnicas


e instrumentos que julgarem necessários em suas avaliações. Além dos testes
regulamentados pelo SATEPSI, podem ser utilizados a entrevista/anamnese, protocolos
ou registros de observação de comportamentos nas sessões individuais ou em grupo,
para examinar se uma pessoa apresenta uma determinada característica.

Podem ser usadas, também, fontes complementares, isto é, técnicas não psicológicas
que possuem base científica e ética, além de relatórios de equipes multiprofissionais e
protocolos para apoiar o psicólogo que está realizando a avaliação psicológica. Dessa
forma, para realizar o laudo, o psicólogo pode usar, além dos testes, outras fontes

23
UNIDADE I │ O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS

fundamentais e recursos complementares na elaboração de seu documento, mas o


laudo não poderá ser baseado unicamente em recursos complementares.

A Avaliação Psicológica Compulsória ocorre quando tem caráter de obrigatoriedade,


através de uma exigência legal. São elas:

1. Avaliação Psicológica no contexto do trânsito.

De acordo com Faiad e Alves (2018), o Departamento Nacional de


Trânsito (Denatran) formulou a Resolução n° 80/1998, que regulamentou
a avaliação psicológica de candidatos à CNH.

Características dos psicólogos para atuar nesta área, de acordo com a


Resolução:

›› ter, no mínimo, um ano de formado;

›› estar com o registro de psicólogo atualizado no respectivo Conselho


Regional de Psicologia;

›› ter experiência de um ano na área de avaliação psicológica; e

›› ter concluído o Curso de Capacitação para psicólogo responsável pela


avaliação psicológica e como Psicólogo Perito Examinador do Trânsito.

As características a serem avaliadas nos candidatos à CNH, de acordo


com esta Resolução, são:

›› habilidades específicas, entre elas a atenção percepto-reacional;

›› área motora;

›› nível mental; e

›› equilíbrio psíquico.

Em 2008, o CFP publicou a nova Resolução no 007/2009, apresentando


as seguintes características a serem avaliadas nos candidatos:

›› diferentes tipos de atenção, isto é, atenção difusa, vigilância, atenção


sustentada, atenção concentrada, distribuída, atenção dividida e
atenção alternada.

2. Avaliação Psicológica para concursos públicos.

Para Faiad e Alves (2018), a avaliação psicológica constitui uma das


fases de um concurso público e busca verificar se as características de

24
O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS │ UNIDADE I

um candidato são compatíveis com as solicitadas através do perfil pré-


estabelecido para o cargo, isto é, os aspectos cognitivos, as habilidades
específicas e de personalidade. A avaliação busca também identificar
traços de psicopatologia.

A Resolução no 09/2018 do CFP organizou alguns dos procedimentos a


serem utilizados pelos psicólogos, como a obrigatoriedade de entrevista
devolutiva, a manutenção do sigilo dos dados e a necessidade na inscrição
do psicólogo em seu respectivo Conselho Regional.

3. Avaliação Psicológica para porte de armas.

De acordo com a Revista Diálogos, disponível em: <https://site.cfp.


org.br/wp-content/uploads/2019/05/Dialogos-Ed10_Encarte_Web_2.
pdf>, a Polícia Federal regulamentou, através da Instrução Normativa
78, de 10 de fevereiro de 2014, as características que devem ser avaliadas
para conceder porte e manuseio de arma de fogo. São elas:
›› atenção necessária (concentrada e difusa);
›› memória (auditiva e visual);
›› o indivíduo ser capaz de se adaptar;
›› o indivíduo ter autocrítica;
›› o indivíduo possuir autoestima;
›› o indivíduo possuir autoimagem;
›› o indivíduo possuir controle e estabilidade emocional;
›› o indivíduo ser capaz de tomar decisões;
›› o indivíduo ter empatia;
›› o indivíduo ser equilibrado;
›› o indivíduo ter flexibilidade;
›› o indivíduo ter maturidade;
›› o indivíduo ser prudente;
›› o indivíduo ter senso crítico.

Os fatores psicológicos restritivos são:


›› o indivíduo estar em conflito;
›› o indivíduo ter depressão;

25
UNIDADE I │ O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS

›› o indivíduo ser dissimulado;


›› o indivíduo possuir algum distúrbio;
›› o indivíduo ser exibicionista;
›› o indivíduo ser explosivo;
›› o indivíduo ter baixa tolerância à frustração;
›› o indivíduo ser hostil;
›› o indivíduo ser imaturo;
›› o indivíduo ser imprevisível;
›› o indivíduo ser indeciso;
›› o indivíduo ser influenciável;
›› o indivíduo ser inseguro;
›› o indivíduo ser instável;
›› o indivíduo possuir irritabilidade;
›› o indivíduo possuir negativismo;
›› o indivíduo ser obsessivo;
›› o indivíduo ser opositor;
›› o indivíduo ter alguma perturbação;
›› o indivíduo ser pessimista;
›› o indivíduo possuir algum transtorno;
›› o indivíduo ser vulnerável.

»» De acordo com a publicação da revista Diálogos, para medir as características


da personalidade e as habilidades específicas dos indivíduos usuários de
arma de fogo, o psicólogo responsável pela Avaliação Psicológica pode
escolher os instrumentos que irá utilizar, mas a avaliação deve conter, ao
menos:

›› um teste projetivo;

›› um teste de expressivo;

›› um teste de memória;

›› um teste de atenção difusa e concentrada;

›› uma entrevista estruturada.

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O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS │ UNIDADE I

Para o certificado de registro de armas de fogo para colecionador, tiro


desportivo e caça, o laudo de aptidão poderá ser elaborado por qualquer
psicólogo inscrito no Conselho Regional de Psicologia e, para se credenciar
na Polícia Federal para realizar concessão de porte e manuseio de arma
de fogo, precisa apresentar algumas documentações, como por exemplo:
›› Comprovar três anos de experiência com os instrumentos de avaliação
que serão utilizados na bateria de testes.

›› Certificado de cursos sobre os testes com carga horária mínima de 80


horas/aula.

›› A sala de aplicação de testes deve ter equipamentos adequados para a


sua aplicação e possuir, no mínimo, 4 metros quadrados para a testagem
individual e, no mínimo, dois metros quadrados por candidato para as
testagens coletivas e deve ser isolada acusticamente.

4. Avaliação Psicológica para realizar cirurgia bariátrica.

De acordo com a Revista Diálogos, estão contraindicados a realizar a


cirurgia bariátrica indivíduos com alguma doença mental que possa
interferir no tratamento, tais como:
›› alcoolismo;

›› dependência química;

›› depressão grave com ou sem ideação suicida;

›› psicoses graves.

Não existe, até o momento, regulamentações para a realização do processo


de avaliação. De acordo com esta edição da Revista Diálogos, muitas
pesquisas estão sendo realizadas que indicam que as características a
serem avaliadas são, entre outras:
›› A percepção do indivíduo sobre a cirurgia.

Muitos candidatos acreditam que a cirurgia é um procedimento


estético e que melhorará sua insatisfação corporal.
›› O desenvolvimento de patologias após a cirurgia como, por exemplo:

·· ansiedade;

·· depressão;

27
UNIDADE I │ O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS

·· vigorexia;

·· bigorexia;

·· transtornos dismórficos corporais;

·· automutilação;

·· ideação suicida; e

·· tentativa de suicídio.

›› O suporte familiar.

O pós-cirúrgico necessita de muitas restrições alimentares, o que


pode causar ansiedade no paciente. Dessa forma, o suporte familiar
contribui para o sucesso da cirurgia bariátrica.
›› O comportamento compulsivo.

Tem-se observado constantemente a troca de compulsão da comida


pelo álcool, pela vigorexia e pela bigorexia.
As pesquisas também têm demonstrado que, no processo de avaliação
dos candidatos, a técnica mais utilizada tem sido a entrevista
semiestruturada, realizada em somente um encontro. Essas avaliações
não são confiáveis e são inconsistentes. De acordo com a edição da
Revista Diálogos, testes projetivos e expressivos devem também ser
utilizados na avaliação.
5. Avaliação Psicológica para realizar transplante de órgãos.

O objetivo dessa avaliação, de acordo com a Revista Diálogos, é prevenir


problemas emocionais e psicossociais após os transplantes, pois muitos
desses pacientes possuem depressão e ansiedade. Na avaliação deve ser
verificado se o paciente tem condições de fazer um autocuidado depois do
procedimento cirúrgico, se ele tem o entendimento de todo o percurso e
se tem alguma patologia que possa atrapalhar esse processo.
A avaliação realizada no doador deve incluir seu entendimento sobre
todo o percurso e o que o motivou a tomar essa decisão. É realizada uma
psicoeducação, a fim de informar sobre o processo.

28
O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS │ UNIDADE I

6. Avaliação Psicológica para realizar a reprodução assistida.

Para a Revista Diálogos (2019), a avaliação psicológica não busca medir


se os indivíduos que procuram este tratamento estão aptos ou não para
realizar o procedimento. A avaliação busca auxiliar no suporte emocional
dos envolvidos.
O Guia de Recomendações de Atenção Psicossocial nos Centros de
Reprodução Assistida, lançado em 2018, pode indicar as diretrizes para
este tipo de Avaliação Psicológica.
7. Avaliação Psicológica para a readequação genital.

A nova edição da Classificação Internacional de Doenças (CID 11) retirou


a transexualidade do capítulo de doenças mentais e a colocou em um
capítulo sobre saúde sexual geral. O SUS realiza, desde 2008, cirurgias
de readequação genital, e o CFP publicou a Resolução n. 001/2018, que
trata das boas práticas na atenção em saúde das pessoas trans e travestis,
de acordo com a Revista Diálogos (2019).
A avaliação psicológica desse indivíduo deve ser baseada nas demandas
médicas e sociais da identidade de gênero. Também deve se basear
nas demandas desse sujeito, tendo como objetivo não somente a lógica
diagnóstica, mas também o funcionamento psicossocial global do
candidato. O psicólogo deverá escolher elaborar laudo ou atestado.
8. Avaliação Psicológica nos trabalhadores regidos pelas normas:
Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho: NR33
(atividades e espaço confinado) e NR35 (atividades em alturas).

9. Avaliação Psicológica para o ingresso na aviação civil, entre


outras.

A edição de maio de 2019 da Revista Diálogos cita outras modalidades de Avaliação


Psicológica. São elas:

a. Avaliação Psicológica de surdos.

b. Avaliação Psicológica em contextos de emergências e desastres.

c. Avaliação Psicológica em paratletas.

d. Avaliação Psicológica na equoterapia.

e. Avaliação Psicológica no contexto indígena.

29
UNIDADE I │ O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS

Figura 2. Avaliação Psicológica.

Fonte: <http://www.avaliacaopsicologica.com/wp-content/uploads/2015/10/cursos-avaliacao-psicologica-2.jpg>.
Acesso em: 27/9/2019.

A avaliação psicológica, de acordo com Caixeta e Silva (2014), só pode ser realizada por
psicólogos e é um processo técnico-científico de coletar dados, estudar e interpretar
os fenômenos psicológicos, por meio de estratégias psicológicas, métodos, técnicas,
instrumentos, questionários e entrevistas.

A avaliação psicológica, de acordo com Gouveia (2009), é uma área técnica e aplicada
da Psicologia. As pesquisas nesse campo buscam criar estratégias eficazes a fim de
conhecer o comportamento humano, medindo e avaliando os atributos psicológicos.
Essa área tem evoluído no Brasil, com o aumento da qualificação dos profissionais que
atuam nesse campo.

Para Gouveia, a avaliação psicológica possibilita que o psicólogo tenha indicadores


para basear sua prática e para indicar o melhor tratamento. Somente uma avaliação
psicológica detalhada poderá detectar, por exemplo, a dificuldade de aprendizagem
de uma criança em função de aspectos cognitivos (como baixa inteligência), afetivos
(como depressão) ou comportamentais (como hiperatividade).

De acordo com Primi (2003), a avaliação psicológica, além de ser uma área técnica
e de produção de instrumentos, operacionaliza as teorias psicológicas em eventos
observáveis. Ela estimula a observação dos eventos psicológicos, relacionando a teoria
com a prática. Ela contribui para a evolução do conhecimento psicológico, pois permite
que as teorias possam ser testadas e melhor elaboradas.

A parte da avaliação psicológica que desenvolve instrumentos é uma área nuclear da


psicologia enquanto ciência, porque:

»» transforma os conceitos teóricos em elementos observáveis;

»» aplica o método científico (levantamento, correlacional, quasi-


experimental e experimental) mais apropriado para se conhecer o que se
deseja;

30
O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS │ UNIDADE I

»» utiliza o modelo matemático para representar os processos psicológicos.


Esse modelo tem substituído o modelo clássico de análise dos dados,
fundamentado somente no teste de significância da hipótese nula;

»» seus produtos (os instrumentos de medida) são necessários para


desenvolver o conhecimento científico dentro da psicologia.

Podemos perceber que os estudos empíricos utilizam os instrumentos para observar os


construtos e validar as explicações sobre o comportamento do homem. Primi (2010)
relata que um dos primeiros pesquisadores a desenvolver o modelo Rasch, nos EUA,
apresentou um modelo de fisiologia da ciência em cinco estágios:

»» Exposição: a produção do conhecimento científico começa com a


exposição ou consciência dos fenômenos.

»» Observação: posteriormente, se organizam meios sistemáticos de


observação, como itens e testes.

»» Medida: são aplicados modelos matemáticos, como a Teoria de Resposta


ao Item, na qual as observações são transformadas em medidas.

»» Análise.

»» Teoria.

As medidas são transformadas em teorias, que são abstrações que buscam predizer
eventos da realidade de forma generalizada.

O resultado da avaliação psicológica interfere no diagnóstico, no prognóstico e na


decisão do tratamento a ser utilizado. Ele contribui para qualidade de vida e bem-estar
de indivíduos, grupos e organizações.

A partir da década de 1980, a avaliação psicológica teve um salto no Brasil por meio dos
cursos de graduação; do desenvolvimento e publicação de pesquisas; da normatização e
fundamentação de instrumentos vindos de outras culturas; e da criação de instrumentos
por profissionais brasileiros.

Alguns dos problemas evidenciados na avaliação psicológica, de acordo com


Caixeta e Silva (2014), são:

»» o uso inadequado dos instrumentos, que produz preconceitos e


discriminação social;

31
UNIDADE I │ O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS

»» importação e tradução dos testes criados em outras culturas para a


realidade brasileira;

»» seu uso indiscriminado e descontextualizado;

»» falta de padronização brasileira;

»» a existência de instrumentos comercializados desatualizados e sem


embasamento científico;

»» a produção de laudos inadequados;

»» o uso exclusivamente técnico de instrumentos sem uma atitude


crítico-reflexiva fundamentada teórica e cientificamente.

Noronha (2002) acrescenta:

»» Definição pouco simples do que o instrumento mede, ou seja, a


complexidade do pressuposto teórico que subsidia a construção do
instrumento.

»» Inabilidade do psicólogo para compreender os dados e para fazer


relações entre os diversos resultados encontrados pelos próprios
testes ou por qualquer outra técnica utilizada.

A área da avaliação psicológica possui muitos desafios e, dentre eles, podemos


destacar o crescimento da área, pois além de aplicar e corrigir testes, os
profissionais devem pensar de maneira crítica, elaborar e propor mudanças e
aperfeiçoar os instrumentos existentes.

Outro desafio é o aprimoramento da formação do psicólogo em avaliação


psicológica. No currículo dos cursos de psicologia, devem ser incluídos temas e
conteúdos que busquem refletir e fundamentar o aperfeiçoamento da área. O
psicólogo deve saber utilizar e avaliar a qualidade do instrumento que usa.

Alguns dos temas sugeridos para serem incluídos no currículo são:

»» raciocínio matemático, conhecimentos de estatística e de métodos de


pesquisa;

»» teoria da medida e psicometria;

»» avaliação da inteligência;

»» avaliação da personalidade, incluindo técnicas projetivas e os


inventários de personalidade;

»» práticas integrativas de planejamento, execução e redação dos


resultados da avaliação psicológica (elaboração de laudos) nos mais
variados contextos.

32
O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS │ UNIDADE I

De acordo com Machado (2007), a avaliação psicológica é:

»» um processo dinâmico;

»» um processo de conhecimento do outro;

»» um processo científico;

»» um trabalho especializado;

»» a obtenção de amostras de comportamento.

Para o autor, a avaliação psicológica NÃO é:

»» um trabalho mecânico;

»» somente avaliar características;

»» sinônimo de aplicação de testes;

»» um processo rápido, simples e fácil;

»» um conhecimento definitivo sobre o comportamento observado.

Para ele, o psicólogo que busca utilizar avaliações deve estar atento às seguintes
dimensões:

»» Dimensão técnica: o psicólogo deve conhecer as técnicas que irá utilizar


e deve poder criticar conscientemente o uso desses instrumentos (testes,
dinâmica de grupo, observação, entrevistas, entre outros).

O psicólogo não sai da universidade dominando as técnicas porque o


ensino é compartimentalizado e a formação dá prioridade ao aspecto
técnico e não ao científico. Os estudantes aprendem a aplicar as técnicas
e não têm a experiência de integrar os dados obtidos, de analisá-los de
forma precisa e de levantar as hipóteses através desses dados. Assim,
para aperfeiçoar esses conhecimentos, o psicólogo deve buscar cursos de
pós-formação.

»» Dimensão relacional: essa dimensão transmite os mecanismos


transferenciais e contratransferenciais que sempre estão presentes no
momento da avaliação. O psicólogo deve estar constantemente fazendo
um exercício de autopercepção e autocrítica para poder perceber melhor

33
UNIDADE I │ O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS

a si mesmo e ao cliente. Isso significa que é importante o psicólogo estar


em processo de psicoterapia.

»» Dimensão ética: o psicólogo deve respeitar a dor do indivíduo e buscar


causar o menor dano possível quando for fazer a devolução do resultado.
Deve fazer obrigatoriamente a entrevista de devolução, que, se bem
realizada, pode contribuir para o crescimento do paciente.

