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PSICANÁLISE DE GRUPO, CASAL

E FAMÍLIA
Ana Júlia Mundim e Souza de Paula Malheiros - 202109030213
Augusto Gonçalves da Silva - 202109030183
Estefani Gabrieli Alves de Souza - 202109030108
Gabrielly Vieira e Silva - 202109030329
Lorena Kenef Oliveira França - 202109030302
Maria Victória Freitas Silva Souza - 202009030130

Disciplina: Teorias e técnicas psicoterápicas -


enfoque psicanalítico
Psicoterapia analitica de grupo
Tem uma dimensão grupalista muito eficaz, porém no Brasil, não encontraram um campo de aplicação clínico
sistemático e consistente. "É verdade que aos poucos, em uma forma ainda algo desorganizada, a psicoterapia de
grupo vem abrindo um progressivo espaço de valorização e aplicação”. (ZIMERMAN,1999, p.437).

Uma visão hitórico-evolutiva


● O primeiro recurso grupoterápico começou com J.Pratt, um tisiologista americano, que a partir de 1905, que
uma enfermaria com 50 tuberculosos criou o método de classes coletivas. (consistia em uma aula prévia
sobre higiene e os problemas da tuberculose, seguidas de perguntas do paciente e de sua livre discussão com
o médico).
● Esse método, ocasionou excelentes resultados e aceleração da recuperação física dos pacientes.
● Esse modelo serviu para outras organizações similares, como, "Alcoólicos Anônimos” iniciada em 1935 e
perpetua até hoje. (ZIMERMAN, 1999).
PSICOLOGIA DE GRUPOS
“Embora Freud nunca tenha trabalhado diretamente com grupoterapias, ele trouxe valiosas contribuições
específicas à psicologia dos grupos humanos,” (ZIMERMAN, 1999 p.437).
Por seus cinco conhecidos trabalhos:
-As perspectivas futuras da terapêutica psicanalítica (1910);
-Totem e tabu (1913);
-Psicologia das massas e análise do ego (1921);
-O futuro de uma ilusão (1927);
-Mal-estar na civilização (1930).

Em 1921, Freud é considerado o mais importante para o atendimento psicodinâmico dos grupos. Devido às
contribuições teóricas, a revisão sobre a psicologia das multidões, nesse mesmo trabalho postulou que “a
psicologia individual e a social não diferem em sua essencia”. (ZIMERMAN, 1999).
AUTORES IMPORTANTES QUE CONTRIBUÍRAM PARA
AS PSICOTERAPIAS:

● J.Moreno, médico romeno que em 1930 introduziu as "técnicas psicodramáticas”.

● K.Lewin, introduziu a noção de “campo grupal”, tendo se dedicado ao estudo das minorias raciais.

● S.H.Foulkes, desde 1948, introduziu conceitos psicanalíticos e dinâmica de grupo, que serviram de
aprendizagem a sucessivas gerações de grupo-terapeutas, sendo que ele é considerado o líder mundial da
“psicoterapia analítica de grupo”.

● Pichon Rivière, aprofundou o entendimento do campo grupal, foi o criador da teoria e prática dos “grupos
operativos”

● W.R.Bion, tem contribuições na grupoterapia analítica.


(ZIMERMAN,1999)
CONCEITUAÇÃO E IMPORTÂNCIA DE GRUPO

● O ser humano por natureza vive de interações grupais, o mesmo "busca de sua identidade individual e a
necessidade de uma identidade grupal, por meio da interação” (ZIMERMAN, 1999, p.439).

● A importância do conhecimento e a utilização da psicologia grupal decorre justamente do fato de que


todo indivíduo passa a maior parte do tempo de sua vida convivendo e interagindo com distintos grupos.

(ZIMERMAN, 1999)
CONDIÇÕES BÁSICAS DE UM GRUPO

● Constitui-se como uma nova entidade, com leis e mecanismos próprios e específicos.
● Todos os integrantes estão reunidos com um objetivo comum.
● O tamanho de um grupo não pode exceder o limite que ponha em risco a preservação do grupo.
● Deve haver a instituição de um enquadre (setting) e o cumprimento das combinações nele feitas, os dias e o local das
reuniões e a combinação de regras e outras variáveis que delimitam e normatizam a atividade grupal proposta.
● Por mais que seja um grupo, deve levar em conta que cada indivíduo tem a sua individualidade e singularidade.
● É inevitável, a presença de fantasias, ansiedades, mecanismos defensivos, fenômenos de resistênciais e transferenciais
na formação de um campo grupal dinâmico.

