1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4
3.1 Grounding........................................................................................... 37
4 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 60
2
3
1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável -
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.
Bons estudos!
4
2 ORIGEM DA ANÁLISE BIOENERGÉTICA
Fonte: reidovudu.com.br
Tais ideias, juntamente com uma definição para padrões corporais rígidos, suas
representações mentais, suas crenças e valores associados, constituíram a base para
a estrutura do caráter. Esta, influencia desde a autopercepção física, até a
consequente, autoimagem e autoestima. A terapia corporal, através da
conscientização sobre a linguagem verbal, e linguagem corporal do cliente, abre maior
possibilidade de comunicação. No caso da vivência corporal, esta possibilita a
revivência de relações primárias, levando a experiência a um nível bem mais
profundo, conforme OLIVEIRA G; et al., (2015).
Qual é o fundamento e como se desenvolveu o trabalho corporal bioenergético?
Na obra uma vida para o corpo: a autobiografia de Alexander Lowen, o autor dedica
um capítulo para falar do desenvolvimento de seus livros, afirma que “cada um de
meus livros representa um desenvolvimento de minhas ideias sobre a bioenergética e
6
as experiências que acumulo com os pacientes” (LOWEN, 2007, p. 121; apud
OLIVEIRA J; 2019).
A primeira publicação de Alexander Lowen foi o corpo em terapia, a abordagem
bioenergética, originalmente publicado em 1958 com o título (Physical Dynamics of
character structure, depois Language of the body - Dinâmica física de estrutura de
caráter, depois linguagem do corpo) porque se baseava numa leitura dos aspectos
físicos da pessoa, conforme OLIVEIRA J; (2019).
A leitura corporal da Análise Bioenergética se valeu dos principais conceitos do
livro Análise do Caráter, de Reich. Lowen, a partir do funcionalismo, se perguntava
sobre a relação dos formatos dos corpos com os parâmetros psicológicos do
comportamento, por exemplo, “ aspectos como pés pequenos, queixo contraído e
ombros largos eram inter-relacionados com o comportamento (Ibidem, p. 123) ”. Neste
livro, já aparecem as sementes da caracteriologia loweniana que estará mais
elaborada em Bioenergética, conforme OLIVEIRA J; (2019).
Em Bioenergética, Lowen apresentou um avanço para a caracteriologia
reichiana que já aparecia como sendo a expressão corporal das defesas psíquicas
que são marcadas nas diferentes fases do desenvolvimento da criança. De maneira
sucinta, podemos dizer que as marcas caracterológicas se refletem nos segmentos
que são formados durante o processo de mielinização da medula espinhal, ou seja, o
processo formativo psicofisiológico que ocorre desde o nascimento e vai até os cinco
anos de idade. Os traumas ou vivências desafiadoras que ocorreram do nascimento
até os quatro meses de vida irão inscrever as marcas do segmento ocular no caráter
esquizoide, conforme OLIVEIRA J; (2019).
O caráter oral se forma na fase oral e é marcado no segmento oral, se expressa
emocionalmente na carência e no medo de abandono impresso no caráter oral. O
caráter psicopático se refere à fase do desenvolvimento que vai do primeiro ano a dois
anos e meio, nesse momento a criança não interage só com a mãe e sabe que quando
realiza uma tarefa pode ser reconhecida, além de temer não ser importante. O caráter
masoquista se refere à fase que vai dos dois ano e meio a três anos e meio, também
conhecida como fase anal, os cuidados com a criança ficam em torno da higiene, ela
pode se sentir ameaçada e teme a humilhação pelo descontrole dos esfíncteres,
conforme OLIVEIRA J; (2019).
7
Por fim, temos as estruturas rígidas, que são no homem o fálico narcisista, e
a na mulher a histérica que se são formados na fase que fica em torno dos
quatro aos cinco anos quando surge uma maior sensibilidade dos genitais.
Essa fase coincide com o que Freud denominou complexo de Édipo, no qual
o investimento do afeto da criança está no genitor do sexo oposto, e como
esse desejo é castrado pelo genitor do mesmo sexo, ocorre uma frustração
na criança. Como nessa fase a coluna está formada e a genitalidade está
constituída, o bloqueio ocorre na pelve e se expressará na criança como um
medo sempre presente de ser traída (Cf. Idem, 1992 apud OLIVEIRA J;
2019).
8
No domínio somático, a neurose se manifestava como tensões musculares em
forma de couraças que perturbavam o funcionamento do sistema vegetativo,
refletindo-se na respiração, mobilidade, e nos movimentos involuntários de prazer do
orgasmo. Lowen compartilhou o pressuposto reichiano de que a atitude corporal de
uma pessoa corresponde funcionalmente à sua atitude psíquica. A Análise
Bioenergética procurou ampliar o legado de Reich, conforme OLIVEIRA J; (2019).
9
Lowen adotou a postura de Reich quanto às pulsões, energia libidinal e fluxo
energético. Ele deu primazia ao trabalho com os bloqueios de sexualidade, ampliando
a caracteriologia de Reich para uma compreensão mais adequada para o
funcionamento da defesa psíquica, conforme OLIVEIRA J; (2019).
Ao refletir sobre os paradigmas e modelos na psicanálise atual, Renato Mezan
elaborou uma reflexão sobre as contribuições do modelo objetal para o então
paradigma pulsional (MEZAN, 1996 apud OLIVEIRA J; 2019). Muitas foram as críticas
ao modelo pulsional e uma, bem fundamentada e aceita no meio psicanalítico, foi a
do de Melanie Klein, representante modelo objetal. Atualmente, esse paradigma tem
como principais expoentes Winnicott e Bowlby (teoria do apego). Esse modelo desloca
a questão da sexualidade do centro da organização psíquica, compreendendo a
sexualidade como apenas um dos elementos que compõem o amadurecimento, que
é foco central da terapia.
Leslie Lowen desenvolveu os Exercise Classes para dar suporte aos pacientes
de seu marido, Alexander Lowen. Essa série de exercícios está organizada no livro
Exercícios de Bioenergética, de autoria do casal. A prática dos exercícios em grupo
foi difundida no Brasil, sendo aqui chamada de grupo de movimento (GAMA & REGO,
1996; apud OLIVEIRA J; 2019).
Foi na década de 1980 que as psicoterapeutas Liane Zink e Miriam Campos
organizaram os primeiros grupos de formação de terapeutas corporais e introduziram
a Análise Bioenergética no Brasil. Especialmente após a vinda de Lowen, em 1989,
as instituições que realizam as formações em Análise Bioenergética se organizaram.
Atualmente, são duas instituições em São Paulo e em outras cidades do Brasil
(WEIGAND, 2006, p. 16; apud OLIVEIRA J; 2019).
O instituto Ligare de Psicoterapia Corporal de Americana/SP, conta em seu
corpo docente com trainer sínter nacionais do IIBA, fundado por Alexander Lowen,
entre eles HeinerSteckel, Liane Zink e Odila Weigand, que foram alunos do próprio
Lowen. Esses e outros trainers internacionais realizam reuniões periódicas para se
atualizarem e manterem as formações no Brasil com a mesma qualidade dos
10
treinamentos dados ao redor do mundo e inspiraram o surgimento de inúmeros
institutos no Brasil que levam essa abordagem para diversos campos de atuação,
conforme OLIVEIRA J; (2019).