»» Dimensão legal: apresenta algumas questões que merecem uma reflexão.


O Estado tem o direito de investigar a vida do indivíduo quando busca
um trabalho ou quer ter a Carteira Nacional de Habilitação? Quais as
consequências legais que a interdição de um membro trará para ele e sua
família? Qual é o valor legal de se utilizar técnicas desatualizadas e não
adaptadas à cultura brasileira?

»» Dimensão profissional: está relacionada às consequências da avaliação,


do laudo e da entrega dos resultados. O psicólogo apresentou esses dados
com seriedade e isenção? Como ele se posiciona quando precisa analisar
o laudo realizado por um colega quando chamado para fazer um recurso?
Prefere agradar o chefe e manter seu emprego ou ser coerente com o
trabalho que está realizando?

»» Dimensão social: A avaliação psicológica pode colaborar para diminuir


mecanismos sociais segregatórios? Seu trabalho pode ter a finalidade de
manipulação?

Podemos perceber que a avaliação psicológica não é simples e pode


ocasionar consequências para o paciente e para a imagem da psicologia.
Independentemente do local de realização da avaliação e de seus objetivos,
não se deve aplicar e corrigir testes sem entender como esse trabalho é
complexo e deve visar ao respeito ao paciente.

Para Caixeta e Silva (2014), falta clareza em relação ao que significa uma avaliação
psicológica, pois, muitas vezes, o processo da avaliação é confundido com o
instrumento que o psicólogo utiliza. Os testes são importantes, mas são apenas
um dos meios de avaliação entre outros existentes. De maneira integrada, devem
ser utilizadas as teorias científicas, as técnicas, os instrumentos, os métodos e a
ética.

34
O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS │ UNIDADE I

A avaliação psicológica não deve ser resumida somente como o resultado dos
procedimentos técnicos utilizados para avaliar as características dos sujeitos. Outros
fatores como a complexidade da tarefa, a relação da pessoa com o avaliador, a história
e o contexto de vida da pessoa, a relação entre a pessoa e o contexto da avaliação (para
que, para quem) também interferem nos resultados da avaliação.

A avaliação psicológica é o resultado de três critérios interdependentes: a medida,


o instrumento e o processo de avaliação. Cada um deles tem uma representação
metodológica e teórica. Ela deve favorecer o sujeito submetido à avaliação,
independentemente de sua finalidade (diagnosticar problemas, descrever situações,
realizar intervenções, planejar tratamento), mesmo que a demanda não tenha sido do
indivíduo, como nos exames psicotécnicos, seleção de pessoal e casos judiciais, por
exemplo.

O código de ética do CRP estabelece os seguintes princípios fundamentais da


prática profissional:

»» Respeito, liberdade, dignidade, igualdade e integridade.

»» Promover a saúde e a qualidade de vida.

»» Responsabilidade social.

»» Aprimoramento profissional contínuo.

»» Acesso ao conhecimento da ciência.

»» Posicionamento crítico.

Já a APA (American Psychological Association), de acordo com Wechsler (2001),


estabelece seis padrões éticos básicos em um processo de avaliação psicológica.
São eles:

1. Competência (manter os mais altos padrões de excelência técnica e


científica atualizada).

2. Integridade (comportamentos honestos, justos e respeitosos e


conhecimento de seu sistema de valores e sua influência na prática
profissional).

3. Responsabilidade científica e profissional (atender com técnicas


específicas às necessidades de diferentes tipos de clientela e colaborar
com instituições e outros profissionais).

35
UNIDADE I │ O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS

4. Respeito pela dignidade e direitos das pessoas (reconhecimento


do direito de privacidade, confidencialidade, autodeterminação e
autonomia dos indivíduos atendidos, direito à recusa do tratamento
e direitos decorrentes das diferenças individuais resultantes da idade,
sexo, raça, religião, orientação sexual, nível socioeconômico etc.).

5. Preocupação com o bem-estar do outro (minimizar riscos e


conflitos e estar sensível para a relação de poder no atendimento de
modo a evitar o engano ou exploração da pessoa atendida).

6. Responsabilidade social (divulgação dos conhecimentos


psicológicos para reduzir o sofrimento e contribuir para a melhoria da
humanidade).

36
CAPÍTULO 3
O psicodiagnóstico

Figura 3. O psicodiagnóstico.

Fonte: <http://psicoresumos.blogspot.com.br/2014/04/passos-do-processo-psicodiagnostico.html>.

Para Cunha (2000), o psicodiagnóstico é uma avaliação psicológica com


objetivos clínicos. É um processo que busca identificar forças e fraquezas no
funcionamento psicológico, focando na existência ou não de psicopatologia.

A psicologia foi influenciada por duas tradições filosóficas, de acordo com Araújo
(2007):

»» Positivismo: busca o conhecimento objetivo por meio da neutralidade


científica e da experimentação. É baseado no método científico aplicado
às ciências naturais.

Nessa perspectiva, o homem é um objeto de estudo que pode ser observado


e mensurado, isto é, ele pode ser estudado da mesma forma que algum
fenômeno na natureza.

A avaliação psicológica, nessa perspectiva, segue o modelo médico e


psicométrico e valoriza o uso dos testes psicológicos a fim de proporcionar
o tratamento mais eficaz. Aqui, para identificar as características da
personalidade, é utilizada a classificação nosológica, enfatizando os
sintomas.

37
UNIDADE I │ O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS

O uso da psicometria foi ampliado e os testes psicológicos começaram a ser


utilizados para medir a capacidade intelectual e as aptidões individuais.
Ela começou a ser utilizada:

›› Na área clínica.

›› Na área escolar (diagnosticando as dificuldades de aprendizagem das


crianças).

›› Na área de Recursos Humanos (seleção das pessoas para funções


específicas).

Com essa ampliação, os resultados dos testes deixam de ser entregues


a outros profissionais e os psicólogos iniciam o trabalho de orientar os
médicos, os pais, os professores e as empresas.

»» O humanismo: opõe-se ao positivismo, questionando a aplicação


do método das ciências naturais às ciências humanas. Acreditam que a
subjetividade é muito importante, não sendo possível a separação total
entre sujeito e objeto de estudo.

Foi influenciado pela fenomenologia e pela psicanálise, enfatizando


a subjetividade, a intencionalidade, o sentido e o significado das
experiências e dos sintomas, o inconsciente e a relação entre o indivíduo
e o objeto de estudo. Buscava compreender o homem globalmente.

Questionava os modelos de avaliações psicológicas realizadas apenas por


meio de testes psicológicos, estruturados e padronizados. Assim, surgiram
outras formas de diagnóstico que culminaram no psicodiagnóstico e
em outras maneiras de avaliação, como as entrevistas diagnósticas,
usando ou não testes e técnicas (estruturadas ou não) para investigar a
personalidade.

De acordo com Araújo (2007), o diagnóstico se originou da palavra grega diagnõstikós,


que significa discernimento, faculdade de conhecer, de ver através de. Atualmente,
o diagnóstico busca conhecer algum fenômeno ou realidade através de um conjunto
de procedimentos teóricos, técnicos e metodológicos. Foi inicialmente utilizado pela
medicina e, posteriormente, ampliado para outras áreas do conhecimento. Na psicologia,
o diagnóstico e a avaliação psicológica são importantes no processo de formação do
psicólogo.

38
O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS │ UNIDADE I

O psicodiagnóstico, de acordo com Cunha (2000), surgiu com a psicanálise,


possibilitando entender e classificar os transtornos mentais através de um novo
olhar. Anteriormente, o modelo que existia para estudar as doenças mentais
vinha, principalmente, do trabalho de Kraepelin, que procurava indicar critérios
de diagnóstico diferencial para a esquizofrenia.

No período que antecedeu Freud, o enfoque do transtorno mental era médico


e buscava identificar sinais e sintomas que constituíam as síndromes. A ciência
médica se interessava pelos pacientes graves, hospitalizados.

A abordagem se modificou no período freudiano. O quadro dos pacientes


atendidos não era tão grave, eles não se encontravam internados, e seus
sintomas eram entendidos de forma compreensiva e dinâmica.

O diagnóstico psicológico pode ser realizado, segundo Cunha (2000):

»» Pelo psicólogo e pelo psiquiatra (às vezes pelo neurologista ou psicanalista).


Nesse caso, os testes e técnicas privativas dos psicólogos não são usados,
devendo ser utilizado somente o modelo médico para examinar funções e
identificar patologias. Cumpre vários objetivos, exceto o de classificação
simples.

»» Por uma equipe multiprofissional (psicólogo, psiquiatra, neurologista,


orientador educacional, assistente social e outros). Aqui, cada profissional
utiliza seu modelo próprio, buscando uma avaliação completa e inclusiva,
para integrar os dados interdependentes (de natureza psicológica,
médica, social etc.).

»» Somente pelo psicólogo clínico quando utiliza o psicodiagnóstico,


incluindo técnicas e testes privativos dos psicólogos.

A estratégia e os instrumentos utilizados no psicodiagnóstico são escolhidos em função:

»» do referencial teórico;

»» do objetivo (clínico, profissional, educacional, forense etc.); e

»» da finalidade (diagnóstico, indicação de tratamento e/ou prevenção).

De acordo com Araújo (2007), independentemente da estratégia e dos instrumentos


utilizados, todos têm em comum a busca por:

»» qualidade da formação em avaliação psicológica;

»» qualidade do conteúdo das disciplinas;

39
UNIDADE I │ O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS

»» validar os testes psicológicos;

»» integrar o ensino-aprendizagem na prática diária.

De acordo com Araújo (2007), o psicodiagnóstico começou a ser utilizado em


vez de somente testes da psicometria. Aqui, os testes passaram a ser utilizados
com outros procedimentos clínicos, a fim de compreender globalmente a
personalidade do indivíduo.

No Brasil, os modelos de psicodiagnóstico mais utilizados, segundo o autor, são:

»» os elaborados por Ocampo et al. (2005), Arzeno (2003) e Cunha (2000);

»» o modelo compreensivo elaborado por Trinca (1984a, 1984b);

»» o modelo fenomenológico elaborado por Ancona-Lopez (1995),


Cupertino (1995) e Yehia (1995).

Para Cunha (2000), o psicometrista valoriza os aspectos técnicos da testagem, usa


os testes para obter dados, a fim de buscar traços ou descrever capacidades. Já no
psicodiagnóstico, além dos testes, outras estratégias são usadas a fim de avaliar o
indivíduo de forma sistemática e científica, buscando resolver problemas.

Os objetivos mais comuns do psicodiagnóstico são, de acordo com Cunha (2000):

Quadro 1. Objetivos do psicodiagnóstico.

Objetivos Especificação
O exame compara a amostra do comportamento do examinando com os resultados de outros sujeitos da
Classificação simples população geral ou de grupos específicos, com condições demográficas equivalentes; esses resultados são
fornecidos em dados quantitativos, classificados sumariamente, como em uma avaliação de nível intelectual.
Ultrapassa a classificação simples, interpretando diferenças de escores, identificando forças e fraquezas e
Descrição
descrevendo o desempenho do paciente, como em uma avaliação de déficits neuropsicológicos.
Classificação nosológica Hipóteses iniciais são testadas, tomando como referência critérios.
São investigadas irregularidades ou inconsistências do quadro sintomático, para diferenciar alternativas
Diagnóstico diferencial
diagnósticas, níveis de funcionamento ou a natureza da patologia.
É determinado o nível de funcionamento da personalidade, são examinadas as funções do ego, em especial a
Avaliação compreensiva de insight, condições do sistema de defesa, para facilitar a indicação de recursos terapêuticos e prever a possível
resposta a eles.
Ultrapassa o objetivo anterior, por pressupor um nível mais elevado de inferência clínica, havendo uma integração
Entendimento dinâmico de dados com base teórica. Permite chegar a explicações de aspectos comportamentais nem sempre acessíveis
na entrevista, à antecipação de fontes de dificuldades na terapia e à definição de focos terapêuticos etc.
Procura identificar problemas precocemente, avaliar riscos, fazer uma estimativa de forças e fraquezas do ego, de
Prevenção
sua capacidade para enfrentar situações novas, difíceis e estressantes.
Prognóstico Determina o curso provável do caso.
Fornece subsídios para questões relacionadas com “insanidade”, competência para o exercício das funções de
Perícia forense
cidadão, avaliação de incapacidades ou patologias que podem se associar com infrações da lei etc.

Fonte: Adaptado de Cunha (2000).

40
O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS │ UNIDADE I

Para Ocampo et al. (2005) e Arzeno (2003), o psicodiagnóstico é uma prática clínica
delimitada que tem objetivos, tempo e papéis definidos. Seu modelo de psicodiagnóstico
está dentro do referencial psicanalítico, valorizando a entrevista, a relação terapêutica e
a devolução ao final do processo.

Para as autoras, o psicodiagnóstico:

»» Busca compreender profunda e completamente a personalidade do


paciente.

»» Engloba o diagnóstico atual e o prognóstico (perspectivas futuras).

»» É utilizado para esclarecer o diagnóstico, o encaminhamento e o


tratamento.

»» Os principais instrumentos utilizados são:

›› a entrevista clínica;

›› a aplicação de testes e técnicas projetivas;

›› a entrevista devolutiva; e

›› a elaboração do laudo (quando solicitado).

No início do processo, são definidos:

»» os objetivos;

»» os papéis de cada um (psicólogo, paciente, pais e/ou família);

»» a duração (em média quatro ou cinco sessões, que podem ser ampliadas
ou reduzidas, de acordo com a necessidade);

»» local;

»» horário;

»» tempo das entrevistas;

»» honorários e forma de pagamento.

De acordo com Ocampo et al. (2005), o psicodiagnóstico envolve quatro etapas:

»» A primeira engloba desde o contato inicial até a primeira entrevista.

41
UNIDADE I │ O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS

»» A segunda engloba a aplicação de testes e técnicas projetivas.

»» A terceira engloba o final do processo e a entrevista devolutiva.

»» A quarta engloba a elaboração do laudo para quem solicitou o


psicodiagnóstico.

De acordo com Arzeno (2003), o psicodiagnóstico consiste em sete etapas:

»» A primeira engloba desde o contato inicial até o primeiro encontro. Aqui,


o psicólogo tem suas primeiras impressões e deve ficar atendo em como
o contato inicial foi feito.

»» A segunda engloba as primeiras entrevistas. O psicólogo deve:

›› buscar o motivo latente e manifesto da consulta;

›› buscar as ansiedades e defesas que o paciente, pais e/ou família


apresentam;

›› buscar as expectativas e fantasias em relação à doença e à cura;

›› perceber a forma como o paciente se coloca;

›› perceber o que o paciente prioriza em seu relato;

›› perceber como o paciente se relaciona (com o psicólogo, com si


mesmo, com a família) para reconhecer os aspectos transferenciais e
contratransferenciais, as resistências e a capacidade de elaboração e
mudança.

»» Na terceira, o psicólogo reflete sobre o material que colheu nas fases


anteriores e analisa as hipóteses iniciais, a fim de planejar as próximas
fases e escolher os instrumentos diagnósticos que serão utilizados.

»» A quarta engloba as entrevistas e se aplicam os testes e técnicas escolhidos.


Se for necessário, alterações podem ser feitas durante o processo.

»» A quinta engloba a análise e incorporação dos dados levantados nas


entrevistas, nos testes e na história clínica, visando compreender o
caso globalmente. Nessa etapa, o psicólogo precisa, além da capacidade
analítica, dominar a teoria e a metodologia, para perceber as recorrências
e convergências entre os dados e os aspectos importantes do material

42
O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS │ UNIDADE I

coletado, para conseguir compreender amplamente a personalidade do


paciente e sua dinâmica familiar.

»» A sexta engloba a devolução que pode ser feita em uma ou mais entrevistas.
Normalmente, nessa etapa, aparecem novos elementos que auxiliam a
validação das conclusões ou esclarecem pontos obscuros.

»» A sétima engloba a preparação do laudo com as conclusões diagnósticas


e prognósticas. As sugestões terapêuticas para o paciente são realizadas
nessa etapa.

O processo diagnóstico compreensivo elaborado por Trinca (1984a) busca integrar


a personalidade, compreendendo de maneira abrangente as dinâmicas psíquicas,
intrafamiliares e socioculturais. É orientado pela psicanálise e pelas teorias do
desenvolvimento. Dá valor ao pensamento clínico e é flexível em relação à estrutura do
processo.

Sobre o modelo compreensivo:

»» É estruturado conforme o contexto.

»» O pensamento clínico utilizado é que determina o uso ou não de testes e


outras técnicas para investigar a personalidade do paciente.

»» O pensamento clínico utilizado define os critérios, os procedimentos e


os esquemas de raciocínio para interpretar, integrar e analisar os dados.

»» Além da teoria utilizada, o psicodiagnóstico é influenciado pela


experiência do psicólogo responsável pela avaliação, pelo contexto e pelas
personalidades tanto do paciente quanto do psicólogo.

O processo de psicodiagnóstico fenomenológico elaborado por Ancona-Lopez (1995),


Cupertino (1995) e Yehia (1995) destaca algumas mudanças significativas no modelo
proposto por Ocampo et al. (2005) e Arzeno (2003). Os principais aspectos desse
modelo são:
»» O diagnóstico e a intervenção são processos simultâneos e
complementares.
»» A devolução deve ser realizada durante o processo, e não no final.
»» Destaca o sentido da experiência das pessoas que estão envolvidas no
processo.
»» Modifica a relação paciente-psicólogo em termos de poder, papéis e
realização de tarefas.

43
UNIDADE I │ O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS

No modelo fenomenológico:

»» O cliente tem um papel ativo na compreensão de seu caso e no


encaminhamento posterior, se for necessário.

»» O psicólogo não tem o papel do detentor do saber e constrói uma relação


de cooperação com o paciente. Aqui, os dois podem observar, aprender
e compreender, isto é: os dois constroem o sentido da existência do
paciente.

