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Integração Corpo/Mente

e o Caráter na Análise Bioenergética

Brasília-DF.
Elaboração

Flaviana Aparecida de Mello

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 6

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8

UNIDADE I
INTRODUÇÃO À BIOENERGÉTICA.......................................................................................................... 11

CAPÍTULO 1
TERAPIA BIOENERGÉTICA, FUNDAMENTOS E POSSIBILIDADES DE TRATAMENTO........................... 11

CAPÍTULO 2
CONSCIÊNCIA CORPORAL / CORPO EM TERAPIA.................................................................... 21

CAPÍTULO 3
MENTE EM TERAPIA E MECANISMOS DE DEFESA....................................................................... 23

UNIDADE II
INTRODUÇÃO À ANÁLISE BIOENERGÉTICA............................................................................................. 26

CAPÍTULO 1
UTILIZAÇÃO METODOLÓGICA DOS EXERCÍCIOS NO TRABALHO CLÍNICO E DA EXPRESSÃO...... 26

CAPÍTULO 2
UTILIZAÇÃO METODOLÓGICA DOS RECURSOS USADOS NO TRABALHO DA CLÍNICA
BIOENERGÉTICA...................................................................................................................... 28

CAPÍTULO 3
A ANÁLISE DO CARÁTER E SUA PARTICIPAÇÃO NA FORMAÇÃO............................................... 32

UNIDADE III
BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE. 36

CAPÍTULO 1
A BIOENERGÉTICA NO CONTEXTO DO SUS E SUAS APLICABILIDADES........................................ 36

CAPÍTULO 2
A PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA ............................................................................... 59

CAPÍTULO 3
PRINCÍPIO FUNCIONAL............................................................................................................ 62
UNIDADE IV
O CARÁTER EM RELAÇÃO NA ANÁLISE BIOENERGÉTICA........................................................................ 64

CAPÍTULO 1
AS CLÍNICAS SOCIAL E PSICOTERAPIA CORPORAL................................................................... 64

CAPÍTULO 2
O CARÁTER EM RELAÇÃO AO CONTEXTO SOCIOCULTURAL..................................................... 75

CAPÍTULO 3
A RELAÇÃO ENTRE O EGO E O CORPO.................................................................................. 79

REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 82
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

6
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
Seja bem-vindo ao estudo sobre integração corpo e mente e o caráter na análise de
bioenergética. O caráter em análise bioenergética é baseado no conceito de saúde
vibrante, respiração, carga e descarga de energia, movimento livre e espontâneo. Envolve
a personalidade, a propriedade dos relacionamentos, os processos de pensamento e
a sexualidade, em função da energia presente no corpo. O caráter parte do trabalho
corporal, buscando a integração entre corpo, mente e espírito.

Nossa disciplina é destinada a profissionais que já atuam na área de terapia e/ou


psicoterapias; também àqueles que se identificam com o tema e pretendem obter esse
conhecimento e ingressar nessa área de cuidado.

A disciplina está estruturada em quatro unidades, com três capítulos cada, de modo
que:

» Na Unidade 1, Introdução à Bioenergética, você terá acesso a conhecimentos


sobre terapia bioenergética, fundamentos e possibilidades de tratamento; noções
de carga e descarga; conceitos de grounding/energia; consciência corporal/
corpo em terapia e mente em terapia e mecanismos de defesa.

» Na Unidade 2, Introdução à análise bioenergética, você estudará a utilização


metodológica dos exercícios no trabalho clínico e da expressão corporal como
recursos na análise bioenergética em grupos; utilização metodológica dos
recursos usados no trabalho da clínica bioenergética e a análise do caráter e sua
participação na formação.

» Na Unidade 3, Bioenergética: da psicoterapia corporal à prática integrativa e


complementar em saúde, serão apresentados os seguintes temas: a bioenergética
no contexto do SUS e suas aplicabilidades; as modalidades de trabalho com
bioenergética; relatos de caso clínico de movimento / corporal; a psicoterapia
corporal à prática integrativa e o princípio funcional.

» A Unidade 4, O caráter em relação na análise bioenergética, por fim, destina-


se a trabalhar os seguintes assuntos: as clínicas social e psicoterapia corporal;
pstases energética do corpo e mente; princípio da unidade funcional; o caráter
em relação ao contexto sociocultural e a relação entre o ego e o corpo.

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Objetivos
» Entender o cuidado a partir das teorias de análise bioenergética.

» Conhecer os conceitos de carga e descarga de energia e como eles


influenciam corpo, mente e espírito.

» Apreender os benefícios da teoria e técnica da análise de bioenergética


nos processos terapêuticos.

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INTRODUÇÃO À UNIDADE I
BIOENERGÉTICA

CAPÍTULO 1
Terapia bioenergética, fundamentos e
possibilidades de tratamento

A Análise bioenergética refere-se a estudos classificados como neoreichiana, que


passam a existir com as análises e pesquisas de Alexander Lowen, por meio dos
estudos de Reich a respeito da influência que o corpo desempenha sobre as emoções
e reciprocamente, assim como a contenção da respiração como um modo de controle
sobre a percepção e a expressão dos sentimentos. Desse modo, a bioenergética
abrange a personalidade em termos de corpo e crê que os métodos energéticos
produzem o que incidem em ambos. Personalidade é a mente e corpo é a soma
(VOLPI, 2003).

De acordo com Lowen (1982), esta energia é a energia biológica, eficaz, sentida pelo
corpo como um movimento interno que, em posição de equilíbrio, é contido como
aprazível, anunciando um estado de bem-estar. Assim, a bioenergética tem como
desígnio auxiliar o sujeito a retomar seu caráter primário que se formou na sua
condição de ser livre.

Uma das basilares pressuposições da análise bioenergética conforme Volpi (2003)


é que a finalidade básica da vida é o prazer, e jamais a aflição. Assim, o prazer é a
percepção de um movimento de plena expansão, e a experiência de dor é o aperto.
Destarte, durante o desenvolvimento, o sujeito se aparelha com suas defesas – que
denominamos aqui de couraças – abandonando a sensação de apreensão e/ou
aflição, entretanto sofre com isso, já que se torna inábil de sentir prazer.

Para melhor compreensão da discussão teórica apresentada neste capítulo, leia


os textos recomendados a seguir.

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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À BIOENERGÉTICA

» Bioenergética, disponível em: https://namu.com.br/portal/o-que-e/


bioenergetica/.

» O que é análise bioenergética e como ela pode te ajudar, disponível


em: https://www.vittude.com/blog/o-que-e-analise-bioenergetica/.

» O grounding nas diversas etapas do desenvolvimento, disponível


em: https://www.analisebioenergetica.com/fla/o-grounding-nas-
diversas-etapas-do-desenvolvimento/.

» A integração corpo/psiquismo e o desenvolvimento do conceito


de caráter em Freud, Reich e Lowen, disponível em: https://www.
centroreichiano.com.br/artigos/Anais_2015/OLIVEIRA_Junior_
Wellington_Integracao_corpo.pdf.

A bioenergética, na práticas terapêutica, desenvolve trabalho com autopossessão, isto


é, mostra ao paciente que ele deve ser de fato quem ele realmente é; e, para isso, não
há necessidade de ter receio, pois ele não é a imagem que fizeram ou traçaram para ele.
Sua prioridade está retornada para a percepção de si próprio, ou seja, o contato com
emoções profundas e a expressão individual (ROSSET, 2010).

Destarte, a bioenergética ambiciona restabelecer aos sujeitos atendidos a vitalidade


e, desse modo, procura, no corpo, a vibração para uma vida mais saudável para
alcançar seus desígnios. Ela emprega trabalho verbal e corporal. Ademais, o trabalho
bioenergético do corpo abarca procedimentos manipulatórios como também exercícios
especiais. (VOLPI, 2003).

A bioenergética auxilia o sujeito a se reencontrar com seu próprio corpo e a tirar o


mais alto coeficiente de aproveitamento que seja possível dele próprio (LOWEN, 1982).
Logo, consideramos, a partir de Mânica (2007), que exista um caminho aberto a ser
erguido entre cliente e terapeuta, por meio de experiências vivenciais, no qual aflições,
ambiguidades, aspirações e fantasias se deparam encouraçadas no corpo.

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INTRODUÇÃO À BIOENERGÉTICA │ UNIDADE I

Figura 1. Características do corpo.

Bioenergética
• Começa no fundo
• Oxigênio para o da pelve e flui
metabolismo. • Dirige-se para auxiliar
a perceber e liberar para cima até a
tensões que boca.
Respiração
impedem a Movimento
respiração. respiratório

Fonte: elaborado pela autora.

Conforme Mânica (2007), o processo analítico da terapia auxilia o indivíduo a apreender


dificuldades e tensões em seu corpo, e, com isso, é conduzido a desbloquear inibições e
anseios que são geralmente irrefletidos, sucedidos de comprometimentos advindos da
fase da infância.

Contudo, nas práticas terapêuticas e/ou psicoterapia corporal, seja análise reichiana,
seja bioenergética, a pessoa entra em contato com o seu corpo e com a sua realidade
para que perceba, aos poucos, as restrições e limitações decorrentes de suas couraças.
Por fim, a pessoa começa a ter consciência das suas aspirações e dos seus impulsos
que se encontravam bloqueados, consentindo-se vivenciá-los e liberá-los, acendendo-
se para o universo de forma livre. (VOLPI, 2003).

Noções de carga e descarga


Admitimos que a energia está emaranhada em todos os procedimentos da vida, seja
nos movimentos que realizamos a todo instante; seja nas emoções ou nos momentos
de reflexões entre outras atividades que desempenhamos. Assim, a energia incide da
conflagração dos alimentos que ingerimos. Logo, a quantidade de energia que um
corpo tem e como é utilizada por cada pessoa determinarão e refletirão a própria
individualidade (MENDES; RUBIM, 2010).

A busca pelo aumento de energia – e, com isso, a obtenção de mais vitalidade – ocorre
mediante crescente movimento da respiração, de quando se verbaliza algo, além do
movimento com olhos. Desse modo, a respiração mais intensa faz o movimento de abrir
a garganta e, por sua vez, auxilia a recarregar o corpo, acionar anseios presos, e ainda

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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À BIOENERGÉTICA

promover a expressão dos anseios e/ou demonstrar o receio de algo que a pessoa possa
ter.

Assim, a bioenergética auxilia terapeutas e/ou psicoterapeutas a partir do conceito


de carga-descarga, que trabalha como uma unidade, acrescendo o nível de energia do
sujeito, que libera a sua autoexpressão e refaz o andamento das emoções do próprio
corpo. Isso acontece ao passo que o sangue percorre pelo corpo, conduz metabólitos e
oxigênio para os tecidos, levando energia e extraindo produtos residuais da combustão.
O sangue é o fluído energeticamente carregado do corpo.

De acordo com as autoras Mendes e Rubim (2010), apresentamos aqui, algumas


considerações a respeito de movimento de carga e descarga que o nosso corpo
desenvolve o tempo todo. Leiam o trecho abaixo extraído, na íntegra, do artigo
delas:

A onda expiratória começa a partir da cavidade bucal e escoa-se para baixo.


Movimento – O corpo vivo encontra-se em fiel movimento; procede de um
estado de excitação interior que irrompe consecutivamente na superfície em
movimento. Quanto mais a excitação acende, mais movimento existirá.

A vibração advém de uma carga energética na musculatura corporal. A


atividade vibratória é uma amostra da motilidade intrínseca ao organismo:
essa motilidade é involuntária. Um corpo vigorado vibra e pulsa. Os
movimentos voluntários e involuntários estão ordenados para favorecer uma
conduta harmônica e efetiva. Som – Quando o corpo vibrante emite som,
existe energia posta em movimento.

A respiração ainda se encontra ligada à voz; para produzir som, a pessoa


necessita deslocar ar através da laringe. O som ressoando no corpo causa
uma vibração interna análoga às que induzimos na musculatura.

O organismo vivo não é mais do que um elemento da natureza que promove vibração.
Por conseguinte, o organismo faz parte do cosmo; consideramos também que o
procedimento energético dos acontecimentos ativos acontece pela pulsação. Sendo
assim, apreende-se por pulsação a aptidão de o organismo vivo se mover ampliando e
contraindo em acurado ritmo. A amostra mais manifesta dessa força fundamental nas
pessoas consiste no movimento de dilatação e contração que advém durante a ação de
respirar.

O que isso quer dizer é que todas as células vivas respiram. Esta é a celeridade pulsante
basilar da vida. A pulsação e o movimento do interior para o externo de todas as formas

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INTRODUÇÃO À BIOENERGÉTICA │ UNIDADE I

de vida, tem movimento de polaridades contração/expansão, contudo podemos admitir


que o organismo pulsa, é vivo, é energético. (MENDES; RUBIM, 2010).

Conceitos de grounding/energia
Observa-se, de acordo com Júnior (2016), que a categoria teórica mais utilizada pelos
autores da análise bioenergética é a energia, talvez a mais importante para a apreensão
dos estudos lavrados por Lowen.

Para Lowen (1977), o conceito de energia labora como princípio fundamental na


apreensão do que vem a ser a atitude e do feitio que a mente se arrola com o corpo, isto
é, se a unidade ativa do caráter com o padrão de rigidez muscular é reconhecida, torna-
se consequentemente necessário encontrar seu princípio basal corriqueiro. Este vem
exatamente a se constituir enquanto o conceito de processos de energia, até mesmo,
a ênfase nos métodos energéticos se comprova no próprio título que confere à essa
abordagem teórica.

A bioenergética, portanto, é o estudo da personalidade humana em termos dos


processos energéticos do corpo. Lowen (1982) analisa a bioenergia em seu significado
amplo: uma energia que está envolvida em todos os processos da vida e que trabalha
para mover e amparar o organismo. O conceito de Lowen traz a questão da energia para
além de desejos libidinais e sexuais.

Junior (2016) apresenta o conceito da libido como uma força quantitativamente


modificável que poderia medir os processos e transformações ocorrentes no âmbito
da excitação sexual. Distinguimos essa libido, no que diz respeito a sua ascendência
particular, da energia que se conjetura subjacente aos métodos anímicos em comum, e
assim lhe aferimos ainda um caráter qualitativo.

Ao separar a energia libidinosa de outras formas de energia psíquica, Freud (1987)


concede a essa expressão, à premissa de que os métodos sexuais do organismo se
caracterizam dos procedimentos de nutrição por uma química especial. Nota-se que
Freud, distingue a energia sexual libidinal, em assuntos qualitativos, em relação a
outros modos de energia imprescindíveis à ratificação da força do organismo.

Desse modo, Júnior (2016) alude que existe um entendimento de energia que não
se atém aos métodos biológicos de sustentação do organismo, visto que começa a
contrair um sentido mais amplo e complexo, ligado aos impulsos sexuais e distribuído
economicamente para as diferentes demandas que perpassam o sujeito.

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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À BIOENERGÉTICA

De acordo com Lowen (1977), o conceito de energia, além disso, procede da teoria
energética pulsional de Freud (1987), que delibera a pulsão na condição de conceito
situado na fronteira entre o mental e o somático, como o representante psíquico dos
estímulos que se originam dentro do organismo e alcançam a mente, enquanto medida
de requisição realizada à mente para trabalhar em decorrência de sua transação com o
corpo.

Esse pensamento de Freud apresentado acima, consente arrolar o conceito de pulsão


com o método de conexão do corpo com a mente. Por essa razão, conquanto não seja
um conceito empregado por Lowen, é basilar para a construção de sua teoria. Fulgêncio
(2002) contribui com nosso debate realizando uma síntese da teoria de pulsão em
Freud como força psíquica que impele o organismo para aliviar uma pressão dada
numa verificada região e/ou órgão do corpo, portanto, é uma excitação que necessita
de descarga.

Essa apreensão assenta a partir de uma espécie de alicerce que auxilia na constituição
da teoria energética desenvolvida por Reich (1995) que se aproveita dos conceitos de
Freud e justapõe o conceito de energia ao que pode ser observado no nível do corpo,
por meio de manifestações somáticas, e, Lowen, em seguida, apropriou-se do conceito
difundido por Reich.

Figura 2. Caráter sexual da energia – carga e descarga.

Tensão
mecânica

Carga
bioenergética

Descarga
bioenergética

Relaxamento
mecânico

Fonte: elaborado pela autora.

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INTRODUÇÃO À BIOENERGÉTICA │ UNIDADE I

Por esses conceitos explicitados na figura acima, Lowen, (1982) crê que todo ser vivo
saudável calha de vivenciar díspares procedimentos de tensão, que o conduz à precisão
de carregar o organismo de energia. Em seguida, acontece a descarga pela liberação
de energia e o consequente relaxamento, reiniciando todo o processo de forma cíclica.
Baseia-se nessas ideias e cria a sua própria forma de entender a questão econômica da
energia como um equilíbrio entre carga e descarga, de acordo com a necessidade do
indivíduo.

Figura 3. Análise bioenergética do processo de vida.

Carregamento
ascendentes
com excitação

Mais Descarregamentos
descarregamento descendentes com o
descendente prazer

Mais
carregamentos
ascendentes –
mais excitação

Fonte: elaborado pela autora.

A grande questão é que, para Lowen, perde-se a ênfase no caráter sexual da energia
e ela passa a ser vista como uma bioenergia. Nota-se que, para ele, não há a mesma
diferenciação que Freud faz entre a energia libidinal e a energia subjacente aos métodos
anímicos em comum.

A visão de Lowen é a de que a sexualidade é estimada exclusivamente como mais um


feitio da energia da vida. Junior (2016) diz que essa energia se impregna da combinação
entre a respiração, o contato com o fato, os anseios, o movimento corporal e os
intercâmbios que o sujeito constitui com o meio em que se encontra inserido.

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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À BIOENERGÉTICA

Uma característica peculiar de sua teoria é que ela cunha uma opinião particular para
se acenar à ligação com a realidade do ambiente e de si próprio. Desse modo, introduz
o conceito de grounding, um dos principais de sua teoria.

O grounding é um método energético que possui um fluxo de excitação do corpo na


totalidade, começando nos membros superiores (cabeça) até os membros inferiores.
(LOWEN, 1997).

Assim, Junior (2016) nos alerta que isso aludi à interação da pessoa com a sua própria
realidade uma intensa união a sua respiração e ao contato com as próprias emoções.

Logo, a energia em demasia do organismo vivo encontra-se invariavelmente aliviada


por meio da movimentação ou do aparelho genital, as duas são funções da parte inferior
do corpo humano.

Já a parte superior é encarregada especialmente de energizar na configuração de


alimento, oxigênio e excitações. Estes procedimentos de transportar para cima e aliviar
em baixo encontram-se adequadamente equilibrados.

Dentro do corpo existe uma pulsação energética; as emoções se mexem para cima em
direção à cabeça quando necessitamos de energia e se mexem para baixo em direção
aos pés quando a descarga é necessária (LOWEN, 1983). Ainda segundo Lowen, ele
afirma que a única realidade é a do corpo, o que evidencia a importância dessa instância
em sua perspectiva.

Para o autor, os seres vivos estão em fiel intercâmbio energético com o clima que os
cerca . O livre fluxo de energia adverte um bom contato com o ambiente, por meio de
suas experiências particulares, isto é, quando há uma apatia ou uma dificuldade na
esfera psíquica, respectivamente, existe uma tensão muscular corporal de intensidade
crônica.

Os pontos de tensão funcionam como zonas de estrangulamento da energia, impedindo


o livre fluxo energético, intimamente associado a diversos tipos de adoecimento
(LOWEN, 1983). Um bloqueio do percurso energético significa que o corpo não está
recebendo toda a energia necessária para que possa funcionar de forma saudável, o que
pode gerar doenças.