Um grande passo foi dado, em 2018, quando a Análise Bioenergética foi
reconhecida pelo Ministério da Saúde como uma prática integrativa de saúde
(BIONERGÉTICA, 2018; apud OLIVEIRA J; 2019). Isso é importante não só do ponto
de vista do tratamento, mas da prevenção que, como vimos, era um dos objetivos
inicialmente de Reich e, depois, de Lowen com seus grupos de exercícios.
11
Mas, se por um lado, Freud adere às concepções científicas da época, por
outro mostra também uma concepção de psiquismo que não está submetida
ao plano orgânico: a da significação. Assim, à medida que a teoria da
representação vai se consolidando, Freud exime-se, gradativamente, de
discorrer sobre os aspectos biológicos e mecânicos, de descrever os
processos que circundam a esfera somática e psíquica. E, dessa forma, o
campo da representação ganha o cenário principal da reflexão psicanalítica
(NASCIMENTO, 2003, p. 15 apud FONSECA R; 2011).
Portanto, como coloca Castro, citado por Bezerra (2003 apud FONSECA R;
2011), “a psicanálise partindo do corpo, descobriu a alma, isto é, partindo do biológico
descobriu o psíquico” (CASTRO apud BEZERRA, 2003, p. 20 apud FONSECA R;
2011), se tornando uma psicologia do profundo, fundamentada na “existência de um
inconsciente dinamicamente ativo” (WAGNER, 1996, p. 89 apud FONSECA R; 2011).
Tendo a psicanálise se distanciado do corpo como objeto de estudo, é através
de Wilhelm Reich (1897-1957 apud FONSECA R; 2011), discípulo de Freud, que este
vem novamente assumir um papel importante no processo psicoterapêutico. Esse
médico e psiquiatra austríaco praticou a psicanálise por vários anos, tendo, inclusive,
dirigido por algum tempo os Seminários Técnicos da Sociedade Internacional de
Psicanálise.
É a partir dessas atividades que Reich vai aprofundando seus conceitos
psicanalíticos e, paulatinamente, desenvolvendo suas concepções sobre a técnica
terapêutica. Sua trajetória psicanalítica está exposta em seu livro intitulado A Análise
do Caráter publicado pela primeira vez em 1933 onde, segundo ele, limita-se “à
descrição e à comprovação dos princípios da técnica [analítica] que derivam da
análise de caráter” (REICH, 1998, p. 02 apud FONSECA R; 2011). Nesse livro,
portanto, Reich firma as bases de sua Teoria da Personalidade, cujos pressupostos
fundamentaram o surgimento das abordagens psicocorporais.
12
Os fundamentos teóricos da economia sexual de Reich e que estão em
comunhão com a psicanálise freudiana são expostos por Wagner (1996 apud
FONSECA R; 2011). O primeiro ponto de convergência destacado por esse autor
é o fato de que Reich aceitava plenamente a hipótese do inconsciente, sustentando
sua teoria do caráter em pontos fundamentais da psicanálise:
É importante ressaltar que, nesse sentido, Reich definia orgasmo como uma
reação involuntária do corpo como um todo no processo de descarga energética e não
apenas como o clímax sexual ou ejaculação. Essa reação se manifestaria em
movimentos rítmicos e convulsivos da pelve que se moveria espontaneamente para
frente e para trás e nesse tipo de reação, o aparelho genital não estaria envolvido, ou
seja, não existiria a formação e consequentemente a descarga da excitação dos
13
órgãos sexuais. Ele também afirmava que o mesmo tipo de movimento poderia ocorrer
em um indivíduo que, totalmente entregue a seu corpo, tivesse uma respiração
inteiramente livre, conforme FONSECA R; (2011).
14
Já o conceito de potência orgástica estaria relativo não só à possibilidade de
uma descarga completa, como também à existência de descargas parciais, que
ocorreriam por uma falta de capacidade de um envolvimento e entrega profundos do
indivíduo à sensação da energia sexual (FREITAS, 2005 apud FONSECA R; 2011).
Esse processo estaria diretamente ligado à concepção de repressão acima
mencionada dando-se em decorrência das diversas restrições familiares e sociais
sofridas pelo indivíduo ao longo do desenvolvimento de sua personalidade. Segundo
Reich, potência orgástica seria “a capacidade de abandonar-se, livre de quaisquer
inibições, ao fluxo de energia biológica; a capacidade de descarregar completamente
a excitação sexual reprimida, por meio de involuntárias e agradáveis convulsões do
corpo (REICH, 2004, p. 94 apud FONSECA R; 2011).
De acordo com Lowen, Reich sustentava que:
Embora o caráter possa ser considerado como uma estrutura que se forma
no ego, o ponto de partida reichiano é funcional. Para Reich, a necessidade
cria o órgão, e a função precede a estrutura. É pela necessidade de se
desfazer de uma tensão (desprazer) que o sujeito age. Se essa ação for
eficaz, poderá ser repetida, transformando-se em um modo típico de reação.
Os vários tipos específicos de reação articulam-se entre si e formam uma
unidade: o caráter (WAGNER, 1996, p. 98-99, grifos do autor apud FONSECA
R; 2011).
De acordo com esse autor, não é apenas a energia sexual que pode ser
contida por tensões musculares, mas também sentimentos como os de raiva
ou angústia (REICH, 2004). E a soma de todas essas tensões, postas em
movimentação, se transformaria em uma atitude muscular que constituiria o
que chamamos de expressão corporal. Assim, de acordo com Lowen, “a
expressão corporal é a perspectiva somática da expressão emocional típica,
que é vista, ao nível psíquico, como ‘caráter’” (LOWEN, 1977, p. 30 apud
FONSECA R; 2011).
16
Assim, o trabalho terapêutico sobre essas couraças, através principalmente de
exercícios de respiração, mas também de outras técnicas corporais, vence as
resistências do indivíduo e faz com que este experimente corporalmente toda a sua
carga afetiva. Esses exercícios atuam nos centros vegetativos do sistema nervoso
autônomo e, por isso, a metodologia clínica de Reich, nessa fase, leva o nome de
vegetoterapia carátero-analítica, conforme FONSECA R; (2011).
De acordo com FONSECA R; (2011), a descoberta da energia orgone cósmica,
a teoria científica de Reich passou a ser denominada orgonomia e sua prática, de
orgonoterapia. Sobre essa energia, Reich relata:
17
os ampliam ou modificam trazendo um novo direcionamento aos seus fundamentos
teóricos e práticos. E uma das primeiras abordagens do movimento neo-reichiano foi
a Bioenergética, conforme FONSECA R; (2011).
18
Minha primeira sessão de terapia com Reich foi uma experiência da qual
jamais me esquecerei. Cheguei com a ingênua suposição de que não havia
nada de errado comigo. Deveria ser apenas uma análise didática. Deitei-me
na cama [...]. Eu deveria dobrar os joelhos, relaxar, respirar com a boca aberta
e o maxilar relaxado. Segui tais instruções e aguardei para ver o que
acontecia (LOWEN, 1982, p. 16 apud FONSECA R; 2011).
Após algum tempo, Reich comentou que Lowen não estava respirando e pediu
que este observasse como o próprio Reich respirava:
19
unia suavemente. Essas vibrações indicavam que uma corrente de energia
estava fluindo por elas, o que era muito agradável. E eu também pude sentir
essas vibrações em meus quadris à medida que eles se tornavam mais vivos.