Villemor-Amaral e Resende (2018) apresentaram um novo modelo de Avaliação


Psicológica, chamado Avaliação Terapêutica. Nesse modelo, a avaliação é colaborativa
e, no decorrer do processo, já são utilizadas algumas intervenções. Para os autores, os
clientes irão se beneficiar do processo de avaliação se o avaliador ajudar o avaliando a
aprender algo novo sobre si mesmo, que ocorre mais em função da empatia do avaliador
do que da qualidade dos instrumentos utilizados.

O primeiro objetivo da Avaliação Terapêutica é envolver o cliente no trabalho


colaborativo, independentemente da demanda ou da fonte de encaminhamento. A ideia
é que os testes trazem informações importantes, mas seu significado na vida do cliente
irá ser construído pela dupla avaliador-avaliado, em que o avaliador deverá ter respeito
e interesse pelo avaliado.

O foco do processo não será somente nas questões do encaminhamento, e sim sobre o
que o avaliando quer saber sobre si, que pode coincidir com os motivos que levaram ao
encaminhamento ou à queixa inicial.

A Avaliação Terapêutica é organizada de forma semiestruturada e em cinco passos, de


acordo com os autores:

»» Formular com o avaliando as questões que ele tem interesse em investigar


ao longo do processo.

»» Aplicação de testes que auxiliam a compreensão das perguntas


iniciais. Aqui, são uilizados testes de autorrelato (inventários, escalas,
questionários) e testes projetivos, como, por exemplo, o Teste de
Rorschach ou o Teste de Apercepção Temática (TAT).

De acordo com os autores, os testes de autorrelato avaliam a forma que o avaliando


pensa, sente e se comporta diante de situações familiares. Já os testes projetivos ou

44
O PORQUÊ DOS TESTES PSICOLÓGICOS │ UNIDADE I

de desempenho avaliam a forma com que o avaliando pensa, sente e age em situações
pouco familiares e mais estressantes.

»» Sessão de intervenção feita pelo avaliador, a fim de ajudar o avaliando a


encontrar resposta para suas questões iniciais. Seus objetivos são:

›› explorar hipóteses derivadas dos testes;

›› compreender os aspectos do que foi encontrado na avaliação;

›› aumentar a conscientização do avaliando;

›› ajudar o avaliando a descobrir sozinho os resultados da avaliação.

»» Sessão de resumo e discussão para responder as questões formuladas no


início do processo. Aqui, os resultados de cada teste são discutidos com
o avaliando, e as informações são resumidas em uma carta de feedback,
que contém as principais conclusões e recomendações do processo de
avaliação.

»» Sessão de follow-up (acompanhamento) que ocorre depois de dois a


quatro meses da sessão de discussão dos resultados. Essa sessão busca
avaliar as mudanças que ocorreram no avaliado a partir da Avaliação
Terapêutica.

De acordo com os autores, a Avaliação Terapêutica tem sido usada em vários contextos,
como, por exemplo:

a. Contexto clínico com adultos, casais, famílias, adolescentes.

b. Situações de avaliação adversas, como na custódia de crianças, avaliação


de habilidades parentais e de pais e filhos adotivos.

c. Avaliações na área de saúde e hospitalar.

d. Avaliação de transgêneros que buscam a cirurgia de redesignação sexual.

45
MÉTODOS E UNIDADE II
TÉCNICAS

CAPÍTULO 1
Os instrumentos de avaliação

Figura 4. Os instrumentos de avaliação.

Fonte: < https://www.bing.com/images/search?view=detailV2&id=304AFDAC958B7E26CBB67BBD49DD4D0C2CDEEDC0&thi


d=OIP.yzYNpEdN58qGiqSSxX_emAHaCa&mediaurl=https%3A%2F%2Fi0.wp.com%2Fprimorrh.com.br%2Fwp-content%2Fup
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=+avalia%c3%a7%c3%a3o+psicol%c3%b3gicas&selectedindex=42&ajaxhist=0&vt=0&eim=1,6&ccid=yzYNpEdN&sim
id=607998533058825116&sim=11>. Acesso em: 27/9/2019.

De acordo com Primi (2010), a avaliação psicológica é uma atividade complexa que
busca conhecer o funcionamento psicológico do indivíduo por meio de questões e
problemas específicos, para orientar as ações e decisões futuras. Já os instrumentos de
avaliação coletam informações úteis e confiáveis para que a avaliação psicológica possa
ser realizada.

Normalmente, por meio dos instrumentos são adquiridos amostras e indicadores


comportamentais de forma padronizada que revelam diferenças individuais nos
construtos, traços latentes ou processos mentais subjacentes. Os traços latentes são
variáveis que causam os comportamentos manifestados na testagem. Observando os
indicadores, podemos inferir algo sobre o construto que se quer avaliar.

46
MÉTODOS E TÉCNICAS │ UNIDADE II

Existe uma diversidade de estilos e métodos de avaliação. De acordo com Cronbach


(1996), existe o modelo com características de estilo psicométrico (nomotético) e o
modelo com características de estilo impressionista (idiográfico).

»» Estilo psicométrico (nomotético): voltado para a pesquisa e para


descobrir leis gerais.

A mensuração é o fundamento da ciência. Mas, em personalidade,


deve-se começar com a descoberta das formas naturais de padrões de
comportamentos humanos. Devemos definir os traços unitários naturais,
por exemplo, ansiedade, conscienciosidade, força do ego, dominância,
que constituem a topografia (ou taxonomia) da personalidade. Somente
depois estaremos prontos para construir escalas e baterias para medir
tais traços. Chamo o primeiro passo de pesquisa da estrutura (ou
taxonômica) e o segundo, desenvolvimento estrutural de escalas.
(CATTELL, 1973, p. 2, apud PRIMI, 2010).

Nesse modelo, as diferenças individuais são observadas e, através das


semelhanças entre as variáveis (fazendo a correlação entre elas), se abstrai
um conceito. Esse modelo busca explicar as dimensões da personalidade,
observando as diferenças individuais dentro do grupo, dividindo a pessoa
em seus elementos estruturais. Aqui, o indivíduo fica em segundo plano
e se buscam as variáveis interindividuais.

No estilo psicométrico se encontra a origem das escalas de autorrelato e


dos testes de inteligência, segundo o autor.

»» Estilo impressionista (idiográfico): vem do modelo clínico, focando


no indivíduo e nos estudos de caso. Esse modelo pretende compreender a
pessoa de maneira profunda e, para isso, considera todas as variáveis que
se encontram disponíveis sobre o indivíduo. Existe um padrão individual
que é único e que normalmente não se repete em outro indivíduo. Aqui, o
indivíduo fica em primeiro plano e se buscam as variáveis intraindividuais.

No estilo impressionista se encontra a origem das técnicas projetivas,


segundo o autor.

Algumas interpretações que são validadas pelo estilo psicométrico, analisando as


diferenças individuais, não são válidas para todos os casos, mas existem tendências
gerais que devem ser usadas como guias para as primeiras hipóteses em um processo
de avaliação. Ocasionalmente, as tendências devem ser adaptadas aos casos individuais
para compreender a pessoa. Assim, os dois modelos são complementares.

47
UNIDADE II │ MÉTODOS E TÉCNICAS

A abordagem idiográfica nos lembra que os construtos diagnósticos


são somente pontos de referência que facilitam o entendimento. Se,
por exemplo, o indivíduo é caracterizado como narcisista, a próxima
questão seria: quão diferente essa pessoa é do tipo narcisista puro?
Tais questões desviam a atenção de categorias diagnósticas simples
em direção ao entendimento do indivíduo. Como o objetivo é o
entendimento idiográfico da pessoa, a avaliação é, em realidade, um
esforço para mostrar as limitações das variáveis e categorias diagnósticas
ao descrever aquela pessoa avaliada [...] o estudo da personalidade
começa como ciência e termina com arte. (MILLON et al., 2004, p. 120
apud PRIMI, 2010).

Diferenças entre os dois modelos, segundo Cronbach (1996):

Quadro 2. Diferenças entre os dois modelos, segundo Cronbach.

Estilo Psicométrico Estilo Impressionista


Foco nomotético: interpretações focadas na aplicação de regras Foco idiográfico: interpretações focadas na combinação
gerais aos casos individuais derivados dos estudos de validade. impressionista de dados individuais.

Semelhança entre variáveis. Semelhança entre pessoas.

Analítico: olha uma variável de cada vez. Holístico: tenta olhar muitas variáveis ao mesmo tempo.

Ênfase na padronização dos estímulos e respostas fechadas, Ênfase na liberdade das respostas construídas pelo sujeito para
elaboradas previamente para maximizar a objetividade. maximizar a abrangência e riqueza individual de expressão.

Inventários e testes de inteligência na área educacional. Testes projetivos na área clínica.

Ênfase no instrumento. Ênfase no profissional.

Fonte: Adaptado de: Primi (2010).

Os métodos de pesquisa existentes são, de acordo com Gerhardt et al. (2009):

»» Método dedutivo: desenvolvido por Descartes a partir das regras da


matemática de evidência, análise, síntese e enumeração. Ele parte do
geral para o particular.

A partir de 2 proposições, retira a terceira, que é a conclusão.

Exemplo:

Todo mamífero tem pulmão.

Todos os cachorros são mamíferos.

Logo, todos os cachorros têm pulmão.

48
MÉTODOS E TÉCNICAS │ UNIDADE II

»» Método indutivo: um dos fundadores foi Bacon. Para esses


pesquisadores, o conhecimento científico é o único caminho para a
verdade dos fatos. O conhecimento se baseia na experiência e seu objetivo
é servir o homem. Ele considera:

›› as circunstâncias e a frequência com que ocorre um fenômeno;

›› os casos onde o fenômeno não ocorre;

›› os casos em que o fenômeno ocorre em intensidade diferente.

Exemplo:

André é mortal.

Bernardo é mortal.

Pedro é mortal.

Se André, Bernardo e Pedro são homens.

Logo, (todos) os homens são mortais.

De acordo com esse método, a partir da observação, pode ser formulada


uma hipótese explicativa da causa do fenômeno para chegar a conclusões
prováveis.

»» Método hipotético-dedutivo: desenvolvido por Karl Popper. Criticava


o método indutivo quando considerava os atributos de “alguns” como se
fossem de “todos”.

O método pode ser explicado da seguinte forma:

Problema – hipóteses – dedução de consequências observadas – tentativa de falseamento – corroboração

O problema aparece quando os conhecimentos sobre um assunto não são


suficientes para explicar um fenômeno; hipóteses são formuladas a fim de
explicar o problema; a partir das hipóteses, são deduzidas consequências
que são testadas ou falseadas. No método dedutivo, se busca confirmar
hipóteses, e no hipotético-dedutivo, se buscam evidências empíricas a
fim de derrubá-las.

49
UNIDADE II │ MÉTODOS E TÉCNICAS

A hipótese é corroborada quando não é derrubada. Assim, ela se torna


válida, mas não é confirmada definitivamente, porque a qualquer instante
pode aparecer um fato que a invalide.

Os tipos de pesquisa são, de acordo com Gerhardt et al. (2009):

»» Quanto à abordagem:

›› Qualitativa: busca aprofundar o conhecimento sobre algum tema. Não


existe um único modelo de pesquisa para todas as ciências, defendem
os pesquisadores que utilizam essa abordagem.

Na abordagem qualitativa, se busca o porquê das coisas, sem quantificar


os valores, e os dados analisados vêm de várias abordagens.

Ela busca os significados, motivos, aspirações, crenças, valores e


atitudes e suas características são:

·· Torna o fenômeno objetivo.

·· Hierarquiza a descrição, a compreensão e a explicação das relações


entre o todo e a parte de algum fenômeno.

·· Observa as diferenças existentes entre o mundo social e o mundo


natural.

·· Respeita a interação entre os objetivos buscados pelos pesquisadores,


suas orientações teóricas e seus dados empíricos.

·· Busca os resultados mais fidedignos possíveis.

·· Se opõe ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa


para todas as ciências.

›› Quantitativa:

·· Seus resultados podem ser quantificados.

·· Normalmente, as amostras são grandes e representativas da


população, assim, os resultados são classificados como um retrato
real de toda a população-alvo da pesquisa.

50
MÉTODOS E TÉCNICAS │ UNIDADE II

·· Influenciada pelo positivismo, isto é, só podemos entender a


realidade analisando os dados brutos através de instrumentos
padronizados e neutros.

·· Descreve as causas dos fenômenos e as relações entre variáveis.

·· Dá ênfase ao pensamento dedutivo, às regras da lógica e aos


atributos mensuráveis da experiência humana.

Comparação dos aspectos da pesquisa qualitativa com os da pesquisa quantitativa:

Quadro 3. Pesquisa quantitativa X pesquisa qualitativa.

Aspecto Pesquisa quantitativa Pesquisa qualitativa


Enfoque na interpretação do objeto. Menor Maior
Importância do contexto do objeto pesquisado. Menor Maior
Proximidade do pesquisador em relação aos fenômenos estudados. Menor Maior
Alcance do estudo no tempo. Instantâneo Intervalo maior
Quantidade de fontes de dados. Uma Várias
Ponto de vista do pesquisador. Externo à organização Interno à organização
Quadro teórico e hipóteses. Definidas rigorosamente Menos estruturadas

Fonte: adaptado de Gerhardt et al. (2009).

Quadro 4. Pesquisa quantitativa X pesquisa qualitativa.

Pesquisa quantitativa Pesquisa qualitativa


Tenta compreender a totalidade do fenômeno, mais do que focalizar
Focaliza uma quantidade pequena de conceitos.
conceitos específicos.

Inicia com ideias preconcebidas do modo pelo qual os Possui poucas ideias preconcebidas e salienta a importância das
conceitos estão relacionados. interpretações dos eventos mais do que a interpretação do pesquisador.

Utiliza procedimentos estruturados e instrumentos formais para


Coleta dados sem instrumentos formais e estruturados.
coleta de dados.
Não tenta controlar o contexto da pesquisa, mas captar o contexto na
Coleta os dados mediante condições de controle.
totalidade.
Enfatiza o subjetivismo como meio de compreender e interpretar as
Enfatiza a objetividade, na coleta e análise dos dados.
experiências.
Analisa os dados numéricos por meio de procedimentos Analisa as informações narradas de uma forma organizada, mas
estatísticos. intuitiva.

Fonte: adaptado de Gerhardt et al. (2009).

»» Quanto aos objetivos:

›› Pesquisa exploratória: seu objetivo é tornar os problemas mais


explícitos e construir hipóteses. Como exemplo, temos as pesquisas
bibliográficas e os estudos de casos. Elas envolvem:

·· levantamento bibliográfico;
51
UNIDADE II │ MÉTODOS E TÉCNICAS

·· entrevistas com pessoas que experienciaram o problema pesquisado;

·· análise dos exemplos, buscando aumentar a compreensão.

›› Pesquisa descritiva: busca descrever os fatos e fenômenos de uma


realidade. Como exemplo, temos os estudos de caso, a análise
documental e a pesquisa ex post facto.

»» Quanto aos procedimentos:

›› Pesquisa experimental: nessa pesquisa, se formulam o problema e as


hipóteses, e se determinam as variáveis, que são precisas e controladas.

Um objeto de estudo é determinado, são selecionadas as variáveis que


podem influenciar o objeto, e são definidas as formas de se controlar
e observar os efeitos que a variável produz no objeto. O objetivo da
pesquisa experimental é buscar as relações de causa e efeito.

Ela pode se desenvolver em laboratório, onde se cria um meio ambiente


artificial, ou se desenvolver no campo.

Segundo os autores, as pesquisas experimentais mais realizadas são:

·· Pesquisas experimentais realizadas com dois grupos homogêneos,


o grupo experimental e o grupo de controle. Aqui, se aplica um
estímulo ao grupo experimental e depois os dois grupos são
comparados para avaliar as alterações.

·· Pesquisas experimentais antes-depois. São realizadas com um único


grupo escolhido em função de suas características.

›› Pesquisa bibliográfica: na pesquisa bibliográfica, se buscam os


conhecimentos existentes sobre determinado assunto por meio de
referências teóricas publicadas em livros e artigos científicos. Como
exemplo, temos os estudos sobre as diversas posições sobre alguma
ideologia.

›› Pesquisa documental: a pesquisa bibliográfica utiliza material que já


foi elaborado e são encontrados nos livros e artigos científicos. Já a
pesquisa documental busca fontes diversas sem tratamento analítico,
como: tabelas estatísticas, jornais, revistas, relatórios, documentos
oficiais, cartas, filmes, fotografias, pinturas, tapeçarias, relatórios de
empresas, entre outros.

52
MÉTODOS E TÉCNICAS │ UNIDADE II

›› Pesquisa de campo: na pesquisa de campo, são utilizadas pesquisas


bibliográficas e/ou documentais e dados coletados com indivíduos.

›› Pesquisa ex post facto: busca relações de causa e efeito entre algum fato
que o investigador identifica e o fenômeno que ocorre posteriormente.
Os dados são coletados depois que o evento ocorre. Ela é realizada
quando a pesquisa experimental não pode ser feita, isto é, quando as
variáveis não podem ser manipuladas. Exemplos disso são os estudos
para buscar as causas da evasão escolar.

›› Pesquisa de levantamento: é utilizada em estudos exploratórios e


descritivos. São de dois tipos: levantamento de uma amostra ou de
uma população (o censo é um exemplo desta última). Por meio dos
levantamentos, são obtidos dados de maneira rápida que podem ser
analisados estatisticamente. Exemplos são os estudos de opinião e de
atitudes.

›› Pesquisa com survey: é utilizada nas pesquisas exploratórias e nas


descritivas. São utilizados questionários para conhecer as opiniões
dos interessados sobre os dados que se deseja obter. O indivíduo
que participa da pesquisa não é identificado, e o sigilo é garantido.
Exemplos são as pesquisas de opinião sobre determinado assunto.