Supõe-se que isso ocorra porque o corpo sem energia não consegue ter força suficiente
para enfrentar as situações estressantes. A região na qual a energia foi bloqueada
também demonstra ter íntima relação com o tipo de doença que a pessoa está propensa
a desenvolver.

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INTRODUÇÃO À BIOENERGÉTICA │ UNIDADE I

A origem da constituição caracterológica se dá, entre outros fatores, pelo bloqueio do


livre fluxo energético determinado por essa tensão. Essa opinião nutre sensata coerência
com as conjecturas de Reich, pois ele acreditava que os bloqueios de energia se davam
pela formação de couraças musculares nos pontos de tensão. O ponto categórico é
que, para Lowen, essa energia se coloca tanto no âmbito psíquico quanto no corporal.
(JUNIOR, 2016).

A respiração, a alimentação, a vitalidade, o contato, a mobilidade e a vibração aparecem


na literatura como elementos importantes no processo de saúde. Para Lowen (1985),
uma boa respiração é aquela capaz de carregar o organismo, permitindo a excitação e
a energização, e de descarregar, propiciando vibrações pelo corpo. A vibração aparece
como sinal de que a energia está fluindo corretamente.

De acordo com Junior (2016), se a função de carga e descarga funciona corretamente,


o indivíduo pode experimentar uma sensação de prazer, a inibição da respiração ou
qualquer quebra na respiração natural reduz a carga energética e pode estar ligada
a adoecimentos respiratórios. Do mesmo modo, a alimentação apropriada envolve
a satisfação das necessidades básicas de fome e a aquisição do prazer por meio da
degustação do alimento.

O bom funcionamento da função de carga e descarga indica uma relação saudável


com os processos energéticos que permeiam o corpo. Se a pessoa não pode se carregar
adequadamente, ficará fraca, descarregada e mostrará falta de vitalidade.

Nessa citação, notamos que os dois extremos que podem assumir a carga e a descarga
do organismo são capazes de se constituir em patologias. A depressão, por exemplo, é
caracterizada por Lowen (1972/1983) como um estado de privação energética, ou seja,
há uma falta de carga energética percorrendo o corpo.

Da mesma forma, a pessoa que se impregna demais e não tem uma descarga apropriada
se enrijece e vive em constante estado de tensão, inquietação e nervosismo. A falta de
mobilidade e todo esse movimento no/do corpo adverte que a energia está estancada,
sendo considerado um modo de patologia que lembra que há propensão da pessoa
adoecer. (JUNIOR, 2016).

Assim, ao abalizar esses feitios que, para o autor, representam saúde, pode-se interrogar
a respeito do que os originam para que o sujeito se desenvolva de modo mais saudável.

Portanto, quanto menor a quantidade de energia, quanto menor a capacidade de carga


e descarga e quanto menos a energia fluir pelo corpo, menos saúde a pessoa tem e mais
propenso se mantém ao adoecimento.

19
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À BIOENERGÉTICA

Contudo Junior (2016), nos orienta que é perceptível que haja um indicativo de saúde
e adoecimento relacionado à carga energética. Quanto mais suficiente for a energia,
quanto mais houver equilíbrio entre carga e descarga e quanto mais a energia fluir
livremente, mais saúde o indivíduo apresentará.

Com objetivo de colaborar ainda mais com os seus estudos, deixamos como
sugestão de leitura os textos a seguir.

» Um pouco da vida e obra de Lowen, disponível em: http://www.


bioenergetica.com.br/um-pouco-da-vida-e-obra-de-lowen/.

» Análise Bioenergética, disponível em: http://www.magma.com.br/


psico_bioenergetica.php.

» Autorregulação do paciente no processo terapêutico, disponível


em: https://books.google.com.br/books?id=s1Z6UZEfuwAC&pg=
PA43&lpg=PA43&dq=Terapia+Bioenerg%C3%A9tica,+seus+fund
amentos+e+possibilidades+de+tratamento&source=bl&ots=IST
vB73Thr&sig=AcfU3U19pbB_W7QkaX4vkxITZaQGbbrlHw&hl=pt-
BR&as=X&ved=2ahUKEwiVx_vDlNLpAhVdHLkGHRo9CLEQ6AEwBno
ECAwQAQ#v=onepage&q&f=false; ib01.univali.br/pdf/Gabriela%20
Schiavenin%20Seminotti.pdf.

» Transtorno de estresse pós traumático: uma visão bioenergética,


disponível em: www.bioenergetica.com.br/transtorno-de-estresse-
pos-traumatico-uma-visao-bioenergetica/.

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CAPÍTULO 2
Consciência corporal / corpo em
terapia

De acordo com Lacombe (2018), a consciência corporal é a capacidade de uma pessoa


em conhecer o seu próprio corpo, como ele funciona e quais são suas limitações e
condições físicas, tanto interna como externamente.

Esse conceito abrange ainda o reconhecimento de sinais que o organismo dá em


momentos de alerta, para abarcar qual a maneira mais adequada de alcançar um
movimento para impedir as ansiedades e lesões.

A autora ainda diz que assim como a estrutura física é atacada de modo recorrente
e por um extenso momento, ela também reage apontando que alguma coisa está
inconveniente, a partir de então, passa a aparecer dores, indisposições, enfermidades e
fadiga. Contudo, quando a pessoa consegue compreender e entender o que significam
esses sinais, e, melhor do que isso, atuar de modo que eles não calhem, isso configura
ter o completo conhecimento do próprio corpo.

Para saber mais, leia os textos recomendados a seguir.

» Consciência corporal e autorregulação: um caminho para libertação,


disponível em: http://www.centroreichiano.com.br/artigos/
Artigos/Consciencia-corporal-e-autorregulacao-um-caminho-para-
libertacao-THON-Barbara.pdf.

» Terapia através do movimento como dispositivo de cuidado no


SUS, disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/
polemica/article/view/17954/13291.

» O corpo em terapia: a abordagem corporal na psicoterapia


junguiana, disponível em: https://www.contioutra.com/o-corpo-em-
terapia-a-abordagem-corporal-na-psicoterapia-junguiana/.

21
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À BIOENERGÉTICA

Figura 4. consciência corporal.

Utilizar o corpo como


meio de comunicação
Consciência corporal
consigo próprio e
com o ambiente

Fonte: elaborado pela autora.

Lacombe (2018) informa ainda que existem benefícios para a saúde de pessoas que
apresentam problemas de saúde mais comuns que podem ser prevenidos por intermédio
da consciência corporal, por exemplo:

» Dores musculares e articulares, seja devido a um estiramento, seja em


razão de má postura.

» Dores crônicas como artrite e fibromialgia.

Por fim, com a habilidade de conhecer os seus limites e escutar os sinais do seu corpo,
entender quais músculos estão sendo utilizados e a postura ideal para desempenhar
uma ação fica mais fácil. De tal modo, a pessoa usa o próprio corpo de forma inteligente
e cuidadosa, alocando consecutivamente o bem-estar em primeiro lugar.

Com objetivo de colaborar ainda mais com os seus estudos, recomendamos


que assista o documentário brasileiro O Corpo em Terapia, bem como que faça a
leitura dos textos a seguir.

» Corpo em terapia, disponível em: http://faef.revista.inf.br/imagens_


arquivos/arquivos_destaque/fHNn4dxLqGPClEa_2013-5-13-16-24-19.
pdf.

» Práticas corporais como potência da vida, disponível em: http://


www.cadernosdeterapiaocupacional.ufscar.br/index.php/cadernos/
article/view/460.

22
CAPÍTULO 3
Mente em terapia e mecanismos de
defesa

Reconhecemos as múltiplas contribuições que a Psicanálise trouxe para o campo do


cuidado terapêutico de modo geral, assim, destacamos, dentre os variados conceitos
estabelecidos por Freud e seus seguidores, estudos a respeito dos mecanismos de defesa.

Para melhor compreensão da forma como se estruturam e agem os mecanismos de


defesa em cada ser humano, a imagem da mente de cada sujeito é organizada em três
partes: Id, Superego e Ego. Veja a característica de cada uma dessas partes segundo
Mattos, (2012):

» Id é uma extensão inconsciente e responsável pelo surgimento dos


impulsos mais iniciais de sobrevivência, como: agressividade e
sexualidade.

» Superego é uma espécie de armazenamento de toda moral particular que


cada sujeito cultiva; moral essa que foi assimilada mediante educação
apresentada pela família e religião ao longo do desenvolvimento de cada
pessoa.

» Ego governa os impulsos oriundos do id, e, por sua vez, realiza tentativas
de negociação com as restrições impostas pelo Superego e arrisca-se
amoldar-se ao fato que o circunda.

Para saber mais, assista o vídeo recomendado e leia os textos sugeridos a seguir.

» O que são mecanismos de defesa? Disponível em: https://


brasilescola.uol.com.br/psicologia/mecanismos-defesa.htm.

» Freud (03) – Ansiedade e mecanismos de defesa do ego, disponível


em: https://www.youtube.com/watch?v=KtPgztSiiGo.

» 10 mecanismos de defesa que profissionais de saúde devem


conhecer, disponível em: https://www.psicanaliseclinica.com/10-
mecanismos-de-defesa-profissionais-saude-devem-conhecer/.

23
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À BIOENERGÉTICA

Vejamos, a seguir, tabela que sintetiza informações fundamentais a respeito das variadas
formas de como os seres humanos reagem e formam seus mecanismos de defesa nas
diversas situações que sentem a necessidade de se defenderem.

Tabela 1. Situações que configuram mecanismo de defesa por Mattos (2012).

Situação Conceito Exemplo


Repressão É o experimento de promover o desaparecimento Quando o sujeito não percebe que está com fúria,
de seus pensamentos, os impulsos ameaçadores mesmo que seja evidente pela fisionomia.
ou sentimentos e anseios analisados como
inconvenientes e incertos.
Racionalização É quando a pessoa busca exibir um esclarecimento Quando alguma pessoa tenta elucidar sua obsessão por
coeso do ponto de vista coerente, e/ou admissível do enfermidades pronunciando que se atenta com relação
ponto de vista moral. a saúde.
Projeção Quando um impulso muito inaceitável é atribuído a Quando é difícil aceitar que a própria pessoa tenha
outra pessoa. sentimentos de inveja e passa a achar que todas as
demais pessoas a invejam ou quando uma pessoa está
com raiva e passa a achar que todos estão sempre
contra ela.
Deslocamento Quando um sentimento ou impulso é transferido de » Quando a mulher tem uma experiência ruim com um
uma parte para um todo e vice-versa. homem e diz que todos os homens não prestam.
» Quando escolhemos uma pessoa amada com a
característica original dos nossos pais.
Anulação Quando a pessoa tem uma ação que visa apagar o Tocar em um pedaço de madeira quando se tem um
rastro do impulso ou ação anterior, como se fosse anseio rejeitável ou faz o sinal da cruz católica; quando
algo fácil de desaparecer. tem um pensamento maligno.
Fantasia Quando os indivíduos desenvolvem uma opinião ou Imaginar que esteja tendo relações sexuais com
história que cause contentamento de um impulso uma pessoa que deseja ardentemente, mas que seja
originariamente fracassado. impossível de realizar.
Identificação É quando se absorve um comportamento de outra Quando um filho desenvolve-se e torna-se adulto e
pessoa em nossa própria personalidade. passa a ter os mesmos comportamentos dos pais.
Regressão Momento em que o pensamento regride a práticas Quando um indivíduo age com ciúme ou fica nervoso
mais primitivas. e tem comportamento pirracento como uma criança
pequena.

isolamento É quando ocorre um sentimento de ficar separado do Quando se descreve um episódio traumático sem
resto das pessoas que costumeiramente convive. qualquer aparente emoção.

Negação Ocorre quando há bloqueio do reconhecimento de Pais que se abdicam de lidar com a sexualidade dos
uma verdade certíssima. filhos; e/ou aqueles casos em que insistem em dizer
que seus filhos são bebês.
Somatização Acontece quando o indivíduo transfere para o Indivíduos que permanecem continuamente adoentados,
corpo, aflições e enfermidades dores e aspirações pois não aceitam admitir que tem ausências afetivas e
originalmente inadmissíveis. sexuais em sua vida.
Formação Reativa Acontece quando a pessoa toma uma conduta Mãe superprotetora que compensa culpa ou raiva
justamente antagônica ao impulso original. inconsciente contra o incômodo e a intrusão dos filhos
em sua vida.
Compensação Incide quando o indivíduo supervaloriza um predicado Indivíduo que se nota sexualmente inferiorizado e
que analisa ser deficitário em sua vida. realiza compensações financeiras (compras) ou
demasiadamente afetuosas.
Expiação Ocorre quando o indivíduo padece por conta própria Quando um sujeito tem uma atitude considerada
como forma de querer pagar algum julgamento ou inapropriada no trabalho e essa atitude é de forma
ação que comentou contra outrem e que analisa ser inconsciente, e é mandada embora como forma de
inadmissível. pagar por ter agido mal.

24
INTRODUÇÃO À BIOENERGÉTICA │ UNIDADE I

Introjeção Ocorre quando o sujeito ocasiona para si os anseios e Religioso que basta encontrar-se em um templo para se
traços de outra coisa ou pessoa. sentir especial.
Idealização Quando uma característica de um sujeito é levada Pessoa iludida que confere uma perfeição na pessoa
à perfeição como forma de obscurecer traços amada.
desagradáveis.
Reparação É uma forma que a pessoa pode encontrar para Procedimento de luto em que se reúne esforços em
restabelecer a unidade de uma imagem que foi busca de superar a morte de um indivíduo por meio de
lesada. manifestações de religiosidade.
Sublimação Ocorre quando existe irregularidade e descarga Indivíduo que canaliza suas aspirações sexuais para
de um impulso inconveniente para uma celeridade uma celeridade espontânea ou religiosa.
socialmente acolhida, entretanto que não cause
angústia.
Humor Acontece quando uma pessoa busca pormenorizar Quando um adoentado recém-quimioterapeutizado
um anseio, ou uma conduta rejeitável brincando brinca com a perda de cabelo.
consigo próprio.
Transferência É um tipo específico de projeção sobre a figura de Clientes que se apaixonam e idolatram, e/ou passam a
um cuidador de impulsos sexuais que tinham uma ter sentimento de raiva em relação ao terapeuta, porque
conexão original com a figura dos pais. transferiu a ele/ela algo que projetou em sua vida ou
que possa ter passado em algum momento de sua vida.

Fonte: elaborado pela autora.

Sumarizando nosso estudo a respeito dos mecanismos de defesa, segundo Mattos


(2012), é pela veemência dos impulsos e conforme as condições do clima que passam a
existir mecanismos mais grosseiros e de ajustes e outros mais adoentados e alienantes,
isso apresenta o amplo ou inferior nível de coeficiente da enfermidade mental de um
indivíduo.

Por fim, decisivamente eles são empregados para amortecer a consequência dolente
que atravessa a mente humana, ou seja, quanto mais ríspida e agressiva a pessoa for
emocionalmente do mesmo modo estará predisposta a empregar essas saídas que
encobrem um fato interno e/ou exterior mais complexo que possa ter.

Com objetivo de colaborar ainda mais com seus estudos, deixamos como
sugestão de leitura os seguintes textos:

» Os mecanismos de defesa da mente (repressão, negação, projeção,


deslocamento, regressão e sublimação), disponível em: https://opas.
org.br/os-mecanismos-de-defesa-da-mente-repressao-negacao-
projecao-deslocamento-regressao-e-sublimacao/.

» A relação entre os mecanismos de defesa e a qualidade da aliança


terapêutica em psicoterapia de orientação analítica, disponível em:
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
81082008000300006&lng=pt&tlng=pt.

25
INTRODUÇÃO
À ANÁLISE UNIDADE II
BIOENERGÉTICA

CAPÍTULO 1
Utilização metodológica dos exercícios
no trabalho clínico e da expressão

Alexandre Lowen ampliou os estudos difundidos por Reich, realizou algumas


modificações nas técnicas iniciais que avaliou serem necessárias e criou sua própria
metodologia para desenvolver seu trabalho, tendo suas próprias características e
demarcando-as. Assim surgiu a análise bioenergética.

Conforme informações apresentadas pelo site Centro Reichiano, quando os terapeutas


buscam a metodologia da bioenergética para incrementar seus processos terapêuticos,
a análise bioenergética ajusta o desempenho dos níveis psíquico e somático, tendo
como ponto de partida a compreensão da personalidade de cada indivíduo em relação
ao corpo e a energia que emana desse corpo.

Já na fase adulta, as defesas do campo emocional que se constituíram na fase do


desenvolvimento infantil afetam a relação do sujeito com ele mesmo e com as demais
pessoas às quais ele se relaciona, traduzindo-se a partir do caráter, e este se estabelece
amarrado na mente e no corpo.

A análise bioenergética parte da verbalização do sujeito no momento da sessão de


terapia e, assim, inicia-se o percurso do trabalho corporal que, unido à respiração, à
agitação, aos padrões de tensão, contam uma história. O trabalho corporal e a análise
verbal se alternam na terapia de base bioenergética. A sugestão dessa análise é agenciar
o reencontro entre o sujeito, com sua história de vida e seu próprio corpo.

Para saber mais, leia o texto recomendado a seguir.

» Representações, narrativas e práticas de leitura: um estudo com


professores de uma escola pública, disponível em: https://www.

26
INTRODUÇÃO À ANÁLISE BIOENERGÉTICA │ UNIDADE II

marilia.unesp.br/Home/Pos-Graduacao/Educacao/Dissertacoes/
boldarine_rf_me_mar.pdf.

Podemos considerar que a pessoa passa a realizar uma espécie de viagem ao inconsciente
aportado em seu próprio corpo, energia e personalidade, e no mesmo compasso em que
deseja alcançar progressão, integração e desenvolvimento com mais satisfação de si e
dos processos vivenciados da vida.

Por fim, consideramos imprescindíveis o entendimento de dois conceitos na terapia


bioenergética, pois auxiliam o terapeuta a focar tanto na verbalização quanto nas
atividades corporais no momento das sessões, vejamos a seguir:

Figura 5. sobre conceitos fundamentais na análise de terapia bioenergética.

Enraizamento,
também conhecido
como grouding. Entrega, também
denominado surrender.

Fonte: elaborado pela autora.

Contudo, consideramos que a abordagem terapêutica em bioenergética conecta a


expressão do corpo e a atitude psíquica, sugerindo resgate da história individual do
paciente, conduzindo-o a abranger a função de sobrevivência das dificuldades que
geram bloqueios e alteram o comportamento.

Para melhor compreensão da discussão teórica apresentada neste capítulo,


sugerimos, a seguir, duas possibilidades de leitura complementar.

» Diálogos metodológicos sobre prática de pesquisa, disponível


em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
863X1999000100010.

» Abordagens teórico-metodológicas em saúde/doença mental


& trabalho, disponível em: https://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0102-71822003000100006&lng=asen&
nrmas=iso&tlng=pt.

27
CAPÍTULO 2
Utilização metodológica dos recursos
usados no trabalho da clínica
bioenergética

Por meio do toque, das massagens no corpo, muitas vezes, o ser humano, desde a
infância, libera toda a tensão que se formou em seus músculos, o que o leva a um estado
de relaxamento. Os toques no corpo promovem conexão, fortalecem a autoestima,
revigoram a energia e, com isso, auxiliam a força vital.

As autoras Moro e Juliani (2010) fazem menção especial ao caso das pessoas com
deficiência quando estão em tratamento terapêutico por intermédio dessa teoria, uma
vez que, no caso delas, a condição do corpo se apresenta contraído, logo, encouraçado,
o que não expõe espontaneidade, seus movimentos são bem restritos, com pouca
flexibilidade e estagnação de energia.