(ZIMERMAN, 1999)
CLASSIFICAÇÃO GERAL

● Parte de uma divisão genérica nos dois seguintes grandes ramos: operativos e psicoterápicos.

● Os grupos operativos, (como indica o nome, visa “operar” em uma determinada tarefa, sem que haja uma
principal finalidade psicoterápica), trabalham com grupos de ensino-aprendizagem, institucionais,
comunitários e terapêuticos.

● Os grupos psicoterápicos, por sua vez, também podem ser subdivididos em quatro linhas de utilização da
dinâmica grupal, cada uma delas obedecendo a uma distinta corrente teórica-técnica. psicodramática,
Teoria sistêmica, Cognitivo-comportamental e Corrente psicanalítica.

(ZIMERMAN, 1999)
FUNDAMENTOS TEÓRICOS
A grupalização é inata ao ser humano. “Freud chegou a postular a existência do que ele denominou como
“instinto social” de tal modo que um indivíduo não existe sem um grupo – e a recíproca é verdadeira.”
(ZIMERMAN, 1999, p.441).

“A dinâmica grupal propicia perceber os conflitos estruturais, ou seja, aqueles que resultam da desarmonia das
instâncias do id, ego, superego, (delas entre si ou com a realidade externa)”

“Um outro aspecto de presença no campo grupal é o surgimento de um campo ativo de identificações, tanto as
projetivas como as introjetivas. Um essencial elemento formador do sentimento da identidade.

“A comunicação, nas suas múltiplas formas de apresentação – as verbais e as não-verbais representa um


aspecto de especial importância na dinâmica do campo grupal.” (ZIMERMAN, 1999, p.442).
FUNDAMENTOS TEÓRICOS

“Os vínculos (de amor, ódio, conhecimento e reconhecimento), no campo grupal, manifestam-se e articulam
entre si. Da mesma maneira, há uma forte tendência em trabalhar com as configurações vinculares, tal como
elas aparecem nos casais, famílias, grupos e instituições.”

“O campo grupal constitui-se como uma galeria de espelhos, onde cada um pode refletir e ser refletido.”

“É importante destacar a relação do sujeito e do grupo com a cultura na qual estão inseridos.” (influência na
interação).

(ZIMERMAN, 1999, p.442)


FUNDAMENTOS TÉCNICOS
● Pluralidade de técnicas, grupos, táticas e estratégias
● Detalhamento impossível de ser realizado

● Planejamento
- Quais os objetivos? Como fará a composição e seleção?
- Reúne condições mínimas de embasamento teórico-técnico e prático?
- Para que finalidade está sendo composto?
- Para quem se destina?
- Como funcionará?
- Onde, com quais circuntâncias e com quais recursos?
● Seleção e Grupamento
- Divergências sobre os critérios de seleção: aceitar
qualquer pessoa que tenha interesse ou adotar um
sistema de seleção rigoroso?

- Argumentos pró-Seleção:
- Problema das indicações e contra-indicações;
- Motivação frágil;
- Abandono gerador de mal-estar e sensação de fracasso (grupo e indivíduo);
- Sentimento de culpa e indignação por sentir-se desrespeitado ou violentado;
- Composição de um “grupamento” inadequado (podendo ou não interagir bem com o
grupo proposto);
- Desníveis entre os integrantes;
● Enquadre (Setting)
- “Soma de todos os procedimentos que organizam, normatizam e possibilitam o
funcionamento grupal. Assim, ele resulta de uma conjunção de regras, atitudes e
combinações” (ZIMERMAN, 1999)
- Se constitui como importante elemento técnico pelos seguintes argumentos:
- Novo espaço para reexperimentar e ressignificar fortes e antigas experiências
emocionais
- Estabelecer uma necessária delimitação de papéis e posições, direitos e deveres, etc.
- Atitude afetiva interna do terapeuta, do seu estilo pessoal de trabalhar, dos seus
referenciais teórico-técnicos, etc
- Os principais elementos a serem levados em consideração:
- Homogêneo ou heterogêneo; Fechado ou aberto; duração limitada ou ilimitada;
quantidade de participantes.
● Manejo de Resistências e Contra-Resistências
- Necessidade de discriminar as resistência entre as inconscientes (que impedem a
evolução do grupo) e as que dão uma ideia clara sobre como o self de cada um atua
frente a riscos de humilhação, abandono, mal-entendidos, etc.