›› Estudo de caso: busca compreender profundamente o “como” e o


“porquê” de uma situação. Pode ser feito pela interpretação (captando
a perspectiva de mundo do participante), ou da perspectiva pragmática
(busca mostrar, através da perspectiva do investigador, o objeto de
estudo de forma completa, coerente e global).

›› Pesquisa participante: o pesquisador se envolve e se identifica com


o participante. Ela foi desenvolvida por Bronislaw Malinowski para
compreender os nativos das ilhas Trobriand, aprendendo sua língua e
observando como eram suas vidas diárias.

›› Pesquisa-ação: é uma forma de investigação social que utiliza a base


empírica. Seu desenvolvimento é ligado a uma ação ou à resolução de
um problema coletivo, em que pesquisadores e participantes cooperam.
Busca compreender as realidades observadas para poder modificá-las.

O pesquisador não somente observa, mas tem uma atitude participativa.

53
UNIDADE II │ MÉTODOS E TÉCNICAS

Através de seus conhecimentos, faz uma análise reflexiva da realidade


que está sendo observada.

›› Pesquisa etnográfica: ocorre quando se estuda um grupo ou um povo.


De acordo com o autor, as características específicas desse tipo de
pesquisa são:

·· Utiliza a observação participante, a entrevista e a análise de


documentos.

·· Existe flexibilidade para alterar os caminhos da pesquisa.

·· Enfatiza o processo, e não os resultados finais.

·· Busca a visão dos participantes sobre suas experiências.

·· O pesquisador não interfere no que está sendo pesquisado.

·· A coleta dos dados é feita de maneira descritiva.

De acordo com Severino (2007), as técnicas utilizadas são:

»» Documentação: são as formas de registrar e ordenar dados e informações


a fim de serem analisadas pelo pesquisador. Pode ser:

›› a técnica de coletar, organizar e conservar documentos;

›› a ciência que elabora critérios para coletar, organizar sistematizar,


conservar e difundir os documentos;

›› na pesquisa, é a técnica de identificar, levantar e explorar os documentos


que servem de base para o que está sendo pesquisado.

Os documentos utilizados podem ser: livro, jornal, estátua, escultura,


edifício, ferramenta, túmulo, monumento, foto, filme, vídeo, disco, CD,
entre outros.

»» Entrevista: na entrevista, são coletadas informações sobre o assunto que


se quer pesquisar diretamente com o participante. O pesquisador interage
com o pesquisado para conhecer como ele pensa, sabe, representa, faz e
argumenta. Podendo ser:

›› Entrevistas não diretivas: as informações do participante são reunidas


através de seu discurso livre. O entrevistador registra as informações,

54
MÉTODOS E TÉCNICAS │ UNIDADE II

mantendo uma escuta atenta, e só intervém caso precise estimular o


pesquisado a se expressar.

›› Entrevistas estruturadas: as questões são diretivas e estabelecidas


previamente. Assim, as respostas dos pesquisados podem ser
categorizadas.

De acordo com Machado (2007), o objetivo da entrevista é ajudar o avaliador


a obter dados sobre a conduta do avaliado, e esses dados devem ser
complementados pelos outros instrumentos que serão utilizados na avaliação.

A entrevista é uma técnica de investigação científica em


psicologia, sendo um instrumento fundamental do método
clínico. [...] Compreende o desenvolvimento de uma relação entre
o entrevistado e o entrevistador, relacionada com o significado
da comunicação. Revela dados introspectivos (a informação do
entrevistado sobre os seus sentimentos e experiências), bem
como o comportamento verbal e não verbal do entrevistador e do
entrevistado. (CUNHA, 1986 apud MACHADO, 2007)

De acordo com o autor, na entrevista, as seguintes informações sobre o


pesquisado devem ser buscadas:

»» dados de identificação;

»» dados socioculturais;

»» histórico familiar;

»» história escolar;

»» histórico e dados profissionais;

»» histórico e indicadores de saúde/doença;

»» aspectos da conduta social;

»» visão e valores associados à temática investigada;

»» características pessoais;

»» expectativas de futuro.

O avaliador também deve observar o processo de comunicação existente entre


ele e o avaliado, lembrando que a comunicação não-verbal, como gestos, olhares
e voz, oferecem dados confiáveis sobre os sentimentos do avaliado.

55
UNIDADE II │ MÉTODOS E TÉCNICAS

»» História de vida: são coletadas informações da vida pessoal do sujeito,


utilizando-se de mais de uma fonte. Pode assumir a forma de autobiografia,
memorial e crônicas, por exemplo.

»» Observação: essa é uma fase muito importante em qualquer tipo de


pesquisa. É toda conduta que permite acessar os fenômenos estudados.

»» Questionário: é um conjunto de questões articuladas ordenadamente


para conhecer as opiniões sobre o assunto de interesse por meio de
informações escritas dos participantes.

As questões formuladas são objetivas e não devem provocar dúvidas,


ambiguidades e respostas lacônicas para que as respostas sejam objetivas.
Elas podem ser:

›› Questões fechadas: as opções de respostas são predefinidas pelo


pesquisador.

›› Questões abertas: o pesquisado pode elaborar as respostas com suas


próprias palavras.

Normalmente, deve ocorrer o pré-teste, isto é, a aplicação do teste em um


pequeno grupo para avaliá-lo e, se precisar, revisá-lo e ajustá-lo antes de
ser aplicado aos participantes do estudo.

O psicodiagnóstico abrange princípios teóricos, métodos e técnicas de


investigação da personalidade e de outras funções cognitivas. De acordo com
Araújo (2007), ele é feito por meio de:

»» entrevistas e observações clínicas;

»» testes psicológicos;

»» técnicas projetivas; e

»» outros procedimentos de investigação clínica, como jogos, desenhos,


contar estórias, brincar etc.

56
PLANO DE UNIDADE III
AVALIAÇÃO

CAPÍTULO 1
A elaboração do plano de avaliação

Figura 5. A elaboração do plano de avaliação.

Fonte: <https://1.bp.blogspot.com/-jrOcwBj7hcw/Tb2ABRH5cRI/AAAAAAAAArM/fY8fdyQCUJI/s1600/bloco-de-notas.jpg>.
Acesso em: 27/9/2019.

Para Cunha (2000), o psicodiagnóstico é um processo científico, com duração


determinada, que usa testes e técnicas individuais ou grupais. Busca entender os
problemas através dos pressupostos teóricos, identificar e avaliar aspectos específicos,
classificar o caso e estabelecer prognósticos.

A partir das hipóteses iniciais, o plano de avaliação pode ser definido e, então, pode ser
determinado quando e como devem ser empregados os instrumentos necessários. A
bateria de testes é utilizada para verificar cientificamente a hipótese ou para levantar
outras hipóteses a serem exploradas de acordo com o contexto de vida do paciente.

O psicólogo deve, de acordo com Cunha (2000):

»» Definir os motivos do encaminhamento, as queixas e outros problemas


iniciais.

57
UNIDADE III │ PLANO DE AVALIAÇÃO

»» Buscar informações sobre as áreas psicológica, social, médica, profissional


e/ou escolar etc. do paciente e das pessoas significativas e, ocasionalmente,
buscar informações de fontes complementares.

»» Estabelecer a relação da situação psicopatológica e da dinâmica atual do


paciente com sua história clínica e pessoal.

»» Realizar o exame do estado mental do paciente (exame subjetivo), e


complementar essas informações por meio de outras fontes (exame
objetivo).

»» Levantar hipóteses iniciais e definir os objetivos do psicodiagnóstico.

»» Determinar um plano de avaliação.

»» Determinar o contrato de trabalho com o paciente ou responsável.

»» Aplicar testes e outros instrumentos psicológicos.

»» Levantar dados quantitativos e qualitativos.

»» Selecionar, organizar e integrar todos os dados significativos para os


objetivos do psicodiagnóstico.

»» Divulgar os resultados (entrevista devolutiva, relatório, laudo, parecer e


outros informes) e propor encaminhamentos, se necessário.

»» Encerrar o processo.

De acordo com Machado (2007), no exame do estado mental do paciente,


observamos:

»» A aparência geral: higiene, cuidados corporais e vestimenta, aspecto


físico e de saúde e os modos de se comportar.

»» A área sensorial e motora: visão, audição e movimento corporal.

E devemos estar atentos às seguintes capacidades:

»» Atenção: capacidade de se concentrar frente a determinado estímulo.

»» Sensopercepcão: capacidade de receber um estímulo e transformá-lo


em uma imagem.

»» Consciência: estado de clareza psíquica.

58
PLANO DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE III

»» Orientação: capacidade de situar-se em relação a si mesmo e ao


ambiente.

»» Memória: capacidade de fixar, conservar, evocar e reconhecer um


estímulo.

»» Pensamento: capacidade de elaborar, associar e criticar ideias. Traduz


a aptidão de elaborar conceitos, articulá-los em juízos e construir
raciocínios de modo a solucionar problemas.

»» Linguagem: conjunto de sinais convencionados utilizados para se


expressar.

»» Afetividade: capacidade de experimentar sentimentos e emoções.

»» Conduta: tendência psicomotora da atividade psíquica.

É muito importante conhecer os sistemas de classificação nosológica (CID 10 e


DSM V). A nomenclatura oficial dos transtornos é utilizada para se comunicar
com outros profissionais e para elaborar documentos como laudos e atestados.

Alguns pacientes não são testáveis, pois, em certas fases de algumas doenças,
as funções do ego ou funções cognitivas estão muito comprometidas. Grande
parte das técnicas e testes presume que o paciente consegue se comunicar,
seguir instruções e colaborar.

Se o psicólogo busca unicamente a avaliação compreensiva do paciente para escolher a


intervenção mais adequada, ele não precisa utilizar testes. Ele pode limitar-se à história
do paciente. Esse tipo de avaliação pode ser de caráter mais descritivo e formal ou mais
interpretativo e dinâmico, de acordo com os objetivos definidos e a gravidade ou não
do transtorno.

De acordo com Cunha (2000), os passos do processo psicodiagnóstico são:

»» Formulação das hipóteses: por ser um processo científico, o


psicodiagnóstico se inicia com algumas perguntas específicas, isto é,
hipóteses, que serão ou não confirmadas. Os objetivos do psicodiagnóstico
dependem dessas perguntas iniciais.

Geralmente, no início, o paciente é encaminhado para a realização do


psicodiagnóstico. O psicólogo deve identificar e avaliar o problema,
examinando as situações anteriores à consulta, e atribuir os significados
adequados aos sinais e sintomas.

59
UNIDADE III │ PLANO DE AVALIAÇÃO

No final da primeira ou segunda entrevista, são levantadas as questões


básicas e estabelecidos os objetivos. A partir daí, baseando-se nas
hipóteses, o plano de avaliação pode ser criado.

»» Contrato de trabalho: com as questões iniciais esclarecidas e as


hipóteses e objetivos definidos, o psicólogo poderá saber quais técnicas
e testes serão adequados para serem ministrados no paciente, podendo,
assim, prever o tempo necessário para sua realização.

O contrato abrange o comprometimento das partes em cumprir algumas


obrigações formais. Os papéis devem ser definidos, assim como os
direitos e as responsabilidades. O psicólogo se compromete a realizar
o psicodiagnóstico, com número de sessões definidas, cada uma com
duração prevista, em horário pré-determinado. São estabelecidos,
também, os documentos que serão elaborados e quem terá acesso a eles.
No tempo de duração do psicodiagnóstico, deve ser incluída a entrevista
de devolução.

Com base na estimativa de tempo, os honorários são estabelecidos, e são


definidas a data e as formas de pagamento.

O paciente deve estar presente nos dias previstos e na hora marcada.


Também deve participar da realização do plano de avaliação e ter suas
dúvidas esclarecidas. O psicólogo deve trabalhar, com o paciente, as
expectativas irrealistas e/ou as fantasias sobre o psicodiagnóstico.

O contrato de trabalho deve ser flexível, para ser modificado caso surjam
novas hipóteses ou se o paciente apresentar obstáculos de defesa.

»» Estabelecimento de um plano de avaliação: no plano de avaliação,


busca-se uma relação entre as perguntas iniciais e as possíveis respostas.
Ele é estabelecido quando o psicólogo confronta e complementa os dados
do encaminhamento com informações subjetivas e objetivas sobre o
paciente.

O plano de avaliação traduz as hipóteses em termos de técnicas e testes,


isto é, ele programa a aplicação de instrumentos adequados ao paciente,
selecionados para que as respostas para as perguntas iniciais sejam
respondidas. Os dados resultantes devem confirmar ou não as hipóteses.

Normalmente, o plano de avaliação é estabelecido após a entrevista com


o paciente. A partir daí, inicia-se o processo de testagem.

60
PLANO DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE III

Com alguns pacientes, é necessária a utilização de recursos complementares,


como o levantamento de repertórios de conduta do paciente, resultados
de exames médicos e análise de materiais, como: fotografias, gravações
em vídeo, diários, desenhos, pinturas, cadernos escolares. Eles podem
ajudar na elaboração de outras hipóteses e confrontar as informações
obtidas nos testes com dados da vida diária.

O psicodiagnóstico ficaria muito longo caso todas as hipóteses levantadas


fossem testadas. Assim, somente as hipóteses delimitadas pelo objetivo
do psicodiagnótico devem ser analisadas. Como exemplo, Cunha (2000)
ilustra que se o objetivo do psicodiagnóstico for fazer uma classificação
simples na área intelectual para um eventual encaminhamento de uma
criança para uma classe especial, o plano de avaliação deve incluir
somente os testes que buscam satisfazer esses objetivos. Nesse caso, a
hipótese de uma pseudolimitação intelectual, pela interferência de fatores
emocionais, justificaria incluir técnicas projetivas no plano de avaliação.
Aqui, ocorre o aumento do período de testagem pela modificação do plano
de intervenção, o contrato de trabalho com o paciente deve ser alterado,
isto é, se no decorrer do processo psicodiagnóstico for levantada alguma
questão que não está associada ao objetivo proposto inicialmente, o
psicólogo deve fazer a complementação do psicodiagnóstico e estabelecer
outro contrato de trabalho.

Assim, o plano de avaliação busca alcançar respostas confiáveis para as


hipóteses levantadas, seguindo os objetivos propostos.

O plano de avaliação abrange a organização de uma bateria de testes. As


técnicas e os testes devem ser selecionados e distribuídos de acordo com
as recomendações próprias à natureza e ao tipo de cada um. O tempo
para a realização de cada teste e as características específicas do paciente
também devem ser ponderados.

»» Bateria de testes: a expressão “bateria de testes” indica um conjunto de


testes ou de técnicas, que podem variar entre dois ou mais instrumentos,
utilizados no psicodiagnóstico para confirmar ou não as hipóteses iniciais
dos objetivos da avaliação.

A hipótese pode ser testada com a ajuda de diferentes instrumentos.


A escolha do instrumento a ser utilizado deve ser feita levando-se em
consideração, de acordo com Arzeno (1995):

›› O objetivo do psicodiagnóstico.

61
UNIDADE III │ PLANO DE AVALIAÇÃO

›› Quem formula a solicitação.

›› As características demográficas do sujeito (idade, sexo, nível


sociocultural etc.).

›› Condições específicas (comprometimentos permanentes ou


temporários de ordem sensorial, motora, cognitiva etc.).

›› Fatores situacionais, como hospitalização do paciente e uso de


determinadas medicações. Nesses casos, as respostas do paciente aos
testes podem estar alteradas.

›› Se o português é o idioma pátrio do paciente.

›› Se o paciente é destro ou canhoto.

›› Se o paciente usa óculos ou aparelho auditivo.

Em alguns casos, devem ser utilizados mais de um instrumento para


testar a mesma hipótese. Isso ocorre quando o psicólogo busca fazer
uma intervalidação dos dados, ou quando ele nutre dúvidas se uma
determinada técnica consegue responder, satisfatoriamente, as hipóteses
propostas.

»» Administração de testes e técnicas: o foco da testagem deve ser


o paciente, e não os testes. O psicólogo deve saber quais instrumentos
aplicar de acordo com o objetivo do psicodiagnóstico, deve saber também
as instruções, o sistema de escore e como manejar cada teste, deve saber
a forma adequada de registrar as respostas e estar familiarizado com as
dificuldades que podem surgir durante a administração.

Antes do paciente entrar na sala, o material que será utilizado deve estar
organizado. Como exemplo, Cunha (2000) relata que se o Rorschach
ou o CAT forem utilizados, as lâminas devem estar dispostas em ordem
numérica, sem que as manchas de tinta ou as figuras fiquem à vista do
paciente. Também deve ter em mãos o cronômetro e outros materiais
necessários, como protocolo do teste (se for o caso), lápis, borracha,
apontador, papel em branco, eventualmente, lápis vermelho para
labirintos do WPPSI ou lápis coloridos em geral, se pretende utilizar o
HTP cromático.

Os lápis devem estar apontados, e nos testes em que o paciente deve


escrever ou desenhar, deve haver mais de um à sua disposição. Se

62
PLANO DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE III

o psicólogo for utilizar o Rorschach, é importante ter um conjunto de


canetas coloridas para delinear com mais precisão a localização de cada
resposta na folha adequada.

A administração de testes e técnicas deve ser precedida de um bom


rapport. O psicólogo deve manejar a situação, visando a diminuir a
ansiedade do paciente e levá-lo a cooperar. Deve, também, esclarecer as
dúvidas dos pacientes.

Os testes devem ser realizados em ambiente com boa iluminação, com


privacidade, aeração e silêncio. Quando o teste envolve cópia gráfica
de figuras ou desenho, é essencial que a superfície da mesa não tenha
aspereza. A bateria de testes pode ser realizada no consultório, desde que
o psicólogo evite interferências como ruídos e interrupções.

Dadas as instruções dos testes, normalmente não é prevista uma “ajuda”


extra do terapeuta (a não ser quando explicitamente permitida no manual
do teste). A contratransferência também pode acontecer na situação de
testagem, porque, para aplicar testes, o psicólogo interage com o paciente
clinicamente. O psicólogo deve utilizar suas reações afetivas, como raiva,
enfado, intolerância e ansiedade, para entender o paciente.