Essas vibrações decorriam em parte da liberação da tensão nos músculos
dessas áreas, mas em parte é um fenômeno natural da vida. Os corpos vivos
são sistemas vibratórios; os corpos mortos não se movem (LOWEN, 1997, p.
31-32; apud FONSECA R; 2011).
20
que, embora o sexo não pudesse ser ignorado como sendo de fundamental
importância na construção e determinação da personalidade, não poderia ser visto
como a única chave para o conhecimento de seus mistérios. De acordo com ele,
Nesse ano de 1945, Lowen deixa sua terapia com Reich, mas este continuou
sendo seu professor até 1952. Após dois anos trabalhando como terapeuta reichiano,
Lowen parte, em 1947, para a Suíça a fim de fazer o curso de medicina na
Universidade de Genebra, da qual sai formado, em 1951, com o título de Doutor,
conforme FONSECA R; (2011).
Energeticamente falando, o corpo todo pode ser visto como uma célula única,
tendo a pele como membrana. No interior dessa célula, a excitação pode se
propagar em todas as direções ou mesmo fluir em direções específicas de
acordo com a natureza de nossa reação ao estímulo. [...] qualquer indivíduo
pode experimentar o fluxo de excitação como um sentimento ou uma
sensação que, frequentemente, desafia os limites anatômicos (LOWEN,
1982, p. 45 apud FONSECA R; 2011).
23
excitação, esse fluxo aumenta em direção a uma região específica. Assim, o fluxo de
sangue e a excitação que se dirigem para a região pélvica, por exemplo, não têm a
mesma conotação emocional que os que se dirigem para a cabeça.
Dessa forma, quando nos damos conta de que 99% [...] do corpo é composto
de água, [...] podemos imaginar sensações, sentimentos e emoções como
sendo correntes ou ondas desse corpo liquido. Estas são percepções de
movimentos internos do corpo relativamente fluido. Os nervos medeiam [sic]
tais percepções e coordenam as reações, mas os impulsos e movimentos
subjacentes são inerentes à carga energética do corpo, ao seu ritmo e
pulsação naturais. Esses movimentos internos representam a motilidade73
do corpo, distinguindo-se dos movimentos voluntários que estão sujeitos a
um controle consciente. [...] em todos os nossos movimentos voluntários
existe um componente involuntário, que representa a motilidade essencial do
organismo. O componente involuntário, integrado à ação voluntária, responde
pela vivacidade e espontaneidade de nossas ações e movimentos. Quando
está ausente ou reduzido, os movimentos do corpo têm um caráter mecânico
e sem vida. Os movimentos puramente voluntários ou conscientes dão lugar
a poucas outras sensações que não a sensação cinestésica de deslocamento
no espaço. O tom de sentimento dos movimentos expressivos advém do
componente involuntário, componente esse que não está sujeito ao controle
consciente. A fusão dos elementos conscientes e inconscientes ou dos
componentes voluntários e involuntários faz surgir movimentos que têm uma
ligação emocional e que se constituem em ações coordenadas e eficientes.
A vida emocional de um indivíduo depende da motilidade do seu corpo, que
por sua vez é uma função do fluxo de excitação através dele. Os distúrbios
nesse fluxo ocorrem em forma de bloqueios, que se manifestam em áreas
onde a motilidade do corpo é reduzida. Nessas áreas podemos facilmente
apalpar e sentir com os nossos dedos a espasticidade da musculatura. Desse
modo, os termos “bloqueio”, “insensibilidade” e “tensão muscular crônica” se
referem ao mesmo fenômeno (LOWEN, 1982, p. 46-47 apud FONSECA R;
2011).
Dessa forma, para manter esse fluxo de sentimentos e impedir que eles fiquem
confinados na couraça muscular, é necessário estabelecer um equilíbrio entre os
níveis de carga e descarga de energia no organismo. A energia que entra nele é
descarregada na forma de movimentos ou outros tipos de atividades corporais,
sempre motivadas pela busca pelo prazer. Qualquer desequilíbrio nesse processo
acarretará distúrbios tanto a nível psicológico como físico, conforme FONSECA R;
(2011).
24
movimentos” (LOWEN, 1994, p. 16 apud FONSECA R; 2011). Como para esse
terapeuta a saúde mental não está dissociada da saúde física, a graciosidade dos
movimentos é, portanto, uma das formas de manifestação da saúde global do
indivíduo e de suas sensações de prazer.
A pessoa dotada de graça é calorosa e comunicativa, possuindo mais
energia e flexibilidade, expressando seus sentimentos sem que nenhuma tensão
restrinja seu fluxo. Para Lowen, a habilidade de expressar-se emocionalmente é
proporcional ao grau de coordenação muscular. Uma pessoa dotada de boa
coordenação move-se e age com graça. O corpo todo participa ativamente de cada
gesto e movimento. Assim, todo movimento seu possui um traço emocional, e o
indivíduo pode ser descrito como emocionalmente vivo. (LOWEN, 1979, p. 218
apud FONSECA R; 2011).
25
inconsciente baste para fazer com que o primeiro responda de forma livre e plena às
instruções do segundo (LOWEN, 1994, p. 71 apud FONSECA R; 2011).
Assim, o arbítrio teria a função de dar direção aos nossos atos, e não de
reprimir a vivacidade de nosso corpo. Para Lowen, “num organismo sadio há
um equilíbrio entre o refreamento e a excitação; o indivíduo sente-se livre
para expressar os seus impulsos e sentimentos, porém conserva o
autodomínio necessário para saber como fazer isso de uma forma apropriada
e eficaz” (LOWEN, 1994, p. 78 apud FONSECA R; 2011).
Mas a nossa cultura, muitas vezes, nos obriga a nos distanciarmos de nós
mesmos. Ao nascermos, somos naturalmente graciosos, efetuando nossos
movimentos de acordo com nossas sensações e necessidades (LOWEN, 1994 apud
FONSECA R; 2011). Ao longo do tempo, ao sermos induzidos a nos adequarmos às
expectativas exteriores e impedidos de seguirmos nossos instintos e sentimentos,
vamos gradualmente perdendo a graciosidade. Enquanto ainda somos bebês e temos
a permissão de chorar, nossas tensões e nossa rigidez se dissipam nesse choro e a
graciosidade pode ser mantida.
Mas quando ficamos mais velhos e passamos a serem repreendidos por chorar
ou por termos acessos de raiva, tendo que reprimir essas manifestações naturais de
nossos sentimentos, vamos perdendo a liberdade de expressão e começamos, aos
poucos, a nos afastar de nossas sensações, o que afetará diretamente o nosso estado
de graça. Ao longo da vida vamos, então, aprendendo a nos adaptar às situações e
às imposições sociais. Em nome de uma educação, muitas vezes nos reprimimos e,
em vez de sermos ensinados a nos adequar ao nosso meio de forma sadia, estando
sempre em contato com nossas sensações e sentimentos, aprendemos a produzir
verdadeiros adestramentos em nós mesmos tanto a nível físico como mental,
conforme FONSECA R; (2011).
26
2.6 O indivíduo como uma unidade psicossomática
27
estrutura que se enraíza e se une a outras estruturas, formando uma rede de
sustentação, conforme OLIVEIRA G; et al., (2015).