- É importante reconhecer que uma determinada resistência se organiza como:


- de natureza Paranóide (levando mais em consideração a posição do indivíduo
frente ao meio externo)
- de natureza Depressiva (enfrentar questões internas, como responsabilidades,
culpas, medo do mundo interno destruído, renúncia a ilusões…)

- As resistências podem servir como um feedback sobre a atuação do terapeuta


- Já as contra-resistências podem formar um “conluio resistencial” contra o
desenvolvimento de alguns pontos que estão sendo trabalhados
● Transferência e Contra-Transferência
- Discriminar as formas de apresentação e significação das
situações transferenciais
- “Há transferência em tudo, mas nem tudo é transferência a ser trabalhada”
- No campo grupal surgem as “transferências cruzadas”, que englobam 4 tipos e níveis de
transferências grupais:
- De cada indivíduo para outro
- De cada indivíduo para o terapeuta
- De cada indivíduo para o grupo como um todo
- De todo o grupo para o terapeuta
- Transferências não se dão apenas por antigas experiências, mas também pelas que estão
ocorrendo entre o terapeuta e o grupo no momento real
- O êxito técnico consiste em não permitir que as contra-transferências invadam a mente, mas
sim na capacidade de utilizá-la como instrumento de empatia
● Actings e Comunicação
- Conduta que atua como forma de substituir sentimentos
que não conseguem se manifestar no plano consciente
(ZIMERMAN, 1999)

- Importância em discriminar sobre actings benignos (encontros sociais, reuniões pré e pós
encontros, etc.) e malignos (como os de natureza psicopática)
- Cuidado com o acting de quebra do sigilo e divulgação (seleção minimiza isso)
- Observar como são transmitidas e recebidas as mensagens verbais, se há distorção ou não e as
reações do grupo
- Atentar-se para possíveis discursos que buscam a não-comunicação
- Levar em consideração as linguagens não-verbais
● Atividade interpretativa
- “A atividade interpretativa no grupo constitui-se como o seu principal instrumento técnico,
sendo que não existem fórmulas acabadas e “certas” de como e o que dizer, pois as situações
práticas são muito variáveis e, além disso, cada grupoterapeuta deve respeitar o seu estilo
peculiar e autêntico de formular as suas intervenções e de ele ser, de verdade” (ZIMERMAN,
1999)
- A grande polêmica se faz sobre a interpretação dirigida ao grupo ou ao indivíduo
separadamente, desde que articulada à dinâmica grupal
- Cinco aspectos a serem considerados pela interpretação no campo grupal:
- Conteúdo (o que?)
- Forma (como formular?)
- Oportunidade (quando?)
- Finalidade (para que?)
- Destino (quais as consequências mentais?)
● Funções do Ego e Papéis
- É importante, dentro do contexto grupal, entender como os indivíduos trabalham a
percepção, pensamento, conhecimento, senso de juízo rpitico, discriminação,
comunicação, ação, etc.

- Observar como os componentes do grupo desempenham papéis e posições e como


isso reflete a ocupação desses papéis em determinadas áreas da sua vida (profissional,
familiar, social…)

- O grupoterapeuta precisa atentar-se para a fixidez e estereotipia de papéis patológicos