As respostas dos pacientes, bem como suas reações verbais ou não,


devem ser observadas e registradas. Em alguns casos, quando a resposta
do paciente envolve uma formulação verbal, como nos subtestes de
compreensão, semelhanças e vocabulário de uma escala Wechsler, a
resposta deve ser anotada literalmente, porque:

›› O psicólogo não consegue ter em mente todos os exemplos do manual,


para atribuir um escore correto.

›› Nem todas as respostas dos pacientes estão contidas entre os exemplos


ilustrativos do manual. Nesses casos, o terapeuta deve fazer um exame
dos critérios gerais para a atribuição do escore.

›› Se não forem registrados, muitos indícios qualitativos se perdem.

Assim, se a resposta do paciente não for transcrita, pode ocorrer uma


falha na atribuição de escores ou uma omissão de dados úteis. Também
é sugerido por Cunha (2000) que o psicólogo anote os ensaios e erros,
as hesitações, as observações espontâneas, as reações de raiva, fadiga ou
ansiedade, ou outras particularidades no desempenho das tarefas, pois

63
UNIDADE III │ PLANO DE AVALIAÇÃO

podem ser indícios importantes sobre os aspectos cognitivos e emocionais


do paciente.

De acordo com a autora, o tempo de administração de cada instrumento


deve ser observado. Por exemplo:

›› As escalas Wechsler não conseguem ser administradas em uma mesma


sessão, mas cada subteste deve ser administrado na sua íntegra.

›› As técnicas projetivas geralmente não devem ser interrompidas, a


exceção é o TAT.

›› A administração do Rorschach não pode ser interrompida, mas o


inquérito pode ser transferido para outro dia, exceto em casos de
crianças ou de pacientes com muito comprometimento da memória.
Com pacientes comuns, o intervalo não deve ultrapassar uma semana.

›› No caso do MMPI, a autora sugere interromper a administração no


item 366 e deixar os restantes para a próxima sessão. A vantagem
é que, nesse item, fica completada a escala abreviada e, se houver
algum problema para a continuação (hospitalização, viagem súbita,
desistência), obtêm-se dados sobre todas as escalas, com exceção da
K e da Si. Também, se o paciente não demonstra sinais de fadiga, é
bom lembrar que, sendo o MMPI autoadministrado, o sujeito pode
completá-lo em uma sala extra, sem problema de interrupção.

A situação de testagem é padronizada, mas é importante que o psicólogo não


seja um testólogo, e que lide com o paciente de maneira clínica, tendo em mente
que cada paciente reage de forma única ao processo do psicodiagnóstico.

»» Levantamento, análise, interpretação e integração dos dados:


é importante que o psicólogo examine a história clínica do paciente para
ajudar a significar os dados obtidos e interpretar o conteúdo do material
da testagem.

As hipóteses levantadas no início do processo servem de critério para


analisar e selecionar os dados úteis. Nos testes quantitativos, devem ser
atribuídos escores para as respostas. Em alguns testes projetivos, como
no Rorschach, devem ser considerados números brutos de percentuais
ou da relação numérica entre escores de categorias.

64
PLANO DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE III

Os dados obtidos dos diferentes testes devem ser organizados


investigando-se as coincidências e discordâncias, hierarquizando indícios
e identificando os dados mais significativos, que, contrastados com as
informações sobre o paciente, são integrados para confirmar ou não as
hipóteses iniciais.

»» Diagnóstico e prognóstico: através do psicodiagnóstico, o psicólogo


pode coletar dados para estabelecer o diagnóstico e o prognóstico para o
paciente.

O psicólogo deve utilizar, sempre que for necessário, um dos dois sistemas
de classificação existentes, a CID 10 ou o DSM V. A classificação diagnóstica
é útil, fidedigna e utilizada para os profissionais se comunicarem entre si,
descrevendo os sujeitos.

»» Comunicação dos resultados: o psicodiagnóstico é um processo


científico, que utiliza técnicas e testes psicológicos. Passa por uma série
de passos, até finalizar com a comunicação dos resultados, após integrar
e selecionar os dados. Os dados obtidos nos testes e técnicas devem ser
analisados de acordo com os objetivos pré-determinados.

A comunicação dos resultados significa a formalização oral e/ou escrita


das conclusões a que o psicólogo chegou. Não é necessário comunicar
todos os dados e conclusões. O psicólogo deve selecionar as informações
a serem transmitidas de acordo com os motivos do encaminhamento, da
natureza do serviço ao qual será encaminhado o laudo ou de acordo com
o tipo de profissional que o solicitou.

O psicodiagnóstico, quanto a sua estrutura, possui algumas unidades fundamentais, de


acordo com a autora:

»» o sujeito ou examinando;

»» o psicólogo;

»» os testes ou as técnicas psicológicas;

»» a comunicação dos resultados; e

»» o receptor.

65
UNIDADE III │ PLANO DE AVALIAÇÃO

A comunicação dos resultados é uma unidade essencial do psicodiagnóstico e deve


estar prevista no contrato de trabalho com o paciente. Ela constitui o último passo do
processo, seguida somente pelas recomendações adequadas e pelo encerramento.

O psicólogo deve definir o tipo, o conteúdo e a forma de comunicação de acordo com


os objetivos do psicodiagnóstico, que podem ser, por exemplo, de classificação simples,
entendimento dinâmico, diagnóstico diferencial, entre outros.

A Resolução 004, de 11 de fevereiro de 2019 do CFP, institui as regras para elaboração


de documentos escritos produzidos pelo psicólogo. Todas as comunicações por escrito
precisam seguir as diretrizes deste manual. Seu objetivo principal é orientar o psicólogo
na preparação dos documentos das avaliações psicológicas e viabilizar subsídios
técnicos e éticos indispensáveis para a elaboração da comunicação escrita.

A redação precisa ser bem estruturada e definida, para evitar que ocorram interpretações
erradas de seu conteúdo. Os princípios éticos e técnicos devem ser respeitados. Deve
ser enfatizado que a avaliação é realizada de acordo com a situação atual do sujeito, isto
é, a natureza do objeto de estudo é dinâmica e não definitiva. Assim, as terminologias
utilizadas devem ser precisas e claras e as conclusões devem basear-se unicamente no
que foi observado e nos instrumentos técnicos utilizados. Sua não observância constitui
falha ético-profissional.

Todas as laudas devem ser rubricadas e a última página deve ser assinada. Os
documentos referidos pela Resolução são: a declaração, atestado psicológico, relatório
psicológico e multiprofissional, laudo psicológico e parecer psicológico. O objetivo da
avaliação determina qual instrumento será utilizado.

Atestado
É um documento expedido pelo psicólogo para comprovação, fundamentado em um
diagnóstico psicológico de uma situação, estado ou funcionamento psicológico.

Objetivo:

»» Afirmar, como testemunha, por escrito, a informação ou estado


psicológico, por requerimento do solicitante aos fins expressos por ele.

»» Justificar faltas e/ou impedimentos do solicitante, atestando-os como


decorrentes do estado psicológico informado.

66
PLANO DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE III

»» Solicitar afastamento e/ou dispensa do solicitante, subsidiado na


afirmação atestada do fato.

»» Justificar estar apto ou não para atividades específicas (por exemplo:


manuseio de arma de fogo e dirigir veículo motorizado no trânsito).

Estrutura do atestado:

Título: “Atestado Psicológico”

»» Identificação da pessoa ou instituição atendida, com nome completo ou


nome social e, quando necessário, outras informações sociodemográficas.

»» Identificação de quem solicitou o documento, especificando se a solicitação


foi realizada pelo Poder Judiciário, por empresas, instituições públicas
ou privadas, pelo próprio usuário do processo de trabalho prestado, ou
por outros interessados.

»» Descrição da finalidade, razão ou motivo do documento.

»» Descrição das condições psicológicas do sujeito. O CID (Classificação


Internacional de Doenças) pode ser usado para subsidiar seu diagnóstico.

»» O documento é finalizado com a indicação do local, data de expedição,


nome completo do psicólogo, sua inscrição no CRP e/ou carimbo com as
mesmas informações.

Os registros deverão ser transcritos de forma corrida, ou seja, separados apenas por
pontuação, sem parágrafos, evitando o risco de adulterações. No caso em que seja
necessária a utilização de parágrafos, o psicólogo deverá preencher esses espaços com
traços.

A qualquer momento os conselhos regionais poderão pedir ao psicólogo que justifique


a fundamentação técnica-científica do atestado.

Declaração
É um documento que visa a informar a ocorrência de fatos ou situações relacionados à
pessoa atendida, devendo-se restringir a seu objeto, a partir de registros objetivos.

Abrange as seguintes informações:

»» Declarar o comparecimento do atendido e/ou do acompanhante.

67
UNIDADE III │ PLANO DE AVALIAÇÃO

»» Declarar o acompanhamento psicológico.

»» Informações diversas (tempo de acompanhamento, dias ou horários).

»» É vedado o registro de sintomas, situações ou estados psicológicos. Assim,


não é necessário utilizar os códigos do CID.

Estrutura:

»» Título: “Declaração”.

»» Expor no texto: a) Nome completo ou nome social do solicitante b)


finalidade do documento c) informações solicitadas sobre local, dias,
horários e duração do acompanhamento psicológico.

O documento é finalizado com a indicação do local, data de expedição, nome completo


do psicólogo, sua inscrição no CRP e/ou carimbo com as mesmas informações.

Relatório psicológico
»» É uma exposição escrita, minuciosa e histórica dos fatos relativos à
avaliação psicológica.

»» Transmite resultados, conclusões e encaminhamentos subsidiados em


dados colhidos e analisados à luz de um instrumental técnico (teste,
entrevista, dinâmicas, observação, intervenção verbal etc.).

»» Não tem como finalidade produzir diagnóstico psicológico.

»» Ser consubstanciado em referencial técnico-filosófico e científico, adotado


pelo psicólogo.

O relatório psicológico é composto de 5 (cinco) itens:

a. Identificação:

›› Título: Relatório psicológico.

›› Pessoa ou instituição atendida: identificação do nome completo ou nome


social e, quando necessário, outras informações sociodemográficas.

›› Solicitante: identificação de quem solicitou o documento, especificando


se a solicitação foi realizada pelo Poder Judiciário, por empresas,

68
PLANO DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE III

instituições públicas ou privadas, pelo próprio usuário do processo de


trabalho prestado, ou por outros interessados.

›› Finalidade: descrição da razão e motivo do pedido.

›› Autor: nome completo do psicólogo e sua inscrição no CRP.

b. Descrição da demanda:

Aqui, o psicólogo deve descrever as informações sobre a queixa, devendo


indicar quem forneceu as informações e as expectativas sobre o pedido
do relatório.

c. Procedimentos:

O psicólogo deve apresentar os recursos técnicos-científicos que utilizou e


o referencial metodológico que fundamentou suas análises, interpretações
e conclusões.

d. Análise:

As principais características e evolução do trabalho devem ser


apresentadas de forma descritiva, narrativa e analítica. O psicólogo deve
identificar a fonte de todas as afirmações que fizer e utilizar fatos e teorias,
expressando-se de maneira objetiva.

e. Conclusão:

Aqui, o psicólogo deve expor suas conclusões do trabalho e poderá fazer


encaminhamentos, orientações e sugerir a continuidade do atendimento.

O documento é finalizado com a indicação do local, data de expedição,


nome completo do psicólogo, sua inscrição no CRP e/ou carimbo com as
mesmas informações.

Relatório multiprofissional
É realizado em conjunto com profissionais de outras áreas. Aqui, o psicólogo mantém
sua autonomia, sigilo e ética profissional, utilizando as mesmas características do
relatório psicológico. Ele é composto de 5 itens:

1. Identificação:

›› Pessoa ou instituição atendida: identificar o nome completo ou nome


social e, quando necessário, outras informações sociodemográficas.

69
UNIDADE III │ PLANO DE AVALIAÇÃO

›› Solicitante: identificação de quem solicitou o documento (se a


solicitação foi do Poder Judiciário, de empresas, instituições públicas
ou privadas ou do próprio usuário do trabalho prestado).

›› Finalidade: descrição da razão e motivo do pedido.

›› Autor: deverá ser colocado o nome dos profissionais que fizeram o


documento, indicando sua categoria profissional e o respectivo registro
em órgão de classe, quando houver.

2. Descrição da demanda:

Aqui, o psicólogo deve descrever as informações sobre a queixa devendo


indicar quem forneceu as informações e as expectativas sobre o pedido
do trabalho multiprofissional.

3. Procedimento:

O psicólogo deve apresentar os recursos técnicos-científicos que


utilizou e o referencial metodológico que fundamentou suas análises,
interpretações e conclusões. As técnicas e procedimentos utilizados que
são privativos dos psicólogos devem vir separadas das descritas pelos
outros profissionais.

4. Análise:

Aqui, cada profissional deve fazer sua análise separadamente e o psicólogo


deve seguir as mesmas orientações do Relatório Psicológico.

5. Conclusão:

A conclusão pode ser realizada em conjunto com os outros profissionais.


O psicólogo pode fazer encaminhamentos, orientações e sugerir a
continuidade do atendimento.

O documento é encerrado com indicação do local, data da expedição e


o carimbo de cada profissional com seu nome completo e número da
inscrição em sua categoria profissional.

70
PLANO DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE III

Laudo
O laudo é um relato sucinto, sistemático, descritivo, interpretativo de um exame que
descreve ou interpreta dados.

Seu objetivo é apresentar diagnóstico e/ou prognóstico, visando fornecer orientações,


subsidiar decisões ou encaminhamentos a partir de uma avaliação psicológica.

Estrutura do laudo:

1. Identificação: dados básicos do avaliado (nome, data de nascimento,


idade, escolaridade, filiação, profissão etc.) ou da instituição atendida.

Solicitante: quem solicitou o documento, especificando se a solicitação


foi realizada pelo Poder judiciário, por empresas, instituições públicas
ou privadas, pelo próprio usuário do processo de trabalho prestado ou
outras pessoas interessadas.

Finalidade: descrição da razão, motivo e finalidade do pedido.

Autora: nome do psicólogo responsável e seu número do CRP.

2. Descrição da demanda:

Aqui, o psicólogo deve descrever as informações sobre a queixa, devendo


indicar quem forneceu as informações e as expectativas sobre o pedido
do laudo.

3. Procedimentos:

O psicólogo deve apresentar os recursos técnicos-científicos que utilizou e


o referencial metodológico que fundamentou suas análises, interpretações
e conclusões.

As informações vindas das pessoas ouvidas devem ser colocadas no laudo


com o número de encontros ou o tempo de duração.

4. Análise:

O psicólogo deve descrever os dados colhidos de forma metódica, objetiva


e coerente, relatando somente o que for necessário. Suas afirmações
devem ser sustentadas em fatos e teorias.

71
UNIDADE III │ PLANO DE AVALIAÇÃO

5. Conclusão:

Aqui, são indicados os encaminhamentos e intervenções, o diagnóstico,


prognóstico e hipótese diagnóstica, a evolução do caso, orientação ou
sugestão de projeto terapêutico.

O documento é finalizado com a indicação do local, data de expedição,


nome completo do psicólogo, sua inscrição no CRP e/ou carimbo com as
mesmas informações.

6. Referências Bibliográficas:

Na elaboração de laudos, é obrigatória a informação das fontes


científicas ou referências bibliográficas utilizadas, em nota de rodapé,
preferencialmente.

Parecer
O parecer é uma manifestação técnica fundamentada ou resumida sobre uma questão
do campo psicológico.

Seus objetivos são:

»» Apresentar resposta esclarecedora, no campo do conhecimento


psicológico, através de uma avaliação técnica especializada, de uma
“questão-problema”, visando à eliminação de dúvidas que interfiram na
decisão.

»» É uma resposta a uma consulta que exige, de quem responde, competência


no assunto.

»» A maior demanda de solicitações de parecer tem surgido da esfera judicial.

Estrutura do parecer:

a. Título: Parecer Psicológico.

b. Identificação:

No documento deve constar:

›› Pessoa ou instituição atendida: identificar nome completo ou nome


social e, quando necessário, outras informações sociodemográficas.

72
PLANO DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE III

›› Solicitante: identificar quem solicitou o documento, especificando


se a solicitação foi realizada pelo Poder Judiciário, por empresas,
instituições públicas ou provadas, pelo próprio usuário ou outras
pessoas interessadas.

Finalidade: deve ser descrita a razão do pedido de parecer.

Autor: nome do psicólogo responsável, número do CRP e titulação que


comprove o conhecimento específico e competência no assunto.

c. Descrição da demanda:

Aqui, o psicólogo deve descrever as informações sobre a queixa, devendo


indicar quem forneceu as informações e as expectativas sobre o pedido do
parecer. A demanda deve ser analisada a fim de justificar o procedimento
adotado.

d. Análise:

Aqui, é discutida a questão que levou ao pedido do parecer, embasada nos


fundamentos éticos, técnicos e/ou conceituais. O texto deve expressar
opinião fundamentada, com argumentos sustentados em princípios
científicos, com citações de fontes.

e. Conclusão:

Aqui, o psicólogo apresenta seu posicionamento sobre a questão-


problema ou documentos psicológicos questionados.

O documento é finalizado com a indicação do local, data de expedição,


nome completo do psicólogo, sua inscrição no CRP e/ou carimbo com as
mesmas informações.

O texto deve expressar opinião fundamentada, com argumentos


sustentados em princípios científicos, com citações de fontes.

Para acessar a resolução do CFP, entre no link:

<https://atosoficiais.com.br/lei/elaboracao-de-documentos-escritos-
produzidos-pelo -psicologo - decorrentes- de -avaliacao -psicologica-
cfp?origin=instituicao

73
UNIDADE III │ PLANO DE AVALIAÇÃO

De acordo com o objetivo do psicodiagnóstico e com o receptor, podem ser utilizados


vários tipos de comunicação, como por exemplo:

»» entrevista de devolução com os pais e com o paciente;

»» laudo encaminhado ao pediatra;

»» laudo encaminhado à escola especial;

»» parecer para o serviço de orientação de uma escola, que fez a sugestão


inicial do psicodiagnóstico.