O Prazer seria a busca essencial do homem. Reich definiu prazer como a
capacidade do corpo de expansão e contração. Esse fluxo contínuo de energia, gera
sentimentos de alegria e prazer no corpo físico. O oposto deste movimento é o
retraimento, a contenção da musculatura em reter o impulso (excitação prazerosa,
que nasce no íntimo do organismo). Este leva a dor, a contenção, a inatividade, a falta
de expressão natural. É gerador de ansiedade. Perante situações dolorosas,
tendemos a nos contrairmos. A contenção do prazer ou a ameaça de uma dor, implica
em sentimentos de ansiedade, conforme OLIVEIRA G; et al., (2015).
O fluxo de prazer nasceria no coração, partindo aos pontos que fazem
fronteiras de contato com o mundo, tais como os olhos, a pele, a boca, as mãos, os
pés e a genitália. Os sentimentos positivos e de alegria seriam experimentados
quando há energia vital circulante. A Couraça, seria a representação das resistências,
dos bloqueios defensivos. Ajudam os indivíduos no relacionamento com outros
indivíduos e no movimento no espaço, conforme OLIVEIRA G; et al., (2015).
A dissolução das couraças aconteceriam a partir de novos aprendizados, ou
formas mais adaptadas de se relacionar, de viver e estar no mundo. Segundo Reich,
a couraça forma-se, no nosso corpo, das vivências que vamos acumulando durante a
vida, influenciando de maneira inconsciente a construção de nossa personalidade.
São formadas em função de nossos enfrentamentos como emoções contidas,
traumas, sentimentos e desejos reprimidos, conforme OLIVEIRA G; et al., (2015).
Sobre a expressão das emoções que são reprimidas durante a infância, Volpi
e Volpi (2003 apud OLIVEIRA G; et al., 2015) nos orientam o seguinte: “O
corpo assume o comando dessa repressão através de tensões crônicas, que
se tornam inconscientes e se perpetuam na adolescência e na idade adulta”
(p. 20).
O Caráter, por sua vez, representa uma das maiores contribuições de Reich,
aos estudos sobre a personalidade humana. Propõe uma certa correlação entre a
forma corporal e a vivência de emoções (REICH, 1995 apud OLIVEIRA G; et al.,
2015). Os trabalhos de Alexander Lowen (1982 apud OLIVEIRA G; et al., 2015),
seguiram as ideias reichianas, na correlação da anatomia humana com a ideia de
caráter, de acordo com a Psicanálise.
28
Assim, as fixações ocorridas nas diversas fases do desenvolvimento da libido
(oral, anal, fálica, genital) seriam geradoras de um tipo específico de caráter. Lowen
orienta que os tipos de estrutura do caráter funcionam como um padrão de defesa
psicológica e muscular. E que são cinco os tipos de caráter. O esquizoide, o oral, o
psicopático, o masoquista e o rígido. De acordo com o autor, a cada um destes
caráteres, estaria associado um biótipo corporal específico, conforme OLIVEIRA G; et
al., (2015).
29
extrema inflexibilidade como uma excessiva maleabilidade nas articulações. As
articulações são pontos de dispersão de energia, conforme VASCONCELOS I; (2012).
Correlatos psicológicos: o senso de si mesmo é inadequado face à falta de
identificação com o corpo, a pessoa não se sente conectada nem integrada. A
tendência à dissociação, representada pela falta de conexão somática entre a cabeça
e o resto do corpo, produz uma divisão na personalidade na forma de atitudes
antagônicas. Fraco e sensível devido à pouca carga e cisão inferior e superior.
Desconexão entre as ações e os sentimentos. Dificuldade e Evitação de
relacionamentos íntimos e afetuosos. Por falta de contato com o corpo (devido ao
medo/ terror que tem das sensações que ele possa lhe proporcionar), o esquizoide
passa a depender da mente para constituir sua identidade, conforme VASCONCELOS
I; (2012).
Fatores históricos e etiológicos: há uma evidência inequívoca de ter ocorrido
uma rejeição logo no início da vida da pessoa, por parte da mãe, que foi sentida como
ameaça a sua vida. A rejeição e a hostilidade criam o medo, no paciente, de que toda
tentativa de autoafirmação, conduzam a este aniquilamento. A história revela a falta
de um sentimento positivo cheio de segurança e de alegria. São comuns, durante a
infância, os terrores noturnos, conforme VASCONCELOS I; (2012).
São típicos a conduta não emocional e retraimento, as crises de raiva, a
paranoia também é comum. Dada esta história, a criança não tem alternativa senão
dissociar-se da realidade (intensa vida de fantasia) e de seu corpo (inteligência
abstrata) a fim de sobreviver. Como os sentimentos predominantes foram terror e uma
fúria assassina, a criança encarcerou seus sentimentos todos, para defender a si
mesma, conforme VASCONCELOS I; (2012).
30
2.9 Caráter oral
32
Características físicas: desenvolvimento desproporcional da metade superior:
muita energia na metade superior do corpo, especialmente na cabeça (ego inflado,
“cheio de si”); há com frequência uma tremenda massa nos ombros com uma cintura
bastante fina; as pernas e a pélvis são subcarregadas e comumente subdesenvolvidas
e fracas. Há um distúrbio no fluxo entre as duas metades do corpo (desconexão entre
amor e sexualidade/ coração e genitais) e tensões nítidas no segmento ocular. Olhos
tensos e controladores. Pernas frias, até mesmo úmidas e pegajosas, conforme
VASCONCELOS I; (2012).
Correlatos psicológicos: A necessidade de controle vem do medo de ser
controlado e ser controlado significa ser usado (seduzido e traído). É comum, nas
histórias de pessoas com este caráter, uma disputa entre pais e filhos. O sucesso é
importantíssimo, vital. A sexualidade é empregada neste jogo pelo poder (ligação
coração/ genital ausente). O prazer dentro da atividade tem importância secundária
em relação ao desempenho próprio ou a conquista. A negação dos sentimentos é
basicamente uma negação das necessidades, conforme VASCONCELOS I; (2012).
Fatores históricos e etiológicos: o mais importante dos fatores etiológicos
desta condição é a presença de um pai/mãe sexualmente sedutor. A sedução é
encoberta e realizada para satisfazer as necessidades narcisistas do mesmo, tendo
por objetivo vincular a criança ao pai (ou mãe) sedutor (a). O pai sedutor é sempre
alguém que rejeita a criança, no nível de suas necessidades de apoio e de contato
físico. O relacionamento sedutor cria um triângulo, onde a criança está em posição de
desafio frente ao pai de mesmo sexo. Cria-se assim uma barreira à identificação com
o genitor do mesmo sexo ao mesmo tempo em que se intensifica a identificação com
o genitor sedutor, conforme VASCONCELOS I; (2012).
33
no nível emocional mais profundo, nutre intensos sentimentos de superioridade,
despeito, negatividade e hostilidade, conforme VASCONCELOS I; (2012).
Condição bioenergética: em contraste com a estrutura de caráter oral, o
masoquista é dotado de um alto nível de energia que, no entanto, está fortemente
presa no organismo. Como as ações expressivas são limitadas, os órgãos periféricos
estão pouco carregados, o que impede tanto a descarga quanto a liberação
energética. Os impulsos que se movem para cima e para baixo são estrangulados no
pescoço e na cintura, o que é responsável por uma forte tendência desta
personalidade a experimentar a ansiedade. A extensão do corpo, no senso de ampliar-
se ou de buscar algo fora de si, está severamente limitada, conforme VASCONCELOS
I; (2012).