A prática da maternagem efetivada pelas profissionais, conforme Navarro (1995), com


as pessoas atendidas, é bem relevante para a aproximação e garantia de segurança
delas. Ele ainda acrescenta que o bebê recém-nascido sobrevive de sentimentos puros
até o momento em que começam a verbalizar.

Por fim, as autoras Moro e Juliani (2010) frisam que, quando não há fluidez energética,
aglutinam-se toxinas, as quais podem beneficiar o desenvolvimento de inúmeras
enfermidades no corpo e isso tudo acaba por bloquear energias e levar a um intenso
enrijecimento do corpo humano.

Lowen (1995) alerta que há processos educativos a respeito dos sintomas que precisam
ser alvo das atividades terapêuticas, já que, de tal maneira, a superexcitação e a
cristalização do sistema nervoso auxiliam para que os pacientes observem sintomas
como corpos estranhos, intrusivos e ameaçadores, os quais, comumente, são adjuntos
dos sentimentos de medo de enlouquecimento ou da morte.

De acordo com Nascimento (2010), esse desígnio é plausível quando o terapeuta


aproveita uma medida acertada entre abrangência empática e comparação, entre contato
e interpretação, de modo a não infantilizar o paciente e avalizar o desenvolvimento
ou reestabelecimento dos recursos interiores para desintensificar os presságios que
desestruturam a autorregulação das pessoas.

28
INTRODUÇÃO À ANÁLISE BIOENERGÉTICA │ UNIDADE II

Segundo o autor, o procedimento de educação somática tenta abranger como o corpo


contrapõe ao estresse atravessadamente pelas alterações formativas, ou seja, os tecidos
se alteram para se acomodarem à circunstância intimidante mediante contração,
inchaço e adensamento. Ainda conforme Nascimento, na sessão de terapia, o paciente
é chamado a entrar em contato, por meio do que conseguiu verbalizar a respeito das
memórias traumáticas e, assim, observa-se como as reações corporais passam a existir.
Por exemplo, sensações corporais como respiração ofegante, músculos dos ombros
enrijecidos, sensação de aperto na garganta, pressão no peito entre outras.

Assim o terapeuta, acena para que o paciente observe as suas próprias reações, para
avivar o desencadeamento emocional e o método de imputação cognitiva do sentido,
para, em seguida, requerer que o paciente possa gradualmente desordenar o padrão
ativado de retorno.

O procedimento terapêutico incide em proporcionar condições ao paciente de dominar


conscientemente a modulagem do padrão hiperativa de resposta ao acontecimento
traumático, aperfeiçoando e educando para a probabilidade de novos retornos a
partir das mudanças psicossomáticas vivenciadas com o padrão intensificado desfeito.
(NASCIMENTO, 2010).

Para saber mais, sugerimos a leitura a seguir.

» Utilização metodológica dos recursos usados no trabalho


da clínica bioenergética, disponível em: https://books.google.
com.br/books?id=5R_2Kkh6PDMC&pg=PA31&lpg=PA31&dq=
Utiliza%C3%A7%C3%A3o+metodol%C3%B3gica+dos+recurs
os+usados+no+trabalho+da+cl%C3%ADnica+bioenerg%C3%
A9tica&source=bl&ots=GwCogWVtev&sig=ACfU3U0ubBgiOcO
CQ1vWO5TiT2kSRodDWw&hlast-BR&sa=X&ved=2ahUKEwiCv
6PuqNLpAhVbH7kGHceaADEQ6AEwCHoECAsQAQ#v=onepag
e&q=Utiliza%C3%A7%C3%A3o%20metodol%C3%B3gica%20
dos%20recursos%20usados%20no%20trabalho%20da%20
cl%C3%ADnica%20bioenerg%C3%A9tica&f=false.

Nascimento (2010) alude que é admissível, a partir da afirmação de uma conexão


protegida e segura, sugerir treinos e metodologias vivenciais igualmente ativas ao
cliente, com o desígnio de potencializar o fluxo de oscilações involuntárias em todo
o corpo, estimada como sinal de descongelamento da potência/força; paralisada na
musculatura e uma condição imperativa para a cura psicossomática do trauma sofrido.

29
UNIDADE II │ INTRODUÇÃO À ANÁLISE BIOENERGÉTICA

Figura 6. Processos terapêuticos dessa abordagem.

• Os olhos ficam tensionados de medo, expressando


Técnicas de mobilização da tensão fixação na memória visual do evento traumático.
ocular.

• Finalidade de dissolver a tensão na cabeça, resultante


Massagens na face e nuca. do choque encefálico.

• Estimular a vibração do músculo, está envolvido com


Exercícios bioenergéticos de as respostas instintivas de fuga/luta.
grounding e alongamento.

Procedimentos de desbloqueio dos • É feito mediante movimentos expressivos e


anéis de couraça, principalmente o massagens.
torácico e o diafragmático.

Fonte: elaborado pela autora.

O trabalho desenvolvido nas sessões terapêuticas não pode ser feito de modo robotizado,
sem reflexão e/ou, até mesmo, forçando os pacientes a fazer algo, visto que, em muitas
ocasiões, o paciente acaba por fazer algo contra a sua vontade, apenas, para atender
o que está sendo solicitado pelo terapeuta, e o real sentido do trabalho acaba sendo
perdido.

Desse modo, o propósito central volta-se para o desenvolvimento de um vórtice curativo,


Levine (2004), que, por meio das experiências e memórias reparadoras que apareceram
no momento das sessões, possa ofertar condições ao paciente cognitivamente e
sentimentalmente a negociar com os pressentimentos negativos.

Nesse compasso, desponta autoconfiança, além de avaliação satisfatória dos recursos


de enfrentamento de futuros episódios estressores, ampla segurança interna e atitudes
positivas mediante os desafios que a vida desponta. Na parte final do tratamento
terapêutico, a basilar finalidade é readquirir o poder do paciente de viver seu dia a
dia com mais leveza e prazer, associando seu potencial comunicativo e estimulando
projetos para o vindouro.

Portanto, compete ao terapeuta auxiliar o paciente a se desvincular da situação


de pessoa vitimada, em que sempre se colocou e que se identificava para assumir
posicionamento de pessoa proativa rumo a responsabilidade pelas modificações em
sua vida e nos relacionamentos que vier a desenvolver bem como os relacionamentos

30
INTRODUÇÃO À ANÁLISE BIOENERGÉTICA │ UNIDADE II

que já mantém. Desse modo, essa atitude se torna viável também quando o terapeuta
avigora a autovalorização e o exercício que o paciente alcançou tanto ao vivenciar a
circunstância traumática, quão grandemente ao abordá-la por intermédio do processo
terapêutico (NASCIMENTO, 2010).

Contudo, todo esse procedimento decorre de um incentivo à postura de autodefesa e


fortalecimento das demarcações egóicas, no mesmo compasso em que é incitada uma
ampla abertura para novas vinculações com os indivíduos e extensão de empenhos e
projetos de vida.

Para melhor compreender a discussão teórica apresentada neste capítulo,


sugerimos a leitura complementar dos textos a seguir.

» Grounding na análise bioenergética: uma proposta de atualização,


disponível em: https://tede2.pucsp.br/bitstream/handle/15583/1/
Dissertacao%20Odila%20Weigand.pdf.

» Corposofia: análise bioenergética para sensibilizar questões


filosóficas, disponível em: http://repositorio.unicamp.br/bitstream/
REPOSIP/337109/1/Oliveira_JovinianoJoseRezendeDe_D.pdf.

31
CAPÍTULO 3
A análise do caráter e sua participação
na formação

A noção de caráter é essencial nas teorias de Wilhelm Reich, pois, conforme Silva e
Albertini (2005), localiza-se em quatro métodos terapêuticos desenvolvidas por ele:

» análise do caráter;

» vegetoterapia;

» caracteroanalítica;

» orgonoterapia.

Além disso, Silva e Albertini (2005) afirmam que esse conceito compreende a extensão
educacional e clínica – uma que as duas cooperam para o desenvolvimento e a
transformação do caráter –, traz em si a marca de seu momento e articula ainda os
aspectos, sociais, culturais psicológicos, políticos entre outros.

Dois tipos narcisistas existem segundo os estudos apreendidos por Silva e Albertini,
(2005), arrolando à neurose de caráter, cujos sintomas são difusos e misturados ao
modo de ser do paciente. Aludem ainda que o termo couraça, usado por Reich, refere-se
às defesas chamadas de couraças que também podem ser narcísicas e que são levantadas
pelos pacientes contra o método analítico e o próprio analista.

Para saber um pouco mais desse assunto, acesse os links, a seguir:

» Veja como trabalhar a formação do caráter infantil, disponível em:


https://www.telavita.com.br/blog/formacao-de-carater-infantil/.

» Compreensão do funcionamento do caráter e leitura corporal


do caráter peal análise Reichiana, disponível em: https://www.
centroreichiano.com.br/analise-do-carater-e-leitura-corporal/.

» Análise da dinâmica de formação do caráter e a produção da


queixa escolar na educação infantil: contribuições à luz da psicologia
histórico-cultural e da pedagogia histórico-crítica, disponível em:
https://repositorio.unesp.br/handle/11449/152064.

32
INTRODUÇÃO À ANÁLISE BIOENERGÉTICA │ UNIDADE II

Reich (1995) relata que o modo de ação e reação a fatos e pessoas, típicos e automáticos
do sujeito, nada mais é do que o caráter, que se ocasiona do conflito entre as pulsões
internas, proibições e frustrações atribuídas a todas as pessoas por meio do mundo
exterior. Da mesma forma que o caráter labora como aversão ao tratamento analítico,
na vida habitual, tem o mesmo encargo de defender o aparelho psíquico.

Sendo assim, o caráter versa numa alteração crônica do ego que se poderia delinear
quanto um enrijecimento. Portanto, esse é o alicerce fidedigno para que o modo
de reação peculiar se contorne crônico. O seu escopo é resguardar o ego dos riscos
internos e externos.

Colocando em prática o método da análise do caráter, Reich (1995b) nota que a


solução da couraça característica é seguida de reações no sistema nervoso vegetativo.
Tem, além disso, como hipótese, que a potência do tratamento é máxima quando
a apreciação das atitudes de caráter é seguida da análise das atitudes musculares
correlacionadas.

Segundo Reich (1995b), as tensões musculares crônicas, ocorridas de situações


de estresse vivo e prolongado às quais a pessoa foi dominada ao longo de seu
desenvolvimento na totalidade, e toda rigidez muscular contêm a história e a
acepção da sua ascendência.

Alguns estudiosos da área de bioenergética aconselham que se sustente a


ambivalência subentendida no conceito de couraça para não incidir na duvidosa
forma de se ter uma visão unilateral da mesma situação. Em sua função vital de
defesa, a couraça pode aparecer de dois modos:

Figura 7. As duas formas da couraça.

Adaptativa
Biopática
É expressa mediante
relações dinâmicas com o Caracterizada por relações
meio em que se relaciona. distorcidas com o meio.

Fonte: elaborado pela autora.

De acordo com Castro (2016), existem três principais formas de couraça a partir dos
estudos de Reich, são elas:

» caráter genital;

33
UNIDADE II │ INTRODUÇÃO À ANÁLISE BIOENERGÉTICA

» caráter neurótico;

» caráter pestilento.

Figura 8. Três principais tipos de couraças e suas características.

Genital – apresenta pensamento objetivo e


racional. É feliz sexualmente e sente prazer com
a felicidade sexual do outro.

Neurótico – tem por características o


imobilismo como a resignação, o medo da
vida, a impotência. Por exemplo, compulsivo,
masoquista e fálico narcisista.

Pestilento – biopatia crônica, manifesta-se


na vida social e tem efeitos destrutivos.
Regula-se pelo ódio e caracteriza-se por
transformar a libido em algo destruidor.

Fonte: elaborado pela autora.

Passados mais de 80 anos das formulações reichianas sobre o caráter pestilento, Ferri
e Cimini (2011) alvitram uma releitura e atualização do conceito por meio do que eles
chamam de mutação adaptativa da síndrome. Na época de Reich, a estrutura de caráter
média era neurótica.

Para Reich (1995), o corpo é o terreno no qual se manifestam o caráter e a couraça,


mediante procedimentos rígidos e estereotipados. Em contraposição à noção de
liquidez difundida por Bauman (2009) para definir a sociedade hodierna, podemos
inferir a ideia de solidez nos conceitos formulados por Reich, como “enrijecimento”,
“encouraçamento, crônico, rígido”.

Ainda de acordo com Ferri e Cimini, vivemos em um tempo borderline, rarefeito


e baseado em instantes, no qual escasseiam sentimentos, consciência, relações e
sabedoria, que são conquistados por intermédio das relações com o passar dos tempos.
De acordo com Bauman (2009), para a sociedade líquido-moderna a rapidez é mais
admirável que a duração das coisas e das relações.

34
INTRODUÇÃO À ANÁLISE BIOENERGÉTICA │ UNIDADE II

Os autores Ferri e Cimini, (2011) aludem que Reich resistiu para lutar pela liberdade
das pessoas em relação a estruturas e instituições sólidas, rígidas e autoritárias,
nada obstante, na sociedade líquido-moderna, estamos em uma cena antagônica à
apresentada por Reich, em que há ausência da fronteira organizadora das pulsões.

Por fim, de modo semelhante ao aspecto reichiano, Bauman (2009) confia que liberdade,
democracia e práticas educativas localizam-se densamente conexas e formam o alicerce
das expectativas e das chances da humanidade.

Para maior aprofundamento do conteúdo, sugerimos as leituras a seguir.

» O desenvolvimento da noção de caráter no pensamento de Reich,


disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-
03072009-110042/publico/silvajro.pdf.

» Uma contribuição à história do movimento psicanalítico: a


trajetória de Wilhelm Reich, disponível em: https://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932002000300004.

» Wilhelm reich: percurso histórico e inserção do pensamento no Brasil,


disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttex
t&pid=S0006-59432011000200004.

35
BIOENERGÉTICA:
DA PSICOTERAPIA
CORPORAL
À PRÁTICA UNIDADE III
INTEGRATIVA E
COMPLEMENTAR
EM SAÚDE

CAPÍTULO 1
A bioenergética no contexto do SUS e
suas aplicabilidades

Apesar de compor oficialmente a Política Nacional de Práticas Integrativas e


Complementares (PNPIC), em 2018, as experiências terapêuticas incluindo a abordagem
oriunda da análise bioenergética no SUS deram início há mais tempo, conduzidas por
profissionais de saúde com especialização em análises bioenergéticas e por meio de
articulações para fins de parcerias com os institutos de formação do Brasil.

A bioenergética trabalha o conteúdo emocional mediante verbalização, educação


corporal e respiração. São utilizados exercícios com o objetivo de liberar as tensões do
corpo e facilitar a expressão dos sentimentos.

Para saber mais, sugerimos que você faça a leitura do texto e assista os vídeos,
recomendados a seguir.

» Bioenergia, energia humana e possíveis utilizações para o bem-


estar e saúde das pessoas, disponível em: http://www.bioenergetica.
com.br/bioenergia-energia-humana-e-possiveis-utilizacoes-para-o-
bem-estar-e-saude-das-pessoas/.
» Análise Bioenergética, disponível em: https://portal.fiocruz.br/video/
pics-analise-bioenergetica-ligado-em-saude.

» Bioenergética: conceitos e aplicações, disponível em: https://www.


youtube.com/watch?v=rA5Ig8nXcC8.

36
BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE │ UNIDADE III

A bioenergética é oferecida, mesmo não estando na portaria ministerial, considerando


que o atendimento da saúde mental na unidade básica é muito difícil devido à ausência
de profissionais e à grande demanda existente (BRASIL, 2018).

De acordo com a publicação feita em 2018 sobre práticas integrativas, a bioenergética


no contexto do SUS pode cooperar de variados modos, por meio da inserção na PNPIC.
Assim, os serviços a receberem essa prática são:

» Atenção primária à saúde.


» Redes de atenção psicossocial.
» Serviços de média e alta complexidade.
» Trabalho de humanização e educação permanentes dos profissionais do
SUS.
» Cuidado em saúde mental.
» Tratamento de transtornos psicossomáticos; cuidado destinado aos
portadores de doenças crônicas não transmissíveis e autoimunes.
» Ações de cuidado com grupos específicos, tais como idosos, gestantes,
entre outros.
Os resultados adquiridos com essas práticas têm refletido em bom desenvolvimento na
autopercepção e no dia a dia dos pacientes, o que ocasiona alterações adaptativas no
procedimento e eleva a autoestima, adicionando a flexibilização das tensões corporais e
uma respiração mais intensa e conectada (NOGUEIRA, 2010).

Assim, de acordo com estudiosos a respeito desse assunto, como Magano (2016) e
Baldani (2017), busca-se o equilíbrio energético, a integração da mente e do corpo e o
desenvolvimento de grounding, de ritmo e da criatividade. Comumente os participantes,
em sua maioria psicóticos, apresentam corpos sensíveis, com tensões crônicas e, por
vezes, enrijecidos pelo uso de medicações.

Constituem-se como corpos que, muitas vezes, não foram tocados ou que foram
invadidos e abusados, com sensações de estranhamento e sem delimitação clara do
dentro/fora ou do eu/outro.

Nesse compasso, para implementar essas práticas, em determinada conjuntura,


principalmente, no SUS, é basilar a disponibilidade, presença, energia, amabilidade
e envoltura dos terapeutas, para a constituição de uma atmosfera acolhedora e de
confiança.

É importante minutar que os serviços e programas do SUS têm abarcado as práticas


terapêuticas e vêm sendo analisados satisfatoriamente em semelhança ao tratamento
dos indivíduos que se constituíram beneficiados com esses tratamentos.

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UNIDADE III │ BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE

De acordo com o site do Ministério da Saúde, serviços como Centro de Atenção


Psicossocial que atendem pessoas com transtornos mentais, assim como os CAPS para
crianças e adolescentes e para pessoas com dependência de álcool e de outros tipos de
dependências, têm sido cada vez mais exitosos e satisfatórios os resultados.

Nesse quadro, procuramos apresentar a vocês o que o Ministério da Saúde, a


partir da Organização Mundial da Saúde (OMS), considera a respeito das práticas
de terapia denominadas como integrativas e como elas passam a ser inseridas ao
SUS para o atendimento da população. Veja o que o que diz o texto da Portaria
nº 702, de 21 de março de 2018.

O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das atribuições que


lhe conferem os incisos I e II do parágrafo único do art. 87 da
Constituição, e

Considerando que a Organização Mundial da Saúde (OMS)


preconiza o reconhecimento e incorporação das Medicinas
Tradicionais e Complementares nos sistemas nacionais de saúde,
denominadas pelo Ministério da Saúde do Brasil como Práticas
Integrativas e Complementares;

Considerando que as diversas categorias profissionais de saúde


no país reconhecem as práticas integrativas e complementares
como abordagem de cuidado;

Considerando que estados, Distrito Federal e municípios têm


promovido em sua rede de saúde as práticas a serem incluídas; e

Considerando a necessidade de inclusão de outras práticas na


Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares
(PNPIC), resolve:

Art. 1º Ficam incluídas novas práticas na Política Nacional de


Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC).

Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, o Anexo XXV à


Portaria de Consolidação nº 2/GM/MS, de 28 de setembro de 2017,
passa a vigorar acrescido do Anexo 4 e do Anexo A do Anexo 4,
nos termos do Anexo a esta Portaria.

Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 3º Ficam revogados:

I - o Anexo 2 do Anexo XXV à Portaria de Consolidação nº 2/GM/


MS, de 28 de setembro de 2017; e

II - o Anexo A do Anexo 2 do Anexo XXV à Portaria de Consolidação


nº 2/GM/MS, de 28 de setembro de 2017.