Podemos perceber, assim, que as mesmas questões podem ser respondidas com
comunicações diferentes, mas o conteúdo de cada uma pode diferir em especificidade,
profundidade e extensão, de acordo com a identidade e qualidade do receptor, por
exemplo, o psiquiatra, o professor, o paciente, os pais. Assim, a linguagem utilizada
deve ser adequada à do receptor.

O sigilo profissional informa que o psicólogo não deve fornecer certas informações, ou
deve prestá-las unicamente a quem de direito, sempre buscando beneficiar o paciente.
O direito à devolução é obrigatório e, na prática, é esse direito que facilita o rapport e a
confiança no terapeuta. O usuário tem direito a um feedback.

De acordo com o Código de Ética Profissional (2005), o psicólogo deve “informar a quem
de direito os resultados decorrentes da prestação de serviços psicológicos, transmitindo
somente o que for necessário para a tomada de decisões que afetam o usuário ou
beneficiário” e “orientar a quem de direito sobre os encaminhamentos apropriados,
a partir da prestação de serviços psicológicos, e fornecer, sempre que solicitado, os
documentos pertinentes ao bom termo do trabalho”.

A autora sugere que o feedback ao cliente deve ser dado por meio de uma entrevista
devolutiva, porque a comunicação oral parece ser um recurso mais esclarecedor e eficaz
que as informações por escrito, uma vez que cada item pode ser devidamente analisado
e esclarecido, se for necessário.

É obrigatório que o psicólogo mantenha protocolo de entrega dos documentos, com


assinatura do solicitante, comprovando que este recebeu o documento solicitado e que
se responsabiliza pelo uso e sigilo das informações contidas no documento.

»» O tipo de comunicação é definido pelos objetivos do psicodiagnóstico.

»» O conteúdo da comunicação é definido pelas hipóteses iniciais e pela


identidade do receptor.

74
PLANO DE AVALIAÇÃO │ UNIDADE III

»» A forma da comunicação é definida pela identidade e qualidade do receptor.

»» A comunicação pode variar quanto à natureza dos dados em profundidade


e extensão.

»» A comunicação deve estar adequada com os princípios da ética profissional


do psicólogo.

»» A partir da entrevista de devolução, são feitos orientações e encaminhamentos.

É obrigatório que o psicólogo faça o registro documental de todos os serviços que


prestar; os protocolos, que são de uso exclusivo do psicólogo, devem ser arquivados
em local a que apenas o profissional tenha acesso, preservando o sigilo e a privacidade.
Após esse período, é sugerido que o material de clientes seja incinerado ou picotado de
maneira que não consiga ser lido ou identificado.

O psicólogo só pode doar ou vender um kit de testes a outro psicólogo devidamente


registrado em seu conselho, e deverá ser feito um termo de repasse assinado por ambos
os profissionais.

O psicólogo deve guardar os materiais referentes à avaliação psicológica por, no mínimo,


cinco anos. Em alguns casos previstos em lei, por determinação judicial ou algum outro
motivo específico, deve ser guardada por mais tempo.

De acordo com o código de ética, se ocorre mudança do psicólogo, ele deve deixar o
material com o próximo profissional. Se o serviço de psicologia é extinto, o psicólogo
deve solicitar ao Conselho de Psicologia da região que os locais de guarda do material
sejam lacrados, a fim de garantir o sigilo das informações.

O documento referente à avaliação deve ser escrito com a linguagem adequada ao


destinatário e só devem ser expostas as informações necessárias em busca do bem-estar
do avaliando. Quando o material é destinado a outro profissional, deve ser entregue
com envelope lacrado, com todas as laudas rubricadas e a última assinada.

De acordo com Machado (2007), quando o destino do documento é outro psicólogo,


o relato do caso pode ser realizado com linguagem técnica, com referência concreta
ao material do teste de onde foram extraídas as conclusões. A estrutura básica da
personalidade pode ser descrita minuciosamente, e o diagnóstico e prognóstico podem
ser escritos em termos de psicopatologia.

Já quando se destinam a professores, os documentos devem ser breves e referentes


unicamente ao que o professor precisa saber. A linguagem deve ser formal, porém
cotidiana. Quando se destina a um advogado, o documento deve ser feito sem equívocos

75
UNIDADE III │ PLANO DE AVALIAÇÃO

e sem deixar margem para interpretações erradas. A conclusão deve ser formulada e
justificada em relação à dúvida que levou à solicitação do estudo.

Já quando se destina a um empresário, deve-se partir das qualidades do avaliando, e o


documento deve responder unicamente às condições exigidas para a classificação e em
que nível estão presentes ou ausentes. Quando se destina a outros profissionais (médico,
fonoaudiólogos etc.), o documento deve responder sobre a presença ou ausência de
transtornos emocionais, informando ao profissional somente o necessário para que o
caso seja encaminhado.

76
TESTES UNIDADE IV
PSICOLÓGICOS

CAPÍTULO 1
O uso dos testes psicológicos

Figura 6. O uso dos testes psicológicos.

Fonte: < https://www.bing.com/images/search?view=detailV2&id=024338CF72337FE3B9C39173188C463B8CFB6112&thid=O


IP.n0UFAlZ6agJLhB2oepIZKQHaE7&mediaurl=https%3A%2F%2Fwww.gupy.io%2Fhs-fs%2Fhubfs%2Fartigo-testes-psicologicos.jpg
%3Fwidth%3D1130%26name%3Dartigo-testes-psicologicos.jpg&exph=752&expw=1130&q=+testes+psicologicos&selectedin
dex=0&ajaxhist=0&vt=0&eim=1,6&ccid=n0UFAlZ6&simid=607997575287145984>. Acesso em: 27/9/2019.

Podemos perceber que a avaliação psicológica é um processo amplo e o uso dos diferentes
tipos de testes corresponde a uma etapa da avaliação. De acordo com Pasquali e Alchieri
(2001), os testes são procedimentos sistemáticos que, através de escalas numéricas, são
utilizados para observar e descrever um comportamento.

Os testes psicológicos são utilizados para inúmeras finalidades. Na área clínica, eles
servem como recurso auxiliar na anamnese e são utilizados também para obter o
autoconhecimento, para fazer observações e para avaliar os resultados obtidos no
decorrer do tratamento.

77
UNIDADE IV │ TESTES PSICOLÓGICOS

De acordo com Anastasi e Urbina (2000), os testes psicológicos são medidas objetivas e
padronizadas de uma amostra de comportamento. Seus resultados buscam predizer ou
diagnosticar a resposta comportamental do paciente em situações diversas.

Os testes são, de acordo com Caixeta e Silva (2014), recursos auxiliares para confirmar
as decisões dos psicólogos. Em qualquer forma de avaliação, o mais importante é o
cuidado com o indivíduo, seja ele intra ou interpsíquico.

Segundo Primi (2003), os testes psicológicos são “instrumentos objetivos e padronizados


que buscam observar e investigar comportamentos e medir as diferenças entre os
sujeitos ou as reações do mesmo sujeito em diferentes ocasiões.

De acordo com Primi (2010), com o avanço tecnológico, a aplicação de testes pode
ser realizada via web, utilizando diferentes estímulos multimídia e enriquecendo a
interação do indivíduo com os instrumentos e com a coleta de informações.

Quando os testes são bem utilizados, se tornam um instrumento muito útil, oferecendo
respostas rápidas e profundas em pouco tempo. Eles também podem ser utilizados para
diminuir as contradições entre diferentes pontos de vista de psicólogos.

O uso dos testes também pode aumentar a credibilidade das conclusões das avaliações
quando ela é feita de modo compulsório, para atender a interesses sociais ou de terceiros,
como no caso das perícias, por exemplo.

Uma das críticas feitas ao uso de testes é que ele pode ser utilizado para rotular o sujeito
durante seu processo de avaliação. Para isso não ocorrer, o teste não deve ser utilizado
de maneira isolada, mas ser uma das ferramentas que integram o processo de avaliação.

Os resultados dos testes podem ser utilizados para ajudar o sujeito a adquirir
conhecimento sobre si mesmo e aumentar seus recursos para buscar soluções adequadas
para seus problemas. Dessa forma, os resultados dos testes podem ser utilizados para
aumentar a autonomia do sujeito.

Cada cultura tem seus próprios sujeitos, relações, comportamentos, modos de ser e
agir. O Conselho Federal de Psicologia recomenda que, para garantir a legitimidade e a
cientificidade dos dados obtidos, o uso dos testes deve ser feito com segurança.

De acordo com Primi (2010), as vantagens de se adaptar os testes ao contexto do Brasil,


em vez de construir outros, são:

»» a economia de tempo e de recursos financeiros;

»» a possibilidade de comparar estudos entre grupos de várias culturas e


diferentes linguagens;

78
TESTES PSICOLÓGICOS │ UNIDADE IV

»» o alcance na equidade de avaliação, em termos de métodos e de


comparabilidade entre os escores;

»» a inexistência de instrumentos de avaliação nacionais com foco em


construtos específicos de interesse dos pesquisadores.

Os testes psicológicos são instrumentos que avaliam ou mensuram características


psicológicas através do registro de amostras do comportamento do sujeito, a fim de
descrever ou medir características e processos psicológicos nas seguintes áreas:

»» cognição/inteligência;

»» motivação;

»» personalidade;

»» psicomotricidade;

»» atenção;

»» memória;

»» percepção.

O conceito de teste psicológico inclui escalas, inventários, questionários e métodos


projetivos/expressivos.

Os testes e outras informações organizadas pelo psicólogo fazem parte da


Avaliação Psicológica e buscam compreender o problema estudado para ajudar
na tomada de decisões. Os testes são ferramentas, isto é, um meio para se
alcançar um fim. O psicólogo é o responsável pela aplicação e interpretação dos
dados e, se forem mal aplicados, podem limitar ou anular sua utilidade.

A Resolução nº 9, de 25 de abril de 2018, estabelece diretrizes para a realização de


Avaliação Psicológica no exercício profissional da psicóloga e do psicólogo, regulamenta
o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos – SATEPSI e revoga as Resoluções n°
002/2003, no 006/2004 e n° 005/2012 e Notas Técnicas n° 01/2017 e 02/2017.

Diz em seu Art. 4:

“Um teste psicológico tem por objetivo identificar, descrever, qualificar


e mensurar características psicológicas, por meio de procedimentos
sistemáticos de observação e descrição do comportamento humano,

79
UNIDADE IV │ TESTES PSICOLÓGICOS

nas suas diversas formas de expressão, acordados pela comunidade


científica”.

Os requisitos para que o teste seja considerado válido são, de acordo com o Art. 6:

I. apresentação de fundamentação teórica, com especial ênfase na


definição do(s) construto(s), descrevendo seus aspectos constitutivo e
operacional;

II. definição dos objetivos do teste e contexto de aplicação, detalhando


a população-alvo;

III. pertinência teórica e qualidade técnica dos estímulos utilizados nos


testes;

IV. apresentação de evidências empíricas sobre as características técnicas


dos itens do teste, exceto para os métodos projetivos/expressivos;

V. apresentação de evidências empíricas de validade e estimativas de


precisão das interpretações para os resultados do teste, caracterizando
os procedimentos e os critérios adotados na investigação;

VI. apresentação do sistema de correção e interpretação dos escores,


explicitando a lógica que fundamenta o procedimento, em função do
sistema de interpretação adotado, que pode ser:

Referenciada à norma, devendo, nesse caso, relatar as características


da amostra de normatização de maneira explícita e exaustiva,
preferencialmente comparando com estimativas nacionais,
possibilitando o julgamento do nível de representatividade do grupo de
referência usado para a transformação dos escores.

Diferente da interpretação referenciada à norma, devendo, nesse caso,


explicar o embasamento teórico e justificar a lógica do procedimento de
interpretação utilizado.

VII. apresentação explícita da aplicação e correção para que haja a


garantia da uniformidade dos procedimentos.

Parágrafo único – Testes psicológicos estrangeiros adaptados para o


Brasil devem atender aos incisos supracitados.

VIII. Atenção aos requisitos explicitados nos artigos 30, 31, 32 e 33.

80
TESTES PSICOLÓGICOS │ UNIDADE IV

Os requisitos mínimos que os testes devem ter para serem aprovados pelo conselho são:

»» fundamentação teórica;

»» evidências empíricas de validade e precisão das interpretações propostas;

»» sistema de correção e interpretação dos escores;

»» descrição clara dos procedimentos de aplicação e correção;

»» manual contendo as informações.

A validade do teste se refere ao que ele mede e a qualidade com que ele faz isso. A
precisão se refere às características que ele tem de medir com o máximo de objetividade.
O Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos (SATEPSI) avalia e qualifica os testes
como aptos (pareceres favoráveis) ou inaptos (pareceres desfavoráveis) para uso.

A primeira lista de testes aprovados foi publicada em 6 de novembro de 2003. Assim,


é considerado falta ética se o psicólogo utilizar algum teste que não conste nessa lista,
salvo os casos de pesquisa. A partir desse período, os serviços que utilizavam a aplicação
de testes (como o DETRAN, a avaliação de porte de armas, a avaliação de vigilantes
etc.) precisaram adequar-se a essas normas, remodelando seus processos de avaliação,
utilizando novos testes, fazendo reciclagens e supervisão.

Para acessar a Resolução, entre no link:

<http://satepsi.cfp.org.br/docs/Resolução-CFP-nº-09-2018-com-anexo.pdf>.

Existe um procedimento rigoroso para um teste ser “apto” para o uso, mas o psicólogo
deve ter uma formação qualificada para escolher o teste de acordo com seus objetivos,
usá-lo corretamente, saber aplicá-lo e manusear seus resultados.

Os testes também devem ser realizados em condições ambientais adequadas, para


proporcionar a qualidade e o sigilo das informações coletadas. Os documentos
produzidos devem ser guardados em arquivos seguros e com acesso controlado por
no mínimo 5 anos, como vimos no capítulo anterior. A entrevista devolutiva também é
direito do avaliando e dever do avaliador.

De acordo com Primi (2010), o processo de validação de instrumentos psicológicos


está contido no processo de validação de hipóteses científicas. Por meio do processo
hipotético-dedutivo, se busca validar as explicações por meio de levantamento de
hipóteses teóricas, planejamento dos estudos empíricos, coleta e análise dos dados e
teste das hipóteses explicativas, as falseando ou as corroborando. Esse processo de

81
UNIDADE IV │ TESTES PSICOLÓGICOS

interação entre teoria-hipótese-falseamento constitui a base do desenvolvimento do


conhecimento e da psicologia como ciência. Quando se valida uma teoria, se busca
validar a existência de construtos e as relações causais entre eles. Quando se valida um
teste, se busca validar as interpretações sobre o construto psicológico que são feitas a
partir do instrumento.

Quadro 5. Estágios da validação de teorias científicas comparada à validação de testes.

Validação de teorias Validação de testes


Definição do construto e das interpretações dos
Teoria Explicação sobre fenômenos psicológicos e suas causas.
indicadores ou escores derivados do instrumento.
Hipóteses e objetivos Deduções de previsões sobre eventos da realidade. Deduções de associações internas e externas.
Planejamento do levantamento de dados procurando Planejamento dos estudos de validade testando as
Delineamento
testar as explicações derivadas das deduções. previsões derivadas.
Parte empírica Coleta e análise dos dados. Coleta e análise de dados.
Falseamento ou corroboração das hipóteses explicativas Falseamento ou corroboração das interpretações
Conclusão
e realimentação ou reformulação das teorias. pretendidas para os escores ou indicadores do teste.

Fonte: Adaptado de Primi, 2010.

De acordo com Noronha (2002), os maiores problemas encontrados na prática dos


testes são:

»» utilizar cópias do material de testes;

»» usar testes inadequados para o caso em questão;

»» estar desatualizado na área de avaliação psicológica, não se aperfeiçoando


em reciclagens, cursos, supervisões e congressos;

»» fazer avaliações incorretas;

»» não considerar os erros de medida nas interpretações;

»» não usar folhas de respostas padronizadas;

»» não ter clareza das limitações dos instrumentos, quanto às normas;

»» não explicar ao solicitante da avaliação as pontuações nos testes;

»» aplicação de testes por pessoa não qualificada;

»» não adaptar os instrumentos para os determinados países ou regiões;

»» não arquivar os instrumentos utilizados por 5 anos, no mínimo;

82
TESTES PSICOLÓGICOS │ UNIDADE IV

»» não dar o seguimento correto aos estudos dos testes;

»» fazer interpretações além do limite do instrumento.

Machado (2007) acrescenta:

»» utilizar materiais antigos e folhas de resposta produzidas pelo próprio


psicólogo;

»» utilizar testes não aprovados na listagem do SATEPSI;

»» não olhar a avaliação psicológica como sendo um processo;

»» não realizar a entrevista;

»» adaptar os testes de acordo com a vontade do psicólogo: alterar tempos,


instrumentos, não observando a padronização;

»» não pedir ao candidato para assinar o teste;

»» não registrar todas as informações pertinentes ao caso;

»» aceitar remuneração incompatível com a sua prática;

»» não fazer entrevistas de devolução.

De acordo com Machado (2007), os testes podem ser classificados em:

»» Testes com respostas corretas:

›› funcionamento cognitivo;

›› conhecimento;

›› habilidades;

›› capacidades.

»» Testes em que não há respostas corretas:

›› inventários;

›› questionários;

›› levantamentos;

›› testes de personalidade;

83
UNIDADE IV │ TESTES PSICOLÓGICOS

›› motivações;

›› preferências;

›› atitudes;

›› interesses;

›› opiniões;

›› reações características.

De acordo com o mesmo autor, os cursos de graduação contribuem para que os testes
psicológicos não sejam aplicados de forma correta, porque os programas buscam o
tecnicismo e ensinam as técnicas de avaliação isoladamente, e não como fazendo parte
de um processo dinâmico, que é a avaliação psicológica.