exercidos sempre pelas mesmas pessoas, como se estivessem programadas
● Vínculos e Término do Grupo
- Valorização das configurações vinculares
- Segundo Zimerman (1999), os vínculos existentes são os de amor, ódio, conhecimento
(ligados às formas de “negação”) e o de reconhecimento, proposto pelo próprio autor. Neste
último, o vínculo se daria pal necessidade vital de o indivíduo ser reconhecido pelos demais
integrantes do grupo
- Duas possibilidades de término do grupo: uma é a de que haja uma dissolução ou por meio de
uma combinação prévia (comumente em grupos fechados)
- Importante que o grupoterapeuta definam critérios de término e manejo adequado da situação,
levando em consideração resultados enganadores
PSICANÁLISE DE CASAL
Nas relações humanas, a unidade é constituída
por dois. O indivíduo não existe por si mesmo,
nem em si mesmo e para si mesmo. O eu é o
eu, mas só é o eu juntamente com o outro no
qual se relaciona. O outro está contido no eu e
sem o outro não há como ser, nem como
existir. (SAMPAIO, 2009, p.117)
PSICANÁLISE DE CASAL
A psicanálise se interessa pelos vínculos emocionais
que conectam os objetos e que permeiam as relações
conjugais, e os mecanismos de identificação projetiva
presentes (e necessários), e também às emoções
básicas inerentes ao estabelecimento e manutenção
dos vínculos conjugais, com as repercussões na
capacidade pensar e no desenvolvimento global
dessas relações. (SAMPAIO, 2009, p. 117)
PSICANÁLISE DE CASAL
A díade-casal é uma “unidade” complexa,
regulada por laços, com estrutura, organização
e funcionamento psíquico próprio. As escolhas
de parceiros, bem como, o manejo dessas
relações, estão intimamente ligadas às etapas
evolutivas do desenvolvimento emocional de
cada um dos parceiros. (SAMPAIO, 2009,
p.118)
PSICANÁLISE DE CASAL
Destacam-se algumas considerações possíveis para a necessidade e importância
de uma intervenção estendida ao casal, (e até a família):

• Em alguns casos, a criança, que, identificada


com as projeções dos pais e/ou familiares, a
partir de sua sintomatologia, tornar-se-ia o
porta-voz da dinâmica disfuncional destes
(SAMPAIO, 2009, p. 118).
PSICANÁLISE DE CASAL
• A segunda consideração seria quando os
conflitos do casal tomam proporções tais, que
interferem na manutenção do vínculo
conjugal saudável, levando a uma possível
falência ou destrutividade da relação;
(SAMPAIO, 2009, p.120)
PSICANÁLISE DE CASAL
• Uma terceira consideração pode ser vista, quando um
dos membros do casal está em desenvolvimento pessoal,
por meio de psicoterapia ou análise individual, gerando
muitas vezes um desequilíbrio na dinâmica conjugal em
função de suas transformações e questionamentos

existenciais. (SAMPAIO, 2009, p.120)


PSICANÁLISE DE CASAL
• ·Uma observação: é necessário pensar nas transformações que
vem passando as relações afetivas, familiares e a sociedade ao
longo dos anos: sexualidade, papéis e funções masculinos e
femininos, novas formas de configurações familiares etc.
(SAMPAIO, 2009, p.125)
PSICANÁLISE DE CASAL
• Faz-se necessário esclarecer que abordar o casal ou a família, não
significaria o mesmo que atender as partes ou a cada indivíduo
separadamente, mas atender o grupo casal ou familiar como um paciente,
ou seja, como uma unidade autônoma com vida e funcionamento mental
próprio. Assim, a indicação para uma psicoterapia ou análise de casal
somente deve ser recomendada, quando detectada uma real demanda de
conflito intersubjetivo subjacente (SAMPAIO, 2009, p.126).
PSICANÁLISE DE CASAL
Na clínica contemporânea com casais, atenta-se para como o casal enquanto mente
própria relaciona-se com a função do vínculo estabelecido por eles entre si (1994). A
dupla é uma unidade que constrói um vínculo em comum entre eles, e esse vínculo vivo
é uma mente autônoma que pode estar funcionando mais predominantemente de modo
psicótico ou de modo neurótico. Essa ideia vem da compreensão
de Bion (1991) sobre a parte psicótica e não-psicótica
da personalidade (SAMPAIO, 2009, p. 127).
PSICANÁLISE DE CASAL
A fonte de todos os vínculos é de natureza emocional, um estado mental
(emoção) que exerce uma função na relação e que tem vida própria, é um objeto
em si mesmo. Portanto, os três vínculos (amor, ódio e conhecimento) descritos
por Bion (1991) estão presentes na relação do casal e na relação do casal com
seu terapeuta ou analista.
E sendo assim, estão tanto a serviço da pulsão de vida quanto
da pulsão de morte (SAMPAIO, 2009, p.126)
PSICANÁLISE DE CASAL
Na relação analítica ou psicoterapêutica com casais é
encontrada uma possibilidade de saída para transformar um
modelo primitivo e danoso de relação conjugal num modelo
de relação criativa e sadia, e essa oportunidade de aprender
com a experiência emocional pode devolver ao casal a
condição de criar novos modelos de vinculação (SAMPAIO,
2009, p.127)
PSICANÁLISE DE CASAL
É uma extensão da abordagem psicanalítica individual, que
começou a ser aplicada a pacientes esquizofrênicos e suas
famílias na década de 1940. (SAMPAIO, 2009, p.127)