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BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE │ UNIDADE III

[...]

Aprova a definição das práticas de aromaterapia, apiterapia,


bioenergética, constelação familiar, cromoterapia, geoterapia,
hipnoterapia, imposição de mãos, medicina antroposófica/
antroposofia aplicada à saúde, ozonioterapia, terapia de florais
e termalismo social/crenoterapia à Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares apresentadas no Anexo A.

Art. 1º Ficam incluídas, na Política Nacional de Práticas Integrativas


e Complementares (PNPIC), as seguintes práticas: aromaterapia,
apiterapia, bioenergética, constelação familiar, cromoterapia,
geoterapia, hipnoterapia, imposição de mãos, medicina
antroposófica/antroposofia aplicada à saúde, ozonioterapia,
terapia de florais e termalismo social/crenoterapiaapresentadas,
nos termos do Anexo A.

Tabela 2. De acordo com o Ministério da Saúde, seguem algumas das principais práticas

terapêuticas integrativas ao SUS, publicadas em 2018.

Práticas Terapêuticas Integrativas Características


Método integrativo que utiliza os produtos produzidos pelas abelhas em suas colmeias para promoção e manutenção
Apiterapia da saúde e auxílio complementar no tratamento de algumas condições alteradas. Praticado desde a antiguidade. A
apitoxina age como anestésico na pele, com ação da endorfina muito alta, e apesar da dor inicial acaba relaxando a
área de aplicação.
Prática terapêutica secular que consiste no uso intencional de concentrados voláteis extraídos de vegetais – os Óleos
Essenciais (OE) – a fim de promover ou melhorar a saúde, o bem-estar e a higiene.
É reconhecida como prática integrativa complementar com amplo uso individual e/ou coletivo, podendo ser associada a
Aromaterapia outras práticas como talassoterapia e naturopatia. É considerada uma possibilidade de intervenção que potencializa os
resultados do tratamento adotado.
Como prática multiprofissional, tem sido seguida por múltiplos profissionais de saúde como enfermeiros, psicólogos,
fisioterapeutas, médicos, veterinários, terapeutas holísticos, naturistas, dentre outros, e empregada nos diferentes setores
da área para auxiliar de modo complementar, contribuindo com o reequilíbrio físico e/ou emocional do indivíduo.
Trabalha o conteúdo emocional por meio da verbalização, da educação corporal e da respiração, utilizando exercícios
direcionados para liberar as tensões do corpo e facilitar a expressão dos sentimentos.
Propõe a interação homem-corpo-emoção-razão, sendo conduzida a partir da análise desses componentes por
Bioenergética meio de conceitos fundamentais (couraça muscular, anéis ou segmentos da couraça muscular) e técnicas corporais
(grounding, respiração e massagem).
A bioenergética pondera que o corpo é apropriado de traduzir, em linguagem não verbal, as suas indigências, por meio
de simbolismos ou sintomas apresentando uma memória celular que registra experiências e reage a esses padrões.
Dessa forma, torna-se possível ler no corpo, também, as resistências e defesas do indivíduo, uma vez que ele revela
expressões emocionais vividas até o momento.
Constelação Familiar A constelação familiar é uma técnica de representação espacial das relações familiares que permite identificar bloqueios
emocionais de gerações ou membros da família.
Hellinger cognomina ordens do amor às leis basilares do relacionamento humano – a do pertencimento ou vínculo, a da
ordem de chegada ou hierarquia, e a do equilíbrio – que atuam ao mesmo tempo, onde houver pessoas convivendo.
É uma abordagem capaz de mostrar com simplicidade, profundidade e praticidade onde está a raiz, a origem, de
um distúrbio de relacionamento, psicológico, psiquiátrico, financeiro e físico, levando o indivíduo a um outro nível
de consciência em relação ao problema e mostrando uma solução prática e amorosa de pertencimento, respeito e
equilíbrio.
A constelação familiar é recomendada para todas as idades, classes sociais, e sem qualquer vínculo ou abordagem
religiosa, podendo ser indicada para qualquer pessoa enferma, em qualquer nível e qualquer idade, como por exemplo,
bebês doentes são constelados por meio dos pais.

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UNIDADE III │ BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE

Cromoterapia Por intermédio das cores, procura-se estabelecer e restaurar o equilíbrio físico e energético, promovendo a harmonia
entre corpo, mente e emoções, pois o desvio da energia vibratória do corpo é responsável por desencadear patologias.
Pode ser trabalhada de diferentes formas: por contato, por visualização, com auxílio de instrumentos, com cabines de
luz, com luz polarizada, por meditação.
Entre as possibilidades terapêuticas utilizadas pelos profissionais de saúde, a cromoterapia se enquadra como um
recurso, associado ou não a outras modalidades (geoterapia, reflexologia, aromaterapia, imposição de mãos etc.),
demonstrando resultados satisfatórios.
Geoterapia A geoterapia é a prática que contribui com ampliação e melhoramento nos sistemas de abordagem integrativa, em
intervenções clínicas. Prática milenar e de utilização variada pelos povos antigos, alterna desde embalsamentos,
conservação de alimentos, tratamentos, manutenção da saúde, até fins estéticos.
Hipnoterapia Conjunto de técnicas que, por meio de intenso relaxamento, concentração e/ou foco, induz a pessoa a alcançar um
estado de consciência aumentado que permita alterar uma ampla gama de condições ou comportamentos indesejados
como medos, fobias, insônia, depressão, angústia, estresse, dores crônicas. Pode favorecer o autoconhecimento e, em
combinação com outras formas de terapia, auxilia na condução de uma série de problemas.
Alguns setores de saúde adotam regularmente esta prática em seus protocolos de atendimento, como a odontologia, a
psicologia, a fisioterapia, a enfermagem, entre outras.
Imposição De Mãos A imposição de mãos é a prática terapêutica secular que implica um esforço meditativo para a transferência de energia
vital (Qi, prana) por meio das mãos com intuito de reestabelecer o equilíbrio do campo energético humano auxiliando
no processo saúde-doença. Sem envolvimento de outros recursos como: remédios, essências, aparelhos. Faz uso da
capacidade humana de conduzir conscientemente o fluxo de energias curativas multidimensionais para dentro do corpo
humano e dos seus sistemas energéticos físicos e espirituais a fim de provocar mudanças terapêuticas. Essa prática
fundamenta-se no princípio de que a energia do campo universal sustenta todos os tipos de organismos vivos e que
este campo de energia universal tem a ordem e o equilíbrio como alicerce.
Medicina Antroposófica Sobreposta À Saúde Considerada uma abordagem terapêutica integral com apoio na antroposofia, avalia o ser humano a partir dos conceitos
da trimembração, quadrimembração e biografia, oferecendo cuidados e recursos terapêuticos específicos. Atua de
maneira integrativa e utiliza diversos recursos terapêuticos para a recuperação ou manutenção da saúde, conciliando
medicamentos e terapias convencionais com outros específicos de sua abordagem.
Na abordagem interdisciplinar de cuidados, os diferentes recursos terapêuticos oferecidos envolvem:
» terapia medicamentosa;
» aplicações externas;
» banhos terapêuticos;
» massagem rítmica;
» terapia artística;
» euritmia;
» quirofonética;
» cantoterapia;
» terapia biográfica.
Ozonioterapia Prática integrativa e complementar que emprega a aplicação de uma mistura dos gases oxigênio e ozônio, por diversas
vias de administração, com desígnio terapêutico, já utilizada em vários países como Itália, Alemanha, Espanha, Portugal,
Rússia, Cuba, China, entre outros, há décadas.
Terapia De Florais Prática complementar e não medicamentosa que, por meio dos vários sistemas de essências florais, modifica certos
estados vibratórios auxiliando a equilibrar e harmonizar o indivíduo.
Pode ser adotado em qualquer idade, não interferindo com outros métodos terapêuticos e/ou medicamentos,
potencializando-os. Os efeitos podem ser observados de imediato, em indivíduos de maior sensibilidade.
Termalismo Social / Crenoterapia A utilização das águas minerais para tratamento de saúde é um dos procedimentos mais antigos, utilizado desde a
época do Império Grego. Consiste em prática terapêutica que utiliza águas minerais com propriedades medicinais, de
modo preventivo ou curativo, em complemento a outros tratamentos de saúde. Tem por base a crenologia, ciência que
estuda as propriedades medicinais das substâncias físico-químicas das águas minerais e sua utilização terapêutica.

Fonte: adaptado de Brasil (2018).

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BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE │ UNIDADE III

As modalidades de trabalho com


bioenergética
Alguns dos exercícios bioenergéticos que usamos são os mesmos usados com adultos.
Muitos foram modificados, e alguns – frequentemente os mais divertidos – são
designados especialmente para crianças.

Para saber mais a respeito do assunto tratado neste capítulo, leia os textos
recomendados a seguir.

A bioenergética no ambiente de trabalho, disponível em: http://www.


bioenergetica.com.br/bioenergetica-ambiente-trabalho/.

Bioenergética, disponível em: https://www.mundovestibular.com.br/estudos/


biologia/bioenergetica.

Apresentamos, a seguir, algumas experiências que pudemos acessar por meio do texto
que Donice (s/a) traduziu da experiência que estudou do médico psiquiatra Halsen
e publicou. São relatos de experiência profissional com crianças em tratamento em
unidades de psiquiatria infantil. Vejamos, a seguir, alguns casos relatados pelo autor
Halsen e traduzido por Mariangela Gargioni Donice (s/a):

1 - O terapeuta toca a criança, que então confirma suas percepções e anseios. Pode-
se ainda aceitar a criança tocar o terapeuta. Isso é frequentemente assustador para
as crianças. Elas não apresentam conhecimento em serem o ativo e espontaneamente
sentem-se como violadoras em relação ao outro.

Por meio desses exercícios, a criança também aprende a tolerar prazer desde uma
massagem nos pés, carinhos e assim por diante.

Sentindo a força do corpo: esses exercícios são desenvolvidos para ajudar a


criança a sentir que pode ser forte ou fraca, que pode resistir ou desistir, que tem
uma escolha. A criança é solicitada para deitar de costas e resistir aos esforços do
terapeuta em girá-la.

Depois de sentir a sua força, a criança é instruída a se render ao terapeuta e rolar.


O mesmo princípio pode ser usual com a criança em pé apoiada nas mão e joelhos.
Pode ser impressionante para um terapeuta ver e sentir a grande diferença entre a força
disponível nas partes superiores do corpo e a completa falta de força nas partes baixas,
na bacia e naa área da coxa em crianças abusadas sexualmente.

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UNIDADE III │ BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE

O mesmo exercício pode ser feito pela criança com o terapeuta deitado em suas costas
ou em pé sustentado pelas mãos e joelhos. Dessa forma é permitido à criança usar sua
força em empurrar um corpo adulto.

Exercícios de grounding: todos os exercícios de grounding conhecidos podem


ser usados. O terapeuta trabalhando com os pés da criança (massagem nos pés) pode
preceder esses exercícios.

Elas estão fugindo de si mesmas. Ficar de pé ou deitar de costas podem ser aterrorizantes.
Ficando de pé, a criança lentamente aprende que seus pés a suportarão.

Considerações do autor
Aceitar o suporte do solo e do terapeuta no mesmo compasso em que se pode
desempenhá-los de modo mais seguro. Uma combinação de apoiar e defender seu
ponto de vista pode ser necessário.

Trabalhando com limites e fronteiras: muitas dessas crianças, que podem ser
classificadas como borderline ou não, foram perturbadas por pais ou outros adultos
abusivos ou ignorantes.

De acordo com a tradução de Donice (s/a) em relação ao trabalho de Halsen, os


exercícios nessa categoria são muito concretos. A criança deita e é enrolada em uma
manta sobre o chão para marcar suas fronteiras e demarcar seu território.

A criança é pedida para andar sobre seu território e dizer: isso é meu. Isso me pertence.
Ela pode decidir se quer abrir seus limites, quem quer deixar entrar e por quanto tempo
devem permanecer.

Ainda conforme Donice (s/a), outro exercício que podemos explicitar aqui e que faz
parte desse conjunto, envolve segurar as palmas das mãos versus as mãos do terapeuta,
determinadas vezes para impelir, outros momentos para admitir o terapeuta ficar mais
próximo. Comumente a criança necessita instruir-se a não aceitar os outros a chegarem
muito próximo.

2 – Exercícios de confiança: esses treinos auxiliam a acrescer a confiança da criança


nos adultos. Assim, o exercicio é conduzido a partir de um pedido para que a criança se
deite de costas e fique rígida, enquanto o terapeuta a levanta para uma posição de pé.

O exercício pode ser invertido, com a criança iniciando de pé, mas isso pode ser mais
assustador. O terapeuta pode ainda conduzir a criança de olhos fechados pelo recinto.
Em outro exercício a criança deita e o terapeuta segura a sua cabeça.

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BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE │ UNIDADE III

A criança pode lentamente aprender a deixar ir o controle e a constante preocupação.


Exercícios de expressão: é preciso ser muito cuidadoso ao usar exercícios de
expressão com crianças impulsivas e desorganizadas.

Exercícios de Controle: são designados para ajudar crianças impulsivas a terem


mais controle e para ajudar crianças controladas a desistirem e deixarem rolar.

Segundo a tradução de Donice (s/a) em relação ao trabalho de Helsen, expressar raiva


mantendo controle e mantendo contato com o adulto é uma difícil e importante tarefa.
Para obter isso, nós geralmente usamos expressões bem detalhadas:

» Conte até três.

» Bata no colchão uma vez.

» Olhe para mim.

3 – Outro fato explicado com atividades regressivas e progressivas que as crianças com
facilidade regridem (Helsen tradução de Donice (s/a)), será apresentado a seguir, para
que você analise a situação e se imagine no lugar desse profissional desenvolvendo esse
atendimento:

Destarte, uma sala com travesseiros e colchão oferece a oportunidade para uma
regressão em que a criança pode com facilidade desaparecer entre as almofadas.O
terapeuta coloca uma de suas mãos na cabeça e outra nos pés da criança, e oferece
alguma resistência quando for pedido para se expandir um pouco a cada vez que ele
inspirar o ar. É importante impedir regressões totais, todavia permitir e encorajar
regressões parciais. (HELSEN, tradução de DONICE, s/a).

É consentido à criança se portar com uma idade abaixo da sua de fato, entretanto ao
mesmo passo, nessa abordagem, Helsen, tradução de Donice, s/a, informa que deve se
conservar parte de seu ego laborando em conformidade com sua idade real.

Exercícios de suporte
De acordo com a tradução de Donice (s/a) em relação ao trabalho de Helsen, informa
que a metodologia dessa atividade envolve procedimentos como cobrir a criança,
massagenado, o que adiciona a aptidão da criança em ser receptiva e sentir prazer. No
entanto é desaconselhado fazer esse tipo de atividade com crianças que já sofreram e/
ou sofrem abusos sexuais pois, pode causar nelas, uma confusão, e assim, fazerem uma
relação da técnica com o abuso sofrido.

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UNIDADE III │ BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE

Exercícios cooperativos
Presta suporte às crianças para utilizarem seus corpos acoplados com o terapeuta. Por
exemplo: criança e terapeuta deitados de costas, com os pés um contra o outro e fazendo
movimentos de pedalar.

Esses exercicios, assim como o restante da experiência apresentada por Donice (s/a)
em relação ao trabalho de Halsen consiste em um programa comumente fundamentado
a partir de combinados feitos entre a criança e o seu terapeuta. Ressalta-se ainda que,
no momento do desenvolvimento dos exercícios, as crianças não podem ser forçadas
a realizar qualquer exercício que não se sintam à vontade e/ou confortável de o fazer.
É importante assinalar ainda que o terapeuta precisa estar atento, pois, na condução
desses exercícios muitos sentimentos fortes aparecem. O terapeuta precisa de toda a
desenvoltura para administrar a possibilidade de ocorrência dessas situações.

Considerações dos autores


Por fim, o terapeuta conversa com a criança sobre os diferentes exercícios e o que
experimentaram, toma notas dessas avaliações, não somente para supervisão, contudo
para usar com a criança antes da próxima sessão, fornecendo, assim, à criança um
sentimento de importância, de continuidade e de controle sobre a modificação do
programa de exercícios.

Relatos de caso clínico de movimento/


corporal
Com objetivo de auxiliar na apreensão das aplicações da análise bioenergética como
método de terapia integrativa, no âmbito de atendimento do SUS, seguem duas concisas
apresentações de casos terapêuticos nas modalidades de terapia individual e de Grupo
de Movimento, desenvolvidos na rede SUS (BRASIL, 2018).

Esse relato se refere a um trabalho realizado há aproximadamente um ano e seis meses,


desenvolvido em um Município do Estado da Bahia, na área da saúde na Atenção Básica
em Saúde, no equipamento – Unidade básica de saúde (UBS).

O primeiro refere-se a um grupo de pessoas que estão em tratamento de hipertensão


arterial e que estavam com a situação da pressão sem controle.

Vejamos o caso ilustrado dentro do box abaixo:

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BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE │ UNIDADE III

As pessoas com problemas de hipertensão, em sua maioria, exibiam outras


dificuldades relacionadas a enfermidades de saúde que colaboravam para
agravar o quadro de doenças como: diabetes, sofrimentos psíquicos e
reclamações de dores constantes devido a somatizações. No desenvolvimento
dos atendimentos, os participantes – sentindo-se beneficiados – almejaram
estender o recinto de cuidado do grupo de movimento para os seus familiares e
demais pessoas de sua convivência, entendendo que, se estava sendo bom para
eles, poderia ser benéfico para essas outras pessoas também.

Nesse compasso, posteriormente ao primeiro ano de desenvolvimento dessa


experiência em prática, o perfil das pessoas beneficiadas com a ação ficou
mais diverso, acolhendo indivíduos com as mais distintas reclamações, entre
as quais problemas como: confusões familiares, perdas, nervosismo, ansiedade,
dificuldades de mobilidade entre outros.

Os relatos em relação aos benefícios da atividade foram inúmeros: alívios das


tensões corporais, controle da hipertensão arterial, alívio na ansiedade, entre
outros. Em relação às pressões e tensões que cada participante mencionava que
sentia, foi perguntado se saberiam nomear e/ou relacionar a alguma coisa tais
sensações; de modo generalizado, eles relacionaram diretamente suas crises de
hipertensão arterial e, consequentemente, as dores e/ou tensões às confusões
familiares, às perdas, à falta de emprego e a outras situações de vulnerabilidade
social. Nesse compasso, foi explanado aos participantes os princípios do trabalho
corporal da bioenergética, explicando-se o propósito principal que é o foco
em vitalidade corporal, autocuidado e autoconhecimento. Explicou-se ainda
que toda a ação é centrada na formação de um ambiente livre de julgamento,
preconceitos e rótulos e, assim, prima-se pelo acolhimento de emoções e
sentimentos corporais.

A sistematização das atividades se deu com a organização, em dois grupos,


das pessoas interessadas na atividade, com duração de aproximadamente
30 minutos e realização uma vez por semana. Sempre se iniciava com uma
acolhida e todos os participantes tinham direito de se expressar ao longo do
desenvolvimento do trabalho em grupo.

Por conseguinte, iniciava-se os exercícios de bioenergética, trabalhando-se,


os anéis de tensão (couraças), acompanhados de determinada atividade mais
peculiar voltada a algum assunto relacionado aos sentimentos, às emoções etc.