Para o autor, algumas opções para que esses problemas sejam minimizados são:

»» Proporcionar uma formação integradora, que oferte condições técnicas,


éticas e críticas reflexivas ao aluno.

»» Aperfeiçoar os programas de formação, com menos burocracia e mais


dinâmica.

»» Desenvolver e validar novos instrumentos de avaliação.

»» Proporcionar o acesso ao conhecimento em formação continuada.

»» Avaliar os instrumentos disponíveis no mercado.

De acordo com Machado (2007), o psicólogo deve estar familiarizado com os princípios
que regulam a elaboração dos testes, para que não tenha dúvidas de qual instrumento
utilizar para avaliar determinada característica. Não existe um instrumento melhor
que o outro para avaliar uma característica, pois todos passam pelo processo científico.
O que existe são instrumentos mais ou menos indicados para determinada situação.
Para ajudar na escolha do teste mais adequado para a situação, o autor enumera alguns
pontos:

»» Que atributos ou características se quer avaliar: personalidade, atenção,


inteligência etc.

»» Saber quais são as técnicas disponíveis e aprovadas pelo CFP.

84
TESTES PSICOLÓGICOS │ UNIDADE IV

»» Idade, escolaridade, nível socioeconômico etc. do paciente, isto é, o seu


perfil.

»» Conhecer o instrumento antes de sua aplicação.

»» Saber a qualidade e confiabilidade do instrumento de acordo com o CFP.

»» Utilizar os testes originais e nunca fotocópias.

Assim, podemos perceber que existem testes que não podem ser utilizados, por exemplo,
com crianças ou com pessoas de baixa escolaridade, e alguns instrumentos exigem mais
treinamento que outros por serem mais complexos. Esses fatores devem ser levados em
consideração antes de escolher os instrumentos a serem utilizados.

Antes de aplicar o teste, Machado (2007) recomenda que o psicólogo observe os


seguintes pontos no indivíduo ou no grupo de indivíduos que serão avaliados:

»» Condições físicas (medicações, estado de cansaço, problemas visuais e


auditivos, alimentação etc).

»» Condições psicológicas (problemas situacionais, alterações


comportamentais), a fim de identificar situações que possam vir a
influenciar o desempenho do indivíduo.

»» Um bom rapport deve ser estabelecido e todas as dúvidas devem ser


esclarecidas.

Já durante a aplicação, o psicólogo deve observar os seguintes pontos:

»» Os princípios de padronização do teste: reduções não previstas e instruções


diferentes do manual alteram os princípios básicos de sua utilização.

»» O psicólogo deve seguir rigorosamente as instruções do manual, mas não


deve adotar uma postura rígida nem estereotipada.

»» O psicólogo não deve utilizar fotocópias dos testes.

»» O psicólogo deve aplicar os testes de forma clara e objetiva, para evitar que
seja acentuada a ansiedade do indivíduo e ele possa ter um desempenho
adequado.

»» O psicólogo deve registrar os comportamentos do indivíduo durante a


realização do teste. Isso ajuda a sistematizar os dados obtidos.

85
UNIDADE IV │ TESTES PSICOLÓGICOS

Depois de aplicados, os testes precisam ser avaliados observando-se os princípios


do manual. Após uma boa avaliação, os resultados são entregues na entrevista de
devolução. Depois dessa etapa, o sigilo das informações deve ser realizado e o material
deve ser guardado adequadamente, conforme visto no capítulo anterior.

Todas as informações obtidas devem ser organizadas. Machado (2007) sugere que:

»» Devem ser identificados padrões de comportamento, isto é, as mesmas


reações do sujeito em diferentes momentos.

»» Deve-se correlacionar as informações obtidas acima com o que se conhece


sobre a história de vida do sujeito e sua família.

»» A contratransferência do psicólogo deve ser registrada também.

»» A partir dos dados acima, hipóteses explicativas devem ser estabelecidas.

»» Informações incoerentes também devem ser investigadas.

Segundo Exner (1999), a bateria de testes é utilizada porque:

»» Acredita-se que um único teste não consegue avaliar de forma abrangente


o paciente como um todo.

»» A bateria de testes abrange a validação intertestes dos dados obtidos a


partir de cada instrumento. Assim, diminui a margem de erro e obtêm-se
melhores conclusões.

Nas técnicas projetivas, é recomendado confirmar os indicadores de um teste por meio


de indícios sugestivos em outra técnica.

Há dois tipos principais de baterias de testes, de acordo com Cunha (2000):

»» As baterias padronizadas:

›› São utilizadas para avaliações específicas.

›› A aplicação do teste e sua pontuação são uniformes, isto é, as condições


de testagem são as mesmas para todos os pacientes.

›› Ela é organizada baseando-se em pesquisas realizadas com alguns


tipos de pacientes.

›› É indicada pela sua eficiência preditiva e para alcançar uma amostra


adequada das funções importantes da avaliação proposta.

86
TESTES PSICOLÓGICOS │ UNIDADE IV

›› Possui objetivos explícitos e deve ser administrada em sua íntegra.

›› O psicólogo pode acrescentar testes a fim de adequar-se às


particularidades do caso.

»» As baterias não padronizadas:

›› São organizadas a partir de um plano de avaliação, que determina a


especificidade e a quantidade de testes que será utilizada.

›› Inclui testes psicométricos e técnicas projetivas.

›› Os testes são programados de forma sequencial e deve ser levado em


consideração:

·· a natureza do teste;

·· o tipo de teste;

·· as propriedades psicométricas;

·· o tempo de administração;

·· o grau de dificuldade;

·· a qualidade ansiogênica do teste;

·· as características individuais do paciente.

›› Sua organização é feita com critérios mais flexíveis do que a bateria


padronizada. A quantidade de testes utilizada pode ser alterada no
decorrer do processo. Por exemplo, o número de testes pode aumentar
para buscar uma intervalidação de resultados ou confirmar dados em
função de uma determinada hipótese.

De acordo com Ocampo (2005), é importante que seja considerada a mobilização ou não
da ansiedade do paciente na sequência de distribuição dos testes. O autor sugere que,
primeiramente, no início do processo de testagem, devem ser utilizados os instrumentos
não ansiogênicos, como as técnicas gráficas, por exemplo. Elas ajudam a abaixar o nível
de ansiedade, embora sejam ricas em conteúdos projetivos.

O autor também sugere que, como as técnicas gráficas são tarefas simples, fáceis e breves,
deve ser utilizada uma delas no início da testagem, e as outras que estão presentes na
bateria de testes devem ser aplicadas no decorrer do processo, a fim de diminuir, por

87
UNIDADE IV │ TESTES PSICOLÓGICOS

exemplo, a ansiedade do paciente e seu cansaço com a dificuldade de outras tarefas


propostas.

De acordo com o autor, entre os testes gráficos, devem ser incluídos conteúdos diferentes
relacionados ao tema pedido, devendo-se começar com os temas mais indefinidos e
finalizar com os temas mais específicos. Quando se prepara a bateria de testes, deve-
se escolher os testes que buscam a maior quantidade de condutas verbais, gráficas e
lúdicas, para conseguir comparar o mesmo tipo de conduta provocada por diferentes
estímulos ou instrumentos e diferentes tipos de conduta entre si.

Se o objetivo do exame permitir, o autor prioriza o Bender como o teste inicial com
adultos, dando preferência ao desenho da figura humana ou ao HTP. Mesmo que o
paciente entenda o Bender como uma tarefa infantil (copiar desenhos), enfrenta o
desafio de revisitar a sua impressão inicial.

A natureza dos estímulos dos testes e as características do sujeito determinam se o


instrumento poderá ser ou não ansiogênico para aquele paciente que está realizando o
psicodiagnóstico.

Assim, se técnicas psicométricas e projetivas estão previstas no psicodiagnóstico, elas


devem ser alternadas, iniciando e finalizando a bateria de testes com material pouco ou
não ansiogênico.

Sobre os testes objetivos:

»» Dão ênfase a objetividade.

»» Os estímulos e as repostas são padronizados.

»» As respostas são fechadas.

»» As respostas são elaboradas anteriormente.

»» Alguns dos testes objetivos são:

›› BRP.5;

Busca estimar o funcionamento cognitivo geral e as habilidades em


cinco áreas específicas: raciocínio abstrato, verbal, visual-espacial,
numérico e mecânico. Utilizado nas seguintes áreas: orientação
profissional, avaliação das dificuldades de aprendizagem e seleção
de pessoal. Usado em avaliações individuais ou coletivas em pessoas
a partir da sexta série do Ensino Fundamental. Sua realização tem

88
TESTES PSICOLÓGICOS │ UNIDADE IV

tempo determinado a 10 minutos para a prova RV, 12 para a RA, 15


para a RM, 18 para a RE e 18 minutos para a RN.

›› Colúmbia;

Este teste faz uma estimativa da capacidade de raciocínio geral de


crianças (3 anos e 0 meses a 9 anos e 11 meses). Avalia, principalmente,
as capacidades para discernir as relações entre os vários tipos de
símbolos e é indicada para avaliar crianças com suspeitas de déficits
cognitivos.

›› EFEx;

Mensura dimensões da personalidade, como: nível de comunicação,


altivez, assertividade e interações sociais. Usada em avaliações
individuais ou coletivas em indivíduos dos 14 aos 55 anos. Sua
realização não tem tempo determinado, mas normalmente não passa
de 40 minutos.

›› IHS;

O Inventário de Habilidades Sociais (IHS) busca caracterizar o


desempenho social em diferentes situações. Usado em avaliações
individuais ou coletivas em indivíduos entre 17 e 25 anos, com, no
mínimo, ensino médio. Sua realização não tem tempo determinado,
mas normalmente não passa de 30 min.

›› IFP;

O Inventário Fatorial de Personalidade (IFP) busca traçar o perfil da


personalidade da pessoa baseando-se em 13 necessidades ou motivos
psicológicos da teoria das necessidades ou motivos psicológicos
de Henry Murray. Usada em avaliações individuais ou coletivas em
indivíduos entre 14 a 86 anos com, no mínimo, ensino fundamental.
Sua realização não tem tempo determinado, mas normalmente não
passa de 20 min.

›› WAIS III;

A Escala de Inteligência Wechsler para Adultos – WAIS III é um dos


instrumentos mais importantes para avaliar a capacidade intelectual,
o funcionamento cognitivo global do indivíduo. Usado em avaliações
individuais em pessoas entre 16 a 89 anos. Sua realização não tem

89
UNIDADE IV │ TESTES PSICOLÓGICOS

tempo determinado e o tempo médio de realização é de 75 a 90


minutos, em decorrência da escolha dos subtestes aplicados.

Sobre os testes projetivos:

»» Dão ênfase nas informações coletadas por meio de respostas livres.

»» As respostas são abertas.

»» As respostas são elaboradas pelo sujeito que está sendo submetido ao


teste.

»» Alguns dos testes projetivos são:

›› Figuras de Rey;

Busca avaliar a atividade perceptiva e a memória visual nas fases de


cópia e reprodução de memória. Seu objetivo é verificar o modo como
o sujeito apreende os dados perceptivos que lhe são apresentados e
o que foi conservado espontaneamente pela memória. É utilizado
unicamente lápis e papel. Usado em avaliações individuais em pessoas
entre 5 a 88 anos.

›› Rorschach;

O teste de Rorschach se baseia em 10 pranchas com borrões de tintas


coloridas e preto e branco com características específicas quanto
a luminosidade, ângulo, proporção, espaço, cor e forma. Essas
características facilitam a rápida associação das imagens mentais que
envolvem ideias e afetos, mobilizando a memória de trabalho. Usado
em avaliações individuais em pessoas de qualquer idade.

›› HTP;

O Teste HTP busca fornecer informações sobre como uma pessoa


experiencia sua individualidade em relação aos outros e ao ambiente
do lar. Usada em avaliações individuais em indivíduos acima dos 8
anos. Sua realização não tem tempo determinado, mas normalmente
leva entre 30 e 90 minutos. Ele é uma técnica projetiva de desenho da
casa – árvore – pessoa.

›› Zulliger;

O Z- Teste busca avaliar os construtos psicológicos básicos: capacidade


de desempenho, objetividade, ansiedade, depressão, controle

90
TESTES PSICOLÓGICOS │ UNIDADE IV

emocional, funcionamento do pensamento lógico, integração humana,


dentre outros.

Utilizado nas seguintes áreas: avaliação psicológica no contexto


organizacional, seleção e promoção de pessoal e concurso público.
Usado em avaliações individuais e coletivas.

Alguns dos testes que só podem ser aplicados pelos psicólogos são:

»» Anamnese;

»» BRP. 5;

»» Colúmbia;

»» EFEx;

»» EFS;

A Escala Fatorial de Socialização – EFS busca medir a dimensão da


personalidade integrada com a qualidade das relações interpessoais
dos indivíduos, tais como nível de amabilidade, pró-sociabilidade e
confiança nas pessoas. Ela é baseada no modelo dos Cinco Grandes
Fatores da Personalidade (Big-5) e é utilizada na área clínica,
educacional, organizacional e em contextos em que se necessita uma
avaliação abrangente da personalidade, identificando tendências de
comportamentos, padrões de atitudes e crenças.

»» IFP;

»» IHS;

»» SMHSC;

O Sistema Multimídia de Habilidades Sociais da Criança (SMHSC) busca


caracterizar o desempenho social da criança em diferentes situações do
contexto escolar. Produz indicadores para planejar e avaliar programas
educativos ou terapêuticos de promoção do repertório social de escolares
e para pesquisas na área. Usado em avaliações individuais ou coletivas
em crianças do ensino fundamental. Sua realização não tem tempo
determinado e ocorre em função da quantidade de indicadores que se
quer e do ritmo da criança.

91
UNIDADE IV │ TESTES PSICOLÓGICOS

»» TAT;

O Teste de Apercepção Temática (TAT) é uma técnica projetiva que busca


identificar impulsos, emoções, sentimentos e conflitos marcantes da
personalidade. Usado em avaliações individuais em indivíduos entre 14 a
40 anos. Sua realização não tem tempo determinado

»» Rorschach;

»» Escala Hare;

A escala Hare busca avaliar o grau de risco da reincidência criminal,


ponderando traços de personalidade prototípicos de psicopatia. O
PCL-R avalia de maneira segura e objetiva o grau de periculosidade e de
readaptabilidade à vida comunitária de condenados.

»» EFE;

A Entrevista Familiar estruturada (EFE) busca avaliar as relações


familiares através de um diagnóstico internacional da família,
diferenciando a interação sadia da interação que dificulta o crescimento
emocional dos membros.

»» Função do jogo colaborativo;

O Jogo Colaborativo procura estimular o lado lúdico da família no


processo de resolução de problemas. Busca diminuir as distâncias
pessoais, propiciando um ambiente de confiança e descontração através
da brincadeira.

»» WAIS III;

»» Wisconsin;

O WCST busca medir a habilidade de monitorar, regular e inibir


comportamentos automatizados e perseverantes; avalia as funções
executivas, estimulando a flexibilidade do pensamento a fim de planejar
estratégias para solução de problemas.

É utilizado para avaliar e identificar prejuízos cognitivos e condições


neurológicas relacionadas à região frontal do cérebro, no contexto clínico,
hospitalar e neuropsicológico.

92
TESTES PSICOLÓGICOS │ UNIDADE IV

Alguns dos testes que podem ser aplicados por outros profissionais e não dependem da
aprovação do SATEPSI:

»» Diagnóstico organizacional;

O diagnóstico organizacional busca verificar o clima organizacional


nas seguintes áreas: relações interpessoais e intergrupais, padrões de
relacionamento, de comunicação, estilos de liderança, processo de tomada
de decisões, planejamento, resoluções de problemas, trabalho em equipe,
motivação. A Forma I é utilizada para os cargos de diretores, gerentes
e supervisores com, no mínimo, segundo grau completo. A Forma II é
utilizada para funcionários com escolaridade entre primeiro e segundo
graus incompletos.

»» Jogo reflexivo do casal;

No Jogo Reflexivo do Casal, o terapeuta esclarece, incentiva, exemplifica e


facilita o diálogo do casal em um ambiente acolhedor, buscando melhorar
o diálogo, diminuir hostilidades e validar as diferenças mediante acordos
entre o par. Através do teste, o terapeuta consegue diagnosticar como
funciona o relacionamento do casal utilizando os axiomas da comunicação.

»» CONFIAS;

O CONFIAS busca avaliar a consciência fonológica de forma abrangente


e sequencial, permitindo investigar as capacidades fonológicas
relacionadas com a escrita. O teste ajuda na alfabetização e instrumentaliza
fonoaudiólogos, psicopedagogos, psicólogos e educadores. Usado em
avaliações de indivíduos a partir dos 4 anos.

»» TDE;

O teste do desempenho escolar (TDE) avalia as capacidades fundamentais


para o desempenho escolar, isto é, a escrita, a aritmética e a leitura,
indicando quais as áreas da aprendizagem escolar que estão preservadas
ou prejudicadas na criança. Usado em avaliações de indivíduos cursando
da 1ª a 6ª séries do Ensino Fundamental, e pode ser aplicado, com
algumas reservas, para a 7ª e 8ª séries.

»» Compreensão leitora;

O teste mostra textos expositivos com diferentes organizações, buscando


ajudar psicopedagogos e fonoaudiólogos a avaliar a compreensão leitora

93
UNIDADE IV │ TESTES PSICOLÓGICOS

de alunos com queixa de dificuldades de aprendizagem e leitura. Usado


em avaliações de indivíduos cursando a partir da 2ª série do Ensino
Fundamental até idade adulta.

»» ADT;

O Inventário de Administração do Tempo (ADT) é composto por 96


afirmações relacionadas, direta ou indiretamente, com a forma como
os indivíduos usam o seu tempo no trabalho, e busca descobrir como
o avaliando mais desperdiça seu tempo. Usado na área de seleção e
treinamento de pessoal.