Os psicanalistas que desenvolveram essa abordagem basearam-se


em conceitos de Freud, Bion, Klein, Winnicott, Bleger,
Pichon-Rivière e outros. (SAMPAIO, 2009, p.127).
PSICANÁLISE DE CASAL
Explorando a influência do inconsciente compartilhado entre os
membros do grupo, estudaram a dinâmica grupal como uma
estrutura constante do ser humano, teorizaram sobre a psique
familiar e ampliaram o conceito de transferência para incluir as
relações entre os membros do casal e da família, assim como
entre eles e o terapeuta (GOMES; LEVI, 2009).
PSICANÁLISE DE CASAL
• Perspectivas americanas e inglesas
• Psicanalistas americanos começaram a explorar o atendimento a casais
antes dos anos 1940, e o primeiro relatório sobre psicanálise de casais foi
apresentado em 1931. Ao longo das décadas de 1940 e 1950, surgiram
grupos de estudo de famílias esquizofrênicas nos Estados Unidos e na
Inglaterra, com enfoque na comunicação dentro dessas famílias.

• Gradualmente, esses grupos começaram a se afastar da psicanálise


individual e a adotar uma abordagem sistêmica, que considera a família
como um sistema e busca a homeostase entre seus membros.

(GOMES; LEVY, 2009)


PSICANÁLISE DE CASAL
● A Tavistock Clinic, em Londres, foi uma clínica pioneira no desenvolvimento
da psicanálise de família e casais, baseando-se na teoria das relações objetais
de Klein.

● A partir do final da década de 1940, renomados analistas com formação


individual, provenientes de institutos importantes da época, compuseram a
equipe dessa instituição (GOMES; LEVI, 2009).
PSICANÁLISE DE CASAL
● O objetivo era aplicar os conceitos da psicanálise individual no estudo e
compreensão da dinâmica familiar e conjugal.

● Mais tarde, essa instituição passou a ser chamada de Tavistock Institute of


Marital Studies (TIMS), e trata-se hoje, de um centro internacional de
formação de psicoterapeutas de família e casais, além de ser um local de
pesquisa clínica na área (GOMES; LEVI, 2009).
PSICANÁLISE DE CASAL
● Já no Brasil, a psicanálise de família e casal enfrenta desafios para estabelecer
instituições e promover intercâmbio entre profissionais. A falta de instituições dedicadas a
essa abordagem e a regionalização do conhecimento psicanalítico no país são possíveis
razões para essa dificuldade.

● Os profissionais que trabalham nesse campo costumam se reunir em pequenos grupos,


dentro de universidades ou sociedades de psicanálise em algumas regiões.

(GOMES; LEVI, 2009).


PSICANÁLISE DE CASAL
● Essa realidade foi evidenciada em eventos internacionais, como o Congresso
Internacional de Psicanálise de Família e Casal em Montreal, onde a representatividade
brasileira foi mínima em comparação com a delegação argentina.
● A criação de uma Associação Brasileira de Psicanálise de Família e Casal tem sido um
desafio até o momento.
● Por outro lado, no Brasil, o enfoque sistêmico teve um desenvolvimento mais estruturado.
A Associação Brasileira de Terapia Familiar (ABTF) existe há muito tempo e tem sido
aberta à apresentação de trabalhos com orientação psicanalítica em seus eventos recentes
(GOMES; LEVI, 2009).
PSICANÁLISE DE CASAL
● Também podemos ressaltar importantes trabalhos realizados por pesquisadores e clínicos
brasileiros no campo da psicanálise de família e casal, dentre eles, destaca-se a atuação de
Féres-Carneiro, pioneira na psicoterapia de família e casal no país.

● Meyer utilizou o referencial kleiniano na terapia com famílias, explorando a dinâmica da


organização familiar e a conscientização do grupo em relação ao tratamento.

(GOMES; LEVI, 2009).