Características físicas: o corpo típico do masoquista é curto, grosso e
musculoso. Ele é contido, a energia é comprimida. Tem fortes bloqueios no pescoço,
“pescoço de touro”. Outra marca importante é a projeção da pelve à frente que recorda
a figura do cão com o rabo entre as pernas, conforme VASCONCELOS I; (2012).
Correlatos psicológicos: devido à forte contenção, a agressão e a
autoexpressão são bastante reduzidas. Ao invés de auto assertividade, a pessoa
masoquista apresenta queixumes e lamentos. Estes são a única expressão vocal que
consegue sair com facilidade de uma garganta estrangulada. Em lugar da
agressividade natural há a conduta provocativa que visa a descarga por meio de
explosões. Vai subitamente provocar ou convidar à provocação para dar uma
desculpa para liberar a energia e a agressão enclausurada, conforme
VASCONCELOS I; (2012).
Tende a ser passivo e contido no relacionamento. Precisa ser puxado para fora,
mas resistirá e temerá se essa ajuda for vista como uma invasão. Atitudes de
submissão e de cordialidade são traços característicos do comportamento
masoquista. Mas tudo isto devido à forte repressão da agressividade natural, ou seja,
a incapacidade de se rebelar contra algo o faz se submeter e, assim, gera raiva e a
revolta, amargura, ressentimento e rancor. Tende a ser passivo e a sobrecarregar-se
de trabalho para agradar aos outros. Derrotista e auto-humilhante, conforme
VASCONCELOS I; (2012).
34
Fatores etiológicos e históricos: A organização de caráter masoquista é fruto
de um lar onde haja amor e aceitação, ao lado de uma repressão severa. A mãe é
dominadora e sacrifica-se; o pai é passivo e submisso. A mãe dominadora e capaz de
sacrificar-se sufoca literalmente a criança, que é levada a sentir-se extremamente
culpada por qualquer tentativa de declarar sua liberdade ou de afirmar sua atitude,
quando negativa ou rebelde, conforme VASCONCELOS I; (2012).
É típico dar uma ênfase exagerada à alimentação e à defecação, fator que se
soma à pressão já mencionada: “Seja um bom menino. Seja bonzinho para sua mãe.
Coma toda a sua comida... faça cocô direitinho. Deixe a mamãe ver”, e assim por
diante. Todas as investidas de resistência, inclusive os acessos de birra, foram
esmagadas. O masoquista tem medo de meter-se em situações delicadas (ficar sobre
um pé só) ou de intrometer-se (espichar o pescoço; vale o mesmo para os genitais)
por medo de ser rejeitado, conforme VASCONCELOS I; (2012).
35
Características físicas: a rigidez depende do nível. Se branda, o corpo é
proporcional e mostra harmonia entre as partes. A pessoa se sente integrada e
conectada. Uma característica importante é a vivacidade do corpo: olhos brilhantes,
boa cor da pele, leveza de gestos e movimentos. Se grave, a coordenação e a graça
dos movimentos serão diminuídas, muitos músculos com espasmos tônicos;
armaduras em placa ou rede trançada. O orgulho endurece o pescoço e retém a
mandíbula, conforme VASCONCELOS I; (2012).
Correlatos psicológicos: Os indivíduos com esta estrutura de caráter são
geralmente mundanos, ambiciosos, competitivos e agressivos. A passividade é
experienciada como fraqueza. Eles têm com frequência uma carreira bem-sucedida e
são em geral ambiciosos. Devido ao seu forte orgulho, tem medo de, cedendo, parecer
imbecil, de modo que se contém, conforme VASCONCELOS I; (2012).
Por outro lado, tem medo de que a submissão acarrete uma perda de sua
liberdade. Constante sensação de desvalorização; um sentimento de que falta algo
na vida, devido à falta de capacidade de sentir profundamente e/ ou de estabelecer
relacionamento amoroso profundo. Vê o sexo com desprezo e ou com fantasias
sádicas ou masoquistas, tem incapacidade de conectar sentimentos do coração com
os genitais. Tende à arrogância e distância. Usa a razão e a vontade em detrimento
dos sentimentos. Portanto é, com frequência, insensível aos sentimentos alheios. É
geralmente enérgico e bem-sucedido na carreira, o que é visto como mais importante
que relacionamentos pessoais íntimos, conforme VASCONCELOS I; (2012).
3 EXERCÍCIOS DE BIOENERGÉTICA
Uma forma de terapia que combina o trabalho com o corpo e com a mente
para ajudar as pessoas a resolverem seus problemas emocionais e melhor
perceberem o seu potencial para o prazer e para a alegria de viver (LOWEN
& LOWEN, 1985, p. 11 apud WEBER H; 2009).
36
Como psicoterapia (Análise Bioenergética), é necessário levar em conta a
formação do psicoterapeuta para lidar com os processos energéticos e emocionais
que as atividades corporais mobilizam. Como conjunto de exercícios, é necessário o
conhecimento de certos princípios para que a experiência possa ser mais efetiva. É
necessária a supervisão inicial para a orientação destes princípios. E, só depois que
estes forem aprendidos, pode-se chegar com segurança à execução deles, conforme
WEBER H; (2009).
Um dos exercícios fundamentais é o grounding. Segundo Weigand (2006 apud
WEBER H; 2009), Lowen define grounding como “um processo energético em que um
fluxo de excitação percorre o corpo, da cabeça aos pés”. (WEIGAND, 2006, p. 44 apud
WEBER H; 2009) conjuntamente com Pierrakos, Lowen “criou as posturas de pé para
promover vibrações, com o objetivo de liberar tensões crônicas” (WEIGAND, 2006, p.
44 apud WEBER H; 2009), ou seja, dissolve-las, além de descarregar a energia física
ligadas ao conteúdo emocional retido na couraça (WEIGAND, 2006 apud WEBER H;
2009). Na postura de grounding, segundo a autora,
3.1 Grounding
38
As posturas de grounding e as vibrações aumentam as ondas respiratórias e a
excitação geral do organismo. O fluxo energético pulsa movendo-se pendularmente
dos pés até a cabeça. O bloqueio em qualquer segmento do corpo impede esse fluxo.
Como a onda de excitação deve atravessar o segmento pélvico para chegar até as
pernas e os pés, a sensação de grounding estará prejudicada por bloqueios neste
segmento. “Quando um indivíduo não está embasado grounded, seu comportamento
sexual também não estará, ou seja, estará dissociado da sensibilidade no resto do
corpo” (LOWEN, 1997, p. 36 apud WEIGAND O; 2005).
O contato com a realidade não é uma condição tudo-ou-nada. Algumas
pessoas estão mais em contato com a realidade do que outras, que são mais
desligadas. Posto que o contato com a realidade é o requisito da sanidade, também é
requisito para saúde emocional e física, conforme WEIGAND O; (2005).
Para estar grounded, a pessoa precisa ter pés e pernas energeticamente
carregados, mostrando algum movimento involuntário e espontâneo, uma vibração,
que não precisa necessariamente ser intensa, pode ser apenas como um murmúrio.
Heller e Henkin (1998 apud WEIGAND O; 2005) acreditam que dizer que alguém está
firmemente grounded é o mesmo que dizer que seu peso está distribuído
simetricamente sobre os dois pés refletindo o equilíbrio e o alinhamento da estrutura
como um todo, do topo da cabeça aos pés, assim como lateralmente.