»» Jogo das Profissões;

O Jogo das Profissões é uma técnica de caráter lúdico, utilizada em


Orientação Profissional, que ajuda o adolescente a conhecer as profissões
e seus respectivos perfis correspondentes.

»» Guerra ao Estresse;

Este teste é administrado em forma de jogo, e busca ensinar a criança a


conhecer o estresse, as situações do dia-a-dia que causam o estresse, e as
estratégias para controlá-lo. Administrado em crianças a partir de 7 anos
de idade.

Os testes psicológicos de personalidade:

»» Avaliam:

›› comportamentos sociais (adaptativos e/ou problemáticos);

›› dinâmica familiar;

›› relações interpessoais;

›› extroversão;

›› liderança;

›› empatia;

›› entre outras características.

Alguns dos testes de personalidade são:

›› EFEx;

94
TESTES PSICOLÓGICOS │ UNIDADE IV

›› EFS;

›› IHS;

›› IFP;

›› SMHSC;

›› TAT

›› Rorschach;

›› HTP;

›› Zulliger;

›› Escala hare;

Os testes de inteligência e cognitivos:

»» Avaliam:

›› atenção;

›› funções sensório-motoras;

›› lateralidade;

›› organização perceptual;

›› aprendizagem;

›› memória;

›› raciocínio;

›› funções executivas;

›› linguagem;

›› rendimento acadêmico;

›› entre outras características.

Alguns dos testes de inteligência e cognitivos são:

›› Colúmbia;

›› Figuras de Rey;

›› WAIS III;

95
UNIDADE IV │ TESTES PSICOLÓGICOS

›› SDT;

O teste do desenho de Silver (SDT) foi criado a partir da teoria de que as


habilidades intelectuais de crianças são geralmente mascaradas pelas
suas deficiências de linguagem. O SDT inclui três subtestes: Desenho
de Antecipação, Desenho de Observação e Desenho de Imaginação.
Usado em avaliações individuais em crianças a partir dos 5 anos.

›› Wisconsin;

›› BPR. 5.

Os testes de habilidades específicas:

»» Avaliam:

›› administração do tempo;

›› orientação vocacional;

›› estruturação familiar;

›› ansiedade;

›› estresse;

›› TDAH;

›› entre outras características.

»» Alguns dos testes de habilidades específicas são:

›› Diagnóstico Organizacional;

›› EFE;

›› Jogo Reflexivo do Casal;

›› Função do Jogo Colaborativo;

›› Jogo das Profissões;

›› TDE;

›› ESA;

96
TESTES PSICOLÓGICOS │ UNIDADE IV

A Escala de Etresse para Adolescentes (ESA) mede quantitativamente o estresse na


adolescência.

Alguns dos testes utilizados na área clínica são:

»» Anamnese;

»» BRP. 5;

»» Colúmbia

»» EFEx;

»» EFS;

»» IFP;

»» IHS;

»» SMHSC;

»» TAT;

»» Rorschach;

»» Escala Hare;

»» EFE;

»» WAIS III;

»» Wisconsin;

»» Jogo Reflexivo do Casal;

»» CONFIAS;

»» Compreensão leitora;

»» ADT;

»» Jogo das Profissões;

»» Guerra ao Estresse;

»» Figuras de Rey.

97
UNIDADE IV │ TESTES PSICOLÓGICOS

Alguns testes utilizados na área organizacional são:

»» BRP. 5;

»» EFEx;

»» EFS;

»» IFP;

»» IHS;

»» TAT;

»» Diagnóstico Organizacional;

»» ADT;

Alguns dos testes utilizados na área escolar são:

»» BRP.5;

»» Colúmbia;

»» EFEx;

»» EFS;

»» IFP;

»» IHS;

»» SMHSC;

»» EFE;

»» WAIS III;

»» Wisconsin;

»» CONFIAS;

»» Compreensão leitora;

»» Jogo das Profissões;

»» Guerra ao Estresse;

»» Figuras de Rey.

98
TESTES PSICOLÓGICOS │ UNIDADE IV

Podemos perceber que um teste pode ser aplicado nas diversas áreas de trabalho
da Psicologia, como também diferentes testes podem ser utilizados para avaliar
o mesmo objetivo.

Figura 7. Testes Psicológicos.

Fonte: < https://www.bing.com/images/search?view=detailV2&id=885BE839CE7E165A4DD2BAA646AAE855819A


33FC&thid=OIP.kISLXBGx44JaVhLZoUtD2AHaFj&mediaurl=https%3A%2F%2Favaliacaodepessoas.com.br%2Fwp-
content%2Fuploads%2F2019%2F03%2F280627-como-os-testes-psicologicos-ajudam-na-retencao-de-talentos.jpg&exph=150
0&expw=1999&q=testes+psicologicos&selectedindex=15&ajaxhist=0&vt=0&eim=1,6. Acesso em: 27/9/2019.

Machado (2007) apresenta alguns dos testes de personalidade:

»» Para adultos:

›› EFEx – Escala Fatorial de Extroversão;

›› HTP;

›› IFP II – Inventário Fatorial de Personalidade;

›› IHS – Inventário de Habilidades Sociais;

›› Palográfico;

O Teste Palográfico busca avaliar as principais características da


personalidade por meio do comportamento expressivo. Fornece
informações sobre a inibição, elação, depressão, temperamento,
organização, humor, impulsividade, produtividade, ritmo, a qualidade
do rendimento no trabalho e a propensão à fadiga, dentre outras
características.

99
UNIDADE IV │ TESTES PSICOLÓGICOS

Usada em avaliações individuais ou coletivas sem limite de idade ou


escolaridade. Sua realização é feita com tempo determinado a dois
minutos e meio para a primeira parte e cinco minutos para a segunda
parte.

›› Pirâmides Coloridas de Pfister;

As Pirâmides Coloridas de Pfister buscam analisar a emocionalidade


dos indivíduos normais e neuróticos, por meio do registro da
estabilidade ou labilidade do momento, indicando possíveis fatores de
estabilização ou perturbação.

Usada em avaliações individuais em indivíduos de 18 a 78 anos, sem


limite de escolaridade. Sua realização não tem tempo determinado.

›› QUATI – Questionário de Avaliação Tipológica Rorschah;

O Questionário de Avaliação Tipológica (QUATI) busca avaliar a


personalidade pelas escolhas que cada indivíduo faz, baseando-se na
teoria Junguiana e em sua tipologia. Usado em avaliações individuais
e coletivas em indivíduos a partir da 8ª série do ensino fundamental
ao nível superior. Sua realização não tem tempo determinado, mas
não passa de 45 minutos.

›› Traço Teste Z de Zulliger;

›› STAXI – Inventário de Expressão de Raiva como Estado;

O Inventário de Expressão de Raiva como Traço e Estado (STAXI-2)


busca fazer uma avaliação psicológica da personalidade, especialmente
da expressão da raiva como estado e traço. Busca examinar a
intensidade dos sentimentos de raiva e a frequência com que esses
são experienciados. Usado em avaliações individuais e coletivas
em indivíduos a partir dos 17 anos. Sua realização não tem tempo
determinado, mas não passa de 12 a 15 minutos.

›› TAT – Teste de Apercepção Temática.

»» Para crianças:

›› DFH III – O Desenho da Figura Humana;

O Desenho da Figura Humana (DFH III) busca avaliar o desenvolvimento

100
TESTES PSICOLÓGICOS │ UNIDADE IV

cognitivo de crianças brasileiras. Usado em avaliações individuais ou


coletivas em crianças entre 5 e 12 anos. Sua realização não tem tempo
determinado, mas não passa de 30 min.

›› ETPC – Escala de Traços de Personalidade para Crianças;

A Escala de Traços de Personalidade para Crianças (ETPC) busca


avaliar as características de personalidade de crianças. Usado em
avaliações individuais ou coletivas em crianças entre 5 a 10 anos. Sua
realização ocorre em 10 min.

›› SMHSC – Sistema Multimídia de Habilidades Sociais de Crianças.

Machado (2007) apresenta alguns dos testes de habilidades, aptidões e inteligência:

»» Para adultos:

›› AC 15 – Teste de Atenção Concentrada:

O teste de Atenção Concentrada (AC-15) busca avaliar a capacidade


de atenção das pessoas durante um período razoável de tempo, o que
permite extrapolar para as horas de trabalho diário. Usado em avaliações
individuais ou coletivas em pessoas desde o nível fundamental até o
nível superior. Sua realização tem tempo determinado de 5 minutos
para cada parte.

›› BFM 2 – Testes de Memória;

A Bateria de Funções Mentais para Motoristas (BFM 2) busca


investigar, avaliar e medir as funções mentais relacionadas ao ato de
dirigir, quanto à memória de longo e curto prazo. Usado em avaliações
individuais ou coletivas em pessoas de 18 a 86 anos. Sua realização
tem tempo determinado a 1 minuto para memorizar e 3 minutos para
realizar o teste.

›› BFM 3 – Teste de Raciocínio Lógico;

A Bateria de Funções Mentais para Motoristas (BFM-3) busca


investigar, avaliar e mensurar as diversas operações mentais
envolvidas no raciocínio lógico dos motoristas. Usado em avaliações
individuais ou coletivas em pessoas alfabetizadas. Sua realização tem
tempo determinado e pode ser realizado em 20 min.

101
UNIDADE IV │ TESTES PSICOLÓGICOS

›› BFM 4 – Testes de Atenção Concentrada;

A Bateria de Funções Mentais para Motoristas (BFM 4) busca investigar


as funções mentais relacionadas ao ato de dirigir, quanto à atenção
concentrada. Usado em avaliações individuais ou coletivas em pessoas
de 18 a 59 anos. Sua realização tem tempo determinado de 3 minutos.

›› BGFM 1 – Testes de Atenção Difusa;

A Bateria Geral de Funções Mentais (BGFM) busca investigar, avaliar


e mensurar a atenção difusa e a atenção difusa complexa. Usado em
avaliações individuais ou coletivas em pessoas de 15 a 59 anos. Sua
realização tem tempo determinado de 4 tempos de 1 minuto cada.

›› BGFM 2 – Testes de Atenção Concentrada;

A Bateria Geral de Funções Mentais (BGFM 2) busca investigar as


funções mentais quanto à atenção concentrada complexa. Usado em
avaliações individuais ou coletivas em pessoas de 15 a 59 anos. Sua
realização tem tempo determinado a 3 minutos e meio.

›› BPR 5 – Bateria de Provas de Raciocínio;

›› G 36 – Teste Não Verbal de Inteligência RAVEN – Escala Geral;

O Teste Não Verbal de Inteligência (G-36) busca avaliar o fator G de


inteligência. Usado em avaliações individuais ou coletivas sem restrição
de idade. Sua realização não tem tempo determinado e o tempo médio
para a realização é de 45 minutos.

›› WAIS III – Escala de Inteligência Wechsler para adultos.

»» Para crianças:

›› R 2 – Teste Não Verbal de Inteligência para Crianças – Teste das


Fábulas:

O Teste Não Verbal de Inteligência para Crianças R-2 busca avaliar


o potencial de inteligência (fator G) da criança. Usado em avaliações
individuais em crianças dos 5 aos 11 anos. Sua realização não tem
tempo determinado e o tempo médio de realização é de 8 minutos.

›› Colúmbia – Escala de maturidade mental.

102
TESTES PSICOLÓGICOS │ UNIDADE IV

Outros testes, de acordo com Machado (2007):

»» Para adultos:

›› BBT – Testes de Fotos de Profissões;

O Teste de Fotos e Profissões (BBT) busca orientar adultos e adolescentes


clarificando as escolhas profissionais. Usado em avaliações individuais
em adolescentes a partir dos 12 anos. Sua realização não tem tempo
determinado e o tempo médio de realização é de 40 minutos.

›› EMEP – Escala de Maturidade para a Escolha Profissional;

A Escala de Maturidade para a Escolha Profissional (EMEP) busca


avaliar os aspectos mais e menos desenvolvidos da maturidade para
a escolha profissional. Usado em avaliações individuais ou coletivas
em adolescentes do nono ano fundamental até universitários em
reorientação. Sua realização não tem tempo determinado e o tempo
médio de realização é de 15 a 30 minutos.

›› Estilos de Pensar e Criar;

O Estilos de Pensar e Criar busca o potencial criativo dos sujeitos


identificando as tendências ou preferências na forma de sentir e de se
comportar. Usado em avaliações individuais ou coletivas em indivíduos
de 17 a 70 anos. Sua realização não tem tempo determinado e o tempo
médio de realização é de 30 minutos.

›› Escala Hare – PCL-R.

»» Para crianças:

›› Bender – Teste Gestáltico Visomotor de Bender;

Figura 8. Bender.

Fonte: http://1.bp.blogspot.com/_WmIyaZPESuQ/SU1h9_Ces8I/AAAAAAAAEDc/N0quCDkLFYw/w1200-h630-p-k-no-nu/L-03-
LivroTesteGestalticoVi.jpg. Acesso em: 27/9/2019.

103
UNIDADE IV │ TESTES PSICOLÓGICOS

O Teste Gestáltico Visomotor de Bender busca avaliar a maturação


percepto-motora por meio da análise da forma. Ele está associado
a medidas de inteligência (como fator G) e mostra relação com a
aprendizagem (aquisição da escrita e diferenciação de séries). De
acordo com Bender, reproduzindo desenhos pode-se estabelecer o
nível de maturação da função gestáltica visomotora.

Para Bender, a função gestáltica está associada a diversas funções


intelectuais, tais como percepção visual, habilidade motora manual,
conceitos temporais e espaciais e organização ou representação.

Usado em avaliações individuais ou coletivas em crianças dos 6 aos 10


anos. Sua realização não tem tempo determinado e o tempo médio de
realização é de 15 minutos.

›› IEP – Inventário de Estilos Parentais;


O Inventário de Estilos Parentais (IEP) busca identificar o Estilo
Parental usado pelos pais na educação de seus filhos. Estilo Parental
é o conjunto de práticas educativas ou atitudes parentais utilizadas
pelos pais visando educar, socializar e controlar o comportamento de
seus filhos. Assim, o Estilo Parental é o resultado da confluência das
práticas educativas parentais, positivas ou negativas.
O IEP indica quais práticas educativas estão deficitárias e quais as
adequadas ao desenvolvimento de comportamentos pró-sociais dos
filhos, para que o psicólogo possa escolher os procedimentos mais
apropriados para cada tipo de intervenção.
O IEP agrupou sete práticas educativas: cinco relacionadas ao
desenvolvimento de comportamentos antissociais – negligência, abuso
físico, disciplina relaxada, punição inconsistente e monitoria negativa,
e duas favoráveis ao desenvolvimento de comportamentos pró-sociais
– monitoria positiva e comportamento moral.
Usado em avaliações individuais ou coletivas em crianças a partir dos
8 anos até a adolescência. Sua realização não tem tempo determinado.
›› SDT – Teste do Desenho de Silver.

Para saber a listagem dos testes favoráveis e desfavoráveis, acesse o SATEPSI em:

<http://satepsi.cfp.org.br>.

104
Para (não) finalizar

A avaliação psicológica é muito importante para que o psicólogo pense sua prática.
Ela pode ajudar a indicar o melhor tratamento a ser realizado e pode interferir no
diagnóstico e no prognóstico. Ela também contribui para a evolução do conhecimento
psicológico, porque possibilita que as teorias possam ser testadas e melhor elaboradas
e adaptadas à realidade de nossa população.

Os testes são um dos meios de avaliação existentes e devem ser utilizados de forma
integrada com outros instrumentos de avaliação. Para escolher o melhor instrumento a
ser utilizado, deve-se conhecer o objetivo do psicodiagnóstico, quem formula o pedido
e as características demográficas do indivíduo, por exemplo. Em alguns casos, mais de
um instrumento deve ser utilizado para testar a mesma característica do sujeito.

Não devemos esquecer que outros fatores interferem no resultado da avaliação, como
as características dos avaliados, o rapport estabelecido com o avaliador e o contexto da
avaliação (para que e para quem).

É muito importante que o psicólogo entenda a complexidade do trabalho antes de


aplicar e corrigir testes, pois o psicólogo não é um testólogo e o foco da testagem deve
ser o paciente e não os testes.

A disciplina não pretendeu, de forma alguma, esgotar o assunto, mas teve o objetivo de
apresentar um panorama introdutório – com alguns aprofundamentos –, no intuito de
fornecer algumas noções essenciais e, ao mesmo tempo, instigar ao aprofundamento
das questões abordadas e incentivar futuras pesquisas, pois o limite do aprendizado é
você, aluno, quem traça.

105
Referências

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Cortez, 1995.

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Estabelece diretrizes para a realização de Avaliação Psicológica no exercício profissional


da psicóloga e do psicólogo, regulamenta o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos
- SATEPSI e revoga as Resoluções no 002/2003, no 006/2004 e no 005/2012 e Notas
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AHaCa&mediaurl=https%3A%2F%2Fi0.wp.com%2Fprimorrh.com.br%2Fwp-conte
nt%2Fuploads%2F2017%2F04%2FAvalia%C3%A7%C3%A3o-Psicologica.png%3Ffi
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%c3%b3gicas&selectedindex=42&ajaxhist=0&vt=0&eim=1,6&ccid=yzYNpEdN&sim
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Figura 6. https://www.bing.com/images/search?view=detailV2&id=024338CF723
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REFERÊNCIAS

=752&expw=1130&q=+testes+psicologicos&selectedindex=0&ajaxhist=0&vt=0&eim
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Figura 7. https://www.bing.com/images/search?view=detailV2&id=885BE839CE7E
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ajudam-na-retencao-de-talentos.jpg&exph=1500&expw=1999&q=testes+psicologicos
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Figura 8. http://1.bp.blogspot.com/_WmIyaZPESuQ/SU1h9_Ces8I/AAAAAAAAEDc/
N0quCDkLFYw/w1200-h630-p-k-no-nu/L-03-LivroTesteGestalticoVi.jpg

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