É importante, contudo, que o terapeuta esteja sempre atento aos sinais que os
membros do grupo possam evidenciar, uma vez que podem demonstrar cansaço
bem como dificuldades para descansar e/ou relaxar, fazendo-se necessário,
portanto, que o profissional revise os exercícios, para que estes beneficiem

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UNIDADE III │ BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE

e proporcionem verdadeiramente a experiência de relaxamento corporal e


repouso aos participantes; e, ainda, para que os próprios participantes consigam
observar o que os leva a ter dificuldade de concentração na atividade para poder,
de fato, distensionar e relaxar.

Outro exemplo que Brasil (2018) apresentou foram exercícios significativos que
deviam durar, em média, 45 minutos. O tempo restante era direcionado a escutar
as pessoas, sobre como se sentiam após o trabalho corporal e ainda auxiliar na
integração de experiências, especialmente quando o trabalho tinha possibilitado
contato com alguma emoção bloqueada e/ou memórias que foram ativadas.

Para saber mais, recomendamos a leitura dos textos a seguir.

» Apenas mais um acidente de trabalho? Relato de um caso clínico


de coreia de Huntington, disponível em: http://www.scielo.mec.pt/
pdf/rpmgf/v32n2/v32n2a05.pdf.

» Fisioterapia na paralisia cerebral: um relato de caso, disponível


em: https://www.efdeportes.com/efd161/fisioterapia-na-paralisia-
cerebral.htm.

» Quando o corpo se faz presente como um meio de existência do


sujeito: um caso de psicossomática, disponível em: http://rbp.celg.
org.br/detalhe_artigo.asp?id=171.

Tabela 3. Resultados satisfatórios desse tipo de trabalho na vida das pessoas.

Melhora no controle dos Atividades terapêuticas com essa abordagem podem ser bons procedimentos para pessoas com quadro de descontrole
níveis de pressão arterial da pressão arterial, pois auxilia tanto no controle quanto na diminuição do uso de medicamentos.
Benefícios em outros Os pacientes apresentaram inúmeras outras queixas ou patologias, e, à medida que o trabalho se desenvolveu, muitas
problemas de saúde dessas dificuldades – insônias, perda do apetite, cefaleias, dores musculares entre outras – foram suavizadas alcançando
boas evoluções.
Melhor resultado no Pessoas que apresentaram simultaneamente hipertensão e diabetes e não conseguiam equilibrar o nível de glicose no
controle da diabetes sangue no decorrer da atividade, despontaram com resultados mais estáveis.
Saúde mental Contribuiu consideravelmente na diminuição de problemas emocionais como estresse, ansiedade, sentimento de tristeza
cíclico etc. Foi perceptível que, com o desenvolver das atividades, os participantes passaram a apresentar controle dos
níveis de ansiedade, demonstraram mais leveza, melhor humor e manifestaram expressões de contentamento. Destaque-
se ainda que os participantes relataram se sentir com nível de atenção mais apurado, mais alegres, mais pacientes e
tranquilos, corroborando com a percepção dos profissionais.
Consciência corporal Beneficiou o desenvolvimento da autonomia e do zelo com os cuidados que se deve ter consigo próprio em relação
aos problemas de saúde que apresentam. Além disso, auxiliou as pessoas a estarem mais precavidas às percepções
de bem-estar e manifestações de dor em seu organismo, assim como, contribuiu para avaliar de forma qualitativa como
estão os sentimentos e anseios.

Fonte: elaborado pela autora.

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BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE │ UNIDADE III

Outro relato de caso prático segundo


documento do Ministério da Saúde sobre
práticas integrativas (2018)
Paciente do sexo feminino, com idade entre 40 e 50 anos, casada, mãe de um garoto,
que, à época do atendimento, tinha seis anos de idade. Ela trabalhava em uma
instituição financeira exercendo a função de bancária, e procurou por atendimento
terapêutico com abordagem na análise de bioenergética, pois sentia-se deprimida e
ainda apresentava com esse quadro depressivo a síndrome do pânico. Essa situação
de pânico trazia muito sofrimento a ela, visto que, quando precisava sair de casa para
trabalhar ou fazer qualquer outra atividade, ela sofria muito, uma vez que sentia muito
temor e medo de tudo.

Ela informou que não era a primeira vez que passava por tratamento terapêutico e que
já havia passado por outros processos anteriormente. Mencionou também que esteve
em tratamento psiquiátrico por diversas ocasiões; no entanto relatou que não obteve
resultados de grande relevância para sua saúde mental em nenhum deles e ainda
acrescentou que entende ter sido sem sucesso, uma vez que, todos os seus sintomas
permaneciam.

Essa senhora relatou, no momento desse atendimento, que tem feito acompanhamento
medicinal mediante especialidade antroposófica. Assim, os profissionais envolvidos
com esse caso colocaram a seguinte condição em relação aos cuidados psicoterápicos:

» O estabelecimento de grounding relacional, dirigindo-se a possibilidade


de um enraizamento de relação com o terapeuta.

Esse caminho foi basilar, tendo em vista que essa mulher demonstrou não ter muita
confiança e segurança nas relações terapêuticas às quais fora submetida anteriormente,
o que fez com que não concluísse seus antigos tratamentos. Dessa forma, foi
continuamente sugerido que se erguesse e andasse com a terapeuta no recinto em que se
encontravam para realizar as sessões de terapia, contornando-se de modo consciente de
seus próprios movimentos corporais, e de sua respiração e de que forma se configurava
o contato de seus próprios pés com o chão, e, nesse interim a terapeuta realizava a
análise e obtinha a leitura corporal, com apoio dos movimentos, equilíbrio do corpo, a
forma em que a paciente ativava a sua respiração e o modo como posicionava os seus
pés no chão.

Alvitra-se então a abertura da constituição de grounding e ainda o vínculo terapêutico,


abalizado pelo quanto a paciente iria conseguir permanecer próximo da terapeuta e/
ou caminhar na direção antagônica, naquele andamento do procedimento. Isso por ser

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UNIDADE III │ BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE

conciso advir uma reciprocidade com o terapeuta, por ocasião empaticamente entrosado
com a pessoa atendida, de forma a apreender e ecoar o que essa pessoa necessita
somaticamente, emocionalmente e verbalmente, ao passo que a análise bioenergética
possa se desenvolver.

No princípio dessa técnica, a paciente, apresentava não ter compreensão, tampouco


consciência do procedimento de enraizamento e de seu próprio corpo no ambiente, e
discorria a todo momento a respeito de si própria, sempre em tom abundantemente
tristonho.

O que se quer chamar a atenção aqui é que toda energia do seu corpo era desprendida
para si mesma, isto é, verbalizando sobre ela mesma e expondo os temores e receios
que havia passado durante a semana que antevia as sessões. Essas alocuções sempre
se intensificavam no andamento da sessão. Ainda cabe ressaltar que ela se apresentava
inativa e com receio da morte, deficiência do ar para respirar e ainda se lamentava de
aflição que comprimia o centro do seu peito.

Carecido à racionabilidade exibida nas alocuções e ao distanciamento do próprio corpo,


não houve a possibilidade de introduzir outros exercícios além do grounding. Precisou-
se permanecer por algum tempo apenas com essa técnica.

O escasso contato com o corpo bloqueava a ascensão a sua orbe interior, praticamente
não desenvolvendo assim, a capacidade de perceber de maneira intuitiva ou, ainda, de
discernir os complexos processos internos, ocorrendo uma apreensão de situações de
conflito, que se conformam como precondição para a dissolução de dificuldades que
possa induzir a alterações do quadro de enfermidades físicas e de ordem mental.

Destarte, durante muito tempo, ela aludia de forma excessiva sobre ela mesma durante
as sessões, no entanto não discorria a respeito de sua história, tampouco mencionava
nada a respeito do esposo e muito menos de seu filho, como também não trazia nada
a respeito de seu trabalho no banco, somente sobre suas queixas e mágoas, o que nos
leva a compreender certo narcisismo. Com o andamento das sessões, o que ela arrazoou
sobre o marido é que não mantinham relações sexuais a cerca de um ano e acrescentou
que antes ele oferecia cuidado as suas lamentações, porém, em seguida, não lhe ofereceu
mais atenção. Assim, as sessões foram se mantendo com a técnica grounding e, nesse
período, adicionaram-se exercícios para auxiliar no aumento da respiração para que o
corpo, com mais oxigênio e dilatação, pudesse ser sentido por ela com mais vitalidade
e vigor.

No que tange aos aspectos corporais da paciente em tela, ela apresentava a altura de
1,62m, corpo magro com carência de energia vital, assentando-se sobre pernas finas,

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BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE │ UNIDADE III

significando ausência de fé em si própria e na sua força; todas essas características


corporais se afrontava com uma bela face.

Ao passo que o trabalho corporal foi progredindo, foram introduzidos exercícios para
bater pernas, isso ocorreu quando ela começou a esboçar mais certeza e confiança e,
como consequência disso, conseguiu se vincular ao processo terapêutico como também
com a terapeuta.

A partir dessas agilidades, lembranças extraordinárias de sua biografia começaram a


emergir em sua narrativa. Assim, relatou ter sofrido abuso sexual quanto ainda era
criança, e que o autor da violência havia sido um próprio familiar – um tio. Quando
perguntado a respeito da mãe e sua postura com relação a esse fato, a paciente relatou
que sua genitora não lhe ofereceu qualquer tipo de atenção e proteção.

Destarte, o exercício de bater pernas foi sendo cada vez mais atualizado nas sessões,
conexo à carência de pernas para se blindar. Nesse compasso, adotou-se o exercício de
grounding invertido – que também tem nominação grounding do elefante, pois está
disposição poderia conduzi-la para ampliar o contato com suas táticas de defesa de
caráter.

Do mesmo modo, a cada sessão analítica bioenergética com os exercícios de certeza


basilar que foram introduzidos, a paciente foi absorvendo a probabilidade de fazer mais
agregações de opiniões e discorrer sobre sua família de origem, abandonando o modo
de conceber o mundo apenas por si própria e suas queixas, que, no início, eram centrais.

Mais para diante, de concordata com o desenvolvimento do procedimento terapêutico, o


stool – banco empregado para ampliar-se a respiração e conseguir fazer várias posturas
bioenergéticas – foi embutido, dirigindo-se para a abertura dos anéis de bloqueio na
região peitoral, de modo a harmonizar a tensão crônica situada nessa região de seu
corpo, haja vista que ela inicialmente se queixava de muita dor nessa região, e à soltura
da cabeça, o que auxilia a dissolver tensões na nuca e no pescoço.

Outras intervenções foram sendo empreendidas com o avançar do trabalho terapêutico.


Ela foi orientada, a participar de grupo de exercícios bioenergéticos, o que ajudou muito
no processo da terapia e, posteriormente, a ter acessado conscientemente suas questões
relativas ao complexo edipiano. Ela se tornou capaz não exclusivamente de rememorar
histórias da infância, todavia de exibir sentimentos integrados a elas e de ter alcançado
a capacidade se distinguir do seu sistema familiar, erguendo sua própria identidade
com mais altivez e confiança.

49
UNIDADE III │ BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE

Cabe destacar que foi trabalhado a questão da energia sexual tendo sido readquirido
posteriormente a liberação das tensões conexas à lembrança da violência sexual sofrida
na infância. O método terapêutico aqui descrito pôde continuar se desenvolvendo com
mais probabilidades de insights e de confiança em seu próprio corpo tendo a certeza de
que ele é a fonte de autoconhecimento e autorrepresentatividade.

Considerações do autor sobre esse caso clínico

Os autores que nos apresentaram esse caso prático de experiência por meio da análise
bioenergética perceberam que o temor que a paciente tinha de tudo, em alguns
momentos, manifestava-se deixando-lhe ainda receosa, no entanto há abundantemente
mais probabilidade de apreensão do que a ocorrência de seus temores, atuando, assim,
de modo expressivamente sem importância ao que antes ela dava mais importância.

Para findar, enfatizaram ainda que a leitura corporal e a análise de seus teores
consentiram encontrar uma defesa de característica histérica e que se encontrava
paralisada e/ou submergida diante de um amplo receio de sua sexualidade, assim como
da raiva que conservava em relação à mãe por não ter lhe oferecido cuidado e proteção.

Essa paralização ou também podemos chamar de congelamento de sua sexualidade numa


polaridade adversa acionou funções esquizoides que surgiam de modo superficial. Os
exercícios de bioenergética empregados no método de análise com a apreensão do caso
como todo se mostraram eficazes para liberar os medos e restabelecer o fluxo energético
que assinala a autorregulação e a energia de vida de cada sujeito (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2018).

Caso clínico do menino R., traduzido por


Donice (s/a) da experiência da área de
psiquiatria infantil desenvolvida por Halsen
Vejamos com atenção:

O presente caso terapêutico refere-se a uma criança do gênero masculino que, na época
do procedimento, tinha sete anos de idade. Trata-se de criança que passou por processo
de institucionalização, ou seja, vivia em abrigo destinado a crianças e adolescentes por
questões de violência sofrida em ambiente familiar, chegando, até mesmo, à destituição
do poder familiar.

50
BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE │ UNIDADE III

O caso de R. foi justamente de destituição do poder de sua família, assim, ele foi colocado
para adoção. R., então, foi adotado, e na ocasião do atendimento tinha completado um
ano que estava convivendo com a nova família.

Percebemos, por meio da tradução de Donice (s/a), que Halsen demonstrou que não
tinha conhecimento apurado em relação aos aspectos da vida de R., antes do período
que viveu no abrigo para crianças. A única coisa que se sabia era que o pai biológico
de R. havia cometido abuso sexual contra o irmão mais velho de R. e, que devido a
essa ocorrência, Halsen levantou a hipótese de que possivelmente isso pudesse ter sido
cometido contra R. também. Ressalta-se que um ano depois de R. ter sido adotado, seus
pais adotivos tiveram um filho.

Registre-se ainda que, quando R. tinha completado três anos de idade, sua família
adotiva havia acolhido seu irmão biológico de cinco anos e procedido com a adoção dele
também. A informação que Halsen apresenta é de que esse irmão mais velho havia sido
levado até a família por intermédio da própria professora da educação infantil por razão
de um manifesto empecilho em seu incremento social e intelectivo. Foi informado que
essa criança permanecia sempre sentada em um determinado canto da sala, priorizando
ficar sozinho e sempre em silêncio.

Pôde-se ter acesso ao fato de que esse irmão havia abusado sexualmente de R. e que
fazia ameaças para que R. não contasse aos pais adotivos os abusos sexuais que sofria,
devendo permanecer quieto sem levantar quaisquer tipos de suspeita a respeito desse
abuso.

Assim, quando a situação do abuso sexual foi descoberta, esse irmão de R. foi
encaminhado para outra família adotiva. No desenrolar dos atendimentos, ficou
evidenciado que R., além de ter sido abusado pelo irmão, também abusou de outro
irmão mais novo, sendo, assim, concomitantemente vítima e abusador sexual.

Sua aflição espontaneamente induzia a ojeriza e apresentava-se com uma agressividade


incontrolada. Em outros momentos, durante as sessões, ele regredia, camuflando-se
em um determinado canto da sala de atendimento, como se quisesse se esconder e
passar despercebido naquele instante e ainda colocava seu dedo polegar na boca.

Uma ampla dificuldade que se despontava nas sessões era que todo anseio demonstrado
por R. era prontamente sexualizado. Quando demonstrava sentimentos de raiva,
mágoa, tristeza, felicidade, enfim, tudo lhe atentava ereções ao ponto de verbalizar que
só conseguia sentir o que estava ocorrendo em seu órgão genital.

51
UNIDADE III │ BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE

Na maioria das vezes, quando um adulto era gentil, lia alguma estória, ou se sentava
próximo a ele, ou, até mesmo, brincava com ele, de prontidão R. começava a fazer
movimentos sexuais. Ligeiramente ele suscitou condutas sexualizadas em outras
crianças que eram pacientes na clínica de Halsen e isso, com toda a razão, acabou por
promover raiva nos responsáveis por essas crianças em relação ao menino R.

Assim, Halsen, fez a seguinte indagação: como podemos trabalhar corporalmente com
ele sem que o conduza a essas excitações de todas as formas de emoção?

Halsen, relatou que a profissional que cuidava diretamente de R. era enfermeira


especializada em psiquiatria com ampla experiência nessa área e tinha formação em
bioenergética focada em exercícios.

Dessa forma, foram aplicados alguns exercícios da bioenergética. Em uma determinada


sessão, ele foi conduzido para uma sala cheia de almofadas e foi convidado a regredir, ou
seja, deixando-o livre para pular em cima dessas almofadas, escondendo-se e chupando
o dedo.

Iniciou-se com exercícios simples grounding, ficando de pé e deitando-se de costas.


Cabe ressaltar que, em razão de ser uma criança muito sexualizada devido às violências
sexuais, ele se apresentava muito inquieto no momento da execução desses exercícios e
se movia antes que ele pudesse sentir algo.

O movimento de se deitar deixava-o muito aterrorizado; assim, ele sempre queria pular e
acabava se dirigindo para as almofadas. Foram introduzidos exercícios de crescimento –
os quais ele apreciou muito –, que consistem em suportar os próprios pés nos exercícios
de crescimento, permitindo permanecer ficar de pé por um determinado tempo, isso fez
com que ele se surpreendesse e chegou a aludir que podia sentir algo saindo de seus pés
e indo em direção a sua cabeça.

A criança passou a dar mais atenção a sua respiração e proferiu que essa respiração
fez suas emoções ficarem fortes. Também foi trabalhado com ele a posição sentada: o
terapeuta segurava os pés de R. e, calmamente, os pressionava ao chão para aguentar
sua própria base. Posteriormente, em determinado tempo ele podia ir de uma posição
sentado para a de pé.

Antes causava medo, mas depois R. passou a gostar dos exercícios de ficar deitado,
chegando a verbalizar para a terapeuta que o exercício de ficar deitado era melhor do
que ficar sentado ou em pé. Assim, começou a apresentar-se mais confiante e com mais
força em sua própria base e consentiu a iniciar as verbalizações a respeito do abuso
sexual em suas nuances.

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BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE │ UNIDADE III

De início ele proferiu que havia gostado da brincadeira sexual e atroz de seu irmão,
entretanto, gradativamente, ele demonstrou que ficava muito irrequieto e provocado
em anunciar essas questões. Cabe destacar que essa criança até então não havia tido
seus limites respeitados, portanto, era de fundamental importância que se aplicasse
nessa terapia exercícios que trabalham limites.

Assim, ele foi encorajado pela equipe de Halsen a decompor a sala com travesseiros e
cobertores. Ele deveria andar pelas bordas da sala, topando seus pés ao chão e devendo
gritar a palavra não!

De repente, ele caia ao chão, como se toda sua energia constituísse perdida. Nesse
compasso, ele se apresentava tristonho e, a partir disso começa a regredir. Quando
acontecia isso, ele era orientado e recebia estímulos de encorajamento a fim de que
pudesse andar na posição de quadrúpede, ou seja, com suas mãos e joelhos. No entanto,
pausadamente, ele recuperava sua energia nos pés e erguia-se novamente.

Foi mencionado nesse relato clínico da equipe de Halsen, que não existia melhoria
fiel na terapia. Um exercício que um dia podia acomodar divertimento e emoção de
entusiasta, porém, em uma outra sessão posterior a que ele teve progresso, incidia
emoções de flagelo. Ele discorria com excesso pesadelos que tinha e se pronunciava a
respeito do irmão que abusou dele.

Também acontecia de, em determinados momentos, ele está desanimado e não desejar
fazer qualquer tipo de exercício terapêutico que proposto. Essa situação era respeitada
pelos profissionais como um sinal de desenvolvimento de sua desenvoltura de opinar a
respeito do que era apropriado para ele.