PSICANÁLISE DE CASAL
● Lamano trouxe a experiência da formação na Tavistock para a psicoterapia
psicanalítica com casais.
● Ramos reuniu diferentes visões de especialistas em terapia de família e casal.
● Gomes e Prochat traçaram uma cronologia histórica do desenvolvimento da
psicoterapia de casal com base na teoria das relações objetais (GOMES; LEVI, 2009).
PSICANÁLISE DE CASAL
● Foram criados núcleos e sociedades para difundir e formar terapeutas na psicanálise
vincular, como o NESME, SPAGESP, ABPAG e FLAPAG.
● Zimerman, renomado analista do Sul do país, contribuiu significativamente para a
psicanálise de família e casal.
● Pesquisas sobre família, casal e estudos psicossociais têm sido desenvolvidas em
universidades brasileiras, refletindo o papel da academia na organização e formação desse
conhecimento científico específico (GOMES; LEVI, 2009).
PSICANÁLISE DE FAMÍLIA
Os Pioneiros da Terapia Familiar
“Vimos como a terapia familiar foi antecipada por desenvolvimentos na
psiquiatria hospitalar, dinâmica de grupo, psiquiatria interpessoal, movimento
da orientação infantil, pesquisa sobre a esquizofrenia e aconselhamento de
casal”(NICHOLS, M. P.; SCHWARTZ, p.44, 2007).
- John Bell (começou tratar famílias em 1951)
- Don Jackson
PSICANÁLISE DE FAMÍLIA
-Nathan Ackerman: As famílias, disse Ackerman, podem ter uma aparência de
unidade, mas, sob essa aparência, estão emocionalmente cindidas em facções
competidoras. Diferentemente de Bowlby, Ackerman fez mais do que usar essas
sessões conjuntas como um expediente temporário; em vez disso, ele começou a
ver a família como a unidade básica de diagnóstico e tratamento (NICHOLS;
SCHWARTZ, 2007, p.50)
PSICANÁLISE DE FAMÍLIA
• A terapia familiar nasceu em 1950, se desenvolveu em 1960, e se consolidou em 1970.
• 1975 a 1985 (período dourado na terapia familiar);
• Murray Bowen (Até os dias de hoje, a teoria de Bowen é o sistema de ideias mais fértil que a
terapia familiar já produziu).
• Bowen descobriu que os terapeutas não eram imunes à força centrípeta dos conflitos
familiares. Esta percepção levou-o ao seu maior insight: sempre que duas pessoas estão
lutando com um conflito que não conseguem resolver, há uma tendência automática a trazer
para dentro uma terceira pessoa. De fato, como Bowen passou a acreditar, o triângulo é a
menor unidade estável do relacionamento. (NICHOLS; SCHWARTZ, 2007, p.49)
PSICANÁLISE DE FAMÍLIA
• Terapeutas familiares acreditam que as forças dominantes da vida em geral,
estão localizadas de forma externa, na família. O objetivo primordial desse
tipo de terapia é promover a organização familiar, quando transformada, a
vida de cada integrante se modifica também. A terapia familiar não busca
apenas mudar o paciente no contexto individual. Provoca mudanças em toda
a família; portanto, a melhora pode ser duradoura, porque cada membro da
família é modificado e continua provocando mudanças sincrônicas nos
outros” (NICHOLS; SCHWARTZ, 2007, p.26).
PSICANÁLISE DE FAMÍLIA
• Alguns problemas específicos devem ser tratados somente com uma
abordagem familiar, por exemplo: problemas com os filhos (que
precisam, independentemente do que acontece na terapia, voltar para a
casa dos pais), queixas a respeito do casamento ou de outros
relacionamentos íntimos, hostilidades familiares e sintomas que se
desenvolvem no indivíduo no momento de uma importante transição
familiar” (NICHOLS; SCHWARTZ, 2007, p.26).
PSICANÁLISE DE FAMÍLIA
● As famílias são estruturadas em subsistemas – determinados por geração,
gênero e função – demarcados por fronteiras interpessoais, barreiras
invisíveis que regulam a quantidade de contato com os outros (Minuchin,
1974).

A Psicanálise está apoiada em um “Modelo de Família”?


