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São os traumas ou situações não elaboradas na infância, que fez com que nos
tornássemos as pessoas que somos hoje e que nem sempre gostamos. Muitas
vezes nos vemos e nos sentimos como pessoas angustiadas, fracassadas ou
infelizes. Buscamos e sempre estamos idealizando ser diferentes do que
somos ou parecidos com alguém que parece ter uma vida “perfeita”.
Atualmente vivemos movidos pela vida baseada no que é mostrado nas redes
sociais, na mídia e no consumo desenfreado na busca de realizar nossos
desejos ou de sentirmos algum tipo de satisfação.
Não é difícil encontrar cada vez mais jovens depressivos e ansiosos, que
buscam nas drogas e nos mais diversos tipos de vícios uma forma de acalmar
ou diminuir estas angustias. Fruto de uma infância muitas vezes vivida com a
ausência de amor paterno, violência e agressão. Crianças que não tinham
condições psíquicas suficientes para lidar com tais situações e acabaram
desenvolvendo mecanismos de defesas e até mesmo se calaram, levando ao
desenvolvimento de interpretações errôneas sobre si mesmas.
Não é difícil ver um adulto que sujeita a relacionamentos abusivos, seja ele
qual for, amoroso, familiar, social e profissional. Muitas vezes aceita atitudes e
tem contra si comportamentos autodestrutivos. Porque se sentiam
inconscientemente merecedores de punições e desprezo, adultos que não
receberam amor e hoje não conseguem amar a si mesmos.
Obviamente não quero aqui desprezar toda teoria e anos de estudos de Freud
e de todos que colaboraram com ele como, Breuer, Charcot, entre outros, para
desenvolvimento da psicanálise. Já que não posso negar, que a teoria tenha
feito enorme diferença em minha vida.
A teoria nos traz enorme clareza sobre como o inconsciente é formado desde o
nascimento e como atua em toda a nossa vida e a forma complexa como nossa
mente funciona, para nos proteger de grandes sofrimentos que seriam
insuportáveis de serem passados. Este mecanismo de defesa faz com que
esqueçamos dos episódios mais traumáticos de nossas vidas, porem este
mesmo mecanismo de defesa também nos impede de elaborar e ressignificar
momentos tão importantes, que mesmo esquecidos nos leva a ter sintomas
tanto físicos como emocionais.
Mas não quero aqui, ficar citando ou transcrevendo trechos das obras, livros ou
citações da mesma, para comprovar ou explicar o conceito por trás da
psicanálise, já que sabemos que é de seu conhecimento. E francamente não é
como penso que a psicanálise se apresenta dentro da clínica ou setting
analítico.
A teoria nos da base para que possamos tratar e ajudar nossos pacientes que
passaram por algum tipo de problema ou trauma, mas devemos entender que
cada um interpretou e passou por este momento de forma única e precisa ser
olhada da mesma maneira e com sua devida atenção. Cabe ao analisando
elaborar por si só e ressignificar seu passado, toda e qualquer intervenção do
psicanalista neste processo pode interferir de maneira desastrosa neste
processo. O papel do psicanalista é de ouvinte, todo e qualquer sugestão pode
ser entendida pelo paciente como a realidade que viveu ou deve viver, uma
conclusão muito perigosa e ineficiente. Um trauma não resolvido em sua causa
pode apenas reduzir os sintomas (depressão, crise de ansiedade...etc.), mas
não traz a cura dos sintomas que retornam de formas diferentes.
E com muita análise pessoal e uma escuta afiada, conseguir dizer algumas
palavras que possam conduzir e questionar o paciente a refletir sobre seus
problemas, fazendo com que ele encontre as respostas de que precisa para
entender melhor a si e a forma como se relaciona e vê os outros ao seu redor,
só assim conseguira sair de relacionamentos abusivos e comportamentos
destrutivos.
Estes foram os conceitos básicos que Freud nos trousse em suas obras e
perpetuam como base para a psicanálise até os dias de hoje. E conduz os
psicanalistas em suas formações assim como o conduziram teóricos e
escritores entusiastas da psicanálise, possibilitando que hoje possamos ter um
diálogo entre as diversas áreas da atualidade como na arte, literatura, filosofia
e entre outros campos do saber.