39
Os estudos sobre transmissão transgeracional fundamentam a ideia de um
enraizamento do self na família (STERN, 1997; CÉRVENY, 2001; HELLINGER, 2001
apud WEIGAND O; 2005). A cultura e a religião também representam um ground a
partir do qual o self é criado (CATLIN, 1959; RIZZUTO, 1981; HELLINGER, 2001 apud
WEIGAND O; 2005).
Ao mesmo tempo em que surgiram essas diferenciações, para atender às
necessidades das pessoas em diferentes estágios de sua psicoterapia, Lewis (1976,
1989, 1998 apud WEIGAND O; 2005), baseado nos estudos sobre choque e trauma,
escreve sobre choque cefálico e passa a questionar alguns postulados de Reich e
Lowen. Aalberse (1997 apud WEIGAND O; 2005) da escola europeia Bodynamics
propõe que a psicoterapia é um processo de grounding e discute a adequação dessa
abordagem no trabalho com pacientes limítrofes.
Fonte: sapientia.pucsp.com
40
Esta pulsação se correlaciona com o grounding postural no qual a energia flui
pendularmente pelas costas com o sentido de agressividade e progressão (mover-se
para frente na vida) e flui pela frente do corpo com o sentido de afeto ligando a parte
superior do corpo e os genitais. Segundo Lowen (1977, p.83 apud WEIGAND O; 2005)
“ ... somente a ação muscular pode descarregar a grande quantidade de energia
produzida pelo ser humano vivo”.
A pulsação horizontal que corresponde ao grounding que se cria através
das relações. Essa pulsação flui a partir dos genitais, do coração, do
plexo solar, da garganta e dos olhos. É responsável pela comunicação
com os outros e com os objetos externos. Para explicar essa sensação
Lowen (1977, p. 84 apud WEIGAND O; 2005) fala de um movimento
ascendente da energia do coração em direção à cabeça associado aos
afetos, "à fala, ao riso, ao choro, à busca de contato com os lábios ou
com os braços. “...”denomino [aspirar] a este sentimento básico. É um
[aspirar] de contatos. “...”O sentimento de [aspirar] é tão forte que chega
a ser quase ansiedade."
Já no livro de Brennan (1999 apud WEIGAND O; 2005), a figura abaixo mostra
um vínculo conflituoso representado por projeções horizontais de energia que ligam
as pessoas entre si. A pulsação horizontal expressa vínculos, não importando a
qualidade dos afetos envolvidos. Os sentimentos de ódio e vingança vinculam as
pessoas entre si, assim como amor e afeição.
41
Brennan (1995 apud WEIGAND O; 2005) indica uma série de exercícios
baseados na bioenergética e em alongamentos para ativar a pulsação dos centros
vitais por meio dos quais as pessoas se comunicam. Boadella (2003 apud WEIGAND
O; 2005) também fala da pulsação no plano horizontal como função energética básica
do contato entre pessoas.
A pulsação entre periferia do organismo e centro e vice-versa. Essa
pulsação é responsável pela condução de percepções internas,
pensamentos, sentimentos que se traduzem em ação. A ação pode ser
expressa ou inibida pela couraça, a pulsação periferia-centro é
responsável pela condução dos estímulos recebidos de fora, para o
centro, para o cérebro onde serão decodificados e organizados
consciente e inconscientemente, podendo originar uma ação, ou não,
conforme WEBER H; (2009).
O verdadeiro grounding acontece quando as três direções estão ativadas de
forma integrada. Para que isso aconteça, é necessário que a pessoa tenha bem
desenvolvido os diferentes tipos de grounding. Na psicoterapia busca-se reparar as
eventuais falhas ocorridas durante o processo de desenvolvimento, com o objetivo de
promover a experiência do movimento da energia, integradamente, nas três direções,
conforme WEBER H; (2009).
42
A mãe que amamenta ao seio está dando grounding ao bebê por meio do
contato boca – seio. Ao olhar o rosto da mãe e ver- se espelhado nos olhos dela, está
"firmando" seus olhos. Adquire contato com a terra e se firma no chão enquanto
progride da posição de bruços, aprendendo a erguer a cabeça, engatinhar, agachar-
se, levantar-se apoiado e andar. No desenvolvimento da linguagem, o bebê começa
a "firmar" suas ideias. “Tudo isso acontece num ambiente emocional que dá um
background à organização da atividade da criança." (BOADELLA, 1992, p. 89 apud
WEIGAND O; 2005).
43
O discurso de Reich (1975 apud WEIGAND O; 2005), seguido por Lowen
(1977, 1984 apud WEIGAND O; 2005) e Charles Kelley (1979a, 1979b apud
WEIGAND O; 2005), por outro lado, priorizou o movimento expressivo, catártico,
promovido pela mobilização da musculatura esquelética e aumento da carga
energética pela respiração ampliada. A mobilização interna muitas vezes era "puxada"
através dos gritos. Os toques às vezes dolorosos serviam para "abrir" couraça e
também para eliciar vocalização forte com expressão emocional: gritos de raiva, de
medo, choro alto, protestos.
O problema quando se atua desta forma pode ser um aumento excessivo da
carga energética e da excitação, que se torna insuportável para o organismo. Certas
técnicas, quando aplicadas de forma inadequada, mesmo com o objetivo de promover
grounding e integração podem levar a um resultado contrário, conforme WEIGAND O;
(2005).
Lowen (1997; apud WEIGAND O; 2005) relata que em 1953, quando buscava
por meio de exercícios, aumentar a sensação nas pernas e melhorar o contato com o
chão, descobriu a postura do arco que foi uma de suas primeiras experiências com
grounding. Embora fosse um exercício já conhecido pelos praticantes da técnica
chinesa do Tai Chi Chuan, para ele foi uma experiência nova e reveladora. Além de
facilitar a respiração profunda, descobriu que essa postura proporcionava contato com
a parte inferior do corpo e uma sensação de segurança, com o aumento da percepção
de vitalidade e integração.
Nesta postura de arco, a maioria das pessoas desenvolve vibrações que
percorrem o corpo todo no sentido longitudinal, após um curto espaço de tempo, que
varia de pessoa para pessoa. As vibrações, que envolvem intensamente os sistemas
muscular e esquelético, têm o potencial de dissolver tensões cronificadas na forma de
couraça muscular, conforme WEIGAND O; (2005).
As posturas de arco oferecem a possibilidade de diagnosticar bloqueios. Estes
ficam evidentes porque interrompem o fluxo e despertam sensações por vezes
desagradáveis como dor muscular, câimbras, náusea ou tontura. Lowen numa
palestra em 2002 diz: "Não tenho uma técnica que evite a dor. Tenho uma técnica que
44
supera a dor, porque dor é tensão. Tudo que você precisa é respirar, vibrar e usar a
sua voz. E trabalhar com seus pés porque isto é a base de tudo," conforme WEIGAND
O; (2005).
Este tipo de exercícios tem por objetivo criar um senso de grounding postural
que tem por objetivo desenvolver capacidades de autonomia, ou seja, um crescimento
a partir de posições infantis para outras mais adultas, aumentar a carga energética e
a excitação geral no organismo, conforme WEIGAND O; (2005).