Cabe destacar que os movimentos sexualizados surgiam de momentos em momentos


durante os exercícios nas sessões. Ele chegou a indagar a terapeuta por diversas vezes
se ela gostava dele e se o amava. Nesse compasso, quando ela pronunciava que sim, ele
indagava por qual razão ela não fazia sexo com ele. Ela elucidava para R. a distinção entre
pessoas adultas e crianças e afirmava que, quando ele crescesse, poderia conhecer uma
garota, namorar com ela e, assim, ter atividade sexual com ela; todavia, presentemente,
ele necessitava ser criança, aproveitar tudo que essa fase oportuniza a ele e ser tratado
como toda criança merece ser cuidada.

Também foi possível conhecer por meio desse caso que, com o passar do tempo, em
terapia com a abordagem bioenergética, R. foi se desenvolvendo e sendo capaz de
noticiar emoções como contentamento, coragem, fúria e dor, o que, em determinados
momentos, chegava a mencionar que era possível a terapeuta observar que ele era tão
forte quanto uma placa de aço; e completava dizendo que era tão fraco anteriormente

53
UNIDADE III │ BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE

e naquele instante já se sentia muito vigorado e com muita força. Você pode ver isso?
Menciona-se que seu corpo e seu jeito de se mexer modificaram bastante, como, de
igual modo, havia sido alterado a expressão em seu semblante e olhar.

Ele começou a frequentar a instituição de ensino, logo após estar em tratamento por
aproximadamente dois anos, ele mencionava que jamais abandonaria o seu tratamento
terapêutico. R. demonstrou contentamento em poder ir para uma escola assim como as
demais crianças, também, nesse período havia começado a dar sinais de que estava se
identificando com seu pai adotivo. Seu tratamento seguiu ainda por um longo período.

T1. Caso da menina A., outro caso clínico de


atendimento à criança na mesma clínica e
com a mesma equipe que atende o caso do
menino R.

Trata-se da criança A., menina que foi encaminhada pela escola que estudava para que
essa equipe de Halsen pudesse desenvolver algum tipo de intervenção terapêutica.
Quando ela chegou para iniciar as intervenções, de prontidão, queria se esconder,
puxando a roupa para cobrir a cabeça, tinha o hábito de chupar o dedo polegar e,
consecutivamente, admitindo que outras crianças que também faziam o tratamento
nesse mesmo local adentrasse à sala terapêutica antes que ela. A seguir, será apresentado
um pouco do histórico de vida familiar da menina A.

A. tinha duas irmãs mais novas que ela e que conviviam com sua mãe, a qual se apresentava
dedicada e afetuosa, mas imatura e inábil no que diz respeito aos cuidados básicos que
a criação de crianças requerem. Essa mãe havia se divorciado do pai das meninas já
fazia alguns anos, e esse pai estava desempregado; além disso, era dependente químico
e havia praticado abuso sexual contra as próprias filhas.

Quando A. já estava em atendimento terapêutico pela equipe de Halsen, o pai dela,


dentro desse período, admitiu que havia praticado abuso sexual contra suas próprias
filhas. Tal confirmação soou como um grande conforto para a menina A., tendo em
vista que até esse instante, culpava-se pelo fato de seus pais não estarem mais juntos
enquanto marido e mulher.

Em relação aos aspectos corporais de A., cabe informar que ela é magrinha, sem
muita expressão corpórea. Seu jeito de ser e sua conduta comportamental, em passo
acelerado, modificaram de cordial e afetuosa para se tornar uma criança ora dependente
e incontestável, ora se colocando como uma criança que rejeita as pessoas e ainda é

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BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE │ UNIDADE III

agressiva. Em determinadas ocasiões, ainda assume postura mais “adultizada” para


tomar conta de suas irmãs – como a mãe ambicionava.

Ainda a respeito dos aspectos comportamentais percebidos em A., em determinadas


circunstâncias, comportava-se feito um bebê de colo; em outros momentos, como
uma adolescente imatura de sexualidade afloradíssima e com muito jogo de sedução,
tentando, inclusive, seduzir os adolescentes do gênero masculino que também eram
submetidos a tratamentos terapêuticos nessa mesma clínica.

É uma criança que descreve as pessoas adultas de forma ambígua, ora como pessoas
más, ora como pessoas boas. Em relação a sua adaptação ao processo terapêutico,
prontamente relatou ter gostado da terapia corporal. Além disso, a equipe se surpreendeu
com ela, visto que o contato dela com o próprio corpo era muito mais apurado do que os
terapeutas puderam imaginar.

Os exercícios que foram inicialmente introduzidos nas sessões terapêuticas de A. foram


na modalidade de exercício de distância. Ela era capaz de pronunciar que distâncias
faziam bem para ela. A menina A. mencionou, em uma determinada sessão, que, quando
permanecia na posição quadrúpede (apoiada em suas mãos e joelhos), sentia uma
energia vinda de seus ombros e da parte superior do corpo, mas se sentia mais fraca nas
partes inferiores. Outro tipo de exercício aplicado em suas sessões de terapia, e que ela
demonstrava muita satisfação e alegria em fazer, foram os exercícios de crescimento.

Ela persistia em permanecer baixa por um momento e determinava ela própria quando
crescer. Outro exercício que a equipe da clínica de Halsen aplicou foi o de expressão,
em que A. ficava deitada de costas e devia promover chutes em travesseiro na direção
do terapeuta para que esse pudesse segurar.

Em um primeiro momento A. se abdicou de fazer o exercício, quando o terapeuta


indagou se ela sabia o porquê de não querer fazê-lo, ela se pronunciou de forma a não
se definir pelo sim nem pelo não, ou seja, dava a entender que ela sabia o porquê de
não querer fazer, mas que não queria dizer quais eram os motivos da negação quanto
ao exercício.

Obviamente A., precisamente, percebeu que esse tipo de exercício se encontrava


interligado à situação de abuso sexual proferido pelo seu próprio pai e, no mesmo
compasso, aclararia suas emoções abafadas por ele. Contudo, foi mencionado por
esta equipe, que, em uma outra sessão terapêutica, posterior a essa, ela expressamente
solicitou o exercício e assentou muita força, potência e fúria no desenvolvimento dele.

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UNIDADE III │ BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE

De momentos em momentos, durante algumas sessões, a menina A. regredia e assim


passava a chupar dedo, e, às vezes, tinha atitudes de morder colchões, almofadas e
travesseiros que faziam parte da sala terapêutica. Em determinadas ocasiões, durante
as sessões, eram dados a ela outros tipos de objetos para que pudesse morder, tais
como toalhas, chegando a indagar, com um largo sorriso no rosto, ao terapeuta se ele a
autorizava a morder aquela toalha na intensidade que ela gostaria de fato morder.

A própria criança, com esse movimento, conseguia sentir a força vinda de seu maxilar e
de sua carga dentária enquanto o terapeuta fazia o movimento de puxar para si a toalha
que estava na boca de A. Por fim, gradativamente, a menina foi sendo capaz de acolher
e tolerar seus intensos anseios e comiserações e ainda de conseguir agregar e expressar
esses sentimentos de forma mais abertamente ao avesso de abafá-los e/ou dissociá-los.

Caso da menina C., caso terapêutico de


atendimento à criança na mesma clínica e
equipe que atende o caso do menino R. e da
menina A.

Trata-se do caso da garota C., que tinha nove anos de idade. Ela deu entrada para
atendimento na clínica e permaneceu por quase 12 meses internada. Fazendo uma breve
comparação entre a situação terapêutica das duas crianças descritas anteriormente
com a da garota C., esta última apresentava menos distúrbios do que respectivamente
o menino R. e a menina A.

C. foi encaminhada para tratamento na clínica por apresentar uma encoprese crônica. O
seu quadro clínico era de reiteradas infecções no sistema urinário, tendo sido internada
e tomado alta hospitalar quando completou 4 anos de idade. A primeira ocasião que
ocasionou sua internação hospitalar aconteceu quando seu irmão nasceu e foi tomado
pela família como uma criança normal e perfeita. Foi ressaltado, nesse relato do caso de
C., que seus respectivos pais desistiram e a rejeitaram. Eles enfrentaram essa encoprese
como uma ação hostil dela contra eles. Assim, o processo terapêutico, a partir da análise
corporal, iniciou-se com a introdução de exercícios que pudessem levá-la a movimentos
de segurar e soltar.

Nesse compasso, durante a execução dos exercícios, era solicitado que ela fizesse
movimentos de prender a respiração e aguardar o comando para soltar essa respiração
represada. Assim, o terapeuta segurava o pulso de C. e ela proferia gritos como se
quisesse se libertar de uma pessoa que estivesse a aprisionando e/ou fazendo-lhe mal.

56
BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE │ UNIDADE III

A equipe ainda destacou que todo o empenho dos terapeutas foi com o intuito de
auxiliá-la a manifestar seus sentimentos e colocar de forma categórica até esgotar
toda a agressividade que ela reprimia. Em certa ocasião, ela de repente pronunciou
algumas palavras de baixo calão. Essa situação foi considerada um ponto de reversão e,
na sequência desses xingamentos, a menina C. passava a se comportar de forma menos
tensa e mais calma.

Destaque-se outro exercício que a ajudou: andar nas suas nádegas, auxiliando-a a sentir
mais sensações corpóreas nessa determinada parte de seu corpo. O que persistia a ser
complexo para ela era receber carinho, apoio e delicada massagem do terapeuta.

Cabe destacar que ela também demonstrava ter muita dificuldade em solicitar ajuda.
Pausadamente ela foi desenvolvendo a capacidade de expressar mais sentimentos de
ódio e raiva. Era perceptível que ela, ao usar as almofadas e/ou travesseiros da sala
terapêutica, conseguia ficar mais tranquila e ainda se colocava de uma forma como se
quisesse negar algo de ruim que pudessem ter feito contra ela.

Considerações a respeito do caso de acordo com


os autores

A situação geral de C. melhorou. Ela se sentia descarregada, conforme seus problemas


eram trabalhados. Nesse sentido, o trabalho bioenergético foi de grande importância à
C., e à família dela foi oferecida terapia familiar sem internação. R., pelo que pudemos
perceber, ainda permaneceu em atendimento terapêutico, mas, foram considerados
grandes avanços em seu tratamento.

Quanto à menina A., também foi percebido pela equipe terapêutica da clínica de Halsen
o quanto ela conseguiu se tornar mais espontânea e verbalizar seus temores e emoções
com mais naturalidade, sem dificuldade em se expressar, tornando-se uma criança com
a sexualidade mais equilibrada e adequada para a fase da infância e, ainda, livre do peso
que carregava em seu corpo em relação à culpa que sentia durante anos antes da terapia
pela separação de seus pais.

Resumindo, é importante frisar que as pessoas tratadas com essas práticas necessitam
permanecer com o acompanhamento dos profissionais de medicina, enfermagem.
Além disso, devem realizar os exames específicos e cuidados de outras especialidades
que cada caso e/ou enfermidade exigir.

57
UNIDADE III │ BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE

Para mais conhecimento a respeito do assunto apresentado neste capítulo,


recomendamos as leituras a seguir.

» A análise bioenergética em um CAPS: reflexões de uma pedagoga,


disponível em: https://ligare.psc.br/wp-content/uploads/2017/05/
A-ANALISE-BIOENERGETICA-EM-UM-CAPS-REFLEXOES-DE-UMA-
PEDAGOGA-Ivanilda-Antunes-Vasconcelos.pdf.

» Glossário temático práticas integrativas e complementares


em saúde, disponível em: http://docs.bvsalud.org/
biblioref/2018/08/910958/glossario-tematico-praticas-integrativas-e-
complementares-em-saude.pdf.

58
CAPÍTULO 2
A psicoterapia corporal à prática
integrativa

As Práticas Integrativas e Complementares (PICS) de acordo com Brasil (2018) são


tratamentos que empregam soluções terapêuticas fundamentadas em informações
clássicas, destinadas à prevenção de diferentes enfermidades, tais como depressão
e hipertensão arterial. Em determinados episódios, ainda podem ser usuais em
tratamentos paliativos de certas enfermidades crônicas.

No Brasil, o debate sobre as práticas integrativas e complementares iniciou-se ao


final da década de 1970, posteriormente à declaração de Alma-Ata e convalidada,
especialmente, na década de 1980 a partir da 8ª Conferência Nacional de Saúde, que
se conjecturou como ambiente fidedigno de visibilidade das questões e precisões em
relação à saúde da população brasileira, que necessitava ter nova forma de atenção
em saúde, de modo que esse novo modelo pudesse contrapor a lógica que permanecia
no Brasil que era de ofertar saúde ainda não universal, conforme se proclamou na 8ª
Conferência Nacional de Saúde (BRASIL, 2018).

Dessa maneira, houve, no Brasil, intensos debates para se colocar a saúde como
direito social, de caráter universal e não contributiva, de modo que fossem ofertados
atendimentos de cuidado o autocuidado, tanto em prevenção e promoção à saúde
como de recuperação, primando pelo bem-estar físico, mental e social como aspectos
categóricos e condicionantes da situação de saúde da população.

Assim, todo o clamor dos movimentos sociais e as negociações com o poder executivo e
legislativo, o que foi deliberado no ano de 1986 na 8ª Conferência Nacional de Saúde,
tornou-se efetivo com a promulgação da Constituição Federal de 1988, a qual estabeleceu
a saúde como direito social em seu art. 6º e, ainda, como política de seguridade social,
de modo que é dever do Estado ofertar três níveis de atenção e cuidado à saúde com
caráter não contributivo e universal.

Além disso, foi estabelecido que a oferta de saúde deveria ser organizada mediante
Sistema Único de Saúde (SUS) e que, após dois anos da promulgação da Constituição,
o Estado brasileiro sancionaria a Lei n. 8.080/1990, referente à Lei Orgânica da Saúde
(LOS), materializando, assim, o assinalado e referendado pela Constituição Federal
sobre como deveria ser o atendimento em saúde pública para os cidadãos brasileiros
e/ou aqueles que pudessem precisar de atendimento em saúde mesmo não sendo
brasileiro.

59
UNIDADE III │ BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE

Presentemente, o SUS oferta, de forma integral e gratuita, procedimentos de Práticas


Integrativas e Complementares (PICS) à população. Os atendimentos começam nos
serviços da atenção básica.

De acordo com a publicação do Ministério da Saúde (2018), evidências científicas têm


mostrado os benefícios do tratamento integrado entre medicina convencional e práticas
integrativas e complementares. Ademais, existe crescente número de profissionais
habilitados e certificados e maior valorização dos conhecimentos tradicionais em que
se ocasionam ampla parte dessas práticas integrativas.

Para saber mais a respeito do que estamos estudando neste capítulo,


recomendamos as leituras a seguir.

» Quais são as práticas integrativas e complementares (PICS)?


Disponível em: https://institutolongtao.com.br/blog/2019/05/31/
quais-sao-as-praticas-integrativas-e-complementares-pics-por-
ministerio-da-saude/.

» Benefícios da psicoterapia corporal integrativa, disponível em:


https://alubrat.org.br/beneficios-da-psicoterapia-corporal-
integrativa/#:~:text=Uma%20maior%20sensa%C3%A7%C3%A3o%20
de%20vitalidade,movimentos%20e%20na%20auto%20express%-
C3%A3o.

» SUS: avanços na inclusão de práticas integrativas, disponível em:


https://revistamedicinaintegrativa.com/sus-avancos-na-inclusao-de-
praticas-integrativas/.

Cabe destacar que o país se tornou referência mundial na área de práticas integrativas
e complementares na atenção básica. Essa modalidade de atendimento com várias
práticas terapêuticas atua para a prevenção e promoção à saúde com o propósito de
impedir que os indivíduos sejam acometidos por alguma enfermidade.

Quando imperioso, as PICS podem ser usadas para mitigar sintomas bem como
cuidar de pessoas que já atravessam situações de doenças e que precisam se manter
em tratamento, ensejando, assim, mais uma alternativa a ser usada no processo de
tratamento de saúde dessas pessoas, o que pode, seguramente, ofertar mais conforto e
promover o bem-estar.

O governo federal, para oportunizar e afiançar a atenção integral à saúde por meio
das PICS, sugeriu ajuizar em conjunto com os gestores municipais e estaduais de
saúde conselhos de categorias profissionais consideradas profissões da área da saúde,
60
BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE │ UNIDADE III

associações da sociedade civil que lutam em prol do SUS, conselhos municipais, estaduais
e nacional, universidades e faculdades e usuários do SUS. Uma política pública social
constante que avaliasse não somente os mecanismos naturais de cuidado e prevenção
de agravos e recuperação da saúde, mas a concepção expandida e universal do processo
saúde versus doença, que incide na promoção universal do cuidado à saúde humana.

Nesse sentido, ao passo que os diálogos se aprofundavam no que diz respeito às


dificuldades atribuídas à concretização do processo de implementação desse novo
modelo de ofertar saúde (práticas integrativas), o departamento de atenção básica do
Ministério da Saúde organizava documento normatizador para institucionalizar os
conhecimentos dessas práticas integrativas na rede pública de atendimento de saúde e
suscitar políticas, programas e legislações nas três esferas governamentais – municipal,
estadual e federal.

Por fim, o Ministério da Saúde (2018), sob um olhar cauteloso, consensual e respaldado
nas diretrizes da OMS, aprova, então, por meio da Portaria-GM/MS nº 971, de 3 de
maio de 2006, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde
(PNPIC).

Para mais conhecimento, recomendamos as leituras a seguir.

» Análise bioenergética: uma revisão integrativa dos aportes


teóricos e das metodologias de investigação utilizadas no campo,
disponível em: https://psicorporal.emnuvens.com.br/rlapc/article/
view/63.

» Projeto inclui terapia corporal na lista de tratamentos do


SUS, disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/
materias/2018/07/19/projeto-inclui-terapia-corporal-na-lista-de-
tratamentos-do-sus.

61
CAPÍTULO 3
Princípio funcional

Com o princípio fundamental de que mente e corpo são uma unidade, o conceito de
energia e o resgate da autorregulação do organismo tornam-se fundamentais para que
aconteça a conexão dos fatores físicos, sociais, emocionais etc. que afetam o ser humano.

A energia está envolvida em todos os processos da vida humana – nos movimentos,


sentimentos e pensamentos – e se desponta numa unidade concebida pela carga e
descarga ou, em diversos termos, pelo compasso adequado da estrutura do organismo
humano de fazer movimentos de se abrir e se fechar (REICH, 1998). De modo análogo,
o conceito de energia tratado por Lowen equivale a uma força que percorre o ser vivo,
advinda da combinação entre diversos elementos, como os componentes apresentados
na Figura 9.

Figura 9. Combinação de vários elementos atrelados ao conceito de energia.

Respiração Alimentação

Movimento
Sentimentos corporal

Interações do
Contato com a sujeito com o
realidade meio em que
está inserido

Fonte: elaborado pela autora baseado (JÚNIOR, 2016).

Cabe ressaltar que todos esses componentes apresentados, trabalham de forma contínua
e sequencial, ou seja, de modo associado, portanto cada qual está interligado um ao
outro para juntos fornecerem energia ao corpo humano segundo a concepção de Lowen
que Junior (2016) nos apresentou.

62
BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE │ UNIDADE III

Basta notar que a vida se sustenta em vinculação a um devotado influxo de energia


vital e de uma descarga análoga deste. O nível de descarga energética escasso pode
encontrar-se conexo à inquietação, que se desponta como ansiedade em decorrência
das inibições da sua expressão, que submergem empecilhos à descarga das emoções.

Para saber mais, recomendamos a leitura:

Bioenergética, disponível em: https://namu.com.br/portal/o-que-e/


bioenergetica/.