Como se constitui uma família para a psicanálise? | Christian Dunker |
Falando nIsso 65
https://youtu.be/2coFPLWn4_4
PSICANÁLISE DE FAMÍLIA
ENTREVISTA FAMILIAR:
Clínicos de orientação analítica abordarão os eventos traumáticos, a reação
transferencial intrafamiliar que pode modelar as interações atuais e a
identificação projetiva dos membros da família (p.189, 2012).
AVALIAÇÃO DA DINÂMICA DO PRIMEIRO CONTATO:
• o motivo do encaminhamento;
• quem faz o contato telefônico;
• quem mais se preocupa com o problema ser tratado;
• como identificam os riscos na família;
PSICANÁLISE DE FAMÍLIA
AVALIAÇÃO DA HISTÓRIA FAMILIAR:
• a história de perdas;
• as situações de estresse;
• a capacidade cuidadora dos pais;
• o vínculo afetivo;
AVALIAÇÃO DA VIDA INTRAPSÍQUICA:
• distúrbios psicológicos;
• quadro de patologia grave;
• dependência química;
PSICANÁLISE DE FAMÍLIA
FATORES DE RISCO NO CONTEXTO SOCIAL
• negação dos problemas;
• fatores estressantes;
• contínua exposição a situações de crise.
PSICANÁLISE DE FAMÍLIA
ALGUNS ATRIBUTOS DE UM TERAPEUTA DE FAMÍLIA:
• capacidade de escuta, atenção e reflexão;
• compreensão empática;
• acreditar na tendência inata da família para a mudança;
• identificar como os membros se sacrificam e se protegem;
• ser continente com suas angústias e da família;
• compromisso com todos os lados das verdades;
• trabalho sobre a diferenciação do self no uso de sua pessoa como recurso;
• estar vinculado à rede de terapia familiar
• formação em Terapia de Família.
PSICANÁLISE DE FAMÍLIA
Avaliação:
• Na terapia familiar de imediato é viável para os membros da família
que eles parem de resistir às suas necessidades do inconsciente mais do
que as analisem, a grande maioria dos terapeutas trabalha em busca do
entendimento de ambas as coisas. Isto é, estimulam o insight e
encorajam as pessoas a aceitarem quem elas realmente são, é natural
que as famílias se defendam e relutam em revelar seus sentimentos
internos
PSICANÁLISE DE FAMÍLIA
Avaliação:
• Os psicanalistas lidam com isso criando primeiramente um clima de
confiança com a família. Depois de criado uma atmosfera de confiança,
o terapeuta pode começar a identificar os mecanismos projetivos e
devolvê-los ao relacionamento conjugal, já que para ocorrer a
intervenção em uma sequência de identificações projetivas, envolve em
primeiramente interromper as brigas do casal ( NICHOLS,
SCHWARTZ,2007. p 242)
PSICANÁLISE DE FAMÍLIA
A entrevista familiar na avaliação é de suma
importância para o processo do tratamento
familiar considerando que inicialmente, a
entrevista tem como objetivo identificar as
variáveis familiares e individuais que podem
ter influência decisiva na situação familiar
problemática.(MAYCOLN, TEODORO.2012.
p 186)
PSICANÁLISE DE FAMÍLIA
• Abordar o funcionamento da família, assim como sua dinâmica, sua estrutura e
seu desenvolvimento de acordo com o ciclo de vida familiar e de seus membros e
conduzir a sessão de tratamento inicial quando necessário;
• Todos esses objetivos influenciam a escolha de estratégias na entrevista, na qual o
terapeuta prestará atenção a aspectos pessoais e intrapsíquicos;
• É bom lembrar que o contexto da
avaliação terapêutica, judicial ou outro
influenciará no processo da entrevista. ( MAYCONL, TEODORO, 2012 p.186)
Complemento
- Vídeo: Albangela C. Machado fala sobre a psicanálise no tratamento de
casais.
https://www.youtube.com/watch?v=SzRyhWjmPHw
- Vídeo: Como se constitui uma família para a PSicanálise?
https://www.youtube.com/watch?v=2coFPLWn4_4
REFERÊNCIAS:
GOMES, I. C.; LEVY, L. Psicanálise de família e casal: principais referenciais teóricos e perspectivas brasileiras.
Aletheia, v.29, n.1, p.151-160, 2009

NICHOLS, M. P.; SCHWARTZ. Terapia familiar: conceitos e métodos. Veronese, 7. ed., Porto Alegre : Artmed, 2007.

SAMPAIO, A. O. A clínica de casal: psicanálise das relações vinculares. Mimesis, Bauru, v. 30, n. 2, p. 117-126, 2009.

TEODORO, M. L, MAYCONL. Psicologia da família : teoria, avaliação e intervenção Artemed p. 164-189, 2012

ZIMERMAN, D. Fundamentos psicanalíticos: teoria, técnicas e clínica: uma abordagem didática. Porto Alegre:
Artmed, 1999.

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