Lowen & Lowen (1985 apud WEIGAND O; 2005), Keleman (1975 apud
WEIGAND O; 2005), Bromberg (1986 apud WEIGAND O; 2005), Gama &
Rego (1996 apud WEIGAND O; 2005) mencionam os efeitos benéficos para
o psiquismo de certas atividades corporais realizadas fora do contexto
psicoterápico, nos grupos de exercícios. Lowen (1995 apud WEIGAND O;
2005) indica que as pessoas podem se beneficiar fazendo exercícios em
casa, desde que respeitem seus limites.
45
vivos. Explorando quais abordagens são úteis para estas pessoas, Davis (1999 apud
WEIGAND O; 2005) oferece a compreensão do instroke que significa o movimento da
periferia para o centro e outstroke que é o movimento inverso do centro para a
periferia. O ritmo contínuo dos dois movimentos constitui a pulsação.
46
ao mesmo tempo respeitar esses limites e evitar perigos, conforme WEIGAND O;
(2005).
Como Reich (1975 apud WEIGAND O; 2005) postulou que o movimento para
fora era de prazer e o movimento para dentro era de angústia, acho
importante o aporte de Davis (1999 apud WEIGAND O; 2005) que vem
complementar o conceito de grounding interno proposto por Boadella (1992
apud WEIGAND O; 2005). Nem sempre o movimento energético para fora se
associa com prazer, nem o movimento para dentro com angústia.
47
parassimpático, que teoricamente corresponde a um estado expansivo outstroke
sobrevém um vazamento de energia (WEIGAND, 1998 apud WEIGAND O; 2005).
Vazamento pode ser entendido como uma dissipação, um movimento
energético improdutivo, desorganizado de dentro para fora do organismo. “ Dissipação
é uma tentativa de evitação, uma ruptura no fluxo energético para interferir no contato.
Dissipação é não produtiva, sem direção, desconectada do cerne e fragmentada"
(DAVIS, 1999, p.85 apud WEIGAND O; 2005). Nessa situação a emoção funciona
como defesa, acontece atuação em lugar de ação ou expressão organizada e
significativa.
Outra forma de expansão não produtiva, desorganizada e desorganizadora é a
explosão. Parte do outstroke, a explosão é um movimento que atravessa as barreiras
defensivas do Ego, liberando energia excessiva ou sem contato, como na ira cega ou
em episódios maníacos. Qualquer pessoa tem energia suficiente que pode não estar
disponível porque não chega até o cerne do organismo. A pulsação é bloqueada, a
energia não flui ou vaza, porque a pessoa não consegue tolerar as emoções muito
intensas, memórias perturbadoras ou a percepção muito nítida de sua situação de
vida, conforme WEIGAND O; (2005).
48
emocional interna. Para entender este processo, penso que tanto autopercepção,
autoexpressão e autocontrole, no sentido de autorregulação emocional ou inteligência
emocional (GOLEMAN, 1996 apud WEIGAND O; 2005) são funções decorrentes do
grounding interno. Acontece naturalmente um senso de separação sem isolamento,
algo que diferencia instroke de contração, segundo Davis (1999 apud WEIGAND O;
2005).
Aceitando que a função de sentir limites estáveis, porém flexíveis, que dão a
sensação de individualidade e segurança, é uma função energética, pode-se deduzir
a importância da pulsação para a sensação de segurança desencouraçada. Davis
(1999 apud WEIGAND O; 2005) aponta o caminho do trabalho prático com o instroke
para energizar o cérebro límbico e fortalecer suas conexões com o córtex consciente.
Como se trata de movimento pulsatório, a outra direção da pulsação, muscular e
expressiva, do centro para a periferia, também é necessária para a saúde, mas não é
preferencial nem exclusiva.
49
aguente. Além de a relação dissonante não oferecer segurança, o pequeno ser ainda
precisa se defender de um cuidador que (supondo que seja a mãe), tem ela própria
grandes porções de seu ego não estruturadas. Digo defender-se porque essa mãe
pode ser imprevisivelmente invasiva, abusiva e abandonadora, conforme WEIGAND
O; (2005).
50
Esta reação defensiva que é na cabeça é importantíssima não apenas como
um evento primário, mas porque as etapas posteriores do desenvolvimento psico-
motor serão afetadas, pois vão se desenrolar sobre uma organização primitiva no
pescoço, cabeça e cintura escapular que se congelou na atitude autoprotetora de se
segurar sozinha, para cima e afastando-se da mãe. Possivelmente este indivíduo
estará desafiando a gravidade prematuramente, conforme WEIGAND O; (2005).
Lowen (1979 apud WEIGAND O; 2005) descreve um paciente que tinha por
hobby desafiar a gravidade por meio da prática de alpinismo. Analisando a
insegurança e falta de contato de seu paciente, Lowen sugere que o
alpinismo tinha para ele o sentido de conquistar distância da mãe (mãe-terra)
e ao mesmo tempo sobreviver ao perigo de fazer isto.
"à abordagem que tenta tirar o paciente para fora de sua cabeça física só
aumenta sua dissociação, i.e., o terror da insanidade subjacente e o
aprisionamento nas ideias, o pensar compulsivo (usando o ego racional ou a
mente controladora como falso self), com os quais essas pessoas se agarram
51
a uma falsa sanidade, só podem ser trabalhadas no local onde estão (na
cabeça), e não onde não estão no abdômen ou na pelve." (idem, p.22 apud
WEIGAND O; 2005).
Fonte: sapientia.pucsp.com
53
Na vida adulta, essa cisão levaria ao uso distorcido da cognição. Ao se deparar
com esse tipo de cisão, que impede o indivíduo de ceder a cabeça e permitir o fluxo
da onda respiratória que integra o cérebro (cabeça) e o corpo, o terapeuta sabe que
vai deparar-se com uma fortaleza cerebral e uma aparência de sanidade sob as quais
habitam o medo da dissolução e da insanidade. A intervenção terapêutica deve visar
o suporte ao desenvolvimento de ilhas do verdadeiro self que também se ocultam na
fortaleza cerebral, conforme WEIGAND O; (2005).
O ganho de promover esse processo de desorganização das tensões e
reorganização do tônus é que a pulsação longitudinal começa a incluir a cabeça
(cérebro) beneficiando processos cognitivos, afetivos e fisiológicos.
Sumarizando, a fase de desenvolvimento envolvida na criação do estado de
choque cefálico, segundo Lewis (1976, 1989; apud WEIGAND O; 2005), é
principalmente o primeiro ano de vida e engloba as etapas de formação dos caráteres
esquizoide e oral. Nesta fase, as funções maternas de holding e handling, se forem
inadequadas ou se faltarem, podem criar a condição de choque. Este pode ocorrer
também posteriormente, por traumas vividos na infância, na adolescência ou mesmo
na idade adulta.
Quando a criança está sujeita a cuidados dissonantes, ocorre um
desenvolvimento prematuro do ego e dificuldade em adquirir um grounding adequado
na vida adulta. A instalação do choque cefálico, afetando o cérebro fisicamente e no
seu funcionamento, favorece a cisão entre as funções corporais, o ego consciente e
as emoções. Na vida adulta, essa cisão levaria ao uso distorcido da cognição bem
como a um prejuízo na autorregulação emocional, conforme WEIGAND O; (2005).