Portanto, todo o indivíduo é uma arena vibratória de forças com clara circulação
energética, com a maior parte dos distúrbios de saúde calhando em razão de um
desequilíbro nos métodos de carga e descarga das energias mais basais que circundam
no organismo, que se refletem no compasso respiratório e no mau funcionamento
do metabolismo, além da perda de motilidade e de flacidez e/ou rigidez nos corpos
humanos.

Em resumo, a angústia, a dor e/ou a insatisfação conhecida pelo sujeito são produtos
de uma pressão empregada pela força de um acometimento de impulsos que se fazem
em direção a sensação de prazer e bem-estar, que, por sua vez, encontra-se com uma
dificuldade no fluxo natural de energia no corpo como se promovesse um bloqueio do
livre trânsito dessa energia corporal.

Para maior aprofundamento do tema proposto, recomendamos a leitura do


texto a seguir:

» Análise funcional: definição e aplicação na terapia analítico-


comportamental, disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S1517-55452003000200006.

63
O CARÁTER
EM RELAÇÃO UNIDADE IV
NA ANÁLISE
BIOENERGÉTICA

CAPÍTULO 1
As clínicas social e psicoterapia
corporal

As clínicas sociais asseguram o caráter sócio-político por afirmar diferentes modos de


existência, possibilitando, por intermédio do processo psicoterapêutico, a ampliação da
consciência de si, do outro e do mundo.

A clínica social tem como proposta a horizontalidade na relação terapêutica. Os


terapeutas atendem em diferentes regiões e realizam atendimentos on-line.

Aplicação da bioenergética na clínica social


De acordo com o site Análise Bioenergética (s/a), por meio de sua publicação a respeito de
clínicas sociais com ênfase na aplicabilidade da terapia de bioenergética, o atendimento
tem como desígnio permitir às classes mais vulneráveis social e economicamente da
sociedade – sejam crianças, adolescentes e/ou adultos ou ainda na forma individual e
grupal – o acesso à psicoterapia nas suas distintas atenções.

Contemporaneamente, esse serviço, abalizado na análise bioenergética, expandiu-se


com uma abordagem de prevenção e manutenção da saúde biopsicossocial. O trabalho
estende-se para gestantes, empresas, escolas, com o uso de exercícios da bioenergética
que ajudam as pessoas a lidarem de modo mais saudável com as exigências do
mundo atual e a manterem-se groundings, localizadas e vivas (SITE ANÁLISE
BIOENERGÉTICA, S/A).

Para saber mais a respeito do que estamos estudando neste capítulo, acesse:

64
BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE │ UNIDADE III

» Clínica social e psicoterapia corporal, disponível em: https://www.e-


galaxia.com.br/produto/clinica-social-e-psicoterapia-corporal/.

» A origem e a trajetória da psicoterapia corporal: desafios da


formação do psicólogo clínico em análise bioenergética, disponível
em: https://repositorio.usp.br/item/001241425.

» Estases energética do corpo e mente, disponível em: https://books.


google.com.br/books?id=wX0tViyB5LUC&pg=PA38&lpg=PA38&dq=Estases+
energ%C3%A9tica+do+corpo+e+mente&source=bl&ots=0dcGdUOfmT&sig=ACf
U3U1CuNYusEbUTHcpSQb0PpVn76JU9Q&hl=pt-BR&sa=X&ved=2ahUKEwiYnYK5-
9npAhVdHbkGHezgBlQQ6AEwBHoECAwQAQ#v=onepage&q=Estases%20
energ%C3%A9tica%20do%20corpo%20efalse.

» Limpeza energética é técnica usada para reequilibrar corpo


e mente, disponível em: https://www.uai.com.br/app/noticia/
saude/2016/03/28/noticias-saude,190435/limpeza-energetica-e-
tecnica-usada-para-reequilibrar-corpo-e-mente.shtml.

» Corpo, mente e fluxo energético? Disponível em: https://www.isaude.


com.br/noticias/detalhe/noticia/corpo-mente-e-fluxo-energetico/.

Ainda segundo o site Análise Bioenergética (s/a), compreendemos que é


imprescindível desenvoltura e cuidado do terapeuta na aplicação do valor a ser
cobrado do paciente, visto que estamos nos referindo, sobretudo, a um atendimento
a pessoas em situação de vulnerabilidade social e econômica. Outra questão é a
dificuldade que incide em abalizar o teor subjetivo do fato de modo concreto
Assim, é necessário atenção para que o recurso financeiro não se torne artefato de
manipulação.

É preciso, portanto, ficarmos atentos, visto que, é possível ter situações em que a
pessoa tem condições financeiras favoráveis e quer de toda a forma manipular o
terapeuta, alegando não possuir meios financeiros para auferir o devido pagamento
referente às sessões terapêuticas, o que é considerado uma forma de exploração por
parte do paciente que se porta assim com relação ao profissional terapeuta (SITE
ANÁLISE BIOENERGÉTICA, S/A).

De igual modo, pode acontecer de, durante o procedimento, o terapeuta entender


que o valor estipulado não é o justo; após análise simbólica, o contrato é revisto.
Aferimos que as clínicas sociais abarcam sujeitos com máximas dificuldades
financeiras, os quais mesmo um valor simbólico exige investimento e motivação para
que sejam superadas as resistências.
65
UNIDADE III │ BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE

Os indivíduos que ultrapassam esse período inicial e mergulham no processo,


evidenciam mudanças ajuizando na busca da melhora de vida também financeira,
por meio do resgate da autoconfiança e do direito de viver mais honrada e
prazerosamente.

De acordo com o site Análise Bioenergética (s/a), buscar por clínicas sociais traz
à tona a situação de privação em que vivem essas pessoas. Socialmente, elas se
sentem inferiores, injustiçadas, marginalizadas, com sofrimentos por conta de
diversas formas de ataques e preconceito, seja por questões de raça e/ou etnia, seja
porque são moradores de regiões periféricas, entre outras situações. Dependendo da
história de cada um, outros sentimentos preponderam, como menos-valia, fracasso,
vergonha, humilhação.

No método terapêutico bioenergético, a partir da realidade prática, é imprescindível


trazer à tona os anseios subjacentes, a ligação com a história de vida e a história
relacionada ao sistema familiar que da qual o indivíduo faz parte, para que, na
medida em que se trabalhe bioenergeticamente, a pessoa possa abrir possibilidades
de mudanças na relação com o self, com o mundo e com o existir.

Destarte, para muitos desses indivíduos, a melhora terapêutica se comprova


também na melhora da qualidade de vida e da condição social. Na proporção que os
conteúdos inconscientes são elaborados e trabalhados, as pessoas tomam posse do
corpo, da sexualidade, dos afetos, canalizando energia na direção de uma vida mais
digna. Na nossa experiência, algumas pessoas começaram a buscar por trabalhos
complementares e/ou descobriram talentos a serem potencializados.

Caso clínico que pudemos ter acesso por


meio do site Análise Bioenergética
Trata-se de jovem, à época do atendimento, de religião protestante, solteira, 26 anos,
que nunca tinha tido relações sexuais, professora do ensino fundamental – auferindo um
salário mínimo –, e que soube da existência de uma clínica social em sua comunidade.

Ela era demasiadamente acanhada, muito tímida e ainda não demonstrava qualquer
expectativa em relação à própria vida. Além disso, morava com os pais e sua vida
circulava em torno da religião. Não namorava, não saia para passear com amigos nem
praticava esporte algum, entre outros prazeres da vida. Seu tratamento terapêutico, que
durou quatro anos, foi iniciado na clínica social com preço considerado “simbólico”.

66
BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE │ UNIDADE III

Como resultado do trabalho terapêutico desenvolvido, a jovem tomou consciência por


si mesma do modo como ela conduzia a vida, fazendo com que ela rompesse com a
opressão promovida pela religião e por líderes religiosos da igreja que frequentava, o
que, na verdade, não tinha sido escolha dela, mas, como muitas pessoas, algo imposto
pela família desde a infância.

Gradativamente, ela foi acendendo para a vida, apoderando-se do próprio corpo e,


no mesmo compasso, da própria sexualidade, o que a levou a se permitir ter relações
sexuais independentemente de se casar para usufruir do ato sexual.

Profissionalmente, começou a buscar cursos que a desenvolvessem e, para ajudar no


custeio de seus estudos e terapia, começou a fazer artesanato. Concluiu o curso de
licenciatura em Pedagogia e participou de um curso de bioenergética. Na ocasião final
da terapia, ela foi residir em outra cidade, para assumir a gestão escolar de determinada
escola naquela nova cidade.

O que se pode perceber é que essa jovem, após todo o procedimento feito em favor
dela nessa clínica social, conseguiu se tornar uma pessoa mais independente, mais
autônoma, mais dona de si, além de demonstrar estar bem consigo mesma e na carreira
profissional.

Em relação aos terapeutas que atendem no projeto, percebemos que é irrelevante o valor
pago pelos clientes socializantes, desde que seja proporcional à condição financeira
deles. É imprescindível apreender quando o dinheiro é instrumento de manipulação,
de exploração ou como uma forma de ser especificamente especial.

O procedimento terapêutico, dentro de um projeto social como esse que compõe as


clínicas sociais, exige acompanhamento constante do processo, nas suas peculiaridades,
para que atenda aos desígnios sugeridos de tornar acessível às pessoas economicamente
mais vulneráveis socialmente abordagem terapêutica capaz de torná-las mais vivas,
saudáveis, com o direito de ser e existir.

A bioenergética aplicada a uma comunidade carente é o exemplo de outra experiência


de clínica social em atendimento a famílias de agricultores no Estado do Pernambuco/
PE, trata-se de caso que tivemos acesso também mediante consulta ao site Análise
Bioenergética (s/a).

O caso é referente a grupos familiares de agricultores que ocuparam um canteiro de


obras do Departamento Nacional de Obras (DNOCS), que havia sido abandonado depois
da construção de uma barragem para evitar as enchentes, frequentemente ocorridas na
região.

67
UNIDADE III │ BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE

As mulheres trabalhavam nas atividades domésticas, na agricultura bem como pescavam


num lago onde existia a comporta da barragem, correndo riscos de vida em razão da
precariedade e falta de segurança na mesma.

A comunidade, de aproximadamente duzentas pessoas, incluindo homens, mulheres e


crianças, vivia com todas as dificuldades inerentes à situação social, uma Organização
da sociedade civil (OSC) desenvolveu um projeto denominado de Projeto Peixe, que
tinha por finalidade oportunizar às mulheres atividades produtivas e geradoras de
renda, que ocasionassem a melhoria da comunidade.

Aproximadamente 40 mulheres participaram ativamente desse projeto social que, além


da atividade de pesca, ofertava outras atividades complementárias, tais como criação
de patos, casa de farinha, hortas comunitárias etc.

O projeto foi financiamento por uma agência de fomento internacional que pôde
subsidiar verba para a instalação de toda a infraestrutura, limpeza do açude, montagem
da casa de farinha e obtenção de equipamentos como:

» veículo;

» balança

» freezers, entre outros materiais.

Ainda segundo o site, o grupo responsável por essa ação de tratamento terapêutico
na lógica de clínica social tinha um prazo de dois anos para organizar, orientar e
assessorar as mulheres na implantação e no desenvolvimento do projeto. Após esse
tempo, a expectativa seria de independência da comunidade, ficando a OSC com a
responsabilidade de supervisão ao desenvolvimento das ações empreendidas em torno
da agricultura familiar.

Assim, foi desenvolvido esquema de negociação do peixe e da farinha que produziam


e, em seguida, foi empreendido a organização de uma creche para os filhos dessas 40
mulheres participantes da ação.

Como o projeto era voltado para as mulheres, era delas a responsabilidade e o


gerenciamento dele. Duas mulheres tiraram a carteira de habilitação, e apenas as
duas poderiam dirigir a caminhonete. A participação dos homens era apenas de
colaboradores.

À medida que as mulheres se organizavam e trabalhavam produtivamente, mudanças


aconteciam e repercutiam nos vários aspectos da vida pessoal, familiar e social. A relação
homem versus mulher foi absolutamente tocada. As mulheres estavam completamente

68
BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE │ UNIDADE III

envolvidas, seguras e felizes com a oportunidade de ter acesso a novas experiências


de valorização, conquista de espaço, assunção de poder, desenvolvimento pessoal
e, consequente, melhoria de vida. Já os homens sentiam-se ameaçados, perdidos,
confusos, excluídos e raivosos.

À proporção em que as mulheres se descobriam, elas reviam o seu papel na família e


na sociedade. Algumas delas começaram a se reconhecer como pessoa que tem corpo,
sexualidade, desejos e voz. Os valores eram afetados e o modelo patriarcal estava sendo
estremecido devido à autoconfiança que as mulheres passaram a adquirir e perceber a
força que existia dentro delas.

Por outro lado, os homens se constituíram de perplexidade, porque até nas relações
sexuais as mulheres estavam se comportando de modo completamente diferente de
antes da participação nas atividades do projeto, isto é, permitiam-se expressar desejos,
preferências, tomar iniciativas e dar limites; para além disso, permitiam-se não querer
ter relações sexuais quando não sentiam desejo para tal.

Nesse compasso, conforme andamento do caso clínico que o site Análise Bioenergética
nos possibilitou conhecer, os relacionamentos conjugais, bem como a sexualidade, as
mulheres e a dinâmica do sistema familiar já não eram mais os mesmos. O processo era
irreversível e os conflitos homem-mulher se afrontavam, fazendo-se necessário uma
urgente intervenção.

Tanto que alguns homens, quando se embriagavam, chegavam em casa agressivos,


demonstrando toda a indignação e o ódio por se sentirem excluídos e ameaçados com
a nova mulher. As reuniões eram tensas pelo clima de ameaça. A situação se tornava
grave, com riscos de violência ou, até mesmo, assassinato.

Foi deliberado que seria melhor, numa primeira ocasião, um trabalho com o grupo
exclusivo de homens. Aproximadamente 30 homens participaram de um encontro,
com dois psicólogos – um homem e uma mulher.

A reunião tinha como alvo trabalhar nos homens a incerteza, possibilitando se libertarem
de seus bloqueios, medos e suas inseguranças em relação ao seu papel de homem à
autonomia de suas esposas. Além disso, também se tinha como propósito de trabalho
nesse grupo, que esses homens pudessem expressar todos os sentimentos e todas as
fantasias experienciados.

No início, foram requeridos nomes e objetivos para o encontro. Definiu-se um


minicontrato para se resguardar o sigilo, além de compromissos mútuos, definição de
papéis de cada um e os limites. A proposta de trabalho foi explicada e, por meio da

69
UNIDADE III │ BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE

análise de bioenergética, iniciou-se com exercícios para se trabalhar a respiração, os


anéis, o desbloqueio das tensões, propiciado pela técnica grounding.

Nesse compasso, introduziu-se o diálogo entre pares como forma de ir criando vínculos
e quebrando as resistências. O trabalho era intercalado entre o corporal e o espaço livre
para o emergente do grupo.

A atenção dos facilitadores, segundo o site, se voltava para os sentimentos subjacentes,


que eram predominantemente de medo e de raiva. A fúria foi era expressada com
auxílio da bioenergética, com exercícios de competição, luta de poder, limites, que eram
vivenciados e trabalhados corporalmente.

Desbloqueando-se a mandíbula e estimulando-se a expressão nos olhos, dentes e


braços, muita raiva veio à tona, e só depois dessa expressão, integrada a pélvis e pernas,
é que emergiu o medo da perda, aliado à tristeza e ao sentimento de impotência.

Foi ao mesmo tempo doloroso e belo a verdade interior surgir após a expressão da
negatividade. Naquele momento de fragilidade dos homens, acontecia a verdadeira
união e o casamento do masculino e feminino, revelados no compartilhar da dor, nas
lágrimas, no afeto, no amor. Era um momento mágico de paz, de encontro existencial. Foi
uma troca de papéis, a transcendência dos sexos, a complementariedade, a esperança,
o silêncio, a Unidade.

No instante seguinte, eles começaram a conversar e perceber os aspectos positivos do


projeto: a educação para os filhos, o complemento orçamentário, o desenvolvimento da
comunidade e a melhoria da vida familiar e social.

Abria-se, nesse momento, a possibilidade de uma aproximação, e os homens começaram


a enxergar a importância de ocupar alguns espaços no projeto como colaboradores. Foi
desenvolvido o compromisso de participação nas reuniões da comunidade bem como
que homens e mulheres, juntos, deveriam se unir na direção da melhoria de todos.

O trabalho foi encerrado com os facilitadores do Libertas (instituição que originou


o caso explicitado acima) colocando-se disponíveis para um outro momento, caso
houvesse necessidade.

Avaliamos como difícil, mas muito enriquecedora, a experiência, que, na nossa


percepção, extrapolou os objetivos propostos, permitindo uma vivência arquetípica e
transcendente.

70
BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE │ UNIDADE III

Foi uma dádiva para todos que viveram aquele instante, em que as diferenças de sexo,
geração e classe social perderam o significado diante da beleza maior do brilho dos
olhos, refletindo a alegria e a esperança no encontro dos homens.

Considerações dos autores

A avaliação de uma das condutoras do projeto, segundo o site, foi que, provavelmente,
a comunidade não estava preparada para a independência e que deveria ter havido
mais trabalhos pessoais e de grupo. Mesmo assim, a experiência valeu porque todos
vivenciaram um processo educativo, em que melhoraram a autoestima, aprenderam,
desenvolveram-se e, hoje, certamente, não são mais os mesmos.

Estases energética do corpo e mente


Minasi (2018) relata que, além de ser um método de terapia, Alexander Lowen pai
da bioenergética dizia que ela era é uma teoria da personalidade, e é uma maneira de
entender a personalidade a partir de uma perspectiva não somente energética, mas
também psíquica.

A bioenergética é ainda uma maneira de entender conceitos religiosos e espirituais e,


portanto, fornecer direções para se viver uma vida espiritual a partir da perspectiva da
bioenergética. A teoria da estrutura de caráter ensina que a criança, em uma tentativa
de manter um sentido de segurança quando se sente ameaçada com a perda do amor de
um pai ou mãe, desenvolve defesas de caráter psíquicas e físicas (MINASI, 2018).

A perda do amor do pai ou da mãe é sentida subjetivamente pela criança como algo
doloroso e ameaçador e, inconscientemente, é sentida pela criança como uma ameaça
à vida. Já que ser pai ou ser mãe é um processo imperfeito, todas as crianças, até certo
ponto, experimentam uma ameaça existencial a sua vida.

Para lidar com essa intimidação a sua existência, as crianças reprimem os sentimentos de
ameaça à vida e separam esses sentimentos do seu self. Como adultos esses sentimentos
reprimidos são projetados como sentimentos em outros e/ou percebidos como forças
que vêm do universo.

Minasi (2018), ressalta que as defesas de caráter apenas mantêm ilusões de contato,
segurança e amor, amortecendo a força pulsante da vida. Desse modo, a terapia é
imprescindível para que o indivíduo contraia consciência do seu self reprimido e
bipartido.

71
UNIDADE III │ BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE

Se ele for capaz de trabalhar esses sentimentos de ameaça à vida, o adulto experimentará
seu self em um estado de graça e fluxo. Trabalhar constitui trazer os sentimentos até
o consciente, integrá-los ao self, ver os sentimentos como experiências do seu passado
como criança e tratar de acompanhar as limitações musculares e da respiração (MINASI,
2018).

A autora ainda alega que, da mesma maneira, se esses sentimentos não forem
trabalhados, o adulto experimentará o seu self em estado de estagnação e não se sentirá
em estado de graça. Isso ocorre quando o indivíduo se sente desconectado dos outros e
da vida e está tão fora de tudo que ele perceberá o demônio ou o diabo como forma do
self.