De acordo com Aalberse (1997, p.135 apud WEIGAND O; 2005) "o grounding
pode ser definido como um equilíbrio dinâmico entre dois polos: elevar-se acima do
solo e afundar-se nele". Encontrar o ponto de contato ótimo é o objetivo do trabalho.
São duas as maneiras de evitar o grounding:
A primeira é recusando-se a ficar sobre os próprios pés, dependurando-se nos
outros e responsabilizando-os pela existência e bem-estar. A pessoa coloca-se
completamente dependente, vulnerável e incapaz. Se isto falha, afunda-se no chão.
54
Primeiramente a sensação é de pernas extremamente pesadas. Depois, se o estado
se agrava, ocorre uma desenergização das pernas que são sentidas como de
borracha e incapazes de sustentar o corpo. Todo o tônus postural é rebaixado, a
pessoa literalmente cai sobre uma pelve sem vida. Nessas condições, a tendência é
buscar a fusão com o outro, conforme WEIGAND O; (2005).
A segunda é o oposto desta. Há uma recusa de apoiar-se nos outros, erguendo-
se acima do chão para não sentir o contato com a realidade da interdependência
humana. Corresponde à personalidade descrita por Lowen em Narcisismo (1993 apud
WEIGAND O; 2005). Eleva-se para compensar uma baixa autoestima tentando
manter uma autoimagem idealizada como alguém especial, que está acima e é melhor
que os outros.
Uma pessoa pode estar acima do chão ou dentro do chão para evitar estar
sobre o chão. Aalberse (1997 apud WEIGAND O; 2005) associa o elevar-se acima
com atitude arrogante de empurrar o diafragma para cima, erguer os ombros, enrijecer
o pescoço e travar as mandíbulas. Além disso, a pelve mantém-se contraída e puxada
para cima. A tendência é buscar a sensação de liberdade por meio do isolamento. É
uma pseudo- liberdade e não uma expressão de autonomia. Dá a impressão de estar
se livrando do outro; não tem a liberdade para ficar próximo.
Para Aalberse (1997 apud WEIGAND O; 2005), ambas as formas de evitar o
grounding têm o sentido de evitar um profundo sentimento de abandono e rejeição
carregado de pânico. Ele relaciona essas respostas ao grounding com pessoas que
carregam dentro de si um núcleo psicótico que se mantém encoberto pela atitude anti-
grounding. Muitas vezes a aparência externa é rígida, assim como o comportamento.
Entrar em contato com o grounding e a realidade interna significa ir ao encontro dessa
dolorosa experiência de vazio.
Não sem motivo, Aalberse (idem) denominou seu artigo O pavor do grounding
e a noite negra da alma, mas ele também salienta a importância de passar pela
experiência da noite negra da alma para atingir um amadurecimento mais profundo
no sentido da espiritualidade, conforme WEIGAND O; (2005).
Keleman (1992 apud WEIGAND O; 2005) também identifica pessoas com a
camada externa rígida e a interna colapsada. Nas três ilustrações abaixo (idem, p.165,
fig.120), a figura interna colapsada representa o self enfraquecido e com pouca forma.
Nas pessoas do tipo inchado com colapso interno, a tendência é um padrão de
55
grounding dentro do chão. As de tipo denso e rígido tendem a desenvolver um padrão
de grounding acima do chão.
Fonte: sapientia.pucsp.com (Camada externa rígida e interna colapsada KELEMAN, 1992, p.165
apud WEIGAND O; 2005)
56
Fonte: sapientia.pucsp.com. (Interações cérebro-cérebro durante a comunicação face-a-face;
SCHORE, 2001 apud WEIGAND O; 2005).
57
personalidade psicótica geralmente se deixa levar pela vida, pois se cansa facilmente
(neurastenia) e prefere, frequentemente, o isolamento ou a fuga no sono."
(NAVARRO, 1995, p.33 apud WEIGAND O; 2005).
Mas o bloqueio ocular em si não impede completamente a evolução para níveis
mais complexos de funcionamento. Segundo Baker (1980 apud WEIGAND O; 2005)
embora a esquizofrenia seja dependente do bloqueio ocular instalado durante os
primeiros dez dias de vida, apenas algumas crianças desenvolvem a doença, que na
maioria dos casos não se fixa senão na puberdade.
Quando a criança desenvolve os diferentes tipos de defesas de caráter
neuróticas, os sintomas decorrentes do bloqueio ocular podem aparecer em outras
épocas da vida, se houver uma falha no sistema de defesas neurótico. De acordo com
Navarro (1995 apud WEIGAND O; 2005), indivíduos parecendo normais podem ter
sob seu caráter de superfície, um núcleo psicótico.
Cardotti (2003 apud WEIGAND O; 2005) integrou a terapêutica da Análise
Bioenergética com o método Self-Healing criado por Meir Schneider (1998, 1999 apud
WEIGAND O; 2005). Schneider (1998 apud WEIGAND O; 2005) desenvolveu diversos
exercícios destinados a melhorar a função da visão.
Para esse fim, busca relaxar e ao mesmo tempo tonificar as estruturas
orgânicas responsáveis pela função visual. Combinando os exercícios de Self-Healing
com os conhecimentos da Análise Bioenergética, Cardotti (idem) observou em seus
pacientes melhoras em patologias orgânicas afetando a visão, bem como benefícios
psíquicos manifestados como tranquilidade e equilíbrio emocional, conforme
WEIGAND O; (2005).
Outros exercícios úteis para o anel ocular foram propostos por Scholl (1978),
que também utilizou uma combinação de grounding e exercícios específicos para a
função visual. Ratey (2002 apud WEIGAND O; 2005) baseado em pesquisas de
neurociência, propõe que a base neurológica da consciência é uma rede neuronal
intermitente estabelecida entre o tálamo e o córtex.
Esse tipo de pesquisa vem reforçar a ideia que os bloqueios do anel ocular
atingem um maior contingente da população na medida em que doentes
psicossomáticos não psicóticos, que têm dificuldade de simbolizar e expressar suas
emoções verbalmente, sofreriam de uma falta de ligação energética e de comunicação
neuronal entre o sistema límbico e os centros corticais onde elas seriam decodificadas
58
conscientemente. “Isso significa que as tensões se descarregam no hipotálamo pelo
sistema neurovegetativo provocando as psicossomatizações: a linguagem dos
órgãos. ” (NAVARRO, 1995, p.31-32; apud WEIGAND O; 2005)
Pensando na importância do grounding para a clínica, acredito que Lowen
(1977; apud WEIGAND O; 2005) e Pierrakos (1994; apud WEIGAND O; 2005) abriram
caminho para o tratamento dos bloqueios primitivos que envolvem o anel ocular, ao
desenvolverem o princípio do grounding que canaliza a energia para as pernas e pés,
que descarrega o excesso de energia na terra, familiariza o organismo com o estado
vibratório e permite uma maior tolerância à excitação.
A partir da experiência clínica a Análise Bioenergética considera que as
pessoas com bloqueio ocular também sofrem uma interrupção do fluxo energético nas
articulações, razão pela qual é benéfico trabalhar energeticamente com a musculatura
e o esqueleto para promover a integração do organismo (LOWEN, idem; apud
WEIGAND O; 2005).
59
4 BIBLIOGRAFIA
60
VOLPI, J. H. & VOLPI, S. M. Práticas da psicologia corporal aplicadas em grupo.
Curitiba: Centro Reichiano. 2001. 144p.
61