Quando as pessoas não estão em grounding no bom e no ruim como realidades que
pertencem ao self, para explicar suas percepções subjetivas, elas desenvolvem conceitos
fora do self. Esses conceitos tornam-se Deus, para representar o Deus não pertencente
ao self, e o diabo, para representar o diabo pertencente ao self.

Minasi (2018) ainda alude que mente, corpo e espírito são conceitos tradicionalmente
vistos como entidades discretas. A bioenergética vê a mente, o corpo e o espírito
puramente como díspares qualidades do self e não ensina que um pode existir
involuntariamente do outro.

As práticas religiosas veem esses conceitos como entidades distintas. Muitas práticas
ocidentais foram desenvolvidas a partir da necessidade de lidar com a extrema pobreza,
a dor e as misérias da vida. Ao fazer o espírito transcender a mente e o corpo, o self pode
obter algum alívio da dor (MINASI, 2018).

A dor que o homem moderno sente é, na sua grande parte, psicológica e inconsciente.
Assim práticas religiosas não têm técnicas para desvendar os mistérios do inconsciente.
Exclusivamente, métodos analíticos, científicos e contemporâneos e, de maneira
especial, a análise bioenergética possuem essas técnicas.

O mesmo pode ser dito das chamadas experiências passadas da vida. Repetidamente,
partes do inconsciente são trazidas para o consciente, segundo Minasi (2018), isso
acontece se esses sentimentos conscientes não forem integrados analiticamente no
self e vistos em termos de experiências pertencentes à infância, então será mais fácil
atribui-las à uma vida passada. São necessários muitos anos de muito trabalho para
integrar esses fragmentos conscientes nos sentimentos embutidos no inconsciente.

72
BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE │ UNIDADE III

Ainda segundo a autora, quando a couraça muscular é dissolvida, pelo menos


temporariamente, na sessão terapêutica, existe um fluxo livre de energia e o corpo, a
mente e o espírito se sentem integrados ao universo.

Isso ocorre frequentemente de acordo com Minasi (2018) quando as pessoas são
encorajadas a enfrentar os medos, o negativismo e as resistências. Já que a couraça
muscular é desenvolvida como uma defesa contra sentimentos que ameaçam a vida,
quando as defesas musculares são dissolvidas nos defrontamos de novo com o medo da
morte. Isto é, o paciente sente que, se ele ou ela se render, morrerá.

Ainda conforme Minasi apresenta, o mito da vida após a morte é como uma justificação
contra o medo de morrer ou se render. Se os seres humanos passam a acreditar que
existe vida após a morte então não estarão completamente se rendendo porque apenas
perderemos o nosso corpo. Esse é outro exemplo de defesa dissociativa pois, que, a
mente, o corpo e o espírito são um só.

Visto que as práticas religiosas e espirituais não têm métodos para quebrar e, por sua
vez, fazer com que as pessoas passem a encarar seus receios e temores em relação ao
inconsciente, elas mantêm o mito da imortalidade (MINASI, 2018).

Princípio da unidade funcional


Volpi (2003) ressalta que Wilhelm Reich, na década de 1920 do século passado, traçou
as bases para a compreensão analítica da unidade mente-corpo, fundamentado em uma
perspectiva vitalista – energética.

Os estudos de Reich e Lowen, segundo o que Volpi (2003) nos apresenta, levaram à
conclusão de que há uma identidade funcional do caráter psíquico com a estrutura
corporal ou atitude muscular, constituindo a personalidade, de modo que os
procedimentos energéticos mediam a relação entre o corpo e a mente do ser humano.

Desse feitio, a influência mútua dinâmica do corpo com os pensamentos, as emoções


e os anseios insinua proferir qualquer alteração na maneira de pensar, sentir e agir no
indivíduo. Encontra-se condicionada a uma modificação no funcionamento do corpo,
de modo que um reflete sobre o outro constantemente.

Dessa forma, adotando como princípio fundamental que mente e corpo são uma
unidade, o conceito de energia e o resgate da autorregulação do organismo tornam-
se centrais para que ocorra a integração dos aspectos físicos, psíquicos, emocionais e
sociais do ser humano (VOLPI, 2003).

73
UNIDADE III │ BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE

Para maior aprofundamento do tema proposto, recomendamos as leituras a


seguir.

» A percepção da fisiologia sutil na prática do yoga, disponível em:


http://repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/250855/1/
Moura_SoraiaMariade_M.pdf.

» Quietude e movimento, disponível em: https://books.google.


com.br/books?id=maBagL3Ayv8C&pg=PA116&lpg=PA116&dq=E
stases+energ%C3%A9tica+do+corpo+e+mente&source=bl&ots=
XfEEyrL9VL&sig=ACfU3U3Ii1fszSdAdkogio-KvOAs0hcjHg&hl=pt-
BR&sa=X&ved=2ahUKEwi3x5y3_NnpAhUfI7kGHfV7BRc4ChDoAT
AHegQIDBAB#v=onepage&q=Estases%20energ%C3%A9tica%20
do%20corpo%20e%20mente&f=false.

» Espiritualidades terapêuticas contemporâneas:


seus fundamentos socio-culturais e a construção de
uma corporeidade integrativa, disponível em: https://
repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/12911/1/
EspiritualidadeTerapeuticasContemporaneas.pdf.

» Conceito e classificação das síndromes energéticas: identificação


dos padrões, disponível em: http://www.profbio.com.br/aulas/
acupuntura1_08.pdf.

» Psicoterapia corporal, disponível em: https://www.luisarestelli.com/


psicoterapia-corporal.

» As clínicas social e psicoterapia corporal, disponível em: https://


books.google.com.br/books?id=7tWiDQAAQBAJ&pg=PT81&lp
g=PT81&dq=As+Cl%C3%ADnicas+Social+e+psicoterapia+corp
oral&source=bl&ots=HzuAwdKSgr&sig=ACfU3U2vE8sdK2y0aT4
BSm-75hCsUYUb2A&hl=pt-BR&sa=X&ved=2ahUKEwjh2rTg-dn
pAhWFHrkGHabHDgw4ChDoATAIegQIChAB#v=onepage&q=
As%20Cl%C3%ADnicas%20Social%20e%20psicoterapia%20
corporal&f=false.

» Minha história (Alexandre Moçores Salvador), disponível em:


https://www.alexandremsalvador.com/historia.

74
CAPÍTULO 2
O caráter em relação ao contexto
sociocultural

Ao tentar compreender o aumento dos índices de depressão na modernidade, Lowen


(1972/1983) discute a orientação para o exterior que geralmente ocorre nos indivíduos
modernos, em contraposição à orientação para o interior, resultado da fé em si mesmo
e do contato com a realidade do próprio corpo.

Na orientação para o exterior, o indivíduo está orientado para a imagem, para a ilusão,
para aquilo que os outros esperam dele, traindo sua própria verdade e a realidade do
seu corpo.

Na perspectiva do autor, nota-se que uma pessoa saudável é aquela que consegue
se orientar para si mesma e para a própria realidade, assumindo seu corpo e suas
necessidades inerentes e rejeitando as ilusões e expectativas criadas por uma cultura
de massa.

Um ponto importante entre as influências sociais e culturais e a saúde/doença está na


pressão que a sociedade exerce sobre os indivíduos para aguentarem as adversidades
sem ceder ou fraquejar. Com as pressões do ego para alcançarmos sucesso e status,
perdemos rapidamente a consciência de nossos corpos (LOWEN, 1990).

Para o autor, uma hora ocorre o inevitável colapso do organismo, como já discutido.
Essa concepção está explícita na seguinte citação: O indivíduo que “não aguenta” é
visto como fraco. Ele tornou-se condicionado por uma educação hipócrita que via no
colapso ou no fracasso um estigma moral.

Entretanto, a pessoa que não pode desabar, desistir, entregar-se e abandonar-se


é condenada a um contínuo atrito das suas energias vitais que inevitavelmente a
destruirá.

Para saber mais a respeito do que estamos estudando no presente capítulo,


recomendamos as leituras a seguir.

» Abordagem sociocultural: algumas vertentes e autores,


disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-
73722006000100015&script=sci_arttext&tlng=es.

75
UNIDADE III │ BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE

» O social e o cultural na perspectiva histórico-cultural: tendências


conceituais contemporâneas, disponível em: http://pepsic.bvsalud.
org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-11682016000300016.

Doenças causadas por estresse persistente ocasionam dores na parte inferior das
costas, artrite, doenças cardiovasculares, distúrbios gastrointestinais como úlceras,
colites e outras. Parece sensato aprender a sofrer colapsos em situações apropriadas
e desistir de conflitos desnecessários.

A queda devolve ao sujeito a segurança sólida da terra e permite que a renovão das
suas energias e forças nas fontes do seu ser. Quando necessário, o permitir-se a cair
aparece em Lowen (1972) como um indicativo de saúde, uma vez que demonstra
flexibilidade, precedendo e evitando possível colapso causado por uma postura
rígida diante das dificuldades.

Lowen,(1983) afirma que essa é uma grande necessidade das pessoas lá nos Estados
Unidos e que o aumento dos índices de depressão se encontra associado ao fato
de os indivíduos não se deixarem cair naturalmente em razão das exigências da
sociedade.

No mesmo sentido, Lowen (1990) se refere às características culturais de


competitividade, autocobrança e pressões sociais, associando-as às diversas
patologias psicocorporais que têm surgido na contemporaneidade.

Essas características serão discutidas no capítulo seguinte, na relação com as


estruturas de caráter.Esse procedimento autorizou articular os principais pontos
de discussão a propósito da relação entre corpo e mente, tanto do ponto de vista das
estruturas de caráter quanto do adoecimento (JUNIOR, 2016).

Com isso, é possivel contrair suporte para pensar as relações entre ambos, conforme
nossos objetivos. Apreendemos que a visão de Lowen é mais positiva e mais ligada
à saúde e aos processos de normalidade que envolvem o corpo e a mente.

Junior (2016), informa que são indicativos de saúde:

76
BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE │ UNIDADE III

Figura 10. Indicativos de boa saúde.

Fluidez energética
Flexibilidade

Mobilidade
Vitalidade

Alimentação

Boa respiração
Contato com o ambiente

Relações afetivas abalizadas na integração entre sexualidade e amor

Contato com a terra – grounding

Fonte: elaborado pela autora.

Junior ainda alerta que tudo o que foge aos padrões por ele estabelecidos se configura
como patologia e a própria atitude é patológica, visto que se conforma como uma
estruturação não natural, admitida pelo sujeito para se proteger de determinado fato
angustiante e traumatizante.

Para refletir no adoecimento corporal, o autor utiliza da teoria do estresse. Nesse


aspecto, a doença é estimada como uma reação derradeira a um estresse crônico,
admitindo a mesma função que o caráter, entretanto, acontece como uma medida de
emergência, quando o experimento de defesa original falha.

Lowen (1979) discute a relação entre a cultura moderna e a sanidade mental, definindo
os esquizoides como indivíduos pouco ligados à realidade. Para além de um tipo de
caráter, ele fala de um funcionamento esquizoide, que acontece quando há uma
dissociação entre prazer e atividade, comum na cultura moderna. Para tornar-se parte
da mecanização e padronização de uma produção em massa, é preciso força de vontade.

Quando a vontade se torna o mecanismo básico da ação, deslocando assim a força


motivadora normal que é o prazer, o indivíduo passa a funcionar de maneira esquizoide.

Na citação, o autor se refere à perda de identidade pessoal que ocorre com grande parte
dos indivíduos diante da cultura de massa. Também remete à falta existencial que
os esquizoides experimentam e afirma que é compensada por meio de identificações
sociais (LOWEN,1979).

77
UNIDADE III │ BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE

Em sua concepção, o esquizoide supre a carência de si mesmo com o deslocamento dos


interesses para as ações coletivas. Esse desmembramento ocorre como forma de defesa
contra a própria existência. Assim, Junior (2016) alude que a delicada transação dos
sujeitos com a realidade e com o próprio corpo é marca de uma cultura que supervaloriza
a imagem e as ilusões em detrimento de uma saudável integração entre o ego e o corpo.

Nada obstante a fragmentação apontada por Lowen (1977) é excitada pela sociedade
contemporânea, bombardeada a toda ocasião pelas demasiadas informações e por
novas e multíplices menções que são apresentadas aos sujeitos.

Contudo, nesse aspecto, a cultura atual contribui cada vez mais com as formas de
adoecimento ligadas à experiência do vazio, do desamparo e da falta de limites.

Para complementar seus estudos, recomendamos as seguintes leituras:

» O caráter em relação ao contexto sociocultural, disponível em:


https://books.google.com.br/books?id=5hvWCwAAQBAJ&pg=
PT62&lpg=PT62&dq=O+Car%C3%A1ter+em+Rela%C3%A7%C
3%A3o+ao+Contexto+Sociocultural.&source=bl&ots=KHWfhS
k4Yz&sig=ACfU3U0DGqC30yKDJzh8HhWs3eVDLnfxYQ&hl=pt-
B R & s a = X & v e d = 2 a h U K E w j Yg N n c _ 9 n p A h X T L L k G H e r O D y E
Q6AEwA3oECAYQAQ#v=onepage&q=O%20Car%C3%A1ter%20
em%20Rela%C3%A7%C3%A3o%20ao%20Contexto%20So=false.

» Vidas secas denuncia o descaso social e a exploração humana,


disponível em: https://jornal.usp.br/cultura/vidas-secas-denuncia-o-
descaso-social-e-a-exploracao-humana/.

» Pré-modernismo, disponível em: https://www.todoestudo.com.br/


literatura/pre-modernismo.

78
CAPÍTULO 3
A relação entre o ego e o corpo

No contexto da saúde e do adoecimento, dois aspectos se mostram importantes para se


destacar na relação entre ego e corpo. Primeiramente, o autor define os dois extremos
da estruturação do ego em relação a sua força, utilizando o conceito de força egóica em
contraposição ao de fragilidade egóica.

Nascimento (2012) relata que Lowen (1975/1982) utilizava esses termos para se referir
a um ego que é mais ou menos capaz de mediar os conflitos entre a realidade interna e
a externa, de modo que, se o ego é forte e estruturado, é mais capaz de criar e utilizar
recursos para mediar os conflitos existentes. Indivíduos com baixa estruturação egóica
podem ter dificuldades para a elaboração simbólica dos conflitos.

Nesses casos, há poucos recursos para enfrentar as situações estressantes da realidade,


podendo entrar em colapso e adoecer. Essa contraposição entre força e fragilidade
egóica pode ser observada abaixo:

Figura 11. Ego.

Ego forte:
permite que se aproveite mais a vida.

Ego fraco:
diminui a capacidade de sentir prazer.

Fonte: elaborado pela autora.

Outro aspecto fundamental que Júnior (2016) destaca está relacionado à integração ou
dissociação entre o ego e o corpo. Lowen (1983 apud JUNIOR, 2016) promoveu debate
a respeito do nível de assimilação do sujeito com o seu ego e o próprio corpo. Para ele, o
sujeito que se acomoda com o ego está conectado a conceitos, feitios racionais e ilusão
e tem visão patológica a respeito do fato vivenciado.

Em contrapartida, o nível de vinculação da pessoa com seu corpo, com a sua sexualidade
e com o grounding é alusivo à saúde e consegue elaborar determinadas acepções que
podem ser observadas, conforme a seguir (LOWEN, 1983, apud JUNIOR, 2016):

79
UNIDADE III │ BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE

» Estar ligado assim não é um ideal de saúde.

» É o mínimo de saúde.

Lowen (1988 apud JUNIOR, 2016) emprega esses tipos de acepções quando debate a
respeito da postura narcísica, mostrando a necessidade de se ter a percepção sobre o
corpo e que essa percepção venha a combinar com o conceito que se tem dele, já que
não é de modo contínuo que o modo como a pessoa se entende é coerente com o que ele
legitimamente é.

Para saber mais, recomendamos a leitura dos textos a seguir.

» O corpo em psicanálise, disponível em: https://www.scielo.


br/scielo.php?pid=S0102-37722006000200014&script=sci_
arttext#:~:text=Em%20O%20ego%20e%20o,a%20
proje%C3%A7%C3%A3o%20de%20uma%20
superf%C3%ADcie.&text=a%20conseq%C3%BC%C3%AAncia%20
imediata%20que%20a,t%C3%B3pica%20cor poral%2C%20
cent0unidade.

» Eu sou meu corpo: o conceito de eu em Freud e de self em Damásio,


disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttex
t&pid=S1517-24302010000100005.

Essa congruência acena para a autoaceitação como mais um indicativo de bem-estar.


Em compensação, a alucinação está unida à um tipo de enfermidade psicológica, visto
que existe uma desconexão entre a realidade e o self. (Lowen 1988 apud JUNIOR, 2016).

Ainda segundo Lowen (1988 apud Junior, 2016), em um indivíduo saudável, é


importante observar que esses dois tipos de identificação apresentam-se equivalentes.
Quando há carência de congruidade entre a imagem do self e nossa acepção consciente
do self, acontece então um distúrbio de originalidade na essência de determinado
sujeito. A gravidade desse distúrbio encontra-se em magnitude direta ao coeficiente de
incoerência.

Assim, com base nos estudos realizados por Junior (2016), podemos sintetizar que a
força egóica e a conexão entre o ego e o corpo encontram-se conectadas à saúde, assim
como a fragilidade egóica e a desconexão entre ego e corpo ficam ligadas ao surgimento
de alguma enfermidade. Essa posição contrária entre a conexão e a dissociação, na
analogia com o bem-estar e a enfermidade, pode se manifestar na relação entre amor
e sexo.

80
BIOENERGÉTICA: DA PSICOTERAPIA CORPORAL À PRÁTICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR EM SAÚDE │ UNIDADE III

Figura 12. Alexandre Lowen desenvolveu a bioenergética.

Fonte: https://janainacintas.com.br/mah-e-bioenergia-corporal/.

Destarte, segundo Junior (2016) a mesma força empregada para anunciar os impulsos em
direção ao deleite é ainda frequentemente empregada em determinada realidade que o sujeito
possa estar vivenciando. Essa desordem é o centro do desenvolvimento das defesas de caráter.
Nesse aspecto, o caráter é um modo de resguardar o ego de requisições antagônicas que
aparecem como ameaças interiores; questões densas do id e externos.

Junior (2016) refere a Reich (1998) dizendo que ele presta amparo aos profissionais que se
apropriam dessa forma terapêutica para compreender essa concepção sobre o caráter, que
ainda é acertada por Lowen: é em volta do ego que essa couraça se configura, em volta daquela
parte da individualidade que se estabelece na demarcação entre a vida pulsional biofisiológica
e o mundo externo.

Resumindo, com efeito, o estudo a respeito do caráter na análise bioenergética é basilar para
a apreensão do sujeito e de suas afinidades com os próprios anseios e com a realidade externa.
A relação entre o ego e o corpo se manifesta imprescindível para se refletir o caráter a partir da
conexão entre corpo e mente.

Para maior aprofundamento do tema proposto neste capítulo, recomendamos a leitura


a seguir.

A relação entre o ego e o corpo, disponível em: https://books.google.com.br/books?


id=uXfRDwAAQBAJ&pg=PT201&lpg=PT201&dq=A+Rela%C3%A7%C3%A3o+entre+o
+Ego+e+o+Corpo&source=bl&ots=j-R6xGoB9h&sig=ACfU3U2V7BclZ2go25w88lcvllZ
epGailQ&hl=pt-BR&sa=X&ved=2ahUKEwiwwruCg9rpAhUoF7kGHS2vAKwQ6AEwCHo
ECAgQAQ#v=onepage&q=A%20Rela%C3%A7%C3%A3o%20entre%20o%20Ego%20
e%20o%20Corpo&f=false.

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